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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ALEXANDRE PEREIRA COSTA ELISA HOFFMANN ESTEVÃO ANTUNES JÚNIOR GUSTAVO DOS SANTOS RODRIGUES WILLIAN KENJI TANAKA LIBERDADE É UMA PALAVRA QUE O SONHO HUMANO ALIMENTA, NÃO HÁ NINGUÉM QUE EXPLIQUE E NINGUÉM QUE NÃO ENTENDA. Cecília Meireles: a educadora

Cecília meireles ppt história da educação

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃOA L E XA N D R E P E R E I R A C O S TA

E L I S A H O F F M A N NE S T E VÃ O A N T U N E S J Ú N I O R

G U S TAV O D O S S A N T O S R O D R I G U E SW I L L I A N K E N J I TA N A KA

L I B E R D A D E É U M A PA L AV R A Q U E O S O N H O H U M A N O A L I M E N TA , N Ã O H Á N I N G U É M Q U E E X P L I Q U E E

N I N G U É M Q U E N Ã O E N T E N D A .

Cecília Meireles: a educadora

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Biografia

Filha de Carlos Alberto de Carvalho Meireles, funcionário do Banco do Brasil S.A., e de D. Matilde Benevides Meireles, professora municipal, Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides.

Conclui seus primeiros estudos — curso primário — em 1910, na Escola Estácio de Sá, ocasião em que recebe de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro, medalha de ouro por ter feito todo o curso com "distinção e louvor". Diplomando-se no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 1917, passa a exercer o magistério primário em escolas oficiais do antigo Distrito Federal.

Dois anos depois, em 1919, publica seu primeiro livro de poesias, "Espectro". Seguiram-se "Nunca mais... e Poema dos Poemas", em 1923, e "Baladas para El-Rei, em 1925.

Casa-se, em 1922, com o pintor português Fernando Correia Dias, com quem tem três filhas:  Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda, esta última artista teatral consagrada. Suas filhas lhe dão cinco netos. Publica, em Lisboa - Portugal, o ensaio "O Espírito Vitorioso", uma apologia do Simbolismo.

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Biografia

Em 1929, inscreveu-se no Concurso para a cátedra de Português e Literatura Brasileira da Escola Normal do Distrito Federal. Foi uma disputa acirrada e tensa. A banca examinadora era constituída pelos notáveis: Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), Antenor Nascentes, Coelho Neto e Nestor Vítor. A tese apresentada no concurso – “O espírito vitorioso” – defendia a modernização do ensino, seguia os preceitos da Nova Escola e fundamentava-se nas ideias dos educadores Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. O outro candidato do concurso era Clóvis do Rego Monteiro. Os dois obtiveram a mesma nota (8,5), mas Cecília foi preterida. O escolhido foi Clóvis do Rego Monteiro. 

Em carta aberta ao Diretor da Instrução Pública do Rio de Janeiro e publicada depois no Diário de Notícias (27/08/1930), Cecília acusa a banca examinadora de não estar afinada com o espírito da escolanovista. Mas a professora não desiste, parte para outras lutas. Entre 1936 e 1938 leciona Literatura Brasileira e Técnica e Crítica Literária na Universidade do Distrito Federal. Em 1940, é convidada para proferir palestras de Cultura e Literatura Brasileira nos Estados Unidos, na Universidade de Austin, Texas. Seus voos foram mais altos. Não lhe coube a cátedra da Escola Normal, tornou-se professora universitária no Brasil e conferencista convidada no exterior. 

Correia Dias suicida-se em 1935. Cecília casa-se, em 1940,  com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo.

A partir de 1930, passou a escrever uma coluna no “Diário de Notícias”. Essa atividade jornalística vai até 1933. Escrevia sobre assuntos relacionados com a educação que trazia o título “Comentário”. Não se limitava a falar apenas sobre educação, noticiava lançamentos de livros e novidades literárias. Seus textos eram inovadores e, algumas vezes, polêmicos.Nos artigos, não poupava os poderosos e os políticos. Em um período ditatorial, denominou o ministro Francisco Campos (Educação) de “medalhão” e chamou o presidente Getúlio Vargas de “Sr. Ditador”. 

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Biografia

Em 1934, organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro, ao dirigir o Centro Infantil, que funcionou durante quatro anos no antigo Pavilhão Mourisco, no bairro de Botafogo.

De 1935 a 1938, leciona Literatura Luso-Brasileira e de Técnica e Crítica Literária, na Universidade do Distrito Federal (hoje UFRJ).

Cecília retira-se, provisoriamente, das lides jornalísticas. Anos mais tarde, na década de 40, vamos encontrá-la assinando a coluna “Professores e Estudantes” no jornal “A Manhã”. (1941-1943). 

Aposenta-se em 1951 como diretora de escola, porém continua a trabalhar, como produtora e redatora de programas culturais, na Rádio Ministério da Educação, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 1953, lança Romanceiro da Inconfidência, poema épico em que relata a história de Minas, desde a colonização até a Inconfidência Mineira, no século XVIII. Mesmo a temática política, porém, lhe serve de motivo para uma densa reflexão filosófica.

Realiza numerosas viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências, em diferentes países, sobre Literatura, Educação e Folclore, em cujos estudos se especializou.

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Biografia

No ano seguinte, ganha o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, pelo livro

"Poemas de Israel", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Seu nome é dado à Escola Municipal de Primeiro Grau, no bairro de Cangaíba, São

Paulo (SP), em 1963.

 Vítima de um câncer, dois dias após seu aniversário de 63 anos, falece no Rio de

Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens

públicas.  Seu corpo é velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebe, ainda em

1964, o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara

Brasileira do Livro. 

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Poetisa educadora: concepções gerais sobre educação

Escola Nova é um dos nomes dados a um movimento de renovação do ensino que foi especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século XX .

Os primeiros grandes inspiradores da Escola Nova foram o escritor Jean-Jacques Rousseau e os pedagogos Heinrich Pestalozzi e Freidrich Fröebel. O grande nome do movimento na América foi o filósofo e pedagogo John Dewey.

No Brasil, as ideias da Escola Nova foram introduzidas já em 1882 por Rui Barbosa. No século XX, vários educadores se destacaram, especialmente após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932. Podemos mencionar Lourenço Filho e Anísio Teixeira.

Sobre a escola que Dewey dirigia no final do século passado, na Universidade de Chicago: "As classes deixavam de ser locais onde os alunos estivessem sempre em silêncio, ou sem qualquer comunicação entre si, para se tornarem pequenas sociedades, que imprimissem nos alunos atitudes favoráveis ao trabalho em comunidade." (Lourenço Filho. Introdução ao estudo da Escola Nova. São Paulo : Melhoramentos, 1950. p. 133.)

As atividades profissionais de Cecília Meireles no campo da educação, bem como seu contato com os líderes da Escola Nova indicam a proximidade da poetisa com o movimento. Os textos que a autora publicou na "Página de Educação" do jornal

carioca, no início da década de 1930, confirmam essa proximidade.

Antes de tudo, a “escola nova”

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Poetisa educadora: concepções gerais sobre educação

Pedagogia e ciência: conhecimento científico do professor é questão fundamental à práxis pedagógica e à educação. Cecília é detentora de um saber especializado: a pedagogia, norteada por pressupostos modernos da psicologia do desenvolvimento. 

Dois princípios básicos: o da ação e o da finalidade: “Esses dois pilares do pensamento pedagógico ceciliano integram-se a um corpo filosófico-empírico das ciências modernas, cujo objetivo é a formação da criança e, cujo, propósito é a re-humanização do homem para construção de uma nova vida social, efetivada por interferência de uma “educação completa, integral, adequada, oportuna”.

Cecília pertenceu a uma época de renovação, de busca de valores e rompimento com uma mentalidade dominante, tradicional e agrária no Brasil, cuja mudança pautava-se na crença no poder transformador da educação, sendo necessária, para efetivá-la adequadamente, o conhecimento científico e o bom desempenho técnico nas ações. 

Dentro dessa perspectiva, Libâneo aponta que a adoção da teoria educacional de John Dewey pelos intelectuais brasileiros nos centros de estudos educacionais e de formação de professores, provoca o arrefecimento do núcleo de estudos denominado pedagogia ou pedagogia geral. 

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Poetisa educadora: concepções gerais sobre educação

Propunha a reformulação educacional com base na mudança do sistema de ensino e da mentalidade dos políticos e educadores brasileiros, onde enfatiza a importância do conhecimento científico para efetivar as devidas transformações: o conhecimento pedagógico era condição imprescindível para significar a reforma do ensino, devendo também guiar, além das ações dos educadores, as dos políticos.

O educando constitui-se o centro das práticas educativas pautadas nos alicerces de uma escola única, gratuita, laica, dinâmica, para ambos os sexos e diferentes faixas etárias.

Em artigo de 1930, afirma que "a criança é o futuro cidadão, e que a escola é o vestíbulo da vida". Para Cecília, no entanto, dizer isso não era o bastante, sendo "mister senti-lo profundamente", de maneira que o sentir esteja integrado na própria personalidade, para que as ações diárias promovam "uma realidade positiva a essas convicções subjetivas".“Os donos, os responsáveis" pelo futuro "são os educadores de hoje" e que a "transformação geral que se aguarda" depende "da sua coesão, da sua orientação, da sua energia e do seu exemplo".

“A escola moderna depende, mais que de leis, mais que de aluno, mais que da própria família deste, de um elemento capaz de modificar todos esses pela ação consciente, pela sua visão geral da vida, pela sua disposição de constante devotamento a um ideal, ainda sabendo-o de realização tardia, sentindo-o cumprir-se muito depois da sua ansiedade e do seu labor. A escola moderna depende, antes de tudo do mestre”.

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Poetisa educadora: concepções gerais sobre educação

A criança somente receberia, na escola, a atenção e processo educativo devidos, se os educadores concebessem, por meio dos fundamentos da ciência moderna aliados à prática cotidiana, a complexidade e especificidade da juventude, para tanto se constituía serviço do professor a construção consecutiva de valores necessários à atividade docente. 

Busca, intencionalmente, sensibilizar o docente para os problemas da educação, visto que para a educadora, o ensino carecia “de apóstolos de idealismo, de formadores de personalidades” para cumprir com a sua verdadeira missão social.

Finalidade da educação: “Qual é essa educação que tornará o homem bom, sem ser débil, forte sem ser monstruoso, livre de todos os excessos e fanatismos, e equilibrado ao mesmo tempo no universo a que pertence, na sociedade em que vive e no indivíduo que é?” 

A criança é o centro de interesse e discussão reflexiva dos intelectuais brasileiros, sendo considerada como o sujeito social responsável pela formação de uma nova mentalidade, no Brasil. Ela apresenta-se como um ser distinto do adulto e em desenvolvimento gradativo, por isso merece ser respeitada por suas especificidades.

“Brasil melhor, só pode ser um Brasil Novo, refeito, reconstruído de baixo para cima, - porque, em cima, como verificam os revolucionários, tudo está errado, corroído pela política, e não há jeito de fazer boa obra nova com material tão velho e condenado. O que se aproveita é o que ainda não chegou tão alto. É a infância; é a mocidade que ainda não se gastaram em interesses egoísticos, em corridas louca de ambição perniciosa”.

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Poetisa educadora: concepções gerais sobre educação

Tese socializadora: “Para que a educação se processe com eficiência é necessário, antes de tudo, um ambiente favorável", uma vez que a educação moderna consiste em um conjunto de "desenvolvimentos harmoniosos", compreendendo a saúde, a estética e a moral, correspondentes às faculdades e possibilidades que se podem encontrar na criatura humana.

Livros como material dispensável?: A poetisa não considerava dispensáveis os conteúdos trazidos pelos livros, mas fazia "a distinção entre o livro e o livro, o pensamento e o pensamento".

Educação e religião como esferas distintas.

Feminismo: A jornalista relatou que, na proposta de criação de certa Liga de Assistência Educacional às Meninas Pobres, definiu-se doar roupas e livros às crianças do sexo feminino, possibilitando que prosseguissem nos estudos aquelas que se mostrassem mais "aptas e capazes". "Por esse andar", afirmou Meireles ,"começa-se por distinguir, no mundo, duas facções, meninos e meninas", que futuramente serão homens e mulheres, "eivados" de um preconceito que o feminismo se encarrega de positivar, agravando-o.

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Infância e família

Superação do ideário higienista: mostrava-se preocupada com a morte de crianças, mas enfatizava a necessidade de promover o desenvolvimento integral da infância e não apenas por meio de medidas voltadas para os aspectos físicos, como a erradicação de doenças e intervenções sanitárias gerais. Cecília via que o "problema da educação" já englobava "o da saúde, resolvendo-o por antecipação" .

A criança "é a base para a transformação do futuro” (temário do escolanovismo). Entendia que educar as crianças era o mesmo que educar o povo, pois "o povo que se educa para um ideal, só já não está educado para ele porque lhe faltou na infância uma educação para isso“.

A educação integral, porém, não se resolvia no âmbito escolar, pensava Cecília Meireles, porque a educação moderna, "para ser uma realidade viva", dependia da integração e do entendimento entre pais e professores, o que proporcionaria a unificação da escola e do lar em torno de intenções compartilhadas. Para a autora, família e professores deveriam compreender o alcance de suas responsabilidades quanto ao fornecimento de "um ambiente tanto quanto homogêneo para desenvolvimento de um plano educacional" que trouxesse "resultados positivos na construção de um Brasil melhor”.

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Infância e família

Transformação metodológica: as escolas deveriam realizar pequenas reuniões presididas pelo professor da classe, às quais compareceriam todos os interessados, em que fosse possível "tratar cada assunto em particular com a familiaridade que a prática nos está mostrando necessária", de maneira a estabelecer um clima de "simpatia permanente, e de uma confiança tranquila entre o lar e a escola" .

Assim, todos lucram (pai, escola, família e criança). O aluno sentiria realmente pela professora esse carinho, essa docilidade, esse amor que converte o ambiente da escola numa atmosfera mais alta, onde a vida assume o seu verdadeiro sentido, e cada criatura se aproxima da outra, sentindo e respeitando as suas íntimas finalidades. 

Há problemas na concretização do ideário, porém: "falta de preparo dos pais", sua "incompreensão das transformações pedagógicas“; mentalidade dos professores, ainda muito presa às velhas tradições do ensino. O professorado, geralmente "composto de elementos heterogêneos", possui visões individuais e convicções de

"infalibilidade". Por causa disso, são criados, ao longo de 1930, os Círculos de Pais, que eram reuniões para viabilizar a participação das famílias no acompanhamento do cotidiano escolar de seus filhos. 

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As Artes na escola

Para Cecília, o mundo infantil vinha sendo armado com livros perigosos e brinquedos nocivos, "além de todos os preconceitos que recebe das fronteiras do mundo dos adultos, tão acessíveis às perniciosas comunicações". Para a poetisa, era um grande perigo presentear as crianças com "brinquedos detestáveis", como revólveres e outros artefatos belicosos. Em vez de brincadeiras que incentivassem atitudes de agressividade, a autora preferia que as crianças se ocupassem com atividades artísticas – versos, teatro, dança e representação teatral.

Importância do desenho: analisa que, até a Reforma Fernando de Azevedo, o desenho era uma disciplina de importância secundária nas escolas; os "especialistas em cruzadas de alfabetização" acreditavam que, para as crianças, bastava "aprender a ler, escrever e contar", não havendo nenhuma valorização das artes como recurso educativo.

O cinema "é um dos auxiliares mais importantes para o professor moderno". Utilizando projeções interessantes, o professor pode obter um rendimento maior e mais seguro de seus alunos, estimulando sua curiosidade e proporcionando-lhes ver o que talvez nunca veriam a não ser por intermédio dessa novíssima tecnologia.

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As Artes na escola

Música: aborda a criação da Associação Brasileira de Música, mostrando-se entusiasmada pela iniciativa de promover a educação musical do povo brasileiro por meio de audições públicas, gratuitas, em concertos realizados em praças e escolas. Para ela, amúsica exerce poderosa influência na formação do indivíduo, sendo o fator estético indispensável à moderna orientação do ensino, no que tange à constituição da estrutura psíquica das pessoas. Mas a poetisa discordava dos que concebiam o ensino musical limitado ao aprendizado de hinos.

Ao incentivar a participação das crianças em peças teatrais, mesmo atuando como simples expectadoras, em artigo de 1931, Meireles enfatizou que "um pouco de cor, um pouco de luz, um pouco de movimento, um pouco de som" trazem felicidade, entusiasmo e animação a "esse pequeno mundo", o mundo infantil. 

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“A cultura liberta, o catolicismo escraviza”: Cecília Meireles e o ensino religioso

República Velha... República Nova: a Revolução de 1930: no início da Revolução, escreve no Diário de Notícias que nesse momento ela acaba de transformar o Brasil numa formidável esperança para o mundo inteiro”, constituindo “um movimento significativamente educativo”. Finalmente, a criança brasileira estava com sua educação garantida, afinal “a pátria é isso: uma infância que evolui continuamente” .

Aos poucos, Cecília Meireles começava a demonstrar apreensão com os rumos do processo revolucionário de 1930. Ainda em novembro desse ano registrou seu temor, traduzido na assertiva: “Fazer revolução deve ser, com certeza, muito mais fácil do que assegurar revoluções”.

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“A cultura liberta, o catolicismo escraviza”: Cecília Meireles e o ensino religioso

A Igreja e a Escola Pública: Com o início do Governo Provisório, Getúlio Vargas reviu a relação do Estado com a Igreja Católica. Oportuno recordar que, depois do rompimento com a Proclamação da República em 1889, apenas nos anos 1920 reiniciou-se a aproximação entre Igreja e Estado.

Consumada a separação entre Igreja e o Estado, a Igreja não cessará de denunciar o divórcio entre o Estado leigo, para não dizer laicista, e a nação católica, em sua grande maioria. O ensino era visto como uma grande violência imposta à consciência católica. Seu caráter leigo conflitava com a fé da maioria dos alunos e com a fé

professada pela nação (BEOZZO, 1986, p. 280).

Naquele momento de ruptura com a República Velha, a Igreja posicionou-se ao lado da Revolução, com raras indecisões na hierarquia da instituição. Mas, mesmo assim, nessa direção, tudo indicava um salto quantitativo no campo educacional. Afinal, a educação, até aquele momento, atendia apenas a uma pequena camada da sociedade, advinda das classes dominantes.

Cecília Meireles assumiu uma postura de oposição ao ensino religioso. Em carta de 23/05/1932 endereçada a Fernando Azevedo, a escritora desabafou sobre “a corrente a que pertence o sr. Tristão de Athayde age com esse delírio dos fracassados, que, na loucura da salvação, não podem distinguir mais a natureza dos seus próprios argumentos”.

O Decreto nº 19.941 de 30/4/1931 do ministro Francisco Campos - que restabelecia o ensino religioso nos níveis primário, secundário e normal - recebeu duras críticas de Cecília Meireles. Conforme ela, “esperávamos uma reforma de finalidades, de ideologia, de democratização máxima do ensino, de escola única”.

RESSALVA (nas palavras do Ministro): Em seu entendimento, o Decreto não estabelecia a obrigatoriedade do ensino religioso, já que seria facultativo para os alunos “na conformidade da vontade dos pais ou tutores”. E adiantando-se às críticas, afirmava que o teor legal não se restringia à religião católica, pois permitia o ensino de outras religiões “desde que exista um grupo de pelo menos vinte alunos que desejem recebê-lo”. Assim, não se violentaria a consciência de ninguém e, principalmente, não se violaria o “princípio de neutralidade do Estado em matéria de crenças religiosas” . Por fim, reiterava como positiva a “mobilização de toda a Igreja Católica ao lado do Governo” com a sua “valiosa e incomparável influência”.

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“A cultura liberta, o catolicismo escraviza”: Cecília Meireles e o ensino religioso

Para a educadora, a não aceitação do ensino religioso no ensino público fundamentava-se no combate às divisões e preconceitos que as religiões provocavam. Cecília Meireles chamava o Decreto de “antipedagógico e antisocial”, considerando a assinatura de Getúlio Vargas um grave erro. Para essa professora, a escola moderna deveria ser laica.

O lado bom: o fato de protestantes, espíritas, positivistas e livres-pensadores” se unirem para derrubar o Decreto. Afinal, “cada um poderia egoisticamente aplaudir, visando fazer prevalecer a sua crença, e servindo-se desta oportunidade para uma intensificação de propaganda”.

Cria a Coligação Pró Estado Leigo. E como esse país é o mais exótico do mundo, não será difícil que qualquer dia até as criancinhas analfabetas apareçam assinando com uma cruzinha um telegrama”.

Nesse momento conflituoso, Cecília Meireles despontou como uma das principais vozes em defesa dos ideais escolanovistas e crítica dos (des)caminhos da Revolução de 1930 e da educação brasileira. As opiniões publicadas na coluna “Comentário” da Página de Educação expuseram a contenda contra o ensino religioso para o primeiro plano. O combate anticlerical e sua atuação em prol das ações escolanovistas no DF marcaram sua trajetória.

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Conclusão

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Referências

CUNHA, M. V. da e  SOUZA, A. V. de. Cecília Meireles e o temário da escola nova. Cad. Pesqui. [online]. 2011, vol.41, n.144, pp. 850-865. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-15742011000300011&script=sci_arttext>. Acesso em: 21 nov. 2012.

DUTRA, K. CECÍLIA MEIRELES: 110 ANOS DE VIDA, 47 ANOS DO ADEUS. Disponível em: < http://pnld.moderna.com.br/2011/11/09/cecilia-meireles-110-anos-de-vida-47-anos-do-adeus/>. Acesso em: 21 nov. 2012.

FERNANDES, H. M. e MENEZES, A. B. N. T. de. O LIRISMO PEDAGÓGICO EM CECÍLIA MEIRELES: “QUEM FICA NO CHÃO NÃO SOBE NOS ARES... Disponível em: <http://www.artigos.com/artigos/humanas/educacao/o-lirismo-pedagogico-em-cecilia-meireles:-%93quem-fica-no-chao-nao-sobe-nos-ares%94...-2821/artigo/>. Acesso em: 21 nov. 2012.

MORAES, J. D. “A CULTURA LIBERTA, O CATOLICISMO ESCRAVIZA”: CECÍLIA MEIRELES E O ENSINO RELIGIOSO NOS ANOS 1930. Disponível em: < http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/gt02-3209--int.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2012.

A presença de Cecília Meireles na educação brasileira. Disponível em: < http://nastrilhasdaliteratura.blogspot.com.br/2010/02/presenca-de-cecilia-meireles-na.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.

Cecília Meireles. Disponível em: < http://www.releituras.com/cmeireles_bio.asp>. Acesso em: 21 nov. 2012.