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 PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO Grupo de Estudos de Educação Matemática e Científica  Anos Iniciais - 06/04/2006 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Estudiosos contemporâneos afirmam que as transformações da sociedade estão criando uma nova cultura e modificando as formas de produção e apropriação dos saberes. Cabe então aos professores mediar a construção do processo de conceituação a ser apr opr ia do pelos alun os , busc an do a promoçã o da aprendizagem e des en vol ven do habilidades importantes para que eles participem da sociedade. O professor é um elemento chave na organização das situações de aprendizagem, pois compete-lhe dar condições para que o aluno “ap ren da a apr ender”, desenvolvendo situações de aprendizagens diferenciadas, estimulando a articulação entre saberes e competências. Reafirma-se, assim, a aprendizagem como uma construção, cujo epicentro é o própri o aprend iz. Como conse qüênci a, teremos também uma necessária mudanç a no conceito do que é ensinar. Fica evidente nesta proposta a necessidade da existência de uma ativida de construti va sobre os objetos do conhecimento, desse mod o, cumpr indo a fuão primordial da escola que é a de ensinar, agindo e intervindo para que os alunos aprendam o que sozinhos não teriam condições de fazê-lo por si mesmos. O primeiro passo para a reformulação das aulas é deixar de pensar no “conteúdo pel o cont eúdo” e sim desenvolver habilidades atras dos con teúdos. Em lugar de continuar a decorar conteúdos, o aluno passará a exercitar habilidades, e através delas, adquirir grandes competências.  A competência na educação foi analisada fundamentalmente no âmbito das teorias de aprendizagem – Epistemologia Genética de Jean Piaget e seguida por outros estudiosos da educação. Para Jean Piaget e colaboradores, o curso de desenvolvimento é precedente à aprendizagem . A compe tên cia intelectual de uma pessoa, de aco rdo com su a fase evolutiva, depende da organização, do número de seus esquemas cognitivos e da maneira como são combinados e coordena do s entre si . Atualmen te com os es tu dos da neurociência , defende-se qu e o de se nvol vi ment o e a ap rendiz ag em aconte ce m concomitantemente. Segundo Lino de Macedo, competência é o modo como fazemos convergir nossas necessidades e articulamos nossas habilidades em favor de um objetivo e solução de um problema que se expressam como desafio ou obstáculo.  As competências tratam sempre de alguma forma de atuação, só existem “em situação” e, portanto, não podem ser aprendidas, apenas pela comunicação de idéias. Para construí-las, as ações mentais não são suficientes – ainda que sejam essenciais. Não basta a um profissional ter conhecimentos sobre seu trabalho; é fundamental que saiba fazê-lo(MEC/2000). O desenvolvimento refere-se às mudanças qualitativas, tais como: aquisição e aperfe içoame nto de capacidade e funçõe s, que permitem à criança realizar coisas novas, progressivamente mais complexas, com uma habilidade cada vez maior. É um processo que acompanha o homem através de toda a sua existência. O conceito de habilidade varia de autor para autor. Em geral, as habilidades são

Celso Antunes Competencias

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS DO SUL SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAO Grupo de Estudos de Educao Matemtica e Cientfica Anos Iniciais - 06/04/2006 HABILIDADES E COMPETNCIAS Estudiosos contemporneos afirmam que as transformaes da sociedade esto criando uma nova cultura e modificando as formas de produo e apropriao dos saberes. Cabe ento aos professores mediar a construo do processo de conceituao a ser apropriado pelos alunos, buscando a promoo da aprendizagem e desenvolvendo habilidades importantes para que eles participem da sociedade. O professor um elemento chave na organizao das situaes de aprendizagem, pois compete-lhe dar condies para que o aluno aprenda a aprender, desenvolvendo situaes de aprendizagens diferenciadas, estimulando a articulao entre saberes e competncias. Reafirma-se, assim, a aprendizagem como uma construo, cujo epicentro o prprio aprendiz. Como conseqncia, teremos tambm uma necessria mudana no conceito do que ensinar. Fica evidente nesta proposta a necessidade da existncia de uma atividade construtiva sobre os objetos do conhecimento, desse modo, cumprindo a funo primordial da escola que a de ensinar, agindo e intervindo para que os alunos aprendam o que sozinhos no teriam condies de faz-lo por si mesmos. O primeiro passo para a reformulao das aulas deixar de pensar no contedo pelo contedo e sim desenvolver habilidades atravs dos contedos. Em lugar de continuar a decorar contedos, o aluno passar a exercitar habilidades, e atravs delas, adquirir grandes competncias. A competncia na educao foi analisada fundamentalmente no mbito das teorias de aprendizagem Epistemologia Gentica de Jean Piaget e seguida por outros estudiosos da educao. Para Jean Piaget e colaboradores, o curso de desenvolvimento precedente aprendizagem. A competncia intelectual de uma pessoa, de acordo com sua fase evolutiva, depende da organizao, do nmero de seus esquemas cognitivos e da maneira como so combinados e coordenados entre si. Atualmente com os estudos da neurocincia, defende-se que o desenvolvimento e a aprendizagem acontecem concomitantemente. Segundo Lino de Macedo, competncia o modo como fazemos convergir nossas necessidades e articulamos nossas habilidades em favor de um objetivo e soluo de um problema que se expressam como desafio ou obstculo. As competncias tratam sempre de alguma forma de atuao, s existem em situao e, portanto, no podem ser aprendidas, apenas pela comunicao de idias. Para constru-las, as aes mentais no so suficientes ainda que sejam essenciais. No basta a um profissional ter conhecimentos sobre seu trabalho; fundamental que saiba faz-lo(MEC/2000). O desenvolvimento refere-se s mudanas qualitativas, tais como: aquisio e aperfeioamento de capacidade e funes, que permitem criana realizar coisas novas, progressivamente mais complexas, com uma habilidade cada vez maior. um processo que acompanha o homem atravs de toda a sua existncia. O conceito de habilidade varia de autor para autor. Em geral, as habilidades so

consideradas como algo menos amplo que as competncias. Assim, a competncia estaria constituda por vrias habilidades. Entretanto, uma habilidade no pertence a determinada competncia, uma vez que uma mesma habilidade pode contribuir para competncias diferentes. As habilidades so especificaes das competncias estruturais em contextos especficos. Decorrem das competncias adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber, saber ser e saber fazer. Por meio das aes e operaes, as habilidades aperfeioam-se e articulam-se possibilitando uma reorganizao das competncias. Celso Antunes sugere uma lista geral de habilidades que devem ser trabalhadas nos anos iniciais do Ensino Fundamental: observar, conhecer, compreender, comparar, separar/reunir, consultar/conferir, seriar, localizar no espao, medir, relatar, combinar, demonstrar, localizar no tempo, transferir/criar, classificar e enumerar. Evidentemente, cada escola poder adaptar a lista de habilidades de acordo com a realidade cultural de seus alunos, os estmulos proveniente de seu ambiente e o grau de interao com que se desenvolve a aprendizagem. preciso considerar que talvez nem todas as habilidades possam ser trabalhadas, e algumas delas, para serem estimuladas, implicaro em outras e que a lista bastante incompleta. Experincias mostram que uma habilidade estimulada em determinado ciclo escolar jamais deve ser abandonada, portanto, cada ano escolar sempre cumulativo em relao s habilidades estimuladas nos anos anteriores. No existe idade certa para desenvolver uma habilidade. O objetivo trabalhar todas elas, respeitando a melhor idade para iniciar esse trabalho e o momento de retomlas em cada etapa da vida escolar. O grande desafio da educao desenvolver habilidades e competncias, tornando as pessoas cada vez mais capazes, ou seja, quanto mais qualificadas forem as intervenes sofridas pelo sujeito, maior ser a capacidade de operar mentalmente mobilizar conhecimentos e maior ser sua competncia. O trabalho adequado com habilidades e competncias tem como condio necessria a capacitao do professor para torn-lo competente e capaz de mobilizar conhecimentos, a fim de atender situaes concretas do cotidiano escolar. AS COMPETNCIAS DOS ALUNOS CELSO ANTUNES 1. Dominar plenamente a leitura escrita, lidando com seus smbolos e signos e assim beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educao ao longo de toda a vida. 2. Perceber as mltiplas linguagens utilizadas pela humanidade. 3. Perceber a matemtica em suas relaes com o mundo, "matematizar" suas relaes com os saberes e resolver problemas. 4. Conhecer, compreender, interpretar, analisar, relacionar, comparar e sintetizar dados, fatos e situaes do cotidiano e atravs dessa imerso adquirir no somente uma qualificao profissional, mas competncias que a tornem apta a enfrentar inmeras situaes. 5. Compreender as redes de relaes sociais e atuar sobre as mesmas como cidados. 6. Valorizar o dilogo, a negociao e as relaes interpessoais. 7. Descobrir o encanto e a beleza nas expresses culturais de sua gente e de seu entorno. 8. Saber localizar, acessar, contextualizar e usar melhor as informaes disponveis. 9. Saber selecionar e classificar as informaes recebidas, perceber de maneira crtica os diferentes meios de comunicao para melhor desenvolver sua personalidade e estar altura de agir cada vez com maior capacidade de autonomia e discernimento. 10 . Aprender o sentido da verdadeira cooperao desenvolvendo a compreenso do outro

e descobrindo meios e processos para se trabalhar e respeitar os valores do pluralismo e da compreenso mtua. BERNARDO TORO 1. Dominar a leitura , a escrita e as diversas linguagens utilizadas pelo homem. 2. Fazer clculos e resolver problemas. 3. Analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situaes. 4. Compreender seu entorno social e atuar sobre ele. 5. Receber criticamente os meios de comunicao. 6. Localizar, acessar e usar melhor a informao acumulada. 7. Planejar, trabalhar e decidir em grupo. AS COMPETNCIAS DOS PROFESSORES CELSO ANTUNES 1. Organizar e dirigir situaes de aprendizagem. 2. Administrar a progresso das aprendizagens. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciao. 4. Envolver os alunos na aprendizagem e, portanto, na sua reestruturao de compreenso de mundo. 5. Aprender e ensinar a trabalhar juntos e a se trabalhar com equipes. 6. Dominar e fazer uso de novas tecnologias. 7. Vivenciar e superar os conflitos ticos da profisso e administrar sua formao contnua e permanente. 8. Administrar sua prpria formao e enriquecimento contnuo. PHILIPPE PERRENOUD 1.Organizar e dirigir situaes de aprendizagem. 2. Administrar a progresso das aprendizagens. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciao. 4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho. 5. Trabalhar em equipe. 6. Participar da administrao da escola. 7. Informar e envolver os pais. 8. Utilizar novas tecnologias . 9. Enfrentar os deveres e os dilemas ticos da profisso. 10. Administrar sua prpria formao contnua.Texto organizado pelas Assessoras Pedaggicas: Adriana Zini, Marins F da Silva e Teresinha Manica Salvador SMED/2006Referncias Bibliogrficas ANTUNES, Celso :Trabalhando Habilidades - Construindo Idias: So Paulo,Scipione, 2001 (Pensamento e ao no Magistrio) ANTUNES, Celso: Como Desenvolver as Competncias em Sala de Aula - Petrpolis,RJ: Vozes,2001. Fasc. 8. PERRENOUD, Philippe: Dez Novas Competncias para Ensinar; Trad.Patrcia Chittoni Ramos - Porto Alegre: Artes Mdicas do Sul, 2000. RAMOS, Marise Nogueira: A Pedagogia das Competncias: Autonomia ou adaptao. So Paulo: Ed.Cortez,2001

MACEDO, Lino: Ensaios Pedaggicos Como construir uma escola para todos. Porto Alegre: Artmed, 2005.