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xi CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ CEULJI/ULBRA LUANA CAROLINE SOUZA FARIAS CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS SÍNDROME GLAUCOMATOSA EM CÃES REVISÃO DE LITERATURA Ji-Paraná RO 2012/01

CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ … · a conclusão desta monografia, além de contribuir grandemente para a minha formação, tanto profissional, quanto pessoal. Não

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ – CEULJI/ULBRA

LUANA CAROLINE SOUZA FARIAS

CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

SÍNDROME GLAUCOMATOSA EM CÃES

REVISÃO DE LITERATURA

Ji-Paraná – RO

2012/01

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LUANA CAROLINE SOUZA FARIAS

CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

SÍNDROME GLAUCOMATOSA EM CÃES

REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso ao Centro

Universitário Luterano de Ji-Paraná –

CEULJI/ULBRA, para obtenção de grau

acadêmico de Bacharel em Medicina

Veterinária, sob orientação da Professora

Vanessa Ingrid Jaines.

Ji-Paraná-RO

2012/01

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LUANA CAROLINE SOUZA FARIAS

CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS

SÍNDROME GLAUCOMATOSA EM CÃES

REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná –

CEULJI/ULBRA, em ______________________________, para obtenção de grau

acadêmico de Bacharel em Medicina Veterinária, sob orientação da Professora Vanessa Ingrid

Jaines.

AVALIADORES

__________________________________________ - ____________

Prof.ª Esp.Vanessa Ingrid Jaines (Orientadora)

__________________________________________ - ____________

Prof.ª Ms. Andrea Smith Maia (1ª Examinadora)

__________________________________________ - ____________

Med. Vet. Esp. Fernanda Vieira (2ª Examinadora)

____________________

Média

Ji-Paraná-RO

2012/01

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Dedico este trabalho a Deus, pois sem suas bênçãos,

de nada teria adiantado meu esforço. A todos os

animais que passaram pela minha vida, deixando

um pouco de si e interferindo em meu modo de ser e

agir, fazendo aumentar a cada dia meu amor e

respeito pelas espécies diferentes da minha.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me amar além de meu merecimento e, ainda, por me presentear

mais uma vez com suas bênçãos.

À minha mãe Sandra, de quem possuo imenso orgulho ao chamá-la de mãe, por

permitir que eu crescesse rodeada de animais, o que interferiu grandemente na escolha de

minha profissão. À minha avó Iraci, por sempre torcer e pedir à Deus pelas minhas

conquistas. Não encontro palavras para descrever o imenso amor, admiração e gratidão que

sinto.

À minha família, pela confiança, amor e torcida. À meu pai Paulo, de quem sinto

saudades.

Aos meus cães, por fazerem nascer em mim esse imenso amor pela clínica médica e

cirúrgica de pequenos animais.

Aos meus amigos Rúbia Morgana, Bruna Duarte, Caroline Muller, Karina Kizz,

Jacson Araújo, Manuelle Martini e Michelle Campano, pelo incentivo, força, amizade e carinho

partilhados durante todos esses anos. Obrigada por contribuírem, de alguma forma, com essa

vitória.

À minha amiga Taciane Letícia, por fazer dos momentos mais simples do meu dia,

os melhores da minha vida.

À professora Vanessa Jaines, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível

a conclusão desta monografia, além de contribuir grandemente para a minha formação, tanto

profissional, quanto pessoal. Não encontro palavras para demonstrar tamanha admiração.

As minhas orientadoras de estágio, Dra. Cláudia Russo e Dra. Rosana Pereira, pelo

imenso carinho e paciência.

Aos Residentes do Hospital Veterinário CESUMAR do ano de 2012, que, além de

colegas de profissão, se tornaram grandes amigos.

Ao Dr João Alfredo Kleiner, Oftalmologista Veterinário por quem tenho grande

apresso. Obrigada por toda a ajuda e paciência.

Agradeço ainda a todos os professores do CEULJI/ULBRA, por toda a paciência e

dedicação.

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Por fim, agradeço novamente à Deus, pois ele, mais do quem ninguém, sabe as

inúmeras dificuldades que enfrentei para chegar onde cheguei.

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„‟Os olhos são as janelas da alma‟‟.

(Autor desconhecido).

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................... xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS............................................................... xii

RESUMO........................................................................................................................ xiv

ABSTRACT.……………………………………..……………………………………. xv

1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 3

2.1. ANATOMOFISIOLOGIA OCULAR...................................................................... 3

3. SÍNDROME GLAUCOMATOSA........................................................................... 5

3.1. GLAUCOMA PRIMÁRIO...................................................................................... 6

3.1.1. Glaucoma de ângulo aberto.............................................................................. 7

3.1.2. Glaucoma de ângulo estreito ou fechado.......................................................... 7

3.2. GLAUCOMA SECUNDÁRIO................................................................................ 8

3.2.1. Glaucoma melanocítico.................................................................................... 8

3.2.2. Glaucoma secundário à uveíte.......................................................................... 9

3.2.3. Glaucoma secundário às afecções da lente....................................................... 10

3.2.4. Glaucoma relacionado ao bloqueio pupilar...................................................... 12

3.2.5. Glaucoma secundário à neoplasias................................................................... 13

3.2.6. Glaucoma secundário à traumas....................................................................... 13

3.3. GLAUCOMA CONGÊNITO................................................................................... 14

3.3.1. Goniodisgenesia................................................................................................ 14

3.4. GLAUCOMA ABSOLUTO..................................................................................... 15

4. SINAIS CLÍNICOS................................................................................................... 15

4.1 DOR, BLEFAROESPASMO E ALTERAÇÃO DE COMPORTAMENTO............ 16

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4.2. CÓRNEA.................................................................................................................. 16

4.3. ESCLERA................................................................................................................ 17

4.4. PUPILA.................................................................................................................... 18

4.5. ÚVEA....................................................................................................................... 18

4.6. LENTE..................................................................................................................... 18

4.7. HUMOR VÍTREO.................................................................................................... 19

4.8. RETINA E NERVO ÓPTICO.................................................................................. 19

4.9. PRESSÃO INTRA-OCULAR AUMENTADA....................................................... 20

4.10. ACUIDADE VISUAL DIMINUÍDA..................................................................... 20

5. DIAGNÓSTICO........................................................................................................ 20

5.1. OFTALMOSCOPIA................................................................................................. 21

5.2. GONIOSCOPIA....................................................................................................... 21

5.3. TONOGRAFIA........................................................................................................ 22

5.4. TONOMETRIA........................................................................................................ 22

5.4.1. Tonometria de Identação.................................................................................. 22

5.4.2. Tonometria de Aplanação................................................................................ 23

5.5. ULTRA-SONOGRAFIA.......................................................................................... 24

5.6. ELETRORRETINOGRAFIA................................................................................... 25

5.7. ANGIOGRAFIA FLUORESCEÍNICA................................................................... 25

6. TRATAMENTO........................................................................................................ 25

6.1. TRATAMENTO CLÍNICO..................................................................................... 27

6.1.1. Diuréticos Osmóticos........................................................................................ 27

6.1.2. Agentes Colinérgicos........................................................................................ 28

6.1.3. Agentes Adrenérgicos....................................................................................... 28

6.1.3.1. Agonista α2-adrenérgico........................................................................... 29

6.1.4. Agentes Antiadrenérgicos................................................................................. 29

6.1.4.1. Bloqueador β-Adrenérgico........................................................................ 29

6.1.5. Inibidor da Anidrase Carbônica........................................................................ 30

6.1.5.1. Acetazolamida............................................................................................... 30

6.1.5.2. Diclorfenamida e metazolamida.................................................................... 31

6.1.5.3. Dorzolamida.................................................................................................. 31

6.1.6. Análogos de Prostaglandinas............................................................................ 32

6.2. TRATAMENTO CIRÚRGICO................................................................................ 32

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6.2.1. Aumento da drenagem do Humor Aquoso....................................................... 33

6.2.2. Ciclocriotermia................................................................................................. 34

6.2.3. Terapia a Laser ................................................................................................ 34

6.2.4. Prótese Intra-Escleral........................................................................................ 34

6.2.5. Ablação química do corpo ciliar....................................................................... 35

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 37

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 38

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Desenho esquemático das estruturas externas e internas do bulbo

ocular de animais domésticos...............................................................

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FIGURA 2: Uveíte induzida por catarata e glaucoma facogênico........................... 10

FIGURA 3: Glaucoma e uveíte induzida por catarata (facoinduzida)..................... 12

FIGURA 4: Glaucoma com opacidade de córnea e fraturas na membrana de

Descemet...............................................................................................

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FIGURA 5: Verificação de PIO por Tonopen.......................................................... 24

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

%: POR CENTO

°: GRAU

°C: GRAU CELSIUS

BID: DUAS VEZES AO DIA

CGR: CÉLULAS GANGLIONARES DA RETINA

G: GRAMA

H: HORA

HA: HUMOR AQUOSO

I.E. ISTO É

IAC: INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA

IV: INTRAVENOSO

KG: QUILOGRAMA

MG: MILIGRAMA

MIN: MINUTO

ML: MILILITRO

MM: MILÍMETRO

MMHG: MILÍMETROS DE MERCÚRIO

PIO: PRESSÃO INTRA-OCULAR

SID: UMA VEZ AO DIA

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TID: TRÊS VEZES AO DIA

VO: VIA ORAL

α: LETRA GREGA ALFA

β: LETRA GREGA BETA

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SÍNDROME GLAUCOMATOSA EM CÃES – REVISÃO DE LITERATURA

Luana Farias¹

Vanessa Ingrid Jaines²

RESUMO

O glaucoma é uma síndrome que provoca o aumento da pressão intra-ocular (PIO),

geralmente relacionada a uma drenagem reduzida do humor aquoso, tendo como principais

sequelas, a morte das células ganglionares da retina e escavação do disco óptico, que levam a

perda progressiva da sensibilidade e função do globo ocular. A PIO normal em cães e gatos

varia de 15 a 25 mmHg. O glaucoma pode ser classificado quanto a sua causa, quanto à

aparência do ângulo iridocorneal e quanto a seu estágio de evolução (agudo ou crônico), a

partir desta, ser determinada a melhor conduta terapêutica a ser tomada.

Palavras-chave: glaucoma, pressão intra-ocular, cão.

¹ Dicente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná.

² Docente Adjunto do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná.

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GLAUCOMATOUS SYNDROME IN DOGS – REVIEW

Luana Farias¹

Vanessa Ingrid Jaines²

ABSTRACT

Glaucoma is a syndrome that causes increased intraocular pressure (IOP), usually related to a

reduced drainage of aqueous humor, and its main sequelae, death of retinal ganglion cells and

cupping of the optic disc, leading to loss progressive sensitivity and function of the eyeball.

IOP in normal dogs and cats ranges from 15 to 25 mmHg. Glaucoma can be classified as to its

cause, as the appearance of the iridocorneal angle and about their evolutionary stage (acute or

chronic), from this, be given the best treatment to take.

Keywords: glaucoma, intraocular pressure, dog.

¹ Dicente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná.

² Docente Adjunto do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná.

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INTRODUÇÃO

O glaucoma é uma das causas mais frequentes de cegueira irreversível em cães e gatos

(MILLER, 2007), acometendo cerca de 0,5% da população canina (MARTINS et al., 2009).

Segundo ORIÁ e LAUS (2009), entre os felinos, o glaucoma secundário é sempre o mais

comum.

Os glaucomas são um complexo de condições mórbidas com manifestações clínicas que

variam com a elevação da pressão intra-ocular e suas conseqüências, como por exemplo,

interferência com o fluxo axoplásmico na cabeça do nervo óptico, morte de células

ganglionares da retina e de seus axônios e cegueira são características comuns a todos os

glaucomas (SLATTER, 2005).

Segundo HOSKINS (2008), as raças de cães mais predispostas a Glaucoma são: Beagle,

Basset Hound, Cocker Spaniel americano e inglês, Poodle, Samoieda, Bouvier des Flandres,

Husky Siberiano, Malamute do Alasca, Wirehaired Terrier, Elkhound Norueguês, Cairn

Terrier, West Highland White Terrier, Chow Chow, Poodle miniatura e Shar Pei chinês.

No passado, admitia-se o glaucoma como “o aumento da pressão intra-ocular (PIO),

com perda da visão”. Esse antigo conceito é o que ainda permanece para a população em

geral, entretanto, com a identificação de pacientes humanos cursando com déficit visual

característico de olhos glaucomatosos, porém com pressão intra-ocular normal, novas teorias,

quanto à sua patogênese, passaram a ser propostas. Teorias recentes apontam para condições

vasculares, citotóxicas e neurais como as mais relevantes (MARTINS et al., 2009).

A classificação do glaucoma, nos cães, baseia-se na sua causa, na aparência do ângulo

iridocorneal à ganioscopia e na duração ou estágio de evolução (agudo ou crônico)

(MARTINS et al., 2009).

Para preservar a visão, ou pelo menos manter o olho sem dor, o clínico precisa

certificar-se constantemente das circunstâncias em que a pressão pode ser alterada e

frequentemente usar um tonômetro para medi-la, de maneira que possa detectar até aumentos

sutis no início da evolução da doença. A prevenção do glaucoma, ou a intervenção quando o

aumento da pressão é discreto, é sem dúvida uma estratégia muito mais bem-sucedida que o

tratamento rigoroso da doença, uma vez que ela se manifeste clinicamente (MULLER, 2007).

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Fármacos vêm sendo desenvolvidos visando se obter o controle da pressão intra-ocular e a

proteger as células retinianas da apoptose e morte (RIBEIRO et al., 2007).

Existe um vasto campo de escolha no que se refere ao tratamento médico do glaucoma,

com várias estratégias possíveis a seguir e muitos medicamentos a eleger (BERNARDES,

2008). Sendo que, na maioria dos casos, o controle definitivo do glaucoma é cirúrgico,

ocasionalmente suplementado por medicação adicional (SLATTER, 2005).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ANATOMOFISIOLOGIA OCULAR

O olho é formado pelo globo ocular, nervo óptico e estruturas acessórias – pálpebras,

conjuntiva, aparelho lacrimal e músculos extra-oculares (Fig. 1) (COULTER e SCHMIDT,

1996).

O ângulo iridocorneal é limitado anteriormente pela córnea periférica e esclera

perilímbica e posteriormente pela íris periférica e porção muscular anterior do corpo ciliar

(PIPPI e GONÇALVES, 2009).

Segundo PIPPI e GONÇALVES (2009), os meios transparentes do globo ocular são o

humor aquoso, a lente e o humor vítreo. Essas estruturas funcionam na transmissão e na

refração do raio luminoso sobre a retina e também são responsáveis por uma pressão interna

que mantém o globo distendido.

A úvea ou trato uveal é a túnica vascular do olho, formada por íris, corpo ciliar e

coróide. A íris e o corpo ciliar, juntos, recebem a denominação de úvea anterior (PIPPI e

GONÇALVES, 2009). Distúrbios uveais são frequentes na prática veterinária. A íris controla

a quantidade de luz que penetra no olho. Distúrbios da íris podem, assim, estar associados

com alterações visuais e na pressão intra-ocular. Doenças inflamatórias da úvea, tanto locais

como participantes de um distúrbio sistêmico, podem causar dor grave e alterar a função

pupilar (SLATTER, 2005).

O corpo ciliar se localiza imediatamente posterior à íris (PIPPI e GONÇALVES, 2009).

O corpo ciliar altera a distância de focalização (acomodação da lente), produz o humor aquoso

que é importante na regulação da pressão intra-ocular (SLATTER, 2005). Este flui da câmara

posterior, onde é produzido pelas células epiteliais do corpo ciliar por meio da pupila, para a

câmara anterior e o ângulo de filtração (PIPPI e GONÇALVES, 2009). A taxa de produção do

HA é igual à drenagem, assim mantendo a constância relativa da PIO (PERLMANN e

RODARTE-ALMEIDA, 2011).

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A contração da musculatura ciliar causa relaxamento das zônulas lenticulares, com

alteração no formato da lente e acomodação para a visão próxima, e aumento da drenagem do

humor aquoso (SLATTER, 2005).

O humor aquoso não é inteiramente removido pelo sistema coletor do ângulo de

drenagem. Alguma porção é drenada de forma posterior pelo humor vítreo e anterior pelo

estroma da íris; por meio da córnea, e ainda pelo espaço supraciliar-supracoroidal na esclera

adjacente (PIPPI e GONÇALVES, 2009).

As principais funções do humor aquoso são: ser fonte de nutrientes para o cristalino e a

córnea, que são estruturas avasculares, remover catabólitos produzidos pela íris e córnea, e

realizar a manutenção da PIO. A câmara vítrea, por sua vez, é o maior compartimento do olho

(ocupando quase dois terços do volume do olho), e ocupa o espaço entre a lente e a retina e

mantém a última sobre a coróide (PERLMANN e RODARTE-ALMEIDA, 2011).

FIGURA 1: Desenho esquemático das estruturas externas e internas do bulbo ocular de animais

domésticos.

Fonte: SANTIN et al., 2011.

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3. SÍNDROME GLAUCOMATOSA

A maioria dos tipos de glaucoma resulta quando o egresso de humor aquoso do olho é

prejudicado, mas sua produção continua a uma taxa relativamente excessiva (embora

normalmente seja inferior ao normal) (MILLER, 2007).

Considera-se, atualmente, o termo glaucoma como a via final comum a um grupo de

condições que ensejam perda progressiva de sensibilidade e função, seguidas de morte de

células ganglionares da retina (CGR), perda de axônios do nervo óptico, escavação da cabeça

do disco óptico, redução progressiva dos campos visuais e, finalmente, da visão. O glaucoma,

ainda que frequentemente associado ao aumento da pressão intra-ocular, não o é

obrigatoriamente. No entanto, a elevação da pressão intra-ocular, reconhece-se, é um fator de

risco para o desenvolvimento da neuropatia óptica (MARTINS et al., 2009).

Pressão elevada quando não há perda da visão é conhecida como hipertensão, que pode

ou não progredir para glaucoma franco (MILLER, 2007).

De acordo com SLATTER (2005), o humor aquoso é livre de células e de proteínas e é

produzido por secreção ativa e ultrafiltração no epitélio que recobre o corpo ciliar. Sua

composição é controlada pela filtração efetuada pelas paredes dos vasos sanguíneos no corpo

ciliar e junções entre as células no epitélio ciliar. O volume de aquoso produzido é afetado

pela pressão arterial média, com uma pressão mais baixa resultando em menos aquoso. A

anidrase carbônica está associada à produção de aquoso; apesar de o exato método não ser

completamente compreendido, a inibição dessa enzima reduz a produção de aquoso.

Tanto em humanos quanto em animais, a facilidade com que o aquoso deixa o olho

(facilidade de fluxo aquoso) declina com a idade e, assim, para a pressão intra-ocular

diminuir, a produção deve cair a uma taxa correspondentemente maior. A inflamação gerada

tanto de forma espontânea como cirurgicamente diminui a produção de aquoso e a pressão

intra-ocular. Uma redução acentuada da pressão intra-ocular é um importante achado para

indicar a presença de inflamação intra-ocular (SLATTER, 2005).

A drenagem do humor aquoso pode ocorrer por duas vias: via córneo-escleral e via

úveo-escleral. A via córneo-escleral, também chamada de via convencional, é responsável por

85 a 90% do HA nos cães e 97% nos gatos (PERLMANN e RODARTE-ALMEIDA, 2011).

Segundo MARTINS et al. (2009), o humor aquoso é drenado pelo ângulo iridocorneano

(via convencional), permeando os ligamentos pectinados, na fenda ciliar que contém a malha

trabecular. A partir daí, ele ganha a luz dos vasos do plexo venoso escleral para retornar à

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circulação sanguínea. A outra via de drenagem (uveoescleral) é conhecida com via não

convencional e envolve a íris, o corpo ciliar que, quando contraído, diminui a drenagem do

humor aquoso.

O aquoso passa para a câmara posterior e, através da pupila, para a câmara anterior. Da

câmara anterior, o humor aquoso passa entre os ligamentos pectinados e penetra na fenda

ciliar, que contém a trama trabecular (SLATTER, 2005).

A via uveoescleral é responsável pela drenagem de cerca de 15% do humor aquoso de

cães, e pela drenagem de aproximadamente 3% do humor aquoso em gatos (PERLMANN e

RODARTE-ALMEIDA, 2011).

Nos felinos, há quem reconheça uma terceira via não convencional de drenagem (via

iridiana), pela qual o humor aquoso é drenado pelos capilares iridianos da superfície anterior

da íris (MARTINS et al., 2009).

A PIO é determinada pelo equilíbrio entre as taxas de produção e de drenagem do

humor aquoso; no cão, os níveis pressóricos normais descritos variam de 12 a 25mmHg

(BORGES et al., 2007). Quando a pressão está acima de 25mmHg, a suspeita é alta

(SLATTER, 2005).

Segundo MARTINS et al. (2009), uma vez que ainda não se documentaram condições

patológicas de produção excessiva, atribuem-se os casos de glaucoma com PIO aumentada ao

déficit na drenagem. Ressaltam-se outros fatores que podem induzir alterações na pressão

intra-ocular, como a idade (a drenagem diminui com a idade) e a pressão sanguínea

(condições que diminuem a pressão arterial podem suscitar diminuição na formação do humor

aquoso).

Bloqueio pupilar e fechamento do ângulo foram tradicionalmente incriminados como as

principais causas de glaucoma nos animais domésticos, mas atualmente sabe-se que

anomalias congênitas do ângulo também são responsáveis (SLATTER, 2005).

3.1 Glaucoma Primário

O glaucoma primário não se associa com nenhum outro evento ou problema dentro do

olho. Ele geralmente se relaciona com a raça e tem natureza freqüentemente hereditária

(WILKIE, 2003). O aumento da PIO deve-se à diminuição ou à obstrução da drenagem do

humor aquoso pelo ângulo iridocorneal (MARTINS et al., 2009).

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O glaucoma hereditário normalmente é observado em cães de meia-idade e, embora seja

uma doença bilateral, ambos os olhos podem não desenvolver pressões elevadas ao mesmo

tempo (DZIEZYC, 2008).

Algumas raças de cães são mais predispostas: Basset Hound, Beagle, Cocker Spaniel e

Poodle (MARTINS et al., 2009).

O glaucoma primário é subdividido em dois tipos principais – glaucoma primário de

ângulo aberto, cujo ângulo de drenagem aparece normal à gonioscopia (presumivelmente

porque o impedimento ao efluxo de humor aquoso é profundo aos ligamentos pectíneos), e

glaucoma primário de ângulo fechado, cujo ângulo de drenagem aparece estreitado ou

fechado à gonioscopia (MILLER, 2007).

3.1.1 Glaucoma de Ângulo Aberto

Segundo BERNARDES (2008), o glaucoma primário de ângulo aberto, o qual pode ser

agudo ou crônico, é uma apresentação rara de glaucoma nos animais.

Acomete cães, notadamente os das raças Beagle, Poodle Miniatura e Toy. O ângulo

iridocorneal encontra-se aberto, porém o acúmulo de glicosaminoglicanos na zona do

trabeculado dificulta a drenagem do humor aquoso (MARTINS et al., 2009).

3.1.2 Glaucoma de Ângulo Estreito ou Fechado

Segundo BERNARDES (2008), o ângulo iridocorneal é considerado estreito se a

câmara anterior se encontra reduzida. Este mesmo ângulo é considerado fechado se estiver

coberto ou colapsado. Ocorre quando a sinéquia periférica anterior, ou a base da íris, cresce

sobre o ângulo de filtração o que provoca o seu encerramento.

Trata-se da forma mais comum de glaucoma primário em cães, em que há colapso da

fenda esclerociliar associado ao estreitamento ou fechamento do ângulo iridocorneal

(MARTINS et al., 2009). Segundo SLATTER (2005), a maioria dos glaucomas caninos é de

ângulo estreito, por vezes associado com displasia de ligamento pectinado (goniodisgenesia).

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3.2 Glaucoma Secundário

Os glaucomas secundários são duas vezes mais comuns que os primários em cães (e até

mais comuns em gatos) e estão associados a outro distúrbio ocular ou sistêmico que resulta

em alteração da dinâmica do humor aquoso e glaucoma (MILLER, 2007).

A elevação da pressão intra-ocular deve-se à doença intra-ocular pré-existente capaz de

produzir obstrução física para a drenagem do humor aquoso (MARTINS et al., 2009).

As etiologias de glaucoma secundário incluem uveíte anterior, luxação lenticular

anterior, hifema, neoplasia intra-ocular, descolamento retiniano crônico, membrana

fibrovascular pré-iridal e traumatismo (WILKIE, 2003).

Em felinos, a maioria dos casos de glaucoma é secundária a outras condições intra-

oculares, especialmente uveítes e neoplasias (MARTINS et al., 2009).

O glaucoma secundário pode ser uni ou bilateral e hereditário ou não, e a largura física

do ângulo de drenagem visível à gonioscopia também pode ser classificada como aberta ou

fechada. O mecanismo exato pelo qual o efluxo é prejudicado no glaucoma secundário

costuma não ficar esclarecido (MILLER, 2007).

3.2.1 Glaucoma Melanocítico

Glaucoma melanocítico, anteriormente conhecido como glaucoma pigmentar,

caracteriza-se pela infiltração intra-ocular difusa de melanócitos pigmentados. Esta forma de

glaucoma desenvolve-se lentamente (HANSELMAN, 2002), e é secundariamente, pela

dispersão de pigmento, melanócitos e macrófagos carregados de pigmentos na úvea anterior,

ângulo de filtração, corpo ciliar e coróide (BERNARDES, 2008) o que eventualmente se

infiltra no ângulo iridocorneano e obstrui a drenagem aquosa (HANSELMAN, 2002).

Segundo BERNARDES (2008), é uma alteração hereditária na proliferação intra-ocular

de melanócitos no Cairn Terrier. Recentemente, esta síndrome foi relatada em cães Boxer e

Golden Retriever. Ocasionalmente, a melanocitose desenvolve-se como uma condição

unilateral em outros cães, já Hanselman (2002) relata ocorrer mais comumente em Cairn

terriers de meia-idade a idosos, sendo que a apresentação inicial comumente ocorre entre 9 e

13 anos de idade.

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Um ou ambos os olhos podem estar envolvidos, e os sinais clínicos variam de acordo

com o estágio da doença no primeiro exame. Nos estágios iniciais o olho não é glaucomatoso,

e apenas o escurecimento circunferencial da íris e o inchaço da base da íris são evidentes. À

medida que há progressão da doença, pigmento pode ser visto no humor aquoso e na

superfície endotelial da parte ventral da córnea. Pequenas manchas de pigmento intraescleral

aparecem, ampliando-se e tornando-se elevado gradualmente. Devido a seu início insidioso,

normalmente a doença não é notada até que a invasão de pigmentos carregados de células

tenha obstruído completamente o ângulo iridocorneal, causando glaucoma intratável

(HANSELMAN, 2002).

3.2.2 Glaucoma Secundário à Uveíte

A uveíte é a causa mais comum de glaucoma secundário (Fig. 2) (MARTINS et al.,

2009).

Uveíte refere-se à inflamação da úvea, sendo denominada uveíte anterior ou iridociclite

a inflamação da íris e corpo ciliar. Uveíte posterior ou coroidite é a inflamação da coróide.

Panuveíte denota inflamação de íris, corpo ciliar e coróide (CUNHA, 2008).

Segundo SLATTER (2005), o glaucoma é uma complicação freqüente da uveíte,

resultando do bloqueio do ângulo de drenagem por células inflamatórias, tecidos da íris

tumefeitos ou debris lenticulares (se a cápsula da lente tiver sido rompida por um corpo

estranho penetrante) e pela formação de íris bombé (aderências à superfície da lente).

Com a inflamação da úvea anterior, pode ocorrer sinéquia anterior periférica, ocluindo a

zona trabecular e a fenda esclerociliar (MARTINS et al., 2009).

Iridociclites produzem miose que, juntamente com outros eventos, como luxação

anterior do cristalino, podem induzir um bloqueio pupilar, impedindo a passagem do humor

aquoso da câmara posterior para a anterior. Nas sinéquias posteriores, se a obstrução for

completa, o humor aquoso se acumulará na câmara posterior, deslocando a íris cranialmente,

o que se denomina íris bombé (MARTINS et al., 2009).

Na anamnese, relata-se a ocorrência de dor (caracterizada pela fotofobia),

blefaroespasmo e epífora, vermelhidão, córnea azul ou branca e déficit visual. Ao exame

físico observa-se desconforto, hiperemia, edema corneal, congestão ciliar, edema iridiano,

pressão intra-ocular baixa, miose, turbidez do humor aquoso, exsudação fibrinosa, hifema,

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hipópio, precipitados ceráticos e sinéquias. Os sinais crônicos mais comuns são catarata e

glaucoma secundários e hiperpigmentação de íris. A pressão intra-ocular abaixo de 10mmHg

ou diferença de pressão entre os olhos igual ou maior que 5mmHg são indicativos de uveíte.

Este fato está relacionado à diminuição da produção e aumento na drenagem do humor

aquoso (CUNHA, 2008).

FIGURA 2: Uveíte induzida por catarata e glaucoma facogênico.

Fonte: Cedida por MSc. João Alfredo Kleiner (Vetweb Oftalmologia Veterinária), 2012.

3.2.3 Glaucoma Secundário às Afecções da Lente

Mudanças na posição da lente (luxação ou subluxação), bem como a catarata, factuam

como as principais condições envolvidas. Luxação da lente, não raro, induz deslocamento do

vítreo à câmara anterior, especialmente quando há sinerese (alterações degenerativas do

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vítreo). A presença do vítreo na câmara anterior contribui para a obstrução do ângulo

iridocorneal (MARTINS et al., 2009).

A lente pode subluxar ou luxar-se completamente para o vítreo ou em direção às

câmaras anterior e posterior, ensejando iridoclite, com acúmulo de células inflamatórias no

ângulo de drenagem e subsequente obstrução (MARTINS et al., 2009).

Se a lente se mover para frente, bloqueio pupilar e fechamento do ângulo ocorrem

frequentemente, junto com a formação de sinéquia anterior periférica e glaucoma (SLATTER,

2005). As etiologias de luxação lenticular anterior incluem causas hereditárias (em terriers),

neoplasia intra-ocular, uveíte anterior e traumatismo. Uma luxação lenticular anterior também

pode resultar de um glaucoma crônico com aumento de tamanho do globo ocular (buftalmia)

e de um rasgo das zônulas lenticulares (WILKIE, 2003).

Luxações posteriores do cristalino, por sua vez, induzem poucas alterações, mas

contribuem menos para a ocorrência do glaucoma. Estudos mostram que a condição se

desenvolve em apenas 38% dos cães com luxação posterior de cristalino (MARTINS et al.,

2009).

Quando a lente luxa posteriormente, pode não acontecer nada, a não ser que a câmara

anterior se torna mais profunda e a íris não é suportada e se move tremulamente (iridodonese)

quando o olho se move. Uveíte secundária de baixo grau em decorrência do movimento da

lente é, por vezes, um sinal precoce da subluxação da lente em cães. Nesse momento, a

pressão intra-ocular pode estar diminuída (SLATTER, 2005).

Cataratas, em especial as intumescentes, também podem levar ao glaucoma no cão, por

estreitarem o ângulo iridocorneal e por diminuírem a drenagem do humor aquoso pela via não

convencional. Não são frequentes glaucomas secundários à catarata hipermatura ou em

reabsorção. A condição deve-se à presença de material lenticular induzindo uveíte anterior.

Células inflamatórias e proteínas solúveis da lente dificultam a drenagem do humor aquoso

pelo ângulo iridocorneal. Olhos com catarata hipermatura são causa de glaucoma,

notadamente quando submetidos à facoemulsificação (Fig. 3) (MARTINS et al., 2009).

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FIGURA 3: Glaucoma e uveíte induzida por catarata (facoinduzida).

Fonte: Cedida por MSc. João Alfredo Kleiner (Vetweb Oftalmologia Veterinária), 2012.

3.2.4 Glaucoma Relacionado ao Bloqueio Pupilar

No bloqueio pupilar, a resistência ao fluxo do aquoso a partir da câmara posterior é

aumentada. O aquoso se acumula na câmara posterior e empurra a raiz da íris para frente,

causando fechamento do ângulo (SLATTER, 2005).

Uma câmara anterior rasa, aumento do contato entre íris e lente e uma lente aumentada,

podem causar bloqueio pupilar. Com inflamação, sinéquia posterior pode se formar entre a

superfície posterior da íris e a lente, causando bloqueio pupilar. O grau de bloqueio pupilar

pode aumentar a cada episódio de inflamação recorrente (por exemplo, por causa de uveíte).

Se a íris estiver totalmente aderida à lente em sua circunferência, um íris bombé (íris em

forma de balão) se desenvolve e o aquoso empurra a íris para frente (SLATTER, 2005).

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3.2.5 Glaucoma Secundário a Neoplasias

Não raro o glaucoma secundário a neoplasias intra-oculares acomete cães e gatos e,

normalmente, se manifesta como consequência de neoformações benignas ou malignas da

úvea anterior, primárias ou metastáticas. O bloqueio da drenagem do humor aquoso se dá pelo

acúmulo de células neoplásicas e de debris no ângulo iridocorneal ou em decorrência do

deslocamento das estruturas intra-oculares. Neoplasias podem, ainda, levar ao

desenvolvimento de iridociclites e de hifemas (MARTINS et al., 2009).

O melanoma de íris é a neoplasia que com mais frequência induz o desenvolvimento do

glaucoma em gatos (MARTINS, 2009). Porém, segundo SLATTER (2005), o melanoma de

íris ou de corpo ciliar é uma causa relativamente comum de glaucoma secundário em cães e,

com menos freqüência, em outras espécies.

Linfossarcomas são também incidentes e, em ambos os casos, a obstrução do ângulo de

drenagem decorre do aumento de células inflamatórias (MARTINS et al., 2009).

O sarcoma ocular primário é uma neoplasia maligna que acomete felinos domésticos e

frequentemente está associada a trauma ocular ou inflamação ocular crônica (HÜNNING,

2011). O tempo decorrido entre o trauma e o desenvolvimento da neoplasia é variável,

podendo ser em um intervalo de meses a anos (HAHN, 2001). Clinicamente apresenta-se em

gatos velhos e com perda da visão no olho acometido, podendo não exibir sinais de

desconforto ocular. Os sinais clínicos incluem uveíte crônica e recorrente, glaucoma

secundário, hemorragia intra-ocular e presença de massas esbranquiçadas a rosadas, únicas ou

múltiplas (HÜNNING, 2011).

Na maioria dos casos, enucleação, com ou sem inserção de prótese orbitária à escolha

do cliente, é o tratamento de escolha, mas em casos precoces iridociclectomia (remoção de

porção da íris e do corpo ciliar), ciclocrioterapia ou fotocoagulação a laser pode ser efetiva

para tratar tumores circunscritos (SLATTER, 2005).

3.2.6 Glaucoma Secundário a Traumas

O glaucoma pode ser consequência de contusões, lesões perfurantes e de corpos

estranhos. O trauma ocular pode induzir a eventos como luxação do cristalino, hifema, uveíte

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e sinéquias, obstruindo parcialmente a drenagem do humor aquoso, notadamente quando há

anormalidade prévia do ângulo de drenagem (MARTINS et al., 2009).

3.3 Glaucoma Congênito

3.3.1 Goniodisgenesia

A condição é também conhecida como displasia dos ligamentos pectinados, e está entre

os tipos de glaucoma de mais difícil controle (MARTINS et al., 2009). Segundo

BERNARDES (2008), é bastante difícil de tratar e muitos olhos terminam enucleados ou

eviscerados por causa da cegueira e falta de resposta à terapêutica. Segundo SLATTER

(2005), esta condição pode estar presente ao nascimento ou logo após este e é raro em animais

domésticos.

A pressão intra-ocular não aumenta até a vida adulta tardia. Com o aumento da idade,

núcleos colágenos de ligamentos pectinados e tecidos atravessando a fenda cliliar se

espessam, como com qualquer outro tecido colágeno no olho, e considera-se que isso restrinja

o espaço entre os ligamentos para fluxo do aquoso ao plexo venoso escleral (SLATTER,

2005).

Em adição à variação no grau de obstrução mesodermal, a proporção de acometimento

do ângulo varia; alguns olhos apresentam apenas 20 a 30° da circunferência obstruída, ao

passo que outros apresentam obstrução em 360°. Essa variação contribui para diferenças ou

ausências de expressão do glaucoma na vida tardia entre cães (SLATTER, 2005).

Entre os cães, os mais acometidos são os Basset Hounds, porém outras raças, como

Chihuahua, Schnauzer Gigante, Cocker Spaniel e o Samoieda, podem ser afetadas

(MARTINS et al., 2009). Segundo SLATTER (2005), pode acometer ainda, Bouvier des

flandres, Norwegian elkhound, Husky siberiano, Dachshund, Poodle miniatura, Welsh terrier

e Fox terrier pêlo de arame.

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3.4 Glaucoma Absoluto

O glaucoma absoluto é o estágio final da pressão intra-ocular cronicamente elevada,

com buftalmia, alterações degenerativas graves na maioria dos tecidos oculares, cegueira e,

com frequência, dor. Glaucoma crônico avançado, não-responsivo ao tratamento, em olho

afetado por sequelas graves e com perda da acuidade visual (SLATTER, 2005).

4. SINAIS CLÍNICOS

O glaucoma é uma das doenças oculares mais frequentemente mal diagnosticadas.

Admite-se o aumento da PIO como um dos principais responsáveis pela ocorrência das lesões

oculares (MARTINS et al., 2009).

Segundo MILLER (2007), as várias formas de glaucoma têm algo em comum – pressão

intra-ocular muito alta para que o nervo óptico e a retina exerçam sua função normal,

resultando em perda progressiva da visão. Isso ocorre tipicamente quando a pressão intra-

ocular excede 25 mmHg em caninos e 31 mmHg em felinos, embora esse valor varie alguns

milímetros conforme o tonômetro e o tonometrista.

O fato de os proprietários não notarem a doença precocemente pode impedir o

tratamento correto do primeiro olho a ser acometido. A falha dos clínicos em observar o início

da afecção no segundo olho pode prevenir a manutenção da acuidade visual. Os sinais do

glaucoma devem ser profundamente conhecidos (SLATTER, 2005).

Em geral, os sinais clínicos são ocultos quando o aumento da pressão intra-ocular é

discreto (para níveis inferiores a 40 mmHg) e, em pacientes como doença aguda ou subaguda,

as anormalidades visuais podem não ser evidentes (MILLER, 2007).

Segundo MARTINS et al. (2009), dentre os sinais corriqueiros, elencam-se a presença

de vasos epiesclerais ingurgitados e hiperemia conjuntival. Porém, MILLER (2007), diz que

apenas quando a pressão excede a 40 mmHg e a ameaça à visão torna-se maior, os sinais mais

clássicos de congestão vascular escleral, dilatação pupilar e edema de córnea costumam

aparecer.

A dor é contumaz e pode ser expressa por atitudes como as de atritar os olhos contra o

solo ou com as patas (MARTINS et al., 2009).

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O glaucoma agudo é uma emergência médica e finalmente cirúrgica (WILKIE, 2003).

No glaucoma crônico, a maioria dos tecidos oculares é afetada. A visão é afetada

principalmente pelas lesões no nervo óptico e retina (SLATTER, 2005).

4.1 Dor, Blefaroespasmo e Alteração de Comportamento

No glaucoma agudo, o cão, por vezes, fricciona o olho afetado com a pata ou ao longo

de um tapete. A dor grave e o blefarospasmo podem diminuir e são substituídos por sinais de

dor crônica de grau mais baixo: timidez (por exemplo, esconder-se sob os móveis), anorexia e

comportamento menos brincalhão ou amigável. Ocasionalmente, o paciente pode se tornar

agressivo. A dor é muito menos evidente em gatos e pode até estar completamente ausente

(SLATTER, 2005).

4.2 Córnea

No glaucoma agudo, a interferência com a função do endotélio corneano pela pressão

intra-ocular elevada e o distúrbio do equilíbrio entre as forças de hidratação e desidratação no

estroma corneano causam o edema corneano (SLATTER, 2005).

O edema de córnea pode estar presente em casos agudos ou Crônicos do glaucoma. A

rápida elevação da PIO altera a função do endotélio corneal, aumentando a sua

permeabilidade ao humor aquoso. Em casos crônicos, podem ocorrer neovascularização

superficial e pigmentação (MARTINS et al, 2009). A presença dessa vascularização torna a

diferenciação clínica entre glaucoma e uveíte ainda mais crucial para que o olho seja salvo

(SLATTER, 2005).

Com o aumento do tamanho do bulbo do olho (buftalmia), decorrente do incremento da

PIO, desenvolve-se a megalocórnea (MARTINS et al., 2009). Com o estiramento corneano,

rupturas lineares na membrana de Descemet, denominadas estrias de Descemet, podem

ocorrer (Fig. 4) (SLATTER, 2005).

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FIGURA 4: Glaucoma com opacidade de córnea e fraturas na membrana de descemet.

Fonte: Cedida por MSc. João Alfredo Kleiner (Vetweb Oftalmologia Veterinária), 2012.

A córnea torna-se mais exposta à ação de agentes externos e menos umidificada pelo

filme lacrimal, que a sujeitam a ceratites por exposição, ulceração e perfurações. O aumento

da PIO pode, ainda, torná-la insensível a estímulos nervosos, uma vez que lesões à sua

inervação nociceptora são comuns (MARTINS et al., 2009).

4.3 Esclera

As veias espiesclerais por ocasião do glaucoma apresentam-se ingurgitadas e visíveis

(PIPPI e GONÇALVES, 2009). Segundo SLATTER (2005), o ingurgitamento de veias

episclerais é um dos sinais mais comuns de aumento da pressão intra-ocular.

No glaucoma crônico, a esclera se distende e o olho aumenta de volume (buftalmia)

(SLATTER, 2005). Com o desenvolvimento da buftalmia, a esclera se expande

irreversivelmente, tornando-se adelgaçada (MARTINS et al., 2009). Essa distensão é

irreversível, mesmo que a pressão intra-ocular mais tarde seja reduzida à normalidade.

Quando há buftalmia, a visão está perdida, apesar da dor ser variável (SLATTER, 2005).

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4.4 Pupila

Com o aumento da pressão intra-ocular, o músculo constritor da pupila é paralisado e a

pupila se dilata. A pupila dilatada está presente na maioria dos casos de glaucoma e os

reflexos diretos e consensuais estão abolidos (SLATTER, 2005).

4.5 Úvea

Com elevações agudas da pressão intra-ocular (entre 40 e 50 mmHg em cães), o

músculo constritor da pupila se torna paralisado, resultando em dilatação pupilar. Com

elevações duradouras, o músculo e o estroma da íris, bem como o corpo e os processos

ciliares sofrem atrofia, como resultado da redução de suprimento sanguíneo, causada pela

elevada pressão intra-ocular (SLATTER, 2005). Disfunção de células ganglionares da retina

pode associar-se, contribuindo para a ocorrência da midríase (MARTINS et al., 2009).

A atrofia do corpo ciliar e a redução da produção de aquoso são dignos de nota, por

explicarem o equilíbrio entre pressão intra-ocular elevada e estiramento escleral e buftalmia

no glaucoma crônico avançado em alguns cães (MARTINS et al., 2009).

A atrofia da íris é vista clinicamente como espaços, adquirindo aparência rendada,

especialmente com a luz refletida a partir do tapete (retroiluminação). Em animais, a atrofia

de íris não é uma causa de glaucoma, como é em humanos (MARTINS et al., 2009).

4.6 Lente

A luxação da lente no glaucoma pode ser tanto primária como secundária (SLATTER,

2005), sendo que o aumento da PIO pode resultar em luxação da lente e em catarata

(MARTINS et al., 2009).

Glaucoma e luxação da lente, associados, requerem a determinação se a luxação foi a

causa ou o resultado do glaucoma. Com o estiramento da esclera em razão do aumento da

pressão intra-ocular, as zônulas lenticulares se rompem e a lente luxa. Similarmente, a

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formação de catarata primária é quase sempre seguida pela luxação da lente e glaucoma

(SLATTER, 2005).

A luxação da lente secundária ao glaucoma também pode causar bloqueio pupilar e

exacerbar o glaucoma. A uveíte induzida pela lente por uma lente secundariamente luxada,

que se tornou cataratosa pela pressão intra-ocular elevada, e a pressão intra-ocular diminuída

pela uveíte futuramente complicam o diagnóstico e o tratamento (SLATTER, 2005).

4.7 Humor Vítreo

Em razão do influxo de células inflamatórias, o vítreo sofre degeneração, resultando em

sinerese (liquefação). Havendo luxação do cristalino, o vítreo pode ganhar a câmara anterior e

contribuir para o déficit na drenagem do humor aquoso, diante do bloqueio pupilar ou do

ângulo iridocorneal que ele exercerá (MARTINS et al., 2009).

4.8 Retina e Nervo Óptico

Em casos avançados de glaucoma, a oftalmoscopia pode revelar escavação do disco

óptico e atrofia da retina, clinicamente evidenciada por hiper-reflexia da área tapetal,

atenuação dos vasos e atrofia do epitélio pigmentar da área não tapetal (MARTINS et al.,

2009).

A elevação da pressão intra-ocular reduz o fluxo axoplásmico dentro da retina e

sanguíneo para o interior do olho, causando isquemia. Esta pode ser funcionalmente

demonstrada pela depressão nos eletrorretinogramas. A célula ganglionar retiniana é menos

propensa a se recuperar, mesmo de períodos breves de isquemia. Precocemente no curso do

glaucoma, as camadas de fibras nervosas e de células ganglionares começam a degenerar e

podem desaparecer completamente de cortes à histologia. No glaucoma crônico avançado, as

camadas externas da retina também desaparecem e toda a retina é substituída por uma cicatriz

glial. Oftalmoscopicamente, isso é observado como aumento da refletividade tapetal como em

qualquer outra atrofia retiniana grave; a condição é irreversível (SLATTER, 2005).

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A pressão intra-ocular aumentada distorce e comprime a lâmina escleral, prejudicando o

fluxo sanguíneo à cabeça do nervo óptico. Esse fluxo normalmente é a partir do corpo da

célula ganglionar dentro da camada de células ganglionares da retina em direção aos dendritos

dos processos celulares no corpo geniculado lateral (SLATTER, 2005).

Essas células perdem a sua capacidade em desempenhar conexões sinápticas e morrem

por apoptose (MARTINS et al, 2009). O nervo óptico é dramática e irreversivelmente afetado

no disco óptico, o qual se torna escavado ou em forma de cálice (SLATTER, 2005). Com o

tempo, haverá a sua desmielinização, perda da vascularização, atrofia e pigmentação

(MARTINS et al., 2009).

4.9 Pressão Intra-ocular Aumentada

Pressões acima de 30 mmHg associadas a sinais clínicos são o suficiente para um

diagnóstico presuntivo. Deve-se ter cautela para diferenciar pacientes com pressão intra-

ocular elevada e sem sinais agudos; essa condição, denominada hipertensão ocular, quase

sempre resulta em lesões a longo prazo e é mais frequente em raças pequenas (por exemplo,

Chihuahua e Yorkshire e terriers australiano e Sydney silky) (SLATTER, 2005).

4.10 Acuidade Visual Diminuída

A visão é perdida precocemente no olho afetado quando a elevação na pressão é

considerável. A preservação da visão depende da redução rápida da pressão (SLATTER,

2005).

5. DIAGNÓSTICO

Recomenda-se que olhos vermelhos sejam cuidadosamente examinados, tendo a pressão

intra-ocular avaliada. Dentre os métodos de exames mais factíveis, incluem-se a

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oftalmoscopia, a gonioscopia e a tonometria de aplanação. Ultrasonografia e

eletrorretinografia são de considerável valia (MARTINS et al., 2009).

A maior difusão de técnicas em tonometria na prática veterinária, aliada a exames de

alta tecnologia, como ultra-sonografia, Doppler colorido e eletrorretinografia, permitirá que

um maior número de pacientes com glaucoma ainda nos estágios iniciais da doença seja

identificado, minimizando os riscos de perda da visão (MARTINS et al., 2006).

5.1 Oftalmoscopia

A oftalmoscopia direta e a indireta podem ser usadas para examinar a cabeça do nervo

óptico quanto a adelgaçamento da rima neurorretiniana e aumento da escavação (SLATTER,

2005). Segundo MARTINS et al. (2009), a oftalmoscopia binocular indireta oferece melhores

condições para uma avaliação de rotina.

5.2 Gonioscopia

A gonioscopia é o procedimento utilizado para se avaliar a condição do ângulo de

drenagem da câmara anterior e melhor selecionar a conduta terapêutica (MARTINS et al.,

2009).

Segundo SLATTER (2005), a técnica é aplicável a todas as espécies domésticas, porém

é mais comumente utilizada em cães. Em pacientes cooperativos, anestesia tópica é suficiente;

entretanto, a tranquilização pode ser necessária em animais refratários ao exame

(cetamina/diazepam é particularmente útil).

O efeito da cetamina sobre a pressão intra-ocular (PIO) continua controverso. Há relatos

de que os agentes dissociativos aumentam a PIO, bem como outros que relatam alteração

alguma. Isso se deve, provavelmente, ao fato de que múltiplos fatores podem influenciar a

PIO (FANTONI e CORTOPASSI, 2008).

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5.3 Tonografia

A tonografia é o estudo da facilidade como que o humor aquoso é drenado. Uma massa

conhecida é posicionada sobre o olho e a redução da pressão intra-ocular é medida durante

alguns minutos. Em decorrência do custo do equipamento, ausência de cooperação do

paciente e uso relativamente raro pelo oftalmologista veterinário, a tonografia se mantém

como ferramenta de pesquisa e não é parte integral do manejo de pacientes glaucomatosos

(SLATTER, 2005).

5.4 Tonometria

É a técnica de avaliação para a determinação da pressão intra-ocular. Em casos

rotineiros, o procedimento é utilizado tanto para diagnóstico quanto para monitoramento e

avaliação da eficácia da terapia (MARTINS et al., 2009).

Segundo SLATTER (2005), a tonometria pode ser utilizada para estabelecer valores

basais para a pressão de cães de raças suscetíveis ao glaucoma para identificar olhos sob risco

antes da manifestação de episódios da doença.

A tonometria instrumentalizada é classificada segundo dois grupos distintos: indentação

e aplanação (MARTINS et al., 2009).

5.4.1 Tonometria de Indentação

O instrumento mais econômico e tecnicamente fácil de manipular em medicina

veterinária geral é o tonômetro de SchiØtz (SLATTER, 2005).

Na tonometria de indentação, uma força padronizada é aplicada com um bastão de metal

sobre a córnea anestesiada. A distância que o bastão indenta a córnea é relacionada à pressão

intra-ocular, que, dessa forma, é aferida (SLATTER, 2005).

Na ausência de um tonômetro de SchiØtz, uma estimação grosseira da pressão pode ser

obtida pela palpação através da pálpebra superior (SLATTER, 2005).

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5.4.2 Tonometria de Aplanação

A tonometria de aplanação é a técnica mais recomendada na oftalmologia veterinária

(BORGES et al., 2007). Não obstante a sua acurácia, a tonometria por aplanação implica em

alto custo, razão pela qual é mais empregada em centros desenvolvidos ou de referência

(MARTINS et al., 2009).

O instrumento atualmente preferível para medir a pressão intra-ocular em animais

domésticos é o tonômetro de aplanação Tono-Pen® XL (Oculab) (Fig. 5). Seu pequeno

tamanho, a facilidade de aplicação e a acurácia o tornam preferível ao de SchiØtz (MILLER,

2007). Segundo SLATTER (2005), ele é necessário para o manejo efetivo de casos difíceis de

glaucoma e o cuidado adequado no pós-operatório de cirurgia intra-ocular.

Procedida a leitura, o resultado (em mmHg) é apresentado em visor de cristal líquido.

Os tonômetros de aplanação oferecem simpleza operacional, podendo ser empregados em

pacientes em diferentes posições.

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FIGURA 5: Verificação de PIO por Tonopen.

Fonte: Arquivo pessoal, 2012.

5.5 Ultrassonografia

A ultrassonografia, em especial o Doppler colorido, tem sido frequentemente

empregada no diagnóstico e no monitoramento de afecções que comprometem a

vascularização do olho e da órbita. Trata-se de um exame não invasivo, que permite avaliar o

fluxo sanguíneo e a resistência vascular das artérias oftálmicas, auxiliando no diagnóstico

precoce da afecção (MARTINS et al., 2009). Segundo BRANDÃO et al. (2007), atualmente,

a ultrassonografia é um importante exame complementar em oftalmologia veterinária tanto

para determinar a dimensão dos componentes oculares quanto para o diagnóstico de

anormalidades de tamanho ocular, tais como glaucoma, phthisis bulbi e microftalmia.

Segundo MARTINS et al. (2009), ao exame de pacientes acometidos por glaucoma

primário de ângulo aberto ou por glaucoma de pressão normal, podem ser observados

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significativa redução na cinética do fluxo sanguíneo retrobulbar e aumento da resistência

vascular. Adjunto, as imagens ultrassonográficas são úteis para a observação precoce da

escavação do disco óptico, especialmente em olhos com opacificação de meios transparentes.

5.6 Eletrorretinografia

O eletrorretinograma permite avaliar a resposta das células retinianas a um estímulo

luminoso. No paciente glaucomatoso, o eletrorretinograma revela diminuição da resposta ao

estimulo luminoso, uma vez que as células ganglionares estão afetadas. A despeito de sua

utilidade, os equipamentos disponíveis são caros, o que restringe seu uso apenas a centros

mais desenvolvidos ou de referência. Alguns autores admitem a eletrorretinografia como o

procedimento mais eficaz para o diagnóstico precoce do glaucoma (MARTINS et al., 2009).

5.7 Angiografia Fluoresceínica

Utilizada para avaliação da vascularização retiniana e coroidal, de grande utilidade para

diagnóstico de afecções circulatórias do fundo de olho. Em olhos glaucomatosos, a

angiografia fluoresceínica permite observar alterações na circulação retiniana, caracterizadas

pelo menor diâmetro dos vasos, diminuição da rede vascular e aumento no tempo de

preenchimento capilar local (MARTINS et al., 2009).

6. TRATAMENTO

O glaucoma é uma afecção de difícil conduta terapêutica e causadora de cegueira em

cães (BORGES et al., 2007). Segundo SLATTER (2005), uma variedade de combinações de

terapias médicas e cirúrgicas pode ser usada. A escolha depende da causa e do estágio do

glaucoma, bem como da experiência do clínico.

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A maioria das substâncias foi preconizada para diminuir a PIO (MARTINS et al.,

2009). Segundo BORGES et al. (2007), os fármacos utilizados no tratamento clínico do

glaucoma objetivam diminuir a produção do humor aquoso ou aumentar sua drenagem. Os

objetivos são prevenir a lesão do nervo óptico, preservar a função visual e diminuir a

sensibilidade dolorosa. O manejo clínico do glaucoma canino recebe grande destaque, pois os

procedimentos cirúrgicos apresentam somente 30 a 50% de sucesso na redução da PIO.

Sabe-se que a eficácia do tratamento depende do proprietário e que a probabilidade de

atingir esse objetivo é maior quando a medicação se faz de modo criterioso, aumentando a

eficácia terapêutica (BORGES et al., 2007).

Em cães, começa-se, em geral, o tratamento com o uso de colírios à base de pilocarpina

a 1 ou 2%, duas (b.i.d.) ou três vezes ao dia (t.i.d.), associado a β-bloqueadores (timolol,

betaxolol) ou inibidores da anidrase carbônica (dorzolamida, brinzolamida), b.i.d. ou s.i.d.

(uma vez ao dia). Outros agentes utilizados para o controle da PIO a curto prazo nessa espécie

são as prostaglandinas (latanoprost, travoprost), b.i.d. ou s.i.d., e os α2-agonistas

(apraclonidina, brimonidina) (ANDRADE, 2008).

O maleato de timolol destaca-se na terapia médica antiglaucomatosa por apresentar

baixo custo e fácil disponibilidade. Reduz a produção do humor aquoso, porém suas

propriedades famacocinéticas e farmacodinâmicas ainda não estão completamente

estabelecidas (BORGES et al., 2007).

O inibidor da anidrase carbônica (IAC) tópico, cloridrato de dorzolamida, é amplamente

utilizado e recomendado como monoterapia e terapia aditiva, sendo que o uso concomitante

do timolol e dorzolamida resulta em maior efeito redutor da PIO do que quando administrado

como monoterapia (BORGES et al., 2007).

A terapêutica na emergência para diminuição da PIO consiste no uso de manitol via

intravenosa (IV) e glicerina por via oral, associada ao uso tópico de colírios hipotensores

(principalmente pilocarpina, timolol e latanoprost) (ANDRADE, 2008).

Na maioria dos casos, o controle definitivo do glaucoma é cirúrgico, ocasionalmente

suplementado por medicação adicional. Certos tipos de glaucoma (por exemplo, facolítico,

pós-inflamatório) podem ser tratados primeiramente por meio médico; se houver falhas, os

métodos cirúrgicos podem, então, ser empregados (SLATTER, 2005).

O glaucoma crônico é tratado, na maioria das vezes, por ciclocrioterapia ou pela

inserção de próteses intra-oculares, com mióticos e inibidores da anidrase carbônica como

adjuvantes (SLATTER, 2005).

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Isoladamente ou em combinação com procedimentos cirúrgicos, fármacos hipotensores

oculares são indispensáveis quando se busca preservar a função visual de olhos

glaucomatosos (RIBEIRO et al., 2007).

6.1 Tratamento Clínico

6.1.1 Diuréticos Osmóticos

Os agentes osmóticos (manitol e glicerol) são utilizados em casos agudos, quando a PIO

encontra-se significativamente elevada. São eles os fármacos de eleição para casos

emergenciais, sendo utilizados, ainda, previamente às intervenções cirúrgicas (MARTINS et

al., 2009).

Segundo ANDRADE (2008), os agentes osmóticos atravessam, em quantidades

limitadas, as barreiras sangue-humor aquoso e hematorretinal e por gradiente osmótico

retiram água do olho e sistema vascular, provocando: diminuição da PIO; diminuição do

volume do vítreo, com frequente movimento posterior do cristalino e interrupção do bloqueio

pupilar; depuração do edema corneano.

Manitol e glicerol devem estar imediatamente disponíveis para o tratamento do

glaucoma, assim que os valores de pressão intra-ocular estiverem entre 50 e 60mmHg por

mais de 24 a 48h, o que pode resultar em perda irreversível da visão. O manitol não é

utilizado no tratamento prolongado do glaucoma, sendo sua dosagem de 2g/kg, iv por 10 a

15min (10ml/kg de solução a 20%). O glicerol é menos efetivo do que outros agentes, mas

pode ser administrado pelo proprietário em recidivas agudas de glaucoma até ser possível a

avaliação profissional. A dose em cães é de 1 a 2ml/kg, por VO. A pressão intra-ocular

diminui, após a administração oral, em 20 a 30min (SLATTER, 2005).

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6.1.2 Agentes Colinérgicos

Segundo ANDRADE (2008), são facilitadores da drenagem do humor aquoso pelo

aumento do ângulo de drenagem.

A pilocarpina é indicada como adjuvante no controle do glaucoma primário em cães

(MARTINS et al., 2009). A pilocarpina 1 e 2% promove contração do músculo ciliar,

aumentando os espaços trabeculares (ANDRADE, 2008), o que torna contra-indicada em

glaucomas secundários a uveíte (MARTINS et al., 2009), em razão de seu efeito miótico

predispor sinéquia posterior, oclusão pupilar e quebra da barreira sangue-humor aquoso

(ANDRADE, 2008).

Segundo RIBEIRO et al. (2007), apesar de seu baixo custo, a pilocarpina não deve ser

prescrita como primeira escolha para o manejo do glaucoma, pois promove quebra da barreira

hemato-aquosa, deteriorando o quadro clínico oftálmico de pacientes portadores de glaucoma

secundário.

A aplicação intracameral de solução de carbacol 0,01% é capaz de prevenir a

hipertensão intra-ocular pós-operatória ensejada pela facoemulsificação, em cães (MARTINS

et al., 2009). Segundo ANDRADE (2008), é menos útil que a pilocarpina para controle da

PIO.

Segundo MOORE (2003), em relação ao isoflurofato e o ecotiofato, embora limitados

os dados a partir do uso desses agentes nos cães, a instilação tópica de uma gota de qualquer

dessas drogas a cada 12-48 horas foi recomendada para terapia de manutenção do glaucoma

canino primário.

6.1.3 Agentes Adrenérgicos

A adrenalina reduz a produção do humor aquoso (efeito precoce) e aumenta a facilidade

do fluxo de saída (efeito prolongado). É usada clinicamente como solução a 1% ou a 2%, a

qual pode ser usada concomitantemente com outros agentes hipotensores, como a pilocarpina,

o timolol e os inibidores da anidrase carbônica. A dipivefrina é preparada comercialmente

como solução tópica a 0,1%. A administração da dipivefrina a 0,1%, duas vezes ao dia, nos

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pacientes humanos produz efeitos hipotensores equivalentes aos da pilocarpina a 2% tópica

quatro vezes ao dia (MOORE, 2003).

Segundo ANDRADE (2008), a dipivefrina é feita 1 gota 3 a 4 vezes ao dia. Possui

menos efeitos colaterais do que a epinefrina, sendo, por isso, mais utilizada.

6.1.3.1 Agonista α2-adrenérgico

A apraclonidina reduz a pressão intra-ocular, diminuindo a produção do humor aquoso

e, possivelmente, aumentando a drenagem pela via uveoescleral (ANDRADE, 2008). Ela não

está indicada para o uso em gatos, porquanto induz a vômitos na espécie (MARTINS et al.,

2009). No Brasil, parou-se de fabricar esse produto (ANDRADE, 2008).

Em relação ao taratarato de brimonidina, em cães glaucomatosos, induz queda

significativa na PIO, miose e redução na frequência cardíaca (MARTINS et al., 2009).

Utiliza-se 1 gota, 2 a 3 vezes ao dia (ANDRADE, 2008).

6.1.4 Agentes antiadrenérgicos

6.1.4.1 Bloqueador β-adrenérgico

Esses fármacos causam decréscimo da PIO (MARTINS et al., 2009). Segundo

ANDRADE (2008), é um dos grupos mais utilizados em humanos como fármacos tópicos

antiglaucoma, porém sua eficácia em animais é menor.

O timolol é utilizado para tratar glaucomas primários e secundários (MOORE, 2003). É

apresentado nas concentrações de 0,25 a 0,5%, devendo ser administrado em intervalos

regulares de 8 ou 12h (MARTINS et al., 2009). Efeitos colaterais reportados apontam para um

decréscimo significativo na frequência cardíaca em cães e em gatos (MARTINS et al., 2009),

sendo então, contra-indicado em pacientes com problemas cardíacos e respiratórios

(ANDRADE, 2008).

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6.1.5 Inibidores da Anidrase Carbônica (IAC)

A enzima anidrase carbônica está presente no corpo ciliar e associada com a produção

de humor aquoso. A inibição pela anidrase carbônica reduz a produção de aquoso em mais de

50%, diminuindo, assim, a pressão intra-ocular. Esses fármacos também inibem a anidrase

carbônica no epitélio tubular renal, causando diurese. Assim como os agentes osmóticos, seu

efeito na redução da pressão intra-ocular não é resultado da diurese (SLATTER, 2005).

Segundo MARTINS et al. (2009), íons de bicarbonato são transportados juntamente com o

cátion sódio para câmara posterior do bulbo do olho, estabelecendo um gradiente osmótico.

Para efeitos hipotensores adicionais no tratamento dos glaucomas primários ou

secundários, os IAC são geralmente administrados combinados a outros agentes (MOORE,

2003).

O emprego sistêmico de alguns IAC, como a acetazolamida, a diclorfenamida e a

metazolamida, está em desuso dada a ocorrência frequente de efeitos colaterais que

produzem, notadamente, a acidose metabólica. Em contrapartida, a via tópica vem ganhando a

preferência para administração desses fármacos (MARTINS et al., 2009).

6.1.5.1 Acetazolamida

A acetazolamida é um IAC de primeira geração (MOORE, 2003). Pode ser administrada

por via oral ou intravenosa. Quando fornecida em doses altas (50 a 100mg/kg) por via

intravenosa, pode reduzir a produção do humor aquoso em até 75% e diminuir,

significativamente, a pressão intra-ocular (SLATTER, 2005). Segundo MOORE (2003), uma

dose de 5-10mg/kg é recomendada como tratamento de emergência do glaucoma agudo.

Consequentemente, a acetazolamida intravenosa é utilizada no tratamento emergencial

do glaucoma agudo canino. Em cães, a acetazolamida oral causa vômito mais frequentemente

do que outros inibidores de anidrase carbônica, além de que o uso prolongado dessa

medicação é quase sempre insatisfatório (SLATTER, 2005).

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6.1.5.2 Diclorfenamida e Metazolamida

Para o tratamento prolongado do glaucoma nos pequenos animais, a diclorfenamida ou

a metazolamida são preferíveis (MOORE, 2003). Os inibidores recentes da anidrase carbônica

são utilizados por via oral e causam efeitos adversos menores do que a acetazolamida

(SLATTER, 2005).

A diclorfenamida atualmente não está disponível no comércio. A metazolamida está

disponível apenas em comprimidos de 50mg; a dose oral para cães é de 2,0-10,0mg/kg, 2-3

vezes ao dia (MOORE, 2003). Segundo SLATTER (2005), a dosagem da Metazolamida

(Neptazane®) é de 5mg/kg por dia, divididos em 2 a 3 doses.

6.1.5.3 Dorzolamida

A dorzolamida (a 2%) é um inibidor da anidrase carbônica, aplicado topicamente, e uma

sulfonamida. Ela reduz a pressão intra-ocular em cães e gatos, quando administrada duas

vezes ao dia (SLATTER, 2005). Porém, segundo MARTINS et al. (2009), a dorzolamida se

mostrou eficaz em reduzir a produção do humor aquoso e a PIO, quando administrada a

intervalos regulares de 8h.

Segundo SLATTER (2005), a dorzolamida a 2% tópica é um componente útil no

regime de associações para se diminuir a pressão intra-ocular, especialmente em pacientes que

foram submetidos a procedimento ciclodestrutivo, assim como a ciclotermia a laser ou a

ciclocrioterapia, como nos casos de glaucoma secundário à uveíte. Tem a vantagem de não

apresentar efeitos adversos, mas a desvantagem do custo alto.

Em seres humanos, a formulação comercial contendo 2% de dorzolamida e 0,5% de

maleato de timolol, reduziu o intervalo de aplicação de três para duas vezes ao dia. Efeito

similar foi observado em Beagles glaucomatosos (MARTINS et al., 2009).

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6.1.6 Análogos de Prostaglandinas

Os análogos de prostaglandinas são preferidos para o manejo do glaucoma primário,

porquanto exercem efeito hipotensor ocular superior ao de outros fármacos, e são efetivos

com uma única aplicação diária. Eles aumentam a drenagem do humor aquoso pela rota

uveoescleral (MARTINS et al., 2009).

Investigações conduzidas em Beagles glaucomatosos comprovaram a eficácia do

bimatoprost 0,03%, do latanoprost 0,005% e do travatan 0,004% em reduzir a PIO

(MARTINS et al., 2009).

Segundo ANDRADE (2008), em relação ao latanoprost, é uma prostaglandina sintética

que atua como hipotensor ocular tópico. É fármaco de primeira escolha para aliviar o bloqueio

pupilar em glaucoma primário de ângulo fechado e também útil no tratamento de outras

formas de glaucoma.

A isopropila unoprostona é um fármaco capaz de reduzir a PIO aumentando a drenagem

do humor aquoso pela via convencional (MARTINS et al., 2009).

Análogos das prostaglandinas são contra-indicados a pacientes com glaucoma

secundário à uveíte, porquanto o humor aquoso, nessas condições, já é rico em

prostaglandinas. É oportuno lembrar que esses fármacos não surtem efeito algum sobre a PIO

de felinos, promovendo apenas miose (MARTINS et al, 2009).

6.2 Tratamento Cirúrgico

Os procedimentos que diminuem a produção do humor aquoso são reconhecidos por

lesarem o corpo ciliar; e as manobras que incrementam a sua drenagem, pela construção de

uma via alternativa de evacuação (MARTINS et al., 2009).

O objetivo da terapia é aliviar a dor ocular, provendo o olho com pouco ou nenhum

requerimento de medicação e com uma condição cosmética aceitável. Dentre os

procedimentos passíveis de proporcionar tais objetivos, estão enucleação, inserção de prótese

ocular e ablação química do corpo ciliar (CHIURCIU et al., 2007).

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6.2.1 Aumento da Drenagem do HA

Dentre os procedimentos cirúrgicos, estão aqueles que objetivam aumentar a drenagem

do humor aquoso, ou seja, as operações filtrantes. Estas apresentam um alto índice de recidiva

do glaucoma, uma vez que o espaço de drenagem construído, em muitos casos é obliterado

por uma cicatriz em pouco tempo (KASECKER E WOUK, 2003).

A técnica cirúrgica de trefinação escleral associada a iridectomia periférica possui

resultados satisfatórios, uma vez que permite a construção de uma fístula de drenagem de

tamanho adequado para a manutenção da bolha de filtração. Além disso, esta técnica provou

ser de fácil realização, exigindo mínimo material especializado e conhecimentos cirúrgicos

gerais.Sendo assim, permite que cirurgiões veterinários sem treinamento microcirúrgico

possam oferecer conforto a animais glaucomatosos (KASECKER E WOUK, 2003).

Gonioimplantes (shunts) de câmara anterior são os mais aceitos quando se objetiva

aumentar a drenagem de humor aquoso. São dispositivos concebidos com intuito de se criar

uma rota alternativa para a drenagem do humor aquoso. O modelo mais utilizado em

oftalmologia veterinária (Ahmed) dispõe de uma válvula que se abre quando a PIO ultrapassa

12mmHg, e que se fecha quando ela decresce a 8mmHg (MARTINS et al., 2009).

As complicações pós-operatórias da implantação de shunts de câmara anterior

relacionam-se à sua migração, edema de córnea, hipotonia ocular e, principalmente,

iridociclites e obstrução do tubo de drenagem por debris (MARTINS et al., 2009).

O fluxo do humor aquoso só ocorre se a fístula estiver permitindo a sua passagem da

câmara anterior para o espaço subconjuntival e isto depende dos processos cicatriciais que

ocorrem no sítio operatório. (KASECKER e WOUK, 2003).

Várias drogas estão em teste e são utilizadas para controlar a cicatrização nas cirurgias

filtrantes. Contudo, alguns fármacos apresentam efeitos colaterais como falta de

vascularização no sítio operatório e efeito tóxico sobre o corpo ciliar (KASECKER e WOUK,

2003).

O ácido salicílico a 0,3%, utilizado topicamente sob a forma de colírio, é eficaz e seguro

como agente queratolítico e modulador cicatricial nas intervenções cirúrgicas filtrantes do

glaucoma em cães, porque manteve a patência da bolha de filtração por longos períodos e

porque controla a inflamação pós-operatória sem causar danos às estruturas oculares

(KASECKER e WOUK, 2003).

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6.2.2 Ciclocriotermia

Consiste em produzir a necrose do corpo ciliar por congelamento. A técnica emprega o

nitrogênio líquido ou óxido nitroso. O nitrogênio é mais efetivo, por permitir que se

obtenham, rapidamente, temperaturas mais baixas (-12°C), induzindo menores danos aos

tecidos adjacentes ao corpo ciliar. Complicações pós-operatórias incluem quemose,

blefaroespasmo e uveíte, adjuntas a quadros de efusão coroidal, descolamento de retina e

phthisis bulbi (MARTINS et al., 2009).

6.2.3 Terapia a Laser

Por sua maior seletividade e pelos menores danos teciduais, técnicas que contemplam o

emprego do laser vêm ganhando, a preferência dos especialistas, na abordagem aos

glaucomas primários (MARTINS et al., 2009). O laser oferece a possibilidade de tratar um

olho que tem tido aumentos intermitentes de pressão, mas que continua sendo visual

(SLATTER, 2005).

O tratamento por ciclodestruição a laser deve ser comparado com ciclocrioterapia, a

qual quando corretamente realizada é muito efetiva. A principal vantagem da terapia a laser é

a reação muito mais reduzida dos tecidos oculares, com tumefação e irritação pós-operatórias

menores. As desvantagens incluem o custo mais alto do equipamento, pressão pós-operatória

aumentada, a qual deve ser controlada com medicamento por poucos dias e taxa de sucesso

aparentemente reduzida quando comparada à ciclocrioterapia (SLATTER, 2005).

6.2.4 Prótese Intra-escleral

A perda do bulbo ocular é desfigurante, sendo a enucleação esteticamente pior que a

evisceração. O uso de inclusões esféricas na cavidade anoftálmica pode melhorar a estética. A

evisceração é indicada para o tratamento de glaucoma com buftalmia e cegueira permanente,

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após laceração corneana ou escleral extensa, no hifema persistente resultante de deslocamento

da retina ou em uveítes dolorosas crônicas (RAHAL et al., 2000).

O procedimento envolve a aplicação de uma prótese interiormente ao bulbo do olho,

após evisceração de seu conteúdo. Sob anestesia geral, procede-se uma incisão sobre o

equador dorsal da esclera, a 4mm do limbo, para a remoção do conteúdo intra-ocular. Uma

esfera de silicone autoclavada, medindo 1mm a mais que o diâmetro corneal horizontal, é

implantada no interior do bulbo (MARTINS et al., 2009). Segundo RAHAL et al. (2000),

deve ser 1 a 2 mm maior que o diâmetro horizontal da córnea normal, mas no animal imaturo

o tamanho deve ser baseado no diâmetro corneano de um adulto da raça.

Alternativamente à prótese de silicone, que torna o procedimento oneroso, pode-se

utilizar cimento de fosfato tricálcico de dupla prega ou polimetilmetacrilato, cujos resultados

são bastante satisfatórios (MARTINS et al, 2009). Segundo RAHAL et al. (2000), como a

prótese de resina apresenta coloração branca ou rosa pode-se considerar que o aspecto final

não é excelente, mas satisfatório e menos desfigurante que a enucleação. Nos casos em que a

córnea é mantida, o resultado estético é melhor.

A esfera de resina acrílica é uma opção no tratamento da cavidade anoftálmica, uma vez

que permite aspecto estético satisfatório e boa tolerância pelo animal (RAHAL et al., 2000).

6.2.5 Ablação Química do Corpo Ciliar

Segundo CHIURCIU et al. (2007), a ablação química do corpo ciliar é um

procedimento de salvamento do olho glaucomatoso, que previne a dor ocular, reduzindo seu

tamanho até próximo ao normal e provendo uma condição cosmética aceitável ao proprietário.

Como alternativa para olhos glaucomatosos crônicos não funcionais, a injeção de

gentamicina em associação com a dexametasona encontra indicação. Uma agulha

hipodérmica acoplada a uma seringa é inserida a uma distância de 6 a 8mm posteriormente ao

limbo. Após aspiração de 0,5ml de conteúdo vítreo, injeta-se gentamicina (25mg) em

associação com dexametasona (1mg) na câmara vítrea (MARTINS et al., 2009). Já

CHIURCIU et al. (2007), introduziu uma agulha hipodérmica 30X7 acoplada a uma seringa

de 1mL, a seis milímetros posteriormente ao limbo, posicionada entre 9 e 10 horas, sendo

feita aspiração de cerca de 0,8ml de humor vítreo. A seringa foi trocada, sendo injetado 0,8ml

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de uma solução contendo 0,5ml de sulfato de gentamicina (20mg) associada a 0,3ml de

dexametasona (1,2mg).

Segundo BRANDÃO et al. (2007), com relação à pressão intra-ocular, o olho

acometido apresentou, em média, valor significativamente maior antes da ablação intravítrea

em comparação com os valores médios em todos os momentos após o procedimento.

A ablação uveal intravítrea promoveu diminuição da hiperemia conjuntival causada pelo

glaucoma crônico, além da resolução clínica da inflamação ocular, porém teve como

consequência um aumento de opacidade corneana. Esse fenômeno deveu-se, provavelmente, à

diminuição da quantidade de humor aquoso, causando morte das células endoteliais e

consequente opacificação da córnea (CHIURCIU et al., 2007).

Segundo MARTINS et al. (2009), a ablação química do corpo ciliar não se encontra

indicada para olhos glaucomatosos de felinos, uma vez que pode induzir à ocorrência de

sarcomas.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O glaucoma afeta várias estruturas oculares, provocando lesões que, na maioria das

vezes, estão associadas à pressão intra-ocular aumentada.

A síndrome é considerada uma emergência, devido a seu alto potencial de provocar

cegueira temporária ou permanente, e, por este motivo, deve ser diagnosticada e tratada a

tempo.

Raramente os proprietários notam alguma alteração ocular em seu animal, o que

dificulta o sucesso do tratamento.

As informações adquiridas a partir da anamnese, histórico do animal, sinais clínicos,

exame físico e métodos diagnósticos, são de extrema importância para definir o protocolo

terapêutico para o animal em questão.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 3.ed.; São Paulo: Roca, 2008. 936 p.

BERNARDES, J. R. Tratamento do Glaucoma Canino. 2008. 88p. Dissertação (Mestrado

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