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Sem Opção Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Política - Seção: Não Especificado - Assunto: Política - Página: A4,A5 - Publicação: 03/05/20 URL Original: Centrão avança em cargos antes restritos a militares no governo Centrão avança em cargos antes restritos a militares no governo Estratégia de Bolsonaro é distribuir postos em agências, fundações e estatais a bloco de partidos em troca de uma frente anti-impeachment no Congresso O Estado de S. Paulo 3 May 2020 Tânia Monteiro Felipe Frazão / BRASÍLIA / COLABOROU JUSSARA SOARES Conhecido por dar as cartas do poder, o Centrão avança em áreas do governo antes restritas a militares. Em um esforço para montar uma frente anti-impeachment no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tenta abrigar partidos do bloco em diretorias de agências, bancos regionais, fundações e estatais. A abertura da máquina federal a apadrinhados de nomes envolvidos em operações policiais nos governos de PT e Michel Temer já começou a frear a “militarização” de órgãos públicos e se expande para parte dos 106 postos de primeiro a terceiro escalões ocupados por oficiais. Cobiçado neste ano de eleições, o Ministério do Desenvolvimento Regional tem orçamento de R$ 33 bilhões para obras nos grotões. O Planalto ofereceu ao Progressistas, sigla presidida por Ciro Nogueira – citado na Lava Jato – cargos no Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Mas negocia postos também, entre outros locais, no Banco do Nordeste, na Agência Nacional de Águas, na Codevasf e em Sudene, Sudam e Sudeco. Conhecido por dar as cartas do poder, o Centrão avança agora em áreas do governo antes restritas aos militares. Em um esforço pessoal para montar sua frente anti-impeachment no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tenta abrigar os partidos do bloco em diretorias estratégicas de agências, bancos regionais, fundações e estatais que operam orçamentos bilionários. A abertura da máquina federal aos apadrinhados de lideranças envolvidas em operações policiais nos governos do PT e de Michel Temer já começou a frear a “militarização” dos órgãos públicos e se expande para parte dos 106 postos do primeiro ao terceiro escalões, ocupados por oficiais da reserva e da ativa. Uma das joias cobiçadas neste ano de eleições municipais é o Ministério do Desenvolvimento Regional. A pasta comandada por Rogério Marinho tem orçamento de R$ 33,2 bilhões para pequenas obras nos grotões. O Palácio do Planalto ofereceu ao Progressistas, sigla presidida pelo senador Ciro Nogueira (PI) – uma das estrelas do Centrão citadas na Lava Jato –, cargos no Departamento Nacional de Obras contra as Secas, o Dnocs. Subordinado ao ministério, o Dnocs já é controlado pelo grupo do deputado Genecias Noronha (SD-CE), que indicou o diretor-geral, José Rosilônio Araújo. O Progressistas, antigo PP, ainda recebeu oferta de diretorias na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O governo decidiu negociar cargos em outros setores da pasta, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que tem orçamento previsto de R$ 1,6 bilhão neste ano, a Agência Nacional de Águas (ANA) e os órgãos de desenvolvimento regional Sudene, Sudam e Sudeco. Uma parte desses cargos foi oferecida ao PL de Valdemar Costa Neto. Condenado no mensalão e investigado pela Lava Jato, o exdeputado deverá ter, ainda, postos no Banco do Nordeste, na Saúde, nas agências reguladoras e conselhos de estatais. Há também disputas entre os partidos na distribuição de cargos: o DEM bateu o pé e continuará no comando da Codevasf, mas diretorias da estatal serão divididas entre outros partidos do bloco. No caso do Banco do Nordeste, o Planalto impôs a condição de que o indicado pelo partido seja de carreira, isto é, um servidor cooptado pela legenda, para evitar desgastes na imagem do governo. Dos nove ministros militares, um pode perder o cargo para o Centrão. Motivo: o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab pretende voltar a controlar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações. Kassab também está de olho nos Correios, presidido pelo general Floriano Peixoto. Casamento. Os grupos do Centrão e dos militares são vistos como esteios de Bolsonaro, mas o crescimento de um no governo pode se dar em detrimento do outro. A Secretaria Especial do Esporte é um exemplo recente desse cabo de guerra. Numa só tacada, o ministro da

Centrão avança em cargos antes restritos a militares no ...dos conchavos entre os anos 1940 e 1960. “Entre a Bíblia e O Capital (livro de Karl Marx), o PSD fica com o Diário

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SemOpção

Veículo: O Estado de S. Paulo - Caderno: Política - Seção: Não Especificado -Assunto: Política - Página: A4,A5 - Publicação: 03/05/20URL Original:

Centrão avança em cargos antes restritos a militaresno governoCentrão avança em cargos antes restritos a militares nogovernoEstratégia de Bolsonaro é distribuir postos em agências, fundações eestatais a bloco de partidos em troca de uma frente anti-impeachment noCongresso

O Estado de S. Paulo3 May 2020Tânia Monteiro Felipe Frazão / BRASÍLIA / COLABOROU JUSSARA SOARES

Conhecido por dar as cartas do poder, o Centrão avança em áreas do governo antes restritas a militares. Em um esforço paramontar uma frente anti-impeachment no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tenta abrigar partidos do bloco em diretorias deagências, bancos regionais, fundações e estatais. A abertura da máquina federal a apadrinhados de nomes envolvidos emoperações policiais nos governos de PT e Michel Temer já começou a frear a “militarização” de órgãos públicos e se expandepara parte dos 106 postos de primeiro a terceiro escalões ocupados por oficiais. Cobiçado neste ano de eleições, o Ministério doDesenvolvimento Regional tem orçamento de R$ 33 bilhões para obras nos grotões. O Planalto ofereceu ao Progressistas, siglapresidida por Ciro Nogueira – citado na Lava Jato – cargos no Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Mas negociapostos também, entre outros locais, no Banco do Nordeste, na Agência Nacional de Águas, na Codevasf e em Sudene, Sudam eSudeco.Conhecido por dar as cartas do poder, o Centrão avança agora em áreas do governo antes restritas aos militares. Em um esforçopessoal para montar sua frente anti-impeachment no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tenta abrigar os partidos do blocoem diretorias estratégicas de agências, bancos regionais, fundações e estatais que operam orçamentos bilionários.A abertura da máquina federal aos apadrinhados de lideranças envolvidas em operações policiais nos governos do PT e deMichel Temer já começou a frear a “militarização” dos órgãos públicos e se expande para parte dos 106 postos do primeiro aoterceiro escalões, ocupados por oficiais da reserva e da ativa.Uma das joias cobiçadas neste ano de eleições municipais é o Ministério do Desenvolvimento Regional. A pasta comandada porRogério Marinho tem orçamento de R$ 33,2 bilhões para pequenas obras nos grotões. O Palácio do Planalto ofereceu aoProgressistas, sigla presidida pelo senador Ciro Nogueira (PI) – uma das estrelas do Centrão citadas na Lava Jato –, cargos noDepartamento Nacional de Obras contra as Secas, o Dnocs. Subordinado ao ministério, o Dnocs já é controlado pelo grupo dodeputado Genecias Noronha (SD-CE), que indicou o diretor-geral, José Rosilônio Araújo. O Progressistas, antigo PP, ainda recebeuoferta de diretorias na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).O governo decidiu negociar cargos em outros setores da pasta, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do SãoFrancisco e do Parnaíba (Codevasf), que tem orçamento previsto de R$ 1,6 bilhão neste ano, a Agência Nacional de Águas (ANA)e os órgãos de desenvolvimento regional Sudene, Sudam e Sudeco. Uma parte desses cargos foi oferecida ao PL de ValdemarCosta Neto. Condenado no mensalão e investigado pela Lava Jato, o exdeputado deverá ter, ainda, postos no Banco doNordeste, na Saúde, nas agências reguladoras e conselhos de estatais.Há também disputas entre os partidos na distribuição de cargos: o DEM bateu o pé e continuará no comando da Codevasf, masdiretorias da estatal serão divididas entre outros partidos do bloco. No caso do Banco do Nordeste, o Planalto impôs a condiçãode que o indicado pelo partido seja de carreira, isto é, um servidor cooptado pela legenda, para evitar desgastes na imagem dogoverno.Dos nove ministros militares, um pode perder o cargo para o Centrão. Motivo: o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassabpretende voltar a controlar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações. Kassab também está de olho nos Correios,presidido pelo general Floriano Peixoto.Casamento. Os grupos do Centrão e dos militares são vistos como esteios de Bolsonaro, mas o crescimento de um no governopode se dar em detrimento do outro. A Secretaria Especial do Esporte é um exemplo recente desse cabo de guerra. Numa sótacada, o ministro da

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Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), dispensou em março três coronéis do Exército.Na prática, a atual rodada de negociação do Planalto com o Centrão começou em março, mas Bolsonaro esperou até meados deabril para informar à sua equipe que precisava abrir de vez a “porteira” do governo ao bloco. Em uma das reuniões, o entãoministro da Justiça Sérgio Moro discordou. Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, também reclamou. Bolsonaro temuma resposta pronta para seu eleitorado que rechaça o Centrão. “Tem dezenas de milhares de cargos. Se um ministro quiserdar um cargo para alguém do partido sem eu saber, você acha que isso pode acontecer? Pode”, disse ele na última terça-feira.Chega a 80 o número de superintendentes em postos de terceiro escalão com poder de mando, nomeados por causa da aliançapolítica. Dez partidos emplacaram apadrinhados: PSD (4), MDB (3), PL (3), PSL (3), Progressistas (2), PSC (2), SD (2), DEM (1),PTB (1) e Cidadania (1). Na outra ponta, a caserna continuou contemplada, mas em escala menor. Neste ano, a proporção desuperintendentes nomeados foi de dez com elos partidários para cinco militares. O general Antônio Filho é mais um que podeperder o Dnit para o Centrão.Bolsonaro se convenceu de que está numa encruzilhada, de acordo com aliados. Ex-capitão, ele se vê diante da possibilidade derepetir Dilma Rousseff, que sofreu impeachment, ou Michel Temer, que fez sucessivas negociações políticas para completar omandato. Segundo um aliado, foi uma absurda capacidade de criar crises que abriu o governo mais rápido para os partidos.Com passagens pelo PTB de Roberto Jefferson e PP de Paulo Maluf, Bolsonaro voltou à sua origem: um representante do Centrão.Só que agora no Palácio do Planalto.

A ‘FACE’ DO CENTRÃO NO GOVERNO BOLSONAROGrupo da vez reúne políticos com históricos de traições e demonstrações de‘toma lá da cá’

O Estado de S. Paulo3 May 2020F elipe Frazão/ BRASÍLIA

Pragmático e sem ideologia, o Centrão é um fenômeno do vício governista que sobrevive às mudanças na história política doPaís. O grupo de partidos demonizado em manifestações de rua de 2013 a 2018 e, num período mais recente, por redes sociaisbolsonaristas, é agora um convidado ilustre das negociações no Palácio do Planalto.Visto como fiador da estabilidade em qualquer governo, o bloco informal da Câmara flutua ao sabor das ondas e conveniênciasda política. O “núcleo duro” do Centrão é formado por Progressistas, Republicanos, PL, PSD, Solidariedade, PTB e DEM, emboraRodrigo Maia (RJ), que comanda a Câmara e é filiado ao partido, esteja em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro.O MDB, por sua vez, é um “aliado irmão” do bloco. Bolsonaro mantém, ainda, conversas avulsas com integrantes de legendasmenores, que orbitam como satélites do Centrão. Estima-se que o grupo reúna, atualmente, pelo menos 200 dos 513 deputados.Cálculos dos próprios partidos indicam que a taxa de governismo do Centrão, hoje, está em torno de 90%.O Centrão da vez é o de políticos com histórico de traições e demonstrações de “toma lá dá cá”. Nele estão tanto o presidentedo PSD, Gilberto Kassab – que num mesmo dia teve conversas políticas com Bolsonaro e com o governador de São Paulo, JoãoDoria (PSDB), de quem é secretário licenciado da Casa Civil –, como o senador Ciro Nogueira (ProgressistasPI). Kassab negafazer parte do grupo. No dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Ciro tomou café com a presidente e,horas depois, apoiou o afastamento dela.Integrantes do bloco dificilmente se identificam com agendas ideológicas. O apetite por cargos do governo e o interesse em veratendidas reivindicações em defesa de grupos econômicos ou prefeituras de grotões são marcas de suas identidades.Quando era deputado federal, Bolsonaro fez carreira no Centrão. Ao longo de sete mandatos na Câmara, ele adotava umdiscurso quase exclusivo da classe militar, longe de ideologias, e passou por alguns dos partidos do grupo que hoje podeservir de esteio para sua sobrevivência no Planalto. Foi do PTB, PFL (atual DEM) e PP (hoje Progressistas). Neste último,permaneceu 11 anos, sem contar o início da trajetória parlamentar nos extintos PDC, PPR e PPB, que deram origem à sigla.Despachante. O bloco atua por excelência na defesa do lobby de bancos e grandes grupos econômicos, mas é na condição de“despachante” de prefeituras do interior que ele enfrenta mais críticas. Casos de negociatas envolvendo seus integrantesocorrem tanto no serviço para grandes empreiteiras como para prefeitos sem influência. Além disso, o Centrão é cria daconcentração de recursos pela União. Num País onde todos os setores querem abocanhar ao máximo o dinheiro público, o blocotem entre suas missões ajudar municípios carentes a fisgar parcerias com o governo federal.Maiorias de posições de centro, pragmáticas e governistas, sempre deram as cartas no Parlamento. Eleito presidente daRepública pelo Colégio Eleitoral, em 1985, Tancredo Neves admitiu certa vez que o PSD, um de seus partidos, adotava a políticados conchavos entre os anos 1940 e 1960. “Entre a Bíblia e O Capital (livro de Karl Marx), o PSD fica com o Diário Oficial”, disseele.O nome Centrão, no entanto, só vingou no tempo da Constituinte, em 1987 e 1988, quando um grupo de parlamentaresvoltados para o mercado financeiro, o agronegócio e os municípios decidiu buscar poder num caminho do meio entreprogressistas e conservadores.

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‘É dando que se recebe’. Recentemente, recebeu a denominação de “velha política”. Na Constituinte de 1988, uma ala do PMDB(atual MDB) que queria pressa no atendimento de suas reivindicações – e não se identificava nem com os progressistasliderados por Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, nem com os conservadores – buscou vida própria. O presidente JoséSarney aproveitou a aproximação do grupo e garantiu cinco anos de mandato numa relação com o Congresso marcada pelafamosa frase do ex-ministro Roberto Cardoso Alves (SP), um dos primeiros líderes do Centrão: “É dando que se recebe”.Retirada da oração de São Francisco de Assis, a frase virou a senha do fisiologismo.Os integrantes originais do bloco pertenciam, em sua maioria, a partidos como PFL (atual DEM), PDS (hoje Progressistas), PMDB,PTB e PDC. Por afinidades e nacos do governo, parte do grupo deu suporte a Sarney e nunca mais se desgrudou do Planalto.A última megabancada de um partido do Centrão foi eleita em 1998 pelo PFL, com 105 deputados. Era o auge do carlismo,grupo do ex-senador e ex-governador baiano Antônio Carlos Magalhães, presidente do Senado. Na Câmara, o Centrão aindaviveria alguns relances de poder, como a eleição em 2005 do baixo clero, simbolizado pela presidência do ex-deputado SeverinoCavalcanti (PP-PE). O grupo derrotou o Planalto por divisões no PT do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas umasequência de escândalos de corrupção, com destaque para o mensalão, em 2004 e 2005, e a Operação Lava Jato, entre 2014 e2018, atingiu não apenas o PT como partidos do Centrão – entre eles, o mais impactado foi o PP.Cunha. O Centrão ganhou mais musculatura em 2015, quando o então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) foi eleito presidenteda Câmara no primeiro turno, derrotando o petista Arlindo Chinaglia (SP), nome bancado pelo Planalto. Cunha conseguiu reunirinsatisfeitos da base aliada do governo de Dilma Rousseff e especialmente de seu partido, o MDB, que tinha o vice MichelTemer. Ele agregou, ainda, o PSC do pastor Everaldo, o PP de Arthur Lira (AL) e parte considerável das bancadas doagronegócio, evangélica e das armas.No comando da Câmara, Cunha apresentou pautas “bombas” contra o governo e abriu o processo de impeachment de Dilma. Aqueda do deputado, preso no âmbito da Operação Lava Jato, não desarticulou o bloco por completo, mas iniciou uma disputa porquem seria o seu sucessor.Na eleição seguinte para a presidência da Câmara, em 2017, Rodrigo Maia venceu como “independente” com o DEM, PSDB, PPSe PSB, além de aliados na esquerda e a simpatia do Planalto. Derrotou Rodrigo Rosso (PSDDF), candidato de Cunha.Em 2018, o Centrão rejeitou Bolsonaro no primeiro turno e apoiou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato doPSDB ao Planalto. Derrotado, o bloco se dividiu no segundo turno. Uma ala do PP e do PL ficou com o petista Fernando Haddad,assim como o Solidariedade, enquanto o DEM e o Republicanos declararam apoio a Bolsonaro.Com o PT e o PSL no comando das maiores bancadas da Câmara eleitas naquela disputa, os demais partidos se reorganizaram.O novo Centrão, rebatizado de “Blocão”, aderiu à reeleição de Maia, em 2019. Ao prever que Arthur Lira (PP-AL), um dos líderesdo Centrão, poderia traí-lo, Maia costurou aliança com o PSL de Bolsonaro por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes.Houve um acordo com Lira na composição da Mesa, hoje dominada principalmente pelo DEM, Republicanos e PL.No capítulo mais recente da história do bloco, Maia brigou com Guedes. O Planalto procurou, então, Lira, Marcos Pereira(Republicanos) e Valdemar Costa Neto, chefe do PL, para conversar. Bolsonaro sempre transitou entre esses três partidos. Em2018, quase fechou com Valdemar uma aliança com o então senador Magno Malta (ES) para sua chapa à Presidência. Mas atéhoje ele diz ser contra a “velha política”.

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