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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DO CONSUMIDOR NOTA TÉCNICA 01/2012/CC0 Crimes contra as relações de consumo Comercialização de produtos imprprios !esnecessidade de per"cia para caracterização #uando se tratar de$ %a& produtos cu'os prazos de (al idade este 'am (encidos e) re*ra *eral) %+& produtos em desacor do com as normas re*ulamen tar es de ,a+ricação) distri+uição ou apresentação – Crimes ,ormais e de peri*o a+strato-  1- O.TO Por conta da atual indefinição que grassa na jurisprudência a re sp eito da (d es )n ecessidade de realiza çã o de pe rícia para a configuração dos crimes contra as relações de consumo previstos no ar t. 7 ! "#! da $ei %.&'7* ! e tam+,m po rq ue , acen tuada a ocorrência dessa esp,cie de delito nas relações cotidianas! o -entro de poio /peracional do -onsumidor do 0inist,rio P1+lico do 2stado de 3anta -atarina (--/) posiciona4se so+re o assunto! mediante a emissão da presente 5ota 6,cnica. 2- A.O!A3 45TICO678!ICA despeito da venda, exposi ção à venda, manute ão em depósito e entrega de produtos impróprios ao consumo consu+stanciar a maior incidência prtica de condutas no 8m+ito dos crimes contra as relações de consumo! ainda não 9 um entendimento  jurisprudencial claro e uníssono nos 6ri+unais 3uperiores acerca do assunto.  ________________ ________________  Av. Othon Gama D'Eça, 622 - Ático – Centro - Florianópoli – !C " CE# $$%&-2(% 1 Fone) *%($+ %&-2$%$ - Fa) *%($+ %&-2$%&- - http)"  "  www.mp.sc.gov.br  e-mail [email protected]  

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NOTA TÉCNICA 01/2012/CC0

Crimes contra as relações deconsumo – Comercialização deprodutos imprprios –!esnecessidade de per"cia paracaracterização #uando se tratar de$%a& produtos cu'os prazos de(alidade este'am (encidos e) re*ra

*eral) %+& produtos em desacordocom as normas re*ulamentares de,a+ricação) distri+uição ouapresentação – Crimes ,ormais e deperi*o a+strato-

 

1- O.TO

Por conta da atual indefinição que grassa na jurisprudência arespeito da (des)necessidade de realização de perícia para aconfiguração dos crimes contra as relações de consumo previstos noart. 7! "#! da $ei %.&'7*! e tam+,m porque , acentuada aocorrência dessa esp,cie de delito nas relações cotidianas! o -entrode poio /peracional do -onsumidor do 0inist,rio P1+lico do 2stadode 3anta -atarina (--/) posiciona4se so+re o assunto! mediante aemissão da presente 5ota 6,cnica.

2- A.O!A3 45TICO678!ICA

despeito da venda, exposição à venda, manutenção emdepósito e entrega de produtos impróprios ao consumoconsu+stanciar a maior incidência prtica de condutas no 8m+ito doscrimes contra as relações de consumo! ainda não 9 um entendimento jurisprudencial claro e uníssono nos 6ri+unais 3uperiores acerca doassunto.

 ________________________________________________________________________________________________  Av. Othon Gama D'Eça, 622 - Ático – Centro - Florianópoli – !C " CE# $$%&-2(% 1 

Fone) *%($+ %&-2$%$ - Fa) *%($+ %&-2$%&- - http)"  "  www.mp.sc.gov.br   e-mail [email protected]  

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/ crime em voga , tipificado pelo art. 7! "#! da $ei n%.&'7*! que encerra uma norma penal em +ranco preenc9ida pelo :

; do art. &% da $ei n %.*7%* (-<digo de =efesa do -onsumidor 4-=-)! cujas transcrições! respectivamente! seguem a+ai>o?

rt. 7@ -onstitui crime contra as relações de consumo?A...B"# 4 vender! ter em dep<sito para vender ou e>por Cvenda ou! de qualquer forma! entregar mat,ria4primaou mercadoria! em condições impr<prias ao consumoD

rt. &% A...B: ;@ 3ão impr<prios ao uso e consumo?

" 4 os produtos cujos prazos de validade estejamvencidosD"" 4 os produtos deteriorados! alterados! adulterados!avariados! falsificados! corrompidos! fraudados! nocivosC vida ou C sa1de! perigosos ou! ainda! aqueles emdesacordo com as normas regulamentares defa+ricação! distri+uição ou apresentaçãoD""" 4 os produtos que! por qualquer motivo! se reveleminadequados ao fim a que se destinam.

=a leitura dos dispositivos acima , possível concluir que! narealidade! 9 quatro matrizes de impropriedades de produtos ao uso econsumo! j que o inciso "" englo+a duas normas.

Portanto! pode4se afirmar de forma didtica que são impr<priosao consumo os produtos (mat,ria4prima ou mercadorias! para usar aspalavras do inciso "#! do art. 7 supra)?

&4 (") 4 cujos prazos de validade estejam vencidosDE4 (""4a) 4 deteriorados! alterados! adulterados!avariados! falsificados! corrompidos! fraudados! nocivos

C vida ou C sa1de! perigososD'4 (""4+) 4 aqueles em desacordo com as normasregulamentares de fa+ricação! distri+uição ouapresentação&D eF4 (""") 4 que! por qualquer motivo! se reveleminadequados ao fim a que se destinam.

5esse conte>to! afigura4se inapropriado dispensar o mesmotratamento jurídico para os três incisos acima transcritos (e quatro

1 2ssa e>pressão! por evidente! tam+,m carece de complementação G preenc9imen4to G por outras normas! não raro! de carter administrativo. ________________________________________________________________________________________________ 

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normas por eles englo+adas) para fins de classific4lo como material!formal ou de mera conduta e! por consequência! para efeito de

dispensar ou não a realização de perícia para caracteriz4lo! j que oelemento normativo do tipo respectivo (matéria prima ou mercadoria,em condições impróprias ao consumo)! repita4se! a+range quatrosituações distintas e inconfundíveis a serem analisadas(individualmente) para tal prop<sito.

Hi>ada essa premissa e tendo em conta que o ponto dacontrov,rsia reside em perscrutar se a realização de perícia ,indispensvel C caracterização da aludida infração penal! cumpretrazer a classificação de crime quanto ao resultado.

3egundo os autores Iulio Ha++rini 0ira+ete e Jenato 5.Ha++riniE?

5o crime material 9 necessidade de um resultadoe>terno C ação! descrito na lei! e que se destaca l<gicae cronologicamente da conduta. 2sse resultado deve serconsiderado de acordo com o sentido naturalístico dapalavra! e não com relação a seu conte1do jurídico! poistodos os crimes provocam lesão ou perigo para o +em jurídico. 2>emplos são o 9omicídio (morte)! furto e

rou+o (su+tração)! dano (destruição! inutilização) etc.

5o crime formal não 9 necessidade de realizaçãodaquilo que , pretendido pelo agente! e o resultado jurídico previsto no tipo ocorre ao mesmo tempo emque se desenrola a conduta! K9avendo separação l<gicae não cronol<gica entre a conduta e o resultadoL. 5odelito de ameaça (art. &F7)! a consumação d4se com aprtica do fato! não se e>igindo que a vítima realmentefique intimidadaD no de inj1ria (art. &F*) , suficienteque ela e>ista! independentemente da reação

psicol<gica do ofendido etc.

5os crimes de mera conduta (ou de simples atividade) alei não e>ige qualquer resultado naturalístico!contentando4se com a ação ou omissão do agente. 5ãosendo relevante o resultado material! 9 uma ofensa(de dano ou de perigo) presumido pela lei diante daprtica da conduta. 2>emplos são a violação dedomicílio (art. &M*)! o ato o+sceno (art. E'')! a omissãode notificação de doença (art. E;)! a condescendência

2 0"JN262! Iulio Ha+rini. HNNJ"5"! Jenato 5. 0anual de =ireito Penal G Parte Oe4ral. EF ed.! 3ão Paulo? tlas! ps. &E'&EF. ________________________________________________________________________________________________ 

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criminosa (art. 'E*) e a maioria das contravenções.

possível perce+er! portanto! que o inciso " e! regra geral! aparte final do inciso "" do : ; do art. &% do -=- preenc9em o tipo doart. 7! "#! da $ei %.&'7* de maneira tal que não 9 necessidade darealização do resultado naturalístico para que o crime se perfecti+ilize.2m outras palavras! por não se enquadrarem na categoria de crimesmateriais! prescindem de prova pericial.

e>cepcionalidade quanto C parte final do inciso "" reside emsituações tais em que o caso concreto aponte a necessidade dedemonstração! por prova material! de que a norma regulamentar de

fa+ricação foi desrespeitada! como! por e>emplo! na falta ou e>cessode ingrediente na composição de determinado produto (v.g.! falta oue>cesso de s<dio em enlatados). =efinitivamente! essa 9ip<teseconsu+stancia rara e>ceção! pois! no mais das vezes! a ino+serv8nciadas regras de fa+ricação! distri+uição ou apresentação pode serconstatada mediante mera visualização do produto.

Ios, Oeraldo Nrito Hilomeno! em sua o+ra 0anual de =ireito do-onsumidor'! colaciona e>certo de ac<rdão lavrado no 8m+ito do6ri+unal de lçada -riminal de 3ão PauloF! com o seguinte teor.

Verbis:

 K(...) o art- 19) : ;<) I! do -<digo do -onsumidor! aoaludir a que são impr<prios ao uso e consumo osprodutos cujos prazos de (alidade este'am(encidos! dei>a evidenciado que essa impropriedade ,meramente formal e! por isso mesmo! sua configuraçãoindepende do verdadeiro estado do produto! se aindaem condições ou não de consumoD em outras palavras!o produto com prazo de validade vencido , de ser tidopor impr<prio ao consumo o que o+sta seja e>posto C

venda! tal como sucedia com as cervejas apreendidasDtam+,m são 9avidos por impr<prios ao consumo osprodutos em desacordo com as normasre*ulamentares de ,a+ricação) distri+uição ouapresentação %art- 19) : ;<) inc- II) =ltima ,i*ura)Dnesta 9ip<tese! que igualmente contempla meraimpropriedade formal! o produto , consideradoimpr<prio com decorrência de desrespeito C

3 H"$/025/! Ios, Oeraldo Nrito. 0anual de =ireito do -onsumidor. &* ed.! 3ão Pau4lo?tlas! p. E%*.4 p. -rim. 5 7.;%M4&! %Q -8mara do 6-J"043P! Jel.? Iuiz Nar+osa de lmeida!

 j. E;&;. ________________________________________________________________________________________________ 

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regulamentação! ine>istindo a e>igência de queapresentem efetiva nocividade C sa1de do consumidorD

nela se enquadram os pedaços de queijo apreendidos!cujas em+alagens não traziam! por qualquer forma!informações a prop<sito de origem! prazo de validade eoutros dados e>igidos pelo art. '&! do -<digo do-onsumidorDL (sem grifos no original)

5em poderia ser diferente! porquanto! partindo4se da premissade que o +em jurídico tutelado (imediato)! para uns! , a proteção eintegridade da relação de consumo ou! para outros! a coletividade deconsumidores! tem4se como sendo de perigo a+strato as duasconfigurações do crime em voga! na medida em que! segundo adefinição de Jog,rio Oreco! crime de perigo K aquele no qual o tipopenal prevê um comportamento que traz perigo de dano ao +em juridicamente protegidoL M! sendo que! KA...B crime de perigo a+strato!tam+,m recon9ecido como de perigo presumido! em que +asta aprtica do comportamento previsto pelo tipo para que a infração penalreste consumada! independentemente da produção e,eti(a deperi*o ao +em 'uridicamente tutelado A...BL ;  (sem grifos nooriginal).

2ssa! pois! a lin9a de raciocínio que se entende como sendo a

mais adequada para nortear a a+ordagem jurídica dos casosconcretos! tal como adotada C unanimidade pela 6erceira -8mara-riminal do 6ri+unal de Iustiça de 3anta -atarina! que! emrecentíssima decisão (j. EM&&E*&&)! fez constar do corpo do ac<rdãorelatado pelo =es. $eopoldo ugusto NrRggemann o seguinte?

A...Bssim. 6ratando4se do inciso " e parte do inciso ""!+asta a constatação ocular do prazo de validade vencidono r<tulo do produto! uma irregularidade na data! como

data remarcada ou! ainda! ser a em+alageminadequada! para restar o agente incurso no delitosupracitado. crime de perigo a+strato! pois +asta que9aja o desrespeito a determinada norma para queesteja configurado! sendo irrelevante a constatação porperícia.Jepita4se! não , necessria a avaliação t,cnica para averificação da data de validade do produto! pois , umainformação dada pelo pr<prio fa+ricante e que se

5 OJ2-/! Jog,rio. Código Penal Comentado. E ed.! 5iter<i! JI? "mpetus! E**! p.E.6 /p. cit.! p. E. ________________________________________________________________________________________________ 

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encontra na em+alagem da coisa. ssim! datasultrapassadas e remarcadas (vide itens e 'E da

den1ncia! dentre outros)! são facilmente visualizadas./ mesmo pode ser dito quanto a estar o produto emdesacordo com as normas regulamentares defa+ricação! distri+uição ou apresentação (em+alagemirregular e informações tampadas G vide itens &&! &E!&; e '&! da den1ncia! por e>emplo)! pois suficiente aconfirmação da ocorrência destas anormalidades pelasimples contemplação dos inv<lucros ou recipientesusados para em+alar as su+st8ncias. 7

0erece destaque! desde logo! o fato de que a esmagadora

maioria dos ilícitos constatados nas operações mensais do consagradoPrograma de Proteção Iurídico43anitria dos -onsumidores deProdutos de /rigem nimal (P/) encai>a4se nas duas situaçõesacima descritas (inciso " e parte final do inciso "" do : ; do art. &% do-=-).

2-1- A>AN?A!O 7I@>7!NCIA

5ão o+stante! o que se tem o+servado , que a jurisprudência do

3uperior 6ri+unal de Iustiça (36I)! a e>emplo do S- &'E.EM743P!relatado pela 0inistra $aurita Taz! em E'%E*&&! tem iniciado umainclinação noutro sentido! lastreada em ac<rdão paradigmtico do3upremo 6ri+unal Hederal (36H) (S- *.774E4PJ! relatado pelo0inistro -arlos Ures Nritto! em &7;E**%).

-ontudo! ao realizar uma anlise crítica do conte1do domencionado ac<rdão do 36H! , possível concluir que não 9fundamentos suficientes a justificar uma consolidação da aparentemudança de posicionamento! pelos motivos que seguem.

2-1-1- >O@IBO !O @7>3O TI.7NA 4!A

2-1-1-1- Inciso I  ( produtos cuos pra!os de validade esteamvencidos) do : ; do art. &% do -=-! preenc9endo o art. 7! "#! da $ei%.&'7*.

Primeira 6urma do 36H! C unanimidade de votos! porinterm,dio de decisão proferida em ME***! no Jecurso /rdinrio

7 6I3-? p. -rim.! E*&&.*'7E7'4*! Jel. $eopoldo ugusto NrRggemann! &*&E*&E. ________________________________________________________________________________________________ 

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em Sa+eas -orpus n %*.**4F43P! materializada pelo ac<rdão dalavra do 0in. "lmar Oalvão! entendeu que a e>posição C venda de

mercadoria com prazo de validade vencido consu+stancia crime Kformal e de mera conduta! consumando4se com a simples ação doagente! sendo dispensvel a comprovação da impropriedadematerial.L 

mesma Primeira 6urma! em decisão posterior a antesmencionada! de &7;E**% (S- *.774E4PJ! Jel. 0in. -arlos UresNritto)! al,m de não ter alterado o entendimento G at, porque nãoa+ordou este inciso G! a ela reportou4se no corpo do ac<rdãorespectivo! de sorte que permanece D"*ido o entendimento do

@T4 de #ue não DE necessidade de per"cia para compro(ar aimpropriedade de  produtos cujos prazos de validade estejam

vencidos-

2-1-1-2- Inciso II) primeira parte  ( produtos deteriorados,alterados, adulterados, avariados, "alsi"icados, corrompidos,"raudados, nocivos à vida ou à sa#de, perigosos A...B)! do : ; do art.&% do -=-! preenc9endo o art. 7! "#! da $ei %.&'7*.

5en9uma das duas decisões do 36H (S- %*.**4F43P e S-

*.774E4PJ) a+ordou o assunto.

2-1-1-F- Inciso II) se*unda parte  (A...B a$ueles emdesacordo com as normas regulamentares de "abricação, distribuiçãoou apresentação)! do : ; do art. &% do -=-! preenc9endo o art. 7!"#! da $ei %.&'7*.

/ primeiro ac<rdão não tratou deste ponto específico.

5o segundo julgado! o 0inistro -arlos Ures Nritto iniciou seu

voto deduzindo consistente manifestação! inclusive destacando que?A...B ten9o por acertada a decisão colegiada do 3uperior6ri+unal de Iustiça! pois a definição do -<digo de=efesa do -onsumidor quanto ao que sejam produtosimpr<prios para o consumo evidencia a naturezameramente formal da impropriedade de que trata oinciso "" do art. ; da $ei n %.*7%*. 2 de outramaneira não podia ser! dadas as peculiaridades dassituações a+arcadas pelas relações de consumo! taiscomo? a grande quantidade de pessoas e>postas aos

riscos! a enorme quantidade de produtos fa+ricados e ________________________________________________________________________________________________ 

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postos em circulação no mercado nacional! etc. (fl. EM7)

2ntretanto! o 0inistro 0arco ur,lio sustentou a necessidade darealização da prova pericial! apesar de aventar que K/ crime ,realmente formal! mas 9 que se demonstrar a impropriedade doproduto para o usoL (fl. E;E)! sendo que seu posicionamento aca+ousendo decisivo para o desfec9o do julgado! j que influenciou osdemais votos.

5ão o+stante! a 0inistra -rmen $1cia! a despeito deacompan9ar os demais mem+ros do colegiado! fez as seguintes el1cidas o+servações?

A...B Para esses casos dessa parte final G porque! na(erdade) esse inciso II contGm duas normas  G!eventualmente n<s vamos poder nos deparar comalguma situação em que o pr<prio confronto! o pr<priocotejo permita! independentemente de perícia! qualquercoisa! mas que! de toda sorte! como não , o caso! euapenas estou acompanDando) não ,ecDando essamatGria) eu me reser(o para pensar. (fl. E7*) (semgrifos no original)

A...B 2ntão! apenas para dei>ar o registro dessa reserva!que eu me proponDo a reestudar) e não #uero,ecDar a #uestão. (fl. E7&) (sem grifos no original)

2nfim! o ac<rdão comentado! que aca+ou se tornandopar8metro para decisões su+sequentes! rece+eu a ementa cujatranscrição segue a+ai>o?

SN23 -/JPV3. -J"02 -/56J 3 J2$WX23 =2-/53V0/. HNJ"-WY/ 2 =2PZ3"6/ =2 PJ/=V6/ 20-/5="WX23 "0PJZPJ"3 PJ / -/53V0/. "5-"3/

"# =/ J6. 7 = $2" %.&'7*. -/5H"OVJWY/ =/=2$"6/. =2$"6/ H/J0$. PJ23-"5="N"$"==2 =-/0PJ/TWY/ = 2H26"T 5/-"T"==2 =/PJ/=V6/. J2IV360256/ =2 T/6/. 52-233"==2=2 =20/536JWY/ "52[V\T/- ="0PJ/PJ"2==2 =/ PJ/=V6/ PJ V3/."5=2P25=]5-" =3 "536^5-"3 P25$ 2=0"5"36J6"T. _5V3 = PJ/T =/ 6"6V$J =WY/ P25$. /J=20 -/5-2="=.&. gentes que fa+ricam e mant,m em dep<sito! paravenda! produtos em desconformidade com as normas

regulamentares de fa+ricação e distri+uição. "mputação ________________________________________________________________________________________________ 

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do crime do inciso "# do art. 7 da $ei n %.&'7*.5orma penal em +ranco! a ter seu conte1do preenc9ido

pela norma do inciso "" do : ; do art. &% da $ei n.%.*7%*.E. 3ão impr<prios para o consumo os produtosfa+ricados em desacordo com as normasregulamentares de fa+ricação! distri+uição ouapresentação. criminalização da conduta! todavia!est a e>igir do titular da ação penal a comprovação daimpropriedade do produto para uso. Pelo queimprescindível! no caso! a realização de e>ame pericialpara aferir a nocividade dos produtos apreendidos.

ssim! em que pese o 36H ter se posicionado! por ora!pela necessidade de prova pericial para a demonstração deimpropriedade de produtos em desacordo com as normasregulamentares de "abricação, distribuição ou apresentação! o fez demaneira não conclusi(a! at, porque calcado em a+ordagemsuperficial.

2-1-1-H- Inciso III) (os produtos $ue, por $ual$uer motivo, serevelem inade$uados aos "ins a $ue se destinam)! do : ; do art. &%do -=-! preenc9endo o art. 7! "#! da $ei %.&'7*.

5en9uma das duas decisões do 36H a+ordou o assunto.

2-1-2- >O@IBO !O @7>IO TI.7NA ! 7@TIBA

2-1-2-1- Inciso I  ( produtos cuos pra!os de validade esteamvencidos) do : ; do art. &% do -=-! preenc9endo o art. 7! "#! da $ei%.&'7*.

7INTA T73A3egundo o levantamento realizado! da anlise das cinco 1ltimas

decisões colegiadas da uinta Turma  do 36I! A16  Jesp.&.*M*.*%J3! =je. '%E**! Jel. 0in. Iorge 0ussiD 26  Jesp.&.&&'.''*J3! =je. FEE*&*! Jel. 0in. $aurita TazD F6  JS-EF.M&;J/! =je. MME*&*! Jel. 0in. rnaldo 2steves $imaD H6 gJegem Jesp. &.&%&.&F&J3! =je. &7%E*&*! 0in. $aurita TazD e J6 S-&'.EM73P! =je. 0in. $aurita TazB , possível concluir dafundamentação dos ac<rdãos 1) 2 e  H que o crime atinente a esteinciso (") , formal! de sorte que dispensa a realização de perícia.

 ________________________________________________________________________________________________  Av. Othon Gama D'Eça, 622 - Ático – Centro - Florianópoli – !C " CE# $$%&-2(% 9 

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5o terceiro ac<rdão (F)! em+ora o caso concreto refira4se a

prazo de validade vencido (inciso ")! a fundamentação do voto dorelator não , suficientemente clara e não permite a e>tração de umaconclusão segura! pois se em+asa numa ementa que a+orda o inciso""! al,m de não e>plicitar as razões para convencimento.

I no quinto ac<rdão (J)! tam+,m a despeito de o suporte fticotratar de prazo de validade vencido (inciso ")! a fundamentação dovoto da relatora igualmente não , suficientemente clara e não permiteque se o+ten9a uma conclusão segura! pois se em+asa em trêsementas! sendo que a primeira delas , o ac<rdão F acima comentado

e as duas outras a+ordam o inciso "" (a segunda , o ac<rdão 1  e aterceira , a mais recente decisão do 36H 4 S- *.774E4PJ).

demais! a mencionada fundamentação traz as seguintes razõesde convencimento?

A...B 3o+re o tema! este 6ri+unal 3uperior orientava4seno sentido de que! para a conduta se adequar ao crimedo art. 7! inciso "#! da $ei n. %.&'7*! c.c. o art. &%!: ;! inciso I! da $ei n. %.*7%*! +asta a constataçãode que os +ens estão fora do prazo de validade! sendodesnecessria anlise pericial para comprovar aimpropriedade da su+st8ncia ao consumidor.

/corre que esse entendimento foi revisto.

gora! para caracterizar o crime do art. 7.! inciso "#!da $ei n. %.&'7*! c.c. o art. &%! : ;! incisos II eIII! da $ei n. %.*7%* , imperiosa a demonstração daimpropriedade do produto ao consumo. 3egundo amel9or e>egese para esse dispositivo! odescumprimento de normas administrativas referentes

Cs condições 9igiênico4sanitrias não implica!necessariamente! nocividade C sa1de do consumidor.ssim! essa potencialidade lesiva deve ser feitamediante e>ame pericial. (sem grifos no original)

Terifica4se! portanto! que ine>iste sintonia entre os incisoscotejados e! corolrio l<gico! entre o su+strato jurídico delesemergente! j que! como antes mencionado! cada qual traz umadisciplina distinta.

6alvez essa a razão do equívoco quando se menciona que o ________________________________________________________________________________________________ 

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entendimento foi revisto.

Por essas razões , possível concluir que permanece 9ígido oentendimento sufragado pelo 36H no J/S- n %*.**4F43P! deME***! segundo o qual não DE necessidade de per"cia paracompro(ar a impropriedade de  produtos cujos prazos de

validade estejam vencidos-

@KTA T73A

=os três 1ltimos ac<rdãos da @eLta Turma do 36I! A;6  JS-

&M.*%73P! =je. MEE**7! Jel. 0in. Samilton -arval9idoD M6  gJegem Jesp. &.E*E.E&'J3 =je. %;E*&&! 0in. Saroldo JodriguesD e 96Jesp. &.&%F.EF*6/! =je. 0in. Saroldo JodriguesB! somente oprimeiro (;) refere4se ao inciso "! considerando4o de perigo a+stratoou presumido e! portanto! dispensando a realização de perícia. /sdemais (M e 9)! que fazem uma a+ordagem lac`nica e gen,rica! poisdei>aram de individualizar os incisos! pontificam a necessidade deprova pericial.

-onclui4se! destarte! como registrado acima! que permanece

irretocvel o entendimento do 36H de que não DE necessidade deper"cia para compro(ar a impropriedade de  produtos cujos

 prazos de validade estejam vencidos (art. 7! "#! da $ei %.&'7*!preenc9ido pelo inciso " do : ; do art. &% do -=-).

2-1-2-2- Incisos II e III do : ; do art. &% do -=-!preenc9endo o art. 7! "#! da $ei %.&'7*.

5ão o+stante o inciso "" a+arcar Kduas normasL distintas! nãoforam localizados ac<rdãos de nen9uma das duas turmas que

tivessem feito tal diferenciação./ que se constatou foi a realização de uma a+ordagem gen,rica!

quase sempre dispensando o mesmo tratamento aos três incisos!sendo que 9 uma cadeia de citações sucessivas a precedentes jurisprudenciais do pr<prio 36I com as mesmas particularidades orae>plicitadas! al,m de referências circunstanciais ao segundo ac<rdãodo 36H antes comentado (S- *.774E4PJ! Jel. 0in. -arlos . Nritto!&7;E**%).

 

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2-1-F- >O@IBO !O TI.7NA ! 7@TIBA ! @ANTACATAINA

Jealizou4se um levantamento dos mais recentes ac<rdãoslavrados no 8m+ito do 6ri+unal de Iustiça de 3anta -atarina (6I3-)acerca do assunto! cujo resultado da anlise segue a+ai>o?

2-1-F-1- Inciso I  ( produtos cuos pra!os de validade esteamvencidos) do : ; do art. &% do -=-! preenc9endo o art. 7! "#! da $ei%.&'7*.

c<rdãos recentes da >rimeira (p. -rim. E*&*.*EEFF&4E! Jel.

=es. 0arli 0oisimann Targas! %EE*&&)! @e*unda  (p. -rim.E*&&.*M%&E4%! Jel. =es. 3u+st. 61lio Pin9eiro! &%&*E*&&) eTerceira  (p. -rim! E*&&.*'7E7'4*! Jel. =es. $eopoldo ugustoNrRggemann! &*&E*&E) Cmaras Criminais  trazemposicionamento claro so+re a prescindi+ilidade de perícia Cconstatação de condutas típicas relacionadas ao inciso "! na medidaque entendem não se tratar de crime material.

2-1-F-2- Inciso II) 1 e 2 partes ( produtos deteriorados,alterados, adulterados, avariados, "alsi"icados, corrompidos,

"raudados, nocivos à vida ou à sa#de, perigosos // ou, ainda, a$uelesem desacordo com as normas regulamentares de "abricação,distribuição ou apresentação)! do : ; do art. &% do -=-!preenc9endo o art. 7! "#! da $ei %.&'7*.

>rimeira Cmara Criminal! por via da decisão materializadapelo ac<rdão referente C p. -rim. E**%.*MM%**4*! Jel. =es. JuiHortes! &&EE*&&! posicionou4se pela desnecessidade da perícia!entendendo tratar4se de crime formal a conduta típica entãoventilada. nalisando o suporte ftico que deu ensejo ao processo!

constata4se que se refere C a+ate clandestino! ou seja! capitulado naparte final do inciso "".

@e*unda Cmara Criminal! no entanto! ao anunciar amudança de entendimento! passou a e>igir perícia para constataçãodo crime previsto neste inciso ("") (p. -rim. E*&&.*;&;E'4*! Jel.=es. 3,rgio Paladino! &&EE*&&)! acompan9ando a 1ltima decisãodo 36H ( vide item E.&.&.') e decisões da [uinta (J) e 3e>ta (9)6urmas do 36I (vide item E.&.E.&)! as quais foram o+jeto de anlisecrítica acima.

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0erece destaque que! por não ter transitado em julgado at, omomento! o ac<rdão da 3egunda -8mara poder ser o+jeto de

recurso.

Terceira  (p. -rim! E*&&.*'7E7'4*! Jel. =es. $eopoldougusto NrRggemann! &*&E*&E) e uarta  (p. -rim.!E*&*.**M*M'4E! Jel. =es. Jo+erto $ucas Pac9eco! &;;E*&&)Cmaras Criminais! no entanto! em sintonia com a Primeira -8mara-riminal! continuam se posicionando pela prescindi+ilidade de períciapara a configuração do crime relacionado C parte final do inciso "".

=igno de destaque! tam+,m! que os ac<rdãos mencionados

alertam para a necessidade de se dispensar tratamento distinto paraas duas categorias de impropriedades de produtos a+ordadas peloinciso ""! j que! segundo anotam! Kas 9ip<teses dos incisos II!primeira parte  (os produtos deteriorados! alterados! adulterados!avariados! falsificados! corrompidos! fraudados! nocivos C vida ou Csa1de e perigosos) e inciso III  são de perigo concreto! cujacomprovação e>ige prova t,cnica acerca da impropriedade ao uso econsumo.L (p. -rim! E*&&.*'7E7'4* G sem grifos no original).

 2-1-F-F- Inciso III) (os produtos $ue, por $ual$uer motivo, se

revelem inade$uados aos "ins a $ue se destinam)! do : ; do art. &%do -=-! preenc9endo o art. 7! "#! da $ei %.&'7*.

=os ac<rdãos analisados! somente na fundamentação doslavrados no 8m+ito da 6erceira e [uarta -8maras -riminais 9ouvemenção a este inciso (""")! reputando4o integrante de crime material.

2-2- CON@I!ABP@ @O. O >O@ICIONA3NTO7I@>7!NCIA

/ retrato atual das 1ltimas decisões e>aradas pelo 36H! 36I e6I3- permite afirmar que a jurisprudência so+re o assunto não estsedimentada e que a corrente jurisprudencial que est se formandocarece de par8metros mais precisos para dar o tratamento jurídicoadequado ao tema! at, porque vem adotando como pedra angularac<rdão do 36H (S- *.774E4PJ! Jel. 0in. -arlos Ures Nritto!&7;E**%) que! a par de ter enfrentado perfunctoriamente aquestão! registrou no voto da 0inistra -rmen $1cia a necessidade deretomar o assunto. demais! os ac<rdãos do 36I! citados comoprecedentes C mudança! não trazem fundamentos consistentes a

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 justific4la! at, porque! alguns deles! como visto! sãoequivocadamente em+asados em decisões que tratam de assuntos G

incisos G! diversos! com tratamento jurídico diferenciado.

pesar de a jurisprudência majoritria do 6I3- ainda indicar Gcorretamente na nossa <tica G que a perícia , prescindível Ccomprovação do crime vinculado C parte final do inciso ""% (Primeira!6erceira e [uarta -8maras -riminais)! verifica4se que 9possi+ilidades de alteração! tal como ocorreu no 8m+ito da 3egunda-8mara -riminal! por via de decisão não transitada em julgado.

[uanto ao inciso "! o 6I3- , un8nime ao dispensar a perícia

para a configuração do crime respectivo.

-omo antes sustentado! as infrações penais ora comentadas(inciso " e! regra geral! parte final do inciso "") não se coadunam coma classificação de crimes materiais! pois os tipos claramentedispensam a ocorrência de um resultado naturalístico para seperfecti+ilizarem! de sorte que o laudo pericial , dispensvel C provada materialidade. =e igual maneira! não 9 d1vida que se enquadramno conceito de crime de perigo a+strato! na medida em que a leidescreve a conduta e presume que o agente! ao realiz4la! e>põe a

risco o +em jurídico tutelado.

e>ata compreensão acerca da o+jetividade jurídica , de curialimport8ncia para se entender porque a violação da norma penal em+ranco! preenc9ida pela parte final do inciso "" do :; do art. &% do-=-! não consiste em criminalização da conduta decorrente de merodescumprimento de normas administrativas re"erentes às condições%igi&nico'sanit(rias! fundamento este (equivocadamente) utilizado poralguns julgados! inclusive do 36I! para e>igir o laudo pericial paraconfiguração do crime.

-om efeito! a import8ncia que a sociedade e o 2stado dão Cdefesa do consumidor , taman9a que a -onstituição Hederal alçou4a C

8 rt. &%! : ;! inciso II) se*unda parte! do -=-! c.c. o art. 7! "#! da $ei%.&'7*? quando o caso concreto tratar de crimes relacionados C apreensão de

 produtos em desacordo com as normas regulamentares de "abricação, distribuiçãoou apresentação! como ocorre! por e>emplo! em 9ip<teses de apreensão de carneoriunda de a+atedouros clandestinos e de produtos de origem animal (carnes! leite!ovos) sem o selo de inspeção sanitria.9 rt. &%! : ;! inciso I) do -=-! c.c. o art. 7! "#! da $ei %.&'7*! quando a con4duta típica se referir C venda de produtos cuos pra!os de validade esteam venci'dos. ________________________________________________________________________________________________ 

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condição de direito e garantia individual (-H? art. M! ###"") Gclusula p,trea (-H? art. ;*! : F! "T) G e de princípio da ordem

econ`mica (-H? art. &7*! T). 5ão +astasse! o constituinte originriodeterminou ao legislador ordinrio que ela+orasse o -=-! fi>ando oprazo de cento e vinte dias para fazê4lo (-H? art. F% do =-6).

/ra! tendo o direito penal como função preponderante aproteção dos +ens jurídicos mais caros C convivência 9arm`nica davida em sociedade! sendo que somente os interesses mais relevantes, que são erigidos C categoria de +ens jurídicos penalmente tutelados(carter fragmentrio e de su+sidiariedade)! não 9 d1vida que adefesa do consumidor encai>a4se nesta categoria! na medida em que

mereceu especial atenção do constituinte originrio.

5essa lin9a amolda4se o prop<sito do legislador ordinrio aoconce+er a $ei n %.&'7*! que define! entre outros! crimes contra asrelações de consumo! nos quais est inserido o art. 7! "#! aquia+ordado! que visa proteger o consumidor e o respectivo sistemaprotetivo dos efeitos delet,rios ocasionados pela comercialização deprodutos impr<prios ao consumo definidos pelos três incisos do : ;do art. &% do -=-.

/corre que os danos decorrentes do consumo de produtosimpr<prios não irradiam apenas C vida! sa1de e patrim`nio doconsumidor! pois tam+,m trazem consequências nefastas ao pr<priofuncionamento do mercado! na medida em que a circulação dessesprodutos prejudica tam+,m os fornecedores aprecatados quesuportam os `nus decorrentes dos cuidados para manter! pore>emplo! seus produtos de acordo com as normas regulamentares defa+ricação! distri+uição e apresentação (inciso ""! parte final)! e paraevitar que permaneçam nas prateleiras aqueles cujos prazos devalidade ten9am e>pirado (inciso ").

possível concluir! portanto! que a o+jetividade jurídicaimediata do dispositivo penal so+ comento possui duplo aspecto! poisao mesmo tempo que pertine C integridade das relações de consumocomo sistema! +usca proteger tam+,m a coletividade deconsumidores indeterminadosD mediatamente! protege o consumidorque! na relação de consumo! pode adoecer ou suportar prejuízosecon`micos com a aquisição de produtos impr<prios.

Pedro "vo ndrade e>plica! em parte! o porquê da dificuldade dese alcançar esta compreensão em se tratando de +ens jurídicos

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difusos e coletivos?

A...B a delimitação desse +em jurídico , tarefa rdua ecom grande possi+ilidade de não c9egar a +om termo!e>istindo na doutrina grande confusão e imprecisão arespeito.2ssa dificuldade de delimitação , pr<pria dos +ens jurídicos coletivos e difusos! que! ao contrrio dos +ens jurídicos da dogmtica tradicional! não são de fcildeterminação. 2stes! como +em se enfatiza! em geralapareciam ligados diretamente C pessoa (vida! sa1de!li+erdade! patrim`nio etc.)! possuindo um cartermicrossocial! o que facilitava a sua delimitação. 5a

sociedade moderna! no entanto! notadamente no8m+ito econ`mico! têm surgido +ens jurídicos que nãoestão ligados diretamente C pessoa! referindo4se maisao funcionamento do sistema e menos Cs +ases de suae>istência (v.g.! qualidade do consumo! meioam+iente)! cuja determinação resulta muito difícil.&*

2ssa noção reforça ainda mais a conclusão l<gica j o+tida pelapr<pria construção típica do dispositivo legal analisado! de que setratam de crimes de perigo a+strato as condutas definidas pelo inciso" e! regra geral! pela parte final do inciso "" e! diante disso! dispensama realização de perícia para que se configurem.

=efinitivamente! não consu+stanciam mera criminalização daconduta atinente ao descumprimento de normas administrativasre"erentes às condições %igi&nico'sanit(rias.

F- CONC7@P@

&. / art. 7! "#! da $ei n %.&'7* , uma norma penal em

+ranco preenc9ida pelo art. &%! : ;! "! "" e """ da $ei n %.*7%*(-=-).

E. /s três incisos a+rangem quatro matrizes conceituais deimpropriedades de produtos ao uso e consumo! j que o inciso ""englo+a duas normas! sendo que a parte final tam+,m carece decomplementação.

'. -ada uma das quatro normas e>istentes nos três incisos deve

10 5=J=2! Pedro "vo. -rimes -ontra as Jelações de -onsumo. E**%. -uriti+aPJ?Iuru. ps. *&. ________________________________________________________________________________________________ 

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ser individualmente analisada para efeito de e>tração do tratamento jurídico respectivo.

F. construção típica que se o+serva das regras de condutadelineadas pelo inciso " e! no mais das vezes! pela parte final do inciso"" demonstra que se tratam de crimes formais e de perigo a+strato!dispensando! portanto! a e>istência de resultado naturalístico.

M. Por outro lado! a o+jetividade jurídica de am+as as regras deconduta reafirma a conclusão indicada no item KFL acima.

;. -om relação ao inciso "! a jurisprudência do 36H e das quatro

-8maras -riminais do 6I3- , pacífica ao pontificar a desnecessidadedo laudo pericial! por não consider4lo crime material. realização deuma anlise crítica da jurisprudência do 36I conduz C mesmaconclusão! a despeito da ocorrência de equívocos na fundamentaçãode alguns julgados G demonstrados acima G que culminaram emdecisões contrrias a esse posicionamento em casos isolados.

7. 5o que respeita C parte final do inciso ""! o 1nico ac<rdão do36H que trata do assunto! utilizado como paradigma a partir de então!trou>e fundamentação lac`nica e e>plicitamente não conclusiva G

al,m de! na nossa <tica! não justificar a mudança de entendimento.5ão o+stante! começaram a surgir julgados do 36I nele amparados!com fundamentos não convincentes! at, porque alguns deles sãoequivocadamente em+asados em decisões que tratam de assuntos Gincisos G diversos! com tratamento jurídico diferenciado. / 6I3-! porsua vez! por interm,dio da Primeira! 6erceira e [uarta -8maras-riminais! continua entendendo que a configuração do crime vinculadoC segunda parte do inciso "" dispensa demonstração pericial. penas a3egunda -8mara -riminal! influenciada pelos precedentes do 36I e do36H com as peculiaridades antes comentadas! anuncia a mudança de

entendimento por meio de decisão que ainda não transitou em julgado.

%. / estudo ora apresentado e a anlise crítica dos fundamentosutilizados pelas decisões que estão motivando a alteração da jurisprudência reforçam ainda mais a posição do -entro de poio/peracional do -onsumidor (--/) de que , dispensada a perícia paraprovar a materialidade dos crimes do art. 7! "#! da $ei %.&'7* c.c.o inciso I do : ; do art. &% do -=- (vender, ter em depósito paravender ou expor à venda ou, de $ual$uer "orma, entregar produtoscuos pra!os de validade esteam vencidos) e! regra geral! do art. 7!

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"#! da $ei %.&'7* c.c. o inciso II) se*unda parte! do : ; do art.&% do -=- (vender, ter em depósito para vender ou expor à venda

ou, de $ual$uer "orma, entregar produtos em desacordo com asnormas regulamentares de "abricação, distribuição ou apresentação)!os quais constituem a grande maioria dos ilícitos constatados nasoperações do consagrado Programa Iurídico 3anitrio de Proteção do-onsumidor de Produtos de /rigem nimal (P/)! desenvolvido pelo0inist,rio P1+lico de 3anta -atarina em conjunto com diversosparceiros.

Hlorian<polis! M de março de E*&E.

3arcelo de Tarso Qanellato>romotor de ustiçaCoordenador do CCO

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