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1ª RODADA - 08/09/2017 CEI-MAGISTRATURA FEDERAL 5ª EDIÇÃO MATERIAL ÚNICO Questões totalmente inéditas ACESSÍVEL Computador, Tablet, Smartphone 33 QUESTÕES OBJETIVAS Por rodada 08/09/2017 A 15/11/2017 DURAÇÃO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. CEI-MAGIS- TRATURA FEDERAL 5ª ED. 2017 2 ATIVIDADES Por rodada CEI-MAGISTRATURA FEDERAL 5ª EDIÇÃO 1ª RODADA - 08/09/2017

CEI-MAGISTRATURA FEDERAL 5ª EDIÇÃO … · Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. II - As empresas públicas e as sociedades de economia mista

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CEI-MAGISTRATURAFEDERAL 5ª EDIÇÃO

MATERIAL ÚNICOQuestões totalmente inéditas

ACESSÍVELComputador, Tablet, Smartphone

33 QUESTÕES OBJETIVASPor rodada

08/09/2017 A 15/11/2017DURAÇÃO

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

CEI-MAGIS-TRATURA FEDERAL

5ª ED.2017

2 ATIVIDADESPor rodada

CEI-MAGISTRATURAFEDERAL 5ª EDIÇÃO

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PROFESSORES

CARLA CRISTIANE TOMM - Professora de Direito Internacional e Sentença Cível.

Juíza Federal Substituta em Joaçaba – SC (aprovada no XVI Concurso do TRF da 4a Região). Foi servidora do Ministério da Justiça (2007-2015). Bacharel em Direito pelo Instituto Superior de Santo Ângelo – IESA (2004). Aprovada para o cargo de Procurador Federal – AGU e analista judiciário do STJ, entre outros. Especialista em Direito e Jurisdição, Direito Processual e Direito Tributário.

E-mail: [email protected]

HUGO OTÁVIO TAVARES VILELA - Professor de Direito Civil e Empresarial.

Juiz Federal Substituto em Goiânia – GO (aprovado no XI Concurso para o TRF-1). Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Goiás.

E-mail: [email protected]

LUCIANO MENDONÇA FONTOURA - Professor de Direito Penal e Sentença Penal.

Juiz Federal Titular em Belém – PA (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Delegado da Polícia Federal (2002/2011) e Procurador do IPSEMG – Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (2001/2002). Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (1999) e Pós-Graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes.

E-mail: [email protected]

RAFAEL VASCONCELOS PORTO - Professor de Direito Previdenciário.

Juiz Federal Titular em Poços de Caldas – MG (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Defensor Público Federal (2010/2011). Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Aprovado também para os cargos de Procurador Federal – AGU (8º lugar) e Advogado da Caixa Econômica Federal (para lotação no Distrito Federal), dentre outros. Professor de Direito Previdenciário no Curso Alcance – RJ.

E-mail: [email protected]

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PATRÍCIA DE ALENCAR TEIXEIRA - Professora de Direito Tributário/Financeiro e Econômico/Consumidor..

Juíza Federal Substituta na 2ª Vara Federal de Jundiaí – SP (aprovada no XVI Concurso para o TRF-3). Foi Advogada da União – AGU em Brasília (2010/2013). Graduada em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2007). Aprovada também para os cargos de Procurador Federal – AGU (12º lugar), Defensor Público Federal, dentre outros.

E-mail: [email protected]

DANIEL CHIARETTI - Professor de Direito Constitucional e Sentença Cível.

Aprovado em terceiro lugar no mais recente concurso para Juiz Federal Substituto do TRF4, aguardando a posse. Defensor Público Federal. Bacharel em Direito e Filosofia pela USP. Mestre em Ética e Filosofia pela USP. Defensor Regional dos Direitos Humanos em São Paulo.

E-mail: [email protected]

CAMILA FRANCO E SILVA VELANO - Professora de Direito Processo Penal e Sentença Penal.

Juíza Federal Substituta da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, especializada em crimes contra o Sistema Financeiro e Lavagem de Dinheiro (aprovada em 2º lugar no XIII Concurso para o TRF1). Foi Procuradora do Estado de Minas Gerais e Defensora Pública Federal. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e Mestre em Direito Constitucional pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

E-mail: [email protected]

LUIZ BISPO DA SILVA NETO - Professor de Direito Processo Civil e Sentença Cível.

Juiz Federal Titular em Salgueiro – PE (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Técnico (2004/2005) e Analista Judiciário (2005/2006) no TRE-PE, Procurador Federal – AGU (2006) e Advogado da União (2006/2011). Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2005). Aprovado, ademais, nos concursos para os cargos de Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte e Procurador da Fazenda Nacional, dentre outros.

E-mail: [email protected]

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LUCAS FERNANDES CALIXTO - Professor de Direito Constitucional.

Juiz Federal Substituto em São João de Meriti/RJ (aprovado no XV concurso do TRF2). Foi Analista Processual do Ministério Público da União, Técnico Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região e Técnico Administrativo do MPU. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Especialista em Direito Público pela Escola da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul (ESMAFE-RS) e em Direito e Processo do Trabalho pelo IMED.

E-mail: [email protected]

MARIANA CAMARGO CONTESSA - Professora de Direito Ambiental.

Juíza Federal Substituta da 1ª Vara Federal de Nova Iguaçu (aprovada no XV Concurso do TRF2). Graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi advogada e assessora de Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Grande do Sul.

E-mail: [email protected]

EMMANUEL MASCENA DE MEDEIROS - Professor de Direito Administrativo.

Juiz Federal Titular em Manaus – AM (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1). Foi Técnico Judiciário no TRF-5 (2004/2011). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (2007). Pós-graduado em Direito Público. Aprovado nos concursos de Defensor Público Federal e Procurador Federal – AGU, dentre outros.

E-mail: [email protected]

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO ................................................................... 6DIREITO CONSTITUCIONAL .............................................................................................................. 6DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................................... 8DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO........................................................................................... 10DIREITO ECONÔMICO ....................................................................................................................... 12DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 13DIREITO PREVIDENCIÁRIO .............................................................................................................. 15DIREITO INTERNACIONAL ............................................................................................................... 16DIREITO PENAL .................................................................................................................................... 18DIREITO PROCESSUAL PENAL ........................................................................................................20DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL ......................................................................................................22DIREITO DO CONSUMIDOR.............................................................................................................23DIREITO PROCESSUAL CIVIL ...........................................................................................................25

GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS ..................................................................................................28

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO ...............................................................29DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................29DIREITO ADMINISTRATIVO .............................................................................................................47DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO........................................................................................... 61DIREITO ECONÔMICO ....................................................................................................................... 71DIREITO AMBIENTAL .........................................................................................................................74DIREITO PREVIDENCIÁRIO ..............................................................................................................88DIREITO INTERNACIONAL ...............................................................................................................93DIREITO PENAL ....................................................................................................................................96DIREITO PROCESSUAL PENAL ....................................................................................................... 111DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL .....................................................................................................117DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................121DIREITO PROCESSUAL CIVIL ......................................................................................................... 130

SENTENÇA CÍVEL ......................................................................................................................................... 139

SENTENÇA PENAL ........................................................................................................................................141

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 1. Sobre a imunidade material de Deputados Federais e Senadores da República é correto afirmar:

a) A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) é ilimitada, protegendo parlamentares federais qualquer que seja o teor de sua manifestação e em qualquer recinto (público ou privado, fora ou dentro do Parlamento);

b) Palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias que não possuem vínculo com o exercício das funções de um parlamentar, estão protegidos pela imunidade material em qualquer recinto (público ou privado, fora ou dentro do Parlamento);

c) As ofensas recíprocas, sem pertinência com a atividade parlamentar, irrogadas entre Parlamentares dentro do recinto da Casa Legislativa estão acobertadas pela imunidade material;

d) Os Deputados e Senadores, desde sua posse, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal;

e) Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como “relacionadas ao exercício do mandato”, é sempre necessário que elas tenham teor estritamente político, não bastando que tratem de temas de interesse da sociedade ou de grupos representados no parlamento ou com pretensão à representação democrática.

QUESTÃO 2. Com relação à competência, julgue os itens a seguir:

I. Compete à Justiça Federal a condução de inquérito policial no qual se apura suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízo de vítimas particulares que teriam efetuado o pagamento de custas processuais a tribunal de conciliação irregular, criado sem registro do CONIMA (Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem);

II. Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento

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do delito previsto no art. 241-A do ECA nas hipóteses em que há a constatação da internacionalidade da conduta, bem como nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via whatsapp ou por meio de chat na rede social facebook;

III. Não compete à Justiça federal processar e julgar queixa-crime proposta por particular contra particular, somente pelo fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na Procuradoria do Trabalho;

IV. A Justiça do Trabalho é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas;

V. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil

Estão corretos os itens:

a) I e III;

b) I, III e IV;

c) III;

d) II e V;

e) Nenhum item está correto.

QUESTÃO 3. Assinale a alternativa correta acerca dos poderes das CPI’s (Comissões Parlamentares de Inquérito):

a) A CPI pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), quebrar o sigilo de dados telefônicos;

b) A CPI não pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), afastar o sigilo bancário e fiscal do investigado;

c) A CPI pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), determinar busca e apreensão domiciliar;

d) A CPI não pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), determinar a prisão em flagrante de testemunha pelo crime de falso testemunho;

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e) A CPI pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), decretar a constrição judicial ou medidas assecuratórias (art. 125, CPP), tais como arresto, sequestro, hipoteca ou indisponibilidade de bens.

DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 4. Julgue os itens a seguir e, após, assinale a alternativa correta:

I - Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

II - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não estão sujeitas às sanções previstas na Lei n. 12.846/13, que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública.

III - É vedado à empresa pública e à sociedade de economia mista realizar, em ano de eleição para cargos do ente federativo a que sejam vinculadas, despesas com publicidade e patrocínio que excedam a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito ou no último ano imediatamente anterior à eleição.

IV - Estará impedida de participar de licitações e de ser contratada pela empresa pública ou sociedade de economia mista a empresa que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que participou, em razão de vínculo de mesma natureza, de empresa declarada inidônea.

a) Estão corretos apenas os itens I, II e III.

b) Estão corretos apenas os itens I, II e IV.

c) Estão corretos apenas os itens I, III e IV.

d) Estão corretos apenas os itens II, III e IV.

e) Todos os itens estão corretos.

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QUESTÃO 5. Assinale a alternativa correta:

a) Não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação, salvo se o servidor ou dirigente estiver licenciado.

b) Não poderá participar da licitação ou da execução de obra ou serviço empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de qualquer parte do capital com direito a voto ou controlador.

c) A regularidade fiscal é exigida para a participação em procedimento licitatório e deve ser mantida durante toda a execução do contrato, podendo a administração, segundo o STJ, reter o pagamento devido a fornecedor em situação irregular perante o fisco.

d) Segundo o STJ, é lícita cláusula em edital de licitação exigindo que o licitante, além de contar, em seu acervo técnico, com um profissional que tenha conduzido serviço de engenharia similar àquele em licitação, já tenha atuado em serviço similar.

e) Segundo a Lei n. 8.666/93, é facultada à comissão de licitação ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, sendo possível a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta.

QUESTÃO 6. Assinale a alternativa correta:

a) Segundo o STJ, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) deve pagar indenização a vítima de disparos de arma de fogo atingida enquanto trafegada em um de seus trens, ainda que o tiroteio tenha sido promovido por terceiros no interior da composição ferroviária.

b) Segundo o STF, o fato da imunidade parlamentar abranger a esfera civil não impede que o Estado, e não o parlamentar pessoalmente, seja civilmente responsabilizado por dano à imagem e à honra causado pelas opiniões de um parlamentar.

c) A Constituição Federal assegura aos presos o respeito à integridade física e moral, mas não haverá responsabilidade civil do Estado pela morte de preso quando ficar provada causa impeditiva da atuação protetiva do detento, rompendo-se o nexo de causalidade da omissão estatal com o resultado danoso.

d) Segundo o STJ, a conclusão equivocada da Administração Pública acerca da

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inacumulabilidade dos cargos já exercidos induz a aplicação da teoria da perda de uma chance.

e) Caso haja reconhecimento de firma fraudulento em um cartório extrajudicial a responsabilidade pelos danos será do tabelionado e do Estado.

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

QUESTÃO 7. Sobre as imunidades tributárias, julgue as afirmações a seguir à luz da jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal:

I – A imunidade tributaria recíproca, no que se refere ao IPTU, alcança todo imóvel pertencente à União, ainda que arrendado a empresa privada (sociedade de economia mista) que explore atividade econômica com finalidade lucrativa.

II – Para valer-se imunidade que incide sobre templos de qualquer culto, compete à entidade religiosa demonstrar a efetiva utilização do bem de acordo com suas finalidades institucionais.

III - A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido.

IV – A imunidade tributária que recai sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão aplica-se, também, ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.

a) Apenas I, II e III estão corretas.

b) Apenas II e IV estão corretas.

c) Apenas II e III estão corretas.

d) Apenas IV está correta.

e) Apenas III e IV estão corretas.

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QUESTÃO 8. Como é cediço, o art. 74 da Lei 9.430/96 sofreu profundas alterações ao longo dos anos, sobretudo após a edição das Leis 10.637/02, 10.833/03 e 11.051/04, as quais acresceram conteúdo significativo à norma, modificando substancialmente a sistemática de compensação.

Sobre a compensação do crédito tributário, analise as proposições a seguir:

I - A simples declaração de compensação relativa ao crédito-prêmio de IPI não suspende a exigibilidade do crédito tributário.

II - Em demanda judicial envolvendo compensação tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente.

III – A vedação concernente à compensação de tributo objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, não se aplica às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, conforme orientação consolidada no Superior Tribunal de Justiça.

IV – Consoante disposição legal expressa, nada obstante a administração das contribuições previdenciárias ter passado à atribuição da Secretaria da Receita Federal, os débitos de contribuições previdenciárias não podem ser compensados com créditos dos demais tributos federais, ainda que pertencentes ao mesmo sujeito passivo.

a) Apenas I e II estão CORRETAS.

b) Apenas I, II e III estão CORRETAS.

c) Apenas III e IV estão CORRETAS.

d) Apenas I, II e IV estão CORRETAS.

e) Todas estão CORRETAS.

QUESTÃO 9. Considerando o que dispõe a Lei de Responsabilidade Fiscal acerca das Receitas Públicas, assinale a alternativa CORRETA:

a) É vedada a realização de transferências voluntárias ao ente que deixar de promover a arrecadação de todos os tributos inseridos em sua competência constitucional.

b) A renúncia de receita não compreende a concessão de isenção de caráter não geral.

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c) A redução de alíquota de qualquer imposto importa renúncia de receita e pressupõe a adoção medidas compensatórias.

d) O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

e) A concessão de benefício de natureza tributária do qual decorra renúncia de receita pressupõe a demonstração de que a renúncia não afetará as metas de resultados fiscais previstas na lei orçamentária e que foram adotas medidas de compensação que incrementem a arrecadação.

DIREITO ECONÔMICO

QUESTÃO 10. Considerados os princípios da ordem econômica e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue as proposições a seguir:

I – O direito de edificar é relativo e condicionado à função social da propriedade, de modo que limitações administrativas preexistentes à aquisição do terreno não geram direito de indenização em face do Poder Público.

II - As normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor.

III – São constitucionais os atos normativos proibitivos da importação de pneus usados, na medida em que a atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente.

IV – É inconstitucional o ato normativo que autoriza o protesto de Certidões de Dívida Ativa (CDA) pela Fazenda Pública, na medida em que constitui sanção política, podendo inviabilizar a atividade econômica do devedor.

a) Apenas I, II e III estão CORRETAS.

b) Apenas II e III estão CORRETAS.

c) Apenas I e III estão CORRETAS.

d) Apenas II, III e IV estão CORRETAS.

e) Todas estão CORRETAS.

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DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 11. Acerca do licenciamento ambiental, marque a alternativa correta:

a) Para licenciamento ou autorização de empreendimentos potencialmente poluidores devem ser ouvidos todos os entes federados diretamente atingidos, os quais detêm poder de veto à concessão da licença pretendida.

b) A competência para o licenciamento ambiental de empreendimentos na zona costeira não é necessariamente da União.

c) O ordenamento jurídico brasileiro não admite a prorrogação automática de prazo de licença ambiental em nenhuma hipótese.

d) Enquanto não finalizado o processo de licenciamento ambiental, o Ministério Público Federal não detém interesse de agir para ajuizamento de ação civil pública contra empreendimento em área próxima de reserva indígena.

e) Se a autoridade ambiental federal não detiver a competência para o licenciamento ambiental do empreendimento, o Ministério Público Federal não será parte legítima para a propositura de ação civil pública contra eventual ilegalidade do processo administrativo;

QUESTÃO 12. Julgue as seguintes assertivas:

I - A licença ambiental com prazo de validade determinado é ato administrativo confere ao administrado o direito a executar o empreendimento na forma do licenciamento, sem revisão, até que se encerre seu prazo.

II - A Resolução Conama n.º 1º/1986 prevê em rol não exaustivo as atividades em que o licenciamento dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental – RIMA;

III – O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA é público como garantia da transparência do estudo ambiental e do processo de licenciamento, não podendo o responsável pelo empreendimento invocar o sigilo industrial como óbice.

IV – É inconstitucional norma de constituição estadual que submete o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - ao crivo de comissão permanente e específica da Assembleia Legislativa.

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a) Estão corretas as assertivas I e II;

b) Estão corretas as assertivas II e IV;

c) Estão corretas as assertivas I, II, e IV;

d) Está correta apenas a assertiva II;

e) A assertiva I é a única incorreta;

QUESTÃO 13. O Ministério Público Federal ajuizou, em 5 de abril de 2017, ação civil pública contra João da Silva para obrigá-lo a recompor danos ambientais, assim como demolir as edificações por ele executadas. Nos termos da petição inicial, verificou-se por meio do inquérito civil XXXX que o Réu em questão é titular e possuidor de área inserta no Parque Nacional da Ilha Grande, unidade de conservação que abrange o conjunto de ilhas existente no Rio Paraná, na região de fronteira entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, bem como entre Brasil e Paraguai. O laudo elaborado pela equipe técnica de apoio ao Ministério Público e por peritos da Polícia Federal indica que houve “remoção e redução da densidade de árvores adultas e da vegetação rasteira (na qual se inclui a regeneração natural), bem como o impedimento do processo de regeneração da vegetação devido ao pisoteio (nos arredores da casa) e à cobertura do solo pelas construções e pela presença se árvores e espécies exóticas (limoeiro e cana de açúcar), com prejuízo à mata ciliar próxima da zona do rio”.

Acerca do caso em questão marque a alternativa correta:

a) O senhor João da Silva afirmou, em contestação que adquiriu, durante o ano de 1999, a posse do imóvel em questão para fins de lazer nos períodos de veraneio, ocasião em que já estavam construídas a residência, a piscina e as demais benfeitorias. Afirma, ainda, que ignorava se tratar de zona de unidade de conservação. Acaso o senhor João da Silva consiga demonstrar inequivocamente sua alegação de que adquiriu o terreno já com as edificações verificadas pelas investigações do Ministério Público Federal, deverá ser reconhecida sua ilegitimidade passiva ad causaum.

b) Considerando que o inquérito policial instaurado para a apuração dos mesmos fatos foi arquivado por falta de indícios de conduta dolosa do possuidor, resta prejudicada a pretensão do Ministério Público Federal.

c) A unidade de conservação Parque Nacional admite a existência de propriedade privada, desde que seu uso e gozo sejam compatíveis com o plano de manejo, motivo pela qual João da Silva não poderá ajuizar ação de desapropriação indireta;

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d) Não será extra petita a sentença que determinar a recuperação de todos os locais atingidos, ainda que se constate no decorrer da instrução que a área degradada é maior do que aquela inicialmente individualizada na petição inicial.

e) O longo período de posse da propriedade pelo Réu João da Silva sem que tenham sido tomadas providências pelas autoridades ambientais ou pelo Ministério Público, autorizam a aplicação da teoria do fato consumado, com amparo no princípio da segurança jurídica.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 14. Sobre os princípios constitucionais aplicáveis à seguridade social, assinale a alternativa incorreta:

a) O princípio da equidade na forma de participação no custeio é a expressão do princípio tributário da capacidade contributiva no âmbito das contribuições destinadas à seguridade social, embora seja preciso levar em consideração também outros fatores, como, por exemplo, o risco verificado no exercício da atividade laborativa no âmbito do subsistema previdenciário.

b) O princípio da diversidade da base de financiamento, segundo a doutrina majoritária, expressa a ideia de solidariedade social, indicando que toda a sociedade deve contribuir ao financiamento da seguridade social, mas carrega guarda também relação com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, uma vez que a existências de um maior número de fontes serve para compensar eventual perda de receita em alguma(s) delas.

c) A denominada “regra da contrapartida” visa evitar um desequilíbrio financeiro imediato do sistema, guardando, assim, relação com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, embora este guarde também um viés de projeção futura.

d) O princípio (ou regra) do orçamento diferenciado consiste na vedação à utilização das contribuições previdenciárias para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do RGPS.

e) A gestão quadripartite - com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados – é expressão do caráter democrático e descentralizado da administração.

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QUESTÃO 15. Relativamente à concessão de benefícios no RGPS, a CRFB prevê, exceto:

a) Como regra, a vedação de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria.

b) Como regra, renda mensal não inferior ao salário mínimo.

c) A contagem recíproca do tempo de contribuição prestado perante os regimes próprio (RPPS), geral (RGPS) e privado (de previdência complementar).

d) Correção de todos os salários de contribuição utilizados para o cálculo da renda mensal inicial.

e) Reajustamento do valor do benefício para preservar, em caráter permanente, seu valor real.

QUESTÃO 16. Acerca do Direito Previdenciário constitucional, assinale a alternativa incorreta:

a) Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, são incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios.

b) A cobertura do risco de acidente de trabalho deve ser atendida concorrentemente pelo RGPS e pelo setor privado.

c) O sistema especial de inclusão previdenciária visa atender os trabalhadores de baixa renda e também aqueles que não exercem atividade remunerada, desde que pertencentes a famílias de baixa renda.

d) O sistema especial de inclusão previdenciária terá alíquotas e carências diferenciadas e benefícios no valor de um salário mínimo.

e) É vedada a filiação ao regime geral de previdência social de pessoa participante de regime próprio de previdência.

DIREITO INTERNACIONAL

QUESTÃO 17. Marque a assertiva correta.

a) A prerrogativa de imparcialidade do julgador não se aplica à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, dependendo da decisão favorável

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proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

b) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à mediação e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

c) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal Federal, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

d) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

e) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa indireta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

QUESTÃO 18. A arbitragem tem ganhado relevo no comércio internacional, sobre o tema marque a alternativa incorreta:

a) No juízo de valor acerca do respeito à soberania e à ordem pública nacional, o STJ possui ampla liberdade para realizar o efetivo controle da decisão estrangeira antes de reconhecer sua eficácia no território nacional.

b) Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à homologação do Superior Tribunal de Justiça.

c) A denegação da homologação para reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira por vícios formais, não obsta que a parte interessada renove o pedido, uma vez sanados os vícios apresentados.

d) A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.

e) A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido

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convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de três meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro.

QUESTÃO 19. O Brasil é signatário da Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, sobre o tema marque a assertiva incorreta.

a) O Governo brasileiro depositou o Instrumento de Adesão da referida Convenção em 19 de outubro de 1999, passando a mesma a vigorar, para o Brasil, em 1º de janeiro de 2000.

b) O Brasil aderiu in totum à Convenção sobre os Aspectos Civis do Seqüestro Internacional de Crianças, concluída na cidade de Haia, em 25 de outubro de 1980.

c) Qualquer pessoa, instituição ou organismo que julgue que uma criança tenha sido transferida ou retirada em violação a um direito de guarda pode participar o fato à Autoridade Central do Estado de residência habitual da criança ou à Autoridade Central de qualquer outro Estado Contratante, para que lhe seja prestada assistência para assegurar o retorno da criança.

d) A aplicação da Convenção cessa quando a criança atingir a idade de dezesseis anos.

e) Comporta temperamentos a avaliação judicial de retorno de criança transferida ou retida ilicitamente em outro país, quando decorrido mais de um ano entre o sequestro e o início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante.

DIREITO PENAL

QUESTÃO 20. A respeito dos crimes contra o patrimônio, assinale a alternativa incorreta:

a) O crime de extorsão é formal.

b) No crime de extorsão a ameaça pode ter por conteúdo grave dano aos bens da vítima.

c) O preso que provoca dano ao patrimônio público na tentativa de fugir de estabelecimento prisional responderá também por este crime.

d) Quem provoca dano ao patrimônio do Distrito Federal responderá pelo crime de dano em sua forma simples.

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e) Não é possível aplicar o princípio da insignificância nas hipóteses de dano qualificado, quando o prejuízo ao patrimônio público atingir outros bens de relevância social e tornar evidente o elevado grau de periculosidade social da ação e de reprovabilidade da conduta do agente.

QUESTÃO 21. Sobre o crime de apropriação indébita previdenciária, analise as alternativas abaixo e assinale a alternativa errada.

a) O crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) é de natureza material e exige a constituição definitiva do débito tributário perante o âmbito administrativo para configurar-se como conduta típica.

b) O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, prescindindo, portanto, do dolo específico.

c) A apropriação indébita previdenciária é crime instantâneo e unissubsistente, sendo a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais suficiente para a caracterização da continuidade delitiva.

d) É possível o reconhecimento da continuidade delitiva de crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), bem como entre o crime de apropriação indébita previdenciária e o crime de sonegação previdenciária (art. 337-A do CP) praticados na administração de empresas distintas, mas pertencentes ao mesmo grupo econômico.

e) O pagamento integral dos débitos oriundos de apropriação indébita previdenciária, ainda que efetuado após o trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue a punibilidade, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/03.

QUESTÃO 22. Com base no posicionamento dos tribunais superiores, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:

I. O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem que sabe ser produto de crime.

II. No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do acusado, caberá à defesa apresentar prova acerca da origem lícita da res ou de sua conduta culposa (art. 156 do CPP), sem que se possa falar em inversão do ônus da prova.

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III. Talonário de cheques pode ser objeto material do crime de receptação, dada a existência de valor econômico do bem e a possibilidade de posterior utilização fraudulenta para obtenção de vantagem ilícita.

IV. Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002.

a) Está incorreta apenas a assertiva III.

b) Estão erradas as assertivas II e IV.

c) Estão corretas as assertivas I, II e III.

d) Estão incorretas as assertivas I e IV.

e) Todas estão corretas.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 23. Sobre o inquérito policial, é incorreto afirmar que:

a) A tramitação do inquérito policial é feita necessariamente entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, devendo, tão logo instaurado, ser distribuído no âmbito do Poder Judiciário para o acompanhamento de sua tramitação.

b) A condução do inquérito policial pelo Delegado de Polícia é feita de maneira discricionária, cabendo-lhe realizar, de ofício, diligências e perícias para a elucidação dos fatos, tais como perícias em armas de fogo, em substâncias entorpecentes.

c) As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

d) O membro do Ministério Público que participou das investigações efetivadas no inquérito Policial, requerendo diligências ou as promovendo, não está impedido de oferecer a denúncia contra o investigado.

e) O despacho de indiciamento no curso de inquérito policial não prescinde de motivação.

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QUESTÃO 24. Ainda sobre o inquérito policial, assinale a alternativa incorreta:

a) A definição da Autoridade Policial responsável pela investigação de delito de competência da Justiça Estadual é, em regra, definida pelo local do crime, podendo ser transferida para a Autoridade Policial Federal caso o delito tenha repercussões interestaduais ou até transnacionais.

b) Nas infrações penais de menor potencial, que abrangem as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapassem dois anos de privação de liberdade, a Lei nº 9.099/95 contempla a existência de termo circunstanciado da ocorrência como substitutivo do inquérito policial.

c) No atual modelo constitucional do processo penal brasileiro, o Inquérito Policial deve ser considerado como imprescindível para o oferecimento da ação penal, dada a necessidade de um suporte probatório mínimo em que se deva lastrear a acusação.

d) A representação, nos casos em que a lei a exija, deve demonstrar inequivocamente o interesse do ofendido em dar ensejo à abertura da persecução penal, razão pela qual o instrumento onde consubstanciada não prescinde de um rigor formal.

e) Muito embora se garanta ao advogado o acesso ao inquérito policial sem procuração, este direito não é absoluto, não ocorrendo, por exemplo, nos processos que tramitam sob sigilo. Nestes, será imprescindível a apresentação do instrumento de procuração.

QUESTÃO 25. Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta acerca do inquérito policial e da ação penal.

I - Na ação penal condicionada à representação, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

II – O inquérito policial poderá ser iniciado a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, ou de ofício, ou ainda mediante requisição do Ministério Público, caso em que sua instauração é obrigatória pelo Delegado de Polícia.

III – Quando a requisição de instauração de inquérito for emanada da Autoridade Judiciária, não é de cumprimento obrigatório pelo Delegado de Polícia.

IV – Na noticia criminis de cognição coercitiva, a Autoridade Policial toma conhecimento do delito por meio de um ato formal denominado delatio criminis;

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V – De acordo com o entendimento doutrinário dominante, concluído o inquérito policial, deverá ser remetido à Autoridade Judiciária, a quem cabe o controle dos prazos para o oferecimento da denúncia pelo órgão acusatório.

a) Todas as afirmações estão corretas.

b) Todas as afirmações estão incorretas.

c) Apenas I, II, III estão corretas.

d) Apenas I, III e IV estão corretas

e) Apenas I, III, e IV estão corretas.

DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL

QUESTÃO 26. Marque a alternativa INCORRETA.

a) Os direitos da personalidade podem ser objeto de disposição voluntária, desde que não permanente nem geral, estando seu exercício condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua utilização estar de acordo com o contrato.

b) É trienal o prazo de prescrição para fiador que pagou integralmente dívida, objeto de contrato de locação, pleitear o ressarcimento dos valores despendidos contra os locatários inadimplentes.

c) Para efeitos de Reforma Agrária, considera-se pequena propriedade o imóvel rural de área até quatro módulos fiscais, respeitada a fração mínima de parcelamento.

d) Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos.

e) Segundo entende o STJ, o aval exige outorga uxória ou marital.

QUESTÃO 27. Sobre o direito real de laje, marque a alternativa INCORRETA.

(Esclarecimento – embora o direito real de laje ainda não tenha sido incluído na Resolução CJF n. 67/2009, especificamente no programa da magistratura federal, sua inclusão é iminente, o que aconselha a iniciar desde agora o estudo desse instituto).

a) Pode ter por objeto imóvel público.

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b) Seu titular, além dos poderes de uso e gozo, tem ainda o poder de dispor de sua unidade imobiliária autônoma, constituída em matrícula própria.

c) A instituição do direito real de laje implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas.

d) O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.

e) A ruína da construção-base não implica a extinção do direito real de laje se a construção-base for reconstruída no prazo de cinco anos.

QUESTÃO 28. Marque a alternativa INCORRETA.

a) No que tange a Registros Públicos, os atos relativos a vias férreas serão registrados no cartório correspondente à estação inicial da respectiva linha.

b) No que tange a Parcelamento do Solo, o lote poderá ser constituído sob a forma de imóvel autônomo ou de unidade imobiliária integrante de condomínio de lotes.

c) É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.

d) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.

e) A fundação poderá constituir-se para fins de conservação do meio ambiente.

DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 29. Considerando a incidência do Código de Defesa do Consumidor sobre os contratos de compra e venda de imóvel, julgue os itens a seguir à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

I – É válida a cláusula contratual que transfere ao promitente comprador a obrigação de pagar comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço total de aquisição com destaque do valor da comissão.

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II – É abusiva a cobrança, pelo promitente comprador, de assessoria técnico-imobiliária, vinculada à celebração de contrato de promessa de compra e venda.

III – Prescreve em cinco anos a pretensão de restituição dos valores pagos à título de comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária.

IV – É abusiva a cláusula contratual que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, por culpa de quaisquer contratantes.

a) Apenas II e IV estão corretos.

b) Apenas I, II e III estão corretos.

c) Apenas I, II e IV estão corretos.

d) Apenas I e IV estão corretos.

e) Todas estão corretos.

QUESTÃO 30. Sobre a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, analise as proposições a seguir à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

I - Os contratos firmados no âmbito do Programa de Financiamento Estudantil - Fies subsumem-se às regras encartadas no Código de Defesa do Consumidor, reputando-se abusiva a cobrança de juros capitalizados.

II – Entre o advogado e seus clientes há uma relação de natureza contratual que se sujeita ao Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, não se aplicando o Código de Defesa do Consumidor.

III – A jurisprudência do STJ permite a incidência do CDC nos casos em que a parte, embora não seja destinatária final do produto ou serviço, esteja em situação de vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica em relação ao fornecedor, aplicando, assim, a teoria finalista mitigada.

IV - O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica mantida entre a entidade fechada de previdência privada e seus participantes, porquanto o patrimônio da entidade e os respectivos rendimentos revertem-se integralmente na concessão e manutenção do pagamento de benefícios, prevalecendo o associativismo e o mutualismo, o que afasta o intuito lucrativo.

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a) Apenas I e II estão CORRETAS.

b) Apenas II e IV estão CORRETAS.

c) Apenas II, III e IV estão CORRETAS.

d) Apenas I, III e IV estão CORRETAS.

e) Todas estão CORRETAS.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 31. Sobre os princípios aplicáveis ao Código de Processo Civil, julgue as afirmativas abaixo, assinalando, ao final, a alternativa correta:

I – A aplicação do princípio da não surpresa impõe ao julgador que informe previamente as partes quais os dispositivos legais são passíveis de aplicação para o exame da causa.

II – O Código de Processo Civil adotou o princípio extremado do contraditório, determinando que nenhuma decisão do magistrado poderá ser proferida sem que seja previamente ouvida a parte contrária.

III – Os juízes e os tribunais atenderão, obrigatoriamente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.

IV – Qualquer pessoa que de qualquer forma participe do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

a) Os itens I e IV são verdadeiros.

b) Somente os itens II e III são falsos.

c) Todos os itens são falsos.

d) Todos os itens são verdadeiros.

e) Somente o item IV é verdadeiro.

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QUESTÃO 32. Acerca da regulamentação da denunciação da lide, julgue os itens abaixo e marque a opção correta:

I – Em sendo a denunciação da lide indeferida ou mesmo não sendo permitida, o direito regressivo poderá ser exercido por ação autônoma.

II – A denunciação da lide sucessiva só é permitida uma única vez, ainda que por salto.

III – Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciado comparece apenas para contestar o pedido do autor.

IV – Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, não sendo devida a condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

a) Os itens I e III são verdadeiros.

b) Somente os itens II e III são falsos.

c) Todos os itens são falsos.

d) Todos os itens são verdadeiros.

e) Somente o item IV é verdadeiro.

QUESTÃO 33. Julgue as assertivas a seguir e marque a opção incorreta:

a) Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão necessariamente definirá – desde logo – a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros.

b) A sentença deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.

c) Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, o juiz deverá tomá-lo em consideração, ainda que de ofício, no momento de proferir a decisão.

d) A sentença não será considerada fundamentada caso deixe de enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.

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e) No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 ALTERNATIVA CQUESTÃO 2 ALTERNATIVA CQUESTÃO 3 ALTERNATIVA AQUESTÃO 4 ALTERNATIVA CQUESTÃO 5 ALTERNATIVA DQUESTÃO 6 ALTERNATIVA CQUESTÃO 7 ALTERNATIVA EQUESTÃO 8 ALTERNATIVA DQUESTÃO 9 ALTERNATIVA D

QUESTÃO 10 ALTERNATIVA AQUESTÃO 11 ALTERNATIVA BQUESTÃO 12 ALTERNATIVA BQUESTÃO 13 ALTERNATIVA DQUESTÃO 14 ALTERNATIVA DQUESTÃO 15 ALTERNATIVA CQUESTÃO 16 ALTERNATIVA EQUESTÃO 17 ALTERNATIVA DQUESTÃO 18 ALTERNATIVA EQUESTÃO 19 ALTERNATIVA BQUESTÃO 20 ALTERNATIVA CQUESTÃO 21 ALTERNATIVA EQUESTÃO 22 ALTERNATIVA CQUESTÃO 23 ALTERNATIVA AQUESTÃO 24 ALTERNATIVA CQUESTÃO 25 ALTERNATIVA CQUESTÃO 26 ALTERNATIVA EQUESTÃO 27 ALTERNATIVA CQUESTÃO 28 ALTERNATIVA AQUESTÃO 29 ALTERNATIVA CQUESTÃO 30 ALTERNATIVA CQUESTÃO 31 ALTERNATIVA EQUESTÃO 32 ALTERNATIVA AQUESTÃO 33 ALTERNATIVA A

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: Lucas Fernandes CalixtoE-mail: [email protected]

DIREITO CONSTITUCIONAL

QUESTÃO 1. Sobre a imunidade material de Deputados Federais e Senadores da República é correto afirmar:

a) A imunidade parlamentar material (art. 53 da CF/88) é ilimitada, protegendo parlamentares federais qualquer que seja o teor de sua manifestação e em qualquer recinto (público ou privado, fora ou dentro do Parlamento);

b) Palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias que não possuem vínculo com o exercício das funções de um parlamentar, estão protegidos pela imunidade material em qualquer recinto (público ou privado, fora ou dentro do Parlamento);

c) As ofensas recíprocas, sem pertinência com a atividade parlamentar, irrogadas entre Parlamentares dentro do recinto da Casa Legislativa estão acobertadas pela imunidade material;

d) Os Deputados e Senadores, desde sua posse, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal;

e) Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser consideradas como “relacionadas ao exercício do mandato”, é sempre necessário que elas tenham teor estritamente político, não bastando que tratem de temas de interesse da sociedade ou de grupos representados no parlamento ou com pretensão à representação democrática.

COMENTÁRIO

A questão versa sobre a imunidade de Parlamentares Federais disposta no art. 53 da CF/88, tema este que surge de extrema relevância em concursos da magistratura federal, tendo um alto índice de cobrança.

No caso, a questão proposta seria facilmente resolvida com a letra da CF (assertiva “d”, incorreta) e com o conhecimento da jurisprudência do STF (especialmente o Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016, noticiado no Informativo 831 – caso “Bolsonaro”, e Inq 4177, Relator(a): Min. EDSON

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FACHIN, Primeira Turma, julgado em 12/04/2016 – caso “Jean Wyllys x Joao Rodrigues”).

Gabarito da questão proposta: alternativa “c”

Assertiva a: Assertiva incorreta.

A imunidade material não é ilimitada, devendo ser analisada sob dois contextos: I) manifestação dentro ou fora do Parlamento; II) manifestação diz ou não respeito ao exercício da função.

No caso de manifestações dentro do Parlamento, o STF vem entendendo que a imunidade é absoluta, não obstante a recente decisão no Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016 (“Caso Bolsonaro”). No ponto, vale mencionar que o STF não excepcionou seu entendimento, vez que considerou que as ofensas só vieram a público em razão de divulgação pela imprensa.

Vejamos:

Incitação ao crime de estupro, injúria e imunidade parlamentar - 1

A Primeira Turma, em julgamento conjunto e por maioria, recebeu denúncia pela suposta prática de incitação ao crime (CP, art. 286) e queixa-crime apenas quanto à alegada prática de injúria (CP, art 140), ambos os delitos imputados a deputado federal. Os crimes dizem respeito a declarações proferidas na Câmara dos Deputados e, no dia seguinte, divulgadas em entrevista concedida à imprensa. No caso, o parlamentar afirmara que deputada federal “não merece ser estuprada, por ser muito ruim, muito feia, não fazer seu gênero” e acrescentara que, se fosse estuprador, “não iria estuprá-la porque ela não merece”. A Turma assinalou que a garantia constitucional da imunidade material protege o parlamentar, qualquer que seja o âmbito espacial em que exerça a liberdade de opinião, sempre que suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa ou tenham sido proferidas em razão dela. Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser relacionadas ao exercício do mandato, devem revelar teor minimamente político, referido a fatos que estejam sob debate público, sob investigação em CPI ou em órgãos de persecução penal ou, ainda, sobre qualquer tema que seja de interesse de setores da sociedade, do eleitorado, de organizações ou quaisquer grupos representados no parlamento ou com pretensão à representação democrática. Consequentemente, não há como relacionar ao desempenho da função legislativa, ou de atos praticados em razão do exercício de mandato parlamentar, as palavras e opiniões meramente pessoais, sem relação com o debate democrático de fatos ou ideias e, portanto, sem vínculo com o exercício das funções cometidas a um parlamentar. Na hipótese, trata-se de declarações que não guardam relação com o exercício do mandato. Não obstante a jurisprudência do STF tenha entendimento no sentido da impossibilidade de responsabilização do parlamentar quando as palavras tenham sido proferidas no recinto da Câmara dos Deputados, as declarações foram

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proferidas em entrevista a veículo de imprensa, não incidindo, assim, a imunidade. O fato de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que a concedera é meramente acidental, já que não foi ali que se tornaram públicas as ofensas, mas sim por meio da imprensa e da internet. Portanto, cuidando-se de declarações firmadas em entrevista concedida a veículo de grande circulação, cujo conteúdo não se relaciona com a garantia do exercício da função parlamentar, não incide o art. 53 da CF.

Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. (Inq-3932)

Pet 5243/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016. (Pet-5243)

Note que a Corte, reconhecendo que sua jurisprudência trilha o entendimento de que o Parlamentar dentro da Casa Legislativa goza de imunidade mais ampla se comparada à manifestação que ocorre fora do ambiente Legislativo, fez consignar que, no caso “Bolsonaro”, o fato de a manifestação sido proferida em seu gabinete teve cunho acidental, já que o que deu publicidade às ofensas foi a imprensa.

O STF, assim, relevou de certa forma seus precedentes, admitindo a responsabilização, eis que foi a partir da publicação pela imprensa que as ofensas vieram a público. De todo modo, a Corte em nenhum momento foi categórica em afirmar a superação de seus precedentes que concedem imunidade ao Parlamentar dentro da Casa Legislativa, ainda quando a manifestação não tenha correlação com seu mandato.

Confira-se o seguinte precedente do STF que aponta para a imunidade ampla dentro do ambiente parlamentar:

“A palavra ‘inviolabilidade’ significa intocabilidade, intangibilidade do parlamentar quanto ao cometimento de crime ou contravenção. Tal inviolabilidade é de natureza material e decorre da função parlamentar, porque em jogo a representatividade do povo. (...)

Assim, é de se distinguir as situações em que as supostas ofensas são proferidas dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas irrogadas fora do Parlamento é de se perquirir da chamada ‘conexão com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar’ (Inq 390 e 1.710). Para os pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria Casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa. No caso, o discurso se deu no plenário da Assembleia Legislativa, estando, portanto, abarcado pela inviolabilidade. Por outro lado, as entrevistas concedidas à imprensa pelo acusado restringiram-se a resumir e comentar a citada manifestação da tribuna, consistindo, por isso, em mera extensão da imunidade material.” (STF. Plenário. Inq 1.958, Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgado em 29/10/2003).

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No mesmo sentido: STF. 1ª Turma. RE 463671 AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 19/06/2007.

Em síntese (vide: http://www.dizerodireito.com.br/2016/07/entenda-decisao-do-stf-que-recebeu.html):

- Ofensas feitas DENTRO do Parlamento: a imunidade é absoluta. O parlamentar é imune mesmo que a manifestação não tenha relação direta com o exercício de seu mandato.

- Ofensas feitas FORA do Parlamento: a imunidade é relativa. Para que o parlamentar seja imune, é necessário que a manifestação feita tenha relação com o exercício do seu mandato.

Já no contexto fora do Parlamento, há necessidade de que as manifestações tenham, ainda que minimamente, cunho político.

O próprio caso (Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016) que embasa parte da presente questão já deixa claro que a imunidade não ilimitada, tanto que, no caso, o STF decidiu pelo recebimento da denúncia em face do Parlamentar. De todo modo, reitera-se que não parece que o caso em questão se constitua em exceção da jurisprudência já firmada pela Corte

Assertiva b: Assertiva incorreta.

Como já antecipado na assertiva anterior, no caso de manifestações do Parlamentar fora do recinto da Casa Legislativa, é imperioso o nexo de correlação entre o que é dito e o mandato parlamentar (ou, como refere o STF, que a manifestação tenha no mínimo cunho político ou diga respeito sobre qualquer tema que seja de interesse de setores da sociedade, do eleitorado, de organizações ou quaisquer grupos representados no parlamento ou com pretensão à representação democrática).

Em linhas gerais, no caso de manifestações dissociadas do mandato, somente poder-se-ia cogitar de imunidade dentro da Casa Legislativa, conforme se comentará na assertiva seguinte.

Assim, o que deixa incorreta a assertiva é a sua parte final (qualquer recinto), já que para manifestações consideradas “pessoais” não há proteção fora da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.

Assertiva c: Assertiva correta.

Como dito, o STF vem entendendo que as manifestações no Parlamento são cobertas por imunidade, não despontando o caso “Bolsonaro” como exceção, eis que a própria Corte assinala que, neste caso, o fato de a ofensa ter sido veiculada em seu gabinete foi situação “acidental”, já que a divulgação coube a imprensa.

No caso da assertiva, veja-se que são ofensas recíprocas entre Parlamentares, as quais estão acobertadas pela imunidade do art. 53 da CF/88. O paradigma na jurisprudência do STF é o “caso Jean Wyllys x Joao Rodrigues”, cuja ementa se transcreve:

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EMENTA QUEIXA. CRIME CONTRA A HONRA. CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. IMUNIDADE PARLAMENTAR. ART 53, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INCIDÊNCIA DA REGRA IMUNIZANTE MESMO QUANDO AS PALAVRAS FOREM PROFERIDAS FORA DO RECINTO DO PARLAMENTO. APLICABILIDADE AO CASO CONCRETO, POIS AS SUPOSTAS OFENSAS PROFERIDAS GUARDAM PERTINÊNCIA COM O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE PARLAMENTAR. OFENSAS IRROGADAS NO RECINTO DO PARLAMENTO. CARÁTER ABSOLUTO DA IMUNIDADE. PRECEDENTES. 1. A regra do art. 53, caput, da Constituição da República contempla as hipóteses em que supostas ofensas proferidas por parlamentares guardem pertinência com suas atividades, ainda que as palavras sejam proferidas fora do recinto do Congresso Nacional. Essa imunidade material tem por finalidade dotar os membros do Congresso Nacional da liberdade necessária ao pleno exercício da atividade parlamentar. 2. A atividade parlamentar, para além da típica função legislativa, engloba o controle da administração pública (art. 49, X, da CR), razão pela qual os congressistas, ao alardearem práticas contrárias aos princípios reitores da probidade e moralidade administrativas, encontram-se realizando atividade que se insere no âmbito de suas atribuições constitucionais. 3. A regra do art. 53, caput, da CR confere ao parlamentar uma proteção adicional ao direito fundamental, de todos, à liberdade de expressão, previsto no art. 5º, IV e IX, da CR. Mesmo quando evidentemente enquadráveis em hipóteses de abuso do direito de livre expressão, as palavras dos parlamentares, desde que guardem pertinência com a atividade parlamentar, estarão infensas à persecução penal. 4. Configura-se, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como absoluta a imunidade material parlamentar quando as palavras tidas por ofensivas forem proferidas no recinto do Parlamento, dispensando-se a configuração da pertinência entre as ofensas irrogadas e o exercício da atividade parlamentar. Precedentes. 5. Queixa rejeitada. (Inq 4177, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 12/04/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-124 DIVULG 15-06-2016 PUBLIC 16-06-2016)

Assertiva d: Assertiva incorreta, podendo ser respondida com mera leitura da CF.

Note-se que os Deputados e Senadores estão submetidos a julgamento perante o STF desde a expedição do diploma (art. 53, §1º da CF/88), e não da posse como incorretamente consta da alternativa.

Veja-se que diplomação e posse não se confundem, sendo que aquela (diplomação) precede esta (posse) nos termos do art. 4º do Regimento Interno do Senado Federal. Assim, o parlamentar, depois de eleito, tem expedido o diploma pela Justiça Eleitoral, o qual atesta a sua regular eleição, para somente em momento posterior tomar posse (ato público formal pelo qual o parlamentar se investe no mandato).

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Como referido, o foro por prerrogativa de função se inicia com a expedição do diploma (art. 53, §1º da CF/88) e não com a posse.

Assertiva e: A assertiva encontra-se incorreta, uma vez que o STF exige que as manifestações tenham cunho “minimamente” político e não estritamente político como refere a assertiva.

Ademais, é de todo intuitivo que temas de interesse da sociedade ou de grupos representados no parlamento ou com pretensão à representação democrática trazem, de forma intrínseca, o cunho político exigido pela Corte Suprema. Note excerto do julgamento do “Caso Bolsonaro”:

“Para que as afirmações feitas pelo parlamentar possam ser relacionadas ao exercício do mandato, devem revelar teor minimamente político, referido a fatos que estejam sob debate público, sob investigação em CPI ou em órgãos de persecução penal ou, ainda, sobre qualquer tema que seja de interesse de setores da sociedade, do eleitorado, de organizações ou quaisquer grupos representados no parlamento ou com pretensão à representação democrática.” (Inq 3932/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.6.2016, noticiado no Informativo 831)

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 2. Com relação à competência, julgue os itens a seguir:

I. Compete à Justiça Federal a condução de inquérito policial no qual se apura suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízo de vítimas particulares que teriam efetuado o pagamento de custas processuais a tribunal de conciliação irregular, criado sem registro do CONIMA (Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem);

II. Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art. 241-A do ECA nas hipóteses em que há a constatação da internacionalidade da conduta, bem como nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via whatsapp ou por meio de chat na rede social facebook;

III. Não compete à Justiça federal processar e julgar queixa-crime proposta por particular contra particular, somente pelo fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na Procuradoria do Trabalho;

IV. A Justiça do Trabalho é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas;

V. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime ambiental de caráter

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transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil

Estão corretos os itens:

a) I e III;

b) I, III e IV;

c) III;

d) II e V;

e) Nenhum item está correto.

COMENTÁRIO

A questão versa sobre tema de bastante incidência nos concursos da magistratura federal, que é a disciplina referente à competência. Nas questões, em geral, são cobrados os entendimentos do STF/STJ, que podem ser estudados a partir dos Informativos divulgados pelas Cortes.

No caso, a questão proposta teve por base entendimentos sufragados no âmbito do STJ, em análise de conflitos de competência, além de julgados do STF. São decisões recentes, todas publicadas nos Informativo de Jurisprudência das Cortes.

Adiantando a análise das assertivas, a resposta correta é a “c” (apenas III é verdadeira). Vamos aos comentários de cada uma das assertivas.

Gabarito da questão proposta: alternativa “c” (apenas a III verdadeira).

Assertiva I – falsa

A assertiva trata da competência criminal da Justiça Federal enunciada no art. 109, IV da CF/88. Para que seja atraída a competência, é mister que as infrações penais tenham sido praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções penais e ressalvada a competência das Justiça Militar e Eleitoral.

Pois bem, a assertiva deixa claro que o estelionato foi praticado entre vítimas particulares. O fato de o Tribunal de Conciliação ser irregular não atrai, por si, a competência da Justiça Federal, mormente porque o CONIMA se constitui em entidade privada. Confira-se o julgado noticiado no Informativo 597 do STJ:

TERCEIRA SEÇÃO

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Processo CC 146.726-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 14/12/2016, DJe 1/2/2017.

Tema

Conflito negativo de competência. Justiça Federal X Justiça Estadual. Inquérito Policial. Falso Tribunal Internacional de Justiça e Conciliação.

Destaque

Compete à Justiça Estadual a condução de inquérito policial no qual se apura suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízo de vítimas particulares mantidas em erro mediante a criação de falso Tribunal Internacional de Justiça e Conciliação para solução de controvérsias.

Informações do Inteiro Teor

A discussão refere-se a conflito negativo de competência suscitado por Juízo Federal em face de decisão de Juízo de Direito que se reputou incompetente para conduzir inquérito policial instaurado para apurar a prática, em tese, de estelionato (art. 171 do CP). As vítimas do referido crime teriam pago a um tribunal de conciliação irregular – Tribunal Internacional de Justiça e Conciliação – determinada quantia, a título de custas processuais. Este órgão de conciliação não tinha registro junto ao Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem – CONIMA. Com efeito, a ausência de registro do tribunal, por si só, não tem o condão de revelar interesse da União, de suas autarquias ou de empresas públicas federais na persecução criminal dos investigados. Em consulta ao estatuto social do CONIMA verifica-se que ele é uma sociedade civil sem fins lucrativos. Não consta, dentre os objetivos elencados no art. 2º de seu estatuto, a fiscalização de instituições de arbitragem, nem tampouco a obrigatoriedade de filiação ao Conselho para revestir de legalidade a instituição de mediação e arbitragem. Mas, ainda que assim não fosse, trata-se, nitidamente, de instituição privada que congrega, como associados, outras instituições privadas, daí por que nem a ausência de registro no CONIMA, nem tampouco a falsa representação de uma instituição como tribunal de arbitragem, têm o condão de lesar diretamente interesse da União, de suas autarquias ou de empresas públicas federais, afastando-se, por consequência, a competência da Justiça Federal. Ademais, o Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores foi instituído a partir da entrada em vigor do novo CPC e é mantido pelo Conselho Nacional de Justiça, sendo regulamentado pela Emenda n. 2, que atualizou a Resolução CNJ n. 125/2010. Da nova legislação, é possível depreender a existência de cadastros específicos de mediadores e conciliadores junto à Justiça Estadual ou Federal, de acordo com as controvérsias específicas levadas à conciliação. E, no caso, a controvérsia girava em torno de acidente de trânsito, o que,

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mais uma vez, aponta para um possível cadastro na Justiça Estadual, assim como para a competência da Justiça Estadual.

Assertiva considerada falsa.

Assertiva II – falsa

Mais uma assertiva baseada na competência criminal da Justiça Federal. É assente na jurisprudência que o crime do art. 241-A do ECA é da competência da Justiça Federal quando há elemento de internacionalidade na conduta. Não havendo este, a competência passa a ser da Justiça Estadual, como no caso de troca de mensagens privadas (via whatsapp ou facebook, conforme consta da assertiva) ou mesmo via email.

Confira-se o julgado que embasa a questão e que foi publicado no Informativo 603 do STJ:

TERCEIRA SEÇÃO

Processo

CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 26/4/2017, DJe 2/5/2017.

Tema

Conflito negativo de competência. Justiça Federal versus Justiça Estadual. Inquérito policial. Divulgação de imagem pornográfica de adolescente via whatsapp e em chat no facebook. Art. 241-A da Lei 8.069/1990 (ECA). Internacionalidade. Inexistência. Competência da justiça estadual.

Destaque

Compete à Justiça Federal a condução do inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art. 241-A do ECA nas hipóteses em que há a constatação da internacionalidade da conduta e à Justiça Estadual nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via whatsapp ou por meio de chat na rede social facebook.

Informações do Inteiro Teor

Cinge-se a discussão a definir se compete à Justiça Federal ou à Justiça Estadual a condução de inquérito policial que investiga o cometimento, em tese, de crime de compartilhamento de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (art. 241-A da Lei 8.069/90), que foram trocadas por particulares, via Whatsapp e por meio de chat na rede social Facebook. Em 29/10/2015, a matéria foi posta a exame do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n. 628.624-MG, em sede de repercussão geral, ocasião em que ficou assentado que a

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fixação da competência da Justiça Federal para o julgamento do delito do art. 241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (divulgação e publicação de conteúdo pedófilo-pornográfico) pressupõe a possibilidade de identificação do atributo da internacionalidade do resultado obtido ou que se pretendia obter. Observe-se que a constatação da internacionalidade do delito demandaria apenas que a publicação do material pornográfico tivesse sido feita em “ambiência virtual de sítios de amplo e fácil acesso a qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, que esteja conectado à internet”, independentemente da ocorrência efetiva de acesso no estrangeiro. Por sua vez, tanto no aplicativo WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecidos na rede social Facebook, a comunicação se dá entre destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está acessível a qualquer pessoa. Assim sendo, não preenchido o requisito estabelecido pela Corte Suprema, de que a postagem de conteúdo pedófilo-pornográfico tenha sido feita em cenário propício ao livre acesso, deve-se ter em conta que a definição do Juízo competente em tais hipóteses se dá em razão do âmbito de divulgação e publicação do referido conteúdo, o que revela a competência da Justiça Estadual.

Assim, a assertiva II é falsa.

Assertiva III – verdadeira

Assertiva verdadeira e que demanda muita atenção do candidato. Veja-se que, no caso da assertiva, se está a tratar de queixa-crime envolvendo dois particulares. Nesse caso, não há atração de competência do Juízo Federal, independentemente de o suposto delito ter sido praticado durante depoimento prestado à Procuradoria do Trabalho.

Diferentemente seria o caso da perpetração do delito de falso testemunho praticado perante a Procuradoria do Trabalho. Neste caso, considerando que o MPT faz parte do MPU, eventual cometimento de falso testemunha atingiria interesse da União, podendo incidir, ainda que por analogia, o entendimento cristalizado pelo STJ na Súmula 106: “compete a justiça federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista.”

Segue o julgado noticiado no Informativo 593 do STJ:

TERCEIRA SEÇÃO

Processo CC 148.350-PI, Rel. Min. Felix Fischer, por unanimidade, julgado em 9/11/2016, DJe 18/11/2016.

Tema

Conflito negativo de competência. Crimes contra a honra de particular supostamente cometidos durante depoimento prestado à Procuradoria do Trabalho. Competência da Justiça estadual.

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Destaque

Não compete à Justiça federal processar e julgar queixa-crime proposta por particular contra particular, somente pelo fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na Procuradoria do Trabalho.

Informações do Inteiro Teor

Tratou-se de conflito de competência negativo em razão da divergência entre Juízo federal e Juízo estadual para processar e julgar ações penais privadas nas quais se buscava apurar a prática dos crimes de calúnia e difamação pelos querelados, em depoimento prestado em inquérito civil instaurado por Procuradoria Regional do Trabalho. Estando em análise nas queixas-crime a prática de delitos contra a honra, e não de falso testemunho, tampouco se vislumbrando nos autos indícios de que os depoimentos prestados por querelados perante o parquet trabalhista são falsos, estaremos diante de verdadeira relação entre particulares e não haverá nenhum interesse ou violação de direito que afete a União, de modo que a causa não se enquadrará em nenhuma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal e não incidirá, assim, a Súmula n. 165 do STJ, que assim dispõe: “compete a justiça federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista.”

Assertiva considerada verdadeira.

Assertiva IV – falsa

Trata-se de caso recentemente julgado pelo STF e que fixou tese de repercussão geral (Tema 544) assentando que compete à Justiça Comum, federal ou estadual, o julgamento de abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquia e fundações públicas, afastando, destarte, a competência da Justiça do Trabalho.

DIREITO CONSTITUCIONAL - COMPETÊNCIA

Justiça competente e servidor público celetista - 2

A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas.

Essa é a tese do Tema 544 da repercussão geral fixada, por maioria, pelo Plenário — Informativo 866.

Vencidos os ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, que afirmaram que a tese é muito abrangente e extrapola a controvérsia discutida no caso concreto, que se refere à competência para julgar a abusividade de greve de guarda municipal.

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Vencido, também, o ministro Marco Aurélio que fixou a competência da Justiça do Trabalho.

RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 1º.8.2017. (RE-846854)

Para a prova objetiva, é suficiente saber a conclusão do STF sobre o tema, até porque fixada tese de repercussão geral. Já para a questão discursiva, é de suma importância a leitura do inteiro teor do acórdão que, até a elaboração desta rodada, ainda não havia sido publicado.

Assertiva falsa, portanto.

Assertiva V – falsa

A última assertiva também diz respeito à competência criminal da Justiça Federal e, tal qual a assertiva II, demanda atenção do aluno para a transnacionalidade do delito. De fato, regra geral as infrações ambientais são julgadas pela Justiça Estadual (neste sentido, inclusive, o cancelamento da antiga Súmula 91 do STJ, que detinha o seguinte texto: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna.”).

Ocorre que, constatada a transcionalidade do delito ambiental, e dizendo ele respeito a animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, a competência se firma na Justiça Federal. Eis o julgado que embasou a assertiva, noticiado no Informativo 853 do STF:

INFORMATIVO Nº 853

TÍTULO

Crime ambiental de caráter transnacional e competência

PROCESSO RE Direito Administrativo - Servidores Públicos - 835558

ARTIGO

Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Com base nesse entendimento, o Plenário deu provimento ao recurso extraordinário em que se discutia a justiça competente para processar e julgar crimes ambientais transnacionais. O Tribunal afirmou que as florestas, a fauna e a flora estão protegidas, no ordenamento jurídico inaugurado pela Constituição de 1988, como poder-dever comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (CF/1988, art. 23, VII). Ressaltou que a Carta Magna dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

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coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (CF/1988, art. 225, “caput”), incumbindo ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (CF/1988, art. 225, § 1º, VII). Asseverou que a competência da Justiça estadual é residual, em confronto com a Justiça Federal, à luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Consignou que a competência da Justiça Federal aplica-se aos seguintes crimes ambientais, que também se enquadram nas hipóteses previstas na Constituição, quando: a) atentarem contra bens, serviços ou interesses diretos e específicos da União ou de suas entidades autárquicas; b) previstos tanto no direito interno quanto em tratado ou convenção internacional, tiverem a execução iniciada no País, mas o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou na hipótese inversa; c) tiverem sido cometidos a bordo de navios ou aeronaves; d) houver grave violação de direitos humanos; ou ainda e) guardarem conexão ou continência com outro crime de competência federal, ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral, conforme previsão expressa da Constituição. A razão de ser das normas consagradas no direito interno e no direito convencional conduz à conclusão de que a transnacionalidade do crime ambiental de exportação de animais silvestres atinge interesse direto, específico e imediato da União, voltado à garantia da segurança ambiental no plano internacional, em atuação conjunta com a comunidade das nações. Portanto, o envio clandestino de animais silvestres ao exterior reclama interesse direto da União no controle de entrada e saída de animais do território nacional, bem como na observância dos compromissos do Estado brasileiro com a comunidade internacional, para a garantia conjunta de concretização do que estabelecido nos acordos internacionais de proteção do direito fundamental à segurança ambiental. Assim, a natureza transnacional do delito ambiental de exportação de animais silvestres atrai a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/1988. RE 835558/SP, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 9.2.2017. (RE-835558)

Assertiva falsa. Recomenda-se enfaticamente a leitura, para uma análise de outros casos de competência da Justiça Federal em crimes ambientais, do site Dizer o Direito mantido pelo Dr. Marcio Andre Lopes Cavalcante, no seu comentário a este julgado publicado em 01 de março de 2017 (disponível em http://www.dizerodireito.com.br/2017/03/competencia-para-julgar-crimes.html).

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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QUESTÃO 3. Assinale a alternativa correta acerca dos poderes das CPI’s (Comissões Parlamentares de Inquérito):

a) A CPI pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), quebrar o sigilo de dados telefônicos;

b) A CPI não pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), afastar o sigilo bancário e fiscal do investigado;

c) A CPI pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), determinar busca e apreensão domiciliar;

d) A CPI não pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), determinar a prisão em flagrante de testemunha pelo crime de falso testemunho;

e) A CPI pode, por autoridade própria (sem intervenção do Judiciário), decretar a constrição judicial ou medidas assecuratórias (art. 125, CPP), tais como arresto, sequestro, hipoteca ou indisponibilidade de bens.

COMENTÁRIO

A questão trata dos poderes das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), as quais são comissões formadas no seio do Poder Legislativo com o objetivo de investigar fato certo e determinado. Trata-se de tema que é cobrado com certa freqüência nos concursos da magistratura federal, notadamente nas provas objetivas realizadas pelo CESPE (caso do TRF5, cujo edital encontra-se em aberto na data de realização deste curso).

O poder das CPI’s está intimamente relacionado com a reserva constitucional de jurisdição, eis que, em determinadas matérias, a Constituição Federal outorgou exclusividade ao Poder Judiciário para deliberação. No ponto, cabe recordar o art. 5º, XI (busca domiciliar), XII (interceptação telefônica), LXI (decretação de prisão de qualquer pessoas em hipóteses outras que não o flagrante delito).

Note-se que consta da Constituição Federal que as CPI’s terão poderes de investigação próprio das autoridades judiciais (art. 58, §3 da CF/88), o que deve ser entendido como poderes de instrução próprio das autoridades judiciais. Entender de forma diversa seria violar a própria Constituição exatamente nas chamadas cláusulas de reserva de jurisdição acima referidas.

A CPI, assim, realiza verdadeira investigação materializada no inquérito parlamentar, o qual se qualifica como um “…procedimento jurídico-constitucional revestido de autonomia e dotado de finalidade própria” (MS 23.652, Rel. Min. Celso de Mello, j. 22.11.2000).

Diante disso, levando em consideração que os poderes das CPI’s são limitados pela reserva de jurisdição da Constituição, e visando sistematizar o estudo da matéria, apresento quadro com os

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poderes da CPI (o que a Comissão pode ou não pode por autoridade própria – ou seja, sem a intervenção do Poder Judiciário), a fim de responder satisfatoriamente ao questionamento proposto:

A CPI PODE A CPI NÃO PODEAfastar os sigilos bancário e fiscal do investigado (artigo 4º, §1º, LC 105/01 menciona expressamente a CPI);

Determinar a BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR.

Quebrar o sigilo de dados telefônicos;Decretar a INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA (artigo 5º XII, CF).

Notificar testemunhas, informantes e investigados. (Se não comparecerem, pode determinar a condução coercitiva. Todos estão obrigados a depor na CPI, mas algumas autoridades podem marcar hora, dia e local, desde que não haja abuso desse direito). O investigado tem direito ao silêncio. As CPIs, sejam da Câmara, sejam do Senado ou do próprio Congresso Nacional (CPMI), devem absoluto respeito ao princípio federativo, e, conseqüentemente, à autonomia dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, cujas gestões da coisa pública devem ser fiscalizadas pelos respectivos legislativos. Não pode a CPI convocar juiz para depoimento sobre decisão judicial, pois ofenderia o princípio da separação dos poderes e o privilégio de foro, isto está inclusive no Reg. Int. do Senado – (INF 194);

Proibir que o cidadão saia da comarca ou país.

Prender em flagrante por falso testemunho. O investigado NÃO, pois não é testemunha. A testemunha tem o direito de se calar no que possa produzir prova contra si, como direito a não auto-incriminação;

Decretar prisão (subtração ou restrição da liberdade de locomoção). CUIDADO: Poderá decretar prisão em flagrante, uma vez que esta não está sob a reserva constitucional de jurisdição.

Prender em flagrante por desacato à autoridade. EXEMPLO: agredir um membro da CPI;Determinar a realização de diligências. EXEMPLOS: vistorias, exames, perícias, busca e apreensão não domiciliar. CUIDADO: não poderá, contudo, decretar medidas assecuratórias como as do art. 125 e seguintes do CPP, já que reservadas ao poder de cautela do Juiz;

Determinar constrição judicial ou medidas assecuratórias (artigo 125, CPP): arresto, seqüestro, hipoteca ou indisponibilidade de bens.

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Requisitar (determinar) auxílio de servidores públicos. EXEMPLO: requisitar auditores da Receita Federal e do Banco Central.

Assim, à vista do quadro sistematizado acima:

Gabarito da questão proposta: Alternativa “a”.

Assertiva a: Assertiva correta.

Como visto, o que está sob abrigo da cláusula de reserva de jurisdição são as COMUNICAÇÕES telefônicas, isto é, não pode a CPI sob pena de infringir o disposto no art. 5º, XII, determinar a interceptação telefônica. A quebra do sigilo de dados telefônicos (sem interceptação – “grampo”) é possível.

No ponto, destaque-se antigo julgado do STF:

E M E N T A: COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - PODERES DE INVESTIGAÇÃO (CF, ART. 58, §3º) - LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS - LEGITIMIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL - POSSIBILIDADE DE A CPI ORDENAR, POR AUTORIDADE PRÓPRIA, A QUEBRA DOS SIGILOS BANCÁRIO, FISCAL E TELEFÔNICO - NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DO ATO DELIBERATIVO - DELIBERAÇÃO DA CPI QUE, SEM FUNDAMENTAÇÃO, ORDENOU MEDIDAS DE RESTRIÇÃO A DIREITOS - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. – (…) LIMITAÇÕES AOS PODERES INVESTIGATÓRIOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. - A Constituição da República, ao outorgar às Comissões Parlamentares de Inquérito “poderes de investigação próprios das autoridades judiciais” (art. 58, § 3º), claramente delimitou a natureza de suas atribuições institucionais, restringindo-as, unicamente, ao campo da indagação probatória, com absoluta exclusão de quaisquer outras prerrogativas que se incluem, ordinariamente, na esfera de competência dos magistrados e Tribunais, inclusive aquelas que decorrem do poder geral de cautela conferido aos juízes, como o poder de decretar a indisponibilidade dos bens pertencentes a pessoas sujeitas à investigação parlamentar. A circunstância de os poderes investigatórios de uma CPI serem essencialmente limitados levou a jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal a advertir que as Comissões Parlamentares de Inquérito não podem formular acusações e nem punir delitos (RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD), nem desrespeitar o privilégio contra a auto-incriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha (RDA 196/197, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 79.244-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE), nem decretar a prisão de qualquer pessoa, exceto nas hipóteses de flagrância (RDA 196/195, Rel.

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Min. CELSO DE MELLO - RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD). OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO. (…) A QUEBRA DO SIGILO CONSTITUI PODER INERENTE À COMPETÊNCIA INVESTIGATÓRIA DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO. - O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide sobre os dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações telefônicas) - ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado no art. 5º, X, da Carta Política - não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz natural derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria Constituição da República, aos órgãos de investigação parlamentar. As Comissões Parlamentares de Inquérito, no entanto, para decretarem, legitimamente, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário, do sigilo fiscal e/ou do sigilo telefônico, relativamente a pessoas por elas investigadas, devem demonstrar, a partir de meros indícios, a existência concreta de causa provável que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera de intimidade de quem se acha sob investigação), justificando a necessidade de sua efetivação no procedimento de ampla investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração do inquérito parlamentar, sem prejuízo de ulterior controle jurisdicional dos atos em referência (CF, art. 5º, XXXV). - As deliberações de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, à semelhança do que também ocorre com as decisões judiciais (RTJ 140/514), quando destituídas de motivação, mostram-se írritas e despojadas de eficácia jurídica, pois nenhuma medida restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem que o ato que a decreta seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal. - O caráter privilegiado das relações Advogado-cliente: a questão do sigilo profissional do Advogado, enquanto depositário de informações confidenciais resultantes de suas relações com o cliente. (…) (MS 23452, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/1999, DJ 12-05-2000 PP-00020 EMENT VOL-01990-01 PP-00086)

Assertiva b: Assertiva incorreta.

O julgado acima transcrito evidencia que a quebra do sigilo de dados (bancário e fiscal) não está protegido sob a cláusula de reserva de jurisdição, o que consta, inclusive, do artigo 4º, §1º, LC 105/01 que menciona expressamente a CPI. (sobre sigilo bancário confira-se ainda a importante decisão do STF tomada no bojo do RE 601.314 – repercussão geral – que considerou constitucional o art. 6º da LC 105/01, que trata sobre a possibilidade da Receita Federal ter acesso direto aos dados bancários dos contribuintes).

Assim, pode a CPI quebrar, sem intervenção do Judiciário, o sigilo de dados bancário e fiscal, o que torna a assertiva incorreta.

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Assertiva c: Assertiva incorreta.

A incorreção da assertiva reside no fato de que a busca domiciliar é protegida pela reserva de jurisdição, na forma do art. 5º, XI, de modo a impossibilitar a atuação da CPI sem que haja intervenção do Poder Judiciário.

Confira-se julgado publicado no vetusto Informativo 212 do STF:

CPI e Reserva Constitucional de Jurisdição

As Comissões Parlamentares de Inquérito não podem determinar a busca e apreensão domiciliar, por se tratar de ato sujeito ao princípio constitucional da reserva de jurisdição, ou seja, ato cuja prática a CF atribui com exclusividade aos membros do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XI: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;”). Com base nesse entendimento, o Tribunal deferiu mandado de segurança contra ato da CPI do Narcotráfico que ordenara a busca e apreensão de documentos e computadores na residência e no escritório de advocacia do impetrante - para efeito da garantia do art. 5º, XI, da CF, o conceito de casa abrange o local reservado ao exercício de atividade profissional -, para determinar a imediata devolução dos bens apreendidos, declarando ineficaz a eventual prova decorrente dessa apreensão. Ponderou-se, ainda, que o fato de ter havido autorização judicial para a perícia dos equipamentos apreendidos não afasta a ineficácia de tais provas, devido à ilegalidade da prévia apreensão. Precedente citado: MS 23.452-RJ (DJU de 12.5.2000, v. Transcrições dos Informativos 151 e 163).

MS 23.642-DF, rel. Min. Néri da Silveira, 29.11.2000. (MS-23642)

Assertiva d: Assertiva incorreta.

A prisão em flagrante não se encontra abarcada na reserva de jurisdição do art. 5º, LXI da CF/88. Note que o aludido artigo refere que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”, o que torna possível a prisão em flagrante por autoridades não judiciárias (por exemplo, polícia militar ou mesmo a CPI tratada na presente questão).

Assertiva e: Assertiva incorreta.

Como já referido, as medidas assecuratórias (arresto, seqüestro e indisponibilidade) encontram-se inseridas dentro do poder geral de cautela do juiz, sendo atos tipicamente jurisdicionais. Não estão, portanto, ao alcance das CPI’s. Confira-se antigo julgado noticiado no Informativo 158 do STF:

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CPI e Poderes de Investigação - 1

As Comissões Parlamentares de Inquérito - CPI têm poderes de investigação vinculados à produção de elementos probatórios para apurar fatos certos e, portanto, não podem decretar medidas assecuratórias para garantir a eficácia de eventual sentença condenatória (CPP, art. 125), uma vez que o poder geral de cautela de sentenças judiciais só pode ser exercido por juízes. Com esse entendimento, o Tribunal deferiu mandado de segurança para tornar sem efeito ato do Presidente da chamada CPI dos Bancos que decretara a indisponibilidade dos bens dos impetrantes. Precedente citado: MS 23.452-DF (DJU de 8.6.99; Leia o inteiro teor da decisão na seção de Transcrições do Informativo 151).

MS 23.446-DF, rel. Min. Ilmar Galvão, 18.8.99.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

PROFESSOR: EMMANUEL MASCENA DE MEDEIROSE-mail: [email protected]

DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 4. Julgue os itens a seguir e, após, assinale a alternativa correta:

I - Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

II - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não estão sujeitas às sanções previstas na Lei n. 12.846/13, que dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública.

III - É vedado à empresa pública e à sociedade de economia mista realizar, em ano de eleição para cargos do ente federativo a que sejam vinculadas, despesas com publicidade e patrocínio que excedam a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito ou no último ano imediatamente anterior à eleição.

IV - Estará impedida de participar de licitações e de ser contratada pela empresa pública ou sociedade de economia mista a empresa que tiver, nos seus quadros de diretoria,

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pessoa que participou, em razão de vínculo de mesma natureza, de empresa declarada inidônea.

a) Estão corretos apenas os itens I, II e III.

b) Estão corretos apenas os itens I, II e IV.

c) Estão corretos apenas os itens I, III e IV.

d) Estão corretos apenas os itens II, III e IV.

e) Todos os itens estão corretos.

COMENTÁRIO

O item I está correto. O texto do item é o exato teor do caput art. 4º da Lei n. 13.303/16:

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.

O item II está incorreto. A Lei n. 13.303/16 ressalva que não podem ser aplicadas às empresas públicas e sociedades de economia mista apenas algumas das sanções previstas na Lei n. 12.846/13:

Art. 94. Aplicam-se à empresa pública, à sociedade de economia mista e às suas subsidiárias as sanções previstas na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, salvo as previstas nos incisos II, III e IV do caput do art. 19 da referida Lei.

Resta, portanto, a possibilidade da aplicação da pena de perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração. Vejamos o art. 19 da Lei n. 12.846/13:

Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas jurídicas infratoras:

I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;

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II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;

III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;

IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.

O item III está correto. A Lei de Responsabilidade das Estatais estabelece normas para os gastos com publicidade e patrocínio que as empresas públicas e sociedades de economia mista realizam. Uma das preocupações foi o possível uso dessas despesas como uma forma de influenciar no resultado das eleições, como vemos no § 2º do art. 93 da Lei n. 13.303/16:

Art. 93. As despesas com publicidade e patrocínio da empresa pública e da sociedade de economia mista não ultrapassarão, em cada exercício, o limite de 0,5% (cinco décimos por cento) da receita operacional bruta do exercício anterior.

§ 1º O limite disposto no caput poderá ser ampliado, até o limite de 2% (dois por cento) da receita bruta do exercício anterior, por proposta da diretoria da empresa pública ou da sociedade de economia mista justificada com base em parâmetros de mercado do setor específico de atuação da empresa ou da sociedade e aprovada pelo respectivo Conselho de Administração.

§ 2º É vedado à empresa pública e à sociedade de economia mista realizar, em ano de eleição para cargos do ente federativo a que sejam vinculadas, despesas com publicidade e patrocínio que excedam a média dos gastos nos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito ou no último ano imediatamente anterior à eleição.

O item IV está correto. O art. 38 da Lei n. 13.303/16 dispõe acerca dos impedimentos para participação em licitações e contratos com empresas públicas e sociedades de economia mista, apresentando, entre suas hipóteses, aquela apontada na questão:

Art. 38. Estará impedida de participar de licitações e de ser contratada pela empresa pública ou sociedade de economia mista a empresa:

I - cujo administrador ou sócio detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital social seja diretor ou empregado da empresa pública ou sociedade de economia mista contratante;

II - suspensa pela empresa pública ou sociedade de economia mista;

III - declarada inidônea pela União, por Estado, pelo Distrito Federal ou pela unidade federativa a que está vinculada a empresa pública ou sociedade de economia mista, enquanto perdurarem os efeitos da sanção;

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IV - constituída por sócio de empresa que estiver suspensa, impedida ou declarada inidônea;

V - cujo administrador seja sócio de empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea;

VI - constituída por sócio que tenha sido sócio ou administrador de empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período dos fatos que deram ensejo à sanção;

VII - cujo administrador tenha sido sócio ou administrador de empresa suspensa, impedida ou declarada inidônea, no período dos fatos que deram ensejo à sanção;

VIII - que tiver, nos seus quadros de diretoria, pessoa que participou, em razão de vínculo de mesma natureza, de empresa declarada inidônea.

Parágrafo único. Aplica-se a vedação prevista no caput:

I - à contratação do próprio empregado ou dirigente, como pessoa física, bem como à participação dele em procedimentos licitatórios, na condição de licitante;

II - a quem tenha relação de parentesco, até o terceiro grau civil, com:

a) dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista;

b) empregado de empresa pública ou sociedade de economia mista cujas atribuições envolvam a atuação na área responsável pela licitação ou contratação;

c) autoridade do ente público a que a empresa pública ou sociedade de economia mista esteja vinculada.

III - cujo proprietário, mesmo na condição de sócio, tenha terminado seu prazo de gestão ou rompido seu vínculo com a respectiva empresa pública ou sociedade de economia mista promotora da licitação ou contratante há menos de 6 (seis) meses.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 5. Assinale a alternativa correta:

a) Não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação, salvo se o servidor ou dirigente estiver licenciado.

b) Não poderá participar da licitação ou da execução de obra ou serviço empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de qualquer parte do capital com direito a voto ou controlador.

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c) A regularidade fiscal é exigida para a participação em procedimento licitatório e deve ser mantida durante toda a execução do contrato, podendo a administração, segundo o STJ, reter o pagamento devido a fornecedor em situação irregular perante o fisco.

d) Segundo o STJ, é lícita cláusula em edital de licitação exigindo que o licitante, além de contar, em seu acervo técnico, com um profissional que tenha conduzido serviço de engenharia similar àquele em licitação, já tenha atuado em serviço similar.

e) Segundo a Lei n. 8.666/93, é facultada à comissão de licitação ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, sendo possível a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Nos termos do art. 9º, inc. I, da Lei n. 8.666/93, é vedada a participação em procedimento licitatório de empresa que detenha em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação:

Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários:

I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;

II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;

III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.

Segundo o STJ, a vedação subsiste inclusive no caso do servidor ou dirigente estar licenciado:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. LICITAÇÕES E CONTRATOS. CONTRATAÇÃO DE MILITAR LICENCIADO PARA PRESTAR CONSULTORIA À EMPRESA RECORRIDA NA EXECUÇÃO DE CONTRATO COM O EXÉRCITO BRASILEIRO.

VIOLAÇÃO DOS ARTS. 9º DA LEI 8.666/1993 E 7º DA LEI 10.502/2002. COMPORTAMENTO INIDÔNEO. CARACTERIZAÇÃO. RECURSO PROVIDO.

1. Não se olvida que a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a revaloração do conjunto probatório existente nos autos, quando vinculada a fatos incontroversos, não

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esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.

2. Ademais, é certo que o objeto do recurso foi devidamente deliberado no acórdão recorrido, circunstância que indica a devolutividade da matéria ao STJ, tendo em vista a ampla admissão do chamado prequestionamento implícito.

3. Trata-se, originalmente, de Mandado de Segurança impetrado pela recorrida contra o Comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, Órgão vinculado ao Ministério da Defesa, para que seja “declarada a ilegalidade das sanções aplicadas (no Processo Administrativo 64106.002902/2014-99) em razão de inexistência de comportamento inidôneo por parte da Impetrante ou, acaso esse v. Juízo entenda que ocorreu irregularidade na conduta da Impetrante, que seja fixada sanção em conformidade com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade” (fls. 1-19, e-STJ).

4. Estando incontroversa a moldura fática delineada pelas instâncias ordinárias, conclui-se que, de fato, embora não seja possível afirmar que o Sr. William dos Santos Moreira participou do procedimento licitatório, ele inegavelmente exerceu a função de consultor/administrador da empresa impetrante, ora recorrida, durante a execução do contrato licitado.

5. Desse modo, ficou caracterizada a conduta inidônea da empresa recorrida, com a quebra de confiança da Administração, o que vai de encontro aos dispositivos legais sob análise.

6. Consigne-se que, consoante o entendimento do STJ, “não pode participar de procedimento licitatório a empresa que possuir em seu quadro de pessoal servidor ou dirigente do órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação (...) O fato de estar o servidor licenciado, à época do certame, não ilide a aplicação do referido preceito legal, eis que não deixa de ser funcionário o servidor em gozo de licença” (REsp 254.115/SP, Rel. Min. Garcia Vieira, Primeira Turma, julgado em 20.6.2000, DJ de 14.8.2000, p. 154.)

7. Por fim, quanto à fixação de multa pela autoridade coatora, verifica-se que foi aplicada com base na previsão contida na Ata de Registro de Preços, obedecendo aos limites contratualmente previstos, não havendo falar em ilegalidade na sua arbitração.

8. Recurso Especial provido, para restabelecer a sentença de 1º grau, denegando a segurança.

(REsp 1607715/AL, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/03/2017, DJe 20/04/2017)

A assertiva “b” está incorreta. O texto da alternativa deturpa o inc. II do art. 9º da Lei n. 8.666/93, já que o fato do autor do projeto deter parte inferior a 5% do capital com direito a voto ou controlador

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de uma empresa não a impede de participar de licitação. Vejamos:

Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários:

I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;

II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;

III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.

A assertiva “c” está incorreta. Pode-se afirmar que a regularidade fiscal é exigida não apenas para a participação no procedimento licitatório, mas também em toda a execução contratual. Até aí está correta a alternativa, de acordo com o art. 55, XIII, da Lei n. 8.666/93:

Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

(...)

XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

O final é que apresenta uma afirmação que não se coaduna com a jurisprudência sobre a matéria, já que o STJ já decidiu ser ilegal que a administração retenha o pagamento devido ao fornecedor em situação irregular perante o fisco. Vejamos decisão da Segunda Turma do STJ noticiada no informativo n. 507 daquele tribunal:

DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINISTRATIVO. RETENÇÃO DE PAGAMENTO. FORNECEDOR EM SITUAÇÃO IRREGULAR PERANTE O FISCO.

É ilegal reter o pagamento devido a fornecedor em situação de irregularidade perante o Fisco. A exigência de regularidade fiscal para a participação no procedimento licitatório funda-se no art. 195, § 3º, da CF e deve ser mantida durante toda a execução do contrato, consoante o art. 55 da Lei n. 8.666/1993. No entanto, o ato administrativo, no Estado democrático de direito, está subordinado ao princípio da legalidade (CF, arts. 5º, II, 37, caput, e 84, IV), o que equivale assentar que a Administração poderá atuar tão somente de acordo com o que a lei determina. Não constando do rol do art. 87 da Lei n. 8.666/1993, não pode ser aplicada a retenção do pagamento pelos serviços prestados. O descumprimento de cláusula contratual pode até ensejar, eventualmente, a rescisão do contrato (art. 78 da Lei de Licitações), mas não autoriza, ao mesmo tempo, suspender o pagamento das faturas e exigir a prestação dos serviços pela empresa contratada.

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Precedentes citados: REsp 633.432-MG, DJ 20/6/2005; AgRg no REsp 1.048.984-DF, DJe 10/9/2009; RMS 24.953-CE, DJe 17/3/2008. AgRg no REsp 1.313.659-RR, Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/10/2012.

A assertiva “d” está correta. Embora possa parecer uma exigência redundante, é legal impor que o licitante possua em seus quadros profissional com acervo técnico, comumente provado por meio de Anotação de Responsabilidade Técnica, compatível com o objeto licitado e, além disso, também já tenha executado uma obra ou serviço de engenharia similar àquele licitado.

A Segunda Turma do STJ já enfrentou esse tema, tendo sido a decisão noticiada no informativo n. 533 daquele tribunal:

DIREITO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA EM LICITAÇÃO.

É lícita cláusula em edital de licitação exigindo que o licitante, além de contar, em seu acervo técnico, com um profissional que tenha conduzido serviço de engenharia similar àquele em licitação, já tenha atuado em serviço similar. Esse entendimento está em consonância com a doutrina especializada que distingue a qualidade técnica profissional da qualidade técnica operacional e com a jurisprudência do STJ, cuja Segunda Turma firmou o entendimento de que “não fere a igualdade entre os licitantes, tampouco a ampla competitividade entre eles, o condicionamento editalício referente à experiência prévia dos concorrentes no âmbito do objeto licitado, a pretexto de demonstração de qualificação técnica, nos termos do art. 30, inc. II, da Lei n. 8.666/93” (REsp 1.257.886-PE, julgado em 3/11/2011). Além disso, outros dispositivos do mesmo art. 30 permitem essa inferência. Dessa forma, o § 3º do art. 30 da Lei 8.666/1993 estatui que existe a possibilidade de que a comprovação de qualificação técnica se dê por meio de serviços similares, com complexidade técnica e operacional idêntica ou superior. Ainda, o § 10 do art. 30 da mesma lei frisa ser a indicação dos profissionais técnicos responsáveis pelos serviços de engenharia uma garantia da administração. RMS 39.883-MT, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/12/2013.

A assertiva “e” está incorreta. É vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta do licitante. É o que determina a segunda parte do § 3º do art. 43 da Lei n. 8.666/93:

Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:

(...)

§ 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do

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processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 6. Assinale a alternativa correta:

a) Segundo o STJ, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) deve pagar indenização a vítima de disparos de arma de fogo atingida enquanto trafegada em um de seus trens, ainda que o tiroteio tenha sido promovido por terceiros no interior da composição ferroviária.

b) Segundo o STF, o fato da imunidade parlamentar abranger a esfera civil não impede que o Estado, e não o parlamentar pessoalmente, seja civilmente responsabilizado por dano à imagem e à honra causado pelas opiniões de um parlamentar.

c) A Constituição Federal assegura aos presos o respeito à integridade física e moral, mas não haverá responsabilidade civil do Estado pela morte de preso quando ficar provada causa impeditiva da atuação protetiva do detento, rompendo-se o nexo de causalidade da omissão estatal com o resultado danoso.

d) Segundo o STJ, a conclusão equivocada da Administração Pública acerca da inacumulabilidade dos cargos já exercidos induz a aplicação da teoria da perda de uma chance.

e) Caso haja reconhecimento de firma fraudulento em um cartório extrajudicial a responsabilidade pelos danos será do tabelionado e do Estado.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. O STJ analisou a questão posta na alternativa no julgamento do Agravo Regimental em Recurso Especial n. 1049090/SP, tendo decidido que o caso se amolda na definição de fato de terceiro que rompe o nexo de causalidade entre a conduta da empresa pública e o dano. Vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PREPARO. INSUFICIÊNCIA. VALOR ÍNFIMO. POSSIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO. ART. 511, § 2º , DO CPC. DESERÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE DE PESSOAS. MORTE DE PASSAGEIRO. “BALA PERDIDA”. FATO DE TERCEIRO. FORTUITO EXTERNO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.

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1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que, diferentemente do que ocorre na total ausência de preparo, a mera insuficiência não conduz necessariamente à deserção do recurso especial. Precedentes.

2. Afasta a responsabilidade objetiva da ré o fato de terceiro, equiparado a caso fortuito, que não guarda conexão com a exploração do transporte.

3. Não está dentro da margem de previsibilidade e de risco da atividade de transporte ferroviário o óbito de passageiro vitimado por disparos de arma de fogo praticados por terceiro (bala perdida). Referida situação constitui exemplo clássico de fortuito externo capaz de romper o nexo causal entre o dano e a conduta da transportadora ré.

4. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 1049090/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 19/08/2014)

A assertiva “b” está incorreta. A questão levantada no item teve repercussão geral reconhecida, mas não foi ainda julgada pelo STF. A decisão a ser tomada no RE 632115 definirá a posição daquele tribunal sobre a possibilidade ou não de reconhecimento de responsabilidade objetiva do Estado por atos civis praticados por parlamentares e protegidos por sua imunidade.

No caso pendente de análise, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará admitiu a tese da alternativa, reconhecendo, dessa forma, a responsabilidade objetiva do ente público por dano praticados por deputado estadual em pronunciamento na Assembleia Legislativa.

A assertiva “c” está correta. A Constituição Federal, art. 5º, inc. XLIX, assegura aos presos o respeito à integridade física e moral. Com base nesse preceito constitucional, o STF firmou a tese, em julgamento afetado ao rito da repercussão geral, que em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. O mesmo julgamento ressalvou também que não haverá dita responsabilidade quando ficar provada causa impeditiva da atuação protetiva do preso. Vejamos:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito subjetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada,

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garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional. 6. A morte do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO. (RE 841526, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-159 DIVULG 29-07-2016 PUBLIC 01-08-2016)

A assertiva “d” está incorreta. Em pelo menos duas oportunidades a Segunda Turma do STJ já decidiu esta questão e concluiu pela impossibilidade de aplicação da teoria da perda de uma chance aos casos em que a Administração Pública conclui equivocadamente acerca da inacumulabilidade de cargos públicos já exercidos. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUE EQUIVOCADAMENTE CONCLUIU PELA INACUMULABILIDADE DOS CARGOS JÁ EXERCIDOS. NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. HIPÓTESE EM QUE OS CARGOS PÚBLICOS JÁ ESTAVAM OCUPADOS PELOS RECORRENTES. EVENTO CERTO SOBRE O QUAL NÃO RESTA DÚVIDAS. NOVA MENSURAÇÃO DO DANO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO. RETORNO DOS AUTOS AO TRIBUNAL A QUO.

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1. A conclusão equivocada da Administração Pública acerca da inacumulabilidade dos cargos já exercidos não induz a aplicação da teoria da perda de uma chance, pois o exercício de ambos os cargos públicos já ocorria. Assim, a questão deve continuar sendo analisada sob a perspectiva da responsabilidade objetiva do Estado, devendo portanto ser redimensionado o dano causado, e, por conseguinte, a extensão da sua reparação.

2. Afastado o fundamento adotado pelo Tribunal a quo para servir de base à conclusão alcançada, e, considerando que a mensuração da extensão do dano é matéria que demanda eminentemente a análise do conjunto fático e probatório constante, devem os autos retornarem ao Tribunal de Justiça a quo a fim de que possa ser arbitrado o valor da indenização nos termos do art. 944 do Código Civil.

3. Agravo interno não provido.

(AgInt no REsp 1445159/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2016, DJe 14/09/2016)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUE EQUIVOCADAMENTE CONCLUIU PELA INACUMULABILIDADE DOS CARGOS JÁ EXERCIDOS. NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. HIPÓTESE EM QUE OS CARGOS PÚBLICOS JÁ ESTAVAM OCUPADOS PELOS RECORRENTES. EVENTO CERTO SOBRE O QUAL NÃO RESTA DÚVIDAS. NOVA MENSURAÇÃO DO DANO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO. RETORNO DOS AUTOS AO TRIBUNAL A QUO.

1. A teoria da perda de uma chance tem sido admitida no ordenamento jurídico brasileiro como sendo uma das modalidades possíveis de mensuração do dano em sede de responsabilidade civil. Esta modalidade de reparação do dano tem como fundamento a probabilidade e uma certeza, que a chance seria realizada e que a vantagem perdida resultaria em prejuízo. Precedente do STJ.

2. Essencialmente, esta construção teórica implica num novo critério de mensuração do dano causado. Isso porque o objeto da reparação é a perda da possibilidade de obter um ganho como provável, sendo que “há que se fazer a distinção entre o resultado perdido e a possibilidade de consegui-lo. A chance de vitória terá sempre valor menor que a vitória futura, o que refletirá no montante da indenização.

3. Esta teoria tem sido admitida não só no âmbito das relações privadas stricto sensu, mas também em sede de responsabilidade civil do Estado. Isso porque, embora haja delineamentos específicos no que tange à interpretação do art. 37, § 6º, da Constituição

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Federal, é certo que o ente público também está obrigado à reparação quando, por sua conduta ou omissão, provoca a perda de uma chance do cidadão de gozar de determinado benefício.

4. No caso em tela, conforme excerto retirado do acórdão, o Tribunal a quo entendeu pela aplicação deste fundamento sob o argumento de que a parte ora recorrente perdeu a chance de continuarem exercendo um cargo público tendo em vista a interpretação equivocada por parte da Administração Pública quanto à impossibilidade de acumulação de ambos.

5. Ocorre que o dano sofrido pela parte ora recorrente de ordem material não advém da perda de uma chance. Isso porque, no caso dos autos, os recorrentes já exerciam ambos os cargos de profissionais de saúde de forma regular, sendo este um evento certo sobre o qual não resta dúvidas. Não se trata de perda de uma chance de exercício de ambos os cargos públicos porque isso já ocorria, sendo que o ato ilícito imputado ao ente estatal implicou efetivamente em prejuízo de ordem certa e determinada. A questão assim deve continuar sendo analisada sob a perspectiva da responsabilidade objetiva do Estado, devendo portanto ser redimensionado o dano causado, e, por conseguinte, a extensão da sua reparação.

6. Assim, afastado o fundamento adotado pelo Tribunal a quo para servir de base à conclusão alcançada, e, considerando que a mensuração da extensão do dano é matéria que demanda eminentemente a análise do conjunto fático e probatório constante, devem os autos retornarem ao Tribunal de Justiça a quo a fim de que possa ser arbitrado o valor da indenização nos termos do art. 944 do Código Civil.

7. Recurso especial parcialmente conhecido, e, nesta extensão, provido.

(REsp 1308719/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/06/2013, DJe 01/07/2013)

A assertiva “e” está incorreta. É já antiga no STJ a orientação de que o tabelionado não detém personalidade jurídica ou judiciária, devendo a responsabilidade ser assumida pelo titular da serventia que comandava a unidade na época do ato fraudulento:

PROCESSO CIVIL. CARTÓRIO DE NOTAS. PESSOA FORMAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RECONHECIMENTO DE FIRMA FALSIFICADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA.

O tabelionato não detém personalidade jurídica ou judiciária, sendo a responsabilidade pessoal do titular da serventia.

No caso de dano decorrente de má prestação de serviços notariais, somente o tabelião à época dos fatos e o Estado possuem legitimidade passiva.

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Recurso conhecido e provido.

(REsp 545.613/MG, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 08/05/2007, DJ 29/06/2007, p. 630)

Essa orientação continua sendo aplicada, como podemos ver da seguinte recente decisão monocrática do Ministro Marco Aurélio Bellizze:

DECISÃO

(...)

Como se vê, a lei expressamente reconhece a responsabilidade pessoal dos notários, tabeliães e registradores, na seara cível e criminal, tendo em vista a delegação do serviço que lhe é conferida pelo Poder Público. Em nenhum momento possibilita que sejam as ações dirigidas contra os cartórios extrajudiciais - instituições meramente administrativas, sem personalidade jurídica, desprovidas de patrimônio próprio. Assim sendo, são os seus titulares que responderão pelos atos praticados no desenvolvimento de suas funções, devendo, por conseguinte, eventual demanda ser ajuizada contra o titular, pessoa física, e não contra a serventia.

(...)

O tabelionato não detém personalidade jurídica ou judiciária, sendo a responsabilidade pessoal do titular da serventia. No caso de dano decorrente de má prestação de serviços notariais, somente o tabelião à época dos fatos e o Estado possuem legitimidade passiva.

(...)

No julgamento do REsp n. 1.097.995, acima mencionado, o Ministro Massami Uyeda enfatizou que, “por se tratar de serviço prestado por delegação do Estado, só responde por eventuais atos danosos a pessoa do titular do Cartório, ou seja, aquele que efetivamente ocupava o cargo à época da prática do fato reputado como lesivo, não se podendo, pois, dessa forma, transmitir a responsabilização a seu sucessor, o que ocorreria se admitida fosse o próprio Cartório

chamado a Juízo, e não o antigo titular, na hipótese de haver ocorrido eventual substituição".

De mais a mais, nos termos da atual orientação desta Casa, não são os cartórios considerados pessoas formais, como o são a massa falida, o espólio e a herança jacente ou vacante. Estes consubstanciam universalidade de bens ou direitos, possuindo conteúdo econômico e com capacidade de contrair direitos e obrigações. Já aqueles representam somente o espaço físico onde é exercida a função pública, tendo como componentes apenas os bens de propriedade exclusiva de seus titulares e documentos

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públicos não comercializáveis.

(RECURSO ESPECIAL Nº 1.670.031 - RJ, MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator, decidido em 07/06/2017)

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSORA: PATRÍCIA DE ALENCAR TEIXEIRAE-mail: [email protected]

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO

QUESTÃO 7. Sobre as imunidades tributárias, julgue as afirmações a seguir à luz da jurisprudência recente do Supremo Tribunal Federal:

I – A imunidade tributaria recíproca, no que se refere ao IPTU, alcança todo imóvel pertencente à União, ainda que arrendado a empresa privada (sociedade de economia mista) que explore atividade econômica com finalidade lucrativa.

II – Para valer-se imunidade que incide sobre templos de qualquer culto, compete à entidade religiosa demonstrar a efetiva utilização do bem de acordo com suas finalidades institucionais.

III - A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido.

IV – A imunidade tributária que recai sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão aplica-se, também, ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.

a) Apenas I, II e III estão corretas.

b) Apenas II e IV estão corretas.

c) Apenas II e III estão corretas.

d) Apenas IV está correta.

e) Apenas III e IV estão corretas.

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COMENTÁRIO

O item I está INCORRETO. Confira-se:

A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da CF (...), não se estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. Esse o entendimento do Plenário, que, em conclusão de julgamento e por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de reconhecimento de imunidade tributária recíproca a sociedade de economia mista ocupante de bem público. (...) Ressaltou que o fato de o imóvel pertencente à União ser utilizado para a persecução de interesse público não atrai a imunidade quanto ao IPTU, haja vista que a recorrente é sociedade de economia mista com capital social negociado na bolsa de valores, ou seja, é pessoa jurídica de direito privado com claro objetivo de auferir lucro. Anotou, tendo em conta a limitação imposta pelo § 3º do art. 150 da CF, que, se as pessoas jurídicas de direito público que exploram atividade econômica não gozam da imunidade, as de direito privado também não poderiam fazê-lo.

O item II está INCORRETO. Confira-se:

O Supremo Tribunal Federal consolidou o entendimento de que não cabe à entidade religiosa demonstrar que utiliza o bem de acordo com suas finalidades institucionais. Ao contrário, compete à Administração tributária demonstrar a eventual tredestinação do bem gravado pela imunidade.

[ARE 800.395 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 28-10-2014, 1ª T, DJE de 14-11-2014.]

O item III está CORRETO, nos exatos termos do seguinte julgado:

A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. Com base nessa orientação, o Tribunal deu provimento a recurso extraordinário no qual se pretendia a não aplicação da imunidade tributária constante do art. 150, VI, c, da CF relativamente ao ICMS incidente na aquisição de insumos, medicamentos e serviços adquiridos por entidade de assistência social na qualidade de consumidora (contribuinte de fato). (...) O Colegiado rememorou que prevalece no STF o entendimento de que a imunidade tributária subjetiva se aplica a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não àqueles na condição de simples contribuinte de fato, bem como de que é irrelevante, para a verificação da incidência ou não da imunidade constitucional, a discussão acerca da repercussão econômica do tributo envolvido. [RE 608.872, rel. min. Dias Toffoli, j. 24-2-2017, P, Informativo 855, Tema 342.]

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O item IV está CORRETO. Confira-se:

A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. A imunidade tributária da alínea d do inciso VI do art. 150 da CF alcança componentes eletrônicos destinados exclusivamente a integrar unidade didática com fascículos. (...) O Plenário entendeu que a imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da CF alcança o livro digital (e-book). De igual modo, as mudanças históricas e os fatores políticos e sociais da atualidade, seja em razão do avanço tecnológico, seja em decorrência da preocupação ambiental, justificam a equiparação do “papel”, numa visão panorâmica da realidade e da norma, aos suportes utilizados para a publicação dos livros. Nesse contexto moderno, portanto, a teleologia da regra de imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (e-readers) confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que eventualmente equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam a leitura digital, tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e tamanho da fonte e outros. Apesar de não se confundirem com os livros digitais propriamente ditos, esses aparelhos funcionam como o papel dos livros tradicionais impressos, e o propósito seria justamente mimetizá-lo. Estão enquadrados, portanto, no conceito de suporte abrangido pela norma imunizante. Entretanto, esse entendimento não é aplicável aos aparelhos multifuncionais, como tablets, smartphones e laptops, os quais são muito além de meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais. [RE 330.817, rel. min. Dias Toffoli, e RE 595.676, rel. min. Marco Aurélio, j. 8-3-2017, P, Informativo 856, Temas 593 e 259.]

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 8. Como é cediço, o art. 74 da Lei 9.430/96 sofreu profundas alterações ao longo dos anos, sobretudo após a edição das Leis 10.637/02, 10.833/03 e 11.051/04, as quais acresceram conteúdo significativo à norma, modificando substancialmente a sistemática de compensação.

Sobre a compensação do crédito tributário, analise as proposições a seguir:

I - A simples declaração de compensação relativa ao crédito-prêmio de IPI não suspende a exigibilidade do crédito tributário.

II - Em demanda judicial envolvendo compensação tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente.

III – A vedação concernente à compensação de tributo objeto de contestação judicial

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pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, não se aplica às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido, conforme orientação consolidada no Superior Tribunal de Justiça.

IV – Consoante disposição legal expressa, nada obstante a administração das contribuições previdenciárias ter passado à atribuição da Secretaria da Receita Federal, os débitos de contribuições previdenciárias não podem ser compensados com créditos dos demais tributos federais, ainda que pertencentes ao mesmo sujeito passivo.

a) Apenas I e II estão CORRETAS.

b) Apenas I, II e III estão CORRETAS.

c) Apenas III e IV estão CORRETAS.

d) Apenas I, II e IV estão CORRETAS.

e) Todas estão CORRETAS.

COMENTÁRIO

O item I está CORRETO. Confira-se.

TRIBUTÁRIO. CRÉDITO-PRÊMIO. COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO PELA ADMINISTRAÇÃO. RECURSO ADMINISTRATIVO PENDENTE. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO. FORNECIMENTO DE CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. IMPOSSIBILIDADE.

1. A legislação que disciplina o instituto da compensação evoluiu substancialmente a partir da edição da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em especial com a introdução no ordenamento jurídico da Lei Complementar 104/01, e das Leis 10.637/02 (conversão da MP 66, de 29.08.02), 10.833/03 (conversão da MP 135, de 30.10.03) e 11.051/04, que alteraram e incluíram dispositivos naquela lei ordinária.

2. A Primeira Seção, ao examinar a matéria à luz da redação original do art. 74 da Lei 9.430/96, portanto, sem as alterações engendradas pelas Leis 10.637/02, 10.833/03 e 11.051/04, concluiu que o pedido de compensação e o recurso interposto contra o seu indeferimento suspendem a exigibilidade do crédito tributário, já que a situação enquadra-se na hipótese do art. 151, III, do CTN.

Precedentes.

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3. Todavia, o art. 74 da Lei 9.430/96 sofreu profundas alterações ao longo dos anos, sobretudo após a edição das Leis 10.637/02, 10.833/03 e 11.051/04, as quais acresceram conteúdo significativo à norma, modificando substancialmente a sistemática de compensação.

Segundo as novas regras, o contribuinte não mais precisa requerer a compensação, basta apenas declará-la à Secretaria da Receita Federal, o que já é suficiente para extinguir o crédito tributário sob condição resolutória da ulterior homologação do Fisco, que pode ser expressa ou tácita (no prazo de cinco anos). Por outro lado, fixou-se uma série de restrições à compensação embasadas na natureza do crédito a ser compensado. Assim, por exemplo, passou-se a não mais admitir a compensação de créditos decorrentes de decisão judicial ainda não transitada em julgado, de créditos de terceiros ou do crédito-prêmio de IPI.

4. Por expressa disposição do parágrafo 12 do art. 74 da Lei 9.430/96, “será considerada não declarada a compensação” (...) “em que o crédito” (...) refira-se ao crédito-prêmio de IPI”. Já o parágrafo 13, ao fazer remissão ao § 11, deixa claro não ser aplicável à declaração de compensação relativa ao crédito-prêmio de IPI o art. 151, III, do CTN.

5. Dessa forma, por previsão inequívoca do art. 74 da Lei 9.430/96, a simples declaração de compensação relativa ao crédito-prêmio de IPI não suspende a exigibilidade do crédito tributário, a menos que esteja presente alguma outra causa de suspensão elencada no art. 151 do CTN, razão porque poderá a Fazenda Nacional recusar-se a emitir a certidão de regularidade fiscal.

6. Recurso especial provido.

(REsp 1157847/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe 06/04/2010)

O item II está CORRETO. Confira-se:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART.

543-C, DO CPC. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. SUCESSIVAS MODIFICAÇÕES LEGISLATIVAS. LEI 8.383/91. LEI 9.430/96. LEI 10.637/02. REGIME JURÍDICO VIGENTE À ÉPOCA DA PROPOSITURA DA DEMANDA. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. INAPLICABILIDADE EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. ART.

170-A DO CTN. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. HONORÁRIOS. VALOR DA CAUSA OU DA CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO. SÚMULA 07 DO STJ. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.

1. A compensação, posto modalidade extintiva do crédito tributário (artigo 156, do CTN),

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exsurge quando o sujeito passivo da obrigação tributária é, ao mesmo tempo, credor e devedor do erário público, sendo mister, para sua concretização, autorização por lei específica e créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos, do contribuinte para com a Fazenda Pública (artigo 170, do CTN).

2. A Lei 8.383, de 30 de dezembro de 1991, ato normativo que, pela vez primeira, versou o instituto da compensação na seara tributária, autorizou-a apenas entre tributos da mesma espécie, sem exigir prévia autorização da Secretaria da Receita Federal (artigo 66).

3. Outrossim, a Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, na Seção intitulada “Restituição e Compensação de Tributos e Contribuições”, determina que a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal (artigo 73, caput), para efeito do disposto no artigo 7º, do Decreto-Lei 2.287/86.

4. A redação original do artigo 74, da Lei 9.430/96, dispõe: “Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração”.

5. Consectariamente, a autorização da Secretaria da Receita Federal constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte, sob a égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei 9.430/96, em se tratando de tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si.

6. A Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (regime jurídico atualmente em vigor) sedimentou a desnecessidade de equivalência da espécie dos tributos compensáveis, na esteira da Lei 9.430/96, a qual não mais albergava esta limitação.

7. Em consequência, após o advento do referido diploma legal, tratando-se de tributos arrecadados e administrados pela Secretaria da Receita Federal, tornou-se possível a compensação tributária, independentemente do destino de suas respectivas arrecadações, mediante a entrega, pelo contribuinte, de declaração na qual constem informações acerca dos créditos utilizados e respectivos débitos compensados, termo a quo a partir do qual se considera extinto o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, que se deve operar no prazo de 5 (cinco) anos.

8. Deveras, com o advento da Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001, que acrescentou o artigo 170-A ao Código Tributário Nacional, agregou-se mais um requisito à compensação tributária a saber: “Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do

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trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.” 9. Entrementes, a Primeira Seção desta Corte consolidou o entendimento de que, em se tratando de compensação tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente, tendo em vista o inarredável requisito do prequestionamento, viabilizador do conhecimento do apelo extremo, ressalvando-se o direito de o contribuinte proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios (EREsp 488992/MG).

10. In casu, a empresa recorrente ajuizou a ação ordinária em 19/12/2005, pleiteando a compensação de valores recolhidos indevidamente a título de PIS E COFINS com parcelas vencidas e vincendas de quaisquer tributos e/ou contribuições federais.

11. À época do ajuizamento da demanda, vigia a Lei 9.430/96, com as alterações levadas a efeito pela Lei 10.637/02, sendo admitida a compensação, sponte própria, entre quaisquer tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, independentemente do destino de suas respectivas arrecadações.

12. Ausência de interesse recursal quanto à não incidência do art.

170-A do CTN, porquanto: a) a sentença reconheceu o direito da recorrente à compensação tributária, sem imposição de qualquer restrição; b) cabia à Fazenda Nacional alegar, em sede de apelação, a aplicação do referido dispositivo legal, nos termos do art. 333, do CPC, posto fato restritivo do direito do autor, o que não ocorreu in casu; c) o Tribunal Regional não conheceu do recurso adesivo da recorrente, ao fundamento de que, não tendo a sentença se manifestado a respeito da limitação ao direito à compensação, não haveria sucumbência, nem, por conseguinte, interesse recursal.

13. Os honorários advocatícios, nas ações condenatórias em que for vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados à luz do § 4º do CPC que dispõe, verbis: “Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.” 14. Consequentemente, vencida a Fazenda Pública, a fixação dos honorários não está adstrita aos limites percentuais de 10% e 20%, podendo ser adotado como base de cálculo o valor dado à causa ou à condenação, nos termos do art. 20, § 4º, do CPC. (Precedentes da Corte: AgRg no REsp 858.035/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 17/03/2008; REsp 935.311/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/08/2008, DJe 18/09/2008; REsp 764.526/PR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/04/2008, DJe 07/05/2008; REsp 416154, Rel. Min.

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TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 25/02/2004; REsp 575.051, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 28/06/2004).

15. A revisão do critério adotado pela Corte de origem, por equidade, para a fixação dos honorários, encontra óbice na Súmula 07 do STJ. No mesmo sentido, o entendimento sumulado do Pretório Excelso: “Salvo limite legal, a fixação de honorários de advogado, em complemento da condenação, depende das circunstâncias da causa, não dando lugar a recurso extraordinário.” (Súmula 389/STF).

(Precedentes da Corte: EDcl no AgRg no REsp 707.795/RS, Rel.

Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe 16/11/2009; REsp 1000106/MG, Rel.

Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/10/2009, DJe 11/11/2009; REsp 857.942/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/10/2009, DJe 28/10/2009; AgRg no Ag 1050032/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/04/2009, DJe 20/05/2009) 16. O art. 535 do CPC resta incólume se o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.

17. Recurso especial parcialmente conhecido e parcialmente provido, apenas para reconhecer o direito da recorrente à compensação tributária, nos termos da Lei 9.430/96. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.

(REsp 1137738/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010)

O item III está INCORRETO. Confira-se:

TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 170-A DO CTN. REQUISITO DO TRÂNSITO EM JULGADO. APLICABILIDADE A HIPÓTESES DE INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO RECOLHIDO.

1. Nos termos do art. 170-A do CTN, “é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial”, vedação que se aplica inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do tributo indevidamente recolhido.

2. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08.

(REsp 1167039/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO,

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julgado em 25/08/2010, DJe 02/09/2010)

O item IV está CORRETO, conforme expresso no artigo 26, parágrafo único da Lei 11.457/2007.

Art. 26. O valor correspondente à compensação de débitos relativos às contribuições de que trata o art. 2º desta Lei será repassado ao Fundo do Regime Geral de Previdência Social no máximo 2 (dois) dias úteis após a data em que ela for promovida de ofício ou em que for deferido o respectivo requerimento.

Parágrafo único. O disposto no art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta Lei.

Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em jul-gado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Fede-ral, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 9. Considerando o que dispõe a Lei de Responsabilidade Fiscal acerca das Receitas Públicas, assinale a alternativa CORRETA:

a) É vedada a realização de transferências voluntárias ao ente que deixar de promover a arrecadação de todos os tributos inseridos em sua competência constitucional.

b) A renúncia de receita não compreende a concessão de isenção de caráter não geral.

c) A redução de alíquota de qualquer imposto importa renúncia de receita e pressupõe a adoção medidas compensatórias.

d) O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

e) A concessão de benefício de natureza tributária do qual decorra renúncia de receita pressupõe a demonstração de que a renúncia não afetará as metas de resultados fiscais previstas na lei orçamentária e que foram adotas medidas de compensação que incrementem a arrecadação.

COMENTÁRIO

A alternativa “a” está INCORRETA, na medida em que a restrição só se aplica ao tente que deixar de promover a arrecadação de IMPOSTOS:

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Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

A alternativa “b” está INCORRETA, ex vi do artigo 14, § 1º da LC 101/2000, verbis:

§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

A alternativa “c” está INCORRETA, na medida em que o artigo 14, § 3º, I da LC 101/2000 excepciona da regra os impostos de importação e exportação, o IPI e o IOF.

§ 3º O disposto neste artigo não se aplica:

I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;

A alternativa “d” está CORRETA, nos termos do artigo 12, § 2º da LC 101/2000.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.

A alternativa “e” está INCORRETA, conforme artigo da LC 101/2000, que prevê a adoção alternativa e não cumulativa das medidas mencionadas.

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide Lei nº 10.276, de 2001)

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de

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resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

DIREITO ECONÔMICO

QUESTÃO 10. Considerados os princípios da ordem econômica e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, julgue as proposições a seguir:

I – O direito de edificar é relativo e condicionado à função social da propriedade, de modo que limitações administrativas preexistentes à aquisição do terreno não geram direito de indenização em face do Poder Público.

II - As normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor.

III – São constitucionais os atos normativos proibitivos da importação de pneus usados, na medida em que a atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente.

IV – É inconstitucional o ato normativo que autoriza o protesto de Certidões de Dívida Ativa (CDA) pela Fazenda Pública, na medida em que constitui sanção política, podendo inviabilizar a atividade econômica do devedor.

a) Apenas I, II e III estão CORRETAS.

b) Apenas II e III estão CORRETAS.

c) Apenas I e III estão CORRETAS.

d) Apenas II, III e IV estão CORRETAS.

e) Todas estão CORRETAS.

COMENTÁRIO

O item I está CORRETO. Confira-se:

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Se a restrição ao direito de construir advinda da limitação administrativa causa aniquilamento da propriedade privada, resulta, em favor do proprietário, o direito à indenização. Todavia, o direito de edificar é relativo, dado que condicionado à função social da propriedade. Se as restrições decorrentes da limitação administrativa preexistiam à aquisição do terreno, assim já do conhecimento dos adquirentes, não podem estes, com base em tais restrições, pedir indenização ao Poder Público.

[RE 140.436, rel. min. Carlos Velloso, j. 25-5-1999, 2ª T, DJ de 6-8-1999.]

= AI 526.272 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 1º-2-2011, 2ª T, DJE de 22-2-2011

O item II está CORRETO. Confira-se:

Nos termos do art. 178 da CR, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao CDC. Com base nesse entendimento, o Plenário finalizou o julgamento conjunto de recursos nos quais se discutiu a norma prevalecente nas hipóteses de conflito entre o CDC e a Convenção de Varsóvia de 1929 (ratificada e promulgada pelo Decreto 20.704/1931), a qual rege o transporte aéreo internacional e foi posteriormente alterada pelo Protocolo Adicional 4, assinado na cidade canadense de Montreal em 1975 (ratificado e promulgado pelo Decreto 2.861/1998). (...) A controvérsia apresentada no RE 636.331/RJ envolve os limites de indenização por danos materiais em decorrência de extravio de bagagem em voo internacional. Já a questão posta em debate no ARE 766.618/SP diz respeito ao prazo prescricional para fins de ajuizamento de ação de responsabilidade civil por atraso em voo internacional (...). No RE 636.331/RJ, o Colegiado assentou a prevalência da Convenção de Varsóvia e dos demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil em detrimento do CDC, não apenas na hipótese de extravio de bagagem. Em consequência, deu provimento ao recurso extraordinário para limitar o valor da condenação por danos materiais ao patamar estabelecido na Convenção de Varsóvia, com as modificações efetuadas pelos acordos internacionais posteriores. (...) No ARE 766.618/SP, o Colegiado pontuou que, por força do art. 178 da CF, em caso de conflito, as normas das convenções que regem o transporte aéreo internacional prevalecem sobre o CDC. Abordou, de igual modo, os critérios tradicionais de solução de antinomias no Direito brasileiro: hierarquia, cronológico e especialização. No entanto, reputou que a existência de dispositivo constitucional legitima a admissão dos recursos extraordinários nessa matéria; pois, se assim não fosse, a discussão estaria restrita ao âmbito infraconstitucional. Explicou, no ponto, que o art. 178 da CF prevê parâmetro para a solução desse conflito, de modo que as convenções internacionais devem prevalecer. Reconheceu, na espécie, a incidência do art. 29 da Convenção de Varsóvia (...), que estabelece o prazo prescricional de dois anos, a contar da chegada da aeronave. Por conseguinte, deu

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provimento ao recurso e julgou improcedente o pleito ante a ocorrência da prescrição. [RE 636.331, rel. min. Gilmar Mendes, e ARE 766.618, rel. min. Roberto Barroso, j. 25-5-2017, P, Informativo 866, Tema 210.]

O item III está CORRETO. Confira-se:

Constitucionalidade de atos normativos proibitivos da importação de pneus usados. Reciclagem de pneus usados: ausência de eliminação total dos seus efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente equilibrado. Afrontas aos princípios constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado. (...) Desenvolvimento sustentável: crescimento econômico com garantia paralela e superiormente respeitada da saúde da população, cujos direitos devem ser observados em face das necessidades atuais e daquelas previsíveis e a serem prevenidas para garantia e respeito às gerações futuras. Atendimento ao princípio da precaução, acolhido constitucionalmente, harmonizado com os demais princípios da ordem social e econômica. (...) Demonstração de que: os elementos que compõem os pneus, dando-lhe durabilidade, é responsável pela demora na sua decomposição quando descartado em aterros; a dificuldade de seu armazenamento impele a sua queima, o que libera substâncias tóxicas e cancerígenas no ar; quando compactados inteiros, os pneus tendem a voltar à sua forma original e retornam à superfície, ocupando espaços que são escassos e de grande valia, em especial nas grandes cidades; pneus inservíveis e descartados a céu aberto são criadouros de insetos e outros transmissores de doenças; o alto índice calorífico dos pneus, interessante para as indústrias cimenteiras, quando queimados a céu aberto se tornam focos de incêndio difíceis de extinguir, podendo durar dias, meses e até anos; o Brasil produz pneus usados em quantitativo suficiente para abastecer as fábricas de remoldagem de pneus, do que decorre não faltar matéria-prima a impedir a atividade econômica. Ponderação dos princípios constitucionais: demonstração de que a importação de pneus usados ou remoldados afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado (arts. 170, I e VI e seu parágrafo único, 196 e 225 da CB). Decisões judiciais com trânsito em julgado, cujo conteúdo já tenha sido executado e exaurido o seu objeto não são desfeitas: efeitos acabados. Efeitos cessados de decisões judiciais pretéritas, com indeterminação temporal quanto à autorização concedida para importação de pneus: proibição a partir deste julgamento por submissão ao que decidido nesta arguição.

[ADPF 101, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24-6-2009, P, DJE de 4-6-2012.]

O item IV está INCORRETO. Confira-se:

O protesto das Certidões de Dívida Ativa (CDA) constitui mecanismo constitucional e legítimo, por não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais

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garantidos aos contribuintes e, assim, não constituir sanção política. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta ajuizada contra o parágrafo único do art. 1º da Lei 9.492/1997, incluído pela Lei 12.767/2012 (“Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as Certidões de Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas”). (...) de acordo com a jurisprudência desta Corte sobre o tema, é possível concluir não bastar que uma medida coercitiva do recolhimento do crédito tributário restrinja direitos dos contribuintes devedores para que ela seja considerada uma sanção política. Exige-se, além disso, que tais restrições sejam reprovadas no exame de proporcionalidade e razoabilidade. Afirmou que a utilização do instituto pela Fazenda Pública não viola o princípio do devido processo legal. (...) Assim, o protesto de Certidões de Dívida Ativa proporciona ganhos que compensam largamente as leves e eventuais restrições aos direitos fundamentais dos devedores. Daí por que, além de adequada e necessária, a medida é também proporcional em sentido estrito. Ademais, não configura uma “sanção política”, já que não constitui medida coercitiva indireta que restrinja, de modo irrazoável ou desproporcional, direitos fundamentais dos contribuintes, com o objetivo de forçá-los a quitar seus débitos tributários. Tal instrumento de cobrança é, portanto, constitucional. [ADI 5.135, rel. min. Roberto Barroso, j. 3 e 9-11-2016, P, Informativo 846, com repercussão geral.]

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

PROFESSORA: MARIANA CAMARGO CONTESSAE-mail: [email protected]

DIREITO AMBIENTAL

QUESTÃO 11. Acerca do licenciamento ambiental, marque a alternativa correta:

a) Para licenciamento ou autorização de empreendimentos potencialmente poluidores devem ser ouvidos todos os entes federados diretamente atingidos, os quais detêm poder de veto à concessão da licença pretendida.

b) A competência para o licenciamento ambiental de empreendimentos na zona costeira não é necessariamente da União.

c) O ordenamento jurídico brasileiro não admite a prorrogação automática de prazo de licença ambiental em nenhuma hipótese.

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d) Enquanto não finalizado o processo de licenciamento ambiental, o Ministério Público Federal não detém interesse de agir para ajuizamento de ação civil pública contra empreendimento em área próxima de reserva indígena.

e) Se a autoridade ambiental federal não detiver a competência para o licenciamento ambiental do empreendimento, o Ministério Público Federal não será parte legítima para a propositura de ação civil pública contra eventual ilegalidade do processo administrativo;

COMENTÁRIO

A assertiva A está equivocada. Nos termos do artigo 13 da Lei Complementar 140/2011:

Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar.

§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.

§ 2º A supressão de vegetação decorrente de licenciamentos ambientais é autorizada pelo ente federativo licenciador.

A assertiva B é a correta. Nos termos do artigo 7º, parágrafo único, da Lei 140/2011 “O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.” Ou seja, nem sempre o licenciamento será de competência federal.

Assertiva C parece prima facie, correta, já que interessado deve formular pedido de renovação do prazo de licença. Entretanto, dispõe o § 4º do artigo 14 da Lei Complementar n.º 140 que “A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente”. Portanto, nesta restrita hipótese de pedido formulado com a antecedência devida, haverá prorrogação tácita até decisão final da autoridade ambiental.

Assertiva D está equivocada. Com efeito, com base no princípio da precaução, pode o Ministério Público tomar as medidas judiciais e extrajudiciais pertinentes à preservação do meio ambiente e à proteção de zonas especialmente protegidas, bem como de reservas indígenas. A este propósito,

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cita-se o seguinte precedente do STJ:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPEDIMENTO DE PROSSEGUIMENTO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL. DIREITOS DOS INDÍGENAS. INTERESSE PROCESSUAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO INDEPENDENTEMENTE DA EXPEDIÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL. RECURSO DESPROVIDO.

1. A recorrente defende a tese de que o Ministério Público Federal não possui interesse processual para ajuizar Ação Civil Pública que visa a impedir a implantação do “Projeto de Obras de Aproveitamento dos Rios Capivari e Monos” - voltado ao abastecimento da região metropolitana de São Paulo -, tendo em vista que ainda não finalizado o licenciamento administrativo. Em outras palavras, sustenta que, sem a expedição de licença ambiental, as obras não terão início, motivo pelo qual carece o Parquet de interesse de agir, já que sem utilidade e desnecessária a tutela judicial.

2. Na demanda original, o Ministério Público pleiteia provimento jurisdicional que proíba a realização da obra pretendida, sob o argumento de que implica aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas, sem prévia e obrigatória autorização do Congresso Nacional. Cautelarmente, foi requerida a concessão de liminar especificamente para “impedir o licenciamento (...) junto ao órgão competente”. O Tribunal de origem reformou a sentença de extinção do feito sem julgamento do mérito, concluindo acertadamente que o Parquet possui interesse de agir.

3. O interesse de agir do Parquet e de outros legitimados da Ação Civil Pública independe de finalização do licenciamento e da expedição da respectiva licença ambiental. O grau de sucesso e eficácia do desempenho do autor no processo coletivo se mede não no terreno do enfrentamento de prejuízo já ocorrido, mas exatamente pelo impedimento ou mitigação de ameaça de degradação ambiental porvindoura. Do contrário, drenar-se-ia a relevância profilática do próprio Poder Judiciário, relegando-se a jurisdição ao infecundo e ineficiente papel de simples gestor de perdas consumadas e até irreversíveis para o meio ambiente e a saúde pública: um juiz de danos, constrangido a somente olhar para trás, em vez de um juiz de riscos, capaz de proteger o futuro e sob seu influxo realizar justiça preventiva e precautória. Compreensão diversa dificultaria inclusive a possibilidade de o órgão administrativo, de maneira oportuna, corrigir vícios e alterar rumos ainda no curso do licenciamento, economizando tempo - valor precioso a quem se preocupa em não retardar atividades e obras socialmente relevantes - e recursos materiais e humanos escassos, sem falar da maior segurança jurídica proporcionada seja ao empreendedor, seja ao Estado, seja, ainda, à sociedade e às gerações futuras por este representadas.

4. Sabe-se que, assim como outros atos administrativos, a licença ambiental apresenta

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elementos/requisitos essenciais e internos - verdadeiros órgãos vitais, que compõem o corpo e a genética do ato, por assim dizer - que vinculam sua existência per se (p. ex., sujeito competente e conteúdo/objeto lícito), além de pressupostos de fato ou de direito externos ao ato e condicionantes de sua prática (p. ex., exigência constitucional de prévia aprovação pelo Congresso Nacional para aproveitamento de recursos hídricos e exploração de riquezas minerais em terras indígenas). Em situações nas quais faltem ou se questionem a presença ou a legalidade concretas desses elementos e pressupostos, patente a utilidade da prestação jurisdicional e o consequente interesse de agir do autor da Ação Civil Pública, independentemente da fase em que se encontre o licenciamento. Logo, indefensável, por ilógico e não razoável, pretender que se aguarde o término (= fait accompli) de longo, trabalhoso e custoso procedimento administrativo para só então se objetarem em juízo suas premissas de existência e validade.

5. Recurso Especial não provido.”

(REsp 1616027/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe 05/05/2017)

A assertiva E não está correta. A competência exclusiva para licenciamento não exclui a competência dos demais entes para a proteção. Sobre o tema, veja-se precedente do STJ (veiculado também no informativo 526):

“AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LICENCIAMENTO AMBIENTAL. ZONA DE AMORTECIMENTO DO PARQUE NACIONAL DE JERICOACOARA. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

1. Em se tratando de proteção ao meio ambiente, não há falar em competência exclusiva de um ente da federação para promover medidas protetivas. Impõe-se amplo aparato de fiscalização a ser exercido pelos quatro entes federados, independentemente do local onde a ameaça ou o dano estejam ocorrendo, bem como da competência para o licenciamento.

2. O domínio da área em que o dano ou o risco de dano se manifesta é apenas um dos critérios definidores da legitimidade para agir do parquet federal. Ademais, o poder-dever de fiscalização dos outros entes deve ser exercido quando a atividade esteja, sem o devido acompanhamento do órgão competente, causando danos ao meio ambiente.

3. A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse jurídico suficiente para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em área cuja competência para o licenciamento seja do município ou do estado.

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4. Definida a controvérsia em sentido contrário à posição adotada no aresto estadual, deve ser provido o agravo regimental para dar provimento ao recurso especial, reconhecer a legitimidade do Ministério Público Federal e determinar o regular prosseguimento da ação.

Agravo regimental provido.”

(AgRg no REsp 1373302/CE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/06/2013, DJe 19/06/2013)

Também sobre o assunto:

PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - AMBIENTAL - MULTA - CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES COMUNS - OMISSÃO DE ÓRGÃO ESTADUAL - POTENCIALIDADE DE DANO AMBIENTAL A BEM DA UNIÃO - FISCALIZAÇÃO DO IBAMA - POSSIBILIDADE.

1. Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, pode o IBAMA exercer o seu poder de polícia administrativa, pois não há confundir competência para licenciar com competência para fiscalizar.

2. A contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da sanção não está necessariamente vinculada à esfera do ente federal que a outorgou.

3. O pacto federativo atribuiu competência aos quatro entes da federação para proteger o meio ambiente através da fiscalização.

4. A competência constitucional para fiscalizar é comum aos órgãos do meio ambiente das diversas esferas da federação, inclusive o art.

76 da Lei Federal n. 9.605/98 prevê a possibilidade de atuação concomitante dos integrantes do SISNAMA.

5. Atividade desenvolvida com risco de dano ambiental a bem da União pode ser fiscalizada pelo IBAMA, ainda que a competência para licenciar seja de outro ente federado.

Agravo regimental provido.

(AgRg no REsp 711405/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2009, DJe 15/05/2009) – Grifou-se.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

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QUESTÃO 12. Julgue as seguintes assertivas:

I - A licença ambiental com prazo de validade determinado é ato administrativo confere ao administrado o direito a executar o empreendimento na forma do licenciamento, sem revisão, até que se encerre seu prazo.

II - A Resolução Conama n.º 1º/1986 prevê em rol não exaustivo as atividades em que o licenciamento dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental – RIMA;

III – O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA é público como garantia da transparência do estudo ambiental e do processo de licenciamento, não podendo o responsável pelo empreendimento invocar o sigilo industrial como óbice.

IV – É inconstitucional norma de constituição estadual que submete o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - ao crivo de comissão permanente e específica da Assembleia Legislativa.

a) Estão corretas as assertivas I e II;

b) Estão corretas as assertivas II e IV;

c) Estão corretas as assertivas I, II, e IV;

d) Está correta apenas a assertiva II;

e) A assertiva I é a única incorreta;

COMENTÁRIO

Estão corretas apenas as assertivas II e IV.

A assertiva I está equivocada. Normalmente, no direito administrativo, a licença concedida se incorpora ao patrimônio jurídico do particular. Contudo, no âmbito ambiental, a licença ambiental, mesmo no caso de ainda estar dentro de seu prazo de vigência, pode ser suspensa, alterada e, em casos de maior gravidade, pode ser cancelada, se houve grave e supervenientes riscos à saúde pública. Essa situação superveniente pode ser, inclusive, sem qualquer relação direta com o empreendimento (descobre-se planta em extinção perto da fábrica, por exemplo). Ou seja, mesmo que o empreendedor não faça nada de ilícito ou irregular, pode ser cancelada se se descobrir uma superveniente e grave situação de risco ambiental. Isso porque não há direito adquirido a poluir.

Por este motivo, diz-se que a licença ambiental é rebus sic standibus. Ou seja, mudando a situação,

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pode-se mudar as condições impostas ou mesmo cancelá-la.

Assertiva II está correta. A Resolução Conama n.º 1 de 23 de janeiro de 1986 é o instrumento que critérios básicos e diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Da leitura do artigo 2º, pode-se constatar que a relação citada pelo instrumento normativo é apenas exemplificativa:

“Artigo 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e1n caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:”

Observa-se que esta é posição tranquila na doutrina e na jurisprudência.

A assertiva III está errada. Em que pese seja possível a divulgação do RIMA, precisamente com o objetivo de resguardar a participação democrática e a transparência do procedimento de licenciamento, a Resolução 1/1986 do CONAMA expressamente prevê o respeito ao sigilo industrial como limitação à publicidade:

“Artigo 11 - Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interessado o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica,”

Por fim, em relação à assertiva IV, deve-se mencionar que se trata de excerto adaptado de ementa do Supremo Tribunal Federal. A análise de estudos ambientais é atividade técnica e tipicamente administrativa, não podendo ser delegada ao Poder Legislativo, verbis:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 187 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL. APROVAÇÃO PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. VÍCIO MATERIAL. AFRONTA AOS ARTIGOS 58, § 2º, E 225, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. É inconstitucional preceito da Constituição do Estado do Espírito Santo que submete o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - ao crivo de comissão permanente e específica da Assembleia Legislativa. 2. A concessão de autorização para desenvolvimento de atividade potencialmente danosa ao meio ambiente consubstancia ato do Poder de Polícia --- ato da Administração Pública --- entenda-se ato do Poder Executivo. 3. Ação julgada procedente para declarar inconstitucional o trecho final do artigo § 3º do artigo 187 da Constituição do Estado do Espírito Santo.” (ADI 1505, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2004, DJ 04-03-2005 PP-00010 EMENT VOL-02182-01 PP-00067 LEXSTF v. 27, n. 316, 2005, p. 27-36 RDA n. 240, 2005, p. 298-303 RTJ VOL-00193-01 PP-00058)

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GABARITO: ALTERNATIVA (B)

QUESTÃO 13. O Ministério Público Federal ajuizou, em 5 de abril de 2017, ação civil pública contra João da Silva para obrigá-lo a recompor danos ambientais, assim como demolir as edificações por ele executadas. Nos termos da petição inicial, verificou-se por meio do inquérito civil XXXX que o Réu em questão é titular e possuidor de área inserta no Parque Nacional da Ilha Grande, unidade de conservação que abrange o conjunto de ilhas existente no Rio Paraná, na região de fronteira entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, bem como entre Brasil e Paraguai. O laudo elaborado pela equipe técnica de apoio ao Ministério Público e por peritos da Polícia Federal indica que houve “remoção e redução da densidade de árvores adultas e da vegetação rasteira (na qual se inclui a regeneração natural), bem como o impedimento do processo de regeneração da vegetação devido ao pisoteio (nos arredores da casa) e à cobertura do solo pelas construções e pela presença se árvores e espécies exóticas (limoeiro e cana de açúcar), com prejuízo à mata ciliar próxima da zona do rio”.

Acerca do caso em questão marque a alternativa correta:

a) O senhor João da Silva afirmou, em contestação que adquiriu, durante o ano de 1999, a posse do imóvel em questão para fins de lazer nos períodos de veraneio, ocasião em que já estavam construídas a residência, a piscina e as demais benfeitorias. Afirma, ainda, que ignorava se tratar de zona de unidade de conservação. Acaso o senhor João da Silva consiga demonstrar inequivocamente sua alegação de que adquiriu o terreno já com as edificações verificadas pelas investigações do Ministério Público Federal, deverá ser reconhecida sua ilegitimidade passiva ad causaum.

b) Considerando que o inquérito policial instaurado para a apuração dos mesmos fatos foi arquivado por falta de indícios de conduta dolosa do possuidor, resta prejudicada a pretensão do Ministério Público Federal.

c) A unidade de conservação Parque Nacional admite a existência de propriedade privada, desde que seu uso e gozo sejam compatíveis com o plano de manejo, motivo pela qual João da Silva não poderá ajuizar ação de desapropriação indireta;

d) Não será extra petita a sentença que determinar a recuperação de todos os locais atingidos, ainda que se constate no decorrer da instrução que a área degradada é maior do que aquela inicialmente individualizada na petição inicial.

e) O longo período de posse da propriedade pelo Réu João da Silva sem que tenham sido tomadas providências pelas autoridades ambientais ou pelo Ministério Público,

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autorizam a aplicação da teoria do fato consumado, com amparo no princípio da segurança jurídica.

COMENTÁRIO

A assertiva A está incorreta porque “A obrigação de reparação dos danos ambientais é propter rem” (REsp 1.090.968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 3.8.2010), sem prejuízo da solidariedade entre os vários causadores do dano, descabendo falar em direito adquirido à degradação. O “novo proprietário assume o ônus de manter a preservação, tornando-se responsável pela reposição, mesmo que não tenha contribuído para o desmatamento. Precedentes” (REsp 926.750/MG, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJ 4.10.2007; em igual sentido, entre outros, REsp 343.741/PR, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 7.10.2002; REsp 843.036/PR, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 9.11.2006; EDcl no Ag 1.224.056/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6.8.2010; AgRg no REsp 1.206.484/SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 29.3.2011; AgRg nos EDcl no REsp 1.203.101/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe 18.2.2011). Logo, a obrigação de reflorestamento com espécies nativas pode “ser imediatamente exigível do proprietário atual, independentemente de qualquer indagação a respeito de boa-fé do adquirente ou de outro nexo causal que não o que se estabelece pela titularidade do domínio” (REsp 1.179.316/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 29.6.2010).

A assertiva B está equivocada seja porque há independência entre as instâncias criminal, civil e administrativa, seja porque a responsabilidade ambiental dispensa a análise do elemento volitivo (dolo ou culpa). Assim, a falta de dolo para a configuração do crime, não afasta a responsabilidade criminal.

Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, cristalizada em recurso repetitivo:

“PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ÁREA NON AEDIFICANDI. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - APP. DEGRADAÇÃO DECORRENTE DE EDIFICAÇÕES. CONDENAÇÃO A OBRIGAÇÕES DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO.

1. Trata-se na origem de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais voltada à recuperação de Área de Preservação Permanente degradada.

2. Não se configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada.

3. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a responsabilidade

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civil pelo dano ambiental, qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental.

4. Induvidosa a prescrição do legislador, no que se refere à posição intangível e ao caráter non aedificandi da APP, nela interditando ocupação ou constrição, com pouquíssimas exceções (casos de utilidade pública e interesse social).

5. Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa ou explora APP, ou impede sua regeneração, comportamento de que emerge obrigação propter rem de restaurar na sua plenitude e indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob regime de responsabilidade civil objetiva. São inúmeros os precedentes do STJ nessa linha: AgRg no REsp 1.494.988/MS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.10.2015; REsp 1.247.140/PR, Rel.

Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, 22.11.2011; REsp 1.307.938/GO, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 16.9.2014; AgRg no REsp 1.367.968/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 12.3.2014; EDcl no Ag 1.224.056/SP, Rel.

Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6.8.2010; REsp 1.175.907/MG, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe 25.9.2014.

6. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização, em vez de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco em parcela do dano que, embora causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho futuro, irreparável ou intangível. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.545.276/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.4.2016; REsp 1.264.250/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11.11.2011; REsp 1.382.999/SC, Rel.

Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 18.9.2014.

7. Recurso Especial provido para determinar a recuperação da área afetada, reconhecendo-se a possibilidade de cumulação de obrigação de fazer com pagamento de indenização, esta última a ser fixada na origem.” (REsp 1454281/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe 09/09/2016)

Quanto ao item C, Nos termos da Lei n.º 9985/2000, o Parque Nacional “ O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão

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desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.” (artigo 11, §1º).

Com efeito, em específico quanto ao Parque Nacional da Ilha Grande, foram ajuizadas inúmeras demandas de desapropriação indireta pelos proprietários e possuidores de áreas no local.

“DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. PARQUE NACIONAL DA ILHA GRANDE. ACOLHIMENTO. INDENIZAÇÃO. COMPROVAÇÃO. PROPRIEDADE. ESVAZIAMENTO ECONÔMICO. AUSÊNCIA. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. VIOLAÇÃO. NORMA CONSTITUCIONAL. INCOMPETÊNCIA. STJ. NORMAS FEDERAIS. AUSÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. OCORRÊNCIA. MOTIVAÇÃO JUDICIAL INATACADA. SÚMULA 283/STF. REVISÃO. ACERVO PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ.

(...)

5. A demanda trata de ação de desapropriação indireta decorrente da criação do Parque Nacional da Ilha Grande, a origem decidindo pela caracterização da desapropriação tendo em vista a completa inviabilização da exploração econômica dos imóveis, assim como a indenizabilidade disso, com base no art. 5.º da Lei 4.771/1965 (antigo Código Florestal, hoje revogado), no Decreto 84.417/1979, nos arts. 5.º e 6.º do Decreto de 30.09.1997 (de criação do Parque da Ilha Grande), nos arts. 7.º, incisos I e II, § 1.º, 8.º, inciso III, e 11, § 1.º, da Lei 9.985/2000, e no Decreto-Lei 3.365/1941.

6. Inatacados esses fundamentos autônomos e suficientes para manter a higidez do acórdão da origem, incide a Súmula 283/STF.

(...)”

(REsp 1352248/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 29/04/2014)

A opção D é a assertiva correta, conforme seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. OCUPAÇÃO IRREGULAR DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COM DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. JULGAMENTO EXTRA E ULTRA PETITA. INOCORRÊNCIA.

1. A tutela ambiental é de natureza fungível por isso que a área objeto da agressão ao meio ambiente pode ser de extensão maior do que a referida na inicial e, uma vez assim aferida pelo conjunto probatório, não importa em julgamento ultra ou extra petita.

2. A decisão extra petita é aquela inaproveitável por conferir à parte providência diversa da almejada, mercê do deferimento de pedido diverso ou baseado em causa petendi

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não eleita.

Consectariamente, não há decisão extra petita quando o juiz examina o pedido e aplica o direito com fundamentos diversos dos fornecidos na petição inicial ou mesmo na apelação, desde que baseados em fatos ligados ao fato-base. Precedentes do STJ: AgRg no REsp 1164488/DF, SEGUNDA TURMA, DJe 07/06/2010; RMS 26.276/SP, QUINTA TURMA, DJe 19/10/2009; e AgRg no AgRg no REsp 825.954/PR, PRIMEIRA TURMA, DJ de 15/12/2008.

3. Deveras, a análise do pedido dentro dos limites postos pela parte não incide no vício in procedendo do julgamento ultra ou extra petita e, por conseguinte, afasta a suposta ofensa aos arts. 460 e 461, do CPC.

4. Ademais, os pedidos devem ser interpretados, como manifestações de vontade, de forma a tornar o processo efetivo, o acesso à justiça amplo e justa a composição da lide. Precedentes do STJ: AgRg no Ag 1038295/RS, PRIMEIRA TURMA, DJe 03/12/2008; AgRg no Ag 865.880/RJ, PRIMEIRA TURMA, DJ 09/08/2007; AgRg no Ag 738.250/GO, QUARTA TURMA, DJ 05/11/2007; e AgRg no Ag 668.909/SP, QUARTA TURMA, DJ 20/11/2006;

5. In casu, o Juízo Singular decidiu a questio iuris dentro dos limites postos pelas partes, consoante se conclui do excerto do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: “(...)A ação diz respeito a ocupação e supressão de vegetação nativa em área de cerca de 180 m2 nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar, e a construção de diversas edificações irregulares, que a perícia depois informou ocuparem 650 m2 (fls. 262), sem aprovação dos competentes órgãos do Município e do Estado. Ou seja, o pedido inicial se refere a devastação de área de aproximadamente 180 m2 e também a diversas construções, sem indicação da área que ocupam. Daí o pedido de cessação das agressões com paralisação de desmatamento, de construções e de ocupações, obviamente onde ainda não haviam ocorrido, além do pedido de demolição das edificações e culturas existentes, com restauração da vegetação primitiva, ou indenização.Irrelevante a menção à altitude de 180m, uma vez que os problemas são a situação em área de preservação permanente ou não e a irregularidade da ocupação e das construções, em terreno cuja acentuada declividade e situação de risco podem ser constatadas a olho nu (v. fls. 19, 31, 42, 73 e 131/132). E a perícia deixou clara a localização da área dentro do Parque Estadual com base na Planta Cartográfica Planialtimétrica do Instituto Geográfico e Cartográfico da USP (fls. 211 e 260/261), documento este cuja validade não foi infirmada pelo requerido. Mesmo o levantamento contratado pelo requerido para o PRAD confirmou estar a área construída acima da Cota 100 (v. fls. 288 e 297), porém o perito do Juízo observou que não houve comprovação da altimetria do ponto de referência (fls. 311/312).A contestação mostrou que, além das duas construções apontadas na petição inicial, outras já estavam

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feitas, com desrespeito aos embargos administrativo e judicial (v. fls. 176/181), não apenas no terreno de 180 m2 de área estimada ocupada por aquelas construções, mas em toda a área de posse do ora apelante, constituída por duas aquisições, uma de 2100 m2 e outra de 6000 m2 aproximadamente (v.fls. 127/132). A alegação de que já havia no local uma construção (fls. 121 e 127) não afasta a responsabilidade do adquirente, que é objetiva e corresponde a obrigação propterrem. A perícia informou ter havido corte do terreno (v. fls. 224 e 232/243), em que nenhuma construção pode haver sem autorização dos órgãos competentes. E a inexistência de curso d’água tampouco pode mudar o desfecho desta ação. Os limites da lide ficaram pois, definidos no pedido inicial e na contestação e não se contém na área de 180 m2 ocupada por duas construções, apenas, mas abrange as outras construções, como já dito.O perito oficial (. fls. 204/243, 259/265 e 310/314) constatou que a ocupação já estava estendida por cerca de 1242 m2 (fls. 211) com duas casas e uma igreja entre as Cotas 110 e 128 metros e verificou a degradação ambiental consumada (v. fls. 213/214 e 218/225) Como se vê, ficou provado que o ora apelante ocupou área de preservação permanente e ali fez várias edificações irregularmente; o fato de já não haver ali vegetação nativa, quando da ocupação, não o libera da responsabilidade objetiva e correspondente a obrigação propter rem de reconstituir essa vegetação. Terceiros eventualmente prejudicados poderão defender seus interesses pelas vias próprias.” às fls. 402/404.

6. Recurso Especial desprovido.”

(REsp 1107219/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 23/09/2010)

A assertiva E está incorreta porque, em tema de degradação ambiental, não se admite a existência de direito adquirido à poluição ou a aplicação da teoria do fato consumado:

“ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OCUPAÇÃO E EDIFICAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, NAS PROXIMIDADES DO RIO IVINHEMA/MS. SUPRESSÃO DA VEGETAÇÃO. CONCESSÃO DE LICENÇA ADMINISTRATIVA. ILEGALIDADE. INAPLICABILIDADE DA TEORIA DO FATO CONSUMADO, EM MATÉRIA DE DIREITO AMBIENTAL. DEVER DE REPARAÇÃO DO AGENTE CAUSADOR DO DANO AMBIENTAL. PRECEDENTES DO STJ, EM CASOS IDÊNTICOS. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.

I. Agravo interno aviado contra decisão publicada em 20/02/2017, que, por sua vez, julgara Recurso Especial interposto contra acórdão publicado na vigência do CPC/73. II. Na origem, trata-se de ação civil pública, ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, com o objetivo de obter a condenação do ora agravante em

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obrigação de fazer, consistente em desocupar, demolir e remover todas as construções, cercas e demais intervenções realizadas em área de preservação permanente, localizada nas proximidades do Rio Ivinhema/MS, bem como em reflorestar toda a área degradada.

III. O Tribunal de origem, apesar de reconhecer a existência de edificações, em área de preservação permanente, com supressão da vegetação, em afronta à legislação ambiental, reformou a sentença, para julgar improcedente a ação, sob o fundamento de que a situação encontra-se consolidada, em razão de prévia licença concedida pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul - IMASUL, sendo, assim, descabida a aplicação das medidas de desocupação, demolição de edificações e reflorestamento da área, determinadas pela sentença, sob pena de ofensa aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

IV. O STJ, em casos idênticos, firmou entendimento no sentido de que, em tema de Direito Ambiental, não se admite a incidência da teoria do fato consumado. Nesse contexto, devidamente constatada a edificação, em área de preservação permanente, a concessão de licenciamento ambiental, por si só, não afasta a responsabilidade pela reparação do dano causado ao meio ambiente, mormente quando reconhecida a ilegalidade do aludido ato administrativo, como na hipótese. Nesse sentido: STJ, REsp 1.394.025/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de 18/10/2013; REsp 1.362.456/MS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 28/06/2013.

V. Na forma da jurisprudência, “’o novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa julgada, tampouco para reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambientais o patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de extinção, a ponto de transgredir o limite constitucional intocável e intransponível da ‘incumbência’ do Estado de garantir a preservação e a restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)’ (AgRg no REsp 1.434.797/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17/05/2016, DJe 07/06/2016)” (STJ, AgInt no AgInt no AREsp 850.994/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/12/2016). Ademais, as exceções legais, previstas nos arts. 61-A a 65 do Código Florestal (Lei 12.651/2012), não se aplicam para a pretensão de manutenção de casas de veraneio, como na hipótese. Nesse sentido: STJ, AgInt nos EDcl no REsp 1.447.071/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 02/02/2017; AgInt nos EDcl no REsp 1.468.747/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 06/03/2017; AgRg nos EDcl no REsp 1.381.341/MS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 25/05/2016.

VI. Estando o acórdão recorrido em dissonância com o entendimento atual e dominante desta Corte, deve ser mantida a decisão ora agravada, que deu provimento ao Recurso Especial do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, para restabelecer a sentença,

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que julgara parcialmente procedente a presente Ação Civil Pública.

VII. Agravo interno improvido.”

(AgInt no REsp 1389613/MS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 27/06/2017) - grifou-se.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

PROFESSOR: RAFAEL VASCONCELOS PORTOE-mail: [email protected]

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

QUESTÃO 14. Sobre os princípios constitucionais aplicáveis à seguridade social, assinale a alternativa incorreta:

a) O princípio da equidade na forma de participação no custeio é a expressão do princípio tributário da capacidade contributiva no âmbito das contribuições destinadas à seguridade social, embora seja preciso levar em consideração também outros fatores, como, por exemplo, o risco verificado no exercício da atividade laborativa no âmbito do subsistema previdenciário.

b) O princípio da diversidade da base de financiamento, segundo a doutrina majoritária, expressa a ideia de solidariedade social, indicando que toda a sociedade deve contribuir ao financiamento da seguridade social, mas carrega guarda também relação com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, uma vez que a existências de um maior número de fontes serve para compensar eventual perda de receita em alguma(s) delas.

c) A denominada “regra da contrapartida” visa evitar um desequilíbrio financeiro imediato do sistema, guardando, assim, relação com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, embora este guarde também um viés de projeção futura.

d) O princípio (ou regra) do orçamento diferenciado consiste na vedação à utilização das contribuições previdenciárias para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do RGPS.

e) A gestão quadripartite - com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados – é expressão do caráter democrático e descentralizado da administração.

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COMENTÁRIO

Prezados alunos, estamos iniciando mais um curso regular, desta feita direcionado ao concurso do TRF5, que se avizinha. Teremos um total de seis rodadas em nosso curso, pelo que procuraremos abordar as matérias mais recorrentes nas provas, para otimizar os estudos nessa reta final de preparação. Elaborei recentemente uma ampla análise estatística das provas mais recentes da magistratura federal em nossa matéria, com vistas à elaboração da obra “Mapeando o Edital – Magistratura Federal”, que será em breve publicado pela Editora JusPodivm (com a participação de vários outros professores do CEI) e traz todas as dicas necessárias para que o aluno possa bem direcionar sua preparação rumo à aprovação. Pois bem, a partir de tal análise, constatei que os temas “parte geral de benefícios no RGPS” e “benefícios e serviços em espécie no RGPS” são, com folga (mais de 60% do total), os mais recorrentes nas provas. Especificamente quanto ao TRF5, o Regime Próprio do Servidor Público Civil - RPPS, o processo previdenciário, o custeio e a parte geral de seguridade social possuem também relevância considerável. Há temas que não foram abordados nas últimas quatro edições do concurso do TRF5, razão pela qual optamos por aqui também deixá-los de lado. Optamos por encadear os temas seguindo a ordem que normalmente é observada nos manuais, razão pela qual iremos, nessa primeira rodada, abordar o tema da parte geral da seguridade social, deixando para as últimas rodadas os tópicos de custeio, processo e RPPS e nas rodadas intermediárias os temas mais importantes (parte geral e prestações em espécie no RGPS). Na presente questão, trabalhamos, assim, com princípios atinentes à seguridade social.

A assertiva “a” está correta. Segundo a doutrina majoritária, o princípio da equidade na forma da participação no custeio expressa parcialmente o princípio tributário da capacidade contributiva, mas, especialmente dentro da teoria geral do seguro, aplicável ao subsistema da previdência social (e também, na prática, ao da saúde, com as devidas adaptações), o risco é também um fator que deve ser sopesado. Neste sentido, Marisa Ferreira dos Santos (Direito previdenciário Esquematizado, 4ª Ed., Ed. Saraiva, p. 41): “A nosso ver, a equidade na forma de participação no custeio não corresponde, exatamente, ao princípio da capacidade contributiva. O conceito de “equidade” está ligado à ideia de “justiça”, mas não à justiça em relação às possibilidades de contribuir, e sim à capacidade de gerar contingências que terão cobertura pela seguridade social. Então, a equidade na participação no custeio deve considerar, em primeiro lugar, a atividade exercida pelo sujeito passivo e, em segundo lugar, sua capacidade econômico-financeira. Quanto maior a probabilidade de a atividade exercida gerar contingências com cobertura, maior deverá ser a contribuição”.

A assertiva “b” está correta. Por um lado, a diversidade da base de financiamento é um princípio visto pela doutrina como expressão da solidariedade: “O financiamento da seguridade social é de responsabilidade de toda a comunidade, na forma do art.195 da CF. Trata-se da aplicação do princípio da solidariedade, que impõe a todos os segmentos sociais — Poder Público, empresas e trabalhadores — a contribuição na medida de suas possibilidades. A proteção social é encargo de todos porque a desigualdade social incomoda a sociedade como um todo.” (Marisa ferreira

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dos Santos, op. cit., p. 41). Por outro lado, a utilidade prática na existência de variadas fontes de custeio é bem apontada por Fábio Zambitte Ibrahim: “Enfim, a ideia da diversidade da base de financiamento é apontar para um custeio da seguridade social o mais variado possível, de modo que oscilações setoriais não venham a comprometer a arrecadação de contribuições. Da mesma forma, com amplo leque de contribuições, a seguridade social tem maior possibilidade de atingir sua principal meta, que é a universalidade de cobertura e atendimento.” (Curso de Direito Previdenciário, 20ª Ed., Ed. Impetus, p. 94).

A assertiva “c” está correta. A denominada “regra da contrapartida”, conforme denominação corrente dada pela doutrina, consiste na previsão trazida no §5º do art. 195 da CRFB: “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”. De minha parte, tenho críticas à nomenclatura “regra da contrapartida”, por transmitir a ideia, corrente em jurisprudência, de que a CRFB exige uma contrapartida direta por parte do beneficiário para conceder um benefício. Ocorre que a exigência constitucional é por uma fonte prévia de custeio, não necessariamente vinculada ao beneficiário. Assim, regra, em sentido forte, é apenas a precedência da fonte de custeio. A questão da contrapartida (direta, pelo segurado) pode ser vista como um princípio constitucional, extraível de diversas normas (inclusive a acima mencionada, mas não só) e da própria teoria geral do seguro, sendo, contudo, aplicável apenas ao subsistema previdenciário. João Batista Lazzari e Carlos Alberto Pereira de Castro apontam que “tal princípio tem íntima ligação com o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, de modo que somente possa ocorrer aumento de despesa para o fundo previdenciário quando exista também, em proporção adequada, receita que venha a cobrir os gastos decorrentes da alteração legislativa, a fim de evitar o colapso das contas do regime. Tal determinação constitucional nada mais exige do legislador senão a conceituação lógica de que não se pode gastar mais do que se arrecada.” (Manual de Direito Previdenciário, 15ª Ed., Ed. Forense, p. 95-96). Sobre o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, anotam os mesmos autores que “na execução da política previdenciária, atentar sempre para a relação entre custeio e pagamento de benefícios, a fim de manter o sistema em condições superavitárias, e observar as oscilações da média etária da população, bem como sua expectativa de vida, para a adequação dos benefícios a estas variáveis.” (op. cit., p. 99)

A assertiva “d” está incorreta. O princípio ou regra do orçamento diferenciado está previsto nos arts. 165, §5º, III (“a lei orçamentária anual compreenderá (...) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público”), e 195, §1º e 2º, da CRFB, consistindo em princípio de natureza meramente orçamentária. Consta no art. 167, XI, que é vedada “a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201”. Há até uma relação de fundo teleológico entre as duas normas, ou seja, a intenção do legislador constituinte foi, em ambos os casos, de proteger o sistema, mas não se confundem.

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A assertiva “e” está correta. O art. 194, par. único, VII da CRFB diz que é um dos objetivos da seguridade social o “caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados”.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 15. Relativamente à concessão de benefícios no RGPS, a CRFB prevê, exceto:

a) Como regra, a vedação de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria.

b) Como regra, renda mensal não inferior ao salário mínimo.

c) A contagem recíproca do tempo de contribuição prestado perante os regimes próprio (RPPS), geral (RGPS) e privado (de previdência complementar).

d) Correção de todos os salários de contribuição utilizados para o cálculo da renda mensal inicial.

e) Reajustamento do valor do benefício para preservar, em caráter permanente, seu valor real.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. A CRFB dispõe, no §1º do art. 201, que “É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”.

A assertiva “b” está correta. A CRFB dispõe, no §2º do art. 201, que “Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo”.

A assertiva “c” está incorreta. A CRFB prevê (§9º do art. 201) a “contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei”. A previdência complementar privada é um sistema à parte.

A assertiva “d” está correta. A CRFB dispõe, no §3º do art. 201, que “Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei”.

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A assertiva “e” está correta. A CRFB dispõe, no §4º do art. 201, que “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei”.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 16. Acerca do Direito Previdenciário constitucional, assinale a alternativa incorreta:

a) Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, são incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios.

b) A cobertura do risco de acidente de trabalho deve ser atendida concorrentemente pelo RGPS e pelo setor privado.

c) O sistema especial de inclusão previdenciária visa atender os trabalhadores de baixa renda e também aqueles que não exercem atividade remunerada, desde que pertencentes a famílias de baixa renda.

d) O sistema especial de inclusão previdenciária terá alíquotas e carências diferenciadas e benefícios no valor de um salário mínimo.

e) É vedada a filiação ao regime geral de previdência social de pessoa participante de regime próprio de previdência.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Trata-se de previsão contida no §11 do art. 201 da CRFB.

A assertiva “b” está correta. O §10 do art. 201 da CRFB diz que “Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado”.

A assertiva “c” está correta. O §12 do art. 201 da CRFB dispõe que “Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo”.

A assertiva “d” está correta. Agregando ao dispositivo anteriormente transcrito, temos o disposto no §13 do art. 201 da CRFB: “O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral

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de previdência social”.

A assertiva “e” está incorreta. O §5º do art. 201 da CRFB diz que “É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência”. Assim, caso se trate de filiação como segurado obrigatório, haverá sim a possibilidade.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

PROFESSORA: CARLA CRISTIANE TOMME-mail: [email protected]

DIREITO INTERNACIONAL

QUESTÃO 17. Marque a assertiva correta.

a) A prerrogativa de imparcialidade do julgador não se aplica à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, dependendo da decisão favorável proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

b) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à mediação e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

c) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal Federal, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

d) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

e) A prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa indireta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

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COMENTÁRIO

O Superior Tribunal de Justiça definiu que a prerrogativa de imparcialidade do julgador aplica-se à arbitragem e sua inobservância resulta em ofensa direta à ordem pública nacional – o que legitima o exame da matéria pelo Superior Tribunal de Justiça, independentemente de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema. (INFO 605 - SEC 9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, por maioria, julgado em 19/4/2017, DJe 30/5/2017)

A) A assertiva está incorreta. A prerrogativa de imparcialidade se aplica à arbitragem e independe de decisão proferida pela Justiça estrangeira acerca do tema.

B) A assertiva está incorreta. O STJ ainda não se manifestou sobre a aplicação da prerrogativa de imparcialidade para casos de mediação. Na mediação, assim como na arbitragem, deve haver a indicação do mediador e/ou árbitro por indicação/convenção das partes, a impedir tratamento diverso em instituto similar pela Corte, muito embora somente a arbitragem tenha caráter jurisdicional. Deve-se assim considerar que se maculada a imparcialidade do mediador, resultará em ofensa à ordem pública.

C) A assertiva está incorreta. A análise compete ao Superior Tribunal de Justiça.

E). A assertiva está incorreta. A ofensa é direta à ordem pública.

GABARITO: ALTERNATIVA (D)

QUESTÃO 18. A arbitragem tem ganhado relevo no comércio internacional, sobre o tema marque a alternativa incorreta:

a) No juízo de valor acerca do respeito à soberania e à ordem pública nacional, o STJ possui ampla liberdade para realizar o efetivo controle da decisão estrangeira antes de reconhecer sua eficácia no território nacional.

b) Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à homologação do Superior Tribunal de Justiça.

c) A denegação da homologação para reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira por vícios formais, não obsta que a parte interessada renove o pedido, uma vez sanados os vícios apresentados.

d) A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo.

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e) A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de três meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro.

COMENTÁRIO

A) Assertiva correta. O art. 39 da Lei de Arbitragem impede a homologação de sentença estrangeira que ofenda a ordem pública nacional, tal disposição é endossada pelo acórdão proferido pelo STJ no Informativo 605 ( SEC 9.412-EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, por maioria, julgado em 19/4/2017, DJe 30/5/2017).

B) Assertiva correta. Teor do art. 35 da Lei de Arbitragem, com redação dada pela Lei 13.129/2015.

C) Assertiva correta. Teor do art. 40 da Lei de Arbitragem.

D) Assertiva correta. Teor do art. 31 da Lei de Arbitragem.

E) Assertiva incorreta. O prazo para apresentação da sentença, quando não convencionado pelas partes, é de seis meses, conforme disposição expressa do art. 23 da Lei de Arbitragem.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 19. O Brasil é signatário da Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, sobre o tema marque a assertiva incorreta.

a) O Governo brasileiro depositou o Instrumento de Adesão da referida Convenção em 19 de outubro de 1999, passando a mesma a vigorar, para o Brasil, em 1º de janeiro de 2000.

b) O Brasil aderiu in totum à Convenção sobre os Aspectos Civis do Seqüestro Internacional de Crianças, concluída na cidade de Haia, em 25 de outubro de 1980.

c) Qualquer pessoa, instituição ou organismo que julgue que uma criança tenha sido transferida ou retirada em violação a um direito de guarda pode participar o fato à Autoridade Central do Estado de residência habitual da criança ou à Autoridade Central de qualquer outro Estado Contratante, para que lhe seja prestada assistência para assegurar o retorno da criança.

d) A aplicação da Convenção cessa quando a criança atingir a idade de dezesseis anos.

e) Comporta temperamentos a avaliação judicial de retorno de criança transferida ou retida ilicitamente em outro país, quando decorrido mais de um ano entre o sequestro

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e o início do processo perante a autoridade judicial ou administrativa do Estado Contratante.

COMENTÁRIO

A) Assertiva correta. O preâmbulo do Decreto n. 3.413, de 14 de abril de 2000 expressamente informa acerca do ato de adesão pelo Brasil à Convenção.

B) Assertiva incorreta. O Brasil promoveu reserva ao art. 24 da Convenção, consoante permitido pelo art. 42 da mesma, com fins a determinar que os documentos estrangeiros juntados aos autos judiciais sejam acompanhados de tradução para o português, feita por tradutor juramentado oficial.

C) Assertiva correta. É o teor do art. 8º da Convenção.

D) Assertiva correta, conforme art. 4º da Convenção.

E) Assertiva correta, nos termos do art. 12 da Convenção, que refere que se a criança já se encontrar integrada no seu novo meio não deve ter seu retorno ordenado.

GABARITO: ALTERNATIVA (B)

PROFESSOR: LUCIANO MENDONÇA FONTOURAE-mail: [email protected]

DIREITO PENAL

QUESTÃO 20. A respeito dos crimes contra o patrimônio, assinale a alternativa incorreta:

a) O crime de extorsão é formal.

b) No crime de extorsão a ameaça pode ter por conteúdo grave dano aos bens da vítima.

c) O preso que provoca dano ao patrimônio público na tentativa de fugir de estabelecimento prisional responderá também por este crime.

d) Quem provoca dano ao patrimônio do Distrito Federal responderá pelo crime de dano em sua forma simples.

e) Não é possível aplicar o princípio da insignificância nas hipóteses de dano qualificado, quando o prejuízo ao patrimônio público atingir outros bens de relevância social e tornar evidente o elevado grau de periculosidade social da ação e de reprovabilidade

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da conduta do agente.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta, pois o crime de extorsão é formal, consumando-se no momento em que a violência ou grave ameaça é exercida, independentemente da obtenção da vantagem indevida:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.467.129 - SC (2014/0170462-1) RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA RECORRIDO : GIOVANI ÁTILA DOS SANTOS ADVOGADO : JOAO CARLOS GRECO - SC008086 RECORRIDO : ROSELI DA SILVA HERMANN ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA EMENTA RECURSO ESPECIAL. EXTORSÃO. CRIME CONSUMADO. AÇÃO POSITIVA DA VÍTIMA QUE, APESAR DA COMUNICAÇÃO DO CRIME À POLÍCIA, CEDEU À EXIGÊNCIA DOS AGENTES. RECURSO PROVIDO. 1. O crime de extorsão é formal e se consuma no momento em que a vítima, submetida a violência ou grave ameaça, realiza o comportamento desejado pelo criminoso. É irrelevante que o agente consiga ou não obter a vantagem indevida, pois esta constitui mero exaurimento do crime. Súmula n. 96 do STJ. 2. Caso o ameaçado vença o temor inspirado e deixe de atender à imposição quanto à pretendida ação, é inquestionável a existência da tentativa de extorsão. 3. Sem necessidade de reexame de provas, é possível depreender, a partir do enquadramento fático delineado no acórdão, que a vítima, ameaçada pelos recorridos, lavrou boletim de ocorrência, mas não confiou, de forma absoluta, na intervenção da polícia, uma vez que compareceu ao local e entregou envelope com dinheiro aos recorridos, presos em flagrante, logo depois, na posse do numerário. 4. A ação positiva da vítima, resultante da coação exercida, se concretizou e, até a prisão dos recorridos, ela estava subjugada pelo temor. A ação policial não impediu que o ofendido cedesse ao constrangimento ilegal, mas apenas a obtenção da indevida vantagem econômica, o que caracterizaria o mero exaurimento da extorsão. 5. Houve simples tendência da autoridade policial de, informada do propósito criminoso, dar aos agentes o ensejo de agir, tomadas as devidas precauções. 6. Recurso especial provido para reconhecer a violação do art. 14, II, do CP e a consumação do crime de extorsão, de forma a fixar no mínimo legal a pena dos recorridos, a ser cumprida no regime inicial Documento: 72116529 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 11/05/2017 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça aberto.

A assertiva “b” também está correta, já que a ameaça a que se refere o caput do art. 158 do CP, exercida com o fim de obter a indevida vantagem econômica, pode também ter por conteúdo grave dano aos bens da vítima.

HABEAS CORPUS Nº 343.825 - SC (2015/0306096-2) RELATOR : MINISTRO RIBEIRO

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DANTAS IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA PACIENTE : LEONARDO CUNHA DA ROSA EMENTA PENAL. HC SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. EXTORSÃO. GRAVE AMEAÇA DE DANO A BEM DA VÍTIMA. POSSIBILIDADE. ABSOLVIÇÃO. MAIORES INCURSÕES QUE DEMANDARIAM REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-COMPROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPROPRIEDADE DO WRIT. ORDEM NÃO CONHECIDA. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. No caso, não se observa flagrante ilegalidade a justificar a concessão do habeas corpus, de ofício. 2. Nos termos da jurisprudência desta Corte, configura a grave ameaça necessária para a tipificação do crime de extorsão a exigência de vantagem indevida sob ameaça de destruição e não devolução de veículo da vítima, que havia sido dela subtraído. Precedentes. 3. Se a Corte de origem, mediante valoração do acervo probatório produzido nos autos, entendeu, de forma fundamentada, restar configurada a elementar grave ameaça prevista no preceito primário do tipo penal incriminador, a análise das alegações concernentes ao pleito de absolvição demandaria exame detido de provas, inviável em sede de writ. 4. Habeas corpus não conhecido.

A assertiva “c” está incorreta, pois a caracterização do crime dependerá da demonstração do dolo específico de causar prejuízo ao bem público:

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 578.521 - GO (2014/0226873-4) RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL AGRAVADO : WADY DA COSTA SANTOS ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE GOIÁS EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DANO QUALIFICADO. DELITO COMETIDO POR PRESO, COM A FINALIDADE DE FUGA DE ESTABELECIMENTO PRISIONAL. CONDUTA ATÍPICA. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DESTA CORTE SUPERIOR. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N.º 83 DA SÚMULA DO STJ. INSURGÊNCIA DESPROVIDA. 1. O aresto objurgado alinha-se a entendimento pacificado neste Sodalício no sentido de que o dano praticado contra estabelecimento prisional, em tentativa de fuga, não configura fato típico, haja vista a necessidade do dolo específico de destruir, inutilizar ou deteriorar o bem, o que não ocorre quando o objetivo único da conduta é fugir. 2. Incidência do óbice do Enunciado n.º 83 da Súmula do STJ, também aplicável ao recurso especial interposto com fundamento na alínea a do permissivo constitucional. 3. Não tendo a insurgente apontado qualquer julgado recente desta Corte Superior capaz de desconstituir a conclusão da decisão ora

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objurgada, esta deve ser mantida por seus próprios fundamentos. 4. Agravo regimental desprovido.

A assertiva “d” está correta, já que a ausência de menção expressa ao patrimônio do Distrito Federal no art. 163, § único, III do CP, torna inviável a configuração da forma qualificada do crime de dano, vem virtude da vedação de analogia in malam partem.

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.623 - DF (2016/0254951-9) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER AGRAVANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS AGRAVADO : CARLOS JUNIOR BERNARDES DE SOUZA ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DANO QUALIFICADO. PATRIMÔNIO DO DISTRITO FEDERAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO EXPRESSA DE BENS DISTRITAIS NO ART. 163, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO III, DO CÓDIGO PENAL. VEDAÇÃO DE ANALOGIA IN MALAM PARTEM. DESCLASSIFICAÇÃO PARA DANO SIMPLES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I - A jurisprudência desta Corte entende, ressalvado o posicionamento deste relator, que a ausência de menção expressa ao patrimônio do Distrito Federal no art. 163, parágrafo único, III, do Código Penal torna inviável a configuração da forma qualificada do crime de dano nas hipóteses em que o bem danificado for distrital, em virtude da vedação da analogia in malam partem no sistema penal brasileiro. II - Não compete a este STJ se manifestar explicitamente sobre dispositivos constitucionais, ainda que para fins de prequestionamento (precedentes). Agravo regimental desprovido.

A assertiva “e” também está correta, nos termos do posicionamento pacificado no âmbito do STJ:

HABEAS CORPUS Nº 324.550 - MT (2015/0119626-2) RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO MATO GROSSO IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO PACIENTE : JHONATHAN FRANKLIN FERREIRA EMENTA CONSTITUCIONAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. DANO QUALIFICADO. PATRIMÔNIO PÚBLICO. LASTRO PROBATÓRIO SUFICIENTE PARA A PERSECUÇÃO PENAL EM JUÍZO. INSIGNIFICÂNCIA. TRANSCENDÊNCIA DO PATRIMONIALIDADE. DANO A DELEGACIA DE POLÍCIA. VULNERAÇÃO DE BOM FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO PÚBLICO DE SEGURANÇA. INAPLICABILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE NÃO EVIDENCIADA. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado, o que não ocorre na espécie. 2. Cumpre esclarecer que a jurisprudência

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dos tribunais superiores admite o trancamento do inquérito policial ou de ação penal, excepcionalmente, nas hipóteses em que se constata, sem o revolvimento de matéria fático-probatória, a ausência de indícios de autoria e de prova da materialidade, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade, o que não se observa no presente caso. (STJ: RHC 58.872/PE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, DJe 1/10/2015; RHC 46.299/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe 9/3/2015; HC 294.833/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe 3/8/2015; STF: RHC 125787 AgR, Relator Ministro GILMAR MENDES, SEGUNDA TURMA, DJe 31/7/2015; HC 108168, Relator Ministro ROBERTO BARROSO, PRIMEIRA TURMA, DJe 2/9/2014). 3. A denúncia satisfez o lastro probatório mínimo de admissibilidade para prosseguimento da persecução penal. A materialidade está devidamente comprovada pelo auto de constatação de danos e pelo auto de apreensão das três barras de ferro utilizadas para deteriorar a parede lateral e o teto da cela da Delegacia de Polícia Civil da Comarca de Colíder, local onde se encontrava segregado cautelarmente pelo cometimento de suposto crime de extorsão anteriormente praticado. Os indícios de autoria são robustos, pois encontrava-se o paciente sozinho na cela, no momento do ato. Ressalte-se que os indícios de autoria imputados ao paciente não implicam sua condenação antecipada, o que indicaria inarredável ilegalidade. Muito pelo contrário, o órgão ministerial, diante da materialidade do crime e dos indícios de autoria, ao promover a denúncia, mostrou-se cumpridor do desiderato da obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada. 4. O “princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os Documento: 62699344 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 28/06/2016 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. [...] Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público.” (HC n. 84.412-0/SP, STF, Ministro CELSO DE MELLO, DJU 19.11.2004) 5. A conduta de destruir, inutilizar ou deteriorar a coisa alheia, restrita ao tipo simples do crime de dano, afronta unicamente o patrimônio privado, sendo plenamente possível o reconhecimento de sua atipicidade material. Entrementes, nos termos do art. 163, parágrafo único, do Código Penal, o crime de dano qualificado porta acréscimo substancial de reprovabilidade, diante da maior periculosidade dos meios utilizados (incisos I e II), a maior relevância social de seu objeto atingido (inciso III) ou pelas consequências para a vítima e mesquinhez do motivo

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(inciso IV). Nas hipóteses de dano qualificado, independente do valor patrimonial do bem, havendo transcendência do bem jurídico patrimonial, atingindo bens jurídicos outros, de relevância social, incabível a aplicação da bagatela, diante da evidente periculosidade social da ação e maior grau de reprovabilidade da conduta. 6. In casu, o suposto comportamento do paciente mostrou-se extremamente reprovável, transcendendo o mero prejuízo financeiro sofrido pela Administração Pública, porquanto o bem danificado possui inquestionável valor de relevância social, consistente no regular funcionamento dos órgãos policiais, que restou prejudicado, e o respeito às autoridades policiais, que é essencial à segurança pública. 7. Habeas corpus não conhecido

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 21. Sobre o crime de apropriação indébita previdenciária, analise as alternativas abaixo e assinale a alternativa errada.

a) O crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) é de natureza material e exige a constituição definitiva do débito tributário perante o âmbito administrativo para configurar-se como conduta típica.

b) O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, prescindindo, portanto, do dolo específico.

c) A apropriação indébita previdenciária é crime instantâneo e unissubsistente, sendo a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais suficiente para a caracterização da continuidade delitiva.

d) É possível o reconhecimento da continuidade delitiva de crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), bem como entre o crime de apropriação indébita previdenciária e o crime de sonegação previdenciária (art. 337-A do CP) praticados na administração de empresas distintas, mas pertencentes ao mesmo grupo econômico.

e) O pagamento integral dos débitos oriundos de apropriação indébita previdenciária, ainda que efetuado após o trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue a punibilidade, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/03.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta, nos termos do AgRg nº 2.537/GO (STF) e posicionamento pacificado no âmbito do STJ:

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.644.719 - SP (2016/0333264-3) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : ADILSON RODRIGUES DOS SANTOS ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 168-A, § 1º, DO CP. CRIME MATERIAL. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, o crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A, ostenta natureza de delito material. Portanto, o momento consumativo do delito em tela corresponde à data da constituição definitiva do crédito tributário, com o exaurimento da via administrativa (ut, (RHC 36.704/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJe 26/02/2016). Nos termos do art. 111, I, do CP, este é o termo inicial da contagem do prazo prescricional. 2. In casu, a sentença condenou o recorrido à pena de 02 anos de reclusão (sem considerar o aumento de 1/3 da pena pela continuidade delitiva), de forma que o prazo prescricional há ser observado é de 04 anos, consoante o artigo 109, V, do Código Penal. 3. Assim, tendo em vista a data da constituição definitiva do crédito tributário (22/11/2007), não se verifica o transcurso do prazo prescricional de 4 (quatro) anos entre a constituição definitiva do crédito e os marcos interruptivos da prescrição, na espécie, pois a denúncia foi recebida em 22/03/2011 e a sentença condenatória publicada em 20/05/2014. 4. Agravo regimental não provido.

A assertiva “b” também está correta, conforme entendimento pacificado no âmbito do STJ:

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.477.691 - DF (2014/0204457-0) RELATOR : MINISTRO NEFI CORDEIRO AGRAVANTE : VANIA LUIZA ARAUJO DIAS ADVOGADOS : FÁBIO BROILO PAGANELLA E OUTRO(S) - DF011842 RONALDO FILIPE NASCIMENTO CURY - DF035625 AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. ART. 1º, V, DA LEI N. 8.137/90. NÃO EMISSÃO DE NOTA FISCAL. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. VIA IMPRÓPRIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. LANÇAMENTO DEFINITIVO DO TRIBUTO. DESNECESSIDADE. CRIME FORMAL. DOLO ESPECÍFICO. PRESCINDIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Incabível, na via eleita, o exame de violação a dispositivos constitucionais, cuja competência é reservada ao STF, nos termos do art. 102, III, da Constituição Federal. 2. Os crimes contra a ordem tributária previstos no art. 1º, incisos I a IV da Lei 8.137/90 não se tipificam antes do lançamento definitivo do tributo, nos termos da Súmula Vinculante 24 do Supremo Tribunal Federal. Contudo, o delito do art. 1º, inciso V, da Lei n.º 8.137/90 é formal, não estando incluído na exigência da referida Súmula Vinculante. (HC 195.824/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 06/06/2013). 3. Em crimes de sonegação fiscal e de apropriação indébita de contribuição previdenciária, este

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Superior Tribunal de Justiça pacificou a orientação no sentido de que sua comprovação prescinde de dolo específico sendo suficiente, para a sua caracterização, a presença do dolo genérico consistente na omissão voluntária do recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos (AgRg no AREsp 493.584/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe 08/06/2016). 4. Agravo regimental improvido

A assertiva “c” está correta:

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.574.813 - PR (2015/0318539-4) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : ANTÔNIO RICARDO SABATINO D’AGOSTINHO ADVOGADO : CLAUBER JULIO DE OLIVEIRA AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ADVOGADOS : DANIELLE ANNE PAMPLONA LEDO PAULO GUIMARÃES SANTOS EMENTA PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. ANÁLISE DE OFENSA DIRETA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INADMISSIBILIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA NÃO CARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE PARTICULARIZAÇÃO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS VIOLADOS. SÚMULA 284/STF. DOLO ESPECÍFICO. DESNECESSIDADE. PRETENSÃO ABSOLUTÓRIA. SÚMULA 7/STJ. CONTINUIDADE DELITIVA. NÚMERO DE INFRAÇÕES. PRESCRIÇÃO. ART. 115 DO CP. IDADE DO RÉU QUE DEVE SER VERIFICADA POR OCASIÃO DA PROLAÇÃO DA PRIMEIRA DECISÃO CONDENATÓRIA, QUE, NO CASO, FOI A SENTENÇA. PRECEDENTE DA TERCEIRA SEÇÃO. VALOR DO DIA-MULTA E DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DO ACUSADO. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. É defeso a esta Corte analisar maltrato direto a norma constitucional, sob pena de usurpação da competência do STF. 2. Não há como reconhecer a inépcia da denúncia se a descrição da pretensa conduta delituosa foi feita de forma suficiente ao exercício do direito de defesa, com a narrativa de todas as circunstâncias relevantes, permitindo a leitura da peça acusatória a compreensão da acusação, com base no artigo 41 do Código de Processo Penal (RHC 46.570/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/11/2014, DJe 12/12/2014). 3. A superveniência da sentença penal condenatória torna esvaída a análise do pretendido reconhecimento de inépcia da denúncia, isso porque o exercício do contraditório e da ampla defesa foi viabilizado em sua plenitude durante a instrução Documento: 62415027 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 01/08/2016 Página 1 de 3 Superior Tribunal de Justiça criminal (AgRg no AREsp 537.770/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 4/8/2015, DJe 18/08/2015). 4. É inviável o recurso que não aponta, com clareza, os dispositivos de lei federal violados. Incidência da Súmula 284/STF. 5. O acolhimento da pretensão absolutória, tal como formulada, demandaria

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ampla incursão em aspectos fáticos-probatórios, providência inadmissível na via eleita, a teor da Súmula 7/STJ. 6. Em crimes de sonegação fiscal e de apropriação indébita de contribuição previdenciária, este STJ pacificou a orientação de que sua comprovação prescinde de dolo específico, sendo suficiente, para a sua caracterização, a presença do dolo genérico, consistente na omissão voluntária do recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos. 7. De acordo com entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, no que se refere à continuidade delitiva, o número de infrações cometidas deve ser considerado quando da fixação da fração devida a titulo de aumento, sendo 1/6 para a hipótese de dois delitos e o patamar máximo de 2/3 para o caso de 7 delitos ou mais. Assim, não há qualquer impropriedade no acórdão recorrido no ponto em que aplicou a fração de 2/3, considerando que foram praticadas 36 infrações. 8. A redução do prazo prescricional, prevista no art. 155 do Código Penal, só deve ser aplicada quando o réu atingir 70 anos até a primeira decisão condenatória, seja ela sentença ou acórdão (EREsp. 749.912/PR, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Terceira Seção, DJE 5/5/2010). 9. Rever a condição econômico-financeira do imputado para fins de alterar o valor do dia-multa ou da prestação pecuniária substitutiva esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. Precedentes. 10. Dissídio jurisprudencial não comprovado nos moldes exigidos pela norma regimental, com o devido cotejo analítico, de maneira que não se identifica a perfeita similitude de bases fáticas entre as hipóteses confrontadas. 11. Agravo Regimental desprovido.

A assertiva “d” também está correta:

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.396.259 - RS (2013/0275549-9) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA AGRAVANTE : ANA MARIA DE OLIVEIRA RIZZO AGRAVANTE : ELEONORA MARIA GUIMARÃES OLIVEIRA RIZZO ADVOGADOS : ALEXANDRE AYUB DARGÉL LAURO THADDEU GOMES AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. CRIME SOCIETÁRIO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA. EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. NÃO DEMONSTRADA. CRIME CONTINUADO. CONFIGURAÇÃO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. CAUSA DE AUMENTO. FATOR MÁXIMO. ELEVADO NÚMERO DE CRIMES PRATICADOS SOB REGIME DE CONTINUIDADE DELITIVA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. SÚMULA 83/STJ. 1. Não há como reconhecer a inépcia da denúncia se a descrição da pretensa conduta delituosa foi feita de forma suficiente ao exercício do direito de defesa, com a narrativa de todas as circunstâncias relevantes, permitindo a leitura da peça acusatória a compreensão da

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acusação, com base no artigo 41 do Código de Processo Penal (RHC 46.570/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/11/2014, DJe 12/12/2014). 2. A peça acusatória explicita que as agravantes, na condição de administradoras de determinada sociedade empresária, deixaram de recolher, no prazo legal, contribuições destinadas à Previdência Social, descontadas dos pagamentos efetuados aos respectivos empregados, fato de que resultou o prejuízo de R$ 48.149,91 (quarenta e oito mil, cento e quarenta e nove reais e noventa e um centavos). 3. Ademais, a superveniência da sentença penal condenatória torna esvaída a análise do pretendido reconhecimento de inépcia da denúncia, isso porque o exercício do contraditório e da ampla defesa foi viabilizado em sua plenitude durante a instrução Documento: 58902554 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 30/03/2016 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça criminal (AgRg no AREsp 537.770/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Sexta Turma, julgado em 4/8/2015, DJe 18/08/2015). 4. O Tribunal de origem, depois de examinar o conjunto probatório construído nos autos, firmou o entendimento de que a alegada inexigibilidade de conduta diversa, por dificuldades financeiras vivenciadas pela sociedade empresária, não ficou demonstrada. Rever a conclusão do acórdão recorrido demandaria profunda incursão sobre aspectos fático-probatórios, o que, em sede de recurso especial, constitui medida vedada. Súmula 7/STJ. 5. A prática de crimes de apropriação indébita previdenciária em que o agente estiver à frente de empresas distintas, mas pertencentes ao mesmo grupo empresarial, não afasta o reconhecimento da continuidade delitiva (REsp 859.050/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 03/12/2013, DJe 13/12/2013). 6. A exasperação da pena provisória em 2/3, por conta do elevado número de crimes praticados em regime de continuidade delitiva, está de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Súmula 83/STJ. 7. Agravo regimental não provido.

A assertiva “e” está incorreta, vez que a quitação do débito apenas terá o efeito pretendido se realizada antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória:

HABEAS CORPUS Nº 90.308 - SP (2007/0213799-9) RELATOR : MINISTRO NEFI CORDEIRO IMPETRANTE : GUSTAVO HENRIQUE DE SOUZA E SILVA IMPETRADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3A REGIÃO PACIENTE : FRANCISCO JOSÉ MONTEIRO DIAS EMENTA PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS . SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL, ORDINÁRIO OU DE REVISÃO CRIMINAL. NÃO CABIMENTO. ALEGADA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. FATO NOVO VERIFICADO APÓS JULGAMENTO DA APELAÇÃO. SENTENÇA CONDENATÓRIA NÃO TRANSITADA EM JULGADO. QUITAÇÃO DE DÉBITO DECORRENTE DO NÃO REPASSE DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. LEI Nº 10.684/03. NÃO COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser inadequado

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o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia. 2. Verificado, após o julgamento do recurso de apelação, fato novo alegadamente capaz de extinguir a punibilidade do agente, é o habeas corpus meio apto a sanar eventual constrangimento decorrente do não reconhecimento da circunstância aventada. 3. A quitação do débito decorrente de apropriação indébita previdenciária enseja a extinção da punibilidade (art. 9º, § 2º, da Lei nº 10.684/03), desde que realizada antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. 4. Apesar de alegado que houve quitação de débito, não foi comprovado tal fato. 5. Habeas corpus não conhecido, cassando-se a liminar concedida.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 22. Com base no posicionamento dos tribunais superiores, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:

I. O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem que sabe ser produto de crime.

II. No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do acusado, caberá à defesa apresentar prova acerca da origem lícita da res ou de sua conduta culposa (art. 156 do CPP), sem que se possa falar em inversão do ônus da prova.

III. Talonário de cheques pode ser objeto material do crime de receptação, dada a existência de valor econômico do bem e a possibilidade de posterior utilização fraudulenta para obtenção de vantagem ilícita.

IV. Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002.

a) Está incorreta apenas a assertiva III.

b) Estão erradas as assertivas II e IV.

c) Estão corretas as assertivas I, II e III.

d) Estão incorretas as assertivas I e IV.

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e) Todas estão corretas.

COMENTÁRIO

A assertiva “I” está correta.

RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 80.559 - RS (2017/0018359-0) RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA RECORRENTE : IVAN MARCOS DE AZAMBUJA TEIXEIRA (PRESO) ADVOGADOS : RAFAEL GUERREIRO NORONHA - RS091165 PABLO RICARDO ABOAL CUNA - RS091173 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO E ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR. PRISÃO EM FLAGRANTE. OCULTAR PRODUTO DE CRIME. DELITO PERMANENTE. AUSÊNCIA DE NULIDADE. PRISÃO PREVENTIVA. RÉU QUE JÁ POSSUI OUTRAS CONDENAÇÕES PENAIS. RISCO DE REITERAÇÃO. NECESSIDADE DA PRISÃO PARA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. SEGREGAÇÃO JUSTIFICADA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. A receptação, na modalidade ocultar, é crime permanente. Assim enquanto o agente estiver guardando ou escondendo o objeto que sabe ser produto de crime, consuma-se a infração penal, perdurando o flagrante delito. 2. A garantia constitucional de inviolabilidade ao domicílio é excepcionada nos casos de flagrante delito, não se exigindo, em tais hipóteses, mandado judicial para ingressar na residência do agente. Precedentes. 3. A privação antecipada da liberdade do cidadão acusado de crime reveste-se de caráter excepcional em nosso ordenamento jurídico, e a medida deve estar embasada em decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da CF), que demonstre a existência da prova da materialidade do crime e a presença de indícios suficientes da autoria, bem como a ocorrência de um ou mais pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal. Exige-se, ainda, na linha perfilhada pela jurisprudência dominante deste Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que a decisão esteja pautada em motivação concreta, sendo vedadas considerações abstratas sobre a gravidade do crime. 4. No presente caso, a prisão preventiva está devidamente justificada para a garantia da ordem pública, em razão da periculosidade do agente, evidenciada por dados de sua vida Documento: 71339211 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 26/04/2017 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça pregressa, notadamente por responder a outras ações penais, inclusive, pelo crime de roubo. A prisão preventiva, portanto, mostra-se indispensável para conter a reiteração na prática de crimes e garantir a ordem pública. 5. As condições subjetivas favoráveis do recorrente, por si sós, não obstam a segregação cautelar, quando presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva. 6. Recurso improvido.

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A assertiva “II” também está correta.

HABEAS CORPUS Nº 388.640 - SP (2017/0033015-1) RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS IMPETRANTE : NOEL RICARDO MAFFEI DARDIS ADVOGADO : NOEL RICARDO MAFFEI DARDIS - SP139799 IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : FABIANO JOSE DE MATOS CASALE EMENTA PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. RECEPTAÇÃO DOLOSA. NULIDADE DO ACÓRDÃO NÃO EVIDENCIADA. SUPOSTA CARÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO DOLO DIRETO DO RÉU. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 156 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. Na razões recursais, a defesa limitou-se a pugnar pelo reconhecimento da ausência de dolo direto, o que implicaria absolvição por carência de provas, sem que tenha sido deduzido pedido de desclassificação da conduta para a modalidade tentada. Tal fundamento, por certo, foi rechaçado na decisão colegiada, que entendeu ter havido a inversão do ônus probatório, porquanto o réu foi surpreendido em poder do produto do crime, tendo a defesa deixado de demonstrar a natureza lícita da res ou, ainda, que o agente desconhecia que a coisa havia sido obtida por meio criminoso. Nesse passo, não há se falar em carência de fundamentação idônea e, por consectário, em nulidade do acórdão proferido no julgamento do apelo defensivo. 3. A conclusão das instâncias ordinárias está em sintonia com a jurisprudência consolidada desta Corte, segundo a qual, no crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do paciente, caberia à defesa apresentar prova acerca da origem lícita do bem ou de sua conduta culposa, nos termos do disposto no art. 156 do Código de Processo Penal, sem que se possa falar em inversão do ônus da prova. . 4. Se as instâncias ordinárias, com esteio nos elementos de prova amealhados no curso na instrução penal, concluíram pela materialidade e autoria delitivas, a pretensão de absolvição do réu ou de desclassificação da conduta para sua forma culposa demandaria reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que não se coaduna com via do writ. Precedentes. 5. O simples fato de o agente ter pago pelo bem não afasta a tipicidade do crime de receptação, pois, tratando-se de crime plurissubsistente, em sua modalidade adquirir, a obtenção do bem pode se dar de forma gratuita ou onerosa. 6. Nos termos do reconhecido nos autos, o paciente dedica-se à compra e venda de veículos e, portanto, a natureza da atividade laboral por ele exercida denotaria, em princípio, a prática do crime de receptação qualificada, ao qual é imposta pena bastante superior àquela aplicada na modalidade simples, dado o maior grau de censura do comportamento. Documento: 73744128 - EMENTA / ACORDÃO -

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Site certificado - DJe: 22/06/2017 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça 7. Habeas corpus não conhecido

A assertiva “III” está correta.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 112.108 - SP (2010/0084045-8) RELATOR : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ SUSCITANTE : JUÍZO DE DIREITO DA 3A VARA CRIMINAL DE SÃO PAULO - SP SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 3A VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - SP INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INTERES. : NISSIM SALAMÃO SAYEG EMENTA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. JUSTIÇA ESTADUAL. RECEPTAÇÃO. TALONÁRIO DE CHEQUES. VALOR ECONÔMICO. EXISTÊNCIA. POSTERIOR UTILIZAÇÃO FRAUDULENTA. VULNERABILIDADE DA VÍTIMA. PREJUÍZO AO TITULAR DO TALONÁRIO E BANCO DE NATUREZA PRIVADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. É de reconhecer-se potencialidade lesiva a um talonário de cheques, dado seu inegável valor econômico, aferível pela provável utilização das cártulas como meio fraudulento para a obtenção de vantagem ilícita por parte de seus detentores. 2. A seu turno, consoante escólio de Magalhães Noronha, citado no bojo do voto condutor do Recurso Extraordinário n. 100.103/PR, DJ de 25.5.1984, da lavra do Ministro Francisco Rezek: ‘Uma coisa pode não ter valor para os outros, mas poderá tê-lo para o dono’. É que, na sua consideração, há um lado psicológico que não deve ser desprezado. O valor é dado, principalmente, pelo espírito humano, e não pela natureza do objeto. Não compreendemos bem como se possa dizer não ter valor a coisa só porque no mercado não é suscetível de troca.’ 3. A competência para processar e julgar o feito seria da Justiça Federal se o bem fosse “explorado diretamente pela empresa pública - na forma de agência própria” (CC 122.596/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, 3S, DJe 22.8.2012). Isso porque, nos termos desse julgado, acerca da competência nos delitos praticados em detrimento da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT, “a fixação da competência depende da natureza econômica do serviço prestado.” 4. Na hipótese dos autos, não obstante a vítima direta do roubo haja Documento: 33768524 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 15/09/2014 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça sido o carteiro dos Correios - no desempenho de suas atribuições - eventual prejuízo decorrente da utilização fraudulenta dos cheques seria do particular, titular do talonário, e por consectário lógico, do banco emitente, à época Banco Bradesco, pessoa jurídica de direito privado. 5. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal de São Paulo-SP, ora suscitante

A assertiva “IV” está incorreta, nos termos do posicionamento do STF:

Habeas corpus. 2. Apropriação indébita previdenciária. Princípio da insignificância. Não

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aplicabilidade. Valor superior ao fixado no art. 1º, I, da Lei 9.441/97. Alto grau de reprovabilidade da conduta. 3. Constrangimento ilegal não caracterizado. 4. Ordem denegada. (HC 107331, GILMAR MENDES, STF.)

EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. NÃO REPASSE À PREVIDÊNCIA SOCIAL DO VALOR DE R$ 7.767,59 (SETE MIL SETECENTOS E SESSENTA E SETE REAIS E CINQUENTA E NOVE CENTAVOS). INVIABILIDADE DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: ALTO GRAU DE REPROVABILIDADE DA CONDUTA E OFENSA AO BEM JURÍDICO PENALMENTE TUTELADO. ORDEM DENEGADA. 1. A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício de adequação do fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade, é necessária análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no sentido de se verificar a ocorrência de lesão grave e penalmente relevante do bem jurídico tutelado. 2. O princípio da insignificância reduz o âmbito de proibição aparente da tipicidade legal, tornando atípico o fato na seara penal, apesar de haver lesão a bem juridicamente tutelado pela norma penal. 3. Para a incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, como a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada. 4. Não repassar à Previdência Social R$ 7.767,59 (sete mil, setecentos e sessenta e sete reais e cinquenta e nove centavos), além de ser reprovável, não é minimamente ofensivo. 5. Habeas corpus denegado. (HC 110124, CÁRMEN LÚCIA, STF.)

Registre-se o posicionamento divergente do STJ:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.419.836 - RS (2013/0387344-0) RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RECORRIDO : JEFERSON RANGEL TEIXEIRA RECORRIDO : JOCELAINE PEREIRA ADVOGADOS : LUIZ ERNANI SALINO LEMES E OUTRO(S) - RS045431 CARLA LOPES FRANKE - RS057957 EMENTA PENAL. RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é uníssona em reconhecer a aplicação do princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o montante de R$ 10.000,00, descontados os juros e as multas. Precedentes. Ressalva do Relator. 2. Recurso especial não provido.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

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PROFESSORA: CAMILA FRANCO E SILVA VELANOE-mail: [email protected]

DIREITO PROCESSUAL PENAL

QUESTÃO 23. Sobre o inquérito policial, é incorreto afirmar que:

a) A tramitação do inquérito policial é feita necessariamente entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, devendo, tão logo instaurado, ser distribuído no âmbito do Poder Judiciário para o acompanhamento de sua tramitação.

b) A condução do inquérito policial pelo Delegado de Polícia é feita de maneira discricionária, cabendo-lhe realizar, de ofício, diligências e perícias para a elucidação dos fatos, tais como perícias em armas de fogo, em substâncias entorpecentes.

c) As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

d) O membro do Ministério Público que participou das investigações efetivadas no inquérito Policial, requerendo diligências ou as promovendo, não está impedido de oferecer a denúncia contra o investigado.

e) O despacho de indiciamento no curso de inquérito policial não prescinde de motivação.

COMENTÁRIO

A alternativa “a” está errada porque o inquérito policial, embora tramite entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público Federal, o qual realiza o controle das investigações, não necessariamente terá que ser distribuído perante o Poder Judiciário, o que só deve ocorrer caso haja pedido cautelar que demande intervenção judicial, a exemplo do que ocorre com as quebras de sigilos em geral, buscas e apreensões, entre outros. Assim é que a intervenção judicial só se faz necessária quando houver necessidade de relativização de alguma garantia individual.

A este respeito, relevante consignar que nem o STF nem o STJ já declararam a inconstitucionalidade da Res. CJF n.63/2009, a qual estabeleceu a possibilidade de o Juiz editar portaria sobre a tramitação direto do inquérito entre MP e Polícia, conforme se extrai do Informativo STJ 574, muito embora o STF tenha decidido pela inconstitucionalidade de LEI ESTADUAL que estabeleça a tramitação direta (Informativo STF 741):

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Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. STJ. 5ª Turma. RMS 46.165-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/11/2015 (Info 574).

A alternativa “b” está correta, reproduzindo a inteligência do art. 13 do CPP:

Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:

I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;

II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;

III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;

IV - representar acerca da prisão preventiva.

A este respeito, também, o art. 2º da Lei 12.830/2013.

Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.

Ressalte-se que o incidente de insanidade mental do investigado, tal como preceituado no artigo 149 do CPP, é a única diligência que não pode ser determinada de ofício pelo Delegado de Polícia, devendo por ele ser representada ao Juízo.

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.

§ 1º O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente.

A alternativa “c” está correta, reproduzindo textualmente o art. 2º da Lei 12.830/2013. Com efeito, muito embora o inquérito policial possa ser classificado como procedimento administrativo, presidido por autoridade integrante do Poder Executivo, a função do Delegado de Polícia tem natureza jurídica, a teor do caput do art. 2º da Lei 12.830/2013:

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Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

A alternativa “d” está correta, reproduzindo o teor da súmula 234 do STJ:

“A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.”

A alternativa “e” está correta. Com efeito, embora o inquérito policial seja um procedimento administrativo, alguns despachos nele exarados necessitam ser fundamentados, tal como ocorre no despacho de indiciamento. É o que prevê o parágrafo 6º do art. 2º da Lei n. 12830/13:

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

QUESTÃO 24. Ainda sobre o inquérito policial, assinale a alternativa incorreta:

a) A definição da Autoridade Policial responsável pela investigação de delito de competência da Justiça Estadual é, em regra, definida pelo local do crime, podendo ser transferida para a Autoridade Policial Federal caso o delito tenha repercussões interestaduais ou até transnacionais.

b) Nas infrações penais de menor potencial, que abrangem as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapassem dois anos de privação de liberdade, a Lei nº 9.099/95 contempla a existência de termo circunstanciado da ocorrência como substitutivo do inquérito policial.

c) No atual modelo constitucional do processo penal brasileiro, o Inquérito Policial deve ser considerado como imprescindível para o oferecimento da ação penal, dada a necessidade de um suporte probatório mínimo em que se deva lastrear a acusação.

d) A representação, nos casos em que a lei a exija, deve demonstrar inequivocamente o interesse do ofendido em dar ensejo à abertura da persecução penal, razão pela qual o instrumento onde consubstanciada não prescinde de um rigor formal.

e) Muito embora se garanta ao advogado o acesso ao inquérito policial sem procuração, este direito não é absoluto, não ocorrendo, por exemplo, nos processos que tramitam sob sigilo. Nestes, será imprescindível a apresentação do instrumento de procuração.

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COMENTÁRIO

A alternativa “a” está correta, eis que reproduz literalmente o disposto no artigo 1º da Lei 10.446/2002, com suas alterações posteriores:

Art. 1º Na forma do inciso I do § 1º do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:

I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;

II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990); e

III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte; e

IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.

V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013)

VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação. (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015)

A alternativa “b” está correta, eis que, de fato, nas infrações penais de menor potencial ofensivo, despicienda a instauração do inquérito policial, uma vez que dispensado pelo art. 69 da Lei 9.099/95:

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

A alternativa “c” é a incorreta. Com efeito, não existe obrigatoriedade de instauração de inquérito policial para a investigação de um delito, dado que o suporte mínimo probatório para a deflagração

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da ação penal pode advir tanto da desnecessidade de novas diligências investigativas, diante da completude da noticia criminis, ou mesmo dos elementos informativos colhidos em sede de Procedimento Investigativo manejado pelo órgão acusatório, exclusivamente.

A alternativa “d” está correta. Não se exige rigor formal na representação do ofendido, bastando tão somente que seja inequívoco o interesse do ofendido em ver processado o autor do fato, podendo, inclusive, ser manifestada oralmente. A este respeito, veja-se o seguinte precedente:

PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL, ORDINÁRIO OU DE REVISÃO CRIMINAL. NÃO CABIMENTO. ART. 213 DO CP. FATO ANTERIOR À LEI 12.015/09. VÍTIMA MAIOR DE 18 ANOS. REPRESENTAÇÃO. ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVA DA MISERABILIDADE AFASTADA.

1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia.

2. Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, perpetrados antes da Lei n.º 12.015/09, em face de vítimas pobres, eram processados mediante ação penal pública condicionada à representação.

3. De acordo com entendimento já pacificado nesta Corte Superior de Justiça, a representação da vítima ou de seus representantes legais para a investigação ou deflagração de ação penal, prescinde de qualquer rigor formal, bastando a demonstração inequívoca da parte interessada, o que ocorreu na hipótese quando a própria vítima dirigiu-se à autoridade policial para comunicar o ocorrido.

4. Afastada a ilegitimidade do Ministério Público para atuar no feito, pois inexigível prova do estado de pobreza ou outra formalidade, bastando, no caso, a simples qualificação da vítima como doméstica e o fato de ela residir em um assentamento rural.

Precedentes.

5. Habeas corpus não conhecido.

(HC 301.717/PI, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe 16/06/2016)

A alternativa “e” está correta. É o que dispõe o parágrafo 10º do art. 7º da Lei nº 8.906/94, incluído pela Lei nº 13.245/2016, a qual o candidato deve ficar bastante atento.

§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.

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GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 25. Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta acerca do inquérito policial e da ação penal.

I - Na ação penal condicionada à representação, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

II – O inquérito policial poderá ser iniciado a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, ou de ofício, ou ainda mediante requisição do Ministério Público, caso em que sua instauração é obrigatória pelo Delegado de Polícia.

III – Quando a requisição de instauração de inquérito for emanada da Autoridade Judiciária, não é de cumprimento obrigatório pelo Delegado de Polícia.

IV – Na noticia criminis de cognição coercitiva, a Autoridade Policial toma conhecimento do delito por meio de um ato formal denominado delatio criminis;

V – De acordo com o entendimento doutrinário dominante, concluído o inquérito policial, deverá ser remetido à Autoridade Judiciária, a quem cabe o controle dos prazos para o oferecimento da denúncia pelo órgão acusatório.

a) Todas as afirmações estão corretas.

b) Todas as afirmações estão incorretas.

c) Apenas I, II, III estão corretas.

d) Apenas I, III e IV estão corretas

e) Apenas I, III, e IV estão corretas.

COMENTÁRIO

A alternativa “I” está correta, retratando fielmente o que previsto no parágrafo 1º do art. 24 do CPP.

A alternativa “II” está correta. De fato, em havendo requisição do Ministério Público, a Autoridade Policial é obrigada a instaurar o inquérito policial, o que decorre de exigência legal (art.5º, II do CPP) e não de subordinação hierárquica.

A alternativa “III” está correta. O candidato deve ficar atento a esta questão. Parte dominante da

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doutrina entende que a Autoridade Judiciária não poderia requisitar a instauração do inquérito policial, face à necessidade de preservação do sistema acusatório, o que teria afastado a recepção desta parte do inciso II do art. 5º do CPP. Logo, se houver esta requisição, por ser manifestamente ilegal, não deve ser cumprida pela Autoridade Policial.

A alternativa “IV” está incorreta. Na noticia criminis de cognição coercitiva, a Autoridade Policial toma conhecimento do delito por meio da apresentação do autor do fato perante à Autoridade Policial, o que ocorre em casos de flagrante delito (art. 302 do CPP).

A alternativa “V” está incorreta. Muito embora o art. 10 do CPP, em sua literalidade, estabeleça que os autos do IPL devam ser remetidos à Autoridade Judiciária, o entendimento dominante é no sentido de que o IPL deva ser remetido ao Ministério Público, que é o titular da ação penal. Como a atuação do órgão acusatório é regida pelo princípio da obrigatoriedade, não haveria necessidade de provocação pelo Juízo, mesmo porque o arquivamento necessariamente tem que ser feito pelo Poder Judiciário.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSOR: HUGO OTÁVIO TAVARES VILELAE-mail: [email protected]

DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL

QUESTÃO 26. Marque a alternativa INCORRETA.

a) Os direitos da personalidade podem ser objeto de disposição voluntária, desde que não permanente nem geral, estando seu exercício condicionado à prévia autorização do titular e devendo sua utilização estar de acordo com o contrato.

b) É trienal o prazo de prescrição para fiador que pagou integralmente dívida, objeto de contrato de locação, pleitear o ressarcimento dos valores despendidos contra os locatários inadimplentes.

c) Para efeitos de Reforma Agrária, considera-se pequena propriedade o imóvel rural de área até quatro módulos fiscais, respeitada a fração mínima de parcelamento.

d) Pode haver, em terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade exclusiva e partes que são propriedade comum dos condôminos.

e) Segundo entende o STJ, o aval exige outorga uxória ou marital.

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COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Ela reproduz o enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil (CJF), cujo teor é adotado pela jurisprudência do STJ (REsp 1630851/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/04/2017, DJe 22/06/2017).

A assertiva “b” está correta. Ela reproduz o entendimento do STJ sobre o tema, recentemente exarado (REsp 1432999/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/05/2017, DJe 25/05/2017):

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A questão posta em debate consiste em definir se o pagamento de dívida originária de contrato de locação efetuado pelo fiador acarreta a mera substituição do credor, mantendo-se todos os demais elementos da obrigação originária, ocasião em que seria aplicado o prazo prescricional de 3 (três) anos – art. 206, § 3º, I, do Código Civil –, ou ocasiona a extinção da obrigação primitiva (locação), surgindo uma nova obrigação de ressarcimento dos valores pagos, portanto, de natureza pessoal, o que faria incidir o prazo de 10 (dez) anos, a teor do art. 205 do CC. Com efeito, nos termos do art. 831, caput, do Código Civil, “o fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor, mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota”. Logo, por se tratar de pagamento com sub-rogação, esta transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores, de acordo com o disposto no art. 349 do CC/02. Dessa forma, ocorrendo a sub-rogação do fiador nos direitos do credor, em razão do pagamento da dívida objeto de contrato de locação, permanecem todos os elementos da obrigação primitiva, inclusive o prazo prescricional, modificando-se tão somente o sujeito ativo (credor), e, também, por óbvio, o termo inicial do lapso prescricional, que, no caso, será a data do pagamento da dívida pelo fiador, e não de seu vencimento, em decorrência do princípio da actio nata. Isso posto, aplica-se o prazo previsto no art. 206, § 3º, I, do Código Civil, o qual dispõe ser de 3 (três) anos “a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos”, visto que esse dispositivo seria aplicável caso a ação tivesse sido proposta pelo locador contra os locatários.

A assertiva “c” está correta. Ela reproduz o teor do art. 4º, inciso II, alínea “a” da Lei n. 8.629/93, alterada pela Lei n. 13.465, de julho de 2017.

A assertiva “d” está correta. Ela reproduz o teor do art. 1.358-A do Código Civil, incluído pela Lei n. 13.465, de julho de 2017.

A assertiva “e” está incorreta. Ela está em dissonância com o entendimento mais recente do STJ (REsp 1526560/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,

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julgado em 16/03/2017, DJe 16/05/2017):

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A discussão se situa em torno da interpretação do art. 1.647, inciso III, do CC/2002, a estabelecer o consentimento conjugal como requisito de validade do aval, quando o avalista for casado em outros regimes que não o da separação absoluta. Não obstante a literalidade dos artigos 1.647, inciso II e 1.649 do Código Civil levar ao entendimento no sentido da nulidade do aval prestado sem a devida outorga conjugal, recentemente a Quarta Turma desta Corte Superior, no julgamento do REsp 1.633.399-SP, sob a relatoria do Min. Luis Felipe Salomão, propôs interpretação diferenciada desses enunciados normativos em relação àquela que vinha se desenvolvendo. Sobrelevaram-se, especialmente, as características imanentes dos institutos do direito cambiário, dentre os quais se insere o aval, fazendo-se, ainda, predominar a norma do art. 903 do CC/2002, com a aplicação subsidiária das normas do Código Civil aos títulos de crédito regulados por leis especiais. Com efeito, no sistema cambiário, voltado à segurança das negociações, o título, em regra, está fadado à circulação, podendo colocar, frente a frente, credor e devedor (portador e emitente/sacador) que, no mais das vezes, não se ligam por atos negociais, senão eminentemente cambiários, o que impossibilita, sobremaneira, qualquer investigação acerca das particularidades dos negócios anteriores, razão, aliás, da vedação legal da possibilidade de os devedores suscitarem defesa que pertina a terceiros contra portadores de boa-fé, ou seja, defesa alheia àqueles com quem estão diretamente ligados, incluindo-se, aqui, também os garantes, avalistas da cadeia de endossos que se poderá estabelecer, característica que decorre da abstração e autonomia. Bem se vê que o aval mais ainda se distancia das peculiaridades do negócio que subjaz, pois ele próprio é autônomo em relação ao crédito consubstanciado no título que, por sua vez, é autônomo em face da relação jurídica subjacente. Nesse sentido, a submissão da validade do aval à outorga do cônjuge do avalista compromete, sobremaneira, a garantia que decorre do instituto, enfraquecendo os próprios títulos de crédito, tão aptos à circulação em face de sua tranquila aceitação no mercado, tranquilidade essa a decorrer das garantias que dimanam de suas características e dos institutos cambiários que os coadjuvam, como o aval. Assim, a interpretação do art. 1647, inciso III, do CCB que mais se concilia com o instituto cambiário do aval e, pois, às peculiaridades dos títulos de crédito é aquela em que as disposições contidas no referido dispositivo hão de se aplicar aos avais prestados nos títulos de crédito regidos pelo próprio Código Civil (atípicos), não se aplicando aos títulos de crédito nominados (típicos) regrados pelas leis especiais, que, atentas às características do direito cambiário, não preveem semelhante disposição, pelo contrário, estabelecem a sua independência e autonomia em relação aos negócios subjacentes. Por fim, salienta-se que a presente modificação de entendimento resulta na pacificação do tema perante a Terceira e Quarta

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Turmas do Superior Tribunal de Justiça.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 27. Sobre o direito real de laje, marque a alternativa INCORRETA.

(Esclarecimento – embora o direito real de laje ainda não tenha sido incluído na Resolução CJF n. 67/2009, especificamente no programa da magistratura federal, sua inclusão é iminente, o que aconselha a iniciar desde agora o estudo desse instituto).

a) Pode ter por objeto imóvel público.

b) Seu titular, além dos poderes de uso e gozo, tem ainda o poder de dispor de sua unidade imobiliária autônoma, constituída em matrícula própria.

c) A instituição do direito real de laje implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas.

d) O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.

e) A ruína da construção-base não implica a extinção do direito real de laje se a construção-base for reconstruída no prazo de cinco anos.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está correta. Ela reproduz o art. 1.510-A, §1º do CC.

A assertiva “b” está correta. Ela reproduz o art. 1.519-A, §3º do CC.

A assertiva “c” está incorreta. Ela está em dissonância com o art. 1.519-A, § 4º do CC.

A assertiva “d” está correta. Ela reproduz o art. 1.519-A, § 6º do CC.

A assertiva “e” está correta. Ela está de acordo com o art. 1.510-E, inciso II do CC.

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 28. Marque a alternativa INCORRETA.

a) No que tange a Registros Públicos, os atos relativos a vias férreas serão registrados no cartório correspondente à estação inicial da respectiva linha.

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b) No que tange a Parcelamento do Solo, o lote poderá ser constituído sob a forma de imóvel autônomo ou de unidade imobiliária integrante de condomínio de lotes.

c) É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.

d) São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.

e) A fundação poderá constituir-se para fins de conservação do meio ambiente.

COMENTÁRIO

A assertiva “a” está incorreta. Ela está em dissonância com a atual redação do art. 171 da Lei n. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), dada pela Lei n. 13.465, de julho de 2017.

A assertiva “b” está correta. Ela reproduz a o art. 2º, § 7º da Lei n. 6.766/79 (Lei de Parcelamento do Solo), com a redação que lhe deu a Lei n. 13.465, de julho de 2017.

A assertiva “c” está correta. Ela reproduz o entendimento do STF, fixado em sede de repercussão geral (RE 669069, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-082 DIVULG 27-04-2016 PUBLIC 28-04-2016)

A assertiva “d” está correta, de acordo com o art. 4º, inciso III do CC, com a redação que lhe deu a Lei n. 13.146/2015.

A assertiva “e” está correta. Ela reproduz o art. 62, parágrafo único, inciso VI do CC, com a redação que lhe deu a Lei n. 13.151/2015.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

PROFESSORA: PATRÍCIA DE ALENCAR TEIXEIRAE-mail: [email protected]

DIREITO DO CONSUMIDOR

QUESTÃO 29. Considerando a incidência do Código de Defesa do Consumidor sobre os contratos de compra e venda de imóvel, julgue os itens a seguir à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

I – É válida a cláusula contratual que transfere ao promitente comprador a obrigação

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de pagar comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço total de aquisição com destaque do valor da comissão.

II – É abusiva a cobrança, pelo promitente comprador, de assessoria técnico-imobiliária, vinculada à celebração de contrato de promessa de compra e venda.

III – Prescreve em cinco anos a pretensão de restituição dos valores pagos à título de comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária.

IV – É abusiva a cláusula contratual que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, por culpa de quaisquer contratantes.

a) Apenas II e IV estão corretos.

b) Apenas I, II e III estão corretos.

c) Apenas I, II e IV estão corretos.

d) Apenas I e IV estão corretos.

e) Todas estão corretos.

COMENTÁRIO

O item I está CORRETO, nos termos do seguinte julgado do STJ (recurso representativo de controvérsia):

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. VENDA DE UNIDADES AUTÔNOMAS EM ESTANDE DE VENDAS. CORRETAGEM. CLÁUSULA DE TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR. VALIDADE. PREÇO TOTAL. DEVER DE INFORMAÇÃO. SERVIÇO DE ASSESSORIA TÉCNICO-IMOBILIÁRIA (SATI). ABUSIVIDADE DA COBRANÇA.

I - TESE PARA OS FINS DO ART. 1.040 DO CPC/2015: 1.1. Validade da cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem.

1.2. Abusividade da cobrança pelo promitente-vendedor do serviço de assessoria técnico-imobiliária (SATI), ou atividade congênere, vinculado à celebração de promessa

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de compra e venda de imóvel.

II - CASO CONCRETO: 2.1. Improcedência do pedido de restituição da comissão de corretagem, tendo em vista a validade da cláusula prevista no contrato acerca da transferência desse encargo ao consumidor.

Aplicação da tese 1.1.

2.2. Abusividade da cobrança por serviço de assessoria imobiliária, mantendo-se a procedência do pedido de restituição. Aplicação da tese 1.2.

III - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.

(REsp 1599511/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2016, DJe 06/09/2016)

O item II está CORRETO, nos termos do mesmo julgado do STJ (recurso representativo de controvérsia):

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. VENDA DE UNIDADES AUTÔNOMAS EM ESTANDE DE VENDAS. CORRETAGEM. CLÁUSULA DE TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR. VALIDADE. PREÇO TOTAL. DEVER DE INFORMAÇÃO. SERVIÇO DE ASSESSORIA TÉCNICO-IMOBILIÁRIA (SATI). ABUSIVIDADE DA COBRANÇA.

I - TESE PARA OS FINS DO ART. 1.040 DO CPC/2015: 1.1. Validade da cláusula contratual que transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem.

1.2. Abusividade da cobrança pelo promitente-vendedor do serviço de assessoria técnico-imobiliária (SATI), ou atividade congênere, vinculado à celebração de promessa de compra e venda de imóvel.

II - CASO CONCRETO: 2.1. Improcedência do pedido de restituição da comissão de corretagem, tendo em vista a validade da cláusula prevista no contrato acerca da transferência desse encargo ao consumidor.

Aplicação da tese 1.1.

2.2. Abusividade da cobrança por serviço de assessoria imobiliária, mantendo-se a procedência do pedido de restituição. Aplicação da tese 1.2.

III - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.

(REsp 1599511/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA

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SEÇÃO, julgado em 24/08/2016, DJe 06/09/2016)

O item III está INCORRETO, sendo a prescrição trienal. Nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR.

INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. VENDA DE UNIDADES AUTÔNOMAS EM ESTANDE DE VENDAS. CORRETAGEM. SERVIÇO DE ASSESSORIA TÉCNICO-IMOBILIÁRIA (SATI). CLÁUSULA DE TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO AO CONSUMIDOR.

PRESCRIÇÃO TRIENAL DA PRETENSÃO. ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.

1. TESE PARA OS FINS DO ART. 1.040 DO CPC/2015: 1.1. Incidência da prescrição trienal sobre a pretensão de restituição dos valores pagos a título de comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária (SATI), ou atividade congênere (art. 206, § 3º, IV, CC).

1.2. Aplicação do precedente da Segunda Seção no julgamento do Recurso Especial n. 1.360.969/RS, concluído na sessão de 10/08/2016, versando acerca de situação análoga.

2. CASO CONCRETO: 2.1. Reconhecimento do implemento da prescrição trienal, tendo sido a demanda proposta mais de três anos depois da celebração do contrato.

2.2. Prejudicadas as demais alegações constantes do recurso especial.

3. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

(REsp 1551956/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2016, DJe 06/09/2016)

O item IV está CORRETO, nos termos do seguinte julgado do STJ:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE COMPRA DE IMÓVEL. DESFAZIMENTO. DEVOLUÇÃO DE PARTE DO VALOR PAGO. MOMENTO.

1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: em contratos submetidos ao Código de Defesa do Consumidor, é abusiva a cláusula contratual que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, por culpa de quaisquer contratantes. Em tais avenças, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.

2. Recurso especial não provido.

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(REsp 1300418/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/11/2013, DJe 10/12/2013)

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

QUESTÃO 30. Sobre a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, analise as proposições a seguir à luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

I - Os contratos firmados no âmbito do Programa de Financiamento Estudantil - Fies subsumem-se às regras encartadas no Código de Defesa do Consumidor, reputando-se abusiva a cobrança de juros capitalizados.

II – Entre o advogado e seus clientes há uma relação de natureza contratual que se sujeita ao Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, não se aplicando o Código de Defesa do Consumidor.

III – A jurisprudência do STJ permite a incidência do CDC nos casos em que a parte, embora não seja destinatária final do produto ou serviço, esteja em situação de vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica em relação ao fornecedor, aplicando, assim, a teoria finalista mitigada.

IV - O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica mantida entre a entidade fechada de previdência privada e seus participantes, porquanto o patrimônio da entidade e os respectivos rendimentos revertem-se integralmente na concessão e manutenção do pagamento de benefícios, prevalecendo o associativismo e o mutualismo, o que afasta o intuito lucrativo.

a) Apenas I e II estão CORRETAS.

b) Apenas II e IV estão CORRETAS.

c) Apenas II, III e IV estão CORRETAS.

d) Apenas I, III e IV estão CORRETAS.

e) Todas estão CORRETAS.

COMENTÁRIO

A proposição I estão INCORRETA, na medida em que o CDC não incide sobre os contratos desta natureza, embora a clausula de capitalização de juros seja, de fato, reputada abusiva. Nesse sentido:

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ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL (FIES). PRESTAÇÃO DE GARANTIA. EXIGÊNCIA DE FIADOR. LEGALIDADE. ART. 5º, VI, DA LEI 10.260/2001.

INAPLICABILIDADE DO CDC. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. VEDAÇÃO.

PRECEDENTES DESTA CORTE.

Recurso especial da Caixa Econômica Federal: 1. Caso em que se alega, além de dissídio jurisprudencial, violação do artigo 5º, III e IV, da Lei nº 10.260/01, ao argumento de que não há ilegalidade em se exigir fiador para a celebração de contrato de financiamento educacional, uma vez que o referido preceito normativo autoriza tal conduta, a qual possui índole eminentemente discricionária, não podendo o Poder Judiciário nela adentrar.

2. É de se reconhecer a legalidade da exigência de prestação de garantia pessoal para a celebração de contrato de financiamento estudantil vinculado ao Fies, dado que a própria lei que instituiu o programa prevê, expressamente, em seu artigo 9º, a fiança como forma principal e específica a garantir esses tipos de contrato, seguida do fiador solidário e da “autorização para desconto em folha de pagamento”, de modo que o acórdão atacado, ao entender de modo diferente, negou vigência à referida lei.

3. Ademais, o fato de as Portarias ns. 1.725/2001 e 2.729/2005 do MEC admitirem outras formas de garantias, que não a fiança pessoal, apenas evidencia que tal garantia, de fato, não é a única modalidade permitida nos contratos de financiamento estudantil, sem que com isso se afaste a legalidade de fiança.

4. A reforçar tal argumento, as Turmas de Direito Público do STJ já assentaram entendimento no sentido da legalidade da exigência da comprovação de idoneidade do fiador apresentado pelo estudante para a assinatura do contrato de financiamento vinculado ao Fies, prevista no artigo 5º, VI, da Lei 10.260/01, a qual será aferida pelos critérios estabelecidos na Portaria/MEC 1.716/2006.

Precedentes: REsp 1.130.187/ES, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 20/10/2009; MS 12.818/DF, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ acórdão Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, DJ 17/12/2007; REsp 772.267/AM, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 29.06.2007; Resp 642.198/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 03.4.2006; REsp 879.990/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJ 14/5/2007.

5. Assim, consoante bem asseverou o Min. Mauro Campbel no Agrg no Ag n. 1.101.160/PR, DJ 16/9/2009, “se é legal a exigência de comprovação de idoneidade do fiador, quanto mais legal será a própria exigência de apresentação de fiador pelo estudante para a concessão do crédito estudantil ofertado pelo Fies, de forma que não se pode

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reconhecer a legalidade de obrigação acessória sem o reconhecimento da legalidade da obrigação principal no caso em questão”.

6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.

7. Recurso especial provido, para que seja autorizada à instituição financeira a exigência de garantia pessoal para a celebração do contrato de financiamento estudantil.

Recurso especial de Eliziana de Paiva Lopes: 1. Caso em que se pugna a incidência do Código de Defesa do Consumidor, a declaração de ilegalidade da cobrança de juros capitalizados e, por conseguinte, a repetição simples do valor pago a maior e a inversão dos ônus sucumbenciais.

2. A hodierna jurisprudência desta Corte está assentada no sentido de que os contratos firmados no âmbito do Programa de Financiamento Estudantil - Fies não se subsumem às regras encartadas no Código de Defesa do Consumidor. Precedentes: REsp 1.031.694/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ de 19/6/2009; REsp 831.837/RS, Rel.

Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ de 17/6/2009; REsp 793.977/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 30/4/2007.

3. A jurisprudência desta Corte mantém-se firme no sentido de que, em se tratando de crédito educativo, não se admite sejam os juros capitalizados, haja vista a ausência de autorização expressa por norma específica. Aplicação do disposto na Súmula n. 121/STF.

Precedentes: REsp 1.058.334/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 30/6/2008; REsp 880.360/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 5/5/2008; REsp 1.011.048/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 4/6/2008; REsp n. 630.404/RS, Rel.

Min. João Otávio de Noronha, DJ de 26/2/2007; REsp n. 638.130/PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/3/2005.

4. Por conseguinte, havendo pagamento de valores indevidos, o que será apurado em sede de liquidação, é perfeitamente viável a repetição simples ou a compensação desse montante em contratos de financiamento estudantil.

5. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.

6. Ônus sucumbenciais invertidos.

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7. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação supra.

(REsp 1155684/RN, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/05/2010, DJe 18/05/2010)

A proposição II está CORRETA. Confira-se:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC. PRECEDENTES. DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. HONORÁRIOS. REDUÇÃO.

MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7 DO STJ. DISSÍDIO NÃO CONFIGURADO. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.

1. A jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que o Código de Defesa do Consumidor - CDC não é aplicável às relações contratuais entre clientes e advogados, as quais são regidas pelo Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, aprovado pela Lei n. 8.906/94.

Precedentes.

2. A reforma do julgado estadual no tocante ao alegado descumprimento do contrato de prestação de serviços pela parte recorrida, demandaria o reexame de todo o âmbito da relação contratual estabelecida e incontornável incursão no conjunto fático-probatório dos autos, o que esbarra nas Súmulas n. 5 e 7 do STJ.

3. Em sede de recurso especial, não é possível rever os critérios e o percentual adotado pelo julgador na fixação dos honorários advocatícios, por importar o reexame de matéria fático-probatória. A incidência da Súmula 7/STJ somente pode ser afastada quando o valor fixado for exorbitante ou irrisório, o que não ocorre no caso dos autos.

4. A demonstração da divergência não se satisfaz com a simples transcrição de ementas, mas com o confronto entre trechos do acórdão recorrido e das decisões apontadas como divergentes, mencionando-se as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

5. Agravo interno não provido.

(AgInt no AREsp 895.899/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/08/2016, DJe 23/08/2016)

A proposição III está CORRETA. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/1973. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE.

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SÚMULA 284/STF. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COBRANÇA INDEVIDA. ENERGIA ELÉTRICA. PRAZO PRESCRICIONAL. DECENAL. DEVER DE INFORMAÇÃO. VERIFICAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. CONSUMIDOR.

TEORIA FINALISTA MITIGADA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. COMPROVAÇÃO DE MÁ-FÉ.

SÚMULA 7/STJ.

1. Quanto à tese de contrariedade ao art. 535 do CPC/1973, a parte recorrente não logrou êxito em demonstrar objetivamente os pontos omitidos pelo acórdão recorrido, individualizando o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão supostamente ocorridos, bem como sua relevância para a solução da controvérsia apresentada nos autos, o que atrai a incidência da Súmula 284/STF.

2. A Primeira Seção desta Corte, no julgamento do REsp 1.113.403/RJ, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 15/9/2009, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC, firmou o entendimento de que se aplica o prazo prescricional estabelecido pela regra geral do Código Civil - a dizer, de vinte anos, na forma estabelecida no art. 177 do Código Civil de 1916, ou de dez anos, de acordo com o previsto no art. 205 do Código Civil de 2002 - às ações que tenham por objeto a repetição de indébito de tarifa ou preço público, na qual se enquadra o serviço de fornecimento de energia elétrica e água.

3. Desconstituir a assertiva do Tribunal de origem de que a concessionária de energia não cumpriu com o seu dever de informação para com a empresa recorrida demanda o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado na via eleita ante o óbice da Súmula 7/STJ.

4. A jurisprudência desta Corte entende que se aplica a teoria finalista de forma mitigada, permitindo-se a incidência do CDC nos casos em que a parte, embora não seja destinatária final do produto ou serviço, esteja em situação de vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica em relação ao fornecedor.

5. Consoante a jurisprudência do STJ, é cabível a devolução em dobro de valores indevidamente cobrados a título de tarifa de água e esgoto, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC, salvo comprovação de engano justificável. Entretanto, a verificação da presença de tal requisito enseja o revolvimento de matéria fático-probatória, o que é inviável em recurso especial devido ao óbice da Súmula 7/STJ.

6. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no REsp 1250347/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe 21/08/2017)

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A proposição IV está CORRETA, nos termos do enunciado n. 563 da Súmula do STJ:

O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas” (Súmula 563)

GABARITO: ALTERNATIVA (C)

PROFESSOR: LUIZ BISPO DA SILVA NETOE-mail: [email protected]

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

QUESTÃO 31. Sobre os princípios aplicáveis ao Código de Processo Civil, julgue as afirmativas abaixo, assinalando, ao final, a alternativa correta:

I – A aplicação do princípio da não surpresa impõe ao julgador que informe previamente as partes quais os dispositivos legais são passíveis de aplicação para o exame da causa.

II – O Código de Processo Civil adotou o princípio extremado do contraditório, determinando que nenhuma decisão do magistrado poderá ser proferida sem que seja previamente ouvida a parte contrária.

III – Os juízes e os tribunais atenderão, obrigatoriamente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.

IV – Qualquer pessoa que de qualquer forma participe do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

a) Os itens I e IV são verdadeiros.

b) Somente os itens II e III são falsos.

c) Todos os itens são falsos.

d) Todos os itens são verdadeiros.

e) Somente o item IV é verdadeiro.

COMENTÁRIO

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Via de regra, quando cobrado na primeira fase do certame, os princípios relacionados ao direito processual civil são abordados em uma visão superficial, questionando a sua aplicação ou não à hipótese prevista.

Nessa diretriz, o item I está errado, pois o princípio da não surpresa, adotado expressamente no art. 10 do CPC, faz referência a questões de fato, não, em absoluto à lei, a qual se presume conhecida pelas partes.

Nesse sentido:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OBSCURIDADE. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA (ART. 10 DO CPC). AUSÊNCIA DE OFENSA.

1. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão ou contradição porventura existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no recurso.

2. O “fundamento” ao qual se refere o art. 10 do CPC/2015 é o fundamento jurídico - circunstância de fato qualificada pelo direito, em que se baseia a pretensão ou a defesa, ou que possa ter influência no julgamento, mesmo que superveniente ao ajuizamento da ação - não se confundindo com o fundamento legal (dispositivo de lei regente da matéria). A aplicação do princípio da não surpresa não impõe, portanto, ao julgador que informe previamente às partes quais os dispositivos legais passíveis de aplicação para o exame da causa. O conhecimento geral da lei é presunção jure et de jure.

3. O requisito do prequestionamento diz respeito apenas à fase de conhecimento do recurso especial. A orientação da Súmula 456 do STF (“O Supremo Tribunal Federal, conhecendo do recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando o Direito à espécie”) foi incorporada como texto legal expresso pelo art. 1034 do novo CPC, segundo o qual “Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.” 4. Embargos de declaração rejeitados.

(EDRESP 201101903977, MARIA ISABEL GALLOTTI, STJ - QUARTA TURMA, DJE DATA:01/08/2017 ..DTPB:.) [grifei]

Em sequência, o item II está errado. De fato, há regra geral, no sentido de que todas as decisões preferidas pelo magistrado deverão ser submetidas ao prévio contraditório, possibilitando que as partes influenciem na formação de convencimento do julgador. Todavia, o próprio CPC prevê algumas hipóteses de atenuação ao contraditório prévio:

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente

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ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;

III - à decisão prevista no art. 701.

O CPC trouxe a figura da obediência à ordem cronológica no julgamento de sentenças e acórdãos. Cuida-se de medida salutar, que tem por fim determinar a organização das pautas de julgamento e ofertar ao jurisdicionado segurança jurídica sobre o tempo de solução da causa. O item III está de acordo com a redação originária do art. 12 do CPC. Todavia, a Lei n.º 13.256/2016 promoveu alguns ajustes, sendo o principal deles a alteração da palavra “obrigatoriamente” para “preferencialmente”, razão pela qual o item em exame está errado.

Por fim, o CPC traz como um dos seus pilares o princípio da boa-fé objetiva, que induz regra de comportamento probo e honesto, de todos os participantes do processo, desde as partes, os advogados, ministério público, juiz, servidores e auxiliares. Todos, sem exceção, devem atuar com boa-fé, não havendo o direito a mentir ou sequer a ocultar a verdade, com exceção do previsto no art. 388 do CPC. O item IV está correto, correspondendo ao quanto disposto no art. 5.º do CPC.

A alternativa correta é a “e”, pois só o item IV é verdadeiro.

GABARITO: ALTERNATIVA (E)

QUESTÃO 32. Acerca da regulamentação da denunciação da lide, julgue os itens abaixo e marque a opção correta:

I – Em sendo a denunciação da lide indeferida ou mesmo não sendo permitida, o direito regressivo poderá ser exercido por ação autônoma.

II – A denunciação da lide sucessiva só é permitida uma única vez, ainda que por salto.

III – Mesmo apresentada fora do prazo, a denunciação da lide feita pelo réu pode ser admitida se o denunciado comparece apenas para contestar o pedido do autor.

IV – Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, não sendo devida a condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.

a) Os itens I e III são verdadeiros.

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b) Somente os itens II e III são falsos.

c) Todos os itens são falsos.

d) Todos os itens são verdadeiros.

e) Somente o item IV é verdadeiro.

COMENTÁRIO

A intervenção de terceiros está contida no Ponto 4 da Resolução n.º 67 de 3 de julho de 2009, do CJF – com as profundas alterações promovidas pela Resolução n.º 407/2016, do CJF –, havendo grande incidência nas provas objetivas dos 4 últimos concursos da magistratura federal, isso levando em consideração os 5 TRF´s.

Cuida-se a denunciação da lide de intervenção de terceiros provocada, tanto pelo autor quanto pelo réu, com o objetivo de facilitar o direito de regresso, pois o direito discutido na ação já posta relaciona-se, intimamente, ao denunciado. Revela-se, portanto, meio eficaz de economia processual.

Vê-se, de início, que o CPC de 2015 corrigiu os contornos da denunciação da lide, que no CPC de 1973 surgia como obrigatória (art. 70. A denunciação da lide é obrigatória), quando agora passou a disciplinar ser a denunciação da lide admissível (art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes).

Outrossim, o art. 125, § 1.º, do CPC, esclarece que a denunciação da lide é um instituto facilitador do regresso, mas não obrigatório, pois que o direito pode ser exercido em ação autônoma, caso a denunciação da lide seja indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. O item I está, portanto, correto.

Já o item II encontra-se incorreto. De fato, o CPC, no art. 125, §2.º, estabeleceu a possibilidade da denunciação sucessiva, desde que realizada uma única vez. Todavia, o CPC revogou o art. 456 do Código Civil, o qual possibilitava a denunciação da lide por salto. Não há, portanto, norma autorizando a denunciação da lide per saltum.

Em continuidade, o item III harmoniza-se com recente entendimento jurisprudencial da Terceira Turma do STJ, noticiada no Informativo n.º 606:

DESTAQUE

Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu nas hipóteses em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da demanda principal.

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Cinge-se a discussão a determinar se é possível declarar a extinção da denunciação da lide apresentada pelo réu fora do prazo de contestação, na hipótese em que o denunciado se limita a impugnar a pretensão de mérito deduzida pelo autor da demanda. Nesse contexto, o STJ já consolidou o entendimento de que, “uma vez aceita a denunciação da lide e apresentada contestação quanto ao mérito da causa principal (...), o denunciado integra o polo passivo na qualidade de litisconsorte do réu, podendo, até mesmo, ser condenado direta e solidariamente ” (REsp 704.983-PR, 4ª Turma, DJe 14.12.2009 e REsp 949.226-ES, 3ª Turma, DJe 3.6.2011). A partir do momento em que o denunciado aceita a denunciação da lide e se limita a impugnar o pedido do autor, demonstra ter admitido a existência da relação jurídica que o obriga regressivamente frente ao denunciante, optando apenas por, junto com o denunciante, resistir à pretensão contida na petição inicial. Vale destacar, ainda, que o processo é instrumento para a realização do direito material, e não um fim em si mesmo. Serve, portanto, à busca de soluções e para propiciar a satisfação do objetivo de pacificação dos conflitos que demandem resposta judicial. Há, pois, a necessidade de se simplificar a interpretação e a aplicação dos dispositivos do Código de Processo Civil para que, tanto quanto possível, seja decidido o direito material, em função da primazia do julgamento de mérito. Outrossim – considerando que o instituto da denunciação tem a função de adicionar ao processo uma nova lide, atendendo ao princípio da economia processual – a eventual falta de observância de regra procedimental não implica, necessariamente, o reconhecimento de invalidade dos atos praticados. Desta forma, se o denunciado reconhece sua condição de garantidor do eventual prejuízo, não há razões práticas para que se exija que, em virtude de defeitos meramente formais na articulação da denunciação da lide, o denunciante se veja obrigado a ajuizar uma ação autônoma de regresso em desfavor do denunciado.

O STJ, no julgamento acima noticiado, flexibilizou regras procedimentais, atentando para a finalidade do instituto, que é franquear o acesso facilitado ao direito de regresso.

Por fim, o item IV está em equívoco, pois o art. 129, parágrafo único, do CPC, ressalva a possibilidade de condenação em honorários advocatícios, do denunciante em favor do denunciado, caso seja vencedor na demanda, isso em razão do princípio da causalidade. É que o denunciante provocou o ingresso do denunciado na lide, provocando gastos com a contratação de advogado.

Haja vista que os itens I e III são verdadeiros, a alternativa “a” deve ser assinalada.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

QUESTÃO 33. Julgue as assertivas a seguir e marque a opção incorreta:

a) Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico,

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a decisão necessariamente definirá – desde logo – a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros.

b) A sentença deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.

c) Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, o juiz deverá tomá-lo em consideração, ainda que de ofício, no momento de proferir a decisão.

d) A sentença não será considerada fundamentada caso deixe de enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.

e) No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

COMENTÁRIO

O CPC de 2015 adotou o norte preferencial pela sentença líquida, como forma de abreviar o tempo do processo, possibilitando a entrega mais célere do bem de vida perseguido na ação. Dessa sorte, ainda que o pedido seja genérico, o julgador deverá apontar o quanto devido, como, outrossim, determinar a incidência dos respectivos acessórios da condenação principal, como o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros.

No caso da Justiça Federal, é prática comum se valer dos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal (Resolução n.º 134/2010), o qual segue sendo constantemente atualizado, tanto de acordo com a jurisprudência quanto com a legislação superveniente. Outrossim, o mencionado manual envolve uma gama enorme de ações, revelando-se um porto seguro, que pode ser utilizado, inclusive, durante a elaboração da sentença cível.

A alternativa “a” encontra-se equivocada sobre o termo necessariamente, pois há situações em que o julgador está autorizado a prolatar sentença ilíquida, nos termos do art. 491:

Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:

I - não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;

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II - a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.

§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação.

Em seguida, a opção “b” está correta, correspondendo ao quanto disposto no art. 492, parágrafo único, do CPC:

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.

A decisão judicial contida na sentença deve ser certa, no sentido de reconhecer a existência ou inexistência do direito pleiteado pela parte (ou ainda a impossibilidade jurídica do quanto pedido). Não deve a sentença submeter a existência do direito declarado a evento futuro e incerto.

Sobre o tema, esclarecedores são os comentários da obra Novo Código de Processo Civil Comentado, Luiz Marinoni, Sergio Arenhart e Daniel Mitidieto, 2015, pág. 497:

Observe-se: pode o juiz decidir a respeito de relação jurídica cuja eficácia se encontre submetida à condição suspensiva ou resolutiva ainda não verificada. O que se veda é que a própria sentença crie, ela própria, condição para sua eficácia ou submeta a procedência do pedido do demandante à ocorrência de acontecimento futuro e incerto.

Ainda sobre o tema, trago o seguinte precedente:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. SÚMULA 242/STJ. INAPLICABILIDADE. LEI N.º 200/74. DIREITO À COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. ART. 460 DO CPC. EVENTO FUTURO E INCERTO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. I - Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC se o e. Tribunal de origem, sem que haja recusa à apreciação da matéria, embora rejeitando os embargos de declaração, considera não existir defeito a ser sanado. Precedentes. II - Nos termos do art. 460 do CPC, a sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional, sendo nula a sentença que submete a procedência do pedido à ocorrência de fato futuro e incerto. Precedentes. II - Inaplicável o Enunciado n.º 242 da Súmula desta Corte à hipótese dos autos, tendo em vista que não se pleiteia o reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários, mas sim o direito à complementação de aposentadoria que ainda não se efetivou. Precedentes. Agravo regimental desprovido. ..EMEN:

(AGA 200601099766, FELIX FISCHER, STJ - QUINTA TURMA, DJ DATA:05/03/2007 PG:00313 ..DTPB:.)

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Sobre a alternativa “c”, a afirmação contida está correta, nos estritos termos do art. 493 do CPC. Com efeito, o processo necessita de tempo para a sua resolução, de modo que deve ser levado ao magistrado, ou este pode conhecer de ofício, fatos constitutivos, modificativos ou extintivos de direito, supervenientes e que tenham repercussão sobre a causa posta em julgamento.

Didier, in Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2, Salvador: Juspodivm, 2015, p. 401/402, traz alguns exemplos:

São exemplos disso: (i) em curso ação de cobrança de quantia, ainda que o demandado já tenha oferecido contestação, poderá alegar, por simples petição, o direito de compensar o crédito perseguido com outro a que faz jus em face do autor, por conta de fato superveniente; (ii) a possibilidade de o réu pedir a improcedência da demanda civil ex delicto quando sobrevier, no curso do processo cível, sentença penal absolutória por negativa de autoria ou ausência de materialidade (art. 935, Código Civil); (iii) pode o recorrido pleitear a admissibilidade de um recurso se, no curso do processo recursal, o recorrente resolva cumprir a decisão impugnada, caso que revela a superveniência de um ato incompatível com a vontade de recorrer.

Em continuidade, o item “d” está correto, representando o modelo de sentença exigido pelo CPC de 2015, o qual demanda o real enfrentamento das teses jurídicas postas em julgamento. Buscou-se evitar a fundamentação vazia, genérica, até mesmo arbitrária.

O art. 489, 1.º, inc. IV, do CPC, pugna a análise de todos os fundamentos da tese derrotada, seja do autor ou do réu, sob pena de ser qualificada como inválida, por ausência de fundamentação.

O STJ já se pronunciou sobre o tema, conforme noticiado no inf. 585, analisando a questão ainda sobre um manto conservador, como se pode notar1:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. HIPÓTESE DE NÃO CABIMENTO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

Mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra decisão que não se pronuncie tão somente sobre argumento incapaz de infirmar a conclusão adotada. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do CPC/2015, destinam-se a suprir omissão, afastar obscuridade ou eliminar contradição existente no julgado. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015 [“§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo

1 Ver críticas à decisão no seguinte artigo: https://jota.info/colunas/coluna-cpc-nos-tribunais/cpc-nos-tribunais-o-stj-e-fundamentacao-das-decisoes-29092016#_ftn2

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capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador”] veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo STJ, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão. EDcl no MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016, DJe 15/6/2016.

Cabe apontar, sobre a questão em debate os Enunciados da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam):

Enunciado 12 – Não ofende a norma extraível do inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015 a decisão que deixar de apreciar questões cujo exame tenha ficado prejudicado em razão da análise anterior de questão subordinante.

Enunciado 13 – O art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 não obriga o juiz a enfrentar os fundamentos jurídicos invocados pela parte, quando já́ tenham sido enfrentados na formação dos precedentes obrigatórios.

Por fim, a alternativa “e” está correta, correspondendo ao art. 489, §2.º, do CPC, o qual traz sofisticado conceito de julgamento de casos por ponderação. Cuida-se do reconhecimento pelo legislador da colisão entre regras, até mesmo princípios, mormente nos chamados casos difíceis (hard cases) ou limítrofes. A questão da cláusula de exceção implícita contida na norma jurídica (“defeasibility” ou “derrotabilidade”)2. O postulado contido no art. 489, §2.º, do CPC, de fato, determina que os julgamentos de ponderação deverão ser evidenciados pelo julgador e devidamente estruturados, possibilitando uma sindicância democrática pela parte derrotada.

GABARITO: ALTERNATIVA (A)

2 Sobre o tema, indico a leitura do artigo do Juiz Federal Juliano Taveira Bernardes: https://jus.com.br/artigos/6466/aborto-de-feto-anencefalico-e-derrotabilidade

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SENTENÇA CÍVEL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSORA: CARLA CRISTIANE TOMME-mail: [email protected]

Trata-se de ação proposta por ALUNO UNIVERSITÁRIO em face do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, a Universidade ABC LTDA e a Caixa Econômica Federal em que postula, liminarmente, a rematrícula na referida instituição de ensino para o semestre 1/2017, negada em razão de supostas pendências no contrato de financiamento estudantil. No mérito, requer a confirmação da liminar e que o FNDE proceda à reabertura de prazos necessários à regularização dos aditamentos dos contratos do FIES, bem como a condenação solidária dos réus em indenização pelos danos morais suportados.

A narrativa informa que a parte autora vem tentando, sem êxito, efetuar o aditamento do contrato que aderiu ao FIES para financiamento estudantil junto a Universidade ABC. Aduz não conseguir efetuar os aditamentos desde o semestre 1/2015, em virtude de problemas de acesso ao SisFies. Sustenta que, em razão da impossibilidade de conclusão dos aditamentos, a instituição de ensino condicionou sua rematrícula para o presente semestre ao pagamento das semestralidades anteriores, que estavam a descoberto. Requer, outrossim, a inversão do ônus da prova e a aplicação do Código de Defesa do Consumidor por estar sendo severamente prejudicado nessa relação de consumo.

Intimada a prestar esclarecimentos sobre o pedido liminar, a Universidade ABC referiu que devido à “inconsistência e inoperância do sistema FIES não vem recebendo a contrapartida financeira corresponde”, assim como não pode “”financiar” os estudos do requerente em razão de falha operacional de terceiros”, embora alegue que “não mediu esforços para manutenção do requerente” (evento x).

O FNDE, por sua vez, alegou, dentre outras coisas, a ocorrência de reiterada ausência de formalização do procedimento do aditamento de renovação relativo ao semestre 1/2015 por parte do estudante, junto ao agente financeiro, embora tenha sido possibilitada a abertura do aditamento relativo a esse semestre, em cinco oportunidades. Referiu que a formalização dos aditamentos de renovação semestral é responsabilidade concorrente do estudante e da Comissão Permanente de Supervisão e Avaliação (CPSA) da IES, conforme exigência constante da Portaria Normativa MEC n.23/2011, artigo 2º, § 1º, não tendo o estudante atendido às providências que lhe cabiam. Sustenta, por fim, que não foi constatado óbice sistêmico no âmbito do SISFies ou que o mesmo

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tenha operado irregularmente (evento xx).

A CEF, ao seu turno, afirmou que o contrato FIES 123456/2014, firmado pelo autor, encontra-se adimplente e aditado até o 2º semestre de 2014, motivo pelo qual é parte ilegítima para figurar no feito. Alegou que atua apenas como agente financeiro do FIES, e que, no caso dos autos, em consulta a troca de arquivos entre o Agente Operador (FNDE) e o Agente Financeiro (CEF), “verificamos que nos foram encaminhados 04 arquivos em diferentes datas de aditamento não simplificado para o 1º semestre de 2015, porém todos foram devolvidos pela CEF sem a formalização - Aditamento não formalizado no prazo limite de contratação” (evento xxx). Ademais referiu não haver prova da hipossuficiência da parte autora, do que deve ser revogada a AJG deferida.

O pedido de tutela de urgência foi deferido para determinar a Universidade ABC que admitisse a matrícula do autor para o primeiro semestre de 2017, independentemente de cumprimento de exigências financeiras decorrente da impossibilidade de aditamento dos semestres 1/2015, 2/2015, 1/2016 e 2/2016, observadas as demais exigências não relacionadas à lide (evento xy).

A Universidade ABC contestou propugnando pela improcedência da ação, ao argumento de que inexiste responsabilidade da IES pelas dificuldades narradas na exordial e que não poderá arcar com as semestralidades do aluno (evento xyz).

Em sua defesa, o FNDE postula pela improcedência do pedido, repisando os argumentos de sua anterior manifestação, no sentido de que a formalização dos aditamentos de renovação semestral não foi concluída, diante da perda de prazo pelo estudante. Refere que não se pode atribuir as impossibilidades de aditamento do contrato do FIES ao FNDE, visto que a parte autora deu causa aos problemas relacionados ao aditamento, ante a perda reiterada do prazo (evento xyy).

A CEF requer a improcedência da demanda ao argumento de que atua apenas como agente financeiro do FIES, “assumindo, exclusivamente, a competência de conceder os financiamentos com recursos do Fundo” e que eventual falha em alguma etapa anterior do procedimento administrativo do financiamento estudantil é de responsabilidade do FNDE e da IES (evento xxy).

Vieram os autos conclusos para sentença. É o relatório. Decido.

Na condição de Juiz Federal Substituto atuante na Vara Federal cível em que realizada a instrução, profira sentença, dispensado o relatório, presumindo a veracidade dos fatos articulados. Devem ser apreciadas todas as questões, com indicação de eventuais dispositivos normativos inerentes ao tema e as principais posições da jurisprudência sobre a matéria. Limite-se a um máximo de 210 (duzentas e dez) linhas.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 18/09/2017: [email protected]

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SENTENÇA PENAL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: LUCIANO MENDONÇA FONTOURAE-mail: [email protected]

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por seu representante legal, ofertou denúncia contra GERSON LIMOEIRO, JOSÉ CAJAZEIRAS e JOÃO MANGA, brasileiros, solteiros, pescadores os dois primeiros e lavrador o último, dando-os como incursos nas sanções da Lei n° 9.605/98, artigo 34, parágrafo único, II, e do art. 288 do CPB.

Consta do incluso inquérito policial n° 12345-6, que, no dia 29 de janeiro de 2015, por volta das 08h30min, no Rio São Francisco, no município de Brejo Grande/SE, os denunciados, em unidade de desígnios, praticavam pesca mediante a utilização de petrechos não permitidos. Relatam os autos que, no dia dos fatos, policiais militares, em atendimento à denúncia, compareceram no local denominado Praia Seca, no Rio São Francisco, onde encontraram os autores praticando pesca com a utilização de rede com 50 metros de comprimento em malha de tamanho não permitido.

Declinada a competência pela justiça estadual, os autos aqui aportaram em 08 de julho de 2015.

Oferecida a denúncia e convalidados os atos praticados no juízo estadual, incabível medida de diversificação quanto a GERSON LIMOEIRO e revogada a suspensão condicional do processo em relação a JOSÉ CAJAZEIRAS e JOÃO MANGA, pelo descumprimento de condicionante imposta, procedeu-se à citação/intimação dos acusados.

As defesas prévias arrolaram as mesmas testemunhas indicadas no rol acusatório.

Arredada a absolvição sumária, foram inquiridas as testemunhas das partes. Operou-se o interrogatório dos acusados GERSON LIMOEIRO e JOÃO MANGA. Ausente o acusado JOSÉ CAJAZEIRAS, embora intimado, decretou-se-lhe a condição de revel.

Nos derradeiros colóquios, a acusação pugnou pela condenação dos réus pela prática das condutas tipificadas na Lei 9.605/98, art. 34, caput e parágrafo único, II (pesca durante o período da piracema, em local proibido e com a utilização de petrechos não permitidos), e no art. 288 do CPB (associação criminosa), porque, à luz da prova, comprovada a materialidade e autoria dos ilícitos.

Por sua vez, a defesa apresentou os derradeiros colóquios em peça única em nome de GERSON e JOSÉ, nos seguintes termos: a) agiram os réus amparados pela excludente de ilicitude do estado

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de necessidade, elencado no Código Penal, art. 24, e na Lei 9.605/98, art. 37, I, já que pescavam para consumo próprio e das respectivas famílias, tratando-se de pessoas humildes, de poucas posses, que trabalham na lavoura, sendo a remuneração insuficiente às necessidades básicas da família; b) a quantidade de peixe apreendida (50 kg para cada réu) é condizente ao propósito de consumo familiar; c) incide o princípio de insignificância, dada a mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada; d) em caso de eventual condenação, seja aplicada pena mínima. Foram carreadas certidões de antecedentes, constando uma condenação prévia de GERSON pelo mesmo crime de pesca em período de defeso.

A defesa de JOÃO MANGA apresentou memoriais nos seguintes termos: a) o réu apenas aguardava os dois amigos na margem do rio, não portando qualquer utensílio de pesca, muito menos pescado; b) que sua atividade principal é a plantação de melões em sua pequena propriedade rural, e não a pesca; c) que estava no local apenas para passar o tempo, sendo abordado de forma truculenta pela polícia militar; d) apresentou documentação comprobatória da propriedade rural e da comercialização das frutas.

Foram juntados aos autos:

- Boletim de Ocorrência;

- Auto de Apreensão dos petrechos de pesca e de 100 quilos de pescado;

- Formulário de doação da pesca;

O acusado GERSON confessara a prática antissocial, com exuberância de minúcias: “eu estava pescando em essa rede; o JOSÉ também estava na minha companhia; noís armo a rede, o florestal chegou e já fez nois arrancar a rede dentro d´agua só que nos já tinha pegado um pouquinho de peixe, era pra consumo próprio memo; sou solteiro, profissão braçal; escolaridade fiz terceiro... na época dos fatos eu não trabalhava, tava parado, tava desempregado... que o JOÃO não tem nada com a pesca... que é apenas amigo...”. Já o corréu JOSÉ se valeu da franquia de permanecer em silêncio.

JOÃO, por sua vez, assim informou em seu interrogatório: “que naquele dia tinha ido a praia seca para conversar com seus amigos... que tinha acabado de vender sua produção de melões e estava à toa... que estava na margem do rio quando foi abordado pelos policiais... que quando o resto da equipe policial chegou com GERSON e JOSÉ, perguntaram se os conhecia e respondeu positivamente... que neste momento lhe foi dada voz de prisão... que GERSON e JOSÉ tentaram argumentar com os policiais que ele não tinha nada com a pesca, mas que isso não adiantou...”.

A prova testemunhal, editada em juízo e sob o crivo do contraditório, assim pode ser resumida: [...] confirmo o depoimento de fl... essa pesca é só permitida para pescador profissional e no local, durante a piracema, não é permitido, nem pra pescador profissional [...] (Depoimento da

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testemunha João Graciliano)

[...] confirmo o depoimento de fl... a pesca lá é proibida continuamente, mesmo fora da piracema, o pescador profissional não pode pescar l...l (Depoimento da testemunha Rogério Micale)

Em sede policial, nos depoimentos ratificados judicialmente, as testemunhas assim se manifestaram: QUE o declarante ressalta que nesta data, após receberem denúncia anônima, compareceram no local, onde efetuaram a abordagem nos conduzidos presentes, que foram qualificados como sendo GERSON, JOSÉ e JOÃO, sendo constatado que estes realizavam pesca utilizando redes em desacordo com a legislação vigente e, ainda, por estar em período de piracema; QUE, ainda, foi verificado que os conduzidos não possuem carteira que os permita a realização de pesca [...] (Depoimento da testemunha João Graciliano)

QUE o depoente ressalta que também participou da abordagem aos conduzidos presentes, na companhia do condutor deste flagrante, portanto, corroborando em seu inteiro teor, a declarações deste; QUE, ainda, o depoente esclarece que, como estão em período de piracema e as redes utilizadas pelos conduzidos estão em desacordo com a legislação vigente, a estes foi dado voz de prisão e ambos conduzidos à delegacia de polícia e apresentados à Autoridade Plantonista para providências que o caso requer QUE, o pescado foi encaminhado por esta guarnição para posterior destinação. (Depoimento da testemunha Rogério Micale)

Sendo este o relatório, elabore a sentença em no máximo 210 linhas.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 18/09/2017: [email protected]

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