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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ IRANI PEREIRA MONTIEL IANNARELLA EROSÃO DO SOLO EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE PELOTAS – RS: SUBSÍDIOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PELOTAS – RS 2011

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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ

IRANI PEREIRA MONTIEL IANNARELLA

EROSÃO DO SOLO EM UMA BACIA

HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE PELOTAS –

RS: SUBSÍDIOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PELOTAS – RS

2011

IRANI PEREIRA MONTIEL IANNARELLA

EROSÃO DO SOLO EM UMA BACIA

HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE PELOTAS –

RS: SUBSÍDIOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Monografia de Conclusão de Curso de Pós-

Graduação lato sensu em Educação Ambiental,

apresentada ao Centro Universitário Barão de

Mauá.

Orientador: Prof. Dr. Silvio Reinod Costa

PELOTAS – RS

2011

Bibliotecária Responsável: Vanda Lilian Lauande CRB8 3365

I17e Iannarella, Irani Pereira Montiel

Erosão do solo em uma bacia hidrográfica do município de Pelotas, RS: subsídios para a Educação Ambiental / Irani Pereira Montiel Iannarella – Pelotas, 2011. 51p.

Trabalho de conclusão do curso de Educação Ambiental do Centro Universitário Barão de Mauá. Orientador: Prof. Dr. Silvio Reinod Costa

1. Sedimentos 2. Disseminação de conhecimento 3. Práticas conservacionistas do solo I. Costa, Silvio Reinod II. Título

CDU 37.016:502/504.121(816.2)

DEDICO

A minha família... ...meu marido Michele ...meus pais René e Luísa ...meu irmão Rovani ...minha cunhada Zoilamar ...minha sobrinha Rafaela

"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família."

Leon Tolstoi

...meus sogros, meus segundos pais, Antonio e Margherita ...meus cunhados Enrico e Maria

...meu sobrinho Davide

Por me incentivarem a progredir.

A vocês, meu amor incondicional!

AGRADECIMENTOS

Agradeço...

A Deus, por me permitir a existência e por todas as conquistas na minha vida.

Ao meu marido Michele, que renunciou a estar próximo da família, dos amigos e do seu país,

para juntos construirmos a nossa história. Agradeço o companheirismo, abnegação, apoio,

incentivo e ajuda constante. A ti, Michele, o meu imenso agradecimento e o meu eterno amor!

Ao meu pai René e minha mãe Luísa, pelos valores a mim transmitidos, pela imensa

demonstração de amor a mim despendida, pelo apoio e por compreenderem o motivo de

minha ausência em alguns momentos, compreensão que muito colaborou para a efetivação

deste trabalho.

Ao meu irmão Rovani e minha cunhada Zoila, pela amizade, incentivo e por entender,

também, a exemplo de meus pais, o importante motivo que me levou a privação do convívio

mais frequente em família.

À minha sobrinha Rafaela, que na sabedoria dos seus dez anos, num momento em que me

percebeu cansada, disse-me: “tia, não esquece que no dicionário, a palavra sucesso vem

depois da palavra sacrifício”. A ti, Rafaela, o meu muito obrigada!

Ao papà Antonio / mamma Margherita, meus cunhados Enrico / Maria e meu sobrinho

Davide, pelo incentivo e por entenderem que o amor é a mola propulsora, capaz de

transformar vidas. Também, por compreenderem que “estamos distantes, mas não tanto, visto

que conseguimos admirar a beleza da mesma lua.”

Aos meus avós Areovaldo / Joaquina (in memorian) e Emílio / Deolmira (in memorian), os

quais acredito imensamente, estão sempre próximos, emanando energias positivas.

Ao Prof. Luis Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki, com o qual divido a realização deste

trabalho. Pela paciência, suporte acadêmico, valioso empréstimo de livros didáticos e

cedência de fotografias. Principalmente, pela amizade, generosidade e espírito altruísta.

Também, por não me deixar desistir nos momentos de angústia. A ti, professor, minha sincera

gratidão!

Às minhas amigas, com quem trabalhei durante tantos anos e com as quais partilhei incríveis

e inesquecíveis momentos, o “quarteto letra R”, Renata, Rosane, Rosângela e Rosiméri, pelo

imenso incentivo, ...quase uma exigência! Especialmente à Renata, que me ajudou a não

esmorecer nos períodos de fragilidade. A vocês, o meu muitíssimo obrigada!

Aos meus grandes amigos Alexandre e Cristina, que mesmo distantes, sei que me apóiam e

torcem por mim. “A saudade existe não porque estamos longe, mas porque um dia estivemos

juntos...”, acreditem!

Aos meus queridos tios, Amadelino e Iolanda (in memorian), pelo estímulo, confiança e

amizade sincera.

Às minhas grandes amigas Maria José e Dna. Irene (in memorian), por terem sempre

acreditado na minha capacidade.

Aos amigos, com os quais trabalho atualmente, Edgar, Laura e Izalda, pelo incentivo e

compreensão, quando me mostrava visivelmente cansada. Um agradecimento especial à Laura

pelo empréstimo de livros didáticos.

Ao amigo Márcio, pela amizade, incentivo e pela certeza de poder contar.

À Fabiana e Bianca, pela presteza em ajudar e pela sugestão de ótimas bibliografias.

Ao Centro Universitário Barão de Mauá, por oportunizar-me a realização deste curso através

de sua modalidade à distância e ao Colégio São José, em cujas dependências físicas

transcorreram a execução do mesmo.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Silvio Reinod Costa, pela orientação e auxílio na elaboração

deste trabalho e pelas aprendizagens adquiridas, um particular agradecimento.

À Profa Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa, pela orientação na elaboração do projeto referente

a este trabalho, um particular agradecimento.

À minha coordenadora Profa Maria Elisa Silveira de Silveira, pela imensa ajuda e atenção a

mim dispensadas, um especial obrigada.

Enfim, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

trabalho, a minha imensa gratidão!

É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.”

Victor Hugo

RESUMO

A presente investigação teve como tema central, avaliar a erosão do solo em uma bacia

hidrográfica do município de Pelotas, RS, e, através desta, fornecer subsídios para Educação

Ambiental. Este estudo realizou-se na Bacia Hidrográfica do Arroio Pelotas, no âmbito do

município, a qual é integrada por parte dos municípios de Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre

e Morro Redondo, com cerca de 910 km² de área. Para a realização deste trabalho, foi

percorrido um domínio de, aproximadamente, 927 metros e, adotado o método visual, o

caminhamento e a fotografia, que foi utilizada como instrumento de registro para análise dos

locais. Foram realizadas caminhadas dentro do arroio de modo que pudessem ser identificadas

as margens com problemas de erosão e para que fosse verificada a existência ou ausência de

proteção vegetal nessa orla. Aproveitando o caminhamento no curso d’água, foram

identificados resíduos sólidos. Em cada local foi realizada a marcação do ponto com um

aparelho de GPS (Global Position System). Estas informações e imagens foram utilizadas

para propor formas de educação ambiental. O estudo da erosão do solo em uma bacia

hidrográfica do município de Pelotas fez-se necessário devido à importância que a mesma

possui para o abastecimento de água potável para a cidade. No decorrer deste trabalho foram

registrados na bacia hidrográfica do Arroio Pelotas, áreas visivelmente desprotegidas de mata

ciliar, erosão em margens, assoreamento e poluição por resíduos sólidos. Para recuperação

das margens, baseada nas observações de campo e na literatura, sugere-se técnicas de controle

da erosão como técnicas vegetativas ou obras técnicas de engenharia. A partir do trabalho de

campo, foram sugeridos mecanismos, materiais e técnicas para conscientização das pessoas a

respeito da conservação do solo e da água, mostrando uma realidade presente no município de

Pelotas. É necessário que se estabeleça novos padrões de comportamento e culturais da

população em relação ao consumo e descarte de resíduos sólidos, e isso depende de um

trabalho de educação e conscientização.

Palavras-chave: sedimentos; disseminação de conhecimento; práticas conservacionistas do

solo.

SOMMARIO

Questa ricerca investicativa ha come oggetto centrale, valutare l’erosione della terra nel

bacino idrografico del municipio di Pelotas, RS, ed attraverso questa, fornire materiale

didattico per educazione ambientale. Questo studio è stato realizzato nel bacino idrografico

del torrente Pelotas, nell’ambito del municipio, il quale è integrato per parte dei municipi di

Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre e Morro Redondo, con circa 910 km2 di area. Per la

realizzazione di questo lavoro, è stato percorso un territorio di circa 927 metri ed adottato il

metodo visuale, l’escursione e la fotografia, la quale è stata utilizzata come strumento visivo

per le analisi dei luoghi. Sono state realizzate escursioni dentro il torrente in modo che si

potesse identificare terreni con problemi di erosione e per che fosse verificata la presenza o

l’assenza di piante ai margini di essi. Approfittando dell’escursione nel corso d’acqua, sono

stati identificati accumuli di residui solidi. I punti di questi luoghi sono stati registrati con un'

apparecchio G.P.S. (Global Position System). Queste informazioni ed immagini sono state

utilizzate per proporre forme di educazione ambientale. Lo studio dell’erosione del terreno nel

bacino idrografico del municipio di Pelotas è stato necessario, dovuto all’importanza che la

stessa possiede perchè fornisce la maggioranza dell’acqua potabile della città. Nel decorrere

di questo lavoro sono stati registrati nel bacino del torrente Pelotas, aree visibilmente prive di

vegetazione, erosioni ai margini, assoreamento e inquinamento di residui solidi. Per il

recupero dei margini, basata nell’osservazioni di campo e nelle scritture, si suggeriscono

tecniche di controllo dell’erosione come tecniche vegetative o opere tecniche d’ingegneria.

Partendo dal lavoro in campo, si suggerisce meccanismi, materiali e tecniche per

sensibilizzare le persone al rispetto e conservazione del terreno e dell’acqua, mostrando la

realtà presente nel municipio di Pelotas. È necessario stabilire nuovi metodi di comportamenti

e culturali della popolazione in relazione al consumo e scarto di residui solidi, e questo

dipende dal un lavoro di educazione e sensibilizzazione.

Parole-chiave: sedimenti; diffusione di conoscenza; pratiche di conservacione della terra.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas. ............. 21

Figura 2. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 354) na Bacia do Arroio Pelotas. ............. 22

Figura 3. Imagem dos pontos (de 355 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas............................... 23

Figura 4. Algumas coisas na figura estão poluindo o rio. Descubra quais e mude-as para

melhor. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho) 41

Figura 5. A falta de proteção nos topos dos morros e áreas com declive acentuado faz a água

escoar rapidamente, causando erosão. Os topos dos morros e encostas íngremes devem ser

protegidos por árvores, para evitar a erosão. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves

Desenvolvido por Flávio Bello Fialho) .................................................................................... 41

Figura 6. Ação de desmatamento 01 – Muitas florestas acabam dessa maneira. (Copyright ©

2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). ............................... 43

Figura 7. Ação de desmatamento 02. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda.

Todos os direitos reservados). .................................................................................................. 44

Figura 8. Ação de desmatamento 03. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda.

Todos os direitos reservados). .................................................................................................. 44

Figura 9. Poluição dos rios. (Copyright © 2003 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os

direitos reservados). ................................................................................................................. 44

LISTA DE FOTOS

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – I.......................................................... 26

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – II. ....................................................... 27

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – III. ...................................................... 28

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IV....................................................... 29

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – V. ...................................................... 30

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VI....................................................... 31

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VII. .................................................... 32

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VIII. ................................................... 33

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IX....................................................... 34

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 26

Quadro 2. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 27

Quadro 3. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 28

Quadro 4. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 29

Quadro 5. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 30

Quadro 6. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 31

Quadro 7. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 32

Quadro 8. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 33

Quadro 9. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 34

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 21

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 24

3.1. Fase 1: Levantamento de campo – subsídios para a Educação Ambiental ................... 24

3.2. Fase 2: Mecanismos para Educação Ambiental ............................................................ 35

3.2.1 Mecanismos para a Educação Ambiental no ensino fundamental .......................... 36

3.2.2 Mecanismos para a Educação Ambiental para o público adulto............................. 45

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 47

5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 48

1. INTRODUÇÃO

“O termo meio ambiente é considerado pelo pensamento geral como sinônimo de

natureza, local a ser apreciado, respeitado e preservado” (REBOUÇAS, 2009). Com o passar

dos anos, os impactos ambientais e as ações causadas pelo homem fazem com que as

características do ambiente se alterem.

De acordo com Barreto e Oliveira (1995), impacto ambiental constitui-se em

modificações nas condições ecológicas. Todos os impactos ambientais são provocados por

tensores que induzem a diferentes modificações, com consequência de maior ou menor

intensidade. Tensor é qualquer fato ou situação que conduz um sistema a movimentar seus

recursos, gastando mais energia para manter seu equilíbrio homeostático.

Branco (1988) conceitua impacto como qualquer alteração das propriedades

físicas, químicas e biológicas do ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e

o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; o meio biótico, a qualidade dos

recursos ambientais, sendo essas alterações físicas, químicas e biológicas, sofridas pelo meio

ambiente decorrente da atividade antrópica. Essas alterações se fazem sentir também no solo,

através de erosão, da acidificação, do acúmulo de metais pesados, da redução de nutrientes e

de matéria orgânica e tendo como impacto a perda de área produtiva, da produção e da renda

familiar, alterando dessa forma a qualidade de vida da população.

Ao longo da história geológica do planeta a erosão constituiu-se no principal

processo de modelamento de sua superfície. As grandes bacias sedimentares, a forma das

montanhas, dos planaltos e das planícies são todas situações associadas de alguma forma a

processos erosivos (SANTOS, 2010).

A erosão é um processo de movimentação do solo ou de rochas, que pode afluir

naturalmente, formando paisagens e solos com diferentes características, ou por interferência

do ser humano, acarretando danos ao ambiente.

Existem vários tipos de erosão: por gravidade, eólica, pluvial, marinha, química,

glacial, fluvial, marginal, etc...

Nenhum outro fenômeno de solo é mais destrutivo em âmbito mundial do que a

erosão, que abrange perdas de água e de nutrientes em ritmos muito elevados. Além disso, o

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solo removido pode deslocar-se para rios e lagos, podendo gerar problemas de contaminação

(BRADY, 1989).

O tipo e as características de solo, a cobertura do solo, a existência ou não de

plantas, a inclinação do terreno, o comprimento do declive e a infiltração da água para o

interior do solo, são fatores que influenciam no processo de erosão.

A degradação do ambiente pelo homem quando este destrói as florestas, pode

ocasionar a desertificação. Quando isto acontece, os processos erosivos acentuam-se,

ocorrendo perda da capacidade produtiva em virtude de solos descobertos.

“São consideradas de preservação permanente as florestas e demais formas de

vegetação natural, destinadas a atenuar a erosão das terras, bem como a preservação das matas

ciliares, levando-se em conta as metragens mencionadas na lei” (BRASIL, 1965). Estes itens

foram contemplados na Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, através da qual foi instituído

o novo Código Florestal na data de 25 de maio deste ano. Berté (2009) enfatiza que o “Código

Florestal Brasileiro foi criado no ano de 1965 pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo

Branco o qual, já naquela época, preocupava-se com a degradação ambiental no Brasil”. De

acordo com Barbosa (2000), as matas ciliares são formações florestais que acompanham os

cursos d’água e são componentes da estrutura de bacias hidrográficas. Segundo o mesmo,

essas comunidades florestais desempenham inúmeras funções na dinâmica de uma bacia

hidrográfica e são condições básicas para a manutenção da integridade dos processos

hidrológicos e ecológicos nessas unidades da paisagem. “As matas ciliares estão situadas

sobre áreas do território que são protegidas legalmente” (BRASIL, 1965).

Ainda com relação às chuvas, é importante salientar que, se as chuvas são

frequentes e o terreno já está saturado de água, a tendência é que o solo nada mais absorva e

com isso, toda a água da chuva que cair, escoará pela superfície. Se o solo é arenoso o

escoamento tende a ser maior do que se ele for argiloso.

Sem levar em conta os efeitos poluidores da erosão, tem-se que considerar

dois aspectos maléficos dessa ação: o primeiro, devido ao assoreamento que

preenche o volume original dos rios e lagos e como consequência, vindas as

grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, causando as famosas

cheias; o segundo é que a instabilidade causada nas partes mais elevadas

podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas

que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias.

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Considerando, então, os efeitos poluidores, pode-se citar que os arrastes

podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais

áridos; podem causar a morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por

soterramento; podem causar turbidez nas águas, dificultando a ação da luz

solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e

oxigenação das águas; podem arrastar biocidas e adubos até os corpos

d’água e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora dos mesmos

(PORTUGAL, 1992).

A erosão é responsável por grandes danos. Quando ocorre, pode carrear camada de

solo férteis, provocar enchentes por soterramento de corpos d’água, causando mortes e

instabilidade no meio animal e vegetal. Existe ainda a possibilidade de que efluentes

agrícolas, urbanos e industriais sejam transportados para corpos d’água, ocasionando

eutrofização, e, consequentemente, diminuindo a qualidade da água e a diversidade de seres

vivos no meio, razão que nos induz a dar ênfase nesta investigação, a erosão hídrica.

Considerando a importância de matas ciliares nas margens de rios e seu efeito na

redução da erosão do solo, este trabalho enfatizou a erosão marginal e fluvial.

A erosão fluvial é causada pelas águas dos rios, principalmente nas épocas de

cheias, podendo, em alguns casos, ocasionar a destruição das margens de rios por

desmoronamento ou escorregamento (GUIDICINI e NIEBLE, 1983). A erosão fluvial nas

margens e no leito transporta os sedimentos incoesivos (areias) partícula por partícula,

enquanto que os coesivos (síltico-argilosos) podem ser carreados em porções maiores

originadas por solapamento da base e colapso das margens (LEINZ e AMARAL, 1998).

Segundo Fernandez (1990), erosão marginal é o recuo linear das margens, devido

à remoção dos materiais do barranco pela ação fluvial (correntes e ondas) ou por forças de

origem externa (precipitação). De acordo com Thorne e Tovey (1981 apud HOLANDA et al.,

2001),

erosão marginal é um processo geomórfico de grande transcendência e sua

importância prática e científica aumentou nas últimas décadas devido a três

principais razões: primeiro, a erosão da margem desempenha um papel

importante no controle da largura do canal; segundo, esta erosão contribui

significativamente no incremento da carga de fundo dos rios; e, terceiro, a

destruição progressiva da área marginal desvaloriza os terrenos ribeirinhos e

limita o seu uso adequado.

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A atuação dos principais agentes erosivos que comandam a erosão marginal ainda

gera dúvidas. As diferentes conclusões a que vários cientistas chegaram a respeito dos fatores

que controlam esta erosão são decorrentes das diversas condições pedológicas, hidrológicas e

climáticas das áreas estudadas (FERNANDEZ, 1995).

Os desequilíbrios ambientais muitas vezes têm causa setorial dentro de um

conjunto de elementos que compõem a paisagem. A bacia hidrográfica, como parte integrante

de tais setores (naturais e sociais) deve ser gerenciada com esta função, para que sejam

amenizados os impactos ambientais (CUNHA e GUERRA, 1996).

O processo de assoreamento numa bacia hidrográfica encontra-se

intimamente relacionado aos processos erosivos, uma vez que é este que

fornece os materiais que ao serem transportados e depositados darão origem

ao assoreamento. Assoreamento e erosão são dois processos diretamente

proporcionais na dinâmica da bacia hidrográfica (ZIMBRES, 2011).

Para a geografia, ciência que estuda a Terra e as relações que se estabelecem no

decorrente uso da mesma pelo ser humano, a bacia hidrográfica é um importante objeto de

estudo, pois esta se constitui em um sistema complexo, onde convivem juntamente dinâmicas

e processos naturais, incluindo os processos químicos, físicos e biológicos e a ocupação do

homem, que faz uso dos recursos naturais oferecidos por esse sistema (BELTRAME, 1994).

O uso do solo, o tipo de vegetação ou a presença ou ausência de vegetação nas

margens dos rios, influencia na erosão? A relevância deste questionamento originou este

estudo, que tem como tema a Erosão do solo em uma bacia hidrográfica do município de

Pelotas, RS: subsídios para Educação Ambiental. E a partir deste questionamento e a

pertinência do tema, formas e técnicas de educação ambiental foram propostas.

O ambiente de estudo será a bacia do Arroio Pelotas que, de acordo com Megiato

e Koester (2008), é importante para o município de Pelotas, pois além de ser a maior bacia

também faz parte da história do município, tendo em vista que o início da sua ocupação se

deu às margens do Arroio Pelotas. O ciclo do charque na cidade de Pelotas se implantou ao

redor deste arroio, pois a atividade das charqueadas precisava de água e, consequentemente,

do mesmo para escoar a produção, sendo que este na Planície Costeira é navegável e faz

ligação com o Canal São Gonçalo, saída para a Laguna dos Patos. “Por ter sido reconhecida

sua importância na história da ocupação e economia do município, o Arroio Pelotas foi

declarado Patrimônio Cultural do Estado do RS pela Lei nº 11.895 de março de 2003”

(ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, 2003).

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O Arroio Pelotas é responsável dentro do município, pelo fornecimento de

água bruta para o SANEP. O local de tomada de água situa-se junto à jusante

do Arroio Pilão, sendo que a capacidade de recalque é de 36.000.000 litros

por dia. As águas do Arroio Pelotas e de seu afluente Arroio Quilombo vão

para a Estação de Tratamento de Água Sinnott, a qual abastece vários bairros

da cidade de Pelotas (SANEP, 2011).

Os recursos hídricos são a base para o desenvolvimento social, econômico e

ambiental de uma região.

Durante muito tempo pensou-se na água como um recurso inesgotável. Talvez por

este motivo não se tenha dado a devida importância que o tema requer. Atualmente, no

entanto, o uso intensivo deste recurso em diversas atividades faz com que sua escassez seja

matéria de preocupação para a humanidade. A poluição de rios, lagos, mares e oceanos,

também são motivo de intensa inquietação.

Morais (2007), faz notar que em virtude do uso da água doce em diversas

atividades humanas, esta pode ter suas propriedades modificadas pela contaminação por

vários materiais. Acena para o fato de que a água poluída se torna imprópria para ser usada

pelas pessoas ou consumida por outros seres vivos e que a diferente distribuição e a

transformação das características da água pelas atividades humanas no Planeta, fazem com

que exista a possibilidade de, futuramente, não haver condições de uso desta pelos seres

humanos. Salienta que a vida na Terra, tal como conhecemos, sem água em condições de uso,

ficará em risco quando os estoques se esgotarem e esclarece que, segundo a ONU

(Organização das Nações Unidas), o número de pessoas que estão sem acesso à água de boa

qualidade já é superior a um bilhão.

Por apresentar a temática Erosão do Solo em uma Bacia Hidrográfica do

município de Pelotas, é relevante fazer referência a Lei no 5502 de 11 de setembro de 2008 do

município, que institui o Plano Diretor Municipal e estabelece as diretrizes e proposições de

ordenamento e desenvolvimento territorial no município. Parece oportuno, também, fazer

referência a alguns de seus artigos, os quais são mencionados a seguir:

Art. 52 – Constituem objetivos da proteção ao ambiente natural:

I – Proteger os recursos naturais, buscando o controle e redução dos níveis

de poluição e de degradação em quaisquer de suas formas;

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III – Proteger nascentes, cursos d’água, arroios e lagos buscando

mecanismos de recuperação de áreas degradadas e estabelecendo o controle

da poluição da água, do ar e do solo, definindo metas para a sua redução.

O Artigo 58 faz referência às Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Natural

(AEIAN). Determina que, preferencialmente em algumas áreas da cidade, as AEIAN

Particulares que possuem características que possibilitem a sua transformação em Unidades

de Conservação (UC) sejam alteradas, cabendo ao proprietário requerer o seu enquadramento

nos termos desta Lei. A AEIAN Arroio Pelotas é citada neste artigo como uma das áreas

preferenciais.

Art. 59 – Consideram-se Áreas de Preservação Permanente (APP) as

seguintes áreas, sem prejuízo das disposições constantes nos diplomas

Federais e Estaduais:

I – Faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção

horizontal, com largura mínima de:

a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura;

b) cinquenta metros, para o curso d’água com dez a cinquenta metros de

largura;

c) cem metros, para o curso d’água com largura maior que um metro.

XXXV – Entorno de nascentes ou olhos d’água, ainda que intermitentes,

com raio mínimo de cinquenta metros, de tal forma que proteja, em cada

caso, a bacia hidrográfica contribuinte (JUSBRASIL, 2008).

A relevância em avaliar e mostrar as erosões na bacia hidrográfica do município

de Pelotas é constatada pelo abastecimento com essa água em vários bairros da cidade de

Pelotas. Por este motivo, faz-se necessário os vários estudos que tem sido feitos referentes à

essa bacia. Um dos principais aspectos, é que seja analisado o efeito das partículas na

corrosão de canos e até nos filtros da estação de tratamento, tendo em vista que o

encanamento danificado pode comprometer a qualidade da água.

Considerou-se relevante também, avaliar o processo de assoreamento.

Diante da importância deste tema, é imprescindível que os responsáveis por

empreendimentos e atividades às margens ou próximas delas, sejam conscientizados, a partir

da educação ambiental, sobre os danos causados no ambiente.

Pelos motivos supra citados, desenvolveu-se o presente trabalho, no período de

maio a agosto de 2011, com os objetivos de avaliar a intensidade do impacto da erosão nas

20

margens do Arroio Pelotas, município de Pelotas, RS, e através dessa avaliação, foram

propostos mecanismos de educação e conscientização ambiental a partir de uma realidade

presente no município.

21

2. MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho se dividiu basicamente em duas partes: 1) levantamento de

campo, avaliando a erosão e a proteção vegetal nas margens do arroio; 2) a partir do

levantamento de campo, utilizaram-se estas informações e imagens para propor formas de

educação ambiental. No levantamento de campo, verificou-se a presença de resíduos sólidos

ao longo do arroio, criando mais uma linha de estudo, a poluição do arroio por resíduos

sólidos.

Na pesquisa de campo, acerca da necessidade de se avaliar a erosão do solo e a

proteção vegetal nas margens do arroio, e a presença de resíduos sólidos, em uma bacia

hidrográfica, realizou-se o levantamento na bacia hidrográfica do Arroio Pelotas, localizada

no município de Pelotas, RS. Foi adotado o método visual, o caminhamento e a fotografia,

que foi utilizada como instrumento de registro para análise dos locais. Além destes, utilizou-

se imagens do programa Google Earth para visualização dos pontos de amostragem (Figura

1).

Ao longo do percurso, alguns pontos foram marcados com o uso de um GPS

(Global Position System), de modo a associar as fotografias aos pontos na imagem do

programa Google Earth.

Figura 1. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas. Fonte: Google Earth, acessado em 30/12/2011.

22

Foram feitos dois percursos de caminhada dentro do arroio: a) um abrangendo os

pontos 353 a 351 (346 a 353), onde percorreu-se uma distância de aproximadamente 630

metros (Figura 2); b) outra caminhada abrangendo os pontos 355 a 360 (355 a 361), onde

percorreu-se aproximadamente 297 metros (Figura 3). O ponto 354 foi um ponto isolado, o

qual foi alcançado fora da água, por uma estrada não pavimentada (Figura 2).

Figura 2. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 354) na Bacia do Arroio Pelotas.

Fonte: Google Earth, acessado em 30/12/2011.

23

Figura 3. Imagem dos pontos (de 355 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas. Fonte: Google Earth, acessado em 30/12/2011.

Durante o caminhamento ao longo do arroio, fotografias foram realizadas das

margens do mesmo, com o objetivo de registrar a vegetação e os possíveis indícios de erosão,

e os resíduos sólidos no arroio também foram identificados e fotografados.

A partir desse levantamento, foram propostas formas de educação ambiental para

a região, de modo a conscientizar as pessoas acerca da erosão e resíduos sólidos (lixo).

As fotografias e registros locais permitem que os participantes do processo

educativo vejam e reflitam sobre a realidade local, e que sejam conscientes que eles são os

principais responsáveis e são afetados por tais danos. E a partir daí, tomem decisões para

mudar tal realidade.

As propostas de educação foram direcionadas para o público infantil, no intuito de

criar a consciência ambiental logo no início da formação do indivíduo, e para o público

adulto, que são os principais responsáveis pelo uso da bacia hidrográfica.

24

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Fase 1: Levantamento de campo – subsídios para a Educação Ambiental

Durante a caminhada pelo Arroio Pelotas verificou-se vários bancos de areia, fato

que pode estar associado especialmente à erosão em margens de rios, áreas de lavoura e

estradas rurais.

Os quadros 1 a 4 apresentam imagens dos diferentes pontos amostrados (346 a

361) ao longo do percurso no arroio, e juntamente com as imagens algumas considerações

relacionadas a cada ponto.

As imagens do Google Earth não são atualizadas, no entanto, foi possível verificar

alguns pontos na margem do arroio onde a vegetação é mínima, fato confirmado pelas

imagens apresentadas. Principalmente nos pontos 346, 347, 356 e 360 foi possível fazer essa

associação (imagem do Google Earth e as fotografias).

Além de alguns pontos com pouca vegetação ao longo das margens, os bancos de

areia podem ser visualizados principalmente nos pontos 346, 347, 349, 355, 357 e 359.

Wischmeier e Smith (1958) desenvolveram uma equação de perdas de solo que

exprime a ação dos principais fatores que influenciam a erosão hídrica. Dentre estes fatores,

tem-se a chuva, a erodibilidade do solo, o comprimento do declive, grau de declive, uso e

manejo e prática conservacionista.

Nos quadros 5 a 9 são apresentadas fotografias ao longo do percurso, entre um

ponto de amostragem e outro. Neste percurso, além de margens com pouca vegetação e

bancos de areia no arroio, verificou-se a presença de resíduos sólidos inorgânicos (lixo).

Estas imagens mostram a necessidade de uma ação urgente de educação ambiental,

de modo a conscientizar as pessoas sobre a necessidade de um manejo mais racional e

conservacionista dos recursos naturais e o descarte adequado dos resíduos sólidos

inorgânicos.

Diante deste contexto, a legislação que trata do novo código florestal e dos

resíduos sólidos são pontos importantes para se tratar na fase da Educação Ambiental. Vale

aqui citar a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de

25

Resíduos Sólidos e altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, referente a esta

(BRASIL, 2010).

A norma brasileira NBR 10.004 define resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam de atividades da

comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,

de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados

líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isto soluções técnica e

economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT,

1987).

De acordo com Ferreira (2000) nos países desenvolvidos, as ações visando a

minimização da geração de resíduos estão centradas em três aspectos:

- redução de resíduos nos processos industriais, onde se têm utilizado mudanças

nas matérias-primas até o desenvolvimento de novos processos com tecnologias mais limpas

com o objetivo de reduzir a geração de resíduos;

- produtos que, após o consumo, gerem menos resíduos e/ou resíduos menos

agressivos ao ambiente;

- estabelecimento de legislação sobre embalagens de produtos, onde a tendência é

utilizar o conceito de responsabilidade do produtor sobre o impacto ambiental do seu produto.

26

Quadro 1. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Ponto Margem esquerda Margem direita

346

346 Na margem direita observou-se a pouca proteção da margem por vegetação, enquanto a margem esquerda do arroio apresentava vegetação.

347

347 Na margem direita observou-se pouca proteção vegetal da margem, bem como bancos de areia, enquanto na margem esquerda observou-se proteção vegetal da margem e bancos de areia no leito do arroio.

348

348 Na margem direita verificou-se uma melhor cobertura vegetal em relação à margem esquerda.

349

349 Na margem esquerda verificou-se uma margem com vegetação, enquanto na margem direita verificou-se uma passagem para banhistas entre a pouca vegetação existente. Verificou-se também a presença de bambus nas margens.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – I. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

27

Quadro 2. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Ponto Margem esquerda Margem direita

350

350 Verificaram-se as margens com vegetação.

351

351 Verificaram-se as margens com vegetação.

352

352 Verificaram-se as margens com vegetação.

353

353 Verificaram-se as margens com vegetação.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – II. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

28

Quadro 3. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Ponto Margem esquerda Margem direita

354

354 Verificou-se pouca vegetação nas margens e muita deposição de sedimentos.

355

355 Verificou-se margens vegetadas e deposição de sedimentos no arroio.

356

356 Na margem esquerda verificou-se uma margem com bambus e do lado direito uma vegetação mais densa.

357

357 Na margem esquerda verificou-se vegetação, enquanto na margem direita observou-se uma vegetação pouco densa.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – III. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

29

Quadro 4. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Ponto Margem esquerda Margem direita

358

358 Neste ponto verificou-se pouca vegetação e alguns galhos caídos na margem.

359

359 Neste ponto verificaram-se margens vegetadas e deposição de sedimentos.

360

360 Verificou-se uma vegetação pouco densa.

361

361 Neste ponto verificou-se uma margem vegetada e galhos de árvores caídos na mesma.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IV. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

30

Quadro 5. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Imagem Observação

Percurso entre os pontos 351 e 352, onde se observou

alguns pontos com deposição de sedimentos, especialmente

material grosseiro como areia e cascalho.

Percurso entre os pontos 353 e 354, onde se observou

alguns pontos com deposição de sedimentos, especialmente

material grosseiro como areia e cascalho, e resíduos sólidos

inorgânicos, neste caso, uma garrafa PET.

Percurso entre os pontos 353 e 354, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma lata de

alumínio.

Percurso entre os pontos 353 e 354, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco plástico

preso a um galho.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – V. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

31

Quadro 6. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Imagem Observação

Imagem do ponto 354, onde houve a queda de uma

ponte. Observou-se neste ponto acúmulo de

sedimentos, especialmente material grosseiro como

areia e cascalho, além da ausência de vegetação

protegendo as margens do arroio.

Percurso entre os pontos 356 e 357, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma pasta

de dente.

Percurso entre os pontos 356 e 357, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, metade de

um recipiente plástico.

Percurso entre os pontos 356 e 357, onde se observou

alguns pontos com deposição de sedimentos,

especialmente material grosseiro como areia e

cascalho, galhos de árvores inclinados e margens

desprotegidas de vegetação.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VI. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

32

Quadro 7. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Imagem Observação

Percurso entre os pontos 357 e 358, onde se

observou resíduos sólidos inorgânicos, neste

caso, uma lata de alumínio.

Percurso entre os pontos 358 e 359, onde se

observou resíduos sólidos inorgânicos, neste

caso, um recipiente de plástico.

Percurso entre os pontos 358 e 359, onde se

observou resíduos sólidos inorgânicos, neste

caso, um saco plástico preso a um galho.

Percurso entre os pontos 358 e 359, onde se

observou resíduos sólidos inorgânicos, neste

caso, um saco plástico preso mergulhado na

água.

Percurso entre os pontos 359 e 360, onde se

observou resíduos sólidos inorgânicos, neste

caso, metade de uma garrafa PET.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VII. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

33

Quadro 8. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Imagem Observação

Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, alguns sacos

plásticos presos a galhos de árvores.

Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma garrafa

de plástico.

Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou

resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco

plástico preso a um galho de árvore.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VIII. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

34

Quadro 9. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso.

Imagem Observação

Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se

observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso,

um saco plástico preso a um galho de árvore.

Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se

observou alguns pontos com deposição de

sedimentos, especialmente material grosseiro como

areia e cascalho.

Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se

observou alguns pontos com deposição de resíduos

sólidos inorgânicos, neste caso, uma garrafa PET

presa a galhos de árvores.

Ao longo do percurso entre os pontos 360 e361

observou algumas margens do arroio pouco

protegidas por vegetação.

Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IX. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011)

As imagens acima mostraram a atual situação de alguns pontos do Arroio Pelotas.

Locais com pouca proteção da margem por vegetação, bancos de areia, deposição de

sedimentos (areia e cascalho), galhos caídos na margem, resíduos sólidos inorgânicos como

lata de alumínio, garrafa PET, saco plástico, tubo de pasta de dente, recipiente plástico, etc...

Faz-se necessário reforçar a importância que representa a bacia hidrográfica do município de

35

Pelotas para o abastecimento de água potável para a cidade e a necessidade de se preservar

esta bacia, o que é possível através das ações de Educação Ambiental.

As primeiras informações sobre o Meio Ambiente devem ser transmitidas ainda

na infância, através da família e na escola, com o intuito de formar cidadãos conscientes. E

neste caso, os pais e agricultores também são atores fundamentais nesse processo, pois eles

são os principais responsáveis pelo uso e manejo do solo na bacia.

3.2. Fase 2: Mecanismos para Educação Ambiental

As fotografias, percepções e identificações coletadas ao longo da primeira fase do

trabalho permitem levar às pessoas uma realidade local, e a necessidade de que eles atuem na

mudança para um melhor ambiente.

E nesta segunda fase, os mecanismos para a Educação Ambiental atingem desde

crianças do ensino fundamental e médio até adultos.

Segundo Gaudiano (2005) “a educação ambiental constitui uma área importante

dentro do atual currículo escolar da educação primária, dada a problemática ambiental que se

caracteriza como uma das crises do mundo contemporâneo.”

Salienta que da capacidade dos educadores que, com o seu trabalho, querem

contribuir para prevenir, mitigar e resolver os complexos problemas

ambientais que nos afligem, dependerá um grande conjunto de linhas que

irão definir os perfis sociais, econômicos, políticos e ecológicos.

Costa e Costa (2004) afirmam que a educação ambiental trata-se do processo de

aprendizagem e comunicação de problemas relacionados à interação dos homens com seu

ambiente natural. É o instrumento de formação de uma consciência através do conhecimento e

da reflexão sobre a realidade ambiental.

Mas não basta apenas transmitir os conteúdos referentes à educação ambiental.

Quando assimilados estes devem cumprir o seu principal objetivo, ou seja, a mudança de

atitudes face ao ambiente (GONÇALVES et al., 2007).

Ao definir conflito ambiental, Berté (2007) destaca que este “ocorre quando atores

sociais tomam consciência de dano e/ou risco ao meio ambiente, se mobilizam e agem no

intuito de interromper ou eliminar o processo de ameaça”.

36

De acordo com Giordan e Souchon (1996, apud GONÇALVES et al., 2007),

uma das melhores formas de iniciar uma ação de educação ambiental, que

capte o interesse da população-alvo, é abordar e estudar problemas locais,

explorar dúvidas individuais e problemas da sua região e só depois questões

mais gerais que dizem respeito a toda a Biofera.

Considera-se que a temática aqui desenvolvida atende a este apelo. Pretende-se,

com este estudo, não somente investigar a existência de um problema local de proporções

importantes, mas também, motivar a comunidade em geral para que haja uma mudança de

atitude em relação a este.

3.2.1 Mecanismos para a Educação Ambiental no ensino fundamental

Vários têm sido os mecanismos adotados para a Educação Ambiental,

especialmente no ensino fundamental. Desde cartilhas, teatros, poesias, jogos, atividades

virtuais (internet), músicas, dentre outras. Essa diversidade de mecanismos é interessante pois,

ao diversificar, chama-se a atenção para o assunto de diferentes maneiras, possibilitando

atingir o maior número de pessoas possível.

Segundo Morais (2007),

a interação com os colegas de idade próxima e imersos na mesma situação

favorece a aprendizagem. As trocas de idéias e opiniões, num ambiente de

confiança e conforto emocional, podem permitir situações de aprendizagem

mais rica do que se o aluno estivesse realizando sozinho as atividades ou

interagindo apenas com o professor.

Ainda, segundo a mesma,

o objetivo maior do trabalho de educação ambiental é a ação transformadora

sobre o mundo, que pode incluir pequenas mudanças isoladas e individuais

de comportamentos como fechar a pia enquanto escova os dentes ou ensaboa

as vasilhas ou as ações podem ser mais amplas, coletivas, a partir da

formação e da atuação de grupos organizados para a reivindicação de uma

mudança na política municipal de coleta de lixo, por exemplo, ou através da

participação no Conselho Municipal de Meio Ambiente ou no Comitê da

Bacia Hidrográfica da região.

37

Nesse sentido, é importante a interação entre os alunos e o professor ou mediador,

gerando um ambiente de discussão.

Em sala de aula, já no ensino fundamental, é possível ensinar, a princípio, o que

significa “erosão” para que, posteriormente, o aluno possa compreender o significado dos

demais tipos, incluindo a erosão hídrica, tema deste trabalho.

Talvez metodologias interessantes, voltadas principalmente para a educação

infantil, seja o aprendizado através da poesia e da música.

A letra da poesia “Erosão” de John (Por John Emilio G. Tatton. ® AGUA –

Associação Guardiã da Água – 2004 Todos os direitos reservados.), pode ser trabalhada em

sala de aula, por exemplo.

EROSÃO

John

Como o verme parasita

a carne que o alimenta

passa o homem pela vida

queimando o verde do planeta

Na maioria das vezes por nada

ou pelo ingênuo hábito da coivara

vem sendo por séculos queimada

nossa ex-verdejante terra

Sentindo a mesma dor da ferida

Que ataca a carne e o coração

Quando é cruelmente corroída

Pelo processo da erosão

Que leva embora na enchurrada

No vento, a camada rica de húmus

Que demorou anos para ser formada

38

Em repetidos e sucessivos acúmulos

Os mananciais vão se assoreando

E o solo não mais segura a água

Ocasionando secas, cheias, inundando

E nos trazendo muita mágoa

Chega de sofrer: de ignorância

É urgente nos educarmos ambientalmente

Que esse modelo consumista em ganância

Vai sucumbir pela boca fatalmente!

Aproximam-se os desertos

Por um erro, aliás EROSÃO!

O que veio do pó decerto

Que ao pó retornarão...!!!

Fonte: http://www.agua.bio.br/botao_e_L.htm

Outra forma de ensino é a música, por exemplo, a música “Erosão”, composta por

Walter Santos e Tereza Souza e cantada por Luiz Gonzaga, que é tema de um alerta

anunciado já há muito tempo e que pode ser incluída no conteúdo programático do ensino

fundamental. Ela mostra com profundidade o sofrimento daqueles que convivem com este

tipo de degradação, conforme letra a seguir:

EROSÃO

Walter Santos / Tereza Souza

Ainda hei de ver um dia

A minha terra sem a praga da erosão

Ai! Quem me dera se eu pudesse

Se Deus me desse uma atenção

E ajustasse todo o povo

No mutirão para acabar com a erosão

39

Ainda hei de ver um dia

De novo o verde

Se espalhar no meu sertão

A erosão parece uma serpente

Rachando a terra, devorando o chão

E a riqueza que era da gente

Vai toda embora com a erosão

Por isso, agora estou aqui cantando

Chamando o povo pra esse mutirão

Vamos minha gente, salvar nossa terra

Das rachaduras da erosão

No meu pedacinho de chão

Não tem perigo de erosão

Eu aprendi o jeito certo

De proteger a terra e a minha plantação

Ai, minha gente, que fartura

Tanta riqueza se espalhando pelo chão

É macaxeira, girimum caboclo

Batata- doce, melancia e melão

Feijão de corda se enroscando em tudo

Dá gosto de ver minha plantação

Lá no açude, a água tão limpinha

Espelha o verde e a criação

É tão bonito este meu pé-de-serra

Com a terra livre da erosão (bis)

Fonte: http://luiz-gonzaga.musicas.mus.br/letras/1564318/

A mesma música pode ser utilizada na aula de inglês. Ao mesmo tempo em que o

aluno está exercitando a aprendizagem de um outro idioma, está reforçando o que já foi visto

a respeito deste conteúdo.

40

Ao aprender esta música, além da idéia generalizada que o aluno adquire sobre o

conteúdo erosão, também inicia a trabalhar o conceito de erosão hídrica. Isto se percebe

através dos versos... “Lá no açude, a água tão limpinha / Espelha o verde e a criação / É tão

bonito este meu pé-de-serra / Com a terra livre da erosão”.

Outra maneira de introduzir o conceito de erosão hídrica seria utilizar como

estratégia de ensino, atividades lúdicas.

Sobre a importância de brincar Le Boulch (1982) assinala que

[...] a criança vai adquirir pouco a pouco confiança nela, e melhor

conhecimento de suas possibilidades limites, com frequência impostos pela

presença da outra criança com quem ela deverá aprender a cooperar durante

o jogo. Resumindo, a atividade lúdica incide na autonomia e na socialização,

condição de uma boa relação com o mundo.

De acordo com Kishimoto (2001), usa-se nas atividades escolares, brincadeiras e

jogos didáticos, com o propósito de desenvolver o método de ensino-aprendizagem além do

desenvolvimento físico, emocional e social da criança.

A demonstração abaixo de um jogo desenvolvido por Flávio Bello Fialho e

produzido pela CNPSA EMBRAPA / Suínos e Aves (2002), é um exemplo de como o

conteúdo de erosão hídrica pode ser inserido no ensino fundamental. O jogo consiste em

clicar na figura para possibilitar o surgimento da tela seguinte, onde questões relacionadas a

um manejo adequado do ambiente são levantadas. A seguir são apresentadas a tela inicial

(Figura 4) e final (Figura 5) da atividade.

41

Ajude a limpar o rio!

Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho

Figura 4. Algumas coisas na figura estão poluindo o rio. Descubra quais e mude-as para

melhor. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho)

A partir dessa primeira imagem, outras vão surgindo de modo que o indivíduo

auxilie na construção de um manejo adequado do ambiente. Neste contexto, temas como

erosão hídrica, assoreamento de rios, contaminação da água, mata ciliar dentre outros vão

sendo desenvolvidos.

Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho

Figura 5. A falta de proteção nos topos dos morros e áreas com declive acentuado faz a água

escoar rapidamente, causando erosão. Os topos dos morros e encostas íngremes devem ser

42

protegidos por árvores, para evitar a erosão. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves

Desenvolvido por Flávio Bello Fialho)

Através desta atividade o aluno aprende, de maneira divertida, conceitos de erosão

e poluição dos rios. Por intermédio desta, o professor poderá introduzir os conteúdos

“desmatamento” e “mata ciliar”, significados e importância. Desmatamento, mata ciliar e

erosão, são conceitos interligados.

Segundo Morais (2007), “a mata ciliar é a vegetação que nasce junto às margens

dos cursos d’água, protegendo-os assim como os cílios protegem nossos olhos”. É importante

para o universo infantil, o fato de se relacionar as matas ciliares com os cílios, a fim de fixar

com mais facilidade o conteúdo.

Vale aqui salientar a importância da mata ciliar na preservação das bacias

hidrográficas. De acordo com Morais (2007),

[...] as matas ciliares retêm o escoamento das águas de chuva, ajudando a

conservar o solo e dando estabilidade aos barrancos e às margens dos cursos

d’água. A absorção da água e seu armazenamento pelos vegetais dessas

matas, contribuem para diminuir o pico dos períodos de cheia. As relações

alimentares que se estabelecem entre os seres vivos dessas matas e aqueles

que habitam os cursos d’água contribuem para a circulação de nutrientes

entre esses seres vivos, o solo e a água. As matas ciliares servem de locais

onde muitas espécies de animais obtêm abrigo, alimento e se reproduzem. A

manutenção da vegetação nativa nas margens dos rios e ribeirões é

imprescindível para a conservação da água e da vida que dela depende. Por

sua grande importância, as matas ciliares são Áreas de Preservação

Permanente, o que significa que são protegidas por lei. A lei, o Código

Florestal, determina que é obrigatória a conservação de uma faixa de mata

ciliar de acordo com a largura do curso d’água. Quando a mata ciliar é

degradada, as consequências se farão sentir em todos os componentes dos

ecossistemas: o solo pode sofrer erosão, os rios podem receber terra e terem

seu volume diminuído, e até mesmo espécies podem se extinguir. Por isso,

além de proibir a supressão da mata ciliar, a legislação exige a recuperação

da vegetação nativa nos casos em que ela já foi degradada. Outro processo

que põe em risco os cursos d’água é a supressão da vegetação situada no

entorno das nascentes. Como o que ocorre com as nascentes pode trazer

graves consequências para a bacia hidrográfica como um todo, é muito

43

importante cuidar delas e da vegetação que as protege. Para isso, a lei

determina que a vegetação nativa presente em um raio mínimo de 50 metros

de uma nascente também é de preservação permanente, assim como a

vegetação natural no topo de morros, montes, montanhas e serras. Essa

vegetação é essencial para a recarga da água, isto é, para que ocorra a

infiltração de água no solo, repondo o volume e mantendo depósitos e cursos

d’água, superficiais e subterrâneos. Como nem sempre a vegetação das áreas

de recarga é preservada, as bacias hidrográficas e os seres vivos que delas

dependem podem ser colocados em risco.

Como atividade em sala de aula, Putzke (2009) sugere que os acadêmicos

juntamente com a comunidade, adotem trechos de cursos d’água próximos à escola, a fim de

levantar as condições da vegetação ciliar e de tentar sua recuperação.

Para inserir o tema “desmatamento”, pode-se lançar mão de outro recurso não

menos importante na introdução de conteúdos na Educação Infantil, ou seja, a utilização de

estórias em quadrinhos, conforme é mostrado abaixo (Figuras 6, 7 e 8) nas charges de

Maurício de Sousa.

Figura 6. Ação de desmatamento 01 – Muitas florestas acabam dessa maneira. (Copyright ©

2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados).

44

Figura 7. Ação de desmatamento 02. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda.

Todos os direitos reservados).

Figura 8. Ação de desmatamento 03. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda.

Todos os direitos reservados).

Através de atividades lúdicas, neste caso, por intermédio do desenho, amplia-se a

possibilidade de a criança construir um juízo crítico no que tange ao prejuízo que a ação de

desmatar causa a todos os seres vivos, e, com relação à importância de não poluirmos os rios,

como mostra a estória em quadrinhos (Figura 9) de Maurício de Sousa (2003).

Figura 9. Poluição dos rios. (Copyright © 2003 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os

direitos reservados).

Após o desenvolvimento das atividades, o professor pode fazer questionamentos

aos alunos, de modo a avaliar as atividades desenvolvidas e o aprendizado do aluno. Algumas

45

perguntas que podem ser feitas aos alunos: Podemos beber a água de rios, lagos e arroio? De

que forma a água chega em nossas casas? De onde vem a água de nossas casas? Por que

devemos preservar as matas? O que é erosão? Quais os problemas que a erosão pode trazer?

A este respeito, Dias (2006) sugere como atividade, informar se as áreas onde a

água é captada para a represa são protegidas contra a poluição e o desflorestamento. Também,

organizar uma visita à área de captação.

Também destaca que nações do mundo estão em conflito ou em guerra pela

disputa da água. Salienta que, embora o Brasil seja um dos países que possui as maiores

reservas de água do mundo, é vital não se descuidar da preservação das nossas nascentes e das

práticas de uso que evitem ou, pelo menos, reduzam o desperdício.

O mesmo, nos alerta que a disponibilidade e qualidade da água dependem dos

hábitos de consumo e das medidas de proteção dos seus mananciais. Analfabetismo

ambiental, desperdício, desflorestamento e poluição são as maiores ameaças ao acesso à água

potável.

3.2.2 Mecanismos para a Educação Ambiental para o público adulto

Para o público adulto a Educação Ambiental é fundamental, pois são eles que

agem e atuam no uso e manejo do solo. No entanto, a Educação Ambiental para o público

adulto é um complemento da Educação Ambiental para o ensino fundamental, porque a partir

dessa educação as crianças cobrarão dos pais atitudes mais positivas em relação ao meio

ambiente.

A linguagem utilizada na educação para adultos deve ser outra daquela utilizada

no ensino fundamental, no entanto, algumas estratégias utilizadas no ensino fundamental

podem ser mantidas para os adultos, modificando apenas a linguagem, como por exemplo,

utilizar a mesma tira da estória em quadrinhos, cujo autor é Mauricio de Sousa, já mostrada

anteriormente quando se fez referência à Educação Ambiental para o ensino fundamental, e

trabalhar a cena mostrada pelos personagens Chico Bento e seu primo Zé Lelé, que

representam crianças que vivem em um ambiente rural. Através da mesma, pode-se explorar

as razões da investigação aqui proposta, ou seja, a questão da erosão, assoreamento, poluição

dos rios, gás carbônico, efeito estufa, enfim, uma série de questões, as quais têm suas origens

no desmatamento.

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Seminários, dias de campo, visitas ao arroio, palestras e outras atividades

interativas podem ser feitas para o público adulto.

Especialistas em erosão podem ministrar palestras para os agricultores, indicando

técnicas de manejo e conservação do solo e da água, bem como utilizar algumas propriedades

rurais para instalar áreas demonstrativas de manejo conservacionista.

Dentre as práticas conservacionistas pode-se citar aquelas de caráter vegetativo,

onde se utiliza a vegetação para proteger o solo contra a erosão; práticas de caráter edáfico, na

qual modificações no sistema de cultivo, além de controlar a erosão, mantêm ou melhoram a

fertilidade do solo; práticas de caráter mecânico, onde se utiliza estruturas artificiais com a

finalidade de reduzir a velocidade de escoamento da enxurrada e facilitar a infiltração da água

no solo (BERTONI E LOMBARDI NETO, 2010).

Pode-se programar uma visita em alguns pontos do arroio onde se verificou a

falta da vegetação e indícios de erosão, bem como visitar locais de ocupação por banhistas no

verão e mostrar os resíduos sólidos deixados por eles no local. A partir destas visitas, fazer

questionamentos de modo que percebam de que forma eles podem atuar na mudança daquelas

condições.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A água, elemento tão importante para a sobrevivência da humanidade, é hoje

motivo de inquietação devido à sua crescente escassez. Atenção especial deve ser dada a este

recurso, e a educação ambiental é o caminho para conscientizar as pessoas da necessidade de

conservação e preservação desse bem tão valioso.

No decorrer deste trabalho foram registrados na bacia hidrográfica do Arroio

Pelotas, áreas visivelmente desprotegidas de mata ciliar, erosão em margens, assoreamento e

poluição por resíduos sólidos.

Para recuperação das margens, baseada nas observações de campo e na literatura,

sugere-se técnicas de controle da erosão como técnicas vegetativas ou obras técnicas de

engenharia.

A partir do trabalho de campo, foram sugeridos mecanismos, materiais e técnicas

para conscientização das pessoas a respeito da conservação do solo e da água, mostrando uma

realidade presente no município de Pelotas.

Foram sugeridos materiais didáticos para melhor compreensão dos resultados

pelos alunos.

Desta forma, espera-se que os resultados obtidos no campo possam servir como

forma de conscientizar as pessoas da necessidade de conservação do solo e da água, a partir

de uma realidade próxima a elas.

É necessário que se estabeleça novos padrões de comportamento e culturais da

população em relação ao consumo e descarte de resíduos sólidos, e isso depende de um

trabalho de educação e conscientização.

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5. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Resíduos sólidos – Classificação. NBR-10.004. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. Lei nº 11.895 de 28 março de 2003. Declara o Arroio Pelotas Patrimônio Cultural do Estado do RS. Assembléia Legislativa do Estado do RS. SISTEMA LEGIS. D-O 62 de 31/03/03. P-1. Porto Alegre, 2003. Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/Legis/M010/M0100018.asp?Hid_IdNorma=442&Texto => Acesso em: 11 maio 2011. BARBOSA, L. M. Considerações gerais e modelos de recuperação de formações ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO-FILHO, H. F. Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo, SP: EDUSP: FAPESP, 2000. p. 289-312. BARRETO, A.C.C.; OLIVEIRA, E.F. Relatório de avaliação dos efeitos impactantes da depredação do complexo dunar da praia de aruana. Aracaju, 1995. BELTRAME, A. da V. Diagnóstico do Meio Físico de Bacias Hidrográficas. Modelo e Aplicação. Florianópolis. Ed. Da UFSC, 1994. 111p. BERTÉ, R. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa nas organizações. Curitiba: Edição do autor, 2007. 236p. _______. Gestão sócioambiental no Brasil. Curitiba: Ibpex; São Paulo: Saraiva, 2009. 299p. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. 7.ed. São Paulo: Ícone, 2010. 355p. BRADY, N.C. Erosão do solo e seu controle. In: Natureza e propriedades dos solos. Tradução de Antônio B. Neiva Figueiredo Filho. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989. BRANCO, S.M. O Meio Ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1988. BRASIL. Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal Brasileiro. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, 15 set. 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L4771.htm>. Acesso em: 11 maio 2011. _______. Lei no 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, 02 ago. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 23 setembro 2011.

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