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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL Glausirée Dettman de Araújo PRÁTICAS EDUCATIVAS FORA DA SALA DE AULA: Um estudo das experiências com alunos em distorção idade-série Belo Horizonte 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

Glausirée Dettman de Araújo

PRÁTICAS EDUCATIVAS FORA DA SALA DE AULA: Um estudo das

experiências com alunos em distorção idade-série

Belo Horizonte

2014

GLAUSIRÉE DETTMAN DE ARAÚJO

PRÁTICAS EDUCATIVAS FORA DA SALA DE AULA: Um estudo das

experiências com os alunos em distorção idade-série

Dissertação apresentada ao Mestrado em

Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local do Centro Universitário UNA, como

requisito parcial à obtenção do título de

Mestre.

Área de concentração:

Inovações sociais e desenvolvimento local

Linha de pesquisa:

Educação e desenvolvimento local

Orientadora: Profª. Drª. Adilene Gonçalves

Quaresma

Belo Horizonte

2014

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Dissertação Intitulada “PRÁTICAS EDUCATIVAS FORA DA SALA DE AULA: Um

estudo das experiências com os alunos em distorção idade-série de autoria

do(a) mestrando(a) Glausirée Dettman de Araújo, aprovada pela banca

examinadora, constituída pelos seguintes professores:

______________________________________________________ Prof.ª Dra. Adilene Gonçalves Quaresma (orientadora) – UNA _____________________________________________________

Prof.ª Dra. Eloísa Helena Santos ______________________________________________________ Prof.ª Dra. Mariana Veríssimo ______________________________________________________ Prof.ª Dra. Lucília Regina de Souza Machado Coordenadora do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

Belo Horizonte, _____ de _______________ de 2014

“O estudo em geral, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido ficar crianças toda a vida.”

(Albert Einstein)

DEDICATÓRIA

À minha família e aos meus amigos pelas palavras de incentivo e apoio.

AGRADECIMENTOS

Aos profissionais do Centro Universitário - UNA, em especial a todos os professores

do Mestrado em Gestão Social Educação e Desenvolvimento Local, pela valiosa

contribuição à minha formação.

À minha orientadora, professora Drª. Adilene Quaresma, pela compreensão,

incentivo e apoio, cujo trabalho competente permitiu a conclusão desta dissertação.

Aos colegas do Mestrado, pela convivência e compartilhamento de experiências,

em especial durante os seminários de prática.

Aos diretores das escolas, aos professores, aos coordenadores e aos alunos da

Regional Nordeste de Belo Horizonte.

Resumo

A pesquisa apresenta uma investigação científica sobre as práticas educativas fora da sala de aula com alunos em distorção idade-série nas escolas da Regional Nordestede Belo Horizonte. Por meio de uma pesquisa quali/quanti descritiva, procura-se detectar quais as adequações metodológicas são necessárias para que as práticas educativas fora do espaço escolar possibilitem melhorar o desempenho cognitivo do público alvo. No escopo da pesquisa apontam-se os seguintes objetivos específicos: identificar como o recurso das práticas educativas fora da sala de aula tem sido problematizado no contexto educacional e no meio científico-acadêmico; descrever como os professores têm utilizado o recurso das práticas educativas fora da sala como instrumento de formação integral de alunos em distorção idade-série, no universo das escolas da Regional Nordesteque atendem a esses alunos; discutir os requisitos metodológicos necessários para que as práticas educativas fora do espaço escolar contribuam efetivamente para a melhoria do desempenho escolar de alunos citados anteriormente. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevista semiestruturada com coordenadores e professores, questionário para os alunos, grupo focal com os alunos. Com base nos resultados alcançados, foi possível concluir que as práticas educativas devidamente sistematizadas podem motivar os alunos no processo de aprendizagem, contribuindo para a melhoria do desempenho destes e, em contrapartida, fortalecendo a rede de conhecimentos dos estudantes para o desenvolvimento local e a transformação da realidade em que estes estão inseridos. Como produto técnico, atendendo à exigência do mestrado profissional, foi criado um guia técnico pedagógico para a implantação dessas tecnologias e metodologias de ensino

aprendizagem no contexto da educação fundamental. Palavras-chave: Distorção idade-série. Práticas Educativas fora da sala de aula. Educação e Desenvolvimento Local. Abstract The research presents a scientific research on educational practices outside the classroom with students in age / grade distortion in the schools of the Northeast Regional of Belo Horizonte. Through a qualitative / descriptive quantitative research seeks to detect methodological adjustments which are necessary for the educational practices outside school improve cognitive performance enable the target audience. The scope of the study indicate the following specific objectives: identify how the use of educational practices outside the classroom has been questioned in educational settings and in academic-scientific; describe how teachers have used the resource of educational practices out of the room as a means of integral formation of students in age / grade distortion, the universe of schools in the Northeast Regional serving these students; discuss methodological requirements for the educational practices outside school contribute effectively to improving the academic performance of students mentioned above. Semistructured interviews with coordinators and teachers to quiz students, focus groups with students: For data collection the following instruments were used. Based on the results, it was concluded that the adequately systematic educational practices can motivate students in the learning process, helping to improve performance, and these in turn, strengthening the network of the students of knowledge for local development and transformation of reality in which they are inserted. As a technical product given the requirement of the professional master's degree, a teaching technical guidance for the deployment of these technologies and methodologies of teaching and learning in the context of primary education was created.

8

Keywords: Age-grade. Educational practices outside the classroom. Education and Local Development.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados de distorção idade-série no Brasil ................................ 29

Tabela 2: Dados de Evasão e Abandono em território urbano e rural .... 30

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Categorias e unidades de análise – Entrevistas e Grupo Focal .... 76

Quadro 2: Questionário aplicado aos alunos ............................................... 109

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Categoria 1: Identificação dos sujeitos – Idade ................................. 111

Gráfico 2- Categoria 1: Identificação dos sujeitos – Sexo ................................... 112

Gráfico 3 - Categoria 2: Relação dos alunos com o estudo ................................ 114

Gráfico 4 - Categoria 3: Dificuldades e facilidades no processo de

aprendizagem...................................................................................................... 115

Gráfico 5 – Levantamento de disciplinas que os alunos consideram mais

difíceis.................................................................................................................. 118

Gráfico 6 - Levantamento de disciplinas que os alunos consideram mais

fáceis.................................................................................................................... 121

Gráfico 7 - Nível de motivação dos alunos em relação aos estudos................... 123

Gráfico 8 - Apreciação dos alunos sobre as práticas educativas fora da sala de

aula...................................................................................................................... 126

Gráfico 9 - Contribuições das práticas educativas fora da sala de aula para os

alunos.................................................................................................................. 129

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

CEP – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

CONEP – CONSELHO DE ÉTICA EM PESQUISA

EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

FZ-BH - FUNDAÇÃO ZOO-BOTÂNICA DE BELO HORIZONTE

INEP. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS

ANÍSIO TEIXEIRA

LDB – LEI DE DIRETRIZES E BASES

NCLD - NATIONAL CENTER FOR LEARNING DESABILITY

NJCLD – NATIONAL JOINT COMMITTEE ON LEARNING DISABILITIES

PBH – PREFEITURA DE BELO HORIZONTE

PCN – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

SMED – SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

TCLE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

13

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14

Problema da pesquisa .................................................................................... 14

Objetivos do estudo ........................................................................................ 15

Práticas educativas fora da sala de aula e o desenvolvimento local.............. 18

Relevância da investigação ............................................................................ 18

Abordagem Metodológica ............................................................................... 19

Plano de capítulos .......................................................................................... 24

1. CAPÍTULO 1 – DISTORÇÃO IDADE-SÉRIE ............................................. 25

2. CAPÍTULO 2 – PRÁTICAS EDUCATIVAS FORA DA SALA DE AULA –

APRESENTAÇÃO DOS DADOS ..................................................................... 69

3. CAPÍTULO 3 – GUIA PRÁTICAS EDUCATIVAS FORA DA SALA DE

AULA............................................................................................................... 144

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 186

5. REFERÊNCIAS........................................................................................... 190

6. APÊNDICES .............................................................................................. 197 6.1. ANEXO A - Parecer Consubstanciado Comitê de Ética em Pesquisa ... 197

6.2. Apêndice A Roteiro de entrevista semiestruturada para professores...... 201

6.3. Apêndice B Roteiro de entrevista semiestruturada para coordenadores

pedagógicos ................................................................................................... 202

6.4. Apêndice C Questionário para os alunos em distorção idade-série da Rede

Municipal de Ensino da Regional Nordeste de Belo Horizonte...................... 203

6.5. Apêndice D Roteiro de perguntas para Grupo Focal de alunos ............. 205

6.6. Apêndice E Roteiro de Observação Sistemática .................................... 206

14

Introdução

Esta pesquisa teve como objeto de estudo as práticas educativas fora da sala de

aula com alunos em distorção idade-série.

O problema central da pesquisa desponta no processo de formação dos

discentes na educação básica. O ponto de conflito instaura-se no despreparo do

sistema educacional em oferecer uma formação integral aos alunos em distorção

idade-série. Esse grupo de alunos apresenta dificuldades de compreensão e

sistematização do conteúdo curricular; desinteresse e falta de motivação pelos

métodos de aprendizagem tradicionais; baixa autoestima, dificuldades de

concentração, indisciplina acentuada, conflitos interpessoais entre os colegas de

classe em função da diferença etária e outros. Numa análise mais qualificada, é

pertinente afirmar que esses jovens aprendizes em distorção idade-série são

candidatos à repetência e à evasão escolar.

A pesquisa propõe-se a analisar as práticas educativas dos docentes fora da

sala de aula, tendo em vista desenvolver contribuição técnica sobre

aperfeiçoamentos metodológicos comprometidos com inovações que levem à

melhoria do desempenho cognitivo de alunos fora da faixa etária de escolaridade

na Regional Nordeste de Belo Horizonte e ao desenvolvimento local.

Em complementação, esta pesquisa intenta a descrição das práticas educativas

fora da sala de aula desenvolvidas pelos docentes, confrontando os pontos

positivos e aqueles sujeitos a melhoramentos para a caracterização dessas

atividades como inovações tecnológicas de aprendizagem na educação básica.

Outro destaque dá-se na defesa da investigação como fomentadora de uma

curiosidade epistemológica pelos alunos alvos, bem como a transformação da

posição destes frente ao meio social, numa visão de empoderamento e

desenvolvimento local.

15

Nesse sentido, a questão que se coloca é: quais adequações metodológicas são

necessárias para que as práticas educativas fora do espaço escolar possibilitem

melhorar o desempenho cognitivo de alunos em distorção idade-série nas

escolas da Regional Nordeste da Prefeitura de Belo Horizonte?

Dentro do universo de investigação, acredita-se que a utilização da metodologia

didático-pedagógica sistematizada das práticas educativas fora da sala de aula

pelos docentes nas turmas de alunos em distorção idade-série possibilita a

criação de instrumentos de inovação tecnológica para a melhoria do

desempenho escolar e da aprendizagem dos estudantes. Em virtude da

aplicação dessa metodologia, impulsiona-se uma melhor articulação dos

conteúdos e sua interlocução entre a teoria e a prática; suscitam-se melhorias

nas relações interpessoais entre professores e alunos; e estimula-se a formação

do corpo docente e discente em diferentes níveis de escolaridade.

O objetivo geral da pesquisa foi a análise das práticas docentes fora da sala de

aula com alunos em distorção idade-série, com vista a desenvolver metodologias

alternativas e tecnológicas de aprendizagem para esse público de estudantes.

Dentre os objetivos específicos, enumeram-se:

identificar como o recurso das práticas educativas fora da sala tem sido

problematizado no contexto educacional e no meio científico-acadêmico;

descrever como os docentes têm utilizado o recurso das práticas

educativas fora da sala como instrumento de formação do corpo discente,

em turmas de alunos fora da faixa etária de escolaridade, nas escolas

municipais compostas por esse público, mais especificamente na

Regional Nordeste da Prefeitura de Belo Horizonte;

discutir os requisitos metodológicos necessários para que as práticas

educativas fora da sala contribuam efetivamente para a melhoria do

desempenho escolar de alunos em distorção idade-série na educação

básica;

elaborar um guia didático pedagógico sobre práticas educativas fora da

sala para o corpo docente, visando à melhoria do desempenho escolar de

16

alunos fora da faixa etária de escolaridade da Regional Nordesteda

Prefeitura de Belo Horizonte.

A escola pública brasileira, ao longo dos tempos, procura ampliar a qualidade de

ensino e acesso à formação básica por todos os cidadãos. Na questão da

qualidade educacional, torna-se essencial buscar alternativas e metodologias

que promovam melhorias no processo de ensino-aprendizagem.

Em relação ao público em defasagem idade-série do Ensino Fundamental,

constata-se a necessidade de metodologias inovadoras que acompanhem a

formação desse jovem e também se apropriem das novas tecnologias

educacionais. Nesse sentido, o foco da pesquisa é investigar as práticas

educativas fora da sala de aula, sendo estas comprometidas com a criação e

produção de novos conhecimentos tangíveis à melhoria da aprendizagem e

fomentadoras de cidadãos ativos e participativos no meio social.

As práticas educativas fora da sala de aula favorecem uma aprendizagem

mobilizadora, que provoca no aluno um envolvimento pessoal e duradouro.

Segundo Perrenoud (2000), as atividades fora do ambiente escolar auxiliam o

aluno a aprender e ao professor a ensinar. Essas práticas educativas avigoram

o convívio social, os questionamentos sobre a posição da escola e da sociedade,

além de estimular a quebra de paradigmas na educação ao se trabalhar com um

currículo escolar flexível, considerando a comunidade na qual o aluno encontra-

se inserido.

A pesquisa orienta a investigação do processo de aprendizagem desses alunos

em distorção idade-série para empreender o interesse dos mesmos pelos

estudos e pela carreira acadêmica, inserindo-os criticamente na sociedade. A

pesquisa aponta a concretização das práticas educativas fora da sala de aula

comprometida com uma formação emancipatória de alunos em déficit de

aprendizagem no contexto do Ensino Fundamental.

Para melhor compreensão e sistematização da pesquisa, é pertinente esclarecer

o conceito de inovação educacional. Segundo Hernandez (2000), a inovação

17

escolar é caracterizada pela cultura de onde ela surge, pelo sujeito que a

promove e pela proporção que esta adquire. Na educação básica, as inovações

estão condicionadas ao tempo e ao espaço, bem como ao universo político,

econômico e histórico oriundos da escola. Hernandez (2000) aponta que as

inovações escolares oferecem alternativas aos conflitos da escola e da

sociedade, perduram na cultura escolar e contribuem para a melhoria da

qualidade de ensino-aprendizagem.

Carbonell (2002) defende que a inovação abarca os conhecimentos tradicionais

e os novos em um processo de simbiose, de mutação. A inovação apresenta-se

num equilíbrio entre o conhecimento acumulado coletivamente e a necessidade

de modificá-lo em função da evolução cognitiva. A partir da investigação das

práticas educativas fora da sala pelos docentes, intenta-se analisar essa

metodologia de aprendizagem como inovação tecnológica.

No que tange à área de concentração Inovação Social e Desenvolvimento Local

e a linha de pesquisa Educação e Desenvolvimento Local disponibilizada pelo

mestrado profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do

Centro Universitário UNA, a proposta da pesquisa concentra-se na linha

educacional: Educação e Desenvolvimento Local.

A pesquisa apresenta uma proposta de análise e de construção de metodologias

de aprendizagem fora do ambiente escolar e, ao mesmo tempo, tenciona a

capacitação docente na utilização desses recursos pedagógicos como práticas

de ensino para alunos em defasagem de aprendizagem na educação básica.

A importância de aplicabilidade dessa linha de pesquisa revigora-se em suscitar

a construção e o registro de um instrumento técnico-pedagógico que auxilie o

professor num processo de formação dos alunos. A inovação metodológica

projeta-se na utilização dos espaços não-formais de aprendizagem como

orientadores do currículo escolar. A pesquisa incrementa a utilização de novas

práticas educativas pelos docentes, sendo estas legitimadas pela instituição de

ensino e validadas por toda comunidade escolar.

18

A relevância da pesquisa apresenta-se na constituição de possibilidades futuras

de caracterização das práticas educativas fora da sala de aula como método de

ensino-aprendizagem para alunos em distorção idade-série. Por outro lado, os

resultados da pesquisa suscitam a ação interdisciplinar no planejamento, na

execução e na avaliação das práticas educativas fora da sala de aula na

educação básica, criando possibilidades e novas técnicas de ensino que

estimulem a participação ativa de toda comunidade escolar.

Outro ponto relevante é que, através da divulgação e sistematização científica

dessa prática, esta modifica o eixo de trabalho de toda uma instituição de ensino

ao invés de se restringir à ação individualizada ou proposta de determinado

professor. Do ponto de vista acadêmico, a pesquisa aponta para contribuições e

para a sistematização das práticas educativas fora da sala de aula como

instrumento de aprendizagem e para a formação global do educando. Nesse

sentido, a regularização dessa tecnologia educacional fomenta a formação do

homem em diversas contextualizações, sejam educacionais, empresariais ou

acadêmicas.

Essa prática metodológica pode suscitar o exercício da ludicidade no processo

de aprendizagem e, ao mesmo tempo, dialogar com os conhecimentos

construídos no espaço escolar e fora deste. Do ponto de vista do

desenvolvimento local, as práticas educativas fora da sala de aula suscitam a

interlocução dos sujeitos de aprendizagem com os locais não formais de

aprendizagem, com a escola, com a comunidade, consolidando o

desenvolvimento local numa perspectiva crítica, participativa e, sobretudo,

dialógica.

A carreira profissional da pesquisadora inicia-se em 2003, na docência do Ensino

Fundamental na Regional Nordeste de Belo Horizonte, e estende-se até os dias

atuais, no mesmo local. Dessa forma, o contexto das escolas públicas da

Regional Nordeste de Belo Horizonte foi demarcado para a prática da pesquisa

por exemplificar uma comunidade que oferece a vivência cotidiana das

19

especificidades das escolas e das comunidades nas quais essas turmas em

distorção idade-série fazem-se presentes.

A partir da vivência das dificuldades de aprendizagem dos alunos, a

pesquisadora constatou, em sua prática docente, um grande número de alunos

que eram evadidos e repetentes, que configuravam as taxas de abandono

escolar. Em relação à gestão escolar e às práticas docentes, muito pouco foi

oferecido aos alunos em distorção idade-série para que essa realidade fosse

transformada. Dessa forma, os alunos, nessa situação, acabavam por fazer

parte de uma estatística de estudantes que permaneciam no fundo da sala, não

demonstravam interesse pelas aulas e eram representantes dos maiores índices

de indisciplina e ocorrências escolares. Ao final do ano letivo, muitos desses

alunos repetem o ano e desistem de estudar após os 15 anos de idade,

procurando o mercado informal de trabalho.

Nesse contexto, emerge o problema da pesquisa, que procura questionar essa

prática da gestão e da docência escolar, buscando alternativas metodológicas

que ultrapassem os limites da sala de aula na formação integral e emancipatória

dos alunos em distorção idade-série.

Para a realização da pesquisa, foi utilizada a abordagem quali/quantitativa, que,

segundo Bauer e Gaskel (2002), apresenta-se apropriada, quando existe a

possibilidade de medidas quantificáveis de variáveis e inferências a partir das

amostras de uma população. Busca-se a explicação do comportamento das

coisas. No aspecto qualitativo, o pesquisador desenvolve conceitos a partir de

padrões encontrados nos dados. A pesquisa tem a finalidade real de explorar o

espectro de opiniões, as diferentes visões sobre o assunto em questão, de

interpretar as relações de significado dos fenômenos a partir dos indivíduos que

vivenciam o problema de pesquisa ou apresentam conhecimentos sobre o

mesmo.

A metodologia da pesquisa quali/quantitativa foi selecionada por apresentar

características como confiabilidade, mensuração consistente ao longo do tempo;

causalidade, relações causais entre conceitos e variáveis; e generalização, os

20

resultados podem ser generalizados para além da amostra representativa.

Todas essas características são condizentes com o objeto de estudo da

pesquisa das práticas educativas fora do espaço escolar no Ensino

Fundamental. Além disso, a pesquisa quali/quantitativa implica numa análise

ampla do fenômeno, considera a participação do pesquisador fundamental no

processo de coleta de dados.

A proposta da pesquisa é investigar as práticas educativas fora da sala de aula

executadas pelos docentes e as que ocorrem com o planejamento pedagógico

aprovado pela coordenação escolar e que tenham referências nos Parâmetros

Curriculares Nacionais e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.

A pesquisa pode ser classificada como quali/quantitativa descritiva,

considerando sua aproximação com a finalidade no desenvolvimento,

esclarecimento e modificação de conceitos, ideias e práticas acerca de um

determinado fato, atrelado à descrição e ao estudo das características de uma

determinada população ou fenômeno (GIL, 1991). De acordo com o autor, a

pesquisa descritiva aponta a frequência que o fenômeno ocorre e a sua

estrutura.

A finalidade da pesquisa é observar, estudar, registrar e interpretar os

fenômenos para sua posterior classificação. Destaca-se que a pesquisa

descritiva observa, registra, analisa e ordena os dados, sem manipulá-los e sem

a interferência do pesquisador. Esse tipo de pesquisa utiliza técnicas de coleta

de dados, como o questionário, a observação sistemática, as entrevistas e os

formulários (GIL, 1991).

No que se refere à observação sistemática, Lakatos e Marconi (2001) apontam

que nessa técnica de pesquisa o observador tem consciência da importância de

determinada situação, sendo o objetivo reconhecer possíveis erros e eliminar a

influência destes sobre o objeto de estudo. Essa coleta de dados permite

conhecer o comportamento das pessoas in loco, no processo de atividade. Isso

facilita a compreensão de fatos não relatados durante a entrevista.

21

A coleta de dados concretizou-se a partir de pesquisa bibliográfica e documental,

e pesquisa empírica. A primeira pesquisa teórica efetivou-se em livros e artigos

sobre o tema: Práticas Educativas Fora da Sala de Aula. Pesquisaram-se

também os conceitos de distorção idade-série no contexto brasileiro e os tipos

de aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem dos alunos com a finalidade

de contextualizar as práticas educativas fora do espaço escolar. Essa etapa da

pesquisa destaca-se pela análise propriamente dita dos conceitos e categorias

de análise, na qual o pesquisador recorre à análise de conteúdo, de acordo com

Lakatos e Marconi (2001).

Para a pesquisa documental, analisaram-se os documentos: LDB, PCN’s,

Projeto Político Pedagógico, Proposta curricular da escola, Regimento Escolar,

projetos, planos de ensino, matriz curricular, proposições curriculares da

Prefeitura de Belo Horizonte. A pesquisa documental é necessária para

fundamentar o referencial teórico, considerando as práticas educativas no

contexto da educação básica. Essa análise foi fundamental para a compreensão

dos pormenores que fazem parte do objeto de estudo.

Para a concretização da pesquisa empírica, foram selecionadas quatro escolas

municipais do Ensino Fundamental da Regional Nordeste de Belo Horizonte, que

apresentam turmas compostas somente por alunos em distorção idade-série

com idades entre quinze a dezenove anos em diferentes níveis de

aprendizagem, que oscilam desde o 6º ano ao 9º ano da escolaridade básica. A

Regional Nordeste possui 32 turmas em distorção idade-série. Para a pesquisa,

foram selecionadas 10 turmas dessa regional, pois estas desenvolvem práticas

educativas fora da sala de aula com esse público de alunos.

Tendo em vista que o projeto de pesquisa aborda o estudo das práticas

educativas fora da sala de aula, esses alunos e professores atendem ao escopo

investigativo por apresentarem uma metodologia de trabalho colaborativa na

qual se evidenciam experiências inovadoras e participativas que vislumbram

uma aprendizagem significativa.

22

O conjunto de sujeitos da pesquisa foi composto por nove professores, um de

cada turma das quatro escolas municipais estudadas; quatro coordenadores

pedagógicos, sendo um coordenador por escola; e dois grupos focais de 10

alunos. O grupo focal foi composto a partir da análise dos questionários

aplicados nas escolas. Para a composição do grupo focal, considerou-se a

escola que mais realiza práticas educativas fora da sala de aula. O questionário

foi aplicado para um grupo de 138 alunos, sendo estes inseridos nas turmas em

distorção idade-série das escolas estudadas.

Ressalta-se que os professores são o ponto de partida para o desenvolvimento

das práticas educativas, pois as atividades desenvolvidas surgem do cotidiano

da sala de aula. Os coordenadores das escolas referenciadas e os alunos em

distorção idade-série fazem parte da investigação científica com a finalidade de

se obterem resultados mais amplos e significativos, de acordo com a proposta

da pesquisa.

Em decorrência desses critérios, com base em Minayo (2005), deduz-se que a

amostragem assume características de priorizar os sujeitos que possam facilitar

a intervenção; de considerar que o tamanho da amostra é suficiente a partir das

informações; de trabalhar com a noção de que os informantes são

suficientemente diversificados, a ponto de possibilitarem abordagens de

diferentes fontes; de verificar que a escolha do campo e dos sujeitos contenha o

conjunto das experiências que se pretende captar.

Os dados recolhidos na pesquisa empírica foram tabulados de maneira a permitir

a verificação das relações que eles guardam entre si de forma clara para serem

categorizados. Posteriormente, os dados foram estudados, a partir da

organização em categorias e unidades de análise, geradas a partir da seleção

do material coletado, segundo Oliveira (2007), objetivando direcionar as

discussões e conclusões.

A proposta de intervenção consolidou-se na elaboração de um guia didático

pedagógico sobre práticas educativas fora do espaço escolar para o corpo

docente, visando à melhoria no processo de aprendizagem de alunos em

23

distorção idade-série no Ensino Fundamental da Regional Nordeste da

Prefeitura de Belo Horizonte.

A partir dos dados coletados, foi confeccionado um material para atender aos

anseios de todos os sujeitos da pesquisa. Em outra análise, o guia didático

favorece a sistematização e organização do conhecimento na promoção das

práticas educativas fora da sala de aula em diferentes modalidades do ensino.

Do ponto de vista organizacional, o guia pedagógico desenvolve-se em capítulos

com embasamento teórico sobre o tema e com a exposição de exemplos práticos

oriundos da pesquisa científica. Nesse guia, procura-se concretizar a exposição

das práticas educativas fora da sala de aula e sua importância no contexto

escolar, segundo o viés da aprendizagem dos alunos.

A estrutura da dissertação segue na apresentação de três artigos, atendendo à

decisão do colegiado sobre a nova estrutura do trabalho de conclusão de curso.

Sendo assim, estes foram formulados a partir de eixos específicos. O primeiro

artigo apresenta uma fundamentação teórica sobre a Distorção idade-série e

dificuldades de aprendizagem e suas implicações para o processo de ensino-

aprendizagem no Ensino Fundamental. Procura-se analisar a distorção idade-

série e as dificuldades de aprendizagem no processo de formação dos alunos

do Ensino Fundamental, considerando as dificuldades apontadas pelos alunos

em distorção idade-série da Regional Nordeste de Belo Horizonte.

O segundo artigo expõe as práticas educativas fora de sala para alunos em

distorção idade-série, bem como as possibilidades e desafios para uma

aprendizagem significativa dos alunos. Por meio de uma pesquisa quali/quanti

descritiva, procurou-se detectar quais as adequações metodológicas são

necessárias para que as práticas educativas fora do espaço escolar possibilitem

melhorar o desempenho cognitivo desses alunos.

O terceiro artigo apresenta o guia didático pedagógico em práticas educativas

fora da sala de aula. A proposta desse guia é fornecer informações técnicas e

procedimentais para que os professores do ensino básico e outros usuários

apropriem-se da metodologia inovadora das práticas educativas fora da sala de

24

aula como fomentadoras de uma aprendizagem significativa e emancipatória

para todos os alunos, incluindo os educandos em distorção idade-série.

25

Capítulo 1 - Distorção idade-série e dificuldades de aprendizagem:

implicações para o processo de ensino-aprendizagem no Ensino

Fundamental

Age-grade and learning disabilities: implications for the process of

teaching and learning in elementary education

Glausirée Dettman de Araújo

Dra. Adilene Gonçalves Quaresma

Centro Universitário UNA – Campus João Pinheiro

Mestrado em Gestão Social Educação e Desenvolvimento Local

Av. João Pinheiro, 515, B: Lourdes – BH/MG

[email protected]@prof.una.br

Resumo

O artigo analisa a distorção idade-série e as dificuldades de aprendizagem no processo de formação dos alunos do Ensino Fundamental. Por meio de uma pesquisa teórica, procura-se identificar as dificuldades de aprendizagem. Em um segundo momento, a proposta é detectar quais as adequações metodológicas são necessárias para que as práticas educativas fora do espaço escolar possibilitem melhorar o desempenho cognitivo dos alunos em distorção idade-série. O estudo baseia-se nas contribuições teóricas do INEP, da LDB – Lei de diretrizes e base da educação brasileira, e nos pensamentos de Raineldes (2013) e de Zabala (1998). No escopo do estudo, apontam-se os seguintes objetivos específicos: identificar o perfil dos alunos com dificuldades de aprendizagem e as implicações deste no processo de ensino formação do aluno no ensino básico; identificar estratégias para a formação integral do aluno em distorção idade-série, no universo das escolas da Regional Nordesteque atendem esses alunos; discutir os requisitos metodológicos necessários para que as práticas educativas fora do espaço escolar contribuam efetivamente para a melhoria do desempenho escolar de alunos citados anteriormente. Com base nos resultados alcançados ao longo da execução da pesquisa teórica, pretende-se buscar alternativas para a implantação dessas tecnologias e metodologias de ensino aprendizagem no contexto da educação fundamental e, em contrapartida, que essas práticas contextualizadas favoreçam o desenvolvimento local da participação democrática dos alunos no seu meio social.

Palavras-chave: Distorção idade-série. Dificuldades de aprendizagem. Educação.

Desenvolvimento Local.

Abstract

The article analyzes the age-grade and learning difficulties in the training of elementary school students process. Through a literature review seeks to identify learning difficulties. Secondly the proposal is to detect the methodological adjustments which are necessary for the educational practices outside school permit improve cognitive performance of students in age-grade. The study is based on the theoretical contributions of INEP, the LDB - Act guidelines and basic education in Brazil, and the thoughts of Raineldes and Zabala. The scope of the study indicate the following specific objectives: to identify the profile of students with learning difficulties and implications of this training in the teaching of students in basic education process; identify strategies for the integral formation of the student age / grade, in all the schools of the Northeast Regional serving these students; discuss methodological requirements for the educational practices outside school

26

contribute effectively to improving the academic performance of students mentioned above. Based on the results achieved through the implementation of bibliographic research, we intend to seek alternatives for deployment of these technologies and methodologies of teaching and learning in the context of basic education, and in return, these contextualized practices favoring local development through democratic participation of students in their social environment. Keywords: Age-grade. Learning difficulties. Education. Local Development

Introdução

Para aprimorar e qualificar as discussões sobre a educação no país, é primordial

analisar os índices relativos às modalidades de ensino, bem como as taxas que

compõem e explicitam a situação da educação brasileira. Nesse contexto, os

estudos sistematizados dos dados de acesso, de permanência, de evasão e da

qualidade educacional contribuem para a gestão do sistema educacional e para

a aplicação coerente de políticas públicas que amenizem as disparidades

regionais e sociais detectadas na educação.

O presente artigo resulta de pesquisa realizada no Programa de mestrado

profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, linha de

pesquisa Educação e Desenvolvimento Local, cujo tema compreendeu as

práticas educativas fora da sala de aula: uma pesquisa sobre a experiência das

escolas municipais da Regional Nordeste de Belo Horizonte com alunos em

distorção idade-série.

A pesquisa tem uma abordagem quali/quantitativa, e se propõe a apresentar

diversas opiniões, diferentes representações sobre as práticas educativas fora

da sala de aula e interpretar as relações de significado dos fenômenos a partir

dos professores que vivenciam o problema da pesquisa ou apresentam

conhecimentos sobre o mesmo.

O artigo está dividido em: um breve diagnóstico da distorção idade-série no país,

visto que o tema é de extrema relevância para a garantia da qualidade da

educação em território brasileiro. Logo em seguida, efetiva-se a apresentação

das dificuldades de aprendizagem comuns no Ensino Fundamental e a

27

discussão sobre as implicações dessas para o processo de ensino-

aprendizagem. E num terceiro momento, apresentam-se algumas alternativas

para que as práticas educativas vislumbrem a melhoria da aprendizagem desses

alunos em distorção idade-série.

1.1 O significado e o impacto da distorção idade-série no sistema

educacional brasileiro

De acordo com Barbosa (2012), as pesquisas na área educacional apresentam

avanços significativos nas questões referentes ao acesso dos alunos ao Ensino

Fundamental. Porém a educação brasileira evidencia dois problemas a serem

enfrentados: a evasão e a repetência escolar. Ambos encontram-se intimamente

ligados à distorção idade-série dos alunos, bem como ao baixo desempenho

escolar destes. Uma das alternativas apontadas pela Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Brasileira 9394/96 (LDB) para amenizar a distorção idade-série é

a aceleração de estudos para correção do fluxo escolar, relacionando a idade de

ingresso do aluno no sistema à sua respectiva fase conclusiva. A aceleração de

estudos está embasada no artigo 24 da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, que

define:

Art. 24º. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos (BRASIL,1996)

Dessa forma, no percurso do ano letivo, cada estudante segue um processo de

aprendizagem no qual são avaliados um conjunto de atividades pedagógicas e

o desempenho do aluno frente a estas. As taxas de rendimento escolar são

medidas diante das fases de ensino-aprendizagem, tendo como referência os

objetivos educacionais.

28

Ao final do processo de aprendizagem, no decorrer do ano letivo, a soma

resultante dos alunos aprovados, reprovados, evadidos compõe as taxas de

rendimento escolar das instituições de ensino. No que se refere à produtividade,

ou seja, à eficiência e à eficácia educacionais, as taxas de evasão escolar e a

de distorção idade-série comprometem os índices de qualidade e de

produtividade da educação brasileira. Numa visão concisa, de acordo com

Moreira (2013), a evasão escolar caracteriza o aluno que abandonou o sistema

de ensino durante o ano letivo e não se matriculou no ano posterior. A distorção

idade-série ocorre quando o aluno abandona os estudos por dois anos ou mais

durante a sua formação, e a outra situação é quando o aluno repete a série que

está em curso.

De acordo com Klein (1995), os estudos da evasão, do abandono e da repetência

escolar apontam que, no período anterior à década de 1980, os alunos eram

considerados os responsáveis pelo seu próprio fracasso escolar. Klein (1995)

caracteriza a pedagogia da repetência, que acredita que os problemas de

aprendizagem, como desinteresse, desmotivação, falta de atenção e outros são

inatos ao sujeito de aprendizagem. Somado a esse aspecto, apresenta-se

também como fator colaborativo no fracasso escolar a situação socioeconômica

dos alunos. Todos esses fatores agregados corroboram para a construção de

uma cultura da repetência no universo da escolaridade brasileira, destacando a

mesma como fato normal no processo.

A partir da década de 1990 as pesquisas educacionais1 refletem sobre as

metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem e revelam os índices da

ineficácia do sistema educacional. Um dos instrumentos de análise é o censo

escolar. De acordo com Borges (2011), o censo educacional caracteriza

problemas graves a serem superados na educação brasileira, dos quais se

enumeram: os elevados índices de repetência; a distorção idade-série que se

inicia no Ensino Fundamental e estende-se ao ensino médio; e a qualidade do

Nas pesquisas educacionais mais recentes, VIEIRA (2012) e BORGES (2011) analisam os dados estatísticos do IDEB, Censo Escolar, Avaliações Sistêmicas, investigações científicas, para o aprimoramento do sistema de ensino brasileiro e para o avanço do mesmo, em busca não somente do livre acesso às escolas, mas, sobretudo, na promoção do ensino de qualidade para todos os cidadãos.

29

ensino que é muito baixa, de acordo com as avaliações sistêmicas – Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e outros.

Os dados do Censo Escolar de 2013 revelam que existem mais de 50 milhões

de alunos matriculados no ensino básico. A região Sudeste concentra o maior

número de alunos, aproximadamente 19,5 milhões de estudantes. Ela é seguida

pela região Nordeste, que apresenta 14,4 milhões de matrículas no Ensino

Fundamental.

Os dados do Censo Educacional 2010, divulgados pelo INEP - Instituto Nacional

de Estudos e Pesquisas em Educação (2014) mostram o aumento de matrículas

no ensino infantil e no ensino especial. Porém as estatísticas revelam que o

sistema educacional brasileiro possui um grande número de matrículas no

ensino básico, sendo que esse número decresce pela metade quando se

analisam os dados do ensino médio. Isso revela um processo de afunilamento

no ensino, caracterizando que a maioria dos alunos matriculados no ensino

básico, mais da metade, não conclui o Ensino Fundamental e nem sequer chega

a matricular-se no ensino médio.

Além dos dados numéricos, o Censo Escolar revela informações sobre os

professores, sobre as condições materiais e físicas das escolas, dados

específicos de cada aluno, utilização do transporte público, rendimento escolar

e outros. O INEP (2014) informa:

De acordo com os dados, coletados entre maio e agosto deste ano (2010), o país registrava 13,4 milhões de matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano, com crianças a partir dos 6 anos) e 7,1 milhões de matrículas no ensino médio (1º ao 3º ano). A diminuição no número de alunos matriculados começa a ocorrer ainda entre as séries do ensino fundamental. As séries finais (6º ao 9º ano) desse nível de ensino têm 11% a menos de matrículas (11,9 milhões) do que as séries iniciais. Nas séries inicias do ensino fundamental, mais da metade das matrículas são em escolas municipais (7,8 milhões).

Os dados do MEC, segundo Vieira (2012), revelam que pouco mais de 50% dos

alunos matriculados no Ensino Fundamental concluem esse nível de ensino, por

30

diversos motivos que incluem a evasão, a repetência, a distorção idade-série e

as dificuldades de aprendizagem.

As taxas de rendimento, no Ensino Fundamental, segundo INEP (2014),

mostram o quadro de 78,7% de aprovação; 13% de reprovação; e 8,3% de

abandono. Dados mais atuais de 2010 apontam 29,6% dos alunos em situação

de distorção idade-série. As taxas de reprovação e abandono de acordo com

INEP (2014) acentuam-se a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. Os índices

podem ser comprovados nas tabelas abaixo.

Dessa forma, as análises dos dados caracterizam a urgência do investimento na

educação básica com propostas inovadoras capazes de amenizar as

disparidades regionais, as precariedades das instalações escolares no universo

público, a má formação dos docentes no fomento de uma educação de qualidade

para todos os cidadãos. Os dados do INEP referentes ao ano de 2010

encontram-se seguem na TAB.1.

TABELA 1: Dados de distorção idade-série no Brasil

Ministério da

Educação Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

Região

Taxa de Distorção Idade-Série - Ensino Fundamental de 8 e 9 anos – 2010

1º ANO

1ª Série/

2ª Série/

3ª Série/

4ª Série/

5ª Série/

6ª Série/

7ª Série/

8ª Série/

1ª a 4ª

Série 5ª a 8ª Série Total

Fundamental

2º Ano 3º Ano 4º

Ano 5º

Ano 6º

Ano 7º

Ano 8º

Ano 9º

Ano

1º ao 5º

Ano 6º ao

9º Ano

Norte 10,2 25,9 36,1 38,7 38,1 44,1 42,6 37,8 36 30,7 40,7 34,8

Nordeste 8,3 20,3 30,3 33,8 35,3 44,6 42 37,7 34,6 26,6 40,4 32,7

Sudeste 3,3 7,3 12 13,5 14,8 22,4 20,6 21,4 19,4 10,6 21 15,5

Sul 2,3 10,1 13,8 18 15,8 23,8 25,9 24,1 21,2 12 23,8 17,8

Centro-Oeste 3,7 11,5 17,2 20,4 21,5 29,8 29,7 28,3 25,7 15 28,5 21,3

Brasil 5,4 14,5 21,4 24 24,4 32,5 30,7 28,3 25,7 18,5 29,6 23,6 Fonte: Inep/Mec - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

http://dados.gov.br/dataset/taxas-de-distorcao-idade-serie-escolar-na-educacao-basica/resource/09e6ff34-9954-43c3-af5b-8bca2c22642e em 03/03/14

As taxas de distorção idade série, segundo INEP (2014), revelam que a

distorção, ao longo do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental, atinge um

31

percentual de 29,6% dos jovens, o que implica que a cada 10 alunos, três deles

apresentam-se ou se encontram em situação de distorção.

As regiões Norte e Nordeste mostram uma distorção mais acentuada, atingindo

40% dos alunos. No que se refere à região Sudeste, o índice aponta 21% dos

alunos em distorção, o que representa o menor índice do Brasil. Segue a tabela

2 do Inep (2014) que apresenta mais claramente os índices de abandono e

reprovação no território brasileiro.

TABELA 2: Dados de Evasão e Abandono em território urbano e rural

Ministério da Educação

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Dados 2010

Taxa de Reprovação - Ensino Fundamental de 8 e 9 anos -

BRASIL Reprovação na 1ª série/2º Ano

Reprovação na 2ª

série/3º Ano

Reprovação na 3ª

série/4º Ano

Reprovação na 4ª

série/5º Ano

Reprovação na 5ª

série/6º Ano

Reprovação na 6ª

série/7º Ano

Reprovação na 7ª

série/8º Ano

Reprovação na 8ª

série/9º Ano

Reprovação 1ª a 4ª Série/1º a

5º Ano

Reprovação 5ª a 8ª Série/ 6º

ao 9º Ano

Total Reprovação Fundamental

Brasil Rural 13,5 16,5 13 11,6 17,1 12,3 8,9 5,9 12,2 11,9 12,1

Brasil

Total 9,2 12,1 8,2 8,2 15,2 13,1 10,8 10,4 8,3 12,6 10,3

Brasil

Urbana 8,1 11 7,1 7,5 14,9 13,2 11,1 10,9 7,3 12,7 9,9

Taxa de Abandono - Ensino Fundamental de 8 e 9 anos – dados 2010

BRASIL

Abandono na 1ª

série/2º Ano

Abandono na 2ª

série/3º Ano

Abandono na 3ª

série/4º Ano

Abandono na 4ª

série/5º Ano

Abandono na 5ª

série/6º Ano

Abandono na 6ª

série/7º Ano

Abandono na 7ª

série/8º Ano

Abandono na 8ª

série/9º Ano

Abandono 1ª a 4ª Série/1º

a 5º Ano

Abandono 5ª a 8ª

Série/ 6º ao 9º Ano

Total Abandono Fundament

al

3,1 3,6 3,3 3,6 3,9 7,9 6,9 7 6,2 3,5 7,1 4,7

1,6 1,9 1,7 1,8 2 5,1 4,5 4,6 4,6 1,8 4,7 3,1

1,4 1,5 1,3 1,4 1,5 4,8 4,2 4,2 4,5 1,5 4,4 2,9

Brasil Rural 3,6 3,3 3,6 3,9 7,9 6,9 7 6,2 3,5 7,1 4,7

Brasil

Total 1,9 1,7 1,8 2 5,1 4,5 4,6 4,6 1,8 4,7 3,1

Brasil

Urbana 1,5 1,3 1,4 1,5 4,8 4,2 4,2 4,5 1,5 4,4 2,9

Fonte: Inep/Mec - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

Os dados relativos ao abandono são mais expressivos no 6º ano e no 9º ano do

Ensino Fundamental. Os índices indicam uma média nacional de reprovação de

15,2% no 6º ano e 12,6% no 9º ano. As taxas de abandono são respectivamente,

5,1% no 6º ano e 4,6% no 9º do ensino básico. Esses dados revelam a

importância de investimento na formação dos alunos tendo em vista a redução

dos índices de evasão, repetência e, consequentemente, das taxas de distorção

idade-série.

32

No sistema educacional brasileiro, a criança ingressa no Ensino Fundamental

com 6 anos de idade e apresenta a expectativa de conclusão dessa modalidade

aos 14 anos de idade. Essa modificação do ensino básico está pautada sobre a

Lei 11.274 de fevereiro de 2006. Quando o aluno é reprovado ou abandona os

estudos, ele deve repetir a série ou etapa que não foi concluída. Nesse caso, ele

prossegue os estudos, mas encontra-se em defasagem, quando comparado com

a sua turma de origem. Este configura o aluno em distorção idade-série. Saraiva

(2010) aponta o conceito de distorção idade-série:

É a condição em que se encontra o aluno que está cursando uma série com idade superior a que seria recomendada ou prevista. É também denominada Defasagem Idade-série. O valor da distorção é calculado em anos e representa a defasagem entre a idade do aluno e a idade recomendada para a série que ele está cursando. O aluno é considerado em situação de distorção ou defasagem idade-série, quando a diferença entre a idade do aluno e a idade prevista para a série é de dois anos ou mais.

A distorção idade-série indica o cálculo dos alunos que estão acima da idade ideal em determinada série. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP (2001) divulga a seguinte fórmula para o cálculo da distorção idade-série:

O Censo Escolar do ano t e a série k do ensino fundamental, cuja idade adequada é de i anos, então o indicador será expresso pelo quociente entre o número de alunos que, no ano t, completam i + 2 anos ou mais (Nascimento antes de t – {i+1}) e a matrícula total na série k. A justificativa deste critério é que os alunos que nasceram em t – [i+1] completam i + 1 anos no ano t, e portanto, em algum momento deste ano (de 1º de janeiro a 31 de dezembro) ainda permaneciam com i anos, e por isso, o critério aqui adotado considera estes alunos como tendo idade adequada para esta série. Os que nasceram depois de t – [i+1] completam no ano t, i anos ou menos. (INEP, 2001)

De acordo com Barbosa (2012), no 6º ano do Ensino Fundamental ocorre um

aumento da repetência e abandono escolar. Isso, muitas vezes, é causado pela

mudança da metodologia, pois nessa fase o aluno tem vários educadores em

sala, ao invés de um único professor. Nesse caso, o aluno já apresenta um ano

de distorção, se retornar às aulas no ano seguinte.

Outro motivo de abandono, explicitado pelo autor, é que, nessa fase, alguns

alunos começam a trabalhar para auxiliar na renda familiar. Outras questões

relacionam-se à desestrutura familiar, à falta de proficiência do docente, à oferta

33

de uma escola pouco atrativa que provoca um comportamento indisciplinado e,

em alguns casos, à ocorrência de atos infracionais por parte dos alunos que

contribui para o abandono ou repetência do ano letivo. Pode-se afirmar que todos

esses fatores contribuem para o aumento da distorção idade-série.

Analisar a distorção idade-série é primordial para a política educacional do país,

tendo em vista a redução dos impactos da mesma nos índices de eficiência e

eficácia do sistema educacional, bem como a alocação de recursos financeiros,

pessoais e outros destinados a promover a melhoria da qualidade da educação

brasileira.

O fluxo escolar dos estudantes é um dos principais desafios para as metas

educacionais da próxima década. Para solucionar o problema, as políticas

devem atuar no atendimento dos alunos e na redução da repetência e do

abandono escolar. De acordo com Vidal et al (2007), em pesquisa realizada pelo

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), supervisionado pelo

Ministério de Ciência e Tecnologia, entre 1999 e 2004, a taxa de reprovação no

país apresentou um crescimento de 25%. O pior percentual no quesito

repetência foi assinalado pela região Sudeste com 43,5%. Em relação à taxa de

abandono, os índices demonstram redução significativa. Na questão de

distorção idade-série, a taxa nacional era de 24,66% no final de 2004, ou seja,

em cada quatro alunos matriculados no Ensino Fundamental, um aluno

encontra-se em situação de defasagem idade-série, porque este apresenta

idade superior àquela adequada à sua formação.

Os dados mais recentes, de acordo com INEP (2014), demonstram um avanço

educacional em relação aos dados de 2004. Evidencia-se a redução da taxa de

distorção de aprendizagem para um índice de 23,6% em nível nacional. Mas, por

outro lado, fica claro a exclusão dos alunos e o impacto que os dados de

distorção idade-série implicam na continuidade dos estudos na modalidade do

ensino médio e superior. Dessa forma, o ensino básico garante o acesso dos

alunos ao sistema de ensino, mas o maior desafio apresentado pelos dados do

INEP (2014) aponta para a dificuldade de permanência e conclusão dos

estudantes nessa modalidade de ensino. Isso também impacta no

34

desenvolvimento econômico do país, que apresenta uma população com baixa

formação escolar.

Quando os dados são analisados de acordo com os municípios e nas regiões, o

INEP (2014) demonstra que as taxas de distorção idade-série realçam as

desigualdades territoriais da educação no país. Os dados revelam que, na região

Sudeste, o índice de distorção idade-série, considerando o período do 6º ao 9º

ano de escolaridade básica, é de 21%; na região Sul é de 23,8%; na região

Centro-Oeste é de 28,5%; e na região Norte é de 40,7%; e na região Nordeste é

de 40,4%.

As estatísticas revelam a urgência de se buscarem estratégias e alternativas

para a formação dos educandos, que venham a atender as expectativas destes

e, em contrapartida, oportunizem uma educação de qualidade que amenize essa

distorção nas diversas regiões do país. É preciso buscar soluções para as

dificuldades do sistema educacional brasileiro, no qual os alunos, em situação

de abandono, evasão e distorção, todos com baixo rendimento escolar, estão

sendo produzidos na tessitura da sala de aula e do processo de ensino-

aprendizagem.

A distorção idade-série revela outro fato, de que os alunos nessa condição

demonstram rendimento inferior aos padrões estabelecidos nas avaliações

nacionais.2 Os resultados das avaliações recentes, de acordo com o INEP

(2014,) revelam o baixo desempenho dos alunos. Nesse sentido, 75% dos

2Segundo INEP (2014), o Brasil apresenta os indicadores educacionais através de vários instrumentos

técnico-avaliativos, tais como: Sistema Nacional da Educação Básica (SAEB), Índice de Desenvolvimento

da Educação Básica (IDEB), a Prova Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o Exame Nacional

de Desempenho dos Estudantes (ENADE). O Ministério da Educação define o IDEB como um indicador do

desempenho do aluno. O IDEB é medido de 2 em 2 anos, sendo que o índice nacional aferido em 2005,

na primeira fase do ensino fundamental, foi de 3,8. A partir desses dados, a meta educacional brasileira é

que esse índice corresponda à 6.0, que é a média considerada como produtora de um ensino de qualidade,

sendo o mesmo índice aplicável aos países desenvolvidos. As avaliações são padronizadas em todo

território nacional e revelam as habilidades de comunicação escrita e matemática para os alunos que

estão na 4ª e 8ª séries.

35

alunos da 4ª série não foram capazes de ler e entender um artigo simples de

jornal e 52% desses alunos não foram capazes de solucionar problemas básicos

de cálculo.

Com base nesses dados, um dos desafios do sistema educacional é aumentar

o nível de aprendizado dos alunos.

Uma das iniciativas para desenvolver a qualidade do ensino brasileiro foi a

constituição de uma aliança entre a sociedade civil, organizações sociais,

gestores públicos e a iniciativa privada através do Movimento Todos pela

Educação, com a meta de garantir uma Educação Básica de qualidade para

todos os cidadãos brasileiros até 2022.

Outra estratégia para o desenvolvimento da educação brasileira é o

estabelecimento do Plano Nacional de Educação.3 Uma das alternativas

propostas pela LDB (9394/96), aponta o artigo 24, inciso V da mesma lei,

legalizando a criação de uma proposta pedagógica de aceleração de estudos

para alunos com a vida escolar em atraso. Segundo BARBOSA (2012), a

proposta cria classes de aceleração como uma intervenção pedagógica para

amenizar as lacunas de aprendizagem e melhorar o desempenho escolar dos

A primeira versão do Plano Nacional de Educação foi elaborada em 1962, sendo que este foi apresentado

como uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura aprovado pelo Conselho Federal de Educação.

Essa versão apresentava um conjunto de metas quantitativas e qualitativas a serem efetivadas ao longo

de oito anos. Após a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e base da educação 9394/96, o Plano

Nacional de Educação entrou em vigor. A LDB 9394/96 determina o Plano Nacional de Educação (2000)

em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. O Plano Nacional de Educação passou

a vigorar a partir do Projeto de Lei nº 4.155, de 13 de março de 1998. O Plano defende uma educação

mais justa e igualitária e, ao mesmo tempo, contempla as especificidades e problemas sociais, culturais e

políticos presentes na educação do país. Os eixos norteadores do Plano seguem os princípios da

Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, da Emenda

Constitucional 14 de 1995. O Plano Decenal de Educação segue as proposições da UNESCO, as propostas

do Ministério da Educação - MEC, o Conselho Nacional de Secretários da Educação – CONSED e da União

Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME.

36

alunos. Com isso, possibilita-se também a correção do fluxo escolar, superando

a trajetória de fracasso escolar.

A aceleração da aprendizagem, instituída pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação 9394/96 em seu artigo 24, coloca em destaque a função do Ministério

da Educação (MEC) pela implantação de políticas educacionais que promovam

a correção da distorção do fluxo escolar. Dessa forma, a aceleração da

aprendizagem, proposta pelo MEC, apresenta essa iniciativa como uma

estratégia pedagógica que considera o nível de maturidade dos alunos e permite

uma abordagem mais rápida dos conteúdos para ajudar que os mesmos

recuperem o tempo perdido, reduzindo, portanto, o déficit de aprendizagem e os

índices de distorção idade-série e suas implicações nas taxas de reprovação e

abandono no ensino básico.

Em vários Estados da Federação, foram implantadas iniciativas com programas

de aceleração de conteúdos no ensino básico. Uma das experiências foi

estabelecida numa parceria com a Fundação Ayrton Sena, em 2001, que

desenvolveu o Programa Acelera Brasil no Ensino Fundamental. Outra parceria

foi estabelecida entre várias redes de ensino no país com a parceria da

Fundação Roberto Marinho. Uma das primeiras propostas de aceleração

instituída foi o Programa de Aceleração Travessia, implantado no Estado de

Pernambuco, nas modalidades do ensino básico e do ensino médio, a partir de

2007.

Em Belo Horizonte, a parceria com a Fundação Roberto Marinho foi estabelecida

em 2009, com a rede municipal de ensino através do Programa de Aceleração

de estudos para jovens de 15 a 19 anos do Ensino Fundamental, chamado

Programa Floração. Essa parceria consistia em um suporte técnico e pedagógico

para desenvolver em sala de aula a proposta educacional da Fundação Roberto

Marinho. Dessa forma, as aulas seguem uma metodologia na qual os alunos e

professores trabalham em círculos, contemplando os passos e as sequências

didáticas para a construção do conhecimento dos alunos.

37

As aulas iniciam com uma problematização em relação a um tema proposto, os

alunos assistem a uma complementação do problema por meio do recurso da

teleaula, que tem a duração de 15 minutos. Em seguida, o professor dá

sequência à discussão cognitiva, utilizando vários instrumentos didáticos e

fomentando o diálogo e a participação dos alunos. Os passos seguintes são

direcionados para a sistematização do conhecimento estudado por meio de

exercícios e trabalhos em equipes. Finalmente, ocorre a avaliação de todos os

alunos em parceria com o professor sobre as tarefas de aprendizagem

desenvolvidas em um dia de aula. Os alunos fazem o registro significativo da

aprendizagem em um caderno de memorial. O professor também faz as

anotações em um memorial, acompanhando o processo de desenvolvimento de

cada aluno.

Em Belo Horizonte, a parceria instaurada em 2009, 2010 e 2011 contou com o

suporte técnico e pedagógico da Fundação Roberto Marinho. A partir dos anos

seguintes até a presente data, a rede municipal de ensino de Belo Horizonte

utiliza somente o material didático, caracterizado pelos livros do telecurso de 1º

grau e os dvd’s que fundamentam as teleaulas. A Secretaria Municipal de

Educação instituiu uma equipe de intervenção pedagógica para atender às

demandas dos alunos em consonância com as proposições curriculares dessa

rede de ensino. Além disso, o grupo de intervenção pedagógica é responsável

pela formação continuada dos professores para a atuação no programa.

A Secretaria Municipal de Educação tinha uma demanda de aproximadamente

11000 alunos em distorção idade-série no ano de 2009. O ingresso do aluno no

programa de aceleração foi realizado por meio de adesão voluntária. Após

reunião com os pais e com os alunos, os interessados eram matriculados. As

turmas eram formadas com o teto máximo de 25 alunos e com o mínimo de 18

alunos. Ao término do ano de 2013, a Secretaria Municipal de Educação, por

meio do Programa Floração, formou 12000 alunos que se encontravam em

situação de distorção idade-série.

Destaca-se, porém, que o número de alunos em distorção em idade-série tem

acrescido ao longo dos anos. Isso é devido ao baixo rendimento escolar dos

38

alunos, a metodologias tradicionais de ensino, à falta de interesse dos alunos

que se encontram em situação de repetência e evasão, entre outros fatores. Com

isso, a Secretaria Municipal de Educação ainda tem o desafio de construir

estratégias para a redução do fluxo de alunos em distorção idade-série.

A proposta da aceleração de estudos é apresentar uma sugestão metodológica

para reduzir os déficits educacionais dos alunos em distorção idade-série. Assim,

procura-se desenvolver práticas educativas fora da sala de aula que dinamizem

o conhecimento aprendido e o relacionem com a realidade e contexto social no

qual o estudante encontra-se inserido. Trata-se de um processo inovador, que

oportuniza a experimentação do conhecimento e sua vivência social através de

metodologias interativas que aproximam o conhecimento acadêmico da

realidade dos aprendizes.

De acordo com as proposições do Programa Floração, procura-se promover o

progresso da escolaridade dos jovens alunos e, sobretudo, possibilitar a estes

condições de construção de conhecimentos significativos que melhorem a

autoestima dos mesmos. Para tanto, utiliza-se uma organização curricular que

organiza eixos temáticos condizentes com a realidade do aluno, um

desempenho qualitativo do trabalho docente numa proposta avaliativa formativa,

articulada com diversas propostas de aprendizagem dinâmicas e reflexivas, que,

sobretudo, considerem as habilidades construídas no universo coletivo e

individual do discente. Maiores detalhes sobre o programa Floração serão

explicitados no capítulo dois.

No caráter de formação ampla, a proposta de aceleração de estudos, de acordo

com os preceitos avaliativos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96,

deve atender aos parâmetros curriculares nacionais e municipais, visando à

continuidade dos estudos do público em defasagem de aprendizagem.

As Proposições Curriculares da Prefeitura de Belo Horizonte (2012) caracterizam

a adolescência como fase ideal para o desenvolvimento de capacidades de

generalização de raciocínios e elaboração do pensamento abstrato. A

matemática dispõe de ferramentas que auxiliam o desenvolvimento mental,

39

dentre as quais se destacam as competências aplicadas pela álgebra e

geometria. Estas contribuem para o aprimoramento do raciocínio dedutivo em

situações práticas da vida cotidiana. As Proposições Curriculares da Prefeitura

Municipal de Belo Horizonte (2012, p. 23) definem as proposições a serem

desenvolvidas na matemática para os adolescentes:

É importante que as aprendizagens promovidas pela escola tenham impacto na vida dos educandos. Para isso, é necessário conhecer as demandas dos adolescentes, as quais, muitas vezes, não abrangem apenas os conhecimentos formais. Nessa fase da vida, os educandos passam a ter mais autonomia e independência, ampliando sua participação na vida familiar e social. Participar do orçamento familiar, gerir gastos, planejar pequenos eventos (festas, feiras, etc.), deslocar-se sozinho pela cidade, iniciar a participação política (em grêmios, por exemplo) são situações nas quais as capacidades desenvolvidas na escola, incluindo as capacidades matemáticas, podem ser úteis.

No que se refere ao ensino da língua portuguesa, as proposições curriculares da

Prefeitura de Belo Horizonte (2012) apontam que o domínio das habilidades

linguísticas é gradativo e progressivo. Dessa forma, a linguagem aciona as

dimensões: discursiva, que pontua a língua ao seu contexto de uso; a dimensão

semântica, que qualifica os significados e sentidos dos itens lexicais; a dimensão

gramatical, que organiza o sistema linguístico nos planos fonológico, morfológico

e sintáxico.

A melhor forma de se trabalhar a linguagem é de maneira espiralada, ou seja,

em torno das mesmas capacidades, o processo educativo amplia-se e adensa-

se, abrangendo práticas sociais cada vez mais complexas. Cabe, portanto, aos

adolescentes a compreensão e a produção de textos orais, a produção de textos

escritos, que englobam todos os conhecimentos linguísticos apontados

anteriormente. As Proposições Curriculares da Prefeitura de Belo Horizonte

(2012, p.19) citam:

(...) na leitura e na escrita, a grande proposta, para os três ciclos de formação, é que os alunos sejam capazes de compreender textos de gêneros diversos e de produzir textos, também de gêneros diversos, adequados aos objetivos da comunicação, ao leitor pretendido e às condições, ao ambiente e ao suporte em que esses textos vão circular. Essas são as capacidades mais importantes que os alunos precisam desenvolver ao longo do Ensino Fundamental. A língua portuguesa deve ser trabalhada de acordo com esses pressupostos e tendo em

40

mente o objetivo de letrar os alunos, com vista à sua plena integração na vida social.

Diante das ideias expostas, evidencia-se a urgência de um investimento na

educação básica, tendo em vista a redução dos índices de evasão, a distorção

idade-série e a repetência em todo o território nacional. Nesse contexto,

emergem as políticas públicas que promovam uma educação mais equitativa e

igualitária, preocupadas, sobretudo, com o aumento do rendimento educacional

dos discentes. Trata-se de fundamentar uma educação básica que valoriza a

inclusão e a diversidade do país e que possibilite a construção de habilidades e

competências, garantindo o direito à educação de qualidade para todos os

cidadãos.

1.3 Dificuldades de aprendizagem: implicações para o desempenho dos

alunos no Ensino Fundamental

Os alunos em distorção idade-série apresentam várias dificuldades de

aprendizagem. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer essas dificuldades,

tendo em vista a busca de soluções para as mesmas. Nesse sentido, aborda-se,

nessa parte, a dislexia, a dislalia, a disortografia e a discalculia como distúrbios

de aprendizagem que contribuem para o baixo desempenho escolar dos alunos.

Os dados estatísticos do Instituto Nacional de Estudos e Estatística Anísio

Teixeira - INEP (2014) demonstram que o número de alunos com dificuldades

de aprendizagem tem aumentado nos últimos anos. Dessa forma, é primordial

o investimento em pesquisas educacionais nessa área para se buscarem

alternativas para os questionamentos sobre as dificuldades de aprendizagem,

analisando suas causas e seus efeitos na educação. Porém o tema é bastante

controverso, na medida em que se atribui o fracasso escolar aos alunos e aos

professores ao invés de se analisarem todos os fatores imbricados no processo

de ensino-aprendizagem.

Dificuldade de aprendizagem, segundo Correia (2008), numa perspectiva

biológica, são desordens neurológicas que interferem na percepção, na

41

integração ou na expressão da informação, caracterizando uma discrepância

acentuada entre o potencial estimado do aluno e a sua realização escolar.

Nesse sentido, os alunos com dificuldades de aprendizagem podem ser

excelentes alunos com altíssimo desempenho em determinada tarefa e/ou

disciplina e, em contrapartida, possuírem alguma dificuldade na aprendizagem

da leitura, da escrita ou do cálculo. Após uma reunião em Chicago, em 1963,

liderada por Samuel Kirk, a concepção sobre dificuldade de aprendizagem

passou a ser um campo de estudo. Isso se efetivou principalmente nos Estados

Unidos e Canadá, visto que muitas crianças apresentavam dificuldades de leitura

e escrita sem demonstrarem alguma razão aparente de deficiência ou atraso

escolar.

Segundo Bossolan (2011), a classificação dos estudos relativos ao tema segue

as dificuldades de aprendizagem acadêmicas e não acadêmicas. A autora

defende que as classificações acadêmicas seguem as habilidades utilizadas na

escola, sendo estas afetadas pelas dificuldades de aprendizagem, tais como: a

leitura, a aritmética e a escrita. As dificuldades não acadêmicas referem-se às

apresentadas no cotidiano, tais como: problemas de memória visual,

complicações fonológicas e outras.

Assim, o tema dificuldades de aprendizagem na escola é passível de

interpretações equivocadas por toda a comunidade escolar. Muitas vezes, os

alunos com necessidades educativas especiais são confundidos com portadores

de transtorno ou distúrbios neurológicos. Por isso, a partir de 1963, a definição

mais apropriada de dificuldade de aprendizagem, de acordo com Correia: (2008,

p.27), caracteriza-se por:

Dificuldades de aprendizagem específicas significam uma perturbação num ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos matemáticos. O termo inclui condições como problemas perceptivos, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento. O termo não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes principalmente de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência mental, de perturbação emocional ou de desvantagens ambientais, culturais ou econômicas.

42

Essas implicações legais exigem uma atenção particular aos alunos com

dificuldade de aprendizagem e responsabiliza todo o universo escolar no sentido

de organizar as práticas pedagógicas. Assim envolvendo toda a comunidade

acadêmica para oportunizar um melhor ambiente de aprendizagem com

enfoques diferentes sobre os conteúdos, considerando os alunos em suas

particularidades e atenuando as dificuldades através da ação coletiva na

promoção do ensino de qualidade.

Segundo Bossolan (2011), as dificuldades de aprendizagem podem emergir de

diversas situações na vida estudantil e apresentam natureza de várias ordens.

Atualmente, 80% dos casos de dificuldades de aprendizagem são de leitura,

sendo este o tipo de dificuldade mais estudado. A autora caracteriza que

aprender é um processo natural, mas que resulta de uma complexa atividade

mental, na qual estão envolvidos processos de percepção, emoções, memória,

mediação, conhecimentos prévios. Correia (2008, p. 46) afirma:

As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime –, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo déficits que implicam problemas de memória, preceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, déficit de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.

Para a efetivação da aprendizagem satisfatória, vários fatores devem ser

coordenados. Os fatores de ordem afetiva, social, cognitiva, pedagógica,

orgânica e ambiental articulados podem interferir na aprendizagem dos alunos,

causando o baixo rendimento escolar.

De acordo com Smith e Strick (2001), os fatores emocionais e afetivos, como a

instabilidade emocional e a dependência, a tensão nervosa, a inquietude, o

autoconceito, a autoestima baixa podem ter ligações com as dificuldades de

43

aprendizagem. A combinação desses fatores pode desencadear o surgimento

dos impedimentos cognitivos ou se tornar característica demonstrada pelos

alunos nessa condição.

De acordo com Smith e Strick (2001), o termo dificuldades de aprendizagem

refere-se não a um único distúrbio, mas a um conjunto de problemas que podem

afetar qualquer área do desempenho acadêmico. Raramente, as dificuldades de

aprendizagem possuem uma única causa. Muitos aspectos diferentes podem

prejudicar o funcionamento cerebral. Apontam-se os problemas psicológicos dos

alunos somados a complicados ambientes domésticos e escolares vivenciados

por estes. As dificuldades de aprendizagem, na maioria das vezes, ocorrem em

combinações e variam em intensidade e em gravidade.

Correia (2008) afirma que uma característica da dificuldade de aprendizagem

dá-se quando as crianças apresentam déficit significativo entre a atividade

escolar e a capacidade intelectual nas áreas da expressão oral, da compreensão

auditiva, da expressão da escrita, da capacidade básica de leitura, da

compreensão da leitura, dos cálculos matemáticos e do raciocínio matemático.

Outra definição de dificuldade de aprendizagem elaborada pelo National Joint

Commitee on Learning Disabilities (apud SMITH; STRICK, 2001, p. 42):

Dificuldade de aprendizagem é um termo genérico que diz respeito a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por problemas significativos na aquisição e uso das capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou matemáticas. Estas desordens, presumivelmente devidas a uma disfunção do sistema nervoso central são intrínsecas ao indivíduo e podem ocorrer durante toda a sua vida. Problemas nos comportamentos autorreguladores, na percepção social e nas interações sociais podem coexistir com as dificuldades de aprendizagem, mas não constituem por si só uma dificuldade de aprendizagem. Embora as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições de incapacidade (por exemplo, privação sensorial, deficiência mental, perturbação emocional grave) ou com influências extrínsecas (tal como diferenças culturais, ensino inadequado ou insuficiente), elas não são devidas a tais condições ou influências.

44

De acordo com Correia (2008), as origens das dificuldades de aprendizagem

situam-se no sistema nervoso central do indivíduo, onde vários fatores interferem

na aprendizagem. Segundo Correia e Martins (2014), um dos fatores relevantes

é a hereditariedade. Esta implica no uso de álcool e drogas durante a gravidez,

as insuficiências placentárias, a incompatibilidade de Rh com a mãe, o parto

prolongado e difícil, as hemorragias intracranianas durante o parto, a privação

de oxigênio e outras. Dos fatores pós-natais, podem-se citar os traumatismos

cranianos, a má nutrição, os tumores e derrames cerebrais, a negligência e o

abuso físico.

A identificação das dificuldades de aprendizagem deve ser feita o mais cedo

possível. A família deve observar a criança e, ao mesmo tempo, criar um

ambiente saudável para o desenvolvimento desta. É no convívio familiar que a

criança inicia seu processo de desenvolvimento orgânico e intelectual,

culminando na maturação da personalidade adulta. Os fatores biológicos,

psicomotores, intelectuais e afetivo-sociais estão intrinsecamente ligados à

formação do ser humano. Em complementação, a escola, os professores devem

estar atentos aos sinais que porventura indiquem a existência de dificuldades de

aprendizagem.

É importante destacar que a avaliação de uma criança com dificuldade de

aprendizagem deve ser feita por uma equipe multidisciplinar, de forma que se

verifiquem os vários fatores interligados que contribuem para o desenvolvimento

das dificuldades de aprendizagem.

Professores, médicos, terapeutas, pais, psicólogos devem atuar em sistema de

cooperação. Correia e Martins (2014) ressaltam que o aluno só deve ser

considerado com dificuldades de aprendizagem, se existir uma discrepância

significativa entre o seu potencial estimado e a sua capacidade escolar, se o seu

insucesso escolar for devido a problemas de uma ou de mais áreas da escrita,

da fala, da leitura, da matemática e do raciocínio.

45

Segundo Silva e Nista-Picollo (2010), em muitos casos, a dificuldade de

aprendizagem não é vista como uma patogenia e sim como um obstáculo que

pode estar dificultando esse processo. É fundamental observar a criança para

se identificarem as verdadeiras causas das dificuldades de aprendizagem.

É importante esclarecer que as dificuldades de aprendizagem não se confundem

com falta de interesse, com perturbação emocional ou com inadequação

metodológica. Então, o baixo rendimento escolar pode ser consequência de

fatores orgânicos ligados à constituição do indivíduo, tais como: cardiopatias,

encefalopatias, deficiências sensoriais, deficiência intelectual, mesmo sem

serem causa suficiente para explicar as dificuldades de aprendizagem e outras

que podem trazer problemas cognitivos graves ou não.

Segundo Silva e Nista-Picollo (2010), os fatores cognitivos estão relacionados

ao desenvolvimento das estruturas do conhecimento, com ligação à memória, à

atenção e à antecipação. Podem apresentar-se nas áreas da leitura, escrita e de

atribuição de significados.

Na organização espacial, o processo de construção dá-se na interação do

organismo com o meio. Os fatores psicológicos (emocionais) estão relacionados

ao desenvolvimento afetivo e sua ligação com a construção do conhecimento e

a expressão deste através da formação escolar. Estes podem acarretar

dificuldades na escrita.

Os fatores socioculturais indicam a dimensão social em que se está inserida a

família e a escola e referem-se às oportunidades reais que o ambiente oferece

ao indivíduo em termos da quantidade e da qualidade, com frequência e

abundância de estímulos.

No que se refere ao processo de ensino, de acordo com Silva e Nista-Picollo

(2010), os fatores pedagógicos respondem pelos métodos inadequados, pela

falta de estimulação na pré-escola dos requisitos necessários à leitura e à

escrita, pela falta de percepção por parte da escola do nível de maturidade da

criança, pelo relacionamento deficiente entre professor-aluno, pelo não domínio

46

do conteúdo e do método por parte do professor, pelo atendimento precário à

criança, muitas vezes, pela superlotação da sala, enfim pela organização geral

de uma instituição escolar.

Em relação à família, caracterizam-se os conflitos familiares, a falta de atenção

dos pais aos filhos, o despreparo por parte dos pais para lidarem com as

situações de dificuldade, a violência doméstica e outros.

Para uma melhor compreensão das dificuldades de aprendizagem, é pertinente

esclarecer alguns conceitos que são atribuídos ao tema. É importante explicitar

qual o significado de dispraxia, dislexia, disgrafia, disortografia, discalculia,

discriminação auditiva, percepção visual, desordem por déficit de atenção com

ou sem hiperatividade, no sentido de se compreender como esses fatores

interferem no processo de ensino e aprendizagem e, principalmente, na

aquisição das habilidades da leitura, da fala, da escrita e do cálculo.

O National Center for Learning Disability (Centro Nacional de Dificuldades de

Aprendizagem) é um centro de estudos em educação comprometido em buscar

alternativas para formar pessoas com dificuldades de aprendizagem. A proposta

do centro é melhorar a vida de crianças e de adultos com dificuldades de

aprendizagem, transformando as escolas e defendendo a igualdade de direitos

e oportunidades.

O Centro foi fundado em 1977, nos Estados Unidos, como Fundação para

Crianças com Dificuldades de Aprendizagem e forneceu liderança,

conscientização pública e subsídios para apoiar práticas de investigação e de

inovação nas dificuldades de aprendizagem. Em 1989, a organização mudou o

nome para Centro Nacional de Dificuldades de Aprendizagem. A atuação da

instituição visa à promoção do sucesso e da dignidade dos indivíduos afetados

por dificuldades de aprendizagem.

De acordo com o National Center for Learning Disability NCLD (1997), a

dispraxia ou apraxia trata-se da dificuldade na planificação motora, cujo impacto

reflete-se na capacidade do indivíduo coordenar adequadamente os movimentos

47

corporais. Pessoas com dispraxia têm dificuldade para planejar e completar

tarefas motoras finas. Isso pode variar de tarefas motoras simples, como acenar

adeus, para tarefas mais complexas, como escovar os dentes.

De acordo com o National Center for Learning Disability (1997), a disgrafia

caracteriza problemas na escrita. Os problemas podem estar relacionados à

componente grafomotora (padrão motor) da escrita, ou seja, a forma das letras,

o espaçamento entre as palavras, a pressão no traço escrito, com a soletração

e com a produção de textos escritos.

A escrita exige um conjunto complexo de habilidades de processamento motor

e de informação. A disgrafia torna difícil o ato de escrever. Pode ocasionar

problemas ortográficos, uma caligrafia ruim, dificuldades de colocar os

pensamentos no papel. As pessoas com disgrafia têm dificuldades de organizar

letras, números e palavras em uma linha ou página. Isso pode ser resultante de

dificuldades visuais e espaciais, oriundas do processamento do que o olho

consegue captar e das dificuldades de processamento da língua, no sentido de

decodificar o sentido fonético das palavras.

O National Center for Learning Disability-NCLD (1997) caracteriza a

discriminação auditiva como a capacidade para perceber as diferenças entre

sons da fala e para sequenciá-los em palavras escritas. É uma componente

essencial no que se refere ao uso correto da linguagem e da decodificação da

leitura.

A percepção visual é a capacidade para observar os pormenores importantes e

dar significados ao que é visto. Ela é essencial no processo de criticidade da

leitura e da escrita.

A desordem por déficit de atenção com ou sem hiperatividade é caracterizada

por frequentes estados de desatenção, de impulsividade, por um excesso de

atividade motora (hiperatividade) que podem interferir na capacidade de

aprendizagem do aluno.

48

Para compreender as implicações das dificuldades de aprendizagem no

processo de aprendizagem, é necessário caracterizar a linguagem. Esta é uma

habilidade a ser desenvolvida e dominada pela criança ao longo da fase escolar.

A linguagem é composta por signos e divide-se em linguagem verbal e não

verbal. A verbal pode ser escrita ou oral. A linguagem não verbal é composta por

símbolos que incluem a linguagem gestual, facial e simbólica.

A linguagem verbal apresenta a linguagem oral e escrita. Ela auxilia na

representação de conceitos e na comunicação humana. Ela contém a forma, que

combina os sons com a sintaxe; o conteúdo que valida o discurso; e a pragmática

que adéqua a linguagem às circunstâncias sociais coerentes ao seu uso em

determinado contexto. Num estudo mais analítico, pode-se dizer que a

linguagem envolve fatores pragmáticos, gramaticais, sintáticos, morfológicos,

fonológico, semânticos.

De acordo com Zorzi (1998), a fala refere-se à produção dos fonemas, à

concretização dos sons da linguagem. Toda alteração da fala pode ser

considerada um distúrbio da linguagem, pois esta é consequente da etapa de

processamento motor da linguagem, envolvendo a programação motora e a

execução neuromuscular. O autor defende que as alterações de linguagem

podem repercutir em dificuldades no uso da linguagem com a finalidade

comunicativa e na produção de enunciados gramaticalmente estruturados e

semanticamente apropriados.

A apropriação do sistema de escrita efetiva-se num processo evolutivo no qual

o aprendiz elabora hipóteses sobre a escrita e revela diferentes níveis de

conhecimento ao longo do processo. Dessa forma, os erros estão implícitos no

processo de aquisição de domínio da língua escrita. Porém, quando os erros

permanecem, estes indicam déficits, como dificuldades ou lentidão acentuada

na escrita, refletindo conhecimentos elementares insuficientes para a produção

desta. Isso comprova que as habilidades de precisão da representação

fonológica e ortográfica não estão sendo plenamente desenvolvidas,

comprovando a dificuldade na escrita das palavras pela criança.

49

No que se refere à fala, os distúrbios nesta área demonstram alterações nos

padrões de pronúncia ou articulação dos sons da língua. Murcdoch (1997)

conceitua que a fala correta é aquela produzida pela regulação da corrente aérea

exalada dos pulmões para a atmosfera. A regulação dessa corrente de ar é

promovida pelos movimentos da mandíbula, lábios, língua, palato mole, faringe

e pregas vocais. As crianças com alterações fonológicas apresentam

dificuldades com a organização e a representação de regras e unidades

linguísticas. Os erros são organizados em processos fonológicos. Estes

evidenciam dificuldades para a articulação e caracterizam principalmente a

dislalia.

A dislalia origina-se etimologicamente nas referências gregas, dys quer dizer

dificuldade e lalein indica o verbo falar. Portanto dislalia significa dificuldades

amplas na produção da fala. Teles (2009) afirma que a dislalia apresenta

alterações nos padrões articulatórios que conduzem às realizações sonoras do

sistema linguístico.

A dislalia auditiva está relacionada com a deficiente percepção dos elementos

fonêmicos os quais revelam frequentes adulterações na produção isolada e na

organização dos contrastes entre os respectivos fonemas. As dificuldades

manifestas nessas situações caracterizam perfis de linguagem que constituem o

reflexo da perda auditiva e da capacidade da criança para se compensar com

fórmulas alternativas.

Na grande maioria dos casos, a criança apresentará dificuldades para o

reconhecimento e produção de sons muito próximos, para um vocabulário que

exceda vivências muito pessoais e, sobretudo, para a emissão de enunciados

com todas as suas componentes gramaticais.

Outro distúrbio de aprendizagem é a dislexia. A palavra dislexia deriva dos

conceitos “dis” que significa desvio e “lexia” que corresponde à leitura, ao

reconhecimento das palavras. Segundo Teles (2009), a dislexia caracteriza-se

por dificuldades na correção e ou fluência na leitura de palavras e também por

baixa competência leitora e ortográfica.

50

Essas dificuldades são resultado de déficits na composição fonológica da

linguagem. A partir da dislexia podem surgir dificuldades de compreensão da

leitura, experiência de leitura reduzida que impedem um amplo desenvolvimento

do vocabulário e conhecimentos gerais.

A dislexia é de origem neurobiológica e afeta a aprendizagem e a utilização

instrumental da leitura, resultando de problemas ao nível da consciência

fonológica, independente do quociente de inteligência (QI) dos indivíduos. De

acordo com Nielsen (1999); Torres e Fernández (2001); Cruz (2009); e Moura

(2011), os alunos com dislexia podem apresentar distintas características na

expressão oral, na leitura e na escrita. Na expressão oral, os alunos têm

dificuldade em selecionar as palavras adequadas para comunicar-se em nível

oral e escrito; revelam pobreza de vocabulário; elaboram frases curtas e simples;

e apresentam dificuldade na articulação de ideias.

Na leitura e na escrita, fazem uma soletração defeituosa (leem palavra por

palavra, sílaba por sílaba), reconhecem letras isoladamente sem conseguir ler.

Na leitura silenciosa, murmuram e movimentam os lábios; perdem a linha de

leitura; apresentam problemas de ordem semântica (na compreensão dos

textos); revelam dificuldades acentuadas ao nível da consciência fonológica, na

tomada de consciência de que as palavras faladas e escritas são constituídas

por fonemas; confundem, invertem e substituem letras, sílabas ou palavras; na

escrita espontânea e mostram severas complicações na composição e

organização das ideias.

Em relação ao cotidiano, esses alunos apresentam dificuldades de guardar e

recuperar nomes, palavras, objetos ou sequências de fatos passados, tais como

letras do alfabeto, dias da semana, meses do ano, datas, horários; não

conseguem se orientar no espaço, sendo incapazes de distinguir a direita da

esquerda (o que dificulta a orientação com mapas, globos). Têm dificuldades nas

disciplinas de história (em captar as sequências temporais), de geografia (no

estabelecimento de coordenadas) e geometria (nas relações espaciais); têm

dificuldades na aprendizagem de uma segunda língua; apresentam falta de

51

destreza manual e a caligrafia ilegível; podem apresentar dificuldades com a

matemática, principalmente na assimilação de símbolos e em decorar a tabuada

(TELES, 2009).

Enfim a dislexia pode estar associada a outras dificuldades de aprendizagem,

como a disgrafia, disortografia e a discalculia. Portanto, a dislexia corresponde a

uma perturbação em nível da leitura e escrita e é aplicável a uma situação, na

qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade que as crianças do

mesmo grupo etário, apesar de possuírem uma inteligência normal, saúde e

órgãos sensoriais funcionais, liberdade emocional, motivação e incentivos

normais, bem como instrução adequada.

Outro destaque importante é que, em nível espacial, nos alunos com dislexia,

são frequentes as confusões, as omissões e as inversões ortográficas. A

apresentação da escrita é defeituosa, de tal modo que, muitas vezes, a criança

não consegue seguir as linhas de um corpo de texto. Isso é resultante de uma

má percepção da criança em relação à linguagem falada. Logo uma criança

predominantemente desatenta pode não conseguir associar a linguagem falada

à linguagem escrita, percorrendo os mesmos mecanismos que utiliza na

linguagem falada para transpor para a linguagem escrita. De acordo com Teles

(2009), a criança adquire a linguagem falada, mas existem certos termos que

tornam-se difíceis de serem escritos porque esta não domina os mecanismos

cognitivos responsáveis pela escrita.

A intervenção com os alunos disléxicos são executadas para que estes possam

ler e processar as informações com mais eficiência. Não existe um tratamento

padronizado, ele atende à individualidade do disléxico. Destaca-se o ritmo

diferenciado e lento do aluno com dislexia, que pode em um dia apresentar uma

leitura de frases e no dia seguinte, conseguir executar a leitura de apenas uma

palavra (TORRES; FERNANDES, 2001).

É importante respeitar o tempo do aluno, motivá-lo e incentivá-lo sempre. Em

relação ao erro de leitura, este deve ser pontuado e corrigido. Deve-se evitar

expor a criança à leitura em voz alta para toda a turma, pois isso pode afetar o

52

desempenho e a autoestima da mesma. Deve-se tentar reduzir os focos de

distração do aluno. Na avaliação, as questões longas e complicadas devem ser

evitadas, pois a criança poderá demandar mais tempo para compreender a

pergunta do que para apresentar a resposta desta. (TORRES; FERNANDES,

2001)

Hennigh (2003) propõe o recurso de pares ou tutoria de diferentes idades. A

criança disléxica recebe a assistência de que necessitar quando o professor não

está disponível para um ensino individualizado. Segundo o autor, as crianças

apreciam o processo de aprendizagem, quando interagem com alunos de outras

salas de aula. Nesse caso, através de um bom relacionamento da criança com

os colegas, o trabalho do professor pode ser auxiliado, pois, no cotidiano escolar,

nem sempre os professores podem auxiliar individualmente os alunos disléxicos.

Torres e Fernandes (2001) propõem uma terapia multissensorial, que focaliza a

aprendizagem pelo uso de todos os sentidos. Os métodos multissensoriais

combinam a visão, a audição e o tato para ajudar a criança a ler e a soletrar

corretamente as palavras. A criança inicia com o grafema escrito, escreve-o com

o dedo no ar, articulando sua pronúncia e, posteriormente, deve cortá-lo em

papel e, de olhos fechados, reconhecê-lo pelo tato.

Torres e Fernandes (2001) defendem que a realização dessas atividades

favorece a criação de imagens visuais, auditivas, sinestésicas, tácteis e

articulatórias que, em seu conjunto, incidem na globalização ou unidade do

processo de leitura e escrita. O treino psicomotor (esquema corporal,

lateralidade, orientação espaciotemporal), perceptivo-motor (capacidades

visuais, motoras e coordenação manual) e também psicolinguístico

(descodificação auditiva, visual, expressão verbal, entre outros) devem ser

estimulados.

Rief e Heimburge (2000) ressaltam a necessidade da articulação entre todas as

pessoas que intervêm junto à criança disléxica. Os pais devem estar dispostos

a partilhar informações com os professores, assim como devem procurar ajudar

e apoiar o professor. A comunicação entre pais, educadores, terapeutas,

professores e outros profissionais garante a qualidade do trabalho, evitando

53

exercícios repetitivos e aumentando a diversificação de atividades que envolvam

a expressão corporal, o sabor, o cheiro, a cor e a expressão plástica.

Em relação à disgrafia, esta deriva dos conceitos dis (desvio) + grafia (escrita).

Trata-se de uma perturbação funcional que afeta a qualidade da escrita no que

se refere ao traçado das letras. Segundo Torres e Fernández (2001), a disgrafia

está ligada à codificação da escrita com problemas de execução gráfica e na

escrita das palavras.

A criança com disgrafia apresenta uma escrita desviante em relação à norma

padrão, apresenta uma caligrafia deficiente com letras mal elaboradas e mal

proporcionadas, configurando-se em uma letra feia. Na perspectiva de Cinel

(2003), a disgrafia pode ser causada por fatores como: distúrbios na motricidade

ampla e fina, que se relacionam com a falta de coordenação entre a intenção do

que a criança se propõe a executar e ao movimento que de fato realiza, o que

caracteriza uma perturbação no domínio do corpo.

Outro fator é o distúrbio na coordenação visual motora que mostra a dificuldade

no acompanhamento visual do movimento dos membros superiores e/ou

inferiores. A disgrafia pode ser causada por deficiência na organização temporal

espacial (noção de direita/esquerda, frente/atrás/lado e antes/depois).

Ainda existem os problemas relacionados à lateralidade e à direcionalidade, que

se referem à dominância manual. Em complementação, os erros pedagógicos e

falhas no processo de ensino e aprendizagem, oriundos de estratégias e

metodologias inadequadas podem contribuir para o desenvolvimento da

disgrafia.

De acordo com Torres e Fernandez (2001), para se diagnosticar a disgrafia deve-

se considerar um conjunto de características comuns. Portanto a criança com

esse distúrbio demonstra uma letra excessivamente grande (macrografia) ou

pequena (micrografia); a forma das letras é irreconhecível (distorcida, inclinada

e indecifrável); o traçado das letras é exagerado e grosso, marcando o papel, ou

o traçado é muito suave e imperceptível.

54

O grafismo é trêmulo e irregular, causando variações no grafema; a escrita é

muito lenta ou muito rápida; o espaçamento entre as letras e palavras é bastante

irregular e as letras podem estar desligadas uma das outras, sobrepostas ou

ilegíveis; a escrita apresenta erros e borrões que não permitem a leitura, apesar

das crianças serem capazes de ler o que escrevem; a escrita é desorganizada

de forma geral na folha ou no texto.

Enfim, a escrita é desordenada do texto, com margens mal feitas ou inexistentes,

espaços entre as palavras e entre as linhas irregulares, e a escrita apresenta-se

ascendente ou descendente. O traçado apresenta-se de má qualidade, as

hastes das letras são deformadas, os anéis empoleirados, letras são retocadas,

irregulares em suas dimensões e atrofiadas.

Ajuriaguerra e Marcelli (1991) afirmam que a disgrafia é uma deficiência na

qualidade do traçado gráfico e não representa um déficit intelectual ou

neurológico. Crianças com inteligência média ou acima da média podem

apresentar uma escrita ilegível ou lenta, o que lhes impede o desenvolvimento

normal durante a escolaridade.

A criança que apresenta dificuldades para escrever corretamente a linguagem

falada apresenta uma disgrafia. A letra feia, nesses casos, é consequência das

dificuldades para recordar a grafia correta para representar um determinado som

ouvido ou elaborado mentalmente. Para o tratamento da disgrafia, o professor

deve estabelecer uma boa relação com a criança, apoiando-a e estimulando o

esforço que esta realiza para se desenvolver. Além disso, o educador deve usar

recursos e métodos atrativos e interessantes para motivar os alunos com essa

dificuldade.

Para Camargo (2008), deve-se reeducar o grafismo através do desenvolvimento

psicomotor, do grafismo em si e do grafismo da criança. Para o desenvolvimento

psicomotor, é necessário treinar os aspectos relacionados com a postura, o

controle corporal, a dissociação de movimentos, a representação mental do

gesto necessário para o traço, a percepção espacial e temporal, a lateralização

e a coordenação visual motora.

55

No que se refere ao grafismo, segundo Camargo (2008), o educador deve estar

atento ao aperfeiçoamento das habilidades escritas, distinguindo as atividades

pictográficas (pintura, desenho, modelagem) das escriptográficas (utilização do

lápis e papel – movimentos de posição gráfica).

Outra etapa é corrigir os erros específicos do grafismo, como a forma, o tamanho

e a inclinação das letras, o aspecto do texto, a inclinação da folha e a

manutenção das margens e linhas. Torres e Fernández (2001) defendem a

necessidade de se contemplar técnicas de relaxamento global e segmentar, que

auxiliam a criança na redução dos índices de ansiedade, de estresse, de

frustração e de baixa autoestima.

Outra dificuldade de aprendizagem a ser considerada é a disortografia. Esta

deriva dos conceitos dis (desvio) + orto (correto) + grafia (escrita). É uma

dificuldade que caracteriza um conjunto de erros da escrita que afetam a palavra

e não o seu traçado ou grafia.

Pereira (2009) defende que uma criança disortográfica não é, necessariamente,

disgráfica. A disortografia é uma perturbação que afeta as aptidões da escrita

que se manifesta na capacidade da criança produzir textos escritos. As

dificuldades concentram-se na organização, estruturação e composição de

textos escritos. A construção frasal é pobre e geralmente curta. Observa-se a

presença de múltiplos erros ortográficos e má qualidade gráfica.

Para Torres e Fernandéz (2001), as causas da disortografia estão relacionadas

a aspectos perceptivos, intelectuais, linguísticos, afetivo-emocionais e

pedagógicos.

O aspecto perceptivo mostra a deficiência na percepção, na memória visual e

auditiva. Em nível espacial e temporal, afeta a percepção da orientação das

letras e da discriminação de grafemas semelhantes. Em relação às causas

intelectuais, estas apontam um déficit ou uma imaturidade intelectual, um baixo

nível de inteligência geral, que leva a uma escrita incorreta, pois a criança não

domina as operações lógicas e intelectuais fundamentais ao conhecimento e à

56

distinção dos diversos elementos sonoros. Isto reflete em problemas de

linguagem, de pronúncia, de articulação ou de conhecimento deficiente e de

restrição no vocabulário.

No aspecto afetivo e emocional, os níveis de motivação e atenção podem fazer

com que a criança cometa erros ortográficos, mesmo conhecendo a ortografia

das palavras. Na questão pedagógica, os métodos de ensino inadequados e

repetitivos não favorecem a maturidade ortográfica do aluno.

A caracterização da disortografia é notada pela falta de vontade que o aluno

apresenta para escrever. Os seus textos são reduzidos, com uma organização

pobre, com a pontuação inadequada e numerosos erros ortográficos de natureza

muito diversa. Torres e Fernández (2001) afirmam que os erros de caráter

linguístico-perceptivo são omissões, adições e inversões de letras, de sílabas ou

de palavras. A troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoramente

(“faca”/“vaca”).

Os erros de caráter visual espacial são a substituição de letras que se

diferenciam pela sua posição no espaço (“b”/“d”); a confusão com fonemas que

apresentam dupla grafia (“ch”/“x”); a omissão da letra “h”, por não ter

correspondência fonêmica.

Os erros de caráter visual analítico, de acordo com Torres e Fernández (2001),

são caracterizados quando o aluno não realiza síntese e/ou associação entre

fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer sentido. Em relação ao

conteúdo, o aluno não separa as sequências gráficas pertencentes a uma dada

sucessão fônica, ou seja, une palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta

sílabas pertencentes a duas palavras (“no diaseguinte”) ou separa palavras

incorretamente.

No que se pontua nas regras ortográficas, os alunos não colocam “m” antes de

“b” ou “p”; ignoram as regras de pontuação; esquecem-se de iniciar as frases

com letra maiúscula; desconhecem a forma correta de separação das palavras

na mudança de linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen.

57

Enfim, é importante destacar que a disortografia ocorre durante a aprendizagem

da linguagem escrita. Sua duração é limitada e torna-se um distúrbio somente

quando a dificuldade persiste por mais tempo, o que nesse caso indica falta de

auxílio pedagógico para que a criança vença essa dificuldade.

No campo matemático, a dificuldade de aprendizagem mais frequente é a

discalculia. Esta deriva dos conceitos dis (desvio) + calculare (calcular, contar).

Trata-se de um distúrbio de aprendizagem que interfere negativamente nas

competências matemáticas.

Para Filho (2007), a discalculia resulta de uma desordem neurológica que afeta

a habilidade de uma pessoa compreender e manipular os números. A criança

não consegue desenvolver o raciocínio lógico-matemático de forma correta, o

que causa uma má utilização dos símbolos numéricos ou uma má realização das

operações e uma dificuldade na resolução de operações que envolvam a

capacidade de reversibilidade, de seriação, de ordenação, de inclusão e de

decomposição numérica.

Muitos alunos não compreendem os enunciados dos problemas, demoram muito

tempo para perceber se precisam somar/dividir/multiplicar e alguns não

conseguem concluir uma operação aparentemente simples. Silva (2014) afirma

que a compreensão matemática só é possível com a assimilação da linguagem,

que tem um papel fundamental na evolução do intelecto de cada ser humano. O

aluno com discalculia apresenta deficiência na elaboração do pensamento por

apresentar dificuldades na interiorização da linguagem.

Em relação aos testes de QI, as crianças com discalculia apresentam

desempenho superior nas funções verbais, se comparados às funções não

verbais. São alunos que revelam um ritmo muito lento, usam, muitas vezes, os

dedos para contar. São educandos ansiosos, desmotivados e têm receio de

fracassar em função do menosprezo ou repressão por parte de colegas,

professores e familiares.

58

Geary (2011) pontua que as dificuldades apresentadas pelas crianças com

discalculia são: a compreensão e memorização dos conceitos matemáticos,

regras e fórmulas; a sequenciação de números (antecessor e sucessor) ou em

afirmar qual o número entre dois é o maior; a diferenciação de esquerda/direita

e de direções (norte, sul, leste, oeste); a compreensão de unidades de medida;

dificuldade em tarefas que impliquem a passagem de tempo (ver as horas em

relógios analógicos); dificuldades em tarefas que implicam lidar com dinheiro.

As crianças com discalculia apresentam dificuldades na resolução de operações

matemáticas através de um problema proposto (podem compreender “3+2=5”,

mas são incapazes de resolver “A Maria tem três bolas e o João tem duas.

Quantas bolas têm no total?”. Demonstram dificuldade na relação de

correspondência numérica; na conservação de quantidades; na utilização do

compasso ou até mesmo da calculadora, para reconhecer os dígitos e símbolos

matemáticos (GEARY, 2011).

Uma primeira intervenção para o aluno com discalculia seria fazer com que o

aluno perceba a importância da matemática no cotidiano. O educador deve

planejar atividades que facilitem o sucesso do aluno e que o ajudem a melhorar

o seu autoconceito e a sua autoestima. Uma das estratégias é utilizar jogos e

outros materiais concretos que oportunizem ao aluno a observação, a

manipulação dos objetos que representam conceitos matemáticos.

De acordo com Sacramento (2008), o diagnóstico de discalculia apresenta uma

descrição do atual período de desenvolvimento, aplicável por um período

máximo de um ano. Como a criança está em constante desenvolvimento, as

dificuldades que existem no ano anterior podem ser minimizadas no ano

seguinte.

Enfim, José e Coelho (2002) destacam que as dificuldades de aprendizagem no

processo de aquisição da leitura dividem-se em dificuldades na leitura oral, na

leitura silenciosa, na compreensão da leitura, e na dislexia. Na leitura oral, o

aluno acrescenta, omite letras e palavras em função da percepção visual e ou

auditiva alterada. Essa percepção distorcida faz com que o aluno receba

59

informações cerebrais difusas, causando o erro na leitura oral. Na leitura

silenciosa, em função da distorção visual, o aluno expressa lentidão e dispersão

na leitura. Muitas vezes o aluno se perde no texto e repete palavras ou frases e

linhas inteiras.

Por outro lado, a não compreensão dos textos e seu completo entendimento é

devido à deficiência de vocabulário e à pouca habilidade reflexiva por parte do

aluno. Este possui vários obstáculos em compreender o que está lendo.

A maturidade de aprender a ler e a escrever exige que o aluno esteja apto a

exercer várias tarefas. Para tanto, é necessário que os fatores fisiológicos,

ambientais, emocionais e intelectuais estejam desenvolvidos na criança. Nesse

sentido, nem sempre a maturidade geral acompanha a idade cronológica dos

alunos. Para Moraes (1986, p.78):

Iniciar a alfabetização sem dados concretos sobre a maturidade, ou antes, que a criança esteja pronta e preparada para tal, é incorrer num grande risco, pois poderá acarretar dificuldades intransponíveis logo no início do processo de aprendizagem. Deve ficar claro que a aprendizagem da leitura e da escrita é um processo complexo que envolve vários sistemas e habilidades (linguísticas, perceptuais, motoras, cognitivas) e, não se pode esperar, portanto, que um determinado fator seja o único responsável pela dificuldade para aprender.

As dificuldades de aprendizagem exigem um estudo aprofundado para que se

esclareçam suas causas e se apontem as possíveis soluções para esse

problema que atinge o processo da educação básica. Nesse sentido, o problema

não se restringe ao aluno, ao professor e nem somente ao sistema de ensino. A

solução exige uma ação de vários sujeitos que envolvem a comunidade escolar,

a família, os terapeutas, os psicopedagogos e outros que, dentro das suas

especificidades, podem contribuir para ações efetivas que promovam a melhoria

do desempenho escolar por parte desses alunos em déficit de aprendizagem.

Segundo Martins (2011), a dificuldade de aprendizagem é uma questão

complexa, na qual muitos fatores podem interferir e causar transtornos de

aprendizagem para muitos alunos, tais como os problemas de relacionamento

60

entre professores e alunos, o tipo de metodologia de ensino utilizada pelo

professor, os conteúdos fora da realidade do aluno e outros. A relação

professor/aluno pode tornar o aluno capaz ou incapaz de vencer as dificuldades.

Se o professor encontra-se despreparado para solucionar o problema, este

transfere sua insegurança no processo de ensino e provoca no aluno sérias

dificuldades de aprendizagem.

Nesse sentido, cabe à escola considerar um conjunto de fatores que podem

facilitar a aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma, ela deve modificar sua

estrutura para atender aos alunos com déficit de aprendizagem. Trata-se de

redimensionar e reestruturar o ambiente educativo, simplificar as instruções no

processo de ensino e aprendizagem, ajustar os horários, alterar os textos e

trabalhos de casa, usar as tecnologias da informação e comunicação, mudar as

propostas de avaliação e outros.

Segundo Correia e Martins (2014), a escola deve contar com serviços adicionais

de psicologia, de terapia da fala, de terapia ocupacional e outros que os alunos

demandem. Para que o aluno com dificuldade de aprendizagem receba uma

educação apropriada às suas necessidades, para além da formação adequada

dos professores, é primordial trabalhar em cooperação, em que a qualidade do

ensino é garantida mediante uma ação multidisciplinar.

A escola precisa promover momentos de reflexão da ação psicopedagógica e

priorizar o papel de reconstruir a figura do aluno e do professor, na qual o

professor facilita a aprendizagem e o aluno seja o criador do seu processo

pessoal, educacional e social/cultural. Trata-se de propor uma aprendizagem

significativa ao aluno para que se possam vencer os fatores que interferem no

baixo desempenho escolar.

Por outro lado, o ambiente escolar deve ser acolhedor e motivador. Este deve

proporcionar condições para que os alunos administrem seus conflitos e

superem as dificuldades de aprendizagem com tolerância e numa perspectiva

colaborativa e de respeito ao próximo.

61

O insucesso do aluno pode levá-lo ao fracasso e ao abandono escolar. O baixo

desempenho e/ou dificuldades de aprendizagem são motivos de preocupação e

alerta para os pais e para a escola. A ação para a melhoria na aprendizagem

desses alunos é coletiva, pois resulta da consideração dos vínculos afetivos,

positivos e negativos do aluno em questão, com os objetos e situações de

aprendizagem.

As práticas educativas sem o apoio familiar, sem a interação com outros serviços

especializados, sem a ação efetiva do professor, sem a reestruturação dos

espaços e práticas escolares resultam na solução parcial do problema ou no

agravamento das dificuldades de aprendizagem.

Segundo Raineldes (2013), é fundamental que o docente conquiste os alunos,

que tenha uma postura física que demonstre aos discentes a sua forma de agir,

e o que pretende da classe, que defina os parâmetros na relação professor e

aluno, bem como a sua metodologia de trabalho e avaliação, explicitando o

conteúdo que será ministrado ao longo do ano letivo.

O trabalho integrado de disciplinas diferentes motiva os alunos para a

aprendizagem. Para isso, o professor deve dominar seu campo de ação e

especialização, sendo um pesquisador na sua área didática e desenvolvendo

valores éticos, sendo emocionalmente educado com os alunos.

Outra competência apresentada por Raineldes (2013) é desenvolver o raciocínio

social junto aos discentes. Trata-se de exercitar a democracia no cotidiano

escolar, seja através da sua postura dentro da sala no cotidiano, seja através

das eleições do grêmio estudantil, do conselho de classe da escola e outros.

Nesse sentido, as práticas educativas fora da sala de aula podem auxiliar na

socialização dos alunos e, em contrapartida, contribuir para ampliar o interesse

destes para temas diversificados.

Ao se propor uma metodologia diferenciada, a aprendizagem e os múltiplos

sentidos dos alunos são estimulados para se conquistarem novos

conhecimentos práticos interligados ao conteúdo acadêmico. De certa forma,

62

essa metodologia pedagógica pode contribuir para uma aprendizagem mais

significativa e interativa entre os alunos, desenvolvendo as suas potencialidades

e superando as dificuldades de aprendizagem anteriores.

É função do professor ampliar a sua ação pedagógica através do contato com a

comunidade escolar, buscando as lideranças comunitárias e parcerias possíveis

para o desenvolvimento do trabalho educativo. A utilização de recursos didáticos

variados, segundo Raineldes (2013), favorece a aprendizagem e o

relacionamento positivo entre professor e aluno. Assim, o professor deve

esclarecer os objetivos da aula, buscar formas diversificadas de manter o

interesse dos alunos, usar métodos de pesquisa diversificados,

responsabilizando os alunos pela execução das atividades e outros.

No que se refere à organização curricular, é importante garantir a lógica

pedagógica. Nesse sentido, os conteúdos são ordenados de uma forma simples

e com uma linguagem comum a todos. O grau de complexidade das matérias

segue uma sequência de aprofundamento, na medida em que o ano letivo é

concluído. Dessa forma, os conteúdos curriculares devem obedecer à proposta

da matriz curricular, efetivando-se a interdisciplinaridade e a integração entre as

matérias. Raineldes (2003, p. 102) afirma:

Os conteúdos somente têm sentido na medida em que sirvam para a resolução de problemas surgidos em momentos ocasionais. O professor deve ser uma pessoa muito preparada, pois, mesmo planejando com antecedência as ações didáticas de sala de aula, as atividade e questões que surgem são inusitadas e, dessa forma, devem ser aproveitadas para provocar novas aprendizagens. Os alunos, por sua vez, estarão em atividades construtivistas completas. A aprendizagem se faz porque se cria um ambiente de trabalho, estimula-se a autonomia intelectual.

As dificuldades de aprendizagem são um grande desafio que se coloca às

escolas. É necessário encontrar, para cada indivíduo com dificuldades, as

respostas adequadas às suas necessidades específicas, mobilizando saberes

de diferentes disciplinas, envolvendo vários profissionais, organizando os

recursos adequados.

63

Torna-se fundamental a composição de uma equipe multidisciplinar, com

docentes (das várias disciplinas do ensino regular e do ensino especial), com

psicólogos, com psicopedagogos, com médicos, com familiares e com todos os

outros profissionais que venham a interagir com essas crianças, para realizar

intervenções adequadas às necessidades das mesmas.

Os alunos, em distorção idade-série, apresentam dificuldades de aprendizagem,

principalmente na leitura, na produção de textos, na construção e no exercício

do raciocínio lógico-matemático. Perrenoud (2000) defende que a escola deve

ser um espaço aberto e de socialização. Os alunos devem aprender e dominar

integralmente a leitura. Em relação à linguagem matemática, o aluno deve

perceber as relações desta com o cotidiano e as demais ciências. Enfim, o aluno

deve desenvolver as competências de compreender, conhecer, interpretar,

analisar dados e situações do cotidiano.

Nesse sentido, as práticas educativas fora da sala podem contribuir para o

estabelecimento de relações que privilegiem a solidariedade, o respeito pelo

outro, o envolvimento com projetos comunitários, a avaliação do grupo e o

autoconceito, a compreensão do entorno social e a empatia individual.

Perrenoud (2000) aponta a escola multicultural, fazendo com que o educando

descubra progressivamente o encanto e a beleza das expressões locais e da

sua comunidade.

Enfim, a educação é um processo dinâmico que exige soluções criativas e

inéditas para seus problemas. As turmas atuais apresentam alunos bastante

heterogêneos. O professor deve dominar o currículo na dimensão do ensino, da

aprendizagem em relação ao aluno e na questão social, que abrange o

relacionamento escola e sociedade tendo em vista o desenvolvimento local,

apoiado no desenvolvimento econômico, mas principalmente no

desenvolvimento social (RAINELDES, 2013).

No que se refere aos recursos didáticos, os professores devem pesquisar

continuamente recursos diferenciados para desenvolver nos alunos as

habilidades de localizar informações, contextualizá-las e utilizá-las

64

racionalmente. Os recursos didáticos variados são fundamentais para estimular

e motivar os alunos para a aprendizagem.

Para Raineldes (2013) os recursos didáticos variados, que estimulam os

diferentes órgãos dos sentidos, contribuem para uma maior aprendizagem dos

alunos. De acordo com a autora, os seres humanos elaboram idéias quando os

órgãos de sentidos fornecem matéria-prima, quando recebem imagens do

mundo material. Dessa forma, quanto maior o estímulo aos órgãos de sentidos,

maior será a aprendizagem dos alunos. A aprendizagem significativa ocorre

quando se envolvem as habilidades, os conhecimentos dos alunos de maneira

integral. Nesse sentido, os recursos didáticos devem ser pensados para se

focalizar a atenção do aluno.

É fundamental definir tempos escolares para que a aprendizagem seja mais

efetiva. O uso de estímulos como planilhas, jogos e outros que trabalham as

imagens favorecem a aprendizagem. Os conteúdos abstratos devem ser

trabalhados com experiências concretas. Outra estratégia é utilizar pesquisas e

trabalhos que integram várias disciplinas. Nesses trabalhos e no cotidiano da

sala de aula, é fundamental que o professor estimule a expressão oral e escrita

dos estudantes. A sistematização das atividades mostra que a metodologia de

trabalho contribui imensamente para a efetivação do processo de aprendizagem

pelos alunos.

Na questão da avaliação dos alunos, Raineldes (2013) aponta que esta deve ser

formativa. Cabe ao professor organizar meios específicos como provas

intermediárias, pesquisas teóricas e de campo, exercícios e relatórios

relacionados aos objetivos, conhecimentos e habilidades planejados

previamente. Trata-se de uma avaliação contínua, com os resultados qualitativos

registrados ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

A análise da questão financeira no processo de aprendizagem é um fator que

deve ser considerado. Assim, as verbas disponíveis devem privilegiar os alunos

mais necessitados no caráter físico e também intelectual. Segundo Raineldes

(2013), é necessário garantir para esses alunos em déficit de conhecimentos

65

uma série de incentivos que vão desde a merenda escolar, recursos didáticos

mais ricos e até reforço e aceleração de aprendizagem.

Considerações Finais

As dificuldades de aprendizagem envolvem fatores complexos que se

interrelacionam, tornando difícil o seu diagnóstico e a sua solução. Porém a

educação não pode fechar os olhos para esse problema que causa o abandono

e a evasão escolar. Nesse sentido, a escola, a família, o estado e toda

comunidade devem elencar estratégias individuais e coletivas que oportunizem

aos alunos aprendizagem significativa e aumento do desempenho escolar. A

escola é responsável pela formação que desenvolva os potenciais individuais

dos alunos, criando situações de aprendizagem que contemplem a diversidade

e a pluralidade cognitiva e intelectual desses indivíduos.

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69

Capítulo 2: Práticas educativas fora de sala para alunos em distorção

idade-série: possibilidades e desafios para uma aprendizagem significativa

Title: Educational practices outside the classroom for students in age-

grade: challenges and opportunities for significant learning

Glausirée Dettman de Araújo

Dra. Adilene Gonçalves Quaresma

Centro Universitário UNA – Campus João Pinheiro

Mestrado em Gestão Social Educação e Desenvolvimento Local

Av. João Pinheiro, 515, B: Lourdes – BH/MG

[email protected]@prof.una.br

Resumo

Este artigo apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida no Programa de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, com tema de investigação das práticas educativas fora da sala de aula com alunos em distorção idade-série nas escolas da Regional Nordeste de Belo Horizonte. Por meio de uma pesquisa quali/quanti descritiva, procurou-se detectar quais as adequações metodológicas são necessárias para que as práticas educativas fora do espaço escolar possibilitem melhorar o desempenho cognitivo desses alunos. Executou-se uma pesquisa teórica e documental em literatura específica sobre práticas educativas fora da sala de aula, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, nos Parâmetros Curriculares do município de Belo Horizonte e nos regimentos escolares. Para a pesquisa empírica, realizou-se entrevista semiestruturada com coordenadores e professores. Com os alunos, foi aplicado um questionário e foi formado um grupo focal. A estrutura do artigo compreende a apresentação dos resultados levantados e, em seguida, a análise dos dados obtidos. As considerações iniciais implicam no estudo das práticas educativas fora da sala de aula como estratégia de formação integral e emancipatória para alunos

em distorção idade-série no Ensino Fundamental. Aponta-se também uma breve reflexão sobre o conceito de distorção idade-série e sobre o perfil dos alunos que compõem essas turmas. O estudo apresenta o objetivo de discutir as estratégias e metodologias de aprendizagem para a formação integral do estudante. A partir dessa análise, vislumbra-se a elaboração de metodologias inovadoras para a formação crítica e cidadã do aluno em defasagem de conhecimentos. Palavras-chave: Distorção idade-série. Práticas educativas fora de sala. Aprendizagem significativa. Educação. Desenvolvimento Local.

Abstract This article presents the results of research conducted in the Masters Program in Social Management, Education and Local Development, with a research topic of educational practices outside the classroom with students in age / grade schools in the Northeast Region of Belo Horizonte. Through a qualitative / descriptive quantitative research seeks to detect methodological adjustments which are necessary for the educational practices outside school permit improve cognitive performance of these students. Performed a literature search on the Law of Directives and Bases of Brazilian Education, Curriculum Standards in the city of Belo Horizonte and the school bylaws. The empirical research

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was conducted semi-structured interviews with coordinators and teachers. Students with a questionnaire was applied and has formed a focus group. The structure of the paper includes the presentation of the results raised and then analyzing the obtained data. Initial considerations imply the study of educational practices outside the classroom as full training and emancipatory strategy for students in age-grade in elementary school. Also points to a brief reflection on the concept of age-grade and on the profile of students who make up these groups. For the theoretical background, the research presents the contributions of Piaget, Vygotsky, and Raineldes Zabala. The study has the purpose of discussing the strategies and learning methodologies to the integral formation of the student. From this analysis one can glimpse the development of innovative solutions for critical training and civic education of the student in the knowledge gap methodologies. Keywords: Age-grade. Educational practices outside the classroom. Meaningful learning. Education. Local Development.

Introdução

No decorrer do ano letivo, cada estudante segue um processo de aprendizagem

no qual é avaliado um conjunto de atividades pedagógicas e o desempenho do

aluno frente a este. As taxas de rendimento escolar são medidas diante das

fases de ensino-aprendizagem, tendo como referência os objetivos

educacionais.

Numa visão concisa, de acordo com Moreira (2013), a evasão escolar

caracteriza o aluno que abandonou o sistema de ensino durante o ano letivo e

não se matriculou no ano posterior. A distorção idade-série ocorre quando o

aluno abandona os estudos por dois anos ou mais durante a sua formação, e a

outra situação é quando o aluno repete a série que está em curso. Assim, quando

o aluno é reprovado ou abandona os estudos, ele deve repetir a série ou etapa

que não foi concluída. Nesse caso, ele prossegue os estudos, mas encontra-se

em defasagem, quando comparado com a sua turma de origem. Este configura

o aluno em distorção idade-série.

Os dados do Censo Educacional 2010, divulgados pelo INEP - Instituto Nacional

de Estudos e Pesquisas em Educação (2014), mostram o aumento de matrículas

no ensino infantil e no ensino especial. Porém as estatísticas revelam que o

sistema educacional brasileiro possui um grande número de matrículas no

ensino básico, sendo que esse número decresce pela metade, quando se

analisam os dados do ensino médio. Isso revela um processo de afunilamento

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no ensino, caracterizando que a maioria dos alunos matriculados no ensino

básico, mais da metade, não conclui o Ensino Fundamental e nem sequer chega

a matricular-se no ensino médio.

Os dados do MEC, segundo Vieira (2012), revelam que pouco mais de 50% dos

alunos matriculados no Ensino Fundamental concluem esse nível de ensino, por

diversos motivos que vão desde a evasão, a repetência, a distorção idade-série

e as dificuldades de aprendizagem.

As taxas de rendimento, no Ensino Fundamental, segundo INEP (2014),

mostram o quadro de 78,7% de aprovação; 13% de reprovação; e 8,3% de

abandono. Dados mais atuais, de 2010, apontam 29,6% dos alunos em situação

de distorção idade-série. As taxas de reprovação e abandono de acordo com

INEP (2014) acentuam-se a partir do 6º ano do Ensino Fundamental.

As taxas de distorção idade-série, segundo INEP (2014), revelam que a distorção

ao longo do 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental atinge um percentual de

29,6% dos jovens, o que implica que a cada 10 alunos, três deles apresentam-

se ou se encontram em situação de distorção.

Os dados relativos ao abandono são mais expressivos no 6º ano e no 9º ano do

Ensino Fundamental. Os índices indicam uma média nacional de reprovação de

15,2% no 6º ano e 12,6% no 9º ano. As taxas de abandono são respectivamente,

5,1% no 6º ano e 4,6% no 9º do ensino básico. Esses dados revelam a

importância de investimento na formação dos alunos, tendo em vista a redução

dos índices de evasão, repetência e, consequentemente, das taxas de distorção

idade-série.

As análises dos dados caracterizam a necessidade do investimento na educação

básica com políticas de ensino-aprendizagem inovadoras capazes de reduzir as

desigualdades regionais, as instalações públicas educacionais precárias e a má

formação dos docentes no fomento de uma educação de qualidade para todos

os cidadãos.

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Sujeitos da pesquisa

A pesquisa teve como sujeitos nove professores do Programa Floração, da

SMED. Floração significa ato ou efeito de desabrochar. O programa teve início

em dezembro de 2009, a partir da parceria entre a Secretaria Municipal de

Educação de Belo Horizonte e a Fundação Roberto Marinho. O programa de

aceleração de estudos visa a atender 91 escolas do município, em nove

regionais: Barreiro, Centro Sul, Leste, Noroeste, Nordeste, Norte, Oeste,

Pampulha e Venda Nova. O Programa de Aceleração de Estudos Floração

oferece a estudantes com defasagem idade-série e idade entre 15 e 19 anos a

oportunidade de concluir o Ensino Fundamental. Os alunos também recebem

uma formação profissionalizante ao longo do ano letivo. Até o final de 2013, o

programa formou 12.000 alunos.

A participação da Fundação Roberto Marinho, no processo de implantação do

programa Floração, foi apresentar e desenvolver com os professores e

coordenadores a metodologia para a utilização das teleaulas e do material

didático desta. Dessa forma, a metodologia em telessala foi estruturada pela

Fundação e reaplicada em todas as turmas do programa. A partir de 2011, a

parceria com a Fundação Roberto Marinho passou por reformulações e

manteve-se somente o fornecimento dos livros e dos dvd’s que fazem parte da

teleaula. Em contrapartida, a Secretaria Municipal de Educação instituiu um

grupo de intervenção pedagógica para a formação continuada dos professores

e para estruturar as sequências didáticas adequadas ao público do programa.

O programa propõe uma aprendizagem contextualizada e autônoma, por meio

de uma prática colaborativa. Nessa perspectiva, cada professor participa de uma

formação continuada para o uso da metodologia e dedica-se a uma única turma

por todo o ano letivo, ou seja, o professor atua em unidocência. Esse educador

ministra todas as disciplinas e dispõe do suporte da equipe pedagógica da

Secretaria Municipal de Educação e de formações continuadas ao longo do ano

letivo.

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De tal modo, o educador renova a sua prática pedagógica e passa a conhecer o

cotidiano de seus alunos, as possibilidades e os desafios do grupo. Assim, o

papel do professor é fundamental. É dele a função de criar condições favoráveis

à construção de uma aprendizagem com sentido, que promova a cidadania e a

qualidade de vida. Para atender à unidocência e ao perfil de atuação no

programa de aceleração de estudos é executada uma análise do currículo do

professor e, em seguida, uma entrevista com os coordenadores da Secretaria

Municipal de Educação, verificando as habilidades e as potencialidades do

professor para participar do Programa Floração.

A organização curricular do Programa Floração é modular e sua metodologia,

trabalha a construção coletiva do conhecimento, correlaciona conceitos com o

cotidiano, possibilita uma abordagem interdisciplinar, gerando o prazer de

aprender nos jovens alunos. A metodologia propicia a criação de um ambiente

de aprendizagem, de pesquisa, de construção e de criatividade, no qual

professores tornam-se mediadores pedagógicos e os seus alunos responsáveis

pelo seu próprio processo de construção do conhecimento.

As práticas pedagógicas do programa de aceleração de estudos corroboram

com metodologias interativas de trabalho e com a formação continuada dos

professores. Por ser um programa de aceleração de estudos, com alunos em

distorção idade-série, a matriz curricular e a organização dos conteúdos

disciplinares é planejada e organizada com o objetivo de se promover a

aprendizagem significativa dos alunos e oportunizar uma formação cidadã.

A matriz curricular do programa é dividida em três módulos de conhecimentos.

O primeiro módulo compõe-se de 75 dias letivos com aulas de Português e

Ciências. O segundo módulo é composto de 74 dias, com aulas de Matemática

e Geografia. O terceiro módulo perfaz um total de 51 dias com os conteúdos de

Inglês e História. As disciplinas Artes e Educação Física estão presentes em

todos os módulos. A matriz curricular apresenta 200 dias letivos e 800 horas-

aula, necessários à certificação do aluno.

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Destaca-se que as turmas são compostas somente por educandos em distorção

idade-série. Todos em uma única turma, fato que não ocorre no ensino regular.

Dessa forma, é importante esclarecer que as turmas do programa Floração na

Regional Nordeste são o foco deste estudo por apresentarem o maior número

de alunos e turmas em distorção idade-série no município de Belo Horizonte. No

ano de 2014, a regional conta com 32 turmas de alunos, contendo uma média

de 25 jovens matriculados por turma.

A composição das turmas é concretizada pelo corte da faixa etária. Nesse

sentido, os alunos que se encontram na faixa etária entre 15 à 19 anos são

enturmados no Programa Floração. Os alunos acima de 20 anos fazem parte da

modalidade Educação de Jovens e Adultos e não são absorvidos pelo programa

de aceleração de estudos.

No início do ano letivo, os alunos realizam uma avaliação diagnóstica, para

verificar quais as habilidades de leitura, escrita e cálculo adquiridas e

desenvolvidas até essa etapa de conhecimento. As turmas apresentam uma

composição heterogênea com o objetivo de se promover uma maior socialização

e interação entre os alunos, entre os professores e com toda a comunidade

escolar.

As maiores dificuldades apresentadas pelos alunos, segundo as avaliações

diagnósticas iniciais, são as habilidades e competências de leitura, de produção

de texto e de cálculo matemático. O perfil da classe é predominantemente

masculino. A turma é composta no máximo com 25 alunos, para se garantir a

prática efetiva da metodologia proposta pelo programa. De acordo com os dados

do sistema de gestão escolar da rede municipal de ensino, no que se refere ao

número de matrícula iniciais no ano de 2013, a Regional Nordeste possui o maior

número de alunos, com um total de 684 estudantes matriculados no programa.

Procedimentos e coleta de dados

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A coleta de dados realizou-se por pesquisa teórica, análise documental,

entrevista semiestruturada com professores e coordenadores das escolas da

Regional Nordeste, questionário para os alunos e grupo focal com os alunos.

A pesquisa teórica foi embasada em livros e artigos sobre o tema: Práticas

Educativas Fora da Sala de Aula com a finalidade de contextualizar as práticas

educativas fora do espaço escolar. Nessa etapa da pesquisa, destaca-se o

aprofundamento dos conceitos e categorias de análise, segundo Lakatos e

Marconi (2001).

Para a pesquisa documental, foram analisados os seguintes documentos: Lei de

Diretrizes e Bases da Educação - LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais -

PCN’s, os Projetos Políticos Pedagógicos e Regimentos Escolares das escolas

estudadas e as Proposições Curriculares da Prefeitura de Belo Horizonte. A

pesquisa documental torna-se essencial para um maior aprofundamento no que

tange ao referencial teórico, considerando as práticas educativas no contexto da

educação básica.

Para a pesquisa empírica, adotou-se a técnica da entrevista semiestruturada

com professores e coordenadores. Nela se estabelece uma interação entre

pesquisador e pesquisado por ter uma flexibilidade na elaboração do instrumento

de pesquisa (MINAYO, 2005). A entrevista semiestruturada possibilita uma maior

liberdade para que o entrevistador exercite sua iniciativa no acompanhamento

da resposta a uma pergunta e pela possibilidade deste fazer outras perguntas

relacionadas não formuladas previamente.

As entrevistas semiestruturadas foram realizadas individualmente com

professores e com os coordenadores. Para a seleção das escolas,

consideraram-se as escolas que mais realizam práticas educativas fora da sala

de aula e as que menos realizam, no escopo da Regional Nordeste. Dessa

forma, foram entrevistados nove professores e quatro coordenadores.

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As entrevistas foram executadas através de contato direto com os sujeitos da

pesquisa que ofereceram dados subjetivos ou apresentaram sugestões e

informações relevantes para a proposta de estudo.

Num segundo momento, foram realizadas observações sistemáticas das

práticas educativas fora da sala de aula nas 10 turmas de alunos em distorção

idade-série, nas quais os professores entrevistados atuam em unidocência. A

observação sistemática permitiu a contribuição de dados que revelam a relação

intrínseca entre estes e outros saberes que não foram obtidos durante a

entrevista.

No que se refere aos alunos em distorção idade-série, inicialmente, foi aplicado

um questionário com perguntas pertinentes ao levantamento de dados da

pesquisa. Procurou-se considerar o perfil dos alunos e, principalmente, o

interesse destes com a tarefa de estudar, bem como as suas maiores

dificuldades na aprendizagem e a importância das práticas educativas fora da

sala de aula para a melhoria da aprendizagem desse público.

A partir do estudo dos questionários, foram constituídos 2 grupos focais com 10

alunos cada. Segundo Lakatos e Marconi (2001), o grupo focal é mais

aconselhável, pois este pode observar o fenômeno por vários ângulos e revelar

as percepções dos participantes sobre os tópicos em discussão.

Cabe ressaltar que, de acordo com Lakatos e Marconi (2001), um grupo focal

caracteriza-se como um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido,

com o propósito de obter informações de caráter qualitativo em profundidade,

oferecendo uma grande riqueza de informações qualitativas sobre o

desempenho das atividades desenvolvidas e que são o alvo da pesquisa. No

grupo focal, procurou-se aprofundar na importância das práticas educativas fora

da sala de aula e nas suas contribuições para a melhoria da aprendizagem dos

alunos em déficit de conhecimentos.

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O grupo focal foi filmado para se facilitar a descrição dos dados, bem como o

estabelecimento de categorias de análise dos mesmos. Todos os procedimentos

para coleta dos dados seguiram as normas do CEP e CONEP.

Os dados recolhidos em todos os instrumentos de coleta citados foram tabulados

de maneira a permitir a verificação das relações que eles guardam entre si de

forma clara para serem categorizados. Posteriormente, estes foram analisados

a partir da organização em categorias e unidades de análise, geradas a partir da

seleção do material coletado, segundo Oliveira (2007), objetivando direcionar as

discussões e conclusões.

Os resultados apresentados a seguir suscitam o exercício da ludicidade no

processo de aprendizagem e, ao mesmo tempo, dialogam com os

conhecimentos construídos no espaço escolar e fora deste.

Tendo em vista a proposta de viabilizar o desenvolvimento local, as práticas

educativas fora da sala de aula oportunizam a interlocução dos sujeitos de

aprendizagem com os locais não formais de aprendizagem, com a escola, com

a comunidade, consolidando o desenvolvimento local numa perspectiva crítica,

participativa e, sobretudo, dialógica. Seguem abaixo as categorias e unidades

de análise:

Quadro 1: Categorias e unidades de análise: Entrevistas e Grupo Focal

Categorias Composição da Categoria

Por unidade de análise

Categoria 1: Definição de prática

educativa fora da sala de aula

Unidade 1 – Compreensão dos

professores, dos coordenadores e dos

alunos sobre a definição das práticas

educativas fora da sala de aula

Categoria 2: Realização e participação

de prática educativa fora da sala de

aula

Unidade 2: Experiência dos

professores, dos coordenadores e dos

alunos na participação e na realização

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das práticas educativas fora da sala de

aula

Categoria 3: Aspectos relevantes e

dificuldades para execução da prática

educativa fora da sala de aula

Unidade 3: Relevância e dificuldades

para a execução das práticas

educativas fora da sala de aula

apontada pelos docentes,

coordenadores e alunos

Categoria 4: Contribuições das

práticas educativas fora da sala de

aula para aprendizagem dos alunos

Unidade 4: Percepção dos

professores, dos coordenadores, dos

alunos em relação às contribuições

das práticas educativas fora da sala de

aula para a aprendizagem dos

educandos

Categoria 5: Planejamento e

metodologia das práticas educativas

fora da sala de aula

Unidade 5: Preparação dos

professores, dos coordenadores e dos

alunos em relação ao planejamento e

a metodologia das práticas educativas

fora da sala de aula

Categorias 6: Quantidades de práticas

educativas realizadas pela escola

anualmente

Unidade 6: Número de práticas

educativas fora da sala de aula

realizadas anualmente nas escolas

estudadas

Categoria 7: Possibilidades de

integração das práticas educativas

fora da sala de aula ao currículo

escolar

Unidade 7: Percepção dos

coordenadores quanto à integração

das práticas educativas fora da sala de

aula ao currículo escolar

Categoria 8: Aspectos que os alunos

mais gostaram nas práticas educativas

fora da sala de aula

Unidade 8: Apreciação dos alunos em

relação às práticas educativas fora da

sala de aula

Categorias 9: Processo de avaliação

das práticas educativas fora da sala de

aula

Unidade 9: Identificação dos

processos avaliativos utilizados pelos

professores, pelos coordenadores,

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pelos alunos na análise das práticas

educativas fora da sala de aula

Fonte: Dados do autor

Categoria 1: Definição de prática educativa fora da sala de aula

A categoria 1 apresenta a compreensão dos alunos, dos professores e dos

coordenadores no que se refere às práticas educativas fora da sala de aula. Em

relação à definição de prática educativa fora da sala de aula, as entrevistas

deixaram evidente que os professores compreendem essa prática como

atividades que ocorrem fora da sala de aula, sendo estas interligadas ao

conteúdo, ou seja, atividades que ampliam as possibilidades cognitivas e de

sociabilidade dos alunos. Isso pode ser confirmado pela fala do professor 4 e 7:

Atividade que possa envolver o aluno, mudança de atitude, de aprendizado coletivo, ampliar um pouco as possibilidades de aumentar a visão de vida que esse aluno possa ter. Enfim, todas aquelas atividades aonde nós podemos levar os alunos para fora dos muros da escola. (PROFESSOR 4)

São aquelas que podem e devem acontecer em diferentes lugares da cidade ou fora dela, uma aprendizagem de forma ampla. São atividades que vão ajudar os alunos a se desenvolverem socialmente e cognitivamente. (PROFESSOR 7)

Zabala (1998) e Raineldes (2013) apontam que a multiplicidade de recursos

pedagógicos e a utilização de espaços diversificados estimulam a autonomia do

educando, favorecendo a aprendizagem.

A compreensão dos professores esclarece que as práticas educativas fora da

sala fomentam o desenvolvimento cognitivo, social e cultural do aluno, uma vez

que modificam as suas atitudes entre eles, na sua relação com o conhecimento

e com os sujeitos e professores envolvidos no processo de aprendizagem.

Para os alunos, as práticas educativas fora da sala de aula, inicialmente, são

percebidas como atividades de lazer ou como um passeio. Mas, na medida em

que transcorre a atividade e se aumenta o número de práticas educativas fora

da sala de aula, eles percebem a articulação das atividades com o conteúdo da

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sala de aula e a fundamentação desta, corroborando o currículo escolar. Isso é

comprovado pela fala de um aluno e de um professor:

A prática educativa fora da sala é importante para interagir melhor com os colegas e conhecer os lugares diferentes. A aula fica mais interessante e é mais divertido. É bom conhecer os alunos de outra escola. É melhor pra aprender. (ALUNO GRUPO FOCAL 1) É extremamente estimulante para os alunos saírem, verem outros espaços. A gente fica com muita expectativa do conteúdo, mas, muitas vezes, eles enxergam como um momento de lazer e eu acho que também não deve deixar de ser um momento de lazer. Eles desenvolvem relacionamentos. Eu acho que se desenvolve entre eles até a amizade e o apoio um no outro. (PROFESSOR 3)

Os coordenadores afirmam que as práticas educativas fora da sala de aula são

todas as práticas fora dos muros da escola que envolvem a socialização, a

mudança de comportamento e a aquisição de conhecimentos pelos alunos. O

coordenador cita:

Práticas educativas fora da sala de aula são todas as ações que você faz com o aluno envolvendo alguma atividade fora do ambiente ali da sala de aula. Tem uma intenção pedagógica de vincular uma coisa com o que se está trabalhando. (COORDENADOR 1)

Para Piaget (2011), a aprendizagem resulta de relações entre o sujeito e o objeto

de conhecimento, estruturando-se num todo único. A aprendizagem, dessa

forma, é evidenciada pelas práticas educativas, pois o conhecimento é produzido

na interlocução entre a teoria e a prática, em que professores e alunos são

sujeitos e participantes durante todo o processo. O conhecimento sistematizado

é interdependente das relações efetivadas entre o diálogo da sala de aula com

a realidade da comunidade, nas quais aluno e professor encontram-se inseridos.

Discutir a compreensão do conceito de prática educativa fora da sala de aula

extrapola o universo apresentado nas falas dos professores, coordenadores e

alunos. O verdadeiro sentido dessa atividade faz parte de uma construção de

conhecimento coletivo, em que os saberes se interconectam em pontes de

saberes, nas quais o conhecimento caminha numa relação ampla e

transdisciplinar entre a teoria e a vivência desta.

81

Nesse sentido, pode-se afirmar que as práticas educativas fora da sala de aula

extrapolam uma simples excursão, uma aula-passeio ou uma visita técnica. As

práticas educativas suscitam a ligação de todas essas propostas numa formação

plural, que busca estimular a construção de conhecimentos pelos alunos e

professores, numa interrelação de teorias e práticas que fazem sentido e

determinam significados nas experiências de aprendizagem de todos os sujeitos

envolvidos.

De acordo com Giusta (1985), o conhecimento é oriundo das práticas sociais e

das ações coletivas. Assim, o conhecimento significativo deve retornar à

sociedade. Complementando a ideia, Vigotsky (2000) afirma que a

aprendizagem ocorre por meio de um processo interno, ativo e interpessoal.

Dessa maneira, o convívio social fora dos muros da escola oportuniza a melhoria

das relações e a construção do conhecimento individual e coletivo pelos alunos.

Ao mesmo tempo, as práticas educativas fora da sala de aula permitem que os

alunos desenvolvam as relações de sociabilidade e contextualizem as

experiências com a realidade. Este é um passo para a conscientização das

necessidades e potencialidades locais que fomentarão o desenvolvimento local

a partir dos sujeitos envolvidos com as práticas educativas fora da sala de aula.

Categoria 2: Realização e participação de prática educativa fora da sala de

aula

A categoria 2 apresenta a experiência dos professores e coordenadores na

participação e execução de práticas educativas fora da sala de aula. Nas

entrevistas realizadas, ficou evidente que todos os professores e coordenadores

entrevistados apresentam conhecimento prévio da participação e da realização

das práticas educativas fora da sala de aula. Zabala (1998) caracteriza a

importância de o professor dominar as técnicas e metodologias de aprendizagem

para o sucesso nas etapas de construção do conhecimento pelos alunos. As

falas dos professores e coordenadores apresentam a participação e a

organização das práticas educativas fora da sala de aula:

82

Sim, claro. Além de ter realizado através do Floração, eu fiz enquanto professor de geografia do terceiro ciclo e com outro professor de história e artes do terceiro ciclo para a Ouro Preto e Mariana e na cidade de BH. (PROFESSOR 1) Foram experiências muito interessantes para mim e ocorreram de forma tranquila, e eu pude perceber o envolvimento dos alunos nessas aulas fora da sala de aula. Participaram bastante. Eu e a professora Sandra sempre trabalhamos juntas na organização, elaboração e execução dessas atividades. (PROFESSOR 4)

Sim, já organizei várias, sempre com o aval dos professores, trabalhando para enriquecer a prática pedagógica. Eu gostei bastante dessa prática que eu acho que aproximou mais os alunos do conteúdo, porque é algo que já havia sido trabalhado na sala de aula e eles puderam ver na prática este conteúdo. (COORDENADOR 3)

De acordo com a observação sistemática, os professores já dominam a

metodologia das práticas educativas fora da sala de aula. Isso foi comprovado

pela participação e pelo envolvimento dos docentes com a atividade. Os recursos

materiais para a concretização das práticas educativas fora da sala de aula

estavam em consonância com a proposta. Evidencia-se a lista de presença, a

organização da atividade, a participação numerosa dos alunos, as autorizações

dos responsáveis dos alunos, a materialidade para registro da prática

pedagógica proposta e a avaliação ao longo do processo.

Segundo Vieira (2012), a formação do professor é fundamental, pois quanto

maior a qualificação deste, melhor é a qualidade de ensino. Dessa forma, a

qualificação do professor somada à infraestrutura e à diversidade das condições

de aprendizagem promove a qualidade do ensino. Na educação básica, é

primordial a utilização de vários recursos educacionais para se promover uma

aprendizagem que recupere o baixo rendimento dos alunos.

Essa categoria apresenta a experiência prévia dos professores na execução das

práticas educativas fora da sala de aula. Esse conhecimento prático da atividade

evidencia a responsabilidade e o compromisso dos professores em planejarem

e executarem as práticas educativas fora da sala de aula com o objetivo de

ampliar a formação do aluno, de construir redes de saberes e melhorar a

qualidade de aprendizagem desses aprendizes.

83

Categoria 3: Aspectos relevantes e dificuldades para execução da prática

educativa fora da sala de aula

A terceira categoria apresenta os aspectos relevantes e as dificuldades para a

execução da prática educativa fora da sala de aula. De acordo com as

entrevistas realizadas, a relevância das práticas educativas fora da sala de aula

evidencia a vivência de experiências inovadoras e o acesso à cultura pelos

alunos, oportunizando a estes sair da rotina da sala de aula.

Outro ponto é que as práticas educativas fora da sala de aula promovem uma

maior motivação e interesse dos alunos em aprender. Ocorre a socialização

entre os alunos da mesma escola e entre escolas diferentes. Os entrevistados

citam:

Eu percebo o interesse deles muito grande com relação a essas saídas da escola e eles sempre no retorno de casa, da atividade fora da escola, eles sempre retornam com curiosidade sobre aquilo que foi assistido ou vivenciado. (PROFESSOR 5)

Eu considero muito importante é o entusiasmo que os alunos têm perante fatos e lugares e situações com os quais ele não conviveu ainda. Espaços urbanos que ele não conhece. São olhos brilhando e um monte de perguntas e um milhão de possibilidades para gente brincar com novos conhecimentos que eles possam ter. As atitudes dele – do aluno - que são mais próximas do total da realidade de quem ele é. (PROFESSOR 6)

Acredito que as práticas educativas possibilitam que o aluno tenha uma rica bagagem de conhecimento, socializa alunos de uma mesma turma e ou alunos de turmas distintas e também de escolas de outras comunidades. Há uma maior participação colaborativa entre os alunos e motivação em relação à aprendizagem, satisfação dos alunos envolvidos nas atividades fora da sala de aula, e sair da rotina da escola. (PROFESSOR 7)

Para Vigostsky (1987), o desenvolvimento humano consolida-se em trocas e

interações que ocorrem ao longo da vida, entre o indivíduo e o meio. O ser

humano é ativo e social e, na sua interrelação com a cultura, ele forma-se

enquanto indivíduo. Esse sujeito ativo constrói sua relação com o mundo e

produz conhecimentos significativos por meio dessa relação.

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Através das práticas educativas fora da sala de aula, o aluno produz

conhecimentos que fazem parte do seu repertório de saberes e que lhe

possibilitarão fazer escolhas mais conscientes e responsáveis para o seu

crescimento enquanto educando e cidadão.

Raineldes (2013) pontua que os conteúdos têm sentido na medida em que

servem para a resolução de problemas nas diversas situações do cotidiano. O

professor deve estar preparado para articular as ações didáticas em

consonância com as dúvidas e problemas inusitados dentro e fora da sala de

aula. Esses pontos devem ser aproveitados para a produção de conhecimentos

relevantes e para construir novos saberes. Nesse sentido, os alunos estão

envolvidos em um ambiente de aprendizagem e autonomia intelectual. O retorno

à sala de aula é acrescido de curiosidades, observações diversificadas que

mostram o envolvimento e interesse dos alunos em participar das práticas

educativas fora da sala de aula.

As Proposições Curriculares da Prefeitura de Belo Horizonte (2012) defendem

que a aprendizagem promovida pela escola deve ter impacto na vida dos

educandos. Assim, insere-se no processo educativo o conhecimento das

demandas dos adolescentes, que extrapolam os conhecimentos formais. Os

jovens precisam ter mais autonomia e independência, ampliando a sua

participação na vida familiar e social. Nesse sentido, a formação do aluno é

resultante de um processo que envolve o currículo formal, informal e não formal.

Para Piaget (2011), a inteligência constitui-se na interação do sujeito com o meio

ambiente. O homem interioriza o mundo que o cerca por meio da assimilação e

da acomodação. A inteligência amadurece a partir do envolvimento ativo do

sujeito cognitivo com o meio que o cerca.

Todos os pensadores acima relatam a importância das práticas educativas fora

da sala de aula para a construção da autonomia e formação crítica e integral do

aluno. Além disso, as práticas educativas fora da sala de aula contribuem para

o desenvolvimento da inteligência, pois esta emerge e se desenvolve na

interação do indivíduo com a realidade. Destaca-se também a vivência de

85

experiências significativas pelo aluno, que o motivam a estudar e a modificar o

comportamento de acordo com as relações que ele estabelece com o meio onde

vive.

As dificuldades relatadas situam-se em nível organizacional, na adequação das

verbas e apoio logístico da Secretaria Municipal de Educação para a realização

das práticas educativas fora da sala de aula. Outro aspecto de dificuldade está

na questão disciplinar dos alunos, pois o espaço aberto requer uma maior

atenção dos professores em acompanhar os mesmos ao longo da atividade.

Assim, os educadores e coordenadores apontam como dificuldades a

indisciplina e o comportamento inadequado dos alunos em certos espaços como

museus, teatros, cinemas e outros. Por outro lado, os professores apresentam

receio de se responsabilizar por alunos que apresentam um comportamento

mais difícil e indisciplinado.

Nas questões organizacionais das dificuldades citadas, enumeram-se: a falta de

verbas para a quantidade de práticas educativas fora da sala de aula que os

professores gostariam de executar e a falta de tempo para planejamento coletivo

das práticas educativas fora da sala no espaço escolar.

Em relação às instituições e locais visitados, os entrevistados citam a dificuldade

de intercâmbio com o setor educativo dos espaços de visitação. Dessa forma,

existe uma burocracia excessiva para agendamento da visita em grupos. Outro

ponto é que nem sempre ocorre o retorno da atividade ao setor educativo ou à

instituição devido às dificuldades de comunicação, seja via e-mail ou por

telefone.

O agendamento de grupos cria um outro problema que se refere à logística da

Secretaria Municipal de Educação. Nesse sentido, quando se consegue marcar

a visita dos alunos em determinado local, nem sempre o setor de transporte

possui ônibus disponível para o dia específico. Nesse caso, a escola que fica

responsável por efetivar a locação de transporte e a realização da atividade

depende da verba disponível na Caixa Escolar. Por isso, a dificuldade da verba

86

encontra-se interligada à dificuldade de agendamento das instituições a serem

visitadas.

A fala dos entrevistados confirma as colocações acima:

Às vezes, se tem um pouco de dificuldade financeira a autorização da Smed (Secretaria Municipal de Educação) e se não autoriza, a gente fica chateada e os alunos não gostam. Tem professores que gostariam de sair uma vez por semana, mas o dinheiro não dá. (COORDENADOR 2) Uma coisa que pega muito é a questão do tempo. Você não tem muito tempo para você planejar e executar. A maior dificuldade que a gente tem aqui dentro da escola é o tempo para o professor fazer isso. Uma outra dificuldade é com relação à disciplina dos alunos. (COORDENADOR 4) Conseguir que o aluno tenha um determinado interesse, um nível de interesse, conseguir melhorar o comportamento, a atenção, a concentração dos alunos. Essas dificuldades a gente enfrenta, quando estamos em espaços abertos. (PROFESSOR 2) Falta de tempo para planejamento das atividades com o coletivo da escola. A rotina da escola, aulas todos os dias, o tempo do recreio é limitado e o horário de planejamento não permite o encontro com professores de diversas áreas. (PROFESSOR 9) É difícil o tempo de organizar a excursão, às vezes, é difícil conseguir ônibus, conseguir agendamento. Faz muita falta a gente trabalhar junto com o educativo das instituições museus. Alguns locais são muito burocráticos. O tempo do professor não coincide com os horários do museu. (PROFESSOR 8)

De acordo com as Proposições curriculares da Prefeitura de Belo Horizonte

(2012), o professor trabalha com a carga horária de 22h30min semanais. Estas

são distribuídas em 15 horas de exercício em sala de aula, 5 horas de

planejamento e 2h30min de recreio. Dessa forma, não existe um tempo de

encontro dos professores com as equipes que compõem toda a escola. Muitas

vezes o seu contato efetiva-se com o coordenador de turno ou com a direção

escolar. Nesse caso, o tempo de gestão de projetos e trabalho coletivo é

bastante restrito. A interdisciplinaridade ocorre entre professores que trabalham

no mesmo turno e que, porventura, encontram-se no tempo do recreio. Fica

evidente a dificuldade de organização do tempo escolar para a promoção de

encontros entre todas as equipes que integram esse espaço.

87

No que tange ao setor de transportes da Secretaria Municipal de Educação da

Prefeitura de Belo Horizonte, a sua gestão fica a cargo do setor: BH Crianças. O

processo de locação de transporte dá-se mediante o preenchimento de

formulário próprio, junto com projeto pedagógico e lista de passageiros para o

setor. O projeto é validado de acordo com critérios de adequação da atividade à

relevância pedagógica deste. Logo em seguida, um parecer é enviado para a

escola.

Quando o parecer é favorável, o setor BH Crianças envia o ônibus da frota da

Prefeitura de Belo Horizonte para a execução a atividade. Porém, quando não

existe transporte disponível, a direção escolar é autorizada a locar o transporte

de empresa particular e efetivar o pagamento com a verba da caixa escolar.

Os diretores questionam a questão da verba, pois esta não é suficiente para

atender a todas as necessidades de transportes das escolas. A verba da caixa

escolar é destinada para atender a todas as demandas administrativas e

pedagógicas da escola. E, muitas vezes, o pedagógico é sacrificado por outras

questões mais emergenciais no funcionamento escolar. Além disso, a frota do

BH Crianças é composta por 20 ônibus, o que inviabiliza o atendimento

sistemático de todas as escolas da rede municipal.

A dificuldade de comunicação com os museus do circuito da Praça da Liberdade,

principalmente, efetiva-se pela incompatibilidade do horário de trabalho do

professor com o funcionamento dos museus. A maioria das turmas em distorção

idade-série apresentam o funcionamento no horário de 18:30 horas às 22:30

horas. Sendo o horário de planejamento do professor compreendido entre

21h30min às 22h30min. De acordo com esses horários, os professores não

conseguem contato com os museus que funcionam em horário comercial.

Outra dificuldade é que o agendamento com o setor educativo dos museus é

realizado de acordo com critérios específicos, nos quais existe uma data mensal

para se efetivar o agendamento. Isso dificulta todo o processo, na medida em

que o professor deve tentar agendar as práticas educativas fora da sala de aula

em horário distinto de seu trabalho ou transferir a responsabilidade de

88

agendamento para o coordenador que atua em outro turno de trabalho. Enfim,

ocorre um processo de dificuldade de comunicação em função de horários e

disponibilidade de recursos humanos para a execução da tarefa.

Por outro lado, o grupo focal apresenta relatos bastante positivos. E não foi

declarado pelo grupo nenhuma dificuldade evidente. A maioria das opiniões

destaca os aspectos positivos das práticas educativas fora da sala de aula,

sendo que a maioria do grupo gostaria que ocorressem essas práticas

semanalmente.

A fala dos alunos explicita a relevância das práticas educativas fora da sala de

aula, pois estas oportunizam uma maior aprendizagem destes, fazem com que

eles executem mais atividades e trabalhos dentro e fora da sala. Isso demonstra

que os alunos apresentam maior interesse pelos fatos cotidianos e pelas

experiências práticas de aprendizagem. Muitas curiosidades são expostas antes

e após as práticas educativas fora da sala, estimulando assim a busca pelo

conhecimento em parceria com os professores e alunos.

Outro destaque significativo foi que as práticas educativas fora da sala de aula

permitem a interação com os colegas e alunos de outras escolas e ainda

contribuem para os alunos conhecerem lugares que não conheciam. Os relatos

ressaltam a importância dos alunos apropriarem-se dos espaços urbanos que

compõem a cidade onde vivem. Isso representa também uma leitura dos

espaços culturais e formativos da cidade. Nas atividades, os alunos interagem

com o público visitante, com alunos de outras escolas e desenvolvem a

socialização.

O aluno 5 afirma: “as práticas educativas fora da sala são importantes para

interagir melhor com os colegas e conhecer outros lugares.” Na sequência, o

aluno 4 ressalta a relevância da atividade na possibilidade de conhecer alunos

de outras escolas: “eu acho importante para a gente conhecer as turmas de

outras escolas.” O aluno 8 considera a prática educativa fora da sala significativa

para a aprendizagem, assim, na sua fala, ele explicita: “eu acho importante

porque a gente aprende muito mais coisas. Tem mais aprendizagem com os

89

outros alunos e tem mais atividades e trabalhos na sala de aula”. O aluno 10

ressalta que as práticas educativas são estimulantes e quebram a rotina da sala

de aula. Na sua fala, ele explicita: “ficar na sala de aula dá até dor de cabeça. A

gente aprende mais do lado de fora e faz mais amizades.”

Segundo Oliveira (1997), o ser humano é ativo em seu próprio processo de

desenvolvimento. E nesse desenvolvimento, a maturação biológica ocorre em

consonância com a capacidade de representação simbólica, por meio da

linguagem. Com as práticas educativas fora da sala de aula, os alunos

desenvolvem a sua percepção e criticidade do mundo que os cerca e se

apropriam das diversas linguagens utilizadas em situações formais e informais

na construção do conhecimento.

Nas proposições de Piaget (1995), o mecanismo autorregulatório humano é

ativado em sua relação com o meio ambiente, sendo que a inteligência é oriunda

da experiência sensorial em ação com o raciocínio lógico, num processo interno

de reflexão. Nesse sentido, as práticas educativas fora da sala de aula

contribuem para a formação do intelecto dos alunos ao fornecer diversos

estímulos para a aprendizagem.

Outro aspecto a ser considerado é que a afetividade e as funções intelectuais

estão interligadas e indissociáveis. Nas práticas educativas fora da sala de aula,

a afetividade acentua-se nas relações entre os professores e alunos nos espaços

informais de aprendizagem. Os alunos conversam com os professores e sentem

segurança nesse profissional quando estão fora do espaço escolar.

Para Piaget (1986), todas as ações são motivadas pela afetividade. Os conflitos

são resolvidos pela interação entre os aspectos cognitivos, sensório-motores e

racionais. Não existe uma ação puramente intelectual ou puramente afetiva. Na

conduta e nos sentimentos, fazem-se presentes a inteligência e a afetividade.

De acordo com Piaget (1986), o interesse orienta todo o ato de assimilação

mental.

90

Assim, a ação possibilita o ato de assimilar mentalmente e incorporar um objeto

à atividade do sujeito. As práticas educativas fora da sala de aula permitem o

desenvolvimento do pensamento, nos quais os interesses diferenciam-se e

multiplicam-se, originando os valores que farão parte da vida adulta. A

afetividade é importante para a formação integral do ser humano e sua

capacidade de criticidade em relação aos fenômenos que o cercam.

As práticas educativas fora da sala de aula possibilitam uma variedade de

informações para que os adolescentes apropriem-se do universo simbólico, da

linguagem na construção de pensamentos e das hipóteses que ultrapassam o

pensamento concreto para a construção do pensamento hipotético-dedutivo, que

exige a abstração da realidade e o exercício do pensamento mais complexo.

As dificuldades relatadas pelos professores e coordenadores expressam a

necessidade de se gestar os tempos escolares em favor do processo de

aprendizagem do aluno. Dessa maneira, cabe à gestão da escola analisar a

logística de funcionamento escolar de modo a reorganizar os tempos dos

professores, estabelecendo alternativas de encontros para o enriquecimento do

trabalho.

O tempo escolar deve ser direcionado de forma que todos os integrantes do

processo educativo possam trocar experiências, ouvir o outro, criar propostas

significativas de aprendizagem que fomentem a autonomia de todos os

educadores e educandos.

Outra questão a ser estudada é a organização e planejamento das práticas

educativas fora da sala de aula nos encontros coletivos e reuniões mensais com

o objetivo de se estabelecer uma logística de atendimento anual às turmas. Com

isso, priorizam-se os recursos humanos para fazer os contatos com as

instituições e museus, distribui-se a verba escolar com equidade, considerando

a locação de transportes por meio particular. Enfim, uma melhor gestão pode

contribuir para o desenvolvimento efetivo das práticas educativas fora da sala de

aula e, consequentemente, para a melhoria da aprendizagem dos alunos em

distorção idade-série.

91

Categoria 4: Contribuições das práticas educativas fora da sala de aula

para a aprendizagem dos alunos

No que se refere à categoria 4, que descreve as contribuições das práticas

educativas fora da sala de aula para aprendizagem dos alunos, os apontamentos

refletem uma maior aproximação entre a teoria e a prática e uma aprendizagem

mais significativa pelos alunos.

Na percepção dos professores, podem-se enumerar as seguintes contribuições:

a motivação e interesse para o conhecimento pelos alunos; a oportunidade

destes terem acesso à cultura; a promoção da socialização e a colaboração entre

os alunos; a aproximação da teoria da sala de aula com a prática desta; a

possibilidade de intervenções pedagógicas do professor ao longo das práticas

educativas e a valorização e resgate da autoestima dos alunos. De acordo com

os professores:

Uma das coisas que eu noto muito é a motivação na medida em que eles conhecem umas coisas concretamente, vivenciando num espaço, vivenciando uma situação. Os alunos que têm dificuldade, eu acredito, que a gente consegue fazer pequenas inserções na medida em que você conhece a dificuldade dele, você vai tocando algumas coisas para trazer, para buscar, para resgatar o conhecimento que às vezes, ele tem deficitário. É importante, para a valorização deles. Uma coisa que possa até mesmo pelo trabalho de autoestima, pelo trabalho de apreciação estética, acho que tudo isso tem muito a ver com o que a gente tenta fazer no trabalho. (PROFESSOR 4) Desenvolvem a socialização, o respeito às diferenças individuais, o gosto pelas manifestações artísticas e culturais. Eu acredito que o aluno quando sai para conhecer a sua cidade ele começa a ter uma noção além da que ele está acostumado. (PROFESSOR 9) É a socialização. Ele consegue se socializar melhor com aquele companheiro de sala de aula, que, às vezes, pela própria organização da sala, senta separado, então tem outro fator que me chama atenção e você acaba observando que o aluno, ele colabora com o outro colega quando está fora da sala. (PROFESSOR 5) Na maioria das vezes, o aluno tem em sala de aula a teoria, e ele pode sim verificar e até aplicar essa teoria lá em campo. Mostrar outro ambiente para os alunos / outras possibilidades do que ele vive é muito rico para o aprendizado. Dá para trabalhar outro conteúdo, fica mais interessante, mais ilustrado. (PROFESSOR 1)

92

Vigotsky (2001) considera relevante para a aprendizagem o processo histórico-

social e a linguagem no desenvolvimento do ser humano. Para o autor, o sujeito

é interativo e adquire conhecimentos a partir das relações intrapessoais e

interpessoais que este desenvolve com o meio onde vive. Com isso as práticas

educativas fora da sala de aula contribuem para o desenvolvimento mental dos

alunos por meio da convivência social e dos processos internos, que envolvem

a socialização do indivíduo e sua maturação orgânica. Nesse caso, a

aprendizagem é resultante da assimilação de conceitos presentes na

convivência social.

Por meio da teoria de Vigotsky (2001), as estruturas biológicas do ser humano

desenvolvem-se a partir da interação destas com ambientes e com práticas

específicas que propiciem a aprendizagem. Os indivíduos vinculam a sua ação

à representação do mundo que constitui a sua cultura. Na escola, ocorre a

interação entre sujeito e conhecimentos de forma mais intensa.

A resposta dos professores demonstra a interação dos alunos com o meio

ambiente e entre os diversos sujeitos presentes na prática educativa fora da sala

de aula. Por isso, fica evidente que a socialização dos alunos permite que estes

aprimorem o raciocínio e desenvolvam outras capacidades de análise e crítica

da realidade vivenciada. Enfim, todos os fatores presentes nas práticas

educativas fora da sala contribuem para a autoestima dos alunos e para o seu

pleno desenvolvimento cognitivo e intelectual, sendo este acrescido de uma

formação cidadã.

Na visão dos coordenadores, as práticas educativas fora da sala de aula

contribuem para que os professores escrevam mais projetos e desenvolvam

mais autonomia na aprendizagem. Ocorre a melhoria da relação entre os

professores e os alunos. As atividades estimulam uma socialização entre os

alunos, professores e comunidade escolar, além de proporcionar maior

produtividade acadêmica e aumento da concentração e desenvolvimento social

por parte dos alunos.

93

Eles (os alunos) ficaram o dia todo em Inhotim e isso reflete até hoje. Até hoje, você fala deles e posta foto e criou um grupo no What’s App então assim tem uma relação por trás aí, que não é só o aluno, é com o professor também, com os alunos na sala, o conhecimento que ele observou, tanto no Inhotim, estudando ciências, estudando partes da física, você consegue ver na sala de aula eles identificaram maior produtividade, maior concentração a partir dessa visita. Melhora o clima, melhora a relação do aluno com o professor, melhora a relação dele com a coordenação. Socializar, conversar, conhecer. Então, as relações da sala de aula nem sempre têm o mesmo efeito de uma atividade fora. Escola não tinha que ter sala de aula, deveria derrubar todas as paredes e ser uma outra concepção. (COORDENADOR 1)

Acho que o desenvolvimento é muito grande. Eles desenvolvem socialmente, desenvolvem o nível de conhecimento, nem sempre o conhecimento científico, mas o conhecimento de vida que é importante e interessante para eles também. (COORDENADOR 2)

A teoria de Vygotsky (2000) define que a aprendizagem efetiva-se através da

interação do indivíduo com o meio social. Assim, os conceitos são aprendidos

em consonância com a maturação orgânica do indivíduo e com as relações que

este estabelece com a cultura e com o meio onde vive.

Nesse contexto, a linguagem é um fator de desenvolvimento no processo de

aprendizagem. A linguagem tem a função social. Ela produz a comunicação, a

expressão e a compreensão. De acordo com Vygotsky (2000), a função

comunicativa da linguagem está interligada ao fundamento do pensamento. Por

meio da linguagem e da comunicação, ocorre a organização do pensamento.

Os indivíduos conseguem usar a linguagem internalizada como instrumento para

resolver os conflitos e buscar soluções para os problemas. Nesse sentido, o ser

humano guia a si mesmo e organiza-se de acordo com a forma social aprendida.

Nesse ponto, processa-se a internalização da fala social em consonância com a

história da socialização do intelecto prático dos indivíduos.

As práticas educativas fora da sala constituem-se em um fator facilitador da

socialização entre os alunos e professores, frequentadores dos espaços

visitados, na medida em que essas práticas favorecem a convivência e

estimulam o crescimento individual e coletivo do grupo. Evidencia-se que as

práticas educativas fora da sala extrapolam a linguagem acadêmica da sala de

aula, para invadir o cotidiano dos alunos e dos professores, seja através do

94

what’s app, das redes sociais e até mesmo nas conversas informais. As redes

de informações construídas com a atividade podem ser transformadas em

conhecimentos que os alunos utilizarão em sua vida estudantil e na sua vida

social.

Nas observações do grupo focal, apontou-se, como relevante, a aproximação

entre a teoria e a prática e uma maior aprendizagem dos alunos através da

realização das práticas educativas fora da sala de aula. Os alunos afirmam:

Na sala de aula, a gente vê as coisas só no papel, lá (na prática educativa) a gente vê na realidade. A gente aprende mais e fica mais interessante. E ainda tem a muitas novidades e muita diversão. Eu aprendo muita coisa. (ALUNO 1) Eu aprendo muita coisa. Só de sair da sala, já é bom demais! É diferente porque a gente foi lá pra ver e conhecer o lugar. E aí a gente pensa na nossa comunidade e na aula de antes. Algumas vezes, eu penso até nas profissões que eu quero ser. (ALUNO 3)

O aprendizado dos indivíduos inicia-se antes do processo escolar. As práticas

sociais anteriores à fase escolar somam-se aos conhecimentos aprendidos na

escola e permitem ao indivíduo se organizar em vários processos de

aprendizagem que o tornam independente. Dessa forma, é essencial que o

processo de aprendizagem seja organizado adequadamente de forma a resultar

no desenvolvimento mental e que considere a relevância das funções

psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. De acordo

com Vigotsky (2010), através da experiência gradual de vivências, o indivíduo

adquire as funções intelectuais. Vigotsky (2000) defende que a construção das

funções mais elevadas e intelectuais ocorre com a interação social, sendo que a

cultura aglutina todas as aprendizagens.

As falas do grupo focal ressaltam as colocações de que a aprendizagem é

facilitada pela interação dos sujeitos com o meio onde vivem. O comportamento

dos alunos demonstra maior interesse e desenvolvimento durante as práticas

educativas fora da sala de aula. Além disso, a socialização é um fator que

estimula a curiosidade dos alunos e ressalta nestes a necessidade de aprender

95

conteúdos diversos e conectados com a sua realidade prévia e com o contexto

atual experimentado pelas práticas educativas fora da sala de aula.

Categoria 5: Planejamento e metodologia das práticas educativas fora da

sala de aula

A categoria 5 apresenta a metodologia e o planejamento das práticas educativas

fora da sala de aula utilizadas pelos professores e coordenadores. Assim, com

esta categoria, procurou-se identificar como os professores planejam as práticas

educativas e como ocorre a execução dessa atividade. Procura-se caracterizar

a preparação dos professores, dos coordenadores e dos alunos em relação ao

planejamento e a metodologia das práticas educativas fora da sala de aula.

Através dos roteiros de observação realizados, evidenciou-se que todos os

professores planejaram previamente as atividades, informando aos alunos sobre

as regras de visitação e o comportamento no local a ser visitado. Ficou notório

que os professores preparam as aulas e os alunos em sala de aula previamente,

de forma que se promova a articulação entre os conteúdos didáticos com os

conhecimentos oriundos da realidade prática a ser observada.

Outro fator importante a se considerar, é que as atividades foram adequadas ao

desempenho dos alunos. As instituições receberam apropriadamente todos os

grupos escolares. Ocorreu uma presença efetiva por parte dos estudantes. Esse

fato foi comprovado pelas listas de presença nas atividades observadas. Os

alunos que se ausentaram, apresentaram como justificativa a não autorização

dos pais para participarem da prática educativa fora da sala de aula.

No relato dos professores, aponta-se o preparo destes para o planejamento e a

execução da atividade. Os professores declaram o preparo e a metodologia

utilizada para a execução das práticas educativas fora da sala de aula:

Pesquisar sobre o local a ser visitado; verificar verba escolar para tal trabalho que requer: lanche, ônibus, seguro, etc. Agendamento do ônibus e demais burocracias e exigências da escola. Trabalhar antecipadamente com os alunos temas relacionados à disciplina,

96

comportamento em lugares abertos e ou fechados – museu ou shopping. Reunião com os pais e autorização devidamente preenchida pelos responsáveis. Ter outros professores ou monitores acompanhando – se necessário for. (PROFESSOR 7)

Pesquiso o lugar que eu quero levar, tiro essas informações, busco e vou adequando as minhas aulas, assuntos interessantes para que eles – os alunos - possam estar observando. Tendo a verba, a gente parte para as autorizações e aí, aliás, primeiro a gente contrata o ônibus, ou seja, da prefeitura ou de fora, as autorizações e a gente vai para o trabalho. Quando eu planejo os meus trabalhos, eu planejo para uma sala específica, obviamente, infelizmente, para uma sala que não vai me dar muito trabalho. (PROFESSOR 1) A gente sabe previamente aonde a gente vai, a gente já começa a fazer umas pequenas inserções no desenrolar das aulas e planejar algumas questões para passar para os alunos algumas observações que a gente queira fazer. Os alunos também são comunicados antecipadamente onde nós vamos, e sempre, eles mesmos tem algumas perguntas, ou alguém tem que ser apresentado para aquele tema e convencido, as atividades são relacionadas à vida. Muitas vezes, nós buscamos um tema e inferimos na aula, mas, para mim, mais do que a aula é o conhecimento, o domínio do espaço urbano e da vivência que estes alunos têm, como Eles estão melhorando a socialização com eles mesmos e com outras pessoas que eles encontram nesses espaços. (PROFESSOR 6)

De acordo com Raineldes (2013), é função dos professores conquistar os alunos

e manter uma postura física que demonstre aos discentes sua forma de agir. O

professor deve esclarecer quais os objetivos da aula, quais os parâmetros na

relação professor e aluno. O docente deve explicitar também a sua metodologia

de trabalho e a avaliação do trabalho dos alunos.

Outro fator que estimula a aprendizagem dos discentes é a realização de

trabalhos, integrando disciplinas diferentes. Para isso, o professor deve dominar

seu campo de ação e especialização, deve ser um pesquisador na sua área

didática, desenvolver valores éticos e estimular a aprendizagem dos alunos.

As práticas educativas fora da sala de aula contribuem para o desenvolvimento

do raciocínio social dos alunos. Essa competência apresentada por Raineldes

(2013) destaca que o professor deve estimular o convívio social e democrático,

despertando o raciocínio dos discentes. Dessa forma, é fundamental exercitar a

democracia no cotidiano escolar através da postura do professor em classe, de

eleições para o grêmio estudantil, do conselho de classe, da participação em

97

ONG’s, da formação de grupos voluntários de ajuda e outros processos de

participação na comunidade.

Nesse sentido, as práticas educativas fora da sala de aula podem auxiliar na

socialização dos alunos e contribuir para ampliar o interesse destes para a

participação cidadã e para despertar o desenvolvimento local por meio de

iniciativas e discussões realizadas a partir do trabalho construído nos diversos

espaços formais e informais do conhecimento.

As falas dos professores explicitam todo o cuidado e responsabilidade desse

profissional em buscar formas de conhecimento alternativas que contribuam

para a melhoria da aprendizagem dos alunos. Outro destaque dá-se na

organização e planejamento da atividade. Os professores, mesmo sem o apoio

de um grupo, realizam as práticas educativas fora da sala de aula com bastante

rigor e priorizam a aprendizagem do aluno em todos os momentos.

Fica evidente também que as práticas educativas fora da sala ocorrem em várias

etapas que vão desde o planejamento do professor, da reserva de transportes,

do agendamento dos locais, da elaboração de lista de presença, de bilhetes

informativos aos pais sobre a atividade, do planejamento em sala de aula, do

repasse do resultado da atividade à gestão escolar até a avaliação da atividade.

Outro aspecto significativo, expresso nas falas dos professores é o prazer com

que eles realizam as práticas educativas fora da sala de aula.

As observações sistemáticas das práticas educativas realizadas comprovam que

as visitas são planejadas de acordo com o conteúdo que está sendo visto em

sala de aula. Estas visam à socialização dos alunos e à extensão de temas

trabalhados no cotidiano escolar pelo professor.

Por outro lado, os coordenadores citam algumas dificuldades para o

planejamento e a organização das práticas educativas fora da sala de aula.

Assim, as dificuldades apresentadas são: agendar certos locais; tempo para

planejamento coletivo da atividade; falta de recurso humano na instituição de

ensino, ou seja, falta um professor para acompanhar a atividade e outro para

98

substituí-lo na escola durante a execução da prática educativa; e, finalmente, a

disponibilidade de verba específica para a prática educativa fora da sala de aula.

Os coordenadores afirmam:

Falta de tempo para planejar, então fica muito assim é na cabeça do diretor, é na cabeça do coordenador, é na cabeça do professor, e nunca é que se consegue sentar, o diretor, o coordenador, e o professor para planejar junto. Verba é uma dificuldade, a questão de articulação com o grupo. Você tem que levar dois professores e você tem que ter alguém para assumir a turma daquele professor que saiu, então o recurso humano também para isso, também é escasso; (COORDENADOR 1) Sim, a maior dificuldade é a questão do tempo. A questão de encontrar pra estar planejando, os momentos de estar encontrando para planejar fora da sala de aula, a gente não tem tempo destinado para isso. (COORDENADOR 2) Falta apoio porque não tem ninguém para ir comigo para fazer isto. Eu tenho que contar comigo e com a pessoa auxiliar. Não tem condição. Falta recurso humano, falta estrutura e mesmo assim a gente tenta fazer. (COORDENADOR 4)

A questão dos recursos humanos e dos tempos pedagógicos foram citadas na

categoria 2. Mas vale ressaltar que os professores das turmas de distorção

idade-série trabalham em sistema de unidocência (um professor para cada turma

de 25 alunos) e isto dificulta ainda mais o intercâmbio entre os outros grupos de

professores do ensino regular.

Os tempos dos professores são limitados e nem sempre, no seu horário de

planejamento, ele pode encontrar com o coordenador do turno ou com o diretor

da escola. Cabe, portanto, à gestão da escola promover situações para que os

professores possam fazer o planejamento com outros professores de outras

áreas e também organizar o tempo escolar, promovendo-se a discussão

democrática dos temas pertinentes ao desenvolvimento coletivo de toda a

comunidade escolar. Além disso, podem ser organizadas reuniões pedagógicas

nos sábados escolares para o planejamento e organização de todas as práticas

educativas fora da sala de aula, considerando o apoio de toda comunidade

escolar.

99

Em relação ao número de professores e funcionários disponíveis em cada

escola, o gestor deve pontuar e analisar o quadro de pessoal e buscar

alternativas junto à Secretaria Municipal de Educação para a composição de um

grupo de profissionais mais equilibrado e condizente com a realidade da escola.

A escola precisa promover momentos de reflexão da ação psicopedagógica e

priorizar o papel do aluno e do professor, nos quais o professor facilite a

aprendizagem e o aluno seja o criador do seu processo pessoal, educacional e

social/cultural. Com isso, a escola garante a diversidade de estratégias que

oportunizam uma aprendizagem mais significativa pelos alunos, fazendo com

que estes administrem seus conflitos e superem as dificuldades de

aprendizagem numa perspectiva colaborativa e de respeito ao próximo.

Categorias 6: Quantidades de práticas educativas realizadas pela escola

anualmente

A categoria seis apresenta a quantidade de práticas educativas realizadas por

cada escola investigada anualmente. Os relatos descrevem que o número de

práticas educativas fora da sala de aula depende da gestão da escola e,

principalmente, do perfil do professor.

Se o professor planeja e desenvolve as práticas educativas fora da sala de aula,

a gestão escolar e a coordenação oferecem todo o apoio logístico para a sua

execução. Se os professores não apresentam nenhuma proposta de atividade,

geralmente a gestão escolar e a coordenação sugerem as práticas educativas

fora da sala de aula aos professores. Nesse caso, cabe aos professores a tarefa

de aceitar ou não a sugestão da gestão escolar.

A Escola 1 apresenta uma média de 100 práticas educativas anuais. A Escola

Municipal 2 realiza uma média de 40 práticas educativas anuais. A Escola 3

apoia todas as práticas educativas fora da sala de aula e, se houvesse

professores interessados, seria realizada uma prática educativa fora da sala de

aula por semana. A turma do Floração, nessa escola, realizou uma média de 3

100

práticas educativas mensais, considerando o período de março a junho. Isto

corresponde a 9 práticas educativas somente da turma em distorção idade-série

no período citado. A Escola 4 apresenta apenas 5 práticas educativas fora da

sala de aula por ano. Os coordenadores citam:

Porque quando você fala 100 visitas é muita coisa comparado com escolas que fazem 10 aí vai se repercutindo muito... (COORDENADOR 1) A gente tem muitos professores que fazem projetos diferenciados. A direção estimula isso. (ESCOLA 1) Depende do perfil do professor, da turma, a gente tem professores super envolvidos e se tivesse condições eles sairiam quase toda a semana. Tem outros que se pudessem, nem saíam da escola. (COORDENADOR 2) Em média entre 30 e 40. Os professores que querem fazer atividades fora da escola nos procuram e damos total apoio. Mas existe um grupo de professores que não gosta, que não quer sair da sala com os alunos e acha muita responsabilidade. (COORDENADOR 3) Pelo menos umas 5 práticas por ano, que eu conheço. Não percebo o envolvimento desta escola com essas práticas educativas fora da escola. Eu gosto de fazer e ajuda muito os alunos. Mas a escola não dá apoio nenhum, e tudo mais iniciativa do professor. (ESCOLA 4)

De acordo com Raineldes (2013), a metodologia diferenciada de trabalho

pedagógico estimula a aprendizagem dos alunos e seus sentidos são

despertados para a conquista de novas informações e conhecimentos

conectados ao mundo acadêmico. Nesse sentido, aumenta-se o interesse e a

participação discente. A metodologia pedagógica adequada ao grupo de trabalho

contribui para uma aprendizagem significativa e interativa entre os alunos. Ao

mesmo tempo, essas estratégias diversificadas de aprendizagem facilitam o

desenvolvimento das habilidades e potencialidades dos alunos de maneira que

estes superem a defasagem de conhecimentos e dificuldades de aprendizagem

dos anos anteriores.

Cabe ao professor ampliar a sua ação pedagógica através do contato com a

comunidade escolar, buscando as lideranças comunitárias e parcerias possíveis

para o desenvolvimento do trabalho educativo. Nesse caso, o professor

aproxima a escola da comunidade, conquistando também a confiança do aluno.

101

Raineldes (2013) afirma que a utilização de recursos didáticos variados favorece

a aprendizagem e o relacionamento positivo entre professor e aluno. O professor

é responsável na condução do processo de aprendizagem. Por isso, o docente

deve ter claro quais são os objetivos da aula. Ele deve buscar formas

diversificadas de manter o interesse dos alunos, deve usar métodos de pesquisa

diversificados. E o mais importante é desenvolver o senso de responsabilidade

dos alunos pela execução das atividades e com o compromisso de sua busca

pelo conhecimento.

As práticas educativas fora da sala de aula apresentam uma diversidade de

oportunidades para a equipe docente trabalhar com diversas estratégias de

aprendizagem, favorecendo o trabalho interdisciplinar, o contato com a

comunidade na qual os alunos estão inseridos, a interligação entre os conteúdos

acadêmicos e os conteúdos práticos, oportunizando a participação democrática

dos alunos e outros. Porém, nem todas as escolas encontram-se preparadas

para trabalhar com as práticas educativas fora do espaço escolar. Muitas escolas

restringem-se às atividades escolares em sala de aula, por ser menos trabalhoso

e por envolver menos pessoas e menos recursos para a aprendizagem.

No relato dos coordenadores fica claro que a escola que mais realiza práticas

educativas fora da sala de aula é a Escola 1. Pode-se citar a participação intensa

dos professores na construção de projetos disciplinares e interdisciplinares,

contextualizando a prática pedagógica com o cotidiano e com a realidade da

comunidade. Outro fator é a organização das equipes de coordenação que

apoiam o trabalho docente, desde a sua elaboração até a total finalização e

divulgação dos resultados.

Destaca-se o apoio da direção na escola que disponibiliza os recursos

financeiros e humanos para a execução das práticas educativas fora da sala de

aula. E mais que isso, a direção escolar acredita nas práticas educativas fora da

sala de aula como estratégia de aprendizagem que contribui para melhorar a

aprendizagem dos alunos em diversos sentidos.

102

No que se refere à escola 3 e à escola 2, percebe-se que as gestões escolares

apoiam totalmente as práticas educativas fora da sala de aula, organizando

recursos financeiros, disponibilizando pessoal de apoio e lanche para os alunos

em todas as atividades fora da sala de aula.

Porém, evidencia-se que nem toda a equipe docente domina a estratégia das

práticas educativas fora da sala de aula e, por isso, prefere limitar o trabalho

pedagógico ao universo escolar. As turmas de distorção idade-série apresentam

um perfil mais dinâmico, o que estimula o docente a realizar atividades fora dos

muros escolares. Dessa forma, a escola necessita divulgar mais os resultados

das práticas educativas fora da sala de aula e desenvolver estratégias e

encontros para que os demais professores possam se interessar pela atividade

e descobrir a riqueza dessa prática educativa para a construção da autonomia e

para a melhoria da aprendizagem dos alunos.

Na escola 4, não existe uma cultura de práticas educativas fora da sala de aula.

Percebe-se que estas ocorrem mediante o esforço solitário de um ou outro

professor que domina a atividade e acredita nesta para a melhoria das relações

entre os alunos e os professores e para a aprendizagem dos alunos. Dessa

forma, quando o coordenador relata que ocorrem no máximo 5 atividades por

ano, fica evidente que a gestão escolar não apoia a atividade. Seja por não

conhecer o efeito dessa estratégia pedagógica na aprendizagem ou pelo

trabalho que esta gera na organização da escola, seja com funcionários, com

relocação de professores, com a contratação de transportes, e outras demandas.

A Escola 4 necessita fortalecer as estratégias de divulgação das práticas

educativas fora da sala, de forma que os resultados e seus efeitos na

aprendizagem sejam conhecidos por toda comunidade escolar. Fortalecer o

grupo de trabalho com estudos pedagógicos e encontros interdisciplinares é

outro fator que pode contribuir para a autonomia didática e pedagógica do grupo

docente. No que diz respeito à gestão escolar, esta deve organizar melhor os

recursos humanos, financeiros e pedagógicos através da participação efetiva do

colegiado escolar e da comunidade para encontrar caminhos de dinamizar as

103

ações da escola em função da aprendizagem de qualidade de todos os alunos e

do favorecimento das práticas educativas fora da sala de aula.

Categoria 7: Possibilidades de integração das práticas educativas fora da

sala de aula ao currículo escolar

Na categoria sete, foram analisadas as possibilidades de integração das práticas

educativas fora da sala de aula ao currículo escolar. Procurou-se detectar a

percepção dos coordenadores quanto à integração dessas práticas à matriz

curricular de cada escola estudada.

De acordo com os relatos, todos os coordenadores acreditam na possibilidade

de integração das práticas educativas ao currículo escolar. Porém para a

efetivação dessa ação, a escola enfrenta alguns desafios que são a falta de

recursos humanos e a carência de recursos financeiros. Os recursos humanos

representam profissionais no quadro da escola para substituir os professores

que estivessem em práticas educativas fora da escola. E os recursos financeiros

caracterizam a fundamentação legal de uma verba específica para essas

atividades fora do espaço escolar.

Outra dificuldade está na formação do professor. Este deveria ser formado para

promover a articulação da prática educativa com o currículo escolar e também

ressaltar a importância dessas práticas educativas fora da sala de aula para a

formação integral do aluno. Outro ponto a considerar é o nível de interesse do

professor, pois existem educadores que não se dispõem a sair do espaço escolar

com os alunos, em função da responsabilidade da atividade. Os coordenadores

relatam:

Acho que 50% da carga horária dos meninos deveria ser atividades fora da sala de aula, ele não precisa mais do que 50% ali do formal. Você tem que ter mais recurso humano para fazer, porque você tem mais gente envolvida no processo, recursos financeiros e também que aí, eu acho que é o principal, formação do professor, não é qualquer professor que dá conta de fazer. Mas ainda falta a articulação dele relacionar que ele foi lá no Mirante e o que ele pode trabalhar com a ida ao Mirante com o menino. Como ele vai trabalhar os conceitos da disciplina dele? Muitos não dão conta de fazer, então muitos vêm isso simplesmente como passeio. Eu acho que é o principal, formação do

104

professor, não é qualquer professor que dá conta de fazer. Ele não aprende como se faz a prática pedagógica fora do espaço escolar. (COORDENADOR 1) Vai depender do interesse... Vai depender do interesse da clientela, do interesse dos professores, dos alunos, da comunidade, e se vai depender do interesse, é porque vai depender do grau de importância da demanda dessa atividade, desse conteúdo no caso. O grau de importância dela é que vai determinar. (COORDENADOR 2) Eu vejo essa possibilidade, só que esta questão de alguns profissionais que não gostam, não tem muito interesse e tinha que ser um senso comum. Talvez a gente tenha que trabalhar mais com o grupo neste tema. (COORDENADOR 3) Seria essencial! É mas isso depende: meio horário, um professor só pra isso, uma sala só para isso, um ambiente só para prática diferenciada. A escola tem que se organizar pra isso. É necessário ter mais professores na escola ou a Secretaria de Educação ter um setor só pra isso. (COORDENADOR 4)

Para Raineldes (2013), a organização curricular é fundamental para a

aprendizagem do aluno. Os conteúdos devem ser ordenados de uma forma

simples e com uma linguagem que todos os alunos tenham acesso. Tem-se que

garantir a lógica pedagógica no processo de aprendizagem. O grau de

complexidade das matérias segue uma sequência de aprofundamento contínuo.

Os conteúdos seguem a matriz curricular.

Ao planejar as atividades, os educadores devem efetivar a interdisciplinaridade.

Dessa forma, os conteúdos apresentam sentido, quando são pertinentes na

resolução de problemas que surgem no cotidiano escolar e na vida dos alunos.

A aprendizagem consolida-se num ambiente de trabalho onde a autonomia

intelectual é constantemente estimulada.

Perrenoud (2000) defende que a escola deve ser um espaço aberto e de

socialização. A escola deve oportunizar que os alunos aprendam e desenvolvam

as competências de compreensão, conhecimento, interpretação, análise por

meio do domínio das habilidades de leitura e matemática e das relações destas

com as demais ciências. Nesse sentido, a escola deve ser multicultural,

possibilitando ao aluno a descoberta do conhecimento e da sua comunidade.

105

Para Raineldes (2013), os recursos didáticos variados contribuem para uma

maior aprendizagem dos alunos. Dessa forma, a aprendizagem significativa

efetiva-se, quando se envolvem as habilidades, os conhecimentos dos alunos de

maneira integral. É fundamental definir os recursos didáticos para se focalizar a

atenção do aluno.

De acordo com Raineldes (2013), a utilização de estímulos diversificados, jogos

e outros, que trabalham as imagens, favorecem a aprendizagem. Os conteúdos

abstratos devem ser trabalhados com experiências concretas. A utilização de

pesquisas e trabalhos que integram várias disciplinas contribui para a

aprendizagem. Esses trabalhos estimulam a expressão oral e escrita dos

estudantes.

A questão da incorporação das práticas educativas fora da sala de aula ao

currículo escolar necessita de estudos mais aprofundados. A posição dos

coordenadores mostra a dificuldade das escolas em realizar essa tarefa. Apesar

da vontade de se executar práticas educativas fora da sala de aula, existem

processos internos e externos ao ambiente escolar que necessitam ser avaliados

e discutidos de forma interdisciplinar.

No espaço escolar, os dados mostram que é fundamental garantir uma formação

adequada a todo o quadro de professores. A partir daí, a decisão de

incorporação da prática educativa deveria ser tomada democraticamente com o

coletivo da escola. Outro aspecto a ser analisado é a questão dos recursos

financeiros e humanos. Para a sistematização das práticas educativas fora da

sala de aula no currículo escolar, cada estabelecimento de ensino deveria contar

com uma verba específica, de forma que o planejamento anual das atividades

fosse garantido pelo recurso financeiro e humano já existente no interior da

escola.

Na dimensão externa à escola, as Proposições Curriculares da Prefeitura de

Belo Horizonte (2012) apoiam a interlocução do cotidiano escolar com a

comunidade e com os espaços não formais de aprendizagem. Mas isso não está

exposto de forma clara e com a força legal. Para tanto, deveria ocorrer a

106

alteração da matriz curricular das escolas da rede pública municipal. E isso é

uma demanda da Secretaria Municipal de Educação. A partir desse ponto, é

primordial que a Secretaria também defina a composição do quadro de

professores e os recursos financeiros para a aprendizagem de cada aluno,

considerando as práticas educativas fora do espaço escolar.

Portanto, a incorporação das práticas educativas ao currículo escolar

caracteriza-se como um objeto de estudo. Esta exige a gestão democrática e a

intersetorialidade entre várias escolas e diversos setores da Secretaria Municipal

de Educação no sentido de significar essa prática e validá-la no currículo escolar

de todas as escolas municipais.

Categoria 8: Aspectos que os alunos mais gostaram nas práticas

educativas fora da sala de aula

Em relação à categoria oito, a pesquisa mostra os aspectos que os alunos mais

gostaram na realização das práticas educativas fora da sala de aula. Destes,

destacam-se: a possibilidade de conhecer lugares inéditos e diferentes; a

interação com os colegas e demais visitantes dos espaços; a oportunidade de

sair da rotina da sala de aula; a melhor aprendizagem de conteúdos diferentes

do currículo escolar, ou seja, a vivência de conteúdos na vida prática.

No grupo focal, ressaltou-se o fato de quebrar a rotina da sala de aula; o aumento

do interesse e da participação dos alunos em conteúdos e conhecimentos

diferenciados; e a possibilidade de conhecer lugares e pessoas diferentes. As

colocações acima podem ser observadas nas falas dos alunos:

A aprendizagem quebra a rotina da escola, aquela coisa chata. Quando a gente sai da escola é mais interessante, a gente conversa com os amigos, vê outras pessoas e coisas que a gente nunca viu. A gente aprende mais e é mais divertido. (ALUNO 2) Eu acho legal demais. Eu gosto de conhecer pessoas e lugares diferentes. A professora também explica as coisas e eu aprendo mais. E rola sempre uma diversão no meio. Pode ter uma aula dessas por semana, a gente relaxa mais. (ALUNO 7) É diferente por que a gente foi lá pra ver e conhecer o lugar. É melhor aprender na prática, é mais fácil. E na aula a professora já discutiu

107

muita coisa. Fica mais fácil quando tá lá no museu. Eu gostei de ir na apresentação de dança. E depois a professora me falou o nome da música e eu baixei no celular. Levei pra turma. Foi bom demais. (ALUNO 10)

Vigotsky (2010) defende que os instrumentos cotidianos caracterizam-se como

meios simbólicos que auxiliam o aprendiz na solução de problemas. Esses

instrumentos representam situações externas de desenvolvimento. As práticas

educativas fora da sala de aula auxiliam na formação de conceitos de forma

complexa, pois a aprendizagem escolar favorece o intercâmbio entre os

conhecimentos científicos e espontâneos da vida social.

Para Vigotsky (2003), o melhor aprendizado ocorre quando a escola possibilita

ao aprendiz momentos de interação e mediação que estimulam o exercício do

raciocínio. Dessa forma, a aprendizagem e o desenvolvimento são processos

interconectados desde a infância. O aluno chega à escola com conhecimentos

prévios que devem ser considerados. Esses saberes são distintos dos

conhecimentos escolares. Cabe à escola considerar o que o aluno sabe e

ampliar a sua formação com os conhecimentos científicos.

Para Zabala (1998), as decisões sobre a organização dos conteúdos e

procedimentos didáticos devem ser analisadas para permitirem a formação

crítica dos alunos. As sequências didáticas devidamente aplicadas auxiliam na

articulação de diferentes atividades educativas e demonstram qual é a

intencionalidade educativa proposta.

Na fala dos alunos, evidencia-se o planejamento prévio do professor para a

realização das práticas educativas fora da sala de aula e a sua interligação entre

os saberes do cotidiano e os saberes escolares. Percebe-se a evolução do

raciocínio dos alunos por meio das relações que estes estabelecem com os

locais visitados, com suas expectativas pessoais e com os conteúdos

trabalhados previamente em sala de aula.

Outro destaque dá-se na interação do professor e do aluno ao longo da atividade.

Essa interação permite um clima de boa convivência que interfere diretamente

no processo de aprendizagem. Nas situações da sala de aula, as relações

108

construídas entre professor e aluno direcionam quais os conteúdos serão

abordados e a forma como estes serão estudados de maneira mais significativa

para o grupo de alunos.

Zabala (1998) aponta que a sistematização do trabalho, ora em grupos, em

duplas, ou individualmente, contribui para a formação social do grupo e para a

formação pessoal. Isso é ressaltado na fala dos alunos, quando estes expõem a

quebra da rotina do espaço escolar e a possibilidade de interagir com outros

alunos e com pessoas diferentes.

Destaca-se também que o tempo de aprendizagem nas práticas educativas fora

da sala de aula é mais flexível e permite que o professor utilize vários recursos

e estratégias de aprendizagem, adaptando a aula às necessidades e demandas

cognitivas da turma. Essa diversidade contribui para a construção do

conhecimento e para uma aprendizagem qualitativa.

Na fala dos alunos, nota-se a importância das práticas educativas na construção

de relações sociais entre grupos diferentes, fortalece-se as amizades entre os

alunos da turma, amplia-se a relação professor e aluno para além do espaço

escolar, oportuniza-se a vivência de conhecimentos distintos dos saberes

acadêmicos e principalmente, desperta-se o interesse dos alunos em se

dedicarem mais à tarefa da aprendizagem. Outro aspecto positivo é a afetividade

demonstrada na fala dos alunos, eles se aproximam do professor e perguntam

abertamente as suas dúvidas. Estabelece-se uma relação de confiança entre o

aluno e o professor.

Categorias 9: Processo de avaliação das práticas educativas fora da sala

de aula

Na categoria nove, a proposta foi verificar quais os processos de avaliação das

práticas educativas fora da sala de aula são utilizados pelas escolas observadas.

Nesse sentido, procurou-se identificar os processos avaliativos utilizados pelos

professores, pelos coordenadores, pelos alunos na análise das práticas

educativas fora da sala de aula.

109

Observou-se que a avaliação foi processual em todos os casos. Os roteiros de

observação sistemática deixam claro que os professores utilizam diversos

instrumentos de avaliação que vão desde a participação efetiva dos alunos,

provas escritas dos conteúdos estudados, relato oral das atividades, mesa

redonda em sala de aula, seminário avaliativo, relatório técnico da atividade

executada, registro pessoal no caderno de memorial do aluno, trabalho escrito

até a aula expositiva.

Todo o retorno das práticas educativas executadas é repassado para a

coordenação da escola e para a gestão escolar. O grupo de professores reúne-

se com os gestores para uma avaliação da atividade e o preparo das práticas

educativas fora da sala seguintes.

Em relação às instituições e locais visitados, não existe um repasse sistemático

das avaliações do grupo escolar. Isso, muitas vezes, devido à restrição do tempo

do professor e às dificuldades de comunicação com o setor educativo dos locais

visitados.

A avaliação dos alunos apresenta pontos de destaque nos conhecimentos

adquiridos e desenvolvidos. A fala dos alunos ressalta a socialização como uma

atividade enriquecedora. Em alguns momentos, os alunos sugerem a melhoria

de alguns pontos organizacionais da prática educativa fora da sala de aula, tais

como melhoria do transporte, aumento do tempo da atividade, sugestão de

lugares que eles gostariam de visitar e outros. No geral, a avaliação dos alunos

é positiva.

Raineldes (2013) defende que a avaliação dos alunos deve ser formativa. Assim,

é tarefa do professor organizar meios específicos de avaliação. Estes podem

ser: provas intermediárias, pesquisas bibliográficas e de campo, exercícios e

relatórios relacionados aos objetivos, aos conhecimentos e às habilidades

planejados para a aula. Trata-se de uma avaliação contínua, com os resultados

qualitativos registrados ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

110

De acordo com Zabala (1998), a avaliação consolida-se numa perspectiva

processual. Esta considera os comentários dos alunos e dos professores ao

longo da prática educativa, as avaliações informais, as autoavaliações e outras.

O planejamento e execução das práticas educativas fora da sala de aula, de

acordo com as observações sistemáticas realizadas, demonstram uma avaliação

formativa e processual. Nelas o professor apropria-se de diversos instrumentos

avaliativos e linguagens diferenciadas. As atividades são avaliadas com vídeos,

relatos pessoais, registros no caderno e muito mais. A avaliação respeita o

tempo dos alunos no processo de aprendizagem e, com isso, elimina-se a

preocupação da atribuição da nota. O aluno compreende que aprendeu e

participou com interesse durante todo o processo de execução das práticas

educativas fora da sala de aula. Ele percebe então que a nota é consequência

da aprendizagem e não somente o resultado de uma prova escrita.

Para complementar o estudo, foram aplicados questionários a dez turmas dos

alunos em distorção idade-série da Regional Nordeste. Os alunos são oriundos

das escolas 1, 2, 3 e 4. Foram respondidos 138 questionários. O objetivo de

aplicação do questionário é compreender um pouco mais sobre o perfil desses

alunos e, ao mesmo tempo, definir qual seria o grupo de alunos que comporia o

grupo focal.

Nesse sentido, pela participação, envolvimento com as práticas educativas e

compromisso em relação aos estudos, foi selecionada para grupo focal a turma

da Escola 3. Essa escola realizou, em média, 3 práticas educativas mensais,

durante o primeiro semestre letivo de 2014. As demais escolas realizaram, em

média, uma prática educativa mensal, considerando o período de março até

junho. Para facilitar a exposição dos dados, estes foram sistematizados em

gráficos. Segue abaixo o estudo das categorias elaboradas a partir do

instrumento do questionário.

QUADRO 2: Questionário aplicado aos alunos

111

Categorias Composição da Categoria

Por unidade de análise

Categoria 1: Identificação dos sujeitos

Unidade 1 – Perfil dos alunos

considerando o sexo e a idade

Categoria 2: Relação dos alunos com

o estudo

Unidade 2: Hábitos de estudo e

relação dos alunos com a tarefa de

estudar

Categoria 3: Dificuldades e facilidades

no processo de aprendizagem

Unidade 3: Apontamento das

dificuldades encontradas no processo

de aprendizagem.

Unidade 4: Levantamento das

disciplinas consideradas mais difíceis

e mais fáceis pelos alunos no processo

de aprendizagem

Categoria 4: Nível de motivação em

relação aos conteúdos das disciplinas

e atividades pedagógicas

Unidade 5: Aferição do nível de

interesse dos alunos por atividades

realizadas no espaço escolar e nos

espaços fora da sala de aula

Categoria 5: Apreciação dos alunos

sobre as práticas educativas fora da

sala de aula

Unidade 6: Impressão dos alunos

sobre as práticas educativas fora da

sala de aula

Categoria 6: Contribuição das práticas

educativas para os alunos

Unidade 7: Levantamento das

contribuições das práticas educativas

fora da sala de aula para a melhoria da

aprendizagem dos alunos

Fonte: Dados do autor

GRÁFICO 1 - Categoria 1: Identificação dos sujeitos – Idade

112

Fonte: Dados do autor

GRÁFICO 2- Categoria 1: Identificação dos sujeitos – Sexo

Fonte: Dados do autor

Os gráficos mostram que o perfil das turmas de distorção idade-série é

predominantemente masculino. Isto é comprovado pela taxa de 68,10% que

responderam ao questionário e são do sexo masculino. Tal fator evidencia a

dificuldade dos alunos do sexo masculino na aquisição de habilidades básicas

de leitura e escrita e do raciocínio lógico-matemático. Além disso, a dificuldade

de concentração, faltas excessivas, a indisciplina e outros fatores contribuem

para que esses alunos sejam repetentes e componham as turmas em distorção

idade-série.

61,60%

30,40%

6,50%

1,50%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

15

16

17

18Id

ade

do

alu

no

em

an

os

31,90%

68,10%

feminino masculino

113

Por outro lado, o sexo feminino é representado por 31,9% dos alunos que

responderam ao estudo. Trata-se de um público menor, considerando o número

de alunos total. Essas alunas também apresentam dificuldades com no

desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e raciocínio lógico-

matemático.

De maneira geral, os alunos apresentaram muitas faltas nos anos anteriores,

sendo este um motivo de retenção escolar. O quadro excessivo de faltas é

devido a fatores diversos como: mudança de endereço, problemas familiares,

por motivo de doença, vulnerabilidade social e outros que fazem com que os

alunos componham as turmas em distorção idade-série.

Para Silva e Nista-Picollo (2010), os fatores cognitivos estão relacionados ao

desenvolvimento das estruturas do conhecimento, sendo estas interligadas à

memória, à atenção e à antecipação. A perturbação desses fatores pode

ocasionar dificuldades nas áreas da leitura, da escrita e na atribuição de

significados pelo aluno.

Além disso, Silva e Nista-Picollo (2010) ressaltam que as dificuldades de

aprendizagem são oriundas da organização espacial pelo aluno, dos fatores

emocionais, da relação familiar e dos fatores pedagógicos. No que tange à

organização espacial, nota-se a interferência e o processo de interação entre o

indivíduo e o meio onde vive. Nos fatores psicológicos e emocionais, percebe-

se a importância do desenvolvimento afetivo do indivíduo e a ligação deste com

o conhecimento e a formação escolar. Esses processos geralmente geram

dificuldades na escrita.

Em relação à família, os conflitos familiares, a falta de atenção dos pais aos

filhos, o despreparo por parte dos pais para lidarem com as situações de

dificuldades de aprendizagem, a violência doméstica e outros contribuem para

os alunos agravarem os déficits de aprendizagem.

114

No processo educacional, os fatores pedagógicos e métodos inadequados de

ensino, a falta de estímulo para a leitura e escrita no processo de alfabetização,

o relacionamento deficiente entre professor e aluno, o não domínio do conteúdo

pelo professor, a super lotação da sala de aula e outros fatores contribuem para

a formação precária do aluno, que resulta em dificuldades de aprendizagem que

perduram durante a sua formação escolar.

Em relação à idade, a maioria dos alunos encontra-se na faixa etária de 15 anos.

Eles apresentam um ano de distorção idade-série e podem vencer a etapa do

Ensino Fundamental e serem inseridos no Ensino Médio. Esse grupo representa

61,6% dos alunos estudados. O grupo seguinte é composto pelos alunos de 16

anos de idade. Eles possuem 2 anos de distorção idade-série. Para esses

alunos, a certificação do Ensino Fundamental e a possibilidade de continuar os

estudos no Ensino Médio é bastante significativa.

Os alunos de 17 e 18 anos de idade compõem um grupo de 8% dos alunos

entrevistados. Muitos desses alunos já exercem funções no mercado informal de

trabalho. A certificação no Ensino Fundamental e os cursos profissionalizantes

oferecidos constituem em melhorias significativas na sua qualidade de vida. Eles

esforçam-se bastante para a continuação dos estudos e demonstram interesse

em estudar numa faculdade.

GRÁFICO 3 - Categoria 2: Relação dos alunos com o estudo – Gostar de estudar

Fonte: Dados do autor

32,60%

9,40%

55,10%

2,90%0%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

sim não às vezes raramente outrossim não às vezes raramente outros

115

Nessa categoria, procurou-se avaliar a relação dos alunos com os estudos. A

proposta era identificar se os alunos possuem o hábito de estudar e se estes se

interessam pelos estudos.

Os dados obtidos mostram que 55,1% estudam somente, às vezes; 9,4% não

gostam de estudar; e 2,9% estudam raramente. Esse grupo de alunos junto

perfaz um total de 67,4%. Isso é mostrado pelo comportamento dos alunos no

início do ano letivo. Os professores observam que os alunos esquecem o

material escolar, não fazem as tarefas de dever de casa, demonstram pouco

interesse pelas tarefas de estudar, não apresentam o hábito de fazer pesquisas,

e outros. Isto comprova, ao mesmo tempo, a dificuldade dos alunos com os

processos escolares, com as tarefas de leitura, escrita e cálculo e evidencia que

essas dificuldades não foram sanadas ao longo da trajetória escolar dos alunos.

O grupo de 32,6% de alunos que gostam de estudar demonstra em sala a

vontade de aprender e participa ativamente de todas as atividades propostas

pelos professores. Em muitos casos, esses alunos apresentam dificuldade de

aprendizagem em apenas uma disciplina. Alguns demonstram dificuldades nas

habilidades de leitura e escrita e outros somente nas habilidades de raciocínio

lógico e cálculos matemáticos. A maioria desses alunos foi retida por indisciplina.

Categoria 3: Dificuldades e facilidades no processo de aprendizagem

Unidade 3: Apontamento das dificuldades encontradas no processo de

aprendizagem.

GRÁFICO 4 - Categoria 3: Dificuldades e facilidades no processo de aprendizagem

116

Fonte: Dados do autor

De acordo com as respostas apresentadas, concentrar-se nas aulas é a

dificuldade mais citada pelos alunos. Eles apresentam déficit de atenção e

distraem-se devido à falta de concentração, à indisciplina e ao baixo nível de

conhecimento. Dessa dificuldade, podem-se apontar as possíveis causas:

metodologia de ensino aprendizagem pouco estimulante, conteúdos repetitivos

que contribuem para a falta de concentração nas aulas.

A segunda maior dificuldade citada é ler e compreender os textos dos livros e

textos entregues pelo professor, isso ressalta que as habilidades de leitura e

compreensão não foram desenvolvidas completamente nos alunos. Estes

apresentam dificuldades e pouco desenvolvimento nas competências de

interpretação, de análise e de inferência dos textos lidos.

A terceira dificuldade citada é participar de todas as atividades, interagindo com

os colegas. Nesse sentido, os alunos não conseguem finalizar todas as

atividades propostas num dia de aula. Outro ponto de destaque é que eles

apresentam dificuldades de trabalhar em grupos, de conviver com as diferenças

de apresentarem uma postura mais solidária. Essas posições interferem no

relacionamento interpessoal e contribuem para a dispersão dos alunos na

execução das tarefas em equipes.

21

35

22

28

80

30

0 20 40 60 80 100

Compreender as explicações do professor sobre os conteúdos

Ler os textos dos livros e os entregues pelo professor emfotocópia

Compreender os textos dos livros e os entregues peloprofessor em fotocópia

Compreender as explicividadesações do professor sobre aexecução das at

Concentrar nas aulas

Participar de todas as atividades interagindo com os colegas

nº de respostas

117

A próxima dificuldade apontada é a compreensão das explicações do professor

em relação à execução das tarefas em sala de aula. Essa dificuldade está muito

ligada à compreensão das explicações do professor em relação ao conteúdo. As

duas dificuldades ressaltam que os alunos encontram-se desatentos e dispersos

durante as explicações orais do professor. Isso aponta a necessidade de se

modificar a metodologia de trabalho, visto que a aula expositiva não capta a

atenção dos alunos. Por outro lado, as dificuldades de aprendizagem contribuem

para a falta de concentração dos alunos e o aumento da indisciplina dentro do

espaço escolar.

A dificuldade da compreensão dos textos dos livros e das atividades em

fotocópia evidencia a grande defasagem que os alunos apresentam na aquisição

e desenvolvimento das habilidades e competências da língua portuguesa.

Ressaltam-se os problemas de leitura e de compreensão dos significados das

palavras interligados, à diversidade de escrita, que vão desde a má caligrafia aos

erros ortográficos.

Para José e Coelho (2002), as defasagens de aprendizagem no processo de

aquisição da leitura dividem-se em problemas na leitura oral, na leitura

silenciosa, na compreensão da leitura, e na dislexia.

Na leitura oral, a defasagem evidencia-se quando o aluno acrescenta e ou omite

letras e palavras em função da percepção visual e ou auditiva alterada. A

percepção difusa causa o erro na leitura oral. Na leitura silenciosa, a dificuldade

evidencia-se quando o aluno expressa lentidão e dispersão na leitura. O

estudante perde-se no texto e repete palavras ou frases e linhas inteiras. Na

competência de compreensão, a dificuldade é percebida quando o aluno

apresenta uma deficiência de vocabulário e pouca habilidade reflexiva, o que o

impede de compreender o que está sendo lido.

Enfim, na análise dessa questão, realçam-se as dificuldades nas habilidades de

leitura, compreensão, interpretação dos alunos o que causa muita dispersão e

falta de concentração nas aulas e nas atividades propostas. Ainda em tempo,

ressalta-se a importância do professor trabalhar com estratégias e métodos

118

diversos de aprendizagem para estimulá-los ao exercício da aprendizagem.

Vencidas essas dificuldades, os alunos desenvolverão melhor capacidade e

habilidade de trabalharem em equipes e concluírem as tarefas propostas pelo

professor.

Unidade 4: Levantamento das disciplinas consideradas mais difíceis e mais

fáceis pelos alunos no processo de aprendizagem

GRÁFICO 5 – Levantamento de disciplinas que os alunos consideram mais difíceis

Legenda: A= Português E= Geografia B= Artes F= Ciências C= Matemática G= História D= Inglês H= Educação Física

Fonte: Dados do autor

Nessa unidade de análise, procurou-se identificar quais as disciplinas os alunos

consideram mais fáceis e quais estes consideram mais difíceis. As respostas

foram formatadas em dois gráficos.

No primeiro gráfico, os alunos apontaram como mais difíceis as disciplinas de

Matemática e Inglês. A Matemática foi ressaltada pela dificuldade de

desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e da aplicação desse

raciocínio na resolução de cálculos.

33

4

82

75

3136

32

3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

A B C D E F G H

de

re

spo

stas

Disciplinas

119

A segunda disciplina caracterizada como mais difícil foi Inglês. Isto pode ser

comprovado pelo fato de que muitos alunos não tiveram acesso a essa disciplina

e o que é desconhecido sempre se apresenta como mais difícil.

Em terceiro lugar, a disciplina de Ciências é apontada como mais difícil pelos

alunos. A dificuldade com essa disciplina pode ser caracterizada pela

complexidade das informações que articulam os saberes básicos da biologia, da

física e da química. Em contrapartida, a abstração da disciplina, muitas vezes,

confunde os alunos, quando estes devem relacionar os fatos do cotidiano às

explicações da ciência.

Logo em seguida, encontram-se as disciplinas de Português, História e

Geografia. Estas se encontram praticamente no mesmo nível de dificuldade.

Essas disciplinas exigem muita habilidade de leitura e interpretação de textos,

fatos e fenômenos naturais. Por outro lado, os alunos já tiveram contato e

apresentam algum aprendizado prévio dessas disciplinas na sua trajetória

escolar. Dessa forma, para a maioria dos alunos não é a disciplina que se

caracteriza como difícil e sim o desenvolvimento pleno das competências de

leitura.

Para Martins (2011), as dificuldades de aprendizagens são complexas,

causando problemas para muitos alunos. Estes apresentam dificuldades de

relacionamento com os professores e colegas, sentem dificuldades em

compreender a metodologia usada pelo professor, os conteúdos disciplinares

são distantes da realidade do aluno.

Segundo Bossolan (2011), as dificuldades de aprendizagem podem ocorrem em

várias fases na vida estudantil. De acordo com a autora, atualmente, 80% dos

casos de dificuldades de aprendizagem são de leitura, sendo este o tipo de

dificuldade mais estudado.

No entanto, as dificuldades com a disciplina de Matemática podem apontar a

deficiência de aprendizagem que caracteriza a discalculia. Para Filho (2007), a

120

discalculia efetiva-se por meio de uma desordem neurológica que afeta a

habilidade de uma pessoa compreender e manipular os números.

Dessa forma, os alunos têm dificuldades de desenvolverem o raciocínio lógico-

matemático de forma correta. Eles utilizam incorretamente os símbolos

numéricos e não conseguem realizar as operações que envolvem a capacidade

de reversibilidade, de seriação, de ordenação, de inclusão e de decomposição

numérica. Além disso, os alunos não compreendem os enunciados dos

problemas e demoram para perceber qual a operação será necessária para

concluir um problema matemático.

Muitas vezes, o aluno que apresenta a discalculia demonstra deficiência na

elaboração do pensamento e na interiorização da linguagem. Por isso, muitos

alunos que apresentam déficit de aprendizagem podem ter dificuldades no

processo de leitura, da escrita e do cálculo.

É fundamental que os profissionais da educação tenham conhecimento sobre a

dislexia, a dislalia, a disortografia e a discalculia, no sentido de compreender as

dificuldades dos alunos e oportunizar a estes estratégias distintas e

diversificadas de aprendizagem. É primordial garantir um ambiente que promova

e estimule o desenvolvimento pessoal, social e o acadêmico para os alunos com

dificuldades de aprendizagem.

No que se refere à escola, esta deve facilitar a aprendizagem para todos os

alunos. Assim, é necessário redimensionar e reestruturar o ambiente educativo,

ajustar os horários, modificar as estruturas dos trabalhos, planejar coletivamente

as ações, utilizar as tecnologias da informação e comunicação, modificar as

formas de avaliação e outras para se criar um ambiente estimulador para a

aprendizagem dos alunos.

Cabe à escola considerar a história de vida dos alunos, seus ritmos, suas

capacidades e suas motivações, respeitando que cada aluno desenvolve um

processo singular na construção do conhecimento. As práticas educativas

121

significativas promovem a interlocução entre os diversos saberes dos alunos e

da escola.

GRÁFICO 6: Levantamento de disciplinas que os alunos consideram mais fáceis

Legenda

Fonte: Dados do autor

A= Português E= Geografia B= Artes F= Ciências C= Matemática G= História D= Inglês H= Educação Física

De acordo com o GRÁF. 6, as disciplinas consideradas mais fáceis pelos alunos

são Educação Física e Artes. É notável que os alunos marquem essas

disciplinas, pois estas exigem menor produção intelectual. Assim, no formato das

aulas, a Educação Física caracteriza-se pela prática de esportes e,

principalmente, o futebol. Os alunos e professores organizam campeonatos e as

aulas são divertidas, na perspectiva dos alunos.

Nas aulas de artes, as turmas desenvolvem trabalhos diversificados que vão

desde a elaboração e confecção de vídeos, teatros, pinturas, danças, jogos e

outros que trazem a esses alunos a impressão de lazer.

53

85

52

21

33

4335

96

0

20

40

60

80

100

120

A B C D E F G H

de

re

spo

stas

Disciplinas

122

Por outro lado, as disciplinas de Matemática e Português encontram-se

praticamente empatadas no quesito de facilidade. Isso aponta para o fato de que

os alunos já tiveram contato com essas disciplinas na sua vida escolar e a

consideram fácil. Mas isso não implica que esses alunos tenham desenvolvido

as habilidades e competências exigidas para o domínio da Língua Portuguesa e

pela Matemática.

Por outro lado, existem alunos que dominam a Matemática e apresentam

grandes dificuldades em Português. Na sala de aula, essa característica é

evidenciada em alguns alunos do sexo masculino. Em oposição, as alunas

dominam as habilidades de Português, mas apresentam grandes dificuldades

com as competências matemáticas.

Aqueles que marcaram a disciplina de Ciências podem ser caracterizados como

alunos que já dominam os conteúdos dessa matéria e seus princípios básicos.

Isto caracteriza essa disciplina como fácil para esses alunos.

As disciplinas História e Geografia encontram-se praticamente no mesmo nível

de facilidade. Pode-se avaliar que alguns alunos apresentam facilidades com

essas disciplinas e, ao longo da sua vida escolar, já tiveram as habilidades e

competências exigidas pelas disciplinas vencidas. Outro fator a considerar é a

repetição desses conteúdos, visto que os alunos em distorção idade-série

caracterizam-se como alunos em situação de evasão ou repetência escolar.

No que se refere à disciplina de Inglês, observa-se que pouquíssimos alunos

marcaram essa disciplina como fácil. Isso comprova os dados do GRÁF. 5, em

que as disciplinas apontadas como as mais difíceis foram Matemática e Inglês.

Isto ressalta que esses alunos que marcaram a disciplina Inglês como fácil já

tiveram contato com a matéria e não apresentaram dificuldades. É importante

esclarecer que a maioria dos alunos em distorção idade-série está em situação

de repetência escolar e que são alunos repetentes do 7º, 8º e do 9º ano de

escolaridade.

123

Para Zabala (1998), é imprescindível prever propostas de atividades

pedagógicas articuladas para a promoção de diversas formas de se relacionar e

de interagir. Na questão de tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes para

esses alunos em distorção idade-série, é fundamental que as práticas

pedagógicas apropriem-se de diversos recursos e estratégias. Para isso, o

professor pode dividir os alunos em equipes e grupos diversos, promover

organizações fixas e móveis de trabalhos, atribuir responsabilidades aos alunos

na tarefa de aprender, construir espaços de debate e comunicação espontâneos.

Ainda em tempo, as práticas educativas fora da sala de aula podem contribuir

nos trabalhos de campo e na construção de ligações entre os conteúdos

pedagógicos e a prática da vida. As excursões devem promover aos alunos

resoluções de conflitos e a convivência de espaços diferentes do ambiente

familiar e escolar. Enfim as práticas educativas devem permitir a multiplicidade

de ações comunicativas e a interrelação entre alunos e educadores.

Categoria 4: Nível de motivação em relação ao conteúdo das disciplinas e

às atividades pedagógicas

GRÁFICO 7: Nível de motivação dos alunos em relação aos estudos

Fonte: Dados do autor

32

71

12

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A B C Não responderam

de

re

spo

stas

Nível de interesse dos alunos

A= Falta de interesse pelos conteúdos explicados pelo professor B= Falta de interesse pelas atividades desenvolvidas dentro de salaC= Falta de interesse pelas atividades desenvolvidas fora de sala

124

Nessa questão, procurou-se identificar qual a motivação dos alunos para as

tarefas escolares realizadas na sala de aula, para participar das aulas

expositivas e ouvir os conteúdos explicados pelo professor e, finalmente, o

interesse dos alunos em participar das práticas educativas fora da sala de aula.

A resposta que teve o maior índice de marcação pelos alunos evidencia que os

eles demonstram falta de interesse pelas atividades desenvolvidas dentro da

sala de aula. Muitos alunos já são repetentes e já viram determinadas disciplinas,

sem, no entanto, compreendê-las ao todo. No entanto, estes consideram a aula

expositiva monótona e sem estímulo. Esses dados comprovam que os alunos

estão desmotivados com as atividades da sala de aula, com as metodologias

tradicionais, com os conteúdos expostos e outros.

A segunda resposta de maior marcação pelos alunos é a falta de motivação dos

alunos pelos conteúdos explicados pelo professor. Por serem alunos em

distorção idade-série, em situação de repetência, os alunos apresentam

dificuldades de aprendizagem e um baixo rendimento cognitivo. Estes

consideram o conteúdo repetitivo e não se interessam pelas aulas por

acreditarem que já dominam o conteúdo e por não simpatizarem com as

metodologias e didáticas tradicionais. Ressalta-se também a falta de ligação do

excesso de conteúdos com a realidade de vida do aluno.

O gráfico também aponta um número pequeno de alunos que não se interessa

pelas práticas educativas fora da sala de aula. Isto pode caracterizar posições

pessoais em relação à atividade, como o comportamento tímido e a dificuldade

de socialização por parte de alguns alunos. Outro ponto é que essa marcação

pode representar o comportamento e a opinião de alguns pais que acreditam

que essas atividades caracterizam-se como um passeio ou simplesmente

diversão e não permitem que os filhos participem das práticas educativas fora da

sala de aula.

Dessa forma, para esses alunos devem ser oferecidas outras estratégias de

aprendizagem para que mantenham o interesse cognitivo. Outro ponto é que os

125

professores devem conversar com esses alunos e procurar entender qual o real

motivo de eles não gostarem das práticas educativas fora da sala de aula.

Os alunos que não marcaram nenhuma das opções demonstram que

apresentam interesse por todas as atividades citadas. Esses se caracterizam por

alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, mas estão dispostos a

buscar o conhecimento para o seu crescimento cognitivo e social. Esses alunos

demonstram motivação pelas tarefas e atividades escolares realizadas dentro e

fora do espaço escolar. Além disso, demonstram interesse pelos conteúdos

apresentados pelo professor. Eles estão envolvidos com a aprendizagem e

procuram melhorar a sua participação nesse processo ao longo do ano letivo.

Os professores devem utilizar uma metodologia e estratégias de aprendizagem

diversificadas. Evidencia-se que a aprendizagem significativa deve considerar o

conhecimento prévio dos alunos e permitir o domínio de novas competências e

comportamentos por meio de situações desafiadoras. Para isso ocorrer, essas

capacidades devem ser potencializadas por práticas educativas que vislumbram

estratégias de planejamento, de aferição dos resultados, de revisão dos

processos de aprendizagem e de avaliação formativa dos alunos. É importante

que o professor desenvolva atividades nas quais a aprendizagem seja facilitada

pela constante interação dos alunos e pela cooperação coletiva destes com o

professor.

Para Zabala (1998), as relações comunicativas são a chave do processo de

aprendizagem e possibilitam várias inferências contínuas na construção dos

saberes. O professor tem um papel fundamental na interação do aluno com a

cultura e, nesse sentido, ele deve propor, comparar, desafiar e dirigir as

situações de aprendizagem, mediando as diversidades dos alunos e as

intenções educativas. É importante que o aluno construa o seu caminho para a

autonomia e sinta-se motivado para o processo de aprendizagem.

No processo educacional, estão envolvidos todos os espaços, sejam estes a sala

de aula, o espaço escolar, a comunidade, todos num processo de interação em

que os conteúdos de aprendizagem sejam significativos para os alunos e para o

126

professor. A resposta dessa questão evidencia que a educação precisa modificar

sua metodologia para despertar o interesse dos alunos para o processo de

aquisição de conhecimentos. As práticas educativas fora da sala de aula e outras

estratégias contribuem para a formação integral do educando.

Categoria 5: Apreciação dos alunos sobre as práticas educativas fora da

sala de aula

GRÁFICO 8: Apreciação dos alunos sobre as práticas educativas fora da sala de

aula

Fonte: Dados do autor

No questionário, essa pergunta foi aberta. Na sua análise, procurou-se

categorizar as respostas de acordo com seu índice de repetição. Dessa forma,

as categorias citadas pelos alunos como o motivo pelo qual estes gostam das

práticas educativas fora da sala de aula foram: quebra da rotina, maior

relacionamento interpessoal, maior concentração na atividade, aprender mais,

ser mais interessante, ser mais divertido e não justificou.

A resposta mais citada pelos alunos foi que as práticas educativas fora da sala

de aula permitem que estes aprendam mais. Isto caracteriza que os alunos

demonstram maior interesse e participação em atividades diversificadas que

0

10

20

30

40

50

60

70

23

65

29

49

8

24

8

de

resp

ost

as

Justificativas

quebra a rotina aprende maismaior relacionamento interpessoal mais interessantemaior concentração na atividade mais divertidonão justificou

127

extrapolam os limites escolares. Tal fato também é comprovado pela fala dos

professores durante as entrevistas, pois estes afirmam que nas práticas

educativas fora da sala de aula os alunos demonstram maior interesse,

participam e aprendem mais.

A segunda resposta mais marcada pelos alunos é que estes consideram a

atividade mais interessante. Isto confirma que as metodologias de aprendizagem

devem ser diversificadas, permitindo a interação do aluno, e construídas com a

participação destes ao longo do processo.

A terceira resposta de maior índice foi que as práticas educativas permitem maior

relacionamento interpessoal. Quando os alunos estão fora da sala, eles

conversam mais e interagem entre si, com outros alunos de escolas diferentes e

com os demais frequentadores dos espaços visitados. É importante notar que as

conversas são diversificadas e os assuntos abordam os temas de aula e

assuntos pertinentes às realidades dos alunos. Essa característica também é

ressaltada na fala dos professores que apontam a socialização como um ponto

relevante durante as práticas educativas fora da sala de aula.

Raineldes (2013) afirma a importância dos alunos desenvolverem a consciência

crítica e cidadã. Tal fato efetiva-se mediante ações que permitam aos alunos a

participação política, a tomada de decisões, a participação em grêmios

estudantis, em associações de bairro e outras. Dessa forma, o contato com a

comunidade e com lugares diversos permitem ao aluno ressaltar a sua

curiosidade e buscar respostas para os conflitos cognitivos e pessoais. Os

alunos questionam outros alunos, outros professores, outros guias e

frequentadores locais. Nesse sentido, eles perdem a timidez e socializam-se

com facilidade, recuperando a sua autoestima.

Na perspectiva de piagetiana, os alunos constroem o conhecimento a partir do

processo de equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio. Portanto a aprendizagem

deve ajudar o aluno a superar os desafios e caminhar para além dos

conhecimentos que este já domina.

128

A resposta seguinte mostra que o item quebra da rotina da sala de aula está

muito próximo da resposta da atividade ser mais divertida. Fica claro que os

alunos associam as práticas educativas à diversão e à quebra da rotina escolar.

Num primeiro momento, os alunos percebem a atividade como diversão, mas,

ao longo da sua execução e das interferências do professor, estes compreendem

a importância educativa da atividade. Ao final do processo, os alunos aprendem

os conteúdos propostos de uma forma mais leve e divertida, sem a rotina da sala

de aula.

Um grupo pequeno de alunos marcou que eles concentram-se mais nas práticas

educativas fora da sala de aula. Provavelmente, esses alunos apresentam muita

dificuldade de se concentrar nas atividades dentro da sala de aula. Esses alunos

necessitam de atividades diversificadas e de metodologias dinâmicas que

permitam o seu envolvimento ao longo do processo de aprendizagem.

Alguns alunos não justificaram a resposta. Tal fato evidencia a pressa dos alunos

para responder à questão e pode caracterizar que esse pequeno grupo

apresenta dificuldades na escrita e na exposição de suas ideias. Isso ressalta

ainda mais as suas dificuldades de aprendizagem.

Para Borges (2011), a educação tem a finalidade de superar as falhas do sistema

educacional, melhorando, portanto, os processos de avaliação, de recuperação,

das dificuldades de aprendizagem, da baixa qualidade do ensino, da falta de

recursos, da formação continuada dos professores e outros.

Nas respostas acima, fica evidente que o educador deve ajustar a prática

educativa ao processo de ensino-aprendizagem do aluno com déficit de

conhecimentos. O professor deve ser melhor capacitado, o currículo escolar

deve ser mais flexível, permitindo uma interlocução maior entre professor e aluno

de forma que este construa sua autonomia a partir de uma relação de afetividade

e respeito.

Muitos alunos consideram as práticas educativas fora da sala de aula como uma

atividade mais interessante, porque esta quebra a rotina da sala de aula e ainda

129

permite um maior relacionamento interpessoal entre os alunos e demais

pessoas. Com isso, os educandos ampliam as suas redes de amizade e de

conhecimento.

Além disso, as respostas apontam que, através das práticas educativas fora da

sala de aula, os alunos aprendem mais e concentram-se durante a realização da

atividade. Nesse sentido, as práticas educativas são extremamente relevantes

para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, na medida em que estes

aprimoram as habilidades e competências cognitivas, através de uma

concentração mais sistemática e melhoram o desenvolvimento social e a

criticidade em relação aos fenômenos estudados dentro e fora da escola.

Categoria 6: Contribuição das práticas educativas para os alunos

GRÁFICO 9: Contribuições das práticas educativas fora da sala de aula para os

alunos

Fonte: Dados do autor

77

41

63

55 57 58

7380

65 64

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

A B C D E F G H I J

de

re

spo

stas

Contribuições

LEGENDA

A - Melhor compreensão dos conteúdos

B - Perceber as necessidades do meu bairro

C - Pensar sobre uma escolha profissional

F - Melhorar minha relação com a professora

G - Melhorar minha relação com as pessoas em

geral

130

Nessa questão, procurou-se identificar quais as contribuições das práticas

educativas fora da sala de aula para a aprendizagem, na perspectiva dos alunos.

A resposta mais citada foi que essas práticas contribuem para que os alunos se

interessem por assuntos que não conheciam anteriormente. Isso aponta que as

práticas educativas fora da sala de aula trazem novidades para os alunos que

despertam o seus interesses e motivam-nos a aprender.

A segunda resposta mais citada foi que as práticas educativas fora da sala de

aula contribuem para que os alunos compreendam melhor os conteúdos. Dessa

forma, como essas atividades são relacionadas com o conteúdo curricular, os

alunos conseguem aprender os conteúdos de forma dinâmica e em contato com

a realidade. Trata-se de promover a interlocução entre o conhecimento teórico

com a prática deste.

A terceira resposta mais grifada é que as práticas educativas fora da sala de aula

contribuem para melhorar a relação dos alunos com as pessoas em geral. Nesse

aspecto, os alunos consideram muito importante a capacidade de se relacionar

com as pessoas em diversos ambientes e serem respeitados em todos os

lugares. Muitos alunos tornam-se mais desinibidos fora do espaço escolar e

conseguem fazer amizades. A comunicação permite que os alunos recuperem

sua autoestima e desenvolvam a socialização.

A quarta resposta mais marcada é que as práticas educativas melhoram a

percepção dos alunos relativa ao mercado de trabalho. Durante as atividades,

os alunos perguntam às pessoas que trabalham nos locais visitados sobre as

condições de trabalho e salário, bem como sobre as vantagens e desvantagens

de determinados serviços.

D - Entender algum fenômeno do dia a dia que

antes não entendia

E - Melhorar minha relação com os colegas

H – Interessar-me por assuntos pelos quais não

tinha interesse anteriormente

I - Compreender as questões relativas ao mercado

de trabalho

J - Elevar meu conhecimento cultural

131

Esses alunos estão na fase de 15 anos de idade, o que caracteriza um perfil

adolescente que necessita de ter sua autonomia financeira para conquistar seus

desejos e vontades que envolvam a compra de algum produto. Muitos alunos

querem adquirir equipamentos eletrônicos, roupas de marca e outros. Por isso,

a maioria deles quer ingressar no mercado de trabalho.

Logo, em seguida, a resposta mais acentuada é que as práticas educativas

elevam o conhecimento cultural dos alunos. As práticas educativas são bastante

diversificadas e englobam a visita a teatros, a museus, a cinemas, a centros

culturais e outros. Essa formação cultural e cidadã não faz parte da vida desse

aluno que vive na periferia de Belo Horizonte.

O máximo de passeio que os alunos executam é frequentar o Minas Shopping

ou a área central próxima ao Parque Municipal, pois é o local onde os ônibus

coletivos da Regional Nordeste desembarcam a maioria dos passageiros.

Vivenciar e entrar num museu são novidades para esses alunos. Dessa forma,

eles tiveram a oportunidade de conhecer lugares que nem sabiam que existia e

apropriaram-se dos espaços culturais e urbanos de Belo Horizonte. Isto explica

que eles tiveram o conhecimento cultural significativo. Alguns alunos retornaram

aos museus na companhia dos pais, porque apreciaram a atividade e gostariam

de ter mais tempo para visitá-lo.

A resposta seguinte, que foi pensar nas questões profissionais, acentua a

preocupação dos alunos em se inserir no mercado de trabalho e adquirir a

autonomia financeira para adquirir os produtos que os adolescentes demandam.

Visitar lugares diferentes do ambiente onde vivem permite que os alunos

contemplem profissões distintas, com habilidades e competências diversificadas.

Dessa forma, muitos estudantes refletem e começam a sonhar com as profissões

que observam ao longo das práticas educativas. Isto é um aspecto positivo, pois

o aluno dedica-se mais aos estudos, quando ele tem um objetivo a ser

alcançado.

132

A próxima marcação significativa aponta a melhoria do relacionamento com a

professora e com os colegas. Isto evidencia que as práticas educativas fora da

sala de aula desenvolvem a capacidade de socialização dos alunos. Estes

sentem uma maior confiança no professor fora do espaço escolar e uma

liberdade maior para fazer perguntas sem serem censurados pelos colegas e

pelo professor.

Em relação aos colegas da turma, percebe-se um clima de autoajuda, assim os

colegas protegem-se e defendem uns aos outros. Eles conversam mais entre si,

esclarecendo as ideias e comentando as novidades que percebem durante a

atividade. Essa resposta também é confirmada na fala dos professores que

defendem que as práticas educativas fora da sala de aula desenvolvem as

capacidades de socialização dos alunos.

E por último está a resposta de que as práticas educativas permitem

compreender as necessidades do bairro onde eles residem. Ao sair da escola e

visitar outros bairros de Belo Horizonte, os alunos percebem as diferenças de

estrutura e serviços. Por exemplo, percebem a quantidade de lojas, praças,

avenidas, espaços de lazer, postos de saúde e outros. Assim, eles identificam

que o bairro onde moram é carente de muitos serviços e de obras que

possibilitem uma maior estrutura para o desenvolvimento dos bairros e uma

melhor qualidade de vida aos moradores.

De acordo com Zabala (1998), para ocorrer uma aprendizagem significativa, os

alunos devem participar da tomada de decisões ao longo do processo de ensino

e aprendizagem. Eles devem participar na organização e desenvolvimento das

tarefas, a fim garantir o seu envolvimento na aprendizagem e aumentar o ritmo

produtivo da turma. Nesse sentido, o aluno compreende o motivo das tarefas e

práticas educativas e responsabiliza-se pela construção do conhecimento num

processo de autonomia intelectual.

Nesse contexto, o professor é o mediador da aprendizagem dos alunos. Cabe a

este selecionar os conteúdos didáticos e as metodologias adequadas,

provocando o estímulo e o interesse do aluno em aprender. E, ao mesmo tempo,

133

essas tarefas educativas devem favorecer o desenvolvimento das relações de

aceitação e confiança nos alunos, potencializando o interesse destes por

empreender e continuar o processo de construção do conhecimento e sua

autonomia intelectual.

Enfim, os maiores destaques das contribuições das práticas educativas para a

aprendizagem dão-se na compreensão dos conteúdos expostos ao longo da

atividade; na melhoria do relacionamento interpessoal entre alunos e entre

professores e a comunidade escolar. Fora da sala, os alunos dispõem de um

tempo maior para expor suas dúvidas e observações para os colegas e

professores. Além disso, a aula fora da sala amplia a visão dos alunos sobre as

disponibilidades do mercado de trabalho, estimulando-os a se dedicar aos

estudos.

Considerações finais:

Por meio do estudo realizado nesta pesquisa, procurou-se identificar a

importância das práticas educativas fora da sala de aula para a formação integral

dos alunos em distorção idade-série. Foi realizado um estudo teórico e um

trabalho de campo no sentido de aprofundar a análise sobre o tema.

Os resultados apontam que a compreensão dos professores, coordenadores e

alunos definem as práticas educativas fora da sala de aula como atividades de

cunho educativo que são realizadas fora do espaço escolar e, ao mesmo tempo,

ampliam as possibilidades cognitivas e de sociabilidade dos alunos.

Para os coordenadores, as práticas educativas fora da sala de aula envolvem a

socialização dos alunos, a mudança de comportamento destes dentro e fora da

sala de aula e, principalmente, a aquisição de novos conhecimentos.

Para os alunos, as práticas educativas fora da sala de aula, inicialmente, estão

associadas ao passeio e à diversão. Mas, na medida em que as atividades são

executadas, os alunos demonstram maior interesse, envolvimento e percebem

a ligação com a teoria estudada no espaço escolar.

134

No que se refere à realização e execução das práticas educativas fora da sala

de aula, os dados apontam que tanto os professores como os coordenadores

apresentam experiências prévias desde o planejamento à fase de avaliação da

atividade. As entrevistas evidenciam que esses professores entrevistados

participaram dessa atividade com a parceria de outros docentes e também já

realizaram as práticas educativas fora da sala de aula individualmente.

Dos aspectos relevantes durante a execução das práticas educativas fora da

sala de aula, observa-se o estímulo e o aumento do interesse dos alunos em

participar das atividades, quebra-se a rotina do ambiente e da metodologia

escolar, promove-se uma maior socialização dos alunos entre si, dos alunos com

os colegas de outras escolas, dos alunos com os professores e demais

frequentadores dos espaços visitados.

Os alunos adquirem maior desenvolvimento cultural, aumentam as suas

possibilidades e interesses no mercado de trabalho, desenvolvem um olhar

crítico e reflexivo sobre a comunidade onde vivem e aumentam a produtividade

na sala de aula, a partir dos temas vivenciados fora do espaço escolar.

Em relação aos problemas detectados, os professores pontuam que a falta de

tempo para o planejamento individual e coletivo das práticas educativas fora da

sala de aula é um fator que dificulta a organização interdisciplinar e a maior

incidência dessas atividades.

Os docentes citam que o fator do comportamento dos alunos inibe a participação

de alguns professores na realização das práticas educativas fora da sala de aula.

Assim, o professor deve se dedicar muito durante a realização da atividade e

ainda manter a disciplina da turma como um todo. A dificuldade maior está no

comportamento dos alunos que não respeitam as regras sociais de

determinados ambientes. Assim sendo, para os professores, o trabalho em

campo aberto exige muito mais do docente, no sentido de manter a organização

do trabalho e garantir a aprendizagem dos alunos.

135

Uma limitação citada pelos coordenadores é a dificuldade financeira para a

escola financiar todo o processo da realização das práticas educativas fora da

sala de aula que vão desde o planejamento, a execução até a avaliação.

Algumas práticas educativas fora da sala de aula exigem a locação de

transportes, despesas com lanche, ingressos, entre outros, e nem sempre a

escola dispõe de recursos para a realização de todas as atividades demandadas

pelo corpo docente.

Outra dificuldade citada pelos entrevistados é a falta de interlocução com o setor

educativo das instituições visitadas. A burocracia excessiva e os horários de

trabalho do professor que não coincidem com o horário de funcionamento das

instituições visitadas impedem uma comunicação clara e sistemática entre as

duas instituições.

A dificuldade de se agendar o transporte pelo setor BH Crianças, da Secretaria

Municipal de Educação, contribui para a redução do número de realizações das

práticas educativas fora da sala de aula, pois nem sempre as escolas possuem

verbas suficientes para pagar o transporte particular para a conclusão da

atividade fora da sala de aula.

Somada a isso, os coordenadores também apontam a dificuldade de recursos

humanos para a concretização da atividade, sendo necessários mais

professores para acompanhar os alunos nas práticas educativas fora da sala de

aula e, além disso, é necessário disponibilizar outros professores para cobrir os

docentes que se encontram fora do espaço escolar.

Nas contribuições das práticas educativas fora da sala para os alunos, podem-

se enumerar: o aumento da motivação e interesse do aluno para os

conhecimentos vivenciados; o acesso à cultura pelos alunos; o desenvolvimento

da socialização e o sentimento de colaboração entre os alunos; uma maior

proximidade entre a teoria e a prática; a criação de intervenções pedagógicas do

professor ao longo das práticas educativas fora da sala de aula; e, finalmente, a

valorização e o resgate da autoestima dos alunos.

136

Na visão dos coordenadores, as práticas educativas fora da sala de aula

contribuem para que os professores escrevam mais projetos; para a melhoria da

relação entre professor e alunos; para o aumento da socialização no grupo e

com demais participantes da atividade; e para evidenciar-se uma maior

produtividade, concentração e desenvolvimento social por parte dos alunos.

Além disso, as práticas educativas fora da sala de aula contribuem para que o

aluno desperte o gosto pelo estudo e outras formas de conhecimento. Estimula-

se a socialização dos alunos e desenvolvem-se nos discentes atitudes mais

responsáveis e éticas, criando-se um comportamento crítico e reflexivo nos

alunos em consonância com as propostas educativas.

No quesito de planejamento e de execução das práticas educativas fora da sala

de aula, os dados da pesquisa revelam que o planejamento pedagógico é

caracterizado pela visita prévia e estudo do professor ao local a ser visitado.

Outro ponto é que as aulas são adequadas aos objetivos de visitação e da

promoção da interligação entre a teoria curricular e a prática da vida.

Em adição, os alunos são preparados e os conteúdos são desenvolvidos em

sala, de forma que as práticas educativas fora da sala de aula ampliem a

formação e a visão do aluno sobre a construção do conhecimento significativo.

Observa-se que muitos professores desenvolvem um planejamento logístico,

que envolve verbas de lanche, ingressos, locação de transporte, autorização dos

alunos, lista de chamada, apoio de diversos professores e outros.

Dessa forma, os dados das entrevistas e as observações sistemáticas

comprovam o planejamento prévio dos professores para as práticas educativas

fora do espaço escolar. Os professores informam aos alunos as regras de

visitação e o comportamento exigido pelo local a ser visitado, tais como: não uso

do celular para tirar fotos em determinados ambientes; a proibição de lanchar

dentro dos museus, teatros e outros espaços; o uso do uniforme escolar em

todas as visitações; não tocar em objetos em museus não interativos; e outros.

Enfim, os professores sempre procuram articular a prática educativa fora da sala

137

de aula com a prática pedagógica. Destaca-se que todas as instituições visitadas

estavam preparadas para receber grupos escolares.

Em relação ao número de práticas educativas realizadas fora do espaço escolar,

a pesquisa aponta que esta depende muito da gestão da escola e do perfil do

professor. Assim, a Escola 1 apresenta uma média de 100 atividades anuais; a

Escola 2 apresenta uma média 40 atividades anuais; e a Escola 4 apresenta 5

práticas anuais.

A Escola 3 realiza quantas práticas os professores demandarem. Nessa escola,

a realização das práticas educativas fora da sala de aula depende da

reivindicação dos docentes. Destaca-se que a Escola 3 foi a que realizou muitas

práticas educativas fora da sala de aula com as turmas em distorção idade-série

no primeiro semestre de 2014. As turmas realizaram, em média, uma prática

educativa fora da sala de aula por semana, considerando o mês de março, abril,

maio e junho.

No que ser refere à incorporação das práticas educativas ao currículo escolar,

os dados mostram possibilidades e desafios. Os coordenadores acreditam na

possibilidade e defendem que as práticas educativas fora da sala de aula devem

ser incorporadas ao currículo escolar. Porém os desafios apresentados

caracterizam dificuldades que extrapolam o universo escolar e são da

responsabilidade de outros setores dentro da Secretaria Municipal de Educação.

Podem-se citar as seguintes dificuldades: recursos humanos disponíveis para a

atividade; recursos financeiros; a formação do professor para desenvolver as

práticas educativas fora da sala de aula; a articulação da atividade com o

currículo escolar; o aumento do interesse do professor; e a conscientização de

toda comunidade escolar sobre a importância da atividade para a formação

integral do discente.

Em relação à percepção dos alunos no que tange às práticas educativas fora da

sala de aula, evidencia-se que estes destacam a importância de se conhecer

lugares diferentes; de interagir com os colegas e demais visitantes e funcionários

138

presentes nos espaços visitados; de sair da rotina da sala de aula; de aprender

conteúdos diferentes do currículo escolar; e de praticar o que eles vivenciam em

sala de aula. Os alunos demonstram mais interesse nessas atividades e

aumentam a participação e a produção acadêmica em função dos temas

estudados nas práticas educativas fora da sala de aula.

Em relação à avaliação das práticas educativas fora da sala de aula, os

professores optam por uma avaliação formativa. Dessa forma, eles utilizam

diversos recursos para a avaliação dos alunos que são: seminários avaliativos,

apresentação oral, relatório no caderno de memorial, provas sobre os conteúdos

observados fora da sala de aula, trabalhos em grupo e trabalhos individuais, aula

expositiva em grupo, relatório técnico e outros.

Num segundo momento, os professores repassam para a gestão escolar e para

os coordenadores todo o processo das práticas educativas fora da sala de aula,

englobando desde o planejamento à execução e avaliação da atividade. Por

outro lado, não existe um repasse sistemático das avaliações às instituições

visitadas. Isso ocorre em função do desencontro dos tempos do professor e dos

horários de funcionamento dos locais visitados.

O perfil dos alunos em distorção idade-série caracteriza-se predominantemente

pelo sexo masculino, 68,1% dos alunos. A idade dos alunos situa-se na faixa de

15 anos de idade, correspondendo a 61,6% dos estudantes. Destaca-se também

que 55,1% dos alunos não têm o hábito de estudar, pois declaram que estudam

raramente.

A maior dificuldade para a aprendizagem dos alunos detectada nos

questionários é a falta de concentração nas atividades escolares. Isto pode ser

devido a diversos fatores, tais como: uma metodologia pedagógica inadequada

para esse público, conteúdos repetitivos, rotina escolar e outros.

Outra dificuldade apontada pelos alunos é a leitura e interpretação de textos

diversos. Isso é comprovado pelo baixo desempenho cognitivo e déficit de

139

conhecimentos que os alunos apresentam nas competências de interpretação,

de análise e de inferência dos textos lidos.

A disciplina que os alunos consideram mais difícil é a Matemática e isto

demonstra que os alunos apresentam uma baixa desenvoltura do raciocínio

lógico-matemático e cálculos. A disciplina Inglês é considerada difícil pelos

alunos, pelo fato de ser uma disciplina que muitos não tiveram contato. A

disciplina considerada mais fácil pelos alunos é a Educação Física e Artes. As

duas disciplinas exigem menor produção intelectual e estão direcionadas a

atividades que envolvem a prática de esportes e a produção e participação de

atividades artísticas.

Na questão do interesse dos alunos pelas atividades dentro e fora da sala de

aula, evidencia-se que os alunos estão desmotivados com as atividades dentro

da sala de aula. Isto é devido às metodologias repetitivas, ao excesso de aulas

expositivas, à prática pedagógica conteudista, à falta de hábitos de estudo, à

formação inadequada do docente e outros.

Na apreciação dos alunos em relação às práticas educativas fora da sala de

aula, pode-se afirmar que a maioria destes aprova a realização da atividade. Na

opinião dos alunos, destaca-se que eles aprendem mais fora da sala de aula

devido à dinâmica de exposição dos temas educacionais ocorrerem de forma

diferenciada. Com isso, estimula-se uma maior participação dos alunos e

quebra-se a rotina da sala de aula. Outro fator é que a interação com os colegas

auxilia na concentração e interesse dos alunos pela atividade.

As contribuições das práticas educativas fora da sala de aula, na visão dos

alunos, apontam que os maiores destaques se dão na compreensão dos

conteúdos expostos ao longo da atividade e na melhoria do relacionamento

interpessoal. Fora do ambiente escolar, os alunos estão mais livres e têm mais

tempo de expor seus anseios para os colegas e professores. Além disso, a aula

fora da sala amplia a visão dos alunos e estimula o interesse desses discentes

por assuntos do cotidiano. Os alunos consideram relevantes as situações

140

diversas do mercado de trabalho, as quais os estimulam a se dedicarem mais

aos estudos com a finalidade de investirem nas profissões almejadas.

No que se refere ao desenvolvimento local, as práticas educativas fora da sala

de aula permitem que os alunos aprimorem a percepção crítica da realidade e,

em contrapartida, tornem-se agentes de transformação da comunidade. Nesse

sentido, as práticas educativas fora da sala de aula criam possibilidades de

diálogos entre os alunos, entre os professores e os alunos, entre os alunos e as

pessoas nos locais visitados e entre os alunos e a comunidade na qual estes se

encontram inseridos. Dessa forma, os alunos observam e se apropriam dos

conhecimentos durante as práticas educativas e retornam para a comunidade

com novas ideias e concepções que questionam a realidade e, ao mesmo tempo,

constroem redes de informações significativas que ampliam a participação

desses jovens na comunidade, envolvendo outros alunos, as famílias, a escola,

os amigos e outros em função do desenvolvimento local.

Na medida em que os alunos participam das práticas educativas fora da sala de

aula, esses adolescentes modificam a forma de ver e interpretar a realidade. Eles

apuram o senso democrático e o espírito de solidariedade, pois fortalecem as

relações de amizade durante essas práticas. A partir daí, os jovens unem-se,

comentam e discutem as novidades, tornam-se mais propositivos e

questionadores em sala de aula. Esse comportamento é refletido no cotidiano do

aluno e no meio social. Isso provoca um movimento para o desenvolvimento

local, pois os jovens mobilizam os familiares, os amigos, os vizinhos, por meio

de redes sociais e do diálogo direto, para a transformação do cotidiano. Nessa

perspectiva, as práticas educativas fora da sala de aula criam possibilidades para

que os estudantes revigorem a participação democrática na comunidade, num

primeiro momento, questionando o contexto social para, em seguida, transformá-

lo em função das demandas locais.

A pesquisa executada procura investigar as práticas educativas fora da sala de

aula e como essas atividades podem contribuir para a formação integral do aluno

em distorção idade-série, evitando-se as taxas de evasão e repetência. Trata-se

de buscar inovações pedagógicas que estimulem os estudantes na busca e na

141

construção de conhecimentos e contribuam para a formação de um sujeito crítico

e reflexivo capaz de analisar as diversas situações cotidianas e, posteriormente,

transformá-las em benefício do seu empoderamento social e do

desenvolvimento da comunidade da qual ele faz parte.

O estudo permite construir estratégias e metodologias de aprendizagem que

fomentam a construção de um guia técnico para que os professores, os diretores,

os coordenadores e toda comunidade escolar apropriem-se deste para a

participação de todos esses sujeitos na construção coletiva do conhecimento

pelo educando. Nesse sentido, a educação não é somente uma função exclusiva

do professor, ou seja, ela é função de toda a sociedade.

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144

Capítulo 3

Produto técnico – Guia sobre práticas educativas fora da sala de aula

Glausirée Dettman de Araújo

Dra. Adilene Gonçalves Quaresma

Centro Universitário UNA – Campus João Pinheiro

Mestrado em Gestão Social Educação e Desenvolvimento Local

Av. João Pinheiro, 515, B: Lourdes – BH/MG

[email protected]@prof.una.br

Resumo

Este produto técnico é resultante da pesquisa realizada no programa de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local que teve como investigação as práticas educativas fora da sala de aula dos docentes de escolas municipais da Regional Nordestede Belo Horizonte, com alunos em distorção idade-série. Objetivou-se construir um instrumento técnico pedagógico com sugestões de metodologias inovadoras e práticas de ensino-aprendizagem que fomentem a formação integral e emancipatória dos alunos em distorção idade-série no Ensino Fundamental. As práticas educativas fora da sala de aula permitem que os alunos aprendam com a realidade e retornem a esta com contribuições críticas contextualizadas e com uma rede de conhecimentos e de saberes oriundos da interligação entre a teoria acadêmica com a prática local. Outro destaque dá-se na metodologia do trabalho que desperta o interesse dos educandos e possibilita maior dinâmica na construção dos conhecimentos. O guia didático pedagógico sobre práticas educativas fora da sala de aula está subdividido em: fundamentação teórica e contextualização; exposição sobre a metodologia de aprendizagem para a prática docente; e, finalmente, sugestões para a execução das práticas educativas fora da sala de aula para alunos em distorção idade-série do Ensino Fundamental. Considera-se que o guia de práticas educativas fora da sala de aula estimula o desenvolvimento local a partir da participação dos docentes, dos discentes, dos gestores escolares e da comunidade na formação crítica do educando em consonância com a construção de redes de conhecimentos que interligam toda a comunidade escolar para o desenvolvimento do aluno e da sua realidade social. Palavras-chave: Práticas Educativas fora da sala de aula. Desenvolvimento Local. Metodologia didático-pedagógica. Abstract This technical product is a result of research conducted in the Masters in Social Management, Local Development and Education program was to research the educational practices outside of the classroom teachers of municipal schools in the regional northeast of Belo Horizonte, with students in age-distortion series. The objective was to build a pedagogical instrument technician with suggestions of innovative methodologies and practices of teaching and learning that foster integral education and emancipation of students in age-grade and elementary school. Educational practices outside the classroom allow students to learn from reality and return to this contextualized with critical contributions, and a network of knowledge and knowledge derived from the link between academic theory with local practice. Another highlight

145

occurs on the methodology of work that arouses the interest of students and enables greater dynamic in the construction of knowledge. The pedagogical instructional guide on educational practices outside the classroom is divided into: theoretical rationale and context, with exhibition on the learning methodology for teaching practice, and finally, with practical suggestions for implementing educational practices outside the room tuition for students in age-grade of elementary school. It is considered that guides educational practices outside the classroom stimulates local development through the participation of teachers, students, school administrators and the community on the critical education of the student in accordance with the building of knowledge networks that connect the whole school community for the development of the student and their social reality. Key-words: Educational Practices outside of the classroom. Local Development. pedagogical-didactic Methodology

Introdução

A proposta da educação atual é a formação de um aluno que se aproprie dos

conhecimentos científicos e sociais no exercício da cidadania responsável.

Segundo Teixeira (2003), é fundamental compreender como a educação vincula-

se à sociedade e, a partir daí a prática pedagógica, constitui-se em instrumento

de transformação social. Trata-se de aliar as competências técnicas e

acadêmicas ao compromisso social. O autor defende uma educação que se

orienta por princípios democráticos e emancipadores, sendo estes devidamente

articulados aos interesses populares. A proposta é que o processo de ensino-

aprendizagem seja democratizado, respeitando-se os sujeitos do ato educativo

em suas realidades e, posteriormente, que os saberes apreendidos contribuam

para a atuação crítica desses indivíduos na sociedade.

A escola é um espaço vivo, onde se fazem presentes várias relações sociais,

políticas, culturais, econômicas, religiosas, e outras. A sala de aula traz as teorias

acadêmicas, enquanto os espaços fora da escola podem inserir o conhecimento

prático, do convívio social. As práticas educativas fora da sala de aula

vislumbram a necessidade da caracterização dos espaços não formais de

aprendizagem na construção do conhecimento e do desenvolvimento da

aprendizagem pelos alunos em déficit de aprendizagem.

146

No estudo realizado, elencaram-se as ideias de Piaget (2011), de Vigotsky

(2003) e de Zabala (1998) para a reflexão teórica e para a produção do guia

sobre as práticas educativas fora da sala de aula para os docentes do Ensino

Fundamental.

O ponto comum entre os autores é que estes consideram que a construção do

conhecimento é resultante da interação entre o sujeito e o objeto de estudo. A

teoria de Piaget (2001) aponta a preocupação pela construção do conhecimento

por meio de esquemas cognitivos internalizados a partir da relação dos

indivíduos com os objetos. Nesse sentido, a interação social promove o

desenvolvimento cognitivo através da construção de esquemas mentais que

superam os esquemas anteriores à vivência dos conflitos. A aprendizagem

ocorre, quando o aluno passa pelo processo de reequilibração, portanto a

aprendizagem envolve uma mudança conceitual a partir da experiência pessoal,

da linguagem e da socialização.

Na perspectiva de Vygotsky (2003), a aprendizagem envolve a introdução em

um mundo simbólico. Esta se efetiva quando se conferem significados aos

fenômenos. O conhecimento é construído, quando os indivíduos interagem

socialmente, em atividades sobre problemas e tarefas comuns. A aprendizagem

é um processo dialógico e efetiva-se quando os sujeitos são introduzidos em

determinada cultura. Os aprendizes apropriam-se das ferramentas culturais

através do envolvimento e da participação na sua própria cultura.

Zabala (1998) considera a pessoa um ser integral. Os temas e as disciplinas

variadas extrapolam o conteúdo escolar e favorecem ao aluno o descobrimento

do seu eu e do seu posicionamento crítico no meio social. E a inteligência evolui

na solução dos confrontos entre o mundo real e o universo acadêmico. Para isso,

o autor defende que as sequências didáticas devem ser planejadas com o foco

na aprendizagem do aluno. Para isso, é fundamental dinamizar os processos no

interior da escola e permitir que o aluno construa os conhecimentos

contextualizados com a complexidade contemporânea.

147

Enfim o guia didático pedagógico sobre práticas educativas fora da sala de aula

foi construído a partir da investigação científica da prática docente com alunos

em distorção idade-série da Regional Nordeste de Belo Horizonte. Esse guia

apresenta sugestões de planejamento, elaboração, execução e avaliação das

práticas educativas fora da sala de aula de forma a instrumentalizar os docentes

com inovações tecnológicas na formação dos alunos em distorção idade-série.

A proposta é contribuir para a formação integral e emancipatória dos alunos do

Ensino Fundamental.

Práticas educativas fora da sala de aula – Guia Pedagógico

As emoções vivenciadas nas aulas fora do espaço escolar contribuem para a

aprendizagem dos conteúdos e, ao mesmo tempo, permitem que os alunos

acionem os conhecimentos anteriores a partir da observação e da convivência

com a realidade. A atividade pedagógica fora do âmbito escolar desenvolve a

percepção e aprendizagem dos alunos como um todo, num processo interativo-

vivencial. Trata-se de um aprendizado no qual o aluno é capaz de refletir e

construir suas próprias concepções sobre o mundo.

Além disso, as emoções favorecem a motivação e o estímulo dos alunos,

constituindo-se em fatores facilitadores da aprendizagem. Essas práticas

educativas fora da sala de aula proporcionam a superação da fragmentação do

conhecimento a partir do desenvolvimento do raciocínio lógico e da sua

interligação com os valores construídos durante a formação escolar e social dos

alunos. Percebe-se que a interligação entre as ideias de Piaget (2011), Vigotsky

(2003) e Zabala (1998) favorecem a promoção de uma aprendizagem

significativa que contempla as experiências fora da sala e no convívio social

como ferramentas de ensino-aprendizagem e de superação dos déficits de

aprendizagem.

A tarefa de educar exige saberes e práticas que se interagem em conhecimentos

de cunho social, acadêmico-científico e técnico-procedimental na formação do

homem, preparando-o para atuar em uma sociedade complexa. A escola deve,

portanto, adotar uma metodologia de ensino e aprendizagem que desenvolva

148

práticas interdisciplinares, interculturais na formação desse novo homem,

complexo e singular. As práticas educativas fora da sala de aula adotam a

metodologia interdisciplinar para o planejamento e para a execução das

atividades.

Outro fundamento dessas práticas é que estas ocorrem fora do ambiente escolar

e esses locais são caracterizados como espaços não formais de aprendizagem.

O objetivo da educação não-formal é a formação do educando para a prática da

cidadania, da justiça social, dos direitos humanos, da liberdade, da igualdade,

da democracia. Trata-se da formação ampla do jovem para a sua atuação crítica

como cidadão. Confirmando essa ideia, Cendales (2006, p.32) afirma:

Os projetos de educação não-formal têm um grande potencial formativo. Possibilitam mudanças nos sistemas de conhecimento e valores das pessoas criando espaços de encontro que permitem ir além dos próprios limites, com o reconhecimento e a valorização dos aprendizados gerados na experiência e contribuem para tornar mais complexa a interpretação da realidade e para enquadrar a vida e a experiência em contatos mais amplos.

A legislação brasileira, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) nº 9.394/96, aponta novas direções para a educação no território

nacional. A LDB define que a educação abrange os processos na vida familiar,

na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sociais, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais. A legislação da educação caracteriza a educação escolar e sua

interligação com o mundo do trabalho e com a prática social. Nesse sentido, a

legislação estimula a liberdade no processo educacional, favorecendo a

autonomia em aprender, em ensinar, em pesquisar e em difundir a cultura em

todo território brasileiro.

As práticas educativas fora da sala de aula proporcionam ao educando a prática

de conhecimentos trabalhados em sala de aula e, durante a atividade,

desenvolvem-se os conceitos de patrimônio cultural e o sentido de se preservar

a cultura das comunidades visitadas. Os alunos aprimoram-se da percepção

crítica da realidade, tornando-se agentes de transformação desta. Dessa forma,

149

as práticas educativas estão em consonância com a proposta educativa da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira.

Em adição, a educação promove o empoderamento dos sujeitos do ato

educativo. As práticas educativas fora da sala criam oportunidades para que os

alunos vivenciem os problemas da comunidade e proponham alternativas para

a solução desses problemas. São construídas redes de saberes e

conhecimentos, numa perspectiva de diálogo e respeito com o próximo em

função do desenvolvimento local. Os alunos tornam-se sujeitos de

transformação da comunidade e mobilizam as pessoas para a formação de uma

rede participativa e democrática. Gonh (2004, p.23) afirma:

Empoderamento tanto poderá estar referindo-se ao processo de mobilizações e práticas destinadas a promover e impulsionar grupos e comunidades – no sentido de seu crescimento, autonomia, melhora gradual e progressiva de suas vidas (material e como seres humanos dotados de uma visão crítica da realidade social), como poderá referir-se a ações destinadas a promover simplesmente a pura integração dos excluídos, carentes de bens elementares à sobrevivência, serviços públicos, atenção social, etc., em sistemas precários, que não contribuem para organizá-los - porque os atendem individualmente, numa ciranda interminável de projetos de ações sociais assistenciais.

O educador que atua no sentido de promover o empoderamento dos alunos é

sensível às demandas da comunidade onde exerce a sua profissão. Esse

profissional considera que a mudança social ocorre a partir do estudo do

microlocal, pois é no território que se concentram os elementos que constituem

as forças e a energia para a construção do empoderamento social,

acrescentando-se a essa construção as relações de solidariedade e valores

presentes na comunidade.

Segundo Gonh (2004), a participação social é gerada pela autoconfiança nos

indivíduos, é adquirida numa coesão social com forças emancipatórias, a partir

da organização dos cidadãos, estabelecendo objetivos que valorizam a

diversidade cultural e a criação de uma identidade local. O professor representa

o papel de mediador na construção e interligação do conhecimento acadêmico

e prático pelo aluno. Sua metodologia de trabalho deve ser dialógica, na

150

perspectiva de permitir que o aluno desenvolva a sua autonomia cognitiva com

liberdade e criticidade.

Enfim, as práticas educativas fora da sala suscitam a interligação dos saberes

formais e não formais, desenvolvendo competências pelos alunos, que,

posteriormente, serão colocadas na prática social. Contudo se evidencia que

essa formação ainda é um grande desafio para as escolas.

As práticas educativas fora da sala utilizam o conhecimento do entorno e, ao

mesmo tempo, promovem as vivências coletivas para fomentar a mobilização

dos professores e alunos na aquisição de informações sólidas. Num segundo

momento, esses conhecimentos produzidos são amplamente divulgados por

meio dos potenciais, das competências e das habilidades tecnológicas dos

alunos, ou seja, da construção de páginas na internet, blogs com os dados e

informações importantes para a comunidade. Nessa construção de saberes

coletivos, fomenta-se a participação crítica e democrática de toda comunidade

escolar e da população local. Promove-se, portanto, o desenvolvimento local a

partir da construção contínua do empoderamento da comunidade.

A proposta de elaboração de um guia técnico em práticas educativas fora da sala

de aula foi pensada para o público de docentes da Regional Nordeste de Belo

Horizonte que trabalham com alunos em distorção idade-série. Esclarece-se,

portanto, que esse material pode ser utilizado pelo público escolar, seja ele:

gestor, coordenador, professor e outros, no sentido de oportunizar uma

metodologia de aprendizagem inovadora para alunos com déficit de

aprendizagem, principalmente no Ensino Fundamental.

Planejamento e elaboração das práticas educativas fora da sala de aula:

A educação atual busca a formação integral e ampla no sentido de criar

condições de uma formação emancipatória do educando, capacitando-o a ir

além dos desafios e das limitações da sociedade na construção de um futuro

melhor para todos. As práticas educativas fora da sala de aula constituem-se em

atividades inovadoras no sentido de articular o conhecimento da sala de aula nos

151

espaços não formais de aprendizagem com a finalidade de formar um cidadão

crítico e consciente da realidade em que vive.

É importante esclarecer que esses espaços do conhecimento podem ser

diversificados e utilizados de acordo com a proposta pedagógica elaborada pelo

professor, no sentido de difundir a cultura e construir a autonomia dos discentes.

Dos locais a serem visitados, o professor pode elencar diversos territórios, tais

como: praças, parques, centros culturais, museus, cinemas, teatros, salas de

espetáculos, complexos patrimoniais na cidade ou no campo.

De acordo com Meneses (1985, p. 201), os acervos institucionais e operacionais

são paisagens, estruturas, monumentos, equipamentos. Ou seja, consideram-se

acervo todas as áreas e objetos sensíveis do tecido urbano, socialmente

apropriados, percebidos não só na sua análise documental, mas na sua

capacidade de alimentar as representações urbanas. Somado a esse

pensamento, o patrimônio cultural é compreendido como a junção da realidade

material, imaterial, natural e cultural de determinada comunidade.

Ao se analisarem os dois pensamentos, de acordo com Santos (2008), é possível

pensar na escola e no seu entorno, no bairro e na cidade como território para o

exercício da cidadania e para o desenvolvimento social através do processo

educativo-formativo.

Para propor as práticas educativas fora da sala de aula, os professores

necessitam estar sensíveis às representações culturais e reconhecer os papéis

destas no processo de formação integral dos alunos e na construção das suas

identidades e memórias. O professor é um mediador do conhecimento, ele é

responsável por oportunizar aos discentes o usufruto, a apreciação, a

contemplação, a observação, a crítica, a reflexão, respeitando os interesses e

tempos de aprendizagem dos educandos. Durante a visitação, o professor é

responsável por escolher uma proposta pedagógica que estimule o cultivo de

uma postura reflexiva e investigativa pelos estudantes. Nesse sentido, o docente

é responsável pela proposição de estratégias que envolvam os alunos e

despertem a atenção destes para a criação de conhecimentos significativos.

152

Para a leitura do mundo pelo aluno, o professor é um condutor no sentido de

fazer interferências para despertar nos alunos o interesse pelos diversos tipos

de conhecimento. Para isso ser sistematizado, sugere-se que o educador faça

uso de palavras geradoras, de paisagens, objetos, sons, imagens e infinitos

estímulos visuais e sensoriais produtores de sentidos e facilitadores da criação

dos repertórios pessoais.

Cada estudante apresenta um repertório individual, sendo que o sujeito

seleciona suas ideias, sentimentos, desejos e ideologias na construção desse

repertório pessoal. No espaço visitado, o repertório do aluno nem sempre

apresenta uma relação direta com o que está sendo observado. Para isso

ocorrer, é fundamental a intervenção do professor no sentido de desenvolver a

motivação do aluno para que este adquira uma postura investigativa e curiosa

sobre os fenômenos observados e vivenciados nas práticas educativas fora da

sala de aula.

Além disso, durante as práticas educativas fora da sala de aula, o aluno desperta

as suas percepções sensoriais provocadas pelo contato com as obras, com os

objetos e com as exposições em geral. Existem espaços interativos, que exigem

um planejamento prévio do professor para que os alunos explorem suas

potencialidades na construção do conhecimento. Trata-se de conduzir o aluno

para além da leitura e da busca interpretativa e permitir o desenvolvimento do

contato visual, estético e sensível, ativando as relações de memória (pessoal e

social) que os educandos estabelecem com os bens culturais e com os

fenômenos observados.

A educação em espaços de cultura, museus e complexos patrimoniais faz-se na

relação, na aproximação entre olhares, por meio de práticas de memória e no

estímulo à investigação. Cabe ao professor elaborar estratégias de mediação

que transformem os fatos e fenômenos observados em unidades geradoras de

conhecimentos. Para isso, os alunos devem ser estimulados em sua criatividade,

no seu pensamento crítico, nos atos significativos que ativem a memória, a

autonomia e a liberdade na construção do conhecimento individual e coletivo.

153

Logo abaixo, seguem as etapas para a elaboração das práticas educativas

desde o seu planejamento ao processo avaliativo da atividade.

Pré-produção:

A pré-produção é o momento em que o educador prepara-se para o início das

práticas educativas fora da sala de aula. Essa fase caracteriza-se pela

organização do professor para o início do projeto educativo junto aos estudantes

e à gestão da escola. Nesse momento, o professor prepara-se para o início da

ação pedagógica fora do espaço escolar.

É primordial que o professor siga as seguintes etapas:

1. Escolher um local representativo para vivenciar a disciplina ministrada em

sala de aula.

2. Conversar com outros professores e ver se há interesse em compartilhar

a visita e estabelecer parcerias.

3. Fazer um levantamento dos pontos turísticos e dos possíveis locais de

visitação no território selecionado previamente.

4. A partir da escolha do local de visitação, é importante que o professor

considere: o local e a cidade a ser visitada; locais possíveis para as

refeições; e os meios de transporte para condução do grupo escolar.

5. Quando definir o local, é necessário calcular o tempo estimado de

deslocamento da escola até o destino final.

6. Saber as ruas e as avenidas mais próximas para o caso de necessidade

de desviar do trajeto programado.

7. Verificar se existe próximo ao local definido de visitação lojas como:

farmácia, padaria, loja de conveniência e outros. Isto é pertinente, em

caso de alguma demanda urgente que surgir com os alunos.

8. Pesquisar as atrações e as curiosidades que complementam o foco da

visitação.

9. Fazer um roteiro das atrações a serem conhecidas pelos alunos. Na

elaboração desse roteiro, o professor estabelece um foco e uma

154

sequência lógica para a aprendizagem dos alunos. Como exemplos

enumeram-se: linha do tempo, acontecimentos históricos, fatos atuais e

cotidianos, curiosidades e outros.

10. Observar se as atrações e visitas propostas possuem entrada gratuita ou

meia entrada para os estudantes e docentes.

11. É importante verificar os locais de refeição disponíveis durante a

realização das práticas educativas fora da sala de aula. Para tomar a

decisão de qual local deverá ser escolhido, o educador deve estar ciente

do custo e do benefício da alimentação e considerar o perfil do público a

ser servido.

12. Verificar se o local é grande para acomodar todo o grupo de alunos e

professores.

13. Organizar previamente o que será servido de alimentação para os alunos

e demais participantes da atividade.

14. A próxima etapa é elaborar o projeto pedagógico das práticas educativas

fora da sala de aula. Neste deve conter os seguintes itens: introdução;

objetivo geral; objetivos específicos; justificativa; roteiro; planilha

financeira; e anexos.

A partir do roteiro de visitação, organiza-se a fase da produção da prática

educativa fora da sala de aula. Nessa etapa, é fundamental promover a

sensibilização dos alunos, a realização da prática educativa fora da sala de aula

e a avaliação de todo o processo.

Porém, antes de prosseguir na elaboração do roteiro da atividade, é fundamental

que o professor comunique formalmente à gestão escolar sobre o projeto da

prática educativa fora da sala de aula e sobre o processo de desenvolvimento e

conclusão da atividade. Em seguida, é necessário que o professor verifique e

confirme com a instituição a ser visitada a data e o horário da realização da

prática educativa fora da sala de aula. E, finalmente, o educador verifica a

necessidade de aquisição de algum material para implementar a prática

pedagógica relacionada com a prática educativa fora da sala de aula.

Produção:

155

Para o início da atividade é primordial que o professor entre em contato com o

setor educativo ou com a instituição a ser visitada. Nesse momento, o professor

adquire informações relevantes para as práticas educativas fora da sala de aula.

Os sites de espaços culturais costumam disponibilizar informações úteis, como

horários das visitas orientadas, tempo estimado de visita, normas de segurança,

conteúdo sobre as exposições e até sugestões de abordagem com os

estudantes.

No caso de locais abertos, patrimônios urbanos, não existe um setor educativo

específico e cabe ao professor realizar a pesquisa e buscar outros colaboradores

para enriquecer a atividade.

Visita prévia ao espaço

A visita prévia de professores ao local da prática educativa fora da sala de aula

é uma ferramenta potencializadora da ação pedagógica. A visita prévia é

fundamental para que o professor estimule a curiosidade dos alunos, tendo o

cuidado de não quebrar o encantamento destes diante do primeiro olhar sobre o

objeto de estudo. Na visita prévia, o professor elabora os conhecimentos e o

roteiro do trabalho, articulando a sua experiência pessoal e sua prática

pedagógica aos objetivos da atividade.

A prática educativa fora da sala de aula deve ser planejada de forma equilibrada,

em que cabe ao professor dosar as etapas cognitivas para não cansar os alunos

e motivá-los em todas as etapas do desenvolvimento e conclusão da atividade.

É importante o professor buscar parcerias com outros professores e outras

turmas, pois isso amplia o número de alunos e enriquece a produção cognitiva

de vários sujeitos envolvidos na prática educativa fora da sala de aula.

O professor que propõe as práticas educativas fora da sala de aula como

estratégia de aprendizagem deve ter claro que essas práticas caracterizam-se

por momentos de socialização, de integração e de construção compartilhada de

conhecimentos. Assim, a prática educativa fora do espaço escolar não é

somente a ilustração das disciplinas que compõem o currículo, mas caracteriza-

156

se como uma oportunidade do aluno experimentar e perceber a cidade, de

conhecer novas manifestações culturais e exercitar o pensamento crítico para a

construção da cidadania reflexiva.

Outra questão básica é que o professor deve considerar que as práticas

educativas fora da sala de aula apresentam uma perspectiva de ludicidade na

construção do conhecimento. Assim, o professor deve conversar com os alunos

sobre os locais que apresentam regras excessivas, tais como o uso do não pode

tocar, não pode fotografar, não pode conversar, não pode se alimentar, e outros.

Nesse caso, cabe ao professor explicar os motivos das regras de visitação de

determinados espaços para que os alunos compreendam e obedeçam às regras

propostas.

O objetivo é fazer com que os estudantes reflitam sobre a responsabilidade de

cada um no processo de preservação do patrimônio e que estes compreendam

o porquê dos “nãos”. Nesse sentido, contribui-se para a formação cidadã dos

estudantes, por meio de um diálogo aberto que envolve a participação de todos.

Isto é primordial, pois durante a visitação o grupo fica atento à postura de todos

os seus integrantes.

No que se refere às regras de visitação, é importante que o professor esclareça

para os alunos os motivos das regras. Dessa forma, muitos locais visitados

apresentam peças em exposição que fazem parte do patrimônio cultural. O toque

das mãos pode provocar o processo de deterioração das obras.

Em relação à fotografia, alguns ambientes não permitem o uso do flash e nem

permitem que os alunos fotografem mesmo sem flash. Os alunos devem estar

cientes que a luminosidade danifica as obras de arte. E, em alguns locais, é

proibido fotografar devido aos direitos autorais de cada obra. Os artistas têm

direitos de exibição de suas obras e, se elas forem fotografadas, poderão ser

reproduzidas em contextos que fogem ao domínio dos detentores dos direitos.

Na questão de sensibilização do aluno, cabe ao professor provocar o desejo pelo

conhecimento, a vontade de pesquisar e o gosto pela descoberta e pela

157

autonomia. Para isso, é fundamental instigar o olhar dos alunos antes da visita

utilizando a escola e o bairro no processo educativo. O professor pode criar

oficinas, jogos, brincadeiras, debates, programas de rádio e outros para

estimular os estudantes.

A visitação

A realização da prática educativa fora da sala é o ponto mais relevante da

atividade. Para que a atividade seja um sucesso, é importante que o professor

retome com os alunos o planejamento e todas as ações trabalhadas

previamente. Todo esse trabalho aparece fortemente durante a realização da

atividade. O educador deve estar atento aos olhares dos alunos, aos

comentários, às perguntas e gestos destes para poder intervir nos momentos

corretos. Esse momento é rico para a construção de conhecimento pelo aluno e

para a interligação com os conteúdos trabalhados em sala de aula.

Roteiro de prática educativa fora da sala de aula

Introdução

Na introdução, o professor deve descrever o local a ser visitado. E, além disso,

deve enfatizar a importância das práticas educativas para o aprendizado do

aluno. Nesse item, é fundamental evidenciar a interdisciplinaridade, pois as

práticas educativas fora da sala de aula fomentam a interlocução de diversos

saberes e conhecimentos entre disciplinas distintas e o cotidiano.

Justificativa

Nesse item, é primordial que o educador aponte qual o motivo da visitação e do

local escolhido e qual a importância dessa prática educativa para a formação dos

alunos.

Objetivo Geral

158

Nessa etapa, o professor deve responder à pergunta por que realizar a prática

educativa fora da sala de aula e para que realizar a atividade. Utilizar verbos

como pesquisar, identificar, aprofundar e outros.

Objetivos específicos

Nesse ponto, o professor analisará os objetivos das práticas educativas fora da

sala de aula de acordo com o perfil dos estudantes. Assim, estes dependerão da

percepção e avaliação do professor em propor a atividade fora da sala de acordo

com as necessidades de demandas da turma. No entanto, como exemplos de

objetivos específicos, enumeram-se: promover a socialização entre os alunos e

os demais frequentadores dos espaços; vivenciar o lugar para, então, atribuir

significado a este e compreendê-lo; entender o sentido do espaço urbano e seus

diferentes usos e significados; entre outros.

Roteiro da prática educativa fora da sala de aula

Para a elaboração do roteiro, é pertinente que o professor faça uma pesquisa

para realizar a fundamentação teórica da prática educativa fora da sala de aula.

Esta é importantíssima para fornecer subsídios para a prática educativa e, ao

mesmo tempo, para sensibilizar os alunos para a atividade e para a construção

de conhecimentos. Outro ponto é que, ao desenvolver a fundamentação teórica,

o professor aproprie-se de diversos conhecimentos interdisciplinares que o

auxiliem na elaboração, na execução e na avaliação das práticas educativas fora

da sala de aula.

O primeiro passo na elaboração do roteiro é a definição do marco principal da

prática educativa fora da sala de aula. Se o professor decide levar os alunos ao

zoológico, é importante definir qual o ponto inicial de observação dos alunos.

Assim, a visita ocorre no zoológico, mas o professor quer vivenciar com os

alunos as fases de metamorfose das lagartas até a constituição da borboleta.

Para isso, o ponto inicial da visita é o borboletário. Nesse caso, o borboletário é

o marco principal. Em outros exemplos, numa prática educativa à cidade de São

Paulo, o marco inicial pode ser o Museu da Língua Portuguesa, o MASP – Museu

159

de Arte de São Paulo e outros, dependendo do objetivo estabelecido na

formulação da prática educativa fora da sala de aula.

O segundo passo é acrescentar a interdisciplinaridade ao projeto somada às

experiências do professor e às características pedagógicas pertinentes aos

objetivos da atividade. Nesse caso, a fundamentação teórica da deve contemplar

todas essas etapas. A interdisciplinaridade é a interlocução de várias disciplinas

e, nesse caso, os alunos percebem a ligação destas no cotidiano mediante a

intervenção do professor. No caso da observação de uma pintura, o que o aluno

percebe somente como um desenho, cabe ao professor fazer as intervenções

para que este crie relações entre os conhecimentos vivenciados e os

conhecimentos prévios.

Assim, o professor instiga os alunos dando informações sobre a tinta utilizada no

material da pintura, os pigmentos da época, a contextualização histórica em que

foi produzida a pintura, ainda se acrescentam informações sobre o autor da obra

e a distinção entre um quadro artesanal e uma obra de arte e outros. Somente

com essas pequenas intervenções, os alunos estão aprendendo informações

sobre química, história, artes, e outras disciplinas que confirmam que as

disciplinas não são estanques, pois o conhecimento é complexo e envolve o todo

e as partes numa interrelação que oportuniza a ampliação dos conhecimentos

produzidos pelo homem.

Após a fundamentação teórica das práticas educativas, o professor segue em

direção à realização da atividade.

Operacional

Na verificação e organização dos dados operacionais, é da responsabilidade do

professor encaminhar o projeto das práticas educativas fora da sala de aula para

a aprovação da gestão escolar e para a aprovação da Secretaria Municipal de

Educação. Isto é fundamental, pois os custos financeiros necessários à

execução das práticas educativas fora da sala de aula são oriundos de verbas

municipais, sendo estas gerenciadas pela Secretaria Municipal de Educação.

160

Após a aprovação, é pertinente verificar quais os meios de transporte

disponibilizados pela gestão escolar. Nesse sentido, é prioritário verificar a data

e horário disponível pelo setor de transportes para a execução da prática

educativa fora da sala de aula.

Logo em seguida, é da responsabilidade do professor a organização da lista de

passageiros e a documentação dos alunos para a realização da atividade fora

do âmbito escolar. No caso da Prefeitura de Belo Horizonte, todos os alunos

matriculados possuem um seguro de vida e somente podem transitar para

dependências fora do espaço escolar, se estiverem totalmente segurados.

O outro passo importante é organizar o lanche dos alunos. Para isso o professor

organiza e solicita junto à gestão escolar o lanche, de acordo com a atividade a

ser executada e com o tempo que o aluno permanecerá fora das dependências

escolares. Dessa forma, se a prática pedagógica fora da sala ocorrer durante

todo o dia letivo, num horário de 8 horas, a gestão escolar deve providenciar

almoço e lanche para os alunos.

Outro item a ser observado pelo professor é o custo financeiro com entradas a

museus, teatros, cinemas e a outros espaços de visitação, pois o pagamento

feito pela escola somente ocorre no formato de cheque administrativo. Para isso,

é fundamental verificar as condições de nota fiscal para que todas as despesas

estejam contempladas no projeto e de acordo com a liberação da Caixa Escolar

que é o setor administrativo e financeiro das escolas municipais.

Segue o modelo de um roteiro e da planilha de custos utilizada em prática

educativa fora da sala realizada na cidade de São João Del Rey e Tiradentes.

Roteiro Pedagógico:

Saída de Belo Horizonte: 7:00hs

Chegada a São João Del Rey: 10:00hs

Museu do Estanho John Sommers: 10:00hs

161

Igreja São Francisco de Assis: 10:30hs

End: Praça Frei Orlando/Tel: (32) 3372-3110

Memorial Tancredo Neves: 11:00hs

Almoço: 12:00 as 13:40hs – Restaurante Rex – São João Del Rey

Museu Ferroviário: 14:00hs

Embarque na Maria Fumaça (35 minutos de viagem): 15:00hs

(Av. Hermílio Alves, 366 /Tel: (32) 3371-8485 )

Chegada a Tiradentes: 15:35 (Caminhada na cidade de Tiradentes)

Casa de Pedra: 17:00 (BR265 entre SJDR e Tiradentes)

Retorno para BH: 18:00

Planilha de custos:

Fonte: dados do autor

A prática educativa dentro da sala de aula

Em sala de aula, é fundamental que todo o material de estudo seja organizado

em unidades pedagógicas com a finalidade de apresentar aos alunos a ideia das

práticas educativas fora da sala de aula e sua relevância para a aprendizagem.

Para complementar a prática educativa fora da sala de aula, é fundamental

desenvolver trabalhos para os alunos, estudos dirigidos, jogos interativos e

pesquisas, para que os educandos compreendam o roteiro da prática educativa

ITEM Valor Unitário (VU) (R$) Valor Total (VT) (R$)

Café da manhã yyy,yy Nº de lanches x VU

Transporte y,yy Nº passageiros x VU

Almoço yy,yy Nº passageiros x VU

Museu Yy,yy Nº passageiros x VU – descontos –

gratuidade

Local Público Gratuito Gratuito

Emergências Valor de reserva Valor de reserva

162

fora da sala de aula. Outra possibilidade a ser criada é a dos alunos

apresentarem sugestões de outras atividades que acrescentariam ao projeto a

identidade dos alunos e possibilitariam uma aprendizagem mais significativa

desses aprendizes.

Nessa etapa, é importante acrescentar curiosidades sobre a prática educativa a

ser executada com o objetivo de estimular a participação e a sensibilização do

aluno para a atividade. A sensibilização tem como objetivo ativar o olhar dos

alunos para fecundar os conhecimentos por meio de indagações, de surpresa,

de encantamento, de espanto e outras possibilidades.

Informações aos pais e responsáveis pelos alunos

Para os pais e responsáveis, o primeiro passo é montar uma apresentação,

esclarecendo todos os dados do projeto, bem como sua relevância pedagógica

para o sucesso escolar do aluno.

Na apresentação, devem constar alguns dados essenciais, tais como: o roteiro

de viagem, questões de segurança, alimentação, transporte, bagagem dos

alunos, autorização para viagem e outros.

Os pais devem estar cientes de que as práticas educativas fora da sala de aula

visam à integração do aluno com o cotidiano diferente do seu. Assim, a atividade

proporciona uma conexão entre a escola e o mundo, desenvolvendo no aluno a

capacidade criativa, de descoberta e de convivência, por meio da

experimentação real de problemas e conflitos e de suas soluções de ordem

prática no meio coletivo. Enfim, as práticas educativas fora da sala de aula visam

ao aumento do desempenho escolar e utilizam uma metodologia diferenciada

para alcançar esse objetivo.

Para os pais, os objetivos das práticas educativas fora da sala de aula devem

estar claros. Assim, estes devem perceber que a atividade apresenta vários

objetivos dos quais se podem citar: a capacitação do aluno para perceber sua

realidade cotidiana através de diversos recursos e não somente da escrita e da

163

leitura; o conhecimento da dinâmica das cidades brasileiras com toda a sua

diversidade; estimular a participação cidadã dos alunos e outros.

Os pais são parceiros dos professores no processo de aprendizagem. E, nesse

sentido, informar a esses pais sobre as regras de visitação e exigências dos

locais contribui para o desenvolvimento pleno da atividade. Dessa forma, é

prioritário que os pais sejam informados de algumas regras básicas como: a

obrigação de todos os alunos em cumprirem as normas de todos os locais que

serão visitados; a obrigação do uso do uniforme escolar; a obrigação de seguir

as instruções dadas pelos professores; a obrigação dos alunos apresentarem a

autorização do responsável para participarem das práticas educativas fora da

sala de aula e outros.

Outro item é informar aos pais qual a materialidade necessária para a execução

da prática educativa fora da sala de aula. É da responsabilidade do aluno portar

consigo: uniforme escolar, sapatos confortáveis, caderno, caneta, lápis e

borracha. Demais equipamentos eletrônicos como celular e máquinas digitais e

outros não são requeridos durante a realização da atividade. Em caso de perda

ou dano, a escola não se responsabiliza pelo pagamento ou conserto do bem

material trazido sem a solicitação desta.

O retorno à sala de aula

A avaliação deve ser formativa. Nesse caso, os alunos são avaliados durante

todo o processo de planejamento, de execução e de conclusão da atividade. O

professor elenca vários instrumentos de avaliação que podem abordar o registro

escrito através de relatórios, técnicos, provas escritas, registro em caderno

memorial e outros.

Na forma de avaliação oral, ainda cabem seminários, aula expositiva dos alunos

e dos grupos de trabalho, roda de conversas, e outros. Além disso, os alunos

podem fazer um vídeo-clip, destacando as fotos e as percepções que

desenvolveram, constituírem blogs, páginas de discussão na internet,

apresentação de teatro, elaboração de cartazes e outros. Enfim, a proposta é

164

que os alunos e professores discutam a relevância das práticas educativas fora

da sala de aula para a aprendizagem de todo o grupo.

Prática Educativa fora da sala de aula: Circuito Cultural Praça da Liberdade

– Memorial Minas Gerais da Vale

1. PÚBLICO ALVO:

Alunos das Escolas Municipais de Belo Horizonte do Ensino Fundamental com

idades entre 15 e 18 anos.

2. LOCAL:

Memorial Minas Gerais Vale localizado na Praça da Liberdade, s/nº,

Funcionários (esquina com a Rua Gonçalves Dias).

3. DURAÇÃO: 2 hs

4. OBJETIVO GERAL:

Apresentar as tradições do povo mineiro de modo a desenvolver leituras e

interpretações da vida do povo das minas e as mudanças ocorridas ao longo dos

últimos três séculos, em um processo de valorização da memória e do patrimônio

cultural.

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

promover a socialização entre os alunos e os demais frequentadores do

espaço;

incentivar a cultura e o lazer através do acervo do Memorial Minas Vale;

desenvolver e aumentar o vocabulário com o contato com novas palavras e

significados;

mobilizar a expressão e a comunicação pessoal;

165

auxiliar o aluno a compreender a diversidade de valores que orientam tanto

seus modos de pensar e agir como os da sociedade;

favorecer o entendimento da riqueza das tradições para a formação do

indivíduo contemporâneo;

tornar o aluno capaz de perceber sua realidade cotidiana mais vivamente,

reconhecendo e decodificando as mudanças ao longo dos séculos.

6. JUSTIFICATIVA:

O Memorial Minas Gerais Vale, inaugurado em 2010 no prédio que abrigou a

sede da Secretaria do Estado da Fazenda de Minas Gerais, construído em 1897,

é caracterizado como Museu de Experiência por apresentar em seu acervo a

alma e as tradições mineiras contadas de forma original e interativa, através de

cenários reais e virtuais, os quais se misturam para criar experiências e

sensações que levam os visitantes do século XVIII ao século XXI.

O espaço não se atém ao recorte histórico, possibilitando que vários sejam os

enfoques da prática educativa fora da sala, promovendo assim a viabilidade de

uma abordagem multidisciplinar, visto que há representação de manifestações

contemporâneas, populares e folclóricas nos espaços de visitação, interação e

aprendizado. A identidade de Minas é compartilhada, instigando o visitante a

conhecer um pouco mais as características desse povo. O memorial possui três

abordagens a serem pesquisadas, visitadas e refletidas pelo visitante: a Minas

visionária, a Minas Imemorial e a Minas Polifônica, apresentadas nas mais

diversas mídias.

Em seu primeiro pavimento, estão as mais variadas mídias as quais mostram a

vida e a obra de artistas símbolos de Minas Gerais. Nesse piso, encontram-se

também os espaços de convivência: Café do Memorial, que inclui mostra de

cachaças, moda e exposições fotográficas; Cyber Lounge, Espaço Ler e Ver; e

Midiateca.

Já, no segundo pavimento, estão representadas as heranças históricas que

conduzem o visitante a uma viagem pelos elementos que constituem a

166

identidade mineira: as cidades mineiras, a vida dos mineiros no passado, sua

formação, suas famílias e os homens públicos do Estado.

O terceiro pavimento apresenta espaços de visitação, galerias para exposições

temporárias de novos talentos de Minas Gerais, um auditório para eventos

culturais e educativos diversos, como espetáculos, cinema, palestras e

apresentações musicais, dentre outros. Nesse piso, encontra-se ainda o

Corredor das Artes com registros de grandes artistas mineiros das artes plásticas

e espaços culturais do Estado.

O acesso aos bens culturais é um meio de sensibilização pessoal que possibilita

ao sujeito apropriar-se de múltiplas linguagens, tornando-o mais aberto para a

relação com o outro, favorecendo a percepção de identidade e de alteridade. As

práticas educativas fora da sala de aula caracterizam-se como uma tipologia de

ensino importante para o desenvolvimento de habilidades processuais

conectadas ao processo científico.

Dessas habilidades e competências, destacam-se: a capacidade de observação,

a inferência, a medição, a comunicação, a classificação e a previsão. Todas

essas capacidades são essenciais para o desenvolvimento dos conceitos

científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar

objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas

complexos.

O museu pode comprometer-se com o processo educacional, desempenhando

uma ação cultural e educativa no âmbito da educação seja ela formal ou informal.

De acordo com Santos (1990), essa metodologia de aula suscita além da

apresentação do conteúdo, a criatividade, o questionamento, a reflexão crítica e

a busca de um novo fazer, o que se caracteriza em ato educativo.

Zanon e Freitas (2007) defendem que as aulas experimentais favorecem a

construção do conhecimento pelo aluno, visto que as atividades investigativas

envolvem os alunos na formação e no desenvolvimento de conceitos científicos,

os quais são complexos e envolvem várias dimensões, fazendo com que os

167

estudantes assumam diferentes formas de pensar que desencadearão ações

cognitivas distintas. As autoras complementam, afirmando que esse trabalho

investigativo também é uma atividade de análise e síntese sem deixar

contemplar a imaginação e o encantamento inerentes a esse tipo de atividade.

A proposta da prática educativa fora da sala de aula está alicerçada na

perspectiva de um conhecimento construído através do interesse pelo assunto

abordado. Nesse caso, a escrita e a leitura adquirem um significado especial

para cada estudante, conforme o seu interesse pelo assunto estudado. Com

isso, desenvolve-se o diálogo, a discussão e a análise do grupo sobre a

experiência vivida.

Logo, a realização da visita ao Memorial Minas Gerais Vale visa não só a integrar

o conteúdo ensinado em sala de aula com as exposições a serem visitadas,

como também expandir a visão do aprender no imaginário do aluno e apresentá-

lo às diferentes formas de ensino-aprendizado existentes.

7. ROTEIRO

Saída da escola

Chegada ao Museu

Horário do Lanche e banheiros

Retorno à escola

8. CUSTOS

Item Custo Unitário Custo Total

Transporte R$ R$

Material didático utilizado R$ R$

Ingresso R$ R$

Lanche R$ R$

Total R$ R$

Para visitas guiadas de grupos e escolas, é necessário o agendamento através

do telefone (31) 3343-7317

168

Circuito Ecológico Cultural Lagoa da Pampulha e Parque Ecológico

PRÁTICA EDUCATIVA FORA DA SALA DE AULA: PARQUE

ECOLÓGICO DA PAMPULHA E OBRAS ARQUITETÔNICAS DA

ORLA DA LAGOA

1. PÚBLICO ALVO:

Alunos das Escolas Municipais de Belo Horizonte do Ensino Fundamental com

idades entre 15 e 18 anos.

2. LOCAL:

Parque Ecológico da Pampulha e Programa Pampulha - Propam

Igreja São Francisco de Assis

Museu de Arte da Pampulha

Casa do Baile

3. DURAÇÃO: 4HS

4. OBJETIVO GERAL:

Apresentar aos alunos as interrelações existentes entre o parque visitado, o

ambiente natural, o ambiente construído e o ambiente cultural, a interpretação

do entorno e da paisagem, as ações de preservação ambiental, a visitação e o

uso do parque pela população, além de suas contribuições e reflexos na

qualidade de vida do morador belo-horizontino. E mostrar a importância

arquitetônica e artística das obras de Oscar Niemayer no entorno da lagoa da

Pampulha e como representante mundial das propostas de modernidade dos

anos 40.

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

169

conhecer a própria cidade e suas diferenças;

praticar o diálogo produzido em sala de aula, através da descrição da

paisagem geográfica, da observação do entorno e da infraestrutura do

parque visitado;

incentivar o desenvolvimento de algumas habilidades básicas nos alunos,

a saber: a observação, a criticidade, a autonomia, a leitura, a pesquisa, a

extrapolação, a (re)elaboração de conhecimentos prévios e a

sistematização do conhecimento;

despertar nos alunos a importância de se preservar a bacia da Pampulha

e seu entorno e despertar o seu uso consciente como meio de diversão e

lazer;

conhecer a importância Eco Urbanística da Pampulha para a cidade de

Belo Horizonte;

pesquisar o movimento modernista e suas repercussões.

6. JUSTIFICATIVA:

A escolha pelo Parque Ecológico da Pampulha deve-se à sua inserção dentro

de um ambiente urbano protegido pelo patrimônio histórico e artístico,

proporcionando um estudo mais aprofundado da Lagoa da Pampulha e sua orla

com as obras arquitetônicas, artísticas e paisagísticas, as quais formam um

conjunto reconhecido internacionalmente como marco da arquitetura moderna

no Brasil.

As águas que fluem para a Lagoa nascem e percorrem uma bacia hidrográfica

com área de aproximadamente 96 km2 dos municípios de Belo Horizonte e

Contagem. Com o passar dos anos e com a expansão urbana, os problemas

ambientais na Bacia foram se intensificando, seja pelo uso e ocupação

inadequados do solo, seja pela falta de infraestrutura de serviços de saneamento

básico como esgotamento sanitário, drenagem pluvial e coleta de lixo que

geraram prejuízos para a qualidade da água, não só dos córregos, mas também

da própria Lagoa, com impactos extremamente negativos para a fauna e para a

população.

170

A proteção ambiental está associada à preservação da flora nativa, garantindo a

manutenção e o incremento da diversidade, a qualidade genética dessas

populações e ambientes propícios para a sobrevivência, estabelecimentos,

alimentação e desenvolvimento da fauna da região. Além disso, essas áreas de

solos permeáveis, em contraposição ao ambiente construído das cidades, são

de extrema importância para a recarga dos lençóis freáticos e proteção dos

mananciais, conservando os recursos hídricos. (PREFEITURA DE BELO

HORIZOTE, 2014).

A lagoa da Pampulha é artificial e foi construída na década de 1940, na

administração do prefeito Juscelino Kubitscheck. Para compor o seu entorno,

Oscar Niemeyer projetou um conjunto arquitetônico que se tornou referência e

influenciou toda a arquitetura moderna brasileira. Fazem parte do conjunto a

igreja de São Francisco de Assis, considerada a obra-prima do conjunto e o

Museu de Arte, o primeiro edifício do conjunto a ser construído. Ele abrigou, até

1946, o cassino e transformou-se em museu apenas em 1957.

Outro edifício é a Casa do Baile que se localiza em uma ilhota artificial, acessada

por uma ponte de onze metros. Nela se destacam as formas da fachada e a

marquise sinuosa. Outra construção é o Iate Tênis Clube construído em 1952.

Ele foi tombado pelo IPHAN em 1994. Os jardins de Burle Marx, a pintura de

Portinari e as esculturas de Ceschiatti, Zamoiski e José Pedrosa completam e

valorizam o projeto para o entorno da lagoa.

O ambiente escolar é caracterizado como um espaço de construção de saber,

contudo é necessário que haja a oportunidade de aplicação em situações reais

o que de fato se aprendeu em sala de aula. Para tanto, é indispensável que o

aluno seja capaz de fazer as operações mentais adequadas à transferência das

informações obtidas no campo teórico para a prática.

Entretanto, para que isto ocorra, torna-se vigente ir além do campo do saber e

trabalhar aspectos da vida social, como a socialização com seus pares, aspecto

que merece relevância em um projeto de educação de adolescentes. Assim, o

171

compromisso com a qualidade do ensino necessita de ações competentes e

criativas para a promoção de uma educação significativa no que se refere ao

processo formativo dos alunos.

Segundo Marinho e Gaspari (2003), a formação do aluno não deve estar

simplesmente atrelada à concepção de uma educação que se viabiliza apenas

nos espaços formais das instituições de ensino. Esta deve ser complementada

por ações educativas que priorizem uma ampliação de horizontes para além dos

seus muros, utilizando ambientes não formais de aprendizagem de forma

complementar, estimulando outros aspectos como o social, o afetivo e o

emocional.

A escola não pode se ausentar de seu caráter socializador, ou seja, é sempre

importante lembrar que os alunos não procuram apenas no ambiente escolar o

conhecimento, mas também um espaço de encontro com outras pessoas e com

a diversidade de saberes.

Outro ponto é que o conhecimento não é construído apenas no ambiente escolar,

sendo muitas vezes melhor fixado, se os alunos tiverem um contato com esse

conhecimento e, por isso, as práticas educativas fora da sala de aula constituem-

se em uma estratégia didática a ser utilizada, visando a alcançar a

contextualização sócio-histórica e política durante a construção do conhecimento

em sala de aula. Dessa forma, a teoria e a prática são vistas como processos

naturalmente complementares e indissociáveis. Cardoso (2004, p.195), cita:

O conhecimento do mundo ou do nosso entorno significa compreender a sua estrutura espacial e os fenômenos dos lugares. Ao conhecer o território em que se vive compreende-se a identidade e o sentimento de pertencimento do meio em que se vive.

Corroborando essa ideia, Silva (1988 apud FERREIRA, 2002, p.1) afirma:

A observação empírica assume uma ampla dimensão, na medida em que o enfoque do conhecimento local, específico, deve ser o ponto de partida para a efetivação da compreensão em escalas mais amplas, extrapolando assim a pura e simples descrição, tradicionalmente

172

presente na abordagem geográfica, para incorporar a análise e interpretação dos fatos/ fenômenos observados.

As práticas educativas fora da sala de aula apresentam como objetivo o

desenvolvimento integral do aluno, ampliando a capacidade deste na

extrapolação dos conteúdos ensinados em aulas expositivas e relacionando ao

que está sendo observado durante a visita aos locais propostos, com objetivo de

agregar conhecimento e experiências importantes para a formação plena do

cidadão.

7. ROTEIRO

Saída da escola

Chegada ao Parque Ecológico

Observação da Orla da Lagoa

Observação do complexo arquitetônico

Horário do Lanche e banheiros

Retorno à escola

8. CUSTOS

Item Custo Unitário Custo Total

Transporte R$ R$

Material didático

utilizado

R$ R$

Ingresso R$ R$

Lanche R$ R$

Total R$ R$

Para marcar uma visita guiada no PROPAM entrar em contato:

Rua Radialista Ubaldo Ferreira, 20 – Bairro Castelo – BH/MG Email: [email protected] Telefone: (31) 3277-7422, 3277-7419, 3364-3266

Museu de Artes e ofícios

Práticas educativas fora da sala de aula – Museu de Artes e Ofícios

173

1. PÚBLICO ALVO:

Alunos das Escolas Municipais de Belo Horizonte do Ensino Fundamental com

idades entre 15 e 18 anos.

2. LOCAL:

Museu de Artes e Ofícios

3. DURAÇÃO: 3HS

4. OBJETIVO GERAL:

Explorar os diversos tipos de matéria-prima e ferramentas de trabalho do período

pré-industrial expostas nos diversos ambientes do museu, para aprender como

o ambiente e as necessidades cotidianas geram formas variadas de ofícios,

vocabulário diversificado considerando a evolução do trabalho com o

aparecimento de novas profissões.

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

praticar o diálogo produzido em sala de aula, através da descrição dos

objetos e sua relação com as profissões;

estimular a criatividade e a expressão;

incentivar o desenvolvimento de algumas habilidades básicas nos alunos,

a saber: a observação, a criticidade, a autonomia, a leitura, a pesquisa, a

extrapolação, a (re)elaboração de conhecimentos prévios e a

sistematização do conhecimento;

desenvolver e ampliar o vocabulário através do contato com novas

palavras e significados;

incorporar ao vocabulário nomes utilizados para denominar as profissões;

relacionar as profissões em exposição no museu com as atuais;

174

refletir sobre a existência ou não dos profissionais em exposição na

comunidade e analisar semelhanças e diferenças quanto à forma de

atuação;

ampliar os conhecimentos sobre o ambiente onde foram desenvolvidas as

profissões e sua necessidade à época e atualmente.

6. JUSTIFICATIVA:

De acordo com Stuart (2007), as ideias sobre desenvolvimento cognitivo, sobre

múltiplas inteligências, e da pedagogia da autonomia ressaltam a importância do

diálogo no processo educativo e influenciam, ao longo dos tempos, as

abordagens educativas em espaços culturais e museológicos.

A educação possui um importante papel para a cidadania, e a educação

museológica, segundo Desvallées e Mairesse (2013, p. 39), é definida como:

Um conjunto de valores, de conceitos, de saberes e de práticas que têm como fim o desenvolvimento do visitante; como um trabalho de culturação, ela apoia-se notadamente sobre a pedagogia, o desenvolvimento, o florescimento e a aprendizagem de novos saberes.

As correntes contemporâneas da área museológica enfatizam, primordialmente,

a importância social do museu como instrumento para a inclusão social e cultural,

capaz de formar indivíduos criativos que possam exercer sua criticidade em

relação a si mesmo e à sociedade em que se inserem. Stuart (2007) aponta que

a relação de aprendizagem refere-se à maneira própria de cada visitante integrar

o objeto de aprendizagem, posto que a atividade museológica, introduzida em

práticas educativas fora da sala de aula, amplia a visão de mundo por meio do

contato com os recursos que a instituição oferece ao estudante. O Museu de

Artes e Ofícios (MAO) foi escolhido por ser um espaço apropriado para ensinar,

na prática, a relação entre História, Ciências e o tema transversal Trabalho e

Consumo.

O local onde está inserido o MAO é uma edificação tombada pelo Patrimônio

Histórico e pertencente à antiga Estação Ferroviária Central, no centro da capital

175

mineira. A importância da edificação remete-se ao final do século XIX, quando

foi criada a Praça da Estação, a qual já tinha uma referência urbana por constituir

o pórtico da cidade onde as pessoas eram recepcionadas e despediam-se

quando vinham conhecer as inovadoras obras arquitetônicas e urbanísticas que

estavam sendo construídas no interior do país.

As obras do museu iniciaram-se em 2001 com a restauração do prédio principal

(Estação Oeste de Minas) e a abertura da exposição temporária “Trilhos da

Memória”, que apresentou aspectos históricos da Praça da Estação. Após mais

de três anos, as obras de implantação foram concluídas e, com a implantação

do MAO, a Praça da Estação avançou no sentido de sua complementação,

contribuindo para o processo de revitalização de toda a região central da cidade.

A Praça da Estação, nos dias atuais, é considerada um pólo cultural da cidade.

Inaugurado em 2005 e aberto ao público no ano seguinte, o espaço recebeu

importante coleção organizada ao longo da vida por Angela Gutierrez, presidente

do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG). O museu possui um acervo bastante

representativo da história do trabalho pré-industrial no país, distribuído em dois

prédios com mais de 15.000 m².

O espaço apresenta uma proposta inovadora ao dar status de obras de arte a

peças do cotidiano fabricadas por artesãos em fazendas e povoados de várias

partes do Brasil no período pré-industrial. Além disso, o acervo do museu explica

e descreve a história e as relações sociais do trabalho no país nos últimos três

séculos.

Logo, torna-se um espaço que condiz com o pensamento que a escola é uma

instituição social que deve promover situações de aprendizagem que

permaneçam ao longo da vida na memória do estudante. O museu possibilita o

acesso dos alunos aos bens culturais. Isto é essencial para que esses jovens

apropriem-se desse conhecimento, tornando-o mais aberto para o pleno

desenvolvimento social. Em complementação, promove-se a inserção desses

alunos no ambiente museológico e nas diversas formas de vivenciar o

conhecimento.

176

Figura 1: Visão Interna MAO

Fonte: MAO, 2014.

Prédio A

A1 - Ofícios do Transporte

A2 - Ofícios Ambulantes

A3 - Ofícios do Comércio

A4 - A Proteção do Viajante

Prédio B

B1 - Jardim das Energias

B2 - Ofícios da Mineração

B3 - Ofícios do Fogo

B4 - Ofícios da Madeira

B5 - Ofícios da Cerâmica

B6 - Ofícios do Comércio

B7 - Ofícios da Lapidação e Ourivesaria

177

B8 - Ofícios do Couro

B9 - Ofícios da Terra

B10 - Ofícios da Conservação e Transformação dos Alimentos

B11 - Ofícios do Fio e do Tecido

7. ROTEIRO

Saída da escola

Chegada ao Museu

Horário do Lanche e banheiros

Retorno à escola

8. CUSTOS

Item Custo Unitário Custo Total

Transporte R$ R$

Material didático

utilizado

R$ R$

Ingresso R$ R$

Lanche R$ R$

Total R$ R$

Agendamento de grupos: início na primeira segunda-feira de cada mês para o

mês subsequente.

Telefone: (31) 3277-7422, 3277-7419, 3364-3266

Telefone: 31 3248 8621.

Horário de atendimento: 08h às 17h.

PRÁTICA EDUCATIVA FORA DA SALA DE AULA: ZOOLÓGICO DE BELO HORIZONTE

1. PÚBLICO ALVO:

Alunos das Escolas Municipais de Belo Horizonte do Ensino Fundamental com

idades entre 15 e 18 anos.

178

2. LOCAL:

Zoológico de Belo Horizonte

3. DURAÇÃO: 3HS

4. OBJETIVO GERAL:

Vivenciar com os alunos os conhecimentos científicos a partir da observação

direta de fatos e fenômenos presentes na biodiversidade do zoológico de Belo

Horizonte. A partir da observação, destaca-se como objetivo desenvolver as

potencialidades científicas dos alunos por meio da observação técnica, do

registro, de inferência, da comunicação e de outros.

5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

proporcionar a aquisição de novos conhecimentos;

desenvolver habilidades de maneira contextualizada e significativa;

proporcionar aos alunos uma interação lúdica e motivadora no processo

ensino-aprendizagem;

conhecer as características dos animais e o habitat em que vivem;

conhecer animais da fauna nacional e os animais exóticos da fauna

nacional como o elefante e outros.

relacionar os ecossistemas existentes assim como as características

específicas da fauna e flora de cada um.

observar o comportamento dos animais: ativo, parado, noturno, diurno,

etc.

analisar a diferença entre o revestimento externo do corpo dos animais:

presença de penas, pelos, escamas, carapaça e a aparência deste

revestimento: liso, enrugado, ressecado, coberto de lama, etc.

179

examinar o formato da boca e dos dentes dos animais: bico, boca afilada,

presas, etc. e sua relação com o ambiente em que vivem e o tipo de

alimento que consomem;

pesquisar os diferentes formatos dos pés ou patas: dedos afilados, pés

em forma de ganchos, unhas afiadas, etc. e sua relação com o ambiente

e o hábito de vida;

reparar as diferentes dimensões dos animais: altura, comprimento, peso.

pesquisar as relações entre o nome científico ou popular e alguma

característica do animal. Ex: cobo-de-meia-lua (Kobus ellipsiprymnus),

grou-coroado (Balearica pavonina) e outros;

identificar os meios de comunicação entre os animais.

observar os rituais, convivência do casal, construção de ninhos, a

convivência entre os membros da mesma espécie;

conhecer a fauna e a flora do Rio São Francisco e sua importância

econômica e social.

6. JUSTIFICATIVA

Desde a pré-história, animais sempre exerceram certo fascínio no ser humano.

Os zoológicos possuem um grande potencial educativo, visto que, expõem de

forma integrada a fauna e ecossistemas variados promovendo uma percepção

integral da biodiversidade. (NUNES, 2001).

A Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte foi criada em 1991 e passou a

administrar, além do Jardim Zoológico, existente desde 1959, o Jardim Botânico

com o objetivo de despertar nas pessoas uma convivência harmônica com o

meio em que vivem.

A FZB-BH é a segunda maior área verde pública de BH e mantém projetos

educativos, científicos e culturais, contribuindo para a preservação da fauna e da

flora e para a formação do cidadão.

180

O Zoológico possui borboletário, zooteca, jardim japonês, estufas temáticas e o

aquário da Bacia do rio São Francisco, no entanto a visita será ao Zoológico para

que seja observada a fauna, o seu habitat e as particularidades das diversas

espécies de animais.

Na área de visitação do Jardim Botânico, encontram-se cinco estufas temáticas,

sendo que três delas possuem as principais formações vegetais existentes em

Minas Gerais, que constituem os chamados biomas mineiros, a saber: Campo

Rupestre (ecossistema que integra o bioma Cerrado); Caatinga; e Mata

Atlântica. No local, encontram-se as Estufas de Evolução I e II, que tratam,

respectivamente, da história evolutiva das plantas e das características

adaptativas do grupo das plantas com flores e frutos. Cada uma apresenta

espécies vegetais e recursos cênicos de acordo com as peculiaridades da flora

e do ambiente que representam. Dessa forma, possibilita que o aluno visualize

o que aprendeu em sala de aula.

Dentro das atrações do Zoológico, há o Aquário Bacia do Rio São Francisco, o

qual ocupa uma área de aproximadamente 3000m², em dois pavimentos, e

abriga 22 tanques que foram ambientados de forma a representar o rio São

Francisco, propiciando as condições adequadas para exibição de espécies em

cativeiro. A diversidade da vida também é representada através das relações

complexas e dependentes da fauna, da flora e do homem.

Em concordância com o conteúdo ministrado em sala de aula, a visita ao

Zoológico de Belo Horizonte constitui uma aula experimental na qual os alunos

poderão visualizar o que foi aprendido teoricamente, possibilitando a

compreensão da teoria apresentada. Ao conhecer o habitat dos diversos

animais, proporciona-se a experiência de estudar de maneira interativa e

dinâmica além dos muros da escola.

Não faz muito tempo, os zoológicos eram conhecidos como locais para a

exibição de animais exóticos. Mas, nas últimas décadas, deixaram de ser apenas

locais de diversão, para se tornarem centros de educação ambiental e pesquisa.

181

Atualmente, os zoológicos são bastante conhecidos e respeitados por seu papel

na conservação de muitas espécies, principalmente das ameaçadas de extinção.

Segundo Ribeiro e Castro (2010), ao se adotarem os temas transversais

propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais voltados para o Ensino

Fundamental como referência, tornou-se possível integrar o zoológico nas

disciplinas ofertadas, já que, trabalhando com temas transversais, há a

possibilidade de contextualizar com as diferentes realidades locais e regionais,

trazendo o assunto estudado em sala de aula para a realidade do aluno e vice-

versa, o que torna o processo de aprendizagem mais dinâmico.

A prática educativa no zoológico é uma aula prática de ciências, considerando

ser essa tipologia de ensino importante para o desenvolvimento de habilidades

processuais conectadas ao processo científico. Dessas habilidades, destacam-

se a capacidade de observação, de inferência, de medição, de comunicação, de

classificação e de previsão, sendo essas essenciais para o desenvolvimento dos

conceitos científicos. As visitas a esse espaço do conhecimento permitem que

os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como

desenvolver soluções para problemas complexos (LUNETTA, 1991).

A proposta das práticas educativas fora da sala de aula auxilia o professor na

contextualização do ensino de Ciências, da Biologia e da Geografia, porque o

aluno é levado ao contato planejado com a natureza e percebe que ela não é

apenas um conteúdo do livro didático que o professor utiliza em sala de aula. De

acordo com esse pensamento, Cavalcante (2004) argumenta que uma excursão

pedagógica constitui um meio eficiente e eficaz de estudar a área das ciências,

por envolver o incentivo à investigação, o estímulo ao questionamento e a

utilização de recursos além do livro didático e a realização de atividades fora do

espaço da sala de aula.

Logo, a prática educativa ministrada no Zoológico de Belo Horizonte pretende

ser uma ferramenta para o ensino de Ciências, da Biologia e da Geografia, tendo

a biodiversidade como fator predominante a ser observado e investigado,

fazendo com que a abordagem realizada em sala de aula possa transpor esse

182

espaço e ser contextualizada com a realidade exposta, tornando o processo de

aprendizagem mais significativo aos educandos.

7. ROTEIRO

A turma será dividida em três grupos. Ao chegar ao Zoológico, cada grupo fará

um roteiro. O primeiro grupo irá para o Aquário Bacia do Rio São Francisco; o

segundo grupo irá para o Jardim Botânico; e o terceiro grupo fará a visitação ao

Zoológico.

8.CUSTOS

Item Custo Unitário Custo Total

Transporte R$ R$

Material didático

utilizado

R$ R$

Ingresso R$ R$

Lanche R$ R$

Total R$ R$

Telefone: 31 3277-8489.

Horário de atendimento: 08h às 17h.

Considerações finais:

A proposta do guia pedagógico em práticas educativas fora da sala de aula é

possibilitar a relação dos alunos com a realidade, oportunizando a

documentação do real pela apreensão da observação sensível e direta de

diversos espaços urbanos, culturais, históricos, sociais e outros. Com isso,

contribui-se para a preservação do patrimônio material, imaterial, natural e

cultural de toda a comunidade. Através das práticas educativas descritas nesse

guia técnico, procura-se pensar a escola e seu entorno, o bairro e toda a cidade

como territórios para o exercício da cidadania e para o desenvolvimento social,

utilizando-se como estratégia o processo educativo. Nesse contexto, a escola é

183

responsável pela mediação cultural dos seus sujeitos aprendizes e também por

desenvolver uma educação permanente, fomentando uma postura crítica da

educação em relação aos espaços culturais, em museus abertos e fechados,

contribuindo para a consciência cidadã. Essa formação ampla cria as redes de

conhecimento para que os alunos instrumentalizem-se frente às desigualdades

sociais e culturais, provocando o questionamento e a inquietação e,

posteriormente, o desenvolvimento local.

Para a equipe docente e para a gestão escolar, esse produto técnico sobre as

práticas educativas fora da sala de aula oferece experiências ricas de

aprendizagem que podem estimular toda a equipe pedagógica a buscar

alternativas de aprendizagem que contribuam para o desenvolvimento cognitivo

dos estudantes e ainda revigorem as relações entre a escola e a comunidade

local.

Com isso, as metodologias inovadoras de ensino-aprendizagem promovem a

efetivação de uma formação emancipadora dos jovens e a transformação da

comunidade por meio dos conhecimentos e das relações construídas a partir da

execução das práticas educativas fora da sala de aula. Entre a equipe

pedagógica e a prática docente, fortalecem-se as ações interdisciplinares que

ressignificam a visão dos alunos sobre os fenômenos atuais e sobre as relações

que estes estabelecem entre si na construção e na produção de novos saberes

e conhecimentos científicos.

Na perspectiva da ação docente, vislumbra-se uma redução da indisciplina a

partir de práticas educativas pelas quais os estudantes demonstram interesse e

intensa motivação. A partir daí, estimula-se também o respeito entre o professor

e entre os alunos como parceiros na construção da aprendizagem coletiva e

individual. A escola que adota essas práticas em seu currículo caminha para a

formação emancipatória dos seus alunos, identificando as diferenças e tempos

distintos de aprendizagem. Ao adotar uma produção de conhecimentos coletiva,

a escola desenvolve a responsabilidade dos jovens e contribui para a formação

de seu processo identitário e cidadão.

184

Referências

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GOHN, M. G.. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais. Saúde e Sociedade, v. 13, n.2, p. 20-31, mai./ago., 2004. LUNETTA, V. N.. Atividades práticas no ensino da Ciência. Revista Portuguesa de Educação, v. 2, n. 1, p. 81-90, 1991.

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186

4. Considerações finais:

A pesquisa teve em seu escopo investigativo o estudo das práticas educativas

dos docentes fora da sala de aula, tendo em vista desenvolver contribuição

técnica sobre aperfeiçoamentos metodológicos comprometidos com inovações

capazes de oportunizar uma melhoria do desempenho cognitivo de alunos fora

da faixa etária de escolaridade e de estimular o desenvolvimento local.

A análise dos dados de evasão e repetência escolar evidencia a carência do

investimento na formação integral do aluno, tendo em vista desenvolver práticas

pedagógicas alternativas que reduzam esses índices no Ensino Fundamental.

Para diminuir esses índices, é prioritário o investimento na educação, na

formação dos professores e no estudo de metodologias inovadoras de ensino e

aprendizagem que estimulem os alunos no seu processo de construção de

conhecimento e na formação integral desse aluno com uma perspectiva crítica e

cidadã.

As práticas educativas fora da sala de aula nessa abordagem sociocultural e

crítico-dialética são amplamente valorizadas. O conhecimento é produzido a

partir da interação do aluno com o meio social e sobre a reflexão ele numa

perspectiva transformadora. As práticas educativas, como excursões, visitas

guiadas, visitas técnicas, atividades extraclasse, trabalho de campo são

utilizadas como estratégias para a construção de conhecimento coletivo e

individual.

A pesquisa investigou o processo de formação dos discentes no Ensino

Fundamental. O ponto de conflito instaura-se no despreparo do sistema

educacional em oferecer uma formação integral aos alunos em distorção idade-

série. Esse grupo de alunos apresenta dificuldades de compreensão e

sistematização do conteúdo curricular; desinteresse e falta de motivação pelos

métodos de aprendizagem tradicionais; baixa autoestima; dificuldades de

concentração; indisciplina acentuada; conflitos interpessoais entre os colegas de

classe em função da diferença etária; e outros. Numa análise mais qualificada,

187

é pertinente afirmar que esses jovens aprendizes em distorção idade-série são

candidatos à repetência e à evasão escolar.

Através da pesquisa do mestrado em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local foi possível identificar como o recurso das práticas

educativas fora da sala tem sido problematizado no contexto educacional.

Possibilitou-se um amplo estudo dos requisitos metodológicos necessários para

que as práticas educativas fora da sala contribuam efetivamente para a melhoria

do desempenho escolar de alunos em distorção idade-série no Ensino

Fundamental. E, finalmente, toda a pesquisa permitiu ao pesquisador a

elaboração de um guia didático pedagógico sobre práticas educativas fora da

sala para o corpo docente, visando à melhoria do desempenho escolar de alunos

fora da faixa etária de escolaridade da Regional Nordeste da Prefeitura de Belo

Horizonte.

Por meio da pesquisa desenvolvida, evidencia-se que a utilização da

metodologia didático-pedagógica sistematizada das aulas fora do espaço

escolar pelos docentes nas turmas de alunos em distorção idade-série

impulsionou uma melhor articulação dos conteúdos e sua interlocução entre a

teoria e a prática, suscitando melhorias nas relações interpessoais entre

professores e alunos e estimulando a formação do corpo docente e discente em

diferentes níveis de escolaridade.

Por outro lado, o desenvolvimento local efetiva-se quando o ser humano é ativo

e social, sendo que a sua interrelação com a cultura possibilita o seu

desenvolvimento pleno. O aprendizado desperta vários processos internos de

desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a aluno interage

com pessoas em seu ambiente e na relação com seus semelhantes.

No quesito do desenvolvimento local, a pesquisa sobre as práticas educativas

fora da sala de aula valoriza a escola enquanto espaço de formação e

compromete-se com a preservação da cultura local. Os educandos motivam a

transformação social em consonância com a produção de conhecimento a partir

de experiências distintas, dentro e fora do espaço escolar. E, posteriormente, os

188

aprendizes impulsionam a ação coletiva em prol de melhorias na comunidade

em que vivem. Por outro lado, os docentes revigoram suas experiências e as

práticas pedagógicas, tornando-se agentes de multiplicação de metodologias de

ensino inovadoras nos espaços escolares e comunitários.

Através da interação com o meio onde vive, o jovem forma-se e constitui-se

integralmente. É importante considerar que os processos desse crescimento

intelectual envolvem a percepção, a linguagem, o pensamento e a inteligência

humana. Nesse sentido, pode-se dizer que as práticas educativas fora da sala

de aula possibilitam a construção de estratégias metodológicas que fomentam a

formação crítica e reflexiva dos alunos em distorção idade-série do Ensino

Fundamental.

As práticas educativas fora da sala de aula proporcionam ao educando uma

vivência de culturas distintas, a preservação do patrimônio cultural e imaterial de

um povo, a articulação dos preceitos curriculares correlacionados às

experiências culturais, políticas e econômicas de determinado local.

Em confirmação, por meio da vivência do conhecimento em sua realidade, o

adolescente insere-se na sociedade adulta por meio de projetos, de programas

de vida, de sistemas teóricos, de planos e reformas políticas ou sociais. Com o

pensamento abstrato, o aluno desenvolve a sua vida adulta e se adapta a esta

realidade efetiva-se progressivamente. Nesse momento, o aluno deixa de ser um

observador da realidade e torna-se um agente transformador desta. Dessa

forma, as práticas educativas fora da sala de aula permitem que o aluno vivencie

a realidade e concilie o pensamento formal com a prática da vida e, em

contrapartida, aprimora-se o desenvolvimento local com a participação

democrática dos alunos na resolução das demandas locais.

A pesquisa mostra que, para a aprendizagem significativa ocorrer, é necessário

que o docente tenha conhecimento não só da amplitude da disciplina ministrada,

como também de sua interdisciplinaridade, garantindo a produção de projetos

que tenham o papel de formação emancipatória dos alunos. Torna-se

189

fundamental a capacitação do docente para elaborar os projetos e para executar

as práticas educativas fora da sala de aula como uma inovação didática.

As práticas educativas constituem-se em sequências didáticas oriundas de um

microssistema. Esse sistema define espaços, uma organização social, as

relações interativas numa distribuição do tempo e do uso dos recursos didáticos,

em que a educação é a base e o produto final. Nesse sentido, a aprendizagem

é estimulada pela diversidade de experiências e pelos estímulos contínuos que

os alunos recebem no processo de formação humana.

Para se trabalhar com turmas em déficit de aprendizagem, é fundamental que

toda a equipe pedagógica escolar, membros da comunidade, pais e alunos

estejam conscientes de que a formação humana e o ato de aprender fazem parte

de um processo natural. Esse processo é resultante de atividades mentais

complexas, nas quais estão correlacionadas a percepção, as emoções, a

memória, a capacidade de mediação, os conhecimentos prévios e outros fatores.

Outra questão a ser observada é que, para a efetivação da aprendizagem

significativa, vários fatores devem ser coordenados. Os fatores de ordem afetiva,

social, cognitiva, pedagógica, orgânica e ambiental, devidamente articulados,

interferem na aprendizagem dos alunos, causando a melhoria do desempenho

escolar destes. Para a aprendizagem significativa, é necessário a interlocução

de todos esses fatores. Um espaço de diálogo deve ser criado entre os alunos,

os professores, os coordenadores, os gestores, os pais e toda a comunidade

escolar em função da promoção de uma educação de qualidade.

Aprofundando mais na aprendizagem, é tarefa do professor dominar o currículo

na dimensão do ensino, da aprendizagem em relação ao aluno e na questão

social, que abrange o relacionamento escola e sociedade. No que se refere aos

recursos didáticos, os professores caracterizam-se como pesquisadores de

recursos e de estratégias pedagógicas diferenciadas para desenvolver nos

alunos as habilidades de localizar informações, contextualizá-las e utilizá-las

racionalmente. Os recursos didáticos variados são fundamentais para estimular

190

e motivar os alunos para a aprendizagem, principalmente no caso dos alunos em

distorção idade-série.

As práticas educativas fora da sala de aula favorecem uma aprendizagem

mobilizadora, que provoca no aluno um envolvimento pessoal que perdura em

sua vida cognitiva. Essas práticas educativas avigoram o convívio social, os

questionamentos sobre a posição da escola e da sociedade, além de estimular

a quebra de paradigmas na educação ao se trabalhar com um currículo escolar

flexível, considerando a comunidade na qual o aluno encontra-se inserido.

A pesquisa incrementa a utilização de novas práticas educativas pelos docentes,

sendo estas legitimadas pela instituição de ensino e validadas por toda

comunidade escolar. A pesquisa incita novos processos de formação para os

jovens em distorção idade-série e, ao mesmo tempo, aponta os docentes e toda

comunidade escolar como agentes de transformação local por meio de uma

prática curricular que apoia a interdisciplinaridade, o conhecimento acadêmico e

os saberes cotidianos oriundos da vida social.

5.Referências

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197

6. APÊNDICES

6.1 Parecer Consubstanciado Conep

198

199

200

201

6.2 Apêndice A - Roteiro de entrevista semiestruturada para professores

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Mestranda: Glausirée Dettman de Araújo

Orientadora: Dra. Adilene Gonçalves Quaresma

1. O que você entende por práticas educativas fora da sala de aula?

2. Você já realizou alguma prática educativa fora da sala de aula? Qual? Como

ocorreu?

3. Você já participou de alguma prática educativa fora da sala de aula realizada

por outro professor? Qual? Como ocorreu?

4. O que você considera mais relevante na execução das práticas educativas

fora da sala de aula?

5. Quais as dificuldades encontradas na realização das práticas educativas fora

da sala de aula?

6. Quais as contribuições das práticas educativas fora da sala de aula para a

aprendizagem dos alunos em distorção idade-série? Quais as capacidades

os alunos desenvolvem nessas práticas?

7. Como você planeja e desenvolve as práticas educativas fora da sala de aula?

8. Você acredita nas práticas educativas fora da sala de aula como metodologia

de aprendizagem significativa? Justifique sua resposta.

202

6.3 Apêndice B - Roteiro de entrevista semiestruturada para coordenadores

pedagógicos

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Mestranda: Glausirée Dettman de Araújo

Orientadora: Dra. Adilene Gonçalves Quaresma

1. O que você entende por prática educativa fora da sala de aula?

2. Você já organizou e planejou a execução de alguma prática educativa fora

da sala de aula? Qual? Como ocorreu?

3. Quais as dificuldades encontradas na articulação das práticas educativas fora

da sala de aula enquanto atividade pedagógica no currículo escolar?

4. Quantas práticas educativas fora da sala de aula são realizadas pela escola

anualmente?

5. De acordo com o seu ponto de vista, quais as contribuições das práticas

educativas fora da sala de aula para os alunos em distorção idade-série?

Quais as capacidades os alunos desenvolvem nessas práticas?

6. Quais as contribuições das práticas educativas fora da sala de aula para o

relacionamento interpessoal dos alunos com os professores e com a

comunidade escolar?

7. Quais as dificuldades para o planejamento das práticas educativas fora da

sala de aula?

8. Existe a possibilidade das práticas educativas fora da sala de aula serem

fomentadas como prática pedagógica de toda instituição escolar? Quem faria

isso? Como seria esse processo?

203

6.4 APÊNDICE C Questionário para os alunos em distorção idade-série da

rede municipal de ensino da Regional Nordeste de Belo Horizonte

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

LOCAL

Mestranda: Glausirée Dettman de Araújo

Orientadora: Dra. Adilene Gonçalves Quaresma

1. Qual a sua idade?

( ) 15 anos ( ) 16 anos ( ) 17 anos ( ) 18 anos ( ) 19 anos ( ) Outros ______

2. Qual o seu sexo?

( ) Feminino ( ) Masculino

3. Você gosta de estudar?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às Vezes ( ) Raramente ( ) Outros ___________

4. Quanto às suas dificuldades no processo de aprendizagem, você tem

dificuldade para: (Você pode marcar mais de uma opção)

( ) Compreender as explicação do professor sobre os conteúdos.

( ) Ler os textos dos livros e os entregues pelo professor em Xérox.

( ) Compreender os textos dos livros e os entregues pelo professor em Xérox.

( ) Compreender as explicações do professor sobre a execução das atividades.

( ) Concentrar nas aulas.

( ) Participar de todas as atividades, interagindo com os colegas.

5. Quanto ao seu nível de motivação, falta-lhe interesse para: (você pode

marcar mais de uma opção).

( ) Falta de interesse pelos conteúdos explicados pelo professor.

( ) Falta de interesse pelas atividades desenvolvidas dentro de sala.

( ) Falta de interesse pelas atividades desenvolvidas fora de sala.

6. Em quais disciplinas você tem mais dificuldade?

204

( ) Português ( ) Matemática ( ) Geografia ( ) História

( ) Artes ( ) Inglês ( ) Ciências ( ) Educação Física

7. Em quais disciplinas você tem mais facilidade?

( ) Português ( ) Matemática ( ) Geografia ( ) História

( ) Artes ( ) Inglês ( ) Ciências ( ) Educação Física

8. Você gosta das práticas educativas desenvolvidas fora da sala de aula?

( ) Sim ( ) Não

Justifique:

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

9. As práticas educativas fora de sala contribuem para: (Você pode marcar

quantas opções julgar necessário)

( ) Melhor compreensão dos conteúdos

( ) Perceber as necessidades do meu bairro

( ) Pensar sobre uma escolha profissional

( ) Entender algum fenômeno do dia a dia que antes não entendia

( ) Melhorar minha relação com os colegas

( ) Melhorar minha relação com a professora

( ) Melhorar minha relação com as pessoas em geral

( ) Interessar-me por assuntos pelos quais não tinha interesse anteriormente

( ) Compreender as questões relativas ao mercado de trabalho

( ) Elevar meu conhecimento cultural

205

6.5 Apêndice D - Roteiro de perguntas para Grupo Focal de alunos

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Mestranda: Glausirée Dettman de Araújo

Orientadora: Dra.Adilene Gonçalves Quaresma

1. Você considera importante para a sua aprendizagem a realização de

atividades educativas fora da sala de aula? Por quê?

2. Quais as contribuições das atividades fora de sala de aula para a sua

aprendizagem? Por quê?

3. O que você mais gosta/gostou na prática educativa fora da sala de aula? Por

quê?

4. As práticas educativas fora de sala contribuem para o seu relacionamento

com as pessoas? Com quais? Como?

5. Como você caracteriza o seu envolvimento e participação no

desenvolvimento das práticas educativas fora da sala de aula?

206

6.6 Apêndice E - Roteiro de Observação Sistemática

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Mestranda: Glausirée Dettman de Araújo

Orientadora: Drª Adilene Gonçalves Quaresma

ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA PARA PRÁTICA EDUCATIVA

FORA DA SALA DE AULA

I - IDENTIFICAÇÃO

Escola:

Local a ser visitado:

Data: Hora:

II - ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS

Dados específicos a respeito da prática educativa fora da sala de aula

1 Recursos Humanos:

Planejamento prévio do professor: visitação ao local em momento anterior ao

dos alunos/ domínio do tema oferecido pelo local de visitação e sua correlação

com o conteúdo escolar / preparo dos alunos para as regras e comportamentos

exigidos pela instituição visitada / metodologia de aprendizagem utilizada pelo

professor no decorrer da atividade / retorno do professor para a instituição

visitada do resultado da proposta educativa realizada.

Preparação dos alunos para a realização da visita: conhecimento sobre o

tema a ser desenvolvido / conhecimento das regras de visitação do local

informadas previamente pelo professor / envolvimento e comprometimento dos

alunos com a atividade/ relação interpessoal entre os alunos, professores e com

as pessoas presentes no local de visitação / satisfação dos alunos durante a

realização da prática educativa.

Preparação da instituição para receber o grupo escolar: linguagem

adequada para receber o grupo de alunos/ infraestrutura para receber grupos/

disponibilização de monitores (quando houver) para acompanhar o grupo escolar

durante a visita à instituição.

1 Recursos Materiais

207

Preparo do professor: instrumento para registro da atividade (máquina digital,

agenda, filmadora, etc.), lista de presença dos alunos que compõem o grupo de

visitação.

Preparo dos alunos: Uso do uniforme escolar / Autorização da família para

atividade fora do espaço escolar / Material de registro da atividade: caderno,

lápis, máquinas digitais, etc.

Preparo da instituição visitada: material de divulgação e informação para os

visitantes.

2 Recursos Físicos:

Transporte e segurança adequados para o grupo escolar durante a condução

deste ao local a ser visitado.

Condições de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais no

local a ser visitado.

Banheiros disponíveis para o grupo escolar na instituição visitada.

Espaço de sociabilidade e para lanche coletivo disponibilizados para o grupo

escolar durante a realização da atividade.

3 Avaliação

Professor: identificar o processo de avaliação do professor em relação à

atividade proposta caracterizando a participação dos alunos, o conhecimento

prévio destes, a interligação com a proposta de aprendizagem e, finalmente,

apontando o retorno para a escola e toda comunidade escolar sobre a atividade

executada.

Alunos: observar se existe algum instrumento técnico, relatório, questionário, ou

outra proposta que permitam aos alunos avaliarem a atividade desenvolvida.

Instituição visitada: observar se a instituição apresenta algum meio de

comunicação para manter contato com a escola e ou professor por meio digital:

página na internet, blog, e-mail e outros que permitam ao grupo avaliar a

instituição visitada e sua proposta educativa.