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CEI-ADVOCACIA PÚBLICA 1ª RODADA 16/03/2015 Página - 1 Prezado(a) aluno(a), é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. CEI-ADVOCACIA 1ª RODADA - 16/03/2015 PÚBLICA

CEI-ADVOCACIA PÚBLICA · iniciativa instrutora do juiz no processo penal e sua conformidade constitucional”, pela editora conceito jurídico. ... DIREITO PROCESSUAL PENAL

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Prezado(a) aluno(a), é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso.

CEI-ADVOCACIA

1ª RODADA - 16/03/2015

PÚBLICA

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CORPO DOCENTE

Carolina Blum – Coordenadora do Curso e professora de direito econômico, financeiro e empresarial.Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no concurso de Procurador Federal (2013/2014).

Ana Carolina Andrade Carneiro – Professora de direito penal e processo penal.Procuradora do Estado de Goiás, lotada em Brasília. Ex-Defensora Pública Federal (2010-2014), ex-Técnica Administrativa do Ministério Público da União (2007-2009). Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília (prêmio de aluno destaque). Autora do livro “A iniciativa instrutora do juiz no processo penal e sua conformidade constitucional”, pela editora conceito jurídico.

Sadi Tolfo Junior – Professor de direito constitucional e direito administrativo. Advogado da União, lotado em Brasília – DF (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

Camillo Piana – Professor de direito processual civil e tributário.Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

Paulo Henrique Lopes de Lima – Professor de direito ambiental.Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

Vinícius de Azevedo Fonseca – Professor de direito internacional público e privado.Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União 2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

João Eulálio de Pádua Filho – Professor de direito do trabalho, direito processual do trabalho e seguridade social.Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Aprovado também nos concursos de Procurador do Estado do Piaui (2014/2015) e Procurador do Município de Teresina/PI (2010).

Kherson Maciel Gomes Soares – Professor de direito civil, agrário e urbanístico.Advogado. Graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Pós graduando em Direito Constitucional. Aprovado no concurso de Procurador do Estado de Rondônia.

Mila Gouveia Hans Carvalho – Professora de Jurisprudência AplicadaGraduada em Direito pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Advogada, Professora, Coordenadora de Cursos Jurídicos, Pós-graduada em Direito Público, criadora do canal “Mila Gouveia” no Youtube. Autora de livros jurídicos pela Editora Juspodivm.

COORDENAÇÃO DO CEICaio Paiva – Coordenador do Curso e professor de Processo Penal e Direitos Humanos Defensor Público Federal, especialista em ciências criminais, fundador do CEI, já foi professor dos cursos CEI-DPU, CEI-DPE/MG/RS e CEI-Jurisprudência de Tribunais Internacionais de Direitos Humanos. Editor do site www.oprocesso.com

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...........................................................................4QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO..........................................................................9

DIREITO ADMINISTRATIVO.........................................................................................................................9DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................................................................15DIREITO AMBIENTAL..................................................................................................................................20DIREITO FINANCEIRO.................................................................................................................................28DIREITO ECONÔMICO.................................................................................................................................31DIREITO TRIBUTÁRIO..................................................................................................................................33DIREITO PROCESSUAL CIVIL......................................................................................................................41DIREITO EMPRESARIAL..............................................................................................................................50DIREITO CIVIL...............................................................................................................................................52DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO........................................................................................................61DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.......................................................................................................63DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL..........................................................................................................66DIREITO DO TRABALHO.............................................................................................................................68DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...................................................................................................70DIREITO PENAL............................................................................................................................................72DIREITO PROCESSUAL PENAL..................................................................................................................78DIREITO AGRÁRIO........................................................................................................................................81DIREITO URBANÍSTICO..............................................................................................................................84

QUESTÕES DISSERTATIVAS..............................................................................................................................87DIREITO AGRÁRIO.......................................................................................................................................87DIREITO AMBIENTAL..................................................................................................................................88

PARECER...............................................................................................................................................................90DIREITO ADMINISTRATIVO.......................................................................................................................90

JURISPRUDÊNCIA APLICADA..........................................................................................................................92MAPEAMENTO DA BANCA CESPE.................................................................................................................94

DIREITO ADMINISTRATIVO.......................................................................................................................94DIREITO CONSTITUCIONAL......................................................................................................................98DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................102DIREITO ECONÔMICO...............................................................................................................................103DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................104DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................................................106DIREITO CIVIL.............................................................................................................................................107DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................................109DIREITO EMPRESARIAL.............................................................................................................................112DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO......................................................................................................113DIREITO PENAL...........................................................................................................................................115DIREITO PENAL - LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA.........................................................................................116DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................................117DIREITO DO TRABALHO............................................................................................................................118DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO..................................................................................................119DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.........................................................................................................120

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

Treine os seus conhecimentos e depois, a frente, confira o seu desempenho lendo os comentários dos professores sobre os enunciados.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. É admitido o uso da modalidade pregão nas contratações de serviços de organização e produção de eventos em que todo o processo criativo seja definido nos projetos básico e executivo que nortearão a sua concretização.

2. Não havendo disposição acerca do instituto da recondução na legislação estadual que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos do ente, é possível a aplicação, por analogia, da legislação federal (Lei 8.112/1990).

3. Constitui efeito prodrômico do ato administrativo aquele que atinge uma relação jurídica estranha àquela travada entre a Administração e o particular, gerando consequências a terceiros não previstos originalmente no ato administrativo.

DIREITO CONSTITUCIONAL

4. É constitucional lei estadual que obrigue as empresas concessionárias de serviço de telefonia a fornecer informações sobre a localização de aparelhos de clientes a polícia judiciária do Estado, mediante solicitação, ressalvado o sigilo da comunicação e desde que no âmbito da circunscrição do Estado.

5. É incabível a interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora legitimado para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade, nela não figure como requerente ou requerido.

6. O fenômeno da recepção material de normas constitucionais admite a recepção em caráter precário e por prazo certo de normas constitucionais anteriores, garantido o caráter de norma constitucional, desde que haja manifestação expressa da nova Constituição nesse sentido.

DIREITO AMBIENTAL

7. Em relação à poluição ambiental, embora o Brasil tenha buscado nas últimas décadas implementar medidas visando à regulamentação mais eficaz da questão das “águas de lastro”, a bioinvasão ainda é matéria ambiental que causa grande preocupação, considerando sua potencial lesividade não só ao ambiente natural, mas ao próprio ser humano.

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8. É entendimento pacífico no STJ que a responsabilidade civil por danos ao meio ambiente é objetiva, fundada na teoria do risco integral, bastando, assim, que sejam demonstrados o dano e o nexo de causalidade. Apesar disso, o STJ já admitiu o reconhecimento da responsabilidade civil ambiental ainda que ausente o nexo causal.

9. A Área de Proteção Ambiental, modalidade de unidade de conservação de proteção integral, consiste em espaço territorial especialmente protegido cujo objetivo é a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

DIREITO FINANCEIRO

10. De acordo com o art. 164, § 3º, da Constituição Federal, as disponibilidades de caixa dos Estados-membros serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Em decorrência dessa possibilidade de excetuar o regramento geral, é possível que determinado Estado edite lei para permitir que as suas disponibilidades de caixa, a exemplo do salário ou da remuneração de seus servidores, sejam depositadas em instituição financeira privada, sem que haja ofensa à norma constitucional.

11. A Lei de Responsabilidade Fiscal, ao dispor sobre a recondução da dívida aos seus limites, estabelece que se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro. Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido estará proibido de realizar operação de crédito por antecipação de receita, mas não de captar recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido.

DIREITO ECONÔMICO

12. A respeito da Ordem Econômica Internacional, é princípio que fundamenta o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade - GATT) a cláusula da nação mais favorecida, que estabelece a vedação de concessão de benefícios alfandegários outorgados a países periféricos, subdesenvolvidos ou em fase de desenvolvimento às Nações mais prósperas.

DIREITO TRIBUTÁRIO

13. A isenção exclui o crédito tributário, isto é, embora a ocorrência da obrigação principal, impede-se o lançamento e se dispensa o cumprimento das obrigações acessórias relacionadas. Além disso, por ser benefício fiscal, admite-se a revogação da isenção, ainda que deferida sob

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condição e prazo certo.

14. Considere que João possua débitos vencidos relativos ao IPTU dos períodos de 2011 e de 2013, os quais, juntos, totalizam R$ 10.000,00. Considere, ainda, que intencionando regularizar a sua situação perante o Fisco, João efetue o pagamento de apenas parte desses valores. Nessa situação hipotética, a autoridade tributária, ao receber o pagamento, deverá determinar a respectiva imputação na ordem crescente dos prazos de prescrição.

15. Além de outros requisitos, a petição inicial em execução fiscal deve indicar o CPF ou CNPJ do executado, bem como estar acompanhada dos demonstrativos de cálculo do débito exequendo.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

16. Segundo o mais recente entendimento do STF, a tempestividade, pressuposto processual extrínseco, reputa-se ausente quando o recurso é interposto antes da publicação do acórdão recorrido.

17. Admite-se a execução provisória das astreintes, quando fixadas em antecipação de tutela, desde sejam confirmadas em sentença e que o recurso desta decisão eventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo.

18. As decisões condenatórias dos Tribunais de Contas gozam da eficácia de título executivo extrajudicial, e assim podem ser de pronto executadas pelo Ministério Público que oficie junto à Corte de Contas.

DIREITO EMPRESARIAL

19. A jurisprudência do STJ, tendo como fundamento o Princípio da Preservação da Empresa, é pacífica no sentido de não admitir a penhora sobre o faturamento da empresa devedora.

20. A prévia publicação de edital em jornal de grande circulação prevista no § 1° do art. 142 da Lei 11.101/2005, é requisito que se restringe às modalidades ordinárias de alienação do ativo.

DIREITO CIVIL

21. Eventuais ataques ilegítimos à honra ou à imagem das pessoas jurídicas de direito público podem e devem ser solucionados pelas vias legais expressamente consagradas no ordenamento jurídico, notadamente por sanções administrativas ou mesmo por ações de indenização por dano moral.

22. A invalidação da alienação de imóvel comum, fundada na falta de consentimento do companheiro, dependerá da publicidade conferida à união estável, mediante a averbação de

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contrato de convivência ou da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da demonstração de má-fé do adquirente.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

23. A doutrina Monroe, de autoria do ex-presidente dos Estados Unidos da América James Monroe, propunha a proibição do uso da força armada pelos Estados para obrigar outros entes estatais a realizar o pagamento de suas dívidas.

24. A supremacia da Carta da ONU em relação a todos os demais acordos internacionais é afirmada expressamente pela própria Carta de São Francisco.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

25. Conforme o Estatuto do Estrangeiro, não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

26. Embora a proteção à saúde esteja inserida no rol de competências de todos os entes da Federação, os estados-membros não têm competência para criar contribuição compulsória destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos e odontológicos prestados aos seus servidores.

27. O Princípio da Precedência da Fonte de Custeio é aplicável às entidades de previdência privada.

DIREITO DO TRABALHO

28. A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

29. A execução trabalhista, devido ao princípio do dispositivo, não pode ser iniciada de ofício.

30. O princípio da identidade física do juiz não é aplicável à justiça do trabalho.

DIREITO PENAL

31. É atípica a conduta daquele que, no momento da prisão em flagrante, atribui-se falsa identidade, por ser exercício de autodefesa, sendo, ademais, assegurado, na Constituição Federal, o direito de

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não se autoincriminar.

32. Segundo o entendimento do STJ, por serem igualmente preponderantes, é possível a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea, ainda que se trate de acusado multireincidente.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

33. A violação ao princípio da identidade física do juiz, no processo penal, constitui-se em hipótese de nulidade absoluta.

DIREITO AGRÁRIO

34. Nos contratos agrários existe um forte dirigismo estatal, uma vez que refletem de forma acentuada a presença do poder normativo estatal, buscando proteger o débil econômico, valendo-se para tanto das cláusulas obrigatórias e das cláusulas proibidas.

DIREITO URBANÍSTICO

35. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante diretrizes gerais, como a ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar a exposição da população a riscos de desastres.

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. É admitido o uso da modalidade pregão nas contratações de serviços de organização e produção de eventos em que todo o processo criativo seja definido nos projetos básico e executivo que nortearão a sua concretização.

COMENTÁRIO

O pregão foi instituído no âmbito da União pela Medida Provisória nº 2.026/2000, a qual foi reeditada várias vezes. Sua última edição, a Medida Provisória nº 2.182-18/2001 foi convertida na Lei nº 10.520/2002. Na vigência da MP, foi editado o Decreto nº 3.555/2000, que regulamenta o pregão presencial, e o Decreto nº 3.697/00, que regulamentava o pregão eletrônico, o qual foi posteriormente revogado pelo Decreto nº 5.450/05.

Observem como curiosidade que o Decreto nº 3.555/00, que inicialmente regulamentou o pregão, é anterior a própria Lei nº 10.520/02, pois editado na vigência da Medida Provisória nº 2.026/2000, que havia instituído o pregão no âmbito da União.

A Lei 10.520/02 constitui norma geral sobre o pregão, editada pela União no exercício da competência fixada pelo art. 22, XXVII, da Constituição Federal. Nada obstante, faculta-se aos demais entes editar normas específicas, aplicáveis dentro da sua esfera de competência. É o que ocorre, por exemplo, com a Lei nº 14.167/2002, regulada pelo Decreto nº 44.786/2008, no âmbito do Estado de Minas Gerais.

O pregão eletrônico é modalidade que buscou trazer à Administração Pública maior eficiência no procedimento licitatório. Uma das características dessa modalidade é a inversão das fases, pois a habilitação técnica e jurídica ocorre após a proposta de preços, e apenas em relação ao vencedor do pregão. Desta forma, evita-se a perda de tempo razoável no certame com a análise de documentação sobre habilitação de licitantes que posteriormente possam não apresentar a melhor proposta (inclusive com os recursos que possam ocorrer nessa fase).

Outra característica marcante do pregão é que ele será utilizado para aquisição de bens e serviços comuns. O artigo 1º, §1º, da Lei 10.520/02, define bens e serviços comuns da seguinte forma:

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

Sobre a definição de bens e serviços comuns, o Tribunal de Contas da União, em manifestação pedagógica,

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traçou algumas balizas interpretativas sobre o conceito:

9. Observe-se que a definição legal atribuída aos ‘bens e serviços comuns’ é imprecisa, provocando, em muitos casos, dúvidas quanto ao enquadramento de determinados bens ou serviços. Para apurar o conceito de serviço comum colimado pela Lei n.º 10.520/02, deve-se analisar a estrutura e finalidade do pregão vis-à-vis aos preceitos da licitação na forma definida pela Lei nº 8.666/93.

10. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo, nos termos do art. 3º do Estatuto de Licitações e Contratos.

11. A proposta vantajosa agrega (a) preços economicamente satisfatórios e exequíveis, (b) o cumprimento pelo licitante vencedor das obrigações contratuais assumidas e (c) a aquisição de bens e serviços em tempo hábil ao atendimento do interesse público.

12. A competição e a consequente busca dos melhores preços à Administração são fundamentos de qualquer modalidade licitatória. A Lei de Licitações e Contratos visa, além da competição, garantir que a contratada possua condições de honrar as obrigações assumidas perante o Poder Público. Esta é a razão da existência da prévia fase de habilitação, cuja função é avaliar a capacidade do licitante para suprir os encargos inerentes ao objeto licitado. Em complemento, o art. 48, II, da referida lei exige a desclassificação de proposta com preços inexequíveis. Destarte, a Lei nº 8.666/93 preza a competição e a segurança na contratação.

13. Por outro lado, o pregão, procedimento simplificado, foi criado para imprimir celeridade ao processo de aquisição e ampliar a competição entre os interessados no contrato, gerando forte estímulo à redução de preços sem, entretanto, constituir instrumentos para que sejam descartadas propostas inexequíveis. O que diferencia o pregão é a estruturação procedimental - a inversão das fases de habilitação e julgamento, bem como a possibilidade de renovação dos lances pelos licitantes - a forma de elaboração de propostas - por escrito, verbal ou por via eletrônica - e o universo de possíveis participantes - os quais não precisam estar inscritos em cadastro.

14. No pregão são mitigados os requisitos de participação, fato justificável em razão da aptidão desse instrumento licitatório para aquisição, unicamente, de bens e serviços comuns. Dessa forma, a lei resguardou a aplicação do pregão aos bens e serviços comuns pois o risco de inadimplemento do contratado é reduzido.

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15. A aplicação do pregão aos bens e serviços incomuns representa risco à segurança contratual, pela possibilidade de conduzir a Administração à celebração de contrato com pessoa sem qualificação para cumpri-lo ou pela aceitação de proposta inexequível.

16. Por essa razão, em situações que sejam necessárias medidas mais cautelosas para segurança do contrato, em razão dos riscos decorrentes de inadimplência da contratada ou da incerteza sobre a caracterização do objeto, deve o gestor preterir o pregão em favor de outras modalidades licitatórias cercadas de maior rigor formal.

17. O gestor, ao classificar bens e serviços como comuns, deve se certificar de que a descrição do objeto é suficientemente clara a ponto de não suscitar dúvidas, no afã do procedimento concorrencial do pregão, acerca das especificações do objeto ofertado pelos licitantes. Ademais deverá observar a complexidade das especificações não encetará insegurança ao adimplemento contratual pelos potenciais contratados em face da inexistência da habilitação prévia.

(Acórdão 1.615/2008 – Plenário, grifo nosso).

Enfatizo que a competência para enquadrar o bem ou serviço como comum, para fins de opção pelo pregão como modalidade licitatória, é atribuição do gestor público. Por isso, logo mais, quando estiverem exercendo a função de advogados públicos, principalmente no âmbito consultivo, não chamem para si essa responsabilidade. Na maior parte dos precedentes em que observei colegas serem responsabilizados pessoalmente no exercício da função, foram nos casos em que avocaram para si atribuições que são próprias da área técnica da administração, não nossa. Restrinjam-se à análise jurídica dos temas que lhes forem colocados à apreciação.

Sobre isso, a AGU editou a Orientação Normativa nº 54 com o seguinte teor:

Orientação Normativa nº 54, de 25 de abril de 2014: Compete ao agente ou setor técnico da administração declarar que o objeto licitatório é de natureza comum para efeito de utilização da modalidade pregão e definir se o objeto corresponde a obra ou serviço de engenharia, sendo atribuição do órgão jurídico analisar o devido enquadramento da modalidade licitatória aplicável.

Compulsando a jurisprudência do TCU, observa-se que já foi considerado bem ou serviço comum, por exemplo: o serviço de conservação de rodovias (TCU Plenário Acórdão nº 1.536/2011); aquisição de aeronaves (TCU Plenário Acórdão nº 3.062/2012); locação de mão de obra (TCU Plenário Acórdão nº 615/2003); aquisição de bens e serviços de informática (TCU Plenário Acórdão nº 2.471/2008). Ressalto que nos termos da sua súmula nº 257/2010, o TCU admite o uso do pregão, inclusive, nas contratações de serviços comuns de engenharia.

De outro norte, não foram considerados bens e serviços comuns, para fins de adoção do pregão como modalidade licitatória, por exemplo: serviço de consultoria (TCU Plenário Acórdão nº 927/2009); serviços

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técnicos especializados de fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras (TCU Plenário Acórdão nº 2.441/2011); aquisição de sala cofre (TCU 1ª Câmara Acórdão nº 1.994/2008); serviços predominantemente intelectuais (TCU Plenário Acórdão nº 601/2011).

Lendo os acórdãos do Tribunal, denota-se que a classificação do serviço como comum ou não, para fins de aplicabilidade do pregão, deve ser realizada não simplesmente em função do rótulo dado ao serviço, mas das suas características e do que ele realmente envolve e representa no caso concreto analisado. Ou seja, deve-se observar se o serviço faz parte da atividade da Administração, encontrando-se objetivamente definido e padronizado em normativos da instituição, correspondendo à definição de serviço comum estabelecida no art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 10.520/02.

Visto isso, cumpre analisar o caso que nos foi colocado, sobre a contratação de serviços de organização e produção de eventos. Admite-se nesse caso o uso do pregão?

O tema foi recentemente analisado pelo Tribunal de Contas da União no Acórdão nº 158/2015, que julgou representação formulada por equipe de fiscalização da Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro, questionando a utilização de modalidade pregão eletrônico para contratação da execução das cerimônias de abertura e encerramento dos V Jogos Mundiais Militares (V JMM), realizado na cidade do Rio de Janeiro, no período entre 16 e 24 de julho de 2011.

No entender da equipe de fiscalização, tratava-se de serviço cujo objeto complexo não se amolda à contratação de serviços comuns, assim definidos pelo artigo 1º da Lei 10.520/2002.

Ao julgar o caso, entendeu o TCU que não houve irregularidade na escolha da modalidade licitatória. Isso porque, todo objeto da contratação dos serviços de organização e produção executiva das cerimônias de abertura e encerramento dos jogos foi definido nos projetos básico e executivo que nortearam a concretização dos eventos.

Assim, embora tais serviços tenham escopo bastante abrangente, não podem ser considerados, a priori, serviços de natureza complexa. A integralidade dos eventos estava definida nos projetos básico e executivo, que traçaram os parâmetros e estabeleceram o roteiro a ser seguido no seu cumprimento. Por meio do pregão, portanto, foi contratada apenas a realização dos eventos, atividade meramente executiva. Por este motivo, o pregão constitui modalidade adequada, ainda mais considerando que se trata de modalidade que amplia a competitividade, reduz o preço estimado da contratação e diminui o prazo de processamento do certame.

Por todos estes motivos, o item deve ser considerado CERTO.

GABARITO: CERTO

2. Não havendo disposição acerca do instituto da recondução na legislação estadual que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos do ente, é possível a aplicação, por analogia, da legislação federal (Lei 8.112/1990).

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COMENTÁRIO

A recondução constitui forma de provimento de cargo público, nos termos do art. 8º, IX, da Lei 8.112/90 (transcrevo abaixo o dispositivo e seus incisos para que revisem as demais formas de provimento):

Art. 8º São formas de provimento de cargo público:

I - nomeação;

II - promoção;

III - ascensão;

IV - transferência;

V - readaptação;

VI - reversão;

VII - aproveitamento;

VIII - reintegração;

IX - recondução.

Trata-se do retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, que pode ocorrer nas seguintes situações:

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:

I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;

II - reintegração do anterior ocupante.

Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.

Embora não exista previsão expressa na lei, admite-se também a recondução a pedido do servidor, nos casos em que o servidor estável é aprovado em novo concurso público e, dentro do prazo de validade do novo estágio probatório decide retornar ao cargo anteriormente ocupado. Nesse caso, deve o servidor ser estável no cargo de origem, e ainda não ter sido aprovado no estágio probatório do novo cargo. Nesse sentido é o MS nº 24.543 do STF e a súmula nº 16 da AGU abaixo transcritos:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTÁGIO PROBATÓRIO. Lei 8.112/90, art. 20, § 2º. C.F., art 41. I.- O direito de o servidor, aprovado em concurso público, estável, que presta novo concurso e, aprovado, é nomeado para cargo outro, retornar ao cargo anterior ocorre enquanto estiver sendo submetido ao estágio probatório no novo cargo: Lei 8.112/90, art. 20, § 2º. É que, enquanto

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não confirmado no estágio do novo cargo, não estará extinta a situação anterior. II.- No caso, o servidor somente requereu a sua recondução ao cargo antigo cerca de três anos e cinco meses após a sua posse e exercício neste, quando, inclusive, já estável: C.F., art. 41. III.- M.S. indeferido. (MS 24543, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 21/08/2003, DJ 12-09-2003 PP-00029 EMENT VOL-02123-02 PP-00349)

Súmula nº 16 da AGU

O servidor estável investido em cargo público federal, em virtude de habilitação em concurso público, poderá desistir do estágio probatório a que é submetido com apoio no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e ser reconduzido ao cargo inacumulável de que foi exonerado, a pedido.

Visto isso, passamos à análise mais detalhada da questão, que perquire a possibilidade da aplicação por analogia do instituto da recondução, previsto na Lei 8.112/90, aos servidores públicos estaduais, quando a legislação de regência não trouxer a previsão do instituto.

Segundo a jurisprudência do STJ, é vedada esta aplicação por analogia.

Conforme decidiu no RMS nº 46.438, “a analogia das legislações estaduais e municipais com a Lei n. 8.112⁄90 somente é possível se houver omissão no tocante a direito de cunho constitucional, que seja autoaplicável, bem como que a situação não dê azo ao aumento de gastos; em suma, ela precisa ser avaliada caso a caso e com parcimônia”.

Sob este fundamento, o Tribunal admitiu a aplicação por analogia do instituto da licença para acompanhamento de cônjuge (vide RMS nº 34.630). Nesse caso, a unidade familiar é valor protegido constitucionalmente pelo art. 226 da CF, justificando a aplicação por analogia.

No caso da recondução, não se evidenciou omissão a direito de cunho constitucional que seja autoaplicável, razão pela qual não se admite a aplicação do instituto aos servidores estaduais e municipais por analogia.

Sendo assim, o item deve ser considerado ERRADO.

GABARITO: ERRADO

3. Constitui efeito prodrômico do ato administrativo aquele que atinge uma relação jurídica estranha àquela travada entre a Administração e o particular, gerando consequências a terceiros não previstos originalmente no ato administrativo.

COMENTÁRIO

Os atos administrativos podem produzir dois diferentes efeitos: próprios (ou típicos) e impróprios (atípicos ou secundários).

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Os efeitos próprios (típicos) são aqueles normalmente esperados com a prática do ato, ou seja, configuram o objeto ou conteúdo da conduta da Administração. Por exemplo, numa desapropriação, o efeito próprio é a perda do bem pelo particular em favor do Estado.

Já os efeitos impróprios (atípicos ou secundários) são aqueles que embora não configurem a intenção inicial com a prática do ato administrativo, dele decorrem indiretamente. Eles podem ser de duas espécies:

a) Reflexos: Quando atingem terceiros estranhos à prática do ato. Ou seja, atingem uma relação jurídica estranha àquela travada entre a Administração e o particular, gerando consequências a terceiros não previstos originalmente no ato administrativo. Seguindo o exemplo da desapropriação, seria efeito reflexo do ato aquele que atinge a relação jurídica estabelecida entre o locatário e o proprietário do imóvel desapropriado.

b) Prodrômicos (ou preliminares): São os efeitos do ato que impõem uma nova atuação administrativa, em face do início de um ato praticado. Trata-se de efeito que acontece antes do aperfeiçoamento do ato, nos casos em que se exige mais de uma manifestação de vontade para que ele se aperfeiçoe. É o que ocorre, por exemplo, nos atos administrativos compostos e complexos, que exigem, após uma primeira manifestação de vontade, uma segunda que o ratifique ou o retifique. Um exemplo de efeito prodrômico ocorre na aposentadoria do servidor público, que decorre de um ato complexo consistente na manifestação de vontade do órgão ao qual o agente está vinculado, e de uma segunda manifestação do TCU aprovando ou não o ato. Da primeira manifestação de vontade surge o efeito prodrômico, que impõe o dever de nova manifestação da Administração.

Visto isso, observa-se que o enunciado da questão traz o conceito de efeito impróprio reflexo do ato administrativo, e não prodrômico como afirmado. Por este motivo, o item deve ser considerado ERRADO.

Para demonstrar como o tema pode ser obrado numa prova objetiva, trago abaixo questão do concurso para Delegado de Polícia Civil do Rio Grande do Norte, organizado pelo CESPE, no qual foi considerado correto item que trazia a seguinte assertiva:

Os efeitos atípicos dos atos administrativos subdividem-se em prodrômicos e reflexos. Os primeiros existem enquanto perdura a situação de pendência do ato; os segundos atingem terceiros não objetivados pelo ato.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO CONSTITUCIONAL

4. É constitucional lei estadual que obrigue as empresas concessionárias de serviço de telefonia a fornecer informações sobre a localização de aparelhos de clientes a polícia judiciária do Estado, mediante solicitação, ressalvado o sigilo da comunicação e desde que no âmbito da circunscrição

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do Estado.

COMENTÁRIO

O teor do enunciado reflete parte de dispositivo da Lei nº 2.569/2011, do Estado de Rondônia, cuja constitucionalidade está sendo analisada pelo STF nos autos da ADI nº 4.739.

Em decisão cautelar o Relator Ministro Marco Aurélio concedeu a liminar suspendendo a eficácia do dispositivo, por violação aos artigos 21, XI, e 22, VI, da Constituição Federal, abaixo colacionados:

Art. 21. Compete à União:

(...)

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

Conforme explicou o Relator, o texto constitucional não impede a edição de legislação estadual ou municipal que, sem ter como objeto principal a prestação dos serviços de telecomunicações, acabe por produzir algum impacto na atividade desempenhada pelas concessionárias de serviço público federal.

Ocorre que a norma contestada, ao instituir obrigação diretamente relacionada ao objeto da concessão do serviço de telefonia, determinando às empresas que forneçam à polícia judiciária informações sobre a localização de aparelhos, acaba atuando no núcleo da regulação da atividade de telecomunicações, a qual é competência da União, nos termos dos dispositivos acima vistos.

No plano infraconstitucional, a regulação do serviço de telecomunicação está disciplinada na Lei 9.472/1997, a qual dispõe em seu artigo 1º como princípio fundamental o seguinte:

Art. 1° Compete à União, por intermédio do órgão regulador e nos termos das políticas estabelecidas pelos Poderes Executivo e Legislativo, organizar a exploração dos serviços de telecomunicações.

Parágrafo único. A organização inclui, entre outros aspectos, o disciplinamento e a fiscalização da execução, comercialização e uso dos serviços e da implantação e funcionamento de redes de telecomunicações, bem como da utilização dos recursos de órbita e espectro de radiofrequências.

No caso específico, por conferir poderes de requisição à polícia judiciária do Estado para fins de investigação criminal, outros Ministros ressaltaram a violação ao artigo 22, I, da CF, que estabelece a competência privativa da União para legislar sobre direito penal e processual penal.

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Ressalto que o STF, em ocasiões anteriores, declarou a inconstitucionalidade ou suspendeu a eficácia de outras normas estaduais e distritais que interferiam diretamente nas funções desempenhadas pelas concessionárias de serviços de telecomunicação, como nos casos abaixo mencionado:

ADI nº 3.533 Lei distrital que obrigava as empresas de telefonia fixa a instalarem contadores de pulso.

ADI nº 3.846 Lei estadual que instituía controle quanto à comercialização e reabilitação de aparelhos usados de telefonia móvel celular.

ADI nº 3.322 Lei distrital que determinava a discriminação de dados na fatura de cobrança.

ADI nº 4.369 Lei estadual que vedava a cobrança de assinatura mensal nas atividades de telefonia.

ADI nº 4.715 Lei estadual que dispunha sobre a validade de crédito de celular pré-pago.

ADI nº 4907 Lei estadual que vedava a cobrança de assinatura básica pelas concessionárias de telefonias fixa e móvel.

Sendo assim pelos motivos expostos, o item deve ser considerado ERRADO.

GABARITO: ERRADO

5. É incabível a interposição de qualquer espécie de recurso por quem, embora legitimado para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade, nela não figure como requerente ou requerido.

COMENTÁRIO

A Ação Direta de Inconstitucionalidade constitui espécie de controle concentrado abstrato de constitucionalidade, cuja finalidade é proteger a ordem constitucional através da dedução em juízo de um processo constitucional objetivo, em que se analisa a compatibilidade da norma face à Constituição, não se analisado o caso concreto.

Por este motivo, os artigos 7º e 18 da Lei 9.868/1999, que dispõem sobre o processo e julgamento da ADI e ADC perante o STF, vedam expressamente a intervenção de terceiros no processo de julgamento destas ações.

Ora, se a finalidade do controle abstrato é proteger a ordem constitucional, analisando a compatibilidade da norma face à Constituição, não há sentido em admitir que terceiros estranhos à relação processual intervenham para postular seu interesse no caso. Exceção se faz à figura do amicus curiae, que pode ser admitido por despacho irrecorrível considerando a relevância da matéria e a representatividade do postulante.

Nesse sentido, na ADI nº 1.105 o STF não admitiu embargos de declaração interpostos pela OAB em face da decisão em controle abstrato que não admitiu sustentação oral de advogado após voto do relator. Argumentou o Tribunal que a OAB, embora legitimada para a propositura da ação direta, nela não figurava como requerente ou requerido.

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Ressalta-se que o art. 26 da Lei 9.868/1999 dispõe que as decisões do STF que declaram a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei do ato normativo em ADI ou ADC são irrecorríveis, não cabendo sequer o manejo de ação rescisória, ressalvada a interposição de embargos declaratórios.

Mesmo no caso dos embargos declaratórios, a jurisprudência do STF os restringe àqueles que fazem parte da relação processual (ou seja, requerente e requerido, nos termos da questão). Nesse sentido, vide os julgados abaixo colacionados:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS POR AMICUS CURIAE. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE. INTERPRETAÇÃO DO § 2º DA LEI N. 9.868/99. 1. A jurisprudência deste Supremo Tribunal é assente quanto ao não-cabimento de recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual nos processos objetivos de controle de constitucionalidade. 2. Exceção apenas para impugnar decisão de não-admissibilidade de sua intervenção nos autos. 3. Precedentes. 4. Embargos de declaração não conhecidos. (ADI 3615 ED, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2008, DJe-074 DIVULG 24-04-2008 PUBLIC 25-04-2008 EMENT VOL-02316-03 PP-00463 RTJ VOL-00205-02 PP-00680 LEXSTF v. 30, n. 355, 2008, p. 93-102)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS PELA UNIÃO. IMPOSSIBILIDADE. Não sendo a União parte no processo de controle concentrado de constitucionalidade de ato normativo, não tem legitimidade para o recurso em referência. Embargos não conhecidos. (ADI 2323 MC-ED, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 16/05/2001, DJ 24-08-2001 PP-00061 EMENT VOL-02040-02 PP-00363).

Sendo assim, o item deve ser considerado CERTO.

GABARITO: CERTO

6. O fenômeno da recepção material de normas constitucionais admite a recepção em caráter precário e por prazo certo de normas constitucionais anteriores, garantido o caráter de norma constitucional, desde que haja manifestação expressa da nova Constituição nesse sentido.

COMENTÁRIO

O Poder Constituinte Originário é aquele responsável pela elaboração de uma nova ordem constitucional, rompendo inteiramente com a anterior. Ele tem por características ser (i) inicial, pois dá início ao ordenamento jurídico, não havendo qualquer outro poder anterior ou superior a ele; (ii) autônomo, pois escolherá a ideia de direito que irá prevalecer; e (iii) incondicionado, não se submetendo a qualquer tipo de condição formal ou material.

Com a ruptura causada pelo Poder Constituinte Originário, o ideal é que toda a legislação infraconstitucional

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fosse reeditada à luz da nova Constituição. Entretanto, tal medida é faticamente difícil de ser implementada. Imaginem como reeditar toda a legislação vigente até a edição da CF 1988. Se hoje o processo legislativo já é moroso na edição de uma só lei, imaginem para editar todas aquelas indispensáveis para a continuidade da vida em sociedade?

Por conta disso existe o fenômeno da recepção, segundo o qual as normas infraconstitucionais que forem materialmente compatíveis com a nova Constituição são por esta recepcionadas, permanecendo em vigor.

Já as normas constitucionais anteriores, por outro lado, em vista da regra da compatibilidade horizontal das normas de mesma hierarquia, são revogadas – norma posterior revoga a anterior.

Nesse contexto, a teoria da recepção material das normas constitucionais, cunhada pelo Professor Jorge Miranda, sustenta a continuidade de normas da Constituição anterior, guardando a qualidade de norma constitucional (ainda que a título secundário).

Como característica desta espécie de recepção está o seu caráter precário, sendo as normas recebidas por prazo certo.

Além disso, considerando as características do poder constituinte originário (inicial, autônomo e ilimitado), que rompe por completo com a ordem jurídica anterior, tal fenômeno só pode ser admitido quando houver expressa manifestação da nova Constituição nesse sentido.

Como exemplo de recepção material de normas constitucionais, cita-se o art. 34, caput, e §1º, do ADCT, abaixo transcritos:

Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.

§ 1º - Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e 159, I, “c”, revogadas as disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.

Observem que no exemplo dado, a Constituição Federal de 1988 admitiu expressamente a recepção de normas da Constituição de 1967, por prazo certo e em caráter precário, constituindo exemplo de recepção material de normas constitucionais.

Ressalto que o tema foi objeto de cobrança no concurso para Defensor Público do Estado da Bahia, nos seguintes termos:

O denominado fenômeno da recepção material de normas constitucionais somente é admitido mediante expressa previsão na nova Constituição. CERTO

Assim, pelos motivos vistos, o item deve ser considerado CERTO.

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GABARITO: CERTO

PROFESSOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO AMBIENTAL

7. Em relação à poluição ambiental, embora o Brasil tenha buscado nas últimas décadas implementar medidas visando à regulamentação mais eficaz da questão das “águas de lastro”, a bioinvasão ainda é matéria ambiental que causa grande preocupação, considerando sua potencial lesividade não só ao ambiente natural, mas ao próprio ser humano.

COMENTÁRIO

Para que possamos compreender a questão, necessário se faz uma abordagem que parta de preceitos básicos do Direito Ambiental, para, em um segundo momento, aprofundarmos nossa análise. Sendo assim, importa rememorar o conceito de poluição, que é dado pelo art. 3º, III, da Lei 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente. De acordo com tal dispositivo, considera-se poluição:

Art. 3º.

(...)

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Trata-se, como visto, de um conceito amplo, do qual podemos extrair subespécies, tais como: poluição atmosférica, poluição sonora, poluição do solo, por resíduos sólidos, por agrotóxicos, poluição hídrica etc.

No que se refere especificamente à tutela das águas e ao combate à poluição hídrica, convém mencionar como importante instrumento normativo a Lei Federal n.º 9.966/2000, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. É, pois, nesse regramento, que se encontra a disciplina jurídica da utilização da “água de lastro”.

Mas, afinal, no que consiste a “água de lastro”? A Lei 9.966/2000 não dá o conceito, mas estabelece em seu art. 2º, XVII, que se considera “lastro limpo” a “água de lastro contida em um tanque que, desde

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que transportou óleo pela última vez, foi submetido a limpeza em nível tal que, se esse lastro fosse descarregado pelo navio parado em águas limpas e tranquilas, em dia claro, não produziria traços visíveis de óleo na superfície da água ou no litoral adjacente, nem produziria borra ou emulsão sob a superfície da água ou sobre o litoral adjacente”. O dispositivo não responde a pergunta, mas ajuda a entender o significado do termo. Não obstante a evolução dos meios de tecnologia e a globalização das negociações comerciais, o transporte marítimo internacional de mercadorias ainda persiste como um dos meios mais importantes de inter-relacionamento entre os países do globo. As longas viagens enfrentadas por navios cargueiros exigem, contudo, logística e regras de segurança. Durante o trajeto em alto-mar, bem como nas manobras nos portos, é preciso que tais embarcações tenham condições mínimas de estabilidade, o que é possível por meio da adição de um peso extra (chamado de “lastro”) em seu interior. Embora o lastro possa ser qualquer material que permita aumentar o peso das embarcações, de modo a estabilizá-las, no caso dos navios é comum a utilização da própria água do mar como elemento de equilíbrio. Assim, quando se fala em “água de lastro”, trata-se do carregamento de água do mar para os tanques vazios de uma embarcação, com o fim de lhe garantir estabilidade e melhorar as condições de flutuabilidade. À medida que ocorre o descarregamento dos produtos em um determinado porto, há uma nova captação de água para lastrear o navio. Sucessivamente, essa água de lastro captada é descarregada ao longo da viagem, em alto-mar, ou em outro porto, trabalhando assim com o equilíbrio do navio.

As lições de Luís Paulo Sirvinskas auxiliam a compreensão:

A água de lastro — outra modalidade de poluição — serve para dar segurança, equilíbrio e estabilidade às operações de navegação aos navios de carga. Ou seja, quando o navio se encontra vazio, ele recebe água para poder manter sua estabilidade. E, na medida em que o navio vai sendo carregado, essa água começa a sair dos seus tanques. Contudo, junto com a água vem todo o tipo de micro--organismos provenientes de ecossistemas diversos daqueles onde está sendo descarregada, trazendo consigo uma série de inconvenientes e alterando os ecossistemas locais. Estima-se que o transporte marinho transfere cerca de 3 a 5 bilhões de toneladas de água de lastro anualmente. Algumas espécies marinhas introduzidas são consideradas nocivas ou patogênicas. (SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013).

A técnica da “água de lastro” como meio de se obter sustentabilidade do navio, por mais que seja uma ótima solução para a engenharia de operação, traz implicações negativas para o meio ambiente, assim como destacado acima por Sirvinskas. Isso porque a troca da “água de lastro” em locais diversos afeta o habitat natural de espécies nativas, em decorrência da transferência de microrganismos e espécimes totalmente estranhos àquele ambiente, ameaçando a estabilidade e a conservação da diversidade biológica. A esse processo de modificação forçada das condições naturais de um determinado local, em que há o surgimento de uma espécie biológica invasora, dá-se o nome de bioinvasão.

A bioinvasão não traz consequências apenas para o ambiente natural, mas pode afetar diretamente os seres humanos, a se considerar a possibilidade de transmissão de doenças por meio dos microrganismos

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invasores. No Brasil, um claro exemplo da lesividade da bioinvasão é o caso do mexilhão dourado (Limnoperna fortunei):

O mexilhão dourado é um molusco bivalve originário da Ásia. A espécie chegou à América do Sul provavelmente de modo acidental na água de lastro de navios cargueiros, tendo sido a República Argentina o ponto de entrada. Do país vizinho chegou ao Brasil. Hoje a espécie já foi detectada em quase toda a região Sul e em vários pontos do Sudeste e Centro-Oeste.

(...)

Por ter uma grande capacidade de reprodução e dispersão, além de praticamente não ter predadores na fauna daqui, o mexilhão se espalha com rapidez, e por isso a espécie é considerada invasora. Pelos danos que causam, as espécies exóticas invasoras são consideradas “poluição biológica”. Estudos mostram que as invasões biológicas são a segunda maior causa de extinção de espécies, atrás apenas da destruição de habitats. (Disponível em: http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas/mexilhao-dourado).

Outro exemplo de bioinvasão no Brasil é o caso do siri Charybdis hellerii:

(...) uma espécie de siri nativa do Indo-Pacífico cuja distribuição tem sido ampliada pelo transporte de suas formas larvais em água de lastro. No continente americano há registros desde os Estados Unidos (Flórida) até o Brasil (Santa Catarina). A presença desta espécie no litoral brasileiro configura-se como ameaça às espécies de siris nativos, explotados pela pesca artesanal. (Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/cepsul/article/view/294).

Assim, diante da evidente lesividade da bioinvasão ao meio ambiente, o Brasil e mais outros setenta e quatro países subscreveram, em 13 de fevereiro de 2004, a Convenção Internacional para o Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos de Embarcações, adotada pela Organização Marítima Internacional (IMO), visando a empreender meios mais eficazes de controle dos navios que atracarem em seus portos. Internamente, o Brasil tem se utilizado da NORMAM-20/DPC, “norma da autoridade marítima para o gerenciamento da água de lastro de navios instituída pela Diretoria de Portos e Costas, órgão da Marinha do Brasil, de caráter obrigatório para todos os navios equipados com tanques/porões de água de lastro que entrem ou naveguem em águas jurisdicionais brasileiras. Essa norma é a expressão maior no ordenamento legal nacional das diretrizes da Convenção Internacional sobre a Água de Lastro, realizada em 2004.” (IBRAHIN, Fábio José. Gerenciamento e controle da água de lastro e a responsabilidade civil dos operadores do sistema. São Paulo: Almedina, 2013).

Não obstante a potencial lesividade ao meio ambiente, o tema da “água de lastro” ainda tem recebido pouca atenção das autoridades ambientais, de modo que não se pode afirmar ter-se estabelecido um controle adequado da bioinvasão no Brasil.

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Por todo o exposto, colegas, correta a assertiva.

A questão apresentada, de difícil resolução, em grande parte pela especialidade do tema, envolve matéria de incomum cobrança em provas. Apesar disso, o assunto já foi objeto de avaliação, sendo exigido na segunda fase do concurso da Procuradoria do Estado do Pará, realizado em 2009. A pergunta elaborada na ocasião foi a seguinte: “Em matéria de poluição da água e proteção das águas doces, disserte sobre água de lastro. Aborde suas implicações para o meio ambiente, com enfoque na poluição, biopirataria, bioinvasão e hidropirataria (uso, outorga e cobrança da água). Exemplifique, critique e fundamente na legislação. Não é necessária a menção de normas exclusivas de direito marítimo.” Veja que, em uma primeira leitura, a sensação seria de desespero! “água de lastro”, “bioinvasão”, “hidropirataria”? ? ? A intenção, portanto, da abordagem aqui proposta, foi tornar claro esses desconhecidos termos do Direito Ambiental (que se enveredam para o Direito Marítimo), de modo que o aluno, ao se deparar com tais “esquisitices”, não entre em pânico.

No que tange à biopirataria e à hidropirataria a que se refere a questão da PGE-PA, consiste a primeira em apropriação injusta dos recursos, conhecimentos genéticos e dos conhecimentos tradicionais associados, sem que os países de origem de tais recursos genéticos, nem tampouco as comunidades indígenas e locais, detentoras de conhecimentos tradicionais associados, tenham sido consultadas pelos beneficiários da sua exploração econômica. A partir desse conceito se passou a falar em hidropirataria, a qual se relaciona com o “saqueamento” de águas nacionais. A situação é melhor visualizada ao nos reportamos a casos supostamente ocorridos na Amazônia, em que navios petroleiros estariam se apropriando das águas do Rio Amazonas, numa espécie de “contrabando de água doce”, antes de deixarem as águas nacionais, a pretexto de captação de água para troca de lastro. Os casos, se confirmados, implicariam em ofensa à tutela empreendida pela Constituição Federal e pelos regramentos infraconstitucionais às águas nacionais, especialmente no que se refere às normas estabelecidas pela Lei 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos), que dispõe ser a água um recurso natural limitado, dotado de valor econômico (art. 1º, II), submetendo-se o uso que altere o seu regime, quantidade ou qualidade à outorga do Poder Público e à sua cobrança (arts. 12, V c/c 20, caput).

Esclarecidos, portanto, todos esses pontos, tenho certeza que a releitura da questão da PGE-PA já não causa tanto temor.

Quanto à questão aqui proposta, correta a assertiva.

GABARITO: CERTO

8. É entendimento pacífico no STJ que a responsabilidade civil por danos ao meio ambiente é objetiva, fundada na teoria do risco integral, bastando, assim, que sejam demonstrados o dano e o nexo de causalidade. Apesar disso, o STJ já admitiu o reconhecimento da responsabilidade civil ambiental ainda que ausente o nexo causal.

COMENTÁRIO

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Ao tratarmos da responsabilidade por danos ambientais, o primeiro aspecto que deve ser muito bem delineado é qual a esfera de responsabilidade está em jogo: civil, penal ou administrativa? No campo do Direito Ambiental, aquele que causar danos pode responder no âmbito civil, no âmbito penal ou, ainda, administrativamente, nos moldes do art. 225, § 3º, da Constituição Federal, norma matriz e fundamento constitucional da responsabilidade por danos ao meio ambiente. A distinção, contudo, se apresenta no modo como se imporá tal responsabilização.

Em uma apresentação didática, podemos afirmar que as responsabilidades ambientais penal e administrativa são subjetivas, exigindo, portanto, para além da demonstração da autoria ou da participação no cometimento da infração ambiental, o elemento subjetivo do infrator (dolo ou culpa) e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Nesse sentido, inclusive, em relação à responsabilidade administrativa, o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:

a aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. (REsp 1.251.697/PR, Relator Ministro Mauro Campbell, julgado em 12/04/2012, DJe 17/04/2012).

No tocante à responsabilidade civil por danos ambientais, não há maiores discussões quanto à sua aplicação de modo objetivo, fundada no art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81, dispositivo regulamentador da norma matriz constitucional, que assim dispõe: “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (...).” Havia, no entanto, certo embaraço jurisprudencial em relação à teoria a ser aplicada nesses casos (por exemplo, Teoria do Risco Administrativo – art. 37, § 6º, da CF/88 -, Teoria do Risco da Atividade – art. 927, parágrafo único, segunda parte –, ou Teoria do Risco Integral – art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81, segundo interpretação da jurisprudência). Tal dúvida, recentemente, foi solucionada pelo STJ, quando, em Recurso Repetitivo, firmou o entendimento de que a responsabilidade civil por danos ao meio ambiente é objetiva, fundada na teoria do risco integral, não se admitindo, assim, quaisquer tipos de excludentes (a exemplo da culpa exclusiva de terceiro, do caso fortuito e da força maior) no intuito de se eximir de “culpa” o causador dos danos (nesse sentido, vide os seguintes recursos repetitivos: REsp 1.114.398-PR, 8/2/2012, REsp 1.354.536-SE, 26/3/2014 e REsp 1.374.284-MG, 05/09/2014).

O entendimento consolidado pelo STJ, como já tivemos a oportunidade de expor na primeira edição do CEI (CEI-AGU), em grande parte se fundamenta na adoção do princípio do poluidor-pagador (Princípio n. 16 da ECO-92), também chamado de princípio do predador-pagador ou princípio da responsabilidade, no sentido de que se coloca na posição de garantidor da preservação ambiental aquele que explora atividade econômica, estando sempre vinculados à atividade desenvolvida os eventuais danos ocasionados. Assim, impõe-se ao poluidor a internalização do custo ambiental, o que significa incluir no preço final do processo produtivo as despesas com a recuperação do meio ambiente degradado. O empreendedor,

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portanto, tem a obrigação de prevenir os riscos da sua atividade (princípio da prevenção) e de internalizá-los em seu processo produtivo (princípio do poluidor-pagador), tornando-se irrelevante a investigação do elemento subjetivo, pois o risco substitui a análise da conduta do poluidor.

Logo, correta a primeira parte da assertiva.

Em relação à parte final da questão, no sentido de que o STJ já admitiu o reconhecimento da responsabilidade civil ambiental ainda que ausente o nexo causal, é necessário ter como pressuposto que o nexo de causalidade, via de regra, é elemento essencial à configuração da responsabilidade, seja ela subjetiva ou objetiva. Segundo Frederico Amado:

O nexo causal é o vínculo que une conduta e resultado lesivo, variando a sua determinação de acordo com a teoria que se adote. É pressuposto indispensável para toda a responsabilização civil, mesmo a objetiva lastreada pela Teoria do Risco Integral. (AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013, p. 488).

Destarte, existindo o dano e presente o nexo causal, incidem as regras dos arts. 225, § 3º, da CF, e 4°, inciso VII, primeira parte e 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81, para que o infrator da norma ambiental responda objetivamente na esfera civil por seus atos, independentemente da existência de dolo ou culpa.

Nada obstante a regra geral, o STJ, em precedente inovador, já admitiu expressamente, e de modo excepcional, a responsabilidade civil objetiva ainda que inexistente o elemento nexo causal. No caso submetido à Corte, admitiu-se a responsabilização objetiva de adquirente de imóvel já danificado, adotando-se a responsabilidade objetiva e solidária com base nos arts. 3º, IV e 14, § 1º, da Lei 6.938/81. Eis o quanto decidido naquela ocasião (noticiado no Informativo n.º 404 do STJ):

Trata-se de ação civil pública (ACP) na qual o MP objetiva a recuperação de área degradada devido à construção de usina hidrelétrica, bem como indenização pelo dano causado ao meio ambiente. A Turma entendeu que a responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade. Contudo, não obstante a comprovação do nexo de causalidade ser a regra, em algumas situações dispensa-se tal necessidade em prol de uma efetiva proteção do bem jurídico tutelado. É isso que ocorre na esfera ambiental, nos casos em que o adquirente do imóvel é responsabilizado pelos danos ambientais causados na propriedade, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos. A responsabilidade por danos ao meio ambiente, além de objetiva, também é solidária. A possibilidade de responsabilizar o novo adquirente de imóvel já danificado apenas busca dar maior proteção ao meio ambiente, tendo em vista a extrema dificuldade de precisar qual foi a conduta poluente e quem foi seu autor. Assim, na espécie, conforme a análise das provas feitas pelo Tribunal a quo, foi possível verificar o real causador do desastre ambiental, ficando ele responsável por reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. Precedentes citados: REsp 185.675-SP, DJ 2/10/2000; REsp

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843.036-PR, DJ 9/11/2006; REsp 263.383-PR, DJ 22/8/2005, e REsp 327.254-PR, DJ 19/12/2002. REsp 1.056.540-GO, Rel Min. Eliana Calmon, julgado em 25/8/2009. (destacamos)

O julgado, em verdade, tem estreita ligação com o entendimento pacificado na jurisprudência da Corte de que a reparação dos danos ambientais é uma obrigação propter rem. Conclusão, inclusive, positivada no novo Código Florestal, o qual passou a dispor, em seu art. 2º, § 2º, que “as obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.” Com isso, afasta-se o argumento de irresponsabilidade do novo proprietário por não ter sido ele o causador direto do dano ambiental.

Assim, também se mostra correta a segunda parte da assertiva. Absolutamente correta a questão.

GABARITO: CERTO

9. A Área de Proteção Ambiental, modalidade de unidade de conservação de proteção integral, consiste em espaço territorial especialmente protegido cujo objetivo é a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

COMENTÁRIO

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, § 1º, III estabeleceu como incumbência do Poder Público a tarefa de definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos. A partir desse preceito constitucional o legislador infraconstitucional disciplinou diversas modalidades de espaços ambientais com proteção especial, a exemplo das áreas de preservação permanente, apicuns e salgados, reserva legal e unidades de conservação.

A respeito da última modalidade mencionada, foi a Lei 9.985/2000 que tratou de definir unidade de conservação e estabelecer as suas espécies. De acordo com o art. 2º, I, do diploma normativo, entende-se por unidade de conservação:

Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

As unidades de conservação, ainda de acordo com a lei que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Lei 9.985/2000), podem ser de duas espécies, quais sejam: unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável.

Pois bem, a questão proposta está errada. Inicialmente, porque a Área de Proteção Ambiental é espécie

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de unidade de conservação de uso sustentável, cujo objetivo é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (arts. 7º, § 2º c/c 14, I, da Lei 9.985/2000). Além disso, a descrição feita pela assertiva se amolda ao conteúdo da Reserva Biológica, espécie de unidade de conservação de proteção integral (art. 10). Notem, portanto, a diferença entre as duas espécies:

Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

§ 1º A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2º É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico.

§ 3º A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.(Regulamento)

§ 1º A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.

§ 2º Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.

§ 3º As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.

§ 4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.

§ 5º A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

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Todas as demais espécies de unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável estão dispostas entre os arts. 8º e 21 da Lei do SNUC, para o que se recomenda a leitura atenta, considerando a reiterada cobrança de tais dispositivos em provas anteriores para a advocacia pública.

A assertiva, portanto, está errada.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

10. De acordo com o art. 164, § 3º, da Constituição Federal, as disponibilidades de caixa dos Estados-membros serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Em decorrência dessa possibilidade de excetuar o regramento geral, é possível que determinado Estado edite lei para permitir que as suas disponibilidades de caixa, a exemplo do salário ou da remuneração de seus servidores, sejam depositadas em instituição financeira privada, sem que haja ofensa à norma constitucional.

COMENTÁRIO

De acordo com o art. 164, § 3º, da Constituição Federal “As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.”

No que toca às ressalvas permitidas pelo dispositivo constitucional, é da jurisprudência do STF o entendimento de que cabe exclusivamente à União, mediante lei de caráter nacional, definir as exceções à obrigatoriedade de depósito de disponibilidades de caixa dos Estados, do DF ou dos Municípios em instituições financeiras oficiais. Segundo o Supremo:

“As disponibilidades de caixa dos Estados-membros, dos órgãos ou entidades que os integram e das empresas por eles controladas deverão ser depositadas em instituições financeiras oficiais, cabendo, unicamente, à União Federal, mediante lei de caráter nacional, definir as exceções autorizadas pelo art. 164, § 3º, da Constituição da República. O Estado-membro não possui competência normativa, para, mediante ato legislativo próprio, estabelecer ressalvas à incidência da cláusula geral que lhe impõe a compulsória utilização de instituições financeiras oficiais, para os fins referidos no art. 164, § 3º, da Carta Política. O desrespeito, pelo Estado-membro, dessa reserva de competência legislativa, instituída em favor da União Federal, faz instaurar situação de inconstitucionalidade formal, que compromete a validade e a eficácia jurídicas da lei local, que, desviando-se do modelo normativo inscrito no art. 164, § 3º, da Lei Fundamental, vem a permitir que as disponibilidades

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de caixa do poder público estadual sejam depositadas em entidades privadas integrantes do Sistema Financeiro Nacional. Precedente: ADI 2.600-ES, Rel. Min.Ellen Gracie.” (ADI 2.661, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-6-2002, Plenário, DJ de 23-8-2002.) No mesmo sentido: ADI 3.075-MC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 5-6-2002, Plenário, DJ de 18-6-2004; ADI 3.578-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 14-9-2005, Plenário, DJ de 24-2-2006.

Assim, nos termos da jurisprudência da Suprema Corte, não é possível que determinado Estado edite lei para permitir que as suas disponibilidades de caixa sejam depositadas em instituição financeira privada, sem que haja ofensa ao quanto disposto no art. 164, § 3º, da Constituição Federal. Portanto, incide em erro essa parte da questão.

Também se mostra incorreto o trecho da assertiva em que se afirma que o depósito de salário ou da remuneração de servidores estaduais caracteriza disponibilidade de caixa do ente da Federação. O STF já entendeu que tais valores não se enquadram no conceito de disponibilidade de caixa e, justamente por isso, não precisam ser depositados em instituições financeiras oficiais. De acordo com o Excelso Pretório, “o depósito de salário ou de remuneração de servidor público em instituição financeira privada não afronta o artigo 164, § 3º, da Constituição Federal, pois não se enquadra no conceito de disponibilidade de caixa.” (AI 837677 AgR, Primeira Turma, DJ 08-05-2012). Assim, o depósito do valor correspondente à remuneração dos servidores públicos estaduais em instituição privada não afronta a Constituição Federal no que concerne às normas gerais relativas às finanças públicas.

Esses dois entendimentos jurisprudenciais por vezes são cobrados em prova, a exemplo de questionamentos feitos no concurso de Procurador do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, em 2009, e na segunda fase do concurso para a Procuradoria do Banco Central, realizado em 2013, ambos pelo CESPE, bem como da cobrança em primeira fase feita na prova para o Ministério Público do Pará, realizada pela FCC em 2014.

GABARITO: ERRADO

11. A Lei de Responsabilidade Fiscal, ao dispor sobre a recondução da dívida aos seus limites, estabelece que se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro. Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido estará proibido de realizar operação de crédito por antecipação de receita, mas não de captar recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido.

COMENTÁRIO

Prezados, a preparação para os concursos da advocacia pública (e para os demais concursos públicos de “alto nível”) exige um estudo intenso e profundo do conteúdo dos seus editais. Apesar disso, não se

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pode olvidar da relevância da leitura da lei seca e da necessidade de sua fixação. A questão aqui proposta trabalha tão somente com conceitos e preceitos legais, sendo, assim, solucionada pela simples leitura da LRF. Notem que esse tipo de cobrança não se restringe às fases objetivas dos certames públicos, mas pode muito bem surgir em uma eventual prova subjetiva, a exemplo de questionamento feito na segunda fase do concurso da Procuradoria-Geral Federal (órgão da AGU) realizado em 2007 e que serviu de base para a formulação do item agora proposto. Assim, reitero o alerta para que não deixem de lado em seus programas de estudo a leitura da lei. Isso é muito importante!

Pois bem, passando à análise da questão, temos que, de acordo com as disposições do art. 30 da LRF (LC 101/2000), deverão os entes da Federação observar um limite de endividamento — relativamente à dívida pública consolidada — estabelecido em Resolução do Senado Federal.

Verificado o excesso do teto definido, estabelece a LRF medidas a serem adotadas pelos entes que nele houverem incorrido, visando à sua recondução. Assim, dispõe o art. 31 da LC 101/2000:

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.

§ 1º Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:

I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;

II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9º.

(...)

Como se vê do dispositivo, complementarmente ao quanto estabelecido no caput, dispõe o parágrafo primeiro, inciso I, do art. 31, que será vedado ao ente endividado realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita. Note, contudo, que a proibição legal é excetuada nos casos de refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária, visando, assim, resguardar ao menos o pagamento da dívida já existente.

Portanto, até aqui, correta a assertiva proposta.

Nada obstante, incorre em erro o trecho da questão em que se afirma não existir vedação ao ente endividado no tocante à captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido. O desacerto da assertiva, nesse aspecto, se justifica pelo conteúdo do art. 37 da LRF, segundo o qual:

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:

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I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7º do art. 150 da Constituição;

II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;

III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;

IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.

(destacamos)

O dispositivo em comento fixa os casos em que há operações equiparadas às operações de crédito, de modo a incidir também aí a vedação estabelecida no art. 31, § 1º, I, da LRF, sendo, portanto, proibido ao ente endividado promover a captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido

Logo, incorreta a assertiva.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

12. A respeito da Ordem Econômica Internacional, é princípio que fundamenta o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade - GATT) a cláusula da nação mais favorecida, que estabelece a vedação de concessão de benefícios alfandegários outorgados a países periféricos, subdesenvolvidos ou em fase de desenvolvimento às Nações mais prósperas.

COMENTÁRIO

De modo brevíssimo, podemos afirmar que a Ordem Econômica Internacional, cujo destaque maior se deu a partir da segunda metade do século XX, tem por finalidade a harmonização das relações jurídicas comerciais e econômicas dos entes de direito público externo, de modo a estabelecer um enquadramento jurídico-econômico que seja uniforme entre as Nações, mas que leve em conta a diversidade de cada Estado e resguarde a interdependência recíproca e a coexistência pacífica.

O efetivo surgimento da Ordem Econômica Internacional foi precedido de uma série de acordos internacionais relacionados a questões econômicas em escala regional ou mundial, dentre os quais se destaca o Acordo de Bretton Woods de 1944. Naquela ocasião, regras foram estabelecidas para

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as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo pós-guerra. Na oportunidade, ainda foi instituído o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), posteriormente dividido entre o Banco Mundial, o Banco para Investimentos Internacionais e o Fundo Monetário Internacional.

Como decorrência desse movimento mundial em busca de uma ordem econômico-financeira unificada e, principalmente, como desdobramento do fracasso das negociações para a criação da Organização Internacional do Comércio (OIC), que seria um dos pilares de Bretton Woods, foi assinado em 1947 o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade - GATT), que, segundo Paulo Henrique Portela, pode ser compreendido tanto como o tratado destinado a regular o comércio internacional quanto como o organismo — limitado a um secretariado, sem personalidade jurídica — encarregado de velar pela aplicação de suas normas (Direito Internacional Público e Privado. 6.ed. Salvador/BA: Juspodivm, 2014, p. 424). Ainda, segundo o professor Portela, “O objetivo inicial do GATT era o de estimular o comércio internacional por meio da promoção da liberdade no campo comercial, que implicaria a retirada ou redução das barreiras alfandegárias e não-alfandegárias existentes nos diversos Estados do mundo.” (Op. cit., p. 424).

Pois bem, o GATT, entendido como o instrumento que veio a disciplinar as relações comerciais entre as Nações Soberanas, foi concebido tendo por base uma série de princípios informadores, que constituem, portanto, as diretrizes das trocas comerciais entre os Estados. Segundo Leonardo Vizeu Figueiredo, são os seguintes princípios: a) Cláusula da Nação mais favorecida; b) Cláusula de habilitação; c) Condições especiais para os países em desenvolvimento; d) Tratamento nacional; e) Proteção transparente; f ) Base estável para o comércio; g) Concorrência leal; h) Proibição de restrições quantitativas à importação; i) Adoção de medidas urgentes; j) Reconhecimento de acordos regionais; e l) Cláusula de evolução (Lições de Direito Econômico. 5.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, páginas 485/487).

A questão proposta erroneamente trata da “cláusula da nação mais favorecida”, como sendo aquela que estabelece a vedação de concessão de benefícios alfandegários outorgados a países periféricos, subdesenvolvidos ou em fase de desenvolvimento às Nações mais prósperas. Em verdade, o conteúdo exposto diz respeito à “cláusula de habilitação”, que fixa justamente uma exceção à “cláusula da nação mais favorecida”, senão vejamos:

Cláusula da nação mais favorecida

É a garantia de isonomia de tratamento comercial no cenário internacional. Estabelece que todo e qualquer favorecimento alfandegário oferecido a uma nação deve ser extensível às demais. Em outras palavras, no comércio mundial não deve haver discriminação. Todas as partes contratantes têm que conceder a todas as demais partes o tratamento que concedem a um país em especial. Portanto, nenhum país pode conceder a outro vantagens comerciais, nem discriminar um país em especial.

Cláusula de habilitação

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Estabelece exceção à cláusula acima, para que os benefícios alfandegários outorgados aos países periféricos, subdesenvolvidos ou em fase de desenvolvimento, não sejam indevidamente dados às Nações mais prósperas. (Op. cit., p. 485).

Logo, muito embora esteja correto afirmar que a “cláusula da nação mais favorecida” é princípio que fundamenta o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade - GATT) a assertiva analisada peca por embaraçar o conceito desta com o da “cláusula de habilitação”.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

13. A isenção exclui o crédito tributário, isto é, embora a ocorrência da obrigação principal, impede-se o lançamento e se dispensa o cumprimento das obrigações acessórias relacionadas. Além disso, por ser benefício fiscal, admite-se a revogação da isenção, ainda que deferida sob condição e prazo certo.

COMENTÁRIO

A isenção e a anistia são causas de exclusão do crédito tributário, inibindo que este seja constituído pelo lançamento.

Há o surgimento da obrigação tributária com a prática do fato gerador; nada obstante, proíbe-se, por conta da norma concessiva da isenção ou anistia, que daí seja constituído o correlato tributo ou multa.

Por essa razão se afirma que a isenção e a anistia operam entre o surgimento da obrigação e o lançamento do tributo/multa, evitando, como visto, a constituição destes.

A principal diferença entre a isenção e a anistia reside no fato de a primeira configurar hipótese de dispensa legal de pagamento de um tributo devido, ao passo que a segunda se relaciona com a dispensa de pagamento das multas/penalidades.

Considerando ainda remissão, forma de extinção do crédito, é possível vislumbrar o seguinte quadro esquemático:

EXTINÇÃO EXCLUSÃOREMISSÃO ISENÇÃO ANISTIA

art. 156, IV, CTN art. 175, I, CTN art. 175, II, CTN

- Perdão do crédito já constituído/lançado

- Exclusão do crédito, com proibição de lançamento

- Exclusão do crédito, com proibição de lançamento

- Aplica-se aos tributos e às multas - Aplica-se aos tributos - Aplica-se às multas/infrações

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Ou ainda:

Lei proíbe o lançamento (= EXCLUSÃO):

> De tributo > Isenção

> De multa > Anistia

Crédito já está constituído (= EXTINÇÃO):

> De tributo e/ou multa > Remissão

Com efeito, segundo o STF:

A instituição ou a extensão de isenção tributária é ato discricionário do Poder Executivo que, fundado em juízo de conveniência e oportunidade, destina-se a implantação de políticas fiscais, sociais e econômicas, de modo que a análise de seu mérito não está ao alcance do Poder Judiciário, em observância ao princípio da separação dos poderes. “Impende destacar, neste ponto, que a exigência constitucional de lei forma para a veiculação de isenções em matéria tributária atua como insuperável obstáculo à postulação da parte recorrente, eis que a extensão dos benefícios isencionais, por via jurisdicional, encontra, na espécie destes autos, limitação absoluta no dogma da separação de poderes. (…) Os magistrados e Tribunais – que não dispõem de função legislativa – não podem conceder, por isso mesmo, ainda que sob fundamento de isonomia, o benefício da exclusão do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador, com apoio em critérios impessoais, racionais e objetivos, não quis contemplar com a vantagem da isenção. Entendimento diverso, que reconhecesse aos magistrados essa anômala função jurídica, equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador positivo, condição institucional esta que lhe recusou a própria Lei Fundamental do Estado. É de acentuar, neste ponto, que em tema de controle de constitucionalidade de atos estatais, o Poder Judiciário só atua como legislado negativo (AI 142.348-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 24/3/1995).

Importante observar, contudo, que a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente:

Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.

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Quanto ao mais, dentro das classificações doutrinárias a respeito da isenção, têm-se as chamadas isenções onerosas/condicionadas, isto é, aquelas que exigem para a sua concessão alguma contraprestação por parte do beneficiário (p.ex.: quando um Estado exige, para a concessão de isenção do ICMS, que uma determinada fábrica contrate um número X de empregados), bem com as isenções simples/incondicionadas, que não exigem qualquer contrapartida do beneficiado.

Outrossim, as isenções podem tanto ser concedias por prazo indeterminado, como com prazo certo.

Tal distinção é importante, vez que, na linha do que dispõe o art. 178 do CTN, as isenções podem ser revogadas a qualquer tempo, salvo as condicionadas/onerosas e com prazo certo.

Nesse sentido também a Súmula nº 544 do STF:

“Isenção tributária concedida sob condição onerosa não pode ser livremente suprimida”.

Assim, em resumo, é possível concluir:

Que, em regra, a isenção pode ser revogada;

Caso revogada e em se tratando de isenção incondicional, dispensa-se a observância do princípio da anterioridade para se exigir novamente o tributo. Isso porque o STF entende que a isenção seria uma dispensa legal do pagamento do tributo, não afastando a incidência e a obrigação tributária, mas sim, a constituição do crédito tributário. E, uma vez revogada a lei isentiva, nada obstaria a imediata cobrança do tributo outrora objeto de isenção, eis que o surgimento da obrigação tributária não restou impedido. Não se caracterizando, portanto, criação nem majoração do tributo. Nesse sentido, a exegese vazada na Súmula nº 615 da Corte Suprema, aqui analogicamente aplicada: “O princípio constitucional da anualidade (§ 29 do art. 153 da constituição federal) não se aplica à revogação de isenção do ICM”.

Caso a isenção tenha sido concedida por prazo certo e mediante condição, não há falar em revogação enquanto cumpridas foram tais condicionantes e dentro do respectivo prazo, havendo aí direito adquirido do beneficiado.

O enunciado, desta forma, encontra-se equivocado vez que a isenção não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias, tampouco pode ser livremente revogada caso concedida sob condição e prazo certo.

GABARITO: ERRADO

14. Considere que João possua débitos vencidos relativos ao IPTU dos períodos de 2011 e de 2013, os quais, juntos, totalizam R$ 10.000,00. Considere, ainda, que intencionando regularizar a sua situação perante o Fisco, João efetue o pagamento de apenas parte desses valores. Nessa situação

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hipotética, a autoridade tributária, ao receber o pagamento, deverá determinar a respectiva imputação na ordem crescente dos prazos de prescrição.

COMENTÁRIO

O instituto da imputação de pagamento ocorre quando exista simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora.

O art. 163 do CTN, nesse sentido, estabelece uma ordem a ser observada para o pagamento, quando este se relevar insuficiente para quitar a totalidade dos débitos do sujeito passivo:

Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:

I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;

II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;

III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;

IV - na ordem decrescente dos montantes.

A ordem a ser observada, portanto, consiste na seguinte:

1º) Primeiro devem ser pagos os débitos nos quais o sujeito passivo seja devedor na condição de contribuinte (= obrigação própria), em detrimento daquelas em que o sujeito compareça na condição de responsável (= decorrentes da responsabilidade tributária).

2º) Não resolvido o problema com base na regra acima (p.ex.: sujeito passivo possua 2 débitos, ambos na condição de contribuinte), passa-se para o segundo critério, qual seja, primeiro são pagas as contribuições de melhoria, depois as taxas e por fim os impostos.

3º) Não resolvida a imputação pelas duas primeiras regras (p.ex.: sujeito passivo, na condição de contribuinte, deve 2 créditos tributários oriundos de impostos), a imputação deve ser resolvida segundo a ordem crescente do prazo de prescrição, vale dizer, privilegia-se o pagamento dos créditos mais antigos (isto é, aqueles que potencialmente prescreverão em espaço de tempo menor). A razão dessa regra é óbvia, pois privilegia o pagamento de créditos cujo risco de extinção por decurso do prazo é maior.

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4º) Derradeiramente, caso nenhum dos critérios se aplique (p.ex.: sujeito passivo que, na condição de contribuinte, deva dois créditos tributários relativos a impostos, constituídos na mesma data e assim com situação idêntica relativa ao prazo de prescrição), decide-se a imputação mediante o pagamento preferencial dos créditos de valor mais elevado (ordem decrescente dos montantes).

Na situação hipotética trazida pelo enunciado da questão, João era contribuinte quanto a ambos os débitos, não sendo possível a aplicar o “critério 1”. Outrossim, as duas dívidas se relacionam com imposto (IPTU), impedindo que a “regra 2” resolva a imputação. Nada obstante, existe a informação que um dos créditos é de 2011 e o outro de 2013. Assim, cabível aplicar a “regra 3” (=ordem crescente do prazo de prescrição), mediante a imputação do pagamento no crédito que possua o menor prazo de prescrição, isto é, aquele constituído a mais tempo, qual seja, o do ano de 2011.

Correta assim a assertiva.

Ressalta-se, por fim, que consoante dispõe o enunciado nº 464 do STJ: “A regra de imputação estabelecida no art. 354 do Código Civil (CC) não se aplica às hipóteses de compensação tributária”.

Com efeito, o art. 354 do CC determina que, em regra, havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e, depois, no capital. Contudo, tal entendimento não se aplica no direito tributário, em face da existência de normas tributárias específicas que cuidam do tema, notadamente o art. 163 do CTN acima referido. Vale dizer, o art. 354 do CC é inaplicável aos débitos de natureza tributária, os quais se regem por normas cogentes e específicas, não admitindo a aplicação subsidiária de normas dispositivas do direito civil.

GABARITO: CERTO

15. Além de outros requisitos, a petição inicial em execução fiscal deve indicar o CPF ou CNPJ do executado, bem como estar acompanhada dos demonstrativos de cálculo do débito exequendo.

COMENTÁRIO

O art. 6º da Lei nº 6.830/80 (LEF) dispõe que:

Art. 6º - A petição inicial indicará apenas:

I - o Juiz a quem é dirigida;

II - o pedido; e

III - o requerimento para a citação.

§ 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita.

§ 2º - A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.

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§ 3º - A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial.

§ 4º - O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais.

O referido dispositivo legal especifica os requisitos da petição inicial da execução fiscal, os quais são bem mais simplificados quando comparados com aqueles exigidos pelos arts. 282 e 614 do Código de Processo Civil.

Como a LEF é diploma específico relativamente ao CPC, não há falar, quanto aos requisitos indispensáveis da peça exordial, na aplicação subsidiária, ao rito da execução fiscal, das disposições contidas no Código de Processo Civil.

Tal raciocínio assim afasta, p. ex., a necessidade de que inicial executiva fiscal esteja aparelhada com os demonstrativos do débitos exequendo, conforme já teve a oportunidade de afirmar o STJ:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA - CDA. REQUISITOS DE CERTEZA E LIQUIDEZ. APRESENTAÇÃO DE DEMONSTRATIVOS DO DÉBITO. DESNECESSIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INOCORRÊNCIA.

1. A petição inicial da execução fiscal apresenta seus requisitos essenciais próprios e especiais que não podem ser exacerbados a pretexto da aplicação do Código de Processo Civil, o qual, por conviver com a lex specialis, somente se aplica subsidiariamente.

2. Os referidos requisitos encontram-se enumerados no art. 6º, da Lei 6.830/80, in verbis: “Art. 6º A petição inicial indicará apenas: I – o juiz a quem é dirigida; II – o pedido; e III – o requerimento para a citação. § 1º A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita. § 2º A petição inicial e a Certidão da Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.”

3. Consequentemente, é desnecessária a apresentação do demonstrativo de cálculo, em execução fiscal, uma vez que a Lei n.º 6.830/80 dispõe, expressamente, sobre os requisitos essenciais para a instrução da petição inicial e não elenca o demonstrativo de débito entre eles. Inaplicável à espécie o art. 614, II, do CPC. (Precedentes: AgRg no REsp 1049622/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 31/08/2009; REsp 1065622/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2009, DJe 23/04/2009; REsp 781.487/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/09/2008, DJe 11/09/2008; REsp 762748 / SC, PRIMEIRA TURMA, Relator Min. LUIZ FUX, DJ 12.04.2007; REsp n.º 384.324/RS, SEGUNDA

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TURMA, Rel. Min JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJU de 29/03/2006; REsp n.º 693.649/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 21/11/2005)

4. A própria Certidão da Dívida Ativa, que embasa a execução, já discrimina a composição do débito, porquanto todos os elementos que compõem a dívida estão arrolados no título executivo - que goza de presunção de liquidez e certeza -, consoante dessume-se das normas emanadas dos §§ 5º e 6º, do art. 2º, da Lei nº 6830/80, litteris: “Art. 2º (...) (...) § 5º - O Termo da Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: I – o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros; II – o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato; III – a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida; IV – a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo momento legal e o termo inicial para o cálculo; V – a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e VI – o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida. § 6º - A Certidão da Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será autenticada pela autoridade competente.”

5. In casu, conquanto o voto da Relatora tenha consagrado a tese perfilhada por esta Corte Superior, o voto vencedor, ora recorrido, exigiu a juntada aos autos de planilha discriminativa de cálculos, razão pela qual merece ser reformado.

(...)

7. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.

(REsp 1138202/ES, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010)

Seguindo a mesma linha da interpretação firmada no referido precedente (de ser a LEF lex specialis), recentemente o mesmo STJ (Informativo nº 0553 de 11 de fevereiro de 2015), rememorando inclusive as conclusões ali expostas, teve a oportunidade de assentar a dispensabilidade da indicação, na inicial executiva, do CPF ou CNPJ do executado:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DISPENSABILIDADE DA INDICAÇÃO DO CPF E/OU RG DO DEVEDOR (PESSOA FÍSICA) NAS AÇÕES DE EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO STJ).

Em ações de execução fiscal, descabe indeferir a petição inicial sob o argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG da parte executada, visto tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei 6.830/1980 (LEF), cujo diploma, por sua especialidade, ostenta primazia sobre a legislação de cunho geral, como ocorre

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em relação à exigência contida no art. 15 da Lei 11.419/2006. A Lei 6.830/1980, ao elencar no art. 6º os requisitos da petição inicial, não previu o fornecimento do CPF da parte executada, providência, diga-se, também não contemplada no art. 282, II, do CPC. A previsão de que a petição inicial de qualquer ação judicial contenha o CPF ou o CNPJ do réu encontra suporte, unicamente, no art. 15 da Lei 11.419/2006, que disciplina a informatização dos processos judiciais, cuidando-se, nessa perspectiva, de norma de caráter geral. Portanto, não se pode cogitar do indeferimento da petição inicial com base em exigência não consignada na legislação específica (Lei 6.830/1980-LEF), tanto mais quando o nome e endereço da parte executada, trazidos com a inicial, possibilitem, em tese, a efetivação do ato citatório. A Primeira Seção do STJ concluiu, em sede de repetitivo, por afastar a exigência de que a exordial da execução se fizesse acompanhar, também, da planilha discriminativa de cálculos; isso porque “A petição inicial da execução fiscal apresenta seus requisitos essenciais próprios e especiais que não podem ser exacerbados a pretexto da aplicação do Código de Processo Civil, o qual, por conviver com a lex specialis, somente se aplica subsidiariamente” (REsp 1.138.202-ES, Primeira Seção, DJe 1º/2/2010). Em tal perspectiva, deve-se reconhecer que, por seu caráter geral, o art. 15 da Lei 11.419/2006, no que impõe à parte o dever de informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o CPF ou CNPJ de pessoas físicas e jurídicas, encerra comando que cede frente aos enxutos requisitos contidos na legislação de regência da execução fiscal (Lei 6.830/1980), notadamente em seu artigo 6º. Embora o questionado fornecimento do CPF ou CNPJ não chegue a revelar incompatibilidade maior com o procedimento fiscal em juízo, a falta de apresentação desses dados pelo fisco, por não se erigir em requisito expressamente reclamado na lei especial de regência, não poderá obstruir o curso da execução, sem prejuízo de que esses dados possam aportar ao feito em momento ulterior. REsp 1.450.819-AM, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, julgado em 12/11/2014, DJe 12/12/2014.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DISPENSABILIDADE DA INDICAÇÃO DO CNPJ DO DEVEDOR (PESSOA JURÍDICA) NAS AÇÕES DE EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO STJ).

Em ações de execução fiscal, descabe indeferir a petição inicial sob o argumento da falta de indicação do CNPJ da parte executada, visto tratar-se de requisito não previsto no art. 6º da Lei 6.830/1980 (LEF), cujo diploma, por sua especialidade, ostenta primazia sobre a legislação de cunho geral, como ocorre em relação à exigência contida no art. 15 da Lei 11.419/2006. A Lei 6.830/1980, ao elencar no art. 6º os requisitos da petição inicial, não previu o fornecimento do CNPJ da parte executada, providência, diga-se, também não contemplada no art. 282, II, do CPC. A previsão de que a petição inicial de qualquer ação judicial contenha o CPF ou

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o CNPJ do réu encontra suporte, unicamente, no art. 15 da Lei 11.419/2006, que disciplina a informatização dos processos judiciais, cuidando-se, nessa perspectiva, de norma de caráter geral. Portanto, não se pode cogitar do indeferimento da petição inicial com base em exigência não consignada na legislação específica (Lei 6.830/1980), tanto mais quando o nome e endereço da parte executada, trazidos com a inicial, possibilitem, em tese, a efetivação do ato citatório. A Primeira Seção do STJ concluiu, em sede de repetitivo, por afastar a exigência de que a exordial da execução se fizesse acompanhar, também, da planilha discriminativa de cálculos, isso porque “A petição inicial da execução fiscal apresenta seus requisitos essenciais próprios e especiais que não podem ser exacerbados a pretexto da aplicação do Código de Processo Civil, o qual, por conviver com a lex specialis, somente se aplica subsidiariamente” (REsp 1.138.202-ES, Primeira Seção, DJe 1º/2/2010). Em tal perspectiva, deve-se reconhecer que, por seu caráter geral, o art. 15 da Lei 11.419/2006, no que impõe à parte o dever de informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o CPF ou CNPJ de pessoas físicas e jurídicas, encerra comando que cede frente aos enxutos requisitos contidos na legislação de regência da execução fiscal (Lei 6.830/1980), notadamente em seu artigo 6º. Embora o questionado fornecimento do CPF ou CNPJ não chegue a revelar incompatibilidade maior com o procedimento fiscal em juízo, a falta de apresentação desses dados pelo fisco, por não se erigir em requisito expressamente reclamado na lei especial de regência, não poderá obstruir o curso da execução, sem prejuízo de que esses dados possam aportar ao feito em momento ulterior. REsp 1.455.091-AM, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, julgado em 12/11/2014, DJe 2/2/2015.

Demais disso, a exigência do CPC ou mesmo da Lei 11.419/2006 a propósito da identificação, na petição inicial, dos nomes, prenomes, estado civil, profissão e residência do autor e do autor (art. 282, II, CPC) é suprida, no sistema da LEF, pela circunstância de a petição inicial da execução fiscal vir acompanhada da CDA (art. 6º, §1º, LEF), da qual devem constar o nome do devedor, dos corresponsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros (LEF, art. 2º, §5º, I, c/c §6º).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

16. Segundo o mais recente entendimento do STF, a tempestividade, pressuposto processual extrínseco, reputa-se ausente quando o recurso é interposto antes da publicação do acórdão recorrido.

COMENTÁRIO

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Como sabido, todo recurso, para ser conhecido, deve preencher certas condicionantes e requisitos de validade.

Antes de o órgão jurisdicional verificar se a irresignação veiculada no recurso é fundada ou infundada, tem de examinar a possibilidade de conhecer o recurso interposto pela parte. Vale dizer, tem de aferir se é admissível ou não o recurso. O correto preenchimento dos requisitos de admissibilidade do recurso constitui questão preliminar ao julgamento do seu mérito. Se os requisitos de admissibilidade do recurso estão presentes, então o órgão jurisdicional deve conhecê-lo. Poderá, a partir daí, verificar se deve provê-lo ou não (se o recorrente tem razão no que alega), de modo que, superado o juízo admissibilidade, verificar-se-á o efeito substitutivo em face da decisão recorrida (art. 512, CPC).

O juízo de admissibilidade recursal passa pela análise acerca da presença, ou não, dos requisitos de admissibilidade, os quais podem ser assim sistematizados:

1. Requisitos intrínsecos = concernentes à própria existência do poder de recorrer

- cabimento

- legitimidade para recorrer

- interesse recursal

- inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer

2. Requisitos extrínsecos = relativos ao modo de exercício do direito de recorrer

- preparo

- tempestividade

- regularidade formal

Tal classificação é atribuída a José Carlos Barbosa Moreira, sendo amplamente aceita na doutrina brasileira. Nada obstante, existem pequenas variações, como, p.ex., a posição pessoal do Prof. Fredie Didier Jr., que coloca a tempestividade como requisito intrínseco do recurso, vez que a perda do prazo operaria a preclusão do direito de recorrer (Curso De Direito Processual Civil, vol. 3, 11ª Ed., 2013, p. 46).

Ficaremos aqui, contudo, com a posição tradicional que aloca a tempestividade como requisito extrínseco de admissibilidade recursal.

Com efeito, dispõe tal condicionante no sentido de que todo recurso deve ser interposto no prazo assinalado pela legislação como sendo o adequado para o seu exercício. Os prazos recursais são peremptórios, não admitindo, em regra, modificação (art. 182, CPC). São ainda prazos próprios, com o que a não-observância gera preclusão temporal (art. 183, CPC). Se recorrente o Ministério Público ou a Fazenda Pública, incide o art. 188 do CPC, contando-se em dobro o respectivo prazo. Da mesma forma, a contagem do prazo será dobrada se os litisconsortes tiverem diferentes procuradores (art. 191, CPC), salvo se apenas um deles tenha sucumbido (Súmula 641, STF – “Não se conta em dobro o prazo para recorrer,

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quando só um dos litisconsortes haja sucumbido”).

Embora as críticas doutrinárias, existia certa resistência, no âmbito dos Tribunais Superiores, em considerar tempestivo o recurso interposto previamente à publicação do acórdão e/ou da intimação da decisão contra a qual a insurgência é manejada, o chamado recurso prematuro.

Nada obstante, o tema parece, ao menos no âmbito do Supremo Tribunal Federal, ter se consolidado no sentido da tempestividade do recurso interposto antes do respectivo prazo (antes da intimação da decisão), conforme noticiado recentemente no site do próprio STF, em precedente do Pleno do Tribunal:

Quinta-feira, 05 de março de 2015

STF afasta intempestividade de recurso apresentado antes da publicação de acórdão

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) alterou a jurisprudência da Corte para afastar o conceito de intempestividade para os recursos apresentados antes da publicação do acórdão – data até então considerada marco temporal do início do prazo para a interposição de embargos declaratórios ou agravos.

A decisão foi tomada durante o julgamento de embargos de declaração (convertidos em agravo regimental) no Agravo de Instrumento (AI) 703269, que trata de um litígio entre um ex-funcionário do Banco Bradesco S/A e a instituição financeira sobre questões salariais, pagamento de horas extras e auxílio-alimentação.

Ao apresentar a questão, o ministro Luiz Fux (relator) considerou que não pode ser considerado intempestivo um recurso apresentado dentro do prazo, ainda que antes da publicação do acórdão, lembrando que jurisprudência atual considera intempestivo o recurso apresentado tanto antes, quanto após o prazo. “Revela-se uma contradição considerar-se intempestivo um recurso que é interposto antes do escoamento do prazo”, afirmou.

O relator acrescentou que na Primeira Turma do STF, da qual fazem parte também os ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Roberto Barroso e Rosa Weber (presidente), já houve discussão em torno da necessidade de mudança de direcionamento quanto aos recursos considerados intempestivos. Fux acrescentou que a jurisprudência agora superada é “extremamente formalista e sacrifica a questão da justiça” e lembrou que a evolução no entendimento já está prevista no novo Código de Processo Civil (CPC), que entrará em vigor em 2016.

O ministro Marco Aurélio, que sempre afastou a intempestividade nestas circunstâncias, lembrou da característica do brasileiro de deixar as coisas para última hora e ressaltou que não se pode punir quem se antecipa. “Geralmente o brasileiro deixa para a undécima hora a prática do ato, mas há aqueles que se

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antecipam. Se antecipam na interposição de recurso, inclusive em relação ao prazo recursal. Chegam ao protocolo da Corte e interpõem o recurso que tem objeto, que é o acórdão, antes de detonado o prazo inicial desse prazo. Entendo que esse ato é válido”, afirmou.

O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, manifestou preocupação quanto aos casos em que os embargos são apresentados antes da publicação do acórdão e não guardam relação com a decisão questionada. Lewandowski salientou que se a parte não conhece o acórdão, não pode embargar de modo genérico, sem atacar os pontos específicos.

Incorreta assim a assertiva da questão, pois, embora a tempestividade possa ser enquadrada dentro dos requisitos extrínsecos de admissibilidade recursal, estará sim ela presente na hipótese do chamado recurso prematuro.

GABARITO: ERRADO

17. Admite-se a execução provisória das astreintes, quando fixadas em antecipação de tutela, desde sejam confirmadas em sentença e que o recurso desta decisão eventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo.

COMENTÁRIO

O art. 461, §4º do CPC, dispondo acerca da efetivação/cumprimento das obrigações de fazer ou não fazer, consagra previsão que possibilita ao juiz impor ao réu recalcitrante a fixação de multa coercitiva de modo a assim possibilitar o cumprimento de obrigações daquela natureza:

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 1º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).

§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou

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compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.

§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

Trata-se das chamadas “astreintes”, que possuem por finalidade coagir o demandado ao cumprimento do fazer ou não fazer, constituindo assim forma de pressão sobre a vontade do réu, destinando-se a convencê-lo a cumprir a ordem jurisdicional. Sua fixação, ademais, é possível para constranger ao cumprimento de decisões interlocutórias, sentenças ou acórdãos, sempre que neles se impor a observância de um fazer ou não fazer.

Nesse sentido, elucida a doutrina, comentando o instituto:

A multa é uma medida coercitiva que pode ser imposta, de ofício, ou a requerimento, no intuito de compelir alguém ao cumprimento de uma prestação. Trata-se de técnica de coerção indireta em tudo semelhante às astreintes do direito francês. Por ser uma medida coercitiva indireta, a multa está relacionada com as decisões mandamentais. Ela é, talvez, a principal, porque mais difundida, medida de coerção indireta, mas não é a única.

A multa tem caráter coercitivo. Nem é indenizatória, nem é punitiva. Isso significa que o seu valor reverterá à parte adversária, mas a título de perdas e danos. O seu valor pode, por isso mesmo, cumular-se às perdas e danos (art. 461, §2º, CPC). A multa tem caráter acessório: ela existe para coagir, para convencer o devedor a cumprir a prestação.

Justamente por isso, não pode ser irrisória, devendo ser fixada num valor tal que possa gerar no íntimo do devedor o temor do descumprimento. Também por ser coercitiva, a priori ela não tem teto, não tem limite, não tem valor pré-limitado. Se fosse punitiva, teria, como ocorre com a cláusula penal (art. 412 do Código Civil). (Fredie Didier Jr e Outros. Curso de Processo Civil, vol. 5: Execução. 5ª Edição, 2013, p. 459/460).

Muito comum, nesse sentido, a fixação da referida multa coercitiva em sede de tutela antecipatória, como no caso, por exemplo, em que o juiz profere decisão interlocutória no curso da demanda determinando que certa instituição bancária promova à exclusão do nome do consumidor de determinado registro negativo de crédito.

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Supondo que a demandada, nessa situação hipótese, descumpra a medida, haverá um crédito, oriundo dessa multa pecuniária, a ser pago à parte adversária.

Na hipótese, a execução, pelo beneficiário (demandante) desses valores fixados provisoriamente, não pode ocorrer de imediato, mas sim uma vez havendo a confirmação do direito em sentença, e que eventual recurso interposto deste decisum seja recebido despido de efeito suspensivo.

Foi exatamente nesse sentido que decidiu o Superior Tribunal de Justiça no seguinte julgado submetido à sistemática dos recursos representativos da controvérsia:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE MULTA COMINATÓRIA FIXADA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

A multa diária prevista no § 4º do art. 461 do CPC, devida desde o dia em que configurado o descumprimento, quando fixada em antecipação de tutela, somente poderá ser objeto de execução provisória após a sua confirmação pela sentença de mérito e desde que o recurso eventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo. Isso porque se deve prestigiar a segurança jurídica e evitar que a parte se beneficie de quantia que, posteriormente, venha se saber indevida, reduzindo, dessa forma, o inconveniente de um eventual pedido de repetição de indébito que, por vezes, não se mostra exitoso. Ademais, o termo “sentença”, assim como utilizado nos arts. 475-O e 475-N, I, do CPC, deve ser interpretado de forma restrita, razão pela qual é inadmissível a execução provisória de multa fixada por decisão interlocutória em antecipação dos efeitos da tutela, ainda que ocorra a sua confirmação por acórdão. Esclareça-se que a ratificação de decisão interlocutória que arbitra multa cominatória por posterior acórdão, em razão da interposição de recurso contra ela interposto, continuará tendo em sua gênese apenas a análise dos requisitos de prova inequívoca e verossimilhança, próprios da cognição sumária que ensejaram o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela. De modo diverso, a confirmação por sentença da decisão interlocutória que impõe multa cominatória decorre do próprio reconhecimento da existência do direito material reclamado que lhe dá suporte, o qual é apurado após ampla dilação probatória e exercício do contraditório. Desta feita, o risco de cassação da multa e, por conseguinte, a sobrevinda de prejuízo à parte contrária em decorrência de sua cobrança prematura, tornar-se-á reduzido após a prolação da sentença, ao invés de quando a execução ainda estiver amparada em decisão interlocutória proferida no início do processo, inclusive no que toca à possibilidade de modificação do seu valor ou da sua periodicidade. REsp 1.200.856-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 1º/7/2014 (Informativo nº 546).

GABARITO: CERTO

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18. As decisões condenatórias dos Tribunais de Contas gozam da eficácia de título executivo extrajudicial, e assim podem ser de pronto executadas pelo Ministério Público que oficie junto à Corte de Contas.

COMENTÁRIO

Por expressa disposição constitucional, as decisões dos tribunais de contas que imponham condenação patrimonial – a título de ressarcimento ao erário ou multa – aos responsáveis por irregularidades no trato da coisa pública gozam de eficácia de título executivo extrajudicial, na forma do disposto no art. 71, §º, da Constituição:

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.

A par de certa divergência, tem-se entendido que o título executivo (acórdão do TCU) não necessariamente precisa ser inscrito em dívida ativa, mormente por gozar de pronta eficácia executiva.

Nada obstante, a sua inscrição ou não em dívida ativa, exsurge como opção discricionária do ente público:

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE DECISÃO CONDENATÓRIA DO TCU. DESNECESSIDADE DE INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA E CONSEQUENTE INAPLICABILIDADE DA LEI N. 6.830/80. 1. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. 2. Recurso especial provido para determinar que a execução prossiga nos moldes do Código de Processo Civil. (REsp 1390993/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe 17/09/2013)

Não havendo o ato de inscrição, a cobrança forçada desses valores segue o rito da execução por quantia certa do Código de Processo Civil:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO FUNDADO EM DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS. CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO. RITO COMUM DO CPC. PRECEDENTES DO STJ. (...) 2. Consoante a orientação jurisprudencial predominante nesta Corte, não se aplica a Lei n. 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa - CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1322774/

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SE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 06/08/2012).

Feitas essas rápidas considerações introdutórias, cabe destacar o desacerto do enunciado da questão.

Isso porque o STF, consolidando sua iterativa jurisprudência agora em sede de repercussão geral (ARE 823347), expressamente assentou que a execução de condenação por Tribunal de Contas só pode ser proposta pela respectiva entidade beneficiária.

O resultado desse julgamento inclusive foi noticiado no próprio site do Supremo na data de 06.10.2014.

Na ocasião, reconheceu-se a ilegitimidade do Ministério Público para executar condenação patrimonial imposta pela Corte de Contas.

A forma com que noticiado o julgamento no site do Supremo é de todo elucidativa:

No caso dos autos, o MP maranhense questionou acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-MA) que o julgou ilegítimo para executar as decisões do Tribunal de Contas que impõem a responsabilização de gestor público ao pagamento de multa por desaprovação de contas. No Supremo, o MP-MA sustentou sua legitimidade para propor a ação, afirmando que a sua atuação na hipótese “nada mais seria que exercício de defesa do patrimônio público, preconizado pela Constituição Federal, artigo 129, III”.

O relator do recurso, ministro Gilmar Mendes, manifestou-se pela existência de repercussão geral da matéria, visto que “a discussão transborda os interesses jurídicos das partes”. Para ele, “há significativa relevância da controvérsia, nos termos da repercussão geral, e respectivas vertentes jurídica, política, econômica e social”.

Quanto ao mérito, ele destacou que o tema é objeto de atenção do STF há décadas. A jurisprudência consolidada em julgamentos no Plenário e nas Turmas e também em decisões monocráticas, afirmou o relator, compreende que “a ação de execução pode ser proposta tão somente pelo ente público beneficiário da condenação imposta pelos tribunais de contas”. O relator destacou que o entendimento foi firmado no julgamento do RE 223037, de relatoria do ministro Maurício Corrêa (aposentado).

O ministro sustentou ainda que, diante do exposto no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, não se comporta interpretação ampliativa. “É ausente a legitimidade ativa do parquet”, concluiu.

Por maioria, foi reconhecida a repercussão geral da matéria, vencido o ministro Marco Aurélio. No mérito, foi negado provimento ao recurso e reafirmada a jurisprudência da Corte, vencidos os ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli.

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Com efeito, constata-se que a jurisprudência do STF já se inclinava nesse sentido conforme se percebe das ementas dos seguintes acórdãos:

II - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas somente pode ser ajuizada pelo ente público beneficiário da condenação. Precedentes. III - Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 791577 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 12/08/2014).

LEGITIMIDADE ATIVA – MINISTÉRIO PÚBLICO – EXECUÇÃO – CONDENAÇÃO POR TRIBUNAL DE CONTAS – PRECEDENTE. Conforme entendimento consolidado do Supremo, os títulos executivos decorrentes de condenações impostas pelo Tribunal de Contas somente podem ser propostas pelo ente público beneficiário da condenação. (RE 791575 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 29/04/2014).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVA. BENEFICIÁRIO DA CONDENAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a ação de execução de penalidade imposta por Tribunal de Contas somente pode ser ajuizada pelo ente público beneficiário da condenação. Precedentes. II - Agravo regimental improvido. (RE 606306 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 18/06/2013)

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO. MULTA IMPOSTA POR TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL A PREFEITO. LEGITIMIDADE ATIVA DO ENTE PÚBLICO PREJUDICADO. PRECEDENTES. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO EM 10.7.2006. As razões do agravo não são aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se refere à entrega da prestação jurisdicional e à conformidade do entendimento regional com a jurisprudência desta Casa, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordinário. No âmbito técnico-processual, o grau de correção do juízo de valor emitido na origem não se confunde com vício ao primado da fundamentação, notadamente consabido que a disparidade entre o resultado do julgamento e a expectativa da parte não sugestiona lesão a norma do texto republicano. Acórdão regional no sentido de que o legitimado para propor a ação de execução de multa imposta pelos Tribunais de Contas a autoridade municipal é o ente público prejudicado. Precedentes. Agravo conhecido e não provido. (AI 765470 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 18/12/2012).

Deste modo, como o Tribunal de Contas é despido de personalidade jurídica (quanto muito tem

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personalidade judiciária para a defesa de suas prerrogativas), o crédito será titularizado pela pessoa jurídica em favor de quem reverterá o valor da condenação, a ser executada judicialmente por intermédio de sua respectiva Procuradoria.

Imagina-se, por exemplo, um acórdão que impute débito, a determinado agente público, e que reconheça ser o mesmo devido a uma determinada Autarquia Federal. Aí evidentemente a legitimidade para a execução do título será da Procuradoria da Autarquia. No mesmo sentido, sendo o valor glosado revertido em favor da União, a Advocacia-Geral da União é que terá a legitimidade para promover a sua cobrança na via executiva judicial.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

19. A jurisprudência do STJ, tendo como fundamento o Princípio da Preservação da Empresa, é pacífica no sentido de não admitir a penhora sobre o faturamento da empresa devedora.

COMENTÁRIO

Segundo André Santa Cruz Ramos,

Um dos princípios mais alardeados pela doutrina especializada nos dias atuais é o princípio da preservação da empresa, o qual vem sendo amplamente difundido, inspirando alterações legislativas recentes, como a Lei 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas), e fundamentando inúmeras decisões judiciais. (Direito Empresarial Esquematizado, 2ª Ed., pág 26).

Tendo em vista o papel das empresas na economia, o que se quer com este princípio é proporcionar os meios para que as empresas em dificuldade se recuperem e se mantenham no mercado, garantindo, assim, empregos, tributos, produção e etc.

Contudo, o intuito de preservar a empresa não tem o condão de blindá-la das investidas patrimoniais por parte dos credores, impossibilitando, a priori, a penhora sobre o faturamento de uma empresa. Entretanto, para que a penhora sobre o faturamento não seja capaz de levar a empresa à bancarrota, a mesma jurisprudência que a admite (incorreta, portanto, a assertiva) criou certas “condicionantes”, tendo em vista o Princípio da Menor Onerosidade do Devedor e, indiscutivelmente, atribuindo aos casos concretos contornos próprios do Princípio da Preservação da Empresa. Vejam:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA SOBRE O FATURAMENTO. MEDIDA EXCEPCIONAL. PRECEDENTES. NÃO LOCALIZAÇÃO DE BENS PASSÍVEIS DE PENHORA. PRETENSÃO QUE ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA N. 7 DO

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STJ. DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO. 1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que a penhora sobre o faturamento da empresa é admitida, excepcionalmente, quando presentes os seguintes requisitos: (i) não-localização de bens passíveis de penhora e suficientes à garantia da execução ou, se localizados, de difícil alienação; (ii) nomeação de administrador; (iii) não-comprometimento da atividade empresarial - sem que isto configure violação ao princípio da menor onerosidade ao devedor. Precedentes: REsp 1.130.972/ PR, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 04/04/2011; AgRg no Ag 1.349.856/RS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 02.02.2011; REsp n. 903.658/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13/10/2008. [...] (AgRg no AREsp 573.647/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 03/02/2015)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - PENHORA SOBRE O FATURAMENTO DE EMPRESA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO INSURGÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA. 1. Impossibilidade de análise de dispositivo constitucional, sob pena de usurpação de competência do STF. 2. Violação ao artigo 535 do CPC não configurada. Acórdão estadual que enfrentou de modo fundamentado todos os aspectos essenciais ao julgamento da lide. 3. A jurisprudência desta Corte é assente quanto à possibilidade de a penhora recair, em caráter excepcional, sobre o faturamento da empresa - desde que observadas, cumulativamente, as condições previstas na legislação processual (arts. 655-A, § 3º, do CPC) e o percentual fixado não torne inviável o exercício da atividade empresarial - sem que isto configure violação do princípio exposto no art. 620 do CPC. [...] (AgRg no AREsp 158.436/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 27/03/2014, DJe 04/04/2014)

A par desse entendimento, lembro a vocês do teor da Súmula 451 do mesmo STJ, segundo a qual “é legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial”.

GABARITO: ERRADO

20. A prévia publicação de edital em jornal de grande circulação prevista no § 1° do art. 142 da Lei 11.101/2005, é requisito que se restringe às modalidades ordinárias de alienação do ativo.

COMENTÁRIO

A alienação do ativo de uma empresa, no contexto do processo falimentar, pode se dar tanto de forma ordinária, através de leilão, propostas fechadas ou pregão (Art. 142 da Lei de Falências), quanto de forma extraordinária, ou seja, de forma diversa das 3 supramencionadas, desde que haja motivo justificado e aprovação pela assembleia-geral de credores (conforme Arts. 144 e 145 da Lei de Falências).

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Pois bem. Conforme recente decisão tomada no âmbito da 3ª Turma do STJ, veiculada no Informativo nº 555 do Tribunal, não é exigível a publicação prévia de edital em jornal de grande circulação na hipótese de alienação extraordinária do ativo, restringindo-se tal requisito à validade da alienação realizada pelas formas ordinárias. Vejam:

DIREITO EMPRESARIAL. ALIENAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DE ATIVO DA FALIDA E DESNECESSIDADE DE PRÉVIA PUBLICAÇÃO DE EDITAL. Na hipótese de alienação extraordinária de ativo da falida (arts. 144 e 145 da Lei 11.101/2005), não é necessária a prévia publicação de edital em jornal de grande circulação prevista no § 1° do art. 142 da Lei 11.101/2005. A Lei de Falências, em seu art. 142, prevê três modalidades ordinárias de alienação do ativo, quais sejam: leilão, pregão e propostas fechadas. Além disso, os arts. 144 e 145 do referido diploma legal preveem a alienação extraordinária do ativo da pessoa jurídica mediante proposta aprovada ou homologada pelo juiz. Ciente disso, verifica-se que não é necessário que a alienação extraordinária do ativo seja precedida de publicação de edital em jornal de grande circulação, para que seja dada ampla publicidade à intenção de venda, como exige o art. 142, § 1º, da Lei de Falências. Isso porque o referido dispositivo legal diz respeito exclusivamente à alienação ordinária, por três motivos, a saber: primeiro, por uma razão topográfica, pois o enunciado normativo do art. 142 diz respeito à alienação ordinária, sendo que a alienação extraordinária somente passa a ser tratada no art. 144 da Lei de Falências; segundo, por uma razão ontológica, uma vez que a necessidade de edital prévio praticamente eliminaria a diferença entre a alienação ordinária e a extraordinária, haja vista que, depois de publicado o edital, pouco restaria ao juiz além de proclamar a melhor proposta ou fazer uma sessão de lances mediante pregão ou leilão; e terceiro, por uma razão teleológica, pois a exigência de edital comprometeria a celeridade do procedimento de alienação do ativo, podendo inviabilizar a continuidade da atividade empresária, que é um dos principais objetivos da Lei de Falências. Por fim, cabe lembrar que até mesmo na execução individual, em que o devedor merece maior proteção do que na execução concursal, já se admite a venda direta de ativo, inclusive por preço inferior ao da avaliação, sem necessidade de publicação de editais, à luz do que dispõe o art. 685-C do CPC. REsp 1.356.809-GO, Rel. Min. Paulo De Tarso Sanseverino, julgado em 10/2/2015, DJe 18/2/2015.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: KHERSON MACIEL GOMES SOARES

DIREITO CIVIL

21. Eventuais ataques ilegítimos à honra ou à imagem das pessoas jurídicas de direito público

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podem e devem ser solucionados pelas vias legais expressamente consagradas no ordenamento jurídico, notadamente por sanções administrativas ou mesmo por ações de indenização por dano moral.

COMENTÁRIO

A possibilidade ou não de um ente público ser indenizado por dano moral sob a alegação de que sua honra ou imagem foram violadas, se apresenta como um tema de incontestável importância nas provas de concurso para a Advocacia Pública.

A par disso, saibam que o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que não é possível um ente público ser indenizado por dano moral sob a alegação de que sua honra ou imagem foram violadas.

Segundo o Tribunal da Cidadania, apenas pessoas jurídicas de direito privado, essencialmente sociedades empresariais que apontaram descrédito mercadológico em sua atividade, em razão da divulgação de informações desabonadoras, podem sofrer dano moral por ofensa a sua honra objetiva. Destarte, não seria permitido a pessoa jurídica de direito público pleitear, contra particular, indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da imagem.

O caso concreto paradigma, diz respeito a um recurso do Município de João Pessoa-PB, que pretendia receber indenização da Rádio e Televisão Paraibana Ltda., sob a alegação de que a empresa teria atingido, ilicitamente, sua honra e imagem (REsp 1.258.389-PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013).

Essa diretriz jurisprudencial acolhida pelo STJ encontra suporte legitimador na ideia de que o reconhecimento da possibilidade teórica de um ente público pleitear indenização por dano moral contra o particular constituiria, segundo aquele Tribunal, uma completa subversão da essência dos direitos fundamentais, uma real ameaça a centros nervosos do Estado Democrático de Direito, como a imprensa livre e independente.

Nessa linha intelectiva, a indagação sobre a aptidão de alguém sofrer dano moral passa necessariamente pela averiguação da possibilidade teórica de titularização de direitos fundamentais. Sucede que, segundo o STJ, a inspiração imediata da positivação de direitos fundamentais resulta precipuamente da necessidade de proteção da esfera individual da pessoa humana contra ataques tradicionalmente praticados pelo Estado.

Cumpre ter presente, bem por isso, neste ponto, que a doutrina e jurisprudência nacionais majoritárias somente reconhecem às pessoas jurídicas de direito público direitos fundamentais de caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos, isto é, direitos oponíveis ao próprio Estado, e não ao particular.

No entanto, em se tratando de direitos fundamentais de natureza material pretensamente oponíveis contra particulares, a jurisprudência do STF nunca referendou a tese de titularização por pessoa jurídica de direito público (AC 2.032-QO/SP, Rel. Min. Celso de Mello, Pleno).

Cite-se, a propósito, o valioso magistério de Paulo Gustavo Gonet Branco, em obra conjunta escrita com

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Gilmar Ferreira Mendes e Inocêncio Mártires Coelho (Curso de Direito Constitucional, p. 349/350, item n. 12.1, 2010, Saraiva), cuja lição ressalta a possibilidade constitucional de pessoas jurídicas titularizarem, elas mesmas, direitos e garantias fundamentais, aí incluídas, no que concerne às prerrogativas jurídicas de ordem processual/procedimental, as próprias pessoas de direito público:

“Não há, em princípio, impedimento insuperável a que pessoas jurídicas venham, também, a ser consideradas titulares de direitos fundamentais, não obstante estes, originalmente, terem por referência a pessoa física. Acha-se superada a doutrina de que os direitos fundamentais se dirigem apenas às pessoas humanas. Os direitos fundamentais suscetíveis, por sua natureza, de serem exercidos por pessoas jurídicas podem tê-las por titular (…)”.

Como elucidou o Ministro Luis Felipe Salomão (Relator):

“(...) o reconhecimento de direitos fundamentais – ou faculdades análogas a eles – a pessoas jurídicas de direito público não pode jamais conduzir à subversão da própria essência desses direitos, que é o feixe de faculdades e garantias exercitáveis principalmente contra o Estado, sob pena de confusão ou de paradoxo consistente em ter, na mesma pessoa, idêntica posição jurídica de titular ativo e passivo, de credor e, a um só tempo, devedor de direitos fundamentais (...)” (REsp. 1.258.389-PB).

É de se ver, portanto, que a jurisprudência do STJ não vem aceitando o pleito de dano moral pelo Poder Público, mas apenas por pessoas jurídicas de direito privado. Daí porque, no caso concreto apresentado, se afiançou que o Enunciado de Súmula 227 de sua lavra (“A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”), “constitui solução pragmática à recomposição de danos de ordem material de difícil liquidação”, referindo-se, por conseguinte, apenas as pessoas jurídicas de direito privado.

É por tal motivo, que o Tribunal da Cidadania entendeu que:

“Eventuais ataques ilegítimos a pessoas jurídicas de direito público podem e devem ser solucionados pelas vias legais expressamente consagradas no ordenamento, notadamente por sanções administrativas ou mesmo penais; soluções que, aliás, se harmonizam muito mais com a exigência constitucional da estrita observância, pela administração pública, do princípio da legalidade, segundo o qual não lhe é dado fazer nada além do que a lei expressamente autoriza”.

Não se desconhece, como se afirmou, que a essencialidade dos direitos fundamentais seria a proteção do particular em face do Estado e não o contrário. Isso não quer dizer, todavia, que as pessoas jurídicas de direito público não sejam titulares de direitos fundamentais.

Sob tal aspecto, visando uma preparação diferenciada para vocês, como poderíamos em uma eventual prova de Advocacia Pública (subjetiva ou oral), justificar e defender essa titularização? Como criticar esse juízo do STJ pela impossibilidade de pleito de dano moral por pessoa jurídica de direito público?

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Ora, não existe razão para se dar tratamento diverso às pessoas jurídicas de direito privado ou de direito público, nesse ponto, especialmente na atual conjuntura Democrática. Do mesmo modo que as sociedades, comerciais ou civis, associações e ONGs gozam de um conceito perante a opinião pública, também as pessoas jurídicas de direito público possuem uma imagem a preservar perante os administrados.

“Nessa trilha, é possível situar o direito fundamental da pessoa coletiva de direito público dentro da dimensão objetiva dos direitos fundamentais, enfrentando o tema do direito à imagem do Estado, dentro da mesma perspectiva, acenando para a importância da prevenção e proteção desta imagem, com o fito de resgatar a credibilidade estatal junto à sociedade e reflexamente imbuir nas pessoas o senso de que o público lhes pertence e merece proteção por parte da coletividade.” (GÓIS, Ewerton Marcus de Oliveira. O direito à imagem do Estado brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 1742, 8 abr. 2008. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/11131).

Veja que os direitos fundamentais não são oponíveis apenas em face do ente estatal, mas também de outro indivíduo.

No mais, esse juízo do STJ é passível de críticas, porque não se pode limitar a amplitude do debate de ideias ocorrido dentro do próprio STJ, quando da edição do Enunciado de Súmula nº 227, aonde alguns Ministros reconheceram a possibilidade de pessoa jurídica pública sofrer dano moral.

No REsp nº 134.993/MA, por exemplo, o Relator, Ministro Sávio de Figueiredo Teixeira, transcreveu a seguinte lição da doutrina de Aguiar Dias:

“A pessoa jurídica pública ou privada, os sindicatos, as autarquias, podem propor ação de responsabilidade, tanto fundada no dano material como no prejuízo moral. Este ponto de vista, esposado pela generalidade dos autores, é sufragado hoje pacificamente pela jurisprudência estrangeira. A nossa carece de exemplos, ao menos de nós conhecidos. Não há razão para supor que não adote, ocorrida a hipótese, igual orientação (Da Responsabilidade Civil, v. II, 7ª ed., Forense, 1983)”.

Assim posta à questão:

“(...), há de se concluir que as pessoas jurídicas de direito público podem ser sujeitos passivos de dano moral, quando lhe atinja a honra objetiva, nos termos da Súmula nº 227 do STJ, podendo pleitear indenização conforme garante o art. 5º, incisos V e X, da Constituição Federal, o qual não as excluiu de seu alcance, sendo certo que o art. 52 do Código Civil estabelece ser aplicável às pessoas jurídicas, também sem excluir as de direito público, a proteção aos direitos da personalidade.” (OLIVEIRA JÚNIOR, Antonio de Pádua. Da possibilidade da pessoa jurídica de Direito Público sofrer dano moral e pleitear indenização. Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n.4061, 14 ago. 2014. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/29158).

Registre-se, ainda, a existência de um interessante precedente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região,

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onde se entendeu cabível a fixação de dano moral contra particular em favor da Receita Federal (Apelação cível nº 5006609-51.2013.404.7002/PR/Agosto de 2014).

Deste modo, após consignarem o entendimento do STJ, defendam a possibilidade de uma titularização mais ampla e a aplicação do Enunciado de Súmula 227 às pessoas jurídicas de direito público. Vistam a blusa da Advocacia Pública!

Sendo assim, e em face das razões expostas, cogente concluir pelo erro no final da questão em análise, em que pese seu acerto inicial.

GABARITO: ERRADO

22. A invalidação da alienação de imóvel comum, fundada na falta de consentimento do companheiro, dependerá da publicidade conferida à união estável, mediante a averbação de contrato de convivência ou da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da demonstração de má-fé do adquirente.

COMENTÁRIO

O enunciado em exame retrata juízo do Superior Tribunal de Justiça, ao solucionar questão em torno da verificação da necessidade de consentimento do companheiro para a alienação de bem imóvel adquirido na constância de união estável e a possibilidade de invalidação do negócio jurídico celebrado e do registro imobiliário correspondente em face da ausência do referido consentimento.

O caso concreto analisado pelo Tribunal da Cidadania, diz respeito a um casal que conviveu em união estável, período no qual adquiriam um imóvel, aonde residiram até a separação. Em seguida, o bem foi locado para complementação da renda, sendo desocupado pouco tempo depois. Quando um deles tentou retomar a sua posse, foi surpreendido com a notícia de seu companheiro que ele transferira o imóvel para pagamento de dívidas sem o seu consentimento (REsp 1.424.275-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/12/2014, DJe 16/12/2014).

Presente esse contexto, impõe-se destacar, preliminarmente, que com o objetivo de proteger o patrimônio familiar, o atual Código Civil disciplinou o instituto da outorga conjugal, em seu art. 1647 do CCB, in verbis:

“Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam

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integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.” (grifo nosso).

Cabe relembrar, neste ponto, que o Código Civil incorporou substancialmente o que estava tratado pela Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996 (regula o § 3° do art. 226 da Constituição Federal de 1988). A propósito, preleciona a doutrina que, “(...) foram incorporados os requisitos da união estável, os seus deveres, a proteção patrimonial, o direito a alimentos e os direitos sucessórios (os últimos totalmente remodelados).” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Vol. único. 4ª ed. São Paulo: Método, 2014. p. 911). (grifo nosso).

A par disso, ante a pertinência de seu conteúdo, apresentamos a redação do artigo 5º da aludida Lei 9.278/1996:

“Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito. (grifo nosso).

§ 1° Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente ao início da união.

§ 2° A administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, salvo estipulação contrária em contrato escrito.” (grifo nosso).

Note que ao dispor acerca dos bens adquiridos na constância da união estável, o “caput” desse dispositivo legal estabeleceu serem eles considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos os conviventes, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.

Perceba, ainda, que o seu §2° dispôs que a administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, questão também submetida ao poder de disposição dos conviventes.

Com efeito, se sobressai o dever de salvaguardar o patrimônio comum, em relação ao qual jaz uma espécie de condomínio natural, segundo esse regime jurídico estabelecido pela Lei 9.278/96 para os conviventes.

Daí porque a alienação de bem co-titularizado por ambos os conviventes, sem a anuência de um dos condôminos, representaria alienação, ainda que em parte, de coisa alheia, caracterizando uma venda “a non domino”, ou seja, um ato ilícito.

Vale recordar que “o art. 1.268 do CC trata da alienação a non domino, aquela realizada por quem não é o dono da coisa (...).” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Vol. único. 4ª ed. São Paulo: Método, 2014. p. 716).

“Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade,

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exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.

§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.

§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo”.

Por outro lado, há a considerar, ainda, por relevante, a importância de zelar pela aplicação das regras atinentes à comunhão parcial de bens, na forma do art. 1.725 do CCB, dentre as quais se insere aquela do já transcrito art. 1.647 do Código Civil.

“Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; (...)”.

“Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.” (grifo nosso).

A aplicação da regra do art. 1647, “caput”, decorre diretamente da disposição do art. 1.725, ao prescrever serem aplicáveis à união estável as regras do regime da comunhão parcial de bens, sendo consequência inerente à incidência daquelas próprias normas.

É que o art. 1.725 do Código Civil ao expressamente estatui que, “salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”, bem como o art. 1.647, I, do mesmo Código obrigar o cônjuge casado sob o regime legal a obter a autorização de seu consorte para alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis, mostrou-se necessário, também com relação aos companheiros, essa autorização.

Assim, de acordo com o citado art. 1.725, se duas pessoas vivem em união estável, seria como se elas fossem casadas sob o regime da comunhão parcial de bens.

Corroborando, pois, o Superior Tribunal de Justiça, fazendo referência à doutrina, afiançou que:

“O regime de bens, ou seja, o estatuto patrimonial a vigorar entre os conviventes, regula, de acordo com Arnaldo Rizzardo (in Direito de Família, 3ª ed., Ed. Forense, 2005, p. 618): “a propriedade, a administração, o gozo e a disponibilidade dos bens; a responsabilidade dos cônjuges por suas dívidas e a fórmulas para o partilhamento dos bens quando da dissolução da sociedade conjugal”” (REsp. 1.424.275-MT). (grifo nosso).

E de maneira especial acerca da disponibilidade dos bens, em se tratando de regime que não o da

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separação absoluta de bens, consoante disciplinou o Código Civil no seu título II, Subtítulo I, Capítulo I, art. 1.647, nenhum dos cônjuges poderá, sem autorização do outro, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis.

Vê-se, portanto, que a interpretação dos dispositivos do art. 5º da lei 9.278/96 e dos já referidos arts. 1.725 e 1.647 do CCB alcançam a União Estável.

Se não bastasse isso, a noção de proteção à família, estabelecida com a outorga uxória e marital em relação ao casamento, se estende à União Estável, que é uma entidade familiar (a CF/88 equipara a união estável ao casamento - art. 226, § 3º), incidindo sobre ela os ditames do art. 1.647, eis que o referido artigo se trata de norma de proteção e não de exclusão.

“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (...)”.

Dentro desse contexto, emerge, com nitidez, a ideia do STJ de que:

“A interpretação dessas normas, ou seja, do art. 5º da lei 9.278/96 e dos já referidos arts. 1.725 e 1.647 do CCB, fazendo-as alcançar a união estável, não fosse pela subsunção mesma, esteia-se, ainda, no fato de que a mesma ratio que, indisfarçavelmente, imbuiu o legislador a estabelecer a outorga uxória e marital em relação ao casamento, mostra-se presente em relação à união estável, ou seja, a proteção da família, com a qual, aliás, compromete-se o Estado, seja legal, seja constitucionalmente.” (REsp. 1.424.275-MT).

Assim, seja pela interpretação do art. 5º da lei 9.278/96 e dos já citados arts. 1.725 e 1.647 do CC, ou pela inexistência de diferença entre a proteção da família formada pelo casamento ou pela união estável, qualquer alienação de bem comum pelo companheiro depende de autorização expressa do outro. Inclusive, a falta de autorização enseja ao prejudicado direito e pretensão à anulação do ato e do respectivo registro público.

Não se pode deslembrar, porém, dos interesses de terceiros de boa-fé e, assim, da segurança jurídica necessária para o fomento do comércio jurídico.

Nesse sentido, os efeitos da inobservância da autorização conjugal em sede de união estável dependerão, para a sua produção, isto é, para a eventual anulação da alienação do imóvel que integra o patrimônio comum, da existência de uma prévia e ampla notoriedade dessa união estável.

Como se sabe, o casamento, como entidade familiar, não se difere em nenhum aspecto da união estável, que também é uma entidade familiar. A Constituição Federal de 1988, não discrimina qualquer núcleo familiar. No entanto, quando se analisa o casamento como ato jurídico formal e solene, as diferenças entre este e a união estável se fazem presentes, e somente em razão dessas diferenças, se justifica eventual

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tratamento distinto.

O casamento possui uma peculiar conformação registral, uma vez que dele decorre a automática alteração de estado de pessoa e, por conseguinte, dos documentos que identificam os indivíduos. É, precisamente, por isso, que essa ampla e irrestrita publicidade é inata ao casamento.

Por outro lado, na união estável, não é ínsita essa ampla e irrestrita publicidade, de modo que a anulação da alienação do imóvel dependerá da averbação do contrato de convivência ou do ato decisório que declara a união no Registro Imobiliário em que inscritos os imóveis adquiridos na constância da união.

Por isso mesmo, a já mencionada regra do art. 1.647, I, do CC para ser aplicada à união estável, exige a publicidade aos eventuais adquirentes a respeito da existência dessa união estável.

Resulta desse contexto o fato – que parece irrecusável – de que diante da necessidade de um mínimo de segurança jurídica nas relações negociais, os atos jurídicos celebrados de boa-fé devem ser preservados.

Dito de outro modo, quando os conviventes tornarem pública sua relação, mediante a averbação de contrato de convivência ou da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, não se poderá considerar o terceiro adquirente do bem como de boa-fé.

Como bem elucidou o STJ:

“Nas hipóteses em que os conviventes tornem pública e notória a sua relação, mediante averbação no registro de imóveis em que cadastrados os bens comuns, do contrato de convivência ou da decisão declaratória da existência da união estável, não se poderá considerar o terceiro adquirente do bem como de boa-fé, assim como não seria considerado caso se estivesse diante da venda de bem imóvel no curso do casamento.” (REsp. 1.424.275-MT).

A contrario sensu, não existindo o registro da relação na matrícula dos imóveis comuns, ou não se demonstrando a má-fé do adquirente, cogente presumir sua boa-fé, não sendo aceitável invalidar um negócio jurídico que aparentemente foi fielmente celebrado.

De se enfatizar, que foi o que ocorreu no caso concreto apresentado, em que não houve qualquer registro no álbum imobiliário em que inscrito o imóvel ou mesmo da existência da união estável, tampouco existiu alguma prova de que o adquirente do apartamento estava de má-fé.

O que se conclui, em suma, é que, a invalidação da alienação de imóvel comum, fundada na falta de consentimento do companheiro, dependerá da publicidade conferida à união estável, mediante a averbação de contrato de convivência ou da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da demonstração de má-fé do adquirente.

GABARITO: CERTO

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PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

23. A doutrina Monroe, de autoria do ex-presidente dos Estados Unidos da América James Monroe, propunha a proibição do uso da força armada pelos Estados para obrigar outros entes estatais a realizar o pagamento de suas dívidas.

COMENTÁRIO

Inseridas na construção do princípio e dever de não intervenção de um Estado sobre outro, há duas importantes doutrinas, citadas em praticamente todos os manuais de direito internacional público (e que, portanto, podem muito bem ser cobradas em provas de concursos públicos), são elas: a doutrina Monroe e a doutrina Drago.

A primeira, exposta em mensagem enviada pelo ex-presidente estadunidense James Monroe ao Congresso do seu país, em 1823, asseverava, em suma, a impossibilidade de intervenção dos países europeus sobre Estados do continente americano.

A preocupação norte-americana, naquele momento, se justificava, dado que vários países americanos haviam conquistado sua independência das antigas colônias europeias recentemente.

No início do século XX, entretanto, sob o governo do presidente Theodor Roosevelt, a mesma teoria foi aplicada através de interpretação subvertida, para possibilitar a interferência dos Estados Unidos sobre países do continente americano, sob o pretexto de evitar ingerências indevidas de países europeus, no que, como leciona Valerio Mazzuoli, os americanos passaram a chamar de Roosevelt corollary to the Monroe doctrine.

Mazzuoli bem disserta sobre os méritos e deméritos da doutrina Monroe:

(...) a doutrina Monroe teve o inegável mérito de permitir que os demais países do continente americano, sobretudo os de origem latina, mantivessem sua integridade territorial e se fortalecessem politicamente, consolidando sua independência. Entretanto, ela não impediu que os próprios Estados Unidos interviessem, posteriormente, no México, em Cuba e nos países do Caribe, em flagrante violação à soberania dos demais países americanos em contradição com seus princípios teóricos tradicionais. (...) Daí as duas faces da doutrina Monroe: a) não intervencionista quando os interesses americanos estavam em jogo, ou quando a intervenção era contrária à política norte-americana; e b) intervencionista, ela mesma intervindo, ou não se importando com a intervenção europeia nos países latino-americanos, quando isso não interessasse à sua política ou aos seus negócios.

(MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 576).

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De outra parte, a doutrina Drago, também anti-intervencionista, foi criada pelo então Ministro das Relações Exteriores e Cultura da Argentina, Luís Maria Drago, em 1902.

Paulo Henrique Gonçalves Portela ensina que:

A Doutrina Drago nasceu a partir de um protesto dessa autoridade argentina contra o bloqueio e o bombardeio dos portos venezuelanos por embarcações alemãs, inglesas e italianas, em ação militar que tinha o intuito de forçar a Venezuela a pagar dívidas que tinha com esses três países.

Fundamentalmente, a Doutrina Drago pugna contra o emprego da força armada por um ou mais Estados quando voltado a obrigar outros entes estatais a pagarem dívidas que estes assumiram. Para a Doutrina Drago, “forçar o Estado ao pagamento de dívida pública contraria, assim, os Princípios de Direito Internacional”, acrescentando que um ato do tipo viola a soberania e a igualdade entre os Estados.

(PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado, 3. ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 176).

Diante das explicações postas, fica claro que quem propunha a proibição do uso da força armada pelos Estados para obrigar outros entes estatais a realizar o pagamento de suas dívidas era a doutrina Drago e não a doutrina Monroe, como constou na assertiva. A questão está, portanto, incorreta.

GABARITO: ERRADO

24. A supremacia da Carta da ONU em relação a todos os demais acordos internacionais é afirmada expressamente pela própria Carta de São Francisco.

COMENTÁRIO

A problemática da hierarquia entre os tratados internacionai e a legislação interna dos Estados é assunto bastante difundido e debatido na doutrina e na jurisprudência, tendo sido, inclusive, objeto de questão no último concurso para Advogado da União.

Já o tema da existência de hierarquia entre as convenções internacionais não é muito explorado, e poucos têm ciência de que a própria Carta da ONU afirma, em seu artigo 103, a sua supremacia frente a outros acordos internacionais, in verbis:

Artigo 103. No caso de conflito entre as obrigações dos Membros das Nações Unidas, em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da presente Carta.

Segundo Valerio Mazzuoli:

Deste dispositivo da Carta da ONU se tem inferido o caráter supraconvencional

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do convênio constitutivo das Nações Unidas, que deverá prevalecer sobre qualquer outro acordo internacional concluído por quaisquer de seus membros. Tal dispositivo coloca, portanto, a carta das Nações Unidas no ápice da hierarquia das normas do Direito Internacional Público, equiparando-se à hierarquia que detêm as normas constitucionais em relação às leis e demais normas infraconstitucionais do Direito interno estatal.

(MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 686).

A assertiva está correta, portanto.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

25. Conforme o Estatuto do Estrangeiro, não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira.

COMENTÁRIO

O tema tratado na assertiva está borbulhando no noticiário, ante a prolação de sentença, por juíza federal do Distrito Federal, determinando a deportação do italiano Cesare Battisti.

Ocorre que a extradição de Battisti fora negada pelo Presidente da República em 2010, em que pese o STF tivesse autorizado a extradição por entender que os crimes cometidos pelo italiano não se tratavam de crimes políticos.

O caso Cesare Battisti foi dissecado em uma das questões do nosso findado curso CEI-AGU.

Eis que surge um novo capítulo nessa “novela”, que parecia ter acabado.

Como o caso envolveu primeiro refúgio, depois extradição e agora deportação, é grande a confusão sobre o assunto entre os leigos e mesmo entre operadores de direito que não atuam ou têm conhecimento específico na área internacional. Por isso mesmo, é possível que questões de concursos abordem a problemática em breve.

Pois bem, antes de tudo, é preciso distinguir extradição de deportação. Para tanto, vamos aos conceitos fornecidos por Florisbal de Souza Del’Olmo:

[A deportação] Trata-se do processo de devolução de estrangeiro com permanência irregular no Brasil, ou que incorra nos casos do art. 57 do Estatuto do Estrangeiro. Ele deverá retornar compulsoriamente para o seu Estado ou para aquele de onde proveio.

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(...)

Entendemos extradição como o processo pelo qual um Estado entrega, mediante solicitação do Estado interessado, pessoa condenada ou indiciada nesse país requerente, cuja legislação é competente para julgá-la pelo crime que lhe é imputado. Destina-se a julgar autores de ilícitos penais, não sendo, em tese, admitida para processos de natureza puramente administrativa, civil ou fiscal.

(DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Curso de direito internacional privado, 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 100 e 103).

Em termos muito sucintos, pode-se então dizer que a deportação consiste na devolução de estrangeiro em situação irregular no país (ex.: ausência de visto ou visto vencido), enquanto a extradição importa na entrega de estrangeiro para julgamento ou cumprimento da pena em outro Estado.

No caso concreto de Cesare Battisti, a juíza federal do DF decidiu pela deportação com base nos arts. 7º, IV, 57 e 58 do Estatuto do Estrangeiro. Veja-se trecho da sentença:

De fato, no caso concreto, tal como afirmado pelo autor, o ato do Conselho Nacional de Imigração – CNI que concedeu a Cesare Battisti, visto de permanência definitiva no Brasil, contrariou norma de observância obrigatória, qual seja, a lei nº 6.815/80, que estipula em seu art. 7º, que não se concederá visto a estrangeiro condenado ou processado em outro país por crime doloso (o que foi expressamente reconhecido pelo STF), passível de extradição segundo a lei brasileira.

A propósito, transcrevo o referido dispositivo:

Art. 7º Não se concederá visto ao estrangeiro:

IV - condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a lei brasileira; ou”

Por outro lado, o Estatuto do Estrangeiro (lei 6.815/80), dispõe em seus arts. 57 e 58 o seguinte:

Art. 57. Nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento, será promovida sua deportação.

(Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

§ 1º Será igualmente deportado o estrangeiro que infringir o disposto nos artigos 21, § 2º, 24, 37, § 2º, 98 a 101, §§ 1º ou 2º do artigo 104 ou artigo 105.

§ 2º Desde que conveniente aos interesses nacionais, a deportação far-se-á independentemente da fixação do prazo de que trata o caput deste artigo.

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Art. 58. A deportação consistirá na saída compulsória do estrangeiro. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81)

Parágrafo único. A deportação far-se-á para o país da nacionalidade ou de procedência do estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo.

Aplica-se ao presente caso os dispositivos legais ora transcritos, vez que, além de existir óbice legal à concessão de permanência do estrangeiro no Brasil – condenação em outro país por crime doloso passível de extradição segundo a lei brasileira –, a situação se amolda à hipótese de deportação, em face da situação irregular em que se encontra.

O núcleo da fundamentação está, portanto, na irregularidade da concessão de visto de permanência a Battisti, uma vez que o art. 7º, IV, do E.E. veda a concessão de visto a estrangeiro condenado por crime doloso passível de extradição (relembre-se que o STF, sob a perspectiva da análise jurídica, autorizara a extradição). Assim, a situação de Cesare Battisti no Brasil seria irregular, o que demandaria a sua deportação.

Ocorre que, efetivamente (assertiva correta), o art. 63 do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80) afirma que: “Não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira”.

A respeito do referido dispositivo, Valerio Mazzuoli comenta tratar-se:

(...) do caso em que o estrangeiro está sendo deportado para país em que foi processado (ou já se encontra condenado) por crime que, segundo a lei brasileira, não autoriza a extradição.

(MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público, 9. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 791-792).

Esse é um dos argumentos da defesa de Battisti, o qual foi rebatido pela juíza sentenciante sob o fundamento de que a deportação não é feita obrigatoriamente através de devolução ao país da nacionalidade (no caso a Itália), podendo se dar também ao país de procedência ou outro que consinta em recebê-lo (art. 58, parágrafo único, do E.E.), o que, portanto, não acarretaria resultado prático de extradição.

Enfim, ainda não há decisão definitiva sobre o caso, uma vez que a sentença será objeto de recurso.

Com a devida vênia, ouso prever que a sentença será reformada. Entre outros motivos, pelo fato de que o entendimento da magistrada – em que pese, a meu ver, correto sob a ótica da interpretação estrita das normas legais – retira de todo os efeitos da decisão do Presidente da República, que havia negado a extradição.

Dessa forma, como asseverado pela União, através da AGU, nos autos do processo judicial, a decisão pela deportação viola a decisão política do Presidente da República.

De todo modo, a “novela” terá novos capítulos. A ver.

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GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

26. Embora a proteção à saúde esteja inserida no rol de competências de todos os entes da Federação, os estados-membros não têm competência para criar contribuição compulsória destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos e odontológicos prestados aos seus servidores.

COMENTÁRIO

Ao tratar das contribuições, a Constituição Federal dispõe:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

Percebe-se do dispositivo que compete privativamente à União a instituição de contribuição, com a exceção existente no parágrafo §1º do dispositivo acima citada, qual seja a possibilidade dos Estados, Distrito Federal e Municípios criarem contribuição para custeio do regime próprio de previdência social de servidores.

Outra suposta exceção seria a contribuição de iluminação pública, prevista no art. 149-A da Carta Magna. Digo suposta devido à controversa natureza jurídica de tal espécie tributária. Ultrapassado tal ponto, deve-se entender que a competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios limita-se a contribuição para custeio do regime PREVIDENCIÁRIO de seus servidores, não podendo haver ampliação desse escopo. Não é outro o entendimento do Supremo Tribunal Federal:

(...) O art. 149, caput, da Constituição atribui à União a competência exclusiva para a instituição de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais e econômicas. Essa regra contempla duas exceções, contidas no arts. 149, § 1º, e 149-A da Constituição. À exceção desses dois casos, aos Estados-membros não foi atribuída competência para a instituição de contribuição, seja qual for a sua finalidade. III - A competência, privativa ou

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concorrente, para legislar sobre determinada matéria não implica automaticamente a competência para a instituição de tributos. Os entes federativos somente podem instituir os impostos e as contribuições que lhes foram expressamente outorgados pela Constituição. IV - Os Estados-membros podem instituir apenas contribuição que tenha por finalidade o custeio do regime de previdência de seus servidores. A expressão “regime previdenciário” não abrange a prestação de serviços médicos, hospitalares, odontológicos e farmacêuticos. (RE 573540, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/04/2010, DJe-105 DIVULG 10-06-2010 PUBLIC 11-06-2010 EMENT VOL-02405-04 PP-00866 RTJ VOL-00217- PP-00568 RT v. 99, n. 900, 2010, p. 175-184)

Em igual teor os seguintes julgados: AI 726.098-AgR, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 21-8-2012, Primeira Turma, DJE de 6-9-2012; ARE 640.988-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 20-3-2012, Segunda Turma, DJE de 2-4-2012; RE 646.304-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 28-2-2012, Segunda Turma, DJE de 22-3-2012; AI 468.281-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13-12-2011, Primeira Turma, DJE de 15-2-2012; RE 585.919-AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 22-11-2011, Primeira Turma, DJE de 13-12-2011; RE 631.648-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-2-2011, Primeira Turma, DJE de 3-3-2011. Vide: AI 577.304-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19-10-2010, Primeira Turma, DJE de 16-11-2010; ADI 3.106, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 14-4-2010, Plenário, DJE de 24-9-2010.

Nessa seara, a criação de contribuição compulsória pelos Estados Membros para custeio de serviços médicos, odontológicos ou farmacêuticos é inconstitucional.

Tal questão é de grande importância para os concursos da advocacia pública, uma vez que vários entes federativos instituíram contribuição nesse sentido, dentre os quais: Município de Curitiba, Estados de São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Destaca-se ainda que tal entendimento já foi cobrado na prova da AGU/2012.

GABARITO: CERTO

27. O Princípio da Precedência da Fonte de Custeio é aplicável às entidades de previdência privada.

COMENTÁRIO

O art. 195, §5º, da Carta Magna, estabelece que:

Art. 195 – (...)

§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

Nas palavras do professor Frederico Amado:

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“Este princípio surgiu no Brasil através da Emenda 11/1965, que alterou a Constituição de 1946, sendo aplicável naquela época aos benefícios da previdência e da assistência social.

De fato, o que essa norma busca é uma gestão responsável da seguridade social, pois a criação de prestações no âmbito da previdência, da assistência ou da saúde pressupõe a prévia existência de recursos públicos, sob pena de ser colocado em perigo todo o sistema com medidas irresponsáveis.

Por conseguinte, antes de criar um novo benefício da seguridade social ou majorar/estender os já existentes, deverá o ato de criação indicar expressamente a fonte de custeio respectiva, através da indicação da dotação orçamentária, a fim de se manter o equilíbrio entre as despesas e as receitas públicas. Este princípio não poderá ser excepcionado nem em hipóteses anormais, pois a Constituição é taxativa.” (AMADO, Frederico. Direito Previdenciário: Coleção Sinopse para Concursos. 3º Edição. Ed. JusPodvim, 2013, pg 39).

Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal somente admite a aplicação desse princípio à seguridade social financiada por toda a sociedade, não se aplicando à previdência privada:

PREVIDENCIÁRIO E ADMINISTRATIVO. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. ISONOMIA ENTRE HOMENS E MULHERES. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. SÚMULAS STF 279 E 454. ART. 5º, I e XXXVI, 195, § 5º e 202, DA CF/88. IMPOSSIBILIDADE, NO CASO, DE PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS STF 282 E 356. 1. (...). 3. O Supremo Tribunal Federal possui entendimento de que o art. 195, § 5º, da CF/88, somente diz respeito à seguridade social financiada por toda a sociedade, sendo alheio às entidades de previdência privada. 4. Alegação de ofensa a incisos do artigo 5º da Constituição Federal. Ofensa meramente reflexa. Precedentes. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 583687 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 29/03/2011, DJe-076 DIVULG 25-04-2011 PUBLIC 26-04-2011 EMENT VOL-02508-01 PP-00108).

A Corte Constitucional também nega aplicação do princípio quando o benefício é criado diretamente da constituição, conforme o RE 220.752.

Dessa sorte, a assertiva está errada.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DO TRABALHO

CEI-ADVOCACIA PÚBLICA1ª RODADA 16/03/2015

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28. A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

COMENTÁRIO

A Constituição prevê que:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

(...)

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

Tal dispositivo traz duas espécies de contribuições: a) a contribuição confederativa (primeira parte do inciso); b) a contribuição sindical (segunda parte do dispositivo). Enquanto a primeira é voluntária e prevista por meio de assembleia geral do sindicato, a contribuição sindical é prevista em lei e é compulsória.

Acerca da contribuição sindical compulsória, o Supremo Tribunal Federal já firmou o entendimento que ela possui natureza tributária, constituindo, assim, receita pública.

Já a contribuição confederativa não possui natureza tributária, não dependendo, assim, de lei para sua edição e não sendo compulsória, sendo devida apenas aos filiados do sindicatos.

O Tribunal Superior do Trabalho corrobora com tal entendimento através do Precedente Normativo nº 119, mantido em agosto de 2014:

Nº 119 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS – (mantido) - DEJT divulgado em 25.08.2014 “A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.”

O Supremo Tribunal Federal possui o mesmo entendimento, inclusive, em 11/03/2015, aprovou transformou a Súmula 666 em Súmula Vinculante:

Súmula Vinculante 40: “A contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.

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CEI-ADVOCACIA PÚBLICA1ª RODADA 16/03/2015

Por ter redação idêntica ao enunciado da nova Súmula Vinculante está certa a assertiva em tela.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

29. A execução trabalhista, devido ao princípio do dispositivo, não pode ser iniciada de ofício.

COMENTÁRIO

A solução de tal assertiva é dada com facilidade pela leitura dos artigos 877 e 878 da Consolidação das Leis Trabalhistas:

Art. 877 - É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.

(...)

Art. 878 - A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.

Nas palavras da doutrina:

O art. 878 da CLT dispõe que a execução pode ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio¸ pelo próprio juiz ou presidente do tribunal competente. Portanto, uma das singularidades da execução trabalhista é a possibilidade de a execução ser promovida de ofício pelo magistrado trabalhista.

Por sua vez, dispõe o art. 877 consolidado que é competente para execução das decisões o juiz ou presidente do tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissidio.

(...)

Portanto, uma das singularidades da execução trabalhista é a possibilidade ser promovida pelo magistrado trabalhista.

Salienta-se que, embora, seja comum o início da execução ex officio pelo magistrado trabalhista, a doutrina menciona uma hipótese em que isso não seria possível.

Trata-se da execução de sentença que dependa de liquidação por artigos, onde, para fixação do valor devido ao exequente, é necessária a prova de fatos novos, exigindo-se a iniciativa do credor ou dos outros legitimados, não se admitindo, por conseguinte, que a execução seja promovida de ofício pelo juiz.” (SARAIVA,

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Renato. Curso de direito do trabalho. 6ª ed. – São Paulo: Método 2009, pg. 610).

Outra hipótese de execução de ofício na justiça do trabalho está descrita na própria Constituição Federal:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

(...)

VIII- a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

Destarte, está equivoca a questão em tela.

GABARITO: ERRADO

30. O princípio da identidade física do juiz não é aplicável à justiça do trabalho.

COMENTÁRIO

Segundo Renato Saraiva, “o princípio da identidade física do juiz determina que o juiz que colheu a prova (depoimento pessoal das partes, oitiva de testemunhas, esclarecimentos verbais do perito etc.) é quem deve proferir a sentença.” (idem, pg. 35).

No processo Civil tal princípio encontra-se positivado no art. 132 do Código de Processo Civil:

Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.

Todavia, por muito tempo os tribunais brasileiros entenderam pela não aplicação do princípio da identidade física do juiz ao processo do trabalho, conforme percebe-se das súmulas abaixo:

Súmula nº 136 do TST

JUIZ. IDENTIDADE FÍSICA (CANCELADA) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz.

Súmula 222 do STF

O princípio da identidade física do juiz não é aplicável às juntas de conciliação e julgamento da justiça do trabalho.

A doutrina explica o motivo de tal entendimento já ultrapassado:

No entanto, no âmbito trabalhista, o princípio da identidade física do juiz não era aplicado, principalmente pelo fato de que a jurisdição de 1º grau era exercida

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CEI-ADVOCACIA PÚBLICA1ª RODADA 16/03/2015

por uma Junta de Conciliação e Julgamento, formada por um juiz togado e dois juízes classistas temporários (um representante dos empregados e outro dos empregadores), restando a impossibilitada a aplicação de tal princípio, principalmente em função da temporariedade e rotatividade dos juízes classistas nas antigas juntas. (SARAIVA, Renato. Curso de direito do trabalho. 6ª ed. – São Paulo: Método 2009, pg. 35).

Todavia, o modelo de representação classista na justiça do trabalho foi extinta com a Emenda Constitucional nº 24/1999, motivo pelo qual o Tribunal Superior do Trabalho, com certo atraso, em 2012, cancelou sua Súmula 136. Assim, a Súmula nº 222 do STF, por certo, encontra-se superada, tornando correta a assertiva acima.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: ANA CAROLINA ANDRADE CARNEIRO

DIREITO PENAL

31. É atípica a conduta daquele que, no momento da prisão em flagrante, atribui-se falsa identidade, por ser exercício de autodefesa, sendo, ademais, assegurado, na Constituição Federal, o direito de não se autoincriminar.

COMENTÁRIO

A conduta é típica. Hoje, tanto o STF, quanto o STJ, reconhecem a tipicidade da conduta daquele que se atribuiu falsa identidade (art. 307 do CP) ou faz uso de documento falso (art. 304 do CP), ainda que, em tese, haja situação de autodefesa. Veja-se:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. ABSOLVIÇÃO. ALEGAÇÃO DE QUE O RÉU NÃO UTILIZOU DO DOCUMENTO. INVIABILIDADE. TEMA QUE DEMANDA REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. ATIPICIDADE DA CONDUTA (AUTODEFESA). IMPROCEDÊNCIA. ACÓRDÃO A QUO EM CONSONÂNCIA COM A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL VALORADA NEGATIVAMENTE COM BASE EM FUNDAMENTO IDÔNEO E CONCRETO.

1. Se o Tribunal a quo firmou a existência de prova condenatória, inviável alterar tal entendimento sem o reexame do acervo fático-probatório, providência inviável na via especial (Súmula 7/STJ).

2. O Superior Tribunal de Justiça, alinhando-se à posição adotada pelo

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Supremo Tribunal Federal, firmou a compreensão de que tanto a conduta de utilizar documento falso como a de atribuir-se falsa identidade para ocultar a condição de foragido caracterizam, respectivamente, o crime do art. 304 e do art. 307 do Código Penal, sendo inaplicável a tese de autodefesa; situação que atrai o disposto na Súmula 83/STJ, aplicável ao recurso especial interposto com fundamento, também, na alínea a do permissivo constitucional. Precedentes.

3. A fixação da pena-base - com base nas circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal - não se dá por critério puramente objetivo ou matemático, uma vez que é admissível certa discricionariedade do órgão julgador, desde que vinculada aos elementos concretos dos autos. No caso, o Juízo processante fixou a pena acima do mínimo legal valorando negativamente a culpabilidade do acusado com base em elemento concreto e idôneo. Logo, não há falar em ilegalidade.

4. Agravo regimental improvido.

(AgRg no AREsp 138.807/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 11/03/2015)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. DUAS CONDENAÇÕES. ROUBO QUALIFICADO E USO DE DOCUMENTO FALSO. PRETENSÃO DE REDUÇÃO DA PENA DO DELITO DE ROUBO, EM RAZÃO DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 231/STJ. REQUERIMENTO DE ABSOLVIÇÃO DO CRIME DO ART. 304 DO CÓDIGO PENAL PELA INCIDÊNCIA DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE AUTODEFESA. INADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.

1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento firmado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, não tem admitido a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso próprio, prestigiando o sistema recursal, contudo preserva a importância e a utilidade do remédio constitucional, na medida em que permite a concessão da ordem, de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade.

2. Na hipótese, constata-se que a pena-base para o delito de roubo foi fixada no mínimo legal - 4 anos. Nesse contexto, incide a Súmula 321 deste STJ, segundo a qual a incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.

3. O entendimento que se firmou na jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é de que não fica afastada a tipicidade do delito previsto no art. 304 do Código Penal em razão de a atribuição de falsa identidade originar-se da apresentação de documento à autoridade policial, quando por ela exigida, não se confundindo o ato com o mero exercício do direito de defesa.

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CEI-ADVOCACIA PÚBLICA1ª RODADA 16/03/2015

4. Habeas Corpus não conhecido.

(HC 228.631/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 11/03/2015)

PENAL. ALEGAÇÃO FALSA PERANTE AUTORIDADE POLICIAL. AFIRMAÇÃO DE QUE DIRIGIA VEÍCULO AUTOMOTOR ENVOLVIDO EM ACIDENTE DE TRÂNSITO.EXERCÍCIO DE AUTODEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE PATENTE. NÃO CONHECIMENTO.

1. A Sexta Turma deste Superior Tribunal de Justiça, alinhando-se à posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal, firmou a compreensão de que tanto a conduta de utilizar documento falso como a de atribuir-se falsa identidade, para ocultar a condição de foragido, caracterizam, respectivamente, o crime do art. 304 e do art. 307 do Código Penal, sendo inaplicável a tese de autodefesa.

2. Idêntico raciocínio aqui se aplica pelo fato de o ora paciente ter afirmado, falsamente (art. 299 do CP), perante autoridade policial, que era ele quem dirigia veículo automotor envolvido em acidente de trânsito do qual resultaram lesões corporais culposas.

3. Mais se avulta essa conclusão de que há, em tese, ação típica e não meramente exercício de autodefesa, considerando que a falsidade engendrada pelo paciente teria sido para ocultar não só eventual ato penalmente ilícito dele próprio (art. 310 da Lei 9.503/97 - entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada), mas também de outrem, o verdadeiro motorista, que teria sido autor de lesões corporais (art. Art. 303 da Lei 9.503/97 - Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor).

4. Ausência de flagrante ilegalidade a reparar.

5. Impetração não conhecida.

(HC 48.060/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 12/02/2015, DJe 10/03/2015)

GABARITO: ERRADO

32. Segundo o entendimento do STJ, por serem igualmente preponderantes, é possível a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea, ainda que se trate de acusado multireincidente.

COMENTÁRIO

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Nos termos do art. 67 do CP, tem-se que “No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência”.

As circunstâncias agravantes e atenuantes podem ser de natureza subjetiva ou objetiva, sendo que as de natureza subjetiva preponderam sobre as de natureza objetiva. As de natureza subjetiva guardam relação direta com o agente, ao passo que as de natureza objetiva guardam relação com os meios, natureza, lugar, objeto, modalidade e forma de execução do delito. Aduzir-se a existência de preponderância significa afirmar que a existência de uma afasta a incidência de outra na aplicação da pena.

A confissão espontânea, que revela a capacidade de o agente assumir seus erros e suas consequências) e a reincidência são consideradas circunstâncias legais subjetivas, igualmente preponderantes, portanto. Nessa hipótese, não há preponderância de uma sobre a outra, pelo que se compensam. Havendo preponderância, não há compensação, mas prevalência de uma sobre a outra, isto é, a circunstância preponderante é aplicada, ao passo que a não preponderante é afastada. Veja-se o escólio de JUAREZ CIRINO:

O fato punível pode conter várias circunstâncias legais, agravantes ou atenuantes, configurando um concurso de circunstâncias legais (art. 67, CP), com as seguintes consequências: a) se as circunstâncias legais agravantes e atenuantes são de igual natureza objetiva ou de igual natureza subjetiva, as circunstâncias agravantes são compensadas com as circunstâncias atenuantes; se as circunstâncias legais agravantes e atenuantes são de natureza desigual, preponderam as circunstâncias subjetivas sobre as objetivas, assim consideradas as circunstâncias relacionadas aos motivos do crime, à personalidade do agente e à reincidência (Direito penal. Parte Geral. 2ª. ed. rev. ampl. Curitiba: ICPC, Lumen Juris, 2007, p. 589).

Todavia, tratando-se de acusado multireincidente, o STJ entende que a compensação não é possível, prevalecendo a agravante da reincidência, pelo que a pena é agravada, desconsiderando-se a confissão espontânea. Veja-se:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. ALEGADA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. INOCORRÊNCIA. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL PACIFICADO NESTA CORTE A VIABILIZAR O PRONUNCIAMENTO UNIPESSOAL. COMPENSAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA COM A AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE EM RAZÃO DA MULTIRREINCIDÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. Fundamentada na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há óbice à prolação de decisão monocrática.

2. A decisão agravada está na mais absoluta consonância com a jurisprudência desta Corte, firmada no sentido de que não se admite a compensação integral

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entre a atenuante da confissão espontânea e a agravante da reincidência, quando verificada multirreincidência ou mesmo reincidência específica.

3. E nesta ocasião, o agravante não traz argumento persuasivo o bastante para afastar com êxito o fundamento da decisão ora impugnada, devendo, assim, ser mantida intacta pelos seus termos.

4. Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 1504699/RO, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 12/03/2015)

PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 155, CAPUT, C.C. ART. 14, II, DO CÓDIGO PENAL. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. VIA INADEQUADA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. MULTIREINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. INVIABILIDADE. QUANTUM DE ACRÉSCIMO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. DIREITO AO REGIME INICIAL SEMIABERTO. ENUNCIADO SUMULAR 269 DO STJ. NÃO CONHECIMENTO. ORDEM DE OFÍCIO.

1. Tratando-se de habeas corpus substitutivo de recurso especial, inviável o seu conhecimento.

2. A dosimetria envolve profundo exame das condicionantes fáticas, sendo, em regra, vedado revê-la em sede de habeas corpus. Na espécie, o magistrado não arrolou elementos concretos no tocante às circunstâncias judiciais que considerou negativas, sendo, de rigor, a redução da pena-base.

3. Tendo em vista os princípios da individualização da pena e da proporcionalidade, há preponderância da agravante da reincidência com relação à atenuante da confissão espontânea, quando existe mais de uma condenação que revela reincidência, eis que seria inadequada a compensação pura e simples das referidas circunstâncias, embora ambas envolvam a personalidade do agente, na hipótese de o paciente ser considerado reincidente pela prática de dois ou mais crimes. Não há constrangimento ilegal no tocante ao quantum de exasperação da pena (1/4 - um quarto) na segunda fase da dosimetria, diante da reincidência específica do paciente.

4. Não é possível a imposição de regime fechado, com base na reincidência do paciente, visto que condenado à pena igual ou inferior a quatro anos e favoráveis as circunstâncias judiciais (Súmula 269 desta Corte).

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5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para fixar a pena-base no mínimo legal, tornando a reprimenda definitiva em 10 (dez) meses de reclusão, mais 8 (oito) dias-multa, e estabelecer o regime inicial semiaberto.

(HC 311.877/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/02/2015, DJe 02/03/2015)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. COMPENSAÇÃO DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RÉU MULTIREINCIDENTE. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO.

1. Na esteira do entendimento firmado pela Terceira Seção desta Eg. Corte, à oportunidade do julgamento do EREsp n.º 1.154.752/RS, a atenuante da confissão espontânea pode ser compensada com a agravante da reincidência.

2. Tratando-se de réu multireincidente, promover a compensação entre a confissão e a reincidência, implicaria em ofensa aos princípios da individualização da pena e da proporcionalidade.

3. A multirreincidência exige maior reprovação do que aquela conduta perpetrada por quem ostenta a condição de reincidente por força, apenas, de um único evento isolado em sua vida, devendo, pois, prevalecer sobre a confissão.

4. Agravo Regimental provido.

(AgRg no REsp 1475943/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 12/02/2015, DJe 26/02/2015)

Cabe destacar, entretanto, que o STF não considera ser possível a compensação entre a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espontânea, por entender que essa última não ostenta natureza subjetiva. O STJ considera possível, desde que não se trate de acusado multireincidente ou reincidente específico, como visto. Veja-se o posicionamento do STF:

Ementa: Habeas Corpus substitutivo de recurso ordinário. Roubo circunstanciado. Compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea. Impossibilidade 1. O acórdão impugnado está em conformidade com a jurisprudência de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que, a teor do art. 67 do Código Penal, “a agravante da reincidência prepondera sobre a atenuante da confissão espontânea, razão pela qual é inviável a compensação pleiteada” (RHC 110.727, Rel. Min. Dias Toffoli). 2. Habeas Corpus extinto sem resolução de mérito por inadequação da via processual.

(HC 105543, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 29/04/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 26-05-2014 PUBLIC 27-05-

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2014)

Ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. DELITO DE VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. RECONHECIMENTO DA OCORRÊNCIA DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA CONTROVERTIDA. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. CONCURSO DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA E DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. RECURSO NÃO PROVIDO. I – No caso concreto, para se chegar à conclusão pela existência da confissão espontânea, faz-se necessário o incurso no acervo fático- probatório, o que é incabível na estreita via eleita. II – Nos termos do art. 67 do Código Penal, no concurso de atenuantes e agravantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes. No caso sob exame, a agravante da reincidência prepondera sobre a atenuante da confissão espontânea, razão pela qual é inviável a compensação pleiteada. Precedentes. III – Recurso ordinário ao qual se nega provimento. (RHC 120677, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 18/03/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 01-04-2014 PUBLIC 02-04-2014).

No HC 106113, o Pretório Excelso, por sua Primeira Turma, conclui:

A confissão espontânea é ato posterior ao cometimento do crime e não tem nenhuma relação com ele, mas, tão somente, com o interesse pessoal e a conveniência do réu durante o desenvolvimento do processo penal, motivo pelo qual não se inclui no caráter subjetivo dos motivos determinantes do crime ou na personalidade do agente.

Dessa forma, para o STF, a confissão espontânea possui natureza objetiva, não autorizando a compensação com a agravante da reincidência.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: ANA CAROLINA ANDRADE CARNEIRO

DIREITO PROCESSUAL PENAL

33. A violação ao princípio da identidade física do juiz, no processo penal, constitui-se em hipótese de nulidade absoluta.

COMENTÁRIO

O entendimento do STJ é oposto: a violação ao princípio da identidade física do juiz constitui-se em nulidade relativa, o que significa aduzir que deve haver prova do prejuízo à defesa para ser reconhecida, bem como deve ser arguida opportuno tempore, sob pena de preclusão, isto é, no momento seguinte em

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que couber à defesa se pronunciar.

O princípio da identidade física é extraído do art. 399, §2º, do CPC, segundo o qual “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”. Trata-se de inovação legislativa recente, trazida pela L. 11.719/08, embora se possa reconhecer que derive diretamente do princípio do juiz natural.

Cabe destacar que o STJ não considera que haja violação ao princípio da identidade física do juiz nas hipóteses em que o juiz instrutor, quando da prolação da sentença, se encontre em alguma das circunstâncias previstas no art. 132 do CPC, ou seu afastamento tenha qualquer outro motivo legal. Nos termos do art. 132, caput, do CPC, “O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor”. Nessas hipóteses de afastamento, segundo o STJ, sequer há que se falar em violação ao sobredito princípio. Veja-se alguns precedentes desta matéria:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO MINISTERIAL. INOVAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. VIOLAÇÃO DOS ART. 59 E 71 DO CP. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO DEFENSIVO. FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA (AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO) NÃO INFIRMADOS. SÚMULA 182/STJ. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. NULIDADE RELATIVA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. Agravos regimentais improvidos. (AgRg no AREsp 419.454/PE, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 06/02/2015)

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. APLICAÇÃO DO ART. 557, CAPUT, DO CPC C.C. ART. 3.º DO CPP. DECISÃO MONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE. ART. 399, § 2.º, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, INTRODUZIDO NO SISTEMA PROCESSUAL PENAL PÁTRIO PELA LEI N.º 11.719/2008. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. INEXISTÊNCIA. APLICÁVEL, POR ANALOGIA, O ART. 132 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. ART. 1.º, INCISO I, DA LEI N.º 8.137/90. SONEGAÇÃO DO PAGAMENTO DE IMPOSTO DE RENDA. VALORES MOVIMENTADOS EM CONTAS BANCÁRIAS PERTENCENTES AO TITULAR. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO RELATIVA.

ÔNUS DA PROVA. INEXISTENTE VIOLAÇÃO DO ART. 156 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DECISÃO RECORRIDA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO DESPROVIDO.

1. De acordo com o art. 557, caput, do Código de Processo Civil, c.c. o art. 3.º do Código de Processo Penal, é permitido ao Relator negar seguimento ao recurso especial, quando a decisão recorrida for manifestamente inadmissível, improcedente,

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prejudicada ou estiver em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante desta Corte Superior ou do Supremo Tribunal Federal.

2. O princípio da identidade física do juiz - introduzido no sistema processual criminal pátrio pela Lei n.º 11.719/2008, ex vi do art. 399, § 2.º, do Código de Processo Penal -, deve ser analisado à luz das regras específicas do art. 132 do Código de Processo Civil, por força do que dispõe o art. 3.º do Código de Processo Penal.

3. Nos casos de convocação, licença, promoção, férias, ou outro motivo legal que impeça o Juiz que presidiu a instrução sentenciar o feito, o processo-crime será julgado, validamente, por outro Magistrado.

4. O princípio da identidade física do juiz não é absoluto, e a arguida nulidade reveste-se de caráter relativo. Assim, não há como ser reconhecido o vício, se, tal como ocorre na hipótese dos autos, dele não resultou qualquer prejuízo comprovado pelo Réu, conforme o art. 563 do Código de Processo Penal.

5. O acórdão recorrido confirmou a prática delitiva preconizada no art. 1.º, inciso I, da Lei n.º 8.137/90, ao considerar que foram omitidas da Receita Federal, na declaração dos anos calendário de 1999 e 2000, informações concernentes à movimentação de receitas em contas bancárias pertencentes ao Réu, cuja origem não foi comprovada em sua totalidade, geradoras da obrigação de pagar imposto no importe de R$ 643.061,56.

6. A presunção relativa de omissão de receita, prevista no art. 1.º, inciso I, da Lei n.º 8.137/90, é admitida por esta Corte Superior de Justiça, quando o Agente não registra na declaração de ajuste anual, enviada à Receita Federal, as movimentações de valores realizadas em contas bancárias.

7. Nesse contexto, cabe ao Réu o ônus de provar que os recursos não lhe pertenciam, de modo a afastar a exigência do imposto sobre a renda. Inexistente violação ao art. 156 do Código de Processo Penal.

8. Decisão agravada que se mantém pelos seus próprios fundamentos.

9. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1321677/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 22/08/2014)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. DESCABIMENTO. ROUBO. NULIDADE. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. ART. 399, § 2º, INTRODUZIDO PELA LEI 11.719/2008. MITIGAÇÃO NOS TERMOS DO ART. 132 DO CPC. POSSIBILIDADE. MAGISTRADO DE FÉRIAS. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE

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ILEGALIDADE. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.

- O Superior Tribunal de Justiça, na esteira do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, tem amoldado o cabimento do remédio heróico, adotando orientação no sentido de não mais admitir habeas corpus substitutivo de recurso ordinário/especial. Contudo, a luz dos princípios constitucionais, sobretudo o do devido processo legal e da ampla defesa, tem-se analisado as questões suscitadas na exordial a fim de se verificar a existência de constrangimento ilegal para, se for o caso, deferir-se a ordem de ofício.

- Com o advento da Lei 11.719/2008, que inseriu o § 2º do art. 399 do CPP, foi introduzido no âmbito do processo penal, o princípio da identidade física do juiz, segundo o qual, o Magistrado que presidir a instrução criminal ficará vinculado para proferir a sentença.

- Todavia, esta Corte Superior, bem como o Supremo Tribunal Federal, vêm admitido a mitigação do referido princípio ante a aplicação subsidiária, nos termos do art. 3º do CPP, do art. 132 do CPC, que preconiza a possibilidade do juiz que não participou da instrução do feito, proferir sentença, nos casos de afastamento legalmente autorizado do juiz instrutor.

- Verificando-se que, encerrada a instrução do processo, a sentença foi proferida por Magistrado substituto, em razão das férias do Juiz titular, não há falar em nulidade que, por ser relativa, exige, ainda, a demonstração do efetivo prejuízo, nos termos do art. 563 do CPP, o que não ocorreu, in casu. Habeas corpus não conhecido. (HC 220.956/DF, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe 05/06/2014).

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: KHERSON MACIEL GOMES SOARES

DIREITO AGRÁRIO

34. Nos contratos agrários existe um forte dirigismo estatal, uma vez que refletem de forma acentuada a presença do poder normativo estatal, buscando proteger o débil econômico, valendo-se para tanto das cláusulas obrigatórias e das cláusulas proibidas.

COMENTÁRIO

Sob a rubrica “Do Uso ou da Posse Temporária da Terra”, o Estatuto da Terra (artigos 92 a 96) trata acerca dos contratos agrários, trazendo-lhes novos regramentos. Esses contratos possuem, ainda, previsão

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normativa no Decreto federal nº 59.566/66 e na Lei 4.947/66.

A propósito, preleciona a doutrina que, “os contratos Agrários podem ser definidos, grosso modo, como acordos de vontade, firmados segundo as leis 4.504/1964 (arts. 92 a 96) e 4.947/1966 (arts. 13 a 15) e Decreto 59.566/1966, com a finalidade de resguardar, modificar ou extinguir direitos relativos à exploração do imóvel agrário ou parte dele” (CARVALHO. Edson Ferreira. Manual didático de direito agrário. Curitiba: Juruá, 2010. p. 394).

Sem embargo, temos que o Estatuto da Terra e as normas editadas através dele aperfeiçoaram a regulamentação dos contratos agrários, tomando praticamente todo o espaço do Código Civil de 1916. Passou a existir uma relação de exclusão entre esse Código e o Estatuto da terra. Não havia diálogo entre eles, até porque o Código de 1916 era uma norma essencialmente individualista, ao passo que o Estatuto da Terra trazia normas de ordem pública.

Esse entendimento – é importante assinalar – nada mais reflete senão a orientação da doutrina:

“Dando uma guinada de 180 graus, o Diploma rural subtraiu das partes o que o diploma rural tinha de mais peculiar em matéria contratual: a total liberdade de contratar. Nesse aspecto houve mudança de paradigma, pois a vontade das partes foi substituída pelo que se convencionou chamar de dirigismo estatal” (CARVALHO, 2010, p. 394).

Com efeito, a legislação agrária, imbuída pelo espírito de proteção a parte mais fraca da relação, empreendeu forte carga de dirigismo estatal nos contratos agrários. É dizer, o Estado passou a normatizar nesse campo de forma mais acentuada, de modo a proteger o débil econômico.

Veja-se, portanto, que o dirigismo estatal trouxe limitações à vontade das partes na contratação agrária, protegendo a parte mais fraca na relação e garantindo a efetividade na utilização do imóvel rural.

Cabe registrar, por ser expressiva desse entendimento, que o legislador sentiu necessidade de tornar definitivamente acentuada a proteção do débil econômico na zona rural, advindo daí o artigo 13 da Lei nº 4.947/66, in verbis:

“Art. 13 - Os contratos agrários regulam-se pelos princípios gerais que regem os contratos de Direito comum, no que concerne ao acordo de vontade e ao objeto, observados os seguintes preceitos de Direito Agrário:

I - artigos 92, 93 e 94 da Lei n º 4.504, de 30 de novembro de 1964, quanto ao uso ou posse temporária da terra;

II - artigos 95 e 96 da mesma Lei, no tocante ao arrendamento rural e à parceria agrícola, pecuária, agroindustrial e extrativa;

III - obrigatoriedade de cláusulas irrevogáveis, estabelecidas pelo IBRA, que visem à conservação de recursos naturais;

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IV - proibição de renúncia, por parte do arrendatário ou do parceiro não-proprietário, de direitos ou vantagens estabelecidas em leis ou regulamentos;

V - proteção social e econômica aos arrendatários cultivadores diretos e pessoais.

§ 1º - O disposto neste artigo aplicar-se-á a todos os contratos pertinentes ao Direito Agrário e informará a regulamentação do Capítulo IV do Título III da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964.

§ 2º - Os órgãos oficiais de assistência técnica e creditícia darão prioridade aos contratos agrários que obedecerem ao disposto neste artigo”.

Sob essa perspectiva, houve uma aproximação principiológica da legislação agrária com o Código Civil de 2002. Tanto um quanto outro estão repletos de normas de ordem pública, possibilitando o diálogo das fontes entre eles. O instituto da socialidade do Código Civil de 2002 (valorização da função social), por exemplo, possui grande importância para o direito agrário.

Nesse sentido:

“Assim, conforme preceitua o Código Civil de 2002 em seu artigo 421, a liberdade contratual será exercida no limite da função social do contrato, preceito de ordem pública que serve como meio para assegurar as finalidades e promoção do interesse social na utilização do imóvel rural, assim como a protetividade do hipossuficiente na relação agrária.” (http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=fc452d063ª72e082).

“Recordemo-nos, ademais, segundo expresso no art. 92, § 9, do Estatuto da Terra, que o Código Civil é fonte subsidiária do direito agrário (também Dec. n. 59.566, art. 88; Lei n. 4.947, art. 13)”. (BORGES, Paulo Torminn. Institutos Básicos de Direito Agrário, 11ªed., São Paulo, Saraiva, 1998. p. 70).

Posto isso, perceba que aos contratos agrários são aplicáveis os mesmos princípios dos contratos civis, porém, com algumas peculiaridades. O Estatuto da Terra como microssistema protetivo que é, possui órgãos e princípios próprios que lhe conferem coerência e sistemática, protegendo a parte hipossuficiente na relação jurídica.

Assim, sendo o Estatuto da Terra um microssistema protetivo, no caso de existir ambiguidade nas cláusulas de contratos rurais deverá ser dada interpretação que favoreça o trabalhador rural.

Cumpre rememorar, bem por isso, na linha do que vem sendo afirmado, que a legislação agrária submete os contratos agrários a normas obrigatórias, irrenunciáveis e a cláusulas proibidas, dando a estes características próprias.

O artigo 13 do Decreto nº 59.566/66 cuida das cláusulas obrigatórias, que são, inclusive, presumidas nos contratos agrários verbais. São cláusulas que asseguram dentre outras coisas: a proteção ambiental;

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a proteção do arrendatário e do parceiro-outorgado, como parte mais fraca na relação contratual; os prazos mínimos previstos em lei; as bases de renovação do contrato; o cumprimento das obrigações constantes no Estatuto da Terra.

Dentre as cláusulas proibidas, destacamos em conformidade com o art. 93 do Estatuto da Terra, a vedação do proprietário de exigir do arrendatário ou do parceiro a prestação de serviço gratuito.

Sendo assim, e em face das razões expostas, podemos concluir que nos contratos agrários existe um forte dirigismo estatal, uma vez que refletem de forma acentuada a presença do poder normativo estatal, buscando proteger o débil econômico, valendo-se para tanto das cláusulas obrigatórias e das cláusulas proibidas.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: KHERSON MACIEL GOMES SOARES

DIREITO URBANÍSTICO

35. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante diretrizes gerais, como a ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar a exposição da população a riscos de desastres.

COMENTÁRIO

Registre-se, inicialmente, que os concursos para a Advocacia Pública rotineiramente cobram a transcrição literal da legislação urbanística. Basta uma análise perfunctória das provas anteriores e de outras recém realizadas para essa constatação. Significativa parte das questões equivale à repetição de artigos, por vezes, apresentada de forma incompleta ou junto a elementos estranhos a sua redação original.

Neste particular, reiteramos mais uma vez, a necessidade de vocês estarem em dia com essa leitura. O candidato atento, certamente não se deixará levar por esses artifícios, garantindo preciosos pontos necessários à aprovação.

Posto isso, saibam que o tema alusivo à política urbana é de suma importância dentro da matéria de direito urbanístico. Sua incidência em provas é frequente, fazendo jus, por conseguinte, a nossa atenção.

A propósito, ressalte-se que, sua compreensão passa, necessariamente, pela leitura do Estatuto da Cidade. É que a Lei n◦ 10.257/2001, além de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabeleceu as diretrizes gerais da política urbana.

Pela sua qualidade e como forma de incentivo a leitura da legislação urbanística por vocês, transcrevemos os aludidos artigos da Carta da República:

“Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o

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pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”.

Por sua vez, o Estatuto da Cidade dispõe que:

“Art. 2° A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

(...)

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VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

(...)

h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012)”.

Nota-se, que há uma remissão do texto constitucional à lei ordinária federal para a definição de diretrizes gerais para a política urbana, todavia “a especificidade, como não poderia deixar de ser, compete ao Município, atendendo a suas necessidades locais e decidindo de acordo com os superiores interesses da cidade” (OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Comentários ao Estatuto da Cidade. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais: 2002, p. 13).

Com efeito, o Estatuto da Cidade permite aos Municípios concretizar esses comandos em conformidade com as suas características locais, evidenciando a importância da gestão democrática municipal.

Percebe-se, a toda evidência, que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Para tanto, ela segue algumas diretrizes, como a ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar a exposição da população a riscos de desastres.

No que diz respeito a essa diretriz, emerge, com nitidez, a ideia de que:

“(...) é fundamental que o município, ao ordenar o seu território (art. 30, VIII da CF/88), identifique as áreas de maior vulnerabilidade ambiental visando a coibir ou restringir o uso, ocupação e parcelamento do solo, a médio e longo prazo, por meio do Plano Diretor e demais normas urbanísticas.” (http://www.urbanismo.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=50).

Posto isso, cogente concluir que o “caput” do artigo 2° do Estatuto da Cidade, junto de seu inciso VI, alínea “a”, correspondem exatamente ao enunciado da questão em análise, tornando-a, correta.

GABARITO: CERTO

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QUESTÕES DISSERTATIVAS - Respostas em no máximo 20 linhas.

PROFESSOR: KHERSON MACIEL GOMES SOARES

DIREITO AGRÁRIO

1. Mévio ajuizou, em face da União, “ação declaratória de reconhecimento de domínio pleno”, alegando ser, desde 16/04/1953, legítimo proprietário da Ilha do Amor, localizada no Município de Camocim/CE, em conformidade com escritura pública de compra e venda, passada em Cartório de Registro Civil de Camocim, devidamente registrada no Registro de Imóvel.

Argumenta o autor que, por desinformação, apesar de todo esse tempo de domínio, efetua regularmente o pagamento de taxa anual de aforamento. Em Junho de 1990, porém, estimando-a abusiva, e em posse de documentos colhidos nos Arquivos Históricos do Ceará, na Biblioteca Nacional e na Biblioteca Pública de Camocim, encaminhou petição à Delegacia do Patrimônio da União/CE, requerendo fosse-lhe reconhecido o domínio pleno sobre a Ilha do Amor e, por consequência, a exoneração quanto ao pagamento da taxa de aforamento.

O pedido foi indeferido no âmbito administrativo, pois não estava provada a cadeia sucessória, nem a alienação das terras pela União.

Após recurso administrativo dessa decisão, o órgão superior a manteve e acrescentou que o registro feito pelo primeiro proprietário da ilha (Tício do Amor), no livro do vigário naquele Município para legitimar a propriedade era um simples cadastro.

Por essas razões, foi ajuizada a “ação declaratória de reconhecimento de domínio pleno”, defendendo o autor a regularidade da cadeia sucessória do imóvel, bem como da propriedade originária de Tício do Amor, segundo alega, o primeiro proprietário das terras em litígio.

O ocupante da área (Mévio) alegou que a Lei de Terras (Lei 601/1850) legitimou a posse do primeiro proprietário (Tício do Amor) sobre a terra em litígio e que ele teria levado o imóvel ao registro paroquial, o qual, segundo o autor da ação, comprova a titularidade do domínio.

O juízo de Juiz de Primeira Instância julgou improcedente o pedido. A sentença foi confirmada em apelação. Mévio recorreu ao STJ, alegando que houve violação da Lei de Terras, uma vez que, em seu artigo 7º, a exigência de medição destinava-se apenas às terras continentais se compatível com os recursos da época. Sustenta, ainda, que o registro paroquial valida o registro de propriedade e não tem caráter meramente cadastral ou estatístico.

Com base na situação concreta apresentada, responda o que se pede:

a) Em que consistia o Registro Paroquial?

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b) O Registro paroquial ou o ato de medição da terra são suficientes para legitimar a posse do imóvel?

c) As alegações de Mévio procedem?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 26/03: [email protected]

PROFESSOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO AMBIENTAL

2. Em matéria de tutela coletiva do meio ambiente a ação civil pública tem se mostrado importante instrumento processual apto a buscar a reparação de danos ambientais, tornando-se alternativa cada vez mais comum quando se pretende promover a responsabilização civil daqueles que desrespeitam as normas de Direito Ambiental. Segundo Paulo Affonso Leme Machado “a ação regulada pela Lei 7.347, de 24.7.1985, traz como características: 1. Explicitamente visa proteger o meio ambiente, o consumidor e os bens e interesses de valor artístico, estético, histórico, paisagístico e turístico. Interesses difusos e coletivos, como os rotulou a Constituição Federal (art. 129, III). 2. A proteção desses interesses e bens far-se-á através de três vias: cumprimento da obrigação de fazer, cumprimento da obrigação de não fazer e condenação em dinheiro. 3. A ação da Lei 7.347 abriu as portas do Poder Judiciário às associações que defendem os bens e interesses apontados no item 1. No plano da legitimação foi uma extraordinária transformação. 4. A ação civil publica consagrou uma instituição – o Ministério Público - valorizando seu papel de autor em prol dos interesses difusos e coletivos. (...) 5. Inova, por fim, essa ação civil no sentido de criar um fundo em que os recursos não advêm do Poder Executivo, mas das condenações judiciais, visando a recomposição dos bens e interesses lesados. Não se trata nessa ação de ressarcir as vitimas pessoais da agressão ambiental, mas de recuperar ou tentar recompor os bens e interesses no seu aspecto supraindividual.” (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 21ª ed. rev., ampl. e atual., de acordo com as Leis 12.651, de 25.5.2012 e 12.727, de 17.10.2012 e com o Decreto 7.830, de 17.10.2012 – São Paulo: Malheiros, 2013, p. 434).

Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores e a legislação pertinente, discorra sobre a ação civil pública ambiental, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) É possível, em sede de ACP, a condenação do poluidor em obrigação conjuntiva? Sob qual(quais) fundamento(s)?

b) É possível a inversão do ônus da prova, transferindo para o responsável por atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente, o ônus da comprovação da segurança do empreendimento? Justifique.

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A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 26/03: [email protected]

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PARECER - Responder em no máximo 100 linhas.

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

Determinada empreiteira foi flagrada em operação da polícia federal que desvendou esquema de corrupção cuja finalidade era fraudar licitações no âmbito da União.

Ao longo das investigações, descobriu-se que essa empreiteira fraudou licitação na qual se sagrou vencedora junto a determinado Ministério, tendo firmado com este o contrato x. Referida licitação e contrato são regidos pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas, instituído pela Lei 12.462/2011 e regulado pelo Decreto nº 7.581/2011.

De posse da documentação encaminhada pela polícia federal, e em vista das provas contundentes da prática de fraude na licitação que originou o contrato x, quer o Ministério rescindir este ajuste. Além disso, em vista da gravidade da conduta praticada pela empreiteira, quer aplicá-la a pena de inidoneidade (prevista no contrato), o que pretende fazer por apostilamento.

Além disso, quer o Ministério aplicar multa (prevista no contrato). Por conta disso, perquire, primeiramente, sobre a possibilidade de cumular as penas de multa e inidoneidade. Ademais, se em caso de não pagamento da multa no prazo estabelecido pode descontar seu valor da garantia apresentado pela empreiteira para execução do contrato x. Nesse caso, informa que o valor da garantia não será suficiente para ressarcimento integral da multa, razão pela qual questiona sobre a possibilidade de descontar tal valor de pagamentos ainda devidos pela Administração à empreiteira no bojo do contrato x.

Outro questionamento feito pelo Ministério refere-se à possibilidade de aplicação de pena de inidoneidade, já que o contrato x é regido pelo Regime Diferenciado de Contratações Públicas, o qual, segundo o órgão, não faz menção à aplicação da pena de inidoneidade, prevista apenas na Lei 8.666/1993.

Por fim, relata o Ministério que possui junto à empreiteira também o contrato y, em execução regular, cujas obrigações vêm sendo cumpridas por ambas as partes. Assim, questiona se uma vez aplicada a pena de inidoneidade à empreiteira, deve rescindir automaticamente também o contrato y.

Em vista da situação hipotética acima narrada, elabore Parecer Jurídico respondendo aos questionamentos formulados pelo Ministério, abordando necessariamente os seguintes pontos:

a) Possibilidade ou não de rescindir o contato x.

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b) Possibilidade ou não de aplicar a pena de inidoneidade à empreiteira no bojo do contrato x.

c) Possibilidade ou não de aplicar a pena de inidoneidade por apostilamento.

d) Autoridade competente para aplicação da pena de inidoneidade.

e) Possibilidade ou não de cumular as penas de inidoneidade e multa.

f) Possibilidade ou não de descontar o valor da multa da garantia à execução do ajuste.

g) Possibilidade ou não de descontar o valor da multa de pagamentos ainda devidos pela Administração à empreiteira no bojo do contrato x.

h) Necessidade ou não de rescindir automaticamente o contrato y em caso de aplicação da penalidade de inidoneidade no bojo do contrato x, nos termos da jurisprudência do STJ.

Dispense o relatório e não crie fatos novos. Assine como Advogado Público.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 26/03: [email protected]

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JURISPRUDÊNCIA APLICADA

PROFESSORA: MILA GOUVEIA HANS CARVALHO

É possível a abertura de PAD por denúncia anônima sem apuração preliminar dos fatos?

Aproveito essa questão da segunda etapa da PGM/SP (VUNESP) para discorrer sobre o tema: denúncia anônima x processo administrativo disciplinar, abordando a jurisprudência dos Tribunais Superiores.

Em tal concurso, a banca queria saber como a Administração deve se portar diante de uma denúncia anônima contra um servidor.

Explicando: questionou-se a possibilidade de, a partir dessa denúncia e sem que tenha havido investigação preliminar dos fatos alegados pelo denunciante, a Administração abrir um processo administrativo disciplinar contra um servidor.

O que diz a legislação nacional sobre anonimato?

- CR/88:

“Art. 5º,IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”;

- Lei 8112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos Federais):

“Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa”.

“Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade”.

Nota-se que os dispositivos acima citados possuem como fim coibir abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e na formulação de denúncias apócrifas.

Isso porque, ao exigirem informações mais precisas do denunciante, como sua identificação, por exemplo, esses dispositivos estão a proteger os servidores públicos, no caso em análise, de responderem processos iniciados por denúncias infundadas, desestimulando, dessa maneira, manifestações abusivas e que possam acarretar gravame ao patrimônio moral de pessoas injustamente desrespeitadas em sua esfera de dignidade.

Todavia, o tema não é tão simples como até aqui se apresentou.

Continuemos nossa análise.

O que diz a jurisprudência?

- STJ:

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“A denúncia anônima é apta a deflagrar processo administrativo disciplinar, não havendo, portanto, qualquer ilegalidade na instauração deste com fundamento naquela, tendo em vista o poder-dever de autotutela imposto à Administração e, por conseguinte, o dever da autoridade de apurar a veracidade dos fatos que lhe são comunicados”. MS 10419/DF – julgamento em 2013.

“Não há falar em nulidade se o processo administrativo disciplinar é instaurado somente após a realização de investigação preliminar para averiguar o conteúdo da denúncia anônima”. MS 18664/DF – julgado em abril de 2014.

- STF:

“A Administração Pública não age à margem da lei quando recebe e investiga delação anônima a respeito de possíveis faltas cometidas por servidor público. A investigação preliminar para averiguar a materialidade dos fatos e sua veracidade, desde que não exponha a imagem do denunciado e não sirva de motivo para perseguições, deve ser feita e é inerente ao poder-dever de autotutela da Administração Pública, admitindo-se o anonimato do denunciante com certa cautela e razoabilidade, pois a sua vedação, de forma absoluta, serviria de escudo para condutas deletérias contra o erário. Esse é entendimento assente nesta Corte Superior, que admite a denúncia anônima para apuração de fatos ilícitos contra a Administração Pública, com a devida prudência e razoabilidade da autoridade administrativa (…)”. RMS 30963/DF ( julgado em 2012).

Conclusão:

Analisando esses julgamentos, verifica-se que a resposta da questão acima proposta poderia ser a seguinte:

R: Apesar de a CR/88, vedar expressamente o anonimato em seu art. 5º,IV e de a Lei n. 8112/90 exigir que a denúncia contenha a identificação e o endereço do denunciante (art. 144), os Tribunais Superiores entendem que é possível a deflagração de processo administrativo disciplinar por meio de denúncia anônima, tendo em vista o poder-dever de autotutela (o qual deriva do princípio da legalidade administrativa – art 37, caput, CR), bem como o dever de autoridade de apurar a veracidade dos fatos alegados. Deve-se salientar, no entanto, que a apuração preliminar dos fatos é fator determinante dessa possibilidade. Em outras palavras, só é possível, conforme entende STF e STJ, a instauração de um processo administrativo disciplinar por meio de denúncia anônima se houver, preliminarmente, uma apuração dos fatos narrados. Atentando-se, dessa forma, para a cautela e razoabilidade da medida.

Bons estudos!

Até a próxima.

Mila Gouveia

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MAPEAMENTO DA BANCA CESPE

Para aqueles que se preparam exclusivamente para a AGU, apresentamos, novamente, como meio de direcionamento de estudo, o mapeamento da banca CESPE, relativamente às últimas provas da Advocacia da União, elaborado pelo professor PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA a partir do conteúdo programático do edital do último certame para Advogado da União (Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012). Neste mapeamento, são apontados quais temas de cada matéria foram mais vezes cobrados nas provas objetivas dos concursos da AGU - Advogado da União de 2002 a 2012, de modo que o aluno — especialmente aquele que não dispõe de tempo suficiente para esgotar o edital — possa identificar as preferências da banca CESPE e, assim, consiga otimizar o seu estudo.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Os diferentes critérios adotados para a conceituação do direito administrativo. Direito administrativo como direito público. Objeto do direito administrativo. 2 Conceito de administração pública sob os aspectos orgânico, formal e material. 3 Fontes do direito administrativo: doutrina e jurisprudência na formação do direito administrativo. Lei formal. Regulamentos administrativos, estatutos e regimentos; instruções; princípios gerais; tratados internacionais; costume. 4 Relação jurídico-administrativa. Personalidade de direito público. Conceito de pessoa administrativa. 5 Teoria do órgão da pessoa jurídica: aplicação no campo do direito administrativo. 6 Classificação dos órgãos e funções da administração pública. 7 Competência administrativa: conceito e critérios de distribuição. Avocação e delegação de competência. 8 Ausência de competência: agente de fato. 9 Hierarquia. Poder hierárquico e suas manifestações. 10 Centralização e descentralização da atividade administrativa do Estado. Administração pública direta e indireta. 11 Concentração e desconcentração de competência. 12 Autarquias. Agências reguladoras e executivas. 13 Fundações públicas. 14 Empresa pública e Sociedade de economia mista. 15 Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2005). 16 Terceiro setor. 17 Fatos da administração pública: atos da administração pública e fatos administrativos. Formação do ato administrativo: elementos; procedimento administrativo. 18 Validade, eficácia e auto-executoriedade do ato administrativo. 19 Atos administrativos simples, complexos e compostos. 20 Atos administrativos unilaterais, bilaterais e multilaterais. 21 Atos administrativos gerais e individuais. 22 Atos administrativos vinculados e discricionários. Mérito do ato administrativo, discricionariedade. 23 Ato administrativo inexistente. Teoria das nulidades no direito administrativo. 24 Atos administrativos nulos e anuláveis. Vícios do ato administrativo. Teoria dos motivos determinantes. 25 Revogação, anulação e convalidação do ato administrativo. 26 Licitações, contratos e convênios. Fundamento constitucional. Conceito e modalidades. O regime de licitações e alterações. Dispensa e inexigibilidade. Revogação e anulação, hipóteses e efeitos. Pregão e consulta. Contratos administrativos: conceito e características. Invalidação. Principais espécies de contratos administrativos. Inexecução e rescisão dos contratos administrativos. Lei nº 8.666/93 e alterações. Instrução Normativa/STN nº 01, de 15/01/97 ; Decreto n° 6.170, de 25/07/07; Portaria Interministerial MP/MF/MCT nº 507, de 24/11/2011. Lei nº 10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 27 Sistema de Registro de Preços. 28 Poder de polícia: conceito; polícia judiciária e polícia administrativa;

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liberdades públicas e poder de polícia. Limites, extensão e controle. Poder de polícia e regulação. Distinções. 29 Principais setores de atuação da polícia administrativa. Poder Regulamentar. Regulamentos administrativos de execução e autônomos. O poder normativo não legislativo e o princípio da legalidade. Regulamentação e regulação. Análise do art. 84 da CF/88 quanto aos limites do poder regulamentar. 30 Serviço público: conceito; caracteres jurídicos; classificação e garantias. Usuário do serviço público. 31 Concessão de serviço público: natureza jurídica e conceito; regime jurídico financeiro. 32 Extinção da concessão de serviço público; reversão dos bens. 33 Permissão e autorização. 34 Parcerias Público-Privadas (Lei n.º 11.079/2004). 35 Bens públicos: classificação e caracteres jurídicos. Natureza jurídica do domínio público. 36 Domínio público hídrico: composição; regime jurídico das águas públicas. 37 Domínio público aéreo. 38 Domínio público terrestre: evolução do regime jurídico das terras públicas no Brasil: terras urbanas e rurais; terras devolutas. Vias públicas; cemitérios públicos; portos. 39 Recursos minerais e potenciais de energia hidráulica: regime jurídico. 40 Utilização dos bens públicos: autorização, permissão e concessão de uso; ocupação; aforamento; concessão de domínio pleno. 41 Limitações administrativas: conceito. Zoneamento. Polícia edilícia. Zonas fortificadas e de fronteira. Florestas. Tombamento. 42 Servidões administrativas. 43 Requisição da propriedade privada. Ocupação temporária. 44 Desapropriação por utilidade pública: conceito e fundamento jurídico; objeto da desapropriação e competência para desapropriar; procedimentos administrativo e judicial; indenização. 45 Desapropriação por zona. Direito de extensão. Retrocessão. “Desapropriação indireta”. 46 Desapropriação por interesse social: conceito, fundamento jurídico e espécies; função social do imóvel rural. Evolução do regime jurídico no Brasil. 47 Controle interno e externo da administração pública. 48 Sistemas de controle jurisdicional da administração pública: contencioso administrativo e sistema da jurisdição una 49 Controle jurisdicional da administração pública no direito brasileiro. 50 Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas. 51 Tribunal de Contas da União e suas atribuições. Entendimentos com caráter normativo exarado por tal Cortes de Contas. 52 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública: evolução histórica e fundamentos jurídicos. Teorias subjetivas e objetivas da responsabilidade patrimonial do Estado. 53 Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da administração pública no direito brasileiro. 54 Agentes públicos: servidor público e funcionário público; natureza jurídica da relação de emprego público; preceitos constitucionais. 55 Funcionário efetivo e vitalício: garantias; estágio probatório. Funcionário ocupante de cargo em comissão. 56 Direitos, deveres e responsabilidades dos servidores públicos civis. 57 Lei n.º 8.112/90 e alterações. 58 Improbidade administrativa. 59 Formas de provimento e vacância dos cargos públicos. 60 Exigência constitucional de concurso público para investidura em cargo ou emprego público. Regime previdenciário do servidor estatutário. Normas e princípios constitucionais. As regras de transição. O sistema de previdência complementar. 61 Procedimento administrativo. Instância administrativa. Representação e reclamação administrativas. 62 Pedido de reconsideração e recurso hierárquico próprio e impróprio. Prescrição administrativa. 63 Organização Administrativa. Advocacia-Geral da União. Ministério da Fazenda. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Lei Complementar nº 73, de 10/02/1993. Decreto-Lei nº 147, de 3/02/1967. 64 Advocacia pública consultiva. Hipóteses de manifestação obrigatória. Aspectos de responsabilidade do parecerista pelas manifestações exaradas, e do administrador público, quando age em acordo, e quando age em desacordo com tais manifestações.

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Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO

IMPORTANTE*

Pontos 5 e 6

Órgãos Públicos (classificação e teorias) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 7 e 8

Competência administrativa (avocação e delegação) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 12

Autarquias (agências reguladoras e executivas) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 17 a 25

Atos administrativos (classificação, anulação e revogação, convalidação, requisitos, parecer x ato de aprovação, motivação) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 26 e 27

Licitações e contratos (inabilitação, rescisão contratual – Teoria da Imprevisão, dispensa e inexigibilidade) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 30 a 34

SERVIÇOS PÚBLICOS:

- Lei 8.987/95 (responsabilidades da concessionária, formalização e natureza do contrato, modalidades de extinção) (AGU.2012, AGU.2004, AGU.2002)

- PPP (Lei 11.079/04) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Pontos 35 a 40

BENS PÚBLICOS:

- Classificação (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 42

Servidão Administrativa (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 44 a 46

Desapropriação (modalidades, juros, indenização, retrocessão, desapropriação por zona) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 47 a 51

Controle pelo TCU (anulação/revisão de aposentadoria) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 52 e 53

Responsabilidade civil do estado (teorias, incidência de juros na condenação da FP) (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

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Página - 97

MUITO

IMPORTANTE*

Pontos 54 a 62

Cargos públicos (formas de provimento, cargo em comissão, SV13) (AGU.2008, AGU.2006)

PAD (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Improbidade administrativa (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 63

Organização Administrativa (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 1

Conceito de Direito Administrativo (AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 10 e 11

Desconcentração e descentralização (AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 14

Empresas Estatais (EP e SEM) (AGU.2012, AGU.2002)

Ponto 15

Consórcios Públicos (LEI 11.107/05) (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 16

Terceiro Setor (oscip, entidades de apoio e SSA) (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 28

Poder de polícia (AGU.2012, AGU.2002)

Ponto 29

Poder Regulamentar e Poder Normativo (AGU.2012, AGU.2006)

Pontos 35 a 40

BENS PÚBLICOS:

- Tombamento (AGU.2008, AGU.2002)

- Recursos minerais e potenciais de energia hidráulica: regime jurídico (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 41

Limitações Administrativas (AGU.2012, AGU.2002)

Pontos 54 a 62

Processo administrativo federal (Lei 9.784/99) (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 63

Responsabilidades do parecerista e do administrador público (AGU.2008, AGU.2006)

Página - 98

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RESIDUAL*

Ponto 1

Objeto do Direito Administrativo (AGU.2008)

Ponto 2

Conceito de Administração Pública (AGU.2006)

Ponto 3

Fontes do Direito Administrativo (AGU.2002)

Ponto 9

Poder Hierárquico (AGU.2002)

Ponto 13

Fundações Públicas (AGU.2002)

Pontos 26 e 27

Contratos administrativos (conceito e características) (AGU.2002)

Pregão (DEC. 5.450/05) (AGU.2012)

Convênios e contratos de repasse (DEC. 6.170/07) (AGU.2008)

Pontos 54 a 62

Agentes públicos (AGU.2002)

DIREITO CONSTITUCIONAL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 História Constitucional do Brasil. 2 Constituição: conceito e classificação. 3 Normas constitucionais: classificação. 4 Preâmbulo, normas constitucionais programáticas e princípios constitucionais. 5 Disposições constitucionais transitórias. 6 Hermenêutica constitucional. 7 Poder constituinte. 8 Controle de constitucionalidade: direito comparado. 9 Controle de constitucionalidade: sistema brasileiro. Evolução histórica. 10 Inconstitucionalidade: normas constitucionais inconstitucionais. 11 Inconstitucionalidade por omissão. 12 Ação direta de inconstitucionalidade: origem, evolução e estado atual. 13 Ação declaratória de constitucionalidade. 14 Arguição de descumprimento de preceito fundamental. 15 Da declaração de direitos: histórico; teoria jurídica e teoria política. 16 Direitos e garantias individuais e coletivos. Processo eleitoral. 17 Princípio da legalidade. 18 Princípio da isonomia. 19 Regime constitucional da propriedade. Função social da propriedade. 20 Habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data. 21 Liberdades constitucionais. Jurisdição constitucional no direito brasileiro e no direito comparado. 22 Direitos sociais e sua efetivação. O Direito à saúde na ordem constitucional e legal. Direito à saúde como direito humano. Sistema Único de Saúde. Atribuições da União, dos Estados e dos Municípios. 23 Princípios constitucionais do trabalho. 24 Estado federal: conceito e sistemas de repartição de competência; direito comparado. 25 Federação brasileira: características, discriminação de competência na Constituição de 1988. Intervenção Federal nos Estados-membros. Lei n.º 12.562/2011. 26 Estado Democrático de Direito: fundamentos constitucionais e doutrinários. 27 Organização dos Poderes: mecanismos de freios e contrapesos. 28 União: competência. 29 Estado-membro; poder constituinte

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estadual: autonomia e limitações. 30 Estado-membro: competência e autonomia. 31 Administração pública: princípios constitucionais. 32 Servidores públicos: princípios constitucionais. 33 Poder Legislativo: organização; atribuições; processo legislativo. 34 Poder Executivo: presidencialismo e parlamentarismo; ministro de Estado. 35 Presidente da República: poder regulamentar; medidas provisórias. 36 Crimes de responsabilidade do presidente da República e dos ministros de Estado. 37 Poder Judiciário: organização; estatuto constitucional da magistratura. 38 Supremo Tribunal Federal: organização e competência. 39 Superior Tribunal de Justiça: organização e competência. Justiça federal: organização e competência. 40 Justiça do trabalho: organização e competência. 41 Ministério Público: princípios constitucionais. 42 Advocacia-Geral da União: representação judicial e extrajudicial da União; consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo; organização e funcionamento. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. 43 Representação judicial e consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal. 44 Limitações constitucionais do poder de tributar. 45 Ordem econômica e ordem financeira: princípios gerais. 46 Princípios constitucionais da ordem econômica. 47 Intervenção do Estado no domínio econômico. 48 Meio ambiente. 49 Direitos e interesses das populações indígenas. 50 Interesses difusos e coletivos. 51 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO

IMPORTANTE*

Pontos 1 a 6

Normas e princípios constitucionais (classificação, interpretação e métodos) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 7

Poder constituinte (AGU.2012, AGU2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 8 a 14

Controle de constitucionalidade (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004) – em especial:

- Evolução histórica do controle no Brasil;

- ADI, ADC, ADPF, ADO;

- MS e ACP no controle de constitucionalidade;

- Legitimidade para as ações do controle concentrado;

- Objeto do controle;

- Eficácia das decisões proferidas no âmbito do controle de constitucionalidade;

- Modulação dos efeitos da decisão;

- Atuação do AGU nos processos objetivos.

Pontos 15 a 23

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MUITO

IMPORTANTE*

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

- Habeas Corpus (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 24 a 30

Organização político-administrativa (disposições gerais, federalismo) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Competência legislativa dos entes da Federação (aspectos jurisprudenciais e doutrinários) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Competência material dos entes da Federação (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 31 e 32

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

- Princípios Gerais da Administração Pública (nepotismo, SV13) (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

- Concurso Público (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

Pontos 34 a 40

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:

- PODER LEGISLATIVO:

- Competência do SF e da CD ( julgamento dos crimes de responsabilidade) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

- Do Processo Legislativo (MPv, leis de iniciativa privativa do PR, reapresentação de matéria rejeitada, processo legislativo sumário, PEC e limitações à emenda, cláusulas pétreas) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

- PODER JUDICIÁRIO:

- Precatórios (AGU.2012, AGU.2002)

- Da Competência Originária do STF (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 41 a 43

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:

- Da Advocacia Pública (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 44

Limitações ao poder de tributar (princípios, imunidades, concessão de benefícios fiscais, CIDEs, CIP, normas constitucionais do ICMS) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Pontos 45 a 47

ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA:

- Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica (princípios, exploração direta pelo Estado, monopólio da União) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

- Da Política Agrária, Fundiária e da Reforma Agrária (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

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RELEVANTE*

Pontos 1 a 6

Constituição (conceito, objeto, elementos e classificações) (AGU.2012, AGU.2002)

Pontos 15 a 23

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

- Princípio da Isonomia (AGU.2008, AGU.2006)

- Legalidade e Reserva Legal (AGU.2008, AGU.2006)

- Mandado de Injunção (AGU.2006, AGU.2002)

- Ação Popular (AGU.2008, AGU.2004)

- Irredutibilidade do salário (AGU.2006, AGU.2004)

Pontos 34 a 40

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:

- TCU (revisão judicial e execução de suas decisões, controle interno e externo) (AGU.2012, AGU.2008)

PODER EXECUTIVO:

- Das Atribuições do Presidente da República (competências privativas do PR) (AGU.2012, AGU.2008)

PODER JUDICIÁRIO:

- Disposições Gerais (AGU.2012, AGU.2004)

- Competência do STJ (AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 48

Meio Ambiente (AGU.2012, AGU.2004)

Ponto 51

ADCT (AGU.2012, AGU.2004)

Página - 102

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RESIDUAL*

Pontos 1 a 6

Evolução histórica das Constituições brasileiras (AGU.2004)

Pontos 15 a 23

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS:

- Inviolabilidade do domicílio (AGU.2006)

- Sigilo das Comunicações (AGU.2006)

- Direito de propriedade e impenhorabilidade da pequena propriedade rural (AGU.2006)

- MS Coletivo (legitimidade) (AGU.2012)

- Habeas Data (AGU.2006)

- Efetivação de Direitos Sociais e reserva do possível (AGU.2004)

Pontos 24 a 30

Bens da União, dos Estados, do DF e dos Municípios (AGU.2006)

Intervenção (AGU.2004)

Pontos 31 e 32

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

- Administração Indireta (AGU.2006)

- Aposentadoria do Servidor (AGU.2006)

Pontos 34 a 40

ORGANIZAÇÃO DOS PODERES:

- PODER LEGISLATIVO:

- Das Comissões (AGU.2012)

- PODER EXECUTIVO:

- Do PR e do Vice (AGU.2006)

- Dos Crimes de Responsabilidade (AGU.2006)

- PODER JUDICIÁRIO:

- Competência da JT (AGU.2006)

Pontos 41 a 43

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:

- Do Ministério Público (AGU.2006)

Ponto 49

Índios (AGU.2004)

DIREITO FINANCEIRO

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Finanças públicas na Constituição de 1988. 2 Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais de direito financeiro (Lei n.º 4.320/64). Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. 3 Despesa pública. Conceito

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e classificação. Princípio da legalidade. Técnica de realização da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. Disciplina constitucional e legal dos precatórios. Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101/2000). 4 Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa. 5 Dívida ativa da União de natureza tributária e não-tributária. 6 Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO

IMPORTANTE*

Pontos 1 e 2

Finanças públicas na Constituição de 1988. Orçamento. Princípios orçamentários (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 3

Despesa pública:

- Disciplina constitucional dos precatórios (AGU.2012, AGU.2004)

RELEVANTE*

Ponto 2

Normas gerais de direito financeiro - Lei n.º 4.320/64 (classificação das receitas e despesas, execução do orçamento) (AGU.2004, AGU.2002)

Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos (AGU.2012, AGU.2009)

Ponto 3

Despesa pública (Lei Complementar n.º 101/2000):

- Da geração da despesa (AGU.2008, AGU.2006)

- Despesa obrigatória de caráter continuado (AGU.2008, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 3

Despesa pública (Lei Complementar n.º 101/2000):

- Do controle da despesa total com pessoal (AGU.2008)

- Definições e limites das despesas com pessoal (AGU.2004)

Ponto 4

Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa (AGU.2004)

Ponto 6

Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção (AGU.2004)

DIREITO ECONÔMICO

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Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 7 Ordem constitucional econômica: princípios gerais da atividade econômica. Política agrícola e fundiária e reforma agrária. 8 Ordem jurídico-econômica. Conceito. Ordem econômica e regime político. 9 Ordem econômica internacional e regional. Aspectos da ordem econômica internacional. Definição. Normas: direito econômico internacional. Aspectos da ordem econômica regional. Definição. Normas: direito econômico regional – MERCOSUL. 10 Sujeitos econômicos. 11 Intervenção do Estado no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção. Intervenção no direito positivo brasileiro. 12 Lei Antitruste. Disciplina jurídica da concorrência empresarial. Princípios. Infrações contra a ordem econômica. Concorrência ilícita e desleal. Repressão do poder econômico pelo Estado. Abuso do poder econômico. Práticas desleais de comércio. Disciplina das medidas de salvaguarda.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 7

Ordem constitucional econômica:

- Princípios gerais da atividade econômica (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

- Política agrícola e fundiária e reforma agrária (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 9

Ordem econômica internacional e regional. Aspectos da ordem econômica internacional. (AGU.2006)

Direito econômico regional – MERCOSUL (AGU.2012)

Ponto 11

Intervenção do Estado no domínio econômico. Liberalismo e intervencionismo. Modalidades de intervenção. Intervenção no direito positivo brasileiro (AGU.2012)

Ponto 12

Lei Antitruste. Disciplina jurídica da concorrência empresarial. Princípios. Infrações contra a ordem econômica. Concorrência ilícita e desleal. Repressão do poder econômico pelo Estado. Abuso do poder econômico. Práticas desleais de comércio. Disciplina das medidas de salvaguarda (AGU.2004)

DIREITO TRIBUTÁRIO

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 O Estado e o poder de tributar. 2 Direito tributário: conceito e princípios. Tributo: conceito e espécies. Código Tributário Nacional. Normas gerais de direito tributário. 3 Norma tributária: espécies; vigência e aplicação; interpretação e integração; natureza. 4 Obrigação tributária: conceito; espécies; fato gerador (hipótese de incidência); sujeitos ativo e passivo; solidariedade; capacidade tributária; domicílio tributário. 5 Crédito tributário: conceito; natureza; lançamento; revisão, suspensão, extinção e exclusão; prescrição e decadência; repetição do indébito. 6 Responsabilidade tributária. Responsabilidade por dívida própria e por dívida de outrem. Solidariedade e sucessão. Responsabilidade pessoal e de terceiros. Responsabilidade supletiva. 7 Garantias e privilégios do crédito tributário. 8 Sistema Tributário Nacional: princípios gerais. Limitações do poder de tributar. Impostos da União. Impostos dos estados e do Distrito Federal. Impostos dos municípios. Repartição das receitas

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tributárias. 9 Dívida ativa e certidões negativas. 10 Lei Complementar nº 118/2005.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 3

Vigência, aplicação, interpretação e integração da legislação tributária (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 4

OBRIGACAO TRIBUTÁRIA:

- Fato Gerador (AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 5

CREDITO TRIBUTÁRIO:

- Extinção do Crédito Tributário (pagamento, imputação do pagamento, repetição do indébito tributário, ação anulatória, prescrição e decadência) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 6

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA (redirecionamento da EF e desconsideração da PJ, substituição tributária, responsável e contribuinte, responsabilidade pessoal e de terceiros) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 7

GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

Ponto 8

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL:

- Limitações ao poder de tributar (princípios, imunidades, concessão de benefícios fiscais, CIDEs, CIP, normas constitucionais do ICMS) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

- Impostos da União:

.IPI (aspectos jurisprudenciais e normas constitucionais) (AGU.2008, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 4

OBRIGACAO TRIBUTÁRIA:

- Disposições Gerais (AGU.2006, AGU.2002)

- Competência e capacidade tributaria (AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 5

CREDITO TRIBUTÁRIO:

- Lançamento (AGU.2008, AGU.2002)

- Exclusão do Crédito Tributário (AGU.2006, AGU.2002)

Ponto 8

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL:

- Impostos dos Estados e do Distrito Federal:

.ICMS (aspectos jurisprudenciais e normas constitucionais) (AGU.2008, AGU.2002)

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RESIDUAL*

Ponto 1

O Estado e o poder de tributar (AGU.2002)

Ponto 2

Tributo (conceito, natureza jurídica, espécies) (AGU.2006)

Ponto 4

OBRIGACAO TRIBUTÁRIA:

- Solidariedade (AGU.2004)

Ponto 5

CREDITO TRIBUTÁRIO:

- Disposições Gerais (AGU.2006)

Ponto 8

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL:

- Impostos da União:

.ITR (aspectos jurisprudenciais e normas constitucionais) (AGU.2004)

- Repartição das receitas tributárias (AGU.2002)

DIREITO AMBIENTAL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Princípios do Direito Ambiental. 2 A Constituição Federal e o meio ambiente. 3 Repartição de competências em matéria ambiental. 4 Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Biossegurança. Infrações ambientais. 5 Responsabilidade ambiental. Conceito de dano. A reparação do dano ambiental. 6 Sistema nacional do meio ambiente. Política nacional do meio ambiente. 7 Estudo de impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica. Requisitos. 8 Biodiversidade. Principais instrumentos de proteção internacional. Acesso. Política nacional. Proteção jurídica do conhecimento tradicional associado. 9 Proteção às florestas. 10 Áreas de preservação permanente e unidades de conservação. 11 Crimes contra o meio ambiente.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União e da Procuradoria Federal (nos concursos AGU.2002, AGU.2004, AGU.2006 e PGF.2002 não foi cobrada a matéria Direito Ambiental).

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 2 A Constituição Federal e o meio ambiente (AGU.2012-2ªFASE, PGF.2010)Ponto 3 Repartição de competências em matéria ambiental (PGF.2013, AGU.2012, AGU.2008) Pontos 4 e 7Poder de polícia e Direito Ambiental. Licenciamento ambiental. Infrações ambientais. Estudo de impacto ambiental. Conceito. Competências. Natureza jurídica. Requisitos (PGF.2013, AGU.2012, PGF.2010, AGU.2008, PGF.2007)Ponto 5 Responsabilidade ambiental. Conceito de dano. A reparação do dano ambiental (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2012, PGF.2010, PGF.2007, AGU.2004, PGF.2002)

Ponto 11Crimes contra o meio ambiente (LEI 9.505/98):- Da Aplicação da Pena (PGF.2013, AGU.2012, AGU.2008)

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RELEVANTE*

Ponto 1

Princípios do Direito Ambiental (PGF.2010, PGF.2007)

Ponto 10

Áreas de preservação permanente e unidades de conservação:

CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.651/2012):

- Das APPs (AGU.2012, PGF.2010, PGF.2007)

SNUC (LEI 9.985/2000):

- Da Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 11

Crimes contra o meio ambiente (LEI 9.505/98):

- Dos Crimes Contra o Meio Ambiente:

. Crimes contra a Fauna (excludentes) (PGF.2010)

RESIDUAL*

Ponto 4

Biossegurança (Lei 11.105/05) (AGU.2012)

Ponto 6

Sistema nacional do meio ambiente. Política nacional do meio ambiente:

-Política Nacional do Meio Ambiente (PGF.2010)

-Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (PGF.2013)

Ponto 9

Proteção às florestas (Lei 11.284/06) (PGF.2013)

Ponto 10

Áreas de preservação permanente e unidades de conservação:

CÓDIGO FLORESTAL (LEI 12.651/2012):

-Da Supressão da Vegetação para Uso Alternativo do Solo (PGF.2013)

-Da Agricultura Familiar (PGF.2013)

SNUC (LEI 9.985/2000):

- Disposições Preliminares (conceitos) (AGU.2012)

- Categorias de Unidades de Conservação (PGF.2013, PGF.2010)

Ponto 11

Crimes contra o meio ambiente (LEI 9.505/98):

- Competência para Julgamento dos Crimes Ambientais (PGF.2007)

- Dos Crimes Contra o Meio Ambiente:

. Crimes contra a Administração Ambiental (AGU.2008, PGF.2007)

DIREITO CIVIL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Aplicação da lei no tempo e no espaço. 2 Interpretação e integração da lei. 3 Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. 4 Pessoas naturais e jurídicas: capacidade; começo da personalidade e da existência legal; extinção; domicílio. 5 Bens considerados

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e si mesmos; reciprocamente considerados; considerados em relação ao titular da propriedade. 6 Bens quanto à possibilidade de comercialização. 7 Bens de família legal e bem de família convencional. 8 Fato jurídico stricto sensu. 9 Ato jurídico em sentido estrito. 10 Negócio jurídico: elementos essenciais gerais e particulares; elementos acidentais; defeitos; forma e prova; nulidade e anulabilidade. 11 Ato ilícito. 12 Prescrição e decadência. 13 Posse: conceito, classificação, aquisição, perda; efeitos e proteção. 14 Aquisição e perda da propriedade móvel e imóvel. 15 Usucapião especial urbana e rural. 16 Modalidade de Condomínio. 17 Direitos reais sobre coisa alheia: de fruição, de garantia e de aquisição. 18 Obrigações: modalidades; modos de extinção (pagamento direto e pagamento indireto); extinção da obrigação sem pagamento; execução forçada por intermédio do Poder Judiciário; consequências da inexecução da obrigação por fato imputável ao devedor (mora, perda e danos e cláusula penal); transmissão (cessão de crédito, cessão de débito e cessão do contrato). 19 Contratos em geral: requisitos de validade, princípios, formação, classificação; efeitos em relação a terceiros; efeitos particulares (direito de retenção, exceptio nom adimpleti contractus, vícios redibitórios, evicção e arras; extinção da relação contratual. 20 Compra e Venda. 21 Troca. 22 Doação. 23 Locação de coisa móvel e imóvel. 24 Prestação de Serviços. 25 Empreitada. 26 Empréstimo: mútuo e comodato. 27 Depósito. 28 Mandato. 29 Seguro. 30 Fiança. 31 Obrigação por declaração unilateral de vontade: promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa e títulos de crédito. 32 Obrigações por ato ilícito. 33 Responsabilidade civil: conceito, pressupostos, espécies e efeitos. 34 Responsabilidade civil do fornecedor pelos produtos fabricados e pelos serviços prestados. 35 Responsabilidade civil por dano causado ao meio ambiente e a bens diretos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico. 36 Registros públicos.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO

IMPORTANTE*

Ponto 10

Negócio jurídico (validade, existência e interpretação de negócios Jurídicos) (AGU.2012,

AGU.2004)

Ponto 12

Prescrição e decadência (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 19

Contratos:

- Extinção da relação contratual (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

Pontos 33 a 35

Responsabilidade civil (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

Ponto 36

Registros públicos (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

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RELEVANTE*

Pontos 1 a 3

Aplicação da lei no tempo e no espaço. Interpretação e integração da lei. Lei de Introdução às

normas do Direito Brasileiro (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 13

Posse: conceito, classificação, aquisição, perda; efeitos e proteção (AGU.2008, AGU.2006)

Ponto 14

Aquisição e perda da propriedade móvel e imóvel (AGU.2008, AGU.2004)

Ponto 19

Contratos:

- Fiança (AGU.2006, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 4

Pessoas naturais (personalidade e capacidade, nascituro) (AGU.2012)

Pontos 5 a 7

Bens públicos e bem de família (AGU.2008)

Ponto 17

Direitos reais sobre coisa alheia:

- Servidões (AGU.2008)

- Usufruto (AGU.2004)

- Direito do promitente comprador (AGU.2004)

- Hipoteca (AGU.2004)

Ponto 18

Obrigações:

- Modalidades (AGU.2002)

- Adimplemento, inadimplemento e modos de extinção (AGU.2006)

- Transmissão (cessão de crédito, cessão de débito e cessão do contrato) (AGU.2008)

Ponto 19

Contratos:

- Prestação de Serviços (AGU.2012)

- Empréstimo: mútuo e comodato (AGU.2004)

- Depósito (AGU.2004)

- Mandato (AGU.2012)

Ponto 31

Obrigação por declaração unilateral de vontade: promessa de recompensa, gestão de negócios,

pagamento indevido e enriquecimento sem causa e títulos de crédito (AGU.2008)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

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Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Jurisdição: contenciosa e voluntária. 2 Órgãos da jurisdição. 3 Ação: conceito e natureza jurídica. Condições da ação. Classificação das ações. 4 Processo. Conceito. Natureza jurídica. Princípios fundamentais. Pressupostos processuais. 5 Procedimento ordinário e sumário. 6 Competência: absoluta e relativa. 7 Competência internacional. Homologação de sentença estrangeira. Carta rogatória. 8 Partes. Capacidade e legitimidade. Substituição processual. 9 Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de terceiros: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo. Ação regressiva. 10 Formação, suspensão e extinção do processo. 11 Petição inicial. Requisitos. Inépcia da petição inicial. 12 Pedido. Cumulação e espécies de pedido. 13 Atos processuais. Tempo e lugar dos atos processuais. 14 Comunicação dos atos processuais. Citação e intimação. 15 Despesas processuais e honorários advocatícios. 16 Resposta do réu: exceção, contestação e reconvenção. Revelia. Efeitos da revelia. 17 Julgamento conforme o estado do processo. 18 Audiência de instrução e julgamento. 19 Prova. Princípios gerais. Ônus da prova. 20 Sentença. Requisitos e efeitos da sentença. Coisa julgada formal e material. Preclusão. 21 Duplo grau de jurisdição. Recursos. Incidente de uniformização de jurisprudência. 22 Reclamação e correição. 23 Ação rescisória. Querela nullitatis. 24 Ação monitória. 25 Liquidação de sentença. 26 Cumprimento de sentença. Impugnação ao cumprimento da sentença. 27 Execução. Regras gerais. Partes. Competência. Responsabilidade patrimonial e fraudes do devedor. 28 Título executivo judicial e extrajudicial. 29 Execução de títulos extrajudiciais: conceito, espécies, pressupostos, partes, competência e procedimento. 30 Execução por quantia certa contra devedor solvente e contra devedor insolvente. 31 Execução para entrega de coisa. 32 Execução de obrigação de fazer e de não fazer. 33 Execução contra a fazenda pública. 34 Embargos à execução. 35 Ministério Público no processo civil. 36 Ação popular e ação civil pública. 37 Mandado de segurança. 38 Mandado de injunção. 39 Habeas data. 40 Ação declaratória. Declaratória incidental. 41 Suspensão de Segurança, suspensão de liminar e/ou acórdão e suspensão de tutela antecipada (Leis nº 4.348/64, 8.437/92 e alterações posteriores). 42 Recurso Repetitivo no STJ (Lei nº 11.672/08), Repercussão Geral no STF (Lei nº 11.418/06) e Súmula Vinculante (Lei nº 11.417/06). 43 Ação discriminatória, de divisão e demarcação. 44 Ação de usucapião. 45 Ação de consignação em pagamento. 46 Ação de despejo e renovatória. 47 Ação de desapropriação. 48 Ações possessórias. 49 Embargos de terceiro. 50 Ação cível originária nos tribunais. 51 Tutela antecipada e tutela específica. 52 Processo Cautelar. Medidas cautelares específicas. Tutela Inibitória. 53 Juizados especiais. 54 Execução Fiscal.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 6 Competência (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)Ponto 9 Litisconsórcio. Assistência. Intervenção de terceiros: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo. Ação regressiva. (AGU.2004, AGU.2002)Ponto 10 Formação, suspensão e extinção do processo (AGU.2008, AGU.2006)Ponto 20 Sentença. Requisitos e efeitos da sentença. Coisa julgada formal e material. Preclusão. (AGU.2006, AGU.2002)Ponto 21 RECURSOS: - Princípios Recursais, disposições gerais, efeitos recursais (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)- Recurso Adesivo (AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)- Agravo de Instrumento (AGU.2012, AGU.2004, AGU.2002)Ponto 23 Ação rescisória. Querela nullitatis (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)Ponto 24 Ação monitória (AGU.2012, AGU.2006)Pontos 33 e 34Execução contra a fazenda pública (efeitos dos embargos à execução e reexame necessário, execução da parte incontroversa, precatórios, exceção de pré-executividade) (AGU.2012, AGU.2002, AGU.2006) Ponto 37 Mandado de segurança (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2004)Pontos 51 e 52Antecipação de tutela, efeitos, tutela específica, distinção entre tutela antecipada e medida cautelar, tutela antecipada contra a Fazenda Pública (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 3 Ação (Teorias da ação, condições) (AGU.2008, AGU.2002)Pontos 11 e 12Petição inicial. Requisitos. Inépcia da petição inicial. Pedido. Cumulação e espécies de pedido (pedido e causa de pedir) (AGU.2008, AGU.2002)

Ponto 21 RECURSOS: - Embargos de Declaração (efeitos infringentes) (AGU.2008, AGU.2006)Ponto 27 Execução. Regras gerais. Partes. Competência. Responsabilidade patrimonial e fraudes do devedor. (AGU.2006, AGU.2004)Ponto 36 Ação popular e ação civil pública (AGU.2008, AGU.2004)Ponto 49 Embargos de terceiro (AGU.2012, AGU.2008)

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RESIDUAL*

Ponto 8 Partes. Capacidade e legitimidade. Substituição processual (AGU.2002)Ponto 19Prova (distribuição do ônus da prova, prova emprestada) (AGU.2008)Ponto 21 RECURSOS: - Apelação (AGU.2002)- Embargos Infringentes (AGU.2006)- Recurso Especial e Recurso Extraordinário (repercussão geral) (AGU.2008)Ponto 22 Reclamação e correição (AGU.2012)Ponto 26 Cumprimento de sentença. Impugnação ao cumprimento da sentença (AGU.2008) Ponto 41 Suspensão de Segurança, suspensão de liminar e/ou acórdão e suspensão de tutela antecipada (Leis nº 4.348/64, 8.437/92 e alterações posteriores). (AGU.2012)Ponto 42 Recurso Repetitivo no STJ (Lei nº 11.672/08), Repercussão Geral no STF (Lei nº 11.418/06) e Súmula Vinculante (Lei nº 11.417/06) (AGU.2008)Ponto 43 Ação discriminatória, de divisão e demarcação (AGU.2008)Ponto 44 Ação de usucapião (AGU.2008)

DIREITO EMPRESARIAL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 O estabelecimento: conceito e natureza, fundo de comercio e sucessão comercial. 2 Nome empresarial: natureza e espécies. 3 Registro de empresas. 4 O Empresário: requisitos necessários, impedimentos, direitos e deveres em face da legislação vigente. 5 Atos de comercio. 6 Livros comerciais obrigatórios auxiliares: espécies e requisitos e valor probante dos livros comerciais. 7 Contratos de Empresas: noções, requisitos, classificação, formação, meios de provas, contratos de compra e venda e de prestação de serviços, contratos de conta corrente, de abertura de credito, de alienação e contrato de leasing. 8 Responsabilidade dos sócios e administradores. Doutrina da desconsideração da personalidade jurídica. 9 Títulos de credito. 10 Sociedades Empresarias: classificação, características, distinções: sociedades não personificadas, sociedade comum e em conta de participação; sociedades personificadas, sociedade simples, em nome coletivo, em comandita simples, limitada, anônima, em comandita por ações, cooperativa e coligadas – liquidação, transformação, incorporação, fusão e da cisão das sociedades sociedade dependente de autorização. 11 Falência e Recuperação de Empresas. Recuperação Judicial e extrajudicial. Intervenção e Liquidação extrajudicial.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 1ESTABELECIMENTO (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)Ponto 2NOME EMPRESARIAL (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)Ponto 3REGISTRO DE EMPRESAS (LEI 8.934/94) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2002)Ponto 4EMPRESÁRIO E SOCIEDADE EMPRESÁRIA (caracterização e inscrição, capacidade) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)Ponto 7CONTRATOS DE EMPRESAS:- Arrendamento Mercantil (Leasing) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)Ponto 9TÍTULOS DE CRÉDITO: - Endosso e cessão de crédito (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)Ponto 11FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (Pessoas sujeitas à Lei de Falências, efeitos da decretação da falência e do deferimento do processamento da recuperação judicial, ineficácia e revogação de atos praticados antes da falência) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)

RELEVANTE*

Ponto 6LIVROS COMERCIAIS (AGU.2012, AGU.2006)Ponto 7CONTRATOS DE EMPRESAS:- Contratos bancários (caracterização, contrato de conta-corrente) (AGU.2008, AGU.2006)Ponto 8Responsabilidade dos sócios e administradores. Doutrina da desconsideração da personalidade jurídica (AGU.2012, AGU.2008)Ponto 9TÍTULOS DE CRÉDITO: - Letra de Câmbio (aval, aceite, vencimento) (AGU.2012, AGU.2002)

RESIDUAL*

Ponto 9TÍTULOS DE CRÉDITO: - Título à Ordem e Título Nominativo (AGU.2012)- Cheque (AGU.2002)Ponto 10SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (AGU.2012)SOCIEDADES ANÔNIMAS:- AÇÕES (Espécies e Classes) (AGU.2012)- Sociedades coligadas, controladoras ou controladas (AGU.2002)

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 História e fontes de direito dos tratados. 2 Obrigações e compromissos internacionais. 3 Produção de tratados. 4 Negociação e competência negocial. 5 Modelos de internalização de tratados. 6. Processo de formação e incorporação dos tratados no Brasil. 7 Hierarquia. 8 Acordo Executivo. 9 Costume internacional. 10 Entes de direito internacional. 11 Estados. 12 Organizações internacionais. 13 Indivíduo. 14 Responsabilidade internacional do Estado. 15 Reparação: restituição, indenização e satisfação. 16 Responsabilidade internacional objetiva. 17 Direito Internacional Tributário. 18 Direito do mar. 19 Direito internacional da navegação marítima e da navegação aérea. 20 Direito internacional ambiental. 21 Direito internacional do trabalho. 22 Direito de integração. 23 Direito do MERCOSUL. 24 Direito comunitário. 25 Conflitos internacionais. 26 Solução pacífica de controvérsias:

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conceito, natureza e origem. 27 Segurança coletiva e manutenção da paz. 28 Direito de guerra e neutralidade. 29 Serviço diplomático e consular. 30 Direito internacional penal. 31 Direito internacional econômico. 32 Organização Mundial de Comércio: origem, estrutura institucional e Órgão de Solução de Controvérsias. 33 Proteção internacional dos direitos humanos: história e evolução do regime internacional de proteção dos direitos humanos. 34 A teoria das “gerações” de direitos. 35 Direitos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais. 36 Universalidade dos direitos humanos e o relativismo cultural. 37 Declaração Universal dos Direitos Humanos. 38 Os Pactos Internacionais da ONU de 1966. 39 Hierarquia dos tratados de direitos humanos no direito brasileiro. 40 Sistemas de monitoramento multilateral de violação de direitos humanos: relatórios periódicos, comunicações interestatais, petições individuais e investigações motu próprio. 41 Procedimentos especiais no âmbito do Conselho de Direitos Humanos da ONU. 42 Sistema interamericano de direitos humanos. 43 A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. 44 Comissão Interamericana de Direitos Humanos: origem, composição e competências. 45 Corte Interamericana de Direitos Humanos: composição e competências. 46 Exequibilidade doméstica das decisões da Corte. 47 Direito à democracia e obrigação de sua promoção. 48 Direito à autodeterminação dos povos. 49 Povos indígenas e comunidades tradicionais em face do Direito Internacional. 50 Anistia. 51 Anistias autoconcedidas no direito internacional.

A disciplina DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO somente passou a ser cobrada no último concurso de Advogado da União (2012), razão pela qual não foi possível “filtrar” temas passíveis de cobrança no próximo certame.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 1

Historia e fontes de direito dos tratados (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2002)

Pontos 25 a 27

Conflitos internacionais. Solução pacifica de controvérsias: conceito, natureza e origem. Segurança coletiva e manutenção da paz (AGU.2012, AGU.2008)

Pontos 33 a 46

(AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002) – em especial:

- Proteção internacional dos direitos humanos: historia e evolução do regime internacional de proteção dos direitos humanos.

- Declaração Universal dos Direitos Humanos.

- Hierarquia dos tratados de direitos humanos no direito brasileiro.

- Sistema interamericano de direitos humanos.

- Comissão Interamericana de Direitos Humanos: origem, composição e competências.

- Corte Interamericana de Direitos Humanos: composição e competências.

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RELEVANTE*

Ponto 14

Responsabilidade internacional do Estado (AGU.2012, AGU.2004)

Ponto 18

Direito do mar (AGU.2012, AGU.2008)

Ponto 20

Direito internacional ambiental (AGU.2008, AGU.2004)

RESIDUAL*

Pontos 4 a 6

Negociação e competência negocial. Modelos de internalizarão de tratados. Processo de formação e incorporação dos tratados no Brasil (AGU.2002)

Ponto 9

Costume internacional (AGU.2006)

Ponto 10

Entes de direito internacional (AGU.2002)

Pontos 22 e 23

Direito de integração. Direito do MERCOSUL (AGU.2008)

Ponto 30

Direito internacional penal (AGU.2008)

DIREITO PENAL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Aplicação da lei penal. Princípios da legalidade e anterioridade. Lei penal no tempo e no espaço. 2 Crime. Conceito. Relação de causalidade. Superveniência de causa independente. Relevância da omissão. Crime consumado, tentado e impossível. Desistência voluntaria e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime doloso, culposo e preterdoloso. Tipicidade (tipo legal do crime). Erro de tipo e erro de proibição. Coação irresistível e obediência hierárquica. 3 Exclusão de ilicitude. 4 Imputabilidade penal. 5 Concurso de pessoas. 6 Efeitos da condenação e da reabilitação. 7 Pena de multa criminal (art. 51 do Código Penal). 8 Ação penal publica e privada. 9 Extinção da punibilidade. 10 Crimes contra a administração pública e Lei n.o 8.429/92. 11 (legislação específica). 12 Crimes contra a organização do trabalho. 13 Crimes contra a fé pública.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

PARTE ESPECIAL DO CPPonto 10TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL:- Descaminho (AGU.2012-2ªFASE)Ponto 13TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA:- Falsidade Documental (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

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RELEVANTE*

PARTE GERAL DO CPPonto 1TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL (AGU.2008, AGU.2004) Ponto 6TÍTULO V – DAS PENAS: - Efeitos da Condenação (AGU.2012, AGU.2008)Ponto 9TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:- Prescrição (AGU.2008, AGU.2004)- Renúncia ao Direito de Queixa e Perdão (AGU.2006, AGU.2002)PARTE ESPECIAL DO CPPonto 10TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS:- Peculato (AGU.2012, AGU.2008)Ponto12TÍTULO IV - DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO (AGU.2006, AGU.2002)

RESIDUAL*

PARTE GERAL DO CPPonto 2TITULO II – DO CRIME:- Relação de Causalidade (AGU.2002)- Do Crime Impossível (AGU.2006)Ponto 3TITULO II – DO CRIME:- Excludentes de Ilicitude (AGU.2004)Ponto 6TÍTULO V – DAS PENAS: - Reabilitação (AGU.2008)Ponto 9TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:- Disposições gerais (AGU.2008)PARTE ESPECIAL DO CPPonto 10TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:- Aplicação do Princípio da Insignificância (AGU.2012)PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS:- Concussão (AGU.2004)- Corrupção Passiva (AGU.2006)CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA:- Denunciação caluniosa (AGU.2002)Ponto 13TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA:- Moeda Falsa (AGU.2002)- Falsidade de Títulos e outros Papéis Públicos (AGU.2006)

DIREITO PENAL - LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 10 Lei n.º 8.429/92. 11 Crimes relativos à licitação (Lei n.º 8.666/93 e alterações). 12 (no programa de penal). 13 (no programa de penal). 14 Crimes de abuso

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de autoridade (Lei n.º 4.898/65). 15 Crimes contra a ordem econômica, as relações de consumo e a economia popular (Lei Delegada n.º 4, de 26/9/1962; Lei n.º 1.521/51; Lei n.º 8.078/90; Lei n.º 8.137/90; art. 34 da Lei n.º 9.249/95; Lei n.º 8.176/91; Lei n.º 8.884/94). 16 Crimes de imprensa. 17 Crimes de preconceito (Lei n.º 7.716/89). 18 Crime organizado (Lei n.º 9.034/95). 19 Suspensão condicional do processo (Lei n.º 9.099/95). 20 Interceptação telefônica (Lei n.º 9.296/96). 21 Lavagem de dinheiro (Lei n.º 9.613/98). 22 Crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei n.º 7.492/86). Crimes contra a saúde pública no Código Penal, Lei Federal nº 8.080/90, Lei Federal nº 9.434/97e Lei Federal nº 9.263/96.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 11Crimes relativos a licitações (Lei 8.666/93) (AGU.2012, PGF.2010, AGU.2008, AGU.2002)Ponto 15 Crimes contra a ordem econômica, as relações de consumo e a economia popular (Lei 8.137/90; art. 34 da Lei n.º 9.249/95; Lei n.º 8.176/91) (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2012, AGU.2002) Ponto 19 Suspensão condicional do processo (Lei n.º 9.099/95) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)Ponto 20 Interceptação telefônica (Lei n.º 9.296/96) (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)Ponto 22 Crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei n.º 7.492/86) (AGU.2012, AGU.2012-2ªFASE, AGU.2006)

RELEVANTE*

Ponto 16 Crimes de imprensa (AGU.2006, AGU.2002)Ponto 17 Crimes de preconceito (Lei n.º 7.716/89) (AGU.2012, AGU.2002)Ponto 18 Crime organizado (Lei 12.850/2013 LEI NOVA!) (AGU.2012) Ponto 21 Lavagem de dinheiro (Lei n.º 9.613/98) (AGU.2012, AGU.2008)

RESIDUAL*

Ponto 10Lei n.º 8.429/92 (AGU.2002)Ponto 14 Crimes de abuso de autoridade (Lei n.º 4.898/65) (AGU.2002)

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 23 Princípios constitucionais e gerais do Direito Processual Penal. 24 Inquérito Policial; notitia criminis. 25 Ação penal; espécies. 26 Jurisdição; competência. 27 Assistência no processo penal. 28 Prova (artigos 158 a 184 do CPP). Sigilo bancário e sigilo fiscal. 29 Prisão em flagrante. 30 Prisão preventiva. 31 Prisão temporária (Lei n.º 7.960/89). 32 Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. 33 Habeas corpus. 34 Busca e apreensão. Interceptação das comunicações. 35 Efeitos civis da sentença condenatória. 36 Restituição das coisas apreendidas. Perdimento de bens. 37 Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. Cooperação internacional na investigação de crimes.

Temas recorrentes nas últimas provas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

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MUITO IMPORTANTE*

Ponto 25 Ação penal:- Justa causa para a ação penal (AGU.2012-2ªFASE) Ponto 26 Competência:- Da definição da competência JF x JE (nos crimes de racismo, contra a organização do trabalho, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, contra silvícolas, nos crimes de desvio de verbas públicas) (AGU.2012, AGU.2004, AGU.2002)Ponto 37 Relações jurisdicionais com autoridade estrangeira. Cooperação internacional na investigação de crimes (AGU.2012-2ªFASE, AGU.2008)

RELEVANTE*

Ponto 23 Princípios constitucionais e gerais do Direito Processual Penal (AGU.2008, AGU.2004)Ponto 25 Ação penal:- Denúncia e queixa (Oferecimento, recebimento, aditamento, “denúncia anônima”...) (AGU.2012, AGU.2002)Ponto 35 Efeitos civis da sentença condenatória (AGU.2012, AGU.2008)

RESIDUAL*

Ponto 24 Inquérito Policial; notitia criminis (AGU.2004) Ponto 25 Ação penal:- Ação Civil Ex Delicto (AGU.2002)Ponto 26 Competência:- Competência por conexão (AGU.2002)Ponto 30 Prisão preventiva (AGU.2012)Ponto 33 Habeas corpus (hipóteses de cabimento) (AGU.2002)Ponto 36 Restituição das coisas apreendidas. Perdimento de bens (AGU.2008)

DIREITO DO TRABALHO

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Direito do trabalho. Conceito. Fontes: classificação, hierarquia e solução de conflitos. Princípios do direito do trabalho. 2 Renúncia e transação no direito do trabalho. Comissões de conciliação prévia. 3 Relação de trabalho. Relação de emprego. Distinção. 4 Sujeitos da relação de emprego. Empregado. Espécies. Distinção dos demais trabalhadores (eventual, autônomo, de empreitada). Empregador. Grupo de empresas. Responsabilidade solidaria e subsidiaria. Sucessão. Desconsideração da personalidade jurídica. 5 Contrato individual do trabalho: conceito, elementos e modalidades. Contrato de trabalho e contratos afins (locação de serviços, prestação de serviços, empreitada, sociedade, mandato, representação comercial e parceria rural). Cooperativas. Contratos especiais e profissões regulamentadas. 6 Remuneração e salário. Conceito. Componentes do salário. Modalidades. Parcelas não-salariais. 13º salário. Participação nos lucros e resultados. Equiparação salarial. 7 Alteração do contrato de trabalho. Efeitos. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho. 8 Paralisação temporária ou definitiva do trabalho em decorrência do factum principis. 9 Força maior no direito do trabalho. 10 Extinção do contrato de trabalho. Espécies. Justas causas de despedida do empregado. Culpa recíproca. Despedida indireta. Dispensa arbitrária. Direitos do empregado decorrentes da extinção. Aviso

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prévio. Programas de demissão voluntária. 11 FGTS. 12 Estabilidade. Garantia no emprego. Despedida do empregado estável. Reintegração, readmissão e indenização. 13 Duração do trabalho. Jornada de trabalho. Intervalos. Trabalho extraordinário e trabalho noturno. Sistemas de prorrogação e compensação de horas. Trabalho em regime de tempo parcial. Adicionais. 14 Férias. Direitos do empregado, épocas de concessão e remuneração. 15 Descanso semanal remunerado. 16 Segurança e higiene do trabalho. Insalubridade e periculosidade. 17 Trabalho da mulher. 18 Trabalho do menor. 19 Direito coletivo. Organizações sindicais: natureza jurídica, criação, administração e dissolução de sindicatos. Acordos e convenções coletivas de trabalho. Mediação e arbitragem. Direito de greve. Serviços essenciais. Condutas antissindicais e consequências.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 4 Sujeitos da relação de emprego (Empregado e empregador. Grupo de empresas. Responsabilidade solidaria e subsidiaria. Sucessão) (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)Ponto 6 Remuneração e salário (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2002)Ponto 7 Alteração do contrato de trabalho. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)Ponto 12 Estabilidade (estabilidades provisórias) (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)Ponto 19 Direito coletivo (criação de sindicatos, acordos e convenções coletivas de trabalho, direito de greve) (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006)

RELEVANTE*

Ponto 5 Contrato individual do trabalho (conceito, elementos e modalidades. Cooperativas) (AGU.2012, AGU.2006)Ponto 13 Duração do trabalho (AGU.2008, AGU.2006)Ponto 16 Segurança e higiene do trabalho. Insalubridade e periculosidade (AGU.2008, AGU.2006)

RESIDUAL*

Ponto 1Direito do trabalho (fontes) (AGU.2004)Ponto 14 Férias (AGU.2006)Ponto 17 Trabalho da mulher (AGU.2006)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 20 Direito processual do Trabalho. Fontes. Princípios. O jus postulandi. 21 Justiça do Trabalho. Organização. Competência. As alterações introduzidas pela Emenda Constitucional n.o 45/2004. 22 Processo do trabalho. Atos processuais. Formas de comunicação dos atos processuais. Procedimentos. Nulidades no processo do trabalho. Decisões judiciais. Termo de conciliação e sua eficácia. 23 Recursos no processo do trabalho: princípios gerais, prazos, pressupostos, requisitos e efeitos. Recursos em espécie: recurso ordinário, agravo de petição, agravo de instrumento, recurso de

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revista, embargos no TST e embargos de declaração. Agravo regimental. Recurso adesivo. 24 Liquidação de sentença. Execução provisória e definitiva no processo trabalhista. Meios de defesa. Execução contra a Fazenda Publica. 25 Execução das contribuições sociais na Justiça do Trabalho. Competência. Legitimidade. Procedimento. Lei nº 10.035/2000. Prerrogativas do Fisco. 26 Ação rescisória no processo do trabalho.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 23 Recursos no processo do trabalho: - Recurso de revista (AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)Ponto 26 Ação rescisória no processo do trabalho (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002)

RELEVANTE*

Ponto 23 Recursos no processo do trabalho: - Prazos (AGU.2012, AGU.2002) - Pressupostos e requisitos (AGU.2006, AGU.2002) - Recurso ordinário (AGU.2012, AGU.2004)- Agravo de petição (AGU.2004, AGU.2002)- Embargos no TST (AGU.2008, AGU.2006)Ponto 24 Meios de defesa (AGU.2006, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 20Direito processual do Trabalho:- Princípios (AGU.2008)Ponto 21 Justiça do Trabalho (AGU.2012)Ponto 22 Processo do trabalho: - Atos processuais e formas de comunicação (AGU.2006)- Procedimento sumaríssimo (AGU.2004)Ponto 23 Recursos no processo do trabalho: - Efeitos (AGU.2012)- Embargos de declaração (AGU.2008)- Prerrogativas da Fazenda em matéria de recursos (AGU.2012)Ponto 24 Execução no processo trabalhista (AGU.2008)Execução contra a Fazenda Publica (AGU.2004)

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

Edital nº 10 – AGU, de 7 de maio de 2012: 1 Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais. 2 Regime Geral da Previdência Social: beneficiário, benefícios e custeio. 3 Salário-de-contribuição: conceito, parcelas integrantes e excluídas, limites mínimo e máximo; salário-base, enquadramento, proporcionalidade e reajustamento. 4 Planos de benefícios da previdência social: espécies de benefícios e prestações, disposições gerais e específicas, períodos de carência, salário-de-benefício, renda mensal do benefício, reajustamento do valor do benefício. 5 PIS/PASEP. 6 Entidades de previdência privada: conceito e finalidades, constituição, organização, funcionamento e

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fiscalização. 7 Entidades abertas: regulamentos, requisitos essenciais, vinculação ao Sistema Nacional de Seguros Privados (órgãos normativo e executivo); operações; disposições especiais. 8 Entidades fechadas: posição em relação à seguridade social oficial; entes patrocinadores e supervisão das atividades das entidades fechadas; Ministério da Previdência Social: competência em relação às entidades fechadas; operações; entidades fechadas de previdência privada e suas patrocinadoras no âmbito da administração pública federal. 9 Previdência privada versus previdência pública. 10 Fundos de pensão. 11 Legislação acidentária. Regulamento do seguro de acidentes do trabalho (urbano e rural). Moléstia profissional.

Temas recorrentes nas últimas provas objetivas da Advocacia da União (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002):

MUITO IMPORTANTE*

Ponto 1 Seguridade social: - Normas constitucionais sobre a Seguridade Social, princípios correlatos e repercussões da EC 20/98 (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004, AGU.2002) Ponto 4 Espécies de benefícios e prestações:- Salário-maternidade (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004) Períodos de carência (AGU.2012, AGU.2006, AGU.2004)Pontos 6 a 10PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (AGU.2012, AGU.2008, AGU.2006, AGU.2004)

RELEVANTE*

Ponto 2 Regime Geral da Previdência Social: - Beneficiário (AGU.2006, AGU.2004)Ponto 3 Salário-de-contribuição: - Parcelas integrantes e excluídas, (AGU.2006, AGU.2004) Ponto 5 PIS/PASEP (AGU.2006, AGU.2004)Ponto 11 Acidentes do trabalho (caracterização e aspectos sobre a indenização) (AGU.2012, AGU.2004)

RESIDUAL*

Ponto 1 Seguridade social: - Origem e evolução legislativa (AGU.2006) Ponto 4 Espécies de benefícios e prestações:- Auxílio-reclusão (AGU.2006)Reajustamento do valor do benefício (AGU.2012)

* A classificação da relevância de cada tema leva em consideração a reincidência do assunto nas provas anteriores do CESPE para a carreira de Advogado da União e a repetição do assunto em diversos itens de uma mesma prova, o que sugere certa preferência da banca. Alguns pontos do edital, de cobrança esporádica, não foram incluídos na tabela, o que não significa, contudo, dispensa do seu estudo por parte do candidato.

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