Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO SUPERIOR E PESQUISA
CENTRO DE CAPACITAÇÃO EDUCACIONAL
PRICILA ASSUNÇÃO SOUZA
O USO DE CARBOXITERAPIA E ÁCIDO TIOGLICÓLICO NA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL
RECIFE 2018
PRICILA ASSUNÇÃO SOUZA
O USO DE CARBOXITERAPIA E ÁCIDO TIOGLICÓLICO NA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL
Monografia apresentada ao Centro de Capacitação
Educacional – CCE, como parte das exigências para
conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu
em Biomedicina Estética.
Orientador (a): Prof. Esp. Rosângela G. Sampaulo
RECIFE
2018PRICILA ASSUNÇÃO SOUZA
O USO DE CARBOXITERAPIA E ÁCIDO TIOGLICÓLICONA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL
Monografia apresentada ao Instituto Nacional de Ensino Superior e Centro De Capacitação Educacional, como exigência do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Biomedicina Estética.
EXAMINADORNome: _______________________________________Titulação: _____________________________________
PARECER FINAL:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
AGRADECIMENTO
Agradeço esse trabalho primeiramente a Deus, por sempre me abençoar
com saúde e disposição para seguir adiante e por nunca me deixar faltar fé mesmo
diante obstáculos que surgem.
Agradeço aos meus pais, minha irmã e meu esposo por todo incentivo
para o meu crescimento profissional e por sempre estarem do meu lado me
apoiando em todos os momentos da minha vida, meu eterno obrigado.
Agradeço à minha amiga Geyziane Xavier por toda paciência e
conhecimento trocado, por me fazer perceber o quão eu me identificaria na área da
estética e por me ajudar a sair da zona de conforto.
Agradeço a todos os professores que não mediram esforços para passar
todo conhecimento adquirido ao longo de uma vida e pela dedicação de sempre
estarem dispostos a sanar dúvidas.
Meu muito obrigado a todos.
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”.
Marthin Luther King
RESUMO
A hiperpigmentação periorbital (HPO) é o nome formal dado à coloração abaixo dos olhos, na região periocular, popularmente conhecida como “olheiras”. Essa alteração pode provocar um importante impacto na qualidade de vida de uma pessoa, ao produzir aparência de cansaço e envelhecimento. Por não possuir uma etiopatogenia definida e por haver múltiplos fatores que levam ao aparecimento das HPO, não existe um tratamento considerado padrão-ouro para a HPO, porém, há várias sugestões que procuram melhora, são elas: peelings químicos, lasers, cosméticos, carboxiterapia, preenchimento com gordura autóloga ou material sintético e injeções de plasma rico em plaquetas. A injeção de CO2 tem um efeito benéfico na circulação cutânea e aumenta a tensão transcutânea do oxigênio (tc-PO2) que pode estar relacionado a um aumento fluxo sanguíneo capilar, induzido pela hipercapnia e redução do consumo de oxigênio cutâneo pelo efeito vasodilatador do CO2, ou pode também ser explicado como um deslocamento à direita da curva de dissociação de O2 (Efeito Bohr). O objetivo do peeling nas HPO e remover a melanina presente no estrato córneo e na epiderme. Peelings profundos removem a melanina da derme, porém, podem levar a despigmentação e a cicatriz, sendo desaconselhado o seu uso. Os peelings mais conhecidos para tratar a HPO são: acido tricloroacético, acido salicílico, acido glicólico, acido lático, alfa hidroxiácidos, ácido retinóico e acido mandélico. Todos esses agentes são utilizados para melhora de desordens pigmentares como melasmas e fotoenvelhecimento.
Palavra chave: Hiperpigmentação periorbital, carboxiterapia, Hipercromias, Peeling químico, Ácido tioglicólico.
ABSTRACT
Periorbital hyperpigmentation (HPO) is the formal name given to the coloration below the eyes, in the periocular region, popularly known as "dark circles". This change can have a significant impact on a person's quality of life, resulting in the appearance of tiredness and aging. Because it does not have a defined etiopathogenesis and because there are multiple factors that lead to the appearance of HPO, there is no treatment considered gold standard for HPO, however, there are several suggestions for improvement: chemical peels, lasers, cosmetics, carboxitherapy , filling with autologous fat or synthetic material, and injections of platelet-rich plasma. CO2 injection has a beneficial effect on the cutaneous circulation and increases transcutaneous oxygen tension (tc-PO2), which may be related to an increase in capillary blood flow induced by hypercapnia and reduction of cutaneous oxygen consumption by the vasodilator effect of CO2, or can also be explained as a shift to the right of the O 2 dissociation curve (Bohr Effect). The objective of the peeling in the HPO and to remove the melanin present in the stratum corneum and in the epidermis. Deep peels remove melanin from the dermis, however, can lead to depigmentation and scarring, and its use is discouraged. The best known peels for treating HPO are: trichloroacetic acid, salicylic acid, glycolic acid, lactic acid, alpha hydroxy acids, retinoic acid and mandelic acid. All these agents are used for the improvement of pigmentary disorders such as melasmas and photoaging.
Key words: Periorbital hyperpigmentation, carboxytherapy, Hyperchromias, Chemical peeling, Thioglycolic acid.
SUMARIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................9
1. FISIOPATOLOGIA DA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL.........................12
2. PRINCIPAIS TRATAMENTOS PARA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL.14
3. CARBOXITERAPIA APLICADA À REGIÃO PERIORBITAL..............................163.1 Reação pós-infusão de co2............................................................................173.2 Contraindicações da carboxiterapia................................................................17
4. PRINCIPAIS DESPIGMENTANTES TÓPICOS UTILIZADOS PARA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL..............................................................18 4.1 Mecanismo de ação do ácido tioglicólico na região periorbital.......................184.2 Contraindicações do ácido tioglicólico............................................................19
CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................20REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................21
9
INTRODUÇÃO
Os distúrbios de hiperpigmentação podem exercer importante influência
estética dependendo da sua intensidade, apresentação e localização. (MENDONÇA,
CANDIDA 2014). A hiperpigmentação periorbital, também conhecida popularmente
como olheira, é caracterizada pela diferença no tom de pele da região orbicular e do
restante da face. A causa dessa alteração é multifatorial, visto que pode abranger
fatores internos (intrínsecos), como a genética, e fatores externos (extrínsecos),
como tabagismo, uso de alguns medicamentos, exposição à radiação ultravioleta e
privação do sono. Além disso, com o envelhecimento, é normal que haja flacidez,
tornando o aspecto dessa alteração mais evidente (SOUZA et al., 2011)
Dentre os fatores causais da hiperpigmentação orbicular destacam-se o
tabagismo, o álcool, a respiração bucal, a privação do sono, cansaço, uso de
medicamentos vasodilatadores, colírios a base de análogos de prostaglandinas,
quimioterápicos, antipsicóticos e o estresse físico e emocional (YAAR M, GILCHREST
BA, 2001). A prevalência é semelhante entre os sexos, porém é notável uma queixa
maior nas mulheres morenas devido a fatores anatomofisiológicos e genéticos
(TEIXEIRA V, 2007; COSTA A et al 2010).
Por não possuir uma etiopatogenia definida e por haver múltiplos fatores
que levam ao aparecimento das HPO, não existe um tratamento considerado
padrão-ouro para a HPO. Porém, há várias sugestões que procuram melhora, são
elas: peelings químicos, lasers, cosméticos, carboxiterapia, preenchimento com
gordura autóloga ou material sintético e injeções de plasma rico em plaquetas
(SCORZA, BORGES, 2008).
O uso do CO2 medicinal injetado subcutâneamente auxilia na melhoria da
circulação e oxigenação tecidual. É um produto endógeno produzido naturalmente
de reações oxidativas celulares e eliminado pelos pulmões durante a respiração.
(SCORZA, BORGES, 2008). Com isso, a carboxiterapia vem sendo utilizada para o
tratamento de arteriopatias, psoríase, úlceras, varizes, na redução de adiposidades
localizadas, por seu efeito oxidativo sob os lipócitos e os mesmos estudos fazem
referências positivas para a aplicação de gás carbônico sobre a elasticidade cutânea
e hipercromia periorbital devido à melhora na circulação local ocasionada pelo gás e
por ser uma técnica minimamente invasiva que pode avançar o limite imposto, como
10
exemplo, para o preenchimento com o ácido hialurônico. (FIORAMONTI P, FALLICO
N, PARISI P, 2012).
A injeção de CO2 tem um efeito benéfico na circulação cutânea e
aumenta a tensão transcutânea do oxigênio (tc-PO2) que pode estar relacionado a
um aumento fluxo sanguíneo capilar, induzido pela hipercapnia e redução do
consumo de oxigênio cutâneo pelo efeito vasodilatador do CO2, ou pode também
ser explicado como um deslocamento à direita da curva de dissociação de O2
(Efeito Bohr) (ROH MR, CHUNG KY, 2009).
Diversos tratamentos têm sido propostos para uma melhora da HPO,
entre eles estão peelings químicos que é um tratamento de pele que pretende
melhorar visivelmente a estrutura do tecido tratado pela aplicação de uma solução
caustica (DEPREZ, 2009), basicamente estimulam a esfoliação que resultam na
destruição de parte da epiderme e/ou derme, seguida de regeneração dos tecidos
epidérmico e dérmicos (BORGES FS, SCORZA FA, JAHARA RS, 2010), o resultado
deste processo é uma melhora na textura da pele, cor, rugas superficiais e resolução
de proliferações epidérmicas (ALAM et al, 2010).
O objetivo do peeling nas HPO e remover a melanina presente no estrato
córneo e na epiderme. Peelings profundos removem a melanina da derme, porem,
podem levar a despigmentação e a cicatriz, sendo desaconselhado o seu uso
(OLIVEIRA, PAIVA, 2016). Os peelings mais conhecidos para tratar a HPO são:
acido tricloroacético, acido salicílico, acido glicólico, acido lático, alfa hidroxiácidos,
ácido retinóico e acido mandélico. Todos esses agentes são utilizados para melhora
de desordens pigmentares como melasmas e fotoenvelhecimento (BORGES FS,
SCORZA FA, JAHARA RS, 2010).
Foi realizada revisão de literatura utilizando as ferramentas de busca,
Scielo, Pubmed e Birene e Google acadêmico utilizando como as palavras-chave
“Hiperpigmentação Periorbital, Carboxitherapy, Hipercromias, Peelling químico,
Ácido tioglicólico”. A escolha por esses bancos de dados justifica-se pelo fato de
serem rigorosos na classificação de seus periódicos e serem muito utilizados por
profissionais e acadêmicos. Foi selecionado artigos dos últimos doze anos
(2005/2017) nas línguas inglesa e portuguesa.
Assim esse trabalho tem por objetivo descrever o uso de carboxiterapia e
ácido tioglicólico para tratamento da hiperpigmentação periorbital por serem os
tratamentos mais usados e mais acessíveis em consultório, abordando sua
11
fisiopatologia, citando os principais tratamentos, descrevendo a técnica de
carboxiterapia, avaliando a reação pós-infusão de CO2, apresentando as
contraindicações da carboxiterapia, informando os principais peelings químicos
despigmentantes utilizados, elucidando o mecanismo de ação ácido tioglicólico
aplicado neste tratamento e entendendo as suas principais contraindicações.
12
1. FISIOPATOLOGIA DA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL
A hiperpigmentação periorbital é uma entidade mal definida e parece
apresentar causa multifatorial, envolvendo fatores intrínsecos, determinados pela
genética do indivíduo, e fatores extrínsecos como o tabagismo, álcool, respiração
bucal, privação do sono, cansaço, uso de medicamentos vasodilatadores, colírios a
base de análogos de prostaglandinas, quimioterápicos, antipsicóticos e o estresse
físico e emocional (SOUZA DM et al 2011 e TEIXEIRA V, 2007). Além disso, piora
com o processo de envelhecimento, da queda da pele e alteração na distribuição da
gordura subcutânea. (YAAR M, GILCHREST BA, 2001)
Existem tipos distintos de olheiras, as vasculares, as melânicas, e as que
apresentam componentes mistos (COSTA et al 2010). As características histológicas
mostram que as olheiras podem ser causadas por múltiplos fatores etiológicos,
como a presença de melanina na derme, hiperpigmentação pós-inflamatória
secundária a dermatite atópica ou de contato alérgica devido à fricção da área (ROH
MR, CHUNG KY, 2009), edema periorbitário devido à característica esponjosa da
pálpebra que contribui para que acumule líquido na região levando ao edema
(ALSAAD 2013), vasculatura de apresentação superficial e sombreamento devido à
flacidez da pele. Além disso, podem ocorrer alterações anatômicas da região
infraorbitária, tais como região malar de característica descendente, sulco lacrimal
proeminente, prolapso da gordura infraorbitária, sinais de fotodano crônico e
hiperatividade da musculatura periocular.
Acredita-se que ocorra hipercromia cutânea em decorrência do depósito
de hemossiderina, posto que é resultado de transformação biogênica do grupamento
heme da hemoglobina, quando há extravasamento sanguíneo dérmico; nesse
momento, há liberação do íon ferro desse grupamento, acarretando formação de
radicais livres que, por conseguinte, estimulam o melanócito, gerando pigmentação
melânica associada. (COSTA et al 2010)
Os melanócitos dérmicos são de cor cinza ou azul-acinzentado como
consequência da transmissão do pigmento através da derme. A melanose pode ser
interpretada como melanocitose dérmica com base nos resultados do estudo
realizado por Watanabe e colaboradores que verificaram diretamente através da
análise da derme, a presença da melanina ou por indicação positiva nos exames
com a proteína S100 e método de Fontana-Masson.
13
Em estudo, Oshima e colaboradores observaram através de exames com
espectrofotômetro que pacientes que se queixavam de hiperpigmentação
periorbicular apresentavam índice de eritema e melanina superiores aos pacientes
que não apresentavam qualquer sinal de hiperpigmentação. (OHSHIMA H e
TAKIWAKI H 2008)
Figura 1. Hiperpigmentação melânica na região periorbital
Fonte: (SOUZA et al 2013)
Figura 2. Hiperpigmentação melânica na região periorbital
Fonte: (SOUZA et al 2013)
14
2. PRINCIPAIS TRATAMENTOS PARA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL
Por não possuir uma etiopatogenia definida e por haver múltiplos fatores
que levam ao aparecimento das HPO, não existe um tratamento considerado
padrão-ouro para a HPO. Porém, há várias sugestões que procuram melhora, são
elas: peelings químicos, lasers, cosméticos, carboxiterapia, preenchimento com
gordura autóloga ou material sintético e injeções de plasma rico em plaquetas.
(OLIVEIRA 2016)
Peeling químico é definido como a aplicação de um ou mais agentes
químicos que levam à descamação da pele, resultando na remoção das lesões
localizadas na epiderme ou na camada superior da derme. O objetivo do peeling nas
HPO é remover a melanina presente no estrato córneo e na epiderme. (DANTAS,
2013). A aplicação deve ser cuidadosa e suave para não causar danos a pele e nem
o aprofundamento do agente. (ROBERTS WE, 2014)
O ácido tioglicólico ou ácido mercaptoacético é um alfa- hidroxiácido que
contribui para a descamação da melanina na camada córnea é indicado nas
hiperpigmentações por insuficiência venosa. (KEDE MPV, SABATOVICH O, 2009)
Os lasers usados em dermatologia utilizam energia de luz visível e
infravermelha (400 a 10.600 nm). (OLIVEIRA, 2016). As moléculas que absorvem a
energia da luz (radiação eletromagnética) no tecido são denominadas cromóforos.
Os principais cromóforos da pele humana são a hemoglobina, a melanina e a água.
(KADUNC BC et al, 2013)
Os cromóforos absorvem a energia e a luz é convertida em energia
térmica, mecânica ou química, rompendo o tecido-alvo. Após a energia luminosa ser
transformada, o cromóforo e partes do tecido adjacente são rompidos por
fragmentação, coagulação, vaporização e/ou foto-oxidação. A interação laser-tecido
causa um dano dérmico no tecido, provocando a sua remodelação. Esse é
proporcional ao grau de calor gerado no tecido-alvo e à duração da exposição.
(KEDE MPV, SABATOVICH O, 2009)
A remodelação dérmica resulta na substituição de colágeno e elastina
danificados por colágeno e elastina novos, mais compactos e organizados,
melhorando o aspecto das rugas e consequentemente das olheiras, devido ao
15
aumento da espessura dérmica que ocorre com a reorganização do colágeno.
(OLIVEIRA, 2016)
Carboxiterapia é a administração de gás carbônico (CO2) em plano
subcutâneo que provoca um enfisema subcutâneo pelo descolamento da pele desse
local com afastamento dos planos que passam a ser ocupados pelo gás. Esse
descolamento se dá isento de traumas vasculares ou nervosos, porém, provoca
trauma suficiente para desencadear fisiologicamente o fenômeno conhecido como
processo de cicatrização, consequentemente há aumento da produção do colágeno
e elastina. Simultaneamente ao trauma mecânico causado pela infusão do gás,
acredita-se que ação farmacológica do gás seja responsável por proporcionar,
através de aumento do fluxo sanguíneo e importante aumento da concentração de
oxigênio local, condições favoráveis ao processo fisiológico de cicatrização. (MAIO
M, 2011)
Com finalidade terapêutica, no plano subcutâneo ocorre aumento do fluxo
de oxigênio e de fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF), o que leva ao
aumento de neoangiogênese. (FIORAMONTI P, FALLICO N, PARISI P)
HPOs escuras resultantes da perda de volume infraorbital e
sombreamento podem ser tratadas com vários tipos de preenchedores disponíveis
no mercado ou com preenchimento de gordura autóloga. Ambas as técnicas podem
restaurar o volume das fossas lacrimais e depressões infraorbitais causadas pelo
envelhecimento, reconstruindo a convexidade natural da zona de transição da
pálpebra inferior medial. Os preenchimentos normalmente utilizados na área
periocular incluem ácido hialurônico (animal e não animal), gordura autóloga e ácido
poli-L-láctico. (FINN JC e COX S 2007)
Plasma rico em plaquetas (PRP) e um composto autólogo rico em fatores
de crescimento, obtido pela centrifugação do sangue. A concentração plaquetária e
de 3 a 5 vezes a concentração plasmática normal. Basicamente, o sangue e
coletado e centrifugado até ser separado em três frações: plasma pobre em
plaquetas (PPP), PRP e células vermelhas. (OLIVEIRA 2016). Mehryan et al.30
estudaram a eficácia do uso de PRP para melhora da HPO e rugas periorbitais A
melhora na homogeneidade da cor da região infraorbital foi estatisticamente
significante. A avaliação foi realizada por três indivíduos independentes que
relataram melhora de moderada a boa em oito dos dez pacientes. Os pacientes
avaliaram seus resultados e 90% descreveram a melhora como boa ou excelente.
16
3. CARBOXITERAPIA APLICADA À REGIÃO PERIORBITAL
Na técnica de carboxiterapia, infundimos o gás carbônico por meio de
uma agulha fina no tecido subcutâneo, por causa da lesão provocada pela agulha e
pelo gás, o organismo desencadeia um processo inflamatório com o objetivo de
cicatrizar e reconstituir o tecido lesado com a proliferação de vasos sanguíneos
(Angiogênese) e fibroblastos (Fibrogênese). (SCORZA, BORGES, 2008)
A administração do gás (CO2) em plano subcutâneo provoca um
enfisema subcutâneo pelo descolamento da pele desse local com afastamento dos
planos que passam a ser ocupados pelo gás. Esse descolamento se dá isento de
traumas vasculares ou nervosos, porém, provoca trauma suficiente para
desencadear fisiologicamente o fenômeno conhecido como processo de
cicatrização, consequentemente há aumento da produção do colágeno e elastina.
Simultaneamente ao trauma mecânico causado pela infusão do gás, acredita-se que
ação farmacológica do gás seja responsável por proporcionar, através de aumento
do fluxo sanguíneo e importante aumento da concentração de oxigênio local,
condições favoráveis ao processo fisiológico de cicatrização. (OLIVEIRA e PAIVA
2016)
Com a vasodilatação da microcirculação consequentemente há um
aumento do fluxo sanguíneo e, portanto, a chegada da hemoglobina carregada de
oxigênio e de nutrientes a zona tratada. Este primeiro efeito sobre a fibra muscular
lisa se deve a diminuição do ph que estimula os receptores beta-adrenérgicos e a
consequente fosforilação da miosina e da fibra muscular lisa e sua dilatação,
causando uma inflamação local que estimula mecanicamente os receptores
parassimpáticos, liberando acetilcolina que contribui para renovação vascular
(SCORZA e BORGES 2008).
A técnica envolve diferentes volumes de gás, com fluxos e frequências
individuais para cada disfunção estética. O fluxo e o volume total de gás a ser
infundido variam de acordo com o objetivo e sensibilidade do paciente.
Habitualmente, na carboxiterapia encontramos parâmetros de fluxo de gás que
variam de 20ml/min a 150ml/min. Com relação ao volume total injetado, este gira em
17
torno de 600ml a 1 litro, podendo atingir 3.000ml em caso de grande depósito de
gordura (SCORZA & JAHARA 2010).
3.1 REAÇÃO PÓS-INFUSÃO DE CO2
O mecanismo de ação do gás carbônico é, sobretudo, na microcirculação
vascular do tecido conectivo, promovendo uma vasodilatação e um aumento da
drenagem veno-linfática. Com a vasodilatação, melhora-se o fluxo de nutrientes,
entre eles, as proteinases necessárias para remodelar os componentes da matriz
extracelular e para acomodar a migração e reparação tecidual. (PARASSONI, 1997)
O efeito Bohr é analisado pela curva de dissociação da oxihemoglobina
em resposta às alterações das concentrações de CO2 e de íons de hidrogênio (H+).
Quanto mais gás carbônico nós disponibilizamos no tecido, mais hemoglobinas
carreadas com oxigênio (HbO2) vão chegar, por via circulação sanguínea. Pelo fato
de a hemoglobina ter maior afinidade com a molécula de CO2 vai ocorrer liberação
da molécula de O2 para os tecidos e captação da molécula de CO2 que será
transportada e eliminada pela expiração. A presença de níveis altos de CO2
(proporcionada pela carboxiterapia) e íons de H+ potencializam as reações químicas
que ocorrem dentro dos eritrócitos e, consequentemente, o aporte de O2 tecidual
(SCORZA & JAHARA, 2010).Estudo histológico com a carboxiterapia comprovou um aumento da
espessura da derme, evidenciando estímulo à neocolagenase, bem como
preservação total do tecido conjuntivo, incluindo estruturas vasculares e nervosas,
ou seja, um evidente rearranjo das fibras colágenas (SCORZA, 2008).
3.2 CONTRAINDICAÇÕES DA CARBOXITERAPIA
A carboxiterapia é considerada uma técnica segura, mas devemos atentar
para algumas contraindicações citadas por alguns autores: infarto agudo do
miocárdio, angina instável, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, tromboflebite
aguda, gangrena, infecções localizadas, epilepsia, insuficiência respiratória,
insuficiência renal, gravidez, distúrbios psiquiátricos. (GOLDMAN et al 2006;
BROCKOW, 2000)
18
4. PRINCIPAIS DESPIGMENTANTES TÓPICOS UTILIZADOS NA HIPERPIGMENTAÇÃO PERIORBITAL
A importância de diferenciar as olheiras vasculares das olheiras por
hiperpigmentação melânica reside na variação da resposta terapêutica que
apresentam. As olheiras por hiperpigmentação melânica são mais sensíveis à
terapêutica, enquanto as vasculares são mais resistentes, nem sempre com bons
resultados. (COSTA A et al 2010)
Topicamente, diversos fármacos despigmentantes têm sido prescritos
para o tratamento das olheiras, mas existem poucos estudos sobre a eficácia dessas
medicações, estudos comparativos entre elas e, principalmente, sobre a correlação
dos resultados com as características epidemiológicas dos pacientes. (SOUZA et al
2013)
O ideal para amenizar as olheiras são substâncias despigmentantes ou
clareadoras, associado á hidroquinona, em uso tópico três vezes ao dia. Entretanto,
se usada em concentração muito alta a hidroquinona pode deixar uma mancha
branca definitiva na pele, Mais fraco que ela, o ácido Kógico, o ácido fítico e o
arbutin têm menor efeito colateral. Cremes à base de vitamina C também são
indicados para os casos, por terem efeito clareador. É importante, sempre, associar
seu uso a fotoproteção. (COSTA A et al 2010)
Souza DCM et al. Realizou um estudo com os principais despigmentantes
utilizados para hiperpigmentação são eles: ácido tioglicólico, hidroquinona, haloxyl e
ácido glicólico onde observou que o grupo tratado com bastão de ácido tioglicólico e
creme de hidroquinona obtiveram resultados mais satisfatórios em comparação com
os outros despigmentantes. (SOUZA et al 2013)
4.1. MECANISMO DE AÇÃO DO ÁCIDO TIOGLICÓLICO NA REGIÃO
PERIORBITAL
Acredita-se que ocorra hipercromia cutânea em decorrência do depósito
de hemossiderina, resultado de transformação biogênica do grupamento heme da
hemoglobina, quando há extravasamento sanguíneo dérmico; nesse momento, há
liberação do íon ferro desse grupamento, acarretando formação de radicais livres
19
que, por conseguinte, estimulam o melanócito, gerando pigmentação melânica
associada. (COSTA A et al 2010)
O ácido tioglicólico é um alfa-hidroxiácido de grande afinidade com o ferro
iônico, sendo a quelação do ferro a ação desse ácido que, portanto, é
potencialmente útil nos casos de depósito de hemossiderina. A concentração
utilizada não deve exceder 20%; entretanto, na pele palpebral, costumam-se utilizar
concentrações mais baixas para uso diário (até 2,5%). Vale ressaltar que Costa A et
al. atestaram a eficácia e a segurança do tratamento com peeling de gel de ácido
tioglicólico 10%, aplicado quinzenalmente na região palpebral.
O tratamento ideal deve incluir a suspensão de fatores desencadeantes
quando identificados, a remoção da hemossiderina pré-formada e fotoproteção
(COSTA A et al 2010)
4.2. CONTRAINDICAÇÕES DO ÁCIDO TIOGLICÓLICO
Segundo Costa A et al os peelings seriados e progressivos de ácido
tioglicólico10% apresentam-se como ferramenta terapêutica segura, eficiente e de
baixo custo no tratamento da hipercromia periorbicular constitucional. Não há a
pretensão de ser tratamento único e milagroso para essa dermatose, pois outras
terapêuticas, sem dúvida alguma, são de suma importância e talvez se possam aliar
visando a melhora clínica ainda mais interessante. Cabe lembrar, também, que
mudanças de hábitos de vida dos pacientes, tais como boa alimentação, evitar o
tabagismo, praticar atividades físicas e dormir o suficiente, ainda têm seu papel nas
orientações do dermatologista no momento da proposição de qualquer plano
terapêutico para esses pacientes. (SOUZA et al 2013)
Como visto neste artigo e coincidente com dados da literatura, sua
aplicação cutânea causa leve desconforto, associado a discreto eritema, com leve
ou transitória descamação e rara sensibilização. Se, porventura, cair na conjuntiva
ocular, ela deve ser lavada vigorosamente, conforme orientação já estabelecida para
os produtos cosméticos que o incluem em suas fórmulas, pois ele é considerado
composto de baixa toxicidade ocular (COSTA A et al 2010).
20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das pesquisas realizadas, ficou constatada a escassez de artigos
científicos sobre hiperpigmentação periorbital especificamente com as técnicas de
carboxiterapia e peeling de ácido retinóico para o tratamento desta dermatose que,
apesar de não ter nenhum comprometimento sistêmico afeta a qualidade de vida
das pessoas que apresentam essa queixa devido a baixa na autoestima, diante
deste fato vale ressaltar que é de suma importância a realização de pesquisas mais
extensas sobre o tema para que sejam comprovados a eficácia destes tratamentos,
incluindo o número de sessões, o intervalo entre elas, o tratamento de manutenção
e a sustentabilidade à longo prazo.
21
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALAM, MURAD; GLADSTONE, HAYES B.; TUNG, REBECA C. Dermatologia Cosmética. Rio de Janeiro: Elsevier Ltda, 2010.
ALSAAD SM, MIKHAIL M. Periocular hyperpigmentation: a review of etiology and current treatment options. JDrugs Dermatol. 2013;12(2):154-7.BORGES FS, SCORZA FA, JAHARA RS. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo. Phortes, 2010. Paulo
BROCKOW T, HAUSNER T, DILLNER A, RESCH KL. Clinical evidence of subcutaneous CO2 insufflations: a systematic review.J Altern Complement Med. 2000 Oct; 6(5):391-403
COSTA A, BASILE DVA, MEDEIROS VLS, MOISÉS AT, OTA SF, PALANDI JAC. Peeling de gel de ácido tioglicólico 10% opção segura e eficiente na pigmentação infraorbicular. Surg Cosmet Dermatol. 2010; 2(1): 29-33.
DANTAS LDP. Análise de padrões dermatoscópicos em pacientes com hiperpigmentação periocular. Porto Alegre – RS 2013.
DEPREZ, PMD. Peeling químico superficial, médio e profundo. Rio de Janeiro: Revinter LTda, 2009.
FINN JC, COX S. Fillers in the periorbital complex. Facial Plast Surg Clin North Am. 2007;15(1):123-32.
FIORAMONTI P, FALLICO N, PARISI P. Periorbital área rejuvenation using carbon dioxide therapy. J Cosmet Dermatol. 2012;11(3):223-8.
GOLDMAN MP, BACCI PA, LEIBASHOFF G, HEXSEL D, ANGELINI F. Carboxytherapy. In: Goldman et al. Cellulite – Pathophysiology and Treatment. New York: Taylor & Francis, 2006: 197-208.
IZZO MT. El papel del ácido tioglicólico em las pigmentaciones férricas. Rev Panam Flobol Linfol. 2001;41(2):57-63.
KADUNC BV, PALERMO E, ADDOR FAS, METSAVAHT L, MATTOS R, BEZERRA SMC. Tratado de cirurgia dermatologica, cosmiatria e laser da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Sao Paulo: Elsevier; 2013. p. 224-18, 412-35, 759-71.
KEDE MPV, SABATOVICH O. Dermatologia estética. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2009. p. 104-4,767-19.
MAIO M. Tratado de medicina estetica. Rio de Janeiro: Roca; 2011. p. 94.
22
MEHRYAN P, ZARTAB H, RAJABI A, PAZHOOHI N, FIROOZ A. Assessment of efficacy of platelet-rich plasma (PRP) on infraorbital dark circles and crow’s feet wrinkles. J Cosmet Dermatol. 2014;13(1):72-8.
OHSHIMA H, TAKIWAKI H. Evaluation of dark circles of the lower eyelid: comparison between reflectance meters and image processing and involvement of dermal thickness in appearance. Skin Res Technol Off J Int Soc Bioeng Skin ISBS Int Soc Digit Imaging Skin ISDIS Int Soc Skin Imaging ISSI. 2008 May;14(2):135–41.
OLIVEIRA GA, PAIVA AR. Causas e tratamento da hipercromia periorbital. Rev Fac Cienc Med Sorocaba. 2016;18(3):133-9.
PARRASONI, L VALARO, V. La medicina Estética. Editrice Salus, Internazionale, Roma, 1997.
ROBERTS WE. Periorbital hyperpigmentation: review of etiology, medical evaluation, and aesthetic treatment. JDrugs Dermatol. 2014;13(4):472-82.
ROH MR, CHUNG KY. Infraorbital dark circles: definition, causes, and treatment options. Dermatol Surg. 2009;35(8):1163-71.
SCORZA FA, BORGES FS. Carboxiterapia: Uma revisão. Rev.Fisioterapia Ser-Ano 3 n04 –out/nov/dez-2008
SCORZA FA, JAHARA RS. Carboxiterapia. São Paulo. Phortes,2010.
SOUZA DCA, CRISTIANE LUDTKE E, SOUZA RM, ROCHA NW, WEBER MB, MANZONI APD, LORENZINI FK. Comparação entre ácido tioglicólico 2.5%, hidroquinona 2%, haloxyl 2% e peeling de ácido glicólico 10% no tratamento da hiperpigmentação periorbital. Surg Cosmet Dermatol 2013;5(1):4651.
SOUZA DM, LUDTKE C, SOUZA ERM, SCANDURA KMP, WEBER MB. Hiperpigmentação periorbital. Surg Cosmet Dermatol. 2011 Sep 8;3(3).
TEIXEIRA V. Treatment of idiopathic Cutaneous Hypercromia of the orbital region (ichor) with erbium laser: a retrospective assessment. ArqCatarinenses Med. 2007; 36(1):76-9.
WATANABE S, NAKAI K, OHNISHI T. Condition known as “dark rings under the eyes” in the Japanese population is a kind of dermal melanocytosis which can be successfully treated by Q-switched ruby laser. Dermatol Surg Off Publ Am Soc Dermatol Surg Al. 2006 Jun;32(6):785–789; discussion 789.
YAAR M, GILCHREST BA. Skin aging: postulated mechanisms and consequent changes in structure and function. Clin Geriatr Med 2001;17:617–30.