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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
ETEC PROFESSOR MÁRIO ANTÔNIO VERZA Curso Técnico em Serviços Jurídicos
FERNANDA BATISTA SILVA GABRIELA CRISTINA CORDEIRO DE SOUZA
MONALIZE BARBOSA SANTOS VITÓRIA REBOUÇAS DOS SANTOS
O PAPEL DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NA RESPONSABILIZAÇÃO DAS EMPRESAS COM RELAÇÃO À
PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA
Palmital - SP 2017
FERNANDA BATISTA GABRIELA CRISTINA CORDEIRO DE SOUZA
MONALIZE BARBOSA SANTOS VITÓRIA REBOUÇAS DOS SANTOS
O PAPEL DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR NA RESPONSABILIZAÇÃO DAS EMPRESAS COM RELAÇÃO À
PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA
Trabalho de conclusão de curso apresentado à ETEC Professor Mário Antônio Verza, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Técnico em Serviços Jurídicos Professores orientadores: Roberto Gabriel Ronqui Roselaine Candiotti Scalada Valdiza Maria do Nascimento Fadel
Palmital – SP 2017
“Uma coisa é perceber oportunidades atraentes e outra é ter competência para ser bem-sucedido nessas oportunidades”.
(KOTLER).
RESUMO A compartilhamento rápida de informações tem tornado mercado consumidor cada vez mais exigentes e seletivos em relação a oferta de produtos e serviços, o que tem compelido os gestores a buscarem estratégias diferenciadas de atração e fidelização de clientes. O marketing exerce papel fundamental nesse processo, visto que contempla ações que vão desde a identificação de oportunidades até a divulgação de produtos e serviços adequados às necessidades do público alvo. Contudo, para conseguirem competitividade, algumas organizações optam por estratégias enganosas e abusivas de publicidade, nas quais as informações são omitidas ou distorcidas, podendo ocasionar diversos danos aos consumidores. Tendo isso em vista, o presente trabalho expõe brevemente assuntos correlatos ao marketing, verificando abordagens conceituais sobre a publicidade enganosa e abusiva, bem como a legislação brasileira direcionada a proteção do consumidor e ao estabelecimento de punições relacionadas a essa prática. Além disso, foi realizada uma pesquisa de campo realizada para identificar o conhecimento e experiência da sociedade acerca do assunto, em especial, das formas de registro de reclamações decorrentes da publicidade enganosa e abusiva. Palavras-chave: Abusiva; Consumidor; Enganosa; Publicidade.
ABSTRACT
The rapid sharing of information has made the consumer market increasingly demanding and selective in relation to the offer of products and services, which has compelled the managers to seek differentiated strategies of attraction and customer loyalty. Marketing plays a fundamental role in this process, since it includes actions ranging from the identification of opportunities to the dissemination of products and services that are appropriate to the needs of the target audience. However, in order to be competitive, some organizations opt for misleading and abusive advertising strategies in which information is omitted or distorted and can cause a number of damages to consumers. With this in mind, this paper briefly discusses issues related to marketing, verifying conceptual approaches to misleading and abusive advertising, as well as Brazilian legislation aimed at consumer protection and the establishment of punishments related to this practice. In addition, a field survey was carried out to identify the knowledge and experience of society about the subject, in particular, the ways of registering complaints arising from misleading and abusive advertising. Keywords: Abusive; Consumer; Misleading; Advertising.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Reclamações registradas no PROCON/SP ............................................. 17
Figura 2 - Conhecimento sobre a publicidade abusiva ............................................ 18
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................ 07
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................. 09
2.1 MARKETING: CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............................................ 09
2.1.1 Publicidade e propaganda ....................................................................... 11
2.2 PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA ................................................... 12
2.3 LEGISLAÇÃO: DIREITOS DO CONSUMIDOR........................................... 13
2.3.2 Dados estatísticos sobre a publicidade enganosa e abusiva .................. 17
3 RESULTADOS ............................................................................ 19
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................... 20
REFERÊNCIAS ............................................................................. 21
APÊNDICE ..................................................................................... 23
7
1 INTRODUÇÃO
O marketing ganhou força a partir da percepção de que as pessoas
passaram a ser mais exigentes com relação a oferta de produtos e serviços no
mercado, e as organizações foram compelidas a buscar formas de conhecer e
atender as necessidades e desejos do público alvo.
A partir disso o marketing tem evoluído significativamente, e suas ações
passaram a abranger desde a pesquisa de mercado, desenvolvimento e inovação de
produtos e serviços até a publicidade e a propaganda.
Entretanto, tendo em vista que o foco da publicidade é oferecer empuxo às
vendas empresariais, o problema identificado por este trabalho reside na forma
como esta ação é praticada, especificamente, na divulgação de informações
enganosas sobre produtos e serviços para influenciar a compra dos mesmos. Este
tipo de atitude é denominada publicidade enganosa ou abusiva, e está prevista na
legislação brasileira, mas as punições ainda representam um grande desafio.
Assim, a elaboração desse trabalho pretende promover uma reflexão sobre
o assunto, servindo como alerta à sociedade em geral sobre as características da
publicidade enganosa e abusiva, bem como os meios legais para solucionar
possíveis dificuldades. Portanto, os resultados das pesquisas organizadas neste
estudo são extremamente relevantes e importantes.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo deste estudo é demonstrar a importância do código de defesa do
consumidor brasileiro na regulamentação dos direitos do consumidor e da
responsabilização das empresas com relação a publicidade enganosa e abusiva.
O objetivos específico está relacionado ao levantamento conceitual sobre
marketing, publicidade, propaganda e legislação pertinente, e a verificação do
conhecimento da sociedade sobre os direitos do consumidor e as obrigações
empresariais relacionadas ao tema.
1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O primeiro passo foi a realização de pesquisas bibliográficas em obras e em
artigos específicos disponíveis na internet, leis e jurisprudências relacionadas a
8
publicidade enganosa e abusiva, por meio das quais espera-se ampliar o
conhecimento sobre as abordagens teóricas contempladas no tema. Posteriormente
foi feita uma pesquisa de campo digital e física junto à comunidade Palmitalense
para avaliar o conhecimento dos cidadãos sobre o assunto pesquisado. Tal pesquisa
será direcionada por um questionário misto (APÊNDICE A). Finalmente, a partir dos
resultados conceituais, legais e práticos foram realizada uma análise construtiva a
fim de fornecer informações úteis à sociedade.
9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo são apresentados os resultados das pesquisas bibliográficas,
expondo os principais conceitos propostos por autores especialistas no assunto, tais
como, Benjamim, Bessa, Braga, Cesar, Cobra, Faiad, Ferreira, Fleury, Galisteu,
Garcia, Jurisway, Kotler, Malanga, Marques, Mesquita, Moraes, Muniz, Nogueira,
Oliveira, Rez, Ribeiro, Sant'anna e Scartezzini.
2.1 MARKETING: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
O marketing possui significado bastante amplo, podendo ser interpretado e
caracterizado de diversas formas.
Moraes (2008, p.1) define que: "Marketing é uma palavra em inglês derivada
de market, que significa mercado. É utilizada para expressar a ação voltada para o
mercado. Assim, entende-se que a empresa que pratica o marketing tem o mercado
como a razão e o foco de suas ações. "
De acordo com Mesquita (2015, p.2): ”Em inglês, market significa mercado e
Marketing pode ser traduzido como mercadologia, um estudo das causas, objetivos
e resultados que são gerados através das diferentes formas como nós lidamos com
o mercado.”
Para Rez (2012, p.1 ): “Marketing é um conjunto de atividades orientado a
entender e atender as necessidades do cliente. Na área de Marketing, prefere-se o
termo “cliente” aos termos consumidor, comprador ou usuário. ”
Já no pensando de American Marketing Association apud Mesquita (2015,
p.6): “O Marketing é uma atividade, conjunto de instituições e processos para criar,
comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para os consumidores,
clientes, parceiros e sociedade em geral.”
No mesmo sentido, Mesquita complementa (2015, p.6): “O Marketing é uma
série de estratégias, técnicas e práticas que tem o principal objetivo de agregar valor
às determinadas marcas ou produtos a fim de atribuir uma maior importância das
mesmas para um determinado público-alvo, os consumidores. ”
Ainda, Nogueira (2014, p.1) aponta que: “O Marketing é planejar uma
estratégia para alcançar o objetivo da empresa, seja ele qual for. E para isso ele
10
utiliza os 4P’s: Produto, Preço, Praça e Promoção e desenvolve uma série de
atividades para conquistar os clientes. ”
O marketing não se trata de um assunto recente, visto que os registros
históricos apontam que a prática desse conceito surgiu há muitos anos, surgiu entre
os anos de 1950 e 1960, no auge da Revolução Industrial.
Sobre o assunto, Cesar (2009, p.1), afirma que: “O conceito moderno de
marketing surgiu no pós-guerra, na década de 1950, quando ocorreu um maior
avanço de industrialização mundial, que fez com que houvesse uma acirrada
competição entre as empresas e maior disputa pelos mercados. ”
A evolução do marketing ocorreu, dentre outros, durante a Revolução
Industrial, o autor Ferreira (2014, p.1) comenta sobre a evolução do marketing:
Nos últimos sessenta anos, o marketing tornou-se mais presente nas empresas e na vida das pessoas. Segundo Philip Kotler, no livro Marketing 3.0, o marketing depende de três disciplinas importantes: a gestão de produto, a gestão de clientes e a gestão da marca. Kotler analisa que a gestão de produto era muito presente nos anos 1950 e 1960, evoluindo para a gestão de cliente entre os anos 1970 e 1980. Entre os anos 1990 e 2000, a gestão evoluiria para a gestão de marca.
Com essa evolução o cliente começou a perceber as diferenciações entre os
produtos e serviços oferecidos pelas empresas, e da mesma forma escolher os que
ofereciam mais vantagens.
Cesar (2009, p.1): “O cliente passou a ter o poder de escolha, selecionando
qual das alternativas disponíveis no mercado lhe proporcionaria a melhor relação
entre custo e benefício.”
Em função da complexidade do assunto é comum que as pessoas tenham
dificuldades em diferenciar marketing, publicidade e propaganda. Isto porque a
publicidade e a propaganda se referem a uma das ações contempladas no processo
global do marketing nas organizações.
Nogueira (2014, p.1), afirma que: O marketing pode ser considerado o ‘pai’ da publicidade e da propaganda, pois é muito mais abrangente que os outros dois. É a estratégia geral, que abrange todo o processo de venda e a relação entre o consumidor e a empresa, desde os produtos, os serviços, sua adequação ao mercado, a comunicação do negócio, etc. O marketing é pura estratégia, é responsável por desenvolver ações para se chegar até os clientes, entender e satisfazer as suas necessidades. Como vimos, apesar dos termos publicidade, propaganda e marketing não significarem a mesma coisa, eles estão ligados, pois
11
um depende do outro. Enquanto o marketing para empresas determina o que será feito no que diz respeito à promoção do produto ou serviço, a publicidade para empresas consiste em popularizar uma ideia ou conceito, e a propaganda para empresas estimula o cliente a realizar a compra. Sendo assim, a propaganda é produto de uma estratégia de marketing, e a publicidade é a inteligência em criar os formatos por onde a propaganda será ecoada. Para que uma empresa tenha sucesso no mercado, é importante que a publicidade, propaganda e marketing trabalhem de forma integrada, pois uma afeta a outra. (GALISTEU, 2016, p.2).
2.1.1 Publicidade e propaganda
A publicidade se deriva de público e pode ser considerada o ato de tornar
público um fato, uma ideia. Já a propaganda demostra ao público uma ideia para a
divulgação de um certo produto, despertando no público o desejo de compra, o
motivando de realizar esta ação. Assim, ações contempladas na publicidade, apesar
de persuasiva, possuem objetivo comercial. Já propaganda, tem como proposta a
difusão de ideias, mas sem finalidade comercial. (MALANGA, 1979).
Muniz (2004, p. 06), diz que a publicidade contempla: Atividades que tendem a influenciar o homem, com o objetivo religioso, político ou cívico. A propaganda é, pois, a difusão de ideias, mas sem finalidade comercial. A publicidade, decorrência, e também, persuasiva, mas com o objetivo bem caracterizado, isto é, comercial.
Sobre o assunto, Ribeiro e Fleury (2006, p. 52) complementam que a
publicidade: É uma maneira de se consumir com o mercado de forma impessoal, utilizando os meios de comunicação de massa ou eletrônicos, tais como jornais, revistas, panfletos e internet. Visa cumprir objetivos de longo prazo, como formar imagem e construir a percepção desejada na mente do público alvo. Nesse tipo de comunicação, sabe-se diretamente quem é o anunciante da mensagem veiculada.
“A propaganda é empregada, com o significado de propaganda ideológica,
técnica de difusão de concepções Gerais da realidade, com o objetivo de dirigir o
comportamento dos indivíduos na sociedade. Distingue-se da publicidade destinada
a induzir à compra de produtos ou utilização de serviços". (SANT'ANNA, 1981, p.81).
Desta forma, as empresas buscam atender as necessidades do mercado
consumidor, elaborando campanhas atrativas e que possam trazer resultados
tangíveis para as empresas. Em outras palavras, a publicidade deve ser o foco das
organizações que desejam se manter competitivas no mercado. "A publicidade se
12
preocupa também com o comportamento dos indivíduos como consumidores e os
motivos que os levam a comprar". (COBRA, 1991, p.48).
Contudo, a questão crucial sobre esta questão está relacionada aos limites
das ações publicitárias pelas empresas, ou seja, como os produtos e serviços são
projetados no mercado-alvo. Isto porque, de acordo com Kotler (1998, p. 97): "Não
consumimos produtos, consumimos a imagem que temos deles". A publicidade não se confunde com a propaganda, sendo que a diferença essencial entre ambas reside na finalidade de cada uma. A publicidade consiste na forma clássica de tornar conhecido um produto ou uma empresa com o escopo de incentivar o interesse pela coisa anunciada, criar prestígio ao nome ou à marca do anunciante ou ainda difundir certo estilo de vida. Já a propaganda, não busca um proveito econômico, mas fundamentalmente a difusão de ideias, promovendo a adesão a certo sistema ideológico (político, social, religioso, econômico, governamental). (DOREA,.2012, p.1).
Neste sentido, o papel da publicidade acaba sendo a criação de
necessidades junto ao mercado-alvo, as quais nem sempre são reais, e atualmente,
com o acesso sistêmico a informação pelo consumidor pode ser mais fácil a
identificação da publicidade enganosa pelo mesmo.
2.2 PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA
A legislação brasileira faz menção a publicidade enganosa e abusiva, bem
como as punições previstas.
De acordo com o art. 37 o da lei 8.078, de 11 de setembro de 1990: “É
proibida toda publicidade enganosa ou abusiva" (BRASIL, 1990, p.22). Segundo o CDC quando a propaganda apresentar um produto ou serviço é preciso que as informações estejam corretas, claras, precisas e em língua portuguesa. Alguns outros dados também devem ser apresentados, como: as características, preço e eventuais riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. O Código ainda determina que toda publicidade deve ser imediatamente identificada como tal pelo consumidor. Além de proibir toda publicidade enganosa ou abusiva. (PROCON, 2013, p.1)
Assim, a publicidade enganosa é a que contém informações falsas e que
esconde ou deixa faltar algum dado importante sobre o produto ou serviço. Ao
contrário da modalidade enganosa, a publicidade pode ser considerada abusiva
quando gerar discriminação (por sexo, idade e origem social etc.) ou se provocar
violência. (BRASIL, 1990).
13
Publicidade enganosa é aquela inteira ou parcialmente falsa. Capaz de induzir o consumidor em erro. Também a que por omissão, deixar de informar algum dado essencial do produto. Já a publicidade abusiva é a discriminatória, que estimule a violência, explore o medo ou a superstição. (PROCON, 2013, p.1)
Ainda, de o art. 36 o da Lei n 8.078, de 11 de setembro de 1990, ressalta
que: “A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal”. (BRASIL.1990, p.21).
Conforme os artigos 31 e 37 da Lei n 8.078, de 11 de setembro de 1990: At. 31 A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam a saúde e segurança dos consumidores. Art. 37 É enganosa qualquer modalidade de informação publicitária, inteira ou parcialmente falsa, ou até mesmo por omissão capaz de induzir em erro ao consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, origem, propriedades, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. (BRASIL. 1990, p.22).
Assim, é possível compreender que a publicidade é o meio pelo qual se
busca divulgar um produto ou serviço com o fim de despertar o interesse pelo objeto
anunciado, criar prestígio ao nome ou à marca do anunciante ou ainda difundir certo
estilo de vida e quando é feita de maneira antética e mentirosa, propagando
informações irreais sobre produtos ou serviços pode ser classificada como enganosa
ou abusiva.
2.3 LEGISLAÇÃO: DIREITO DO CONSUMIDOR
Conforme visto nos aportes teóricos anteriores, a legislação brasileira
direcionada a proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social
é o CDC (Código de Defesa do Consumidor), e conforme o artigo 2º da Lei n 8.078,
de 11 de setembro de 1990 propõe: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. (BRASIL, 2003,
p.12).
14
Com abrangência nacional, o Código de Defesa do Consumidor destina um
de seus capítulos, especialmente o Capítulo V, para discorrer e regulamentar as
práticas comerciais, onde são tratados os temas da publicidade e propaganda.
Para Bessa e Faiad (2010, p.18): “O Código de Defesa do Consumidor foi
organizado para viabilizar a proteção do consumidor sob as mais variadas
perspectivas e situações nas quais este sujeito se envolve quando busca adquirir
produtos ou serviços no mercado”.
A Constituição Federal garante o direito à informação, o qual tem o papel
proteger o consumidor, que é o elo final da cadeia de produção e distribuição, pois é
quem efetivamente consome os produtos e serviços. (GARCIA, 2007).
Contudo, apesar desse direito garantido em lei, muitas empresas ainda não
cumprem as diretrizes estabelecidas, promovendo publicidade ilícita e causando
inúmeros danos aos mercado consumidor. A publicidade ilícita é típico exemplo de que pode correr um dano transindividual, tanto moral como material, visto que a simples divulgação da mensagem publicitária (publicidade enganosa, abusiva e a que viola os princípios trazidos pelo art. 36) pode atingir um grupo determinável de pessoas, como, Poe exemplo, os assinantes de certa revista, ou pessoas indeterminadas, como, por exemplo, aqueles que assistiram a anúncio divulgado por uma emissora de TV aberta. (SCARTEZZINI apud OLIVEIRA, 2011, p.17).
Conforme o artigo 6º da lei nº8.078, de setembro de 1990 apud Oliveira:
“São direitos do consumidor, a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados
perigosos”. (BRASIL, 1990, p. 29).
Já com relação a punição aos crimes decorrentes da publicidade abusiva
fica a cargo do Código de Defesa do Consumidor. Assim, o Art. 66 da lei n° 8.078,
de 11 de setembro de 1990: Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa. § 1o Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. § 2o Se o crime é culposo; Pena – Detenção de um a seis meses ou multa. (BRASIL, 2003. p. 33).
Conforme o Art. 67, 69, 70 e 74 da lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990:
15
Art. 67 - Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa. Art. 69 - Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade: Pena – Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 70 - Empregar, na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: Pena – Detenção de três meses a um ano e multa. Art. 72 - Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros: Pena – Detenção de seis meses a um ano ou multa. Art. 74 - Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo; Pena – Detenção de um a seis meses ou multa. (BRASIL, 2003, p. 34-35).
Assim, a legislação direciona que se o empresário estiver ciente sobre
publicidade enganosa e mesmo assim promovê-la, poderá receber uma multa. No
caso de uma organização promover publicidade que omita dados em relação ao
produto e serviço anunciado, ou se o consumidor não tiver acesso as informações
sobre os mesmos, as empresas também poderão receber penalidades e multas.
Ainda, as informações devem ser divulgadas de forma clara e específica a cada
característica. Por fim, os reparos dos produtos e serviços também são
responsabilidade da empresa que realizou a venda dos mesmos.
Quando um consumidor se sentir lesado em função da publicidade
enganosa ou abusiva, a legislação garante, mediante comprovação, a reparação dos
danos causados. Contudo, são necessários alguns procedimentos, que podem
variar de acordo com a gravidade do dano, podendo ser caracterizados nas áreas
administrativas, cíveis ou criminais.
Quando o registro da reclamação for caracterizado na área Administrativa, o
trâmite se dá com a apresentação pelo consumidor de uma reclamação por escrito
aos Órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor, conhecido em cada Estado da
Federação como PROCON, o qual é um órgão administrativo que oferece aos
consumidores a oportunidade de resolver os seus conflitos quando há lesão em
seus direitos como consumidores. (BESSA e FAIAD, 2010).
O site Normas Legais (s. d.), indica que nos casos em que o dano é
caracterizado na Área Judicial (Cível), o consumidor poderá levar o caso e buscar a
tutela jurisdicional ao seu direito de reparação do dano que foi a ele causado, ao
Poder Judiciário. Dependendo da matéria em relação ao assunto a que o
16
consumidor está pleiteando judicialmente, o caso pode ser da competência dos
Juizados Especiais Cíveis desde que observados os critérios definidos e que se
enquadra na Lei 9.099/95. Por fim, quando o dano for mais grave e se caracterizar
na área criminal, deverá estar caracterizado a prova da materialidade, os indícios de
autoria, e o nexo causal, em relação ao causador do dano. Ao consumidor que vier a
ser lesado em razão das ocorrências previstas nos artigos 66 a 69 do Código de
Proteção e Defesa do Consumidor, caberá levar o caso ao conhecimento da
autoridade policial, relatando a ocorrência na Delegacia de Polícia, para que sejam
apurados os fatos, as evidências das práticas delituosas, lavrando o respectivo
termo circunstanciado em razão de que as condutas tipificadas nos artigos 66 a 69
Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
Contudo, após a elucidação dos fatos pela autoridade policial o caso é
remetido ao Juizado Especial Criminal que é o Juízo Criminal competente para julgar
a prática dos crimes que estão relacionados a publicidade enganosa e abusiva que
estão previstos nos 66 a 69 Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
“Além de aplicação sanções administrativas (art. 56), do trabalho educativo
e de conciliação, os Procon, bem como o órgão público de defesa do consumidor,
possuem o dever de organizar e divulgar a relação de fornecedores que não
respeitam os direitos dos consumidores”. (BENJAMIM, MARQUES E BESSA, 2010,
p. 443).
De acordo com o lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; III - a ação de despejo para uso próprio.
As ações com valor de até vinte salários mínimos sem advogado, ou até
quarenta salários mínimos, com advogado podem ser feitas no JEC, e as ações de
valor igual ou inferior a quarenta salários mínimos podem ser feitas pelo PROCON,
neste caso Para causas com valor superior a vinte salários mínimos precisa de
advogado. O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
17
III - a ação de despejo para uso próprio. (CARDOSO, S. D.).
Partindo do contexto exposto, é possível perceber que atualmente o
consumidor tem, além do amparo legal, inúmeros canais de comunicação que
podem o auxiliar na solução de problemas derivados do marketing enganoso e
abusivo.
2.3.2 Dados estatísticos sobre a publicidade enganosa e abusiva
Apesar da existência de legislação específica para coibir a prática da
publicidade abusiva e enganosa pelas empresas, muitas delas persistem em
cometer esse tipo de ação ilícita.
No Estado de São Paulo, as quatro empresas mais reclamadas
juridicamente são relacionadas na figura 1, em que é possível perceber que o ramo
de serviços é o que representa o maior percentual de reclamações. Tais situações
foram relatadas como sendo decorrentes do marketing enganoso e abusivo, pois as
características divulgadas pela publicidade não eram compatíveis com a realidade
oferecida pelas empresas. (PROCON, 2016).
Figura1: Reclamações registradas no PROCON/SP
Fonte: PROCON/SP (2016) – Adaptado pelos autores (2017).
Já com relação as solicitações feitas na internet o principal setor empresarial
reclamado é o de telefonia, seguido pelo comércio Ainda, cerca de 85% dos
consumidores tiveram seus problemas resolvidos e os demais buscaram amparo
legal.
58%29%
13%
Serviçodetelefonia/internet
Comércio
Outros
18
Assim, é importante que os consumidores façam suas reclamações sobre o
os problemas decorrentes da publicidade enganosa e abusiva, pois tais registros
podem ajudar a conscientizar a sociedade de uma forma geral.
19
3 RESULTADOS
A pesquisa junto a 193 (cento e noventa e três) alunos da Escola Técnica
Estadual Professor Mário Antônio Verza apontou que a maioria deles têm entre 15 e
20 anos e do gênero feminino, 22% tem entre 21 e 30 anos e os demais possuem
mais de 30 anos. Isso aponta que as mulheres estão buscando cada vez mais
qualificação profissional.
Além disso, conforme a figura 2 demonstra, cento e trinta (67%) estudantes
afirmaram que possuem conhecimento sobre a prática da publicidade abusiva pelas
empresas, e 72% deles já compraram um produto influenciado pela publicidade, o
que comprova o apontamento teórico que diz que a publicidade exerce influência
fundamental no processo de convencimento do cliente sobre a compra de um
produto ou serviço, pois por meio dela é possível criar a necessidade no público-
alvo.
Figura 2: Conhecimento sobre a publicidade abusiva
Fonte: Elaborado pelos autores (2017).
Sobre a questão da legislação brasileira pertinente a defesa do consumidor,
ou seja, o Código de Defesa do consumidor, apenas metade dos respondentes
demonstraram saber sobre a mesma.
Em contrapartida, sobre os órgãos brasileiros responsáveis pela gestão de
conflitos relacionados a problemas decorrentes da prática da publicidade abusiva
pelas empresas, a maioria afirmou conhecer o PROCON.
67%
33%
Sim
Não
20
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho possibilitou ampliar o conhecimento sobre as questões
teóricas, prática e legais relacionadas ao marketing enganoso e abusivo.
As pesquisas bibliográficas apontaram que o marketing envolve uma série
de estratégias e técnicas, cujo principal objetivo é o de agregar valor às
determinadas marcas ou produtos. Dentre as estratégias e técnicas, publicidade e a
propaganda são pontos fundamentais, mas sendo distintas em seus objetivos. A
publicidade tem a função de divulgar, de tornar público um fato, uma ideia com
intuito de influenciar positivamente a compra pelo mercado consumidor. Por outro
lado, a propagando tem o objetivo de propagar, estendendo de forma ampla a
comunicação de uma ideia ou fato, mas sem influência direta na decisão de compra.
A publicidade enganosa é quando uma organização omite informações
sobre um produtos ou serviços, deixando de dar informações básicas ao
consumidor, induzindo ao erro. Já a publicidade abusiva é a que pode provocar o
medo, a discriminação ou prejudicar sua saúde ou segurança do consumidor.
Por outro lado a análise na legislação pertinente oferece amparo pelo
Código de Defesa do consumidor por meio da lei N° 8.078. Os consumidores que se
sentirem lesados podem procurar o PROCON e o JEC para buscar soluções.
Entretanto, dados estatísticos demonstram que muitas pessoas conseguiram
resolver suas dificuldades apenas com reclamações via internet. Sendo assim, esse
pode ser um meio bastante eficiente para esse tipo de situação.
Por fim, a pesquisa de campo tem o intuito de alertar a sociedade sobre as
práticas abusivas e enganosas. Para tanto, foram abordadas várias formas de
alertar as pessoas, tais como, a legislação e citações informativas. Dessa forma os
objetivos propostos inicialmente foram concluído com sucesso.
Ademais, o assunto é extremamente importante e precisa ser debatido e
divulgado pelos canais de comunicação, sendo fundamental que as empresa sejam
denunciadas para coibir a prática.
Contudo, este estudo é apenas o início de um grande desafio social, que diz
respeito a mudança da cultura da ausência de denúncia de práticas ilícitas por parte
das empresas.
21
REFERÊNCIAS
BRAGA NETO, Felipe Peixoto. Manual do Direito do consumidor: Salvador,2014.
BRASIL, Lei 8.078, de set. de 1990: CDC normas correlatas. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edição técnicas, 2003
BESSA, Leonardo Roscoe; FAIAD, Walter José; BENJAMIN, Antonio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima. Manual do Direito do consumidor. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010
CARDOSO, Fernando Henrique. Legislação. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em 13 mai. 2017
CESAR, Caio. A origem e evolução do marketing. Disponível em:< http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/a-origem-e-evolucao-do-marketing/31418/>. Acesso em: 01 fev. 2017.
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DOREA, Claudia Regina Gaspar. Diferenças da publicidade e da propaganda. Disponível em: <https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=9645>. Acesso em: 14 junho. 2017.
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23
APÊNDICE
APÊNDICE A – Modelo de questionário utilizado na pesquisa de campo
1) Qual a sua idade?
( ) de 15 a 20 anos
( ) de 20 a 30 anos
( ) Acima de 30 anos
2) Qual o seu gênero?
( ) Masculino
( ) Feminino
3) Em qual curso você está matriculado atualmente?
( ) Administração
( )Contabilidade
( )Enfermagem
( )Informática para internet
( )Serviços jurídicos
4) Você sabe o que é publicidade abusiva?
( ) Sim
( ) Não
5) Você já comprou algum produto ou serviço motivado (a) pela publicidade e depois
se arrependeu, pois o produto não era como parecia?
( ) Sim
( ) Não
5.1 Em caso positivo, onde comprou esse produto?
( ) Na internet
( ) Em loja física
6) Você conhece o CDC (Código de Defesa do Consumidor)?
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( ) Sim
( ) Não
7) Você sabe quais locais o consumidor deve registrar suas reclamações quando
tiver algum tipo de problema decorrente da publicidade de produtos ou serviços. Por
exemplo, uma empresa propaga publicidade sobre determinadas funções ou
características de um produto, mas essas funções ou características não condizem
com a realidade.
( ) Sim
( ) Não
7.1 Em caso positivo, cite um local: _________________________________.