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30 o Encontro Espírita sobre “O Livro dos Espíritos” Simplesmente Deus! 1 CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS Allan Kardec Patrono Espiritual do Encontro Tema: Simplesmente Deus! 2, 3 e 4 de março de 2014 30 o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE “O Livro dos Espíritos”

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30o Encontro Espírita sobre “O Livro dos Espíritos”

Simplesmente Deus!

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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

Allan Kardec Patrono Espiritual do Encontro

Tema:

Simplesmente Deus!

2, 3 e 4 de março de 2014

30o ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE

“O Livro dos Espíritos”

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Informações Gerais: Dias: 2, 3 e 4 de março de 2014 Horário: 8h / 8h30min – Chegada / Recepção 8h30min / 9h – Abertura / Deslocamento 9h / 10h30min / 11h – Estudo 10h30min / 11h – Intervalo 11h / 12h55min – Estudo 13h – Encerramento CENTROS PARTICIPANTES Centro Espírita Léon Denis Centro Espírita Abigail Centro Espírita Antonio de Aquino Centro Espírita Casa do Caminho (sábado – dia 1/ mar/ 2014) Centro Espírita Léon Denis (Cabo Frio) Grupo Boa Nova de Estudos Espíritas Grupo Espírita Beneficente Dr. Hermann (Campos) Núcleo Espírita Léon Denis

O Encontro será apresentado também pela Internet.

Coordenação Geral: Deuza Maria Nogueira Organização do Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro Capa, diagramação e Revisão: Depto. Editorial do CELD

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Sumário

Objetivos ......................................... .......................................................... 4

Programa do Encontro .............................. .............................................. 5

Tema 1– Qual a importância de buscar Deus? ........ .............................. 7

Tema 2 – Qual é o seu Deus? ...................... ........................................ 11

Tema 3 – Provas da existência de Deus ............ ................................. 17

Tema 4 – Atributos da divindade ................... ....................................... 21

Tema 5 – Lei de causa e efeito aliada à bondade de Deus ................. 27

Tema 6 – A Prece: recurso de ligação do homem a Deu s .................. 30

Conclusão do Encontro ............................ ............................................ 35

Anexo 1 – Tema 1 .................................. ................................................. 36

Anexo 2 – Tema 1 .................................. ................................................. 37

Anexo 3 – Tema 1 .................................. ................................................. 38

Anexo 4 – Tema 2 .................................. ................................................. 39

Anexo 5 – Tema 3 .................................. ................................................. 41

Anexo 6 – Tema 5 .................................. ................................................. 42

Anexo 7 – Tema 5 .................................. ................................................. 43

Anexo 8 – Tema 5 .................................. ................................................. 46

Anexo 9 – Tema 5 .................................. ................................................. 48

Anexo 10 – Tema 5 ................................. ................................................ 51

Anexo 11 – Tema 6 ................................. ................................................ 53

Anexo 12 – Tema 6 ................................. ................................................ 58

Anexo 13 – Tema 6 ................................. ................................................ 59

Anexo 14 – Tema 6 ................................. ................................................ 60

Anexo 15 – Tema 6 ................................. ................................................ 62

Referências Bibliográficas ........................ ............................................ 63

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Objetivo Geral Objetivo geral:

• Compreender os meios disponibilizados pela Doutrina Espírita para que possamos vivenciar a ideia de Deus em todos os momentos de nossas vidas.

Objetivos Específicos

• Perceber o amparo de Deus na condução de nossas vidas.

• Compreender como podemos melhorar o nosso nível de entendimento sobre Deus.

• Perceber, na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências.

• Analisar os atributos de Deus apresentados pela Doutrina Espírita.

• Perceber que Deus é bom quando me dá, quando me retira e quando me impede de ter.

• Compreender que a lei de causa e efeito está aliada à bondade de Deus.

• Compreender que a prece é um recurso para nos aproximarmos de Deus e entrarmos em comunicação com ele.

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PROGRAMA DO ENCONTRO

TEMA CENTRAL

Simplesmente Deus!

1o Dia: Domingo — 2/3/2014

Tema 1: Qual a importância de buscar Deus? Tema 2: Qual é o seu Deus?

2o Dia: Segunda-feira — 3/3/2014

Tema 3: Provas da existência de Deus Tema 4: Atributos da divindade

3o Dia: Terça-feira — 4/3/2014

Tema 5: Lei de causa e efeito aliada à bondade de Deus Tema 6: A prece: recurso de ligação do homem a Deus

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Tema 1 – Qual a importância de buscar Deus? Objetivo:

• Perceber o amparo de Deus na condução de nossas vidas

“(...) O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e sobre a vida é o que há de mais essencial, de mais necessário, pois é ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. E essa verdade não é inacessível, como nós o veremos; ela é simples e clara; ela está ao alcance de todos. Basta procurá-la sem preconceitos, sem tomar partido com o auxílio da consciência e da razão.”

(LÉON DENIS. O Grande Enigma, capítulo V. CELD.) A vida não se restringe à nossa relação com a matéria e aos benefícios

imediatos que se pode extrair desta relação. Nós necessitamos de algo que vá além dos interesses materiais; sentimos falta de algo que possa dar sentido à nossa existência. Deus nos dá os recursos e a direção para que possamos buscar aquilo que vai nos preencher. Como, então, podemos construir em nós a ideia de Deus, já que não o vemos? A Doutrina Espírita nos oferece uma orientação preciosa quando estuda as Leis Divinas, pois “conhece-se o artista pela sua obra”.

Questão 614 – O que se deve entender por lei natural?

“A lei natural é a Lei de Deus; é a única verdadeira para a felicidade do homem; indica-lhe o que deve fazer ou não fazer e ele só é infeliz, porque dela se afasta.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.) A importância de buscar Deus está nessa necessidade de nos aproximarmos

dele; de seguirmos esta direção superior para sermos felizes. O estudo da ideia de Deus trazida pela Doutrina Espírita esclarece como ocorre este direcionamento, pois relembra a Lei de Deus muitas vezes esquecida e desprezada por nós (O Livro dos Espíritos, questão 621a); proporciona o entendimento do verdadeiro sentido da vida.

Para adquirirmos convicção dessa ideia, é necessário um trabalho de construção íntima; a fim de que em momentos de dificuldade não nos sintamos desamparados pela Misericórdia Divina; e possamos nos ligar à Inteligência Supre-ma, fonte da suprema sabedoria. Temos em Jesus a confirmação deste pensamento, quando nos diz:

Por isso, não andeis preocupados, dizendo: “Que iremos comer?” ou, “que

iremos beber”? ou, “que iremos vestir”? De fato, são os gentios que estão à procura de tudo isso: vosso Pai celeste sabe que tendes necessidade de todas essas coisas. Buscai, em primeiro lugar, seu Reino e sua Justiça, e todas essas coisas vos serão

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acrescentadas. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã se preocupará consigo mesmo. A cada dia basta o seu mal.

(JESUS. Mateus, capítulo VI, versículos 31 a 34. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

Deus é o Grande Provedor. Ele “conhece as nossas necessidades, e as atende

conforme for preciso” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXV, item 7). Ele não condena a procura do bem-estar, se este bem-estar não tiver sido conseguido às custas de alguém e se não vier a enfraquecer nossas forças morais, nem nossas forças físicas (O Livro dos Espíritos, questão 719). Portanto, não devemos colocar a busca pelo nosso bem-estar acima do bem-estar coletivo.

Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso:

pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar. E este é o mandamento que dele recebemos: aquele que ama a Deus, ame também seu irmão.

(1 João, capítulo IV, versículos 20 e 21. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.) Podemos perceber a presença Deus através de nossa relação com o próximo.

Temos diariamente inúmeros fatos, muitos deles com aparência insignificante, que, se observarmos com atenção poderemos extrair grandes ensinamentos para a nossa vida. Deus nos proporciona a convivência com diversos tipos de pessoas para aprendermos diferentes formas de pensar e para percebermos diversos tipos de necessidade.

Eis por que o Reio dos Céus é semelhante a um rei que resolveu acertar contas

com os seus servos. Ao começar o acerto, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos1. Não tendo este com que pagar, o senhor ordenou que o vendessem, juntamente com a mulher e com os filhos e todos os seus bens, para o pagamento da dívida. O servo, porém, caiu aos seus pés e, prostrado, suplicava-lhe: “Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo”.

Diante disso, o senhor, compadecendo-se do servo, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Mas, quando saiu dali, esse servo encontrou um dos seus companheiros de servidão, que lhe devia cem denários2 e, agarrando-o pelo pescoço, pôs-se a sufocá-lo e a insistir: “Paga-me o que me deves”. O companheiro, caindo a seus pés, rogava-lhe: “Dá-me um prazo e eu te pagarei”. Mas ele não quis ouvi-lo; antes, retirou-se e mandou lançá-lo na prisão até que pagasse o que devia. Vendo os companheiros de serviço o que acontecera, ficaram muito penalizados e, procurando o senhor, contaram-lhe todo acontecido. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: “Servo mau, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me rogaste. Não devias, também tu, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti”? Assim, encolerizado, o senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a sua

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dívida. Eis como meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vós não perdoar, de coração, ao seu irmão. Notas da Editora Paulus: 1 – Quase 174 toneladas de ouro: quantia exorbitante, escolhida intencionalmente. 2 – Menos de 30 gramas de ouro.

(JESUS. Mateus, capítulo XVIII, versículos 23 a 35. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus – Grifo nosso.)

Grande é a nossa dívida com a Lei de Deus! E ele, em sua Misericórdia,

permite-nos quitar esta dívida através da caridade para com o próximo. É neste contato com o outro que desenvolvemos o sentimento de compaixão para com as dores humanas; o desejo de aliviar a dor do próximo sem menosprezar a sua condição.

Questão 941 – O temor da morte é, para muitas pessoas, uma causa de perplexidade; de onde se origina esse temor, visto que elas têm diante de si o futuro?

“É sem motivo que têm esse temor; mas, que queres? Se procuram persuadi-las, quando jovens, de que há um inferno e um paraíso, mas que é mais certo irem para o inferno, porque lhes dizem que o que está na Natureza constitui um pecado mortal para a alma. Então, quando se tornam adultas, se têm um pouco de juízo, não podem admitir isso e se tornam ateias ou materialistas; é assim que são levadas a acreditar que, além da vida presente, nada mais há. Quanto às que persistiram nas suas crenças de infância, elas temem aquele fogo eterno que deve queimá-las sem as consumir. (...)”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.) Cátia era uma criança de três anos e meio que em toda a sua infância, desde o

seu nascimento, frequentou a Evangelização do CELD — Centro Espírita Léon Denis. Um dia, quando voltava da escola, Cátia, conversando com seu pai, diz:

— Pai, a Eliane é tão boba! — Diz a criança referindo-se à sua colega. Seu pai, então questiona: — Por que, minha filha? — Ela disse que Deus castiga; que ele coloca a gente para queimar no fogo do

inferno. — Foi, minha filha? E o que você falou para ela? — Perguntou o pai. — Você é muito boba; você é levada; você faz arte. Quando você faz arte, seu

pai vai para a cozinha liga o forno e coloca você para queimar dentro do forno? E continuou Cátia: — Ela disse “não”. Aí eu disse assim para ela: “por que Deus vai fazer isso,

então”? Conta o pai de Cátia que desde este episódio, que ocorreu há 25 anos, ele

todos os dias dá graças a Deus pela bênção da Doutrina Espírita, que ele só conheceu

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com quase 40 anos, mas que sua filha teve a oportunidade de ter este conhecimento, este embasamento desde cedo.

Deus é bom e justo. Não impõe castigos imerecidos nem sofrimentos que não

possamos suportar. Contudo, ele deve ser visto como um pai que diante da falta cometida por um de seus filhos adota uma postura firme visando educá-lo. Por isso, as provas que a vida nos apresenta são muitas das vezes a resposta da Lei de Deus às nossas infrações, e em outras são o recurso divino para acelerar o nosso progresso.

Desta forma, percebemos que a ideia do Deus-Pai trazida por Jesus nos dá conforto. Pois o Pai, na sua suprema sabedoria, bondade e justiça, não nos deixa abandonados à própria sorte; ele provê a todos nós aquilo de que necessitamos, tanto em se tratando de recurso como de corrigenda, na medida do nosso merecimento.

A partir daí podemos questionar: “mas, existem várias concepções de Deus entre as criaturas. Qual delas me levará aos resultados acima mencionados? Como posso conhecer ou construir a minha ideia de Deus”?

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Tema 2 – Qual é o seu Deus? Objetivo:

• Compreender como podemos melhorar o nosso nível de entendimento sobre Deus

Desenvolvimento da ideia de Deus ao longo da história da humanidade (baseado no Anexo 2): 1 – Medo: “Nos primórdios da história humana, o homem, (...) amedrontado, tremia diante dos fenômenos berrantes da Natureza” (...) 2 – Primórdios da mediunidade: “Com o correr das idades, o pensamento foi sendo cada vez mais elaborado (...) possibilitando os primeiros contatos com os espíritos” (...) 3 – Adoração aos deuses de pedra: “Depois, com a necessidade de ter um deus palpável e tangível, (...) idealizando imagens de madeira ou de pedra” (...) 4 – Politeísmo: “Surgira os deuses, os Elohins, os Baals, as Dianas, os Cronos” (...) 5 – Monoteísmo: “Entrementes, desenvolvia-se, ao lado do politeísmo, a ideia de um Deus Único, Todo-Poderoso, (...) que, sob a tutela lendária de Moisés, tornou-se Yahweh” (...) 6 – Jesus: “Jesus de Nazaré veio no momento preciso, para definir, de vez, onde estava o caminho para as Verdades Divinas, que foram anotadas pelos profetas” (...) 7 – Desprezo da ideia de Deus trazida por Jesus: “Os homens chamados a conduzir os ensinos, “doutos e prudentes”, (...) deram preferência às demonstrações e usufruto dos poderes temporais, esquecendo-se novamente da ordem sublimada de amor incondicional,” (...) 8 – O Espiritismo: “O Espiritismo (...) reuniu todo o ensinamento perdido. Ele veio, (...) para ensinar todas as coisas e permanecer para sempre com aqueles de boa vontade, que, (...) veem a sua luz, como filhos do Deus Único, Pai e Criador”.

Analisando o histórico acima, faz-se necessário acrescentar o seguinte: O temor a Deus é fruto de reconhecermos a nossa impotência diante da Força

Maior. Com a criação dos deuses de pedra, o homem passou a atribuir características humanas aos seus deuses. Reconhecendo a supremacia do Deus-Maior, que posterior-mente foi reconhecido como o Deus-Único, o homem passou a tentar agradá-lo, através das oferendas; buscando com isso estabelecer uma relação de barganha, pois,

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no seu entendimento, Deus lhe puniria cada vez que lhe contrariassem. Jesus trouxe um entendimento novo sobre Deus: o Deus-Pai, soberanamente justo e misericor-dioso, que ama todos os seus filhos, que “é bom para com os ingratos e com os maus” — (Lucas, VI: 35); que “faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos” — (Mateus, V: 45); que deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento — (Lucas, XV, 1 a 32).

Analisando-se o quadro atual do conhecimento da humanidade sobre Deus, podem-se classificar os indivíduos, de acordo com seus diversos pontos de vista sobre o assunto em três tipos:

• Materialistas / incrédulos: há aqueles que são materialistas por sistema, que não acreditam em Deus, pois não acreditam em nada que não seja material. Em geral, os materialistas o são por orgulho, por indiferença ou por falta de um conhecimento racional sobre o assunto. Há também outros tipos de incrédulos que se mostram tão refratários quanto os primeiros. (O Livro dos Médiuns, itens 20 ao 25.)

• Espiritualistas / incertos: “quem quer que acredite possuir em si outra coisa além da matéria é espiritualista” (O Livro dos Espíritos, Introdução I). Acredi-tam em Deus de formas diferentes: alguns acreditam no deus-vingativo, no deus-punitivo, outros acreditam no Deus-Pai. (O Livro dos Médiuns, itens 26 e 27.)

• Espíritas: uma variedade dos espiritualistas. Sua crença “tem por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível” (O Livro dos Espíritos, Introdução I); crença esta que decorre da ideia de Deus Pai e Criador, soberanamente justo e bom. Dentre os espíritas, a maioria tem a fé ainda vacilante. Temos conhecimento

da Doutrina, mas ainda temos atitudes que denotam uma falta de confiança nos seus princípios. Kardec em O Livro dos Médiuns classificou os adeptos do Espiritismo da seguinte forma:

28. Dentre os que se convenceram através de um estudo sério podem-se

destacar: 1o) Os que creem pura e simplesmente nas manifestações. O Espiritismo

constitui para eles apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos; nós os chamaremos de espíritas experimentadores;

2o) Os que veem no Espiritismo algo além dos fatos; dele compreendem a parte filosófica; admiram a moral dele decorrente, mas não o praticam. Sua influência sobre seus caracteres é insignificante ou nula; nada mudam nos seus hábitos e não se privariam de um único prazer; o avarento continua sempre avarento, o orgulhoso sempre cheio de si mesmo, o invejoso e o ciumento sempre hostis; para eles, a caridade cristã é apenas uma bela máxima; são os espíritas imperfeitos;

3o) Os que não se contentam em admirar a moral espírita, mas que a praticam, aceitando-lhe todas as consequências. Convencidos de que a existência terrestre é

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uma prova passageira, tentam aproveitar esses curtos instantes para caminhar na via do progresso, a única que pode elevá-los na hierarquia do mundo dos espíritos, esforçando-se para fazer o bem e reprimir suas más tendências; suas relações são sempre seguras, pois a convicção deles os afasta de qualquer pensamento do mal. A caridade constitui, em todas as coisas, sua regra de conduta, aí estão os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos;

4o) Há, finalmente, os espíritas exaltados. A espécie humana seria perfeita se visse sempre o lado bom das coisas. O exagero, em tudo, é nocivo; no Espiritismo, ele dá uma confiança cega demais e, geralmente, pueril nas coisas do mundo invisível e leva a aceitar muito facilmente e sem averiguação aquilo que a reflexão e a verificação demonstrariam o absurdo ou a impossibilidade; mas o entusiasmo não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo; são os menos aptos para convencer alguém, porque, com razão, des-confia-se do bom senso deles; são de muito boa-fé enganados, quer por espíritos mistificadores, quer por homens que procuram explorar-lhes a credulidade. Se apenas eles sofressem as consequências, não haveria senão meio-mal; o pior, é que oferecem, sem o saber, armas aos incrédulos, que procuram muito mais as ocasiões de zombar do que de se convencer e não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Certa-mente, isto não é justo nem racional; mas, como se sabe, os adversários do Espiri-tismo só reconhecem a sua própria razão como sendo recomendável e conhecer a fundo o de que falam é a menor de suas preocupações.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns. CELD.) Estamos em um processo de construção de caracteres para chegarmos a ser os

espíritas cristãos; porém, ainda oscilamos entre determinadas etapas por invigilância, falta de fé, orgulho, personalismo. Isso porque nós ainda damos mais importância à vida material do que à vida moral (O Livro dos Espíritos, questão 917).

Mas qual a relação entre os nossos comportamentos e a nossa ideia sobre

Deus? Léon Denis, na obra O Grande Enigma afirma o seguinte: “(...) Qualquer que seja a ignorância do homem a respeito das leis superiores,

na realidade, é conforme a ideia que ele faz dessas leis, por mais vaga e confusa que possa ser, é de acordo com ela que ele age”.

(LÉON DENIS. O Grande Enigma, capítulo V. CELD.) E na obra Cristianismo e Espiritismo, Denis, comentando a respeito dessas

leis superiores, acrescenta:

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“(...) A ignorância dessas coisas é a principal causa dos nossos erros; ela impele o homem e a sociedade a atos dos quais as consequências acumuladas os esmagam”.

(LÉON DENIS. Cristianismo e Espiritismo, capítulo X. CELD.) Uma forma de percebermos como está a nossa ideia sobre as leis superiores é

analisarmos o nosso comportamento diante das provas da vida. Quando elas se apre-sentam diante de nós, posicionamo-nos de acordo com o entendimento que temos sobre a divindade e suas leis. Podemos considerar essas provas como uma fase transitória que estamos vivenciando neste mundo ou como uma injustiça de Deus. E isso é devido à maior ou menor clareza do nosso entendimento em relação à ideia de Deus.

Mas por que a nossa visão sobre Deus não é tão clara?

10. O homem pode compreender a natureza íntima de Deus? “Não; é um sentido que lhe falta.”

11. O homem poderá, um dia, compreender o mistério da divindade? “Quando seu espírito não for mais obscurecido pela matéria e, por sua perfei-

ção, tiver se aproximado dele, então, ele o verá e o compreenderá.” A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a

natureza íntima de Deus. Na infância da humanidade, o homem, frequentemente, o confunde com a criatura cujas imperfeições ele lhe atribui; porém, à medida que o senso moral nele se desenvolve, seu pensamento penetra melhor no fundo das coisas e ele faz uma ideia mais justa e mais conforme à sã razão, embora ainda incompleta.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

A encarnação é o meio que Deus nos proporciona para progredirmos e nos aproximarmos dele. No entanto, não é a restrição causada por estarmos encarnados que nos impossibilita a compreensão de Deus. O fato é que nos identificamos tanto com a matéria que “materializamos” nosso entendimento de Deus.

Depuramos nossa visão com o conhecimento adquirido através das expe-

riências reencarnatórias (desenvolvimento do senso moral). À medida que desma-terializarmos nossa visão (de Deus) compreenderemos a divindade.

Vejamos, a seguir, como Kardec relaciona o estado moral de cada espírito

com o seu nível de compreensão da divindade:

Terceira Ordem – Espíritos Imperfeitos 101. Caracteres gerais. – Predominância da matéria sobre o Espírito.

Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que lhes são consequentes.

Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

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Segunda Ordem – Bons Espíritos 107. Caracteres gerais. – Predominância do Espírito sobre a matéria; desejo

do bem. Suas qualidades e seu poder para fazer o bem estão na razão do grau que atingiram: uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade; os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais. (...)

Compreendem Deus e o Infinito e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une é para eles a fonte de uma felicidade inefável que nem a inveja, nem os remorsos, nem nenhuma das más paixões, que constituem o tormento dos espíritos imperfeitos, conseguem alterar; todos, porém, têm ainda provas a suportar, até que tenham atingido a perfeição absoluta. (...)

Primeira Ordem – Espíritos Puros 113. Primeira classe. Classe única. – Percorreram todos os graus da escala e

se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, para eles é a vida eterna que realizam no seio de Deus.

Gozam de uma felicidade inalterável, porque não estão sujeitos às necessidades nem às vicissitudes da vida material; mas, esta felicidade não é, absolutamente, a de uma ociosidade monótona vivida numa perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.) Assim, percebemos que o nosso nível de compreensão está de acordo com a

nossa espiritualização, o progresso moral alcançado por nós, e, consequentemente, com a felicidade que já conseguimos vivenciar.

Mas como fazemos para melhorar o nosso nível de entendimento sobre Deus?

“Trabalha, ama e ora! Cultiva tua inteligência e teu coração! Desenvolve a tua consciência; torna-a mais vasta, mais sensível. (...)”

(LÉON DENIS. O Grande Enigma, capítulo XIV. CELD.) No livro O Problema do Ser e do Destino, no capítulo intitulado “A

Consciência. O Sentido Íntimo”, Léon Denis orienta como devemos fazer para desenvolvermos este sentido íntimo:

“(...) A consciência não é só a faculdade de perceber, mas também o

sentimento que temos de viver, de agir, de pensar, de querer. É por seus sentidos interiores que o ser humano percebe os fatos e as verdades

de ordem transcendental. (...)” (LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino, capítulo XXI. CELD.)

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“Para desenvolver, refinar a percepção de forma geral, é necessário, primeiramente, despertar o sentido íntimo, o sentido espiritual. (...)

Em uma palavra, quanto mais os pensamentos e os atos são puros e desinteressados, tanto mais a vida espiritual é intensa e predomina sobre a vida física, tanto mais os sentidos interiores se desenvolvem. (...)”

(LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino, capítulo XXI. CELD.)

E, falando a respeito do desenvolvimento dos sentidos psíquicos, Denis acrescenta:

“(...) Consiste em isolar-se em certas horas do dia ou da noite, em suspender a atividade dos sentidos exteriores, em afastar de si as imagens e os ruídos da vida externa. A coisa é possível, mesmo nas condições sociais mais humildes, em meio às ocupações mais comuns. É necessário, por assim dizer, voltar-se para si mesmo e, na calma e no recolhimento do pensamento, fazer um esforço mental para ver e ler no grande livro misterioso que existe em nós. Nestes momentos, afastai de vosso espírito tudo o que é passageiro, terrestre, mutável. As preocupações de ordem material criam correntes vibratórias horizontais que constituem obstáculo às radiações etéreas e res-tringem nossas percepções. Ao contrário, a meditação, a contemplação, o esforço constante para o bem e o belo formam correntes ascensionais, que estabelecem re-lação com os planos superiores e facilitam a penetração dos eflúvios divinos em nós. Com este exercício repetido e prolongado, o ser interior, pouco a pouco, torna-se iluminado, fecundado, regenerado. Este trabalho de treinamento é longo e difícil; às vezes, necessita de mais de uma existência, por isso, nunca é cedo demais para começá-lo. Seus bons efeitos não tardarão a se fazer sentir.”

(LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino, capítulo XXI. CELD.) Percebemos, então, a necessidade pelo desenvolvimento de nossos sentidos interiores para ampliarmos a nossa capacidade de compreensão da divindade. Esse desenvolvimento nos proporcionará uma melhor lucidez diante dos fatos da vida; e isso nos dará maior segurança para agirmos retamente, abrindo mão de certos interesses e prazeres materiais tendo em vista a conquista de valores edificantes. Mas ficam algumas questões:

Como a Doutrina Espírita nos apresenta Deus? O que já tenho em mim que pode me ajudar nesta compreensão?

Veja também:

• O Livro dos Espíritos: Introdução I e II, questões 171 e 917. • O Livro dos Médiuns: 1a parte – capítulo III. • O Evangelho Segundo o Espiritismo: capítulo II, item 5; capítulo

VII, item 2.

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Tema 3 – Provas da existência de Deus

Objetivo:

• Perceber, na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências

(...) A vontade que dirige o Universo dissimula-se a todos os olhares. As coisas estão dispostas de maneira que ninguém seja obrigado a nelas crer. Se a ordem e a harmonia do Cosmo não bastam para convencer o homem, ele é livre. Nada constrange o cético para ir a Deus.

Acontece o mesmo com as coisas morais. Nossas existências se desenvolvem e os acontecimentos se sucedem sem ligação aparente. Porém, a imanente justiça plana do Alto, sobre nós, e regula nossos destinos segundo um princípio inelutável, pelo qual tudo se encadeia numa série de causas e de efeitos. Seu conjunto constitui uma harmonia que o espírito liberto de preconceitos, esclarecido por um raio de sabedoria, descobre e admira.

(LÉON DENIS. O Grande Enigma, capítulo I. CELD.)

1. Que é Deus? “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? “Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procu-

rai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá.” Para crer em Deus, basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe,

tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e afirmar que o nada pôde fazer alguma coisa.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Analisando os elementos da Natureza, constatamos que a formação primeira das coisas só poderia ser obra de uma inteligência e um poder superiores; já que o homem só tem a capacidade de criar a partir de algo (matéria-prima) que já existe (Ex.: O homem sabe a fórmula da constituição da água, mas não consegue criá-la). Além disso, no que se refere aos seres orgânicos, o homem tem o poder, também limitado, de “tirar” uma vida ou “impedir” que um ser morra; mas não tem o poder de dar a vida.

Esta inteligência, que cria, mantém e dirige o Universo, pode ser observada

tanto na beleza da diversidade das espécies quanto na complexidade da formação de cada ser, pois percebe-se que cada detalhe foi rigorosamente levado em consideração para que tudo funcione com equilíbrio (Ex.: a organização do corpo humano, desde o DNA; o balanço das galáxias; as leis da física e da química). O desequilíbrio e o caos

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(aparentes) surgem quando o homem interfere nesta obra, tentando adequar a ordem das coisas aos seus interesses.

5. Que consequência se pode tirar do sentimento intuitivo, que todos os homens trazem, em si mesmos, da existência de Deus?

“Que Deus existe; pois de onde lhes viria este sentimento, se nada tivesse como base? É ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa.”

6. O sentimento íntimo que temos, em nós mesmos, da existência de Deus não

seria devido à educação e produto de ideias adquiridas? “Se assim fosse, por que vossos selvagens teriam tal sentimento?” Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse apenas produto de um ensino,

ele não seria universal e não existiria, como as noções das ciências, senão naqueles que tivessem podido receber esse ensinamento.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

Este sentimento intuitivo da existência de um ser supremo, já se encontrava nos homens primitivos, que observavam a Natureza, a lua, os animais, etc., como seu Deus. Hoje, mais civilizados, nós podemos observar esse sentimento nas nossas reações aos acontecimentos que a vida nos apresenta. Como, por exemplo: o nascimento e a desencarnação, o ganho e a perda de bens materiais, o cumprimento de uma tarefa, as doenças, as catástrofes naturais, etc.

7. Poder-se-ia encontrar a causa primeira da formação das coisas nas

propriedades íntimas da matéria? “Mas, então, qual seria a causa destas propriedades? É sempre necessária uma

causa primeira.” Atribuir a formação primeira das coisas às propriedades íntimas da matéria seria

tomar o efeito pela causa, pois estas propriedades são, elas próprias, um efeito que deve ter uma causa.

8. Que se deve pensar da opinião que atribui a formação primeira a uma

combinação fortuita da matéria, em outras palavras, ao acaso? “Outro absurdo! Que homem de bom senso pode ver o acaso como um ser

inteligente? E, além disso, o que é o acaso? Nada.”

A harmonia que regula os mecanismos do Universo patenteia combinações e visões determinadas e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primeira ao acaso seria um contrassenso, pois o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência. Um acaso inteligente não seria mais o acaso.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

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Os espíritos nos esclarecem que há três elementos gerais no Universo: Deus (o

Criador, o Pai de todas as coisas), espírito (o princípio inteligente do Universo) e matéria (instrumento de ação do espírito). Estas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal (O Livro dos Espíritos, questões 22a, 23 e 27). É preciso, portanto, analisar cada um destes dois princípios da criação divina para podermos ter uma ideia mais racional sobre a formação primeira das coisas.

A matéria é formada de um único elemento primitivo. O elementos químicos estudados pela Ciência, que são a base da matéria que conhecemos, são o resultado de transformações desta matéria primitiva. A ela são inerentes as forças que presidiram às transformações da matéria, as leis imutáveis e necessárias que regem o mundo. São exemplos dessas forças a gravidade, o magnetismo, a eletricidade, etc.; que produzem na matéria efeitos como o som, o calor, a luz, as cores, os odores, etc. Essas propriedades da matéria variam segundo as circunstâncias e os meios, e se apresen-tam em cada mundo pela disposição dos órgãos destinados a percebê-las. (O Livro dos Espíritos, questões 30, 31 e 32; A Gênese, capítulo VI, item 10.)

Desde que a inteligência e o pensamento não podem ser atributos da matéria,

chega-se à conclusão, partindo dos efeitos às causas, de que o elemento espiritual não procede da matéria. O elemento espiritual individualizado constitui os seres chamados espíritos. Ao mesmo tempo que Deus criou, desde toda a eternidade, os mundos materiais, ele igualmente criou, desde toda a eternidade, seres espirituais: sem isso os mundos materiais não teriam finalidade. (A Gênese, capítulo XI, itens 6 e 8.)

9. Onde se vê, na causa primeira, uma inteligência suprema e superior a todas

as inteligências? “Tendes um provérbio que diz o seguinte: Pela obra se reconhece o artista.

Pois bem! Vede a obra e procurai o artista. É o orgulho que engendra a incredulidade. O homem orgulhoso nada quer ter acima de si, é por isso que se denomina espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras; nenhum ser humano podendo criar o que produz a Natureza, a causa primeira é, pois, uma inteligência superior à Huma-nidade.

Quaisquer que sejam os prodígios executados pela inteligência humana, esta inteli-gência tem, ela própria, uma causa, e quanto maior for o que ela executa, tanto maior deve ser a causa primeira. É essa inteligência que é a causa primeira de todas as coisas, qualquer que seja o nome sob o qual o homem a designe.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

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O espírito Galileu, no livro A Gênese (capítulo VI, item 8), faz a seguinte comparação: se um desses seres ínfimos que vivem no fundo dos oceanos recebesse de repente o dom da inteligência, a capacidade de estudar seu mundo; que ideia ele formaria da Natureza viva que se desenvolve em seu meio, e do mundo terrestre que não pertence ao campo das suas observações?

Na sequência do raciocínio, ele acrescenta que se, agora, esse mesmo ser, subisse à superfície do mar, próximo às costas de uma ilha repleta de vegetação luxuriante, banhada pelo Sol fecundo, fonte de um benéfico calor, que ideia ele faria então das suas teorias antecipadas sobre a criação universal? Teorias que ele logo abandonaria, substituindo-as por uma apreciação mais abrangente, mas relativamente ainda tão incompleta quanto à primeira. E termina dizendo: “Esta, ó homens, é a imagem da vossa ciência inteiramente especulativa”. Kardec, em nota, faz a seguinte observação a respeito desta linha de raciocínio:

Esta é também a situação dos que negam o mundo dos espíritos, quando, após se despojarem do envoltório carnal, os horizontes desse mundo se desenrolam aos seus olhos. Compreendem, então, o vazio das teorias com que pretendiam explicar tudo exclusivamente à luz da matéria. Entretanto, esses horizontes ainda ocultam para eles mistérios que só sucessivamente se desvendarão, à medida que se elevarem pela depuração. Porém, desde os seus primeiros momentos nesse novo mundo, eles são forçados a reconhecer a própria cegueira e quanto estavam longe da verdade.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo VI, item 8. CELD.)

Concluindo com Denis:

Tudo, as forças e os seres, os mundos e as humanidades, tudo é governado pela inteligência. A ordem é a majestade do Universo; a justiça, o amor, a liberdade, tudo repousa sobre leis eternas, e não há leis eternas sem uma razão superior, fonte de tudo. Eis por que nenhum ser, nenhuma sociedade pode se desenvolver e progredir sem a ideia de Deus, isto é, sem justiça nem amor, sem liberdade nem razão, porque Deus, representando a eternidade e a perfeição, é a base essencial de tudo o que faz a beleza, a grandeza da vida, a magnificência do Universo. (...)

(LÉON DENIS. Cristianismo e Espiritismo, capítulo X. CELD.)

Veja também:

• O Livro dos Espíritos, questões 17 a 35. • A Gênese, capítulo VI, itens 1 a 19 e 61 a 64; capítulo XI, itens 1 a 9.

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Tema 4 – Atributos da divindade

Objetivo:

• Analisar os atributos de Deus apresentados pela Doutrina Espírita

ATRIBUTO – 1. Aquilo que é próprio ou peculiar de alguém ou de alguma coisa. 2. Condição, propriedade, qualidade. (Dicionário Michaelis online.)

13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma ideia completa de seus atributos?

“Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais tudo abarcar; mas sabei bem que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente e para as quais a vossa linguagem, limitada às vossas ideias e às vossas sensações, não tem absolutamente como exprimir. A razão vos diz, com efeito, que Deus deve possuir essas perfeições em grau supremo, pois se possuísse uma a menos, ou, então, se ela não estivesse num grau infinito, ele não seria superior a tudo e, por conseguinte, não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve sofrer vicissitude alguma, nem possuir nenhuma das imperfeições que a imaginação possa conce-ber.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – Grifo nosso.) 8. Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Temerário seria

aquele que pretendesse levantar o véu que o oculta de nossos olhos, falta-nos ainda o sentido que só se adquire pela completa depuração do espírito. Mas, se o homem não pode penetrar na essência de Deus, tendo como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, uma vez que, reconhe-cendo o que ele não pode absolutamente ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser.

Sem o conhecimento dos atributos de Deus, seria impossível compreender a obra da criação; é o ponto de partida de todas as crenças religiosas, e é por não terem se reportado a esses atributos, como ao farol capaz de orientá-las, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência, imaginaram vários deuses, as que não lhe atribuíram a soberana bondade, fizeram dele um Deus ciumento, colérico, parcial e vingativo.

(ALLAN KARDEC. A Gênese; capítulo II. CELD. – Grifo nosso.) Vejamos, a seguir, os atributos da divindade apresentados por Kardec em O

Livro dos Espíritos (nota à questão 13) e em A Gênese (capítulo II, itens 9 a 16).

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1 – Suprema e soberana inteligência:

9. Deus é a suprema e soberana inteligência. A inteligência do homem é limitada, uma vez que ele não pode fazer nem compreender tudo o que existe; a de Deus, abrangendo o Infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada em um ponto qualquer, poderíamos conceber um ser ainda mais inteligente, capaz de com-preender e de fazer o que o outro não faria, e assim por diante até o Infinito.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.) INTELIGÊNCIA – 1. Faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar;

entendimento, intelecto. 2. Compreensão, conhecimento profundo. (...) 4. Psicol. Capacidade de resolver situações novas com rapidez e êxito (medido na execução de tarefas que envolvam apreensão de relações abstratas) e, bem assim, de aprender, para que essas situações possam ser bem resolvidas. (...) (Dicionário Michaelis online.)

A nossa capacidade de discernimento, de compreensão permite-nos conceber uma inteligência suprema, acima de todas as inteligências, dentro do limite de nosso atual estado evolutivo.

• Mas qual é este limite? • Será que já alcançamos o nosso limite de compreensão sobre Deus e suas leis? • Ou será que estamos estabelecendo um limite ao nosso conhecimento por

preguiça ou comodismo?

2 – Eterno:

10. Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa alguma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se supuséssemos para Deus um começo ou um fim, poderíamos, portanto, conceber um ser como tendo existido antes dele ou podendo existir depois dele, e assim por diante, até o Infinito.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD. – Grifo nosso.) A nossa visão limitada sobre as coisas dificulta-nos conceber aquilo que vai

além dos limites em que nos colocamos. Tentamos atribuir a todas as coisas um início, um meio e um fim; mas não temos o domínio sobre a origem e o destino de tudo. Mas sabendo-se que tudo aquilo, de natureza espiritual ou material, que é criado por Deus, obedece cada qual uma lei, que é sempre a mesma (já que matéria é sempre matéria e espírito é sempre espírito), e que podemos conceber sempre algo que foi criado antes ou que será criado depois daquilo que hoje existe, poderemos concluir que estas leis, e, consequentemente, Deus, que as rege, são eternos.

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3 – Imutável:

É imutável; se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam. (...)

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, nota à questão 13. CELD.)

Mas, o que seria “estar sujeito a mudanças”? Nós, indivíduos e coletividade, passamos por constantes transformações, pois estamos em processo de evolução. Como indivíduos, passamos por mudanças físicas, intelectuais e morais. Como coletividade, passamos por mudanças de costumes, de culturas, de conhecimento. Assim como a matéria, que passa por constantes transfor-mações para manter o equilíbrio e a harmonia das forças físicas da Natureza. Como tudo é regido pela Lei de Deus, que é de eterno equilíbrio, estas trans-formações pelas quais passamos visam o nosso aperfeiçoamento, para que resplan-deçamos a beleza e as virtudes do nosso Criador. 4 – Imaterial:

12. Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos de matéria. De outra forma não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria.

Deus não tem uma forma apreciável pelos nossos sentidos, se tivesse, seria matéria. Dizemos: a mão de Deus, o olho de Deus, a boca de Deus, porque o homem, conhecendo só a si, toma-se como termo de comparação para tudo o que não compreende. São ridículas essas imagens em que Deus é representado pela figura de um ancião de longas barbas, envolto em um manto. Elas têm o inconveniente de rebaixar o ser supremo às mesquinhas dimensões da Humanidade, e daí a lhe atribuírem as paixões humanas e a fazerem dele um Deus colérico e ciumento, é só um passo.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.) Não fazemos ideia de como seja a essência de Deus. Isso mostra o quanto

estamos distantes do nosso pleno potencial para compreendê-lo. Contudo, sabemos que Deus não pode ser material, pois isso seria confundir o Criador com sua obra.

5– Infinitamente perfeito:

15. Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser possuindo o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, é preciso que ele seja infinito em tudo.

Sendo infinitos, os atributos de Deus não são passíveis de aumento nem de diminuição, sem isso não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se dele se tirasse

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a mínima parcela de um só dos seus atributos, não haveria Deus, uma vez que poderia existir um ser mais perfeito.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.)

E os espíritos, não podem se tornar perfeitos? Jesus disse: “Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mateus, V: 48). E Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo (capítulo XVII, item 2) explica que essas palavras não devem ser tomadas ao pé da letra, pois “se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ela se tornaria igual a ele, o que é inadmissível”. E acrescenta: “É preciso, portanto, entender, por essas palavras, a perfeição relativa, aquela de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade”. Desta forma, percebemos que, embora Deus seja o único detentor de todas as virtudes em grau infinito, ele nos permite desfrutar de uma perfeição relativa, na medida em que damos novos passos na infinita estrada ascensional do aperfeiçoamento. 6– Único:

(...) se houvesse vários deuses, não haveria unidade de vistas nem unidade de poder na ordenação do Universo.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, nota à questão 13. CELD.)

16. Deus é único. A unidade de Deus é consequência do infinito absoluto das suas perfeições. Só poderia existir outro Deus, sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, porque se houvesse a mais ligeira diferença entre eles, um seria inferior ao outro, subordinado ao seu poder, e não seria Deus. Se houvesse entre eles igualdade absoluta, existiria, desde sempre, um mesmo pensamento, uma mesma vontade e um mesmo poder; assim, confundidos em sua identidade, não haveria, na realidade, mais do que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um faria o que o outro não fizesse, e então, não existiria igualdade perfeita entre eles, uma vez que nem um nem outro possuiria a autoridade soberana.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.) Deus cria, mantém e dirige tudo o que há no Universo com suas leis sábias e

justas. E para que o Universo esteja em constante equilíbrio, é preciso que as suas leis sejam as mesmas em todos os lugares, em todos os momentos e para todos os seres, pois de outra forma não haveria unidade na sua forma de pensar.

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7– Todo-Poderoso:

(...) É Todo-Poderoso, porque é único. Se não possuísse o poder soberano, haveria algo mais poderoso ou tão poderoso quanto ele; não teria feito todas as coisas e as que não tivesse feito seriam obra de um outro Deus.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, nota à questão 13. CELD.)

13. Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, poderíamos conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até que se encontrasse o ser que nenhum outro pudesse ultrapassar em poder. Este, então, é que seria Deus. Ele não teria feito todas as coisas, e aquelas que ele não tivesse feito seriam obra de um outro deus.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.) 8– Soberanamente justo e bom:

(...) É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das Leis Divinas se revela nas menores coisas, como nas maiores; e essa sabedoria não permite duvidar nem de sua justiça nem de sua bondade.

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos, nota à questão 13. CELD.)

14. (...) Estas duas qualidades implicam todas as outras; se as supuséssemos limitadas, ainda que fosse em um único ponto, poder-se-ia conceber um ser que as possuiria em um grau mais alto, e que lhe seria superior.

(...) Ora, como as suas obras testemunham a sua sabedoria, a sua bondade e a sua solicitude, conclui-se que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele deve ser infinitamente bom.

A soberana bondade implica na soberana justiça, porque se Deus agisse injustamente ou com parcialidade em uma só circunstância, ou com relação a uma só das suas criaturas, não seria soberanamente justo e, consequentemente, não seria soberanamente bom.

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.) Para nos dar uma noção da bondade divina, Jesus faz a seguinte comparação: Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? Ou lhe

dará uma cobra, se este lhe pedir peixe? Ora, se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedem!

(JESUS. Mateus, capítulo VII, versículos 9 a 11. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

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Concluindo com Kardec... 19. Deus é, então, a suprema e soberana inteligência; é único, eterno, imutá-

vel, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as suas per-feições, e não pode ser diferente disso.

Esta é a base sobre a qual repousa o edifício universal; é o farol cujos raios se estendem sobre o Universo inteiro, e que sozinho pode guiar o homem na pesquisa da verdade; seguindo-o, ele nunca se transviará, e se ele frequentemente tem se desviado é por não ter seguido a rota que lhe era indicada. (...)

(ALLAN KARDEC. A Gênese, capítulo II. CELD.)

E o que acontece com aqueles que se transviam? Como a Lei de Deus atua quando desviamos da sua rota?

Veja também:

• O Livro dos Espíritos: questões 2, 21, 27, 78, 80. • O Evangelho Segundo o Espiritismo: capítulo VII, item 13; capí-

tulo XVII, itens 1, 2 e 3.

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Tema 5 – Lei de causa e efeito aliada à bondade de Deus

Objetivo:

• Perceber que Deus é bom quando me dá, quando me retira e quando me impede de ter

• Compreender que a lei de causa e efeito está aliada à bondade de Deus

A proposta para o estudo deste tema é uma análise dos casos anexos, em que devem ser respondidas as seguintes perguntas:

1. Qual a prova encarada em cada situação? 2. Qual a causa destas provas? Qual a necessidade de aprendizado de cada

personagem? 3. É possível identificar a Justiça e a Providência Divinas nestas provas? 4. Qual a postura de cada personagem diante da prova? Quais os efeitos gerados

por esta postura? Analisemos, a seguir, algumas respostas dadas pelos espíritos a Kardec sobre

o tema “Escolha das provas”: 258. No estado errante e antes de retomar uma nova existência corporal, o

espírito tem a consciência e a previsão das coisas que lhe acontecerão durante a vida? “Ele próprio escolhe o gênero de provas que quer experimentar e é nisso que

consiste o seu livre-arbítrio.” a) Então, não é Deus, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo? “Nada acontece sem a permissão de Deus, pois foi ele quem estabeleceu todas

as leis que regem o Universo. Perguntai, então, por que ele fez esta lei e não aquela! Dando ao espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe toda a responsabilidade de seus atos e de suas consequências; nada entrava o seu futuro; o caminho do bem se lhe abre, assim como o do mal. Se ele sucumbe, porém, resta-lhe uma consolação: é que nem tudo acabou para ele e que Deus, em sua bondade, deixa-o livre para recomeçar o que foi malfeito. Aliás, é preciso distinguir o que é a obra da vontade de Deus e o que é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que criastes esse perigo, foi Deus; tivestes, entretanto, a vontade de a ele vos expordes, porque vistes nisso uma possibilidade de adiantamento, e Deus o permitiu.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

259. Se o espírito escolhe o gênero de prova a que deve se submeter, daí se segue que todas as tribulações que experimentamos na vida foram previstas e escolhidas por nós?

“Todas, não é bem a palavra, pois não quer dizer que escolhestes e previstes tudo o que vos acontece no mundo, até as mínimas coisas; escolhestes o gênero de prova, os detalhes são consequência da posição e, frequentemente, de vossas próprias ações. Se o espírito quis nascer entre malfeitores, por exemplo, sabia a que arrasta-

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mentos se expunha, mas, não, cada um dos atos que viria a praticar; esses atos são o efeito de sua vontade, ou de seu livre-arbítrio. O espírito sabe que escolhendo tal caminho, terá tal gênero de luta a suportar; sabe, portanto, a natureza das vicissitudes que encontrará, mas não sabe se ocorrerá este ou aquele acontecimento. As parti-cularidades se originam das circunstâncias e da força das coisas. Apenas os grandes acontecimentos, os que influem no destino, estão previstos. Se tomas um caminho cheio de sulcos, sabes que terás que tomar grandes precauções, porque tens probabilidade de cair, mas não sabes em que lugar cairás e pode acontecer que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao passares por uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, como vulgarmente se diz.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.) E a respeito do tema “Justiça das aflições”, Kardec faz o seguinte comentário: Só na vida futura podem-se realizar as compensações que Jesus promete aos

aflitos da Terra; sem a certeza do futuro, essas máximas seriam um contrassenso, mais ainda, seriam um engodo. Mesmo com essa certeza dificilmente se compreende a utilidade do sofrimento para ser feliz. É, dizem, para haver mais mérito; mas, então, se pergunta: por que uns sofrem mais que outros? Por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada haverem feito para justificar essa posição? Por que uns não são bem-sucedidos em nada, enquanto que para outros tudo parece sorrir? Porém, o que se compreende ainda menos, é ver os bens e os males tão desigualmente partilhados entre o vício e a virtude; é ver os homens virtuosos sofrerem ao lado de perversos que prosperam. A fé no futuro pode consolar e inspirar paciência, mas não explica essas anomalias que parecem desmentir a Justiça de Deus.

Entretanto, desde que se admite Deus, não se pode concebê-lo sem o infinito das suas perfeições; ele deve ser todo poder, todo justiça, todo bondade, sem isso não seria Deus. Se Deus é soberanamente bom e justo, não pode agir por capricho nem com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa e, visto que Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que cada um deve se compenetrar. Pelos ensinamentos de Jesus, Deus permitiu que os homens viessem a compreender essa causa, e hoje, considerando-os bastante amadurecidos para compreendê-la, ele a re-vela inteiramente pelo Espiritismo, isto é, pela voz dos espíritos.

(ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, item 3. CELD.)

É possível, então, concluir, após a leitura destes textos, que a bondade de Deus

pode ser identificada na lei de causa e efeito, em cada uma das seguintes circuns-tâncias:

• A possibilidade de retorno à experiência encarnatória para dar continuidade ao nosso processo de aprimoramento. (Lucas, XV: 11 a 32.)

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• A possibilidade de recomeçar e corrigir o que foi malfeito, e aprender com a experiência.

• O amparo que recebemos para passar pelas provas. Amparo este que muitas vezes vai além do nosso merecimento.

• Os atenuantes que são incididos sobre as provas em consequência de nossas boas ações. Percebemos, então, que nossas ações no bem para conosco mesmo (Ex.:

postura de resignação diante das provas) e para com os outros dão causa a efeitos benéficos para ambos, tanto nesta como em futuras existências. E além disso, verifi-camos que a ideia da bondade e da Justiça de Deus nos consola diante das dores, e nos torna mais fraternos diante das dores do próximo.

Mas será este o único amparo que recebemos do Alto? Não há um meio de

entrarmos em comunicação com Deus para pedirmos outros tipos de recursos?

Veja também:

• O Livro dos Espíritos: questões 859a e 860. • O Evangelho Segundo o Espiritismo: capítulo V, itens 1 a 10.

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Tema 6 – A prece: recurso de ligação do homem a Deus

Objetivo:

• Compreender que a prece é um recurso para nos aproximarmos de Deus e entrarmos em comunicação com ele

Por que orar? Questão 659 – Qual o caráter geral da prece?

“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é colocar-se em comunicação com ele. Através da prece, podemos propor-nos a três coisas: louvar, pedir, agradecer.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – Grifo nosso.) LOUVAR – (...) 2. Aprovar, confirmar com elogio (um ato praticado por

outrem). (...) 4. Bendizer, enaltecer, exaltar, glorificar. (...) 6. Confiar-se: Louvo-me na providência divina. (...) (Dicionário Michaelis online.) É preciso nos colocarmos em uma posição de humildade que “é um ato de submissão a Deus” (O Evangelho Segundo o Espiritismo: capítulo VII, item 2), reconhecimento dos seus atributos, para podermos nos aproximar dele pelo pensamento.

9. A prece é uma invocação; por seu intermédio entramos em comunicação, pelo pensamento, com o ser a quem nos dirigimos. A prece pode ter por finalidade um pedido, um agradecimento ou uma glorificação. Podemos pedir por nós mesmos ou pelos outros, pelos vivos ou pelos mortos. As que são endereçadas a Deus são ouvidas pelos espíritos encarregados da execução da sua vontade; as que são dirigidas aos bons espíritos são igualmente levadas a Deus. Quando oramos para outros seres, que não a Deus, eles são apenas intermediários, intercessores, porquanto nada pode ser feito sem a vontade divina.

(ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII. CELD.)

Quando, através da invocação, estabelecemos comunicação com Deus, pode-mos, então fazer nossos pedidos e nossos agradecimentos.

• Podemos pedir pela nossa melhora moral:

Questão 660 – A prece torna o homem melhor? “Sim, pois aquele que ora com fervor e confiança torna-se mais forte contra as

tentações do mal e Deus lhe envia bons espíritos para assisti-lo. É um socorro que jamais é recusado, quando é pedido com sinceridade.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.)

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• Podemos pedir o alívio das nossas provas:

Questão 663 – As preces que façamos por nós mesmos podem mudar a natureza de nossas provas e desviar-lhes o curso?

“Vossas provas estão nas mãos de Deus e há algumas que devem ser suportadas até o fim; mas, então, Deus leva sempre em consideração a resignação. A prece chama para junto de vós os bons espíritos, que vos dão a força para suportá-las com coragem e elas vos parecem menos rudes. Já o dissemos, a prece nunca é inútil, quando benfeita, porque ela fortalece e isto já representa um grande resultado. Ajuda-te a ti mesmo e o céu te ajudará, sabes disso. Além disso, Deus não pode mudar a ordem da Natureza, à vontade de cada um, pois o que representa um grande mal, do vosso ponto de vista mesquinho e do da vossa vida efêmera, é, frequentemente, um grande bem na ordem geral do Universo; e depois, quantos males não existem de que o homem é o próprio autor pela sua imprevidência ou pelas suas faltas! Ele é punido por aquilo em que pecou. Entretanto, os apelos justos são atendidos, mais frequen-temente do que pensais; acreditais que Deus não vos escutou, porque não fez um milagre por vós, ao passo que ele vos assiste por meios tão naturais que vos parecem o efeito do acaso ou da força das coisas; geralmente, também, frequentemente mes-mo, ele vos sugere o pensamento preciso para sairdes, por vós mesmos, da dificul-dade.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD.) • Podemos, inclusive, pedir bens materiais:

(...) É possível pedir coisas materiais que desejamos muito para o nosso bem-estar e dos nossos familiares, como, por exemplo, pedir uma casa para morar. Oramos e oramos, e esperamos. Se merecemos, é evidente que a resposta divina será favo-rável, mas se não merecemos, Deus, também, não nos deixará sem resposta, Ele providenciará, através dos espíritos que o representam, uma outra questão com a qual passaremos a nos preocupar, o que nos acalmará o coração quanto ao pedido que ainda não pode ser considerado.

(LAMARTINE PALHANO JÚNIOR. O Livro da Prece, capítulo 5. Editora 3 DE OUTUBRO.)

Todos os nossos pedidos são ouvidos por Deus, mas nem todos são atendidos

da forma que esperamos... 5. “Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis, e vos será

concedido.” (Marcos, XI: 24.)

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6. Há pessoas que contestam a eficácia da prece, baseando-se no princípio de que, sendo Deus conhecedor de todas as nossas necessidades, é inútil expô-las a ele. Acrescentam ainda que nossas súplicas não podem mudar os desígnios de Deus, porquanto tudo no Universo se encadeia por leis eternas.

Há leis naturais e imutáveis que, sem dúvida alguma, Deus não pode anular segundo o capricho de cada um, mas daí a crer que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, a distância é muito grande. Se assim fosse, o homem seria apenas um instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe restaria curvar a cabeça sob a ação dos acontecimentos, sem procurar evitá-los, e não deveria procurar esquivar-se dos perigos. Deus não lhe deu a razão e a inteligência para que não se servisse delas, a vontade para não querer, a atividade para ficar inativo. Sendo o homem livre para agir em todos os sentidos, seus atos têm, para si e para os outros, consequências subordinadas ao que ele fez ou deixou de fazer. Por conseguinte, por sua iniciativa, há acontecimentos que, forçosamente, escapam à fatalidade, e que não destroem a harmonia das leis universais, da mesma forma que o avanço ou o atraso dos ponteiros de um relógio não destrói a lei do movimento, sobre a qual está estabelecido o seu mecanismo. Deus pode, portanto, concordar com certos pedidos, sem anular a imutabilidade das leis que regem o conjunto, ficando o atendimento desses pedidos sempre subordinado à sua vontade. (ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII. CELD. –

Grifo nosso.) Somos atendidos dentro das nossas necessidades e não de acordo com os

nossos desejos. Pois, conforme diz Emmanuel no livro Trevo de Ideias, “se todos nós alcançássemos satisfação imediata dos mínimos desejos (...), o desequilíbrio e o infortúnio campeariam em todas as direções”.

Desta forma, o agradecimento mostra-se essencial na prece, pois através do sentimento de gratidão a Deus pelas dádivas que recebemos (inclusive as que nem tomamos conhecimento), tanto quanto pelos bens que “perdemos” ou não conse-guimos obter, reconhecemos a sabedoria e a bondade divinas na condução de nossas vidas.

Quando orar?

“O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar para ela o retorno à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas bem poucos sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que juntais, maquinalmente, umas às outras, porque tendes o hábito de repeti-las, porque é um dever que deveis cumprir e, como todo dever, ele vos pesa.

A prece do cristão, do espírita, qualquer que seja o culto, deve ser feita logo que o espírito retoma o domínio da carne e deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, do mais profundo da alma, em um impulso de reconhecimento por todos os

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benefícios recebidos até o dia presente; pela noite transcorrida, e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem o saber, encontrar-se com os amigos, com os guias, para rece-ber na companhia deles mais força e mais perseverança. (...)

Quando uma alegria vos chega, quando um acidente é evitado, ou mesmo quando uma contrariedade vos atinge apenas levemente, não é um ato de reconhe-cimento elevar o vosso pensamento a Deus e dizer mentalmente: “Sede bendito, meu Pai?”! Não é um ato de contrição quando, ao sentirdes que haveis falhado, vos dirigis ao Juiz Supremo e dizeis, mesmo que por um rápido pensamento “Perdoai-me, meu Deus, porque pequei (por egoísmo, por orgulho ou por falta de caridade); dai-me forças para não errar novamente e coragem para reparar a minha falta?”!

Isso deve acontecer independente das preces regulares da manhã, da noite e dos dias consagrados; como vedes, a prece pode ser feita em todos os instantes, sem trazer nenhuma interrupção aos vossos trabalhos, ao contrário, ela os santifica quando é feita assim. Tende a certeza de que um só desses pensamentos, saído do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai Celestial que as longas preces ditas por hábito, muitas vezes sem causa que as determine, e das quais a hora convencionada vos lembra automaticamente.

V. Monod (ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII, item 22.

CELD.) Como orar? Questão 658 – A prece é agradável a Deus?

“A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois a intenção é tudo para ele; a prece feita de coração é preferível àquela que podes ler, por mais bela que seja, se a lês mais com os lábios do que com o pensamento. A prece é agradável a Deus, quando dita com fé, fervor e sinceridade; mas não creias que ele seja tocado pela do homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que represente, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.”

(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. – Grifo nosso.) Assim, percebemos que não há um “procedimento padrão” para orar. A única

condição para que a prece seja agradável a Deus é a intenção. Pois, conforme diz Léon Denis no livro No Invisível, a prece, para ser eficaz, “não deve ser uma recitação banal, uma fórmula aprendida, porém muito mais um apelo do coração, um ato da vontade que atrai para si o fluido universal, as vibrações do dinamismo divino.” (Ver Anexo 12 – A prece de Ismália.)

4. As qualidades da prece são claramente definidas por Jesus; quando orardes,

disse ele, não vos coloqueis em evidência, mas orai em segredo; não vos preocupeis em orar muito, porque não é pela quantidade de palavras que sereis atendidos, mas

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pela sua sinceridade; antes de orar, se tendes qualquer coisa contra alguém, perdoai-o, porque a prece não poderá ser agradável a Deus se não partir de um coração purifi-cado de todo sentimento contrário à caridade; orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai vossos defeitos, e não vossas qualidades, e se vos comparardes aos outros, procurai o que há de mau em vós. (...) (ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXVII. CELD. –

Grifo nosso.) Outra condição destacada por Kardec como necessária na prece é o recolhi-

mento. Palhano Jr. em O Livro da Prece ensina um método de oração, baseado em experiências realizadas no Círculo de Pesquisa Espírita – CIPES, que consiste nos seguintes passos: quietude, meditação, vigilância, prece e resposta divina. Uma descrição resumida de cada passo é apresentada a seguir no Anexo 9.

Veja também:

• O Evangelho Segundo o Espiritismo: capítulo XXVII, itens 10 a 21 e 23; capítulo XXVIII, itens 2, 3, 28 e 29.

• Depois da Morte: capítulo LI.

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Conclusão do Encontro Na busca pela compreensão da ideia de Deus, percebemos que é necessário

nos elevarmos acima da matéria, para alcançarmos pelo pensamento uma ideia mais adequada sobre algumas das suas perfeições (O Livro dos Espíritos, questão 12). Essa ideia de um ser supremo, justo e bom nos consola e nos dá maior segurança diante das provas da vida. Além disso, a possibilidade de comunicação com o Pai, através da prece, nos dá a certeza de que não somos abandonados no mundo à própria sorte.

Desta forma, vemos com um dos guias espirituais de nossa Casa que: “A Doutrina Espírita nos favorece esse entendimento, comprovando as suas

teses. Que, de nossa parte, saibamos não só falar de Deus, mas comprovar sua existência em nós. (...)” (Hermann – Anexo 2.)

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ANEXO 1 – Tema 1

Deus, o grande Pai “Que o vosso coração não se perturbe. Crede em Deus, crede também e mim. Há muitas moradas

na Casa de meu Pai.” (ALLAN KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 2. ed. CELD, 2003. Cap. III, item 1.)

Pela graça infinita de Deus, paz! Balthazar, pela graça de Deus. O texto inicial nos lembra Deus e sua presença imanente em toda a Terra, em

todos os seres. Quando, nos dias de hoje, a sociedade terrena busca o equilíbrio e a solução

para os seus problemas, muitos olham em derredor e nos falsos líderes não encontram a solução nem a resposta para as suas inquietações, restando-lhes buscar, então, humi-lhados, cansados, a Deus, o grande Pai. Isso, que deveriam fazer desde o início das suas lutas, só o fazem depois de algum sofrimento.

Por outro lado, aqueles que oram, os que pensam em Deus, os que acreditam na figura paternal que a todos nós mantém, os que sabem que Deus existe, e têm disso certeza, olham para a paternidade divina e nela encontram solução para todas as suas dificuldades. Que o digam os que sofrem a dor da orfandade, os que passam pelo sofrimento que a viuvez provoca! Que o digam os que perderam seus entes queridos, mas que não perderam a confiança na Misericórdia Divina!

Todos os que guardam a marca da dor no coração lembram-se de Deus. Entretanto, necessariamente, o homem não precisa sofrer para encontrar a Deus. Na felicidade, também buscamos a força maior; na alegria, também buscamos a força que tudo constrói; na pacificação, buscamos, também, a Deus.

Todos os que estamos ligados à ideia de uma paternidade maior devemos buscar Deus. Com a confiança plenificada, com o sentimento perfeitamente cheio de convicção da existência de Deus, saibamos caminhar e, quais os antigos cristãos, saibamos proclamar, para quem quiser ouvir, que acreditamos em Deus, que somos de Deus e que estudaremos, aprenderemos e vivenciaremos tudo o que se refere a Deus. Em todos os momentos da vida proclamaremos a existência de Deus, o Pai.

Léon Denis assim o fez, como líder religioso dos espíritas: em sua época, jamais deixou de falar de Deus. Que nós outros saibamos também honrar a determinação desse espírito que homenageamos sempre. Saibamos com ele dizer: Deus existe! Eu o sinto e compreendo!

Que Deus esteja conosco, agora e sempre! Balthazar, pela graça infinita de Deus.

Balthazar (Psicofonia de Altivo C. Pamphiro. Pela Graça Infinita de Deus, volume 1, lição 30.

CELD.)

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ANEXO 2 – Tema 1

A ideia de Deus “(...) O progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, (...) nada é

estacionário na Natureza. Quanto essa ideia é grande e digna da majestade do Criador! E quanto, ao contrário, é pequena e indigna do seu poder a ideia que concentra sua solicitude e sua providência sobre o imperceptível grão de areia que é a Terra, e restringe a Humanidade a alguns homens que a habitam!” (ALLAN KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 2. ed. CELD, 2003. Cap. 3, item 19.)

Deus ajude e abençoe a todos nós, nas múltiplas oportunidades que temos de

agir em torno da elevação espiritual. A crença absoluta em Deus, a crença no ser que, acima de tudo, há de nos conduzir, mercê de sua bondade, compreensão e tolerância, nos dará força para a aquisição de valores que nos ajudarão a enfrentar os problemas e superar as dificuldades.

Hoje, quando os homens da Terra se deixam levar pelo materialismo, isolados das verdades espirituais, priorizando a posse do dinheiro, com seu egoísmo disfar-çado; quando vemos as criaturas domarem os seus sentimentos e deixarem à solta a intolerância, nos seus variados aspectos, sentimos, de modo crescente, o quanto é importante infundirmos em nós a ideia de Deus. Pois que somente Deus será capaz de inspirar o respeito do homem pelo homem; somente Deus será capaz de ensinar a convivência pacífica, sem subjugação; somente a ideia de Deus fará com que o homem multiplique os seus recursos, não para dominar o mundo, mas para fazer com que a sociedade avance em moralidade e em equilíbrio; somente a ideia de Deus fará com que o homem aja de modo a criar condições para que todos sejam felizes; somente a ideia de Deus dará ao homem um sentimento profundo de religiosidade.

Para que a ideia de Deus cresça em nós, é preciso que, todos sintamos a Deus, multipliquemos a comprovação da sua existência e façamos com que ele esteja presente em todos os atos da vida, não apenas na difusão, mas na demonstração de um Deus vivo em torno de todos nós.

A Doutrina Espírita nos favorece esse entendimento, comprovando as suas teses. Que, de nossa parte, saibamos não só falar de Deus, mas comprovar sua existência em nós.

Despedimo-nos de todos, desejando-lhes paz e equilíbrio e que cada um, dentro do âmbito de suas ações, demonstre que Deus está presente em todos os momentos da vida.

Que ele nos ajude, abençoe e proteja, hoje e sempre! Muita paz!

Hermann (Psicofonia de Altivo C. Pamphiro. Palavras do Coração, volume 1, lição 24.

CELD.)

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ANEXO 3 – Tema 1

Falta de Deus “(...) Sede felizes segundo as necessidades da Humanidade, mas que em vossa felicidade não entre

jamais nem um pensamento nem um ato que possa ofender, ou fazer entristecer a face daqueles que vos amam e dirigem. Deus é amor, e abençoa aqueles que amam santamente.” (ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XVII, item 10. CELD.)

Prezados irmãos, em tudo que observamos diante de todas as lutas por que a Humanidade vem passando, analisando detidamente os problemas do mundo, conclui-se, com certa facilidade, que o homem tem falta de Deus no coração. A custa de vencer no mundo, com os desejos aliciados por prazeres ou por sugestões de ganho fácil, o homem vai se deixando envolver pelas ideias mais esquisitas, abandonando a sua natureza divina como se ele vivesse apenas no presente ou ainda, como se todos os valores do espírito devessem ficar para trás, dando-se importância apenas aos valores momentâneos da vida atual. O homem esquece sua natureza divina, por isso, após algum tempo de luta, ele teme, ele treme e ele foge. Observamos os suicídios diretos e os indiretos, observamos as lutas entre os povos, observamos as lutas pela hegemonia de países ditos desenvolvidos e ainda observamos homens com a sua cultura diminuindo, homens cujo progresso ainda é incipiente.

Em tudo temos a razão preponderando sobre o sistema da mente e do coração; vemos assim, caros irmãos, que a Humanidade caminha a passos largos para um processo de autodestruição. Isto por quê? Porque o homem esqueceu Deus.

Por isso, que o crente, o espírita, o trabalhador cristão de um modo geral não pode e nem deve deixar de lado a ideia de Deus no seu coração; e mais, suas atitudes, todos os seus comportamentos devem ter em conta que ele, o homem, está diante de Deus e que terá que prestar contas a Deus. Ainda que isto possa parecer fraqueza aos olhos de alguns, mas o homem deve ter a coragem moral de sentir Deus, pensar em Deus, agir em nome de Deus para o bem de todos nós.

O tempo, como na época de Jesus, é de desajuste, desencanto, descrença. Debaixo de muitas dores existem sofrimentos inimagináveis; debaixo de muita

alegria também existem esses sofrimentos. Somente a fé em Deus poderá sustentar e equilibrar as grandes camadas dos chamados felizes e infelizes da Terra; somente a crença em Deus poderá equilibrar esse grave momento pelo qual toda a Humanidade passa.

Lutemos, caros irmãos, para que Deus esteja presente em nós agora e sempre. Que ele nos ajude e abençoe!

Hermann (Mensagem psicofônica recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, no CELD, em

16/11/1991.)

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ANEXO 4 – Tema 2

A ideia religiosa É fora de dúvida que a ideia de Deus é inata na alma dos homens. Nos

primórdios da história humana, o homem, estando em sua infância espiritual, olhava para o alto, procurando o significado do Sol, da Lua, das estrelas e, amedrontado, tremia diante dos fenômenos berrantes da Natureza, escondendo-se dos trovões e admirando-se de tudo o que lhe era desconhecido e grandioso à sua visão imatura.

Com o correr das idades, o pensamento foi sendo cada vez mais elaborado e ganhou continuidade plena, cada vez mais rápido e lúcido, possibilitando os primeiros contatos com os espíritos, que sugeriam, em intuições e visões, novas luzes e descobertas.

Sem compreender bem o que se passava, o homem deu início ao ato de adoração, exaltando tudo o que não compreendia e temia: o fogo, os relâmpagos, as tempestades. Depois, com a necessidade de ter um deus palpável e tangível, transferiu sua atenção para as coisas, para os animais, seres que só a imaginação pode criar, idealizando imagens de madeira ou de pedra, objetivando o rito religioso que lhe nascia, sem nem mesmo compreender, ainda, a existência do Criador.

Surgiram os deuses, os Elohins, os Baals, as Dianas, os Cronos, mas a ideia central, cada vez mais forte, procurava o centro do poder mantenedor de todas as coisas. Em época bem mais adiantada do primitivismo, a Mitologia foi sendo construída na poesia dos homens, em torno de um deus principal, surgindo Zeus e depois Júpiter.

Entrementes, desenvolvia-se, ao lado do politeísmo, a ideia de um Deus único, Todo-Poderoso, o maior entre os Elohins, o grande Eloíh, que, sob a tutela lendária de Moisés, tornou-se Yahweh, o Deus dos espíritos, o único, o santo dos Hebreus.

Sob a influência religiosa dos povos politeístas e adoradores dos ídolos de pedra, não conseguiram escapar à tentação da idolatria, tendo seus reis adorado aos diversos deuses pagãos, participando, inclusive, dos ritos com sacrifícios humanos. Houve por bem, à direção espiritual do povo hebreu, mediante as necessidades de evolução natural, lançar mão de métodos educativos e seletivos, mesmo dolorosos, para que a ideia de um só Deus permanecesse.

O povo escolhido foi sendo separado, até que se estabilizou os sítios de Judá, depois do cativeiro, com todas as ideias babilônicas concentradas e adaptadas ao modo de ser da tradição hebraica, reunidas nos princípios religiosos do Judaísmo. Mas, o conhecimento das leis morais, superiores às leis proibitivas do Decálogo Mosaico, já estava consolidado nas Escrituras, espalhando os Salmos, as Crônicas, nas Lamentações, no Eclesiastes, no Eclesiástico, e nas palavras dos profetas Isaías e Daniel, sem chance de se dizer que não se sabia da Verdade.

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Os líderes religiosos, porém, preferiram permanecer no culto externo,

proposto pela letra da Lei, a prosseguir no esforço de transformação moral e da elevação espiritual. A letra fria da Lei garantia o controle do vulgo, sob o guante pesado da lei de talião, do “dente por dente, olho por olho” e, pior, morte ao infiel e blasfemo, esquecendo-se de que eles mesmos transgrediam, assim, o 5o mandamento.

Jesus de Nazaré veio no momento preciso, para definir, de vez, onde estava o caminho para as verdades divinas, que foram anotadas pelos profetas, ao longo dos séculos. O farisaísmo estava instalado nos corações endurecidos e incapazes de perceber a grandiosa mensagem do Mestre Galileu. O Cristo, tão esperado, foi sacrificado, como a figura passiva do cordeiro pascal. A cruz de suplício humano, inventada pelo próprio homem, tornou-se o marco entre as fronteiras do mundo temporal e do espiritual. Permaneceram no mundo os discípulos e apóstolos que testemunharam, anotaram, exemplificaram e deram suas vidas pela verdade revelada, beberam do mesmo cálice de amarguras que o Mestre bebeu.

Escorregadios, os homens chamados a conduzir os ensinos, “doutos e pru-dentes”, obedecendo aos poderes atávicos de suas experiências existenciais passadas, como sacerdotes do mundo, deram preferência às demonstrações e usufruto dos po-deres temporais, esquecendo-se novamente da ordem sublimada de amor incondi-cional, a única coisa realmente necessária.

Novamente os séculos se passaram e deu-se continuidade às ideias farisaicas das aparências. Vieram os engodos e os crimes em nome de Deus e do Cristo. Até que outra chance, anteriormente anunciada, foi providenciada – a vida do outro Consolador, para atender aos apelos dos que já estavam sensíveis às Verdades Cristãs legítimas.

O Espiritismo, sob a direção do Espírito de Verdade, reuniu todo o ensina-mento perdido. Ele veio, como prometido, como o novo ajudador, o advogado dos mansos e humildes de coração, para ensinar todas as coisas e permanecer para sempre com aqueles de boa vontade, que, procurando a presença divina, veem a sua luz, como filhos do Deus único, Pai e Criador. O Espiritismo veio trazer o verdadeiro aspecto da religião natural e verdadeira, na mais sublimada ideia religiosa de todos os tempos, que liberta, que redime e que mostra o Caminho, a Verdade e a Vida Eterna.

Léon Denis (Mensagem psicografada no CIPES em 11/8/1998. Teologia Espírita.

LAMARTINE PALHANO JÚNIOR.)

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ANEXO 5 – Tema 3

Deus

Universo é obra inteligentíssima, obra que transcende a mais genial inteli-gência humana. E, como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência. É a inteligência das inteligên-cias, a causa das causas, a lei das leis, o princípio dos princípios, a razão das razões, a consciência das consciências; é Deus! Deus!... nome mil vezes santo, que Isaac Newton jamais pronunciava sem descobrir-se!...

É Deus! Deus, que vos revelais pela Natureza, vossa filha e nossa mãe. Reconheço-vos eu, Senhor, na poesia da Criação, na criança que sorri, no ancião que tropeça, no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que vela, no pai que instrui, no apóstolo que evangeliza!

Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, no amor da esposa, no afeto do filho, na estima da irmã, na justiça do justo, na misericórdia do indulgente, na fé do pio, na esperança dos povos, na caridade dos bons, na inteireza dos íntegros!

Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, no estro¹ do vate², na eloquência do orador, na inspiração do artista, na santidade do moralista, na sabedoria do filósofo, nos fogos do gênio!

Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, na flor dos vergéis³, na relva dos vales, no matiz dos campos, na brisa dos prados, no perfume das campinas, no murmúrio das fontes, no rumorejo das franças, na música dos bosques, na placidez dos lagos, na altivez dos montes, na amplidão dos oceanos, na majestade do firmamento!

Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, nos lindos antélios4, no íris multicor, nas auroras polares, no argênteo5 da Lua, no brilho do Sol, na fulgência das estrelas, no fulgor das constelações!

Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, na formação das nebulosas, na origem dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das humanidades; na maravilha, no esplendor, no sublime do Infinito!

Deus! Reconheço-vos eu, Senhor, com Jesus, quando ora: "Pai nosso que estais nos céus..." ou com os anjos, quando cantam: "Glória a Deus nas alturas..."

Aleluia! Eurípedes Barsanulfo

(Texto escrito por Eurípedes ainda encarnado, em Sacramento, no dia 18/1/1914. Eurípedes – o homem e a missão. 7a edição; orelha da capa. CORINA NOVELINO.)

NOTAS (Dicionário Michaelis online): 1 – Estro: Entusiasmo artístico; veio, gênio, inspiração. (...) 2 – Vate: 1. Aquele que fez vaticínios; profeta. 2. Poeta ao qual eram atribuídos dons proféticos, especialmente na Roma antiga. (...) 3 – Vergel: Jardim, pomar. 4 – Antélio: Imagem difusa do Sol, por efeito de reflexão no ponto do horizonte oposto ao daquele astro. 5 – Argênteo: 1. Feito de prata. 2. Brilhante como prata. 3. Branco como a cor da prata. 4. Que soa como prata.

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ANEXO 6 – Tema 5

O médico Eu conheci um médico que tinha uma prova muito interessante, ele não

conseguia ir para frente no seu consultório. Uma pessoa capaz, competente. Ele conseguiu um emprego público, em que não ganhava muito, mas dava estabilidade. Um dia sua esposa perguntou ao Chico Xavier por que o Fulano passava tanta dificuldade. Chico respondeu que ele tinha sido um homem chamado Necker, que gastou a fortuna de todo mundo e se comprometeu com o dinheiro dos outros. Mas ele não fez nada por mal, foi pura má administração. Ele estava aprendendo a valorizar o povo.

Ele era um homem bom, conseguiu fazer o Curso de Medicina e aquela dificuldade de ir para frente foi uma prova; ele estava aprendendo administrar, estava pensando melhor e passando por um aprendizado de vivência humana, aprender a ser humano.

Quando pensamos melhor, adquirimos conhecimentos para chegarmos à sabedoria.

Qual foi o conhecimento que ele adquiriu nessa provação de ser um médico que não conseguia ir para frente? Aprender a viver com pouco, limitar os anseios, aprender a fazer as coisas moderadamente, esperar o tempo para fazer as coisas. Isso só num campo, o das finanças. Foi aprendendo a viver com o que possuía. Ele aprendeu a conhecer seus limites e chegou à sabedoria. Na próxima existência, quando ele tiver adquirido esses conhecimentos, deixará de passar por provas ou dificuldades, porque já sabe pensar, administrar, já resolveu todos os assuntos, adquiriu conhecimento e o conhecimento se adquire pelo intelecto e pela experiência.

(Aula dada por Altivo Pamphiro ao grupo de estudos do Encontro Espírita

sobre Medicina Espiritual em 31/3/2005.)

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ANEXO 7 – Tema 5

A história de Jó Havia na terra de Hus um homem chamado Jó. Era um homem íntegro e reto,

que temia a Deus e se afastava do mal. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía sete mil ovelhas, três mil

camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas mulas e servos em grande número. Era, pois, o mais rico de todos os homens do Oriente. (...) Ora, um dia em que os filhos e filhas de Jó comiam e bebiam vinho na casa do irmão mais velho, chegou um mensageiro à casa de Jó e lhe disse: “Estavam os bois lavrando e as mulas pastando ao lado deles, quando os sabeus caíram sobre eles, passaram os servos ao fio da espada e levaram tudo embora. Só eu pude escapar para trazer-te a notícia”. Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Caiu do céu o fogo de Deus e queimou ovelhas e pastores e os devorou. Só eu pude escapar para trazer-te a notícia.” Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Os caldeus, formando três bandos, lançaram-se sobre os camelos e levaram-nos consigo, depois de passarem os servos ao fio da espada. Só eu pude escapar para trazer-te a notícia”. Este ainda falava, quando chegou outro e disse: “Estavam teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo na cãs do irmão mais velho, quando um furacão se levantou das bandas do deserto e abalou os quatro cantos da casa, que desabou sobre os jovens e os matou. Só eu pude escapar para trazer-te a notícia”. Então Jó se levantou, rasgou seu manto, rapou sua cabeça, caiu por terra, inclinou-se no chão e disse: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. Iahweh o deu, Iahweh o tirou, bendito seja o nome de Iahweh”. Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado nem imputou nada de indigno contra Deus. (...) [Num outro dia, Jó foi acometido com chagas malignas desde a planta dos pés até o cume da cabeça.]* Então Jó apanhou um caco de cerâmica para se coçar e sentou-se no meio da cinza. Sua mulher disse-lhe: “Persistes ainda em tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre duma vez”! Ele respondeu: “Falas como uma idiota: se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males”? Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado com seus lábios. Três amigos de Jó – Elifaz de Temã, Baldad de Suás e Sofar de Naamat – ao inteirar-se da desgraça que havia sofrido, partiram de sua terra e reuniram-se para ir compartilhar sua dor e consolá-lo. Quando levantaram os olhos, a certa distância, não o reconheceram mais. Levantando a voz, romperam em prantos; rasgaram seus mantos e, a seguir, espalharam pó sobre a cabeça. Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofri-mento.

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Enfim, Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento. Jó tomou a palavra e disse: “Pereça o dia que me viu nascer, a noite que disse: ‘Um menino foi concebido’! (...) Por que não morri ao deixar o ventre materno ou pereci ao sair das entranhas? (...) Sucede-me o que mais temia, o que mais me aterrava acontece-me. Para mim, nem tranquilidade, nem paz, nem repouso: nada além de tormento!” Elifaz de Temã tomou a palavra e disse: “Se alguém se dirigisse a ti, perderias a paciência. Porém, quem pode refrear-me as palavras? Tu que a tantos davas lições e fortalecias os braços desfalecidos, com tuas palavras levantavas o trôpego e sustentavas joelhos cambaleantes. E hoje que é a tua vez, vacilas? (...) Tua piedade não é tua segurança, tua esperança não é uma vida íntegra? (...) Aqueles que cultivam a desgraça e semeiam o sofrimento são também os que os colhem”. Jó tomou a palavra e disse: “Ah, se pudessem pesar minha aflição e pôr na balança meu infortúnio, seriam mais pesados que a areia do mar, por isso as minhas palavras são desvairadas”. Baldad de Suás tomou a palavra e disse: “Até quando falarás dessa maneira? As palavras de tua boca são um vento impetuoso. (...) Teu passado parecerá pouca coisa diante da exímia grandeza de teu futuro”. Jó tomou a palavra e disse: “Sei muito bem que é assim: poderia o homem justificar-se diante de Deus? (...) Ainda que tivesse razão, ficaria sem resposta, teria que implorar misericórdia de meu juiz. (...) Mesmo que eu fosse justo, sua boca condenar-me-ia; se fosse íntegro, declarar-me-ia culpado. Sou íntegro? Eu mesmo já não sei, e rejeito minha vida! É por isso que digo: é a mesma coisa! Ele extermina o íntegro e o ímpio!” (...) Sofar de Naamat tomou a palavra e disse: “O falador ficará sem resposta? Dar-se-á razão ao eloquente? (...) Se apenas Deus falasse, abrisse os lábios por tua causa, revelar-te-ia os segredos da Sabedoria, que desconcertam toda sensatez! Então saberias que Deus te pede contas da tua falta”. Jó tomou a palavra e disse: “Realmente sois a voz do povo e convosco morrerá a sabedoria. (...) Tudo isso meus olhos viram e meus ouvidos ouviram e entenderam. O que vós sabeis, eu tam-bém o sei, e não sou em nada inferior a vós”. Aqueles três homens não responderam mais a Jó, por que ele teimava em considerar-se justo. Então inflamou-se a ira de Eliú, filho de Baraquel, de Buz, da família de Ram; indignou-se contra Jó, porque pretendia ter razão contra Deus. (...)

Então Eliú, filho de Baraquel, de Buz, interveio dizendo: “Sou ainda muito jovem, e vós sois anciãos; por isso, intimidado, não me atrevia a expor-vos o meu conhecimento.

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Disseste em minha presença, ouço ainda o eco de tuas palavras: ‘Sou puro,

não tenho delito; sou limpo e se falta. E contudo, ele encontra queixas contra mim e me considera seu inimigo. Coloca meus pés no cepo e vigia todos os meus passos’. Não tens razão nisto, eu te digo, pois Deus é maior do que o homem. Como te atreves a acusá-lo: é porque não te responde palavra por palavra? Deus fala de um modo e depois de outro, e não prestamos atenção”. (...) Eliú prosseguiu dizendo: “Julgas ter razão, pretendendo justificar-te aos olhos de Deus? Já que dizes: ‘Que te importa? Que vantagem tenho se tivesse ou não pecado’? (...) A tua maldade só concerne aos que são como tu; tua justiça, só concerne aos mortais. (...) Vê, Deus é poderoso, ele não caçoa, ele é poderoso pela firmeza de seu pensamento”. Então Iahweh respondeu a Jó do seio da tempestade, e disse: “Quem é esse que obscurece meus desígnios com palavras sem sentido? (...) Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra? Dize-mo, se é que sabes tanto. (...) Jó respondeu a Iahweh: “Reconheço que tudo podes e que nenhum dos teus desígnios fica frustrado. Quem é aquele que vela teus planos com propósitos sem sentido? Falei de coisas que não entendia, de maravilhas que me ultrapassam”. (...) Quando Iahweh acabou de dirigir a Jó essas palavras, disse a Elifaz de Temã:

“Estou indignado contra ti e teus dois companheiros, porque não falastes corretamente de mim, como o fez meu servo Jó. Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros e dirigi-vos ao meu servo Jó. Oferecei-os em holocausto, e ele intercederá por vós”. (...)

Então Iahweh mudou a sorte de Jó, quando intercedeu por seus companheiros, e duplicou todas as suas posses. Vieram visitá-lo seus irmãos e suas irmãs e os antigos conhecidos; almoçaram em sua casa, consolaram-no e confortaram-no pela desgraça que Iahweh lhe tinha enviado; cada um ofereceu-lhe uma soma de dinheiro e um anel de ouro. Iahweh abençoou a Jó pelo fim de sua vida mais do que no princípio; possuía agora catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Teve sete filhos e três filhas: a primeira chamava-se “Rola”, a segunda “Cássia”, e a terceira “Azeviche”. Não havia em toda a terra mulheres mais belas que as filhas de Jó. Seu pai lhes repartiu heranças como a seus irmãos.

Depois desses acontecimentos, Jó viveu 140 anos, e viu seus filhos e os filhos de seus filhos até à quarta geração. E Jó morreu velho e cheio de dias.

(Trechos do Livro de Jó – Antigo Testamento. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus.)

* NOTA DA EQUIPE DO ENCONTRO: Resumo nosso dos versículos 1 a 7 do capítulo 2.

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ANEXO 8 – Tema 5

Psicose afetiva André Luiz e Calderaro, seu orientador e instrutor, foram atender Antonina

que estava próxima de cometer suicídio. Chegando à sua residência, confortável e modesta, perceberam a presença de várias entidades infelizes. Encontraram a jovem mulher em um humilde aposento em convulsivo pranto, dominada por desespero incoercível. Estava com extremo desequilíbrio mental, que se estendia a todos os centros vitais do campo fisiológico. Estava pronta para suicidar-se a noite, mas segundo observação de Calderaro, ela iria receber auxílio das forças divinas.

Antonina era órfã de pai desde muito cedo, começando a trabalhar com oito anos de idade para sustentar a mãe e a irmã mais nova. Passou a infância e a juventude em sacrifícios, ignorando as alegrias desta fase. Aos 20 perdeu a mãe e continuou o seu sacrifício pela irmã, auxiliando-a até o momento do casamento. Pensava que depois disso iria tratar da própria vida, mas o esposo de sua irmã, além de se embriagar, insultava e batia em sua mulher. Sensibilizada com o destino da irmã, passou a auxiliá-la, cuidando também dos sobrinhos. Apesar dos anos tristes que passava, conheceu um jovem rapaz chamado Gustavo por quem compartilhava os sentimentos. Durante sete anos, Antonina lhe dedicou amorosa colaboração, convertendo-se em abnegada irmã do jovem. Gustavo, com a formação na Faculdade de Medicina, começou a achar-se muito importante, e, de forma áspera, transmitiu a informação à Antonina de que pretendia alguém que não fosse operária de labora-tório, que não tivesse mãos calejadas nem fios de prateados na cabeça, escolhendo um melhor partido. Após isto, a jovem debulhada em lágrimas retornou para casa, disposta a suicidar-se, havendo conseguido certa dose de veneno.

Calderaro tinha instruções para impor um sono profundo na jovem, logo depois da meia-noite. Ministrou aplicações fluídicas ao longo do sistema nervoso simpático. A vasta rede de neurônios experimentou a influência anestesiante de fluidos calmantes que a levaram ao sono. Permaneceu em completo repouso por mais de meia hora. Decorrido esse tempo, duas entidades aureoladas de intensa luz deram entrada no recinto. Mariana, que fora dedicada genitora de Antonina e Márcio, iluminado espírito ligado a ela, desde séculos remotos; agradeceram, sensibilizados, a atuação de Calderaro que passou a doente para a direção materna. A simpática senhora desencarnada inclinou-se sobre a filha e chamou-a, docemente, como o fazia na Terra. Parcialmente desligada do envoltório grosseiro, Antonina ergueu-se, em seu organismo perispirítico, encantada e feliz, envolvendo-se nos braços da mãe, que a acolheu ao encontro do peito, pronunciando palavras enternecedoras. Antonina pedia ajuda, dizendo que não gostaria mais de viver na Terra. Márcio aproximou-se, questionou o porquê do desânimo, lembrou-lhe sobre “a porta estreita”. Conversou com ela a fim de acalmá-la, restituindo as suas forças. Disse para

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ela: “Jamais foste esquecida. Recebeste mil recursos diversos da Providência, indispensáveis ao valioso serviço de redenção. O corpo terreno, as bênçãos do Sol, as oportunidades de trabalho, as maravilhas da Natureza, os laços afetivos e as próprias dores da experiência humana não serão inestimáveis dons do Divino Suprimento? Ignoras, querida, a felicidade do sacrifício, renegas a possibilidade de amar”? Questionou, ainda: “como chegaste a sentir tão clamoroso desamparo, se também te aguardamos, ávidos aqui de tua afeição e de teu carinho”?

Continuou o amparo fazendo-a perceber que os filhos do Altíssimo foram trazidos para cooperar nas obras que nos cercam. Continuou o amigo: “o que tortura a mente humana em tais ocasiões é o clima do cárcere organizado por nós mesmos; amurados no egoísmo feroz, não sabemos perder por alguns dias, para ganhar na eternidade, nem ceder valores transitórios para conquistar os dons definitivos da vida.”

Após mais algum tempo, Antonina estava sentindo-se melhor e comprometeu-se em modificar a sua atitude, em nome de Deus. Nesse instante, o emissário espalmou as mãos sobre a fronte da enferma, envolvendo-a em jactos de luz que não tocaram tão somente a matéria perispirítica, mas se estenderam além, até no corpo denso, fixando-se particularmente nas zonas do encéfalo, do tórax e dos órgãos feminis. Calderaro ajudou-a reapossar-se do envoltório fisiológico, cercando-lhe o cérebro de emanações fluídicas anestesiantes, para não recordar, em todas as particu-laridades, a experiência da noite, pois se guardasse a lembrança integral, disse Calde-raro, provavelmente enlouqueceria de ventura, mas as alegrias por ela intensamente vividas seriam arquivadas em seu organismo sob forma de forças novas, estímulos desconhecidos, coragem e satisfação de procedência ignorada.

Antonina despertou outra pessoa, sentia-se inexplicavelmente reanimada, quase feliz. A ideia de suicídio não mais rondava a sua cabeça e assim pode continuar a sua vida, amparando e cuidando dos sobrinhos e da irmã.

(Resumo nosso do capítulo 13 do livro No Mundo Maior. ANDRÉ LUIZ.)

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ANEXO 9 – Tema 5

O menino do refrigerante

(...) Aquela jovem mãe aproximou-se de mim após o final de uma sessão dos sábados à noite. Falava-nos, cheia de tristeza e estava acompanhada de uma outra senhora, mais amadurecida e que era sua mãezinha: – Perdi meu filho com 3 anos de idade, aproximadamente, pois, não me recordo mais com exatidão das datas. Ele morreu de forma extremamente inesperada e sem que pudéssemos fazer nada em seu socorro, falou-nos como que em um jato. Sua dor era realmente bem grande. Imagine o senhor que Pedro (nome fictício) brincando dentro de casa, sem que o víssemos mexia em uma prateleira baixa em que estavam várias garrafas de refrigerantes, (garrafas de vidro, na época não haviam ainda as garrafas pet) mexendo derrubou 2 garrafas e uma delas ao cair no chão como que explodiu e seu gargalo cravou-se de forma forte no pescoço de Pedrinho, cortando-lhe a jugular. Corremos para hospital próximo com mais rapidez possível, mas ao chegarmos ao mesmo tivemos a dor e o sofrimento de ouvir do médico que nos atendeu: “Nada mais há que fazer, o corte foi bem profundo, a perda de sangue foi bem grande e sua vida está por um tênue fio”. Tal previsão ocorreu realmente. Após algumas horas, o pequeno Pedro despedia-se da vida terrena com anemia profunda decorrente da perda de sangue. (...)

Ignácio – Caso cármico com certeza. Além de cármico poderemos dizer mais ainda: é um caso que não houve possibilidade de ele passar por uma situação intermediária, tinha que morrer daquele jeito. Era uma situação de difícil acesso, ele não tinha méritos na ocasião; pelo menos, não teve que morrer assassinado, como ele o fez. Aquilo foi como se fosse um assassínio, feito pela garrafa do refrigerante. O mérito dele foi não receber aquilo das mãos de alguém. Foi o único mérito. Mas a prova em si foi um assassínio que ele teve.

Pergunta – O tipo de desencarnação que ele teve: ele cortou a jugular, perdeu sangue, morreu. Foi essa mesma maneira com que ele cometeu o crime?

Ignácio – Exatamente.

Pergunta – Ele criou um campo de atração nele, um campo magnético?

Ignácio – Pode-se dizer que sim. Um campo magnético que fez com que ele tivesse que desencarnar daquela maneira. Aquele sinal que dá: “Tens que morrer desse modo”. Veio o sinal que atraiu a garrafa para ele.

Pergunta – É sempre no mesmo local quando isso ocorre?

Ignácio – Normalmente sim. Não é obrigatório, mas normalmente é. Porque funciona pela lei de atração. Não funciona por um castigo, não, é lei de atração. Ninguém vai querer fazer esse papel, só os maus. Ninguém vai querer fazer o papel de conduzir a garrafa para matar. É lei de atração mesmo.

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Pergunta – Ele pediu isso ou chegou o momento?

Ignácio – No caso, foi imposto. (...)

Pergunta – É uma ação externa dele, uma agressão, qualquer coisa, é um campo de atração que ele cria?

Ignácio – Ele que cria. Quando vocês analisarem casos assim, têm que pensar em duas vertentes. Tem uma terceira que não vou explicar agora. Mas as duas principais são: o desequilíbrio que você cria em você, contínua a ação no mal. O trabalho imediato, faz as coisas erradas por impulso, depois põe a mão na cabeça e diz: “Mas por que fiz isso”? Mas já criou o campo de ação. A terceira coisa que não vou falar muito é o estado mental da criatura que atrai, através dos séculos; ela vai juntando os pedaços, todos os erros cometidos, chega um momento que aquilo se transforma numa verdadeira borra e tem que ser expulso. Isso é outra coisa. Numa outra ocasião falo sobre isso. Tem o erro desta encarnação, tem um pequeno pedaço desta outra, tem uma falha de outra, tem um negócio de outra. Uma porção de pedacinhos que não foram limpos e, de repente, aquilo tudo está formando uma base pesada. Chega uma hora que aquilo tem que sair.

Pergunta – É o próprio espírito que acaba querendo que aquilo saia dele? Sempre vai ser por esse mecanismo?

Ignácio – Claro, claro. Porque não é a lei que está obrigando.

Pergunta – Ele sabia que esse era o planejamento dele?

Ignácio – No caso, provavelmente não. (...)

Pergunta – Ele quitou o débito dele?

Ignácio – Nesse caso claro, este gênero de morte não tem nada com as dívidas dele não. Uma das coisas que vocês têm que entender em reencarnação, é que o espírito paga débitos passados, imediatamente passados, e mais ou menos passados. Então, quando vir uma criança em débito, não diga: “Ah!, isso deve ser coisa do passado”. Claro que é tudo do passado, não é daquela vida, mas tem passado remoto, tem o passado da última existência, tem o passado de duas, três existências. Nesse caso, quando você tem débito de pagamento muito imediato, as características são muito iguais a última vida. O espírito não pode fazer uma abrangência muito grande das coisas porque ele se perde. Ainda mais quando é espírito que tem múltiplas encarnações, fica complicado para ele, naquele cipoal todo, descobrir por que ele está pagando. Os espíritos, geralmente, ficam muito próximos para não alargarem muito os horizontes. Eles próprios se impõem essa limitação. (...)

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Pergunta – Esse mecanismo a que o senhor se referiu no ato do menino, da atração do ato da garrafa, isso tem alguma interferência espiritual naquele momento, para que ocorra? Porque a maioria das dúvidas são de como se faz esse mecanismo acontecer. Por que uma criança vai lá, mete a mão, ele tem que morrer por aquilo; e como se cria essa situação?

Ignácio – Alguém pegou a garrafa e quebrou? Não. Tens que pensar numa outra coisa: quando o espírito tem aquele tipo de débito, ele como que tresanda aquela vibração; aquilo é contínuo nele. Se ele põe a mão aqui é como se ele dissesse assim: “tem que dar choque”. O mecanismo é este. (...) (EQUIPE DO ENCONTRO DE MEDICINA ESPIRITUAL. Entrevista com Ignácio

Bittencourt; psicofonia de Altivo Pamphiro.)

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ANEXO 10 – Tema 5

O merecimento I

Saturnino Pereira era francamente dos melhores homens. Amoroso mordomo familiar. Companheiro dos humildes. A caridade em pessoa. Onde houvesse a dor a consolar, aí estava de plantão. Não só isso. No trabalho, era o amigo fiel do horário e do otimismo. Nas maiores dificuldades, era um sorriso generoso, parecendo raio de sol dissipando as sombras.

Por isso mesmo, quando foi visto de mão a sangrar, junto à máquina de que era condutor, todas as atenções se voltaram para ele, entre o pasmo e a amargura.

Saturnino ferido! Logo Saturnino, o amigo de todos... Suas colegas de fábrica rasgaram peças de roupa, a fim de estancar o sangue a

correr em bica. O chefe da tecelagem, solícito, conduziu-o ao automóvel, internando-o de

pronto em magnífico hospital. Operação feliz. O cirurgião informou, sorrindo: — Felizmente, nosso amigo perderá simplesmente o polegar. Todo o braço

direito está ferido, traumatizado, mas será reconstituído em tempo breve. Longe desse quadro, porém, o caso merecia apontamentos diversos: — Porque um desastre desses com um homem tão bom? — murmurava uma

companheira. — Tenho visto tantas mãos criminosas saírem ilesas, até mesmo de aviões

projetados ao solo, e justamente Saturnino, que nos ajuda a todos, vem de ser a vítima! — comentava um amigo.

— Devemos ajudar Saturnino. — Cotizemo-nos todos para ajudá-lo. Mas também não faltou quem dissesse: — Que adianta a religião, tão bem observada? Saturnino é espírita convicto e

leva a sério o seu ideal. Vive para os outros. Na caridade é um herói anônimo. Por que o infausto acontecimento? — expressava-se um colega materialista.

E à tarde, quando o acidentado apareceu muito pálido, com o braço direito em tipoia, carinho e respeito rodearam-no por todos os lados.

Saturnino agradeceu a generosidade de que fora objeto. Sorriu, resignado. Proferiu palavras de agradecimento a Deus. Contudo, estava triste.

II

À noite, em companhia da esposa, compareceu à reunião habitual do templo espírita que frequentava.

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Sessão íntima. Apenas 10 pessoas habituadas ao trato com os sofredores. Consagrado ao serviço da prece, o operário, em sua cadeira humilde, esperava o encerramento, quando Macário, o orientador espiritual das tarefas, após traçar diretrizes, dirigiu-se a ele, bondoso:

— Saturnino, meu filho, não se creia desamparado nem se entregue à tristeza inútil. O Pai não deseja o sofrimento dos filhos. Todas as dores decretadas pela Justiça Divina são aliviadas pela Divina Misericórdia, toda vez que nos apresentamos em condições para o desagravo. Você hoje demonstra indiscutível abatimento. Entretanto, não tem motivo. Quando você se preparava ao mergulho no berço terrestre, programou a excursão presente. Excursão de trabalho, de reajuste. Acon-tece, porém, que formulou uma sentença contra você mesmo...

Fez uma pausa e prosseguiu: — Há 80 anos, era você poderoso sitiante no litoral brasileiro e, certo dia,

porque pobre empregado enfermo não lhe pudesse obedecer às determinações, você, com as próprias mãos, obrigou-o a triturar o braço direito no engenho rústico. Por muito tempo, no plano espiritual, andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no cora-ção. Por muito tempo, por muito tempo...

E continuou: — E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o

braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina

Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Não estamos aqui para elogiar, porque você continua lutando, lutando... e o plantio disso ou daquilo só pode ser avaliado em definitivo por ocasião da colheita. Sei, porém, que hoje, por débito legítimo, alijaria você todo o braço, mas perdeu só um dedo... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça...

De cabeça baixa, Saturnino derramava grossas lágrimas. Lágrimas de conforto, de apaziguamento e alegria...

Na manhã seguinte, mostrando no rosto amorável sorriso, compareceu, pontual, ao serviço. E porque o fiscal do relógio lhe estranhasse o procedimento, quando o médico o licenciara por 30 dias, respondeu simplesmente:

— O senhor está enganado. Não estou doente. Fui apenas acidentado e posso servir para alguma coisa.

E caminhando, fábrica a dentro, falou alto, como se todos devessem ouvi-lo: — Graças a Deus!

Hilário Silva (Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. A Vida Escreve.

Editora FEB.)

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ANEXO 11 – Tema 6

Organização da mente

Vários fatores concorrem para a emissão da prece eficaz. (...) Um desses fatores é a quietude mental, nenhum embaraço, nenhuma exigência. Acima de tudo é preciso a completa confiança na Providência Divina. Para conseguir esse estado ideal de quietude é necessário o exercício da meditação que nos ensina a esvaziar as nossas mentes de todo o pensamento desnecessário e inoportuno e a termos condições de exercitar a vontade para pensar somente no que queremos, não permitindo nenhuma interferência mental externa nem que assuntos inferiores de nosso subconsciente possam emergir, anulando nossos esforços de elevação mental. Para atingir tal condição, vem, em sequência, a vigilância. (...) Depois que conseguimos a estabilidade mental, a condição de paz estabelecida, aí é que devemos proferir a nossa prece, quando também estaremos aptos a perceber a resposta divina.

Quietude

(...) É preciso ter confiança no amparo da Providência Divina, frente a qualquer problema que se nos apresente, mesmo o da morte do corpo, nosso ou dos nossos entes queridos. A certeza de que Deus a tudo provê, que ele está no controle de todas as coisas, que suas leis garantem a ordem e a sequência dos fatos, que somos todos seus filhos, criados por um amor absoluto, é que nos confere uma fé inquebran-tável, e na fé tudo teremos e tudo poderemos, sem mesmo desejar coisa alguma. Essa segurança na Providência Divina nos dará a quietude de que precisamos para que a prece emanada de nós tenha alcance imensurável e penetre os arcanos do Infinito. EXERCÍCIO

1 – Breve leitura de um tema espírita ou de moral cristã.

2 – Breves reflexões a respeito do tema lido, até sentir que a mente está tranquila, sem nenhum turbilhão ou mudanças rápidas de pensamento.

3 – Oração, solicitando a Deus o amparo para o dia que começa e, depois, pelas horas noturnas fora do corpo, enquanto ele dorme inconsciente, no sono.

4 – Efeitos esperados: após anotar todas as diferenças percebidas no campo íntimo durante um mês, poder-se-á observar maior quietude, segurança e fé; menos ansiedade e receios, menos depressão, maior lucidez espiritual. (...)

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Meditação

(...) É preciso trabalhar a mente, educá-la, retirando do mundo mental todo o pensamento mórbido, depressivo, indesejável, obsceno, luxurioso, maledicente, retró-grado, preconceituoso, em síntese, todos os pensamentos desprezíveis, próprios de nossa imperfeição espiritual. Em nossa mente deve haver guarida apenas para o pensamento harmonioso, positivo, de paz, de confiança, todo pensamento superior. (...) No momento diário em que paramos para a meditação, aquietamos as nossas mentes e nelas colocamos apenas um interesse: o de nos conhecermos, em nossos erros, fracassos e em nossas virtudes. Ao trabalharmos os nossos pontos fracos, acabaremos por concluir sobre a necessidade de mudar, de reformular o nosso comportamento naqueles pontos em que se fizerem necessárias as mudanças. Seria bom, para começarmos nossos exercícios de meditação, dedicarmos 20 minutos diários. Outra coisa acontece de importante nesses momentos de reflexão: é a manu-tenção da ideia única, aquela que queremos pensar, eliminando estáticas, influências estranhas e não permitindo que haja miscelânea mental em nosso espírito. A nossa mente estará calma; assim virá a tão almejada quietude. EXERCÍCIO

1 – Por 20 minutos mantenha apenas uma palavra ou uma frase na mente (exemplos: Louvado seja Deus; O Senhor é meu Pastor; Meu Deus, Pai e Criador; Jesus é o meu Mestre etc.). O pensamento deve ser calmo, tranquilo; não se dê importância aos eventuais ruídos e pensamentos estranhos. Não se deve brigar com os pensamentos nem reprimir quaisquer interferências mentais, deixe-as passar, apenas, prossiga a repetição da frase. Lembre-se de que os iogues conseguem grande força mental com seus mantras.

2 – Após treinamento, quando se tiver certeza de que todas as interferências estão sendo evitadas e o pensamento desejado permanece firme, aí é possível a meditação, no sentido da reflexão sobre si mesmo, permanecendo-se o tempo necessário na abordagem mental do tema escolhido. (Veja pergunta 919 de O Livro dos Espíritos.) Efeito esperado: que se permaneça pelo menos 20 minutos com o pensamento no tema escolhido. Anotar todas as ocorrências mentais, inclusive as percepções anímicas ou medianímicas.

Vigilância

(...) A vigilância é o recurso preconizado por Jesus de Nazaré, o grande cientista do comportamento que encarnou para nos ensinar a viver em espírito e verdade, na paz de Deus. Vivemos neste oceano de ondas mentais, vindas de todos os lados, de encarnados e desencarnados, emitindo e também recebendo. Se não conhecermos

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quais os nossos próprios pensamentos, seremos apenas mais um na multidão e mais um a sofrer a ação dela, indo para onde os mandam. Se o indivíduo é médium, a situação dele ainda é mais grave e delicada, pois suas antenas medianímicas captam de tudo, provocando um cansaço nervoso, por perda constante de energia nervosa. Por isso é que afirmamos ser a vigilância um parâmetro diretamente ligado à meditação, que, por sua vez, atua como explicado no item anterior. Sem a meditação não há condições ideais de um autoconhecimento, suficiente para definir quem verdadeiramente somos ou quais as nossas mais sérias imperfeições. A meditação bem orientada vai propiciar o que, na verdade, devemos vigiar. (...) EXERCÍCIO

Na meditação diária, definir bem quais as tendências mais evidentes que se traz consigo; bem como aquelas que denotam boa índole para serem mantidas e cultivadas. Hoje em dia estamos diante de uma infinidade de notícias, umas más e outras boas, umas de crimes, outras de altruísmo. Uma das maneiras interessantes de sabermos sobre nossas tendências ou inclinações é, justamente, prestarmos atenção ao tipo de notícia, de filme ou de informação que mais nos agrada. Caso sejam as boas notícias, os bons filmes que nos agradam, tudo bem, mas se por acaso sentimos alguma atração para certos tipos de crimes, de imagens obscenas, de violência, precisamos estar atentos para mudar o rumo de nossas inclinações. Temos visto pessoas com uma tendência quase irresistível de manter o canal televisivo, quando é anunciado um filme pornográfico, outros quando é anunciado o de violência, e assim por diante. Procurar no fundo da alma qual o desejo proibido que alimentamos, pois ali está um fulcro de forças capaz de explodir a qualquer momento.

Prece

As energias movimentadas na prece proferida com sinceridade, na calma de quem se submete à vontade divina, sem exigências descabidas, são imensuráveis para o homem; é impossível medir seu alcance e suas dimensões. O pensamento evolu-ciona pelas alturas até onde a vontade persiste em querer que alcance. A cada nível que ela ultrapassa, existem seres espirituais que anotam e esperam a ordem divina para o atendimento adequado. Até que nível podemos lançar nossos pensamentos, quando não temos o hábito da prece? A resposta é óbvia: esses pensamentos com suas ondas fracas e mortiças não saem do nosso próprio campo psíquico. (...) EXERCÍCIO

1a etapa: Emitir vibrações, em prece, em direção ao objeto de atenção, que pode ser uma pessoa doente, pessoa querida, missionários que precisam de reforço espiritual, instituições, etc. Isso deve ser realizado com o puro desejo de ajudar, amparar, reforçar, curar... As irradiações da prece devem durar no mínimo três minutos. Depois, procurar analisar as próprias percepções e os resultados alcançados. Anotar todas as ocorrências posteriores.

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2a etapa: Conforme já explicado até aqui, antes de orar, meditar, organizando a mente; só então proferir a prece com os mesmos objetivos da prece anterior. Avaliar as percepções obtidas e os resultados alcançados.

3a etapa: Em um grupo de cinco pessoas repetir a primeira e a segunda etapa, em dias dife-rentes. Anotar as percepções de todos e as próprias, bem como os resultados alcançados. Espera-se que, na segunda etapa, sejam alcançados melhores resultados do que na primeira; que a terceira etapa seja melhor ainda e que a última fase da terceira etapa (repetição da segunda fase em grupo) supere todas as expectativas.

Resposta divina

Mesmo que Deus não derrogue suas leis imutáveis segundo os caprichos de nossas preces, existem recursos divinos que ele permite sejam utilizados pelos espíritos para amenizar o sofrimento humano. Para tal situação daremos um exemplo dos mais formidáveis sobre o beneplácito da resposta divina às preces realizadas em benefício de três crianças extremamente queimadas num acidente.

Uma médica nos trouxe os nomes das crianças, solicitando que fossem realizadas preces por elas, tamanha era a aflição dos médicos diante da gravidade das queimaduras, já que não poderiam ser atendidas, porque uma categoria de médicos especialistas estava em litígio com o governo do Estado. A única solução era transportar essas crianças para um centro médico maior, situado numa capital a quinhentos quilômetros de distância. Isso teria que ser feito de avião tipo CTI aéreo, pois as crianças não resistiriam a uma longa viagem. Mas os custos eram incompatíveis com o poder aquisitivo dos pais. Foram realizadas preces de emergência. Telefonou-se para cada componente da reunião medianímica do CIPES [Círculo de Pesquisa Espírita de Vitória], solici-tando que preces fossem dirigidas às crianças. A mãe de uma das crianças lembrou-se de que a firma em que seu marido trabalhava possuía um avião particular. Esse avião estava em Recife e foi enviado imediatamente. Era um avião pequeno e, retirando-se as cadeiras, providenciou-se uma equipe hospitalar de sustentação. As crianças foram levadas e aceitas no hospital de destino, tendo tudo saído a contento. Mas não exatamente tudo: alguém da distante capital telefonou para o hospital e pediu explicações, pois a situação era um tanto vexatória para o Estado. Houve uma reação política entre os responsáveis e telefonemas foram dados; as partes médica e governamental entraram em contato e, no outro dia, um acordo foi assinado. O problema médico-hospitalar, que já havia se arrastado a quase um ano, resolveu-se da noite para o dia.

Na primeira reunião mediúnica que ocorreu depois das preces proferidas em benefício das crianças, os espíritos guias nos informaram que o espírito Maria de Nazaré se interessou diretamente pelo problema. Aí entendemos que tipo de forças espirituais foram utilizadas para que situações tão extremas, físicas e políticas fossem resolvidas com tamanho desembaraço. Nessa reunião foram sentidos os eflúvios luminosos de Maria por todos os presentes. Aliás, outros médiuns já haviam

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notificado à direção dos trabalhos que Maria de Nazaré e sua equipe espiritual tinham muito interesse no trabalho que estávamos realizando em benefício das crianças queimadas do hospital infantil. (...)

(LAMARTINE PALHANO JÚNIOR. O Livro da Prece, capítulo 4. Editora 3

DE OUTUBRO.)

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ANEXO 12 – Tema 6

Prece de Cárita Deus, nosso Pai, que tendes poder e bondade, dai a força àquele que sofre a

prova! Dai a luz àquele que procura a verdade! Colocai no coração do homem a compaixão e a caridade! Deus! Dai ao viajante a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso! Pai, dai ao culpado o arrependimento! Dai ao espírito a verdade! Dai à criança o guia, dai ao órfão o pai! Senhor, que vossa bondade se estenda sobre tudo o que criastes! Piedade, meu Deus, para aquele que não vos conhece, esperança para aquele que sofre! Que a vossa bondade permita, hoje, aos espíritos consoladores espalharem por toda parte a paz, a esperança e a fé! Deus! Um raio, uma centelha do vosso amor pode abrasar a Terra, deixai-nos haurir nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão; um só coração, um só pensamento subirá até vós, com um grito de reconhecimento e de amor! Como Moisés sobre a montanha nós vos estendemos os braços, ó poder, ó bondade, ó beleza, ó perfeição e queremos de alguma sorte alcançar vossa misericórdia. Deus!, dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até vós! Dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão! Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho em que deve se refletir a vossa imagem.

Cárita (Psicografia de W. Krell. Reflexos da Vida Espiritual. CELD.)

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ANEXO 13 – Tema 6

Meu Deus e meu Senhor Meu Deus, eu gostaria de ser um cendal de estrelas para que as noites da Terra

fossem mais belas. Mas na minha pequenez, eu te peço desta vez, se eu não puder ser uma Via Láctea de estrelas, deixa-me ser um pirilampo na noite escura iluminando a amargura de quem anda na solidão.

Eu desejaria ser a chuva generosa que tombando sobre a terra formosa reverdecesse o chão. Mas se eu não conseguir, eu te quero pedir para ser um copo com água fria para matar a sede e a agonia de alguém na desesperação.

Eu desejaria ser um jardim de flores, de todas as cores, para embelezar a Terra. Mas na pobreza que minha alma encerra, se eu não puder ser um jardim, deixa-me ser uma rosa solitária na frincha da rocha, colocando beleza no altar da Natureza.

Eu desejaria ser uma escada, que elevasse o herói à altura, mas eu vivo na amargura e se não posso ser a escada, pelo menos o primeiro degrau.

Eu gostaria de ser a montanha altaneira, de onde se tivesse a visão da Terra inteira, mas se eu não conseguir, eu te quero pedir para ser uma pedra que pavimente o chão, liberando a criatura da lama e da solidão.

Eu desejaria ser um pomar de frutos maduros, um trigal, para matar a fome da criatura com a dádiva do pão. Se eu não puder, eu te quero rogar para ser um grão, que caindo no chão me multiplique num milhão e um dia ofereça à criatura a bênção e a dádiva do pão.

Eu desejaria ser poeta, orador, esteta, declamador, para falar da beleza do teu Evangelho, mas nada sou. Então gostaria de ser uma árvore, para dar sombra no caminho, ou então, à sua sombra, quando alguém passasse por mim eu pudesse dizer: “Olá, amigo!” e lhe perguntasse: “Aonde vais?” E se ele me inquirisse “Quem és tu?” eu diria “Sou teu irmão. Dá-me tua mão. Sou teu amigo, eu irei contigo.” E lado a lado eu pudesse cantar...

Senhor, eu gostaria de ser a grandeza do Universo, mas na minha pequenez, deixa-me dizer-te neste verso: muito obrigado porque nasci, muito obrigado porque creio em ti. Pelo teu amor, obrigado, Senhor!

(DIVALDO P. FRANCO. Poesia de Amélia Rodrigues recitada no CELD, em 24/8/2013, na Palestra pelo aniversário de 52 anos da Instituição.)

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ANEXO 14 – Tema 6

A prece de Ismália [Estava o grupo de trabalhadores no Posto de Socorro diante de alguns

espíritos atendidos, que encontravam-se mergulhados em longo e profundo sono.]*

(...) Ismália, então, num gesto de indefinível delicadeza, começou a orar, acompanhada por todos nós, em silêncio, salientando-se, porém, que lhe seguíamos a rogativa, frase por frase, atendendo a recomendações do nosso orientador, que aconselhou repetir, em pensamento, cada expressão, a fim de imprimir o máximo ritmo e harmonia ao verbo, ao som e à ideia, numa só vibração.

“Senhor!” — começou Ismália, comovidamente — “dignai-vos assistir os nossos humildes tutelados, enviando-nos a luz de vossas bênçãos santificantes. Aqui estamos, prontos para executar vossa vontade, sinceramente dispostos a secundar vossos altos desígnios. Conosco, Pai, reúnem-se os irmãos que ainda dormem, anestesiados pela negação espiritual a que se entregaram no mundo. Despertai-os, Senhor, se é de vossos desígnios sábios e misericordiosos, despertai-os do sono doloroso e infeliz. Acordai-os para a responsabilidade, para a noção dos deveres justos!... Magnânimo Rei, apiedai-vos de vossos súditos sofredores; Criador compas-sivo, levantai as vossas criaturas caídas; Pai justo, desculpai vossos filhos desventu-rados! Permiti caia o orvalho do vosso amor infinito sobre o nosso modesto Posto de Socorro!... Seja feita a vossa vontade acima da nossa, mas se é possível, Senhor, deixai que os nossos doentes recebam um raio vivificante do sol da vossa bon-dade!...” “(...) Também nós, Senhor, que aqui vos rogamos, fomos leprosos espirituais, cegos do entendimento, paralíticos da vontade, filhos pródigos do vosso amor!... Também nós já dormimos, em tempos idos, nos Postos de Socorro da vossa misericórdia!... Somos simples devedores, ansiosos de resgatar imensos débitos! Sabemos que vossa bondade nunca falha e esperamos confiantes a bênção de vida e luz”!... (...) Fixando instintivamente o alto, enxerguei, maravilhado, grande quantidade de flocos esbranquiçados, de tamanhos variadíssimos, a caírem copiosamente sobre nós que orávamos, exceto sobre os que dormiam. Tive a impressão de que eram derramados do céu sobre nossa fronte, caindo com a mesma abundância sobre todos, desde Ismália ao último dos servidores. Não cabia em mim de admiração, quando novo fenômeno me surpreendeu. Os flocos leves desapareciam ao tocar-nos, começando, porém, a sair de nossa fronte e do peito grandes bolhas luminosas, com a coloração da claridade de que estávamos revestidos, elevando-se no ar e atingindo as múmias numerosas. Ainda aí, reparava o problema da gradação espiritual. As luzes emitidas por Ismália eram mais brilhantes, intensas e rápidas, alcançando muitos enfermos de uma só vez. Em seguida, vinham as fornecidas pelas senhoras do seu círculo pessoal. Depois, tínhamos as de Aniceto, de Alfredo e dos demais. Os servos

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de corpo obscuro emitiam vibrações fracas, mas visivelmente luminosas. Cada qual, naquele instante de contato com o plano superior, revelava o valor próprio na cooperação que podia prestar.

Observando-me o assombro, Aniceto falou-me aos ouvidos: — Na prece encontramos a produção avançada de elementos-força. Eles

chegam da Providência em quantidade igual para todos os que se deem ao trabalho divino da intercessão, mas cada espírito tem uma capacidade diferente para receber. Essa capacidade é a conquista individual para o Mais Alto. E como Deus socorre o homem pelo homem e atende a alma pela alma, cada um de nós somente poderá auxiliar os semelhantes e colaborar com o Senhor com as qualidades de elevação já conquistadas na vida.

André Luiz (Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Os Mensageiros, capítulo

24. Editora FEB.)

* NOTA: Resumo nosso dos capítulos anteriores.

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ANEXO 15 – Tema 6

Painel esquemático da prece

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) ALLAN KARDEC. A Gênese. CELD. 2) ALLAN KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. CELD 3) ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. CELD. 4) ALLAN KARDEC. O Livro dos Médiuns. CELD 5) ANDRÉ LUIZ. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. No Mundo Maior.

Editora FEB. 6) ANDRÉ LUIZ. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Os Mensageiros.

Editora FEB. 7) AUTORES DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém. Editora Paulus. 8) BALTHAZAR. Psicofonia de Altivo Carissimi Pamphiro. Pela Graça

Infinita de Deus, volume 1. CELD. 9) CORINA NOVELINO. Eurípedes – o Homem e a Missão. 7a edição. Editora

IDE. 10) EMMANUEL. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Trevo de Ideias.

Editora GEEM. 11) HERMANN. Psicofonia de Altivo Carissimi Pamphiro. Palavras do

Coração, volume 1. CELD. 12) HILÁRIO SILVA. Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

Livro: A Vida Escreve. Editora FEB. 13) LAMARTINE PALHANO JÚNIOR. O Livro da Prece. Editora 3 DE

OUTUBRO. 14) LAMARTINE PALHANO JÚNIOR. Teologia Espírita. CELD. 15) LÉON DENIS. Cristianismo e Espiritismo. CELD. 16) LÉON DENIS. Depois da Morte. CELD. 17) LÉON DENIS. No Invisível. CELD. 18) LÉON DENIS. O Grande Enigma. CELD. 19) LÉON DENIS. O Problema do Ser e do Destino. CELD. 20) W. KRELL. Reflexos da Vida Espiritual. CELD.

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