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CENTRO UNIVERSITÁRIO – CATOLICA DE SANTA CATARINA CURSO DE DIREITO ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO CÉLIO ALEXANDRE JOHN AUXILIO-RECLUSÃO O injustiçado e incompreendido benefício previdenciário JOINVILLE 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO – CATOLICA DE SANTA CATARINA

CURSO DE DIREITO

ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PREVIDENCIÁRIO

CÉLIO ALEXANDRE JOHN

AUXILIO-RECLUSÃO

O injustiçado e incompreendido benefício previdenciário

JOINVILLE

2017

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CÉLIO ALEXANDRE JOHN

AUXILIO RECLUSÃO

O injustiçado e incompreendido benefício previdenciário

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização do Cento Universitário – Católica de Santa Catarina, como requisito como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário. Orientador: Prof. Dr. Maikon Cristiano Glasenapp. Co-orientadora: Profa. Esp. Tatiana Braz Lux.

JOINVILLE 2017

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CÉLIO ALEXANDRE JOHN

AUXILIO RECLUSÃO

O injustiçado e incompreendido benefício previdenciário

Monografia apresentada ao Curso de Especialização do Cento Universitário – Católica de Santa Catarina, como requisito como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário.

COMISSÃO JULGADORA

_________________________________ Prof. Dr. Maikon Cristiano Glasenapp _________________________________ Profa. Esp. Tatiana Braz Lux _________________________________ Prof. (a).

Joinville – SC, ____ de _______________de _______.

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RESUMO

Neste trabalho de conclusão de curso se estudará o benefício previdenciário auxílio-reclusão, o modo, muitas vezes desvirtuado, como é compreendido pela sociedade em geral, e a sua importante função como meio de realizar a justiça social. Inicia-se por uma breve explanação sobre a seguridade social, seus princípios e sobre os institutos que a compõe, sendo a assistência social e a saúde. Após passa-se ao estudo da previdência social, também elemento integrante da seguridade social, seus princípios basilares, seus principais institutos e benefícios, após, passa-se ao estudo específico do benefício previdenciário auxilio reclusão, conceitua-se o benefício, passa-se aos seus requisitos, pincela-se sobre como o benefício e visto pela população em geral e como esta visão é desvirtuada, por fim traz-se os fundamentos constitucionais que justificam a existência do auxilio reclusão. PALAVRAS CHAVE:  Seguridade Social. Previdência Social. Princípios. Benefício Previdenciário de Auxílio-reclusão. Constituição Federal. Requisitos. Beneficiários. Polêmicas.

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ABSTRACT

In this work, the social security benefit, the often-distorted way in which society is understood, and its important role as a means of achieving social justice, will be studied. It begins with a brief explanation about social security, its principles and the institutes that compose it, being social assistance and health. After the study of social security, it is also an integral element of social security, its basic principles, its main institutes and benefits, after, it is passed to the specific study of the social security benefit, seclusion, the benefit is conceptualized, to its requirements, it is based on how the benefit is seen by the population in general and how this view is distorted, finally brings the constitutional foundations that justify the existence of the seclusion aid. KEYWORDS: Social Security. Social Security. Principles. Social Security Benefit-seclusion Benefit. Federal Constitution. Requirements. Beneficiaries. Controversies.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Art. – Artigo.

BPC – Benefício de Prestação Continuada.

CRFB/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Dr. – Doutor.

Esp. – Especialista.

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social.

PEC – Proposta de emenda à Constituição.

Prof. – Professor.

Profa. – Professora.

RGPS – Regime Geral da Previdência Social.

RPPS – Regime Próprio de Previdência social.

STF – Supremo Tribunal Federal.

STJ – Superior Tribunal de Justiça.

SUS – Sistema Único de Saúde.

TRF4 – Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

2. SEGURIDADE SOCIAL ..................................................................................... 10

2.1 CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL ............................................................ 10

2.2 A SEGURIDADE SOCIAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL ........................... 11

2.3 OS OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL ..................................................... 11

2.4 ELEMENTOS COMPONENTES DA SEGURIDADE SOCIAL ............................ 13

2.4.1 Saúde ............................................................................................................... 13

2.4.1.1 Dos princípios ............................................................................................... 15

2.4.1.2 Sistema Único de Saúde SUS ...................................................................... 15

2.4.1.3 Judicialização da Saúde ............................................................................... 16

2.4.2 Assistência Social .......................................................................................... 17

2.4.2.1 Dos princípios e diretrizes ............................................................................ 18

2.4.2.2 Do Benefício de Prestação Continuada ........................................................ 19

3. PREVIDÊNCIA SOCIAL ..................................................................................... 23

3.1 PILARES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO BRASIL ........................................... 24

3.2 OBJETIVOS – RISCOS SOCIAIS ....................................................................... 24

3.3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ................................ 25

3.3.1 Princípio da solidariedade ............................................................................. 26

3.3.2 Princípio da universalidade de cobertura e atendimento ........................... 26

3.3.3 Princípio da obrigatoriedade da filiação ....................................................... 27

3.3.4 Princípio do equilíbrio financeiro e atuarial ................................................. 27

3.3.5 Princípio do Tempus Regit Actum ................................................................ 27

3.3.6 Princípio do In dubio pro misero ................................................................... 28

3.3.7 Princípio da proibição do retrocesso social................................................. 29

3.4 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL ............................... 29

3.4.1 Beneficiários ................................................................................................... 30

3.4.2 Filiação e Inscrição ......................................................................................... 35

3.4.3 Benefícios e serviços em espécie ................................................................. 36

4. AUXILIO RECLUSÃO ........................................................................................ 37

4.1 CONCEITO ......................................................................................................... 37

4.2 BREVE HISTÓRICO ........................................................................................... 38

4.3 REQUISITOS PARA O RECEBIMENTO ............................................................ 39

4.3.1 Do efetivo recolhimento a prisão do segurado ............................................ 40

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4.3.2 Condição de dependente de quem objetiva o benefício ............................. 42

4.3.3 Demonstração da qualidade de segurado do preso .................................... 44

4.3.4 Demonstração da condição de segurado com baixa renda do instituidor 45

4.5 INÍCIO, SUSPENSÃO E CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO ...................................... 49

4.6 RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO ..................................................................... 52

4.7 O AUXÍLIO-RECLUSÃO UM BENEFÍCIO MAL VISTO ...................................... 53

4.8 O AUXÍLIO-RECLUSÃO E SUA LEGITIMAÇÃO CONSTITUCIONAL................ 54

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 57

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa estudar o benefício de auxilio reclusão, benefício

este que tem assento constitucional e é regulamentado pela norma ordinária, que se

destina aos dependentes do segurado de baixa renda recluso, em regime fechado e

semiaberto, também, este benefício é muito criticado pela população em geral, a

qual via de regra argumenta que este fomenta a criminalidade.

Com a finalidade de se situar o instituto passa-se inicialmente ao estudo da

Seguridade Social, seus princípios formadores, e seus elementos formadores, traz-

se leves considerações sobre a Saúde e a Assistência Social.

Sempre se visando situar o benefício de auxilio reclusão, em capítulo próprio

traz-se a Previdência Social que é o terceiro elemento da Seguridade, apresenta-se

seu principais conceitos e princípios, define-se os segurados e as prestações da

previdência social.

Por fim, no terceiro capítulo apresenta-se o benefício objeto deste trabalho, ou

seja, o auxílio reclusão, apresenta-se seu conceito, traz-se um pequeno histórico do

benefício, apresenta-se seus requisitos para concessão, tempo de duração,

eventuais motivos de suspensão e cessação, por fim traz-se digressões sobre a

visão do benefício para a população em geral, parte da doutrina e parlamentares,

traz-se que o benefício é muitas vezes mal visto com uma visão distorcida, de que é

uma benesse ao preso, passa-se a esclarecer que tal entendimento é equivocado e

ao final se traz as diretrizes constitucionais que justificam a existência do auxílio-

reclusão.

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2. SEGURIDADE SOCIAL

2.1 CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL

Com previsão expressa no artigo 194 da Constituição Federal de 1988, a

seguridade social é conceituada como um conjunto integrado de ações de iniciativa

dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à

saúde, à previdência e à assistência social.

Pertencente ao ramo dos direitos fundamentais sociais, a seguridade social,

através de seus elementos formadores, também tem previsão no artigo 6º da

Constituição Federal de 1988:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Grifou-se)

Fernandes (2016, p. 1512) assim conceitua o instituto:

A seguridade social rege-se, principalmente a partir do princípio da solidariedade, que se configura em medida abrangente de um conjunto de ações de ordem pública e da sociedade, a fim de que sejam assegurados os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Por isso mesmo, destina-se a explicar que o financiamento de tais atividades e projetos ficará a cargo de toda a sociedade, seja por meio de recursos orçamentários e/ou por contribuições sociais, de modo que se possa ofertar condições de acesso não apenas para aqueles que se inscrevem no rol de segurados, como ainda aqueles necessitados – principalmente no caso da assistência social – independentemente de contribuição. (Grifos do autor)

Desta forma, concorda-se com Amado (2017) que todos os entes federativos

e também as pessoas naturais e jurídicas de direito privado atuarão para a

efetivação dos direitos fundamentais a seguridade social.

Além disso, é imperioso se distinguir a seguridade social do seguro social,

sendo que o primeiro instituto abriga qualquer pessoa indistintamente e o segundo

abarca apenas aqueles que contribuem para a manutenção do sistema de

mutualismo, sendo este último um sistema fechado (NEVES, 2012), enquanto

seguridade social deve ser interpretada como segurança social, seguro social deve

ser visto como cobertura previdenciária, limitada a previdência social (AMADO,

2017).

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2.2 A SEGURIDADE SOCIAL COMO DIREITO FUNDAMENTAL

Os direitos fundamentais são aqueles inerentes ao ser humano que foram

constitucionalizados no âmbito de seus ordenamentos jurídicos.

Galuppo (citado por Fernandes, 2016, p. 317) sintetiza que:

[...] os direitos fundamentais são produtos de um processo de constitucionalização dos direitos humanos, entendidos estes últimos como elementos de discursos morais justificados ao longo da História. Assim, os direitos fundamentais não podem ser tomados como verdades morais dadas previamente, mas como elementos em constante processo de (re) construção, haja vista que sua justificação e normatividade decorrem de uma Constituição positiva, igualmente mutável.

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira do Brasil a trazer o sistema de

Seguridade Social, previsto nos artigos 194 a 204, sistema este composto por

saúde, assistência social e previdência social.

Prevista no título VIII da Ordem Social da Constituição Federal de 1988, a

Seguridade Social tem natureza jurídica de direito fundamental, eis que os direitos

fundamentais não são somente aqueles previstos no rol do artigo 5º, ou ainda no

título II da Constituição Federal de 1988, mas sim de todos aqueles positivados em

seu texto.

Tendo em conta o caráter dinâmico dos direitos fundamentais, hoje a

seguridade social possui a natureza jurídica de direito fundamental de 2ª e 3ª

dimensão ou geração, vez que tem natureza prestacional positiva (direito social) e

caráter universal (natureza coletiva) (AMADO, 2017).

Segundo Moraes (2011, p. 848), “a Seguridade Social compreende um

conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade,

destinadas a assegurar à saúde, à previdência e à assistência social. ”

Desta forma, o direito à Seguridade Social constitui-se como um direito

fundamental da pessoa humana, uma vez que busca assegurar à saúde, à

assistência social e à previdência, na tentativa de alcançar uma sociedade que

proporcione condições dignas de vida, seja para todos, ou para os que dela

necessitem, ou para os que com ela contribuem respectivamente.

2.3 OS OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL

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Martins (2008, p. 43) apresenta, o que em seu entender, é o objetivo

fundamental da Seguridade Social:

[...] a ideia essencial da Seguridade Social é dar aos indivíduos e as suas famílias tranquilidade no sentido de que, na ocorrência de uma contingência (invalidez, morte etc.), a qualidade de vida não seja significativamente diminuída, proporcionando meios para a manutenção das necessidades básicas dessas pessoas. Logo, a Seguridade Social deve garantir os meios de subsistência básicos do indivíduo, não só, mas principalmente para o futuro, inclusive para o presente, independentemente de contribuições para tanto. Verifica-se, assim, que é uma forma de distribuição de renda aos mais necessitados, que não tenham condição de manter a própria subsistência.

A Constituição Federal de 1988 não apenas trouxe o sistema da seguridade

social como direito fundamental como também trouxe de maneira expressa seus

objetivos no artigo 194:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Grifou-se)

Os objetivos enumerados acima, são tidos como verdadeiros princípios

constitucionais que norteiam a prestação da Seguridade Social, sua aplicação

variará conforme seu campo de incidência, ou seja, conforme sua aplicação, na

saúde, na assistência social ou na previdência social (AMADO, 2017).

Os princípios da Seguridade Social, se forma sintética são assim

conceituados por Pancotti (2009, p. 97 a 105):

[...]Principio da universalidade da cobertura e do atendimento [...] Todas as pessoas que se encontram dentro do território nacional [...] podem usufruir da Seguridade Social [...] A universalidade de cobertura se refere às situações da vida que serão protegidas, contingências sociais que

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necessitam de amparo. [...] a universalidade de atendimento se refere aos sujeitos que se encontram em situação de necessidade e, portanto, devem ser atendidos de forma isonômica. [...]Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais [...] A equivalência de benefícios diz respeito ao aspecto pecuniário e aos serviços que podem ser diferentes em razão das necessidades dos beneficiários[...] em situações equivalentes, os beneficiários urbanos e rurais devem ser tratados de forma igualitária e equivalente. [...] Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços [...] O constituinte quis com esse princípio que o legislador haja com bom senso diante da escassez de recursos para a sustentabilidade do sistema de benefícios devendo, assim, as prestações e os serviços ser criteriosamente selecionados. [...] A distributividade leva em conta a possibilidade de atender ao maior número de pessoas, definindo o grau de proteção devido a cada um. [...] Irredutibilidade do valor dos benefícios [...] De acordo com o art. 201, parágrafo 4º da Constituição Federal, o presente objetivo se refere a irredutibilidade do valor real do benefício, ou seja, à capacidade de compra, com vistas à satisfação das necessidades básicas. [...]Equidade na forma de participação do custeio [...] A equidade, no caso, leva em conta os princípios da isonomia e da capacidade contributiva. Assim, cada pessoa contribui para a previdência de acordo com a sua capacidade contributiva (quem pode mais, paga mais, quem pode menos, paga menos ou até não paga, como os segurados especiais. [...]Diversidade na base de financiamento [...] Tem por objetivo a arrecadação de recursos de diversas fontes, não se limitando às contribuições dos trabalhadores, empregadores, e do Poder Público, como era antigamente. Assim, caso uma fonte passe por crise, haverá outras, garantindo-se a segurança do sistema. [...] Caráter democrático e descentralizado da administração [...] A Constituição Federal estabelece que as ações na área da seguridade social devem ser democráticas; as decisões devem ser tomadas com a participação de todos, mediante a composição de conselhos deliberativos de estrutura colegiada[...]. (Grifou-se)

Os princípios da Seguridade não são aplicados em seus três elementos,

saúde, assistência social e previdência social indistintamente, mas sim, são

aplicáveis conforme as características de cada um conforme se verá abaixo.

2.4 ELEMENTOS COMPONENTES DA SEGURIDADE SOCIAL

Como já explanado anteriormente a seguridade social é composta pela

saúde, a assistência social e a previdência social, passa-se a análise de cada um

dos seus ramos, de forma sintetizada, a previdência social será estudada em tópico

próprio tendo em conta que o auxílio reclusão é um dos seus benefícios.

2.4.1 Saúde

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A Saúde é elemento integrante da seguridade social, conforme disposição

constitucional do artigo 195 pode ser conceituada como direito de todos e dever do

Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do

risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e

serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Trata-se de direito social fundamental expresso constante do artigo 6º da

Constituição de 1988:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Grifou-se)

Também, é tratada nos artigos 196 a 200 da Constituição Federal de 1988,

com regulamentação na Lei 8080 de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

Ainda tratando do conceito de saúde a lei 8080/90 afirma que a saúde é um

direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições

indispensáveis ao seu pleno exercício. O dever do Estado de garantir a saúde

consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à

redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de

condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços

para a sua promoção, proteção e recuperação.

Amado (2017, p. 146) conceitua a saúde como:

A saúde pública consiste no direito fundamental às medidas preventivas ou curativas de enfermidades, sendo dever estatal prestá-la adequadamente a todos, tendo a natureza jurídica de serviço público gratuito, pois prestada diretamente pelo Poder Público ou por delegatórios habilitados por contrato ou convênio, de maneira complementar, quando o setor público não tiver estrutura para dar cobertura a toda a população.

Observa-se dos conceitos e disposições acima, que a saúde é universal,

gratuita, e deve ser prestada independentemente de contribuição ou filiação, sendo

totalmente aplicável a Saúde os princípios da Seguridade social constante do artigo

194, inciso I da universalidade da cobertura e do atendimento.

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2.4.1.1 Dos princípios

Além de presentes os princípios gerais da seguridade social, da

universalidade, independentemente de contribuição e filiação, a lei 8080/90, traz em

seu artigo 7º outros princípios da saúde pública:

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos. XIV – organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013.

Por serem autoexplicativos os princípios constantes da legislação acima,

deixa-se de conceitua-los, bastando a leitura dos dispositivos legais para a

interpretação do alcance dos mesmos.

2.4.1.2 Sistema Único de Saúde SUS

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A lei 8080/90, visando dar efetividade a previsão constitucional operacionaliza

o Sistema Único de Saúde SUS que é o conjunto de ações e serviços de saúde,

prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da

Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, onde o

ente privado pode participar de em caráter complementar.

Em que pese a existência do dever do Estado quanto a prestação de saúde,

tal fato, não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.

2.4.1.3 Judicialização da Saúde

O direito a saúde é possivelmente um dos direitos fundamentais de maior

dificuldade de implementação, seja, pelos autos custos operacionais, seja, pela

constante evolução de tratamentos e terapias disponíveis, porém, por se tratar de

direito fundamental, sua efetivação vem encontrando guarida do Poder Judiciário,

quando o Poder Executivo é inerte em implementá-la, veja-se a seguinte decisão do

Supremo Tribunal Federal:

E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO (LEI Nº 12.322/2010) – MANUTENÇÃO DE REDE DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – DEVER ESTATAL RESULTANTE DE NORMA CONSTITUCIONAL – CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE TÍPICA HIPÓTESE DE OMISSÃO INCONSTITUCIONAL IMPUTÁVEL AO MUNICÍPIO – DESRESPEITO À CONSTITUIÇÃO PROVOCADO POR INÉRCIA ESTATAL (RTJ 183/818-819) – COMPORTAMENTO QUE TRANSGRIDE A AUTORIDADE DA LEI FUNDAMENTAL DA REPÚBLICA (RTJ 185/794-796) – A QUESTÃO DA RESERVA DO POSSÍVEL: RECONHECIMENTO DE SUA INAPLICABILIDADE, SEMPRE QUE A INVOCAÇÃO DESSA CLÁUSULA PUDER COMPROMETER O NÚCLEO BÁSICO QUE QUALIFICA O MÍNIMO EXISTENCIAL (RTJ 200/191-197) – O PAPEL DO PODER JUDICIÁRIO NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS INSTITUÍDAS PELA CONSTITUIÇÃO E NÃO EFETIVADAS PELO PODER PÚBLICO – A FÓRMULA DA RESERVA DO POSSÍVEL NA PERSPECTIVA DA TEORIA DOS CUSTOS DOS DIREITOS: IMPOSSIBILIDADE DE SUA INVOCAÇÃO PARA LEGITIMAR O INJUSTO INADIMPLEMENTO DE DEVERES ESTATAIS DE PRESTAÇÃO CONSTITUCIONALMENTE IMPOSTOS AO PODER PÚBLICO – A TEORIA DA “RESTRIÇÃO DAS RESTRIÇÕES” (OU DA “LIMITAÇÃO DAS LIMITAÇÕES”) – CARÁTER COGENTE E VINCULANTE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS, INCLUSIVE DAQUELAS DE CONTEÚDO PROGRAMÁTICO, QUE VEICULAM DIRETRIZES DE POLÍTICAS PÚBLICAS, ESPECIALMENTE NA ÁREA DA SAÚDE (CF, ARTS. 6º, 196 E 197) – A QUESTÃO DAS “ESCOLHAS TRÁGICAS” – A COLMATAÇÃO DE OMISSÕES INCONSTITUCIONAIS COMO NECESSIDADE INSTITUCIONAL FUNDADA EM COMPORTAMENTO AFIRMATIVO DOS JUÍZES E TRIBUNAIS E DE QUE RESULTA UMA POSITIVA CRIAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO DIREITO – CONTROLE JURISDICIONAL DE LEGITIMIDADE DA OMISSÃO DO PODER PÚBLICO: ATIVIDADE DE

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FISCALIZAÇÃO JUDICIAL QUE SE JUSTIFICA PELA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DE CERTOS PARÂMETROS CONSTITUCIONAIS (PROIBIÇÃO DE RETROCESSO SOCIAL, PROTEÇÃO AO MÍNIMO EXISTENCIAL, VEDAÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE E PROIBIÇÃO DE EXCESSO) – DOUTRINA – PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DELINEADAS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (RTJ 174/687 – RTJ 175/1212-1213 – RTJ 199/1219-1220) – EXISTÊNCIA, NO CASO EM EXAME, DE RELEVANTE INTERESSE SOCIAL – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. (STF - ARE 745745 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 02/12/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 18-12-2014 PUBLIC 19-12-2014)

Em que pese, a tutela de direito a saúde seja amplamente favorável, não

faltam vozes defendendo uma maior racionalização da judicialização e das decisões

dela resultantes, entre eles o juiz federal Clenio Jair Shulze (Shulze, 2017) que

pondera:

Portanto, o custo da judicialização vem para o bem e para o mal. De um lado, é preciso corrigir os abusos e omissões dos gestores do SUS e das operadoras de planos de saúde. De outro lado, também é indispensável propagar a noção de que existem limites fáticos – de pessoas, de recursos tecnológicos –, jurídicos e financeiros ao Direito Fundamental à Saúde. Vale dizer, sem o enfrentamento destas questões, não haverá resolução dos problemas e a sociedade pagará um preço muito alto pelo descontrole.

2.4.2 Assistência Social

A assistência social também é um dos elementos da seguridade social e

possui previsão legal no artigo 203 da Constituição Federal de 1988 dispondo que

esta será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à

seguridade social, e tem por objetivos, a proteção à família, à maternidade, à

infância, à adolescência e à velhice, o amparo às crianças e adolescentes carentes,

a promoção da integração ao mercado de trabalho, a habilitação e reabilitação das

pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida

comunitária, a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa

portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à

própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

O artigo 1º da Lei 8742 de 07 de dezembro de 1993, intitulada Lei Orgânica

da Assistência Social, que se estabelece a organização da Assistência Social

conceitua esta como, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade

Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um

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conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o

atendimento às necessidades básicas.

A lei 8212 de 24 de julho de 1991, em seu artigo 4º, traz a seguinte definição

de Assistência Social:

Art. 4º A Assistência Social é a política social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social.

Percebe-se claramente dos conceitos legais que o que diferencia a saúde da

assistência é a universalidade, enquanto a saúde é destinada a todos sem nenhuma

discriminação, a assistência que também não depende de filiação e contribuição não

é destinada a todos, mas somente a quem necessitar.

Savaris (2011, p. 390) afirma que:

Quando se fala em Assistência Social, deve-se ter em mente a ideia de destinatários carentes que buscam o mínimo social. São pessoas vulneráveis que se encontram em situação de insegurança alimentar. A Constituição diz que a Assistência social é devida a quem dela necessitar (art. 203). Veja-se: enquanto a saúde é um direito universal, a Assistência Social é devida apenas a quem dela necessitar. Está implícita a noção de carência econômica ou de vulnerabilidade social do beneficiário.

Amado (2017, p. 45) aduz, “[...] um dos traços característicos da assistência

social é seu caráter não contributivo, bem como, sua função de fazer suprir as

necessidades básicas das pessoas, como alimentação, moradia básica e vestuário. ”

2.4.2.1 Dos princípios e diretrizes

A Lei 8.742/93 nos seus artigos 4º e 5º traz os princípios e as diretrizes que a

regem:

Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;

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IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. (...) Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo.

Como se pode observar da disposição legal a efetivação dos direitos da

assistência social serão obtidos por meio de ações descentralizadas por meio de

todos em entes federativos, bem como, a sociedade civil pode participar do sistema

através de pessoas jurídicas de direito provado sem fins lucrativos que ajudem as

pessoas em situação de vulnerabilidade, porém, sempre em caráter suplementar a

atuação do poder público.

Quanto aos princípios formadores da assistência social, verifica-se que é

necessário sempre se dar maior publicidade aos serviços prestados para que estes

realmente cheguem aos necessitados, bem como, busca-se resgatar o indivíduo em

vulnerabilidade, sempre de maneira não vexatória, buscando restaurar ou preservar

a dignidade desta pessoa.

Santos (2007, p. 229) “[...] a assistência social é um fator de transformação

social com o qual se pretende promover a integração e inclusão do assistido na vida

comunitária, de forma que este possa exercer atividades que lhe garantem a

subsistência”.

2.4.2.2 Do Benefício de Prestação Continuada

O Benefício de prestação continuada – BPC, também conhecido como LOAS,

é o benefício mais conhecido da assistência social.

O benefício de prestação continuada é amparado pela Constituição Federal

de 1988, em seu art. 203, V, onde garante um salário mínimo à pessoa deficiente e

ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de

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tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei, independentemente de

contribuição à seguridade social.

A regulamentação do dispositivo constitucional está na Lei nº 8.742, de 07 de

dezembro de 1993, nos artigos. 20 e 21:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto § 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. § 5o A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. § 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS. § 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura. § 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o § 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere o § 3o deste artigo. § 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. § 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento. Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. § 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições referidas no caput, ou em caso de morte do beneficiário. § 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. § 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e

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reabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. § 4º A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regulamento. Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. § 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora de que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21. § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício.

Em relação ao requisito disposto no §3º do art. 20 da Lei 8.742/93 para a

concessão do LOAS, ressalta-se que o limite estipulado trata somente de um

indicativo do qual não se exclui a possibilidade de comprovação em concreto e caso

a caso da efetiva falta de meios para ter provida a sua manutenção por sua família.

Desta forma, devem ser levados em consideração os acontecimentos fáticos,

da vida do assistido conforme o seguinte julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª

Região:

PREVIDENCIÁRIO. REMESSA NECESSÁRIA. CONDENAÇÃO DE VALOR FACILMENTE DETERMINÁVEL. NÃO CONHECIMENTO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. INCAPACIDADE. CRITÉRIO ECONÔMICO. Não está sujeita a reexame necessário a sentença que condena a Fazenda Pública em quantia inferior a 1.000 salários mínimos (art. 496, § 3º, do CPC). Se a sentença condena o INSS ao pagamento de benefício de valor mínimo ou determinado nos autos, e define o período a partir do qual são devidas as parcelas correspondentes, é possível, por simples cálculos aritméticos, observados os critérios de correção monetária e juros definidos, chegar-se ao montante da condenação, posicionando-o na data em que prolatada a decisão. Resultando da multiplicação do número de meses pelo valor da renda mensal atualizada, com o acréscimo dos juros de mora, condenação manifestamente inferior ao limite legal, não é caso de remessa necessária. O benefício assistencial é devido à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Em relação ao pressuposto econômico, o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 - LOAS estabelecia que seria considerada hipossuficiente a pessoa com deficiência ou idoso cuja família possuísse renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, ao analisar os recursos extraordinários 567.985 e 580.963, ambos submetidos à repercussão geral, reconheceu a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, assim como do art. 34 da Lei 10.741/2003 - Estatuto do Idoso, permitindo que o requisito econômico, para fins de concessão do benefício

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assistencial, seja aferido caso a caso. Preeenchidos os requisitos legais, merece confirmação a sentença que deferiu o amparo assistencial à parte autora, a contar da DER. (TRF4 5042286-70.2016.404.9999, QUINTA TURMA, Relator (AUXÍLIO ROGER) TAÍS SCHILLING FERRAZ, juntado aos autos em 16/12/2016) (grifou-se)

Com efeito, a interpretação meramente aritmética e absoluta incorre em

violação aos próprios artigos 1º, III, 6º e 203, V, da CF/88, no tocante à garantia

constitucional fundamental de assistência aos desamparados.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal, intérprete da Constituição Federal, em

18 de abril de 2013, declarou a inconstitucionalidade do dispositivo previsto no artigo

20, parágrafo 3º da Lei 8742/93:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento.(RE 567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/

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Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013) (grifou-se).

Finalmente, não se pode olvidar que o benefício em comento tem cunho

assistencial, o que impõe a verificação da presença de seus requisitos legais e

constitucionais em sintonia com as diversas legislações e políticas públicas voltadas

à Assistência Social, haja vista que também apresentam como substrato à dignidade

da pessoa humana.

3. PREVIDÊNCIA SOCIAL

A previdência social é o terceiro elemento integrante do sistema da

Seguridade Social.

Trata-se de direito social fundamental, previsto expressamente no artigo 6º da

Constituição Federal de 1988, a Constituição também traz seus principais

balizamentos nos artigos 201 e 202.

Amado (2017, p. 180) conceitua a Previdência Social como:

Em sentido amplo e objetivo, especialmente visando abarcar todos os planos de previdência básicos e complementares disponíveis no Brasil, a previdência social pode ser definida como um seguro com regime jurídico especial, pois regida por normas de Direito Público, sendo necessariamente contributiva, que disponibiliza benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes, que variarão a depender do plano de cobertura. (Grifos do autor)

O artigo 202 da CRFB/88 acentua que a previdência social será organizada

sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos

termos da lei, a cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade

avançada, a proteção à maternidade, especialmente à gestante, a proteção ao

trabalhador em situação de desemprego involuntário, o salário-família e auxílio-

reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda e a pensão por morte

do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

Denota-se da disposição constitucional acima, e do conceito doutrinário

apresentado, que a previdência social é o elemento da seguridade social que se

diferencia da saúde pública e da assistência social pelo seu caráter contributivo

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compulsório, uma vez que a cobertura previdenciária é devida somente aos

indivíduos que contribuem para o regime, sendo esta condição primordial para a

concessão de benefícios e serviços aos seus segurados e dependentes.

3.1 PILARES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO BRASIL

A previdência social é sustentada por dois pilares/princípios básicos,

conforme disposição Constitucional, a compulsoriedade e a contributividade

(KERTZMAN, 2008), relembre-se novamente a disposição do caput do artigo 201 da

CRFB/88: “[...] A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de

caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem

o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei[...]” (grifou-se).

Kertzman (2008, p. 28 e 29) trata da importância da compulsoriedade e a

contributividade para a Previdência Social nos seguintes termos:

O princípio da compulsoriedade é que obriga a filiação a regime da previdência social aos trabalhadores que exercem atividades remuneradas lícitas. Se os segurados pudessem optar entre verter parte de sua remuneração para o sistema da previdência social ou utilizar todos os ganhos para o pagamento das despesas domésticas, certamente a maioria escolheria a segunda alternativa. Diversos trabalhadores ficariam, assim, excluídos do sistema protetivo, gerando um completo caos social, pois, quando ficassem impossibilitados de exercer suas atividades, não teria como prover o seu sustento. A contributividade significa que, para ter direito a qualquer benefício da previdência social, é necessário enquadrar-se na condição de segurado, devendo contribuir para a manutenção do sistema previdenciários. Até mesmo o aposentado que volta a exercer atividade profissional remunerada, é obrigatório a contribuir para o sistema.

Percebe-se das esclarecedoras lições de Ivan Kertzman que sem a

contributividade e sem a compulsoriedade o sistema da Previdência social estaria

fadado ao insucesso, pois seria um sistema sem recursos para sua manutenção e a

quantidade de pessoas cobertas não seria suficiente.

3.2 OBJETIVOS – RISCOS SOCIAIS

A Previdência Social no Brasil é desenvolvida através de um conjunto de

regras e instituições que proporcionam a proteção social, tendo como objetivo

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principal garantir ao trabalhador condições mínimas de existência, preservando a

dignidade da pessoa humana.

Não é à toa que o artigo 201 da CRFB/88 ao tratar da previdência social

previu quais os riscos que deveriam ser cobertos, os quais foram repetidos pelo

legislador no artigo 3º da Lei 8212 de 24 de julho de 1991:

Art. 3º A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. (Grifou-se)

Kertzman (2008, p. 29) conceitua os riscos sociais como, “[...] os infortúnios

que causam perda da capacidade para o trabalho, e assim para a manutenção do

sustento”.

Amado (2017, p. 27) afirma que:

É preciso que o Estado proteja seu povo contra eventos previsíveis, ou não, aptos a causar miséria e intranquilidade social, providenciando recursos para manter, ao menos, o seu mínimo existencial, e por conseguinte, a dignidade humana, instituindo um eficaz sistema de proteção social. Eventos como desemprego, a velhice, a morte, a prisão, a infância, a doença a maternidade e a invalidez poderão impedir temporária ou definitivamente que as pessoas laborem para angariar recursos financeiros visando atender às suas necessidades básicas e de seus dependentes, sendo dever do Estado Social de Direito intervir quando se fizer necessário. (Grifou-se)

Desta forma, ocorrendo um risco social, caberá ao Poder Público a

manutenção do segurado até seu restabelecimento, ou seja, até a cessação do risco

que deu origem ao benefício.

No caso do auxílio reclusão o risco social é a prisão do segurado, o que

levará a família deste ficar desprotegida e passando por necessidades, este assunto

será melhor explorado no quarto capítulo desta monografia.

3.3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Tendo em conta que existe uma grande gama de princípios previdenciários

previstos e implícitos na CRFB/88, na Lei 8212/91 e na Lei 8213/91, e tendo em

conta que alguns destes princípios já foram tratados nos itens anteriores, estudar-

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se-á somente aqueles que são de maior importância para o benefício previdenciário

tratado neste trabalho.

3.3.1 Princípio da solidariedade

O princípio da solidariedade está expresso no art. 3º, inciso I da Constituição

Federal de 1988, e possui grande aplicabilidade no âmbito da Seguridade Social, já

que se refere à responsabilidade do Estado e da sociedade na socialização dos

riscos, além disso, a manutenção do sistema da previdência se dá pelos orçamentos

públicos e pelas contribuições sociais.

De acordo com Castro e Lazzari (2014, p 86):

A Previdência Social se baseia, fundamentalmente, na solidariedade entre os membros da sociedade. Assim, como a noção de bem-estar coletivo repousa na possibilidade de proteção de todos os membros da coletividade, somente a partir da ação coletiva de repartir os frutos do trabalho, com a cotização de cada um em prol do todo, permite a subsistência de um sistema previdenciário. Uma vez que a coletividade se recuse a tomar como sua tal responsabilidade, cessa qualquer possibilidade de manutenção de um sistema universal de proteção social.

 

Kertzman (2008, p. 46) traz com muita clareza os delineamentos do princípio

em voga:

Pode-se defini-lo como o espírito que deve orientar a seguridade social de forma que não haja, necessariamente paridade entre contribuições e contraprestações securitárias. Através dele, tem-se em vista, não a proteção de indivíduos isolados, mas de toda a coletividade. A solidariedade do sistema previdenciário obriga contribuinte a verterem parte de seu patrimônio para o sustento do regime protetivo, mesmo que nunca tenham a oportunidade de usufruir dos benefícios e serviços oferecidos.

Em resumo, pelo princípio da solidariedade contribui-se para a saúde do

sistema e não para o próprio benefício.

3.3.2 Princípio da universalidade de cobertura e atendimento

Já estudado no capítulo referente a Seguridade Social, relembra-se o

conceito de Pancotti (2009, p.97):

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Todas as pessoas que se encontram dentro do território nacional [...] podem usufruir da Seguridade Social [...] A universalidade de cobertura se refere às situações da vida que serão protegidas, contingências sociais que necessitam de amparo. [...] a universalidade de atendimento se refere aos sujeitos que se encontram em situação de necessidade e, portanto, devem ser atendidos de forma isonômica.

3.3.3 Princípio da obrigatoriedade da filiação

Tratado acima como um dos pilares da Previdência Social, o princípio da

obrigatoriedade ou compulsoriedade fundamenta a imposição da solidariedade

social.

O referido princípio torna obrigatório o sistema previdenciário, impondo a

filiação, inscrição e contribuição do segurado.

A obrigatoriedade pode ser considerada como condição de sobrevivência da

Previdência Social, pois, se os segurados pudessem optar entre contribuir ou não

para previdência social ou utilizar todos os ganhos para o pagamento das despesas

domésticas, certamente a maioria escolheria a segunda alternativa (KERTZMAN,

2008).

3.3.4 Princípio do equilíbrio financeiro e atuarial

Previsto expressamente no artigo 201 da CRFB/88 o qual diz que: “a

previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter

contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial”, ou seja, o sistema deve ser autossuficiente, as contas públicas

devem ser preservadas, em suma os recursos recolhidos devem ser suficientes para

o pagamento dos benefícios concedidos pela Previdência Social.

3.3.5 Princípio do Tempus Regit Actum

Trata-se de um princípio geral do direito, mas que tem ampla aplicação no

direito previdenciário, por meio de tal postulado, deve-se observar a legislação

vigente quando da implementação dos requisitos de um direito, no caso, quando do

cumprimento dos requisitos para a concessão de um benefício.

Amado (2017, p. 261) afirma que:

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28  

Conquanto não esteja explicitamente previsto na legislação da previdência social como princípio informador, entende-se que ele integra o seu rol, sendo muitas vezes usado para definir o regime jurídico dos benefícios previdenciários, pois deverá ser aplicada a lei vigente na data do nascimento da prestação do direito a prestação previdenciária.

É importante se salientar que o segurado não possui direito adquirido a

regime jurídico, mas sim, somente ao benefício que implementou todos os requisitos

quando da mudança legal, assim, interpreta o STF:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. SERVENTUÁRIOS DA JUSTIÇA. VÍNCULO COM PREVIDÊNCIA PÚBLICA. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS PARA APOSENTADORIA ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20/1998. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (RE 871957 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 26/04/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-092 DIVULG 06-05-2016 PUBLIC 09-05-2016) (grifou-se).

 

3.3.6 Princípio do In dubio pro misero

Tendo em conta que o segurado é a parte mais sensível na relação jurídica, a

dúvida deve ser sempre interpretada em seu favor, este é o entendimento da

Terceira Seção do STJ, no caso de benefícios para trabalhadores rurais que

possuem grande dificuldades de produzirem provas materiais:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. DOCUMENTOS EXISTENTES QUANDO PROPOSTA A AÇÃO ORDINÁRIA. SOLUÇÃO PRO MISERO. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. 1. A orientação jurisprudencial da 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que os documentos apresentados por ocasião da propositura da rescisória autorizam a rescisão do julgado com base no art. 485, VII, do CPC, embora já existentes quando ajuizada a ação ordinária. A solução pro misero é adotada em razão das desiguais condições vivenciadas pelos trabalhadores rurais. 2. O benefício pleiteado não foi concedido pelo aresto rescindendo apenas em razão de a prova dos autos ser exclusivamente testemunhal. Existindo início de prova material a corroborar os depoimentos testemunhais não há como deixar de reconhecer o direito da parte autora à concessão do benefício, em razão da certidão de casamento ora apresentada, comprobatória de sua condição de trabalhadora rural. Precedentes do STJ. 3. Ação rescisória julgada procedente. (AR 3.644/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/05/2010, DJe 28/06/2010) (grifou-se)

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Há aqueles que critiquem a aplicação do princípio do in dubio pro misero,

aduzindo que tendo em conta que a Previdência Social, trata de valores da

coletividade, e que esta age com base na presunção de legalidade/legitimidade, a

presunção deveria operar em favor do Estado (AMADO, 2017).

3.3.7 Princípio da proibição do retrocesso social

Princípio de aplicação em todos os direitos fundamentais sociais, é assim

conceituado por Sarlet (2006, p. 223):

Assim, a proibição de retrocesso assume feições de verdadeiro princípio constitucional fundamental implícito, que pode ser reconduzido tanto ao princípio do Estado de direito (no âmbito da proteção da confiança e da estabilidade das relações jurídicas inerentes à segurança jurídica) quanto ao princípio do Estado Social, na condição de garantia da manutenção dos graus mínimos de segurança social alcançados, sendo, de resto, corolário da máxima eficácia e efetividade das normas de direitos fundamentais sociais e do direito à segurança jurídica, assim como da própria dignidade da pessoa humana.

Desta forma, uma vez implementados, os direitos fundamentais sociais, com

base na segurança jurídica e na dignidade da pessoa humana devem ser mantidos.

3.4 REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

No Brasil não existe um único regime de previdência social, na verdade

existem três modelos, os regimes próprios dos servidores públicos dos três entes

federativos, o regime de previdência privada/complementar que é facultativo, e

também o regime geral, onde estão obrigatoriamente vinculados os trabalhadores

que não tem um regime próprio além daqueles que optarem em se filar como

segurados facultativos, mesmo que não exerçam atividades laborais.

Tendo em vista o objeto desta monografia, ou seja, o estudo do auxílio-

reclusão, conservar-se-á somente no estudo do regime geral de previdência, que é

administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social.

Ibrahim (2010, p. 184) conceitua o Regime Geral da Previdência Social como,

“[...]O RGPS é o regime básico de previdência social, sendo de aplicação

compulsória a todos aqueles que exerçam algum tipo de atividade remunerada,

exceto se esta atividade gera filiação a determinado regime próprio de previdência”.

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Os benefícios previdenciários previstos no RGPS, são destinados à cobertura

dos riscos sociais já mencionados no corpo deste trabalho, quais sejam, o

desemprego, a velhice, a morte, a prisão, a infância, a doença a maternidade e a

invalidez.

Passa-se a conceituação sucinta dos beneficiários e dos benefícios previstos

no RGPS e após, passa-se ao estudo exclusivo do auxílio-reclusão e seus

pormenores, em capítulo próprio.

3.4.1 Beneficiários

Os titulares de benefícios previdenciários são os chamados beneficiários

dividem-se em segurados, obrigatórios e facultativos e dependentes.

Ibrahim (2010, p. 184), afirma que: “Os beneficiários do RGPS são as

pessoas naturais que fazem jus ao recebimento de prestações previdenciárias em

caso de serem atingidas por algum dos riscos sociais previstos em lei”.

Os segurados obrigatórios são aqueles que exercem alguma atividade

laboral, e não participam de nenhum Regime Próprio de previdência, são filiados

obrigatórios e estão previstos no artigo 12 da Lei 8213/91:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I - como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional;

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g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência; i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; III [...] V - como contribuinte individual: a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; d) [...] e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento; VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e

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c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. § 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. § 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas. § 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social § 4º O dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previdência Social-RGPS de antes da investidura. § 5o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e fundações. § 6o Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. § 7o O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção de auxílio-doença. § 8o Não descaracteriza a condição de segurado especial: I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; e IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; e VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do § 12. § 9o Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social;

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II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8o deste artigo; III - exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais; V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo; VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social. § 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria: I – a contar do primeiro dia do mês em que: a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 15 desta Lei, ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do § 8o deste artigo; b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9o e no § 12, sem prejuízo do disposto no art. 15; c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciário; e d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações impostas pelo § 12; II – a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de: a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que se refere o § 7o deste artigo; b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do § 9o deste artigo; e c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o deste artigo. § 11. Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput deste artigo ao cônjuge ou companheiro do produtor que participe da atividade rural por este explorada. § 12. A participação do segurado especial em sociedade empresária, em sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microempresa nos termos da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria previdenciária, desde que, mantido o exercício da sua atividade rural na forma do inciso VII do caput e do § 1o, a pessoa jurídica componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se no mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas atividades § 13. (VETADO). Art. 12. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência social.

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§ 1o Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. § 2o Caso o servidor ou o militar, amparados por regime próprio de previdência social, sejam requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita a filiação, nessa condição, permanecerão vinculados ao regime de origem, obedecidas as regras que cada ente estabeleça acerca de sua contribuição.

Em suma os segurados obrigatórios acima mencionados dividem-se em

empregados, trabalhadores avulsos, empregados domésticos, contribuintes

individuais e segurados especiais.

Os segurados facultativos são aqueles que apesar de não integrarem o

mercado de trabalho desejam se filiar ao sistema previdenciários e gozarem dos

benefícios previstos em lei, em caso da ocorrência de algum risco social.

Não é qualquer pessoa que pode se filiar como segurado facultativo, o artigo

13 da Lei 8213/91 afirma que é segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos

que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde

que não incluído nas disposições do art. 1, e também o artigo 201, parágrafo 5º

proíbe a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado

facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.

Os dependentes, são pessoas naturais que possuem algum vínculo de

parentesco ou afetivo com o segurado e estão previstos no artigo 16 da Lei 8213/91:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; II - os pais; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; IV - (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. § 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. § 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal. § 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.

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Em que pese o menor sob guarda não constar do rol do artigo acima

mencionado como dependente do segurado, o STJ em julgamento realizado em

07.12.2016, entendeu com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, que este

é equiparado a filho:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. MENOR SOB GUARDA. ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS. ART. 16 DA LEI N. 8.213/90. MODIFICAÇÃO PELA MP N. 1.523/96, CONVERTIDA NA LEI N. 9.528/97. CONFRONTO COM O ART. 33, § 3º, DO ECA. ART. 227 DA CONSTITUIÇÃO. INTERPRETAÇÃO CONFORME. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL E PREFERENCIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 1. Ao menor sob guarda deve ser assegurado o direito ao benefício da pensão por morte mesmo se o falecimento se deu após a modificação legislativa promovida pela Lei n. 9.528/97 na Lei n. 8.213/90. 2. O art. 33, § 3º da Lei n. 8.069/90 deve prevalecer sobre a modificação legislativa promovida na lei geral da previdência social porquanto, nos termos do art. 227 da Constituição, é norma fundamental o princípio da proteção integral e preferência da criança e do adolescente. 3. Embargos de divergência acolhidos. (EREsp 1141788/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/12/2016, DJe 16/12/2016) (grifou-se).

Desta forma, o rol de dependentes é composto pelos mencionados no artigo

16 da lei 8213/9, mais o menor sob guarda, ainda, é importante salientar que existe

uma gradação na eleição dos dependentes, os previstos no inciso I, mais o menor

sob guarda, estão em primeira gradação, em segunda estão os dependentes do

inciso II e em terceiro os elegíveis do inciso III. A existência de um dependente de

um grau anterior exclui o direito dos dependentes de graus posteriores.

3.4.2 Filiação e Inscrição

Vianna (2012, p. 445) muito bem define os institutos, utiliza-se de seus

conhecimentos para a conceituação:

Filiação não se confunde com a inscrição. Segundo o artigo 20 do Decreto nº 3.048/99, filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações, ou seja, é a relação jurídica existente entre os segurados e a previdência social [...] Inscrição é o ato material de registro nos cadastros da previdência social. Pode ser concomitante à filiação ou posterior, mas, logicamente, nunca anterior.

No caso dos dependentes somente ocorre a inscrição, pois são vinculados a

um segurado, podem ser filiados, mas neste caso também devem ostentar a

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condição de segurado, pois não existe filiação de dependente, além disso, o artigo

22 do Decreto 3048/99 dispõe sobre o momento da inscrição do dependente

afirmando que ocorre quando do requerimento do benefício a que tiver direito.

3.4.3 Benefícios e serviços em espécie

Como já dito, os benefícios previdenciários e serviços previstos no RGPS, são

destinados à cobertura dos riscos sociais já mencionados no corpo deste trabalho,

quais sejam, o desemprego, a velhice, a morte, a prisão, a infância, a doença a

maternidade e a invalidez.

O artigo 18 da Lei 8213/91 traz o rol de prestações do Regime Geral da

Previdência Social:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: I - quanto ao segurado: a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuição; d) aposentadoria especial; e) auxílio-doença; f) salário-família; g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente; i) [...] II - quanto ao dependente: a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão; III - quanto ao segurado e dependente: a) [...] b) serviço social; c) reabilitação profissional.

Desta forma destinam-se aos segurados os benefícios de aposentadoria por

invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição,

aposentadoria especial, auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade e

auxílio-acidente, e serviços de serviço social e reabilitação profissional.

Aos dependentes destinam-se os benefícios de pensão por morte e auxilio-

reclusão, e serviços de reabilitação profissional e serviço social.

Tendo em conta do objeto deste trabalho passa-se ao estudo do auxílio-

reclusão, benefício previdenciário que cobre o risco social da prisão e é destinado

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aos dependentes do segurado de baixa renda recluso em regime fechado ou

semiaberto.

4. AUXILIO RECLUSÃO

4.1 CONCEITO

O auxilio reclusão é um benefício previdenciário temporário, destinado aos

dependentes do segurado de baixa renda preso em regime fechado ou semiaberto,

que temporariamente não tem possibilidades de prover o sustento de seus

dependentes.

Bochenek (2015, p. 294) define o auxílio reclusão como:

[...] Trata-se de uma prestação previdenciária substitutiva destinada a amparar os dependentes do segurado detido ou recluso, com o intuito de assegurar aos dependentes um valor financeiro para minimizar as dificuldades decorrentes da privação da liberdade do seu provedor.

Vianna (2012, p. 553) por sua vez, afirma que:

Auxilio-reclusão é um benefício devido não ao segurado, mas a seus dependentes, enquanto aquele estiver recolhido à prisão e não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

A lei 8213/91, também traz um conceito legal ao benefício:

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

Dos conceitos acima apontados percebe-se que o auxílio-reclusão visa sanar

ou reduzir o risco social da perda de rendimentos e sustento com a prisão do

provedor ou de um dos provedores da família de baixa renda.

De acordo com Vianna (2012, p. 555):

O legislador constituinte originário houve por bem apontar a prisão do segurado como risco social a ser coberto pelo regime previdenciário. Note-se que a prisão decorre de ato do próprio segurado, o que pode levar à

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críticas, mas a verdade é que o benefício é dirigido aos dependentes do segurado, como já foi dito, e não a este. Assim, a prisão do segurado de baixa renda provoca uma necessidade social exatamente a falta de condições de subsistência dos dependentes por incapacidade laboral do recluso, o que será coberto por este benefício previdenciário.

O auxílio-reclusão encontra-se previsto no artigo 201, inciso IV, da

Constituição Federal. Esta prestação previdenciária está umbilicalmente ligada com

o princípio basilar da Dignidade da Pessoa Humana, segundo Ferreira (2007, p.

243): “o auxílio-reclusão é necessário para que os dependentes não fiquem

desamparados em situação de miserabilidade, fato que fere todos os princípios

ligados à dignidade da pessoa humana”.

4.2 BREVE HISTÓRICO

O auxílio-reclusão não é um benefício que surgiu há pouco tempo no

ordenamento jurídico brasileiro, apareceu, pela primeira vez, no ordenamento

previdenciário brasileiro, no artigo 63 do Decreto número 22.872, de 29 de junho de

1933, que estabeleceu o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos:

Art. 63. O associado que, não tendo família, houver sido demitido do serviço da empresa, por falta grave, ou condenado por sentença definitiva, de que resulte perda do emprego, e preencher todas as condições exigidas neste decreto para aposentadoria, poderá requerê-la, mas está só lhe será concedida com metade das vantagens pecuniárias a que teria direito si não houvesse incorrido em penalidade. Parágrafo único. Caso e associado esteja cumprindo pena de prisão e tiver família sob sua exclusiva dependência econômica, a importância da aposentadoria a que se refere este artigo será paga ao representante legal da sua família, enquanto perdurar a situação de encarcerado.

Em 1934 o Decreto 54, de 12 de setembro de 1934, que regulava o Instituto

de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, houve pela segunda vez a previsão

deste benefício ao associado que se encontrasse preso, eis o teor do artigo 67:

Art. 67. Caso o associado esteja preso, por motivo de processo ou em cumprimento de pena, e tenha beneficiários sob sua exclusiva dependência econômica, achando-se seus vencimentos suspensos, será concedida aos seus beneficiários, enquanto perdurar essa situação, pensão correspondente à metade da aposentadoria por invalidez a que teria direito, na ocasião da prisão.

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Em 1960, através da Lei 3.807/60 de 26 de junho de 1960 (Lei Orgânica de

Previdência Social), o termo “Auxílio-Reclusão” foi utilizado pela primeira vez, até

então, o termo utilizado como uma “pensão” ao preso, e, passou a ser direito de

todos os segurados da Previdência Social, veja-se a disposição do artigo 43:

Art. 43. Aos beneficiários do segurado, detento ou recluso, que não perceba qualquer espécie de remuneração da emprêsa, e que houver realizado no mínimo 12 (doze) contribuições mensais, a previdência social prestará auxílio-reclusão na forma dos arts. 37, 38, 39 e 40, desta lei. § 1º O processo de auxílio-reclusão será instruído com certidão do despacho da prisão preventiva ou sentença condenatória. § 2º O pagamento da pensão será mantido enquanto durar a reclusão ou detenção do segurado o que será comprovado por meio de atestados trimestrais firmados por autoridade competente.(Grifou-se)

A promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

trouxe a primeira previsão constitucional risco social do benefício, no seu art. 201,

para os segurados do Regime Geral de Previdência Social. A Emenda

Constitucional n.º 20/98, reduziu a abrangência do benefício apenas para os

dependentes dos segurados de baixa renda.

A regulamentação do benefício de auxilio reclusão está no artigo 80 da Lei

8.213 de 24 de julho de 1991 e nos dispositivos que tratam da pensão por morte, eis

que o artigo legal expressamente remete as disposições lá constantes, artigo 2º da

Lei 10.666 de 08 de maio de 2003, e artigos 116 a 119 do Decreto 3.048 de 06 de

maio de 1999.

4.3 REQUISITOS PARA O RECEBIMENTO

 

A previsão legal do auxílio reclusão é o artigo 80 da Lei 8213/91:

Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço. Parágrafo único. O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído com certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário.

Da leitura atenta ao dispositivo legal, percebe-se que para a concessão do

auxílio-reclusão é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: efetivo

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recolhimento à prisão do segurado, condição de dependente de quem objetiva o

benefício, demonstração da qualidade de segurado do preso e que o instituidor

possui condição de segurado com baixa renda.

4.3.1 Do efetivo recolhimento a prisão do segurado

Tourinho (2007, p. 391), conceitua a prisão como:

[...] a supressão da liberdade individual, mediante clausura. É a privação da liberdade individual de ir e vir; e, tendo em vista a denominada prisão albergue, podemos definir a prisão como a privação, mais ou menos intensa, da liberdade ambulatória.

Quanto ao efetivo recolhimento à prisão deve ser demonstrado ao INSS por

meio de certidão do órgão prisional no qual o segurado se encontra recolhido.

A prisão que dá direito ao benefício deve ser no regime fechado ou

semiaberto, durante o período de reclusão ou detenção, ainda que não prolatada a

sentença condenatória, esta é a disposição do artigo. 116, § 5º do Decreto nº 3.048,

de 06 de maio de 1999:

Art. 116 […] §5º. O auxílio-reclusão é devido, apenas, durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto.

O fato da prisão ser domiciliar não impede a concessão do benefício se desta

imposição o segurado estiver impedido de trabalhar para buscar o sustento da

família, conforme o seguinte julgado da Primeira Turma do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC/2015. NÃO OCORRÊNCIA. AUXÍLIO-RECLUSÃO. PRISÃO DOMICILIAR.RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 85/2016.DIREITO. 1. Não há falar em anulação do julgado por negativa de prestação jurisdicional quando o acórdão adota fundamentação suficiente, ainda que diversa da pretendida pelo recorrente. 2. Nos termos dos arts. 80 da Lei n. 8.213/1991, 116, § 5º, e 119 do Decreto n. 3.048/1999, o auxílio-reclusão será devido durante o período em que o apenado estiver recluso, seja em regime fechado ou semiaberto. 3. Hipótese em que a pretensão recursal da autarquia está em dissonância com sua própria orientação interna, porquanto desde 19/02/2016, por meio da Instrução Normativa n. 85 PRES/INSS, reconhece que o cumprimento de pena em prisão domiciliar não impede a percepção do benefício, se o regime previsto for o fechado ou semiaberto, caso dos autos. 4. Recurso especial desprovido. (REsp 1672295/RS, Rel. Ministro GURGEL

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DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 26/10/2017) (grifou-se)

A disposição regulamentar se justifica, eis que o auxílio reclusão visa

substituir temporariamente o salário que deixará de ser pago ao recluso e que é

necessário para o sustento dos seus dependentes, o regime prisional deve ser

aquele que impede o segurado recluso de laborar e auferir rendimentos para o

sustento, no regime aberto tal fato não ocorre conforme disposto no artigo 36 do

Código Penal:

Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo não pagar a multa cumulativamente aplicada. (Grifou-se)

Assim, o benefício do auxílio-reclusão é devido nos casos de prisão definitiva,

prisão cautelar, na prisão temporária, na prisão em flagrante e na prisão preventiva,

uma vez que o segurado se encontra impedido de exercer qualquer trabalho para o

sustento de seus dependentes (AMADO, 2017).

O Instituto Nacional do Seguro Social entende pela possibilidade de

concessão do benefício, também na hipótese de aplicação de medida

socioeducativa de internação de adolescentes prevista no artigo 112, inciso VI, da

Lei n.º 8069/90, de 13 de julho de 1990, tal entendimento está expresso no artigo

381 da Instrução Normativa no 77 de 2015:

Art. 381. O auxílio-reclusão será devido nas mesmas condições da pensão por morte aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, observado o disposto no art. 385. [...] § 2º Equipara-se à condição de recolhido à prisão, a situação do maior de dezesseis e menor de dezoito anos de idade que se encontre internado em estabelecimento educacional ou congênere, sob custódia do Juizado da Infância e da Juventude, observado o disposto no § 1º do art. 7º.

O auxílio-reclusão não será devido nos casos de prisão civil decorrente de

prestação de alimentos, pois se trata de um meio de coerção para o pagamento dos

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alimentos, não tendo o cunho de punição, embora não exista previsão legal vedando

tal hipótese de pagamento (AMADO, 2017).

Como visto acima, exige-se a efetiva prisão do segurado que deixe de auferir

recursos para prover o sustento de seus dependentes, se o segurado continuar

recebendo valores de seu empregador, não há direito ao benefício.

É importante se ter em vista que conforme o artigo 2º da Lei 10.666/2003, o

exercício de atividade remunerada do segurado recluso em cumprimento de pena

em regime fechado ou semiaberto que contribuir na condição de contribuinte

individual ou facultativo não acarreta a perda do direito ao recebimento do auxílio-

reclusão para seus dependentes, além disso, o segurado recluso não terá direito aos

benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria durante a percepção, pelos

dependentes, do auxílio-reclusão, ainda que, nessa condição, contribua como

contribuinte individual ou facultativo, permitida a opção, desde que manifestada,

também, pelos dependentes, ao benefício mais vantajoso.

4.3.2 Condição de dependente de quem objetiva o benefício

Tendo em conta que o auxílio reclusão é destinado aos dependentes do

segurado de baixa renda, esta condição deve ser comprovada, por documento

idôneo.

O rol de dependentes é composto pelos mencionados no artigo 16 da lei

8213/91, mais o menor sob guarda, conforme entendimento do STJ, ainda, é

importante salientar que existe uma gradação na eleição dos dependentes, os

previstos no inciso I, mais o menor sob guarda, estão em primeira gradação, em

segunda estão os dependentes do inciso II e em terceiro os elegíveis do inciso III. A

existência de um dependente de um grau anterior exclui o direito dos dependentes

de graus posteriores.

Em relação aos dependentes, cônjuge, companheira, companheiro, o filho

não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido

ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, e o menor sob

guarda, a dependência é presumida, em relação aos outros dependentes previstos

na lei, esta deve ser comprovada.

Em relação a cônjuge é importante se salientar que a separação, seja ela de

fato ou de direito faz com que a presunção de dependência seja superada, devendo

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esta comprová-la, nesse sentido os seguintes julgados do Tribunal Regional Federal

da 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-ESPOSA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. 1. A concessão do benefício de pensão por morte depende da ocorrência do evento morte, da demonstração da qualidade de segurado do de cujus e da condição de dependente de quem objetiva o benefício, como na espécie. 2. Comprovada a dependência econômica entre a ex-esposa e o falecido, inclusive com fixação de pensão alimentícia quando da separação, é de ser deferido o benefício de pensão por morte. (TRF4, APELREEX 0005767-21.2015.404.9999, QUINTA TURMA, Relatora TAÍS SCHILLING FERRAZ, D.E. 19/06/2017) (grifou-se) PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-ESPOSA SEPARADA DE FATO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA. BENEFÍCIO INDEVIDO. 1. Para a obtenção do benefício de pensão por morte, deve a parte interessada preencher os requisitos estabelecidos na legislação previdenciária vigente à data do óbito, consoante iterativa jurisprudência dos Tribunais Superiores e desta Corte. 2. A lei estabelece presunção de dependência econômica ao cônjuge separado que recebia pensão alimentícia. Não sendo esse o caso, a dependência financeira precisa ser comprovada. 3. Não demonstrada a efetiva dependência econômica em relação ao ex-cônjuge falecido, indevido o pagamento de benefício de pensão por morte. (TRF4, AC 5025528-50.2015.404.9999, SEXTA TURMA, Relator (AUXILIO JOÃO BATISTA) BIANCA GEORGIA CRUZ ARENHAR, juntado aos autos em 08/06/2017) (grifou-se)

Ainda, é importante se salientar que o momento da verificação das condições

de dependência é o evento gerador do benefício, no caso, a prisão do segurado.

O artigo 17 do Decreto 3048/99, traz em seu artigo 17, as hipóteses da perda

da condição de dependente:

Art. 17. A perda da qualidade de dependente ocorre: I - para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada em julgado; II - para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos; III - para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade, salvo se inválidos, desde que a invalidez tenha ocorrido antes: a) de completarem vinte e um anos de idade; b) do casamento; c) do início do exercício de emprego público efetivo; d) da constituição de estabelecimento civil ou comercial ou da existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria; ou e) da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; e

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IV - para os dependentes em geral: a) pela cessação da invalidez; ou b) pelo falecimento.

Assim, é imperioso se esclarecer que perdendo a condição de dependente

nos termos da legislação, a parte beneficiada com o auxílio reclusão perde o direito

ao benefício.

4.3.3 Demonstração da qualidade de segurado do preso

Para poder gozar de benefícios previdenciários é necessário se possuir a

condição de segurado, ou seja, contribuir para o sistema, na condição de segurado

obrigatório ou segurado facultativo.

A qualidade de segurado pode ser mantida por um período de tempo mesmo

sem contribuições do segurado, em relação a esta manutenção da qualidade de

segurado o artigo 15 da Lei 8.213/91, o qual dispõe:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.

Desse modo, a leitura sistemática do inciso II com os parágrafos 1º e 2º do

artigo 15 da Lei nº 8.213/91 conduz a conclusão que, o segurado pode, em alguns

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casos ficar até 36 meses sem contribuir para a previdência social e manter a

condição de segurado.

No caso do auxilio reclusão, deve o dependente ao fazer o requerimento do

benefício comprovar que o instituidor tinha condição de segurado ou que se

encontrava em uma das hipóteses do artigo 15 acima citado.

4.3.4 Demonstração da condição de segurado com baixa renda do instituidor

A CRFB/88 ao dedicar um Capítulo especifico à Previdência Social, revelou a

preocupação em se estabelecer um regime de proteção aos segurados e seus

dependentes através da fixação de benefícios atinentes a cada risco social

suscetível de ocorrer.

Nesse sentido, institui expressamente a Constituição Federal, no rol do artigo

201, o auxílio reclusão:

Art.201- A Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá, nos termos da lei, a: (...) IV- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados. (Grifou-se)

Trata-se de norma que visa albergar os familiares daquele segurado cuja

mão-de-obra restou inutilizada em virtude da prática de ato ilícito punido através da

perda da liberdade, decorrente da prisão ou condenação penal, de modo a garantir

aos seus dependentes uma fonte de renda substitutiva da remuneração do segurado

que se encontre encarcerado no sistema prisional.

Revela-se, assim, medida protetiva que vai ao encontro dos valores fundantes

de Estado Democrático de Direito, na medida em que assegura indiscriminadamente

a dignidade e a subsistência dos integrantes do grupo familiar de qualquer segurado

condenado, haja vista que quaisquer pessoas estão suscetíveis à prática de delitos.

A Emenda Constitucional 20/98 alterou a redação originária do art. 201 da

CRFB/88, condicionando o auxílio-reclusão aos dependentes dos segurados de

baixa renda, cujo conceito provisório restou definido no artigo 13 pelo Constituinte

Reformador:

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Art. 13- Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$360,00 (trezentos e sessenta reais) que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral da Previdência Social.

O valor previsto acima, vem sendo revisto anualmente pelo Ministério

Fazenda, sendo que o valor estipulado atualmente para ser considerado segurado

de baixa renda é de R$ 1.292,43 (um mil duzentos e noventa e dois reais e quarenta

e três centavos), nos termos da Portaria MF nº. 8 de 13 de janeiro de 2017:

Art. 5º O auxílio-reclusão, a partir de 1º de janeiro de 2017, será devido aos dependentes do segurado cujo salário de contribuição seja igual ou inferior a R$ 1.292,43 (um mil duzentos e noventa e dois reais e quarenta e três centavos), independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas. § 1º Se o segurado, embora mantendo essa qualidade, não estiver em atividade no mês da reclusão, ou nos meses anteriores, será considerado como remuneração o seu último salário de contribuição. § 2º Para fins do disposto no § 1º, o limite máximo do valor da remuneração para verificação do direito ao benefício será o vigente no mês a que corresponder o salário de contribuição considerado.

O auxílio-reclusão não é um benefício assistencial e sim um dever do Estado

para com o trabalhador que contribuiu. O legislador, na tarefa restritiva dos direitos

fundamentais, deveria levar em conta que o auxílio-reclusão, na forma originária, era

direito fundamental já incorporado ao patrimônio jurídico da pessoa.

Em que pese, grandes questionamentos quanto a alteração promovida pela

EC 20/98, o fato é que o Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do

Recurso Extraordinário nº 587365 SC em sede de repercussão geral entendeu ser

constitucional a alteração, e que, a renda a ser considerada é a do segurado e não

de seus dependentes:

“PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO DOS CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA RENDA DO SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I - Segundo decorre do art. 201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso é que a deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício e não a de seus dependentes. II - Tal compreensão se extrai da redação dada ao referido dispositivo pela EC 20/1998, que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio-reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar a efetiva necessidade dos beneficiários. III - Diante disso, o art. 116 do

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Decreto 3.048/1999 não padece do vício da inconstitucionalidade. IV - Recurso extraordinário conhecido e provido”. (STF - RE: 587365 SC , Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 25/03/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO)

Reconhecida como constitucional pelo intérprete máximo da Constituição

Federal a regra deve ser aplicada, porém nem todas as arestas foram aparadas com

o entendimento do Supremo.

O STJ vem franqueando a possibilidade de flexibilização do patamar máximo

do salário-de-contribuição para aferição do critério "baixa renda":

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO.POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO ECONÔMICO ABSOLUTOPREVISTO NA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PREVALÊNCIA DA FINALIDADE DEPROTEÇÃO SOCIAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. RECURSO ESPECIAL DO INSS AQUE SE NEGA PROVIMENTO.1. O benefício de auxílio-reclusão destina-se diretamente aos dependentes de segurado que contribuía para a Previdência Social no momento de sua reclusão, equiparável à pensão por morte; visa a prover o sustento dos dependentes, protegendo-os nesse estado de necessidade.2. À semelhança do entendimento firmado por esta Corte, no julgamento do Recurso Especial 1.112.557/MG, Representativo da Controvérsia, onde se reconheceu a possibilidade de flexibilização do critério econômico definido legalmente para a concessão do Benefício Assistencial de Prestação Continuada, previsto na LOAS, é possível a concessão do auxílio-reclusão quando o caso concreto revela a necessidade de proteção social, permitindo ao Julgador a flexibilização do critério econômico para deferimento do benefício, ainda que o salário de contribuição do segurado supere o valor legalmente fixado como critério de baixa renda.3. No caso dos autos, o limite de renda fixado pela Portaria Interministerial, vigente no momento de reclusão da segurada, para definir o Segurado de baixa-renda era de R$ 710,08, ao passo que, de acordo com os registros do CNIS, a renda mensal da segurada era de R$ 720,90, superior aquele limite 4. Nestas condições, é possível a flexibilização da análise do requisito de renda do instituidor do benefício, devendo ser mantida a procedência do pedido, reconhecida nas instâncias ordinárias.5. Recurso Especial do INSS a que se nega provimento. (STJ-1a. Turma, REsp 1479564 / SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 18/11/2014). (grifou-se) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO ECONÔMICO ABSOLUTO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PREVALÊNCIA DA FINALIDADE DE PROTEÇÃO SOCIAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. AGRAVO REGIMENTAL DO INSS DESPROVIDO. 1. A afetação de tema pelo Superior Tribunal de Justiça como representativo da controvérsia, nos termos do art. 543-C do CPC, não impõe o sobrestamento dos recursos especiais que tratem de matéria afetada, aplicando-se somente aos tribunais de segunda instância. 2. O benefício de auxílio-reclusão destina-se diretamente aos dependentes de segurado que contribuía para a Previdência Social no momento de sua reclusão, equiparável à pensão por morte; visa a prover o sustento dos dependentes, protegendo-os nesse estado de necessidade. 3. À semelhança do entendimento firmado por esta Corte, no julgamento do Recurso Especial 1.112.557/MG, Representativo da Controvérsia, onde

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se reconheceu a possibilidade de flexibilização do critério econômico definido legalmente para a concessão do Benefício Assistencial de Prestação Continuada, previsto na LOAS, é possível a concessão do auxílio-reclusão quando o caso concreto revela a necessidade de proteção social, permitindo ao Julgador a flexibilização do critério econômico para deferimento do benefício, ainda que o salário de contribuição do segurado supere o valor legalmente fixado como critério de baixa renda. 4. No caso dos autos, o limite de renda fixado pela Portaria Interministerial, vigente no momento de reclusão da segurada, para definir o Segurado de baixa-renda era de R$ 623,44, ao passo que, de acordo com os registros do CNIS, a renda mensal da segurada era de R$ 650,00, superior aquele limite 5. Nestas condições, é possível a flexibilização da análise do requisito de renda do instituidor do benefício, devendo ser mantida a procedência do pedido, reconhecida nas instâncias ordinárias.6. Agravo Regimental do INSS desprovido. (AgRg no REsp 1523797/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 13/10/2015) (grifou-se)

Além disso, o INSS entende que quando o segurado estiver desempregado

no momento da prisão e ainda tiver a condição de segurado, deve ser levado em

consideração a última contribuição vertida ao sistema.

Com a devida vênia ao entendimento do INSS, a interpretação mais

condizente com o disposto na Constituição Federal é que quando o último salário de

contribuição do segurado seja superior ao valor máximo fixado como de baixa renda,

o pedido do benefício deverá ser concedido, tendo em vista que no momento da

prisão o segurado estava em período de graça, pois se encontrava desempregado

sem receber qualquer tipo de renda (AMADO, 2017).

Neste sentido, haure-se da jurisprudência em casos semelhante:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. INEXISTÊNCIA DE RENDA NA DATA DO RECOLHIMENTO À PRISÃO. CONCESSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DIFERIMENTO. 1. A regra que regula a concessão do auxílio-reclusão é a vigente na época do recolhimento do segurado à prisão, que, no caso, era a Lei nº 8.213/91, com a redação dada pela Lei 9.528/97. 2. O Egrégio Supremo Tribunal Federal decidiu que, para fins de concessão de auxílio-reclusão, o valor da renda auferida pelo segurado preso, quando recolhido, é a que deve ser utilizada como parâmetro. 3. Se à época do recolhimento à prisão o segurado estava desempregado, mantendo a condição de segurado perante a Previdência Social, nos termos do artigo 15, inciso II e §2º, da Lei n. 8.213/91, e não possuía renda, aplicável o parágrafo 1º do art. 116 do Decreto n. 3.048/99. 4. Preenchidos os requisitos necessários à concessão do benefício, o auxílio-reclusão deve ser concedido ao filho do apenado desde a DER. 5. Deliberação sobre índices de correção monetária e taxas de juros diferida para a fase de cumprimento de sentença, a iniciar-se com a observância dos critérios da Lei 11.960/2009, de modo a racionalizar o andamento do processo, permitindo-se a expedição de precatório pelo valor incontroverso, enquanto pendente, no Supremo Tribunal Federal, decisão sobre o tema com caráter geral e vinculante. Precedentes do STJ e do TRF da 4ª Região.

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(TRF4, ApelReex. n. 0008916-88.2016.404.9999, Rela. Desa. Taís Schilling Ferraz, do Rio Grande do Sul, j. em 26.07.2017). (grifou-se).

E ainda, colhe-se do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO DESEMPREGADO OU SEM RENDA. CRITÉRIO ECONÔMICO. MOMENTO DA RECLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que os requisitos para a concessão do auxílio-reclusão devem ser verificados no momento do recolhimento à prisão, em observância ao princípio tempus regit actum. Precedentes. 2. Na hipótese em exame, segundo a premissa fática estabelecida pela Corte Federal, o segurado, no momento de sua prisão, encontrava-se desempregado e sem renda, fazendo, portanto, jus ao benefício (REsp n. 1.480.461/SP, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 10/10/2014). 3. Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no REsp 1232467/SC, Rel. Min. Jorge Mussi, j. em 13.10.2015). (grifou-se).

4.4 O AUXILIO RECLUSÃO EXIGE CARÊNCIA?

O artigo 24 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, conceitua período de

carência como o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que

o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro

dia dos meses de suas competências.

O artigo 26 também da Lei 8213/91, por sua vez, afirma que independe de

carência a concessão de algumas prestações, entre elas o auxílio-reclusão.

Desta forma, para a concessão do auxílio reclusão não é necessária uma

quantidade mínima de contribuições ao sistema previdenciário, mas sim, que o

segurado instituidor possua a condição de segurado. A quantidade de contribuições

influenciará somente na duração do benefício conforme se observará no tópico

abaixo.

4.5 INÍCIO, SUSPENSÃO E CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO

Tendo em conta que por disposição legal do artigo 80 da lei 8213/91, aplica-

se ao auxilio-reclusão as disposições da pensão por morte, o termo inicial do

benefício é a data da prisão, ou ainda, a data da entrada do requerimento

administrativo se for realizado noventa dias após a prisão do segurado, em

consonância com o artigo 74 da lei 8213/91.

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Importante mencionar o entendimento do STJ que em casos de dependentes

menores, om termo inicial do benefício é a data do fato gerador, a prisão, eis que

contra menores não ocorre prescrição:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 1.022 DO CPCP/2015 NÃO CONFIGURADA. PENSÃO POR MORTE DEVIDA A MENOR. PARCELAS PRETÉRITAS RETROATIVAS À DATA DO ÓBITO. REQUERIMENTO APÓS TRINTA DIAS CONTADOS DO FATO GERADOR DO BENEFÍCIO. ARTS. 74 E 76 DA LEI 8.213/1991. 1. [...]. Ocorre que, consoante entendimento predominante, o prazo previsto no supramencionado inciso II do artigo 74 da Lei nº 8.213/91 é prescricional e, portanto, não corre contra os absolutamente incapazes, a teor do artigo 198, inciso I, do Código Civil e artigos 79 e 103, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, como é o caso dos autos, já que o autor, nascido em 29/12/2004 (evento 1, CERTNASC4), é menor impúbere (...) Dessa forma, o benefício terá como termo inicial a data de nascimento do autor". 3. Verifica-se que o entendimento exarado no acórdão recorrido diverge da orientação do STJ, segundo a qual, para fins de concessão de benefício previdenciário, contra o menor não corre a prescrição, por isso que o termo a quo das prestações deve, nesses casos, coincidir com a data da morte do segurado e não do nascimento do beneficiário. 4. Recurso Especial parcialmente provido. (REsp 1660764/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 02/05/2017). Grifou-se

Como já explanado no corpo deste trabalho o auxílio reclusão é um benefício

temporário pago aos dependentes do segurado de baixa renda recluso em regime

fechado ou semiaberto, ou seja, o segurado que está impedido de auferir

rendimentos para o sustento de sua família, em regra o benefício persiste enquanto

a situação da prisão também está presente.

Ocorre que o Decreto 3048/99 que regulamenta o benefício de auxilio

reclusão nos artigos 116 a 119 prevê hipóteses de suspensão e cessação do

benefício.

Eis a disposição dos artigos 117 a 119 do Decreto 3048/99:

Art. 117. O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso. § 1º O beneficiário deverá apresentar trimestralmente atestado de que o segurado continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competente. § 2º No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado. § 3º Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga, o mesmo será considerado para a verificação da perda ou não da qualidade de segurado. Art. 118. Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago será automaticamente convertido em pensão por morte.

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Parágrafo único. Não havendo concessão de auxílio-reclusão, em razão de salário-de-contribuição superior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), será devida pensão por morte aos dependentes se o óbito do segurado tiver ocorrido dentro do prazo previsto no inciso IV do art. 13. Art. 119. É vedada a concessão do auxílio-reclusão após a soltura do segurado.

Conforme disposição legal acima indicada, as hipóteses de suspensão do

benefício são: a fuga do segurado, o recebimento de auxílio-doença durante o

período de clausura, neste caso os dependentes podem optar pelo recebimento do

auxilio reclusão e o segurado ficará sem o auxílio doença conforme disposição do

artigo 2º da Lei 10.666/2003, a falta de apresentação, de três em três meses, do

atestado de prisão assinado por autoridade judiciária competente, o livramento

condicional e o cumprimento de pena privativa de liberdade em regime aberto ou

prisão albergue.

Acaso ocorra a suspensão do benefício, o auxílio-reclusão ficará suspenso

até que se verifiquem cessados referidos motivos, onde poderá ser restabelecido

mencionado benefício, no caso de fuga do preso, a volta do pagamento dos

benefícios aos dependentes dependerá de manutenção da condição de segurado do

instituidor.

Ainda quanto a fuga do preso ser um dos motivos para a suspensão do

benefício, Coimbra (1997, p. 133) faz críticas:

Não vemos justiça na disposição legal, parecendo-nos, ao revés, que se conflitam as duas disposições. Se a prestação é, induvidosamente, estabelecida Intuitu familiaeI, e se tem como elemento material da hipótese de incidência legal a ordem judicial de detenção ou de reclusão, o fato de ter-se evadido o segurado, de estar foragido, em nada altera os termos da questão, nem melhora a situação de seus dependentes, os titulares da prestação de que se cuida.

De toda forma, a disposição legal se justifica eis que o risco social coberto é a

prisão do segurado, e, o auxílio-reclusão será suspenso para evitar que os

dependentes continuem a receber o benefício por período indefinido.

As hipóteses de cessação do auxílio-reclusão são: a extinção da cota

individual final, pelo falecimento, a emancipação ou maioridade de seus

dependentes, salvo quando inválidos, onde estará extinto o benefício quando deixar

de existir a invalidez, a concessão de aposentadoria estando o segurado ainda

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enclausurado, a soltura do segurado, por último, o falecimento do segurado quando

será o benefício automaticamente convertido em pensão por morte.

Percebe-se das causas de cessação que estas se são pelo motivo de deixar

de existir o risco social.

Também convém lembrar que com a recente alteração promovida na lei

8213/91 pela Lei 13135/2015, a quantidade de contribuições e a idade do

dependente, passou a interferir na quantidade de parcelas a serem pagas a

esposa/o ou companheira/o do segurado, veja-se a disposição do artigo 77, inciso V

da lei 8213/91:

Art. 77. [...] § 2o O direito à percepção de cada cota individual cessará: [...] V - para cônjuge ou companheiro: a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”; b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

Percebe-se do disposto acima, que mesmo que permaneça o risco social a

depender da quantidade de contribuições vertidas pelo segurado e a idade da/o

esposa/o companheira/o, o benefício será temporário.

4.6 RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

O valor da renda mensal do auxílio reclusão será de cem por cento do valor

da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse

aposentado por invalidez na data de sua prisão, ou seja, a média aritmética simples

dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o

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período contributivo, também, não será inferior ao de um salário mínimo, nem

superior ao limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do benefício.

4.7 O AUXÍLIO-RECLUSÃO UM BENEFÍCIO MAL VISTO

Entre os benefícios previstos na Previdência Social, o benefício de Auxilio

Reclusão é o mais criticado por parte da população brasileira.

Inclusive na doutrina, estas críticas encontram eco, como é o caso de Martins

(2006, p. 387):

“Eis um benefício que deveria ser extinto, pois não é possível que a pessoa fique presa e ainda a sociedade como um todo tenha de pagar um benefício à família do preso, como se este tivesse falecido. De certa forma, o preso é que deveria pagar por se encontrar nesta condição, principalmente por roubo, furto, tráfico, homicídio, etc”.

Como se verifica do posicionamento acima, parte-se de um pressuposto que

o auxílio-reclusão consiste num verdadeiro prêmio ao criminoso que terá a família

amparada em sua subsistência pela Previdência Social, o que se torna um estímulo

à prática de crimes.

Tal posicionamento doutrinário encontra ecos inclusive no parlamento

nacional, cita-se como exemplos as propostas de emenda à constituição número,

368/2013, 124/2015, 37/2015, 334/2017 e 267/2016, todas apensadas a PEC

304/2013 da Câmara dos Deputados, tais propostas visam retirar o auxílio-reclusão

do rol constante do artigo 201, e criar uma espécie de benefícios às vítimas dos

delitos.

Ocorre que a inverídica ideia do doutrinador trabalhista acima mencionado,

dos parlamentares, e de grande parte da população está fundada no

desconhecimento do verdadeiro papel do auxílio reclusão.

A finalidade do auxílio reclusão, como já se demonstrou neste trabalho, não é

premiar o cidadão recluso que cometeu um ato ilícito, mas sim proporcionar a seus

dependentes um mínimo de dignidade, já que sua família se vê privada do sustento

enquanto o segurado está no cárcere.

A verdadeira finalidade do benefício de Auxilio Reclusão restou clara nas

palavras do ministro Napoleão Nunes Maia Filho do STJ em seu voto proferido no

REsp n. 1479564/SP:

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“[...] Este benefício é mal compreendido pela sociedade. Não se trata de assistência social ao preso. O benefício destina-se aos dependentes do segurado que contribuía para a Previdência Social no momento de sua reclusão”[...]. Teor do Voto do REsp 1479564/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/11/2014, DJe 18/11/2014. (grifou-se).

Da mesma forma, também é incorreta a visão do senso comum quem arca

com os custos do auxílio-reclusão é a sociedade em geral, pois, não se trata de

benefício assistencial, e sim de um direito de todo o segurado que contribuiu para o

sistema previdenciário.

Em relação a vítima do delito, se esta for segurada da previdência sua família

e ela própria estarão cobertas pelos riscos sociais produzidos pelo delito, com a

devida vênia querer prever um benefício destes é demonstrar total desconhecimento

pelo sistema de previdência nacional e seus princípios formadores.

O auxilio reclusão objetiva cobrir o risco social da perda da fonte de renda

familiar em razão do encarceramento do segurado, e tem como destinatários os

dependentes do recluso, nem perto, qualifica-se como um prêmio ao recluso.

4.8 O AUXÍLIO-RECLUSÃO E SUA LEGITIMAÇÃO CONSTITUCIONAL

Com previsão expressa no artigo 201 da Constituição Federal, o auxílio

reclusão é um benefício temporário pago aos dependentes do segurado de baixa

renda recluso em regime fechado ou semiaberto, ou seja, o segurado que está

impedido de auferir rendimentos para o sustento de sua família.

Em que pese seja criticado por parte da doutrina e da população como visto

no tópico anterior, o auxílio reclusão está fincado em bases constitucionais e

princípios de igual envergadura.

A Constituição Federal de 1988 traz como fundamentos da República

Federativa do Brasil e consequentemente, do Estado Democrático de Direito, a

dignidade da pessoa humana.

É o que dispõe o art. 1º, III da Constituição Federal:

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa humana.

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Sarlet (2006, p.62) procurou conceituar a dignidade da pessoa humana:

Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.

No que tange ao auxílio-reclusão, o princípio da dignidade humana visa

assegurar a família e aos dependentes do segurado preso condições de

subsistência fundamental a uma digna e saudável uma vez que o provedor da

família se encontra impossibilitado de fazê-lo.

Da mesma forma, a família tem proteção prevista no art. 226, da Constituição

Federal de 1988. Conforme Daniel Cogoy (Cogoy, 2017), por este princípio

compreende-se que:

Na seara previdenciária, a família é protegida por meio dos benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão. Em ambos o risco social atendido é a perda da fonte de subsistência do núcleo familiar, na primeira hipótese em razão do óbito do segurado, na segunda, por ocasião de sua detenção prisional. Sendo assim, o auxílio-reclusão é prestação pecuniária, de caráter substitutivo, destinado a suprir, ou pelo menos minimizar, a falta do provedor as necessidades econômicas dos dependentes.

O auxílio-reclusão se destina a minimizar a falta do provedor a fim de suprir

as necessidades financeiras de seus dependentes, proporcionando condições

dignas de subsistência, protegendo a família do segurado de situações de

necessidades e de miséria.

Em continuidade dos pilares constitucionais do auxílio reclusão tem-se o

princípio da individualização da pena previsto no art. 5º, inciso XLV da Constituição

Federal de 1998, que assegura que nenhuma pena passará da pessoa do

condenado, logo, o condenado deverá arcar com as consequências do seu delito,

mas essas consequências não se estendem aos seus familiares.

Por este princípio entende-se que a família do preso e que deste dependia

para manter-se, não poderá ser penalizada e vir a sofrer privações para suprir suas

necessidades básicas.

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Da mesma forma, o princípio da erradicação da pobreza está disposto no art.

3º, inciso III da Constituição Federal de 1988, constituindo-se como um dos objetivos

fundamentais da República Federativa do Brasil.

Assim, cabe ao Estado e a sociedade a proteção da família que se encontra

desamparada financeiramente, tendo em vista que o seu provedor se encontra

impossibilitado em decorrência de sua prisão, o que justifica a concessão do referido

benefício, a fim de evitar que a família do preso venha a passar por situações de

miséria.

Por fim, e não menos importante, o princípio da legalidade encontra previsão

no art. 5º, inciso II da Constituição Federal de 1988 e trata da subordinação de

pessoas, órgãos ou entidades às leis, assegurando, por exemplo, a concessão do

benefício do auxílio-reclusão, aos que preencherem os requisitos dispostos na lei

específica, não se constituindo numa mera discricionariedade, pois sua concessão

está vinculada à lei.

O benefício do auxílio-reclusão é concedido apenas aos que preencherem os

requisitos dispostos na Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, quais sejam: ser

dependente do segurado de baixa renda recolhido à prisão, que não esteja

recebendo remuneração da empresa nem esteja em gozo de auxílio-doença, abono

de permanência em serviço ou aposentadoria.

Percebe-se claramente que o auxílio reclusão objetiva cobrir o risco social da

perda da fonte de renda familiar em razão do encarceramento do segurado, e tem

como destinatários os dependentes do recluso, nem perto, qualifica-se como um

prêmio ao recluso, além disso, encontra enorme fundamento constitucional sendo

falaciosas e longe da realidade as críticas feitas ao benefício em tela.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo da presente monografia foi estudar o incompreendido e criticado

benefício previdenciário do auxilio reclusão, bem como, desfazer a ideia geral da

população sobre as diretrizes da prestação previdenciária em tela e quebrar um

pouco o preconceito que cerca a matéria.

Visando situar o benefício em seu ramo do direito, conceituou-se a

Seguridade Social um direito constitucional fundamental social, expresso no artigo

194 da Constituição Federal de 1988, e que se trata de um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os

direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Após conceituou-se os elementos da Seguridade Social que são

respectivamente a Saúde, a Assistência social e a Previdência Social, apresentou-se

seus princípios basilares e seus objetivos

Em títulos próprios se trouxe as nuances da Saúde como sendo um direito de

todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e

igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, e a

Assistência Social como sendo um dos elementos da seguridade social e possui

previsão legal no artigo 203 da Constituição Federal de 1988 dispondo que esta será

prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade

social, e tem por objetivos, a proteção à família, à maternidade, à infância, à

adolescência e à velhice, o amparo às crianças e adolescentes carentes, a

promoção da integração ao mercado de trabalho, a habilitação e reabilitação das

pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida

comunitária, a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa

portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à

própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Em capítulo próprio apresentou-se a Previdência Social como um direito

constitucional fundamental social expresso no artigo 6º da CRFB/88, e que é o

elemento da seguridade social que se diferencia da saúde pública e da assistência

social pelo seu caráter contributivo compulsório, uma vez que a cobertura

previdenciária é devida somente aos indivíduos que contribuem para o regime,

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sendo esta condição primordial para a concessão de benefícios e serviços aos seus

segurados e dependentes.

Verificou-se que de acordo com a Constituição Federal a Previdência Social

se destina a cobertura dos riscos sociais incapacidade, idade avançada, tempo de

serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte e que

seus pilares são a contributividade e a obrigatoriedade, pois se assim não fosse, o

sistema estaria fadado ao insucesso, pois muitos optariam em não contribuir.

Concluiu-se com este trabalho que no Brasil existe um Regime Geral de

Previdência Social destinados aos segurados obrigatórios e facultativos que não

participem de um Regime Próprio de Servidores Públicos, e que neste regime estão

previstos beneficiários e prestações, entre elas o Auxilio reclusão.

No terceiro capítulo estudou-se especificamente o auxilio reclusão, percebe-

se que se trata de uma prestação previdenciária que cobre o risco social prisão, que

é destinada aos dependentes do segurado de baixa renda que esteja preso em

regime fechado ou semiaberto, ou seja, que esteja impedido temporariamente de

fornecer o sustento para a família.

Percebeu-se claramente que o auxilio reclusão não é uma “bolsa bandido”, de

caráter assistencial, destinada a família de qualquer preso, bem como, que o valor

do benefício é dividido entre os dependentes habilitáveis, ao contrário, trata-se de

benefício bastante restrito, destinado somente aos dependentes do segurado de

baixa renda, que tenha a condição de segurado, ou seja, que contribuía para a

Previdência social.

Ficou claro deste estudo que o auxilio reclusão ainda sofre muitas críticas de

parte da população, de parlamentares, e até doutrinadores, aduzindo que a

sociedade não deve prover a família do preso, que isto é um benefício injustificável

que até estimula a criminalidade, porém, conclui-se que tal visão é míope e afastada

da realidade eis que, o auxílio reclusão está fincado em bases constitucionais e

princípios de igual envergadura, além disso, conclui-se que o auxílio reclusão

objetiva cobrir o risco social da perda da fonte de renda familiar em razão do

encarceramento do segurado, e tem como destinatários os dependentes do recluso,

nem perto, qualifica-se como um prêmio ao recluso, além disso, encontra enorme

fundamento constitucional sendo falaciosas e longe da realidade as críticas feitas ao

benefício em tela.

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REFERÊNCIAS

ALVES, Hélio Gustavo. Auxílio Reclusão: Direitos dos presos e de seus familiares. São Paulo: LTr, 2007. AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 9ª Edição. Salvador: JusPodivm, 2017. BOCHENEK, Antônio Cesar, Auxílio- Reclusão e Pensão por Morte, in SAVARIS, José Antônio (coord.). Direito Previdenciário: problemas e jurisprudência/coordenação José Antônio Savaris – 2. Ed. – Curitiba: Alteridade Editora, 2015. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> acesso em 19/10/2017. ___________.Emenda constitucional nº 20/98, de 15 e dezembro de 1998. Modifica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, DOU de 16.12.1998. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc20.htm>. Acesso em 25.10.2017. ___________.Decreto 22.872, de 29 de junho de 1933. Crêa o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, regula o seu funcionamento e dá outras providências. Diário Oficial da União - Seção 1 - 26/7/1933, Página 14810 (Retificação). Disponível em , http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-22872-29-junho-1933-503513-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em 10.11.2017. ___________. Decreto 54, de 12 de setembro de 1934. Approva o regulamento do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários. Diário Oficial da União - Seção 1 - 20/19/1934, Página 19298 (Publicação Original). Disponível em < http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-54-12-setembro-1934-498226-publicacaooriginal-1-pe.html> Acesso em 05/11/2017. ___________. Lei 3.807/60 de 26 de junho de 1960. Dispõe sôbre a Lei Orgânica da Previdência Social. DOU de 5.9.1960. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L3807.htm> Acesso em 05/11/2017. ___________. Lei 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. DOU de 25.7.1991, republicado 11.4.1996 e republicado em 14.8.1998. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em 10/10/2017. __________.  Lei 10.666 de 08 de maio de 2003. Dispõe sobre a concessão da aposentadoria especial ao cooperado de cooperativa de trabalho ou de produção e

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dá outras providências. DOU de 9.5.2003. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.666.htm>. Acesso em 12/10/2017. _________. Lei 8069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.. DOU 16.7.1990 e retificado em 27.9.1990. Disponível em <  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm > Acesso em 05/10/2017. _________. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. DOU de 20.9.1990. Disponível em <  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm> Acesso em 05/10/2017. _________. Lei 8742 de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências.. DOU de 8.12.1998. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742.htm > Acesso em 25/10/2017. _________. Lei 8212 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. DOU de 25.7.1991, republicado em 11.4.1996 e republicado em 14.8.1998. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm > Acesso em 25/10/2017. _________. Lei 13135/2015. Altera as Leis no 8.213, de 24 de julho de 1991, no 10.876, de 2 de junho de 2004, no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e no 10.666, de 8 de maio de 2003, e dá outras providências. DOU de 18.6.2015. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13135.htm > Acesso em 17/10/2017. _________.DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. CÓDIGO PENAL. DOU de 31.12.1940. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm > Acesso em 13/10/2017. _________. Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. DOU de 7.5.1999, republicado em 12.5.1999; retificado em 18.6.1999 e 21.6.1999. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm > Acesso em 02/10/2017. __________. Instituto Nacional do Seguro Social. Instrução Normativa no 77 de 21 de Janeiro 2015. Estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência Social, com observância dos princípios estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de 1988. DOU DE 22/01/2015. Disponível em <  http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/inss-pres/2015/77.htm>. Acesso em 19/10/2017. __________. Ministério da Fazenda . Receita Federal do Brasil. Portaria MF nº. 8 de 13 de janeiro de 2017. Dispõe sobre o reajuste dos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e dos demais valores constantes do

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Regulamento da Previdência Social - RPS. Publicado(a) no DOU de 16/01/2017, seção 1, pág. 12. Disponível em < http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=79662> Acesso em 5/11/2017. __________. Supremo Tribunal Federal. Ementa: Recurso Extraordinário Com Agravo (lei Nº 12.322/2010) – Manutenção de Rede de Assistência À Saúde da Criança e do Adolescente – Dever Estatal Resultante de Norma Constitucional – Configuração, no Caso, de Típica Hipótese de Omissão Inconstitucional Imputável Ao Município – Desrespeito À Constituição Provocado Por Inércia Estatal (rtj 183/818-819) – Comportamento Que Transgrede A Autoridade da Lei Fundamental da República (tri 185/794-796) – A Questão da Reserva do Possível: Reconhecimento de Sua Inaplicabilidade, Sempre Que A Invocação Dessa Cláusula Puder Comprometer O Núcleo Básico Que Qualifica O Mínimo Existencial (rtj 200/191-197) – O Papel do Poder Judiciário na Implementação de Políticas Públicas Instituídas Pela Constituição e Não Efetivadas Pelo Poder Público – A Fórmula da Reserva do Possível na Perspectiva da Teoria dos Custos dos Direitos: Impossibilidade de Sua Invocação Para Legitimar O Injusto Inadimplemento de Deveres Estatais de Prestação Constitucionalmente Impostos Ao Poder PÚ nº ARE 745745 AgR. Agravante: MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. Agravado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Relator: Min. CELSO DE MELLO. Brasília, DF, 18 de dezembro de 2014. Brasília, 19 dez. 2014. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(745745.NUME.+OU+745745.ACMS.)&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/hdwqqur>. Acesso em: 10 out. 2017. __________. Supremo Tribunal Federal. Ementa: Benefício Assistencial de Prestação Continuada Ao Idoso e Ao Deficiente. Art. 203, V, da Constituição. Nº RE 567985, Plenário. Recorrente - INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS. Recorrida: ALZIRA MARIA DE OLIVEIRA SOUZA. Relator: Ministro GILMAR MENDES. Brasília, DF, 18 de abril de 2013. Brasília, 03 out. 2013. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(567985.NUME.+OU+567985.ACMS.)&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/jcw48bl>. Acesso em: 15 out. 2017. __________. Supremo Tribunal Federal. Ementa: Agravo Regimental no Recurso Extraordinário. Direito Constitucional e Previdenciário. Serventuários da Justiça. Vínculo Com Previdência Pública. Cumprimento dos Requisitos Para Aposentadoria Antes da Emenda Constitucional N. 20/1998. Aplicação do Princípio Tempus Regit Actum. Agravo Regimental Ao Qual Se Nega Provimento. Nº RE 871957 AgR, Segunda Turma. AGTE. (S): ESTADO DO PARANÁ. AGDO. (A/S): MATIAS ROBERTO PERIOTO. Relator: Ministra Carmem Lucia. Brasília, DF, 26 de abril de 2016. Brasília, 09 maio 2016. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=871957&classe=RE-AgR&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M>. Acesso em: 17 out. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Ementa: Previdenciário e Processual Civil. Ofensa Ao Art. 1.022 do Cpcp/2015 Não Configurada. Pensão Por Morte

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Devida A Menor. Parcelas Pretéritas Retroativas À Data do Óbito. Requerimento Após Trinta Dias Contados do Fato Gerador do Benefício. Arts. 74 e 76 da Lei 8.213/1991. nº Resp. 1660764 / PR, 6ª Turma. RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. RECORRIDO : KAUAN RIBEIRO DE MORAIS SILVA (MENOR). Relator: RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN. Brasília, DF, 18 de abril de 2017. Dje. Brasília, 02 maio 2017. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201700576063&dt_publicacao=02/05/2017>. Acesso em: 07 nov. 2017. __________. Supremo Tribunal Federal. Ementa: Previdenciário. Constitucional. Recurso Extraordinário. Auxílio reclusão. Art. 201, Iv, da Constituição da República. Limitação do Universo dos Contemplados Pelo Auxílio reclusão. Benefício Restrito Aos Segurados Presos de Baixa Renda. Restrição Introduzida Pela Ec 20/1998. Seletividade Fundada na Renda do Segurado Preso. Recurso Extraordinário Provido. nº RE 587365 / SC, Pleno. RECTE.(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. RECDO.(A/S): PATRICIA DE FATIMA LUIZ DE MIRANDA. Relator: Relator: Ministro RICARDO LEWANDOWSKI. Brasília, DF, 25 de março de 2009. Dje 084. Brasília, 08 maio 2009. v. 2359, p. 1536. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=(587365.NUME.+OU+587365.ACMS.)&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/jrz5lqn>. Acesso em: 10 nov. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental. Recurso Especial. Previdenciário. Auxílio reclusão. Segurado Desempregado Ou Sem Renda. Critério Econômico. Momento da Reclusão. Impossibilidade. Recurso Improvido. nº AgRg no Resp. 1232467 / SC, T5 - Quinta Turma. AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. AGRAVADO : EDUARDO AUGUSTO BALLOTIM E OUTRO. Relator: RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI. Brasília, DF, 10 de fevereiro de 2015. Dje. Brasília, 20 fev. 2015. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201100171801&dt_publicacao=20/02/2015>. Acesso em: 05 nov. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Ementa: Recurso Especial. Direito Previdenciário. Auxílio reclusão. Possibilidade de Flexibilização do Critério Econômico Absoluto Previsto na Legislação Previdenciária. Prevalência da Finalidade de Proteção Social da Previdência Social. Recurso Especial do INSS A Que Se Nega Provimento. nº AgRg no Resp. 1523797 / RS, T1 - Primeira Turma. AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. AGRAVADO : VITORIA LUPATELI JESUS e outro. Relator: RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. Brasília, DF, 01 de outubro de 2015. Dje. Brasília, 13 out. 2015. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?processo=1523797&&b;=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. Acesso em: 05 nov. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Ementa: Recurso Especial. Direito Previdenciário. Auxílio reclusão. Possibilidade de Flexibilização do Critério Econômico Absoluto Previsto na Legislação Previdenciária. Prevalência da Finalidade de Proteção Social da Previdência Social. Recurso Especial do INSS A Que Se Nega Provimento. nº Resp. 1479564 / SP, T1 - Primeira Turma. RECTE.(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. RECORRIDO : CLÁUDIA DE

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MELO. Relator: RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. Brasília, DF, 06 de novembro de 2014. Dje. Brasília, 18 nov. 2014. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201401937710&dt_publicacao=18/11/2014>. Acesso em: 05 nov. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Ementa: Processual Civil e Previdenciário. Violação Ao Art. 1.022 do Cpc/2015. Não Ocorrência. Auxílio reclusão. Prisão Domiciliar. Reconhecimento Administrativo. Instrução Normativa N. 85/2016.direito nº Resp. 1672295/RS, Primeira Turma. RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. RECORRIDO : KARINE VASCONCELOS OLIVEIRA E OUTROS. Relator: Ministro GURGEL DE FARIA. Brasília, DF, 17 de outubro de 2017. Dje. Brasília, 26 out. 2017. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201701133046&dt_publicacao=26/10/2017>. Acesso em: 22 out. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Ementa: Previdenciário. Pensão Por Morte. Menor Sob Guarda. Alterações Legislativas. Art. 16 da Lei N. 8.213/90. Modificação Pela Mp N. 1.523/96, convertida na Lei N. 9.528/97. Confronto com O Art. 33, § 3º, do Eca. Art. 227 da Constituição. Interpretação conforme. Princípio da Proteção Integral e Preferencial da Criança e do Adolescente. Nº EREsp 1141788/RS, Corte Especial. EMBARGANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. Relator: RELATOR: MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA. Brasília, DF, 07 de dezembro de 16. Dje. Brasília, 16 dez. 2016. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=200900989105&dt_publicacao=16/12/2016>. Acesso em: 05 nov. 2017. __________. Superior Tribunal de Justiça. Ementa: Previdenciário. Processual Civil. Ação Rescisória. Trabalhador Rural. Aposentadoria Por Invalidez. Início de Prova Material Corroborado Por Prova Testemunhal. Documentos Existentes Quando Proposta A Ação Ordinária. Solução Pro Misero. Pedido Julgado Procedente nº AR 3.644/SP. AUTOR: LAURINDA DE JESUS ROCHA. RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA. Brasília, DF, 26 de maio de 2010. Riobtp. Brasília, 28 jun. 2010. v. 254, p. 153. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=200602084965&dt_publicacao=28/06/2010>. Acesso em: 20 out. 2017. __________. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Ementa Previdenciário. Remessa Necessária. Condenação de Valor Facilmente Determinável. Não Conhecimento. Benefício Assistencial. Incapacidade. Critério Econômico. Nº 5042286-70.2016.404.9999, Quinta Turma. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. SERGIO VEBER DAS CHAGAS. Relator: Juíza Federal Taís Schilling Ferraz, Relatora. Porto Alegre, RS, 13 de dezembro de 2016. Porto Alegre, 16 dez. 2016. Disponível em: <https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=8611181&termosPesquisados; =>. Acesso em: 10 out. 2017. __________. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Previdenciário. Pensão Por Morte. Ex-esposa. Dependência Econômica Comprovada. nº

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APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0005767-21.2015.4.04.9999/RS, 5ª Turma. APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. APELADO : IRACI GOTTSCHALK ZWETSCH. Relator: RELATORA : Juíza Federal TAÍS SCHILLING FERRAZ. Porto Alegre, RS, 06 de julho de 2017. D.e.. Porto Alegre, 19 de julho de 2017. Disponível em: <https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=8687695&termosPesquisados;=>. Acesso em: 11 nov. 2017. __________. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Ementa: Previdenciário. Auxílio reclusão. Inexistência de Renda na Data do Recolhimento À Prisão. Concessão. Correção Monetária e Juros de Mora. Fase de Cumprimento de Sentença. Diferimento. nº APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0008916-88.2016.4.04.9999/RS, 6ª Turma. APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. APELADO : JEAN LIMA DE LIMA. Relator: RELATOR : Juíza Federal TAÍS SCHILLING FERRAZ. Porto Alegre, RS, 26 de julho de 2017. DE. Porto Alegre, 04 ago. 2017. Disponível em: <https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=9063667>. Acesso em: 05 nov. 2017. __________. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Ementa: Previdenciário. Pensão Por Morte. Ex-esposa Separada de Fato. Dependência Econômica Não Comprovada. Benefício Indevido. nº APELAÇÃO CÍVEL Nº 5025528-50.2015.4.04.9999/PR, 6ª Turma. APELANTE : TERESINHA ALVES DE LIMA DA CRUZ. APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS. Relator: RELATOR : Juíza Federal BIANCA GEORGIA CRUZ ARENHART. Porto Alegre, RS, 31 de maio de 2017. DE. Porto Alegre, 31 maio 2017. Disponível em: <https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=8799473>. Acesso em: 07 nov. 2017. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 16ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2014. COGOY, Daniel Mourgues, O benefício de auxílio-reclusão e sua interpretação segundo a constituição federal. Disponível em: <http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/9838-9837-1-PB.pdf>. Acesso em: 01/11/2017. COIMBRA, J.R. Feijó. Direito Previdenciário Brasileiro. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 1997. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 8ª Edição. Salvador: JusPodivm, 2016. FERREIRA, Lauro Cesar Mazetto. Seguridade Social e Direitos Humanos. São Paulo: LTr, 2007. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 15ª Edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2010.

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