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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO RICARDO DE VILLEFORT ALVES PINTO PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Belo Horizonte 2016

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO … · Organizações. Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras P659p Pinto, Ricardo de Villefort

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

RICARDO DE VILLEFORT ALVES PINTO

PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA:

ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO

DE ENSINO SUPERIOR

Belo Horizonte

2016

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RICARDO DE VILLEFORT ALVES PINTO

PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA:

ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO

DE ENSINO SUPERIOR

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Administração do Centro Universitário

UNA, como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Administração.

Área de concentração: Inovação e dinâmica organizacional

Linha de pesquisa: Dinâmica organizacional, inovação e

sociedade.

Orientadora: Dra. Iris Barbosa Goulart

Belo Horizonte

2016

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

P659p Pinto, Ricardo de Villefort Alves

Percepção de Justiça: estudo de caso em uma instituição de ensino superior. /

Ricardo de Villefort Alves Pinto. – 2017.

88 f.

Orientador: Profa. Dra. Iris Barbosa Goulart.

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2017. Programa de

Mestrado Profissional em Administração.

Bibliografia f. 73-79.

1. Percepção de Justiça. 2. Comportamento organizacional. 3. Justiça –

Organizações. I. Iris Barbosa Goulart. II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Criador pela minha vida, saúde e capacidade, bem como, pela

oportunidade de poder conhecer e conviver com as pessoas maravilhosas que povoam minha

vida, alimentando meu espírito e impulsionando meus sonhos.

Agradeço a querida professora Doutora Íris Barbosa Goulart pelos inestimáveis

conselhos e orientações ao longo do desenvolvimento deste estudo, pelo carinho maternal e

paciência infinita nas horas de dificuldade e dúvida, por toda a motivação e boa vontade com

que me auxiliou na superação de meus temores e expectativas, e, principalmente, pelo

exemplo inspirador no exercício da docência, pautado pela solidariedade, competência e

sensibilidade.

Agradeço a minha esposa pelo companheirismo e cumplicidade que se desdobram

nos desafios do dia-a-dia como verdadeiras declarações de amor e por meu filho Caio, fruto

de nossa história.

Agradeço a minha família, por todo o indescritível suporte profissional, financeiro,

emocional e espiritual, sem o qual jamais poderia me dedicar de forma consistente e contínua

para realização deste sonho.

Agradeço aos meus mentores, professores e colegas, cujo conhecimento tanto

contribuiu para meu aprimoramento enquanto pessoa, profissional e cidadão.

Agradeço aos meus grandes e eternos amigos por toda a motivação em busca desta

conquista, pelos conselhos e experiências compartilhadas.

Enfim, agradeço a todos que contribuíram de diversas formas nesta trajetória.

A todos estes, meus agradecimentos.

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Onde a justiça é negada, onde a pobreza é forçada, onde a ignorância prevalece, e onde a

classe de qualquer um o leva a sentir que a sociedade é uma conspiração organizada para

oprimir, roubar e degradar, nem pessoas e nem propriedades estarão a salvo.

Frederick Douglass (1818-1895)

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RESUMO

As transformações sociais afetam as relações de trabalho e impõem reflexos na efetividade

das organizações, podendo corroborar ou obstar a perseguição dos objetivos empresariais. Se

de um lado as organizações procuram aplicar a meritocracia para estimular o melhor

desempenho das tarefas pela diferenciação das pessoas conforme suas habilidades e

competências, de outro, os empregados tornaram-se mais qualificado se exigentes. A

percepção de Justiça no trabalho vem sendo reconhecida como um dos principais fatores que

influenciam o comportamento dos empregados durante e após o encerramento das relações de

trabalho. Assim sendo, considera-se necessário estudar a questão da percepção que os

funcionários têm sobre a Justiça organizacional em suas diferentes dimensões: Justiça

Distributiva, Procedimental, Interacional e Informacional. Considerando o papel proeminente

das instituições de ensino superior no mercado de trabalho e reconhecendo-as como local

privilegiado para o estudo das interações profissionais entre indivíduos, o presente estudo se

propõe analisar apercepção de justiça nas relações de trabalho no âmbito de uma instituição

de ensino superior (IES). Foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa, de caráter descritivo,

que constitui um estudo de caso. A pesquisa qualitativa foi constituída pela análise de

documentos fornecidos pela organização estudada e pela coleta de dados fornecidos por

entrevistas com docentes e gestores conhecedores da história institucional. Já a análise

quantitativa foi realizada mediante a coleta e análise de dados numéricos resultantes da

análise estatística do questionário padronizado criado por Rego (2001), traduzido, adaptado e

validado para o contexto brasileiro por Jesus & Rowe (2014). Foi feita a caracterização dos

docentes e a busca de relações entre as percepções de justiça e o tempo de trabalho na

instituição, o gênero e o nível de titulação dos sujeitos de pesquisa. A pesquisa não

evidenciou diferenças significativas entre as médias de percepção de justiça de docentes de

gêneros distintos, nem entre aqueles docentes admitidos antes e depois de 2009, quando teve

inicio o processo de incorporação da instituição a um grande grupo empresarial. Doutra

forma, foram encontradas diferenças significativas entre as médias de percepção de justiça

interpessoal de docentes com mestrado e doutorado.

Palavras-chave: Percepção de Justiça, Relações de Trabalho, Comportamento Organizacional,

Justiça Organizacional.

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ABSTRACT

The changes in the work environment affect directly the labor relations as well as reflect on

the effectiveness of organizations, which may corroborate or hinder the pursuit of business

objectives. If on one hand, organizations seek to apply meritocracy to stimulate the high

performance of tasks by differentiating people according to their abilities/skills and

competences, on the other, employees have become more qualified and demanding. The

perception of justice at work has been recognized as one of the main factor that influences the

behavior of its employees during and after the termination of employment relationships.

Therefore, it is considered necessary to study the perception matter that employees have about

Organizational Justice in its different dimensions: Distributive, Procedural, Interactional and

Informational Justice. Considering the prominent role of higher education institutions in the

market and recognizing them as a privileged place for the study of professional interactions

between individuals, the present study proposes to analyze the perception of justice in labor

relations within a higher education institution (IES). Qualitative and quantitative researches

were carried out, with a descriptive character, which constitutes a case study. The qualitative

research was conducted by the analysis of documents provided by this studied organization

and by the data collection provided by interviews with teachers and managers who know the

institutional history. The quantitative analysis was performed through the collection and

analysis of numerical data collected from the statistical analysis of the standardized

questionnaire created by Rego (2001), translated, adapted and validated for the Brazilian

context by Jesus & Rowe (2014). The characterization of the teachers and the search for

relations between the perceptions of justice and the time of work in the institution, the gender

and the level of titration of the research subjects was made. The research did not show

significant differences between the averages of perception of justice from the teachers of

different genders, nor among those teachers hired before and after 2009, when started the

incorporation process of this institution to a greater company. Otherwise, significant

differences were found between the average of interpersonal perception of justice from

teachers with Masters and Doctorates.

Keywords: Perception of Justice, Labor Relations, Organizational Behavior, Organizational

Justice. "

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Tabela 1 – Distribuição da escala pentadimensional de Rego (2001). ........................................... 40

Tabela 2 - Coeficiente –Alpha de Cronbach ................................................................................... 43

Tabela 3 - Teste de Normalidade Univariada .................................................................................. 46

Tabela 4 – Avaliação da normalidade multivariada ....................................................................... 47

Tabela 5 – Observações mais distantes - (Mahalanobisdistance) ................................................... 48

Tabela 6 – Distribuição da amostra por gênero ............................................................................... 51

Tabela 7 – Distribuição da amostra por idade ................................................................................ 52

Tabela 8 – Distribuição da amostra pela data de entrada na INSTITUIÇÃO BETA. .................... 52

Tabela 9 – Distribuição da amostra por nível de titulação. ............................................................ 53

Tabela 10 – Estatísticas Descritivas das Questões .......................................................................... 54

Tabela 11 – cálculos das médias das percepções Interpessoal, Informacional e Procedimental. .... 56

Tabela 12 – cálculos das médias das percepções da Justiça Distributiva ....................................... 57

Tabela 13 – Medidas descritivas dos tipos de percepção ............................................................... 58

Tabela 14 - Homogeneidade das Variâncias – DATA DE entrada ................................................ 59

Tabela 15 - Homogeneidade das Variâncias – Grupo por Gênero ................................................. 60

Tabela 16 –Homogeneidade das Variâncias – Grupo dos níveis de titulação acadêmica .............. 60

Tabela 17 – Distribuição das médias das pontuações – data de entrada. ........................................ 61

Tabela 18 – Análise de variância – Percepção e data de entrada .................................................... 62

Tabela 19 – Médias das percepções de Justiça em função dos gêneros. ......................................... 63

Tabela 20 - Análise de variância - Percepção de justiça e distribuição das médias por gênero. .... 63

Tabela 21 - Correlação entre tipos de percepção e nível de titulação. ............................................ 64

Tabela 22 – Correlação entre as percepções de justiça. ................................................................. 65

Tabela 23 – Média das percepções em função do título acadêmico ............................................... 65

Tabela 24 - Análise de variância -Percepção de justiça por nível de titulação. ............................. 66

Tabela 25 – Teste de comparações múltiplas - titulação e Justiça Interpessoal ............................. 67

Tabela 26 – Teste de comparações múltiplas - titulação e Justiça Informacional .......................... 67

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico I – Análise de outliers - univariada - Distribuição das variáveis padronizadas. ......... 48

Gráfico II – Apresentações das relações lineares entre as questões. ........................................ 53

Quadro I – Síntese dos resultados dos testes de hipótese ........................................................ 71

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

IES – Instituição de Ensino Superior

PJO – Percepção de Justiça Organizacional

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................................................................. 12

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................................... 12

1.2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................................... 12

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ............................................................................................................................... 12

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ............................................................................................................................ 13

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .......................................................................................................................... 14

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 17

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................................................. 17

2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA JUSTIÇA ORGANIZACIONAL ................................................................................. 18

2.3 RELAÇÕES ENTRE A PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA E O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL ................................... 20

2.4 O CONCEITO DE JUSTIÇA NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS .............................................................................. 25

2.5 A PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA E OS DIFERENTES INSTRUMENTOS DE AFERIÇÃO ..................................................... 29

2.6. AS DIMENSÕES QUE COMPÕE A PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA .................................................................................. 31

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................................... 36

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................................................................... 36

3.2 UNIDADE DE ANÁLISE ....................................................................................................................................... 37

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA DE PESQUISA ............................................................................................................. 37

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................................................................. 38

3.5 TÉCNICAS DE INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................................................... 39

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS ...................................................... 41

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE (PESQUISA QUALITATIVA) .......................................................... 41

4.2 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO DE COLETA ........................................................................... 43

4.3 ANÁLISE DE OUTLIERS - UNIVARIADA. .............................................................................................................. 44

4.4 ANÁLISE DOS OUTLIERS - MULTIVARIADOS ...................................................................................................... 47

4.5 - LINEARIDADE ................................................................................................................................................. 50

4.6 DISTRIBUIÇÕES DAS FREQUÊNCIAS DO PERFIL DA AMOSTRA ............................................................................ 51

4.7 ESTATÍSTICAS DAS VARIÁVEIS ......................................................................................................................... 54

4.8 MÉDIAS DOS TIPOS DE PERCEPÇÕES DE JUSTIÇA............................................................................................... 55

4.9 TESTES DE HIPÓTESES DA PESQUISA ................................................................................................................. 58

4.9.1 ANÁLISE DO PRESSUPOSTO DA HOMOGENEIDADE DAS VARIÂNCIAS .............................................................. 59

4.9.2 TESTE DE HIPÓTESES DAS PERCEPÇÕES DOS DOCENTES EM RELAÇÃO À DATA DE ENTRADA NA INSTITUIÇÃO. 61

4.9.3 TESTE DE HIPÓTESES DAS PERCEPÇÕES DOS DOCENTES EM RELAÇÃO A GÊNERO ........................................... 62

4.9.4 TESTE DA EXISTÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE NÍVEIS DE TITULAÇÃO ACADÊMICA E PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA.64

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 69

REFERÊNCIAS: ...................................................................................................................... 73

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1. INTRODUÇÃO

O presente estudo se insere no campo de estudos sociais denominado

Comportamento Organizacional, que constitui um campo multidisciplinar, que objetiva

estudar a interação dos indivíduos no ambiente organizacional. Desde o início dos estudos

sobre o Comportamento Organizacional, as pesquisas têm buscado identificar

comportamentos desejáveis e indesejáveis, analisando-os conforme os objetivos

organizacionais, tais como a melhoria da qualidade dos serviços prestados, a produtividade

dos empregados e a eficiência organizacional.

A justiça organizacional, que resulta da apropriação do conceito de justiça pelos

pesquisadores do Comportamento Organizacional, é um tema de grande relevância na busca

pelo aprimoramento das relações de trabalho nas organizações, pois afeta o comportamento

dos trabalhadores e, consequentemente, o desempenho organizacional.

Os estudos sobre Justiça Organizacional são importantes por três motivos.

Primeiramente, ajudam as organizações a compreender o processo de julgamento de justiça

dos trabalhadores, que são fenômenos subjetivos de alta complexidade que permeiam a vida

social e organizacional. Segundo, ajudam a administrar a força de trabalho, o ativo mais

importante de qualquer organização, que é afetada pelos julgamentos de justiça em diversos

aspectos atitudinais e comportamentais. Terceiro, ajudam as organizações a interagir com uma

mão de obra mais qualificada e, consequentemente, mais exigente (BEUGRÉ, 1998).

Pesquisadores de diversos países já revelaram a existência de relações entre a

percepção de justiça dos empregados e diversos aspectos das relações de trabalho, tais como:

bem-estar, satisfação, saúde, comportamentos contraproducentes, comportamentos agressivos,

comprometimento afetivo, sofrimento, percepção de saúde, comportamento de cidadania

organizacional, eficiência organizacional, emoções, dentre outros (CROPANZANO &

AMBROSE, 2015).

O tema tem sido aprofundado pelos estudiosos da pesquisa organizacional devido à

sua importância para o sucesso das organizações e desenvolvimento de relações de trabalho

sustentáveis. As pesquisas de Justiça Organizacional têm experimentado grande evolução ao

longo de seus 50 anos de existência e continua sendo objeto de estudos em diversas

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dissertações de doutorado no exterior (FUJISHIRO, 2005; IBRAHIM, 2012; BARRADAS,

2011), bem como, tem atraído a atenção de um crescente número de pesquisadores brasileiros

tanto em mestrados (MOURÃO, 2009; ANDRADE, 2010) quanto em doutorados

(COUTINHO, 2014).

No âmbito das instituições de ensino brasileiras, alterações determinadas pelo

Ministério da Educação, principalmente a partir da segunda metade da década de 1990, foram

responsáveis pela expansão da rede privada e pelo acesso ao ensino superior de estudantes

provenientes de classes menos privilegiadas economicamente, ocasionando transformações

relevantes no funcionamento das organizações e nas relações de trabalho que nelas se

desenvolvem (DUTRA, 2012).

Estas medidas se refletiram também sobre o mercado de trabalho dos profissionais de

educação, que tiveram a oportunidade de se inserirem na carreira nas várias escolas

emergentes. Para isto, esses profissionais se dedicaram à busca de preparo através de cursos

de Mestrado e Doutorado. A ampliação do número de professores preparados para assumirem

a regência de disciplinas nas diversas instituições foi responsável por medidas adotadas pelas

Instituições de Ensino Superior (IES) para contratarem docentes que assegurassem melhor

qualidade de ensino e a dispensarem aqueles que não atendiam às suas exigências (DUTRA,

2012).

Mais recentemente, devido à crise do financiamento do ensino superior, o receio de

serem dispensados tem determinado a insegurança dos docentes e, por isto, considera-se

importante verificar como eles percebem a justiça organizacional (SAVIANI, 2010).

A proposta desta dissertação é contribuir para os estudos sobre Justiça

Organizacional no Brasil, pesquisando a percepção de justiça de docentes de uma IES da rede

privada do estado de Minas Gerais.

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1.1 Problema de pesquisa

Conforme verificado por diversos pesquisadores, a justiça é um fator que influencia

diretamente diversos aspectos das relações de trabalho, com reflexos na eficiência

organizacional, na produtividade, na qualidade, nos custos e na sustentabilidade das

atividades empreendidas.

Neste contexto, as cognições dos agentes organizacionais detêm um papel

fundamental, pois a justiça só contribuirá para melhoria das relações de trabalho e eficiência

organizacional se for percebida e avaliada positivamente.

Para possibilitar a aferição da percepção de justiça dos docentes de uma IES,

formulou-se a pergunta norteadora. A pergunta norteadora dessa pesquisa é: Como é a

percepção de justiça dos docentes de uma IES da rede privada de Minas Gerais?

1.2 Objetivos

Para responder à questão norteadora desta pesquisa foram definidos os seguintes objetivos:

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a percepção de justiça de docentes de uma IES da rede privada, no período

correspondente ao ano de 2016.

1.2.2 Objetivos específicos:

• Identificar indicadores de percepção de justiça segundo a produção científica

sobre esta expressão.

• Avaliar a percepção de justiça dos docentes da IES pesquisada, utilizando o

referencial teórico e o instrumento de coleta propostos por Rego (2001), traduzido,

adaptado e validado por Jesus & Rowe (2014).

• Verificar se existe variação entre a percepção de justiça de docentes que

trabalham na IES antes da aquisição da mesma por uma organização educacional e

daqueles que trabalham a partir da referida aquisição.

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• Verificar se existe diferença de percepção de justiça de docentes de diferentes

gêneros e diferentes níveis de titulação.

Como produto técnico foi elaborado um relatório da pesquisa, contendo os resultados

obtidos. Esse relatório será encaminhado às autoridades da instituição estudada, visando a

informá-las sobre a percepção de justiça dos docentes e instrumentalizá-las sobre a

administração dos comportamentos organizacionais.

1.3 Justificativa da pesquisa

Os estudos desenvolvidos desde a década de 1960 nos Estados Unidos da América e

expandidos para outras partes do mundo, inclusive para o Brasil, apontam para a importância

do tema desta pesquisa, que continua sendo objeto de diversos estudos atualmente

(CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

Para o autor, a presente pesquisa é uma oportunidade para contribuir de forma mais

abrangente e efetiva para melhoria das relações de trabalho na sociedade brasileira, ampliar

seus conhecimentos teóricos sobre a concepção e percepção de justiça dos trabalhadores e

prosseguir na busca pela melhor compreensão da sociedade e do próprio ser humano. Acresce

que o autor deste trabalho é advogado trabalhista e lida no seu cotidiano com causas judiciais

que decorrem diretamente da percepção de justiça pelas partes envolvidas.

Para a organização, a presente pesquisa poderá contribuir para aprimorar a eficiência

organizacional, aprimorando o uso dos recursos que ampliem a confiança e a motivação dos

docentes e, com isto, contribuir para a diminuição de despesas judiciais, contribuindo para

melhoria do desempenho e da competitividade sem desviar dos valores éticos ou

comprometer a função social da organização.

Para a sociedade, a presente pesquisa pode contribuir para a sustentabilidade das

relações de trabalho, conciliando objetivos socioeconômicos de empregados e empregadores

para desenvolvimento de uma sociedade mais justa e próspera.

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Para Administração, a presente pesquisa pode agregar novos conhecimentos ao

campo de pesquisa sobre justiça organizacional, contribuindo para a verificação da validade

da escala proposta por Rego (2001), traduzida, adaptada e validada para o contexto brasileiro

por Jesus & Rowe (2014), mediante à aplicação em uma instituição de ensino privado,

conforme sugerido para pesquisas futuras pelas mesmas.

Desta forma, o trabalho pode ampliar as fronteiras do conhecimento científico e o

desenvolvimento humano, comprovando a validade de uma ferramenta de grande importância

para os gestores da IES. Sendo a presente pesquisa desenvolvida num curso de Mestrado

Profissional em Administração por um advogado especializado em demandas perante a

Justiça do Trabalho, o tema estudado se enquadra no âmbito da ciência administrativa, sem

perder seu vínculo com o Direito. Parte-se do pressuposto que, se o gestor tiver a

sensibilidade de compreender como os trabalhadores se percebem como tratados com justiça

ou injustiçados, será possível evitar causas trabalhistas decorrentes da percepção negativa que

eles possam ter. Esta questão, que não é abordada na presente dissertação, poderá ser objeto

de pesquisas futuras.

1.4 Estrutura da dissertação

Esta dissertação está estruturada do seguinte modo: nesta introdução aborda-se a

relevância do tema, identificam-se alguns estudos que fundamentam a abordagem da

Percepção de Justiça, define-se a problemática a ser analisada, formulam-se os objetivos do

trabalho e apresenta-se a justificativa.

O segundo capítulo aborda o referencial teórico que fundamenta a dissertação e

compõe-se das seguintes temáticas: Conceitos fundamentais; A evolução histórica da justiça

organizacional; Relações entre a percepção de justiça e o comportamento organizacional; O

conceito de justiça nos estudos organizacionais; A percepção de Justiça e os diferentes

instrumentos de aferição; As dimensões que compõe a percepção de justiça..

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O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos, classificando o tipo

de pesquisa que é feito, caracterizando a amostra, definindo o instrumento de coleta de dados

e a técnica de interpretação de resultados.

O quarto capítulo apresenta o contexto da pesquisa, ou seja, apresenta a IES estudada

e faz referência ao seu histórico. O capítulo seguinte aborda a análise e interpretação dos

resultados e o último capítulo traz as considerações finais.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar este estudo, foram abordados os conceitos fundamentais

relacionados aos estudos de PJO. A pesquisa destes conceitos foi realizada utilizando as

palavras-chave Percepção de justiça, relações de trabalho, comportamento organizacional e

Justiça organizacional nos sites Portal Capes, Emerald, Scielo, Google acadêmico e sites de

universidades brasileiras buscando por artigos, dissertações e teses disponíveis. Diante da

amplitude desses temas, não se pretendeu realizar uma revisão exaustiva de literatura, mas

explorar as obras que melhor se adequaram ao objetivo deste estudo.

2.1 Conceitos fundamentais

O Comportamento Organizacional é um campo do conhecimento multidisciplinar

que busca estudar a conduta humana nas organizações (PALAZOLLI, 2000). Segundo

Homans (1958 apud PALAZOLLI, 2000), os comportamentos sociais são relações de troca de

bens materiais e não materiais. A relação de trabalho, como comportamento social

essencialmente destinado a prestações recíprocas, detém as características de uma relação de

“troca” (BARNARD, 1938 apud PALAZOLLI, 2000).

Nessas relações, as expectativas dos empregados vinculam-se aos ideais de

reciprocidade econômica e social, sendo consenso entre os pesquisadores do Comportamento

Organizacional que a resposta emocional positiva (envolvimento) com a relação de trabalho

só se torna possível se a retribuição for percebida como justa pelo empregado (PALAZOLLI,

2000).

Portanto, considerando que as organizações de trabalho são sistemas sociais onde

indivíduos estabelecem relações de troca econômica e social, a justiça torna-se um elemento

de fundamental importância.

A Psicologia Social tem como objetivo o estudo do comportamento humano em

sociedade, estabelecendo relações funcionais entre as condições do ambiente e os processos

psicológicos (ASCH, 1777 apud PALAZOLLI, 2000). A Psicologia Social da Justiça é um

ramo autônomo e especializado da Psicologia social criado na década de 1960 para estudar o

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impacto dos julgamentos de justiça no comportamento humano (ASSMAR ET AL, 2005). Os

estudos psicossociológicos sobre justiça vêm revelando que os julgamentos de justiça são

antecedentes de sentimentos, atitudes e comportamento que influenciam o desempenho dos

indivíduos no trabalho, e, portanto, afetam o desempenho das organizações como um todo

(ASSMAR ET AL, 2005).

O contexto das organizações de trabalho é considerado como uma das áreas mais

férteis de aplicação dos conhecimentos da Psicologia Social da Justiça (ASSMAR ET AL,

2005). As organizações de trabalho são compreendidas como sistemas sociais (DAVIS &

NEWSTROM, 1989 apud PALAZOLLI, 2000) onde indivíduos estabelecem relações

individuais entre si e com a organização.

As reiteradas constatações da influência dos julgamentos de justiça nas atitudes e

comportamentos dos agentes organizacionais tem contrariado a crença de que justiça nada

teria a ver com o desempenho organizacional, demostrando, ao contrário, que se trata de

matéria de grande relevo na vida empresarial (REGO, 2000a apud ASSMAR ET AL, 2005).

A Justiça Organizacional é um ramo especializado do Comportamento

Organizacional que se dedica ao estudo da justiça sob a perspectiva organizacional,

pesquisando as dimensões que constituem a percepção de justiça dos funcionários e as suas

respectivas correlações com os comportamentos organizacionais relevantes, desejados ou

indesejados.

2.2 A evolução histórica da Justiça Organizacional

Os pressupostos que originaram os estudos sobre Justiça Organizacional foram

formulados nos Estados Unidos da América a partir da década de 60 com os estudos

inovadores de Homans (1958) sobre o comportamento social, segundo os quais a relação

social teria a natureza de troca de bens materiais e imateriais.

Baseando-se nos pressupostos estabelecidos por Homans, Adams (1965) elaborou a

Teoria da Equidade, aprofundando o estudo da percepção de justiça e transpondo o estudo

para o contexto organizacional.

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O termo Justiça Organizacional foi cunhado por Jerald Greenberg (1990) no final da

década de 80, quando houve a reunião e organização dos estudos sobre concepções,

percepções e reações dos empregados à injustiça nas relações de trabalho oriundas do

contexto organizacional (ANDRADE, 2010).

Porém, os estudos inaugurais de Justiça Organizacional são atribuídos à J. Stacy

Adams e sua Teoria da Equidade, de 1965. Na década seguinte, uma das principais obras

sobre o tema de justiça foi publicada, a Teoria da Justiça, que contribuiria para o

desenvolvimento dos estudos multidimensionais da Justiça Organizacional.

O conceito de Justiça Procedimental foi introduzido Thibaut & Walker (1975), em

uma pesquisa na área jurídica, fundamentada nos pressupostos de Rawls (1971) que vinculava

a justiça dos resultados à justiça de procedimentos prévios (PALAZOLLI, 2000; ANDRADE,

2010). Posteriormente, o conceito de justiça procedimental foi transposto ao contexto

organizacional por Leventhal & Tyler (1980, apud IBRAHIM, 2012).

Em meados da década de 80, Bies & Moag (1986 apud IBRAHIM, 2012)

propuseram uma alternativa às teorias de justiça distributiva e justiça procedimental

formulando a abordagem da justiça interacional para estudo da Justiça Organizacional.

Segundo Prestes (2013), a Justiça Interacional teorizada e difundida por Bies & Moag (1986)

explorava a dimensão interacional identificada por Rawls nos anos 70.

Posteriormente, Greenberg (REGO & SOUTO, 2002) ampliou o conceito de Justiça

Interacional desdobrando-o em duas dimensões distintas: Justiça Interpessoal e Justiça

Informacional.

Desde então, pesquisadores de diversos países têm voltado sua atenção ao tema, tais

como nos Estados Unidos da América (DEUTSCH, 1975, 1979, 1985; LEVENTHAL, 1980;

COHEN, 1986; GREENBERG, 1978, 1979, 1980, 1982, 1983A, 1983B, 1984,1986A, 1986B,

1986C, 1987A, 1987B, 1988A, 1988B, 1989, 1990; MCFARLIN & SWEENEY, 1992;

COLQUIT, 2001; CHARASH & SPECTOR, 2001; CHOREN-CHARASH & EMBI,

2007),Canadá e E.U.A (SKARLICKI & FOLGER, 1997), Inglaterra (LOI ET AL., 2006),

Índia (BAKHSHI ET AL., 2009), Hungria (TOORN ET AL., 2010), Azerbaijão (AHMED ET

AL., 2011), Turquia (NADIRI & TANOVA, 2009; CAMGOZ & KARAPINAR, 2011),

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Malásia (ZAINUDDIN & ISA, 2011; CHOON & EMBI, 2012; SALLEH ET AL, 2013),

Holanda (DIERENDONCK & JACOBS, 2012), Espanha (TOPA & MORALES, 2013), Israel

(TZINER ET AL., 2011) e Portugal (REGO, 2001).

No Brasil, o tema foi abordado por alguns autores, destacando-se as contribuições de

Melo (1991), Palazolli (2000), Siqueira (2003,2012), Rego & Souto (2002), Silva et al.

(2004), Assmar & Souto (2005), Mendonça & Mendes (2005), Almeida et al. (2006), Filenga

& Siqueira (2006), Souza (2006), Moreira et al. (2008), Almeida (2009), Paz et al (2009),

Beuren & Spessato (2010), Hoch & Fossá (2010), Farias & Santos (2012), Battistella et al.

(2012), Esther (2012), Prestes et al. (2013), Klein et al. (2014), Jesus & Rowe (2014), Bastos

et al. (2015) e Beuren et al. (2015), dentre outros.

Esta série de publicações se presta para evidenciar a relevância do tema desta

dissertação, além de contribuir para a compreensão do contexto das pesquisas sobre justiça

nas organizações de trabalho.

Os estudos de Justiça Organizacional revelaram que as distintas dimensões da

percepção de justiça propostas pelos pesquisadores apresentavam correlações específicas com

alguns tipos de comportamentos organizacionais, indicando a pertinência ou, no mínimo, a

necessidade de novos estudos sobre tais dimensões.

Em geral, os estudos de PJO confirmam os efeitos positivos e negativos decorrentes

da percepção de justiça ou injustiça. Porém, diversos estudos demonstram haver diferenças na

significância de determinados tipos de justiça em relação aos diferentes aspectos do bem-estar

dos empregados.

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2.3 Relações entre a percepção de justiça e o comportamento organizacional

Para demonstração superficial da influência das diferentes dimensões da percepção

de justiça sobre os comportamentos organizacionais mais relevantes, descreve-se um breve

apanhado sobre algumas pesquisas de Justiça Organizacional.

Arménio Rego (2001, 2002, 2003) estudou as subdivisões da justiça organizacional

em distributiva, procedimental e interacional. Segundo o autor a justiça distributiva consistiria

na percepção de justiça do indivíduo sobre os esforços (investimento) empreendidos na

atividade profissional e as recompensas (retorno) ofertadas pelo empregador. A justiça

procedimental, por sua vez, seria a percepção de justiça do indivíduo sobre os critérios

adotados pelo empregador no processo de avaliação de desempenho e distribuição de

recompensas entre seus empregados. Por fim, a justiça interacional consistiria na percepção

de justiça no tratamento dispensado pelo empregador aos seus empregados, abordando etapas

de comunicação, explicação e justificação das condutas adotadas. Cada aspecto da justiça

organizacional seria percebido pelo indivíduo de forma pessoal e independente, podendo o

mesmo empregado possuir percepções distintas sobre a justiça distributiva, procedimental e

interacional na relação de trabalho com o empregador, além de possuir percepções distintas

dos demais empregados.

Mendonça & Mendes (2005) realizaram uma pesquisa com 15 trabalhadores de uma

organização pública do Estado de Goiás, mediante entrevistas semiestruturadas, com a

finalidade de proporcionar uma maior compreensão acerca do fenômeno da percepção de

justiça, constatando que a injustiça está relacionada ao desgaste físico e emocional dos

indivíduos, gerando medo e desestimulando a execução das tarefas, afetando o bem-estar do

trabalhador. Desta forma, restou comprovado que a justiça organizacional possui influencia

em atitudes e comportamentos no ambiente de trabalho, constituindo-se como fenômeno

humano complexo, cujo estudo exige cautela.

Almeida (2009) investigou o papel das multidimensões de justiça organizacional

(distributiva, processual, interpessoal e informacional) como preditores da ineficácia

profissional e da dimensão afetiva do comprometimento organizacional. A pesquisa foi

realizada com 211 respondentes utilizando um questionário sóciodemográfico, revelando que

a dimensão distributiva apresentou maior relação com a ineficácia profissional, seguida pela

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justiça interpessoal; a justiça distributiva apresentou maior correlação com o

comprometimento afetivo; e as dimensões de justiça se correlacionam inversamente com a

ineficácia profissional e diretamente com o comprometimento. A pesquisa revelou, ainda, que

as dimensões distributiva e interpessoal foram preditores significativos da ineficácia

profissional, enquanto as dimensões distributiva e informacional explicaram

significativamente o comprometimento afetivo. Por fim, a pesquisa revelou que os

trabalhadores com maior percepção de justiça apresentaram maior chance de reportar maior

saúde percebida, maior comprometimento e menor chance de sentimento de ineficácia

profissional.

Hoch & Fossá (2010) buscaram compreender a influência de três preditores

(comprometimento afetivo, envolvimento com o trabalho e satisfação no trabalho) sobre os

fatores de comportamento de cidadania organizacional (clima favorável, sugestões criativas,

proteção ao sistema, autotreinamento e cooperação com os colegas), levando em consideração

as questões de gênero. Neste sentido, foi realizada uma pesquisa descritiva do tipo survay, de

natureza quantitativa, respondida por 252 profissionais do gênero feminino da equipe de

enfermagem de um hospital público, identificando quatro fatores de comportamentos de

cidadania organizacional praticados na empresa estudada: Clima favorável; proteção ao

sistema; sugestões criativas; autotreinamento e cooperação. Verificou-se também a influência

do comportamento afetivo, envolvimento com o trabalho e satisfação no trabalho com

comportamentos de cidadania organizacional.

Battistella et al. (2012) realizaram um levantamento bibliométrico a respeito da

temática de Justiça Organizacional no Brasil e a evolução de suas publicações ao longo de 10

anos (2001 – 2011), destacando sua relevância nos estudos do comportamento humano nas

organizações. O estudo se restringiu aos anais de eventos ANPAD e SemeAd e buscou

identificar as principais áreas temáticas, autores, metodologia utilizada, título das fontes, ano

das publicações, entre outros. A pesquisa revelou que as pesquisas sobre Justiça

Organizacional no Brasil encontravam-se muito restritas quanto ao número de artigos; não foi

constatado consenso entre os pesquisadores sobre os tipos e a quantidade de dimensões

utilizadas para a análise do ambiente organizacional; as principais temáticas abordadas nos

estudos se relacionavam a comprometimento organizacional, satisfação no trabalho, saúde dos

trabalhadores, burnout e comportamento do consumidor. Portanto, os autores concluíram que

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apesar da justiça organizacional apresentar grande correlação com diversos aspectos do

comportamento organizacional, no Brasil, há um número restrito de publicações sobre o tema.

Siqueira et al. (2012) testaram um modelo envolvendo percepção de justiça

distributiva e de procedimentos como antecedente de percepção de suporte organizacional e

está como antecedente de comprometimento organizacional. Foram utilizadas quatro escalas

respondidas por 1253 funcionários públicos na Grande São Paulo, revelando que a percepção

de justiça explica 50,4% da percepção de suporte organizacional, e esta explica 36,2% do

comprometimento afetivo.

Vesco et al (2012) investigaram a relação entre a PJO com a avaliação de

desempenho e satisfação no trabalho dos colaboradores. Um estudo de caso em uma

cooperativa foi realizado com 110 respondentes, revelando que a percepção da avaliação de

desempenho e distribuição de salários/lucros está associada à satisfação no trabalho.

Prestes et al. (2013) analisaram as relações entre a PJO e o comprometimento em

240 servidores públicos, demonstrando que a percepção de que recebe um salário justo, de

que é tratado com respeito e consideração e de que tem poder de voz na organização está

significativamente relacionada ao comprometimento afetivo e normativo.

Klein et al. (2014) verificaram se PJO nos Sistemas de Controle Gerencial aumenta o

comprometimento e a confiança dos gestores, mediante a realização de uma pesquisa de

levantamento. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 67 respondentes das 500

empresas listadas entre as melhores e maiores da Revista Exame, verificando que o princípio

da controlabilidade e a utilização de múltiplos indicadores de desempenho aumentam a

percepção de justiça distributiva e processual; as dimensões interacional e processual

aumentam o comprometimento; e a confiança é influenciada pela percepção de justiça

distributiva e interacional.

Bastos et al. (2015) analisaram a produção científica brasileira de 2000-2010 relativa

aos vínculos do empregado com a organização, abrangendo quatro temas principais:

comprometimento organizacional, contratos psicológicos, cidadania organizacional e

percepções de apoio e de justiça e equidade. Neste estudo foram analisados 63 artigos,

segundo aspectos metodológicos, conteúdos dos artigos, suas contribuições e limitações e as

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redes de parcerias entre autores e instituições, revelando altos níveis de nebulosidade

conceitual e sobreposição de instrumentos, além de pouca interação entre grupos de pesquisa.

O autor propôs a criação de uma agenda de pesquisa para ampliar os estudos na área.

Beuren (2015) verificou quais dimensões do Sistema de Controle Gerencial

aumentam a PJO e reduzem comportamentos antiéticos na percepção de gestores de grandes

empresas, mediante pesquisa descritiva com 102 respondentes das empresas listadas dentre as

maiores e melhores da Revista Exame, edição de 2014. A pesquisa revelou que a participação

no processo de definição de objetivos aumenta a percepção de justiça processual

(procedimental), mas isto não está significativamente relacionado com a remuneração dos

gestores. Revelou, ainda, que não considerar aspectos incontroláveis pelos gestores na

avaliação de desempenho, não induz a uma percepção de justiça processual ou distributiva.

No entanto, a pesquisa demonstrou que a qualidade do feedback está relacionada à percepção

de justiça do Sistema de Controle Gerencial, indicando que os subordinados são valorizados e

respeitados como membros do grupo. Portanto, a única variável que infere positivamente na

redução de comportamentos antiéticos é a qualidade do feedback, levando a conclusão pelo

autor de que participação na definição de objetivos, utilizar múltiplas medidas de desempenho

e controlar fatores externos na avaliação de desempenho, podem sim estar ligados a uma

maior PJO. Porém, o autor ressaltou a interferência de outros fatores recomendando ampliar o

estudo e variar o contexto para validar o modelo teórico empiricamente. (BEUREN et al.,

2015)

Kivimaki et al. (2013) verificaram que a avaliação de injustiça procedimental da

organização pelos empregados tem uma influência mais significativa na saúde destes, em

comparação com tratamento injusto no relacionamento com supervisores.

Riolli & Savicki (2006) verificaram que os empregados que percebiam menor justiça

procedimental relatavam altos níveis de Burnout, tensão e rotatividade. Em ambos os estudos

a justiça de procedimentos foi um antecedente mais significativo para as implicações

negativas.

Outros aspectos ligados ao bem-estar no trabalho, que foram relacionados à

percepção de injustiça, são satisfação no trabalho e performance. Schimitt & Dorfel (1999)

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confirmaram a hipótese de que justiça procedimental estava negativamente associada com

satisfação no trabalho e bem-estar psicossomático.

Cortina & Magley (2003) e Lim & Cortina (2005), estudaram como os maus-tratos

nas relações interpessoais no ambiente de trabalho afetavam o bem-estar dos empregados,

confirmando a relação entre a percepção de injustiça pelos empregados e a queda de

performance, baixa satisfação no trabalho e acúmulo de tensão psicológica.

A revisão da literatura sobre o impacto da injustiça sugere que as percepções

negativas de justiça organizacional podem atuar como obstáculos para bem-estar dos

empregados.

Em geral, os estudos de justiça organizacional confirmam os efeitos positivos da PJO

e os efeitos negativos da percepção de injustiça organizacional. Porém, diversos estudos

demonstram haver diferenças na significância de determinados tipos de justiça em relação aos

diferentes aspectos do bem-estar dos empregados.

McFarlin & Sweeney (1987), estudaram os preditores de justiça distributiva e

procedimental nos empregados e na satisfação organizacional, verificando que a percepção de

justiça distributiva era mais significante em relação à satisfação dos empregados do que a

justiça procedimental. Doutra forma, outros estudos revelaram que a justiça procedimental

possui correlação significativa como preditor de comprometimento afetivo e era relacionada

aos comportamentos de cidadania organizacional e satisfação no trabalho (Chu et al., 2005;

Leung et al., 1996; Yoon, 1996).

Lam, Schaubroeck & Aryee (2002) realizaram um estudo comparativo entre

empregados norte-americanos e de Hong Kong e verificaram diferenças na significância da

correlação entre justiça procedimental e distributiva em relação à satisfação no trabalho,

performance e absenteísmo, sendo a correlação mais forte entre os empregados norte-

americanos do que os de Hong Kong. Os pesquisadores concluíram que a percepção de justiça

procedimental e distributiva tem uma significância maior em culturas com distancias do poder

menores, uma vez que o índice de distância do poder verificada nos EUA era de 40 enquanto

em Hong Kong era de 68.

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Doutra forma, Pillai, Scandura & Williams (1999), verificaram em sua pesquisa, com

respondentes de diversos países, incluindo Austrália, Colômbia, Índia, Jordânia, Arábia

Saudita e Estados Unidos da América, que tanto a justiça procedimental quanto a distributiva

tinham significância e efeitos similares na satisfação dos empregados nestes países, denotando

a universalidade do constructo. A diferença entre os dois estudos supracitados pode ser

explicada por diferenças culturais (IBRAHIM, 2012).

A vasta gama de estudos citados converge para demonstrar a importância de se

conhecer as diferentes dimensões da percepção de justiça dos agentes organizacionais, razão

pela qual o capítulo seguinte versará sobre as dimensões da justiça organizacional e os

modelos de aferição utilizados nas pesquisas.

2.4 O conceito de Justiça nos estudos organizacionais

A justiça é um objeto de pesquisa complexo que vem sendo estudado desde a

antiguidade, sendo, inicialmente, abordada sob a perspectiva da filosofia. Na perspectiva

filosófica é um conceito filosófico fundamental tal qual o amor, a vida, a sabedoria, e assim

sendo, os filósofos buscaram defini-la, distingui-la e compará-la a outros conceitos filosóficos

em busca do conhecimento da essência do ser, do elemento ou elementos fundamentais de sua

existência (ANDRADE, 2010).

Neste sentido, a complexidade da definição de um conceito universal de justiça já

desafiava os filósofos clássicos como Platão, que afirmou que justiça seria fruto da relação

entre indivíduos inseridos em um ambiente social, sendo tão complexa quanto os próprios

homens (SOUZA, 2006).

Historicamente, diversos filósofos se debruçaram sobre o tema, tais como

Aristóteles, São Tomás de Aquino, Hobbes, Montesquieu, Rousseau, Rawls e muitos outros

cujos trabalhos ultrapassam demais a profundidade que se busca para o tema neste estudo

(ANDRADE, 2010).

Posteriormente aos ensinamentos clássicos, verifica-se que a justiça foi pesquisada

em diversas áreas do conhecimento, cada qual com as particularidades e paradigmas inerentes

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ao ramo, tais como: Direito, Sociologia, Filosofia, Psicologia, História, Economia, Educação,

Literatura e Ciências Biológicas (ANDRADE, 2010).

A multidisciplinariedade dos estudos sobre justiça é natural, pois além de ocupar um

papel central na vida em sociedade (CROPANZANO & AMBROSE, 2015), tal conceito

permeia quase todas as atividades humanas (PALZOLLI, 2000).

Na perspectiva organizacional, objeto deste estudo, se faz necessário um breve

resgate da evolução histórica do conceito para uma melhor compreensão de conceitos

fundamentais relacionados ao tema.

A primeira conceituação de justiça sob a perspectiva de relações de trabalho em

contexto organizacional surgiu nos Estados Unidos da América por John Stacy Adams em

1963 com a teoria da equidade “Equity Theory” (ALMEIDA 2010). Antes de compreender a

Teoria da Equidade é preciso resgatar os pressupostos de George Caspar Homans de 1958

sobre a natureza dos comportamentos sociais. Homans entendia os comportamentos sociais

como relações de troca de bens materiais e não materiais (PALAZOLLI, 2000). Baseando-se

nos pressupostos de Homans (1958), Adams (1965) desenvolveu estudos que culminaram na

formulação da Teoria da Equidade e inaugurou um campo de estudos que futuramente seria

definido como Justiça Organizacional.

A Teoria da Equidade definia o processo psicológico envolvido no julgamento de

justiça efetuado pelos funcionários das organizações de trabalho sobre as recompensas

recebidas. Segundo a Teoria da Equidade a percepção de uma situação de equidade ou

inequidade é decorrente de um processo de avaliação da proporcionalidade entre os esforços

dispendidos (investimentos) e recompensas recebidas (retorno), além da comparação dos

resultados pessoais com os de outros indivíduos em situações similares (PALAZOLLI, 2000;

ANDRADE, 2010). A Teoria da Equidade foi precursora de diversos estudos posteriores que

resultaram em uma linha de pesquisa unidimensional denominada Justiça Distributiva e na

definição clássica da dimensão distributiva.

Desde as concepções inaugurais diversos autores apresentaram contribuições para o

conceito de justiça que, direta ou indiretamente, repercutiram nas análises organizacionais,

revelando outras abordagens e possibilidades. Neste sentido, cita-se as contribuições de John

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Rawls, de 1971, em sua Teoria da Justiça “A Theory of Justice”, em que, reconhecendo a

importância do relacionamento entre empregados e empregadores, seriam estabelecidos os

fundamentos da dimensão interacional que viria a ser teorizada e difundida em 1986 por Bies

& Moag (PRESTES ET AL, 2013). Segundo Palazolli (2000), Rawls (1997) também teria

introduzido o conceito de procedimento na psicologia social do trabalho, propiciando o

desenvolvimento da linha de pesquisa da Justiça Procedimental.

A definição do conceito de justiça, mesmo no conceito organizacional, é um tema

desafiador que continua a ser debatido contemporaneamente. Em razão da abundância de

aspectos, contextos e abordagens elaborar um conceito comum que encerre o conceito de

justiça organizacional em sua totalidade torna-se tarefa, no mínimo, traiçoeira

(CROPANZANO & AMBROSE, 2015; ANDRADE, 2010).

Apesar disto, na perspectiva organizacional, é possível definir alguns contornos do

conceito de justiça de forma suficiente para alcançar o propósito de contribuir para aprimorar

as relações de trabalho, a gestão de pessoas e a eficiência organizacional. Neste sentido,

Cropanzano & Ambrose (2015), em seu livro The Oxford Handbook of Justice in the

Workplace, afirmam que é possível verificar algumas características consensualmente

admitidas.

Conforme os autores, primeiramente, a justiça é uma qualidade de aplicabilidade

ampla, ou seja, que pode ser utilizada em uma grande variedade situações do contexto

organizacional, tais como se dão durante as distribuições de recompensas e punições, nas

determinações de procedimentos, na forma de tratamento interpessoal adotada e em diversas

outras. Segundo, a justiça abarca uma noção econômica, inerente às relações humanas de

troca, mas, não se resume ao raciocínio econômico. Neste sentido, a justiça agrega, também,

uma noção de correção moral e adequação ética. Assim sendo, a justiça revela, em parte,

como o raciocínio humano normal funciona, sendo que a avaliação econômica e moral são

apenas alguns aspectos inerentes ao processo. Ainda, segundo os autores, a noção de justiça se

liga a uma ideia de merecimento ou retribuição (CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

Portanto, o conceito de justiça importa na conjugação da valoração moral com a

valoração econômica, ou seja, que o benefício ou prejuízo ao indivíduo seja determinado ou

aconteça de uma forma moralmente e racionalmente adequada. Neste sentido, não se reputa

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como justo um resultado que apenas represente um benefício ao agente, mas sim, a percepção

de que um determinado resultado é moral e economicamente adequado à conduta do agente.

Consonante o exposto, Cropanzano & Ambrose (2015) afirmam que não se reserva a

denominação de justa para uma situação que apenas trouxe algo de favorável ao agente. Ao

contrário, reserva-se justiça para situações nas quais as pessoas recebem o que mereceram,

não necessariamente (ou não somente) quando os resultados são bons ou ruins. Portanto, a

justiça implica que os resultados normativamente corretos sejam determinados de uma forma

moralmente adequada, envolvendo, ao menos, o que as pessoas recebem (justiça distributiva),

o processo de distribuição (justiça procedimental) e o tratamento interpessoal durante o

caminho (justiça interacional) (CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

Apesar do conceito de justiça abarcar também alguns conceitos morais, os

comportamentos justos não se confundem com comportamentos puramente morais,

evidenciando a distinção entre a moral e a justiça. Apesar dos comportamentos justos serem

comportamentos morais, nem todos os comportamentos morais serão justos. Um

comportamento benevolente pode ser um comportamento moral, mas pode não ser um

comportamento justo. Neste sentido, cita-se, por exemplo, a compaixão. A compaixão,

enquanto vontade espontânea de ajudar o outro, é um comportamento moral louvável, mas

poderá fornecer uma vantagem injusta a um indivíduo em detrimento dos demais

(CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

Prosseguindo no esforço para esclarecer o conceito de justiça passa-se a analisar os

antecedentes dos julgamentos de justiça segundo a abordagem da Psicologia Social da Justiça.

A Psicologia Social da Justiça é um ramo especializado da Psicologia Social, iniciado na

década de 60, que estuda os antecedentes (valores, crenças e sentimentos) e consequentes

(comportamentos) dos julgamentos de justiça efetuados pelas pessoas. Na perspectiva

organizacional, os estudos sociopsicológicos sobre justiça têm focado nas percepções de

justiça dos trabalhadores em relação de trabalho com organizações (ASSMAR ET AL, 2005).

Nesta perspectiva, Assmar (2005) descreve que os estudos sociopsicológicos têm

revelado que os sentimentos, atitudes e comportamentos (consequentes) são diretamente

afetados pelos julgamentos de justiça. Da mesma forma, os estudos têm revelado que os

valores, crenças e sentimentos afetam os julgamentos de justiça (ASSMAR ET AL, 2005).

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Consonante o exposto, Palazolli (2000) afirma que a Justiça é um conceito de

domínio público, internalizado e carregado pelos indivíduos em todas as situações por ele

vividas. Da mesma forma, Cropanzano & Ambrose (2015) esclarecem que o conjunto de

padrões normativos necessários para avaliação de justiça são, presumidamente, armazenados

na memória e prontas para uso pelo indivíduo. Afirmam, ainda, que estes princípios podem

ser aplicados meticulosamente e deliberadamente ou podem ser aplicados natural e

automaticamente (CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

Independente dos valores, crenças, sentimentos, atitudes e demais antecedentes

envolvidos na formação dos julgamentos de justiça, na perspectiva organizacional a justiça

tem sido abordada como resultado de uma percepção, individual e coletiva, em relação a

diferentes dimensões (agrupamentos lógicos de aspectos similares) das relações de trabalho e

correlacionados com comportamentos organizacionais relevantes (CROPANZANO &

AMBROSE, 2015).

Nesta vertente, Cropanzano & Ambrose (2015) esclarecem que, na perspectiva

organizacional, a justiça é abordada como um conceito subjetivo e empírico, sendo tratada,

predominantemente, como uma avaliação ou percepção, individual e coletiva, em relação a

algum resultado, procedimento ou interação interpessoal (CROPANZANO & AMBROSE,

2015).

A perspectiva organizacional, por ser objeto principal deste estudo, será retomada

com maior abrangência no próximo tópico.

2.5 A Percepção de Justiça e os diferentes instrumentos de aferição

Na perspectiva dos estudos sobre Justiça Organizacional, a percepção de justiça é

tratada como um fenômeno individual e coletivo. O fenômeno é individual porque cada

funcionário forma sua própria avaliação de justiça. Por outro lado, o fenômeno é coletivo

porque os funcionários tendem a formar as suas avaliações de justiça com base em aspectos

que compõe uma realidade organizacional comum, ou seja, compartilhada pelos demais

funcionários ou por determinado grupo de funcionários da mesma organização ou de

organizações similares (CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

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A percepção de justiça do funcionário é tratada como um fenômeno

multidimensional, sendo que cada dimensão é delimitada logicamente mediante o

agrupamento de aspectos similares da relação de trabalho organizacional. A

compartimentalização da percepção do funcionário em dimensões decorre do reconhecimento

empírico de que o indivíduo pode avaliar a justiça de cada uma das dimensões da relação de

trabalho de forma distinta e com consequências igualmente diversas. Com base neste

entendimento, torna-se necessário conhecer a percepção de justiça do funcionário em relação

a cada uma de suas dimensões e pesquisar as correlações com os comportamentos mais

relevantes do universo organizacional (CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

A perspectiva de uma análise multidimensional é defendida e vastamente difundida

nos estudos Organizacionais. Neste sentido, Rego & Souto (2004) destacam que uma das

principais razões para agrupar e estudar os diversos aspectos da Justiça Organizacional como

dimensões autônomas encontra-se em uma premissa oriunda da Tese dos Efeitos Diferenciais,

vastamente difundida nos estudos organizacionais (LIND & TYLER, 1988; GREENBERG,

1990; MCFARLIN & SWEENER, 1992; SWEENEY & MCFARLIN, 1993, todos apud

REGO & SOUTO, 2004).

Segundo a Tese dos Efeitos Diferenciais, as diferentes dimensões da Justiça têm

consequências distintas (REGO & SOUTO, 2004). A Justiça Procedimental/interacional

relaciona-se com as avaliações do sistema organizacional e se reflete em variáveis como a

lealdade à organização, o comprometimento organizacional e a confiança. A justiça

Distributiva associa-se preferencialmente com a satisfação com os resultados específicos ou

os resultados de determinada decisão. Os autores ainda elencam diversas pesquisas que

forneceram suporte empírico para esta tese, tais como Folger & Konovsky (1989) Kim &

Mauborgne (1991; 1996); McFarlin & Sweeney (1992); Sweeney & McFarlin (1993).

Neste viés, Colquitt (2001) afirma que a justiça organizacional é melhor

compreendida pelo uso de, ao menos, quatro dimensões distintas: distributiva, procedimental,

interacional e informacional. Colquitt et al. (2001) sugere, em sua meta-analise da pesquisa

sobre justiça organizacional, que as múltiplas dimensões da justiça têm caráter complementar

e devem ser consideradas para preencher lapsos no conhecimento. Outros estudos posteriores

confirmaram tal alegação (ALMEIDA et al., 2006; REGO & SOUTO, 2002; ALMEIDA,

2009).

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31

Endossando a proposta de Colquitt, em estudo mais recente, Ibrahim (2012) também

ressalta que as pesquisas sobre Justiça no local de trabalho deveriam considerar as dimensões

múltiplas da Justiça por preencherem as lacunas no conhecimento e favorecerem correlações.

Na literatura, é possível encontrar pelo menos cinco modelos coexistentes

relacionados à PJO. Cada um considera a justiça organizacional com diferente número de

dimensões e/ou subdimensões: Modelo unidimensional, Modelo bidimensional, Modelo

tridimensional, modelo tetradimensional e Modelo Pentadimensional, dentre outros.

Contemporaneamente, não existe unanimidade quanto ao número de dimensões a

serem abordadas ou qual o constructo mais adequado para aferir a percepção de justiça em

geral (REGO, 2001; JESUS & ROWE, 2014; BATTISTELLA ET AL, 2012). Os modelos

são selecionados ou desenvolvidos por cada pesquisador e testados de forma exploratória em

busca do mais adequado. Porém, os estudos têm revelado que os modelos adequados

variavam conforme o contexto da pesquisa e a categoria profissional abordada (REGO, 2001;

JESUS & ROWE, 2014; BATTISTELLA ET AL, 2012). Os argumentos favoráveis à escolha

de determinado constructo ou número de dimensões são, em suma, correlacionados com

considerações do pesquisador sobre a percepção de determinados profissionais (REGO, 2001;

JESUS & ROWE, 2014).

Por todo o exposto, o presente estudo foi realizado utilizando o Modelo

Pentadimensional proposto por Rego (2001), traduzido e culturalmente adaptado para o

contexto Brasileiro por Jesus & Rowe (2014), explorando as cinco dimensões: Justiça

Distributiva de Recompensas; Justiça Distributiva de Tarefas; Justiça Procedimental; Justiça

Interacional Interpessoal e Justiça Interacional Informacional.

Em seguida, serão descritas as dimensões da Justiça Organizacional que foram

adotadas para os fins deste estudo, conforme o instrumento de coleta propostos por Rego

(2001), traduzido, adaptado e validado por Jesus & Rowe (2014).

2.6. As dimensões que compõe a percepção de justiça

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Os estudos sobre Justiça Distributiva foram os primeiros a despertar o interesse dos

cientistas organizacionais. Nestes estudos inaugurais a percepção de justiça era

unidimensional e abordava somente a distribuição de recompensas (REGO, 2002).

Na perspectiva de estudo unidimensional, a percepção de justiça se apoia na premissa

aristotélica de que o “justo é o proporcional”, e, assim sendo, a justiça pode ser verificada na

proporcionalidade entre contribuições e retribuições dos trabalhadores, sendo esta avaliada

individual e comparativamente.

Os estudos sobre Justiça Organizacional se limitaram ao estudo da dimensão

distributiva até 1975, sendo que a maioria dos trabalhos realizados neste período se apoiava

na Teoria da Inequidade de Adams de 1965 e na Teoria da Troca Social de Homans de 1959

(JESUS & ROWE, 2014).

A abordagem multidimensional da Justiça Distributiva surgiu como um movimento

crítico à abordagem unidimensional acusada de ser simplista, por reduzir o julgamento de

justiça ao princípio da Proporcionalidade (ASSMAR, 2005; BATTISTELLA, 2012).

Enquanto a abordagem unidimensional compreendia a Justiça Distributiva apenas pelo

princípio da Equidade (Proporcionalidade), a abordagem tridimensional compreendia a

coexistência de três princípios: Equidade, Igualdade e Necessidade (JESUS & ROWE, 2014).

Esclarecendo a compreensão dos três princípios de Justiça Distributiva, Jesus &

Rowe (2014) os definem da seguinte forma: Equidade consiste em recompensar os

funcionários baseando-se em suas contribuições; Igualdade consiste em fornecer a cada

empregado aproximadamente a mesma compensação; Necessidade consiste em fornecer o

benefício com base nas necessidades pessoais de cada um.

Desta forma, a dimensão distributiva é formada por aspectos que se referem à

distribuição de recursos pela organização, sendo que a avaliação (percepção) de justiça

realizada nesta dimensão pode variar conforme os princípios de justiça distributiva adotados

pelo pesquisador.

Conclui-se, também, que os recursos distribuídos são de natureza material e imaterial

e podem representar benefício ou prejuízo ao trabalhador. Neste sentido, Assmar (2005)

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esclarece que “a ênfase recai na justiça da distribuição de recursos positivos e negativos,

entendidos como bens, serviços, promoções, salários, sanções disciplinares, entre outros”.

As críticas à Teoria da Equidade de Adams fomentaram, além da

multidimensionalização da Justiça Distributiva, a multidimensionalização da própria Justiça

Organizacional. Além da distribuição de recursos organizacionais (Justiça Distributiva), os

estudiosos da Justiça Organizacional começaram a se atentar para outras dimensões que

vinham sendo ignoradas até então, dando origem aos estudos de Justiça Procedimental,

Justiça Interacional e outros.

Na perspectiva organizacional, Jesus & Rowe (2014) citando Cropanzano, Bowen &

Gilliand (2007) descrevem o objeto da justiça procedimental da seguinte forma “se refere aos

meios pelos quais os resultados são atribuídos, mas não especificamente aos resultados em

si”.

A denominada Justiça Procedimental é uma perspectiva de pesquisa focada na

percepção de justiça dos trabalhadores aos métodos e meios utilizados na distribuição de

resultados positivos ou negativos. Trata-se de um juízo sobre os critérios de distribuição

adotados e não somente sobre o resultado em si (LEVENTHAL, 1980, LIND & TYLER,

1988, THIBAUT & WALKER, 1975, TYLER & LIND, 1992, apud IBRAHIM, 2012).

Quanto aos princípios de avaliação de justiça, os autores afirmam que a Justiça

Procedimental “estabelece princípios que especificam e regulam as funções dos participantes

dentro dos processos de tomada de decisão” (CROPANZANO; BOWEN; GILLIAND, 2007

apud JESUS & ROWE, 2014).

Os princípios procedimentais segundo Leventhal (1980 apud JESUS & ROWE,

2014) são seis princípios: Consistência, Supressão de viés, Precisão, Corrigível,

Representatividade e Ética. Segundo Jesus & Rowe (2014), devem-se entender os princípios

de Justiça Procedimental segundo Leventhal (1980) da seguinte forma: Consistência, os

procedimentos devem ser aplicados de forma consistente nas pessoas e no tempo; Supressão

de viés, os procedimentos não devem ser afetados por interesses pessoais; Precisão, os

procedimentos devem assegurar que informações precisas sejam coletadas e utilizadas na

tomada de decisões; Corrigível, os procedimentos devem ter algum mecanismo para corrigir

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decisões erradas ou imprecisas; Representatividade, os procedimentos devem garantir que as

opiniões dos diversos grupos afetados pela decisão sejam tidas em conta; Ética, os

procedimentos devem estar em conformidade com os padrões pessoais ou predominantes de

ética ou moral.

Quanto às consequências da Justiça Procedimental, Jesus & Rowe (2014) afirmam

que as pesquisas têm demonstrado que a percepção de justiça implica em um reconhecimento

intelectual e emocional afetando as crenças “forma como os trabalhadores acreditam ser a

organização”, as atitudes “confiança, lealdade, comprometimento” e os comportamentos

organizacionais.

A Teoria da Justiça Procedimental também recebeu críticas de diversos

pesquisadores que, nos moldes do ocorrido com relação à Justiça Distributiva, defendem a

existência de outras envolvidas nos julgamentos de justiça nas relações sociais (BIES&

MOAG, 1986 apud IBRAHIM, 2012).

A justiça interacional foi proposta por Bies & Moag (1986 apud IBRAHIM, 2012).

Segundo Jesus & Rowe (2014) a Justiça Interacional aborda “o modo como os trabalhadores

são tratados por seus superiores e colegas” e foi proposta, por Bies (1986), como uma terceira

dimensão da Justiça Organizacional, complementar à Justiça Distributiva e Justiça

Procedimental.

Desde o começo, houve controvérsias sobre a pertinência da Justiça Interacional

enquanto dimensão autônoma, uma vez que muitos estudiosos a consideravam apenas mais

um componente da Justiça Procedimental (GREENBERG, 1993 apud IBRAHIM, 2012;

JESUS & ROWE, 2014).

Entretanto, diversos pesquisadores encontraram evidências que sugerem a distinção

da Justiça Interacional das demais dimensões da Justiça Organizacional: Distributiva e

Procedimental. Jesus & Rowe (2014) citam que “uma dessas evidências é a de que a

preocupação com a interação transcende o contexto da tomada de decisão formal e essa

preocupação não é patrimonialmente explicada por uma simples distinção entre distribuição e

procedimentos”.

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Assim, a dimensão interacional é constituída por aspectos interacionais sutis e

subjetivos, ou seja, que se referem ao relacionamento informal, cujos aspectos intersubjetivos

e interpretativos escapam à esfera dos procedimentos formal e metodologicamente

estabelecidos próprios da Justiça Procedimental.

Contemporaneamente, a dimensão interacional ainda é um tema polêmico

(CROPANZANO & AMBROSE, 2015). Porém, além de estudos que buscam atestar ou negar

sua idiossincrasia como dimensão cognitiva autônoma da Justiça Organizacional, outros

estudos buscam legitimar sua subdivisão em duas novas dimensões: a interpessoal e a

informacional (REGO, 2002; BATTISTELLA ET AL, 2012).

Segundo Rego & Souto (2004), o desdobramento da dimensão interacional encontra

suporte em alguns dados empíricos, tais como Greenberg & McCarty, de 1990, Greenberg, de

1993, Cropanzano & Greenberg, de 1997, Greenberg & Lind, 2000, Konovsky, de 2000,

Rego, de 2000a, de 2000b e de 2002. Segundo Rego & Souto (2004) a dimensão

social/interpessoal representa “o grau em que o superior adota tratamento digno e respeitador”

para com os subordinados.

Neste sentido, Rego (2000a) esclarece que a Justiça Interacional pode ser desdobrada

em duas dimensões distintas: a dimensão interpessoal, que se refere “ao grau com que o

gestor adota um tratamento digno e respeitador com relação às pessoas afetadas pelos

procedimentos e decisões distributivas” e a dimensão informacional, que se refere ao

“fornecimento de informações e explicações das decisões tomadas”. Assim a dimensão

informacional, se restringe aos aspectos de comunicação interpessoal e organizacional,

referindo-se ao fornecimento de informações e compreensão entre indivíduos que exercem

funções de coordenação e de subordinação. Doutra forma, a dimensão interpessoal se refere a

práticas de convivência interpessoal e socialização no ambiente organizacional.

Comparando os modelos multidimensionais de percepção de justiça, foi adotado o

modelo de Rego (2001) para o presente estudo, pelos seguintes motivos: o modelo adotava

cinco dimensões distintas; o modelo explora dimensões que demandam novos estudos, tais

como interpessoal e informacional; o modelo foi formulado e validado previamente para

aplicação em professores do ensino superior; o modelo foi traduzido e adaptado por um

rigoroso e detalhado processo para aplicação no contexto brasileiro (JESUS & ROWE, 2014).

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em qualquer área do conhecimento, a metodologia, como procedimento reflexivo,

sistemático, controlado e crítico, permite descobrir novos fatos, dados, relações ou leis

(LAKATOS & MARCONI, 2010).

Neste capítulo é caracterizada a pesquisa realizada, detalhando a abordagem adotada,

à definição da pesquisa quanto aos fins e quanto aos meios, apresentando a descrição da

unidade de análise e uma referência à população e à amostra de pesquisa. É feita, também,

uma apresentação do instrumento de coleta de dados, que é um questionário proposto por

Rego (2001), traduzido, adaptado e validado para o contexto brasileiro por Jesus & Rowe

(2014), para aplicação em professores. São, ainda, colocadas algumas hipóteses

correspondentes a percepções do autor do trabalho sobre a amostra estudada nesta pesquisa,

constituída de docentes de uma IES, sendo alguns deles admitidos recentemente e outros

contando um tempo maior de serviço, anterior mesmo à aquisição da IES pelo grupo que a

administra neste momento. Mencionam-se, também, as técnicas de análise e a interpretação

dos resultados.

3.1 Caracterização da pesquisa

Para atingir aos objetivos propostos nesta pesquisa, foi desenvolvida uma abordagem

quali-quantitativa. O aspecto qualitativo foi constituído pela análise de documentos fornecidos

pela organização estudada e pela coleta de dados fornecidos por entrevistas com docentes e

gestores conhecedores da história institucional. Já a análise quantitativa foi realizada mediante

a coleta e análise de dados numéricos resultantes da análise estatística do questionário

padronizado criado por Rego (2001), traduzido, adaptado e validado para o contexto brasileiro

por Jesus & Rowe (2014).

Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva, uma vez que busca identificar as

características de uma determinada população e as relações entre diferentes variáveis (GIL,

2010).

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Quanto aos meios, a pesquisa consiste em um estudo de caso. Godoy (1995) define a

modalidade de estudo de caso como um tipo de pesquisa que objetiva realizar uma análise

profunda do tema e do objeto de estudo, visando o exame detalhado do ambiente, sujeito ou

situação específica.

De acordo com Vergara (2007), o estudo de caso é limitado em sua abrangência, pois

busca a análise detalhada, em profundidade, de uma ou poucas unidades de estudo podendo se

ater à construção teórica ou utilizar-se da pesquisa de campo.

3.2 Unidade de análise

A unidade de análise do presente estudo é uma IES da rede privada, sediada em Belo

Horizonte - MG. Esta IES pertence a um conglomerado de escolas que reúne mais de 41.000

alunos nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Trata-se de uma IES da rede privada, que

neste trabalho recebe a designação de INSTITUIÇÃO BETA, na tentativa de evitar a

utilização de seu nome real.

A instituição escolhida para a pesquisa foi fundada na década de 1960, funcionou

como faculdade isolada durante mais de 40 anos e em 2009 foi adquirida pelo grupo ao qual

pertence na ocasião da coleta de dados. A INSTITUIÇÃO BETA possui quatro campi,

oferece 65 cursos de graduação nas modalidades bacharelado, licenciatura e tecnologia, além

de cursos de pós-graduação e vários projetos de pesquisa e atividades de extensão. Uma

apresentação mais detalhada de seu histórico é feita no capítulo da Análise de resultados.

3.3 População e amostra de pesquisa

A população desta pesquisa é constituída por todos os docentes da IES, que conta

com 557 professores. Esses docentes têm diferentes níveis de escolarização e pertencem a

gêneros diferentes. Entre eles existem profissionais que atuam na IES desde o período anterior

à sua aquisição pelo atual grupo mantenedor e existem, também, outros que iniciaram suas

atividades após o ano de 2009, quando a IES passou a integrar o grupo ao qual pertence

atualmente.

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O questionário foi encaminhado a todos os docentes da instituição via Google Docs.,

sendo definido um prazo para a resposta. Ao final deste prazo, considerou-se que os

questionários respondidos constituiriam a amostra de pesquisa. Uma vez conferidos os

questionários e verificada a inteireza das respostas, foi avaliada a representatividade da

amostra obtida, que foi constituída por 143 docentes da Beta, o que corresponde a 25% da

população estudada. Trata-se, portanto, de uma amostra representativa da população estudada.

3.4 Instrumentos de coleta de dados

O modelo pentadimensional de Rego (2001), traduzido e adaptado para o contexto

brasileiro por Jesus & Rowe (2014), foi escolhido por abordar especificidades inerentes da

categoria profissional dos professores do ensino superior, além de apresentar boas

propriedades psicométricas e da necessidade de aplicação em amostras maiores que

possibilitem o uso da validação cruzada (JESUS & ROWE, 2014).

Jesus & Rowe (2014) apresentaram estudos que utilizaram o modelo

pentadimensional no contexto português (REGO, 2001; REGO ET AL, 2009; MENDONÇA

ET AL, 2003; BORGES & SIMÕES, 2012), demonstrando que os professores distinguem as

cinco dimensões da percepção de justiça trabalhadas no modelo e que estas influenciam seu

comprometimento afetivo, satisfação com a organização e satisfação profissional (JESUS &

ROWE, 2014).

A escala de percepção de justiça utilizada no presente estudo foi submetida a um

rigoroso processo de adaptação cultural para validação no contexto brasileiro, encontrando-se

apta para uso no contexto pretendido (JESUS & ROWE, 2014).

Ademais, Jesus & Rowe sugerem a aplicação em estudos futuros da presente escala

entre professores de outras instituições brasileiras do contexto privado e público a fim de

verificar a validade do instrumento, uma vez que os resultados não permitem uma

generalização para o contexto brasileiro (JESUS & ROWE, 2014).

Os dados foram coletados por meio eletrônico, via plataforma Google Docs. Esta

etapa se deu por meio do encaminhamento de questionário estruturado, composto por

questões fechadas. O instrumento de pesquisa foi disponibilizado via internet para todos os

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docentes da IES, dando-se para resposta o prazo máximo de um mês, sendo que a amostra,

constituída por respondentes que enviaram o questionário, correspondeu a um percentual de

25%.

Neste sentido, cumpre destacar os ensinamentos de Galan & Vernette, de 2000 (apud

Freitas et al., 2004), de que as pesquisas mostram que a taxa de retorno padrão de um mailing

Internet é comparável àquelas obtidas via modo postal: de 7 a 13% sobre o total, mas podendo

aumentar de acordo com a população questionada. De modo geral, a taxa de resposta depende

do interesse da pesquisa na percepção do respondente. Da mesma forma, Marconi & Lakatos

(2005) apontam que em média o percentual de questionários que são respondidos, quando

enviados para os entrevistados, são em torno de 25%.

3.5 Técnicas de interpretação de resultados

A análise dos dados foi realizada mediante análise de outliers univariada e

multivariada, análise de linearidade, análise de confiabilidade do questionário, estatísticas

descritivas das amostras e testes de hipóteses.

Verificou-se a veracidade das seguintes hipóteses de pesquisa:

• H1 - Existe significativa diferença entre a percepção de justiça de docentes que

trabalham na IES desde período anterior à sua aquisição pelo grupo mantenedor atual

e dos docentes que trabalham a partir desta aquisição.

• H2 - Existe diferença entre a percepção de justiça de docentes do gênero masculino e

do gênero feminino.

• H3 - Existe uma correlação entre os níveis de titulação acadêmica do docente e o nível

de percepção de justiça.

Para conclusão deste trabalho, foi realizado o cruzamento da análise da produção

científica sobre o tema com os resultados obtidos na presente pesquisa, verificando-se a

identificação de convergências e divergências desses resultados. A análise dos dados foi

realizada tomando por base a distribuição da escala de percepção da tabela 1.

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Tabela 1 – Distribuição da escala pentadimensional de Rego (2001).

QUESTÕES DESCRIÇÃO PERCEPÇÃO

Q1 Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

mostram interesse genuíno em serem justos comigo. Justiça Interpessoal

Q2 Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

lidam comigo de modo honesto e ético. Justiça Interpessoal

Q3 Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

são completamente francos e sinceros comigo. Justiça Interpessoal

Q4

Antes de decidirem sobre assuntos que me dizem respeito, os

meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

procuram ouvir os meus pontos de vista.

Justiça Informacional

Q5

Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus

superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) me dão

explicações claras.

Justiça Informacional

Q6

Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus

superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) discutem

comigo as implicações dessas decisões.

Justiça Informacional

Q7 Os critérios usados para promoções são justos. Justiça Procedimental

Q8 Os procedimentos da minha instituição asseguram que as

decisões sejam tomadas sem favorecimentos pessoais. Justiça Procedimental

Q9 As decisões são tomadas de modo consistente para todos os

professores. Justiça Procedimental

Q10

Tendo em conta a minha experiência, considero que as

recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento,

segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que

recebo são justas.

Justiça Distributiva

de Recompensas

Q11

Considerando as minhas responsabilidades, as recompensas

(remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança no

emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são

justas.

Justiça Distributiva

de Recompensas

Q12

Considerando o estresse e pressões da minha atividade

profissional, as recompensas (remuneração, benefícios,

reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia

no trabalho) que recebo são justas.

Justiça Distributiva

de Recompensas

Q13

Tendo em conta a forma como faço meu trabalho, considera

que as recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento,

segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que

recebo são justas.

Justiça Distributiva

de Recompensas

Q14

Considerando meu esforço, as recompensas (remuneração,

benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e

autonomia no trabalho) que recebo são justas.

Justiça Distributiva

de Recompensas

Q15 As tarefas docentes que me têm sido distribuídas são justas. Justiça Distributiva

de Tarefas

Q16 As tarefas que me são atribuídas são justas. Justiça Distributiva

de Tarefas

Q17 Tendo em conta as condições de trabalho que me são

oferecidas, considero injustas as tarefas que me são exigidas.

Justiça Distributiva

de Tarefas

Q18 Sou consultado sobre a natureza das disciplinas que leciono. Justiça Distributiva

de Tarefas

Q19 Os critérios usados para a distribuição da carga horária/número

de disciplinas é justo.

Justiça Distributiva

de Tarefas

Tabela 1 - Fonte: Elaboração do autor

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4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

Este capítulo apresenta a análise qualitativa e quantitativa dos resultados da pesquisa

e é composto pelos seguintes títulos: Caracterização da unidade de análise, Análise da

confiabilidade do instrumento de coleta de dados da pesquisa quantitativa, Análises de

Outliers – univariada, Análise dos Outliers – multivariados, Linearidade, Distribuições das

frequências do perfil da amostra, Estatísticas das Variáveis, Médias dos tipos de Percepções

de Justiça, Testes de hipóteses da pesquisa, Teste de hipóteses das percepções dos docentes

em relação à data de entrada na instituição.

4.1 Caracterização da unidade de análise (pesquisa qualitativa)

A pesquisa teve início com a caracterização do contexto de pesquisa, o que foi

realizado mediante análise de documentos fornecidos pela INSTITUIÇÃO BETA e pelo

relato de docentes conhecedores da história institucional. Trata-se, portanto, de uma pesquisa

qualitativa, constituída pela análise documental e pelo registro de informações obtidas por

ocasião da realização da pesquisa. A síntese dessas informações é apresentada a seguir.

Para se caracterizar a instituição estudada, foi buscado o histórico da mesma e o

responsável pelo setor de Recursos Humanos forneceu um documento institucional, que

narrava o histórico da INSTITUIÇÃO BETA. Além disso, recorreu-se à narrativa feita pela

professora orientadora da dissertação que trabalhou na IES desde sua criação e se dispôs a

expor o que conhecia da mesma. Foram ouvidos, ainda, docentes e gestores que se dispuseram

a fazer comentários sobre suas experiências na instituição.

A INSTITUIÇÃO BETA é uma instituição voltada para ensino superior e ensino

técnico, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. A origem do estabelecimento está

ligada à iniciativa de um grupo de professores do Colégio Estadual Central de Belo Horizonte,

os quais em 1964 decidiram criar um estabelecimento de ensino superior privado de alta

qualidade. A fundação ocorreu em 10 de março de 1964, sob a forma de instituição

filantrópica privada e o nome escolhido foi definido pelos professores sócios. Nesse

momento, os cursos oferecidos eram Pedagogia, Letras e Matemática.

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A nova escola foi instalada em um prédio alugado numa avenida da capital mineira e

os cursos eram oferecidos a partir do final da tarde, às 17 horas. Muitos dos alunos do curso

de Pedagogia eram professores do curso de Administração Escolar do Instituto de Educação

de Minas Gerais, que era um curso pós-normal, fundado em 1925, transformava-se em Curso

de Pedagogia, portanto, um curso de nível superior. Os professores deste Curso de

Administração, apesar de terem realizado cursos na Europa e nos Estados Unidos, não tinham

o diploma de graduação conferido no Brasil e, para terem o diploma que os habilitava a

exercerem o magistério superior, matricularam-se na instituição recém-criada. Em seguida,

vários alunos formados pelo curso de Administração Escolar, também concluíram sua

formação na INSTITUIÇÃO BETA. O crescimento da instituição se deu ao longo dos anos

seguintes com ampliação dos cursos oferecidos e oferta de diversos cursos de atualização,

aperfeiçoamento e especialização, ou seja, cursos de pós-graduação lato sensu.

A sede própria da INSTITUIÇÃO BETA foi construída numa rua do bairro onde já

funcionava a escola no início da década de 1980, e ali a faculdade funcionou até meados de

1999 quando passou a ocupar as instalações mais amplas, em outro bairro de Belo Horizonte,

onde, anteriormente, havia funcionado uma grande construtora. Em meados da década de

1990, graças às medidas propostas pelo ministro Paulo Renato de Souza, no governo de

Fernando Henrique Cardoso, a instituição, que já oferecia um número considerável de cursos,

transformou-se em Centro Universitário.

Em 2008, em razão da crise financeira mundial, e de problemas financeiros da

própria instituição, a fundação que mantinha a INSTITUIÇÃO BETA enfrentou dificuldades

financeiras, apresentando uma dívida de cinquenta e dois milhões de reais, segundo noticiado

no jornal Estado de Minas. Um grupo de São Paulo, que já havia adquirido outro Centro

Universitário em Belo Horizonte, adquiriu também a INSTITUIÇÃO BETA.

No segundo semestre de 2016, a INSTITUIÇÃO BETA empregava 557 professores

e 677 colaboradores e atendia a 17.361 alunos. A instituição dispunha, nesse momento, de

quatro campi distribuídos em Belo Horizonte.

Compõem a INSTITUIÇÃO BETA os seguintes institutos: Instituto de Ciências

Biológicas e da Saúde (ICBS); Instituto de Comunicação e Design (ICD); Instituto de

Engenharia e Tecnologia (IET); Instituto de Educação e Design (IED); Instituto de Ciências

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Humanas (ICH); Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA);

4.2 Análise da confiabilidade do instrumento de coleta

O instrumento de coleta de dados - modelo pentadimensional organizado por Rego

(2001), traduzido, adaptado e validado por Jesus & Rowe (2014), é composto de 19 questões,

cada uma delas destinada a avaliar uma modalidade de percepção de justiça, conforme

exposto na tabela 1 apresentada no capítulo anterior.

Para avaliar a confiabilidade do questionário neste estudo, utilizou-se o coeficiente

Alpha de Cronbach, que mede a consistência interna do instrumento de análise. Define a

confiabilidade como a representação do grau em que uma escala produz resultados

consistentes entre medidas repetidas ou equivalentes de um mesmo objeto ou pessoa,

revelando a ausência de erro aleatório. É um modelo de consistência interna baseado na

correlação média entre os itens”, Corrar (2007, p64).

Um entendimento para este coeficiente, segundo Pereira (2004, p. 87), apud Corrar

(2007, p64) “seria considerá-lo como um coeficiente de correlação ao quadrado; assim por

exemplo, quando um estudo tiver um alfa igual a 0,75%, estaríamos medindo 75% do impacto

real das variáveis”. Desta forma, em função dos resultados do coeficiente estão apresentados

na tabela 2 é possível admitir que o instrumento utilizado apresentou um bom nível de

confiabilidade para os fatores avaliados.

Tabela 2 - Coeficiente –Alpha de Cronbach

Percepções Alpha de Cronbach Nº. de Itens

Justiça Interpessoal 0,970 3

Justiça Informacional 0,968 3

Justiça Procedimental 0,941 3

Justiça Distributiva de Recompensa 0,966 5

Justiça Distributiva de Tarefas 0,771 5

Fonte: Dados da Pesquisa

Em todos os níveis de percepção, os coeficientes de Alfa de Cronbach apresentaram

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44

um resultado satisfatório, ou seja, superiores a 0,70, sendo que o menor coeficiente de Alfa de

Cronbach ocorreu no construto Justiça distributiva de tarefas. Neste sentido, cumpre destacar

que a questão 17 foi a maior responsável pela redução da confiabilidade interna, sendo que se

a questão 17 fosse desconsiderada, o coeficiente Alfa de Cronbach passaria a apresentar um

valor de 0,902. Este resultado pode indicar uma leve inconsistência da questão 17 em

comparação com as demais questões, sugerindo sua oportuna reformulação.

4.3 Análise de outliers - univariada.

Para a aplicação de testes estatísticos, torna-se necessária a verificação de alguns

pressupostos para o desenvolvimento das análises unidimensional e multidimensional, tais

como verificação de outliers, normalidade, homogeneidade da variância e linearidade, bem

como, da confiabilidade interna, já realizada anteriormente.

Após análise dos pressupostos citados, os dados foram submetidos à análise

unidimensional, tais como médias e desvios padrões, aplicada em cada uma das questões

referente às percepções de justiça. Para a análise das hipóteses da pesquisa, aplicou-se o teste

de análise de variância e teste de correlações.

Utilizando-se o critério de três desvios em relação à média, |z|>3, conforme Hair

(2005), não são apresentadas variáveis fora dos limites (± 3) variáveis com os respectivos

valores dos escores. O valor do escore z = (Valor observado – média) / desvio padrão.

Para amostras pequenas, (80 observações ou menos), as diretrizes sugerem

identificar os casos com escores padrão de 2,5 ou mais como observações

atípicas. Quando os tamanhos amostrais são maiores, as diretrizes sugerem

que o valor básico de escores padrão varie entre 3 e 4. (HAIR, 2005, p72).

Dessa forma, o gráfico I ilustra o comportamento dos valores padronizados. Observa-

se que as variáveis componentes da percepção interpessoal apresentam valores acentuando a

assimetria negativa, entretanto não em valores suficientes para serem classificadas como

outliers.

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45

Gráfico I - Distribuição das variáveis

Após a identificação de outliers, foi aplicado o teste de normalidade univariada,

cujos dados estão apresentados na tabela 2, a seguir.

Os resultados evidenciam a ausência de normalidades dos dados, ao nível de

significância de 5%, segundo o teste K-S. Segundo Tabachnik e Fidel, 2001, apud Ramalho,

(2008, p.144), a ausência de normalidade em todas as variáveis já seria suficiente para

evidenciar a violação da normalidade multivariada.

Complementando este resultado, a tabela 3 confirma a ausência de anormalidades

dos dados, através do valor Multivariate de Curtose = 137,57378, superior ao valor

29,11872.

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46

Tabela 3 - Teste de Normalidade Univariada

Questões Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk

Statistic df Sig. Statistic df Sig.

Q1 0,286 143 0 0,782 143 0

Q2 0,318 143 0 0,733 143 0

Q3 0,298 143 0 0,784 143 0

Q4 0,214 143 0 0,865 143 0

Q5 0,232 143 0 0,861 143 0

Q6 0,211 143 0 0,877 143 0

Q7 0,223 143 0 0,867 143 0

Q8 0,204 143 0 0,87 143 0

Q9 0,224 143 0 0,883 143 0

Q10 0,199 143 0 0,887 143 0

Q11 0,197 143 0 0,903 143 0

Q12 0,217 143 0 0,912 143 0

Q13 0,209 143 0 0,889 143 0

Q14 0,203 143 0 0,903 143 0

Q15 0,208 143 0 0,875 143 0

Q16 0,228 143 0 0,876 143 0

Q17 0,224 143 0 0,842 143 0

INV17 0,224 143 0 0,842 143 0

Q18 0,221 143 0 0,864 143 0

Q19 0,163 143 0 0,906 143 0

Fonte: Dados da Pesquisa

a. Lilliefors Significance Correction

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Tabela 4 – Avaliação da normalidade multivariada

Variable Min max skew c.r. kurtosis c.r.

Q15 1.00000 6.00000 -.74191 -3.62195 -.39894 -.97380

Q19 1.00000 6.00000 -.27103 -1.32315 -1.06688 -2.60423

Q18 1.00000 6.00000 -.44844 -2.18927 -1.17741 -2.87402

INVQ17 1.00000 6.00000 -.54703 -2.67056 -1.08873 -2.65756

Q16 1.00000 6.00000 -.71695 -3.50009 -.48686 -1.18842

Q10 1.00000 6.00000 -.48933 -2.38888 -.95573 -2.33290

Q14 1.00000 6.00000 -.32165 -1.57029 -1.05745 -2.58121

Q13 1.00000 6.00000 -.37496 -1.83053 -1.09658 -2.67672

Q11 1.00000 6.00000 -.42994 -2.09896 -.88155 -2.15185

Q12 1.00000 6.00000 -.32066 -1.56546 -.81766 -1.99588

Q7 1.00000 6.00000 -.60481 -2.95265 -.78305 -1.91140

Q8 1.00000 6.00000 -.43761 -2.13640 -1.12951 -2.75709

Q9 1.00000 6.00000 -.43504 -2.12384 -.95630 -2.33429

Q4 1.00000 6.00000 -.53135 -2.59401 -1.03743 -2.53233

Q5 1.00000 6.00000 -.64255 -3.13689 -.81128 -1.98030

Q6 1.00000 6.00000 -.45554 -2.22391 -1.09564 -2.67443

Q1 1.00000 6.00000 -1.15182 -5.62310 .14075 .34356

Q2 1.00000 6.00000 -1.37323 -6.70402 .66898 1.63297

Q3 1.00000 6.00000 -1.10046 -5.37236 -.02579 -.06295

Multivariate

137.57378 29.11872

Fonte: Dados da pesquisa

4.4 Análise dos Outliers - multivariados

Em relação aos outliers multivariados, observa-se na tabela 5 as observações e

respectivas distâncias de Mahalanobis.

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Tabela 5 – Observações mais distantes - (Mahalanobisdistance)

Observation number Mahalanobis d-squared p1 p2

41 85.51208 .00000 .00000

14 58.66960 .00001 .00000

64 56.93658 .00001 .00000

34 51.01528 .00009 .00000

76 49.30835 .00017 .00000

66 44.89923 .00071 .00000

65 44.78245 .00074 .00000

Fonte: Dados da pesquisa

Na análise dos outliers multivariados, foram encontrados 7 casos que apresentaram

valores de Mahalanobis (Uma medida estatística da distância de um multidimensional, o

indivíduo ou centroide médio das observações, caracterizado por ter em conta as correlações

entre as variáveis eliminando redundâncias que possam existir entre eles. - MAH1), superior

ao valor de qui-quadrado tabelado X2 (0,001;19) = 43,8202, este valor usando a consulta no

Excel, INV.QUIQUA(0,999;19).

Os testes estatísticos para a detecção multivariada avaliam as observações

atípicas com a medida D2 de Mahalanobis Essa medida avalia a posição de

cada observação comparada com o centro de todas as observações em um

conjunto de variáveis. Dada a natureza dos testes estatísticos sugere-se um

nível conservador (não excedendo 0,001) seja empregado como um valor

base para determinação de uma observação atípica. Hair (2005, p. 72)

A tabela 5 contém uma lista de todas as observações ordenadas, do maior para o

menor, de acordo com sua distância de Mahalanobis - o baricentro. As duas colunas seguintes

contêm dois valores de p separados com o significado dessas distâncias, assumindo a

existência de normalidade multivariada, a partir de dois pontos de vista.

Tomando-se por base os resultados obtidos em relação à análise dos valores

extremos e normalidade uni e multivariada, serão desenvolvidas as análises dos dados,

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considerando ausência dos pressupostos de normalidade e a inexistência de viés acentuado no

conjunto de dados.

A análise dos dados foi desenvolvida utilizando as medidas de posição (média) e a de

dispersão (desvio-padrão). Considerando o intervalo de pontuação atribuído, de 1 a 6,

segundo a classificação: 1 = discordo plenamente 2 = discordo moderadamente 3 = discordo

pouco 4 = concordo pouco 5 = concordo moderadamente 6 = concordo plenamente, observa-

se que as médias situaram no intervalo de classificação entre discordo pouco a concordo

moderada.

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50

4.5 - Linearidade

A análise da linearidade foi feita pela inspeção gráfica, conforme apresentado em seguida.

Gráfico II – Apresentações das relações lineares entre as questões.

I. Intrapessoal

I. Informacional

Procedimental

D. Recompensa

D. Tarefas

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Na percepção distributiva de tarefas, a questão 17 - Tendo em conta as condições de

trabalho que me são oferecidas, considero injustas as tarefas que me são exigidas – apresenta-

se com fraca relação linear com as outras variáveis desta percepção. Em relação às outras

percepções, nota-se graficamente, melhor relação de linearidade entre as variáveis.

4.6 Distribuições das frequências do perfil da amostra

Os perfis dos entrevistados estão apresentados nas tabelas seguintes, onde estão

tabulados os dados referentes a gênero, faixa etária, data de entrada na INSTITUIÇÃO BETA

e nível de titulação. Na tabela 6 pode-se observar uma distribuição de gênero masculino

ligeiramente superior, registrando 55,2% dos entrevistados.

Tabela 6 – Distribuição da amostra por gênero

Especificação Frequência Percentual

Feminino 64 44,8

Masculino 79 55,2

Total 143 100,0

Fonte: Dados da pesquisa – SPSS 19.0

Comparando as proporções observadas e esperadas, respectivamente representadas

pelos valores amostrais e populacionais, observa-se que não houve evidências de diferenças

significativas na distribuição em relação aos gêneros. Aplicando o teste de hipótese para

verificação da aderência entre valores observados e esperados, registrou-se um valor de qui

quadrado igual a 1,39 e p-valor =0,2385. Cabe ressaltar que os valores populacionais da

distribuição percentual dos gêneros foi de 50,8% para o gênero feminino e 49,4% para o

gênero masculino, conforme informação da instituição pesquisada. Desta forma, evidencia-se

uma representação proporcional da amostra em relação aos gêneros.

A distribuição por faixa etária, na tabela 7 apresenta um pequeno percentual de

docentes com idade abaixo de 28 anos, observando uma concentração de docentes na faixa

etária entre 28 A 42 anos, (59,5%).

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52

Tabela 7 – Distribuição da amostra por idade

Especificação Frequência Percentual

Mais de 21 até 28 anos 6 4,2

Mais de 28 até 35 anos 45 31,5

Mais de 35 até 42 anos 40 28,0

Mais de 42 anos 52 36,4

Total 143 100,0

Fonte: Dados da pesquisa – SPSS 19.0

A distribuição de docentes em relação à data de entrada na INSTITUIÇÃO BETA, a

amostra apresenta um percentual de 21,0% dos entrevistados antes de 2009. A partir desta

data a INSTITUIÇÃO BETA tem como mantenedora um grupo empresarial de São Paulo.

Logo, perto de 80% dos docentes da IES pertence ao quadro de pessoal após a aquisição da

mesma pela organização educacional, que é proprietária, também, de outras instituições de

ensino.

Tabela 8 – Distribuição da amostra pela data de entrada na INSTITUIÇÃO BETA.

Especificação Frequência Percentual

Antes de 2003 15 10,5

Entre 2003 a 2008 15 10,5

Entre 2009 a 2014 85 59,4

A partir de 2015 28 19,6

Total 143 100,0

Fonte: Dados da pesquisa – SPSS 19.0

Comparando as proporções observadas e esperadas considerando a data que os

docentes ingressaram na instituição, observou-se que não houve evidências de diferenças

significativas na distribuição em relação aos gêneros. Ao aplicar o teste de hipótese para

verificação da aderência entre valores observados e esperados, registrou-se um valor de qui

quadrado igual a 5,94 e p-valor =0,1146. Cabe ressaltar que os valores populacionais da

distribuição percentual das datas das entradas são nas categorias “antes de 2003” (10,2%),

“Entre 2003 a 2008” (14,4%), “Entre 2009 a 2014”(48,1%) e “A partir de 2015”(27,4%),

segundo informações da instituição pesquisada. Desta forma se evidenciou uma

representação proporcional da amostra em relação a data de entrada na instituição.

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Quanto à titulação acadêmica, a predominância registrada na amostra é de docentes

com mestrado (67,1%), ressaltando um significativo percentual de docentes com titulação

acadêmica igual ou superior ao de doutorado (28,7%).

Tabela 9 – Distribuição da amostra por nível de titulação.

Especificação Frequência Percentual

Especialização 6 4,2

Mestrado 96 67,1

Doutorado 30 21,0

Pós-Doutorado 11 7,7

Total 143 100,0

Fonte: Dados da pesquisa – SPSS 19.0

Observa-se que os dados amostrais referentes ao perfil apresentaram proximidades

com o perfil populacional do docente da INSTITUIÇÃO BETA. Comparando as proporções

observadas e esperadas, observa-se que não houve evidências de diferenças significativas na

distribuição em relação aos níveis de titulação. Ao aplicar o teste de hipótese para verificação

da aderência entre valores observados e esperados, registrou-se um valor de qui quadrado

igual a 4,177 e p-valor =0,1239. Cabe ressaltar que os valores populacionais da distribuição

percentual das datas das entradas são nas categorias “Especialização (10,2%), “Mestrado”

(65,0%), “Doutorado e pós Doutorado”(24,9%), segundo informações da instituição

pesquisada. Na pesquisa foi apontado o nível pós-doutorado, porém a instituição agrupou esta

categoria com o nível doutorado. Para proceder a comparação utilizamos o critério utilizado

pela instituição. Pelo resultado do teste, evidenciou-se uma representação proporcional da

amostra em relação ao nível de titulação.

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54

4.7 Estatísticas das Variáveis

Após a obtenção de dados na pesquisa, desenvolveu-se o cálculo das medidas

descritivas da amostra, conforme dados da tabela 10. Segundo Hair, 2005 “... O exame de

dados é necessário que conduza a uma melhor previsão e a uma avaliação mais precisa de

dimensionalidade”.

Tabela 10 – Estatísticas Descritivas das Questões

Questões Média Desvio

padrão

Coef.

Variação%

Q1-Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

mostram interesse genuíno em serem justos comigo. 4,49 1,63 36,3

Q2-Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

lidam comigo de modo honesto e ético. 4,65 1,62 34,8

Q3-Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) são

completamente francos e sinceros comigo. 4,37 1,64 37,5

Q4-Antes de decidirem sobre assuntos que me dizem respeito, os meus

superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) procuram ouvir os

meus pontos de vista.

3,94 1,75 44,4

Q5-Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus superiores

diretos (coordenador e gerente de ensino) me dão explicações claras. 3,97 1,67 42,1

Q6-Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus superiores

diretos (coordenador e gerente de ensino) discutem comigo as

implicações dessas decisões.

3,83 1,71 44,6

Q7-Os critérios usados para promoções são justos. 3,84 1,63 42,4

Q8-Os procedimentos da minha instituição asseguram que as decisões

sejam tomadas sem favorecimentos pessoais. 3,69 1,71 46,3

Q9-As decisões são tomadas de modo consistente para todos os

professores. 3,63 1,61 44,4

Q10-Tendo em conta a minha experiência, considero que as

recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança no

emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas.

3,85 1,62 42,1

Q11-Considerando as minhas responsabilidades, as recompensas

(remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança no emprego,

liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas.

3,78 1,56 41,3

Q12-Considerando o estresse e pressões da minha atividade

profissional, as recompensas (remuneração, benefícios,

reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no

trabalho) que recebo são justas.

3,58 1,5 41,9

Q13-Tendo em conta a forma como faço meu trabalho, considero que

as recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança

no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas.

3,63 1,62 44,6

Q14-Considerando meu esforço, as recompensas (remuneração,

benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e

autonomia no trabalho) que recebo são justas.

3,69 1,59 43,1

Q15-As tarefas docentes que me têm sido distribuídas são justas. 4,13 1,53 37,0

Q16-As tarefas que me são atribuídas são justas. 4,19 1,55 37,0

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INVQ17-Tendo em conta as condições de trabalho que me são

oferecidas, considero injustas as tarefas que me são exigidas. (*) 4,41 1,58 35,8

Q18-Sou consultado sobre a natureza das disciplinas que leciono. 3,80 1,77 46,6

Q19 - Os critérios usados para a distribuição da carga horária/número

de disciplinas são justos. 3,62 1,63 45,0

Fonte: Dados da pesquisa – SPSS19.0

(*) INVQ17 = 7 - Q17

Observa-se que todas as variáveis apresentam pontuação média acima de 3,5 que é a

média aritmética de pontuações que variam de 1 (Discordo totalmente) até 6 (Concordo

Totalmente).

As questões que alcançaram maiores pontuações médias foram as questões Q1, Q2,

Q3 (formando o construto percepção de justiça interpessoal) e as questões Q15, Q16,

Q17INV, parte do construto justiça distributiva de tarefas.

Associando as médias com o desvio padrão, tem-se o coeficiente de variação que

retrata o grau de concentração dos dados em relação à média do grupo. Ao comparar duas ou

mais variáveis, entende-se que a de menor coeficiente de variação apresenta maior

homogeneidade dos dados, o que significa que os respondentes mantiveram um entorno de

respostas mais próximas.

Desta forma encontramos menor variabilidade de respostas, também nas questões

Q1, Q2, Q3, Q15, Q16, Q17INV. Portanto, infere-se que o grupo apresenta comportamento

bem parecido no tocante a estas variáveis.

4.8 Médias dos tipos de percepções de justiça

Para o modelo da teoria pentadimensional, para retratar cada tipo de percepção,

utilizou-se a média ponderada das variáveis em cada uma dessas percepções, considerando os

pesos obtidos nas cargas através do método de componentes principais:

Maroco (2007) explica que a técnica da Análise de componentes principais

(ACPs) possibilita sintetizar a informação de diversas variáveis

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correlacionadas em combinações lineares independentes, de modo que

possam representar significativamente a informação das variáveis originais.

Dessa maneira, a informação permanece mais confiável do que a aplicação

pura e simples da média entre os respondentes.

Tabela 11 – Escores da matriz da ACP´s e os pesos para cálculos das médias das percepções

Interpessoal, Informacional e Procedimental.

Justiça Interpessoal Justiça Informacional Justiça Procedimental

Ques

tões

Escore

ACP´s Pesos

Ques

tões

Escore

ACP´s Pesos

Ques

tões

Escore

ACP´s Pesos

Q1 0,342 0,120

6 Q4 0,342 0,1212 Q7 0,346 0,1289

Q2 0,347 0,122

3 Q5 0,344 0,1219 Q8 0,361 0,1342

Q3 0,341 0,120

3 Q6 0,345 0,1224 Q9 0,350 0,1302

Variância 2,833 - Variância 2,821 - Variância 2,686 -

%

variância

94,44

% -

%variânci

a 94,02% -

%variânci

a

89,52

% -

Fonte: Dados da Pesquisa

O percentual da variância explicada, é a participação de cada autovalor em relação ao

traço da matriz de correlação, cuja diagonal é igual a 1 (um). Segundo Hair et. al (2005) “em

ciências sociais, na qual as informações geralmente são menos precisas, não é raro considerar

uma solução que explique 60% da variância total, e em alguns casos até menos, como

satisfatória”.

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57

Tabela 12 – Escores da matriz da ACP´s e Pesos para cálculos das médias das percepções da

Justiça Distributiva

QUESTÕES

Justiça Distributiva de Recompensa

QUESTÕES

Justiça Distributiva de

Tarefas (*)

Escore ACP´s Pesos Escore

ACP´s Pesos

Q10 ,205 0,046 Q15 ,295 0,0943

Q11 ,212 0,048 Q16 ,301 0,0963

Q12 ,214 0,049 Q17 (INV) -,032 -0,010

Q13 ,216 0,049 Q18 ,272 0,087

Q14 ,219 0,050 Q19 ,261 0,084

Variância 4,403 - Variância 3,122 -

%variância 88,05% - %variância 62,44% -

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 12 – Escores da matriz da ACP´s e Pesos para cálculos das médias das percepções da

Justiça Distributiva

QUESTÕES

Justiça Distributiva de Recompensa

QUESTÕES

Justiça Distributiva de

Tarefas (*)

Escore ACP´s Pesos Escore

ACP´s Pesos

Q10 ,205 0,046 Q15 ,295 0,0943

Q11 ,212 0,048 Q16 ,301 0,0963

Q12 ,214 0,049 Q17 (INV) -,032 -0,010

Q13 ,216 0,049 Q18 ,272 0,087

Q14 ,219 0,050 Q19 ,261 0,084

Variância 4,403 - Variância 3,122 -

%variância 88,05% - %variância 62,44% -

Fonte: Dados da pesquisa

Segundo os critérios indicados para aproveitamento dos pesos dos componentes

apontados no construto Justiça Distributiva de Tarefas, onde observa-se uma variância

explicada na ordem de 62,44%, devida à questão Q17, será mantida a questão. Caso, a

variável fosse excluída, a variância total explicada passaria para 77,87%.

Para exemplificar o cálculo da média nos construtos acima, pode-se considerar uma

situação para a percepção Justiça Distributiva de Tarefas, admitindo que o respondente tenha

apresentado as pontuações 3; 4; 6 para as respectivas questões Q15, Q16 e Q17 (INV); nesse

caso, Q18, Q19 será: Justiça Distributiva de Tarefas (i) = (4*0,0943+5*0,0963+6*(-0,0104)

+5*0,0872+3*0,0836) /0,37174 = 3,99

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58

Dessa forma, a média de cada tipo de percepção será correspondente aos valores

apresentados na tabela 9, apresentada a seguir.

Tabela 13 – Medidas descritivas dos tipos de percepção

Percepção Média Desvio

padrão

Justiça Interpessoal 4,51 1,59

Justiça Informacional 3,93 1,66

Justiça Procedimental 3,73 1,57

Justiça Distributiva de Recompensas 3,72 1,48

Justiça Distributiva de Tarefas (*) 3,95 1,46

Fonte: Dados da pesquisa (*) considera a questão 17 com escala invertida

Observa-se que o maior valor das médias é da percepção de Justiça Interpessoal, com

média 4,51 e o menor valor médio é para a percepção de Justiça distributiva de recompensas

com média 3,72. Os desvios padrão apresentados são bem próximos para todos os tipos de

percepção de justiça, o que evidencia que não existe grande variação entre os componentes do

grupo de sujeitos de pesquisa.

4.9 Testes de hipóteses da pesquisa

Nesta pesquisa foram analisadas as seguintes hipóteses:

• Primeira hipótese: Existe significativa diferença entre a percepção de justiça de

docentes que trabalham na IES desde período anterior à sua aquisição pelo grupo

mantenedor atual e docentes que trabalham a partir desta aquisição em 2009.

• Segunda hipótese: Existe diferença entre a percepção de justiça de docentes do

gênero masculino e do gênero feminino.

• Terceira hipótese: Existe uma correlação entre os níveis de titulação acadêmica

do docente e o nível de percepção de justiça.

Para análise das hipóteses foram aplicados os testes de análise de variância, que têm

o objetivo de verificar a existência significativa entre as médias, e o teste de existência de

correlação.

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59

Na aplicação do teste das diferenças de médias tem-se por base os pressupostos:

• Temos “n” grupos de observações independentes, sendo os grupos independentes entre

si.

• Cada grupo de observações deve provir de uma população com distribuição normal.

• A variância das “n” populações deve ser a mesma (homogeneidade das variâncias).

Dentre os pressupostos apresentados, observa-se a independência entre os grupos de

teste, os que entraram antes e depois de 2009, gênero e nível de titulação acadêmica. Neste

mesmo sentido não se verifica a normalidade das variáveis, conforme dados da tabela 4.

Quanto à homogeneidade, aplicou-se o teste de Levene, que consiste em sua hipótese

de teste de que as variâncias são homogêneas. Os resultados estão dispostos nas tabelas

seguintes, observando-se que em alguns grupos não se verifica a homogeneidade.

4.9.1-Análise do pressuposto da homogeneidade das variâncias

Tabela 14 - Homogeneidade das Variâncias –Docentes que entraram na INSTITUIÇÃO

BETA antes de e depois de 2009

Percepção Teste de Levene df1 df2 Sig.

Justiça Interpessoal 2,584 3 139 ,056

Justiça Informacional 2,027 3 139 ,113

Justiça Procedimental 2,213 3 139 ,089

Justiça Distributiva de

Recompensas

1,776 3 139 ,155

Justiça Distributiva de Tarefas 2,613 3 139 ,054

Fonte: Dados da Pesquisa

Em todas as percepções de justiça observa-se que há homogeneidade das variâncias e

as significâncias (sig) são maiores que 5%.

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60

Tabela 15 - Homogeneidade das Variâncias – Grupo por Gênero

Teste de Levene df1 df2 Sig.

Justiça Interpessoal 10,009 1 141 ,002

Justiça Informacional 5,171 1 141 ,024

Justiça Procedimental 1,486 1 141 ,225

Justiça Distributiva de

Recompensas

5,397 1 141 ,022

Justiça Distributiva de Tarefas ,353 1 141 ,553

Fonte: Dados da Pesquisa

As Percepções Justiça Procedimental e Distributiva de tarefas são significativas ao

nível de 5%.

Tabela 16 –Homogeneidade das Variâncias – Grupo dos níveis de titulação acadêmica

Percepção Teste de

Levene df1 df2 Sig.

Justiça Interpessoal 7,729 3 139 ,000

Justiça Informacional 4,981 3 139 ,003

Justiça Procedimental 6,531 3 139 ,000

Justiça Distributiva de

Recompensas

4,979 3 139 ,003

Justiça Distributiva de Tarefas 4,450 3 139 ,005

Fonte: Dados da Pesquisa

Não há evidência para aceitar a homogeneidade da variância no grupo de níveis de

titulação acadêmica, considerando 5% de nível de significância. Mesmo não sendo atendidos

todos os pressupostos listados, optou-se pela aplicação dos métodos paramétricos,

considerando-se, além da quantidade de dados da pesquisa, a não existência de dados

extremos.

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61

4.9.2 - Teste de hipóteses das percepções dos docentes em relação à data de entrada na

instituição.

Na primeira hipótese, o teste terá como hipótese nula a seguinte formulação:

• Ho – As médias das pontuações atribuídas pelos docentes nos tipos de percepção de

justiça são iguais entre os docentes que trabalham na IES desde período anterior à sua

aquisição pelo grupo mantenedor atual e os docentes que trabalham a partir desta

aquisição em 2009

A hipótese alternativa de teste será:

• H1 – As médias das pontuações atribuídas pelos docentes nos tipos de percepção de

justiça são diferentes entre os docentes que trabalham na IES, desde período anterior à

sua aquisição pelo grupo mantenedor atual e docentes que trabalham a partir desta

aquisição em 2009

Tabela 17 – Distribuição das médias das pontuações em função da data de entrada na

INSTITUIÇÃO BETA.

Percepção de Justiça

Q24-Entrada na INSTITUIÇÃO BETA

Entrada na

INSTITUIÇÃO BETA

antes de 2009

Entrada na

INSTITUIÇÃO BETA

após 2009

Justiça Interpessoal 4,91 4,41

Justiça Informacional 4,22 3,85

Justiça Procedimental 3,87 3,70

Justiça Distributiva de Recompensa 3,91 3,67

Justiça Distributiva de Tarefas 4,10 3,85

Fonte: Dados da Pesquisa

Observa-se que as médias atribuídas pelos docentes que entraram na INSTITUIÇÃO

BETA antes de 2009 apresentam maiores valores, em todos os tipos os cinco tipos de justiça.

Entretanto não são significativamente superiores, conforme resultados do teste apresentados

na tabela abaixo.

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62

Este resultado é importante para os gestores da instituição, pois evidencia que as

pessoas que experimentaram a intensa mudança organizacional decorrente da incorporação da

IES a um grande grupo educacional não apresentam percepção de justiça distinta dos que

foram admitidos posteriormente. Isto sugere que a percepção de justiça dos docentes não foi

drasticamente afetada pelas transformações organizacionais.

Tabela 18 – Análise de variância – Percepção de justiça e data de entrada na INSTITUIÇÃO

BETA

Percepção de Justiça Sum of

Squares df

Mean

Square F Sig.

Justiça Interpessoal Entre grupos 5,975 1 5,975 2,400 0,124

Intragrupos 350,970 141 2,489

Total 356,945 142

Justiça Informacional Entre grupos 3,191 1 3,191 1,162 0,283

Intragrupos 387,329 141 2,747

Total 390,521 142

Justiça

Procedimental

Entre grupos ,714 1 ,714 ,289 0,592

Intragrupos 348,062 141 2,469

Total 348,776 142

Justiça Distributiva

de Recompensas

Entre grupos 1,456 1 1,456 ,661 0,417

Intragrupos 310,490 141 2,202

Total 311,946 142

Justiça Distributiva

de Tarefas

Entre grupos 1,559 1 1,559 1,210 0,273

Intragrupos 181,711 141 1,289

Total 183,270 142

A hipótese testada Ho: As médias da percepção da justiça (i) são iguais entre os

docentes que entraram na INSTITUIÇÃO BETA antes e após 2009.

Conforme o resultado apresentado, na coluna (sig.), todos os valores foram

superiores a 0,005 (5%), em todos os tipos de percepção de justiça. O que indica não haver

motivos para aceitar a desigualdade das pontuações médias das percepções em função da

época de entrada na INSTITUIÇÃO BETA.

4.9.3 - Teste de hipóteses das percepções dos docentes em relação a gênero

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Na segunda hipótese, o teste terá como hipótese nula (H0) a seguinte formulação: As

médias das pontuações sobre a percepção de justiça de docentes são iguais entre os gêneros

masculino e feminino. A hipótese alternativa (H1) de teste será: As médias das pontuações

sobre a percepção de justiça de docentes são iguais entre os gêneros masculino e feminino.

Tabela 19 – Médias das percepções de Justiça em função dos gêneros.

Percepção de Justiça Gênero

Feminino Masculino

Justiça Interpessoal 4,51 4,52

Justiça Informacional 3,91 3,94

Justiça Procedimental 3,65 3,80

Justiça Distributiva de Recompensa 3,73 3,71

Justiça Distributiva de Tarefas 4,08 3,76

Tabela 20 - Análise de variância - Percepção de justiça e distribuição das médias por gênero.

Percepção de justiça Sum of

Squares df

Mean

Square F Sig.

Justiça Interpessoal Entre grupos ,006 1 ,006 ,002 0,962

Intragrupos 356,939 141 2,531

Total 356,945 142

Justiça Informacional Entre grupos ,036 1 ,036 ,013 0,910

Intragrupos 390,485 141 2,769

Total 390,521 142

Justiça

Procedimental

Entre grupos ,826 1 ,826 ,335 0,564

Intragrupos 347,950 141 2,468

Total 348,776 142

Justiça Distributiva

de Recompensas

Entre grupos ,013 1 ,013 ,006 0,939

Intragrupos 311,933 141 2,212

Total 311,946 142

Justiça Distributiva

de Tarefas

Entre grupos 2,012 1 2,012 1,042 0,309

Intragrupos 272,133 141 1,930

Total 274,144 142

A hipótese testada Ho: As médias da percepção da justiça (i) são iguais entre os

gêneros. Conforme o resultado apresentado, a significância do teste foi superior a 5%, em

todos os tipos de percepção de justiça. O que indica não haver motivos para aceitar a

desigualdade das pontuações médias em função do gênero.

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64

4.9.4 - Teste da existência de correlação entre níveis de titulação acadêmica e percepção

de justiça.

Na terceira hipótese, o teste terá como hipótese nula (H0) a seguinte formulação: A

correlação entre os níveis de titulação acadêmica do docente e o nível de percepção de justiça

é nula. A hipótese alternativa (H1) de teste será: A correlação entre os níveis de titulação

acadêmica do docente e o nível de percepção de justiça é nula.

Nesta hipótese foi avaliada a existência de correlação linear ao nível de significância

5%. Mesmo considerando valores médios para as percepções de justiça, optou pela utilização

da correlação de Spearmam. Cabe ressaltar que valores do coeficiente de correlação variam de

-1 a +1, sendo que valores próximos de zero, implica em não existência de correlação linear

entre as variáveis.

Na tabela 21 observam-se os valores da correlação do tipo de percepção e a titulação

dos docentes.

Tabela 21 - Correlação entre tipos de percepção e nível de titulação.

Percepção de Justiça Spearman'srho Sig. (2-tailed)

Justiça Interpessoal 0,263** 0,002

Justiça Informacional 0,190* 0,023

Justiça Procedimental 0,095 0,259

Justiça Distributiva de Recompensa 0,007 0,936

Justiça Distributiva de Tarefas 0,124 0,139

Fonte: Dados da pesquisa

**. Correlação é significante para o nível de 1%.

*. Correlação é significante para o nível de 5%.

Apenas nos níveis de percepção Interpessoal e informacional existe correlação

significativamente diferente de zero com o nível de titulação acadêmica. Ainda que

significativos, a correlação registra valores baixos representando pequena relação entre estes

tipos de percepção de justiça e as titulações acadêmicas. A título de apresentação, na tabela

22, estão dispostas as correlações entre os tipos de percepção de justiça.

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65

Tabela 22 – Correlação entre as percepções de justiça.

PERCEPÇÃO Justiça

Interpessoal

Justiça

Informacional

Justiça

Procedimental

Justiça

Distributiva

de

Recompensas

Justiça

Distributiva

de Tarefas

Justiça Interpessoal 1,000 0,813** 0,706** 0,538** 0,596**

Justiça

Informacional 0,813** 1,000 0,709** 0,543** 0,620**

Justiça

Procedimental 0,706** 0,709** 1,000 0,759** 0,649**

Justiça Distributiva

de Recompensas 0,538** 0,543** 0,759** 1,000 0,677**

Justiça Distributiva

de Tarefas 0,596** 0,620** 0,649** 0,677** 1,000

**. Correlação é significante para o nível de 1%.

Cabe ressaltar que as correlações entre as percepções são significativas, não

apresentando valores altos, com exceção entre as percepções de justiça informacional e

interpessoal.

Com semelhante análise aplicada nas duas hipóteses anteriores, observa-se que as

médias atribuídas aos tipos de percepção em função da titulação acadêmica, tem diferença

significativa na percepção interpessoal entre os níveis de mestrado e doutorado, conforme

desenvolvimento dos testes nas tabelas 23 e 24.

Tabela 23 – Média das percepções em função do título acadêmico

Percepções

Último título acadêmico

Especialização

Mestrado

Doutorado

Pós-Doutorado

Justiça Interpessoal 4,67 4,20 5,19 5,36

Justiça Informacional 4,33 3,64 4,45 4,84

Justiça Procedimental 3,77 3,55 4,15 4,15

Justiça Distri.de Recompensas 3,77 3,68 3,77 3,87

Justiça Distributiva de Tarefas 3,72 3,55 4,13 4,11

Fonte: Dados da Pesquisa

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66

Tabela 24 - Análise de variância -Percepção de justiça por nível de titulação.

Soma de

Quadrados df

Quadrado

médio F Sig.

Justiça Interpessoal Entre grupos 31,373 3 10,458 4,465 0,005

Intragrupos 325,572 139 2,342

Total 356,945 142

Justiça Informacional Entre grupos 26,280 3 8,760 3,343 0,021

Intragrupos 364,241 139 2,620

Total 390,521 142

Justiça

Procedimental

Entre grupos 10,320 3 3,440 1,413 0,242

Intragrupos 338,455 139 2,435

Total 348,776 142

Justiça Distributiva

de Recompensas

Entre grupos ,478 3 ,159 ,071 0,975

Intragrupos 311,468 139 2,241

Total 311,946 142

Justiça Distributiva

de Tarefas

Entre grupos 4,251 3 1,417 1,100 0,351

Intragrupos 179,019 139 1,288

Total 183,270 142

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que há evidência significativa de diferenças de médias apenas no tipo de

percepção de Justiça Interpessoal, considerando que a significância registrou 0,005, menor

que 5%.

Aplicando o teste de comparação entre as médias que apresentam diferença

significativa, os resultados indicaram que os níveis de titulação acadêmica que apresentaram

diferenças significativas entre as médias de percepção de justiça intrapessoal ocorreram nos

níveis de titulação acadêmica de doutorado e mestrado.

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67

Tabela 25 – Teste de comparações múltiplas nos níveis de titulação acadêmica – Justiça

Interpessoal

(I) Q23-Qual seu

último título

acadêmico?

(J) Q23-Qual seu

último título

acadêmico?

Diferença de

médias (I-J)

Erro

padrão

Intervalo de confiança

95%

Limite

inferior

Limite

superior

Especialização

Mestrado 0,471 0,780 -1,854 2,795

Doutorado -0,520 0,779 -2,846 1,806

Pós-Doutorado -0,697 0,771 -3,014 1,620

Mestrado

Especialização -0,471 0,780 -2,795 1,854

Doutorado (*) -,991* 0,245 -1,570 -0,412

Pós-Doutorado -1,168 0,219 -1,700 -0,636

Doutorado

Especialização 0,520 0,779 -1,806 2,846

Mestrado (*) 0,991* 0,245 0,412 1,570

Pós-Doutorado -0,177 0,216 -0,712 0,358

Pós-Doutorado

Especialização 0,697 0,771 -1,620 3,014

Mestrado 1,168* 0,219 0,636 1,700

Doutorado 0,177 0,216 -0,358 0,712

Fonte: Dados da Pesquisa

Tabela 26 – Teste de comparações múltiplas nos níveis de titulação acadêmica – Justiça

Informacional

(I) Q23-Qual seu

último título

acadêmico?

(J) Q23-Qual seu

último título

acadêmico?

Diferença

de médias

(I-J)

Erro

padrão

Intervalo de confiança

95%

Limite

inferior

Limite

superior

Especialização

Mestrado 0,695 0,780 -1,630 3,020

Doutorado -0,117 0,802 -2,484 2,250

Pós-Doutorado -0,503 0,794 -2,872 1,865

Mestrado

Especialização -0,695 0,780 -3,020 1,630

Doutorado (*) -,8115* 0,310 -1,547 -0,076

Pós-Doutorado (*) -1,198* 0,291 -1,928 -0,468

Doutorado

Especialização 0,117 0,802 -2,250 2,484

Mestrado (*) ,811* 0,310 0,076 1,547

Pós-Doutorado -0,386 0,344 -1,245 0,472

Pós-Doutorado

Especialização 0,503 0,794 -1,865 2,872

Mestrado (*) 1,198* 0,291 0,468 1,928

Doutorado 0,386 0,344 -0,472 1,245

Fonte: Dados da Pesquisa

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68

Os resultados indicam que os níveis de titulação acadêmica que apresentam

diferenças significativas entre as médias da percepção de justiça informacional são entre Pós-

Doutorado, Doutorado e Mestrado.

O estudo da percepção de justiça não evidenciou diferença significativa dentro das

categorias de gênero e data de ingresso do docente na instituição. Ao verificar grupos de

diferentes níveis de titulação, o resultado revelou diferenças significativas de pontuações

médias na avaliação de percepção de justiça dos docentes entre os níveis de titulação

acadêmica de mestrado e doutorado, mas somente em relação à dimensão interpessoal.

Quanto às correlações entre os tipos de percepção e os níveis de titulação acadêmica,

registra significativa correlação nas percepções de justiça Interpessoal e Informacional.

Porém, ainda que significativos, a correlação registra valores baixos representando pequena

relação entre estes tipos de percepção de justiça e as titulações acadêmicas.

Cabe salientar que o pequeno valor do coeficiente de correlação observado em outros

tipos de percepção, deve-se a uma significativa igualdade das médias atribuídas nas

respectivas percepções associadas aos diversos níveis de titulação acadêmica.

No quadro I está apresentada a síntese dos testes aplicados neste conjunto de dados.

Hipóteses Resultados

Primeira Hipótese: Existe diferença

significativa entre as percepções de justiça de

docentes que trabalham na IES, desde

período anterior à sua aquisição pelo grupo

mantenedor atual e docentes que trabalham

desde a aquisição (2009).

Não existe diferença significativa entre as

percepções dos docentes, quanto a data de

entrada na INSTITUIÇÃO BETA

Segunda Hipótese: Existe diferença entre a

percepção de justiça de docentes do gênero

masculino e do gênero feminino.

Não existe diferença significativa entre as

percepções dos docentes, quanto ao gênero.

Terceira Hipótese: Existe uma correlação

entre os níveis de titulação acadêmica do

docente e o nível de percepção de justiça.

Existe correlação entre os níveis de titulação

acadêmica do docente e o nível de percepção

de justiça apenas nas percepções Interpessoal

e Informacional

Quadro I – Quadro síntese dos testes

Fonte: Dados da pesquisa

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69

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A temática Percepção de Justiça no Trabalho tem sido abordada por pesquisadores

estudiosos da influência do comportamento organizacional sobre o bom funcionamento das

organizações. Devido à sua importância, esta temática pode trazer uma contribuição relevante

para o sucesso das organizações e para o desenvolvimento de relações de trabalho que sejam

produtivas. Pesquisas sobre Justiça Organizacional têm tido grande evolução ao longo dos

últimos 50 anos e continuam sendo objeto de estudos em diversas dissertações de doutorado

no exterior (FUJISHIRO, 2005; IBRAHIM, 2012; BARRADAS, 2011). No Brasil, essas

pesquisas têm atraído a atenção de um crescente número de pesquisadores brasileiros tanto em

mestrados (MOURÃO, 2009; ANDRADE, 2010) quanto em doutorados (COUTINHO,

2014).

A partir da segunda metade da década de 1990, o Ministério da Educação do Brasil

apresentou um novo desenho para o ensino superior, visando a facilitar a oportunidade de

formação em nível superior para pessoas vindas de classes menos privilegiadas

economicamente. Entre as medidas tomadas, merece destaque a expansão da rede privada e os

planos de financiamento do ensino para jovens vindos dessas classes sociais. A consequência

foi o crescimento do ensino superior da rede privada e as transformações processadas no

funcionamento das organizações educacionais e nas relações de trabalho que nelas se

desenvolvem. (DUTRA, 2012).

O mercado de trabalho dos profissionais de educação também foi afetado de forma

significativa. Muitos tiveram a oportunidade de se inserirem na carreira nas várias escolas

emergentes e muitos também buscaram a qualificação necessária, através da realização de

cursos de Mestrado e Doutorado. A ampliação do número de professores preparados para

assumirem a regência de disciplinas nas diversas instituições foi responsável por medidas

adotadas pelas Instituições de Ensino Superior (IES) para contratarem docentes que

assegurassem melhor qualidade de ensino e a dispensarem aqueles que não atendiam às suas

exigências, conforme afirma Dutra (2012).

No caso da presente pesquisa, o autor, que tem formação em Direito, pretendeu

analisar a percepção da justiça no trabalho por docentes de uma IES, criada na década de 1960

e que desde meados da década de 1990 vem experimentando mudanças significativas, as

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70

quais exercem influência sobre o comportamento dos profissionais que nela atuam e sobre os

resultados que possam advir de seu trabalho.

A partir de 2015, devido à crise do financiamento do ensino superior, observa-se que

nas IES da rede privada vem ocorrendo dispensa de inúmeros docentes, uma vez que houve

uma redução significativa do número de alunos. Este fato é responsável pela insegurança dos

professores de ensino superior que atuam nessas instituições, pois a todo o momento são

assaltados pelo receio de serem dispensados. A situação mencionada justifica a importância

de se realizar esta pesquisa, pois considera-se importante verificar como os docentes

percebem a justiça organizacional. O autor deste trabalho considera que se os profissionais se

sentirem tratados com justiça compreenderão medidas adotadas pelas instituições e serão

evitados processos trabalhistas tão frequentes no Brasil.

O objetivo geral da pesquisa consistiu em analisar a percepção de justiça de docentes

de uma IES da rede privada, no período correspondente ao ano de 2016.O primeiro objetivo

específico consistiu em buscar identificar indicadores de percepção de justiça segundo a

produção científica sobre esta expressão. Foram consultados sites Portal Capes, Emerald,

Scielo, Google acadêmico e sites de universidades brasileiras buscando por artigos,

dissertações e teses disponíveis e, posteriormente, feita a análise desses trabalhos.

O conceito de justiça adotado no presente estudo foi de uma avaliação subjetiva e

empírica, em relação às dimensões distributiva de tarefas, distributiva de recompensas,

procedimental, interacional interpessoal e interacional informacional, conforme proposto por

Rego (2001).

No momento da coleta de dados, a instituição contava com 557 professores apenas

nas unidades de Belo Horizonte. Esses docentes receberam por meio eletrônico um

questionário estruturado composto por questões fechadas, via plataforma Google Docs., sendo

que143 docentes o responderam e suas respostas permitiram verificar o alcance dos seguintes

objetivos específicos:

• Avaliar a percepção de justiça dos docentes da IES pesquisada, utilizando o

referencial teórico e o instrumento de coleta propostos por Rego (2001), traduzido,

adaptado e validado por Jesus & Rowe (2014).

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• Verificar se existe variação entre a percepção de justiça de docentes que

trabalham na IES antes da aquisição da mesma por uma organização educacional e

daqueles que trabalham a partir da referida aquisição.

• Verificar se existe diferença de percepção de justiça de docentes de diferentes

gêneros e diferentes níveis de titulação.

O estudo da percepção de justiça não evidenciou diferença significativa dentro das

categorias de gênero, sugerindo que não há percepção de um tratamento diferenciado entre os

docentes do gênero masculino ou feminino na instituição pesquisada.

Da mesma forma, a pesquisa não evidenciou diferença significativa na percepção de

justiça dos docentes que trabalham na instituição desde o período anterior a 2009, quando a

instituição passou pelo processo de incorporação a um grande grupo empresarial. Isto sugere

que as mudanças organizacionais não refletiram de forma negativa ou positiva sobre a

percepção de justiça dos docentes que já haviam enfrentado dificuldades significativas na fase

que antecedeu a aquisição da IES pelo atual grupo mantenedor.

Doutra forma, ao verificar grupos de diferentes níveis de titulação, o resultado do

presente trabalho revelou a existência de diferenças significativas de pontuações médias na

percepção de justiça dos docentes em relação à dimensão interpessoal de justiça. Neste

aspecto, o estudo revelou que as diferenças ocorreram entre os níveis de titulação acadêmica

de mestrado e doutorado, sugerindo que os docentes percebem uma diferença na forma de

tratamento dispensada pela instituição em relação aos docentes que possuem título de mestre e

os que possuem título de doutor.

Por fim, foram encontradas correlações significativas entre os tipos de percepção de

justiça e os níveis de titulação acadêmica somente nas dimensões interpessoal e

Informacional, mas, em valores muito baixos, o que representa uma correlação fraca. Ainda

assim, o resultado pode apontar que de modo geral o tratamento digno e respeitador,

representados na dimensão interpessoal, e a justificação de atos e acesso a informações,

representados na dimensão informacional, são melhor avaliados pela percepção dos docentes

com título de doutorado do que os detentores de título de mestrado.

A presente pesquisa tem como limitações:

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1. Trata-se de um estudo de caso de uma IES que constitui apenas uma das

unidades de uma organização educacional, formada por várias outras IES

2. A amostra adotada se refere aos docentes das unidades de Belo Horizonte e a

população de docentes da IES estudada tem profissionais que atuam em diversas outras

unidades que não constituíram objeto da pesquisa.

3. Por se tratar de um estudo de caso, a generalização é reduzida, logo, os

resultados aplicam-se à IES estudada, especialmente às suas unidades de BH e não às outras

unidades da mesma empresa.

Sugere-se que sejam realizadas outras pesquisas em outras unidades da IES

localizadas fora de Belo Horizonte para estudo comparativo com os resultados apurados na

capital. Sugere-se ainda que seja realizada uma pesquisa sobre a percepção de justiça em

outras instituições de ensino superior que integram o mesmo grupo empresarial para que os

gestores tenham maior clareza sobre a os funcionários com os quais trabalham no cotidiano.

Ademais, sugere-se verificar a relação da percepção de justiça no comportamento

dos empregados desligados da instituição, verificando a influência da variável percepção de

justiça na decisão de promover ou não uma reclamação trabalhista contra a IES. Tal estudo

seria especialmente oportuno, em razão da atual crise do sistema de ensino, atribuída pelas

IES, principalmente, ao corte de recursos do FIES e a consequente redução do número de

turmas de alunos.

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80

ENTREVISTA

1. Quando você ingressou na instituição de ensino na qual trabalha?

2. Como era trabalhar na instituição quando você ingressou nela?

3. Você tem conhecimento ou vivenciou alguma grande transformação na instituição?

4. Você conhece a história da instituição na qual trabalha?

5. Como a instituição começou?

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Questionário de Percepção de Justiça de Professores do Ensino

Superior - UNI-BH.

Prezado participante,

Desde já, agradecemos a sua participação nesta pesquisa.

O questionário abaixo tomará somente 5 minutos para ser respondido, sendo o sigilo e a

confidencialidade absolutamente garantidos a todos os participantes.

Abaixo, apresentam-se frases sobre como você percebe a justiça em diferentes aspectos no

UNI-BH. Ao responder, avalie, com base na escala a seguir, o quanto concorda com a ideia

apresentada.

1 = Discordo plenamente

2 = Discordo moderadamente

3 = Discordo pouco

4 = Concordo pouco

5 = Concordo moderadamente

6 = Concordo plenamente

Atenciosamente.

Ricardo Pinto

Mestrando em Administração de Empresas

Centro Universitário UNA

Doutora Íris Barbosa Goulart

Orientadora

* Required

Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) mostram interesse genuíno em serem

justos comigo. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) lidam comigo de modo honesto e

ético. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

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82

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) são completamente francos e sinceros

comigo. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Antes de decidirem sobre assuntos que me dizem respeito, os meus superiores diretos (coordenador e

gerente de ensino) procuram ouvir os meus pontos de vista. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus superiores diretos (coordenador e gerente de

ensino) me dão explicações claras. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus superiores diretos (coordenador e gerente de

ensino) discutem comigo as implicações dessas decisões. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Os critérios usados para promoções são justos. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Os procedimentos da minha instituição asserguram que as decisões sejam tomadas sem

favorecimentos pessoais. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

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83

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

As decisões são tomadas de modo consistente para todos os professores. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Tendo em conta a minha experiência, considero que as recompensas (remuneração, benefícios,

reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Considerando as minhas responsabilidades, as recompensas (remuneração, benefícios,

reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Considerando o estresse e pressões da minha atividade profissional, as recompensas (remuneração,

benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo

são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Tendo em conta a forma como faço meu trabalho, considero que as recompensas (remuneração,

benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo

são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Considerando meu esforço, as recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança no

emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

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1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

As tarefas docentes que me tem sido distribuídas são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

As tarefas que me são atribuídas são justas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Tendo em conta as condições de trabalho que me são oferecidas, considero injustas as tarefas que me

são exigidas. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Sou consultado sobre a natureza das disciplinas que leciono. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Os critérios usados para a distribuição da carga horária/número de disciplinas é justo. *

Assinale o seu nível de concordância com a afirmação acima.

1 2 3 4 5 6

Discordo totalmente. Concordo totalmente.

Qual seu gênero? *

o Masculino

o Feminino

Qual a sua idade? *

o Até 21 anos.

o Mais de 21 até 28 anos.

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o Mais de 28 até 35 anos.

o Mais de 35 até 42 anos.

o Mais de 42.

Desde quando você trabalha na UNI-BH? *

Sinalize o período que engloba sua data de admissão.

o Antes de 2003.

o Entre 2003 e 2008.

o Entre 2009 e 2014.

o A partir de 2015.

Qual seu último título acadêmico? *

o Graduação

o Especialização

o Mestrado

o Doutorado

o Pós-Doutorado

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2017

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1

RELATÓRIO TÉCNICO SOBRE PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA PELOS

DOCENTES DA UNI-BH

Pesquisa realizada por Ricardo de Villefort Alves

Pinto

Orientação: Dra. Iris Barbosa Goulart

Introdução

Esta pesquisa integra o campo multidisciplinar do Comportamento Organizacional, que

estuda a interação dos indivíduos no ambiente organizacional, buscando identificar

comportamentos desejáveis e indesejáveis e seus respectivos antecedentes. O objetivo

perseguido por esta modalidade de estudo é viabilizar aos gestores a realização de

intervenções que contribuam para os objetivos da Instituição, tais como de melhoria da

qualidade do trabalho, as interações sociais e a produtividade. Nesse sentido, os

estudos de Justiça Organizacional são de grande relevância para uma instituição de

ensino superior, pois as percepções dos professores afetam diretamente o

comportamento e, consequentemente, o desempenho da Instituição. (REGO, 2001;

JESUS & ROWE, 2014).

Pesquisadores de diversos países já revelaram a existência de relações entre a

percepção de justiça dos empregados e diversos aspectos das relações de trabalho, tais

como: a sensação de bem-estar, a satisfação, a saúde do trabalhador, comportamentos

contraprodutivos, comportamentos agressivos, comprometimento afetivo, sofrimento,

percepção de saúde, comportamento de cidadania organizacional, eficiência

organizacional, emoções, dentre outros. (CROPANZANO & AMBROSE, 2015).

Tem-se verificado ainda que a percepção de justiça tem reflexos sobre a eficiência

organizacional, atuando sobre a produtividade, a qualidade do trabalho, os custos e a

sustentabilidade das atividades empreendidas. Logo, e o conhecimento que os agentes

organizacionais tenham sobre o assunto é importante para a melhoria das relações de

trabalho e para a eficiência organizacional.

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As pesquisas de Justiça Organizacional têm experimentado grande evolução ao longo

de seus 50 anos de existência e continuam sendo objeto de estudos em diversas

dissertações de mestrado (MOURÃO, 2009; ANDRADE, 2010) e teses de doutorado

(COUTINHO, 2014) no Brasil e no exterior (FUJISHIRO, 2005; IBRAHIM, 2012;

BARRADAS, 2011).

O Centro Universitário UNI-BH é uma Instituição de Ensino Superior que desde a sua

criação na década de 1960 passou por diversas transformações, sendo que em meados

de 2009 foi adquirido pelo grupo ANIMA e integrado às demais instituições desse

grupo educacional. É natural que este processo tenha gerado comportamentos

diferenciados nos professores da instituição e analisar a percepção de justiça que eles

têm neste momento constituiu a motivação para a realização desta pesquisa.

Ao apresentar este relatório, o autor da pesquisa pretende oferecer aos gestores do

UNI-BH, informações que possam ser úteis para a condução de suas atividades e para a

tomada de decisões futuras, a partir da análise da percepção de justiça dos docentes que

atuavam na instituição em setembro de 2016, quando foram coletados os dados.

Sobre a Pesquisa realizada

Para possibilitar a aferição da percepção de justiça dos docentes desta instituição,

formulou-se o seguinte objetivo geral: analisar a percepção de justiça de docentes do

UNI-BH, em setembro de 2016. Para alcançar este objetivo, foram definidos os

objetivos específicos: 1. Identificar indicadores de percepção de justiça segundo a

produção científica sobre esta expressão; 2. Avaliar a percepção de justiça dos docentes

do UNI-BH; 3. Verificar se existe variação entre a percepção de justiça de docentes que

trabalharam no UNI-BH antes da aquisição da mesma pelo grupo Anima e daqueles

que trabalham a partir da referida aquisição; 4. Verificar se existe diferença de

percepção de justiça de docentes de gêneros e níveis de titulação diferentes.

Foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa, de caráter descritivo, que constitui um

estudo de caso referente a percepção de justiça dos docentes da instituição UNI-BH,

mediante dados colhidos no ano de 2016.

O aspecto qualitativo foi constituído pela análise de documentos fornecidos pela

organização estudada e pela coleta de dados fornecidos por entrevistas com docentes e

gestores conhecedores da história institucional. Já a análise quantitativa foi realizada

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3

mediante a coleta e análise de dados numéricos resultantes da análise estatística do

questionário padronizado criado por Rego (2001), traduzido, adaptado e validado para

o contexto brasileiro por Jesus & Rowe (2014).

A população desta pesquisa é constituída por todos os docentes da UNI-BH que

contava, à época da coleta de dados, com 557 professores. Existiam profissionais que

atuam na UNI-BH desde o período anterior à sua aquisição pelo atual grupo

mantenedor e existem, também, outros que iniciaram suas atividades após o ano de

2009, quando a IES passou a integrar o grupo ao qual pertence atualmente (ANIMA).

O instrumento de coleta de dados foi um questionário, baseado no modelo

pentadimensional de Rego (2001), traduzido e adaptado para o contexto brasileiro por

Jesus &Rowe (2014). Este instrumento foi escolhido por abordar especificidades

inerentes à categoria profissional dos docentes do ensino superior, além de apresentar

boas propriedades psicométricas e da necessidade de aplicação em amostras maiores

que possibilitem o uso da validação cruzada. (JESUS & ROWE, 2014).

O questionário foi enviado aos docentes via Google Docs., sendo definido um prazo

para a resposta. Ao final deste prazo, considerou-se que os questionários respondidos

constituiriam a amostra de pesquisa. Uma vez conferidos os questionários e verificada

a inteireza das respostas, foi avaliada a representatividade da amostra obtida, que foi

constituída por 143 docentes, o que corresponde a 25% da população estudada.

A análise dos dados foi realizada tomando por base o modelo de questionário

pentadimensional de percepção de justiça e foi efetuada análise de outliers univariada e

multivariada; análise de linearidade; análise de confiabilidade do questionário, além de

estatísticas descritivas das amostras e testes de hipóteses.

Buscou-se verificar a veracidade das seguintes hipóteses de pesquisa: H1 - Existe

significativa diferença entre a percepção de justiça de docentes que trabalham na

Instituição de Ensino Superior desde período anterior à sua aquisição pelo grupo

mantenedor atual e dos docentes que trabalham a partir desta aquisição; H2 - Existe

diferença entre a percepção de justiça de docentes do gênero masculino e do gênero

feminino; H3 - Existe uma correlação entre os níveis de titulação acadêmica do docente

e o nível de percepção de justiça.

As questões que compõem o instrumento de coleta de dados são apresentadas a seguir,

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mostrando a dimensão de justiça que avaliam

Questões Dimensão de Justiça

Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) mostram interesse genuíno em serem justos comigo.

Justiça Interpessoal Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) lidam comigo de modo honesto e ético.

Os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) são

completamente francos e sinceros comigo.

Antes de decidirem sobre assuntos que me dizem respeito, os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino)

procuram ouvir os meus pontos de vista.

Justiça Informacional

Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus superiores

diretos (coordenador e gerente de ensino) me dão explicações

claras.

Quando tomam decisões sobre o meu trabalho, os meus superiores diretos (coordenador e gerente de ensino) discutem comigo as

implicações dessas decisões.

Os critérios usados para promoções são justos.

Justiça Procedimental Os procedimentos da minha instituição asseguram que as decisões sejam tomadas sem favorecimentos pessoais.

As decisões são tomadas de modo consistente para todos os

professores.

Tendo em conta a minha experiência, considero que as recompensas (remuneração, benefícios, segurança no emprego,

reconhecimento, liberdade, autonomia) que recebo são justas.

Justiça Distributiva de

Recompensas

Considerando as minhas responsabilidades, as recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas.

Considerando o estresse e pressões da minha atividade

profissional, as recompensas (remuneração, benefícios,

reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas.

Tendo em conta a forma como faço meu trabalho, considero que

as recompensas (remuneração, benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade, autonomia no trabalho) que

recebo são justas.

Considerando meu esforço, as recompensas (remuneração,

benefícios, reconhecimento, segurança no emprego, liberdade e autonomia no trabalho) que recebo são justas.

As tarefas docentes que me tem sido distribuídas são justas.

Justiça Distributiva de

Tarefas

As tarefas que me são atribuídas são justas.

Tendo em conta as condições de trabalho que me são oferecidas,

considero injustas as tarefas que me são exigidas.

Sou consultado sobre a natureza das disciplinas que leciono.

Os critérios usados para a distribuição da carga horária/número de

disciplinas são justos.

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5

Análise e interpretação dos resultados

A pesquisa teve início com uma pesquisa qualitativa, que consistiu na caracterização da

instituição. Foi buscado o histórico da mesma e o responsável pelo setor de Recursos

Humanos forneceu um documento institucional, que narrava o histórico da UNIBH.

Além disso, recorreu-se à narrativa feita pela professora orientadora da dissertação que

trabalhou na instituição desde sua criação e se dispôs a expor o que conhecia da

mesma. Foram ouvidos, ainda, docentes e gestores que fizeram comentários sobre suas

experiências na instituição. Considera-se dispensável apresentar neste relatório o

histórico institucional, embora seja oportuno registrar que desde 1961 a instituição

funcionou como faculdade isolada e por volta de 1999 transformou-se em centro

universitário. Em 2008, em razão da crise financeira mundial, e de problemas

financeiros da própria instituição, a fundação que mantinha a UNIBH enfrentou

dificuldades financeiras, apresentando uma dívida de cinquenta e dois milhões de reais,

segundo noticiado no jornal Estado de Minas. Um grupo de São Paulo, que já havia

adquirido outro Centro Universitário em Belo Horizonte, adquiriu também a UNIBH.

No segundo semestre de 2016, quando foi realizada a pesquisa, a UNIBH empregava

557 professores e 677 colaboradores e atendia a 17.361 alunos. A instituição dispunha,

nesse momento, de quatro campi distribuídos em Belo Horizonte.

Para avaliar a confiabilidade do questionário neste estudo, utilizou-se o coeficiente

Alpha de Cronbach, que mede a consistência interna do instrumento de análise. Em

todos os níveis de percepção, os coeficientes de Alfa de Cronbach apresentaram um

resultado satisfatório, ou seja, superiores a 0,70, sendo que o menor coeficiente de Alfa

de Cronbach ocorreu no construto Justiça distributiva de tarefas.

Para a aplicação de testes estatísticos, torna-se necessária a verificação de alguns

pressupostos para o desenvolvimento das análises unidimensional e multidimensional,

tais como verificação de outliers, normalidade, homogeneidade da variância e

linearidade, bem como, da confiabilidade interna, já realizada anteriormente.

Após análise dos pressupostos citados, os dados foram submetidos à análise

unidimensional, tais como médias e desvios padrões, aplicada em cada uma das

questões referente às percepções de justiça. Para a análise das hipóteses da pesquisa,

aplicou-se o teste de análise de variância e teste de correlações.

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Nas distribuições de frequência do perfil da amostra pode-se observar uma distribuição

de gênero masculino ligeiramente superior, registrando 55,2% dos entrevistados. A

distribuição por faixa etária apresentou um pequeno percentual de docentes com idade

abaixo de 28 anos, observando uma concentração de docentes na faixa etária entre 28 A

42 anos, (59,5%).

Analisando-se a distribuição de docentes em relação à data de entrada na UNIBH, a

amostra apresenta um percentual de 21,0% dos entrevistados com entrada anterior a

2009. Logo, perto de 80% dos docentes da instituição pertence ao quadro de pessoal

constituído após a aquisição da mesma pela organização educacional, que é

proprietária, também, de outras instituições de ensino. Quanto à titularidade acadêmica,

a predominância registrada na amostra é de docentes com mestrado (67,1%),

ressaltando um significativo percentual de docentes com titularidade igual ou superior a

este (28,7%).

Após a análise da base de dados, obtida na pesquisa desenvolveu-se o cálculo das

medidas descritivas da amostra, observando-se que todas as variáveis apresentaram

pontuação média acima de 3,5 que é a média aritmética de pontuações que variam de 1

(Discordo totalmente) até 6 (Concordo Totalmente).

As questões que alcançaram maiores pontuações médias foram nas questões que

integram as dimensões das justiças interpessoal e distributiva de tarefas. Associando as

médias com o desvio padrão, tem-se o coeficiente de variação que retrata o grau de

concentração dos dados em relação à média do grupo. Desta forma encontramos menor

variabilidade de respostas, também nas questões que integram as dimensões das

justiças interpessoal e distributiva de tarefas.

Para retratar a média ponderada das variáveis em cada uma das dimensões da

percepção de justiça, consideraram-se os pesos obtidos nas cargas através do método de

componentes principais. Observou-se que o maior valor das médias é a percepção de

Justiça Interpessoal, com média 4,51 e o de menor valor médio a percepção de Justiça

distributiva de recompensas com média 3,72.

Para análise das hipóteses foram aplicados os testes de análise de variância, que tem o

objetivo de verificar a existência significativa entre as médias, e o teste de existência de

correlação. Dentre os pressupostos necessários para os testes, observou-se a

independência entre os grupos de teste, os que entraram antes e depois de 2009, gênero

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e nível de titulação acadêmica. Neste mesmo sentido não se verificou a normalidade

das variáveis.

Quanto à homogeneidade, aplicou-se o teste de Levene, observando-se que em alguns

grupos não se verificou a homogeneidade. Mesmo não sendo atendidos todos os

pressupostos listados, optou-se pela aplicação dos métodos paramétricos,

considerando-se, além da quantidade de dados da pesquisa, a não existência de dados

extremos.

Observou-se que as médias atribuídas pelos docentes que entraram na UNIBH antes de

2009 apresentam maiores valores, em todos os tipos os cinco tipos de justiça.

Entretanto não foram significativamente superiores.

Foram analisadas as seguintes hipóteses: Primeira hipótese: Existe significativa

diferença entre a percepção de justiça de docentes que trabalham na UNI-BH desde

período anterior à sua aquisição pelo grupo mantenedor atual e docentes que trabalham

a partir desta aquisição em 2009. Segunda hipótese: Existe diferença entre a percepção

de justiça de docentes do gênero masculino e do gênero feminino; Terceira hipótese:

Existe uma correlação entre os níveis de titulação acadêmica do docente e o nível de

percepção de justiça.

No teste da primeira hipótese, o resultado apresentado em todos os tipos de percepção

de justiça mostrou uma percepção de justiça pouco mais elevada entre os antigos

docentes da instituição. Este resultado indica não haver motivo para aceitar a

desigualdade das pontuações médias das percepções em função da época de entrada na

UNIBH.

No teste da segunda hipótese, os resultados apresentados em todos os tipos de

percepções de justiça foram superiores a 5%, o que indica não haver motivos para

aceitar a desigualdade das pontuações médias em função do gênero.

No teste da terceira hipótese, apenas nos níveis de percepção Interpessoal e

informacional verificou-se a existência de correlação significativamente diferente de

zero com o nível de titularidade. Ainda que significativos, a correlação registra valores

baixos representando pequena relação entre estes tipos de percepção de justiça e as

titularidades.

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Observou-se, também, que as médias atribuídas aos tipos de percepção em função da

graduação acadêmica, tiveram diferenças significativas na percepção interpessoal entre

os níveis de mestrado e doutorado.

No quadro abaixo está apresentada a síntese dos testes aplicados neste conjunto de

dados.

Hipóteses Resultados

Primeira Hipótese: Existe diferença significativa entre as percepções de justiça de docentes que trabalham na

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR,

desde período anterior à sua aquisição pelo grupo mantenedor atual e docentes que

trabalham desde a aquisição (2009).

Não existe diferença significativa entre as percepções dos docentes, quanto a data de

entrada na UNIBH

Segunda Hipótese: Existe diferença entre a

percepção de justiça de docentes do gênero

masculino e do gênero feminino.

Não existe diferença significativa entre as

percepções dos docentes, quanto ao gênero.

Terceira Hipótese: Existe uma correlação entre os níveis de titulação acadêmica do

docente e o nível de percepção de justiça.

Existe correlação entre os níveis de titulação acadêmica do docente e o nível de percepção

de justiça apenas nas percepções Interpessoal

e Informacional

Fonte: Dados da pesquisa

Portanto, conclui-se que o estudo da percepção de justiça não evidenciou diferença

significativa dentro das categorias de gênero e data de ingresso do docente na

instituição. Ao verificar grupos de diferentes níveis de titulação, o resultado revelou

diferenças significativas de pontuações médias na avaliação de percepção de justiça dos

docentes entre os níveis de titularidade de mestrado e doutorado, mas somente em

relação à dimensão interpessoal.

Quanto às correlações entre os tipos de percepção e os níveis de titularidade, registra

significativa correlação nas percepções de justiça Interpessoal e Informacional. Porém,

ainda que significativos, a correlação registra valores baixos representando pequena

relação entre estes tipos de percepção de justiça e as titularidades.

Cabe salientar que o pequeno valor do coeficiente de correlação observado em outros

tipos de percepção, deve-se a uma significativa igualdade das médias atribuídas nas

respectivas percepções associadas aos diversos níveis da titularidade.

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9

Considerações finais

A partir da segunda metade da década de 1990, o Ministério da Educação do Brasil

apresentou um novo desenho para o ensino superior, visando a facilitar a oportunidade

de formação em nível superior para pessoas vindas de classes menos privilegiadas

economicamente. Entre as medidas tomadas, merece destaque a expansão da rede

privada e os planos de financiamento do ensino para jovens vindos dessas classes

sociais. A consequência foi o crescimento do ensino superior da rede privada e as

transformações processadas no funcionamento das organizações educacionais e nas

relações de trabalho que nelas se desenvolvem. (DUTRA, 2012).

O mercado de trabalho dos profissionais de educação também foi afetado de forma

significativa. Muitos tiveram a oportunidade de se inserirem na carreira nas várias

escolas emergentes e muitos também buscaram a qualificação necessária, através da

realização de cursos de Mestrado e Doutorado. A ampliação do número de professores

preparados para assumirem a regência de disciplinas nas diversas instituições foi

responsável por medidas adotadas pelas Instituições de Ensino Superior

(INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR) para contratarem docentes que

assegurassem melhor qualidade de ensino e a dispensarem aqueles que não atendiam às

suas exigências, conforme afirma Dutra (2012).

A partir de 2015, devido à crise do financiamento do ensino superior, observa-se que

nas IES da rede privada vem ocorrendo dispensa de inúmeros docentes, uma vez que

houve uma redução significativa do número de alunos. Este fato é responsável pela

insegurança dos professores de ensino superior que atuam nessas instituições, pois a

todo o momento são assaltados pelo receio de serem dispensados. A situação

mencionada justifica a importância de se realizar esta pesquisa, pois se considera

importante verificar como os docentes percebem a justiça organizacional. O autor deste

trabalho considera que se os profissionais se sentirem tratados com justiça

compreenderão medidas adotadas pelas instituições e serão evitados processos

trabalhistas tão frequentes no Brasil.

O conceito de justiça adotado no presente estudo foi de uma avaliação subjetiva e

empírica, em relação às dimensões distributiva de tarefas, distributiva de recompensas,

procedimental, interacional interpessoal e interacional informacional, conforme

proposto por Rego (2001).

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Avaliar a percepção de justiça dos docentes da UNI-BH pode constituir um recurso para

os gestores da instituição avaliarem como se sentem os docentes em relação à justiça e,

com isto, evitarem situações advindas de relações de trabalho que possam comprometer

esta percepção e resultar em causas trabalhistas. Alguns pontos devem ser realçados

neste relatório. O primeiro deles aponta que não existe variação significativa entre a

percepção de justiça de docentes que trabalham na IES antes da aquisição da mesma

pela Anima e daqueles que trabalham a partir da referida aquisição sugerindo que as

mudanças organizacionais não refletiram significativamente na percepção de justiça dos

docentes das unidades de Belo Horizonte. Além disso, não se evidenciou diferença

significativa dentro das categorias de gênero, sugerindo quer não há percepção de um

tratamento diferenciado entre os docentes do gênero masculino ou feminino na

instituição pesquisada.

Ao verificar grupos de docentes que possuem diferentes níveis de titulação, o resultado

do presente trabalho revelou a existência de diferenças significativas de pontuações

médias na percepção de justiça dos docentes em relação à dimensão interpessoal de

justiça. Neste aspecto, o estudo revelou que as diferenças ocorreram entre os níveis de

titularidade de mestrado e doutorado, sugerindo que os docentes percebem uma

diferença na forma de tratamento dispensada pela instituição em relação aos docentes

com título de mestres e os com título de doutores.

Por fim, foram encontradas correlações significativas entre os tipos de percepção de

justiça e os níveis de titularidade somente nas dimensões interpessoal e Informacional,

mas, em valores muito baixos, o que representa uma correlação fraca. Ainda assim, o

resultado pode apontar que de modo geral o tratamento digno e respeitador,

representados na dimensão interpessoal, e a justificação de atos e acesso a informações,

representados na dimensão informacional, são melhor avaliados pela percepção dos

docentes com título de doutorado do que os detentores de título de mestrado.

É importante realçar alguns pontos importantes:

1. Esta pesquisa constitui um estudo de caso de uma IES que constitui apenas uma das

unidades de uma organização educacional que reúne várias outras.

2. A amostra adotada se refere aos docentes das unidades de Belo Horizonte e a

população estudada tem profissionais que atuam também em diversas outras unidades

que não constituíram objeto da pesquisa.

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3. Por se tratar de um estudo de caso, a generalização é reduzida, logo, os resultados

aplicam-se à Instituição de Ensino Superior estudada, especialmente às suas unidades

de BH e não às outras unidades da mesma empresa.

Sugere-se que sejam realizadas outras pesquisas como: pesquisas em outras unidades

localizadas fora de Belo Horizonte para estudo comparativo com os resultados

apurados na capital; pesquisar a percepção de justiça em outras Instituição de Ensino

Superior que integram o mesmo grupo empresarial para estudo comparativo.