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CENÁRIO MUNICIPALISTA

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CENÁRIO MUNICIPALISTA. CEN ÁRIO MUNICIPALISTA. HIST ÓRICO DO AJUSTE FISCAL BRASILEIRO. Precedentes - PowerPoint PPT Presentation

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

HISTÓRICO DO AJUSTE FISCAL BRASILEIRO

Precedentes

Antes da Constituição de 88, os municípios tinham pouca participação na vida federativa; sua fatia na carga tributária era pequena, mas suas responsabilidades restringiam-se às escolas rurais, estradas vicinais e limpeza urbana.

A União e os Estados concentravam a carga tributária, mas também executavam os investimentos e proporcionavam os serviços essenciais à população.

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1988 - Constituição Federal

A Constituinte inaugurou um período de descentralização, com a ampliação do FPM de 17% para 22,5%, da cota de ICMS de 20% para 25%, mas também das atribuições e competências.

1991 – Pós-Constituinte

O processo de descentralização tributária fez a participação dos municípios subir de 12% para 19% da carga tributária, que era de 24% do PIB.

Além de uma fatia maior do bolo tributário, os entes públicos se utilizavam do chamado imposto inflacionário para fazer caixa. Esse tipo de receita financeira escondeu o desequilíbrio estrutural das contas públicas.

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1994 – Plano Real

O fim da era da inflação alta obrigou o setor público a buscar outras formas de ajuste fiscal: a desvinculação de receitas, sob o nome pomposo de Fundo Social de Emergência (FSE, posterior FEF e atual DRU) foi a primeira delas.

O fundo permitiu ao governo federal desvincular 20% de suas receitas, o que lhe permitiu desviar verbas carimbadas para o superávit primário. Só a educação perde hoje cerca de R$ 4 bilhões ao ano por causa da DRU. O piso de investimento em educação, fixado em 18% dos impostos, pela Constituição, se reduziu para 15% depois da desvinculação.

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1997 – Renegociação das Dívidas dos Estados

A perda do imposto inflacionário e as altas taxas de juros fizeram explodir as dívidas mobiliárias dos Estados, atrelada a títulos públicos. Depois de uma série de negociações, a União resolveu assumir a dívida em títulos dos Estados, num valor de R$ 102 bilhões. Em troca, pela Lei 9.496/97, os Estados assumiram uma dívida contratual com a União, que deve ser quitada progressivamente com 13% de suas receitas. O principal da dívida é corrigido pelo IGP-DI + 6% a.a.

E os municípios, o que tiveram? Nenhum refresco! Ao contrário, foram e são as principais vítimas do ajuste fiscal.

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1999 – Crise Cambial

As elevadas taxas de juros e a desvalorização do real, represada artificialmente pelo governo FHC até as eleições de 98, fazem a dívida pública superar os 50% do PIB; o governo brasileiro pede socorro ao FMI e assina um acordo com metas de superávit primário.

Para cumprir as metas negociadas com o FMI, o governo federal recorre ao aumento da carga tributária e ao asfixiamento financeiro dos demais entes da federação. Ganha impulso, então, o processo de concentração tributária nas mãos da União.

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Aumento das contribuições sociais

A criação ou elevação de contribuições sociais e econômicas não compartilhadas foi a estratégia adotada pela União para ganhar receita sem precisar dividir com Estados e municípios:

1. A CPMF foi a primeira delas: hoje rende R$ 32 bi;

2. A alíquota da Cofins foi elevada, em duas fases, e a receita cresceu três vezes desde 1999: R$ 91 bi;

3. A Cide foi criada sob pretexto de ser aplicada nas estradas, mas acabou no caixa único: R$ 8 bi ao ano;

4. A base de cálculo da CSLL pulou de 9% para 32% do faturamento, e sua receita dobrou para R$ 28 bi.

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Estudo do IPEA mostra como as contribuições eram insignificantes em 1985 e hoje ultrapassam 50% da receita

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Concentração tributária I

A tabela mostra que, em valores já corrigidos pela inflação, a receita de contribuições e taxas não compartilhadas dobrou de tamanho entre 1997 e 2006, passando de R$ 111 bi para R$ 220 bi. A base do FPM (IR + IPI) caiu de 48,4% do total em 1998 para 36,2% em 2004.

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Concentração tributária II

O governo claramente prioriza a arrecadação dos tributos que não precisa dividir. A receita de ITR, por exemplo, é insignificante e ainda está decrescendo em termos reais. O IR e IPI voltaram a se recuperar um pouco nos últimos dois anos, mas continuam sendo 38% do total.

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2000 – Aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal

Imposição de um rígido regime fiscal para Estados e, principalmente, municípios, sem qualquer preocupação com as responsabilidades sociais.

• Limite para despesas de pessoal;

• Limite para endividamento;

• Limite para restos a pagar;

Até hoje, entretanto, o Congresso não aprovou o limite para a dívida da União. E nenhum governador foi punido por acumular restos a pagar em excesso.

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2003 – Arrocho fiscal redobrado

O governo de Lula aumentou oficialmente a meta de superávit primário para 4,25% do PIB, mas acabou fazendo um superávit ainda maior...

Nos últimos quatro anos, o superávit primário gerado pelo setor público já deslocou R$ 331 bilhões para pagamento de juros da dívida pública.

2003 4,26%2004 4,60%2005 4,82%2006 4,31%

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2004 – Reforma tributária paralisada

Depois de prometer prioridade à reforma tributária, governo e Congresso esqueceram a emenda constitucional na gaveta. Três anos se passaram, e até hoje a elevação do 1% do FPM ainda não foi votada.

Além de não garantir o acréscimo do FPM, o governo tem baseado sua política de desoneração tributária no IPI, um dos dois impostos que formam a base de cálculo do FPM. Nos últimos dois anos, vários de decretos foram baixados pelo Ministério da Fazenda com redução de IPI para diferentes setores da economia.

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Decretos com redução do IPI

Só com a redução do IPI para o setor de bens de capital e construção civil, os municípios já perderam R$ 300 milhões de FPM por ano.

Medidas BeneficiárioPerda

(milhões)

Decreto nº 4.955/04

Decreto nº 5.173/04

Decreto nº 5,468/05

Decreto nº 5,697/06 Construção Civil 1.060

Bens de Capital 290

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Decreto reduzindo a Cide, depois da partilha

Em 2004, quando começou a repartir a Cide com Estados e municípios, o governo editou um decreto reduzindo a alíquota da contribuição. Como? Até 2003, a Cide custava R$ 0,54 por litro de gasolina. Parte desse pagamento podia ser abatido no pagamento do PIS/Cofins. A partir de abril de 2004, em vez de conceder dedução do PIS/Cofins, o governo decidiu reduzir a alíquota da Cide para R$ 0,28 por litro de gasolina.

AnoAlíquota

CideDedução

PIS/CofinsReceita (R$ bi)

2003 0,5411 0,2611 8,47

2004 0,2800 - 7,85

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Exclusão do fundo de exportação da base do Fundef

A partir de 2004, para atender aos governadores, o governo federal dividiu os repasses de ressarcimento dos Estados exportadores em duas partes: uma pelo fundo da Lei Kandir, atrelado ao Fundef, e outra por um novo fundo, o FEX, desvinculado do Fundef.

Das receitas retidas pelo Fundef, 60% retornam aos municípios e 40% aos Estados. No caso do FEX, entretanto, livre do Fundef, 75% ficam com os Estados e apenas 25% com os Municípios. Ou seja, a substituição dos repasses da Lei Kandir pelo FEX estão prejudicando as prefeituras.

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Conquistas dos Municípios

Apesar da reforma tributária não ter avançado, os Municípios obtiveram algumas conquistas, com destaque para:

• Repasse direto do salário-educação;

• Uniformização das regras e alíquotas do ISS.

O repasse do salário-educação pulou de R$ 663 milhões em 2003 para R$ 2 bilhões em 2006. Antes a transferência do salário-educação dependia da boa vontade dos governadores, que acabam se apropriando do dinheiro dos Municípios. Agora o dinheiro sai do Tesouro Nacional direto para a prefeitura.

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS

Os repasses do FPM cresceram R$ 6 bilhões, em termos reais, entre 2003 e 2006, como se vê abaixo:

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS

* As receitas de royalties também tiveram crescimento significativo nos últimos anos, mas poucos Municípios são beneficiados.

* As receitas e transferências de ITR estão congeladas, apesar de a legislação já prever a possibilidade de as próprias prefeituras fazerem a cobrança.

Por quê?

As regulamentação imposta pela Receita está dificultando a operacionalização dos convênios.

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EVOLUÇÃO DAS RECEITAS PRÓPRIAS

Os Municípios também estão fazendo seu dever de casa. As receitas próprias crescem mais do que as transferências, com destaque para o ISS, que acumula aumento real de 65%.

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EVOLUÇÃO DAS RECEITAS PRÓPRIAS

Se não houvesse a mudança no ISS, a curva de tendência mostra que sua receita estaria hoje em R$ 12,9 bilhões. Ou seja, quase R$ 5 bilhões abaixo de onde está hoje.

Receita com ISS (R$ milhões)

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Tendência do ISS antigo Evolução do ISS atual

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Carga Tributária Nacional (% do PIB)

Desses R$ 823 bilhões da carga tributária, 5,2% foram arrecadados diretamente pelos Municípios. Mas parte dos tributos são redistribuídos, como veremos na próxima tabela.

Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006Valor em R$ milhões 360.709 419.951 487.593 550.659 643.069 744.292 823.138Total (% do PIB antigo) 32,75% 34,53% 36,22% 35,39% 36,40% 38,41% 39,59%Total (% do PIB novo) 30,58% 31,79% 32,99% 32,39% 33,12% 34,65% 35,44%

4,86%Aumento da carga

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CARGA TRIBUTÁRIA

Apesar do crescimento das receitas próprias, a fatia dos municípios na carga tributária continua estabilizada em torno de 16% e 17%...

Receita(% do Total)

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Federal 56,4% 56,7% 57,0% 56,9% 57,6% 57,7% 57,1%

Estadual 26,7% 26,4% 26,0% 26,1% 25,6% 25,4% 25,6%

Municipal 16,9% 16,9% 17,0% 17,0% 16,8% 16,9% 17,3%

Municipal sem royalties 16,6% 16,5% 16,5% 16,5% 16,3% 16,3% 16,7%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS

A fatia dos Municípios não está sendo distribuída uniformemente. E os Municípios menores e mais pobres estão sendo duplamente castigados: embora sejam os que empreendem maior esforço de arrecadação própria, estão perdendo transferências para os municípios mais ricos. Entre 2000 e 2006, por exemplo, as transferências para os 60 municípios mais ricos do Brasil, com PIB per capita superior a R$ 40.000, cresceram 105% acima da inflação; para os municípios mais pobres, com menos de R$ 5.000 de PIB per capita, a expansão foi de 43%.

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS

Os 60 municípios mais ricos receberam em 2006 uma média de R$ 2.328 por habitante de transferências federais e estaduais, enquanto os mais pobres, R$ 449.

Grupos QuantidadeTotal recebido

(R$)Per Capital

(R$)Variação 2000-06

PIBpc > 40 mil 60 5.712.185.747 2.328 105,4%

40 mil < PIBpc < 9,746 mil 1.239 34.757.896.317 518 27,7%

9,745 mil < PIBpc < 5 mil 1.506 25.968.476.300 437 38,5%

PIBpc < 5 mil 2.757 24.813.676.611 449 43,3%

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS

Outro exemplo de distorção e privilégio são as transferências do governo federal para o Distrito Federal. Além de arrecadar como Estado e município ao mesmo tempo, o DF recebe mais R$ 6 bilhões da União para gastar em segurança pública, saúde e educação. É o chamado Fundo Constitucional do DF, que cresceu 121% entre 2000 e 2006.

E o Judiciário e Ministério Público do DF também são pagos pela União, custando outros R$ 1,3 bilhão.

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EVOLUÇÃO DAS TRANSFERÊNCIAS

O resultado disso é que, só com esses dois auxílios exclusivos, o DF leva hoje R$ 7,3 bilhões da União.

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2006 – Redução no superávit primário

Depois de três anos de aperto fiscal e da queda do ministro Palocci, governo decide começar a gastar mais e superávit primário cai para 4,32% do PIB antigo, ou 3,88% pelo PIB novo.

2007 – PIB maior, investimentos menores

Os novos números do PIB divulgados pelo IBGE revelam uma melhoria nos indicadores fiscais brasileiros, o governo fala em PAC, mas os investimentos públicos continuam nos menores níveis dos últimos 36 anos (2% do PIB apenas), apesar de a carga tributária continuar crescendo.

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A menor taxa de investimento público ocorreu em 2003, apenas 1,7 % do PIB

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RESUMO

Os brasileiros estão pagando mais impostos, mas estão tendo cada vez menos retorno em investimentos públicos e serviços sociais.

Esse é o caminho que queremos?

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COMO ESTÃO AS FINANÇAS MUNICIPAIS?

Já vimos que os municípios estão fazendo seu dever de casa com a melhoria da arrecadação própria. Mas e o controle das despesas e dívidas?

A CNM elaborou um estudo com 3.089 municípios para os quais dispomos de dados completos de balanço orçamentário e patrimonial entre 2002 e 2005.

No ano passado, mais de 5,2 mil municípios apresentaram à STN seus balanços, mas até hoje só conhecemos as informações de 4 mil municípios, porque as informações dos demais ainda não foram processadas pela Caixa.

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SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS

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ENDIVIDAMENTO DOS MUNICÍPIOS

2002 15 municípios possuíam dívidas contratadas em um montante superior a 1,2 vezes a sua receita corrente líquida (RCL). As dívidas municipais chegavam a 53,7% da RCL.

2005 6 municípios possuíam dívidas contratadas em um montante superior a 1,2 vezes a sua receita. O montante das dívidas caiu para 42,2% da RCL.

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DISPONIBILIDADE FINANCEIRA

2002 A diferença entre os restos a pagar e os recursos em caixa dos municípios tinham um saldo positivo de R$ 1,7 bilhão.

2005 A diferença entre os restos a pagar e os recursos em caixa dos municípios subiu para um saldo positivo de R$ 8 bilhões.

Recursos em caixa = R$ 19,2 bilhões Restos a pagar = R$ 11,2 bilhões Resultado = R$ 8,0 bilhões

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Analisando estes indicadores, poderíamos afirmar que a situação financeira

está melhorando consideravelmente!

Mas essa é a realidade do seu município?

NÃO! POR QUÊ?

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TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES

1986 O que os municípios faziam? Quantos funcionários tinham? Em 1986, eram 42 mil funcionários na área de saúde sendo pagos pelas prefeituras e 250 mil pela União.

2007 A União administra a dívida pública e o INSS, mas presta muito poucos serviços de saúde e educação diretamente à população... Já os municípios devem aplicar 15% em saúde, 25% em educação. O total de servidores da saúde nos Municípios pulou para 830 mil e os da União caíram para 108 mil.

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IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS E ESTADUAIS

Existem 149 Programas Federais que repassam recursos e encargos aos Municípios.

Poucos são instituídos por lei, e as poucas normas que existem não tratam devidamente do financiamento e dos mecanismos de atualização dos repasses.

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IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

A CNM e a CEPA/UFRGS pesquisaram entre os municípios o real custo dos programas federais e estaduais para os municípios.

Ao todo, 326 municípios foram analisados, representando todos os estados, regiões e portes, sendo verificado que, sua maioria, não são registrados os custos reais da execução dos programas, nem os gastos adicionais (com recursos próprios), o que representa um problema sério de gestão.

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IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS E ESTADUAIS

Os seguintes programas federais já foram pesquisados:

• Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE

• Transporte Escolar (Estados + PNATE)

• Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI

• Programa Saúde da Família – PSF

• Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS

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TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES

O problema das fontes de financiamento:

Desequilíbrio entre receitas e despesas, como no SUS. As transferências de recursos crescem em proporção menor do que as responsabilidades assumidas.

Repasse (R$ milhões)

Municípios QuantidadeRepasse

(R$ milhões)Municípios Quantidade

PAB 2.892 5.562 - 2.335 5.562 - Agentes Comunitários 468 4.356 117.500 793 5.309 219.600PSF 608 2.766 8.600 1.738 5.106 27.000Farmácia Básica 144 5.562 - 168 5.562 -

Sub-total 4.112 5.035

20062000Programa

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IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Os resultados preliminares indicam que os cinco programas analisados têm um custo adicional de R$ 11,6 bilhões ou 233% acima dos repasses.

Pessoal Transporte AluguéisInfra-

estrutura Outros Total

Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE

1.067.530.204 3.420.992.524 50.078.318 941.238 196.644 358.771.762 3.830.980.485

Transporte Escolar* 632.995.784 205.100.356 1.241.754.776 202.544 406.928 198.239.464 1.645.704.068

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI 217.410.974 1.823.162 855.484 - 1.497.119 - 4.175.765

Programa Saúde da Família - PSF

2.143.530.600 4.051.234.200 810.000.000 - 162.000.000 324.000.000 5.347.234.200

Programa Agentes Comunitários de Saúde - PACS

913.995.250 617.560.476 13.919.232 116.598.535 - 3.998.079 752.076.323

Total Estimado 4.975.462.812 8.296.710.718 2.116.607.810 117.742.317 164.100.691 885.009.305 11.580.170.841

233%

ProgramaValor

Repassado (R$)

Gasto próprio (R$)

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IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Programa de Saúde da Família - PSF

Número de equipes em 2006: 27.000Médico R$ 7.500,00Enfermeiro R$ 3.000,00Auxiliar de enfermagem R$ 600,00Dentista R$ 3.000,00Assistente R$ 600,00Auxiliar de serviço R$ 350,00Atendente R$ 350,00

Sub-total

R$ 15.400,00

Encargos (30%) R$ 4.620,00

Total

R$ 20.020,00

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Programa de Saúde da Família - PSF

CusteioVeículo com motorista R$ 2.000,00Combustível (200 litros/mês) R$ 500,00Alimentação R$ 1.000,00Água/luz e telefone R$ 500,00

Total

R$ 24.020,00

Custo estimado* = R$ 7,5 bilhõesValor repassado = R$ 2,1 bilhõesContrapartida = R$ 5,4 bilhões(*) valor com 31% de encargos e décimo terceiro salário, sem dentista

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Agentes Comunitários de Saúde

Número de agentes em 2006: 217.618

1 Agente = R$ 450*

(*) mais encargos previdenciários e trabalhistas

Custo estimado = R$ 1,53 bilhões

Valor repassado = R$ 913 milhões

Contrapartida = R$ 617 milhões

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Piso de Atenção Básica – PAB

Criado em 1996, previa o repasse de R$ 10,00 por habitante por ano.

Em 2001, valor foi reajustado para R$ 11,00, em 2004 para R$ 13,00 e em 2006 para R$ 15,00.

O reajuste em quase 10 anos foi de 50%, enquanto a inflação acumulada supera os 114% pelo deflator do PIB.

Page 47: CENÁRIO MUNICIPALISTA

CENÁRIO MUNICIPALISTA

IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Transporte Escolar

Municípios transportam 2,6 milhões de alunos para os Estados.

União repassa entre R$ 81,00 e R$ 116,32 por ano por aluno matriculado nas redes municipais, num total de R$ 220 milhões.

Custo médio levantado – R$ 776/aluno/ano (R$ 3,88/dia)

Municípios gastam R$ 2 bilhões com alunos estaduais.

Estados reembolsam em média 20%.

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Merenda Escolar

Repasse total da União - 2006: R$ 1,06 Bilhão

Repasse por criança/dia – 1995 a 2003: R$ 0,13

2004: R$ 0,15

2005: R$ 0,18

2006: R$ 0,22

Custo levantado pela CNM – 2006: R$ 0,89

Contrapartida dos Municípios - 2006: R$ 3,8 Bilhão

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

IMPACTO DOS PROGRAMAS FEDERAIS

Merenda Escolar

Custo do pão francês 1995 – R$ 0,072006 – R$ 0,30

Custo litro leite tipo c 1995 – R$ 0,452006 – R$ 1,20

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES

Custos com cidadania

Os Municípios mantêm sala, luz, telefone, diárias e servidores para Junta Militar, Delegacia do Trabalho, Tribunal Regional Eleitoral, entre outros órgãos.

Em média, os municípios disponibilizam 6,53 funcionários para esses serviços, com um custo mensal médio de R$ 3.198,29 de salário; além disso, possuem gastos indiretos com infra-estrutura, atendimento, transporte e outros. Ao todo, são mais de 40 mil servidores municipais deslocados para essas tarefas.

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES

Panorama na educação

1998 - 40% do ensino fundamental2005 - 60% do ensino fundamental

Diferença: 6,4 milhões de matrículas

200 mil novas salas de aula

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CENÁRIO MUNICIPALISTA

TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES

Novas atribuições

Tratamento de dependentes químicos: lei aprovada no Congresso dispõe que o Município é o responsável pelo tratamento dos dependentes químicos.

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A CGU E A FISCALIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS

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A CGU E OS MUNICÍPIOS

Rouba-se em até 80% dos municípios, diz ministro:

“A corrupção no Brasil é cultural, é sistêmica... de 5.500 municípios do País, 1.041 já foram investigados. Ou seja, cerca de 20% do total... o que posso dizer é que o percentual de casos em que encontramos corrupção está na faixa de 70%, 80%. Em alguns casos chega a 85%... foram investigados de forma direta cerca de R$ 6 bilhões das transferências federais aos municípios... O modus operandi é extremamente diversificado. A criatividade nacional, a imaginação brasileira, é insuperável... rouba-se muito no Brasil, do Oiapoque ao Chuí."

entrevista concedida por Jorge Hage, Ministro responsável pela CGU, no dia 17 de abril de 2006, ao jornalista Bob Fernandes e veiculada no site Terra.

Hage: Corrupção do Oiapoque ao Chuí

Bruno Spada/Agência Brasil

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HISTÓRICO DOS SORTEIOS PÚBLICOS DE FISCALIZAÇÃO DA CGU

• Primeiro Sorteio: 8 de maio de 2003 – 5 municípios em 5 regiões do País;

• Até o último sorteio que é o 22º, realizado em 19 de julho de 2006, foram fiscalizados 1.161 municípios;

• A CGU fiscaliza os programas e recursos federais repassados aos municípios nos últimos 5 anos.

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LEVANTAMENTO DA CNM SOBRE A FISCALIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS GAÚCHOS

• Até o 22º sorteio foram fiscalizados 88 municípios gaúchos;

• Destes, 83 possuem os relatórios de fiscalização disponíveis no site da CGU;

• Destes 83 relatórios destacamos que 68 possuem relatórios sintéticos e os outros 14 relatórios integrais no site da CGU;

• Na análise dos 68 relatórios sintéticos a CNM se ateve a contabilizar e qualificar as ocorrências já apontadas pela própria CGU, enquanto que nos 14 relatórios integrais houve uma seleção daquelas constatações mais recorrentes para fins da pesquisa;

• Nestes 83 municípios foram avaliadas um total de 360 ocorrências.

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LEVANTAMENTO DA CNM SOBRE A FISCALIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS GAÚCHOS

A CNM utilizou a seguinte metodologia de avaliação das constatações apontadas pela CGU

– Ocorrências com Alta Gravidade – Àquelas que além de não atender ao interesse público, apresentam indícios de fraude ou desvio de recursos públicos.

– Ocorrências de Média Gravidade – Àquelas que não atendem ao interesse público porém sem apresentarem indícios de fraude ou desvio de recursos públicos.

– Ocorrências de Baixa Gravidade – Àquelas que apresentam deficiências ou falhas formais decorrente da falta de preparo técnico.

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929

322

0

100

200

300

400

Ocorrências

Distribuição das Ocorrências apontadas pela CGU

Alta Gravidade

Média Gravidade

Baixa Gravidade

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LEVANTAMENTO DA CNM SOBRE A FISCALIZAÇÃO NOS MUNICÍPIOS GAÚCHOS

- O montante de recursos federais fiscalizados nos 83 municípios foi de R$ 130.765.198,39. (Cento e trinta milhões setecentos e sessenta e cinco mil cento e noventa e oito reais e trinta e nove centavos)

– A população total dos 83 municípios fiscalizados é de 1.362.847 (hum milhão trezentos e sessenta e dois mil oitocentos e quarenta e sete) habitantes.

- Transferência dos convênios foram equivalentes a cerca de R$ 100,00 (cem reais) por habitante, a média de transferência só do ICMS para os Municípios Gaúchos é de R$ 950,00 por habitante.

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• Procuradoria-Geral da República;

• Tribunal de Contas da União;• Presidência da Mesa Diretora

da Câmara dos Deputados;• Presidência da Comissão de

Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados;

• Presidência da Mesa Diretora do Senado Federal;

• Presidência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle do Senado Federal;

• Ministérios Gestores;• Procuradoria-Geral de Justiça do

Estado; • Procuradoria da República no

Estado;• Promotor de Justiça da

Comarca;• Prefeitura Municipal; • Presidência da Câmara

Municipal.

ÓRGÃOS DESTINATÁRIOS DOS RELATÓRIOS DA CGU

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RESULTADOS DAS FISCALIZAÇÕES DOS MUNICÍPIOS GAÚCHOS

• A CNM procurou o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul, que é um dos principais órgãos de fiscalização dos recursos federais, com o objetivo de saber quantas ações judiciais haviam sido propostas decorrentes do trabalho de fiscalização por sorteio público da CGU e até o momento não obteve resposta sobre este pleito.

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“CGU faz devassa em 600 prefeituras ligadas à Planam” (matéria de Ricardo Brandt, no dia 01 de setembro de 2006, veiculada no site Estadão On-line)

• "Na verificação física iremos aos endereços das empresas participantes das licitações, bem como faremos a verificação dos equipamentos: se existem, se correspondem às especificações", disse Hage. Segundo ele, há casos de ambulâncias com número do chassi adulterado e de ônibus caindo aos pedaços, com dez anos de idade, que funcionaram só 30 dias.

• A investigação nos municípios com convênios com o Ministério da Saúde envolverá outros contratos. "Uma vez que vamos a esses municípios, abriremos o foco e pegaremos todas as outras licitações e contratos", afirmou Hage.

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CASO PLANAM: Levantamento dos Convênios do

Grupo (2001 a 2004);

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Qde Total Convênios Celebrados

Qde. Total Convênios PLANAM

Percentual Convënios PLANAM

(A) (B) (B) / (A)AC 12 6 50,0%AL 45 23 51,1%AM 28 0 0,0%AP 60 26 43,3%BA 130 43 33,1%CE 71 7 9,9%ES 58 27 46,6%GO 122 13 10,7%MA 121 2 1,7%MG 426 77 18,1%MS 33 9 27,3%MT 183 163 89,1%

Estado

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Qde Total Convênios Celebrados

Qde. Total Convênios PLANAM

Percentual Convënios PLANAM

(A) (B) (B) / (A)PA 103 47 45,6%PB 70 29 41,4%PE 48 1 2,1%PI 51 2 3,9%PR 304 84 27,6%RJ 241 144 59,8%RN 82 12 14,6%RO 113 77 68,1%RR 9 4 44,4%RS 288 23 8,0%SC 39 7 17,9%SE 39 6 15,4%SP 335 40 11,9%TO 37 19 51,4%DF 2 0 0,0%

Total Geral 3048 891

Estado

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DEBATE

NOVA ESTRATÉGIA DO MOVIMENTO MUNICIPALISTA

Focar a ação em projetos que ataquem os problemas estruturais vividos pelos municípios, sem deixar de cuidar dos projetos que solucionam os problemas pontuais, quando possível.