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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
JULIANA APARECIDA ROCHA CUNHA
ADAPTAÇÃO DO MODELO SROI PARA CÁLCULO APLICADO À ANÁLISE DOS
INCENTIVOS FISCAIS - LEI DO BEM
Belo Horizonte
2018
JULIANA APARECIDA ROCHA CUNHA
ADAPTAÇÃO DO MODELO SROI PARA CÁLCULO APLICADO À
ANÁLISE DOS INCENTIVOS FISCAIS - LEI DO BEM
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional. Linha de pesquisa: Redes empresariais, inovação e competitividade. Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário
Belo Horizonte
2018
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras – Bibliotecário Júlio Ferreira Gomes – CRB 6 – 3227.
C972a Cunha, Juliana Aparecida Rocha
Adaptação do modelo sroi para cálculo aplicado à análise dos incentivos fiscais
– Lei do bem/ Juliana Aparecida Rocha Cunha. – 2018.
120f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2018. Programa de Pós-
graduação Profissional em Administração. Inclui bibliografias.
1. Lei 11.196/2005 (Lei do Bem). 2.Incentivo fiscal. 3. Desenvolvimento social. I. Mário, Poueri do Carmo. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos
não é senão uma gota de água no mar. Mas o
mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”
Madre Teresa de Calcutá
AGRADECIMENTOS
Foi uma longa jornada até aqui. Muitas pessoas contribuíram para que este momento
acontecesse e é justo agradecer a todos por todo o apoio.
Primeiramente, agradeço a Deus por sempre me guiar e me dar forças para vencer todos
os obstáculos que surgiram neste trajeto.
Aos meus pais e minha irmã por acreditarem neste sonho. Vocês são meu porto seguro.
O amor de vocês sempre me fez e me faz seguir em frente. Não tenho palavras para agradecer
a Deus por ter vocês na minha vida.
Ao meu marido Leandro, peça fundamental neste projeto. Sem você, com certeza nada
disso seria possível. Sua compreensão nos momentos em que tive que me dedicar aos estudos,
seu companheirismo, amor e apoio permitiram que este trabalho fosse concluído. Este mestrado
tornou-se um projeto nosso.
Às minhas irmãs de coração, Tatiana e tia Patrícia, que me apoiaram, ajudaram e
incentivaram a minha pesquisa.
Os meus queridos amigos pela torcida, orações e compreensão da minha ausência:
equipe de canto São Geraldo, minhas queridas Liliana, Christiane, Jaqueline e Cristina. Sou
muito grata por ter amigos como vocês.
Aos meus familiares e demais amigos que torceram para que este momento acontecesse.
Vocês são muito especiais e importantes nesta jornada.
Ao meu querido orientador Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário, que acreditou neste
projeto, que inicialmente era algo utópico, mas que se tornou algo real. Obrigada por todos os
ensinamentos, pelo carinho e dedicação.
Aos professores Dr. Danilo Costa e Dr. Henrique Formigoni pelas considerações e
contribuições valiosíssimas na construção deste trabalho.
Por fim, agradeço aos professores e colegas do Mestrado profissional em Administração
do Centro Universitário UNA, por dividirem comigo seus conhecimentos e experiências, que
contribuíram consideravelmente na construção deste trabalho.
RESUMO
Medidas de apoio à inovação são feitas, tipicamente, por meio de incentivos fiscais destinados a estimular empresas a investirem mais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Estes estímulos à inovação têm sido utilizados por vários países e no Brasil estas políticas ganharam força nas últimas duas décadas, com a Lei da Inovação (Lei 10.973/2004), a Lei do Bem (Lei 11.196/2005), e o marco legal da Ciência e Tecnologia (Lei 13.243/2016). No ano de 2014 foi concedido 1,71 bilhão de reais de renúncia fiscal para as empresas participantes da Lei do Bem (MCTIC/ SETEC, 2015). Devido à relevância da ação realizada (a renúncia) e seu fim (a inovação), é necessário que se tenham formas de mensurar o retorno destes incentivos de forma clara para a sociedade. Esta pesquisa apresenta uma proposta de adaptação do modelo SROI (Social Return on Investment) para mensuração do retorno social dos incentivos fiscais. No intuito de limitar a pesquisa fez-se o cálculo do retorno social apenas da Lei do Bem. Foi utilizada a metodologia SROI proposta pelo Social Value UK, para apurar o valor social com os dados consolidados de todas as empresas participantes desta lei no período de 2010 a 2014. Foi, também, realizado o cálculo de uma das empresas beneficiadas, a Natura Cosméticos S.A. Para realizar esta mensuração foram coletados dados dos relatórios da Lei do Bem publicados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), bem como outras informações disponibilizadas no site deste ministério. Foram utilizados também os dados disponíveis nos sites do Banco Central do Brasil (BCB), INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), LinkedIn® e Ministério do Planejamento. Ao analisar os resultados encontrados verifica-se que o impacto da Lei do Bem no estímulo à inovação no Brasil é ainda muito baixo. Os valores de retorno social foram negativos, demonstrando um prejuízo neste modelo de incentivo governamental. Isso corrobora com a afirmativa de Rumina et al.(2015) de que há uma baixa eficácia dos incentivos fiscais na prática.
Palavras-chave: Lei do Bem; incentivo fiscal; SROI; retorno social.
ABSTRACT
Measures to support innovation are typically made through tax incentives to stimulate companies to invest more in Research and Development (R & D.) These stimuli to innovation have been used by several countries and in Brazil these policies have gained ground in the last two decades, with the Innovation Law (Law 10.973/2004), the Good Law (Law 11.196/2005), and the legal landmark of Science and Technology (Law 13.243/2016). In 2014, 1.71 billion reais of tax waivers were granted to companies participating in the Good Law (MCTIC / SETEC, 2015). Due to the relevance of the action (tax waivers) and its end (innovation), it is necessary to have ways of measuring the return of these incentives in a clearly way to society. This research shows a proposal of adaptation the SROI (Social Return on Investment) model to measure the social return of tax incentives. To limit the research, calculated only Good Law. The SROI methodology proposed by Social Value UK to ascertain the social value with the consolidated data of all the companies participating in this law in the period from 2010 to 2014. The calculation of one of the participating companies, Natura Cosméticos S/A, was also carried out. In addition to the measurement was verified as The Ministry of Science, Technology, Innovations and Communications (MCTIC) as well other information available in its website. The data available on the websites of the Brazilian Central Bank (BCB), INPI (National Institute of Industrial Property), LinkedIn™ and the Ministry of Planning were also used. Analyzing the results found, it was verified that the impact of the Good Law in stimulating innovation in Brazil is still very low. The social values return were negative, showing a loss in this model of government incentive. This corroborates Rumina et al. (2015) assertion that there is a low effectiveness of tax incentives in practice.
Keywords: Good Law; tax incentive; SROI; social return.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – O processo empresarial: um olhar integrado. .......................................................... 21
Figura 2 – Modelo lógico de relações entre a política de inovação e seus possíveis resultados
.................................................................................................................................................. 26
Figura 3 – Os impactos de um incentivo ao P&D .................................................................... 35
Figura 4 – Identificação da empresa. ...................................................................................... 115
Figura 5 – Características da empresa. ................................................................................... 115
Figura 6 – Programas/atividades. ........................................................................................... 116
Figura 7 – Atividade de P,D&I ............................................................................................... 117
Figura 8 – Patentes e registros ................................................................................................ 117
Figura 9 – Dispêndios do programa ....................................................................................... 118
Figura 10 – Incentivos fiscais ................................................................................................. 119
Figura 11 – Outras informações ............................................................................................. 120
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quantidade de trabalhos por tipo ............................................................................ 36
Tabela 2 – Quantidade de artigos por período .......................................................................... 38
Tabela 3 – Distribuição das empresas recomendadas por setores industriais .......................... 41
Tabela 4 – Número de empresas participantes por região no Brasil ........................................ 41
Tabela 5 – Média dos investimentos em P&D ......................................................................... 43
Tabela 6 – Renúncia fiscal por região ...................................................................................... 44
Tabela 7 – Investimentos das empresas nas áreas de P&D em relação ao PIB Brasil ............. 45
Tabela 8 – Indicador estratégico sobre pesquisadores exclusivos em P&D............................. 46
Tabela 9 – Indicador estratégico de resultados dos investimentos X receita líquida ............... 46
Tabela 10 – Identificando e valorando as entradas ................................................................... 60
Tabela 11 – Proxies financeiras ................................................................................................ 61
Tabela 12 – Número de patentes e estimativa dos gastos......................................................... 62
Tabela 13 – Número de pesquisadores e estimativa de salários ............................................... 63
Tabela 14 – Contrafactual......................................................................................................... 64
Tabela 15 – Calculando o impacto ........................................................................................... 65
Tabela 16 – Cálculo do retorno social ...................................................................................... 66
Tabela 17 – Identificando e valorando as entradas - Natura .................................................... 67
Tabela 18 – Proxies financeiras - Natura.................................................................................. 67
Tabela 19 – Número de patentes e estimativa dos gastos- Natura ........................................... 68
Tabela 20 – Número de pesquisadores e estimativa de salários- Natura.................................. 69
Tabela 21 – Contrafactual - Natura .......................................................................................... 70
Tabela 22 – Cálculo do impacto - Natura ................................................................................. 70
Tabela 23 – Cálculo do retorno social da Natura ..................................................................... 71
Tabela 24 – Cálculo do retorno social da Natura – sem investimento próprio ........................ 71
Tabela 25 – Síntese dos resultados do cálculo do SROI .......................................................... 72
Tabela 26 – Análise do contrafactual – resultado global.......................................................... 73
Tabela 27 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2006 ............. 109
Tabela 28 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2007 ............. 109
Tabela 29 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2008 ............. 109
Tabela 30 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2009 ............. 110
Tabela 31 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2010 ............. 110
Tabela 32 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2011 ............. 110
Tabela 33 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2012 ............. 111
Tabela 34 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2013 ............. 111
Tabela 35 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2014 ............. 111
Tabela 36 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2006 ...................... 112
Tabela 37 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2007 ...................... 112
Tabela 38 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2008 ...................... 112
Tabela 39 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2009 ...................... 113
Tabela 40 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2010 ...................... 113
Tabela 41 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2011 ...................... 113
Tabela 42 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2012 ...................... 114
Tabela 43 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2013 ...................... 114
Tabela 44 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2014 ...................... 114
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Incentivos fiscais da Lei do Bem ........................................................................... 32
Quadro 2 – Resumo dos estágios e princípios do SROI ........................................................... 50
Quadro 3 – Lista empresas participantes em todo o período analisado - Lei do Bem ............. 52
Quadro 4 – Escopo do cálculo SROI ........................................................................................ 59
Quadro 5 – Stakeholders e mudanças esperadas ...................................................................... 59
Quadro 6 – Identificando os resultados das atividades ............................................................ 60
Quadro 7 – Escopo do cálculo SROI - Natura ......................................................................... 66
Quadro 8 – Resumo das adaptações do mapa de impacto ........................................................ 74
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Evolução do número de empresas participantes e recomendadas – dados não
cumulativos até 2014 ................................................................................................................ 33
Gráfico 2 – Evolução dos trabalhos com os termos “incentivo fiscal”, “retorno social”, “tax
incentive” e “social return” ..................................................................................................... 37
Gráfico 3 – Evolução das publicações com os termos “incentivo fiscal”, “retorno social”, “tax
incentive” e “social return” ..................................................................................................... 37
Gráfico 4 – Investimentos realizados pelas empresas em P&D ............................................... 42
Gráfico 5 – Comparação renúncia fiscal x investimento em P&D ........................................... 44
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BCB – Banco Central do Brasil
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas
C&T – Ciência & Tecnologia
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
DVA – Demonstração do Valor Adicionado
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
FORMP&D – Formulário para Informações sobre as Atividades de Pesquisa Tecnológica e
Desenvolvimento de Inovação Tecnológica
ICT – Instituição de Ciência e Tecnologia
INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPI – Imposto sobre Produto Industrializado
IR – Imposto de Renda
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica
IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
PIB – Produto Interno Bruto
SROI – Social Return on Investment
REDF – Robert Enterprise Development Fund
RFB – Receita Federal do Brasil
Taxa SELIC – Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15
1.2.1 Objetivo Geral............................................................................................................... 18
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 20
2.4.1 Lei do Bem.................................................................................................................... 30
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 51
3.3.1 Cálculo SROI ................................................................................................................ 53
3.3.3.1 Etapa 1 – Estabelecendo o escopo e identificando os stakeholders ........................... 53
3.3.3.2 Etapa 2 – Mapeando os resultados ............................................................................. 54
3.3.3.3 Etapa 3 – Evidenciando os resultados e atribuindo valor a eles ................................ 54
3.3.3.4 Etapa 4 – Estabelecendo os impactos ........................................................................ 55
3.3.3.5 Etapa 5 – Calculando o SROI .................................................................................... 55
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 58
4.1.1 Etapa 1 – Estabelecendo o escopo e identificando os stakeholders ............................. 58
4.1.2 Etapa 2 – Mapeando os resultados ................................................................................ 59
4.1.3 Etapa 3 – Evidenciando resultados e atribuindo valor a eles ........................................ 61
4.1.4 Etapa 4 – Estabelecendo os impactos ........................................................................... 63
1.1 Problema .......................................................................................................................... 17
1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 18
1.3 Justificativa e relevância do tema .................................................................................... 18
2.1 Inovação tecnológica ....................................................................................................... 20
2.2 Políticas públicas de incentivo à inovação tecnológica ................................................... 22
2.3 Contexto das políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil ............................ 27
2.4 Incentivo fiscal ................................................................................................................. 29
2.5 Estudo bibliométrico sobre mensuração do retorno social dos incentivos fiscais ........... 35
2.6 Modelo de avaliação governamental da Lei do Bem ....................................................... 39
2.7 Metodologia SROI ........................................................................................................... 47
3.1 Caracterização da pesquisa .............................................................................................. 51
3.2 Instrumentos de coleta de dados ...................................................................................... 53
3.3 Técnicas de análise de dados ........................................................................................... 53
3.4 Produto técnico ................................................................................................................ 56
4.1 Cálculo do SROI consolidado .......................................................................................... 58
4.1.5 Etapa 5 – calculando o SROI ........................................................................................ 65
4.2.1 Etapa 1 – Estabelecendo o escopo e identificando os stakeholders ............................. 66
4.2.2 Etapa 2 – Mapeando os resultados ................................................................................ 66
4.2.3 Etapa 3 – Evidenciando resultados e atribuindo valor a eles ........................................ 67
4.2.4 Etapa 4 – Estabelecendo os impactos ........................................................................... 69
4.2.5 Etapa 5 – calculando o SROI ........................................................................................ 71
4.2.6 Síntese dos resultados ................................................................................................... 72
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 74
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 78
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 86
ANEXO 1 ............................................................................................................................... 109
ANEXO 2 ............................................................................................................................... 115
4.2 Cálculo do SROI – Natura Cosméticos S/A .................................................................... 66
5.1 Limitações da pesquisa .................................................................................................... 76
5.2 Recomendações de pesquisas futuras .............................................................................. 77
15
1 INTRODUÇÃO
O tema inovação tecnológica vem ocupando lugar de destaque na agenda econômica de
diversos países. Considerada como a mola propulsora para o desenvolvimento socioeconômico,
a inovação tem se tornado um diferencial para a sobrevivência das empresas no mundo
globalizado e competitivo (HOLANDA; PIRES, 2015; VIEIRA et al., 2015). Zittei et al. (2016)
também afirmam que o desenvolvimento econômico é impulsionado pela inovação, que torna
o país mais competitivo e com possibilidades de melhorias na qualidade de vida da população.
Quanto mais competitivo o país for, maior a possibilidade de haver mais ofertas de
oportunidades bem como o aumento de investimentos e de sua credibilidade.
Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas pelo governo para estímulo à inovação,
tem-se os incentivos fiscais que são utilizados para interferir na quantidade e qualidade das
atividades de inovação. Existem vários mecanismos de incentivo: deduções, amortizações,
depreciações ou crédito fiscal. Estas políticas buscam estimular os gastos das empresas com a
atividade de inovação (CALZOLAIO; DATHEIN, 2012).
Sarkar (2012) ressalta a importância do investimento privado para o crescimento
econômico de um país, ajudando a reduzir o desemprego, aumentando a receita do governo por
meio do pagamento de impostos dentre outros. Rumina et al. (2015) afirmam que os incentivos
fiscais são usados em diferentes países e com propósitos diversos, incluindo estímulo às
atividades de inovação nas empresas e atração de investimentos para esta área. Os incentivos
fiscais também são concedidos para motivar a mudança de comportamento da população,
estimulando-a à troca de equipamentos como refrigeradores, máquinas de lavar louças e roupas
por equipamentos com sistemas elétricos mais eficientes, ou à troca da frota de veículos por
carros elétricos (GALARRAGA; ABADIE; KALLBEKKEN, 2016).
É de suma importância avaliar as políticas públicas, verificando se estas irão alcançar o
objetivo pretendido. Na literatura observa-se que há ferramentas econômicas para calcular o
retorno social dos incentivos fiscais, utilizando em algumas vezes a econometria, que combina
teoria econômica, matemática e estatística. Contudo, o entendimento destes cálculos demanda
do leitor um prévio conhecimento sobre o assunto.
Por isso, buscaram-se formas de mensurar o retorno social dos incentivos fiscais
concedidos utilizando uma ferramenta que simplifique o entendimento e análise destas
informações, tornando-as de fácil acesso à população e às empresas em geral. Esta ferramenta
pode ainda fornecer ao governo novas análises acerca dos incentivos fiscais. Para atingir tal
16
objetivo empregou-se a metodologia SROI (Social Return on Investment), usada por entidades
sem fins lucrativos para demonstrar o retorno de doações recebidas para a sociedade, e o seu
modelo, denominado mapa de impacto, para calcular o retorno social dos incentivos fiscais,
sendo este último adaptado para atender tal finalidade.
Cabe esclarecer que metodologia é o caminho percorrido para se alcançar um objetivo
e o método científico é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais adotadas para se obter
conhecimento (MARCONI; LAKATOS, 2003; GIL, 2008). Nesta busca por novos
conhecimentos recorre-se, dentre outras opções, ao conhecimento acumulado através da
estruturação de modelos (SAYÃO, 2001). O modelo é uma representação simplificada e
inteligível do mundo que permite “vislumbrar características essenciais de um domínio ou
campo de estudo” (SAYÃO, 2001, p. 83). Sayão (2001) ainda afirma que o método científico
é uma aproximação da verdadeira natureza das coisas e que o modelo seria a representação da
realidade. Assim, adotou-se neste trabalho o termo metodologia para a aplicação de um
conjunto de princípios dentro de uma estrutura que auxilia as entidades a avaliar os aspectos
intangíveis de seus programas, mais precisamente uma proposta de como se calcular o valor
socioeconômico das organizações do terceiro setor (FREGONESI et al., 2005; CABINET
OFFICE, 2012). Já o termo modelo foi utilizado para o mapa de impacto desenvolvido pela
Social Value UK e para a adaptação feita neste mapa para que se pudesse demonstrar o cálculo
do retorno social dos incentivos fiscais.
No intuito de limitar a pesquisa realizada, foi escolhido o incentivo concedido pela Lei
11.196/2005, mais conhecida como a Lei do Bem, sendo o período analisado de 2010 a 2014,
devido a não disponibilidade de dados após 2014. Foi realizado o estudo dos dados
consolidados das empresas incentivadas disponibilizado no relatório anual da Lei do Bem
divulgado no site do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC1)
e das demonstrações contábeis de uma das empresas participantes que usufrui do incentivo
desde o início da vigência da Lei 11.196/2005. Dos relatórios do MCTIC foram coletados o
número de empresas recomendadas (empresas que aderiram à Lei do Bem e cumpriram os
requisitos previstos na legislação), os valores totais dos investidos em P&D2 (Pesquisa e
1 Foi adotado o nome mais recente do Ministério, que foi criado em 1985 pelo Decreto 91.146/1985 com
o nome de Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), sendo o nome alterado em 2011 pela medida provisória 541/2011 convertida na Lei 12.545/2011 para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O nome atual veio com a incorporação do Ministério das Comunicações, extinto pela Medida Provisória 726/2016 convertida na Lei 13.341/2016 transformando o MCTI em MCTIC.
2 Foi adotada no texto a sigla P&D para representar tanto pesquisa e desenvolvimento quanto pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). A padronização da sigla tomou como base o Manual Frascati (2015) que não traz a sigla PD&I (ou RD&I) .
17
Desenvolvimento) e da renúncia fiscal concedida, a quantidade total de pesquisadores
contratados pelas empresas incentivadas e de patentes depositadas pelas empresas incentivadas.
Nas demonstrações financeiras da empresa selecionada consultou-se os valores de
investimentos em P&D realizados pela empresa e o incentivo a ela concedido. A utilização de
dados consolidados e de apenas uma empresa incentivada demonstra que o modelo pode ser
utilizado para calcular o retorno social do incentivo como um todo ou de apenas uma das
empresas beneficiadas. Além das demonstrações financeiras e dos dados coletados nos
relatórios disponibilizados no portal do MCTIC, foram consultados dados dos sites das
seguintes instituições: INPI (número de patentes depositadas e valores das taxas para depósito),
Banco Central (taxa SELIC e IPCA), LinkedIn® (número de pesquisadores contratados pela
empresa selecionada) e Ministério do Planejamento (valores dos salários pagos aos
pesquisadores federais) para a adaptação do mapa de impacto.
1.1 Problema
O problema investigado relaciona-se com a ausência de um modelo específico para
mensurar o retorno social dos incentivos fiscais concedidos às empresas. O incentivo analisado,
previsto no capítulo III da Lei 11.196/2005 conhecido como Lei do Bem, tem como objetivo
promover o efeito alavancagem do setor econômico industrial nacional, aumentando a
competitividade no cenário mundial, por meio de estímulo aos investimentos em P&D
(pesquisa e desenvolvimento) através de inventivos fiscais em que o gasto público é capaz de
ampliar o gasto privado em inovação (MCTIC/ SETEC, 2015). Melo (2010) afirma que, mesmo
com a percepção em nível internacional da necessidade de investimento de recursos públicos e
privados em programas de estímulo à inovação, pouco se tem conhecimento do quanto se deve
investir e em quais fatores para que se tenham maiores chances da geração de inovação. O
resultado é a dificuldade de identificar e prever como os investimentos na geração de inovação
podem afetar a competitividade dos países e o bem-estar de sua população. Fica evidente a
necessidade de ferramentas que auxiliem na mensuração dos impactos dos investimentos
públicos em inovação e como estes afetam a sociedade. Logo, esta foi a questão norteadora
desta pesquisa: como mensurar o retorno social dos incentivos fiscais da Lei do Bem por meio
do modelo SROI?
18
1.2 Objetivos
Visando responder à questão norteadora desta pesquisa, propõem-se os objetivos a
seguir.
1.2.1 Objetivo Geral
Demonstrar como mensurar o retorno social dos incentivos fiscais utilizando o modelo
SROI, realizando neste as adaptações que forem necessárias.
1.2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos propostos neste estudo foram:
a) Analisar as informações contidas nos relatórios do MCTIC;
b) Verificar a forma que se avalia o retorno dos incentivos fiscais concedidos;
c) Identificar o(s) retorno(s) social(is) da Lei do Bem;
d) Verificar formas de valoração do(s) retorno(s) social(is) identificado(s).
1.3 Justificativa e relevância do tema
Rumina et al.(2015) afirmaram que a necessidade de avaliar a eficácia dos incentivos
fiscais, que visam motivar desenvolvimento inovativo, decorre da falta de uma base teórica
consistente e da baixa eficácia de tais benefícios na prática. Sem uma avaliação detalhada da
eficácia dos incentivos fiscais, a retirada assistemática de alguns benefícios e a inclusão de
outros que muitas vezes não são eficazes acontecerá.
Para verificação da literatura sobre o tema do trabalho, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica seguida de uma delimitada análise bibliométrica no intuito de conhecer as
publicações existentes sobre o tema e verificar como os termos “retorno social” e “incentivo
fiscal” se relacionam. A bibliometria segundo Araújo (2006) é a análise quantitativa da
informação, consistindo na aplicação de técnicas estatísticas e matemáticas para medição dos
índices de produção e de disseminação do conhecimento científico. Foram mapeados 427
trabalhos, excluindo-se os duplicados, nas bases Google Acadêmico, Ebsco, Emerald,
ScienceDirect, SciELO, Scopus e Spell que continham os termos “incentivo fiscal”, “retorno
social” ou “tax incentive” e “social return”. O período analisado foi de janeiro de 2000 a maio
de 2017. Refinando esta análise de publicações que abordavam a relação entre incentivos fiscais
e retorno social, limitou-se a busca aos artigos publicados em periódicos, totalizando 111
trabalhos. Destes, somente 17 apresentavam formas de mensurar o retorno social dos incentivos
19
fiscais, mas nenhum fez o uso da metodologia SROI para realizar este cálculo. No tópico 2.5
desta dissertação será apresentada, em detalhes, a abordagem da mensuração do retorno social
dos 17 artigos encontrados.
A afirmação de Rumina et. al (2015) se fortalece com os resultados encontrados na
pesquisa bibliométrica, onde se localizou um pequeno número de publicações que tratam do
tema e poucos modelos para realizar a mensuração do retorno social dos incentivos fiscais.
A relevância e originalidade deste trabalho para a sociedade, consiste em disponibilizar
um protótipo de software que possa evidenciar se os recursos públicos investidos nos incentivos
fiscais estão trazendo algum retorno. No mesmo sentido, empresas podem utilizar tal modelo
para prestar contas em geral sobre como aplicam este recurso e o benefício social decorrente da
sua utilização em P&D.
Para a academia, a contribuição da pesquisa foi trazer oportunidade de reflexão sobre a
importância de se ter ferramentas que mensurem o retorno social dos incentivos fiscais para que
se possa ter parâmetros para visualizar os benefícios ou não oriundos destas políticas públicas
sob outra ótica além da econômica.
Para a autora, a pesquisa é relevante devido à sua experiência profissional e atuação no
mercado na área tributária-fiscal, trabalhando diretamente com solicitações e acompanhamento
dos incentivos fiscais das empresas.
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo, são apresentadas as revisões da literatura sobre inovação tecnológica,
políticas públicas de incentivos e seu contexto, incentivos fiscais com destaque para a Lei do
Bem, um estudo bibliométrico sobre mensuração do retorno social de incentivos fiscais, o
modelo de avaliação governamental da Lei do Bem e a metodologia SROI.
2.1 Inovação tecnológica
O conceito de inovação está atrelado à noção de tecnologia, podendo ser sintetizada
como “conhecimento técnico associado à produção de bens e serviços” (CONCEIÇÃO, 2000,
p. 60). Neste sentido, pode-se conceituar a inovação como “novos e aprimorados produtos e
processos, novas formas organizacionais, aplicação da tecnologia existente em novos campos,
descoberta de novos recursos e abertura de novos mercados” (NIOSI et al., 1993, p. 209,
tradução nossa). As inovações são as principais forças para gerar desenvolvimento econômico
de uma região ou país (SCHUMPETER, 1997).
Conforme o manual de Oslo (OECD, 2004, p. 55)
uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.
O manual de Oslo (OECD, 2004) considera dois tipos de inovações: inovação de
produtos e inovação de processos. As inovações estão presentes tanto na criação de um novo
produto ou processo, quanto no aprimoramento de produtos ou processos já existentes. No caso
dos produtos, as inovações são divididas entre produtos tecnologicamente novos, que envolvem
tecnologias radicalmente novas, e produtos tecnologicamente aprimorados, que, neste caso,
referem-se a um produto existente que tenha sido aprimorado de forma significativa. As
inovações de processos envolvem alterações no processo de produção ou nos métodos de
produção utilizados, que podem ser novos ou apenas conter melhorias significativas nos já
existentes.
Quanto à inovação tecnológica, o manual de Frascati (2013, p. 23) diz que é qualquer
“conjunto de diligências científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais,
incluindo o investimento em novos conhecimentos, que realizam ou destinam-se a levar à
realização de produtos e processos tecnologicamente novos e melhores”.
Segundo Zucoloto (2010) a inovação tecnológica está ligada ao desenvolvimento
econômico e ao crescimento da produtividade de forma positiva, sendo essencial ao
21
desenvolvimento econômico e social, sendo estimulada em diversos países através de políticas
de apoio, dentre elas os incentivos fiscais.
Já o Decreto 5.798/2006 (BRASIL, 2006), que regulamenta os incentivos fiscais da Lei
do Bem, afirma que a inovação tecnológica é
a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado
A figura 1 mostra importância do investimento em P&D no desenvolvimento de
inovações.
Figura 1 – O processo empresarial: um olhar integrado. Fonte: Traduzido e adaptado autora (AUDRETSCH et al., 2002, p. 190)
De acordo com Audretsch et al. (2002) a atividade de pesquisa e desenvolvimento é o
principal recurso utilizado pelas empresas para identificar a resposta empresarial às condições
competitivas do mercado e às direções estratégicas da firma. Porém as empresas dependem em
graus distintos da atividade em P&D: empresas maiores em ambientes competitivos
normalmente dependem mais que empresas menores que usam fontes externas de
conhecimentos técnicos. Vários fatores influenciam o nível de P&D dentro das empresas
(infraestrutura que vem de laboratórios federais, estar localizado em um parque tecnológico,
parcerias de pesquisa com outras empresas, universidades, base científica, ou seja, estoque de
conhecimento gerado pela empresa através de P&D). As linhas tracejadas são os feedbacks
22
gerados no momento da inovação, que aumenta a base científica e interfere no ambiente
competitivo.
Um dos pontos destacados na figura é o reconhecimento de que muitas inovações são
difundidas para a sociedade e geram benefícios para outras empresas, ou seja, geram spillovers
para a sociedade. De acordo com Beckett-Camarata (2017) os spillovers, ou externalidades, são
efeitos colaterais nocivos ou benéficos do processo de produção, pela distribuição ou consumo
de certos bens. A externalidade positiva de uma empresa ocorre quando alguém recebe um
benefício não remunerado. Um exemplo deste caso são os resultados das pesquisas P&D de
novos produtos de uma empresa privada. Eles podem ser copiados por outras entidades que se
beneficiarão sem ter realizado investimentos, e a companhia que despendeu o recurso
contabiliza apenas o que efetivamente gastou em P&D, não cobrando por todos os benefícios
gerados para a sociedade. No caso da externalidade negativa, a empresa transfere os efeitos
prejudiciais bem como os custos deste para outra pessoa. Um exemplo desta situação são as
drogas lícitas. Seus efeitos causam comportamentos socialmente inadequados ou doenças
altamente custosas para usuários e para a sociedade, que pode ter uma sobrecarga nas despesas
públicas para o tratamento de saúde destes indivíduos. Uma das formas de minimizar os efeitos
negativos é o aumento da tributação destes produtos de forma a compensar a sociedade.
(SANSON, 2011; MOURAVIEV; KAKABADSE, 2016)
Archila (2015, p. 3) afirma que inovação não é um processo linear, mas um processo
complexo e coletivo que envolve as empresas inovadoras “e um sistema de interações e
interdependências no qual estão envolvidas as universidades e instituições de pesquisa, o Estado
e um amplo conjunto de outras organizações”. Ela ainda destaca que o sistema brasileiro de
inovação é imaturo, devido a um conjunto de fatores endógenos relacionados à
“industrialização tardia, debilidade de políticas públicas de incentivo à inovação, incapacidade
de financiamento de longo prazo e baixa articulação entre governo, empresas, universidades e
instituições de pesquisa”, destacando o desencontro entre as demandas da sociedade o sistema
de C&T (ARCHILA, 2015, p. 5).
2.2 Políticas públicas de incentivo à inovação tecnológica
Para Secchi (2013, p. 2), “uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar
um problema público”. Ela toma forma de programas públicos, projetos, leis, inovações
tecnológicas e organizacionais, subsídios governamentais, dentre outros. Pode-se citar como
exemplos de operacionalização de políticas públicas as intervenções na economia e leis de
23
incentivo à inovação e capacitação tecnológica. As políticas públicas podem ser também
analisadas através de esquemas analíticos (tipologias) (SECCHI, 2013).
Lowi (1972) classifica as políticas públicas em quatro tipos: distributiva, regulatória,
constitutiva e redistributiva. A distributiva gera incentivos fiscais, subsídios, dentre outros
benefícios cedidos para alguns grupos, onde quem arca com os custos é a coletividade. A
regulatória traça padrões de comportamento e de serviços e produtos ofertados. São exemplos:
o controle de qualidade de produtos e serviços, o combate à concorrência desleal e à publicidade
fraudulenta, leis de trânsito, dentre outros. A constitutiva define “as competências, jurisdições,
regras de disputa política e da elaboração de políticas públicas”(SECCHI, 2013, p. 11). Ela
sobrepõe os outros tipos de políticas e moldam a dinâmica nessas outras arenas. São exemplos
desta política o sistema político-eleitoral e a distribuição dos poderes entre as esferas do
governo. A política redistributiva concede benefícios a algumas categorias e gera custos sobre
outras categorias provocando muitos conflitos, pois ela onera alguns setores para desonerar
outros “zerando a conta”. Esta política não tem este nome pelo resultado redistributivo efetivo,
mas pela contraposição de interesses contrários (benefícios para uns e custos para outros)
(SECCHI, 2013).
Musgrave (1973) traz o conceito da teoria normativa, que procura estabelecer regras e
princípios para proporcionar uma gestão eficiente da economia pública, através da política
orçamentária. Esta política é o resultado de três planos ou divisões interdependentes, que
desenvolvem diferentes objetivos e princípios de ação. As divisões são planejadas na suposição
de que as demais desempenharão satisfatoriamente suas respectivas funções. São elas: divisão
de alocação, divisão de distribuição e divisão de estabilização.
A divisão de alocação tem como objetivo garantir os ajustamentos na destinação dos
recursos pelo mercado. Quando as forças do mercado não conseguem garantir esta alocação
ótima de recursos é necessário à intervenção do governo por meio da política orçamentária.
Estas ineficiências na alocação dos recursos surgem pela incapacidade do mercado em
satisfazer as necessidades públicas. Dentre as necessidades públicas temos as necessidades
sociais que devem ser atendidas através de serviços que serão consumidos por todos na mesma
quantidade e sem a necessidade de uma contrapartida financeira por parte destes indivíduos.
Uma vez que as pessoas “não pagam pelos serviços e não podem ser excluídas dos benefícios
que deles resultam”, o mercado não satisfaz estas necessidades (MUSGRAVE, 1973, p. 29). A
dificuldade do governo é identificar as verdadeiras preferências da população em relação às
necessidades sociais. Numa sociedade democrática isto é feito por um processo político e os
indivíduos devem aderir à decisão do grupo. O outro tipo de necessidade pública é a meritória.
24
Ela pode ser atendida pelo mercado, mas torna-se necessidade pública se considerada meritória,
sendo suprida pelo orçamento público “além daquilo que é promovido pelo mercado e pago
pelos compradores particulares (exemplos: merenda escolar, subsídio para casas de baixo custo
e educação gratuita)” (MUSGRAVE, 1973, p. 34).
A divisão de distribuição tem como objetivo obter ajustamentos na distribuição da renda
e da riqueza. Musgrave (1973) afirma que o processo de receitas-despesas do governo deve ter
efeitos sociais e econômicos e que estes podem ser dirigidos, de maneira útil, para finalidades
indiretamente ligadas ao objetivo imediato de satisfazer necessidades públicas, sendo os ajustes
no estado da distribuição algumas dessas finalidades. Uma das formas de realizar ajustes da
distribuição é a utilização do sistema de tributação e transferência. O autor apresenta alguns
exemplos de políticas que têm resultados distributivos relevantes e metas meramente
distributivas como a legislação sobre o salário mínimo, a subvenção para determinados
produtos agrícolas e a proteção tarifária. Diferentemente das despesas e impostos da divisão de
alocação que visam transferir recursos das satisfações das necessidades privadas para as
públicas, “os tributos e transferências da divisão de distribuição são destinados a passar os
recursos que um indivíduo dispõe para outro” (MUSGRAVE, 1973, p. 41). Assim como na
distribuição de alocação, a divisão de distribuição depende de um processo político para decidir
qual deve ser o estado apropriado de distribuição de renda e riqueza.
Por fim, a distribuição de estabilização tem como objetivo garantir a estabilização
econômica. Esta divisão tem como função manter um alto nível de utilização de recursos e de
um valor estável da moeda, ou seja, garantir os níveis de emprego e o controle dos preços,
evitando o desemprego e a inflação. As medidas compensatórias adotadas pelo governo para
garantir que a divisão de estabilização cumpra o seu objetivo seguem três princípios básicos
(MUSGRAVE, 1973).
O primeiro afirma que, prevalecendo o desemprego involuntário, deve-se aumentar a
procura até obter-se o valor de produção a pleno emprego. Para isso utiliza-se a política fiscal
para acrescer a demanda do governo por bens e serviços ou para aumentar os pagamentos de
transferência3 ou reduzir os impostos, gerando um acréscimo à renda das empresas privadas,
ou ainda pode-se combinar estas medidas.
O segundo princípio diz que, se a inflação prevalecer, deve-se reduzir a procura até que
os preços diminuam. As medidas adotadas são inversas às adotadas no primeiro princípio:
3 São dispêndios incorridos principalmente pelo governo sem que em troca se obtenha bens ou serviços.
Eles visam o bem-estar. Podemos citar como exemplo as subvenções do governo de apoio à lavoura (MUSGRAVE, 1973)
25
demandas do governo por bens e serviços são reduzidas, taxas de impostos elevadas e
pagamento de benefícios cortados. A grande dificuldade enfrentada neste caso é que estas
medidas provocam retração na economia.
Por fim o terceiro princípio sugere-se que, em uma situação de pleno emprego e
estabilidade do nível dos preços, deve-se incentivar o crescimento econômico sem
desestabilizar este ambiente.
A função da tributação, conforme afirma Musgrave (1973, p. 49) “no contexto do
orçamento de estabilização serve somente para prevenir a inflação, assim como a função de
transferências serve apenas para prevenir a deflação”. Esta função tem um processo de receitas-
despesas diferente da observada nas outras divisões.
Analisando tanto o ponto de vista abordado por Lowi (1972) quanto por Musgrave
(1973), pode-se afirmar que a política abordada neste trabalho é a política distributiva, na qual
o governo redistribui os recursos, concedendo incentivos fiscais a setores da economia onde há
o interesse no desenvolvimento. Entende-se que esta decisão, tomada no âmbito político, busca
atender as necessidades públicas. Sob este ponto de vista, a mensuração do retorno social destas
políticas é uma forma de verificar se elas realmente cumprem o seu objetivo.
O Estado tem um papel importante no estímulo à inovação, coordenando e direcionando
o progresso tecnológico do país, influenciando o comportamento, as estratégias e as decisões
das empresas no que diz respeito às suas atividades inovativas. A relação entre investimentos
em P&D, avanço tecnológico e crescimento econômico é fundamental para as políticas de
incentivo à inovação (AUDRETSCH et al., 2002; ARCHILA, 2015)
Muitos governos concedem incentivos fiscais para reduzir o custo de P&D no intuito de
estimular a inovação. A dificuldade das empresas em conseguir financiamentos para os projetos
de P&D é um dos motivos frequentemente citados para justificar a existência de tais programas
de governo, que muitas vezes envolvem orçamentos substanciais. A eficácia de programas de
incentivo fiscais para P&D, no entanto, continua a ser o objeto de intenso debate entre os
economistas (ARAÚJO, 2010; LOKSHIN; MOHNEN, 2012)
Chiang et al. (2012) relata que em muitos países os investimentos em P&D são
insignificantes em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), sendo alguns dos fatores a má
concepção de incentivos fiscais pelos governos e o baixo compromisso do governo com as
indústrias. Ele ressalta a importância de incentivos fiscais para motivar as empresas a investirem
em P&D.
De acordo com Rauen (2013, p. 430–431)
26
a dinâmica de geração de uma ideia até sua concretização ilustrada por um indicador de produção (output), seja em forma de patente, produto ou processo produtivo, é um processo indireto, sistêmico, interativo e cumulativo, que, via de regra, exige altas e constantes somas de recursos. Ou seja, a intervenção destinada ao fomento da inovação pode apenas estimular a direção e a intensidade dos resultados, mas geralmente não produz por si só os impactos inicialmente planejados.
A figura 2 demonstra a relação das políticas de inovação, dentre elas os incentivos
fiscais, como elas impactam nas empresas e o retorno esperado delas.
Figura 2 – Modelo lógico de relações entre a política de inovação e seus possíveis resultados
Fonte: adaptado e traduzido pela autora (RAUEN, 2013, p. 431)
Nesta figura observam-se quatro etapas numeradas, que são níveis de impacto ou
resultado. No primeiro nível, tem-se o impacto da intervenção no esforço tecnológico. No
segundo, observam-se os resultados e impactos no nível da empresa, isto é, vê-se a geração da
inovação. O terceiro nível está ligado ao resultado e ao impacto da introdução da inovação no
mercado. Por fim, o quarto nível mostra o impacto final da intervenção. Não foram apresentados
na figura os impactos indiretos inerentes ao esforço de P&D (spillovers), mas que não podem
ser desprezados na avaliação (RAUEN, 2013).
Rauen (2013, p. 430) destaca que a linearidade unidirecional da figura deve ser
considerada com ressalvas, pois existem feedbacks entre a política e o agente avaliado que não
são apresentados.
27
2.3 Contexto das políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil
Viotti (2008) divide a história da política de inovação no Brasil em três partes: a primeira
compreende o período de 1950 a 1980 (desenvolvimento pelo crescimento), a segunda
corresponde às duas últimas décadas do século XX (desenvolvimento pela eficiência), e a
última inicia em 2000 e ainda está em andamento (desenvolvimento pela inovação).
A primeira parte caracteriza-se pela industrialização de substituição de importações, o
protecionismo à indústria nacional que estava nascendo, o apoio aos investimentos privados
nacionais e estrangeiros e criação de empresas públicas em setores estratégicos para o
desenvolvimento nacional. Acreditava-se que a indústria desenvolvida para substituir as
importações seria o caminho para acessar as tecnologias. O conhecimento desenvolvido nas
universidades e centros de pesquisa, de acordo com as diretrizes governamentais, seria aplicado
no setor produtivo. Podem-se citar como exemplo as pesquisas relacionadas a semicondutores
no Brasil que se iniciaram com a criação do Laboratório de Microeletrônica da Universidade
de São Paulo (USP) e do Laboratório de Eletrônica e Dispositivos (LED) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP) (MELO; RIOS; GUTIERREZ, 2001; VIOTTI, 2008;
ARAÚJO, 2012; FILIPPIN, 2016). Embora o crescimento econômico tenha sido forte nestas
três décadas, o país não teve o desenvolvimento tecnológico endógeno (produzido pelo país)
para substituir as importações de tecnologia. Cabe ressaltar que este desenvolvimento foi
comprometido pelas crises macroeconômicas e fiscais que comprometeram a capacidade do
Estado de implementar novas políticas de desenvolvimento em Ciência e Tecnologia (C&T)
(VIOTTI, 2008).
A segunda fase é marcada pela liberação progressiva da economia, ou seja, o fim do
protecionismo às indústrias nacionais e aumento da competitividade decorrente desta liberação.
Viotti (2008) afirma que estas políticas protecionistas foram responsáveis pelos níveis de
ineficiência da indústria e pelo persistente atraso econômico e tecnológico do Brasil. Outros
pontos que marcam este período são as privatizações e a reforma econômica. Porém, observa-
se novamente que o desenvolvimento é comprometido por uma crise fiscal, que reduziu
drasticamente os investimentos federais em P&D. Um ponto positivo desta fase foi a criação
dos fundos setoriais, que receberiam contribuições específicas para financiar P&D em 14
setores estratégicos, além de dois fundos especiais que promoveriam a interação universidade-
empresa e a melhoria da infraestrutura de pesquisa nas universidades e centros de pesquisa,
respectivamente. Desta forma boa parte do financiamento à P&D não estaria mais sujeita a
cortes orçamentários (VIOTTI, 2008).
28
Por fim, na terceira fase o governo tem promovido iniciativas ao desenvolvimento
tecnológico através dos programas (VIOTTI, 2008). Dentre eles pode-se mencionar o Centro
de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC) em empresa pública federal que
foi criado através da doação da Motorola Semicondutores de uma linha de produção de circuitos
integrados usada para o Brasil. Os equipamentos foram recebidos pelo Estado do Rio Grande
do Sul onde foi criado o CEITEC, “um centro de projeto e prototipagem de circuitos
integrados”, transformado em 2008 em empresa pública. Este “foi o motivo inicial para toda a
retomada da discussão sobre uma política industrial de microeletrônica” (FILIPPIN, 2016, p.
99).
Outra iniciativa foi o Programa Nacional da Microeletrônica – Design (PNM – Design)
publicada em 2001. Esta foi a primeira que buscava a instalação de design houses no Brasil.
Posteriormente, em 2002, foi lançada uma proposta mais completa (retirou-se o termo Design)
que sugeria propostas para todos os segmentos da cadeia produtiva de semicondutores. No
mesmo ano foi lançado o PNM – Acadêmico que buscava a formação de recursos humanos em
Microeletrônica (FILIPPIN, 2016).
Em 2004 foi publicada a Lei da Inovação Tecnológica (Lei 10973/2004), que dispõe
sobre os “incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo,
com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao
desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do país”(BRASIL, 2004). No ano
seguinte o governo publicou a Lei do Bem, que será detalhada no tópico 2.4.1 e o Programa CI-
Brasil que oferta treinamento de projetistas e incentivo à instalação de design houses no país.
Em 2007 foi lançado o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da
Indústria de Semicondutores (PADIS), sendo este um conjunto de incentivos fiscais federais
com o objetivo de contribuir para a atração de investimentos e a ampliação dos já existes nas
áreas de semicondutores e displays (MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO
EXTERIOR E SERVIÇOS, 2017a). De acordo com o MDIC (2017a) o PADIS concede a
desoneração dos tributos federais “incidentes na implantação industrial, na produção e
comercialização dos equipamentos beneficiados”. Em contrapartida as empresas ficam
obrigadas a investirem em P&D os valores estipulados na legislação.
Tiveram ainda algumas políticas que vigoraram por algum tempo, como a PITCE, a
PDP e o Plano Brasil Maior. A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
(PITCE), lançada em 2004 elevou a indústria de semicondutores à condição de setor estratégico.
Em 2008 o governo Federal instituiu a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que
retoma a PITCE, porém com pretensões maiores, uma vez que a ela não obteve o resultado
29
esperado quando do seu lançamento. Ela tinha como meta sustentar o crescimento. O Plano
Brasil Maior (PBM), que vigorou no período de 2011-2014, sucedeu a PDP e a PICTE. Ela
reunia um conjunto integrado de medidas que apoiam a competitividade do setor produtivo
brasileiro. As políticas fiscais depois de 2007 (PDP e PBM) mantiveram o status de prioridade,
porém ao incorporarem outros setores industriais a indústria de semicondutores perdeu o
destaque e a força política que tinha durante a PITCE (DIEESE, 2008; MATTOS, 2013;
FILIPPIN, 2016).
Outros incentivos que completam esta lista seriam os recursos financeiros ofertados pela
FINEP e pelo BNDES e a manutenção do PPB4 (Processo Produtivo Básico), que garante
demanda para a indústria de semicondutores, em especial as de back-end de memórias.
Entretanto, mesmo com todas estas políticas de inovação, o Brasil é o 74º no ranking
NRI (Networked Readiness Index) de 2016, que mede o nível de preparo tecnológico das
economias de 152 países (BALLER; DUTTA; LANVIN, 2016).
2.4 Incentivo fiscal
Pode-se definir incentivos fiscais como “renúncias de receitas públicas que beneficiam
os contribuintes” (FORMIGONI, 2008, p. 25). Ao fazer uso desta ferramenta, o governo visa
estimular determinadas áreas, não privilegiando o contribuinte, mas utilizando-o como um
agente de um benefício em que a sociedade é também beneficiária (ZITTEI et al., 2016).
Almeida (2000) corrobora desta ideia afirmando que a renúncia fiscal é a utilização de um
tributo com finalidade extrafiscal, visando atingir objetivos econômicos, sociais ou político-
administrativos, tais como incentivar o desenvolvimento de determinadas regiões ou segmentos
econômicos estratégicos e estimular o comportamento do contribuinte. Formigoni (2008)
acrescenta que os incentivos fiscais são instrumentos de estímulo ao desenvolvimento e de
melhoria da qualidade de vida da população, ou seja, o incentivo precisa gerar um retorno
vinculado à promoção do bem comum; caso não ocorra, será um benefício fiscal que gera
vantagens somente para o contribuinte. O autor ainda afirma que os incentivos podem ser
concedidos na forma de isenções, reduções de alíquota e de base de cálculo do tributo, alíquota
zero, subvenções, créditos presumidos, subsídios e diferimento.
Neste contexto, conforme a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal), a renúncia compreende “anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
4 O PPB surgiu em 1991 com a publicação da Lei 8.387/1991, sendo definido como um conjunto mínimo
de operações que as fábricas precisam cumprir para fazer jus ao incentivo fiscal estabelecido na lei (redução da alíquota de IPI). (MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS, 2017b)
30
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado” (BRASIL, 2004).
Chiang et al. (2012) apontam como vantagens dos incentivos fiscais a facilidade de
gerenciar e avaliar os recursos, o fato de eles não fazerem distinção de tipo de empresa, setor
ou região, a baixa susceptibilidade à corrupção política do que outras ferramentas como
subsídios, não gerarem desembolsos e atraírem menos oposição em relação a outras ferramentas
para estimular o crescimento. Rumina et al. (2015) destacam como desvantagens a dificuldade
em avaliar a eficácia e a eficiência desta ferramenta após a sua implementação, os altos gastos
iniciais, no caso de atividades inovadoras, e o longo tempo para se obter o retorno do
investimento.
Segundo Almeida (2000), os dispositivos especiais à regra tributária visam beneficiar
grupos relativamente restritos de contribuintes, concedendo benefícios tributários, sendo o
incentivo fiscal um subconjunto dos benefícios tributários. Para ser enquadrado como incentivo
fiscal, é necessário que ele seja um “indutor de comportamento”, ou seja, que estimule agentes
a agir de determinada forma, visando atingir uma meta econômica ou social previamente
definida. Como exemplo tem-se a Lei 11.196/2005, a Lei do Bem, que concede incentivos para
estimular os investimentos das empresas em pesquisa e desenvolvimento, registro de patentes,
compras de bens de capital e contratação de pesquisadores, visando ao desenvolvimento
tecnológico e econômico do país.
2.4.1 Lei do Bem
De acordo com Prata (2017) a Lei 11.196/2005, conhecida como a Lei do Bem, é a
principal ferramenta de estímulo às atividades de P&D e inovação nas empresas brasileiras,
abrangendo todos os setores da economia. Ela é “fundamental para sustentar o desenvolvimento
da capacidade técnico-produtiva e o aumento do valor agregado da produção de bens e
serviços”(PRATA, 2017, p. 10).
No capítulo III da referida lei, são concedidos incentivos fiscais às atividades de
pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica para as empresas enquadradas
nos regimes de tributação lucro real e lucro presumido, procurando estimular a inovação nas
empresas e, dessa forma, contribuir para o crescimento do país. Ressalta-se que o incentivo
referente ao imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) e à contribuição social sobre o lucro
líquido (CSLL) é concedido apenas para empresas enquadradas obrigatoriamente no lucro real.
31
Somente o incentivo relativo ao imposto sobre produto industrializado (IPI) é estendido às
empresas tributadas pelo lucro presumido (LOPES; BEUREN, 2016).
O conceito que é entendido como inovação tecnológica está disposto no artigo 17,
parágrafo primeiro da lei (BRASIL, 2005):
considera-se inovação tecnológica a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.
Marques e Leal (2016) ressaltam que a Lei do Bem acabou com a obrigatoriedade que
existia na legislação anterior de solicitar aprovação ao MCTIC para usufruir de incentivos
fiscais desta natureza. Outro ponto destacado pelos autores é que a referida lei não exige que os
investimentos sejam em relação às demandas do mercado, estimulando a etapa do processo de
maior insegurança quanto à obtenção de resultados econômicos e financeiros.
Os incentivos incidem somente no segmento de maior risco tecnológico, onde ocorrem
a pesquisa básica dirigida, a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental (até a fase de
desenvolvimento de protótipo), além da Tecnologia Industrial Básica e os serviços de apoio
técnico diretamente ligados à P&D das empresas conforme definidos no Decreto 5.798/2006.
(MCTIC/ SETEC, 2012):
a) Pesquisa básica dirigida: os trabalhos executados com o objetivo de adquirir
conhecimentos quanto à compreensão de novos fenômenos, com vistas ao
desenvolvimento de produtos, processos ou sistemas inovadores;
b) Pesquisa aplicada: são os trabalhos executados com o objetivo de adquirir novos
conhecimentos, com vistas ao desenvolvimento ou aprimoramento de produtos,
processos e sistemas;
c) Desenvolvimento experimental: são os trabalhos sistemáticos delineados a partir
de conhecimentos pré-existentes, visando à comprovação ou demonstração da
viabilidade técnica ou funcional de novos produtos, processos, sistemas e
serviços ou, ainda, um evidente aperfeiçoamento dos já produzidos ou
estabelecidos;
d) Atividades de tecnologia industrial básica: aquelas tais como aferição e
calibração de máquinas e equipamentos, o projeto e a confecção de instrumentos
de medida específicos, a certificação de conformidade, inclusive os ensaios
correspondentes, a normalização ou a documentação técnica gerada e o
patenteamento do produto ou processo desenvolvido;
32
e) Serviços de apoio técnico: aqueles indispensáveis à implantação e à manutenção
das instalações ou dos equipamentos destinados exclusivamente à execução dos
projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação tecnológica, bem como à
capacitação dos recursos humanos a eles dedicados.
Não há a obrigatoriedade das atividades de P&D estarem ligadas à atividade fim da
empresa, bastando que sejam classificadas como no Decreto nº 5.798/2006 (MCTIC, 2017a)
Os incentivos fiscais dispostos no capítulo III da Lei do Bem podem ser definidos,
resumidamente conforme Quadro 1.
Quadro 1 – Incentivos fiscais da Lei do Bem
Benefício Detalhamento Gasto Recuperação
Exclusão Adicional
60% a 100%
Exclusão do Lucro Real e da base da CSLL dos dispêndios com atividades de inovação
Despesas operacionais 20,4% a 34%
Exclusão adicional
50% a 250%
Exclusão do Lucro Real e da base da CSLL dos dispêndios com atividades de inovação a
serem executadas por ICT's Serviços de ICT 10% a 51%
Redução do IPI Redução de 50% incidente sobre máquinas e
equipamentos utilizados para P&D Máquinas e
equipamentos para P&D 50%
Depreciação acelerada Integral
Depreciação acelerada integral no próprio período da aquisição de máquinas e equipamentos utilizados para P&D
Máquinas e equipamentos para P&D
Benefício financeiro
Amortização Acelerada
Amortização acelerada no próprio período da aquisição de bens intangíveis utilizados para
P&D
Bens intangíveis para P&D
Benefício financeiro
Redução a zero do IRRF
Redução a zero do IRRF incidente sobre remessas ao exterior para manutenção de
marcas e patentes
Remessas para manutenção de marcas e
patentes 100%
Fonte: Inventta (2016)
Em relação à exclusão adicional das despesas operacionais, ressalta-se que as empresas
beneficiadas podem excluir além dos 60% da soma dos dispêndios classificados como despesas
operacionais pela legislação do IRPJ realizados com P&D, 20% no caso de incremento da
média do número de pesquisadores com dedicação exclusiva à pesquisa e desenvolvimento,
contratados no ano-base e que seja superior a 5% com referência ao ano anterior. Caso o valor
seja inferior a 5%, o valor acrescido será de 10%. Pode-se também deduzir mais 20% do total
33
dos gastos vinculados à pesquisa tecnológica e ao desenvolvimento de inovação tecnológica
objeto de marca, patente concedida ou cultivar registrado (MCTIC/ SETEC, 2015).
Já em relação à depreciação e amortização, há a possibilidade de o saldo não depreciado
ou não amortizado ser excluído na determinação do lucro real no período em que for concluída
a sua utilização.
No Gráfico 1 tem-se a evolução do número de empresas participantes, que são aquelas
que se inscreveram no programa, e de empresas recomendadas, que são as que preenchem os
requisitos mínimos legais e, portanto, fazem jus aos benefícios da Lei do Bem desde sua criação.
Gráfico 1 – Evolução do número de empresas participantes e recomendadas – dados não
cumulativos até 20145
Fonte: Relatório Anual da Utilização de Incentivos Fiscais (MCTIC/ SETEC, 2015, p. 13)
O número de empresas que declararam ter usufruído dos incentivos fiscais (empresas
participantes) e das empresas recomendadas (aquelas que atenderam as exigências da Lei do
Bem para usufruir dos incentivos) vem crescendo ano após ano. Para o MCTIC (2015, p. 12)
este crescimento é “um indicador importante para assegurar o relativo sucesso dos
investimentos privados” em P&D. Porém, ao analisar a listagem das empresas participantes
constante nos relatórios do MCTIC sobre a Lei do Bem, verifica-se que somente 19 delas
aparecem desde 2006, ano do início da vigência da Lei 11.196/2005.
5 O último relatório disponibilizado pelo MCTIC foi o ano-base 2014, por isso a pesquisa também se
limitou até esse ano.
130
333
552635
875962
10421158
1206
130
300
460542
639
767 787
977 1008
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
ANO BASE
Nº EMPRESAS PARTICIPANTES Nº EMPRESAS RECOMENDADAS
34
A figura 3 ilustra um possível cenário de impactos de um incentivo. Inicialmente a
concessão de um incentivo fiscal gera para a sociedade uma redução dos recursos disponíveis,
podendo levar a uma diminuição do bem-estar social. Em contrapartida o impacto do incentivo
nas empresas beneficiadas pode gerar um aumento dos gastos em P&D como resposta ao
incentivo que objetivou reduzir os custos com Pesquisa e Desenvolvimento. Gastos maiores
com P&D geram demandas de mão de obra especializada, ou aumento de salários de
pesquisadores, por exemplo. Obtendo resultados positivos nos projetos, as empresas poderiam
ter como retorno o aumento na produtividade, dos lucros ou das exportações. Outras empresas
podem se beneficiar dos conhecimentos desenvolvidos pelas firmas incentivadas (spillovers).
De acordo com Shimada (2014, p. 26), “todos os efeitos dos resultados inovativos (...) podem
promover o aumento do bem-estar social”, sendo o incentivo “socialmente desejável se há um
saldo positivo quando contabilizado o custo social, na forma de perda de receita do governo ou
aumento de impostos, e o benefício social”.
35
Figura 3 – Os impactos de um incentivo ao P&D Fonte: Shimada (2014, p. 27)
2.5 Estudo bibliométrico sobre mensuração do retorno social dos incentivos fiscais
Foi realizado um estudo bibliométrico no intuito de conhecer a bibliografia sobre este
tema e encontrar metodologias já publicadas que abordam o cálculo do retorno social dos
incentivos fiscais.
Inicialmente, buscaram-se os termos “incentivo fiscal” e “retorno social” em toda a
publicação. Em seguida realizou-se a busca dos termos “tax incentive” e “social return” da
mesma forma que foi realizada a pesquisa anterior. As fontes dessa etapa foram as bases Ebsco,
Emerald, ScienceDirect, SciELO, Scopus e Spell. O período pesquisado foi de janeiro de 2000
36
a maio de 2017 para o levantamento quantitativo. A pesquisa retornou 18 trabalhos entre artigos
e capítulos de livros.
Devido ao pequeno número de trabalhos encontrados, realizou-se uma nova pesquisa no
Google Acadêmico, analisando os mesmos termos (incentivo fiscal, retorno social, “tax
incentive” e “social return”) e o mesmo período em qualquer lugar do trabalho. Localizaram-
se 474 trabalhos. Destes excluíram-se os arquivos repetidos, os trabalhos que não foram
publicados em inglês, português ou espanhol e aqueles que não eram trabalhos acadêmicos
(monografia, relatórios de conclusão de estágio, dissertação e teses), artigos, livros, relatórios
e documentos disponibilizados por órgãos governamentais, institutos e organizações
internacionais. Após esta análise, obtiveram-se 420 trabalhos.
Somando os trabalhos localizados no Google Acadêmico e os localizados nas bases
Ebsco, Emerald, ScienceDirect, SciELO, Scopus e Spell tem-se 438. Excluindo as publicações
duplicadas nas duas etapas da pesquisa, tem-se 427 trabalhos distribuídos da seguinte forma:
Tabela 1 – Quantidade de trabalhos por tipo
Tipo Quantidade
Artigos 111 Livros 76 Relatórios/Documentos 86 Trabalhos de conclusão de curso 154
Total 427 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Analisando os 427 trabalhos que contêm os termos “incentivo fiscal”, “retorno social”,
“tax incentive” e “social return” em qualquer lugar do texto totalizados e considerando a
distribuição de frequência em quatro categorias entre os anos de 2000 a 2015, percebe-se que
há um aumento de pesquisas relacionando estes temas conforme o Gráfico 2:
37
Gráfico 2 – Evolução dos trabalhos com os termos “incentivo fiscal”, “retorno social”, “tax incentive” e “social return”
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Refinando esta análise, foram analisados apenas os artigos publicados em periódicos.
Desta forma tem-se uma visão das publicações a respeito do tema:
Gráfico 3 – Evolução das publicações com os termos “incentivo fiscal”, “retorno social”, “tax incentive” e “social return”
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Analisou-se ainda o conteúdo destes artigos e apurou-se que 17 artigos abordavam
formas de mensurar o retorno social. Pode-se observar a evolução destas publicações ao longo
do período pesquisado na tabela 2:
47
77
96
158
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015
10
24
20
40
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2000-2003 2004-2007 2008-2011 2012-2015
38
Tabela 2 – Quantidade de artigos por período
Período Quantidade
2000 - 2003 4
2004 - 2007 3
2008 - 2011 4
2012 - 2015 6
Total 17 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A maioria destes trabalhos (15 artigos) baseia-se nas externalidades (spillovers), teoria
econômica que surge quando a ação de um agente econômico (entenda-se como agente as
empresas, o governo e as unidades familiares que interagem e participam, direta ou
indiretamente de todas as transações que acontecem em um sistema econômico) gera efeitos
positivos ou negativos sobre o bem-estar de um terceiro que não está diretamente envolvido
com as ações do primeiro e que não recebe nenhum tipo de compensação pelos efeitos negativos
ou remunera este agente pelos efeitos positivos (PINHO; VASCONCELOS; TONETO JR.,
2011; VASCONCELOS, 2014; ROSSETTI, 2015; MANKIW, 2016).
Há diversos tipos de externalidades e de respostas políticas para resolver essas falhas do
mercado (a externalidade é entendida como uma falha de mercado). Dentre elas Mankiw (2016,
p. 184) apresenta como exemplos as isenções fiscais concedidas a donos de imóveis antigos
para que os donos restaurem os imóveis e as pessoas possam “desfrutar da beleza e do senso
histórico que estas construções proporcionam” e o incentivo a pesquisadores com o sistema de
registro de patentes que visa estimular pesquisas de novas tecnologias, pois elas geram
“conhecimento que outras pessoas podem usar”. Nos exemplos, observa-se a ação do Estado
para estimular uma externalidade positiva, concedendo isenções fiscais e regulamentando o
direito de uso exclusivo aos inventores de suas criações por um determinado tempo.
Se uma externalidade é negativa, ela gera efeitos negativos a terceiros. Na produção de
alumínio, por exemplo, a indústria tem um custo para produzir. Este conceito de custo é o
econômico, que engloba além dos custos contábeis (dispêndios monetários com matéria prima,
mão-de-obra, maquinário, dentre outros) o custo de oportunidade. Um exemplo de custo de
oportunidade seria o valor que a empresa poderia ganhar ao aplicar o capital da empresa ao
invés de mantê-lo no caixa da empresa. Quando se analisa o custo do alumínio para a sociedade,
percebe-se que por causa da externalidade (externalidade negativa – emissão de gases
poluentes), ele é maior que para os produtores de alumínio, pois este inclui o custo do produtor
39
mais os custos das pessoas afetadas negativamente pela poluição (VASCONCELOS, 2014;
MANKIW, 2016).
A externalidade positiva gera retornos benéficos a terceiros. Considere como exemplo
a educação. O consumidor da educação, além de se tornar um trabalhador mais produtivo,
recebe salários maiores. A sociedade terá ainda o ganho de ter eleitores mais conscientes (o que
refletiria em um governo melhor), uma menor taxa de criminalidade e o desenvolvimento e
disseminação de avanços tecnológicos. Desta forma o custo social é menor que o custo privado,
e o valor gerado para a sociedade é maior que o gerado para o privado (MANKIW, 2016).
Mankiw (2016, p. 187) resume as externalidades da seguinte forma:
As externalidades negativas levam os mercados a produzir uma quantidade maior do que a socialmente desejável. Por sua vez, as externalidades positivas permitem que os mercados produzam uma quantidade menor que a socialmente desejável. Para solucionar esse problema, o governo pode internalizar a externalidade tributando bens que carregam externalidades negativas e subsidiando os bens que trazem externalidades positivas.
Os outros dois artigos encontrados na pesquisa bibliométrica abordam o tema de formas
distintas. O primeiro, cujo título é “Relação custo-benefício dos incentivos fiscais: um estudo
baseado na DVA de empresas calçadistas incentivadas”, tem como objetivo “avaliar os
benefícios que a concessão de incentivos fiscais pode trazer ao entorno social no qual se
instalam as empresas incentivadas”, utilizando-se do Índice de Custo-Benefício dos Incentivos
Fiscais (ICBIF) calculado a partir da DVA (Demonstração do Valor Adicionado)
(KRONBAUER et al., 2015).
O segundo artigo verificou o impacto nos indicadores sociais causado pela
implementação de incentivo fiscal estadual (PRODEC – Programa de Desenvolvimento da
Empresa Catarinense) através de comparações percentuais destes indicadores (renda, emprego,
concentração populacional e IDH – índice de desenvolvimento humano) com os montantes
arrecadados de ICMS nos municípios que usufruíram do incentivo nos anos de 1998 a 2012. O
título deste trabalho é “Há evolução em indicadores sociais nos municípios com empresas que
receberam incentivos fiscais do ICMS em Santa Catarina?”(DARÓS; CASAGRANDE;
GIUSTINA, 2014).
2.6 Modelo de avaliação governamental da Lei do Bem
O MCTIC iniciou em dezembro de 2007 a publicação de um relatório anual da utilização
dos incentivos fiscais da Lei do Bem. No site o Ministério disponibilizou os relatórios dos
exercícios fiscais de 2006 a 2014. A fonte de dados trabalhada são os formulários para
informações sobre as atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação
40
tecnológica (FORMP&D) enviados pelas empresas optantes da Lei do Bem. No anexo 1 pode-
se observar as telas do FORMP&D.
Nos relatórios são apresentados os resultados consolidados sobre a relação das empresas
participantes por setores e por unidade da Federação, os registros dos investimentos realizados
em P&D por região, a geração de renúncia fiscal, os dados sobre o comportamento dos
investimentos realizados em P&D numa série histórica dos últimos anos e outras informações
a respeito dos investimentos em P&D em relação ao PIB no Brasil. Consta ainda no referido
relatório a listagem das empresas beneficiárias da Lei 11.196/2005. O último relatório
disponibilizado pelo ministério é o do ano base 2014. Não foram disponibilizadas ainda as
informações dos anos de 2015 e 2016. Neste tópico serão apresentadas algumas das tabelas
constantes nos relatórios de 2006 a 2014. As demais tabelas estarão disponíveis no apêndice 2.
As empresas recomendadas (aquelas que atenderam as exigências da Lei do bem para
usufruir dos incentivos) são agrupadas em 16 (dezesseis) setores, tendo por base a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), utilizando-se os 2 (dois) primeiros dígitos do
código para tal classificação, informados pelas empresas no FORMP&D. Analisando as
empresas recomendadas por setores de atividade observa-se que o setor de mecânica foi o que
teve, em todos os anos, o maior número de empresas recomendadas. De acordo com Castro et
al. (2014) este investimento diferenciado das empresas deste setor seria o fato de se tratar de
uma indústria muito competitiva, sendo vital a atualização dos produtos. Dentre as empresas
que compõem este setor se destaca as montadoras de veículos que investiam em 2011 1,39%
da sua receita operacional em P&D e 2,79% em atividades inovativas, enquanto no mesmo
período as indústrias de transformação investiam 0,72% em P&D e 2,46% em atividades
inovativas. Isso significa que estas empresas vêm realizando um esforço inovativo acima do
realizado em outras indústrias.
41
Tabela 3 – Distribuição das empresas recomendadas por setores industriais
SETORES Nº DE EMPRESAS RECOMENDADAS
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Agroindústria 0 14 23 20 10 13 11 13 15 Alimentos 4 14 33 40 46 57 67 71 74 Bens de Consumo 2 21 33 37 46 52 49 59 43 Construção Civil 3 7 17 17 7 13 11 16 18 Eletroeletrônica 13 45 66 53 42 65 57 72 86 Farmacêutica 11 13 16 31 37 37 42 39 44 Mecânica e Transportes 30 81 114 111 147 154 125 189 190 Metalurgia 22 26 32 43 45 43 47 43 39 Mineração 2 1 1 4 7 13 18 19 17 Moveleira 0 8 11 14 8 21 22 15 5 Outras Indústrias 11 29 32 44 104 146 150 203 215 Papel e Celulose 5 7 7 12 13 14 17 17 19 Química/ Petroquímica 22 26 32 55 67 70 99 97 81 Software 4 1 20 31 45 57 65 98 145 Telecomunicação 0 3 17 21 6 2 1 9 12 Têxtil 1 4 6 9 9 10 6 17 5 Total das empresas 130 300 460 542 639 767 787 977 1008
Fonte: Elaborado pela autora com base em informações do MCTIC (2018)
Na tabela 4 são apresentados os números de empresas participantes (empresas que
declararam ter usufruído dos incentivos fiscais) por região. Mesmo com um crescimento
percentual de empresas participantes da Lei do Bem muito maior que das regiões sul e sudeste
no comparativo dos anos de 2006 e 2014, juntas, as regiões norte, nordeste e centro-oeste têm,
em 2014, 7,55% do total de empresas beneficiadas. O MCTIC (2015) afirma que tem feito
esforços juntamente com outras instituições do setor público e privado, para sensibilizar e
mobilizar junto ao setor empresarial das referidas regiões, procurando difundir e estimular a
cultura da inovação e os benefícios da Lei do Bem.
Tabela 4 – Número de empresas participantes por região no Brasil
Regiões Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Total 2006 1 3 1 73 52 130 2007 3 16 1 192 121 333 2008 9 27 1 311 204 552 2009 7 24 8 366 230 635 2010 9 30 8 502 326 875 2011 16 37 18 567 324 962 2012 18 41 17 634 332 1042 2013 19 44 22 711 362 1158 2014 26 43 22 727 388 1206
Fonte: (MCTIC/ SETEC, 2015, p. 14)
42
No gráfico 4 observam-se os investimentos realizados pelas empresas em P&D,
segregando estes valores em despesas de custeio (despesas com salários, materiais e serviços
de consumo, por exemplo) e despesas de capital (investimento para aumento do patrimônio da
empresa, como compra de máquinas e equipamentos).
Gráfico 4 – Investimentos realizados pelas empresas em P&D
Fonte: Elaborado pela autora com base em informações do MCTIC (2018)
Percebe-se que após o ano de 2008 os investimentos em P&D apresentaram uma
retração, mais acentuada no ano de 2012. De acordo com o relatório do MCTIC (2013), esta
queda deve-se aos efeitos colaterais advindos do cenário macroeconômico dos três anos
anteriores (2009 a 2011), que desestimulou ou inibiu novos investimentos em P&D.
Comparando os investimentos em P&D em relação ao número de participantes, percebe-se que
a média dos investimentos foi reduzindo ao longo do período (vide tabela 5). Pode-se deduzir
que não houve um aumento em investimentos em P&D e sim um aumento de empresas
participantes que elevou os valores de investimento em P&D. Como não há um histórico das
atividades de P&D das empresas, não é possível afirmar se elas já possuíam ou não atividades
de pesquisa tecnológica antes de aderirem à Lei do Bem. Mesmo não constando nenhuma tabela
que faça o comparativo de investimentos em relação ao número de empresas declaradas, consta
no relatório a seguinte observação no relatório do ano base 2013 que nos faz entender que esta
análise é feita pelo ministério (MCTIC/ SETEC, 2013, p. 14): “apesar do crescimento do
1.447,5
4.580,0
7.915,4 8.113,58.396,7
6.694,8
5.212,9
6.644,2
8.052,4
661,9 527,9888,7
217,8 225,3 149,0 122,7 95,8 139,3
2.109,4
5.107,9
8.804,18.331,2
8.622,0
6.843,8
5.335,6
6.739,9
8.191,7
0,0
1.000,0
2.000,0
3.000,0
4.000,0
5.000,0
6.000,0
7.000,0
8.000,0
9.000,0
10.000,0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Val
ores
em
Mil
hão
Despesas de custeio Despesas de capital Total
43
número de empresas participantes da Lei do Bem no ano-base de 2013, em relação ao ano-base
2012, em contrapartida, houve, uma redução no valor dos investimentos (valor bruto) aplicados
em P, D&I, na proporção de 25%”.
Tabela 5 – Média dos investimentos em P&D
Ano Empresas
Participantes Investimento em P&D
(em milhões) Média
Investimento
2006 130 2.109,4 16,23 2007 333 5.107,9 15,34 2008 552 8.804,1 15,95 2009 635 8.331,2 13,12 2010 875 8.622,0 9,85 2011 962 6.843,8 7,11 2012 1042 5.335,6 5,12 2013 1158 6.739,9 5,82 2014 1206 8.191,7 6,79
Fonte: Elaborado pela autora com base em informações do MCTIC (2018)
Na tabela 6 tem-se o valor total da renúncia fiscal segregada por ano e região. No
apêndice 2 pode-se observar estes dados separados por tributo (CSLL, IR e IPI). A maior parte
destes incentivos provém da redução da base de cálculo do IR e da CSLL, que são as exclusões
de até 60% dos gastos considerados como despesas operacionais realizados com P&D, despesas
com pesquisadores com dedicação exclusiva à P&D, gastos com marcas e patentes e com
dispêndios efetivados com projetos de pesquisa científica executados por ICT – Instituição
Científica e Tecnológica. Esta renúncia pode variar de 20% a 34% dos gastos de P&D
realizados pelas empresas no país, podendo ser próprios ou contratados, de forma
complementar, junto a empresas optantes da Lei Complementar 123/2006 (Simples Nacional),
consultores independentes, universidades e instituições de pesquisa, desde que o risco e a
responsabilidade de gestão e controle sejam realizados pelas empresas beneficiárias da Lei do
Bem.
44
Tabela 6 – Renúncia fiscal por região
xR$1.000,00
Região Sudeste Sul Centro-Oeste Norte Nordeste Total
2006 165.344,90 51.925,25 - 1.283,25 10.432,01 228.985,41
2007 718.888,77 128.157,70 2.603,58 2.947,26 31.297,43 883.894,74
2008 1.339.267,08 164.165,17 5.364,38 39.132,19 34.784,03 1.582.712,85
2009 1.180.074,80 143.120,37 8.874,00 20.318,79 30.370,01 1.382.757,97
2010 1.453.147,65 205.624,33 6.204,56 22.685,34 39.476,92 1.727.138,80
2011 1.119.445,64 250.316,30 8.732,47 5.338,32 26.151,12 1.409.983,85
2012 775.160,80 199.974,43 6.833,30 42.296,41 23.933,33 1.048.198,27
2013 1.180.601,25 267.475,27 18.337,78 78.665,48 38.261,39 1.583.341,17
2014 1.317.461,26 251.893,49 14.170,96 79.120,19 49.270,45 1.711.916,35
Total região 9.249.392,15 1.662.652,31 71.121,03 291.787,23 283.976,69 11.558.929,41
Fonte: Elaborado pela autora com base em informações do MCTIC (2018)
As oscilações dos valores de renúncia fiscal podem ser explicadas pelo fato do incentivo
ser concedido com base nos valores de P&D investidos pelas empresas. No gráfico 5 foi feita
uma comparação entre os valores da renúncia fiscal e dos investimentos em P&D e percebe-se
que os valores seguem a mesma tendência.
Gráfico 5 – Comparação renúncia fiscal x investimento em P&D
Fonte: Elaborado pela autora com base em informações do MCTIC (2018)
Na tabela 7 observa-se uma relação entre investimento das empresas em P&D, renúncia
fiscal e PIB. O MCTIC deduz o incentivo concedido aos investimentos em P&D para encontrar
o valor real desembolsado pelas empresas em pesquisa e desenvolvimento e compara este
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Val
ores
em
bilh
ões
de r
eais
Val
ores
em
bilh
ões
de r
eais
Título do Eixo
Total Renúncia fiscal Total investimento em P&D
45
montante em termos percentuais com o PIB. O MCTIC (2015) tinha como meta alcançar o
percentual de 1,8% do PIB Brasil em investimentos em P&D, porém o percentual atingido das
empresas recomentadas foi 0,15%. O MCTIC (2015) destaca que o investimento em pesquisa
e desenvolvimento no setor empresarial brasileiro é muito maior do que os números
apresentados no relatório. Isso porque apenas um número reduzido das empresas que mais
investem em inovação no país (entre 15% e 20%) está participando da Lei do Bem. Outro ponto
ressaltado é que da meta de 1,8% do PIB Brasil, a parcela correspondente à participação do
setor privado era de 0,9% (MCTIC/ SETEC, 2013).
Tabela 7 – Investimentos das empresas nas áreas de P&D em relação ao PIB Brasil
Ano-Base Investimento
(A) (*)
Renúncia Fiscal Total
(B)
Investimento - Renúncia Fiscal
(A-B)
PIB (C) (**)
(%) (A/C)
(%) ((A-B)/C)
2006 2,19 0,23 1,96 2.433,00 0,09 0,08
2007 5,14 0,88 4,26 2.558,80 0,20 0,17
2008 8,80 1,58 7,22 2.889,70 0,30 0,25
2009 8,33 1,38 6,95 3.143,00 0,27 0,22
2010 8,62 1,73 6,89 3.675,00 0,23 0,19
2011 6,84 1,41 5,43 4.143,00 0,17 0,13
2012 5,34 1,05 4,29 4.403,00 0,12 0,10
2013 6,74 1,59 5,15 4.840,00 0,14 0,11
2014 8,19 1,71 6,48 5.521,00 0,15 0,12
(*) Refere-se ao investimento recomendado para cálculo dos incentivos fiscais adicionais concedidos pela Lei do Bem. Valores revisados e corrigidos. (**) Refere-se a dados do IBGE. Fonte: (MCTIC/ SETEC, 2015, p. 21)
Os relatórios de 2013 e 2014 apresentaram informações relevantes que não constam nos
demais relatórios, sendo elas o número de pesquisadores contratados com dedicação exclusiva
e uma comparação entre o investimento e receita líquida das empresas incentivadas. Na tabela
8 observa-se uma queda na quantidade de pesquisadores contratados pelas empresas privadas
para realizar exclusivamente atividades de pesquisa e desenvolvimento, não sendo computados
os pesquisadores classificados na categoria de “tempo parcial”. Para Archila (2015), o baixo
número de pesquisadores contratados por empresas privadas é uma das maiores evidências
sobre a modesta participação das empresas brasileiras no processo de inovação, dificultando
também a interação universidade-empresa. Uma das possíveis causas da redução do número de
pesquisadores contratados pelas empresas privadas seja o fato de que outras atividades
inovativas como aquisição de máquinas , softwares e equipamentos bem como treinamento
46
serem consideradas mais relevantes (ARCHILA, 2015). A autora ainda afirma que, de acordo
com a pesquisa realizada pelo IBGE em 2014, apenas 5,76% das “empresas inovadoras do país
realizaram atividades internas de P&D e genuinamente usam essas atividades como estratégia
sistemática para desenvolver novos produtos e processos” (ARCHILA, 2015, p. 6; IBGE,
2016).
Tabela 8 – Indicador estratégico sobre pesquisadores exclusivos em P&D
Ano-Base N° de Pesquisadores Contratados - dedicação exclusiva
Doutores Mestres Pós-Graduados Graduados Tecnólogo Técnico
Nível Médio Total
2010 609 1.662 5.817 15.143 568 5.199 28.998
2011 614 1.627 5.218 15.279 517 4.485 27.740
2012 640 1.538 5.369 12.245 513 3.938 24.243
2013 697 1.630 2.155 13.219 1.035 5.323 24.059
2014 484 1.077 2.094 12.660 372 3.686 20.373
Fonte: (MCTIC/ SETEC, 2015, p. 25)
Na tabela 9 é apresentada a comparação entre os investimentos líquidos em atividades
de inovação das empresas na Lei do Bem e a receita líquida de vendas dos anos de 2010 a 2014.
Observa-se uma queda nos investimentos em P&D mesmo com o crescimento de empresas
participantes. A redução nos investimentos também foi observada na tabela 5 quando é feita a
análise da média de investimento por empresa. É possível que esta retração anual nos
investimentos em P&D seja fruto das sucessivas instabilidades no cenário macroeconômico que
o país vem enfrentando(MCTIC/ SETEC, 2015).
Tabela 9 – Indicador estratégico de resultados dos investimentos X receita líquida
x R$ 1 Milhão
Ano-Base
Indicadores
Investimento (*) (A)
Receita Líq. (**) (B)
(%) (A/B)
2010 8,62 834,2 1,03
2011 6,84 1170 0,58 2012 5,34 1015 0,53
2013 6,74 1146 0,59 2014 8,19 1671 0,49
(*) Refere-se ao investimento recomendado para cálculo dos incentivos fiscais concedidos pela Lei do Bem. (**) Refere-se ao total da receita líquida de vendas declarada pela empresa Fonte: (MCTIC/ SETEC, 2015, p. 27)
47
2.7 Metodologia SROI
O Social Return on Investment (SROI) ou Retorno Social sobre Investimento é uma
metodologia que consiste na aplicação de um conjunto de princípios que auxilia organizações
a avaliar aspectos intangíveis de seus programas, ajudando a padronizar o que se entende de
valor social, criando valores que são reais, mas que por serem difíceis de medir e “tangibilizar”,
muitas vezes não são avaliados. Esta ferramenta pode auxiliar diversos setores a compreender
profundamente o impacto dos seus programas filantrópicos, pois, ao mensurar e traduzir esses
resultados para termos monetários claros e simples, ela dá suporte às entidades para provar o
real valor de seus programas sociais (CABINET OFFICE, 2012; FABIANI; KISIL, 2016).
O SROI mede também as mudanças advindas dos programas que são relevantes às
pessoas ou às organizações que as experimentam ou que contribuem para elas, contando a
história de como as mudanças estão sendo criadas ao medir os resultados sociais, ambientais e
econômicos. Para isso, utilizam-se valores monetários para representá-los, não sendo este o
foco, mas sim a identificação da mudança. É importante salientar que o SROI busca medir um
valor não monetário para associá-lo posteriormente a um valor monetário, dando objetividade
a um impacto subjetivo, e assim auxiliar na compreensão e mensuração deste. Esta mensuração
dá também ao investidor uma visão do seu papel na criação de valor social e ambiental em
termos administrativos. (CABINET OFFICE, 2012; RBC SOCIAL FINANCE, 2014;
FABIANI; KISIL, 2016)
A metodologia SROI (Social Return On Investment) tem como objetivo estimar o valor
econômico e social gerado com o investimento alocado em organizações sem fins lucrativos.
Ela foi desenvolvida por uma fundação americana, The Roberts Enterprise Development Fund
(REDF), em 1996, tendo como princípio a tentativa de responder aos questionamentos: (a)
como medir o sucesso dos esforços de uma organização sem fins lucrativos? (b) qual é o
benefício gerado aos indivíduos e à sociedade para cada recurso investido? (c) como o
investidor pode ter certeza de que o seu investimento será maximizado possibilitando a criação
de valor? (FREGONESI et al., 2005; PAULA; BRASIL; MÁRIO, 2009).
Historicamente, houve confusão sobre as muitas variações da análise SROI. A
consolidação do SROI ocorreu em 2009 quando um consórcio liderado pela Social Value UK
(rede nacional para pessoas interessadas em valor e impacto social, permitindo que os
profissionais permaneçam atualizados sobre as melhores práticas) publicou o guia com o passo
a passo do SROI, sendo este reconhecido pelo Cabinet Office (Gabinete do Governo) do Reino
Unido, que apoia sua utilização e disseminação no setor sem fins lucrativos. A metodologia é
“considerada consistente e verificável, por negócios ou organizações sociais que buscam
48
financiamento do governo e necessitam medir seu impacto social” (FABIANI; KISIL, 2016, p.
111). Como exemplos de empresas que desenvolveram relatórios que apresentam o impacto
que geram na sociedade tem-se a Holcim na Índia e a British Telecom na Inglaterra (RBC
SOCIAL FINANCE, 2014; FABIANI; KISIL, 2016).
A análise SROI pode atender um leque de propósitos, norteando as escolhas dos
stakeholders6 quando decidem investir o seu tempo e dinheiro. Pode ainda “ser usada como
uma ferramenta para planejamento e aprimoramento estratégico, para comunicar impacto e
atrair investimento, ou para tomar decisões de investimento” (CABINET OFFICE, 2012, p.
10).
De acordo com o Cabinet Office (2012, p. 8), “o SROI foi desenvolvido por meio de
análises de contabilidade social e custo-benefício e tem como base sete princípios” que
norteiam como o SROI deve ser aplicado (CABINET OFFICE, 2012):
a) Envolver os stakeholders: eles precisam ser identificados e envolvidos no
processo para que o valor e a maneira como ele é medido sejam informados por
aqueles que afetam ou são afetados pela atividade;
b) Entender o que muda: entender como as mudanças foram criadas e avaliar isso
por meio de evidências coletadas, reconhecendo as que são positivas e negativas,
bem como aquelas que são intencionais e não intencionais. As mudanças são
resultado da atividade, sendo possibilitadas pelas contribuições dos
stakeholders, e muitas vezes consideradas como resultados sociais, econômicos
ou ambientais, devendo ser medidos a fim de fornecer provas de que a mudança
de fato aconteceu;
c) Valorizar as coisas que importam: usar proxies7 financeiras para que o valor dos
resultados possa ser reconhecido dando voz aos que são excluídos do mercado,
mas que são afetados pelas atividades. Isso vai influenciar o equilíbrio de poder
existente entre os diferentes stakeholders;
d) Incluir somente o que for importante: determinar quais informações e
comprovações devem ser incluídas na prestação de contas para embasar as
conclusões dos stakeholders sobre o impacto da atividade;
6 É qualquer indivíduo ou grupo que pode afetar ou ser afetado pelas ações, deliberações, políticas ou
metas de uma organização (“Glossário — Manual de Comunicação da Secom”, ) 7 Conforme o guia desenvolvido pela Social Value UK (2012), proxy seria uma aproximação de uma valor
onde é impossível obter uma medida exata.
49
e) Não reivindicar em excesso: deve ser reivindicado apenas o valor que as
organizações são responsáveis em criar, levando em conta aquilo que teria
acontecido de qualquer maneira;
f) Ser transparente: demonstrar com clareza o embasamento para a análise, os
resultados apurados, os indicadores, fontes e métodos de coleta de informações
utilizados;
g) Verificar os resultados: obter uma certificação independente apropriada, pois o
valor dado a uma atividade é subjetivo por mais que a análise SROI dê
ferramentas para melhor compreensão do valor a ser criado por uma atividade.
Há dois tipos de SROI: um de avaliação e outro de previsão. O primeiro é baseado em
resultados reais que já aconteceram. O segundo prevê o retorno social caso sejam alcançados
os resultados esperados (CABINET OFFICE, 2012).
O desenvolvimento da análise SROI prevê seis estágios. O primeiro é estabelecer o
escopo e identificar os stakeholders. É importante ter limites claros em relação ao que sua
análise SROI irá cobrir, quem estará envolvido no processo e como. O segundo é mapear os
resultados. Um mapa de impacto ou uma teoria de mudança8 serão desenvolvidos a partir de
seu envolvimento com os stakeholders, e este documento demonstrará a relação entre entradas,
saídas e resultados. O terceiro é evidenciar os resultados e atribuindo a eles um valor. Esta etapa
envolve encontrar dados para demonstrar se os resultados aconteceram e, então, atribuir a eles
um valor. O quarto estágio é estabelecer os impactos. Tendo coletado as evidências sobre os
resultados e atribuído valor monetário a eles, os aspectos da mudança que teriam acontecido de
qualquer maneira ou que sejam o resultado de outros fatores são eliminados da análise. O quinto
é calcular o SROI. Este estágio envolve a soma de todos os benefícios, a subtração de qualquer
impacto negativo e a comparação do resultado com o investimento. Este ponto também é o
ponto no qual a sensibilidade dos resultados pode ser testada. Por fim o sexto estágio é relatar,
utilizar e incorporar a metodologia SROI. Facilmente esquecido, o último estágio é vital e
envolve compartilhar os resultados com os stakeholders e reagir a eles, incorporando processos
com bons resultados e a verificação deles. (CABINET OFFICE, 2012). O quadro 2 faz uma
síntese dos estágios e princípios do SROI.
8 A relação entre entradas, saídas e resultados é também é chamada de Teoria da Mudança. (CABINET
OFFICE, 2012)
50
Quadro 2 – Resumo dos estágios e princípios do SROI
Os estágios da avaliação SROI Os princípios SROI
Estabelecer o escopo e definir os stakeholders Envolver os stakeholders Mapear os resultados Entender o que mudou
Identificar os resultados e atribuir valores Valorizar as coisas que importam
Demonstrar o impacto Incluir apenas o que é material Não reivindicar em excesso
Calcular o SROI Ser transparente
Reportar utilizar e incorporar Verificar o resultado Fonte: (FABIANI; KISIL, 2016, p. 112)
Percebe-se que há uma certa correlação entre os estágios e princípios do SROI: para se
estabelecer o escopo e definir os stakeholders é preciso envolve-los no processo; ao mapear os
resultados deve-se incialmente identificar e entender as mudanças da intervenção; só deve-se
valorizar resultados que realmente importam, ou seja, que representam de fato as mudanças; o
impacto demonstrado deve ser somente o gerado pela entidade e que pode ser comprovado; o
cálculo deve ser transparente e os resultados devem ser verificados, pois eles serão reportados
e incorporados nas empresas.
51
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa é de suma importância para o conhecimento da realidade. Para (GODOY,
1995, p. 58) a pesquisa é “um esforço cuidadoso para a descoberta de novas informações ou
relações e para a verificação e ampliação do conhecimento existente”. Através dela pode-se
responder aos inúmeros questionamentos que nos cercam. Ela é o caminho a ser seguido para
alcançar as respostas, obedecendo a princípios, normas e técnicas (SANTOS, 2012).
3.1 Caracterização da pesquisa
No intuito de mensurar o retorno social dos incentivos fiscais, foi utilizada a pesquisa
quantitativa. Segundo (GODOY, 1995, p. 58) a pesquisa quantitativa é aquela em que o
pesquisador conduz o seu trabalho a partir de um plano inicialmente estabelecido, “com
hipóteses claramente especificadas e variáveis operacionalmente definidas”. Quanto aos fins, a
pesquisa classifica-se como explicativa, uma vez que será analisado um cenário político,
econômico e social. Para Santos (2012) este tipo de pesquisa procura esclarecer a ocorrência de
um fato aprofundando o saber sobre esta realidade.
Por fim, quanto aos meios, a pesquisa enquadra-se como bibliográfica e documental,
consultando as demonstrações financeiras da empresa selecionada, os dados no portal do
MCTIC, e outras fontes de dados públicos (sites do Banco Central do Brasil, INPI, LinkedIn®
e Ministério do Planejamento). Santos (2012), afirma que a pesquisa bibliográfica é feita com
base em documentos existentes já elaborados, tais como livros, dicionários, jornais, revistas,
dentre outros e que pesquisa documental é aquela realizada com base em documentos que não
receberam tratamento de análise e síntese.
Foram utilizados os relatórios publicados no site do MCTIC sobre o incentivo concedido
pela Lei 11.196/2005, mais conhecida como a Lei do Bem para a análise das informações
consolidadas das empresas beneficiárias. Limitou-se a pesquisa ao período de 2010 a 2014
devido à ausência das informações de patentes e pesquisadores nos relatórios de 2006 a 2009 e
ao último relatório divulgado pelo MCTIC ser do ano-base de 2014. Não é escopo do trabalho
mensurar os retornos dos anos posteriores a 2014, realizando um cálculo SROI de previsão.
Além dos dados consolidados, buscou-se realizar o cálculo individualizado, ou seja, de uma
amostra de empresas beneficiárias. Foram mapeadas todas as empresas participantes da Lei do
Bem no período de 2006 e 2014. Apurou-se que 2081 empresas já usufruíram dos incentivos
fiscais da Lei 11.196/2005, porém, somente 19 delas são incentivadas de 2006 até 2014.
52
Quadro 3 – Lista empresas participantes em todo o período analisado - Lei do Bem
CNPJ Empresa
07.032.076/0001-48 FUNDIMISA FUNDIÇÃO E USINAGEM LTDA
07.359.641/0001-86 GERDAU AÇOS ESPECIAIS S/A
17.170.150/0001-46 V&M DO BRASIL S/A
33.009.911/0001-39 SOUZA CRUZ S/A
33.050.196/0001-88 COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ S/A
42.278.796/0001-99 CELULOSE NIPO-BRASILEIRA S/A - CENIBRA
44.144.293/0001-56 CRODA DO BRASIL LTDA
44.734.671/0001-51 CRISTÁLIA PRODUTOS QUÍMICOS FARMACÊUTICOS LTDA
45.985.371/0001-08 3M DO BRASIL LTDA
57.006.264/0001-70 ZEN S/A INDÚSTRIA METALÚRGICA
59.179.838/0001-37 PIRELLI PNEUS S/A
61.150.751/0001-89 PRYSMIAN ENERGIA CABOS E SISTEMAS DO BRASIL S/A
71.673.990/0001-77 NATURA COSMÉTICOS S/A
73.856.593/0001-66 PRATI, DONADUZZI & CIA LTDA
88.610.126/0001-29 FRAS-LE S/A
88.611.835/0001-29 MARCOPOLO S/A
89.962.294/0001-46 FÁBRICA DE MÓVEIS FLORENSE LTDA
90.347.840/0001-18 THYSSENKRUPP ELEVADORES S/A
92.327.410/0001-60 KLL EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE LTDA Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Para realizar o cálculo do SROI das empresas participantes precisa-se das
demonstrações financeiras. Após pesquisas nos sites institucionais, na CVM (Comissão Valores
Mobiliários), e diários oficiais dos estados das empresas selecionadas, encontraram-se as
demonstrações de quatro das empresas mapeadas: Companhia Paulista de Força e Luz S/A,
Natura Cosméticos S.A., Fras-le S/A e Marcopolo S/A. Das demonstrações localizadas, apenas
a da Natura possuía as informações necessárias para o cálculo do SROI (valor do incentivo
recebido e investimentos em P&D).
Desta forma será apresentado tanto o cálculo consolidado, com base nas informações
do MCTIC de todas as empresas participantes da Lei do Bem, quanto separadamente da
empresa Natura Cosméticos S.A., visando aplicar o modelo e validá-lo no uso individual ou
conjunto.
53
3.2 Instrumentos de coleta de dados
O instrumento de coleta de dados utilizado foi a planilha denominada mapa de impacto,
que é parte integrante de um guia publicado em 2009, sendo este modelo reconhecido pelo
Cabinet Office (Gabinete do Governo) do Reino Unido, que apoia sua disseminação e utilização
nas empresas sem fins lucrativos.
As fontes de dados usadas foram os documentos disponibilizados no site do MCTIC,
Banco Central do Brasil (BCB), INPI, Ministério do Planejamento, LinkedIn® e as
demonstrações financeiras da Natura Cosméticos S/A.
3.3 Técnicas de análise de dados
O mapa de impacto é o ponto central para a análise do SROI (CABINET OFFICE,
2012). Sua montagem segue seis etapas que correspondem aos estágios mencionados no tópico
metodologia SROI da revisão bibliográfica: estabelecer o escopo e definir os stakeholders;
mapear os resultados; identificar os resultados e atribuir valores; demonstrar o impacto; calcular
o SROI; reportar, utilizar e incorporar. Destas etapas utilizou-se as 5 primeiras não sendo usada
a etapa 6, pois não haverá o reporte e a incorporação dos resultados do processo pelos
stakeholders envolvidos no cálculo apresentado. No primeiro momento será montado o cálculo
do SROI em uma perspectiva macro, ou seja, analisando as informações consolidadas das
empresas incentivadas constantes nos relatórios do MCTIC. Posteriormente será apresentado
cálculo da Natura Cosméticos S/A.
Todos os valores monetários utilizados no cálculo da SROI foram corrigidos pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado até janeiro de 2018.
3.3.1 Cálculo SROI
Neste tópico serão descritas detalhadamente as etapas para a montagem do mapa de
impacto de acordo com o guia da Social Value UK.
3.3.3.1 Etapa 1 – Estabelecendo o escopo e identificando os stakeholders
Na primeira etapa do cálculo do SROI, deve-se estabelecer o escopo e identificar os
stakeholders, bem como determinar os limites da análise, os stakeholders e a forma que eles
serão envolvidos no processo. Para estabelecer o escopo, é preciso considerar os seguintes
fatores: propósito, público, experiência dos envolvidos no processo, recursos a serem aplicados,
executores do trabalho, atividades que serão abordadas, período que a intervenção ocorreu e,
54
por fim, a classificação da análise como previsão ou avaliação. Após o escopo ser estabelecido,
identificam-se os stakeholders, que são definidos como pessoas ou organizações que
experimentam ou experimentarão as mudanças resultantes da atividade ou a afetam de algum
modo, de maneira positiva ou negativa, o seu resultado (CABINET OFFICE, 2012).
3.3.3.2 Etapa 2 – Mapeando os resultados
Na segunda etapa são identificadas as entradas, que são as contribuições dos
stakeholders para a execução das atividades, as saídas que são as atividades, bem como os
resultados gerados (CABINET OFFICE, 2012). As entradas podem ser o tempo dispendido de
um voluntário até recursos financeiros. No caso de contribuições não monetárias há a
necessidade de atribuição de um valor. As saídas apresentam um resumo quantitativo de uma
atividade, não sendo utilizada no cálculo sendo meramente informativa. Por exemplo, se a
atividade mapeada for “nós fornecemos treinamento” a saída será “nós treinamos 50 pessoas”
(CABINET OFFICE, 2012). É importante não confundir as saídas com os resultados. Por
exemplo, se um programa de treinamento visa colocar pessoas em postos de trabalho, então a
“conclusão do treinamento” é uma saída e “conseguir um trabalho” é um resultado. Os
resultados são a base do SROI, já que mensurá-los é a única forma “pela qual pode-se ter certeza
de que as mudanças para os stakeholders estão ocorrendo”(CABINET OFFICE, 2012).
3.3.3.3 Etapa 3 – Evidenciando os resultados e atribuindo valor a eles
Na etapa 3 são desenvolvidos os indicadores dos resultados que ocorreram com os
stakeholders. Estes indicadores servem para reunir evidências que comprovem que os
resultados aconteceram e para avaliar se os valores atribuídos aos resultados são significativos.
Deve-se também ter o cuidado de não contar indicadores em duplicidade. Um exemplo da
utilização em duplicidade dos indicadores seria no caso de alguns indivíduos desejarem
conseguir trabalho após obterem qualificação, mas apenas uma parte conseguiu trabalho. No
momento da valoração do resultado das pessoas que conseguiram trabalho, se for contabilizado
tanto a capacitação quanto o emprego, seria contar o valor do treinamento em duplicidade.
Outro ponto que precisa ser verificado é a durabilidade dos efeitos dos resultados, ou
seja, o tempo que os efeitos da interferência de um stakeholder durará após a sua intervenção.
Esta duração é geralmente medida em número de anos que se espera que o benefício dure após
a sua intervenção. A última parte desta etapa é valorar os resultados e demostrar se estes são ou
não significativos. Esta é uma forma de apresentar aos stakeholders a importância relativa da
mudança experimentada por eles. No SROI, usam-se proxies financeiras para estimar o valor
55
social dos bens não comerciais para os diferentes stakeholders. Assim como em uma
negociação as pessoas podem discordar sobre o valor de um bem negociado, os stakeholders
terão percepções distintas sobre o valor de algo, afinal todo valor é subjetivo.(CABINET
OFFICE, 2012)
3.3.3.4 Etapa 4 – Estabelecendo os impactos
Na etapa 4 são definidos o contrafactual, atribuição, drop-off e o cálculo do impacto. O
contrafactual é a medida da quantidade (expresso em porcentagem) do resultado que
aconteceria independente da realização da atividade. Este percentual é deduzido do total do
resultado. Por exemplo, se o resultado de alguma atividade for R$100,00 e 50% dela aconteceria
independente da intervenção, seria deduzido R$ 50,00 do resultado. A atribuição representa o
quanto do resultado foi influenciado por outras organizações, refletindo a parte do contrafactual
que se tem melhores informações e na qual pode-se atribuir os resultados a outros agentes. Este
valor, apresentado em porcentagem, é deduzido do resultado depois do desconto do
contrafactual. O drop-off é a “deterioração de um resultado com o passar do tempo”(CABINET
OFFICE, 2012, p. 63). O resultado de uma atividade pode diminuir nos anos seguintes a
intervenção. Assim deve-se estimar uma taxa de decréscimo a ser aplicada no fim de cada ano.
O drop-off só é calculado quando o resultado durar mais de um ano e é utilizado no cálculo do
SROI, na etapa 5. O cálculo do impacto de cada um dos resultados encerra a etapa 4. Este valor
é obtido da seguinte forma: multiplica-se a proxy financeira pela quantidade do resultado,
obtendo-se o valor total. Desse total deduz-se a porcentagem do contrafactual e do resultado
dessa subtração deduz-se o percentual da atribuição.
3.3.3.5 Etapa 5 – Calculando o SROI
Após a compilação de todas as informações das etapas anteriores, torna-se possível
realizar o cálculo do SROI, que corresponde a etapa 5. “A ideia básica é calcular o valor
financeiro do investimento e o valor financeiro dos custos e benefícios sociais” (CABINET
OFFICE, 2012, p. 50). Se for uma análise de avaliação, ela deve ser feita, preferencialmente,
após o período para o qual o resultado deveria durar. Se for uma análise de previsão, com
resultados reais, será necessário ter as informações relativas ao período em que os seus
resultados durarem. Há quatro passos para o cálculo da taxa de retorno social.
O primeiro é projetar o valor de todos os resultados alcançados para o futuro. Para isso
é preciso replicar o valor do impacto apurado na etapa 4 ao longo dos períodos que ele irá durar
(informação constante na coluna duração). Posteriormente subtrair o drop-off identificado para
56
cada um dos períodos futuros após o primeiro ano.
O segundo é calcular o valor presente líquido. Deve-se somar os valores dos impactos
apurados na primeira etapa e aplicar uma taxa de desconto para que os valores sejam
comparáveis.
No terceiro efetivamente calcula-se a taxa SROI dividindo o valor descontado dos
benefícios encontrados na etapa anterior pelo valor do investimento total. Desta forma encontra-
se o valor de retorno para cada unidade financeira investida, na forma de número índice. Se o
retorno for igual a 1,0 quer dizer que a cada R$ 1,00 investido obteve-se R$ 1,00 de retorno:
não houve prejuízo ou lucro. Se o valor for maior que R$ 1,00, a atividade gerou um retorno
maior que os investimentos. Em contrapartida, se o retorno for inferior a R$ 1,00, a atividade
gerou prejuízos, pois não se obteve como retorno nem o valor investido. Por fim, no quarto é
feita a análise de sensibilidade. Ela é utilizada para avaliar o impacto de alguns elementos do
modelo de forma simples: altera-se qualquer um dos dados e os valores serão automaticamente
recalculados. Feito isso, observa-se em que medida os resultados mudariam se fossem alterados
algum dos elementos aportados nas etapas anteriores.
3.4 Produto técnico
A apresentação de um produto técnico é um dos parâmetros da CAPES (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para acompanhamento e avaliação
quadrienal dos mestrados profissionais, além de ser também uma das opções de trabalho de
conclusão de curso. A importância da apresentação deste tipo de trabalho é demonstrar que os
objetivos desta modalidade de formação stricto sensu foram atendidos. No artigo 4° da Portaria
Normativa 17/2009 (CAPES, 2009) pode-se ver estes objetivos:
I. Capacitar profissionais qualificados para o exercício da prática profissional avançada e transformadora de procedimentos, visando atender demandas sociais, organizacionais ou profissionais e do mercado de trabalho;
II. Transferir conhecimento para a sociedade, atendendo demandas específicas e de arranjos produtivos com vistas ao desenvolvimento nacional, regional ou local;
III. Promover a articulação integrada da formação profissional com entidades demandantes de naturezas diversas, visando melhorar a eficácia e a eficiência das organizações públicas e privadas por meio da solução de problemas e geração e aplicação de processos de inovação apropriados;
IV. Contribuir para agregar competitividade e aumentar a produtividade em empresas, organizações públicas e privadas.
Percebe-se que a entrega de um produto técnico, aplicado e alinhado com as demandas
da sociedade e do mercado de trabalho, é extremamente relevante e importante na transmissão
e aplicação dos conhecimentos acadêmicos no mercado.
57
Em 2015, a CAPES nomeou através da Portaria 147/2015 uma comissão composta de
docentes de diferentes áreas para elaborar os critérios gerais de classificação dos produtos
tecnológicos. Foi proposta a divisão dos produtos tecnológicos em 4 eixos (CAPES, 2017):
a) Eixo 1 - Produtos e Processos: caracteriza-se pelo desenvolvimento de produto
técnico ou tecnológico, passível ou não de proteção, podendo gerar ativos de
propriedade industrial/ propriedade intelectual;
b) Eixo 2 - Formação: caracteriza-se por atividades de educação relacionadas a
diferentes níveis de formação profissional, com público alvo interno ou externo
a instituição de origem;
c) Eixo 3 - Divulgação da produção: atividades relacionadas à divulgação da
produção;
d) Eixo 4 - Serviços técnicos: serviços realizados junto à sociedade/instituições,
órgãos governamentais, agências de fomento, vinculados à assistência, extensão,
produção do conhecimento.
Face ao exposto, este estudo apresentará como produto técnico um protótipo de software
para que as empresas incentivadas pela Lei do Bem possam calcular o seu SROI. O produto
técnico protótipo de software, ou programa de computador, está relacionado entre os produtos
técnicos do eixo 1. De acordo com as Considerações sobre Classificação de Produção Técnica
(CAPES, 2016, p. 4) o software ou programa de computador é uma
expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.
Este protótipo será apresentado por meio de uma planilha customizada elaborada no MS
Excel ®, para fins de avaliação da ideia que subsidia o software, possibilitando o
desenvolvimento a posteriori do referido programa e o meio de se colocá-lo à disposição de
interessados nesta métrica.
58
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os cálculos do retorno social da Lei do Bem utilizando
tanto as informações consolidadas, quanto as informações da empresa Natura Cosméticos S.A.
4.1 Cálculo do SROI consolidado
Seguindo o roteiro detalhado no item 3.3.1 deste trabalho, foi preenchido o mapa de
impacto com as informações consolidadas das empresas participantes da Lei do Bem. Todos os
valores monetários dos cálculos do SROI foram corrigidos pelo IPCA atualizado até janeiro de
2018. Este índice tem como objetivo medir a inflação de uma série de produtos e serviços
comercializados no varejo e consumidos pelas famílias com rendimentos de 1 a 40 salários
mínimos residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do
Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande. Foi adotado o IPCA em
detrimento ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) pelo fato de este abranger as
famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, um grupo menor do que o considerado
pelo IPCA (IBGE, 2018a, 2018b).
4.1.1 Etapa 1 – Estabelecendo o escopo e identificando os stakeholders
Para a definição do escopo consideraram-se os seguintes fatores da metodologia SROI:
o propósito, o público, as atividades que serão abordadas, o período na qual a intervenção
ocorreu e, por fim, se a análise será uma previsão ou uma avaliação. O propósito do cálculo do
SROI realizado neste trabalho é de mensurar o retorno social dos incentivos fiscais das
empresas participantes da Lei do Bem. Estas empresas recebem incentivos fiscais do Governo
Federal para investirem em P&D. O governo pretende estimular o desenvolvimento tecnológico
das empresas para que elas sejam mais competitivas no cenário global. O público a quem se
destina é a sociedade como um todo. As atividades que serão objeto de análise deste trabalho
as seguintes: investimentos das empresas privadas em P&D, competitividade das empresas
participantes e a melhoria na qualidade de vida.
59
Quadro 4 – Escopo do cálculo SROI
Organização Empresas beneficiárias da Lei do Bem - Lei 11.196/2005
Objetivos Estimular empresas a realizarem atividades próprias de P&D quer na concepção de novos produtos, processos e serviços, bem como na agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo
Escopo Atividade Estimular investimentos das empresas privadas em P&D
Financiador Governo Federal e empresas incentivadas
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
O período analisado é de 2010 a 2014, devido à falta de algumas informações do período
de 2006 a 2009 e da ausência de publicações do MCTIC a respeito da Lei do Bem posteriores
a 2014. Foi utilizado o SROI de avaliação, por ser baseado em resultados reais que já
aconteceram.
Os stakeholders identificados foram as empresas incentivadas, o governo e a sociedade.
O cálculo do SROI será com base nos documentos, sem o envolvimento direto dos stakeholders
apontados.
O próximo passo foi mapear as mudanças advindas da Lei do Bem, utilizando-se do
relatório publicado pelo MCTIC. Nele consta que o objetivo do governo em relação à Lei do
Bem, é estimular o aumento das atividades de P&D nas empresas participantes fazendo com
que o “impacto dos benefícios seja maior que os de custos” (MCTIC/ SETEC, 2015). Desta
forma a mudança esperada pelo governo é o aumento dos investimentos das empresas em P&D
e pelas empresas a redução dos seus custos nestes investimentos. Já a sociedade tem como
expectativa de mudança o aumento na contratação de pesquisadores. Isto poderia estimular a
formação de mão de obra qualificada, e um maior nível de escolaridade da população. De
acordo com Shimada (2014), justifica-se o estímulo governamental à atividade de P&D desde
que este produza benefícios à sociedade que compensem as perdas de receita governamentais.
Quadro 5 – Stakeholders e mudanças esperadas
Etapa 1 Stakeholders Mudanças intencionais/ não intencionais
Governo Aumento de investimentos das empresas privadas em P&D. Empresas Redução nos custos dos investimentos em P&D Sociedade Aumento na contratação de pesquisadores
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
4.1.2 Etapa 2 – Mapeando os resultados
Foram identificados como entradas os valores da renúncia fiscal e o rendimento sobre o
valor concedido de incentivo fiscal. Foi considerado o rendimento sobre os investimentos de
P&D feitos pelas empresas pelo “descasamento” do fluxo de caixa que ocorre com este tipo de
60
incentivo. Isto acontece devido ao fato de as empresas pagarem os gastos em P&D em um
determinado período (trimestral ou anual, de acordo com o regime de apuração dos tributos
incentivados) e restituem este montante, na forma de redução do IRPJ e CSLL, no mês seguinte
ao encerramento do período de apuração do IRPJ e da CSLL. Para simplificar os cálculos,
considerou-se que todas as empresas apurariam o IRPJ e a CSLL. Desta forma foi aplicada a
taxa SELIC acumulada do ano sobre o valor incentivado, visto que este recurso poderia estar
aplicado em algum tipo de investimento. Não há entradas estabelecidas para a sociedade. Os
valores das entradas do Governo e das empresas foram retirados do relatório anual do MCTIC.
Tabela 10 – Identificando e valorando as entradas
Entradas
Stakeholders O que eles investem? Valores em milhões de reais
2010 2011 2012 2013 2014
Governo Renúncia fiscal 2.822,15 2.175,38 1.518,45 2.167,15 2.212,36
Empresas Rendimento sobre o valor
do incentivo 274,67 252,80 128,51 177,30 240,17
Sociedade Sem investimento - - - - -
Totais 3.096,83 2.428,17 1.646,96 2344,45 2.452,53 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Como as saídas são meramente informativas e não influenciam no cálculo, este campo
foi excluído do mapa de impacto. Foram identificados como resultados a redução dos custos
para a criação de novos produtos e processos e o depósito de patentes. Mais investimento a
menor custo geraria mais produtos, processos e patentes. O outro resultado seria o aumento do
número de pesquisadores contratados para atender a maior demanda da área de P&D das
empresas.
Quadro 6 – Identificando os resultados das atividades
Stakeholders Resultado
Sobre quem temos algum efeito? Quem tem algum efeito sobre nós?
Como você descreveria a mudança?
Governo Os resultados do aumento de P&D já foram considerados nos itens abaixo
Empresas Com custos menores para a realização de P&D as empresas desenvolverão mais produtos, melhorarão seus processos e registrarão mais patentes.
Sociedade Para desenvolver P&D as empresas necessitarão de mais pesquisadores
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
61
4.1.3 Etapa 3 – Evidenciando resultados e atribuindo valor a eles
Foi excluída a coluna quantidade desta etapa pois os valores das proxies financeiras
representam o total do resultado e não os valores unitários, como no mapa proposto pelo
Cabinet Office. A durabilidade dos resultados não será avaliada já que a análise proposta
trabalha com resultados que já ocorreram durante um determinado período e que não tem
informação de durabilidade.
As proxies financeiras, que são a valoração do resultado, são apresentadas na tabela 11.
Foram deduzidos dos investimentos em P&D os gastos com pesquisadores. Não foram
deduzidos os custos do depósito de patentes uma vez que estes só podem ser deduzidos da base
do IRPJ e da CSLL quando são concedidas. Como o tempo médio para a concessão de uma
patente está no intervalo de 7 a 10 anos (MARCONI; UEMOTO; ANDRADE, 2016), as
despesas com o depósito de 2010 possivelmente só poderão ser deduzidas após o período
analisado.
Tabela 11 – Proxies financeiras
Proxy financeira
Valor total da mudança em milhões de reais
Fonte
2010 2011 2012 2013 2014
Investimento em P&D deduzido os gastos com pesquisadores
13.805,30 10.301,38 7.515,46 9.022,04 10.414,10 Relatório anual de atividades de P&D - MCTIC
Valores estimados dos gastos com depósitos de patentes
5,36 10,11 8,64 7,52 6,54 Tabelas INPI e sites de consultorias
Salários dos pesquisadores estimados com base nos valores pagos pelo Governo Federal
283,07 257,44 213,88 203,04 172,29
Tabelas de remuneração no site do Ministério do Planejamento
Totais 14.093,73 10.568,94 7.737,98 9.232,60 10.592,93
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A primeira proxy são os valores dos investimentos em P&D deduzidos os gastos com
pesquisadores. Seus valores foram obtidos dos relatórios do MCTIC. A segunda proxy são os
valores estimados dos gastos com depósito das patentes de invenção (PI) e de modelo de
utilidade (MU). Seus valores foram apurados com base no número de patentes depositadas
declaradas no relatório da Lei do Bem multiplicado pelo valor que seria gasto com taxas e
honorários para registro. Os valores das taxas foram retirados das tabelas de retribuições do
INPI e o valor dos honorários em sites de empresas que prestam o serviço de depósito e
62
acompanhamento da concessão da patente. Nos relatórios do MCTIC não são especificadas a
quantidade de patentes de invenção e de modelo de utilidade que foram depositadas pelas
empresas da Lei do Bem; consta apenas a quantidade total de patentes depositadas. Para calcular
o custo das patentes foi realizada uma proporção com base no total de patentes de PI e de MU
depositadas no INPI. Os valores monetários da tabela 12 estão em reais e não estão atualizados
pelo IPCA.
Tabela 12 – Número de patentes e estimativa dos gastos
Ano 2010 2011 2012 2013 2014
Taxa de depósito 200,00 175,00 175,00 175,00 175,00
Pedido de Exame PI 500,00 440,00 590,00 590,00 590,00
Pedido de Exame MU 320,00 285,00 380,00 380,00 380,00 Média honorários 2.400,00 2.400,00 2.400,00 2.400,00 2.400,00
Valor unitário depósito PI 3.100,00 3.015,00 3.165,00 3.165,00 3.165,00
Total unitário Depósito MU 2.920,00 2.860,00 2.955,00 2.955,00 2.955,00 Total depósitos PI residente INPI 4225 4705 4798 4959 4659
Total depósitos MU residente INPI 2916 3009 2894 2891 2638 Pedidos patentes Lei do Bem (PI +
MU) 1083 2217 1933 1780 1639
Estimativa de depósito PI Lei do Bem
641 1352 1206 1124 1046
Estimativa de depósito MU Lei do Bem
442 865 727 656 593
Estimativa custo pedido PI 1.987.100,00 4.076.280,00 3.816.990,00 3.557.460,00 3.310.590,00 Estimativa custo pedido MU 1.290.640,00 2.473.900,00 2.148.285,00 1.938.480,00 1.752.315,00
Total custo patente 3.277.740,00 6.550.180,00 5.965.275,00 5.495.940,00 5.062.905,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A terceira proxy são os gastos com salários dos pesquisadores. Os valores foram
calculados com base no número de pesquisadores declarados no relatório do MCTIC (cuja
análise da sua redução foi está nas páginas 45 e 46 deste trabalho) multiplicado pelos valores
dos salários dos pesquisadores do site do Ministério do Planejamento. Foram utilizados os
valores dos ordenados dos pesquisadores contratados pelo Governo Federal como estimativa
dos salários dos pesquisadores das empresas, pois o MCTIC não divulga estas informações no
seu relatório. A apuração dos gastos considerou o grau de escolaridade dos pesquisadores
(doutor, mestre, pós-graduado, graduado, tecnólogo e técnico nível médio).
63
Tabela 13 – Número de pesquisadores e estimativa de salários
Ano-Base 2010 2011 2012 2013 2014
Doutores 609 614 640 697 484
Mestres 1662 1627 1538 1630 1077
Pós-Graduados 5817 5218 5369 2155 2094
Graduados 15143 15279 12245 13219 12660
Tecnólogo 568 517 513 1035 372
Técnico Nível Médio 5199 4485 3938 5323 3686
Total pesquisadores 28998 27740 24243 24059 20373
Vlr total salário Doutores 7.638.065,82 7.700.775,72 8.026.899,20 9.052.259,62 6.512.466,84
Vlr total salário Mestres 14.717.425,50 14.407.491,75 13.619.451,40 15.073.522,80 10.403.529,21
Vlr total salário pós-graduados 40.168.769,97 36.032.429,38 37.077.562,34 15.626.810,10 15.944.804,88
Vlr total salário. Graduados 89.243.907,63 90.045.411,39 72.170.315,70 82.478.892,98 83.587.903,20
Vlr total salário Tecnólogos 3.347.456,88 3.046.892,97 3.023.550,18 6.457.799,70 2.456.137,44
Vlr total salário Nível médio 18.120.074,70 15.631.570,50 13.725.308,30 19.653.207,99 14.410.048,40
Total gastos 173.235.700,50 166.864.571,71 147.643.087,12 148.342.493,19 133.314.889,97 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
4.1.4 Etapa 4 – Estabelecendo os impactos
Diferentemente do roteiro proposto pelo guia, foi apurado nesta etapa apenas o
contrafactual e o cálculo do impacto. A atribuição e o drop-off não foram considerados nesta
adaptação do modelo por não haver informações a respeito do quanto o resultado foi
influenciado por outras organizações ou da taxa que represente a deterioração dos resultados
das intervenções da Lei do Bem ao longo do período analisado.
Os valores de contrafactual utilizados foram baseados nas variações dos anos de 2009 a
2014 dos dispêndios em P&D, dos registros de patentes e da contratação de pesquisadores
informados no relatório de indicadores do MCTIC (MCTIC, 2017b). Esta variação é com base
no ano anterior, tendo-se como base inicial o ano de 2009. Eles foram utilizados como
benchmark9.
Dividiu-se o valor do benchmark pela média por empresa das variações das entidades
incentivadas. Esta estimativa do contrafactual é sugerida no manual (CABINET OFFICE,
2012). Todos os valores da tabela 14 estão em milhões de reais e atualizados pelo IPCA. Os
gastos com P&D foram retirados da tabela 1.1.3 do relatório de indicadores Nacionais de
Ciência, Tecnologia e Inovação de 2017 (MCTIC, 2017b) deduzidos os valores de dispêndios
com P&D das empresas participantes da Lei do Bem. A quantidade de pesquisadores também
9 Ponto de referência.
64
foi retirada do relatório de indicadores do MCTIC (tabela 2.1.1) sendo deduzida a quantidade
dos pesquisadores das empresas da Lei do Bem. A quantidade de patentes foi igualmente
retirada do relatório do MCTIC (tabela 5.1) porém, além da dedução das patentes das empresas
da Lei do Bem foi deduzida a quantidade de patentes depositada pelas Universidades
(informação retirada do site do INPI).
Tabela 14 – Contrafactual
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Dispêndios P&D Lei do Bem (a) 14.200,29 14.088,37 10.558,83 7.729,34 9.225,08 10.586,39
Empresas recomendadas Lei do Bem (b) 542 639 767 787 977 1008 Média por empresa - Lei do Bem (c = a/b)
26,20 22,05 13,77 9,82 9,44 10,50
Variação dispêndio da média por empresa - Lei do Bem (%) (∆c = c2/c1)
- 84,15% 62,44% 71,34% 96,14% 111,23%
Dispêndios com P&D - Relatório MCTIC deduzido os valores da Lei do Bem (d)
14.742,70 20.554,49 24.248,05 26.122,86 25.981,63 32.116,22
Variação dispêndio - Relatório MCTIC (%) (∆d = d2/d1)
- 139,42% 117,97% 107,73% 99,46% 123,61%
Contrafactual (∆c/∆d) - 165,68% 188,93% 151,01% 103,45% 111,13%
Total pessoas envolvidas em P&D Lei do Bem (e)
- 28998 27740 24243 24059 20373
Empresas recomendadas Lei do Bem (f) 542 639 767 787 977 1008 Média por empresa - Lei do Bem (g = e/f)
- 45,38 36,17 30,80 24,63 20,21
Variação Pessoas envolvidas em P&D da média por empresa - Lei do Bem (%)(∆g = g2/g1)
- 0% 79,70% 85,17% 79,94% 82,08%
Total pessoas envolvidas em P&D - Relatório MCTIC – deduzido os valores da Lei do Bem (h)
63423 42648 62247 70595 75630 84167
Variação pessoas envolvidas em P&D - Relatório MCTIC (%) (∆h = h2/h1)
- 67,24% 145,96% 113,41% 107,13% 111,29%
Contrafactual (∆g/∆h) - 0,00% 183,14% 133,15% 134,01% 135,59%
Pedidos patentes Lei do Bem (i) - 1083 2217 1933 1780 1639
Empresas recomendadas Lei do Bem (j) 542 639 767 787 977 1008 Média por empresa - Lei do Bem (k = i/j)
- 1,69 2,89 2,46 1,82 1,63
Variação Pedidos de patente da média por empresa - Lei do Bem (%) (∆k = k2/k1)
- 0% 170,55% 84,97% 74,18% 89,25%
Patentes empresas - Relatório MCTIC – deduzido os valores da Lei do Bem (m)
7162 5547 4801 4964 5223 4722
Variação pedidos de patentes - Relatório MCTIC (%)(∆m = cl/m1)
- 77,45% 86,55% 103,40% 105,22% 90,41%
Contrafactual (∆k/∆m) - 0,00% 50,75% 121,68% 141,85% 101,30%
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
65
O valor do impacto foi calculado realizando a aplicação da porcentagem do
contrafactual sobre valor da proxy financeira., por meio da seguinte fórmula:
Valor do impacto = Proxy financeira x (1 - % contrafactual) (1)
Tabela 15 – Calculando o impacto
Proxy financeira Impacto
Proxy financeira menos contrafactual
Qual proxy financeira você usaria para expressar o valor da mudança?
2010 2011 2012 2013 2014
Investimento em P&D deduzido os gastos com pesquisadores
-9067,20 -9161,41 -3833,4 -311,42 -1159,49
Valores estimados com base nas taxas cobradas pelo INPI e nos honorários cobrados por empresas especialidades em registro de patentes
5,36 4,98 -1,87 -3,1479 -0,08
Salários de pesquisadores estimados com base nos ordenados dos pesquisadores contratados pelo governo
283,07 -214,03 -70,91 -69,06 -61,32
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
4.1.5 Etapa 5 – calculando o SROI
Para calcular o SROI utilizaram-se os resultados dos impactos encontrados na etapa
anterior. Os valores estavam em moeda de janeiro de 2018, atualizada pelo IPCA. Os valores
do impacto foram totalizados e deste montante deduziu-se o valor total das entradas apontadas
na etapa 4.1.1 (valor da renúncia fiscal e do rendimento sobre o valor do incentivo) encontrando
o valor líquido do impacto. Este valor mostra o quanto os resultados da atividade renderam. Se
o montante encontrado for maior que zero, quer dizer que o rendimento cobriu os investimentos
e gerou um ganho. Se igual a zero, o valor do resultado foi igual ao investimento, não tendo
nenhum retorno. Agora se o valor for menor que zero, o investimento foi deficitário, ou seja, o
resultado foi menor que o valor investido. O SROI, propriamente dito, é o resultado a divisão
do total do impacto pelo valor total das entradas, gerando um número índice. Se o retorno for
igual a 1,0 quer dizer que a cada R$ 1,00 investido obteve-se R$ 1,00 de retorno: não houve
prejuízo ou lucro. Se o valor for maior que R$ 1,00, a atividade gerou um retorno maior que os
investimentos. Em contrapartida, se o retorno for inferior a R$ 1,00, a atividade gerou prejuízos,
pois não se obteve como retorno nem o valor investido.
No caso do cálculo realizado, percebe-se que o valor encontrado é negativo, ou seja, o
retorno é deficitário.
66
Tabela 16 – Cálculo do retorno social
Resultado 2010 2011 2012 2013 2014 Totais Impacto do aumento de investimentos das empresas privadas em P&D (R$
milhão) -9.067,20 -9.161,41 -3.833,40 -311,41 -1.159,49 -23.532,91
Impacto da redução nos custos dos investimentos em P&D (R$ milhão)
5,36 4,98 -1,87 -3,15 -0,09 5,23
Impacto no aumento na contratação de pesquisadores (R$ milhão)
283,07 -214,03 -70,91 -69,06 -61,32 -132,26
Total do impacto (R$ milhão) (a) -8.778,77 -9.370,46 -3.906,19 -383,62 -1.220,90 -23.659,94
Valor das entradas (R$ milhão) (b) 3.086,83 2.428,17 1.646,96 2.344,45 2.452,53 11.968,94
Valor líquido do impacto (a-b) -11875,60 -11.798,63 -5.553,14 -2.728,07 -3.673,43 -35.628,88
Retorno Social (índice) (a/b) -2,83 -3,86 -2,37 -0,16 -0,50 -1,98 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
4.2 Cálculo do SROI – Natura Cosméticos S/A
Utilizaram-se as mesmas premissas adotadas no cálculo do SROI com os dados
consolidados, para que o modelo pudesse ser aplicado a uma empresa, apenas.
4.2.1 Etapa 1 – Estabelecendo o escopo e identificando os stakeholders
Os ajustes realizados nesta etapa em relação ao cálculo do SROI consolidado foram a
alteração da organização para a Natura Cosméticos S/A e do campo financiador, retirando a
palavra “empresas” substituindo-a pelo nome da empresa. As demais informações serão as
mesmas apontadas no item 4.1.1. O quadro 7 apresenta o escopo atualizado com as informações
alteradas.
Quadro 7 – Escopo do cálculo SROI - Natura
Organização Natura Cosméticos S/A
Objetivos Estimular a empresa a realizar atividades próprias de P&D quer na concepção de novos produtos, processos e serviços, bem como na agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo
Escopo Atividade Estimular o investimento em P&D
Financiador Governo Federal e Natura Cosméticos S/A
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
4.2.2 Etapa 2 – Mapeando os resultados
Assim como na etapa 4.1.2 foram identificados como entradas os valores da renúncia
fiscal e o rendimento sobre o valor concedido de incentivo fiscal. Para cálculo do SROI foi
verificado que a Natura apura o IRPJ e a CSLL trimestralmente, recuperando os valores
investidos em P&D no mês subsequente ao final do trimestre. Os valores das entradas do
67
Governo e das empresas foram localizados nas demonstrações financeiras da Natura. Os demais
pontos desta etapa estão idênticos ao da etapa 4.1.2.
Tabela 17 – Identificando e valorando as entradas - Natura
Entradas
Stakeholders O que eles investem? Valores em milhões de reais
2010 2011 2012 2013 2014
Governo Renúncia fiscal 30,85 34,08 31,59 27,64 32,36
Empresa Rendimento sobre o valor
do incentivo 19,69 21,99 16,62 17,75 26,51
Sociedade Sem investimento - - - - -
Totais 50,54 56,08 48,21 45,39 58,86 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
4.2.3 Etapa 3 – Evidenciando resultados e atribuindo valor a eles
Assim como na etapa 4.1.3, foi omitido o campo quantitativo da mudança pelo fato de
estas informações serem meramente informativas, uma vez que as proxies apresentadas
representam o total das mudanças. As proxies financeiras utilizadas no cálculo da Natura são
apresentadas na tabela 18. Foram adotadas as mesmas proxies do cálculo consolidado: valor
dos investimentos em P&D deduzido os gastos com pesquisadores; valores estimados dos
gastos com depósito das patentes e salários dos pesquisadores. Os valores estão atualizados
pelo IPCA de janeiro de 2018.
Tabela 18 – Proxies financeiras - Natura
Proxy financeira
Valores totais da mudança em milhões de reais Fonte
2010 2011 2012 2013 2014
Investimento em P&D deduzido os gastos com pesquisadores
234,664 225,977 229,788 247,364 278,748 Demonstrações Financeiras – Natura
Valores estimados dos gastos com depósito de patentes
0,030 0,051 0,005 0,022 0,020 Tabelas INPI e sites de consultorias
Salários de pesquisadores estimados com base nos ordenados dos pesquisadores contratados pelo governo
0,351 0,351 0,356 0,374 0,395
Tabelas de remuneração no site do Ministério do Planejamento
Totais 235,046 226,379 230,149 247,760 279,164
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Os valores da primeira proxy foram obtidos das demonstrações financeiras da Natura.
68
Já o valor da segunda proxy é o resultado da multiplicação do no número de patentes
depositadas pela empresa no INPI (INPI, 2018) pelo valor que seria gasto com taxas e
honorários para registro. Os valores das taxas foram retirados das tabelas de retribuições
publicadas pelo INPI e o valor dos honorários em sites de empresas que prestam o serviço de
depósito e acompanhamento da concessão da patente. Os valores monetários da tabela 19 estão
em reais e não estão atualizados pelo IPCA.
Tabela 19 – Número de patentes e estimativa dos gastos- Natura
Ano 2010 2011 2012 2013 2014 Taxa de depósito 200,00 175,00 175,00 175,00 175,00
Pedido de Exame PI 500,00 440,00 590,00 590,00 590,00
Média honorários para depósito de patente 2.400,00 2.400,00 2.400,00 2.400,00 2.400,00
Dispêndio unitário - depósito patente PI 3.100,00 3.015,00 3.165,00 3.165,00 3.165,00 Qtde. de pedidos de invenção 6 11 1 5 5
Estimativa custo pedido invenção 18.600,00 33.165,00 3.165,00 15.825,00 15.825,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Por fim a terceira proxy foi calculada com base no número de pesquisadores localizados
no site LinkedIn® (LINKEDIN, 2018) através da pesquisa por pessoas. Filtrou-se pelas
palavras-chaves no campo cargo: research, researcher e pesquisador; e pelos campos empresas
atuais e empresas anteriores. Após este mapeamento, multiplicou-se o número de pesquisadores
encontrados pelos valores dos salários dos pesquisadores do site do Ministério do Planejamento.
Foram utilizados os valores dos ordenados dos pesquisadores contratados pelo Governo Federal
como estimativa dos salários dos pesquisadores das empresas, pois a Natura não divulga estas
informações nos seus demonstrativos. Estes valores consideraram o grau de escolaridade deste
pesquisador (doutor, mestre, pós-graduado, graduado, tecnólogo e técnico nível médio)
informado no site do LinkedIn®. Este número pode apresentar algum viés pois nem todos os
pesquisadores da empresa podem estar cadastrados no LinkedIn ®, porém não há esta
informação no site da empresa ou nas suas demonstrações financeiras. Por não haver outra
opção para obter este número de pesquisadores de uma fonte mais confiável optou-se por seguir
os cálculos com o número de pesquisadores identificados no LinkedIn ®. Os valores da tabela
20 estão em reais e não estão atualizados pelo IPCA.
69
Tabela 20 – Número de pesquisadores e estimativa de salários- Natura
Ano-Base 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Doutores 4 4 4 4 5 5
Mestres 8 12 12 14 13 16
Pós-Graduados 12 20 21 21 21 21
Graduados 5 6 8 8 8 9
Total pesquisadores 29 42 45 47 47 51
Vlr. total salário Doutores 43.582,04 50.167,92 50.167,92 50.168,12 64.937,30 67.277,55
Vlr. total salário Mestres 68.557,84 106.263,00 106.263,00 123.974,20 120.218,28 154.555,68
Vlr. total salário pós-graduados 79.230,24 138.108,20 145.013,61 145.023,06 152.279,82 159.904,92
Vlr. total salário Graduados 29.467,05 35.360,46 47.147,28 47.150,88 49.915,36 59.422,68
Total gastos 220.837,17 329.899,58 348.591,81 366.316,26 387.350,76 441.160,83 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Diferentemente do resultado global, a Natura teve um aumento do número de
pesquisadores no período analisado. Mesmo considerando que muitos usuários ingressaram
nesta rede social mais recentemente, elas normalmente preenchem as informações de empresas
que trabalharam anteriormente. Assim, na pesquisa realizada apareceria a informação do
vínculo com a empresa.
4.2.4 Etapa 4 – Estabelecendo os impactos
Esta etapa seguiu os mesmos procedimentos adotados no cálculo consolidado. A
diferença foi a utilização dos dados da Natura na comparação com os dados retirados do
relatório de indicadores do MCTIC de 2017 e da estimativa de patentes de invenção da tabela
12 para deduzir do montante total de patentes de invenção do INPI. Todos os valores das tabelas
21 e 22 estão em milhões de reais e atualizados pelo IPCA de janeiro de 2018.
O contrafactual apresentado na tabela 21 apresenta resultados melhores que os
encontrados no cálculo consolidado, porém, na maioria dos casos superior a 100%, ou se, a
empresa incentivada teve resultados menores dos resultados encontrados nas empresas não
incentivadas.
70
Tabela 21 – Contrafactual - Natura
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Dispêndios P&D Natura (a) 180,776 235,02 226,33 230,14 247,74 279,14
Variação dispêndio P&D Natura (%) (∆a = a2/a1)
- 130,01% 96,30% 101,69% 107,64% 112,68%
Dispêndios com P&D - Relatório MCTIC deduzido valores da Lei do Bem (b)
14.742,70 20.554,49 24.248,05 26.122,86 25.981,63 32.116,22
Variação dispêndio - Relatório MCTIC (%) (∆b = b2/b1)
- 139,42% 117,97% 107,73% 99,46% 123,61%
Contrafactual (∆a/∆b) - 107,24% 122,50% 105,95% 92,40% 109,70%
Total pessoas envolvidas em P&D – Natura (c)
29 42 45 47 47 51
Variação Pessoas envolvidas em P&D – Natura (%) (∆c = c2/c1)
- 144,83% 107,14% 104,44% 100,00% 108,51%
Total pessoas envolvidas em P&D - Relatório MCTIC – deduzido os valores da Lei do Bem (d)
63423 42648 62247 70595 75630 84167
Variação pessoas envolvidas em P&D - Relatório MCTIC (%) (∆d = d2/d1)
- 67,24% 145,96% 113,41% 107,13% 111,29%
Contrafactual (∆c/∆d) - 46,43% 136,22% 108,59% 107,13% 102,56%
Pedidos patentes (PI) – Natura (e) 9 6 11 1 5 5
Variação Pedidos de patente (PI) Natura (%) (∆e = e2/e1)
- 66,67% 183,33% 9,09% 500,00% 100,00%
Patentes Invenção (PI) - Relatório MCTIC deduzido universidades (f)
3861 3106 2691 2830 3022 2727
Variação pedidos de patentes - Relatório MCTIC (%) (∆f = f2/f1)
- 80,45% 86,64% 105,175 106,78% 90,24%
Contrafactual (∆e/∆f) - 120,67% 47,26% 1156,82% 21,36% 90,24%
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
O valor do impacto constante na tabela 22, resultado da multiplicação da proxy
financeira pelo contrafactual menos um, apresentou resultados negativos na sua maioria
(excetua-se o investimento em P&D de 2013, os gastos com depósitos de patentes de 2013 e
2014 e os gastos com professores em 2010. O impacto negativo demonstra que a intervenção
não gerou os resultados almejados.
Tabela 22 – Cálculo do impacto - Natura
Proxy financeira Impacto
Proxy financeira menos contrafactual Qual proxy financeira você usaria para expressar o valor da
mudança? 2010 2011 2012 2013 2014
Investimento em P&D deduzido os gastos com pesquisadores -16,965 -50,798 -13,652 18,798 -27,033 Valores estimados com base nas taxas cobradas pelo INPI e nos honorários cobrados por empresas especialidades em registro de patentes
-0,006 0,027 -0,049 0,018 0,002
Salários de pesquisadores estimados com base nos ordenados dos pesquisadores contratados pelo governo
0,289 -0,195 -0,046 -0,038 -0,015
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
71
4.2.5 Etapa 5 – calculando o SROI
O cálculo do SROI da Natura seguiu os mesmos passos relatados no cálculo
consolidado.
Tabela 23 – Cálculo do retorno social da Natura
Resultado 2010 2011 2012 2013 2014 Totais
Impacto do aumento de investimentos das empresas privadas em P&D (R$ milhão)
-16,96 -50,80 -13,65 18,80 -27,03 -89,65
Impacto da redução nos custos dos investimentos em P&D (R$ milhão)
-0,01 0,03 -0,05 0,02 0,00 -0,01
Impacto no aumento na contratação de pesquisadores (R$ milhão)
0,29 -0,19 -0,05 -0,04 -0,01 0,00
Total do impacto (R$ milhão) (a) -16,68 -50,97 -13,75 18,78 -27,05 -89,66
Valor das entradas (R$ milhão) (b) 32,09 35,80 32,73 28,77 33,83 163,22
Valor líquido do impacto (a -b) -48,77 -86,77 -46,48 -9,99 -60,87 -252,88
Retorno Social (índice) (a/b) -0,52 -1,42 -0,42 0,65 -0,80 -0,55
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Assim como no cálculo do SROI consolidado, a Natura também apresentou resultados
negativos do valor líquido do impacto e do retorno social, de R$ 252,88 milhões e de -0,55,
respectivamente.
Considerando que nos cálculos anteriores há recursos próprios da Natura, refizeram-se
os cálculos excluindo-se este valor, obtendo-se os resultados da tabela 24
Tabela 24 – Cálculo do retorno social da Natura – sem investimento próprio
Resultado 2010 2011 2012 2013 2014 Totais Impacto do aumento de investimentos das empresas privadas em P&D (R$ milhão)
-16,96 -50,80 -13,65 18,80 -27,03 -89,65
Impacto da redução nos custos dos investimentos em P&D (R$ milhão)
-0,01 0,03 -0,05 0,02 0,00 -0,01
Impacto no aumento na contratação de pesquisadores (R$ milhão)
0,29 -0,19 -0,05 -0,04 -0,01 -0,00
Total do impacto (R$ milhão) (a) -16,68 -50,97 -13,75 18,78 -27,05 -89,66
Valor das entradas (R$ milhão) (b) 31,10 34,54 31,88 27,99 32,66 158,18
Valor líquido do impacto (a -b) -47,79 -85,50 -45,63 -9,21 -59,71 -247,84
Retorno Social (índice) (a/b) -0,54 -1,48 -0,43 0,67 -0,83 -0,57 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Com este ajuste das entradas da empresa, percebe-se um efeito maior e ainda negativo
do retorno social. Chama a atenção o ano de 2013 em que se pode perceber que houve um
retorno positivo. A causa disso está no contrafactual dos investimentos em P&D que foram
72
superiores aos das empresas não incentivadas e, também, ao baixo valor de entradas neste ano
de 2013.
4.2.6 Síntese dos resultados
Diante a utilização do modelo e suas adaptações, pode-se identificar os valores das
variáveis pelas proxies utilizadas, o que possibilitou calcular o SROI tanto do conjunto de
entidades como da empresa Natura, aqui utilizada por ser a única a apresentar os dados
necessários aos cálculos.
Identificou-se que em ambas as situações não houve retorno social. Isto pode indicar
que as empresas acabam recebendo para si um retorno ou resultado tendo em vista a renúncia
fiscal realizada pelo Governo e não repassando este para a sociedade.
A tabela 25 a seguir sintetiza os resultados encontrados com base no modelo
desenvolvido.
Tabela 25 – Síntese dos resultados do cálculo do SROI
Ano Total
Global Total
Natura
Total Natura sem investimento
próprio
Impacto do aumento de investimentos das empresas privadas em P&D (R$ milhão)
-23.532,91 -89,65 -89,65
Impacto da redução nos custos dos investimentos em P&D (R$ milhão)
5,23 -0,01 -0,01
Impacto no aumento na contratação de pesquisadores (R$ milhão)
-132,26 0,00 -0,00
Total do impacto (R$ milhão) (a) -23.659,94 -89,66 -89,66
Valor das entradas (R$ milhão) (b) 11.968,94 158,18
Valor líquido do impacto (a -b) -35.628,88 -252,88 -247,84
Retorno Social (índice) (a/b) -1,98 -0,55 -0,57
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A principal causa dos resultados negativos pode ser verificada por meio da análise do
contrafactual. Nos valores da tabela 26 percebe-se que as empresas não incentivadas (pela Lei
do Bem, ou com algum ou nenhum outro incentivo) apresentavam variações superiores às das
empresas incentivadas pela Lei do Bem.
73
Tabela 26 – Análise do contrafactual – resultado global
Ano 2010 2011 2012 2013 2014
Variação dispêndio em P&D - média por empresa - Lei do Bem
84,15% 62,44% 71,34% 96,14% 111,23%
Variação dispêndio em P&D - Relatório MCTIC (%)
139,42% 117,97% 107,73% 99,46% 123,61%
Contrafactual 165,68% 188,93% 151,01% 103,45% 111,13%
Variação Pessoas envolvidas em P&D da média por empresa - Lei do Bem (%)
0% 79,70% 85,17% 79,94% 82,08%
Variação pessoas envolvidas em P&D - Relatório MCTIC (%)
67,24% 145,96% 113,41% 107,13% 111,29%
Contrafactual 0,00% 183,14% 133,15% 134,01% 135,59%
Variação Pedidos de patente da média por empresa - Lei do Bem (%)
0% 170,55% 84,97% 74,18% 89,25%
Variação pedidos de patentes - Relatório MCTIC (%)
77,45% 86,55% 103,40% 105,22% 90,41%
Contrafactual 0,00% 50,75% 121,68% 141,85% 101,30%
Fonte: elaborado pela autora (2018)
Em todo o período, as empresas não beneficiárias da Lei do Bem apresentaram uma
variação nos investimentos em P&D e de pessoas contratadas para desenvolver pesquisa
superior aos percentuais das empresas da Lei do Bem. Somente na variação das patentes
identifica-se um ano (2011) com uma variação positiva para as empresas incentivadas pela Lei
do Bem. Os demais itens e anos do contrafactual apresentam variações superiores a 100%, que
significa que o incentivo da Lei do Bem não gerou um impacto superior caso não houvesse tal
benefício.
Em relação à Natura, percebe-se um comportamento similar ao do cálculo global, tendo
apresentado resultados positivos em 2013 no item contrafactual de dispêndios com P&D, e no
item contrafactual de pedidos de patentes de PI nos anos de 2011, 2013 e 2014 (conforme tabela
21).
74
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este trabalho buscou apresentar uma adaptação de um modelo para mensurar o retorno
social dos incentivos fiscais concedidos às empresas participantes da Lei 11.196/2005,
conhecida como a Lei do Bem. Este modelo poderia verificar se as renúncias fiscais estão
efetivamente alavancando o setor econômico industrial nacional e aumentando a
competitividade no cenário mundial. A adaptação do modelo SROI, que apresenta o valor
monetário do retorno das renúncias fiscais, consegue demonstrar, de forma simples, os ganhos
ou perdas destes valores para obter mais investimentos privados em P&D. Assim, pode-se
responder que é possível mensurar o retorno social dos incentivos fiscais por meio do modelo
SROI, tendo como enfoque a Lei do Bem.
No levantamento bibliométrico, percebe-se a importância desta pesquisa já que não foi
localizado nenhum outro trabalho que aborde a utilização da metodologia SROI para
demonstração do retorno social dos incentivos fiscais.
O objetivo geral deste trabalho era demonstrar como mensurar o retorno social dos
incentivos fiscais utilizando o modelo SROI, realizando neste as adaptações que forem
necessárias. A demonstração da mensuração do retorno social foi feita no capítulo 4, onde foi
apresentado o cálculo do SROI com os dados consolidados e com os dados da empresa Natura.
As adaptações realizadas no modelo proposto pelo Cabinet Office para que se pudesse usar o
modelo para calcular o retorno social tanto na perspectiva macro, com os dados consolidados,
quanto na perspectiva micro, analisando uma das empresas incentivadas, está apresentado
sinteticamente, no quadro 8:
Quadro 8 – Resumo das adaptações do mapa de impacto
Etapa Adaptação
Estabelecer o escopo e definir os stakeholders
Sem adaptações
Mapear os resultados Exclusão da coluna saídas por ser um campo meramente informativo e atualização dos valores de entradas pelo IPCA
Identificar os resultados e atribuir valores
Exclusão das colunas quantidade, visto que os valores das proxies financeiras utilizadas representam o valor total da mudança, e duração, uma vez que não foi localizado no site do MCTIC nenhuma informação sobre a durabilidade dos efeitos da Lei do Bem. Atualização dos valores das proxies financeiras pelo IPCA
Demonstrar o impacto Exclusão das colunas de atribuição e drop-off por não haver estas informações no MCTIC
Calcular o SROI
Repetição da descrição dos resultados na frente dos valores dos impactos. Os resultados dos impactos não foram trazidos a valor presente. Para que os resultados pudessem ser comparados, eles foram atualizados pelo IPCA. Alteração dos nomes dos campos "valor presente" e "valor presente total (VP)" para "Total do impacto" e do campo "valor presente líquido" para "Valor líquido do impacto".
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
75
Verificando os objetivos específicos desta pesquisa, analisou-se o modelo de avaliação
governamental da Lei do Bem e as informações contidas nos relatórios do MCTIC, e a forma
como ele avalia os retornos dos incentivos concedidos. Esta temática foi abordada no capítulo
2, no tópico 2.6 – modelo de avaliação governamental da Lei do Bem. Percebe-se uma grande
preocupação do MCTIC em ter um maior volume no investimento em P&D, porém há poucos
controles ou metas para os resultados destas pesquisas, que seriam os novos produtos e
processos e as patentes, frutos das pesquisas realizadas; aumento nas receitas das entidades
incentivadas; maior número de pesquisadores trabalhando nas empresas privadas, fazendo a
ponte entre as demandas do mercado e o conhecimento acadêmico. O MCTIC afirma que não
existe uma meta de patentes, produtos e processos, receitas das empresas e de contratação de
pesquisadores. Neste, o MCTIC reconhece a “necessidade de fortalecer e melhorar
qualitativamente os quadros técnicos das empresas, de forma que permita maior participação
no desenvolvimento de novos produtos e processos, tornando a indústria brasileira bem mais
competitiva”, mas não aponta nenhuma tratativa de acompanhamento deste fator (MCTIC/
SETEC, 2015, p. 26). As informações deste e dos demais pontos citados anteriormente só
aparecem nos relatórios de 2013 e 2014, com pouca ênfase. Não foi localizado nenhum outro
relatório ou outro tipo de publicação do MCTIC que apresentasse um controle efetivo dos
resultados dos investimentos em P&D. Este investimento somente se justificaria se gerasse
ganhos reais para as empresas e para o país.
Quanto à identificação dos retornos sociais da Lei do Bem e da verificação de formas
de valoração dos mesmos, pode-se observar este processo no capítulo 4 do trabalho. Nele são
relatados quais são os retornos esperados dos incentivos concedidos e quanto seria o valor
desses. Ao analisar os resultados encontrados, verifica-se que o impacto da Lei do Bem no
estímulo à inovação no Brasil é ainda muito baixo. Os valores de retorno social foram negativos,
tanto na análise global com os dados de todas as empresas beneficiárias, quanto o da Natura
Cosméticos, demonstrando um prejuízo neste modelo de incentivo governamental. A Lei do
Bem apresentou um índice negativo de 1,98 na apuração global, ou seja, a cada R$ 1,00
investido tem-se um prejuízo acumulado de R$ 2,98: perde-se o R$ 1,00 investido pelo governo
e ainda se tem um déficit de R$ 1,98. Seria como dar R$1,00 para uma pessoa ir ao mercado de
bairro comprar algo e esta pessoa gastar o dinheiro a ela confiado mais a quantia de R$ 1,98;
sem ter o recurso ela pediria para anotar o valor na sua conta. O mesmo comportamento pode
ser observado no caso da Natura, como visto nos resultados. Esses resultados são provenientes
do efeito do contrafactual, que mede o quanto da atividade teria acontecido independente da
76
ação. Esta sistemática aparentemente está beneficiando as empresas, visto que a sociedade não
obtém um retorno e o governo também não arrecada.
Isto corrobora com a afirmativa de Rumina et al.(2015) de que há uma baixa eficácia
dos incentivos fiscais na prática e, que sem uma avaliação detalhada, a retirada assistemática
de alguns benefícios e a inclusão de outros que muitas vezes não são eficazes acontecerá.
Contudo, para se realizar uma avaliação detalhada e com metodologia robusta, como se
buscou fazer nesta pesquisa, há a necessidade de melhoria das divulgações dos dados das
empresas incentivadas e dos próprios relatórios do MCTIC.
Precisa-se que o governo gerencie melhor os retornos gerados pelas empresas
incentivadas e cobre delas a efetiva promoção do desenvolvimento tecnológico do país. As
empresas que apenas usufruem do incentivo, reduzindo os seus custos, mas não promovendo,
de fato, o desenvolvimento tecnológico, devem ter seus benefícios negados. Os relatórios do
MCTIC devem ser atualizados e os controles devem primar pela apresentação dos retornos dos
investimentos em P&D. Somente o aumento dos investimentos, não faz o desenvolvimento
tecnológico acontecer. É preciso que este investimento seja efetivo. Somente com o aumento
de patentes e de pesquisadores inseridos nas empresas, dentre outros resultados que o
investimento em P&D normalmente gera para as empresas, podemos almejar alcançar melhores
índices de inovação.
5.1 Limitações da pesquisa
Mesmo cumprindo os objetivos propostos, algumas limitações foram encontradas
durante o desenvolvimento desta pesquisa. O MCTIC não publicou, em todos os relatórios, o
número de pesquisadores contratados pelas empresas, bem como a quantidade de produtos,
processos, patentes de invenção e de modelo de utilidade. A falta destas informações limitou a
pesquisa para o período de 2010 a 2014. As informações faltantes foram solicitadas no portal
da transparência em 20 de fevereiro de 2017, através do protocolo 01390.000203/2017-79.
Desde esta solicitação, vários contatos por telefone e e-mail foram feitos com a ouvidoria do
MCTIC, que informou não ter as informações de 2006 a 2009 em meio eletrônico para
disponibilizar. Em um dos recursos, foi solicitado acesso ao acervo em Brasília, mas este foi
negado. Segundo o Ministério, não havia mão de obra disponível para realizar o levantamento.
Conforme exposto nos procedimentos metodológicos as demonstrações das empresas
consultadas não contêm dados para se realizarem os cálculos necessários à mensuração do
SROI. Apenas a Natura divulga claramente os dados de incentivo fiscal e de investimento e
P&D. Porém, não divulga informações sobre os pesquisadores e nem sobre as patentes.
77
Outra limitação encontrada foi a falta de outros estudos acerca da pesquisa. Não foram
localizados na pesquisa bibliométrica outros trabalhos associando SROI com retorno dos
incentivos fiscais, o que não permite, neste momento, verificar se as proxies utilizadas foram
as mais adequadas.
A aplicação deste modelo para mensurar o retorno social apenas da Lei 11.196/2005
torna-se um limitador, pois não é possível afirmar que esta possa ser utilizada para o cálculo do
SROI de outros incentivos.
5.2 Recomendações de pesquisas futuras
Como se trata de um trabalho que aborda, pela primeira vez, o uso do modelo SROI
para cálculo do retorno dos incentivos fiscais, há muito que se trabalhar e aprimorar.
Inicialmente, pode-se tentar utilizar este modelo em outros incentivos, verificando a sua
aplicabilidade. Outra recomendação seria a revisão das proxies utilizadas, averiguando se
efetivamente capturam e representam os valores das mudanças. Outro ponto a ser investigado
é o uso de outras formas de se calcular o contrafactual.
78
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE A
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
JULIANA APARECIDA ROCHA CUNHA
SOFTWARE-PROTÓTIPO PARA GERAÇÃO DO MAPA DE IMPACTO DO
RETORNO SOCIAL DOS INCENTIVOS CONCEDIDOS PELA LEI DO BEM:
Belo Horizonte
2018
JULIANA APARECIDA ROCHA CUNHA
SOFTWARE-PROTÓTIPO PARA GERAÇÃO DO MAPA DE IMPACTO DO
RETORNO SOCIAL DOS INCENTIVOS CONCEDIDOS PELA LEI DO BEM:
Produto técnico apresentado ao curso de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional. Linha de pesquisa: Redes empresariais, inovação e competitividade. Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário
Belo Horizonte
2018
SOFTWARE-PROTÓTIPO PARA GERAÇÃO DO MAPA DE IMPACTO DO RETORNO SOCIAL DOS INCENTIVOS CONCEDIDOS PELA LEI DO BEM
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras – Bibliotecário Júlio Ferreira Gomes – CRB 6 – 3227.
C972a Cunha, Juliana Aparecida Rocha
Software-protótipo para geração do mapa de impacto do retorno social dos
incentivos concedidos pela Lei do Bem [Produto técnico da dissertação da autora] / Juliana Aparecida Rocha Cunha. – 2018.
14f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Poueri do Carmo Mário. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2018. Programa de Pós-
graduação Profissional em Administração. Bibliografias 107-108
1. Lei 11.196/2005 (Lei do Bem). 2.Incentivo fiscal. 3. Software. I. Mário, Poueri do Carmo. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658
RESUMO
Medidas de apoio à inovação são feitas, tipicamente, por meio de incentivos fiscais destinados a estimular empresas a investirem mais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Estes estímulos à inovação têm sido utilizados por vários países e no Brasil estas políticas ganharam força nas últimas duas décadas, com a Lei da Inovação (Lei 10.973/2004), a Lei do Bem (Lei 11.196/2005), e o marco legal da Ciência e Tecnologia (Lei 13.243/2016). No ano de 2014 foi concedido 1,71 bilhão de reais de renúncia fiscal para as empresas participantes da Lei do Bem (MCTIC/ SETEC, 2015). Devido à relevância da ação realizada (a renúncia) e seu fim (a inovação), é necessário que se tenham formas de mensurar o retorno destes incentivos de forma clara para a sociedade. Cunha (2018), apresenta uma adaptação do modelo SROI (Social Return on Investment) para mensuração do retorno social dos incentivos fiscais. No intuito de simplificar a utilização do modelo proposto e o seu entendimento, foi desenvolvido um protótipo de software no MS Excel ®, que se propõe a preencher o mapa de impacto adaptado por Cunha (2018) para mensuração do retorno social gerado pelas empresas com os valores dos incentivos obtidos através da Lei do Bem. Apesar de estar preparado para gerar o mapa de impacto do período de 2006 a 2014, o sistema atualmente só gera as informações do período de 2010 a 2014. Isto acontece devido à falta de algumas informações nos relatórios anuais da Lei do Bem publicados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC): número de pesquisadores contratados pelas empresas, bem como a quantidade de produtos, processos, patentes de invenção e de modelo de utilidade. O protótipo se mostrou uma ferramenta de fácil manuseio e uma opção para simplificar a utilização do modelo proposto por Cunha (2018), podendo ser útil tanto para o governo, no controle dos retornos dos incentivos concedidos quanto para a sociedade, na fiscalização da utilização dos recursos públicos.
Palavras-chave: Lei do Bem; incentivo fiscal; SROI; retorno social; software
ABSTRACT
Measures to support innovation are typically made through tax incentives to stimulate companies to invest more in Research and Development (R&D.) These stimuli to innovation have been used by several countries and in Brazil these policies have gained ground in the last two decades, with the Innovation Law (Law 10.973/2004), the Good Law (Law 11.196/2005), and the legal landmark of Science and Technology (Law 13.243/2016). In 2014, 1.71 billion reais of tax waivers were granted to companies participating in the Good Law (MCTIC / SETEC, 2015). Due to the relevance of the action (tax waivers) and its end (innovation), it is necessary to have ways of measuring the return of these incentives in a clearly way to society. Cunha (2018), shows an adaptation of the SROI (Social Return on Investment) model to measure the social return of tax incentives. In order to simplify the use of the proposed model and its understanding, a software prototype was developed in MS Excel ™, which proposes to fill in the impact map adapted by Cunha (2018) to measure the social return generated by the companies with the values of the incentives obtained through the Good Law. Although it is prepared to generate the impact map for the period from 2006 to 2014, the system currently only generates information for the period from 2010 to 2014. This is due to the lack of some information in the annual reports of the Good Law published by the Ministry of Science, Technology, Innovations and Communications (MCTIC): number of researchers hired by companies, as well as the quantity of products, processes, invention patents and utility model. The prototype proved to be an easy-to-use tool and an option to simplify the use of the model proposed by Cunha (2018), and can be useful both for the government, in controlling the returns of incentives granted and for society, in the control of the use of the public resources.
Keywords: Good Law; tax incentive; SROI; social return, software.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica
IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
MCTIC – Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
SROI – Social Return on Investment
REDF – Robert Enterprise Development Fund
Taxa SELIC – Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Acesso a função “Propriedades” do arquivo ............................................... 98
Figura 2 – Desbloqueando o arquivo ............................................................................ 99
Figura 3 – Tela de abertura ......................................................................................... 100
Figura 4 – Identificação da empresa, período de apuração e intervalo ...................... 101
Figura 5 – Coleta de dados para preenchimento do mapa de impacto anual .............. 102
Figura 6 – Coleta de dados para preenchimento do mapa de impacto trimestral ....... 102
Figura 7 – Mapa de impacto – parte 1 ........................................................................ 104
Figura 8 – Mapa de impacto – parte 2 ........................................................................ 104
Figura 9 – Mapa de impacto – parte 3 ........................................................................ 105
Figura 10 – Mapa de impacto – parte 4 ...................................................................... 105
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 94
2 PRODUTO TÉCNICO: PROTÓTIPO DE SOFTWARE .................................................... 97
2.1 DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE .................................................................... 97
2.2 APRESENTAÇÃO DO SOFTWARE .......................................................................... 100
4 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 106
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 107
94
1 INTRODUÇÃO
A avaliação das políticas públicas de estímulo à inovação é de suma importância, pois
precisa-se ter certeza que elas estão impulsionando o desenvolvimento tecnológico do país. Na
literatura observa-se que a existência de modelos para calcular o retorno social dos incentivos
fiscais, utilizando-se, na maior parte dos casos de acordo com Cunha (2018), ferramentas
econométricas que combinam teoria econômica, matemática e estatística. Contudo, o
entendimento destes cálculos demanda do leitor um prévio conhecimento sobre o assunto.
A ausência de um modelo específico para mensurar o retorno social dos incentivos
fiscais concedidos às empresas, que simplifique o entendimento e análise destas informações,
tornando-as de fácil acesso à população e às empresas em geral foi o problema a ser solucionado
por este produto técnico. Para resolve-lo, foi desenvolvido um protótipo de software no MS
Excel ®, que se propõe a preencher o mapa de impacto do retorno social gerado pelas empresas
com os valores dos incentivos obtidos através da Lei do Bem. A escolha da referida lei teve
como intuito de limitar a pesquisa realizada, sendo o período analisado de 2010 a 2014, devido
a não disponibilidade de dados do período de 2006 a 2009 e após 2014. O sistema já possui
capacidade para receber as informações dos períodos de 2006 a 2009, caso o MCTIC
disponibilize os dados faltantes para o cálculo do contrafactual (número de pesquisadores
contratados pelas empresas, bem como a quantidade de produtos, processos, patentes de
invenção e de modelo de utilidade). O mapa de impacto é o modelo utilizado na metodologia
SROI – Social Return on Investment – para cálculo do retorno social das atividades
desenvolvidas por entidades sem fins lucrativos.
A metodologia SROI consiste na aplicação de um conjunto de princípios que auxilia as
organizações a avaliar aspectos intangíveis de seus programas, ajudando a padronizar o que se
entende de valor social, criando valores que são reais, mas que por serem difíceis de medir e
“tangibilizar”, muitas vezes não são avaliados. Ela foi desenvolvida por uma fundação
americana, The Roberts Enterprise Development Fund (REDF), em 1996, porém a sua
consolidação aconteceu em 2009 quando um consórcio liderado pela Social Value UK (rede
nacional para pessoas interessadas em valor e impacto social, permitindo que os profissionais
permaneçam atualizados sobre as melhores práticas) que publicou o guia com o passo a passo
do SROI, sendo este reconhecido pelo Cabinet Office (Gabinete do Governo) do Reino Unido,
que apoia sua utilização e disseminação no setor sem fins lucrativos (FREGONESI, ARAÚJO,
et al., 2005; PAULA, BRASIL, MÁRIO, 2009; CABINET OFFICE, 2012; RBC SOCIAL
FINANCE, 2014; KISIL e FABIANI, 2016).
95
Cabe esclarecer que metodologia é o caminho percorrido para se alcançar um objetivo
e o método científico é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais adotadas para se obter
conhecimento (MARCONI, LAKATOS, 2003; GIL, 2008). Nesta busca por novos
conhecimentos recorre-se, dentre outras opções, ao conhecimento acumulado através da
estruturação de modelos (SAYÃO, 2001). O modelo é uma representação simplificada e
inteligível do mundo que permite “vislumbrar características essenciais de um domínio ou
campo de estudo” (SAYÃO, 2001, p. 83). Sayão (2001) ainda afirma que o método científico
é uma aproximação da verdadeira natureza das coisas e que o modelo seria a representação da
realidade. Assim, adotou-se neste trabalho o termo metodologia para a aplicação de um
conjunto de princípios dentro de uma estrutura que auxilia as entidades a avaliar os aspectos
intangíveis de seus programas, mais precisamente uma proposta de como se calcular o valor
socioeconômico das organizações do terceiro setor (FREGONESI, ARAÚJO, et al., 2005;
CABINET OFFICE, 2012)(FREGONESI et al., 2005; CABINET OFFICE, 2012). Já o termo
modelo foi utilizado para o mapa de impacto desenvolvido pela Social Value UK e para a
adaptação feita neste mapa para que se pudesse demonstrar o cálculo do retorno social dos
incentivos fiscais.
A adaptação do modelo proposto pela metodologia SROI permite as empresas
incentivadas verificar, de forma simplificada e ágil, o retorno social que estão gerando. O
software usa as informações fornecidas pelo usuário e as coletadas nos sites do MCTIC10
(número de pesquisadores e equipe de apoio dedicados a P&D 11 (Pesquisa e Desenvolvimento),
valores de incentivos fiscais concedidos, valores de investimentos em P&D realizados pelas
empresas, número de empresas recomendadas), INPI (número de patentes depositadas e valores
das taxas para depósito), Banco Central (taxa SELIC e IPCA) e Ministério do Planejamento
(valores dos salários pagos aos pesquisadores federais) compondo um banco de dados para o
cálculo do contrafactual (percentual que representa o quanto do resultado que teria acontecido
mesmo que a atividade não tivesse ocorrido) (CABINET OFFICE, 2012).
Este protótipo de software é um produto técnico exigido como requisito parcial para
obtenção do título de mestre em Administração pelo Centro Universitário UNA, é classificado
10 Foi adotado o nome mais recente do Ministério, que foi criado em 1985 pelo Decreto 91.146/1985 com
o nome de Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), sendo o nome alterado em 2011 pela medida provisória 541/2011 convertida na Lei 12.545/2011 para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O nome atual veio com a incorporação do Ministério das Comunicações, extinto pela Medida Provisória 726/2016 convertida na Lei 13.341/2016 transformando o MCTI em MCTIC.
11 Foi adotada no texto a sigla P&D para representar tanto pesquisa e desenvolvimento quanto pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). A padronização da sigla tomou como base o Manual Frascati (2015) que não traz a sigla PD&I (ou RD&I).
96
pela CAPES no eixo 1 (Produtos e Processos: caracteriza-se pelo desenvolvimento de produto
técnico ou tecnológico, passível ou não de proteção, podendo gerar ativos de propriedade
industrial/ propriedade intelectual).
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2 PRODUTO TÉCNICO: PROTÓTIPO DE SOFTWARE
A apresentação de um produto técnico é um dos parâmetros da CAPES (Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para acompanhamento e avaliação
quadrienal dos mestrados profissionais, além de ser também uma das opções de trabalho de
conclusão de curso. A importância da apresentação deste tipo de trabalho é demonstrar que os
objetivos desta modalidade de formação stricto sensu foram atendidos. No artigo 4° da Portaria
Normativa 17/2009 (CAPES, 2009) pode-se ver estes objetivos:
V. Capacitar profissionais qualificados para o exercício da prática profissional avançada e transformadora de procedimentos, visando atender demandas sociais, organizacionais ou profissionais e do mercado de trabalho;
VI. Transferir conhecimento para a sociedade, atendendo demandas específicas e de arranjos produtivos com vistas ao desenvolvimento nacional, regional ou local;
VII. Promover a articulação integrada da formação profissional com entidades demandantes de naturezas diversas, visando melhorar a eficácia e a eficiência das organizações públicas e privadas por meio da solução de problemas e geração e aplicação de processos de inovação apropriados;
VIII. Contribuir para agregar competitividade e aumentar a produtividade em empresas, organizações públicas e privadas.
Percebe-se que a entrega de um produto técnico, aplicado e alinhado com as demandas
da sociedade e do mercado de trabalho, é extremamente relevante e importante na transmissão
e aplicação dos conhecimentos acadêmicos no mercado.
O produto técnico que será apresentado é um protótipo de software para que as empresas
incentivadas pela Lei do Bem possam calcular o seu SROI. De acordo com a Portaria 147/2015
da CAPES, o produto técnico se enquadra no eixo 1, que se caracteriza pelo desenvolvimento
de produto técnico ou tecnológico, passível ou não de proteção, podendo gerar ativos de
propriedade industrial/ propriedade intelectual. De acordo com as Considerações sobre
Classificação de Produção Técnica (CAPES, 2016, p. 4) o software ou programa de computador
é uma
expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.
2.1 Desenvolvimento do software
Buscou-se desenvolver um software – protótipo que simplificasse o cálculo do retorno
social dos incentivos fiscais concedidos pela Lei do Bem, sem a necessidade de o usuário ter
um conhecimento profundo sobre o modelo e a metodologia SROI. A partir do modelo SROI
adaptado apresentado por Cunha (2018) desenvolveu-se no MS Excel ®, com a utilização dos
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recursos da linguagem Visual Basic for Applications (VBA) um protótipo de software para
montagem do mapa de impacto. De acordo com Bruni e Paixão (2011, p. 291), o VBA “é uma
linguagem de programação integrada no Excel” e “a macros (...) são constituídas por instruções
em VBA”.
Devido a sua característica de executar tarefas automatizadas, planilhas com macros
podem conter vírus. Por isso é comum que o MS Excel ® bloqueie a execução de macros. Como
o protótipo foi desenvolvido utilizando macros, é preciso que o usuário habilite a utilização de
macros para utilizar o software. Esta habilitação pode ser feita da seguinte forma: clicar com o
botão direito do mouse sobre a planilha e escolha a opção “Propriedades”.
Figura 4 – Acesso a função “Propriedades” do arquivo Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Em seguida marcar a caixa “Desbloquear” para utilizar o protótipo e posteriormente
clicar no botão “OK”.
99
Figura 5 – Desbloqueando o arquivo Fonte: Elaborado pela autora (2018)
O protótipo foi desenvolvido pela autora. Pretende-se divulgar este software em um site
a ser desenvolvido. O funcionamento do protótipo não dependerá de conexão com internet.
O desenvolvimento do aplicativo seguiu os passos descritos a seguir:
a) Definição do protocolo:
Determinou-se que seria utilizada como base do protótipo a planilha disponibilizada
pelo Social Value UK com o modelo do mapa de impacto.
b) Dados inseridos no banco de dados:
Foram salvos em um banco de dados do protótipo as seguintes informações para o
cálculo do contrafactual: dispêndios em P&D, total de pessoas envolvidas em P&D, número de
pedidos de patentes e SELIC acumulada. Elas foram retiradas do relatório anual de atividades
da referida Lei e do relatório “Indicadores Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação 2017”,
ambos publicados pelo MCTIC.
100
c) Dados a serem solicitados nos formulários:
Identificou-se os dados variáveis para o cálculo do SROI utilizando-se do modelo
adaptado por Cunha (2018), sendo eles: nome da empresa; forma de apuração do IRPJ e da
CSLL(trimestral ou anual); período analisado (ano inicial e ano final), valores de renúncia
fiscal, valores dos investimentos em P&D, dispêndios para depósito de patentes, importâncias
pagas aos pesquisadores e equipe de apoio, quantidade de patentes depositadas e de
pesquisadores e equipe de apoio constantes no quadro de funcionários da empresa no final do
ano e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado do período.
2.2 Apresentação do software
As telas do protótipo foram elaboradas com o intuito de facilitar a compreensão do
usuário no tocante à utilização do sistema, de evitar a repetição de dados e estabelecer um
padrão para o design final do software. Para acessar o sistema o usuário, após desbloquear a
planilha para uso das macros, irá abri-la e encontrar a tela inicial (figura 3):
Figura 6 – Tela de abertura Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Nesta tela é possível acessar o último mapa de impacto gerado com base nas
informações preenchidas pelo usuário, iniciar um novo preenchimento, obter ajuda para utilizar
o software e sair do aplicativo.
101
A tela “Apresentação” é apresentada quando o usuário seleciona a opção “Iniciar novo
preenchimento”. Nela é solicitado o preenchimento do nome da empresa que será analisada, o
período de apuração do IRPJ e da CSLL, sendo as opções trimestral e anual, e anos inicial e
final do período que será analisado. Este período deve compreender estar dentro do intervalo
de 2006 a 2014 (período que o MCTIC publicou dados no relatório de Indicadores Nacionais
de Ciência, Tecnologia e Inovação 2017).
Figura 7 – Identificação da empresa, período de apuração e intervalo Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Se escolhido o período de apuração anual, serão solicitados os valores anuais, em
milhões de reais, da renúncia fiscal obtida pela empresa, dos investimentos em P&D realizados,
dos gastos feitos para depositar as patentes e dos salários de pesquisadores e equipe de apoio
que constam no quadro de funcionários da empresa no ano informado no canto superior
esquerdo da tela, denominado “Ano-base”. Também são solicitadas as informações de
quantidade de patentes de invenção (PI) e patentes de modelo de utilidade (MU) depositadas e
o número de pesquisadores e equipe de apoio contratados pela empresa. O último campo desta
tela é o percentual acumulado de IPCA. Este índice é usado para atualizar os valores de forma
que seja possível comparar estes valores. Neste menu ainda é possível acessar a opção “Ajuda”
e retornar a tela inicial.
102
Figura 8 – Coleta de dados para preenchimento do mapa de impacto anual Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Já no caso de ter sido escolhido o período de apuração trimestral, serão solicitados os
valores trimestrais, em milhões de reais, da renúncia fiscal obtida pela empresa, do rendimento
que seria obtido se o valor dispendido em P&D estivesse aplicado na poupança ou em outra
aplicação que a empresa normalmente utiliza, dos investimentos em P&D realizados, dos gastos
feitos para depositar as patentes e os salários de pesquisadores e equipe de apoio constante no
quadro de funcionários da empresa no ano informado no canto superior esquerdo da tela,
denominado “Ano-base”. A informação do rendimento é solicitada pelo fato dos valores
investidos em P&D serem somente recuperados pela empresa no final do período de apuração
do IRPJ e CSLL. No caso da apuração anual o sistema já calcula este valor automaticamente.
Também são solicitadas as informações de quantidade de patentes de invenção (PI) e patentes
de modelo de utilidade (MU) depositadas e o número de pesquisadores e equipe de apoio
contratados pela empresa.
Figura 9 – Coleta de dados para preenchimento do mapa de impacto trimestral Fonte: Elaborado pela autora (2018)
O último trimestre de cada ano, será solicitado o preenchimento do percentual
103
acumulado de IPCA de todo o ano.
Figura 10 – Coleta de dados para preenchimento do mapa de impacto trimestral – 4º trimestre Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Assim como nas telas de apuração anual, temos também os botões de “Ajuda” e
“Retornar à tela inicial”. Na opção “Ajuda” há um manual orientando as informações que
devem ser preenchidas em cada campo do formulário.
Figura 11 – Menu “Ajuda” Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Após o preenchimento das informações dos formulários, o anual ou o trimestral, o
sistema apresentará o mapa de impacto preenchido com o valor do SROI calculado. Nesta tela
há um atalho para o menu “Ajuda” para auxiliar o usuário na interpretação do resultado obtido.
104
Figura 12 – Mapa de impacto – parte 1 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Figura 13 – Mapa de impacto – parte 2 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
105
Figura 14 – Mapa de impacto – parte 3 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Figura 15 – Mapa de impacto – parte 4 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
106
3 CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES
Este trabalho buscou apresentar uma um protótipo de software no MS Excel ®, que se
propõe a preencher o mapa de impacto adaptado por Cunha (2018) para demonstrar o retorno
social gerado pelas empresas incentivadas pela Lei do Bem.
O protótipo se mostrou uma ferramenta de fácil manuseio e uma opção para simplificar
a utilização do modelo proposto por Cunha (2018), realizando o cálculo tanto para as empresas
com apuração do IRPJ e da CSLL anual quanto trimestral. Assim ele se apresenta como uma
alternativa de avaliação das políticas públicas de estímulo à inovação municiando a sociedade
com uma ferramenta de fácil utilização e entendimento. Desta forma ela poderá cobrar dos
governantes uma gestão eficaz dos recursos públicos quer seja na reivindicação de políticas
públicas mais eficazes e com maior retorno social ou da manutenção daquelas que estão
verdadeiramente impulsionando o desenvolvimento tecnológico do país e fazendo bom uso do
recurso público (ou da sua renúncia).
Este software pode ser também utilizado pelo governo para que este gerencie melhor os
retornos gerados pelas empresas incentivadas e cobre delas a efetiva promoção do
desenvolvimento tecnológico do país. As empresas que apenas usufruem do incentivo,
reduzindo os seus custos, mas não promovendo, de fato, o desenvolvimento tecnológico, devem
ter seus benefícios negados.
Este protótipo tem como limitações as informações do período de 2006 a 2009 e
posteriores a 2014. A falta destas informações limitou a pesquisa para o período de 2010 a 2014.
As informações faltantes foram solicitadas no portal da transparência em 20 de fevereiro de
2017, através do protocolo 01390.000203/2017-79. Desde esta solicitação, vários contatos por
telefone e e-mail foram feitos com a ouvidoria do MCTIC, que informou não ter as informações
de 2006 a 2009 em meio eletrônico para disponibilizar. Em um dos recursos, foi solicitado
acesso ao acervo em Brasília, mas este foi negado. Segundo o Ministério, não havia mão de
obra disponível para realizar o levantamento.
Outra limitação identificada é a utilização do MS Excel ® para o desenvolvimento do
protótipo, que obriga o usuário possuir o MS Excel ® na sua máquina que será utilizada. É
preciso desenvolver o software com um instalador, o que dará mais autonomia ao usuário.
107
REFERÊNCIAS
BRUNI, A. L.; PAIXÃO, R. B. Excel aplicado à gestão empresarial. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 2011. ISBN 978-85-224-6148-6.
CABINET OFFICE. Um guia para o retorno social do investimento. Social Value International. Reino Unido, p. 79. 2012.
CAPES. Portaria Normativa n°17, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre o mestrado profissional no âmbito da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. 2009.
CAPES. Considerações sobre Classificação de Produção técnica: Psicologia. Ministério da Educação, 2016. Disponível em: <https://capes.gov.br/images/documentos/Classifica%C3%A7%C3%A3o_da_Produ%C3%A7%C3%A3o_T%C3%A9cnica_2017/37_PSIC_class_prod_tecn_jan2017.pdf>.
CAPES. Relatório da Avaliação Quadrienal 2017: Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo. Ministério da Educação, 2017. Disponível em: <http://capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/relatorios-finais-quadrienal-2017/20122017-Administracao-quadrienal.pdf>.
CUNHA, J. A. R. Adaptação do modelo SROI para cálculo aplicado à análise dos incentivos fiscais - Lei do Bem. 2018. 116 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) - Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, MG, 2018.
FREGONESI, M. S. F. D. A. et al. Metodologia SROI: Uma Proposta para Cálculo do Valor Sócio-Econômico das Organizações do Terceiro Setor. Contabilidade, Gestão e Governança, Brasília, 2005. 239-266. Disponivel em: <https://cgg-amg.unb.br/index.php/contabil/article/viewArticle/167>. Acesso em: 25 jul. 2016.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
KISIL, M.; FABIANI, P. M. J. Retorno social do investimento (SROI): metodologia que traduz o impacto social para o investidor. Pensamento & Realidade. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração-FEA, São Paulo, 31, 2016. 81-106. Disponivel em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/pensamentorealidade/article/view/27020>. Acesso em: 06 ago. 2017.
MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MCTIC/ SETEC. Relatório anual de atividades de P&D (retificado) 2014. 2015 Disponível em: <http://www.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/tecnologia/incentivo_desenvolvimento/lei_bem/arquivos/Relatorio-Anual-Lei-11196-05-Ano-Base-2014-Retificado.pdf>.
OECD. Frascati Manual 2015: Guidelines for Collecting and Reporting Data in Research and Experimental Development, The Measurement of Scientific, Technological and Innovation
108
Activities. Paris: OECD Publishing, 2015. ISBN 978-92-64-23880-0 978-92-64-26208-9 978-92-64-23901-2.
PAULA, C. L. D. S.; BRASIL, H. G.; MÁRIO, P. D. C. Mensuração do Retorno Social de Organizações sem fins lucrativos por meio do SROI–Social Return On Investiment. Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, 20, 2009. 127-155. Disponivel em: <http://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/654>. Acesso em: 20 jun. 2016.
RBC SOCIAL FINANCE. Financing Social Good: A Primer on Impact Investing in Canada. RBC Social Finance, Montreal, jun. 2014. 1-36. Disponivel em: <http://www.rbc.com/community-sustainability/_assets-custom/pdf/Financing-Social-Good.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2017.
SAYÃO, L. F. Modelos teóricos em ciência da informação - abstração e método científico. Ciência da Informação, Brasília, abr. 2001. 82-91. Disponivel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652001000100010&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: 17 mar. 2018.
109
ANEXO 1
Informações relatório da Lei do Bem – MCTIC
Tabela 27 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2006
Região N°
Empresas Dispêndios Efetuados
Incentivo por
Dispêndios
Incentivo por Pesquisadores
Incentivo por Patente/ Registro
Total geral
Nordeste 3 34.616,50 21.158,66 6.638,37 - 62.413,53 Norte 1 6.290,42 3.774,25 - - 10.064,67 C-Oeste 1 0,46 - - - 0,46 Sudeste 73 1.172.656,01 429.278,39 48.297,17 732,95 1.650.964,52 Sul 52 233.916,18 139.320,27 12.731,36 - 385.967,81 Totais 130 1.447.479,57 593.531,57 67.666,90 732,95 2.109.410,99
Fonte: MCTIC (2007, p. 4) – valores em milhares de reais
Tabela 28 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2007
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por exclusão
Incentivo por Pesquisadores
Incentivo por Patente/ Registro
Total geral
Sudeste 164 3.874.545,41 1.652.210,96 382.794,21 1.863,04 5.911.413,62 Sul 117 562.275,82 311.554,31 63.234,53 - 937.064,66 C-Oeste 1 9.572,01 5.743,21 1.914,40 - 17.229,62 Norte 3 14.447,35 8.668,39 - - 23.115,74 Nordeste 15 118.112,42 69.812,71 15.296,99 - 203.222,12 Totais 300 4.578.953,01 2.047.989,58 463.240,13 1.863,04 7.092.045,76
Fonte: MCTIC (2008, p. 10) – valores em milhares de reais Tabela 29 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2008
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por
exclusão
Incentivo por Pesquisadores
Incentivo por Patente/ Registro
Total geral
Sudeste 259 6.756.817,42 3.031.154,55 723.460,22 3.741,44 10.515.173,63 Sul 167 751.622,19 395.538,63 73.919,20 195,80 1.221.275,82 C-Oeste 1 19.721,99 11.833,20 3.944,40 - 35.499,59 Norte 9 176.601,13 94.209,98 13.798,98 - 284.610,09 Nordeste 24 210.681,14 82.709,75 18.570,52 206,54 312.167,95 Totais 460 7.915.443,87 3.615.446,11 833.693,32 4.143,78 12.368.727,08
Fonte: MCTIC (2010a, p. 11) – valores em milhares de reais
110
Tabela 30 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2009
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por exclusão
(I)
Incentivo por Pesquisadores
(II)
Incentivo por Patente/ Registro
(III)
Incentivo total geral
(I +II + III)
Sudeste 312 5.079.341,60 3.003.404,86 366.013,41 3.508,04 3.372.926,31 Sul 198 706.126,27 383.581,60 29.620,15 - 413.201,75 C-Oeste 7 39.229,11 23.536,75 2.563,26 - 26.100,01 Norte 6 90.205,77 53.897,46 5.863,70 - 59.761,16 Nordeste 19 115.070,75 69.042,45 20.274,82 6,30 89.323,57 Totais 542 6.029.973,50 3.533.463,12 424.335,34 3.514,34 3.961.312,80
Fonte: MCTIC (2010b, p. 15) – valores em milhares de reais
Tabela 31 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2010
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por exclusão
(I)
Incentivo por Pesquisadores
(II)
Incentivo por Patente/ Registro
(III)
Incentivo total geral
(I +II + III)
Sudeste 383 5.998.021,14 3.569.429,12 660.258,04 604,13 4.230.291,29 Sul 224 880.988,46 521.300,75 80.133,45 141,94 601.576,14 C-Oeste 4 28.814,80 17.281,34 967,38 - 18.248,72 Norte 9 111.300,53 66.721,61 - - 66.721,61 Nordeste 19 164.123,96 97.888,55 18.203,93 5,06 116.097,54 Totais 639 7.183.248,89 4.272.621,37 759.562,80 751,13 5.032.935,30
Fonte: MCTIC (2011, p. 17) – valores em milhares de reais
Tabela 32 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2011
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por exclusão
(I)
Incentivo por Pesquisadores
(II)
Incentivo por Patente/ Registro
(III)
Incentivo total geral
(I +II + III)
Sudeste 464 5.490.093,29 3.003.959,71 283.479,06 4.084,63 3.291.523,40 Sul 245 1.023.798,46 608.445,35 125.644,32 2.131,72 736.221,39 C-Oeste 13 37.775,38 22.530,22 3.153,54 - 25.683,76 Norte 13 22.505,70 13.503,42 2.197,56 - 15.700,98 Nordeste 32 106.751,40 60.497,41 14.703,12 - 75.200,53 Totais 767 6.680.924,23 3.708.936,11 429.177,60 6.216,35 4.144.330,06
Fonte: MCTIC (2012, p. 19) – valores em milhares de reais
111
Tabela 33 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2012
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por exclusão
(I)
Incentivo por Pesquisadores
(II)
Incentivo por Patente/ Registro
(III)
Incentivo total geral
(I +II + III)
Sudeste 484 4.046.785,08 1.912.188,87 350.584,60 1.573,92 2.264.347,39 Sul 245 877.996,52 480.923,86 90.405,59 1.581,44 572.910,89 C-Oeste 12 30.538,43 18.171,48 1.926,46 - 20.097,93 Norte 12 158.420,65 95.047,33 29.353,88 - 124.401,22 Nordeste 34 99.189,05 59.381,37 11.010,78 - 70.392,15 Totais 787 5.212.929,71 2.565.712,92 483.281,31 3.155,35 3.052.149,58
Fonte: MCTIC (2013, p. 18) – valores em milhares de reais
Tabela 34 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2013
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por exclusão
(I)
Incentivo por Pesquisadores
(II)
Incentivo por Patente/ Registro
(III)
Incentivo total geral
(I +II + III)
Sudeste 600 4.960.480,59 2.976.288,35 480.249,27 14.796,34 3.471.333,96 Sul 307 1.137.559,83 682.535,90 99.228,50 4.715,92 786.480,32 C-Oeste 16 87.589,65 52.553,79 1.380,84 - 53.934,63 Norte 13 302.784,00 181.670,40 49.698,67 - 231.369,07 Nordeste 37 155.792,73 93.457,64 19.075,87 - 112.533,51 Totais 973 6.644.176,79 3.986.506,08 649.633,16 19.512,25 4.655.651,49
Fonte: MCTIC (2014, p. 17) – valores em milhares de reais
Tabela 35 – Dispêndios de custeio e redução da base de cálculo por região – 2014
Região N°
Empresas Dispêndios de custeio
Incentivo por
exclusão (I)
Incentivo por Pesquisadores
(II)
Incentivo por Patente/ Registro
(III)
Incentivo total geral
(I +II + III)
Norte 22 0,39 0,23 - - 0,23 Nordeste 35 0,22 0,12 0,02 - 0,14 C-Oeste 21 0,07 0,04 0,01 - 0,04 Sudeste 627 6,24 3,28 0,59 0,01 3,87 Sul 303 1,14 0,68 0,06 - 0,74 Totais 1008 8,05 4,35 0,68 0,01 5,03
Fonte: MCTIC (2015, p. 23) – valores em bilhões de reais
112
Tabela 36 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2006
Região Base para cálculo dos benefícios (IR
+ CSLL) CSLL (9%) IR (25%) IPI
IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Nordeste 27.797,03 2.501,73 6.949,26 3,36 977,66 10.432,01 Norte 3.774,25 339,68 943,56 - - 1.283,25 C-Oeste - - - - - - Sudeste 478.308,51 43.047,77 119.577,13 33,37 2.686,63 165.344,90 Sul 152.051,63 13.684,65 38.012,91 0,61 227,08 51.925,25 Totais 661.931,42 59.573,83 165.482,86 37,36 3.891,37 228.985,41
Fonte: MCTIC (2007, p. 5) – valores em milhares de reais
Tabela 37 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2007
Região Base para cálculo dos benefícios (IR
+ CSLL) CSLL (9%) IR (25%) IPI
IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Sudeste 2.036.868,21 183.318,14 509.217,05 71,34 26.282,24 718.888,77 Sul 374.788,84 33.730,99 93.697,21 214,59 514,91 128.157,70 C-Oeste 7.657,61 689,18 1.914,40 - - 2.603,58 Norte 8.668,39 780,16 2.167,10 - - 2.947,26 Nordeste 85.109,70 7.659,87 21.277,43 17,70 2.342,43 31.297,43 Totais 2.513.092,75 226.178,34 628.273,19 303,63 29.139,58 883.894,74
Fonte: MCTIC (2008, p. 11) – valores em milhares de reais
Tabela 38 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2008
Região
Base para cálculo dos
benefícios (IR + CSLL)
CSLL (9%) IR (25%) IPI IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Sudeste 3.771.934,36 339.474,09 942.983,59 734,07 56.075,33 1.339.267,08 Sul 469.653,63 42.268,83 117.413,41 1.648,15 2.834,79 164.165,18 C-Oeste 15.777,60 1.419,98 3.944,40 - - 5.364,38 Norte 108.008,96 9.720,81 27.002,24 - 2.409,14 39.132,19 Nordeste 101.486,81 9.133,81 25.371,70 - 278,51 34.784,02 Totais 4.466.861,36 402.017,52 1.116.715,34 2.382,22 61.597,77 1.582.712,85
Fonte: MCTIC (2010a, p. 14) – valores em milhares de reais
113
Tabela 39 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2009
Região Base para cálculo dos benefícios (IR
+ CSLL) CSLL (9%) IR (25%) IPI
IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Sudeste 3.372.926,31 303.563,37 843.231,58 151,68 33.128,17 1.180.074,80 Sul 413.201,75 37.188,16 103.300,44 0,05 2.631,72 143.120,37 C-Oeste 26.100,01 2.349,00 6.525,00 - - 8.874,00 Norte 59.761,16 5.378,50 14.940,29 - - 20.318,79 Nordeste 89.323,57 8.039,12 22.330,89 - - 30.370,01 Totais 3.961.312,80 356.518,15 990.328,20 151,73 35.759,89 1.382.757,97
Fonte: MCTIC (2010b, p. 17) – valores em milhares de reais
Tabela 40 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2010
Região Base para cálculo
dos benefícios (IR + CSLL)
CSLL (9%) IR (25%) IPI IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Sudeste 4.230.291,29 380.726,21 1.057.572,82 329,36 14.519,26 1.453.147,65 Sul 601.576,14 54.141,85 150.394,03 - 1.088,45 205.624,33 C-Oeste 18.248,72 1.642,38 4.562,18 - - 6.204,56 Norte 66.721,61 6.004,94 16.680,40 - - 22.685,34 Nordeste 116.097,54 10.448,77 29.024,38 - 3,77 39.476,92 Totais 5.032.935,30 452.964,15 1.258.233,81 329,36 15.611,48 1.727.138,80
Fonte: MCTIC (2011, p. 20) – valores em milhares de reais
Tabela 41 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2011
Região Base para cálculo dos benefícios (IR
+ CSLL) CSLL (9%) IR (25%) IPI
IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Sudeste 3.291.523,40 296.237,10 822.880,85 327,69 - 1.119.445,64 Sul 736.221,39 66.259,92 184.055,34 1,04 - 250.316,30 C-Oeste 25.683,76 2.311,53 6.420,94 - - 8.732,47 Norte 15.700,98 1.413,08 3.925,24 - - 5.338,32 Nordeste 75.200,53 6.922,35 19.228,77 - - 26.151,12 Totais 4.144.330,06 373.143,98 1.036.511,14 328,73 - 1.409.983,85
Fonte: MCTIC (2012, p. 20) – valores em milhares de reais
114
Tabela 42 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2012
Região Base para cálculo dos benefícios (IR
+ CSLL)
CSLL (9%)
IR (25%) IPI IR Pagtos Exterior
Total dos Benefícios
Reais
Sudeste 2.264,77 203,83 566,19 0,27 4,87 775,16 Sul 572,91 51,56 143,23 1,06 4,13 199,97 C-Oeste 19,92 1,79 4,98 - 0,06 6,83 Norte 124,40 11,20 31,10 - - 42,30 Nordeste 70,19 6,32 17,55 - 0,06 23,93 Totais 3.052,19 274,70 763,05 1,33 9,12 1.048,20
Fonte: MCTIC (2013, p. 19) – valores em milhões de reais
Tabela 43 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2013
Região Base para cálculo dos
benefícios (IR + CSLL) CSLL (9%)
IR (25%) IPI Total dos
Benefícios Reais
Sudeste 3.471.333,96 312.420,06 867.833,49 347,70 1.180.601,25 Sul 786.480,32 70.783,23 196.620,08 71,96 267.475,27 C-Oeste 53.934,63 4.854,12 13.483,66 - 18.337,78 Norte 231.369,07 20.823,22 57.842,27 - 78.665,48 Nordeste 112.533,51 10.128,02 28.133,38 - 38.261,39 Totais 4.655.651,49 419.008,63 1.163.912,87 419,66 1.583.341,16
Fonte: MCTIC (2014, p. 18) – valores em milhares de reais
Tabela 44 – Renúncias fiscais dos investimentos em P&D por região – 2014
Região CSLL (9%) IR (25%) IPI Total dos Benefícios
Reais
Norte 20.943.579,96 58.176.610,99 - 79.120.190,95 Nordeste 13.042.177,44 36.228.270,67 - 49.270.448,11 C-Oeste 3.751.137,32 10.419.825,90 - 14.170.963,22 Sudeste 348.632.573,99 968.423.816,64 404.868,69 1.317.461.259,32 Sul 66.677.687,54 185.215.798,72 - 251.893.486,26 Totais 453.047.156,25 1.258.464.322,92 404.868,69 1.711.916.347,86
Fonte: MCTIC (2015, p. 25) – valores em reais
115
ANEXO 2
Formulário para informações sobre as atividades de pesquisa tecnológica e
desenvolvimento de inovação tecnológica nas empresas – FORMP&D
Figura 16 – Identificação da empresa. Fonte: MCTIC (2016, p. 1)
Figura 17 – Características da empresa. Fonte: MCTIC (2016, p. 1)
117
Figura 19 – Atividade de P,D&I Fonte: MCTIC (2016, p. 3)
Figura 20 – Patentes e registros Fonte: MCTIC (2016, p. 3)