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Centro Espirita Uma Visao Const - Cezar Braga Said

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o centro espitita

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Namodernidade,requisitadosaverificarque,noseiodasociedade,somos convidados a responder firmemente s solicitaes que chegam de vrios pontos, no sentido de se constituir uma sociedade mais justa e mais humana, percebemos que no cabe apenas ao Estado assumir responsabilidades... A RESPONSABILIDADE SOCIAL dever de todos ns, indivduos, uns para com os outros! Quandooshomensserenemparaseauxiliaremmutuamente,com determinao,pememprticaamaissublimedasorientaesdoCristoede Deus:amarmo-nosunsaosoutros,fazendoaelesoquedesejaramosquenos fizessem. Das mais diversas maneiras, podemos colaborar nessa ao! Saiba que, adquirindo uma obra da Lon Denis - Grfica e Editora, ou utilizando nossosserviosgrficos,voccontribuiparaamelhoriadoatendimentoauma criana da Creche Maria de Nazar, na Obra Social Antonio de Aquino (OSAA), ou junto a comunidades de baixa renda no subrbio do Rio de Janeiro. Nessamesmaobra,jovens,queatbempoucotempoestavamsem perspectivasdeingressonomercadodetrabalho,soassistidospeloProjeto Transformar, e, pouco a pouco, vo se capacitando com o aprendizado ali obtido, desenvolvendosuaauto-estimae,posterior-mente,imbudosdaconscinciade cidadania,candidatam-seasermaisumcolaboradornaconstituiodeuma sociedade mais consciente... Assistncia educacional, amparo sade, s gestantes e aos idosos acolhidos na OSAA, como tambm melhoria na alimentao de nossas crianas e jovens so exemplosdaparticipaoconscientequetemosdesenvolvidocoma comercializao de livros e servios produzidos por Lon Denis-Grfica e Editora. Dia da Reunlto Pblica no CELD Atendimento na OSAA Atendimento na OSAA Participe desta causa e ajude o CELD a manter suas Obras Sociais Cracha Marta da Nazar Crache Marta da Nazar Prefcio ............................Princpios da Administrao Esprita ......... 15 1.O valor da crtica.......................... 17 2.Kardec e o trabalho em equipe ........... 23 3.Lderes e lideranas ....................... 29 4.A passagem do basto .................... 37 5.Atitudes espritas ......................... 41 6.Quem so os espritas?.. ....................47 7.Perguntas que o Centro Esprita nos faz 53 8.Resolvendo situaes-problema ........... 61 9.Repensando a qualidade no Centro Esprita71 10. Competio e cooperao ................. 77 11. Errar humano ............................ 83 12. ................................... Espiritizar13. Fora do Centro Esprita no h salvao 97 14. O que faria Allan Kardec com um milho?101 15. rgos e agentes de unificao ...... 109 16. Modismos, atavismos e ingenuidades .. 119 17. Humanizar ....125 18. Humanizemos Kardec .................... 131 Referncias Bibliogrficas .................... 137 O Centro Esprita campo de luz aberto a todos aqueles que tateiam nas trevas da ignorncia, da presuno e do egosmo, apontando rumos de libertao. Atualiz-lo,semlhemodificarosobjetivosbsicos;desenvolverassuas atividades,semlhealterarasestruturastico-morais;qualific-loparaos grandes momentos da hora presente como do futuro dever de todos os espritas, preservando as bases que nele devem viger. Vianna de Carvalho Divaldo Pereira Franco (Reformador / outubro de 1995.) CentroEspritaUmaVisoConstrutivaumlivroqueabordatemasque giramemtomodocotidianodasinstituiesespritas,emparticular,oCentro Esprita. Algunsdoscaptulos,aquipresentes,forampublicadostantonaRevista Presena Esprita quanto na Revista Reformador, ao longo dos ltimos anos. Nestelivro,procuramosdarsegmentoaoqueconsideramosumaanlise psicossocial do comportamento humano dentro do centro e no movimento esprita como um todo. Eumtrabalhocrtico-construtivo,poisnoapenasanalisamososproblemas, mas tambm sinalizamos alternativas viveis para a obteno de melhor qualidade em nossas iniciativas e de maior equilbrio em nossa conduta. Noumlivroqueestimulaapassividadeeoconformismo.Aocontrrio, desejamos que ele produza uma indignao construtiva, que mexa com o imobilismo das pessoas, ainda que discordem do que escrevemos, pois entendemos que pensar, trocarideias,argumentarecontra-argumentarsohbitossaudveis, necessrios,queforampraticadoseestimuladosporAllanKardfecaolongode toda a codificao. E sem este exerccio no h crescimento, apenas estagnao. Semapretensodeestarmosdandoaltimapalavrasobreoassuntoou fechando a questo em torno das nossas colocaes, esperamos que a sua leitura possa acrescentar informaes e produzir reflexes nos companheiros de ideal. Nova Iguau, 20041Todorelacionamentohumanodevebasear-senacon-'fianamtuaena humildade daqueles que detm o poder de comando. 2 Todos os que comandam devem ajudar os companheiros sua volta a alcanarem seu pleno potencial, inclusive, mediante cursos de capacitao. 3 O acesso hierarquia deve ser facilitado e instalados canais para recebimento, anlise e respostas de sugestes, crticas e dvidas. 4 Os que esto nas funes de comando devem apoiar e reconhecer o xito dos demais, dando maior nfase aos acertos do que aos erros. 5 Os que comandam devem se mostrar dignos das funes que ocupam, mais pelos exemplos do que pelas palavras. 6 As decises devem ser tomadas por aqueles que convivem com o problema. 7Todosostrabalhadores,independentedasfunesdesempenhadas,devem buscar o aperfeioamento constante. 8 O clima de compreenso, cooperao e igualdade de direi- tos deve ser a tnica do grupo esprita. _____________9espiritualidadecabeorientarecoordenareaosencarnadosdecidire executar.Aquelequepensaterumaopiniomaisjustaqueosoutros,poderfaz-la melhor aceita pela doura e pela persuaso; seu azedume seria mal calculado. Allan Kardec Revista Esprita de 1862. E muito comum, em nosso meio e at fora dele, haver uma certa preveno, uma certa reserva quando o assunto diz respeito validade da crtica. O sentido desta palavraeoseuempregovmsendodistorcidoaolongodotempo,apontode associarmos crtica maledicncia, atitude destrutiva, deselegante, anticrist. Ocrticotomou-seumacriaturadesagradvel,perso-nanongrata,algum passvel de estar sendo instrumento das trevas para produzir desentendimentos numgrupo.Comissomuitagentetempreferidoficarcalada,evitandofazer qualquer comentrio para no causar mal-estar. Comesseprocedimento,oserrossovistos,masnosocomentados.Em outras ocasies so falados, mas no para o maior interessado que justamente quem acredita estar agradando e agindo corretamente.A ausncia da crtica refora a passividade, gera a omisso, impedindo algum ou um grupo de crescer.A palavra crtica vem do grego kritik e quer dizer arte de julgar. um juzo apreciativo, seja do ponto de vista esttico (obra de arte), lgico (raciocnio), seja do ponto de vista intelectual (filosfico ou cientfico), seja do ponto de vista de uma concepo, de uma teoria, de uma experincia ou de uma conduta.1

Imaginemos um educador que se recusasse a ter uma atitude crtica diante dos trabalhos apresentados por seus alunos. Um comerciante que fosse desatento qualidade dos produtos que vende e maneira como seus vendedores atendem seus clientes. Um editor despreocupado com o teor dos livros que publica ou com a natureza dos artigos que veicula numa determinada revista. Um cozinheiro que no levasse em conta os comentrios feitos pelos que comem da sua comida. Oeducador,ocomerciante,oeditoreocozinheiroestariamfadadosao fracasso no exerccio da profisso que abraaram. E por que seria diferente em relao s atividades desenvolvidas num centro e no movimento esprita como um todo? importanterecordarumaafirmativadomdiumDivaldoPereiraFrancoa respeito do assunto: ADoutrinaEspritadecarteranaltico,crticoporexcelncia.Kardec jamais aceitou uma resposta dos Espritos sem fazer-lhe a crtica, isto , a anlise. Criticar no s demolir, mas analisar, discutir, discordar, quando necessrio, com nobreza.2 Vemos,assim,quepossveleatnecessriosermoscrticos,afimdeno pararmosnotempo,melhorando,constantemente,osnossosserviosenunca perdendo de vista o prprio melhoramento interior. Ser crtico ento : Ler e avaliar as mensagens enviadas pelos espritos. Tecercomentriosdestacandoostrechoscoerentesounodeum determinado livro, seja ele medinico ou mesmo de encarnados. Externar um comentrio a respeito da qualidade de uma pea de teatro, um filme ou um CD produzido em nosso meio. Apreciar uma palestra, destacando as possveis posies pessoais emitidas pelo expositor e tambm as colocaes adequadas, as histrias oportunas, o tom 1 1JAPIASSU, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionrio Bsico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993, p. 62.2 2 FRANCO, Divaldo Pereira. Dilogo com Dirigentes e Trabalhadores Espritas. 4. ed. So Paulo: USE, 1995. Cap. Os centros espritas e a arte me- dinica. v* de voz agradvel, sua disciplina quanto ao tempo, etc. Analisaragestodeumacasaesprita,concordandoounocomos procedimentos adotados pelos dirigentes, externando para eles o nosso ponto de vista. Dizernoconcordo,semraiva,semdio,mascomtato,comeducao, procurandoomomentoadequado,semdiminuiroafetopelapessoaaquem dirigimos o nosso comentrio.Ser franco sem ser rude. Gandhi dizia que a verdade pode ser dura como um diamante ou suave como a flor do pessegueiro. Fazer a crtica estimulando, desejando o crescimento dos companheiros, dando a eles o mesmo direito de nos criticar. Muita gente doce ao apontar para o outro onde este deve corrigir-se, mas tremendamente acre na hora de receber os comentrios a seu respeito. Lembramo-nosdeumafrasedoprofessorPedroDemo(Universidadede Braslia), quando este afirma que contraditria uma crtica sem autocrtica, pois aplica aos outros o que no apuca a si mesma. Precisamostercuidadoparanoficarprocurandoagulhaempalheiro, transformando a busca por coerncia em intransigncia. Assumindo a postura de defensores do Espiritismo e fiscais da vida alheia, caindo numa postura exaltada e fantica. Oequilbrio,comqueapreciamosumacondutaouumtrabalho,refleteo equilbrio que j logramos conquistar em nosso mundo interior. H quem se decida pelo outro extremo. Est sempre elogiando, vendo apenas floresondeexistemtambmespinhos.Essaumacondutaingnua, contraproducente, pois acaba contribuindo para reforar determinados erros, que poderiam ser corrigidos com naturalidade sem que ningum se melindrasse ou se afastasse da tarefa abraada. Estimular diferente de enaltecer. Mas conhecemos companheiros que dizem nuncaelogiarparanoendossaravaidadedosoutros,isto,julgandopor antecipao qual seria posio do outro, entretanto, o que ocorre com a planta quenorecebegua,aduboecuidados?Morre.Tambmpodermorrerse receber gua em excesso ou ficar muito tempo exposta ao Sol. Saber estimular, destacando os aspectos passveis de serem aperfeioados e osqueestosatisfatrios,umaartequeprecisamosaprenderacultivar. Ningumdesenvolveessetalentoficandocalado,achandoquetudovaibemou deten-do-sesistemticaeexclusivamentenaspequenasougrandesfalhasdos companheiros de ideal. Somos todos humanos, espritos em processo de reajuste e crescimento, no hningumemregimedeexceonafacedaTerra.Porisso,semtolernciae estmulosmtuos,noalcanaremosavitriagradativasobreasnossas imperfeies. AprendamoscomKardecessadifcilartedejulgar,apreciarcomequilbrio, lembrando,sempre,deJesus,quandoesteafirmaqueseremosmedidoscomas mesmas medidas que utilizarmos com os outros. Crtica sim, mas autocrtica sempre!Seumgrupoquiserestaremcondiesdeordem,detranquilidade,de estabilidade,precisoquenelereineumsentimentofraterno.Todogrupoou sociedade que se formar sem ter por base a caridade efetiva no ter vitalidade; enquantoqueosqueseformaremsegundooverdadeiroespritodadoutrina olhar-se-o como membros de uma mesma famlia que, no podendo viver todos sob o mesmo teto, moram em lugares diversos. Allan Kardec Revista Esprita de 1862 Aprenderatrabalharemequipeumrequisitofundamentalparaanossa socializao, pois na vida de relao, de modo geral, somos chamados a conviver compessoasdiferentes,dasquaisdependemosecomasquaisprecisamos colaborar. E um grande erro acreditar que podemos fazer tudo sozinho, sem o auxlio dos demais. tambm um equvoco acreditar que o trabalho s sair bom se formos nsosexecutores.Aauto-suficinciaumadasgrandesilusescontraaqual precisamoslutar.Nenhumdenssabeepodetudo.Nossosaberepoderso relativos.Todosestamosnacondiodeaprendizes,emregimede interdependncia, destinados a aprender uns com os outros o que ignoramos. Emtomodestaquesto,AllanKardecfazumaadvertnciaquepoderamos considerar como uma constatao de sua parte, tendo em vista que no deixamos de ser imperfeitos pelo simples fato de abraarmos os princpios espritas: Umequvocomuitofrequenteentreosnovosadeptosodesejulgarem mestres aps alguns meses de estudo. Essa pretenso de no mais necessitar de conselhos, e de se julgar acima de todos, uma prova de insuficincia, pois foge a um dos primeiros preceitos da doutrina: a modstia e a humildade.3 Apenas ousaramos acrescentar que no so apenas os novos adeptos, muitas vezes, os mais antigos, infelizmente, tambm pensam assim. Quando no se isolam, fazendoumEspiritismoasuamaneiraeagregandopessoasemtomodoseu carisma,permanecemnomovimentofiscalizandoosoutrosediscordando sistematicamentedeideiasquenosejamassuas.Creditam-seacondiode crivos das iniciativas que se do no meio esprita. 3 3KARDEC, Allan. Revista Esprita de 1861. Braslia: Edicel, p. 363. Diferentementedessapostura,quandoprocuramosatuaremequipe,muitas vezes somos chamados a colaborar de maneira annima, aceitando a liderana de companheirosqueestoinvestidosdessaresponsabilidade.Emoutrasocasies, tambm somos chamados a assumir o comando dos esforos e de uma forma ou de outra, sempre deveremos acatar as decises que decorram do consenso. Mesmo porque,nenhumdensindispensvel,emboratodossejamoschamadosa colaborar nesse ou naquele setor. Nem mesmo Allan Kardec era indispensvel, do contrrio o Esprito de Verdade no teria lhe dito:No te esqueas de que podes triunfar, como podes falir; neste ltimo caso, um outro te substituir, pois os desgnios de Deus no se repousam sobre a cabea de um homem.4 Apesardestapossibilidade,eraelequemreuniaasmelhorescondiespara empreender a tarefa de codificar o Espiritismo, embora se encontrassem tambm reencamadosespritosprontosalevaradianteosdesgniosdeJesus.Essas mesmasalmas,comoLonDenis,GabrielDelanneeoutrosseencarregaramde desenvolver e difundir as ideias espritas. No estavam interessados no comando de nada, queriam antes somar esforos e fazer o melhor que pudessem. Allan Kardec no apenas valorizava o trabalho em equipe, como tambm fazia partedeuma,aequipedoEspritodeVerdade,queatuavaemconjunto, desdobrando-se na esfera espiritual e material. OprprioJesus,quandoencarnadoentrens,enfatizouaimportnciado trabalho em equipe, convocando doze discpulos para o trabalho de evangelizao das criaturas. As obras de Andr Luiz, em particular, narram a organizao, a disciplina, os princpiosqueregemNossoLarealgumasoutrascolniasespirituais, demonstrando que ningum, em lugar algum, opera sozinho na obra do bem ou do mal.Mesmoosespritosinclinadosaomalatuamemconjunto,comtarefas previamente planejadas e posteriormente avaliadas. NaobraPauloeEstvo,osrelatosdoEspritoEmmanuelinformamquena constituio da Casa do Caminho e nos primeiros ncleos do Cristianismo primitivo, havia sempre mais de um companheiro se revezando com outro na execuo das tarefas. O sentido da ao em equipe, proclamado de forma silenciosa por Jesus, tomou-seumaimportantediretriznaorganizaoesobrevivnciadestes primeiros ncleos. Hoje em dia, para que os centros espritas possam continuar fieis a Jesus e a Kardec,faz-senecessrioqueasequipesestejamabertasparaserenovarem. Renovarem-se com novas ideias e novos companheiros, sem que ningum retenha, indefinidamente,ocomandodenada.Masqueessarenovaoseprocessecom 4 4KARDEC,Allan.Obras Pstumas.RiodeJaneiro:LonDenis-Grficae Editora, 2002. Cap. Minha misso.critrios e no estouvadamente. Que ocorra sem apegos e melindres. Sabemosqueaprincipalrenovaodequetemosnecessidadeadonosso mundointerior,poissemessa,todasasoutrasficarocomprometidas.Mas podemos atualizar as tcnicas, estudar e implantar novos modelos de gesto, rever ametodologiadosestudos,convidarexpositoresdeoutrascasas,promover encontros,criarmosgruposparaestudardeterminadaobra,participarmosde encontros de preparao, realizados pelos rgos de unificao ou aqueles que se doemdeterminadoscentros,analisarmosoutrasexperincias,afimdequea nossa equipe cresa e o trabalho prossiga com qualidade. As diretrizes gerais, para esse empreendimento, esto sinalizadas e ao mesmo tempo justificadas na codificao, particularmente em Obras Pstumas; de Allan Kardec: (...) a direo, de individual que precisou ser no incio, deve tomar-se coletiva; primeiro,porquechegaummomentoemqueseupesoexcedeasforasdeum homem, e, em segundo lugar, porque h mais garantia de estabilidade numa reunio de indivduos, na qual cada um representa sua prpria voz, e que nada podem sem o concurso uns dos outros, do que um nico, que pode abusar de sua autoridade e querer fazer que predominem suas ideias pessoais.Para o pblico dos adeptos, a aprovao ou a desaprovao, o consentimento ou a recusa, as decises, numa palavra, de um corpo constitudo, representando uma opiniocoletiva,tero,forosamente,umaautoridadequejamaisteriam,se emanassem de um nico indivduo, que apenas representa uma opinio pessoal. Com frequncia rejeita-se a opinio de uma nica pessoa, acredita-se que se humilharia porterquesesubmeter,enquantoqueadevriosaceitasemdificuldade. (Constituio do Espiritismo: Comisso Central.) (...) a ningum dado possuir a luz universal, nem nada fazer com perfeio; comopodeumhomemiludir-seacercadesuasprpriasideias;enquantooutros podemveroqueelenopode;(ConstituiodoEspiritismo:OsEstatutos Constitutivos*.) H, igualmente, num ser coletivo, uma garantia de estabilidade que no existe quando tudo repousa sobre uma nica cabea: se o indivduo for impedido por uma causaqualquer,tudopodeicarentravado.Umsercoletivo,aocontrrio, perpetua-seincessantemente;seperderumouvriosdeseusmembros,nada periclita. (Constituio do Espiritismo: Comisso Central.).; / Essas colocaes valem para a direo de um rgo de unificao, de um centro esprita,deumdepartamentoexistentenocentrooumesmoparaumaequipe transitria, que se constitua apenas para a realizao de um evento. Precisamos deixar de reclamar da ausncia de colaboradores e comear a nos perguntar: 1.Como a nossa equipe atua? 2.Nela predomina a sinceridade e todos aprendem uns com os outros? 3.Como lidamos com as ideias que so contrrias s nossas?4.Procuramos conhecer a maneira como as outras instituies espritas se organizam? 5.Temos nos capacitado para melhor execuo da tarefa que abraamos? 6.Nossa equipe tem se renovado ao longo dos anos com novos irmos? 7.Nossa equipe planeja, avalia e se avalia? Mais do que apenas fazer a nossa parte, precisamos analisar se colaboramos paraqueosoutrosfaamapartequelhescompete.Nocomintromissesque comprometam a autonomia dos companheiros e impeam que os erros lhes ensinem o que precisam saber, mas com estmulos, sugestes, colocando-nos disposio paraauxili-los,tantoquantoesperamosoconcursoalheioemnossoprprio auxlio. Uma equipe formada por espritas deve ser mais que uma equipe, deve ser uma verdadeira famlia, onde o fracasso de um atinge a todos e onde o xito de algum o sucesso de todos. Esta (imobilidade), ao invs de ser uma fora, tor- na-se uma causa de fraqueza eruna,paraquemnosegueomovimentogeral;elarompeaunidade,porque aquelesquequeremiradianteseseparamdaquelesqueseobstinamem permanecer para trs. Allan Kardec Obras Pstumas Quemseencontrafrentedeumgrupo,exercendosualiderana,deve procurar desenvolver e aperfeioar suas qualidades e ao mesmo tempo trabalhar paraqueosintegrantesdogrupodesenvolvamigualmenteasprprias potencialidades. NodicionrioNovoAurliosc.XXI,constaquelder;1.Indivduoque chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ao, empresa ou linha de ideias. 2. Guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinio, etc. NazarenoTourinho,espritadoEstadodoPar,quemafirmaqueexistem qualidadesessenciaisaquemlidera,comoAutenticidade,Idealismo,Coragem, Simpatia,Habilidade,Sensibilidade,Tenacidade,Flexibilidade,Otimismoe Comunicabilidade.5 Se formos procurar pessoas que renam todos esses predicados, a fim de que 5 5TOURINHO, Nazareno. Relaes Humanas nos Centros Espritas. 1. ed. So Bernardo do Campo: Correio Fraterno, 1994. Cap. Como lidar.elasassumamalideranadoscentrosespritasergosdeunificao,talvez fiquemos rfos e as atividades venham a sofrer soluo de continuidade. No que noexistamcompanheirosquepossuamtaisqualidades,masmuitodifcil encontrar todas elas numa nica pessoa. Desse modo, reconhecendo em ns ou em algum o mnimo para estar frente dealgumatarefa,quepossamosassumi-laouestimularalgumafaz-la, colaborando com essa pessoa como gostaramos que colaborassemconosco, caso estivssemos em seu lugar. O lder esprita ideal o aristocrata intelecto-moral, o Homem de Bem de que nos fala Allan Kardec. Sualideranahorizontal,poisreconheceerespeitaacapacidadedecada pessoa, trabalhando para que outros possam substitu-lo a qualquer instante, pois sabe que a continuidade da tarefa mais importante do que a continuidade da sua liderana. Para isso procura no apenas ser simptico, mas principalmente emptico, pois aempatiaatendnciaparasentiroqueooutrosentiria,casoestivessena situao e circunstncias experimentadas por outra pessoa,6 DeacordocomaPsicologia,empatiapodesertambmaCompreenso intelectual de uma pessoa por outra pessoa, associada capacidade de sentir como se fosse essa outra pessoa,7 Umlderempticotoma-secarismticoequeridopelogrupo,quandoest atento ao que pensam e sentem os seus companheiros. Daniel Goleman,autor dolivroInteligncia Emocional,chegaa afirmarquea ausnciadestaqualidadenumserhumanorepresentaumgrandedficitde inteligncia emocional, e uma trgica falha no que significa ser um ser humano.8 E um lder esprita tem o compromisso de ser solidrio, desapegado de cargos, ser vigilante em relao prpria vaidade, ao sentimento de que insubstituvel, mantendo-se atento s pessoas com as quais est permanentemente em relao. Ealgumquereconhecequeosconflitossoinevitveisemqualquergrupo, afinal eles existiram at entre os discpulos de Jesus. O Esprito Joanna de ngelis salienta que o conflito algo constitutivo do ser humano, devendo ser devidamente administrado. NumaapostiladoSebraesobreticaeDesenvolvimentodeEquipes, encontramos algumas consideraes sobre os conflitos num grupo de trabalho. So 6 6FERREIRA,AurlioBuarquedeHolanda.NovoAurlioSculoXXI:0 Dicionrio da Lngua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 739. 7 7NICK,EvaeCABRAL,lvaro.DicionrioTcnicodePsicologia.SoPaulo: Cultrix, 1997, p. 92.8 GOLEMAN,Daniel.IntelignciaEmocional.4.ed.RiodeJaneiro:Objetiva, 1995. Cap. 'As razes da empada.elas:Conflitos ocorrem e so naturais. possvel administrar a maioria dos conflitos. Conflito busca de alternativas. O conflito pode ajudar a formar relacionamentos,Conflitos podem desafiar a acomodao de ideias e posies. Conflitos podem exercitar a imaginao para solues originais. O conflito pode motivar uma mudana.No mesmo texto ainda se diz que diante dos conflitos tendemos a adotar as seguintes posturas: ( -------------------------U Competimos. \ 2. Evitamos. 3. Acomodamos. 4. Conciliamos. 5. Colaboramos. 8 ________________ y Emboraestasposturaspossamserutilizadasemdeterminadassituaes,a colaboraoamelhorformadeadministrarconflitosenadamelhorparanos entendermos do que o dilogo franco e fraterno. Isso s possvel quando o lder democrtico, quando trabalha e permite que outrostrabalhem,ouvindoeaprendendocomogrupo,coordenandoesforos, nuncaimpondodecisesouficandomelindrado,quandosuaopinionoaceita pela maioria. Para isso importante que os lderes espritas incentivem todos a uma maior eficincia e eficcia.AlkndardeOliveira salientaqueprecisamosdemaior ousadia porpartedos lderes espritas. Ousadia que se traduza em maior eficcia, pois a eficincia, de uma forma ou de outra j possumos. Frisa tambm que: ADIFERENABSICAENTREUMDIRIGENTEESPtRITAEFICIENTEE UMDIRIGENTEESPRITAEFICAZQUEESSELTIMO,AOCONTRRIO DO PRIMEIRO, NO SE ISOLA NO SEU CENTRO ESPRITA.9 TomandoporbaseareflexodeAlkndareoparalelofeitoporeleentre eficcia e eficincia, com um pequeno acrscimo de nossa parte, teremos: DIRIGENTE EFICIENTE 1.Cuidabemdocentroespritaquedirige.Massdocentroespritaque dirige. 2.No divulga o Espiritismo para os no-espritas. 9 9 OLIVEIRA, Alkndar de. O Esprita do Sculo XXI. 1. ed. Santo Andr: EBM, 2001. Cap. O dirigente esprita eficiente e o dirigente esprita capaz.3.Preocupa-se com a unio do pessoal do seu centro esprita. - DIRIGENTE EFICIENTE E EFICAZ - 1.Buscairmanar-secomosdemaiscentrosespritas,trocarexperincias, aprender junto. 2.DivulgaoEspiritismoparatodaacomunidade(semproselitismoecom respeito s demais instituies). 3.Preocupa-se e trabalha para que haja unio fraternal em todo o movimento esprita. Quandooslderesprocuramserenovarenoseperpetuaremcargos,quando acreditamquesoapenasmaisumtrabalhadorenoumtrabalhadorespecial, quando compartilham suas ideias para que deixem de ser apenas suas e tomem-se de todos, dando liberdade de ao e estimulando o envolvimento dos demais, fica mais fcil a nossa convivncia no centro e no movimento esprita. No se exige perfeio dos que lideram, mas se espera que aglutinem pessoas emtomodosnobresideaisqueoEspiritismonosinspira.Queatuemmediando conflitos, harmonizando diferenas e no que ajam, dispersando companheiros, a fim de atuarem sozinhos, fazendo somente o que desejam. WalterBarcelos10 afirmaquequemdirigequalquerreadeservioesprita deve enaltecer a tal ponto o sentido de equipe, que no conseguir jamais reter postosdedireoou deatuaodeforma perene,semofereceroportunidades aos irmos de f. Finalizamosessasconsideraesemtomodoassuntoliderana,recorrendo ainda aos argumentos do companheiro Alkndar,11 quando este prope um plano de ao para o centro esprita evitar a evaso de trabalhadores voluntrios. Afirma commuitapropriedadequeOproblemanoestnopessoal(...)asoluoestno pessoal.Euma sutileza depalavrasquecontmtoda uma mudana deviso ede ao. A soluo est nas pessoas e para isso importante: 1.Desenvolver um estilo de liderana eficiente e eficaz.1.1.Criar ambiente de credibilidade, confiana e eficaz comunicao interna. 1.2.Mostrar e divulgar a direo a ser seguida pelo centro esprita. 1.3.Dar poder e autonomia s pessoas. 1.4.Quebrar paradigmas. 2.Ter como foco o fato de o centro esprita ser uma escola com objetivo de educar o esprito imortal. 10 10BARCELOS,Walter.Aprendendo,AmandoeServindo.1.ed.Votu- poranga: Didier, 2000. Cap. O esprito de equipe. 11 11OLIVEIRA, Alkndar. O Trabalho Voluntrio na Casa Esprita. L ed. S2o Paulo: Petit, 2001. Cap. Plano de ao para o Centro Esprita evitar a evaso dos trabalhadores voluntrios. 3.Passaradifundiraideiadequetrabalharvoluntariamentenasobras espritas no obrigao, realizao. Maisdoqueumamudanaprogramtica,trata-sedeumamudana paradigmticaoqueesteautorsugerecombaseemsuaprticaprofissional, doutrinria e nas inmeras leituras que j fez sobre o tema. No custa analisar e vermos a possibilidade de adequar essas ideias em nossos treinamentosecursos,criarmosexperincias-piloto,fazermosalguns laboratriosedepoiscomunicaraosdemaiscompanheirososresultadose concluses a que chegamos. Que tal ento propormos ou fazermos algumas tentativas na instituioesprita onde estamos colaborando? Vs vos lembrais, senhores: a Sociedade teve as suas vicissitudes; tinha em seu seioelementosdedissoluo,vindosda poca emquese recrutavagentemuito facilmente,esuaexistnciachegou,emcertomomento,aestar comprometida.Naquele momento eu duvidei de sua utilidade real, no como simples reunio,mascomosociedadeconstituda.Fatigadoporessasperplexidades, estava resolvido a retirar-me. Esperava que, uma vez livre dos entraves semeados em meu caminho, trabalharia melhor na grande obra empreendida. Fui dissuadido deofazerpornumerosascomunicaesespontneas,quemeforamdadasde vrios pontos. Allan Kardec Revista Espirita de 1862 A experincia tem nos mostrado que a sucesso de pessoas nos cargos de direo, principalmente de diretoria, no algo assim to fcil de ser entendido na realidade de alguns centros espritas. H companheiros que acreditam que a felicidade no mundo espiritual est condicionada ao exerccio de funes na diretoria do centro esprita. Exerccio que, nesta concepo, quanto mais longo, maior quota de paz e alegria trar para o tarefeiro aps a desencarnao.Existem outros que no conseguem se ver atuando no centro, sem que possuam um cargo, tanto que aps uma eleio em que no so reconduzidos a ele, logo se distanciam,afirmandoteremcumpridoopapelquelhesestavadestinado,no restando mais nada a ser feito. Essetipodepostura,muitasdasvezes,endossadoporcompanheiros invigilantes que desejando externar simpatia, se declaram surpresos e indignados com o processo sucessrio. No podemos nos esquecer dos que afirmam querer passar o basto, mas no encontrampessoasdispostasaabraaratarefa.Semcontarosquereiteram, constantemente,quemuitodifcilserdirigenteesprita,poissomuitos problemasaseremresolvidose,precisomuitotempodisponvelparase dedicar tarefa. EaquinoslembramosdeDivaldoP.Franco,12 quandoesteafirmaque:Cada ldertemoscolaboradoresqueproduz.Seeleumtrabalhadorqueconsegue motivar os companheiros, surgem, naturalmente, os colaboradores; se ele algum que manda os outros fazerem, fica sempre sozinho. E complementa dizendo que nesses casos, (...) no sequer servir e sim aparecer.13 Htambmosqueseacreditamrevestidosdeumamissoeemhiptese algumapensamemdeixar ocargoouprepararalgumpara exerc-lo.Quandoo fazem, deixam claro para o substituto que ele somente assumir a funo, aps a desencarnao dele, o dirigente. Em alguns casos (e aqui no podemos generalizar), a funo exercida obedece a ummecanismopsicolgicodecompensao,ouseja,aausnciadeconquistade espaos na vida pessoal e profissional leva a criatura a transferir para o centro o seu processo de auto-afirmao. At a nenhum problema, desde que isso ocorra comequilbrioeosespaossejamcompartilhadosdeformafraternae democrtica. Sabemosque,muitasvezes,omodismodeestarsempremudandopode comprometer todo um processo de crescimento do centro, pois h situaes em que o melhor que seja mantido o grupo que se encontra frente das tarefas. Em outras ocasies, tendo a possibilidade de se fazer a necessria renovao, nosomitimosouficamoscomreceiodeferirsuscetibilidades.Oquenoslevaa colaborar diretamente para a manuteno de coisas com as quais no concordamos eque,noentendimentodevriostrabalhadores,vocontra oqueoEspiritismo prope. Seafilosofiadetrabalhoestabelecidafordoconhecimentodetodosefor tambmaquelaconstrudaelegitimadacomaaquiescnciadamaioria, independente de qualquer revezamento que exista, ela ser mantida, repensada e aperfeioada pelosnovosdirigentes,que nosero outros,senotrabalhadores que j atuam h algum tempo no centro esprita. Quando um grupo mantido, h situaes em que aqueles que se apresentaram como candidatos e no foram eleitos, se melindram e se afastam. Nounicamenteoquefazemosnocampodobemquenoscredencia felicidadeagoraoudepois,mastambmocomofazemos.Logo,noseroos 12 12FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Conscincia. Pelo Esprito Joanna de ngelis. Salvador: Leal, 1992. P. 17. 13 13Idem, ibidem. Cap. Renovao de dirigentes.cargos, mas a forma e o sentimento como nos desincumbimos dos encargos. semelhana de uma corrida de revezamento, ora estamos com o basto, ora estamos sem ele. Mas de uma forma ou de outra estamos juntos na mesma equipe, com tarefas diferentes, mas empenhados na busca dos mesmos objetivos. Se- o nosso exerccio democrtico falho nos centros espritas, onde temos tudoparafaz-lopleno,comodesejarqueelesejaumarealidadenasdemais instituies sociais? Sem a preparao de novos trabalhadores e continua- dores, o centro esprita corre o risco de fechar as suas portas e deixar de cumprir a sua funo social. Os espritos superiores, na questo 895, disseram a Allan Kardec que o sinal maiscaractersticoda imperfeioointeressepessoal,queoapegoscoisas materiais constitui sinal notrio de inferioridade e que o desinteresse demonstra que o esprito encara de um ponto mais elevado o futuro. Se no nos sentimos apegados aos bens do mundo, devemos analisar o grau de apegoansmesmos,sideiaspessoaisdasquaisnoabrimosmoequetemos todo direito de defend-las, s no temos o direito de imp-las. E o mesmo vale paraarelaoqueestabelecemoscomoscargoseencargosqueassumimosno centro esprita. Snosrestaintensificarosnossosestudosdoutrinrios,lendo,inclusive, obras especficas sobre a gesto do centro esprita, evitando disputas internas, silenciando melindres, apagando ressentimentos, estimulando o bem e esquecendo omisses no terreno da exigncia individual.14 Tendo por objetivo a melhora dos homens, o Espiritismo no vem procurar os perfeitos,masosqueseesforamemoser,pondoemprticaosensinosdos espritos. O verdadeiro esprita no o que alcanou a meta, mas o que seriamente quer atingi-la. Allan Kardec Revista Espirita At 1861 Progredirsempreagrandenecessidadedoespritoedoesprita,em particular. Progresso que se d mediante os inmeros renascimentos e tambm nos perodos em que permanecemos na erraticidade. Desejandoprogredirerecuperarotempoperdido,muitasvezesabraamos diversastarefasnocentroenomovimentoesprita.Devoramosliteralmenteas 14 " XAVIER, Francisco Cndido e Vieira, Waldo. Estude e Viva. 8.ed. Pelos Espritos Andr Luiz e Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, 1996. O esprita na equipe. obraseperidicosespritasaosquaistemosacesso,poistemosnsiadesaber cada vez mais. Otrabalhovoluntrio,oestudometdicoeaconvivnciafraternavo desenvolvendo nossas potencialidades, levando-nos a transitar da confuso para o discernimento, da ignorncia para o conhecimento das coisas e de ns mesmos.Apesardisso,esteprocessonemsempreocorredeformaequilibrada. Assumimostantastarefasqueacabamoscomprometendoavidaprofissionalea atenonecessriaaosfamiliares.Lemosumaquantidadeimensadelivros, retendo e amadurecendo pouco as ideias lidas, tomando-nos espritas exaltados ou vivendo momentos de exaltao15. Este comportamento decorre, em muitos casos, da observao da postura de alguns companheiros, que dispondo de tempo, acabam estando com mais frequncia nocentroesprita.Issoporteremjseaposentado,possuremumavida profissional e familiar organizada ou mesmo por sentirem necessidade deste tipo de envolvimento. O fato que no h um padro ou modelo a ser seguido em relao ffquncia, nmerodehoras,quantidadeouespciedetarefasquedevemosabraar.Cada qual traa para si o que prioritrio, devendo, naturalmente, observar os critrios que cada casa esprita estabelece para a colaborao neste ou naquele setor. Precisamostercuidadoparanoexigirdosoutrosomesmograude envolvimentoquepossumos,nemdeixardeestimularosquenoscercamaum envolvimento crescente, consciente e maduro, respeitando sempre o livre-arbtrio de cada um. Nesse sentido, o que mais importa no a quantidade de coisas que fazemos, mas os sentimentos que nos animam nas pequenas e possveis tarefas abraadas. Quantosleiturasqueprocuramosfazer,buscandoatualizar-nos,vale ressaltar o quanto difcil ler tudo o que se publica sob o rtulo de Espiritismo. A issoseopeotempoeopoderaquisitivo.Htambmofatodasbibliotecas existentes em nossos centros, nem sempre priorizarem a aquisio de pelo menos um exemplar das novas obras ou peridicos que circulam em nosso meio. Apesardisso,hcompanheirosquesecobramestapermanenteatualizao, fazendocomqueaansiedade,quetantoestudamoseidentificamosforados arraiais espritas, acabe por nos contagiar dentro dele. E certo que a leitura e o estudo so um trao marcante no esprita dedicado, masprecisamostomarcuidadocomaneurose deinformao.Ela ocorrequando no nos conformamos com o fato de ainda no saber o que todos sabem, de no termoslidooltimolivroquetalmdiumrecebeu,notermosaindasequer folheado a obra citada pelo expositor. 15 15 KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. 15. ed. So Paulo: LAKE, 1989. Cap. Mtodo.Juntoouseparadodaansiedadeedaneurosedeinformao,htambmo fenmeno da compulso. Compramoscompulsivamentetantoslivros,quesemduasreencamaes conseguiriamosl-los(etalvezainda seja pouco).Elesficamparadosemnossas estantessemquesejamlidos,emprestadosoudadosdepresenteaalgum.E quando visitados, nos orgulhamos de apresentar o vasto acervo, assemelhando-nos aoagricultorque se considera ricoporterumceleiroabarrotado de sementes, sem t-las semeado. DizAndrLuiz16 quedevemos:Oferecerobrasdoutrinriasaosamigos, inclusive as que jazem mofando sem maior aplicao dentro de casa (...) Outro comportamento bastante comum, e muitas das vezes inconsciente, o desejo de alguns expositores de falar no centro X ou em eventos tradicionais, porqueparaelessosempreconvidadoscompanheirosquedealgumaformase destacam no movimento esprita. Ser lembrado para participar deles equivale a um reconhecimentopelosesforosquesetemempreendido,umaespciede consagrao do seu trabalho e um passaporte para novos, distantes e importantes eventos. Ningum deve recusar convites ao trabalho, nem demonstrar falsa modstia, mascadaumdeveseperguntarseoseuobjetivodivulgaroEspiritismoou divulgar-se, apresentar a Doutrina Esprita ou apresentar-se, se deseja apagar- se para que o Cristo resplandea ou no fundo procura chamar para si a ateno dos demais. Quandooespritodeservio,adedicaocausapormeiodoestudoeda transformaomoralonossoverdadeiromvel,osespaoseconvitesvo ocorrendodeformanatural,aprpriaespiritualidadeseencarregade inspirar-nos,justamenteporsabercomosomos,oquepretendemoseoqueo produtodanossaatuaorepresentarparaumdeterminadogrupoou coletividade. A esta atuao despretensiosa e modesta se ope o carreirismo, ou seja, o desejodefazerumacarreiranomovimentoesprita,assimcomosefaznuma empresa, universidade ou nas foras armadas. Estefenmenoocorrequandootrabalhadorqueatuanumdepartamentoou setortemcomoalvomaiorasuadireo.Depoisdissopassaaalmejara presidncia do centro e como presidente do centro aspira liderar o movimento da regio. O mesmo ocorre em relao aos expositores que desejam vencer os limites geogrficos do lugar onde atuam, dos mdiuns que gostariam de receber espritos da mais alta hierarquia espiritual ou psicografar um nmero especfico de livros. Entendemosquemuitostarefeirosreencamaramcommissesdeiremmais 16 16 VIEIRA, Waldo. Conduta Esprita. 21. ed. Pelo Esprito Andr Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Cap. Perante o livro.adiante, desenvolvendo uma tarefa de grande envergadura, possuindo projeo no movimento esprita e assumindo importantes lideranas, mas no nos parece que estejam mais preocupados com isso do que com o trabalho em si. Asociedadevalorizaosttulos,asviagenseexperinciasinternacionais,o currculo da pessoa. O Espiritismo e a espiritualidade amiga preocupam-se com o ser humano, com o desenvolvimento das suas potencialidades, o seu crescimento interior. E isso no impede que algum se destaque e alcance certa visibilidade no movimento esprita. Devemos estar atentos para no entronizar, como indicador de xito, o fato de sermos mais ou menos conhecidos no movimento. AquantidadedebemquealgumfaatemseuValor,masofundamentala qualidade do bem. o como eu fao e depois o quanto eu fao. No se trata de fazer muito, mas se fazer sempre que possvel, tal como nos disseram os espritos: Nohquemnopossafazerobem:somenteoegostajamaisencontra oportunidadedepratic-lo.Bastaestaremcontatocomoutroshomenspara encontraroportunidadedefazerobem,etodososdiasdavidaoferecema possibilidade a todo aquele que no estiver cego pelo egosmo; porque fazer o bem noapenassercaridoso,sertilnamedidadopossvel,todasasvezesque vosso auxilio puder ser necessrio.17 O indicador esprita principalmente qualitativo e no quantitativo. Nossas aquisies espirituais no so medidas tanto pelo nmero de palestras feitas,livrosescritos,receitasrecebidas,anosfrentedeumatarefa, congressos dos quais participamos, etc. Tais indicadores possuem uma importncia relativa, que cresce na medida em que fazemos tudo isso com amor, sem desejo de destaque. Mesmo porque, podemos entrar num processo de rotina e fazer muita coisadeformaautomtica,mecnica,semotemperodosnossosmelhores sentimentos. Estes comportamentos aqui analisados, marcados pela ansiedade, pela neurose, pelacompulso,pelodesejodedestaqueepelocarreirismosofenmenosque evitamos ou administramos melhor, quando fazemos uma auto avaliao sincera. Precisamos progredir, verdade, mas devemos faz-lo com simplicidade, com desapego, recusando o poder que domina, exalta a vaidade e o individualismo, para abraar aquele que liberta e destaca o esprito coletivo. Que ningum recuse as tarefas para as quais possui aptido, nem to-pouco se sintamelindradopornotersidolembradoparaocuparumafunoquetanto desejava. ChicoXavier18 afirmouquericoaquelequetemmaisamornocoraodos 17 17 KARDEC, Allan. O Livro dos Espritos. 1. ed. Rio de janeiro: Lon Denis- Grfica e Editora. Pergunta 643.18 BACCELLI, Carlos A. O Evangelho de Chico Xavier. 1. ed. Votu- poranga: Didier, semelhantes. Queapossedestemagnficoeimperecveltesouro(oamordosoutros)nos emule a trabalhar sem dissimulaes, vaidades, recalques em relao ao destaque alheio, assumindo as prprias limitaes, trabalhando para super-las, sempre em busca de novos e preciosos espaos no corao das pessoas.A grande maioria dos espritas se acha entre pessoas esclarecidas e no entre as ignorantes. Por toda parte o Espiritismo se propagou de alto a baixo da escala social, e em parte alguma se desenvolveu primeiro nas camadas inferiores. Allan Kardec Revista Espirita de 1869 Numaanlisepsicolgicadosvriostiposdeespritasedascaractersticas marcantes do comportamento de cada um deles, Allan Kardec nos apresenta em O Livro dos Mdiuns, cinco categorias que ele descreve como sendo as seguintes: 1*) espritas sem o saber; 2*) espritas experimentadores; 3*) espritas imperfeitos; 41) espritas cristos ou verdadeiros espritas e 5*) espritas exaltados.19 Osespritas semo sabersoaquelesque,semjamaisteremouvidofalarda Doutrina Esprita, possuem o sentimento inato dos seus grandes princpios (...) e essesentimentoserefleteemalgumaspassagensdeseusescritosedeseus discursos,apontodesuporem;osqueouvem;queelessocompletamente iniciados. Osespritasexperimentadoresso:osquecrempuraesimplesmentenas manifestaes. Para eles o Espiritismo apenas um cincia de observao (...) Os espiritas imperfeitos vem mais do que os fatos; compreendem-lhe a parte filosfica; admiram a moral da decorrente, mas no a praticam. Insignificante ou nula a influncia que lhe exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hbitos e no se privariam de um s gozo que fosse. (...) Os espritas cristos so os que no se contentam em admirar apenas a moral esprita, mas a praticam e aceitam todas as suas consequncias (...) A caridade sempre a sua regra de conduta. Osespritasexaltadossoosmenosaptosparaconvenceraquemquerque seja,porquetodos,comrazo,desconfiamdosjulgamentosdele.Graassua boa-fsoiludidos,assim,porespritosmistificadores,comoporhomensque 2000. P. 149.19 19 KARDEC,Allan.OLivrodosMdiuns.55.ed.RiodeJaneiro:FEB,1999. Cap. Mtodo.procuram explorar-lhes a credulidade. AllanKardecserefereaindaaoutrascategorias,taiscomoosespritasde contrabando,queelecitaemObrasPstumas,aofinaldaprimeiraparte,no captulo intitulado Os desertores. Esta categoria muito comum nos primrdios do movimento esprita, segundo palavras do Codificador, era formada por aqueles que se imiscuam nos grupos espritas a fim de espalhar (...) o veneno da calnia, lanar a o facho da discrdia, inspirar atos comprometedores, tentar desencaminhar a Doutrina para tom-la ridcula ou odiosa Alm disso, pregavam a unio semeando a divisoeexcitavamcimedeprepondernciaentreosdiferentescentros. Tiveramsuautilidadeaoensinaraoverdadeiroespritaaprudnciaea circunspeco. Cita tambm, em Viagem Esprita de 1862, os espritas de corao e os espritas praticantes,categoriasquesoumavariantedoespritacristo,umamaneira diferente de se referir aos que sinceramente buscam a prpria transformao em servio ativo aos semelhantes, dentro e fora do centro esprita. Numa abordagem recente, Divaldo Franco cita uma nova categoria, os espritas degabinete,20 quesegundosuaconceituao,seriamaquelesqueestudandoo Espiritismoemseusgabinetese,viaderegradeformaisolada,chegama concluses muito pessoais e em contradio com a prpria doutrina que estudam. Sointerpretaesquenopassampelocrivodauniversalidadedosensinos, explicada em O Evangelho Segundo o Espiritismo e consagrada em toda a Codificao. Essauniversalidadeocrivoindispensvelqueprecisamosusardiantede revelaes e inovaes que surjam em nosso meio. Ela no um critrio fechado, que advoga a inrcia e o atraso, ao contrrio, a prpria condio do avano, da renovao e do progresso. Mas esse sentido de progresso s ocorre quando h respeito s diferenas e recusaaqualquertipodedisputa,quandoapagamo-nosparaqueoconjuntose sobressaia. Enaturalquealgunscompanheirossedediquemaoestudoepesquisados fenmenos espritas, desde que no olvidem os imperativos da prpria renovao. OEspiritismoprticonodeveserentronizadoemdetrimentodaprticado Espiritismo com Jesus, como afirmou o Esprito Veneranda.21 Precisamosdeentusiasmo,ousadiaequalidadenadivulgaodospostulados espritas,masoprprioCodificadorquenosalertaparaosentusiasmosde ocasio, dos ardores demasiados febris, que so quase sempre fogos de palha.Overdadeiro espritaalgumque reconhecea importncia dosfenmenos, 20 20FRANCO,Divaldo.ConversaFraterna-DivaldoFranconoConselho Federativo Nacional. Braslia: FEB, 2001, p. 52. 21 21XAVIER, Francisco Cndido. Os Mensageiros. Pelo Esprito Andr Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 1987. Cap. Palavras de Monteiro. sabeoquantoaforadoentusiasmoequilibradopoderealizar,admitesuas imperfeies, mas no se acomoda com elas, substituindo-as paulatinamente pelas qualidadesquevaidesenvolvendo.algumquenosendototalmentebom,luta para ser melhor a cada dia. Essas categorias elaboradas por Allan Kardec refletem a heterogeneidade do nosso movimento, o quanto ele plural. E conviver com tais diferenas no algo assim to fcil, pois exige uma inteligncia interpessoal, uma certa sensibilidade que nem todos possuem desenvolvida. Quando algum procura ser conciliador logo rotulado de sem posio, em cima do muro, quer ficar bem com todos, etc. Quando expem seus pontos de vista com firmeza e objetividade racional demais ou no tem sensibilidade. Quandoestudamuitometidoa intelectual.Quandopareceestudarpouco algumsemqualquer conhecimento,logo, notemautoridade para abordar tal assunto. Se for idoso o tempo dele j passou, est quase desencarnando e se muito novo quem ele pensa que ? Malchegou e j quer opinar sobre tudo. Se procura se vestir bem vaidoso, quando se veste com simplicidade desleixado. Setrabalhamuito e nodispe de maistempopara ocentro estsob processo obsessivoequandotrabalhacomafincoemalgumasfrentesexistentesna instituio quer aparecer ou ganhar o reino dos cus ' O fato de apontarmos problemas existentes em nosso movimento e no dia-a-dia dosnossoscentrosnosignificaqueestejamosnosdetendomaisnosaspectos negativos e desconsiderando os avanos e as conquistas j realizadas. O fazemos, porque entendemos que certas questes precisam ser pensadas, avaliadas, a fim dequeaqualidadedaDoutrinaestejapermanentementepresentenasnossas iniciativas e relaes.Entendemos que tudo isso processual, leva tempo e no somos daqueles que esperammudanasradicais,mesmoporquesabemosoquantooprocessode despertamento e consolidao de uma qualidade exige perseverana e esforo. No livro Ardua Ascenso, o Esprito Victor Hugo22 afirma que onde se encontra o homem, a se fazem presentes as suas paixes e que a construo de uma nova mentalidadeemnossomeio,voltadapara asolidariedadeeoamorumgrande desafio. Ainda mais, se for examinado que muitos dos modernos trabalhadores da seara espritasoantigaspersonagenscomprometidascomfacesreligiosas beligerantes, bem como partidos politicos exaltados, ora aprendendo disciplina e submisso,transferidasdasposiesrelevantesparaasdeservio,queo mergulho no corpo no pde obnu- bilar completamente as anteriores impresses que lhes caracterizavam antes a conduta (grifos nossos). 22 | FRANCO, Divaldo Pereira. rdua Ascenso. 1. ed. Pelo Esprito Victor Hugo. Alvorada: Salvador, 1985. Cap. O porqu do Espiritismo no Brasil. H tambm uma narrativa feita por Chico Xavier, sobre um encontro que ele teve com Yvonne Pereira, no Rio de Janeiro, quando este lhe indaga sobre a opinio dos espritos com os quais ela trabalhava, a respeito das atitudes pouco fraternas dos espritas. Dona Yvonne23 ento responde: (...)queoDr.BezerradeMenezesconversavamuitocomelaarespeitodo assunto e que, embora demonstrasse preocupao, dizia que os espritas estavam fazendo o que podiam fazer, de vez que a maioria deles era delinquente, espritos que haviam cado nas vidas anteriores pelos abusos da inteligncia ou pelo excesso de personalismo (...) Essas colocaes se por um lado podem nos entristecer e nos preocupar, por outro, devem nos estimular uma reflexo sobre o que temos feito ou deixado de fazer nas relaes que estabelecemos uns com os outros. Relaes que no se do apenasnoqueverbalizamos,mastambmpelospensamentosqueemitimose recebemos. Infelizmentenavidaemgrupo,hcompanheirosquenoaceitamser contrariados e quando percebem que as suas ideias no so aceitas pela maioria, resolvem se afastar, buscando novas afinidades em outros lugares. A liberdade de pensar e de agir nos d esse direito, porm, lamentvel quando algum se afasta depreciando os irmos ou permanecendo na tarefa, a faa com total indiferena pelos rumos que as atividades tomaram. Precisamos nos querer bem, colocando em nossa prpria cabea os chapus que nos habituamos a colocar sobre as cabeas alheias. Reconhecer nossas limitaes j no o bastante, fundamental trabalhar-nos a fim de super-las, respeitando aqueles que caminham ao nosso lado e os que esto trilhando outros caminhos. LembramosumavezmaisdeChicoXavier,deixandoqueassuaspalavras encerrem as reflexes deste captulo: Estamos,todos,muitolongedeseraquiloqueprecisamosser.Osespritas devem constituir uma nica e mesma famlia, respeitando os que pensam e os que no pensam conforme pensam.24

23 23BACCELLI,CarlosA.ChicoeEmmanuel.Votuporanga:Didier,1996.P. 90e91. 24 BACCELLI,CarlosA.OEvangelhodeChicoXavier.1.ed.Votupo-ranga: Didier, 2000. P. 97. (...) Procurai no Espiritismo aquilo que vos pode melhorar. Eis o essencial. Trabalhandopeloprogressomoral,lanareisosverdadeirosemaisslidos fundamentos de todas as me- Ihoras.f...)25 AHan Kardec NolivroDramasdaObsesso,psicografadopelamdiumYvonnePereira,o EspritoBezerradeMenezes26 afirmaexistiremcentrosespritasquese assemelham mais a clubes, citando, inclusive, as caractersticas que os distanciam da condio de templos religiosos e escolas de aprimoramento do esprito imortal. Ao mesmo tempo em que nos alerta quanto s distores que podem ocorrer no cotidiano dos nossos centros, ressalta que cada templo esprita tem sua ambincia especfica.Estaambincia,nssabemos,resultadospensamentosemitidos,do tnusmentaleemocionaldeencarnadosedesencarnadosqueatuamemsuas dependncias. Issonosfazpensarquecadacentroespritatemsuasprprias caractersticas, muitas delas comuns e outras diferentes em relao aos demais. Issosed,entreoutrascoisas,pelosobjetivosdosfundadores,asprioridades estabelecidas pelos dirigentes, a regio onde est situado e pelo que se estuda em suas reunies. Numexerccioimaginativo,admitamosque ocentroespritaem queatuamos tenha vida prpria, exatamente como nos desenhos animados ou filmes de fico. Ele por certo externaria suas preocupaes, alegrias e decepes. possvel que numdadoinstanteelenosdirigissealgumasperguntas,procurando sensibilizar-nos,levando-nosarefletirsobrecoisasparaasquaisnemsempre damos muita importncia. Provavelmente perguntaria: 1.Voc tem conseguido vir aqui com mais assiduidade? 2.Voc tem criticado menos os que trabalham e se apresentado mais para o servio? 3.Para colaborar ou prosseguir colaborando, voc faz questo de cargos? 25 25Trecho da mensagem de Ano Novo dos Espritas Lioneses. Revista Esprita, fevereiro de 1862. 26 26PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsesso. 8.ed. Pelo Esprito Bezerra de Menezes. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Cap. Concluso. 4.O Espiritismo no exige santidade de ningum, mas pelo menos aqui voc tem procurado educar seus pensamentos e impulsos, sem perder a espontaneidade e sem deixar de ser voc mesmo? 5.Voctemprocuradoseaproximarmaisdaquelesqueaquiestoeque considerasejamfrios,distantes,antipticos,vaidosos,centralizadores, procurando conhec-los melhor?6.Alm de um hospital e de uma escola, voc j percebe que sou tambm uma oficina de trabalho e que existe algo que voc pode fazer por aqui? 7.Estou sempre com as portas abertas para receb-lo, mas gostaria de saber porquevocmeprocura.Obrigao?Prazer?Dedicao?Necessidade? Dependncia? Desencargo de conscincia? Amor? 8.Voc tem permitido aos companheiros e companheiras espritas conhec-lo melhor? Tem priorizado suas relaes ou apenas o trabalho? 9.Voc imagina quanto custa por ms manter-me funcionando? 10.Tenho dado de mim o que posso para oferecer-lhe um mnimo de conforto, umespaodetrabalho,estudo,confraternizaoecrescimento.Voctem percebido e valorizado o que lhe ofereo. 11.Voc tem aberto espao para outros se revezarem com voc nas funes que ocupa ou mais um a alegar a ausncia de colaboradores, sem preparar com alegriaedesapegoosqueestosuavoltaequeportimidezaindanose candidataram ao trabalho? 12.Quando voc vai a um outro centro procura observar as coisas boas para incorporar minha rotina ou percebe apenas os erros, dando graas a Deus por eles no existirem por aqui? 13.Voccolaboraquandopodeoudaquelesqueabandonamolar, esquecendo-se dos compromissos familiares assumidos para se refugiar em minhas dependncias?14.Quandoalgumseafastademim,voctentaentenderasrazes,ou censura e lamenta, sem procurar saber os motivos reais que levaram a pessoa a se ausentar? 15.Voc consegue perceber que eu no tenho que ser igual a nenhum outro centro e que nenhum outro tem de ser igual a mim? J entende que podemos ser diferentes em alguns aspectos, embora sigamos as mesmas diretrizes que esto na codificao esprita? Respondercomsinceridadeaessasperguntaspodenosajudaranossituar melhor em nossa relao com o centro esprita onde atuamos. Embora se diga que fcilserespritadentrodocentroequeforadelequeostestemunhosso importantes,entendemosqueneleexistemdesafiosqueserenovamequese foremgradativamenteenfrentadosevencidos,maisfacilmentelidaremoscom aqueles que se apresentam na vida social. Eis alguns desses desafios: o de ser democrtico sem ser permissivo; ser sincero sem ferir deliberadamente os sentimentos dos outros; falar para as pessoas e no das pessoas; conviver com as diferenas; nopensarapenasnaboaexecuodaprpriatarefa,mascolaborar, dentro do possvel, para que outros companheiros encontrem xito e satisfao no que fazem; aceitar cargos e encargos, a fim de no sobrecarregar os outros, sabendo o quanto difcil agradar a todos; aprender a aceitar crticas;reconhecer o valor dos companheiros; aceitar a colaborao e direo alheia sem se sentir diminudo. Cada instituio social possui uma cultura que lhe prpria, que a caracterize diantedasdemaisequenospermitacompreender,porquefuncionadessaou daquela maneira. Ocentroesprita,pornoserumtemploreligiosotradicional, temaspectosdistintosdostemplosdasdemaisreligies.Istopercebemosno apenas na arquitetura, mas principalmente na aplicao dos princpios doutrinrios no seu cotidiano. Apesardisso,encontramosaquelesqueseassemelhamemuitoaumaigreja catlica ou evanglica, a um terreiro de umbanda ou a um espao esotrico, graas aosatavismosprincipalmentedealgunslderesespritas,queinterpretandoa codificaodeformamuitopessoal,justificamtaisprocedimentosbaseados naquilo que julgam tenha sido dito por Allan Kardec. Ao analisar as caractersticas dos centros espritas, o confrade Csar Perri27 chegou a uma classificao de dez tipos de centros, baseada nas suas observaes evivncias.Iremosreproduzi-laaseguir,condensando-aecorrendooriscode mutilarousimplificardemaisopensamentodocompanheiro.Osquedesejarem t-la na ntegra bastar consultarem o seu belo livro. TIPO PERSONALISTA Sociedadecentradanapessoadodirigente/mdium,ondedificilmenteh renovaonaliderana,havendo,inclusive,dificuldadesnaconstituiode equipes. - TIPO CURADOR - O foco o atendimento a pessoas necessitadas de cura. H pouco ou quase nada de informao doutrinria. - TIPO IGREJA TRADICIONAL - O ambiente frio, as reunies so rotineiras e no h estmulo criao de vnculos do ffequentador com a instituio. TIPO SALVACIONISTA Predomina um ambiente pseudo-evanglico, marcado por muita ingenuidade. H 27 27 CARVALHO, Antonio Csar Perri de. Espiritismo e Modernidade. l.ed. So Paulo: USE, 1996. Cap. Caractersticas dos centros.preocupaodedoaoparaoscarentesepairanessetipodecentrouma atmosfera de missio- narismo. TIPO ORCULO H valorizao exclusiva das consultas e de opinio de mentores espirituais, o estudo acessrio e o exerccio da mediunidade a atividade principal. TIPO REPARTIO PBLICA Neste tipo de centro h convnio de toda a espcie, as pessoas especializam-se em apresentar propostas, realizar relatrios e prestar contas. TIPO LINHA AUXILIAR DE GOVERNOS - Desejando atender o prximo, o centro se atrela aos poderes polticos constitudos, ficando como uma espcie de braoouramificaodestes.Issosetornaruim,quandoadireoperdea autonomia, ficando submetida s diretrizes do poder pblico e no s diretrizes espritas. - TIPO ASSISTENCIAL - Entidade fundada com o objetivo de fazer assistncia social, especificamente com crianas rfs. A ausncia de base doutrinria dificulta a formao de equipes e a soluo encontrada foi a criao de um centro esprita para gerir a obra. TIPO DOUTRINRIO - Centro que procura introduzir curso de orientao e educao da mediunidade ecursobsicodeEspiritismo,comoetapapreliminarparaaintroduode companheiros em reunies medinicas. Nesses ncleos, h formao de equipes e expanso no nmero de frequentadores do centro. TIPO ESCOLA/ASSISTNCIA Neste tipo h implantao de curso bsico de Espiritismo e, sucessivamente, decursossobrecada obradeKardec eautoresclssicosdoEspiritismo.Com o crescimento da procura por cursos e integrao dos frequentadores nos trabalhos assistenciais, o centro amplia sua integrao com a comunidade onde se localiza. Ofatoqueumcentroespritarepresentauminvestimentoconjuntode encarnados e desencarnados, visando divulgar o Espiritismo e criar um ambiente onde a igualdade, a liberdade e a fraternidade possam ser vividas sob a inspirao do Evangelho de Jesus. Pense nas perguntas que diariamente o Centro Esprita que voc frequenta lhe faz. Antecipe-se a elas, perguntando-se. sobre o envolvimento que j capaz de ter. Observeocomportamentoalheio,masnocopieningum,verifiqueasua disponibilidade e em que medida deseja se envolver. Decidido a fazer a sua parte, faa-a da melhor maneira, mas no se esquea de que outros desejam ajud-lo e outrosprecisamdasuaajuda,experinciaeestmulo,afimdeproduziremno apenas mais, mas sobretudo melhor. O Espiritismo uma Cincia imensa como bem sabeis, e cuja experincia no se adquire seno com o tempo, alis como em todas as coisas. Essa pretenso de no maisnecessitardeconselhos,edesejulgaracimadetodos,umaprovade insuficincia, pois foge a um dos primeiros preceitos da doutrina: a modstia e a humildade. Allan Kardec Revista Esprita de 1861 Vez por outra nos defrontamos com situaes inesperadas no centro esprita que frequentamos. Situaes pelas quais nunca passamos e que exigem muito tato ebomsenso,afimdequeanossaposturareflitaacoernciaeoequilbrioda doutrina que nos inspira. Setivermosohbitosaudveldelerperidicosespritaseparticipardos encontrospromovidosemnossomovimento,atravsdasexperinciasqueso relatadas, descobriremos como pensam e agem os nossos companheiros de ideal. Seestudarmosasobrasespritas,perceberemoscomopensameagemos espritos esclarecidos em situaes similares.Seprocurarmosestarsempreemboasintonia,aindaquenosfaltem experinciasnasquaispossamosnosbasear,ainspiraochegaremnosso socorro, para que atendamos, de maneira adequada e esprita, a quem nos procura. Semumservioeficienteeeficazderecepoeatendimentofraterno, dificilmenteumcentroespritaconseguirseanteciparacertosproblemasou mesmo san-los, quando estes se apresentem. E preciso investir em treinamento, emleituraespecficasobreotema,promovendoencontrosparatrocade experinciasentreosgruposespritas.Istosequisermosalcanaroxito desejado em nossas tarefas. Em tomo deste tema, Walter Barcelos, esprita mineiro, afirma: Quem chega casa espirita, pedindo apoio, no mais um elemento, nem mais um adepto, nem mais um paciente, nem mais um doente, nem mais um cliente, nem mais um contribuinte financeiro, nem mais uma pessoa pobre: especialmente e acimadetudo,umirmoqueJesusenviouaosnossoscoraes,esperandoa migalha de amor (...)28 Baseado em experincias que vivenciamos e em fatos que nos foram relatados por alguns companheiros, propomos algumas situaes-problema que j estudamos 28 a BARCELOS, Walter. Aprendendo, Amando e Servindo. 1 .ed. Votu- poranga: Didier, 2000.em encontros promovidos pelo centro esprita que frequentamos. 1.Voc est colaborando na recepo no dia da reunio pblica. Um homem nitidamente alcoolizado se aproxima, gesticula muito, fala coisas desconexas, mas diz que vai entrar no salo e assistir reunio. O que voc faz? Uma companheira nossa, muito bem humorada, disse que lhe daria um suco de abacaxi, que excelente para esses momentos. Confesso que fiquei pensando onde ela arrumaria um abacaxi assim to rpido e um liquidificador para fazer o suco. Tambm fiquei imaginando, leigo como sou, nas reais propriedades do abacaxi, pois sempre soube que ele diurtico e que sendo uma fruta cida, facilita a digesto. Sendodiurtico...entendoqueelenostrariaumnovoproblemacomohomem alcoolizado, aumentando nosso trabalho. Houve quem sugerisse um caf e at um banho frio. Brincadeiras parte, muitas vezes a pessoa entra, senta e comea a dormir. Seja por que relaxou, seja pela ao dos espritos amigos ou por ambos os fatores. Mas, se ao contrrio, comea a falar alto e a perturbar a reunio, a preciso agir no sentido de retir-la do salo, conduzindo-a para um outro ambiente do centro esprita. O ideal que em sua chegada os companheiros conduzam-na a uma sala, a fim de acalm-la e ouvi-la, caso ainda tenha um mnimo de lucidez. Que se lhe aplique um passe, deixando-a dormir um pouco. E quando se tratar de pessoa conhecida, pode inclusive se ver a possibilidade de conduzi-la at a sua casa. importantenoperderdevistaquesehespritosinduzindo-aabeber, existem outros que lhe inspiraram a se dirigir ao centro. Portanto, se os espritos amigos trouxeram- na ao centro porque confiaram que os encarnados poderiam fazer algo por esse homem. No podemos nos esquivar de dar- lhe algo, ainda que as suas possibilidades de receber sejam reduzidas. 2.Um(a)jovemhomossexualvemvisitaramocidadeeencontraumclima muito acolhedor, tanto que resolve passar a freqentar as reunies. O que voc quedirigenteda mocidadefaz? Esevocpai oumedeumdosjovensque freqiientam a reunio, que procedimento voc toma? E muito importante que qualquer jovem, que chegue para participar da reunio damocidade,sejatambmrecebidoporalgumquepossaentrevist-lo,saber quais so as suas expectativas, o que lhe motivou a procurar o centro, qual o seu conhecimento doutrinrio, no para dissecar a vida de ningum, mas justamente para melhor atender esse algum, seja dando-lhe alguns esclarecimentos iniciais, seja localizando-o neste ou naquele ciclo de estudos. bem possvel que a pessoa at se abra e relate suas dificuldades. Nocasoespecficodealgumquetenhacaractersticashomossexuaisouse declare homossexual, se veio ao centro porque alguma coisa lhe motivou, nem que sejaapenasumacuriosidade.Logo,qualquerpessoa,independentedacondio social,econmicaemesmosexual,deveseracolhida.Aoconstatarmossua situao no deveremos programar um tema especfico sobre homossexualidade, a noserquenasequncianaturalestesejaoassuntoaserabordadoe coincidentemente a pessoa tenha chegado, ao que tudo indica, justamente para ouvi-lo. H um comentrio de Chico Xavier que vale a pena reproduzirmos neste espao. Quando olho para uma pessoa, no estou olhando para a sua condio sexual, estou olhandoparaalgumquemecaberespeitar, sejaqualfora sua opoem matria de sexo.29 O centro esprita a casa de Jesus, nela todos so bem- vindos, mas preciso salientarqueacasadeJesustemtambmsuasnrmaseadequar-seaelas importante, tanto da parte de quem a frequenta regularmente, quanto da parte de quem chega para conhec-la. Quanto aos pais, se so espritas, que fiquem tranquilos e orientem seus filhos aagirdeformacrist,isto,comnaturalidade,semumaposturaespecial direcionada para esta pessoa. Se no so, entendam que o Espiritismo no uma doutrina de excluso, mas de incluso, pois todos somos espritos imortais, filhos do mesmo Pai, portanto, irmos uns dos outros. Se,apesardisso,resolveremproibirseusfilhos,estarodandoumpssimo exemplo,poisnotrabalho,naescola,nasfestasenosambientespblicos,em geral,sempreestaremosconvivendocomadiversidadehumanaenocentro esprita, que como uma instituio social, no poderia ser diferente. 3.Umcasalchegaaocentroespritacomseufilhopequenoparaassistir| reuniopblica.Acrianafalaotempotodo,chamaaatenodaspessoase passeia pelo salo durante os estudos. Qual a sua atitude? Cabe ao servio de recepo orientar os pais logo na chegada. Muitos centros possuem, no horrio da reunio pblica, as aulas de evangelizao, onde h espao paraacrianafazertudooqueapropriadoasuafaixaetria,recebendoas orientaes evanglicas luz do Espiritismo. Quandonoh,pode-sepediraospaisqueselocalizemnascadeirasmais prximasdaportadeentrada,demodoqueacrianaquerendoiraobanheiro, tomargua,trocarumafraldaoumesmoandar,possafaz-loforadosalode reunies. Do contrrio, ser difcil manter a concentrao dos prprios pais e das pessoas que vieram para assistir aos estudos e receber os passes. Demaneirageral,naimpossibilidadededeixarascrianascomalgum,em casa,cabeaospaisorientaremseusfilhos,quantoaocomportamentoadequado. Lembrando que deve ser bem tedioso, para uma criana, ficar ouvindo um adulto falar sobre coisas que ela no entende, sendo obrigada a ficar sentada e quieta, durante um bom tempo. 29 29BACCELLI,CarlosA.OEvangelhodeChicoXavier,l.ed.Votupo-ranga: Didier, 2000.4.Hnocentroespritaumdepartamentoondeascoisasnofuncionam bem. As pessoas que o dirigem so dedicadas, porm, refratrias a qualquer tipo demudanaerenovao.Sendodiretordocentrooutrabalhadordeste departamento, o que voc faz? O centro esprita, que no estimula a criao de uma cultura avaliativa entre os seus trabalhadores, est fadado a estagnar, a perder seus frequentadores, que identificando atrasos, proibies e personalismos, iro buscar acolhida em outros lugares. AfirmaIldefonsodeEspritoSanto30 que:necessriorepensaraCASA ESPRITA. Desde a sua estrutura, objetivos, at a qualidade dos benefcios que presta, passando pela forma como administrada, as estratgias, as aes, os resultados. O aperfeioamento ocorre quando promovemos estudos e cursos que oxigenam as atividades do centro. E preciso tambm que criemos um ambiente onde todos nossintamosvontadeparaexternarnossasalegriasedescontentamentosde maneira fraterna. Tudo isso num clima onde um possa desejar o crescimento do outro, sem intenes ocultas e sentimentos dissimulados. Se ao instituirmos prticas que levem o grupo a refletir, alguns se afastarem melindrados, lamentaremos, mas nem por isso deixaremos de trabalhar para o bom funcionamentodainstituio.Setaiscompanheirosjulgarem-seinsubstituveis, entoestarosecolocandoacimadoprprioCodificadorquenoera absolutamenteimprescindvelcodificaodoEspiritismo,emborafosseo esprito mais bem preparado para esta tarefa. 5.Uma pessoa generosa faz vrias doaes de roupas, calados e alimentos, noentanto,sesentenodireitodedizercomoequandoascoisassero distribudas. Voc concorda com isso? Algum que proceda dessa maneira dever procurar ento um outro lugar para fazerassuasdoaes,porqueosdirigentesdoDepartamentodeAssistnciae PromooSocialEspritanopodemabrirmodosseuscritriosnemda autonomia na gesto do setor que dirigem. E afinal, esta pessoa quer mesmo ajudar ou aparecer? 6.Pormeiodevriasatividadesocentroconseguiuacumularumasoma considervel em dinheiro. Um grupo defende a compra de mais cestas bsicas para os assistidos, outro defende a compra de materiais didticos para os estudos da infncia, mocidade e tambm dos adultos e um terceiro, considera que o melhor aplicar o dinheiro. Qual a sua opinio? Tudodependerdoquadroatualdecadadepartamento,doplanejamento existente e das prioridades que este centro estabeleceu. 30 30SANTO,IldefonsodoEsprito.RepensandooMovimentoEspiritano Brasil, l.ed. SSo Paulo: Mnmio Tlio, 1999. Cap. Reparar o movimento esprita.Mais cestas bsicas far apenas com que mais pessoas possam comer ou comam duranteumperododetempomaior.Noadmissvelqueestedepartamento, conhecendo as reais necessidades das famlias que assiste, priorize apenas mais comida,quandohoutrasformasdeatendimentoquesovitaisparaquea promoo se faa e a dependncia diminua. Omaterialdidticofundamental,quandoocentroespritapriorizaa educao e se reconhece como uma instncia educativa do esprito imortal. Porm, nohcomopriorizarapenaslivrosemateriais,quandoexistemnosoutros departamentos necessidades mais urgentes. Considerandoqueagrandemaioriadasinstituiesespritasnomovimenta grandes somas, que aplicaes financeiras demandam tempo e que os rendimentos nosotocompensadores,aplicarodinheironoresolverasnecessidades imediatasqueocentropossui.Ecertoqueosbonsadministradorespossuem talento para multiplicar recursos, mas ser esse o melhor caminho? No existiro outrasformasdeinvestimentoquepossibilitemaocentrodarcontadassuas necessidades e ao mesmo tempo viabilizar seus projetos? 7.Umdirigentevivereclamandoquepossuimuitasatribuies,apesar dissonorepartesuastarefasevdefeitosedespreparonosquetentam ajud-lo. O que voc diria para ele? Ningumobrigadoaabraarmaistarefasdoqueasuadisponibilidadede tempoedeforaspermitam.Precisamosaprenderacinciadetrabalharem equipe, no exigindo perfeio de ningum, e muito menos, achando que algo s fica bem-feito quando somos ns quem fazemos. Isso uma presuno que no deveria ter lugar em nosso movimento.Walter Barcelos afirma que: Muitas vezes os dirigentes espritas so culpados pela escassez de cooperadores, devido s suas exigncias absurdas de requisitos pessoais.31 8.Nas reunies de um rgo de unificao esprita, um membro da diretoria temporhbitocomentarosassuntos,comantecedncia,comdoisoutros membros, no intuito de persuadi-los a concordar com certos encaminhamentos que pretenda dar a determinados temas. Na hora da reunio, sua opinio normalmente acatada e os que no foram por ele contactados, so voto vencido. O que voc pensa sobre essa atitude? H que se lamentar se os comentrios so feitos com esse intuito. Isso mais pareceuma reproduodosambientespolticos,ondeasconversaseconchavos so feitos surdina dos bastidores. ChicoXavierfoicategricoquandoafirmouquenomovimentoespritano deveria haver lugar para tantas intrigas, fofocas e comentrios depreciativos em 31 31BARCELOS, Walter. Aprendendo, Amando e Servindo, l.ed. Votu- poranga: Didier, 2000. Cap. O esprito de equipe. tomo desse ou daquele companheiro, dessa ou daquela casa esprita. Diz ele que: (...) foram as intrigas que deturparam o movimento cristo em seus primeiros tempos e que continuam, at hoje, entravando o progresso espiritual dos que deles no sabem se desvencilhar.32 Estassituaesqueapresentamos,seguidasdecomentrios,poderoser debatidasemencontrosereuniesparareflexodosprocedimentosquej adotamos ou adotaramos diante de tais problemas. Os comentrios feitos devero ser relativizados, pois possvel que em alguns momentos tenhamos emitido opinies muito pessoais. Mas se o fizemos no foi com o intuito de delimitar ou cercear a sua capacidade interpretativa como leitor, mas paraqueassituaesnoficassemsoltas,comprometendoaorganizaodo captulo. Ao mesmo tempo so as opinies que temos sobre os assuntos abordados, at o presente momento. E como no temos a pretenso de sermos os donos da verdade, aceitamos as crticas e as sugestes que nos permitam uma reformulao futura. Alis,notemosabsolutamenteapretensodeimporasnossasideias; emitimo-las, por ser direito nosso. Que as adotem aqueles a quem elas convm; os outros tm o direito de as rejeitar. Allan Kardec Revista Espirita de 1861 Nasuafeiodeescola,ocentroespritaseconfiguracomoumlugarde mltiplas aprendizagens, propiciando a todos os que interagem no seu espao fsico e psquico, o aperfeioamento intelecto-moral. Tais aprendizagens decorrem das relaes que estabelecemos no exerccio das variadas tarefes que abraamos. Dastarefasexistentesnocentroesprita,damaisbraalamais intelectualizada, todas se revestem de um carter genuinamente educativo, onde somos chamados a desenvolver e aperfeioar nossas qualidades. Esse foco educativo muitas vezes se perde no meio de tantas atividades e das novas frentes que o centro esprita vai abrindo no anseio de crescer e absorver os 32 32BACCELLI,Carlos.OEvangelhodeChicoXavier,l.ed.Votupo-ranga: Didier, 2000. novos colaboradores.Perdemos de vista que toda e qualquer atividade que se desenvolva no mbito dosnossoscentros,precisatercomocaractersticaapromoohumana,o crescimento coletivo, a busca constante por qualidade nas nossas relaes e nos procedimentos administrativos que adotamos. Tambm conseguimos esta qualidade com a abertura de espaos para que novos colaboradores possam adquirir a experincia que possumos, revezando-se conosco emalgumasatividades,depoisdenaturalmenteteremsidopreparadospara exerc-las.E,nesseparticular,devehaverespaoparatodos,independenteda idade, do tempo de participao no movimento, dos postos que ocupem e dos livros que j tenham lido. Em 1996, a UNESCO (rgo da ONU) props o que foi chamado de Os quatro pilares da educao para o sculo XXI: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.33 Esses quatro pilares podem perfeitamente fundamentar um programa que vise dar maior qualidade ao que fazemos no centro esprita. Essa propostaparece-nosestarimplcitana trilogiaEspiritizar,Qualificare Humanizar,proposta peloEsprito Joanna de Angelisporintermdiodomdium Divaldo P. Franco, numa conferncia realizada pelo mesmo em 8/5/98, sob o ttulo Novos rumos para o Centro Esprita. TantoapropostadeJoannadeAngelisquantoaanterior,daUnesco, referem-se a uma nova postura diante do conhecimento, do outro, de ns mesmos e por que no dizer, diante do prprio Espiritismo. No uma frmula mgica para fazer o movimento esprita alcanar nveis de excelncia e de fraternidade nunca antes visto, mesmo porque isso resulta de um processo e todo processo tem seu tempo de gestao, nascimento e maturao. Aprenderaconhecersignificaperceberasrelaesexistentesentreo conhecimento das diferentes reas do saber e destas com o Espiritismo; implica numaatitudecrticaemrelaoaoqueocorrenomovimentoespritaena sociedade em geral; significa negar ou aceitar o que novo ou o que velho, no porque sejam velhos ou novos, mas porque sejam vlidos ou no para dar conta da realidadedosnossosdias.Nosetratadeumanovamaneiradeestudaro Espiritismo, mas de uma postura diferente diante do que j sabemos e perante o que ignoramos. Para isso precisaremos ser mais racionais e menos ra- cionalizadores, ou seja, usararazoparapercebernossasdeficincias,termosautocrtica,admitira relatividade do nosso saber, amarmos o debate que esclarece ao invs da polmica quedivide,confundeeagride.Observar,masobservar-nos,contextualizando 33 35 DELORS, Jacques. Educao um Tesouro a Descobrir. Porto: AsaI Unesco, 1996.nossas opinies sem perder de vista o que acontece em outros lugares, religies e culturas, de modo a perceber como o Espiritismo pensa e se posiciona diante disso tudo. um conhecer tico, tolerante, multicultural e fraterno. Aprenderafazersignificadesenvolvernovasmetodologiasquenoslevema trabalhar melhor, com mais eficincia, permitindo-nos errar mas aprender com os prprioserros.Eisso,passaporumprocessodepermanentequalificaodos colaboradores que atuam no centro esprita.Exatamente como Lsias34 disse a Andr Luiz, em referindo-se ao Ministrio do Auxlio: (...) nossos servios so distribudos numa organizao que se aperfeioa dia a dia, sob a orientao dos que nos presidem os destinos. No devemos esquecer que h coisas que s aprendemos a fazer fazendo, logo, qualificarorientar,treinar,possibilitarreflexes,atualizaesconstantesa todos, concomitantemente s oportunidades de trabalho. Planejareexecutarumtrabalho,assim,fundamentalparaqueocentro cumpra bem o seu papel no contexto onde est situado e acima de tudo atenda aos propsitos do Espiritismo. Aprender a conviver implica em admitir que so as relaes interpessoais que nos melhoram, despertam a nossa sensibilidade, aperfeioam nossos sentimentos. E qual relao dispensa a presena da tolerncia? Semtolernciarecprocaestaremosdificultandoamarchadomovimento esprita. Tolerncia que no se traduz por conivncia, mas respeito s diferenas. Significa incluir mais e excluir menos, melhorando no apenas as nossas relaes, mas trabalhando para que as relaes alheias tambm sejam mais fraternas. O pensador Edgar Morin afirma que se descobrirmos que somos todos seres falveiseimperfeitos,entopoderemosdescobrirquetodosnecessitamosde compreenso mtua. Esta melhor convivncia, passa tambm pela aceitao e pelo reconhecimentodequeaspessoasquenosoespritaspodem,perfeitamente, ser felizes nas opes religiosas ou no que fizerem.Implica em admitir que no existem centros espritas nem to-pouco espritas quesejamiguais.Nossomovimento,assimcomoouniverso,estruturalmente plural,diversoenissoresideabelezaeaomesmotempoograndedesafioda unificao, respeitar as diferenas, permitindo que elas somem e no subtraiam, nos aproximem e no nos afastem, pois buscamos objetivos comuns. AllanKardec35 afirmaqueapretensodequeosespritasdomundointeiro estarosujeitosaumregimeuniforme,aumamesmamaneiradeproceder(...) 34 34XAVIER,FranciscoCndido.NossoLar.39.ed.PeloEspritoAndrLuiz. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Cap. Organizao de servios. 35 35 KARDEC, Allan. Obras Pstumas. 1 .ed. Lon Denis - Grfica e Editora. Rio de Janeiro, 2002. Cap. Constituio do Espiritismo - Atitude de ao da comisso central.seriaumautopiatoabsurda,quantopretenderquetodosospovosdaTerra formem um dia uma nica nao, governada por um nico chefe, regida pelo mesmo cdigo de leis, e sujeita aos mesmos usos. Chegamos assim ao aprender a ser. Que ao nosso ver noalgo distinto de um bem aprender, um bom fazer e um bom conviver. Ao contrrio, o que estrutura, determina e tambm determinado por todo esse processo. Processo que nunca cessa,poisatodoomomentoestamospensandoerepensandooquesomos, fazemos e pretendemos ser. Ocentroespritaolaboratrioporexcelnciaondepodemostentar, experimentar,inovar,aprimorar,desenvolver,qualificar,errar,naturalmente buscandosempreacertar.Oquenopodemosmaisaguardarquetudoisso ocorradeformamgica.Notemosmaistempoparaficaraguardandoquea espiritualidade realize aquilo que responsabilidade nossa. Resistimos ao novo como se isso traduzisse fidelidade a Allan Kardec, que era um vanguardista, um homem frente do seu tempo, que via o futuro com extrema nitidez. Criticamos velhos procedimentos, esquecidos de que a mudana da rotina de um centro esprita mais uma mudana de cultura do que uma simples substituio de pessoas e de prticas. E tal mudana demanda um certo tempo. Atestamosaausnciadetrabalhadores,masnemsemprenosquestionamos sobreomodoutilizadoparaseduzir,persuadirnovoscompanheiros.Muitas vezes ressaltamos tanto a responsabilidade que o trabalhador deve ter, listando tantospr-requisitos,quebempoucosvoluntriossentem-secomoperfil desejado. Precisamos reaprender ou mesmo aprender uma nova maneira de nos relacionar conosco, com o outro, com as tarefas espritas e com a prpria vida. Melhoraraorganizaodasnossasatividadesnocentroesprita,implica tambm em melhorar-nos simultaneamente, dialeticamente, permitindo-nos errar, aprendercomooutro,admitirquenosabemos,construindojuntosumanova cultura administrativa e relacional em nosso movimento. Eudissequeosadversriostmumaoutratticaparaalcanarseusfins: consisteemprocurarsemearadesunioentreosadeptos,atiandoofogode pequenaspaixes,decimes,fazendonasceroscismeis,suscitandocausasde antagonismo e de rivalidade entre os grupos, a fim de lev-los a constituir diversos campos. E no creiais que so os inimigos declarados que desta forma agem! So os pseudo-amigosdadoutrinae,frequentemente,aquelesemaparnciamais calorosos. Allan Kardec Viagem Espirita de 1862 Cooperar mais importante que competir! E uma atitude que requer a coragem de se apagar para que o conjunto brilhe e os resultados apaream. A cooperao implica em uma mudana de paradigma, pois ao contrrio do que sepossapensar,elafortaleceaindividualidadeaonegaroindividualismoe estimulaafraternidadeemdetrimentodoegosmo.Emdecorrnciadisso,a singularidade do ser preservada e aperfeioada na ao coletiva. Mashumaformadecompetioquenoseperdenaaocooperativa:a competio conosco mesmos, a auto-superao, de modo a nos tomarmos melhores do que temos sido e ainda mais teis para o conjunto no qual tomamos parte.Junto com a competio encontramos a rivalidade. Rivalidade nos esportes, na mdia, na vida em famlia e muitas vezes tambm nos ambientes religiosos. Essaposturaingnuadenosrivalizarmosunscomosoutros,apenasnos distancia da proposta de Jesus e nos mantm cada vez mais presos ao jugo das prprias imperfeies. Quantos centros espritas poderiam produzir mais e melhor se priorizassem a qualidadedasrelaesentretodososqueatuamefrequentamassuas dependncias. Quantos companheiros cheios de boa vontade, mas ainda no amadurecidos, se afastamdenossoscentrospornoconseguiremaceitarecrescercomas diferenas, em regime de recproca tolerncia. Tolerncia muito mais com os que erram do que com os erros em si. Maistolerantesevitamososurgimentodehierarquiasrgidaseverticais, banimos a disciplina que violenta e adotamos a que organiza e educa, evitamos a burocratizao do afeto e cultivamos a espontaneidade, nos vacinamos contra as idolatrias aos que aparentemente no erram, percebendo que todos somos dolos com ps de barro. Com trabalho, solidariedade e tolerncia, sem competies, o centro esprita mantm o seu foco: a educao do gnero humano (o esprito imortal), mediante o estudo e a vivncia do bem. Esta postura nos leva naturalmente a desejar auxiliar os centros com maiores dificuldades,sejamelesadesosouno,semexcluses,competiesou indiferenas. Mesmo porque, nosso movimento comporta a multiplicidade de vises e experincias.A Doutrina Esprita estimula-nos a liberdade de raciocnio e o desenvolvimento do senso crtico, que foi um dos grandes apangios do Codificador. As diferenas, quando bem administradas, somam para o crescimento de todos. Pelas pginas da Revista Esprita de 1862, Allan Kardec advertiu-nos quanto importncia da fraternidade em nossas relaes: Se um grupo quiser estar em condies de ordem, de tranquilidade, preciso que nele reine um sentimento fraterno. Todo grupo ou sociedade que se formar sem ter por base a caridade efetiva no ter vitalidade (,..)36 Essafraternidadenopodeserimpostaporumdecretoounorma,ela construda dia aps dia em nossos ncleos de aprendizado cristo, respeitando-se os limites e as afinidades de cada um. O que no deixa de ser curioso que, em alguns momentos, em nossas relaes, nos detemos principalmente no pouco que nos separa, esquecend-nos do muito que nos aproxima. CriamosaquiloqueoCodificadorchamadesistemas.Essessistemasso compostosporideiasquenosdividem,suscitandoadesconfianaeainveja. Ficamos armados em relao aos companheiros de ideal, esquecendo que somos irmosenoconcorrentes.Ignoramoscomfrequncia queumdosfatoresmais importantes para a nossa evoluo o auxlio mtuo. Num de seus livros, o telogo Leonardo Boff37 afirma que a seleo natural no se deu tanto pela vitria dos mais fortes sobre os mais fracos, mas principalmente pela cooperao e a co-existncia entre eles, pois: (...)oshomindeos,demilhesdeanosatrs,passaramaserhumanosna medida em que mais e mais partilhavam entre si os resultados da coleta e da caa e compartilhavam seus afetos. A prpria linguagem que caracteriza o ser humano surgiunointeriordestedinamismodeamoredepartilha.Acompetio(...) anti-social, hoje e outrora, porque implica a negao do outro, a recusa da partilha e do amor. De acordo com a educadora Maria Eny R.Paiva,38 a competios existe na natureza (...) em condies especiais, onde se toma impossvel cooperar, devido escassez, ou seja, no possvel dividir para que todos saiam satisfeitos. O que ganhamos quando competimos com os nossos companheiros de ideal? O que ganhamos quando competimos com outros religiosos? O que ganhamos com a competio em famlia? A resposta parece bvia: nada. O impulso na direo do prximo, procurando cooperar com ele, tem uma raiz religiosa profunda, Deus o inscreveu no corao dos homens. Nos dias de hoje, assistimos formao de mercados comuns entre os pases, 36 36KARDEC,Allan.RevistaEspritadefevereirode1862.Sobradinho: Edicel. Cap. Resposta mensagem de Ano Novo dos Espritas Lioneses. 37 37BOFF, Leonardo. Saber Cuidar. Petrpolis: Vozes, 1999.38 "PAIVA,MariaEnyRossetini.AsasparaoInfinito.2.ed.Capivari:EME Editora, 1999. vemos empresas democratizando o processo decisrio; o surgimento de direes colegiadas;avalorizaodotrabalhoemequipe;mdicos,advogadosedemais profissionais, associando-se em cooperativas, numa clara demonstrao de que o sentido de sobrevivncia e crescimento est na cooperao e no na competio e no isolamento.Aproximemo-nosunsdosoutrossemideiaspr-con-cebidas,semquerer converterosoutrosnossamaneiradeenxergaroEspiritismo,omovimento esprita e o centro esprita. Queodesejodeaprendermos,juntos,supereafalsaconcepodequeos outros so aprendizes a serem instrudos pelo nosso vasto saber. Tudoissoserimportantenoapenasparadesencarnarmosevivermosbemno mundoespiritual,masprincipalmenteparavivermosbemaqui,comosoutrose conosco mesmos. EisporquenemtodososEspritassoperfeitos.Istonadatemde surpreendenteparaumcomeo;eseumacoisadeveadmirar,onmerode reformas operadas neste curto intervalo. Se nem sempre o Espiritismo vence as msinclinaesdemaneiracompleta,umresultadoparcialnodeixadeserum progresso a ser levado em conta; e como cada um de ns tem seu lado fraco, isto nos deve tomar indulgentes. Allan Kardec Revista Esprita de 1865 As pessoas precisam nos dar o direito de errar...39 Francisco Cndido Xavier Eu erro.Tu erras. Ele erra. Ns erramos.Vs errais. Eles erram. Esta a conjugao do verbo errar no presente do indicativo. Verbo que apesar de conjugado, tem quase sempre seu sentido esquecido, principalmente em nossas relaes intra e interpessoais. Quem toma iniciativas e busca realizar algo, inevitavelmente se depara com erros e acertos.A questo que lidamos bem com o xito e no to bem com o fracasso. Quem nunca se equivocou consciente ou inconscientemente? Quem nunca fez um juzo errneo a respeito, de algum? Quem nunca se subestimou, atribuindo-se menos valia ou superestimou-se, crendo-se portador do que no possua? 39 39BACCELLI,CarlosA.OEvangelhodeChicoXavier,l.ed.Votupo-ranga: Didier, 2000. P. 94. O problema no est em errar, mas em permanecer errando, sem tirar proveito algum dos prprios enganos. Esta reflexo aplica-se tambm no cotidiano dos nossos centros espritas. Frequentementeressaltamosqueocentroumhospital,umaoficinade trabalho,umverdadeirolareumagrandeescola.Ora,nacondiodeescola toma-seumambientedemltiplasaprendizagens.Eemtodoprocessode aprendizagem muito comum e quase inevitvel a ocorrncia de erros. Tais erros, quando convenientemente aproveitados, convertem-se em foras propulsoras para os acertos desejados. As vezes olvidamos esta verdade em situaes que poderamos agir com mais tato e. cuidado, como por exemplo: a)noescalamosmaisoexpositorquefezumabela exposiodoutrinria, masequivocou-senumdeterminadoponto,fazendoumacolocaooucitao infeliz. No o convidamos mais sem se quer dizer-lhe como e em que se equivocou; b)percebemosqueumevangelizador,numinstantededescontrole,no corrigiu adequadamente um evangelizando e acreditamos, precipitadamente, que o companheironoestpreparadoparaatarefa.Nemsempresentamospara orient-lo,saberseestcomalgumproblema,seencontraalgumadificuldade, esquecidos que tempos atrs, quando comeamos, cometemos as mesmas falhas, embora cheios do desejo de acertar;c)consideramosodirigenteautoritrio,limitando-nosaauxili-locomas nossas preces, muito necessrias, mas que deveriam se fazer acompanhar do nosso pontodevista,expondo-lhefrancaefratemamenteoquantodesnecessrio mandar e o quanto til coordenar; d)percebemosalgumanimismona comunicaodada porintermdiodeum mdiuminicianteoumaisexperienteejulgamostratar-sedeumafalhana filtragemdomedianeiro.Atatudobem,poisistoacontecetodososdias.A questo que em algumas ocasies, no querendo melindr-lo, permanecemos em silnciocomele,comentandocomoutrosoocorrido.Esquecemosdeorient-lo lcida e amorosamente, reconhecendo, inclusive, que h um percentual de animismo quase que inevitvel, que em nada compromete o teor da mensagem nem o estilo do esprito comunicante;40 e)julgamos as ausncias como sinnimo de falta de responsabilidade, quando muitasdelassoocasionadaspordoenas,acidentes,problemasquetalvez solucionssemoscomfacilidade,masqueaosolhosdocompanheirosomotivos suficientes para roubar-lhe o nimo diante da tarefa. O fato que todos erramos, ora nas aes, ora nas omisses. Da a importncia dos mais experientes auxiliarem os iniciantes e os mais cultos 40 40TEIXEIRA,JosRaul.CorrentezadeLuz.PeloEspritoCamilo.Niteri: Frater, 1991. P.100. apoiarem os aprendizes, a fim de que tenhamos um clima ainda mais fraterno em nossos centros espritas, um clima de escola progressista. AlkndardeOliveiramencionaumafrasedeMikeMarkkula,Presidentedo Conselho da Apple Computer, em que o mesmo afirma: Acredito que a qualidade geral do trabalho melhora quando damos s pessoas a oportunidade de errar.41 E citainmeroscasosdepessoasempreendedorasquefracassaramsucessivas vezes at que obtivessem o que estavam perseguindo. Leila Dupret42 cita em seu livro Errar humano, direcionado principalmente a educadores,queerroeacertosodimensesopostasecomplementares, ressaltandoqueoerropodeserconcebidocomoumobstculoquedeveser ultrapassado (erro-desafio), um provocador de raciocnios que nos possam induzir ouestimularfuturosacertos,sendoinclusivealgobomenecessrioao desenvolvimento da pessoa. , Nessa mesma linha de raciocnio, o Esprito Andr Luiz tambm diz: Se voc pretendevencer,nomenosprezeapossibilidadedeamargar,algumasvezes,a aflio da derrota como lio no caminho para o triunfo.43 Acriana aodarosprimeirospassoscai,tropea,desequilibra-se.Omesmo ocorre quando aprendemos a andar de bicicleta, a dirigir um automvel e apesar disso, prosseguimos tentando, recebendo os estmulos daqueles que nos amam. Reconhecernocentroesprit