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Reportagem sobre o BaixoCentro publicada no dia 16/12/2011
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CapaSem o glamour do centro histórico e com uma enorme
concentração de centros culturais, os arredores doMinhocão reivindicam sua independência
AGITAÇÃOMARGINAL
São Paulo está se fechando: há cada vezmais leis restringindo as possibilidades– e, principalmente, os horários – deuso de seus espaços urbanos. Conven-cidos de que nós, cidadãos, podemospropor as melhores formas de utilizaras ruas, os produtores culturais portrás do ‘Baixo Centro’ acreditam que acidade precisa ser reaberta, ‘hackeada’.
E essa pegada tecnológica tem rela-ção com a origem do grupo, articuladoem torno da Casa da Cultura Digital(CCD), um espaço de trabalho em quevários empreendimentos – como ocoletivo Garapa, a Esfera (do ÔnibusHacker), e a Agência Pública (veículoque publica o Wikileaks no Brasil) –dividem quatro casas de uma vila ope-rária do início do séc. 20 na Barra Fun-da. Mas o CCD não é o comando do‘Baixo Centro’. É apenas seu lugar denascimento – e uma influência.
Isso se soma a uma outra influência,mais antiga: a contracultura. Quandoamadureciam a ideia do ‘Baixo Centro’,vários de seus organizadores estavamlendo um livro sobre o grupo holandêsProvos (saiba mais no box da pág. 12).
O resultado prático é um projetopara levar ao entorno do Elevado Costae Silva 10 eventos, em um festival a serrealizado em março do ano que vem. E,seguindo a lógica da internet de unir emrede vários pontos dispersos, criar umaplataforma online para conectar os espa-ços culturais da região (confira o mapana pág. 14).
Mas a realização do festival ainda nãoestá garantida. Enquanto buscam osrecursos para viabilizá-lo, os criadoresaceitam trabalho voluntário, doações esugestões. A nossa? Nada de desobediên-cia civil. Vamos ocupar as ruas, mas coma prefeitura do nosso lado.
Conheça alguns dos eventos sugeri-dos pelos organizadores. E não seja tími-do, apresente as suas (mais na pág. 17)
1) Apresentação de peças de teatroem uma tarde de domingo no ElevadoCosta e Silva.
2) Passeio de coletivos de bike,organizado pelo movimento Bicicletada(http://bicicletada.org).
3) Roda de samba e choro em meio aum piquenique no Largo do Arouche,em uma tarde de sábado.
4) Uma exposição de fotos nasvigas do Elevado, do projeto ‘Que ima-
gem você levaria para Marte?’, que temcuradoria da jornalista Gabriela Allegro.
5) Passeio pela região para visitar oslocais com arte de rua já mapeadas peloprojeto Arte Fora do Museu(http://arteforadomuseu.com.br).
6) Cortejo do grupo Ilú Obá deMin, que promove a valorização de cultu-ras de matriz africana e afro-brasileira,com música e dança.
7) Construção do Carrinho Multi-mídia, com internet sem fio, som, luz, eequipamento de projeção, para funcio-nar como sede itinerante do movimento.
O mote dos idealizadores do ‘Baixo Centro’é que ‘as ruas são para dançar’. O lema foi em-prestado do movimento Provos, criado naHolanda em 1965, no despertar da contracultu-ra, e depois materializado em forma de revis-ta. Contrário ao tráfego de veículos motoriza-dos em Amsterdã, o grupo distribuiu pela cida-de 50 bicicletas, pintadas de branco, para usopúblico. A ação se tornou símbolo do movi-mento e inspirou o uso de cores na expressãode ideais da contracultura ao redor do mundo– como o verde dos hippies de São Francisco.A história do Provos virou livro, publicado noBrasil pela Conrad (R$ 31).
FESTIVAL DOS FESTIVAISDANÇARINOS DE RUA
Andressa Vianna eLucas Pretti, dois
dos váriosidealizadores do
‘Baixo Centro’
Cap
a
HACKEAR O CENTRO?
Nada de esperar até março para incluir o‘Baixo Centro’ na sua programação. Conheça umdos 25 coletivos culturais que já existem por lá
1 – Ilú Oba de MimAl. Eduardo Prado, 342, Santa Cecília2 – Cia. São Jorge de Variedades - Casa de São JorgeR. Lopes de Oliveira, 342, Barra Funda3 – Casa da Cultura DigitalR. Vitorino Carmilo, 459, Barra Funda4 – Galeria Baró / Emma ThomasR. Barra Funda, 216, Santa Cecília5 – Theatro São PedroR. Barra Funda, 171, Santa Cecília6 – Teatro Escola MacunaímaR. Adolfo Gordo, 238, Santa Cecília7 – FunarteAl. Nothmann, 1.058, Campos Elísios8 – Instituto PensarteAl. Nothmann, 1.029, Santa Cecília9 – Folias da ArteR. Ana Cintra, 213, Santa Cecília10 – Filhos da SantaLargo Santa Cecília, Santa Cecília11 – Galeria PilarR. Barão de Tatuí, 389, Santa Cecília12 – Centro Cultural da EspanhaR. Dr. Martinico Prado, 474, Consolação13 – ONG Ação EducativaR. Gen. Jardim, 660, Consolação14 – Teatro PaiolR. Amaral Gurgel, 164, Consolação15 – Aliança FrancesaR. General Jardim, 182, República16 – Instituto PolisR. Araújo, 124, República17 – Escola da CidadeR. General Jardim, 65 - República18 – SESC ConsolaçãoR. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque19 – TUSP – Teatro da USPR. Maria Antônia, 294, Consolação20 – Matilha CulturalR. Rêgo Freitas, 542, República21 – Galeria da RuaR. Rêgo Freitas, 454, República22 – Cia do FeijãoR. Dr. Teodoro Baíma, 68, República23 – Teatro de Arena Eugênio KusnetR. Dr Teodoro Baima, 94, República24 – Centro Cultural ConsolaçãoR. da Consolação, 1.897, Consolação25 – Academia Internacional de CinemaR. Doutor Gabriel dos Santos, 142, Higienópolis
#OCCUPYMINHOCÃO
Capa
QUEM TÁ LÁ?
Cap
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CADÊ ‘BAIXO CENTRO’?
Inaugurado em 1970, o Minhocão alterou a dinâmicados bairros do entorno. Hoje, em meio à decadência,oferece também uma possibilidade de integração social
As ruas são suas. E o festival ‘Baixo Centro’ também.Sugestões de eventos, braços para colar cartazes edoações (em dinheiro ou espécie) só dependem de você
A antropóloga e cineasta Maíra Buhlerlançou em 2007 o documentário Eleva-do 3,5 (foto). Codirigido por Maíra,João Sodré e Paulo Pastorelo, a produ-ção apresenta a história do Minhocão eo cotidiano de alguns dos cidadãos quemoram na vizinhança dos 3,5 km daconstrução. A ideia da produção veiodurante a época de faculdade, quandoela e seus colegas de direção tinhamum laboratório de fotografia na região eperceberam o potencial cinematográfi-co do local. Na opinião de Maíra, o Mi-nhocão é uma cicatriz no meio da cida-de: “Como obra é uma tragédia, massua construção desvalorizou os arredo-res e permitiu que pessoas que não te-riam como habitar o Centro mudassempara lá”. Defensora da integração socialconsequente da inauguração do Eleva-do Presidente Costa e Silva em 1970,ela ressalta a necessidade da melhoriada qualidade de vida dos habitantes doentorno. “É preciso cuidar da área, des-de que isso não seja sinônimo de exclu-são de moradores ‘desagradáveis’ parao Estado e sim fruto de um diálogo de-mocrático”, diz Maíra.
é o valor indicado para empresas, queprevê como contrapartida uma páginaexclusiva de patrocínio no site, 50 ca-misetas e uma performance do carri-nho multimídia. Para garantir a pulveri-zação das doações, apenas duas cotasneste valor estão disponíveis.
Pretéritoperfeito
O Teatro Paiol – um dos pontos de par-tida para a articulação que acabou viran-do o ‘Baixo Centro’ – foi aberto em no-vembro de 1969 pelo atores Perry Sallese Miriam Mehler (foto, em cena em 69).Na época, o Elevado ainda não foraconstruído e a região de Vila Buarque eSanta Cecília era mais segura e frequen-tada por um público em busca de cultu-ra. “O centro era ótimo naquela época.Era uma região de teatros”, afirma Mi-riam, que hoje tem 76 anos e ainda tra-balha como atriz. Na década de 80, ocomando do teatro passou para PauloGoulart, mas o espaço não resistiu àdegradação dos arredores, causada emgrande parte pela construção do Minho-cão. Fechou no começo dos anos 1990,virou cinema pornô e hoje está à venda.Um grupo de produtores culturais, mui-tos deles envolvidos no ‘Baixo Centro’,quer reformar e reabrir o Paiol, comuma administração coletiva. Miriamdiz que acha “fantástica” a iniciativa.“Eles são jovens, e corajosos”, afirma.Com o trabalho, o Paiol pode voltar aser um centro de cultura da região,como foi há 40 anos.
é o valor mínimo para participar dofinanciamento. Mas há recompensaspara quem doar mais: R$ 20 garante aodoador foto no site e no carrinho multi-mídia; R$ 50 dá direito a mais uma cami-seta e ao livro ‘CulturaDigital.BR’.
é o valor pedido no Catarse para fazer ofestival ‘Baixo Centro’. O orçamentototal é de R$ 96.280 e está detalhado nosite, para facilitar doações em espécie.Se um projetor for emprestado, o valordo aluguel é cortado do valor total.
Dinheiro não é aúnica forma de con-tribuição. Vocêpode doar mate-riais e até traba-lhar. Entre em con-tato no Facebook(on.fb.me/baixo_centro) ou no gru-po de emails (bit.ly/grupo_centro).
MUDANÇASNO CAMINHO
Quer saber maissobre o ‘Baixo Cen-tro’? Assista aosdois vídeos já divul-gados pelos organi-zadores do evento:um teaser do festi-val (bit.ly/baixo_vi-deo ) e ‘as ruas sãopara dançar’ (bit.ly/ruas_centro).
VEMDANÇAR
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O festival ‘BaixoCentro’ só sai do
papel se o públicoquiser - e topar
ajudar a financiar
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R$ 10
Saiba+
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R$ 56
Para os organizadores do ‘Baixo Cen-tro’, o festival (e o próprio movimen-to) só faz sentido se você quiserque ele aconteça – e fizeralgo para torná-lo viável.Natural, portanto, queem vez de sair atrás depatrocínio junto a empre-sas ou de uma verba ofi-cial, eles tenham optadopelo financiamento colabora-tivo. A ferramenta escolhida foi oCatarse, site brasileiro criado no
começo do ano. Como o americanoKickstarter, o site mais conhecido do
gênero, o Catarse permite finan-ciar projetos bacanas com a
ajuda do próprio público-al-vo. Cada ideia tem 90 diaspara se viabilizar. Se100% do valor pedido não
for captado, os doadoresrecebem seu dinheiro de
volta. O Baixo Centro tem até18/1 para levantar R$ 54.747. Abra a
mão, vai: bit.ly/bcentro.
Faça+
R$ 15
Presentecomplexo