135
DEMONSTRAÇÃO CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO MATERIAL ÚNICO Questões totalmente inéditas ACESSÍVEL Computador, Tablet, Smartphone 40 QUESTÕES OBJETIVAS Por rodada 1 SENTENÇA JUDICIAL Por rodada 07/08/2017 A 04/10/2017 DURAÇÃO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. CEI-MAGIS- TRATURA DO TRABALHO. 2017 2 QUESTÕES DISSERTATIVAS Por rodada CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO DEMONSTRAÇÃO Prepare-se por apenas R$ 650,00 com o curso que mais aprova!

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO · pág. 3 DEMONSTRAÇÃO CEIAITRATURA O AAO PROFESSORES FABRÍCIO LIMA SILVA Juiz do Trabalho do TRT da 3ª Região. Bacharel em Direito pela Universidade

Embed Size (px)

Citation preview

pág. 1

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

MATERIAL ÚNICOQuestões totalmente inéditas

ACESSÍVELComputador, Tablet, Smartphone

40 QUESTÕES OBJETIVASPor rodada

1 SENTENÇA JUDICIALPor rodada

07/08/2017 A 04/10/2017DURAÇÃO

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

CEI-MAGIS-TRATURA DO

TRABALHO.2017

2 QUESTÕES DISSERTATIVASPor rodada

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DEMONSTRAÇÃO

Prepare-se por apenas R$ 650,00com o curso que mais aprova!

pág. 2

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

PROMOÇÃOde R$ 150,00 por

R$ 100,00GARANTA O SEU!

editoracei.com

pág. 3

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

PROFESSORES

FABRÍCIO LIMA SILVA

Juiz do Trabalho do TRT da 3ª Região. Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, com habilitação em Direito de Empresa. Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pela Uniderp. Especialista em Direito Público pela Anamages – Associação Nacional dos Magistrados Estaduais. Professor de Cursos de Pós-Graduação da FAI – Ipecont. Analista Judiciário do TRT da 3ª Região (2006/2010).

FARLEY ROBERTO FERREIRA

Juiz do Trabalho do TRT da 2ª Região. Mestre pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – FADUSP. Pós-graduado em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Gama Filho – UGF. Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor de cursos de extensão e de pós-graduação do CETRAB – Centro de Ensino Trabalhista. Membro da Comissão Nacional de Prerrogativas da ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (biênio 2017/2019). Diretor-executivo da AMATRA-2–Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2a Região (biênios 2012/2014 e 2014/2016). Advogado do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (2004/2008).

DOROTHEO BARBOSA NETO

Juiz do Trabalho do TRT da 14ª Região. Bacharel em Direito pela Faculdade de Franca. Especialista em Engenharia Financeira pela IEVAL. Especialista em Gestão Pública e do Poder Judiciário pela FGV. Professor Substituto da Universidade Federal do Acre, nas matérias de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Professor de Legislação Social no curso de Administração de Empresas e Contabilidade – IEVAL. Membro da Banca examinadora do concurso do TRT da 14ª Região. Membro de Banca Examinadora do Concurso para Professor Substituto no Curso de Direito PROGRAD – UFAC.

SAMANTHA FONSECA STEIL SANTOS E MELLO

Juíza do Trabalho do TRT da 2ª Região. Especialista em Direito e Processo do Trabalho. Professora em Cursos Preparatórios para Concursos.

VINÍCIUS DE MIRANDA TAVEIRA

Juiz do Trabalho do TRT da 15ª Região. Especialista em Direito Público. Professor em Cursos Preparatórios para Concursos e de Pós-graduação.

MURILLO FRANCO CAMARGO

Juiz do Trabalho do TRT da 3ª Região. Bacharel em Direito e Especialista em Direito Processual pela Faculdade de Direito do Sul de Minas – FDSM.

PROMOÇÃO

pág. 4

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

INSTRUÇÕES GERAIS

Sejam bem-vindos ao CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO – RETA FINAL.

Foi com imensa honra que aceitei o desafio de coordenar este curso destinado à preparação de candidatos para ingresso na Magistratura do Trabalho.

Para quem ainda não conhece, o curso CEI já possui tradição e vem demonstrando ótimos resultados na preparação de candidatos para os concursos da Magistratura Federal, Estadual e Defensorias, dentre outros.

Todos nossos professores são Juízes Federais do Trabalho e assumiram o compromisso de manter o mesmo padrão de qualidade dos demais cursos do CEI, com intuito de se alcançar os tão esperados resultados.

E, podem ter certeza, que não poderia haver momento melhor para lançamento do curso: o advento do primeiro I CONCURSO PÚBLICO NACIONAL UNIFICADO PARA INGRESSO NA CARREIRA DA MAGISTRATURA DO TRABALHO.

Este será o maior certame para provimento dos cargos de Juiz do Trabalho Substituto. Foram oferecidos 132 cargos vagos, sendo que este número poderá dobrar dentro do prazo de validade do concurso.

O enfoque do curso será a análise dos posicionamentos doutrinários, jurisprudenciais e legais dos temas constantes do edital, com eleição dos temas de maior incidência em concursos anteriores, com uma mescla de todos os aspectos no decorrer das rodadas.

O nosso principal diferencial é que o candidato, desde o início da sua preparação, já tem o contato com as duas primeiras etapas do concurso. O estudo direcionado para quaisquer das etapas, com a exclusão das demais, quando ainda não superadas, pode prejudicar o rendimento do aluno e a obtenção dos melhores resultados.

O método do CEI consiste em preparar o aluno para a primeira e segunda fases, desde o início da sua preparação, fornecendo espelhos detalhados de correção, selecionando as melhores respostas e, especialmente, corrigindo individualmente a do candidato, fazendo as devidas críticas e sugestões.

Os alunos que enviarem suas respostas dentro do prazo receberão a correção individualizada, sendo que, ao final de cada rodada, será publicado um espelho de correção detalhado, disponível para todos os alunos, mesmo os que optarem por não responder.

pág. 5

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Sugerimos que o aluno procure responder às questões objetivas sem consultar nenhum material, avaliando, ao final, o seu desempenho, para que possa detectar bem quais os pontos em que precisa reforçar os estudos. Quanto às questões dissertativas e sentenças, sugerimos seja consultada apenas a legislação, para simular a situação que irá encontrar na prova, a não ser que o aluno não possua nenhuma intimidade com o tema, caso em que sugerimos que proceda a uma breve leitura na doutrina, para se ambientar, antes de iniciar a resposta. Está disponível na área do aluno a folha de respostas, a qual deve ser utilizada pelo aluno para o envio das respostas, observando, inclusive, o limite de linhas ali existente, salvo menção expressa em contrário no enunciado da questão. Se o aluno preferir enviar a resposta redigida à mão (digitalizada), ela será corrigida quanto aos aspectos técnicos, mas não quanto à ortografia, além de que a resposta não poderá ser selecionada entre as melhores da rodada. Fica ao critério do aluno.

Finalmente, ressalto que estou à disposição, em meu e-mail pessoal ([email protected]) para qualquer dúvida ou esclarecimento, seja a respeito do curso ou do certame.

Desejo a todos muito sucesso!

Publicação rodada

Limite para resposta

Limite para correção

Publicação espelho

1ª. Rodada 07/08/17 14/08/17 24/08/17 25/08/17

2ª. Rodada 17/08/17 13/08/17 23/08/17 26/08/17

3ª. Rodada 27/08/17 03/08/17 13/08/17 14/08/17

4ª. Rodada 06/09/17 13/09/17 23/09/17 24/09/17

5ª. Rodada 16/09/17 23/09/17 03/10/17 04/10/17

6ª. Rodada EXTRA

26/09/17 (40 questões objetivas e dicas para discursiva com 1 modelo de peça, 2 modelos de questões dissertativas, SEM CORREÇÃO INDIVI-DUALIZADA).

FABRÍCIO LIMA SILVACoordenador do Curso CEI – Magistratura do Trabalho

@fabriciosilvatrt

/professorfabriciosilva/

pág. 6

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

SUMÁRIO

INSTRUÇÕES GERAIS ......................................................................................................................................4

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO ...................................................................7BLOCO I ..........................................................................................................................................................7

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO ........................................................................................................... 7DIREITO COLETIVO DO TRABALHO .............................................................................................................. 11DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................................................ 12DIREITO PENAL ................................................................................................................................................... 14

BLOCO II ....................................................................................................................................................... 15DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ....................................................................................................... 15DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO .................................. 18DIREITO CIVIL ...................................................................................................................................................... 21

BLOCO III......................................................................................................................................................22DIREITO PROCESSUAL CIVIL ..........................................................................................................................22DIREITO INTERNACIONAL E COMUNITÁRIO ...........................................................................................24DIREITO PREVIDENCIÁRIO .............................................................................................................................25DIREITO EMPRESARIAL ....................................................................................................................................25DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS SOCIAIS .......................................................................27

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS ..................................................................................................28

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO ...............................................................29BLOCO I ........................................................................................................................................................29

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO .........................................................................................................29DIREITO COLETIVO DO TRABALHO .............................................................................................................43DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................................................47DIREITO PENAL ...................................................................................................................................................55

BLOCO II .......................................................................................................................................................57DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO .......................................................................................................57DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO ..................................73DIREITO CIVIL ......................................................................................................................................................86

BLOCO III......................................................................................................................................................93DIREITO PROCESSUAL CIVIL ..........................................................................................................................93DIREITO INTERNACIONAL E COMUNITÁRIO ..........................................................................................101DIREITO PREVIDENCIÁRIO ........................................................................................................................... 104DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................................................................... 111DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS SOCIAIS ..................................................................... 123

QUESTÕES DISSERTATIVAS ...................................................................................................................... 125

SENTENÇA ...................................................................................................................................................... 126

pág. 7

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 1. Conforme entendimento firmado pelo TST, em sede de recurso repetitivo, em relação à exigência de certidão de antecedentes criminais para contratação de empregados, é CORRETO afirmar que:

a) A atitude empresarial de exigir a apresentação da Certidão de Antecedentes não caracteriza conduta discriminatória a ensejar indenização por dano moral.

b) A exigência de Certidão de Antecedentes Criminais, caracteriza dano moral in re ipsa, passível de indenização, desde que o candidato ao emprego não tenha sido admitido.

c) Não se justifica a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais em caso da contratação de bancários.

d) Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial de fidúcia exigido.

e) Os recursos sobrestados que já foram examinados pelos Tribunais de origem não poderão ser novamente examinados na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Tribunal Superior do Trabalho a respeito da matéria.

QUESTÃO 2. Segundo o atual posicionamento da jurisprudência do TST quanto à responsabilidade do dono da obra é CORRETO afirmar que:

a) O conceito de “dono da obra”, previsto na OJ n. 191 da SBDI-I/TST, para efeitos de exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária trabalhista, restringe-se a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado.

b) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, não alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma

BLOCO I

pág. 8

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

atividade econômica do empreiteiro.

c) É compatível com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas “a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado”.

d) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in elegendo.

e) Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra ente público da Administração Direta ou Indireta.

QUESTÃO 3. Em relação às gorjetas é CORRETO afirmar que:

a) Os critérios para distribuição dos valores recebidos pelo estabelecimento aos seus empregados somente poderão ser estabelecidos por Convenção ou Acordo Coletivos.

b) As empresas não poderão, em nenhuma hipótese, efetuar a retenção de parte dos valores recebidos para custeio dos seus encargos sociais.

c) Não existe a obrigação legal de se registrar os valores médios recebidos a título de gorjetas na CTPS do trabalhador.

d) O valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, não recebe o mesmo tratamento legal das gorjetas.

e) Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta, desde que cobrada por mais de doze meses, essa se incorporará ao salário do empregado, tendo como base a média dos últimos doze meses, salvo o estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho.

QUESTÃO 4. No tocante aos contratos de parceria firmados entre os salões de beleza e os profissionais que desempenham as atividades de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador, assinale a alternativa CORRETA:

a) Os contratos poderão ser tácitos ou verbais.

pág. 9

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

b) É vedado ao salão-parceiro realizar a centralização dos pagamentos e recebimentos decorrentes das atividades de prestação de serviços de beleza realizadas pelo profissional-parceiro.

c) O profissional-parceiro não poderá assumir as responsabilidades e obrigações decorrentes da administração da pessoa jurídica do salão-parceiro, de ordem contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária incidentes, ou quaisquer outras relativas ao funcionamento do negócio.

d) O profissional-parceiro, por estar inscrito como pessoa jurídica, não receberá assistência do sindicato de categoria profissional ou do órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego.

e) Não se configurará vínculo empregatício entre salão-parceiro e profissional-parceiro em nenhuma hipótese.

QUESTÃO 5. Assinale a alternativa CORRETA no tocante ao posicionamento do TST quanto ao adicional de insalubridade:

a) O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, afasta, por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional.

b) A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores, ainda que não aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, exclui a percepção do respectivo adicional.

c) Caracteriza alteração contratual lesiva, com a violação de direito adquirido, a reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, e repercute na satisfação do respectivo adicional.

d) O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

e) Observado o princípio da adstrição, a verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, prejudica o reconhecimento judicial do pedido de adicional de insalubridade.

QUESTÃO 6. Em relação à contagem do prazo prescricional trabalhista, de acordo com o entendimento pacificado da jurisprudência do TST, assinale a alternativa CORRETA:

pág. 10

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

a) A ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, que tenha sido considerado parte ilegítima “ad causam”, não interrompe a prescrição.

b) A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário.

c) Da extinção de cada contrato começa a fluir o prazo prescricional do direito de ação, ainda que se objetive a soma de períodos descontínuos de trabalho.

d) O prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão normativa flui da data de seu ajuizamento.

e) A prescrição extintiva para pleitear judicialmente o pagamento da complementação de pensão e do auxílio-funeral é de dois anos, contados a partir da abertura do inventário.

QUESTÃO 7. Em matéria de sucessão trabalhista, segundo o atual entendimento do TST e do STF, assinale a alternativa CORRETA:

a) As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

b) Não há falar em óbice à sucessão trabalhista em caso de aquisição judicial de Unidade Produtiva Isolada, desde que haja continuidade da mesma atividade econômica pelo adquirente.

c) O sucessor, independentemente de má-fé ou fraude, responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, conforme o art. 2º da CLT.

d) Não é válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, devendo a execução prosseguir mediante precatório.

e) A isenção relativa ao recolhimento do depósito recursal para a massa falida de que trata a Súmula nº 86 de TST beneficia, por analogia, a empresa em recuperação judicial.

pág. 11

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

QUESTÃO 8. Assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical somente gozará de estabilidade se exercer na sua empregadora atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.

b) Em atenção aos ditames da Convenção 87 da OIT, a Constituição Federal garante que os trabalhadores e os empregadores, sem nenhuma distinção e sem autorização prévia, tenham o direito de constituir as organizações que considerem convenientes, assim como o de filiar-se a estas organizações, com a única condição de observar os estatutos das mesmas.

c) As confederações são entidades sindicais de grau superior, de âmbito nacional, que, para terem tal status, devem ser constituídas por, no mínimo, cinco federações e possuírem sede em Brasília.

d) A diferença primordial entre a convenção coletiva de trabalho e o acordo coletivo de trabalho diz respeito aos seus sujeitos, pois, enquanto na convenção coletiva os sujeitos são o sindicato profissional de um lado e uma ou mais empresas do outro, no acordo coletivo os sujeitos são o sindicato profissional de um lado e, de outro lado, o sindicato da categoria econômica.

e) O princípio da adequação setorial negociada trata da possibilidade de os sindicatos e empresas estabelecerem entre si, cláusulas normativas específicas para a aplicação em determinado setor da empresa, atendendo aos seus interesses particulares.

QUESTÃO 9. Em relação ao período de vigência das Convenções e dos Acordos Coletivos de Trabalho, é CORRETO afirmar que:

a) O atual entendimento do TST é no sentido de que as condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa, convenção ou acordos coletivos vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos individuais de trabalho.

b) Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas, sendo, todavia, admitida a prorrogação do instrumento originário por cláusula de termo aditivo.

BLOCO I

pág. 12

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

c) Encontra-se suspenso o entendimento do TST, contido em sua Súmula n. 277, de que as cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.

d) Durante o período compreendido entre 23.12.1992 e 28.07.1995, em que vigorou a Lei nº 8.542, revogada pela Medida Provisória nº 1.709, convertida na Lei nº 10.192, de 14.02.2001, as cláusulas dos acordos, convenções ou contratos coletivos de trabalho não integravam os contratos individuais de trabalho.

e) As partes convenientes, com base no princípio da adequação setorial negociada, podem estipular instrumentos coletivos com vigência superior a 2 anos.

DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 10. Conforme a jurisprudência do STF e do STJ, assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo o STF, editais de concurso público, em nenhuma hipótese, podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem.

b) A morte de detento não está abrangida pelo dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, motivo pelo qual o Estado não pode ser responsabilizado como garante, conforme entendimento pacífico do STF.

c) O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público não se renova mês a mês, de acordo com o STJ. Contam-se 120 dias do ato prejudicial sem se renovar.

d) Conforme entendimento do STJ, as informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova ilícita quando atinentes a aspectos não pessoais e de interesse da Administração Pública e da própria coletividade, sobretudo quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo.

e) A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos termos do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da posse e não da inscrição definitiva no concurso público, conforme entende o STF.

BLOCO I

pág. 13

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÃO 11. Assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo entendimento do STF, em caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

b) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar ofende a Constituição.

c) O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

d) Mesmo sem a prévia existência de lei, desde que haja previsão no edital, pode-se submeter a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

e) É imprescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.

QUESTÃO 12. Analise as seguintes afirmativas:

I. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. As ações que envolvem o ressarcimento ao erário são imprescritíveis, ainda que não decorra de improbidade administrativa.

II. Apenas se rejeita, de plano, a inicial da ação civil pública quando o julgador verificar ausência de condição da ação ou a ocorrência de pressuposto processual negativo ou, na hipótese de se convencer da inexistência de ato de improbidade ou de improcedência da ação.

III. É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.

IV. Nas ações de ressarcimento ao erário por improbidade administrativa, o Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

Diante do quanto descrito acima, assinale a alternativa CORRETA:

a) Todas estão corretas.

b) Há duas alternativas corretas.

pág. 14

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

c) I e III são corretas.

d) I, II, e IV estão corretas.

e) Itens III e IV são corretos.

DIREITO PENAL

QUESTÃO 13. Assinale a alternativa CORRETA quanto ao crime de assédio sexual.

a) A mulher não pode praticar o crime de assédio sexual.

b) O crime de assédio sexual somente ocorre nos casos em que o agente prevalece de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

c) Para a configuração do crime de assédio sexual é necessário que haja violência física.

d) O crime de assédio sexual somente se consuma com a prática efetiva da vantagem ou favorecimento sexual.

e) Se a vítima for menor de 21 anos, a pena é aumentada em até um terço.

QUESTÃO 14. João Gatuno, valendo-se da sua condição de Juiz do Trabalho Substituto, na cidade de Alfenas, solicitou ao Prefeito Municipal da Cidade de Capitólio que este lhe fornecesse gratuitamente um imóvel na região de Capitólio, para que este passasse alguns finais de semana no local com seus amigos. Nesta hipótese, assinale a alternativa CORRETA:

a) João praticou o crime de peculato.

b) João praticou o crime de corrupção ativa.

c) João praticou o crime de corrupção passiva.

d) João praticou o crime de concussão.

e) A conduta é atípica.

BLOCO I

pág. 15

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 15. Em relação à competência material da Justiça do Trabalho é CORRETO afirmar que:

a) Segundo atual posicionamento do STF, a Justiça do Trabalho é competente para pro-cessar e julgar controvérsias relativas a complementação de aposentadoria que decor-re do contrato de trabalho, independentemente da transferência da responsabilidade pela complementação dos proventos de aposentadoria a outra entidade, já que o con-trato de adesão é vinculado ao de trabalho.

b) A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previden-ciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição.

c) Compete à Justiça Comum declarar a abusividade, ou não, da greve.

d) A Justiça do Trabalho carece de competência para processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).

e) A Justiça do Trabalho não possui competência para apreciar pedido de complemen-tação de pensão postulada por viúva de ex-empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.

QUESTÃO 16. Conforme jurisprudência pacífica do TST, no tocante ao recurso de revista, é CORRETO afirmar que:

a) Excepcionalmente, será cabível recurso de revista para reexame de fatos e provas.

b) A configuração, ou não, do exercício da função de confiança pelo bancário a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, é suscetível de exame mediante recurso de revista.

c) Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.

d) Não é necessária a oposição de embargos de declaração para suprir omissão apontada em recurso de revista.

e) A admissibilidade do recurso de revista por violação prescinde da indicação expressa

BLOCO II

pág. 16

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

QUESTÃO 17. Em matéria de nulidades no Processo do Trabalho, com base no atual posicionamento do TST, é CORRETO afirmar que:

a) É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária, sendo que, todavia, em decorrência do efeito devolutivo amplo conferido ao recurso ordinário, tal entendimento não se aplica às hipóteses em que não se concede vista à parte contrária para se manifestar sobre os embargos de declaração opostos contra sentença.

b) Mesmo que inexistindo prejuízo, havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula.

c) A despeito da norma então prevista no artigo 56, § 2º, da Lei nº 4.215/63, a falta de comunicação do advogado à OAB para o exercício profissional em seção diversa daquela na qual tem inscrição não importa nulidade dos atos praticados, constituindo apenas infração disciplinar, que cabe àquela instituição analisar.

d) O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade, por negativa de prestação jurisdicional, dispensa a indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 489 do CPC de 2015 (art. 458 do CPC de 1973) ou do art. 93, IX, da CF/1988, uma vez que tal situação poderá ser verificada implicitamente.

e) A declaração de nulidade de decisão homologatória de acordo, em razão da colusão entre as partes (art. 485, III, do CPC), não impede que seja aplicada a multa por litigância de má-fé.

QUESTÃO 18. Sobre a ação rescisória no Processo do Trabalho, é possível afirmar que:

a) Se não contestada a ação, em quinze dias, ocorrem os efeitos da revelia e os fatos narrados na inicial são considerados relativamente verdadeiros.

b) Não ocorrem os efeitos da revelia na ação rescisória, haja vista que a petição inicial ataca a coisa julgada, ato estatal acobertado pela coisa julgada, matéria de ordem pública, sobre a qual não ocorre a consequência acima descrita.

c) A ação rescisória no Processo do Trabalho está sujeita a depósito prévio de 20% do valor do processo principal, bem como do adiantamento das custas, na fração de 2%

pág. 17

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

sobre o valor atribuído à inicial.

d) O prazo para o ajuizamento da ação rescisória é de dois anos, a contar do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, desde que esta seja de mérito, eis que as demais decisões não estão acobertadas pelo manto da coisa julgada.

e) O juízo rescindente está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, pois o serventuário goza de fé pública e o ato praticado serve como prova da data em que se esgotaram todas as vias recursais.

QUESTÃO 19. Sobre o benefício da gratuidade de justiça, é CORRETO apontar que:

a) Não poderá ser concedido às pessoas jurídicas.

b) Pode ser concedido às pessoas jurídicas, desde que haja alegação de insuficiência de recursos na peça defensiva e o reclamante concorde com a isenção das custas processuais.

c) Somente é concedido ao trabalhador que receba até dois salários-mínimos.

d) Depende de prova que demonstre a insuficiência de recursos do trabalhador para arcar com as custas processuais.

e) Abrange os honorários periciais, mas não isenta a parte condenada de realizar o depósito recursal, tendo em vista que a finalidade deste último é a garantia do juízo da execução.

QUESTÃO 20. Quanto à prova pericial no Processo do trabalho, é CORRETO afirmar:

a) Não se aplicam as regras do novo CPC, ainda que subsidiariamente, pois incompatíveis com os princípios que regem do Direito Processual do Trabalho.

b) Nos processos que tramitam pelo rito sumaríssimo, não se admite a produção de prova pericial, tendo em vista a celeridade exigida para a solução das demandas. Se for o caso, como ocorrem nos pedidos de adicional de insalubridade ou periculosidade, deve ocorrer a conversão do rito, respeitado o procedimento ordinário.

c) O juiz está adstrito à conclusão apresentada pelo perito, já que não possui conhecimento técnico para determinadas matérias para as quais a lei exige prova pericial.

d) É permitido o adiantamento de honorários periciais. A decisão que o faz é irrecorrível.

pág. 18

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Ainda que as partes impetrem mandado de segurança, os Tribunais do Trabalho têm decidido pela sua rejeição.

e) Na fase de execução, os honorários de perito serão pagos pelo executado, ainda que seus cálculos sejam mais próximos daqueles apresentados pelo expert, exceto se o exequente der causa à perícia desnecessária, por abuso ou má-fé.

DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO

QUESTÃO 21. Em relação ao direito de greve, conforme recente entendimento do plenário do Supremo Tribunal Federal, é CORRETO afirmar que:

a) O exercício do direito de greve é permitido aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública, desde que garantida, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

b) A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.

c) Não seria cabível mandado de injunção para suprir a omissão legislativa quanto à omissão na regulamentação do exercício do direito de greve pelos servidores públicos.

d) Mesmo inexistindo legislação específica acerca do direito de greve no setor público, quando o tema alcança o Supremo Tribunal Federal, este não pode se valer da aplicação das regras atinentes ao setor privado.

e) As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas poderão impedir o acesso ao trabalho, mas de nenhuma foram poderão causar ameaça ou dano à propriedade ou à pessoa.

QUESTÃO 22. Conforme a jurisprudência do STF, assinale a alternativa CORRETA:

a) Os prazos da licença-adotante podem ser inferiores aos prazos da licença-gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Todavia, em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada.

b) As associações que representam fração de categoria profissional são legitimadas para

BLOCO II

pág. 19

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

instaurar controle concentrado de constitucionalidade mesmo que a norma extrapole o universo de seus representados.

c) Não é possível conceder extradição para brasileiro naturalizado.

d) Desde que compatíveis com sua função, membros do Ministério Público podem ocupar outros cargos públicos, fora do âmbito da instituição, além dos cargos de professor e funções de magistério.

e) Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados.

QUESTÃO 23. Em relação aos Danos Morais, é CORRETO afirmar que:

a) Conforme entendimento pacífico do STJ, a indenização por dano moral pode se sujeitar à tarifação prevista na Lei de Imprensa.

b) Para o Supremo Tribunal Federal, a Lei de Imprensa foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988.

c) O Superior Tribunal de Justiça não admite a cumulação de indenizações por danos morais e estéticos, entendendo a configuração de bis in idem.

d) A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que não são cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos o mesmo fato.

e) Para o Superior Tribunal de Justiça, as ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis.

QUESTÃO 24. Aponte a alternativa CORRETA:

a) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, ainda que intentada no prazo legal, desde que o Magistrado não receba a denúncia.

b) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao delegado competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Torna-se desnecessária a comunicação ao Juiz nos casos em que a lei admite liberdade provisória sem fiança.

c) Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes

pág. 20

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

d) Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Recente jurisprudência do STF firmou entendimento pela impossibilidade de cumprimento de pena enquanto houver recurso cabível.

e) As associações poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, independentemente de trânsito em julgado.

QUESTÃO 25. Compete privativamente à União legislar sobre:

a) Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.

b) Previdência social, proteção e defesa da saúde.

c) Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho, juntas comerciais e serviços forenses.

d) Proteção à infância e à juventude.

e) Informática.

QUESTÃO 26. Assinale a alternativa CORRETA:

a) Nos casos autorizados de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal (CF) pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.

b) A acumulação de cargos públicos é permitida pela CF/1988, desde que o interessado opte pela remuneração mais vantajosa e renuncie ao montante que seria devido pelo exercício do cargo com menor vantagem.

c) O teto constitucional remuneratório se aplica a todas as vantagens percebidas, inclusive aquelas de natureza indenizatória.

d) É garantida aos servidores públicos a revisão de seus vencimentos a cada dois anos, respeitado o percentual estipulado para o reajuste remuneratório dos membros do legislativo federal.

e) No caso de aposentadoria, não se permite a acumulação, ainda que elas sejam relativas a cargos diversos.

pág. 21

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DIREITO CIVIL

QUESTÃO 27. Em relação às causas de interrupção da prescrição, assinale a alternativa CORRETA:

a) O despacho do juiz que não detenha competência não interrompe a prescrição.

b) Em nenhuma hipótese, a interrupção da prescrição por um credor aproveita aos outros e a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, o prejudica aos demais coobrigado.

c) Dentre outras hipóteses, a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, poderá ocorrer por protesto judicial.

d) A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do ato judicial que ordenou a citação do réu.

e) O protesto cambial não interrompe a prescrição.

QUESTÃO 28. Quanto à responsabilidade civil, aponte a alternativa correta:

a) Em casos de lesão à saúde, não é possível o pagamento da indenização de uma só vez. Será necessária a constituição de capital e o pensionamento, conforme a redução da capacidade.

b) Em todos os casos é exigido o ato culposo do lesado para a configuração da responsabilidade civil.

c) Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Esta regra é pacificamente aplicável à esfera trabalhista, segundo a jurisprudência do C. TST.

d) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal.

e) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, mesmo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

BLOCO II

pág. 22

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÃO 29. Sobre a prescrição, pode-se afirmar que:

a) A execução não prescreve, pois o exequente, ao iniciá-la, deixa o procedimento sujeito ao impulso oficial e isso impede a pronúncia da prescrição na aludida fase processual.

b) A interrupção da prescrição pode ocorrer por quantas vezes determinar o interesse do lesado. Porém, por despacho do Juiz, a interrupção é permitida por apenas uma vez.

c) O despacho de juiz incompetente para o caso não gera a interrupção da prescrição, pois há violação de norma de ordem pública.

d) A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.

e) Os prazos prescricionais podem ser alterados por vontade das partes.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 30. No sistema processual adotado pelo CPC/2015, se estiverem ausentes as condições da ação, mas o réu nada alegar na contestação, o juiz deve:

a) Conhecer da matéria de ofício, em qualquer grau de jurisdição, incluindo-se o caso de impossibilidade jurídica do pedido, e extinguir o processo sem resolução de mérito.

b) Dar ao processo curso normal, em razão da preclusão.

c) Conhecer da matéria de ofício, desde que ainda não tenha ocorrido audiência de instrução, e extinguir o processo com resolução de mérito.

d) Conhecer da matéria, em qualquer grau de jurisdição, desde que tenha dado oportunidade para parte se manifestar, extinguindo-o sem resolução de mérito.

e) Conhecer da matéria de ofício, em qualquer grau de jurisdição, e extinguir o processo com resolução de mérito.

QUESTÃO 31. Conforme o Art. 927, § 3º, do CPC/15, “Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.”

Tal dispositivo processual, positivou a chamada regra do:

BLOCO III

pág. 23

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

a) Distinguishing.

b) Overriding.

c) Sinaling.

d) Prospective Overruling.

e) Reversing.

QUESTÃO 32. Em relação às provas no CPC/15, assinale a alternativa CORRETA:

a) Independe de fundamentação a decisão que indefere a produção de provas inúteis e/ou protelatórias.

b) O juiz somente poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo se houve expressa concordância das partes.

c) Em hipótese alguma o magistrado pode modificar a ordem legal de produção da prova testemunhal, sob pena de ferir o princípio da legalidade.

d) A produção antecipada da prova previne a competência do juízo para a ação que venha a ser produzida.

e) O CPC/2015 extinguiu a exigência das reperguntas às testemunhas, cabendo às partes formularem as perguntas diretamente às testemunhas.

QUESTÃO 33. Aponte a alternativa correta:

a) As condições da ação foram adotadas pelo Novo CPC e atreladas aos pressupostos processuais. Segundo o Diploma de 2015, a legitimidade de parte, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido são analisados como pressupostos processuais de validade e podem gerar a extinção do processo sem resolução do mérito.

b) O NCPC não faz menção à possibilidade jurídica do pedido, o que demonstra que sua análise corresponde ao mérito da demanda e acarreta, se for o caso, a improcedência do pedido.

c) As condições da ação não são taxativas, mas exemplificativas.

d) Ilegitimidade de parte, ausência de interesse de agir e impossibilidade jurídica do pedido podem acarretar a inépcia da petição inicial, segundo art. 330 do NCPC.

pág. 24

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

e) A existência de cláusula que preveja a solução do conflito por via arbitral não provoca a extinção do processo sem resolução do mérito. Como o direito de ação é constitucionalmente previsto, há interesse de agir daquele que aciona o Poder Judiciário.

DIREITO INTERNACIONAL E COMUNITÁRIO

QUESTÃO 34. A respeito da Convenção n. 182, da OIT, que versa sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata para sua Eliminação, assinale a alternativa CORRETA:

a) A Convenção n. 182, da OIT, não foi ratificada pelo Brasil.

b) A Convenção obriga a todos os estados-membros da OIT, independentemente do registro das ratificações pelo Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho.

c) Para os efeitos da Convenção n. 182, o termo criança designa a toda pessoa menor de 16 anos.

d) Todo estado-membro que ratificou a Convenção n° 182 da OIT poderá denunciá-la ao expirar um prazo de 05 anos a partir da data em que tenha entrado em vigor.

e) A denúncia à mencionada Convenção não surtirá efeito até 1 ano após a data em que tenha sido registrada.

QUESTÃO 35. Sobre a Organização Internacional do Trabalho, é CORRETO:

a) A estrutura básica da OIT é composta por três órgãos: Conferência Internacional do Trabalho, Conselho de Administração e Repartição Internacional do Trabalho.

b) A CIT é considerada a assembleia geral, órgão supremo da organização, a qual se reúne, ao menos, 4 vezes por ano.

c) O CA elege o Diretor-Geral da RIT, mas não exerce a supervisão das atividades da Repartição.

d) A atividade da OIT é restrita à matéria relativa ao trabalho.

e) A composição da OIT conta com representantes dos trabalhadores e dos empregadores, sendo que estes representam o Estado.

BLOCO III

pág. 25

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 36. Considerando o Regime Geral de Previdência Social, assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo entendimento do STF, mesmo que o Equipamento de Proteção Individual - EPI seja efetivamente capaz de neutralizar a nocividade haverá, em regra, respaldo constitucional à aposentadoria especial.

b) Segundo entendimento do STF, em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial.

c) Segundo entendimento do STF, na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

d) Segundo entendimento do STJ, ainda que o registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego não seja o único meio de prova admissível para que o segurado desempregado comprove a situação de desemprego para a prorrogação do período de graça, a falta de anotação na CTPS, por si só, é suficiente para tanto.

e) Segundo entendimento do STJ, a exigência de prévio requerimento administrativo pode ser dispensada quando há recusa em seu recebimento por parte do INSS ou extrapolação da razoável duração do processo administrativo. Não obstante, a simples oposição, ainda que notória, da autarquia previdenciária à tese jurídica adotada pelo segurado não leva à mesma conclusão.

DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 37. Em relação à recuperação judicial é CORRETO afirmar que:

a) As obrigações, mesmo que a título gratuito, podem ser exigidas do devedor na recuperação judicial.

b) Segundo a Lei n° 11.101/2005, constitui, dentre outros, meio de recuperação judicial, observada a legislação pertinente, a emissão de valores imobiliários.

c) Conforme a atual e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o

BLOCO III

BLOCO III

pág. 26

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

redirecionamento da execução contra os sócios ou integrantes do mesmo grupo econômico da empresa falida ou em recuperação judicial não afasta a competência da Justiça do Trabalho.

d) O fato de a reclamada se encontrar em recuperação judicial é óbice à aplicação das multas dos artigos 467 e 477 da CLT.

e) O fato de ter sido declarada a recuperação judicial da sociedade empresária a constitui como beneficiária da justiça gratuita.

QUESTÃO 38. Em relação ao “hiring bônus” ou bônus de contração, assina-la a alternativa CORRETA:

a) Tal parcela é considerada como contraprestação pelo trabalho de comercialização, que é assumido diretamente pelo fabricante ou fornecedor do bem ou serviço a ser comercializado, como fator de estímulo ao vendedor para que atue proativamente junto ao cliente ou consumidor para orientá-lo ou convencê-lo a comprar os produtos oferecidos por esse fabricante ou fornecedor.

b) Constitui um regime de compra ou de subscrição de ações e foram introduzidas na França em 1970, cujas novas regras encontram-se na Lei 420, de 2001. Esse regime permite que os empregados comprem ações da empresa em um determinado período e por preço ajustado previamente. Se o valor da ação ultrapassa o preço, o beneficiário obtém o lucro e, em consequência, duas alternativas lhe são oferecidas: revender de imediato a mais valia ou guardar os seus títulos e se tornar um empregado acionista.

c) É valor pago a título de incentivo à contratação e à permanência no emprego oferecido pelo empregador com o objetivo de facilitar e tornar mais atraente a aceitação aos seus quadros, por ser parcela equiparada às “luvas” do atleta profissional.

d) Parcela decorrente de um evento ou circunstância considerada como relevante pelo empregador e vinculada à conduta individual do obreiro ou coletiva dos trabalhadores da empresa.

e) Decorre da prestação de serviços do atleta em favor da entidade desportiva e é a contraprestação devida aos atletas profissionais participantes do espetáculo ou evento.

QUESTÃO 39. Segundo a Lei 11.101/2005, é CORRETO afirmar que:

pág. 27

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

a) Serão pagos os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial, vencidos nos seis meses anteriores à decretação da falência, até o limite de cinco salários-mínimos por trabalhador, tão logo haja disponibilidade em caixa.

b) Os créditos trabalhistas têm preferência de pagamento, num limite de 150 salários por trabalhador, ficando o eventual saldo remanescente em igualdade de condições com os créditos quirografários. Em razão da natureza alimentar, o crédito trabalhista é considerado extraconcursal.

c) A reclamação trabalhista será suspensa tão logo concedida a recuperação judicial da empresa, pois a finalidade desta é dar sobrevida à empresa em difícil situação financeira e, em reflexo, privilegiar a manutenção do emprego.

d) A lei não se aplica a empresa pública e sociedade de economia mista.

e) A massa falida e a empresa em recuperação judicial são representadas em Juízo pelo Administrador Judicial.

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS SOCIAIS

QUESTÃO 40. “É a diferença entre o montante de crimes praticados e o número de crimes que os órgãos do sistema penal tomam conhecimento”.

É CORRETO afirmar que esta é a definição de:

a) Profecia autorrealizável.

b) Mark system.

c) Panoptismo.

d) Less eligibity.

e) Cifra negra.

BLOCO III

pág. 28

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 2 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 3 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 4 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 5 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 6 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 7 ALTERNATIVA A

QUESTÃO 8 ALTERNATIVA A

QUESTÃO 9 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 10 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 11 ALTERNATIVA A

QUESTÃO 12 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 13 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 14 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 15 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 16 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 17 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 18 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 19 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 20 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 21 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 22 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 23 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 24 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 25 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 26 ALTERNATIVA A

QUESTÃO 27 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 28 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 29 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 30 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 31 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 32 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 33 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 34 ALTERNATIVA E

QUESTÃO 35 ALTERNATIVA A

QUESTÃO 36 ALTERNATIVA B

QUESTÃO 37 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 38 ALTERNATIVA C

QUESTÃO 39 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 40 ALTERNATIVA E

pág. 29

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 1. Conforme entendimento firmado pelo TST, em sede de recurso repetitivo, em relação à exigência de certidão de antecedentes criminais para contratação de empregados, é CORRETO afirmar que:

a) A atitude empresarial de exigir a apresentação da Certidão de Antecedentes não caracteriza conduta discriminatória a ensejar indenização por dano moral.

b) A exigência de Certidão de Antecedentes Criminais, caracteriza dano moral in re ipsa, passível de indenização, desde que o candidato ao emprego não tenha sido admitido.

c) Não se justifica a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais em caso da contratação de bancários.

d) Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial de fidúcia exigido.

e) Os recursos sobrestados que já foram examinados pelos Tribunais de origem não poderão ser novamente examinados na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Tribunal Superior do Trabalho a respeito da matéria.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O tema em comento foi objeto do tema n. 1, seguindo o regramento da Lei n. 13.015, de 21 de julho de 2014, que estabeleceu o regramento para processamento e julgamento de recursos repetitivos.

Saliente-se que a referida legislação foi pioneira quanto ao tema, antecipando-se, inclusive, às previsões contidas no CPC/15.

A tese firmada pelo TST foi a seguinte:

“I) não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego quando traduzir tratamento discriminatório ou não se justificar em razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial de fidúcia exigido.

II) a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego é legítima

BLOCO I

pág. 30

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

e não caracteriza lesão moral quando amparada em expressa previsão legal ou justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de fidúcia exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores de menores, idosos ou deficientes (em creches, asilos ou intuições afins), motoristas rodoviários de carga, empregados que laboram no setor da agroindústria no manejo de ferramentas de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas, trabalhadores que atuam com informações sigilosas.

III) a exigência de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente alguma das justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in re ipsa, passível de indenização, independentemente de o candidato ao emprego ter ou não sido admitido”.

Portanto, a exigência da certidão de antecedentes criminais, ressalvados casos com expressa previsão legal ou em razão da natureza do ofício ou do grau especial de fidúcia exigido, caracteriza conduta discriminatória e é passível de indenização por danos morais.

A assertiva “b” está incorreta. Conforme o item III da tese firmada pelo TST, a exigência da certidão, fora das exceções expressas e exemplificadas na mesma, caracteriza dano moral, mesmo que o candidato tenha sido admitido.

A assertiva “c” está incorreta. A hipótese dos bancários está expressamente prevista como exceção à regra de que a certidão de antecedentes não seria legitimamente exigível.

A assertiva “d” está correta. Saliente-se que o texto do enunciado transcreve fielmente o item I da tese firmada pelo TST.

A assertiva “e” está incorreta. Embora o tema do enunciado seja mais relacionado ao Direito Processual do Trabalho, é bom que o candidato já se familiarize com questões interdisciplinares que são cada vez mais habituais nas provas de ingresso na Magistratura do Trabalho.

Segundo o parágrafo 11 do artigo 896-C da CLT, advindo da Lei n. 13.015/14:

“Publicado o acórdão do Tribunal Superior do Trabalho, os recursos de revista sobrestados na origem:

I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação a respeito da matéria no Tribunal Superior do Trabalho; ou

II - serão novamente examinados pelo Tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Tribunal Superior do Trabalho a respeito da matéria”.

E, seguindo, em caso de manutenção da decisão divergente pelo Tribunal a quo, prevê o parágrafo 12 do mesmo artigo que:

“Na hipótese prevista no inciso II do § 11 deste artigo, mantida a decisão divergente pelo

pág. 31

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso de revista”.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 2. Segundo o atual posicionamento da jurisprudência do TST quanto à responsabilidade do dono da obra é CORRETO afirmar que:

a) O conceito de “dono da obra”, previsto na OJ n. 191 da SBDI-I/TST, para efeitos de exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária trabalhista, restringe-se a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado.

b) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, não alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro.

c) É compatível com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas “a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado”.

d) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in elegendo.

e) Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra ente público da Administração Direta ou Indireta.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O Tribunal Superior do Trabalho, em julgamento realizado em 11 de maio de 2017, em sede de julgamento de Recurso Repetitivo, firmou a seguinte tese:

“RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA - DONA DA OBRA - APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SBDI-1 LIMITADA À PESSOA FÍSICA OU MICRO E PEQUENAS EMPRESAS:

I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por obrigação trabalhista a

pág. 32

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

que se refere a Orientação Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e grande porte e entes públicos;

II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;

III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial n.º 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas “a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado”;

IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in elegendo”.

Ressalte-se que a tese prevalecente foi proferida em processos nos quais se discutia o entendimento contido na Súmula n. 42, do TRT da 3ª Região, que ampliava os limites da responsabilização e tinha o seguinte teor:

“O conceito de ‘dono da obra’, previsto na OJ n. 191 da SBDI-I/TST, para efeitos de exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária trabalhista, restringe-se a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado”.

Saliente-se que no voto condutor para edição da tese prevalecente restou consignado que:

“Nesta perspectiva, o princípio da dignidade da pessoa humana não pode ser o único fundamento a embasar a declaração de responsabilidade do dono da obra em face das obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro.

Por essas razões, data venia, não obstante o louvável escopo de proteção ao hipossuficiente que decerto serviu de força motriz à tese jurídica encampada na Súmula regional nº 42, penso que o princípio da dignidade da pessoa humana deve ser utilizado em exercício de hermenêutica da legislação infraconstitucional, mas não, por si só, como fator determinante de criação de obrigação.

Assim, objetivamente, concluo que não se harmoniza com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial nº 191 da SbDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional

pág. 33

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas ‘a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado’”.

Após a edição da tese jurídica prevalecente, o TRT da 3ª Região cancelou a referida súmula, conforme Resolução Administrativa TRT3/SETPOE n. 163/2017 (Disponibilização: DEJT/TRT3/Cad. Jud. 19, 20 e 21/07/2017).

A assertiva “b” está incorreta, pois, conforme o item II da tese prevalecente:

“A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial n.º 191, por aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro”.

A assertiva “c” está incorreta, uma vez que tal interpretação ampliativa de responsabilidade não é compatível com o entendimento contido na OJ n. 191, do TST (Item III da tese).

A assertiva “d” está correta. Conforme item IV da tese, acima transcrito:

“Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in elegendo”.

Importante salientar que houve uma evolução da jurisprudência do TST, uma vez que se aplicou, por analogia, a disposição do art. 455, da CLT, ressalvando-se apenas o caso dos entes públicos, por inexistir lacuna legal neste aspecto, conforme salientado no voto condutor da tese:

“ANÁLISE CRÍTICA DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 191 DA SbDI-1 DO TST. RESPONSABILIDADE DO DONO DA OBRA. INIDONEIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO EMPREITEIRO. APRIMORAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. SUPRIMENTO DE LACUNA LEGISLATIVA. ARTIGO 8º DA CLT. ANALOGIA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 455 DA CLT

(...)

Dessa forma, por aplicação analógica do artigo 455 da CLT, em caso de inadimplemento das obrigações trabalhistas do empreiteiro sem idoneidade econômico-financeira que contratar, o dono da obra responde por culpa in eligendo presumida.

Descarta-se, no caso, o reconhecimento de automática imposição de responsabilidade solidária do dono da obra. Entendo, sim, que se cuida de responsabilidade por obrigações trabalhistas de outrem, na modalidade subsidiária.

pág. 34

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A uma, tendo em vista que a imputação de responsabilidade, na espécie, decorre de aplicação analógica do artigo 455 da CLT para fazer face à patente lacuna legislativa em relação ao dono da obra.

Sucede que, segundo o artigo 265 do Código Civil de 2002, ‘a solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes’.

Entendo, assim, que, por força do comando restritivo do artigo 265 do Código Civil, o reconhecimento de obrigação, por aplicação analógica do artigo 455 da CLT, para suprir lacuna legislativa, não alberga a extensão da solidariedade, resguardada tão somente se há explícita disposição legal a ampará-la.

A duas, porquanto a imputação de responsabilidade solidária, na espécie, implicaria criar para o dono da obra injustificável condição mais gravosa do que a imposta ao tomador dos serviços, em caso de intermediação lícita de mão de obra, à luz do que sinaliza a Súmula nº 331, IV, do TST.

Resta examinar, por fim, a situação peculiar dos entes públicos da Administração direta e indireta, os quais, com certa habitualidade, segundo já esposado, figuram como donos de obras de construção civil e, nessa condição, também são demandados perante a Justiça do Trabalho por empregados ou ex-empregados de empreiteiros inadimplentes.

Conquanto a jurisprudência de há muito consolidada no Tribunal Superior do Trabalho reconheça que também os entes públicos podem incorrer em condutas culposas na eleição de empresas prestadoras de serviço lato sensu, dentre as quais as empreiteiras para a execução de obras de construção civil, não se pode fechar os olhos para o que dispõe expressamente o artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93.

Aludido dispositivo legal, como se recorda, inserido no capítulo III da Lei das Licitações, que trata dos contratos administrativos, textualmente afasta a responsabilidade da Administração Pública por débitos das empresas contratadas.

Outrossim, uma vez declarado constitucional pelo Eg. Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Constitucionalidade nº 16 (DJe 8/9/2011), o artigo 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 constitui, de fato, óbice a que se reconheça a responsabilidade de qualquer ente da Administração Pública, direta e indireta, na qualidade de “dono da obra’, por obrigações trabalhistas decorrentes dos contratos administrativos que celebrar.

No particular, portanto, não há vácuo legislativo, o que efetivamente desautoriza a aplicação analógica do artigo 455 da CLT, a fim de imputar qualquer responsabilidade à Administração Pública, direta e indireta, na condição de “dono da obra”, em decorrência do inadimplemento dos débitos trabalhistas do empreiteiro”.

Além disso, no aspecto processual, consta do voto condutor da tese prevalecente, um importante posicionamento quanto aos limites de julgamento do Incidente para Resolução de Demandas

pág. 35

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Repetitivas:

“O âmbito de cognição do IRRR não se exaure estritamente no objeto fixado por ocasião da afetação do Incidente ao órgão competente. A disposição em contrário do § 2º do artigo 1.037 do CPC de 2015 foi revogada pela Lei nº 13.256/2016 (art. 3º, inciso II).

De sorte que, admitido o IRRR, o órgão competente pode examinar outras questões jurídicas correlatas do tema.

É o que se dá, mutatis mutandis, após o conhecimento de recurso de revista, por divergência jurisprudencial: no exame do mérito do recurso, abre-se a ampla cognição do Tribunal para o exame do tema controvertido, mediante a aplicação do Direito à espécie, sem as amarras processuais pertinentes ao conhecimento.

A assertiva “e” está incorreta. Segundo o texto da OJ n. 191, da SDDI-I, do TST, “diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora”.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 3. Em relação às gorjetas é CORRETO afirmar que:

a) Os critérios para distribuição dos valores recebidos pelo estabelecimento aos seus empregados somente poderão ser estabelecidos por Convenção ou Acordo Coletivos.

b) As empresas não poderão, em nenhuma hipótese, efetuar a retenção de parte dos valores recebidos para custeio dos seus encargos sociais.

c) Não existe a obrigação legal de se registrar os valores médios recebidos a título de gorjetas na CTPS do trabalhador.

d) O valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, não recebe o mesmo tratamento legal das gorjetas.

e) Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta, desde que cobrada por mais de doze meses, essa se incorporará ao salário do empregado, tendo como base a média dos últimos doze meses, salvo o estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O parágrafo 4º do art. 457 da CLT, com redação dada pela Lei

pág. 36

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

n. 13.419/17, estabelece que: “A gorjeta mencionada no § 3º não constitui receita própria dos empregadores, destina-se aos trabalhadores e será distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho”.

Todavia, estas não são as únicas formas de se estipular os critérios de rateio, pois, segundo o disposto no parágrafo 5º do referido artigo: “Inexistindo previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios de rateio e distribuição da gorjeta e os percentuais de retenção previstos nos §§ 6º e 7º deste artigo serão definidos em assembleia geral dos trabalhadores, na forma do art. 612 desta Consolidação”.

Ou seja, não havendo a previsão em acordo ou convenção coletivos, os critérios serão estipulados em assembleia geral dos trabalhadores.

A assertiva “b” está incorreta. Os incisos I e II do § 6º do art. 457, com redação dada pela Lei n. 13.419/17, estabelecem a possibilidade de desconto de valores pela empresa para custeio dos encargos sociais, in verbis:

“I - para as empresas inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançá-la na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 20% (vinte por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador;

II - para as empresas não inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançá-la na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 33% (trinta e três por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador”.

A assertiva “c” está incorreta. A novel legislação estabeleceu a obrigatoriedade do empregador anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no contracheque de seus empregados o salário contratual fixo e o percentual percebido a título de gorjeta (art. 457, III, da CLT).

Além disso, consta do parágrafo 8º do artigo 457 da CLT que: “As empresas deverão anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social de seus empregados o salário fixo e a média dos valores das gorjetas referente aos últimos doze meses”.

A assertiva “d” está incorreta. Segundo o parágrafo 3º do art. 457, da CLT: “Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados”.

pág. 37

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “e” está correta, uma vez que, nos termos do parágrafo 9º do art. 457, da CLT: “Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta de que trata o § 3º deste artigo, desde que cobrada por mais de doze meses, essa se incorporará ao salário do empregado, tendo como base a média dos últimos doze meses, salvo o estabelecido em convenção ou acordo coletivo de trabalho”.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 4. No tocante aos contratos de parceria firmados entre os salões de beleza e os profissionais que desempenham as atividades de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador, assinale a alternativa CORRETA:

a) Os contratos poderão ser tácitos ou verbais.

b) É vedado ao salão-parceiro realizar a centralização dos pagamentos e recebimentos decorrentes das atividades de prestação de serviços de beleza realizadas pelo profissional-parceiro.

c) O profissional-parceiro não poderá assumir as responsabilidades e obrigações decorrentes da administração da pessoa jurídica do salão-parceiro, de ordem contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária incidentes, ou quaisquer outras relativas ao funcionamento do negócio.

d) O profissional-parceiro, por estar inscrito como pessoa jurídica, não receberá assistência do sindicato de categoria profissional ou do órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego.

e) Não se configurará vínculo empregatício entre salão-parceiro e profissional-parceiro em nenhuma hipótese.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Nos termos do art. 1-A, da Lei n. 13.352/16, “Os salões de beleza poderão celebrar contratos de parceria, por escrito, nos termos definidos nesta Lei, com os profissionais que desempenham as atividades de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador”.

E, ainda, conforme parágrafo 8º do referido artigo, “O contrato de parceria de que trata esta Lei será firmado entre as partes, mediante ato escrito, homologado pelo sindicato da categoria profissional e laboral e, na ausência desses, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego, perante duas testemunhas”.

Por fim, diante da importância da formalidade na contratação, estabelece o art. 1-C c/c o seu inciso

pág. 38

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

I, da mesma legislação, que:

“Configurar-se-á vínculo empregatício entre a pessoa jurídica do salão-parceiro e o profissional-parceiro quando:

I - não existir contrato de parceria formalizado na forma descrita nesta Lei; (...)”

Portanto, para validade do contrato na modalidade de parceria, imprescindível a celebração de contrato escrito.

A assertiva “b” está incorreta. Consta do parágrafo 2º do art. 1-A, da Lei n. 13.352/16: “O salão-parceiro será responsável pela centralização dos pagamentos e recebimentos decorrentes das atividades de prestação de serviços de beleza realizadas pelo profissional-parceiro na forma da parceria prevista no caput”.

A assertiva “c” está correta. Segundo o parágrafo 6º do art. 1-A, da Lei n. 13.352/15: “O profissional-parceiro não poderá assumir as responsabilidades e obrigações decorrentes da administração da pessoa jurídica do salão-parceiro, de ordem contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária incidentes, ou quaisquer outras relativas ao funcionamento do negócio”.

A assertiva “d” está incorreta. Mesmo que o profissional-parceiro esteja inscrito como “pessoa jurídica” este será assistido pelo seu sindicato de categoria profissional e, na ausência deste, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego (art. 1-A, § 9º, da Lei n. 13.352/15).

A assertiva “e” está incorreta. Conforme o disposto no art. 1-C, da Lei n. 13.352/15:

“Configurar-se-á vínculo empregatício entre a pessoa jurídica do salão-parceiro e o profissional-parceiro quando:

I – não existir contrato de parceria formalizado na forma descrita nesta Lei; e

II – o profissional-parceiro desempenhar funções diferentes das descritas no contrato de parceria.”

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 5. Assinale a alternativa CORRETA no tocante ao posicionamento do TST quanto ao adicional de insalubridade:

a) O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, afasta, por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional.

b) A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores, ainda que não aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo, exclui a percepção do respectivo adicional.

pág. 39

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

c) Caracteriza alteração contratual lesiva, com a violação de direito adquirido, a reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, e repercute na satisfação do respectivo adicional.

d) O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

e) Observado o princípio da adstrição, a verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, prejudica o reconhecimento judicial do pedido de adicional de insalubridade.

COMENTÁRIO

A questão em discussão, como é frequente nos concursos para ingresso na Magistratura do Trabalho, tem o intuito de checar os conhecimentos do candidato quanto ao teor das Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST.

A assertiva “a” está incorreta. Na realidade, o entendimento pacífico do TST, estampado em sua Súmula n. 47 é no sentido oposto:

“O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional”.

A assertiva “b” está incorreta. Para a exclusão do direito à percepção do adicional de insalubridade é imprescindível que o equipamento de proteção possua aprovação do Ministério do Trabalho e Emprego, conforme consta da Súmula n. 80, do TST.

A assertiva “c” está incorreta. É importante salientar que o adicional de insalubridade, em se tratando de salário-condição, apenas será devido enquanto existir uma condição especial de trabalho mais gravosa para o seu pagamento. E, consoante o entendimento contido na Súmula n. 248, do TST:

“A reclassificação ou a descaracterização da insalubridade, por ato da autoridade competente, repercute na satisfação do respectivo adicional, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio da irredutibilidade salarial”.

A assertiva “d” está correta. Conforme posição firmada na Súmula n. 289, do TST:

“O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado”.

pág. 40

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “e” está incorreta. Nos termos da Súmula n. 293, do TST:

“A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade”.

O referido entendimento é fundamentado no fato de que o trabalhador não tem conhecimentos técnicos para definir o agente presente no ambiente de trabalho, o qual deve ser constado pela perícia técnica, conforme artigo 195 da CLT.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 6. Em relação à contagem do prazo prescricional trabalhista, de acordo com o entendimento pacificado da jurisprudência do TST, assinale a alternativa CORRETA:

a) A ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, que tenha sido considerado parte ilegítima “ad causam”, não interrompe a prescrição.

b) A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário.

c) Da extinção de cada contrato começa a fluir o prazo prescricional do direito de ação, ainda que se objetive a soma de períodos descontínuos de trabalho.

d) O prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão normativa flui da data de seu ajuizamento.

e) A prescrição extintiva para pleitear judicialmente o pagamento da complementação de pensão e do auxílio-funeral é de dois anos, contados a partir da abertura do inventário.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Nos termos da Orientação Jurisprudencial n. 359, do TST: “a ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, interrompe a prescrição, ainda que tenha sido considerado parte ilegítima ‘ad causam’.

A assertiva “b” está correta. Conforme a Orientação Jurisprudencial n. 375, do TST: “a suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário”.

A assertiva “c” está incorreta. A Súmula n. 156, do TST, estabelece que: “da extinção do último

pág. 41

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

contrato começa a fluir o prazo prescricional do direito de ação em que se objetiva a soma de períodos descontínuos de trabalho”.

A assertiva “d” está incorreta. Segundo a Súmula n. 350, do TST: “o prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão normativa flui apenas da data de seu trânsito em julgado”.

A assertiva “e” está incorreta. Conforme a Orientação Jurisprudencial n. 129, da SBDI-I, do TST: “a prescrição extintiva para pleitear judicialmente o pagamento da complementação de pensão e do auxílio-funeral é de 2 anos, contados a partir do óbito do empregado”.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

QUESTÃO 7. Em matéria de sucessão trabalhista, segundo o atual entendimento do TST e do STF, assinale a alternativa CORRETA:

a) As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

b) Não há falar em óbice à sucessão trabalhista em caso de aquisição judicial de Unidade Produtiva Isolada, desde que haja continuidade da mesma atividade econômica pelo adquirente.

c) O sucessor, independentemente de má-fé ou fraude, responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, conforme o art. 2º da CLT.

d) Não é válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, devendo a execução prosseguir mediante precatório.

e) A isenção relativa ao recolhimento do depósito recursal para a massa falida de que trata a Súmula nº 86 de TST beneficia, por analogia, a empresa em recuperação judicial.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Conforme a Orientação Jurisprudencial n. 261, da SBDI-I, do TST: “as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista”.

pág. 42

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “b” está incorreta. Diante da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.934-2/DF, DJe de 05/11/2009, em que se declarou a constitucionalidade, dentre outros, dos artigos 60, parágrafo único, e 141, II, da Lei nº 11.101/2005, a atual jurisprudência do TST vem se direcionando no sentido da não ocorrência de sucessão trabalhista, em hipótese em que a reclamada adquiriu a Unidade Produtiva, mediante leilão público, realizado em sede de processo de recuperação.

A assertiva “c” está incorreta. Conforme a Orientação Jurisprudencial n. 411, da SBDI-I, do TST, “o sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão”.

A assertiva “d” está incorreta. Nos termos da Orientação Jurisprudencial n. 343, da SBDI-I, do TST, “é válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988”.

A assertiva “e” está incorreta. Segundo entendimento do TST:

“RECURSO DE EMBARGOS DA RECLAMADA VARIG LOGÍSTICA S/A REGIDO PELA LEI 11.496/2007. DESERÇÃO. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 86 DO TST À EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Nos termos do artigo 899 da CLT, o depósito recursal é sempre exigível como requisito extrínseco do recurso, quando há condenação em pecúnia, e será devido a cada novo apelo interposto no decorrer do processo (artigo 40 da Lei 8.177/91), até atingir o valor total arbitrado à condenação, conforme orientação contida no item II, alínea a, da Instrução Normativa 3/93 do TST e na Súmula 128, item I, do TST. De acordo com o entendimento de todas as Turmas e das Seções Especializadas deste Tribunal, o benefício da isenção do recolhimento do depósito recursal de que trata a Súmula 86 do TST restringe-se à hipótese de massa falida, não se aplicando às empresas em recuperação judicial. Assim, no prazo alusivo ao recurso de embargos, a empresa recorrente deveria ter apresentado o comprovante do depósito recursal. A sua falta inviabiliza o exame da pretensão recursal, haja vista que, consoante a recomendação disposta na Súmula 128, I, do TST, o depósito recursal é um dos requisitos essenciais para o recurso ser analisado. Deserção que se impõe. Recurso de embargos da reclamada não conhecido” (E-ED-ED-RR - 85141-68.2008.5.03.0140, Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, Data de julgamento: 01/12/2016, Data de publicação: 09/12/2016).

Ressalte-se que a Lei n. 13.467/17, com vigência no prazo de 120 dias a partir de sua publicação, estabeleceu expressamente que:

“Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos

pág. 43

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.

Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada fraude na transferência.”

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

DIREITO COLETIVO DO TRABALHO

QUESTÃO 8. Assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical somente gozará de estabilidade se exercer na sua empregadora atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente.

b) Em atenção aos ditames da Convenção 87 da OIT, a Constituição Federal garante que os trabalhadores e os empregadores, sem nenhuma distinção e sem autorização prévia, tenham o direito de constituir as organizações que considerem convenientes, assim como o de filiar-se a estas organizações, com a única condição de observar os estatutos das mesmas.

c) As confederações são entidades sindicais de grau superior, de âmbito nacional, que, para terem tal status, devem ser constituídas por, no mínimo, cinco federações e possuírem sede em Brasília.

d) A diferença primordial entre a convenção coletiva de trabalho e o acordo coletivo de trabalho diz respeito aos seus sujeitos, pois, enquanto na convenção coletiva os sujeitos são o sindicato profissional de um lado e uma ou mais empresas do outro, no acordo coletivo os sujeitos são o sindicato profissional de um lado e, de outro lado, o sindicato da categoria econômica.

e) O princípio da adequação setorial negociada trata da possibilidade de os sindicatos e empresas estabelecerem entre si, cláusulas normativas específicas para a aplicação em determinado setor da empresa, atendendo aos seus interesses particulares.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Conforme o entendimento contido no item III da Súmula n. 369, do TST, “o empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se

BLOCO I

pág. 44

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente”.

Saliente-se que o § 3º do art. 511 da CLT dispõe que a categoria diferenciada é a que “se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares”, como, por exemplo, o caso de professores, motoristas, aeronautas e aeroviários.

A assertiva “b” está incorreta. Aprovada em julho de 1948, na 31° sessão da Conferência Geral da OIT, sua vigência no plano internacional iniciou em 04 de julho de 1950. A Convenção 87 da OIT, que versa sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical, é composta por 21 artigos e tem como foco a efetivação de uma rede de garantias para o livre funcionamento das entidades sindicais sem ingerência estatal e o pluralismo sindical.

A Constituição Federal de 1988 colide com o texto da Convenção n. 87 da OIT em 3 aspetos: a unicidade sindical (art. 8º, II, CF), o enquadramento sindical (art. 8º, I, CF) e a contribuição sindical obrigatória (art. 8º, IV, CF).

Portanto, não existe no Brasil, a plena liberdade para a constituição de organizações conforme constou da assertiva.

Importante frisar que, embora a matéria não possa ser objeto do Primeiro Concurso Nacional, a Lei n. 13.467/2017, com vigência no prazo de 120 dias a partir de sua publicação, estabeleceu o fim da contribuição sindical obrigatória, mas foram mantidos a unicidade sindical e o enquadramento, os quais somente poderiam ser modificados por emenda constitucional.

A assertiva “c” está incorreta. Segundo o art. 535, caput, da CLT, “as Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na Capital da República”.

A assertiva “d” está incorreta. Conforme o art. 611, da CLT, “Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho” e, por sua vez, conforme o parágrafo 1º do referido artigo, “É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho”.

Portanto, diversamente do que constou na assertiva, embora a diferença primordial entre a convenção coletiva de trabalho e o acordo coletivo de trabalho sejam seus sujeitos, na convenção coletiva, os sujeitos são o sindicato profissional de um lado e o sindicato da categoria econômica do outro; e, no acordo coletivo, os sujeitos são uma ou mais empresas de um lado e, de outro lado, o sindicato da categoria profissional, representante dos trabalhadores.

pág. 45

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “e” está incorreta. Pelo princípio da adequação setorial negociada, as normas autônomas coletivas podem prevalecer sobre o padrão geral heterônomo, desde que respeitados dois critérios objetivos - a) quando implementarem um padrão setorial de direitos superior ao padrão geral previsto pela legislação heterônoma; b) ou quando transacionarem setorialmente parcelas de indisponibilidade apenas relativa.

Contudo, há limites para essa adequação setorial negociada – a1) não prevalece mediante ato estrito de renúncia (e não transação – já que ao processo negocial coletivo falece poderes de renúncia sobre direitos de terceiro); b1) e também não prevalece no caso de direitos de indisponibilidade absoluta (parcelas imantadas por uma tutela de interesse público, por constituírem um patamar civilizatório mínimo que a sociedade não concebe ver reduzido, sob pena de afronta à dignidade da pessoa humana e a valorização mínima deferível ao trabalho – ex. anotação da CTPS, pagamento do salário mínimo, normas de segurança e saúde laborais); por fim, ressalte-se que esse patamar civilizatório mínimo está dado por 3 grupos de normas heterônomas – normas constitucionais em geral, as normas de tratado e convenções internacionais vigorantes no plano interno brasileiro e as normas infraconstitucionais que assegurem patamares de cidadania ao indivíduo que labora.

Ressalte-se que o referido princípio passará a ter nova roupagem a partir da vigência da Lei n. 13.467/2017, ganhando ainda mais força, com a prevalência do negociado sobre o legislado em relação à alguns assuntos (art. 611-A, da CLT) e diante das restrições impostas ao Poder Judiciário na análise das Convenções e Acordos Coletivos (art. 8º, § 3º, da CLT).

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

QUESTÃO 9. Em relação ao período de vigência das Convenções e dos Acordos Coletivos de Trabalho, é CORRETO afirmar que:

a) O atual entendimento do TST é no sentido de que as condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa, convenção ou acordos coletivos vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos individuais de trabalho.

b) Nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas, sendo, todavia, admitida a prorrogação do instrumento originário por cláusula de termo aditivo.

c) Encontra-se suspenso o entendimento do TST, contido em sua Súmula n. 277, de que as cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.

d) Durante o período compreendido entre 23.12.1992 e 28.07.1995, em que vigorou a Lei

pág. 46

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

nº 8.542, revogada pela Medida Provisória nº 1.709, convertida na Lei nº 10.192, de 14.02.2001, as cláusulas dos acordos, convenções ou contratos coletivos de trabalho não integravam os contratos individuais de trabalho.

e) As partes convenientes, com base no princípio da adequação setorial negociada, podem estipular instrumentos coletivos com vigência superior a 2 anos.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Conforme entendimento firmado pela sessão do Tribunal Pleno do TST, realizada em 14.09.2012, foi dada nova redação ao texto da sua Súmula n. 277, passando-se a constar que:

“As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho”.

Ressalte-se que consta do texto do enunciado a redação anterior do item I da Súmula n. 277, cujo entendimento restou superado no âmbito do TST.

O atual entendimento do TST é o que prevê a aderência limitada por revogação. Seguindo o posicionamento defendido pelo Ministro Maurício Godinho Delgado, segundo o qual esta é a posição tecnicamente mais correta e doutrinariamente mais sábia. Para esta posição, os dispositivos dos diplomas negociados vigorariam até que novo diploma negocial os revogasse. É óbvio que a revogação consumar-se-ia não apenas de modo expresso, podendo também se passar tacitamente. A revogação tácita ocorreria, por exemplo, em virtude de o novo diploma regular o conjunto da matéria omitindo preceitos da velha convenção ou acordo coletivo, independentemente de haver efetiva incompatibilidade entre dispositivos novos e antigos; ocorreria também se despontasse incompatibilidade entre os preceitos confrontados.

Todavia, saliente-se que a Lei n. 13.467/2017, que tratou da Reforma Trabalhista no Brasil, com vigência no prazo de 120 dias a partir de sua publicação, não podendo ser passível de cobrança no certame, conforme já salientado, estabeleceu no parágrafo 3º do artigo 614, da CLT, que: “Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade”.

A assertiva “b” está incorreta. Conforme atual e ainda vigente redação do parágrafo 3º do artigo 614, da CLT, “não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 2 (dois) anos”.

Além disso, consoante o entendimento contido na OJ n. 322, da SBDI-I, do TST, “nos termos do art. 614, § 3º, da CLT, é de 2 anos o prazo máximo de vigência dos acordos e das convenções coletivas. Assim sendo, é inválida, naquilo que ultrapassa o prazo total de 2 anos, a cláusula de

pág. 47

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

termo aditivo que prorroga a vigência do instrumento coletivo originário por prazo indeterminado”.

A assertiva “c” está correta. O Supremo Tribunal Federal, mediante decisão liminar do ministro Gilmar Mendes, publicada em 19/10/2016, suspendeu todos os processos e efeitos de decisões no âmbito da Justiça do Trabalho que discutam a aplicação da ultratividade de normas de acordos e de convenções coletivas. A decisão, a ser referendada pelo Plenário do STF, foi proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323, ajuizada pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), questionando a Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Inclusive, saliente-se que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão publicada em 17/04/2017, concedeu liminar na Reclamação (RCL) 26256 para suspender os efeitos de decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que manteve em curso processo no qual foram preservados os efeitos de decisão de instância inferior que aplica o princípio da ultratividade das normas coletivas. De acordo com o relator, em análise preliminar do caso, a decisão ofendia a liminar concedida anteriormente na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323, que determinou a suspensão de todos os processos e efeitos de decisões no âmbito da Justiça do Trabalho que tratem da ultratividade de normas de acordos e convenções coletivas.

A assertiva “d” está incorreta. Durante o período de vigência da Lei nº 8.542, ficou estabelecido expressamente no parágrafo 1º de seu art. 1º que: “as cláusulas dos acordos, convenções ou contratos coletivos de trabalho integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser reduzidas ou suprimidas por posterior acordo, convenção ou contrato coletivo de trabalho”.

A assertiva “e” está incorreta. Conforme já salientado, a atual e ainda vigente redação do parágrafo 3º do artigo 614, da CLT, estabelece que “não será permitido estipular duração de Convenção ou Acôrdo superior a 2 (dois) anos”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 10. Conforme a jurisprudência do STF e do STJ, assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo o STF, editais de concurso público, em nenhuma hipótese, podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem.

b) A morte de detento não está abrangida pelo dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, motivo pelo qual o Estado não pode ser responsabilizado como garante, conforme entendimento pacífico do STF.

c) O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de

BLOCO I

pág. 48

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público não se renova mês a mês, de acordo com o STJ. Contam-se 120 dias do ato prejudicial sem se renovar.

d) Conforme entendimento do STJ, as informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova ilícita quando atinentes a aspectos não pessoais e de interesse da Administração Pública e da própria coletividade, sobretudo quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo.

e) A comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos termos do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da posse e não da inscrição definitiva no concurso público, conforme entende o STF.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O STF, no julgamento do RE 898450/SP, em 17 de agosto de 2016, por decisão de seu plenário, fixou a seguinte tese de repercussão geral:

“CONCURSO PÚBLICO E TATUAGEM. Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais” (Informativo n. 835).

O relator do Recurso Extraordinário, ministro Luiz Fux, observou que a criação de barreiras arbitrárias para impedir o acesso de candidatos a cargos públicos fere os princípios constitucionais da isonomia e da razoabilidade.

A assertiva “b” está incorreta. No julgamento do RE 841526/RS, em 30 de março de 2016, o STF também fixou a seguinte tese de repercussão geral:

“MORTE DE DETENTO E RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, XLIX, da CF, o Estado é responsável pela morte de detento. RE 841526/RS” (Informativo n. 819).

Para o relator do recurso, ministro Luiz Fux, até mesmo em casos de suicídio de presos ocorre a responsabilidade civil do Estado. Para o ministro, “se o Estado tem o dever de custódia, tem também o dever de zelar pela integridade física do preso. Tanto no homicídio quanto no suicídio há responsabilidade civil do Estado”.

A assertiva “c” está incorreta. Segundo posicionamento do STJ, em se tratando de redução de vantagem, a lesão renovar-se-ia mês a mês. Neste sentido, o seguinte acórdão:

pág. 49

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

“DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PRAZO DECADENCIAL PARA IMPETRAR MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA REDUÇÃO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO. O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público renova-se mês a mês. A citada redução, ao revés da supressão de vantagem, configura relação de trato sucessivo, pois não equivale à negação do próprio fundo de direito. Assim, o prazo decadencial para se impetrar a ação mandamental renova-se mês a mês. Precedente citado: AgRg no REsp 1.211.840-MS, Segunda Turma, DJe 6/2/2015” (EREsp 1.164.514-AM, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/12/2015, DJe 25/2/2016).

Todavia, atente-se que o STJ fixou entendimento diverso para o caso de supressão de vantagens, conforme pode se verificar da seguinte ementa:

“A supressão de vantagem de vencimentos ou proventos dos servidores públicos, por força de lei, não configura relação de trato sucessivo, mas ato único de efeitos concretos e permanentes, devendo este ser marco inicial para a contagem do prazo decadencial de 120 dias previsto para a impetração do “mandamus” (...) (AgRg no RMS 40.556/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 12/06/2013)

O ato administrativo que suprime vantagem de servidor é ato único e de efeitos permanentes, iniciando-se o prazo decadencial para MS no dia em que ele tem ciência da lesão (supressão).

A assertiva “d” está correta. O STJ, no julgamento do RMS 48.665/SP, em 15/09/2015, entendeu que:

“DIREITO ADMINISTRATIVO. MONITORAMENTO DE E-MAIL CORPORATIVO DE SERVIDOR PÚBLICO. As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos ‘não pessoais’ e de interesse da Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo. No que diz respeito à quebra do sigilo das comunicações telemáticas, saliente-se que os dados são objeto de proteção jurídica. A quebra do sigilo de dados telemáticos é vista como medida extrema, pois restritiva de direitos consagrados no art. 5º, X e XII, da CF e nos arts. 11 e 21 do CC. Não obstante, a intimidade e a privacidade das pessoas, protegidas no que diz respeito aos dados já transmitidos, não constituem direitos absolutos, podendo sofrer restrições, assim como quaisquer outros direitos fundamentais, os quais, embora formalmente ilimitados - isto é, desprovidos de reserva -, podem ser restringidos caso

pág. 50

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

isso se revele imprescindível à garantia de outros direitos constitucionais. No caso, não há de se falar em indevida violação de dados telemáticos, tendo em vista o uso de e-mail corporativo para cometimento de ilícitos. A reserva da intimidade, no âmbito laboral, público ou privado, limita-se às informações familiares, da vida privada, política, religiosa e sindical, não servindo para acobertar ilícitos. Ressalte-se que, no âmbito do TST, a temática já foi inúmeras vezes enfrentada (TST, RR 613/2000-013-10-0, DJe 10/6/2005)” (STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 – Informativo n. 576).

Diante da importância do tema, aproveitamos a oportunidade para transcrever trecho da ementa referenciada do julgamento proferido no âmbito do TST, em se tratando de relações privadas:

PROVA ILÍCITA. E-MAIL CORPORATIVO. JUSTA CAUSA. DIVULGAÇÃO DE MATERIAL PORNOGRÁFICO.

1. Os sacrossantos direitos do cidadão à privacidade e ao sigilo de correspondência, constitucionalmente assegurados, concernem à comunicação estritamente pessoal, ainda que virtual (-e-mail- particular). Assim, apenas o e-mail pessoal ou particular do empregado, socorrendo-se de provedor próprio, desfruta da proteção constitucional e legal de inviolabilidade.

2. Solução diversa impõe-se em se tratando do chamado -e-mail- corporativo, instrumento de comunicação virtual mediante o qual o empregado louva-se de terminal de computador e de provedor da empresa, bem assim do próprio endereço eletrônico que lhe é disponibilizado igualmente pela empresa. Destina-se este a que nele trafeguem mensagens de cunho estritamente profissional. Em princípio, é de uso corporativo, salvo consentimento do empregador. Ostenta, pois, natureza jurídica equivalente à de uma ferramenta de trabalho proporcionada pelo empregador ao empregado para a consecução do serviço.

(...)

4. Se se cuida de e-mail- corporativo, declaradamente destinado somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, o que está em jogo, antes de tudo, é o exercício do direito de propriedade do empregador sobre o computador capaz de acessar à INTERNET e sobre o próprio provedor. Insta ter presente também a responsabilidade do empregador, perante terceiros, pelos atos de seus empregados em serviço (Código Civil, art. 932, inc. III), bem como que está em xeque o direito à imagem do empregador, igualmente merecedor de tutela constitucional. Sobretudo, imperativo considerar que o empregado, ao receber uma caixa de -e-mail- de seu empregador para uso corporativo, mediante ciência prévia de que nele somente podem transitar mensagens profissionais, não tem razoável expectativa de privacidade quanto a esta, como se vem entendendo no Direito

pág. 51

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Comparado (EUA e Reino Unido).

5. Pode o empregador monitorar e rastrear a atividade do empregado no ambiente de trabalho, em e-mail corporativo, isto é, checar suas mensagens, tanto do ponto de vista formal quanto sob o ângulo material ou de conteúdo. Não é ilícita a prova assim obtida, visando a demonstrar justa causa para a despedida decorrente do envio de material pornográfico a colega de trabalho. Inexistência de afronta ao art. 5º, incisos X, XII e LVI, da Constituição Federal. (...)” (TST. 1ª Turma. RR 61300-23.2000.5.10.0013, Rel. Min. João Oreste Dalazen, julgado em 18/05/2005, DJ 10/06/2005).

A assertiva “e” é incorreta. Em julgamento realizado em 13 de abril de 2016, o STF reafirmou o seu posicionamento de que “a comprovação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos termos do art. 93, I, da CF, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva no concurso público” (RE 655265/DF – Informativo n. 821).

Na hipótese, prevaleceu o voto divergente do ministro Edson Fachin, que reafirmou a tese defendida no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3460, que tratava de exigência semelhante para ingresso no Ministério Público. O ministro lembrou que a Resolução 75 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da magistratura em todos os ramos do Judiciário, segue o mesmo direcionamento.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 11. Assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo entendimento do STF, em caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante.

b) A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar ofende a Constituição.

c) O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

d) Mesmo sem a prévia existência de lei, desde que haja previsão no edital, pode-se submeter a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

e) É imprescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.

COMENTÁRIO

pág. 52

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “a” está correta. Conforme a tese de repercussão geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 724347, proposta pelo Ministro Luís Roberto Barroso:

“na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial, o servidor não faz jus à indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante”.

A assertiva “b” está incorreta. Nos termos da Súmula Vinculante n. 5, do STF: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.

A assertiva “c” está incorreta. O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo, consoante Súmula Vinculante n. 15, do STF.

A assertiva “d” está incorreta. Nos moldes da Súmula Vinculante n. 44, do STF: “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”.

A assertiva “e” está incorreta. Na sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorrida em 03 de fevereiro de 2016, no julgamento do RE 669069, os ministros firmaram tese de repercussão geral no sentido de que “é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil”.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

QUESTÃO 12. Analise as seguintes afirmativas:

I. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. As ações que envolvem o ressarcimento ao erário são imprescritíveis, ainda que não decorra de improbidade administrativa.

II. Apenas se rejeita, de plano, a inicial da ação civil pública quando o julgador verificar ausência de condição da ação ou a ocorrência de pressuposto processual negativo ou, na hipótese de se convencer da inexistência de ato de improbidade ou de improcedência da ação.

III. É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.

IV. Nas ações de ressarcimento ao erário por improbidade administrativa, o Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

pág. 53

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Diante do quanto descrito acima, assinale a alternativa CORRETA:

a) Todas estão corretas.

b) Há duas alternativas corretas.

c) I e III são corretas.

d) I, II, e IV estão corretas.

e) Itens III e IV são corretos.

COMENTÁRIO

I – INCORRETA (37 § 4º c/c 5º – o que é imprescritível é a ação de ressarcimento ao erário, mas as demais possuem prazos prescricionais estipulados – questão de segurança jurídica, art. 23 da Lei 8.429/92, inclusive aquelas decorrentes de atos ilícitos que não sejam considerados atos de improbidade). A imprescritibilidade das ações envolvendo o ressarcimento ao erário tem como escopo garantir a tutela da coisa pública. Vejamos o que já decidiu o STF (RE 669069 / MG):

“A questão prescricional, aqui, é particularmente relevante em face do que estabelece o § 5º do art. 37 da Constituição Federal, segundo o qual “a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”. Bem se vê que o Constituinte, ao atribuir ao legislador ordinário a incumbência de estabelecer prazos prescricionais para ilícitos praticados por agentes administrativos, prescreveu uma ressalva, que não pode ser ignorada e cujo conteúdo e sentido devem ser desvendados pelo intérprete. Para isso, deve-se considerar que, em nosso direito, a prescritibilidade é a regra. É ela fator importante para a segurança e estabilidade das relações jurídicas e da convivência social. São raríssimas as hipóteses de imprescritibilidade. Se a prescritibilidade das ações e pretensões é a regra – pode-se até dizer, o princípio –, a imprescritibilidade é a exceção, e, por isso mesmo, a norma que a contempla deve ser interpretada restritivamente. Nessa linha de entendimento, merece interpretação restritiva a excepcional hipótese de imprescritibilidade prevista no citado § 5º do art. 37 da Constituição Federal. O alcance desse dispositivo deve ser buscado mediante a sua associação com o do parágrafo anterior, que trata das sanções por ato de improbidade administrativa. Ambos estão se referindo a um mesmo conjunto de bens e valores jurídicos, que são os da preservação da idoneidade da gestão pública e da penalização dos agentes administrativos ímprobos. Assim, ao ressalvar da prescritibilidade “as respectivas ações de ressarcimento”, o dispositivo constitucional certamente está se referindo, não a qualquer ação, mas apenas às que busquem ressarcir danos decorrentes

pág. 54

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

de atos de improbidade administrativa de que trata o § 4º do mesmo art. 37. Interpretação que não seja a estrita levaria a resultados incompatíveis com o sistema, como seria o de considerar imprescritíveis ações de ressarcimento fundadas em danos causados por seus agentes por simples atos culposos” (REsp 764.278, 1ª Turma, DJe de 25.5.2008); (…) O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 666 da repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário, vencido o Ministro Edson Fachin. Em seguida, por maioria, o Tribunal fixou a seguinte tese: “É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil”, vencido o Ministro Edson Fachin. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 03.02.2016.

II – CORRETA. Art.17, § 8º – Nesse sentido, há diversos julgados, dentre eles:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 492.385 - MG (2014/0062142-8) RELATOR: MINISTRO BENEDITO GONÇALVES AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS AGRAVADO: MÁRIO LÚCIO PEREIRA ADVOGADO: MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA SILVESTRE E OUTRO (S) ADMINISTRATIVO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEVANTAMENTO INDEVIDO DE ALVARÁS QUE FORAM ASSINADOS PELO MAGISTRADO. REJEIÇÃO DA INICIAL. ART. 17, § 8º, DA LEI 8.429/92. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA PARA O FIM DE AFERIR A INEXISTÊNCIA DE ATO ÍMPROBO OU A IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. DECISÃO Trata-se de agravo interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS contra decisão que inadmitiu Recurso Especial. O apelo nobre obstado enfrenta acórdão assim ementado (fls. 828-847): AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÂO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE. MAGISTRADO. ATUAÇÃO NEGLIGENTE. LESÃO AO ERÁRIO. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. DECISÃO CRIMINAL QUE CONCLUIU PELA NEGATIVA DE AUTORIA, AFASTANDO A NEGLIGÊNCIA IMPUTADA AO AGENTE. COISA JULGADA VINCULAÇÃO DO JUÍZO CÍVEL. ART. 935 DO CC/02. MERO DESCUIDO. INOCORRÊNCIA DE CULPA GRAVE. IMPROBIDADE INEXISTENTE. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA QUANTO AO SEGUNDO RÉU. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. O procedimento previsto no art. 17, § 8º, da Lei 8.429192, introduzido pela Medida Provisória nº 2.225/2001, inovou a Lei de Improbidade Administrativa, possibilitando a rejeição de plano do pedido inicial, não apenas quando o Juiz verificar a ausência de condição da ação ou a ocorrência de pressuposto processual negativo, mas também quando se convencer da inexistência do ato de improbidade ou da improcedência da ação.

III – CORRETA. Tese firmada pelo STF (RE 669069 / MG).

IV – ERRADA. O Ministério Público tem como obrigação atuar nas ações em que haja discussão

pág. 55

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

do interesse público primário, o que não ocorre nos casos em que a finalidade é o ressarcimento patrimonial do Estado. Não há discussão sobre o ato de improbidade, em si, em todas as ações de ressarcimento, motivo pelo qual não é imprescindível a atuação do MP. Vejamos o julgado do STJ acerca da questão:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INTERVENÇÃO DO MP EM AÇÕES DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. O Ministério Público não deve obrigatoriamente intervir em todas as ações de ressarcimento ao erário propostas por entes públicos. A interpretação do art. 82, III, do CPC à luz do art. 129, III e IX, da CF revela que o interesse público que justifica a intervenção do MP não está relacionado à simples presença de ente público na demanda nem ao interesse patrimonial deste (interesse público secundário ou interesse da Administração). Exige-se que o bem jurídico tutelado corresponda a um interesse mais amplo, com espectro coletivo (interesse público primário). Além disso, a causa de pedir relativa ao ressarcimento ao ente público, considerando os limites subjetivos e objetivos da lide, prescinde da análise da ocorrência de ato de improbidade administrativa, razão pela qual não há falar em intervenção obrigatória do MP, sob pena de transformar a ação de indenização em sede imprópria para discussão acerca da configuração de improbidade administrativa. EREsp 1.151.639-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/9/2014.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

DIREITO PENAL

QUESTÃO 13. Assinale a alternativa CORRETA quanto ao crime de assédio sexual.

a) A mulher não pode praticar o crime de assédio sexual.

b) O crime de assédio sexual somente ocorre nos casos em que o agente prevalece de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

c) Para a configuração do crime de assédio sexual é necessário que haja violência física.

d) O crime de assédio sexual somente se consuma com a prática efetiva da vantagem ou favorecimento sexual.

e) Se a vítima for menor de 21 anos, a pena é aumentada em até um terço.

COMENTÁRIO

Conforme o art. 216-A, do Código Penal:

BLOCO I

pág. 56

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.

A assertiva “a” está incorreta. O sujeito ativo ou passivo da conduta tipificada pode ser homem ou mulher. Além disso, é possível a sua configuração entre pessoas do mesmo sexo/gênero.

A assertiva “b” está correta. O assédio sexual se caracteriza como espécie de coerção de natureza sexual efetuada por uma pessoa em posição hierárquica superior em relação a um subordinado, na, maioria das vezes, em local de trabalho.

Todavia, atente-se ao fato que tal requisito somente existe para fins penais. A configuração do assédio sexual para fins trabalhistas independe de tal requisito, podendo ocorrer entre colegas de trabalho (horizontal) ou até entre um subordinado e o seu chefe (vertical ascendente). Neste aspecto, colaciona-se a ementa do seguinte julgado do TRT da 3ª Região:

“DANO MORAL. ASSÉDIO SEXUAL. COLEGA DE TRABALHO. POSSIBILIDADE. Na seara trabalhista, a doutrina e jurisprudência mais abalizadas admitem outras modalidades de assédio sexual, como o que se convencionou se denominar como assédio por intimação, em que a vítima é alvo de conduta indecorosa, inconveniente e persistente sempre com incitação sexual, degradando dessa forma o ambiente laboral. Não se pode olvidar ainda até mesmo da possibilidade do assédio sexual vertical ascendente, realizado por inferior hierárquico e do assédio sexual horizontal, praticado por colega de trabalho na mesma posição hierárquica dentro do ambiente de trabalho” (TRT da 3.ª Região; PJe: 0010332-33.2014.5.03.0032 (RO); Disponibilização: 16/06/2016, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 456; Órgão Julgador: Decima Turma; Relator: Paulo Mauricio R. Pires).

A assertiva “c” está incorreta. Inexiste a obrigatoriedade que exista violência física para a caracterização do crime de assédio sexual. Pode-se citar um exemplo da ameaça de se preterir a promoção de um subordinado como meio de se obter favores sexuais.

A assertiva “d” está incorreta. O delito de assédio é um crime formal, ou seja, consuma-se com a ação de constranger (assediar), independentemente do resultado.

A assertiva “e” está incorreta. A referida majorante incide nos casos em que a vítima é menor de 18 anos, conforme parágrafo 2º, do art. 216-A, do Código Penal.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

QUESTÃO 14. João Gatuno, valendo-se da sua condição de Juiz do Trabalho Substituto, na cidade de Alfenas, solicitou ao Prefeito Municipal da Cidade de Capitólio que este lhe fornecesse gratuitamente um imóvel na região de Capitólio, para que este passasse alguns

pág. 57

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

finais de semana no local com seus amigos. Nesta hipótese, assinale a alternativa CORRETA:

a) João praticou o crime de peculato.

b) João praticou o crime de corrupção ativa.

c) João praticou o crime de corrupção passiva.

d) João praticou o crime de concussão.

e) A conduta é atípica.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O crime de peculato ocorre quando o funcionário público se apropria de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio (art. 312, caput, do CP).

A assertiva “b” está incorreta. O crime de corrupção ativa ocorre quando o particular oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício (art. 333, caput, do CP).

A assertiva “c” está correta. Conforme o art. 317, caput, do CP, pratica o crime de corrupção passiva aquele que: “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”.

No caso do enunciado, o Juiz do Trabalho João solicitou uma vantagem indevida do prefeito, valendo-se do seu cargo, tendo praticado o crime de corrupção passiva.

A assertiva “d” está incorreta. O crime de concussão está previsto no art. 316, do CP, quando o servidor público “exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”.

A assertiva “e” está incorreta, uma vez que configurado o crime de corrupção passiva.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

QUESTÃO 15. Em relação à competência material da Justiça do Trabalho é CORRETO afirmar que:

a) Segundo atual posicionamento do STF, a Justiça do Trabalho é competente para pro-

BLOCO II

pág. 58

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

cessar e julgar controvérsias relativas a complementação de aposentadoria que decor-re do contrato de trabalho, independentemente da transferência da responsabilidade pela complementação dos proventos de aposentadoria a outra entidade, já que o con-trato de adesão é vinculado ao de trabalho.

b) A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previden-ciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição.

c) Compete à Justiça Comum declarar a abusividade, ou não, da greve.

d) A Justiça do Trabalho carece de competência para processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).

e) A Justiça do Trabalho não possui competência para apreciar pedido de complemen-tação de pensão postulada por viúva de ex-empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários nºs 586.453/SE e 583.050/RS, decidiu, em sessão realizada no dia 20/2/2013, em sua composição plena, que compete à Justiça Comum o equacionamento de demandas que envolvam o pedido de complementação de aposentadoria em face de entidade de previdência privada.

Entendeu-se que a relação entre o fundo fechado de previdência complementar e o beneficiário não seria trabalhista, nos termos do art. 202, § 2º, da Constituição Federal, com redação dada pela EC n. 20/98:

“§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei”.

Atente-se que o STF modulou, contudo, os efeitos da referida decisão, proferida em repercussão geral, para declarar a competência residual da Justiça do Trabalho para o julgamento das causas que hajam sido sentenciadas até a data de 20/02/2013.

A assertiva “b” está correta. Conforme o item I da Súmula n. 368, do TST: “a Justiça do Trabalho

pág. 59

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição”.

Além disso, importante salientar que existe uma Súmula Vinculante do STF sobre o tema (Súmula Vinculante n. 53):

“A competência da Justiça do Trabalho prevista no artigo 114, inciso VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados”.

Nos termos do art. 103-A, da CF, as súmulas vinculantes aprovadas pelo Plenário do STF passam a ter aplicação imediata para todas as instâncias e esferas do Judiciário a partir da publicação no Diário da Justiça Eletrônico do STF (DJe).

Ressalte-se que a Justiça do Trabalho não detém competência para execução das contribuições previdenciárias que não foram recolhidas pelo empregador durante o pacto laboral, mesmo que este tenha sido reconhecido em Juízo.

A assertiva “c” está incorreta. Consoante a Súmula n. 189, do TST, “a Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve”.

A assertiva “d” está incorreta. A Súmula n. 300, do TST, expressa o entendimento de que a Justiça do Trabalho possui competência para processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS).

A assertiva “e” está incorreta. Segundo o entendimento contido na Orientação Jurisprudencial n. 26, da SDBI-I, do TST, “a Justiça do Trabalho é competente para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva de ex-empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho”.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

QUESTÃO 16. Conforme jurisprudência pacífica do TST, no tocante ao recurso de revista, é CORRETO afirmar que:

a) Excepcionalmente, será cabível recurso de revista para reexame de fatos e provas.

b) A configuração, ou não, do exercício da função de confiança pelo bancário a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, é suscetível de exame mediante recurso de revista.

c) Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver

pág. 60

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.

d) Não é necessária a oposição de embargos de declaração para suprir omissão apontada em recurso de revista.

e) A admissibilidade do recurso de revista por violação prescinde da indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O Recurso de Revista é um recurso de caráter extraordinário, cabível contra acórdãos proferidos em sede de Recurso Ordinário e Agravo de Petição e tem por objetivo a uniformização da jurisprudência dos Tribunais Regionais do Trabalho, sendo admissível inclusive nas ações submetidas ao Rito Sumaríssimo.

Está previsto no artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o qual apresenta um rol taxativo para o seu cabimento, ou seja, somente será admitido nas seguintes hipóteses:

a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte;

b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea “a”;

c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.

Também é aceito nas ações submetidas ao Rito Sumaríssimo, nos termos do 6º do artigo em comento, mas somente nas hipóteses de contrariedade a súmulas de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta a Constituição Federal.

Segundo entendimento contido na Súmula n. 126, do TST: “Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, “b”, da CLT) para reexame de fatos e provas”.

A assertiva “b” está incorreta. A análise do exercício da função de confiança do empregado bancário depende da análise de fatos e prova, o que não é possível em sede de Recurso de Revista.

Conforme o item I da Súmula n. 174 do TST, “A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente da prova das reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos”.

pág. 61

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “c” está correta. Para conhecimento do Recurso de Revista, com fundamento na divergência jurisprudencial é necessário que a jurisprudência utilizada como paradigma abarque todos os fundamentos constantes da decisão recorrida, empregando-lhe entendimento diverso.

Nestes termos é a disposição da Súmula n. 23, do TST: “Não se conhece de recurso de revista ou de embargos, se a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos”.

A assertiva “d” está incorreta. Nos termos da Súmula n. 184, do TST: “Ocorre preclusão se não forem opostos embargos declaratórios para suprir omissão apontada em recurso de revista ou de embargos”.

Saliente-se que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), com vigência no prazo de 120 dias a partir de sua publicação, incluiu o inciso IV no artigo 896 da CLT, com a seguinte regramento:

“IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência da omissão”.

A assertiva “e” está incorreta. Primeiramente, orientamos o candidato para que se atente à utilização do verbo “prescindir”. Muitas vezes, diante do nervosismo na hora da prova, embora seja relativamente fácil, acabamos confundindo o seu significado e errando uma questão que tínhamos pleno conhecimento do seu mérito, caindo nas chamadas “pegadinhas”. Sempre que se deparar com esta palavra, para não haver dúvidas, troque-a pelo verbo “dispensar”. Tal mudança facilita muito o nosso raciocínio.

Quanto ao tema da assertiva, a Súmula n. 221, do TST, estabelece que: “A admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 17. Em matéria de nulidades no Processo do Trabalho, com base no atual posicionamento do TST, é CORRETO afirmar que:

a) É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária, sendo que, todavia, em decorrência do efeito devolutivo amplo conferido ao recurso ordinário, tal entendimento não se aplica às hipóteses em que não se concede vista à parte contrária para se manifestar sobre os embargos de declaração opostos contra sentença.

pág. 62

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

b) Mesmo que inexistindo prejuízo, havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula.

c) A despeito da norma então prevista no artigo 56, § 2º, da Lei nº 4.215/63, a falta de comunicação do advogado à OAB para o exercício profissional em seção diversa daquela na qual tem inscrição não importa nulidade dos atos praticados, constituindo apenas infração disciplinar, que cabe àquela instituição analisar.

d) O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade, por negativa de prestação jurisdicional, dispensa a indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 489 do CPC de 2015 (art. 458 do CPC de 1973) ou do art. 93, IX, da CF/1988, uma vez que tal situação poderá ser verificada implicitamente.

e) A declaração de nulidade de decisão homologatória de acordo, em razão da colusão entre as partes (art. 485, III, do CPC), não impede que seja aplicada a multa por litigância de má-fé.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Este era o entendimento do TST até a modificação da Orientação Jurisprudencial n. 142, da sua SBDI-I, em razão do novo regramento estabelecido pelo CPC/15.

E, neste aspecto, é importante relembrar que, a partir da vigência do Novo Código de Processo Civil de 2015 (NCPC), em 18 de março de 2016, o TST editou a Instrução Normativa nº 39/2016, que, contemplou, dentre outras determinações, a aplicabilidade supletiva ao Processo do Trabalho dos artigos 1.022 a 1.025 c/c os §§ 2º, 3º e 4º do artigo 1.026 do NCPC, que dizem respeito aos embargos de declaração, excetuando-se, contudo, a garantia de prazo em dobro para litisconsortes prevista no § 1º do artigo 1.023.

Nos termos do parágrafo 2º do artigo 1.023 do CPC/15:

“Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.

(…)

§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada”.

Houve a modificação no entendimento previsto a Orientação Jurisprudencial n. 142, da SBDI-I,

pág. 63

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

passando-se a constar:

“É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária”.

Assim, mesmo que a decisão tenha sido proferida em primeiro grau de jurisdição, para a concessão de efeitos modificativos, é necessário o contraditório, sob pena de nulidade.

A assertiva “b” está incorreta. Conforme a Súmula n. 427, do TST, somente será reconhecida a nulidade se houver prejuízo à parte.

A assertiva “c” está correta. Este é o texto da Orientação Jurisprudencial n. 7, da SBDI-I, do TST.

A assertiva “d” está incorreta. Nos termos da Súmula n. 459, do TST:

“O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade, por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 489 do CPC de 2015 (art. 458 do CPC de 1973) ou do art. 93, IX, da CF/1988”.

A assertiva “e” está incorreta. A Orientação Jurisprudencial n. 158, da SBDI-II, do TST, estabelece que:

“A declaração de nulidade de decisão homologatória de acordo, em razão da colusão entre as partes (art. 485, III, do CPC), é sanção suficiente em relação ao procedimento adotado, não havendo que ser aplicada a multa por litigância de má-fé”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 18. Sobre a ação rescisória no Processo do Trabalho, é possível afirmar que:

a) Se não contestada a ação, em quinze dias, ocorrem os efeitos da revelia e os fatos narrados na inicial são considerados relativamente verdadeiros.

b) Não ocorrem os efeitos da revelia na ação rescisória, haja vista que a petição inicial ataca a coisa julgada, ato estatal acobertado pela coisa julgada, matéria de ordem pública, sobre a qual não ocorre a consequência acima descrita.

c) A ação rescisória no Processo do Trabalho está sujeita a depósito prévio de 20% do valor do processo principal, bem como do adiantamento das custas, na fração de 2% sobre o valor atribuído à inicial.

d) O prazo para o ajuizamento da ação rescisória é de dois anos, a contar do dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na

pág. 64

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

causa, desde que esta seja de mérito, eis que as demais decisões não estão acobertadas pelo manto da coisa julgada.

e) O juízo rescindente está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, pois o serventuário goza de fé pública e o ato praticado serve como prova da data em que se esgotaram todas as vias recursais.

COMENTÁRIO

A ação rescisória é aquela que tem como finalidade desconstituir decisão judicial contra a qual não caiba mais recurso. A medida é prevista na CLT (art. 836), mas sua disciplina está no CPC, que traz minuciosos dispositivos acerca do tema (arts. 966 e seguintes), os quais são aplicados ao Processo do Trabalho, de forma subsidiária, por força do art. 769 da CLT.

A – é incorreta a aplicação dos efeitos da revelia na ação rescisória. A Súmula 398 do C. TST nega sua aplicação, já que o ataque ocorre contra o ato estatal encoberto pela coisa julgada. Portanto, como se trata de matéria de ordem pública, os fatos narrados na inicial não gozam de presunção de veracidade caso não haja apresentação de defesa pelo réu.

B – é correta. O texto descrito consta do verbete acima indicado. Vejamos:

Súmula nº 398 do TST - AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DE DEFESA. INAPLICÁVEIS OS EFEITOS DA REVELIA (alterada em decorrência do CPC de 2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - Na ação rescisória, o que se ataca é a decisão, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da coisa julgada. Assim, e considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a revelia não produz confissão na ação rescisória. (ex-OJ nº 126 da SBDI-2 - DJ 09.12.2003).

C – a terceira assertiva está incorreta. Em que pese o Processo do Trabalho exija o depósito prévio de 20% para ação rescisória, não há adiantamento de custas na Justiça do Trabalho, as quais são pagas ao final. Vejamos:

Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.

Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e serão

pág. 65

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

calculadas: (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002); I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002) (...) § 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal. (Redação dada pela Lei nº 10.537, de 27.8.2002);

D e E – incorretas. A Súmula 100 do C. TST, ao tratar do prazo para o ajuizamento da ação, é clara no sentido de que os dois anos decadenciais se iniciam no dia imediatamente subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. Vejamos:

Súmula nº 100 do TST - AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 13, 16, 79, 102, 104, 122 e 145 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subseqüente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)

II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)

III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. (ex-Súmula nº 100 - alterada pela Res. 109/2001, DJ 20.04.2001)

IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do «dies a quo» do prazo decadencial. (ex-OJ nº 102 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. (ex-OJ nº 104 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)

VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. (ex-OJ nº 122 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

VII - Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde logo a lide, se a

pág. 66

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (ex-OJ nº 79 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002)

VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória. (ex-OJ nº 16 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. (ex-OJ nº 13 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias. (ex-OJ nº 145 da SBDI-2 - DJ 10.11.2004)

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

QUESTÃO 19. Sobre o benefício da gratuidade de justiça, é CORRETO apontar que:

a) Não poderá ser concedido às pessoas jurídicas.

b) Pode ser concedido às pessoas jurídicas, desde que haja alegação de insuficiência de recursos na peça defensiva e o reclamante concorde com a isenção das custas processuais.

c) Somente é concedido ao trabalhador que receba até dois salários-mínimos.

d) Depende de prova que demonstre a insuficiência de recursos do trabalhador para arcar com as custas processuais.

e) Abrange os honorários periciais, mas não isenta a parte condenada de realizar o depósito recursal, tendo em vista que a finalidade deste último é a garantia do juízo da execução.

COMENTÁRIO

O art. 790 da CLT trata do benefício da gratuidade de justiça da seguinte forma:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. § 1º Tratando-se de

pág. 67

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. § 2º No caso de não-pagamento das custas, far-se-á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título. § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça gratuita: I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; II – o Ministério Público do Trabalho. Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária de justiça gratuita.

Recentemente o TST alterou o entendimento exposto na súmula 463:

Súmula nº 463 - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I, com alterações decorrentes do CPC de 2015). I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015); II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo.

A – alternativa incorreta. Conforme entendimento acima, é possível a concessão de gratuidade de justiça às pessoas jurídicas, desde que elas comprovem a falta de recursos que impossibilite o pagamento das custas processuais.

B – incorreta. Embora seja possível a concessão do benefício às empresas, verifica-se a necessidade de comprovação da situação financeira precária, não bastando a mera alegação em peça defensiva.

C – incorreta. O § 3º do art. 790 assegura o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem

pág. 68

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

Logo, ainda que o trabalhador receba remuneração superior ao dobro do salário-mínimo, é possível a concessão do benefício, desde que declare que não possui condições de arcar com as custas processuais.

D – incorreta. Conforme exposto acima, para o empregado, basta a declaração de impossibilidade do pagamento das custas sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, sendo desnecessária esta comprovação (vide súmula acima).

Nesse sentido, há também:

TST - RECURSO DE REVISTA RR 841000620075170013 (TST) Data de publicação: 19/06/2015 Ementa: RECURSO DE REVISTA. JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. I - A Orientação Jurisprudencial nº 304 do TST fixa o entendimento de que, para a concessão da assistência judiciária, previsto no art. 4º da Lei n.º 1.060 /50, basta a declaração do reclamante para se configurar a sua insuficiência econômica. II - A Corte Regional, ao exigir que o reclamante seja assistido pelo sindicato da categoria, divergiu da jurisprudência desta Corte Superior. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.

E – alternativa correta. Primeiramente, a natureza do depósito recursal não é de despesa processual, o que impede sua abrangência pelo benefício da gratuidade de justiça. O Art. 899 da CLT assevera que:

Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. § 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o salário-mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.

Portanto, a medida tem como finalidade a garantia do juízo quanto à eventual e futura execução.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. EMPREGADOR. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. ISENÇÃO DO DEPÓSITO RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. DESERÇÃO DO RECURSO DE REVISTA CARACTERIZADA. A Lei nº 1.060/50 assegura o benefício da assistência judiciária aos que afirmarem não ter condições de arcar com as despesas do processo. Entretanto, na Justiça do Trabalho, esse benefício abrange apenas as custas, emolumentos e honorários periciais. Tratando-se de empregador, o benefício não alcança o depósito recursal, que não ostenta natureza de taxa ou emolumento judicial, mas de garantia do juízo, visando à satisfação do débito. Configurada, portanto, a deserção da revista, corretamente denegada. Agravo

pág. 69

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

de instrumento a que se nega provimento. AIRR - 80341-87.2004.5.04.0017 – Relator: min. Walmir Oliveira da Costa.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 12715420105060017 1271-54.2010.5.06.0017 (TST). Data de publicação: 24/05/2013 - Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DESERÇÃO INEXISTENTE. AUSÊNCIA DE DEPÓSITO RECURSAL. JUÍZO GARANTIDO NA EXECUÇÃO PROVISÓRIA. SÚMULA 128, II, DO TST. A finalidade do depósito recursal é a garantia do juízo e, considerando este estar assegurado pelo depósito efetuado em sede de execução provisória, é desnecessária a sua complção, por ocasião da interposição de recurso de revista em fase de conhecimento. Precedentes. Dessa forma, não havendo o vício de deserção, impõe-se o provimento do agravo de instrumento para prosseguir na análise dos demais pressupostos de admissibilidade do recurso de revista.

Em relação aos honorários do perito, a súmula 457 do TST deixa claro que, ainda que sucumbente no objeto da perícia, o beneficiário da justiça gratuita não arcará com o valor arbitrado pelo Juiz.

Súmula nº 457 do TST - HONORÁRIOS PERICIAIS. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. RESPONSABILIDADE DA UNIÃO PELO PAGAMENTO. RESOLUÇÃO Nº 66/2010 DO CSJT. OBSERVÂNCIA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 387 da SBDI-1 com nova redação) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014 - A União é responsável pelo pagamento dos honorários de perito quando a parte sucumbente no objeto da perícia for beneficiária da assistência judiciária gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1º, 2º e 5º da Resolução n.º 66/2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho – CSJT.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 20. Quanto à prova pericial no Processo do trabalho, é CORRETO afirmar:

a) Não se aplicam as regras do novo CPC, ainda que subsidiariamente, pois incompatíveis com os princípios que regem do Direito Processual do Trabalho.

b) Nos processos que tramitam pelo rito sumaríssimo, não se admite a produção de prova pericial, tendo em vista a celeridade exigida para a solução das demandas. Se for o caso, como ocorrem nos pedidos de adicional de insalubridade ou periculosidade, deve ocorrer a conversão do rito, respeitado o procedimento ordinário.

c) O juiz está adstrito à conclusão apresentada pelo perito, já que não possui conhecimento técnico para determinadas matérias para as quais a lei exige prova pericial.

d) É permitido o adiantamento de honorários periciais. A decisão que o faz é irrecorrível.

pág. 70

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Ainda que as partes impetrem mandado de segurança, os Tribunais do Trabalho têm decidido pela sua rejeição.

e) Na fase de execução, os honorários de perito serão pagos pelo executado, ainda que seus cálculos sejam mais próximos daqueles apresentados pelo expert, exceto se o exequente der causa à perícia desnecessária, por abuso ou má-fé.

COMENTÁRIO

A – alternativa incorreta. O art. 769 da CLT permite a aplicação subsidiária do CPC nos casos em que houver omissão do Diploma Celetista e as regras sejam compatíveis. Há poucos dispositivos na CLT que tratam da perícia e, por isso, há utilização das regras estipuladas no Diploma Processual.

B – alternativa incorreta. O rito sumaríssimo, de fato, é mais célere e tem percurso reduzido. Porém, é possível a realização de perícia, desde que a lei o determine ou a prova do fato a exija. Tanto é que o art. 852-H da CLT assim dispõe e também prevê o prazo comum de 5 dias para manifestação das partes:

§ 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. (…) § 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de cinco dias.

C – alternativa incorreta. O art. 479 do NCPC, aplicável ao Processo do Trabalho, de forma subsidiária, aponta que o magistrado pode acolher ou não as conclusões do perito, desde que fundamente sua decisão.

Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito.

Nesse sentido:

STF - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 16696 (STF). Data de publicação: 25/08/2008. Ementa: PERICIA. VALOR DO LAUDO. DESAPROPRIAÇÃO. NÃO FICA O JUIZ ADSTRITO AO LAUDO PERICIAL E PODERA ORDENAR NOVA PERICIA, MAS DAI NÃO SE SEGUE QUE SEJA OBRIGADO A FAZE-LO, NO CASO DE AFASTAR-SE DO LAUDO PARA FIXAR A INDENIZAÇÃO QUE CONSIDERE MAIS JUSTA. APLICAÇÃO DO ARTIGO 258 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

TST - ARR 8652320115040027 865-23.2011.5.04.0027 - Data de publicação: 04/10/2013 - Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMANTE. PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.

pág. 71

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. AUXILIAR TÉCNICA EM BANCO DE SANGUE. CONTATO COM RADIAÇÃO IONIZANTE NÃO VERIFICADO. JUIZ QUE NÃO FICA ADSTRITO ÀS CONCLUSÕES DO LAUDO PERICIAL (...).

TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AIRR 956409320075030028 95640-93.2007.5.03.0028 (TST) - Data de publicação: 27/09/2013. Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. JULGAMENTO NÃO ADSTRITO AO LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ. O magistrado não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos (artigo 436 do CPC), pois o julgador forma seu convencimento com base no sistema da persuasão racional (artigo 131 do CPC). No caso em tela, o Regional não desconsiderou propriamente, o laudo pericial, que concluiu que o reclamante não executava tarefas relacionadas a sistema elétrico de potência, mas apenas chegou a conclusão diversa daquela do perito, mediante interpretação do próprio laudo técnico, em perfeita consonância com o ordenamento jurídico e com as normas processuais acima referidas. O Tribunal Regional entendeu, com base nos esclarecimentos prestados pelo próprio perito no laudo pericial, que – a voltagem com a qual eram alimentados o conjunto PLC e a cabine de comando (equipamentos com os quais o reclamante trabalhava) variava de 220 a 240 volts, implica, necessariamente, em contato com equipamentos energizados –, concluindo, assim, que o reclamante laborava sob a efetiva exposição aos efeitos da alta tensão diária e habitual, enquadrando-se como trabalhador em equipamentos e instalações elétricas similares a sistema elétrico de potência, com risco equivalente, em unidade consumidora de energia elétrica, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 324 da SBDI-1 desta Corte. Agravo de instrumento desprovido...

TST - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 104330620135030000 (TST) Data de publicação: 26/06/2015 - Ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, V, DO CPC. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. OBRIGATORIEDADE DE OBEDIÊNCIA À CONCLUSÃO DO LAUDO PERICIAL. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 5º, LV, DA CF E 195 DA CLT. NÃO CONFIGURAÇÃO. 1. Pretensão rescisória calcada na alegação de ofensa aos arts. 5º, LV, da Constituição Federal e 195 da CLT, em razão do indeferimento do pedido de adicional de periculosidade, a despeito de o perito do juízo ter concluído que a trabalhadora estava exposta a situação de perigo. 2. Existindo no ordenamento jurídico dispositivo legal que dispõe especificamente sobre a forma por meio da qual deve ser caracterizado o trabalho em situação de perigo, não há falar em violação literal do art. 5º, LV, da Carta Magna quando, embora o perito tenha concluído que o trabalho era prestado em condições perigosas, o julgador indefere o adicional de periculosidade. Incidência da OJ 97 da SBDI-2 do TST. 3. O órgão prolator do acórdão rescindendo, a partir das constatações do próprio perito, considerou que a Recorrente

pág. 72

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

permanecia no interior da aeronave durante o procedimento de abastecimento do avião, decidindo, ao final, que a trabalhadora não faz jus ao adicional de periculosidade. Assim, o órgão judicante promoveu a subsunção dos fatos atestados pelo perito ao estatuto de regência, tendo apenas identificado a incorreta interpretação da norma regulamentar aplicável pelo profissional especializado incumbido da confecção do laudo. Consoante dispõe o aludido art. 436 do CPC, é certo que o juiz não fica adstrito às conclusões do instrumento pericial, a exemplo da hipótese em que o profissional especializado não promove corretamente o enquadramento normativo dos fatos por ele observados. Violação do art. 195 da CLT não configurada. Recurso ordinário conhecido e não provido.

D – alternativa incorreta. As custas no Processo do Trabalho são pagas ao final da fase de conhecimento, ou ao término da execução.

O adiantamento de honorários periciais é uma prática adotada por diversos magistrados, mas os Tribunais têm posição restritiva quanto a ela, com base no artigo 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal, e concedem a ordem em Mandado de Segurança nos casos em que as partes se insurjam contra o ato, já que as decisões interlocutórias são irrecorríveis.

Nesse sentido, há Orientação Jurisprudencial da SDI-2 do C. TST:

MANDADO DE SEGURANÇA. CABÍVEL PARA ATACAR EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO DE HONORÁRIOS PERICIAIS (nova redação) - DJ 22.08.2005 - É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito.

Lado outro, destaca-se que a IN 27 do C. TST prevê a possibilidade de exigência pelo juiz do pagamento prévio dos honorários periciais nos casos em que a lide não decorra de relação de emprego.

E – alternativa correta. Extrai-se do texto do art. 789-A da CLT que, no processo de execução, são devidas custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao final (…). Este dispositivo respeita o Princípio da Causalidade, que defende o custeio da demanda pela parte que lhe deu causa. Como o executado não cumpriu a legislação e deu origem à reclamação trabalhista, responderá pelas despesas dela oriundas.

Então, ainda que sucumbente quanto ao objeto da perícia na fase de execução, sua realização decorreu da inadimplência do executado, motivo pelo qual não há como impor ao exequente seu ônus.

Nesse sentido, há Orientação Jurisprudencial nº 19 das Turmas do TRT mineiro, que assim dispõe:

“Honorários periciais. Fase de execução. Responsabilidade. O mero distanciamento numérico entre os cálculos apresentados pelas partes e a conta homologada não é

pág. 73

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

critério de fixação da responsabilidade pelos honorários periciais na execução. Regra geral, esse ônus compete ao executado, sucumbente na fase de conhecimento, salvo quando o exequente der causa desnecessária à perícia, notadamente por abuso ou má-fé”.

Há, também, diversos julgados a respeito do tema:

Honorários periciais - É da executada a responsabilidade pelo pagamento de honorários periciais em razão de perícia contábil determinada pelo Juízo por haver cálculos de liquidação divergentes. (TRT-2. Acórdão nº 20140836165 – Rel. Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira – Publ. 29/09/2014)

TRT-1 - Agravo de Peticao AP 01351004319985010001 (TRT-1) - Data de publicação: 06/10/2016. Ementa: ACÓRDÃO EM AGRAVO DE PETIÇÃO AGRAVO DE PETIÇÃO. HONORÁRIOS PERICIAIS. SUCUMBÊNCIA. A responsabilidade pelos honorários periciais na fase de liquidação da sentença é do executado, sucumbente no processo de conhecimento acrescido do fato de que o executado dá azo à elaboração da perícia contábil quando deixa de quitar oportunamente as parcelas decorrentes do contrato de trabalho.

TRT-2 - AGRAVO DE PETICAO AP 02318004820095020040 SP 02318004820095020040 A20 (TRT-2) - Data de publicação: 17/02/2014 - Ementa: AGRAVO DE PETIÇÃO. RESPONSABILIDADE PELOS HONORÁRIOS PERICIAIS. FASE DE EXECUÇÃO. A interpretação predominante do artigo 790-B, da CLT, nos Tribunais do Trabalho, é no sentido de que a “pretensão objeto da perícia” a que alude aquele dispositivo legal, na hipótese em que se faz necessário o laudo contábil para fixação do quantum debeatur, é a liquidação do crédito deferido em sentença condenatória, ou seja, a liquidação de títulos que decorrem da sucumbência da reclamada, na fase cognitiva, sem a qual inexistiria a fase executória. Por essa forma, sempre é ônus da executada arcar com os honorários periciais, nesta fase processual, não importando quais contas, se aquelas apresentadas pelo autor ou ré, mais se aproximaram, superaram ou ficaram aquém daquelas elaboradas pelo Perito do Juízo. Agravo da executada ao qual se nega provimento.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO

QUESTÃO 21. Em relação ao direito de greve, conforme recente entendimento do plenário do Supremo Tribunal Federal, é CORRETO afirmar que:

a) O exercício do direito de greve é permitido aos policiais civis e a todos os servidores

BLOCO II

pág. 74

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

públicos que atuem diretamente na área de segurança pública, desde que garantida, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

b) A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.

c) Não seria cabível mandado de injunção para suprir a omissão legislativa quanto à omissão na regulamentação do exercício do direito de greve pelos servidores públicos.

d) Mesmo inexistindo legislação específica acerca do direito de greve no setor público, quando o tema alcança o Supremo Tribunal Federal, este não pode se valer da aplicação das regras atinentes ao setor privado.

e) As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas poderão impedir o acesso ao trabalho, mas de nenhuma foram poderão causar ameaça ou dano à propriedade ou à pessoa.

COMENTÁRIO

A presente questão versa sobre um assunto recorrente em provas da magistratura do trabalho, relativo ao direito de greve, permitindo uma avaliação de aspectos normativos, jurisprudenciais e doutrinários.

A assertiva “a” está incorreta. Embora o artigo 11 da Lei n. 7.783/1989 estabeleça que “nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”, tal regramento não se aplica aos policiais civis e aos demais servidores que atuem diretamente na área de segurança pública.

A Constituição Federal de 1988, expressamente vedou a sindicalização e a greve, em seu artigo 42, § 1º, combinado com o seu 142, § 3º, IV, “ao militar são proibidas a sindicalização e a greve”.

O STF, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 654432, com repercussão geral reconhecida, em 05 de abril de 2017, por maioria de votos de seu plenário, aprovou a seguinte tese:

“O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança

pág. 75

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do artigo 165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria”.

“A prevalência do interesse público e do interesse social na manutenção da ordem pública, da segurança pública, da paz social sobre o interesse de determinadas categorias de servidores públicos — o gênero servidores públicos; a espécie carreiras policiais — deve excluir a possibilidade do exercício do direito de greve por parte das carreiras policiais, dada a sua incompatibilidade com a interpretação teleológica do texto constitucional, em especial dos arts. 9º, § 1º; e 37, VII da CF” (ARE 654432/GO, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 5.4.2017).

A assertiva “b” está correta. Conforme decidido pelo plenário do STF, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 693456, com repercussão geral reconhecida, por 6 votos a 4, a administração pública deve fazer o corte do ponto dos grevistas, mas admitiu a possibilidade de compensação dos dias parados mediante acordo.

Ao final do julgamento, foi aprovada a seguinte tese de repercussão geral:

“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público”.

Importante salientar, outrossim, embora não objeto da indagação, mas pertinente ao tema em comento, que a segunda turma do STJ já decidiu que o desconto dos dias parados deve ser feito de forma parcelada:

“Não se mostra razoável a possibilidade de desconto em parcela única sobre a remuneração do servidor público dos dias parados e não compensados provenientes do exercício do direito de greve” (STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016 - Informativo 592).

A assertiva “c” está incorreta. Nos termos do inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federal, “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.

O mandado de injunção trata-se de ação constitucional que visa o controle de constitucionalidade por omissão de forma difusa, concreta e, como tal, a competência para o julgamento do mandado de injunção é de qualquer juiz ou Tribunal, fixada a competência de acordo com o órgão competente para elaborar a norma regulamentadora.

pág. 76

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Em 25/10/2007, no julgamento dos Mandados de Injunção (MIs) 670, 708 e 712, o plenário do STF, por unanimidade, reconheceu a omissão legislativa quanto ao dever constitucional em editar lei que regulamente o exercício do direito de greve no setor público e, por maioria, aplicar ao setor, no que couber, a lei de greve vigente no setor privado (Lei nº 7.783/89). Da decisão divergiram parcialmente os ministros Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que estabeleciam condições para a utilização da lei de greve, considerando a especificidade do setor público, já que a norma foi feita visando o setor privado, e limitavam a decisão às categorias representadas pelos sindicatos requerentes dos mandados de injunções.

Saliente-se que o Supremo Tribunal Federal, que tradicionalmente adotava a posição não concretista, apenas declarando a mora e notificando o poder omisso, neste julgamento, acabou perfilhando a corrente concretista geral, ou seja, determinou que fosse aplicada a lei de greve da iniciativa privada a todos os servidores públicos do Brasil e não apenas aqueles cujos interesses estavam sendo defendidos na ação, com efeitos erga omnes.

A assertiva “d” está incorreta, pois, conforme já salientado nos comentários anteriores, diante da omissão legislativa quanto à regulamentação do exercício do direito de greve dos servidores públicos, o STF determinou a aplicação da Lei n. 7.783/1989 ao setor público.

A assertiva “e” está incorreta. Embora o inciso I do art. 6º da Lei n. 7.783/1989, estabeleça que os grevistas possuem direito ao emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, o parágrafo 3º do mesmo artigo dispõe que “as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”.

Embora não abordado na questão, por se tratar de tema recorrente em questões de concurso, destacamos que eventual abuso dos trabalhadores neste aspecto, será passível de proteção pela via dos interditos possessórios (Interdito Proibitório, Manutenção e Reintegração de Posse), sendo que a competência para análise é da Justiça do Trabalho, conforme entendimento contido na Súmula Vinculante n. 23, do STF: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada”.

Por fim, sugerimos ao candidato que faça uma leitura atenta aos ditames da Lei n. 7.783/1989, que possui apenas 19 artigos, cujo texto é objeto de constante incidência em questões de provas objetivas.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

QUESTÃO 22. Conforme a jurisprudência do STF, assinale a alternativa CORRETA:

a) Os prazos da licença-adotante podem ser inferiores aos prazos da licença-gestante,

pág. 77

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Todavia, em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada.

b) As associações que representam fração de categoria profissional são legitimadas para instaurar controle concentrado de constitucionalidade mesmo que a norma extrapole o universo de seus representados.

c) Não é possível conceder extradição para brasileiro naturalizado.

d) Desde que compatíveis com sua função, membros do Ministério Público podem ocupar outros cargos públicos, fora do âmbito da instituição, além dos cargos de professor e funções de magistério.

e) Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Saliente-se que a CLT, em seu artigo 392-A, não faz distinção, sendo que a empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança terá direito a licença-maternidade no mesmo prazo da empregada que der à luz um filho.

Em se tratando de Servidores Públicos da União, a Lei n. 8.112/90 estabeleceu um regramento distinto em seu artigo 210. De acordo com o art. 210 da Lei nº 8.112/90, a servidora pública que adotar ou obtiver guarda judicial de criança terá licença conforme os seguintes prazos: 1) 90 dias, no caso de adoção ou guarda judicial de criança com até 1 ano de idade; e, 2) 30 dias, no caso de adoção ou guarda judicial de criança com mais de 1 ano de idade.

Todavia, conforme julgamento proferido pelo STF no julgamento do RE 778889/PE, com repercussão geral reconhecida, restou assentado o posicionamento de que:

“Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada” (STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016 – Informativo n. 817).

A assertiva “b” está incorreta. No julgamento da ADPF 254/DF, o STF manifestou entendimento de que “as associações que representam fração de categoria profissional não são legitimadas para instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de seus representados” (Informativo n. 826).

A assertiva “c” está incorreta. Nos termos do artigo 5º, LI, da Constituição Federal, “nenhum brasileiro

pág. 78

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”.

Este foi o posicionamento manifestado pelo STF, no julgamento do pedido de extradição n. 1244/República Francesa, “é possível conceder extradição para brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de droga (art. 5º, LI, da CF/88)” (Informativo n. 834).

A assertiva “d” está incorreta. Diversamente do texto do enunciado, os Membros do Ministério Público não podem ocupar cargos públicos, fora do âmbito da instituição, salvo cargo de professor e funções de magistério.

Este foi o entendimento do plenário do STF, no julgamento da Arguição De Descumprimento de Preceito Fundamental n. 388/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 9.3.2016 (Informativo n. 817), que declarou a inconstitucionalidade da Resolução 72/2011, do CNMP, e determinou a exoneração dos ocupantes de cargos em desconformidade com a interpretação fixada, no prazo de até 20 dias após a publicação da ata do julgamento.

No caso, considerou-se que houve descumprimento de preceitos fundamentais por atos normativos e atos concretos. No plano normativo, por ato do CNMP, que derrogou a resolução que tratava das vedações ao exercício de cargo ou função pública por membro do Ministério Público. No plano concreto, por atos de nomeação de membros do Ministério Público para ocupar cargos fora da instituição e, em especial, a nomeação de procurador de justiça para o cargo de Ministro de Estado da Justiça.

O pedido estava amparado em violação a preceitos fundamentais da independência dos Poderes (CF, art. 2º e art. 60, §4º, III) e da independência funcional do Ministério Público (CF, art. 127, §1º) diante da vedação aos promotores e procuradores de exercerem “qualquer outra função pública, salvo uma de magistério” (CF, art. 128, §5º, II, “d”).

A assertiva “e” está correta. Existem duas modalidades de controle de constitucionalidade. O controle pela via incidental (concreta, de exceção ou defesa) e o controle pela via concentrada (de ação).

Pelo controle difuso, no plano estadual, qualquer juiz ou tribunal estadual pode efetuar, na análise do caso concreto, o controle de constitucionalidade e declarar, incidentemente, a inconstitucionalidade de qualquer ato ou lei municipal, estadual ou federal quando confrontado com a Constituição Federal. Além disso, o juiz ou tribunal estadual também pode declarar incidentemente a inconstitucionalidade de ato ou lei municipal ou estadual quando contestado com a Constituição do próprio Estado.

Portanto, no controle de constitucionalidade difuso, os juízes e tribunais estaduais podem exercer, simultaneamente, a jurisdição constitucional federal (com análise da Constituição Federal) e a jurisdição constitucional estadual (com análise da Constituição Estadual).

Por sua vez, no controle de constitucionalidade concentrado, somente os tribunais estaduais

pág. 79

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

podem aferir, abstratamente, a validade de uma lei ou ato normativo municipal ou estadual em face de qualquer norma da Constituição estadual, quando do julgamento das ações diretas (ADI, ADO, ADC e ADPF).

A questão objeto da assertiva ora analisada versa sobre um tema até então polêmico, ou seja: a competência para o julgamento de ação direta que impugna lei ou ato normativo estadual em face de uma norma da Constituição Estadual que repete norma da Constituição Federal.

Para análise da questão, é necessário fazer a seguinte distinção:

1 – Se a norma repetida na Constituição do Estado cuida de norma de reprodução (obrigatória para o Estado).

2 – Ou se a norma repetida é apenas de imitação (facultativa para o Estado).

Ressalte-se que o STF admitiu a competência do Tribunal de Justiça estadual para ambos os casos, mas estabeleceu o seguinte diferencial:

1 – No caso das normas de reprodução (obrigatória), da decisão do Tribunal de Justiça cabe recurso extraordinário para exame pelo STF, com fundamento no art. 102, III, a ou c, da CF.

2 – Por sua vez, nos casos de normas de imitação (facultativa), a decisão do Tribunal de Justiça será irrecorrível.

Importante ressaltar que, conforme salientado pelo professor Dirley da Cunha Júnior:

“(...) se estiverem tramitando, simultaneamente, duas ações diretas, uma no Tribunal de Justiça e outra no STF, contra a mesma lei ou ato normativo estadual lesivo à ‘norma de reprodução obrigatória’, tem o STF fixado a sua competência para suspender o curso da ação direta proposta perante o Tribunal de Justiça, até o julgamento final da ação direta intentada na Corte, não se cogitando, na espécie, de litispendência ou continência.

Nesse caso, declarada pelo STF a ‘inconstitucionalidade’ da lei ou do ato normativo estadual, a ADI estadual perde o seu objeto, uma vez que a lei ou ato estadual deixa de ter eficácia no Estado.

Todavia, se o STF declara a ‘constitucionalidade’ da lei ou do ato normativo estadual perante a Constituição Federal, a ADI estadual ‘poderá prosseguir’, a fim de que o tribunal local examine a lei ou o ato normativo estadual em face da Constituição Estadual, podendo até pronunciar a sua inconstitucionalidade em vista da Carta Estadual, mas por fundamento distinto daquele utilizado pela Suprema Corte”.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

pág. 80

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÃO 23. Em relação aos Danos Morais, é CORRETO afirmar que:

a) Conforme entendimento pacífico do STJ, a indenização por dano moral pode se sujeitar à tarifação prevista na Lei de Imprensa.

b) Para o Supremo Tribunal Federal, a Lei de Imprensa foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988.

c) O Superior Tribunal de Justiça não admite a cumulação de indenizações por danos morais e estéticos, entendendo a configuração de bis in idem.

d) A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que não são cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos o mesmo fato.

e) Para o Superior Tribunal de Justiça, as ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Conforme a Súmula n. 281, do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa”.

Importante o conhecimento do referido tema pelo candidato, uma vez que, embora a reforma trabalhista não possa ser objeto de cobrança no certame, algumas discussões que permeiam a sua interpretação podem constar indiretamente em suas questões, como seria o caso da possibilidade de tarifação das indenizações por danos morais, conforme previsto no art. 223-G, da Lei n. 13.467/17.

A assertiva “b” está incorreta. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF n. 130, por maioria, declarou que a Lei de Imprensa (Lei nº 5250/67) é incompatível com a atual ordem constitucional (Constituição Federal de 1988).

A assertiva “c” está incorreta. Nos termos da Súmula n. 387, do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”.

Saliente-se, outrossim, que o Tribunal Superior do Trabalho também admite de forma pacífica a referida cumulação.

Todavia, há posicionamentos de que a Lei de Reforma Trabalhista, teria vedado a referida acumulação no parágrafo 1º do seu artigo 223-G: “§ 1º Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação” (destacamos).

A assertiva “d” está incorreta. Conforme a Súmula n. 37, do STJ: “São cumuláveis as indenizações

pág. 81

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.

A Lei de Reforma Trabalhista também estabeleceu expressamente em seu art. 223-F:

“Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo.

§ 1º Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial”.

Saliente-se que tal entendimento também é pacífico no âmbito do TST.

A assertiva “e” está correta. Segundo precedentes:

“ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS DECORRENTES DE PERSEGUIÇÃO POLÍTICA DURANTE O REGIME MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO N. 20.910/32. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO. DESNECESSIDADE.

1. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que as ações de indenização decorrentes de atos de violência ocorridos durante o regime militar são imprescritíveis.

2. De acordo com a jurisprudência do STF, não há afronta à regra do art. 97 da Constituição Federal quando se reconhece ser inaplicável o prazo prescricional previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/32 na espécie, pois a imprescritibilidade das ações indenizatórias por delitos praticados durante o período militar deriva da disposição contida no art. 8º, § 3º, do ADCT.

3. Agravo regimental a que se nega provimento” (AgRg no REsp 1424534/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 12/06/2015).

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PERSEGUIÇÃO POLÍTICA. DITADURA MILITAR. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA. IMPRESCRITIBILIDADE. DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS. INAPLICABILIDADE DO ART. 1.º DO DECRETO N.º 20.910/32. REDUÇÃO DISPOSITIVOS DA LEI N. 10.559/2002. INCIDÊNCIA DA SÚMULAS 282 e 356/STF.

1. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a prescrição quinquenal disposta no art. 1º do Decreto 20.910/1932 é inaplicável aos danos decorrentes de violação de direitos fundamentais, por serem imprescritíveis, principalmente quando ocorreram durante o Regime Militar, época na qual os jurisdicionados não podiam deduzir a contento as suas pretensões. Precedentes.

pág. 82

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

2. O argumento referente à afronta ao Princípio da Reserva de Plenário foi trazido, tão-somente, nas razões do agravo regimental ora analisado, o que configura patente inovação da tese.

3. O art. 16 da Lei nº 10.559/02, bem como a tese a ele vinculada que “é impossível cumular as indenizações concedidas com base na Lei n. 10559/02” (e-STJ fl. 640), não foi objeto de debate pela instância ordinária, e o recorrente nem sequer provocou a questão via embargos de declaração. Incidência das Súmulas 282 e 356/STF.

4. Agravo regimental não provido” (AgRg no AREsp 302.979/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 05/06/2013).

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 24. Aponte a alternativa CORRETA:

a) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, ainda que intentada no prazo legal, desde que o Magistrado não receba a denúncia.

b) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao delegado competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Torna-se desnecessária a comunicação ao Juiz nos casos em que a lei admite liberdade provisória sem fiança.

c) Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

d) Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Recente jurisprudência do STF firmou entendimento pela impossibilidade de cumprimento de pena enquanto houver recurso cabível.

e) As associações poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, independentemente de trânsito em julgado.

COMENTÁRIO

A questão é resolvida pela análise do art. 5º da Constituição Federal.

A assertiva “a” está equivocada, conforme o teor do inciso LIX, do qual se extrai que será cabível ação penal privada quanto aos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.

A assertiva “b” vai de encontro ao texto do inciso LXII, que exige comunicação imediata ao Juiz e

pág. 83

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

nem sequer trata da figura do delegado.

A assertiva “c” está correta, conforme o parágrafo 2º do art. 5º da Constituição Federal.

A assertiva “d” está incorreta porque, em recente decisão, o STF decidiu que os condenados em segunda instância iniciem o cumprimento de pena - Habeas Corpus (HC) 126292. O mesmo entendimento foi firmado nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43 e 44, e também no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 964246, que teve repercussão geral reconhecida.

A assertiva “e” se baseia no inciso XIX, que exige o trânsito em julgado para a dissolução de associação.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 25. Compete privativamente à União legislar sobre:

a) Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.

b) Previdência social, proteção e defesa da saúde.

c) Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho, juntas comerciais e serviços forenses.

d) Proteção à infância e à juventude.

e) Informática.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está errada, já que a competência é concorrente dos Estados/DF e da União, conforme art. 24, inciso I.

A assertiva “b” também constitui matérias cuja competência é concorrente (inciso XII do art. 24).

Por sua vez, a assertiva “c” é incorreta porque, quanto às juntas comerciais e serviços forenses, a competência também é concorrente (incisos III e IV do art. 24).

A assertiva “d” está incorreta, pelo mesmo motivo da assertiva “c”, vide inciso XV do art. 24.

A assertiva “e” este correta, conforme o inciso IV do art. 22 da Constituição Federal.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

pág. 84

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÃO 26. Assinale a alternativa CORRETA:

a) Nos casos autorizados de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do art. 37, XI, da Constituição Federal (CF) pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público.

b) A acumulação de cargos públicos é permitida pela CF/1988, desde que o interessado opte pela remuneração mais vantajosa e renuncie ao montante que seria devido pelo exercício do cargo com menor vantagem.

c) O teto constitucional remuneratório se aplica a todas as vantagens percebidas, inclusive aquelas de natureza indenizatória.

d) É garantida aos servidores públicos a revisão de seus vencimentos a cada dois anos, respeitado o percentual estipulado para o reajuste remuneratório dos membros do legislativo federal.

e) No caso de aposentadoria, não se permite a acumulação, ainda que elas sejam relativas a cargos diversos.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” até correta. Conforme se extrai do informativo mensal 68 do STF, de abril de 2017, o STF decidiu que o teto remuneratório é imposto ao agente público para um único cargo ou função. Caso este ocupe duas funções acumuláveis, é permitida a supressão do limite estipulado. Portanto, o que se deve observar é o limite (teto) para cada uma das remunerações - REs 602043 e 612975.

(…) o ordenamento constitucional permite que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acumulem as suas funções com aquelas inerentes ao Tribunal Superior Eleitoral (CF, art. 119), sendo ilógico supor que se imponha o exercício simultâneo, sem a correspondente contrapartida remuneratória. Da mesma forma, os arts. 95, parágrafo único, I, e 128, § 5º, II, “d”, da CF veiculam regras quanto ao exercício do magistério por juízes e promotores de justiça, de maneira que não se pode cogitar, presente o critério sistemático de interpretação, de trabalho não remunerado ou por valores inferiores aos auferidos por servidores que desempenham, sem acumulação, o mesmo ofício. Idêntica orientação há de ser observada no tocante às demais circunstâncias constitucionais de acumulação de cargos, empregos e funções públicas, alusivas a vencimento, subsídio, remuneração oriunda do exercício de cargos em comissão, proventos e pensões, ainda que os vínculos digam respeito a diferentes entes federativos. Consignou que consubstancia direito e garantia individual o acúmulo tal como estabelecido no inciso XVI

pág. 85

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

do art. 37 da CF, a encerrar a prestação de serviços com a consequente remuneração, ante os diversos cargos contemplados, gerando situação jurídica na qual os valores devem ser recebidos na totalidade. O teto remuneratório não pode atingir, a partir de critérios introduzidos por emendas constitucionais, situações consolidadas, observadas as regras preexistentes, porque vedado o confisco de direitos regularmente incorporados ao patrimônio do servidor público ativo ou inativo (CF, arts. 5º, XXXVI, e 37, XV)

No mesmo julgamento, o STF assentou que:

O RE 612975 refere-se à aplicabilidade do teto remuneratório sobre parcelas de aposentadorias percebidas cumulativamente. Um tenente-coronel da reserva da PM e que também exercia o cargo de odontólogo, nível superior do SUS vinculado à Secretaria de Estado de Saúde, impetrou mandado de segurança no TJ-MT contra determinação do secretário de Administração de Mato Grosso no sentido da retenção de parte dos proventos, em razão da aplicação do teto remuneratório. Ao julgar a questão, o TJ-MT entendeu que o teto deve ser aplicado, isoladamente, a cada uma das aposentadorias licitamente recebidas, e não ao somatório das remunerações. Assentou que, no caso da acumulação de cargos públicos do autor, a verba remuneratória percebida por cada cargo ocupado não ultrapassa o montante recebido pelo governador.

A assertiva “b” está incorreta. Não consta a restrição de opção pela maior remuneração ou renúncia do valor excedente ao teto.

A assertiva “c” está incorreta. O Supremo Tribunal Federal tem posicionamento no sentido de autorizar que as verbas indenizatórias podem ser pagas, mesmo que ultrapassem o teto na remuneração final. As verbas indenizatórias compreendem todo tipo de benefício que o servidor recebe por ter tido alguma despesa. Estão na lista o auxílio-moradia, pagamento de escola para filhos de servidores ou, ainda, as diárias pagas aos servidores quando eles viajam a trabalho.

A assertiva “d” está incorreta. Nos termos do art. 37, X, da Constituição Federal:

“X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (...)”.

A assertiva “e” está incorreta, conforme os fundamentos já declinados nos comentários quanto à assertiva “a”.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

pág. 86

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DIREITO CIVIL

QUESTÃO 27. Em relação às causas de interrupção da prescrição, assinale a alternativa CORRETA:

a) O despacho do juiz que não detenha competência não interrompe a prescrição.

b) Em nenhuma hipótese, a interrupção da prescrição por um credor aproveita aos outros e a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, o prejudica aos demais coobrigado.

c) Dentre outras hipóteses, a interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, poderá ocorrer por protesto judicial.

d) A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do ato judicial que ordenou a citação do réu.

e) O protesto cambial não interrompe a prescrição.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Nos termos do inciso I do art. 202 do Código Civil:

“Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual”.

Importante salientar que, no processo do trabalho, inexiste ato judicial que determine a citação do réu, uma vez que a notificação ocorre automaticamente pela Secretaria da Vara. Assim, conforme o entendimento contido na Súmula n. 268, do TST:

“A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos”.

A assertiva ‘b” está incorreta. Embora a regra geral estabelecida no Código Civil seja de que a interrupção da prescrição não aproveite aos demais credores e não prejudique os demais devedores (art. 204, caput, do CC), esta comporta exceções, conforme os parágrafos do mesmo artigo:

“§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.

§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.

BLOCO II

pág. 87

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.”

A assertiva “c” está correta. Conforme o inciso II do art. 204, do CC, a interrupção da prescrição poderá ocorrer por protesto judicial.

Importante salientar que o protesto judicial, embora haja omissão da CLT, é plenamente aplicável, com a observância dos ditames previstos no Código de Processo Civil. Este é o entendimento contido na Orientação Jurisprudencial n. 392, da SBDI-I, do TST:

“OJ-SDI1-392 PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. AJUIZAMENTO DE PROTESTO JUDICIAL. MARCO INICIAL (atualizada em decorrência do CPC de 2015) Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016

O protesto judicial é medida aplicável no processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC de 2015. O ajuizamento da ação, por si só, interrompe o prazo prescricional, em razão da inaplicabilidade do § 2º do art. 240 do CPC de 2015 (§ 2º do art. 219 do CPC de 1973), incompatível com o disposto no art. 841 da CLT”.

E, conforme o regramento contido no CPC/15, in verbis:

“Art. 726. Quem tiver interesse em manifestar formalmente sua vontade a outrem sobre assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas participantes da mesma relação jurídica para dar-lhes ciência de seu propósito.

§ 1º Se a pretensão for a de dar conhecimento geral ao público, mediante edital, o juiz só a deferirá se a tiver por fundada e necessária ao resguardo de direito.

§ 2º Aplica-se o disposto nesta Seção, no que couber, ao protesto judicial.

Art. 727. Também poderá o interessado interpelar o requerido, no caso do art. 726, para que faça ou deixe de fazer o que o requerente entenda ser de seu direito.

Art. 728. O requerido será previamente ouvido antes do deferimento da notificação ou do respectivo edital:

I - se houver suspeita de que o requerente, por meio da notificação ou do edital, pretende alcançar fim ilícito;

II - se tiver sido requerida a averbação da notificação em registro público.

Art. 729. Deferida e realizada a notificação ou interpelação, os autos serão entregues ao requerente”.

Observe-se que, diferentemente do regramento contido no CPC/73, o novo Código de Processo Civil estabeleceu uma espécie de contraditório, ainda que mitigado, nas hipóteses previstas nos incisos I e II do seu art. 728.

pág. 88

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “d” está incorreta. Embora seja verdadeiro que a contagem do marco prescricional volte a correr a partir do ato que a interrompeu, não é correta a afirmação de que essa se reinicie do ato que ordenou a citação do réu. Segundo estabelecido no parágrafo único do art. 202, do CPC:

“Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper”.

Portanto, em se tratando de processo judicial, a prescrição recomeça do último ato do processo e não do despacho que ordenou a citação.

A assertiva “e” está incorreta. Segundo o inciso III do art. 202 do Código Civil, o protesto cambial interrompe a prescrição.

É importante que o candidato memorize a diferença entre interrupção e suspensão da prescrição.

Quando ocorre interrupção da prescrição, o prazo recomeça a fluir do zero. Por sua vez, nas hipóteses de suspensão, isso não ocorre, sendo que o prazo que estava correndo fica suspenso, até que se resolva o motivo que provocou a suspensão, após isso, o prazo começará a contar de onde parou.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 28. Quanto à responsabilidade civil, aponte a alternativa correta:

a) Em casos de lesão à saúde, não é possível o pagamento da indenização de uma só vez. Será necessária a constituição de capital e o pensionamento, conforme a redução da capacidade.

b) Em todos os casos é exigido o ato culposo do lesado para a configuração da responsabilidade civil.

c) Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Esta regra é pacificamente aplicável à esfera trabalhista, segundo a jurisprudência do C. TST.

d) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal.

e) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, mesmo se o causador do dano for descendente seu, absoluta

pág. 89

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

ou relativamente incapaz.

COMENTÁRIO

a) incorreta – é possível o pagamento da indenização em uma só vez, desde que seja requerido pelo credor.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

b) incorreta – nem sempre se exige culpa, pois há casos em que a responsabilidade é objetiva. Aquele que lesa direitos de outrem exerce atividade de risco e se responsabiliza pelos danos eventualmente causados. Dessa forma, a reparação do dano sofrido pela vítima está ligada diretamente a ideia de garantia, seja pela indenização individual ou pela socialização dos riscos existentes no mundo atual.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Segundo Patrícia Ribeiro Serra Vieira: “responsabilidade objetiva sustenta em si a noção de seguridade geral, pelo controle do fato tido como causa do dano, para que todos possam suportar os prejuízos que venham a recair sobre qualquer um de nós, a título de riscos da vida em uma sociedade desenvolvida, massificada e com crescente aumento dos acidentes de trabalho, de trânsito e de transporte de consumo, das atividades estatais, ambientais, minerais, dentre outras.” SERRA VIEIRA, Patrícia Ribeiro. A responsabilidade civil objetiva do direito de danos. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p.88.

Nesse sentido:

TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00019168220125020385 SP 00019168220125020385 A28 (TRT-2) - Data de publicação: 28/03/2014 - Ementa: RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR POR ACIDENTE DO TRABALHO. CABIMENTO. Não obstante a regra geral seja a da responsabilidade subjetiva do empregador, nas atividades de risco, é plenamente aplicável o art. 927, parágrafo único do Código Civil. O dispositivo legal em questão adotou a teoria do risco criado. A expressão “por sua natureza” constante no texto legal quer dizer que o risco

pág. 90

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

deve ser acima do risco genérico, vale dizer, do risco médio da coletividade em geral.

TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA AIRR 1810406720065180004 181040-67.2006.5.18.0004 (TST) - Data de publicação: 06/02/2009. Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR POR ACIDENTE DO TRABALHO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. Não demonstrada nenhuma das hipóteses de cabimento do recurso de revista previstas no art. 896 da CLT. Fundamentos da decisão denegatória não desconstituídos. Agravo de instrumento a que se nega provimento.

TST - RECURSO DE REVISTA RR 1324009320065040401 132400-93.2006.5.04.0401 (TST) - Data de publicação: 19/12/2011 - Ementa: RECURSO DE REVISTA - ACIDENTE DE TRABALHO. DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR. TEORIA DO RISCO. ARTIGO 927, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. A jurisprudência desta Corte assentou-se no sentido de reconhecer a responsabilidade objetiva do empregador por acidentes de trabalho, com base na teoria do risco, nos termos do art. 927, parágrafo único, do Código Civil, porquanto a previsão mínima contida no artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição Federal, que condiciona a responsabilidade civil do empregador à demonstração de dolo ou culpa, não serve de entrave à ampliação da tutela protetiva do trabalhador pela norma infraconstitucional, mesmo porque o caput do referido dispositivo constitucional contém vetor interpretativo tendente ao contínuo incremento dos direitos trabalhistas. Desse modo, os arestos transcritos a confronto não viabilizam o conhecimento do Recurso de Revista, na forma do artigo 896, § 4º, da CLT e da Súmula 333 do TST, porque superados pela jurisprudência atual desta Corte. Recurso de Revista não conhecido. DANO MORAL. VALOR ARBITRADO À CONDENAÇÃO. REDUÇÃO. O acidente de trabalho que vitimou o Autor teve repercussão em sua esfera íntima, merecendo ser indenizado o dano moral verificado. Ademais, ao fixar o quantum indenizatório, o Regional efetivamente pautou-se na observância das circunstâncias fáticas do caso concreto e pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, em obediência aos critérios de justiça e equidade. Recurso de Revista não conhecido. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REQUISITOS. SÚMULA 219, I, DO TST. O deferimento de honorários advocatícios, na Justiça do Trabalho, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da sua categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do mínimo legal ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do seu sustento ou de sua família. Entendimento consubstanciado...

c) incorreta – é verdadeira a regra descrita, conforme prevê o art. 940 do CC. A norma é de direito

pág. 91

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

material e tem a finalidade de preservar a boa-fé nas relações jurídicas, responsabilizando aquele que extrapola o direito de ação para receber direitos adimplidos, ou a mais do efetivamente devido, sem ressalvas.

A aplicação deste artigo no Direito do Trabalho gera controvérsias, e existe divergência jurisprudencial e doutrinária sobre o assunto. Contudo, não é pacífica sua aplicação ao Processo do Trabalho. Segundo a posição majoritária, não se aplica porque incompatível com os princípios e regras, já que o trabalhador é considerado hipossuficiente.

Já julgou o E. TST:

MULTA PREVISTA NO ART. 940 DO CÓDIGO CIVIL - COMPATIBILIDADE COM O PROCESSO DO TRABALHO. Havendo, no Código de Processo Civil, norma específica para punição da parte que litiga de má-fé, não há como aplicar a disposição, de direito material, inscrita no artigo 940 do Código Civil (art. 1.531 do CC/16). Recurso de Revista conhecido e provido.- (RR-214/2004-462-02-00.6, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, DEJT 23/10/2009 ).

Lado outro, o próprio TST já julgou de maneira diversa:

RECURSO DE REVISTA. RECONVENÇÃO. COMPENSAÇÃO. ART. 940 DO CÓDIGO CIVIL. APLICAÇÃO. O art. 940 do Código Civil é compatível com os princípios e normas do direito do trabalho, mas sua aplicação depende da constatação da má-fé do litigante, materializada na intenção de obter vantagem indevida. Recurso de revista parcialmente conhecido e não-provido. (TST - Processo: RR - 126000-32.2004.5.01.0461, Relatora: Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, 6ª Turma, publicação: DJ 20/10/2006 – Trecho da Ementa).

Em julgado mais recente, o mesmo Tribunal Superior concluiu que:

EMBARGOS. PENA PREVISTA NO ARTIGO 940 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002 (ARTIGO 1.531 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916). APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA À RELAÇÃO DE EMPREGO. INCOMPATIBILIDADE. “A norma inscrita no artigo 940 do Código Civil, a qual prevê a condenação daquele que exige dívida já quitada ao pagamento de indenização em valor correspondente ao dobro da importância exigida, é norma de direito comum, cunhada sobre a presunção de igualdade dos sujeitos da relação jurídica, cuja aplicação no direito do trabalho implicaria impor ao trabalhador ônus excessivo e desarrazoado. Assim, em face do que determina o art. 8º, parágrafo único, da CLT, é inaplicável como fonte subsidiária do direito do trabalho que, orientado pelo princípio da proteção, rege relações jurídicas nas quais é notória a hipossuficiência econômica dos empregados perante os empregadores, conferindo tratamento mais benéfico aos obreiros” (Ministro Augusto César

pág. 92

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Leite de Carvalho). Imperioso ressaltar que o Código de Processo Civil prevê meios para coibir eventual má-fé no processo (artigos 17 e 18), inclusive com a responsabilização da parte por perdas e danos (artigo 16). Recurso de embargos conhecido e não provido. PROCESSO Nº TST-RR-187900-45.2002.5.02.046

d) correta. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 591.874, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 18/12/2009, apreciou questão relativa à aplicação da responsabilidade objetiva prevista no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal a terceiros não usuários do serviço público. O referido julgado possui a seguinte ementa, in verbis:

“CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO. CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO. RECURSO DESPROVIDO.

I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal.

II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado.

III - Recurso extraordinário desprovido”.

Importante ressaltar ao candidato que, recentemente, o Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 2017, reconheceu a repercussão geral quanto à análise da aplicação do art. 927, parágrafo único, do Código Civil, aos acidentes de trabalho, tendo em vista o disposto no artigo 7º, inciso XXVIII, da Constituição Federal, que prevê a obrigação de indenizar quando há dolo ou culpa. Todavia, a matéria ainda não foi julgada. Recomenda-se ao Candidato que acompanhe o julgamento e a tese a ser firmada (RE 828040).

e) incorreta. A finalidade do dispositivo é fazer com que a vítima tenha facilidade em reaver seu prejuízo e, por isso, permite que a dívida seja paga por outrem. Porém, por razões de ordem familiar e com a finalidade de evidenciar o dever de guarda e vigilância, o legislador impossibilitou que os ascendentes obtenham ressarcimento junto aos descendentes.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

pág. 93

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÃO 29. Sobre a prescrição, pode-se afirmar que:

a) A execução não prescreve, pois o exequente, ao iniciá-la, deixa o procedimento sujeito ao impulso oficial e isso impede a pronúncia da prescrição na aludida fase processual.

b) A interrupção da prescrição pode ocorrer por quantas vezes determinar o interesse do lesado. Porém, por despacho do Juiz, a interrupção é permitida por apenas uma vez.

c) O despacho de juiz incompetente para o caso não gera a interrupção da prescrição, pois há violação de norma de ordem pública.

d) A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.

e) Os prazos prescricionais podem ser alterados por vontade das partes.

COMENTÁRIO

a) incorreta – súmula 150 do STF.

SÚMULA 150 - Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.

b) incorreta – art. 202, caput, do CC 2002, bem como seu inciso I.

c) incorreta – inciso I do art. 202.

d) correta – art. 191 do CC.

e) incorreta – A prescrição é matéria de ordem pública, embora envolva interesses privados. Seus prazos estão previstos em lei e não podem sofrer modificações. Art. 192 do CC.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 30. No sistema processual adotado pelo CPC/2015, se estiverem ausentes as condições da ação, mas o réu nada alegar na contestação, o juiz deve:

a) Conhecer da matéria de ofício, em qualquer grau de jurisdição, incluindo-se o caso de impossibilidade jurídica do pedido, e extinguir o processo sem resolução de mérito.

b) Dar ao processo curso normal, em razão da preclusão.

BLOCO III

pág. 94

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

c) Conhecer da matéria de ofício, desde que ainda não tenha ocorrido audiência de instrução, e extinguir o processo com resolução de mérito.

d) Conhecer da matéria, em qualquer grau de jurisdição, desde que tenha dado oportunidade para parte se manifestar, extinguindo-o sem resolução de mérito.

e) Conhecer da matéria de ofício, em qualquer grau de jurisdição, e extinguir o processo com resolução de mérito.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O CPC/15 excluiu das condições da ação a possibilidade jurídica do pedido, mantendo somente a legitimidade das partes e o interesse de agir (processual), conforme seu artigo 337, XI: “Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual”.

A assertiva “b” está incorreta, uma vez que as condições da ação são matéria de ordem pública e por isso podem ser analisadas de ofício pelo juiz, a qualquer tempo e grau de jurisdição, não estando sujeita à preclusão.

A assertiva “c” está incorreta, uma vez que o conhecimento da matéria poderá ser feito a qualquer tempo e, além disso, a extinção do processo seria sem resolução do mérito, conforme artigo 485, caput c/c artigo artigo 485, VI, do CPC/15.

A assertiva “d” está correta. Conforme já salientado, a análise das condições da ação é matéria de ordem pública, podendo ser pronunciada de ofício pelo juiz, a qualquer tempo e grau de jurisdição e implica na extinção do processo, sem resolução do mérito.

Todavia, segundo o novo modelo processual, o juiz não pode surpreender as partes com uma decisão sobre um tema que não havia sido discutido no processo. Trata-se do princípio da não-surpresa, previsto no art. 10, do CPC/15: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.

A assertiva “e” está incorreta. Conforme já salientado, a inexistência de condições da ação implica na extinção do processo sem resolução do mérito.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 31. Conforme o Art. 927, § 3º, do CPC/15, “Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.”

pág. 95

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Tal dispositivo processual, positivou a chamada regra do:

a) Distinguishing.

b) Overriding.

c) Sinaling.

d) Prospective Overruling.

e) Reversing.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O distinguishing trata-se de técnica proveniente da Commom Law, fundamentada na teoria dos precedentes, segundo a qual um precedente deixa de ser aplicado a um caso concreto, sem, entretanto, ter havido a sua revogação. É excluída a aplicação do precedente judicial apenas para o caso concreto em razão de alguma particularidade, fática ou jurídica, mantendo-se, contudo, o precedente válido e com eficácia vinculante para outros processos.

A assertiva “b” está incorreta. Na hipótese de overriding, o tribunal apenas limita o âmbito de incidência de um precedente em função da superveniência de regra ou de princípio legal. Não há superação, mas tão somente adequação à superveniente configuração jurídica. Há, a rigor, uma superação parcial, semelhante a uma revogação parcial da lei.

A assertiva “c” está incorreta. O sinaling ocorre quando o tribunal apenas sinaliza que poderá modificar seu entendimento sem, entretanto, fazê-lo no momento da sinalização. O que, aliás, pode nem mesmo ocorrer, já que ele apenas aponta uma possibilidade de futura superação.

A assertiva “d” está correta. O prospective overruling ocorre quando há a superação de um precedente que deixa de existir como fonte vinculante ou até mesmo persuasiva, sendo substituído por outro entendimento. Em respeito à segurança jurídica, à proteção da confiança, à isonomia e à estabilidade das decisões, a superação de um precedente deve se dar de forma excepcional e, sempre, acompanhada de adequada e específica fundamentação.

Em respeito ao princípio da segurança jurídica, o CPC/15 previu a possibilidade de modulação dos efeitos da superação de um precedente. O tribunal, portanto, por razões de interesse social ou se segurança jurídica, poderá modular os efeitos da superação do entendimento consagrado nas súmulas com eficácia vinculante e no precedente, que pode, no caso concreto, ser ex nunc, dependendo, em qualquer caso, de decisão específica e adequadamente fundamentada pelo juiz.

Também existe o chamado retrospective overruling, pelo qual, com a superação do precedente, são atingidas situações já consolidadas sob a égide do precedente antigo, ou seja, gera eficácia

pág. 96

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

retroativa (ex tunc).

Saliente-se, outrossim, que o CPC/15, diferentemente das leis que tratam da ADC e da ADPF, não determinou o quórum para a modulação, exigindo apenas ADEQUADA e ESPECÍFICA fundamentação.

A assertiva “e” este incorreta. O reversing trata-se tão somente da reforma, no julgamento de um recurso, pelo órgão ad quem, da decisão proferida pelo órgão a quo. Logo, o reversing é apenas o acatamento de um recurso para mudar a decisão proferida anteriormente, sem se formar ou mudar qualquer entendimento judicial vinculante já firmado, mas apenas enquadrando o caso sob judice em algum diverso do entendimento do juízo inicial.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 32. Em relação às provas no CPC/15, assinale a alternativa CORRETA:

a) Independe de fundamentação a decisão que indefere a produção de provas inúteis e/ou protelatórias.

b) O juiz somente poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo se houve expressa concordância das partes.

c) Em hipótese alguma o magistrado pode modificar a ordem legal de produção da prova testemunhal, sob pena de ferir o princípio da legalidade.

d) A produção antecipada da prova previne a competência do juízo para a ação que venha a ser produzida.

e) O CPC/2015 extinguiu a exigência das reperguntas às testemunhas, cabendo às partes formularem as perguntas diretamente às testemunhas.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Segundo o artigo 370 do CPC/15, “Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito”. E, conforme o parágrafo único do mesmo artigo, “O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias” (destacamos).

Além disso, saliente-se que o dever de fundamentação das decisões judiciais tem amparo no artigo 93, IX, da Constituição Federal, sob pena de nulidade.

A assertiva “b” está incorreta. O CPC/15 tratou de versar expressamente sobre a produção de prova emprestada. Conforme o seu artigo 372, “O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em

pág. 97

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”.

Saliente-se que, mesmo antes da vigência do CPC/15, a título de informação, que o STJ já possuía jurisprudência no sentido de se admitir a prova emprestada, mesmo que produzida em processo com partes distintas, desde que garantido o contraditório:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PROVA EMPRESTADA ENTRE PROCESSOS COM PARTES DIFERENTES. É admissível, assegurado o contraditório, prova emprestada de processo do qual não participaram as partes do processo para o qual a prova será trasladada. A grande valia da prova emprestada reside na economia processual que proporciona, tendo em vista que se evita a repetição desnecessária da produção de prova de idêntico conteúdo. Igualmente, a economia processual decorrente da utilização da prova emprestada importa em incremento de eficiência, na medida em que garante a obtenção do mesmo resultado útil, em menor período de tempo, em consonância com a garantia constitucional da duração razoável do processo, inserida na CF pela EC 45/2004. Assim, é recomendável que a prova emprestada seja utilizada sempre que possível, desde que se mantenha hígida a garantia do contraditório. Porém, a prova emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso. Assegurado às partes o contraditório sobre a prova, isto é, o direito de se insurgir contra a prova e de refutá-la adequadamente, o empréstimo será válido” (Corte Especial do STJ,vEREsp 617.428-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2014).

Quanto à utilização da prova emprestada, o TST entende pela sua admissibilidade quando preenchidos alguns requisitos: prova lícita e oriunda de processo envolvendo ao menos uma das partes, identidade de fatos e observância do contraditório.

Nesse sentido, citamos os seguintes precedentes:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE PROCESSUAL. UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA SEM ANUÊNCIA DA PARTE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A jurisprudência desta Corte caminha no sentido de que a utilização de prova emprestada independe de anuência da parte, desde que esta tenha participado da produção daquela prova, envolvendo identidade de matéria. Nesse contexto, não se vislumbra ofensa às garantias positivadas nos incisos LIV e LV do artigo 5º da CF, porquanto devidamente observados o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório”. (AIRR - 1197-10.2013.5.09.0567, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 17/02/2017)

“(...) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI N.° 13.015/2014. CERCEAMENTO DE DEFESA. PROVA EMPRESTA. AUSÊNCIA DE CONCORDÂNCIA DAS PARTES. Conforme já decidiu o TST, não há falar em cerceamento de defesa por

pág. 98

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

ausência de concordância da reclamada na utilização da prova emprestada, mormente quando os requisitos para sua admissibilidade foram preenchidos, quais sejam, ser a prova lícita e oriunda de processo envolvendo ao menos uma das partes e haver identidade de fatos e observância do contraditório. Precedentes. Recurso de revista não conhecido”. (RR - 1064-62.2013.5.06.0401, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, 2ª Turma, DEJT 28/10/2016)

“(...) AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.° 13.015/2014. RECLAMADA. PROVA EMPRESTADA. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 1 - Recurso de revista sob a vigência da Lei n.° 13.015/2014. 2- No recurso de revista, foram atendidos os requisitos do art. 896, § 1.º-A, da CLT. 3- A mera discordância na utilização da prova emprestada em processo no qual a reclamada participou e lhe foi assegurado o contraditório não configura a suscitada nulidade por cerceamento de defesa. Julgados. 4- Agravo de instrumento a que se nega provimento. [...]” (AIRR - 11726-39.2014.5.18.0006, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, DEJT 19/12/2016)

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N.° 13.015/2014 - DESCABIMENTO. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. PROVA EMPRESTADA. ANUÊNCIA DA PARTE. Não há óbice ao acolhimento da prova oral como prova emprestada, sem anuência da parte contrária, uma vez que foi validamente produzida no processo de origem com a participação da parte, além de ter sido submetida ao contraditório no processo para o qual foi trazida. O juiz tem ampla liberdade na direção do processo, devendo velar pelo andamento rápido das causas, nos termos do art. 765 da CLT, e, ainda, conforme o art. 130 do CPC, indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias. [...] Agravo de instrumento conhecido e desprovido”. (AIRR-2317-33.2013.5.18.0181, Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 06/07/2015)

“PROVA PERICIAL EMPRESTADA. PARTICIPAÇÃO DA PARTE NA PRODUÇÃO ORIGINÁRIA DA PROVA. RECUSA AO EMPRÉSTIMO DA PROVA. VALIDADE. Tem este colendo Tribunal Superior do Trabalho autorizado a utilização da prova emprestada quando haja identidade entre os fatos a serem provados e, além disso, tenha a parte adversa participado da produção probatória. Esse entendimento homenageia a ampla defesa e o contraditório, uma vez que não se autoriza o empréstimo de prova produzidas sem a participação da parte que não requereu esse “aproveitamento de prova”. Desse modo, preenchidos os requisitos acima explanados, a saber: identidade de fatos e participação da parte que não requereu o empréstimo da prova na produção originária desta, a anuência apresenta-se prescindível. Isso quer dizer que a mera não autorização da parte contrária não importa em invalidade da prova emprestada, sob

pág. 99

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

pena de se privilegiar o abuso no exercício de um direito. A não anuência na utilização da prova emprestada, em casos tais, deve ser justificada, comprovando-se de modo claro e preciso o prejuízo que adviria da utilização dessa prova, ante eventual mácula em sua originária produção ou não identidade de fatos. Isso porque, nos termos do artigo 794 da CLT, só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes. Quer isso dizer que o renitente deve provar nos autos as razões pelas quais não poderia ser admitida a prova emprestada, sob pena de se entender meramente emulativo seu ato. Recurso de revista de que se conhece e a que se nega provimento. [...]”. (RR-1239-59.2013.5.09.0567, Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5ª Turma, DEJT 05/06/2015)

A assertiva “c” está incorreta. O modelo processual adotado pelo CPC/15 é cooperativo (art. 1º c/c 6º CPC/15), em que todos os participantes do processo têm o dever de operarem em conjunto, ou seja, operarem com o propósito da efetiva tutela jurisdicional.

O artigo 456, do CPC/15, estabelece que: “O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente primeiro as do autor e depois as do réu, e providenciará para que uma não ouça o depoimento das outras”.

Todavia, mantendo coerência com o modelo de cooperação, constou do parágrafo único do artigo 456, do CPC/15, que: “O juiz poderá alterar a ordem estabelecida no caput se as partes concordarem”.

A assertiva “d” está incorreta. Nos termos do parágrafo 3º do artigo 381, do CPC/15, “a produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que venha a ser proposta”.

A assertiva “e” está correta. O CPC/15 extinguiu o sistema de “reperguntas”, em que a pergunta era feita pela parte e dirigida ao juiz que, então, a redirecionava para a testemunha. Nos termos do art. 459, CPC/2015, “as perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou […]”. De acordo com o CPC/15, cabe ao juiz intermediar, evitando perguntas de caráter protelatório, repetidas, que fujam do objeto, ou, ainda, que induzam a determinada resposta.

Cumpre esclarecer ao candidato que, conforme entendimento contido no artigo 11 da Instrução Normativa n. 39, do TST: “Não se aplica ao Processo do Trabalho a norma do art. 459 do CPC no que permite a inquirição direta das testemunhas pela parte (CLT, art. 820)”.

O referido entendimento é fundamentado no fato de que não há omissão da CLT neste aspecto, uma vez que, conforme o seu artigo 820: “As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados”.

pág. 100

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 33. Aponte a alternativa correta:

a) As condições da ação foram adotadas pelo Novo CPC e atreladas aos pressupostos processuais. Segundo o Diploma de 2015, a legitimidade de parte, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido são analisados como pressupostos processuais de validade e podem gerar a extinção do processo sem resolução do mérito.

b) O NCPC não faz menção à possibilidade jurídica do pedido, o que demonstra que sua análise corresponde ao mérito da demanda e acarreta, se for o caso, a improcedência do pedido.

c) As condições da ação não são taxativas, mas exemplificativas.

d) Ilegitimidade de parte, ausência de interesse de agir e impossibilidade jurídica do pedido podem acarretar a inépcia da petição inicial, segundo art. 330 do NCPC.

e) A existência de cláusula que preveja a solução do conflito por via arbitral não provoca a extinção do processo sem resolução do mérito. Como o direito de ação é constitucionalmente previsto, há interesse de agir daquele que aciona o Poder Judiciário.

COMENTÁRIO

a) incorreta. O novo CPC não faz menção à possibilidade jurídica do pedido como condição da ação ou pressuposto processual, segundo a nova roupagem. Segundo Ronaldo Lima dos Santos, com base na exposição de motivos do Novo CPC:

“Com o objetivo de se dar maior rendimento a cada processo, individualmente considerado, e, atendendo a críticas tradicionais da doutrina, deixou, a possibilidade jurídica do pedido, de ser condição da ação. A sentença que, à luz da lei revogada seria de carência da ação, à luz do novo CPC é de improcedência e resolve definitivamente a controvérsia. Liebman já havia abandonado a teoria da impossibilidade jurídica como condição da ação.” (Santos, Ronaldo Lima dos. O Novo Código Civil e seus reflexos no Processo do Trabalho. 2ª Edição. 2016. Editora Jus Podvm. Organizador: Elisson Miessa).

b) correta. O trecho acima deixa clara a questão. A possibilidade jurídica do pedido é uma questão de mérito, não mais tratada como condição da ação (pressuposto processual pelo novo Código).

c) incorreta. As condições da ação são taxativas. Não há uma ou outra específica para cada

pág. 101

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

tipo/espécie de processo. Elas são cláusulas fechadas que não se alteram, diferentemente dos pressupostos processuais, que podem existir casuisticamente, de acordo com o tipo processual.

d) incorreta. Conforme exposto acima, a possibilidade jurídica do pedido não é mencionada no novo Código e se trata de noção de mérito. Segundo Fredie Diddier Jr.: “Primeiramente, não há mais menção à “possibilidade jurídica do pedido” como hipótese que leva a uma decisão de inadmissibilidade do processo. Observe que não há mais menção a ela como hipótese de inépcia da inicial (art. 330, § 1º, CPC); também não há menção a ela no inciso VI do art. 485 do CPC, que apenas se refere à legitimidade de parte e ao interesse de agir; além disso, criam-se várias hipóteses de improcedência liminar do pedido, que poderiam ser consideradas, tranquilamente, como casos de impossibilidade jurídica de o pedido ser atendido”. (Diddier Jr, Fredie. O Novo Código Civil e seus reflexos no Processo do Trabalho. 2ª Edição. 2016. Editora Jus Podvm. Organizador: Elisson Miessa. Pag 224).

e) incorreta. Nos termos do art. 337, X, do CPC/2015, “incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: X - convenção de arbitragem”. A existência de convenção de arbitragem em torno do objeto litigioso impede o exame do mérito pelo órgão jurisdicional. A não-existência de convenção de arbitragem é requisito processual de validade do processo. É por isso que, constatado esse fato, o processo deve ser extinto sem exame do mérito (art. 485, VII, CPC).

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

DIREITO INTERNACIONAL E COMUNITÁRIO

QUESTÃO 34. A respeito da Convenção n. 182, da OIT, que versa sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata para sua Eliminação, assinale a alternativa CORRETA:

a) A Convenção n. 182, da OIT, não foi ratificada pelo Brasil.

b) A Convenção obriga a todos os estados-membros da OIT, independentemente do registro das ratificações pelo Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho.

c) Para os efeitos da Convenção n. 182, o termo criança designa a toda pessoa menor de 16 anos.

d) Todo estado-membro que ratificou a Convenção n° 182 da OIT poderá denunciá-la ao expirar um prazo de 05 anos a partir da data em que tenha entrado em vigor.

e) A denúncia à mencionada Convenção não surtirá efeito até 1 ano após a data em que tenha sido registrada.

BLOCO III

pág. 102

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

COMENTÁRIO

A presente questão diz respeito ao entendimento do candidato quanto ao teor da Convenção n. 182, da OIT.

Os países signatários da Convenção 182 assumiram o compromisso de oferecer assistência nas ações de retirada de crianças das atividades, oferecendo meios de assegurar-lhes a reabilitação e a integração social, o acesso à educação fundamental gratuita e, quando possível e recomendável, sua formação profissional.

A assertiva “a” está incorreta. A Convenção n. 182 foi ratificada pelo Brasil em 02 de fevereiro de 2000 e promulgada pelo Decreto 3597/2000.

A assertiva “b” está incorreta. Nos termos do item 1 do art. 10 da Convenção:

“Esta Convenção obrigará unicamente os Estados-membros da Organização Internacional do Trabalho cujas ratificações tiverem sido registradas pelo Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho”.

A assertiva “c” está incorreta. Para efeitos da Convenção são consideradas crianças todas as pessoas menores de 18 anos (art. 2º).

A assertiva “d” está incorreta. A denúncia à Convenção somente poderá ser realizada após um período de dez anos, a contar da data de sua entrada em vigor, mediante comunicação ao Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho, para registro (art. 11º, item 1).

A assertiva “e” está correta. Conforme a parte final do item 1 do art. 11º da Convenção: “a denúncia não terá efeito antes de se completar um ano a contar da data de seu registro”.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 35. Sobre a Organização Internacional do Trabalho, é CORRETO:

a) A estrutura básica da OIT é composta por três órgãos: Conferência Internacional do Trabalho, Conselho de Administração e Repartição Internacional do Trabalho.

b) A CIT é considerada a assembleia geral, órgão supremo da organização, a qual se reúne, ao menos, 4 vezes por ano.

c) O CA elege o Diretor-Geral da RIT, mas não exerce a supervisão das atividades da Repartição.

d) A atividade da OIT é restrita à matéria relativa ao trabalho.

pág. 103

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

e) A composição da OIT conta com representantes dos trabalhadores e dos empregadores, sendo que estes representam o Estado.

COMENTÁRIO

a) correta. Art. 2º da Constituição da OIT:

A Organização permanente compreenderá: a) uma Conferência geral constituída pelos Representantes dos Estados-Membros; b) um Conselho de Administração composto como indicado no art. 7º; c) uma Repartição Internacional do Trabalho sob a direção de um Conselho de Administração.

Segundo Husek (Husek, Carlos Roberto. Curso de Direito Internacional Público. Editora LTR. 10ª Edição. 2010. página 297):

“A estrutura básica da OIT constitui-se de três órgãos: A Conferência Internacional do Trabalho, o Conselho de Administração e a Repartição Internacional do Trabalho. O primeiro é a Assembleia Geral de todos os Estados-membros, que, como órgão supremo da Organização, traça as diretrizes gerais da política social a ser observada, elaborando-as por meio das convenções e recomendações, além de outros afazeres consagrados no seu diploma, como a regulamentação internacional do trabalho e das questões que são conexas (…) reúne-se anualmente”.

Já o Conselho de Administração administra em nível superior a OIT, fixando a data, o local e a ordem do dia das reuniões da Conferência Internacional e das Conferências Regionais e Técnicas. Elege o diretor-geral da RIT, supervisionando as atividades da Repartição, além de elaborar o projeto de programa e orçamento da Organização, instituir Comissões, fixar a data de suas reuniões e tomar medidas para as resoluções da Conferência. Reúne-se três vezes por ano e seus membros são eleitos a cada três anos pela Conferência.

A Repartição Internacional do Trabalho constitui-se no Secretariado Técnico-Administrativo da OIT, dirigida por um diretor-geral nomeado pelo CONSELHO, de quem recebe instruções e perante o qual é responsável. (…) o Diretor-Geral do Secretariado é eleito pelo Conselho.

b) incorreta. Art. 3º da Constituição da OIT:

A Conferência geral dos representantes dos Estados-Membros realizará sessões sempre que for necessário, e, pelo menos, uma vez por ano. Será composta de quatro representantes de cada um dos Membros, dos quais dois serão Delegados do Governo e os outros dois representarão, respectivamente, os empregados e empregadores.

c) incorreta. Além de eleger o diretor-geral, o CA exerce a supervisão das atividades da Repartição.

Artigo 8 - 1. A Repartição Internacional do Trabalho terá um Diretor-Geral, designado

pág. 104

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

pelo Conselho de Administração, responsável, perante este, pelo bom funcionamento da Repartição e pela realização de todos os trabalhos que lhe forem confiados.

d) incorreta. A atividade da OIT não se restringe à matéria trabalhista. A declaração de Filadélfia (1944) consignou que os programas de cooperação técnica têm por alvo aspectos socioeconômicos e tecnológicos. A Constituição de 1919 da OIT afirmou como objetivo a paz universal e a justiça social e seu caráter é universal. (vide Husek, obra citada. Pag. 299). A OIT não tem como finalidade única as condições de trabalho, mas a melhora da condição humana em seu conjunto.

e) incorreta. A OIT é uma organização com composição tripartite, pois tem representantes de entidades dos trabalhadores, empregadores e governo.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 36. Considerando o Regime Geral de Previdência Social, assinale a alternativa CORRETA:

a) Segundo entendimento do STF, mesmo que o Equipamento de Proteção Individual - EPI seja efetivamente capaz de neutralizar a nocividade haverá, em regra, respaldo constitucional à aposentadoria especial.

b) Segundo entendimento do STF, em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial.

c) Segundo entendimento do STF, na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

d) Segundo entendimento do STJ, ainda que o registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego não seja o único meio de prova admissível para que o segurado desempregado comprove a situação de desemprego para a prorrogação do período de graça, a falta de anotação na CTPS, por si só, é suficiente para tanto.

e) Segundo entendimento do STJ, a exigência de prévio requerimento administrativo pode ser dispensada quando há recusa em seu recebimento por parte do INSS ou extrapolação da razoável duração do processo administrativo. Não obstante, a simples

BLOCO III

pág. 105

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

oposição, ainda que notória, da autarquia previdenciária à tese jurídica adotada pelo segurado não leva à mesma conclusão.

COMENTÁRIO

Importante salientar que a disciplina de Direito Previdenciário sempre teve muita relevância nos concursos para ingresso na Magistratura do Trabalho. Embora não existam grandes discussões teóricas acerca dos temas, é importante que o candidato se aprofunde nas questões relativas aos princípios que regem a previdência e os distinguem da saúde e da assistência social.

Além disso, é importante a leitura das Leis n. 8.212/91 e 8.213/91 que tratam, respectivamente, do custeio da Previdência Social e dos Planos de Benefícios da Previdência Social. Apenas com a leitura da legislação é bem provável que o candidato tenha êxito em mais de 90% das indagações propostas.

Todavia, visando aprofundar um pouco mais nos conteúdos, a questão ora apresentada exige do candidato conhecimento sobre a jurisprudência do STF e do STJ sobre alguns temas.

A assertiva “a” está incorreta. Conforme entendimento firmado pelo plenário do STF no julgamento do ARE 664.335, com repercussão geral reconhecida, o uso de EPI eficaz afasta a insalubridade, em regra. A exceção fica por conta do agente físico “ruído”, para o qual se entende que o EPI não é capaz de eliminar outros tipos de danos. Confira a ementa do julgado:

“ARE 664335 / SC - SANTA CATARINA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO

Relator(a): Min. LUIZ FUX

Julgamento: 04/12/2014

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Ementa

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ART. 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REQUISITOS DE CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO PLENÁRIO VIRTUAL. EFETIVA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE. NEUTRALIZAÇÃO DA RELAÇÃO NOCIVA ENTRE O AGENTE INSALUBRE E O TRABALHADOR. COMPROVAÇÃO NO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO PPP OU SIMILAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS HÁBEIS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. CASO

pág. 106

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

CONCRETO. AGENTE NOCIVO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI. EFICÁCIA. REDUÇÃO DA NOCIVIDADE. CENÁRIO ATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES PREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO. AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

1. Conduz à admissibilidade do Recurso Extraordinário a densidade constitucional, no aresto recorrido, do direito fundamental à previdência social (art. 201, CRFB/88), com reflexos mediatos nos cânones constitucionais do direito à vida (art. 5º, caput, CRFB/88), à saúde (arts. 3º, 5º e 196, CRFB/88), à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB/88) e ao meio ambiente de trabalho equilibrado (arts. 193 e 225, CRFB/88).

2. A eliminação das atividades laborais nocivas deve ser a meta maior da Sociedade - Estado, empresariado, trabalhadores e representantes sindicais -, que devem voltar-se incessantemente para com a defesa da saúde dos trabalhadores, como enuncia a Constituição da República, ao erigir como pilares do Estado Democrático de Direito a dignidade humana (art. 1º, III, CRFB/88), a valorização social do trabalho, a preservação da vida e da saúde (art. 3º, 5º, e 196, CRFB/88), e o meio ambiente de trabalho equilibrado (art. 193, e 225, CRFB/88).

3. A aposentadoria especial prevista no artigo 201, § 1º, da Constituição da República, significa que poderão ser adotados, para concessão de aposentadorias aos beneficiários do regime geral de previdência social, requisitos e critérios diferenciados nos “casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”.

4. A aposentadoria especial possui nítido caráter preventivo e impõe-se para aqueles trabalhadores que laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde e a fortiori possuem um desgaste naturalmente maior, por que não se lhes pode exigir o cumprimento do mesmo tempo de contribuição que aqueles empregados que não se encontram expostos a nenhum agente nocivo.

5. A norma inscrita no art. 195, § 5º, CRFB/88, veda a criação, majoração ou extensão de benefício sem a correspondente fonte de custeio, disposição dirigida ao legislador ordinário, sendo inexigível quando se tratar de benefício criado diretamente pela Constituição. Deveras, o direito à aposentadoria especial foi outorgado aos seus destinatários por norma constitucional (em sua origem o art. 202, e atualmente o art. 201, § 1º, CRFB/88). Precedentes: RE 151.106 AgR/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 28/09/1993, Primeira Turma, DJ de 26/11/93; RE 220.742, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 03/03/98, Segunda Turma, DJ de 04/09/1998.

pág. 107

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

6. Existência de fonte de custeio para o direito à aposentadoria especial antes, através dos instrumentos tradicionais de financiamento da previdência social mencionados no art. 195, da CRFB/88, e depois da Medida Provisória nº 1.729/98, posteriormente convertida na Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Legislação que, ao reformular o seu modelo de financiamento, inseriu os §§ 6º e 7º no art. 57 da Lei n.º 8.213/91, e estabeleceu que este benefício será financiado com recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

7. Por outro lado, o art. 10 da Lei nº 10.666/2003, ao criar o Fator Acidentário de Prevenção-FAP, concedeu redução de até 50% do valor desta contribuição em favor das empresas que disponibilizem aos seus empregados equipamentos de proteção declarados eficazes nos formulários previstos na legislação, o qual funciona como incentivo para que as empresas continuem a cumprir a sua função social, proporcionando um ambiente de trabalho hígido a seus trabalhadores.

8. O risco social aplicável ao benefício previdenciário da aposentadoria especial é o exercício de atividade em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física (CRFB/88, art. 201, § 1º), de forma que torna indispensável que o indivíduo trabalhe exposto a uma nocividade notadamente capaz de ensejar o referido dano, porquanto a tutela legal considera a exposição do segurado pelo risco presumido presente na relação entre agente nocivo e o trabalhador.

9. A interpretação do instituto da aposentadoria especial mais consentânea com o texto constitucional é aquela que conduz a uma proteção efetiva do trabalhador, considerando o benefício da aposentadoria especial excepcional, destinado ao segurado que efetivamente exerceu suas atividades laborativas em “condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”.

10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial.

11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar

pág. 108

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete.

12. In casu, tratando-se especificamente do agente nocivo ruído, desde que em limites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas. O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

13. Ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao ruído relacionasse apenas à perda das funções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma eficácia real na eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, dentro dos quais muitos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelos trabalhadores.

14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

15. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário”.

A assertiva “b” está correta. Conforme a decisão proferida no ARE 664.335, pelo STF, acima transcrito: “Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete”.

A assertiva “c” está incorreta. A segunda tese fixada no julgamento do ARE 664.335, pelo STF, foi a de que: “na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria”.

pág. 109

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

A assertiva “d” está incorreta. Nos termos do parágrafo 2º do art. 15 da Lei n. 8.213/91, “os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social”.

Este é o chamado “período de graça”, em que o segurado mantém esta condição, independentemente de contribuições.

Em decisão publicada pelo STJ, em seu Informativo n. 553, de 11 de fevereiro de 2015, manifestou o seguinte posicionamento:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. DEMONSTRAÇÃO DE DESEMPREGO PARA PRORROGAÇÃO DE PERÍODO DE GRAÇA.

Ainda que o registro no órgão próprio do MTE não seja o único meio de prova admissível para que o segurado desempregado comprove a situação de desemprego para a prorrogação do período de graça – conforme o exigido pelo § 2º do art. 15 da Lei 8.213/1990 –, a falta de anotação na CTPS, por si só, não é suficiente para tanto. A Terceira Seção do STJ já firmou o entendimento de que o registro no Ministério do Trabalho não é o único meio de prova da condição de desempregado do segurado, admitindo-se outras provas, inclusive testemunhal.

Entretanto, a mera ausência de anotação na CTPS não se revela capaz de demonstrar, inequivocamente, a situação de desemprego (Pet 7.115-PR, Terceira Seção, DJe 6/4/2010). Precedente citado: AgRg no Ag 1.182.277-SP, Quinta Turma, DJe 6/12/2010)” (REsp 1.338.295-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/11/2014, DJe 1º/12/2014).

A assertiva “e” está incorreta. O STF, no julgamento do RExt 631.240, fixou a tese da exigência de prévio requerimento administrativo, sem o qual falece o interesse de agir para a propositura de ação judicial.

Todavia, a referida regra comporta exceções. A exigência tem lugar no caso de pedido de concessão de benefício, mas não para restabelecimento (exceto, para uma corrente, se a cessação se deu pela alta programada, sem pedido de prorrogação) ou revisão. O STJ, embora tenha se curvado à decisão do STF, estabeleceu algumas exceções, no julgamento do REsp 1.488.940, publicado em seu Informativo n. 552 de 17 de dezembro de 2014. São elas: recusa no recebimento do requerimento por parte do INSS; e resistência na concessão do benefício previdenciário, a qual se caracteriza pela notória oposição da autarquia previdenciária à tese jurídica adotada pelo segurado ou pela a extrapolação da razoável duração do processo administrativo. Percebe-se, assim, que apenas a parte final da assertiva está incorreta. Transcrevo o julgado a seguir:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. DISPENSA DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PARA OBTENÇÃO DE BENEFÍCIO

pág. 110

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

PREVIDENCIÁRIO.

Para o ajuizamento de ação judicial em que se objetive a concessão de benefício previdenciário, dispensa-se, excepcionalmente, o prévio requerimento administrativo quando houver: (i) recusa em seu recebimento por parte do INSS; ou (ii) resistência na concessão do benefício previdenciário, a qual se caracteriza (a) pela notória oposição da autarquia previdenciária à tese jurídica adotada pelo segurado ou (b) pela extrapolação da razoável duração do processo administrativo.

Como regra geral, a falta de postulação administrativa de benefício previdenciário resulta em ausência de interesse processual dos que litigam diretamente no Poder Judiciário. Isso porque a pretensão, nesses casos, carece de elemento configurador de resistência pela autarquia previdenciária à pretensão. Não há conflito. Não há lide. Por conseguinte, não existe interesse de agir nessas situações. Ademais, o Poder Judiciário é a via destinada à resolução dos conflitos, o que também indica que, enquanto não houver resistência do devedor, carece de ação aquele que “judicializa” sua pretensão. Nessa linha intelectiva, a dispensa do prévio requerimento administrativo impõe grave ônus ao Poder Judiciário, uma vez que este, nessas circunstâncias, passa a figurar como órgão administrativo previdenciário, pois acaba assumindo atividades administrativas. Em contrapartida, o INSS passa a ter que pagar benefícios previdenciários que poderiam ter sido deferidos na via administrativa, acrescidos pelos custos de um processo judicial, como juros de mora e honorários advocatícios. Nesse passo, os próprios segurados, ao receberem, por meio de decisão judicial, benefícios previdenciários que poderiam ter sido deferidos na via administrativa, terão parte de seus ganhos reduzidos pela remuneração contratual de advogado. Entretanto, haverá interesse processual do segurado nas hipóteses de negativa do recebimento do requerimento ou de resistência na concessão do benefício previdenciário, caracterizado pela notória oposição da autarquia à tese jurídica adotada pelo segurado, ou, ainda, por extrapolação da razoável duração do processo administrativo. No caso da notória oposição da autarquia à tese jurídica adotada pelo segurado, vale dizer que a resistência à pretensão se concretiza quando o próprio INSS adota, institucionalmente ou pela prática, posicionamento contrário ao embasamento jurídico do pleito, de forma que seria mera formalidade impor ao segurado a prévia protocolização de requerimento administrativo. Esse entendimento, aliás, está em consonância com a decisão proferida pelo STF em Repercussão Geral, no RE 631.240-MG (julgado em 3/9/2014, DJe 10/11/2014). Precedente citado: AgRg no AREsp 152.247-PE, Segunda Turma, DJe 8/2/2013” (REsp 1.488.940-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/11/2014).

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

pág. 111

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DIREITO EMPRESARIAL

QUESTÃO 37. Em relação à recuperação judicial é CORRETO afirmar que:

a) As obrigações, mesmo que a título gratuito, podem ser exigidas do devedor na recuperação judicial.

b) Segundo a Lei n° 11.101/2005, constitui, dentre outros, meio de recuperação judicial, observada a legislação pertinente, a emissão de valores imobiliários.

c) Conforme a atual e notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o redirecionamento da execução contra os sócios ou integrantes do mesmo grupo econômico da empresa falida ou em recuperação judicial não afasta a competência da Justiça do Trabalho.

d) O fato de a reclamada se encontrar em recuperação judicial é óbice à aplicação das multas dos artigos 467 e 477 da CLT.

e) O fato de ter sido declarada a recuperação judicial da sociedade empresária a constitui como beneficiária da justiça gratuita.

COMENTÁRIO

O tema pertinente à recuperação judicial e falências é recorrente nas provas para ingresso na Magistratura do Trabalho, com grande índice de incidência. Orienta-se os candidatos a fazerem uma leitura criteriosa dos ditames da Lei n. 11.101/05.

A assertiva “a” está incorreta. Conforme o inciso I do art. 5º da Lei de Recuperação Judicial e Falências, “não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: (...) as obrigações a título gratuito”.

A assertiva “b” está incorreta. A emissão de valores “imobiliários” não consta o rol previsto quanto aos meios de recuperação judicial, mas sim: a emissão de valores “mobiliários”. Segundo o artigo 50 da Lei de Recuperação Judicial e Falências:

“Art. 50. Constituem meios de recuperação judicial, observada a legislação pertinente a cada caso, dentre outros:

I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;

II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da

BLOCO III

pág. 112

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

legislação vigente;

III – alteração do controle societário;

IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;

V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;

VI – aumento de capital social;

VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;

VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;

IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;

X – constituição de sociedade de credores;

XI – venda parcial dos bens;

XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;

XIII – usufruto da empresa;

XIV – administração compartilhada;

XV – emissão de valores mobiliários;

XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor”.

A assertiva “c” está correta. É natural que fiquemos com receio de assertivas que constem afirmativas absolutas, tal qual a ora analisada. Nestes casos, orienta-se o candidato a redobrar sua cautela ao responder tais indagações.

O entendimento contido no enunciado reflete efetivamente jurisprudência atual e pacífica no âmbito do TRT:

“RECURSO DE REVISTA - PROCESSO ELETRÔNICO - EXECUÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

pág. 113

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA O SÓCIO. O TST firmou o entendimento de que o redirecionamento da execução contra os sócios ou integrantes do mesmo grupo econômico da empresa falida ou em recuperação judicial não afasta a competência da Justiça do Trabalho e o prosseguimento dos atos executórios, na medida em que eventual constrição não recairá sobre bens da massa falida, a atrair a competência do juízo universal. Julgados. Recurso de revista conhecido e provido” Processo: RR - 1882-05.2013.5.15.0032 Data de Julgamento: 21/06/2017, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/06/2017).

Saliente-se, inclusive, que o Superior Tribunal de Justiça, que detém competência constitucional para dirimir conflitos de competência material entre órgãos do Judiciário, já decidiu nesse sentido:

“PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃO TRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONSTRIÇÃO DE BENS DOS SÓCIOS. NÃO CONFIGURAÇÃO DE CONFLITO.

1. A desconsideração da personalidade jurídica ou o reconhecimento da existência de grupo econômico não é de competência exclusiva do Juízo que processa a recuperação judicial.

2. Não se configura conflito de competência quando constrito bem de sócio da empresa em recuperação judicial, à qual, na Justiça do Trabalho, foi aplicada tal providência. Isso porque, em princípio, salvo decisão do Juízo da recuperação em sentido contrário, os bens dos sócios ou de outras sociedades do mesmo grupo econômico da devedora não estão sujeitos à recuperação judicial. Precedentes.

3. Atuando as autoridades judiciárias no âmbito de sua competência, não se configura conflito positivo.

4. Conflito de competência não conhecido” (CC 124065/SP, Relator(a) Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Órgão Julgador SEGUNDA SEÇÃO, Data do Julgamento 26/10/2016, Data da Publicação/Fonte DJe 03/11/2016).x

Por fim, é importante destacar que o Supremo Tribunal Federal, ao reconhecer a inexistência de repercussão geral nos autos do RE 864264, entendeu que a matéria seria relacionada à legislação infraconstitucional, in verbis:

“Ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE OS JUÍZOS TRABALHISTA E FALIMENTAR. EXECUÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA PROFERIDA CONTRA PESSOA JURÍDICA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LEGITIMIDADE DA CONSTRIÇÃO DE BENS DE

pág. 114

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

PESSOA JURÍDICA QUE NÃO INTEGRAM O ACERVO DA MASSA FALIDA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. É de natureza infraconstitucional a controvérsia, fundada na interpretação da Lei 11.101/05, acerca da legitimidade da constrição, pelo Juízo Trabalhista, de bens pertencentes a pessoa jurídica do mesmo grupo econômico que empresa sob recuperação judicial, porém não integrantes da massa falida. 2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608-RG, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009). 3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC” (RE 864264 RG/DF, REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Julgamento: 17/03/2016, Órgão Julgador: Tribunal Pleno).

A assertiva “d” está incorreta. Conforme entendimento contido na Súmula n. 388, do TST, “A Massa Falida não se sujeita à penalidade do art. 467 e nem à multa do § 8º do art. 477, ambos da CLT”.

O processamento da recuperação judicial não exclui a incidência das multas legais decorrentes da falta de tempestivo e regular adimplemento das verbas decorrentes da extinção contratual. Assim, não é possível se elastecer a hipótese de incidência do entendimento contido na Súmula n. 388, do TST.

Assertiva “e” está incorreta. Não se estendem às empresas em recuperação judicial, nas lides trabalhistas, os benefícios concedidos às massas falidas quanto ao recolhimento de custas e efetuação de depósito recursal, sendo inviável a aplicação analógica da Súmula 86/TST, in verbis:

“Não ocorre deserção de recurso da massa falida por falta de pagamento de custas ou de depósito do valor da condenação. Esse privilégio, todavia, não se aplica à empresa em liquidação extrajudicial”.

Ressalte-se que Lei n. 13.467/17, com vigência no prazo de 120 dias a partir de sua publicação, estabeleceu, no parágrafo 10º do artigo 899 da CLT, que: “§ 10º São isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial”.

Além disso, a novel legislação, apesar de restringir as hipóteses de concessão do benefício da justiça aos trabalhadores, acabou ampliando as hipóteses de concessão do benefício para as empresas, ao estabelecer, no parágrafo 4º do artigo 790 da CLT, que: “§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo.”

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

pág. 115

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÃO 38. Em relação ao “hiring bônus” ou bônus de contração, assina-la a alternativa CORRETA:

a) Tal parcela é considerada como contraprestação pelo trabalho de comercialização, que é assumido diretamente pelo fabricante ou fornecedor do bem ou serviço a ser comercializado, como fator de estímulo ao vendedor para que atue proativamente junto ao cliente ou consumidor para orientá-lo ou convencê-lo a comprar os produtos oferecidos por esse fabricante ou fornecedor.

b) Constitui um regime de compra ou de subscrição de ações e foram introduzidas na França em 1970, cujas novas regras encontram-se na Lei 420, de 2001. Esse regime permite que os empregados comprem ações da empresa em um determinado período e por preço ajustado previamente. Se o valor da ação ultrapassa o preço, o beneficiário obtém o lucro e, em consequência, duas alternativas lhe são oferecidas: revender de imediato a mais valia ou guardar os seus títulos e se tornar um empregado acionista.

c) É valor pago a título de incentivo à contratação e à permanência no emprego oferecido pelo empregador com o objetivo de facilitar e tornar mais atraente a aceitação aos seus quadros, por ser parcela equiparada às “luvas” do atleta profissional.

d) Parcela decorrente de um evento ou circunstância considerada como relevante pelo empregador e vinculada à conduta individual do obreiro ou coletiva dos trabalhadores da empresa.

e) Decorre da prestação de serviços do atleta em favor da entidade desportiva e é a contraprestação devida aos atletas profissionais participantes do espetáculo ou evento.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está errada. A definição apresentada na assertiva diz respeito às “gueltas”. As gueltas são pagas ao empregado com habitualidade a título de incentivo, tem feição retributiva, ainda que pagas por terceiro. A onerosidade reside na oportunidade que o empregador concede ao empregado para auferi-la, como ocorre com as gorjetas.

Saliente-se que, conforme entendimento do TST, as gueltas possuem natureza remuneratória, conforme se extrai dos seguintes julgados:

“RECURSO DE REVISTA. NÃO REGIDO PELA LEI 13.015/2014. 1. GUELTAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. O art. 457 da CLT preceitua que se compreendem na remuneração do empregado, além do salário pago diretamente pelo empregador, as gorjetas que receber. Assim, depreende-se que a mens legis do dispositivo citado é no

pág. 116

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

sentido de que integram a remuneração não apenas as importâncias pagas diretamente pelo empregador, mas também aquelas pagas por terceiro em razão do contrato de trabalho, a exemplo das gueltas. Nesse sentido, a atual, iterativa e notória jurisprudência desta Corte, incidindo a Súmula 333 do TST como óbice ao conhecimento da revista. Recurso de revista não conhecido.” (...) (RR-98700-28.2007.5.03.0108, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, 7ª Turma, DEJT 03/06/2016);

“(...) PAGAMENTO DE VALORES. EFETUADO POR TERCEIROS. GUELTAS. NATUREZA JURÍDICA. BASE DE CÁLCULO SÚMULA 354/TST. No setor do comércio varejista é comum a existência de verbas pagas por terceiros ao longo da relação de emprego - representando estímulos materiais entregues por produtores a empregados vendedores do ramo comercial, em face de vendas realizadas de seus produtos. Essas verbas se denominam gueltas. Caso efetivamente sejam suportadas e pagas por terceiros (os produtores e fornecedores de mercadorias) e não pelo empregador comerciante, as gueltas não se enquadram como salários, por não atenderem ao requisito legal de serem devidas e pagas pelo empregador (caput do art. 457 da CLT). Entretanto, têm a mesma natureza jurídica das gorjetas (art. 457, caput, in fine, CLT), uma vez que são pagas por terceiros ao empregado, em função de uma conduta deste, resultante do contrato de trabalho com seu empregador. São tidas, pois, como parte da remuneração do empregado, porém não de seu salário. Assimilando-se juridicamente às gorjetas, as gueltas produzem os mesmos efeitos contratuais daquelas. Nesse quadro, integram-se à remuneração para os fins das seguintes repercussões: salário de contribuição previdenciária; FGTS; 13º salário; férias com 1/3; aviso prévio trabalhado. Contudo, segundo a Súmula 354 do TST, não compõem a base de cálculo de verbas como aviso prévio indenizado, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado. Recurso de revista conhecido e provido no particular.” (RR-20064-96.2013.5.04.0015, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT 06/05/2016).

“(...) GUELTAS - INTEGRAÇÃO À REMUNERAÇÃO - NATUREZA JURÍDICA No que tange à natureza jurídica das gueltas, o Eg. TRT aplicou corretamente o entendimento desta Corte, de que tais parcelas possuem natureza análoga à das gorjetas, nos termos do art. 457 da CLT e da Súmula nº 354 do TST. Precedentes”. (RR-1029-40.2011.5.04.0333, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, DEJT 12/02/2016) ‘GUELTAS’. NATUREZA JURÍDICA. Quanto à natureza salarial das gueltas, esta c. Corte já pacificou o entendimento de que são equiparadas às gorjetas, uma vez que pagas por terceiros, com habitualidade, possuindo natureza salarial, a atrair a aplicação analógica da Súmula nº 354 desta Corte. Precedentes” (AIRR-1497-15.2010.5.11.0019, Relator Desembargador Convocado: Américo Bedê Freire, 6ª Turma, DEJT 27/11/2015).

“2) VALORES PROVENIENTES DE PAGAMENTO DE RETORNO. GUELTAS. 2.1.

pág. 117

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Incabível o processamento do recurso de revista, quando o Tribunal Regional, soberano na apreciação da matéria de fato, concluiu que o reclamante recebia valores de terceiros, relacionados à venda de veículos e acessórios, diretamente vinculados à atividade econômica da reclamada, valores esses denominados “gueltas”. 2.2. Muito embora o reclamante recebesse tais valores de terceiros, no caso, fornecedores, patrocinadores e até financeiras, o pagamento respectivo era feito em decorrência do contrato de trabalho e das vendas realizadas durante o expediente de trabalho e, assim, a parcela deve integrar a sua remuneração, na medida em que foi paga com habitualidade, traduzindo sua nítida natureza salarial. 2.3. Nesse sentido, esta Corte tem entendido ser aplicável à presente hipótese, de forma analógica, a sua Súmula nº 354. 2.4. Precedentes. 2.5. Agravo de instrumento não provido” (AIRR-1626-33.2012.5.10.0001, Relator Desembargador Convocado: Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha, 1ª Turma, DEJT 12/06/2015).

Tal parcela é comumente empregada no ramo farmacêutico, com os chamados produtos bonificados.

A assertiva “b” está incorreta. Consta da assertiva a definição das “stock options”, também conhecidas como bônus de subscrição de ações. Conforme o Ministro Maurício Godinho Delgado, as stock options constituem um regime de compra ou de subscrição de ações. Permite que os empregados comprem ações da empresa em determinado período e por preço ajustado previamente. Se o valor da ação ultrapassa o preço, o beneficiário obtém lucro e, em consequência, duas alternativas lhe são oferecidas: revender de imediato a mais-valia ou guardar os seus títulos e tornar-se um empregado acionista.

Segundo o TST, o instituto não possui feição salarial, consoante se extrai da seguinte ementa:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. COMPRA DE AÇÕES VINCULADA AO CONTRATO DE TRABALHO. -STOCK OPTIONS-. NATUREZA NÃO SALARIAL. EXAME DE MATÉRIA FÁTICA PARA COMPREENSÃO DAS REGRAS DE AQUISIÇÃO. LIMITES DA SÚMULA 126/TST. As -stock options-, regra geral, são parcelas econômicas vinculadas ao risco empresarial e aos lucros e resultados do empreendimento. Nesta medida, melhor se enquadram na categoria não remuneratória da participação em lucros e resultados (art. 7º, XI, da CF) do que no conceito, ainda que amplo, de salário ou remuneração. De par com isso, a circunstância de serem fortemente suportadas pelo próprio empregado, ainda que com preço diferenciado fornecido pela empresa, mais ainda afasta a novel figura da natureza salarial prevista na CLT e na Constituição. De todo modo, torna-se inviável o reconhecimento de natureza salarial decorrente da possibilidade de compra de ações a preço reduzido pelos empregados para posterior revenda, ou a própria validade e extensão do direito de compra, se a admissibilidade do recurso de revista pressupõe o exame de prova documental - o que encontra óbice na Súmula 126/TST. Agravo de instrumento desprovido” (AIRR- 85740-33.2009.5.03.0023, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento:

pág. 118

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

15/12/2010, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 04/02/2011).

A assertiva “c” está correta. O “hiring bonus”, ou bônus de contratação, ou luvas, são parcelas tipicamente indenizatórias, equivalentes à conhecida “compra de passe” no meio esportivo, o que é suficiente para lhe retirar qualquer caráter contraprestativo, como definido no art. 457 da CLT. Trata-se de pagamento sem nenhuma feição retributiva de prestação de serviços, não se caracterizando o bônus de contratação como decorrência lógica de prestação de serviços, pois o pagamento serve efetivamente como incentivo para ruptura do vínculo empregatício anterior para o empregado assumir nova relação jurídica empregatícia, reduzindo os riscos inerentes a esta opção.

Neste sentido são os excertos abaixo transcrito, do C. TST:

“RECURSO DE REVISTA. 1. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO. INDENIZAÇÃO. O recurso de revista se concentra na avaliação do direito posto em discussão. Assim, em tal via, já não são revolvidos fatos e provas, campo em que remanesce soberana a instância regional. Diante de tal peculiaridade, o deslinde do apelo considerará apenas a realidade que o acórdão atacado revelar. Esta é a inteligência das Súmulas 126 e 297 do TST. Recurso de revista não conhecido. 2. BÔNUS. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. Não verificada a habitualidade no pagamento do bônus, tampouco o seu recebimento em decorrência do labor a ser desenvolvido, mas como incentivo à contratação, não se faz potencial a ofensa ao art. 457, § 1º, da CLT. Por sua vez, arestos em desacordo com o art. 896, ‘a’, da CLT ou inespecíficos (Súmula 296/TST) não impulsionam o recurso de revista. Recurso de revista não conhecido.” (Processo: RR - 90700- 19.2003.5.02.0072, Rel. Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma; DEJT 22/05/2009).

“(...) 2.2. PARCELA DENOMINADA – LUVAS (...) As luvas só têm previsão legal nos contratos do atleta profissional, nos termos do art. 12 da Lei nº 6354/1976, que assim dispõem: ‘Entende-se por luvas a importância paga pelo empregador ao atleta, na forma do que for convencionado, pela assinatura do contrato’.

Contudo, não há impedimento para que sejam adotadas por analogia em outros contratos. Com efeito, a prova testemunhal confirma a prática do Banco de oferecer uma quantia como incentivo à contratação e de formalizar um contrato de empréstimo para encobrir o pagamento das luvas. É o que se extrai do trecho do depoimento de Alexandre do Amaral Barbosa abaixo transcrito: (...) Quanto à natureza jurídica da verba, não compartilho do entendimento adotado em primeiro grau. Não se pode atribuir natureza salarial à parcela paga uma única vez e com o objetivo de atrair o empregado para a empresa. As ‘luvas’ são tipicamente indenizatórias, correspondendo a ‘compra de passe’, o que é suficiente para lhe retirar o caráter contraprestativo insculpido no artigo 457 da CLT.

Assim, dou provimento parcial a ambos os apelos. Ao do reclamante para acrescer a condenação o pagamento do restante do valor das ‘luvas’ no importe de R$65.000,00, e ao do reclamado para afastando a natureza salarial das luvas excluir da condenação todos os reflexos decorrentes da

pág. 119

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

incorporação da mencionada parcela no importe de R$5.263,15, inclusive quanto à base de cálculo das horas extras. - (fls. 357/359) [...]” (TST, 5ª Turma, processo nº 134700- 20.2009.5.03.0023-AIRR, Relatora Min. Kátia Magalhães Arruda, DEJT 03.06.2011).

A assertiva “d” está incorreta. A definição constante da assertiva diz respeito à definição de prêmio. Segundo salienta a saudosa desembargadora Alice Monteiro de Barros, prêmio é a modalidade de salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como produtividade e eficiência. Os prêmios caracterizam se por seu aspecto condicional. Uma vez instituídos prêmios da empresa, com caráter habitual, preenchida condição, deverão ser pagos. Seu cancelamento implica alteração contratual lesiva.

O prêmio não se confunde com a participação nos lucros, uma vez que sua a causa não é a percepção de lucros pela empresa, mas o cumprimento pelo empregado de uma condição predeterminada. Também não se trata de gratificação, cujas causas dependem, sobretudo, de fatos ou acontecimentos objetivos externos a vontade do empregado.

O prêmio liberalidade não integra a remuneração do empregado, pois é concedido esporadicamente.

Todavia, os prêmios pagos com habitualidade possuem natureza salarial, fazendo com que essa parcela seja incorporada ao salário e repercuta em férias, 13º salário, horas extras, horas noturnas e todas as outras verbas que compõem a remuneração do trabalhador (efeito circular expansionista dos salários):

“PRÊMIO. HABITUALIDADE NO PAGAMENTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. O prêmio pago com habitualidade pela empresa integra o salário do obreiro, a teor do art. 457, § 1º, da CLT. Incidência do § 4º do artigo 896 da CLT e Súmula 333 desta Corte. Recurso de revista não conhecido”. (TST, RR - 91486/2003-900-01-00, DJ - 13/06/2008)

A assertiva “e” está incorreta. Consta da assertiva a definição do direito de imagem dos atletas profissionais. O Direito de Arena/Imagem está previsto no art. 42, parágrafo 1º, da Lei 9.615/98 (Lei Pelé) e decorre de participação do atleta nos valores obtidos pela entidade esportiva com a venda da transmissão ou retransmissão dos jogos em que ele atua. Saliente-se que, conforme jurisprudência do TST, tal parcela possuí natureza salarial:

“DIREITO DE ARENA. NATUREZA JURÍDICA REMUNERATÓRIA E REFLEXOS.

1 - Preenchidos os requisitos previstos no artigo 896, § 1º-A, da CLT.

2 - A decisão recorrida está em sintonia com a jurisprudência predominante nesta Corte no sentido de que o direito de arena tem natureza jurídica remuneratória, sendo aplicável para o fim de reflexos, por analogia, a Súmula 354 do TST (que trata de gorjetas e afasta os reflexos em aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado).

pág. 120

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

3 - No caso dos autos, o TRT reconheceu a natureza jurídica remuneratória da parcela, o que se admite. Julgados.

4 - Recurso de revista de que não se conhece” (Processo: RR - 1159-50.2011.5.04.0003 Data de Julgamento: 24/05/2017, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/06/2017).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 39. Segundo a Lei 11.101/2005, é CORRETO afirmar que:

a) Serão pagos os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial, vencidos nos seis meses anteriores à decretação da falência, até o limite de cinco salários-mínimos por trabalhador, tão logo haja disponibilidade em caixa.

b) Os créditos trabalhistas têm preferência de pagamento, num limite de 150 salários por trabalhador, ficando o eventual saldo remanescente em igualdade de condições com os créditos quirografários. Em razão da natureza alimentar, o crédito trabalhista é considerado extraconcursal.

c) A reclamação trabalhista será suspensa tão logo concedida a recuperação judicial da empresa, pois a finalidade desta é dar sobrevida à empresa em difícil situação financeira e, em reflexo, privilegiar a manutenção do emprego.

d) A lei não se aplica a empresa pública e sociedade de economia mista.

e) A massa falida e a empresa em recuperação judicial são representadas em Juízo pelo Administrador Judicial.

COMENTÁRIO

a) incorreta. Conforme artigo 151 da referida Lei, serão pagos os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos três meses anteriores à decretação da falência, até o limite de cinco salários-mínimos por trabalhador, tão logo haja disponibilidade em caixa. Tal proteção se deve ao caráter alimentar do salário e garante que o trabalhador alcance estas quantias atrasadas.

b) incorreta. O art. 83 da Lei 11.101/05 define que os créditos trabalhistas têm preferência de pagamento, num limite de 150 salários por trabalhador, ficando o eventual saldo remanescente em igualdade de condições com os créditos quirografários.

Esta limitação protege os empregados com créditos trabalhistas, já que impede que os administradores das empresas, que via de regra foram os responsáveis pela falência, tentem

pág. 121

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

buscar na Justiça elevados valores correspondentes aos seus altos salários.

No entanto, os créditos trabalhistas não são considerados extraconcursais. Segundo o art. 84 da mencionada Lei:

Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.

c) incorreta. A execução trabalhista será suspensa, mas não a reclamação pendente de liquidação. O prazo de suspensão previsto em lei é fundamental para o devedor poder reorganizar-se e se reunir com os credores a fim de entabular um acordo hábil a socorrer a empresa. No entanto, a ação ilíquida não é capaz de gerar prejuízos à recuperação judicial, tanto que excepcionada pelo art. 6º da LFRJE.

O art. 6º da Lei 11.101/05 assevera que:

Art. 6º. A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

§ 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.

§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.

§ 3º O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º e 2º deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.

pág. 122

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

§ 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

§ 5º Aplica-se o disposto no § 2º deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4º deste artigo, mas, após o fim da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores.

d) correta. A assertiva trás o texto expresso da Lei n. 11.101/2005:

“Art. 2º. Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista”.

e) incorreta. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial. O afastamento ocorre em situações específicas trazidas pelo art. 64 da Lei 11.101/2005 e, assim, representarão a empresa em Juízo.

Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo se qualquer deles: I – houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido em recuperação judicial ou falência anteriores ou por crime contra o patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica previstos na legislação vigente; II – houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; III – houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus credores; IV – houver praticado qualquer das seguintes condutas: a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação patrimonial; b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seu funcionamento regular; d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III do caput do art. 51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial; V – negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demais membros do Comitê; VI – tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial.

Lado outro, o art. 76 da LFRJE é clara ao asseverar que o Administrador Judicial representará a empresa em todas as ações e deve ser intimado, sob pena de nulidade.

Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações

pág. 123

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo. Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS HUMANOS SOCIAIS

QUESTÃO 40. “É a diferença entre o montante de crimes praticados e o número de crimes que os órgãos do sistema penal tomam conhecimento”.

É CORRETO afirmar que esta é a definição de:

a) Profecia autorrealizável.

b) Mark system.

c) Panoptismo.

d) Less eligibity.

e) Cifra negra.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. A profecia autorrealizável é, no início, uma definição falsa da situação, que suscita um novo comportamento e assim faz com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira.

Uma profecia autorrealizável ou autorrealizada é um prognóstico que, ao se tornar uma crença, provoca a sua própria concretização. Quando as pessoas esperam ou acreditam que algo acontecerá, agem como se a profecia ou previsão já fosse real e assim a previsão acaba por se realizar efetivamente. Ou seja, ao ser assumida como verdadeira – embora seja falsa – uma previsão pode influenciar o comportamento das pessoas, seja por medo ou por confusão lógica, de modo que a reação delas acaba por tornar a profecia real.

A expressão foi cunhada pelo sociólogo Robert K. Merton, que elaborou o conceito (self-fulfilling prophecy) no seu livro “Social Theory and Social Structure”, publicado em 1949. Merton estudou a corrida aos bancos, verificando que, quando se difunde o boato de que um banco está em dificuldades, os correntistas apressam-se em retirar os valores ali depositados e liquidar outros

BLOCO III

pág. 124

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

negócios, de modo que o banco acaba mesmo falindo.

A assertiva “b” está incorreta. O sistema progressivo inglês ou Mark system foi desenvolvido pelo capitão Alexandre Maconochie, no ano de 1840, na Ilha de Norfolk, na Austrália. Esse sistema consistia em medir a duração da pena, diga-se de passagem, de uma maneira um tanto quanto simples, essa medição se dava através de uma soma do trabalho e da boa conduta imposta ao condenado, e a partir de um momento em que o condenado satisfazia essas duas condições, a ele era computado certo número de marcas, daí o nome (mark system), de tal forma que a quantidade de marcas que o condenado necessitava obter antes de sua liberação deveria ser proporcional à gravidade do delito por ele praticado.

A assertiva “c” está incorreta. Panoptismo é um termo utilizado para designar um centro penitenciário ideal desenhado pelo filósofo Jeremy Bentham em 1785. O conceito do desenho permite a um vigilante observar todos os prisioneiros sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados.

A assertiva “d” está incorreta. O princípio da Less eligibity foi desenvolvido no Reino Unido a partir do “Poor Law Amendment Act”, de 1934, e determina que as condições de vida no cárcere devem ser acentuadamente piores que as condições de vida dos mais precários trabalhadores livres para que preserve seu caráter punitivo e se mantenha devidamente dissuador diante do custo da opção de delinquir.

A assertiva “e” está correta. Entende-se por cifra negra (também denominada cifra oculta ou zona obscura) a parcela de crimes ocorridos que não chegam ao conhecimento das autoridades (polícias civil e militar, Ministério Público e Poder Judiciário). Ou seja, são os crimes que não entram para as estatísticas consideradas oficiais da criminalidade.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

pág. 125

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSORA: SAMANTHA STEIL SANTOS E MELLOE-mail: INSCREVA-SE PARA TER ACESSO.

QUESTÃO 1. É sabido que a Lei n. 13.467 de 2017 (reforma trabalhista), publicada no Diário Oficial de 14/07/2017, entra em vigor 120 dias após sua publicação. Nessa situação, pergunta-se:

1 – A Lei, no seu aspecto material, aplica-se aos contratos em curso?

2 – E, no aspecto processual, quais são as teorias vigentes?

QUESTÃO 2. O incidente de desconsideração da pessoa jurídica aplica-se ao Processo do Trabalho? É compatível com a principiologia deste? Qual a posição do TST?

pág. 126

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

SENTENÇA

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: DOROTHEO BARBOSA NETOE-mail: INSCREVA-SE PARA TER ACESSO.

TERMO DE RECLAMAÇÃO EM VARA ITINERANTE

Orientada a parte reclamante acerca das modalidades de ajuizamento de reclamações trabalhistas (assistência sindical ou representação por advogado) e esclarecido das vantagens em razão do acompanhamento processual por profissional habilitado nestas modalidades, nos termos da Ordem de Serviço interna, persistiu a parte reclamante na intenção de ajuizar a reclamatória pessoalmente.

Aos sete dias do mês de fevereiro do ano dois mil e dezessete, compareceu perante as dependências do INCRA em PORTO IPIXUNA em atividade Itinerante da Vara do Trabalho de Porto Rolim - Acre, a Senhora MARIA CLAUDIANA PYANAWA (TEL – 99999-9999), nascida em 25/10/1978, boliviana naturalizada brasileira, médica, CRM n. 8989-AM, em união estável; RG: 1111111-7- SSP/AC, CPF: 010.010.010-10, PIS/PASEP nº 164.39912.99-7, residente na Rua Sadala Koury, nº 104, Bairro: Centro, Porto Ipixuna/AC, CEP: 69.930-000, e apresentou reclamação trabalhista em face: Município de Porto Ipixuna, com endereço na Estrada da Borracha, km 06, Porot Ipixuna – Acre.

DECLARANDO O SEGUINTE: Que trabalhou no município reclamado como médica, em três oportunidades, conforme dados a seguir:

1º PERÍODO

Admissão: 10/02/2000 Salário: R$3.984,58

Saída: 28/11/2014

Horário: 08h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00 (segunda a sexta)

Em contrato temporário de trabalho devido a necessidade de pessoal, após ser aprovada em processo seletivo simplificado.

2º PERÍODO

Admissão: 01/04/2015 Salário: R$ 7.984,58

Saída: 31/12/2015

pág. 127

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Horário: 08h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00 (segunda a sexta)

Quando foi chamada às pressas pelo prefeito municipal e contratada em razão da falta de médicos na cidade

3º PERÍODO

Admissão: 02/01/2016 Salário na contratação: R$ 4.984,58

Saída: ainda em atividade

Horário: 08h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00 (segunda a sexta)

DO CONTRATO DE TRABALHO

Declara a reclamante AINDA que: foi contratada pela reclamada para trabalhar como médica, no Posto de Saúde Pajé Pauini, conforme datas e horários supra descritos; que não teve sua CTPS anotada nos dois primeiros períodos do contrato de trabalho, embora tenha laborado de forma a gerar vínculo de emprego, o contrato foi anotado corretamente na sua CTPS apenas no terceiro período; que a Lei Orgânica Municipal estabelece como regime de contratação de seus servidores a CLT; que na data de 1/5/2010 entrou em vigor a Lei Municipal 1.234/2010 que trouxe o Plano de Cargos e Salários dos servidores celetistas da saúde, incluindo piso salarial do médico em R$7.984,58; que na data de 02/06/2016 entrou em vigor a Lei Municipal n. 4.321/2016 que modificou o Plano de Cargos e Salários dos servidores celetistas da saúde reduzindo o piso salarial do médico para R$3.500,00 (três mil e quinhentos reais mensais); que desde a entrada em vigor da Lei Municipal 4.321/2016 que teve seu salário reduzido para o valor de R$3.500,00; que trabalha em condições insalubres de trabalho sem receber o respectivo adicional; que foi até a Caixa Econômica Federal para financiar uma casa, descobriu que nunca teve depósitos do FGTS; que nunca gozou férias no período em que trabalhou para a reclamada, pois era a única médica no município; que apesar do horário de trabalho acima declinado e trabalhado nos postos de saúde, na verdade trabalhava 24h por dia e 7 dias por semana, pois poderia ser chamada a qualquer hora do dia ou da noite para atender qualquer emergência médica, pois era a única médica no município; que viu reportagem na televisão informando sobre jornada do trabalho abusiva; que pretende rescindir o contrato de trabalho com a parte reclamada ante aos descumprimentos do contrato, falta de depósitos de FGTS e redução salarial.

Diante do exposto, a autora requer, perante esta MM Justiça Especializada, os direitos a seguir especificados e a condenação do segundo reclamado como responsável subsidiário:

-Reconhecimento da unicidade contratual;

-Reconhecimento do salário do segundo período salarial como sendo o correto R$7.984,58;

-Reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho;

pág. 128

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

-Diferenças salariais entre os valores recebidos e o valor legal dos salários, considerando o salário de R$7.984,58;

-Aviso prévio indenizado (81) dias;

-Férias integrais e proporcionais em dobro e simples acrescidas de 1/3 de todo o período do contrato de trabalho, já com projeção do aviso prévio;

-13º salário proporcional ano 2017 considerando até a data de rescisão indireta declarada e o aviso prévio;

-Horas extras considerando o trabalhado em 24 horas por dia e 7 dias por semana, com adicional de 50% de segunda-feira à sábado e 100% aos domingos;

-Dano existencial devido a jornada abusiva;

-Saque dos valores decorrentes de FGTS mais multa de 40%, ou na falto dos depósitos, indenização dos respectivos valores;

-Emissão de guias para acesso ao seguro desemprego, ou indenização dos valores, ou ainda expedição de Alvará Judicial;

-Juros e correção monetária;

-Baixa da CTPS;

-Multa do art. 477 da CLT;

-Multa do art. 467 da CLT;

A reclamante alega ser de condições pobres, não tendo como arcar com as despesas judiciais, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, razão pela qual requer a concessão do benefício da Justiça Gratuita.

Dá-se à causa o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

A parte reclamante ficou ciente de que deverá comparecer à audiência designada, sob as penas do art. 844 da CLT e que, para prova de suas alegações, poderá trazer no máximo 03 (Três) testemunhas.

pág. 129

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

ATA DE AUDIÊNCIA

AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO

PROCESSO: 0000273-99.2017.5.14.0411

RECLAMANTE: MARIA CLAUDIANA PYANAWA

RECLAMADO: MUNICIPIO DE PORTO IPIXUNA

Em 11 de julho de 2017, nas dependências do INCRA em PORTO IPIXUNA, em sessão de audiência em Vara Itinerante de competência territorial da Egrégia VARA DO TRABALHO DE PORTO ROLIM/AC, sob a direção do Exmo. Juiz do Trabalho, Dr. José Sabido Sabidão, realizou-se a audiência relativa ao processo identificado em epígrafe. Às 08h06min, aberta a sessão, com a anuência das partes em relação aos minutos de antecedência, foi, de ordem do Exmo. Juiz do Trabalho, realizado o pregão.

Presente o(a) reclamante, desacompanhado(a) de advogado.

O(A) autor MARIA CLAUDIANA PYANAWA, neste ato, informa: Carteira de identidade (RG: 1111111-7- SSP/AC).

Presente o réu, representada pelo preposto Sr(a). FRANCELIO FUXICO, que informa seu CPF (888.777.462-39), desacompanhado(a) de advogado, que apresenta carta de preposto assinada pelo Prefeito Municipal e seu ato de posse como servidor celetista do quadro efetivo do Município de Porto IPIXUNA.

Alçada fixada no valor dos pedidos.

CONCILIAÇÃO REJEITADA.

Verificada no sistema PJe-JT viu-se que inexiste contestação anexada previamente e documentos.

Informada a situação ao preposto este pediu para realizar uma ligação ao prefeito municipal o que foi deferido pelo Juízo.

O preposto então pediu para colocar a ligação em “viva-voz” quando então o interlocutor se apresentou como sendo Larápio Honesto CPF 444.666.171-88, prefeito municipal, e informou que a Prefeitura Municipal estava sem procurador desde o início do ano de 2017, em razão da prisão do procurador pela Polícia Federal, na operação águas claras que apura desvio de dinheiro público, requerendo o adiamento da audiência.

Pelo Juízo foi indeferido o pedido, aduzindo que as razões do indeferimento seriam lançadas em sentença, havendo protestos pela prefeito ainda ao telefone e pelo preposto presente.

Dada a oportunidade do preposto apresentar defesa oral, este se apresentou como bacharel em direito e disse que tinha condições de realizar a seguinte defesa oral: MM. Juiz, preliminarmente

pág. 130

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

requeiro a incompetência da justiça do trabalho, pois se trata de servidor municipal o que afasta a competência material desta Justiça Especializada; Em segundo lugar alega prescrição bienal e quinquenal dos contratos de trabalho; nega a existência de unicidade contratual; nega a inexistência de motivos para a rescisão indireta, reconhecendo a ausência de depósitos de FGTS, todavia, quanto a redução salarial, este se deu por mudança na legislação e considerando que referida legislação não afeta o art. 7º da CF/88 e que trata de legislação de direito material, deve ser aplicada a partir do momento de sua entrada em vigor, sob pena do município reclamado responder perante o Tribunal de Contas do Estado; nega e contesta a diferença salarial em razão da aplicação da lei municipal e da falta de unicidade contratual; confirma os horários de trabalho da parte reclamante no posto de saúde, todavia, nega sua total disponibilidade, considerando que os plantões eram realizados pelo enfermeiro José Carlos Rabula que apenas chamava a parte reclamante em casos de extrema necessidade o que acontecia apenas umas duas ou três vezes no mês, não sendo devidas horas extras; apresenta ainda defesa quanto ao pedido de indenização por dano existencial, pois a reclamante, mãe de 4 filhos e dona de uma pousada e restaurante na cidade, tem tempo perfeitamente de cuidar de seus filhos e de seu negócio particular, não havendo jornada abusiva que retire ela do convívio social; no mais, tem certeza que a reclamante gozava férias, pois vivia ela viajando para a praia com sua família e postando fotos no Facebook, mas não tem documentos para provar o pagamento, já que houve um incêndio criminoso nos arquivos da prefeitura municipal que queimou todos os recibos dos funcionários da reclamada a contar de 1.990. Reconhece as legislações municipais informadas pela reclamante como verdadeiras e em pleno vigor, mas não tem cópias; requer a improcedência dos pedidos e a condenação da parte reclamante nas penas de litigância de má-fé, pois mentiu descaradamente na petição inicial.

Não junta qualquer documento com a contestação.

DEPOIMENTO DA PARTE RECLAMANTE: que no segundo período de trabalho, como foi chamada as pressas não fez concurso público; que realmente viajou por duas vezes para a praia com sua família, nos anos de 2009 e 2011 no mês de julho, quando permaneceu 15 dias; que nestes períodos não recebeu 1/3 de férias; que possui 4 filhos; que é proprietária de uma pousada com 20 quartos e que é restaurante também; que quem toma conta da pousada são seus filhos de 13 e 16 anos e mais um empregado; que gerencia o negócio no período da noite onde funciona também um restaurante; que conhece José Carlos Rabula, um ótimo enfermeiro; que José constantemente lhe chamava nas noites de trabalho, pois não sabia, nem poderia aplicar procedimentos médicos;

A parte reclamante afirma que não tem interesse no depoimento do preposto, pois já ouviu tudo o que ele disse na defesa oral.

Dispensado o depoimento do preposto da parte reclamada.

O preposto protesta pela sua oitiva, pois poderia provar a inocência do município.

Indeferida a oitiva pelos fundamentos que serão lançados em sentença. Protestos.

pág. 131

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

OITIVA DA TESTEMUNHA COMUM José Carlos Rabula, brasileiro, solteiro, enfermeiro, residente e domiciliado à Rua Sadala Koury, nº 104, Bairro: Centro, Porto Ipixuna/AC, CEP: 69.930-000. Advertida e compromissada o depoente informa que desde novembro de 2016 vive na casa da reclamante como seu namorado, mas não é uma situação de marido e mulher; informa ainda que foi vizinho e amigo do preposto por mais de 20 anos e é sobrinho e afilhado do Prefeito Larápio Honesto. Pelo Juízo ficou estabelecido que a testemunha será advertida e compromissada e em sentença haverá decisão sobre a consideração de informante ou testemunha, atribuindo o valor legal ao depoimento. A parte reclamante afirmou que confia plenamente no depoimento da testemunha, enquanto a parte reclamada disse que conhece seu amigo e sabe que ele jamais mentiria em Juízo ou fora dele, pois são da mesma igreja.: que trabalhava como enfermeiro desde o ano de 1.998 no posto de Saúde Municipal Pajé Pauini; que trabalhar com a reclamante desde o ano de 2000 mais ou menos; que é o depoente quem fica no posto de saúde durante a noite; que evita chamar a reclamante pois ela já trabalha muito de dia, mas em média a aciona umas 3 ou 4 vezes; que quem deu o celular da reclamante foi ela própria, não tendo sido autorizada essas ligações pela parte reclamada; que pelo que se recorda a reclamante foi viajar para a praia umas seis vezes, mas não se recorda os anos quando isso ocorreu; que o depoente recebe adicional de insalubridade em grau máximo; que a reclamante é quem toca o restaurante da pousada e é uma excelente cozinheira; a pousada é “tocada” por seus dois filhos mais velhos.

As partes declaram que não têm outras provas a produzir, além das já constantes nos autos. Fica encerrada a instrução processual, uma vez que a matéria versada é eminentemente documental e de direito.

Razões finais remissivas pelas partes com reiteração de protestos.

Conciliação final reiterada e rejeitada.

Após as anotações de praxe, venham, os autos, conclusos para JULGAMENTO, cientes as partes que se designa o dia 20/08/2017, para a realização da sessão de publicação de sentença em sistema PJe-JT, estando desde já cientes, inclusive que, a partir de então, começarão a fluir os prazos legais pertinentes.

Cientes os presentes (Súmula 197 do col. TST).

Nada mais. Audiência encerrada às 09h02min. FSB

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO RODADA: 1ª. PROFESSOR:_________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ SENTENÇA DATA: _____/_____/_____

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO RODADA: 1ª. PROFESSOR:_________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

123456789101112131415161718192021222324252627282930

pág. 135

DEMONSTRAÇÃO

CEI-MAGISTRATURA DO TRABALHO

Prepare-se por apenas R$ 650,00com o curso que mais aprova!