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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENS ÃO MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO LOCAL
LUCIENE APARECIDA DA SILVA
FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, TRABALHO DOCENTE
COLABORATIVO E DESENVOLVIMENTO LOCAL: desafios aos portais
educacionais
Belo Horizonte 2010
LUCIENE APARECIDA DA SILVA
FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO E DESENVOLVIMENTO
LOCAL: desafios aos portais educacionais
Dissertação apresentada ao Mestrado em Gestão
Social, Educação e Desenvolvimento Local do
Centro Universitário UNA, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Inovações Sociais,
Educação e Desenvolvimento Local.
Linha de pesquisa: Processos Educacionais –
Tecnologias Sociais e Desenvolvimento Local
Orientadora: Prof.ª Dra. Lucília Regina de Souza
Machado
Belo Horizonte 2010
S586f Silva, Luciene Aparecida da
Formação docente continuada, trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local: desafios
aos portais educacionais. / Luciene Aparecida da Silva. – 2010.
262.: il.
Orientador: Prof.ª Dra. Lucília Regina de Souza Machado
Dissertação (Mestrado) - Centro Universitário UNA 2010. Programa de
Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.
Bibliografia f. 178-185
1. Professores - Educação permanente - Ensino auxiliado por computador. 2. Tecnologia da
informação. I. Machado, Lucília Regina de Souza. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658.114.8
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho com grande amor e imensurável gratidão aos
meus queridos pais: Ramiro e Maria.
AGRADECIMENTOS
À minha família, meu maior tesouro. Com especial menção aos meus pais e irmãos
pelas orações e renúncias.
À minha querida orientadora Lucília, pela supervisão sistemática, carinho,
compreensão, paciência, rigor, braveza, generosidade e parceria. Essas palavras dizem muito
pouco sobre a grandiosidade da pessoa e da profissional Lucília Machado. Simplesmente, não
há como mensurar e retribuir todo o árduo investimento que essa preciosidade de pessoa fez
no meu desenvolvimento estudantil.
Aos gestores educacionais do (CRV, DTAE, STE, NTE e escola) pela hospitalidade e
generosidade em transpor os obstáculos da intensa agenda de trabalho para concessão de
entrevistas e acesso a fontes documentais.
Aos admiráveis e competentes professores do Curso de Mestrado em Gestão Social,
Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. Com especial menção e
gratidão à Professora Rosalina Braga pelo aprendizado adquirido na disciplina de
Metodologia Científica e leitura zelosa do Projeto de Pesquisa, seguida de valiosas sugestões
e recomendações que muito contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos queridos colegas e amigos do mestrado, em especial a Adriana Bicalho,
responsável pela transcrição das entrevistas realizadas, Nelson Garcia, pela escuta e incentivo
de todos os dias e Luzia Fernandes, com quem muito aprendi, sobretudo, a prosseguir.
Aos amigos, colegas de trabalho e chefia imediata da Diretoria Pedagógica da SRE –
Metropolitana C. Em especial a: Dyrce Martins de Carvalho, Gabriela Santos Pimenta, Vânia
Lúcia Ferreira, Denísia, Lúcia Glória, Rosinéa Lomba, Vanessa da Consolação, Ana Paula
Patente, Hugo de Sena e Elisa (da DIV/RH).
A Sinval da Silva Rodrigues, amigo de caminhada.
À Dona Marieta Vieira, por abrigar-me como filha.
Às professoras Raciolina Moreira, Tânia Alves e Leonor Cristina que abdicaram noites
de sono, fins de semana e horas de lazer para revisar e formatar esse trabalho.
A DEUS, que na sua infinita misericórdia e bondade colocou todas essas pessoas no
meu caminho. Apenas mencionar o nome de todas elas é muito pouco ante tudo que fizeram
para auxiliar-me.
RESUMO
Esta dissertação teve como objetivo geral analisar as concepções e as estratégias mediante as quais gestores de portais educacionais têm buscado produzir resultados com relação à formação docente continuada, ao fomento da cultura do trabalho colaborativo mediado por tecnologias de informação e comunicação (TICs) e ao desenvolvimento local. A hipótese formulada serviu de eixo para o desenvolvimento da pesquisa. Ela diz que, nas concepções e estratégias mediante as quais gestores buscam alcançar o cumprimento das finalidades de portais educacionais, se destacam duas condições fundamentais: a concepção da matriz de responsabilidades e papéis (especialmente, a relação entre centralização e delegação) e as formas de lidar com a questão das experiências culturais do professorado com relação às TICs. Para desenvolver essa investigação, foram escolhidos procedimentos metodológicos que considerassem contextos concretos e permitissem encontrar respostas sobre as condições que se fazem necessárias para que a gestão de portais educacionais seja bem-sucedida e alcance a governança estratégica na promoção da formação docente, do trabalho docente colaborativo e do desenvolvimento local. Para tanto, a pesquisa de campo compreendeu a análise de documentos impressos e eletrônicos concernentes ao Centro de Referência Virtual do Professor, da Secretaria do Estado de Educação de Minas Gerais, portal selecionado para estudo de caso, observação direta do seu ambiente virtual e a realização de entrevistas semiestruturadas com as pessoas chave que atuam na sua gestão. Atenção especial foi dada à identificação dos pontos fortes e fracos da gestão deste portal e às sugestões para seu aprimoramento. Para tanto, verificou-se que dentre as condições necessárias para que a gestão de portais educacionais seja bem-sucedida e alcance a governança estratégica, destacam-se: ter sempre como referência as finalidades do portal, realizar procedimentos sistemáticos de obtenção de informações sobre os usuários, avaliar o nível de satisfação destes, atender o princípio da equidade, fazer o monitoramento e a avaliação contínua dos resultados alcançados de modo a corresponder aos objetivos e às diretrizes dos programas e projetos socioeducacionais. Palavras-chaves: Gestão de Portais Educacionais; Tecnologias da Informação e Comunicação; Desenvolvimento Local.
ABSTRACT
This work aimed at analyzing the conceptions and strategies through with managers have sought educational portals which might produce results regarding continued teacher education, while fostering a culture of collaborative work mediated by information and communication technologies (ICTs) and local development. The hypothesis built up served as a hub for the development of the research. It reveals that within the concepts and strategies through which managers are seeking to achieve compliance with the purposes of educational portals, we may highlight two key conditions: the design of the array of responsibilities and roles (particularly the relationship between centralization and delegation) and the forms of deal with the issue of cultural experiences of teachers in relation to ICTs. To develop this research were chosen methodological procedures which consider concrete contexts and enable them to find answers about the conditions which are necessary for the management of educational portals to succeed and achieve the strategic governance regarding the promotion of teacher education, collaborative teaching work and local development. In order to do so, the field research approached analysis of printed papers and electronic documents concerning the Centro de Referência Virtual do Professor, da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, portal selected for case study, direct observation of their virtual environment and the realization of semi-structured interviews with key people who work in its management. Special attention was given to the identification of strengths and weaknesses towards this site and suggestions for its improvement. To this end, it was found that among the conditions required for the management of educational portals to succeed and achieve strategic governance, are: always keep the purposes of the portal as a reference, boost up perform systematic procedures to obtain information about the users, evaluate their satisfaction, address the principle of fairness, do the monitoring and continuous evaluation of results achieved in order to meet the goals and guidelines for programs and socioeconomic projects.
Keyword: Purposes of Educational Portals; Information and Communication Technologies; Local Development.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Homepage do CRV em 01/10/2009 ............................................................. 20
FIGURA 2 - Prédio do Centro de Referência do Professor .............................................. 26
FIGURA 3 - Logomarca do CRP ..................................................................................... 27
FIGURA 4 - Logomarca do CRV ..................................................................................... 28
FIGURA 5 - Homepage do CRV em 10/08/2010 ............................................................. 54
FIGURA 6 - Homepage do CRV em 22/06/2010 ............................................................. 56
FIGURA 7 - Homepage do CRV em 27/06/2007 (parte superior da tela) ....................... 57
FIGURA 8 - “Suposta” Homepage do CRV exibida no início de 2007 ........................... 57
FIGURA 9 - Tela inicial do Fórum .................................................................................. 61
FIGURA 10 - Área I do CRV / Apoio à atividade docente .............................................. 62
FIGURA 11 - Área II do CRV- Biblioteca Virtual .......................................................... 63
FIGURA 12 - Áreas III e V do CRV ................................................................................ 64
FIGURA 13 - Links para atualização do navegador na web ............................................. 65
FIGURA 14 - Área IV do CRV– Sistema de Troca de Recursos ..................................... 65
FIGURA 15 - Área VI do CRV – Institucional ................................................................ 66
FIGURA 16 - Atlas da Educação Web ............................................................................. 67
FIGURA 17 - Quadros da parte central da homepage do CRV ........................................ 67
FIGURA 18 - Gestão, Identidade e vinculação Institucional do CRV/2007 .................... 71
FIGURA 19 - Logomarca do Projeto Escolas em Rede ................................................... 72
FIGURA 20 - Organograma da DTAE ............................................................................. 72
FIGURA 21 - Logomarca do Simave ............................................................................... 85
FIGURA 22 - Logomarca do SIMADE ............................................................................ 85
FIGURA 23 - Logomarca do IHR .................................................................................... 86
FIGURA 24 - Logomarca do Metasys .............................................................................. 86
FIGURA 25 - Logomarca do JEMG ................................................................................. 87
FIGURA 26 - Logomarca do PROINFO .......................................................................... 87
FIGURA 27 - Enquete: Frequência do Usuário ao Fórum de Discussão do CRV ........... 111
FIGURA 28 - Enquete: Preferências do Usuário Sobre Ferramentas de Acesso às
Informações Educacionais .................................................................
112
FIGURA 29 - Enquete: Avaliação do Usuário Sobre o Site da SEE-MG ........................ 113
QUADRO 1 - Gestão do CRV e Vinculação Institucional / dezembro de 2005 .............. 50
QUADRO 2 - Setores da DTAE ....................................................................................... 73
QUADRO 3 - Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do
CRV Focalizadas no 1º Período de Avaliação .............................................
98
QUADRO 4 - Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do
CRV Focalizadas no 2º Período de Avaliação .............................................
99
QUADRO 5 - Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do
CRV Focalizadas no 3º Período de Avaliação .............................................
100
QUADRO 6 - Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do
CRV Focalizadas no 4º Período de Avaliação .............................................
101
QUADRO 7 - Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do
CRV Focalizadas no 5º Período de Avaliação .............................................
102
QUADRO 8 - Avaliação da Ação 2.2.1 (Desenvolvimento do CRV) Focalizada no 6º
Período de Avaliação ...................................................................................
103
QUADRO 9 - Avaliação das Ações 1.5 e 2.2.1 (Desenvolvimento do CRV) Focalizada
no 7º Período de Avaliação ..........................................................................
105
QUADRO 10 - Avaliação dos Indicadores e Metas (Desenvolvimento do CRV)
Focalizados no 8º e 9 º Períodos de Avaliação ............................................
107
QUADRO 11 - Entrevista 1 - Gestor 1 do CRV - Obtenção e uso das informações pela
gestão sobre os usuários do CRV .................................................................
117
QUADRO 11.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 do CRV - Obtenção e uso das
informações pela gestão sobre os usuários do CRV ....................................
120
QUADRO 11.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador do CRV - Obtenção e uso das
informações pela gestão sobre os usuários do CRV ....................................
121
QUADRO 11.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - Obtenção e uso das
informações pela gestão sobre os usuários do CRV ....................................
123
QUADRO 12 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e formação docente continuada .............. 130
QUADRO 12.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 - CRV e formação docente continuada . 131
QUADRO 12.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - CRV e formação docente
continuada ....................................................................................................
132
QUADRO 12.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e formação
docente continuada .......................................................................................
133
QUADRO 13 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e fomento do trabalho docente
colaborativo mediado por TICs ...................................................................
138
QUADRO 13.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 - CRV e fomento do trabalho docente
colaborativo mediado por TICs ...................................................................
140
QUADRO 13.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - CRV e fomento do trabalho
docente colaborativo mediado por TICs ......................................................
141
QUADRO 13.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e fomento do
trabalho docente colaborativo mediado por TICs ........................................
142
QUADRO 14 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e promoção do desenvolvimento local ... 146
QUADRO 14.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 - CRV e promoção do desenvolvimento
local ..............................................................................................................
147
QUADRO 14.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - CRV e promoção do
desenvolvimento local .................................................................................
148
QUADRO 14.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e promoção do
desenvolvimento local .................................................................................
149
QUADRO 15 - Entrevista 1 - Gestor 1- Aspectos gerais sobre a gestão do CRV ........... 155
QUADRO 15.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3- Aspectos gerais sobre a gestão do CRV 157
QUADRO 15.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - Aspectos gerais sobre a gestão do
CRV .............................................................................................................
158
QUADRO 15.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - Aspectos gerais sobre a
gestão do CRV .............................................................................................
160
QUADRO 16 - APÊNDICE A - Portais Educacionais Pré-Selecionados ........................ 186
QUADRO 17 - Informações Relacionadas às Ações Vinculadas ao CRV e Conteúdos
Adicionados nas Diversas Áreas do Portal ..................................................
235
QUADRO 17.1 - Informações Sobre Demais Projetos e Parcerias Interinstitucionais da
SEE-MG .......................................................................................................
237
QUADRO 17.2 - Informações Sobre as Escolas Estaduais .............................................. 239
QUADRO 17.3 - Informações / Indicação de fontes de pesquisa .................................... 241
QUADRO 17.4 - Informações de Interesse Geral do Professor ....................................... 243
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AGE - Advocacia Geral do Estado
BH - Belo Horizonte
BI - Banco de Itens
BV - Biblioteca Virtual
CAA - Comissão de Acompanhamento e Avaliação
CAEd - Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação
CBCs - Conteúdos Básicos Comuns
CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CF/88 - Constituição Federal de 1988
CRP - Centro de Referência do Professor
CRP/BH - Centro de Referência do Professor de Belo Horizonte
CRV - Centro de Referência Virtual do Professor
DACR - Diretoria de Apoio Operacional e Controle de Redes
DTAE - Diretoria de Tecnologias aplicadas à Educação
DTEC - Diretoria de Recursos Tecnológicos
EAD - Educação a Distância
EF - Ensino Fundamental
EJA - Educação de Jovens e Adultos
ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
EVCA - Escola Viva, Comunidade Ativa
FUNDEP - Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa
GDP - Grupos de Desenvolvimento Profissional
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IHR - Instituto Hartmann Regueira
JEMG - Jogos Esportivos-Escolares de Minas Gerais
LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEA - Plano de Monitoramento e Avaliação
MEC - Ministério da Educação
MERCOSUL - Mercado Comum do Sul
MC - Minicursos
NTE - Núcleo de Tecnologias Educacionais
OP - Orientações Pedagógicas
OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PAAE - Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar
PAV - Projeto Acelerar Para Vencer
PC - Propostas Curriculares
PE - Planos de Ensino
PEAS JUVENTUDE - Projeto de Educação Afetivo Sexual
PEP - Programa de Educação Profissional
PEP EJA - Programa de Educação Profissional de Jovens e Adultos
PDP - Programa de Desenvolvimento Profissional
PIP - Programa de Intervenção Pedagógica
PNE - Plano Nacional de Educação
PMDI - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado
PPAG - Plano Plurianual de Ação Governamental
PPP - Parcerias Público-Privadas
PROALFA - Programa de Avaliação da Alfabetização
PROEB - Programa de Avaliação da Educação Básica
PROETI - Projeto Escola de Tempo Integral
PROINFO - Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional
RA - Roteiros de Atividades
RD - Recursos Didáticos
RFPOM - Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado
SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica
SEE-MG - Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais
SEED - Secretaria de Educação a Distância
SEEJ-MG - Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude
SEGOV - Secretaria de Estado de Governo
SEPLAG - Secretaria de Planejamento e Gestão
SIE - Superintendência de Informações Educacionais
SIMADE - Sistema Mineiro de Administração Escolar
SIMAVE - Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública
SISTTI Sistemas e Soluções em Tecnologia da Informação
SER - Superintendência Regional de Ensino
SRE / Metrop. C - Superintendência Regional de Ensino Metropolitana C
STE - Superintendência de Tecnologias Educacionais
STR - Sistema de Troca de Recursos
TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação
TRE - Troca de Recursos Educacionais
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNICEF - United Nations Children's Fund
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14 1.1 Definição do tema ............................................................................................... 14 1.1.1 Definição do problema ........................................................................................ 15 1.1.2 Site, website e portal educacional ........................................................................ 18 1.1.3 Dos contextos da investigação ............................................................................ 19 1.1.3.1
Do Centro de Referência do Professor (CRP) ao Centro de Referência Virtual do Professor (CRV) .............................................................................................
23
1.2 Dos objetivos desta dissertação ........................................................................... 29 1.2.3 Resultados esperados: proposta de intervenção ou de inovação social ............... 29 1.3 Motivações .......................................................................................................... 30 1.4 Metodologia e procedimentos de investigação ................................................... 32 1.4.1 Natureza da Pesquisa ........................................................................................... 32 1.4.2 Procedimentos de Coleta de Dados - Técnicas / Instrumentos ........................... 34 1.4.3 Roteiro de coleta de dados .................................................................................. 36 1.4.4 Organização e análise dos dados ......................................................................... 36 1.5 Estrutura da dissertação ....................................................................................... 37
2 A MATERIALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO CRV ............................... 39 2.1. Gestão de websites .............................................................................................. 39 2.1.1 Usabilidade e atributos motivacionais da visitação a um site ............................. 41 2.2 A Reforma Curricular em Minas Gerais e o CRV .............................................. 44 2.3 A materialização do CRV: do escopo do projeto à implantação do portal ......... 48 2.4 Interface, conteúdo e funcionalidades do CRV ................................................... 53 2.4.1 A interface do CRV ............................................................................................. 53 2.4.2 Conteúdo e funcionalidades do CRV .................................................................. 59 2.5 O arranjo gestionário do portal educacional governamental CRV ..................... 69
3 A POLÍTICA EDUCACIONAL EM MINAS GERAIS: CONTEXTO E IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, O TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO MEDIADO POR TICS E O DESENVOLVIMENTO LOCAL ................................................................
74
3.1 Elementos inspiradores da política educacional das últimas décadas ................. 74 3.2 Políticas públicas, gestão e governança educacional: definições, modelos e
implicações ................................................................................................... 75
3.2.1 A avaliação como mola propulsora da gestão de programas e políticas públicas 78 3.3 O Choque de Gestão na administração pública mineira – interface e
delimitações entre gestão pública e gestão social ............................................... 80
3.4 Concepção de desenvolvimento e de governança nas estratégias do Governo de Minas e parcerias institucionais na educação .................................................
83
3.5 Interfaces e delimitações entre formação docente continuada, trabalho docente colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local ...................................
88
4 O DESENVOLVIMENTO DO CRV – IMPLICAÇÕES DA ESTRATÉGIA DE CELEBRAÇÃO DE PARCERIA ENTRE A SEE-MG E O IHR PARA A FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, O TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO MEDIADO POR TICS E O DESENVOLVIMENTO LOCAL ................................................................
96
4.1 A Promoção do Desenvolvimento Estrutural do Portal no Contexto do Projeto Escolas em Rede ..................................................................................................
96
4.2 O que as enquetes evidenciam sobre o comportamento e opiniões do usuário ... 111
5 IMPLICAÇÕES DAS CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS GESTIONÁRIAS PARA A FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, O TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO MEDIADO POR TICS E A PROMOÇÃO DESENVOLVIMENTO LOCAL ...........................................
114
5.1 Pressupostos da construção do roteiro de entrevistas .......................................... 114 5.2 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e
técnico pedagógico do NTE em relação à obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV ........................................................................
116
5.3 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e técnico pedagógico do NTE em relação ao CRV e à formação docente continuada ...........................................................................................................
128
5.4 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e técnico pedagógico do NTE em relação ao CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs .............................................................
137
5.5 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e técnico pedagógico do NTE em relação ao CRV e à promoção do desenvolvimento local .........................................................................................
145
5.6 Aspectos gerais da gestão do CRV: implicações para a formação docente continuada, fomento à cultura do trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local .........................................................................................
151
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 162 6.1 Refazendo o(s) percurso(s) da pesquisa .............................................................. 162 6.2 Recomendações e sugestão de formas de aprimoramento das ações
gestionárias do CRV – identificando pontos frágeis e fracos ............................. 169
6.3 Os desafios, conquistas e possibilidades da pesquisa ......................................... 174 6.4 Proposta de intervenção social ............................................................................ 176 6.4.1 Resultados esperados: organização dos dados para construção da proposta de
intervenção ou de inovação social ....................................................................... 176
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 178
APÊNDICES ...................................................................................................... 186 APÊNDICE A – Quadro 1 – Portais Educacionais Pré-Selecionados ................ 186 APÊNDICE B – Transcrição das Entrevistas ..................................................... 188 APÊNDICE C – Amostra/2009 de Manchetes da Seção Notícias do CRV ........ 235 APÊNDICE D – Proposta de Intervenção Social ................................................ 245
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Definição do tema
Os fenômenos da abertura comercial e da mais livre movimentação do capital
financeiro, conhecidos como globalização da economia e surgidos a partir das décadas finais
do século passado, trouxeram demandas de reestruturação das relações produtivas no mundo
do trabalho e da educação.
Amparada pelas conquistas no campo das tecnologias de informação e comunicação
(TICs), uma dessas transformações desencadeadas assinala o advento das sociedades em
redes, uma forma de relação social em que tais tecnologias ocupam um lugar determinante.
Com seu progressivo aprimoramento e difusão, o emprego das TICs tem exigido
maior disposição e capacidade de aprendizado permanente e, ao longo da vida de todos, um
dos maiores desafios a serem enfrentados pelos cidadãos nas sociedades globais do século
XXI.
Em se tratando dos profissionais da educação, tal demanda reveste-se de um caráter
ainda mais importante e premente, por ser o conhecimento, em todas as suas dimensões e
estatutos epistemológicos, matéria-prima essencial do trabalho pedagógico e da força de
trabalho docente.
O transbordamento do conhecimento para além das margens que o continham
aprisionado, graças à emergência da Internet e a dinâmica instável que o faz em mutação
constante, não admitem mais a organização disciplinar estanque e o enrijecimento ou
padronização dos usos dos tempos e espaços de aprendizagens.
A reconfiguração do perfil docente torna-se uma necessidade inadiável, pois o ofício
docente se torna mais complexo e passa a requerer um profissional predisposto a aprender
sempre e apto a atuar colaborativamente nos processos educacionais extra e intraescolares,
inclusive no desenvolvimento local, enfrentando e transpondo o desafio de educar com e para
o uso social dos meios tecnológicos.
Por esses e outros motivos, o tema da qualificação docente para o trabalho pedagógico
e, mais centralmente, da formação de professores, rouba a atenção e o interesse no cenário
educacional brasileiro. Em meio ao apogeu das TICs, os portais educacionais se apresentam
15
como ferramentas indispensáveis ao enfrentamento dessa complexa demanda que envolve
numerosas dificuldades e amplas frentes de atuação.
As necessidades de formação docente continuada, de fomento da cultura do trabalho
docente colaborativo mediado pelas TICs e a possibilidade de qualificar continuamente os
docentes de forma interativa e eficaz são apresentadas como algumas das principais
motivações e justificativas para o surgimento de portais educacionais, fenômeno que vem
crescendo expressivamente em iniciativas e raio de influência (ASSAD; JARDZWSKI, s/d,
s/p1).
Noutras palavras, os portais educacionais seriam instrumentos oportunos para políticas
e programas de formação profissionais docentes que estivessem interessados em fomentar um
novo perfil profissional com melhor qualidade e comprometidos com o desenvolvimento
local, pois poderiam fornecer insumos para aulas, materiais diversos para consulta, alcançar
abrangência geográfica ampla, diuturnamente, garantindo aportes constantes em face de novas
demandas educacionais (ASSAD; JARDZWSKI, s/d, s/p2).
1.1.1 Definição do problema
A despeito das potenciais funcionalidades e comodidades de apoio à formação
docente, ao fomento do trabalho docente colaborativo e ao desenvolvimento local e da
diversidade dos sites educativos disponíveis, é preciso perguntar se tais páginas têm sido
concebidas e geridas de forma a possibilitar a manifestação de opiniões e posicionamentos
dos professores e condições de seleção de fontes de informações, ferramentas e suportes
tecnológicos com os quais irá trabalhar. Sem dúvida, a forma como esses portais são geridos
pode condicionar a forma pela qual o professor utiliza tais suportes tecnológicos com
implicações sobre seu aperfeiçoamento docente e melhoria de desempenho profissional.
A questão da forma de gestão dos portais é importante porque a incorporação e o uso
do computador e da Internet como ferramentas pedagógicas no cotidiano escolar, embora
crescentes, têm encontrado obstáculos de ordens diversas, tais como a ausência de
1 Saber Virtual. Disponível em: <http://www.profissaomestre.com.br>. Acesso em 02 nov. 2008. 2 Na avaliação de Assad e Jardzwski (s/d), “[...] existem inúmeros endereços na Internet com o objetivo de oferecer apoio aos profissionais da educação. Muitos de qualidade, outros de menor relevância, alguns específicos, outros mais gerais”.
16
qualificação de nível elementar dos educadores no que se refere ao manejo do equipamento e
seus periféricos e domínio de programas e comandos, ainda que básicos, de informática.
Estes obstáculos encontram-se aliados a outros inerentes à descrença e resistência de
um contingente expressivo de educadores. Noutras palavras, a cultura docente ainda arraigada
no quotidiano escolar contemporâneo desconsidera e, por vezes, não está convencida das
possibilidades e vantagens que a introdução do uso associado das TICs aos demais recursos
didáticos pedagógicos pode agregar ao processo ensino-aprendizagem.
Tais constatações permitem crer que, embora se assista a uma crescente difusão da
prestação de serviços de ordem pública e privada pela Internet por meio de websites
governamentais e de outros oriundos dos demais setores da sociedade, o uso dos portais
educacionais pelos docentes tem se restringido apenas ao acesso às informações de ordem
utilitária.
Daí a relevância da discussão sobre modelos de gestão dos portais educacionais, pois
estes podem estar tendo pouco ou nenhum impacto no processo de formação docente
continuada, na interação e troca de experiências entre os docentes, no fomento do trabalho
compartilhado numa mesma unidade escolar ou envolvendo outras instituições do sistema
educacional e, finalmente, no papel que os educadores podem desempenhar no
desenvolvimento local, mediante a disseminação da cultura de incorporação do uso
pedagógico das TICs aos processos educacionais escolares.
Pouco se conhece sobre modelos de gestão de portais educacionais e suas implicações
sobre o alcance dos seus objetivos. Nessa perspectiva, também pouco se conhece sobre o que
pensam e sabem os gestores de portais eletrônicos em relação aos resultados obtidos com o
uso dessa ferramenta na promoção da formação docente, do trabalho docente colaborativo e
do desenvolvimento local, e sobre como agem na busca das condições necessárias para que o
uso desse recurso tecnológico seja bem-sucedido com relação aos propósitos enunciados.
Provavelmente, suas concepções e estratégias incluam questões relacionadas ao tipo e
qualidade das informações e ferramentas que são colocadas à disposição dos educadores.
Supõe-se que contemplem também o incitamento e a motivação dos educadores ao uso das
TICs no processo de ensino-aprendizagem e artifícios para auxiliá-los a superar dificuldades
nesta esfera prática.
Mas as concepções e estratégias dos gestores de portais educacionais têm incorporado
a preocupação pela indução e fomento da cultura do trabalho docente colaborativo mediado
pelas TICs? Elas têm dado conta da importância da articulação da formação docente
continuada com os projetos pedagógicos escolares? Elas têm incluído a necessidade de
17
articular o trabalho docente colaborativo mediado por TICs com os processos de
aperfeiçoamento dos projetos pedagógicos escolares? Elas trabalham com a perspectiva de
tornar os professores agentes do desenvolvimento local, tornando-os multiplicadores do uso
das TICs em espaços escolares e não escolares?
Sobre tais questões, pouco se sabe. É preciso investigar. Por outro lado, presume-se
que os gestores de portais educacionais prospectem, analisem e ajam com base em
informações sobre os educadores que os acessam e sobre como estes os utilizam.
O que eles sabem de seus perfis e interesses; de suas preferências quanto a conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados; das incorporações destes aos processos escolares; da
avaliação que esses usuários fazem da qualidade dos portais; das mudanças que vêm
ocorrendo em seu perfil de formação e em suas práticas profissionais a partir desse acesso?
Interessa-lhes saber se os educadores usuários estão mais propensos a práticas de
trabalho docente colaborativo e até avançando em experiências concretas?
Se a experiência dos portais educacionais vem permitindo alcançar acúmulo teórico e
metodológico sobre tais questões, pouco se sabe. Provavelmente, isso vem ocorrendo, mas é
preciso averiguar.
Por outro lado, não surpreende conjeturar sobre carências e necessidades das equipes
responsáveis por esses portais de aportes gerenciais inovadores que permitam elevar a
eficiência, eficácia e efetividade de suas estratégias de formação docente continuada e de
disseminação da cultura do trabalho colaborativo nos processos educacionais escolares e nas
comunidades em que as escolas estão inseridas.
Vale, portanto, perguntar sobre a compreensão que gestores de portais educacionais
possuem sobre a importância e necessidade da cultura do trabalho docente colaborativo para
os espaços e processos educacionais não escolares e sua influência sobre o desenvolvimento
local.
Para desenvolver a interlocução com a realidade empírica desses portais a partir da
problematização acima exposta, foi realizado um estudo de caso do portal educacional
governamental Centro de Referência Virtual do Professor (CRV) da Secretaria de Estado de
Educação de Minas Gerais (SEE-MG).
18
1.1.2 Site, website e portal educacional
Dorfman (2002, p.11) afirma que “o uso do termo “portal” não possui uma única
definição, sendo empregado para designar diversos tipos de sites na Internet.”
Entretanto, para Rodrigues (2005), embora os termos site, website e portal sejam, via
de regra, empregados como sinônimos, designam, na concepção do autor, domínios
diferenciados da Internet. Ao conceber como sinônimos apenas os termos site e website,
Rodrigues (2005) afirma que:
Como espaço básico da informação, o website tem como principal objetivo organizá-la, estruturando uma hierarquia para que todo o conteúdo seja entendido e acessado com facilidade. A alma de um site é sua arquitetura de informação, ciência que tem séculos de vida e nasceu da primeira grande experiência do ser humano em organizar seu conhecimento adquirido e documentado – a biblioteca. Um website nada mais é que um grande arquivo. Se estiver bem organizado, encontra-se facilmente a informação, e o objetivo final foi alcançado. (RODRIGUES, 2005)3.
Para destacar a diferença entre site ou website e o termo portal, o autor argumenta que
um “portal não é um ‘site grande’” e esclarece que:
A diferença é que portal tem 100% do foco nos seus públicos, e cria conteúdos específicos para eles, os chamados “conteúdos verticais”. Além disso, um portal possui ferramentas que constroem um real relacionamento entre quem produz e que consome a informação, como fóruns bem conduzidos e compilados, pesquisas online sérias – que vão muito além das enquetes rasteiras e mal aproveitadas –, e chats que promovem a construção de um real Conhecimento, e não são apenas salas de bate-papo. Muitos sites de grandes empresas não incluem nem conteúdos verticais, nem ferramentas de relacionamento, mas ainda assim se dizem portais (RODRIGUES, 2005).
Nesta pesquisa, a expressão portal educacional designa o ambiente de integração de
informações e sistemas ou páginas na Internet, com características interativas, destinado a
prover aos usuários o acesso a diversos tipos de conteúdos e serviços educacionais, a qualquer
momento, em qualquer lugar, de forma segura, simples, interativa, conveniente, confiável e
personalizada. Nesse sentido, proporciona-lhes experiências educativas de utilização de várias
aplicações de interesse educacional e a criação de ambientes produtivos de trabalho
pedagógico integrado. Os portais educacionais se propõem a facilitar a busca por informações
nas diversas fontes disponíveis, a tornar mais ágeis os mecanismos de tomada de decisão e a
contribuir com a geração de maior produtividade dos processos administrativos e
pedagógicos.
3As diferenças entre site, portal, hotsite e minisite. Publicado em 18 de abril de 2005. Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/2005/04/18/site-ou-portal/>. Acesso em: 10 dez. 2009.
19
1.1.3 Dos contextos da investigação
A partir da década de 1990, o cenário político-administrativo brasileiro sofreu
reconfigurações nas esferas estatais federal, estaduais e municipais em razão das chamadas
reformas neoliberais no campo da gestão pública.
É também a partir dessa década que, em certa medida, proliferam e ganham expansão
os websites governamentais, influenciados provavelmente pela emergência, com abrangência
internacional dos conceitos de governança e governo eletrônico, e também pela discussão
sobre os mecanismos de controle social, transparência informacional e ética na administração
pública.
Com a justificativa de tornar o estado moderno, eficiente e eficaz, o governo de Minas
Gerais desenvolveu e implantou a partir de 2003 um novo modelo de gerenciamento
governamental, autodenominado choque de gestão e autodefinido como orientado pela ótica
de “Estado para Resultados”. Isso significa sustentação no equilíbrio fiscal e em acordos de
resultados4, segundo os seguintes princípios:
• gastar menos com a máquina governamental para ampliar os investimentos no desenvolvimento e na qualidade de vida das pessoas;
• acabar com as ideias de que o dinheiro público, por ser de todos, não é responsabilidade de ninguém, e de que o Estado é sinônimo de ineficiência e desperdício;
• criar metas concretas de benefícios para a população a serem atingidas pela administração do Estado (MINAS GERAIS, 2010, p.2).5
Com o redesenho do organograma administrativo mineiro desde a implantação da
primeira etapa do Choque de Gestão em 2003, para cada secretaria estadual foram definidos
projetos estruturadores6 e complementares.
4“Instrumento de pactuação de resultados que estabelece, por meio de indicadores e metas, quais os compromissos devem ser entregues pelos órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual às autoridades que sobre eles tenham poder hierárquico. Em contrapartida, são concedidas aos acordados autonomias gerenciais e, em caso de desempenho satisfatório, pagamento de prêmio de produtividade aos servidores, como incentivo.” (VILHENA, 2008, p. 14). 5 Secretaria de Estado de Governo. Revista Eletrônica Choque de Gestão e Educação. Disponível em: <http://resultados.mg.gov.br/pdf/SEGOV%20-%20EDUCACAO%20-%20REVISTA%2021x30cm.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2010. 6 Os Projetos Estruturadores constituem a orientação estratégica mediante a qual a atual administração pública mineira planeja e executa as ações de melhoria para o Estado. Martins (2008, s/p.) afirma que são premissas dos projetos estruturadores: “Transformar a visão de futuro em resultados concretos que sinalizam a mudança desejada; efeito multiplicador: capacidade de gerar outras iniciativas privadas ou públicas; mobilizar e articular recursos públicos, privados ou em parceria; produzir a percepção da sociedade: ‘quem governa tem uma visão de futuro que está sendo construída, mediante ações concretas’; organizar-se como um projeto, com foco bem definido, objetivo mensurável, ações, metas, prazos, custos, resultados esperados, que permitam um gerenciamento intensivo”.
20
Atualmente, oito designações compõem o quadro de Projetos Estruturadores da
Educação no âmbito da SEE-MG: Novos Padrões de Gestão e Atendimento, Programa de
Desenvolvimento Profissional (PDP), Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública
(SIMAVE), Projeto Escola de Tempo Integral (PROETI), Projeto Acelerar Para Vencer
(PAV); Promédio, Programa de Educação Profissional (PEP) e Escola Viva, Comunidade
Ativa (EVCA). Outras sete designações constituem o quadro de Projetos Complementares da
Educação: Alfabetização no Tempo Certo, Projeto de Educação Afetivo Sexual (PEAS
JUVENTUDE), Escolas em Rede, Pró-Ciência, Educação Ambiental, Afrominas e Projeto
Incluir (MINAS GERAIS/SEE, s/d.)7.
Na homepage do CRV são disponibilizados links de acesso às principais informações
sobre todos e quaisquer projetos estruturadores ou complementares da educação mineira em
implementação pela SEE-MG e parcerias interinstitucionais. Os links de acesso podem ser
visualizados no menu lateral esquerdo, na parte superior e inferior da FIG. 1.
FIGURA 1 - Homepage do CRV em 01/10/2009
a) Parte superior da tela do portal b) Parte inferior da tela do portal
Fonte: MINAS GERAIS/SEE (s/d)
7Secretaria de Estado de Educação. Centro de Referência Virtual. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 2010.
21
Nessa perspectiva, os websites governamentais constituem, de maneira geral,
instrumento a serviço do princípio constitucional específico da administração pública,
enunciado no art. 37 da Constituição Federal (CF/88) – a publicidade – e, portanto, a serviço
da transparência e controle social (BRASIL, 1988).
Em 2007 teve início a segunda fase do Choque de Gestão. Como suporte à
consolidação dessa etapa, foi delineado o planejamento estratégico denominado Plano
Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), ancorado na premissa da efetiva conexão
entre os investimentos públicos e os resultados esperados (PESTANA; TAVARES JÚNIOR;
MENDES, 2009)8. Na perspectiva da integração, colocar em prática o princípio da
intersetorialidade figura como grande desafio da gestão governamental.
Vilhena (2008, p. 2) relaciona como as principais frentes de inovação empregadas
nessa Segunda Geração do Choque de Gestão, inaugurada em 2007, os seguintes
componentes:
– Monitoramento dos Projetos Estruturadores; – Acordos de Resultados; – Prêmio por Produtividade; – Avaliação de Desempenho; – Termos de Parceria (VILHENA, 2008, p. 2).
Foi nesse contexto que em 27 de dezembro de 2006 a SEE-MG celebrou com a
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)9 Instituto Hartmann Regueira
(IHR)10, o Termo de Parceria11 Nº 62.1.3.1301/200612 mediante o qual foi firmado vínculo de
cooperação entre as partes, tendo por objeto “o desenvolvimento do Projeto Escolas em Rede
nas Escolas Estaduais do Estado de Minas Gerais, no escopo do Projeto Estruturador Novos
Padrões de Gestão e Atendimento da Educação Básica”. Esse termo de parceria vigorou por
três anos, mediante periódicas prorrogações da vigência e processamento de ajustes e
acréscimos no documento original por meio da constituição de quatro termos aditivos ao
8PESTANA, Marcus; TAVARES JÚNIOR, Francisco. e MENDES, Eugênio Vilaça. Bases Conceituais e Programáticas do Choque de Gestão na Saúde em Minas Gerais. II Congresso Consad de Gestão Pública - Painel 23: Inovações gerenciais na saúde. 2009. Disponível em: <http://www.repositorio.seap.pr.gov.br/arquivos/File/Material_%20CONSAD/paineis_II_congresso_consad/painel_23/bases_conceituais_e_programaticas_do_choque_de_gestao_na_saude.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2010. 9 Vilhena (2008, p. 24), esclarece que o termo OSCIP, refere-se ao “título concedido a organizações de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam no desenvolvimento de projetos e programas sociais que representem o interesse público.” 10Disponível em: <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 11 Segundo definição de Vilhena (2008, p. 24), o termo designa “instrumento de vinculação entre o órgão do poder público estadual e uma OSCIP, para o fomento e a execução de atividades de interesse público” constituído pelos seguintes elementos estruturais: “objeto; quadro de indicadores e metas dos resultados previstos, com o cronograma de desembolso; critérios para avaliação de desempenho; previsão de receitas e despesas”. 12MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG. Disponível em: <http:// www.seplag.mg.gov.br>. Acesso em 11 out. 2009.
22
termo celebrado em 2006. Seu encerramento consumou-se em dezembro de 2009.
Na cláusula primeira desse Termo de Parceria, parágrafo único, está registrado que:
O desenvolvimento do Projeto Escolas em Rede por este TERMO DE PARCERIA abarca uma série de atividades como a inclusão digital de professores, alunos e comunidades, a facilitação do gerenciamento das Escolas Estaduais do Estado de Minas Gerais e o desenvolvimento do Centro de Referência Virtual do Professor. (MINAS GERAIS, 2006a, p. 1)13.
O projeto Escolas em Rede prevê a progressiva instalação de laboratórios de
informática até atingir todas as 3.920 escolas estaduais e, segundo informações disponíveis no
site institucional,
Visa propiciar às escolas do sistema estadual de ensino, oportunidades, condições de atuação de forma articulada e cooperativa por meio da cultura do trabalho em rede e da incorporação das novas tecnologias às suas atividades educativas e administrativas, tendo como sua grande meta viabilizar a utilização do computador na escola em todas as áreas e, por isso trabalhar um público-alvo diversificado dentro das unidades escolares: dirigentes, funcionários, especialistas, professores, alunos e comunidade escolar (MINAS GERAIS/SEE, s/d)14.
Em seu escopo, o projeto Escolas em Rede apresenta como um de seus objetivos
específicos a conexão das escolas à Internet e a instalação do CRV, com o intuito de favorecer
o acesso de todos os professores à publicação de informações, aos recursos, serviços de
orientação pedagógica e projetos didáticos desenvolvidos via web, destinados a fomentar a
incorporação das novas tecnologias na prática educativa escolar e a desenvolver a cultura do
trabalho colaborativo por meio da constituição de uma rede de permanente intercâmbio
docente.
Para isso, segundo consta no Anexo IV do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-
MG e o IHR, o Projeto Escolas em Rede tem como foco cinco metas fundamentais, dentre as
quais figura a implementação e desenvolvimento do CRV:
- informatizar a administração e implantar sistema de gestão em todas as escolas, o que permitirá aumentar a capacidade de aumentar e controlar o funcionamento de toda a rede de ensino;
- instalar laboratórios de informática para os alunos em todas as escolas, permitindo aos professores dispor de recursos didáticos inteiramente renovados;
- conectar todas as escolas estaduais à internet abrindo aos educadores possibilidades de conhecimento de novas técnicas pedagógicas;
- desenvolver e disponibilizar na internet o Centro Virtual do Professor - CRV, portal destinado aos professores, que tem acesso a recursos didáticos e orientações pedagógicas;
- capacitar professores e demais educadores em cursos de formação inicial para o trabalho na área de informática (MINAS GERAIS, 2006a, p.4)15.
13Documento pioneiro disponível em: <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 14Disponível em: <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 18 dez. 2008. 15Documento disponível em: <http://www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. Documento adequado e atualizado mediante o terceiro aditamento.
23
As demais informações contidas no Anexo IV desse documento sinalizam os motivos
pelos quais a SEE-MG decidiu-se pela contratação do IHR. Nesse anexo do Termo de
Parceria, cuja redação foi adequada e atualizada após o terceiro aditamento, processado em
março de 2009, lê-se que:
Devido à complexidade e dimensão do projeto em atender 3920 escolas, distribuídas em 853 municípios, 2,7 milhões de alunos em todos os níveis da educação básica e 160 mil docentes, a SEE não identificou em seus quadros profissionais com formação específica e em quantidade suficiente para implementação do projeto. Isto tornou indispensável contar com a colaboração de consultores e instituições especializadas nesse campo, o que levou a SEE a desenvolver a parceria como Instituto Hartmann Regueira - IHR.
O IHR é uma OSCIP, fundada em 2002 e certificada em 08 de agosto de 2003, sediada em Belo Horizonte, Minas Gerais. Desenvolve projetos sociais, destacando-se em práticas de gestão e empreendimentos. Seu diferencial em relação às outras organizações de terceiro setor é a sua familiaridade com as tecnologias modernas. Por estas razões, os parceiros SEE-MG e IHR, embora com papéis distintos, mas complementares, vêm implantando e consolidando o Projeto “Escolas em Rede”, notadamente nas cinco metas fundamentais, garantindo qualidade e agilidade no processo. (MINAS GERAIS, 2006a, p. 4).
1.1.3.1 Do Centro de Referência do Professor (CRP) ao Centro de Referência Virtual do
Professor (CRV)
Para tratar da sua origem, procedendo assim à contextualização histórica do CRV, foi
realizada uma busca de informações nos documentos disponíveis, inclusive em meio
eletrônico, sobre o momento inicial do projeto, o problema e as oportunidades identificadas
naquela época, as expectativas em relação ao projeto e o contexto histórico no qual
transcorreu a idealização e criação do portal governamental educacional CRV. Tais elementos
contribuem para melhor compreensão da concepção de política pública que orientou a
formulação do Projeto Escolas em Rede e, mais centralmente, do CRV.
No Anexo IV do Termo de Parceria firmado entre a SEE-MG e o IHR, a primeira
afirma que:
No plano das organizações, especialmente as de natureza educacional, o sistema escolar público precisa implementar estratégias de formação de redes, para operar na nova realidade, caracterizada pelas inovações que têm sido introduzidas na educação pela busca da eficácia e da qualidade, pela otimização dos recursos e pelo compartilhamento de esforços.
A estrutura reticulada se constitui em forte instrumento para gerar e fazer circular riqueza, informação e conhecimento. Donde se conclui que, para o sistema como um todo e para cada escola em particular, o fato de estar conectada ou não a
24
uma rede é, cada vez mais, um fator relevante de transformação e de possibilidades de interação com conceitos, conhecimento, habilidades e valores diversificados.
No Brasil, as políticas educacionais não acompanharam no mesmo ritmo dos setores produtivos, as evoluções tecnológicas e conceituais da formação de redes colaborativas, surgidas a partir da disseminação “on line” do conhecimento. Nas escolas públicas de Minas Gerais, até 2002, as iniciativas de modernização e introdução dos recursos tecnológicos eram tímidas e sustentadas por recursos Federais.
A partir de 2003 a SEE-MG, ao estabelecer suas políticas públicas, definiu como prioridade disseminar o uso da tecnologia em sua rede de escolas, oferecendo condições para seu uso e incentivando para que ela seja cada vez mais empregada no desenvolvimento de atividades educativas e administrativas. (MINAS GERAIS, 2006a, p. 4).
Segundo a SEE-MG, foi nesse contexto que surgiu o Projeto Escolas em Rede,
elemento complementar ao Projeto Estruturador Novos Padrões de Gestão e Atendimento.
No Anexo IV do referido Termo de Parceria, a SEE-MG afirma que sua expectativa –
e da própria sociedade em relação ao Projeto Escolas em Rede – “é que o ensino nas escolas
estaduais receba a contribuição da tecnologia que, somada às outras ações propostas na
política educacional do Estado, logre a formação integral dos cidadãos das novas gerações.”
(MINAS GERAIS, 2006a, p.4).
Dentre outros aspectos correlatos à gradativa implantação de projetos estruturadores e
complementares no âmbito da administração pública mineira e, mais centralmente, à adoção
de medidas diversas e ações institucionais desencadeadas na rede estadual de educação,
merece destaque a reforma curricular que se sucedeu naquela época. Haja vista que, ao ser
idealizado para ser o portal educacional da SEE-MG, o CRV foi concebido, sobretudo, para
ser veículo difusor e irradiador da nova proposta curricular em construção e implementação
nas escolas da rede estadual, tal como se depreende das informações contidas no parágrafo
subsequente.
No dia 08 de abril de 2005, foi publicada no Diário Oficial de Minas Gerais a
Resolução SEE n° 666/2005 que “estabelece os Conteúdos Básicos Comuns (CBCs) a serem
obrigatoriamente ensinados pelas unidades de ensino estaduais que oferecem as séries finais
do fundamental e o ensino médio”16, e onde se lê no Parágrafo Único do seu Artigo 4° a
seguinte afirmação:
A SEE deverá desenvolver e disponibilizar na Internet o Centro de Referência Virtual do Professor - CRV contendo orientações pedagógicas e recursos didáticos para implementação dos CBC, bem como um Banco de Itens para elaboração de testes de avaliação abrangendo todos os conteúdos dos CBC. (MINAS GERAIS, 2005b, p.2)17.
16Documento disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 11 out. 2009. 17idem.
25
Nesses termos, conforme a especificação inicial do projeto (novembro de 2004),
tiveram início em maio de 2005, sob suporte técnico de uma empresa especializada em
desenvolvimento de sistemas e soluções tecnológicas, denominada Sistemas e Soluções em
Tecnologia da Informação (SISTTI), e sob o assessoramento do grupo de consultoria
congregado a esta empresa e denominado Tecnologia de Projetos, as etapas de
operacionalização do planejamento e implementação do portal educacional governamental
CRV.
Com o advento do funcionamento da versão experimental e de testes do CRV, a partir
de maio de 2005, o PDP18, objetivando auxiliar o docente a encontrar respostas para suas
dúvidas, planejou, em sua segunda linha de ação, focalizando com especial atenção o
processo nas Escolas-Referência, o desenvolvimento de 18 fóruns de discussão das propostas
curriculares das diversas disciplinas. Esse recurso foi desenvolvido de forma integrada ao
CRV. Cada um dos fóruns de discussão era, na época – e continua sendo hoje – coordenado
por especialistas das disciplinas. No site do PDP foram dispostos links de acesso aos diversos
fóruns localizados no CRV.
Nessa época, o Centro de Referência do Professor de Belo Horizonte (CRP/BH),
situado na Praça da Liberdade e fundado em 20 de outubro de 1994, começou a ter suas
instalações físicas desativadas, dando oportunidade para serem ali realizadas as instalações do
CRV.
Para Fernandes (2004, p.38), a inauguração do CRP em 1994 foi “resultado do
trabalho de um grupo de educadores pertencentes aos quadros da Universidade Federal de
Minas Gerais - UFMG e do Sistema Estadual de Ensino”.
O autor destaca que o CRP “seria um espaço para um encontro dos professores da
universidade, trazendo suas últimas teorias e sua tecnologia de ponta, com os professores das
escolas estaduais e suas vivências, experiências e ‘sofrências’.” (FERNANDES, 2004, p.38).
Peixoto (2004, p. 37) afirma que:
O CERP foi concebido como um espaço de encontro, visando proporcionar o diálogo entre passado e presente, entre os educadores e seus pares, entre estes e as instâncias promotoras do conhecimento, um espaço de troca de experiências e atualização, visando o enriquecimento cultural e o desenvolvimento profissional do professor. Em síntese, o propósito do Centro era e é colocar à sua disposição um repertório de conhecimentos validados pela pesquisa e capazes de garantir a legitimidade e eficácia às suas ações.
18O PDP é um dos componentes do Projeto Estruturador Desempenho e Qualificação dos Professores e “[...] destina-se à promoção do desenvolvimento profissional de educadores e à disseminação da cultura de trabalho em grupo” nas escolas estaduais que integram a Rede de Escolas-Referência. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv>. Acesso em: 20 jan. 2010.
26
Durante o período em que esteve em atividade, a SEE-MG destinou seu prédio
próprio, localizado na Praça da Liberdade, Bairro Funcionários, em Belo Horizonte, ao
funcionamento das seções do CRP: Núcleo da Memória, Laboratórios de Currículo, Centro de
Documentação, biblioteca especializada, videoteca, hemeroteca e serviço de informática.
Ao se acessar no portal CRV a área do Museu Virtual da Memória da Educação de
Minas Gerais, localiza-se no corpo do documento intitulado Centro de Referência do
Professor: um compromisso do governo mineiro com educação e a cultura, a seguinte
afirmação:
Cumprindo esta vocação histórica, a Secretaria de Educação, ao deixar o prédio-sede que ocupou, na Praça da Liberdade, desde 1930, deu-lhe a destinação de Centro de Referência do Professor - CRP, criado pela Lei 11.406/94 - Artigo 77 – “ Fica criado, na estrutura orgânica da Secretaria de Estado de Educação, na Subsecretaria de Desenvolvimento Educacional, de que trata a Lei nº 10.933, de 24 de novembro de 1992, o Centro de Referência do Professor, com a finalidade de propiciar a realização de estudos e investigações científicas, a utilização da tecnologia no processo pedagógico e a reconstrução da história do ensino em Minas Gerais, com vistas ao aperfeiçoamento técnico-pedagógico dos profissionais da educação” (Museu Virtual da Memória da Educação de Minas Gerais, grifos e negritos do autor)19.
FIGURA 2 – Prédio do Centro de Referência do Professor Fonte: MINAS GERAIS, s/d.20.
Fernandes (2004) salienta que, desde a sua inauguração, o Centro desenvolveu intensa
e diversificada programação que incluía debates, conferências, mostras, relatos de educadores,
oficinas experimentais, produção e lançamento de publicações pedagógicas, dentre as quais se
destacam a revista semestral Caderno do Professor, mídias educativas e implantação de
programas educacionais inovadores para servir de aporte aos profissionais do sistema mineiro
de educação.
Durante a década de seu funcionamento, o CRP adotou como logomarca a estampa
19MINAS GERAIS. Museu Virtual da Memória da Educação de Minas Gerais. Centro de Referência do Professor: um compromisso do governo mineiro com educação e a cultura. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/museu/port/index.asp> Acesso em 30 set. 2009. 20MINAS GERAIS. Museu Virtual da Memória da Educação de Minas Gerais. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/museu/port/index.asp> Acesso em 30 set. 2009.
27
abaixo, cujo traçado constitui uma reprodução gráfica das formas e contornos geométricos da
fachada do prédio sede de realização das atividades acima enumeradas. A construção abrigou
a sede da SEE-MG desde a década de 1930, constituindo-se assim num ícone da identidade
educacional do professorado mineiro.
FIGURA 3 - Logomarca do CRP Fonte: MINAS GERAIS, s/d., s/p 21
A composição de um Corpo Referencial constituído por educadores de renome
nacional predominou como estratégia gestionária das atividades e eventos educativos
desenvolvidos pelo Centro, conforme se constata na afirmação de Fernandes (2004, p.39):
Com a preocupação de assegurar a qualidade e a consistência de seus programas e desenvolver-se como espaço aberto à comunidade científica e cultural, o CRP projetou a constituição de um Corpo de Referees formado por credenciados educadores de notório saber nacional para, em reuniões semestrais, discutir e orientar projetos e programações de atividades do Centro, nas grandes metas de sua proposta institucional (FERNANDES, 2004, p.39).
Nos registros do Museu Virtual da Memória da Educação em Minas Gerais, ressalta-se
que “a experiência deste Centro mostrou-se de tal forma significativa que a Secretaria de
Educação criou quatro Centros de Referência do Professor no interior do Estado, em
Diamantina, Varginha, Governador Valadares e Uberlândia.” (MINAS GERAIS, s/d)22.
Contudo, em 2006, as instalações do CRP/BH, foram definitivamente desativadas.
Inicialmente esse espaço abrigou as instalações da sede física do CRV que, durante esse
período, permaneceu por oito meses em fase de funcionamento experimental e de testes.
Hoje, o prédio sede da antiga SEE-MG, abriga o Museu das Minas e do Metal,
inaugurado em março de 2010 e constituído de um importante acervo sobre metalurgia e
mineração (BRASIL, 2009)23.
A atual sede física do CRV está localizada na Rua Tomé de Souza, 371, Bairro
Funcionários, em Belo Horizonte. O endereço eletrônico de acesso é o
21MINAS GERAIS. Museu Virtual da Memória da Educação de Minas Gerais. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/museu/port/index.asp> Acesso em 30 set. 2009. 22Idem. 23BRASIL. Ministério do Turismo (2009). O Turismo e a Copa do Mundo: Brasil 2014. Atrativos Culturais da Capital Mineira. Disponível em: < http://www.copa2014.turismo.gov.br >. Acesso em: 07 out. 2010.
28
<http://crv.educacao.mg.gov.br>, podendo também ser acessado por meio do site da SEE-
MG, utilizando-se o endereço <http://www.educacao.mg.gov.br> e clicando-se sobre a sua
logomarca, representada pelo seguinte ícone:
FIGURA 4 - Logomarca do CRV Fonte: (MINAS GERAIS, s/d)24.
Note-se que o ícone empregado na confecção da logomarca do CRV corresponde ao
utilizado na logo do CRP. As diferenças de detalhes centram-se no preenchimento de cor do
plano de fundo, no contorno circular que envolve a figura do prédio e no destaque em fonte
caixa alta na cor amarela para a palavra VIRTUAL na composição da denominação do portal.
Da leitura de Pesce (2010) depreende-se que na introdução das TICs verifica-se uma
tendência de excluir o uso de ferramentas e de espaços convencionais ou de subordiná-los, em
vez de promover a convivência saudável e complementar de tecnologias e espaços diferentes.
A criação do CRV confirmou esta tendência, pois selou o encerramento da instituição
CRP. O contexto ideológico dessa decisão está associado ao discurso do chamado Choque de
Gestão do governo estadual mineiro, que tomou a perspectiva da construção do "Estado para
Resultados" e o conceito de qualidade orientado pelo critério eficientista de otimização de
recursos como pressupostos da modernização do aparelho estatal. Nesse sentido, tudo que não
se colocasse aderente a essa concepção gerencial foi visto como obsoleto, ineficiente e
inadequado. Assim, o encerramento das atividades do CRP se materializou sem que a
perspectiva da integração de opções e espaços tecnológicos diferentes ou de coexistência do
espaço físico com o espaço virtual pudesse ser examinada compreensivamente.
Diante do exposto sobre o portal governamental educacional CRV, a questão central
que articula as dúvidas que motivaram a proposição desta pesquisa é a seguinte:
Quais são as condições necessárias para que a gestão de portais educacionais seja
bem-sucedida e alcance a governança estratégica na promoção da formação docente, do
trabalho docente colaborativo e do desenvolvimento local?
24Disponível em http://www.educacao.mg.gov.br. Acesso em 30/09/2009.
29
1.2 Dos objetivos desta dissertação
O desenvolvimento desta dissertação foi orientado pelo objetivo geral de analisar as
concepções e as estratégias mediante as quais gestores de portais educacionais têm buscado
produzir resultados com relação à formação docente continuada, ao fomento da cultura do
trabalho colaborativo mediado por TICs e ao desenvolvimento local, identificando seus
pontos fortes e fracos e sugerindo formas de aprimoramento de suas ações.
Desse objetivo geral derivaram os seguintes objetivos específicos:
1. analisar como os gestores do portal educacional CRV/ SEE-MG obtêm informações sobre
os educadores usuários (perfis, interesses, preferências, práticas profissionais e impressões
sobre a qualidade dos conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados) e como as usam
na conformação e gestão desse portal;
2. analisar as concepções e estratégias mediante as quais os gestores do portal educacional
CRV/ SEE-MG buscam produzir resultados na formação docente continuada, no fomento
da cultura do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e no desenvolvimento
local;
3. verificar se e de que forma os gestores do portal educacional CRV/ SEE-MG relacionam
formação docente continuada, fomento da cultura do trabalho docente colaborativo e
desenvolvimento local.
1.2.3 Resultados esperados: proposta de intervenção ou de inovação social
Como resultado desta investigação, elaborou-se um Relatório Técnico Científico,
documento que integra esta dissertação (ver Apêndice D) e que contém a síntese das
informações obtidas com relação aos objetivos específicos, pareceres, sugestões e
recomendações, que poderão ser úteis à SEE-MG e ao CRV.
30
1.3 Motivações
Com esta investigação, pretendeu-se contribuir, de forma imediata, com o portal
educacional governamental CRV na efetivação dos seus propósitos e, mediatamente, com
outras iniciativas similares, pois foram gerados conceitos, pareceres, sugestões e
recomendações aplicáveis.
A iniciativa do CRV e de outros portais similares vai ao encontro do que preconiza a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN 9394/96), no seu Art. 87, § 3°, Inciso
III, que estabelece: “[...] cada município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá, dentre
outras atribuições, realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício,
utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância (EAD).” (BRASIL, 2005)25.
Esta pesquisa buscou construir sua relevância pela produção de conhecimentos novos
e aplicáveis à gestão de portais educacionais, para que cumpram sua função formadora e
possam ganhar reconhecimento social e maior poder de influência educacional.
Na literatura internacional sobre o tema em que se insere esta investigação, as
principais referências são Nielsen e Loranger (2007) e Black (1997). A abordagem desses
autores aplica-se, em linhas gerais, aos websites de qualquer natureza, sobretudo os de cunho
empresarial e comercial e, não especificamente, aos governamentais. Contudo, as diretrizes
assinaladas por esses estudiosos se aplicam, a priori e indistintamente, a toda categoria de
websites.
Apesar da crescente proliferação dos websites, sobretudo a partir da década de 1990,
conta-se, em âmbito nacional, com número bastante restrito de estudos com caráter stricto-
sensu que focalizam as questões subjacentes à gestão de websites.
Dentre os estudos mais recentes situam-se: a) Santos (2009), cujo trabalho, segundo
a autora, focaliza “As softs e os hards: a produção de conhecimentos em um portal de
educação de Curitiba-PR”; b) Menezes (2008), cujo estudo centrou-se na análise do modelo
didático-tecnológico do ambiente pedagógico colaborativo do portal dia a dia educação; c)
Barbosa e Nunes (2007), que discorrem sobre “A inteligibilidade dos websites
governamentais brasileiros e o acesso para usuários com baixo nível de escolaridade”; d)
25O Art. 1º do Decreto Nº 5.622, de 19 de Dezembro de 2005, que regulamenta o Art. 80 da LDBEN 9394/96, define “[...] a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (BRASIL, 2005).
31
Fileno (2007), que analisa a atuação do professor como autor de material para um ambiente
virtual de aprendizagem; e) Nunes (2006), que empreende análise pedagógica de portais
educacionais sob a lente da teoria da aprendizagem significativa; f) Medeiros (2005), que se
detém em desvelar a apropriação da cultura tecnológica na formação das redes sociotécnicas;
g) Dorfman (2002), que focaliza os atributos favoráveis à motivação para visitação de um site;
h) Iahn (2001), que investiga os portais educacionais sob o ângulo analítico do seu papel para
a educação virtual.
Nota-se, porém, que os estudos acima relacionados compõem uma pequena, mas
representativa amostra das produções disponíveis sobre a temática e indicam a tendência de
focalizar apenas um ou alguns dos princípios ou atributos da usabilidade na web, objeto
principal das análises de Nielsen e Loranger (2007) e Black (1997).
Com isso, pode-se dizer que a presente pesquisa apresenta certo ineditismo, pois
trabalhou um conjunto dos princípios ou atributos que materializam a gestão de um portal
web.
Para tanto a situação funcional da pesquisadora, lotada na função de Analista
Educacional da SEE / MG (e de assessoramento de unidades escolares da circunscrição
Metropolitana C da Superintendência Regional de Ensino (SRE / Metrop. C) concorreu
favoravelmente.
Este estudo foi desenvolvido em atendimento à área de concentração do Mestrado em
Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, que trata das Inovações Sociais,
Educação e Desenvolvimento Local, e à Linha de Pesquisa orientada aos Processos
Educacionais: Tecnologias Sociais e Desenvolvimento Local.
Pretendeu-se com essa investigação ir ao encontro dos interesses de todas as
instituições de ensino de todos os níveis e modalidades de educação e, mais diretamente, às
instituições gestoras de portais educacionais, públicas e privadas e de ensino superior
mantenedoras de cursos ofertados na modalidade EAD.
Espera-se que os benefícios gerados por este estudo possam conduzir a inovações na
gestão de portais educacionais, processos educacionais e de pessoas, representando uma
consequente adequação dos usos dos artefatos tecnológicos disponíveis às demandas
educacionais em geral e, mais especialmente, das categorias docentes usuárias de portais
educacionais.
32
1.4 Metodologia e procedimentos de investigação
A especificidade do objeto pesquisado, sua vinculação ao amplo contexto social em
que se situa e os objetivos deste estudo conduziram à opção por procedimentos metodológicos
de investigação referenciados no paradigma qualitativo da Teoria Crítica.
Segundo Alves-Mazzotti & Gewandsznajder (1999), esse paradigma se caracteriza por
entender que: a) os objetivos científicos devem estar direcionados à transformação social e à
emancipação humana; b) os recortes dos objetos de estudo devem ter em conta que os
“fenômenos só podem ser compreendidos se vistos como totalidade” (Idem, p.118); c) a
ciência e a sociedade são componentes indissociáveis de um sistema global; d) a metodologia
assume aspecto secundário diante da configuração do problema; e) na relação sujeito objeto,
estes são concebidos como “elementos integrados e coparticipantes do processo; e f) o
“julgamento de valor é considerado parte essencial do processo” de investigação (Idem,
p.118).
1.4.1 Natureza da Pesquisa
A pesquisa realizada se define, em primeiro lugar, pelo seu caráter interdisciplinar.
Pois abrangeu e buscou integrar o campo de investigação da gestão, mais especificamente de
portais, o da educação, focalizando a formação docente e o desenvolvimento local,
entendendo que a indução e a disseminação da cultura do trabalho pedagógico colaborativo
mediado pelas TICs é um ingrediente importante do fortalecimento endógeno das práticas de
trabalho escolares, com repercussões importantes nas relações das escolas com seu entorno
social.
Em segundo lugar, a pesquisa desenvolvida tem características predominantemente
qualitativas. Dias (2000)26, ao citar Liebscher (1998), afirma que:
Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas.
26 Disponível em: <http:// www.geocities.com/claudiaad/qualitativa.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2008.
33
Para Triviños (1987), as duas linhas de abordagem, qualitativa e quantitativa,
procedem da própria experiência dos pesquisadores, que são os responsáveis pelo enfoque que
desejam conferir à sua pesquisa. Abordagens de natureza qualitativa27 não precisam se apoiar
na informação estatística nem, tampouco, excluir o uso desta. Para esta pesquisa, a decisão
adotada foi de também utilizar, ainda que de forma pontual, análises quantitativas.
Em terceiro lugar, foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória, tomando-se
como ponto de partida elementos de um caso empírico particular, o portal CRV, para e com
base nas informações obtidas e analisadas, discutir os desdobramentos do problema estudado,
visando torná-lo mais evidente no contexto social e político mais amplo em que se situa,
incluindo o contexto do uso das TICs na educação, de forma a estimular a realização de novos
estudos sobre o assunto.
Foi preciso adotar a opção do estudo de caso, pois essa abordagem metodológica se
revelou como a mais adequada à discussão do problema investigado nesta pesquisa, já que se
tratava “[...] de fenômeno pouco investigado, o qual exige estudo aprofundado de poucos
casos, que leve à identificação de categorias de observação ou à geração de hipóteses para
estudos posteriores.” (ALVES-MAZZOTTI, 2006, p.644)28. É importante dizer que foi
realizado amplo levantamento bibliográfico em meio eletrônico e impresso, e que não se
encontraram investigações sobre gestão de portais educacionais.
Alguns elementos básicos serviram à definição dos critérios para a escolha do portal a
ser estudado29: tempo de funcionamento, diversidade de vinculação institucional, abrangência
e acessibilidade. Tais critérios levaram à seleção inicial de cinco portais educacionais: Portal
do Professor, CRV, Aprendaki, Profissão Mestre e Eaprender.
Entendeu-se, contudo, que o portal educacional governamental CRV atendia mais
plenamente aos interesses que motivaram a formulação dos objetivos geral e específicos desta
pesquisa.
Tomou-se em consideração a avaliação inicial de que esse portal seria objeto empírico
bastante rico para identificar desafios, limitações e conjecturar sobre possíveis soluções, tendo
em vista dotar os portais educativos de maior poder de mediação e efetividade com relação à
formação de professores e ao estímulo do trabalho docente colaborativo.
27Bogdan e Biklen (1994) demarcam cinco características fundamentais inerentes aos estudos de natureza qualitativa: a) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave; b) a pesquisa qualitativa é descritiva; c) os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados e o produto; d) os pesquisadores qualitativos tendem a analisar seus dados indutivamente; e e) o significado é a preocupação essencial na abordagem qualitativa. 28 Disponível em: <http://www.inep.gov.br>. Acesso em: 18 abr. 2010. 29Consultar Apêndice A - QUADRO 1 - Portais Educacionais Pré-Selecionados.
34
1.4.2 Procedimentos de Coleta de Dados - Técnicas / Instrumentos:
A pesquisa de campo compreendeu a captação de dados em documentos impressos e
eletrônicos, observação direta e a realização de entrevistas semiestruturadas com as pessoas
chave que atuam na gestão do portal CRV.
Os documentos impressos foram buscados na atual sede de funcionamento do CRV e
Superintendência Regional de Ensino Metropolitana C.
Os documentos provenientes de meios eletrônicos foram capturados no site de busca
Google, em websites e portais governamentais de Minas Gerais (www.educacao.m.gov.br;
http://crv.educacao.mg.gov.br; http://www.ppp.mg.gov.br; http://www.mg.gov.br;
http://www.educacao.mg.gov.br/webdtae; http://www.seplag.mg.gov.br) e no portal do IHR
(http://www.ihr.org.br).
Foram analisados documentos do Projeto Complementar Escolas em Rede e do
próprio portal CRV, para colher informações sobre a criação desse portal, seus princípios
norteadores, objetivos e finalidades a que se propõe, etapas de planejamento, implementação e
avaliação das ações realizadas e resultados obtidos.
Foram também analisados documentos inerentes à caracterização da gestão e
governança desse portal, como: a) Manual dos Grupos de Desenvolvimento Profissional; b)
relatórios de avaliação parcial provenientes do Workshop sobre Ambientes Virtuais da SEE-
MG realizado em 2005; c) Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR; d) Termos
Aditivos (I, II, III e IV) ao Termo de Parceria e relatórios da Comissão de Acompanhamento e
Avaliação (CAA) dos Termos de Parceria; f) 11º Relatório Gerencial da Avaliação dos
Resultados do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR (Período de Avaliação:
1o de outubro de 2009 a 31 de dezembro de 2009). Em todos eles foram selecionados
elementos de natureza histórica, política e social que pudessem servir à análise do modelo de
gestão e das condições de governança do CRV.
A observação direta da home page e das páginas internas do CRV destinou-se ao
estudo e análise descritiva dos componentes relacionados à interface (design), conteúdo e
funcionalidades do portal.
As entrevistas semiestruturadas, em número de quatro, foram realizadas mediante
interações face a face com os gestores educacionais, vinculados a algum dos principais níveis
de gestão desse portal.
É oportuno esclarecer que para a realização dessas quatro entrevistas, a pesquisadora
35
contou com a participação de cinco colaboradores. A despeito do planejamento inicial que
previa a realização das entrevistas individualmente, dois, dentre os colaboradores
relacionados para consulta, combinaram entre si, sem o conhecimento prévio da
investigadora, a concessão simultânea das suas entrevistas. Dessa forma, a segunda entrevista
ocorreu sob a interlocução simultânea de dois gestores, com base num único roteiro.
Os colaboradores foram selecionados considerando-se além do poder de decisão
conferido pelo cargo-função que exercem na estrutura administrativa do CRV30, a vinculação
e o impacto de sua atuação profissional face aos objetivos, propósitos e finalidades para os
quais o portal foi concebido. São eles:
1. profissional responsável pela gestão no âmbito da Superintendência de Tecnologias
Educacionais (STE);
2. profissional na função de gerente do Projeto Escolas em Rede com atuação no âmbito da
Diretoria de Tecnologias aplicadas à Educação (DTAE);
3. gestor em nível local no exercício da função de coordenador do CRV;
4. profissional na função de professor mediador do CRV;
5. profissional na função de Assistente Técnico Educacional do Núcleo de Tecnologias
Educacionais (NTE).
A definição e seleção dos entrevistados e a definição da estratégia da entrevista foi
feita após o estudo dos documentos obtidos e da observação direta do portal, no sentido de
esclarecer dúvidas, complementar informações, preencher lacunas e confirmar achados.
1.4.3 Roteiro de coleta de dados
A pesquisa documental e a observação direta do CRV se guiaram pela busca de
informações referentes à constituição histórico-institucional do portal, concepções e
estratégias mediante as quais seus gestores vêm buscando promover a formação docente
continuada, o fomento da cultura do trabalho colaborativo mediado por TICs e o
desenvolvimento local.
Cabe ressaltar que, tendo em vista o objetivo desta investigação e os princípios e
finalidades para os quais o CRV foi concebido, a mensuração dos níveis de interatividade e
30Consultar Figura 18, seção 2.5 do capítulo 2.
36
interação31 proporcionadas pelas áreas e respectivos quadros e ferramentas do CRV apresenta-
se também como aspecto fundamental a ser focalizado na seleção dos dados obtidos pela
adoção associada desses dois procedimentos.
As entrevistas semiestruturadas realizadas com gestores, professor mediador do CRV
e assistente técnico educacional do NTE tiveram como finalidade a obtenção de informações
sobre:
a) expectativas de resultados que possuem sobre este portal com relação à formação docente
continuada, ao fomento da cultura do trabalho colaborativo mediado por TICs e ao
desenvolvimento local;
b) a relação que fazem entre formação docente continuada, fomento da cultura do trabalho
docente colaborativo e desenvolvimento local;
c) as condições que seriam necessárias para que a gestão de portais educacionais seja bem
sucedida e alcance a governança estratégica na promoção da formação docente, do trabalho
docente colaborativo e do desenvolvimento local;
d) a correlação entre tais concepções e estratégias e as formulações que constam de
documentos do portal, a começar pelo seu projeto institucional;
e) a correlação entre tais referências com o que ocorre no cotidiano da gestão deste portal.
1.4.4 Organização e análise dos dados
O tratamento dos dados se orientou pela técnica da análise categorial e de conteúdo
conforme referencial teórico de Bardin (1977). Segundo a autora, a análise de conteúdo:
[...] é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção / recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 1977, p.42).
A análise categorial compreendeu a relação entre a abordagem do contexto e a
31Ao conceituar as TICs como “resultado da fusão de três grandes vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas”, Belloni (2001a, p. 21), descreve seus atributos centrais (interatividade e interação) e salienta que estes demandam sobremaneira o “saber como usá-las”. Segundo Belloni, (2001b, p.58) a interatividade designa “[...] característica técnica que significa a possibilidade de o usuário interagir com uma máquina”. A interação refere-se ao ineditismo das possibilidades de comunicação proporcionadas por estas tecnologias mediante as formas de “[...] ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é, encontro de dois sujeitos”, cuja ocorrência pode dar-se de forma direta ou mediatizada, diferida ou simultânea.
37
correlação entre gestores envolvidos e as informações obtidas. Portanto, os sujeitos e as
informações obtidas foram compreendidos contextualmente e não como variáveis isoladas.
A hipótese que orienta essa investigação constituiu o eixo básico da análise dos dados
encontrados. Ela diz o seguinte: nas concepções e estratégias mediante as quais gestores e
consultores buscam alcançar o cumprimento das finalidades de portais educacionais, se
destacam duas condições: a concepção da matriz de responsabilidades e papéis (especialmente
a relação entre centralização e delegação) e as formas de lidar com a questão das experiências
culturais do professorado.
Foi necessário, assim, verificar para cada vértice dessa pesquisa (formação docente
continuada, estímulo ao trabalho docente colaborativo e fomento do desenvolvimento local):
a) se tais condições aparecem com destaque ou se outras se evidenciam com maior
ascendência; b) como a gestão do portal CRV lida com tais condições e com outras visando
materializar suas finalidades; c) formas mediante as quais os consultados têm buscado
contornar debilidades e insuficiências da gestão; d) pontos fortes que merecem ser reforçados
na gestão deste portal.
1.5 Estrutura da dissertação
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos.
O presente capítulo, introdutório, apresenta os elementos metodológicos orientadores
da investigação (definição do tema, problematização, objetivos, motivações, metodologia e
resultados esperados), assim como uma abordagem conceitual inicial acerca do tema
enfrentado (gestão de portal educacional) e os contextos em que o caso estudado se inscreve.
O capítulo 2 apresenta o CRV ao leitor, mediante a focalização de sua materialização e
implantação. É composto de uma abordagem teórica em torno da gestão de websites,
usabilidade e atributos motivacionais da visitação a um site. Na sequência, contextualiza a
vinculação do CRV à reforma curricular em curso nas Minas Gerais. Apresenta, mediante a
pesquisa em fontes documentais, os elementos integradores do escopo do projeto de sua
criação. E, por meio da observação direta da pesquisadora, descreve os elementos de
interface, conteúdo, funcionalidades e o arranjo gestionário do portal.
O capítulo 3 trata da política educacional em Minas Gerais, seu contexto e implicações
para a formação docente continuada, o trabalho docente colaborativo mediado por TICs e o
38
desenvolvimento local. Nessa perspectiva, a abordagem teórica da qual se ocupa, focaliza os
elementos inspiradores da política educacional nas últimas décadas; as políticas públicas,
gestão e governança educacional (definições, modelos e implicações); a avaliação como mola
propulsora da gestão de programas e políticas públicas; o choque de gestão na administração
pública mineira (interface e delimitações entre gestão pública e gestão social); a concepção de
desenvolvimento e de governança nas estratégias de parcerias institucionais do Governo de
Minas na educação e as interfaces e delimitações entre formação docente continuada, trabalho
docente colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local.
No capítulo 4 são apresentados e analisados os dados provenientes de pesquisa
documental, referentes ao processo de desenvolvimento estrutural do CRV, focalizando as
implicações da estratégia de celebração de parceria entre a SEE-MG e o IHR para a formação
docente continuada, o trabalho docente colaborativo mediado por TICs e o desenvolvimento
local. Na sequência, são apresentados e analisados dados de enquetes sobre o comportamento
e opiniões do usuário do site da SEE-MG e do portal CRV.
O capítulo 5 apresenta e analisa os dados obtidos por meio da realização de entrevistas
com gestores, professor mediador do CRV e técnico pedagógico do NTE. A análise
processada focaliza as implicações das concepções e estratégias gestionárias para a formação
docente continuada, o trabalho docente colaborativo mediado por TICs e a promoção
desenvolvimento local.
Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as considerações finais em torno dos
resultados da investigação processada, seguidas de recomendações e formulação da proposta
de intervenção social.
39
2 A MATERIALIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO CRV
2.1 Gestão de websites
Esta investigação concebe o termo gestão de portais como o conjunto de
procedimentos que buscam criar as condições mais favoráveis para o uso dos recursos
implicados na estruturação e funcionalidades de um portal web visando obter a eficácia, a
eficiência e a efetividade na realização dos seus objetivos.
Da leitura de Black (1997), depreende-se como aspecto fundamental e decisivo ao
sucesso de um website o arranjo gestionário que o materializa na Internet. Para tanto, o autor
recomenda o uso de equipes pequenas, claramente identificadas e bem entrosadas em todas as
etapas do processo de trabalho, como condição para a criação de “[...] sites menos filtrados e
mais provocativos.” (BLACK, 1997, p. 157). Portanto, na composição básica da sua equipe
gestora, relacionam-se dentre os profissionais, àqueles diretamente ligados à produção do
conteúdo do site e os extras:
E mesmo nos sites maiores que são o domínio de alguma corporação [...], estas presenças extras não são usualmente produtores, designers ou programadores – provedores de conteúdo, por assim dizer – mas profissionais de marketing, promotores e contadores. Isto não é por acaso (BLACK, 1997. p. 151).
Segundo o autor, a clareza na adoção dessas medidas permite que as pessoas
diretamente envolvidas no trabalho de materialização do website trabalhem com maior
eficiência. Para essa perspectiva de enxugamento, Black comenta que “o que a editoração
eletrônica nos deu foi a capacidade de cortar os intermediários, de modo que a pessoa que tem
a idéia realmente produz a página.” (BLACK, 1997, p. 153)
Black é enfático ao valorizar os processos de troca entre os membros da equipe, aos
quais denomina “treinamento cruzado” e os aspectos inerentes à interdisciplinaridade, à
inteligência coletiva e ao capital social institucional:
Felizmente, a economia da Web impõe que seja seguido o caminho rude. E é assim que deve ser. A equipe pequena é perfeita para a Net. Não se pode esperar que uma única pessoa possa saber o suficiente sobre design, composição, vídeo e som para criar um site eficaz. O conhecimento da história e dos aspectos técnicos de todas as diferentes mídias é crucial. Mas uma pequena equipe, ao mesmo tempo em que se mantém suficientemente despojada para se comunicar, pode também unir talentos díspares para costurar algo maior, um todo, um novo tipo de mídia. (BLACK, 1997, p. 154).
40
O autor salienta que, “se há algo que realmente faz as pequenas equipes serem
eficientes são os avanços nas ferramentas”, agregando-se a esse fator que, “além de serem
pequenas, as equipes que produzem os sites da Web de maior sucesso são geralmente
diversificadas32.” (BLACK , 1997, p. 158).
Segundo Black, o ponto chave e extraordinário para a composição quanti-quali da
equipe (número restrito de membros, diversidade de experiências, abordagem interdisciplinar)
de um site corresponde ao fato de “que cada um conhece algo do que o outro faz e todos se
acertam.” (BLACK, 1997, p. 158), pois
No centro deste estranho sistema está uma tremenda confiança no processo criativo. Todos nós na mídia temos certeza disso; simplesmente é como as coisas são feitas. Nenhum editor precisa falar com o Publisher para contratar autores. Assume-se que sabemos o que estamos fazendo e sabemos do que precisamos. (BLACK, 1997, p.158).
Para ele,
Estar familiarizado com mais de uma disciplina é a chave para fazer um site funcionar: pessoas que têm experiência em vários campos são valiosas. Não precisamos de mais designers que estejam preocupados somente em fazer páginas bonitas. Todos precisam ser tão bons editores quanto são bons designers. Estar atento a tudo que entra num site é extremamente importante. (SCHMITZ, s/d, apud BLACK, 1997, p. 160).
Em linhas gerais, o autor sintetiza suas recomendações em seis princípios com
características universais:
1. as decisões da equipe não podem ser pautadas em suposições, e sim em
constatações;
2. a construção da equipe deve congregar pessoas que possuam experiências
em vários campos, que venham de grupos etários e formações culturais
diferentes, pois a heterogeneidade favoreceria a multiplicidade de trocas de
experiências e proporcionaria “um sólido ambiente para um treinamento
cruzado” (BLACK, 1997, p. 165);
3. os membros da equipe devem dedicar algum tempo em outras áreas, a fim
de que todos possam compreender a finalidade do projeto, entender as
expectativas, suposições, necessidades e o vocabulário de cada um.
Portanto, é necessário investir em treinamentos cruzados e fazer com que
32A título de ilustração, Black descreve o arranjo que compõe o Discovery Channel Online: “os membros da equipe de produção – todos editores, designers e programadores – derivam de diferentes disciplinas. Um vem de um museu, um do rádio, um da televisão, um de jornais. Até mesmo o diretor do laboratório digital, Omar Ahmad, possui carreira alternativa como narrador.” (BLACK,, 1997, p. 158).
41
todos os envolvidos pensem em marketing;
4. a estrutura do ambiente físico em que se materializa o processo gestionário
do website deve favorecer um pleno, intenso e aberto processo de
comunicação cruzada, estimular o intercâmbio e combater o trabalho
solitário;
5. é necessário investir continuamente na construção de novas mídias,
garantindo reserva de recursos para o conteúdo;
6. é imprescindível buscar formas novas de trabalho conjunto, embora o
desafio maior seja, ainda, o de construir o local de trabalhar juntos.
2.1.1 Usabilidade e atributos motivacionais da visitação a um site
Tanto Black (1997) quanto Nielsen e Loranger (2007) postulam que a observância e
aplicabilidade pela equipe gestora de convenções estabelecidas pelas diretrizes de usabilidade
na web constituem fatores determinantes da satisfação do usuário e, em consequência, do
sucesso do website.
Ao ressaltarem que “nunca a usabilidade foi tão importante” como nos tempos atuais,
uma vez que “os usuários estão cada vez menos tolerantes a sites complexos”, Nielsen e
Loranger (2007, s/p.)33 definem a usabilidade como:
Um atributo de qualidade relacionado à facilidade do uso de algo. Mais especificamente, refere-se à rapidez com que os usuários podem aprender a usar alguma coisa, a eficiência deles ao usá-la, o quanto lembram daquilo, seu grão de propensão a erros e o quanto gostam de utilizá-la. Se as pessoas não puderem ou não utilizarem um recurso, ele pode muito bem não existir.
“Muitos sites não são adequados a um cenário maior e são muito difíceis de utilizar
porque se desviam das normas esperadas” (NIELSEN; LORANGER, 2007, p. 47). Desse fato
resulta, segundo os autores, a importância de se seguir as convenções de projeto e diretrizes
de usabilidade, visto que “oitenta por cento ou mais dos Websites utilizam a mesma
abordagem de design. Os usuários esperam que os elementos padrão funcionem de certa
maneira quando visitam um novo site porque é assim que quase sempre as coisas funcionam.”
(NIELSEN; LORANGER, 2007, p. 47).
33Conceito extraído do Prefácio da obra.
42
Nielsen e Loranger (2007, p. 48) enumeram sete razões que justificam a aplicabilidade
dos elementos de design padrão, com vistas a assegurar que os usuários:
• saibam quais recursos esperar; • reconheçam a aparência desses recursos na interface; • saibam onde encontrar esses recursos no site e na página; • saibam como operar cada recurso para alcançar seus objetivos; • não precisem adivinhar o significado de elementos de design
desconhecidos; • não deixem que recursos importantes passem despercebidos porque eles
não prestaram atenção a um elemento de design que não é padrão; • não obtenham surpresas desagradáveis quando algo não funciona como o
esperado. (NIELSEN; LORANGER, 2007, p. 48).
Ao desenvolver sua investigação a partir do estudo de caso de um portal educacional,
Dorfman (2002) define, tendo em vista as implicações das convenções de usabilidade
analisadas por Black (1997) e Nielsen (1999), como fatores que favorecem a motivação para
visitação do usuário a um site, os seguintes atributos:
• conveniência: facilidade para obtenção da informação ou conteúdo desejado;
• confiabilidade: confiança nos serviços e conteúdos disponibilizados;
• acessibilidade: facilidade com que, no momento oportuno, as áreas são
acessadas;
• atualização: velocidade da periodicidade com que conteúdos, informações e
serviços são atualizados;
• atualidade: veiculação de informações atuais em correspondência direta com a
dinâmica de transformação da realidade mundial e local;
• variedade de serviços: disponibilização e oferta de ferramentas em consonância
com as necessidades e interesses dos usuários;
• personalização: emprego de linguagem utilizada pelo público usuário e
interlocução personalizada como elemento potencializador da comunicação;
• interatividade: possibilidades de interação entre os usuários do portal;
• navegação: direcionamento capaz de permitir o uso ordenado das páginas;
• conteúdo: todo o assunto desenvolvido e apresentado pelo portal
(armazenagem, abordagem, concepção adotada, profundidade);
• design: interface visual caracterizada pela disposição, organização e
apresentação dos conteúdos no ambiente virtual, responsável pela impressão
gráfica causada ao usuário.
Portanto, da investigação de Dorfman (2002) depreende-se também que conhecer e
aplicar as diretrizes da usabilidade constitui quesito primário fundamental para que a gestão
43
de um portal seja bem sucedida no alcance dos propósitos almejados.
Para Dorfman (2002), o conteúdo e o design seriam os fatores de maior relevância
para a motivação dos usuários a acessar, navegar e utilizar as ferramentas e as informações de
um portal educacional.
Esses atributos convergem com os apontados por Zacharias (apud ASSAD e
JARDZWSKI, s/d)34 que considera os aspectos técnico-pedagógicos (conteúdo produzido e
publicado no portal) e os estéticos (forma de organização do ambiente virtual, o design) como
os mais pertinentes ao processo de análise de portais educacionais.
Ao apontarem os três fatores – frequência, impacto e persistência –, que reunidos
elevam a gravidade de um problema para o usuário, Nielsen e Loranger (2007) chamam a
atenção para uma relação de oito problemas de usabilidade que, apesar de terem sido
identificados há mais de dez anos, ainda são tão importantes nos dias de hoje quanto eram na
época de sua identificação. São eles:
• links que não mudam de cor quando visitados; • alterar a função do botão Voltar; • abrir novas janelas de navegador; • janelas pop-up; • elementos de design que parecem anúncios; • violação das convenções da Web; • conteúdo vago e modismo vazio; • conteúdo denso e texto não escaneável (NIELSEN e LORANGER, 2007, p. 60).
Uma breve análise da listagem apresentada confirma que, como componentes
indissociáveis do design e conteúdo, a navegação e a arquitetura da informação merecem
atenção especial durante a criação e desenvolvimento de sites.
Nielsen e Loranger (2007, p. 171) ressaltam que “um site bem estruturado fornece aos
usuários o que querem no momento certo.” Nessa perspectiva, recomendam a adequação da
estrutura do site às expectativas do usuário, provendo-lhe de mecanismos consistentes de
navegação. Para tanto, deve-se evitar design rebuscado, reduzindo assim a poluição visual,
prevenindo redundâncias ou links duplicados. Tais medidas asseguram a clareza e a concisão
na veiculação das informações e facilitam a sua localização. Segundo os autores “a navegação
é um meio para um fim: seu propósito é levar as pessoas aonde elas precisam estar
rapidamente. Quanto mais eficiente a navegação, maior a probabilidade de as pessoas
continuarem interessadas.” (NIELSEN e LORANGER, 2007, p. 184).
Nesta investigação, duas dimensões (a forma ou interface e o conteúdo e
34ASSAD, Germano e JARDZWSKI, Karen. Saber Virtual. Disponível em: <http://www.profissaomestre.com.br>. Acesso em 02 nov. 2008.
44
funcionalidades) constituem as categorias estruturadoras da descrição do portal CRV
processadas na seção (2.4) e subseções correspondentes (2.4.1 e 2.4.2).
2.2 A Reforma Curricular em Minas Gerais e o CRV
Segundo Figueiredo e Lopes (2009), desde 2003 a SEE-MG vem desenvolvendo
políticas educacionais no bojo das quais a educação continuada passou a figurar como
instrumento estratégico da transformação do quadro educacional vigente.
Esse contexto é marcado pela gradativa implantação de projetos estruturadores e
complementares no âmbito da administração pública mineira e, mais centralmente, pelo
desencadeamento da reforma curricular que se sucedeu na época.
Dentre as medidas adotadas pela SEE-MG, destaca-se o Projeto Escolas-Referência, o
qual, segundo Figueiredo e Lopes (2009, p. 2), é constituído por um rol de ações que
objetivam “a reconstrução da excelência na rede pública por meio do desenvolvimento
pedagógico e institucional escolar, do desenvolvimento da gestão educacional e dos
educadores, e da solidariedade e cultura do trabalho colaborativo”.
Figueiredo e Lopes (2009, p. 5), referenciando-se nas publicações da própria secretaria
(MINAS GERAIS, 2005a), afirmam que:
O Projeto Escolas-Referência tem como desafio o desenvolvimento de redes de interações. As escolas que participam desse projeto têm suas atividades e projetos elaborados dentro de um sistema de comunicação para divulgação. Essa rede tem por objetivo incentivar a troca de experiências e a busca de soluções conjuntas.
Pautados na análise de tais publicações, os autores esclarecem ainda que o projeto
Escolas-Referência teve implantação gradual, ampliando seu raio de difusão mediante o
cumprimento das metas delineadas para as quatro etapas de implementação previstas. Em
2003, o Instituto de Educação de Minas Gerais (Belo Horizonte), a Escola Estadual
Governador Milton Campos (Belo Horizonte) e a Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro
(Montes Claros) participaram da etapa piloto deste projeto. No período de 2004 a 2006, as três
etapas subsequentes do projeto congregaram mais de 400 estabelecimentos de ensino da rede
estadual como Escolas-Referência.
Assim, no contexto da reforma e implantação das novas propostas curriculares, mais
de dez mil professores em exercício nas 220 Escolas-Referência discutiram, em 2004,
45
mediante participação nos 700 Grupos de Desenvolvimento Profissional (GDP)35, as versões
preliminares dos textos das propostas curriculares do Ensino Fundamental e do Ensino Médio,
elaborados por consultores da SEE-MG.
Em 2005, as atividades do Projeto PDP abrangeram duas linhas básicas de ação,
direcionadas ao enfrentamento dos desafios educacionais, sobretudo àqueles inerentes à
implantação das Novas Propostas Curriculares para a Educação Básica.
A primeira linha de ação abrangia o estudo de temas educacionais de amplo interesse
dos educadores. Essa linha concentrou suas ações em propiciar a consolidação dos GDP
como grupos operativos, tais como concebidos no projeto original.
A segunda linha concentrou esforços na realização de atividades em torno do processo
de implantação das novas propostas curriculares, tal como fora explicitado no Manual dos
Grupos de Desenvolvimento Profissional:
A segunda linha destina-se ao acompanhamento e orientação da implantação das Novas Propostas curriculares para a Educação Básica, com atenção especial para o processo nas Escolas-Referência. Essa linha se desenvolverá como parte das atividades do projeto do Centro de Referência Virtual do Professore (CRV), que será implantado ao longo do ano de 2005. (MINAS GERAIS, 2005a, p.8, negritos do autor).
No Manual do PDP (MINAS GERAIS, 2005a, p. 14-15), a estruturação das atividades
inscritas nessa sua segunda linha de ação são contextualizadas e descritas da seguinte forma:
Como trabalhar com os alunos um determinado tema? Que bibliografia deve ser usada para planejamento de um tópico desse tema? Em relação a um determinado tópico, o que deverá ser objeto para avaliação da aprendizagem? Como?
Diante do novo [implantação dos CBCs], essas serão algumas perguntas que, provavelmente, muitos professores estarão se fazendo ao longo deste ano, numa frequência maior que a de anos anteriores, quando tiveram de respondê-las consultando um colega, buscando bibliografias, sem qualquer tipo de orientação, usando sua criatividade, muitas vezes improvisada, num processo solitário.
Com o objetivo de auxiliar o professor a encontrar respostas para suas perguntas, o PDP planeou, em uma segunda linha de ação, um recurso que permite socializar dúvidas e experiências dos professores e ao mesmo tempo orientá-los na implantação das Novas Propostas Curriculares. Este recurso se desenvolverá ligado ao Centro de Referência Virtual do Professor (CRV) e consiste na criação de 18 fóruns de discussão das propostas curriculares das diversas disciplinas, sendo 8 fóruns dirigidos a professores do Ensino Fundamental e 10 fóruns dirigidos a professores do Ensino Médio. Os fóruns serão coordenados por especialistas das
35 De acordo com o Manual dos Grupos de Desenvolvimento Profissional - PDP 2005, os GDP são constituídos por, no máximo, vinte ou, no mínimo, catorze participantes, incluindo o coordenador e o subcoordenador. A participação nos GDP é voluntária e por iniciativa dos próprios integrantes (professores e especialistas de educação). Ter disponibilidade para cumprir a programação é requisito para participar de um GDP, pois, as atividades realizadas durante o ano exigem de cada participante a dedicação de 5 horas semanais, totalizando 180 horas de atividades durante o ano. Estas se alternam em 75 horas de estudos individuais e 105 de estudos em grupo, durante 36 semanas. (MINAS GERAIS, 2005a).
46
disciplinas desses dois segmentos. O “Site” do PDP disponibilizará “links” com esses diversos fóruns localizados no CRV.
Nos 18 fóruns disciplinares, pretende-se apoiar a atividade docente de professores de todas as escolas do Estado de Minas Gerais com orientações específicas que incluem exemplos de distribuição de tópicos do CBC nas diversas séries, propostas de roteiros para o ensino desses tópicos, que ampliam as orientações pedagógicas disponibilizadas no CRV, atividades a serem desenvolvidas na sala de aula, sugestões para avaliação da aprendizagem e indicações de bibliografia. Nesses fóruns, os professores poderão discutir suas questões específicas, as quais serão comentadas por especialistas. Os Orientadores dos fóruns darão atendimento específico aos GDP acompanhando as atividades relativas à Implantação das Novas Propostas Curriculares nas Escolas-Referência, com o objetivo de monitoramento e avaliação do Processo.
Tendo em vista a organização das atividades previstas no âmbito dos GDP face aos
trabalhos das duas linhas de ação do PDP, foram programados em cronograma previamente
definido dois encontros presenciais ao longo do ano dos coordenadores de GDP com os
orientadores dos fóruns. Nessa perspectiva, o Manual do PDP prescrevia:
Para interlocução com os Orientadores de Fórum, a escola deverá escolher três representantes, sendo todos eles participantes de GDP, de acordo com as regras [predefinidas]. Os representantes de áreas serão os responsáveis pelo acompanhamento da implantação das Novas Propostas Curriculares nas Escolas-referência e participarão de dois encontros presenciais com os Orientadores dos Fóruns, quando receberão informações específicas sobre o trabalho a ser desenvolvido. Para que esses eventos ocorram de forma objetiva e produtiva, os Representantes de Área deverão levar para os encontros informações e questões de suas escolas relativas ao processo de implantação das propostas curriculares das disciplinas de sua área de conhecimento. (MINAS GERAIS, 2005a, p.16)
A dinâmica adotada pela SEE-MG para implantação e monitoramento da reforma
curricular em curso naquela época leva a crer não se tratar apenas de um dos mecanismos de
indução à Formação de redes de interação entre escolas, segundo enunciado no escopo do
projeto Escolas Referência. Ante o processo de formação docente em serviço inerente ao
formato do PDP, consistiu também em estratégia de fomento a incorporação das TICs a esse
processo. Mas consistiu, sobretudo, em mecanismo balizador de possível e provável
resistência docente à obrigatoriedade de incorporação do CBC ao planejamento do trabalho
pedagógico diário em sala de aula. Essa provável resistência não tem relação apenas com o
fato de tratar-se da substituição do “velho” pelo novo.
Mais do que isso, trata-se da implantação de um novo arranjo curricular, estruturado
em tópicos de capacidades e habilidades. Assim como as demais reformas educacionais
desencadeadas Brasil afora, a reforma curricular em Minas orientou-se pela tendência de
inspirar-se nos elementos ideológicos que impulsionaram a realização de eventos e
consequente formulação de documentos educacionais internacionais na década de 1990. Essa
tendência pressupõe esforços em prol da ruptura com o modelo conteudista, disciplinar,
fragmentado, há muito arraigado na cultura escolar.
47
Na contemporaneidade, dois modelos de disseminação das inovações educacionais
têm se destacado: o modelo de translação elaborado por Latour (2000) e o de difusão, por
Rogers (2003).
O princípio fundamental do modelo de translação é a permanente reconstrução
coletiva da inovação. Esta, ao disseminar-se entre os membros de uma organização, é por eles
apropriada, sendo então transformada e adaptada em função dos seus interesses e
necessidades (LATOUR, 2000). Nesse modelo, os elementos estruturais incorporam a
necessidade da ação coletiva oriunda da lógica das redes.
Segundo Rogers (2003), a difusão de inovações refere-se ao processo mediante o qual
é adotada uma diversidade de canais de comunicação, cuja finalidade é promover a
propagação da inovação entre os membros da organização ou sistema.
Há, de maneira geral, uma tendência ao emprego associado de elementos derivados de
ambos os modelos pelos órgãos gerenciais e técnico-pedagógicos dos sistemas de ensino, ação
que impulsiona a integração alternada dos elementos verticalizados e hierarquizados aos
horizontalizados e isonômicos de um e do outro modelo.
O exposto permite afirmar que a dinâmica de formulação e implantação do CBC na
rede estadual mineira, em curso de 2004 a 2007, utilizou-se da incorporação associada de
alguns aspectos do modelo difusionista (ROGERS, 2003) ao do modelo de translação
(LATOUR, 2000).
Contudo, as raízes da resistência docente às mudanças, sobretudo àquelas
desencadeadas por reformas curriculares, têm um caráter de natureza cultural intensa.
A cultura docente, especificamente, segundo Pérez Gómez (2001), expressa um
conjunto de valores, sentimentos, significados, práticas, rituais, crenças, modos, expectativas
e concepções que circundam a vida individual e coletiva e são compartilhados socialmente
pela comunidade docente.
Nesta perspectiva, a superação e transposição da resistência docente, elemento
intrínseco à cultura escolar, requerem, além do chamado de representantes docentes de áreas
de conhecimento à participação em algumas das etapas do processo decisório, ampla
mobilização e flexibilização do tempo e do espaço escolar. Não basta apenas imbuir os
representantes de área de conhecimento da responsabilidade ou atribuição de agir na
perspectiva de agente disseminador das novas diretrizes e ser porta-voz de seus colegas de
área. É necessário, sobretudo, assegurar-lhes a mínima condição de realização dos
intercâmbios e interlocuções que o cumprimento de tal papel requer. Haja vista a necessidade
48
de se promover momentos de contínua discussão e análise, de modo a favorecer aos agentes
educacionais da instituição escolar entendimento e incorporação ressignificada das novas
diretrizes ao projeto político pedagógico nos âmbitos formal (documento) e oculto
(posicionamento e atitude).
Entretanto, o enrijecimento dos usos e apropriação do tempo e espaço escolar constitui
uma das mais prementes queixas do professorado na contemporaneidade.
2.3 A materialização do CRV: do escopo do projeto à implantação do portal
Para tratar do processo e procedimentos inerentes à implementação, vinculação
institucional, desenvolvimento e avaliação do CRV pela SEE-MG, foi realizado levantamento
de dados nos documentos disponíveis, inclusive em meio eletrônico, tendo em vista a
obtenção das seguintes informações: objetivos, definições principais, abrangência (áreas,
pessoas e instituições envolvidas), matriz gestionária (papéis e responsabilidades), plano de
ação (fases e etapas, prazos e custos, ferramentas, riscos previstos e resultados esperados) e
avaliação dos resultados já alcançados.
As informações provenientes de fontes convencionais ou impressas foram extraídas
dos documentos institucionais, respectivamente intitulados Secretaria de Estado da Educação
- SEE-MG / Centro de Referência Virtual do Professor - CRV / Avaliação Parcial do Projeto
e Necessidades para 2006 (MINAS GERAIS, 2005c) e Secretaria de Estado da Educação -
SEE-MG / Centro de Referência Virtual do Professor - CRV / Relatório Parcial do Projeto e
Necessidades Imediatas (MINAS GERAIS, 2006b).
O primeiro documento tem sua origem nas discussões iniciadas no Workshop sobre
Ambientes Virtuais da SEE-MG, ocorrido em 1° de dezembro de 2005. O segundo
documento é decorrente do primeiro. Ambos focalizam os aspectos inerentes à situação atual,
necessidades do CRV, observações e prioridades. A partir de tais aspectos são destacados os
pontos que necessitam de revisão, as dificuldades na implantação, as providências imediatas e
a avaliação geral ou considerações finais sobre o desenvolvimento do portal naquela época. O
Anexo 1 desses documentos corresponde ao Escopo do Projeto. O Anexo 2 apresenta a
Especificação Inicial de Áreas de Conteúdo e Funções do CRV.
No Anexo 1 – Escopo do Projeto – Relatório da Primeira Avaliação Parcial, efetuada
49
em dezembro de 2005, a SEE-MG apresenta o contexto da idealização e implementação do
CRV da seguinte maneira:
O desenvolvimento de sistemas de apoio à atividade docente baseados em tecnologias contemporâneas tem por objetivo contribuir para reduzir desigualdades regionais em relação às condições de ensino, através da implantação de serviços de apoio ao trabalho pedagógico do professor, incluindo recursos didáticos e suporte aos educadores no exercício da atividade docente. No contexto do sistema educacional de Minas Gerais, verifica-se uma crescente necessidade de sistemas de apoio à comunicação e trabalho colaborativo entre os educadores. Os programas de desenvolvimento profissional e a implantação das novas diretrizes curriculares para a educação básica são exemplos de programas e projetos que justificam o desenvolvimento de recursos para o trabalho cooperativo baseado nas tecnologias da informação e comunicação. Atualmente foi implementada e encontra-se em operação a primeira versão do CRV, desenvolvida conforme especificação inicial do projeto, em novembro de 2004. (MINAS GERAIS, 2005c, p. 6)
São descritos como objetivos do CRV:
Geral - oferecer aos profissionais da educação um sistema de apoio à atividade docente baseado em tecnologias de comunicação e informática, tendo em vista a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem no âmbito da educação básica. Específico - desenvolver um sistema informatizado de apoio à atividade docente constituído de um banco de dados com materiais e recursos didáticos que atendam às necessidades da educação básica, com facilidades de comunicação e trabalho colaborativo entre professores (MINAS GERAIS, 2005c, p. 6, negritos no original).
Dentre as principais definições inerentes à idealização e concepção do CRV, ao se
acessar o link Quem Somos, disposto no menu superior da homepage do portal, obtém-se a
informação de que o portal educacional objetiva “compartilhar e oferecer novos espaços de
aprendizagem, possibilitando aos educadores a formação continuada nas diversas áreas do
conhecimento” e que “tem como proposta constituir-se, também, como um ambiente para a
interação e a cooperação, contribuindo para a integração de comunidades virtuais de
aprendizagem e estimulando o educador a utilizar as novas tecnologias”. E que constituem
princípios do portal:
• O compromisso com a pesquisa, a discussão e a avaliação de diferentes estratégias educacionais, privilegiando aquelas que incorporam conceitos atuais sobre os processos de cognição e o uso das novas tecnologias da informação e comunicação. • O desenvolvimento de metodologias e materiais didáticos que imprimam novo dinamismo ao processo de ensino e aprendizagem tanto no âmbito presencial como a distância. • A formação de gerações de educadores conscientes da importância da interface entre educação e comunicação para o desenvolvimento de sua criatividade e seu constante aperfeiçoamento. • A redução das desigualdades regionais em relação às condições de ensino, possibilitando a todos os educadores o acesso aos mesmos recursos didáticos (MINAS GERAIS, s/d.)36.
Quanto à sua abrangência, verifica-se que do primeiro para o segundo Relatório
36Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 08 abr. 2008.
50
Parcial do Projeto e Necessidades Imediatas houve uma redefinição e consequente supressão
do público-alvo do CRV que, no primeiro, congregava: “os professores da educação básica da
rede pública de Minas Gerais, pessoal técnico e administrativo das escolas e os dirigentes do
sistema educacional” (MINAS GERAIS, 2005c, p.6), passando a focalizar no segundo
documento apenas “os professores da educação básica da rede pública de Minas Gerais”
(MINAS GERAIS, 2006b, p.3).
No que se refere à matriz gestionária do CRV e sua vinculação institucional, embora
esse item tenha sido mensurado como de alta prioridade no primeiro relatório de avaliação
parcial (dezembro de 2005), ainda no segundo relatório de avaliação parcial (junho de 2006)
esse aspecto foi apontado como a primeira dentre as principais dificuldades destacadas na
implantação do portal. Em consequência, no segundo relatório a ênfase recai na ação de
“definir e instalar equipe de coordenação e gestão do CRV na SEE-MG [...]” (MINAS
GERAIS, 2006b, p. 2). Essa ação é apontada no documento como a primeira das necessidades
que deveriam ser atendidas em caráter de urgência. A seguir, o QUADRO 1 ilustra a situação
descrita:
QUADRO 1 Gestão do CRV e Vinculação Institucional / dezembro de 2005
ITEM DO PROJETO SITUAÇÃO ATUAL NECESSIDADES
PARA 2006 PRIORIDADE
5. EQUIPE PARA GESTÃO DO CRV E VINCULAÇÃO INSTITUCIONAL
A SEE-MG ainda não definiu nem implantou uma estrutura formal de administração e nem estabeleceu uma vinculação institucional do CRV à estrutura da SEE.
� Elaborar estatuto do CRV definindo sua vinculação institucional, regulando seu funcionamento e os processos de tomada de decisões.
� Implantar gestão institucional do CRV.
� Este item é de alta prioridade, pois a SEE deve se organizar para gerenciar todas as atividades necessárias para manter o CRV em funcionamento.
� Prioridade Média
Fonte: Fragmento extraído do Primeiro Relatório de Avaliação Parcial do Projeto e Necessidades para 2006 (MINAS GERAIS, 2005c, p. 2).
O item 6 do primeiro relatório – Equipe Técnica e Consultoria Específica –, embora
sinalizador da necessidade de se constituírem equipes capacitadas dentro da SEE-MG para
desenvolver novas funcionalidades e aprimorar as atuais de modo a promover a transferência
de conhecimento para equipes permanentes do CRV, é contraditoriamente considerado de
baixa prioridade.
Conforme se depreende do conjunto de dados apresentados, pode-se afirmar então que
a matriz de responsabilidades e papéis do CRV, especialmente no que se refere à relação entre
centralização e delegação, não se encontrava formalmente definida e constituída na época do
51
seu funcionamento experimental.
Quanto à constituição do plano de ação inicial (fases e etapas, prazos e custos,
ferramentas, riscos previstos e resultados esperados), o primeiro relatório de avaliação parcial
(dezembro de 2005) apresenta um detalhamento estrutural de alguns desses itens, o que não se
observa no segundo relatório (junho de 2006).
O tópico 1 – Situação Atual e Necessidades do CRV para 2006 – do primeiro relatório
compreende o tratamento de nove (9) componentes do projeto, sendo eles: 1. suporte e
manutenção, 2. compatibilidade do CRV com sistemas Linux, 3. ferramentas de
gerenciamento, 4. padronização e integração com demais sistemas da SEE-MG, 5. equipe
para gestão do CRV e vinculação institucional, 6. equipe técnica e consultoria específica, 7.
equipamentos, 8. conexão e hospedagem e 9. produção de conteúdos e desenvolvimento de
novas funcionalidades (MINAS GERAIS, 2005c).
Cabe ressaltar que o nono item listado – conteúdo e funcionalidade – é tratado
diferencialmente nesse relatório de avaliação, é desmembrado em subitens, cuja maioria tem
as necessidades para 2006, mensuradas como de alta prioridade.
Tais subitens constituem um detalhamento das áreas de conteúdo e funcionalidades
implantadas no portal e o apontamento das respectivas necessidades em cada uma delas para o
ano de 2006: 1. Orientações Pedagógicas (OP), 2. Roteiros de Atividades (RA), 3. Recursos
Didáticos (RD), 4. Planos de Ensino (PE), 5. Banco de Itens (BI), 6. Propostas Curriculares
(PC), 7. Fórum, 8. Biblioteca Virtual (BV) - Projeto Veredas, Projeto Siape e Lições de Minas
- 9. Minicursos para Professores (MC), 10. Troca de Recursos Educacionais (TRE), 11.
Registro de Novos Usuários, 12. Mapa do site e 13. Pesquisa no Site (MINAS GERAIS,
2005c).
Tanto o primeiro quanto o segundo relatório de avaliação parcial não fazem menção à
previsão de custos ou investimentos.
No Anexo 1 – Escopo do Projeto – de ambos os relatórios, estão relacionados como
itens enunciadores da prospecção de resultados do CRV:
• Contribuição para a implantação das propostas curriculares do Conteúdo Básico Comum (CBC)
• Melhoria da qualidade do ensino na educação básica • Professores com melhor desempenho em suas atividades de ensino • Capacitação profissional de educadores no uso das tecnologias
contemporâneas • Intensificação do trabalho colaborativo entre educadores da rede pública • Inclusão digital dos educadores • Capacitação de educadores na produção de material e recursos didáticos
para o ensino (MINAS GERAIS, 2005c, p.6).
52
No que se refere à avaliação dos resultados já alcançados, embora a prospecção dos
resultados esperados esteja delineada no anexo 1 – Escopo do Projeto – de ambos os
relatórios de avaliação parcial, não consta em tais documentos nenhuma alusão à avaliação do
alcance dos resultados previstos para o projeto.
Há no primeiro relatório um tópico denominado Avaliação Geral, cujos redatores
afirmam que:
Observando a versão atual do CRV, verificamos que a concepção e os objetivos iniciais do projeto foram totalmente realizados. A continuidade do projeto depende do atendimento dos pontos indicados nos quadros anteriores.
O CRV tem sido usado em caráter experimental e de testes, desde maio de 2005. A apresentação pública está prevista para fevereiro de 2006. Destaca-se, nesse período, o acesso e utilização crescente pelos professores: nos primeiros 8 meses de funcionamento experimental, o CRV teve mais de 70.000 acessos, sendo cerca de 50% desses acessos nos últimos 3 meses. Há cerca de 2.000 professores cadastrados e uma intensa utilização do fórum para troca de mensagens, discussões sobre o CBC e outros conteúdos do CRV.
Considerando manifestações espontâneas de usuários e especialistas, podemos afirmar que o CRV está se consolidando como um sistema de apoio à atividade docente via Internet e pode, em médio prazo, contribuir de forma efetiva para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem no âmbito da educação básica. Neste sentido, e considerando ainda os trabalhos de discussão e implantação das propostas curriculares do CBC, nota-se uma efetiva contribuição dos conteúdos e funcionalidades do CRV para a introdução de inovações em nosso sistema educacional.
Por último, é possível verificar que o CRV está contribuindo para a capacitação profissional no uso das tecnologias contemporâneas, promovendo e intensificando o trabalho colaborativo e a inclusão digital dos educadores da rede pública em Minas Gerais. (MINAS GERAIS, 2005c, p. 5).
No segundo relatório, um tópico similar recebe a denominação de considerações
finais, onde se lê que:
Em termos de definição de conteúdos e especificação de funcionalidades, a concepção do CRV atende aos objetivos para os quais foi criado. As principais necessidades a serem atendidas no momento concentram-se na estrutura da informação e interface com o usuário. A continuidade do projeto depende do atendimento dos pontos listados acima [gestão, funcionalidade e usabilidade], uma vez que o crescente número de acessos expõe o projeto à comunidade de educadores da rede estadual, cuja expectativa de organização e desempenho do site deve ser o ponto prioritário a ser atendido. (MINAS GERAIS, 2006b, p. 2).
Contudo, nenhum dos documentos consultados faz referência à previsão de adoção de
procedimentos metodológicos de avaliação de projetos educacionais direcionados a
mensuração do impacto ou efetividade, da sustentabilidade, da análise custo-efetividade, da
satisfação do usuário e equidade inerentes ao projeto.
53
2.4 Interface, Conteúdo e Funcionalidades do CRV
Segundo a literatura disponível sobre o assunto37, dentre os fatores favoráveis à
motivação dos usuários em visitar um portal educacional, dois ocupam posição de destaque: a
forma ou o design gráfico e seus aspectos técnicos e estéticos e o conteúdo (pertinência,
propriedade e profundidade dos assuntos desenvolvidos e veiculados), ou seja, sua relevância
e afinação às necessidades do público usuário.
2.4.1 A interface do CRV
Dos escritos de Black (1997) depreende-se que os websites que funcionam são aqueles
que atendem às necessidades de seus usuários, ou seja, fazem exatamente aquilo que seus
usuários desejam que façam.
O autor salienta que a resposta aos problemas enfrentados pelos usuários da Internet,
com destaque para a navegação e acessibilidade, é obtida por meio de um design eficiente.
Pois, segundo Black (1997, p. 15)
Os sites da Web são visuais: uma tela por vez. Incentivar o visitante a encontrar o que está por trás da primeira camada - e até mesmo informar que há mais – é um problema para designers. É trabalho deles conduzir o usuário-navegador-visitante-leitor através da Dança dos Sete Mil Véus. A tarefa do designer é ser um lapidador e fragmentador, para o espetáculo principal e secundário. Não basta fazer as pessoas passarem pela porta da frente, até a home page. Temos de levá-las para dentro e, uma vez que tenham entrado, temos de procurar não confundi-las nem frustrá-las. Precisamos entretê-las e informá-las e permitir que pulem de um item para o outro com o máximo de facilidade. Caso contrário, elas não retornarão e o circo desarmará suas lonas, e todos os acrobatas, mágicos e palhaços voltarão às suas tarefas comuns.
Nielsen e Loranger (2007) e Black (1997) destacam como elementos padrões
essenciais a um design adequado e agradável ao usuário: ícones para identificação do
conteúdo, uso de cores para navegação, uso de fontes legíveis e adequadas à leitura, animação
do suporte gráfico e conjunto gráfico de acordo com o conteúdo.
37DORFMAN, Patrícia Favorito. Atributos favoráveis à motivação para visitação de um site: estudo de um portal educacional. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em junho de 2002.
54
Em virtude do cumprimento das determinações da Resolução nº 02, da Secretaria de
Estado de Governo (SEGOV) e Advocacia Geral do Estado (AGE), em vigência até o término
das Eleições 2010, alguns dos conteúdos do CRV estão atualmente temporariamente
suspensos até as devidas adequações ou encerramento do período eleitoral (MINAS GERAIS,
2010)38.
Entretanto, ao acessar o CRV, a atual imagem exibida ao usuário na página inicial
permite a visualização dos links relativos a todos os conteúdos armazenados e publicados no
portal, conforme demonstra a FIG. 5:
a)
b)
38Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 10 ago. 2010.
55
c)
FIGURA 5 - Homepage do CRV em 10/08/2010. a) Parte superior da tela b) Parte intermediária da tela c) Parte inferior da tela
Fonte: MINAS GERAIS, 2010, s/p.39
Black (1997) destaca dez regras básicas do design clássico e adequado. Na primeira, o
autor enfatiza:
1. Coloque um conteúdo em todas as páginas. O design não deve ser meramente decorativo; precisa transmitir informação. [...] (p. 29). [...] Todos desejam uma barra de navegação que tenha um ponto de interrogação como sinal para a ajuda. O designer precisa evitar ícones inúteis e confusos. Corolário à Regra Nº.1: Ninguém lê nada. Pelo menos não tudo. [...] Em revistas ou em sites da Web, as pessoas passam os olhos e folheiam. Se rapidamente não apresentarmos nada a elas, as pessoas não absorvem nada. Portanto temos de assegurar que haja algum conteúdo em todas as páginas. (p.30)
Porém, apesar da retirada temporária de alguns conteúdos do portal, a exemplo das
logomarcas dos projetos e parcerias interinstitucionais agrupadas no menu lateral direito,
conforme se verifica ao comparar a ilustração das FIG. 5, 6 e 7, pode-se afirmar que o atual
design do CRV está em consonância com a primeira regra descrita por Black (1997). O
mesmo não procede na FIG. 8, cujo endereço inscrito no rodapé da parte b dessa figura revela
que na época de sua projeção, as instalações físicas do portal ainda eram abrigadas no antigo
prédio-sede da SEE-MG e, por conseguinte, do precedente CRP. Além do design,
acentuadamente adverso do padrão predominante observável nas demais figuras (5, 6 e 7), as
áreas e respectivos objetos do portal, apresentam disposição linear desprovida de qualquer
ícone para identificação de conteúdos pelo usuário.
39Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 10 ago. 2010.
56
A seguir, a FIG. 6, composta pelo agrupamento a-b, ilustra a interface exibida pelo
CRV em junho de 2010. Retrata a última tela anterior aos ajustes realizados em observância à
Resolução nº 02 da SEGOV/AGE, visualizados na FIG. 5.
a)
b)
FIGURA 6 - Homepage do CRV em 22/06/2010.
a)Parte superior da tela do CRV b)Parte intermediária da tela do CRV
Fonte: MINAS GERAIS, 2010.40
A FIG. 7 ilustra a parte superior da homepage exibida pelo CRV em junho de 2007,
quando o portal comemorava o milionésimo acesso ao sítio. Note-se que no menu lateral
direito o conteúdo referente a cada projeto da SEE-MG é facilmente identificado pelo
professor da rede estadual mediante a exibição da respectiva logomarca, com a qual presume-
40Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010.
57
se que o educador tenha um certo grau de familiaridade.
FIGURA 7 - Homepage do CRV em 27/06/2007 (parte superior da tela). Fonte: MINAS GERAIS (2010)41
A FIG. 8, composta pelas ilustrações a-b, resultante da captura de imagem congelada
no site de busca Google, exibe uma projeção de tela do CRV, supostamente a homepage do
início do ano de 2007, conforme destacado na elipse da ilustração a. Note-se que a FIG. 7
também retrata uma projeção de tela do portal desse mesmo ano.
a)
41Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Publicada em 29/06/07 na Seção Notícias do portal, sob a manchete - Educação comemora o milionésimo acesso ao CRV. Acesso em: 04 ago. 2010.
58
b)
FIGURA 8 - “Suposta” Homepage do CRV exibida no início de 2007.
a)Parte superior da tela (a elipse destaca a data de projeção desta Homepage). b)Parte intermediária da tela
Fonte: http://www.google.com.br42. Inclusão da elipse em torno da data para efeito de destaque.
As regras 2, 3 e 4 do design clássico enunciadas por Black (1997), referem-se às cores
e ao contraste que sua combinação perspicaz proporciona de modo a assegurar uma resposta
visual humana satisfatória. Essas regras correspondem respectivamente a: “A primeira cor é o
branco. A segunda cor é o preto. A terceira cor é o vermelho.” (BLACK, 1997, p. 33).
No atual visual gráfico do CRV, FIG. 5, é predominante o uso do fundo branco na
parte central da home e do tom azul acinzentado nos menus laterais (direito e esquerdo). As
cores empregadas nas fontes alternam entre o vermelho (que imprime destaque às
denominações de algumas seções do portal e das manchetes da seção Notícias) e o azul que,
em certa medida, contrasta com o vermelho.
As demais regras do design clássico defendido por Black (1997) estão mais
diretamente subordinadas àquelas já apresentadas. E por meio destas o autor recomenda: 5.
Nunca distancie as letras minúsculas; 6. Nunca coloque uma grande quantidade de texto todo
em maiúsculas; 7. A capa (a página inicial) deve ser um pôster. Noutras palavras, simples,
objetivo e desprendido dos modismos; 8. Use apenas uma ou duas famílias de tipos. Para o
autor, a melhor combinação de duas fontes equivale a uma leve e outra em negrito. O que
funciona também com as cores, salienta Black; 9. Faça tudo o maior possível. Segundo Black
(1997), os tipos ficam mais agradáveis em tamanhos grandes; 10. Seja imprevisível. O que
equivale a surpreender o usuário assegurando a consistência da aparência e da textura de cada
42Disponível em: <http://www.google.com.br>. Acesso em: 11 out. 2009. Imagem capturada mediante mecanismo de busca de imagens congeladas, armazenadas no Google.
59
página do site.
Black (1997, p. 43) afirma categoricamente que “o design não deve ser uma mera
decoração; ele precisa comunicar. O leitor nunca deve ter de passar por florestas de botões
para obter simples notícias.”
Ao se proceder a uma comparação entre as FIG. 5, 6, 7 e 8, as quais retratam em
cronologia decrescente a evolução do design do portal em distintos períodos de seu
desenvolvimento, torna-se notória a progressiva aplicação das diretrizes fundamentais do
design clássico recomendadas por Black (1997). Contudo, conforme defende Nielsen e
Loranger (2007, p. 3), “a usabilidade funciona porque revela como o mundo funciona. Depois
de descobrir como as pessoas interagem com seu projeto, você pode torná-lo melhor [...]’.
“Ouvir os “pensamentos” de um usuário permite entender a razão de suas ações, e essas
informações são valiosas em processos de teste.” (NIELSEN e LORANGER, 2007, p. 3). Tais
afirmações sugerem, portanto, que é indispensável o processamento da avaliação desses
elementos da usabilidade inerentes ao design pelos usuários.
2.4.2 Conteúdo e funcionalidades do CRV
Os componentes de conteúdo mais usualmente ofertados pela maioria dos portais
educacionais, segundo avaliação de Assad e Jardzwski43, são informações sobre ofertas de
formação permanente, eventos e cursos em geral, legislação educacional, programas e
conteúdos das matérias curriculares, experiências educativas e sugestões de práticas didáticas,
projetos colaborativos, artigos sobre educação, artigos sobre o uso de tecnologias na escola,
acesso a cursos de atualização em diversas áreas, assessoria didática, links de interesse
específico de docentes, notícias, ferramentas de busca e biografias.
Nielsen e Loranger (2007, s/p. 253) afirmam que:
Com algumas exceções, as pessoas visitam a web pela sua utilidade, não pela sua beleza. Ter um site visualmente atraente é bom, naturalmente, mas o conteúdo é mais precioso. Afinal de contas, quando as pessoas usam os sistemas de pesquisa, elas não procuram atributos estéticos – procuram informações. Uma boa redação faz uma diferença enorme nas visualizações de páginas, no tempo gasto em um site [...]. A regra fundamental da usabilidade de site aplica-se tanto ao conteúdo escrito quanto ao design: os [usuários] preferem clareza à confusão.
43ASSAD, Germano e JARDZWSKI, Karen. Saber Virtual. Disponível em: <http://www.profissaomestre.com.br>. Acesso em 02 nov. 2008.
60
Na especificação inicial de áreas de conteúdo e funções do CRV44, apresentada em
fevereiro de 2005, conforme descrito no Anexo 2 do segundo relatório de avaliação parcial do
projeto, estão relacionadas seis áreas de conteúdos e funcionalidades do portal.
A Área I – Apoio à Atividade Docente – contempla a armazenagem de conteúdos que
visam “apoiar o professor no ensino dos tópicos e habilidades previstos nas Propostas
Curriculares da Educação Básica, com uma visão operacional focada na aplicação dos
mesmos em sala de aula.” (MINAS GERAIS, s/d.)45. Atualmente essa área agrega como
principais objetos: PC, OP, RA, Fórum de Discussão do CBC, BI e RD/Sala de Aula.
As PC congregam os arquivos em formato PDF das propostas curriculares da
educação básica, aprovados e publicados pela SEE-MG.
As OP são textos curtos, cujo objetivo, para cada um dos tópicos do CBC é “[...],
explicar o que ensinar, como e porque, quais as condições para ensinar e como avaliar o
aprendizado. Essas Orientações deverão, ainda, estar em completo acordo com a versão mais
atual do CBC [...] e deverão abranger todas as disciplinas.” (MINAS GERAIS, 2006, p. 2)46.
Os RA são textos curtos com roteiros de atividades pedagógicas, contemplando os
diversos tópicos do CBC, para serem desenvolvidos com alunos dentro e fora da sala de aula.
Com organização disciplinar, abrangendo todas as disciplinas do ensino fundamental e
médio, o fórum de discussão do CBC é um espaço para interação e debates em torno das
propostas curriculares. No Anexo 1 do Termo de Parceria firmado entre a SEE-MG e o IHR,
com redação atualizada após o terceiro aditamento procedido em março de 2009, está
explícita a seguinte concepção:
O fórum de discussão do CRV tem características marcadamente pedagógicas, visando dirimir dúvidas e democratizar conhecimentos relacionados às diversas disciplinas e às orientações dos CBCs. Adicionalmente, procura disseminar o uso de ferramentas colaborativas, com isto melhorando a taxa de adesão dos professores às novas tecnologias e minorando o custo de difusão de conhecimentos. A abertura de vários tópicos proporciona uma maior amplitude de possibilidades de troca de conhecimentos. Os tópicos são abertos diretamente pelos mediadores (funcionários da SEE), por iniciativa própria ou a partir da ação pedagógica dos orientadores (formuladores e/ou especialistas nos conteúdos dos CBCs) fornecidos pelo IHR. (MINAS GERAIS, 2009, p. 3)47
Essa funcionalidade do CRV congrega um total de dezoito (18) fóruns. Para o
atendimento aos anos iniciais, são disponibilizados dois espaços: um para o Ciclo da
44Disponível em: <http://educacao.mg.gov.br>. Acesso em 18 dez. 2008. 45Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 02 nov. 2008. 46Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. Trecho extraído do Anexo I - Do Programa de Trabalho / Atributo dos Indicadores do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR em 2006, com redação atualizada mediante o terceiro aditamento datado de março de 2009. 47idem.
61
Alfabetização e o outro para o Ciclo Complementar. Para os anos finais do ensino
fundamental e médio são oito fóruns, um por disciplina. Cada fórum é presidido por dois
profissionais: um Orientador – especialista nos conteúdos dos CBCs, contratado pelo IHR
(durante a vigência do Termo de Parceria) –, e um Professor Mediador – professor
selecionado e capacitado pela SEE-MG, responsável pela abertura de novos tópicos no fórum
do CRV. Esses profissionais totalizam dez (10) Orientadores e dezoito (18) Professores
Mediadores.
A FIG. 9 ilustra a captura da tela inicial do fórum apresentada no Manual Passo a
Passo para Professores, disponibilizado na página interna dessa funcionalidade.
FIGURA 9 – Tela inicial do Fórum Fonte: MINAS GERAIS (2009?, p. 2)48
Os RD configuram “recursos de apoio à atividade docente nos seus diversos formatos,
tais como: textos, slides, vídeos, animação, softwares [dicionário Aurélio on-line], links, etc.”
(MINAS GERAIS, 2006a, p. 4)49. Trata-se de objeto de acesso restrito aos educadores da rede
estadual. Atualmente, esta área corresponde à seção Sala de Aula, posicionada na parte central
da homepage do CRV, conforme ilustração C da FIG. 10.
O BI congrega “itens de avaliação de tópicos do CBC, [inicialmente] destinados ao
apoio do professor na elaboração de suas atividades de avaliação da aprendizagem, na
48Imagem capturada em <http://www.google.com.br>. Acesso em: 04 ago. 2010. Passo a Passo Para Professores (p. 2 do Manual). 49Extraído do Anexo 2, p. 4 do Segundo Relatório de Avaliação do CRV (junho/2006). (MINAS GERAIS, 2006b)
62
educação básica.” (MINAS GERAIS, 2006b, p. 4)50. Hoje corresponde a uma área de acesso
restrito a diretores e professores de todas as disciplinas do Ensino Médio, tendo em vista as
prerrogativas do Programa de Avaliação da aprendizagem Escolar (PAAE)51 no âmbito do
SIMAVE.
Com exceção do objeto RD ou Sala de Aula (ilustração C), localizada na área central
da homepage do portal, entre os quadros “Dedicado ao Mestre” e “Notícias”, os demais
objetos integrantes da Área I – Apoio à Atividade Docente – estão posicionados no primeiro
bloco de hipertextos agrupados no menu lateral esquerdo logo abaixo da logomarca do portal,
conforme ilustra a FIG. 10. O objeto BI corresponde ao último link deste menu.
FIGURA 10 - Área I do CRV / Apoio à atividade docente
a)Logomarca do CRV b)Principais objetos da Área I com agrupamento sobreposto c)RD ou Sala de Aula, posicionado na área central da homepage do CRV d1)BI, disposto no último link do menu lateral esquerdo d2)Links internos do BI.
Fonte: MINAS GERAIS (2010)52
Segundo o Relatório de Avaliação Parcial do Projeto (2006b), a Área II do portal
corresponde à Biblioteca Virtual. Nela são colocados à disposição dos professores os
conteúdos já desenvolvidos e publicados pela SEE-MG, dentre os quais se destacam o
50Extraído do Anexo 2, p. 4 do Segundo Relatório de Avaliação do CRV (junho/2006). (MINAS GERAIS, 2006b). 51Avaliação de caráter diagnóstico, aplicada no início e no final do ano letivo aos alunos do 1º Ano do Ensino Médio. Pelo acesso do professor é gerada automática e aleatoriamente uma avaliação por disciplina em cada semestre letivo. 52Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010.
63
material produzido nos projetos Veredas e Siape e os conteúdos digitalizados e vídeos
selecionados dos arquivos do CRP. (MINAS GERAIS, 2006b)53. No antigo e extinto link
“Sobre o CRV”, substituído pelo atual “Quem Somos” é apresentada a seguinte descrição
para a Área II:
Biblioteca Virtual: acesso a material de apoio e a ferramentas interativas, onde o usuário conta com Dicionário Aurélio, Atlas Geográfico, conteúdo multimídia, simuladores, microscopia virtual, literatura, música, artes, entre outros temas. Temas educacionais e de legislação de interesse do professor são apresentados através de textos atuais. Essa área apresenta, também, um conjunto de módulos didáticos sobre informática, compondo um material adequado para introduzir os professores nas novas tecnologias da informação e comunicação. [Recentemente, o link “Relatos de Experiência” que compunha uma seção a parte foi indexado a esta área]. (MINAS GERAIS, s/d)54
A FIG. 11 apresenta a ilustração da área referente à Biblioteca Virtual e seus
respectivos objetos acrescidos da indexação do objeto “Relatos de Experiência”. Essa área
está disponível no menu lateral esquerdo, logo abaixo da Área I.
FIGURA 11 - Área II do CRV- Biblioteca Virtual Fonte: MINAS GERAIS (2010)55
A Área III é destinada ao Desenvolvimento Profissional. Disponibiliza aos educadores
informações sobre programas e projetos ligados à formação continuada em andamento na
SEE-MG, especialmente no âmbito do PDP, bem como minicursos e atividades afins. Os links
agregados a essa área estão atualmente disponíveis no menu lateral direito, na parte mediana e
inferior da homepage do portal. Note-se que apenas o PDP, destacado pela elipse preta na
ilustração a da FIG. 12 está posicionado junto aos outros projetos da SEE-MG,
53Extraído do Anexo 2, p. 4 do Segundo Relatório de Avaliação do CRV (junho/2006). (MINAS GERAIS, 2006b). 54Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 08 abr. 2008. 55Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 10 ago. 2010.
64
correspondentes à Área V – Institucional. Os demais componentes da Área III, apresentados
nos links da ilustração b, são promovidos por instituições parceiras da SEE-MG.
FIGURA 12 - Áreas III e V do CRV
a) Veja mais no CRV – Projetos e Parcerias Institucionais b) Interações na Web – links de acesso a portais e sites afins
Fonte: MINAS GERAIS (2010)56. Inclusão de elipses na ilustração a devido aos princípios didáticos.
Note-se que na ilustração a da FIG. 12 a elipse em vermelho sinaliza o link de acesso
ao quadro ou seção Museu Virtual da História da Educação em Minas Gerais. Na tela inicial
desse quadro, lê-se que:
A Secretaria de Estado de Educação, por meio do Centro de Referência Virtual do Professor (CRV), deseja conhecer o acervo histórico das escolas mineiras. Caso haja mobiliário, recursos didáticos (atlas, equipamentos etc.), uniformes, fotografias, pinturas, esculturas ou outros bens de valor histórico, favor fotografá-los, preencher as fichas de catalogação dos objetos e enviar o material ao CRV, para que possamos inserir as imagens no Museu Virtual da Memória da Educação. Muitos objetos antigos que podem ajudar a resgatar parte significativa do passado da educação em nosso Estado, e até em nosso País, podem estar, neste momento, sem o reconhecimento merecido em sua escola. Vamos valorizar o patrimônio da educação. Participe desta campanha e veja a sua escola no site do Museu Virtual/CRV. (MINAS GERAIS, s/d.)57
Logo abaixo do objeto Interações na Web, visualizado na ilustração b da FIG. 12, são
disponibilizados aos usuários links para atualização do navegador, segundo demonstra a
FIG.13.
56Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 10 ago. 2010. 57MINAS GERAIS. Museu Virtual da Memória da Educação de Minas Gerais. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/museu/port/index.asp> Acesso em: 15 ago. 2010.
65
FIGURA 13 – Links para atualização do navegador na web Fonte: MINAS GERAIS (2010).58
A Área IV corresponde ao Sistema de Troca de Recursos (STR). Essa é também uma
área de acesso restrito aos educadores da rede estadual, com arranjo disciplinar, tal como o
fórum de discussão do CBC. É presidida pelos mesmos profissionais que atuam no fórum de
discussão. Seu link de acesso está situado logo abaixo da Biblioteca Virtual. Ao posicionar o
cursor do mouse sobre a imagem, obtém-se a ilustração apresentada na FIG. 14.
FIGURA 14 - Área IV do CRV – Sistema de Troca de Recursos Fonte: MINAS GERAIS (2010)59
Ao acessar o link “Sobre o STR”, obtêm-se as seguintes informações:
O que é o espaço de “Sistema de Troca de Recursos Educacionais” - STR O STR é uma ferramenta destinada a ajudar aos professores no desenvolvimento e compartilhamento de ideias, projetos, pesquisas, textos e outros recursos didáticos. É um espaço para criação de textos didáticos, propostas de novos projetos, planos de aulas, esquemas de trabalho, etc., que podem ser compartilhados com outros colegas, constituindo-se em espaço para o desenvolvimento de trabalho colaborativo. A quem se destina Esta área de trabalho colaborativo está destinada aos professores da rede pública estadual de Minas Gerais. Como funciona Para desenvolver e publicar um recurso educacional (RE) é necessário que o professor da rede estadual seja cadastrado no Centro de Referência Virtual do Professor - CRV. O RE proposto pelo professor fica inicialmente disponível para sugestões de outros professores cadastrados. Depois que o material proposto é aperfeiçoado e adquire o status de versão final, então ele é publicado no CRV e pode ser visto também por professores não cadastrados.
58Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010. 59Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010.
66
Etapas do processo de publicação de um RE Passo 1: O professor cadastrado inclui um RE no Sistema de Troca de Recursos Educacionais. Nesta fase, o RE pode ser lido, receber comentários e sugestões de outros professores cadastrados. A partir da inclusão do RE, o professor que o apresentou pode editá-lo, ler comentários recebidos e salvar novas versões no CRV. Passo 2: Depois de fazer revisões a partir das sugestões dos colegas, o autor do RE pode solicitar sua publicação à coordenação do CRV. Passo 3: Após aprovação final da coordenação do CRV, o RE é publicado e pode ser acessado por todos os usuários do CRV, cadastrados e não cadastrados. (MINAS GERAIS, s/d.)60
A Área V, sob a denominação de Institucional, apresentada na ilustração da FIG. 12,
disponibiliza aos usuários informações de cunho institucional da SEE-MG e de interesse das
escolas estaduais.
A Área VI corresponde à Administração do CRV, referindo-se à administração de
funções, tais como registro e atendimento ao usuário. As ferramentas que compõem essa área
estão disponíveis no menu superior, localizado no cabeçalho da homepage, conforme
especificado na ilustração da FIG. 15. A ilustração b dessa figura mostra a visualização da tela
do serviço de contato e as respectivas categorias de assunto apresentadas ao usuário para
direcionamento do envio de sua mensagem. As categorias disponibilizadas são: situação
funcional, itens de avaliação, ensino fundamental Ciclos e 6ª a 9ª série, Ensino Médio,
educação especial/escola inclusiva, educação de jovens e adultos, concurso e certificação
ocupacional, suporte técnico e CRV.
FIGURA 15 - Área VI do CRV – Institucional
a) Menu Superior / Área Institucional b) Tela do link Contato
Fonte: MINAS GERAIS (2010)61
60Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010. 61Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010.
67
Até a recente adequação do conteúdo do portal às determinações especificadas na
Resolução nº 02 da SEGOV e AGE, encontrava-se disponível na área Institucional a
ferramenta Atlas da Educação Web, ilustrada na FIG. 16. Por meio dessa ferramenta o usuário
poderia acessar os dados estatísticos das redes e respectivas unidades educacionais de todas as
áreas geográficas de Minas Gerais.
FIGURA 16 - Atlas da Educação Web Fonte: MINAS GERAIS (2010)62
Além das seis áreas já apresentadas e especificadas na arquitetura descrita no escopo
do projeto original do CRV (fevereiro de 2005), foram gradativamente incorporados ao portal,
assim como o quadro Museu Virtual, outros três quadros ou seções – Escola Destaque,
Dedicado ao Mestre e Notícias. Vale ressaltar que, entre essas duas últimas seções, situa-se o
objeto RD/Sala de Aula, integrante da Área I. As ilustrações a, b e c da FIG. 17 estão
localizadas na parte central da homepage do portal.
FIGURA 17 – Quadros da parte central da homepage do CRV
a) Quadro Escola Destaque b) Quadro Dedicado ao Mestre c) Quadro Notícias
Fonte: MINAS GERAIS (2010)63
62Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010.
68
No quadro Escola Destaque, é publicada semanalmente na parte central superior da
homepage do portal uma foto de escola estadual, encaminhada pela própria escola, juntamente
com informações adicionais sobre si, seus projetos e atividades culturais que promove. As
publicações anteriores são armazenadas numa galeria de amplo acesso, localizada numa das
páginas internas do CRV.
O quadro Dedicado ao Mestre foi criado recentemente. Sua primeira e, até o momento,
única publicação ocorreu em maio do corrente ano. Conforme o próprio nome sugere, esse é
um quadro que tem por objetivo prestar homenagem a professores da rede estadual de ensino.
Teve origem a partir de uma notícia divulgada no CRV em novembro de 2009. Nessa ocasião,
foi publicada no portal uma carta de agradecimento e reconhecimento, na qual um aluno, ao
ingressar na universidade, prestou homenagem à sua ex-professora alfabetizadora.
No quadro Notícias, situado imediatamente após o objeto RD/Sala de aula,
constituinte da Área I, são publicadas informações que podem ser agrupadas em cinco
categorias64: 1- Divulgação de informações vinculadas ao CRV, 2 - Informações sobre
projetos e parcerias interinstitucionais da SEE-MG, 3 - Informações sobre as escolas
estaduais, 4 - Informações e indicação de fontes de pesquisas e 5 - Informações de interesse
geral do professor. Os educadores mineiros participam dessa seção encaminhando
informações sobre suas escolas ou órgãos regionais de ensino.
A partir da descrição efetuada, verifica-se que dentre as seis áreas componentes da
arquitetura da informação do portal, e adicionalmente os demais quadros agregados ao CRV,
são reveladores não apenas de seu conteúdo e funcionalidades, mas também do potencial de
interatividade e interação peculiar a cada área e seus respectivos objetos. Face ao exposto,
constata-se que, por meio de seus objetos e ferramentas, as áreas I- Apoio à Atividade
Docente, II- Biblioteca Virtual, III- Desenvolvimento Profissional, IV- STR, V- Institucional
e VI- Administração do CRV mesclam potencial de interatividade e interação.
Em todas as seis áreas há objetos cujas ferramentas proporcionam algum grau de
interatividade ao usuário.
Há áreas cujos objetos, pela própria denominação, são mais propensos à promoção da
interação entre usuários, a exemplo do fórum de discussão e do STR. Outras estão mais
inclinadas apenas ao favorecimento da interação entre o usuário e os membros da equipe do
portal, como é o caso dos quadros Relatos de Experiência, Escola Destaque, Dedicado ao
Mestre, Seção Notícias, Museu Virtual e Contato. Essas são, sem dúvida, as áreas nobres do
63Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010. 64 Consultar Amostra 2009 de Manchetes de Notícias, publicadas no CRV, Apêndice C, p. 235 dessa dissertação.
69
portal, haja vista os objetivos, princípios e finalidades pelos quais foi idealizado e concebido.
A interação constitui ingrediente indispensável ao fomento da formação docente
continuada em serviço e à indução ao trabalho colaborativo mediado por TICs. Portanto, é
fundamental a concentração de esforços da gestão em torno desse aspecto, pois a presença ou
ausência de interação dá pistas a respeito do tipo de postura assumido pelos usuários:
visitante, expectador passivo, participante ativo. Daí a importância dos gestores estarem
atentos às áreas e respectivos conteúdos e funcionalidades mais acessadas pelo usuário, a fim
de identificar pontos fortes e fracos e promover os ajustes necessários para elevar seu
potencial de exploração pelo usuário.
Um monitoramento ou mapeamento das preferências e dificuldades dos usuários,
escutando-o de alguma forma, constitui estratégia valiosa para a tomada de decisões
assertivas. Decisões pautadas em constatações e não em suposições, conforme alerta Black
(1997), evitam o agravamento dos problemas que levam um usuário a abandonar uma página
na web e não mais retornar.
2.5 O arranjo gestionário do portal educacional governamental CRV
Mediante a questão central que articula as dúvidas que motivaram a proposição desta
pesquisa – Quais são as condições necessárias para que a gestão de portais educacionais seja
bem sucedida e alcance a governança estratégica na promoção da formação docente, do
trabalho docente colaborativo e do desenvolvimento local? – vale ressaltar, embora exposto
na seção 1.1.3 e subseção 1.1.3.1 respectivamente, do capítulo 1 desta investigação, que:
1) As etapas iniciais de planejamento e implementação do portal educacional CRV da
SEE-MG (http://crv.educacao.mg.gov.br) foram desencadeadas em 2005 sob a direção
executiva da equipe do SISTTI. Nessa época, a SEE-MG ainda não havia definido e
tampouco implantado uma estrutura formal de gestão e vinculação institucional do CRV à sua
estrutura da SEE-MG. Portanto, embora idealizado e concebido em 2004 para ser o portal
educacional da SEE-MG, desde a época de sua implantação, em maio de 2005, até a efetuação
do Termo de Parceria com o IHR, em dezembro de 2006, a estrutura vigente não havia sido
ainda formalmente estabelecida.
70
2) Em 27 de dezembro de 2006, a SEE-MG celebrou com a OSCIP IHR65, o Termo de
Parceria Nº 62.1.3.1301/200666, mediante o qual foi firmado vínculo de cooperação entre as
partes, tendo por objeto “o desenvolvimento do Projeto Escolas em Rede nas Escolas
Estaduais do Estado de Minas Gerais, no escopo do Projeto Estruturador Novos Padrões de
Gestão e Atendimento da Educação Básica”. Na cláusula primeira desse termo, parágrafo
único, foi estabelecido que:
O desenvolvimento do Projeto Escolas em Rede por este TERMO DE PARCERIA abarca uma série de atividades como a inclusão digital de professores, alunos e comunidades, a facilitação do gerenciamento das Escolas Estaduais do Estado de Minas Gerais e o desenvolvimento do Centro de Referência Virtual do Professor. (MINAS GERAIS, 2006a, p. 1)67.
Esse termo teve sua vigência postergada até dezembro de 2009, mediante a efetivação
de quatro termos aditivos. Assim, modular e paulatinamente, algumas cláusulas, metas e, por
consequência, metas e indicadores acordados, programas de trabalho e suas ações
estruturantes e a metodologia de avaliação sofreram adequações e atualizações conforme as
necessidades mais prementes em cada período. Tais alterações foram formalizadas por meio
do aditamento dos referidos termos aditivos.
Em seguida à celebração do Termo de Parceria entre a SEE-MG e o IHR, foi
promulgada em janeiro de 2007 a Lei Delegada Nº 122, que definiu e estabeleceu a estrutura
orgânica da SEE-MG. A partir desse evento foi oficialmente definida e implantada a
vinculação gestionária e institucional do CRV no âmbito da SEE-MG. Segundo a estrutura
vigente, o CRV está diretamente subordinado à DTAE. Por conseguinte, esse órgão integra a
STE, a qual congrega outras duas diretorias: a Diretoria de Recursos Tecnológicos (DTEC) e
a Diretoria de Apoio Operacional e Controle de Redes (DACR). Todos esses órgãos, cuja
vinculação é hierárquica, conforme ilustrado no organograma da FIG. 18, integram a
Subsecretaria de Informações e Tecnologias Educacionais, diretamente vinculada à SEE-MG.
65Disponível em <http:// www.institutohr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 66Documento da SEPLAG disponível em <www.seplag.mg.gov.br>. Acesso em: 11 out. 2009 67Documento pioneiro disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em: 30 set. 2009.
71
FIGURA 18 - Gestão, Identidade e vinculação Institucional do CRV/2007 Fonte: (MINAS GERAIS, s/d., s/p.)68 - Adaptada para fins desta dissertação a partir da estrutura orgânica da SEE-MG e identidade institucional, Lei Delegada Nº 122, de 25 de Janeiro de 2007, Decreto Nº 44. 459, de 12 de Fevereiro de 2007.
Vale ressaltar que, conforme explícito na denominação, outra superintendência, a de
Informações Educacionais (SIE), compõe a subsecretaria apresentada no organograma.
A denominação de cada órgão componente do organograma expressa sinteticamente as
atribuições e competências exclusivas de cada um. Nesse ensejo, a DETEC tem como sua
principal competência a modernização e gerência da infraestrutura de software básico,
aplicativos de serviços web e sítios informativos. A DACR é responsável pelo apoio
operacional e controle de redes. A DTAE tem na introdução do uso das TICs ao processo
educacional escolar a sua principal atribuição. É essa a diretoria responsável pelo
gerenciamento do Projeto Escolas em Rede, do qual o CRV constitui uma das cinco metas
prioritárias.
Ao se acessar o portal da DTAE, obtém-se a informação de que:
O Projeto Escolas em Rede, instituído pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais SEE - MG, desde 2004, visa propiciar às escolas do sistema estadual de ensino, oportunidades e condições de atuação de forma mais articulada e cooperativa por meio da cultura do trabalho em rede e da incorporação das tecnologias da comunicação e informação - TCI, às suas atividades educativas e administrativas. O Projeto tende viabilizar a utilização do computador na escola em todas as áreas e, por isso, trabalha com um público-alvo diversificado dentro das unidades escolares, a saber: dirigentes, funcionários, especialistas, professores, alunos e comunidade escolar. É importante salientar que a expectativa em relação à introdução de tecnologias nas escolas está muito ligada à possibilidade de as mesmas permitirem a criação de
68Disponível em: <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 18 dez. 2008.
72
ambientes ricos de possibilidades de aprendizagens, onde possam ser trabalhadas as múltiplas linguagens, o multiculturalismo, abrindo portas para a melhoria da relação da escola com a comunidade. Além disso, pretende-se que os professores as vejam como um recurso importante, na criação de situações de aprendizagens que proporcionem as simulações que possam transformar a informação em conhecimento. (MINAS GERAIS, s/d.)69
A FIG. 20 ilustra a logomarca desse projeto:
FIGURA 19 - Logomarca do Projeto Escolas em Rede Fonte: MINAS GERAIS (2010)70.
A FIG. 20 ilustra a estrutura operacional da DTAE, composta pelos seguintes entes
institucionais: Setor de Informações e Divulgação, CRV, Coordenação do NTE, Setor de
Recursos Didáticos e Setor de Capacitações em Tecnologias Educacionais.
FIGURA 20 - Organograma da DTAE Fonte: MINAS GERAIS (2010)71
Note-se que na FIG. 20, o NTE é apresentado como um apêndice ao organograma da
DTAE. Isso se deve ao fato de cada uma das quarenta e seis (46) Superintendências Regionais
de Ensino (SREs) abrigar um NTE.
O QUADRO 2 especifica cada um dos setores em que a DTAE está subdividida:
69Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br/webdtae>. Acesso em: 28 abr. 2010. 70Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br/webdtae>. Acesso em: 28 abr. 2010. 71Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br/webdtae>. Acesso em: 28 jul. 2010.
73
QUADRO 2 Setores da DTAE
Fonte: MINAS GERAIS (s/d.)72. Fragmento extraído do QUADRO Setores da DTAE, integralmente disponível no sítio eletrônico.
Além dos profissionais com atuação direta no CRV, conforme exposto no QUADRO
3, relacionam-se ainda os agentes envolvidos no fórum de discussão e STR do portal. Esses
profissionais compõem duas categorias. A categoria de orientadores é constituída de 10
especialistas nos conteúdos dos CBCs os quais, durante a vigência do Termo de Parceria,
eram contratados pelo IHR. A categoria dos professores mediadores é composta por 18
professores selecionados e capacitados pela SEE-MG, responsáveis pela abertura de novos
tópicos no fórum do CRV e mediação do processo de publicação de recursos didáticos no
STR, sob a supervisão dos orientadores de cada disciplina (INSTITUTO HARTMANN
REGUEIRA, 2009)73.
72Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br/webdtae>. Acesso em: 21 jul. 2010. 73Documentos disponíveis em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em: 05 mai. 2010. (8º e 9º Relatório Gerencial)
74
3 A POLÍTICA EDUCACIONAL EM MINAS GERAIS: CONTEXTO E
IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, O
TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO MEDIADO POR TICS E O
DESENVOLVIMENTO LOCAL
3.1 Elementos inspiradores da política educacional das últimas décadas
A partir da década de 1990, emergiram reformas educacionais, sobretudo curriculares,
de iniciativa de secretarias de educação de estados e municípios brasileiros.
Documentos elaborados no âmbito de conferências globais, com destaque para a
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em 1990, em Jomtien, Tailândia,
e o Relatório para a UNESCO, redigido em 1993 pela Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI e intitulado Educação - um tesouro a descobrir, compõem o
marco referencial orientador dessas políticas educacionais e seus respectivos desdobramentos.
As reformas educacionais que se seguiram no país, em especial a partir do Plano
Nacional de Educação (PNE), incorporam o princípio da inclusão como imperativo da
“educação para todos” (BRASIL, 2001) e refletem a tendência brasileira de orientar as
políticas, não somente as educacionais, a partir de proposições oriundas de organismos
internacionais.
A expressão Década de Educação para Todos inaugura, ilustra e sintetiza a fase de
discursos e operacionalização das reformas e políticas educacionais orientadas segundo a
perspectiva da inclusão social e universalização da Educação Básica como mecanismo de
erradicação do analfabetismo.
Neste contexto, são retomados os conceitos de educação permanente e de educação
continuada e estes são ressignificados pela introdução e disseminação de uma nova e mais
abrangente expressão – educação ao longo da vida, a qual busca traduzir a concepção
filosófica holística que se propõe infundir na formação geral do cidadão a partir dos
denominados Quatro Pilares da Educação para o século XXI: aprender a conhecer, aprender a
fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser (DELORS, 2001).
Segundo a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, tais
aprendizados constituiriam as colunas do conhecimento necessário à formação nos planos
cognitivo e prático e ao desenvolvimento da capacidade de aprender ao longo de toda a vida
75
considerando-se o desafio que representa enfrentar as oscilações e exigências de um mundo
cada vez mais pleno de complexidades e incertezas.
Belloni (2001b, p. 5), citando Carmo (1997), Keegan (1983), Perriault (1996) e Bates
(1990), esclarece que o conceito de educação, ao longo da vida “[...] refere-se a uma educação
mais integrada aos locais de trabalho e às expectativas e necessidades dos indivíduos”.
Referenciando-se nos preceitos de Delors (2001), Silva afirma que:
A Educação ao longo de toda a vida se refere à mudança da noção de qualificação, pautada em uma formação única para a noção de competência, que se relaciona a uma formação dinâmica, flexível, condizente com a ênfase atual no trabalho em equipe, na capacidade de iniciativa, na valorização de talentos e aptidões. Essa mudança advém da “desmaterialização” do trabalho que exige, além da técnica, a “aptidão para as relações interpessoais”. (SILVA, 2008, p. 369) (itálicos no original)
Essa noção passa a compor discursos e documentos de subsídio aos processos
educacionais, especialmente os concernentes à formação docente continuada, ao trabalho
docente colaborativo e suas implicações na formação de agentes indutores e potencializadores
do desenvolvimento local.
3.2 Políticas públicas, gestão e governança educacional: definições, modelos e
implicações
Superadas as adversidades mais prementes no que se refere à universalização da
educação fundamental pública e gratuita no Brasil, os debates em torno da qualidade
educacional, sobretudo a da educação básica, passaram a ocupar, a partir da década de 90,
posição de destaque nas políticas públicas educacionais brasileiras (CASTRO, 2009).
A autora argumenta que, no campo educacional, o conceito de qualidade tem se
mostrado muito polissêmico, denotando sua complexidade e capacidade de provocar
antagonismos e controvérsias. Como decorrência, a depender do momento histórico vigente
no país, o debate e as ações voltadas à sua realização podem assumir configurações
diferenciadas.
Castro (2009, p. 22) esclarece que, inicialmente, o conceito de qualidade aplicado ao
campo educacional “foi identificado com a dotação de recursos humanos e materiais para os
sistemas escolares, estando intrinsecamente ligado à dotação orçamentária, gasto público
dedicado à educação e custo por aluno”.
Todavia, os debates em torno do que seja eficiência na gestão, especialmente aqueles
76
que adotam a matriz da gestão participativa fundamentada em princípios democráticos e
formas colegiadas de governo, tornaram-se intensos na primeira década deste milênio,
denunciando o equívoco conceitual existente entre participação e consulta.
A transposição do modelo gerencial empresarial de qualidade para o contexto
educacional entra, assim, em contradição com a concepção democrática de qualidade em
educação. Segundo Castro (2009, p. 22):
Ao se adotar uma perspectiva gerencial para as políticas educacionais, a sociedade e a educação são transferidas da esfera pública para a esfera privada. Assim, a qualidade consiste em seguir procedimentos corretos e apropriados para atingir determinados fins e não decidir, democraticamente, sobre os objetivos e finalidades da educação. A eficácia, a eficiência e a técnica corretas precedem a discussão pública e democrática sobre os contornos da educação, da pedagogia e do currículo.
O que a autora questiona é o viés tecnicista na atribuição de significados dos conceitos
de eficiência e eficácia, pois estes deveriam ser informados, em primeiro lugar, pelas
finalidades e objetivos da educação e formas de construí-las. Por outro lado, observa-se nos
discursos governamentais a ausência de referência a uma dimensão fundamental da avaliação
da gestão governamental: a efetividade das políticas, ou seja, a constatação de mudanças
ocorridas de fato na realidade educacional, que não teriam sido alcançadas na falta dessas
políticas.
Segundo Castro (2009, p. 31), a adoção do modelo gerencial pelo campo educacional
“busca estabelecer uma cultura organizacional firmada nos princípios de gestão estratégica e
de controle de qualidade orientada para a racionalização, eficiência e eficácia”. E conclui
afirmando que:
Nesse cenário, é assinalada a necessidade de impulsionar o processo de descentralização, regionalização e desconcentração, por meio da adoção de mecanismos de avaliação de resultados; do planejamento por objetivos; de programas eficazes de compensação educativa; de programas de emergência; e de desenhar sistemas de informação e investigação para a tomada de decisão como fórmulas destinadas a aumentar a capacidade de gestão. (CASTRO, 2009, p. 31).
Ferreira (2004, p. 1240)74 inclui na atividade de gestão três processos: “tomada de
decisões, organização, direção”, e afirma que:
A compreensão do significado da gestão da educação, nos tempos hodiernos necessita, a partir do seu sentido etimológico, ser vinculada às exigências do mundo globalizado com toda a sua complexa rede de determinações, tendo como referência fundamental a formação para a cidadania na “cultura globalizada”.
Segundo a autora, a expressão “globalização econômica” está revestida de sentidos
antagônicos, à medida que, ao significar unificação econômica, também significa a
intensificação da fragmentação sociopolítica-econômica-cultural, acentuando a exclusão a que
74Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 25 abr. 2010.
77
a grande massa da população mundial está submetida.
Cabe ressaltar que o modelo de gestão educacional democrática, além de incorporar a
participação como elemento essencial dos seus processos decisórios, requer a descentralização
articulada de papéis, funções e responsabilidades, de modo a favorecer a circulação sinérgica
e isonômica das informações e o compartilhamento dos conhecimentos e ações contextuais.
Nesta pesquisa, o conceito de participação designa níveis profundos de envolvimento e
interferência dos sujeitos na realidade educacional em torno de questões de interesse comum,
significa tomar parte efetiva. A participação, assim entendida, demanda a prática constante do
diálogo como fio condutor da reciprocidade nas relações de cooperação, colaboração e nos
processos decisórios. Ou seja, a consulta representa apenas um dos mecanismos que podem
ser empregados, um dos meios existentes para se promover a participação. A consulta não
pode ser vista, portanto, como fim e nem ser tomada como sinônimo de participação.
Ferreira (2004, p. 1242)75 salienta que, numa prática de gestão educacional
democrática, o sentido maior do qual esta se reveste “é o de humanizar a formação nesta
‘cultura globalizada’76 dirigida, virtualmente, pelo capitalismo”.
A perspectiva apontada por Ferreira (2004) guarda estreita relação com os princípios
preconizados nos Sete saberes necessários à educação do futuro (MORIN, 2002), a saber: as
cegueiras do conhecimento; o erro e a ilusão; os princípios do conhecimento pertinente;
ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a
compreensão e, finalmente, a ética do gênero humano.
Referenciando-se em Cury (2002), Ferreira (2004) esclarece que a gestão democrática
pressupõe a incorporação dos princípios da maiêutica socrática, que consiste em multiplicar as
perguntas como forma de chegar a conceitos gerais a partir de casos particulares. Nestes
termos, a prática gestionária “implica o diálogo como forma superior de encontro das pessoas
e solução de conflitos”, ou seja, compreende o exercício paciente e permanente da
interlocução interrogativa na busca de alternativas que colaborem com um “governo da
educação segundo a justiça”.
A gestão participativa, por se estruturar de forma horizontalizada, é um dispositivo
fundamental de indução da governança educacional, entendida como condições definidoras da
eficiência da gestão, que vão além do critério econômico, por incluir as dimensões sociais e
políticas da forma de exercer o poder, essenciais à avaliação de resultados. Portanto, a
75Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 25 abr. 2010. 76Ferreira (2004, p. 1241 e 1242) afirma que “Cultura globalizada” é a expressão que contém a diversidade de tudo e de todos na unidade dos limites do mundo. Contraditório “conceito”, que necessita ser investigado e compreendido para se poder empreender a gestão democrática da educação.”
78
governança pressupõe considerar os espaços das relações sociais (a gestão social) e políticas
(o poder local) se constituindo como condição ou mecanismo propulsor do desenvolvimento
local.
A existência de uma governança educacional se faz sentir por elevados níveis de
interatividade e articulação entre os agentes sociais e interinstitucionais, como conselhos,
universidades, associações, escolas, secretarias, centros tecnológicos etc., que, noutros termos,
denotam o grau de mobilização e de participação da sociedade civil nos processos decisórios e
no controle social, abrangendo desde as etapas de elaboração ao monitoramento e avaliação
das políticas públicas educacionais.
Contudo, para que o discurso sobre gestão educacional democrática se materialize na
prática, é preciso que haja por parte daqueles que se investem da função de gestor a adoção de
um modelo de liderança compatível.
A liderança sistêmica, por exemplo, implica no desenvolvimento de parcerias, visando
ao bem sucedido aprimoramento educacional, já que os líderes sistêmicos “se dispõem a
assumir os papéis de liderança de um sistema, se interessam e trabalham pelo sucesso de
outras e da sua própria instituição” (HOPKINS, 2006, p. 4).
Esse conceito de liderança não comporta a adoção do modelo difusionista de inovação
educacional, pautado no repasse e disseminação de inovações via pacotes de medidas, indo na
direção contrária e a favor da dinâmica da formação continuada em serviço, da prática
reflexiva e da perspectiva de um desenvolvimento local sustentável.
3.2.1 A avaliação como mola propulsora da gestão de programas e políticas públicas
A partir da década de 1990, com a perspectiva neoliberal de reforma do estado em
busca da eficiência administrativa, e sob o ditame do modelo gerencial, “[...] o poder público
passa a delegar a agências autônomas e empresas privadas a execução de seus serviços, [e,
com isso] cresce a necessidade de avaliação”, afirmam Costa e Castanhar (2003, p. 972).
Esses autores salientam que “a desestatização dos serviços públicos e a crescente
autonomia conferida às agências públicas” passam a requerer dos governos a prévia definição
de indicadores de desempenho, devidamente instituídos em contratos quando da celebração
dos termos de parceria para a terceirização dos serviços. Tal sistemática, segundo os autores,
“impõe à administração pública a necessidade de desenvolver instrumentos e metodologias de
79
avaliação, ágeis e de baixo custo” (COSTA; CASTANHAR, 2003, p. 972).
Para esses autores, “a avaliação de resultados passa a ser, portanto, pedra fundamental
na sustentação da reforma do Estado”, um instrumento “para a tomada de decisões em matéria
de políticas públicas”, e também um mecanismo que favorece o controle social, à medida que
proporciona à “sociedade em geral uma apreciação mais precisa sobre o desempenho” das
agências e agentes públicos (COSTA; CASTANHAR, 2003, p. 972).
Embora seja usual associar a avaliação de desempenho à eficiência na gestão de
programas públicos, os autores ressaltam que tal critério não pode ser considerado o único e
tampouco o mais importante a ser privilegiado na análise dos processos de gestão. Assim,
embasados no manual da UNICEF, Costa e Castanhar (2003, p. 973) sinalizam os critérios
mais comumente adotados no processamento da avaliação de desempenho de programas
públicos, sendo que a escolha de um ou de um conjunto deles está condicionada ao aspecto
que se deseja focalizar na avaliação:
eficiência - termo originado nas ciências econômicas que significa a menor relação custo/benefício possível para o alcance dos objetivos estabelecidos no programa; eficácia - medida do grau em que o programa atinge os seus objetivos e metas; impacto (ou efetividade) - indica se o projeto tem efeitos (positivos) no ambiente externo em que interveio, em termos técnicos, econômicos, socioculturais, institucionais e ambientais; sustentabilidade - mede a capacidade de continuidade dos efeitos benéficos alcançados através do programa social, após o seu término; análise custo-efetividade - similar à ideia de custo de oportunidade e ao conceito de pertinência; é feita a comparação de formas alternativas da ação social para a obtenção de determinados impactos, para ser selecionada aquela atividade/projeto que atenda os objetivos com o menor custo; satisfação do beneficiário - avalia a atitude do usuário em relação à qualidade do atendimento que está obtendo do programa; equidade - procura avaliar o grau em que os benefícios de um programa estão sendo distribuídos de maneira justa e compatível com as necessidades do usuário (COSTA; CASTANHAR, 2003, p. 973).
A despeito do dilema em torno do que se deva priorizar na avaliação de programas,
Costa e Castanhar (2003), citando Sulbrandt (1993), descrevem, para fins analíticos, as três
tipologias metodológicas mais recorrentes na avaliação destes, a saber: avaliação de metas
(realização de produção ou produtos); avaliação de impacto (alcance do propósito ou missão)
e a avaliação de processos.
Segundo os autores (COSTA; CASTANHAR, 2003, p. 979), a avaliação de metas
designa “o tipo mais tradicional e tem como propósito medir o grau de êxito que um programa
obtém com relação ao alcance de metas previamente estabelecidas. Metas do programa são os
produtos mais imediatos (ou concretos) que dele decorrem [...]”.
A avaliação de impacto, esclarecem Costa e Castanhar (2003), além de se ocupar da
verificação da execução das atividades previstas, focaliza a identificação dos efeitos
80
produzidos sobre o público-alvo do programa, bem como se os resultados finais projetados
foram igualmente alcançados. Noutras palavras, busca detectar as mudanças decorrentes dos
resultados alcançados pelo programa e em que proporção estas se concretizaram na direção
esperada.
A avaliação de processos ou avaliação formativa, conforme salientam os autores acima
mencionados, investiga sistematicamente o desenvolvimento de programas sociais a fim de:
“medir a cobertura do programa social; estabelecer o grau que está alcançando a população
beneficiária; e, principalmente, acompanhar seus processos internos.” (COSTA;
CASTANHAR, 2003, p. 980).
3.3 O Choque de Gestão na administração pública mineira – interface e delimitações
entre gestão pública e gestão social
A contextualização do choque de gestão, processada nesta seção, apresenta-se como
elemento essencial ao entendimento da contratação do IHR, em dezembro de 2006, para
promover o desenvolvimento do Projeto Escolas em Rede (dentro do qual, um dos braços é o
CRV), bem como os instrumentos de avaliação das metas pactuadas no Termo de Parceria
celebrado – Relatórios da comissão de avaliação e Relatórios gerenciais. Ambos são
componentes característicos do modelo gerencial adotado.
É nesse aspecto (pactuação de metas e avaliação do seu alcance em relação ao CRV)
que esse modelo gerencial se vincula às discussões desta dissertação, visto que a pactuação de
metas exerce grande poder de influência sobre os agentes envolvidos no processo gestionário
do portal.
Tenório (1998, p. 7) afirma que o conceito de gestão social está relacionado com um:
conjunto de processos sociais no qual a ação gerencial se desenvolve por meio de uma ação negociada entre seus atores, perdendo o caráter burocrático em função da relação direta entre o processo administrativo e a múltipla participação social e política. O que se busca, dessa forma, é o atendimento das atuais necessidades e desafios da administração quanto à democracia e à cidadania participativa, aplicando-se técnicas de gestão que considerem o intercâmbio dos vários atores envolvidos nos processos administrativos, estimulando o convívio e o respeito às diferenças.
Nesta perspectiva, o autor salienta que na gestão social, há
a preocupação com o uso de métodos de interação com as comunidades envolvidas, assim como recursos metodológicos para a formação e instrumentalização dos gerentes sociais, atribuindo importância ao fato de que a racionalidade técnica pode
81
e deve ser complementada pelo saber do público beneficiário. (TENÓRIO, 1998, p.7)
Osório (2005, p. 2-3)77 afirma que “definir o que é gestão pública nem sempre
constitui tarefa singela, embora, num plano empírico, saibamos, em geral, quando estamos
diante de atos típicos de uma Gestão Pública, e quando não o estamos”. Pode-se, segundo o
autor, “contrapor Gestão Pública à Administração Pública.” (OSÓRIO, 2005, p. 3).
Na ótica desse autor, “administrador e gestor são sujeitos conceitualmente distintos.
Gerir é algo mais do que administrar, implicando mudanças de paradigmas conceituais,
teóricos e pragmáticos.” (OSÓRIO, 2005, p. 3). E salienta: “Não se trata de substituir o
administrador por outra figura, mas de agregar um novo sujeito ao processo de decisões
públicas.” (OSÓRIO, 2005, p. 5-6).
Por conseguinte, o autor enfatiza que:
Com efeito, as mudanças estruturantes do Direito Administrativo, com espaços cada vez maiores à iniciativa privada e aos seus paradigmas teóricos, desembocam no fortalecimento da figura do gestor, uma espécie de administrador com novos e mais ambiciosos poderes, cujos campos de movimentação resultam pelo menos surpreendentes. A ideia do gestor aproxima-se do gerente. Eis a figura do gerente de Cidades ou dos novos gerentes privados da coisa pública. Observa-se, nesse contexto, o emergir de um novo Direito Administrativo, mais aberto e flexível, compatível com os novos paradigmas da Gestão Pública. (OSÓRIO, 2005, p. 6).
Conforme introduzido anteriormente, o modelo gerencial adotado pela atual
administração pública mineira, denominado Choque de Gestão, se identifica com o princípio
“Estado para resultados”, orientando-se pelas seguintes linhas de ação: qualidade fiscal e
qualidade e inovação em gestão pública.
Tais direções apontam para o enxugamento da máquina pública, implicando em corte
de despesas de ordens diversas, dentre as quais a de pessoal, no âmbito dos órgãos e unidades
executores das políticas públicas setoriais78.
Pestana, Tavares Júnior e Mendes (2009) esclarecem que o Choque de Gestão tem se
efetivado em duas etapas. A primeira, cujas iniciativas diversas destinaram-se
“especificamente a promover o ajuste fiscal e a organização do governo e suas ações
77Disponível em: <http://www.direitodoestado.com/revista/RERE-1-MAR%C7O-2005-FABIO%20MEDINA%20OSORIO.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2010.. 78 Segundo afirmação de Tenório (2002, p. 2): “Uma política pública é uma ação deliberada dos poderes públicos constituídos visando atender necessidades de uma sociedade. Essas ações podem ser definidas para atender demandas focalizadas – atenção a problemas que afetam a parte de uma dada população, ou universalistas – atenção a problemas que afetam a população no seu todo. Tais ações também contribuem à solução de questões setoriais – educação, habitação, justiça, estrutura agrária, saúde, saneamento, segurança, transporte etc., ou geograficamente delimitadas – nacional, regional, sub-regional, local etc. (destaques do autor). Disponível em: <http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044562.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2010.
82
prioritárias”, teve seu período compreendido entre 2003 e 2006. A segunda fase –
desenvolvida entre 2007 e 2010, caracterizada pela implantação de um novo conjunto de
mudanças, denominado pelos autores de “Choque de Gestão de segunda geração” –, objetiva
“à consolidação do equilíbrio fiscal e à promoção de choques de gestão setoriais, destinados a
promover mudanças positivas que sejam tangíveis para a sociedade mineira” (PESTANA,
TAVARES JÚNIOR E MENDES, 2009, p. 3).
Esses autores relacionam as seis estratégias setoriais que compõem o processo de
transformação inaugurado nessa segunda etapa à implementação do PMDI79. São as
seguintes: “Perspectiva integrada do capital humano; Investimentos e negócios; Integração
territorial competitiva; Sustentabilidade ambiental; Rede de cidades; e Equidade e bem-estar.”
Para o setor educacional mineiro, o Choque de Gestão traduziu-se na
institucionalização de políticas públicas prioritárias, congregadas no âmbito dos projetos
estruturadores e complementares de educação. Há que se ressaltar que é nesse contexto que se
situa o Projeto Complementar Escolas em Rede, sob o emblema de política pública
direcionada à promoção da inclusão digital escolar de gestores, alunos, professores e demais
funcionários.
Com base em Augusto (2005, p. 1), pode-se dizer que “a participação dos sujeitos no
processo educacional torna-se um pressuposto da gestão escolar, mas a definição das políticas
públicas e o controle estão ainda centralizados”.
Nas unidades escolares da REE-MG80, ocorre uma “aparente” gestão democrática e participativa, quando decisões devem ser referendadas pelos Colegiados escolares. Entretanto a participação e o envolvimento dos sujeitos, que convivem no contexto escolar é questionável, pois uma gestão efetivamente democrática pressupõe auto-organização dos envolvidos, espaço de luta, onde os interesses sejam debatidos, podendo ocorrer alternativas que entrem em confronto com as hierarquias de poder e comando, que são impostas. Na realidade, as escolas da REE-MG trabalham em seus projetos, dentro de limites definidos pelo sistema, e a descentralização, que se processou com o repasse de competências, não chegou a transferir poder de decisão e nem promover envolvimento da comunidade educativa na gestão escolar. (AUGUSTO, 2005, p.4)81
Com base nesse autor, pode-se conjecturar que as estratégias do PMDI no setor
educacional têm, portanto, se distanciado dos preceitos da gestão democrática e social, que
pressupõe diálogo, participação e envolvimento dos sujeitos sociais e entes institucionais nos
processos decisórios.
79 Rede Estadual de Minas Gerais. 80AUGUSTO. Maria Helena. As reformas educacionais e o choque de gestão: a precarização do trabalho docente. (2005). Gt 09. Disponível em: <www.anped.org.br>. Acesso em: 10 mar. 2009. 81Disponível em: <http://www.ppp.mg.gov.br/pppemminas/o-programa-ppp/o-projeto-estruturador>. Acesso em: 20 nov. 2009.
83
Assim, para que a gestão pública guarde interface com a gestão social, é necessário
que a prospecção, planejamento, institucionalização, implementação e avaliação das políticas
públicas se revistam de mecanismos e estratégias que assegurem, conforme Tenório (1998,
p.7), a “relação direta entre o processo administrativo e a múltipla participação social e
política” em direção “à democracia e à cidadania participativa”, já que
Gestão social contrapõe-se a gestão estratégica à medida que tenta substituir a gestão tecnoburocrática, monológica, por um gerenciamento mais participativo, dialógico, no qual o processo decisório é exercido por meio de diferentes sujeitos sociais. (Tenório, 2002, p. 126).
3.4 Concepção de desenvolvimento e de governança nas estratégias do Governo de
Minas e parcerias institucionais na educação
O desenvolvimento local refere-se àquele que se organiza e se regula pela base da
sociedade e que vai além dos aspectos econômicos, implicando foco nas pessoas e no seu
ambiente. Trata-se de uma perspectiva diferente do paradigma dominante, centrado
estritamente no desenvolvimento econômico, pois prioriza outros elementos-chave da
racionalidade do desenvolvimento, especialmente, a busca da conciliação das dimensões
social, política e econômica da democracia.
A categoria local no conceito de desenvolvimento local não equivale a lugar, a
território, ainda que ponha à mostra essas dimensões, chamando a atenção para o espaço onde
as pessoas vivem e podem participar diretamente. A categoria local faz par com a categoria
global e pede que se leve em conta aspectos da experiência social que o processo da
globalização ou de uma universalidade abstrata tende a ignorar. Tais aspectos são o
conhecimento que as pessoas têm da realidade, a participação comunitária, o envolvimento
direto dos cidadãos nos assuntos da gestão dos recursos públicos, a capacidade de organização
da sociedade em torno dos seus interesses, as articulações horizontais, a iniciativa e o
sentimento de apropriação das políticas pelas comunidades, a sinergia de esforços sociais por
meio da convergência das informações e dos conhecimentos de uma comunidade, a
maturidade e coesão do tecido social e a perspectiva de melhoria das condições de vida e das
vivências.
Desenvolvimento local é uma expressão polissêmica, cujo arcabouço conceitual
encontra-se em construção. A aproximação mais recorrente (OLIVEIRA, 2001) diz respeito a
84
um paradigma contrastante com o processo de globalização, justamente por valorizar poderes
locais, capazes de mobilizar interesses de diversas ordens, de diferentes grupos, de promover
interações e participação, seja no nível de uma comunidade local ou de redes sociais incluindo
as virtuais mediadas pela rede mundial de computadores. Em suma, a expressão
desenvolvimento local diz respeito ao desenvolvimento endógeno, que se expande de dentro
para fora, do local (físico ou virtual) para o global.
Contudo, não são esses os referenciais do conceito de desenvolvimento subjacente ao
chamado Choque de Gestão, estratégia adotada pelo governo mineiro. Segundo Peci, Figale,
Oliveira, Barragat e Souza (2008, p. 1139, apud VILHENA, 2006),
O choque de gestão adotado pelo governo do estado de Minas Gerais, desde 2003, entra no cenário de modernização da administração pública brasileira como “conjunto integrado de políticas de gestão públicas orientadas para o desenvolvimento”. Sintonizando a orientação para os resultados com o ethos do desenvolvimento, o choque de gestão foi um conjunto de medidas de rápido impacto, orientado para o ajuste estrutural das contas públicas e iniciativas voltadas para a geração de um novo padrão de desenvolvimento, tendo a inovação da gestão como elemento de sustentabilidade. Vários instrumentos gerenciais compõem o choque de gestão. Seu denominador comum é composto das relações de natureza contratual, estabelecidas não apenas entre os vários níveis de governo, mas também entre o governo, o setor privado e o terceiro setor. Acordos de resultados, parcerias público-privadas e termos de parcerias estabelecidos com Oscips são alguns exemplos desse movimento de contratualização.
Segundo Vilhena (2008, p. 3) a perspectiva de governança adotada pela atual
administração pública mineira é a de “ coordenação de governo por áreas de resultados”.82
Ao se acessar o portal governamental (www.mg.gov.br), obtém-se a informação de
que a governança em Minas Gerais tem seu núcleo basilar no Programa Estadual de Parcerias
Público-Privadas de Minas Gerais (Programa PPP). Seu arcabouço institucional foi
oficializado em dezembro de 2003 “a fim de disciplinar e promover arranjos de parcerias
público-privadas, as PPPs, no âmbito da Administração Pública.” (MARTINS, 2008, s/p.)83.
Segundo esta autora,
Para a consolidação do arcabouço institucional, o Programa PPP mineiro instituiu órgãos e designou agentes da Administração Pública para realizarem as funções de planejamento, fiscalização e assessoramento técnico, nos termos das Leis Estaduais de nº. 14.868 e 14.869, ambas de 16 de dezembro de 2003. Dentre as figuras que compõem o referido arcabouço institucional, destaca-se o Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas – CGP –, vinculado à Governadoria do Estado e presidido pelo Governador do Estado. Sua composição inclui, como membros efetivos, o Advogado Geral do Estado e os Secretários de Estado de
82Disponível em: <http://www.saribeiro.com.br/seminario/arquivos/Renata%20Vilhena.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2010. 83Disponível em <http://www.mg.gov.br>. Acesso em: 25 abr. 2010. Segundo informações disponíveis no site, última modificação em 30/10/2008, às 09h19.
85
Desenvolvimento Econômico, de Planejamento e Gestão, de Fazenda, de Transporte e Obras Públicas, de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, e, como membro eventual, o titular da Secretaria diretamente relacionada com o serviço ou a atividade objeto do contrato de parceria público-privada. Compete ao CGP elaborar o Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas e aprovar editais, contratos de PPP, seus aditamentos e prorrogações. Compete, ainda, ao CGP realizar, permanentemente, a avaliação geral do Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas e apreciar os projetos encaminhados por órgãos ou entidades da administração estadual interessados em celebrar parcerias. Outra importante figura institucional é a Unidade Operacional de Coordenação de Parcerias Público-Privadas – Unidade PPP –, que atua como um Centro de Referência de conhecimento sobre conceitos, metodologia e licitação de projetos de PPP em Minas Gerais. A Unidade PPP, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico - SEDE -, tem a função de prestar assessoramento técnico aos entes estatais envolvidos com projetos de PPP e disseminar informações acerca desse novo mecanismo. Além das funções citadas, a Unidade PPP tem a atribuição de assessorar o CGP e recomendar projetos de PPP para a deliberação desse conselho. Há, ainda, o Fundo de Parcerias Público-Privadas do Estado de Minas Gerais – Fundo PPP –, instituído para oferecer sustentação financeira ao Programa PPP mineiro. O Fundo PPP é gerido pela SEDE e tem, como agente financeiro, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. – BDMG. Ao Grupo Coordenador do Fundo – GCF –, composto por representantes da SEDE, do BDMG, da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG - e da Secretaria de Estado de Fazenda – SEF –, compete emitir pareceres sobre a viabilidade e a oportunidade de celebração dos contratos de parcerias público-privadas. (MARTINS, 2008, s/p.)84
Ao se acessar o site da SEE-MG, obtém-se a informação de que dentre as principais
organizações componentes do corpo de parcerias institucionais dessa secretaria relaciona-se o
Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd) da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF) – órgão corresponsável junto à SEE-MG pela gestão dos programas
relacionados nas FIG. 21 e 22.
FIGURA 21 - Logomarca do Simave Fonte: MINAS GERAIS (2010)85
FIGURA 22 - Logomarca do SIMADE Fonte: MINAS GERAIS (2010)86.
84 Disponível em: <http://www.ppp.mg.gov.br/pppemminas/o-programa-ppp/o-projeto-estruturador>. Acesso em: 20 nov. 2009. 85Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 27 jun. 2010. 86Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 27 jun. 2010.
86
Conforme informação contida na FIG. 23, o IHR tem parceria firmada com a SEE-MG
desde dezembro de 2006. Na cláusula primeira do termo contratual que formaliza o vínculo de
cooperação entre as partes, lê-se que este “tem por objeto o desenvolvimento do Projeto
Escolas em Rede nas Escolas Estaduais do Estado de Minas Gerais, no escopo do Projeto
Estruturador ‘Novos Padrões de Gestão e Atendimento da Educação Básica’” (MINAS
GERAIS, 2006b, p. 1).
O referido Termo de Parceria teve sua vigência encerrada em dezembro de 2009.
Segundo informações veiculadas no site da instituição, cabe em 2010, ao Instituto Hartmann
Regueira, no âmbito do Programa de Educação Profissional de Jovens e Adultos (PEP EJA)
instituído pela SEE-MG:
a gestão do monitoramento do desempenho do Programa em relação às metas estabelecidas, visando assegurar, continuamente, a sua eficácia, assim como o gerenciamento das ações de capacitação de aproximadamente 21 mil alunos, [por meio] de 581 TEC Salas, sob a coordenação de 20 coordenadores de aprendizagem (INSTITUTO HARTMANN REGUEIRA, s/d., s/p.)87.
FIGURA 23 - Logomarca do IHR Fonte: MINAS GERAIS (2010)88.
No que se relaciona ao uso de tecnologia de software livre, a SEE-MG mantém
parceria firmada, tal como enunciado na FIG. 24, com a Empresa Internacional Syst.
FIGURA 24 - Logomarca do Metasys Fonte: MINAS GERAIS (2010)89.
A SEE-MG, também relaciona na página de seu sítio eletrônico, a parceria
formalizada com a Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude (SEEJ-MG). Essa parceria
tem por objetivo assegurar a participação dos estudantes da rede estadual de ensino no
87Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 14 ago. 2010. 88Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 27 jun. 2010. 89Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 27 jun. 2010.
87
Programa esportivo-escolar90 de Minas Gerais (JEMG), cuja logomarca está estampada na
FIG. 25:
FIGURA 25 - Logomarca do JEMG Fonte: MINAS GERAIS (2010)91.
Outra parceria destacada na FIG. 26 é a que diz respeito ao Programa Nacional de
Formação Continuada em Tecnologia Educacional (PROINFO) da Secretaria de Educação a
Distância (SEED) do Ministério da Educação (MEC).
FIGURA 26 - Logomarca do PROINFO Fonte: MINAS GERAIS (2010)92.
Estão elencadas acima apenas as parcerias institucionais destacadas no website da
SEE-MG, muito embora haja outras tantas oficializadas.
Diante da amostra das parcerias institucionais formalizadas pela SEE-MG e da
concepção de governança enunciada pelo Programa PPP, cabe indagar sobre as implicações
do modelo adotado pelo governo mineiro e SEE-MG para o desenvolvimento local, pois
segundo Oliveira (2002, apud TENÓRIO, 2002, p. 4-5):
a primeira dimensão substantiva do desenvolvimento local refere-se à capacidade efetiva de participação da cidadania no que podemos chamar o ‘governo’, e ela aparece como um resgate da ágora grega, posto que a forma democrática representativa é insuficiente para dar conta da profunda separação entre os
90 “Realização de jogos esportivos, integrando equipes de escolas das diferentes redes de ensino, com o objetivo de aprimorar e ampliar a prática esportiva educacional. Trata-se de uma ação em parceria com a Secretaria de Estado de Educação para qualificar o esporte escolar, contribuir para uma educação de qualidade e para a formação integral dos alunos mineiros. O Minas Olímpica Jemg (Jogos Escolares de Minas Gerais) valoriza a prática esportiva nas escolas, tendo como princípio o desporto como uma das ferramentas pedagógicas necessárias ao desenvolvimento do protagonismo juvenil, indispensável para a construção da cidadania dos jovens mineiros. Os jogos também promovem a integração entre as diferentes regiões do Estado.” Disponível em http://www.esportes.mg.gov.br/minas-olimpica-jemg. Acesso em: 27 jun. 2010. 91Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 27 jun. 2010. 92Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 27 jun. 2010.
88
governantes e governados na escala moderna. (...) O desenvolvimento local poderia criar um locus interativo de cidadãos, recuperando a iniciativa e a autonomia na gestão do bem comum. Sugere-se assim, que o governo poderia estar ao alcance das mãos dos cidadãos. (OLIVEIRA, 2002, apud TENÓRIO, 2002, p. 4-5).
Como fazê-lo, contudo, se há delegações para terceiros de funções públicas,
comprometendo-se a possibilidade de realização da eficiência social e política da gestão das
coisas de interesse comum?
3.5 Interfaces e delimitações entre formação docente continuada, trabalho docente
colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local
Numa economia baseada no conhecimento, as transformações se processam em
velocidade e número cada vez mais crescentes. O enfrentamento das complexas demandas
advindas desse processo passa a exigir do ser humano um repertório de habilidades
diversificadas. Isso se aplica a todos os cenários da vida cotidiana e, excepcionalmente, ao
mundo do trabalho.
Contudo, o modelo educacional vigente não tem dado conta de responder a todas as
questões postas. E a formação inicial tem se mostrado insuficiente ante a complexidade e
exigências da vida moderna.
Num mundo de plugs e clics, a informação passa a se constituir na força motriz da
produção humana “[...] e ganha mais em qualificação quem estiver mais próximo e souber
dominar o circuito completo de seu processamento”, afirma Machado (1994, p. 183). Tal
prerrogativa requer a transposição profissional do aprender a fazer para o aprender a aprender.
O que noutras palavras corresponde a “[...] desenvolver a capacidade de inovar, de produzir
novos conhecimentos e soluções tecnológicas adequadas às necessidades sociais” a partir do
uso competente das informações (MACHADO, 1994, p. 183).
Em consequência, a demanda social descrita passa a compor uma série de novas
exigências aos sistemas educacionais, dentre as quais se destaca a incorporação das TICs aos
processos pedagógicos escolares.
Em Perrenoud (2000, p. 126), destaca-se a capacidade de utilização das TICs na escola
como uma das dez novas competências para ensinar inerentes à profissionalização do ofício
de professor no século XXI. Entretanto, o autor salienta não se tratar de colocá-las no centro
da evolução do ofício de professor. E explicita como referencial de sua argumentação a
89
enumeração de quatro entradas práticas que concernem ao professor:
• utilizar editores de textos; • explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do
ensino; • comunicar-se à distância por meio da telemática; • utilizar as ferramentas multimídia no ensino. (PERRENOUD, 2000, p. 126)
Assiste-se, então, a uma mobilização de organismos internacionais e nacionais,
governamentais e de outros setores da sociedade, em torno do debate, elaboração,
implementação e apoio às políticas públicas de inclusão digital.
Tais iniciativas têm centrado esforços, sobretudo, naquelas instituições responsáveis
pela educação formal, haja vista os acordos, tratados e convenções internacionais
empreendidos numa dimensão macro, em torno dos Objetivos do Milênio, e numa dimensão
micro, ou seja, estritamente relacionada à educação, em torno das metas definidas e ainda não
cumpridas pela maioria dos países signatários da Conferência Mundial de Educação para
Todos.
No cenário educacional mineiro, a atenção à necessidade premente de incorporação
das TICs aos processos pedagógicos escolares evidenciou-se na criação da SIE, no âmbito da
estrutura orgânica da SEE-MG. A partir de então, frentes de atuação, dentre as quais se
destaca o Projeto Complementar Escolas em Rede, foram instauradas para o atendimento a tal
demanda.
Contudo, tais frentes não se confirmaram plenamente suficientes e eficientes na
incorporação visível e cotidiana das TICs ao cenário educacional das escolas públicas
estaduais, levando-se em consideração o universo de 3.920 instituições.
Embora as habilidades para o uso das TICs pelo professor, enumeradas por Perrenoud
(2000), contemplem apenas elementos de cunho mais primário e elementar do uso da
informática, algumas situações-problema vinculadas a essas habilidades básicas ainda
persistem vigorosamente no cenário de grande parte das escolas públicas.
A título de ilustração do cenário acima descrito, ainda é comum se deparar com
bibliotecas utilizadas como depósito de livros, laboratórios de ciências desativados,
laboratórios de informática eventualmente habitados por alguns docentes e alunos a fim de
que uma aula diferente seja ministrada, quando não trancados e ninguém sabe com quem está
a chave.
Essas evidências pressupõem insuficiência e pouca eficácia de algumas frentes de
atuação da política educacional mineira com relação à formação continuada de professores e
ao estímulo do trabalho docente colaborativo, como agentes indutores do desenvolvimento
90
local.
Noutros termos, o modelo educacional vigente não tem dado conta de suprir as
demandas sociais acirradas e aprofundadas a partir das três décadas finais do século passado,
denominadas por Hobsbawm (1995) de Décadas de Crise ou do Desmoronamento Final.
Assim, a educação e os demais processos sociais encontram-se diante de outro grande
desafio – a transposição do ser individual enrijecido para o ser coletivo, em face de um
contexto social que urge pelo “novo”, que rapidamente torna-se obsoleto.
Nesse cenário social, povoado de permanentes e aceleradas mutações tecnológicas,
organizacionais e das relações mercadológicas, “[...] a capacidade de gerar e absorver
inovações vem sendo considerada, mais do que nunca, crucial para que um agente econômico
se torne competitivo” (LEMOS 1999, In: LASTRES e ALBAGLI, 1999, p. 122).
De Masi (2005, p. 26) afirma que num processo criativo “[...] o verdadeiro sujeito
histórico da criação não é o homem, mas a sociedade: a sociedade criativa.” (grifos e negritos
do autor) e que a maior parte das produções ou invenções humanas é obra de grupos e de
coletividades e não de gênios individuais.
Essa proposição permite afirmar que “[...] a inovação é o substrato dos
transbordamentos de conhecimentos” e sempre esteve presente ao longo da trajetória humana
sobre a Terra (FARFUS et al,.2007, p. 17).
Contudo, a despeito da definição apresentada para o termo inovação, muito embora o
fenômeno não seja novo, sua construção conceitual ainda constitui ação inacabada.
Farfus e Rocha (2007, p. 18), em referência ao pensamento de Elias (1994, p. 19),
afirmam que: [...] “Não há dúvida de que cada ser humano é criado por outros que existiam
antes dele. Ele cresce e vive como parte de uma associação de pessoas, de um todo social –
seja este qual for [...], e onde se localize – passado, presente ou futuro”. As autoras concluem
seu pensamento argumentando que “[...] a articulação dos indivíduos em rede, trabalhando de
forma sintonizada e harmônica” constitui, de fato, o mecanismo potencializador da definição
enunciada por Elias.
Em Machado (1994, p. 186), destaca-se a seguinte afirmação inerente ao conceito de
inovação:
A capacidade de inovar sintetiza competências adquiridas pelo domínio de conhecimentos e habilidades científico-técnicas, sociais e metodológicas, dentro de um sistema de relações sociais e técnicas, que favoreça o despertar da consciência e dos valores emancipadores do ser humano, tais como autonomia e liberdade.
Neste sentido, evocar “novas educações” implica, conforme anunciam Pretto e Pinto
(2006), num convite à ressignificação pela escola e por toda a sociedade, dos tempos e
91
espaços supostamente democráticos de aprendizagem e à abolição da hierarquização dos
saberes escolares e do enrijecimento disciplinar dos seus currículos.
Portanto, fomentar a concretização de “novas educações” requer, sobretudo e não
somente, uma urgente ruptura com o modelo verticalizado, racional-burocrático das
instituições escolares e com a gestão e organização curricular amestradas.
Requerem enfim, conforme anuncia Porto (s/d, s/p.)93, a superação do desafio de
educar com os meios e para os meios, reivindicando, portanto, uma articulação e atuação
eficaz dos órgãos técnico-pedagógicos escolares e extra-escolares, para além de uma
fundamental inovação dos modelos e processos didáticos e educacionais – inovação capaz de
promover a transposição da dicotomia tempo-espaço escolar e social, de forma tal que todos
os espaços sociais, gradativamente, convertam-se em salas de aula, sem imposição de
fronteiras espaço-temporais e limitação quantitativa e qualitativa das aprendizagens
compartilhadas.
Nessa perspectiva, o trabalho colaborativo passa a constituir-se numa promissora
estratégia de formação continuada em serviço que, dentre outros aspectos, faz-se
imprescindível à ruptura com o modelo educacional verticalizado. Contudo, há que se
considerarem as experiências culturais do professorado.
Nesta investigação, a expressão trabalho docente colaborativo designa o ato ou efeito
de colaborar presentemente no trabalho realizado em comum por docentes. A colaboração se
efetiva na prática de compartilhamento, de trocas e auxílios recíprocos e contínuos que estes
realizam, visando satisfazer necessidades educacionais, criar uma nova qualidade no processo
de ensino-aprendizagem ou operar mudanças no contexto sociocultural em que atuam.
Provêm do conjunto de ações, conhecimentos e saberes inerentes ao ofício da profissão de
professor e pressupõe o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe, a
solidariedade, a abertura às diversidades de pontos de vista, o intercâmbio e a interlocução
permanentes.
A cultura do trabalho docente colaborativo mediado por TICs refere-se a um conjunto
de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem os
docentes que empregam essas tecnologias como mecanismo ou recurso de mediação nas
trocas de experiências que realizam e no compartilhamento e construção de saberes que
necessitam para seu exercício profissional.
Configura-se como o modo de expressar e um aporte à prática docente reflexiva e
93 Disponível em: <http://www.portalensinado.com.br>. Site associado ao Portal Educação. Acesso em: 07 dez. 2008.
92
colaborativa que demanda autonomia intelectual e aprendizagem compartilhada. Nasce e se
desenvolve no âmbito de um processo sustentado pela reciprocidade, mutualidade,
cooperação e colaboração, via emprego das TICs, conformando uma inteligência docente
coletiva contextualizada no ciberespaço.
Lévy (1994) esclarece que com a aceleração da produção dos conhecimentos
científicos e técnicos a partir do fim do século XVIII e uma consequente profusão das
tecnologias digitais, houve a partir do século XX a expansão da mundialidade, marcada por
uma progressiva descoberta de sua diversidade e complexidade. Segundo o autor, esse
movimento fez emergir o ciberespaço, constituído pela interconexão em tempo real de todos
os computadores do planeta. Desta interconexão provém então a inteligência coletiva, que por
sua vez representa a “[...] condição de possibilidade das soluções práticas para os problemas
de orientação e aprendizado no universo do saber em fluxo” e se constitui no principal
elemento de fomento à cibercultura (LÉVY, 1994, p. 7).
Nesses termos, falar de inteligência coletiva equivale a fazer referência aos processos
cognitivos, levando-se em consideração o caráter estratégico da diversidade permeada pelas
divergências e acordos em âmbitos individuais e coletivos.
A base fundamental da inteligência coletiva se constitui no reconhecimento e no enriquecimento mútuos das pessoas, considerando a multiplicidade de sua história, seus conhecimentos e capacidades. Ela cria a perspectiva de um laço social construtivo e cooperativo, onde cada um, embora não saiba tudo, pode colaborar com aquilo que sabe (MOURA, 2001, p. 6)94.
A introdução ou incorporação dessa nova conceituação à educação significa, conforme
afirma Lévy (1994, p.7), que “toda e qualquer política de educação deverá levar em
consideração” os aspectos inerentes à cibercultura latente do ciberespaço enquanto canal
propagador da inteligência coletiva.
Entretanto, o fomento à cultura do trabalho docente colaborativo, por si só constitui
um desafio. E mais ainda, sendo mediado pelo uso das TICs.
Estudos educacionais recentes empreendidos por Soares (2007), tendo sua análise
fundamentada nos resultados das Avaliações Sistêmicas em nível estadual (SIMAVE) e
federal (Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB), têm vinculado o acentuado
índice de baixo desempenho de estudantes das escolas públicas brasileiras à competência
profissional do professor, focalizando, sobretudo, seu processo de formação inicial e, mais
especificamente, aquela que se dá ou deveria dar-se continuamente em serviço.
94 A Inteligência Coletiva. Artigo originalmente publicado na revista Marketing Industrial, N
o 18, Ano 7 - 2001.
Disponível em: <http:// www.ddic.com.br>. Acesso em: 25 mai. 2009.
93
Ao analisar os aspectos de maior impacto na melhoria do desempenho cognitivo dos
alunos no Ensino Fundamental, tendo como referência o estudo dos resultados escolares de
alunos no SIMAVE / 2006 e SAEB / 2005, o autor argumenta, respaldado tanto na literatura
internacional quanto na nacional, que a atuação do professor constitui fator decisivo para o
aprendizado do aluno.
O argumento de Soares é enfaticamente destacado no prefácio de um relatório de
pesquisa desenvolvida pela Mckinsey & Company, sob o título Como os sistemas
educacionais de alto desempenho chegaram ao topo?, onde se lê (SCHLEICHER, 2007, p.3):
1. “A qualidade de um sistema educacional não é capaz de ir além da qualidade de seus professores” 2. “A única forma de melhorar os resultados é melhorando o ensino” 3. “Para se ter um sistema de alto desempenho, é necessário que todas as crianças sejam bem-sucedidas”.
Essas três proposições chamam atenção pela relação intrínseca que mantêm com a
temática: Formação de Professores (inicial e continuada).
Finalmente, Soares destaca que, para que ocorra uma progressiva elevação no
desempenho dos alunos numa projeção de longo prazo, necessário se faz concentrar esforços
e investimentos na promoção de mudanças estruturais, não somente na formação inicial, mas
também na sua prática de formação continuada. Esta última, para ser significativa e eficaz,
requer uma profunda articulação com o Projeto Pedagógico da escola que, quase sempre
inexiste legitimamente instituído no âmbito escolar. Desencadeia-se assim, o gasto de muitos
recursos em programas generalistas pouco eficientes.
Na literatura atual é recorrente o discurso que concebe a formação docente continuada
como “um processo crítico-reflexivo sobre o fazer docente em suas múltiplas determinações”
[...] um processo nucleado na própria escola dentro da espiral ação-reflexão-ação, devendo esse processo contemplar: 1) a articulação com o projeto da escola; 2) a valorização da experiência profissional dos participantes; 3) as potencialidades da comunidade escolar e as especificidades da instituição e do trabalho desenvolvido; 4) formas de trabalho coletivo e ação autônoma das escolas (ANDRÉ, 2002, p. 173).
Tal discurso contrapõe-se e desqualifica as estratégias verticalizadas, aplicadas em
forma de “pacotes de treinamento”, as quais, segundo Kramer (1989), centram-se na
concepção do “efeito multiplicador” ou “efeito de repasse”.
Kramer (1989) salienta que essa concepção ocasiona uma mínima ou nula
compreensão das propostas educacionais, o que, por conseguinte, desencadeia a aversão, a
rejeição e a resistência à disseminação e à incorporação da inovação educacional.
Essa produção compartilha da definição que concebe a formação docente continuada
94
para além da prática reflexiva, a qual, segundo André (2002, p. 173), preconiza uma formação
permanente “em integração com o contexto sócio-político-econômico-cultural mais amplo”
O documento denominado Texto Referência para debate na Conferência Nacional de
Educação Básica, cuja etapa final foi realizada no período de 14 a 18 de abril de 2008 em
Brasília, enfatiza que as questões inerentes à formação, desenvolvimento e valorização dos
trabalhadores em Educação (professores e funcionários), de alguma forma sempre ocuparam
algum espaço na agenda de discussão do cenário das políticas educacionais.
Entretanto, não há registro de que em nenhum outro momento histórico, tal temática
tenha recebido o enfático tratamento do qual tem desfrutado desde as últimas décadas por
parte de diversos organismos e agentes nacionais, internacionais e multilaterais.
No seu escopo, o documento do Texto Referência, para debate da Conferência
Nacional de Educação Básica, concebe a formação e a valorização profissional como aspectos
indissociáveis. Considerando a legislação vigente e as atuais demandas educacionais e sociais
de cada sistema de ensino emanadas das mudanças no campo do conhecimento e em
consonância com a exigência da garantia de um padrão de qualidade, necessário se faz a
definição e efetivação de mecanismos e processos de formação inicial e continuada dos
docentes.
Neste contexto, a modalidade de EAD mediada pelas TICs ganha legitimidade e status
como alternativa eficaz de promoção de formação inicial e continuada abrangedora de um
maior número de profissionais docentes em virtude de seu caráter de flexibilização dos
tempos e espaços formadores.
Como elemento transversal a toda sociedade e, portanto, de igual modo ao campo
educacional e ao do trabalho, as TICs não são, de forma alguma, componentes neutros no
cenário social. Ao contrário, são produzidas e, concomitantemente, são produtoras de
mudanças cada vez mais profundas no bojo das sociedades contemporâneas. Entretanto, não
podem ser concebidas como as protagonistas centrais desse processo, em detrimento da ação
humana que as criou.
Nesta investigação, o termo formação docente refere-se a um processo de modelagem
profissional tomada em suas diversas dimensões: o ato de se formar, a maneira ou forma
como isto ocorre, o conjunto dos conteúdos implicados e o efeito deste processo.
O termo continuada diz respeito à característica ininterrupta e sucessiva do processo
formativo que ocorre após a formação profissional docente inicial. Trata-se, portanto, de um
processo dinâmico e permanente, individual e coletivo, de desenvolvimento de atividades
articuladas a estudos, discussões e aprendizagens focados na ação-reflexão-ação da prática
95
docente cotidiana dentro e fora da sala de aula. Seu lócus é a própria sociedade, as relações
sociais que permeiam as questões relacionadas à identidade docente, à profissionalização do
magistério, à articulação entre teoria e prática, à qualidade do ensino e à práxis pedagógica.
A formação docente continuada interessa a toda a sociedade e mais centralmente à
escola, às universidades e aos demais órgãos e instituições do sistema educacional. Encontra
seu alicerce na articulação entre as necessidades profissionais dos professores, na gestão da
escola e do sistema educacional, que devem estar previstos em políticas públicas e em
projetos político-pedagógicos institucionais. É significada por questões educacionais e sociais
emergentes e pelas parcerias e compartilhamentos de ações estabelecidos entre os órgãos e
instâncias do sistema educacional.
Entretanto, esta iniciativa apresenta-se tão promissora quanto desafiadora para a
gestão e a governança educacional e, mais especificamente, para a gestão e a governança dos
portais educacionais por requerer quebra de paradigmas, mudança de postura e intenso
envolvimento e participação de todos os atores envolvidos nos processos educativos extra e
intra escolares em prol da constituição de uma cultura de trabalho colaborativo que fomente e
potencialize uma formação docente continuada, também comprometida com a dinâmica do
desenvolvimento local.
96
4 O DESENVOLVIMENTO DO CRV – IMPLICAÇÕES DA ESTRATÉ GIA DE
CELEBRAÇÃO DE PARCERIA ENTRE A SEE-MG E O IHR PARA A
FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, O TRABALHO DOCENTE
COLABORATIVO MEDIADO POR TICS E O DESENVOLVIMENTO L OCAL
4.1 A Promoção do Desenvolvimento Estrutural do Portal no Contexto do Projeto
Escolas em Rede
Conforme exposto na introdução desta pesquisa, em dezembro de 2006 o Estado de
Minas Gerais, por meio da SEE-MG, firmou com a OSCIP IHR o Termo de Parceria Nº
62.1.3.1301/2006, sob posterior alegação de não haver identificado profissionais em seus
quadros com formação específica e em quantidade suficiente para o atendimento das frentes
de atuação que a implantação e desenvolvimento do Projeto Escolas em Rede demandariam,
tendo em vista a complexidade e a dimensão que o envolvem. Cabe salientar que tal
justificativa foi adicionada ao documento original por meio do terceiro Termo Aditivo.
Segundo consta no Anexo V desse documento, tal procedimento tinha como finalidade
assegurar a qualidade e a agilidade no processo de execução das cinco metas fundamentais do
projeto, dentre as quais figura o desenvolvimento do CRV (MINAS GERAIS, 2006a)95.
O Termo de Parceria é um instrumento contratual entre parceiros públicos e privados,
composto pelos seguintes elementos estruturais: “objeto; quadro de indicadores e metas dos
resultados previstos, com o cronograma de desembolso; critérios para avaliação de
desempenho; previsão de receitas e despesas” (VILHENA, 2008, p. 24)96. É com base na
apresentação e análise de alguns instrumentos agregados a esses elementos que nesta seção
será ilustrado o processo de desenvolvimento estrutural do CRV.
Sabe-se que o referido Termo de Parceria tem por objeto a implementação do Projeto
Escolas em Rede. Assim sendo, os instrumentos aos quais são feitos referência contemplaram
o desenvolvimento e avaliação das cinco metas fundamentais do projeto. Para efeitos desta
investigação, foi necessário proceder a ajustes e adaptação para apresentação dos dados
agrupados nesses instrumentos. Nessa perspectiva, alguns dos instrumentos expostos a seguir
95Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 96Disponível em: <http://www.saribeiro.com.br/seminario/arquivos/Renata%20Vilhena.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2010.
97
foram recortados e inseridos neste trabalho sob o molde de fragmentos, objetivando focalizar
especificamente as informações referentes ao CRV, embora seu contexto amplo seja o Projeto
Escolas em Rede.
Portanto, os dados apresentados focalizam apenas o que se refere de modo mais
contundente e preciso à descrição e mensuração do desenvolvimento do CRV, apresentadas
nos dez Relatórios periódicos da CAA – comissão prévia e formalmente instituída no âmbito
da SEE-MG e da SEPLAG – e no Termo de Parceria e do 11º Relatório Gerencial dos
Resultados.
Muito embora a metodologia de avaliação consagrada pelos parceiros (SEE-MG e
IHR) tenha como princípio norteador a atribuição de uma nota final em cada período de
avaliação (ocorrência trimestral), considerando-se “a nota obtida pela avaliação do Quadro de
Indicadores e Metas e a nota obtida pela avaliação das Ações Estruturantes” (MINAS
GERAIS, 2007, p.1), decidiu-se pela apresentação do fragmento (Grupo B), concernente ao
desenvolvimento do CRV, extraindo-se apenas o quadro de ações estruturantes referente a
cada período. A decisão da pesquisadora em adotar essa forma de apresentação e análise visa
favorecer o entendimento da abordagem efetuada a partir dos dados extraídos das fontes
documentais citadas. Cabe salientar que apenas nos períodos de avaliação em que esse
instrumento se fizer ausente, far-se-á o emprego do Quadro de Avaliação dos Indicadores e
Metas, como é o caso do 8º e 9º trimestres de avaliação.
O quadro de ações estruturantes é um instrumento associado aos outros dois
instrumentos instituídos no âmbito do Termo de Parceria, a saber: programa de trabalho e
quadro de metas e indicadores. Por isso optou-se apenas pela apresentação do primeiro
(quadro de ações estruturantes), pois, além de favorecer uma rápida e precisa visualização dos
elementos alvo da ação parceira e respectiva avaliação em cada período, evita-se a
apresentação dispendiosa de vários instrumentos referentes a um mesmo aspecto tratado.
Soma-se aos aspectos sinalizados o fato de tratar-se de documentação muito densa e extensa.
Com vistas ao adequado entendimento da análise processada, antes de se proceder à
apresentação dos QUADROS 3, 4, 5, 6 e 7, respectivamente correspondentes ao 1º, 2º, 3º, 4º e
5º Períodos de Avaliação, cabe antecipar que nas ações descritas nos QUADROS 3, 4, 5 e 6,
as seis ações estruturantes delineadas para o desenvolvimento do CRV, intrinsecamente
vinculadas às metas e indicadores inscritos no Termo de Parceria atualizado face ao primeiro
aditamento ocorrido no início de 2007, dizem respeito à rotina e procedimentos de gestão de
conteúdos e serviços disponibilizados pelo CRV.
Percebe-se que a ênfase recai nos procedimentos e estratégias de produção, aquisição e
publicação de conteúdos no portal, ressaltando-se sua compatibilidade com as concepções e
objetivos dos CBCs. As duas últimas ações descritas nesses quadros referem-se a
98
procedimentos, ferramentas e mecanismos de gestão e suporte técnico do portal.
Quanto ao QUADRO 7, correspondente ao 5º Período de Avaliação, situado entre 15
de fevereiro de 2008 a 14 de maio de 2008, constatam-se acréscimos de ações estruturantes
processadas face ao segundo aditamento.
Para execução e avaliação de cada ação estruturante foram preestabelecidos prazos
cuja duração visualizada na prospecção do início e término, assinalada na quarta coluna de
cada quadro, permite entrever a prioridade e o grau de complexidade de cada uma das ações.
Essas ações, alvo de execução e avaliação, estão destacadas em cada um dos quadros, com
ênfase para os respectivos períodos, por meio de destaque (preenchimento colorido do fundo).
No QUADRO 3, concernente ao 1º Período de Avaliação, compreendido entre 27 de
dezembro de 2006 a 14 maio de 2007, a ação estruturante focalizada contemplou a execução e
monitoramento do item 1.1, correspondente ao desenvolvimento de metodologia e
instrumentos de avaliação e seleção de recursos didáticos compatíveis com os objetivos e
conteúdos do CBC.
QUADRO 3 Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do CRV Focalizadas no
1º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2007, p. 5)97. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes, relativo ao Grupo B - Desenvolvimento do CRV.
97Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 1º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE - MG e o IHR, referente ao período de 27 de dezembro de 2006 a 14 maio de 2007.
99
É importante destacar que a avaliação empreendida no primeiro período de avaliação
considerou apenas a atribuição de notas à ação assinalada nesse instrumento, ou seja, para
esse primeiro período não foram atribuídas notas ao quadro de metas e indicadores inscritos
no Termo de Parceria. Esse procedimento já estava inicialmente previsto no documento.
Conforme também previsto, a partir do segundo período de avaliação foram atribuídas notas ao quadro de metas e indicadores, assim como ao quadro de ações estruturantes.
O QUADRO 4 focaliza a execução e respectiva avaliação da ação 1.2 (Produção de
relatório contendo recursos didáticos e materiais de referência selecionados para aquisição e
disponibilização no CRV) e da ação 2.2, referente ao desenvolvimento e implantação do Plano
de Monitoramento e Avaliação (MEA) da utilização do CRV pelos educadores e demais
usuários, com relatórios mensais a partir do mês seis (segundo trimestre, correspondente ao
segundo período de avaliação. Note-se na segunda subcoluna (Término) da quarta coluna
(Duração) a alteração de algumas datas em comparação com o quadro anterior (3).
QUADRO 4 Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do CRV Focalizadas no
2º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2007, p. 21)98. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes, relativo ao Grupo B - Desenvolvimento do CRV.
98Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 2º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE - MG e o IHR, referente ao período de 15 de maio de 2007 a 14 de agosto de 2007.
100
No QUADRO 5, referente ao terceiro trimestre de avaliação, são assinaladas as ações
1.3 (aquisição e disponibilização de 300 mil itens de conteúdo no CRV), não avaliadas e
postergadas; 1.4, referente à elaboração e disponibilização no BI do CRV de 10 mil itens de
avaliação, abrangendo todos os conteúdos dos CBC e novamente a 2.2, objeto de avaliação no
período anterior, conforme ilustrado no quadro correspondente.
QUADRO 5
Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do CRV Focalizadas no 3º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2007, p. 25)99. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes, relativo ao Grupo B - Desenvolvimento do CRV.
O QUADRO 6 refere-se ao quarto trimestre de avaliação e contempla como objetos de
sua avaliação as ações estruturantes 1.3, não avaliadas e postergadas no período anterior; 2.1
concernente à manutenção da atualização das informações e dos serviços de gestão e suporte
técnico do CRV e dos “sites” e ambientes colaborativos a ele vinculados, dos serviços de
99Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 3º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE - MG e o IHR, referente ao período de 15 de agosto de 2007 a 14 de novembro de 2007.
101
atendimento aos usuários e desenvolvimento de novas funcionalidades do sistema, bem como
a ação 2.2. Nesse quadro tem-se a visualização da conclusão da execução de todas as seis
ações estruturantes previamente estabelecidas.
QUADRO 6 Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do CRV Focalizadas no
4º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2008, p. 25)100. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes, relativo ao Grupo B - Desenvolvimento do CRV.
O QUADRO 7, referente ao 5º período de avaliação, compreendido entre 15 de
fevereiro a 14 de maio de 2008, apresenta configuração diferenciada dos seus antecedentes.
Tem como objeto de execução e avaliação a ação estruturante derivada 2.2.1, concernente à
produção de relatórios acerca da utilização do CRV pelos educadores e demais usuários a
partir de março de 2008 e a ação estruturante acrescida 2.3, que estabelece o desenvolvimento
do plano de integração dos serviços de atendimento aos usuários, da gestão da atualização das
informações e do desenvolvimento de novas funcionalidades. Foi efetuado o acréscimo de
100Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 4º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE - MG e o IHR, referente ao período de 15 de novembro de 2007 a 14 de fevereiro de 2008.
102
outras duas ações estruturantes nesse quadro (1.5 e 2.4), porém estas não foram objeto de
avaliação do 5º trimestre de avaliação.
QUADRO 7
Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do CRV Focalizadas no 5º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2008, p. 24)101. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes, relativo ao Grupo B - Desenvolvimento do CRV.
101Disponível em http://www.ihr.org.br. Acesso em 30/09/2009. 4º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE - MG e o IHR, referente ao período de 15 de fevereiro de 2008 a 14 de maio de 2008.
103
No QUADRO 7, as ações acrescidas e não executadas e avaliadas determinam: 1.5, a
elaboração e disponibilização no BI do CRV de 5 mil itens de avaliação abrangendo todos os
conteúdos dos CBCs; e 2.4, a implementação da integração dos serviços de atendimento aos
usuários, da gestão da atualização das informações e do desenvolvimento de novas
funcionalidades do CRV, com produção de relatórios mensais a partir de agosto de 2008.
Os acréscimos acima descritos decorreram do aditamento do segundo termo aditivo de
parceria, firmado em março daquele mesmo ano, pois o primeiro termo aditivo ocupou-se
apenas da definição do prazo de vigência do documento e do prazo de realização da primeira
avaliação.
A seguir, o QUADRO 8, referente ao 6º trimestre de avaliação, situado entre 15 de
maio de 2008 a 14 de agosto de 2008, focaliza a ação 2.2.1, descrita e também avaliada no
período anterior.
QUADRO 8 Avaliação da Ação 2.2.1 (Desenvolvimento do CRV) Focalizada no 6º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2008, p. 37)102. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação da Ação Estruturante, relativo ao Grupo B – Desenvolvimento do CRV.
A despeito da opção da pesquisadora de não focalizar instrumentos inerentes aos
quadros de avaliação de indicadores e metas de cada período de avaliação, uma vez que, além
de dispendiosa, a metodologia de avaliação empregada pressupõe a associação desse
instrumento ao quadro de ações estruturantes, cabe destacar a análise da CAA em torno da
avaliação do indicador referente ao número de inserção de relatos de experiências pelos
professores da rede estadual:
Mais uma vez, cabe lembrar que comprovamos a inserção, em 14 de Fevereiro de 2008, no Portal do Centro de Referência Virtual do Professor, dentro da “Biblioteca Virtual” , especificamente na seção “Relatos de Experiência”, dos 180 [cinquenta ou oitenta] relatos de experiência. Reforçamos que entre todas as áreas envolvidas (tanto da SEE-MG, quanto do IHR) existe o consenso de que, dentre outros fatores, a atual estrutura operacional do CRV, a divulgação ainda incipiente das funcionalidades do Portal, a dificuldade de acesso aos computadores da escola e a pouca experiência em trabalhar com as novas tecnologias, não contribuem para que o professor insira no Portal relatos de suas experiências em sala de aula. Adicionalmente, o número inicialmente proposto desses relatos de experiências obriga a inclusão de contribuições nem sempre relevantes. Depois de atingida a meta, com inserção de 180 relatos de experiência no portal do CRVP, a SEE-MG/CRV optou por uma reavaliação do objetivo inicial da
102Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 6º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR, referente ao período de 15 de maio de 2008 a 14 de agosto de 2008.
104
disponibilização dos relatos de experiência e definiu acertadamente pela permanência de 34 relatos. (MINAS GERAIS, 2008, p. 33)103
O trecho extraído do 6º Relatório da CAA, além de apontar um dos fatores
concretamente perceptíveis na realidade cotidiana da maioria das escolas estaduais mineiras,
qual seja a dificuldade de acesso aos computadores da escola, denuncia a inoperância do
laboratório de informática como espaço potencializador da aprendizagem de docentes e
discentes. É mais um amontoado de equipamentos vulnerável ao dano pelo persistente desuso.
Os demais fatores enumerados no trecho acima, “a atual estrutura operacional do CRV
[...] e a pouca experiência [do professorado] em trabalhar com as novas tecnologias” (MINAS
GERAIS, 2008, p. 33), evidenciam a necessidade de se proceder a avaliações, sobretudo em
torno de dois elementos fundamentais à garantia do uso efetivo do conteúdo e funcionalidades
do portal pelo público-alvo ao qual se destina. É fundamental conhecer o perfil do usuário e
dispor de mecanismos para avaliação do seu grau de satisfação quanto aos serviços, conteúdos
e funcionalidades disponibilizados.
Outro ponto estratégico evidenciado na afirmação “divulgação ainda incipiente das
funcionalidades do portal” (MINAS GERAIS, 2008, p. 33), diz respeito ao planejamento e
investimento em mecanismos e procedimentos efetivos de marketing do CRV entre o
professorado mineiro.
Outro aspecto que chama atenção e carece de tratamento diferenciado diz respeito ao
fato de menos de 20% das contribuições encaminhadas pelos professores (180 relatos de
experiências enviados), apenas 34 foram publicados no portal. Como o relatório não apresenta
detalhamentos a respeito dos critérios que conduziram os agentes do portal a essa decisão,
ficam as indagações: as experiências descritas nos relatos encaminhados não são relevantes a
ponto de serem disponibilizadas para os demais educadores? São incompatíveis com as
concepções dos CBC? A forma como o conteúdo foi descrito não agregou valor a ele? É
preciso investir em autoria, no aprimoramento da prática pedagógica, mediante processo de
formação continuada em serviço? (...)
No QUADRO 9, concernente ao 7º trimestre de avaliação, com ocorrência entre 15 de
agosto de 2008 a 14 de novembro de 2008, estão relacionadas as ações 1.5 e 2.2.1, já
apresentadas nos quadros precedentes e alvo de execução e avaliação no período inscrito.
103Disponível em http:// www.ihr.org.br. Acesso em 30/09/2009. 6º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR, referente ao período de 15 de maio de 2008 a 14 de agosto de 2008.
105
QUADRO 9 Avaliação das Ações 1.5 e 2.2.1 (Desenvolvimento do CRV) Focalizada no 7º Período de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2008, p. 37)104. Fragmento do Quadro de Descrição e Avaliação das Ações Estruturantes, relativo ao Grupo B - Desenvolvimento do CRV.
Tendo em vista os objetivos geral e específicos que orientam esta investigação,
oportuno se faz destacar a concepção da CCA acerca das ferramentas colaborativas e a
percepção de sua forma e grau de intensidade da utilização pelo educador usuário do portal,
explicitadas nesse trecho do 7º Relatório Trimestral de Avaliação:
Ferramentas colaborativas O uso das ferramentas colaborativas Fórum de Discussão e Sistema de Troca de Recursos - STR pode contribuir para a disseminação e utilização da proposta curricular do Estado de Minas Gerais - o [...] CBC - pelos professores. Objetiva-se que, com o uso dessas ferramentas, os professores compartilhem experiências e aprimorem suas práticas pedagógicas. Fórum de Discussão O Fórum de Discussão é uma ferramenta colaborativa que auxilia os professores no planejamento e prática de suas atividades docentes. Tem como objetivo inicial esclarecer as dúvidas dos educadores relativas à implantação das novas Propostas Curriculares da Educação Básica. Utilizando o Fórum, os professores podem compartilhar atividades que estejam afinadas com as propostas curriculares do Estado, o [...] CBC, sugerir conteúdos, tirar dúvidas e debater questões do mundo contemporâneo que podem ser inseridas no contexto escolar. O monitoramento do Fórum de Discussão é feito mensalmente através do levantamento do número de tópicos postados para as disciplinas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, assim como o período de funcionamento de cada tópico. O número total acumulado de tópicos postados no Fórum de 1º de abril a 14 de novembro de 2008 é 308, sendo 136 do Ensino Fundamental e 172 do Ensino Médio, distribuídos nas diversas disciplinas da grade curricular [...] (MINAS GERAIS, 2008, p. 42)105.
O trecho acima comprova a disseminação e utilização do CBC como o discurso mais
recorrente entre os gestores do portal. Em decorrência, as áreas, conteúdos e funcionalidades
do portal estão orientados para a concretização desse objetivo.
Outro ponto a destacar diz respeito ao modo de monitoramento do fórum. Esse
procedimento está, conforme descrito, condicionado à abertura de tópicos e não à efetiva
interação entre os agentes envolvidos (professores mediadores e demais usuários) e entre os
próprios usuários.
104Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 7º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR, referente ao período de 15 de agosto de 2008 a 14 de novembro de 2008. 105Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 7º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR, referente ao período de 15 de agosto de 2008 a 14 de novembro de 2008.
106
Quanto ao uso do STR, nesse instrumento a CAA descreve que:
Sistema de Trocas de Recursos O [...] STR é um espaço onde podem ser criados textos, projetos didáticos, planos de aula e onde podem ser compartilhadas pesquisas, ideias e sugestões alinhadas às áreas de conhecimento. O objetivo do STR é auxiliar os educadores no desenvolvimento e compartilhamento de práticas pedagógicas de qualidade. [...] Percebe-se que o STR ainda não está sendo utilizado de forma contínua pelos professores. Ações de divulgação do CRV bem como das funcionalidades existentes no site estão sendo desenvolvidas. Espera-se que, cada vez mais, os professores façam uso de ferramentas como o STR e que conteúdos de qualidade sejam criados através do compartilhamento das práticas pedagógicas. O total de recursos didáticos disponibilizados no CRV, acumulado entre o período de 4 de março até 14 de novembro de 2008 é 155, sendo 76 do Ensino Fundamental e 79 do Ensino Médio. (MINAS GERAIS, 2008, p. 44).106.
As afirmações compiladas evidenciam a necessidade de investimento em
planejamento e efetivação de estratégias potencializadoras do uso das áreas e ferramentas do
portal destinadas à interação e compartilhamento de práticas, dúvidas, idéias e concepções
docentes. Noutras palavras, não basta apenas investir nas estratégias de divulgação, sobretudo
porque a participação do usuário nesta área está condicionada às habilidades de autoria,
coautoria, criatividade, solidez de sua formação, dentre outros aspectos.
Essa é, portanto, uma área diferencial no portal, pois, além dos aspectos sinalizados,
funciona como veículo de publicidade de práticas atestadas e experimentadas in loco pelos
professores da rede estadual, promovendo assim, a disseminação e valorização do saber fazer
docente inerente ao quotidiano da escola e da sala de aula na sua realidade concreta,
diferentemente da publicidade de orientações e projetos didáticos, cujo conteúdo instrucional,
por vezes, não dialoga com a realidade e necessidades de cada local.
Nessa perspectiva, essas áreas constituem mecanismos ou estratégias pertinentes ao
fomento da formação continuada em serviço e ao diálogo docente com outras realidades
educacionais e com o saber acadêmico.
Tais aspectos sinalizam a riqueza potencial latente na concepção e no arranjo
estrutural dessa área, podendo, sim, mediante apropriação e uso efetivo pelos docentes,
contribuir para com a redução e gradativa ruptura do isolamento profissional, ao qual muitos
educadores queixam estar submetidos.
Contudo, se por um lado a concepção da área colaborativa do CRV incorpora
princípios fundamentais da inteligência coletiva preconizada por Levy (1994), por outro,
merece atenção o arranjo disciplinar por meio do qual essa área de colaboração se concretiza
no ambiente virtual do portal. Por constituírem uma área fundamentalmente destinada à
106Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 7º Relatório da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR, referente ao período de 15 de agosto de 2008 a 14 de novembro de 2008.
107
colaboração, o fórum de discussão e o STR são ambientes mais propensos a favorecimento da
maior interação entre professor usuário e professor mediador, e entre professores usuários.
Entretanto, isso não corresponde ao observado pela pesquisadora que, na condição de Analista
Educacional da SEE-MG, tem acesso a essas áreas restritas ao educador da rede estadual de
Minas Gerais.
Ao acessar alguns tópicos abertos e outros já encerrados nos fóruns de discussão, a
pesquisadora observou que a atuação do usuário tem se restringindo à mera visitação. Mesmo
quando há publicação de mensagens de alguns usuários, estes não interagem entre si. A
interação tem se restringido ao professor mediador e ao autor da mensagem. A própria
ferramenta registra e arquiva a quantidade de visitas e mensagens publicadas.
Essas evidências demonstram, portanto, a necessidade de se investir em novas
estratégias para potencialização do uso dessas áreas pelos docentes. Além do arranjo
disciplinar das áreas de colaboração, há que se discutir a viabilidade de implantação de
ferramentas que favoreçam a discussão inter ou multidisciplinar e de forma sincrônica entre
os usuários, pois, além das demandas específicas a cada área curricular, há demandas comuns
a todos os docentes, de qualquer escola e região do estado.
O QUADRO 10, a seguir, de modo diferenciado dos seus antecedentes, refere-se ao
Fragmento extraído do Quadro de Avaliação dos Indicadores e Metas para o
Desenvolvimento do CRV, objetos de execução e avaliação inscritos no 8º e 9º Períodos de
Avaliação. Uma vez que não consta quadro de avaliação das ações concernentes ao CRV no
relatório único de avaliação da CAA desses dois trimestres, decidiu-se pela apresentação do
quadro de indicadores e metas.
QUADRO 10 Avaliação dos Indicadores e Metas (Desenvolvimento do CRV) Focalizados no 8º e 9 º Períodos de Avaliação
Fonte: MINAS GERAIS (2009, p. 5)107. Fragmento adaptado do Quadro de Avaliação dos Indicadores e Metas - Desenvolvimento do CRV.
107Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 8º e 9º Relatórios da CAA do Termo de Parceria celebrado entre a SEE - MG e o IHR, referentes ao período de 15 de novembro de 2008 a 30 de abril de 2009.
108
É importante salientar que o 8º e 9º trimestres de avaliação têm como objeto de sua
avaliação a adequação e atualização do Termo de Parceria, em função do aditamento, em
março de 2009, do terceiro termo aditivo. Em face dessas mudanças, o QUADRO 10 descreve
a área temática e seus respectivos indicadores de resultados, definidos no Programa de
Trabalho anexo ao Termo de Parceria então alterado.
Note-se que nesse instrumento a concepção de desenvolvimento do portal, norteadora
dos indicadores avaliados, está centrada nos conteúdos e funcionalidades do portal.
O indicador 2.1, subscrito no QUADRO 10, refere-se à média de acessos ao portal
CRV. O seu atributo diz que:
O número de acesso reflete o número de vezes que uma página da internet é visualizada através de um navegador. O Centro de Referência Virtual do Professor, CRV, é o site mantido pela SEE-MG com a finalidade de aprimorar a ação pedagógica de seus professores, através da oferta de múltiplos recursos, desde as propostas curriculares até material de pesquisa e uso em sala de aula, passando por palestras e cursos. Adicionalmente, serve como canal de comunicação, divulgando notícias de interesse, e de interatividade, pela disseminação de ferramentas colaborativas. Assim, é instrumento estratégico de atuação da SEE-MG que tem como um dos parâmetros de sucesso de sua ação o aumento de seu uso e a sua efetividade. Considera-se que o número total de acessos é a medida primária deste maior uso e cabe ao IHR um papel relevante neste processo, na medida em que é responsável pelos serviços de retaguarda técnica, pela aquisição e disponibilização de conteúdos e por prover consultoria pedagógica e técnica ao CRV. O IHR deverá elaborar relatórios de monitoramento sobre a utilização do CRV pelos educadores e demais usuários, com as devidas variáveis: o número de acessos ao site, por meio de Page View (número de vezes que uma página da internet é visualizada em algum navegador), e tempo médio de resposta do serviço de atendimento aos usuários do CRV. (MINAS GERAIS, p. 1-2, 2006a)108
O indicador 2.2 trata do número de novas orientações pedagógicas elaboradas e seu
atributo informa que:
Uma Orientação Pedagógica tem como objetivo, para um dado tópico do CBC (Conteúdo Básico Comum), explicar o que ensinar, como e porque, quais as condições para ensinar e como avaliar o aprendizado. Estas Orientações deverão, ainda, estar em completo acordo com a versão mais atual do CBC (lembrando que o CBC é a base da proposta curricular de Minas Gerais) e deverão abranger todas as disciplinas. Em virtude da revisão dos CBCs, todo o material desenvolvido até o início de 2008 se tornou defasado. O IHR deverá elaborar novas orientações pedagógicas. Este trabalho de elaboração será medido por esse indicador. É importante frisar que as novas orientações poderão substituir às antigas de conteúdo inadequado. Todas as orientações pedagógicas serão submetidas à SEEMG para aprovação. Após aprovação da SEE-MG o IHR irá disponibilizá-las no site do Centro Virtual do Professor. (MINAS GERAIS, p.2, 2006a)109.
O indicador 2.3 corresponde ao número de novos roteiros de atividades elaborados.
Seu atributo estabelece que:
108Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 109Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009.
109
Roteiros de Atividades são atividades pedagógicas a serem desenvolvidas em sala de aula. Estes Roteiros deverão estar em completo acordo com a versão mais atual do CBC e deverão abranger todas as disciplinas. Os roteiros devem ser preparados e tornados disponíveis no site do CRV. Em virtude da revisão dos CBCs, todo o material desenvolvido até o início de 2008 se tornou defasado. O IHR deverá elaborar novos roteiros. Este trabalho de elaboração será medido por este indicador. É importante frisar que os novos roteiros poderão substituir os antigos de conteúdo inadequado. Todos os roteiros serão encaminhados à SEEMG para aprovação. (MINAS GERAIS, p.2, 2006a)110
O indicador 2.4 mensura o número de novos módulos didáticos de apoio à atividade
docente elaborados. Em seu atributo lê-se que:
Para este indicador, entender-se-á por "módulo didático de apoio à atividade docente" cada módulo complementar aos livros didáticos, necessário ao atendimento de questões específicas de cada disciplina, visando orientar o desenvolvimento de conteúdos, naqueles tópicos do CBC nos quais os livros didáticos apresentam deficiências. O IHR deverá elaborar novos módulos. Este trabalho de elaboração será medido por este indicador. É importante frisar que os novos modelos poderão substituir os antigos de conteúdo inadequado. Todos os módulos didáticos serão encaminhados à SEEMG para aprovação. (MINAS GERAIS, p.3, 2006a)111.
Finalmente, o indicador 2.5 trata do índice de tópicos de discussão definidos pelos
Orientadores do IHR abertos no fórum do CRV. Seu atributo exprime que:
O fórum de discussão do CRV tem características marcadamente pedagógicas, visando dirimir dúvidas e democratizar conhecimentos relacionados às diversas disciplinas e às orientações dos CBCs. Adicionalmente, procura disseminar o uso de ferramentas colaborativas, com isto melhorando a taxa de adesão dos professores às novas tecnologias e minorando o custo de difusão de conhecimentos. A abertura de vários tópicos proporciona uma maior amplitude de possibilidades de troca de conhecimentos. Os tópicos são abertos diretamente pelos mediadores (funcionários da SEE), por iniciativa própria ou a partir da ação pedagógica dos orientadores (formuladores e/ou especialistas nos conteúdos dos CBCs) fornecidos pelo IHR. Com este indicador pretende-se medir o número de tópicos de discussão definidos pelos Orientadores do IHR para abertura no fórum e que foram realmente abertos pelos mediadores em relação ao número de tópicos existentes no fórum do CRV. Agentes envolvidos no fórum: Orientadores: são 10 especialistas nos conteúdos dos CBCs contratados pelo IHR; Mediadores: são 18 professores selecionados e capacitados pela SEE responsáveis pela abertura de novos tópicos no fórum do CRV; Professores: são profissionais que participam diretamente nos fóruns abertos pelos mediadores. (MINAS GERAIS, p.3, 2006a)112.
Mediante a descrição processada, constata-se que a atuação do IHR junto ao CRV
concentrou esforços na Área I do portal – Apoio à Atividade Docente. Com exceção do
indicador 2.1 (número de acesso dos usuários ao portal) e 2.5 (número de novos módulos
didáticos). Este último está situado na Área II do portal – Biblioteca Virtual, os outros três
indicadores correspondem à Área I do portal.
Apesar de, nesse ponto, o processo de desenvolvimento do portal ter superado a
focalização nos elementos estruturais mais primários, passando a enfatizar os conteúdos
110Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 111Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. 112Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009.
110
instrucionais e funcionalidades de apoio à atividade docente em sala de aula, suas metas
focalizam exclusivamente a execução de tarefas pelo IHR, em detrimento daquelas ligadas ao
comportamento do usuário em face do acesso e uso do CRV (apropriações, formas de uso,
participação efetiva e interação, por exemplo).
O 10º Relatório da CAA, referente ao período de 01 de maio de 2009 a 30 de setembro
de 2009 não apresenta avaliação de nenhuma ação, indicador ou meta relacionada ao
desenvolvimento do CRV. Ele abarca outras áreas temáticas do Projeto Escolas em Rede.
Contudo, considerando-se o encerramento da vigência do Termo de Parceria, foi
efetuado o aditamento do quarto termo aditivo, dando prosseguimento ao 11° Período de
Avaliação, instituído de 01/10/09 a 31/12/09, assinalando assim, o término do período de três
meses de vigência do termo.
Nesse período, para o desenvolvimento do CRV, a parceria centrou esforços na
prestação de serviços de consultoria à gestão do portal, conforme atestado no 11º Relatório
Gerencial de Resultados, referente ao período de avaliação em vigência de 1o de outubro de
2009 até 31 de dezembro de 2009, onde se lê:
A ação em questão trata de serviços de consultoria de alto nível, apoio e retaguarda do site do CRV e de fornecimento de conteúdos para uso pelos professores. [...] 1. Consultoria de suporte pedagógico à direção do CRV na manutenção da coesão do sítio e do seu alinhamento às diretrizes da SEE-MG; 2. Consultoria de suporte tecnológico à direção do CRV na manutenção do padrão de qualidade do CRV; 3. Planejamento e execução de revisão e aquisição de conteúdos; 4. Retaguarda pedagógica multidisciplinar para os ambientes colaborativos (fornecimento de orientadores para Fórum e STR); 5. Contratação, disponibilização e gestão da disponibilidade dos conteúdos complementares adquiridos através do direito de uso do portal Aprende Brasil; 6. Acompanhamento crítico do uso do portal pelos educadores; 7. Suporte a todas as atividades do CRV. Todos estes serviços foram executados ao longo do período compreendido entre o final do III Termo Aditivo e o final do presente IV Termo Aditivo, tendo o site do CRV apresentado conteúdos atualizados e alinhados às necessidades da SEE-MG (INSTITUTO HARTMANN REGUEIRA, 2010, p. 43)113
Da leitura desse trecho depreende-se que a partir de março de 2009, época em que
ocorreu o aditamento do terceiro termo aditivo, consultores e dirigentes do portal
concentraram esforços na efetivação de estratégias e práticas gestionárias consoantes às
defendidas por Black (1997), Nielsen e Loranger (2007) e endossadas por Dorfmann (2002).
Está explícita na compilação apresentada a preocupação, o investimento e o rigor da gestão na
observância e fidelidade aos principais atributos vinculados ao conteúdo disponibilizado no
CRV (atualidade, atualização, diversificação, confiabilidade, compatibilidade e coesão com os
objetivos, princípios e finalidades para os quais o portal foi idealizado).
11311º Relatório Gerencial de Resultados. Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 jun. 2010, por meio do http:// www.google.com.br. Pois, o arquivo inserido no site do IHR encontra-se corrompido.
111
Entretanto, a potencialização do uso efetivo do portal pelo seu público-alvo exige a
discussão, planejamento, execução e incorporação de outras frentes de atuação dotadas de
mecanismos de intensificação do marketing e da gradativa incorporação e uso em serviço dos
conteúdos e funcionalidades do CRV pelo educador no seu ambiente profissional de trabalho,
a escola, o que, por conseguinte, exige a renovação e flexibilidade das costumeiras práticas de
uso dos tempos e espaços escolares, sobretudo, na forma como esses modos de uso
convergem ou não para a promoção do trabalho coletivo e colaborativo no espaço presencial,
real e concreto da escola.
4.2 O que as enquetes evidenciam sobre o comportamento e opiniões do usuário
O uso de enquetes tem figurado, de maneira geral, como uma das estratégias mais
empregadas pelos websites, para captar de forma mais ágil e econômica as opiniões,
preferências e evidências sobre o perfil e o comportamento dos usuários que os acessam.
No decorrer de 2009, a SEE-MG disponibilizou na homepage de seu site
(www.educacao.mg.gov.br) algumas enquetes com essa finalidade.
A FIG. 27 ilustra os dados obtidos por uma enquete, veiculada no final do primeiro
semestre de 2009 e encerrada no final do segundo semestre do mesmo ano. Ante a indagação:
Você frequenta os fóruns de discussão do Centro de Referência Virtual do Professor – CRV?,
foi registrado um número total de 1466 respondentes, dos quais: 566 (38%) afirmaram não
conhecer; 344 (23,5%) não frequentam; 316 (21, 6%) não sabem como acessar e 240 (16,4%)
afirmaram frequentar.
FIGURA 27 – Enquete Sobre a Frequência do Usuário ao Fórum de Discussão do CRV Fonte: (MINAS GERAIS, 2010)114.
114Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Captura de tela realizada por meio do http://www.google.com.br. Acesso em: 27 jun. 2010.
112
Tendo em vista o universo de usuários que todos os dias acessam o site da SEE-MG e
a extensão do período durante o qual a enquete esteve ativa, o número de respondentes pode
ser considerado pequeno. Ainda assim, pode-se afirmar que, do total de respondentes, mais de
85% não frequentam, por motivos diversos, essa área de colaboração de acesso restrito ao
educador da rede estadual. Há que se considerar ainda que alguns dos respondentes podem
não compor o público-alvo do CRV.
Entretanto, os números evidenciam a necessidade de se investir em estratégias mais
diretivas de divulgação e formação continuada em serviço. Tais estratégias devem levar em
consideração a viabilidade de se proceder à divulgação in loco, utilizando-se o laboratório de
informática das escolas para apresentação das áreas, conteúdos e funcionalidades do portal,
por meio de oficinas de uso experimental desses ambientes pelo usuário.
A FIG. 28 ilustra uma enquete veiculada pela SEE-MG no final de 2009 e que ficou
ativa por apenas um mês. Contudo, o número de respondentes superou expressivamente o da
enquete anterior, que ficou ativa por quase seis meses. Nessa enquete, o respondente deveria
escolher a melhor ferramenta para o acesso às informações sobre a Educação em Minas.
Dos 1897 respondentes, 1203 (63,4%) apontaram o site como a melhor ferramenta,
198 (10, 4%) escolheram o blog, 179 (9,4%) afirmaram ser o youtube, 141 (7,4%) o twitter e
13 (0,7%) o flickr.
FIGURA 28 – Enquete: Preferências do Usuário Sobre Ferramentas de Acesso às Informações Educacionais Fonte: MINAS GERAIS (2010)115.
115Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Captura de tela realizada por meio do http://www.google.com.br. Acesso em: 27 jun. 2010.
113
Esses dados confirmam que, em termos de confiabilidade da informação, o usuário
deposita sua credibilidade no website governamental. Em comparação com os dados da
enquete anterior (FIG. 27), os dados acima levam a crer que, possivelmente, os usuários não
desconheçam apenas o fórum do CRV, mas, talvez, o portal como um todo. Essa hipótese,
explicaria em parte, o fato de um número menor de respondentes ter participado da enquete
anterior, embora essa tenha ficado ativa por um período maior.
Na FIG. 29, a questão a que o usuário é submetido, refere-se à avaliação que este faz
do site da SEE-MG. A enquete ficou ativada apenas por algumas horas do dia 10 de dezembro
de 2009. Dos 126 respondentes, 45 (35,7%) avaliaram como ruim, 28 (22,2%), atribuíram o
conceito ótimo, 19 (15,1%) classificaram-no como regular, 18 (14,3%) como bom e 16 (12,
7%) como muito bom.
FIGURA 29 – Enquete: Avaliação do Usuário Sobre o Site da SEE-MG Fonte: MINAS GERAIS (2010)116.
Black (1997) e Nielsen e Loranger (2007) salientam que a homepage constitui fator
relevante para a decisão do usuário em visitar ou não as páginas internas de um site, tendo
então muito a dizer em tão pouco tempo, haja vista o curto tempo de permanência de um
usuário nesse ambiente virtual.
Uma das formas de acesso ao portal CRV é a clicagem sobre sua logomarca
estampada na homepage do site da SEE-MG. Provavelmente o educador mineiro esteja mais
propenso a acessar a homepage da SEE-MG de que digitar o endereço eletrônico do CRV
(crv.educacao.mg.gov.br). Entretanto, se um novo usuário, ao acessar a homepage da SEE-
MG, atribuir-lhe o conceito ruim, estará mais inclinado a sair desse site, do que por meio dele
acessar e conhecer o portal CRV.
116Disponível em <http://www.educacao.mg.gov.br>. Captura de tela realizada por meio do http://www.google.com.br. Acesso em: 27 jun. 2010.
114
5 IMPLICAÇÕES DAS CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS GESTIONÁRIAS PARA A
FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA, O TRABALHO DOCENTE
COLABORATIVO MEDIADO POR TICS E A PROMOÇÃO
DESENVOLVIMENTO LOCAL
5.1 Pressupostos da construção do roteiro de entrevistas
Conforme estabelecido no roteiro operacional desta investigação, a formulação das
indagações propostas no roteiro das entrevistas realizadas com gestores, professor mediador e
técnico pedagógico do NTE orientou-se pela perspectiva de obtenção de informações que
permitam formular inferências e conclusões sobre:
a) expectativas de resultados que possuem sobre o CRV, com relação à formação docente
continuada, ao fomento da cultura do trabalho colaborativo mediado por TICs e ao
desenvolvimento local;
b) a relação que fazem entre formação docente continuada, fomento da cultura do trabalho
docente colaborativo e desenvolvimento local;
c) as condições que seriam necessárias para que a gestão de portais educacionais seja bem-
sucedida e alcance a governança estratégica na promoção da formação docente, do trabalho
docente colaborativo e do desenvolvimento local;
d) a correlação entre tais concepções e estratégias e as formulações que constam de
documentos do portal, a começar pelo seu projeto institucional;
e) a correlação entre tais referências com o que ocorre no cotidiano da gestão desse portal.
Com base nas proposições enumeradas, foram realizadas durante o mês de julho de
2010 quatro entrevistas.
A entrevista 1 foi realizada no dia 19 de julho de 2010 e teve como interlocutor o
profissional responsável pela coordenação do CRV que, para fins de transcrição e análise é
identificado nesta investigação como Gestor 1. A entrevista 2 foi realizada no dia 20 de julho
de 2010 e teve como interlocutores simultâneos profissionais ocupantes do cargo de diretor da
DTAE e de diretor da STE, respectivamente identificados como Gestor 2 e Gestor 3. Esses
profissionais combinaram entre si, sem conhecimento prévio da pesquisadora, a concessão
simultânea da entrevista. A entrevista 3 foi realizada no dia 26 de julho de 2010, tendo o
profissional em exercício na função de professor mediador do CRV como interlocutor. A
115
entrevista 4 ocorreu no dia 28 de julho de 2010 e contou com a interlocução de um
profissional em exercício na função de Assistente Técnico Educacional (Técnico Pedagógico
do NTE), com lotação numa das quarenta e seis SREs da SEE-MG.
Com exceção do Professor Mediador do CRV que foi entrevistado na própria
residência, os demais colaboradores foram entrevistados no ambiente de trabalho. Apenas a
entrevista 2 teve um caráter mais informal, desprendendo-se de roteiro elaborado a priori. As
demais, entrevistas 1, 3 e 4, orientaram-se sistematicamente por indagações previamente
organizadas no roteiro construído.
A apresentação dos dados obtidos por meio dessas entrevistas foi organizada a partir
da definição de cinco categorias específicas extraídas dos objetivos geral e específicos, na
perspectiva de se responder à questão central desta investigação, confirmando ou refutando a
hipótese levantada.
As cinco categorias – 1. Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários
do CRV; 2. CRV e formação docente continuada; 3. CRV e fomento do trabalho docente
colaborativo mediado por TICs; 4. CRV e promoção do desenvolvimento local e 5. Aspectos
gerais sobre a gestão do CRV– são apresentadas em quadros esquemáticos, compostos por
duas colunas.
Na primeira coluna estão listadas as indagações que constituíram o roteiro de questões
de cada uma das categorias. Na segunda coluna, são apresentados esquemas das respostas dos
colaboradores. Esses esquemas não se limitaram a focalizar apenas a essência da questão
formulada, mas também dados contextuais inéditos e pertinentes ao objetivo geral desta
investigação, extraídos dos relatos dos colaboradores.
Os quadros esquemáticos são, em cada uma das cinco categorias, apresentados
segundo a ordem cronológica de realização das entrevistas. O emprego desse arranjo para a
apresentação dos dados obtidos, por meio do qual o esquema das respostas de cada
colaborador é apresentado, sequencialmente, de forma sobreposta, em cada uma das cinco
categorias anunciadas, tem por finalidade favorecer uma compreensão mais diretiva e
contextual de cada uma, possibilitando a captura das possíveis contradições, assonâncias e
dissonâncias presentes nos discursos dos entrevistados.
Cada categoria é abordada numa seção deste capítulo. E cada seção é encerrada com a
análise contextual de todos os dados apresentados ao longo deste estudo, haja vista os
objetivos específicos da pesquisa.
116
5.2 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e técnico
pedagógico do NTE em relação à obtenção e uso das informações pela gestão sobre
os usuários do CRV
Tendo em vista o objetivo específico de analisar como os gestores do portal
educacional CRV/SEE-MG obtêm informações sobre os educadores usuários (perfis,
interesses, preferências, práticas profissionais e impressões sobre a qualidade dos conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados) e como as usam na conformação e gestão deste
portal, foram apresentadas a cada um dos colaboradores questões para obtenção das
informações inerentes a tal objetivo.
Por conseguinte, nos QUADROS 11, 11.1, 11.2 e 11.3 estão relacionadas as questões
indagadas à coordenadora do CRV (Gestor 1); à diretora da DTAE e superintendente da STE
(Gestores 2 e 3); à professora mediadora do CRV e ao assistente técnico educacional
(Técnico Pedagógico do NTE), paralelamente ao esquema das respostas obtidas.
O Gestor 1 atua na coordenação do CRV desde 2007. Está aposentado do cargo de
professor da rede pública. Possui graduação em Pedagogia e especialização em Metodologia
do Ensino da Educação Básica.
Os Gestores 2 e 3 atuam à frente da gestão dos órgãos informados desde a sua
implantação na estrutura orgânica da SEE-MG em 2007. O Gestor 2 é graduado em Letras e
especialista em Educação, Comunicação e Tecnologias e atuou como professor da rede
estadual. O Gestor 3 é Analista de Sistemas e Administrador de Empresas.
O Professor Mediador do CRV possui graduação e especialização na área disciplinar
curricular na qual atua na mediação do fórum e STR. Atua como professor da rede pública de
ensino há mais de vinte anos.
O Técnico Pedagógico do NTE é graduado em Geografia, cursando especialização na
área de Tecnologias Aplicadas à Educação, tendo também atuado como professor da rede
pública de ensino.
Note-se que a diversidade de experiências e campos de formação dos entrevistados
está em consonância com um dos fatores favoráveis ao sucesso de websites apontados por
Black (1997).
117
QUADRO 11 - Entrevista 1 - Gestor 1 do CRV - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1, em 19/07/ 2010. (Consultar apêndice B - p. 188)
Continua...
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS E
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O que o CRV tem feito para prospectar informações sobre os professores que o acessam e sobre como estes utilizam esse portal?
• A gestão não dispõe de mecanismos nem ferramentas para esse fim; • ferramenta para mensurar o acesso do usuário a cada área do portal
em processo de desenvolvimento; uso do Google Analytics; • o canal de contato do usuário (serviço Fale Conosco) exerce
diariamente a função de termômetro da reação do usuário face ao conteúdo publicado e novidades apresentadas.
O que o CRV sabe dos perfis e interesses dos professores? • Nunca foi realizado mapeamento a esse respeito empregando procedimentos de pesquisa como aplicação de questionário;
• o professorado manifesta seus interesses por meio do serviço Fale Conosco (e-mail);
• os interesses centram-se em torno de orientações metodológicas (saber fazer, como fazer);
• a grande demanda recorrente é pela disponibilização de modelos de planejamento (planos de aula e aulas práticas).
O que o CRV sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados?
• Preferência centrada nos modelos metodológicos: módulos didáticos, orientações pedagógicas, roteiros de atividades, recursos didáticos e seção Relatos de Experiência;
• interesse sobre questões de natureza social: violência, indisciplina, drogas e sexualidade.
O que o CRV sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados aos processos escolares?
• A percepção da gestão sobre as incorporações das funcionalidades e conteúdos do CRV aos processos escolares ocorre por meio do monitoramento das inserções de recursos didáticos pelos docentes no STR (“uma das áreas nobres do CRV”);
• aumento sistemático de inserção, pelos docentes, de recursos tais como: modelos de plano de aula, multimídias e objetos de
118
QUADRO 11 - Entrevista 1 - Gestor 1 do CRV - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV (Continuação)
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1, em 19/07/ 2010. (Consultar apêndice B - p. 188) Continua...
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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O que o CRV sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados aos processos escolares?
aprendizagem; • o STR permite ao professor a inserção de nove categorias de
recursos educacionais: planejamento de unidade didática, roteiro de aula, roteiros de atividades, projetos de ensino, referências comentadas de sites e bibliografia comentada, texto para alunos, texto para professores, recursos multimídia e avaliações de aprendizagem;
• há amostras significativas de inserção dos docentes em todas as categorias de recursos educacionais;
• Professores Mediadores e Orientadores do CRV atuam na orientação aos usuários autores, com intuito de promover a elevação da qualidade e relevância dos recursos postados;
• Professores Mediadores e Orientadores do CRV encontram-se, presencialmente, duas vezes por ano (monitoramento, avaliação e formação continuada);
• ressalta-se a atuação do professor mediador para elevação da participação docente no fórum e no STR;
O que o CRV sabe das mudanças que vêm ocorrendo no perfil de formação e nas práticas pedagógicas a partir do acesso a esse portal?
• A postagem de projetos no STR por professores residentes em áreas de acesso restrito à diversidade de fontes de pesquisa apresenta o mesmo padrão de qualidade daqueles postados por docentes residentes nas grandes cidades.
De que forma o CRV possibilita a manifestação de opiniões e posicionamentos dos professores?
• Por meio do fórum de discussão e do serviço Fale Conosco. Esse canal possui nove categorias de assuntos de interesse do professor e uma delas corresponde ao CRV. Essa categoria recebe uma média de 150 e-mails/dia.
119
QUADRO 11 Entrevista 1 - Gestor 1 do CRV - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV (Conclusão)
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1, em 19/07/ 2010. (Consultar apêndice B - p. 188) Conclusão.
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De que forma o CRV fica sabendo dos seus impactos sobre o processo de formação docente continuada?
• Não foi realizada avaliação externa, nem aplicação de instrumentos (questionário) para obtenção precisa dessa informação;
• o termômetro da opinião do professor mineiro é o uso que este faz da ferramenta Fale Conosco, agregada ao uso do telefone, encontros presenciais promovidos pela SEE-MG, com representatividade das SREs e escolas estaduais, relatórios mensais das atividades executadas preenchidos e encaminhados pelos professores mediadores e relatórios de acesso diário do usuário (média de 40 mil acessos/dia), produzidos por ferramenta do próprio sistema.
De que forma o CRV fica sabendo dos seus impactos sobre o fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs?
• Por meio do acesso e uso das seguintes áreas e funcionalidades do CRV: STR, sala de recursos didáticos, fórum, canal Fale Conosco para envio de notícias sobre o trabalho desenvolvido na escola.
De que forma o CRV fica sabendo dos seus impactos sobre o desenvolvimento local?
• Por meio do envio via correio convencional, que as escolas fazem de projetos desenvolvidos na sua comunidade, para serem publicados no Quadro Escolas Destaques do CRV. Outras informações enviadas pelas escolas, noticiando fatos relevantes de seu quotidiano, são publicadas na seção Notícias do portal.
• Contudo, não há dados concretos obtidos por meio de pesquisa. O que o CRV sabe da avaliação dos usuários desse portal sobre a qualidade do mesmo?
• A gestão não dispõe de mecanismo formal para tal avaliação; • o usuário manifesta opiniões e questionamentos por meio do canal
Fale Conosco; • há envio de e-mails por professores de outros estados (Rio de
Janeiro, Bahia, Paraíba) com comentários sobre os recursos disponibilizados no CRV e de como os utilizou;
• professores de Minas Gerais acessam e utilizam os recursos, porém, não postam ou postam poucos comentários no fórum de discussão.
120
QUADRO 11.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 do CRV - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com os Gestores 2 e 3, em 20/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 208)
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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O que o CRV sabe dos perfis e interesses dos professores?
• Número crescente de usuários que acessam mensalmente o CRV. “Isso é um avanço muito grande.”
O que o CRV sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados?
• A preferência dos internautas é um desafio para a gestão do CRV (tanto na obtenção dessa informação, quanto no seu uso para direcionamento do conteúdo); • “o CRV ainda não foi oficialmente lançado. “É como se estivéssemos fazendo um teste. A divulgação é “boca a boca”; • nas reuniões promovidas pela coordenação da DTAE com os 46 NTEs do Estado, estes informam a diretoria sobre a real utilização do portal pelo professor da rede estadual; • no último ano, os esforços se concentram na divulgação para os professores, do conteúdo certificado publicado no portal; • “e preciso desenvolver pesquisas e estatísticas adequadas para verificação.
O CRV está em processo de desenvolvimento e depois vocês pensam numa estratégia de marketing?
• “Ainda não temos ferramentas de controle, de mapeamento de perfil de professores”. • “Vai chegar um momento do ajuste do CRV, de interagir com os professores. Temos outras carências. Não adianta sofisticar demais se a gente não está conseguindo suprir as escolas de suas necessidades básicas [...]”.
O que o CRV sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados aos processos escolares?
• Há encontros permanentes entre a DTAE e os técnicos dos NTEs. • “Os NTEs promovem encontros com professores e alunos, para que
esses demonstrem na prática o que estão fazendo com a tecnologia, de um modo geral, e como o usam os conteúdos do CRV.”
121
QUADRO 11.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador do CRV - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Professor Mediador do CRV, em 26/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 216)
Continua...
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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O que o professor mediador do CRV sabe dos perfis e interesses dos professores?
• Mediante o convívio na escola e por meio das respostas postadas no fórum, o professor mediador fica sabendo das ansiedades e necessidades dos professores usuários do CRV;
• há demanda por conteúdos de apóio à atividade docente; • o desejo dos usuários é tornar as aulas mais prazerosas e
interessantes para os alunos. Queixam-se da falta de material.
O que o professor mediador do CRV sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados no portal?
• Há certo desconhecimento da questão por parte desse profissional. Ele afirma que a área do CBC é muito utilizada e que os fóruns não são tão utilizados.
• Sinaliza que a área do fórum é acessada, mas que, às vezes, não é postada nenhuma mensagem pelo usuário.
O que o professor mediador do CRV sabe das mudanças que vêm ocorrendo no perfil de formação e nas práticas pedagógicas dos docentes a partir do acesso a esse portal?
• Não há dados precisos sobre essa mudança; • pressupõe-se que está ocorrendo mudança na prática daquele
professor que tem interesse em buscar alternativas pedagógicas inovadoras.
De que forma o professor mediador do CRV possibilita a manifestação de opiniões e posicionamentos dos professores?
• Há espaço para postagem de comentários no fórum e no STR; • quando alguma mensagem é inserida no fórum ou recursos
educacionais são inseridos no STR, o espaço fica aberto para apreciações e sugestões.
122
QUADRO 11.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador do CRV - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV (Conclusão)
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Professor Mediador do CRV, em 26/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 216)
Conclusão.
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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De que forma o professor mediador do CRV fica sabendo dos resultados de sua atuação profissional sobre o fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs?
• Não sabe; • segundo o entrevistado, teria que ser feita uma estatística das
escolas, pois está muito solto ainda. • o acompanhamento seria um motivo a mais para despertar o
interesse do professor sobre o CRV.
De que forma o professor mediador do CRV fica sabendo dos resultados de sua atuação profissional sobre o desenvolvimento local?
• Por meio de comentários gratificantes postados no fórum; • não há dados estatísticos.
O que o professor mediador do CRV sabe da avaliação dos usuários desse portal sobre a qualidade do mesmo?
• O respondente diz não saber e nunca ter tido retorno nessa perspectiva;
• mediante o número de acessos e ausência de postagem faz uma autoavaliação da atuação e procura melhorá-la;
• afirma haver muita cautela por parte da gestão do portal em cada ação, ante a complexidade do trabalho desenvolvimento e a dedicação que esse exige dos profissionais que atuam na função de professor mediador do CRV.
123
QUADRO 11.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV
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O que o NTE sabe das facilidades e dificuldades dos docentes quanto ao acesso, manuseio e incorporação das TICs à sua atuação profissional?
• Não há dados concretos para se fazer afirmações; • quando o NTE tem contato com as escolas ou encaminha a elas
comunicado para inscrição em cursos, há uma grande demanda de professores se inscrevendo em cursos de nível básico (Editor de Textos), o que leva a crer que estão utilizando pouco ou não conhecem as ferramentas: computador e internet.
O que o NTE sabe dos perfis e interesses dos professores? • Não há uso rotineiro pela maioria dos docentes dos laboratórios de informática;
• depoimentos de professores durante encontros presenciais demonstram que alguns docentes apresentam experiências avançadas em relação ao conhecimento, uso e incorporação das TICs na prática pedagógica (número pequeno em relação ao universo de educadores).
O que o NTE sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados no portal CRV?
• Mediante o relato dos docentes nas reuniões com o NTE, o técnico conclui que eles utilizam muito pouco o CRV;
• acredita-se que os docentes acessem mais a seção notícias (divulgação de cursos e eventos) do que as demais funcionalidades do portal.
O que o NTE sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados no CRV aos processos escolares pelos docentes?
• Alguns poucos professores informam durante as reuniões promovidas pelo NTE que já utilizaram as orientações pedagógicas e os roteiros de atividades para planejar suas aulas;
• alguns professores afirmam ter gostado desses recursos e outros não. Dizem ainda que, ante a realidade de cada escola, algumas propostas sugeridas são exequíveis, mas outras não.
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230)
Continua...
124
QUADRO 11.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do CRV
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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TE O que o NTE sabe das mudanças que vêm ocorrendo no perfil
de formação e nas práticas pedagógicas dos docentes a partir do seu acesso ao portal CRV?
• Não dispõe dessa informação em relação ao CRV;
O que o NTE sabe das facilidades e dificuldades dos docentes no acesso, navegação e incorporação das funcionalidades e serviços disponibilizados no CRV à sua atuação profissional?
• Não dispõe de dados concretos para fazer afirmações; • porém, acredita-se que, pelo fato de haver professor mediador
atuando junto ao fórum e STR, os demais professores estejam acessando o portal para conhecê-lo;
• o tempo escolar é muito rígido, sendo difícil sua flexibilização. Isso dificulta o acesso do professor ao portal na própria escola.
O que o NTE sabe da avaliação dos usuários desse portal sobre a qualidade do mesmo?
• Não tem essa informação.
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230) Conclusão.
125
Os depoimentos de todos os respondentes, apresentados de forma esquemática nos
Quadros 11, 11.1, 11.2 e 11.3 confirmam a ausência de adoção de procedimentos sistemáticos
para obtenção de informações mais detalhadas pela gestão sobre os usuários do CRV (perfis,
interesses, preferências, práticas profissionais e impressões sobre a qualidade dos conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados).
Há um consenso entre os entrevistados da necessidade premente de realização de uma
avaliação, uma escuta do professorado mineiro sobre o que utiliza, como utiliza e quais
resultados tem obtido a partir do uso dos conteúdos e funcionalidades do portal.
Isso confirma que a ação dos gestores tem sido, em certa medida, pautada nos
conhecimentos que detêm e nas estratégias de obtenção de informações sobre os usuários, por
meio de mecanismos informais e menos pontuais: socialização de experiências em eventos,
visita a algumas escolas, postagem de relatos de experiências e comentários dos usuários nas
áreas de interatividade e interação do portal, o que é ainda muito incipiente face ao universo
do público-alvo ao qual o portal se destina e a dimensão, desigualdades regionais e
diversidade cultural, inerentes ao estado de Minas Gerais.
Essas estratégias de obtenção de informações sobre os usuários são, em princípio,
menos onerosa à gestão, mas em longo prazo podem implicar em destinação não totalmente
diretiva e eficiente do uso de recursos financeiros para desenvolvimento do portal em sentido
amplo, não apenas no enfoque estrutural, conforme predominou na parceria celebrada entre a
SEE-MG e o IHR.
Embora os resultados projetados para alcance com a implantação e desenvolvimento
do projeto CRV estejam definidos no seu escopo, o portal já completou cinco anos de sua
criação, sem, contudo, terem sido realizados procedimentos formais de avaliação da satisfação
do usuário e grau de equidade do projeto, imprescindíveis à gestão de programas e projetos,
conforme enfatizado por Costa e Castanhar (2003).
Além da necessidade de realização de uma avaliação em larga escala, o discurso dos
entrevistados aponta para a necessidade de aperfeiçoamento das ferramentas de gestão do
sistema, tendo em vista a qualificação do acesso dos usuários. O uso da ferramenta disponível
no Data Center do CRV somada ao uso, pela gestão, da tecnologia livre do Google Analytics,
possibilita apenas mensurar o número de acessos (dia, mês e ano), tempo de permanência do
usuário no ambiente do portal e a área geográfica de onde o acessa, o que, de certa forma,
evidencia que nesses cinco anos de sua existência, a gestão concentrou esforços na elevação
na média de acessos por períodos.
126
Essa constatação tem respaldo não apenas no discurso dos Gestores 1, 2 e 3, mas no
indicador 2.1 (Média diária de acessos do site CRV), inscrito no QUADRO 10 (Avaliação dos
Indicadores e Metas /Desenvolvimento do CRV - Focalizados no 8º e 9 º Períodos de
Avaliação), assim como nas enquetes empregadas pela SEE-MG, também apresentadas no
capítulo 4 desta dissertação e nas chamadas da seção Notícias do CRV, conforme se verifica
na seguinte manchete: “O Centro de Referência Virtual do Professor (CRV) comemora o
milionésimo acesso ao sítio, realizado nesta quarta-feira, dia 27.” (MINAS GERAIS,
2007)117.
Os depoimentos evidenciam o caráter afetivo que tem permeado a relação entre a
coordenação do CRV e os usuários do portal. Revelam também o potencial de interatividade
latente do canal de serviços Fale Conosco. Tal potencial está explícito no discurso do Gestor 1
e na categorização dessa ferramenta em nove assuntos de interesse do usuário. Essa
categorização está descrita no capítulo 2 deste estudo e corresponde à apresentação da Área
VI do portal (Administração e Atendimento ao Usuário do CRV). Tal evidência, também está
explícita na ação 2.3, que se refere ao desenvolvimento do plano de integração dos serviços de
atendimento aos usuários, da gestão da atualização das informações e do desenvolvimento de
novas funcionalidades. Essa ação está inscrita em destaque no QUADRO 7 (Descrição e
Avaliação das Ações Estruturantes do Desenvolvimento do CRV Focalizadas no 5º Período
de Avaliação), apresentada no capítulo 4 dessa dissertação.
A seção notícias do CRV figurou como outra seção muito destacada no discurso do
Gestor 1, Professor Mediador e Técnico Pedagógico do NTE, não apenas como canal de
divulgações de informação de interesse do professor, mas também como veículo de obtenção
de informação sobre os usuários e sua prática pedagógica (eventos, projetos, concursos,
homenagens, premiações) desenvolvidos nas escolas e outras instâncias do sistema
educacional mineiro (SREs, NTEs, diretorias).
Face à prerrogativa estratégica de participação do usuário na construção do conteúdo
que é diariamente publicado na seção notícias, explicitada no papel atribuído ao professor
mediador e no envio mensal de correspondências convencionais pela coordenação do CRV às
SREs e escolas de lotação do professor mediador, solicitando o encaminhamento de notícias
para serem divulgadas na referida seção, fica evidente seu potencial de interação entre a
gestão e os usuários do portal. Nessa perspectiva, constata-se a ocorrência do movimento
117Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 22 jun. 2010. Seção Notícias. Manchete publicada em 29/06/07.
127
ascendente e descendente na interação proporcionada por esse quadro entre a gestão do CRV
e os diversos agentes envolvidos no sistema educacional mineiro.
Para ilustrar tal afirmação, foi selecionada uma pequena amostragem anual do
conjunto de manchetes divulgadas nessa seção, desde a sua criação em novembro de 2006.
Porém, devido à extensão dos quadros e para efeitos didáticos, foi inserida para visualização
no Apêndice C desta investigação apenas a amostragem mais atual referente ao ano de 2009.
As amostras anuais foram organizadas em cinco categorias distintas, descritas nos
QUADROS 17, 17.1, 17.2, 17.3 e 17.4 do Apêndice C.
No QUADRO 17 estão agrupadas manchetes sob a denominação categorial de
Informações Relacionadas às Ações Vinculadas ao CRV e Conteúdos Adicionados nas
Diversas Áreas do Portal. Essa amostra revela que o portal se utiliza da seção notícias para
promover o próprio marketing e chamar a atenção do usuário para as novidades inseridas nas
suas diversas áreas.
O QUADRO 17.1 traz amostragem de Informações Sobre Demais Projetos e Parcerias
Interinstitucionais da SEE-MG. Esse tipo de manchete se destina a publicidade das medidas e
ações institucionais relacionadas aos Projetos Educacionais implementados pela SEE-MG.
No QUADRO 17.2, a amostra de manchetes sob a denominação de Informações Sobre
as Escolas Estaduais, ilustra o tipo de informações divulgadas sobre as escolas da rede
estadual de ensino. Abrange os mais diversos municípios e fatos referentes à premiação de
alunos e professores, eventos culturais, esportivos, projetos pedagógicos e trabalhos
relevantes desenvolvidos pelos educadores mineiros, entre outros.
O QUADRO 17.3 agrupa manchetes sob a denominação de Informações/ Indicação de
fontes de pesquisa. Por meio dessa tipologia são divulgados aos usuários links de acesso a
fontes digitalizadas, algumas bibliografias comentadas e divulgação de estudos sobre temas
atuais.
No QUADRO 17.4 está relacionada a amostragem sob a denominação de Informações
de Interesse Geral do Professor. Nessa categoria há divulgação de eventos culturais,
educacionais, esportivos, cursos e notícias de interesse geral do servidor público estadual.
É evidente a dissonância que há, em alguns aspectos, entre as percepções dos Gestores
do CRV e a percepção do Técnico Pedagógico do NTE, sobretudo, no que se refere às
condições de atuação do NTE quanto ao assessoramento pedagógico junto às escolas
estaduais.
Um dos pontos de dissonância diz respeito à autonomia delegada ao NTE. Embora os
128
Gestores 2 e 3 afirmem que os NTEs realizam planejamento mensal, submetendo-o a DTAE,
o técnico afirma que o trabalho desenvolvido pelo NTE está estritamente condicionado às
diretrizes e demandas e encaminhadas por essa diretoria. Esse aspecto pode ter vários
intervenientes relacionados. Um deles diz respeito ao fato de o exercício da autonomia
delegada passar pelas condições de trabalho. Não adianta dizer dessa autonomia se, na prática,
a falta de adequadas condições de trabalho impede que ela se concretize. Por outro lado,
podem ocorrer também empecilhos ao processo de comunicação entre os quarenta e seis
NTEs e a coordenação central dessa instância na DTAE. Há ainda as peculiaridades regionais
e gestionárias de cada SRE, que apontam realidade bastante diferenciada entre todas as
regionais. Daí a importância de se investir em uma avaliação sistêmica, buscando um
desvelamento e melhor compreensão desses aspectos.
Contudo, os Gestores 2 e 3 reconhecem nos seus depoimentos que o quantitativo de
profissionais com atuação no NTE é insuficiente ao adequado atendimento ao número total de
escolas de cada umas das quarenta e seis SREs. Esse aspecto é bastante enfatizado pelo
técnico entrevistado.
A descrição do técnico do NTE sobre apreciações espontâneas, que alguns professores
fazem durante alguns encontros promovidos, reforça a necessidade de se promover uma
avaliação da satisfação do usuário e equidade do projeto. Sendo consensual a preocupação
com a qualidade do conteúdo publicado no portal e que a grande preferência dos docentes está
relacionada aos modelos e sugestões de recursos educacionais diversos, disponibilizados no
portal, há que se estar atento à adequação e compatibilidade com a realidade das escolas,
conforme explícito no depoimento do técnico (entrevista 4).
Esses elementos apontam que não chegará, conforme afirmam os Gestores 2 e 3, mas
que já chegou o momento de se proceder aos ajustes necessários à garantia de efetividade do
portal. Esses ajustes requerem um processo avaliativo diretivo dos resultados, da satisfação do
usuário e da equidade do projeto, conforme salientam Costa e Castanhar (2003) e Castro
(2009).
5.3 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e
técnico pedagógico do NTE em relação ao CRV e à formação docente continuada
Esta seção tem por finalidade analisar as concepções e estratégias mediante as quais os
gestores do portal educacional CRV/ SEE-MG buscam produzir resultados na formação
docente continuada.
129
A complexidade do mundo moderno requer amplas frentes de atuação para promoção
da aprendizagem ao longo da vida, conceito que, aplicado ao cenário educacional, incide
diretamente sobre o processo de formação docente continuada em serviço.
Não se trata de um processo meramente restrito ao contexto escolar, haja vista que a
incorporação dos conceitos de capacidade e habilidade (introduzidos pelo Relatório de
Dellors, 2001) às reformas educacionais desencadeadas a partir da década de 1990, país afora,
faz referência a um processo de formação holístico e integral. Dessa forma, provoca rupturas
com fronteiras de tempo e espaço, conduzindo à gradativa superação das meras tentativas de
conjugação forçada entre teoria e prática. As TICs desempenham papel decisivo face ao
enfrentamento de tal desafio.
O portal educacional governamental CRV foi idealizado e concebido sob a perspectiva
inicial de servir como mecanismo propagador e irradiador dos novos currículos formulados
para as etapas da educação básica, tendo em vista a reforma curricular vigente em Minas
Gerais. Em consequência, os portais se apresentam também como um dos instrumentos que
somados a outras diversas estratégias podem contribuir eficazmente com a formação docente
continuada em serviço.
Face ao contexto descrito, a análise a seguir, processada a partir da interpretação
contextual do esquema de respostas apresentados nos QUADROS 12, 12.1, 12.2 e 12.3,
propõe alcançar o objetivo anunciado no início desta seção.
130
QUADRO 12 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e formação docente continuada
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1 do CRV, em 19/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 188)
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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O que a formação docente continuada apresenta como desafios a um portal educacional?
• A proposta inicial do CRV era orientar o professor na implementação do CBC, por meio da disponibilização de recursos tais como: planejamento, execução e avaliação das atividades de ensino na educação básica.
O que faz o CRV no campo da formação docente continuada?
• “Favorece a formação continuada do educador, ampliando a sua capacidade de lidar com as novas tecnologias”.
• Possui “uma biblioteca virtual que disponibiliza conteúdos sobre a formação integral do professor: educação ambiental, patrimonial, gestão [...]”.
Como o CRV tem lidado com a precária qualificação dos professores no que se refere ao manejo de computadores, periféricos, programas e comandos de informática?
• “Não temos dimensão de como é a formação do professor no campo tecnológico”.
• O Projeto Escolas em Rede prevê um NTE para cada SRE. É composto por técnicos da área de informática e pedagógica para orientar e dar suporte tecnológico ao docente para uso da tecnologia na sala de aula.
De que forma o CRV procura informar os professores sobre as possibilidades e vantagens pedagógicas do uso associado das TICs aos demais recursos didáticos?
• Por meio de seções com links informativos (seção notícias e interações na web).
Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção da formação docente?
• Indiretamente, atribui-se a melhoria do desempenho dos alunos nas avaliações externas à melhoria da formação do professor mineiro.
De que forma o CRV se mostra atento à articulação entre formação docente continuada e projetos pedagógicos escolares?
• A apresentação das demandas escolares ao CRV é feita por meio das Diretorias Pedagógicas.
• A demanda atual apresentada ao CRV está centrada no desenvolvimento de conteúdos para áreas do currículo de Biologia, Química, Física e Matemática (áreas nas quais os alunos apresentam defasagem nas avaliações internas e externas).
131
QUADRO 12.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 - CRV e formação docente continuada
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com os Gestores 2 e 3 do CRV, em 20/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 208)
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Aspectos gerais sobre o Projeto Escolas em Rede e CRV: • O trabalho é organizado e desenvolvido sob a estrutura de um tripé que pressupõe investimentos na infraestrutura tecnológica das escolas, capacitação de educadores e oferta de conteúdos pedagógicos e tecnológicos de alto nível de qualidade às escolas (o CRV é um dos conteúdos).
• Ante a abundância de conteúdos veiculados na internet, a grande vantagem de portais como o CRV é certificação (a confiabilidade) do conteúdo publicado.
• O professor necessita o tempo todo de formação contínua. “Antes da existência do CRV, o professor tinha mais dificuldade em obter acesso a conteúdos para melhorar sua formação. [...] “Eu ia todos os anos nas editoras buscar livros.” Hoje, esse material riquíssimo pode ser acessado em qualquer lugar.
• “O CRV veio para ficar. A gente tem que apoiar e dar suporte.” • Estrategicamente, a aquisição e envio de equipamentos para a escola
terá como perspectiva de disseminação e uso, a atuação do professor na condição de agente multiplicador.
O que a formação docente continuada apresenta como desafios a um portal educacional?
• A preparação do professor para incorporação e uso adequado das tecnologias no processo educacional escolar. “Ensinar o professor é a parte mais onerosa, difícil e demorada.”
• “Se o professor está preparado, o equipamento é barato. Dá para investir.”
132
QUADRO 12.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - CRV e formação docente continuada
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Professor Mediador do CRV, em 26/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 216)
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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Descreva o papel desempenhado e atividades realizadas pelo professor mediador do CRV:
• Mediar a interação entre os professores de uma área curricular específica, quando estes acessam as áreas colaborativas do portal (fórum e STR), incentivar sua participação mediante pesquisa e postagem de conteúdos de seu interesse e esclarecer dúvidas.
O que faz o professor mediador do CRV no campo da formação docente continuada?
• O professor mediador é orientado a realizar um trabalho de duas horas semanais junto aos professores da escola de sua lotação. O restante do trabalho é realizado em casa, virtualmente.
• Nessa perspectiva, atua como multiplicador do conhecimento dentro de sua própria escola (atuação centrada na divulgação, acesso e navegação pelas áreas e funcionalidades do portal junto ao corpo docente).
De que forma o professor mediador do CRV procura informar os professores sobre as possibilidades e vantagens pedagógicas do uso associado das TICs aos demais recursos didáticos?
• Por meio da sugestão de sites que favoreçam o desenvolvimento de projetos junto aos alunos, da sugestão de outras tecnologias e de um trabalho de conscientização do seu papel perante o uso da tecnologia no processo educacional escolar.
Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção da formação docente por meio da atuação do professor mediador?
• “Ainda falta muito para a gente ter uma resposta dessas.” • Há postagens de mensagens de agradecimento, no fórum e STR, de
professores que aplicaram os procedimentos sugeridos e ficaram muito satisfeitos.
De que forma o professor mediador do CRV se mostra atento à articulação entre formação docente continuada e projetos pedagógicos escolares?
• A preocupação concentra-se no trabalho a ser desenvolvido no fórum de discussão.
133
QUADRO 12.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e formação docente continuada
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230) Continua...
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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Descreva o papel atribuído ao NTE e às atividades desenvolvidas no âmbito de sua atuação:
• Os dois grandes objetivos do NTE são: prestar suporte técnico (serviços de manutenção, instalação de softwares e hardwares às escolas estaduais da SRE) e capacitar os educadores para o uso dos softwares.
• Na parte de suporte técnico, a escola ou algum setor da SRE solicita
o serviço. Na parte de capacitação, o NTE atende às orientações da DTAE, mediante as quais são definidas as capacitações específicas a serem ofertadas para cada área (de caráter instrumental).
• O NTE não tem condições de atender demandas encaminhadas pela
própria escola (se for o caso), pois atualmente só conta com dois funcionários para atender promover capacitações.
O que faz o NTE no campo da formação docente continuada, trabalho docente colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local?
• Acompanhamento da oferta do curso do PROINFO - Ensinando e Aprendendo com TICs, oferecido a onze educadores da rede municipal de cinco municípios envolvidos.
• Oferta de cursos básicos de informática (editor de textos e
navegação na Internet e pesquisa de temas educacionais) a professores da rede estadual.
134
QUADRO 12.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e formação docente continuada
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230) Conclusão.
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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De que forma o NTE procura informar aos professores sobre as possibilidades e vantagens pedagógicas do uso associado das TICs aos demais recursos didáticos?
• “Não conseguimos chegar aos professores ainda. É um número muito grande e somos apenas dois técnicos.”
Foi realizada uma sensibilização por meio de relatos de experiências e orientações a diretores, vice-diretores e especialistas, no sentido de promover a inclusão do uso das TICs no projeto político-pedagógico da escola como garantia de sua incorporação ao processo escolar.
De que forma o NTE procura informar os professores sobre as possibilidades e vantagens pedagógicas do uso associado das funcionalidades e serviços disponibilizados no CRV aos demais recursos didáticos?
• Em 2006, o NTE realizou uma capacitação, vinculada à Resolução 666, que trazia a obrigatoriedade do CBC, para divulgar e apresentar o CRV, a professores, diretores e especialistas.
As informações continuam sendo repassadas por meio do blog da SEE-MG e ofícios. Foram também retomadas na sensibilização.
135
Os dados obtidos por meio das entrevistas evidenciam a incorporação no discurso dos
colaboradores do princípio perante o qual o CRV foi idealizado e implementado: servir de
veículo difusor do CBC.
Nota-se que, apesar de o desenvolvimento do CRV compor uma das metas
fundamentais do Projeto Escolas em Rede, dentre as quais também está inscrita a meta de
“capacitar professores e demais educadores em cursos de formação inicial para o trabalho na
área de informática” (MINAS GERAIS, 2009, p.4)118, no discurso dos Gestores 2 e 3 o CRV
é concebido como um dos conteúdos pedagógicos e tecnológicos de alto nível de qualidade
disponibilizados pela SEE-MG às escolas.
Entretanto, o processo de formação docente requer frentes de atuação que vão além da
oferta de conteúdos certificados e com alto padrão de qualidade, embora seja esse um atributo
de motivação à visita e fidelização do usuário a um portal educacional apontado por
Dorfmann (2002), embasado nos estudos de Black (1997) e Nielsen e Loranger (2007).
Apesar de contar diretamente com a ação do professor mediador como um agente de
articulação, mediação e interlocução entre o espaço real e concreto da escola com o espaço
virtual do portal CRV, a atuação desse profissional pode e necessita ser potencializada. Isso
significa ir além da perspectiva de agente viabilizador de discussões estanques ao CBC da sua
área curricular disciplinar. É preciso ocupar outros espaços que possibilitem outros diálogos
paralelos ao diálogo disciplinar do qual está incumbido.
O discurso do Técnico Pedagógico do NTE ratifica as conclusões de Silva (2009,
p.3)119 ao apresentar os resultados do estudo intitulado “A Formação Continuada de
Professores nas Políticas Públicas de Inclusão das Tecnologias da Informação e Comunicação
da Educação Básica: Um Estudo de Caso Sobre o Projeto Escolas em Rede”, da SEE-MG:
A análise dos dados da pesquisa evidencia que a política de inclusão digital da SEE-MG vem sofrendo (d)os mesmos problemas de outras políticas públicas históricas da área, visto necessitar de melhor infra-estrutura tecnológica e de pessoal para dar suporte às práticas de uso das TIC nas escolas. Além disso, há ainda um caráter de verticalização na implantação do projeto, considerando que, em nenhum momento, a política dialoga com a realidade dos professores e de suas escolas de origem, ocasionando um distanciamento entre o programa da SEE-MG e as reais demandas das instituições de ensino e educadores da rede estadual (SILVA, 2009, p. 3).
118Documento disponível em <http://www.ihr.org.br>. Acesso em 30 set. 2009. Documento adequado e atualizado mediante o terceiro aditamento. 119SILVA, Cleder Tadeu Antão da. A Formação Continuada de Professores nas Políticas Públicas de Inclusão das Tecnologias da Informação e Comunicação da Educação Básica: Um Estudo de Caso Sobre O Projeto “Escolas Em Rede”, da SEE-MG .Belo Horizonte, 2009. 199f. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica). Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG. (Fragmento extraído do resumo da dissertação).
136
Ante ao exposto por Silva (2009), há que se ressaltar que nesses moldes uma política
de formação continuada que não dialoga com as necessidades do seu público-alvo, contrapõe-
se aos princípios fundamentais da gestão social e do desenvolvimento local.
Para superar a verticalização e o distanciamento entre o que é disponibilizado pela
SEE-MG e as reais necessidades da escola, é necessário assegurar espaços e canais de
diálogos que conjuguem o físico com o virtual, repasses em massa com momentos de
formação continuada em serviço constituídos a partir das demandas emergentes em cada
escola e, sobretudo, investimento efetivo na melhoria da infraestrutura tecnológica
intimamente vinculada. É preciso prover NTEs e todas as demais instâncias formadoras de
uma autonomia que requer, dentre os aspectos, adequadas condições de trabalho para transpor
o cenário dos discursos e se concretizar na realidade quotidiana.
Nessa direção, é necessário também resgatar os espaços físicos de encontros, diálogos,
trocas e preservação da identidade profissional docente. Esses espaços, a exemplo do extinto
CRP, podem e devem coexistir “[...] visando proporcionar o diálogo entre passado e presente,
entre os educadores e seus pares, entre estes e as instâncias promotoras do conhecimento, um
espaço de troca de experiências e atualização, visando o enriquecimento cultural e o
desenvolvimento profissional do professor” (PEIXOTO: 2004, p. 37).
Ao estabelecer “a formação de gerações de educadores conscientes da importância da
interface entre educação e comunicação para o desenvolvimento de sua criatividade e seu
constante aperfeiçoamento” (MINAS GERAIS, s/d.)120 como um de seus princípios
fundamentais, o CRV endossa sua assonância com a perspectiva de que um processo de
formação pleno requer, em primeiro plano, a interface entre educação e comunicação como
eixo condutor do processo e das ações e relações entre os sujeitos envolvidos. Não basta
oferecer. É imprescindível indagar se o que se propõe a oferecer está compatível com as
expectativas e necessidades dos que o estão recebendo.
Cabe ressaltar ainda outro aspecto apontado pelos Gestores 2 e 3 durante a entrevista.
O Gestor 3 enfatiza que ensinar o professor constitui a parte mais difícil, mais cara e mais
demorada de todo o processo. De fato, pois o processo de formação não se extingue. Daí a
necessidade de se investir noutras de potencialização da formação continuada em serviço, de
modo a complementar a oferta de cursos e capacitações aligeiradas oferecidas pela SEE-MG.
Além da perspectiva de ofertar aos docentes conteúdos certificados e atualizados,
fatores incisivos para assegurar a credibilidade e confiabilidade junto ao usuário, conforme
120Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 08 abr. 2008.
137
apontado nos estudos de Dorfmann (2002), outro ponto forte dentre as estratégias empregadas
pelos gestores diz respeito à perspectiva de disseminação do uso e incorporação das TICs ao
processo educacional escolar, à atuação do professor na condição de agente multiplicador.
Assim foi concebido o papel e a atuação do professor mediador das áreas de colaboração do
portal.
Ainda que a coordenação e demais instâncias gestoras do CRV se apoiem no
permanente intercâmbio entre as diretorias e demais instâncias pedagógicas do sistema
educacional mineiro, tal como os NTEs, e nos dados das avaliações internas e externas à
escola, para sondagem e filtragem das demandas para produção e disponibilização de
conteúdos no portal, o que constitui um fator muito positivo, é necessário potencializar os
canais de escuta do professorado, disponíveis no portal (fórum, STR, Fale Conosco). Mas
também utilizar-se de mecanismos de avaliação do alcance dos objetivos pelos quais o portal
foi concebido e da satisfação do usuário para se proceder aos ajustes necessários.
5.4 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e técnico
pedagógico do NTE em relação ao CRV e fomento do trabalho docente colaborativo
mediado por TICs
Esta seção, servindo-se dos QUADROS 13, 13.1, 13.2 e 13.3 objetiva analisar as
concepções e estratégias mediante as quais os gestores do portal educacional CRV/ SEE-MG
buscam produzir resultados no fomento à cultura do trabalho docente colaborativo mediado
por TICs.
138
QUADRO 13 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1 do CRV, em 19/07/2010. (Consultar apêndice B – p. 188) Continua...
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de TICs apresenta como desafios a um portal educacional?
• A colaboração dos gestores educacionais, no sentido de se realizar um planejamento estrutural que favoreça a ocorrência de momentos de formação continuada em serviço, onde o professor possa explorar as potencialidades das TICs;
• há necessidade de quebra de paradigmas, com adequação de tempos e espaços escolares às reais condições que o trabalho as TICs exige.
O que faz o CRV para estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de TICs?
• Disponibiliza o maior número possível de recursos (dos mais simples aos mais complexos), mediante os quais o professor possa utilizar as TICS.
• Busca promover a interação entre os usuários por meio do fórum de discussão e do STR.
• O Fale Conosco também é um canal de interação entre o CRV e o educador.
Quais as condições oferecidas aos professores pelo CRV para a seleção de fontes de informações, ferramentas e suportes tecnológicos com os quais poderão trabalhar?
• Por meio da disponibilização dos recursos educacionais: orientações pedagógicas, roteiros de atividades, módulos didáticos, sala de recursos didáticos, vídeos e links de acesso a sites informativos.
• Ferramenta para medir com eficiência, eficácia e fidedignidade as áreas mais acessadas pelos educadores no portal, de modo a permitir que a gestão saiba qual o conteúdo de maior interesse do educador, em processo de desenvolvimento.
• Faz-se também uso de enquetes para interagir com o usuário e dele obter opiniões.
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QUADRO 13 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs (Continuação)
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1 do CRV, em 19/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 188) Conclusão.
PERGUNTAS ESQUEMA DAS RESPOSTAS
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Quais os resultados que o CRV vem obtendo no fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs?
• A satisfação do professor (percebida pela gestão por meio de um arquivo de mensagens com elogios e críticas ao CRV).
• A gestão entende que o respeito mútuo que existe entre o CRV e o professor tem contribuído para elevar o índice de aceitação e acessos.
De que forma o CRV se mostra atento à articulação entre fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e projetos pedagógicos escolares?
• Por meio das seções Escola Destaque e Dedicado ao Mestre; • por meio do envio mensal de correspondências às SREs e às escolas
de lotação do professor mediador do CRV, solicitando encaminhamento de relatos de experiências para divulgação no CRV.
• A gestão obtém retorno da escola por meio dos NTE, da coordenação dos projetos institucionais da SEE-MG (PROETI e PEAS) e também por meio de contato efetivo com as diretorias de ensino fundamental e médio.
140
QUADRO 13.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 - CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com os Gestores 2 e 3 do CRV, em 20/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 208)
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Questões gerais sobre o CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs
• A coordenação do CRV faz um trabalho de divulgação do conteúdo e funcionalidades do portal junto aos NTE durante os encontros presenciais promovidos pela DTAE.
• Durante esses encontros, há socialização de experiências e exposição dos trabalhos desenvolvidos pelas escolas.
• O trabalho passará a focalizar, a partir de então, a promoção de capacitações e incentivo.
• Desenvolvimento e gradativa implantação de ferramentas da web 2.0 (com características mais interativas), implantação e uso do construtor de blogs; O CRV já está partindo para essa modernização.
O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de TICs apresenta como desafios a um portal educacional?
• O Gestor 3 ressalta a necessidade de se estar atento à necessidade de se investir na formação de professores autores, visto que “nenhum site pode servir como uma ferramenta já pronta”, levando o professor a se acomodar na postura de passivo receptor de conteúdos prontos.
• Projeção de construção de um site por escola. Há várias ações sendo empreendidas simultaneamente. “Isso exige todo um trabalho conjunto. Não é só o CRV.” (Gestor 3).
De que forma o CRV se mostra atento à articulação entre fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e projetos pedagógicos escolares?
• Há contato sistemático com todas as diretorias de educação básica de ensino fundamental e médio. Estas informam em reunião as necessidades de inserção de conteúdos no portal para atendimento ao interesse do professor.
Quais os resultados que o CRV vem obtendo no fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs?
• “Essa não é uma medição muito simples.” • “A melhor forma de observar é por meio dos resultados das
avaliações sistêmicas”. • Entretanto, “é muito difícil medir qual parcela de melhoria da
qualidade do ensino pode ser creditada à tecnologia”.
141
QUADRO 13.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs
Fonte: Extraído da entrevista - 26/07/2010.
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O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de TICs apresenta como desafios ao professor mediador de um portal educacional?
• Postar textos e trabalhos atuais, que despertam interesse do professor e que sejam compatíveis com a proposta do CBC;
• a mediação das áreas de colaboração do CRV (fórum e STR) demanda muito estudo e perspicácia do profissional para despertar no usuário o interesse em acessar e interagir.
O que faz o professor mediador do CRV para estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de TICs?
• Realiza o trabalho na escola, junto aos demais professores e no fórum, sempre estimulando e agradecendo a participação.
• Encaminha comunicados à coordenação, para publicação de chamadas no site da SEE-MG e do CRV (seção notícias), convidando o professor a participar do fórum.
• Realiza pesquisas de conteúdos que sejam de interesse e relevância para a prática docente (coerentes com o CBC) e submete ao orientador para análise e aprovação.
• Concentra esforços na promoção de maior envolvimento docente no uso das ferramentas colaborativas do CRV (para além do acesso, realizar postagem de comentários e compartilhamento de recursos educacionais de sua autoria no STR).
Quais as condições oferecidas ao professor mediador do CRV para a seleção de fontes de informações, ferramentas e suportes tecnológicos com os quais poderá trabalhar?
• O professor mediador tem que ter a postura de busca, de pesquisador. • O orientador dá o suporte ao mediador relacionando e sugerindo sites
e fontes, a que ele deve recorrer para pesquisar sobre um assunto específico,
Quais os resultados que o CRV vem obtendo no fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs por meio da atuação do professor mediador?
• Não há como saber a repercussão do trabalho do professor mediador.
De que forma o professor mediador do CRV se mostra atento à articulação entre fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e projetos pedagógicos escolares?
• Por meio das queixas formuladas pelos professores, de um modo geral, sobre as condições inadequadas de trabalho na sua escola de atuação.
142
QUADRO 13.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230)
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O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de TICs apresenta como desafios a um portal educacional?
• O desafio principal é dispor de tempo para promover a capacitação em serviço.
• A realidade do professor hoje é, no mínimo, jornada dupla.
O que faz o NTE no campo da formação docente continuada, trabalho docente colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local?
• Acompanhamento da oferta do curso do PROINFO – Ensinando e Aprendendo com TICs, oferecido a onze educadores da rede municipal de cinco municípios envolvidos.
• Oferta de cursos básicos de informática (editor de textos e navegação
na Internet e pesquisa de temas educacionais) a professores da rede estadual.
143
No escopo do projeto de planejamento do CRV está descrito como seu objetivo
específico:
Desenvolver um sistema informatizado de apoio à atividade docente constituído de um banco de dados com materiais e recursos didáticos que atendam às necessidades da educação básica, com facilidades de comunicação e trabalho colaborativo entre professores (MINAS GERAIS, 2005a, p. 6).
Face à descrição processada no capítulo dois das áreas e respectivos conteúdos e
funcionalidades do portal, constata-se que, de fato, no sentido estritamente operacional do
verbo desenvolver, esse objetivo foi pleiteado e alcançado durante os três últimos anos,
período em que vigorou o Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR, conforme
ilustra a descrição analítica apresentada no capítulo 4.
Entretanto, a indução e fomento ao trabalho colaborativo docente é elemento
indissociável do seu processo de formação continuada e, por conseguinte, dos preceitos
definidos nos projetos político-pedagógicos escolares. Reivindica, portanto, a mobilização de
várias frentes de atuação gestionária, em todas as instâncias do sistema educacional e da
sociedade.
O apontamento do técnico pedagógico do NTE é incisivo nesse sentido quando
salienta a necessidade de sensibilizar a equipe técnico-pedagógica da escola, por meio de seus
gestores, para promover a inclusão do uso das TICs no projeto político-pedagógico da escola
como garantia de sua incorporação ao processo escolar.
Nessa perspectiva, os desafios assinalados pelos colaboradores traduzem a real
dimensão do que se pretende em termos de efetivo fomento ao trabalho docente colaborativo
mediado por TICs, uma vez que formação e trabalho docente colaborativo passam
fundamentalmente pelo espaço da escola. É utópico idealizar sua concretização pela mediação
das TICs, quando esses elementos não se efetivam no espaço presencial e por meio da
interação face a face no espaço escolar. Os apontamentos extraídos das respostas e reflexões
de cada colaborador ratificam a proposição defendida.
Na concepção do Gestor 1, é premente a necessidade de quebra de paradigmas, com
adequação de tempos e espaços escolares às reais condições que o trabalho das TICs exige.
Esse movimento requer a elaboração, por parte dos gestores educacionais das várias instâncias
do sistema, de um planejamento estrutural que favoreça a ocorrência de momentos de
formação continuada em serviço, onde o professor possa explorar as potencialidades das
TICs.
Os gestores 2 e 3 salientam: “Isso exige todo um trabalho conjunto. Não é só o CRV.”
144
(DADOS DA ENTREVISTA CONCEDIDA EM 20/07/2010 - Gestores 2 e 3).
Ante os desafios sinalizados pelo técnico pedagógico do NTE, no que tange à dupla
jornada docente e ao enrijecimento das formas de uso do tempo e dos espaços escolares, há
que se discutir e propor estratégias de indução à ocupação e uso planejado e interdisciplinar
dos laboratórios de informática instalados na maioria das escolas.
No que se refere especificamente ao uso das funcionalidades e ferramentas interativas
do portal, isso aponta para a necessidade de realização de testes de usabilidade com os
usuários in loco (NIELSEN e LORANGER, 2007). Esse procedimento pode ser realizado por
meio de oficinas experimentais, com delineamento de amostragem regional de docentes. Tal
iniciativa, além de permitir a observação direta pela gestão de como reagem os usuários
durante o manuseio de equipamentos e ferramentas, colocará em evidência as debilidades e
carências da infraestrutura tecnológica.
No seu depoimento, o Gestor 1 enfatiza que a universidade tem papel de relevância no
fomento à incorporação do uso pedagógico das TICs ao processo educacional escolar, pois ela
é a porta de acesso do docente em formação inicial ao espaço da escola.
Há que se ressaltar ainda que se, por um lado, prevalece uma explícita preocupação
dos gestores com a oferta de conteúdos certificados, atualizados, diversificados e assonantes à
concepção teórico-prática norteadora da construção dos CBCs, por outro, a estruturação e
funcionamento do STR somado ao depoimento dos Gestores 2, 3 e professor mediador,
revelam a preocupação com fomento à cultura do registro e disseminação de práticas
pedagógicas bem sucedidas, valorização do saber fazer docente e perspectiva de investimento
na formação de professores autores e produtores dos conteúdos e recursos didáticos
publicados no portal.
Essa perspectiva constitui-se em estratégia importante para o incitamento à reflexão do
próprio docente sobre sua prática, visto que, conforme explicitado no depoimento do
professor mediador, a escrita como objeto de compartilhamento do saber fazer docente
demanda investimento em pesquisa. É fator que exige do docente investimento no próprio
processo de formação, postura de proatividade no sentido de não se portar apenas como mero
espectador-receptor de conteúdos, sugestões e orientações didático-pedagógicas elaboradas
por outrem e aplicadas, passivamente por ele em sua sala de aula.
A necessidade de potencialização das áreas de colaboração do CRV sugere a
possibilidade de se postular a criação de espaços na área da Biblioteca Virtual destinados à
publicação de biografias de educadores, editoração de revista eletrônica cujo conteúdo seria
145
elaborado com base nos trabalhos desenvolvidos e encaminhados por docentes (artigos,
resenhas, entrevistas, reportagens).
5.5 O que dizem, como pensam e agem gestores, professor mediador do CRV e técnico
pedagógico do NTE em relação ao CRV e à promoção do desenvolvimento local
Embora tratados em categorias específicas apenas por questões metodológicas, é
importante reafirmar que os elementos: formação docente continuada, trabalho docente
colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local exercem influências recíprocas e
diversas uns sobre os outros.
A perspectiva de fomento ao desenvolvimento local concebida pelo viés da
sustentabilidade rejeita a idéia de mera “reaplicação” de práticas tomadas como um pacote de
soluções prontas e acabadas para a demanda imediata de uma determinada comunidade. Nesta
investigação a palavra local designa a comunidade escolar.
Essa lógica de desenvolvimento considera todos os membros da comunidade como os
primeiros interessados na discussão, tomada das decisões e execução das medidas cabíveis ao
enfrentamento da demanda em evidência. O desencadeamento do processo de construção
coletiva das soluções aplicáveis é considerado fator determinante para sua sustentabilidade.
Nessa perspectiva, cada agente envolvido é considerado um dos “donos” do processo e das
aprendizagens a partir de então constituídas, estando assim propensos a um maior
comprometimento com a dinâmica do processo e a execução das ações definidas.
Esta seção se ocupa de analisar contextualmente as concepções e estratégias mediante
as quais os gestores do portal educacional CRV/ SEE-MG buscam produzir resultados no
desenvolvimento local. Os QUADROS 14, 14.1, 14.2 e 14.3 apresentam as abordagens do
pesquisador e colaboradores, contempladas nessa categoria.
146
QUADRO 14 - Entrevista 1 - Gestor 1 - CRV e promoção do desenvolvimento local
Fonte: Extraído da entrevista realizada com o Gestor 1 do CRV, em 19/07/2010.
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O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios a um portal educacional?
• Cumprir a finalidade para a qual o portal foi idealizado: divulgar e tornar acessível o documento do CBC a todos os educadores de qualquer localidade do estado.
• Garantir infraestrutura tecnológica mínima necessária para que todas as escolas tenham condições de acesso ao portal.
• Favorecer a promoção da inclusão digital docente (“que é inclusão social também”).
O que faz o CRV para promover o desenvolvimento local?
• Procura dar ênfase ao trabalho da comunidade, por meio da divulgação do trabalho desenvolvido pela escola, como projetos interdisciplinares, documentos que valorizam a identidade, a cultura local e as raízes históricas da escola e da comunidade na qual está inserida.
• A preocupação se deslocou do eixo da ampla divulgação do CRV para o eixo das formas de uso do portal (como, por que e para que os professores utilizam os conteúdos e funcionalidades do portal).
De que forma o CRV se mostra atento à perspectiva de tornar os professores agentes do desenvolvimento local, tornando-os multiplicadores do uso das TICs em espaços escolares e não escolares?
• A primeira medida adotada nesse sentido, diz respeito ao perfil de seleção do professor mediador dos ambientes de colaboração do portal (fórum e STR): a primeira condição é que seja regente de classe, com atuação diferenciada em sala de aula, bem relacionado na escola, tenha domínio de conteúdo e uso de tecnologias e com características de pesquisador.
• Na sua atuação, compete ao professor mediador: realizar trabalho de campo para divulgação do CRV na sua escola e, sendo solicitado pela SRE, divulgar também nas demais escolas da sua regional.
Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção do desenvolvimento local?
• A gestão não dispõe desse resultado. • A equipe do CRV é convidada pelas escolas para irem até elas e
apresentarem as áreas, conteúdos e funcionalidades do portal.
147
QUADRO 14.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3 - CRV e promoção do desenvolvimento local
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com os Gestores 2 e 3 do CRV, em 20/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 208)
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O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios a um portal educacional?
• A filosofia de trabalho que permeia a ação gestionária da STE e da DTAE é a de que cada nível da gestão funcione como “antena de retransmissão”. Assim, a difusão de metodologias e conteúdos elaborados ocorre por meio de repasses em “efeito cascata”.
• Embora, a título de repasse às escolas, seja insuficiente o número de
técnicos pedagógicos de que dispõem os NTEs, a DTAE promove encontros com os técnicos dos quarenta e seis NTEs, orientando-os sobre assuntos que devem trabalhar com as escolas. O CRV é um desses assuntos.
• Cada NTE, em função das suas peculiaridades, realiza um
planejamento mensal próprio que é submetido à DTAE para apreciação, disponibilização de recursos e apresentação de sugestões ao trabalho proposto. Essa forma de interação objetiva ampliar a capacidade de iniciativa dos NTEs.
• Há previsão de aplicação, ainda este ano, de uma avaliação externa,
na qual serão contempladas algumas questões sobre o CRV. Está sendo organizada pela própria DTAE. Uma amostragem será aplicada presencialmente, com a equipe indo às escolas. Outra amostra maior será disponibilizada, por meio de uma chamada para preenchimento do formulário on-line, no portal da DTAE.
148
QUADRO 14.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - CRV e promoção do desenvolvimento local
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Professor Mediador do CRV, em 26/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 216)
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O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios ao professor mediador de um portal educacional?
• O grande desafio é conseguir envolver efetivamente o professor para que acesse, interaja e participe, postando suas contribuições nas áreas de colaboração do CRV.
O professor mediador do CRV atua na perspectiva de agente promotor do desenvolvimento local? Como se dá a atuação nessa perspectiva?
• Sim, à medida que são desenvolvidas pesquisas de conteúdo e inovações que possam ser de interesse do professor e que o auxilie a melhorar a sua prática pedagógica.
• A grande dificuldade é que o professor mediador trabalha com o imaginário dos demais professores, como a abrangência é estadual, não se sabe o que está acontecendo em cada escola.
• O trabalho de pesquisa do professor mediador se orienta pela busca de sugestões consoantes com a tendência e o momento do contexto, focalizando os aspectos que podem ser desenvolvidos dentro dos eixos temáticos do CBC.
De que forma o professor mediador do CRV se mostra atento à perspectiva de tornar os professores agentes do desenvolvimento local, tornando-os multiplicadores do uso das TICs em espaços escolares e não escolares?
• Realizando pesquisas em sites, sugerindo fontes de pesquisa e formas de trabalho que envolve o uso das mais diversas tecnologias. Estando atento ao alerta do orientador para não apresentar planos de aula e roteiros prontos e sim dar sugestões que conduzam o professor à busca.
Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção do desenvolvimento local por meio da atuação do professor mediador?
• “O resultado é pelo número de acessos.” • “Ainda falta muito. Eles querem as coisas prontas.” • “Eles não comentam muito no STR.”
149
QUADRO 14.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - CRV e promoção do desenvolvimento local
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230)
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O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios a um portal educacional?
• São muitas e adversas as realidades a serem consideradas: “há escolas sem conexão com a internet, há localidades em que a conexão é por meio da rural web, que é lenta”.
• Outra questão é mesmo o tempo que o professor necessita para
pesquisar, assistir vídeos, analisar, selecionar e adequar os objetos didáticos e de aprendizagem às necessidades dos alunos.
O que faz o NTE no campo da formação docente continuada, trabalho docente colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local?
• Acompanhamento da oferta do curso do PROINFO – Ensinando e Aprendendo com TICs, oferecido a onze educadores da rede municipal de cinco municípios envolvidos.
• Oferta de cursos básicos de informática (editor de textos e navegação
na Internet e pesquisa de temas educacionais) a professores da rede estadual.
150
O depoimento dos colaboradores confirma as evidências relacionadas no capítulo 4
deste estudo, que dizem respeito ao potencial favorável à promoção de permanente
movimento sinérgico entre o global e o local, latente no arranjo estrutural pelo qual o
portal tem se materializado virtualmente.
Com base na descrição processada no capítulo 2 mediante observação direta da
pesquisadora e nos dados obtidos via pesquisa documental e entrevistas, pode-se afirmar
que os quadros do CRV (Escola Destaque, Relatos de Experiência, Seção Notícias, Fale
Conosco, o recém-inaugurado Dedicado ao Mestre, o fórum e o STR) ilustram o potencial
interativo entre os educadores das unidades escolares e os agentes envolvidos na cadeia
gestionária do CRV. Haja vista que alguns deles são qualificados pelo Gestor 1, como
“áreas nobres do CRV”.
Entretanto, alguns deles, com ênfase para o fórum e o STR, carecem de ajuste.
Para tanto, é necessário ouvir os usuários e deles colher as sugestões. É preciso, portanto,
indagar ao usuário por que está mais propenso a se envolver e participar numa seção e não
da outra para então se obter a explicação do fato de a participação do usuário superar a
expectativa média em alguns ambientes do portal, e ele praticamente se recusar a habitar
em outros.
Além dessas áreas e funcionalidades do CRV, outro aspecto favorável à promoção
do desenvolvimento local diz respeito ao seu próprio arranjo gestionário. Sua estruturação
pressupõe a diversidade de parcerias, agentes e frentes de atuação em várias instâncias do
sistema educacional: escolas, universidades, SREs, NTEs, MEC, fundações, etc.
Entretanto, há que se estar atento à verticalização ou hierarquização do processo decisório
entre todos os agentes envolvidos, conforme se depreende da explícita dissonância entre o
discurso dos Gestores 2 e 3 e o depoimento do técnico pedagógico do NTE, pois, levado
ao extremo, pode figurar como empecilho ao alcance dos resultados prospectados no
escopo do projeto de criação do portal.
Muito embora os Gestores 2 e 3 tenham feito referência à previsão de aplicação de
uma avaliação de caráter geral e não apenas diretiva ao CRV, fica novamente em
evidência no depoimento do professor mediador e técnico pedagógico do NTE a
necessidade de avaliação da satisfação do usuário e equidade do projeto CRV, pois são
múltiplas as realidades das escolas e de cada SRE.
151
5.6 Aspectos gerais da gestão do CRV: implicações para a formação docente continuada,
fomento à cultura do trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local
O objetivo que orienta esta seção é verificar se e de que forma os gestores do portal
educacional CRV/ SEE-MG relacionam formação docente continuada, fomento à cultura do
trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local, focalizando os aspectos gerais
relacionados à concepção da matriz de responsabilidades e papéis (especialmente a relação
entre centralização e delegação) e as formas de lidar com a questão das experiências culturais
do professorado.
No discurso do Gestor 1, coordenador do CRV, são anunciadas referências práticas,
bastante expressivas da relação que este estabelece entre formação docente continuada,
trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local.
Tal aspecto é comprovável mediante a descrição que o gestor 1 realiza de algumas
áreas do portal, qualificando-as como “áreas nobres do CRV”, referindo-se justamente
àquelas destinadas à interação e postagem de conteúdos produzidos pelos professores. É a elas
que o Gestor 1 deu maior ênfase durante a entrevista concedida, salientando o progresso já
obtido e demonstrando preocupação com a potencialização do seu uso pelos docentes.
Outro aspecto que ilustra bem o caráter afetivo e a preocupação da gestão com a
participação do usuário na construção do conteúdo publicado no portal é a estratégia de envio
mensal de cartas às escolas de lotação do professor mediador e SREs, solicitando
encaminhamento de demandas e envio de relatos de trabalhos desenvolvidos para publicação
no portal.
Conforme relatado pelo Gestor 1 e comprovado no levantamento amostral anual (2006
a 2009), realizado pela pesquisadora nos arquivos da seção notícias do CRV, há uma
participação significativa da escola na produção do conteúdo dessa seção. Isso tornou possível
categorizá-la em cinco denominações distintas, sendo uma delas intitulada por essa
pesquisadora de “Informações Sobre as Escolas Estaduais”, conforme ilustrado no QUADRO
16.2 do Apêndice C. Ressalta-se que em todas as cinco categorias há fluxo regular de
veiculação de informações.
Durante a entrevista, esse interlocutor enfatizou a importância atribuída ao Canal Fale
Conosco, pois, segundo o Gestor 1, funciona como termômetro da satisfação e opinião do
usuário. Focalizou a necessidade de se buscarem meios de viabilizar o processo de formação
152
continuada em serviço dentro de cada escola. Referiu-se ao papel desempenhado pelo
professor mediador e orientador e dos gestores escolares como uns dos elementos curingas
para o fomento ao trabalho colaborativo mediado por TICs e valorização do saber fazer
docente. Fez explícita referência à preocupação com a necessidade de efetivação do processo
de formação continuada em serviço no âmbito do espaço escolar. Reafirmou a importância da
ação coordenada entre os NTEs e o permanente intercâmbio entre o CRV e as demais
instâncias gestionárias da educação básica.
Ao longo do discurso proferido pelo Gestor 1, no tocante às experiências culturais do
professorado, a ênfase recai nos aspectos inerentes à disposição da escola e dos educadores
mineiros em participar de alguns quadros do portal destinados à exposição de algum aspecto
do trabalho desenvolvido na escola. Contudo, sinaliza de modo menos enfático ao do
professor mediador a demanda por modelos de recursos educacionais, evidenciando a
dificuldade no saber fazer (na prática pedagógica em sala de aula) e a consequente atitude de
busca pelas “coisas prontas”. A essa altura, menciona a deficiência da formação inicial e
ressalta o papel da universidade como um dos agentes indutores da incorporação do uso
pedagógico das TICs ao processo educacional escolar.
No discurso dos gestores 2 e 3 evidencia-se a preocupação com o provimento da
infraestrutura tecnológica nas escolas. Afirmam haver amplas e simultâneas frentes de
atuação, ressaltando não se tratar apenas do CRV. Há explícita referência à atenção que
destinam ao contexto em que o CRV está inserido.
Nessa perspectiva, ressaltam a necessidade de prover cada escola de suas necessidades
básicas, investindo-se na gradativa aquisição de equipamentos de forma concomitante à oferta
de capacitação, no intuito de que professor passe a fazer o uso pedagógico do equipamento
adquirido nas aulas ministradas.
Assim, os professores, ao passarem também gradativamente por um processo de
formação orientado para a incorporação do uso pedagógico das TICs ao processo educacional
escolar, passariam a exercer o papel de agente disseminar de seu e incorporação ao processo
pedagógico na sua própria escola. Essa estratégia, na concepção dos gestores educacionais,
seria uma das formas de se prevenir o risco de se investir na compra de grande número de
equipamentos, e não haver quem os utilize na escola. A esse ponto, ressalta que a compra de
equipamentos tem um custo relativamente baixo, e que o mais oneroso, demorado e difícil é o
investimento na formação do professor para seu uso adequado.
153
Enfatizando a importância da formação docente continuada, esses gestores citam um
artigo da LDB referente ao assunto e fazem menção aos cursos de capacitação e repasses
promovidos pela DTAE junto aos NTEs e destes junto às escolas. Demonstraram extrema
preocupação com a certificação, atualização e qualidade do conteúdo veiculado no portal e
sua navegabilidade.
Contudo, assim como expressam preocupação com a oferta de conteúdo de qualidade
como apoio à atividade docente, são enfáticos em sinalizar que a introdução da web 2.0
amplia a perspectiva de investimento na formação de professores autores, produtores de
conteúdos.
Verifica-se, portanto, que esses gestores estabelecem uma relação entre formação
docente continuada, fomento à cultura do trabalho docente colaborativo e desenvolvimento
local de forma diferenciada à estabelecida pelo Gestor 1.
Muito embora o Gestor 1 reafirme em vários momentos de seu discurso a necessidade
de prover não apenas a escola, mas também o professor, de acesso a computador com conexão
à internet, de modo semelhante aos Gestores 2 e 3, a relação que estabelece entre os três
processos em pauta figura mais no eixo prático do uso que o professorado faz do portal e da
forma como a gestão se relaciona com estes.
Os Gestores 2 e 3 centram a relação que estabelecem entre esses elementos nos
aspectos técnicos da gestão, na direção do provimento de infraestrutura tecnológica à escola e
de capacitação docente. Têm a expectativa de que essa ação, somada a outras, como a
prospecção e desenvolvimento de ferramentas mais modernas a partir da liberação do uso da
web 2.0 nas instâncias governamentais e às ações do CRV e NTEs, potencialize o trabalho
docente colaborativo mediado por TICs.
Quanto à referência ao perfil docente e experiências culturais do professorado,
explicitam a dificuldade docente de manuseio dos equipamentos tecnológicos e incorporação
destes à sua prática pedagógica como também a propensão docente em se acomodar ante a
oferta de conteúdos prontos.
O professor mediador enfatiza sua preocupação na busca de estratégias alternativas ao
enfrentamento de questões relativas à cultura docente, sobretudo no que diz respeito ao baixo
índice de interação no fórum de discussão, à passividade e expectativa docente de oferta de
modelos de recursos didáticos. Porém, não se percebe em seu discurso uma vinculação direta
da formação docente continuada com o fomento à cultura de trabalho docente mediado por
154
TICs e o desenvolvimento local, a não ser durante a descrição que faz de sua atuação junto
aos demais colegas na escola onde está em exercício.
O técnico do NTE é incisivo ao apontar o enrijecimento do uso do tempo e espaço
escolar como entrave ao processo de formação continuada em serviço, mediante o qual sugere
que poderiam ser potencializadas a apropriação e uso dos laboratórios de informática pelos
docentes na escola.
Ressalta a diversidade de realidades inerentes às escolas estaduais, assim como a
necessidade de se proceder a uma avaliação do portal por meio da adoção de algum
mecanismo de escuta sistematizada dos seus usuários.
Seu discurso está marcado por algumas dissonâncias em relação ao que afirmaram os
Gestores 2 e 3 em relação às ações dos NTEs. Do seu depoimento depreende-se que, ante as
condições inadequadas de trabalho, sobretudo no que se refere ao número de profissionais
para composição da equipe do NTE, o papel de técnico pedagógico, especificamente na sua
SRE, tem se restringido a cumprir pontualmente as demandas encaminhadas pela DTAE,
junto às escolas da sua circunscrição.
A dissonância constatada no discurso dos Gestores 2 e 3 em relação ao discurso do
técnico pedagógico do NTE aponta para a multiplicidade de realidades em cada uma das
quarenta e seis SREs. Seu depoimento evidencia que há um vácuo entre o discurso de
planejamento e execução de uma determinada política pública de uma esfera do sistema
educacional para outra. Ou seja, há uma diferenciação entre a forma como é concebida e
planejada nas instâncias gestionárias secretariadas e a forma como se concretizam em cada
uma das 3.920 escolas estaduais mineiras.
No que se refere às experiências do professorado em relação ao uso e incorporação das
TICs no processo escolar, ressalta que, assim como há uma grande demanda do professorado
por cursos de nível básico de informática, testemunha relatos de experiências docentes de uso
mais elaborado das TICs no processo ensino-aprendizagem e na relação aluno-professor.
A seguir, os QUADROS 15, 15.1, 15.2 e 15.3 focalizam, de forma mais incisiva,
alguns aspectos gerais relacionados à concepção da matriz de responsabilidades e papéis
(especialmente, a relação entre centralização e delegação), recortados das entrevistas
realizadas.
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QUADRO 15 - Entrevista 1 - Gestor 1- Aspectos gerais sobre a gestão do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Gestor 1 do CRV, em 19/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 188) Continua...
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Como se dá a relação entre centralização e delegação na gestão do CRV?
• A coordenação do CRV procura ter contato bem próximo com o nível central da gestão na SEE-MG. Especialmente, com o setor pedagógico. O administrativo não é o foco do CRV.
• Há contato permanente com todos os níveis da subsecretaria de desenvolvimento da educação básica.
• Pelo fato de tratar-se de um portal, o CRV dispõe de acesso a todas as instâncias e apoio institucional.
• “Foi uma proposta de governo investir na inclusão digital para promover a inclusão social”. Por isso, todos os gestores, em nível de SEE-MG, estão envolvidos na divulgação do CRV.
• Houve uma dificuldade inicial da SEE-MG em se estruturar para atender as demandas das TICs. “As TICs, como o próprio nome diz estão à frente da instituição.” É difícil e “necessário integrar recursos humanos a recursos financeiros.”
Como a gestão do CRV vem agindo na busca das condições necessárias para que esse portal seja bem sucedido com relação às suas finalidades e objetivos?
• “A equipe do CRV foi instituída para implementá-lo da forma mais simpática e afetiva possível.”
• Conta com o esforço de uma equipe para realizar “a interlocução com a escola, com os professores e com os níveis central e regional da administração”.
• Os profissionais do CRV estão sempre fazendo cursos e há promoção da formação continuada em serviço por meio de reuniões mensais (presencial) e semanais (mediada por skipe).
• O CRV conta com a assessoria de consultores pedagógicos e tecnológicos, sempre presentes às reuniões da equipe.
156
QUADRO 15 - Entrevista 1 - Gestor 1- Aspectos gerais sobre a gestão do CRV (Conclusão)
Fonte: Extraído da entrevista realizada em 19/07/2010.
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Como a gestão do CRV vem agindo na busca das condições necessárias para que esse portal seja bem-sucedido com relação às suas finalidades e objetivos?
• Há planejamento sistemático, por etapas (anual, mensal e semanal) do trabalho a ser desenvolvido, com monitoramento periódico e efetivo. O plano de ação contempla a definição de metas, ações, prazos e responsáveis pela execução. “Esse sistema de encontrar com os envolvidos no processo e discutir o trabalho é infalível em qualquer instituição, seja pública ou privada.”
• A pauta das reuniões semanais e mensais é divulgada com antecedência para todos os níveis hierárquicos da administração. Após a reunião, há o registro da pauta comentada, com as decisões tomadas, divulgadas aos presentes e encaminhada aos ausentes.
Quais são os pontos fortes e os pontos fracos na gestão do portal CRV?
• Ponto forte: sistema de planejamento, monitoramento e avaliação das ações realizadas pelos agentes diretamente envolvidos no processo gestionário do CRV.
• Ponto fraco: ausência de instrumento de medição externa da apropriação, uso e níveis de satisfação do usuário do portal.
Que aportes gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência, a eficácia e a efetividade do CRV?
• Melhoria da infraestrutura tecnológica da escola: um computador com conexão à internet para cada professor.
• Abolir a limitação da quantidade de conteúdo do portal. • Foi firmada uma parceria com o Google para possibilitar o acesso à
banda larga e a web 2.0. • Desde sua formação inicial na universidade, deve ser proporcionada
ao professor a oportunidade de uso das TICs pelo viés educacional. • “O professor com quem estamos lidando sai da universidade sem
instrumentos tecnológicos, sem vontade de ser pesquisador, buscar conhecimento e promover sua própria formação.”
• “Os mediadores são diferentes, eles buscam, embora atuem na sala de aula. Depois que entram no CRV, ficam com vontade de ir além [...].”
157
QUADRO 15.1 - Entrevista 2 - Gestores 2 e 3- Aspectos gerais sobre a gestão do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com os Gestores 2 e 3 do CRV, em 20/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 208)
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Aspectos gerais sobre a gestão do CRV e a relação entre centralização / delegação de competências:
• “O CRV é como se fosse um apêndice da [DTAE], que tem certa autonomia.”
• O CRV funciona em espaço físico diferenciado e localizado a certa distância da DTAE.
• Há encontros periódicos entre os gestores. • Há encontros semestrais (julho e dezembro) para integração das
equipes e socialização dos trabalhos realizados por ambas durante o semestre.
• O desafio do trabalho desenvolvido com o CRV é que este apresenta demandas de conhecimento técnico e específico. “Precisamos ter profissionais muito capacitados, e entendido de tecnologias e do sistema mineiro de educação.” Por isso foi formalizada parceria com consultores contratados da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (FUNDEP).
Qual foi a contribuição da parceria com a Hartmann Regueira? • Agilidade dos processos financeiros e administrativos para contratação de serviços e aquisição de equipamentos.
Quais são os pontos fortes e os pontos fracos na gestão do portal CRV?
• Pontos fortes: infraestrutura tecnológica satisfatória e simplicidade da arquitetura do portal. “É aquele que atende tanto o professor da região rural ou das regiões privilegiadas de Belo Horizonte.”
• Há explícita preocupação da gestão com a fidelização do usuário ao portal, por meio da oferta de conteúdos atualizados constantemente e compatíveis aos interesses e necessidades do professor.
• Ponto fraco: as condições de navegabilidade precisam ser melhoradas.
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QUADRO 15.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - Aspectos gerais sobre a gestão do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Professor Mediador do CRV, em 26/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 216) Continua...
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Como se dá a relação entre o professor mediador e os demais agentes envolvidos na gestão do CRV?
• A relação com a equipe que atua na sede do CRV e o professor mediador é descrita como uma relação de muita proximidade.
• Ocorreram três grandes encontros presenciais entre orientadores e professores mediadores, com a finalidade de treinamento, em laboratórios montados e com suporte técnico.
• Não há ocorrência de contatos presenciais frequentes entre orientadores e professores mediadores. O contato com o orientador é por e-mail.
Como a gestão do CRV vem agindo na busca das condições necessárias para que o professor mediador seja bem-sucedido com relação às finalidades e objetivos de sua atuação profissional?
• A gestão se coloca plenamente à disposição para auxiliar. Não interfere no trabalho em si. “Estão sempre apoiando e elogiando a atuação do professor mediador.”
Quais são os pontos fortes e os pontos fracos na gestão do portal CRV?
• Pontos fortes: liberdade de ação, o incentivo e o respeito ao conhecimento do profissional. A conexão entre professor mediador e seu orientador.
• Pontos fracos: ausência de dados, falta de retorno. “A gente trabalha muito no escuro. É como jogar sementes ao vento. Sabe-se lá como está sendo a captação lá na escola?”
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QUADRO 15.2 - Entrevista 3 - Professor Mediador - Aspectos gerais sobre a gestão do CRV (Conclusão)
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Professor Mediador do CRV, em 26/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 216) Conclusão.
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Que aportes gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência, a eficácia e a efetividade do CRV?
• Adoção de um instrumento que chegasse até o CRV pela mediação das SREs.
• Uma sugestão de instrumento a ser utilizado poderia ser o preenchimento de um relatório pelo especialista da educação básica, relatando como tem sido a utilização do CRV pelos professores de sua escola.
Quais são as maiores dificuldades e desafios enfrentados pelo professor mediador no exercício de sua função?
• Inexistência de encontros mensais presenciais com o orientador, pois a interação só ocorre por e-mail.
Que aportes gerenciais inovadores permitiriam ao professor mediador superar com maior facilidade tais dificuldades e desafios?
• Programação de encontros presenciais mensais com o orientador e outros maiores para troca de experiências entre os professores mediadores do fórum e STR.
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QUADRO 15.3 - Entrevista 4 - Técnico Pedagógico do NTE - Aspectos gerais sobre a gestão do CRV
Fonte: Dados extraídos da transcrição da entrevista realizada com o Técnico Pedagógico do NTE, em 28/07/2010. (Consultar apêndice B - p. 230)
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Como se dá a relação entre o NTE e os demais agentes envolvidos na gestão do CRV?
• O NTE está subordinado à SEE-MG por meio da DTAE. • O trabalho do NTE, no campo de programação e oferta de
capacitações, limita-se ao repasse às escolas daquilo que a SEE-MG estabelece como prioridade, objeto de repasse. “Não temos autonomia para criar, modificar ou apresentar nada novo para as escolas”.
• O NTE atende às demandas encaminhadas pela DTAE. O planejamento de atendimento às escolas é feito a partir do que a DTAE seleciona, a exemplo da sensibilização realizada em junho deste ano. “De certa forma, há um consenso de que as escolas estão utilizando pouco “os recursos tecnológicos disponíveis.”
Quais são os pontos fortes e os pontos fracos do portal CRV? “Não posso fazer essa avaliação, não tenho dados. O nosso trabalho é
voltado para o CBC.”
Que aportes gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência, a eficácia e a efetividade do CRV?
Avaliação da funcionalidade do portal. “Primeiro seria ouvir das escolas o que elas acham que deveria ser modificado.”
161
O esquema das respostas do Gestor 1 ilustra um processo de gestão semelhante ao que
esse mesmo gestor descreve como o desejável para que se viabilize a indução ao uso
pedagógico das TICs por meio de permanente processo de formação continuada em serviço.
Nesse ponto, há que se destacar a estratégia de planejamento e avaliação do trabalho, com
ocorrência permanente e coletiva, somada ao mecanismo de publicidade desses processos
empregados pela coordenação do CRV e descritos pelo Gestor 1 em entrevista.
Entretanto, o enrijecimento do uso do tempo e do espaço escolar somado à dupla e, às
vezes, tripla jornada do professor inviabiliza que tal ocorra.
O Gestor 1 salienta que houve, inicialmente, uma dificuldade da SEE-MG em se
estruturar para atender as demandas das TICs. “As TICs, como o próprio nome diz, estão à
frente da instituição.” É difícil e “necessário integrar recursos humanos a recursos
financeiros” (GESTOR 1, entrevista concedida 19/07/2010).
Ao sobrepor essa afirmação ao enunciado pelo técnico pedagógico em seu
depoimento, fica evidente que a dificuldade acima mencionada não foi superada pela SEE-
MG. Supõe-se até ter sido agravada.
O discurso do Gestor 1, em comparação ao discurso dos Gestores 2 e 3, demonstra o
quão alinhada está a relação delegação/centralização nas esferas gestionárias em que esses
gestores assistem. Contudo, o mesmo não se evidencia no discurso do técnico pedagógico do
NTE em comparação com o discurso desses gestores.
O professor mediador, embora destaque a proximidade, o apoio e a liberdade de ação
de que dispõe no exercício de sua função, sinaliza na entrevista a necessidade de investir na
promoção de encontros presenciais entre mediadores e orientadores para reuniões de estudo e
socialização de experiências.
É consensual entre os entrevistados a necessidade de realização de avaliação externa
para se obterem dados concretos sobre os resultados alcançados e a satisfação do usuário
quanto ao portal CRV. Enfatizam a necessidade desses dados para um melhor direcionamento
de sua atuação.
162
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1 Refazendo o(s) percurso(s) da pesquisa
O desenvolvimento desta investigação foi orientado pelo objetivo geral de analisar as
concepções e as estratégias mediante as quais gestores de portais educacionais têm buscado
produzir resultados com relação à formação docente continuada, ao fomento da cultura do
trabalho colaborativo mediado por TICs e ao desenvolvimento local, identificando seus
pontos fortes e fracos e sugerindo formas de aprimoramento de suas ações.
Para alcançar esse objetivo, os procedimentos metodológicos empregados buscaram
contextualmente responder quais são as condições necessárias para que a gestão de portais
educacionais seja bem-sucedida e alcance a governança estratégica na promoção da formação
docente, do trabalho docente colaborativo e do desenvolvimento local.
A hipótese formulada a partir dessa indagação constituiu o eixo básico da análise dos
dados coletados. Ela diz que nas concepções e estratégias mediante as quais gestores buscam
alcançar o cumprimento das finalidades de portais educacionais se destacam duas condições:
a concepção da matriz de responsabilidades e papéis (especialmente a relação entre
centralização e delegação) e as formas de lidar com a questão das experiências culturais do
professorado.
Foi necessário, assim, verificar para cada vértice dessa pesquisa (formação docente
continuada, estímulo ao trabalho docente colaborativo e fomento do desenvolvimento local):
a) se tais condições aparecem com destaque ou se outras se evidenciam com maior
ascendência; b) como a gestão do portal CRV lida com tais condições e com outras visando
materializar suas finalidades; c) formas mediante as quais os consultados têm buscado
contornar debilidades e insuficiências da gestão; d) pontos fortes que merecem ser reforçados
na gestão deste portal.
A coleta de dados relacionados ao contexto investigativo, tanto do ponto de vista
histórico, quanto político, econômico e social, no qual está inserido o CRV evidencia pontos
consensuais e contraditórios.
A descrição do processo de idealização e concepção do CRV, apresentada no capítulo
introdutório deste estudo, evidencia que a referência às experiências culturais do professorado
163
ocupou, em certa medida, maior destaque nesse processo do que a concepção da matriz de
responsabilidades e papéis. Haja vista que os dois primeiros relatórios de Avaliação Parcial do
Projeto e Necessidades para 2006 (MINAS GERAIS, 2005c e 2006b) apontaram a ausência
da definição da equipe de gestão permanente do portal vinculada institucionalmente à SEE-
MG como ponto de debilidade a ser sanado, considerado na época como de alta prioridade e
urgência, pois comprometia diretamente o desenvolvimento e a sustentabilidade do projeto
em implementação.
Contudo, da opção pelo emprego da mesma logomarca do CRP adaptado para o CRV,
depreende-se terem sido levados em consideração pelos idealizadores os aspectos inerentes às
influências psicológicas, representações e imaginário docente que o espaço físico do CRP
exercia sobre o professorado mineiro. Além de ter sido durante muitos anos, o espaço que
abrigou a sede da SEE-MG, foi também o espaço onde ocorreram grandes eventos e encontros
culturais e de formação docente, fatores que se entrelaçam, portanto, à memória, identidade,
marcas, costumes, formas de expressão e experiências culturais desse professorado.
Muito embora a concepção orientadora desta investigação expresse no arcabouço
teórico que a sustenta que seus três vértices – formação docente continuada, estímulo ao
trabalho docente colaborativo e fomento do desenvolvimento local – sejam contextuais e
correlacionais, os dados coletados evidenciam que na concepção teórica do projeto CRV e na
maioria das estratégias empregadas para sua materialização, implementação e
desenvolvimento estrutural, aquelas estratégias diretamente orientadas para a promoção da
formação docente, ainda que insuficientes e por vezes marcadas por contradições e vinculadas
à reforma curricular em curso, apareceram com maior destaque em detrimento de outras
relacionadas ao estímulo do trabalho docente colaborativo e fomento do desenvolvimento
local.
Em termos de concepção teórica do projeto, a leitura mais atenta de seus objetivos
evidencia a preocupação de seus idealizadores, gestores educacionais da mais alta hierarquia
da SEE-MG, com o provimento de suporte à atividade docente em sala de aula, ou seja, o
aperfeiçoamento da prática pedagógica docente, aspecto intrinsecamente ligado à formação do
professor. Os outros vértices desta investigação – trabalho docente colaborativo e
desenvolvimento local – surgem como aspectos secundários e decorrentes do primeiro. É o
que se depreende da releitura do objetivo geral e específico definidos no escopo do projeto
CRV, que correspondem respectivamente a: “ oferecer aos profissionais da educação um
sistema de apoio à atividade docente [...]” e “desenvolver um sistema informatizado de apoio
164
à atividade docente, constituído de um banco de dados com materiais e recursos didáticos que
atendam às necessidades da educação básica, com facilidades de comunicação e trabalho
colaborativo entre professores”. (MINAS GERAIS, 2005c, p. 6).
O vértice da formação docente também aparece com destaque nos quatro princípios
sustentadores da idealização e criação do CRV, por meio dos quais a SEE-MG, a despeito de
como esses princípios se concretizam na prática, reafirma:
• O compromisso com a pesquisa, a discussão e a avaliação de diferentes estratégias educacionais, privilegiando aquelas que incorporam conceitos atuais sobre os processos de cognição e o uso das novas tecnologias da informação e comunicação. • O desenvolvimento de metodologias e materiais didáticos que imprimam novo dinamismo ao processo de ensino e aprendizagem tanto no âmbito presencial como a distância. • A formação de gerações de educadores conscientes da importância da interface entre educação e comunicação para o desenvolvimento de sua criatividade e seu constante aperfeiçoamento. • A redução das desigualdades regionais em relação às condições de ensino, possibilitando a todos os educadores o acesso aos mesmos recursos didáticos (MINAS GERAIS, s/d, s/p.)121.
No capítulo dois, os dados coletados e apresentados de forma descritiva e
concomitante ao referencial teórico adotado nesta investigação confirmam a tese sustentada
nessas considerações finais de que o vértice da formação docente se sobressai com destaque
sobre o estímulo do trabalho docente colaborativo e o fomento do desenvolvimento local.
Isso está explícito no estudo empreendido por Figueiredo e Lopes (2009). Para esses
autores, desde 2003 a SEE-MG vem desenvolvendo políticas educacionais no bojo das quais a
educação continuada passou a figurar como instrumento estratégico da transformação do
quadro educacional vigente (FIGUEIREDO e LOPES, 2009). Ainda segundo eles, dentre as
medidas adotadas naquela época pela SEE-MG destaca-se o Projeto Escolas-Referência. Esse
projeto foi constituído por um rol de ações que objetivavam “a reconstrução da excelência na
rede pública por meio do desenvolvimento pedagógico e institucional escolar, do
desenvolvimento da gestão educacional e dos educadores, e da solidariedade e da cultura do
trabalho colaborativo” Na afirmação acima está implícita uma referência ao desenvolvimento
local, tendo em vista a perspectiva em que o conceito é tratado nesta investigação. E, de forma
explícita à cultura do trabalho colaborativo.
Também na descrição contida no capítulo 2, o PDP figura como a estratégia por meio
da qual a SEE-MG buscou promover o referido desenvolvimento pedagógico e institucional.
Ou seja, a concepção de desenvolvimento profissional da SEE-MG adotou como seu eixo
121Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 08 abr. 2008.
165
central a incorporação de estratégias de promoção de formação docente. Nessa perspectiva, as
atividades do Projeto PDP abrangeram duas linhas básicas de ação, direcionadas ao
enfrentamento dos desafios educacionais, sobretudo, aqueles inerentes à implantação das
Novas Propostas Curriculares para a Educação Básica, os CBCs.
Há que se destacar que uma reforma curricular, ao se pretender processar pelo viés da
democracia, diálogo e construção coletiva, tem como requisito de sua efetividade o
compromisso dos agentes envolvidos no processo educacional escolar em promover
estratégias de formação continuada docente amparada em seus próprios princípios e
concepções norteadores.
Ainda nesse capítulo, os tópicos relacionados como resultados a serem obtidos com a
implantação e desenvolvimento do CRV evidenciam a ênfase da SEE-MG no vértice da
formação docente, conforme se verifica na releitura seguinte:
• Contribuição para a implantação das propostas curriculares do Conteúdo Básico Comum (CBC)
• Melhoria da qualidade do ensino na educação básica • Professores com melhor desempenho em suas atividades de ensino • Capacitação profissional de educadores no uso das tecnologias
contemporâneas • Intensificação do trabalho colaborativo entre educadores da rede pública • Inclusão digital dos educadores • Capacitação de educadores na produção de material e recursos didáticos
para o ensino (MINAS GERAIS, 2005a, p.6).
O mesmo também se observa na descrição dos conteúdos e funcionalidades do CRV
processadas neste capítulo. Das seis áreas do portal, concebidas no escopo do projeto original
e descritas nesta investigação, apenas os ambientes do fórum (inserido na Área I) e STR
(correspondente à Área IV) do portal, estão explicitamente destinados à viabilização do
trabalho colaborativo mediado por TICs. Esses ambientes aparecem nos capítulos 4 e 5 desta
pesquisa como os espaços que necessitam da adoção de novas estratégias para potencialização
de seu uso e apropriação pelo professorado mineiro, haja vista constituírem, de acordo com a
afirmação do Gestor 1 na entrevista concedida, umas das “áreas nobres do CRV”.
As áreas I (Apoio à Atividade), II (Biblioteca Virtual) e III (Desenvolvimento
Profissional) estão mais inclinadas ao vértice da formação dos docentes. As outras duas,
conforme a descrição, dizem respeito às divulgações de projetos e parcerias institucionais da
SEE-MG e aos serviços técnicos de administração do portal.
Contudo, a descrição dos demais quadros gradativamente incorporados ao ambiente do
portal (Escola Destaque, Dedicado ao Mestre, Relatos de Experiências e Seção Notícias), e as
estratégias empregadas pelos gestores, por eles descritas durante as entrevistas concedidas,
166
cujos esquemas de respostas foram apresentados e analisados no capítulo 5, além de
explicitarem a forma como a gestão tem lidado com as experiências culturais do professorado
mineiro, pressupõem um movimento ascendente e descendente (global-local) na interação do
portal com o local e a comunidade onde estão inseridas as escolas e seus educadores.
No capítulo 3 desta dissertação, a ênfase recai na abordagem teórico-conceitual da
política educacional em Minas Gerais, seu contexto e implicações para a formação docente
continuada, o trabalho docente colaborativo mediado por TICs e o desenvolvimento local. Por
meio dessa abordagem são focalizados aspectos pertinentes às frentes de atuação do Projeto
Escolas em Rede e, sobretudo, ao arranjo gestionário do CRV.
Dentre as frentes de atuação do Projeto Escolas em Rede, além do desenvolvimento do
CRV, há meta específica para a “capacitação” dos educadores no uso das TICs, porém, o
conjunto das cinco metas fundamentais instituídas no arcabouço desse projeto centram-se em
aspectos técnicos e de provimento de infraestrutura tecnológica para otimização dos processos
administrativos escolares.
Curiosamente e a despeito de a vinculação institucional e gestionária desse portal só
haver sido formalmente definida e implantada quase dois anos decorridos de sua
implementação, verifica-se, quanto ao arranjo gestionário do CRV, tanto na descrição
apresentada no capítulo 3 quanto nos esquemas das respostas dos entrevistados, apresentados
e analisados no capítulo 5, que a concepção da matriz de responsabilidades e papéis
(especialmente a relação entre centralização e delegação) constitui um aspecto muito claro e
incorporado no discurso e ações de cada gestor, em cada nível hierárquico de sua cadeia
gestionária.
Cabe ressaltar que da análise do arranjo gestionário do CRV depreende-se que foi
incorporada a estratégia de se empregarem as experiências culturais do professorado mineiro
como um ativo minimizador das possíveis resistências às mudanças desencadeadas com os
desdobramentos da reforma curricular. Outro aspecto a se considerar diz respeito à resistência
ao manuseio e incorporação pedagógica das TICs aos processos escolares.
O arranjo gestionário do portal permite entrever a conjugação de esforços na
viabilização de envolvimento de agentes educacionais pertencentes a todas as esferas
hierárquicas da SEE-MG.
No nível central, o portal está vinculado à DTAE, o que lhe confere facilidade de
acesso ao nível hierárquico mais elevado da gestão da SEE-MG, informação confirmada
durante a entrevista realizada com o Gestor 1.
167
Por sua vez, os quarenta e seis NTEs instituídos no âmbito de cada SRE estão
diretamente subordinados à DTAE, a mesma diretoria na qual o CRV se vincula, o que, em
certa medida e a despeito de todas as contradições e dissonâncias, confere ao portal outras
frentes de atuação com as quais pode contar, ainda que de forma mais pontual e menos
sistemática.
Na esfera local da escola, o CRV conta com a atuação, ainda que em número
incipiente, dos professores mediadores do CRV. Na sua retaguarda técnica e pedagógica,
conta com parcerias interinstitucionais e com a atuação do orientador junto ao professor
mediador. O arranjo do CRV, sem dúvida, favorece a intensificação do movimento sinérgico
e de translação entre pessoas e instituições. Este constitui um ponto forte a ser mais
intensamente explorado pela gestão do CRV.
No capítulo 4 foi descrita a atuação do IHR junto à DTAE. Embora a parceria firmada
e vigente durante os três últimos anos tenha tido como objeto o desenvolvimento de todas as
cinco metas fundamentais do Projeto Escolas em Rede, a descrição e concomitante análise
processada nesse capítulo detiveram-se em focalizar as implicações das ações estruturantes
que culminam com a efetivação do desenvolvimento estrutural do CRV no período situado
entre 2007 e 2008.
A partir de 2009, para o desenvolvimento do portal, a parceria concentrou esforços na
prestação de serviços de consultoria à gestão do portal, conforme atestado no 11º Relatório
Gerencial de Resultados, referente ao período de avaliação em vigência de 1o de outubro de
2009 a 31 de dezembro de 2009, onde se lê:
A ação em questão trata de serviços de consultoria de alto nível, apoio e retaguarda do site do CRV e de fornecimento de conteúdos para uso pelos professores. [...] 1. Consultoria de suporte pedagógico à direção do CRV na manutenção da coesão do sítio e do seu alinhamento às diretrizes da SEE-MG; 2. Consultoria de suporte tecnológico à direção do CRV na manutenção do padrão de qualidade do CRV; 3. Planejamento e execução de revisão e aquisição de conteúdos; 4. Retaguarda pedagógica multidisciplinar para os ambientes colaborativos (fornecimento de orientadores para Fórum e STR); 5. Contratação, disponibilização e gestão da disponibilidade dos conteúdos complementares adquiridos através do direito de uso do portal Aprende Brasil; 6. Acompanhamento crítico do uso do portal pelos educadores; 7. Suporte a todas as atividades do CRV. Todos estes serviços foram executados ao longo do período compreendido entre o final do III Termo Aditivo e o final do presente IV Termo Aditivo, tendo o site do CRV apresentado conteúdos atualizados e alinhados às necessidades da SEE-MG (INSTITUTO HARTMANN REGUEIRA, 2010, p. 43)122.
12211º Relatório Gerencial de Resultados. Disponível em <http:// www.ihr.org.br>. Acesso em 30 jun. 2010, por meio do http:// www.google.com.br, pois o arquivo inserido no site do IHR encontra-se corrompido.
168
Da leitura desse trecho depreende-se que a partir de março de 2009, época em que
ocorreu o aditamento do terceiro termo aditivo, consultores e dirigentes do portal
concentraram esforços na efetivação de estratégias e práticas gestionárias consoantes às
defendidas por Black (1997), Nielsen e Loranger (2007) e endossadas por Dorfmann (2002).
Estão explícitos na compilação apresentada a preocupação, o investimento e o rigor da gestão
na observância e fidelidade aos principais atributos vinculados ao conteúdo disponibilizado no
CRV (atualidade, atualização, diversificação, confiabilidade, compatibilidade e coesão com os
objetivos, princípios e finalidades para os quais o portal foi idealizado).
Entretanto, a potencialização do uso efetivo do portal pelo seu público-alvo exige
discussão, planejamento, execução e incorporação de outras frentes de atuação dotadas de
mecanismos de intensificação do marketing e da gradativa incorporação e uso em serviço dos
conteúdos e funcionalidades do CRV pelo educador no seu ambiente profissional de trabalho,
a escola. Por conseguinte, isso exige a renovação e flexibilização das costumeiras práticas de
uso dos tempos e espaços escolares, sobretudo na forma como esses modos de uso convergem
ou não para a promoção do trabalho coletivo e colaborativo no espaço presencial, real e
concreto da escola.
Tal recomendação está respaldada também na análise das três enquetes capturadas no
site da SEE-MG. Sua análise revela que é preciso investir em teste de usabilidade in loco, na
divulgação e realização de oficinas experimentais de apresentação e uso de áreas estratégicas
do portal (fórum e STR) e na aplicação de procedimentos de avaliação em larga escala para
mensuração da satisfação do usuário, do grau de alcance dos resultados prospectados para o
projeto CRV e do nível de equidade atingido pelo CRV. Tais aspectos são evidenciados nos
esquemas e respectivas análises das falas de cada colaborador entrevistado, como os pontos
de maior debilidade e insuficiência da gestão, embora esta tenha empregado estratégias
diversas para contornar tais fragilidades relacionadas, sobretudo à ausência de dados
concretos para direcionar o processo decisório.
O capítulo 5 desta dissertação ocupou-se de apresentar dados captados por meio do
emprego de entrevistas semiestruturadas, o que dizem, como pensam e agem gestores,
professor mediador do CRV e técnico pedagógico do NTE em relação à formação docente
continuada, trabalho docente colaborativo e promoção do desenvolvimento local. Para
cumprir essa finalidade, a apresentação e análise dos dados provenientes das entrevistas,
embora tratados correlacionadamente aos demais apresentados nos capítulos precedentes,
ancorou-se na predefinição de cinco categorias de análise. São elas: 1. Obtenção e uso das
169
informações pela gestão sobre os usuários do CRV; 2. CRV e formação docente continuada;
3. CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs; 4. CRV e promoção
do desenvolvimento local e 5. Aspectos gerais sobre a gestão do CRV, todas apresentadas em
quadros esquemáticos, compostos por uma coluna de indagações e outra de esquemas das
respostas apresentadas.
Ante as assonâncias e dissonâncias entre os discursos dos colaboradores, ficou
evidente que, em alguma medida, cada um dos entrevistados estabelece alguma relação entre
formação docente continuada, trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local, embora
o vértice da formação docente continuada tenha ocupado posição de destaque em relação aos
demais. Isso foi verificado tanto nos dados obtidos via pesquisa documental, quanto nos
dados provenientes da observação direta da pesquisadora e ratificado nas entrevistas
concedidas pelos colaboradores.
O conteúdo deste capítulo colocou em ênfase o quão complexas e múltiplas são as
realidades e condições diversas (e adversas) de trabalho com as quais se deparam gestores,
professor mediador e técnico do NTE; o distanciamento e o vácuo comunicativo que, por
vezes, assombram a relação entre delegação e operacionalização de papéis e ações nos
diversos níveis da gestão educacional e, sobretudo, as lacunas entre a idealização/concepção e
materialização de uma política pública, sejam quais forem seus objetivos, destinatários,
natureza e dimensão social. Ratifica-se, assim, a importância da adoção de mecanismos para
avaliação de programas socioeducacionais, conforme defendem Costa e Castanhar (2003).
6.2 Recomendações e sugestão de formas de aprimoramento das ações gestionárias do
CRV – identificando pontos frágeis e fracos
Para responder à questão da pesquisa, que diz: “Quais são as condições necessárias
para que a gestão de portais educacionais seja bem-sucedida e alcance a governança
estratégica na promoção da formação docente, do trabalho docente colaborativo e do
desenvolvimento local?”, foram identificados, para cada uma das cinco categorias, seus
pontos fortes e frágeis, com vistas a subsidiar as sugestões de formas de aprimoramento das
ações gestionárias inerentes ao CRV.
Na categoria 1– Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários do
170
CRV –, os dados coletados e analisados evidenciaram como pontos fortes:
• a interatividade entre gestão e usuário, proporcionada por meio do canal de contato
Fale Conosco;
• o investimento da gestão na aproximação e manutenção da proximidade com demais
instâncias gestionárias da SEE-MG (diretorias pedagógicas, gerência de projetos
educacionais e NTEs), notando-se que esses gestores têm um contato mais regular
com os educadores das escolas estaduais;
• a adoção da estratégia de envio mensal de correspondência às escolas de atuação do
professor mediador e SREs pela coordenação do CRV, solicitando encaminhamento
de informações relevantes sobre o trabalho desenvolvido nessas unidades para
divulgação no portal, estratégia que permite inferir informações sobre os usuários do
portal;
• o papel desempenhado pelo professor mediador e orientador junto ao fórum e STR
que, em certa medida, também possibilita a inferência de algumas informações sobre o
usuário, bem como nos quadros: Escola Destaque, Dedicado ao Mestre, Relatos de
Experiências e Seção Notícias;
• monitoramento dos acessos e tempo de permanência do usuário no ambiente do portal.
Como pontos frágeis, nessa categoria, foram evidenciados:
• inexistência de procedimentos em larga escala para mapeamento do perfil do usuário,
uma vez que as estratégias acima relacionadas, apesar de importantes, não têm como
finalidade a obtenção de informações sobre os usuários, embora permitam inferências.
Black (1997) alerta que as decisões da equipe devem ser pautadas em constatações e
não em evidências;
• inexistência de ferramenta no sistema do portal, que mensure o acesso do usuário em
cada área do portal;
• inexistência de avaliação para mensuração e qualificação da satisfação do usuário,
equidade do projeto CRV, incluindo testes de usabilidade com usuários in loco.
A despeito de ter sido informado em entrevista pelo Gestor 1 que a ferramenta para
mensuração do acesso do usuário às áreas do portal já está em processo de
desenvolvimento, e pelos Gestores 2 e 3 que já está sendo preparado instrumento, em
cujas abordagens está inserido o CRV para aplicação por amostragem presencial e por
meio eletrônico, sugerem-se a realização de testes de usabilidade in loco com os usuários
e adoção de instrumento especificamente direcionado ao CRV para mapeamento do perfil
171
do seu público usuário.
Segundo Black (1997) e Nielsen e Loranger (2007), satisfazer as necessidades e
corresponder às expectativas é fator determinante ao sucesso de um website. Para tanto, é
preciso saber como pensam, agem e o que esperam os usuários de um portal, ouvindo-os
por meio de um mecanismo preciso e eficiente.
Na categoria 2 – CRV e formação docente continuada – foram identificados como
pontos fortes:
• esforços e rigor da gestão para assegurar a qualidade dos conteúdos publicados
no portal (certificação, confiabilidade, diversidade, atualização, relevância), em
consonância com os principais atributos de motivação para a visitação e
consequente fidelização de usuários a um portal (Dorfman, 2002);
• divulgação permanente de links de acesso a fontes e informações atualizadas
na seção Notícias, de cursos de formação, eventos culturais e educacionais para
os educadores;
• a incorporação da figura e perspectivas de atuação do professor mediador e
orientador nas áreas de colaboração do portal (fórum e STR). Esse aspecto
favorece a interlocução docente com seus pares;
• publicidade de todas as publicações oficiais da SEE-MG, desde o CBC aos
materiais instrucionais e pedagógicos dos projetos implantados;
• contemplação, na arquitetura da informação do CRV, de áreas destinadas à
publicidade de conteúdos produzidos pelos docentes a partir de suas
experiências e vivências, possibilitando o movimento ascendente e
descendente do global para o local e vice-versa;
• perspectiva de investimento da gestão na formação de professores autores dos
conteúdos publicados no portal;
• a incorporação da perspectiva de atuação pedagógica do NTE no campo da
formação docente para incorporação das TICs aos processos educacionais
escolares, embora esse órgão careça de melhores condições de trabalho junto
às instância nas quais atua.
Nessa categoria foi destacado como principal ponto frágil:
• a predominância do arranjo disciplinar, em detrimento de seu uso associado ao
uso de ferramentas que contemplem outros formatos, levando-se em
consideração que há aspectos específicos a cada área disciplinar. (No entanto,
172
há outras demandas latentes que contemplam abordagens transversais e
interdisciplinares entre os docentes, como suas temáticas de interesses,
conforme em entrevista sinalizou o Gestor 1: violência, drogas, sexualidade,
meio ambiente.)
Recomenda-se, ante a perspectiva da incorporação da web 2.0, o estudo, proposição e
discussão com os docentes para inclusão de quadros ou ambientes no portal que favoreçam
mais expressivamente a interlocução interdisciplinar e transversal entre os docentes das várias
disciplinas e níveis da educação básica.
Na categoria 3 – CRV e fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs
– destacam-se como pontos fortes:
• a incorporação profissional da figura do professor mediador e orientador e o
papel atribuído ao primeiro, tanto na atuação junto ao corpo docente de sua
escola de lotação quanto na mediação do fórum e STR, muito embora o
depoimento do entrevistado evidencie carecer de revigoração;
• à medida que evidencia o esforço da gestão do CRV, a própria forma pela qual
esta gestão se articula com os demais órgãos da cadeia gestionária da SEE-MG
destaca-se como ponto forte, de permanente interlocução com outras instâncias
do sistema educacional, na direção da prática de colaboração entre essas
esferas gestionárias;
• a enunciação nas entrevistas dos gestores 2 e 3 do investimento na perspectiva
de formação de professores como agentes multiplicadores da incorporação do
uso pedagógico das TICs ao processo educacional escolar.
Como pontos frágeis, nessa categoria, foram evidenciados:
• ante a dificuldade de lidar com as experiências docentes, que culturalmente não
têm, faltam à gestão a tradição da prática da colaboração incorporada ao cenário
escolar, diretividade quanto à seleção de elementos e estratégias indutoras e
potencializadoras do trabalho colaborativo;
• as áreas de colaboração do portal são providas tão somente de ferramentas de
comunicação assíncronas.
Como recomendações, reitera-se que a indução e fomento ao trabalho colaborativo
docente seja elemento indissociável do processo de formação continuada docente e, por
conseguinte, dos preceitos definidos nos projetos político-pedagógicos escolares. Reivindica,
portanto, a mobilização de várias frentes de atuação gestionária, em todas as instâncias do
173
sistema educacional e da sociedade.
Dentre as possíveis frentes, destaca-se a necessidade de se investir em processo
sistemático de sensibilização da equipe técnico-pedagógica da escola, por meio de seus
gestores, no sentido de se promover a inclusão do uso das TICs no projeto político-
pedagógico da escola como garantia de sua incorporação ao processo escolar, uma vez que
formação e trabalho docente colaborativo passam fundamentalmente por esse espaço. É
utópico idealizar sua concretização pela mediação das TICs, quando esses elementos não se
efetivam no espaço presencial e por meio da interação face a face no espaço escolar. Os
apontamentos extraídos das respostas e reflexões de cada colaborador ratificam a diretividade
da recomendação sugerida.
Na categoria 4 – CRV e promoção do desenvolvimento local – foram identificados
como pontos fortes:
• a transversalidade da figura e papel atribuídos ao professor mediador nos três
vértices de atuação gestionária, focalizados nessa investigação;
• os movimentos ascendentes e descendentes entre portal e usuários que
pressupõem a construção dos conteúdos dos quadros (Escola Destaque,
Dedicado ao Mestre, Seção Notícias, Relatos de Experiências, STR e Fórum de
Discussão);
• a incorporação da perspectiva de atuação pedagógica do NTE no campo da
formação docente para incorporação das TICs aos processos educacionais
escolares, embora esse órgão careça de melhores condições de trabalho junto
às instância nas quais atua;
• a perspectiva de investimento na formação continuada do professor, tomando-
o como agente em potencial para multiplicação e disseminação de práticas de
incorporação pedagógica das TICs ao processo educacional escolar.
Como ponto frágil, nessa categoria, evidencia-se a:
• propensão à adoção de práticas verticalizadas nos processos decisórios
constituídos entre os níveis hierárquicos mais elevados da gestão,
desencadeando certo distanciamento entre os cursos de capacitação ofertados
às escolas e as reais necessidades dos educadores.
• Como estratégia de escuta do professorado mineiro, reitera-se a recomendação
de definição e adoção de mecanismo de avaliação amostral.
Na categoria 5 – Aspectos gerais sobre a gestão do CRV– foram identificados como
174
pontos fortes:
• o arranjo gestionário do CRV, que favorece a interlocução e parceria com
diversos agentes educacionais em diversas instâncias do sistema educacional;
• a prática sistemática, em nível de coordenação do portal, de planejamento,
monitoramento, avaliação, investimento no processo de formação contínua dos
membros da equipe permanente do portal e publicidade do trabalho
desenvolvido junto às demais esferas gestionárias nas quais se insere.
Como pontos frágeis, nessa categoria, foram evidenciados:
• inexistência de procedimentos sistemáticos ou ferramentas de gestão mais
avançadas para captação de dados sobre os usuários do portal;
• insuficiência dos encontros presenciais entre professores mediadores e
orientadores e demais membros permanentes da equipe para socialização das
experiências, discussão e análise das dificuldades enfrentadas;
• estratégias de divulgação do portal, ainda incipientes face ao universo do
público-alvo ao qual se destina.
Para o enfrentamento desses pontos de vulnerabilidade, recomenda-se o investimento
em maior número de encontros que favoreçam o treinamento cruzado entre os membros da
equipe permanente, professores mediadores e orientadores (BLACK, 1997).
Finalmente, verificou-se que dentre as condições necessárias para que a gestão de
portais educacionais seja bem-sucedida e alcance a governança estratégica, destacam-se: ter
sempre como referência as finalidades do portal, realizar procedimentos sistemáticos de
obtenção de informações sobre os usuários, avaliar o nível de satisfação destes, atender o
princípio da equidade, fazer o monitoramento e a avaliação contínua dos resultados
alcançados, de modo a corresponder aos objetivos e diretrizes dos programas e projetos
socioeducacionais.
6.3 Os desafios, conquistas e possibilidades da pesquisa
A realização deste estudo exigiu da pesquisadora leitura intensa e aprofundada sobre a
temática, a despeito de tratar-se de um estudo exploratório, pois o contexto investigativo em
que está inserida a gestão do portal educacional do CRV é composto por um rol de aspectos
175
complexos, cujo tratamento teórico é, em consequência, amplo e denso. Nessa perspectiva,
manter o foco no objetivo do estudo constituiu-se num dos maiores desafios para seu
desenvolvimento e conclusão.
Outro grande desafio que encerra também uma das muitas conquistas, diz respeito ao
desenvolvimento de habilidades relacionadas aos aspectos técnicos da informática, além dos
pedagógicos inerentes à captura e seleção de fontes fidedignas de dados, disponíveis em
formatos eletrônicos nos diversos websites relacionados nesta pesquisa.
Além da situação funcional da pesquisadora, inúmeros outros fatores concorreram
favoravelmente para o desenvolvimento e finalização deste trabalho. A supervisão sistemática
e a perspicácia da orientadora constituíram-se em fatores determinantes para sua conclusão.
A colaboração, solidariedade e disponibilidade em prestar informações e sugerir pistas
que pudessem conduzir a dados e pessoas, por parte da chefia imediata e dos colegas de
trabalho da pesquisadora, foram essenciais para o acesso a fontes e personalidades envolvidas
no processo gestionário do portal educacional CRV.
A hospitalidade e disposição para colaboração, a despeito da sobrecarga de atividades
e compromissos agendados, por parte dos gestores consultados e somados aos demais
aspectos já relacionados, favoreceram sobremaneira, o árduo trabalho que esta pesquisa
suscitou.
Quanto às dificuldades, a que mais impactou sobre o desenvolvimento da investigação
diz respeito ao desafio de administrar e conciliar uma jornada dupla (e às vezes tripla) de
trabalho, com a dedicação e investimento incondicional de tempo, disciplina e esforço que
uma pesquisa requer.
Mais do que ratificar o que a restrita literatura sobre o tema contempla, esta pesquisa
lança luz sobre aspectos a serem focalizados em estudos futuros, como as mudanças
processadas no perfil e na prática pedagógica dos agentes que atuam como professor
mediador ou professor autor de conteúdos nos ambientes virtuais de aprendizagem; a
correlação entre fatores presentes na cultura escolar que influenciam a propensão docente em
habitar alguns ambientes virtuais de aprendizagem em detrimento da desertificação de outros;
estudo de caso sobre experiências bem-sucedidas de projetos de inclusão digital de docentes;
fatores que concorrem favoravelmente para incorporação do uso pedagógico das TICs aos
processos educacionais escolares; fatores que concorrem favoravelmente para que
profissionais com maior tempo de exercício no magistério tenham se tornado adeptos do uso
pedagógico das TICs no espaço escolar; a influência do modelo comunicacional empregado
176
nos portais educacionais e do estilo do discurso dos mediadores de ambientes de interação e
colaboração de ambientes virtuais de aprendizagem na motivação do usuário em ocupar
ativamente o espaço a ele destinado.
6.4 Proposta de intervenção social
A proposta de intervenção social enunciada no objetivo geral desta pesquisa, um
Relatório Técnico Científico, será apresentado ao portal educacional da SEE-MG/CRV e
demais instituições interessadas em fomentar, por meio desta ferramenta, inovações
socioeducacionais que promovam a formação continuada docente, o trabalho docente
colaborativo, tendo em vista, especialmente, a indução do desenvolvimento local.
Esse Relatório Técnico Científico, na condição de documento proveniente desta
investigação técnico-científica, cumprirá o objetivo de realizar comunicado sobre progressos,
resultados, conclusões, recomendações e sugestões a respeito do estado do objeto de estudo. É
destinada aos envolvidos e interessados no assunto investigado.
6.4.1 Resultados esperados: organização dos dados para construção da proposta de
intervenção ou de inovação social
Este documento será construído a partir das definições de Fritzen (2001), em
observância e consonância com os princípios da maiêutica socrática, um método que consiste
na multiplicação de perguntas, feitas com o propósito de induzir o interlocutor, no caso os
entrevistados, a descobrir os problemas e suas possíveis soluções, levando-os a participar do
processo de investigação colaborativa e de interlocução estabelecido entre a pesquisadora e a
realidade pesquisada.
O conteúdo do Relatório Técnico Científico (consultar Apêndice D) deverá: a) ter
aplicabilidade, pois se dirigirá aos aspectos que possam ser modificáveis dentro da
governabilidade dos atores envolvidos no processo investigativo; b) ter conteúdo sem teor de
censura e reprovação; c) ser oportuno e pertinente com relação às respostas e construção de
177
soluções; d) expressar o processo de colaboração entre pesquisador e participantes; e) ter
clareza nas mensagens, afirmações e exemplificações; f) estar orientado aos destinatários
específicos previamente definidos; g) ser específico com relação ao caso estudado; h)
apresentar confiabilidade e fidedignidade, resguardando as fontes de informação.
As referências acima explicitadas visam assegurar a publicidade do documento, sua
natureza essencialmente técnica, o atendimento às necessidades do destinatário, conteúdos e
forma de apresentação com adequação à sua finalidade. Esse documento será organizado em
torno dos três eixos fundamentais relacionados aos objetivos desta investigação.
1. Formas de obtenção, processamento e uso das informações sobre os educadores usuários
pelos atores envolvidos na função gestionária do CRV/ SEE-MG (perfis, interesses,
preferências, práticas profissionais e impressões sobre a qualidade dos conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados).
2. Concepções e estratégias mediante as quais os gestores do portal educacional CRV/ SEE-
MG buscam produzir resultados na formação docente continuada, no fomento da cultura
do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e no desenvolvimento local.
3. Formas como os gestores do CRV/ SEE-MG relacionam formação docente continuada,
fomento da cultura do trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local e o
consequente impacto da concepção assumida na conformação dos objetivos e princípios
institucionais deste portal.
Este documento deverá receber a seguinte designação “Relatório Técnico Científico:
Desafios do Desenvolvimento Local para Portais Educacionais”, considerando-se a presença
transversal que estes têm na relação estabelecida entre o uso das TICs (no caso, portal
educacional) e as políticas de fomento de inovações socioeducacionais orientadas à formação
continuada docente e à cultura docente do trabalho colaborativo.
Para adequada apresentação deste conteúdo aos seus destinatários, será adotado, como
suporte de impressão, um caderno em formato de brochura.
O documento deverá se constituir pelo emprego de linguagem clara e interativa para
utilização prática do mesmo, orientações sobre a consulta, sugestão de roteiro para priorização
de definição, execução, monitoramento e avaliação de ações concretas, conclusões e
recomendações específicas.
Para sua divulgação, será realizado um workshop para participantes formalmente
convidados.
178
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186
APÊNDICES
APÊNDICE A - QUADRO 16 - Portais Educacionais Pré-Selecionados QUADRO 16 - Portais Educacionais Pré-Selecionados
PORTAIS EDUCACIONAIS ATRIBUTOS DE SELEÇÃO
Por
tais
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Portal Educacional Aprendaki
Endereço: http://www.aprendaki.com.br
• Em funcionamento desde 2003, não possui vinculação a nenhum órgão ou instituição pública ou privada (totalmente independente).
• Finalidade: promover a inclusão digital por meio do trabalho colaborativo.
• Acesso gratuito a todos os usuários, com abrangência nacional e internacional.
Centro de Referência Virtual do Professor (CRV)
Endereço: http://crv.educacao.mg.gov.br
• Portal da SEE / MG (em funcionamento desde 2005).
• Finalidade: favorecer o acesso de todos os professores à publicação de informações, aos recursos, serviços de orientação pedagógica e projetos didáticos desenvolvidos via web, destinados a fomentar a incorporação das novas tecnologias na prática educativa escolar e a desenvolver a cultura do trabalho colaborativo em rede por meio do intercâmbio, relatos e trocas de experiências.
• Acesso gratuito a todos os usuários, porém, com áreas de acesso restritas.
Fontes: ASSAD, Germano e JARDZWSKI, Karen. Saber Virtual. Disponível em: <http://www.profissaomestre.com.br>. Acesso em 02 nov. 2008. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Educação. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 02 nov. 2008.
Continua...
187
QUADRO 16 - Portais Educacionais Pré-Selecionados
PORTAIS EDUCACIONAIS ATRIBUTOS DE SELEÇÃO
Por
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Portal do Professor (MEC)
Endereço: http://www.mec.com.br
• Vinculado ao MEC em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia.
• Abrangência nacional.
• Acesso gratuito a todos os usuários, porém, com áreas de acesso restritas.
Profissão Mestre
Endereço: http://www.profissaomestre.com.br
• Desenvolvido no ano de 2000 e vinculado à Revista Eletrônica Profissão Mestre.
• Missão: zelar pela carreira do professor e a sua capacitação.
• Acesso totalmente gratuito aos usuários.
Eaprender
Endereço: http://www.eaprender.com.br
• Fundado em 2000, vinculado ao grupo das Editoras IBEP.
• Propósito: oferecer ferramentas de estudo e pesquisa que orientem a aprendizagem, promovendo a interação, a navegação e a pesquisa.
• Acesso restrito a assinantes, mas algumas seções podem ser visitadas sem a assinatura.
Fontes: ASSAD, Germano e JARDZWSKI, Karen. Saber Virtual. Disponível em: <http://www.profissaomestre.com.br>. Acesso em 02 nov. 2008. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Educação. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em: 02 nov. 2008.
Conclusão.
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APÊNDICE B - TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
Entrevista 1123
Interlocutores: Pesquisadora124 e Gestor 1
Primeira rodada: Questões sobre o CRV e Formação Docente Continuada
• O que a formação docente continuada apresenta como desafios a um portal
educacional?
O CRV é um portal educacional da secretaria. Ele foi criado para oferecer recursos aos
professores, como planejamento, execução e avaliação das atividades de ensino na educação
básica. A sua proposta inicial era puramente orientar o professor a implementar a proposta
curricular de Minas, conhecida com nome de Currículo Básico Comum. Essencialmente com
relação à educação continuada, ele favorece ao educador a possibilidade de lidar com a TIC –
nova tecnologia de informação e comunicação.
• O que faz o CRV no campo da formação docente continuada?
O CRV favorece a formação continuada do educador ampliando a sua capacidade de lidar
com as novas tecnologias. Ele tem uma biblioteca virtual que disponibiliza conteúdos sobre
formação integral do professor, sobre educação ambiental, patrimonial, políticas ambientais,
sobre gestão, avaliação de desempenho por competências e curso de idiomas.
• Como o CRV tem lidado com a precária qualificação dos professores no que se refere
ao manejo de computadores, periféricos, programas e comandos de informática?
Nesse aspecto não temos dimensão de como é a formação do professor no campo tecnológico.
O CRV foi criado como proposta da Subsecretaria de Tecnologias Educacionais, sendo
complementado pelo projeto Escola em Rede. Esse projeto prevê um Núcleo de Tecnologia
Educacional em cada região de Minas, chamada Superintendência Regional de Ensino . Esse
núcleo é composto por dois professores, dois técnicos sendo um da área informática e um da
área pedagógica. Ele se responsabiliza por orientar e dar todo o suporte tecnológico ao
123Entrevista realizada no dia 19/07/2010. 124É empregado o destaque textual em itálico para diferenciar e assinalar a interlocução da pesquisadora em relação à interlocução de cada gestor consultado.
189
professore que tem dificuldade com a tecnologia, usar internet e usar o computador na sala de
aula.
• De que forma o CRV procura informar os professores sobre as possibilidades e
vantagens pedagógicas do uso associado das TICs aos demais recursos didáticos?
O que temos são seções de links informacionais. São interações na Web. Temos seção notícias
com informações inovadoras. Temos também um link permanente que denominamos de
Interações na Web.
• De que forma o CRV fica sabendo dos seus impactos sobre o processo de formação
docente continuada?
Não temos avaliação externa e nunca temos questionário para ter essa informação precisa.
Temos uma ferramenta que é nosso termômetro pra saber como anda a opinião pública dos
professores, através do Fale conosco. Temos telefone, temos encontros presenciais. A
secretaria promove esses encontros. Em cada encontro temos uma representação da
Superintendência Regional de Ensino, outras vezes, da própria escola. Através de relatórios
mensais que nos são enviados, obtemos essa informação. Esses relatórios são enviados pelos
professores mediadores que são professores que atuam na sala de aula. São professores das
escolas públicas estaduais que mediam dois ambientes no Centro de Referência, que é o
fórum de discussão e sistema de troca de recursos educacionais (STR). Mensalmente, eles nos
enviam esses relatórios, de onde temos essa radiografia do que professor mineiro sabe sobre o
CRV, das suas aspirações, dos seus desejos e muito pouco a gente tem crítica dos professores
sobre o CRV. Não registramos e-mail de informações no nível de descontentamento e
desgosto com o portal, mesmo sabendo que o CRV precisa melhorar cada dia mais, não
recebemos esse tipo de retorno. A grande aceitação do CRV é devido ao aumento de acesso.
Temos satisfação de verificar isso através de relatórios de acesso diário. Percebemos que o
acesso aumenta cada dia. Temos uma média de 40 mil acessos/dia. Estamos atingindo 14
milhões de acessos desde a criação.
• Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção da formação docente?
Os resultados palpáveis nós encontramos nas avaliações externas através do PROEB e IDEB,
que mostram que nossos alunos têm melhorado. Indiretamente atribuímos esse resultado à
melhoria da formação do professor mineiro.
190
• De que forma o CRV se mostra atento à articulação entre formação docente
continuada e projetos pedagógicos escolares?
Essa interação, essa atenção à relação entre a formação do professor e projetos escolares, nós
obtivemos por meio das divisões pedagógicas das diretorias. Essas diretorias apresentam a
demanda. Atualmente, a maior demanda dos conteúdos do CRV é para áreas do Currículo da
Biologia, Física, Química e Matemática. Os nossos alunos não vão muito bem nas avaliações
externas e internas.
• O que o CRV tem feito para prospectar informações sobre os professores que o
acessam e sobre como estes utilizam esse portal?
Nós não temos retorno sobre a reação do que a gente informa e o que o professor acessa.
Estamos desenvolvendo uma ferramenta para medir quais as áreas mais acessadas pelos
professores mineiros. Nosso termômetro é o Fale Conosco com questionamentos dos
professores sobre determinados conteúdos. Nós temos essa ferramenta para medir o acesso
por conteúdo.
• O que o CRV sabe dos perfis e interesses dos professores?
Nunca houve um questionário ou pesquisa pra ter essa informação sobre perfil do professor
mineiro. O interesse que nos chega é através do Fale Conosco, por e-mail. O interesse é
profissional, interesse sobre metodologia. Ele precisa saber como fazer. Existe uma falha na
formação do professor no aspecto metodológico. Ele não sabe como fazer. A demanda maior
é sobre modelos de planos de aula, planejamento, modelos de aulas práticas. Eles não têm
esse conhecimento. Não aprenderam como trabalhar em sala de aula com recursos didáticos.
Não aprenderam como fazer. Querem ser orientados em como fazer.
• O que o CRV sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados?
A demanda maior diz respeito aos recursos didáticos, como trabalhar na sala de aula. Sobre
questões de natureza social, a violência, indisciplina, drogas, sexualidade. Eles buscam a
questão do trabalho em sala de aula. A preferência maior sobre modos didáticos, como fazer,
orientações pedagógicas e roteiros de atividades. Eles gostam de modelos. Temos uma seção
de relatos de experiências que eles gostam muito.
191
• O que o CRV sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços
disponibilizados aos processos escolares?
Nós sabemos das incorporações através do STR – Sistema de Troca de Recursos
Educacionais. Nesse ambiente, eles inserem todo trabalho que eles desenvolvem em sala de
aula e que eles julgam ser eficiente. Nesse aspecto, eles gostam de divulgar e trocar
experiências, são solidários. Eles entram na sala de aula e passam isso para os colegas. Houve
um aumento sistemático de recursos em todos os campos como planejamento de modelo de
aula, de multimídia e objeto de aprendizagem. É através do fórum e do STR que há
interatividade propriamente dita. Uma das áreas nobres do CRV é o STR. Você nota a
preocupação do professor em elaborar uma proposta de trabalho. Temos nove recursos
didáticos. Em cada recurso temos amostras de qualidade e muito interessantes. Eles
pesquisam e querem mostrar o que há de melhor. Os recursos didáticos disponíveis para o
professor inserir o seu trabalho são: planejamento da unidade didática, roteiro de aula, roteiros
de atividades, projetos de ensino, referências de sites comentadas, bibliografia comentada,
texto para alunos, texto para professores, recursos multimídias e avaliações de aprendizagem.
Nesses recursos disponíveis os professores têm demonstrado grande interesse em está
inserindo seu trabalho desenvolvido em sala de aula.
• Quais as áreas de maior inserção?
Depende do mediador. De como ele coloca no fórum.
• Esse mediador tem um papel fundamental?
O mediador tem um papel fundamental para orientar e incentivar na melhoria dos conteúdos.
Além desse mediador, temos um professor orientador, professor da universidade. O professor
orientador é autor da proposta do Currículo Básico Comum. Ele orienta o mediador nas
questões inseridas no fórum e no sistema de trocas. Orientam no sentido de que os recursos
precisam ser recursos de qualidade e orientação em sala de aula. Ele orienta quanto à
qualidade e funcionalidade.
• Uma curiosidade a respeito da relação do orientador e do professor mediador:
quais espaços eles ocupam a não ser o do fórum e do sistema de trocas de recursos?
Eles têm momentos de encontros?
Tanto orientador como professor mediador e nós temos dois encontros anuais para
192
monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas no CRV, principalmente no que se refere
ao fórum e ao STR. Esses encontros têm proporcionado crescimento de ambos os
profissionais. Esses encontros favorecem a formação continuada do professor mediador. Ele é
um professor da sala de aula, de conteúdo curricular. O papel fundamental do professor
mediador é orientar os demais professores mineiros nessa ação educativa.
• Onde eles se encontram?
Eles se encontram aqui em BH. Os mediadores são professores que atuam na sala de aula,
mas residem em várias regiões do estado. Eles atuam em dezenove regiões do estado. Um dos
requisitos para ele ser mediador é ele está atuando em sala de aula, porque a orientação tem
mais aceitação sendo de um professor mediador que está em sala de aula do que o que está na
academia e que só orienta. Colocamos para mediar esse fórum o professor mediador. Nas
questões onde encontram dificuldades de respostas de natureza tanto metodológica ou
científica, eles buscam apoio dos orientadores. Muito interessante esse trabalho do orientador
com o mediador. Os professores se sentem seguros com as respostas que eles recebem.
• O que o CRV sabe das mudanças que vêm ocorrendo no perfil de formação e nas
práticas pedagógicas a partir do acesso a esse portal?
O que nós temos de concreto é que a partir do portal ofertamos conteúdos de forma
democrática. O professor de qualquer região acessa a mesma informação que o professor com
mais facilidade de conexão Internet. A preocupação da secretaria é que todas as escolas
tenham a sua conexão à Internet funcionando diariamente de forma constante sem nenhum
problema de conexão. Todos os professores acessam as O portal além de ser democrático, a
gente nota a mudança significativa naquelas regiões em que as informações demorariam
muito tempo para chegar por malotes ou correios. Então o que se nota é a qualidade dos
projetos que chegam ao Sistema de Troca de Recursos. Da mesma forma que o professor das
grandes cidades elabora projetos, os da região que não têm bibliotecas com fontes tão
abrangentes na área da didática e das metodologias, esse professor tem acesso a essa
informação e nos manda projetos com a mesma qualidade que o outro que tem.
• Essa informação sobre quem é esse professor e onde ele está, é possível saber a
região onde reside quem está disponibilizando a atividade? Por exemplo: Fulano da
escola tal, da região,... Vocês conseguem obter?
193
Para inserir um tópico, colocar uma questão ou recurso didático no STR ele precisa logar.
Quando ele insere o recurso o nome dele aparece. Então, nós sabemos de qual
superintendência, de qual cidade, de onde ele veio. A gente já está vendo um crescimento,
uma melhoria no registro dos professores. Além de possibilitar orientação, eles têm acesso a
outros recursos didáticos. Então, eles têm esses recursos como referência. Recursos de
excelente qualidade pedagógica.
Segunda rodada: Questões sobre o CRV e o Fomento ao Trabalho Docente
Colaborativo
• O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de
TICs apresenta como desafios a um portal educacional?
Como desafio ao portal educacional, a equipe do CRV vê a questão da colaboração dos
gestores educacionais. Havia uma necessidade de um trabalho estrutural desde o planejamento
das ações dos professores com relação à proposta curricular. A distribuição dos conteúdos da
proposta curricular, em que os gestores deveriam contemplar momentos de formação em
serviço do professor ou momentos de disponibilização de tempo para que o professor possa
estar utilizando as TICs em sala de aula. Há uma necessidade de mudanças de paradigmas, de
adequações de instalações físicas da escola. Mesmo que o professor domine toda a tecnologia,
haveria necessidade que ele tivesse os espaços de ensino e aprendizagem mais atuais e
condizentes com as tecnologias. Se o professor fosse trabalhar no pátio da escola, que ele
tivesse espaço para utilizar essas TICs no pátio, nas bibliotecas e nas salas de aulas. Não só os
professores, como os alunos também poderiam utilizar. Mesmo dentro das circunstâncias reais
que temos enfrentado, na rede estadual vemos um esforço muito grande dos professores em
levar até o aluno informações importantes das tecnologias da informação e comunicação.
Aulas bem interessantes e enriquecidas com utilização de recursos de multimídia e com
objetos de aprendizagem. A gente nota que já acontece esse trabalho nos laboratórios de
informática. Acontecem aulas interessantes dentro dos laboratórios de informática. Os
desafios são o tempo suficiente para utilizar essa metodologia de forma apropriada e as
condições físicas adequadas para que ele utilize essas tecnologias.
194
• O que faz o CRV para estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de
TICs?
Disponibilizar o maior número possível de recursos por meio dos quais o professor possa
estar usando as tecnologias. A proposta do CRV é incentivar o professor a usar todos os
recursos. A gente procura colocar desde um recurso de fácil acesso até o mais complexo para
o professor sentir vontade de utilizar o recurso mais difícil, porque ele não conhece e não
domina a técnica. O CRV tem buscado informações sobre o que há de mais avançado e mais
moderno na área de tecnologias de informação e de comunicação voltados para a educação,
como os conteúdos do portal Aprende Brasil. Não pela propaganda do portal, mas pelo
conteúdo que ele possui e a equipe de trabalho que esse portal tem para disponibilizar
conteúdos de qualidade.
• E para o trabalho docente colaborativo?
O que fazemos é buscar a interatividade do CRV. A gente tem o fórum, onde ele pode colocar
sua opinião, suas questões, suas dificuldades, seus avanços e o sistema de troca de recursos,
que é o resultado do trabalho dele. O STR é o ambiente onde o pessoal coloca o que ele faz
para trabalhar em sala de aula, para colaborar com os colegas. Ele compartilha o que ele
executou. O STR é um canal por excelência para professor acessar e conhecer o que está
acontecendo nas demais escolas, e como o professor trabalha em sala de aula. É muito
interessante o trabalho colaborativo que o CRV promove.
• Você falou dessas duas áreas, o fórum e o STR. Em quais dessas duas áreas ou em
ambas, você percebe que há esse trabalho docente colaborativo?
No STR. Porque o fórum é para discutir algum tópico do CBC. Onde o professor expõe sua
opinião, onde coloca as suas dificuldades e solicita colaboração, ajuda e orientação. O STR é
realmente onde ele demonstra que aprendeu e está colocando em prática o conhecimento
aprendido.
• De que forma o CRV possibilita a manifestação de opiniões e posicionamentos dos
professores?
Por meio do fórum. O único espaço interativo e o único espaço onde ele está expondo sua
opinião e o serviço de contato. Mas a questão da colaboração e dos posicionamentos é através
do fórum.
195
• Esse serviço de contato é através do fale conosco? É aberto às opiniões e
posicionamentos dos usuários?
No Fale Conosco temos categorias de assuntos onde ele pode escolher o assunto de interesse.
Mas temos a categoria CRV, onde recebemos mais 150 e-mails dia.
• Quem fica responsável por dar o feedback para 150 e-mails dia?
Temos uma equipe. O Fale Conosco está em dois computadores. Então, dois técnicos são
responsáveis por dar essas respostas. Quando não temos condições de responder aos
questionamentos de natureza pedagógica e didática, a gente reencaminha ao orientador ou
mediador. E eles respondem direto aos professores. O Fale Conosco também é um canal de
interação do CRV com o educador.
• Então você percebe que eles usam o Fale Conosco como interação e como consulta?
Como consulta, nos diversos aspectos. O fórum às vezes direciona para o foco de discussão e
se o professor tem demanda que não diz respeito àquele tópico que está evidência no fórum,
ele utiliza então o canal Fale Conosco. Ficou assim definido entre os mediadores e
orientadores que devem ser colocados dois tópicos por mês. A gente mede essa ação
mensalmente por relatórios.
• Estabelecendo um paralelo entre o fórum e o fale conosco qual dessas duas
ferramentas você percebe que tem tido uma utilização maior pelo professor?
O Fale Conosco tem utilização melhor porque não é direcionado. O professor coloca todas as
suas dificuldades de natureza funcional e profissional sem estar ligado a um tópico. Ele
direciona por categorias. O fórum diz respeito ao conteúdo que ele trabalha em sala de aula.
• Quais as condições oferecidas aos professores pelo CRV para a seleção de fontes de
informações, ferramentas e suportes tecnológicos com os quais poderão trabalhar?
As condições que nós disponibilizamos é através das orientações pedagógicas, roteiros de
atividades, módulos didáticos, sala de recursos didáticos, vídeos e na web; a gente sempre
coloca como fonte de pesquisa os sites informacionais.
• Dessas ferramentas vocês conseguem mensurar qual é a mais utilizada?
O CRV está em processo de desenvolvimento. Comparado com os portais existentes, o CRV
196
ainda é muito novo e está em fase infantil. Estamos desenvolvendo uma ferramenta até
outubro/2010 para medir de forma eficiente, eficaz e fidedigna em quais áreas o CRV tem
maior acesso. É muito interessante para a gente verificar o conteúdo que mais interessa ao
professor. Precisamos dessa ferramenta e também de uma enquete para saber qual área mais
acessada pelo educador.
• Você falou de uma enquete que o CRV colocou no ar. Você poderia me fornecer
maiores informações sobre essa enquete?
O objetivo dessa enquete é que os orientadores e a equipe do CRV conheçam como o
professor implementa o CBC em sala de aula. Quais os conteúdos ele coloca no seu
planejamento didático. A proposta curricular de Minas para a educação básica foi elaborada
contemplando todos os conteúdos dos ciclos, dos anos do ensino fundamental e do ensino
médio. Ela não foi ordenada por ano e nem por ciclo. Essa enquete teve como proposta, saber
como professor ordena os conteúdos curriculares por ano. Como ele contempla as habilidades
e competências em cada ano. E nós tivemos um retorno bastante significativo de como o
professor trabalha, como ele desenvolve essas habilidades e competências dos conteúdos em
sala de aula. Baseado no resultado dessa enquete, nas informações que coletamos, os
orientadores que são autores da proposta curricular, construíram, elaboram uma proposta com
as sugestões dos professores de como deve ser as competências por ano. O resultado dessa
enquete e essa proposta a gente irá apresentar no encontro com os professores de Minas
Gerais. Onde teremos uma representação de um professor de cada conteúdo curricular da
maioria das escolas mineiras, principalmente daquelas com maior número de alunos. A gente
irá apresentar em agosto essa proposta de ordenação de conteúdos do ensino fundamental do
6º ao 9º ano. Do ensino médio, essa ordenação já foi concluída e dos ciclos também.
• O critério de representatividade é por escola?
É por escola. Devido ao grande número de educadores que temos no estado, não temos lugar
que comporta todos. A enquete já atingiu todo o estado. O encontro é para apresentar a
proposta de ordenação de conteúdos e dar um feedback de como o professor apresentou essa
ordenação de conteúdo. A gente vai precisar de uma amostragem significativa de professores,
pelo menos um professor de cada conteúdo. Esses professores terão no primeiro momento
essa proposta, essa elaboração. Por coincidência, para a maioria dos professores está bem
claro o entendimento da proposta curricular de Minas, com relação às competências e
197
habilidades. Foi coincidência como os professores colocaram as mesmas competências e as
mesmas habilidades no 6º ano, 7º, 8º e 9º. Quase não houve discrepância nesse aspecto. Eles
entenderam bem a proposta do currículo. As competências deveriam ser desenvolvidas de
forma a não ferir o desenvolvimento humano do aluno. Eles pensaram muito em respeitar o
ritmo do aluno.
• A participação dos professores nessa enquete atingiu as expectativas da equipe do
CRV?
Atingiu. Testemunha como o professor já interage com a ferramenta e com o portal. Ele já
responde à demanda. Nós colocamos um aviso no portal e imediatamente a gente vê o retorno.
A gente coloca no CRV informações sobre um curso e aparece imediatamente retorno do
curso. Há uma aceitabilidade e pronto atendimento do professor. O CRV tem a seção de
notícias que é um termômetro. Se colocarmos uma notícia, vemos que muita gente acessa. Os
professores não têm dedicação exclusiva. Trabalham em outras escolas que não são da rede
estadual. A gente tem informação que o maior número de acessos através do Google acontece
depois de meia noite. Temos notado que o professor mineiro tem interesse em estar
sintonizado, de conteúdos para enriquecer sua prática e apoiá-lo na sala de aula.
• Vocês têm uma qualificação dos acessos?
Nós não temos numericamente, mas temos através do Google uma ferramenta e sabemos de
onde ele acessa, que horário ele acessa. O que a gente tem de pesquisa é essa ferramenta.
• Vocês utilizam uma ferramenta do Google Analytics?
Na verdade o que temos de pesquisa é essa ferramenta. Temos acesso em todos os lugares do
mundo. De educadores de fora do Brasil e dentro do Brasil. Temos resultados de boca a boca
que outras pessoas em outros estados visitam o site para conhecê-lo. Recebemos uma visita
de Angola. A equipe veio para saber como funciona e como deve fazer para ter um site
semelhante. Tivemos também do estado de Goiás, Tocantins e Mato Grosso. O conteúdo do
nosso portal é muito voltado para sala de aula. A gente está apoiando o professor. A
informação e serviços são em decorrência do que a gente disponibiliza e propõe. Isso foi uma
consequência.
198
• O objetivo é o apoio a atividade docente?
A tendência do CRV agora é crescer no sentido de se preocupar com a formação profissional
e formação mais holística do professor, o que faz a diferença na sala de aula. O princípio do
CRV foi apoiar a implementação do CBC. A proposta foi apoiar o professor. O CBC tinha
proposta inovadora de não colocar os conteúdos em forma de gavetas, de fragmentar os
conteúdos, de seriar. Essa proposta inovadora era muito difícil de entender. [...]
• A ferramenta de gestão dos acessos que vocês utilizam é Google Analytics?
A gente também tem uma ferramenta da plataforma para medir quantos acessos dia, mês, ano
e o acumulativo de quantos acessos até hoje. O CRV foi lançado em 2005. E sua utilização
iniciou-se em 2006. De 2006 até 2010 nós temos a informação de acessos através da nossa
ferramenta.
• Vocês utilizam mais a ferramenta do sistema ou o Google Analytics?
Utilizamos os dois. O Google para verificar quais os acessos são de Minas e quais os dos
outros estados e a nossa ferramenta para verificar quantos acessos ao dia. Agora teremos uma
ferramenta para medir quantos acessos são de professores especificamente. [...]. Os acessos do
CRV são livres. Apenas quatro ambientes são de acesso restrito. São fórum, o STR e os itens
de avaliação e a sala de recursos didáticos. Os itens de avaliação são muito restritos aos
gestores. O professor utiliza na época das avaliações do PAAE. [...].
• De que forma o CRV fica sabendo dos seus impactos sobre o fomento do trabalho
docente colaborativo mediado por TICs?
Nos só temos essa informação pelo STR. A gente nota que naquele espaço ele utiliza as TICs,
porque ele tem que inserir um filme, qualquer recurso multimídia, uma fórmula, um texto, um
objeto de aprendizagem. Só através do STR a gente tem certeza que ele está sabendo utilizar
os TICs na sala de aula ou quando ele utiliza a senha para acessar um vídeo na sala de
recursos didáticos. Fora isso, a gente não tem como saber. Temos os relatórios que os
mediadores nos enviam. Mas não com o objetivo de saber se o professor utilizou ou não. São
relatórios sobre o trabalho de um modo geral. Também é possível saber através do fórum,
quando ele tem que inserir algum conteúdo que envolve o uso das TICs. E quando ele manda
notícias através de e-mail divulgando um trabalho que ele desenvolve. Isso mostra que ele tem
familiaridade com as TICs. Nós estamos divulgando no link Relato de Experiências, a
199
experiência que ele nos envia. Nós temos um sistema de trocas. O que a gente está pensando
é: daquela experiência de relato do STR, passar para o link Relato de Experiências. Mas acho
desnecessário, porque precisaria de direitos autorais. [...].
• Há colaboração também na questão de notícias? Os educadores encaminham notícias
para serem publicadas na seção de notícias do CRV?
Quando eles não encaminham, a equipe do CRV faz. Nós temos um monitoramento diário dos
dois ambientes (fórum e STR). Nós nos apropriamos daquele relato que é muito interessante e
a gente coloca a notícia para que aquele relato fique mais visível na Seção Notícias, sendo
então mais acessado. Isso é feito com o consentimento do professor autor. A seção notícias do
CRV não se restringe apenas em divulgar notícias pela notícia. A gente divulga algo
interessante, um trabalho interessante que o professor irá utilizar na sala de aula. Ali é um
local de divulgação de experiências. É uma seção de divulgação. [...] não divulgamos
nenhuma questão política e sensacionalista. São notícias eficazes que podem servir para uma
escola que tenha uma situação semelhante em várias circunstâncias.
• Quais os resultados que o CRV vem obtendo no fomento do trabalho docente
colaborativo mediado por TICs?
O resultado mais interessante é a satisfação dos professores. Temos um arquivo com elogios
e críticas ao CRV. Recebemos mais elogios informando como melhorou a prática e o trabalho
que está acontecendo. (Essa pesquisa está sendo muito interessante porque me fez refletir
porque o professor está utilizando esse portal.) Nós tivemos momentos institucionais donde o
professor poderia estar utilizando o sistema para reivindicações de salário, no entanto houve
um respeito total quanto ao CRV e à relação com as ansiedades e condições de trabalho do
professor. Eles têm um respeito muito grande pelo CRV. Divulgamos somente conteúdo
didático pedagógico. Há um entendimento mútuo, um respeito pela instituição. O portal é do
professor e temos que ter um cuidado, um zelo. Nós entendemos que esse respeito está
contribuindo e possibilitando essa aceitação pelo professor e o aumento de acessos.
• De que forma o CRV se mostra atento à articulação entre fomento do trabalho
docente colaborativo mediado por TICs e projetos pedagógicos escolares?
A gente tem um canal muito interessante. São dois canais. Uma seção chamada Escola
Destaque, onde a gente coloca a foto da escola como atrativo. Mas a gente divulga os projetos
200
pedagógicos que a escola desenvolve dando ênfase à ação do professor. Nesse quadro a gente
tem demanda grande das escolas. Elas mandam informações pelo correio, correspondências.
Para escola é trabalhoso registrar essa história. Eles gostam de mostrar para a gente, por
exemplo, livros que a escola produziu e informações da escola com fotos. Eles acham que se
mandar o livro, nos convence mais a divulgar o trabalho da escola. É importante ver como as
escolas trabalham e como elas se empenham na busca da qualidade. Esse canal da Escola
Destaque é para dar maior visibilidade ao trabalho do professor e da escola como um todo e
como envolve o professor na escola. A comunidade escolar precisa ser envolvida para que se
sinta corresponsável pela educação naquela instituição. Temos também outra seção
denominada Dedicada ao Mestre. Pode-se ver aí que professor é aquele. O perfil do professor
está implícito no trabalho que ele desenvolve. A gente percebe porque o professor foi
homenageado. Porque ele se envolve. A nossa primeira homenageada é professora
alfabetizadora. Para alfabetizar, ela utiliza todos os espaços físicos da escola. Ela alfabetiza no
chão da escola, na escada, no jardim. [...] A diretora de outra escola nos falou de uma escola
que tinha um resultado muito interessante na alfabetização. Entramos em contato para
divulgar como professora alfabetizava e a escola inteira se mobilizou para enviar informações
de como a professora alfabetizava. Outra informação que tivemos foi através de um aluno da
UFMG que enviou uma carta agradecendo a professora que o alfabetizou. Ele disse que era o
pior aluno da escola. Através dessa carta identificamos a escola dessa professora. Temos a
informação de como a professora trabalhou [...]. Eu acho que cada professor alfabetizador
pode pensar que pode utilizar todos os espaços da escola. Pode ensinar a ler em todos os
espaços. Essas duas seções mostram que o CRV está atento ao que esta acontecendo. A gente
manda cartas mensalmente à Superintendência Regional de Ensino, solicitando que nos
enviem informações de experiências, de alguma escola que está com problema, para, então,
comunicarmos à secretaria se precisar de alguma intervenção.
• Como é o retorno das superintendências?
Temos algum retorno. Temos outro canal de retorno chamado Escola em Rede. Temos retorno
da escola através do NTE e dos projetos da secretaria. Temos contato bem forte que é com o
projeto Escolas de Tempo Integral. Temos o PEAS que é um contato efetivo. E as diretorias
de educação de ensino fundamental e ensino médio. Mas o retorno mesmo que temos é dos
mediadores e do próprio professor.
201
• As correspondências que vão para as escolas de atuação dos professores mediadores
têm mais retorno do que as encaminhadas às superintendências?
Sim. Temos agora um intercâmbio com o NTE via diretoria. A gente trabalhava muito com o
CBC, voltado para o pedagógico. OS NTEs eram voltados para o tecnológico, para a rede
lógica de computadores. Agora, o NTE foi agregado ao pedagógico. [...] Agora tem um
técnico pedagógico e outro tecnológico. Foi um casamento perfeito.
Terceira rodada: Questões Sobre o CRV e Promoção do Desenvolvimento Local
• O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios a
um portal educacional?
O CRV foi concebido no primeiro mandato desse governo, pela secretária de Estado de
Educação, a professora [...] e o secretário adjunto, o professor [...]. Eles tinham a
preocupação de elaborar uma proposta curricular. Ela não queria que fosse uma proposta
imposta e sim construída pelos educadores mineiros. Em 2005 iniciou a construção coletiva,
onde os educadores participaram e definiram quais os conteúdos deveriam ser contemplados
naquela proposta. Faziam encontros que haviam representação de professores. Depois de
construída, o desafio era divulgá-la. Fazer com que essa proposta ficasse conhecida por todos
os educadores de cada região do estado. Todos nós sabemos das diferenças regionais que
enfrentamos. [...] Idealizaram o portal. Sua implantação iniciou-se timidamente no final de
2005. Acho que foi no segundo mandato que foi criada a Subsecretaria de Tecnologias
Educacionais, da qual a Professora [...], uma educadora por excelência, é a subsecretária. Ela
colocou efetivamente em implementação o CRV, facilitando o desenvolvimento desse projeto
Escola em Rede, colando internet em todas as escolas, procurando que todas as escolas
tivessem computador. Essa vontade política da secretaria, da subsecretaria, da diretoria
(DTAE), possibilitou muito o sucesso do CRV. Desde a diretoria até a subsecretaria há o
apoio, é institucional. Todo mundo aqui na secretaria tem o objetivo de levar a informação
para o professor lá na escola, independente de onde ela esteja. Devido à baixa proficiência dos
alunos do norte do estado, o governo de Minas direcionou muito que as ações sejam
direcionadas para lá também, para que não haja discrepância nas avaliações.
202
• Nos termos tecnológicos também?
A proposta era que o CRV fosse a qualquer parte do estado de Minas Gerais, para que os
professores se apropriassem da proposta curricular de forma bem democrática. Que todos
conhecessem essa informação ao mesmo tempo.
• E a questão: o que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta
como desafios a um portal educacional?
É essa de que todos conheçam a proposta. Se uma escola não conhece a proposta do CRV, ela
vai subtrair essa questão da qualidade de ensino, ela vai deixar de ofertar para esses alunos
uma informação importante para sua formação educacional. O desafio é isso mesmo: que as
escolas tenham a infraestrutura tecnológica mínima para que possa receber informações do
portal. E o portal procura utilizar-se desse espaço, colocando o máximo de informação
pedagógica para que o professor tenha um leque de possibilidades para desenvolver seu
trabalho. Houve realmente uma comunhão de ideias, uma conjugação de esforços
imensuráveis para que o professor tenha informação via internet. Todo mundo está
preocupado com a inclusão digital e que acho que é inclusão social também.
• O que faz o CRV para promover o desenvolvimento local?
A gente procura dar ênfase ao trabalho da comunidade quando a gente coloca, por exemplo, a
Escola Destaque. Ali não é uma informação apenas da escola, mas também de seu entorno.
Colocamos na Escola Destaque os projetos interdisciplinares, por exemplo, como valorizar a
cultura do lugar, a escola promovendo festas folclóricas já esquecidas, com o intuito de
resgatar essas festas bem peculiares. Entrevistas com pessoas falando dos quilombolas, como
a escola surgiu. Através de algumas ações que começaram timidamente estamos promovendo
isso. A comunidade escolar deve ser muito ativa, com pessoas que buscam a melhoria do seu
cosmo. Preocupar com a questão ambiental é muito importante, mas com o local também.
Temos que agir localmente. Quando vejo escolas que não conhecem o CRV por dificuldades
com a tecnologia da informação, o medo do novo, a gente preocupa bem.
• Como vocês obtêm essas informações dessas escolas que não têm acesso?
Hoje, a gente não tem mais essas informações. Quando tínhamos encontros presenciais onde o
público-alvo eram os diretores do estado de Minas, a pergunta era quem não conhecia o CRV
e quando surgia ficávamos muito preocupados. Agora, a nossa preocupação não é quem
203
conhece, pois todos já ouviram falar e já conhecem. A nossa preocupação é como a escola
tem utilizado o CRV. Acho que em breve teremos um retorno, depois dessa enquete. Para que
você utiliza, como você utiliza. Se agente conseguir aumentar o acesso. Tivemos em 2007
uma meta de aumentar em 30% o acesso que era 5.000. Em 2008 foi de 15.000. Em 2009 foi
de 20.000 e em 2010 foi uma média de 40.000. A meta que colocamos no nosso plano é de
aumentar não os acessos, mas a utilização do CRV efetivamente. Uma informação a gente
tem: quanto tempo o professor fica no sistema. É um tempo médio alto.
• De que forma o CRV se mostra atento à perspectiva de tornar os professores agentes
do desenvolvimento local, tornando-os multiplicadores do uso das TICs em espaços
escolares e não escolares?
A primeira medida que tomamos é a de que o professor que está mediando o fórum, não
poderia estar fora da sala de aula. Essa foi a primeira medida. Ele iria divulgar o CRV na
escola onde ele pertence. Depois, ele poderia estar ampliando essa divulgação nas escolas do
entorno, na cidade, na região. A maioria dos mediadores fez essa divulgação nas escolas que
trabalha e nas suas imediações. Estão sendo chamados nas superintendências para fazerem
trabalho em campo. Eles estão tendo raio de atuação nas regionais que são muito extensas. As
regionais são enormes. Envolve uma média de cinquenta escolas, a menor.
• Esses mediadores têm facilidade no manuseio das TICs?
Eles foram selecionados através do perfil. Eles tinham que dominar a tecnologia, serem bem-
relacionados na escola, terem domínio do conteúdo, possuir uma atuação diferenciada dos
demais professores na sala de aula e ter perfil de busca de conhecimento. Divulgamos a
chamada dessas pessoas no nosso portal. Tivemos uma média de 1.500 professores
solicitando trabalhar. Queríamos atingir aqueles que tinham acesso à tecnologia. A primeira
seleção foi por habilitação. Olhamos a questão do currículo. Depois nós tivemos outra seleção
de dez candidatos por cada conteúdo. Fizemos entrevista. Depois fizemos a capacitação.
Selecionamos dois candidatos e desses, ficou um. Foi uma seleção muito acirrada, bem rígida.
Temos dezoito mediadores. Dos selecionados, tivemos um só que não tinha o perfil adequado
e que não dominava o conteúdo e quatro que saíram para cursar o mestrado. Foram
substituídos pelos próximos da lista. Aqui em BH, três saíram para serem diretores de escola e
um por problema de doença. Somente três foram indicados por diretores. Eles são bons
também no domínio do conteúdo e da tecnologia.
204
• De que forma o CRV fica sabendo dos seus impactos sobre o desenvolvimento local?
Temos uma demanda da comunidade enviando projetos que são desenvolvidos no seu
entorno. Temos muitos projetos que a comunidade encaminha e muitos que escola envia que
envolvem a comunidade.
• Eles são encaminhados via Fale Conosco?
São enviados por correio. Eles enviam muitos arquivos, muito material didático que pelo
sistema de e-mail não podem ser enviados. Temos um limite de cinco megas. Eles mandam
impresso via correio convencional. Nós não temos um contato significativo. Não temos
pesquisa com número certo. Enviamos respostas por carta. O Fale Conosco é categorizado
por assuntos. Exemplo: assuntos pedagógicos, assuntos de natureza funcional, assuntos que
dizem respeito ao envolvimento da comunidade.
• Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção do desenvolvimento local?
Não tenho esse resultado. O único resultado que temos é convite para irmos às cidades para
falar do CRV e o que estamos desenvolvendo.
• Quem convida vocês, as escolas ou a secretaria?
As escolas. A secretaria só autoriza. [...]. Várias escolas chamam para divulgação do CRV.
Elas chamam para apresentar seus objetos.
Quarta rodada: Questões Gerais Sobre a Gestão do CRV
• Como se dá a relação entre centralização e delegação na gestão do CRV?
Eu acho que a gente não tem muita dificuldade na delegação de trabalho. Por ser um portal na
internet, ele tem acesso a todos os níveis de hierarquia. Enquanto coordenadora do CRV, eu
procuro ter esse contato bem de perto com o nível da secretaria. Fazemos contato muito com o
pedagógico. O administrativo não é o foco do CRV. O meu contato é com todos os níveis da
Secretaria de Desenvolvimento da Educação Básica. Por ser um portal, ele entra em todas as
instâncias. Não há uma resistência com relação ao gerenciamento das ações.
205
• Você falou do apoio institucional?
Nós temos esse apoio institucional. Fazer essa inclusão digital e proporcionar a inclusão
social foi uma proposta de governo. Por ser uma proposta de governo, os gerentes, os
diretores, os superintendentes estão com a proposta de estarem divulgando o CRV.
Inicialmente, a gente teve uma dificuldade que é assim: a própria secretaria estava se
estruturando enquanto uma instituição para trabalhar dentro da demanda das tecnologias. As
TICs como próprio nome diz, estão à frente da instituição. Até a instituição se estruturar para
atender as demandas das TICs, acho que além de ser onerosa, tem que preparo de recursos
humanos. [...] É necessário integrar recursos humanos e recursos financeiros. É uma proposta
bem difícil. [...].
• Como a gestão do CRV vem agindo na busca das condições necessárias para que esse
portal seja bem sucedido com relação às suas finalidades e objetivos?
A equipe do CRV foi instituída para implementar o portal da forma mais simpática e mais
efetiva possível. A gente conta com a equipe que se esforça sempre, entrando em contato e
fazendo a interlocução com a escola, com o professor, com os níveis de administração
regional e central. Pode conversar com qualquer funcionário que eles conhecem as nossas
deficiências e os nossos avanços. É um trabalho muito agradável. A gente conta com o apoio
de todo mundo e a gente procura está se atualizando. A equipe está sempre fazendo cursos. A
formação em serviço não é só do professor. Também é nossa. A instituição também tem
proporcionado essa condição da gente está se formando em serviço. A gente tem encontros
presenciais, semanalmente, com os consultores tanto a área pedagógica como administrativa.
Agora, instituímos os encontros via skipe e via uma via outra forma de trabalhar, que é
chamada Custom Meeting, para reuniões em trabalho, que é muito interessante. Pois você
compartilha uma reunião com quase dez pessoas. Compartilha arquivos, interage com
arquivos por computador. Cada um no seu local de trabalho.
• Quem são esses consultores que você tem mencionado?
Temos dois consultores do conteúdo pedagógico que são da universidade, temos orientadores
que são professores que atuam na universidade. Temos professores que trabalham em
instituição pública como CEFET. Temos professores que trabalham em escola pública que são
os mediadores e os consultores tecnológicos. Eles que nos orientam a trabalhar nessa
ferramenta de reuniões compartilhadas.
206
• Eles têm vínculo empregatício com a Secretaria?
Eles têm um contrato de serviços e eles prestam serviço. O produto deles é sempre esse: a
atualização da equipe. Tem sido muito eficaz a reunião pelo skipe ou por essa outra
ferramenta de reunião, porque elas possibilitam que diminua o tempo de reunião. A gente
consegue finalizar a reunião dentro de cinquenta minutos a uma hora e discutir todas as ações.
O CRV tem plano de ação que é subdividido em propostas de trabalho mensal. Essa proposta
de trabalho é discutida semanalmente com meta e com prazos e se não conseguimos cumprir,
a gente reformula o prazo. Esse é um dos motivos do sucesso do portal: essa forma de
trabalhar sistematicamente. O portal está sendo muito aceito. Fazemos o planejamento anual
e depois mensal e semanal. Temos meta e monitoramento. O monitoramento é efetivo mesmo.
Com a presença de todo mundo. Temos meta, prazo e responsável. O responsável tem prazo
definido. E a gente tem esse feedback: fez ou não fez e por que. Tem uma interação de
trabalho. Isso desde 2005.
• Desde 2005 você vê esse sistema como eficaz?
Esse sistema de encontrar com os envolvidos do processo e discutir o trabalho é infalível em
qualquer instituição. Seja pública ou privada. [...] Isso para nós é sistemático. A reunião tem
dia certo, hora para começar e acabar. Começamos há um mês, pelo skipe. É toda quinta feira.
A gente se reúne e discute. A gente tem presencial também. A gente não abre mão do
presencial, uma vez por mês. Pelo skipe é toda quinta feira as 15h30. A gente para o que está
fazendo, reúne, discute e volta para continuar. Temos um espaço aqui e a gente coloca um
computador ligado no skipe e coloca os microfones. Um para cada um. Agora a ferramenta é
assim. Ora você pode ficar no comando da reunião, com condução. É muito interessante e
interativo. Cada um que tem acesso pode ser o coordenador da reunião e isso depende do
assunto. Tem assunto que é do consultor pedagógico. Tem assunto que é do consultor
tecnológico. Tem assunto da equipe. A equipe é quem propõe a pauta. A pauta é divulgada
um ou dois dias antes da reunião. A gente encaminha para todos os níveis hierárquicos da
administração. Para os subsecretários, superintendente, diretores e diretoras. A gente manda
para os consultores. Se uma pessoa não pode vir, ela já sabe que depois a gente manda a pauta
discutida. Temos histórico de pautas das reuniões desde o início.
• O que o CRV sabe da avaliação dos usuários desse portal sobre a qualidade do
mesmo?
A gente não tem essa avaliação do usuário. Somente através do Fale Conosco. Ele é o nosso
207
termômetro. Se o CRV fica fora do ar, no dia seguinte temos e-mails informando que não
conseguiram acessar. Notícia que o professor não gosta a gente não coloca. Colocamos
informação pedagógica. Tem muitas visitas e poucas inserções. O professor entra, vê, lê e
utiliza na sala de aula. Mas não nos dá retorno. Quando a gente tira um recurso do ar, a gente
recebe e-mail perguntando por que tirou. Então esse é o nosso termômetro. O professor
mineiro não gosta muito de escrever. Recebo muitos e-mails do professor do Rio, da Bahia,
da Paraíba falando do recurso e de como o utilizou. A gente sabe que ele entrou. Mas ele não
põe comentário ou põe muito pouco. O professor de outro estado dá muitas opiniões. A gente
queria que o professor entrasse no fórum para discutir. [...].
• Quais são os pontos fortes e os pontos fracos na gestão do portal CRV?
Os pontos fortes é esse monitoramento sistemático. O sistema de monitoramento e
acompanhamento e as avaliações do trabalho que a gente faz no CRV. O ponto fraco é falta
de instrumento de medição externa. Como esse professor vê o portal. Falta instrumento
externo. A gente somente tem o interno bem elaborado. [...]. Esse portal não é voltado para
diretores, para inspetores e nem para o aluno e sim para professores [...]. Temos demanda para
colocar informações administrativas, mas não é nosso foco.
• Que aportes gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência, a eficácia e a
efetividade do CRV?
Os aportes gerenciais que a gente gostaria de ter é esse suporte, essa infraestrutura para o
professor, que ele tenha condição de ter esse acesso. [...] O aporte gerencial é político mesmo.
E a gente está caminhando para isso. Um computador para cada professor, com Internet. Na
escola a gente tem notícia de roubo. A gente tem a consultoria que nos dá aporte gerencial
inovador. Eles estão na academia e sabem passar o que têm de mais atual no conteúdo
pedagógico e tecnologia. Para elevar nossa eficiência e eficácia, a gente tinha que ter apoio
institucional mais amplo. Por exemplo, assim, permitir que o nosso servidor seja tão possante.
Que ele não tenha limitações, as de conteúdo. Isso a gente já está caminhando. Conquistamos.
Antes a gente não podia colocar um vídeo acima de cinco megas, hoje a gente já pode.
Conseguimos um aporte gerencial que foi a negociação com o Google. Essa negociação de
ampliar as possibilidades no estado de acesso às bandas largas, de acesso ao portal do Google
e colocar a web 2.0. Utilizando as multimídias que antes a gente não tinha. Acredito que vá
avançando para que os professores estejam com a formação satisfatória na questão das
208
tecnologias. De forma que, assim que o professor entrar no sistema educacional, ele já tenha
essa formação em tecnologia. Uma coisa é o sistema proporcionar formação para esses
professores. Outra coisa é eles já virem com essa formação. Então a formação que o sistema
proporciona tem que ser via ao portal mesmo, pois, num universo de cento e oitenta mil
educadores é muito difícil para uma Secretaria de Educação, em pouco tempo, promover essa
formação em novas tecnologias. [...] Outra coisa é o professor já sair da universidade, onde
ele fez o curso de formação de magistério e, nesse curso contemplar essa utilização da
tecnologia na sua ação educativa. Acho que a universidade tem papel primordial em formar o
professor para atuar nesses portais educacionais. O professor com quem estamos lidando saiu
da universidade sem instrumentos tecnológicos, sem vontade de ser pesquisador, de buscar
conhecimentos e de promover sua própria formação. Os mediadores são diferentes, embora
atuem na sala de aula. Porque eles buscam. Eles procuram seu desenvolvimento profissional.
Depois que entraram no CRV, ficaram com vontade de ir além, de buscar uma formação
melhor. Buscaram uma pós-graduação. Tenho um mediador fazendo doutorado. A
universidade podia muito contribuir com a formação do professor que gosta de trabalhar com
a educação pública.
Entrevista 2125
Interlocutores: Pesquisadora126, Gestor 2 e Gestor 3
Primeira rodada: Questões sobre CRV e formação docente continuada
• O que a formação docente continuada apresenta como desafios a um portal
educacional?
Gestor 3: É uma espécie de tripé. São 3 coisas que a área ligada à tecnologia da educação
foca. Primeiro a infraestrutura, a gente quer que toda escola tenha uma sala de alvenaria
preparada para laboratório de informática. Os computadores em quantidade suficiente, ligados
em rede, mobiliário adequado e conexão à internet. A segunda perna do tripé é capacitação. O
125Entrevista realizada no dia 20/07/2010. 126É empregado o destaque textual em itálico para diferenciar e assinalar a interlocução da pesquisadora em relação à interlocução de cada gestor consultado.
209
esforço que o órgão central, que é dividido nas superintendências regionais, faz para a
formação e capacitação. No seu questionário, você colocou partindo do pressuposto de como
temos lidado com a precária qualificação dos professores. Felizmente hoje já não é tanto
assim e cada ano essa precariedade diminui, seja pelo movimento global da tecnologia, seja
por esforço nosso na promoção da capacitação, e pelo esforço também do Ministério da
Educação no sentido de favorecer a formação. A terceira é o conteúdo. A DTAE busca
verificar quais os melhores conteúdos pedagógicos e de tecnologia para que sejam ofertados
às escolas. O CRV é um dos conteúdos. Além dele, temos o portal do MEC. Temos vários
programas pedagógicos. E além do mais a própria internet é um campo que tem como buscar
outros conteúdos. [...] Temos no plano geral do estado, o PPAG, como um dos projetos do
estado à qualidade do ensino. Dentro da melhoria da qualidade do ensino tem vários itens e
um dos objetivos é uso da tecnologia para favorecer a melhoria da qualidade do ensino.
Tecnologia só faz sentido quando a gente põe em foco no aspecto, lá da criança, lá no aluno,
para que ele possa desenvolver suas habilidades como cidadão. Para que ele possa pensar,
raciocinar e observar essa condição completa do ser humano. Para se inserir como uma pessoa
ativa. Esses conteúdos hoje são uma forma de fazer isso acontecer. Outra forma é a qualidade
do professor. Os alunos têm que ter um referencial. E o professor tem que saber orientar
porque está usando aquela tecnologia. [...] Se a internet tem tanto conteúdo, porque gastar
tanto na montagem de um site como esse do CRV? Custa caríssimo. Os desenvolvedores, os
analistas, os que fazem as artes visuais, a manutenção, fica muito caro. Tem tudo na internet.
Aí entra o aspecto da certificação. Qualquer assunto tem na internet. Porém, a gente não tem a
certeza que aquele assunto da forma como é abordado ali atende ao CBC. As vantagens
desses portais, como o CRV, é a que as matérias que são postadas são certificadas. Tem uma
equipe que analisa cada assunto que entra. O professor pode usar que é confiável. É como se
tivesse um carimbo do cartório certificando. Gestor 2: O professor necessita o tempo todo da
formação. Antes da existência do CRV, a dificuldade que o professor tinha para conseguir
esses conteúdos importantes para melhorar e contribuir com o seu trabalho educativo era
muito difícil e complicada. Eu também sou professora e tinha essa dificuldade. Eu ia todo ano
às editoras buscar livros. Hoje, de todo lugar de que você esteja, você pode acessar esse
material riquíssimo e conteúdos que são suportes para o professor. Há também os fóruns de
discussão onde o professor pode conversar sobre sua matéria, o que está funcionando na
escola. Temos o roteiro de atividades que é construído coletivamente. O professor lança seu
plano de aula, os outros colaboradores entram e inserem e fazem com esse se enriqueça cada
210
vez mais. Isso é um avanço muito grande. O CRV veio para ficar, e a gente tem que apoiar e
dar suporte. Hoje o professor se sente amparado e valorizado. O professor tem condições de
melhorar sua aula. O aluno quer um professor inovador, quer uma boa aula. Com o CRV, os
professores podem ver a importância desse recurso tecnológico e melhorar sua prática. As
informações mudam muito rapidamente e o professor tem que acompanhar. Gestor 3: Vemos
a evolução da internet com Web 2.0, na perspectiva interativa. O CRV está partindo para essa
inovação. Exemplo: um professor quer dar uma aula sobre fotossíntese e ele vai ao CRV e
tem tudo explicadinho. Ele formata e prepara a aula e vai para sua escola dar a sua aula. Ele
vai fazer sucesso com os alunos. Mas isso é pouco. Porque isso pode levar o professor a se
acomodar. A característica da Web 2.0 e do CRV também é essa interatividade. Que os
professores comecem a construir conteúdos. [...]. Uma preocupação em todas as reuniões no
MEC é como fazer com que esses conteúdos cheguem aos alunos. Por questões financeiras,
não é possível atender numa escola com 1.000 alunos a todos os 1.000 alunos. Em uma escola
com um laboratório com 20 computadores como fazer um revezamento para que todos os
alunos usem os computadores? Estamos fazendo um grande esforço para levar o uso da
tecnologia também para a sala de aula. Para isso, é preciso investimentos. O investimento
mais barato hoje são os equipamentos. Estão cada vez mais acessíveis. O que estamos fazendo
como estratégia? Como o professor vai levar esse conteúdo para o aluno? Através somente do
laboratório é quase impossível! O laboratório é para acontecer pequenas experiências e depois
levar para o atacado. Estamos com um processo de compra de um notebook, uma impressora
laser e um projetor de multimídia para cada uma das 3.920 escolas. Isso é muito pouco. Mas
qual é a nossa estratégia? Exemplo: um professor vai dar a aula tradicional dele. Em vez de
dar essa aula tradicional, ele vai aprender, por exemplo, a dar uma aula utilizando o CRV.
Seleciona um determinado assunto e planeja a sua aula. [...]. Essa é parte mais cara: ensinar ao
professor. É mais cara, mais difícil e mais demorada. A partir do momento que alguns
professores aprendem a fazer isso, exemplo: se numa escola que tem trinta professores, dois
ou três aprendem a fazer, no ano seguinte a gente compra mais três kits. Eles são baratos.
Uma escola, tendo um professor que tem essa condição, ele servirá de referência para outros.
[...] Outros irão arriscar também. Se o professor está preparado, o recurso é barato. Dá para
investir. Porque estou falando isso? Saiu um projeto de lei de um deputado que está sugerindo
que façamos progressivamente o uso de lousas digitais em sala de aula. Só que a lousa está
começando a ser usada pelas grandes redes como a rede Globo agora. Está muito distante
ainda. Há etapas que devem ser cumpridas. Estamos seguindo alguns passos menores e
211
firmes. Ele não procurou saber o que a secretaria já faz.
• O que o CRV sabe dos perfis e interesses dos professores?
Gestor 2: Temos mensalmente uma coleta de dados referente ao número de pessoas que
entram. Em junho tivemos 1.251.370 e 13.875.897 pessoas que entraram. Isso é um avanço
muito grande. Começamos com 100.000 e já temos mensalmente mais de 1.000.000 de
acessos.
• O que o CRV sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados?
Gestor 3: A preferência dos internautas é um desafio para a gente conseguir saber e
direcionar os conteúdos. [...]. O CRV ainda não foi lançado oficialmente é como se tivesse
fazendo um teste. Mas a DTAE coordena os 46 NTEs do estado. Em toda reunião do NTE, a
gente recebe essa informação da real utilização. Do último ano para cá temos feito um esforço
de mostrar aos professores que existe um conteúdo já certificado. Precisamos lançar pesquisas
e estatísticas para verificar. Estamos caminhando como mineiro, com bastante calma.
• O CRV está em processo de desenvolvimento e depois vocês pensam numa estratégia
de marketing?
Ainda não temos ferramentas de controle. Vai chegar um momento de interagir. Temos outras
carências. Não adianta avançar demais se não estamos conseguindo suprir as escolas de suas
necessidades básicas como sala de alvenaria, um computadorzinho e uma impressora por
escola. [...].
• O que o CRV sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços
disponibilizados aos processos escolares?
Gestor 3: Voltamos de Monte Carmelo, Uberaba [...]. Nós temos encontros permanentes com
os nossos técnicos do NTE. Eles promovem eventos, mostras, onde comparecem professores
e alunos, para que esses mostrem na prática o que estão fazendo efetivamente com a
tecnologia de um modo geral, com os conteúdos, dentre os conteúdos, os do nosso CRV.
Então, tem relatos, testemunhos, tem muita coisa já documentada. [...]
212
Segunda rodada: Questões sobre CRV e fomento do trabalho docente colaborativo
Gestor 2: O Centro de Referencia do Professor faz parte da Diretoria de Tecnologia
Aplicadas a Educação, da qual eu faço parte. Só que fisicamente ficam longe e não dá para
acompanhá-lo presencialmente. Mas temos uma coordenação do CRV que tem uma paixão
pelo trabalho. Tem uma pessoa muito competente e muito envolvida que é a coordenadora.
Ela consegue passar essa paixão nos seminários, onde trazemos todo o pessoal dos Núcleos de
Tecnologia Educacional. Nesses encontros, a coordenadora fala do CRV, dá informações,
mostra o CRV, mostra as ferramentas, para que eles possam fazer um trabalho, nesse sentido,
com as escolas. Nos nossos encontros, vemos a exposição de trabalhos de pessoas. A gente vê
as trocas de experiências, vê que o nosso trabalho não foi em vão. Não é apenas mais um
portal educacional. É um portal trabalhado que tem a preocupação de atender ao professor e
dar certo em sala de aula. [...] Quando a gente fala do CRV nas escolas, eles falam de forma
muito envolvente. A forma como utilizam os fóruns, o STR, o CBC, os vídeos, as aulas
práticas, o portal atende Brasil, que é uma riqueza de material. Os alunos ficam muito
empolgados de ver aquilo. Eles podem saber que aquilo existe sem sair dali. Sem esse portal
isso não aconteceria. Isso para a gente é importante. A gente tem que caminhar cada vez mais.
Fazer um trabalho mais próximo dos professores. Ao ir a congressos, a gente vê que está
fazendo muito mais.
• O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso
de TICs apresenta como desafios a um portal educacional?
Gestor 3: Nós vamos trabalhar agora com a capacitação, com incentivo. Os fóruns, os blogs.
Temos uma diretoria que cuida da tecnologia e da prospecção. Antes da web 2.0, nos últimos
dois anos estávamos desenvolvendo ferramentas para uso nas regionais e até nas escolas. São
softwares livres. Por exemplo, com a última ferramenta, o joonla, eles aprendem a construção
facilitada de sites. Temos diversas regionais trabalhando com esses sites de forma
administrativa e com interatividade. Alguns documentos como portarias, comunicados que
antes enviavam por papel, por exemplo, a regional de Lafaiete, não envia mais papel e
memorando. Eles já publicam no site da superintendência regional. Você pode entrar no site
da superintendência e ver que tem vinte a trinta pessoas conectadas naquele momento. Já é
um hábito dos nossos diretores entrarem no site para ver se tem alguma novidade na
213
superintendência. Aí já pegam leis, formulários. [...]. Vamos fazer com que cada escola tenha
seu site.
• Qual a diretoria que cuida dessa prospecção?
Diretoria Tecnológica (DETEC). Outra ferramenta é o construtor de blogs, o outpress. Essa é
uma ferramenta para facilitar essa comunicação entre professores e alunos e entre escolas,
pais e alunos. Algumas escolas já conseguem fazer. O outro é o curso à distância que já
passamos para o teste no NTE, para que o professor possa passar reforço para os alunos. Já
estamos usando e ensinando para os técnicos do NTE, diretores de escolas e professores para
terem essa complementação. Todo o trabalho conjunto. Não é só o CRV. E sim todo um
planejamento em cima disso.
• De que forma o CRV se mostra atento à articulação entre fomento do trabalho
docente colaborativo mediado por TICs e projetos pedagógicos escolares?
Gestor 2: Temos todas as diretorias, principalmente de educação básica, de ensino
fundamental e médio, que nos colocam em reunião, o que é necessário inserir para que o
professor seja contemplado e que ele tenha acesso ao que é interessante a ele. O nosso site, da
Diretoria de Tecnologias Educacionais, DTAE, é mais focado ao nosso grupo do NTE.
Quando a gente precisa passar informações para os NTEs, a gente usa o portal. Colocamos
todos os ofícios, trabalhos feitos nas escolas. A gente coloca, indica sites importantes para
completar o trabalho do CRV. Toda informação necessária para que esse pessoal possa
melhorar o seu trabalho e informar às escolas.
• Quais os resultados que o CRV vem obtendo no fomento do trabalho docente
colaborativo mediado por TICs?
Gestor 3: Essa medição não é muito simples. Através da estatística, verifica-se que está
havendo crescimento de acesso. A melhor forma de observar é através do ENEM, PROEB,
PROALFA. São a forma de saber em geral o que está acontecendo com os nossos alunos.
Ainda não está ótimo, mas está crescendo. Estatisticamente, o nível dos alunos está
melhorando. Quantos por cento e se deve a quê? Deve-se a vários fatores. Pode ser o
movimento global de tecnologia, pode ser um esforço específico do diretor de escola, de
investimento nos professores, na alimentação. Temos vários programas acontecendo como
PIP, PAVE. Cada um tem sua parcelinha nessa melhoria. É muito difícil medir qual parcela
214
de melhoria da qualidade do ensino pode ser creditada à tecnologia. Gestor 2: – Nós, da
DTAE, fizemos um questionário para ser aplicado por amostragem nas escolas,
presencialmente, e outra nós vamos disponibilizar no nosso portal, nesse site da DTAE. É
uma forma de poder saber como isso está acontecendo, de um modo mais rápido.
• Esse questionário está direcionado ao todo ou ao CRV?
Ele está focado para o todo, mas tem uma grande parte direcionada ao CRV. Gestor 3: Estive
em Diamantina, visitei as escolas e fiz entrevistas com os alunos. Conversei com eles sobre o
envolvimento com a tecnologia. Tive uma impressão muito boa. Os meninos falaram do
orkut, do Google, das pesquisas.
• O aluno se apropriou desses instrumentos de pesquisa, e o docente mineiro?
Gestor 3: Ele está melhorando bastante. Gestor 2: – No início tivemos bastante resistência:
tinham medo da máquina ocupar seu espaço, medo de não conseguirem fazer o seu trabalho
no computador. Teve muito trabalho de capacitação e sensibilização. A gente conseguiu
quebrar essa resistência. Hoje, eles nos pedem. Nós temos uma demanda de capacitação que
os NTEs não dão conta. Hoje, as escolas nos pedem. Antes a gente oferecia. Nós temos
demanda não só para o professor como também pedidos do inspetor, do diretor e dos
especialistas e até ajudantes de serviços gerais.
Terceira rodada: Questões sobre CRV e promoção do desenvolvimento local
• O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios a
um portal educacional?
Gestor 2: Comentamos sobre os encontros onde eles apresentam seus trabalhos. Ficamos
sabendo que a fonte da informação é através do nosso portal. Gestor 3: A nossa filosofia é
essa aqui. É como se fosse uma antena de retransmissão. A gente cria uma metodologia, um
conteúdo para levar às escolas. Exemplo: A coordenação do CRV tem uma apresentação para
levar às escolas informando como utilizar o portal. Alguém dela se reúne como os nossos
técnicos de NTE, técnicos pedagógicos, e faz uma capacitação com eles para divulgação e
convencimento de usar. Cada técnico vai para suas escolas, reúne os diretores e esses
215
repassam aos professores, até chegar aos alunos. [...]. Gestor 2: Nosso encontro, o Semente,
reúne anualmente os técnicos, e a gente trata de assuntos que eles devem abordar com as
escolas. E um deles é o CRV. [...].
• Vocês têm uma avaliação externa?
Gestor 2: Não temos, mas estamos caminhando para isso. A avaliação que temos é essa do
questionário. Está sendo elaborado para ser aplicado por amostragem. Uma parcela será
aplicada presencialmente, e a outra, pelo portal.
Quarta rodada: Questões gerais sobre a gestão do CRV
Gestor 3: - O CRV é como se fosse um apêndice da diretoria da DTAE, que tem uma certa
autonomia. [...]. Gestor 2: Fisicamente ele ocupa um espaço longe da gente. Sempre temos
reuniões, a coordenadora está sempre aqui. Temos a equipe da DTAE e a equipe do CRV.
Apesar do CRV está ligado à DTAE, estamos separados pelo espaço. Fazemos mensalmente
reuniões. Semestralmente, ocorre a apresentação dos trabalhos do CRV para a DTAE, para o
grupo daqui ficar inteirado. E o nosso grupo também apresenta o seu trabalho para o CRV.
Temos essa integração que, geralmente acontece em julho e em dezembro. Dois momentos de
troca de trabalhos e de experiências. Gestor 3: O desafio é esse. O trabalho do CRV tem
informações muito técnicas e específicas. Precisamos ter profissionais muito capacitados.
Entendendo de tecnologias e do sistema mineiro de educação. A gente não consegue colocar
técnicos contratados lá. Temos parcerias com consultores contratados da FUNDEP.
• Qual foi a contribuição da parceria com a Hartman Regueira?
Gestor 3: Acho que a contribuição maior foi recurso financeiro. Gestor 2: Agilidade. Gestor
3: Com recurso financeiro você consegue contratar consultor, produtores de conteúdo, pessoal
que mexe com essa parte visual do site.
• Então, a formalização dessa parceria foi muito mais pela agilidade?
Gestor 3: Isso.
216
• Quais são os pontos fortes e os pontos fracos na gestão do portal CRV? Que aportes
gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência, a eficácia e a efetividade do
CRV?
Gestor 3: Para se ter um site como esse, tem que ter uma infraestrutura. Por exemplo, ter um
servidor que sustenta milhões de usuários. Tem que ter uma máquina que suporta isso. O
nosso datacenter tem condições de armazenar esses dados e mostrá-los com rapidez. Gestor
2: O outro ponto forte é a simplicidade. É aquele que atende tanto professor da região rural ou
das regiões privilegiadas de Belo Horizonte. [...]. Gestor 3: O ponto fraco é que tem que
melhorar a navegabilidade dele. Tem que melhorar bem. Gestor 2: Temos a preocupação com
o CRV, que é quando o professor entra a primeira vez, ele fica interessado. Buscar cada vez
mais coisas diferentes para incentivar o uso.
Entrevista 3127
Interlocutores: Pesquisadora128 e Professor Mediador do CRV
Primeira rodada: Questões sobre CRV e formação docente continuada
• Descreva o papel desempenhado e atividades realizadas pelo professor mediador do
CRV:
O meu papel é de estar mediando o conteúdo com o qual estou fazendo o trabalho junto com o
orientador. Propiciando aos professores um espaço de estudo e enriquecimento pedagógico. A
gente faz uma pesquisa de conteúdos, por exemplo, nos quais os professores estão tendo
alguma dificuldade. A gente pesquisa em fonte segura, verdadeira. Posta no sistema de troca
de recursos e faz uma chamada no fórum para que o professor veja ali. A gente faz com letras
grandes e bem chamativas para que ele vá ao STR e faça algum comentário. O mediador deve
estar buscando e instigando o professor a discutir, fazendo chamadas para que haja um debate.
127Entrevista realizada no dia 26/07/2010. 128É empregado o destaque textual em itálico para diferenciar e assinalar a interlocução da pesquisadora em relação à interlocução de cada gestor consultado.
217
• Você falou de uma pesquisa que vocês fazem. Como é o desenvolvimento dessa
pesquisa? Como é essa etapa? Essa pesquisa é para quê? Para levantamento de quais
dados?
Em cima dos CBCs a gente busca conteúdos enriquecedores para que o professor possa estar
desenvolvendo o trabalho dele, usando aqueles recursos para melhorar as suas aulas.
• Então é pesquisa de fontes?
Pesquisa de fontes para que ele tenha recursos em mãos, com fontes reconhecidas. O nosso
trabalho todo é em cima do CBC.
• O que faz o professor mediador do CRV no campo da formação docente continuada?
Se o professor está sempre acessando o portal é porque ele está procurando crescer, melhorar
a sua formação naquele conteúdo. Então, a primeira coisa é conscientizar o professor, ir às
escolas, em contato com o trabalho, com o portal. Então, se ele acessa, ele está enriquecendo e
melhorando sua formação.
• Como é mesmo a atuação do professor mediador nesse campo da formação docente
continuada?
Na escola em que estou lotada, é proposto que seja feito um trabalho de duas horas por
semana para trabalhar os professores daquela escola. Então, se você consegue trabalhar com o
professor da sua própria escola, ele vai disseminar para outros espaços. Se a pessoa acredita
na ideia, ela leva e isso cresce. O que é proposto aqui é trabalhar duas horas por semana dessa
forma e o restante das horas em casa e virtualmente.
• Esse trabalho na escola fica restrito aos professores da sua disciplina ou acontece
com os professores como um todo?
Como um todo. É justamente para mostrar a importância do portal e da ferramenta on-line. É
disponibilizado para a gente um computador e vários usuários para que a gente chame os
professores e mostre a eles como é a dinâmica, como é a plataforma e como ela funciona.
Com isso, ele vai ver a importância de estar acessando sempre, buscando, questionando,
enriquecendo os fóruns e crescendo.
• Como está sendo a realização desse trabalho dentro escola, nessa perspectiva e nessa
proposta que os mediadores são orientados a fazer?
Muito interessante, eles falam que nunca ouviram falar. Dizem que é uma riqueza o
218
treinamento. Às vezes, nos comentários, as pessoas pedem sugestões de modelos de aulas, de
textos para enriquecer e dizem que vão trabalhar no projeto tal e pedem-nos sugestões para
enriquecer o seu trabalho. Então, é essa a hora de darmos as dicas. E sugerimos: busque no
portal do MEC, busca no nosso mesmo. Fica aquela troca de conhecimentos.
• Os colegas solicitam o direcionamento de vocês?
Isso. Algum professor fala: vou trabalhar cores com os meus alunos e não sei o que trabalhar.
Quando o professor fala isso, a gente pensa quantas formas tem de se trabalhar isso. A gente
tem a sutileza de mostrar para ele todos os caminhos. Então, a gente posta textos no STR,
agradece e diz para ele que é para continuar assim, buscando mesmo.
• De que forma o professor mediador do CRV procura informar os professores sobre as
possibilidades e vantagens pedagógicas do uso associado das TICs aos demais
recursos didáticos?
O que ele poderia estar usufruindo? Aí entra a questão da construção do conhecimento do
aluno. O professor deve estar ali orientando para que o aluno busque. A gente sugere os sites
para que ele, junto com a turma, monte o seu projeto, [...] usando todas as tecnologias
possíveis. É um trabalho de conscientização mesmo e de mostrar ao professor que ele não é
dono do saber e sim um articulador. Articulamos para mostrar ao professor que o papel dele é
esse junto com o aluno.
• Quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção da formação docente por
meio da atuação do professor mediador?
Ainda tem que haver uma demonstração e conscientização desse trabalho. Muitos professores
não têm acesso e nem conhecimento. Fiquei triste quando fui convidada por uma
coordenadora para formular itens para o banco de itens de avaliação do CRV. Pois, a própria
coordenadora que me propôs, não conhecia o CRV, o fórum. Ainda falta muito para gente
poder ter uma resposta dessas. O pessoal ainda não está consciente, não está tendo acesso. Às
vezes, não tem computador suficiente nas escolas. Os poucos retornos que a gente tem dão
uma grande satisfação. Os professores afirmam estar conseguindo preparar as aulas muito
melhor, mais modernas.
• Você poderia relatar esses retornos que você recebe?
Pelo STR, mesmo no fórum, a gente vê relatos de como foi bom. Como foi válido o trabalho
219
que vocês sugeriram. Sempre tem depoimentos nesse sentido.
• De que forma o professor mediador do CRV se mostra atento à articulação entre
formação docente continuada e projetos pedagógicos escolares?
Normalmente, o professor que é mais estudioso é o mesmo que está buscando práticas
pedagógicas mais avançadas, trabalhar com projetos, não levar a coisa pronta para o aluno e
sim construir. Então, prestamos atenção em quem está estudando mais e melhorando sua
prática pedagógica na sala de aula. Pois, o aluno só tem a ganhar com isso. Se não for através
dessa busca de acompanhar o site, os fóruns, estudos e os portais, o professor estagna e fica
usando somente seu livro didático. Não cresce e o aluno se perde. A gente tem a preocupação
com o trabalho do fórum. Os professores perguntam, sugerem, participam. Os professores
mediadores são acompanhados por orientadores atentos e muito bem preparados. Eles
sugerem formas para a gente estar mediando. O papel do mediador é de incentivador,
articulador. Sempre mostrando caminhos.
• Você está falando do suporte que o professor mediador recebe para realizar seu
trabalho? Sim. E a articulação entre a formação docente e os projetos pedagógicos
escolares?
Quem está atento e se preparando e valorizando a sua formação está utilizando os projetos.
• O que o professor mediador do CRV sabe dos perfis e interesses dos professores?
Através do convívio na escola, temos uma visão maior. Através das respostas aos fóruns. Eles
mostram suas ansiedades e ficamos sabendo onde estão precisando de mais ajuda. Aonde
precisamos buscar conteúdos para enriquecer.
• O que vocês sabem dos perfis e interesses deles?
Eles querem melhorar suas aulas. Querem despertar os interesses dos alunos. Fazer com que
as aulas sejam mais interessantes e prazerosas. Eles às vezes reclamam falta de material. Nem
tudo é tão fácil, de modo a favorecer o professor ficar mais criativo e trabalhar em cima do
interesse do aluno.
• O que o professor mediador do CRV sabe sobre as preferências dos professores com
relação a conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados no portal?
220
Eu não tenho tanto conhecimento do que o professor procura mais. Eu sei que aquela parte
do CBC é muito utilizada. Os fóruns não são muito utilizados, poderia melhorar. O acesso
tem, mas às vezes, ninguém formula uma pergunta.
• O que você supõe que leve as pessoas a se comportarem dessa maneira?
Eu mesmo, para formular e postar uma pergunta, tenho que estudar e, às vezes, as pessoas
não são muito estudiosas. A pessoa tem medo de expor e prefere se acomodar. São poucas
pessoas que colocam. Tem um pouco de falta de interesse e comodismo mesmo. Se você
não se expõe e não mostra o que acha, você nunca vai crescer. Falta coragem.
• Diante da falta de diagnóstico, que estratégias vocês discutem para enfrentar essas
dificuldades?
A gente sempre coloca mensagens de incentivo e agradece todas as contribuições:
continue colaborando, foi excelente. Sempre agradece por todas as contribuições. Tem
uma matéria interessante que um coordenador colocou sobre visitas aos museus e teve
mais de 300 acessos e nenhum comentário. Alguns dizem que foi muito além da
capacidade dos professores. A gente não pode subestimar a capacidade dos professores.
Às vezes, falta um pouco de interesse.
• O que o professor mediador do CRV sabe das mudanças que vêm ocorrendo no perfil
de formação e nas práticas pedagógicas dos docentes a partir do acesso a esse
portal?
A gente não tem dado preciso de mudança. Pressupõe-se que aquele professor que está ali,
tendo contato com pedagogias inovadoras, a prática dele está mudando sim.
Principalmente na construção do conhecimento pelo aluno. O aluno buscando seu próprio
conhecimento. O professor mediando e incentivando para que ele busque mais assuntos de
seu interesse. Tem mudança naquele professor que realmente está mais desenvolvido e
interessado em inovar suas práticas pedagógicas.
• Você poderia identificar melhor essas mudanças e em que contexto elas ocorrem?
Eu acho que através das pesquisas. Deixar que os alunos pesquisassem mais. Que ele tenha
essa liberdade e não deixá-lo limitado. Como você percebe a mudanças nas práticas? Ainda
tem muita coisa tradicional. Está tendo mudanças, principalmente nas pesquisas, por exemplo,
221
o aluno pesquisa e apresenta através do teatro e de maneiras diferentes. São coisas bem
diferentes do que ocorria antigamente.
Segunda rodada: Questões sobre CRV e fomento do trabalho docente colaborativo
• O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de
TICs apresenta como desafios ao professor mediador de um portal educacional?
Postar textos e trabalhos de interesse e da atualidade e que, realmente, provocam dúvidas e
vão ajudar. Por exemplo, experiências pedagógicas que a gente acredita que são mais
modernas. Então, eles irão em cima daquilo buscar alguma coisa também. A gente tem a
preocupação de estar sempre postando. E gastamos, às vezes, de uma a duas semanas para
postar. Eu apresentei três matérias ao meu coordenador e ele rejeitou dois e aceitou uma.
Precisa de muito estudo. Selecionar algo com fonte verdadeira e de interesse geral e pertinente
à disciplina. Temos toda a responsabilidade e respeito com o professor. É muito estudo.
• E ao trabalho docente colaborativo com os demais professores, o que é um desafio
para você professor mediador?
A gente está sempre colocando chamadas no fórum para que o professor bata o olho e se
interesse e busque os conteúdos nos sites que tenham coisas significativas. Que o conteúdo
que ele encontre faça sentido para o seu trabalho. Tem que ser tudo contextualizado,
principalmente baseado nos CBCs de cada disciplina.
• O que faz o professor mediador do CRV para estimular o trabalho docente
colaborativo por meio do uso de TICs?
Ele faz o trabalho na escola junto com os professores e nos fóruns, sempre incentivando e
agradecendo a participação. Não tem outro meio [...].
• Tem outros espaços para divulgar a não ser a própria escola?
Não temos, a não ser que apareça. O site da educação sempre realiza chamadas relacionadas
ao fórum, incentivando as pessoas a entrarem, conhecerem e participarem.
222
• O site da Secretaria da Educação ou portal do CRV?
Os dois: o site e o portal. Qualquer coisa que a gente posta, eles pedem para mandar para eles
divulgarem. Você pode ver exemplos de como um professor de história fez determinado
trabalho. Eles divulgam lá nos fóruns. O espaço que temos é esse.
• Qual espaço e qual área?
É o espaço de jornalismo do CRV. A gente manda e posta os tópicos que já estão
selecionados e aprovados pelo coordenador. Eles retiram a enquete não sei por que, sobre o
CRV. Eles vão ainda divulgar o resultado.
• Você falou muito da atuação do professor orientador. E eu gostaria que você falasse
um pouco mais da atuação desse profissional junto de vocês professores mediadores.
É um professor que tem uma formação reconhecida. Ele me convidou para selecionar a
matéria. Então a gente passa para ele e ele analisa e aprova ou não. A gente passa por e-mail e
ele analisa e retorna, dizendo se achou ou não pertinente, justifica por que e isso nos convence
na hora. A gente tem esse suporte. A gente tem uma responsabilidade muito grande, porque
tem que passar para ele coisas significativas. Ele orienta a procurar um assunto que os
professores precisam. [...]. Sozinhos, não daríamos conta. A gente faz a busca do conteúdo e
ele está lá para filtrar.
• Como você se direciona para, você se apóia para fazer a seleção de algo pertinente?
Eu tentei por sites. São poucos que conseguimos a fonte verdadeira. As vezes é estudo do
livro. Eu passei para livros. A gente estuda bastante para verificar qual assunto irá ajudar aos
professores. É como uma pesquisa mesmo. Tem que citar a página, o autor, fonte e tudo.
• Qual o termômetro para você saber se realmente está pertinente ao interesse
professor ou não?
Pelo CBC, por meio dos eixos temáticos que ele tem que trabalhar com os alunos. Os alunos
têm que saber aquilo. Esse aluno tem que saber um pouco de cada eixo, tem que se
desenvolver. A gente vê que aquele assunto o professor precisa. Então, a gente pesquisa sobre
esse assunto para enriquecer e dar aulas mais interessantes.
• Vocês direcionam para aqueles tópicos estabelecidos?
Isso. Quando postam lá no STR tem todo o esquema de colocar qual o eixo e até tempo de
duração, por exemplo, quantas aulas. Tem todo um roteiro.
223
• Então você posta a sugestão para o professor. E o professor tem postado as suas
sugestões também?
Eles fazem comentários e podem colocar sugestões e experiências também. Eles podem postar
passando por mim e pelo orientador. O orientador pode publicar. [...]. Estamos tentando
envolvê-los mais e mais.
• De que forma o professor mediador do CRV possibilita a manifestação de opiniões e
posicionamentos dos professores?
Tem um espaço de comentários. Exemplo: a gente coloca no STR a sugestão de aulas, roteiros
e texto de referência para desenvolver tais assuntos. Fica aberto para comentários lá no STR e
nos fóruns também. Ele pode pedir mais ajudas, comentar o que foi bom ou que poderia
melhorar.
• Primeiro vocês analisam e depois decidem? Como é essa decisão?
Eu tenho autonomia para decidir se vai a público ou não. Mas, temos o respeito e a confiança
no coordenador. A decisão é conjunta. Temos que ver que repercussão vai dar no todo. A
responsabilidade é muito grande. Se vai a público é porque pode seguir.
• Quais as condições oferecidas ao professor mediador do CRV para a seleção de
fontes de informações, ferramentas e suportes tecnológicos com os quais poderá
trabalhar?
Através de sites, de livros de pesquisas. Eles nos oferecem através do uso de computador,
internet e espaço virtual. Não existe nada pronto. Nós que temos que buscar. É através de
pesquisa mesmo.
• E o professor orientador, como ele age nesse aspecto relacionado a fontes e
ferramentas?
Ele está sempre passando para gente. O papel dele é valioso. Ele fala, por exemplo, de
determinado assunto e relaciona qual o site devemos buscar.
O orientador dá esse suporte?
Exemplo, uma professora mediadora postou um assunto e o orientador dela sabia de tudo
sobre esse assunto. Era sobre um filme e ele indicou o site e o espaço em que o texto se
224
encontrava, acrescentando sugestão de fontes para enriquecer o que a professora havia
passado de forma mais enxuta. [...].
• De que forma o professor mediador do CRV fica sabendo dos resultados de sua
atuação profissional sobre o fomento do trabalho docente colaborativo mediado por
TICs?
A gente recebe todo mês um formulário para a gente preencher, relatando sobre nossa atuação
no fórum todo. Se eu postei um roteiro, se fiz um comentário.
• O formulário é um relatório?
Ele está bem esquematizado. O mediador sabe o que fez. Ele é mensal. Eu sei o eu que fiz. Eu
registro e mando para o orientador. Ele sabe de todo o meu trabalho. O que foi realmente
constatado no espaço. O comentário que eu fiz ou acrescentei, o que passei ao orientador, o
que ele aprovou e o que não aprovou. A nota e a aprovação a gente não sabe.
• Como você professor mediador fica sabendo dos resultados de sua atuação
profissional sobre o fomento docente mediado por TICs na escola?
Eu não sei. O que está repercutindo lá na escola eu não sei. O CRV ainda não tem como ter
esse retorno.
• Vocês discutiram a respeito dessa possibilidade?
Não. É interessante, não é? Teria que ser uma estatística das escolas. Está muito solto ainda.
Seria até um motivo para eles se interessarem mais. Sabendo que teria um apanhado do que os
professores estão fazendo.
• Quais os resultados que o CRV vem obtendo no fomento do trabalho docente
colaborativo mediado por TICs por meio da atuação do professor mediador?
Realmente, se não tem um dado de como está sendo lá na escola, esse retorno também não
temos não. Não tem como saber a repercussão do trabalho da gente.
• De que forma o professor mediador do CRV se mostra atento à articulação entre
fomento do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e projetos pedagógicos
escolares?
225
Está atento a estar levando conteúdo que melhore esse projeto. Que os professores saiam um
pouco do tradicional e inovem mais. E que esses alunos tenham mais acessos aos laboratórios
de informática nas escolas. Que eles pesquisem mais. A única maneira é incentivar através do
fórum esse tipo de estudo. Eles reclamam que não tem material e como vão poder trabalhar
aquele conteúdo somente com giz. Reclamam de falta de estrutura e materiais. Ficamos
atentos, mas não há muito que fazer em alguns casos de escolas que não estão estruturadas
ainda. Temos escolas com os laboratórios encaixotados ainda. Os professores mais criativos
dão um jeito e buscam. A gente fica incentivando e mostrando caminhos mesmo sem
material, que sejam mais criativos e melhore as soluções de ensino para os alunos, porque
hoje os alunos estão muito mais exigentes e cobram muito.
• Você está falando sobre a falta do material? Como você percebe isso na escola? Que
material?
Para começar: os laboratórios de informática. Eles estão lá, porém não há preocupação da
diretoria da escola em colocá-los para funcionar como uma opção para os alunos e professores
utilizarem. Ficam fechados. Então não tem acesso para o professor. O professor está lá na sala
de aula, sentadinho e está dando muito trabalho. Isso eu vejo e me dói muito. Não
disponibiliza o computador para o professor para ele não ficar entrando em outros sites. Um
controle que não deveria existir. O governo tem colocado as coisas nas escolas, porém
infelizmente os diretores, por comodismo, acham que é melhor não dar acesso para eles não
reivindicarem. Existem escolas que as coisas acontecem, mas são poucas.
Terceira rodada: Questões sobre CRV e promoção do desenvolvimento local
• O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios
ao professor mediador de um portal educacional?
O desafio é que os professores acessem, se interajam, façam acontecer, comentem e cresçam.
Às vezes, fica conteúdo com três ou quatro acessos e a gente incentiva e não tem
envolvimento. A gente procura coisas mais interessantes para ver se chama atenção. Mas é
um desafio muito grande buscar esse envolvimento.
226
• Você, professor mediador do CRV, atua na perspectiva de agente promotor do
desenvolvimento local? Como se dá a atuação?
Desenvolvimento local é o desenvolvimento daquele espaço do portal? Espaço da escola e da
educação. Sim, desde que a gente está procurando, buscando, pesquisando conteúdo e
inovando para que o professor se interesse e melhore sua aula, desenvolva projetos, a gente
atua sim. É difícil, por que a gente trabalha com o imaginário e, às vezes a gente não sabe o
que está acontecendo em cada escola. É uma abrangência estadual. Essa é a preocupação
maior com a pesquisa.
• Como se dá essa atuação na perspectiva do desenvolvimento local?
Essa busca de sugestões interessantes que venham se encaixar na turma, no contexto do
momento. Estar sempre atento às tendências do momento. Por exemplo, na época da copa,
vamos partir por essa motivação. Vamos ver o que nesse conteúdo pode ser desenvolvido
dentro dos CBCs e dos seus eixos. Essa preocupação é constante.
• De que forma o professor mediador do CRV se mostra atento à perspectiva de tornar
os professores agentes do desenvolvimento local, tornando-os multiplicadores do uso
das TICs em espaços escolares e não escolares?
É o que eu disse: sempre postar assuntos interessantes para que aquele que viu passe para os
outros. Postar assuntos que tenha ligação com a realidade, com a necessidade, através da
ajuda do orientador.
• Você percebe nesses usuários participantes demandas de orientação para utilizar
algum recurso tecnológico em suas aulas? Vocês sugerem roteiros de atividades?
Como isso se dá?
Se o professor já tenha condição, por exemplo, de fazer estudo de um filme, se ele pode
providenciar a cópia do filme e levar, a gente está sempre sugerindo e nivelando para mais. A
gente não fala que não tem as coisas. Estão tendo recursos nas escolas. Hoje em dia, está
tendo multimídia nas escolas.
• Como é essa sugestão? Somente sugestão da fonte?
Estou trabalhando tal conteúdo, o que me sugere? Sugiro site da educação, do MEC. Pesquiso
e cito o site. O nome para que ele possa ter mais interesse onde deverá buscar. O orientador
227
nos orienta a não fazer o plano de aula, roteiro de trabalho e sim dar sugestões. Ele tem que
buscar.
• De que forma você, professor mediador, fica sabendo dos resultados de sua atuação
profissional sobre o desenvolvimento local?
Pelos comentários que são sempre gratificantes: como minhas aulas melhoraram a partir desse
tempo que estou consultando o CRV e o fórum! Enfim, são eles que dão o retorno. É dessa
maneira que ficamos sabendo. Eles acharam o caminho. É através do fórum, não tem outra
estatística.
• Na sua percepção quais os resultados que o CRV vem obtendo na promoção do
desenvolvimento local por meio da atuação do professor mediador?
Sempre as escolas que têm acesso, em que os professores são conscientes e estão buscando, o
ensino está melhorando. Os professores estão sentindo a obrigação de buscar coisas novas. Se
ele tem o hábito de estar acessando, ele vai mudar sim. Sempre tem assuntos atuais e todos
eles são de interesse dos professores. Todos os mediadores postam coisas muito boas. O
resultado é pelo tanto de acesso. São todos aqueles que aprofundam, que acrescentam,
sugerem e questionam. Para o querer questionar, ainda falta muito. Eles querem as coisas
prontas. Eles não comentam muito no STR. Lá tem roteiros de trabalho.
Quarta rodada: Questões gerais sobre a gestão do CRV
• Como se dá a relação entre o professor mediador e os demais agentes envolvidos na
gestão do CRV?
É uma relação próxima, muito bacana. Os e-mails que eles passam são muito pessoais.
Quando estamos em reunião também é muito tranquilo. É uma equipe. A gente se sente na
equipe também.
• E a freqüência desses encontros presenciais?
Quando entrei estava suspenso esses treinamentos por um mês, porque tinha que instalar
equipamentos. Agora que retornei, tive que pedir para instalar de novo. Foi tudo por troca de
228
e-mails. Foi tranquilo. Marquei reunião com o orientador para ele passar tudo. Foi bem
informal.
• Vocês têm momentos nos quais se encontram todos os mediadores e orientadores?
Foram vários encontros com a subsecretária da Subsecretaria de Informações e Tecnologias
Educacionais no Othon, com a equipe e com laboratório montado para trabalharmos, a gente
com o orientador e os técnicos todos nos orientando. Foram três encontros. O resto é contato
por e-mail.
• Você tem contato com outros mediadores e os demais orientadores?
Não. Foi somente nesses encontros grandes, com o grupo todo. Há momentos de trocas de
experiências entre vocês? Não.
• Como você percebe que o CRV na busca de condições necessárias para que você
professor mediador seja bem sucedido com relação às finalidades e objetivos da sua
atuação profissional?
Eles nos dão toda a liberdade de estar sempre procurando por eles e nos fortalecendo. Eles nos
deixam à vontade. O CRV não interfere no trabalho em si. Eles têm o controle através dos
relatórios mensais e estão sempre elogiando e apoiando. Estão vendo os acessos e o que
estamos postando. Parece uma família! É muito bacana como eles coordenam o trabalho!
• O que você professor mediador do CRV sabe da avaliação dos usuários deste portal
sobre a qualidade do mesmo?
A gente não sabe. Se estiver tendo pouco acesso, a gente logo faz a crítica ou se teve muitos
acessos, mas não teve comentários nenhum, é porque tem alguma coisa errada também. A
gente faz uma autoavaliação e procura melhorar.
• Do portal como um todo?
Nunca tive retorno. Não sei o que eles têm. É lógico que eles fazem essa análise também.
Mas, nunca tive retorno. Parece que é uma coisa que está nascendo. Temos que ter muito
cuidado para não agravar lado nenhum. É uma dedicação mesmo! São poucas as pessoas que
querem, porque têm que estudar, se esforçar, passar horas e horas no computador. Eles têm
229
muito cuidado e muito carinho com o pouco que estão construindo! Tenho esperança que
cresçam.
• Na sua percepção, quais são os pontos fortes e pontos fracos na gestão do portal
CRV?
O ponto forte é essa liberdade de ação, o respeito ao profissional no seu conhecimento e no
seu conteúdo. É essa ponte entre orientador e o mediador. Eles depositam confiança muito
grande. A pessoa só trabalha com desafio e motivação. O ponto falho ainda é falta de
estrutura e de dados. A gente trabalha muito no escuro. É como jogar sementes ao vento. Sabe
lá como está sendo a captação lá na escola. Se tivesse uma estrutura melhor... Se tivesse um
retorno... Que bom seria que mandasse para o próprio orientador e o mediador!
• Que aportes gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência e eficácia do CRV?
Esses aportes seriam uma estrutura melhor no CRV mesmo. E que eles tivessem um respaldo
maior. Que tivesse uma cobrança. Que a escola desse retorno.
• Como você pensa que poderia ser feito isso?
Através de relatórios sobre quais os professores estão acessando realmente.
• Relatórios feitos por quem?
Pela supervisão da escola que acompanha os professores nas escolas. Que chegasse ao CRV
quais as escolas estão valorizando. Deveria ter uma cobrança.
• Quais as maiores dificuldades e desafios enfrentados por você, professor mediador,
no exercício de sua função?
Falta de tempo de sentar com esse orientador. Aonde buscar, saber o que ele realmente
precisa.
• Dificuldade de comunicação?
É sim. De estar mais próximo.
• Encontro presencial?
Presencial mesmo. A gente se relaciona por muito por e-mail. A gente sente falta de uma
reunião mensal. Ele me falou somente por e-mail e eu achei que fica muito solto. Sinto falta
do encontro.
230
• Que aportes gerenciais inovadores permitiriam a você professor mediador superar
com maior facilidade tais desafios e dificuldades no exercício de sua função?
No CRV mesmo. Que fossem mais voltados para a equipe. Que tivesse mais encontros
periódicos e presenciais.
• Você gostaria que tivesse maior número de encontros programados?
Que tivesse sistematizado por mês, um encontro com o meu orientador ou esses maiores para
ter trocas de experiências com os outros. A gente fica muito sozinho! Às vezes, está
acontecendo umas coisas melhores com os outros e a gente poderia ficar sabendo e estar
inovando.
Entrevista 3129
Interlocutores: Pesquisadora130 e Técnico Pedagógico do NTE
Questões gerais sobre a relação CRV / NTE no campo da formação docente continuada,
trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local
• Descreva o papel atribuído ao NTE e as atividades desenvolvidas no âmbito de sua
atuação:
São dois grandes objetivos do NTE. Um, é dar manutenção em máquinas e a instalação de
softwares e hardwares e o outro é capacitar para uso dos softwares.
• Você poderia descrever alguma dessas atividades que são desenvolvidas pelo NTE
para cumprir esses objetivos?
Na parte do suporte, as escolas ou algum setor da superintendência solicita suporte. Na parte
de capacitação, a gente atende às diretrizes do órgão central, lá na Diretoria de Tecnologias
Aplicadas à Educação, eles nos orientam a dar a capacitação específica para cada área.
Capacitações instrumentais, como uso do editor de textos, editores de planilhas e de slides.
129Entrevista realizada no dia 28/07/2010. 130É empregado o destaque textual em itálico para diferenciar e assinalar a interlocução da pesquisadora em relação à interlocução de cada gestor consultado.
231
• No caso da capacitação, vocês não recebem demanda da escola? Vocês já têm as
diretrizes?
Ainda não temos condições de atender a escola. Éramos cinco funcionários e agora somos
dois.
• O que faz o NTE no campo da formação docente continuada, trabalho docente
colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local?
O curso voltado para formação docente continuada é o curso do PROINFO, do governo
federal. É um curso tecnologias de educação, Ensinando e Aprendendo com as TICs. Está
sendo oferecido a onze pessoas da rede municipal, em cinco municípios envolvidos. Estão
trabalhando com as teorias da educação na área da tecnologia. Para professores da rede
estadual, estamos oferecendo cursos de editores de textos e como navegar na internet.
Estamos ensinando como ele formata um texto e como pesquisa na internet temas voltados
para a área educacional.
• O que o NTE sabe das facilidades e dificuldades dos docentes quanto ao acesso,
manuseio e incorporação das TICs à sua atuação profissional?
Não temos dados concretos para afirmar. Quando temos contatos com as escolas, ou quando
mandamos ofícios para escolas para os professores fazerem inscrições, tivemos um resultado
muito grande de pessoas querendo aprender, por exemplo, a utilizar o editor de texto que é
uma coisa fácil. Tivemos muitas inscrições de professores. Isso leva a gente a acreditar que os
professores não estão utilizando essa ferramenta ou conhecem pouco essa ferramenta para
prática pedagógica. Ferramenta: computador e internet.
• De que forma o NTE procura informar aos professores sobre as possibilidades e
vantagens pedagógicas do uso associado das TICs aos demais recursos didáticos?
Nós não conseguimos chegar aos professores ainda. O número é muito grande. São apenas
dois técnicos. No mês de junho, fizemos uma sensibilização para diretores, vice-diretores e
especialistas em educação das escolas estaduais. Nós tivemos um contato com esse grupo para
falarmos sobre o uso e a inclusão das TICs no projeto pedagógico da escola, que é uma forma
de garantir que o uso vai ser concretizado. Tentamos fazer uma socialização de experiências
para verificar o que as escolas estão fazendo.
232
• Estas pessoas recebem alguma orientação de repasse dessas informações?
Nosso objetivo era sensibilização. E nós não determinamos que ela tem que fazer isso. Nós
sensibilizamos para que elas recorram aos sites, textos e teorias para que possam ajudá-los no
uso das tecnologias no processo pedagógico.
• De que forma o NTE procura informar aos professores sobre as possibilidades e
vantagens pedagógicas do uso associado das funcionalidades e serviços
disponibilizados no CRV aos demais recursos didáticos?
Fizemos uma capacitação 2006, que estava vinculada à resolução 666 de 2005, que trazia
obrigatoriedade das CBC. Nós fomos às escolas e fizemos reuniões com professores,
diretores, vice-diretores, especialistas em educação, mostrando que estava chegando o CRV e
como eles iriam acessar o CBC na internet. Mostramos os caminhos onde estavam o CBC e as
funcionalidades. Continuamos passando as informações através de um blog da Secretaria de
Educação. E repassamos também por meio de ofícios para as escolas. Retomamos isso na
sensibilização. Mostramos novamente o CRV aos diretores, vice-diretores e especialistas que
estavam presentes, salientando que o portal existe para dar suporte ao professor na
implementação do CBC na escola. Esperamos que a partir de agora, que depois dessa reunião,
que isso chegue mais concretamente às escolas e que o professor possa utilizar.
• O que o NTE sabe dos perfis e interesses dos professores?
É muito difícil falar sobre isso. Eu sei que existem professores com conhecimentos
avançadíssimos em relação ao uso de tecnologias. Nessas reuniões, nós ouvimos depoimentos
de professores que utilizam espécie de fóruns para discutir conteúdos com os alunos, trocam
mensagens por e-mails com os alunos. Parece ainda muito pouco no universo de professores.
A maioria dos professores não utiliza muito os laboratórios de informática. Não utilizam essas
ferramentas para pesquisas. A informação que temos é de que ainda é muito pouco utilizado.
Os professores não têm uso rotineiro.
• O que o NTE sabe sobre as preferências dos professores com relação a conteúdos,
ferramentas e serviços disponibilizados no portal CRV?
Pelo que ouvimos em reuniões, eu concluo que eles estão utilizando muito pouco o CRV.
Talvez, eles estejam utilizando o CRV para outras funções como divulgação de cursos,
divulgação de eventos. Quanto à funcionalidade de trabalhar conteúdos curriculares, a
utilização é pouca.
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• O que o NTE sabe das incorporações dos conteúdos, ferramentas e serviços
disponibilizados no CRV aos processos escolares pelos docentes?
Alguns professores informaram durante as reuniões que já utilizaram orientações pedagógicas
e roteiros de atividades, mas alguns poucos. Alguns disseram que gostaram. Outros que não
gostaram. Eles colocaram que alguns desses objetos são possíveis de serem utilizados e que
outros não, tendo em vista a realidade das escolas.
• O que o NTE sabe das mudanças que vêm ocorrendo no perfil de formação e nas
práticas pedagógicas dos docentes a partir do seu acesso ao portal CRV?
Em relação ao portal CRV, eu não tenho informação. Eu faço outro curso de tecnologia da
educação que é uma pós-graduação lato senso. Muita coisa eu descobri no curso. Por
exemplo, tem sites que trazem vídeos pedagógicos para trabalhar conteúdos curriculares e
muita coisa. Em relação ao CRV, eu não sei te dizer como os professores estão utilizando.
• O que o NTE sabe das facilidades e dificuldades dos docentes no acesso, navegação e
incorporação das funcionalidades e serviços disponibilizados no CRV à sua atuação
profissional?
Como tem professor mediador dos fóruns e do STR, a gente imagina que tenha professores
que estejam acessando para conhecer. Não temos dados concretos para afirmar. A gente
manda ofícios explicando, mas não acredito que estejam utilizando rotineiramente. A situação
das escolas é diferente do NTE. O tempo escolar não permite, é muito rígido e assim é difícil
de ser flexibilizado lá na escola. Não acredito que os professores estejam acessando fora do
horário de trabalho. Eles não podem sair da sala de aula para acessar, para conectar, o que
dificulta também.
• O que a necessidade de estimular o trabalho docente colaborativo por meio do uso de
TICs apresenta como desafios a um portal educacional?
O principal é conseguir tempo para capacitação em serviço. A maior dificuldade dos
professores é a questão tempo. Quando tem alguma capacitação, ele precisa disponibilizar
tempo fora do horário de trabalho. A gente sabe que a realidade do professor hoje é no
mínimo dupla jornada. Fica muito difícil para ele.
• O que a necessidade de promover o desenvolvimento local apresenta como desafios a
um portal educacional?
Tem muitas realidades. Tem escolas que não têm internet. Têm locais em que o acesso é por
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meio da rural web, que é lento. A outra questão é o tempo mesmo. Os professores alegam que
não têm tempo para fazer essa pesquisa mais detalhada, mais aprofundada para selecionar
objetos didáticos e de aprendizagem. O professor precisa de tempo para ler, ouvir. Por
exemplo, os vídeos, eles precisam de tempo para assisti-los, selecioná-los e apropriar aquilo
em suas práticas pedagógicas.
• O que o NTE sabe da avaliação dos usuários desse portal sobre a qualidade do
mesmo?
Nós não temos essa informação.
• Como se dá a relação entre o NTE e os demais agentes envolvidos na gestão do CRV?
O NTE está subordinado à Secretaria Estadual de Educação. Nós só repassamos para a escola
o que vem da secretaria. Nós não temos autonomia para criar, para modificar ou para
apresentar nada novo para as escolas.
• O NTE está ligado a que órgão da secretaria?
Nós atendemos às demandas vindas da Diretoria de Tecnologias Aplicadas à Educação.
Nossos planejamentos para atendimento às escolas são feitos a partir do que a DTAE
seleciona. Essa reunião de sensibilização feita em junho foi demanda do órgão central. De
certa forma, há um consenso de que as escolas estão utilizando pouco.
• Quais são os pontos fortes e os pontos fracos do portal CRV?
Não posso fazer essa avaliação. Não tenho dados. O nosso trabalho é voltado para o CBC.
• Que aportes gerenciais inovadores permitiriam elevar a eficiência, a eficácia e a
efetividade do CRV?
Seria uma avaliação da funcionalidade. Primeiro seria ouvir das escolas o que elas acham que
deveria ser modificado. Se, se tem um portal que, às vezes, as pessoas não estão utilizando, a
gente não sabe como proceder. Existem outros portais que o CRV poderia seguir o modelo. O
portal do professor do MEC, por exemplo, tem mais recursos do que o CRV. Tem recursos
riquíssimos de vídeos, por exemplo, na geografia.
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APÊNDICE C – AMOSTRA/2009 DE MANCHETES DA SEÇÃO NOTÍCIAS DO CRV
QUADRO 17 - Informações Relacionadas às Ações Vinculadas ao CRV e Conteúdos Adicionados nas Diversas Áreas do Portal
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Continua...
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1) 21/12/09 - CIÊNCIA VIVA
Professor, você já assistiu aos vídeos de Ciências (EF) disponíveis na Biblioteca Virtual do CRV? São produções muito bem feitas e de alto padrão didático, para que você possa usar e abusar das tecnologias da educação, tornando suas aulas mais dinâmicas e informativas. Acesse os vídeos no menu à esquerda da página principal ou clique aqui. O acesso é irrestrito. Cada título possui 3 vídeos em sequência
2) 11/12/09 - Novidade! Conheça os cursos gratuitos de Inglês e Francês disponíveis aqui, no Centro de Referência Virtual do Professor
Acesse e depois nos dê a sua opinião!
3) 10/12/09 - CIÊNCIA VIVA
Professor: você já assistiu aos vídeos de Ciências (EF), disponíveis na Biblioteca Virtual do CRV? São produções muito bem feitas e de alto padrão didático, para que você possa usar e abusar das tecnologias da educação, tornando suas aulas mais dinâmicas e informativas. Acesse os vídeos no menu à esquerda da página principal ou clique aqui. O acesso é irrestrito. Cada título possui 3 vídeos em sequência
4) 02/12/09 - Lucienne de Castro Silva, professora mediadora do Fórum de Língua Inglesa reuniu um grupo de professores da regional de Coronel Fabriciano para apresentar os Conteúdos Básicos Comuns (CBC) de Língua Estrangeira, o Fórum de Discussão, o Sistema de Troca de Recursos Educacionais (STR), as Orientações Pedagógicas, além de outros materiais e ferramentas disponíveis no CRV
Veja as fotos do encontro
5) 17/11/09 - semente Nome do encontro que reuniu quase 100 técnicos dos Núcleos de Tecnologias Educacionais de Minas Gerais (NTE), que atuam diretamente nas escolas, capacitando os professores
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QUADRO 17 - Informações Relacionadas às Ações Vinculadas ao CRV e Conteúdos Adicionados nas Diversas Áreas do Portal
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6) 16/11/09 - III FESTIVAL DE ARTE: "AFROFESTART", de 16 a 19, na Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro, em Montes Claros/MG
Conheça o projeto: O Ensino de Arte na Escola Pública e a Valorização da Cultura Afro-Brasileira Reconhecendo a Produção Artística de Montes Claros". Esse projeto foi enviado pela Profª Amélia Rúbia, Mediadora de Artes do Fórum do CRV
7) 16/11/09 - FÓRUM CICLO COMPLEMENTAR As escolas também fazem literatura!!!
8) 23/10/09 - DICIONÁRIO AURÉLIO - Acesse em nosso portal um dos melhores dicionários on-line do Brasil, totalmente atualizado com a nova ortografia da Língua Portuguesa.
O ícone do AURÉLIO agora encontra-se em destaque na imagem acima. O dicionário oferece um sistema de pesquisa de palavras, um guia rápido da nova ortografia e um material instrucional que auxilia o professor a usar esse instrumento em sala de aula. Esse material foi preparado especialmente para você, professor, aproveitar o Aurélio On-line em suas aulas. Se você atua na rede pública estadual de ensino de Minas Gerais e ainda não realizou o seu cadastro para navegar em todos os ambientes do CRV, não perca essa oportunidade. Clique aqui e cadastre-se..
9) 23/10/09 - Linguagem Algébrica em foco no Fórum de Matemática (EF)
Um dos temas considerados difíceis pelos alunos é a passagem da linguagem escrita ou falada para a linguagem matemática e vice-versa. Quando introduzir essa linguagem? Como dar continuidade a esse estudo? O Professor André Luiz, mediador do fórum de Matemática convida os colegas para essa conversa.
10) 07/10/09 - Enem 2009
.: Prova será nos dias 5 e 6 de dezembro e Polícia Federal vai acompanhar
.: O Ministério da Educação(MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) disponibilizaram em seus portais a prova anulada do Enem/2009 (Exame Nacional do Ensino Médio), para fins de estudo e uso em simulados. Confira as provas! .: Na Sala de Recursos deste portal, o professor encontra as provas comentadas, notícias e estatísticas do Enem. Se você é professor da rede pública estadual e ainda não fez o seu cadastro, clique aqui e cadastre-se agora para a ter acesso a todos os ambientes do Centro de Referência Virtual do Professor
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Conclusão.
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QUADRO 17.1 - Informações Sobre Demais Projetos e Parcerias Interinstitucionais da SEE-MG
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1) 16/12/09 - Estado de Minas possui o maior programa de inclusão digital e social do país
Rede de Formação Profissional Orientada pelo Mercado (RFPOM) conta hoje com 4,5 mil microcomputadores conectados
2) 16/12/09 - Programa Valores de Minas estreia espetáculo “Metrópole”
A temporada do espetáculo “Metrópole” vai de 10 a 20 de dezembro (quinta a domingo). Entrada é gratuita, mediante a entrega de 1kg de alimento não perecível. Apresentações realizadas para escolas públicas
3) 09/11/09 - Governo de Minas cria Observatório de Inclusão Digital Iniciativa inovadora sistematiza, em um único portal, informações de diversos órgãos e
entidades, regionais e nacionais, relacionados à inclusão digital e social
4) 23/11/09 - Programa de Educação Profissional (PEP/2009) Veja a data do exame de seleção dos candidatos
5) 30/10/09 - Projeto Foco volta às escolas para estudar as águas de Belo Horizonte Este ano, cinco escolas públicas estaduais participam do Projeto
6) 09/09/09 - Seleção de jovens para o Plug Minas Serão oferecidas 1180 vagas gratuitas para o próximo ano. Incrições a partir de 21 de setembro.
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Continua...
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QUADRO 17.1 - Informações Sobre Demais Projetos e Parcerias Interinstitucionais da SEE-MG
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Conclusão.
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7) 21/08/09 - Educação Ambiental A Secretaria de Estado de Educação, em parceria com o Projeto Manuelzão, oferece um curso de capacitação sobre Gestão de Projetos em Educação Ambiental aos professores das escolas estaduais de Belo Horizonte, que estão inseridas na sub-bacia do Ribeirão Arrudas/Bacia do Rio das Velhas
8) 31/07/09 - PRO-CIÊNCIA 2009 Professores de Ciências e Matemática, do 2º ao 5º ano do ensino fundamental, que não atuam em escolas pré-selecionadas, interessados em participar do programa de capacitação Pró-Ciência, devem entrar em contato com a equipe organizadora. Veja como
9) 16/07/09 - Alunos do EJA serão beneficiados pela nova modalidade do PEP Programa de Educação Profissional de Minas Gerais oferecerá cursos para 24 mil
alunos do EJA
10) 29/06/09 - Proalfa 2009 Estudantes começam a ser avaliados hoje, 29
11) 26/05/09 - Escola Viva Comunidade Ativa Educadores do Projeto discutem trabalhos voluntários nas escolas
12) 07/05/09 - EDUCAÇÃO ESPECIAL - CICLO DE PALESTRAS 2009 Espaço para reflexão sobre os transtornos do desenvolvimento, como a dislexia, o
autismo e a paralisia cerebral. Venha diálogar com a área de saúde
13) 15/04/09 - Capacitação de Professores em Ciências e Matemática dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental - Prociência Inscrições abertas! Clique aqui para mais informações
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QUADRO 17.2 - Informações Sobre as Escolas Estaduais
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Continua...
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1) 18/12/09 - Jovens da Escola Estadual Armando Santos, de Araxá, levam alegria a idosos
Projeto “Idosos... Seremos um Dia”, ajuda o Lar Ebenezer, que abriga 28 pacientes, a maioria idosos
2) 17/12/09 - Escola Estadual São Geraldo, de Curvelo, desenvolve o projeto "A Língua Portuguesa está doente. Qual a solução?" e realiza o 1º CRIARTE, evento que teve música, dança e muita criatividade
Confira!
3) 17/12/09 - Coral da Escola Estadual Helena Pena embala comemorações de Natal Integrantes do coral da instituição de ensino, 25 crianças entre 6 e 11 anos vão
comemorar o fim do ano letivo cantando
4) 15/12/09 - Grafite decora muros da Escola Estadual Silviano Brandão, em Belo Horizonte
A direção firmou uma parceria com o Coletivo In Graffiti, um grupo de grafiteiros de Belo Horizonte, que vai dar nova vida aos muros da escola
5) 10/12/09 - Aluna de Viçosa vence concurso de redação ALMG vai premiar ganhadores em evento com show de Gabriel o Pensador
6) 04/12/09 - Escola pública mineira premiada
.: Escola Estadual Doutor Luiz Pinto de Almeida, de Santa Rita do Sapucaí, ganha Prêmio Referência Nacional de Gestão Escolar .: Assembleia Legislativa de Minas Gerais homenageia escola que se tornou referência nacional
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QUADRO 17.2 - Informações Sobre as Escolas Estaduais
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Conclusão.
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7) 02/12/09 - PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL - Cerimônia de entrega da premiação acontece dia 3, em Brasília
Destaque para a professora de Geografia do ensino médio, Andréa Regina Mello Fonseca, da Escola Estadual Madre Carmelita, de Belo Horizonte/MG
8) 20/11/09 - Aluna da Escola Estadual Quinto Alves Tolentino, da cidade de Cláudio/MG, ganha prêmio no II Concurso de Redação do Senado Federal
Gabriela Vilaça Alves ficou em terceiro lugar, com a redação “Muito Prazer, Sou Cidadão de uma República Chamada Brasil”
9) 19/11/09 - Veja a bonita e espontânea homenagem que o aluno Mozer Lopes de Freitas, calouro da UFMG no curso de Arquitetura, fez à professora Maria Faustina Lemos, a "Dona Dedy", da Escola Estadual Zico Barbosa, de Onça do Pitangui (MG)
É o emocionante reconhecimento do talento de uma professora alfabetizadora que pautou a sua carreira no compromisso com a educação e ajudou muitos alunos, como Mozer, a crescerem com sabedoria e afeto. Não deixe de ler!
10) 12/11/09 - Destaque Brasil em Gestão Escolar Escola mineira ganha prêmio que incentiva um processo de melhoria contínua da escola e uma cultura de autoavaliação escolar
11) 03/11/09 - Escolas estaduais iniciam projeto de sustentabilidade As escolas Manoel Soares do Couto, Carlos Góes e Ana de Carvalho Silveira, de Belo Horizonte, participam do programa “Educação para o consumo consciente e sustentabilidade ambiental”
12) 30/10/09 - Hoje, a Escola Estadual Olegário Maciel agita novamente Januária, no Norte de Minas, com o III Festival Cultural
A programação inclui apresentações artísticas e culturais, comidas típicas e exposição de artesanato local
13) 27/10/09 - Escola Estadual São Geraldo, de Curvelo, participou da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia Evento aconteceu no período de 19 a 25 de outubro
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QUADRO 17.3 - Informações / Indicação de fontes de pesquisa
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1) 29/12/09 - Mistério de Natal - À luz da Astronomia, o que pode ter sido a estrela de Belém, que guiou os reis magos até onde nasceu Jesus?
Assista ao vídeo com a explicação de um astrônomo! (Revista Ciência Hoje)
2) 28/12/09 - Confirmação de água na Lua e de que o satélite não é absolutamente árido como se pensava foi o grande sucesso da Nasa em 2009
A Nasa também incluiu entre os acontecimentos de destaque do ano a confirmação de que há metano em Marte junto com os estudos sobre a redução das camadas de gelo nos pólos terrestres
3) 28/12/09 - Admiráveis novos mundos
Especialista compara a exploração espacial às viagens realizadas pelos navegadores europeus nos séculos 15 e 16 rumo ao oriente e destaca objetivos e resultados da aventura humana em busca do conhecimento do universo. Leia o artigo publicado na Revista Ciência Hoje
4) 21/12/09 - Nativos digitais Pesquisa no Reino Unido sugere que jovens que usam novas tecnologias têm mais facilidade de escrever do que aqueles que não têm acesso ao computador. Números vão contra a mentalidade usual de reprimir o modo como se escreve na rede
5) 04/12/09 - MEIO AMBIENTE .: Ciência do aquecimento global já completa 182 anos de alertas! .: Especialistas discutem questões ambientais a uma semana da Conferência do Clima .: A questão dos refugiados é a grande ausente na cúpula de Copenhague
6) 18/11/09 - Aperte o Play e comece a ensinar Os videogames começam a ser inseridos em sala de aula como ferramenta de ensino-aprendizagem. Saiba como adotar essa inovação
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Continua...
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QUADRO 17.3 - Informações / Indicação de fontes de pesquisa
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7) 08/10/09 - MATEMÁTICA & GEOGRAFIA Desenhista industrial, Edgar Gibrá, cria fórmula para cálculo de fuso horário. A novidade foi apresentada à comunidade científica e publicada na Revista Sinais
8) 29/09/09 - MEIO AMBIENTE O Cerrado é a grande caixa d’água do País. Das 12 bacias hidrográficas do Brasil, oito estão inseridas no Cerrado
9) 24/09/09 - Lixo doméstico: como reduzi-lo e diminuir seu impacto no ambiente
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil descarta a cada dia 230 000 toneladas de detritos – e mais da metade disso corresponde a lixo doméstico
10) 22/09/09 - CIÊNCIA - É hora de descobrir como o Universo faz as coisas explodirem
A reconexão magnética parece ser a forma favorita do Universo para fazer as coisas explodirem. Ela ocorre em qualquer lugar onde campos magnéticos permeiam o espaço. Mas, afinal, o que é reconexão magnética?
11) 18/09/09 - Pesquisa Oceanográfica: Abrolhos por baixo d’água
Os recifes de corais correspondem a apenas um dos cinco tipos de ambientes submersos na região de Abrolhos, arquipélago localizado no litoral sul da Bahia. É o que indica uma pesquisa realizada a partir do maior levantamento oceanográfico já feito na região
12) 21/08/09 - PLANOS DE AULA Diversas reportagens publicadas no Planeta Sustentável, foram selecionadas pela revista Nova Escola como temas de aulas dinâmicas, para discutir a sustentabilidade. Visite o site
13) 07/08/09 - Biblioteca Brasiliana de Mindlin Versão digital torna universal o acesso à coleção, considerada o mais importante acervo particular, que reune livros e documentos sobre o Brasil.
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Conclusão.
243
QUADRO 17.4 - Informações de Interesse Geral do Professor
MANCHETE LINK
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TR
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1) 30/12/09 - EXPOSIÇÃO ASTERIX, em comemoração aos 50 anos de criação da famosa revista em quadrinhos
De 4 a 30 de janeiro, na Biblioteca Pública Estadual, localizada na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte
2) 30/12/09 - Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas Educador, valorize sua iniciativa para garantir o direito à educação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. As inscrições já estão abertas e encerram em março de 2010
3) 14/12/09 - Governador Aécio Neves libera acesso a ferramentas interativas da internet
Servidores podem utilizar ferramenta da web 2.0
4) 26/11/09 - Minas faz primeira campanha estadual contra a meningite meningocócica C
A vacinação em massa será no sábado, dia 28, em todos os municípios mineiros. Deverão ser vacinadas as crianças menores de 2 anos.
5) 19/11/09 - Divulgada a segunda progressão na carreira para 19.330 servidores da Educação em Minas Gerais
Veja a lista
6) 16/10/09 - Encontro nacional sobre didática e práticas de ensino recebe inscrições de trabalhos
O encontro vai reunir pesquisadores e profissionais da educação que trabalham com questões relacionadas à formação docente, ao ensino das diferentes disciplinas e ao currículo
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Continua...
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QUADRO 17.4 - Informações de Interesse Geral do Professor
AM
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7) 18/09/09 - Lan house é alternativa de inclusão educacional Estima-se que 50% dos internautas brasileiros acessem a web a partir destes locais
8) 10/09/09 - Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia recebe inscrições até o dia 30
O objetivo é reconhecer os melhores trabalhos de estudantes, jovens pesquisadores e equipes de pesquisa, que representam contribuição para o desenvolvimento científico e tecnológico dos países membros e associados ao Mercosul
9) 01/09/09 - Ano da França no Brasil Participe dos eventos programados em Minas Gerais
10) 19/08/09 - Projeto Teia terá oficina virtual sobre Google Apps Veja mais informações sobre a oficina on-line que acontecerá no dia 29 de agosto
11) 14/07/09 - Especialistas alertam sobre negligência e abandono a crianças e adolescentes
Alguns sinais de atos de negligência: desnutrição, desidratação, problemas na pele, em geral, são crianças sujas e famintas, timidez, dificuldade de comunicação. Denúncias sobre qualquer forma de violência contra crianças e adolescentes pelo Disque Direitos Humanos: 0800 31 1119
12) 12/08/09 - Conheça o "Calendário Cultural dos Municípios Mineiros"
Veja as principais festas do interior e os tradicionais eventos folclóricos e artísticos de nossas cidades
13) 01/07/09 - A utilização de computadores no ensino Veja as cinco formas de se fazer um bom uso de computadores na escola
Fonte: MINAS GERAIS (2009). Disponível em <http://crv.educacao.mg.gov.br>. Acesso em 26 jun. 2010. Arquivo da Seção Notícias do CRV. Conclusão.
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APÊNDICE D – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOCIAL
DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO LOCAL PARA PORTAIS EDUCACIONAIS
RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO
246
DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO LOCAL PARA PORTAIS EDUCACIONAIS
Relatório Técnico Científico elaborado a partir da Dissertação
intitulada “Formação Docente Continuada, Trabalho
Docente Colaborativo e Desenvolvimento Local: desafios aos
portais educacionais”, autoria de Luciene Aparecida da Silva,
apresentada ao Mestrado em Gestão Social, Educação e
Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, como
requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Correspondente
ao Apêndice D - Proposta de Intervenção Social.
Área de concentração: Inovações Sociais, Educação e
Desenvolvimento Local.
Linha de pesquisa: Processos Educacionais - Tecnologias
Sociais e Desenvolvimento Local.
Orientadora: Prof.ª Dra. Lucília Regina de Souza Machado
Belo Horizonte 2010
247
Prezado(a) Gestor(a) de portal educacional,
Este Relatório Técnico Científico foi elaborado para você. Ele é o produto da preciosa
colaboração que você prestou à investigação intitulada “Formação Docente Continuada,
Trabalho Docente Colaborativo e Desenvolvimento Local: desafios aos portais
educacionais”. Ele é a junção dos diálogos que tecemos em torno das concepções e
estratégias mediante as quais os gestores de portais educacionais buscam produzir resultados
na formação docente continuada, no fomento à cultura do trabalho docente colaborativo
mediado por TICs e no desenvolvimento local. Eixos conceituais que você muito bem
entende!
Não se trata de um documento pronto e acabado que tenha a pretensão de servir como
roteiro, guia, manual instrucional ou de boas práticas.
Trata-se fundamentalmente de um instrumento cuja finalidade maior é a de dar
continuidade ao processo de diálogo, pesquisa e reflexões que teve início com a interlocução
provocada pela curiosidade e dedicação dos gestores consultados durante o processo de
investigação.
Este é, portanto, um documento que é apenas um recorte de um processo amplo, em
plena construção e renovação, face aos desafios, contradições e possibilidades da gestão de
portais educacionais.
Do conteúdo deste relatório ecoa a diversidade de vozes. Cada palavra, cada elemento
gráfico foram cautelosa e intencionalmente selecionados para expandir esse canal de
comunicação com você, meu caro(a) gestor(a)!
Além de socializar os resultados da investigação que, sem a sua colaboração não teria
sido possível concretizar, a autora deseja expressar gratidão. Este documento é também porta-
voz dos olhares, pensamentos, intenções, desejos, expectativas, anseios, conquistas, desafios,
contradições e possibilidades, ante a determinação das muitas mãos e múltiplas razões de cada
profissional que compõe a cadeia gestionária dos portais educacionais.
Luciene Aparecida da Silva
CARTA DA AUTORA AO GESTOR DE PORTAL EDUCACIONAL
248
Caro(a) Gestor(a) de portal educacional,
Sob a denominação de “Relatório Técnico Científico: Desafios do Desenvolvimento
Local para Portais Educacionais”, na condição de documento proveniente de investigação
técnico-científica, este instrumento tem como objetivo realizar comunicado sobre a trajetória
da pesquisa, progressos, resultados, conclusões, recomendações e sugestões a respeito do
estado do objeto estudado. É, portanto, destinado aos envolvidos e interessados no assunto
investigado.
A dissertação, da qual o presente relatório tem sua origem, está estruturada em seis
capítulos.
No seu capítulo, introdutório, a dissertação apresenta os elementos metodológicos
orientadores da investigação (definição do tema, problematização, objetivos, motivações,
metodologia e resultados esperados), assim como uma abordagem conceitual inicial acerca do
tema enfrentado (gestão de portal educacional) e os contextos em que o caso estudado se
inscreve.
O capítulo 2 apresenta o Centro de Referência Virtual do Professor (CRV), portal
educacional governamental da Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) ao leitor,
mediante a focalização de sua materialização e implantação. É composto de uma abordagem
teórica em torno da gestão de websites, usabilidade e atributos motivacionais da visitação a
um site. Na sequência, contextualiza a vinculação do CRV à reforma curricular em curso nas
Minas Gerais. São descritos, mediante a pesquisa em fontes documentais, os elementos
integradores do escopo do projeto de sua criação. E, por meio da observação direta da
pesquisadora, descreve os elementos de interface, conteúdo, funcionalidades e o arranjo
gestionário do portal.
O capítulo 3 trata da política educacional em Minas Gerais, seu contexto e implicações
para a formação docente continuada, o trabalho docente colaborativo mediado por
Tecnologias da Informação e comunicação (TICs) e o desenvolvimento local. Nessa
perspectiva, a abordagem teórica da qual se ocupa, focaliza os elementos inspiradores da
política educacional nas últimas décadas; as políticas públicas, gestão e governança
educacional (definições, modelos e implicações); a avaliação como mola propulsora da gestão
APRESENTAÇÃO
249
de programas e políticas públicas; o choque de gestão na administração pública mineira
(interface e delimitações entre gestão pública e gestão social); a concepção de
desenvolvimento e de governança nas estratégias de parcerias institucionais do Governo de
Minas na educação e as interfaces e delimitações entre formação docente continuada, trabalho
docente colaborativo mediado por TICs e desenvolvimento local.
No capítulo 4 são apresentados e analisados os dados provenientes de pesquisa
documental, referentes ao processo de desenvolvimento estrutural do CRV, focalizando as
implicações da estratégia de celebração de parceria entre a SEE-MG e o Instituto Hartmann
Hegueira (IHR) para a formação docente continuada, o trabalho docente colaborativo
mediado por TICs e o desenvolvimento local. Na sequência, são apresentados e analisados
dados de enquetes sobre o comportamento e opiniões do usuário do site da SEE-MG e do
portal CRV.
O capítulo 5 apresenta e analisa os dados obtidos por meio da realização de entrevistas
com gestores, professor mediador do CRV e técnico pedagógico do Núcleo de Tecnologias
Educacionais (NTE). A análise processada focaliza as implicações das concepções e
estratégias gestionárias para a formação docente continuada, o trabalho docente colaborativo
mediado por TICs e a promoção desenvolvimento local.
Finalmente, no capítulo 6 são apresentadas as considerações finais em torno dos
resultados da investigação processada, seguidas de recomendações e formulação da proposta
de intervenção social.
Considerando-se a presença transversal que os portais educacionais têm na relação
estabelecida entre o uso das TICs e as políticas de fomento de inovações socioeducacionais
orientadas à formação continuada docente e à cultura docente do trabalho colaborativo, este
Relatório Técnico Científico está organizado em torno dos três eixos fundamentais
relacionados aos objetivos da investigação realizada:
4. Formas de obtenção, processamento e uso das informações sobre os educadores usuários
(perfis, interesses, preferências, práticas profissionais e impressões sobre a qualidade dos
conteúdos, ferramentas e serviços disponibilizados) pelos atores envolvidos na função
gestionária do CRV/ SEE-MG.
2 ESTRUTURA DO RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO
250
5. Concepções e estratégias mediante as quais os gestores do portal educacional CRV/ SEE-
MG buscam produzir resultados na formação docente continuada, no fomento da cultura
do trabalho docente colaborativo mediado por TICs e no desenvolvimento local.
6. Formas como os gestores do CRV/ SEE-MG relacionam formação docente continuada,
fomento da cultura do trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local e o
consequente impacto da concepção assumida na conformação dos objetivos e princípios
institucionais deste portal.
Portanto, tendo em vista, o processo investigativo no qual este relatório tem sua
origem, estruturalmente, este instrumento é constituído por cinco seções.
A seção 1 corresponde à apresentação desse documento ao leitor ao qual se destina.
Nessa seção o leitor é informado sobre a estrutura da dissertação da qual este relatório é
derivado.
A presente seção, de número 2, ocupa-se da descrição da estrutura que norteou a
formulação desse relatório, assim como os critérios que conduziram a autora a adotar o
arranjo descrito.
Na seção 3 são apresentados os conceitos centrais da investigação realizada,
integrantes categorias de análise do processo metodológico empregado na pesquisa: formação
docente continuada, trabalho docente colaborativo e desenvolvimento local.
A quarta seção descreve o processo metodológico empregado na realização da
pesquisa desenvolvida.
Finalmente, a seção 5, ocupa-se do motivo pelo qual esse instrumento foi elaborado.
Nessa seção, são apresentados os principais pontos fortes e frágeis da gestão do caso estudado
(portal educacional governamental da SEE-MG, o CRV), seguidos de respectivas sugestões e
recomendações para potencialização dos fortes e, consequente supressão dos pontos frágeis.
Nesta seção é também sugerido um roteiro constituído de questões básicas para análise dos
atributos fundamentais (design e conteúdo) de usabilidade dos portais educacionais.
Cabe ressaltar que não se trata de um guia, roteiro ou manual de instruções. Portanto, a
finalidade desse documento está muito mais direcionada a provocação de discussões e
diálogos em torno dos pontos destacados, do que a proposição de soluções prontas e acabadas.
Pois, a pesquisa desenvolvida é um estudo de caráter exploratório, cujo objeto de estudo
limitou-se a focalizar os três vértices categoriais acima relacionados. Um processo gestionário
é sempre permeado complexidade, haja vista ser marcado pela interdisciplinaridade e
251
contradições sociais. Portanto, a aplicabilidade deste instrumental está condicionada a prévia e
ampla discussão interdisciplinar com todos os colaboradores envolvidos.
O termo formação docente continuada refere-se ao processo de modelagem profissional,
ininterrupto e sucessivo do processo formativo docente, tomado em suas diversas dimensões:
o ato de se formar, a maneira ou forma como isto ocorre, o conjunto dos conteúdos
implicados e o efeito deste processo. Trata-se, portanto, de um processo dinâmico e
permanente, individual e coletivo, de desenvolvimento de atividades articuladas a estudos,
discussões e aprendizagens focados na ação-reflexão-ação da prática docente cotidiana dentro
e fora da sala de aula. Seu lócus é a própria sociedade, as relações sociais que permeiam as
questões relacionadas à identidade docente, à profissionalização do magistério, à articulação
entre teoria e prática, à qualidade do ensino e à práxis pedagógica. É alicerçada na articulação
entre as necessidades profissionais dos professores e da gestão da escola e do sistema
educacional, que devem estar previstas em políticas públicas e em projetos político-
pedagógicos institucionais.
Refere-se ao ato ou ao efeito de colaborar envolvido no trabalho realizado em comum por
docentes, na prática de compartilhamento, de trocas e auxílios recíprocos e contínuos que
estes realizam, visando satisfazer necessidades educacionais, criar uma nova qualidade no
processo de ensino-aprendizagem ou operar mudanças no contexto sociocultural em que
atuam. Provém do conjunto de ações, conhecimentos e saberes inerentes ao ofício da
profissão de professor e pressupõe o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe,
a solidariedade, a abertura às diversidades de pontos de vista, o intercâmbio e a interlocução
permanentes.
3 CONCEITOS BÁSICOS
3.1 FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA
3.2 TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO
252
A cultura docente, especificamente, conforme define Pérez Gómez (2001), expressa um
conjunto de valores, sentimentos, significados, práticas, rituais, crenças, modos, expectativas
e concepções que circundam a vida individual e coletiva e são compartilhados socialmente
pela comunidade docente. Neste sentido, a cultura do trabalho docente colaborativo mediado
por TICs refere-se a um conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos,
costumes etc. que distinguem os docentes que empregam estas tecnologias como mecanismo
ou recurso de mediação nas trocas de experiências que realizam e no compartilhamento e
construção de saberes que necessitam para seu exercício profissional. Configura-se como o
modo de expressar e um aporte à prática docente reflexiva e colaborativa que demanda
autonomia intelectual e aprendizagem compartilhada. Nasce e se desenvolve no âmbito de um
processo sustentado pela reciprocidade, mutualidade, cooperação e colaboração via emprego
das TICs, conformando uma inteligência docente coletiva contextualizada no ciberespaço.
O desenvolvimento local refere-se àquele que se organiza e se regula pela base da sociedade e
que vai além dos aspectos econômicos, implicando foco nas pessoas e no seu ambiente. Trata-
se de uma perspectiva diferente do paradigma dominante, centrado estritamente no
desenvolvimento econômico, pois prioriza outros elementos-chave da racionalidade do
desenvolvimento, especialmente, a busca da conciliação das dimensões social, política e
econômica da democracia. A categoria local no conceito de desenvolvimento local não
equivale a lugar, a território, ainda que ponha à mostra essas dimensões, chamando a atenção
para o espaço onde as pessoas vivem e podem participar diretamente. A categoria local faz
par com a categoria global e pede que se leve em conta aspectos da experiência social que o
processo da globalização ou de uma universalidade abstrata tende a ignorar. Tais aspectos são
o conhecimento que as pessoas têm da realidade, a participação comunitária, o envolvimento
direto dos cidadãos nos assuntos da gestão dos recursos públicos, a capacidade de organização
da sociedade em torno dos seus interesses, as articulações horizontais, a iniciativa e o
sentimento de apropriação das políticas pelas comunidades, a sinergia de esforços sociais por
meio da convergência das informações e dos conhecimentos de uma comunidade, a
3.3 CULTURA DO TRABALHO DOCENTE COLABORATIVO
MEDIADO POR TICs
3.4 DESENVOLVIMENTO LOCAL
253
maturidade e coesão do tecido social e a perspectiva de melhoria das condições de vida e das
vivências.
A pesquisa de campo compreendeu a captação de dados em documentos impressos e
eletrônicos, observação direta do ambiente virtual do portal pela pesquisadora e a realização
de entrevistas semiestruturadas com as pessoas chave que atuam na gestão do CRV.
Os documentos impressos foram buscados na atual sede de funcionamento do CRV e
Superintendência Regional de Ensino Metropolitana C.
Os documentos provenientes de meios eletrônicos foram capturados no site de busca
Google, em websites e portais governamentais de Minas Gerais (www.educacao.m.gov.br;
http://crv.educacao.mg.gov.br; http://www.ppp.mg.gov.br; http://www.mg.gov.br;
http://www.educacao.mg.gov.br/webdtae; http://www.seplag.mg.gov.br) e no portal do IHR
(http://www.ihr.org.br).
Foram analisados documentos do Projeto Complementar Escolas em Rede e do
próprio portal CRV, para colher informações sobre a criação desse portal, seus princípios
norteadores, objetivos e finalidades a que se propõe, etapas de planejamento, implementação e
avaliação das ações realizadas e resultados obtidos.
Foram também analisados documentos inerentes à caracterização da gestão e
governança desse portal, como: a) Manual dos Grupos de Desenvolvimento Profissional; b)
relatórios de avaliação parcial provenientes do Workshop sobre Ambientes Virtuais da SEE-
MG realizado em 2005; c) Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR; d) Termos
Aditivos (I, II, III e IV) ao Termo de Parceria e relatórios da Comissão de Acompanhamento e
Avaliação dos Termos de Parceria; f) 11º Relatório Gerencial da Avaliação dos Resultados do
Termo de Parceria celebrado entre a SEE-MG e o IHR (Período de Avaliação: 1o de outubro
de 2009 a 31 de dezembro de 2009). Em todos eles foram selecionados elementos de natureza
histórica, política e social que pudessem servir à análise do modelo de gestão e das condições
de governança do CRV.
4 O PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA DE CAMPO
4.1 Procedimentos de Coleta de Dados: Técnicas / Instrumentos
254
A observação direta da homepage e das páginas internas do CRV destinou-se ao
estudo e análise descritiva dos componentes relacionados à interface (design), conteúdo e
funcionalidades do portal.
As entrevistas semiestruturadas, em número de quatro, foram realizadas mediante
interações face a face com os gestores educacionais, vinculados a algum dos principais níveis
de gestão desse portal.
Os colaboradores foram selecionados para a concessão das entrevistas, considerando-
se além do poder de decisão conferido pelo cargo-função que exercem na estrutura
administrativa do CRV, a vinculação e o impacto de sua atuação profissional face aos
objetivos, propósitos e finalidades para os quais o portal foi concebido. São eles:
1. profissional responsável pela gestão no âmbito da Superintendência de Tecnologias
Educacionais;
2. profissional na função de gerente do Projeto Escolas em Rede com atuação no âmbito da
Diretoria de Tecnologias Aplicadas à Educação (DTAE);
3. gestor em nível local no exercício da função de coordenador do CRV;
4. profissional na função de professor mediador do CRV;
5. profissional na função de Assistente Técnico Educacional do (NTE).
O tratamento dos dados se orientou pela técnica da análise categorial e de conteúdo. A
análise categorial compreendeu a relação entre a abordagem do contexto e a correlação entre
gestores envolvidos e as informações obtidas. Portanto, os sujeitos e as informações obtidas
foram compreendidos contextualmente e não como variáveis isoladas.
A hipótese que orienta essa investigação constituiu o eixo básico da análise dos dados
encontrados. Ela diz o seguinte: nas concepções e estratégias mediante as quais gestores e
consultores buscam alcançar o cumprimento das finalidades de portais educacionais, se
destacam duas condições: a concepção da matriz de responsabilidades e papéis (especialmente
a relação entre centralização e delegação) e as formas de lidar com a questão das experiências
culturais do professorado.
Foi necessário, assim, verificar para cada vértice dessa pesquisa (formação docente
continuada, estímulo ao trabalho docente colaborativo e fomento do desenvolvimento local):
a) se tais condições aparecem com destaque ou se outras se evidenciam com maior
4.2 Organização e análise dos dados
255
ascendência; b) como a gestão do portal CRV lida com tais condições e com outras visando
materializar suas finalidades; c) formas mediante as quais os consultados têm buscado
contornar debilidades e insuficiências da gestão; d) pontos fortes que merecem ser reforçados
na gestão deste portal.
Para responder à questão da pesquisa realizada, que diz: “Quais são as condições
necessárias para que a gestão de portais educacionais seja bem-sucedida e alcance a
governança estratégica na promoção da formação docente, do trabalho docente colaborativo e
do desenvolvimento local?”, foram identificados, para cada uma das cinco categorias, seus
pontos fortes e frágeis, com vistas a subsidiar as sugestões de formas de aprimoramento das
ações gestionárias inerentes ao CRV.
PONTOS FORTES:
• a interatividade entre gestão e usuário, proporcionada por meio do canal de contato
Fale Conosco;
• o investimento da gestão na aproximação e manutenção da proximidade com demais
instâncias gestionárias da SEE-MG (diretorias pedagógicas, gerência de projetos
educacionais e NTEs), notando-se que esses gestores têm um contato mais regular
com os educadores das escolas estaduais;
• a adoção da estratégia de envio mensal de correspondência às escolas de atuação do
professor mediador e Superintendências Regionais de Ensino (SREs) pela
coordenação do CRV, solicitando encaminhamento de informações relevantes sobre o
trabalho desenvolvido nessas unidades para divulgação no portal, estratégia que
permite inferir informações sobre os usuários do portal;
• o papel desempenhado pelo professor mediador e orientador junto ao fórum e Sistema
de Troca de Recursos (STR) que, em certa medida, também possibilita a inferência de
algumas informações sobre o usuário, bem como nos quadros: Escola Destaque,
5 RECOMENDAÇÕES E SUGESTÃO DE FORMAS DE
APRIMORAMENTO DAS AÇÕES GESTIONÁRIAS DO CRV –
IDENTICANDO PONTOS FORTES E FRAGEIS
Categoria 1– Obtenção e uso das informações pela gestão sobre os usuários
do CRV
256
Dedicado ao Mestre, Relatos de Experiências e Sessão Notícias;
• monitoramento dos acessos e tempo de permanência do usuário no ambiente do portal.
PONTOS FRÁGEIS:
• inexistência de procedimentos em larga escala para mapeamento do perfil do usuário,
uma vez que as estratégias acima relacionadas, apesar de importantes, não têm como
finalidade a obtenção de informações sobre os usuários, embora permitam inferências.
Black (1997) alerta que as decisões da equipe devem ser pautadas em constatações e
não em evidências;
• inexistência de ferramenta no sistema do portal, que mensure o acesso do usuário em
cada área do portal;
• inexistência de avaliação para mensuração e qualificação da satisfação do usuário,
equidade do projeto CRV, incluindo testes de usabilidade com usuários in loco.
SUGESTÕES:
A despeito de ter sido informado em entrevista pelo Gestor 1 que a ferramenta para
mensuração do acesso do usuário às áreas do portal já está em processo de
desenvolvimento, e pelos Gestores 2 e 3 que já está sendo preparado instrumento, em
cujas abordagens está inserido o CRV para aplicação por amostragem presencial e por
meio eletrônico, sugerem-se a realização de testes de usabilidade in loco com os usuários
e adoção de instrumento especificamente direcionado ao CRV para mapeamento do perfil
do seu público usuário.
Segundo Black (1997) e Nielsen e Loranger (2007), satisfazer as necessidades e
corresponder às expectativas é fator determinante ao sucesso de um website. Para tanto, é
preciso saber como pensam, agem e o que esperam os usuários de um portal, ouvindo-os
por meio de um mecanismo preciso e eficiente.
PONTOS FORTES: • esforços e rigor da gestão para assegurar a qualidade dos conteúdos publicados no portal
(certificação, confiabilidade, diversidade, atualização, relevância), em consonância com os
principais atributos de motivação para a visitação e consequente fidelização de usuários a
um portal (Dorfman, 2002);
• divulgação permanente de links de acesso a fontes e informações atualizadas na seção
Categoria 2 – CRV e formação docente continuada
257
Notícias, de cursos de formação, eventos culturais e educacionais para os educadores;
• a incorporação da figura e perspectivas de atuação do professor mediador e orientador nas
áreas de colaboração do portal (fórum e STR). Esse aspecto favorece a interlocução
docente com seus pares;
• publicidade de todas as publicações oficiais da SEE-MG, desde o Currículo Básico
Comum (CBC) aos materiais instrucionais e pedagógicos dos projetos implantados;
• contemplação, na arquitetura da informação do CRV, de áreas destinadas à publicidade de
conteúdos produzidos pelos docentes a partir de suas experiências e vivências,
possibilitando o movimento ascendente e descendente do global para o local e vice-versa;
• perspectiva de investimento da gestão na formação de professores autores dos conteúdos
publicados no portal;
• a incorporação da perspectiva de atuação pedagógica do NTE no campo da formação
docente para incorporação das TICs aos processos educacionais escolares, embora esse
órgão careça de melhores condições de trabalho junto às instância nas quais atua.
PONTOS FRÁGEIS:
• a predominância do arranjo disciplinar, em detrimento de seu uso associado ao uso de
ferramentas que contemplem outros formatos, levando-se em consideração que há
aspectos específicos a cada área disciplinar. (No entanto, há outras demandas latentes que
contemplam abordagens transversais e interdisciplinares entre os docentes, como suas
temáticas de interesses, conforme em entrevista sinalizou o Gestor 1: violência, drogas,
sexualidade, meio ambiente.)
SUGESTÕES:
Recomenda-se, ante a perspectiva da incorporação da web 2.0, o estudo, proposição e
discussão com os docentes para inclusão de quadros ou ambientes no portal que favoreçam
mais expressivamente a interlocução interdisciplinar e transversal entre os docentes das várias
disciplinas e níveis da educação básica.
PONTOS FORTES:
• a incorporação profissional da figura do professor mediador e orientador e o papel
atribuído ao primeiro, tanto na atuação junto ao corpo docente de sua escola de lotação
Categoria 3 – CRV e trabalho docente colaborativo mediado por TICs
258
quanto na mediação do fórum e STR, muito embora o depoimento do entrevistado
evidencie carecer de revigoração;
• à medida que evidencia o esforço da gestão do CRV, a própria forma pela qual esta gestão
se articula com os demais órgãos da cadeia gestionária da SEE-MG destaca-se como
ponto forte, de permanente interlocução com outras instâncias do sistema educacional, na
direção da prática de colaboração entre essas esferas gestionárias;
• a enunciação nas entrevistas dos gestores 2 e 3 do investimento na perspectiva de
formação de professores como agentes multiplicadores da incorporação do uso
pedagógico das TICs ao processo educacional escolar.
PONTOS FRÁGEIS:
• ante a dificuldade de lidar com as experiências docentes, que culturalmente não têm,
faltam à gestão a tradição da prática da colaboração incorporada ao cenário escolar,
diretividade quanto à seleção de elementos e estratégias indutoras e potencializadoras do
trabalho colaborativo;
• as áreas de colaboração do portal são providas tão somente de ferramentas de
comunicação assíncronas.
SUGESTÕES:
Reitera-se que a indução e fomento ao trabalho colaborativo docente seja elemento
indissociável do processo de formação continuada docente e, por conseguinte, dos preceitos
definidos nos projetos político-pedagógicos escolares. Reivindica, portanto, a mobilização de
várias frentes de atuação gestionária, em todas as instâncias do sistema educacional e da
sociedade.
Dentre as possíveis frentes, destaca-se a necessidade de se investir em processo
sistemático de sensibilização da equipe técnico-pedagógica da escola, por meio de seus
gestores, no sentido de se promover a inclusão do uso das TICs no projeto político-
pedagógico da escola como garantia de sua incorporação ao processo escolar, uma vez que
formação e trabalho docente colaborativo passam fundamentalmente por esse espaço. É
utópico idealizar sua concretização pela mediação das TICs, quando esses elementos não se
efetivam no espaço presencial e por meio da interação face a face no espaço escolar. Os
apontamentos extraídos das respostas e reflexões de cada colaborador ratificam a diretividade
da recomendação sugerida.
259
PONTOS FORTES:
• a transversalidade da figura e papel atribuídos ao professor mediador nos três vértices de
atuação gestionária, focalizados nessa investigação;
• os movimentos ascendentes e descendentes entre portal e usuários que pressupõem a
construção dos conteúdos dos quadros (Escola Destaque, Dedicado ao Mestre, Seção
Notícias, Relatos de Experiências, STR e Fórum de Discussão);
• a incorporação da perspectiva de atuação pedagógica do NTE no campo da formação
docente para incorporação das TICs aos processos educacionais escolares, embora esse
órgão careça de melhores condições de trabalho junto às instância nas quais atua;
• a perspectiva de investimento na formação continuada do professor, tomando-o como
agente em potencial para multiplicação e disseminação de práticas de incorporação
pedagógica das TICs ao processo educacional escolar.
PONTOS FRÁGEIS:
• propensão à adoção de práticas verticalizadas nos processos decisórios constituídos entre os
níveis hierárquicos mais elevados da gestão, desencadeando certo distanciamento entre os
cursos de capacitação ofertados às escolas e as reais necessidades dos educadores;
SUGESTÕES:
Como estratégia de escuta do professorado mineiro, reitera-se a recomendação de
definição e adoção de mecanismo de avaliação amostral.
PONTOS FORTES:
• o arranjo gestionário do CRV, que favorece a interlocução e parceria com diversos agentes
educacionais em diversas instâncias do sistema educacional;
• a prática sistemática, em nível de coordenação do portal, de planejamento, monitoramento,
avaliação, investimento no processo de formação contínua dos membros da equipe
permanente do portal e publicidade do trabalho desenvolvido junto às demais esferas
gestionárias nas quais se insere.
Categoria 4 – CRV e promoção do desenvolvimento local
Categoria 5 – Aspectos gerais sobre a gestão do CRV
260
PONTOS FRÁGEIS:
• inexistência de procedimentos sistemáticos ou ferramentas de gestão mais avançadas para
captação de dados sobre os usuários do portal;
• insuficiência dos encontros presenciais entre professores mediadores e orientadores e
demais membros permanentes da equipe para socialização das experiências, discussão e
análise das dificuldades enfrentadas;
• estratégias de divulgação do portal, ainda incipientes face ao universo do público-alvo ao
qual se destina.
SUGESTÕES:
Para o enfrentamento desses pontos de vulnerabilidade, recomenda-se o investimento
em maior número de encontros que favoreçam o treinamento cruzado entre os membros da
equipe permanente, professores mediadores e orientadores (BLACK, 1997).
Finalmente, verificou-se que dentre as condições necessárias para que a gestão de
portais educacionais seja bem-sucedida e alcance a governança estratégica, destacam-se: ter
sempre como referência as finalidades do portal, realizar procedimentos sistemáticos de
obtenção de informações sobre os usuários, avaliar o nível de satisfação destes, atender o
princípio da equidade, fazer o monitoramento e a avaliação contínua dos resultados
alcançados, de modo a corresponder aos objetivos e diretrizes dos programas e projetos
socioeducacionais.
5.1.1 Análise dos Aspectos Fundamentais do Design do Portal
A combinação adequada dos elementos técnicos e estéticos da interface gráfica do
portal deve levar em consideração:
• Organização: a forma de classificação, ordenação e apresentação dos conteúdos
visou proporcionar facilidade e interatividade?
• Adequação e correção: os conteúdos se apresentam adequados e corretos do ponto
de vista conceitual e factual?
5.1 Roteiro de Questões Básicas Para Análise dos Atributos
Fundamentais (design e conteúdo) de Usabilidade dos Portais Educacionais
261
• Estética: a diagramação e a visualização se mostram adequadas e agradáveis?
• Facilidade de navegação: os menus são do tipo intuitivo e podem ser acessados
mediante poucos cliques no mouse?
• Rapidez: as páginas são velozmente carregáveis?
• Publicidade: com que intensidade se faz seu uso?
5.1.2 Análise dos Aspectos Fundamentais do Conteúdo do Portal
Educacional
A adequada combinação dos elementos técnicos e estéticos dos conteúdos
pedagógicos publicados por portal educacional deve considerar, tendo em vista seus
princípios e finalidades:
• Os conteúdos, os recursos e materiais didáticos estão de acordo com as tendências
pedagógicas atuais?
• Os conteúdos são atualizados constantemente de modo a contribuir para a
formação permanente dos profissionais da educação?
• São contempladas atividades práticas acompanhadas por orientações, exemplos e
exercícios interativos?
• As ferramentas de áudio, vídeo e animações têm sua utilização maximizada de
modo a favorecer a consolidação de aprendizagens?
• A possibilidade de avaliação de aprendizagens é oferecida?
• A cultura do trabalho colaborativo mediado por TICs é fomentada?
São feitas referências ao compromisso da educação com o desenvolvimento local ou
das comunidades em que as escolas estão inseridas?
REFERÊNCIAS
BLACK, Roger. Web Sites que funcionam. São Paulo: Quark do Brasil, 1997. DORFMAN, Patrícia Favorito. Atributos favoráveis à motivação para visitação de um site: estudo de um portal educacional. Curitiba, 2002. 75 f. 2003. 93 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. NIELSEN, Jakob. LORANGER, Hoa. Usabilidade na Web: projetando websites com qualidadade. Tradução: Edson Furmankiewicz & Carlos Schafranski, Docware Traduções Técnicas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
262
PÉREZ GÓMEZ, Angel I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre, Artmed, 2001.
NOTA: Recomenda-se a leitura interessada e a consulta atenta das primeiras obras
relacionadas. Essas leituras constituíram a principal referência teórica da autora para o
desenvolvimento e conclusão do trabalho apresentado neste Relatório Técnico
Científico.