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CENSO NACIONAL DOS TRABALHADORES

DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Brasília2006

Lenice Gnocchi da Costa ReisGrácia Maria de Miranda Gondim

Luis Carlos Wanderley Lima

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Censo Nacional dos Trabalhadores de Vigilância Sanitária

Copyright © 2006. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme Decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907.1ª edição – 5.000 exemplares

Diretoria Colegiada da Anvisa

Dirceu Raposo de MelloCláudio Maierovich Pessanha HenriquesVictor Hugo Travassos da RosaMaria Cecília Martins BritoFranklin Rubinstein

Assessoria de Divulgação e Comunicação Institucional (Ascom)

Assessor-Chefe Substituto: José Carlos Magalhães da Silva MoutinhoCoordenação Editorial: Pablo BarcellosProjeto Gráfico: Paula SimõesRevisão: Dulce BergmannDiagramação: Paula SimõesCapa: Paula Simões

Censo Nacional de Vigilância Sanitária

Coordenação Nacional do Censo

Lenice Gnocchi da Costa ReisGrácia Maria de Miranda GondimLuis Carlos Wanderley Lima

Coordenação da Revisão Técnica e da Divulgação

Cláudia Cristina Santiago Gomes

Apoio

Clara Alcione Martins

Fotografia da capa

Fernanda Graneiro

Ficha Catalográfica_____________________________________________________________________________________________________________

Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Censo Visa 2004 / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005.76 p. (Série G Estatística e Informação em Saúde; v. 1)

ISBN 85-334-1046-8

1. Vigilância Sanitária. 2. Saúde pública. I. Título. II. Série.

NLW WA 105_________________________________________________________________________________________________

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2006/0612

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AGRADECIMENTOS

Este Censo é o resultado do esforço e do compromisso de um grande grupo de trabalhadores da Saúde e, em especial, da Vigilância Sanitária, todos eles atuando nos três níveis da gestão governamental. Devemos a eles agradecimentos sinceros pelo envolvimento, generosidade e de-dicação com que tomaram a si esta árdua tarefa.

À Direção da Anvisa e seus servidores, aos Coordenadores e Auxiliares do Censo nos estados, às Coordenações Estaduais e Municipais de Vi-gilância Sanitária, às Coordenações de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados e, principalmente, àqueles que, individualmente, se dispuseram a responder a tantas perguntas e desafios... Eis, enfim, as respostas coletivas!

Coordenação Nacional do Censo

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APRESENTAÇÃO

É com imensa satisfação e orgulho que a Anvisa traz a público, sob a for-ma de CD-ROM, os resultados do I Censo Nacional dos Trabalhadores de Vigilância Sanitária. Talvez apenas duas palavras pudessem resumir esta apresentação: Habemus Censo! No entanto, como se trata de um trabalho fundamental para a Vigilância Sanitária no Brasil, algumas linhas a mais se fazem necessárias.

A propósito, o termo Vigilância Sanitária, que define uma área que, de uns tempos para cá, vem adquirindo cada vez mais importância no ce-nário da Saúde Pública, mereceria, neste preâmbulo, ter sua conceitua-ção relembrada. Vigilância Sanitária é, portanto, uma daquelas atividades consideradas típicas de Estado e constitui um conjunto articulado de ações no campo da saúde. Essas atividades, desenvolvidas no âmbito do Sistema Único de Saúde, dizem respeito tanto à promoção da saúde e do bem-estar coletivos, quanto à prevenção de agravos e de riscos sanitários a que está submetida a população.

Dito de outra forma, Vigilância Sanitária é a tentativa do Estado de ga-rantir um dos direitos fundamentais do cidadão: o acesso a produtos e serviços com qualidade e segurança sanitárias. Estruturada, no âmbito federal, no final da década de 70, com a criação da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, ela experimentou diversas fases e formatos orga-nizacionais ao longo dos anos. Finalmente, no fim dos anos 90, conver-giu para a criação de uma agência reguladora.

Logo ao ser criada, no início de 1999, a Anvisa comprometeu-se em cumprir um conjunto de metas e objetivos que abarcava um imenso universo de atuação. Desses inúmeros e, aparentemente, infinitos obje-tivos e metas, curiosamente, não fazia parte a realização de um Censo Nacional dos Trabalhadores da Vigilância Sanitária.

Tal ausência talvez pudesse ser entendida pelo fato de se tratar de uma idéia que, de tão óbvia, já deveria fazer parte, naturalmente, do imagi-nário coletivo e das obrigações do recém-criado órgão de Vigilância Sanitária. No entanto, essa idéia não era tão óbvia assim, pois repousou em berço esplêndido durante os primeiros cinco anos de existência da Anvisa e quase três décadas de Vigilância Sanitária no país. Finalmente, em 2003, para preencher tão significativa lacuna, surgiu uma proposta de Censo, entusiástica e prontamente assumida pelos estados e muni-cípios.

Os objetivos e a importância de se realizar um Censo Nacional, seja pela riqueza dos resultados obtidos, seja pelo potencial de ação que

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ele prenuncia, são inegáveis. No entanto, sem a ampla divulgação de seus resultados e sem que ele contribua para a mudança das rotinas de trabalho das equipes de Visa, ele terá sido apenas uma iniciativa de interesse acadêmico. Portanto, é imprescindível sua inclusão na agenda dos diversos foros de decisão dos responsáveis pela gestão e pelo pla-nejamento das ações de Vigilância Sanitária no âmbito do SUS.

A tarefa de realizar o Censo representou um enorme desafio, na for-ma de um intrincado quebra-cabeça com milhares de peças espalhadas por um tabuleiro cujas dimensões eram, apenas e tão somente, as do mapa do Brasil. Apesar disso, a decisão de levar adiante essa iniciativa tornou-se consenso nacional, mais uma vez comprovando a tese de que uma idéia, quando assumida por muitas pessoas, pode facilmente se constituir numa poderosa força motriz para realizações e mudanças consistentes.

Assim, as mais de 700 pessoas responsáveis pela realização do Censo e os 32.135 profissionais de Vigilância Sanitária recenseados – os verda-deiros atores desse processo – permitiram que as peças desse enorme quebra-cabeça fossem montadas e puderam, elas mesmas, contar a sua própria história. Com isso, a força de uma idéia simples, óbvia e consen-sual deu origem a um dos mais belos e raros momentos da história da Vigilância Sanitária em nosso país.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 5

APRESENTAÇÃO 6

1. INTRODUÇÃO 8

1.1. A Importância dos Recursos Humanos em Saúde 101.2. Breve Panorama sobre a Vigilância Sanitária no SUS 111.3. A Importância do Censo Nacional dos Trabalhadores da Vigilância Sanitária para o SNVS 13

2. METODOLOGIA 14

2.1. Primeiros Passos 162.2. Universo de Trabalhadores Recenseados 162.3. Plano Operacional 16 2.3.1. Fase Preparatória 16 2.3.1.1. Atividades Desenvolvidas 16 2.3.1.2. Instrumento de Coleta de Dados e Validação 17 2.3.2. Fase Executiva 18 2.3.2.1. Divulgação 18 2.3.2.2. Distribuição do Material 18 2.3.2.3. Coleta de Dados 18 2.3.2.4. Edição e Consolidação dos Dados 19

3. RESULTADOS 20

3.1. Considerações Iniciais 223.2. Procedimentos de Organização dos Dados 223.3. Distribuição Geográfica dos Trabalhadores 223.4. Características Gerais 27 3.4.1. Composição do Quadro 27 3.4.2. Gênero 30 3.4.3. Faixa Etária 30 3.4.4. Tempo de Atuação na Vigilância Sanitária 32

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3.5. Características das Relações de Trabalho 33 3.5.1. Carga Horária e Regime de Trabalho 33 3.5.2. Nível do Local de Trabalho 34 3.5.3. Tipos de Contrato de Trabalho 35 3.5.4. Cessão 36 3.5.5. Desvio de Função 37 3.5.6. Poder de Polícia 38 3.5.7. Remuneração 39 3.5.8. Existência de Outro Emprego 42 3.5.9. Acumulações, Competências e Capacidades para o Trabalho 43 3.5.10. Domínio de Línguas Estrangeiras 43 3.5.11. Uso de Recursos de Informática 44 3.5.12. Situação de Continuidade da Formação 453.6. Participação, Instrumentalização e Relação com o Trabalho 50 3.6.1. Participação dos Trabalhadores no Planejamento 50 3.6.2. Domínio das Tecnologias de Inspeção 523.7. Relação com o Trabalho: Grau de Satisfação e Percepção do Risco 54

4. ASPECTOS GERAIS 56

4.1. Distribuição Geográfica dos Trabalhadores 584.2. Situação Institucional dos Trabalhadores 59 4.2.1. Esferas de Governo 59 4.2.2. Cargos 59 4.2.3. Tempo de Serviço 60 4.2.4. Estabilidade Funcional 60 4.2.5. Regime e Situação de Trabalho 60 4.2.6. Poder de Polícia 61 4.2.7. Remuneração 614.3. Processo de Trabalho: Capacidades e Ações 614.4. Formação e Capacitação 624.5. Relação com o Trabalho 63

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

BIBLIOGRAFIA 69

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1. Introdução

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A Vigilância Sanitária (Visa) compreende um conjunto de ações extremamente diversificado e, por essa razão, exige conhecimentos amplos para permitir sua efetiva execução. Esses conhecimentos estão sedimentados naquilo que toda instituição tem de mais precioso – o saber construído pelas pessoas que a compõem.

O quadro de pessoal da Vigilância Sanitária congrega, além das categorias profissionais do campo da saúde, com formação universitária ou não, outras profissões de diversas áreas do conhecimento. Há necessidade, portanto, de se conhecer mais detalhadamente as características desse universo de profissionais, para a definição de políticas de recursos humanos.

Essa demanda motivou a realização do Censo Nacional dos Trabalhadores da Vigilância Sanitária, cuja perspectiva foi levantar informações que pu-dessem oferecer subsídios à planificação e à gestão de pessoas para o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), e responder às perguntas relativas ao tema – perguntas essas que, há tempos, inquietavam os profissionais e os gestores de Saúde Pública responsáveis pelo controle e pela fiscalização sanitária no país.

A realização do Censo foi fruto de intensa mobilização nas três esferas de governo e possibilitou, além do levantamento dos dados, profunda intera-ção entre profissionais de diferentes níveis de atuação e uma quebra no cotidiano de trabalho dos participantes, mostrando aos trabalhadores que são capazes de desenvolver diversas atividades.

O Censo foi uma iniciativa do Comitê de Política de Recursos Humanos para a Vigilância Sanitária (COPRH) da Anvisa e contou com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a colaboração do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O suporte operacional foi das Secretarias Estaduais de Saúde e das Coordenações Estaduais de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados da Anvisa. A cooperação das Secretarias Municipais de Saúde também foi decisiva. Essa surpreendente e inédita conjugação de es-forços possibilitou que o próprio sistema, trabalhando de forma articulada e organizada, produzisse um conjunto expressivo de informações sobre seus profissionais.

Espera-se que a análise dos resultados deste documento-síntese e do banco de dados, estruturado a partir das questões formuladas no instrumento de coleta de dados, contribua para a identificação de situações-problema e para a projeção de tendências na área de recursos humanos, bem como para a discussão de cenários que viabilizem projetos de intervenção e de desenvolvimento de pessoal. A partir do reconhecimento da realidade local e da identificação de necessidades de qualificação e de inserção de trabalhadores nas equipes de Vigilância Sanitária, será possível promover uma ampla reflexão e aprofundar discussões que subsidiem a redefinição das práticas sanitárias dos arranjos locais e o desenho de novas propostas de gestão, de capacitação e de desenvolvimento para todos os componentes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

Cabe ressaltar que desde a finalização da pesquisa de campo, em setembro de 2004, passando pela disponibilização dos resultados no endereço eletrônico da Anvisa (www.anvisa.gov.br/conhecimento), em novembro de 2005, até a data desta publicação, ocorreram mudanças significativas no cenário político-institucional do Sistema Único de Saúde (SUS), que tiveram repercussão no processo de trabalho em Vigilância Sanitária. Destaca-se o concurso público realizado no âmbito da Anvisa, a definição do Pacto pela Saúde¹ e o movimento de construção do Plano Diretor de Vigilância Sanitária (PDVISA)² em curso. Essas mudanças estruturais alteram parcialmente alguns dados apresentados pelo Censo. Entretanto, não modificam substancialmente o quadro geral de recursos humanos do SNVS. Os resultados, portanto, continuam atuais, servindo como fonte de informação e subsídio para a tomada de decisão gerencial nas três esferas de governo, principalmente na formulação de projetos e de planos de ação munici-pais.

1.1. A Importância dos Recursos Humanos em Saúde

A questão dos recursos humanos na área da saúde, de modo geral, tem sido apontada, ao longo dos anos, como uma preocupação crônica e reco-nhecida como elemento crítico para a implementação do SUS (Santana, 1996; Sayd et al., 1998).

Especificamente acerca da sistematização de informações sobre recursos humanos em saúde, apenas recentemente vêm sendo tomadas iniciativas mais consistentes. Ressalta-se que, embora existam algumas fontes disponíveis, poucas estão atualizadas e as informações geradas são ainda insufi-

1-http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=10212-http://www.anvisa.gov.br/institucional/pdvisa/index.htm

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cientes e, muitas vezes, de acesso restrito. Como exemplo, pode-se citar o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), que dispõe de informações sobre o pessoal da administração direta da União, mas, por questões de privacidade do servidor, não as disponibiliza para consulta. Assim, muitas das informações necessárias são obtidas utilizando-se bancos de dados de outros setores, como afirmam Varella, Dal Poz & França (1999).

É importante destacar que o conceito de recursos humanos em saúde diz respeito a um conjunto bastante diversificado de agentes que têm como principal responsabilidade o desenvolvimento de atividades nesse campo.

Costuma-se dividir esse conjunto em dois grupos: aquele composto por trabalhadores que prestam cuidados para indivíduos e outro formado por profissionais que prestam serviços “não pessoais” em saúde, isto é, trabalhadores não vinculados à assistência direta aos indivíduos. Para o último, utiliza-se a expressão “recursos humanos em Saúde Pública”. Esses dois grupos são considerados por diversos autores como componentes centrais de todos os sistemas de saúde, contribuindo de forma significativa para a performance do setor (Beaglehole & Dal Poz, 2003).

No Brasil, o reconhecimento da importância desse tema não se traduziu em propostas efetivas de intervenção capazes de produzir as mudanças necessárias para o alcance de uma atenção adequada ao pleno funcionamento do sistema. Essa situação pode ser atribuída, em parte, à inexistência de um diagnóstico bem delineado que orientasse a formulação das políticas para a área.

O setor saúde é tido como um setor de mão-de-obra intensiva. Mais do que isto, segundo Merhy (1997), o trabalho em saúde é um trabalho vivo, ou seja, cheio de possibilidades de criação, produzido social e culturalmente. Portanto, para a transformação das práticas e dos serviços oferecidos à população é imprescindível que haja envolvimento de seus atores. Para isso, são necessárias, entre outras condições, bases para a planificação e a gestão de recursos humanos, que devem incluir aspectos relacionados à sua estrutura, ao processo e às relações de trabalho.

Já em relação ao grupo de recursos humanos em Saúde Pública, no qual se incluem os trabalhadores que desenvolvem ações de Vigilância Sanitária, a escassez de dados e de informações consistentes é mais evidente. Pode-se afirmar que não havia dados acerca do conjunto desses profissionais em âmbito nacional, com a dimensão censitária que este trabalho representou. Apesar disso, alguns estudos foram realizados, a título de levantamento dos serviços de Visa no país, evidenciando algumas questões relativas a esse tema³.

Portanto, torna-se relevante o papel que os resultados deste Censo podem trazer para o planejamento de ações voltadas a atender as necessidades estruturais da área de recursos humanos em saúde, especificamente em Vigilância Sanitária.

1.2. Breve Panorama sobre a Vigilância Sanitária no SUS

A formulação do Sistema Nacional de Saúde teve por base alguns princípios e diretrizes gerais, entre os quais está a descentralização. Adotamos aqui o conceito de Bertussi e Almeida (2003), cuja concepção de descentralização incorpora a redefinição da estrutura de poder, dos espaços de agir e das responsabilidades com uma distribuição racional de funções e recursos. A descentralização surge, portanto, como estratégia de redefinição e divisão de responsabilidades entre cada ente federativo e vem sendo trabalhada ao longo dos últimos anos, em especial, pelas Normas Operacionais Básicas do Sistema Único de Saúde (NOB SUS). Essas normas tiveram como finalidade promover e consolidar o pleno exercício, por parte dos poderes públicos municipais e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde de sua população (artigo 30, incisos V e VII, e artigo 32, parágrafo 1º, da Constituição Federal).

A partir da análise das NOB, pode-se afirmar que a Vigilância Sanitária foi contemplada de forma limitada. De acordo com Lucchese (2001), ainda que a NOB 96 tenha permitido alguns avanços ao prever mecanismos de financiamento e incluir a Vigilância Sanitária na Programação Pactuada Integrada (PPI), essas normas operacionais, de modo geral, pouco contribuíram para a organização da área no interior do Sistema Nacional de Saúde.

Com a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 19994, foi possível manter uma continuidade e obter uma certa agilidade na implemen-tação de ações e programas. O repasse de recursos financeiros aos estados, por meio do Termo de Ajustes e Metas (TAM) – pactuação estabelecida entre a Anvisa e os estados da federação, em vigor desde 20005 –, significou uma oportunidade de organizar os serviços e de estruturar o sistema

3 - Sobre estas questões po-dem ser consultados estudos do ano de 2000, apoiados pela Anvisa: “Levantamento da Situação dos Serviços de Vigilância Sanitária no País” (disponível em http:// www.anvisa.gov.br/paf/levanta_vig_pais/material/) e “Desenvol-vimento e Organização das Ações Básicas de Vigilância Sanitária em Municípios Bra-sileiros a Partir da Implanta-ção do PAB/VISA: um estudo exploratório.” 4 - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. É uma autar-quia sob regime especial, ou seja, uma agência reguladora caracterizada pela indepen-dência administrativa, estabi-lidade de seus dirigentes du-rante o período do mandato e autonomia financeira.5 - Consultar Portaria GM/MS nº 2.473, de 29 de dezem-bro de 2003, e o documento “Termo de Ajustes e Metas - Vigilância Sanitária: Descen-tralização com Eqüidade no Custeio - REPACTUAÇÃO – 2004”. Brasília, dezembro de 2003 (www.anvisa.gov.br).

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em seu âmbito de gestão, promovendo a descentralização. Inicialmente, o financiamento das ações de Vigilância Sanitária foi insuficiente e a forma fragmentada do repasse precisava ser superada para dar sustentação a esse processo.

Com a publicação da Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS/2001), foi incorporada, na agenda dos gestores, a necessidade de se discutir a reorganização do sistema, sendo apontada como estratégia fundamental a regionalização.No entanto, o esforço empreendido para organizar o processo de regionalização, no sentido de estruturar redes de atenção integral que envolvessem áreas que extrapolassem a assistência, não obteve sucesso. Essas áreas voltadas à promoção da saúde, à prevenção e ao controle de doenças incluem as ações das Vigilâncias Sanitária, Epidemiológica e Ambiental.

A estratégia da regionalização, no que tange à área da Vigilância Sanitária, precisa ter um tratamento diferenciado, pelas questões de cunho jurídico-legal que envolve. Para o desempenho de uma parte do conjunto das ações desse campo, em especial as de fiscalização, é necessário que o trabalha-dor seja servidor público e esteja formalmente investido na função para o competente exercício do poder de polícia6. Esse fato impede que essas atividades sejam executadas por servidores terceirizados ou contratados.

No ano de 2003, para imprimir maior velocidade à descentralização, avaliou-se o Termo de Ajuste e Metas e reconheceu-se que, para o efetivo ge-renciamento do risco sanitário e a ampliação do controle social, era fundamental que a pactuação se estabelecesse entre as três esferas de governo. Esse novo entendimento reforçou o processo de organização do sistema, resultando na inclusão dos municípios.

Em decorrência disso, já no ano de 2004, verificou-se um aumento expressivo no número de municípios que passaram a desenvolver as ações de Vigilância Sanitária ditas de alta e de média complexidades7.

Embora possam ser identificados alguns avanços na estruturação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, as mudanças vêm ocorrendo de forma lenta, sem que as diretrizes de sua construção tenham sido definidas e pactuadas. Portanto, são grandes, ainda, as dificuldades e os desafios a serem enfrentados, como a precária situação de parte dos serviços de Vigilância Sanitária - infra-estrutura, recursos materiais e recursos humanos, entre outros.

O desafio proposto pela I Conferência Nacional de Vigilância Sanitária, realizada em 2001 – Efetivar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária –, per-manece atual. Entretanto, há ainda um longo caminho a ser percorrido para que se possa atender às demandas de uma sociedade que cada vez mais se organiza para defender o seu legítimo direito de consumir produtos e serviços seguros e eficazes e de usufruir ambientes saudáveis (Conferência Nacional de Vigilância Sanitária, 2001)8.

No que concerne ao componente “recursos humanos”, pode-se afirmar ser um objeto de preocupação permanente para o Sistema de Vigilância Sanitária. As diretrizes propostas para a formulação de uma política de formação e capacitação para os trabalhadores e algumas das iniciativas da Anvisa9 refletem a relevância de apoiar estados e municípios, com o objetivo de subsidiá-los a desenvolver plenamente o conjunto de ações sob sua responsabilidade10.

Para enfrentar esse desafio, que se torna mais complexo em face de uma realidade nacional extremamente heterogênea, é necessário desenhar um modelo de intervenção que contemple, entre outros, aspectos relacionados aos trabalhadores, sua inserção nos serviços (modalidades de contra-tação e remuneração) e os meios de trabalho disponíveis.

Com o propósito de atender a essas demandas, à luz das recomendações da Conferência Nacional de Visa e de vários outros fóruns que apontaram a necessidade de se formular um plano diretor de Vigilância Sanitária, a Anvisa instituiu, em 2005, um Grupo de Trabalho para este fim, no interior do Comitê Consultivo de Vigilância Sanitária no âmbito da Comissão Intergestora Tripartite (CIT VISA). Esse grupo elaborou o Documento-base do PDVISA11, que recentemente foi discutido em todas as esferas de governo.

A necessidade de ampliar o debate de construção do PDVISA vem mobilizando diversos atores institucionais, especialistas, trabalhadores do campo da saúde e de áreas afins. Esse processo definirá o Plano Diretor de Vigilância Sanitária, como um instrumento de eleição de prioridades em Visa e

6 - Em essência, poder de po-lícia é a atividade da Adminis-tração que impõe limites a di-reitos e liberdades (Medauar, Odete. “Poder de Polícia”. In: Revista de Direito Adminis-trativo, n° 199. Rio de Janei-ro: Renovar, jan./mar. 1995. p. 89:96.2). Para Caio Tácito, é o conjunto de atribuições concedidas à Administração para disciplinar e restringir, em favor do interesse público adequado, direitos e liberda-des individuais (In: Moreira Neto, D. F. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, Forense, 1999).7 - A Portaria SAS n° 18, de 21 de janeiro de 1999, apresenta um conjunto de procedimen-tos de Vigilância Sanitária es-calonado em três níveis de complexidade: básica, média e alta. A execução das ações de Vigilância Sanitária de média e alta complexidades estava concentrada em poucos mu-nicípios e apenas em alguns estados.8 - http://www.anvisa.gov.br/institucional/snvs/coprh/index.htm9 - Ver documentos produzi-dos pelo Comitê de Política de Recursos Humanos da Anvisa, disponíveis em http://www.anvisa.gov.br/institucio-nal/snvs/coprh/index.htm10 - http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/nob_rh_2005.pdf11 - Ver documento na ínte-gra em http://www.anvisa.gov.br/institucional/pdvisa/doc_imp/doc_base.pdf.

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como documento definidor de diretrizes e estratégias para o setor. Portanto, o PDVISA desempenha um papel político, estratégico e pedagógico importante na reafirmação da Visa como componente da Saúde Pública, e os resultados deste Censo se tornam subsídios fundamentais para esse fim.

1.3. A Importância do Censo Nacional dos Trabalhadores da Vigilância Sanitária para o SNVS

Os censos são pesquisas de base populacional importantes por sua capacidade de produzirem dados acerca das realidades locais, de identificarem especificidades, de produzirem informações novas ou de atualizarem as existentes, gerando conhecimento para a intervenção12. Assim, no cenário de reorganização das práticas de Saúde Pública e, mais especificamente, de Vigilância Sanitária, faz-se necessário conhecer os diferentes processos de trabalho que conformam o setor saúde e os agentes que atuam nas diferentes áreas do sistema.

Até o momento da realização deste Censo, eram poucas as referências disponíveis sobre esses aspectos em Visa. As informações eram fragmen-tadas e limitadas, impedindo que fosse possível delinear o perfil dos trabalhadores que desenvolvem ações nesse campo13. Essa situação pode ser explicada por vários componentes, entre eles o caráter secundário atribuído à Visa na Saúde Coletiva, que restringiu a sua importância como objeto sistematizado de reflexão e de pesquisa14.

A realização de um censo de trabalhadores da Vigilância Sanitária, em âmbito nacional, configurou-se como um instrumento pertinente para sub-sidiar a construção de uma política de recursos humanos para a área e contribuir para a implementação de processos de gestão do trabalho e de reordenamento das práticas, fortalecendo, assim, o sistema.

Com esse propósito, realizou-se, de outubro a dezembro de 2003, um processo de consulta e sensibilização dos coordenadores estaduais de Vigilân-cia Sanitária e dos gestores estaduais e municipais sobre a necessidade e a importância do Censo. Considerada pertinente, a proposta foi aprovada, uma vez que o Censo contribuiria para melhor estruturar os serviços e capacitar os trabalhadores, de forma a dar capilaridade às ações de Visa.

O objetivo maior do Censo foi o de promover o levantamento de dados atualizados e fidedignos acerca de vários aspectos relacionados aos traba-lhadores de Vigilância Sanitária, com vistas a caracterizar a situação existente, oferecendo subsídios aos gestores de saúde para organizar o sistema local e incorporando as ações de Visa ao processo de descentralização do SUS.

Buscou-se, ainda, orientar as iniciativas voltadas para o fortalecimento da gestão do trabalho no SUS, de forma a promover a “desprecarização” dos vínculos de trabalho. Finalmente, procurou-se identificar problemas e impedimentos para o pleno desenvolvimento do Sistema de Vigilância Sanitária.

É importante ressaltar que a realização do Censo caracterizou-se como uma iniciativa para conhecer e valorizar os trabalhadores de Visa, na pers-pectiva de um novo modelo de gestão de pessoas e de ordenamento do sistema. Embora o tema e as informações necessárias à gestão não tenham sido esgotados, espera-se que os dados levantados revelem os pontos críticos para a implementação de uma política de recursos humanos e que suscitem discussões sobre as transformações necessárias à consolidação do Sistema de Vigilância Sanitária no país.

12 - As intervenções em saú-de, em especial no campo da Vigilância Sanitária, devem estar embasadas em dados que traduzem a realidade observada,compatibilizando-os àqueles referentes à oferta de serviços e à capacidade ins-talada de recursos humanos para realizá-las. Sobre cen-sos, consultar sítio do IBGE (http://www.ibge.gov.br).13 - Ver o estudo Levantamen-to da Situação dos Serviços de Vigilância Sanitária no País, 2000 (Costa Reis, L. G.; Lima, L. C. W.), que identificou o quantitativo de trabalhado-res dos serviços dos estados, municípios-capitais e aqueles com mais de 200 mil habitan-tes. Alguns estados reproduzi-ram esse estudo em seu terri-tório; no entanto, tais estudos não foram publicados.14 - Ver Lucchese, G. Globali-zação e Regulação Sanitária: os rumos da Vigilância Sanitária no Brasil. (Tese de Douto-rado) Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz, 2001.

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2. Metodologia

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2.1. Primeiros Passos

Optou-se por trabalhar com o delineamento transversal de características censitárias, ou seja, abranger a totalidade dos trabalhadores e abordar um amplo conjunto de variáveis.

O propósito do Censo da Vigilância Sanitária foi obter um retrato da sua força de trabalho no ano de 2004. Tendo em vista que o censo é um estudo que permite apresentar a realidade em um determinado espaço de tempo, seus dados devem ser coletados em um curto período. Assim, decidiu-se que a coleta seria realizada nacionalmente, entre 17 e 28 de maio de 2004.

A característica fundamental do trabalho centrou-se no espírito cooperativo entre a Coordenação Nacional do Censo e os serviços estaduais de Vigilância Sanitária. A indicação, por estes últimos, de um responsável pelo Censo no âmbito do estado foi o que deu sustentação ao desenvolvi-mento das atividades programadas.

O Censo teve duas fases distintas: a preparatória e a executiva, com a participação, desde o início, dos representantes estaduais.

2.2. Universo de Trabalhadores Recenseados

Foi definido que o universo de trabalhadores a ser abrangido pelo Censo seria composto por todos os profissionais, de todos os níveis de esco-laridade, do quadro efetivo dos serviços de Vigilância Sanitária – da Anvisa e dos serviços estaduais e municipais de Visa –, além dos profissionais contratados exercendo funções ou envolvidos em atividades específicas da área.

Os profissionais contratados por firmas terceirizadas desenvolvendo atividades não específicas da Vigilância Sanitária, tais como motoristas, pessoal de serviços gerais e de suporte à informática, entre outros, foram excluídos da pesquisa. O mesmo ocorreu com os trabalhadores vinculados aos Laboratórios de Saúde Pública, visto que o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) dispõe de dados sobre esta fração de trabalhadores da Vigilância Sanitária.

2.3. Plano Operacional

A elaboração de um plano operacional possibilitou à Coordenação Nacional o acompanhamento e o monitoramento de todo o processo, propician-do uma análise contínua dos acontecimentos e a adoção, sempre que necessário, de medidas de correção e adequação de situações imprevistas.

2.3.1. Fase Preparatória

Esta fase teve por objetivo montar toda a estrutura e desenhar a dinâmica do Censo, estabelecer fluxos e preparar toda a equipe para a fase de execução propriamente dita.

2.3.1.1. Atividades Desenvolvidas

As ações detalhadas a seguir foram necessárias para a operacionalização do Censo, de modo que fossem definidos os apoios e a logística de sua execução em todo o território nacional:

1) Integração com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass - Câmara Técnica de Vigilância Sanitária) e com o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). Foi encaminhado um anteprojeto aos Conselhos de Secretários de Saúde e apresentada uma proposta aos coordenadores estaduais de Vigilância Sanitária, a fim de obter a sua aprovação e o seu apoio.

2) Indicação de um representante de cada estado, desde o início dos trabalhos, e sua imediata articulação com os serviços municipais de Vigilância Sanitária para definir responsabilidades, atribuições e estratégias locais.

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3) Realização de oficinas de trabalho com os representantes dos estados e os responsáveis pelo Censo. As oficinas tiveram como objetivos dese-nhar o instrumento de coleta de dados, discutir e harmonizar os princípios para o desenvolvimento dos planos executivos estaduais, e discutir os critérios para orientar a seleção de auxiliares de trabalho de campo, bem como definir elementos para a implementação e para o acompanhamento do processo de aplicação do instrumento de coleta de dados em cada estado.

4) Realização de levantamentos, por estado, para identificar os serviços municipais de Visa existentes e as condições de acesso aos municípios, e para estimar o quantitativo de trabalhadores.

5) Seleção, pelos estados, de um conjunto de auxiliares do Censo, com base na relação de 1 (um) auxiliar para cada 10 municípios. No total, 570 auxiliares foram capacitados para atuar como facilitadores do Censo em todo o país.

6) Elaboração e consolidação dos Planos Executivos Estaduais do Censo – esquema de preparação e distribuição de material, divulgação, organi-zação dos municípios, número, nomes e treinamento dos auxiliares do Censo, e estratégias de operacionalização (distribuição e recolhimento do material).

7) Produção do Guia de Operacionalização do Censo, para orientar a execução do trabalho dos auxiliares e dos responsáveis estaduais.

8) Realização de oficinas em cada um dos estados, para orientação das atividades a serem desenvolvidas pelos auxiliares do Censo, com exposição de toda a operacionalização do trabalho a ser realizado.

9) Realização de um estudo-piloto para validar o instrumento de coleta de dados, avaliar o tempo de preenchimento e verificar a pertinência das questões e o grau de dificuldade das respostas.

10) Elaboração de material de divulgação (folhetos, cartazes, apresentações) e participação em eventos – Fórum Estadual Intersetorial em Vigilância Sanitária (Feinvisa), realizado em março de 2004 em Florianópolis (SC), e Congresso Nacional dos Secretários Municipais de Saúde, realizado em maio do mesmo ano em Natal (RN), para a divulgação da realização do Censo em todo o território nacional.

Em função da diversidade das condições geográficas do país, as estratégias para o treinamento de auxiliares e a logística para a distribuição e a apli-cação dos questionários foram adequadas pelos estados, de acordo com suas realidades.

2.3.1.2. Instrumento de Coleta de Dados e Validação

O instrumento de coleta de dados foi construído a partir de proposta da Coordenação Nacional, incluindo sugestões dos representantes estaduais, após discussões em oficinas. Também foram incorporadas as sugestões encaminhadas por via eletrônica.

Optou-se pelo autopreenchimento do questionário. Para tal, foi adotada linguagem bastante simples e direta, de modo a facilitar o entendimento de cada questão.

Para verificar a adequação, avaliar e validar o instrumento de coleta de dados foi realizado um estudo-piloto com 100 trabalhadores de Visa do Rio Grande do Norte e da Anvisa. Essa avaliação mostrou a necessidade de reformulação de algumas questões e indicou o tempo médio necessário para o preenchimento do questionário.

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O instrumento foi desenhado em quatro blocos de questões, enumerados a seguir:

1) Identificação do informante.

2) Informações funcionais.

3) Dados sobre instrução.

4) Dados do processo de trabalho.

Algumas questões foram consideradas e tratadas de forma sigilosa, não estando disponíveis as respostas em caráter individual, mas somente como dados censitários.

2.3.2. Fase Executiva

2.3.2.1. Divulgação

A divulgação do Censo ocorreu nos meses anteriores à sua execução, com apresentações em reunião da Câmara Técnica de Vigilância Sanitária do Conass e nos eventos citados anteriormente. Houve a inserção de chamadas na página eletrônica e nos atendimentos telefônicos da Anvisa, além da elaboração e da distribuição de folhetos e cartazes para os estados e municípios.

Em alguns estados e municípios, por iniciativa própria, foi feita divulgação em emissoras locais de rádio e televisão.

2.3.2.2. Distribuição do Material

O material foi distribuído para todos os estados, de acordo com os planos estaduais, que estimaram o número de trabalhadores que deveriam responder ao questionário. Acrescentou-se a esse montante uma margem de segurança correspondente a mais 10% da estimativa. Nesta etapa, contou-se com a colaboração das Coordenações Estaduais de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados da Anvisa, pois os responsá-veis estaduais redistribuíram esse material nos seus estados. Dessa forma, todos os auxiliares do Censo receberam, na semana anterior ao início do mesmo, o material para a coleta de dados. 2.3.2.3. Coleta de Dados

A fase de coleta de dados é de grande importância na elaboração de qualquer pesquisa científica e todos os cuidados com essa etapa visam garantir a qualidade da informação que se deseja obter junto à população pesquisada.

Assim, o primeiro cuidado tomado foi em relação às instruções de preenchimento dos questionários. Além de disponibilizar o Guia de Operaciona-lização do Censo, a Coordenação Nacional manteve contato permanente com os responsáveis estaduais pela supervisão do Censo para orientá-los, sempre que necessário.

A coleta de dados teve início em 17 de maio e foi finalizada, na maior parte dos estados, em 28 de maio de 2004. Alguns estados tiveram necessi-dade de ampliar esse período por diversos motivos, tais como dificuldade de deslocamento (condições climáticas, das estradas, transporte fluvial e aéreo), necessidade de substituição da equipe por impedimentos pessoais diversos, ausência dos trabalhadores do local de trabalho (em razão de férias, licenças, afastamentos, cursos), entre outros.

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2.3.2.4. Edição e Consolidação dos Dados

Para a edição dos dados, contou-se com o apoio de um consultor técnico com expertise em processos censitários e de uma equipe especializada na área de informática. Foi escolhido o processo de digitalização dos questionários e reconhecimento de imagens, visto ser mais rápido e eficiente.

A Coordenação Nacional desenvolveu, junto com a consultoria e a equipe especializada, um plano com as regras de críticas contemplando as ques-tões do instrumento de coleta de dados, de forma que fossem estabelecidas regras de decisão e de eliminação das incongruências.

Todos os casos em que o sistema não pôde fazer o reconhecimento das imagens ou em que ficou em dúvida entre duas ou mais opções de reco-nhecimento foram marcados e encaminhados para verificação. A verificação foi feita em duas etapas independentes. Em cada uma delas, o operador visualizava a imagem do campo e o valor (ou texto) que o sistema considerava mais provável. Com essas informações, o verificador confirmava o valor proposto pelo sistema ou, caso o valor proposto não estivesse correto, digitava o valor (ou texto) do campo. Depois, foram comparados os resultados das duas etapas e as correções coincidentes foram aceitas, enquanto que as divergentes passaram por uma terceira etapa de verificação antes de a correção ser aceita.

Os responsáveis estaduais foram orientados a elaborar um relatório final do Censo, apontando algumas questões para a avaliação de todo o pro-cesso.

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3. Resultados

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3.1. Considerações Iniciais

Os dados a seguir constituem uma apresentação geral dos resultados do Censo e, em alguns momentos, mostram-se mais descritivos do que analí-ticos. Espera-se que o governo federal, os estados, os municípios, o Distrito Federal, a Anvisa e as instituições de ensino e pesquisa, de posse desses dados, estabeleçam comparações e cruzamentos entre as categorias analisadas e obtenham informações capazes de dar suporte ao planejamento de ações para a melhoria do processo de trabalho e da estruturação dos serviços de Visa.

Os dados detalhados e demais informações estão disponíveis no endereço eletrônico www.anvisa.gov.br/conhecimento e nos demais suportes técnicos produzidos pela Anvisa.

3.2. Procedimentos de Organização dos Dados

Com base nos questionários, procedeu-se à organização do banco de dados e à montagem das tabelas de freqüências simples das questões e das variáveis estudadas. A maior parte das tabelas está dividida nos segmentos federal, estadual e municipal, sendo os municípios subdivididos por porte e por sua condição de capital. As capitais dos estados não estão incluídas nos segmentos por porte. Optou-se por apresentar os resultados do Distrito Federal no segmento estadual.

O segmento federal agrega todos os trabalhadores que têm vínculo com alguma estrutura do governo federal (Ministério da Saúde, Funasa e ou-tros), ou seja, não apenas trabalhadores da Anvisa. Alguns desses podem ser cedidos aos estados ou municípios, condição de muitos trabalhadores da Funasa, por exemplo.

As tabelas e gráficos foram trabalhados levando-se em conta o total de respondentes de cada questão. Em algumas tabelas foi incluída a coluna de título “total”, informando quantos responderam aquele quesito, considerando-se que algumas questões não foram respondidas por todos e que em outras houve dupla marcação. Do total de respondentes do Censo, 98 trabalhadores (0,3%) não informaram o seu cargo, não estando incluídos, portanto, nem nas tabelas relativas ao nível médio/elementar e nem naquelas de nível superior.

3.3. Distribuição Geográfica dos Trabalhadores

Além do quantitativo de trabalhadores, considerou-se importante observar a sua distribuição no território e, dessa forma, oferecer subsídios para as diversas análises, em especial aquelas relativas à eqüidade na distribuição dos recursos de várias naturezas e à capacidade de cobertura das ações de Vigilância Sanitária.

O Censo obteve resposta de 100% dos estados e do Distrito Federal e de 86,6% dos municípios. Foram mapeados e incluídos no estudo todos os municípios que possuíam algum trabalhador de Vigilância Sanitária.

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Os Gráficos 1, 2 e 3 e as Tabelas 1, 2 e 3 mostram a distribuição dos trabalhadores por esferas de governo e macrorregiões.

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A distribuição dos municípios com trabalhadores de Visa, de acordo com as macrorregiões, está representada na Tabela 2.

A tabela mostra haver um número significativo de municípios – 746 ou 13,4% dos 5.560 municípios existen-tes – sem serviços de Vigilância Sani-tária.

Destaca-se ainda o grande número de municípios com apenas um trabalha-dor de Vigilância Sanitária (23,7%), em especial na Região Sul do país. Mesmo que esses municípios sejam de peque-no porte, tal situação aponta para uma ação bastante limitada da Vigilância Sanitária em seus territórios. Pode-se deduzir que isso amplia o leque de di-ficuldades para o desenvolvimento de ações sanitárias.

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O Gráfico 2 mostra a situação do país em relação à fre-qüência de municípios com e sem serviços de Vigilância Sanitária, por região.

Já na Figura 1 (mapa), vê-se que a maior parte dos tra-balhadores de Vigilância Sanitária encontra-se na Região Sudeste, onde também se concentra a maior parcela da população e da produção do país.

Ao avaliar esse conjunto de dados, observam-se as se-guintes disparidades com relação a algumas regiões:

1) A Região Norte conta com apenas 2.050 (6,4%) tra-balhadores para dar cobertura à população dispersa em seu vasto território e, principalmente, aos 102 (22,7%) municípios onde inexiste equipe de Vigilância Sanitária.

2) A Região Nordeste possui um contingente importante de trabalhadores – 7.622 (23,7%) –, com concentração expressiva em apenas três estados: Bahia (6,4%), Pernam-buco (3,6%) e Ceará (3%). Necessita, ainda, estruturar a Visa em 218 municípios (12,2%), para atender à diversida-de geográfica, populacional e econômica da região.

3) A Região Sudeste, mesmo concentrando 47,9% do total dos trabalhadores da Vigilância Sanitária, ainda possui 320 (19,2%) municípios sem nenhuma estrutura de Vigilância Sanitária. Necessita, portanto, cobrir uma população de aproximadamente 40 milhões de habitantes que vivem em áreas urbanas densamente ocupadas e com alta concen-tração de atividades produtivas – primárias, secundárias e terciárias.

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3.4. Características Gerais

3.4.1. Composição do Quadro

A maior parte dos trabalhadores de Vigilância Sanitária está vinculada aos municípios, ou seja, tem seu contrato de trabalho firmado com essa esfera de governo (59,8%). Dois grupos expressivos encontram-se, respectivamen-te, nos municípios com até 50 mil habitantes (30%), nas capitais e nos municípios com mais de 100 mil habitantes (21,6%).

O Gráfico 3 apresenta os percentuais de traba-lhadores por esfera do vínculo do contrato de trabalho, evidenciando o papel dos municípios na alocação de pessoal de Visa. Destaca ainda um percentual significativo nas esferas estadual e fe-deral (33%) e 8% de trabalhadores com outro tipo ou mais de um vínculo.

Sobre a composição geral do quadro de traba-lhadores da Vigilância Sanitária (Tabela 4), os dados coletados mostram que o maior contin-gente é composto por pessoal de nível médio/elementar (67,4%). Observa-se um forte peso nos segmentos municipal (60,2%) e federal (19%). Com relação ao grupo de nível superior (32,6%), a concentração ocorre basicamente nos níveis estadual (24,4%) e municipal (59,1%).

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Ao se considerar os profissio-nais que ocupam cargos de ní-vel médio/elementar, observa-se que sua distribuição nas esferas de governo segue a mesma ten-dência do total de trabalhadores recenseados - há um maior nú-mero de trabalhadores vincula-dos aos municípios.

Em relação ao segmento de nível superior, verifica-se essa mesma proporcionalidade.

A Tabela 5 revela que, dos 21.590 trabalhadores de nível médio/elementar, 961 assinalaram mais de um cargo. Os cargos mais freqüentes foram os de fiscal, com 16,6% dos trabalhadores, guarda de en-demias (16,1%) e agente de saúde (8,5%).

Embora houvesse um grande número de cargos de nível médio/elementar disponíveis para serem as-sinalados, a opção “outros” foi marcada por 31,5% dos trabalhadores, representando um número sig-nificativo de cargos que não foram previstos no questionário.

Esses números podem apontar alguns questiona-mentos relativos aos seguintes aspectos: inexistência de plano de cargos e carreira para os profissionais de nível médio; indefinição de perfis profissionais adequados a esse grupo; baixa oferta de processos formativos; e não-reconhecimento do papel dessa categoria profissional no trabalho em Visa.

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Dos 10.447 trabalhadores de nível superior (Tabela 6), 1.313 assinalaram mais de uma opção entre as apresen-tadas na questão. Os cargos mais freqüentes foram os de médico veterinário (21%), farmacêutico (11,5%), enfer-meiro (10,8%), odontólogo (6,4%) e médico (5,3%).

Essas profissões são tradicionalmente encontradas nas equipes de Visa. No entanto, ao se analisar a Tabela 6, verifica-se uma diversidade de formações, indicando uma coerência com a natureza do trabalho em Visa, que pres-supõe a atuação de equipes multiprofissionais e inter/transdiciplinares.

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3.4.2. Gênero

Nas questões relativas a gênero, observa-se uma predominância do sexo masculino (Gráfico 4). Essa composição se dá, sobretudo, em função do segmento de trabalhadores de nível médio/elementar. Entretanto, ao observarmos separadamente o segmento de nível superior, constatamos que há uma inversão do quadro (Gráfico 5).

O fato de haver um maior número de profissionais do sexo feminino no segmento de nível superior acompanha a tendência de gênero apresentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000, indicando que, na última década, houve uma sensível melhoria no indicador de escolaridade feminina no Brasil15 (IBGE, 2000, p. 18).

3.4.3. Faixa Etária

Com relação à faixa etária, os dados abaixo (Gráfico 6 e Tabela 7) de-monstram a predominância das faixas de 31 a 40 anos (32%) e de 41 a 50 anos (30%), significando uma força de trabalho em plena maturidade produ-tiva. Podem ser verificadas ainda duas concentrações significativas de faixa etária, uma de 21 a 30 anos (21%) e outra de 51 a 60 anos (11%).

15 - http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/perfildamulher/apresentacao.shtm

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Pode-se notar, pela Tabela 7, que o conjunto de trabalhadores com mais de 50 anos (16%) é maior nos segmentos federal (18,7%) e estadual (27,5%), em relação ao total de profissionais da sua respectiva esfera, e que a maioria é de nível elementar/médio. Esse fato sugere a perspectiva de substituição desses trabalhadores, decorrente da aposentadoria, podendo significar uma alteração, a médio prazo, no perfil dos trabalhadores dessas esferas de governo.

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Observa-se que 18% dos trabalhadores de Visa têm menos de um ano de tempo de atuação, podendo indicar uma alta rotatividade de profissionais. Essa questão exige um grande volume de investi-mento em qualificação profissional, impactando desfavoravelmen-te no processo de trabalho da Visa. Além disso, pode sugerir um fator de dificuldade para as iniciativas de “desprecarização” dos vínculos na área da Vigilância Sanitária.

3.4.4. Tempo de Atuação na Vigilância Sanitária

Uma das grandes preocupações apontadas, tanto pelos gestores de Vigilância Sanitária quanto pelas instituições formadoras em saúde, diz respeito à dificuldade de fixação dos trabalhadores nessa área, impedindo o acúmulo de conhecimento e a transformação das práticas utilizadas. Essa situação foi abordada por meio de uma questão que buscou identificar o tempo de trabalho desses profissionais na Vigilância Sanitária. Destaca-se que os dados a seguir foram coletados ao final das gestões municipais e anteriormente ao concurso realizado pela Anvisa.

Ao se considerar os profissionais com até cin-co anos de trabalho, obter-se-á um conjunto de 19.042 (59%). Esse número pode se consubs-tanciar como uma situação-problema na cons-trução do conhecimento e na estruturação do processo de trabalho em Visa, que requer tem-po para a articulação sistemática entre concep-ção e experiência laboral, face à abrangência e à complexidade do campo.

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Dos trabalhadores com até cinco anos de trabalho em Visa, 68% estão na esfera municipal, 13,6% na federal e 9,5% na estadual. Os tra-balhadores restantes (8,8%) distribuem-se em outros ti-pos de vínculo, mais de um tipo de vínculo e vínculo não informado.

3.5. Características das Relações de Trabalho

Dadas as características e singularida-des dos estados e municípios pesqui-sados, foi possível detectar uma grande diversidade de questões vinculadas às relações de trabalho no que diz respei-to à forma de inserção dos trabalha-dores nos serviços de Visa, tais como carga horária, tipo de contrato, poder de polícia, remuneração, entre outros.

3.5.1. Carga Horária e Regime de Trabalho

Considerando a especificidade da Visa – vigilância contínua sobre riscos asso-ciados a produtos, processos, serviços e ambientes –, torna-se importante que os seus trabalhadores exerçam suas funções em caráter de exclusividade.

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3.5.2. Nível do Local de Trabalho

Por nível do local de trabalho entende-se a distribuição loco-regio-nal das atividades técnico-administrativas dos três entes federados. Para o Censo foram considerados os níveis central, regional ou distrital e local.

O maior contingente de trabalhadores desempenha suas funções no nível local (64,1%). Destes, 71,8% possuem vínculos municipais e 15,3% federais. Diferente é o quadro dos trabalhadores vincu-lados aos estados, que apresenta apenas 5,6% de seu contingente atuando no nível local. Esses dados mostram coerência, conside-rando os trabalhadores federais descentralizados e a maioria dos trabalhadores de Visa que possuem vínculo do contrato de traba-lho com os municípios.

Em relação ao total de respondentes acerca da carga horária, 70% trabalham mais de 30 horas semanais. Essa informação atende à demanda da Visa por dedicação exclusiva, uma vez que o multiemprego pode gerar situações de vulnerabilidade com relação à intervenção dos profissionais sobre riscos e questões éticas que envolvem o exercício do poder de polícia. Nessa perspectiva, é relevante o percentual (30%) daqueles que cumprem carga horária abaixo de 30 horas semanais.

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3.5.3. Tipos de Contrato de Trabalho

Ao observar-se a Tabela 11, verifica-se que, do total dos trabalhadores de Vigilância Sanitária no país que responderam a este item, 31,6% têm contrato tem-porário. Destes, 26,9% estão no nível federal, 5,2% no estadual e 61,2% no municipal.

Quando se analisa a relação dos temporários com o total de trabalhadores em cada esfera de gover-no, o nível federal apresenta 55,8% de profissionais nesta condição, o municipal 32% e o estadual a me-nor proporção de trabalhadores temporários – 9,6%. Salienta-se que o percentual relativo ao nível federal é anterior à realização do concurso público para pro-vimento dos cargos efetivos do quadro de pessoal da Anvisa, tendo sofrido, portanto, significativa alte-ração.

Dos 8.970 contratos temporários, 54,4% têm prazos maiores que um ano; 85,6% desses contratos encon-tram-se na esfera federal, 43,8% na municipal e 40,9% na estadual. É interessante destacar que os municípios apresentam um contingente bastante expressivo de trabalhadores que possuem contrato com duração de seis meses a um ano (42%).

Comparando a situação dos trabalhadores de nível médio/elementar (Gráfico 9) que responderam à questão relativa ao tipo de contrato e esfera do vín-culo do contrato de trabalho, verificam-se os percen-

tuais de 10,6% nos estados e 33% nos municípios. Do total desses trabalhadores, 59,3% têm contratos com prazo superior a um ano. Os contratos com essa duração atingem os percentuais de 39,9% e 44,7% nos estados e municípios, respectivamente.

Em relação aos trabalhadores de nível superior (Gráfico 10), o cenário é semelhante, com 30,2% na esfera municipal e 8,4% na estadual. Observa-se uma proporção de 40,4% de profissionais com contratos de prazo superior a um ano. Isto pode apontar para a fragilidade do processo de municipalização das ações de Visa.

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3.5.4. Cessão

Do total de respondentes deste quesito, 7.517 exercem suas atividades em local dis-tinto daqueles pelos quais foram contrata-dos. Desses, 45,7% são vinculados à esfera federal, 15,4% à estadual e 25% à municipal.

A maioria é de nível médio/elementar, per-fazendo 83%. Destes, 53% têm vínculos do contrato de trabalho com a esfera fede-ral, e são provavelmente os profissionais oriundos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), descentralizados. Quanto ao nível superior (16,7%), a maior proporção – 34% – possui vínculo com municípios, 27% são vinculados aos estados e 10,4% têm vínculo com a esfera federal.

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Conforme a Tabela 13, é importante res-saltar que a maior parte das cessões são oficiais. No entanto, 21,7% são cessões in-formais, ou seja, sem a devida formalização e publicação em diários oficiais. Esse dado aponta para a questão da legalidade das ações que implicam poder de polícia.

Em relação às cessões formais, 15% dos tra-balhadores pertencem ao nível superior e 84,8% ao segmento médio/elementar, sendo que 67,4% destes últimos são vinculados à esfera federal.

Quanto às cessões ditas informais, 76,9% são de trabalhadores de nível médio/ele-mentar e 22,8% de nível superior. Ambas as categorias possuem a maior parte das cessões informais vinculadas aos municípios (nível médio/elementar: 40%; nível superior: 51,3%).

3.5.5. Desvio de Função

Outro tema abordado e tido como problemático para a gestão do trabalho é o desvio de função. Do conjunto de trabalhadores que responderam ao Cen-so, 18,8% informaram estar em situação de desvio de função. Destes, 11,5% têm vínculo federal, 18,6% vín-culo estadual e 58% vínculo municipal.

Na esfera federal, o contingente de pessoal em situ-ação de desvio de função corresponde a 15,1% do total de trabalhadores que responderam a este item (Tabela 14). No âmbito estadual, esse mesmo seg-mento corresponde a 23,3% do total, e, no municipal, observa-se o percentual de 20,6% de trabalhadores em desvio de função.

Do total de trabalhadores em desvio de função, 81,4% são de nível médio/elementar. Destes, 59,8% são tra-balhadores vinculados aos municípios. Dos trabalha-dores de nível superior, 18,3% informaram estar em desvio de função.

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3.5.6. Poder de Polícia

A partir da compreensão da Vigilância Sanitária como função essencial e indelegável do Estado e de que sua intervenção deve estar sustentada, entre outros instrumentos, por aqueles de caráter legal calcados no poder de polícia, buscou-se identificar como se configura esta situação no país.

Para que possam cumprir parte de suas atividades, os trabalhadores do setor devem estar formalmente in-vestidos do poder de polícia. Na Tabela 15, do total de trabalhadores que responderam à pergunta “Você tem poder de polícia para o exercício de suas ativi-dades?”, apenas 62,8% informaram estar investidos desse atributo – dos quais somente 25% encontram-se na esfera federal. Nos estados e municípios essa situação é diferente, pois 72% e 70% informaram ter poder de polícia, respectivamente.

Daqueles que informaram ter poder de polícia, 58% são trabalhadores de nível médio/elementar e 42% de nível superior.

Com relação ao grupo de nível médio/elementar, percebe-se que 19,3% estão na esfera federal, 57,1% na estadual e 65,4% na municipal.

Na esfera federal, 50% do total de trabalhadores de nível superior informaram ter poder de polícia. Já na esfera estadual o percentual desses trabalhadores é de 87% e na municipal 80,9%. Dos trabalhadores que declararam estar investidos do poder de polícia, 46,9% revelaram que esse poder lhes foi formalmen-te delegado por meio de portaria. Destes, 45,3% são de nível médio/elementar e 49,1% de nível superior.

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3.5.7. Remuneração

Nas próximas tabelas são apresentados dados relativos à remuneração dos trabalhadores. Também com relação a esse tema foram destacados ele-mentos para subsidiar as discussões acerca das evidentes disparidades e das possibilidades de superação, sobretudo a partir do entendimento e do aprofundamento dos princípios e das diretrizes para a gestão do trabalho no SUS (NOB/RH-SUS).

Do total de trabalhadores que responderam a esta questão e afirmaram receber algum tipo de gratificação, 63% são de nível médio/elementar e 61% de nível superior, como mostra o Gráfico 16.

Nos salários sem gratificações (Tabela 16), observa-se que 46,5% dos trabalhadores têm rendimentos de até R$ 500,00, 30,7% percebem entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00, e 11,3% entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00. Por-tanto, 88,5% dos trabalhadores recebem salários de até R$ 1.500,00.

Com relação ao total de trabalhadores das três esferas de governo que informaram a classe de salário sem gratificação (Tabela 16), observa-se a seguinte distribuição:

Nível médio/elementar:•61,4% até R$ 500,00; •31% entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00; e•5,1% na faixa entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00.

As três faixas somadas correspondem a 97,5% desses trabalhadores.

Nível superior: •17,1% até R$ 500,00;•30% entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00; e•23,4% entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00.

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As três faixas somadas correspondem a 70,5% desses trabalhadores.

Ao observar-se isoladamente o grupo de pro-fissionais de nível superior com vínculo federal, veremos que a situação é inversa, apresentan-do 70% com salários acima de R$ 1.501,00. Os percentuais relativos aos estados e municípios são de 23% e 24,6%, respectivamente. No nível médio, nesta faixa salarial, somente 4,7% encon-tram-se no nível federal, seguidos por 2,5% no estadual e 1,3% no municipal.

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Um contingente expressivo – 62,6% daqueles que responderam à questão – declarou receber algum tipo de gratificação.

Daqueles que informaram receber gratificação, muitos recebem mais de um tipo. A gratificação mais freqüente é a relativa à insalubridade, seguida pela de tempo de serviço. A opção “outro tipo de gratificação ou incentivo” é bastante expressiva - 47,8% dos trabalhadores declararam receber outras gratificações. A gratificação de produtividade foi assinalada por 14,1% dos trabalhadores, e mais da metade deles têm vínculo municipal.Ao reproduzir-se a tabela de salários, agora incluindo as gratificações (Tabela 17), constata-se que:

•22,8% dos trabalhadores têm rendimentos de até R$ 500,00; •26,2% estão na faixa entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00; •outros 22,6% recebem entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00.

O total de trabalhadores distribuídos nestas três primeiras faixas é de 71,6%.

Entre os trabalhadores que recebem algum tipo de gratificação, 67,4% são de nível médio/elementar, com os seguintes percentuais por esfera do vínculo do contrato de trabalho:

•24% estão na esfera federal;•15,3% estão vinculado aos estados; •54% estão na esfera municipal.

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•32% dos trabalhadores têm rendimentos de até R$ 500,00;•30,7% recebem entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00; e •21,9% estão na faixa entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00. Nestas três faixas estão 84,6% dos trabalhadores de nível médio/elementar.

Dos trabalhadores com gratificação, 32,4% são de ní-vel superior, assim divididos entre as três esferas de governo:•6,9% pertencem à esfera federal;•29,5% estão vinculados à esfera estadual; e•57% pertencem à esfera municipal.

Por faixa salarial, observa-se que:•3,8% dos trabalhadores têm rendimentos de até R$ 500,00;•16,9% recebem entre R$ 501,00 e R$ 1.000,00; e •24,4% estão na faixa entre R$ 1.001,00 e R$ 1.500,00.

Nestas três faixas encontram-se 45,1% dos trabalhado-res de nível superior.

3.5.8. Existência de Outro Emprego

Na área da saúde, de um modo geral, tem sido observado que um contingente significativo de trabalhadores possui mais de um emprego, configu-rando o que se passou a chamar de multiemprego. Essa também constitui uma fonte de preocupação na área de Vigilância Sanitária, em virtude das peculiaridades do seu processo de trabalho, devido aos eventuais conflitos de interesses que podem surgir. Do total de trabalhadores entrevistados, 28,4% informaram ter outro trabalho. Desse contingente, 4,6% encontram-se na esfera federal, 15,5% na esfera estadual e 70,6% na esfera munici-pal.

Ao separar-se o grupo de nível médio/elementar, observa-se que apenas 16,8% dos trabalhadores desse grupo têm ou-tro local de trabalho, sendo que 71,4% estão vinculados aos municípios, 13,4% aos estados e apenas 6,3% ao governo federal.

Para o grupo de nível superior o quadro é diferente, pois o percentual de trabalhadores com outro local de trabalho é bem superior – 52,3%. Ao observar-se os grupos por esferas de governo, vê-se que 70% dos trabalhadores com outro local de trabalho estão concentrados na esfera municipal, 18,5% na estadual e somente 3,5% na federal.

Classificados por faixa salarial, os trabalhadores deste grupo apresentam os seguintes percentuais (Gráfico 18):

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Dos trabalhadores que têm outra atividade remunerada, 84,9% informaram que esse segundo trabalho é fora da área de Vigilância Sanitária.

Para o grupo de trabalhadores de nível médio/elementar esse quadro é semelhante ao quadro geral, ou seja, dos que têm outro local de trabalho, 84,5% informaram que este é fora da área de Vigilância Sanitária. A mesma situação acontece com o grupo de trabalhadores de nível superior.

Quando perguntados sobre a motivação para ter outro trabalho, a grande maioria dos entrevistados informou que isto se devia ao fato de neces-sitarem complementar o salário.

3.5.9. Acumulações, Competências e Capacidades para o Trabalho

O próximo conjunto de tabelas expõe o quadro sobre capacidades e conhecimentos para o desenvolvimento das várias práticas que compõem a área de Vigilância Sanitária. Neste grupo, encontram-se os dados referentes a formação profissional e capacidades técnicas, entre outros.

3.5.10. Domínio de Línguas Estrangeiras

Nos dias atuais, em função do avanço tecnológico, o domínio de outro idioma é fundamental para o trabalho, principalmente para as áreas que lidam permanentemente com diferentes densidades tecnológicas. Por isso, foi inserida no Censo a questão relativa ao domínio de línguas estrangeiras.

Do montante de trabalhadores de Visa, apenas 39% informaram ter alguma capacidade de leitura na Língua Inglesa16. Destes, 75,3% declararam ter nível básico, 19,6% nível intermediário e apenas 7,8% informaram ter nível avançado.

Dos 12.521 trabalhadores que declararam estar em um dos três níveis de capacidade de leitura da língua inglesa, 42% são de nível médio/elementar e 57,8% de nível superior.Quanto à capacidade de leitura em espanhol, o quadro apresenta cifras menores do que aquelas relativas à língua inglesa. Do total de trabalhadores de Visa, 30,3% revelaram ter alguma capacidade de leitura em espanhol. Desse percentual, 76,6% possuem nível básico, 19,7% intermediário e apenas 6,7% nível avançado.

Dos 9.747 trabalhadores que declararam ter alguma capacidade de leitura em espanhol (básica, intermediária ou avançada), 38,8% são de nível mé-dio/elementar e 61% de nível superior.

16 - Para melhor compreen-são da categorização desse quesito, ver o instrumento de coleta de dados do Censo (questionário) na página da Anvisa: (http://www.anvisa.gov.br/ins-titucional/snvs/coprh/index.htm).

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3.5.11. Uso de Recursos de Informática

Na questão relativa ao uso da Informática, 68,3% do total de trabalhadores de Visa disseram ter ha-bilidade em algum tipo de programa de compu-tador. Dos trabalhadores da esfera federal, 57,4% afirmaram possuir esse tipo de conhecimento, en-quanto que na esfera estadual esse percentual é de 72,6% e na esfera municipal de 69,4%.

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3.5.12. Situação de Continuidade da Formação

Quando perguntados se estavam estudando, no mo-mento de responder ao questionário, foi esclarecido aos entrevistados que era necessário um vínculo for-mal com alguma instituição acadêmica para responder positivamente à questão. Do total dos trabalhadores que responderam a esta questão, 25% informaram que estavam estudando.

No segmento de trabalhadores de nível médio/ele-mentar, 24,7% declararam estar estudando. No gru-po de trabalhadores de nível superior, observa-se um comportamento semelhante, pois 25,9% afirmaram estar nesta situação.

Sobre a situação de escolaridade, a Tabela 22 apre-senta valores totais maiores do que o número de tra-balhadores, visto que muitos preencheram mais de um campo e não somente aquele correspondente a seu maior grau de escolaridade.

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De todo modo, pode-se afirmar que 6.986 trabalhadores (21,7% do total de profissionais que responderam ao Censo) necessitam comple-mentar sua formação, concluindo o ensino médio. Cabe destacar que um contingente expressivo desse conjunto (18,5%) tem seu vínculo de trabalho com a esfera federal.

Do total de trabalhadores de nível médio/elementar (21.590), observa-se 13% de trabalhadores técnicos na área de Visa, sendo que apenas 2,3% possuem habilitação técnica em Vigilância Sanitária.

A Tabela 24 mostra as graduações encontradas na Visa. Lembramos que neste tópico estão incluídos os trabalhadores contratados e ocu-pantes de cargos dos níveis médio e elementar, que possuem o terceiro grau completo. Há ainda um conjunto de trabalhadores que informou possuir mais de uma graduação.

Do total de profissionais de nível superior (10.447), as categorias mais freqüentes apontadas pelo Censo foram: médico veterinário (26,2%), farmacêutico (17,3%) e enfermeiro (13,4%). Essas três categorias tam-bém respondem por um número expressivo do conjunto de trabalha-dores que informou ter feito pós-graduação. No entanto, há um per-centual maior de médicos, biólogos e físicos pós-graduados do que de médicos veterinários ou enfermeiros.

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Quanto à participação dos trabalhadores em cursos, verifica-se que um conjunto significativo (44,4%) concluiu algum tipo de curso no ano anterior ao da coleta de dados (2003). Ao analisar-se esses profissionais em cada esfera de governo, observou-se que 41,7% deles estão vinculados aos mu-nicípios, 45% aos estados e 55% à União. No entanto, é relevante o percentual de trabalhadores que afirmaram nunca ter participado de nenhum tipo de capacitação – 19%. Esses trabalhadores (72%) estão concentrados no âmbito dos municípios.

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No grupo de nível médio/elementar, observa-se que 39,2% dos entrevis-tados declararam ter participado de algum curso no último ano (2003). Destes, destacam-se os vinculados à esfera federal (55,7%). Os trabalha-dores vinculados aos estados e municípios apresentam situação menos favorável quanto à participação em cursos em 2003 (27,6% e 32,7% , respectivamente).

Um contingente expressivo dos respondentes – 23% dos trabalhadores de nível médio/elementar – informou nunca ter participado de nenhum curso.

No que tange à participação em cursos, o quadro apresentado pelo grupo de nível superior é mais favorável: no ano anterior ao Censo, 54,3% des-ses trabalhadores participaram de algum curso. O maior percentual de participação de cursos naquele ano (2003) é o apresentado pelo grupo de trabalhadores vinculados ao estado – 59,3%. Já 11,1% dos trabalhado-res de nível superior informaram nunca ter participado de cursos.

Com relação à atuação em cursos como instrutores, 29,3% dos trabalha-dores declararam já haver participado desse tipo de atividade, sendo que esse percentual, no grupo estadual, é de 43%. Esse dado ressalta o papel desempenhado pelos estados e sugere estar em curso um movimento de descentralização, para o qual é necessária a preparação dos municípios.

Do conjunto de trabalhadores de nível médio/elementar, 18% disseram ter realizado atividades como instrutores. Portanto, conclui-se que esse segmento de profissionais pode vir a desempenhar um importante papel no preparo das equipes locais.

No grupo de trabalhadores de nível superior, observa-se que 50% deles possuem esta experiência. Esse dado aponta para uma carac-terística peculiar da Visa: a necessidade de qualificação profissional em serviço, potencializada pela escassez de cursos que abordem a multiplicidade dos temas específicos da área. Iniciativas de “treina-mentos” para suprir essa demanda reprimida constituem rotina nos serviços de Visa.

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Do total de trabalhadores que responderam ao quesito relativo à formação em pós-gra-duação, 26,3% afirmaram ser pós-graduados17. Dos trabalhadores vinculados à União que responderam a esta questão, 22,5% têm pós-graduação. Já nos estados, o percentual de tra-balhadores com pós-graduação é de 41,3% e nos municípios de 22,9%.

Dos trabalhadores de nível médio/elementar, 6,9% também declararam ser pós-graduados, apesar de estarem vinculados a este nível de instrução do cargo. Quanto ao grupo de tra-balhadores de nível superior, 60,8% revelaram ter algum tipo de pós-graduação. Entre esses, 8,9% têm mestrado e 2,3% doutorado. Na es-fera federal, 85,5% dos trabalhadores de nível superior têm pós-graduação, enquanto que na esfera estadual esse percentual é de 70,5% e na municipal de 54%.

O tipo de pós-graduação mais comum é a especialização, sendo que há um número considerável de trabalhadores com mais de uma especialização e também com mais de um tipo de pós-graduação. Do total dos respondentes dessa pergunta, 8,7% possuem título de mestrado, 3,4% são doutores e 1,9% têm pós-doutorado.

17 - Considerou-se pós-gra-duação lato sensu e stricto sensu, e trabalhadores com nível de instrução do cargo tanto de nível médio quanto de nível superior. Isto significa que alguns profissionais com pós-graduação têm víncu-lo do contrato de trabalho como nível médio.

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3.6. Participação, Instrumentalização e Relação com o Trabalho

3.6.1. Participação dos Trabalhadores no Planejamento

Os dados obtidos revelam que a participação dos trabalhadores no processo de planejamento, uma prática desejável, é freqüente, pois 66,6% deles informaram participar desse processo.

Sobre o conhecimento das metas e prioridades do setor em que trabalhavam, 83,2% daqueles que responderam a esta questão afirmaram conhecê-las. Observa-se que, do conjunto de traba-lhadores de nível médio/elementar, 82,6% conhecem as metas e prioridades de seus setores. Com relação aos profissionais de nível superior, este percentual é de 84,3%.

Com relação às áreas temáticas das pós-graduações, a mais freqüente foi a de Saúde Pública, respondendo por 22,5% das pós-graduações informa-das, seguida pela de Vigilância Sanitária (9,5%). Esse quadro se repete se considerarmos apenas a especialização: 24,6% em Saúde Pública e 10,5% em Vigilância Sanitária. Em relação ao mestrado, temos 11,7% em Saúde Pública, seguida da área de Meio Ambiente, com 6%. Quanto ao doutorado, a área mais freqüente é a de Educação em Saúde (15,6%), seguida de Gestão em Saúde (13,3%).

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Sobre a utilização de informações para o desen-volvimento das ações de Vigilância Sanitária, um número significativo dos respondentes (77,7%) afirmou utilizá-las.

É importante destacar que 23.593 trabalhadores declararam usar informações sobre condições de vida e situação de saúde da população para o de-senvolvimento de suas atividades. Analisados por escolaridade, esses dados representam um per-centual de 76% de trabalhadores de nível médio e 74% de nível superior, do total de trabalhadores que responderam a este item.

Quando perguntados sobre o desenvolvimento de ações de forma articulada com outras áreas ou setores, 70,5% do total de respondentes do Cen-so informaram trabalhar articuladamente com a Vigilância Epidemiológica, a opção mais citada. Ao se observar separadamente as esferas de governo, constata-se que 78% desses trabalhadores encontram-se na esfera federal, 60% na estadual e 72,7% na municipal.

A segunda área mais citada neste item foram os Laboratórios Centrais, assinalados por 45,9% dos trabalhadores. Desse total, 49,3% estão na esfera federal, 57,7% na estadual e 42,6% na municipal.

A terceira opção foi a Vigilância Ambiental, apontada por 39,3% dos entrevistados. Observando-se os segmentos separadamente, verifica-se que 37,6% dos trabalhadores estão na esfera federal, 43,1% na estadual e 39,4% na municipal.

Observando-se separadamente os grupos de trabalhadores de nível médio/elementar e superior, verifica-se que a ordem de prioridade na articu-lação com outros setores se mantém: nível médio/elementar - Vigilância Epidemiológica (72,9%), Laboratórios Centrais de Saúde Pública (44,9%) e Vigilância Ambiental (38,8%); nível superior - Vigilância Epidemiológica (65,8%), Laboratórios Centrais (49,1%) e Vigilância Ambiental (40,3%).

Quanto à forma de trabalho articulado, a opção mais freqüentemente apontada diz respeito às ações conjuntas de caráter emergencial.

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3.6.2. Domínio das Tecnologias de Inspeção

Quando perguntados sobre a utilização de roteiros para a execução das inspeções sanitárias, 69,7% dos trabalhadores informaram utilizar esse tipo de instrumento.

Vale destacar que a opção “não se aplica” se refere àqueles que não de-senvolvem ações de inspeção. Estão nessa condição 6.515 trabalhadores, perfazendo 20,3%. Os profissionais que responderam a este item estão distribuídos da seguinte forma: 39% pertencem à esfera federal, 23,6% à estadual e 13,7% à municipal. Esses percentuais confirmam que os traba-lhadores de nível local são os que mais executam ações de inspeção.

Ainda nesse item, 78,9% dos trabalhadores são de nível médio/elemen-tar e 12,7% de nível superior. Desse último grupo, 398 são vinculados à esfera federal, correspondendo a 44,1%.

Considerando-se os segmentos separadamente, 57,3% dos trabalhado-res da esfera federal afirmaram utilizar roteiros de inspeção. Já na esfera estadual esse percentual é de 69,3% e na municipal de 74,2%.

Em relação ao conjunto de trabalhadores de nível médio/elementar que responderam afirmativamente a este item, ou seja, que declararam uti-lizar roteiros de inspeção, encontramos o percentual de 66,2%. Desses trabalhadores, 58,6% encontram-se na esfera federal, 56,5% na estadual e 71,6% na municipal.

No grupo de nível superior, 77,1% afirmaram utilizar roteiros de inspeção, evidenciando uma diferença de cerca de 10% em relação ao grupo de nível médio/elementar. Considerando as três esferas de governo, 51,3% dos trabalhadores de nível superior vinculados à esfera federal declararam utilizar roteiros de inspeção, enquanto que na esfera estadual esse percentual é de 84,1% e na municipal atinge 79,5%.

A questão que abordou a dificuldade de aplicação dos roteiros de inspeção revelou que 16,8% do total de trabalhadores entrevistados estão nessa condição.

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Do total de trabalhadores de nível médio/elementar, 17% afirmaram ter dificuldades na utilização de roteiros. No grupo de trabalhado-res de nível superior, este percen-tual foi de 16,4%.

Os dados a seguir referem-se a outra atividade bastante comum desenvolvida pelas equipes de Vi-gilância Sanitária – a elaboração de relatórios de inspeção. Nesse aspecto, 13,6% dos trabalhadores declararam ter dificuldade para desenvolver essa atividade. Apenas 6,2% dos trabalhadores da esfera federal acusaram ter essa dificul-dade. Já na esfera estadual, esse percentual é de 11,8% e na muni-cipal de 15,1%.

Analisados por níveis de instrução do cargo, cerca de 13% dos trabalhadores de nível médio/elemen-tar e superior informaram ter dificuldade para redi-gir os relatórios, não havendo diferença do quadro geral.

A utilização de equipamentos durante a inspeção é importante, na medida em que qualifica e objeti-va as observações. 53,2% dos trabalhadores infor-maram utilizar algum tipo de equipamento. Desses, 58,9% são da esfera federal, 57,1% da estadual e 51,3% da municipal.

Dos trabalhadores de nível médio/elementar que responderam a esta questão, 52,8% afirmaram utili-zar algum tipo de equipamento e estão distribuídos da seguinte forma: 59,1% na União, 59,6% nos esta-dos e 50,2% nos municípios.

No grupo de nível superior, 54,1% entrevistados in-formaram utilizar equipamentos. Desses trabalha-dores, 58,6% têm vínculo com a União, 55,1% com os estados e 53,5% com os municípios.

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3.7. Relação com o Trabalho: Grau de Satisfação e Percepção do Risco

Quando perguntados, diretamente, sobre sua relação de satisfação com o trabalho, 64,6% dos trabalhadores que responderam a esta questão declararam-se satisfeitos, 24,4% insatisfeitos e 11% muito satisfeitos.

Para o grupo vinculado à esfera federal, a composição é a seguinte: 66% de trabalha-dores satisfeitos, 9,5% insatisfeitos e 24,4% muito satisfeitos.

Já na esfera estadual, constata-se que 66,4% dos trabalhadores declararam-se satisfei-tos com o trabalho, 25,4% insatisfeitos e 8% muito satisfeitos.

No âmbito municipal, a situação é a seguinte: 63,7% de trabalhadores satisfeitos, 26,6% insatisfeitos e 9,4% muito satisfeitos.

Entre os trabalhadores de nível médio/elementar, 64,5% declararam-se satisfeitos, 22,6% insatisfeitos e 12,9% muito satisfeitos com seu trabalho.

Quando se leva em consideração apenas o segmento de trabalhadores de nível su-perior, a situação é a seguinte: 65% declararam-se satisfeitos, 28% insatisfeitos e 7% muito satisfeitos com seu trabalho.

Na pergunta em que foi abordada a percepção dos riscos a que estavam submetidos no processo de trabalho, 87% do total de trabalhadores respon-deram afirmativamente a esta questão. Na esfera federal, 89,7% dos trabalhadores reconheceram estar sob esta condição, ao passo que na estadual esse percentual atingiu 85,4% e na municipal 87,7%.

Ao analisar-se a questão do risco no trabalho com relação aos diferentes segmentos de trabalhadores, constata-se que, daqueles de nível médio/ele-mentar, 87,9% informaram estar submetidos a riscos. Para as três esferas de governo, esse mesmo grupo apresentou a seguinte situação: 94,4% dos trabalhadores na esfera federal, 81,6% na estadual e 88,1% na municipal afirmaram estar expostos a riscos.

Ao observar-se somente o segmento de nível superior, constata-se que 85% do total desses trabalhadores consideram estar submetidos a riscos. O quadro relativo às três esferas de governo está constituído da seguinte forma: 68,8% dos trabalhadores estão vinculados à esfera federal, 89,6% à estadual e 86,8% à municipal.

O fato de a maior parte dos trabalhadores de nível médio/elementar da esfera federal indicarem estar submetidos a riscos pode estar relacionado com o exercício de atividades na área de portos, aeroportos e fronteiras e, ainda, com o desenvolvimento, por esses trabalhadores, de ações rela-cionadas ao controle de vetores e endemias

Quanto aos tipos de riscos, os mais freqüentemente mencionados foram contato com doenças, acidentes de percurso, contato com substâncias perigosas e estresse.

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4. ASPECTOS GERAIS

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Os resultados do Censo evidenciaram situações que precisam ser abordadas de forma mais aprofundada, devendo ser objeto de maior reflexão e de ampla discussão, visto que são aspectos de extrema relevância para a estruturação do Sistema de Vigilância Sanitária. Temas como distribuição dos trabalhadores, situação institucional, processo de trabalho, capacitação profissional e, ainda, satisfação e percepção de risco pelos trabalhadores em relação ao cotidiano do trabalho merecem ser cuidadosamente estudados.

4.1. Distribuição Geográfica dos Trabalhadores

A Região Sul, composta por três estados, é a que possui o melhor perfil de cobertura da Visa em seus municípios. São 1.121 municípios (94,4% de um total de 1.188), com pelo menos um trabalhador de Vigilância Sanitária, para cobrir a terceira maior população do país - 25.107.616 habitantes (IBGE, 2000). Assim, a relação “trabalhador de Visa por habitante” é de 1/6.122. Embora não tenha uma dimensão territorial muito extensa, a região possui dificuldades em termos de malha viária, tem peculiaridades importantes relacionadas às atividades produtivas relevantes do ponto de vista sanitário, além de estabelecer fronteira com países da América do Sul que suscitam ações específicas.

Já na Região Centro-Oeste, 424 municípios (91,6% do território) de um total de 463 possuem trabalhadores de Vigilância Sanitária, sendo que 185 deles (40%) contam com apenas uma pessoa da área. É a segunda região em termos de percentual de municípios com trabalhadores de Visa, agregando 9,2% do total de trabalhadores da área e dando cobertura a uma população de 11.636.728 habitantes (IBGE, 2000). A relação existente nessa região é de um trabalhador de Visa para cada 3.933 habitantes, send0 que o quadro apresentado é semelhante ao descrito na Região Norte, em relação à sua dimensão territorial e à sua diversidade étnica e cultural. No entanto, a cobertura territorial da Visa, que atinge quase 100% dos municípios, e a relação entre os trabalhadores e a população podem significar maior abrangência e efetividade das ações.

A Região Nordeste é composta por nove estados e 1.792 municípios, dos quais 1.574 possuem pelo menos um trabalhador de Vigilância Sanitária (87,8%). É, portanto, a terceira região brasileira em termos de proporção de municípios com trabalhadores de Visa, agregando 23,7% do total desses trabalhadores e a segunda maior população do país - 47.741.711 habitantes (IBGE, 2000), dispersa em um vasto território. A relação “trabalhador de Visa por habitante” é de 1/6.263. Mesmo tendo 87,8% de cobertura nos municípios, algumas peculiaridades regionais podem dificultar o desem-penho no campo, tais como a economia, a política, os grandes deslocamentos e o clima semi-árido, que produzem uma heterogeneidade econômica, social, cultural e sanitária internas muito peculiar, circunscrevendo ao processo de trabalho da Vigilância Sanitária diferentes problemas e necessida-des a serem superados.

A Região Sudeste é a quarta em relação ao número de municípios cobertos pela Vigilância Sanitária: 1.348 municípios de um total de 1.668 têm trabalhadores de Visa (80,8%), sendo que 288 (17,3%) contam com apenas uma pessoa da área. A região agrega 47,9% do total de trabalhadores de Visa no país. Os dados revelam uma situação positiva, porém, quando traduzidos na especificidade do território, eles são preocupantes, pois os quatro estados que compõem a região congregam a maior concentração populacional do país – 72.412.411 habitantes (IBGE, 2000), configurando a relação de um trabalhador de Visa para cada 4.700 habitantes. É preciso observar, também, que se concentra nesta região o maior parque produtivo com diferentes atividades – primárias, secundárias e terciárias. Esses fatos podem significar mais demanda e uma outra ordem de complexidade para o desenvolvimento das ações de Vigilância Sanitária, o que irá requerer tecnologias, pessoal e conhecimentos apropriados às necessidades e aos problemas encontrados.

A Região Norte é a que demonstra ter maior dificuldade para a efetivação de ações de Visa, em função da quantidade de municípios que possuem trabalhadores nessa área – apenas 77,3% do total; de sua grande dimensão territorial, com difícil acesso devido à sua abundante hidrografia; e da sua diversidade populacional, cultural e biológica, que requerem diferentes abordagens para efetivar o controle e a segurança sanitária. As singularidades da região se traduzem em uma população de 12.900.704 habitantes (IBGE, 2000), totalmente dispersa no território, muitas vezes isolada em lugares remotos, convivendo simultaneamente com produtos, processos e serviços globalizados e com aqueles rudimentares, específicos de comunidades rurais, com estilos de vida completamente diversificados.

A vulnerabilidade sanitária dessa região é ampliada por sua condição de fronteira com outros países da América do Sul e por sua conformação como espaço supranacional de biodiversidade, tornando-a patrimônio universal importante para a sustentabilidade do planeta. Essa condição suscita da Vigilância Sanitária controle e monitoramento contínuos relativos a todas as suas áreas de atuação, inclusive aquelas de atribuição específica da

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esfera federal, como as de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. Na Região Norte estão 2.050 trabalhadores de Visa (6,4% dos trabalhadores do país), com uma relação de um trabalhador para cada 6.293 habitantes. 4.2. Situação Institucional dos Trabalhadores

4.2.1. Esferas de Governo

Conforme os dados levantados, pode-se afirmar que a esfera municipal é aquela que absorve o maior contingente de trabalhadores de Vigilância Sanitária – 21.771 (67,7% do total de trabalhadores). Esse fato era esperado frente ao grande número de municípios (5.560) existentes no país. A esfera estadual possui 5.474 trabalhadores de Visa (17% do total) e o nível federal 5.017 (15,6% do total).

É preciso ressaltar que há um quantitativo expressivo de municípios – 746 – sem nenhum trabalhador de Visa, representando 13,4% dos 5.560 mu-nicípios existentes, e, ainda, um outro grupo de 1.319 municípios (23,7% do total de municípios do país) com apenas um trabalhador de Vigilância Sanitária. Esse quadro demonstra as dificuldades para o controle dos riscos e para o desenvolvimento de ações sanitárias.

A partir da estratificação por porte populacional, observa-se que a maior parte dos trabalhadores de Visa está lotada nos municípios com menos de 20 mil habitantes (32,3%), e apenas 8,6% dos trabalhadores de Vigilância Sanitária encontram-se em municípios com mais de 200 mil habitantes.

O segmento de nível médio/elementar perfaz um total de 21.590 trabalhadores (67,2%) dos 32.135 apontados pelo Censo. Desses, 13.003 ou 60,2% estão vinculados aos municípios, enquanto 4.102 trabalhadores (19%) estão alocados no nível federal e os demais 2.906 trabalhadores (13,5%) no nível estadual. Quanto aos trabalhadores de nível superior, constata-se que 6.177 deles (59,1%) estão vinculados aos municípios, inclusive às capitais, ao passo que 2.548 (24,4%) encontram-se nos estados e apenas 902 (8,6%) na esfera federal.

Pode-se verificar que, nesse nível de escolaridade, a distribuição também é assimétrica, como no caso do nível médio/elementar. O fato de que ape-nas 8,7% dos 10.447 trabalhadores com nível superior estão trabalhando em municípios com mais de 200 mil habitantes pode indicar a possibilidade de maior risco sanitário nessas cidades, onde há uma maior concentração populacional e maior número e diversificação das atividades produtivas.Se levarmos em conta o porte dos municípios e a complexidade dos processos produtivos e sociais que neles ocorrem, podemos afirmar que há uma desproporção na alocação de pessoal, principalmente dos profissionais de nível superior, nos municípios com mais de 100 mil habitantes.

Os dados revelam disparidades entre o porte dos municípios, suas necessidades sanitárias e o quantitativo de pessoal para atender as demandas relativas aos campos de atuação da Vigilância Sanitária. Faz-se urgente o equacionamento das necessidades locais em relação ao desenvolvimento de ações de Visa, em função do perfil dos municípios – população, dimensão territorial, perfil produtivo, perfil epidemiológico, diversidade sócio-cultural e político-econômica.

4.2.2. Cargos

Os cargos ocupados pelos trabalhadores de nível médio/elementar são, predominantemente, os de agentes, auxiliares, atendentes e guardas, perfa-zendo um total de 40,2%. Um grupo expressivo de trabalhadores desse segmento apontou a categoria “outros” (7.106 ou 31,5%), o que implica a necessidade de aprofundar o diagnóstico, mas, por outro lado, evidencia a diversidade de nomenclatura dos cargos e a falta de padronização, inclusive para a lotação dos trabalhadores nesta área. Os fiscais e os inspetores formam um grupo de 4.520 trabalhadores, e os técnicos perfazem um total de 1.572 trabalhadores.

Os cargos que os trabalhadores de nível superior ocupam são, predominantemente, os de médico veterinário (2.471), farmacêutico (1.353) e en-fermeiro (1.266), significando um percentual de 43, 3% desses trabalhadores. Os odontólogos e médicos somam 1.376 profissionais (11,7%) e o grupo dos fiscais e inspetores é constituído por 839 trabalhadores (7,1%). Em todo o país, existem apenas 220 sanitaristas e 23 físicos vinculados à Vigilância Sanitária.

18 - No período de setembro de 2004, quando foi finaliza-da a pesquisa de campo do Censo, até a publicação desse documento, em novembro de 2006, foram realizados con-cursos públicos para o pro-vimento de cargos no campo da saúde pública, nas esferas federal, estadual e municipal. Esses concursos modificaram, em alguma medida, a situa-ção dos recursos humanos em saúde, no que tange à desprecarização dos vínculos dos contratos de trabalho. Destacam-se, nesse cenário, o concurso realizado pela Anvi-sa, em 2004, com a oferta de 580 vagas, e o da Fiocruz, em 2006, para o preenchimento de 1.000 vagas.

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Esse quadro permite concluir que há necessidade urgente de ampliar o quantitativo de profissionais de algumas das categorias da área da saúde, mas que também é preciso incorporar outros profissionais que tradicionalmente não fazem parte dos quadros da saúde. Físicos, engenheiros clínicos, advogados, entre outros, são extremamente necessários para acompanhar os avanços da tecnologia em saúde e dar respostas aos desafios que a complexidade da vida e da sociedade contemporânea produzem para a ação da Vigilância Sanitária.

4.2.3. Tempo de Serviço

Conforme foi possível observar, esta é uma questão crítica para a implementação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Os trabalhadores com menos de um ano de serviço representam 18% do total, e merece destaque o fato de a coleta de dados ter ocorrido no último ano dos mandatos municipais (2004).

A rotatividade dos trabalhadores nesta área é um fato bastante conhecido no Brasil. É importante que tal questão seja estudada com apuro para que sejam evidenciadas as causas que contribuem para essa dificuldade de fixar o profissional, o que dificulta o acúmulo de conhecimento e a transformação das práticas. Ao mesmo tempo, esse dado revela uma fragilidade para a condução e sustentação do processo de descentralização e municipalização das ações de Vigilância Sanitária.

Em relação aos trabalhadores de nível superior, a concentração se dá na faixa de 6 a 10 anos de serviço. É também expressivo o número de pes-soas nas faixas entre 6 e 15 anos de trabalho (30,8%), podendo significar uma parcela de trabalhadores com mais maturidade profissional e maior conhecimento do processo de trabalho da Visa.

4.2.4. Estabilidade Funcional

Como mencionado anteriormente, a situação dos trabalhadores de Visa é de grande vulnerabilidade quanto à estabilidade. Observa-se um número expressivo de profissionais com vínculo temporário – em torno de 8.970 (27,9%). Esse quadro, provavelmente, foi alterado com a realização de con-cursos públicos18. O segmento mais estável é aquele vinculado à esfera estadual, que conta com apenas 8,5% de contratos temporários. Em relação aos municípios, a situação mais precária encontra-se nos municípios com até 50 mil habitantes, nos quais há um total de 3.528 trabalhadores com contratos temporários, demonstrando mais uma vez a fragilidade e as dificuldades para aprofundar o processo de descentralização.

Os municípios que apresentam maior estabilidade em relação ao seu quadro de profissionais são as capitais, com apenas 150 contratos temporá-rios.

Constata-se a existência de um número significativo de pessoal temporário, em sua maioria com contratos nas categorias “entre seis meses e 1 ano” e “mais de 1 ano” (87,2%), em todas as esferas de governo. Pode-se observar que a esfera municipal é a que trabalha com contratos de prazos mais curtos.

4.2.5. Regime e Situação de Trabalho

O regime de trabalho predominante nas três esferas de governo é o de diarista exclusivo (88%). Apenas 4,5% de todos os trabalhadores são plan-tonistas e 7,5% são diaristas e realizam plantões. Os plantonistas se concentram na esfera federal, e grande parte desses trabalhadores deve exercer suas atividades na área de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.

Cabe destacar que foi observado um grande contingente de trabalhadores cedidos entre as esferas de governo. A maioria dos trabalhadores nessa situação é de nível médio e elementar (83%), sendo que 53% pertencem à esfera federal. Essa realidade provavelmente deve-se ao processo de descentralização e à extinção de alguns órgãos como o Inamps, entre outros, ocorridos a partir dos anos 80.

As cessões, em sua maioria, são oficializadas e formalmente estabelecidas, muito embora a situação de 21,7% delas ainda conste como sendo infor-mal, ou seja, envolvendo trabalhadores que exercem suas atividades sem respaldo legal quanto ao exercício do poder de polícia. A cessão informal é

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mais significativa entre os trabalhadores de nível médio e elementar (76,9%), vinculados majoritariamente aos municípios. Já a proporção do pessoal de nível superior sob a mesma condição é de 22,8% do total da força de trabalho, cuja maioria também se encontra na esfera municipal (51,3%).

É nos municípios que se encontra o maior número de trabalhadores com desvio de função (59,8%), sendo 81,4% do total representados por traba-lhadores de nível médio/elementar.

4.2.6. Poder de Polícia

Para o pleno exercício das atividades de Vigilância Sanitária, é necessário que seus agentes estejam investidos no cargo que ocupam e tenham po-der de polícia. No entanto, apenas 62,8% dos trabalhadores informaram ter poder de polícia, dos quais a maioria é oriunda do segmento de nível médio/elementar. Este fato é bastante crítico em termos de organização do sistema, uma vez que existem apenas 19.319 trabalhadores em todo o país habilitados para a inspeção e seus desdobramentos legais, como autuações e aplicação de penalidades.

4.2.7. Remuneração

Os salários recebidos pelo conjunto dos trabalhadores de Visa são bastante baixos. A maioria (77,2%) encontra-se na faixa de remuneração de até R$ 1.000,00. Um contingente expressivo (46,5%) recebe até R$ 500,00. Apenas 1,2% recebe salários acima de R$ 4.000,00.

Ë importante destacar que os trabalhadores vinculados às esferas estadual e municipal detêm os menores salários.

Provavelmente em função dos baixos salários, há um significativo percentual de profissionais de Visa que recebem algum tipo de gratificação (62,6%), situação semelhante à vivenciada pelos trabalhadores de outros segmentos do SUS.

As gratificações são múltiplas, podendo o trabalhador receber mais de um tipo delas. A opção “outro tipo de gratificação ou incentivo” também foi significativa (47,8%), o que pode ser interpretado como uma das inúmeras formas de compensação dos baixos salários percebidos pelos trabalha-dores que integram o SUS.

Este é um ponto que precisa ser enfrentado. A remuneração prevista para esses trabalhadores não condiz com as exigências de capacitação neces-sária para o desenvolvimento das ações de Vigilância Sanitária. Além disso, é incoerente com as limitações que são corretamente impostas a esses profissionais com relação à sua responsabilidade técnica por estabelecimentos ou à sua participação em empresas reguladas pela Visa. Além disso, tal remuneração também não é condizente com a dedicação e as responsabilidades exigidas desses trabalhadores, entre elas a de serem até mesmo responsáveis judicialmente por suas ações. Os níveis salariais praticados parecem ser em grande parte responsáveis pela alta rotatividade, visto que esses profissionais – em especial aqueles de nível superior, tais como médicos e farmacêuticos – apresentam um bom nível de capacitação e de atualização, que lhes permite auferir melhores salários no mercado.

4.3. Processo de Trabalho: Capacidades e Ações

Muitos trabalhadores informaram trabalhar fora da Vigilância sanitária (85%) e afirmaram, em sua maioria, que isso se deve à necessidade de com-plementação salarial (61,7%).

Quando as capacidades que esses trabalhadores desenvolvem para o trabalho no item língua estrangeira – inglês e espanhol –, por exemplo, são avaliadas, percebe-se que apenas um percentual muito pequeno domina algum desses idiomas. Essa é uma questão que merece um olhar mais atento. No mundo contemporâneo, onde as trocas e relações são intensas, os riscos se difundem rapidamente e o desenvolvimento científico e tecnológico precisa ser estreitamente acompanhado, o domínio de outros idiomas é fundamental.

Em relação aos conhecimentos de informática, uma parcela significativa de trabalhadores (69,1%) afirmou utilizar algum recurso dessa área. A capa-cidade para o uso da informática é muito maior do que o domínio de outro idioma.

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O dado relativo ao número de trabalhadores que afirmam utilizar informações sobre a situação de saúde e condições de vida da população para o desenvolvimento do seu processo de trabalho surpreende – 74,7% do total de respondentes desse item (31.565). Deste total, o grupo mais ex-pressivo é o dos trabalhadores de nível médio - 16.085 (52,5%).

O trabalho da Visa integrado a outras estruturas operacionais do SUS foi ressaltado pelo conjunto dos trabalhadores, destacando-se a importância da Vigilância Epidemiológica (70,5%), dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública – Lacens (45,9%) e da Vigilância Ambiental (39,3%), seguidas da Saúde do Trabalhador e do Controle e Avaliação.

Dada a natureza da Vigilância Sanitária, seu caráter intersetorial tem sido sempre ressaltado. Os trabalhadores entrevistados declararam estar cientes e reconhecer a importância de desenvolver suas ações de forma articulada com outras áreas e setores. A importância da epidemiologia é revelada de forma incontestável e mostra que é possível um trabalho integrado, independentemente da forma como estão organizados os serviços, visto que as questões que envolvem essa área fazem parte da vida cotidiana da população. Assim, não cabe nenhum tipo de atrelamento a estruturas, e os processos colaborativos podem ser mais ágeis na medida em que as peculiaridades e as possibilidades de cada uma das áreas envolvidas são reconhecidas.

Sobre os roteiros de inspeção, pode-se afirmar que hoje esta é uma prática consagrada. Apenas 16,8% dos profissionais afirmaram ter algum grau de dificuldade em aplicá-los. Em relação à produção de relatórios técnicos, somente 13,8% dos trabalhadores reconheceram ter dificuldades em fazê-los.

As técnicas de inspeção sanitária precisam ser revistas e aprimoradas. Se, por um lado, observa-se a utilização dos roteiros por elas padronizados, por outro lado constata-se que as inspeções ainda guardam um caráter subjetivo, visto que mesmo equipamentos considerados básicos não são regularmente utilizados.

É preciso avançar na adoção de modelos de inspeção que incorporem instrumentos que tornem as observações, base para ações de intervenção, mais objetivas, reproduzíveis e verificáveis. É necessário, portanto, incrementar o uso de instrumentos de diversas naturezas para atender à diversi-dade de ações de inspeção, tais como intimações, interdições etc.

4.4. Formação e Capacitação

Quanto à capacidade e ao acúmulo de conhecimentos para a conformação da “inteligência sanitária”, observa-se que a participação dos trabalha-dores em cursos, no ano de 2003, foi satisfatória (44,4%), porém o fato de haver uma outra parcela (19%) que afirmou nunca ter participado de nenhum tipo de capacitação é preocupante. Esses trabalhadores concentram-se no âmbito municipal (72%).

Os trabalhadores da esfera federal foram os que tiveram a maior participação em cursos. Os profissionais de nível superior tiveram mais chance de se qualificar do que os de nível médio/elementar. Constatou-se que 23% e 11,1% dos profissionais de ambos os níveis, respectivamente, não parti-ciparam de nenhum processo de capacitação profissional.

Um dado interessante revelado pelo Censo foi sobre a atuação dos trabalhadores como instrutores em atividades pedagógicas (29,3%). A maior parte desses instrutores localiza-se na esfera estadual, o que revela uma de suas importantes características e atividades frente à descentralização/municipalização do SUS. Dos trabalhadores de nível médio/elementar, 18% já estiveram nessa situação, demonstrando a importância desse segmento no preparo de equipes locais. Com relação aos profissionais de nível superior, 50% tiveram esta experiência. Esse dado revela que tais atividades fazem parte do cotidiano da Vigilância Sanitária, e que muitas vezes a preparação de pessoal se dá a partir do próprio serviço. Portanto, é importante refinar a análise desse segmento para verificar a pertinência da elaboração de uma proposta de capacitação específica para o desempenho dessas atividades, seja por meio de uma formação para a docência ou de uma capacitação pedagógica.

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Verifica-se que a composição do quadro de graduação da Visa é bastante diversificada, embora ainda precise ser complementado por profissionais de outras áreas de atuação, conforme já apontado anteriormente. Um conjunto de 4.439 trabalhadores, somados os cargos de nível médio e de nível superior, informou possuir mais de uma graduação.

Os cargos mais freqüentes citados pelos entrevistados foram: médico veterinário – 2.471 (21%); farmacêutico – 1.353 (11,5%) e enfermeiro – 1.266 (10,8%). Essas três categorias também respondem por um número expressivo do conjunto que informou ter feito pós-graduação. No entanto, são os médicos, os biólogos e os físicos os profissionais que apresentam a maior proporção de pós-graduados.

No geral, não é expressivo o quantitativo de trabalhadores com pós-graduação (apenas 26,3%)19. Entre os trabalhadores de nível médio/elementar, existe um pequeno percentual (6,9%) que possui pós-graduação. Já no nível superior, o percentual de profissionais com algum tipo de pós-graduação chega a 60,8%, sendo que 8,9% têm mestrado e 2,3% doutorado.

A modalidade de pós-graduação lato sensu é a mais freqüente, destacando-se a especialização (86,1%). Com relação à modalidade stricto sensu, observa-se o seguinte quadro: 8,7% dos trabalhadores têm grau de mestrado, 3,4% possuem doutorado e 1,9% pós-doutorado. Existem profissionais com mais de uma especialização, bem como com mais de um tipo de pós-graduação.

A maior parte das pós-graduações é na área de Saúde Pública (22,5%), seguida pela de Vigilância Sanitária (9,5%). Quanto às especializações, 24,6% são em Saúde Pública e 10,5% em Vigilância Sanitária. Esses dados traduzem os esforços empreendidos nos últimos anos, visto que a Vigilância Sani-tária, como área específica de pós-graduação, é algo bem recente no país. Com relação aos mestrados, 11,7% são na área de Saúde Pública, seguida da área de Meio Ambiente (6%). No doutorado, a área mais freqüente é a de Educação em Saúde (15,6%), seguida da área de Gestão em Saúde (13,3%).

Os dados acima apontam a necessidade de se investir na pós-graduação stricto sensu. O sistema precisa definir suas áreas de interesse e os te-mas relevantes, e fomentar o desenvolvimento e a formação de mestres e doutores. Este pode ser o estímulo necessário para que tenhamos uma produção científica que subsidie as decisões que dizem respeito ao controle e à elaboração de normas com base em características nacionais, por exemplo.

4.5. Relação com o Trabalho

A pergunta relativa à satisfação com o trabalho foi feita de forma direta e o resultado mostrou um alto grau de satisfação dos trabalhadores em relação ao que fazem cotidianamente.

O maior grau de insatisfação está relacionado com os trabalhadores vinculados aos serviços das capitais brasileiras (29,2%), seguidos daqueles que se encontram na esfera estadual (25,4%).

Em relação aos riscos no processo de trabalho, 87% dos trabalhadores afirmaram estar expostos a algum tipo de risco. Destes, foram os trabalhado-res com vínculo federal os que se consideraram mais vulneráveis (89,7%), seguidos por aqueles dos municípios (87,7%), sem considerar as capitais, e dos estados (85,4%). Esses dados devem ser cuidadosamente analisados, na medida em que os trabalhadores de Vigilância Sanitária, cuja função é proteger e promover a saúde da população mediante o controle e o monitoramento dos riscos e dos fatores que os determinam, sentem-se des-protegidos em seu ambiente de trabalho.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A realização do Censo Nacional dos Trabalhadores da Vigilância Sanitária foi uma iniciativa inédita, que demonstrou a maturidade do Sistema Na-cional de Vigilância Sanitária, na medida em que este procura conhecer suas potencialidades e suas fragilidades para superá-las de forma planejada e efetiva. Participaram desse projeto cerca de 600 pessoas vinculadas à Vigilância Sanitária em todo o país. Foram recenseados 32.135 profissionais de Visa, que representam uma parcela dos trabalhadores do SUS que desenvolvem um processo de trabalho específico e singular na proteção e na promoção da saúde, por meio de ações sobre produtos, bens e serviços de interesse da saúde, sobre questões relativas ao meio ambiente e aos ambientes de trabalho, capazes de fomentar a qualidade e a segurança sanitária para a população.

Os dados obtidos por meio desse amplo estudo corroboram algumas macrotendências já apontadas para o mercado de trabalho em saúde no Brasil por outros estudos realizados nas décadas de 80 e 90.

Os principais traços mostram que o mercado de trabalho em Vigilância Sanitária, da mesma forma, tende ao multiemprego, à feminilização e à mul-tiplicidade de formas de inserção, que se dá a título de flexibilização, descortinando a “precarização” dos vínculos de trabalho. Esse último traço agrega uma dificuldade a mais para a composição de equipes que possam efetivamente exercer as atuais funções previstas para a Vigilância Sanitária, em virtude das características que revestem esta atuação, que implicam, muitas vezes, o exercício do poder de polícia. Em relação ao aspecto da feminilização, embora o número absoluto de trabalhadores seja de homens, observa-se uma tendência – já observada em outros campos de traba-lho – ao aumento do número de trabalhadoras mulheres na Vigilância Sanitária, principalmente nos níveis de formação superior. Da mesma forma com que diversos autores já apontaram as graves deficiências existentes no quadro de recursos humanos em saúde, os resultados deste Censo permitem afirmar que, na área da Vigilância Sanitária, essa situação também é bastante preocupante. Além de deficiências em termos quantitativos e qualitativos, a existência de uma distribuição desigual dos trabalhadores nas várias regiões do país também foi evidenciada.

Quanto a esse último aspecto, podemos dizer que os dados das regiões Norte, Nordeste e Sudeste devem ser cuidadosamente observados, em função dos riscos a que podem estar expostas suas populações em razão de algumas singularidades dessas regiões: no Norte, por sua condição territorial – vasta área geográfica, grande dispersão populacional e rica hidrografia; no Nordeste, por sua heterogeneidade econômico-social, si-tuação climática e dispersão populacional; e no Sudeste, por sua grande concentração produtiva, densidade demográfica e condições ambientais. Esses fatores, aliados à ausência de estruturas que desempenhem ações de Visa, podem contribuir para a ampliação de situações de riscos e para a ocorrência de danos e agravos que seriam passíveis de controle e monitoramento pela Vigilância Sanitária.

De um lado, fica clara a distribuição desigual dos trabalhadores nas diferentes regiões brasileiras, o que não atende às especificidades locais, em fun-ção da heterogeneidade político-econômica e sócio-sanitária, bem como da diversidade cultural e ambiental do país, que impõem diferentes objetos, múltiplos sujeitos e tecnologias para o desenvolvimento e a efetividade das ações. Por outro lado, a geografia política brasileira, quando reportada ao fenômeno do federalismo pós-constituição de 1988 – aumento acelerado do número de municípios muito pequenos (Paim, 2003) –, traz para o setor saúde sérias conseqüências com relação à consolidação do SUS, vis a vis à estruturação dos serviços de Vigilância Sanitária.

A ênfase na organização dos sistemas locais de saúde é afetada por essa fragmentação19 sistemática do território nacional. A criação de novos municípios, que muitas vezes não possuem as características essenciais de gestão para a formulação de um projeto de governo, dificulta o desenvol-vimento das ações de Visa, fator importante para a melhoria da qualidade de vida da população.

Os dados revelam disparidades entre os municípios de diferentes portes, suas necessidades sanitárias e o quantitativo de pessoal para atender as demandas relativas aos campos de atuação da Vigilância Sanitária. Faz-se urgente, portanto, o equacionamento das necessidades locais em relação ao desenvolvimento de ações de Visa, em função do perfil dos municípios – população, dimensão territorial, perfil produtivo, diversidade sócio-cultural e político-econômica.

Levando-se em conta o porte dos municípios e a complexidade dos processos – produtivos e sociais – que neles ocorrem, pode-se afirmar que há uma desproporção na alocação de pessoal, principalmente dos profissionais de nível superior, nos municípios com mais de 100 mil habitantes.

Sobre a deficiência quantitativa, podemos tomar como exemplo e parâmetro os dados da Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária de 1999, realizada pelo IBGE. Naquela época, foram registrados cerca de 60 mil estabelecimentos de saúde (públicos e privados) no país. Hoje, no Cadastro Nacional

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de Estabelecimentos de Saúde (CNES), encontramos cerca de 100 mil estabelecimentos registrados.

Atualmente, entre médicos e enfermeiros, temos cerca de dois mil profissionais vinculados à Vigilância Sanitária. Quanto aos farmacêuticos, as in-formações disponíveis também permitem concluir que esses profissionais são em número muito inferior às necessidades do país. Há menção, por exemplo, de que, além das indústrias farmacêuticas, estejam em funcionamento, no Brasil, cerca de cinco mil farmácias de manipulação. Deve-se ter em conta que esses profissionais precisam inspecionar indústrias, distribuidoras, transportadoras, drogarias e serviços de saúde que possuam far-mácia ou dispensário de medicamentos.

Importante destacar que nem todos os trabalhadores que responderam ao Censo são detentores de poder de polícia, mesmo aqueles que, neces-sariamente, deveriam estar formalmente dele investidos. Para uma simples comparação, guardadas as devidas diferenças entre cada uma das áreas, podemos observar os dados disponíveis acerca do contingente de profissionais vinculados ao Programa de Saúde da Família (PSF): o Ministério da Saúde conta hoje com cerca de 200 mil profissionais, entre agentes, médicos, enfermeiros e odontólogos vinculados a esse programa.

Em relação à estrutura salarial observada na área de Vigilância Sanitária, pode-se constatar que, se forem comparados os salários praticados pelo PSF, ou mesmo pelo mercado, com aqueles dos trabalhadores de Visa, há uma expressiva defasagem. Este quadro de remuneração insuficiente e a “precarização” do trabalho, aliados à ausência de incentivos e à falta de mecanismos de fixação dos trabalhadores, leva à migração para outras áreas e responde pela alta rotatividade existente nos serviços, impedindo que haja um acúmulo de conhecimento e a construção da “inteligência sanitária”.

Quanto aos aspectos relacionados à capacitação, deve-se ter presente que a natureza do trabalho em Vigilância Sanitária e a complexidade dos processos produtivos e tecnológicos envolvidos nas diversas áreas sobre as quais ela deve atuar (da produção ao consumo de fármacos, imunobio-lógicos, alimentos, prestação de serviços de saúde etc.) exigem que o trabalhador esteja permanentemente atualizado, conjugando novos conheci-mentos técnicos com experiência acumulada.

No contexto atual de acelerado processo de inovação tecnológica, em especial no interior da própria área da saúde, a identificação e o controle de novos riscos sanitários impõem a formulação e a implementação de múltiplos processos formativos para a totalidade dos trabalhadores da Vigilância Sanitária, de forma a possibilitar uma atuação mais segura e efetiva por parte desses profissionais. Dada a heterogeneidade de formação desse conjunto de trabalhadores, em escala nacional, a sua qualificação constitui, no atual quadro de gestão de pessoas do SUS, uma tarefa de difícil execução.

Em uma primeira aproximação do perfil dos trabalhadores de Visa, observa-se que há uma predominância do sexo masculino (18.778 ou 54,4%), sen-do o número de mulheres de 13.321 ou 41,5%. Essa diferença deve-se ao contingente dos trabalhadores de nível médio e elementar, historicamente vinculados às atividades de campo. Esse perfil, como já explicitado anteriormente, não é contraditório com a idéia de processo de feminilização, visto que, quanto a isto, trata-se de tendência e não de números absolutos.

Constata-se uma grande concentração de trabalhadores nas faixas etárias de 21 a 30 anos, 31 a 40 anos e 41 a 50 anos, totalizando 26.546 pessoas (82,6%). O grupo mais expressivo é o de 31 a 40 anos, com 10.295 profissionais. Pode-se afirmar que a força de trabalho da Vigilância Sanitária é jovem e em idade produtiva, o que favorece o aprendizado e indica a necessidade de contínuo aperfeiçoamento das práticas.

No que diz respeito à composição do quadro geral de trabalhadores, observa-se a predominância de algumas categorias que são insuficientes para dar conta da diversidade das questões e áreas que são objeto de atenção da Vigilância Sanitária. Os quadros de cargos e carreiras de muitas ins-tituições não contam sequer com algumas categorias importantes, tais como engenheiros, arquitetos ou, ainda, advogados, que precisariam estar integrados aos serviços de Visa.

O caráter intersetorial e transdisciplinar da Vigilância Sanitária parece ser percebido pelo conjunto de trabalhadores, já que muitos afirmaram haver a possibilidade de um trabalho integrado entre as estruturas operacionais do Sistema Único de Saúde e fora deste. Independentemente da forma como estejam organizados os serviços, o reconhecimento de que as questões que envolvem a Vigilância Sanitária fazem parte da vida cotidiana da

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população e não podem ser aprisionadas às estruturas vigentes faz com que se torne necessário inovar e estabelecer processos colaborativos que possam ser mais ágeis, na medida em que reconheçam as peculiaridades e possibilidades de cada uma das áreas envolvidas.

Com relação à participação dos trabalhadores no processo de trabalho como um todo, um percentual expressivo dos entrevistados informou conhecer as metas e prioridades dos seus setores. Tal fato aponta que o desempenho de atividades nesta área propicia uma relação positiva do profissional com o seu trabalho. Em parte, esse quadro talvez possa ser explicado pelo forte traço de responsabilidade social que a área de Vigilância Sanitária envolve.

Ao mesmo tempo, percebe-se que há um grau surpreendente de satisfação com o trabalho, mesmo diante de um quadro de salários e remuneração extremamente insatisfatório e de uma percepção aguda, por parte dos trabalhadores de Visa, dos riscos a que estão submetidos no cotidiano. En-tre os pontos fortes revelados, podemos destacar o compromisso e a satisfação com o trabalho, e o contingente expressivo de trabalhadores que domina ferramentas de informática. Não se deve, no entanto, deixar de observar que há um contingente expressivo de trabalhadores insatisfeitos, fato que merece também ser objeto de uma análise específica.

Assim, os dados do Censo, vistos de forma geral, permitem identificar grandes desafios que precisarão ser enfrentados para que o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária seja consolidado. É preciso restabelecer as condições e as relações de trabalho, em especial as condições de contratação, a es-trutura da remuneração e a criação de mecanismos de fixação dos trabalhadores. É necessário, ainda, um grande esforço envolvendo as instituições formadoras para o desenvolvimento de projetos integrados que sejam capazes de atingir e favorecer os trabalhadores que se encontram nas regiões com maiores deficiências – principalmente aqueles da Região Norte e dos estados mais problemáticos das regiões Centro-Oeste e Nordeste, além dos pequenos municípios destas e das demais regiões.

Também é necessário investir na pós-graduação dos trabalhadores, a partir da definição das áreas e dos temas relevantes para a Vigilância Sanitária, capazes de responder tanto às necessidades e aos problemas locais quanto nacionais. É necessário construir a demanda pela educação permanente nos serviços de Visa e fomentar a investigação para o avanço do conhecimento.

Com base nos dados disponíveis, será possível formular novas análises que revelem as especificidades e as singularidades da Vigilância Sanitária, bem como aprofundar os diagnósticos e promover novos estudos – locais ou de caráter multicêntrico – sobre a qualidade do trabalho em Visa, envol-vendo aspectos de eqüidade, de desempenho, de competência, de vínculos e de condições de trabalho e saúde.

Como este Censo foi realizado ao final das gestões municipais, será necessário atualizar os dados de cadastro dos trabalhadores, se possível, por meio do módulo de recursos humanos do Sistema Nacional de Informações em Vigilância Sanitária (Sinavisa) ou outro que venha a substituí-lo. Entretanto, os dados podem ser tomados como uma linha de base para análises e comparações posteriores. Eles possibilitam, também, uma visão bastante atualizada e fidedigna da composição do mercado de trabalho em Vigilância Sanitária e dos postos de trabalho que o compõem, o que, até a presente data, era praticamente desconhecido, mesmo em seus aspectos mais gerais.

Se considerarmos o conceito contemporâneo de saúde, no qual o direito à saúde inclui o acesso universal a bens e serviços seguros e eficazes, veremos que a Visa é um componente essencial da saúde coletiva, visto que suas ações estão voltadas à proteção e à promoção da saúde. Portanto, se quisermos consolidar a Vigilância Sanitária no país, devemos, imprescindivelmente, promover e fortalecer o processo de descentralização. E isso somente poderá ser colocado em prática por meio da ampliação do seu quadro de trabalhadores e do fortalecimento da sua capacidade de inter-venção.

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