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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO TRADUTOR E INTÉRPRETE LARISSA CRISTINA DA SILVA INTÉRPRETES NA CORDA BAMBA: A VALIDADE DA TEORIA DOS ESFORÇOS NA INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA PARA A LÍNGUA PORTUGUESA ENGENHEIRO COELHO 2014

CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO … · e a professora Ana que gentilmente colaborou como minha segunda leitora; Um agradecimento especial a minha querida amiga quase

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS ENGENHEIRO COELHO

TRADUTOR E INTÉRPRETE

LARISSA CRISTINA DA SILVA

INTÉRPRETES NA CORDA BAMBA: A VALIDADE DA TEORIA DOS ESFORÇOS NA INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA

PARA A LÍNGUA PORTUGUESA

ENGENHEIRO COELHO

2014

LARISSA CRISTINA DA SILVA

INTÉRPRETES NA CORDA BAMBA: A VALIDADE DA TEORIA DOS ESFORÇOS NA INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA

PARA A LÍNGUA PORTUGUESA

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo do curso de Tradutor e Intérprete, sob orientação do prof. Ms. Neumar de Lima.

ENGENHEIRO COELHO

2014

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo, do curso de Tradutor & Intérprete, apresentado e aprovado em 26 de junho de 2014.

_____________________________________________________

Orientador: Prof. Ms. Neumar de Lima

______________________________________________________

Segunda Leitora: Profª. Dra. Ana Maria de Moura Schaffer

Dedico este trabalho a todos aqueles que me apoiaram durante esta jornada e que me ajudaram nos momentos em que mais precisei nestes anos.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer em primeiro lugar a Deus que me possibilitou o dom da

vida e da sabedoria que me permitiu chegar até onde cheguei;

Gostaria de agradecer aos meus familiares, meu namorado e aos amigos

verdadeiros que acompanharam o meu crescimento e também às dificuldades

que surgiram ao longo do caminho, assim também agradecer a todos os

meus colegas e amigos de classe que fizeram parte desta jornada;

Agradeço também ao meu orientador Neumar que me instruiu nesta pesquisa

e a professora Ana que gentilmente colaborou como minha segunda leitora;

Um agradecimento especial a minha querida amiga quase irmã Aline, minha

fiel companheira de trabalhos e seminários, amiga para todas as horas em

que mais precisei desabafar ou contar com uma ajuda especial.

RESUMO

Dada sua crescente importância no mercado de interpretação, a interpretação simultânea poderia ser mais explorada. Portanto, esta pesquisa, utilizando-se da pesquisa de Gile (1995) sobre a teoria da corda bamba, se volta para a interpretação simultânea com o objetivo de replicar o mesmo teste que ele fez, agora em língua portuguesa, e verificar se há comensurabilidade, ou seja, uma comparação qualitativa e quantitativa, com seu teste em língua inglesa, no que diz respeito aos resultados obtidos. Em caso de resultados divergentes, levantar-se-á um questionamento quanto às discrepâncias observadas. Para a concretização deste objetivo, utilizamos a mesma metodologia utilizada por Gile, com algumas readequações para o nosso ambiente escolar. Com base na hipótese de que os intérpretes tendem a trabalhar próximos da saturação, os resultados obtidos nesta pesquisa foram condizentes com os apontados pelo próprio Gile (2009), que revelam uma maior incidência de erros e omissões na segunda vez que interpretaram o mesmo segmento do discurso original. Dentre outros aspectos, a pesquisa mostrou ainda que, independentemente da experiência dos intérpretes, os resultados obtidos por Gile e por nós foram compatíveis.

Palavras-chave: Interpretação; Interpretação simultânea; Teoria da corda bamba.

ABSTRACT

Given its growing importance in the interpretation market, simultaneous interpretation could be further explored. Therefore, this paper studies the simultaneous interpretation, making use of Gile’s (1995) test based on his theory of the tightrope hypothesis. The purpose of the research is to verify to what extent the results found in the replication of his test in Portuguese language has commensurability, i.e. a qualitative and quantitative comparison, with the results obtained in Gile’s original test. In case of any divergent results, a questioning about such discrepancies will be raised. To achieve this goal, we made use of the same methodology used by Gile, with some adaptations to our school environment. Based on the hypothesis that interpreters tend to work close to saturation, the results obtained in this study were consistent with those observed by Gile (2009), pointing to a higher incidence of errors and omissions in the second time the participant interpreters interpreted the same original speech fragment. Among other aspects, this research also shows that, regardless of the experience of the interpreters, the results obtained by Gile and by this research were compatible.

Key words: Interpretation studies; Simultaneous interpretation; Tightrope hypothesis.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09

2 A TEORIA DA CORDA BAMBA DE GILE .............................................................. 13

2.1 Fundamentos teóricos e práticos ........................................................................ 14

2.2 Procedimentos da aplicação do teste de Gile ..................................................... 15

3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 17

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 19

4.1 Lista de erros e omissões .................................................................................... 19

4.2 Lista de novos erros e omissões na segunda versão .......................................... 20

4.3 Análise e discussão dos dados ........................................................................... 23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 26

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 27

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................... 28

ANEXO B – DISCURSO STEVE JOBS STANFORD - FRAGMENTO ...................... 29

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1 INTRODUÇÃO

O número de exigências de intérpretes tem aumentado quase em mil vezes

desde 1919, segundo Herbert (1978), devido ao aumento do número de reuniões

multilíngues; e para suprir essa demanda no mercado, cada vez mais têm sido

criadas novas escolas para o treinamento de intérpretes.

De acordo com Pagura (2010) uma dentre estas primeiras escolas a surgir

que Herbert cita, foi a de Genebra, criada por Antonio Velleman, intérprete da Liga

das Nações, que formou tradutores após 1971. Outras de grande importância

também surgiram após a Segunda Guerra Mundial, uma delas sob o patrocínio da

HEC (École de Hautes Etudes Commerciales), que teve como aluna de Marie-

France Skuncke, uma das grandes intérpretes do Julgamento de Nuremberg; Danica

Seleskovitch, uma das figuras que revolucionou a área de interpretação. Esta escola

foi encerrada no início dos anos 1970.

Outra pessoa importante dentro da história da interpretação foi Leon Dostert,

que foi responsável pela introdução da interpretação simultânea nos Julgamentos de

Nuremberg, e responsável pelo Institute of Languages and Linguistics of the School

of Foreign, em Georgetown. Essa escola foi encerrada em 2003. Por fim, depois de

meados dos anos 1950, foi criado o ESIT (École Supérieure d’Interpretes et de

Traducteurs), inicialmente sob a direção de Maurice Gravier e sucedido em 1980 por

Danica Seleskovicth.

Patricia Longley, em 1968, cria um curso de formação de intérpretes na

Poleytecnhic of Central London. Tal curso foi criado inicialmente para a tradução de

russo para o inglês, segundo Mackintosh (apud PAGURA, 2010 p. 2), para atender

as necessidades da ONU. E, finalmente, no ano seguinte, foi criado o curso de

Monterey Institute of Foreign Studies, que atualmente é conhecido como Monterey

Institute of International Studies, o único curso específico de formação de intérpretes

de conferência.

Na atualidade existem muitos cursos de intérpretes, principalmente na

Europa, onde são oferecidos cursos de formação em nível de pós-graduação,

fazendo parte de um consórcio denominado European Master in Conference

Interpreting.

10

Para Pagura (2010), esta pequena descrição dos fatos históricos serve para

proporcionar uma noção de que o curso de interpretação não é como muitos

acreditam ser, uma atividade pedagógica recente, pois, como podemos ver acima,

apenas alguns exemplos foram citados de várias escolas de interpretação que foram

criadas desde a época do Julgamento de Nuremberg.

Tais estudos na área da interpretação simultânea têm sido muito abordados

em pesquisas acadêmicas tais como a de Freire (2009), Pagura (2010), Gile (2009),

entre outros acadêmicos da área. No caso deste estudo a ser apresentado, tratar-

se-á da Teoria dos Modelos dos Esforços no campo da interpretação simultânea,

datada do ano de 1995 e de autoria do autor francês Daniel Gile. A obra que será a

base deste estudo será o artigo “Testing the Effort Models’ tightrope hypothesis in

simultaneous interpreting - A contribution”, de GILE (2009).

Para embasar a pesquisa, escolhemos Gile (2009), propriamente dito, Freire

(2009), Pagura (2010). A escolha de Gile (2009) deve-se ao fato de ele ter

desenvolvido a referida Teoria dos Modelos dos Esforços e por ter aplicado o teste a

ser replicado nesta pesquisa. Já Freire, deve-se ao fato de ele ter desenvolvido uma

pesquisa bem ampla diretamente ligada à Teoria dos Modelos dos Esforços bem

como à Teoria Interpretativa de Seleskovitch. Essas teorias representam uma das

muitas teorias que embasam a área da interpretação e da tradução. Além disso,

Freire descreve as proposições fundamentais de ambas as teorias e também aponta

as inter-relações que existem entre esses dois modelos teóricos. Pagura (2010)

levanta questões sobre a formação do intérprete simultâneo desde o início da

profissão, além de desenvolver uma ampla pesquisa relacionada à história da

interpretação.

Gile (2009) apresentou o novo conceito dos esforços na interpretação, um

conceito desenvolvido a partir da prática e posteriormente relatado em seu artigo

“Testing the Effort Models’ tightrope hypothesis in simultaneous interpreting

[Testando a Hipótese da Corda Bamba do Modelo dos Esforços na Interpretação

Simultânea] – A contribution (GILE; 2009)”. Utilizaremos esse artigo como base para

replicar o mesmo teste aplicado por Gile em 10 intérpretes profissionais, com

readequações para as condições do nosso ambiente escolar atual.

Dessa forma, o objetivo de nossa pesquisa foi replicar esse teste em 4 alunos

da disciplina de Interpretação Simultânea, do 4º ano do curso de Tradutor e

11

Intérprete, do Centro Universitário Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro

Coelho (UNASP – EC). O teste foi aplicado durante uma sessão de interpretação

que foi gravada, e os resultados foram analisados para que se pudesse observar até

que ponto se assemelham aos relatados por Gile e em que pontos diferem destes.

Partindo dos pressupostos teóricos aqui citados, a problemática que norteia

esta pesquisa está relacionada à teoria dos esforços, criada a fim de melhorar o

treinamento dos intérpretes e verificar os possíveis problemas enfrentados pelo

intérprete ao este exercer sua profissão. Dessa forma, apontaremos se a teoria da

corda bamba de Gile (2009), aplicada originalmente em forma de teste, nos leva a

identificar alguns desses problemas em outro contexto, e se os resultados obtidos

por Gile (2009) em seu teste em língua inglesa apresentam comensurabilidade, ou

uma comparação qualitativa e quantitativa, em relação aos resultados obtidos em

língua portuguesa. Em caso negativo, levantar-se-á um questionamento quanto às

discrepâncias observadas.

Portanto, a escolha deste tema justifica-se devido à importância que a

pesquisa, de modo geral, vem assumindo no contexto brasileiro, pois há muitos

intérpretes profissionais carentes de material de estudo específico para interpretação

simultânea, os quais poderão futuramente fazer uso desse material como parte de

seus métodos de preparação para uma interpretação. Além disso, o ensino deste

novo conceito de interpretação poderá ser uma ferramenta pedagógica útil a

professores de interpretação simultânea.

A motivação principal da pesquisa relaciona-se à percepção, no ambiente

acadêmico, da carência de trabalhos relacionados com o autor e o tema escolhidos

para a elaboração da pesquisa. Percebe-se que durante a pesquisa de artigos

pertinentes à área para o devido embasamento teórico da pesquisa, muito pouco foi

encontrado, e a maior parte era constituída de trabalhos desenvolvidos por autores

norte-americanos, e apenas um deles de autoria brasileira.

Visto que esta pesquisa discorre sobre um tema ainda pouco explorado

dentro da área de interpretação, acreditamos que contribuirá para futuros trabalhos a

serem desenvolvidos por profissionais da comunidade acadêmica, sejam eles

intérpretes ou professores, pois se trata de um novo modelo prático para a

interpretação simultânea que poderá enriquecer, além do conhecimento, o trabalho e

a preparação dos profissionais da área em questão.

12

A pesquisa está dividida em três partes: na primeira, apresentam-se breves

considerações históricas e teóricas sobre a interpretação, além de contextualizar o

que é a teoria da corda bamba aqui apresentada a fim de discutir os aspectos da

teoria dos esforços aplicada no teste de Gile (2009). Na segunda parte, analisa-se a

metodologia do teste a ser replicado nesta pesquisa, apontando as readequações

que tiveram de ser feitas para que o teste pudesse ser replicado de maneira a obter

os resultados desejados. A última parte, a mais importante do trabalho, apresenta o

teste que foi replicado nesta pesquisa e a análise dos resultados obtidos.

13

2 A TEORIA DA CORDA BAMBA DE GILE

A teoria da Corda Bamba surgiu como uma forma de explicação da frequência

dos erros na interpretação de conferências. Muito se tem falado a respeito da origem

das alterações na interpretação de conferências, e, desde a década de 1970, tem

havido tentativas de explicar a origem desses erros por parte de autores tais quais

Gile (2009) cita: Gerver (1975), Moser (1978), Setton (1997), Paradis (1994) e

Mizuno (1995). Esses teóricos desenvolveram modelos próprios baseados na

ciência cognitiva levando em conta também os planos psicológico, neurolinguístico e

linguístico.

2.1 Fundamentos teóricos e práticos

No processo de tradução e interpretação, existem operações mentais não

automáticas marcadas por dois fatores: (1) limitações da capacidade de

processamento por parte dos intérpretes envolvidos em um evento, (2) elevada

demanda da capacidade de processamento por parte do evento de interpretação em

questão.

Após o estudo detalhado dos métodos anteriormente desenvolvidos, Gile

(1995) elaborou um modelo constituído por três componentes ou esforços principais:

Primeiro: componente de audição e análise;

Segundo: componente de produção de discurso oral;

Terceiro: componente da memória de curto prazo.

Depois de um detalhado estudo desses aspectos do modelo, Gile (1995)

sustenta que cada intérprete deve, em primeiro lugar, compreender o discurso oral

em língua estrangeira apresentado pelo palestrante; em seguida, deve produzir o

discurso oral em sua língua materna, e, por último, armazenar em sua memória de

curto prazo o que foi dito anteriormente.

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Com base nesses componentes, tomando-os como referência, Gile

desenvolveu sua teoria da corda bamba [tightrope hypothesis], cuja pretensão é

explicar com maior precisão a alta frequência dos erros e omissões que acontecem

na tradução do discurso original.

A seguir, apresentaremos os três esforços que o intérprete realiza para

desempenhar os três componentes descritos acima, conforme citado por Freire

(1995) ao discutir a teoria de Gile:

1) Esforço de audição e análise:

O esforço de audição e análise consiste em todas as operações voltadas à compreensão, desde a análise das ondas sonoras portadoras do discurso oral na língua de partida que chegam aos ouvidos do intérprete, passando pela identificação das palavras, até chegar às decisões finais sobre o “significado” do que foi dito pelo

palestrante (FREIRE, 1995, p. 162).

2) Esforço de produção:

Esse é o nome dado à exposição no processo de interpretação. Na interpretação simultânea, o esforço de produção é definido como o conjunto de operações que vão desde a representação mental da mensagem a ser apresentada, passando pelo planejamento do discurso oral, até a concretização desse planejamento. Na interpretação consecutiva, há dois tipos de produção. Na primeira fase, o intérprete escuta o que diz o palestrante e toma notas; na segunda fase, ele produz o discurso oral equivalente em sua língua materna (FREIRE, 1995, p. 165).

3) Esforço da memória de curto prazo. Este esforço engloba os seguintes

pressupostos:

Durante a interpretação, as operações da memória de curto prazo (com duração de poucos segundos) ocorrem continuamente. Algumas se devem ao intervalo entre o momento em que os sons são ouvidos e o momento em que são interpretados. Outras operações dessa natureza, ainda, devem-se às características específicas de um palestrante ou discurso. Há também fatores específicos da linguagem que requerem operações da memória de

curto prazo (FREIRE 1995, p.168-169).

O principal objetivo da teoria de Gile é analisar parte de uma interpretação

simultânea para verificar como o intérprete procura coordenar os esforços descritos

acima em seu ofício para atingir um nível de qualidade satisfatório.

15

2.2 Procedimentos de aplicação do teste de Gile

Fazendo uso da teoria da corda bamba e seus pressupostos já mencionados,

Gile (2009) aplicou um teste em dez intérpretes profissionais da área de

interpretação de conferências a fim de identificar os possíveis erros e omissões

cometidos por eles quando em jornada dentro da cabine.

Esses intérpretes possuíam o francês como idioma A (língua materna) e o

inglês como idioma B (não nativo, mas forte o suficiente para se formar um par de

interpretação com o idioma A). Todos possuíam 15 anos de vasta experiência, com

exceção de um que possuía apenas 7 anos. Além disso, todos eram membros da

AIIC [Associação Internacional de Intérpretes de Conferência], e trabalhavam tanto

no mercado particular quanto em organizações internacionais, tais como OECD e

UNESCO. Portanto, todos podiam ser considerados intérpretes qualificados.

Gile (2009) utilizou um vídeo gravado de uma conferência de imprensa que

ele mesmo interpretou na época sobre o anúncio do novo chefe da Kodak, o Sr.

George Fisher, que permitiu que o material pudesse ser utilizado para a sua

pesquisa. Foram retiradas do vídeo 245 palavras referentes a uma resposta dada

pelo Sr. Fisher a um jornalista, sendo esta a parte do vídeo utilizada para o teste

com os intérpretes.

Esse vídeo, de duração de 1 minuto e 40 segundos, era de natureza geral, e

não requeria nenhum conhecimento prévio dos intérpretes, pois havia apenas um

termo específico, cuja tradução lhes foi dada previamente. Conforme mencionado

anteriormente, os participantes desse teste eram todos intérpretes profissionais da

área de interpretação de conferências, recrutados em seu ambiente de trabalho

praticamente durante a primeira metade da jornada de interpretação diária. Eles

tiveram algum tempo disponível para se aquecerem previamente, com uma ou duas

rodadas de interpretação na cabine dentro de suas tarefas profissionais.

Foi-lhes dito que eles teriam que interpretar do inglês para o francês a

resposta do novo chefe da Kodak dada a um jornalista durante uma conferência de

imprensa quando seu novo cargo foi anunciado, além de dizerem também como

deveriam traduzir o termo “silver halide” para o francês “halogénure d’ argent. O

experimento foi conduzido em cabines próprias de interpretação, sendo que o

16

discurso original era provido por um aparelho de som portátil através de fones de

ouvidos e o discurso final, gravado por um aparelho gravador portátil. Após o término

da primeira rodada de interpretação, os intérpretes foram solicitados a começar a

interpretar novamente.

Os discursos finais foram transcritos e, em seguida, procedeu-se á tabulação

dos erros e omissões. Esse método não contém armadilhas sobre o que é ou não

um erro ou omissão; e para evitar que isso ocorresse, somente foram considerados

para análise erros e omissões notórias. Para garantir a confiabilidade dos dados e

identificar com precisão se os erros e omissões encontrados podiam ser ou não

incluídos na análise, sem qualquer divergência, o autor solicitou a opinião de outros

dois intérpretes de conferência.

Após a listagem de erros e omissões ter sido feita, Gile (2009) desenvolveu

então uma lista de análise dos resultados contendo a quantidade de erros e

omissões cometidos durante cada interpretação e os casos em que houve correção

na segunda rodada. Essa listagem foi feita e descrita de acordo com a ordem de

cada intérprete, tanto na primeira rodada quanto na segunda. Além disso, Gile

(2009) também representou suas análises e resultados em uma tabela intitulada

“análise quantitativa”.

17

3 METODOLOGIA

O objetivo principal desta pesquisa, conforme mencionado anteriormente,

está diretamente relacionado ao teste aplicado por Gile (2009), que acabamos de

descrever. Em outras palavras, o objetivo é replicar o mesmo teste, mas com

readequações ao ambiente escolar onde os intérpretes participantes estudam.

Segue, portanto, a metodologia utilizada para aplicação do teste e análise posterior

dos resultados.

O teste replicado contém algumas adaptações em relação ao teste original de

Gile (2009); e a principal adaptação é que o teste foi aplicado em quatro estudantes

de interpretação simultânea do 4º ano do curso de Tradutor e Intérprete que se

dispuseram a colaborar com a pesquisa. Assim, a primeira adaptação tem que ver

com a quantidade de intérpretes participantes e o nível de experiência. Os

intérpretes convidados para participar do teste, por serem estudantes formandos da

área de interpretação simultânea, possuem pouca experiência na área. No entanto,

foram considerados qualificados para fazer parte da pesquisa, cujo objetivo é

apenas identificar os erros e omissões cometidos durante a interpretação, com base

na teoria dos esforços, o que pode ser feito independentemente do nível de

experiência do intérprete.

O teste foi aplicado no laboratório de cabines de interpretação na instituição

em que os participantes estudam, o Centro Universitário Adventista de São Paulo –

Campus Engenheiro Coelho. Antes de iniciar a rodada de interpretações, foi-lhes

dito que eles iriam interpretar do inglês para o português brasileiro um áudio que

possui duração de 1 minuto e 17 segundos, no total de 221 palavras. Trata-se de um

fragmento retirado de um discurso de formatura feito por Steve Jobs em Stanford.

Foi esclarecido também que o áudio se enquadrava no tipo de discurso que não

exige conhecimento prévio específico dos intérpretes por ser de natureza geral.

Para iniciar a preparação para o teste, foi necessária uma rodada anterior de

interpretações com a utilização de um áudio distinto com duração de 7 minutos para

que os intérpretes estivessem pré-aquecidos para a realização do teste em questão.

Todo o experimento foi conduzido em cabines próprias de interpretação, sendo que

18

o discurso original foi provido através do sistema de som da cabine via fones de

ouvido para os intérpretes, e o discurso final, gravado por um aparelho celular com

função de gravação de voz.

Após esse aquecimento, iniciou-se a primeira rodada de interpretações dos

três primeiros intérpretes participantes, e em seguida, logo após terminarem, foi-lhes

solicitado que começassem a interpretar novamente. O mesmo procedimento foi

seguido com o outro intérprete que ainda não havia feito a interpretação. Dentre os

intérpretes em questão, 3 deles possuem o português como idioma A (língua

materna) e o inglês como idioma B (língua não nativa) e apenas 1 intérprete possui o

idioma romeno com idioma A, o inglês como idioma B e o português como idioma C.

Os discursos finais gravados foram transcritos e procedeu-se à tabulação dos

erros e omissões. Para o devido levantamento e concretização dos erros e omissões

encontrados, foi pedida uma segunda opinião de um professor intérprete da área

com vasta experiência, a fim de verificar se os erros e omissões encontrados

poderiam ou não ser validados como tal.

No próximo capítulo, descrever-se-á a análise dos resultados de quantos

erros e omissões foram cometidos durante cada interpretação, quais foram

corrigidos na segunda rodada e se houve novos erros e omissões na segunda

rodada. Essa listagem foi feita e descrita de acordo com a ordem de interpretação de

cada intérprete, tanto na primeira rodada quanto na segunda.

19

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Conforme anunciado, apresentamos abaixo os resultados da pesquisa

seguidos da respectiva análise.

4.1 Lista de erros e omissões

1. “Having lived through it”

Intérprete 3: Interpretado por: “Vivendo por muitos anos”. Tipo de erro/omissão (e/o):

erro. Não corrigido na segunda versão.

2. “A useful but purely intellectual concept”

Intérprete 1: Interpretado por: “Um conceito puramente psicológico”. Tipo de e/o:

erro. Corrigido na segunda versão.

Intérprete 2: Interpretado por: “Um conceito intelectual”. Tipo de e/o: omissão da

ideia do útil e puramente. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 3: Interpretado por: “Foi mais fácil que o conceito intelecto”. Tipo de e/o:

erro. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 4: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

3. “The single best invention of life”

Intérprete 1: Interpretado por: “A segunda melhor invenção da vida”. Tipo de e/o:

erro. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 3: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

Intérprete 4: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Corrigido na segunda versão.

4. “It’s a life’s change agent”

Intérprete 3: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

Intérprete 4: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

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5. “Which is living with the results of the other people’s thinking”

Intérprete 2: Interpretado por: “Que é viver com os pensamentos dos outros”. Tipo de

e/o: omissão. Omissão da palavra “resultados”. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 3: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Corrigido parcialmente na

segunda versão.

Intérprete 4: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

6. “Don’t let the noise of the others’ opinion drown out your own inner voice”

Intérprete 1: Interpretado por: “Não deixe que a opinião das outras pessoas cale a

sua voz”. Tipo de e/o: omissão. Omissão da palavra “barulho” e faltou mencionar

“sua voz interior”. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 2: Tipo de e/o: omissão. Omissão da voz interior. Não corrigido na

segunda versão.

Intérprete 3: Interpretado por: “Não deixe o som de outras pessoas ficar na sua voz”.

Tipo de e/o: erro. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 4: Interpretado por: “Não deixe que o barulho de outras pessoas cale as

suas opiniões”. Tipo de e/o: erro. Não corrigido na segunda versão.

7. “And the most important”

Intérprete 2: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

Intérprete 3: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

8. “Have the courage to follow your heart”

Intérprete 2: Interpretado por: “Tenha a coragem de seguir sua voz”. Tipo de e/o:

erro. Não corrigido na segunda versão.

Intérprete 4: Não interpretado. Tipo de e/o: omissão. Não corrigido na segunda

versão.

4.2 Lista de novos erros e omissões na segunda versão

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A seguir temos uma nova lista que identificam os erros e omissões ocorridos

na segunda versão, os quais foram corretamente interpretados na primeira vez.

Intérprete 1:

1. “What you truly want to become”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “O que você realmente quer se tornar”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

Intérprete 2:

1. “Having lived through it”

a) Interpretado na 1ª vez por: “Tendo vivido isto”

b) Interpretado na 2ª vez por: “Depois disso”. Tipo de e/o: erro.

2. “A useful but purely intellectual concept”

a) Interpretado na 1ª vez por: “Um conceito intelectual”. Tipo de e/o: omissão da

ideia do útil e puramente.

b) Interpretado na 2ª vez por: “Um conceito abstrato”. Tipo de e/o: erro.

3. “And that is as it should be”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “E é assim que isso deve ser”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

4. “It’s a life change agent”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “É um agente de mudança”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

5. “Sorry to be so dramatic”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Desculpe ser tão dramático”.

b) Interpretado na 2ª vez por: “Desculpe ser tão sincero”. Tipo de e/o: erro.

Intérprete 3

1. “Having lived through it”

a) Interpretado na 1ª vez por: “Vivendo por muitos anos”. Tipo de e/o: erro.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

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2. “A useful but purely intellectual concept”

a) Interpretado na 1ª vez por: “Foi mais fácil que o conceito intelecto”. Tipo de e/o:

erro.

b) Interpretado na 2ª vez por: “Foi um conceito filosófico”. Tipo de e/o: erro.

3. “They somehow already know what you truly want to become”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Eles já sabem de alguma forma o que

querem se tornar”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

Intérprete 4:

1. “Having lived through it”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Tendo passado por isto”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

2. “Death is the destination we all share”

a) Interpretado na 1ª vez por: “A morte é o lugar para onde todo mundo vai”. Tipo de

e/o: erro.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

3. “No one has ever escaped”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Ninguém já escapou”.

b) Interpretado na 2ª vez por: “Ninguém pode evitar”. Tipo de e/o: erro.

4. “It clears out of the old to make way for the new”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Isto limpa o velho para dar caminho

para o novo”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

5. “Your time is limited”

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Seu tempo é limitado”.

b) Não interpretado na 2ª vez. Tipo de e/o: omissão.

6. “They somehow already know what you truly want to become”

23

a) Interpretado corretamente na 1ª vez por: “Eles já sabem o que você quer se

tornar”.

b) Interpretado na 2ª vez por: “Você já sabe o que você quer se tornar”. Tipo de

e/o: erro.

4.3 Análise e discussão dos dados

Com base na tabulação de erros e omissões encontrados no teste replicado,

notamos que, partindo de uma análise quantitativa, pudemos encontrar oito erros e

omissões cometidos de forma geral pelos intérpretes na primeira vez em que

interpretaram, sendo que alguns desses intérpretes, em um mesmo segmento,

cometeram erros de interpretação que afetaram o significado do discurso final, e

outros não interpretaram este mesmo segmento, caracterizando desta forma como

omissão.

No entanto, numa análise posterior, foi possível encontrar novos erros e

omissões cometidos por esses mesmos intérpretes na segunda vez em que

interpretaram. Analisando agora do ponto de vista individual, e com base numa

análise quantitativa, foi possível concluir que, no geral, a maioria dos erros de

interpretação cometidos na primeira vez foram corrigidos na segunda vez. Por outro

lado, o índice de omissões ocorridas na segunda vez superou o esperado, pois

alguns segmentos interpretados corretamente na primeira vez não foram

interpretados na segunda. Apenas um dos intérpretes se saiu melhor nos dois

quesitos, tanto corrigindo os erros quanto cometendo menos omissões.

Gile, em sua teoria original [tightrope hypothesis], nos informa que, em se

tratando de um mesmo discurso original, espera-se que um intérprete, interpretando

o mesmo discurso duas vezes seguidas, venha a cometer, na primeira vez, alguns

erros e algumas omissões e que interprete outras passagens corretamente; na

segunda vez, porém, o que se espera, pela lógica, é que este mesmo intérprete

melhore e corrija os seus erros e omissões cometidos na primeira vez, uma vez que

já está familiarizado com o discurso original. No entanto, o teste de Gile revelou

resultados que contrariam essa expectativa popular, e é neste ponto que a teoria de

Gile se mostra relevante e plausível, pois apresenta resultados que revelam novos

erros e omissões cometidos na segunda vez e até mesmo a ausência de correção

de erros e omissões cometidos anteriormente.

24

Gile então passa a explicar as possíveis razões que explicam as constatações

do seu teste. Ele explica que os psicolinguistas e psicólogos cognitivos em geral

dizem que, a fim de analisar e compreender os discursos que ouvimos, a fim de

produzir os nossos próprios discursos e a fim de manipular a informação na memória

de curto prazo, precisamos de recursos de atenção, caracterizados por uma

"capacidade de processamento”, disponíveis a nós em quantidade limitada.

Com esse pressuposto, a teoria diz que tendemos a trabalhar próximos da

saturação. Ou seja, quando interpretamos, como temos que interpretar ao mesmo

tempo, ouvir e analisar o discurso de origem, produzir um discurso final e, em

seguida, armazenar e recuperar informações, todas essas ações mentais e

cognitivas acabam por ocupar a maior parte dos nossos recursos de atenção, o que

nos deixa vulneráveis.

Em outras palavras, se uma dificuldade inesperada surge, ou se cometemos

erros na alocação de recursos de atenção, podemos chegar a um ponto em que

estamos saturados e não temos os recursos necessários para lidar com um

segmento de discurso. O resultado disso é que podemos deixar de entender algo

que o orador está dizendo ou cometer algum equívoco na hora de reexpressar para

a língua-alvo, ou mesmo ter dificuldades para manter as informações necessárias na

memória.

Mas a saturação cognitiva não é a única razão potencial de erros e omissões.

Às vezes, os discursos são apenas difíceis de entender por causa da pronúncia,

vocabulário, questões técnicas, a lógica, a qualidade do som, etc. Então, não faz

sentido dizer que sempre que um intérprete comete um erro ou uma omissão, isto é

devido à saturação cognitiva.

No caso de nossos intérpretes participantes, como já mencionamos acima, no

geral, a maioria dos erros de interpretação cometidos na primeira vez foram

corrigidos na segunda vez, mas o índice de omissões na segunda vez superou o

esperado, pois alguns segmentos interpretados corretamente na primeira vez não

foram interpretados na segunda. Não cremos que a causa disso tenha sido a

natureza particularmente difícil desses segmentos, pois o discurso era simples,

conforme já ressaltamos. Apesar de não negarmos a possibilidade de pontos fracos

na compreensão da fala de origem ou na expressão das ideias, nossa análise nos

25

leva a pensar que possivelmente tenha sido a saturação cognitiva a causa da

maioria dos erros e omissões, uma conclusão que corrobora os resultados de Gile.

Para explicar então o porquê dos novos erros e omissões na segunda vez,

devemos atentar para o fato de que os chamados recursos de atenção talvez já não

mais estivessem disponíveis, ou talvez porque o intérprete tivesse tratado o

segmento de forma diferente na segunda vez, ou talvez porque estivesse dedicando

atenção para o próximo segmento e não teve, portanto, recursos suficientes

alocados para o segmento em exercício.

Concluímos, então, que a replicação do teste original de Gile constitui mais

uma evidência que nos permite ratificar, independentemente da experiência na área,

do tipo de discurso e outros fatores, as conclusões a que Gile havia chegado por

meio da teoria da corda bamba e do teste efetuado com base nela.

26

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pôde ver no início desta pesquisa, nosso objetivo geral era replicar o

teste de Gile e verificar se em seu teste em língua inglesa apresentam

comensurabilidade, ou uma comparação qualitativa e quantitativa, em relação aos

resultados obtidos em língua portuguesa e em caso negativo, levantar um

questionamento quanto às discrepâncias observadas. Podemos observar que ao fim

desta pesquisa este objetivo foi concretizado bem como nossos objetivos

específicos que tinham a ver com a replicação do teste em nosso ambiente escolar

com algumas readequações em quatro intérpretes estudantes da disciplina de

interpretação simultânea.

Nossa metodologia foi seguida da mesma forma que foi apresentada por Gile

em seu teste original, tudo isso com o propósito de tentar igualar ao máximo as

condições do teste original.

Na análise de resultados, por meio da tabulação de erros e omissões que foi

feita, concluímos que a teoria da corda bamba de Gile é de fato uma teoria também

válida na língua portuguesa, uma vez que independentemente das línguas de

origem e alvo, a validação dos resultados foi a mesma levantada por ele, o que nos

permite, com esta pesquisa, ratificar que Gile está certo ao afirmar que os intérpretes

tendem a trabalhar próximos da saturação e que contrariando a ideia original de que

quando um intérprete interpreta duas vezes seguidas o mesmo segmento, espera-se

que este intérprete cometa menos erros e omissões na segunda vez, Gile aponta

com a chamada capacidade de processamento, que não é bem assim que ocorre, e

que deficiente dos recursos de atenção, os índices de erros e omissões na segunda

vez são mais elevados, algo também comprovado pelos resultados desta pesquisa.

Como parcialmente o teste de Gile nunca havia sido até o presente momento

replicado, esperamos que esta pesquisa possa contribuir para estudos futuros na

área de interpretação simultânea e que também sirva para ajudar a melhorar o

treinamento dos intérpretes desta área.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

*DISCURSO Stanford. Steve Jobs. 2005. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=PX_jsFtCzO8 >. Acesso em 25 jan. 2014.

FREIRE L. Teoria interpretativa da tradução e teoria dos modelos dos esforços na interpretação: Proposições fundamentais e inter-relações. São Paulo 2009. Pontífice Universidade Católica São Paulo. Disponível em: <www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/download > Acesso em: 24 abr. 2013.

GILE, D. Basic concepts and models for interpreter and translator training. 8 ed. Paris: John Benjamins Publishing, 2009. 283 p.

GILE, D. Conference Interpreting. Encyclopedia of Language and Linguistics, Elsevier, 2 ed. 19 p., 2006.

GILE, D. Testing the Effort Models’ tightrope hypothesis in simultaneous interpreting - A contribution. Atlas, São Paulo, 3. ed. , 289 p., 2000.

HERBERT, J. The interpreter’s handbook: how to become a conference interpreter. Librairie de L’Université, Geneva1952.

PADILHA, A. Resolução Nº 196/96 versão 2012. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/Web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_final_196_ENCEP2012.pdf> Acesso em 01 jun. 2013.

PAGURA, J. R. A interpretação de conferências no Brasil: história de sua prática profissional e a formação de intérpretes brasileiros. São Paulo, 2010. 232f. Tese (Doutorado em letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

PAGURA, J. R.O consenso internacional sobre a formação de intérpretes de conferência. Tradução e Comunicação – Revista Brasileira de Tradutores nº21 abr. 2010 p.11-28.

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ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) Sr/Srª

Convido o Sr. (a) para participar como voluntário (a), na pesquisa que tem o título de

“INTÉRPRETES NA CORDA BAMBA”, e tem como objetivo geral replicar o teste de Gile

(2009) para verificar se há comensurabilidade entre o teste aplicado por ele e o teste o qual

será aplicado nos alunos da disciplina de interpretação simultânea. No caso de aceitar fazer

parte desta pesquisa, a sua participação consistirá em fazer parte de um teste de

interpretação simultânea, utilizando-se de um vídeo que será apresentado e a sua atuação

será gravada e utilizada posteriormente para análise de resultados.

A sua participação será importante para que este trabalho cumpra o objetivo de

replicar o mesmo teste base que está sendo discutido nesta pesquisa, a fim de analisar os

resultados divergentes do mesmo posteriormente. Não haverá riscos de qualquer natureza

relacionada à sua participação.

O Sr. (a) terá liberdade para pedir esclarecimentos sobre a aplicação do teste, bem

como para desistir de participar do mesmo a qualquer momento que desejar, mesmo depois

de ter passado pela gravação, e não será, por isso, penalizado de nenhuma forma. Caso

desista, basta avisar ao pesquisador e o material gravado pela atuação do Sr. (a) será

destruído e desconsiderado.

Informo que o resultado deste estudo poderá servir para contribuir com futuras

pesquisas por parte de estudantes e pesquisadores da área.

Como responsável por este estudo comprometo-me em manter sigilo de todos os

seus dados pessoais.

Pesquisador Responsável: Neumar de Lima

Telefones para contato: (+5519) 99604-4634 ou (+5519) 3858-1022

Ao aceitar responder a esta pesquisa, declaro estar ciente do inteiro teor deste

TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em participar do estudo proposto,

sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer penalidade.

__________________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

__________________________________________________

Assinatura do Sujeito da Pesquisa

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ANEXO B

DISCURSO STEVE JOBS EM STANFORD – FRAGMENTO

This was the closest I’ve been to facing death, and I hope this is the closest I get for a

few more decades.

Having lived through it, I can now say this to you with a bit more certainty that when

death was a useful but purely intellectual concept; No one wants to die even people who

want to go to heaven don’t want to die to get there and yet death is the destination we all

share, no one has ever escaped it and that is as it should be, because death is very likely the

single best invention of life. It is life’s change agent. It clears out of the old to make way for

the new, right now the new is you, but some day not too long from now, you will gradually

become the old and be cleared away, sorry to be so dramatic, but it is quite true.

Your time is limited, so don’t waste it living someone else’s life. Don’t be trapped by

dogma which is living with the results of the other people’s thinking, don’t let the noise of the

others’ opinion drown out your own inner voice and the most important, have the courage to

follow your heart and intuition they somehow already know what you truly want to become,

everything else is secondary.