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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CRISTIANE DANIELA SANTANA ATIVIDADES DE GEOMORFOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: CONTEÚDOS GEOGRÁFICOS E INSTRUMENTOS LÚDICO-PEDAGÓGICOS LONDRINA2006

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

CRISTIANE DANIELA SANTANA

ATIVIDADES DE GEOMORFOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL:

CONTEÚDOS GEOGRÁFICOS E INSTRUMENTOS LÚDICO-PEDAGÓGICOS

LONDRINA2006

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CRISTIANE DANIELA SANTANA

ATIVIDADES DE GEOMORFOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL:

CONTEÚDOS GEOGRÁFICOS E INSTRUMENTOS LÚDICO-PEDAGÓGICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas, Departamento de Geociências como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Geografia. Orientadora: Profa. Dra. Eloiza Cristiane Torres

LONDRINA 2006

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FOLHA DE APROVAÇÃO

CRISTIANE DANIELA SANTANA

ATIVIDADES DE GEOMORFOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL:

CONTEÚDOS GEOGRÁFICOS E INSTRUMENTOS LÚDICO-PEDAGÓGICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas, Departamento de Geociências como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Geografia. Orientadora: Profa. Dra. Eloiza Cristiane Torres

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. OrientadoraProfa. Dra. Eloiza Cristiane Torres

Membro 2Profa. Ms. Jeani Delgado Pascoal Moura

Membro 3Profa. Dra. Yoshyia Nakagawara Ferreira

Londrina, ___ de novembro de 2006.

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A meus pais e irmão e a todas as pessoas que

acreditaram que este sonho um dia poderia se

tornar realidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me concedido o dom da vida e da sabedoria.

Aos meus pais José e Alice e meu irmão Carlos Eduardo, que muitas vezes se

abstiveram de seus sonhos para que os meus se realizassem.

Aos meus amigos... os que passaram e os que vieram, meu muito obrigado pelo

ombro amigo nas horas de dificuldades e pelo apoio nas horas em que tudo parecia

em vão.

Aos meus familiares, pelo incentivo sempre presente.

Aos professores e colegas de curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de

nossas vidas.

A minha orientadora Professora Dra. Eloiza Cristiane Torres, braço amigo de todas

as etapas deste trabalho e que acreditou no meu potencial me proporcionando a

ajuda necessária para a conclusão do mesmo.

A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste

trabalho.

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.... sonhos são como sementes de esperança

semeadas em terras de alegria... um dia hão de

fazer brotar a felicidade da conquista dentro

dos nossos corações.

Anônimo

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SANTANA, Cristiane Daniela. ATIVIDADES DE GEOMORFOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: CONTEÚDOS GEOGRÁFICOS E INSTRUMENTOS LÚDICO-PEDAGÓGICOS, 2006, 101 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso, (Bacharel em Geografia) Centro de Ciências Exatas, Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, 2006.

RESUMO

A análise geográfica do nosso planeta está dividida em várias disciplinas. Dessa maneira a Geomorfologia é uma destas áreas que compõe este campo de estudo tão abrangente. Surgida ainda no século XVIII, esta disciplina se ocupa basicamente em estudar as formas de relevo presentes em nosso planeta e todos os processos ocorridos neste relevo ou que estão relacionados a ele, tomando por base para tais estudos concepções propostas por vários pesquisadores e se apropriando de conceitos de outras disciplinas e ainda estabelecendo relações com as mesmas. Os princípios geomorfológicos, devido a sua grande importância,são abordados pelos livros didáticos de ensino fundamental, os quais passaram por grandes transformações desde seu surgimento até os dias atuais. A análise do livro didático é assim realizada para que se possa perceber como estão sendo desenvolvidos os conteúdos de Geomorfologia no do ensino fundamental, tomando-se por base no caso a coleção “Geografias do Mundo”, a qual concentra os conteúdos de Geomorfologia em seu primeiro volume. A partir desta análise de conteúdos foram construídos instrumentos lúdico-pedagógicos para serem utilizados como auxiliares no processo de ensino e aprendizagem nas escolas, visto que a partir da aplicação em uma escola de um dos instrumentos propostos no trabalho os resultados foram satisfatórios, mostrando assim a importância dos instrumentos didáticos como apoio ao ensino da Geomorfologia e de tantas outras disciplinas. Palavras-chave: Geomorfologia; ensino; livro didático; instrumentos lúdico-

pedagógicos

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Esquema 1 - Exemplo de sistema de seqüência, mostrando o relacionamento

entre vários subsistemas................................................................... 21

Esquema 2 - Principais tipos de mecanismos de retroalimentação ....................... 22

Figura 1 - Tipos de relevos produzidos pela ação das águas. .......................... 40

Figura 2 - Esquema do Ciclo da Água .............................................................. 41

Figura 3 - Ação da água da chuva ao tocar o solo ............................................ 43

Figura 4 - Exemplo de Voçoroca ...................................................................... 46

Figura 5 - Diagrama sobre a poluição e o ciclo da água ................................... 48

Figura 6 - Domínios morfoclimáticos brasileiros ............................................... 56

Figura 7 - Exemplos dos domínios morfoclimáticos .......................................... 57

Figura 8 - Equipe montando o bloco ................................................................. 74

Figura 9 - Com o esparadrapo as laterais foram vedadas ............................... 74

Figura 10 - A gelatina foi esparramada para representar o oceano .................... 75

Figura 11 - O bloco completo: as placas podem ser movimentadas

como preferir .................................................................................... 75

Figura 12 - Garrafas Pet sendo preparadas ....................................................... 77

Figura 13 - Garrafa Pet preenchida com terra .................................................... 77

Figura 14 - Garrafa Pet preenchida com terra e recoberta com grama............... 78

Figura 15 - Garrafa Pet preenchida com terra e recoberta com areia ................ 78

Figura 16 - Garrafa Pet preenchida com terra e recoberta com cimento ........... 79

Figura 17 - Garrafa Pet com furos ...................................................................... 79

Figura 18 - Garrafas Pet fixadas na forma com fita adesiva ............................... 80

Figura 19 - Camada de areia espalhada sobre a mesa ..................................... 82

Figura 20 - Grãos de areia sendo espalhados pela ação do vento do

secador de cabelos .......................................................................... 82

Figura 21 - Materiais utilizados na simulação do processo de isostasia ............. 84

Figura 22 - Cartolina sendo recortada ................................................................ 85

Figura 23 - Pedaços de cartolina com os nomes dos domínios e as

características de cada um ............................................................... 86

Figura 24 - Pedaços de cartolina virados sobre a mesa ..................................... 87

Figura 25 - Pares sendo formados ...................................................................... 88

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Figura 26 - Mapa da sede do município de Bela V. do Paraíso,

com a localização do Colégio Ideal ................................................... 90

Figura 27 - Atividade sendo desenvolvida........................................................... 94

Figura 28 - Alunos descrevendo os resultados da atividade ............................... 95

Figura 29 - Exemplo de texto produzido pelos alunos......................................... 96 Figura 30 - Exemplo de texto produzido pelos alunos............................................97

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

1 GEOMORFOLOGIA: BASES E IMPORTÂNCIA PARA A GEOGRAFIA............. 13

1.1 O QUE É GEORMOFOLOGIA? ................................................................................ 13

1.2 BASES DA GEOMORFOLOGIA ................................................................................ 23

1.3 GEOMORFOLOGIA E GEOGRAFIA: QUE RELAÇÃO É ESTA?....................................... 28

2 PRINCÍPIOS GEOMORFOLÓGICOS E ENSINO DE GEOGRAFIA................... 32

2.1 O LIVRO DIDÁTICO: DO SURGIMENTO A UTILIZAÇÃO ............................................... 32

2.2 ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO (QUAIS E COMO ESTÃO SENDO ABORDADOS OS CONTEÚDOS DE GEOMORFOLOGIA). ................................................................. 36

2.2.1 Análise do primeiro volume: 5ª série ............................................................. 37

2.2.2 Análise do segundo volume: 6ª série ............................................................ 52

2.2.3 Análise terceiro volume 7ª série .................................................................... 59

2.2.4 Análise quarto volume 8ª série ...................................................................... 63

2.3 INSTRUMENTOS DIDÁTICOS COMO APOIO AO ENSINO DE GEOMORFOLOGIA.............. 66

3 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O ENSINO DE GEOMORFOLOGIA...... 72 3.1 ATIVIDADE 1 - MAQUETE DAS PLACAS TECTÔNICAS ............................................... 72

3.2 ATIVIDADE 2 - ESQUEMA DO PROCESSO DE EROSÃO (GARRAFAS PET) .................... 76

3.3 ATIVIDADE 3 - PROCESSO DE EROSÃO EÓLICA UTILIZANDO AREIA E SECADOR DE CABELOS ...................................................................................................... 81 3.4 ATIVIDADE 4 - PROCESSO DE ISOSTASIA UTILIZANDO BLOCOS DE MADEIRA NA ÁGUA. ................................................................................................................ 83 3.5 ATIVIDADE 5 - JOGO DA MEMÓRIA SOBRE OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL. .............................................................................................................. 84

4 APLICAÇÃO........................................................................................................ 89

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4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ONDE A ATIVIDADE FOI APLICADA.............................. 89

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA TURMA QUE REALIZOU A ATIVIDADE...................................... 92

4.3 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................ 93

CONCLUSÃO......................................................................................................... 99

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 101

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade analisar como os conteúdos de

Geomorfologia estão sendo abordados nos dos livros didáticos do Ensino

Fundamental tomando por base a coleção Geografias do Mundo e, ainda apresentar

uma proposta pautada na confecção de instrumentos lúdico-pedagógicos que

poderão auxiliar no processo de ensino aprendizagem.

O tema voltado à questão da Geomorfologia se justifica pelo fato

desta ser uma área importante da Geografia e a qual se encontra inserida dentro da

realidade dos alunos de ensino fundamental. Sendo assim, o desenvolvimento deste

trabalho se dá a partir da análise de livros didáticos de geografia e posterior

confecção de instrumentos lúdicos-pedagógicos.

No primeiro capítulo apresentamos alguns dos conteúdos de

Geomorfologia, bem como seus principais pensadores e teorias por eles

apresentadas. É dado destaque para a questão de se entender o que é a

Geomorfologia e para que ela serve, começando com o surgimento desta área de

estudo até a consolidação desta como disciplina autônoma liberta das outras

disciplinas as quais deram origem a ela. É visto também, as teorias de alguns dos

principais pesquisadores que se dedicam a esta área e as bases apresentadas por

estes, e um dos fatos de grande importância para este trabalho que seria a relação

estabelecida entre a Geomorfologia e a Geografia.

O segundo capítulo se volta diretamente para a questão do livro

didático, o qual é um material de grande importância para auxiliar o professor e

também o aluno, no processo de aprendizagem dos conteúdos não só de Geografia,

mas de todas as outras disciplinas presentes no ensino fundamental. A proposta é

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que através da análise de uma coleção de livros didáticos do ensino fundamental, se

perceba as possibilidades e as dificuldades encontradas pelos professores e alunos

ao se ensinar e aprender estes conteúdos.

Posteriormente, no terceiro capítulo, chega-se a um dos principais

objetivos deste trabalho que é a proposta de elaboração e aplicação de instrumentos

lúdico-pedagógicos para melhor consolidação dos conteúdos por parte dos alunos e

facilitando também o processo de ensino por parte dos professores.

A análise final diz respeito à aplicação de um dos instrumentos

desenvolvidos durante este trabalho, bem como os resultados obtidos com este

instrumento, o qual foi de suma importância para a compreensão de como se chegar

a bons resultados com este tipo de material que pode ser utilizado por qualquer

professor ou aluno.

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1 GEOMORFOLOGIA: BASES E IMPORTÂNCIA PARA A GEOGRAFIA

1.2 O QUE É GEOMORFOLOGIA?

Ao se tratar dos conteúdos referentes à geografia do nosso planeta,

é possível perceber a gama de abordagens que se apresentam hoje em dia, bem

como as várias áreas e ramos nos quais a mesma se desmembra e as disciplinas

que se propõem a estudar estes temas.

Nesse sentido, podemos colocar que a Geomorfologia é uma destas

tantas ciências que compõe este amplo campo de estudos abrangido pela

Geografia, e também sobre a grande importância que deve ser atribuída a está área

da ciência geográfica a qual se faz presente no cotidiano de todas as sociedades.

Antes de se atentar para o desenvolvimento de estudos que

abordem diretamente a questão do ensino de Geomorfologia, é preciso que se

conheça qual é a sua finalidade e em especial o seu objeto de estudo, visto que o

desconhecimento de tal objeto pode acabar por estender os conteúdos desta

disciplina a outras áreas de estudo da Geografia, tornando complexo o entendimento

por parte daqueles que se propõem a dedicar-se a esta área.

Surgida há séculos, a Geomorfologia é a ciência que se ocupa em

estudar as formas do relevo presentes em nosso planeta, e pode ser datada ainda

do século XVIII, com os estudos de profissionais de outras áreas que passaram a

analisar a natureza de uma maneira mais focada.

Sobre a Geomorfologia, Penteado nos coloca que:

Deriva de disciplinas que descreviam a Terra (orografia, corografia, fisiografia). Quando se passou da descrição para a explicação, a geomorfologia apareceu, no final do século XIX. Entretanto, vamos encontrar os seus fundamentos, já no final do século XVIII, entre trabalhos de geólogos [...] (PENTEADO,1987, p.1).

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Sendo assim a Geomorfologia surge a partir da necessidade de se

libertar este tipo de estudo de outras disciplinas consolidando-se como tal, no século

XIX. Porém sabe-se que este processo foi longo e passou por várias transformações

de acordo com os estudos realizados por diversos pesquisadores, entre os quais

podemos citar James Hutton ainda no século XVIII e William Morris Davis sendo este

último responsável pela consolidação da Geomorfologia como ciência no início do

século XIX, dentro de princípios anglo-americanos.

A partir do relevo como objeto de estudo, a Geomorfologia se ocupa

de entender os vários enfoques que podem ser dados a este, como por exemplo, o

que é este relevo, qual a origem deste, o seu tempo geológico, como este se formou

e os diversos processos envolvidos nesta formação, estando diretamente

relacionada à morfoestrutura e morfoescultura das paisagens descrevendo-as,

classificando-as e explicando-as. Pode-se dizer ainda que:

A existência desse objeto bem definido, com significativo e diversificado conteúdo a ser compreendido e explicado, a sistematização do conhecimento já atingido, o valor alcançado por suas concepções teóricas, o caráter prático da aplicação dos seus conhecimentos e a crescente importância que a sociedade lhe tem conferido fazem com que a Geomorfologia venha sendo vista como um ciência autônoma. (MARQUES, 2001, p.23)

Entretanto, o fato de se tratar a Gemorfologia como uma ciência

autônoma torna-se um problema a partir do momento que esta ao apresentar seus

conceitos se utiliza, como já dito, de conceitos pertencentes a várias outras áreas da

ciência geográfica.

Estes conceitos dizem respeito a questões que envolvem

diretamente o relevo, mas que precisam de dados referentes ao solo (pedologia), ao

clima (climatologia), a ação das águas (hidrologia), etc, os quais são fatores de

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extrema importância para a elaboração dos relevos e a aparência que estes se

apresentam.

Cabe então a Geomorfologia, caracterizar-se de uma maneira mais

clara, ou seja, antes de se considerar como uma ciência autônoma é preciso que se

esclareçam todos os tipos de relações que ela pode apresentar com os vários outros

ramos da ciência geográfica, que assim como a Geomorfologia necessitam de um

intercambio de informações entre as várias áreas para que se realize um trabalho

mais completo não deixando de contemplar fatos importantes simplesmente por

estes não serem do domínio de tal área.

Sabe-se que o nosso planeta está em constante evolução e,

conseqüentemente, ocorrem mudanças que são percebidas no relevo, estas se dão

por vários fatores como, por exemplo, o intemperismo químico e físico que variando

de intensidade causam mudanças maiores ou menores em cada lugar, ação

antrópica, condições climáticas, movimentações geológicas, etc. À Geomorfologia

cabe a partir de seus princípios descrever, classificar e explicar os fenômenos

ocorridos no globo, os quais podem ser estáticos, relacionados à anatomia das

paisagens, ou dinâmicos ligados à fisiologia das paisagens, e os quais se dão a

partir da interação entre os elementos naturais como, por exemplo, os que habitam a

atmosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera. De uma forma geral, “O campo de estudo

geomorfológico é, pois uma superfície de contacto, que une a parte sólida do globo:

a litosfera, com os seus invólucros: líquido e gasoso [...]” (PENTEADO, 1983, p.2).

Estudos mostram que foi a partir das necessidades humanas e suas

observações, que se conheceu as formas de relevo e seus processos formadores,

sendo que este a base que assenta toda a humanidade. Porém fez-se necessário

todo um estudo para que se entendesse como este relevo se formava, se deslocava,

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destruía-se e se reconstituía, descobrindo assim que a origem de todos estes fatos

estava ligada à forças provindas do interior do planeta (forças endógenas) e também

seu exterior (forças exógenas), podendo ambas ocorrer conjuntamente em uma

mesma escala de tempo ou separadamente, sem esquecer ainda da grande ação

humana que modifica o relevo em escalas maiores ou menores. Dessa maneira,

Valter Casetti em seu capítulo sobre Introdução ao estudo da Geomorfologia mostra

a importância que deve ser dada à questão destes processos, pois:

Partindo do princípio de que tanto os fatores endógenos como os exógenos são “forças vivas”, cujas evidências demonstram grandes transformações ao longo do tempo geológico, necessário se faz entender que o relevo terrestre não foi sempre o mesmo e que continuará evoluindo. Portanto, a análise geomorfológica de uma determinada área implica, obrigatoriamente, o conhecimento da evolução que ela sofre, o que é possível através das evidências de materiais deposicionais resultantes dos diferentes processos morfogenéticos a que foi submetida. (CASETTI, 2001, p.11)

Mesmo com todas estas variações torna-se difícil classificar a

Geomorfologia em estrutural ou climática, como o que é abordado nas discussões

de Jean Tricart, pois nenhuma delas por si só conseguiria explicar a gênese e

evolução das formas de relevo, sendo que a evolução histórica da Geomorfologia

teve grande suporte nas obras de Christofoletti, o qual sobre a Geomorfologia

estrutural coloca que:

Considerando as formas como oriundas do controle estrutural, houve extraordinário desenvolvimento da denominada Geomorfologia estrutural. Toda uma tipologia foi criada, assinalando as características e os ciclos evolutivos das paisagens formadas em estruturas concordantes (planaltos tabulares, planícies costeiras e bacias sedimentares), em estruturas dobradas (domos e dobramentos), em estruturas falhadas e vulcânicas, e em grau mais complexo do modelado estrutural dos escudos e dos maciços antigos. O relevo cársico e granítico, relacionados com as litologias determinadas, surgiram como modelados especiais. (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.14)

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Já sobre a Geomorfologia Climática, o mesmo autor explica sobre a

série de conceitos que são direcionados a esta e as diferentes abordagens tomadas

pela gama de estudiosos que se dedicaram ao estudo desta área, reconhecendo a

influência climática sobre o modelado da paisagem.

Como exemplo, entre outros, podemos citar Martone que foi um dos primeiros autores a usar o termo Geomorfologia climática no ano de 1913, e o qual teve participação nos estudos dos trópicos úmidos trabalhando até no Brasil. É possível dizer ainda que grande parte da literatura geomorfológica é dedicada a perscrutar os vestígios paleoclimáticos, mostrando a evolução regional do modelado em função dos sucessivos sistemas morfoclimáticos atuantes. (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.15-16)

É difícil, porém enquadrar os acontecimentos dentro de uma das

linhas de pesquisa as quais classificam a Geomorfologia em estrutural ou climática,

pois:

A importância conjunta da rocha e do clima traz dificuldades para estabelecer um critério geral, para a classificação das formas de relevo. Pelo critério apoiado na Geologia, chega-se à Geomorfologia Estrutural. Pelo critério apoiado no clima chega-se à Geomorfologia Climátia. Entretanto, cada uma das duas, isoladamente, não explica totalmente a gênese e evolução de todos os tipos de relevo [...]. (MARQUES, 2001, p.28)

Para que se desenvolvam tais estudos geomorfológicos com maior

grau de abrangência, é preciso que se utilizem métodos e técnicas as quais

abordam vários aspectos, a começar pela abordagem teórica do problema, que

seriam os trabalhos realizados em laboratórios a base de documentos como mapas

e cartas, ou mesmo amostras recolhidas em campo, lembrando que hoje as imagens

de satélite facilitam a leitura da realidade com a sua precisão, o que teve grande

impulso na segunda metade do século XX com o desenvolvimento de aparelhos de

alta tecnologia. Seguindo os tipos de métodos empregados podem-se colocar os

trabalhos de campo, onde tais fenômenos ocorridos podem ser constatados e

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mesmo uma idéia pode ser refutada, sendo que é lá que ocorrem experimentos e

onde os materiais podem ser recolhidos para análise e experimentos de laboratório.

Este método empírico se mostra de grande validade para a Geomorfologia, pois é

ele que se ocupa de estudos como as formas e medidas. Se apropriando das

palavras de Penteado é possível dizer ainda que: “A Geomorfologia procura

entender a forma da Terra e elucidar os processos que operam na sua superfície.

Essa meta, por si só nos dá a idéia da complexidade dos processos e fenômenos

envolvidos” (PENTEADO, 1983, p.2).

Sendo a Geomorfologia a ciência que se ocupa em estudar o relevo

e sua formação a partir de vários elementos, ela leva em consideração as ações e

relações destes elementos, os quais acabam por formar todo um sistema, e segundo

Christofoletti:

Quando se conceituam os fenômenos como sistemas, uma das principais atribuições e dificuldades está em identificar os elementos, seus atributos e suas relações, a fim de delinear com clareza a extensão abrangida pelo sistema em foco. Praticamente, a totalidade dos sistemas que interessam ao geomorfólogo não atua de modo isolado, mas funciona dentro de um ambiente e faz parte de um conjunto maior. Esse conjunto maior, no qual se encontra inserido o sistema particular que se está estudando pode ser denominado universo, o qual compreende o conjunto de todos os fenômenos e eventos que, através de suas mudanças e dinamismo, apresentam repercussões no sistema focalizado, e também de todos os fenômenos e eventos que sofrem alterações e mudanças por causa do comportamento do referido sistema particular. [...]. (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.1)

Estes sistemas apresentam ainda elementos interconectados não

sendo isolados dos demais e estabelecendo conexão com outros sistemas, como

exemplo podemos citar o sistema de cavernas, sistema de erosão, sistema de

erosão morfogenético, sistema de juntas conjugadas, sistema de montanha e ainda

sistema morfoclimático. Porém, “Considerando que as formas e processos

representam o âmago da Geomorfologia, podemos distinguir dentro do universo

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geomorfológico os seguintes sistemas antecedentes, que são mais importantes para

compreensão das formas de relevo: o sistema climático [...] o sistema biogeográfico

[...] o sistema geológico[...] e o sistema antrópico.” (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.8)

Os principais aspectos a serem abordados na composição dos

sistemas são a matéria, a energia e a estrutura. “Ao se transmitir noções gerais

sobre os sistemas é possível dizer que ele pode ser definido como o conjunto dos

elementos e das relações entre si e entre seus atributos” (CHRISTOFOLETTI, 1974,

p.1).

Dessa maneira, a matéria são os componentes ou elementos que

podem ser movimentados dentro do sistema, como a água e os detritos em um

sistema hidrológico. A energia é, pois, o que movimenta os elementos dentro do

sistema gerando capacidade de criar trabalho, esta, por sua vez, pode ser potencial

(tendo como fontes principais a gravidade, as forças do vento e da água), cinética (a

qual dá seqüência a energia potencial como o relevo) e a total (que é a soma das

duas outras energias, tendo como resultado a esculturação do relevo).

Outro fato importante é a estrutura destes sistemas, o qual é

constituído por elementos, suas relações, suas formas e arranjos. Estas estruturas

para que sejam melhores compreendidas devem ser analisadas por meio do

tamanho do sistema (dado pelo número de componentes e variáveis que este

apresenta ou espaço-fase); correlação (a forma que os elementos interagem e se

combinam dentro do sistema e onde as análises são feitas entre o relacionamento

das variáveis e o relacionamento entre o conjunto de variáveis); e, por fim, a

causalidade (a variável independente é a que controla as ações e a dependência é

quem é controlada sofrendo alterações somente a partir da ocorrência destas na

primeira) (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.2).

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É preciso que se leve em consideração também a classificação dos

sistemas em Geomorfologia. Estes estão divididos a partir de sua funcionalidade e

de sua complexidade estrutural. Os sistemas funcionais de acordo com Foster,

Rapoporte e Trucco (Apud CHRISTOFOLETTI, 1974, p.2-5), podem ser sistemas

isolados, não tendo relacionamento com os demais sistemas e não ocorrendo troca

de matéria e energia (feed back) com os mesmos, e os sistemas não isolados, onde

em proporções diversas ocorre constante troca de matéria e energia. Todavia estes

sistemas não isolados podem ser ainda fechados, ocorrendo somente troca de

energia e pouca ou nenhuma troca de matéria, como por exemplo, o nosso planeta

em relações aos demais, e abertos onde a troca de matéria ou energia ocorrem em

quantidades significativas como no caso das bacias hidrográficas.

Já com relação à complexidade estrutural, Chorley e Kennedy (Apud

CHRISTOFOLETTI, 1974, p.2-5), definem os sistemas como morfológicos (levam

em consideração somente elementos físicos deixando de fora as ações humanas),

sistemas em seqüência (composto por uma cadeia de subsistemas que regulam-se

entre si para melhor distribuição de materiais recebidos), sistemas controlados

(ocorrem a partir de ações que o homem desencadeia e que acabam por influenciar

na complexidade e atuação do sistema) e, por fim, sistemas de processos-respostas

sendo formados pela combinação de sistema morfológicos e sistema em seqüência,

ou seja, o efeito de uma alteração volta a atuar sobre a variável inicial tornando

circular toda a ação ocorrida denominando-se mecanismo de retroalimentação ou

feed back. (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.2-5).

No esquema a seguir, vemos um exemplo de sistema em seqüência

apresentado por Christofoletti em seu livro denominado A Geomorfologia.

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Esquema 1. Exemplo de sistema de seqüência, mostrando o relacionamento entre vários subsistemas. (CHRISTOFOLETTI,1974, p.4)

Sobre a retroalimentação citada acima sabe-se que ela se divide em

quatro tipos mais comuns. A retroalimentação direta quando ocorre ida e volta de

ações entre duas variáveis; retroalimentação em circuitos a qual envolve mais de

duas variáveis, tomando como exemplo o frio, a neve, o gelo e novamente o frio, isto

faz com que a retroalimentação volte a seu ponto inicial; retroalimentação negativa

onde gera-se o equilíbrio pois, aumentando-se determinado elemento este

desencadeia um processo de ampliação das ações que culminará na própria

diminuição do aumento inicial gerando o equilíbrio; e, por fim, a retroalimentação

positiva a qual pode gerar a distribuição do sistema, onde o aumento de

determinado elemento ocasionará uma sucessão de ampliações até retornar ao seu

início com a destruição do mesmo (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.3-6).

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A seguir, veremos alguns exemplos de retroalimentação propostos

por Christofoletti em seu livro A Geomorfologia.

Esquema 2. Principais tipos de mecanismos de retroalimentação (CHRISTOFOLETTI, 1974, p.6).

Os estudos geomorfológicos segundo Ab’ Saber (apud CASETTI,

2001, p.12) devem ser divididos em três níveis de abordagem: o primeiro seria a

compartimentação morfológica que oferece informações sobre áreas separando os

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tipos de paisagens: o segundo, a estrutura superficial que são os materiais

acumulados em determinadas condições climáticas dando origem às formas e, o

terceiro a fisiologia da paisagem, quando o homem passa a modificar o relevo e

onde é possível notar a composição do mesmo.

Percebe-se dessa maneira a série de fenômenos que são abordados

pela Geomorfologia e a importância destes para a compreensão do meio em que

vivemos, pois ao tratar de vários assuntos estará presente em quase todas as

discussões relacionadas a questão que envolve o planeta Terra.

1.2 BASES DA GEOMORFOLOGIA

Para que se compreenda melhor a questão da Geomorfologia e sua

importância como instrumento para explicação dos fenômenos ocorridos no relevo, e

os quais acabam por mudar constantemente as feições presentes no nosso planeta

se faz necessário conhecer a série de transformações pela qual esta passou a partir

de teorias criadas por diversos pensadores até que se chegasse aos conceitos que

são aceitos hoje por toda comunidade científica, no tocante a área da

Geomorfologia.

Como já mencionado anteriormente, estudos relativos às formas do

relevo já se fazem presentes desde muito tempo atrás com pesquisas realizadas por

profissionais de outras áreas, porém com a crescente necessidade de se entender

como os processos se davam de uma forma mais detalhada, os estudos passaram a

se direcionar criando uma nova área de pesquisa, no caso a Geomorfologia, não

podendo se esquecer do grande mérito que cabe ser dado aos geólogos, principais

contribuintes para o desenvolvimento deste novo campo. “O estudo das formas do

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relevo deriva, substancialmente, das concepções geológicas do século XVIII, que

representaram a tendência naturalista prática, subjugada aos interesses do sistema

da produção capitalista em desenvolvimento” (CASETTI, 2001, p.13).

Em fins do século XVIII e início do século XIX se assiste o

nascimento de duas linhas de pensamento sobre a Geomorfologia. Estas foram

denominadas escolas, sendo a primeira a escola anglo-americana encabeçada

pelas idéias de William M. Davis fundamentada no positivismo evolucionista e onde

houve uma aproximação das relações da Inglaterra, França e Estados Unidos e,

posteriormente, uma nova escola surge como forma de propor novas idéias e esta

foi denominada escola alemã que trazia como seu principal precursor W. Penck.

Sendo assim podemos dizer que:

Enquanto Davis se constitui no principal ponto de referência da Geomorfologia anglo-americana, W. Penck se caracteriza como um dos grandes entre muitos. Portanto, a postura teorizante de Davis e o próprio processo dedutivo contribuem para a evolução do referencial cíclico em sistemas de tendência axiomática, onde a ação processual quantificada romperia com a abordagem historicista. A Geomorfologia alemã, fundamentada na observação e processo empírico, caracterizava-se como guia de campo. Assim, se tais reformulações evidenciavam ruptura epistemológica, a Geomorfologia alemã se caracterizava pelo progressivo refinamento de conceitos. (CASETTI, 2001, p.19)

Ocorre então uma série de discussões sobre os conceitos

geomorfológicos, os quais eram abordados sobre diferentes perspectivas pelas duas

escolas em questão, porém com o passar do tempo alguns pontos passam a ser

melhor analisados e até aceitos por pesquisadores de outras linhas epistemológicas

como o caso das críticas de W. Penck as teorias davisianas no final da década de

trinta. “A interpretação de Penck (1924) ao ciclo geográfico, divulgada durante o

Simpósio de Chicago (1939), foi incorporada pelos seguidores de Davis, criando

novos paradigmas” (CASETTI, 2001, p.14).

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De uma forma geral, as duas correntes são bem definidas e é

possível notar isto nos trabalhos elaborados que se voltam para uma ou para outra

corrente. Com o surgimento destas duas escolas geomorfológicas distintas, uma

encabeçada pelo americano William Morris Davis e outra pelo alemão Penck, sendo

a primeira alçada até a Segunda Guerra Mundial, coloca-se no cenário mundial uma

série de discussões sobre como explicar os fenômenos geomorfológicos. Para Davis

devia-se levar em conta a estrutura geológica da Terra e, para tanto, este propôs o

estudo de dois ciclos, o da erosão e o geográfico.

Davis tem como um dos pontos principais de seu estudo o nível de

base, que seria materiais que em processo erosivo acabariam por chegar a um nível

0, ou seja a rocha. Este processo, por sua vez, precisaria chegar a um estado de

equilíbrio, criando-se assim também a noção de equilíbrio sugerindo o fim da erosão.

Surge, dessa maneira, uma noção de tempo para o relevo em que este passaria por

um processo de nascimento (juventude) dado pela ação do magmatismo que ondula

e eleva o relevo; desenvolvimento (maturidade) quando o relevo começa a ser

erodido; velhice (senilidade) em que apresentam-se o surgimento de morros

testemunhos; e, por fim, renascimento (rejuvenescimento) que se dão pelos

soerguimentos dos cursos d’água e formação dos Kanyons. “Para Davis (1899) o

relevo, ao atingir o estágio de senilidade, seria submetido a novo soerguimento,

rápido, que implicaria em nova fase, denominada rejuvenescimento, dando

seqüência ao ciclo evolutivo da morfologia” (CASETTI, 2001, p.23).

Várias críticas surgiram com relação às teorias de Davis, e as mais

importantes delas são as advindas de Walter Penck, segundo a linhagem adotada

por ele:

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A prática dedutivista (observação, descrição e generalização) e a práxis desligada do resto da geografia são os principais pontos de contestação pela corrente naturalista da escola germânica, que tem como principais representantes Albrecht e Walter Penck. (CASETTI, 2001, p.24)

Penck refutou tais teorias propostas por Davis, pois, levou em conta

que na formação do relevo também está presente a noção de processo, pois para

ele a noção de equilíbrio não existiria, partindo de que soerguimentos e erosão

ocorrem simultaneamente. Seus princípios estavam fundamentados na intensidade

dos soerguimentos e suas repercussões nos cursos d’água, e como colocado por

Casetti (p.28) “Davis afirma que o relevo evoluía de cima para baixo [...], Penck

acreditava no recuo paralelo das vertentes, que parece ser o processo aceito para o

entendimento da evolução morfológica”.

Temos ainda as teorias de Lester C. King o qual se baseia nas

teorias penckianas, mas também não deixa de lado as teorias de Davis. Podemos

notar isto quando Casetti diz que:

Deve-se destacar que esta teoria desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo que procura restabelecer o conceito de estabilidade tectônica considerado por Davis, embora admitindo ajustamento por compensação isostática, utiliza o recuo paralelo das vertentes (wearing-back) como forma de evolução morfológica, proposto por Penck. (CASETTI, 2001, p.29)

Levando em conta a estabilidade tectônica e o recuo das vertentes,

King propõe que o material viria por corrigir as irregularidades do terreno formando

extensos pediplanos. A explicação para este pediplano pode ser dada como:

Denominação proposta por L. C. King para as planuras formadas pelas justaposições de glacis [...] Os pediplanos são grandes superfícies de erosão modeladas nos climas áridos quentes e semi-áridos, não devendo ser confundidos com as peneplanícies de Davis (GUERRA; GUERRA, 2001, p.467).

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Outra pequena diferença notada entre as idéias de Davis e de King é

que estes utilizaram termos diferentes para caracterizar formas semelhantes como é

caso das grandes extensões horizontalizadas na senilidade, Davis as considerava

utilizando o termo técnico de peneplanos, já King as considerou “como pediplanos

cujas formas residuais foram denominadas inselbergs” (CASETTI, 2001, p.29).

Por fim, temos a teoria de J. Hack o qual fundamentou sua teoria na

linhagem anglo-americana, para ele:

O principio básico da teoria é o de que o relevo é um sistema aberto, mantendo constante troca de energia e matéria com os demais sistemas terrestres, e esta vinculado à resistência litológica. Enquanto Penck considerou o modelado como resultado da competição entre o levantamento e a erosão, Hack considera-o como o produto de uma competição entre a resistência dos materiais crustais e o potencial das forças de denudação. (CASETTI, 2001, p.31)

Pode-se dizer ainda que Hack aperfeiçoou as idéias propostas por

outros autores além das teorias davisianas como as de Penck, por exemplo,

incorporando alguns conceitos para melhor caracterizar o relevo, como a noção de

equilíbrio proposta por Davis e relações dinâmicas sobre o relevo propostas por

Penck.

Sendo assim, é possível perceber o vasto número de etapas pelas

quais passou a Geomorfologia até se estabelecer como disciplina, e os diversos

estudos realizados para melhor compreensão dos fatos ocorridos na superfície do

globo.

Partindo mais uma vez do fato de ser o relevo o principal objeto de

estudo de tal disciplina, e também de que é este a base que sustenta o desenvolver

de toda humanidade, vemos o grande empenho de determinados pesquisadores

ainda hoje, em entender as formas contidas neste relevo, para que assim as

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relações estabelecidas entre o homem e a natureza possam se dar da maneira mais

harmoniosa possível.

1.3 GEOMORFOLOGIA E GEOGRAFIA: QUE RELAÇÃO É ESTA?

Ao se aprofundar neste amplo campo que abrange a questão da

Geomorfologia, é de suma importância que se tenha em mente a grande relação que

esta estabelece com todas as demais áreas da Geografia. A partir do momento que

ela surgiu de pressupostos levantados pela Geologia pode-se dizer, de uma forma

geral, que ela não está presa somente a fatos geológicos, mas a ocorrências ligadas

as várias áreas abrangidas pela geografia, tanto as áreas da geografia física com

transformações do próprio ambiente, bem como, também as da geografia humana

com as transformações ocasionadas por ações antrópicas.

Essas relações com outras áreas da Geografia e as quais se

refletem diretamente no nosso meio através dos vários elementos que compõem

uma paisagem podem ser explicadas e entendidas quando coloca-se que:

As formas de relevo podem transmitir a falsa idéia de que são componentes independentes na paisagem. Na verdade, elas e os demais componentes do ambiente estão interligados, promovendo ações, muitas vezes induzidas por influências mútuas, que, em maior ou menor intensidade, agem no sentido de criar uma fisionomia que, reflete, no todo ambiental ou em suas partes, um ou mais ajuste alcançados. Assim, a criação e evolução das formas de relevo não são dissociadas da presença e participação dos demais componentes do ambiente e sobre eles exercem sua influência. (MARQUES, 2001, p.27)

Sendo assim, é preciso que se analise o ambiente de uma forma

mais ampla para que se percebam todos os componentes que estão envolvidos

nesta dinâmica de produção de paisagens e os quais compõem o meio por nós

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percebido dando a ele este modelado que encontramos no nosso dia-a-dia, e que,

muitas vezes, se desconhece qual a verdadeira origem do mesmo.

Para realização de estudos geomorfológicos que dizem respeito ao

relevo, é preciso que se estabeleçam relações entre fatos ocorridos, os quais são

percebidos mediante de métodos que se interligam até que se chegue aos objetos

desejados. Existem, porém uma série de métodos, a começar pela abordagem

teórica do problema passando pela observação de campo, experimentos, método

empírico quantitativo, os métodos geométricos que dizem respeito a gráficos, mapas

e tabelas; os sedimentológicos tratando da questão da análise granulométrica e a

geocronologia, a qual pode ser relativa focando suas análises em métodos

estratigráficos que são base de todas as ciências geológicas; análise polínica como

método de datação indireta que relaciona cobertura vegetal com oscilações

climáticas; e dados da pré-história que são apropriados ao estudo do Quaternário; e,

por fim, temos a geocronologia absoluta que fornece dados mais precisos do tempo

a partir do estudo dos varvos glaciais que são depósitos folhados de sedimentação

rítmica formados em lagos de fronte de geleiras, e métodos radioativos que

permitem remontar até o período Pré-Cambriano, com a utilização do C14 (carbono

quatorze), por exemplo (PENTADO, 1983, p.3-5).

Como já mencionado, a Geomorfologia estabelece relações com

várias outras disciplinas como a Geologia, Sedimentologia, Pedologia,

Paleontologia, Biogeografia, etc., sendo assim pode-se considerar esta como uma

ciência ponte, a qual é analítica e sintética:

Disso resulta uma conseqüência importante: seus conceitos de base são, às vezes, modificados fundamentalmente, em função dos progressos das disciplinas estritamente analíticas, que têm por objetivos fatos que se passam nos dois extremos da ponte. (PENTEADO,1983, p.6)

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Os fatos geomorfológicos foram ainda divididos segundo uma escala

de grandeza e como coloca Penteado, Tricart em seu tratado Metodológico de

Geomorfologia, as dividiu como grandezas de escala macro que dizem respeito a

acontecimentos de escala global, as meso de escala continental e de país, e as

micro relacionadas a cidades ou mesmo sendo pontuais. Estas mesmas são ainda

divididas de acordo com sua ordem em oito grandezas, sendo a 1ª global, 2ª

continental, 3ª dezenas de milhares de quilômetros, 4ª centena de quilômetros, 5ª

alguns quilômetros quadrados, 6ª centenas de metros quadrados, 7ª

microformas/decímetro ao metro e 8ª milímetro ao micro (PENTEADO, 1983, p.8-9).

Considerar a Geomorfologia de forma isolada para explicação dos

fenômenos do globo é algo ousado, pois de uma forma ou de outra ela sempre

acabará se apropriando de conceitos advindos de outras disciplinas, podemos

considerar ainda que:

Essa posição de independência é, entretanto, insuficiente para encobrir os profundos laços de origem que ligam à Geografia e à Geologia. Dentro delas, a Geomorfologia constituiu uma especialização, inserida em campo de trabalho comum a ambas. As abordagens utilizadas na produção geomorfológica, quase sempre de modo claro, mostram seus vínculos com as perspectivas e propósitos inerentes à Geografia ou à Geologia.(MARQUES, 2001, p.23)

A relação da Geomorfologia com a Geografia vai mais longe do que

se pode imaginar, o ser humano com o passar do tempo conseguiu perceber estas

relações de maneira discreta em produtos resultantes da ação das forças que

modificam nosso relevo, dando grande importância a estas observações e

conseguindo estabelecer uma relação entre as causas geradoras de certos tipos de

relevo e os produtos finais que encontramos hoje em nossa superfície. Esta relação,

entretanto, é quase impossível de ser estabelecida se estudada somente a partir de

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perspectivas geomorfológicas, pois quase sempre estão envolvidos nestes

processos fatores relacionados ao clima do local, a hidrologia, a geologia, a

paleontologia, etc e, ainda, à ação antrópica como fatores sociais e culturais, todos

ligados a áreas pertencentes ao campo da Geografia e, as quais, só se realizam e

mostram resultados mais completos, estabelecendo um intercâmbio de informações

entre todos os campos que se direcionam ao estudo de fatos geográficos.

Se analisarmos a Geomorfologia de uma maneira mais próxima de

nossa realidade podemos perceber que os estudos geomorfológicos no Brasil

tiveram grande expansão nos últimos 50 anos, a partir de sua aplicação a questões

ambientais que têm sido trabalhadas com grande afinco. A história da Geomorfologia

no Brasil deve-se a pesquisadores como Christofoletti e Ab’ Saber e mais

atualmente, Margarida Penteado.

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2 PRINCÍPIOS GEOMORFOLÓGICOS E ENSINO DE GEOGRAFIA

2.1 O LIVRO DIDÁTICO: DO SURGIMENTO A UTILIZAÇÃO

Tradicionalmente o livro didático é usado como principal fonte do

ensino por parte dos professores e de aprendizado pelos alunos, tanto o livro de

Geografia quanto o de tantas outras disciplinas que, em sua maioria, também

adotam este material como apoio ao desenvolvimento dos conhecimentos

necessários.

A história do surgimento e utilização do livro didático vem desde

séculos atrás e, segundo Oliveira:

O livro didático surge como material impresso destinado ao processo de aprendizagem ou formação, no mundo, já no século 17. Mas o volume de obras só aumenta a partir de meados do século 19 [...]. Este fato estaria vinculado ao maior número de conhecimentos, à divisão e sistematização das ciências, à crescente discussão sobre técnicas de ensino e teorias de aprendizagem, mas sobretudo à necessidade á expansão capitalista de preparo de recursos humanos através do treinamento técnico, militar e industrial. Difunde-se no mundo ocidental, a utilização de livros complementares aos textos bíblicos entre os alunos de classes abastadas . Até então a bíblia era a obra mais vendida para o ensino e também a mais barata. A prática dos exames públicos, em especial a partir do início do século 20, condicionou o uso do livro didático entre toda a população estudantil, nivelando o ensino. (OLIVEIRA apud SCHÄFFER, 1998, p.130)

É possível perceber, dessa maneira, que a explicação para o

surgimento deste tipo de material está ligada a uma série de fatos, porém é

importante lembrar que o surgimento e crescente acesso da população estudantil a

este material facilitou o aprendizado pois os professores passaram a contar com um

material próprio para o ensino, o que não acontecia quando o ensino era realizado

através da bíblia.

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No caso do Brasil, pode-se dizer que até o século 19, os livros

vinham de Portugal, pois em nosso território estes ainda se encontravam com alto

custo devido a precariedade da indústria gráfica nacional e, dessa maneira, os

professores utilizavam-se de cartilhas para poderem ensinar seus alunos, fato este

que mudou com a chegada da família real após 1808, quando houve grande

aumento no número de escolas e na produção de material nacional. Já nos anos de

1920, o movimento modernista e nacionalista tiveram papel decisivo no surgimento

de uma política para o livro didático no país que se concretizou no Estado Novo. Em

1937, foi criado o Instituto Nacional do Livro que era um órgão subordinado ao

Ministério da Educação e, em 1938, criou-se a Comissão Nacional do Livro Didático

para examinar e julgar os livros didáticos e, por fim, em 1940 temos a

obrigatoriedade de utilização de livros didáticos nacionais para acabar com

preconceitos entre grupos de estrangeiros dentro do território que se utilizavam de

livros também estrangeiros (SCHÄFFER, 1998, p.131).

Pode-se dizer ainda que o livro didático acaba, de certa maneira, por

uniformizar os conteúdos, dando um mesmo enfoque para salas de diferentes

escolas, isto sendo visto de uma maneira geral, pois sabe-se que qualquer livro

didático se molda as características de cada professor, o qual acaba o adequando a

realidade presente no meio em que os alunos se encontram. Porém, “o caso é que

não há livro didático que seja à prova de professor; o pior livro pode ficar bom na

sala de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de um mau professor.

Pois o melhor livro repita-se mais uma vez, é apenas um livro, instrumento auxiliar

de aprendizagem” (LAJOLO, 1996 apud SCHÄFFER, 1998, p.129).

Dessa maneira, vemos que além da escolha de um bom livro hoje

em dia o que conta muito é também a escolha de bons professores, ou seja,

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professores capacitados e com boa formação acadêmica e que além de todos estes

pré-requisitos, ainda possam contar com uma característica especial que seria a

dedicação e amor em exercer, da melhor maneira possíve,l a sua profissão.

É importante destacar que o texto do livro didático deva contribuir de

maneira com que o aluno tome gosto pela leitura e se interesse pelo aprendizado do

conteúdo, primeiramente, com a leitura do próprio livro e, posteriormente, com leitura

de outras referências mais teóricas sobre o tema, visto que o livro expõe, na maioria

das vezes, de forma sintética os conteúdos. Como nos coloca Schäffer:

A leitura do texto escrito é a etapa fundamental para que outras etapas na vida escolar possam ser desenvolvidas, como ouvir e expressar idéias: julgar, opinar, participar. Desenvolver hábitos de leitura, mesmo do livro didático, implica criar intimidade com o livro; implica construir sentidos; exige um comportamento ativo de construção de significados e atende a um objetivo que deve estar presente para o leitor: Ler para quê?[...]. (SCHÄFFER,1999, p.95)

No caso do livro didático de Geografia, podemos responder esta

questão de várias maneiras, pois a leitura de conteúdos geográficos nos possibilita,

por exemplo, criar novas formas de se pensar o meio em que se vive se

direcionando para mudanças na forma de viver, levando ainda a uma compreensão

de conceitos e adoção de atitudes e valores. Essas atitudes só se tornarão possível

por meio da aprendizagem e podemos dizer com relação a isto que:

No sentido mais amplo, a aprendizagem ocorre quando a experiência causa uma mudança relativamente permanente no conhecimento e comportamento do indivíduo. A mudança pode ser deliberada ou involuntária, para melhor ou pára pior. Para se qualificar como aprendizagem, essa mudança deve ser realizada pela experiência – pela interação de uma pessoa com o seu ambiente [...]. (WOOLFOLK, 2000, p.184)

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Cabe à escola, se empenhar na escolha de um bom livro, discutindo

com os professores a melhor escolha de coleções a serem adotadas para um melhor

andamento das atividades e, ao professor mesmo com todas as exigências feitas

pela sociedade que evolui de maneira rápida, cabe o papel de se aprimorar e

acompanhar este desenvolvimento acelerado para que não caia em desacordo com

os fatos da atualidade e, conjuntamente, com a escola possa desenvolver uma boa

atividade, a qual será refletida pelos alunos após deixarem a escola e precisarem

enfrentar os desafios que a sociedade os impõe.

Esta construção de conhecimentos realizada com base no livro

didático deve ocorrer a partir de uma interação entre escola, professor e aluno e,

principalmente, entre estes últimos, pois uma boa relação entre estes é o que

proporcionará a aprendizagem de uma maneira satisfatória e mais criativa. Freire em

seu livro, Pedagogia da Autonomia, nos coloca que:

Todo ensino de conteúdos demanda de quem se acha na posição de aprendiz que, a partir de certo momento, assumindo a autoria também do conhecimento do objeto. O professor autoritário, que recusa escutar os alunos, se fecha a esta aventura criadora. Nega a si mesmo a participação neste momento de boniteza singular: o da afirmação do educando como sujeito de conhecimento. É por isso dos conteúdos, criticamente realizado, envolve a abertura total do professor ou da professora, a tentativa legitima do educando para tomar em suas mãos a responsabilidade de sujeito que conhece. Mais ainda, envolve a iniciativa do professor que deve estimular aquela tentativa no educando, ajudando-o para que a efetive. (FREIRE, 1996, p.124-125)

Dessa maneira, vemos que é fundamental na escola a questão da

boa formação de professores e a escolha de bons livros didáticos, ambos auxiliando

neste desenvolvimento crítico dos alunos através da exposição de suas opiniões.

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2.2 ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO (QUAIS E COMO ESTÃO SENDO ABORDADOS OS CONTEÚDOS DE GEOMORFOLOGIA).

Ao se tratar da utilização dos livros didáticos no ensino fundamental

e, em especial, o de Geografia, é preciso que seja feita uma análise mais detalhada

sobre os conteúdos de Geomorfologia presentes nestes livros e, a partir de tal

análise, propor atividades lúdico-pedagógicas que almejam melhorar o aprendizado

dos alunos.

Os livros didáticos da coleção “Geografias do Mundo” os quais foram

objetos de nossa análise são de autoria de Marcos Bernardino de Carvalho e

Diamantino Alves Correia Pereira, editado pela FTD em 2005.

A escolha desta coleção se justifica por adotada pela escola onde se

desenvolveu uma das atividades propostas nesta pesquisa. Esta coleção de quatro

volumes está dividida em vários capítulos e, conta com textos ao final de cada

capítulo que servem para complementar as discussões acerca dos conteúdos

tratados, recebendo estes a denominação de “Ampliando os horizontes” que trazem

textos de variados autores que abordam os conteúdos de uma maneira mais teórica

presentes. Na seqüência, aparece um glossário que aprofunda alguns termos ou

conceitos abordados no corpo do texto do capítulo e outros que servem para

complementação. Em seguida, temos uma série de questões que colocam à prova

os conhecimentos adquiridos estimulando o raciocínio crítico dos alunos, levando-os

a pensar e refletir sobre as respostas de maneira mais autônoma.

Temos ainda o item intitulado “De olho na Geografia” o qual a partir

de algumas poucas palavras e se utilizando de mapas, figuras e mesmo imagens

trás sempre uma sugestão de atividade extra podendo ser adotada como trabalho

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para o fechamento de cada capítulo. Por fim, em alguns capítulos encontram-se

presentes outro texto complementar relacionado ao conteúdo, mas a partir da visão

de outros autores. Vale lembrar que, esta estrutura do livro, vale para os quatro

volumes, fato que proporciona uma boa seqüência para os alunos, pois a cada ano a

estrutura de atividades desenvolvidas será sempre a mesma.

2.2.1 Análise do primeiro volume: 5ª série

A apreciação começa pelo livro didático da 5ª série do ensino

fundamental, para se obedecer a uma seqüência e ordem cronológica dos fatos. A

análise será mais detalhada neste volume pelo enfoque dado aos conteúdos de

Geomorfologi.

O livro didático da 5ª série, intitulado “Geografias do Mundo:

Fundamentos” trata dos fundamentos em Geografia para situar os alunos que

acabaram de deixar o ensino primário, dando uma noção geral sobre várias áreas

que a compõem, desde a parte física como a parte social, ambiental e política.

Este livro está estruturado em dez capítulos, dentre os quais

daremos maior ênfase ao capítulo sobre a Geomorfologia, sendo que nos demais

será feita uma descrição dos conteúdos a título de informação para melhor se situar

dentro das abordagens que são tratadas neste volume.

No primeiro capítulo do livro da 5ª série percebemos que os

conteúdos se voltam para a questão da análise do lugar recebendo o título de “O

lugar da Geografia”. Neste capítulo, é dada grande importância para o estudo do

lugar e da paisagem e o valor desta para a nossa sociedade, para tanto, são

utilizadas imagens de paisagens ou mesmo desenhos que as retratam para que os

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alunos possam perceber os elementos que compõem as diversas paisagens

presentes no nosso planeta, e a importância que cada qual representa para o lugar

em que se encontra.

No segundo capítulo, segue-se uma continuação da análise do lugar,

porém já inserindo a questão dos lugares e as relações desenvolvidas pelas

pessoas que os ocupam, bem como, a ação da natureza neste meio, assinalando a

complexidade que envolve a caracterização do lugar, que se estabelece mediante

das interações de fatores físicos e humanos, os quais estão também condicionados

a história dos lugares. Sendo assim, ele recebe o título de “A complexa geografia

dos lugares”.

No terceiro capítulo, temos a questão dos fatos históricos que

contribuem de maneira direta para caracterização dos lugares. O capítulo é intitulado

“Histórias e geografias que os lugares revelam” e trata sobre a questão do

surgimento do nosso planeta e dos demais componentes do espaço, tais como as

galáxias, o sistema solar e a formação das grandes estruturas terrestres e paisagens

históricas relacionadas a condições geológicas, biológicas, físicas culturais ou

sociais e as evoluções por quais estes passaram, principalmente, as estruturas

terrestres e os continentes que se movimentam constantemente, dando formas

variadas ao relevo com a separação há, anos atrás, das placas tectônicas. A partir

disto vemos que, indiretamente, são abordados temas que podem ser relacionados

à Geomorfologia, pois cita muito a questão das montanhas e das cordilheiras

presentes em nosso planeta, mas tudo se direcionando mais para a questão da

Geologia dos lugares do que para a Geomorfologia que é o nosso foco de estudo.

Porém como colocado no primeiro capítulo deste trabalho, vemos presente neste

capítulo do livro didático o assunto sobre a ação antrópica e as mudanças que estas

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acabam por ocasionar na paisagem, o que é de grande importância para a

conscientização do aluno com relação ao meio em que se encontra inserido.

No capítulo quatro “Os ambientes produzidos pelos seres humanos”

a proposta é que se examine a expansão da ocupação e da apropriação humana

sobre os ambientes terrestres, os seus resultados e a diferenciação de

acontecimentos pelos territórios. A análise começa com as mudanças das paisagens

ao longo dos tempos passando pela intervenção das atividades humanas até chegar

à questão da paisagem urbanizada, estabelecendo a partir de então uma relação

entre diversas paisagens presentes no planeta e os diferentes modos de vida que se

estabelecem nas mesmas.

O capítulo cinco “A geografia física dos ambientes terrestres: clima e

vegetação”, é responsável por retratar os fatos que envolvem diretamente a vida das

pessoas e, conseqüentemente, dos alunos, pois o clima e a vegetação estão

presentes em todos os lugares e, no capítulo em especial é feito uma relação entre

estes dois elementos que compõem o amplo campo da Geografia mostrando de

forma especial como a vegetação necessita do clima para a sua manutenção e como

a vegetação influência no comportamento do clima de uma dada região, dando

feições diferentes para as várias paisagens do globo.

Somente no 6º capítulo que encontraremos de forma clara os

conteúdos de Geomorfologia que são propostos a se estudar no presente trabalho.

O capítulo recebe a denominação de “A geografia física dos ambientes terrestres:

água e relevo”, e já á princípio percebemos que a Geomorfologia será trabalhada

juntamente com a questão da água que é tão importante no meio em que vivemos e

a qual acaba por dar uma aparência diferenciada ao relevo a partir da sua ação

sobre o mesmo. Segundo o que se percebe, uma das intenções dos autores foi

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justamente relacionar dois elementos presentes no ambiente terrestre de maneira

que os resultados de um fossem percebidos de maneira direta no outro, fechando

ainda com a intervenção humana que aceleram a esculturação do relevo com suas

ações modificadoras.

Como colocado no início do capítulo, para que os alunos se interem

sobre as abordagens presentes no mesmo:

este capítulo abordará o relacionamento entre a água e a crosta terrestre, tão freqüente quanto importante. Veremos como as formas terrestres influem sobre a dinâmica da água, condicionam o seu movimento, dirigem o seu caminho e como a água, por sua vez, desgasta estas formas, removendo materiais de um lugar e transportando-os para outros, construindo novas paisagens tanto no lugar de retirada quanto no de deposição, num processo contínuo. (DIAMANTINO e MARCOS, 2005, p.98)

Os autores colocam em seu texto figuras que complementam a

questão do surgimento de tipos variados de relevos tanto a partir de forças provindas

do interior da terra, ou seja, ações geológicas, bem como explicam como estas

formas exercem grande influência nos caminhos que a água segue e as novas

formas que dá a este relevo. O painel presente no início do capítulo, e o qual vemos

a seguir, traz exemplos de tipos de relevos que podemos encontrar.

Figura 1. Tipos de relevos produzidos pela ação das águas (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.98).

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Após uma pequena introdução o primeiro item trata do “Desgaste e

construção na superfície” em que os autores colocam que a água em movimento é

o principal agente responsável pela esculturação do relevo terrestre e mais uma vez

fazem referência ao painel 1 mostrando que, “De um lado a água esculpe as

montanhas soerguidas pelo movimento das placas tectônicas; de outro, a água

deposita o material desgastado das rochas em áreas mais rebaixadas, onde se

acumulam e formam as planícies.” (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.99).

Posteriormente; segue-se uma extensa explicação sobre a questão

da água e a possibilidade desta de executar trabalho a partir de seu movimento o

qual se dá pela ação de princípios físicos como a conjugação da energia solar com a

força de atração gravitacional que são fatores que dão origem aos movimentos

atmosféricos fazendo com que a água se precipite na forma de chuva. Para maior

compreensão é também explicado de maneira clara como se dá está precipitação,

ou seja, como podemos explicar o fenômeno da chuva utilizando além do texto um

esquema do ciclo da água. A seguir temos o esquema utilizado.

Figura 2. Esquema do Ciclo da Água (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.99).

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No decorrer do texto o próximo passo foi analisar a ação da água

quando esta toca o solo após a sua precipitação. As primeiras explicações são

referentes à água que se infiltra após tocar o solo a qual serve para alimentar os

lençóis freáticos que armazenam a água por longos períodos de tempo, ou ainda

podem brotar na superfície na forma de nascentes e contribuir para a manutenção

dos rios. Porém sua ação geomorfologicamente falando é maior em relação à água

que não se infiltra, ou seja, a água que escorre pela superfície. Segundo o texto do

livro didático:

Como a água é um dos grandes modeladores da crosta terrestre, [...] a água esculpe montanhas, cava vales, carrega sedimentos, tirando-os de um lugar e depositando-os em outro. Sem dúvida, é uma das principais responsáveis pela formação das paisagens (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, P.100).

Nesta altura do texto se percebe de maneira clara os fatos

geomorfológicos sendo abordados, pois, os autores dão as explicações sobre as

conseqüências da água ao tocar variados tipos de solo como, por exemplo, solos

sem cobertura vegetal onde a água cai e faz com que os torrões de terra se

desmanchem e terrenos inclinados onde existe a possibilidade de se formarem

enxurradas, as quais, segundo o texto, podem ser mais fortes e destrutivas quanto

mais intensa for a chuva, podendo-se dizer ainda que:

Se o fluxo se acalma e forma poças, a água infiltra-se no solo até encontrar os lençóis freáticos, e o material carregado acumula-se sobre o terreno. Se as enxurradas deságuam num rio, os sedimentos são levados por essa nova corrente até terrenos mais planos, onde a água perde a velocidade, e ali são depositados. (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.100).

A seguir temos a figura utilizada no livro para a explicação da ação

da água da chuva.

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Figura 3. Ação da água da chuva ao tocar o solo (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.100).

O próximo item “ Ação Humana sobre o ciclo da água” presente no

capítulo continua tratando sobre a questão da água e suas ações, em que se insere

a presença do ser humano e suas ações. Este item coloca as intervenções humanas

no ciclo da água e seus resultados no relevo como alteração no processo de

evaporação e condensação e, ainda, alterações na superfície o que acaba por

aumentar ou diminuir o nível de precipitação ou de escoamento. Estas alterações

dizem respeito à impermeabilização de solos, expansão da área urbana, substituição

da cobertura vegetal original, entre outros. Segundo o texto “O ciclo hidrológico é

modificado, portanto, pela diminuição do volume de água infiltrado no solo e pelo

aumento do volume escoado pela superfície.” (DIAMANTINO; MARCOS, 2005,

p.101)

Depois da análise destas ações humanas os conteúdos

Geomorfológicos são deixados um pouco de lado para, então, se tratar da questão

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da poluição causada também por ações humanas. Os autores abordam a poluição

dos rios que prejudica o abastecimento de água das cidades e também a poluição

atmosférica que causa a chuva ácida não só onde ocorre este tipo de poluição, mas

também em áreas distantes que sofrem as conseqüências como corrosão de

construções, monumentos, fiações, entre outros e, ainda, queda na produção

agrícola, a qual é afetada também pela própria utilização de agrotóxicos. Dessa

forma, o item é finalizado com uma afirmação em que se coloca que o ciclo da água

foi modificado pelas ações humanas existindo hoje então um novo ciclo hidrológico.

Na seqüência, temos o item que recebe o nome de “Outros fatores

que modelam o relevo”, em que é apresentado outros fatores que também

contribuem para a formação de tipos variados de paisagens além da ação das

águas. A começar pela ação do vento na esculturação do relevo, o qual mesmo

parecendo ser insignificante contribui de maneira expressiva para a formação de

novos tipos de paisagens, pois carregam pequenas partículas de pó que se

desprendem das superfícies em processos que podem demorar milhões de anos.

Como nos coloca os autores:

Nesse lugar onde ocorreu a acumulação constante de novos materiais pelo vento, é criado um tipo de relevo, formando-se uma planície. A erosão eólica, assim, contribui tanto para o desgaste das superfícies de onde são retirados os materiais quanto para o entulhamento de áreas de deposição .(DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.104)

A ação da temperatura é analisada como um meio pelo qual a rocha

é fragilizada e possibilita a retirada de partículas pelo vento. Os materiais que

compõem as rochas segundo os autores, com o aumento de temperatura, tendem a

se dilatar e com a diminuição, tendem a se contrair e esta alteração, durante muito

tempo, causa rachaduras por onde a água se infiltra, acelerando assim o processo

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de desgaste da rocha. Encerrando este item, a água, o vento e a temperatura são

fatores que contribuem para a formação de novos relevos e, assim, podemos

perceber que as áreas de velhas montanhas que vão sendo desgastadas e sedem

material para as planícies, onde ocorre acúmulo de sedimentos e os planaltos

formados em áreas onde predomina o processo de erosão.

No último item proposto, neste capítulo, os autores trabalham sobre

“A dinâmica do relevo e as sociedades humanas”, em que um dos principais fatores

abordados é o relevo como um constante processo de construção e destruição, em

que o ritmo de construção deste relevo foi profundamente alterado com a inserção

de atividades humanas.

Outro fato importante diz respeito a algo que, anteriormente, foi

abordado no primeiro capítulo deste trabalho, que é considerar o relevo como base

que se assenta toda a humanidade e onde esta desenvolve suas atividades. É

estabelecida uma relação entre as construções que garantem o andamento das

sociedades e os produtos resultantes da retirada de matéria-prima para estas

construções, utilizando como exemplo a exploração de pedreiras com a retirada de

materiais para a construção civil e os conseqüentes impactos gerados com isto para

o relevo, como o desgaste rápido de encostas e formação de grandes buracos ou

chamadas voçorocas, e segundo os autores “[...] trata-se de uma intervenção radical

das atividades humanas na formação do relevo.” (DIAMANTINO; MARCOS, 2005,

p.106).

Como exemplo de voçoroca é utilizada uma foto de voçoroca tirada

no município de Desemboque-MG, a qual vemos a seguir.

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Figura 4. Exemplo de Voçoroca (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.106).

No texto também é feito referência sobre a ação antrópica na

atmosfera como a poluição por emissão de gases e, ainda, a contaminação dos

lençóis freáticos pelo o uso de agrotóxicos na agricultura, a qual com a retirada da

vegetação original ainda aumenta o desgaste do solo, seja pela ação do vento ou da

chuva ambos acelerando o processo de erosão.

Sobre as voçorocas é dada uma importante explicação no texto

sobre as mesmas onde consideram que:

A ocupação das encostas dos morros íngremes, a construção de estradas e as práticas agrícolas podem dar origem a voçorocas, se praticadas sem as necessárias medidas de proteção do solo. As voçorocas são grandes buracos valas ou desmoronamentos resultantes da erosão subterrânea causada pela excessiva infiltração das águas da chuva no solo. A falta de proteção do solo que permite a excessiva infiltração da água das chuvas também propicia enxurradas destrutivas, que agravam as voçorocas. (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.100)

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Por fim, temos o texto referente ao capítulo sendo encerrado com um

comentário geral sobre a modelação do relevo terrestre a partir dos vários agentes

citados no decorrer do texto, sejam eles internos e externos, ressaltando ainda a

grande importância da ação da água e do homem.

Como mencionado anteriormente, ao final de cada capítulo existem

textos para a complementação dos conteúdos. No caso do sexto capítulo analisado

é encontrado um texto com o título de “A Terra é firme, mas se move”, neste caso,

percebe-se que além de se complementar os conteúdos já trabalhados, visto que os

alunos já possuem uma noção razoável sobre a Terra e sua dinâmica como vulcões,

terremotos, etc, os autores lançam novas informações, pois tratam sobre a dinâmica

geológica da Terra, a qual se reflete também nas formações do relevo partindo,

posteriormente, para um novo fato que seria o conceito de isostasia onde sua

importância pode ser explicada quando se coloca que:

Esses movimentos verticais de equilíbrio da litosfera sobre a astenosfera, provocados pelo aumento e diminuição do peso de diferentes áreas, recebem o nome de isostasia ou de movimentos isostáticos. O entendimento de sua dinâmica é importante para compreender o processo de formação do relevo terrestre. (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.108)

O glossário que aparece na seqüência, explica alguns termos

presentes no texto e que não são encontrados em dicionários normais, ou mesmo

faz uma revisão sintética dos conteúdos, tais como, o ciclo hidrológico, erosão

eólica, irrigação artificial, lençóis freáticos, etc. As questões que aparecem

posteriormente ao glossário buscam, primeiramente, uma revisão rápida do capítulo

com algumas poucas questões referentes diretamente aos fatores naturais, pois o

que se busca é fazer o aluno pensar sobre sua importância e influência no meio em

que vive.

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No “De olho na Geografia” o que se pretende é que os alunos

através da observação de um diagrama que mostra a poluição e o ciclo da água

,possam refletir e explicar a partir de então como o homem vem alterando o meio

natural com suas intervenções e as conseqüências para este meio, tendo como

principal objetivo desenvolver a capacidade de observação dos alunos. A seguir

temos o diagrama proposto no texto.

Figura 5. Diagrama sobre a poluição e o ciclo da água (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.109).

A última parte do capítulo está relacionada ao texto que conclui o

mesmo a partir de uma outra leitura mais historicista ou mesmo mítica proposta por

algum escritor em outra obra. Neste caso, temos o texto “A Terra Tensa Treme” de

Lucy Ayala publicado na revista Sala de Aula, ano 2, n.10, São Paulo, em abril de

1989, na qual segundo o manual do professor presente no livro didático do professor

“[...] a autora apresenta algumas indicações a respeito de povos e culturas cujos

mitos estão relacionados com poderes que teriam capacidade de interferência em

episódios da dinâmica terrestre, como terremotos e maremotos[...]” (DIAMANTINO;

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MARCOS, 2005, p.19). A autora também se reporta para a questão do Brasil e a não

inclusão neste tipo de mito, pois, aqui os tremores são quase imperceptíveis.

A partir de uma análise geral do capítulo, vemos que este é bem

estruturado, pois conta com um bom texto escrito pelos autores que buscam fazer

com que o aluno se encontre inserido no conteúdo que está estudando, levando

também o aluno a pensar e raciocinar logicamente sobre os acontecimentos naturais

e como estes se dão, auxiliado por outros textos e atividades. Um ponto que poderia

ser melhor abordado pelos autores é a questão das figuras ou mesmo fotos e

imagens, as quais poderiam ter aparecido em maiores quantidades facilitando o

entendimento por parte dos alunos devido ao fato destes muitas vezes não terem

tido ainda a oportunidade de conhecer empiricamente alguns deste acontecimentos.

Porém o que se sabe é que o livro didático passa por constantes evoluções e, em

edições posteriores, este é um dos possíveis pontos a serem melhorados.

Passada esta fase de análise detalhada do sexto capítulo onde se

concentravam os conteúdos de Geomorfologia propostos a serem estudados neste

trabalho, segue o diagnóstico explanatório sobre os demais capítulos restantes

neste primeiro volume da coleção “Geografias do Mundo”.

No capítulo sete “As imagens, os lugares e os mapas” a idéia central

é fazer com que os alunos se interem sobre os conteúdos de cartografia, e um

importante aspecto detectado foi a preocupação dos autores em apresentar somente

noções que fossem possíveis de serem assimiladas pelos alunos desta faixa de

idade entre 10 e 11 anos. Segundo o manual do professor “Além da orientação a

partir do sol e de outras técnicas, definimos os princípios básicos da linguagem

cartográfica, como as legendas, as coordenadas e as escalas” (DIAMANTINO;

MARCOS, 2005, p.18).

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É colocada também a importância dos mapas para a nossa

orientação e como orientar seu próprio mapa, as diferenças de escalas, bem como,

as técnicas e recursos para se construir mapas que é o tema que encerra o texto do

capítulo.

No capítulo oito “A vida no planeta Terra” discute-se a vida no

planeta Terra envolvendo um conjunto de itens como a biosfera, atmosfera e

litosfera abrindo também a possibilidade de discussões com outras disciplinas por

tratar de um amplo campo que envolve várias áreas do conhecimento. A discussão

destes temas tem também por objetivo fazer com que o aluno perceba que ainda

temos muito que descobrir sobre a vida no nosso planeta e como esta foi

modificada pelas ações das sociedades que nele passaram a se estabelecer.

Já o capítulo nove vem complementar o seu anterior e recebe a

denominação de “A diversidade garante a existência da vida”, por meio deste o que

se pretende é que os temas biológico e social sejam os principais a serem

discutidos, mostrando a dependência existente entre a diversidade cultural, biológica

e ambiental num ciclo contínuo e, através da Amazônia, mostrar como esta

biodiversidade vem sendo destruída.

Por fim, temos o capítulo dez que encerra este volume da coleção,

com o título “Terra: espaço físico e território político” e uma importante explicação é

dada pelos autores sobre este capítulo, segundo eles:

Neste capítulo retomamos a temática da apropriação dos territórios pelas coletividades humanas, identificando-as como uma dimensão da política, já que se trata de definição de lugares submetidos à soberania de grupos humanos diferenciados. Esse aspecto define o objetivo geral do capítulo que encerra os estudos da 5ª série, após passarmos pela abordagem dos diversos ingredientes da leitura geográfica da sociedade e da natureza. DIAMANTINO e MARCOS 2005, p.22)

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Esta abordagem sobre as políticas estabelecidas no nosso planeta é

tratada a partir do estudo das tribos e bandos que habitam algumas partes do

território e, também, pela estruturação do mundo em países e as relações

estabelecidas mundialmente entre estes, dando ao aluno a noção de como se

comportar perante uma possível análise do país em que ele vive.

Os livros da coleção Geografias do mundo ainda apresentam ao final

de cada volume um outro item que pode ser considerado de grande valia para o

aprendizado, que é a referência de material bibliográfico que pode ser consultado

pelos alunos em outros momentos, como livros, revistas filmes e mesmo sites que

são hoje em dia uma ferramenta presente em boa parte das escolas, mas que ainda

precisa de muito aprimoramento em sua aplicação. Já com relação ao livro didático

do professor, vemos que este é de grande valia, pois apresenta um manual

detalhado de cada capítulo, proporcionando ao professor uma explanação clara e

sintética de que rumos pode tomar na hora de ministrar suas, aulas sem falar da

apresentação do livro que também é feita para que se conheça toda a coleção,

como ela é composta e a importância de cada item. São dadas também ao professor

dicas de como este pode caminhar com suas atividades, levando em consideração

as leituras geográficas do mundo no ensino fundamental e talvez uma das mais

importantes e valiosas dicas que seria o “como ensinar geografia”.

Em seguida será comentado de maneira sucinta os demais

volumes que compõem a série “Geografias do Mundo”, pois os conteúdos de

Geomorfologia, foram tratados no primeiro volume desta coleção, e só aparecerem

discretamente dentro de um capítulo do segundo volume, como veremos à seguir,

com o decorrer da discrição do capítulo.

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2.2.2 Análise do segundo volume: 6ª série

Passando agora para o livro didático da sexta série que recebe a

denominação de “Geografias do Mundo: Brasil”, vemos que os autores tiveram a

preocupação de após situar os alunos dentro dos conteúdos de Geografia expostos

no primeiro volume, passar para a análisG dentro do nosso país e como esta se

reflete no cenário de dinâmicas mundiais.

Com uma estrutura semelhante ao primeiro volume um dos únicos

pontos que se diferencia deste primeiro além dos conteúdos, é o número de

capítulos, pois enquanto o primeiro apresentava dez capítulos este segundo volume

possui doze capítulos.

No primeiro capítulo, “Formação do território e da geografia do

Brasil” é dado destaque para a questão de ser o Brasil não somente um fenômeno

político mais criação humana e da natureza em especial, o qual hoje possui

fronteiras definidas e também resquícios do processo colonizador deixado pelos

europeus que aqui se estabeleceram, processo este que passou por várias fases até

se chegar ao Brasil em que vivemos hoje.

No segundo capítulo, “Paisagens do Brasil: espaço rural e urbano”

tem-se a caracterização de cada local e as transformações por quais estes

passaram no decorrer dos tempos. Segundo os autores “Os temas centrais a que

nos dedicamos neste capítulo são o peso e a importância da urbanização na

evolução das características geográficas do espaço brasileiro” (DIAMANTINO;

MARCOS, 2005, p.13). Para tanto, são adotadas explicações sobre as condições do

urbano e do rural, seguindo com o estudo das cidades e dos municípios, das

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grandes cidades brasileiras e de suas paisagens chegando até a demonstração das

cidades onde o antigo predomina e das novas cidades e suas paisagens.

No terceiro capítulo “Metrópoles, cidades e rede urbana no Brasil”

temos uma seqüência dos conteúdos que vinham sendo abordados no capítulo

anterior, pois se propõem estudar a formação de metrópoles dentro do território

nacional a partir destas grandes cidades citadas anteriormente, devido ao fato de

nas últimas décadas o Brasil ter tido o que pode se denominar de revolução urbana.

Outro fato relevante é a importância que é dada para as metrópoles e o papel que

estas representam no cenário não só nacional, mas também mundial, mostrando a

dinâmica das regiões metropolitanas e os problemas que se ampliam juntamente

com a sua propagação.

No quarto capítulo “O espaço do campo brasileiro” assim como no

anterior vemos de maneira desmembrada alguns pontos elencados no segundo

capítulo. Aqui o que se pretende é analisar questões do campo brasileiro, tais como,

o agronegócio, os alimentos transgênicos, a agricultura familiar, bem como fatores

que estão diretamente ligados a isto, como o solo o clima a água o sol, etc e, ainda

,os impactos ambientais que esta dinâmica no campo vem causar para a natureza

levando-se em consideração ainda aspectos econômicos que são tão importantes

na atualidade.

No capítulo cinco, “O campo e a questão a terra no Brasil” o estudo

do campo se volta para a questão social isto se dando através da discussão sobre

concentração fundiária, reforma agrária, expansão de fronteiras agrícolas, etc.

fechando com a luta pela terra a qual esta sempre na discussão devido às revoltas e

conflitos que esta acaba por gerar. De uma forma geral, o que se pretende é fazer

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com que os alunos possam ter argumentos para uma discussão sensata sobre a

política no campo.

No capítulo seis, “Geografia da população brasileira” o social mais

uma vez está em destaque, porém agora sobre uma conjuntura mais ampla, pois é

abordado como a população do Brasil é representada no mundo, bem como, a

densidade demográfica e densidade cultural de determinados locais e ainda as

mudanças no número de natalidade por famílias dentro das cidades e as médias

regionais que revelam as grandes diferenças e desigualdades existentes dentro do

território.

No capítulo sete, “O território brasileiro e a dinâmica regional” é

preciso que se tenha um pouco de atenção, pois aqui percebemos de maneira

discreta a abordagem de um conteúdo que diz respeito aos conceitos de

Geomorfologia. Começando pelo o estudo das origens dos estados brasileiros os

autores tratam além do seu surgimento também das fronteiras destes estados e as

diferenças históricas e culturais e as identidades regionais que encontramos dentro

do nosso país. Em seguida, vemos a abordagem voltada para as regiões naturais e

geoeconômicas chegando então ao que se denominou dentro do capítulo de “Os

quatro brasis e os domínios morfoclimáticos”. Este item serve para explicar como é

possível se dar vários tipos de agrupamentos regionais como, por exemplo, o

utilizado pelo IBGE que seriam as cinco regiões do país, a proposta por Milton

Santos que dividia o território em quatro grandes regiões e a oferecida por Aziz

Ab’Saber dado pelos domínios morfoclimáticos que são eles; o “Domínio Amazônico,

que segundo o texto no domínio de terras reunidas sob este Domínio amazônico

predominaria a associação entre clima equatorial bastante úmido, terras baixas com

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muitas planícies e depressões cobertas em vastas extensões pela grande floresta

equatorial amazônica; domínio do Cerrado onde predomina a associação entre clima

tropical menos úmido que o amazônico, com estação chuvosa e seca mais

demarcada, relevo formado por depressões e planaltos, matas galerias que

acompanham as margens dos rios e vegetação de cerrado com vastas áreas de

campos e arbustos espalhados pela paisagem; Domínio dos Mares de Morro o qual

agrupa o conjunto de terras próximas do litoral, onde predominavam a Floresta

Tropical Atlântica hoje reduzida a 5% do original, clima quente e úmido e relevo

sinuoso de morros interligados antes cobertos pela Mata Atlântica; Domínio da

Caatinga onde o clima que predomina é o semi-árido com períodos de seca dos

mais prolongados ao qual se associa uma vegetação também de campos e arbustos

com espécies mais resistentes a seca e um relevo de depressões cercado por

chapadas; Domínio das Araucárias onde predominava a Mata dos Pinhais ou das

araucárias hoje praticamente extinta, num trecho sul da faixa tropical, em uma área

dominada principalmente por planaltos e clima subtropical, com temperaturas

médias menos elevadas do que o tropical; e por fim o Domínio das pradarias que

fica no extremo sul do país e associa áreas de clima mais frio à vegetação rasteira

como campos e pradarias, em terras com o predomínio de extensa planície,

entrecortada por pequenas e médias elevações denominada coxilhas (DIAMANTINO

e MARCOS, 2005, p.140). Sendo assim, neste volume, percebemos os conteúdos

da Geomorfologia explicados cada um individualmente contando ainda com

exemplos para as explicações e mapa para a localização de cada um como

podemos observar nas figuras 6 e 7, a seguir.

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Figura 6. Domínios morfoclimáticos brasileiros (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.140).

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Figura 7. Exemplos dos domínios morfoclimáticos (DIAMANTINO; MARCOS, 2005, p.141).

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No capítulo oito parte-se para o estudo da questão ambiental em

nosso território tendo o capítulo o título de “Biodiversidade e questão ambiental no

Brasil”. Aqui é apresentado o crescente interesse pela biodiversidade do nosso

território a nível nacional e mundial sendo a Amazônia uma das principais

responsáveis por esta denominação de país com grande biodiversidade. Mostra

também os biomas brasileiros e as influências do Brasil e a Amazônia no ambiente

global terminando com a questão do desmatamento tanto da Amazônia como da

mata atlântica, etc e as conseqüências para o planeta, como o efeito estufa e o

buraco na camada de ozônio.

No capítulo nove “Geografia da indústria, comércio e serviço” são

abordados assuntos tais como a base industrial da geografia brasileira, os lugares

onde se dão a produção industrial, e os tipos de comércio como o interno e o

externo, revelando os movimentos de concentração e descentralização da produção

e os avanços tecnológicos por quais passou a produção industrial. É visto ainda a

questão dos serviços que são indispensáveis para a produção, juntamente com os

transportes que são necessários para o escoamento da produção e transporte de

matérias-primas, finalizando com os meios de comunicação que são necessários

para as relações de serviço e relações econômicas.

No capítulo dez “Geografia da energia” o tema abordado é

basicamente a discussão dos vários tipos de fontes que podem fornecer energia

necessária para o andamento das atividades da nossa sociedade. É dado destaque

para o petróleo o carvão mineral e o gás natural, bem como os impactos ambientais

dos combustíveis fósseis, a energia hidrelétrica a biomassa a energia nuclear e as

demais fontes de energia alternativas que são hoje utilizadas.

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59

No capítulo onze “Uma geografia das diferenças”, temos uma

pequena explanação sobre assuntos atuais como ciência e a tecnologia e o uso

ampliado da Internet o que proporcionou a fusão de grandes empresas no cenário

nacional, e contrastando com isso a abordagem sobre a parcela da população que

ainda não conta com as facilidades trazidas pelo uso da Internet fazendo com que

cresça o número da economia informal como forma de se manter perante este

gigante que é a informatização. Este fato ligado à economia informal é tratado a

partir das desigualdades e disparidades medidas pelo IDH e os resultados do Brasil

na classificação mundial do IDH de todos os países.

Por fim, temos o capítulo doze “Vínculos planetários da geografia do

Brasil” que é onde a geografia brasileira é discutida a partir de suas origens e é

remetida para o mundo através de diálogos que rompem fronteiras colocando o

Brasil como parte da rede de conexões mundiais, pois é preciso que se compreenda

também o mundo devido ao fato da geografia brasileira possuir raízes estrangeiras.

É também um capítulo que faz uma revisão de boa parte dos conteúdos abordados

durante todo este volume e também lança questões que podem ser encontradas nos

próximos volumes da coleção a serem estudados.

2.2.3 Análise terceiro volume 7ª série

Como já mencionado a estrutura dos livros e a disposição das

atividades seguem sempre o mesmo contexto. O volume recebe o título de

“Geografias do Mundo: fronteiras” e possui seus conteúdos organizados em dez

capítulos que agora serão sucintamente elencados.

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60

No primeiro capítulo “A Terra e a geografia de suas fronteiras” é

notado que o principal objetivo é que os alunos entendam como se dá esta questão

das fronteiras de um determinado território e as várias formas como elas podem ser

definidas, sejam elas através da cultura, política, religião, questões naturais ou

socioeconômicas, e também as mudanças por que estas passam com o decorrer

dos anos, fazendo com que os alunos dêem outros significados para o conceito de

fronteira que não somente o geopolítico como muitos pensam, investigando e

identificando expressões territoriais de vários fenômenos.

No segundo capítulo “A Terra, o Sol, os tempos e suas fronteiras”

são discutidas as fronteiras climáticas ou físico-ambientais e as dificuldades em se

determinar este tipo de fronteiras, as quais se dão por formações vegetais, pelo

clima que também muda de acordo com a vegetação presente no local e mesmo a

Terra e Sol que proporcionam as grandes zonas climáticas, bem como uma série de

outros fenômenos que ajudam a desenhar as fronteiras do clima e de um território,

pois esta fronteira climática se dá independentemente de ações humanas por mais

que elas aconteçam. Finalizando ainda com a dissertação sobre localização a partir

das coordenadas geográficas que podem também ajudar a definir uma fronteira.

No terceiro capítulo “A geografia das culturas e suas fronteiras”,

vemos que é dada uma seqüência na questão do estudo das fronteiras, porém

focando a discussão das fronteiras construídas pelos seres humanos e seus

diversos agrupamentos que se deram em variados momentos históricos. Enfatiza-se

também o caráter universal destas fronteiras e como a apropriação territorial do ser

humano gera o que é chamado de politização e culturalização, tratando ainda da

questão da geopolítica dos Estados e dos movimentos de fronteiras.

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No quarto capítulo “Os complexos geográficos e suas fronteiras”

vemos que a partir das concepções colocadas nos capítulos anteriores sobre

fronteiras, foi feita uma relação entre essas fronteiras e as regionalizações que se

dão entre vários territórios do planeta, e ainda a possibilidade de que aconteça esta

regionalização. É explicado também o fato de não se dever considerar e definir a

região a partir de um único critério, mas sim a partir do agrupamento de complexos

geográficos.

No quinto capítulo “As integrações e desintegrações americanas” é

realizada uma caracterização territorial do continente Americano desde tempos atrás

até acontecimentos da atualidade. São questões como, a independência dos países

americanos, e a formação dos países latino-americanos bem como a ênfase dada ao

EUA e as fronteiras internas de sua economia que influem diretamente nos países

vizinhos, e os demais acordos presentes nas Américas como o Mercosul, Nafta,

Alca, etc.

No sexto capítulo “As articulações e desarticulações européias”, são

abordadas as questões que envolvem as fronteiras políticas européias, o seu

espaço de produção industrial bem como um dos fatores mais importantes que seria

a formação da União Européia e suas perspectivas. Outras questões abordadas são

a adoção da moeda única pela UE, e como se mostra o leste europeu na atualidade,

dando destaque também para a parte oriental da Europa a qual para melhor

compreensão necessita que se trabalhe fatos relativos a União Soviética e sua

desintegração e a possível admissão de alguns países na UE.

No sétimo capítulo “O Oriente Médio e a Ásia central”, mais uma vez

são abordadas as fronteiras, principalmente as dos subcontinentes asiáticos e os

contrates radicais dentro da Ásia. Posteriormente passe-se a questão do Oriente

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Médio e as lutas presentes em Israel e no Iraque tanto por fatores políticos como por

fatores culturais ou naturais. É analisada também a Ásia central por ser estes países

poucos conhecidos e também em função de terem pertencido à antiga URSS e hoje

estarem envolvidos em conflitos relativos ao uso da água e impactos ambientais.

No oitavo capítulo “A Índia, a China, o Japão e os Tigres Asiáticos” é

finalizada a análise do continente asiático a qual foi dividida em dois capítulos por

ser um continente de grandes dimensões. Aqui são trabalhadas questões de

populações da China e da Índia, e ainda suas agriculturas, climas, fronteiras e

conflitos internos. Posteriormente, temos o Japão que se tornou no cenário mundial

uma grande potência, e as suas características territoriais. Finalizando com os

Tigres Asiáticos e suas articulações políticas, dando destaque para Taiwan e Coréia

do sul que são considerados dois grandes tigres.

No nono capítulo “A África” é realizado a análise de mais um

continente sendo este estudado desde suas fronteiras coloniais e fronteiras de

independência as quais resultaram em anos de escravidão e a trágica dimensão

deste acontecimento, passando para as diversidades do meio físico, das línguas e

das religiões deixando claro que não são essas diversidades as principais causas

dos conflitos dentro deste continente.

Temos ainda os contrastes econômicos africanos, os recursos e

como o controle destes gera conflitos, a questão da indústria e da agropecuária, a

formação de desertos a e desertificação, os problemas da fome e da saúde tão

presentes neste continente, a África do sul e o apartheid e por fim as perspectivas

deste continente.

No capítulo dez que é o último capítulo deste volume e recebe a

denominação de “A Oceania e a Antártida” é onde encontraremos as discussões

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sobre as pequenas dimensões destes países insulares dando grande importância

para a Austrália por seu grande desenvolvimento econômico, bem como para os

demais estados que ainda preservam retratos do passado, sendo utilizados como

campos de testes de artefatos nucleares por grandes potências. Já a Antártida é

colocada sob o fato de até hoje não ter sido desmembrada em possessões de

países, tendo uma gestão política internacional orientada pelo Tratado da Antártida.

Dessa maneira, se encerra o terceiro volume tendo sido discutido as principais

questões que envolvem o nosso cenário mundial e as características presentes no

mesmo.

2.2.4 Análise do quarto volume 8ª série

Este volume da oitava série é o que encerra a coleção “Geografias

do Mundo” após uma seqüência de estudos que foram desenvolvidos nestes

trabalhos.

O último volume recebe o nome de “Geografias do Mundo: Redes e

Fluxos” e está estruturado em seis capítulos os quais abordam temas variados e

discussões sobre as questões dos espaços mundiais e as populações.

No primeiro capítulo, “Idéias, mapas e mundos” vemos uma

retomada de conteúdos que foram abordados no primeiro volume desta coleção que

seriam os mapas, porém aqui essa análise se volta para as informações contidas em

cada mapa e as idéias presentes nos mesmos as quais variam de acordo com quem

confecciona este mapa. Na mesma perspectiva é feita uma apresentação dos vários

tipos de projeções sob as quais um mapa é confeccionado, bem como, o resultado

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de cada uma e as polêmicas surgidas com elas sobre qual a melhor projeção a se

adotar.

No segundo capítulo, “Globalização, tecnologia e empresas

multinacionais” nota-se que as discussões se voltam para fatos relativos à dinâmica

econômica da atualidade como, por exemplo, os fluxos do comércio internacional e a

internacionalização da produção, sendo que posteriormente é feita uma retomada da

questão dos monopólios coloniais e o nascimento das fábricas, chegando até o

surgimento das primeiras empresas multinacionais. A partir disso, aparece o fato das

empresas expandirem suas fronteiras para outros países e, além disso, serem

grandes responsáveis pela pesquisa científica estando as mesmas concentradas em

alguns poucos lugares, mas estabelecendo acordos com várias outras empresas de

várias partes do mundo. Chega-se então aos tecnopolos, sua origem e a importância

para uma região, sendo elencados também os principais tecnopolos da atualidade e

suas localizações.

Temos ainda análises como a da distribuição da produção industrial

pelo mundo, do sistema bancário mundial, dos paraísos fiscais e das zonas francas.

Finalizando o capítulo, tem-se uma explanação sobre a organização dos sistemas de

produção começando pelo Fordismo e suas características até se chegar ao

Toyotismo.

No terceiro capítulo, “O espaço dos governos mundiais” uma das

principais abordagens é a que diz respeito a ONU e suas demais instituições.

Primeiramente, são colocados quais os objetivos da ONU, e sua divisão em

assembléia geral e conselho de segurança, e as crises por quais a ONU vem

passando, bem como, as reformulações. Posteriormente, são colocadas algumas de

suas instituições multilaterais e a função de cada uma, como a FAO, OMS,

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UNESCO, OIT, FM, BIRD, OMC, etc, passando, em seguida, para os outros blocos e

associações presentes no mundo, tais como o G8, OTAN, OCDE, APEC, OPEP e

ainda associações regionais, finalizando com a questão tão atual das Organizações

Não Governamentais ou ONG’s e as relações políticas da atualidade.

No quarto capítulo, “Um mundo de populações” é discutido a questão

das dinâmicas populacionais pelo território mundial, a começar pelo fato dos países

serem hoje basicamente mundializados, mas serem mal distribuídos, ou seja, países

com excesso de população e países pouco povoados. Vemos ainda os fatores do

crescimento da população mundial e o aumento da população urbana em relação a

rural nos últimos anos, colocando as diferenças entre as populações dos países e

das populações de um mesmo país. Discute-se também a densidade cultural dentro

dos territórios e os desequilíbrios e desigualdades nas condições de vida das

populações, partindo da análise do IDH e suas tendências, mostrando ainda os

vários outros índices que são utilizados para se definir o IDH, terminando com a

questão dos movimentos populacionais e os migrantes e os conflitos e lutas por

direitos.

No quinto capítulo, “Questão ambiental, questão mundial” começa-se

uma discussão acerca das questões ambientais e os problemas por quais o

ambiente tem passado como o efeito estufa e o aquecimento global, mostrando que

o desmatamento é um dos fatores responsáveis por estes acontecimentos. É ainda

discutido o aquecimento global e a quem deve ser delegada esta responsabilidade e

também possíveis soluções para este problema. Têm-se ainda estudos sobre o

buraco na camada de ozônio, a chuva ácida e suas conseqüências, as ameaças a

biodiversidade e o problema da água finalizando com o fato de se considerar a crise

ambiental como crise social.

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No sexto capítulo, “Viver na cidade, viver em rede” temos o tema que

encerra o quarto volume e também a coleção Geografias do Mundo. Aqui se discute

fatos atuais como as novas dinâmicas que se instaurou nas cidades, o modo de

viver nas diferentes cidades do mundo e a chegada ao campo destes costumes que

eram considerados predominantemente urbanos. O último item discutido é a questão

das redes urbanas e as cidades mundiais e as redes urbanas e as conexões globais,

pois estar em rede é um dos elementos fundamentais da dinâmica das cidades

mundiais e de grande parte de suas populações.

Assim se encerra mais uma parte deste trabalho e se finaliza as

discussões sobre a coleção de livros didáticos e a análise dos conteúdos de

Geomorfologia dentro dos mesmos, bem como a descrição dos demais conteúdos

presentes em toda a coleção.

2.3 INSTRUMENTOS DIDÁTICOS COMO APOIO AO ENSINO DE GEOMORFOLOGIA

Hoje em dia no cenário escolar em que estamos inseridos é de suma

importância que os professores conheçam bem os variados meios de apoio que

podem se utilizar para melhorar o desempenho das atividades propostas para os

alunos, além de serem capazes de saber escolher e organizar as melhores

atividades para determinados conteúdos.

Apesar de aqui darmos maior destaque para aquelas atividades

voltadas para o ensino da Geomorfologia presente no ensino fundamental dentro da

disciplina de Geografia, é preciso termos em mente que uma atividade de ensino

deve ser adaptada pelas tantas outras disciplinas que compõem esta fase do

aprendizado das crianças.

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São estas atividades de ensino que hoje se mostram como maiores

incentivadoras no processo de aprendizagem o qual tem passado por sérias

transformações com o passar dos anos, pois a falta de instrumentos que possam

prender a atenção dos alunos acaba por fazer com que o professor não chegue aos

objetivos desejados, isto devido a falta de interesse e descompromisso em parte dos

alunos.

Porém, devemos levar em consideração que no meio educacional

temos dois tipos de professores, aqueles formados sob uma conjuntura tradicional e

que não aceitam a inserção de novas formas de se fazer uma educação pautada no

diálogo e reciprocidade entre os conhecimentos que dispõem aluno e professor, e os

professores ditos modernos formados sob uma outra perspectiva onde as técnicas

de ensino são seus principais aliados e a troca de conhecimentos e valorização da

bagagem trazida pelo aluno é de suma importância para a construção do

conhecimento. As palavras de Bordenavave e Pereira nos mostram claramente

como é tratada esta questão. Segundo eles:

O professor tradicional é um homem feliz: não tem o problema de escolher entre as várias atividades possíveis para ensinar o assunto. Como para ele a única atividade valida é exposição oral ou a preleção, não perde tempo procurando alternativas. (BORDENAVAVE; PEREIRA, 1994, p.121)

É, portanto, este tipo de professor despreocupado e pouco

interessado em se ocupar com a escolha das melhores atividades que se adequem

ao cotidiano de seus alunos, que devem passar por um novo tipo de readequação

que os façam refletir sobre o papel de um professor que é um dos principais

responsáveis pelo aprendizado do aluno, o qua,l posteriormente, se pautará no que

foi aprendido para, quem sabe, um dia seguir os mesmos passos.

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Um outro problema é que os professores possuem poucas técnicas

de ensino, às vezes por falta de uma formação acadêmica que lhe possa ter

proporcionado este tipo de conhecimento ou mesmo por negligência de sua parte

em aplicá-las. É, pois, necessário que este corpo docente passe por um certo tipo de

renovação de técnias, ou mesmo despertem interesse por conhecer novas técnicas,

isto através de cursos de formação ou, ainda, por meio de bibliografias voltadas para

área as quais hoje são disponibilizadas de maneira mais acessível até por meio da

rede mundial de computadores ou Internet.

Outro fato é aquele que se prende a questão dos professores que

não aceitam estes novos tipos de técnicas propostos para a educação dentro das

escolas, estes são ligados de tal maneira à formação tradicional que tiveram que

mesmo conhecendo e tendo disponibilidade de tempo, de ferramentas e estrutura

física dentro das escolas acabam por ficarem presos a aulas expositivas que se

tornam cansativas tanto para os alunos que não absorvem os conteúdos propostos

pela falta de atenção, quanto para os professores que passam exaustivas horas

falando para uma platéia pouco motivada e a qual deveria ser a mais interessada

neste processo.

Porém sabemos que nem em todos os casos a culpa pela falta de

instrumentos didáticos que facilitem o aprendizado deve ser relegada somente aos

professores, pois como coloca Bordenave e Pereira, (p.122) “Ás vezes,

circunstâncias alheias à vontade do professor impossibilitam uma escolha racional

de atividades.” Estes motivos que levam a esta falta de criatividade por parte dos

professores são em grande parte relacionadas a estrutura física de que as escolas

dispõem, principalmente as que são mantidas pelo estado ou pelo governo que nem

sempre disponibilizam a verba suficiente para que estas escolas se equipem e

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possam chegar ao patamar de escolas privadas que investem um fluxo grande de

verbas na adequação de suas estruturas para melhor atender as necessidades de

alunos e professores.

É importante colocar que estas readequações podem ser

consideradas simples se comparadas a tantas outras coisas que poderiam interferir

de maneira mais grave na educação como a falta de livros didáticos para todos os

alunos, por exemplo. São modificações simples como materiais para confecção de

maquetes ou modelos que sirvam para melhor representar fatos reais ou mesmo

carteiras e cadeiras que possam ser movimentadas dentro da sala de aula para

formação de grupos de discussão entre os alunos, etc. pois “Existem professores

que não querem variar sua forma de ensinar; outros querem mais não sabem como;

outros querem e sabem, mas não sabem aplicar e ainda outros que querem e

sabem, mas não podem fazê-lo por motivos alheios a sua vontade.”

(BORDENAVAVE; PEREIRA, 1994, p.122)

Faz-se necessário, porém colocar que não existem receitas prontas

para aplicação de técnicas de ensino como um cardápio rotineiro que deva ser

seguido passo a passo todos os dias do ano. O que está disponível são técnicas que

devem ser apropriadas pelos professores e adequadas à realidade da escola ou sala

de aula em que o professor se encontra, pois os traços culturais e sociais que ditam

a vida dos alunos variam de região para região fazendo com que uma técnica que se

aplique perfeitamente e de maneira satisfatória em um dado lugar não atinja nem a

metade dos resultados em outro. O mesmo pode acontecer dentro de uma escola

com várias salas de 5ª séries, o professor pode desenvolver um único instrumento

de ensino para ser aplicado dentro destas turmas, porém o resultado de cada uma

poderá ser diferente de acordo com a realidade dos alunos que ali se encontram.

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Definir estas atividades, técnicas ou instrumentos utilizados pelos

professores é algo um tanto quanto complexo, mas segundo Bordenavave e Pereira,

(p.124) “As atividades são veículos usados pelos professores para criar situações e

abordar conteúdos que permitam ao aluno viver as experiências necessárias para

sua própria transformação”. Dessa maneira, vemos que as atividades que um

professor pode adotar como material de ensino deve realmente funcionar como tal,

pois se adotado somente como forma de se cumprir algo que a sociedade cobra nos

dias de hoje a validade do mesmo cairá no descaso de ser considerada inútil.

As atividades, por sua vez, podem variar também de acordo com o

assunto a ser discutido cabendo ao professor o bom senso de escolher aquela que

melhor se adeque ao que se quer transmitir. Bordenavave e Pereira (p.128-130),

elencam em seu texto uma série de atividades de ensino e as capacidades que

estas mais desenvolverão nos alunos. São estas a: “Capacidade de observar [...],

Capacidade de analisar [...], Capacidade de teorizar [...], Capacidade de sintetizar

[...] e Capacidade de aplicar [...]”. Estas capacidades desenvolvidas pelos alunos os

ajudam não somente no enriquecimento das atividades, mas também para a

retenção do aprendido. Sendo assim, no próximo capítulo deste trabalho

apresentamos uma série de sugestões de atividades de ensino lúdico-pedagógicas

que foram propostas para se trabalhar com os conteúdos de Geomorfologia em

especial, e os quais dizem respeito aos temas abordados dentro da coleção

“Geografias do Mundo” a qual foi utilizada para esta pesquisa.

Mesmo sabendo das dificuldades encontradas pela maioria dos

professores em se aplicar atividades diferenciadas, apresentaremos uma seqüência

destas atividades que podem ser selecionadas e aplicadas como forma de se firmar

os conteúdos expostos em aulas expositivas, ou mesmo servir como material na

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hora das explanações e, ainda, ser utilizado como complemento para livros didáticos

que tratam de maneira muito sucinta este tipo de conteúdo. Vale a pena lembrar,

que das atividades propostas apenas uma será efetivamente aplicada na escola que

cedeu o material para a pesquisa e a estrutura para a aplicação, devido a questão

de tempo disponível para isto o qual é restrito, sendo que as demais atividades

serão explicadas, passo a passo, desde os materiais utilizados, a confecção até as

formas de aplicação.

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3 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O ENSINO DE GEOMORFOLOGIA

3.1 ATIVIDADE 1 - MAQUETE DAS PLACAS TECTÔNICAS

Como vimos no capítulo anterior no 6º capítulo do livro didático da 5ª

série é onde se concentram os conteúdos referentes à Geomorfologia. Dessa

maneira, foi tratado detalhadamente cada conteúdo abordado dentro do texto e

adotando a seqüência deste texto, o primeiro item onde poderia ser perfeitamente

utilizado um instrumento lúdico-pedagógico seria o que diz respeito à formação do

relevo a partir de agentes externos e também de agentes internos, visto que o nosso

planeta está em constante movimento dando origem a novos relevos a partir do

movimento das placas tectônicas que formam o nosso planeta. Este tipo de

instrumento também poderia ser utilizado no terceiro capítulo do livro didático, pois

trata da questão da formação dos continentes e do movimento das placas

tectônicas, sendo que, no sexto capítulo, é somente realizada uma retomada daquilo

que foi abordado no terceiro capítulo como uma espécie de gancho para a

introdução dos conteúdos de Geomorfologia.

A maquete das placas tectônicas serve para expor aos alunos como

estas placas se movimentam, os rumos que elas seguem e as possíveis feições que

o nosso relevo poderá adquirir com o passar do tempo. O trabalho é facilitado, pois

os alunos podem movimentar as placas que são soltas dando esta possibilidade de

movimentação. Para a explicação de como se confeccionar este tipo de material, ou

seja, a maquete das placas tectônicas foi utilizado o trabalho apresentado no Work

Shop de Geomorfologia no II Encontro de Ensino de Geografia em 2005 na

Universidade Estadual de Londrina, no qual quatro alunos propuseram a confecção

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de uma maquete para a representação das placas tectônicas e a qual foi aqui por

nós adaptada para instrumento didático. A seguir, teremos o passo a passo da

confecção e os materiais utilizados.

Placas Tectônicas

1. Materiais utilizados:

2. Isopor

3. Cola

4. Pincel, tinta plástica

5. Serragem colorida

6. Fita adesiva

7. Agar (geléia utilizada para hidratação de plantas)

Modo de fazer:

Primeiramente fotocopiamos o mapa-mundi que tem por tema placas tectônicas. O

material foi obtido no livro Codie, Kent Plate tectonics and Crustal Evolution, Novo

México: Socorro, 1982.

Com a fotocópia em mãos, tirada no formato A4, a ampliamos para o tamanho A-3 e

depois a mesma foi dividida em 5 partes e ampliadas em 100%.

A cópia serviu como base paras as placas de isopor, sendo sobrepostas e pintadas

com tinta plástica. Os continentes foram revertidos com cola e serragem pintada de

verde e os oceanos foram separados com fita crepe e depois preenchidos com Agar.

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Figura 8. Equipe montando o bloco (2º ENCONTRO DE ENSINO DE GEOGRAFIA, 2005).

Figura 9. Com o esparadrapo as laterais foram vedadas (2º ENCONTRO DE ENSINO DE GEOGRAFIA, 2005).

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Figura 10. A gelatina foi esparramada para representar o oceano (2º ENCONTRO DE ENSINO DE GEOGRAFIA, 2005).

Figura 11. O bloco completo: as placas podem ser movimentadas como preferir (2º ENCONTRO DE ENSINO DE GEOGRAFIA, 2005)

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3.2 ATIVIDADE 2 - ESQUEMA DO PROCESSO DE EROSÃO (GARRAFAS PET)

Aqui o que se pretende é fazer com que os alunos possam conhecer

de maneira simplificada como se dá o processo de erosão, bem como perceber a

importância de se preservar o que a natureza nos deu e jamais poderia ser

modificado pelas ações antrópicas.

Esse conteúdo está presente no capítulo seis do livro didático da 5ª

série da coleção geografias do mundo e esta será uma atividade muito importante,

pois das atividades propostas neste trabalho, esta será a única que além de ser

explicada passo a passo, será também desenvolvida dentro da sala de aula pelos

alunos de uma 5ª série.

Primeiramente, começaremos com os materiais que serão utilizados

para o desenvolvimento deste material lúdico-pedagógico.

Materiais:

1. Sete garrafas pet de 600 ml

2. Faca ou tesoura para recortar a garrafa

3. Terra suficiente para preencher as garrafas

4. Alpiste ou grama

5. Areia

6. Cimento

7. Forma de bolo

8. Fita adesiva

9. Água

10. Agulha

11. Fogo

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Confecção do instrumento lúdico-pedagógico:

Primeiramente pegue as cinco garrafas e corte uma de suas laterais

como na figura 12.

Figura 12. Garrafas Pet sendo preparadas (Foto da autora)

Depois preencha uma das garrafas até em cima com terra como na

figura 13 e reserve.

Figura 13. Garrafa Pet preenchida com terra (Foto da autora)

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Em outra garrafa coloque terra até a metade da garrafa e depois cubra com grama,

veja como fica na figura 14.

Figura 14. Garrafa Pet preenchida com terra e recoberta com grama (Foto da autora).

(observação: se puder planejar a sua aula com antecedência a grama que cobre a terra poderá ser substituída por alpiste, basta plantá-lo com antecedência para que este possa brotar e cobrir a terra). Em uma outra garrafa coloque terra até a metade e cubra com areia

até o final, como na figura 15.

Figura 15. Garrafa Pet preenchida com terra e recoberta com areia (Foto da autora).

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Pegue mais uma garrafa coloque terra até a metade e cubra com cimento. Ver figura 16.

Figura 16. Garrafa Pet preenchida com terra e recoberta com cimento (Foto da autora).

Por fim pegue a última garrafa já cortada e com o auxilio da agulha

aquecida no fogo faça furos na garrafa para que a água que depois será colocada

dentro possa sair. Ver figura 17.

Figura 17. Garrafa Pet com furos (Foto da autora).

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As garrafas, em seguida, devem ser presas na forma uma ao lado da outra com o

auxilio da fita adesiva menos a garrafa que foi furada. Ver figura 18.

Figura 18. Garrafas Pet fixadas na forma com fita adesiva (Foto da autora).

A sexta garrafa serve para colocar a água que será depois

despejada dentro da garrafa furada.

Como aplicar a atividade:

Para utilizar o instrumento o professor poderá após explanar os

conteúdos através de aula expositiva iniciar a explicação de como se dá a erosão ou

como a água se porta em cada tipo de terreno, os alunos devem formar um circulo e

o professor ficar no meio. Ele pode fazer perguntas sobre o que os alunos pensam

ou deduzem que irá ocorrer com cada terreno quando a água que está na garrafa

furada tocar estes, ou mesmo utilizar o instrumento já durante as aulas expositivas

cabendo ao professor escolher a maneira mais viável de se aplicar à atividade.

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Ao final das explicações o professor pode pedir para que os alunos

redijam um pequeno texto explicando sobre a importância de se preservar o meio, e

o que eles aprenderam com o instrumento utilizado.

3.3 ATIVIDADE 3 - PROCESSO DE EROSÃO EÓLICA UTILIZANDO AREIA E SECADOR DE CABELOS

Esta atividade também está relacionada aos conteúdos presentes no

sexto capítulo do livro didático da 5ª série da coleção Geografias do mundo. Como

apresentado, a erosão eólica acontece constantemente e a partir deste instrumento

lúdico-pedagógico que aqui será proposto, será possível que os alunos visualizem

como este processo acontece.

Para o desenvolvimento da tal atividade sugerida neste item, será

utilizada uma experiência encontrada no Guia Prático de Ciências: Como a Terra

Funciona, Ed. Globo, São Paulo, 1994.

A experiência se chama tempestade de areia, e visa mostrar como

os grãos de areia se comportam em uma tempestade. Porém este instrumento será

adaptado e sofrerá algumas alterações com relação a experiência original, pois o

conteúdo presente no livro didático diz respeito à erosão eólica, contudo os

resultados são quase os mesmos.

Materiais:

1. Secador de cabelos

2. Mistura de areia grossa e fina

Como aplicar a atividade:

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Em cima de uma mesa espalhe uma camada grossa de areia como

mostra a figura 19.

Figura 19. Camada de areia espalhada sobre a mesa (Foto da autora).

Em seguida aproxime o secador de cabelos da areia e depois o

ligue, você verá que os grãos mais leves tendem a irem pra mais longe e os mais

grossos ficam mais perto. Ver figura 20.

Figura 20. Grãos de areia sendo espalhados pela ação do vento do secador de cabelos (Foto da autora).

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Os resultados desta atividade mostram para os alunos como o vento

carrega os sedimentos que são desprendidos das rochas por meio de ações

intempéricas, mostrando ainda como se comportam os grãos mais pesados e os

mais leves. O professor pode pedir ainda para que aluno escreva ou mesmo

descreva para a sala os resultados e se concorda com eles.

3.4 ATIVIDADE 4 - PROCESSO DE ISOSTASIA UTILIZANDO BLOCOS DE MADEIRA NA ÁGUA.

Como visto no texto complementar “A Terra é firme, mas se move”

presente no fim do capítulo seis do primeiro volume da coleção Geografias do

Mundo, é dado destaque para o movimento da crosta terrestre o qual recebe o nome

de Isostasia. Dessa maneira, a proposta aqui é que se utilize um material bem

simples para que os alunos possam compreender como se dá este processo.

Materiais utilizados para desenvolver o instrumento:

1. Bacias com água

2. Blocos de madeira de tamanhos, pesos e formatos diferentes

Como aplicar a atividade:

Após ler e explicar o texto para os alunos pedir para que estes se

dividam em pequenos grupos e façam a experiência de colocar os pedaços de

madeira um a um dentro da bacia para ver como estes se comportam, quais

afundam mais quais ficam mais na superfície, ou mesmo colocando um bloco em

cima do outro para ver como funciona o soerguimento ou rebaixamento da superfície

terrestre a partir da erosão ou desgaste desta superfície, por exemplo, o que leva ao

processo de isostasia.

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Cada grupo pode fazer uma espécie de relatório dos resultados que

depois pode ser lido para a classe e ser o início de uma discussão entre alunos e

professor, ou ainda entregar para o professor para que ele veja como os alunos

receberam as explicações por ele dadas. A figura a seguir mostra os materiais e

como eles são utilizados.

Figura 21. Materiais utilizados na simulação do processo de isostasia (Foto da autora).

3.5 ATIVIDADE 5 - JOGO DA MEMÓRIA SOBRE OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL.

No capítulo sete do livro didático da sexta série, da coleção

Geografias do mundo, foi discutido a questão da divisão do território brasileiro a

partir dos domínios morfoclimáticos. Sendo assim, a sugestão aqui é para que se

desenvolva uma atividade que faça com que os alunos percebam as principais

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características de cada domínio, e assim possam fixá-las de maneira prazerosa a

partir de uma brincadeira.

Materiais utilizados para desenvolver o instrumento:

1. cartolina colorida

2. tesoura

3. caneta ou lápis de cor

4. régua para riscar a cartolina

Confecção do instrumento lúdico-pedagógico:

Primeiramente sobre a confecção deve-se colocar que ela será

passada de acordo com as características que foram elencadas no livro didático

adotado para o desenvolvimento deste trabalho. Para começar deve-se cortar trinta

e seis quadrados de cartolina com 5cm de largura por 5cm de comprimento. Veja

figura 22.

Figura 22. Cartolina sendo recortada (Foto da autora).

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Em seguida, escreva o nome de cada domínio morfoclimático em

três pedaços de cartolina, ou seja, você terá três pedaços de cartolina com a mesma

coisa escrita. No restante das cartolinas cortadas escreva as características de cada

domínio. Veja figura 23.

Figura 23. Pedaços de cartolina com os nomes dos domínios e as características de cada um (Foto da autora).

Observação: O fato de se escrever três vezes o nome do mesmo

domínio é para que se tenham pares na hora do jogo, pois são três características

necessitando-se assim de três pares para elas. Outro fato é com relação as

principais características dos domínios, estás podem ser somente escritas em cada

pedaço de cartolina, desenhadas com lápis de cor, ou ainda coladas figuras que

lembrem cada domínio. É importante lembrar que as figuras ou desenhos fazem com

que os alunos fixem melhor as características, por isso elas são mais

recomendadas, porém em caso de não haver tempo suficiente para está confecção

o fato de escrever e brincar também trás um bom resultado. Pode-se sugerir ainda

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que os alunos confeccionem em grupo está atividade para que assim possam

brincar.

Como aplicar a atividade:

Após as devidas explicações sobre os domínios morfoclimáticos, o

professor deve pedir para que em duplas, trios ou pequenos grupos, os alunos

confeccionem o material. Após está etapa o próximo passo é brincar. Misture as

cartas e as espalhe sobre a mesa com as figuras ou frases viradas para baixo. Veja

figura 24.

Figura 24. Pedaços de cartolina virados sobre a mesa (Foto da autora).

O jogo consiste em cada participante (um por vez), retirar uma carta

e tentar achar outra que a complete. Se retirar um domínio deve procurar uma

característica dele, e contrariamente, se retirar uma característica deve procurar um

domínio. No início é importante que os alunos tenham o livro do lado para saberem

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qual a característica de cada domínio, e após a assimilação o livro pode até ser

dispensado. O participante que erra e não consegue encontrar o par para carta

retirada passa a vez para o próximo participante e assim sucessivamente. Após

serem retiradas todas as cartas da mesa quem estiver com o maior número de pares

na mão ganha o jogo. Ver figura 25.

Figura 25. Pares sendo formados (Foto da autora).

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4 APLICAÇÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ONDE A ATIVIDADE FOI APLICADA

Para a realização das atividades propostas como instrumentos

lúdico-pedagógicos para o ensino de Geomorfologia, foi escolhida uma escola onde

tais procedimentos puderam ser adotados com o auxilio da professora responsável

pela turma que cedeu os materiais por eles utilizados em sala, no caso o livro

didático, e também com o apoio dos responsáveis pela escola, por se tratar a

mesma de uma escola de educação privada.

Com relação a esta escola, podemos dizer que ela recebe o nome

de Colégio Ideal – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio e está localizada

na Avenida Paraná nº 41 no centro de Bela Vista do Paraíso - PR, em uma área

predominantemente comercial e residencial como pode ser visto no mapa da página

seguinte.

Alguns dados importantes sobre a escola dizem respeito ao fato

desta ser considerada uma escola pioneira no ramo de educação privada no ensino

fundamental de 5ª à 8ª e ensino médio, dentro do município de Bela Vista do

Paraíso o qual conta hoje com uma população estimada de 15.031 habitantes.

Criada em 1989 a escola foi crescendo e ampliando, gradativamente, de acordo com

as necessidades de se atender um número cada vez maior de alunos, chegando ao

que se tem atualmente.

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Figura 26. Mapa da sede do município de Bela V. do Paraíso, com a localização do Colégio Ideal (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELA VISTA DO PARAÍSO).

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Esta, por sua vez, mesmo não sendo uma escola de grande porte a

nível de suas dependências físicas comparada a maioria das escolas municipais e

estaduais, conta com uma equipe de professores habilitados e capacitados para

exercerem da melhor maneira possível a transmissão do saber e auxiliar os alunos

na construção do conhecimento, são 28 professores de várias áreas do

conhecimento e que atuam de maneira a fazer com que o aluno se sinta a vontade

para assimilar os conteúdos propostos.

A escola conta hoje com um total de 157 alunos, os quais estão

distribuídos em 12 salas, indo da educação infantil, passando pelo ensino

fundamental e chegando até o ensino médio, onde os alunos recebem uma

formação focada e preparatória para os concursos de vestibular, contando com

aulas direcionadas, bem como, aulas extras fora do horário previsto e ainda

realização periódica de simulados, os quais fazem com que aluno se adapte a

questão da realização de concursos e a pressão psicológica que estes exercem na

vida do aluno que toma este caminho. Temos ainda a biblioteca que fica diariamente

disponível para que os alunos realizem pesquisas e possam complementar seus

conhecimentos.

A escola também possui um quadro de funcionários pouco

expressivo, mas condizente ao número de alunos e as necessidades dos mesmos.

São esses, duas zeladoras, uma secretária e uma bibliotecária, as quais garantem o

bom andamento das atividades escolares.

De uma forma geral, podemos colocar que se trata de um bom

colégio e o qual dá o suporte necessário para que os alunos saiam de lá com uma

formação que o permita encarar os desafios da vida.

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4.2 CARACTERIZAÇÃO DA TURMA QUE REALIZOU A ATIVIDADE

Para a realização e aplicação de um dos instrumentos lúdico-

pedagógicos propostos neste trabalho, contou-se com a colaboração de uma turma

de alunos da 5ª série do ensino fundamental, além da escola que cedeu suas

estruturas e da professora que forneceu os materiais utilizados pelos alunos, que no

caso foi o livro didático da coleção “Geografias do Mundo”.

Trata-se de uma turma de 12 alunos a qual é considerada pequena

se comparada ao número de alunos presentes em salas de aula de escolas

públicas, que geralmente ficam em torno dos 35. No entanto, este é um fator que

beneficia o desenvolvimento das atividades por parte do professor, pois este pode

se dedicar e dar maior atenção a todos os alunos, pois não precisa controlar tantas

atitudes ao mesmo tempo.

A origem dos alunos é dividida, alguns vindos da educação pública e

outros pertencentes a educação privada desde as séries iniciais. Os alunos possuem

idades entre dez e onze anos e todos são residentes na cidade de Bela Vista do

Paraíso.

Como informou a professora e como se pode constatar durante a

aplicação da atividade, trata-se de uma turma de alunos muito tranqüila e que

freqüentemente participam das atividades propostas durante as aulas. No decorrer

da atividade aplicada sobre o processo de erosão os alunos se mostraram

interessados e colaboraram de maneira direta para a realização deste trabalho. De

uma maneira geral e mesmo levando-se em consideração o fato de se ter uma

professora estranha dentro da sala de aula, o que inibi comportamentos corriqueiros

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por parte dos alunos, percebe-se que está é uma sala interessada na compreensão

dos conteúdos e que consegue absorver com facilidade os conteúdos propostos.

4.3 DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a análise dos conteúdos de Geomorfologia presentes nos livros

didáticos, bem como da confecção dos instrumentos lúdico-pedagógicos como

auxiliares no desenvolvimento do processo de ensino aprendizado dentro do ensino

fundamental, a sugestão foi que se aplicasse um destes instrumentos e se

analisasse seus resultados a fim de se registrar a grande importância que deve ser

atribuída a estes, e como estes instrumentos surtem resultados muitas vezes até

surpreendentes.

A princípio tivemos a confecção do instrumento lúdico-pedagógico a

qual foi detalhada passo a passo no capítulo anterior. No caso o instrumento

escolhido para a aplicação é o que trata sobre a questão do processo de erosão e

que para tanto é confeccionado com garrafas do tipo Pet.

Como já dito, a turma onde a atividade foi aplicada foi uma turma de

5ª série do Colégio Ideal de Bela Vista do Paraíso. A realização da atividade ocorreu

durante o período de aulas dos alunos sendo a mesma supervisionada e

acompanhada pela professora da sala. Os alunos também se colocaram a

disposição e participaram ativamente do desenvolvimento da atividade.

Com relação às atitudes adotadas para a realização da atividade,

está seguiu passo a passo as indicações que foram colocadas no capítulo anterior

sobre como proceder o desenvolvimento a fim de se testar a validade desta

atividade.

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Após uma breve apresentação para turma do que seria abordado

naquela aula, foi realizada uma retomada dos conteúdos que tratavam sobre erosão,

posteriormente, os alunos formaram um circulo ao redor da mesa onde a atividade

seria desenvolvida e assim deu-se início à aplicação da mesma, como pode ser visto

na figura a seguir.

Figura 27. Atividade sendo desenvolvida (Foto Bruna Barbieri).

Os alunos de uma maneira geral, mostraram grande interesse em

entender como cada solo se comportava quando a água, que é o grande causador

do processo de erosão, tocava estes solos, tecendo comentários juntamente com as

explicações dadas pela professora, e questionando temas relativos ao conteúdo,

bem como, colocando experiências por eles já presenciadas em seus dia-a-dia.

Ao final da atividade, como o que foi sugerido no capítulo anterior

para a aplicação desta atividade, os alunos cada qual em seu caderno ou, em folha

separada, redigiram um pequeno texto falando sobre a importância de se conservar

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a cobertura do solo para se evitar a erosão, bem como descreveram os resultados

da ação da água por eles presenciados em cada tipo de solo, como pode ser visto

na figura a seguir.

Figura 28. Alunos descrevendo os resultados da atividade (Foto da autora).

Um fato de grande importância foi o empenho dos alunos ao

descrever com o máximo de detalhes cada ação explicada pela professora e a

riqueza destas características citadas por eles foi a prova de que o instrumento

lúdico-pedagógico foi de suma importância para que estes entendessem de maneira

clara como o processo se dá, visto que antes da aplicação da atividade os alunos ao

serem questionados sobre o processo apresentaram respostas desencontradas e

com poucos conceitos, ou seja, respostas que demonstravam ações que eles

somente achavam que poderiam ocorrer, pois somente com as explicações da

professora o conteúdo fica na cabeça dos alunos de uma maneira vaga,

simplesmente como suposições, contrariamente daquilo que ocorreu quando estes

puderam visualizar diretamente o processo acontecendo.

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A seguir vemos algumas amostras das respostas dadas pelos

alunos, as quais mostram que com uma linguagem simples os mesmos conseguiram

demonstrar com clareza e precisão como se dá o processo de erosão.

Figura 29. Exemplo de texto produzido pelos alunos.

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Figura 30. Exemplo de texto produzido pelos alunos.

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Sendo assim pode-se colocar que a aplicação do instrumento é

válida, e não só pode como deve fazer parte da aula de todos os professores

independentemente da disciplina ministrada, pois os resultados obtidos com as

respostas e com a vontade desenvolvida pelos alunos em compreender os

processos de forma prazerosa, fazem com que se comprove que hoje em dia uma

das melhores maneiras de se chamar e prender a atenção dos alunos é inovando a

forma de se dar aula a qual pode ocorrer de maneira simples, como no caso do

instrumento confeccionado com garrafas Pet, que em grande parte vão parar no lixo.

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CONCLUSÃO

Ao término deste trabalho, que buscou expor de maneira objetiva e

simplificada alguns dos conteúdos de Geomorfologia, bem como analisar como

estes estão sendo abordados dentro dos livros didáticos e o desenvolvimento de

instrumentos lúdico-pedagógicos auxiliares no processo da aprendizagem, podemos

perceber os resultados que tais instrumentos proporcionam no decorrer das

atividades de uma sala de aula.

Entender o s urgimento e consolidação desta disciplina é algo de

extrema importância a fim de se compreender como os processos se deram no

decorrer da história e como eles podem ser explicados hoje em dia, pois como

vimos, seja de maneira mais específica ou mais discreta os conteúdos de

Geomorfologia fazem parte da grade de conteúdos das coleções de livros de

geografia que se encontram presentes em grande parte das escolas.

O fato de se entender a Gênese da Geomorfologia e seu

desenvolvimento também proporcionaram o discernimento necessário para se

perceber que esta disciplina assim como tantas outras referentes à geografia, são

disciplinas que somente se completam a partir de uma inter-relação com outras

disciplinas, fato que foi claramente percebido nas analises realizadas nos diversos

capítulos que compõem os quatro volumes da coleção “Geografias do Mundo”

tomada por base neste estudo.

Os conteúdos de Geomorfologia para se tornarem mais completos e

proporcionar uma maior compreensão, passam por diversas outras disciplinas

adotando conceitos que ao final servem como base para a explicação de uma série

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de fatos geomorfológicos que por si só não se explicariam, o que reafirma a questão

de não se dever considerar a Geomorfologia como uma ciência autônoma.

Com relação à coleção de livros didáticos utilizada neste trabalho,

notou-se uma boa distribuição dos conteúdos, visto que eles se agrupam por áreas o

que facilita a compreensão dos mesmos. Entretanto, como em todas as coleções de

livros, inclusive aquelas surgidas ainda no século XVII, problemas sempre se fazem

presentes, porém com o decorrer dos tempos e como pudemos notar, a coleção

“Geografias do Mundo” apresentou alguns pequenos fatos que podem ser revistos

em edições posteriores e os quais não podem ser consideradas como falhas devido

a sua discrição e simplicidade.

Os livros didáticos e seus conteúdos ainda são passíveis de

adaptações e melhoramentos como, por exemplo, os instrumentos Lúdico-

pedagógicos propostos neste trabalho os quais são ferramentas que devem ser

utilizadas em grande escala por toda a classe docente, visto que a partir da

aplicação de um destes instrumentos em uma sala de aula, os resultados obtidos

foram considerados mais que satisfatórios devido à simplicidade do instrumento.

Aproveitando-se de materiais que possivelmente se destinariam ao

lixo, a aplicação da simples atividade que trabalhou a questão do processo de

erosão foi muito bem recebida pela sala que desenvolveu a atividade tanto com

relação ao prazer em se aprender, quanto nos resultados específicos, pois ao

analisar os textos produzidos após a atividade, a sala em seu total conseguiu

responder satisfatoriamente aos objetivos deste trabalho e da atividade em si, o qual

era tornar o ato do ensino-aprendizagem um desafio a ser superado todos os dias

de maneira simples e gratificante.

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