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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
C.I.E.P.H.
CORRELAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE 11 SINAIS IRIDOLÓGICOS
À LUZ DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA.
CAIQUE SILVEIRA PINTO COELHO
FLORIANÓPOLIS
2012
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CORRELAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE 11 SINAIS IRIDOLÓGICOS
À LUZ DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA.
CAIQUE SILVEIRA PINTO COELHO
Artigo apresentado como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista em
Acupuntura do Centro Integrado de
Estudos e Pesquisas do Homem.
Prof. Marcelo Fabián Oliva, Esp
FLORIANÓPOLIS
2012
3
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM-
CIEPH
ESPECIALIZAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
CORRELAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE 11 SINAIS IRIDOLÓGICOS
À LUZ DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA.
CAIQUE SILVEIRA PINTO COELHO
Esse artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso foi analisado pelos professores e
julgado e aprovado para obtenção do grau de Especialista em Acupuntura.
Florianópolis, 01 de Outubro de 2012.
_____________________________________________
Prof. Marcelo Fabián Oliva, Esp
Presidente da banca / Orientador
_____________________________________________
Profa. Luisa Regina Pericolo Erwig, Msc
Banca
_____________________________________________
Prof. Ricardo Mondadori, Esp
Banca
4
Pinto Coelho, Caique Silveira. Correlação e interpretação de 11 sinais iridológicos à luz da
Medicina Tradicional Chinesa, 2012 – Artigo Científico – Curso de Especialização em
Acupuntura, CIEPH.
RESUMO A iridologia possui bases sólidas na ciência ocidental e fundamenta uma importante forma de avaliação do ser humano, a irisdiagnose. No entanto, na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) não há o estudo da Iris enquanto um microssistema representativo de todo o organismo. O presente artigo objetivou, portanto, elucidar as relações mais básicas e diretas entre estudos da Iridologia e da MTC. Para interpretações de 11 sinais iridológicos realizadas neste artigo foram consideradas as definições das escolas de iridologia Clássica e Alemã, à luz dos conhecimentos presente em livros de MTC.
Palavras-chave: Iridologia, Irisdiagnose, Sinais iridológicos, Medicina Tradicional
Chinesa.
ABSTRACT Iridology has a solid foundation based on Western science and an important form of assessment of the human being, Irisdiagnosis. However, in traditional Chinese medicine (TCM) there is not the study of Iris microsystem as a representative of the whole organism. This article aims, therefore, to elucidate the relationships between the basic and direct studies of Iridology and TCM. For interpretations of 11 iridologic signs made in this article were considered the definitions of the Classic school iridology and the German one, in the light of the knowledge present in the books of TCM.
Key-words: Iridology, Irisdiagnose, Iridologic signs, Traditional Chinese Medicine.
5
1. INTRODUÇÃO
A Iridologia é a ciência que verifica através da análise das íris, a
constituição, possíveis alterações fisiológicas e tendências psíquico-
comportamentais de um indivíduo. Estudos relacionados ao assunto revelam que
nós, seres humanos, possuímos regiões reflexas correspondentes a cada região
do corpo em nossas íris. A Iridologia atua, portanto, baseada em somatopia ou
microssistema, que são representações do organismo como um todo em uma
área específica, nesse caso a íris. A forma como as fibras iridais se manifestam
(densidade, cor e tipo de abertura), os sinais iridológicos e suas localizações nas
íris, são fontes de muitas informações. Sendo assim, os sinais iridológicos têm
muito a nos dizer e contribuem para uma melhor compreensão do indivíduo.
(BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006).
Com isso, foi criado um método avaliativo, a Irisdiagnose,
fundamentado na observação e descrição dos sinais iridológicos e suas
interpretações realizadas na Iridologia. Segundo Battello (2009) a Irisdiagnose “é
uma ciência e arte”, cujo método permite através da observação da íris conhecer
a constituição geral e parcial do indivíduo, bem como os estágios evolutivos das
alterações que acometem órgãos, ou até o organismo como um todo. Os sinais
expressos na íris respeitam uma topografia, onde cada parte do corpo humano
encontra-se representado em um mapa iridológico. (BATTELLO, 2009;
BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006).
Para Khalsa (2006) “É possível, mediante esta ciência, adquirir a
percepção do grau ou dimensão daquilo que ocorre no organismo.” A iridologia
pode, portanto, revelar a constituição física momentânea bem como debilidades
inerentes. Na mesma linha de raciocínio encontram-se os estudos de acupuntura
bioenergética e Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que por sua vez também
analisa toda constituição do indivíduo e ainda como acontece à interdependência
entre suas partes. A MTC através de uma linguagem própria esclarece os
desequilíbrios e adaptações orgânicas, desta forma pode ser de grande auxilio
no tratamento de determinado indivíduo o iridiagnóstico compreendido a luz da
MTC.
6
Perez (2007) parafraseando o mestre Van Nghi, esclarece que:
Segundo avançamos nos conhecimentos sobre acupuntura, observamos em
muitos aspectos uma convergência com a medicina ocidental, vemos que
em essência são iguais, ainda que a terminologia e os mecanismos difiram.
O presente artigo pretende contribuir na aproximação do dialogo entre
MTC e medicina ocidental. Para tal fim, é proposta uma análise das interpretações
dos sinais iridológicos das escolas de iridologia Clássica e Alemã a luz dos estudos
da acupuntura bioenergética e MTC, realizados e descritos por Nogueira Perez.
2. BREVE HISTÓRICO
Não existe referência indicando que nos textos clássicos chineses à íris seja
estudada e descrita enquanto um microssistema ou área reflexa de todo o
organismo. No entanto, a interpretação dos sinais iridológicos foi registrada na
ciência ocidental há mais de 100 anos. No ano de 1886, o médico húngaro Ignatz
Von Peczely, se consagraria como o autor do primeiro mapa iridológico da história
moderna, codificando a Iridologia e, com isso, possibilitando que estudos
relacionados ao tema viessem a ser desenvolvidos em várias partes do mundo.
Surgem, a partir disso, várias escolas especializadas no estudo da íris, dentre as
quais, destacam-se neste artigo: a Escola Clássica (Estados Unidos) e a Escola
Alemã. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; JURASUNAS; PACHECO, 1995;
KHALSA, 2006)
Tanto a linha Alemã como a Clássica apresentam sinais indicativos de
tendências genéticas e características adquiridas, cada qual recebendo apenas
denominações diferentes, de acordo com a Escola estudada. Dentro de cada uma
dessas linhas destacam-se algumas personalidades, como por exemplo, Bernard
Jensen, representante da Escola Clássica, foi que desenvolveu um mapa de
iridologia, amplamente difundido e utilizado, onde é possível verificar a posição de
todas as partes do organismo humano. Representando a Escola Alemã temos
Magdalene Madaus, Josef Angerer e Josef Deck. Josef Deck dedicou-se a
aprofundar os conhecimentos desenvolvidos por Madaus, dando origem à Teoria
dos Biótipos iridológicos. (JURASUNAS; PACHECO, 1995).
7
Atualmente contamos com vários artigos nacionais e internacionais sobre o
assunto e a popularização do tema, que é crescente em todo o mundo. No decorrer
dos últimos anos, têm aumentado o número de publicações, evidenciando que a
Iridologia conquista espaço cada vez maior dentro das Ciências da Saúde e
também das praticas terapêuticas. No entanto, é pioneiro o estudo que analisa os
sinais iridológicos sob a ótica da MTC.
3. SINAIS IRIDOLÓGICOS
3.1 ARCO SENIL
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O Arco senil se reflete em arco translúcido na área superior da íris, mas na
realidade trata-se se um sinal situado na córnea. É um sinal clássico de velhice.
Representa os sinais orgânicos comuns no envelhecimento, como má circulação,
falência da memória e declínio da função cerebral. Aponta para uma condição
degenerativa da circulação cerebral. Em oftalmologia, recebe o nome de Pannus.
(BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN, 2005)
A sabedoria milenar da MTC nos indica que a reserva energética para garantir
o desenvolvimento do ser humano, com todas as etapas naturais de maturação,
encontra-se nos Rins (Shen), denominados, portanto, fontes da energia vital. Além
8
de estocar a energia para que a vida se desenvolva, este é ainda um órgão de suma
importância na qualidade dos líquidos orgânicos. São os Rins (Shen) que garantem
a continua regeneração do microcosmo celular e por tanto, de todo o organismo,
através da elaboração da água madre ou essência pura e nutritiva das células (algo
semelhante ao liquido intersticial). (PEREZ, 2007).
A MTC postula que as medulas humanas correspondem ao movimento Água
e, portanto, são regidas pelo Rim (Shen). O cérebro é considerado e denominado
“mar de medulas” (Perez 2007), isto evidencia a relação direta entre o declínio das
funções cerebrais e o desequilíbrio do Rim (Shen). De acordo com Perez (2007) “No
Rim se aloja a fonte original, a matriz bilógica, origem de toda a vida e suas
mutações cíclicas.”.
Fica evidente que os aspectos relacionados à senilidade como aponta este
sinal iridológico, indicam um desequilíbrio em Rim (Shen), no entanto é preciso
considerar a diferenciação entre Rim Yin e Yang. O Arco senil, por indicar falência
de aspectos funcionais do organismo, pode ser interpretado primeiramente como um
desequilíbrio de insuficiência de Rim Yang (Mingmen Xu). Na visão da MTC o Rim
Yang possibilita a transformação de energia em matéria e por isso é denominado
fonte da energia (Mingmen). Entendido como a origem da medula espinhal e
cérebro, é responsável pelas funções neuroendócrinas e seu desequilíbrio pode
levar a comprometimentos funcionais orgânicos observados normalmente no
processo de envelhecimento.
9
3.2 ESTADOS DE ACIDEZ
Fonte: arquivo pessoal do autor.
São sinais com coloração predominantemente brancos e aparecem em
qualquer região da íris. Indicam acidez orgânica devido à irregularidades na
formação e constituição do sangue, denota distúrbios na qualidade do sangue que
gera hiperacidez. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006;
LINDEMANN, 2005).
O sangue e a urina são dois líquidos corporais altamente elaborados que
possuem relação direta com esse sinal iridológico. No entendimento da MTC, todos
os líquidos corporais se originam de um único Liquido Orgânico (Shenshui) que após
passar por todas as fazes de evolução irá originar o Sangue (Xue). Para sua
formação o Sangue (Xue) é, portanto, dependente da ação metabolizadora de todos
os outros órgãos. Como define Perez (2007) “toda manifestação energética
endógena ou exógena será um fator de incidência sobre a composição sanguínea.”
e completa com “A circulação e formação do sangue implica as 12 unidades
energéticas.”.
No entanto, diretamente relacionado à qualidade constitucional do Sangue
(Xue), como aponta este sinal iridológico, três órgãos merecem destaque, Baço-
Pâncreas (Pi), Rim (Shen) e Fígado (Gan). O BP (Pi), fonte da nutrição como já
visto, merece destaque, pois realiza o primeiro estágio de formação do Sangue
10
(Xue) a partir dos alimentos e ainda controla a volemia sanguínea. O Fígado (Gan)
mostra sua importância na qualidade da constituição do Sangue (Xue) no trabalho
que realiza de depuração e metabolização dos elementos sanguíneos. E o Rim
(Shen), entendido como a origem da água, é responsável por filtrar e excretar
elementos sanguíneos contribuindo de forma decisiva na composição do Sangue
(Xue). (PEREZ, 2007).
A fisiologia da MTC explica ainda que, o Sangue (Xue) reunido no Coração
(Xi), através do impulso cardíaco produzido pela energia proveniente do Pulmão
(Fei), envia o Sangue (Xue) aos Rins (Shen), onde se realiza o processo de filtragem
e extração das toxinas. O Rim (Shen) é capaz de extrair do sangue as substâncias
nocivas que serão eliminadas através da urina pela Bexiga (Pang Guang). De
acordo com Perez (2007)
Partimos do fato de que no Rim (Shen) se produz o grande Qihua, grande
transformação capaz de extrair do sangue as substâncias nocivas (que se
expulsarão através da urina).
Isto quer dizer que o Movimento Água, composto por Rim (Shen) e Bexiga
(Pang Guang), tem a função de metabolizar os líquidos orgânicos eliminando as
impurezas. Deste processo resulta grande parte da desintoxicação orgânica que irá
acarretar no equilíbrio ácido-base do organismo de acordo com a MTC. É importante
considerar também que o aumento da acidez sanguínea gera síndromes de calor no
sangue (Xuere) e em última estância um incremento de material tóxico que pode
originar fleuma no organismo tanto quente-circulante, quanto fria-estagnada.
Fica observado que o sinal iridológico Estados de acidez pode apresentar
uma vasta gama de relações possíveis, pois são muitas as variáveis que interferem
na constituição sanguínea. Mas ainda assim, entre todos, destacam-se, o Baço-
Pâncreas (Pi), o Fígado (Gan) e o Rim (Shen), que devido à intervenção na
formação do Sangue (Xue) são denominados “órgãos sanguíneos” (Perez, 2007)
11
3.3 ANEL DE CONGESTÃO VENOSA
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O Anel de congestão venosa pode ser observado pela presença de um halo
azul na intersecção da periferia da íris com a esclera. Indica má circulação e hipo-
oxigenação do sangue. De acordo com Batello (2009) é um sinal frequentemente
relacionado à falta de atividade física aeróbica. (BALLESTEROS, 2006; KHALSA,
2006; LINDEMANN, 2005)
Relativo a este sinal iridológico é importante observar o comprometimento da
função (aspecto yang) sanguínea de circular os nutrientes e metabólitos por todo o
organismo. De acordo com MTC é o Coração (Xi) quem possui a tarefa de
impulsionar o sangue (Xue) através das veias e artérias. No entanto, o trabalho do
Coração (Pi) é realizado com energia provinda do Pulmão (Fei). O Pulmão (Fei) é
considerado o local de início e fim da circulação de energia, simbolicamente
entendido como o mestre da energia. Isto devido sua capacidade de gerar a energia
necessária para o Coração (Xi) impulsionar o Sangue (Xue) por toda estrutura física.
O Pulmão (Fei) também é responsável pela troca gasosa com o meio externo, e
assim como observado na fisiologia ocidental, o Pulmão (Fei) na visão da MTC se
encarrega da oxigenação sanguínea. Este sinal por indicar insuficiente circulação e
oxigenação sanguínea aponta, portanto, para um desequilíbrio em Pulmão (Fei) e
deficiência de Sangue (Xue). (PEREZ, 2007).
12
3.4 ANEL DE PELE
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O Anel de pele ou anel escamoso pode ser observado na forma de um anel
escuro na periferia da íris, adjacente à esclera. Este sinal indica dificuldade de
eliminação de toxinas pela pele possivelmente devido à má circulação sanguínea
superficial. Ou seja, a pele de todo o corpo por não ser irrigada corretamente pelo
sangue, realiza de forma ineficaz a importante função de eliminação dos metabólitos
tóxicos. Contudo, este sinal revela um déficit qualitativo na própria composição da
pele. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN,
2005).
O Pulmão (Fei) para MTC é entendido como continuação da pele e vice-
versa. Estando tão diretamente relacionado com a pele e os pelos da superfície do
corpo, este órgão é responsável pela nutrição cutânea. De acordo com Perez (2007)
o Pulmão (Fei) possui ainda a “função vital de impulsionar o sangue.” Ou seja, o
Pulmão (Fei) é responsável pelo controle do fluxo energético (Qi), e uma vez que a
circulação do Sangue (Xue) depende do impulso de energia (Qi), a função do
sangue de eliminar toxina através da pele dependerá do fluxo harmônico do Qi.
(PEREZ, 2007).
Entende-se, contudo, que este sinal nos indica desarmonia nas funções do
pulmão de regular o fluxo sanguíneo superficial, nutrir e usar como um canal
excretor a pele. A síndrome básica relacionada com este sinal iridológico é, portanto,
13
a Fei Qi Xu (insuficiência de Qi do Pulmão) que engloba entre outros sintomas,
desequilíbrios dermatológicos.
3.5 ISQUEMIA DE EXTREMIDADES
Fonte: arquivo pessoal do autor.
A Isquemia de extremidades aparece na periferia da íris na forma de um halo
translúcido. Significa dificuldade de circulação sanguínea nos braços, mãos e
membros inferiores. Extremidades comumente frias podem estar relacionadas a este
sinal. Quando situada na área cerebral, pode indicar senilidade como visto em Anel
de pele. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN,
2005).
Para a interpretação deste sinal à luz da MTC dois aspectos devem ser
levados em consideração por influenciarem na circulação do sangue. Primeiramente
é preciso observar a constituição sanguínea, ou seja, investigar o funcionamento dos
três órgãos sanguíneos Baço-Pâncreas (Pi), Rim (Shen) e Fígado (Gan). O segundo
aspecto diz respeito à circulação sanguínea propriamente dita, regida pelo Pulmão
(Fei). Este sinal faz relação, portanto, com o que foi exposto nos sinais Estados de
Acidez e Congestão venosa.
14
3.6 ANEL DE TENSÃO
Fonte: arquivo pessoal do autor.
Os anéis de tensão ou anéis nervosos são evidenciados como arcos
circulares ou porções de arcos quebrados através da íris. Em oftalmologia, são
também chamados de sulcos de contração. Revela um estado de tensão
neuromuscular do individuo. Comumente indicam uma condição de ansiedade e
estresse de origem psicossomática. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006;
KHALSA, 2006; LINDEMANN, 2005).
Para o melhor entendimento deste sinal iridológico sobre a ótica da MTC, é
necessário à compreensão dos conceitos de TA (San Jiao) e MC (Xin Bao). MC (Xin
Bao) e TA (San Jiao) formam um par energético pertencente ao Movimento Fogo,
assim como Coração (Xi) e Intestino Delgado (Xiao Chang), porém não possuem
uma tradução literal para a fisiologia ocidental. É entendido que na prática TA (San
Jiao) e MC (Xin Bao) são funções de coordenação e proteção do resto do
organismo. Poderiam ser comparados em certa medida ao conjunto de funções do
Sistema Nervoso Autônomo da fisiologia ocidental, mais precisamente o TA (San
Jiao) a ação simpaticotônica e o MC (Xin Bao) a ação parassimpaticotônica.
(PEREZ, 2007).
15
Nas palavras de Perez (2007) o MC (Xin Bao) é um “bioprocessador
energético” que se responsabiliza pelo gerenciamento tanto de aspectos psíquicos
quanto físicos, podendo ser considerado o grande mediador energético. O MC (Xin
Bao) também é o responsável pelo ritmo e frequência cardíaca, é através do MC
(Xin Bao) é que a energia do Pulmão (Fei) faz o Coração (Xi) bater. De acordo com
fisiologia da MTC o MC (Xin Bao) recebe toda informação endógena e administra
informação psíquica induzindo reações adaptativas.
A respeito do TA (San Jiao) Perez (2007) comenta:
Pode-se concluir definindo ao TA como o conjunto de complexas ações
bioquímicas e bioelétricas que se desenvolvem através das Unidades
Energéticas, e que permitirão ao ser humano obter do meio a energia
suficiente para manter sua circunstância vital.
Fica evidente que o par energético TA/MC deve manter a homeostasia tanto
com o exterior quanto com o interior do organismo, podendo ser afetado por
energias externas e internas. Portanto, este sinal iridológico indica um desequilíbrio
no sistema de manutenção da homeostase biológica, regido por TA (San Jiao) e MC
(Xin Bao), outras Unidades Energéticas podem estar envolvidas nos sintomas, mas
isto irá depender de cada organismo em especifico.
16
3.7 ROSÁRIO LINFÁTICO
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O Rosário linfático é observado pela presença de lesões semelhantes a
nuvens ou flocos de neve assemelhando-se a um anel ou rosário. Indica congestão
do tecido linfático e funcionamento inadequado dos órgãos linfáticos. Como
consequência desta estagnação do fluxo da linfa e mau funcionamento de gânglios e
estruturas relacionadas, pode haver acumulo de resíduos tóxicos e prejuízos na
imunidade do individuo. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006;
LINDEMANN, 2005)
Para MTC cada órgão é capaz de elaborar um humor aquoso especifico com
sua essência. Ao MC (Xin Bao) cabe a elaboração da linfa (Linba), o que faz com
que ele possua uma relação direta com a função de defesa endógena do organismo.
Através do ponto de acupuntura MC6 (Neiguan) estimula-se a atividade do vaso
regulador defensivo interno (Yin Wei Mai).
17
De acordo com Perez (2007) o MC (Xin Bao)
[...] tem um papel de impulsor da circulação defensiva, o que faz com que
mereça o sinônimo de Coração linfático como referência à energia
necessária para mobilizar a linfa, igual que a do Coração (Xin) com o
Sangue (Xue).
Embora evidente a relação do MC (Xin Bao) com o Sistema Linfático e com o
Yin Wei Mai, é preciso considerar ainda aspectos relacionados ao movimento Terra
(Pi/Wei).
O Estômago (Wei) e o Baço-Pâncreas (Pi) na visão da MTC são a fonte de
toda a nutrição. O Baço-Pâncreas (Pi) recebe a essência energética liberada dos
alimentos através do processo de digestão do Estômago (Wei). Isto significa que
toda energia gerada a partir dos alimentos depende do Movimento Terra. E deste
modo, o Estomago (Wei) e Baço-Pâncreas (Pi) interveem de maneira importante na
formação e na qualidade do Sangue (Xue) e da linfa (Limba). Este sinal iridológico
em um organismo com presença de fleuma pode se tornar bastante nocivo gerando
síndrome de estancamento por fleuma- umidade (Tan Shi Yu Pi).
18
3.8 ANEL DE SÓDIO / COLESTEROL
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O anel de sódio ou colesterol é observado na periferia como um anel
translúcido opaco depositado na camada córnea. Indica acúmulo de sais inorgânicos
e colesterol no sangue que podem se depositar em locais inadequados do corpo. Há
má perfusão sanguínea devido à obstrução arterial. Além de ser um sinal de
presença de substâncias acumuladas de forma desequilibrada no sangue, indica
também degeneração vascular, arteriosclerose. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS,
2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN, 2005).
As alterações metabólicas as quais este sinal iridológico faz referencia são de
ordem sanguínea, por isso como mencionado no sinal Estados de acidez, os três
órgãos sanguíneos Baço-Pâncreas (Pi), Rim (Shen) e Fígado (Gan) estarão
envolvidos com este sinal. No entanto o movimento Terra (Pi/Wei) merece destaque.
Este Movimento como descrito anteriormente é a fonte de toda a nutrição e,
portanto, seu desequilíbrio pode acarretar em produção de fleumas que se
acumulam pelo organismo. Além da relação direta do Baço-Pâncreas (Pi) na
composição do Sangue (Xue), este órgão se responsabiliza por manter o sangue
nos vasos. O Baço-Pâncreas (Pi) controla os vasos sanguíneos. Isto significa que a
qualidade, a resistência e elasticidade, dos vasos são de responsabilidade do Baço-
Pâncreas (Pi). No entanto, este sinal indica mais do que toxina somente no sangue,
19
a presença do anel de sódio pode ser indicativo de fleuma no organismo, algo
bastante nocivo para saúde como pontuado anteriormente.
3.9 ESTÔMAGO HIPER/ HIPO ÁCIDO
Fonte: arquivo pessoal do autor.
Este sinal iridológico pode ser observado por coloração mais clara na área
corespondente ao estômago indicando hiperatividade estomacal com excesso de
ácido clorídrico, hipercloridria. Ou ser verificado coloração mais escura da área
correspondente ao estomago o que indicará o oposto, hipocloridria e hipoatividade.
(BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN, 2005).
Embora seja evidente a relação direta deste sinal com o Estomago (Wei),
para uma analise sobre a ótica da MTC é preciso considerar que os aspectos
nutricionais como visto anteriormente estarão ligados não somente ao Estomago
(Wei), mas ao Movimento Terra composto por Estomago (Wei) e Baço-Pâncreas
(Pi). De sobremaneira, uma acidez orgânica elevada (Estômago hiperácido)
acarretará em calor no Sangue (Xuere) e produção de fleumas como exposto no
item 3.2 (Estados de acidez). Enquanto que a hipoacidez (Estômago hipoácido)
indica síndromes de deficiência em Estômago (Weixu).
20
3.10 ANEL DE ASSIMILAÇÃO
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O Anel de assimilação ou absorção se apresenta como uma coloração
avermelhada ou marrom em torno da pupila. Significa dificuldade de absorção de
nutrientes por parte do trato gastrointestinal. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS,
2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN, 2005)
Na fisiologia da MTC dentre as principais funções do Intestino delgado estão:
receber, transformar e assimilar o conteúdo alimentar. Segundo Perez (2007),
“quase toda a absorção digestiva se realiza no intestino delgado.” Isto significa que é
uma questão de tempo para que uma desarmonia no intestino delgado leve a
desordens na assimilação de nutrientes. A síndrome Xiao Chang Xu (deficiência de
intestino delgado) possui como sintomatologia básica sintomas relacionados à má
absorção de nutrientes e, portanto, pode ser relacionada ao sinal iridológico Anel de
absorção.
21
3.11 RADIO SOLARIS
Fonte: arquivo pessoal do autor.
O Radio solaris (sulcos radiais) mostra raios ou fendas que partem da trança
do sistema nervoso autônomo ou da pupila. Indica uma herança genética que
acarreta em debilidade inerente na área intestinal, e consequente absorção das
toxinas. (BATTELLO, 2009; BALLESTEROS, 2006; KHALSA, 2006; LINDEMANN,
2005).
A MTC descreve toda sua fisiologia e cosmologia através de símbolos. As
simbologias utilizadas podem ser elementos naturais, como na própria teoria básica
dos cinco movimentos, como também são utilizadas analogias com o sistema social
chinês da época do império. Neste sentido o Intestino Grosso (Da Chang) é
simbolicamente comparado a um oficial encarregado de deixar passar e remover
coisas, devido sua função de receber todo substrato digestivo realizando absorção
de água com eletrólitos e evacuação das fezes. Sua disfunção resulta em
mudanças nas substâncias presentes nas fezes e consequente intoxicação do
organismo pela absorção de toxinas que deveriam ser evacuadas. A síndrome Da
Xang Xu Han (deficiência de frio no intestino grosso) faz com que ele fique
incapacitado para absorver água, de maneira que a água e os resíduos são
removidos juntamente. (PEREZ, 2007).
22
Este sinal iridológico aponta para a síndrome Da Chang Xu Han ainda que
não de forma exclusiva, pois, outras alterações no Intestino grosso (Da Chang)
podem resultar em absorção de toxinas. Interessante notar que este sinal iridológico
irá indicar para qual lugar do corpo estas toxinas serão dirigidas, fato este
imprescindível para interpretação correta e completa deste sinal.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Uma jornada de mil milhas começa com um único passo.” (Lao-Tsé, 2002)
Na tentativa de estreitar o diálogo oriente – ocidente, as interpretações
realizadas neste estudo objetivaram elucidar relações básicas e diretas entre
estudos da Iridologia e da MTC. O presente artigo pode ser, portanto, comparado a
um único passo na longa jornada de mil milhas que é a interpretação dos sinais
iridológicos a partir dos conhecimentos da MTC.
É importante perceber como a iridologia pode auxiliar na elaboração de
síndromes da MTC e principalmente no entendimento da constituição e processos
biológicos do individuo em estudo. A íris revela características que podem ser
compreendidos e decodificados através da combinação dos conhecimentos das
escolas de iridologia com a MTC. Deste estudo combinado nasce uma forma de
diagnostico que favorece uma intervenção terapêutica mais eficaz e segura. É
chegado o momento, portanto, da apropriação da iridologia por parte dos milenares
estudos da MTC. Possibilitar o diagnostico através da íris talvez seja uma das
maiores contribuições que o conhecimento ocidental possa dar a MTC.
Apesar das interpretações do presente estudo terem buscado contemplar as
relações mais básicas e diretas, muitas relações ainda são possíveis inclusive a
respeito dos 11 sinais descritos. Vale ressaltar que dentro do campo da iridologia
duas escolas foram referenciadas (Clássica e Alemã) e no campo da MTC este
estudo apoiou-se sobre os conhecimentos da escola de acupuntura bioenergética e
MTC encontrados nos livros de Nogueira Perez (2007).
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REFERÊNCIAS
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