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A concessão do aproveitamento hidroelétrico do rio Douro foi outorgada, em 1954, à Hidro-Eléctrica do Douro. O primeiro escalão a ser construído foi o de Picote, que entrou em exploração em 1958, seguindo-se Miranda, em serviço desde 1960. Com a construção de Bemposta, concluída em 1964, completava-se o aproveitamento energético da cascata do Douro Internacional. O escalão de Bemposta, situado no concelho de Mogadouro, junto da povoação com o mesmo nome e imediatamente a montante da confluência do rio Tormes, deu origem a uma albufeira que se estende por cerca de 21 km. Confinando, na margem esquerda, com o território espanhol, abrange ainda o concelho de Miranda do Douro. A central de Bemposta aloja três grupos geradores equipados com turbinas Francis de eixo vertical e alternadores trifásicos. Com potências unitárias nominais de 80 MW e 78 MVA, respetivamente, a produtibilidade média anual é de 918 GWh. Aproveitando-se as infraestruturas hidráulicas existentes e rentabilizando-se a gestão da energia hídrica ainda disponível na bacia hidrográfica, investiu-se no reforço da potência instalada, quer em Picote, quer em Bemposta, com a construção de novas centrais. Mais de 1200 hm³ de caudais, provenientes dos aproveitamentos hidroelétricos a montante, Castro (Espanha) e Miranda, passam a ser turbinados, permitindo aumentar a produção de eletricidade por via renovável e, consequentemente, reduzir a dependência energética do exterior, bem como a emissão de gases com efeito de estufa. cascata do Douro “da cor das flores” central de bemposta perfil do douro bemposta II reforço de potência “Da cor das flores” é uma intervenção artística de Pedro Cabrita Reis, que convoca a pintura e a escultura, e que, dialogando com a tradição da "land art", amplia a nossa perceção das paisagens naturais e humanas. O artista intervém no vasto território definido pela construção dos acessos e zonas técnicas do aproveitamento hidroeléctrico de Bemposta. Muretes e muros de sustentação, paredes de edifícios e parte do paredão da barragem assumem a cor dos equipamentos mecânicos exteriores, como o semi-pórtico monumental que serve para a movimentação e manutenção do grupo gerador da nova central. A paisagem é assim sublinhada pela pintura amarela de várias superfícies, numa imagem ora contínua como uma muralha, ora dispersa como um campo de flores na encosta árida. Este trabalho configura um momento alto de afirmação. Reforça, por um lado, a heroica presença da humanidade na terra. Por outro, faz lembrar as muralhas de uma citânia, de onde se parte para a conquista do mundo. Define ainda o campo simbólico dos diversos atores que empenhadamente se movem no espaço global do empreendimento. A dinâmica do tapete vegetal virá enquadrar as construções e a obra de arte. A chuva e o sol ajudarão a natureza a integrar as alterações realizadas pelo homem. Este desenho, marcado pela cor, transforma zonas mortas de betão cinzento em esculturas, num gesto intenso e expansivo, como um cântico novo na paisagem dura que o escuta. rio Sabor rio Tâmega rio Tua rio Sousa rio Douro rio Côa rio Águeda Porto Bragança Vila Real Guarda rio Paiva rio Varosa rio Távora www.a-nossa-energia.edp.pt pocinho rio Sabor rio Varosa rio Távora rio Tâmega rio Tua rio Sousa valeira vilar-tabuaço varosa régua carrapatelo torrão crestuma Bragança Vila Real Miranda do Douro bemposta miranda picote Porto Guarda rio Douro rio Douro rio Côa rio Águeda rio Paiva bemposta miranda castro (iberdrola) aldeadávila (iberdrola) saucelle (iberdrola) picote Mogadouro O Douro é uma linha de água internacional, com nascente na Cordilheira Ibérica, junto aos Picos de Urbión (Espanha), a 2120 m de altitude. É um dos mais importantes cursos de água da Península Ibérica, o terceiro mais extenso, com 957 km de comprimento, e integra a maior bacia hidrográfica, com uma área de 97 270 km². Definindo a fronteira Portugal - Espanha por entre estreitos desfiladeiros, ao longo dos 120 km que constituem o troço internacional, o Douro percorre 213 km desde Barca de Alva até ao Porto, desaguando no oceano Atlântico. Em Portugal, a bacia hidrográfica atinge uma área de 18 338 km². De Urbión até ao mar, o Douro corre em vale profundamente encaixado entre margens geralmente abruptas. As condições morfológicas do seu traçado, nomeadamente os desníveis criados por soleiras de rocha dura, associadas ao regime do rio, com caudais de acentuada irregularidade, conferem-lhe uma feição excecionalmente adequada ao aproveitamento energético. O seu caráter internacional suscitou, ao longo do tempo, a celebração de acordos luso-espanhóis, de forma a regular-se a construção e exploração de empreendimentos hidroelétricos. Nesse sentido, o Convénio de 1927 definiria a partilha do direito ao aproveitamento hidroelétrico do Douro Internacional e o de 1964 abrangeria os troços internacionais dos seus afluentes. Mais recentemente, em 1998, a celebração do Convénio de Albufeira (Portugal) representa uma nova etapa na cooperação bilateral para a proteção e aproveitamento sustentável das águas das bacias hidrográficas partilhadas pelos dois países. É nas encostas alcantiladas do Douro superior, em acentuados declives talhados no xisto, que se cultivam as vinhas que produzem o famoso vinho do Porto. A paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, representativa da longa tradição da viticultura e da sua evolução tecnológica, económica e social, foi classificada pela UNESCO, em 2001, Património da Humanidade. Fevereiro 2012

central de bemposta “da cor das flores” bemposta II · como o semi-pórtico monumental que serve para a movimentação e manutenção do grupo gerador da nova central. A paisagem

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A concessão do aproveitamento hidroelétrico do rio Douro foi outorgada, em 1954, à Hidro-Eléctrica do Douro. O primeiro escalão a ser construído foi o de Picote, que entrou em exploração em 1958, seguindo-se Miranda, em serviço desde 1960. Com a construção de Bemposta, concluída em 1964, completava-se o aproveitamento energético da cascata do Douro Internacional. O escalão de Bemposta, situado no concelho de Mogadouro, junto da povoação com o mesmo nome e imediatamente a montante da confluência do rio Tormes, deu origem a uma albufeira que se estende por cerca de 21 km. Confinando, na margem esquerda, com o território espanhol, abrange ainda o concelho de Miranda do Douro. A central de Bemposta aloja três grupos geradores equipados

com turbinas Francis de eixo vertical e alternadores trifásicos.Com potências unitárias nominais de 80 MW e 78 MVA, respetivamente, a produtibilidade média anual é de 918 GWh.

Aproveitando-se as infraestruturas hidráulicas existentes e rentabilizando-se a gestão da energia hídrica ainda disponível na bacia hidrográfica, investiu-se no reforço da potência instalada, quer em Picote, quer em Bemposta, com a construção de novas centrais. Mais de 1200 hm³ de caudais, provenientes dos aproveitamentos hidroelétricos a montante, Castro (Espanha) e Miranda, passam a ser turbinados, permitindo aumentar a produção de eletricidade por via renovável e, consequentemente, reduzir a dependência energética do exterior, bem como a emissão de gases com efeito de estufa.

cascata do Douro

“da cor das flores”central de bemposta perfil do douro

bemposta IIreforço de potência

“Da cor das flores” é uma intervenção artística de Pedro Cabrita Reis, que convoca a pintura e a escultura, e que, dialogando com a tradição da "land art", amplia a nossa perceção das paisagens naturais e humanas.O artista intervém no vasto território definido pela construção dos acessos e zonas técnicas do aproveitamento hidroeléctrico de Bemposta. Muretes e muros de sustentação, paredes de edifícios e parte do paredão da barragem assumem a cor dos equipamentos mecânicos exteriores, como o semi-pórtico monumental que serve para a movimentação e manutenção do grupo gerador da nova central. A paisagem é assim sublinhada pela pintura amarela de várias superfícies, numa imagem ora contínua como uma muralha, ora

dispersa como um campo de flores na encosta árida. Este trabalho configura um momento alto de afirmação. Reforça, por um lado, a heroica presença da humanidade na terra. Por outro, faz lembrar as muralhas de uma citânia, de onde se parte para a conquista do mundo. Define ainda o campo simbólico dos diversos atores que empenhadamente se movem no espaço global do empreendimento.A dinâmica do tapete vegetal virá enquadrar as construções e a obra de arte. A chuva e o sol ajudarão a natureza a integrar as alterações realizadas pelo homem. Este desenho, marcado pela cor, transforma zonas mortas de betão cinzento em esculturas, num gesto intenso e expansivo, como um cântico novo na paisagem dura que o escuta.

rio Sabor

rio Tâ

meg

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rio Tu

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Porto

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rio Côario Á

gueda

rio Paiva

bemposta

miranda castro(iberdrola)

aldeadávila(iberdrola)

saucelle(iberdrola)

picote

Mogadouro

O Douro é uma linha de água internacional, com nascente na Cordilheira Ibérica, junto aos Picos de Urbión (Espanha), a 2120 m de altitude. É um dos mais importantes cursos de água da Península Ibérica, o terceiro mais extenso, com 957 km de comprimento, e integra a maior bacia hidrográfica, com uma área de 97 270 km². Definindo a fronteira Portugal - Espanha por entre estreitos desfiladeiros, ao longo dos 120 km que constituem o troço internacional, o Douro percorre 213 km desde Barca de Alva até ao Porto, desaguando no oceano Atlântico. Em Portugal, a bacia hidrográfica atinge uma área de 18 338 km².

De Urbión até ao mar, o Douro corre em vale profundamente encaixado entre margens geralmente abruptas. As condições morfológicas do seu traçado, nomeadamente os desníveis criados por soleiras de rocha dura, associadas ao regime do rio, com caudais de acentuada irregularidade, conferem-lhe uma feição excecionalmente adequada ao aproveitamento energético.

O seu caráter internacional suscitou, ao longo do tempo, a celebração de acordos luso-espanhóis, de forma a regular-se a construção e exploração de empreendimentos hidroelétricos. Nesse sentido, o Convénio de 1927 definiria a partilha do direito ao aproveitamento hidroelétrico do Douro Internacional e o de 1964 abrangeria os troços internacionais dos seus afluentes. Mais recentemente, em 1998, a celebração do Convénio de Albufeira (Portugal) representa uma nova etapa na cooperação bilateral para a proteção e aproveitamento sustentável das águas das bacias hidrográficas partilhadas pelos dois países.

É nas encostas alcantiladas do Douro superior, em acentuados declives talhados no xisto, que se cultivam as vinhas que produzem o famoso vinho do Porto. A paisagem cultural do Alto Douro Vinhateiro, representativa da longa tradição da viticultura e da sua evolução tecnológica, económica e social, foi classificada pela UNESCO, em 2001, Património da Humanidade.

Feve

reiro

2012

O reforço de potência de Bemposta, cuja construção se iniciou em 2008 é composto, fundamentalmente, por uma central em poço, com cerca de60 m de profundidade, equipada com um grupo gerador, constituído por uma turbina Francis de eixo vertical e por um alternador, com potências nominais de 193,5 MW e

212 MVA, respetivamente. Este grupo é alimentado por um novo circuito hidráulico subterrâneo, dotado de uma tomada de água, de um extenso túnel em carga, com cerca de 410 m de comprimento e 10,5 m de diâmetro, e de um túnel de restituição.A produtibilidade média anual prevista é de 134 GWh.

planta geral

1 canal de aproximação2 tomada de água3 galeria de adução4 central5 subestação

6 restituição7 canal a jusante8 galerias de ataque9 interligação com a central existente

4

95

6

8

7

2

3

1

evolução da obrabemposta II

A nova central hidroelétrica de Bemposta veio reforçar os laços históricos e as relações entre a EDP e as populações locais. A Companhia consolida assim o seu compromisso com o desenvolvimento regional a nível socioeconómico e ambiental, aplicando as melhores práticas de sustentabilidade.

O programa em curso do “Empreendedorismo Sustentável” garante apoio técnico na conceção e montagem de pequenos negócios e parcerias, oportunidades de emprego e formação de empreendedores. O objetivo é otimizar os recursos da região, criando novas dinâmicas empresariais.Desenvolveram-se iniciativas várias, que associam ao investimento produtivo um investimento social. É exemplo disso o prémio EDP “Empreendedor Sustentável” que, na sua edição de 2011, contemplou entre outros o concelho de Mogadouro. Cite-se ainda o apoio a atividades culturais e desportivas de caráter local.

A área de intervenção das obras do reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico, bem como a sua envolvente, localizam-se no interior do Parque Natural do Douro Internacional. Neste contexto, foram

implementadas algumas medidas, com o fim de preservar e compensar os valores da biodiversidade. De entre elas, destaca-se a recolha de sementes e frutos de espécies da flora endémica rara e/ou ameaçada, os quais foram enviados para o Banco Português de Germoplasma Vegetal, para conservação ex-situ. Também a população escolar de Mogadouro foi envolvida na constituição deste banco de sementes, através do programa “Aprender Biodiversidade”, tendo acompanhado todo o processo de recolha de sementes, a sua germinação e plantação. Ainda na área da sustentabilidade ambiental, foi implementado um programa de proteção da avifauna, incidindo sobre as seguintes espécies: Abutre-do-Egito, Grifo, Cegonha-Preta, Águia-Real e Águia-de-Bonelli. Outras espécies rupícolas foram igualmente monitorizadas, dada a importância desta área protegida no contexto ibérico.No âmbito da cooperação institucional com a Câmara Municipal de Mogadouro, a EDP realizou obras de renovação e ampliação do sistema público de abastecimento de água de Cardal do Douro, atualmente em fase de conclusão. O protocolo celebrado incluiu ainda uma comparticipação financeira.

principais características técnicas sustentabilidade

ALBUFEIRA

Nível máximo normal 402.00

Superfície inundada km2 4,05

Capacidade total hm3 129

Capacidade útil hm3 20

Caudal de cheia milenária m3/s 11 000

BARRAGEM

Tipo Arco gravidade aligeirada

Cota coroamento 408.00

Alt. máxima acima da fundação m 87

Desenvolvimento do coroamento m 297

CIRCUITO HIDRÁULICO

Tomada de água

Comportas de segurança

Tipo de comportas Vagão

Quantidade de comportas 2

Dimensão das comportas m 4,1x9,8

Restituição

Tipo de comportas Corrediça

Quantidade de comportas 2

Dimensão das comportas m 5,4x6,1

TURBINA

Tipo Francis

Quantidade 1

Potência nominal MW 193,5

Velocidade nominal rpm 115,38

Caudal nominal m3/s 323

Altura de queda nominal m 64,5

Altura de queda útil nominal m 63,8

Altura de queda máxima m 68,1

Altura de queda mínima m 60,1

TRANSFORMADORES PRINCIPAIS

Unidades monofásicas 3

Potência aparente nominal MVA 215

Razão de transformação kV 15/417

PRODUTIBILIDADE MÉDIA ANUAL GWh 134

EMISSÕES DE CO2 EVITADAS/ANO KT 67

ALTERNADOR

Potência aparente nominal MVA 212

Tensão nominal kV 15

Pd² tm² 37 600

circuito hidráulico

NPA 402.00

NmE 399.60

NPA (ALDEADÁVILA) 333.30