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JANEIRO E FEVEREIRO 2011 | N.º 7 | 2ª SÉRIE EDITORIAL os (performance) Economic Value Added (EVA) CONTABILIDADE & EMPRESAS

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JANEIRO E FEVEREIRO 2011 | N.º 7 | 2ª SÉRIE

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CONTABILIDADE& EMPRESAS

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1.OS ANIVERSÁRIOS DA “C&E” E DO SNC

A 2.ª série da C&E iniciou em Janeiro/Fevereiro de 2010 (ver figura da capa), completando-se, desta forma, o seu 1.º ANIVERSÁRIO, o que impõe a realização de um breve “ba-lanço”, que fazemos em texto à parte.

Dos seis números publicados, dois incidiram sobre temas específicos: Contabilidade Autárquica (nº 4, de Julho/Agosto de 2010) e Auditoria/Revisão de Contas (nº 5, de Setembro/Dezembro de 2010).

Como referimos no editorial da C&E nº 1, uma das mo-tivações para a reestruturação da revista (em Janeiro de 2010 a 1.ª série completou quinze anos) foi a entrada em vigor, no dia 1 de Janeiro de 2010, do Sistema de Normalização Contabilís-tica (SNC), aprovado pelo Decreto-Lei nº 158/2010, de 13 de Julho, o qual mereceu grande destaque ao longo do ano, nome-adamente através de artigos, casos práticos e outras informações e comentários.

Neste contexto, o SNC completa também o seu 1.º ANI-VERSÁRIO, embora os seus efeitos práticos só possam ser me-didos após a primeira apresentação de contas em SNC, que ocorrerá no corrente ano, pelo que também se justifica um balanço, em texto autónomo.

Como sublinhámos em número anterior, 2011 será um dos anos mais difíceis para os portugueses, tendo em conta as medidas fiscais previstas no OE de 2011, pelo que a C&E continuará a acompanhar as respectivas iniciativas legislativas para a sua execução.

Finalmente, destacamos a entrevista à Professora Doutora Lúcia Lima Rodrigues, docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, primeira mulher que obteve o Doutoramento em Conta-bilidade em Portugal e representante da Ordem dos TOC na Comissão de Normalização Contabilística, na qual nos alerta para os principais aspectos da actualidade contabilística nacional e internacional, nome-adamente no ensino, na investigação e na prática.

UM PRÓSPERO ANO NOVO.

JOAQUIM CUNHAGUIMARÃES

[email protected]

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�� ���Defender uma profissão, por Guilherme Osswald ....................................................... 5

� ��������Lúcia Lima Rodrigues, docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho ...................................................................................................................... 6

� ����������Reflexões sobre o SNC, por Joaquim Fernando da Cunha Guimarães ....................... 10 V – Os utentes das demonstrações financeiras ............................................................. 10 VI – A nova medida do desempenho (performance) do SNC – O “Resultado Integral” .....17A Contabilidade e as microempresas, por Carlos Alberto Baptista da Costa ............... 20Modelos contabilísticos e economia – Textos fundamentais, por João Nogueira ........ 21Demonstração das Alterações no Capital Próprio .................................................... 24“Balanço” do 1.º Aniversário do SNC ..................................................................... 27Tribunal de Contas quer aplicação efectiva do Plano Oficial de ContabilidadePública (POCP)........................................................................................................28

����������� �����������Observatório do SNC ............................................................................................. 29

�����������Código do IVA sofre alterações e é reforçado combate à fraude ............................... 30Comissão Europeia pretende eliminar problemas fiscais transfronteiras ................... 31Governo intensifica combate à fraude e evasão fiscais .............................................. 32Fiscalidade é o maior obstáculo à competitividade das empresas .............................. 34Fisco atinge com antecedência objectivo de cobrança coerciva ................................. 34Comissão Europeia prepara alterações ao IVA ......................................................... 34

��������Conferência da Comissão Europeia sobre relato financeiro e auditoria – Fevereirode 2011 .................................................................................................................. 35IFAC emite Guia Prático de Gestão para Pequenas e Médias Firmas de Auditoria ... 35As perguntas do Livro Verde sobre Auditoria .......................................................... 36

���������� � ���Economic Value Added (EVA®) - Medida de desempenho como base da remuneração variável, por Rui Filipe Antunes Ferreira ................................................................... 38Intermediários Financeiros devem ter modelos de gestão de risco mais uniformes ...............44

������������OTOC aprova PAO/2011 ...................................................................................... 45OROC aprova PAO/2011 ...................................................................................... 45

�������Sector da construção rejeita alterações ao Código dos Contratos Públicos ............... 46Atrasos com pagamentos são alarmantes ................................................................. 47Código Contributivo agiliza procedimentos entre contribuintes e Segurança Social........ 48Finanças querem garantir solidez das instituições financeiras ................................... 49

�������Governo tem descredibilizado a profissão de Técnico Oficial de Contas .................. 50Técnico Oficial de Contas é uma profissão de futuro .............................................. 51

���������� ����� ��Balanço e Índice do 1.º Aniversário da C&E (2.ª série) ........................................... 52

�������!����Caso Prático n.º 7 – Impostos Diferidos ................................................................. 57

�����Criar Sucesso em Negócios Inteligentes ................................................................... 58Ética, Deontologia e Responsabilidade Social ........................................................ 58Planeamento e Evasão Fiscal ................................................................................... 58

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PROPRIEDADEVida Económica - Editorial S. A.

DIRECTORJoaquim Fernando da Cunha Guimarães

COLABORADORES PERMANENTESAgostinho Manuel dos Santos CostaHernâni O. CarquejaGuilherme OsswaldJoaquim Fernando da Cunha GuimarãesJosé Azevedo RodriguesJosé Alberto Pinheiro PintoMaria José FernandesMário da Cunha GuimarãesPaulo Moura Castro

COLABORADORES NESTE NÚMEROCarlos Alberto Baptista da CostaGuilherme OsswaldJoão NogueiraJoaquim Fernando da Cunha GuimarãesLúcia Lima RodriguesRui Filipe Antunes Ferreira O conteúdo dos artigos é da exclusivaresponsabilidade dos autores

PAGINAÇÃOJosé Barbosa

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO R. Gonçalo Cristóvão, 1116º Esq. 4049-037 Porto Telef.: 223 399 400Fax: 222 058 098E-mail: [email protected]

DELEGAÇÃO EM LISBOAAv. Fontes Pereira de Melo, nº 61069-106 Lisboa Telef.: 217 937 747Fax: 217 937 748

IMPRESSÃOUniarte Gráfica - Porto

Registo nº 108640 no ICS

JAN/FEV 2011 | Nº 7 - 2ª SÉRIE

Assinatura anual: 64 euros

Janeiro/Fevereiro 2011 – Este suple-mento faz parte integrante da Vida Eco-nómica nº 1380, de 28.01.2011

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TrabalhoEm Portugal continua a haver pouco respeito pelo trabalho e a competência de terceiros.

cia ao controlo das contas não parece ser o caminho mais correcto a seguir.

Os problemas não se ficam por aqui. Este é um ano em que é obri-gatório existir tranquilidade no área da contabilidade e da fiscalidade. O SNC entra plenamente em vigor e os TOC têm que estar muito atentos às mudanças que tal implica. Tam-bém seria muito positivo um maior esforço por parte das autoridades, no sentido de garantir a uniformi-dade legislativa. Não se pode conti-nuar a publicar leis avulsas e a um ritmo alucinante, como sucedeu no final do ano passado. Continua a ser usual a publicação de legislação, sem que existam objectivos concre-tos, entrando-se com frequência em paradoxos. Os profissionais acabam por se ver envolvidos numa teia le-gislativa, em que não há quem saia a ganhar. Daí a importância de serem chamados a pronunciar-se aquando da intenção do Governo legislar so-bre matérias que não conhece bem por não estar no terreno.

*Editor

Defender uma profissão

*GUILHERME OSSWALD

O ano agora iniciado será um dos mais difíceis para os Portugueses desde que o país entrou no regime democrático. Para TOC a situação será particularmente complicada. O que se passou nos últimos dias de 2010 revela bem que as dificuldades serão acrescidas. E não só por razões de contexto. A profissão tem sido sujeita a “ataques” que não são com-preensíveis.

Não é só o Sistema de Norma-lização Contabilística ou toda o enorme volume legislativo que têm tornado os dias menos tranquilos aos TOC. De facto, foram criadas situa-ções que não se compreendem. Ou por outra, talvez sejam reveladoras de que existem poucos políticos que tenham um conhecimento aprofun-dado do mundo da contabilidade e muito menos da profissão. Sobre-tudo, em Portugal continua a ha-ver pouco respeito pelo trabalho e a competência de terceiros e os interes-ses das minorias se sobreponham aos da comunidade. Foi o que se passou com a tentativa de descredibilização dos TOC, a partir da necessidade de um ROC, sempre que uma empresa queira apresentar deduções ao nível dos prejuízos.

A situação criada é tanto mais in-compreensível, quanto se está numa altura em que é o próprio Governo que mais exige transparência e pre-tende combater sem quartel o com-bate à fraude e à evasão fiscais. Ora, é sabido que o TOC tem perante o fisco responsabilidades acrescidas, como é o caso da responsabilidade subsidiária. Colocar em causa o seu

trabalho é dar um sinal à sociedade que se está perante um profissional que não é credível. Nada de mais errado e injusto. O TOC é dos pro-fissionais que mais têm sido respon-sabilizados pela tutela e que mais provas têm que prestar para estarem no mercado.

Não menos estranha foi a in-tenção do Governo em isentar as pequenas empresas da prestação de contas. Não é necessário um grande esforço de raciocínio para se concluir que seria uma forma de deixar uma parte da economia à deriva. A decla-ração de rendimentos não constitui apenas um documento que tem que ser apresentado às Finanças para re-gularização da sua situação fiscal. É também importante para os próprios sócios, para os clientes, enfim, para o mercado em geral. Retirar importân-

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Contabilidade & Empresas – Como analisa, de uma forma geral, a evolução do ensino e da investigação em Contabilidade no ensino superior em Portugal?Lúcia Lima Rodrigues – A avaliação que faço é muito

positiva. O ensino está a fazer-se cada vez mais baseado na investigação, tentando-se que os alunos aprendam a pen-sar a contabilidade e não a memorizar meras técnicas (este tipo de ensino leva ao insucesso, já que se o aluno não for treinado para pensar, num outro contexto acaba por não saber fazer). Esta tendência deve continuar se queremos profissionais preparados para enfrentar qualquer cenário.

A evolução na investigação tem também sido notável dado que ainda há poucos anos não tínhamos ninguém a publicar em revistas científicas internacionais de prestígio e hoje acredito que temos uma comunidade académica cada vez mais internacional, participando não só em conferên-cias internacionais mas também publicando nas melhores revistas internacionais. Acredito que seremos capazes de continuar a trabalhar por forma a que nos próximos anos nos possamos situar nos patamares internacionais mais exi-gentes.

C&E – Sem dúvida que a investigação em Contabilidade sofreu um forte impulso na última década do século/milénio passado, nomeadamente através do surgimento de doutoramentos e mestrados em Contabilidade. Como interpreta essa evolução?LLR – Sim, os mestrados e os doutoramentos em Con-

tabilidade têm um papel importante no avanço da inves-tigação em Contabilidade. A Universidade do Minho tem estado na linha da frente no desenvolvimento do mestrado e do doutoramento em Contabilidade (ao nível do doutora-mento, podemos dizer que o consórcio com a Universidade de Aveiro foi também pioneiro, sendo único no país).

C&E – O Mestre Professor Doutor Fernando Vieira Gonçalves da Silva sublinhou que não se justificava o debate sobre se a Contabilidade é uma ciência tendo-o classificado como uma “cienciomania”. Qual a situação actual da ciência contabilística?LLR – Compartilho muito deste ponto de vista. Mais

importante do que debatermos as razões que fazem da

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Entrevista à Professora Doutora Lúcia Lima Rodrigues

O ensino está a fazer-se cada vez mais baseado na investigação, tentando-se que os alunos aprendam a pensar

A Professora Doutora Lúcia Lima Rodrigues, docente da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, primeira mulher a obter o Doutoramento em Contabilidade em Portugal, apresenta a sua visão sobre o ensino da Contabilidade em Portugal e a ligação à prática contabilística desenvolvida pelo TOC.

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contabilidade uma ciência é fazermos investigação como se faz noutras áreas científicas. E de facto assim é, a Conta-bilidade usa as mesmas metodologias científicas que qual-quer outra área do saber.

C&E – Na Revista de Comércio e Contabilidade nº 1, de Janeiro a Junho de 1926, Fernando Pessoa referiu que “Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria...”. Como analisa esta importante referência histórica no contexto actual?LLR – Em primeiro lugar, para aqueles que acham que

os contabilistas são cinzentos, não sendo capaz de qual-quer brilhantismo intelectual, Fernando Pessoa é apenas um exemplo que contraria tal tese. Na minha perspectiva é um poeta admirável.

A afirmação dele é verdadeira em qualquer época. Como já referi, acredito no ensino baseado na investiga-ção, um ensino prático que não seja bem fundamentado em termos teóricos leva a que os alunos não aprendam a pensar. Daqui resulta que os alunos vão para o mercado sem capacidade de resposta em situações diferentes daque-las em que aprenderam (porque basicamente memoriza-ram as práticas contabilísticas).

C&E – Através do Processo de Bolonha procedeu-se à reorganização do ensino superior ao nível dos graus de licenciatura e mestrado. Tendo sido um dos membros que integrou o Grupo de Trabalho da Ordem dos TOC (OTOC) que estudou o impacto do Processo de Bolonha na profissão de TOC, como analisa essa situação no contexto do ensino superior da Contabilidade e do respectivo acesso à profissão?LLR – Antes de mais queria salientar que a profissão

avançou muito nos últimos anos. Hoje é, felizmente, uma profissão regulamentada e bem organizada. Tem todos os dias novos desafios pela frente (como por exemplo nor-mas de contabilidade cada vez mais exigentes). Por isso, é importante que quem exerça esta profissão esteja bem preparad(a)o, para poder enfrentar todos os desafios. Essa melhor preparação obriga a que se tenha formação supe-rior e que se esteja constantemente em formação contínua.

Tudo isto é próprio de uma profissão que evolui e que necessita de novos conhecimentos para se exercer de forma tecnicamente competente.

C&E – A profissão de Contabilista em Portugal, nomeadamente nas suas principais vertentes (TOC, ROC e docência do ensino superior), tem vindo, principalmentena última década, a ser dominada por mulheres, tendo, inclusive, a Professora sido a primeira mulher doutorada em Contabilidade em Portugal. Como vê este cada vez maior interesse das mulheres portuguesas pela Contabilidade?LLR – Eu diria que é uma tendência geral, em todas as

áreas. Claramente nas profissões que eram mais “masculi-nas” a evolução acabou por ser mais notória. Quando ini-ciei a minha carreira na Faculdade de Economia do Porto, fui ensinar Teoria Geral da Contabilidade e Economia da Empresa. Éramos 12 professores a ensinar esta disciplina, e eu era a única mulher. Na altura todos estranharam que eu quisesse ensinar Contabilidade, quando poderia ter es-colhido outras disciplinas na altura já “menos masculinas” como Microeconomia ou Macroeceonomia. Passado uns anos, fui para a Universidade do Minho e também lá fui a primeira mulher a ensinar Contabilidade. Por isso, ter sido a primeira mulher a doutorar-me em Contabilidade é uma consequência de também me ter interessado pelo ensino destas matérias.

C&E – A Ordem dos TOC é o organismo que regula a profissão de Contabilista (TOC) em Portugal. A Professora tem colaborado com a Instituição em diversos trabalhos pontuais e permanentes. Qual a sua opinião de uma forma geral sobre a actividade da OTOC nestes 15 anos de vida?LLR – Estou muito satisfeita com a evolução que acho

que foi notável. Em apenas 15 anos passamos da desregu-lamentação ao estatuto profissional de Ordem. Acho que dificilmente se poderia fazer mais em tão pouco tempo e muito devemos a quem nos tem dirigido. Todos sabemos

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A Contabilidade como CiênciaMais importante do que debatermos as razõesque fazem da Contabilidade uma ciência é fazermos investigação como se faz noutras áreas científicas.

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que foi difícil conseguir a regulamentação e foi também di-fícil atingirmos o estatuto de Ordem. Mas valeu a pena e vai continuar a valer pena. Há mais para fazer, espero que pos-samos contar sempre com uma profissão unida porque só a união faz a força. Sendo uma profissão com tantos membros (a maior associação profissional do país) e com formações tão heterógeneas (o que eu acho que é uma riqueza), difi-cilmente concordamos sempre. Mas no sentido de fazermos garantir os direitos desta área, devemos sempre manter a serenidade e tentar ser unidos na defesa dos nossos direitos.

C&E – Na qualidade de Presidenteda Comissão de História da Contabilidadeda OTOC, constituída em Abril de 2007,que balanço faz da Comissão e quaisas perspectivas de evolução da investigação nessa importante área da Contabilidade?LLR – Portugal tem uma história muito rica, é um

dos países mais antigos do mundo. A Contabilidade faz parte da História de Portugal, dado que a Contabilidade se constrói socialmente, influenciando também a própria sociedade. Só podemos sentir orgulho nisto, é importante sabermos que ajudamos a construir o económico e o social, e que apoiamos o desenvolvimento. Para mim a História da Contabilidade é uma paixão, e ajuda-me a perceber a Contabilidade tal qual ela é hoje. Sem conhecermos a His-tória facilmente corremos o risco de catalogar determina-do procedimento contabilístico como “novo”. Conhecen-do a História, percebemos e ficamos deslumbrados com os conhecimentos que já se detinham no passado e como a Contabilidade tem respondido em diferentes contextos. A investigação nesta área irá aumentar, como se pode consta-tar através do número de alunos que acabaram de apresen-tar os seus projectos de doutoramento neste tema.

C&E – A Professora é, também, a Editora da revista Contabilidade & Gestão da OTOC, única revista nacional na área da contabilidade com características científicas. Temos a percepção que em Portugal se escreve muito pouco sobre Contabilidade e áreas conexas, e, em particular, os docentes do ensino superior, quer nas revistas nacionais, quer nas revistas estrangeiras. A que se deve esta constatação?LLR – Não tem havido estímulos. Até agora indepen-

dentemente de se publicar ou não, todos temos a mesma remuneração. Ou se sente necessidade de escrever e trans-mitir ideias ou os estímulos são muito pequenos. Princi-

palmente ao nível do ensino politécnico, já que os Pro-fessores Universitários têm consciência de que se querem progredir na carreira devem publicar. Com a introdução dos regulamentos de avaliação no ensino superior, esta re-alidade irá mudar nos próximos anos.

C&E – A Professora tem sido umadas principais investigadoras que mais tem contribuído para a divulgação da Contabilidade portuguesa no estrangeiro, nomeadamente através de artigos publicados em revistas internacionais e em comunicações apresentadas em Congressos e outros eventos afins. Nesta perspectiva, qual a realidade actual da investigação portuguesa?LLR – Como eu já referi, a realidade actual é muito di-

ferente de há uns anos atrás. Estamos a evoluir muito ra-pidamente para um nível verdadeiramente internacional. Actualmente sou membro do Management Committee da European Accounting Association (EAA), tendo sido esco-lhida pelos meus colegas europeus com base no meu currícu-lo científico. Isto significa que já há portugueses a serem re-conhecidos na Europa. Acumulo ainda outro cargo na EAA: sou membro do Management Board (desta vez fui eleita pe-los meus pares portugueses), representando Portugal.

Como eu, outr(a)os colegas apresentam Conferências e publicam em revistas científicas internacionais (não vou dizer nomes porque já são muitos e não quero correr o risco de esquecer nenhum). No futuro, estou certa que se-remos mais, a evolução que se está a observar na profissão acaba também por se reflectir positivamente na academia contabilística.

C&E – No dia 1 de Janeiro entrou em vigor o novo normativo de normalização contabilística português, intitulado Sistema de Normalização Contabilística (SNC), aprovado pelo Decreto--Lei nº 158/2009, de 13 de Julho. Qual a sua opinião sobre o processo de adaptação das NIC (IAS) e das NIRF (IFRS) do IASB ao SNC? Quais as principais alterações do ponto de vista conceptual?LLR – A principal alteração foi, como já todos

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Contabilidade e HistóriaA Contabilidade faz parte da História de Portugal, dado que a Contabilidade se constrói socialmente, influenciando também a própria sociedade.

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percebemos, passarmos a usar um sistema contabilístico baseado em princípios, que repousa muito no julgamen-to profissional (estávamos habituados a um sistema muito baseado em regras, onde era esperado que para cada situa-ção nos dissessem que conta se debita e que conta se credi-ta). As normas do IASB muitas vezes dizem por exemplo “credita-se uma conta de capitais próprios”. Para um pro-fissional que tenha dificuldades em discutir as matérias em termos teóricos, pode ser difícil perceber qual é a conta que deve usar. Por isso, defendo, que para prepararmos os alunos para este novo sistema contabilístico, torna-se cada vez mais importante ensinar os alunos a pensar, a fazer julgamentos profissionais.

C&E – Um dos temas que tem gerado mais polémica no âmbito do SNC é o relacionado com a base de mensuração do “justo valor”, apesar de o mesmo já se encontrar previsto no modelo do POC. Como analisa essa polémica e quais os seus efeitos nas contas das micro e pequenas entidades? Outra dificuldade reconhecida por todos é o uso do justo valor em muitas circunstâncias em que não estávamos habituados.LLR – Apesar do conceito não ser novo e de já estar-

mos habituados a fazer reavaliações, o SNC extende muito a aplicação do justo valor. Portugal não tem muitos merca-dos organizados, e encontrar o valor de mercado é muitas vezes complicado. Por outro lado, calcular estimativas des-se valor de mercado exige profissionais de contabilidade bem preparados. O uso de estimativas em contabilidade leva à subjectividade. De forma a lidarmos com a subjec-tividade torna-se importante fazer divulgações no Anexo. Isto significa que a aplicação do justo valor leva a um au-mento do trabalho contabilístico que se espera que seja reconhecido. Devido à necessidade de reduzir os custos de contexto das micro-entidades, acredito que este crité-rio não deve ser adoptado, ou só muito excepcionalmente deve ser adoptado.

C&E – Relativamente à aplicação prática do SNC, como interpreta o seu acolhimento pelos profissionais da Contabilidade, nomeadamente pelos TOC e pelos docentes de Contabilidade do Ensino Superior?LLR – Os TOC e os docentes de contabilidade es-

tão preparados para apoiar o desenvolvimento do país no contexto do espaço económico a que pertencemos. A UE

decidiu que a harmonização contabilística era necessária (para se aprofundar o mercado único) e se devia fazer pela adopção das normas do IASB. Portugal é um país membro da UE e como sempre aconteceu ao longo da História, seremos capazes de apoiar o país nestes novos desafios.

C&E – Sendo membro do Conselho Geral da Comissão de Normalização Contabilística (CNC), em representação da OTOC, qual o balanço que faz da actividade da CNC neste primeiro ano? Quais os próximos desafios, face ao processo de constante adaptação das NIC (IAS) e NIRF (IFRS)?LLR – A CNC está a preparar diferentes conjuntos

de normas para diversas entidades aplicarem (como é o caso recente das micro-entidades e das entidades não lu-crativas). Está também a observar a forma como as novas normas estão a ser aplicadas. Ir actualizando o SNC em função das alterações das normas do IASB, aprovadas pela UE, será um objectivo importante por forma a manter-se alguma consistência entre as normas adoptadas pelas em-presas cotadas e as adoptadas pelas empresas não cotadas.

C&E – O Grupo de Contabilidade da Universidade do Minho integra quatro doutoras na área da Contabilidade, e tem sido um dos principais grupos de investigação nacionais na Contabilidade. Depois de alguns anos de “luta”, foi, finalmente, aprovada e entrou em funções no corrente ano, a Licenciatura em Contabilidade, completando-se, desta forma, os três graus de ensino, pois o Mestrado em Contabilidade já existe desde o ano de 1998/99 e o Doutoramento em Contabilidade desde 2008/2009. Quais os principais reflexos desta nova realidade na investigação em Contabilidade da Universidade do Minho?LLR – A Contabilidade é uma área em expansão resul-

tante do poder de mercado que tem a profissão. É também uma área em que a investigação está a crescer muito. As Universidades têm essa percepção e apostam em áreas em expansão. Esta tem sido a situação da Universidade do Mi-nho que tem querido apostar nas áreas que têm possibili-dade de expansão. Ter os três graus de ensino é importante para se poder ter flexibilidade na formação e dar todas as oportunidades aos alunos.

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INTRODUÇÃO

No nosso artigo sob o título “A Contabilidade - Utili-dade para a Gestão (Decisão)”1, apresentámos alguns dos principais aspectos conceptuais inerentes ao denominado “paradigma da utilidade” que subjaz ao anterior modelo contabilístico assente no Plano Oficial de Contabilidade (POC), aprovado pelo Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de Novembro, e diplomas ulteriores de alterações, e nas nor-mas contabilísticas complementares (29 Directrizes Con-tabilísticas e 5 Interpretações Técnicas).

A entrada em vigor, no passado dia 1 de Janeiro de 2010, do novo modelo de normalização contabilística, inti-tulado de Sistema de Normalização Contabilística (SNC), aprovado pelo Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, que revogou aquele normativo do “modelo POC”, moti-vou-nos para a elaboração do presente artigo, no qual da-remos especial enfoque aos objectivos das demonstrações financeiras (DF) e aos respectivos utentes2 (stakeholders).

OBJECTIVOS DAS DF

O POC (item 3.1 “Objectivos”) referia:“As demonstrações financeiras devem proporcionar informa-

ção acerca da posição financeira, das alterações desta e dos resultados das operações, para que sejam úteis a inves-tidores, a credores e a outros utentes, a fim de investirem racionalmente, concederem crédito e tomarem outras de-cisões; contribuem assim para o funcionamento eficiente dos mercados de capitais.

A informação deve ser compreensível aos que a desejem anali-sar e avaliar, ajudando-os a distinguir os utentes de recur-sos económicas que sejam eficientes dos que o não sejam, mostrando ainda os resultados pelo exercício da gerência e a responsabilidade pelos recursos que lhe foram confiados.”.

1 Publicado nas revistas Revisores & Empresas nº 25, de Abril/Junho de 2004, pp. 44-50 e TOC nº 54, de Setembro de 2004, pp. 34-41 e disponível para download no nosso Portal INFOCONTAB nos menus “Actividades Pessoais/Artigos (Download)/Por Título/Nº 129” e “Normalização Conta-bilística e SNC/Sistema de Normalização Contabilística (SNC) Artigos”.2 O item 3.1 do POC referia “destinatários” e “utentes”, sendo que este último termo é também utilizado no SNC. A designação “utilizadores” é sinónima.

Por sua vez, o §12 da Estrutura Conceptual (EC)3 do SNC determina:“12 - O objectivo das demonstrações financeiras é o de pro-

porcionar informação acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações na posição financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas.”.Nesses conceitos, as expressões “posição financeira”,

“desempenho” e “alteração na posição financeira”, estão intimamente ligadas às DF, ao balanço, às demonstrações dos resultados (por naturezas e por funções)4 e à demons-tração dos fluxos de caixa respectivamente.

O mencionado “paradigma da utilidade” das DF está explícito naquela primeira disposição através da expressão “... que seja útil a um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas”5.

Desta forma, as DF6 deverão ser elaboradas numa perspectiva de “equilíbrio de interesses” dos seus diversos utentes (stakeholders)7, o que, diga-se em abono da verda-de, não é tarefa nada fácil.

Esse mesmo quesito está expressamente previsto no início do §13 da EC do SNC ao determinar o seguinte:“13 - As demonstrações financeiras preparadas com esta fina-

lidade vão de encontro às necessidades comuns da maior parte dos utentes (...)”.Sublinhe-se, no entanto, que as DF apresentam algu-

mas limitações, as quais são reconhecidas na segunda par-te daquele §13, quando se refere:“(...) Contudo, as demonstrações financeiras não proporcio-

nam toda a informação de que os utentes possam neces-

3 Publicada pelo Aviso nº 15652/2009, D.R. nº 173, 2.ª Série, de 7 de Setembro de 2009.4 A elaboração da “Demonstração dos resultados por funções”, com o SNC, passou a ser facultativa, conforme dispõe o nº 3 do art.º 11.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho que aprovou o SNC.5 No item 3.1 do POC a expressão equivalente é “para que sejam úteis a(...), a fim de investirem racionalmente, concederem crédito e tomarem outras decisões...”.6 Além das atrás referidas, acrescentamos a “Demonstração das alterações no capital próprio” que, nos termos do nº 1 do art.º 11.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, é obrigatória para a generalidade das entidades abrangidas pelo primeiro nível de normalização contabilística, sendo, no en-tanto, dispensada a sua apresentação pelas pequenas entidades que estiverem em condições (art.º 9.º daquele diploma) de optar pela aplicação da Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE), de acordo com o estabelecido no nº 2 daquele mesmo clausulado.7 Ver item 3 deste artigo.

Reflexões sobre o SNC

V – Os utentes das demonstrações financeiras – do POC ao SNC

JOAQUIM FERNANDO DA CUNHA GUIMARÃES*

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sitar para tomarem decisões económicas uma vez que elas, em grande medida, retratam os efeitos financeiros de acontecimentos passados e não proporcionam necessaria-mente informação não financeira.”.Esta disposição merece-nos os seguintes comentários:A principal limitação é as DF retratarem acontecimen-

tos passados, o que constitui um apelo implícito à utiliza-ção de DF prospectivas ou previsionais;

A alusão a “informação não financeira” constitui uma referência implícita, a outro tipo de documentos, nome-adamente ao relatório de gestão elaborado pelo órgão de gestão (OG) nos termos do art.º 66.º do Código das So-ciedades Comerciais (CSC).

Desta forma, visando a tomada de decisões, as DF passadas deverão ser analisadas em conjunto com as DF prospectivas e o relatório de gestão, sendo que, neste úl-timo, assume particular relevância o disposto na alínea c) do nº 5 do art.º 66.º do CSC relativamente à “evolução previsível da sociedade”.

Ainda no que tange aos objectivos das DF, o §14 da EC do SNC preconiza:“14 - Os utentes das demonstrações financeiras que desejem

avaliar o zelo ou a responsabilidade do órgão de gestão pe-los recursos que lhe foram confiados fazem -no a fim de que possam tomar decisões económicas; estas decisões podem incluir, por exemplo, deter ou vender o seu investimento na entidade ou reconduzir ou substituir o órgão de gestão.”.Este normativo reforça a importância do OG da em-

presa na elaboração das DF de suporte à tomada de de-cisões dos seus utilizadores, o qual deverá desempenhar as suas funções (responsabilidades) com zelo, em prol da salvaguarda do património da entidade.

De notar, ainda, que o art. 64.º “Deveres fundamentais”8 do CSC deve ser interpretado como uma norma societária complementar ou extensiva daquela norma contabilística, prevendo:“1 - Os gerentes ou administradores da sociedade devem ob-

servar:a) Deveres de cuidado, revelando a disponibilidade, a compe-

tência técnica e o conhecimento da actividade da socieda-de adequados às suas funções e empregando nesse âmbito a diligência de um gestor criterioso e ordenado; eb) Deveres de lealdade, no interesse da sociedade, atendendo

aos interesses de longo prazo dos sócios e ponderando os interesses

8 Com a redacção do Decreto-Lei nº 76-A/2006, de 29 de Março. Na re-dacção anterior o artigo intitulavam-se “Dever de diligência” e previa:

“Os gerentes, administradores ou directores de uma sociedade devem actuar com a diligência de um gestor criterioso e ordenado, no in-teresse da sociedade, tendo em conta os interesses dos sócios e dos trabalhadores.”.

dos outros sujeitos relevantes para a sustentabilidade da socie-dade, tais como os seus trabalhadores, clientes e credores.(…)”.

Note-se que esta disposição, após a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei nº 76-A/2006, de 29 de Março, ao contrário da anterior redacção que apenas relevava os interesses dos sócios e trabalhadores, passa a dar impor-tância também aos utentes externos das DF (v.g. clientes e credores).

UTENTES DAS DF

Os utentes (stakeholders) das DF, i.e., os agentes eco-nómicos interessados nas DF da empresa com vista à to-mada de decisões, são elencados no §9.º da EC do SNC da seguinte forma:“(a) Investidores — Os fornecedores de capital de risco e os

seus consultores estão ligados ao risco inerente aos, e ao retorno proporcionado pelos, seus investimentos. Necessi-tam de informação para os ajudar a determinar se devem comprar, deter ou vender. Os accionistas estão também interessados em informação que lhes facilite determinar a capacidade da entidade pagar dividendos.

(b) Empregados — Os empregados e os seus grupos represen-tativos estão interessados na informação acerca da esta-bilidade e da lucratividade dos seus empregadores. Estão também interessados na informação que os habilite a avaliar a capacidade da entidade proporcionar remune-ração, benefícios de reforma e oportunidades de emprego.

(c) Mutuantes — Os mutuantes estão interessados em infor-mação que lhes permita determinar se os seus empréstimos, e os juros que a eles respeitam, serão pagos quando vencidos.

(d) Fornecedores e outros credores comerciais — Os fornece-dores e outros credores estão interessados em informação que lhes permita determinar se as quantias que lhes são devidas serão pagas no vencimento.

Os credores comerciais estão provavelmente interessados numa entidade durante um período mais curto que os mutuantes a menos que estejam dependentes da continu-ação da entidade como um cliente importante.

(e) Clientes — Os clientes têm interesse em informação acerca da continuação de uma entidade, especialmente quando com ela têm envolvimentos a prazo, ou dela estão dependentes.

Tomada de decisõesDesta forma, visando a tomada de decisões, as DF passadas deverão ser analisadas em conjunto com as DF prospectivas e o relatório de gestão.

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(f ) Governo e seus departamentos - O Governo e os seus de-partamentos estão interessados na alocação de recursos e, por isso, nas actividades das entidades. Também exigem informação a fim de regularem as actividades das entida-des, determinar as políticas de tributação e como base para estatísticas do rendimento nacional e outras semelhantes.

(g) Público — As entidades afectam o público de diversos modos. Por exemplo, podem dar uma contribuição substancial à

economia local de muitas maneiras incluindo o núme-ro de pessoas que empregam e patrocinar comércio dos fornecedores locais. As demonstrações financeiras podem ajudar o público ao proporcionar informação acerca das tendências e desenvolvimentos recentes na prosperidade da entidade e leque das suas actividades.”.Tendo em conta esta descrição, os utentes das DF po-

dem ser classificados como “internos” e “externos” à enti-dade, como sintetizamos no ESQUEMA Nº 1 seguinte:

ESQUEMA Nº 1 – UTENTES INTERNOSE EXTERNOS DAS DF’S

Utentes das DF

Internos

- Órgão de Gestão

- Empregados

- Investidores (sócios/accionistas)

- Investidores (excepto sócios/accionistas)

- Mutuantes

- Fornecedores e outros credores comerciais

- Clientes

- Governo e seus departamentos

- Público

Externos

Sublinhe-se que o POC/89 (item 3.1), apesar de os elencar, não especificava as necessidades desses utentes, apenas prevendo:“Os destinatários da informação financeira são, mais especi-

ficamente, os seguintes:- Investidores;- Financiadores;- Trabalhadores;- Fornecedores e outros credores;- Administração Pública;- Público em geral.”Note-se que já o POC/77, aprovado pelo Decreto-Lei

nº 47/77, de 7 de Fevereiro, revogado desde de 1 de Janei-ro de 1989 pelo POC/89, era mais exaustivo no elencar dos utilizadores, definindo até algumas das suas necessida-des, como a seguir transcrevemos:

“Análise das necessidades dos diversos utilizadores dos dados contabilísticos, nomeadamente:- Estado: contrôle estadual, planificação económica, es-

tatística nacional, fisco, contrôle específico de preços;- Outras Entidades públicas: sindicatos e outras associações;- Trabalhadores das próprias empresas;- Sócios;- Credores;- Financiadores, especialmente bancos;- Empresas, onde a normalização vai incidir (dimensão

das empresas, organização, custo de implantação, vantagens e inconvenientes);

- Público em geral;- Profissionais de contabilidade;- Profissionais de economia e gestão empresarial;- Ensino;- Revisão contabilística em geral;- Tentativa de adaptação ao particular contexto económi-

co, social e político em que vai inserir-se a normaliza-ção contabilística.”.

Desta disposição relevamos que o POC/77 conside-rava como utilizadores os profissionais de contabilidade (TOC)9, da revisão contabilística (ROC) e de economia e gestão empresarial (v.g. economistas, gestores de empre-sas), bem como o ensino e os sindicatos e outras asso-ciações, os quais não eram mencionados no POC/89, e, agora no SNC.

Voltando agora ao SNC, registe-se que o §10 da EC reconhece que as DF não suprem todas as necessidades de informação.

Neste último quesito assume-se claramente que as ne-cessidades são diferentes de utente para utente, o que, ali-ás, se depreende do §9 da EC atrás transcrito. No entanto, reconhece-se a existência de necessidades comuns a todos os utentes.

Com efeito, sendo as necessidades diferentes, interro-gamo-nos sobre quais serão os utentes privilegiados das DF? Ou seja, será possível estabelecer uma hierarquia de satisfação das necessidades dos utentes?

De notar que o OG não consta do elenco dos utentes do §9, uma vez que o §11 da EC destina-lhe um espaço próprio que nos ajuda a responder, em parte, à questão supra, como a seguir transcrevemos:

9 De notar que na vigência do POC/77, i.e., de 1977 a 1988, ainda não tinha sido publicado o primeiro Estatuto dos TOC, aprovado pelo Decreto-Lei nº 265/95, de 17 de Outubro. Até á aprovação deste diploma, os pro-fissionais da contabilidade designavam-se “técnicos de contas” e eram reco-nhecidos mediante inscrição na então Direcção-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI), face ao estatuído no Código da Contribuição Industrial (CCI).

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“11 — O órgão de gestão duma entidade tem a responsabi-lidade primária pela preparação e apresentação das suas demonstrações financeiras. O órgão de gestão está tam-bém interessado na informação contida nas demonstra-ções financeiras mesmo que tenha acesso a informação adicional de gestão e financeira que o ajude a assumir as suas responsabilidades de planeamento, de tomada de decisões e de controlo. O órgão de gestão tem a ca-pacidade de determinar a forma e conteúdo de tal in-formação adicional para satisfazer as suas próprias ne-cessidades. Porém, o relato de tal informação, está para além do âmbito desta Estrutura Conceptual. Contudo, as demonstrações financeiras publicadas são baseadas na informação usada pelo órgão de gestão acerca da posição financeira, desempenho e alterações na posição financei-ra da entidade.”.Deste item resulta claramente que o OG é o principal

responsável pela preparação e apresentação das demons-trações financeiras10.

Refira-se que o item 3.1 do POC também previa esta situação, nos seguintes termos:“A responsabilidade pela preparação da informação finan-

ceira e pela sua apresentação é primordialmente das ad-ministrações. Isto não invalida que estas também não estejam interessadas nessa informação, apesar de terem acesso a informação adicional, que as ajude a executar e a cumprir as responsabilidades do planeamento e do controlo e de tomar decisões.”.Efectivamente, os representantes do OG são, eles pró-

prios, os mais interessados das DF’s, sendo, inclusive, os “utentes privilegiados” na medida em que têm a respon-sabilidade pela definição das políticas (práticas) contabi-lísticas, sem prejuízo da intervenção técnica do TOC no âmbito das suas funções estatutárias11. Numa primeira abordagem, esta circunstância responde à questão supra,

10 Também o nº 1 do art.º 65.º do CSC, se refere a este aspecto, na seguinte forma:

“1 - Os membros da administração devem elaborar e submeter aos órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão, as contas do exercício e demais documentos de prestação de contas previstos na lei, relativos a cada exercício anual.”.

11 De notar que o TOC assume a responsabilidade pela regularidade técni-ca nas áreas contabilística e fiscal, face ao estipulado no art.º 6.º do respec-tivo Estatuto, aprovado pelo Decreto-Lei nº 452/99, de 5 de Novembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei nº 310/2009, de 26 de Outubro. Ou seja, o SNC não prevê quaisquer responsabilidades do TOC na preparação e apresentação das DF, as quais apenas se encontram expressamente previstas naquele articulado, e, particularmente, na alínea b) no nº 1 e do nº 3 quanto à regularidade técnica nas áreas contabilísticas e fiscal. Sublinhe-se que este nº 3 do art.º 6.º foi aditado por aquele diploma de alterações. Em nosso artigo sob o título “Com o SNC um ‘Novo’ TOC (!?)”publicado na revista TOC nº 121, de Abril de 2010, pp. 34-45, e a disponibilizar no menu “Actividades Pessoais/Artigos (Download)” do Portal INFOCONTAB, de-senvolvemos esta temática.

o que se traduz, igualmente, pela frase contida naquele §11 da EC:“O órgão de gestão tem a capacidade de determinar a forma

e conteúdo de tal informação adicional para satisfazer as suas próprias necessidades”.A título de exemplo, e, particularmente, nas grandes

empresas, refira-se o caso em que os membros do OG são remunerados em parte por uma componente variável em função dos resultados obtidos (v.g., gratificações, stock op-tion, “participações” nos lucros). Ou seja, essa componen-te variável das remunerações influencia a elaboração das DF, pois é comummente sabido que os resultados pode-rão ser manipulados (no âmbito da denominada “conta-bilidade criativa” ou do “alisamento dos resultados”) para atingir tal desiderato.

Estas situações podem ser interpretadas à luz da teo-ria da contabilidade numa dupla perspectiva: a norma-tiva (ou prescritiva) que visa a escolha da melhor opção contabilística para o registo dos factos patrimoniais, ou a positiva (ou descritiva) que procura descobrir como o OG decide o que é melhor para si12.

A este propósito, lembramos a recente proposta de Orçamento de Estado para 2010, que prevê uma tributa-ção autónoma aos bónus e outras remunerações variáveis pagas a gestores, administradores ou gerentes, em deter-minadas condições.

De realçar ainda que no item 3.1 do POC/89 atrás transcrito e no que respeita aos objectivos das DF são uti-lizadas as expressões “para que sejam úteis a investidores, a credores...” e “para o funcionamento eficiente dos mercados de capitais”, o que evidenciava uma orientação clara orienta-ção para os utentes externos. Além disso, a referência ao mercado de capitais releva a importância das empresas com títulos negociados em mercados regulamentados (v.g. bolsas de valores), que, como sabemos, representam uma ínfima parte (cerca de 100 empresas) do nosso tecido empresarial.

O que pretendemos sublinhar é que essa disposição não está, certamente, direccionada para a realidade em-presarial portuguesa, constituída por micro, pequenas e médias empresas, as quais estão, decididamente, fora do mercado de capitais. Na verdade, na prática contabilística

12 Sobre esta dicotomia ver, por exemplo, “TEORIA DA CONTABILI-DADE”, de Eldon S. Hendriksen e Michael F. Van Breda, Ed. Atlas, São Paulo, 1999. Tradução de “Accounting Theory”, 5.ª Edição, por António Zoratto Sanvicente da Universidade de S. Paulo (Brasil). Os autores referem:

“As teorias positivas (ou descritivas) visam mostrar e explicar (como?) quais as informações financeiras que são apresentados e comunicadas aos utiliza-dores. As teorias normativas (ou prescritivas) visam recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser apresentados: ou seja, procuram explicar o que deve ser, em lugar do que é.”.

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USUÁRIODA INFORMAÇÃO

CONTÁBIL

META QUE DESEJARIA MAXIMIZAR OU TIPO

DE INFORMAÇÃO MAIS IMPORTANTE

Acionista minoritário Fluxo regular de dividendos.

Acionista majoritário ou com grande participação

Fluxo de dividendos, valor de mercado da ação, lucro por ação.

Acionista preferencial Fluxo de dividendos mínimos ou fixos.

Emprestadores em geral

Geração de fluxos de caixa futuros suficientes para receber de volta o capital mais os juros, com segurança.

Entidades governamentais

Valor adicionado, produtividade, lucro tributável.

Empregados em geral, como assalariados

Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com segurança; liquidez.

Média e alta administração

Retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido; situação de liquidez e endividamento confortáveis.

No nosso artigo em referência15, sublinhámos:“É, também, neste quadro que se tem colocado a questão

de se elaborarem demonstrações financeiras adaptadas aos diversos utilizadores, considerando, por exemplo, os factos patrimoniais como componentes de uma base de dados, da qual se extrairiam as informações reque-ridas pelos utilizadores. Ou seja, a informação finan-ceira seria disponibilizada “à medida” dos interesses/utilidade dos stakeholders, i.e., uma «contabilidade self-service».”.

Assim, apesar de o OG ter, como se diz na gíria popu-lar, “a faca e o queijo na mão”, deve elaborar as DF dentro do espírito de rigor, zelo e competência a que atrás nos referimos (§14 da EC e art.º 64.º do CSC), sob pena de os sócios/accionistas da sociedade accionarem o mecanis-mo previsto na parte final do §14 da EC que prevê “... ou reconduzir ou substituir o órgão de gestão”.

Mas, se colocarmos de parte os interesses do OG, as DF devem ser elaboradas dentro do mencionado equilí-brio de interesses (necessidades) dos utentes, o que, na-quele contexto, é manifestamente difícil de atender.

Um outro aspecto relevante a analisar é o da realidade da estrutura societária e organizacional das empresas por-tuguesas, na medida que, como já referimos, são micro e pequenas e médias empresas.

A propósito da aplicação do SNC, o Presidente da Co-

15 Conforme rodapé nº 1.

dessas empresas, os seus utentes privilegiados são as enti-dades financiadoras e a própria Administração Fiscal.

OBJECTIVOS vs. NECESSIDADESDOS UTENTES DAS DF

Neste contexto, repetimos a questão: como conciliar os objectivos das DF com as necessidades dos seus utentes?

A este propósito IUDICIBUS13 sublinha:“Nesse aspecto, o estabelecimento dos objectivos da Contabili-

dade pode ser feito na base de duas abordagem distintas: ou consideramos que o objectivo da Contabilidade é forne-cer aos usuários, independentemente de sua natureza, um conjunto básico de informações que, presumivelmente, de-veria atender igualmente bem a todos os tipos de usuários, ou a Contabilidade deveria ser capaz e responsável pela apresentação de cadastros de informações totalmente dife-renciados, para cada tipo de usuário. Frequentemente, a segunda alternativa tem sido a citada pelos autores como a correta; todavia, ou porque a natureza do modelo decisório de cada tipo de usuário não foi ainda inteiramente revela-da, ou por não ser do conhecimento dos contadores, o facto é que raramente se tem visto um desenvolvimento coerente e completo de quais seriam os vários conjuntos completos de informações a serem fornecidos para cada tipo de usuário. Nosso ponto de vista diferencia-se dos dois citados e repousa mais na construção de um “arquivo básico de informação contábil”, que possa ser utilizado, de forma flexível, por vários usuários, cada um com ênfases diferentes neste ou naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de avaliação, porém extraídos todos os informes do arquivo básico ou “data-base” estabelecido pela Contabilidade.”.E acrescenta14:

“A decisão sobre o que é útil ou não para a tomada de deci-sões econômicas é, todavia, muito difícil de ser avaliada na prática. Isto, como afirmamos anteriormente, exigiria um estudo profundo do modelo decisório de cada tipo de tomador de decisões que se utiliza de dados contábeis. De-veríamos: (a) estabelecer claramente qual a função-objec-tivo que desejamos maximizar; (b) coletar e avaliar o tipo de informação utilizada no passado para maximizar a função; (c) prover o modelo preditivo que irá suprir o mo-delo decisório para a maximização da função-objectivo. Isto nem sempre é fácil, pois, conforme o tipo de usuário, pode existir mais uma função a ser maximizada.”.E, resumindo, apresenta o seguinte quadro :

13 IUDICIBUS, Sérgio, Teoria da Contabilidade, Editora Atlas, 9.ª edição, S. Paulo (Brasil), 2009, p. 3.14 IUDICIBUS, Sérgio, ob. cit., p. 4.

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missão de Normalização Contabilística (CNC), Domin-gos Cravo, sublinhou16:“A norma para pequenas entidades vais ser, seguramente, a nor-

ma de maior aplicação no quadro do SNC uma vez que admito que possa vir a ser utilizada por talvez um pouco mais de 340.000 entidades de um universo de 375.000.”.E, completando o seu raciocínio, referiu:

“Por isso, não é de crer existirem grandes turbulências na sua aplicação nem que venham a existir diferenças muito sig-nificativas em termos das exigências que existiam para as pequenas entidades no quadro do POC e as que passarão a existir no quadro do novo SNC.”.Acresce ainda que o art.º 10.º do Decreto-Lei nº

158/2009, de 13 de Julho, restringe ainda mais a aplicação do SNC prevendo até a sua dispensa nos seguintes termos17:“Ficam dispensadas do previsto no artigo 3.º as pessoas que, exer-

cendo a título individual qualquer actividade comercial, in-dustrial ou agrícola, não realizem na média dos últimos três anos um volume de negócios superior a � 150 000.”.De notar que a inclusão no SNC da NCRF-PE e tam-

bém desta última disposição, assentam na característica qualitativa do “balanceamento dos benefícios e custos”18, também designada de “análise custo-benefício”, no senti-do de que “os benefícios derivados da informação finan-ceira devem exceder o custo de a proporcionar”, conforme prevê o §44 da EC do SNC.

Neste contexto, qual o “utente privilegiado” naquele grande universo de empresas que poderão (uma vez que é facultativo)19 aplicar a NCRF-PE?

É bom lembrar que essas empresas são tipicamente de carácter familiar e de muito reduzida dimensão, nomea-damente em número de trabalhadores, capital investido, nº de sócios, estruturas comerciais e produtivas, em que, não raras vezes, o sócio é, simultaneamente, o gestor fi-nanceiro, gestor comercial, gestor produtivo, etc.

Pretendemos sublinhar que nessas empresas não há, certamente, potenciais investidores, e que as DF interes-sam especialmente aos próprios sócios/gestores, às entida-des financeiras e, particularmente, à Administração Fiscal no contexto dos impostos que a empresa terá de pagar.

16 Em entrevista publicada no suplemento “PMENEWS” do semanário Vida Económica de 26 de Fevereiro de 2010, p.VII.17 Esta disposição transita do POC/89, pois o nº 5 do art.º 3.º do Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de Novembro, que o aprovou, continha uma disposi-ção com a mesma redacção.18 Elaborámos um artigo sob o título “O Balanceamento dos Benefícios e Custos no SNC”, a publicar na revista Contabilidade & Finanças e a dispo-nibilizar para download no menu “Actividades Pessoais/Artigos (Download)”.19 Em alternativa, i.e., se não exercerem essa opção, deverão aplicar o primei-ro nível de normalização contabilística do SNC, constituído por 28 NCRF, face ao previsto no art.º 3.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho.

A este propósito, MOREIRA refere20:“Quanto ao contexto empresarial, quatro características o

definem: I) A reduzida dimensão das unidades empre-sariais; II) Estas tendem a ter uma estrutura societária maioritariamente familiar, em que a propriedade e a gestão se confundem. Isto implica que os interesses da em-presa são os do seu gestor, nomeadamente no que respeita à preparação e divulgação da informação financeira; III) A quase totalidade das empresas financia-se junto do sis-tema bancário, sendo muito reduzido o número das que estão cotadas em bolsa e, dentro destas, das que se finan-ciam com regularidade no mercado de capitais; IV) Em média, é fraca a qualificação académica e financeira dos empresários-gestores das PME, de onde resulta um fraco nível de utilização da contabilidade como instrumento de gestão, aparecendo o sistema de registo contabilístico como consequência, pura e simples, da necessidade de sa-tisfação de uma obrigação legal.No que respeita à envolvente contabilístico-fiscal, o ele-

mento central é o grande alinhamento que existe entre con-tabilidade e fiscalidade, com a Lei (Código Comercial, art.º 29.º) a impor às empresas a obrigatoriedade de possuírem um sistema contabilístico que produza informação financei-ra que sirva, entre outros objectivos, de base à estimação do imposto sobre o rendimento (IRC) a pagar.

Da interacção do referido contexto empresarial com a envolvente contabilístico-fiscal resultam duas consequências. Primeira, as empresas, independentemente da respectiva di-mensão, tendem a adoptar na elaboração da contabilidade critérios fiscais em detrimento de critérios económicos, mesmo que o normativo contabilístico não o imponha. Limitam, desse modo, o incómodo de efectuarem correcções ao resultado conta-bilístico aquando da elaboração da declaração de rendimentos. Tal comportamento leva a que as demonstrações financeiras tendam a traduzir-se em demonstrações fiscais. Segunda con-sequência, os gestores-proprietários das empresas actuam no sentido de minimizar o imposto a pagar, por via da utilização da flexibilidade das normas contabilísticas e, por vezes, usando soluções que conflituam com as prescrições legais e se podem classificar como fraudulentas. O objectivo é a minimização do resultado contabilístico e, por essa via, do IRC.”.

Desta forma, a compatibilização dos objectivos das DF’s com as necessidades dos utentes, deverá atender a esta realidade concreta do tecido empresarial português.

É óbvio que as empresas de maior dimensão e especial-mente aquelas com títulos negociados em mercados regu-

20 MOREIRA, José António C., Irá o método do justo valor reduzir a qualidade da informação financeira? Influências a partir das IFRS, TOC nº 119, de Fevereiro de 2010, p. 45-9.

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lamentados (v.g. bolsas de valores) têm uma preocupação acrescida e orientada para os investidores (accionistas ac-tuais e potenciais).

Neste contexto, Rogério Fernandes Ferreira subli-nhou21:

“Em Portugal está a ser frequente repetir referências de bi-bliografia de outros países a indicar que o objecto ou objec-tivo da empresa é a criação de valor para o(s) accionista(s).

Sempre nos situámos entre os que entendem que o objecti-vo da empresa “criar valor” é não apenas para os sócios ou accionistas mas também para demais stakeholders, expressão esta que engloba sócios ou accionistas (sócios), gestores, empregados, fornecedores, clientes e até a pró-pria comunidade.”.

Ainda no mesmo âmbito, Hernâni O. Carqueja referiu22:“Os temas utilidade e criação de valor estão de facto li-

gados: se as decisões da administração visam criação de valor e, por conceito, o valor implica uma referência, então a utilidade para decisões implica consideração dessa referência. Entre as referências destacam-se como alternativas: a empresa, os investidores de capital de risco (proprietário), e cada um do conjunto de interes-sados na empresa (staketakers?). A terceira hipótese, ao respeitar a interesses diversos e não hierarquizáveis, cor-responde a aceitar que está em causa sempre um ajuizar pessoal do gestor, porque o problema de maximização não tem resposta em modelo de decisão, é uma indeter-minação. De facto só concorrem na pesquisa académica as alternativas empresa e “proprietários”. Todo o para-digma da utilidade tem sido desenvolvido com base nos interesses do investidor (proprietário) e, é contra essa posição que testemunho com a minha experiência, que a não confirma. O gestor está focado em interesses pró-prios ou na empresa, ou num balancear dos dois.

No campo da contabilidade de gestão o problema assume especial realce porque para apoiar o gestor na decisão, antecipando a produção de informação aos seus pedidos expressos, é preciso ter uma finalidade como referência. Essa, em meu entender, é a criação de valor para a em-presa.

O mercado de capitais não pretende informação focada nos interesses do investidor, pretende informação sobre a empresa tal como a própria empresa se vê. Os modelos de análise são de cada investidor, que nem sempre con-fessa os interesses que o motivam. Os justos valores não

21 Em artigo de opinião intitulado “O Valor Criado na Empresa – Breves Reflexões”, TOC nº 46, de Janeiro de 2004, pp. 60-1.22 Em escrito particular (e-mail de 30 de Março de 2004) que nos dirigiu após nossa solicitação.

lhe interessam para nada, são ruído na informação que ele pretende sobre a capacidade da empresa criar valor para ela, é a esse valor criado para a empresa que ele vai buscar a sua parte.”.

Na verdade, o próprio sistema contabilístico anglo-sa-xónico em que assentam as NIC/NIRF e, por força da sua adaptação, o próprio SNC, vão nesse sentido, daí a inclu-são no SNC da NCRF-PE, que visa atenuar as exigências de relato financeiro dessas entidades dentro, repetimos, da referida característica qualitativa de “balanceamento dos benefícios e custos”.

CONCLUSÕES

O “paradigma da utilidade” das DF é um dos temas mais interessantes na abordagem contabilística, na medi-da em que é difícil encontrar um “ponto de equilíbrio” das necessidades dos utentes (stakeholders) internos e ex-ternos.

Para se estabelecer uma “hierarquia” dos utentes em função das respectivas necessidades que, repetimos, são diferentes de uns para os outros, é importante analisar as características do tecido empresarial português, espe-cialmente a sua dimensão. Com efeito, se numa grande empresa que opera no mercado de capitais (v.g. bolsa de valores) existirá uma orientação para os investidores bol-sistas, como aliás o POC/89 (item 3.1) expressava objec-tivamente, i.e., o principal objectivo é a maximização do valor das acções. É, óbvio que numa micro, pequena e média empresa, a orientação será necessariamente outra, mais voltada para os utentes internos e, particularmente, a própria gerência e os sócios/accionistas que, não raras vezes, são os mesmos e, ainda, para os seus financiadores (banca) e para a Administração Tributária.

Sublinhamos, no entanto, que, independentemente da dimensão das empresas, o POC/89, e com especial enfoque no SNC, relevam que os representantes do OG são, indis-cutivelmente, os principais responsáveis pela preparação e apresentação das DF, nomeadamente para definição das po-líticas contabilísticas subjacentes. Desta forma, serão tam-bém os primeiros utentes dessas demonstrações financeiras.

Paradigma da utilidade

O “paradigma da utilidade” das DF é um dos temas mais interessantes na abordagem contabilística, na medida em que é difícil encontrar um “ponto de equilíbrio” das necessidades dos utentes (stakeholders) internos e externos.

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O desempenho (performance)

A informação sobre o desempenho (performance) refere-se, concretamente, ao relato financeiro dos resultados da entidade.

O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), aprovado pelo Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho1, apresentado como anexo ao diploma, constitui, indiscu-tivelmente, uma notória melhoria no relato financeiro das entidades relativamente ao seu antecessor “modelo-POC”2.

A própria alteração da palavra “plano”, ínsita no POC, para “relato financeiro” no SNC, é um bom exemplo disso mesmo.

É no contexto dessa melhoria do relato financeiro que a Estrutura Conceptual3 do SNC assume particular destaque e, obviamente, a Norma Contabilística e de Relato Financeiro nº 1 (NCRF 1), sob o título “Es-trutura e conteúdo das demonstrações financeiras”4, a qual desenvolve as Demonstrações Financeiras (DF) a elaborar pelo órgão de gestão da entidade, com excep-ção da Demonstração dos Fluxos de Caixa referida na NCRF 2.

Os “Objectivos” das DF estão previstos nos §§ 12 a 21 da EC do SNC, dos quais destacamos o primeiro que prevê:

“12 - O objectivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação acerca da posição financeira, do desempenho e das alterações na posição financeira de uma entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na tomada de decisões económicas.”.

A informação sobre o desempenho (performance) refe-re-se, concretamente, ao relato financeiro dos resultados da entidade.

A informação (medida) do desempenho no “modelo POC” era efectuada através da Demonstração dos Re-

1 Os restantes instrumentos legais que integram o SNC foram aprovados por Avisos e Portarias.2 Utilizamos a expressão “modelo POC” para nos referirmos não só ao pró-prio POC/89, aprovado pelo Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de Novembro, mas também às normas contabilísticas complementares (29 Directrizes Contabilísticas e 5 Interpretações Técnicas) e aos restantes diplomas de alte-rações publicados na sua vigência.3 Aprovada pelo Aviso nº 15652/2009, de 7 de Setembro. Sobre este tema elaborámos artigo sob o título ”A Estrutura Conceptual da Contabilidade – Do POC ao SNC”, TOC nº 91, de Outubro de 2007, pp. 42-56, disponível para download no menu “Actividades Pessoais/ Artigos (Download)”, nº 216, do nosso Portal INFOCONTAB. 4 As NCRF foram aprovadas pelo Aviso nº 15655/2009, de 7 de Setembro. Sobre esta temática elaborámos um artigo sob o título “As Demonstrações Financeiras- Do POC ao SNC”, TOC nº 95, de Fevereiro de 2008, pp. 29-38, e disponível para download no menu “Actividades Pessoais/Artigos (Download)/ nº 223, do nosso Portal INFOCONTAB.

sultados por Naturezas (DRN) e da Demonstração dos Resultados por Funções (DRF), sendo que esta última era apenas obrigatória para as empresas que se encontrassem na situação prevista no nº 2 do art.º 3.º do Decreto-Lei nº 44/99, de 12 de Fevereiro5, que deveriam elaborá-la de acordo com o item 2.3 do POC/896 e a Directriz Conta-bilística nº 20 “Demonstrações dos Resultados por Fun-ções”.

De acordo com o art.º 11.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, que, repetimos, aprovou o SNC, a DRN manteve-se obrigatória, mas a DRF passou a ser facultativa (nº 3 daquele articulado).

Por este prisma, podemos inferir que não é evi-dente a referida melhoria do relato financeiro do de-sempenho com o SNC comparativamente ao “modelo POC”.

Porém, devemos acrescentar que a NCRF 1 e o re-ferido art.º 11.º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, passaram a incluir uma nova DF, intitulada “De-monstração das alterações no capital próprio” (DACP), a qual, como de seguida verificaremos, contribui para atin-gir tal desiderato.

De facto, a DACP é uma DF que pretende melhorar o relato financeiro das operações da entidade com os de-tentores do seu capital/proprietários (sócios/accionistas), através de um maior desagregamento das rubricas que compõem os seus capitais próprios e nomeadamente as componentes dos resultados.

Com efeito, o § 40 da NCRF 1 prevê:“40 - As alterações no capital próprio de uma entidade

entre duas datas de balanço reflectem o aumento ou

5 Entidades previstas no nº 1 do art.º 2.º do Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de Novembro, que aprovou o POC/89, que tenham ultrapassado dois dos três limites referidos no art.º 262.º do CSC.6 O item 2.3 do POC foi alterado pelo Decreto-Lei nº 79/2003, de 23 de Abril, que introduziu alterações ao Decreto-Lei nº 44/99, de 12 de Feve-reiro.

VI - A nova medida do desempenho (performance)do SNC – o “Resultado Integral”*

*Este artigo é um breve resumo de um outro nosso artigo bastante mais extenso sob o título “O ‘Resultado Integral’ no SNC”, a publicar da revista TOC e disponível no menu “Actividades Pessoais/ Artigos (Download)/Nº 328” do nosso Portal INFOCONTAB.

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a redução nos seus activos líquidos durante o período. Com a excepção das alterações resultantes de transacções com detentores de capital próprio agindo na sua capa-cidade de detentores de capital próprio (tais como con-tribuições de capital, reaquisições de instrumentos de capital próprio da entidade e dividendos) e dos custos de transacção directamente relacionados com tais tran-sacções, a alteração global no capital próprio durante um período representa a quantia total de rendimentos e gastos, incluindo ganhos e perdas, gerada pelas ac-tividades da entidade durante esse período (quer esses itens de rendimentos e de gastos sejam reconhecidos nos

resultados ou directamente como alterações no capital próprio).”.

A DACP é um quadro de dupla entrada em que, na horizontal, constam as rubricas que compõem a Classe 5 “Capital, reservas e resultados transitados” e, na vertical, se evidenciam as operações que dão origem às variações dessas rubricas do capital próprio.

E é, precisamente, da leitura na vertical da DACP, que se perspectiva o desenvolvimento da nova demonstração do desempenho (performance) designada de “Resultado Integral” (RI), como descrevemos no QUADRO Nº 1 seguinte:

QUADRO Nº 1O “RESULTADO INTEGRAL” (RI) NA DACP

Alterações no períodoPrimeira adopção de novo referencial contabilísticoAlterações de políticas contabilísticasDiferenças de conversão de demonstrações financeirasRealização do excedente de revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveisExcedentes de revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis e respectivas variaçõesAjustamentos por impostos diferidosOutras alterações reconhecidas no capital próprio

2

Resultado líquido do períodoResultado integral

34 = 2 + 3

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Efectuando a ligação dessas rubricas às notas do “Anexo (Modelo Geral)” e às NCRF, elaborámos o QUADRO Nº 2 seguinte7:

QUADRO Nº 2LIGAÇÃO DO RI AO ANEXO (MODELO GERAL) E ÀS NCRF

Rubrica do RI Conta da Classe 5 Notas do Anexo (Modelo Geral) NCRF nº

Primeira adopção do novo referencial contabilístico

56 2.4 3

Alterações de políticas contabilísticas

56 3, 5 4

Diferenças de conversão de demonstrações financeiras

591 12.9 al. d) e e) (propriedades de investimento) 23

Realização do excedente de revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis

58 7.7, al. b) (intangíveis)8.8, al. e) (tangíveis)

6 (intangíveis)7 (tangíveis)

Excedentes de revalorização de activos fixos tangíveis e intangíveis e respectivas variações

58 7.7, al. b) (intangíveis)8.8, al. e) (tangíveis)

6 (intangíveis)7 (tangíveis)

Ajustamentos por impostos diferidos

592 26 25

Outras alterações reconhecidas no capital próprio:- Subsídios- Doações- Outras

593594599

7.4, 9.7* e 237.9 e 9.6**

22--------

*Ao contrário dos activos intangíveis que dispõem de uma nota (7.4) no Anexo para a divulgação dos subsídios, o item 9 do Anexo não contém essa referência.**Estas notas não constam do Anexo, devendo ser criadas para divulgação das doações.

De notar, ainda, que, relativamente à DACP, o § 41 da NCRF 1 refere-se ao RI nos seguintes termos:

“41 - Esta demonstração financeira introduz o conceito de resultado integral que resulta da agregação directa do resultado líquido do período com todas as variações ocor-ridas em capitais próprios não directamente relacionadas com os detentores de capital, agindo enquanto tal.”.

Sublinhe-se, ainda, que a Norma Internacional de Con-tabilidade nº 1 (NIC 1), “Apresentação de demonstrações financeiras”, revista em Setembro de 2007 e ainda não adap-tada ao SNC através de alterações à mencionada NCRF 18, prevê que o RI deixe de integrar a DACP e seja desenvolvido numa demonstração financeira autónoma denominada de “Demonstração do Resultado Integral” (DRI).

7 No nosso artigo referido no rodapé nº1 deste artigo desenvolvemos as rubricas descritas no Quadro.

8 A NIC 1 já vem sendo aplicada pelas entidades com títulos negociados em mercados regulamentados (cerca de 100 em Portugal), face ao disposto no Decreto-Lei nº 35/2005, de 17 de Fevereiro.Sobre as principais alterações elaborámos artigo sob o título “Da nova NIC 1 para a futura NCRF 1”, Contabilidade & Empresas nº 6, de Novembro/De-zembro de 2010, pp. 10-14, e disponível para download no menu “Activida-des Pessoais/ Artigos (Download)/ nº318”, do nosso Portal INFOCONTAB.

Nesse sentido, o § 81 da NIC 1 passou a prever:“Uma entidade apresentará todas as rubricas de rendimentos

e gastos reconhecidos no exercício:- numa única demonstração do resultado integral, ou - em duas demonstrações: uma demonstração que mos-

tre os componentes do resultado (conta de resulta-dos separada) e uma segunda demonstração que se inicie com o resultado e mostre os componentes de outro resultado integral (demonstração do resultado integral)”.

Desta forma, a DRN desaparecerá, passando os ren-dimentos e gastos por naturezas a integrar uma única DF (DRI) ou em duas DF, situação em que teremos uma “conta de resultados separada” cujo resultado (saldo) será transposto para a DRI.

É neste contexto que o SNC atribui, efectivamente, uma maior importância à medida do desempenho (per-formance) das entidades.

*Licenciado em Gestão de Empresas e Mestreem Contabilidade e Auditoria, ambos pela Universidade do Minho,

ROC, TOC, Docente do Ensino Superior e Director da C&[email protected]

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CARLOS ALBERTO BAPTISTA DA COSTA*

É usual dizer-se que Portugal é um país onde imperam as pequenas e médias empresas (PME). Mas será mesmo assim?

Com base em estatísticas recentemente divulgadas pela Direcção-Geral dos Impostos, em 2008 quase 63% das nossas empresas apresentaram um volume de negócios inferior a 150.000 euros, o que corresponde a uma média de 12.500 euros mensais. Depreende-se então que o te-cido empresarial português é composto, sobretudo, por microempresas.

Por outro lado, sabe-se que, no nosso país, existem quase 390.000 empresas, das quais apenas 9181 (ou seja, 2,4%) facturaram mais de 5 milhões de euros, não havendo nenhuma que integre o “ranking” das 100 maiores da União Europeia.

Neste contexto, e em termos contabilísticos, a grande questão que importa colocar é a seguinte: que normas devem ser adoptadas e que informações devem ser divulgadas pelas microempresas? Enquanto lhe foi permitido ter representantes na Comissão de Normalização Conta-bilística (CNC), a APPC sempre lá defendeu, de forma muito clara, dois aspectos relaciona-dos com as empresas portuguesas: por um lado, que as normas internacionais de contabilidade/relato financeiro tal como adoptadas pela União Europeia não deveriam ser de aplicação obrigatória apenas nas contas consoli-dadas das empresas com valores mobiliários admitidos à negociação num mercado regulamentado de qualquer Estado-Membro; por outro, que às microempresas se de-veria aplicar um sistema contabilístico ultra-simplificado, eventualmente o denominado regime de caixa. Estas po-sições foram, aliás, tempestivamente divulgadas em diver-sos números da nossa Revista.

Foi, por isso, sem surpresa que tomámos conhecimen-to da Lei nº 35/2010, de 2 de Setembro, que institui um regime especial simplificado das normas e informações contabilísticas em vigor aplicáveis às designadas microen-tidades, as quais, para efeitos desta lei, são consideradas

como sendo as empresas que, à data do balanço, não ul-trapassem dois dos três limites seguintes: total do balanço: 500.000 euros; volume de negócios líquido: 500.000 eu-ros; número médio de empregados durante o exercício: 5.

Para além da opinião que expressamos sobre tais limites – achamo-los exageradamente elevados – também temos assistido sem surpresa a tomadas de posição, quer de pes-soas singulares quer de pessoas colectivas, contra o espírito da referida lei. Dentre os argumentos que são apresentados ressaltam os de tais empresas – que representam 85% das

empresas portuguesas – passarem a ter acrescidas dificuldades no acesso ao crédito bancário e a sentirem-se mais “motivadas” a declararem preju-ízos fiscais e, portanto, a não pagarem impostos, opiniões estas que, no en-tanto, não perfilhamos.

Na verdade, os bancos, geral-mente, só concedem crédito a tais empresas desde que os seus sócios apresentem as garantias consideradas suficientes, sendo hoje também um facto que quase 70% das nossas em-

presas não pagam IRC. Ainda quanto à fiscalidade, somos favoráveis a que, sobretudo no caso das microempresas, o imposto a pagar seja determinado com base em indicado-res adequados e não tendo como suporte exclusivamente a informação contabilística. A propósito: não seria inte-ressante saber quais são as obrigações contabilísticas a que estão sujeitas as microempresas e a forma como estas são tributadas na generalidade dos países da União Europeia e, principalmente, dos países latinos?

Aguardemos pois com expectativa a regulamentação específica que, de acordo com a citada lei, o Governo terá de aprovar até ao próximo dia 17 de Outubro, reservan-do-nos, desde já, o direito de voltar a este assunto se tal vier a justificar-se.

*Doutor em Ciências Empresariais (UAM), Professor Coordenador do ISCAL (aposentado), ROC, Director da Revista Contabilidade & Finanças – Editorial

da revista de Contabilidade & Finanças n.º 102, de Jul/Set de 2010, com autorização do autor, que agradecemos.

A contabilidade e as microempresasNormas a adoptar

Que normas devem ser adoptadas e que informações devem serdivulgadas pelas microempresas?

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JOÃO NOGUEIRA**

O modelo convencional (tradicional) com base no custo histórico é de certa forma uma consequência da crise de 1929. Até aquela data o reconhecimento, men-suração e relato por parte das empresas fazia-se com base no que hoje se designa inapropriadamente por “justo valor”. Foram de certo modo os abusos com a utiliza-ção deste modelo e a percepção de que o modelo foi pró-cíclico, que provocou a sua queda e a sua substitui-ção pelo modelo do custo histórico que resistiu pratica-mente incólume até aos dias de hoje, ou melhor até à entrada em cena dos iGAAP’s (IFRS’s). Este modelo tem por base dois princí-pios contabilísticos fundamentais, no-meadamente o princípio da realização (“realization principle”) e o princípio do balanceamento (“matching princi-ple”). Ambos associados ao princípio do conservantismo ou da prudência. É um modelo orientado para a demons-tração de resultados, privilegiando a abordagem das transacções passadas para o apuramento do resultado. Os seus defensores sempre argumentaram – e continuam a argumentar – a favor das virtudes1 das suas inerentes características qualitativas de objectivida-de, verificabilidade, fiabilidade e conservadorismo quan-to ao reconhecimento, mensuração e relato, porquanto não reconhece ganhos não realizados e adere à regra de mensurar ao mais baixo entre o custo e o valor de mer-cado. Foi – e é – um modelo perfeito para um mundo perfeito, feito de transacções completas e com ausência de incerteza.

A mundialização das economias e a globalização dos mercados, particularmente dos financeiros, impôs a necessidade de um relato financeiro único, universal e para utilizadores externos, levando à harmonização contabilística internacional presentemente em curso. Os iGAAP’s (IFRS’s) são o “ex libris” deste esforço de harmo-nização. Apresentam-se como o modelo capaz de pers-

1 Discutíveis para outros autores.

pectivar o futuro e não tanto o passado, de lidar com a incerteza e os riscos crescentes da globalização dos mer-cados, e capaz de reconhecer, mensurar e relatar contra-

tos executórios ou transacções incom-pletas e instrumentos financeiros que nem sequer possuem custo histórico – reduzindo significativamente os de-nominados “off balance-sheet” eventos ou transacções –, e, ainda, conceden-do importância acrescida à relevância e utilidade do relato da posição financei-ra (orientação para o balanço do relato financeiro), abandonando o pressu-

posto da estabilidade dos preços – específicos/relativos ou de inflação – implícito ou subjacente ao modelo do custo histórico.

Este pressuposto da estabilidade da unidade monetária subjacente ao modelo do custo histórico enfrenta hoje três grandes desafios colocados pela economia actual. Em pri-meiro lugar, mesmo com uma inflação reduzida ou ine-xistente, ocorrem variações significativas de preços especí-ficos de “inputs” ou de “outputs” com os quais a empresa trabalha, resultantes de muitos factores, de entre os quais se salientam os avanços tecnológicos e as alterações das preferências dos consumidores. Em segundo lugar, as alte-rações derivadas da própria inflação. E, em terceiro lugar, a flutuação das taxas de câmbio entre moedas. Em conse-quência, o valor contabilístico de uma empresa, tal como é relatado nos demonstrativos financeiros, só por mero acidente coincide ou reflecte o valor corrente dos activos.

É neste contexto que, desde há muito, tem havido propostas de modelos de mensuração alternativos a valo-

Modelos contabilísticos e economia: textos fundamentais*

Mundialização das economias

A mundialização das economias e a globalização dos mercados, particularmente dos financeiros, impôs a necessidade de um relato financeiro único, universal e para utilizadores externos, levando à harmonização contabilística internacional presentemente em curso.

*Apenas se referem os principais autores e textos clássicos que deram contribuições importantes para a teoria da contabilidade relativa aos modelos de mensu-ração e de determinação do resultado, e, ainda, que discutem os fundamentos económicos da contabilidade.

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res correntes. E havido, ainda, outras tantas sugestões para o que deveriam ser consideradas as melhores medidas dos valores correntes.

Adam Smith2 estabeleceu a distinção entre valor de uso – provavelmente a melhor base para valorizar os ac-tivos produtivos sob o pressuposto da continuidade – e valor de troca – provavelmente a melhor base para valo-rizar activos não utilizados no processo produtivo. Esta distinção continua ainda a ser a base para os teóricos da valorização.

Coloca-se assim a necessidade de questionar se a con-tabilidade deve ser “cost basis” ou “value basis”. Tanto mais quanto é certo que o modelo do custo histórico tende a desprezar o valor e as alterações de valor, utilizando o custo como um “subrrogate” do valor. Não obstante, de acordo com o modelo tradicional, uma subida dos preços, por exemplo, conduz, em regra, a uma sobreestimação do resultado real e a uma subavaliação do valor dos activos. Muitos críticos olham para esta discrepância entre custos históricos e valores correntes como a fonte de um processo de decisão imperfeito por parte dos utilizadores. Outros, ainda, perspectivam-na como uma oportunidade para “insiders”, particularmente no que se refere aos “manag-ment buyouts”, manipular o seu conhecimento superior do valor dos activos da empresa para efeitos de ganhos pessoais à custa dos accionistas.

Todavia, a perspectiva de relatar o valor – “value repor-ting perspective”– não se encontra isenta de problemas, in-dependentemente do tipo de valores correntes que utilize (valores de entrada, valores de saída ou outros). Os seus críticos apontam-lhe vários defeitos, de entre os quais, são de salientar: a maior subjectividade nas valorizações; a menor verificabilidade; a menor fiabilidade; a maior vo-latibilidade do valor dos activos e dos resultados mensu-rados3, designadamente com o reconhecimento de ganhos não realizados através, por exemplo, do processo “mark to market”; e os custos acrescidos quando se pretente valori-zar por valores correntes, especialmente quando não exis-tem mercados activos para os mesmos. Vejam-se os casos do valor dos instrumentos financeiros que são mais fáceis de estimar que o valor de edifícios ou equipamentos, so-bretudo, se forem muito específicos. Ou, ainda, os casos das patentes, das marcas, dos direitos e do “goodwill”, por exemplo.

2 Posteriormente aprofundada por Fischer, Hicks e Samuelson, especial-mente quando trataram de estabelecer a diferença entre resultado (lucro/prejuízo) económico e resultado (lucro/prejuízo) contabilístico.3 Ver, por exemplo, a controvérsia gerada com a aplicação da IAS 39 na UE.

Lee (1994)4 fazendo uma incursão profunda no tema “Income and Value Measurement”, após discutir a natureza e a relação entre resultado, capital e valor, se-parando os papéis da valorização e da manutenção do capital, coloca o problema do nível dos preços associado à manutenção do capital e ao resultado Seguidamente, enfatiza o papel da mensuração do resultado e propõe dez modelos alternativos de valorização e de mensuração do resultado.

ALTERNATIVE INCOME AND VALUE MODELS5

Value Models PV HC RC NRV CC

Income Concepts:Money Income“Real” Income

Ye

Y”e”

Ya

Y”a”

Yb

Y”b”

Yr

Y”r”

Ycc

Y”cc”

PV – “Present Value”; HC – “Historic Cost”; RC – “Replacement Cost”; NRV – Net Realizable Value”; CC – “Currente Cost”.

Ye – “Economic Income”; Y

a – “Accounting Income”;

Yb – “Business Income”; Y

r – “Realizable Income”; Y

cc –

“Current Cost Income”.Y

”e”, Y

”a”, Y

”b”, Y

”r”, Y

”cc”, “are the above incomes adjus-

ted for changes in the value of the monetary measuring unit”6.

O Anexo I ilustra os autores clássicos na contabilidade que foram pioneiros ou contribuiram para cada um dos modelos apresentados por Lee.

Zeff and Dharan (1994)7 fazendo uma incursão so-bre o tema “Changing Prices”, após uma discussão sobre a evolução histórica do tratamento pelos “standard setters” deste tema, refere nove modelos alternativos para lidar com as variações de preços (relativos ou de inflação), no-meadamente:

• Custo Histórico/Moeda Nominal - “Historical Cost/Nominal Dollar”;

• Custo Histórico/Moeda Constante - “Historical Cost/ Constant Dollar”;

• Valor Corrente (de Entrada)/Moeda Nominal (Ma-nutenção do Capital Físico) - “Current (Entry) Va-lue/Nominal Dollar” (Physical Capital Maintenan-ce);

4 “Income and Value Measurement”(1994), Lee, Tom, 3th Edition (revised), International Thomson Business Press.5 Adaptado de Lee, Tom, obra citada.6 Lee, Tom, obra citada.7 “Readings and Notes on Financial Accounting” – “Issues and Controversies” (1994), Zeff, Stephen A. and Dharan, Bala G., 4th Edition, McGraw-Hill International Editions, Accounting Series.

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• Valor Corrente (de Entrada)/Moeda Constante (Manutenção do Capital Financeiro Real) – “Cur-rent (Entry) Value/Constant Dollar” (“Real Financial Capital Maintenance”);

• Valor Corrente (de Saída)/Moeda Constante (Manu-tenção do Capital Financeiro Real) – “Current(Exit) Value/Constant Dollar” (“Real Financial Capital Maintennce”);

• Cash Flow Descontados (“Discounted Cash Flow”); • Valor de Mercado/Moeda Nominal (Manutenção

do Capital Financeiro) – “Market Value/Nominal Dollar” (“Financial Capital Maintenance”);

• Valor de Privação (ou Valor para o Proprietário/Va-lor para a Empresa)/Moeda Nominal (Manutenção do Capital Físico) – “Deprival Value (or Value to the Owner/Value to the Business)/Nominal Dollar” (“Phy-sical Capital Maintenance”); e

•Valor de Privação (ou Valor para o Proprietário/Valor para a Empresa)/Moeda Constante (Manutenção do Capital Físico) – “Deprival Value (or Value to the Owner/Value to the Business)/Constant Dollar” (“Phy-sical Capital Maintenance”).

O Anexo II ilustra os autores clássicos na contabili-dade que foram pioneiros ou contribuiram para cada um dos modelos referenciados por Zeff e Dharan.

Como se pode constatar, é quase coincidente a asso-ciação dos autores clássicos aos respectivos modelos.

Lee (1994) trata todos os modelos previamente sem levar em conta os efeitos da inflação e procede à diferenciação de cada um deles. Somente depois é que introduz os efeitos da inflação em cada um dos modelos.

Zeff and Dharan (1994) limitam-se a introduzir o tema no âmbito da contabilidade das alterações de pre-ços, e procedendo a uma síntese da evolução histórica das normas do FASB, do IASC/IASB e de outros “standard setters” relativamente ao tratamento da variação de preços relativos e da inflação, aponta os diferentes modelos alter-nativos possíveis de utilizar, com os respectivos autores, sem os tratar.

O modelo híbrido de mensuração e de determinação do resultado preconizado pelos iGAAP’s (IFRS’s), com-binando simultaneamente valorizações a custo histórico e a custo (valores) corrente, com tendência para preva-lecer este último, incorrectamente dito de modelo do justo valor, é apenas um de entre cerca de dez modelos possíveis. Sem o estudo destes últimos modelos, não se compreende com a profundidade suficiente o primeiro.

Mas, esta compreensão, implica estudar ou revisitar os autores clássicos da contabilidade que se debruçaram e contribuiram originalmente para o seu desenvolvimento e apresentação.

É neste sentido que se reproduz – em anexos – a bi-liografia e os autores clássicos relevantes associados aos respectivos modelos. Em particular, assinalam-se os au-tores e textos fundamentais que relacionam a economia e a contabilidade. Dito de outro modo, importa, de acor-do com Canning (1978), entender “The Economics of Accountancy”.8 Entender os fundamentos económicos da contabilidade.

Não existe um resultado único e indiscutível. Exis-tem tantos resultados quantos os modelos utiizados.

Na determinação do resultado, o contabilista tende a olhar para o passado e utiliza, em regra, a“abordagem das transacções”. O economista determina o resultado olhando para o futuro – desconta benefícios económi-cos futuros - e utiliza, em regra, a “abordagem da manu-tenção do capital”.

O economista entende os rendimentos e os gastos reconhecidos nas tradicionais classes 7 e 69 como, res-pectivamente, as “imagens no espelho” dos verdadeiros rendimentos e gastos (devido à partida dobrada). Por-quê? Porque os verdadeiros rendimentos e gastos são, respectivamente: i) os aumentos do activo ou as dimi-nuições do passivo que, em última instância, se ma-terializam como aumentos do capital próprio (rendi-mentos); ii) e as reduções do activo ou os aumentos do passivo que, em última instância, se materializam como diminuições do capital próprio (gastos).10

O modelo tradicional tem uma orientação para a demonstração de resultados, muito associada à aborda-gem das transacções. O modelo dos iGAAP’s (IFRS’s) tem uma orientação para o balanço, muito associada à abordagem da manutenção do capital.

8 Trata-se de matérias que carecem de ser leccionadas e estudadas nas escolas superiores de contabilidade em Portugal, ainda muito centradas no ensino da escrituração. Uma pós-graduação, sobretudo com atribuição de grau – mestrado ou doutoramento – não pode dispensar o estudo destas matérias e dos autores referidos. 9 Do POC ou do SNC.10 Excluídas as transacções com sócios ou accionistas.

N. R. Devido à sua extensão, não incluímos os Anexos I e II referidos no texto, os quais poderão ser solicitados por e-mail ao DIRECTOR da C&E.

**Professor do ISCAL

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Demonstração das alteraçõesno capital próprio*

Este documento faz parte do conjunto completo de Demonstrações Financeiras consagrado no SNC.

Tem por alvo o Capital Próprio que é integrado pelas contas da classe 5 e a que se junta o Resultado líquido do período.

A informação que dela consta tem sido objecto de tra-tamento, de forma dispersa, designadamente em anexos, tendo-se optado desta vez pelo formato de quadro (mapa) de dupla entrada e visa a intersecção da informação em linha com a informação em coluna, as linhas contemplam as rubricas associadas aos factos susceptíveis de alterarem esses itens, as colunas referem-se aos itens do Capital pró-prio constantes do balanço.

O ponto de partida é o Capital próprio do fim do exercício anterior. O de chegada, ou seja, do fim do pe-ríodo é o Capital próprio que reflecte as alterações nele ocorridas.

Encontram-se divididas em dois grupos.Um, que reflecte as operações com os detentores do

Capital (como p. ex. a distribuição de dividendos, as con-tribuições de capital e para outros instrumentos de capital próprio) e todas as outras que se reflectem no resultado lí-quido no período e noutras alterações de Capital próprio,

como sejam, por exemplo, as revalorizações e os ajusta-mentos de partes de capital.

Visa esta arrumação alcançar o conceito de resultado extensivo ou integral que corresponde ao conceito finan-ceiro de manutenção do capital previsto na EC: “apenas existe lucro se o valor do Capital financeiro no final do pe-ríodo exceder o valor no início, excluindo as distribuições e contribuições dos detentores de capital durante aquele período”.

Este resultado é na prática o incremento favorável ou desfavorável do capital próprio da entidade de que deriva variações patrimoniais positivas e negativas que não resul-tam de contribuições relacionadas com os detentores do capital.

O modelo de Demonstração das Alterações no Capital Próprio (DACP), foi aprovado pela Portaria nº 986/2009, de 07/09, e serve quer às contas individuais, quer às con-tas consolidadas, das entidades.

Apresente-se de seguida uma explicação à forma de preenchimento, a referência a título indicativo para cada operação, das colunas que deverão ser objecto de regis-to, bem como alguns exemplos associados a cada linha/coluna.

DESCRIÇÃO (LINHAS) COLUNAS ÂMBITO

Primeira adopção do novo referencial contabilístico

Todas

A mudança do referencial contabilístico (do Plano Oficial de Contabilidade (POC)) para o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), vai determinar as variações no capital próprio. As alterações de mensuração de activos fixos tangíveis do modelo do custo histórico para o modelo da revalorização e dos Activos intangíveis no que se refere às despesas de instalação e de desenvolvimento, são exemplos dessas variações. A quantificação dos efeitos desta mudança deve ser feita nesta linha, sendo que os valores envolvidos serão inscritos nas colunas respectivas.

Alterações das políticas contabilísticas

7; 8; 9; 10

A adopção de uma política diferente da utilizada em período ou períodos anteriores (vg a capitalização dos juros dos empréstimos obtidos para a construção de edifícios, critério de mensuração das saídas de inventários; vida útil dos activos fixos tangíveis, etc.), reflecte-se no capital próprio; a quantificação dos efeitos desta mudança é feita nesta linha, sendo que serão inscritos nas colunas respectivas.Exemplo: Uma entidade alterou no período N a sua política de não capitalização dos juros de empréstimo obtidos para a construção de um edifício passando a fazê-lo a partir deste exercício. Deve inscrever nesta linha e coluna de Resultados transitados os gastos não capitalizados em exercícios anteriores.

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Diferenças de conversão de demonstrações financeiras

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Exemplo: Entidade X converteu as contas da sua filial no México em 31/12/N. Os activos e passivos foram convertidos à taxa de fecho, os capitais próprios à taxa histórica e os resultados do período às taxas de câmbio nas datas das respectivas transacções. As diferenças de conversão nos itens de capitais próprios e resultados ascenderam a 890.200. Esta quantia deverá ser inscrita nesta linha, na coluna “Outras variações no capital”.

Realização do excedente de valorização de activos fixos tangíveis e intangíveis

7;10

Na sequência de uma revalorização dos activos fixos, uma das três situações pode ocorrer: o uso, a alienação ou o abate daqueles activos, esta linha acolhe a realização do excedente regista na conta que se opera pelo uso, venda ou abate, evidenciando-se nas respectivas colunas.Exemplo: Uma entidade que registe a depreciação de um activo fixo corpóreo à taxa de 10% e para o qual tinha apurado um excedente de valorização de quinhentos mil euros, então a quantia de cinquenta mil euros (10% * 500.000) será inscrita nesta linha, na coluna “Outras variações no capital próprio” e abatida na coluna “Excedentes de revalorização”.

Excedentes de valorização de activos fixos tangíveis e intangíveis

7

Caso registe uma revalorização dos activos fixos tangíveis e intangíveis, as variações (aumentos/diminuições) repercutem-se no capital próprio; os respectivos valores são inscritos nesta linha e na coluna “Excedentes de revalorização”.Exemplo: Caso uma entidade proceda à revalorização de activos fixos tangíveis, no exercício N, donde resulte um excedente (reserva) de revalorização de duzentos mil euros, deverá esta quantia ser inscrita nesta linha “Excedentes de valorização de activos fixos tangíveis e intangíveis e na referida coluna “Excedentes de revalorização”.

Ajustamentos por reconhecimento de impostos diferidos

7; 8; 9; 10

Exemplo: A revalorização para o justo valor de um activo fixo tangível (uma linha de produção, por exemplo) que gera um incremento do activo líquido e do excedente de revalorização em � 100.000, deverá ser diminuído pela quantia do imposto sobre o rendimento que a empresa terá de pagar no futuro porque o aumento das depreciações não será fiscalmente aceite. Assim, deve ser reconhecido um imposto diferido passivo, cuja contrapartida é a diminuição dos capitais próprios (excedente de revalorização) em 25% x � 100.000, ou seja, � 25.000. Esta redução é representada na DACP na linha de “Ajustamentos por impostos diferidos” e na coluna de “Excedentes de revalorização”.

Outras alterações reconhecidas no capital próprio

Todas

Nesta linha inscrevem-se todas as alterações no período que não sejam operações com os detentores do capital, reconhecidas directamente no capital próprio, que não constam nas linhas anteriores. Exemplos:Transferências entre itens de capital próprio;Ganhos/perdas na alienação de Acções (Quotas) próprias;Aumentos/diminuições de valor em investimentos disponíveis para venda até que o mesmo seja alienado, exercido, liquidado ou extinto. Não se incluem as perdas por imparidade e os ganhos e perdas cambiais. (esta classificação não é aplicável no normativo nacional);Aumentos/diminuições de valor em outros instrumentos financeiros;Correcções cujo reconhecimento ocorre no período e imputáveis a períodos findos.Exemplo 1: A entidade X é detentora de uma carteira de títulos cotados em bolsa com a finalidade de obter rendimentos, numa perspectiva de curto prazo. Neste sentido a entidade, classificou-os como disponíveis para venda. A carteira está mensurada no balanço por � 3.680.000, mas de acordo com a cotação à data de elaboração das demonstrações financeiras, o valor de mercado dos títulos era de � 3.800.000. Neste caso, deveria inscrever-se nesta linha a importância de � 100.000 na coluna de “Outras alterações reconhecidas no capital próprio”.Exemplo 2: A entidade X vendeu por � 120.000 euros 90.000 acções próprias com o valor nominal de um euro e que havia adquirido por � 95.000 euros. Nesta linha deverá registar-se a quantia do valor de venda, sendo que o ganho de � 5.000 nesta venda (100.000 – 95.000) na coluna “Outras variações no capital próprio” e o custo das acções próprias vendidas, ou seja, 95.000 na coluna “Acções próprias”.

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RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO

1

Esta linha regista os aumentos de capital – qualquer uma das modalidades (previstas no Código das Sociedades Comerciais (CSC)) – e ou as reduções de capital, sendo que as parcelas envolvidas ficarão adstritas às apropriadas colunas.Exemplo: caso uma entidade aumente o seu capital social em 500.000 euros, sem prémio de emissão, deverá o valor do aumento ser inscrito nesta linha e na coluna “capital realizado”.

Realizações de prémios de emissão

4

Nesta linha inscrevem-se os prémios de emissão relativos aos aumentos de capital.Exemplo: No caso anteriormente descrito, caso o aumento tivesse sido feito com prémio de emissão de cem mil euros, deverá este valor de cem mil euros ser registado nesta linha, na coluna “Realizações de prémios de emissão”.

Distribuições 6; 10; 11

Sempre que seja feita uma distribuição de lucros esta linha regista o respectivo montante; a quantificação desta deliberação é feita nesta linha. As parcelas envolvidas serão registadas em colunas associadas à distribuição.Exemplo: A assembleia-geral da entidade X deliberou em N+1, relativamente ao resultado líquido do período N no valor de � 100.000, a seguinte distribuição: dividendos 60% e reservas livres 40%. Nesta linha será inscrito o valor de � 100.0000, assim distribuído: - � 100.000 na coluna “resultado do período”, e na coluna “Outras reservas” � 40.000.Caso a entidade X tivesse deliberado distribuir reservas ou resultados de períodos anteriores, então os valores em causa seriam registados nesta linha e na coluna “Outras reservas” ou “Resultados transitados”, com sinal negativo.

Entradas para cobertura de perdas

10

Sempre que ocorreram entradas para coberturas de prejuízos esta linha regista os respectivos montantes, em conformidade com o consagrado no CSC, em lei especial e ou nos estatutos da entidade, e na coluna de “Resultados transitados”.Exemplo: A assembleia-geral da entidade X, deliberou a cobertura pelos accionistas da totalidade das perdas acumuladas no valor de 750.000 �. Nesta linha será inscrito o valor de �750.000, na coluna de “Resultados transitados”.

Outras operações

Todas

Nesta linha registam-se as operações com detentores do capital não contempladas anteriormente. Por exemplo, no que concerne o movimento das reservas, esta linha acolhe as variações (aumentos/diminuições) de reservas não tratadas nas alíneas anteriores; a quantificação desta ocorrência é feita nesta linha, sendo que os valores utilizados serão registados nas colunas respectivas.Exemplo: A entidade X adquiriu uma quota própria, ao valor nominal, de acordo com o previsto nos estatutos e após deliberação em assembleia-geral dos sócios. O capital nominal é de � 120.000 composto por 3 quotas de igual montante. No capital nominal verifica-se apenas uma alteração na natureza das suas quotas, permanecendo o seu valor inalterável. Para além da aquisição a registar em “Quotas próprias” é necessário indisponibilizar uma reserva de valor igual ao valor de aquisição. O valor de � 40.000 deverá ser registado nesta linha, na coluna “Reservas legais”.

EM COLUNA:Interesses minoritários

Nesta coluna é evidenciada a fracção do capital próprio da entidade que não é controlada pela administração/gerência, quando for adoptado o método da consolidação integral.

* Extraído e ligeiramente adaptado do livro “Elementos de Contabilidade Geral”, de António Borges, Azevedo Rodrigues e Rogério Rodrigues, Áreas Editora, 25.ª Edição, Setembro de 2010, pp. 907-11.

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“Balanço” do 1.º Ano do SNCComo referimos no editorial, em 1 de Janeiro do cor-

rente ano, completou-se o primeiro ano da entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística (SNC), pelo que, em jeito de “balanço”, julgamos oportuno tecer alguns comentários.

Uma primeira referência para sublinhar que a Comis-são Normalização Contabilística (CNC) já disponibili-zou no seu sítio o modelo de normalização contabilística aplicável às microentidades, face ao disposto na Lei nº 35/2010, de 2 de Setembro, sendo que se aguarda a pu-blicação do respectivo diploma.

Assim, as microentidades aplicaram o SNC ao longo do ano, e, em particular na maioria dos casos, a Norma Contabilística de Relato Financeiro para Pequenas Enti-dades (NCRF-PE), desconhecendo-se, ainda, se terão de “reorganizar” a sua contabilidade para atender a esse novo normativo contabilístico.

Sem dúvida que o SNC veio reforçar a importância da contabilidade na tomada de decisões e na definição dos juízos de valor pelo órgão de gestão das entidades, com a colaboração dos contabilistas (TOC) face às suas funções/responsabilidades previstas no art.º 6.º do Estatuto da Or-dem dos TOC (EOTOC).

Na verdade, tem sido defendida uma maior interven-ção do TOC no âmbito do SNC, referindo-se expressões como “TOC como auxiliar do gestor”, “TOC como con-selheiro de gestor/gestão”, “Os juízos de valor do TOC”, “O conhecimento do negócio pelo TOC”, etc.

Em nossos artigos publicados na C&E e noutras re-vistas nacionais, e, particularmente, o intitulado “Com o SNC um “novo” TOC(!?)”, publicado na revista TOC nº 121, de Abril de 2010, pp. 34-45, apresentámos os prin-cipais aspectos deste “novo” enquadramento da profissão de TOC, pelo que remetemos para a sua leitura.

Retomando o “edifício” legislativo do SNC e salva-guardando a futura publicação do mencionado normati-vo contabilístico das microentidades, constatamos que o mesmo assenta em quatro pilares definidos pelo anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Prof. Carlos Lobo, e que, em nosso artigo anterior1, sistematizámos no seguinte esquema:

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No que tange à aplicação prática do SNC, é nosso há-bito referir que somos um “descongestionador do SNC”, na medida em que temos a convicção que para grande parte das micro e pequenas médias entidades portuguesas (representam mais de 90% do tecido empresarial) a mes-ma se cingirá a uma mera substituição das “contas/POC” pelas “contas/SNC”, pois existirão vários constrangimen-tos técnicos (v.g. contabilidade vs fiscalidade) e práticos (v.g. pressão das entidades financiadoras) a uma correcta aplicação do SNC, que seria de todo desejável em prol de uma melhor Contabilidade.

Entretanto, a CNC já aprovou e divulgou o projecto de normalização contabilística para as entidades do sector não lucrativo, o qual também aguarda publicação do res-pectivo diploma legal.

Um dos outros aspectos importantes que a CNC ain-da não se pronunciou refere-se ao regulamento do contro-lo de aplicação das normas (“enforcement”), que, como referimos em artigo anterior2, é uma das principais novi-dades relativamente ao POC/89, o qual não continha um regime contra-ordenacional.

Ainda relativamente à actividade da CNC, destacamos o lançamento de um novo sítio, com o mesmo endereço, www.cnc.min-financas.pt, o qual, após um bom lança-mento, carece, em nossa opinião e salvo melhor, de uma nova dinâmica, nomeadamente através dos seus produtos/menu “Newsletter” (foram divulgadas apenas duas logo no início) e “Consultas” (foram divulgadas apenas 16 no início).

Aproveitamos a oportunidade para desejar as melhoras da saúde ao Presidente da CNC, Prof. Domingos Cravo.

O DIRECTOR DA C&E.

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4 PILARES DA “REVOLUÇÃO CONTABILÍSTICA” DO SNC

1.º - SNC(Dec.-Lei

nº 158/2009,de 13 de Julho)

2.º - Alteraçõesao Código

do IRC(Dec.-Lei

nº 159/2009,de 13 de Julho)

3.º - Alteraçãoà Estrutura

e Organizaçãoda CNC

(Dec.-Leinº 160/2009,

de 13 de Julho)

4.º - Novo Estatuto

da “Ordemdos TOC”

Decreto-Leinº 310/2009,

de 26 de Outubro

Contabilístico Fiscal Institucional

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A garantia foi dada pelo próprio presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins. Os serviços públicos terão que aplicar o mais rapidamente possível o Pla-no Oficial de Contabilidade Pública (POCP). E, se tal não suceder, o tri-bunal vai avançar com coimas sobre os incumpridores.

O Tribunal de Contas considera essencial que o plano seja cumprido pela administração pública, no ten-do de melhores balanços e de uma maior transparência. Como tal. Gui-lherme de Oliveira Martins diz que vai intensificar a fiscalização com esse objectivo. De notar que a insti-tuição possui poderes legais para for-çar os serviços públicos a aplicarem o POCP. Há já muito tempo que o tribunal avisa o poder político para a necessidade de cumprir o estabeleci-do no plano. É mesmo essencial que o mesmo seja totalmente aplicado.

Tem razão o Tribunal de Contas ao fazer estes comentários, tendo em conta a falta de aplicação do plano. Criado há mais de 13 anos, aconte-ce que apenas é utilizado pelo pró-prio tribunal e pelos ministérios das Finanças e da Defesa. O que é cla-ramente insuficiente. A aplicação do POCP tem vantagens claras a vários níveis, inclusivamente no que respei-ta às entidades envolvidas. Por outro lado, pode evitar incongruências e números desencontrados no que toca às contas públicas, como faz notar o responsável do Tribunal de Contas.

Uma das principais vantagens da

utilização do Plano Oficial de Conta-bilidade é que, para além da avaliação patrimonial do Estado actualizada, possibilita quantificar quais as des-pesas necessárias a eventuais compro-missos a tomar no futuro. Também permite uma ligação mais efectiva en-tre os números orçamentais na lógica de caixa (utilizados no Orçamento do Estado) e na lógica do compromisso (usados na quantificação do défice or-

çamental no que toca aos organismos comunitários). É uma diferença que pode ser eliminada através da utiliza-ção do dito plano.

Convém ainda destacar o facto da aplicação do POCP representar uma das recomendações feitas pelo Tribunal de Contas que está mais atrasada no que respeita à sua aplica-ção. Para Oliveira Martins, a respon-sabilidade da sua não aplicação cabe aos serviços, os quais têm revelado resistências. O momento difícil por que Portugal passa é mais uma razão de peso para que o diploma passe do papel à prática. Fica a garantia que o tribunal vai actuar junto dos serviços responsáveis.

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Tribunal de Contas quer aplicação efectiva do Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP)

POCP é essencial

O Tribunal de Contasconsidera essencialque o plano seja cumprido pela administração pública.

Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas.

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Observatório SNCNa 2.ª Conferência sobre o SNC realizada pela Comissão de Normalização Contabilística (CNC) no passado dia 14

de Dezembro de 2010, no Centro de Congressos de Lisboa, foi apresentada pelo membro da Comissão Executiva da CNC, Dr. Pedro Aleixo Dias, uma comunicação sob o título “Observatório SNC”, disponível para download no sítio da SNC, que inclui, entre outras, as 12 questões e respectivas respostas seguintes:

QUESTÕES SIM NÃO1. Gestão: Existem na entidade capacidades para gerir o processo de transição para o SNC? 91% 9%

2. Áreas de Impacto: Foram identificadas as principais áreas de impacto da transição (contabilísticas e não contabilísticas) e efectuada uma análise de custos vs benefícios (incluindo: Processos, sistemas e controlos. Principais contratos. Reporte e obrigações fiscais e suas interacções?

73% 27%

3. Plano de transição: Foi definido um plano de transição detalhado e incluindo a alocação (e formação) necessária de recursos para a execução eficiente do plano e para uma adequada integração da mudança nas operações normais do negócio?

72% 28%

4. Envolvimento da Organização: Foram envolvidos no processo de transição todos os departamentos da entidade que contribuem para a criação de informação financeira ou que usem informação financeira nas suas actividades diárias?

67% 33%

5. Processos Internos: O plano de transição está construído de forma a estabelecer processos sustentáveis que a entidade possa repetir e que possam produzir informação substancial de forma regular após o primeiro momento da transição?

79% 21%

6. Intervenção de Especialistas Externos: Foi avaliada a necessidade de intervenção e uso de especialistas externos no processo de transição (Processo contabilístico de transição para as NCRFs ou NCRF-PE; Fiscal; Jurídico/legal; Gestão de projectos (organizacional); Sistemas; Mensuração/divulgação do justo valor; Avaliação das imparidades; Estimativas de provisões e cálculo probabilístico; Cálculo actuarial; Mensuração com base em cálculo financeiro avançado (instrumentos financeiros)?

33% 67%

7. Politicas Contabilísticas: Foi efectuada a avaliação das políticas contabilísticas alternativas vs opções na transição e pós-transição e efectuada a selecção das políticas contabilísticas constantes das NCRFs ou NCRF-PE, tendo presentes as principais diferenças aplicáveis ao sector de actividade concreto onde a entidade opera?

69% 31%

8. Diferenças POC vs SNC: Foi efectuada a avaliação das diferenças entre o POC e o SNC ao nível dos principais items das demonstrações financeiras e medidos os seus impactes nos principais indicadores de performance e rentabilidade da entidade?

82% 18%

9. Estratégia de Comunicação: Existe uma estratégia efectiva de comunicação do processo de transição e seus impactos aos principais utentes das demonstrações financeiras que permita gerar a familiaridade necessária e a aceitação da transição por esses utentes?

61% 39%

10. Formação: Está criado um processo efectivo para a transferência de conhecimentos, por via da formação e/ou por via de criação de equipas de projecto com consultores externos?

58% 42%

11. Informação para as Demonstrações Financeiras: Estão adaptadas à entidade os modelos de demonstrações financeiras, incluindo o anexo, e foi efectuado a interligação (mapping) das divulgações com o plano de contas (e/ou packages de consolidação) que permita a avaliação da informação que já se encontra disponível e que informação adicional será necessária?

72% 28%

12. Balanço de Abertura e Comparativos: Foi já preparado o balanço de abertura e as reconciliações necessárias entre o POC e as NCRF’s ou NCRF-PE?

75% 25%

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Em consequência da transposição de directivas

Código do IVA sofre alteraçõese é reforçado combate à fraude

No âmbito da transposição para o ordenamento interno de três directivas comunitárias, foi aprovado o decreto-lei nº 134/2010, de 27 de Dezembro, que pro-cede à alteração do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado e do regime deste imposto nas transacções intracomunitárias (RITI). As alterações respeitam à regra de localização das prestações de serviços, reforço do com-bate à fraude e evasão fiscais e ajustamento nas isenções de IVA.

Tendo em conta o cenário legislativo, é efectuada uma alteração parcial da regra de localização das prestações de serviços de carácter cultural, artístico, desportivo, científi-co, educativo, recreativo e simulares, a partir do momento em que o destinatário dos serviços for um sujeito passivo do imposto. Esta alteração resulta da transposição para o ordenamento interno do artigo 3º da Directiva nº 2008/8/CE, de 12 de Fevereiro. As duas outras alterações, respecti-vamente, resultam das directivas nº 2009/69/CE, de 25 de Junho, e nº 2009/162/UE, de 22 de Dezembro.

De acordo com as alterações introduzidas, a regra de localização passa a abranger apenas os serviços de acesso a manifestações de carácter cultural, artístico, desportivo, científico, educativo, recreativo e similares, bem como os serviços acessórios, relativos ao acesso a essas manifesta-ções. O que significa que alguns dos serviços prestados em Portugal neste contexto, que antes eram tributáveis em território nacional, deixam de o ser. Sendo que, em contrapartida, serviços da mesma natureza realizados no território de outro Estado-membro por contribuintes re-gistados em Portugal passam a ser aqui tributáveis.

No que respeita à segunda grande alteração, esta visa a introdução de medidas complementares de combate à fraude e à evasão fiscais, relacionadas com a cobrança do IVA em certas importações de bens. O artigo 16º do RITI é alterado, de modo a estabelecer mecanismos mais eficazes de controlo das condições de isenção nele previstas, sempre que se demonstre que, na sequência da importação de qualquer tipo de bens, estes são ex-pedidos de imediato ou transportados para outro país da União Europeia, com destino a um sujeito passivo do imposto.

Localização e isenção de IVA

No que concerne à transposição da directiva nº 2009/162/UE, há que assinalar o ajustamento da redac-ção das disposições relacionadas com a localização e com a isenção do IVA nos fornecimentos de gás, através das respectivas redes de distribuição, e de electricidade. Trata-se de estas regras passarem a abranger também os forne-cimentos de calor ou de frio, através de redes de aqueci-mento ou arrefecimento.

Ou seja, assegura-se que, em termos práticos, os cri-térios que determinam a aplicação das regras de IVA na-cionais ou, ao invés, as de outro país da UE sejam os mesmos, quer se esteja perante fornecimentos de gás e de electricidade, quer se trate de fornecimento de calor ou de frio, através de redes de distribuição.

Finalmente, no âmbito destas transposições para o direito nacional, passa a disciplinar-se expressamente, de forma mais consistente com as regras do direito à dedução, o regime de dedução do imposto relativo a despesas suportadas com bens imóveis, quando esses bens sejam parcialmente afectos a fins não empresariais. As alterações atrás referidas entraram em vigor no início do ano.

ControloÉ efectuada uma alteração parcial da regrade localização das prestações de serviços.

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Sistemas fiscais têm que ser compatíveis no espaço comunitário

Comissão Europeia pretende eliminar problemas fiscais transfronteiras

A Comissão Europeia publicou uma comunicação em que destaca os problemas fiscais mais graves que os cidadãos europeus enfrentam em situações transfronteiras e avança com planos para eventuais soluções. Bruxelas quer intensifi-car as actividades para ajudar a tornar os sistemas fiscais mais compatíveis e propor medidas concretas para impedir ou eli-minar os problemas fiscais dos cidadãos da União Europeia.

Há vários problemas a considerar neste contexto, na óptica da Comissão Europeia. É um facto que, todos os anos, os aspectos fiscais transfronteiras representam uma parte substancial das queixas e das perguntas dos cidadãos que chegam a Bruxelas. As queixas vão das dificuldades re-sultantes de disposições fiscais complexas até à existência de sistemas contraditórios em Estados-membros, passando pela falta de informação clara aos estrangeiros. Os trabalha-dores transfronteiriços enfrentam dificuldades na obtenção de abatimentos, benefícios e deduções fiscais por parte das administrações fiscais estrangeiras, sendo, frequentemente, sujeitos a dupla tributação.

Os cidadãos que compram bens imobiliários no estran-geiro, muitas vezes não podem beneficiar de isenções fiscais ou devem pagar impostos prediais mais elevados do que os residentes, ao passo que aqueles que transferem um veículo automóvel para o estrangeiro ou aí compram veículos au-tomóveis estão sujeitos a dupla tributação em matéria de registo automóvel. E as pessoas que recebem rendimentos resultantes de investimentos estrangeiros têm dificuldade em obter o reembolso do imposto retido na fonte em países estrangeiros.

Muitos dos que possuem fundos estrangeiros de pensões têm problemas com deduções e transferências transfrontei-ras, sendo as heranças com origem noutro país sujeitas a impostos sobre doações mais elevadas ou a dupla tributa-ção. O comércio electrónico é também fortemente afectado por obstáculos fiscais. São os casos de regras e obrigações declarativas complexas em matéria de IVA. Pelo que apenas 7% dos produtos comercializados na União são comprados em linha noutro Estado-membro.

Perante este cenário, considera a Comissão que os países comunitários deveriam conceber e aplicar as suas medidas e práticas fiscais de modo a não dissuadir os cidadãos de

desenvolverem actividades transfronteiras. Deveriam igual-mente adoptar uma coordenação mais estreita, a fim de evi-tarem que a incompatibilidade entre as disposições fiscais resulte em barreiras ao mercado interno.

Boas práticas fiscais criam emprego e investimento

As boas práticas fiscais podem promover o emprego, o investimento e o crescimento, pelo que a Comissão apre-senta possíveis soluções para os problemas que se colocam actualmente. Será apresentada uma comunicação sobre a dupla tributação este ano, que examinará a extensão e a gra-vidade deste problema na União Europeia, seguindo-se, em 2012, propostas legislativas com possíveis soluções. Tam-bém serão apresentadas propostas, em meados deste ano, para solucionar os problemas transfronteiras de tributação das sucessões.

Bruxelas vai avançar com medidas destinadas a resolver a dupla tributação de um veículo automóvel, o qual é su-jeito ao registo de matrícula num primeiro país e que tem de ser novamente sujeito ao mesmo registo quando transfe-rido para outro Estado-membro. Pretende-se ainda alargar o sistema do “balcão único” ao comércio electrónico, a fim de tornar bastante mais simples as obrigações declarativas das empresas, de modo a poderem mais facilmente oferecer bens e serviços em linha a consumidores estrangeiros. Os obstáculos ao comércio electrónico serão considerados no âmbito da revisão do sistema de IVA, actualmente objecto de uma consulta. Não menos importantes são as propostas a apresentar no ano que vem para resolver os problemas relacionados com a tributação dos pagamentos transfron-teiros de dividendos.

Mas a Comissão não coloca de parte a promoção de um amplo diálogo entre as autoridades nacionais e as partes in-teressadas para indagar outras possibilidades de simplificar as medidas fiscais. Algumas ideias incluem a normalização dos formulários fiscais ao nível da UE, a criação de pon-tos de informação únicos, nos quais os trabalhadores e in-vestidores possam obter informação fiscal, e a aplicação de medidas fiscais especiais a nível nacional para responder às necessidades dos trabalhadores móveis e fronteiriços.

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No âmbito da Iniciativa para a Competitividade e o Emprego

Governo intensifica combateà fraude e evasão fiscais

O Governo vai intensificar o com-bate à fraude e evasão fiscal e con-tributiva. A intenção está patente na Iniciativa para a Competitividade e o Emprego, composta por cerca de 50 medidas, a qual se desenvolve em cin-co áreas fundamentais. Para além da fiscalidade, conta ainda com medidas no sentido do aumento da competiti-vidade da economia e apoio às expor-tações, da simplificação administrati-va e redução dos custos de contexto para as empresas, competitividade do mercado de trabalho, reabilitação ur-bana e dinamização do mercado de arrendamento.

Uma das prioridades passa pelo combate à informalidade, à fraude e à evasão fiscais. Neste âmbito, have-rá novas medidas de cruzamento de dados entre os sistemas informáticos das entidades públicas e das empresas, de modo a garantir um grau mais ele-vado de correspondência entre a acti-vidade das empresas e as declarações legalmente exigidas. Por outro lado, o Governo quer valorizar a factura-ção, através da criação de um método que promova a certificação dos vários sistemas de facturação do sector de actividade e da adopção da factura obrigatória em todos os sectores de actividade, não só entre empresas, mas também junto dos consumidores finais.

Outras medidas serão colocadas em prática no combate à fiscalidade informal. Da iniciativa apresentada consta a reorientação dos serviços de fiscalização e auditoria interna da ad-ministração pública para a promoção

da concorrência leal na contratação pública e do controlo das institui-ções apoiadas com fundos públicos. Também se verificará o reforço dos circuitos de circulação das impor-tações, combatendo a fraude fiscal. Finalmente, é intenção reforçar a fis-calização das cadeias de subcontrata-ção, de facturação e de externalização de serviços, dando especial atenção às fugas em sede de IVA, bem como o controlo da entrada de produtos equi-valentes aos produzidos internamen-te, mas cujo processo produtivo não tinha sido sujeito ao mesmo tipo de condições dos produtos nacionais.

Facilitação do investimentoà exportação

No que respeita à melhoria da competitividade da economia e apoio às exportações, algumas medidas me-recem especial relevo, desde que a sua aplicação se torne uma realidade. As-sim, será criada uma via rápida para investimentos nos sectores de bens transaccionáveis, através do alarga-mento do regime dos projectos de Po-tencial Interesse Nacional (PIN) aos investimentos das PME para projec-tos superiores a dez milhões de euros e da adopção do regime de interlocu-tor único e da conferência decisória –

para efeitos de licenciamento – para projectos superiores a 25 milhões de euros. Isto a par do reforço no apoio aos seguros de crédito comercial, atra-vés de garantia pública, e criação de um regime especial para produtores com ciclos longos de facturação e re-cebimento.

O Governo pretende ainda acele-rar a execução do QREN, permitindo injectar na economia um valor su-perior a cinco mil milhões de euros. Haverá apoios à criação e ao desenvol-vimento de empresas de natureza ino-vadora e orientadas para os mercados de exportação.

Uma outra medida passa pelo reforço do incentivo fiscal à interna-cionalização, em particular das PME, mas ainda terá que ser aprovada uma proposta de lei. Importante é também a revisão dos mecanismos de formação de preços de bens e serviços essenciais à indústria, como é caso da electrici-dade. Por outro lado, existe a inten-ção de majorar os custos comprova-damente suportados com recursos humanos expatriados para efeitos de dedução em sede de IRC, bem como reforçar o programa INOC-Export.

O Governo quer avançar na sim-plificação administrativa e na redução dos custos de contexto para as em-presas. Será apresentado o programa “Simplex Exportações”, através da redução dos encargos administrativos para as empresas exportadoras, desig-nadamente acelerar os procedimentos relativos ao pedido de isenção de pa-gamento de IVA para as exportadoras e simplificar os procedimentos asso-

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ciados às exportações indirectas. Uma outra medida respeita ao programa “Taxa Zero” para inovação, que prevê a isenção do pagamento de qualquer taxa, emolumento ou contribuição administrativa, durante dois anos, a empresas com potencial inovador e criadas por novos empreendedores. Será também lançado o programa “Licenciamento Zero”, para redução de encargos administrativos, através da eliminação de licenças e outros condicionamentos prévios para quem pretende abrir e explorar um negócio. Em perspectiva está a redução do ca-pital social mínimo para criação de uma empresa.

Ainda durante este ano, o Go-verno projecta a entrada em funcio-namento do “Dossier Electrónico da Empresa”, que permitirá que as noti-ficações da administração fiscal e da segurança social sejam efectuadas por via electrónica.

Dinamizar a contratação colectiva

A iniciativa lançada pelo Governo tem suscitado polémica e críticas no que respeita às medidas orientadas para o mercado do trabalho. E a re-alidade é que uma matéria que ainda carece de explicações e que se apresen-ta algo confusa. Se algumas medidas surgem como essenciais e até naturais no actual contexto, outras estão a sus-citar incertezas. Certo é que se tratam de questões que ainda darão lugar a muita discussão.

O Executivo defende a dinamiza-ção da contratação colectiva, estando prevista uma iniciativa legislativa. O Governo decide que os contratos co-lectivos de trabalho, quando existam, deverão regular os termos, as con-dições e as matérias que podem ser negociadas por estruturas representa-

tivas dos trabalhadores na empresa. Outra medida consiste no alargamen-to da possibilidade da associação sin-dical delegar noutras estruturas sindi-cais ou de representação colectiva de trabalhadores poderes para contratar com a empresa com, pelo menos, 250 trabalhadores.

Pretende-se estimular a criação de emprego através de um novo modelo de compensação, em caso de cessão do contrato de trabalho. É garantido que não haverá alterações ao conceito de justa causa de despedimento indi-vidual. Assim, será criado um meca-nismo de financiamento, de base em-presarial, para garantir o pagamento parcial das compensações ao trabalha-dor por cessação do contrato de traba-lho e estabelecer limites aos valores da compensação e indemnização devidas ao trabalhador. O Governo quer ain-da agilizar o regime legal de redução ou suspensão do contrato de trabalho em situação de crise empresarial, no sentido de evitar o recurso aos pro-cedimentos tendentes à cessação dos contratos de trabalho.

Existem ainda medidas sus-ceptíveis de promoverem a criação de postos de trabalho. É o caso de quatro mil projectos de microcrédi-to com componentes específicas e dos programas de tutoria e de apoio técnico de rede de microempresas de suporte ao sector exportador. A que acresce a pretensão de aumentar a eficiência dos serviços de emprego e de formação profissional, o que implicará alterações na gestão dos centros de emprego e formação pro-fissional.

Promover a reabilitação urbana

A aposta na reabilitação urbana e na dinamização do mercado de arren-damento mereceu elogias por parte do sector da construção e do imobiliário. As medidas anunciadas são tidas como positivas. Desde logo, a dinamização da criação de áreas de reabilitação urbana, especialmente em zonas de interven-ção prioritária, e apoiar o lançamento dessas operações. O Governo pretende articular a reabilitação urbana e a polí-tica de cidades, estendendo-se às zonas de regeneração urbana apoiadas pelos fundos do QREN os instrumentos e os benefícios aplicáveis às áreas de reabili-tação urbana.

Será apresentada uma proposta de lei para simplificar e tornar mais rápidos e eficazes os procedimentos necessários para o senhorio poder ob-ter a entrega do seu imóvel livre e de-socupado perante o incumprimento do contrato de arrendamento, numa perspectiva de garantir os direitos dos senhorios e salvaguardar os direitos dos arrendatários.

Vai ser apresentada uma iniciativa legislativa que simplifique os procedi-mentos de controlo prévio necessários à realização das operações de reabili-tação urbana, elimine os obstáculos e os condicionamentos que oneram ex-cessivamente a realização dessas ope-rações e simplifique os mecanismos de determinação do nível de conservação dos edifícios e de classificação de imó-veis devolutos.

Por último, o Governo irá criar li-nhas de financiamento à reabilitação urbana, através da constituição de um fundo de investimento para reabilita-ção de imóveis devolutos destinados a arrendamento, de um fundo de parti-cipações em operações integradas de reabilitação urbana e de uma linha de crédito destinada a projectos específi-cos de reabilitação.

Modernização

O Governo projecta a entrada em funcionamento do “Dossier Electrónico da Empresa”.

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O sistema fiscal nacional representa o maior obstáculo à competitividade das empresas nacionais. O sistema está em constante mudança, o que faz com que muitas empresas pensem em se deslocalizar. Esta a principal conclusão que se pode retirar do mais recente trabalho da Deloitte sobre a competitividade fiscal em Portugal.

Perante o facto de o sistema estar sempre a mudar e não haver uma estratégia clara ao nível fiscal, as empresas perdem competitividade e repensam a sua estratégia quan-to à possibilidade de mudarem de país. Mas este não é o único problema apontado pelos empresários no questio-nário apresentado pela consultora. Também consideram

muito preocupante o facto de em Portugal não existir um regime de justiça tributária. A que acresce uma elevada morosidade nos processos judiciais.

Antes de ser feita uma operação, a empresa deverá ter co-nhecimento do regime fiscal que será aplicado desde o início até ao final da transacção, o que não acontece no nosso país. É uma realidade que existem pedidos de informação prévia vinculativo. O problema é que na prática o sistema não fun-ciona. A que acresce que a administração fiscal não responde atempadamente às dúvidas dos contribuintes. A todo o mo-mento uma situação pode ser alterada, o que significa gran-des incertezas e custos acrescidos para as empresas.

A Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) atingiu o ob-jectivo anual de cobrança coerciva de 1,1 mil milhões de euros, com um mês de antecedência. Foi o ano em que tal objectivo foi alcançado mais cedo.

O resultado acima das expectativas ficou a dever-se, em grande medida, à implementação, em 2010, de um plano especial para cobrança das respectivas dívidas. Tratou-se do Plano de Acompanhamento e Gestão Inte-grada de Devedores Estratégicos. Ao mesmo tempo, foi implementado o Plano de Recuperação dos Processos de Inquérito, destinado a sancionar criminalmente os geren-tes e administradores de empresas que se apropriam do

IVA recebido dos clientes e do IRS descontado no salário dos trabalhadores. Foram já constituídos arguidos mais de 1700 administradores dessas empresas.

“A persistência destas dívidas é um factor de injustiça social e fiscal, que onera os contribuintes cumpridores, distorce a concorrência entre empresas e cria uma situação de privilégio inaceitável. É muito importante para o país que a administração fiscal seja eficaz na aplicação da lei a este tipo de situações, não só para que o Estado recupere as receitas perdidas, mas também para que este tipo de comportamentos ilícitos seja progressivamente elimina-do”, de acordo com o Ministério das Finanças.

Fiscalidade é o maior obstáculoà competitividade das empresas

Fisco atinge com antecedênciaobjectivo de cobrança coerciva

Comissão Europeia prepara alterações ao IVAA Comissão Europeia está a preparar alterações consi-

deráveis ao regime de IVA. Como tal, lançou uma vasta consulta pública sobre a forma de reforçar e melhorar o sistema. Há mesmo a possibilidade de ser eliminada a taxa reduzida em sede do imposto sobre o valor acrescentado.

O objectivo da consulta que está a decorrer é dar a todas as partes interessadas a possibilidade de expres-sarem as suas ideias e opiniões sobre os problemas que actualmente existem em matéria de IVA e como os resol-

ver. Com base nas respostas a esta consulta, a Comissão decidirá a melhor abordagem para a criação de um fu-turo sistema mais estável, sólido e eficaz. Uma das pos-sibilidades que está em discussão passa pela eliminação da taxa reduzida sobre certos bens e serviços. Bruxelas considera que se trata de uma excepção que cria desi-gualdades e que não se justifica, no âmbito do espaço comunitário. Portugal é um dos países que continua a recorrer à taxa reduzida de IVA.

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Conferência da Comissão Europeia sobre relato financeiro e auditoria – Fevereiro de 2011

Nos próximos dias 9 e 10 de Fevereiro de 2011, a Comissão Europeia vai organizar uma conferência sobre matérias de contabilidade e auditoria.

O primeiro dia vai ser focalizado nas questões da contabilidade. Os conferencistas irão debruçar-se sobre questões relacionadas com a governação do processo de emissão de normas num contexto internacional e irão iniciar um debate sobre os objectivos do relato financeiro. Também irão ser discutidas matérias ligadas à utilização das IFRS como normas contabilísticas utilizadas mundialmente tais como a convergência e os desafios práticos de-correntes da sua aplicação consistente e global.

O segundo dia irá ser dedicado ao merca-do europeu de auditoria. Discussões com um nú-

mero alargado de interessados irão considerar a necessidade de melhorar o mercado euro-peu de auditoria e explorar o melhor cami-nho a seguir para o fazer. A conferência irá oferecer um primeiro olhar sobre os resultados da consulta pública sobre o livro verde de auditoria. Serão ainda debatidas outras matérias tais como o papel da auditoria e o sistema e o ambiente nos quais a auditoria é conduzida.

O registo no evento poderá ser feito através do link https://webgate.ec.europa.eu/fmi/scic/AccountAudit11/start.php(Newsletter nº 07/10 de Dezembro de

2010 da Ordem dos ROC)

IFAC emite Guia Prático de Gestão para Pequenas e Médias Firmasde Auditoria

O Comité das Pequenas e Médias Firmas de Auditoria (SMP) da IFAC emitiu, no passado dia 25 de Junho, um documento intitulado “Guia de Práticas de Gestão para Pequenas e Médias Firmas de Auditoria”, que dá orienta-ção sobre a forma como melhorar a gestão dos seus escri-tórios e, em última instância, operar de forma rentável e profissional.

A publicação inclui princípios práticos de gestão e melhores práticas sobre uma vasta gama de tópicos, incluindo planeamento estratégico, gestão de pessoal,

gestão de relacionamento com clientes e planeamento sucessório. Contém ainda estudos para ilustrar os con-ceitos, checklists e formulários, uma lista de leituras adi-cionais e módulos que podem ser utilizados para forma-ção e educação.

A versão impressa do guia, em PDF, pode ser obtida gratuitamente a partir do website da IFAC em: http://web.ifac.org/publications/small-and-medium-practices-committee/good-practice-guidance-1

(Newsletter nº 06/10 de Julho de 2010 da Ordem dos ROC)

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As perguntas do Livro Verdesobre Auditoria

Como já referimos na C&E anterior, a Comissão Eu-ropeia elaborou o LIVRO VERDE SOBRE A AUDI-TORIA intitulado “Política de Auditoria: as Lições da Crise” que se encontra disponível para download no sítio da Ordem dos ROC em www.oroc.pt.

Pelo seu interesse, a seguir resumimos as 38 pergun-tas (questões) constantes do livro com a indicação aos respectivos temas:

1. INTRODUÇÃO

(1) Tem observações de carácter geral sobre a aborda-gem e os objectivos do presente Livro Verde?

(2) Considera que existe uma necessidade de definir melhor o papel da auditoria na sociedade no que se refere à veracidade das demonstrações financeiras?

(3) Considera que o nível geral da «qualidade da au-ditoria» poderia ser melhorado?

2. PAPEL DO AUDITOR

2.1. Comunicação de informações às partes interessa-das pelos auditores

(4) Considera que as auditorias devem proporcionar garantias sobre a saúde financeira das empresas? As auditorias são adequadas para esse efeito?

(5) Para colmatar o desfasamento em relação às ex-pectativas e esclarecer o papel da auditoria, deve a metodologia utilizada na auditoria ser melhor ex-plicada aos utentes?

(6) Será necessário reforçar o «cepticismo profissio-nal»? Como?

(7) Será necessário reconsiderar a percepção negativa associada aos relatórios de auditoria com reservas? Em caso afirmativo, como?

(8) Que informação adicional deve ser prestada às partes interessadas exteriores à empresa e como?

(9) Existe um diálogo adequado e regular entre os auditores externos, os auditores internos e o comité de auditoria? Se não for o caso, como se poderá melhorar a comunicação?

(10) Pensa que os auditores devem desempenhar um

papel na garantia da fiabilidade da informação rela-tada pelas empresas em termos de RSA?

(11) Deverá haver uma comunicação mais regular pelo auditor às partes interessadas? Por outro lado, deverá o intervalo entre o fim do exercício finan-ceiro e a data da opinião de auditoria ser reduzido?

(12) Que outras medidas poderão ser estudadas para aumentar o valor das auditorias?

2.2. Normas internacionais de auditoria (ISA)(13) Qual é a sua opinião em relação à introdução

das ISA na UE?(14) Deverão as ISA ser juridicamente vinculativas

em toda a UE? Em caso afirmativo, deverá esco-lher-se uma abordagem semelhante à que foi uti-lizada para a adopção das normas internacionais de relato financeiro (IFRS)? Em alternativa, e dada a utilização generalizada das ISA na UE, deverá a utilização das ISA ser mais incentivada através de instrumentos legislativos não-vinculativos (reco-mendações, códigos de conduta)?

(15) Devem as ISA ser objecto de adaptações suple-mentares por forma a corresponder às necessidades das PME e das SMP?

3. GOVERNAÇÃO E INDEPENDÊNCIADAS FIRMAS DE AUDITORIA

(16) Existe algum conflito pelo facto de o auditor ser nomeado e remunerado pela entidade auditada? Que mecanismos alternativos recomendaria neste contexto?

(17) Será a nomeação por terceiros justificada em de-terminados casos?

(18) Será necessário limitar no tempo o envolvimen-to continuado de uma mesma firma de auditoria? Em caso afirmativo, qual deve ser a duração máxi-ma dos trabalhos de auditoria realizados por uma mesma firma?

(19) As firmas de auditoria devem ser proibidas de prestar outros serviços distintos da auditoria? Caso tal proibição seja aplicada, deve sê-lo para todas as firmas e clientes ou deverá limitar-se a determina-

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dos tipos de instituições, como as instituições fi-nanceiras de importância sistémica?

(20) Será necessário regulamentar o nível máximo das comissões que uma firma de auditoria pode re-ceber de um único cliente?

(21) Será necessário introduzir novas regras sobre a transparência das demonstrações financeiras das firmas de auditoria?

(22) Que outras medidas poderiam ser previstas em matéria de governo das firmas de auditoria para re-forçar a independência dos auditores?

(23) Devem ser exploradas estruturas alternativas que permitam às firmas de auditoria obter capitais junto de fontes externas?

(24) Concorda com as sugestões relativas aos audi-tores de grupos? Tem outras ideias sobre a matéria?

4. SUPERVISÃO

(25) Que medidas devem ser previstas no sentido de melhorar a integração e a cooperação em matéria de supervisão das firmas de auditoria a nível da UE?

(26) De que modo se poderá reforçar a consulta e a comunicação entre os auditores de grandes empre-sas cotadas e as entidades reguladoras?

5. CONCENTRAÇÃO E ESTRUTURADO MERCADO

(27) Poderá a actual configuração do mercado de au-ditoria representar um risco sistémico?

(28) Considera que tornar obrigatória a formação de um consórcio de firmas de auditoria, com a inclu-são de pelo menos uma firma de menor dimensão, sem importância sistémica, poderá funcionar como catalisador para dinamizar o mercado de auditoria e permitir que as pequenas e médias empresas par-ticipem de forma mais substancial no segmento das grandes auditorias?

(29) Do ponto de vista da melhoria da estrutura dos mercados de auditoria, concorda com a obrigato-riedade de rotação e de selecção de novos audito-res após um determinado período? Qual deverá ser esse período?

(30) Como deve ser tratada a questão da polarização em torno das «4 grandes»?

(31) Concorda que os planos de recurso, nome-adamente os chamados «testamentos em vida»,

poderão ser fundamentais para enfrentar os riscos sistémicos e os riscos de falência de uma firma de auditoria?

(32) As razões que levaram à consolidação das gran-des firmas de auditoria ao longo das duas últimas décadas (ou seja, oferta global, sinergias) continua a ser válida? Em que circunstâncias se poderá prever uma inversão dessa tendência?

6. CRIAÇÃO DE UM MERCADO EUROPEU

(33) Na sua opinião, qual é a melhor maneira de re-forçar a mobilidade transfronteiriça dos auditores profissionais?

(34) Concorda com a «harmonização máxima», combinada com um passaporte único europeu para os auditores e firmas de auditoria? Considera que o mesmo se deve aplicar às firmas de menor dimen-são?

7. SIMPLIFICAÇÃO: PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS E PEQUENAS E MÉDIAS SOCIEDADES DE AUDITORIA

7.2. Pequenas e médias sociedades de auditoria (SMP)(35) Seria favorável a um nível inferior de serviços

de auditoria, as chamadas «auditorias limitadas» ou «análise legal das contas», para as demonstrações financeiras das PME, em vez de uma verdadeira revisão legal de contas? Devem esses serviços ser condicionais, consoante as contas tenham ou não sido elaboradas por um contabilista (interno ou ex-terno) adequadamente qualificado?

(36) Deverá existir um «porto seguro» aplicável às PME no que respeita a uma eventual proibição fu-tura da prestação de serviços distintos da auditoria?

(37) Deverão as «auditorias limitadas» ou as «análises legais» ser acompanhadas de regras menos onerosas de controlo interno da qualidade e de fiscalização pelos supervisores? Pode sugerir exemplos de como isso poderia ser feito na prática?

8. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

(38) Que medidas poderiam, em seu entender, au-mentar a qualidade da supervisão dos grandes ope-radores do sector da auditoria através da coopera-ção internacional?

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RUI FILIPE ANTUNES FERREIRA*

1. O QUE É O EVA®?

O EVA® (Economic Value Added) é um conceito de-senvolvido pela consultora Stern Stewart & Co. no inicio da década de 80, que recupera a antiga ideia de Resultado Residual (NEVES, 2001).

Esta ferramenta de medida contempla a diferença en-tre o resultado operacional líquido de impostos e o en-cargo pelo uso do capital investido (activo fixo líquido e necessidades em fundo de maneio). É, desta forma, uma métrica que procura analisar o valor criado para o de-tentor de capital.

O EVA® pode ser utilizado como uma ferramenta para medir o desempenho histórico, mas também futuro da empresa, evidenciando os factores que levam à criação ou destruição de valor (NEVES, 2001).

EVA®=NOPAT−WACC×IC

Em que:• NOPAT (Net Operating Profit Afcter Taxes) = Resulta-

do Líquido de Impostos• WACC (Weighted Average Cost of Capital) = Custo de

Capital Médio Ponderado• IC (Invested Capital) = Capital Investido

De notar que o NOPAT poderá ser calculado da se-guinte forma:

NOPAT = EBIT (1-t)

Em que:• EBIT (Earnings Before Interest and Taxes) = Resultado

Operacional• t = Taxa de imposto efectiva

A mudança mais significativa na adopção do EVA® como métrica de medição da performance reside na quan-tificação do custo de oportunidade do capital utilizado, o que obriga os gestores operacionais das diferentes uni-dades de negócio a utilizarem os seus activos de for-ma mais responsável, centrando a sua atenção no Activo Fixo ao seu dispor, bem como nas Necessidades de Fundo

de Maneio (NEVES, 2001). Neste sentido, desenvolve-se uma relação mais próxima entre o gestor e os detentores de capital da organização, algo que tende a consolidar-se no caso da remuneração se encontrar indexada ao EVA® gerado, o que implica que o gestor pense e actue como dono da empresa.

Um sistema de avaliação assente no EVA® permite, assim, que todas as decisões sejam pensadas, monito-rizadas, avaliadas, comunicadas e recompensadas em função de uma métrica, envolvendo todos os trabalha-dores em torno do objectivo da criação de valor. Para que tal aconteça, é necessário balancear o alinhamento de interesses e a alavancagem de riqueza, diminuindo assim os custos de agência (custos decorrentes de interesses di-vergentes entre gestores e detentores de capital) (NEVES, 2001).

Como referido anteriormente o EVA® é um sistema de gestão integrado que possibilita a análise de vários as-pectos na empresa (STEWART, 1999):

1. Medir a performance: com base no resultado eco-nómico de criação de valor para o detentor de ca-pital;

2. Redesenhar o sistema de gestão: de forma a per-mitir que a melhoria dos processos estratégicos, da alocação de recursos (humanos e materiais) e a ges-tão de resultados tenham orientação para a criação de valor;

3. Motivar os gestores: a criar valor para o detentor de capital, ao relacionar o sistema de remuneração dos gestores com a criação de valor;

4. Orientação de uma cultura de criação de valor: através de treino e comunicação, tornando os gestores mais conscientes da necessidade de criação de valor.

Economic Value Added (EVA®)Medida de desempenho como base da remuneração variável

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2. QUAIS AS IMPLICAÇÕES FINANCEIRASNO USO DO EVA®?

A empresa criadora do conceito de EVA® indica que há aspectos das normas contabilísticas que distorcem a no-ção de desempenho económico, pelo que sugerem alguns ajustamentos. Segundo alguns críticos, nem sempre os ajus-tamentos são indispensáveis e, quando o são, podem ser limitados a um número mais reduzido. Passamos a descrever alguns dos ajustamentos a realizar (NEVES, 2001):

PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOS ANÁLISE EVA®

Activos que não produzam rendimentos e dos quais não se espera recuperação de algum valor, devem-se registar a correspondente perda por imparidade.

Apesar do insucesso com os activos em causa, foi um investimento, como tal deverá manter-se no balanço. Caso contrário, estaremos a subestimar os investimentos realizados pela empresa.

As provisões do exercício são estimativas de gastos futuros em resultado de acontecimentos/ decisões passadas.

A realização destes procedimentos afasta o resultado operacional da noção de fluxo de caixa. As provisões devem somar-se, líquidas de impostos, aos resultados operacionais. As provisões acumuladas são somadas ao capital investido.

A generalidade das empresas utiliza o critério fiscal das depreciações constantes.

O EVA® será melhor calculado se as depreciações forem económicas. As depreciações devem ser calculadas de acordo com a vida económica do bem e o custo de capital da empresa (para o valor residual).

Tendo em conta o contexto empresarial português, pode afirmar-se que, para a maioria das empresas, o re-sultado dos ajustamentos não é muito relevante, mas como é certo haverá excepções. Segundo vários estudos, os ajustamentos às demonstrações financeiras têm um impacto marginal e, dada a complexidade dos mesmos, sugerem que seja mais prático utilizar os princípios conta-bilísticos geralmente aceites (NEVES, 2001).

3. COMO RELACIONAR O EVA®

COM A REMUNARAÇÃO VARIÁVEL?

O plano de remunerações dos gestores de uma em-presa indica várias vezes a forma como a mesma é gerida.

Normalmente, os investidores privilegiam os programas de distribuição de acções, opções e remunerações variáveis de acordo com as vendas ou os recebimentos.

Um dos principais, se não o principal, objectivos do plano é a remuneração gerar incentivos para a criação de valor para os detentores de capital, fruto de um desempe-nho melhor que o esperado.

Normalmente, os planos de remunerações dos ges-tores regem-se por uma componente fixa (salário), be-nefícios (ex.: veículo, casa, comunicações, etc.) e uma componente variável (ex.: prémios). Como o próprio nome indica a componente variável depende de variá-veis associadas que quando atingidas possibilitam um valor extra na sua remuneração base (componente fixa e benefícios).

A empresa deverá definir o plano de remuneração va-riável de acordo com os resultados que pretende obter, e que essencialmente passam, no princípio da continuida-de, por incentivar as pessoas a tomar as mesmas decisões que os detentores de capital tomariam.

Resumidamente, um sistema de remunerações variáveis deverá ter como características as seguintes (STEWART, 1999):

• Quantidade moderada de medidas de performance;• Medidas de performance em linha com a criação

de valor;• Simplicidade de obtenção e análise da medida;• Metas objectivas e pouco sujeitas à negociação;• Pouca subjectividade;• Performance medida num nível suficientemente

baixo para que haja controlo da mensuração pelas pessoas e alto o suficiente para que incentive a co-operação;

• Não existência de mínimos e máximos que limi-tem o pagamento da remuneração variável;

• Interligação com o plano de remuneração completo;• Sustentado em boas práticas de comunicação.No lado dos objectivos, um plano de remunerações

variáveis deverá permitir (YOUNG; O’BYRNE, 2000):• Alinhamento dos interesses (diminuição dos pro-

blemas de agência): incentivar os gestores a agirem de acordo com os interesses dos detentores de capi-tal;

• Alavancagem de riqueza (diminuição dos proble-mas de agência): incentivar os gestores a assumirem riscos proactivamente, que permitam gerar valor;

• Retenção: minimizar a possibilidade de perda dos gestores-chave, principalmente em períodos de bai-xo desempenho;

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• Perspectiva do detentor de capital: relacionar directamente os gastos com a remuneração dos gestores com os resultados alcançados para os de-tentores de capital, ou seja, maximizando o valor da empresa.

Um plano de remunerações com elevada alavancagem criará incentivo, mas aumentará o risco de gestores-chave abandonarem a empresa em períodos menos bons. Já um plano de remunerações com alta alavancagem, mas com reduzido alinhamento poderá elevar os custos se a empre-sa estiver a recompensar comportamentos que não contri-buem para o aumento da riqueza dos detentores de capital (KRAUTER, 2005).

Assim, um plano de remunerações variáveis precisa de ter em consideração a estratégia (de curto e de médio/longo prazos), a estrutura organizativa, os valores (cultu-ra organizacional), os processos e as pessoas, devendo ser suficientemente flexível para se ajustar às circunstâncias dinâmicas quer da envolvente interna quer da externa (KRAUTER, 2005).

3.1 MODELO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL TRADICIONAL

Um modelo tradicional de remuneração variável premeia os gestores com base em metas pré-estabe-lecidas, de acordo com planos estratégicos. As carac-terísticas deste modelo são (YOUNG; O’BYRNE, 2000):

• O objectivo de desempenho a ser atingido é nor-malmente uma medida unicamente financeira (ex.: resultado líquido, vendas, recebimentos);

• A meta de desempenho é ajustada anualmente;• Existe, normalmente, um máximo e um mínimo

definidos para a remuneração variável face ao ob-jectivo alcançado.

Neste modelo de remuneração não existe prémio va-riável até que o mínimo de desempenho seja alcança-do (STEWART, 1999). Quando alcançado o mínimo, o prémio cresce com o desempenho, sendo quase sempre indexado a um limite máximo de prémio (STEWART, 1999). O facto de possuírem um limite inferior e outro superior faz com que as performances acima de deter-minado valor deixem de ser recompensadas e as más performances raramente são penalizadas (STEWART, 1999).

Estes aspectos incentivam a que os gestores não se es-forcem por alcançar resultados elevados que já não lhes

trarão rendimentos e por outro lado não se preocuparão em alturas adversas onde os resultados negativos são re-alidade na empresa, uma vez que têm o seu rendimento garantido.

Resumidamente, este modelo apresenta as seguintes desvantagens (YOUNG; O’BYRNE, 2000):

• Sendo utilizada uma medida de desempenho con-tabilística, não é considerado o custo do capital próprio, pelo que poder-se-á não estar a gerar valor para o detentor de capital;

• A existência de um limite inferior e superior permi-te, de certa forma, ao gestor reconhecer rendimentos ou gastos em períodos futuros, de forma convenien-te para o mesmo;

• As medidas de desempenho são ajustadas anualmen-te. Estes ajustamentos podem destruir efeitos de ala-vancagem e enfraquecer os objectivos traçados.

REMUNERAÇÃO VARIÁVEL TRADICIONAL

3.2 MODELO DE REMUNERAÇÃO VARIÁVEL INDEXADA AO EVA®

O modelo de remuneração variável com base no EVA® elimina o limite inferior e o superior e in-clui uma “conta corrente” (retenção de uma parte da remuneração variável) para garantir que o resultado da empresa seja sustentável a longo prazo. Ou seja, apoia-se na filosofia que se o indicador cresce, a riqueza do detentor de capital, também, aumenta e, portanto, os aumentos na remuneração dos gestores são auto-financiados.

Com o EVA® os gestores são incentivados a (STEWART, 1999):

• Aumentar os resultados operacionais;• Investir apenas os resultados adicionais e cobri-

rem a despesa pelo capital adicional;• Deixar de investir quando o retorno gerado não

for igual ou superior ao custo de capital.

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Para que a teoria da remuneração variável com base no EVA® seja melhor utilizada é recomendável (STEWART, 1999):

• A sua utilização por níveis, de acordo com a estru-tura da empresa;

• A distribuição de uma parte da remuneração va-riável, contemplando a criação de uma “conta cor-rente”;

• Uma comunicação eficaz do plano de remunera-ções e das metas a alcançar.

REMUNERAÇÃO VARIÁVEL COM BASE NO EVA®

No sentido de analisar a aplicabilidade do EVA® como indicador para a remuneração variável dos gestores, ire-mos apresentar duas formas de remuneração variável, sen-do uma mais tradicional e outra mais moderna.

3.2.1 Modelo Tradicional de Remuneração Variável Indexada ao EVA®

Este modelo prevê o pagamento de uma percenta-gem fixa do EVA®. Refere, ainda, que as recompensas são ilimitadas para o sucesso e para o insucesso. Em todo o caso poder-se-á criar um limite para valores extremamente negativos ou positivos do EVA® (STEWART, 1999).

Este modelo de remuneração cria uma “conta corren-te”, que não é mais que uma retenção de parte dos pré-mios concedidos, de forma a fazer face a determinadas circunstâncias (STEWART, 1999). Assim, não se distri-bui no ano o total de prémios a que se tem direito de modo a que o gestor não aja, apenas, de acordo com o curto prazo, para que seja possível retê-lo na empresa, suaviza as variações dos ciclos de negócios e assegu-ra que apenas a melhoria sustentada seja remunerada (STEWART, 1999).

Exemplificando:Sabe-se que:

• O Prémio é 3,5% do EVA®;• Existe um saldo de � 25.000 na “conta corrente”;• Há um limite inferior da “conta corrente” de � -2.500 e

um superior de � 50.000;

• É pago 1/3 ao gestor e os restantes 2/3 são depositados na “conta corrente”.No Ano 1 o EVA® situou-se em � 500.000. O gestor teve

direito a um prémio de � 17.500 (� 500.000 x 3,5%), que é somado ao valor na “conta corrente”, perfazendo um total disponível para pagamento de � 42.500. Desta forma, neste ano o gestor recebe menos que o prémio do ano, ou seja, � 14.167 (� 42.500 x 1/3), ficando o restante montante na “conta corrente” (� 28.333).

No Ano 2, a empresa obteve um EVA® que se fixou em � -500.000, pelo que o prémio foi negativo em � 17.500. O prémio negativo foi subtraído à “conta corrente” que transi-tou do Ano 1 (� 28.333), perfazendo um total disponível para pagamento de � 10.833. Seguindo a regra de pagamen-to de 1/3, foi pago ao gestor � 3.611.

Já no Ano 3, a empresa não conseguiu ter um EVA® positivo, o qual se fixou em � -275.000, gerando um pré-mio negativo de � -9.625. A “conta corrente” passou a ter saldo negativo de � -2.403 (não atingiu o limite inferior de � -2.500). Desta forma, o gestor não teve direito a receber qualquer montante de prémio.

Fonte: Adaptado de NEVES (2001)

O facto de o modelo assentar numa percentagem fixa proporciona alavancagem e para uma empresa com EVA® positivo, alinha os interesses dos detentores de capital e dos gestores (diminui os conflitos de agência).

No entanto, este plano apresenta as seguintes desvan-tagens (YOUNG; O’BYRNE, 2000):

• Uma percentagem sobre o EVA® é uma opção nos anos bons para as empresas com baixo desempenho, encorajando o gestor a transferir rendimentos e gas-tos para outros anos;

• Um baixo nível de desempenho leva ao pagamento de um prémio de baixo montante, desmotivando os gestores. Já em anos bons os detentores de capital pensarão que estão a remunerar os gestores em ex-cesso, face ao necessário para os reter na empresa;

• Não existe previsão para a melhoria esperada do EVA®, o que pode levar ao pagamento de prémios considerá-veis, mesmo sem gerar valor para o detentor de capital.

Ano 1 Ano 2 Ano 3EVA® 500.000 -500.000 -275.000Prémio (%) 3,5% 3,5% 3,5%Prémio � 17.500 -17.500 -9.625Saldo inicial “Conta Corrente” 25.000 28.333 7.222Disponivel para pagamento 42.500 10.833 -2.403Índice de pagamento 33% 33% 33%Prémio pago 14.167 3.611 0Saldo Final “Conta Corrente” 26.333 7.222 -2.403

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3.2.2 Modelo Ajustado de Remuneração Variável Indexada ao EVA®

O modelo anterior, não contempla a melhoria espe-rada do EVA®, podendo levar ao pagamento de prémios consideráveis, mesmo sem gerar valor para o detentor de capital.

De modo a corrigir esta desvantagem, foi desen-volvida uma fórmula para o cálculo dos prémios dos gestores, que adiciona à percentagem do EVA® uma percentagem de melhoria do EVA® (melhoria que os accionistas em conjunto com os gestores esperam obter para o período em análise face ao homólogo) (YOUNG; O’BYRNE, 2000).

Prémio = (x% x EVA®) + {y% x (� EVA® · ME)}

Em que:• x% = percentagem fixa de EVA® (ou valor fixo para

x% x EVA®

• y% = percentagem fixa de melhoria de EVA®

• � EVA® = EVA®N – EVA®

N–1

• ME = Melhoria esperada de EVA® = OrçamentoN

– RealN–1

Neste caso, o objectivo do EVA® poderá ser positivo ou negativo, pois fazer com que o EVA® seja menos ne-gativo que o esperado é tão válido para criar valor, como torná-lo mais positivo.

Nesta fórmula existem três razões para se exceder a melhoria do EVA® (YOUNG; O’BYRNE, 2000):

• O interesse de melhorar o EVA® leva a uma maior racionalização em termos de incentivo/ gasto;

• Pode ser aplicado a todas as empresas e não apenas para as que apresentam EVA® positivo;

• Fornece uma ligação mais directa com a criação de riqueza para o detentor de capital.

Neste modelo o prémio pode ser positivo, negativo ou igual a zero. O prémio ganho é creditado na “conta corrente” e é o saldo dessa “conta” que determina o mon-tante do prémio a pagar. Existe, normalmente, uma regra de pagamento, mas a mesma pode ser ajustada de acordo com a empresa (YOUNG; O’BYRNE, 2000):

• 100% do saldo positivo da “conta corrente” até ao prémio-base (valor que poderá ser fixo), mais 1/3 do saldo da “conta corrente”;

• Quando o saldo da “conta corrente” é negativo não há lugar a qualquer pagamento.

Exemplificando:No Ano 1 uma empresa melhora o seu EVA® de �

-300.000 (Ano 0) para � -150.000 (Ano 1), o que im-plica uma variação do EVA® de � 150.000. A melhoria (ME) esperada em EVA® para o Ano 1 é de � 50.000, enquanto a percentagem para remunerar a melhoria é de 2%. Neste ano a empresa definiu um prémio-base (fixo) de � 1.000, sendo que a “conta corrente” tinha um saldo de zero.

O prémio ganho no Ano 1, é de:• Prémio = � 1.000 + (2% × (� 150.000 - � 50.000))• Prémio = � 3.000 O prémio de � 3.000 é depositado na “conta corrente”,

pagando-se segundo a regra de saldo no banco (� 3.000) até à quantia do prémio-base mais 1/3 do excedente do prémio ganho (1/3 de � 2.000). Assim, o prémio a ser pago ao gestor é de � 1.667, ficando como saldo final da “conta corrente” o montante de � 1.333.

No Ano 2 o EVA® diminui para � -200.000, temos:• Prémio = � 1.000 + (2% × (� -50.000 - � 50.000))• Prémio = � -1.000 Neste sentido, o prémio é negativo, o qual será creditado na

“conta corrente”, reduzindo o saldo para � 333. Uma vez que o saldo intermédio é menor que o prémio-base, o gestor receberá apenas o montante que resta na “conta corrente”, ou seja, � 333.

No Ano 3 o EVA® passou para � 50.000, pelo que temos:• Prémio = � 1.000 + (2% × (� 250.000 - � 50.000)• Prémio = � 5.000 O prémio é assim depositado na “conta corrente”, sendo

que o saldo fica igual a � 5.000, fruto do inicial ser igual a zero. No entanto, paga-se segundo a regra o prémio fixo (�1.000) mais 1/3 do excedente da variação (1/3 de � 4.000), portanto, o gestor receberá � 2.333, ficando � 2.677 na “conta corrente”.

Fonte: Adaptado de YOUNG; O’BYRNE (2000)

Nota: vários exemplos devem ser analisados sempre dentro da mesma filosofia, no entanto, poderão ser definidos diferentes pressupostos quer ao nível do prémio-base ou da “conta corrente”.

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Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3EVA® -300.000 -150.000 -200.000 50.000_ EVA® 150.000 -50.000 250.000Melhoria Esperada EVA® (ME) 50.000 50.000 50.000Prémio-Base 1.000 1.000 1.000% sobre a Melhoria Esperada EVA® 2% 2% 2%Saldo Inicial “Conta Corrente” 0 1.333 0Prémio ganho 3.000 -1.000 5.000Saldo Intermédio “Conta Corrente” 3.000 333 5.000Índice de pagamento 33% 33% 33%Prémio pago 1.667 333 2.333Saldo Final “Conta Corrente” 0 1.333 0 2.667

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O objectivo desta moderna abordagem é o de incen-tivar os gestores a excederem as expectativas de desem-penho, gerando valor para os detentores de capital. Este modelo remunera os gestores que produzem melhorias no EVA® e penaliza a não obtenção dos objectivos de-finidos.

Este plano de remuneração variável passa essencial-mente por três parâmetros básicos: prémio-base (fixo ou percentagem do EVA® do período); melhoria esperada do EVA® e intervalo de EVA® (YOUNG; O’BYRNE, 2000).

O prémio-base apoia-se no nível de remuneração das empresas similares existentes no mercado ou um valor defi-nido entre os gestores e os detentores de capital (YOUNG; O’BYRNE, 2000). A melhoria esperada do EVA® é fixada de maneira a remunerar os detentores de capital, para este efeito será necessário estabelecer orçamentos de gestão para que os mesmos sejam analisados entre a gestão e os deten-tores de capital. O intervalo do EVA® serve para definir o volume não atingido, onde a rentabilidade do detentor de capital é igual a zero, o que faz com que não se remunere os gestores (YOUNG; O’BYRNE, 2000).

3.2.3 Reflexões sobre o Modelo de Remuneração Variável Indexada ao EVA®

Os maiores debates no caso do modelo de remunera-ção variável indexado ao EVA® dizem respeito à actualiza-ção anual das expectativas em relação ao EVA®, à inclusão do desempenho da organização no cálculo do prémio e a alocação de melhorias especadas no EVA® (KRAUTER, 2005).

Os autores que defendem a actualização anual das ex-pectativas em relação ao EVA® fazem-no essencialmente devido a uma relação directa entre os pagamentos dos pré-mios e o valor da empresa para os detentores de capital, le-vando a melhores decisões de investimento. Ao contrário desta prática, outros autores defendem a ausência de ac-tualização anual pois possibilita que os gestores protejam as decisões de investimento, aumentando a possibilidade destes planos exercerem influência no comportamento dos gestores, levando a efeitos de alavancagem (KRAU-TER, 2005).

Em empresas com uma estrutura claramente definida e com gestores de departamento é essencial que para um mo-delo de remuneração variável indexado ao EVA® seja feito ao nível das várias divisões da organização, tendo por base a realização de orçamentos ao nível dessas mesmas divisões.

4. QUAIS AS CONCLUSÕES A RETERSOBRE O EVA®?

Em suma, o EVA® é um dos indicadores, se não o indicador mais completo de análise de performance finan-ceira da empresa, uma vez que conjuga o resultado ope-racional líquido de impostos e os custos do capital inves-tido para gerar resultados. Neste contexto, consideram-se como custos de capital não só os custos de financiamento por capitais alheios como, também, os custos dos capitais próprios.

O EVA® apresenta como principais características:Vantagens:• Conduz a melhores decisões de gestão, uma vez que

se concentra na criação de valor;• É um indicador de fácil compreensão e aplicação;• É possível subdividir o EVA® por áreas funcionais,

exercendo um mecanismo de motivação e de res-ponsabilização das pessoas;

Desvantagens:• Dificuldade do custo de capital médio ponderado e

dos possíveis ajustamentos.Sendo o EVA® uma ferramenta de análise de perfor-

mance encaixa perfeitamente como um indicador de re-muneração variável, uma vez que elimina os conflitos de agência, levando o gestor a criar valor para o detentor de capital.

5. BIBLIOGRAFIA

• KRAUTER, E., (2005), “Plano de remuneração va-riável atrelados ao EVA®: um estudo de caso”, Re-vista Alcance: Univali, Vol. 12, nº 2 (Maio-Agosto), 257-268

• NEVES, J. CARVALHO DAS (2001), “Análise Fi-nanceira Vol.II: Avaliação do Desempenho Baseada no Valor”, Texto Editora, (2ª edição)

• STEWART III, G. B. (1999), “The quest for value: a quide for sénior managers”, New York: Harper Business

• YOUNG, S. D.; O’BYRNE, S. F. (2000), “EVA®

and value based managment: a pratical guide to im-plementation”, McGraw-Hill

*Lic. Gestão (U. Minho), Pós-graduação em SNC (IPCA),Mestrando em Finanças e Fiscalidade (FEP),

Consultor de Gestão da Partner to Partner, SA.

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Os reguladores têm encorajado as instituições finan-ceiras a validarem, de forma independente, os respectivos modelos de gestão de risco, para avaliarem a probabilidade e magnitude de potenciais riscos. Mas a actuação neste do-mínio está longe de ser uniforme. Neste âmbito, o sistema de controlo interno assume especial importância, como fez notar Amadeu Ferreira, vice-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), durante a Conferência Anual do Instituto Português de Auditoria Interna.

“O sistema de controlo interno não é um fim em si mesmo, deve servir os objectivos estratégicos de gestão. Cabe ao órgão de administração zelar pela sua eficácia e de dar a sua opinião sobre a mesma. A eficácia deste sistema é essencial para a confiança nas instituições e para a protec-ção dos investidores”, adiantou Amadeu Ferreira, que pas-sou a definir os objectivos do sistema de controlo interno.

Desde logo, consiste em identificar e gerir os riscos das actividades, dos procedimentos e dos sistemas e definir o nível de risco tolerado, a par da adopção de políticas e me-canismos eficazes para gerir os riscos. Trata-se também de avaliar a adequação e a eficácia da gestão do risco, bem como avaliar o cumprimento pelo intermediário financeiro e pelos colaboradores dos procedimentos de gestão do risco e corrigir as políticas seguidas. Em causa está ainda a adop-ção de um plano de auditoria interna.

As funções de “compliance”, na sua óptica, passam por cinco pontos fundamentais, designadamente a identifica-ção dos riscos de incumprimento, a aplicação de medidas para a sua correcção ou mitigação, a colaboração com a CMVM, a prevenção e o combate ao abuso de mercado, o branqueamento de capitais e a fraude e, por último, a análise de ordens e operações. Naturalmente, estas funções obrigam a requisitos de independência, como a designação de um responsável com poderes e acesso a informação, a disponibilização de meios, remuneração adequada dos co-laboradores que exercem a função e proibição de ligações entre os colaboradores destas áreas a outros serviços.

As funções de auditoria interna incluem a adopção e a execução do plano de auditoria, a avaliação do sistema de gestão de risco e dos processos de salvaguarda dos bens

dos clientes, a detecção de fraudes e irregularidades, a ava-liação dos meios de controlo e do cumprimento de políti-cas de ética e códigos de conduta. Deverá ainda envolver a realização de testes de esforço, “de forma a determinar a capacidade do intermediário financeiro cumprir os ob-jectivos, numa conjuntura adversa e durante um período determinado.

Relatório anual para a CMVM

Amadeu Ferreira indicou os casos em que as funções de “compliance”, auditoria interna e gestão do risco devem ser exercidas por serviços autónomos. No que toca a “com-pliance”, caso o intermediário financeiro tenha seis ou mais trabalhadores dedicados a actividades de intermediação – excluindo os administradores – e proveitos operacionais no exercício anterior a partir de um milhão de euros. No que respeita à auditoria interna e à gestão de risco, “caso o intermediário financeiro tenha 30 ou mais trabalhado-res dedicados a actividades de intermediação, excluindo os administradores, e proveitos operacionais no exercício anterior iguais ou superiores a 20 milhões de euros”. Nos intermediários financeiros que não reúnam estes requisitos, as funções podem ser exercidas no âmbito do mesmo grupo de empresas ou acumuladas com outras, desde que “dota-das dos meios apropriados e exercidas com independência”.

O órgão de administração deve enviar, anualmente, à CMVM um relatório sobre controlo interno, o qual deverá conter uma opinião global daquele órgão sobre a adequa-ção e a eficácia do sistema de controlo interno, a descrição sintética do negócio e as perspectivas de evolução futura, um organograma, descrição de competências funcionais e identificação dos responsáveis. Terá ainda que incluir as actividades e/ou funções subcontratadas e identificação das empresas contratadas, a identificação dos responsáveis de “compliance”, gestão do risco e auditoria e descrição das deficiências detectadas. Finalmente, a descrição, por áreas funcionais, das deficiências não corrigidas, justificação e prazo previsto para a correcção, a demonstração das con-dições para beneficiar das excepções aplicáveis e a descrição do plano de auditoria interna.

Amadeu Ferreira, vice-presidente da CMVM, avisa

Intermediários financeiros devem ter modelos de gestão de risco uniformes

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A OTOC aprovou por larga maio-ria dos TOC presentes na Assembleia Geral ordinária de 17 de Dezembro, realizada em Santarém, o Plano de Actividades e Orçamento para 2011 (PAO/2011), disponível para downlo-ad no sítio da OTOC, prevendo-se um total de rendimentos de 15.941.172 euros (menos 5% que em 2009), um total de gastos de 15.305.710 euros (menos 5% que em 2009), e um resul-tado líquido do período de 635.462 euros (menos 22% que em 2009).

Relativamente aos rendimentos, cerca de 70% resultarão de quotas e 23% das acções de formação. Nos gastos 24,14% referem-se a gastos com o pessoal e 66% a fornecimentos e serviços externos.

Relativamente ao orçamento de investimentos, o Conselho Directivo da OTOC (CD/OTOC) prevê gastar 1.319.700 euros, dos quais 839.700 euros para equipamentos adminis-trativo e 500.000 euros para a “Casa TOC”.

No que se refere às actividades

propriamente ditas o CD/OTOC mantém, de uma forma geral, os di-versos tipos de acção de formação (vg. eventual, segmentada, permanente, recorrente, à distância) que tem de-senvolvido até agora e organizará en-tre outros, os seguintes eventos:

− Quarto Encontro em História da Contabilidade, organizado pela Comissão de História da Contabilidade da OTOC;

− XI PROLATINO, em homena-gem ao seu fundador (“pai”), o saudoso Professor Doutor Lo-pes de Sá.

− Conferência Internacional da EFAA;

− Conferência Internacional com o CILEA, a realizar na Madeira.

A OTOC continuará a promover, em colaboração com outras entida-des, os Prémios de Investigação “Ro-gério Fernandes Ferreira” e “António Lopes de Sá”.

A OTOC manterá os principais instrumentos de apoio social aos membros, nomeadamente o seguro

de responsabilidade civil, o fundo de pensões, o fundo de solidariedade so-cial e o seguro de saúde.

No que se refere ao projecto da “Casa do TOC” e Centro de Forma-ção, cujo investimento foi aprovado em assembleia geral extraordinária realizada em 2010, propõe-se o seu “congelamento” afectando-se apenas um valor de 500.000 euros.

OTOC aprova PAO/2011

OROC aprova PAO/2011A Ordem dos ROC (OROC) aprovou o Plano de Acti-

vidades e Orçamento para 2011 (PAO/2011), em Assem-bleia Geral Ordinária, prevendo um total de rendimentos de 2.174.220 euros, um total de gastos de 2.089.955 eu-ros e um resultado líquido do período de 84.265 euros.”.

Relativamente às actividades, o Conselho Directivo da OROC estabelece como prioridades, entre outras, o acompanhamento da evolução internacional da profissão, nomeadamente no âmbito do Livro Verde sobre Audi-toria da UE, o debate sobre a evolução da profissão em Portugal, a conclusão da revisão do Código de Ética e De-ontologia e promover a sua aprovação.

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O sector da construção está contra a alteração efectuada em sede do Có-digo dos Contratos Públicos (CCP). Em causa está a medida que elimina o actual prazo suspensivo para a ou-torga dos contratos, relativamente aos procedimentos cujos anúncios não tenham sido publicados no Jornal Oficial da União Europeia.

As críticas da Associação de Em-presas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS) são muito du-ras. Acusa o legislador de continuar a colocar em causa os princípios da legalidade e da transparência que de-vem presidir sempre que esteja em questão a gestão dos dinheiros pú-blicos. “A alteração foi introduzida a pretexto da transposição para o di-reito interno da Directiva Recursos e modificou o princípio geral do CCP em vigor sobre a outorga do contra-

to.” O anterior regime determinava que a outorga do contrato nunca deveria ter lugar antes de decorridos dez dias sobre a data de notificação da decisão de adjudicação a todos os concorrentes, mas com a alteração passa a possibilitar-se que tal acon-

teça se não tiver havido a publicação do procedimento no Jornal Oficial da União Europeia.

E adianta a associação a este pro-pósito: “Sabendo-se que apenas os procedimentos de valor ou igual su-perior a 4,845 milhões de euros estão obrigados a este tipo de publicitação e que os mesmos representam apenas 10% de todas as empreitadas de obras públicas lançadas no mercado, cons-tata-se que a alteração efectuada res-tringe fortemente a a aplicabilidade de um princípio que tem por objec-tivo dar aos interessados um período de tempo suficiente para analisarem a decisão de adjudicação e avaliarem a possibilidade de interporem recurso.” É perante este cenário que a entida-de defende que a previsão daquele prazo suspensivo deve ser acautelada, independentemente do contrato a ce-lebrar.

A referida associação encontra como justificação para esta alteração a conhecida demora e o congestiona-

Legalidade e transparência colocadas em causa

Sector da construção rejeita alteração ao Código dos Contratos Públicos

UM NOVO CENÁRIO PARA A REABILITAÇÃO URBANA

O sector da construção espera que o Governo não perca tempo a implementar as medidas de reabilitação urbana. É que o Executivo garantiu a apresentação de cinco medidas até ao final do primeiro trimestre, pelo que a fileira quer agora que a promessa seja cumprida e criado um novo contexto de negócio para a reabilitação urbana.Uma das propostas passa por simplificar e tornar eficazes os procedimentos para o senhorio poder recuperar o seu imóvel perante o incumprimento do contrato de arrendamento. Uma outra medida respeita à criação de linhas de financiamento, o que poderá acontecer por via da constituição de uma linha de crédito específica e de dois fundos. Também há a intenção de simplificar os processos conducentes à realização de obras de reabilitação, o que implica a elaboração de nova legislação. Além disso, consta do diploma a publicar a criação de áreas de reabilitação urbana, bem como apoiar o lançamento desse tipo de operações.Ainda que optimista, o sector faz notar que se tratam de medidas que estão ainda em preparação. Falta adoptar os instrumentos (processos) que permitam agora a sua concretização efectiva, o que depende dos resultados das reuniões a efectuar pelo Governo com todos os agentes ligados à reabilitação urbana.

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Atrasos nos pagamentos são alarmantes

mento dos tribunais. Por outro lado, é mais uma situação em que o legis-lador, a pretexto de uma maior sim-plicidade e transparência, “acaba ao arrepio do espírito e da filosofia que estiveram subjacentes à criação do Código, por condicionar a aplicação de princípios tidos por intocáveis nes-ta área, tal como sucedeu, por exem-plo, com a extensão da aplicação do procedimento dos concursos públicos urgentes às empreitadas de obras pú-blicas”.

Dois novos artigos

O legislador procedeu a alte-rações e aditamentos ao regime da contratação pública, em termos das regras de formação de contratos e da sua invalidade consequente. Quanto à formação de contratos, juntou-se

um novo artigo que representa um mecanismo que confere à entidade adjudicante – ainda que não tenha sido publicado no JOUE um anún-cio antes do lançamento de um pro-cedimento de formação de contrato – a possibilidade de publicação da respectiva decisão de adjudicação. O que permite aos terceiros interessa-dos conhecer a decisão antes da ou-torga do contrato.

No que respeita à invalidade con-sequente de contratos, também um novo artigo define novas regras para

as situações de incumprimento das normas que determinam a publica-ção de anúncio de lançamento de procedimento pré-contratual naquele jornal, assim como das normas que estabelecem um prazo de suspensão mínimo de dez dias entre a notifi-cação da decisão de adjudicação e a outorga do contrato.

Fica definido como regra a anula-bilidade dos contratos que vão con-tra as disposições agora estabelecidas. No entanto, mantém-se a possibili-dade de afastar o efeito de anulação do referido contrato. O novo regime permite afastar a anulação do contra-to, a partir do momento em que seja determinada uma redução da dura-ção do mesmo ou, em alternativa, a aplicação de uma sanção pecuniária, num valor inferior ou igual ao preço do contrato.

Mudanças

O legislador procedeu a alterações e aditamentos ao regime da contratação pública, em termosdas regras de formação de contratos e da sua invalidade consequente.

A carga fiscal que incide sobre as empresas é tido como um problema grave no crescimento económico do país. A situação torna-se ainda mais grave se se juntar a questão dos atrasos nos pagamentos. Neste âmbito, os números mais recentes da consultora Intrum Justitia assumem pro-porções alarmantes.

As empresas nacionais esperam, em média, cerca de 159 dias para pedirem a terceiros que se encarreguem da cobrança das suas facturas. O que significa que o prazo de recebimento e de encaixe de liquidez seja bastante su-perior a cinco meses. Para mais de 90% das empresas in-quiridas, a recessão económica do país aponta para que a tendência futura seja de um aumento do prazo médio de pagamento e da percentagem de dívidas incobráveis. Actualmente, em Portugal, está em 2,8%, o que significa que é uma taxa superior aos 2,4% da média europeia. Esta é uma situação tida como grave pelas empresas, já que representa falta de liquidez e de condições para fazer face às exigências fiscais e bancárias.

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Estão em vigor dois novos diplomas relativos a me-didas no âmbito da Segurança Social. Consistem na re-gulamentação do novo Código Contributivo, aprovado pela Lei nº 110/2009, de 16 de Setembro, e na integra-ção dos trabalhadores do sector bancário na Segurança Social, neste último caso após acordo com os sindicatos. A entrada em vigor do Código Contributivo foi adia-da por um ano, sendo que o anterior documento so-freu algumas alterações, de acordo com as necessidades impostas pelo actual contexto. Agora os diplomas estão regulamentados.

Quanto à regulamentação do Código Contributivo, trata-se de simplificar e agilizar o relacionamento entre os contribuintes e o sistema de Segurança Social. Assim, passou a ser obrigatória a utilização da internet por parte de todos os intervenientes, isto é, empregadores, trabalha-dores e gestores do sistema da Segurança Social. O que significa que sempre que houver comunicações, apresen-tação de declarações ou requerimentos, o processo deverá decorrer por via electrónica.

Mas o decreto em causa vai ainda mais longe, con-tendo várias regras em termos da relação jurídica de vin-culação e da cessação ou alteração do tipo de contrato de trabalho. O mesmo se passa ao nível de eventuais remune-rações, isenções ou reduções de taxas contributivas. Estão ainda previstas as regras sobre os procedimentos aplicáveis aos membros de órgãos estatutários, aos trabalhadores independentes ou enquadrados em situações específicas, bem como equiparadas ao trabalho por conta de outrem. E são objecto de regulamentação aspectos como o regime de seguro social voluntário, o registo de remunerações, os meios e os locais de pagamento das contribuições. Não menos importantes são a regularização da dívida à Segu-rança Social e a situação contributiva existente em dado momento.

De salientar que a regulamentação de alguns aspec-tos são remetidos para portaria a emitir pelo membro do Governo responsável pela área da Segurança Social. São os casos, por exemplo, de requerimentos, comunicações e declarações, necessários à aplicação do Código Contri-butivo. O mesmo se passa ao nível da regularização do

cumprimento da obrigação contributiva. Convém referir que todas estas medidas estão previstas no Orçamento do Estado para este ano.

Banca integrada no regime geral da Segurança Social

Como já é do conhecimento público, o sector ban-cário passou a estar integrado no regime geral da Segu-rança Social, depois de conversações entre as entidades interessadas, entre as quais se contaram os sindicatos. Um processo que decorreu de forma pacífica, com ambas as partes a saírem beneficiadas. Para os trabalhadores poderá ser motivo de uma maior segurança, enquanto permitiu ao Estado encaixar vários milhões de euros.

Acontece que, através do acordado, passam a bene-ficiar do regime geral da Segurança Social, nos casos de paternidade, adopção e velhice, os funcionários da banca no activo abrangidos pelo regime de Segurança Social substitutivo, desde que constante do instrumento de re-gulamentação colectiva de trabalho. Naturalmente, em vigência à data da entrada em vigor do diploma e que sejam beneficiários da Caixa de Abono de Família dos Empregados Bancários. De resto, o diploma limita-se a definir as orientações inscritas no Orçamento do Estado para 2011.

Novas medidas entraram em vigor

Código Contributivo agiliza procedimentos entre contribuintes e Segurança Social

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O Governo pretende garantir a solidez das instituições financeiras e promover o reforço das entidades de supervisão nesta matéria. Nessa pers-pectiva, o Decreto-Lei nº 140-A/2010 está em linha com os objectivos de reforma do modelo de regulação e supervisão financeira em Portugal e com as medidas de racionalização a adoptar no sector público. Decorre ainda da transposição de três directi-vas distintas, a nº 2009/111/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Setembro, a nº 2009/27/CE, da Comissão, de 7 de Abril, e a nº 2009/83/CE, da Comissão, de 27 de Julho.

Considera o Ministério das Finan-ças que o diploma tem objectivos bem definidos. Desde logo, reforçar a soli-dez das instituições financeiras e tor-nar mais exigente o reconhecimento das instituições externas de avaliação de crédito, as denominadas agências de rating. Há também a intenção de melhorar e reforçar os poderes das autoridades de supervisão, bem como tornar as operações desenvolvidas por sucursais em Portugal de instituições financeiras estrangeiras mais trans-parentes e fiscalizável. Não menos importante é consagrar regras mais rigorosas sobre as operações financei-ras que envolvam a titularização de créditos.

Quanto à necessidade de reforçar a solidez das instituições financeiras, destaque para a imposição do reforço da qualidade dos fundos próprios de base das instituições, em especial no que toca ao estabelecimento de crité-rios para a elegibilidade dos chama-

dos “instrumentos de capital híbrido e a concretização de princípios para a gestão de risco de liquidez das ins-tituições financeiras. É fundamental estabelecer critérios para que esses instrumentos de capital sejam elegí-veis para fundos próprios de base das instituições de crédito.

Por outro lado, o Ministério das Finanças adianta que são reforçados os princípios que devem reger a gestão do risco de liquidez, o que é um as-pecto decisivo para a manutenção das condições financeiras das instituições de crédito. Os critérios estabelecidos são reforçados, com vista a alinhar as disposições com o trabalho realizado pelo Comité das Autoridades Euro-peias de Supervisão Bancária e pelo Comité de Basileia sobre Supervisão Bancária.

Autoridades de supervisãocom reforço dos poderes

Do diploma consta uma maior exigência no reconhecimento das ins-tituições de rating. É realizada uma revisão das regras do processo de re-conhecimento de instituições exter-nas dessas entidades. Em simultâneo, procede-se à melhoria e ao reforço dos poderes das autoridades de super-visão. O Banco de Portugal passa a poder definir quais as regras aplicáveis

aos “grandes riscos” das instituições financeiras, reforçando ainda as regras relativas à monitorização e controlo nesta matéria. Um reforço fundamen-tal para tratar situações de concentra-ção excessiva de posições de risco em relação a um único cliente ou grupo de clientes ligados entre si.

Uma outra medida passa pela adopção do conceito de “sucursal sig-nificativa”. O que significa que as su-cursais de instituições estrangeiras em Portugal, cuja quota de mercado exce-da os 2% e que assumam uma dimen-são e importância significativa em ter-mos de números de clientes, tenham obrigações de informação acrescidas. Deste modo, trata-se de uma obriga-ção fundamental para que sejam co-municadas as informações essenciais para o exercício das funções de super-visão das autoridades nacionais.

Um último aspecto merece espe-cial atenção. São estabelecidas regras mais rigorosas sobre as operações fi-nanceiras que envolvam a titulariza-ção de créditos. São estabelecidas con-dições para que as entidades que não actuem na qualidade de instituição cedente ou patrocinadora assumam risco de crédito em posições de titula-rização. Prevê-se que uma instituição que não actue na qualidade de enti-dade cedente ou patrocinadora apenas possa ser exposta ao risco do crédito de uma posição de titularização se a instituição cedente ou patrocinadora tiver divulgado expressamente que manterá, de forma contínua, um in-teresse económico líquido substancial de, pelo menos, cinco pontos percen-tuais.

Legislação mais apertada para agências de rating

Finanças querem garantir solidezdas instituições financeiras

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O Governo tem tomado medidas que descredibilizam a profissão de téc-nico oficial de contas. Foram os casos recentes da obrigatoriedade de ROC para a dedução de prejuízos fiscais ou a isenção de apresentação de contas para as microentidades, colocando em causa a transparência fiscal. Manuel dos San-tos, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Ordem dos Técnicos de Con-tas, em entrevista concedida à Revista TOC, tece duras críticas à forma como se tem tentado humilhar estes profis-sionais, no meio de “uma insustentável crise moral do país”.

Os últimos tempos têm ficado marcados por um incompreensível ataque aos técnicos oficiais de contas, tendo-lhes sido colada a etiqueta de irresponsabilidade e incompetência. “Se é preciso um profissional com competências diferentes confirmar aquilo que o TOC fez, isso é passar um atestado de incompetência e co-locar em desigualdade duas ordens profissionais. É uma tentativa de me-norizar os técnicos oficiais de contas”, refere Manuel dos Santos. Lembra que quando o Governo criou a OTOC atribuiu-lhe determinados poderes e deu-lhe uma certa representatividade. “Se o mesmo Governo diz agora que afinal deu o estatuto de Ordem aos TOC, mas para este serviço não ser-vem e recorre ao vizinho do lado, isso é absolutamente inaceitável.”

Importante é que existe uma ques-tão de fundo muito preocupante, uma desconfiança implícita relativamente aos TOC. Manuel dos Santos consi-dera de extrema gravidade o facto do

próprio Governo (na pessoa do secre-tário de Estado dos Assuntos Fiscais) assumir que os ROC têm mais com-petência do que os TOC. Mais uma vez, não se percebe como foi possível a profissão passar a Ordem.

Ainda que ligado ao Partido Socia-lista, Manuel dos Santos parece pouco satisfeito com as medidas adoptadas pelo OE e duvida da sua eficácia. So-bretudo porque o ajustamento fiscal é feito com base no rendimento das pes-soas e não através da redução efectiva da despesa. Serão os rendimentos do trabalho a pagar o grosso da factura. “Com a agravante de ser de alguém que está ligado à administração pública e fiscal. Interiorizou-se a ideia de que era preciso fazer ajustamentos pela via da despesa pública e consagrou-se a noção de que baixando os salários da função pública se estava a diminuir a despesa. Na prática, diminuir um salário é apli-car um imposto extraordinário. Tudo o que tem a ver com rendimentos pode, no fundo, ser interpretado como um aumento da carga fiscal. No fundo, foi-se pelo caminho mais fácil.”

Existe uma crise moral

Em termos fiscais, Manuel dos Santos interroga-se se não teria sido possível seguir um caminho mais ali-viado, de forma a permitir um ajus-

tamento mais suave e dando mais tempo à própria economia. A pressão fiscal sobre os agentes está pratica-mente no máximo. Por exemplo, ao nível do IVA a margem de manobra é muito reduzida. Admite ainda que os sinais dados pelo poder político nos dois últimos anos foram negati-vos. “De há dois anos a esta parte que havia indicadores mais do que sufi-cientes de que seria necessário ir pre-parando um plano de aproximação à austeridade, o que não foi feito. Não fizemos o que nos competia.”

Manuel dos Santos é de opinião que existem cinco crises em Portugal, financeira, moral, económica, social e política. “Mas a que mais me preocupa é a crise moral. Não é possível pedir ao país um plano de austeridade e, simul-taneamente, não limpar certas coisas. O caso da antecipação de dividendos é outro mau exemplo. Quando Eça diz que Portugal é um país geralmente cor-rompido e que quem sofre não se in-digna, isso é indiscutível. O alheamen-to que a opinião pública demonstra, a forma como as pessoas ainda não se aperceberam do que lhes vai acontecer, deixa-me sem palavras.”

O responsável da OTOC adian-ta ainda que foram cometidos erros grosseiros no passado. A baixa do IVA em um ponto percentual, o aumen-to da função pública em mais de 5%, muitas parcerias público-privadas que foram lançadas, a política dos medi-camentos, os subsídios atribuídos a actividades económicas com reduzida possibilidade de produzirem alguma coisa.

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Profissão

Os últimos tempos têm ficado marcados por um incompreensível ataque aos TOC

Manuel dos Santos lamenta

Governo tem descredibilizado profissão de Técnico Oficial de Contas

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Domingues de Azevedo, bastonário da OTOC, considera

Técnico Oficial de Contasé uma profissão de futuro

Um ano decorrido desde a introdu-ção do Sistema de Normalização Con-tabilística (SNC) era altura de fazer o balanço do novo modelo. Coube à Comissão de Normalização Contabilís-tica (CNC) organizar uma conferência sobre o tema. Domingues de Azevedo, bastonário da Ordem dos representou a profissão mais envolvida no novo mo-delo, tendo apresentado as vantagens e as oportunidades que se colocam, mas não deixando de revelar também algu-mas preocupações com o que se tem passado.

À partida, o bastonário quis deixar claro que houve – e continua a haver – um forte esforço por parte dos TOC para se adaptarem às novas regras ins-critas no SNC. Destacou a importân-cia da boa contabilidade, sendo que as empresas e os empresários são aqueles que mais podem beneficiar com uma contabilidade fiável. Por exemplo, se uma empresa tiver necessidade de re-correr à banca, então uma boa conta-bilidade terá um papel determinante no acesso ao crédito. No entanto, dei-xou claro que o balanço de uma qual-quer empresa não depende da vontade do empresário, mas da realidade con-tabilística da entidade que gere. Ora, é essencial que o profissional da con-tabilidade tenha um conhecimento aprofundado do negócio.

Perante este cenário, Domingues de Azevedo continua a acreditar que ser TOC é abraçar uma profissão de futuro. E referiu a este propósito du-rante a conferência promovida pela CNC: “A verdade da informação eco-nómica e a organização das empresas será cada vez mais importante para a

sua manutenção, até porque o único suporte e argumento que têm para se defenderem passará sempre pela sua boa organização administrativa.”

Mas o bastonário da OTOC tam-bém se revelou pouco satisfeito com alguns acontecimentos recentes. Con-sidera que a tentativa de isentar uma boa parte das empresas de contabili-dade é reveladora da falta de conhe-cimento destas matérias por parte dos deputados da Assembleia da Repúbli-ca. Por isso, apela a que o Governo e as instituições de ensino dêem mais importância à contabilidade e a quem a coloca em prática. Por outro lado, deixou claro aos muitos profissionais presentes que o SNC custou à Ordem cerca de 1,5 milhões de euros em for-mação gratuita. Foram pedidos 400 mil euros às Finanças há largos meses, não tendo sido dada qualquer resposta por parte do Ministério.

Demasiados sistemasde enquadramento do SNC

As dúvidas de Domingues de Aze-vedo não se ficam por aqui no que toca à operacionalidade e à eficácia do SNC. Há outras questões que continuam sem resposta. É o caso da

excessiva proliferação de sistemas de enquadramento do SNC, estando-se a espartilhar em demasia a aplicação de conceitos. Isto porque existem, ac-tualmente, quatro níveis de aplicação do Sistema de Normalização Conta-bilística. O que pode ter consequên-cias negativas, como a manutenção das empresas em dado nível ou um incentivo à desorganização empresa-rial.

Não restam dúvidas que a profis-são de TOC tem um conjunto de de-safios perante si e que hoje a posição destes profissionais é muito diferente daquela verificada há uns anos atrás. A fiabilidade é um fim a atingir, pelo que é determinante uma maior inter-venção dos profissionais nas empresas, tem que se verificar uma melhoria na qualidade da informação disponibili-zada e mais preparação dos profissio-nais no que respeita ao combate pela qualidade profissional.

O poder político e o representante da classe empresarial não estão longe das posições assumidas pelo bastonário da OTOC, como ficou bem patente no seminário promovido pela CNC. Sér-gio Vasques, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, aponta a contabilida-de como um instrumento de confiança entre os operadores de mercado e deve reflectir a verdade económica e fiscal das empresas. Aliás, a contabilidade deve constituir a base de uma reparti-ção mais equitativa dos sacrifícios.

António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), revelou uma posição idêntica, sobretudo quis deixar claro que é funda-mental a ligação das empresas ao TOC.

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Balanço e Índice do 1.º ano da C&E (2.ª Série)Como referimos no editorial completa-se o “1.º Aniversário” da C&E, pelo que de seguida apresentamos alguns

quadros estatísticos e o Índice.Descrição Nº

Nºs publicados 6Nºs editoriais (Director) 6Nº de artigos de opinião (Editor) 6Nº de artigos:

- Total 42- Média (total) 7

- Contabilidade 17- Normalização Contabilística 1- Fiscalidade 9- Auditoria 5- Gestão/Finanças 6- Direito Societário 1- Profissão 3

Nº de textos de comentários:- Total 183- Média (total) 30,5

- Actualidade 1- Contabilidade 9- Normalização Contabilística 27- Fiscalidade 42- Auditoria 18- Gestão e Finanças 1- Associativismo 25- Sectores 10- Profissão 7- Casos Práticos 6- Informações e Notícias 19- Livros 18

Nº de Páginas:- Total 340- Média (total) 56,66

Artigos por autor/tema

AutorContabilidade Fiscalidade Auditoria Gestão/

FinançasNormalização Contabilística

Direito Societário Profissão Total

Nº Art.º Nº pág. Nº Art.º Nº pág. Nº Art.º Nº pág. Nº Art.º Nº pág. Nº

Art.º Nº pág. Nº Art.º

Nº pág.

Nº Art.º

Nº pág. Nº Art.º Nº pág.

Abílio Marques 1 3 1 3Agostinho Manuel dos Santos Costa 2 5 2 5

Alexei Tchikoulaev 1 7 1 7António Domingues de Azevedo 1 1 1 1

António Lopes de Sá 1 2 3 6 4 8Bruna Maria Mendes dos Santos 1 7 1 7

Carlos Alberto da Silva e Cunha, Alexandra Correia, Paulo Oliveira 1 9 1 9

Cláudio Correia, Miguel Gonçalves 1 6 1 6Cristina Costa Pinto 1 4 1 4

Emília da Conceição Rocha Gomes 1 4 1 4Filomena Antunes Brás 1 7 1 7

Hernâni O. Carqueja 2 7 2 7Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 3 11 2 8 1 6 3 12 9 37

José Alberto Pinheiro Pinto 1 4 1 4José Azevedo Rodrigues 1 6 1 6

José Luís Saldanha Sanches 1 1 1 1José Vieira dos Reis 1 2 1 2

Manuel Benavente Rodrigues 1 1 1 1Maria José Fernandes e Patrícia Gomes 1 5 1 5

Miguel Gonçalves 1 4 1 4Paulo Moura Castro 3 7 3 7

Ricardo Antas Oliveira 1 3 1 3Ricardo Araújo Pereira 1 1 1 1

Rodrigo António Chaves da Silva 1 2 1 2Rogério Fernandes Ferreira 1 3 1 3

Rui Manuel Pereira da Costa Bastos 1 9 1 9

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Textos de Comentários por Áreas

Revista nº, data Contabilidade Fiscalidade Auditoria Gestão/ Finanças

Normalização Contabilística Associativismo Actualidade Total

1, Jan/Fev de 2010 2 6 3 3 1 1 16

2, Mar/Abr de 2010 1 5 1 9 3 19

3, Mai/Jun de 2010 2 9 1 2 6 20

4, Jul/Ago de 2010 3 6 3 5 6 23

5, Set/Out de 2010 9 5 1 4 6 25

6, Nov/Dez de 2010 1 7 5 4 3 20

Revista nº, data Sectores Profissão Informações e Notícias Livros Total

1, Jan/Fev de 2010 1 6 3 10

2, Mar/Abr de 2010 1 4 3 8

3, Mai/Jun de 2010 3 3 1 3 10

4, Jul/Ago de 2010 1 2 3 6

5, Set/Out de 2010 2 2 4 3 11

6, Nov/Dez de 2010 2 4 3 9

EditoriaisRevista nº, data Título Autor

1, Jan/Fev de 2010 Contabilidade & Empresas – Ano Novo, Vida Nova (!) Director da C&E

2, Mar/Abr de 2010 Novos Órgãos da Ordem dos TOC Director da C&E

3, Mai/Jun de 2010 O PEC, o PEC e... Os Outros PEC Director da C&E

4, Jul/Ago de 2010 Contabilidade Autárquica Director da C&E

5, Set/Out de 2010 A Auditoria/Revisão de Contas Director da C&E

6, Nov/Dez de 2010 O OE de 2011, os PEC e os “Choques Fiscais” Director da C&E

Texto de OpiniãoRevista nº, data Título Autor

1, Jan/Fev de 2010 Mudar para melhorar Guilherme Osswald

2, Mar/Abr de 2010 Um PEC muito pouco original Guilherme Osswald

3, Mai/Jun de 2010 O reconhecimento profissional Guilherme Osswald

4, Jul/Ago de 2010 Às cegas Guilherme Osswald

5, Set/Out de 2010 O novo mundo Guilherme Osswald

6, Nov/Dez de 2010 Um futuro de incertezas Guilherme Osswald

Casos PráticosRevista nº, data Caso(s) Prático(s) nº(s) Tema Autores

1, Jan/Fev de 2010 1 Capitais PrópriosAntónio Borges, Emanuel Gamelas, José Pinhão Rodrigues, Manuela Martins, Nuno Magro e Pedro António Ferreira

2, Mar/Abr de 2010 2 NCRF 23 – os efeitos de alterações em taxas de câmbio João Gomes e Jorge Pires

3, Mai/Jun de 2010 3 e 4 NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes Mário da Cunha Guimarães

5, Set/Out de 2010 5 Acções próprias Kátia Lemos e Ricardo Antas Oliveira

6, Nov/Dez de 2010 6 Contratos de construção Ana Maria Rodrigues, Carla Carvalho, Domingos Cravo e Graça Azevedo

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ÍNDICE DA REVISTA CONTABILIDADE & EMPRESAS - 2.ª SÉRIE (DO Nº 1 AO Nº 6)Título Nº Mês Pág. n.os

EDITORIALContabilidade & Empresas – Ano Novo, Vida Nova (!), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 1 Jan/Fev de 2010 3Novos Órgãos da Ordem dos TOC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 2 Mar/Abr de 2010 3O PEC, o PEC e... Os Outros PEC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 3 Mai/Jun de 2010 3Contabilidade Autárquica, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 4 Jul/Ago de 2010 3A Auditoria/Revisão de Contas, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 5 Set/Out de 2010 3O OE de 2011, os PEC e os “Choques Fiscais”, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 6 Nov/Dez de 2010 3

OPINIÃOMudar para melhorar, Guilherme Osswald 1 Jan/Fev de 2010 5Um PEC muito pouco original, Guilherme Osswald 2 Mar/Abr de 2010 5O reconhecimento profissional, Guilherme Osswald 3 Mai/Jun de 2010 5Às cegas, Guilherme Osswald 4 Jul/Ago de 2010 5O novo mundo, Guilherme Osswald 5 Set/Out de 2010 5Um futuro de incertezas, Guilherme Osswald 6 Nov/Dez de 2010 5

ENTREVISTADomingos José da Silva Cravo, presidente da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) 1 Jan/Fev de 2010 6-9Rogério Fernandes Ferreira, primeiro Presidente da CNC 2 Mar/Abr de 2010 6-9António Domingues de Azevedo, Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas 3 Mai/Jun de 2010 6-11João Baptista da Costa Carvalho, Presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), de Barcelos 4 Jul/Ago de 2010 6-8António Gonçalves Monteiro - Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas 5 Set/Out de 2010 6-10Professor Dr. Hernâni O. Carqueja 6 Nov/Dez de 2010 6-9

ACTUALIDADERegulamento comunitário baixa limiares para os contratos públicos 1 Jan/Fev de 2010 10

CONTABILIDADESNC – uma atitude diferente, António Domingues de Azevedo 1 Jan/Fev de 2010 112010 – Ano novo, Contabilidade (com o SNC) nova!, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 1 Jan/Fev de 2010 12-3O “justo valor” no SNC e o art. 32° do CSC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 1 Jan/Fev de 2010 14-7OE impede congelamento de reembolsos a devedores ao fisco 1 Jan/Fev de 2010 17Supervisão e controlo das práticas contabilísticas estão reforçados 1 Jan/Fev de 2010 18Reversão do activo e prestações do concedente, Hernâni O. Carqueja 1 Jan/Fev de 2010 19-21O impacto do SNC na análise financeira, Filomena Antunes Brás 2 Mar/Abr de 2010 10-6Factoring – uma proposta de tratamento contabilístico na óptica da empresa aderente, Miguel Gonçalves 2 Mar/Abr de 2010 17-20Empresas de auditoria têm de “limpar” a imagem 2 Mar/Abr de 2010 21Alisamento de resultados e Normas Internacionais de Contabilidade, António Lopes de Sá 3 Mai/Jun de 2010 12-3Os investimentos financeiros à luz do SNC, Emília da Conceição Rocha Gomes 3 Mai/Jun de 2010 13-6O preço, sua formação e importância nos comércios, Rodrigo António Chaves da Silva 3 Mai/Jun de 2010 17-8“Justo valor” e a qualidade da informação financeira 3 Mai/Jun de 2010 18-9Gestão ambiental representa vantagens competitivas para as empresas 3 Mai/Jun de 2010 20O Sistema de Contabilidade de Custos nos municípios portugueses: o impulso do enquadramento legal, Maria José Fernandes e Patrícia Gomes 4 Jul/Ago de 2010 9-13A implementação do POCAL nas Autarquias Locais e o seu futuro após a revogação do POC, Bruna Maria Mendes dos Santos 4 Jul/Ago de 2010 14-20Para quando a reforma do POCP? 4 Jul/Ago de 2010 20Autarquias portuguesas revelam resultados económicos negativos 4 Jul/Ago de 2010 21-2O Anuário tem funcionado como um instrumento de benchmarking 4 Jul/Ago de 2010 23A informação contabilística no combate à crise, José Azevedo Rodrigues 5 Set/Out de 2010 11-6Justo valor ou imparidade em contexto de crise?, Carlos Alberto da Silva e Cunha, Alexandra Correia, Paulo Oliveira 5 Set/Out de 2010 17-25Da nova NIC 1 para a futura NCRF 1, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 6 Nov/Dez de 2010 10-4Balanço consolidado: a entidade, Hernâni O. Carqueja 6 Nov/Dez de 2010 15-8A Profissão de Contabilista e o Ensino da Contabilidade 6 Nov/Dez de 2010 18Activos fixos tangíveis na contabilidade pública e empresarial – IPSAS 17 versus IAS 16, Cláudio Correia, Miguel Gonçalves 6 Nov/Dez de 2010 19-24Há novas oportunidades para os técnicos oficiais de contas 6 Nov/Dez de 2010 25

NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICACNC elegeu membros do Conselho Geral e da Comissão Executiva 1 Jan/Fev de 2010 42CNC lança newsletter sob o título “CNC em breves” 1 Jan/Fev de 2010 42A revolução das NIC 1 Jan/Fev de 2010 42História da Normalização Contabilística em Portugal (do POC ao SNC), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 2 Mar/Abr de 2010 22-7Agricultura com novas regras contabilísticas 2 Mar/Abr de 2010 27A NCRF-PE será utilizada por 340 000 entidades 2 Mar/Abr de 2010 28-9Sítio da CNC Reconfigurado 2 Mar/Abr de 2010 29FAQ sobre o SNC 2 Mar/Abr de 2010 29-30Painel de Consulta da CNC 2 Mar/Abr de 2010 30Definição de “Activo” em discussão entre o IASB e o FASB 2 Mar/Abr de 2010 30Normalização Contabilística nos Portais INFOCONTAB e INFOCONTAB-HISTÓRIA 2 Mar/Abr de 2010 30“UE y EEUU hablan de tú a tú” 2 Mar/Abr de 2010 30Para quando a nova adaptação das NIC/IAS e das NIRF/IFRS ao SNC? 3 Mai/Jun de 2010 21O futuro “desaparecimento” do Balanço 3 Mai/Jun de 2010 21As Novas Demonstrações Financeiras de Acordo com a NIC 1 3 Mai/Jun de 2010 21Reunião do Conselho Geral da CNC 4 Jul/Ago de 2010 24Uma verdadeira revolução… (“Contabilidade 2010”) 4 Jul/Ago de 2010 24-5Grupo de trabalho – entidades sem fins lucrativos 4 Jul/Ago de 2010 24O Conceito de “entidade que informa” 4 Jul/Ago de 2010 25Sector público precisa de uma nova normalização contabilística 4 Jul/Ago de 2010 25Panegírico a Rogério Fernandes Ferreira 5 Set/Out de 2010 26Lei nº 20/2010, de 23 de Agosto – Conceito de “Pequenas Entidades” no SNC 5 Set/Out de 2010 27Lei nº 35/2010, de 2 de Setembro - Normas e Informações Contabilísticas das Microentidades 5 Set/Out de 2010 27Harmonização Contabilística Internacional: Ultimato 2011 5 Set/Out de 2010 28Normalização contabilística está a ser mal tratada 6 Nov/Dez de 2010 26O que se passa com a CNCAP? 6 Nov/Dez de 2010 27Observatório SNC 6 Nov/Dez de 2010 27Conferência (2.ª) da CNC 6 Nov/Dez de 2010 27

FISCALIDADEO tratamento fiscal das gratificações por aplicação dos resultados, José Alberto Pinheiro Pinto 1 Jan/Fev de 2010 22-5A crise, Rogério Fernandes Ferreira 1 Jan/Fev de 2010 26-8Novo “Pacote IVA” garante mais receita ao Estado português 1 Jan/Fev de 2010 28-9Regime de reembolsos mais simplificado 1 Jan/Fev de 2010 29Tributação autónoma pretende evitar situações de abuso continuado 1 Jan/Fev de 2010 30

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Quebra nas receitas fiscais faz disparar défice orçamental 1 Jan/Fev de 2010 31Aumentam adesões ao Sistema Nacional de Compras Públicas 1 Jan/Fev de 2010 32Impactos fiscais das NIC e do SNC 1 Jan/Fev de 2010 33-5O grande equívoco do lucro real, Manuel Benavente Rodrigues 2 Mar/Abr de 2010 31Preços de transferência em sede de IVA, Rui Manuel Pereira da Costa Bastos 2 Mar/Abr de 2010 32-40DGCI notifica incumpridores para entregarem impostos retidos e recebidos de terceiros 2 Mar/Abr de 2010 40PEC obriga a medidas de rigor e controlo orçamental 2 Mar/Abr de 2010 41Défice do subsector Estado tornou a agravar-se 2 Mar/Abr de 2010 42Governo refere que transformações fiscais são “intencionalmente cautelosas” 2 Mar/Abr de 2010 43-4Orçamento segue propostas do Grupo para o Estudo da Política Fiscal 2 Mar/Abr de 2010 45Benefícios (subaproveitados) em matéria de Segurança Social, Cristina Costa Pinto 3 Mai/Jun de 2010 22-5Tribunais não se entendem quanto à responsabilidade subsidiária de gerentes 3 Mai/Jun de 2010 26IVA - Regime das Pequenas Empresas 3 Mai/Jun de 2010 27Administração central cria estágios profissionais 3 Mai/Jun de 2010 28Programas voluntários sobre offshores devem beneficiar princípios da transparência 3 Mai/Jun de 2010 29Fisco “aperta malha” a empresas e administradores 3 Mai/Jun de 2010 30Recuperação económica está a “ajudar” a receita fiscal 3 Mai/Jun de 2010 31Valor da cobrança coerciva supera as melhores expectativas 3 Mai/Jun de 2010 32IVA sobre ISV não está sujeito a devolução 3 Mai/Jun de 2010 33Bruxelas pretende acabar com dupla tributação sobre fundos de capital de risco 3 Mai/Jun de 2010 34A derrama municipal, José Luís Saldanha Sanches (1944-2010) 4 Jul/Ago de 2010 26Estado poupa 110 milhões com sistema de compras públicas 4 Jul/Ago de 2010 27Trabalhadores e reformados pagam a crise 4 Jul/Ago de 2010 28Finanças têm que dar luz verde a novas contratações públicas 4 Jul/Ago de 2010 29Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo sem alterações de fundo 4 Jul/Ago de 2010 30Finanças monitorizam reforma da administração pública 4 Jul/Ago de 2010 30Deduções fiscais incentivam obras de eficiência energética 4 Jul/Ago de 2010 31Sector Empresarial do Estado garante continuidade das reformas 5 Set/Out de 2010 29Estado já não apoia compra de automóveis convencionais 5 Set/Out de 2010 30Portugueses suportam forte agravamento fiscal 5 Set/Out de 2010 31Operação “Resgate fiscal” recupera 812 milhões em dois anos 5 Set/Out de 2010 32Programas informáticos de facturação têm que ser certificados 5 Set/Out de 2010 33União Europeia simplifica facturação do IVA 5 Set/Out de 2010 34Comissão quer rever tributação sobre produtos alcoólicos 5 Set/Out de 2010 34Portugal instado a transpor directiva sobre serviços 5 Set/Out de 2010 34Prorrogada directiva que define modalidades de reembolso do IVA 5 Set/Out de 2010 35Tratamento contabilístico-fiscal dos contratos de construção – análise da Circular nº 8/2010, Ricardo Antas Oliveira 6 Nov/Dez de 2010 28-30Fiscalidade no imobiliário – tributação do património – particularidades, Abílio Marques 6 Nov/Dez de 2010 31-3A Fatura Geral do Estado, Ricardo Araújo Pereira 6 Nov/Dez de 2010 34DGCI fiscaliza transferências para offshore 6 Nov/Dez de 2010 35Intensificadas medidas de combate à fraude e evasão fiscais 6 Nov/Dez de 2010 36Governo garante intensificação da cooperação com países de língua portuguesa 6 Nov/Dez de 2010 37Cobrança coerciva ultrapassa os mil milhões 6 Nov/Dez de 2010 37Certificação da dedução dos prejuízos fiscais por ROC 6 Nov/Dez de 2010 38-9Certificação de software de facturação 6 Nov/Dez de 2010 39Finanças assinam dois contratos de financiamento com o BEI 6 Nov/Dez de 2010 39

AUDITORIAÉtica e auditoria, António Lopes de Sá 1 Jan/Fev de 2010 36Normas Internacionais de Auditoria Clarificadas 1 Jan/Fev de 2010 37Revisores Oficiais de Contas com controlo de qualidade mais exigente 1 Jan/Fev de 2010 38Ordem dos Revisores Oficiais de Contas quer mais transparência no sector 1 Jan/Fev de 2010 39Revisão de contas e auditoria nas PME portuguesas 2 Mar/Abr de 2010 46O ROC, a crise financeira e o SNC, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 3 Mai/Jun de 2010 35-40Manuais sobre Normas Internacionais de Auditoria 3 Mai/Jun de 2010 40Opinião e informação em contabilidade, António Lopes de Sá 4 Jul/Ago de 2010 32-4Panegírico a António Lopes de Sá 4 Jul/Ago de 2010 35Conselho Nacional de Supervisão e Auditoria 4 Jul/Ago de 2010 36Controlo de Qualidade dos ROC 4 Jul/Ago de 2010 36Graves acusações contra balanços fantasiosos, António Lopes de Sá 5 Set/Out de 2010 36-7A revista da Ordem dos ROC 5 Set/Out de 2010 37Os primórdios da profissão de ROC (breves referências), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 5 Set/Out de 2010 38-9X Congresso dos ROC 5 Set/Out de 2010 41Curso de preparação para ROC 5 Set/Out de 2010 41Livro Verde sobre a Auditoria 5 Set/Out de 2010 41Reunião do Conselho Geral da CNC 5 Set/Out de 2010 41X Congresso dos ROC 6 Nov/Dez de 2010 40VE e C&E no X Congresso dos ROC 6 Nov/Dez de 2010 40-1Livro “Auditoria Financeira” (9.ª edição/2010) 6 Nov/Dez de 2010 41Auditoria das PME 6 Nov/Dez de 2010 41Comissão Europeia divulga Livro Verde sobre Auditoria 6 Nov/Dez de 2010 41

GESTÃO E FINANÇASMedição de performance, Paulo Moura Castro 1 Jan/Fev de 2010 40-41O regresso do cash is king, Paulo Moura Castro 2 Mar/Abr de 2010 47-8Crises e sobrevivência empresarial, Agostinho Manuel dos Santos Costa 3 Mai/Jun de 2010 41-2A análise financeira municipal integrada, Alexei Tchikoulaev 4 Jul/Ago de 2010 37-43Due diligence, Paulo Moura Castro 5 Set/Out de 2010 42-4Fisco intensifica fiscalização a offshores e software de facturação 5 Set/Out de 2010 44Objectivos estratégicos. Como alcança-los?, Agostinho Manuel dos Santos Costa 6 Nov/Dez de 2010 42-4

DIREITO SOCIETÁRIO Aquisição de acções (quotas) próprias, José Vieira dos Reis 5 Set/Out de 2010 45-6

ASSOCIATIVISMOEleições para OTOC contam com três listas 1 Jan/Fev de 2010 48TOC são primeira rede de avaliação entre Estado e empresas 2 Mar/Abr de 2010 49APOTEC atribuiu Prémios de Investigação 2 Mar/Abr de 2010 50IATOC e APOTEC completaram “33.º Aniversário” 2 Mar/Abr de 2010 5035.º aniversário da APPC e 100.º número da revista “Contabilidade & Finanças” 3 Mai/Jun de 2010 43“Jornal da Contabilidade” da APOTEC completa 33.º aniversário 3 Mai/Jun de 2010 43

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Revista “TOC” completa o 10.º aniversário (2000/2010) 3 Mai/Jun de 2010 43Terceiro Encontro de História da Contabilidade da OTOC 3 Mai/Jun de 2010 44AFP assina protocolo com a Universidade do Algarve 3 Mai/Jun de 2010 44OROC avisa para um período de dificuldades e incertezas 3 Mai/Jun de 2010 44Fisco tem margem abusiva para reversão das execuções 4 Jul/Ago de 2010 44Ordem dos ROC organiza o X Congresso 4 Jul/Ago de 2010 45Novos Corpos Sociais da APOTEC 4 Jul/Ago de 2010 45TOC com “Casa do TOC” e Centro de Formação 4 Jul/Ago de 2010 45Terceiro Encontro de História de Contabilidade da OTOC 4 Jul/Ago de 2010 45Bastonário da OTOC agraciado em São Paulo (Brasil) 4 Jul/Ago de 2010 45V Conferência GEOTOC/IDEFF - 2010 “Contabilidade e Fiscalidade” 5 Set/Out de 2010 47OTOC Lança PEN em Substituição do CD-ROM 5 Set/Out de 2010 47OROC e OTOC Celebram Protocolo sobre as Acções de Formação 5 Set/Out de 2010 47OTOC quer Melhores Condições Funcionais por parte do Fisco 5 Set/Out de 2010 47Regulamento de Taxas e Emolumentos da OTOC 5 Set/Out de 2010 47Contabilidade deve ser intensificada em todos os países de língua portuguesa 5 Set/Out de 2010 4835.º Aniversário da APPC 6 Nov/Dez de 2010 45VI Jornadas de História da Contabilidade da APOTEC 6 Nov/Dez de 2010 45Actividades da ADCES 6 Nov/Dez de 2010 45

SECTORESConstrução defende alterações fiscais para “aliviar” crise 1 Jan/Fev de 2010 46-7Sector da construção lamenta manutenção do PEC 2 Mar/Abr de 2010 51Governo cria apoios à formação de empresários 3 Mai/Jun de 2010 45Governo quer mais transparência no sector financeiro 3 Mai/Jun de 2010 46-7Sector da distribuição com novas regras de concorrência 3 Mai/Jun de 2010 48Actividade financeira conta com novas regras nas participações qualificadas 4 Jul/Ago de 2010 46Sector bancário está a revelar capacidade de resistência face à crise 5 Set/Out de 2010 49Banca tem que se responsabilizar pela complexidade dos produtos financeiros 5 Set/Out de 2010 49Sector da construção pede desagravamento e adequações fiscais 6 Nov/Dez de 2010 46-7Comissão Europeia apresenta propostas de tributação do sector financeiro 6 Nov/Dez de 2010 47

PROFISSÃORelatório Único suscita “desconforto” entre os técnicos oficiais de contas 3 Mai/Jun de 2010 49TOC e auditores contestam isenção de apresentação de contas 3 Mai/Jun de 2010 50Alterações contabilísticas obrigam a formação contínua 3 Mai/Jun de 2010 51Ainda a designação de TO C e de ROC nos municípios, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 4 Jul/Ago de 2010 47-55Candidatos à profissão de TOC têm mais qualidade 4 Jul/Ago de 2010 56SNC representa oportunidade única para os profissionais da Contabilidade 4 Jul/Ago de 2010 57A designação de TOC e de ROC nos Municípios, Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 5 Set/Out de 2010 51O meu Contabilista (...), Joaquim Fernando da Cunha Guimarães 6 Nov/Dez de 2010 48-9Técnicos de contas são dos profissionais com mais procura no mundo 6 Nov/Dez de 2010 50TOC são ainda mais necessários em alturas de crise 6 Nov/Dez de 2010 51

CASOS PRÁTICOSCaso Prático nº 1 – Capitais Próprios 1 Jan/Fev de 2010 49Caso Prático nº 2 - NCRF 23 – os efeitos de alterações em taxas de câmbio 2 Mar/Abr de 2010 54-7Caso Prático nº 3 - NCRF 21 – Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes 3 Mai/Jun de 2010 54-5Caso Prático nº 4 3 Mai/Jun de 2010 56-7Caso Prático nº 5 - Acções próprias 5 Set/Out de 2010 53-6Caso Prático nº 6 - Contratos de construção 6 Nov/Dez de 2010 53-7

INFORMAÇÕES E NOTÍCIASPara a história de … 1 Jan/Fev de 2010 43Governo alarga prazo de dívidas fiscais 1 Jan/Fev de 2010 43OTOC define plano de formação para todo o ano 1 Jan/Fev de 2010 43AFP e ISCSP assinam protocolo de colaboração 1 Jan/Fev de 2010 44Sector da construção toma conhecimento do SNC 1 Jan/Fev de 2010 44OTOC pede linha de crédito para equipamentos e formação 1 Jan/Fev de 2010 44XIV Encuentro da AECA realiza-se em Coimbra 2 Mar/Abr de 2010 53DGCI conclui plano de recuperação de pendências de reclamações graciosas 2 Mar/Abr de 2010 53Incentivos Fiscais ao Investimento Agilizados 2 Mar/Abr de 2010 53Director da C&E assume cargo de Presidente do Conselho Fiscal da OTOC 2 Mar/Abr de 2010 535.º Aniversário (2005/2010) do Portal INFOCONTAB 3 Mai/Jun de 2010 52-3Director da C&E Publica Novo Livro 5 Set/Out de 2010 52Sítio do Professor Doutor António Lopes de Sá 5 Set/Out de 2010 52OTOC Reconhece Direitos o Fundo de Pensões 5 Set/Out de 2010 52Professor Hernâni O. Carqueja recebe Prémio Enrique Fernández Peña de História da Contabilidade da AECA 5 Set/Out de 2010 52Código Contributivo: Incidência Adiada 6 Nov/Dez de 2010 52Medidas repartidas 6 Nov/Dez de 2010 52Tudo em vigor só em 2014 6 Nov/Dez de 2010 52Livro sobre os Portais “INFOCONTAB” e “INFOCONTAB-HISTÓRIA” 6 Nov/Dez de 2010 52

LIVROSGestão do risco de longevidade 1 Jan/Fev de 2010 50Tendências 1 Jan/Fev de 2010 50Gestão ambiental 1 Jan/Fev de 2010 50O Sistema de Normalização Contabilística 2 Mar/Abr de 2010 58Gestão financeira 2 Mar/Abr de 2010 58Legislação laboral 2 Mar/Abr de 2010 58Fundamentos microeconómicos da macroeconomia 3 Mai/Jun de 2010 58Direito do trabalho em 100 quadros 3 Mai/Jun de 2010 58Ética, deontologia e responsabilidade social 3 Mai/Jun de 2010 58Fundos de investimento imobiliário Angola e Portugal 4 Jul/Ago de 2010 58Avaliação de activos imobiliários 4 Jul/Ago de 2010 58Conduzir o desempenho através das redes sociais 4 Jul/Ago de 2010 58Direito Tributário 5 Set/Out de 2010 58Gestão estratégica do crescimento económico em Portugal 5 Set/Out de 2010 58Guia de arquitectura do Norte e Centro de Portugal 5 Set/Out de 2010 58Agenda jurídica para 2011 6 Nov/Dez de 2010 58Terceira edição de SNC – Teoria e Prática 6 Nov/Dez de 2010 58Estatuto da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas 6 Nov/Dez de 2010 58

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Impostos diferidosCASO PRÁTICO Nº 7

Apurar os impostos diferidos decorrentes das situações abaixo indicadas e proceder ao seu registo contabilístico na sociedade BETA (a taxa de IRC com derrama é de 26,5%):

No ano N-1 a sociedade BETA apurou um prejuí-zo para efeitos fiscais de 440.000 euros, havendo a expectativa da sua total recuperação em lucros tr APLICAÇÃO 60 ibutáveis num futuro muito pró-ximo (aquém dos quatro anos);

No ano N foram registados na contabilidade gastos de depreciações que excediam os limites fiscais no valor de 160.000 euros;

Procedeu-se a uma revalorização livre de activos fixos tangíveis que originou um excedente de re-valorização (reserva de reavaliação) de 960.000 euros, que não é reconhecida para efeitos tribu-tários. Em resultado desta revalorização, as de-preciações do período sofreram um acréscimo de 150.000, montante este que não releva para efeito de tributação;

Durante o exercício foi reconhecido um rendimen-to de 640.000 euros resultante da adopção do método do justo valor às propriedades de inves-timento;

No fim do ano N, a sociedade Beta apresentou um lucro tributável de 320.000 euros, o qual foi total-mente absorvido pela utilização parcial do prejuízo fiscal transitado do ano N-1;

Resolução:Deverá ser reconhecido um imposto diferido activo

correspondente à futura “poupança fiscal” que venha a re-sultar da compensação do prejuízo fiscal.

Valor: 440.000 * 26,5% = 116.600 euros.

Deverá ser reconhecido um imposto diferido activo correspondente ao excesso da depreciação que embora sendo gasto contabilístico não é gasto fiscal neste período, mas sim em períodos subsequentes.

Valor: 160.000 * 26,5% = 42.400 euros.

Deverá ser reconhecido um imposto diferido passivo

pelo montante da revalorização não é considerado como rendimento tributável. Assim,

Valor: 960.000 * 26,5% = 254.400 euros.

Também se deverá proceder à reversão do imposto di-ferido pelo excedente de depreciação que não é considera-do como gasto fiscal:

Valor: 150.000 * 26,5% = 39.750 euros.

Deverá ser reconhecido um imposto diferido passivo correspondente ao rendimento contabilístico decorrente da aplicação do método do justo valor às propriedades de investimento, mas que não é rendimento para efeitos fiscais:

Valor: 640.000 * 26,5% = 169.600 euros.

Deverá ser revertido parte do imposto diferido acti-vo reconhecido no não N-1, na parte correspondente ao montante de prejuízo fiscal que é absorvido pelo lucro tributável no ano N:

Valor: 320.000 * 26,5% = 84.800 euros.

LANÇAMENTOS

Dia Op.nº Descrição Contas movimentadas Importância

Débito Crédito

1

2

3

45

OPERAÇÕES DO ANO N-1Constituição imposto

diferido activo

OPERAÇÕES DO ANO N-1Imposto diferido activo

Imposto diferido passivoReversão parte imposto

diferidoImposto diferido passivo

Imposto corrente do períodoReversão parte imposto

diferido

27.41

27.41

56.9227.42

81.2281.2124.1

81.22

81.22

27.4281.22

27.4224.1

27.41

116.600,00 �

42.400,00 �

254.400,00 �39.750,00 �

169.600,00 �84.800,00 �84.800,00 �

TOTAISA Débito

A Crédito

792.350,00 �

792.350,00 �

(Extraído do livro “Elementos de Contabilidade Geral”, de António Borges, Azevedo Rodrigues e Rogério Rodrigues, Áreas Editora, 25.ª Edição, Setem-bro de 2010, pp. 603-4)

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Apenas 4% das iniciativas empreendedoras é considerado projecto de sucesso. Este livro pre-tende que o leitor seja o gestor de um desses pro-jectos de sucesso, que os seus negócios tenham êxito no tempo e num ambiente de inteligência, em que tudo foi planeado ao pormenor e conti-nuará a ser avaliado com a mesma preocupação.

O autor, António Cabrita, teve a preocupa-ção de colocar à discussão os vários temas abor-dados (alguns dos quais pela primeira vez numa obra deste tipo), duma forma pragmática e objectiva, fa-cilmente assimilável mesmo por quem não tenha formação

académica nas áreas tecnológica, financeira ou de marketing. O livro é completado com um pro-grama em Exel para elaboração de estudos de viabilidade.

António Cabrita tem grande experiência prática nestas matérias, tendo em conta a sua longa actividade como empresário e consultor. A obra destina-se a todos aqueles que possuem espírito de iniciativa empresarial e é mais um li-vro da responsabilidade editorial do grupo Vida

Económica. Representa uma obra de carácter inovador. A obra está disponível por 19,90 euros.

A obra “Planeamento e evasão fiscal” conta com o contributo de vários autores, sendo a co-ordenação da responsabilidade de José Carlos Amorim. Pela diversidade de pontos de vista e soluções defendidas, a publicação proporciona uma reflexão e revela-se de extrema utilidade para todos aqueles que se interessam por este tipo de assuntos.

De entre as várias questões ligadas ao plane-amento e à evasão fiscal, destacam-se os paraísos fiscais, os planeamentos fiscais lícito e ilícito, os direitos “anti-dumping” e compensadores, os impostos indirectos,

o segredo fiscal, a cláusula geral anti-abuso, a responsabilidade tributária e as garantias dos contribuintes.

As reflexões surgem na sequência do im-pacto que o fenómeno da fraude e da evasão fiscais produz na sociedade e da necessidade de repensar algumas das medidas preventivas, correctivas e repressivas previstas no ordena-mento jurídico português. Trata-se de mais uma publicação do grupo editorial Vida Eco-

nómica e está no mercado livreiro com um preço de 16 euros.

A crise económica fez com que surgisse um novo tipo de capitalismo que torna a ética pro-fissional e empresarial, bem como a respon-sabilidade social dos gestores e das empresas, mais crescente e pertinente. No que respeita às empresas, estas exigem novos valores, pelo que já não é suficiente serem economicamente fortes.

A obra “Ética, Deontologia e Responsabi-lidade Social”, da autoria de António da Silva Rocha”, reveste a natureza de um manual para quem tem interesse numa matéria que tem importância crescente. Como tal, elege profissionais e alunos que, como actores,

nela estão ou virão a estar directa e/ou indirec-tamente envolvidos. O livro está dividido em duas partes e sete capítulos.

Os capítulos estão integrados na primeira parte e respeitam aos temas de ética, deontolo-gia, responsabilidade social das empresas, práti-cas de responsabilidade social, responsabilidade social na administração pública e no ensino superior. O último capítulo inclui documentos éticos. A segunda parte é um compêndio de do-

cumentos éticos. A obra tem 513 páginas e está disponível por 19 euros. É mais uma publicação do grupo editorial Vida Económica.

Criar Sucesso em Negócios Inteligentes

Planeamento e Evasão Fiscal

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Ética, Deontologia e Responsabilidade Social

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