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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV | WYDEN CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL MARIA ALDENORA DA SILVA ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES ORGANIZACIONAIS E VALORES PESSOAIS: ANÁLISE EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DO CEARÁ RECIFE 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV | WYDEN

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

MARIA ALDENORA DA SILVA

ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES ORGANIZACIONAIS E

VALORES PESSOAIS: ANÁLISE EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

DO ESTADO DO CEARÁ

RECIFE

2018

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MARIA ALDENORA DA SILVA

ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES ORGANIZACIONAIS E

VALORES PESSOAIS: ANÁLISE EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

DO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação apresentada ao Mestrado

Profissional em Gestão Empresarial do Centro

Universitário UniFBV|Wyden, como requisito

parcial com vistas à obtenção do título de

Mestre em Gestão Empresarial.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Janaina de Holanda

Costa Calazans.

RECIFE

2018

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Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

S586a Silva, Maria Aldenora da.

Alinhamento entre propósitos, valores organizacionais e valores

pessoais: análise em uma Instituição de Ensino Superior do Estado

do Ceará / Maria Aldenora da Silva. – Recife : UniFBV | Wyden

2018.

102 f. : il.

Orientador(a): Janaína de Holanda Costa Calazans.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro

Universitário UniFBV | Wyden.

1. Alinhamento de valores. 2. Valores organizacionais. 3.

Valores pessoais. 4. Cultura organizacional. 5. Vantagem

competitiva. I. Título. DISS 658[18.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV – WYDEN

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE -

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o

acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - do Centro

Universitário UniFBV é definido em três graus:

• Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e

indiretas);

• Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita

a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

• Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o

texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou

custódia.

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as

condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES

ORGANIZACIONAIS E VALORES PESSOAIS: ANÁLISE

EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO

ESTADO DO CEARÁ.”

Nome do(a) autor(a): Maria Aldenora da Silva

Data da Aprovação: 01 de junho de 2018

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1 ×

Grau 2 ×

Grau 3 ×

Recife, 01 de junho de 2018.

_____________________________________

Assinatura do(a) Autor(a)

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Aos meus pais, in memoriam, os primeiros a

me ensinarem o significado de VALORES,

através de suas lições simples de vida;

Catarina e Eduardo Maia, que me ensinaram o

significado amplo de generosidade e

solidariedade com duas palavras: “venha

simbora!” Sem o apoio incondicional de vocês

e Duda, este sonho não teria se corporificado.

Janaina de Holanda Costa Calazans,

professora, mestra, doutora e minha

orientadora. Você me ensinou, de maneira

sutil, como subir cada degrau desta

ascendência e esteve absolutamente presente

em todos os momentos dedicados a escrita

desta dissertação. A distância geográfica em

nada afetou o andamento e conclusão deste

estudo. Esteve sempre disponível quando

solicitada.

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AGRADECIMENTOS

Muitos, inclusive eu, acreditam que existe um ser superior, DEUS, que nos criou e

que faz parte do nosso dia a dia, se materializando por meio de ações das pessoas que nos

rodeiam. Sendo assim, nesta caminhada Ele se mostrou para mim por intermédio das ações de

pessoas especiais:

a) “Mestres” da UniFBV: aprendizado para toda a vida;

b) Colegas, amigos da Turma XIII: troca de experiências, agradável convívio,

carinho e cuidado um com outro. Momentos cravados em minha memória.

Difícil deletá-los;

c) Profissionais da Instituição de Ensino Superior, locus dessa pesquisa: solidários

com o meu objetivo;

d) Os amigos: uns aqui perto e outros, geograficamente, distantes. Cada um, a sua

maneira, foi agente incentivador.

Então, obrigada, DEUS!

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RESUMO

Estuda as relações que envolvem empregados e empregadores na formulação de vantagem

competitiva. Tem como objetivo principal analisar a relação entre valores organizacionais,

valores pessoais e alcance de metas em uma Instituição de Ensino Superior do Estado do

Ceará, embasada nos conceitos de endomarketing, cultura organizacional e valores. A

abordagem qualitativa foi empregada para depreender a óptica dos sujeitos sobre o evento que

os envolve e está aportada no método de estudo de caso – que viabiliza exploração

aprofundada do fenômeno. O caráter descritivo desta investigação se apropria de técnicas para

compreensão das particularidades do agrupamento de elementos que engloba os participantes

e sua ambiência. A escolha de entrevista como instrumento de coleta de dados justifica-se

pela sua flexibilidade e factibilidade de perscrutar o assunto até sua ampla concepção. Para

fixação dos valores organizacionais, foram envolvidos 12 coordenadores – gestores – da

Instituição de Ensino Superior, sendo que para a declaração de valores pessoais foram

designados 19 colaboradores, cujos dados foram submetidos à técnica de Análise de

Conteúdo.

Palavras-chave: Alinhamento de valores. Valores organizacionais. Valores pessoais. Cultura

organizacional. Vantagem competitiva.

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ABSTRACT

It studies the relationships that involve employees and employers in the formulation of

competitive advantage. Its main objective is to analyze the relationship between

organizational values, personal values and achievement of goals in a Higher Education

Institution of the State of Ceará, based on the concepts of endomarketing, organizational

culture and values. The qualitative approach was used to understand the subjects' optics about

the event that involves them and is included in the case study method - which allows for a

thorough exploration of the phenomenon. The descriptive character of this research

appropriates techniques for understanding the particularities of the grouping of elements that

encompasses the participants and their environment. The choice of interview as an instrument

of data collection is justified by its flexibility and feasibility of examining the subject until its

broad conception. In order to establish the organizational values, 12 coordinators - managers -

of the Higher Education Institution were involved, and for the declaration of personal values,

19 employees were assigned, whose data were submitted to the Content Analysis technique.

Keywords: Alignment of values. Organizational values. Personal values. Organizational

culture. Competitive advantage.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Publicações acadêmicas ......................................................................................... 18

Quadro 2 – Tipos de marketing ................................................................................................ 21

Quadro 3 – Ações complementares do endomarketing ........................................................... 22

Quadro 4 – Comparativo dos modelos dos autores .................................................................. 30

Quadro 5 – Organizações vistas como metáforas ..................................................................... 32

Quadro 6 – Conjunto de tarefas externas e internas ................................................................. 36

Quadro 7 – Conjunto de questões ............................................................................................. 36

Quadro 8 – Tipos de valores motivacionais de Schwartz ......................................................... 40

Quadro 9 – Fatores da escala de valores organizacionais ........................................................ 43

Quadro 10 – Dimensões bipolares, base teórica para a construção do IVO ............................. 45

Quadro 11 – Aspectos da vida organizacional ......................................................................... 46

Quadro 12 – Fatores do Inventário de Perfis de Valores Organizacionais (IPVO) .................. 47

Quadro 13 – Fatores do IPVO, Correspondência com os Tipos Motivacionais de Valores,

Metas dos Valores Organizacionais .................................................................... 48

Quadro 14 – Objetivos específicos propostos .......................................................................... 56

Quadro 15 – Metas do alinhamento de valores ........................................................................ 72

Quadro 16 – Valores organizacionais propostos ...................................................................... 88

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Intersecções da teoria da cultura e da teoria organizacional ................................... 34

Figura 2 – Níveis de cultura organizacional ............................................................................. 35

Figura 3 – Estrutura das relações entre dez tipos motivacionais de valores ............................. 41

Figura 4 – Estrutura teórica dos valores organizacionais ......................................................... 45

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Idade - coordenadores ........................................................................................... 60

Gráfico 2 – Idade - colaboradores ............................................................................................ 60

Gráfico 3 – Sexo - coordenadores ............................................................................................ 61

Gráfico 4 – Sexo - colaboradores ............................................................................................. 61

Gráfico 5 – Escolaridade - coordenadores ................................................................................ 62

Gráfico 6 – Escolaridade - colaboradores................................................................................. 62

Gráfico 7 – Tempo de atuação - coordenadores ....................................................................... 63

Gráfico 8 – Tempo de atuação - colaboradores ........................................................................ 63

Gráfico 9 – Cargo na IES - coordenadores ............................................................................... 64

Gráfico 10 – Cargo na IES - colaboradores .............................................................................. 64

Gráfico 11 – Valores organizacionais - coordenadores ............................................................ 66

Gráfico 12 – Valores organizacionais - colaboradores ............................................................. 66

Gráfico 13 – Valores pessoais - colaboradores ........................................................................ 69

Gráfico 14 – Eixos de interesses............................................................................................... 70

Gráfico 15 – Alinhamento entre valores organizacionais e pessoais ....................................... 71

Gráfico 16 – Conceito institucional (credenciamento) ............................................................. 75

Gráfico 17 – Conceito institucional (recredenciamento) .......................................................... 78

Gráfico 18 – Conceitos dos cursos da IES ............................................................................... 81

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IES Instituição de Ensino Superior

CRM Customer Relationship Management

MEC Ministério da Educação

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

1.1 Contextualização do problema ........................................................................................... 14 1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 17 1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 17 1.2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 17

1.3 Justificativas ....................................................................................................................... 18 1.3.1 Justificativa teórica .......................................................................................................... 18

1.3.2 Justificativa prática .......................................................................................................... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 21

2.1 Endomarketing ................................................................................................................... 21 2.1.1 O modelo sugerido por Bekin (2004) .............................................................................. 23

2.1.2 O modelo indicado por Brum (2003, 2005) .................................................................... 25

2.1.3 O modelo proposto por Cerqueira (1994)........................................................................ 27 2.1.4 Síntese dos modelos de Bekin (2004), Brum (2003, 2005) e Cerqueira (1994) ............. 29 2.2 Cultura organizacional ........................................................................................................ 31

2.3 Valores ................................................................................................................................ 37

2.3.1 Valores pessoais .............................................................................................................. 38 2.3.2 Valores organizacionais ................................................................................................... 41 2.3.3 Confluência entre valores pessoais e valores organizacionais ........................................ 48 2.3.4 Alinhamento de valores como determinante para os resultados ..................................... 50

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 53

3.1 Caracterização da pesquisa ................................................................................................. 53

3.2 Locus da pesquisa ............................................................................................................... 54 3.3 Sujeitos da pesquisa ............................................................................................................ 54 3.4 Instrumentos de coleta de dados ......................................................................................... 55

3.5 Técnica de análise dos dados .............................................................................................. 56 3.6 Limites ................................................................................................................................ 58 3.7 Limitações .......................................................................................................................... 58

4 ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................................... 59

4.1 Perfil dos colaboradores ..................................................................................................... 59 4.1.1 Idade ................................................................................................................................ 60

4.1.1.1 Coordenadores .............................................................................................................. 60 4.1.1.2 Colaboradores ............................................................................................................... 60 4.1.2 Sexo ................................................................................................................................. 61 4.1.2.1 Coordenadores .............................................................................................................. 61

4.1.2.2 Colaboradores ............................................................................................................... 61 4.1.3 Escolaridade..................................................................................................................... 62 4.1.3.1 Coordenadores .............................................................................................................. 62

4.1.3.2 Colaboradores ............................................................................................................... 62 4.1.4 Tempo de atuação na IES ................................................................................................ 63

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4.1.4.1 Coordenadores .............................................................................................................. 63 4.1.4.2 Colaboradores ............................................................................................................... 63 4.1.5 Cargo na IES .................................................................................................................... 64 4.1.5.1 Coordenadores .............................................................................................................. 64

4.1.5.2 Colaboradores ............................................................................................................... 64 4.2 Principais valores organizacionais na compreensão dos coordenadores e no entendimento

dos colaboradores da IES ......................................................................................................... 65 4.2.1 Valores organizacionais coordenadores .......................................................................... 66 4.2.2 Valores organizacionais colaboradores ........................................................................... 66

4.3 Valores pessoais na percepção dos colaboradores da IES .................................................. 68 4.4 Análise da existência de alinhamento entre valores organizacionais e pessoais ................ 71

4.5 Consecução de metas .......................................................................................................... 73

4.5.1 Percepção dos colaboradores quanto à significância de sua contribuição para o

atingimento de metas ................................................................................................................ 81 4.5.2 Relevância do alinhamento de valores para o alcance de propósitos, no entendimento da

IES ............................................................................................................................................ 83

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 86

5.1 Sugestões para a Instituição pesquisada ............................................................................. 88 5.2 Sugestões de estudos futuros .............................................................................................. 89

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 90

APÊNDICE A – CARTA DE APRESENTAÇÃO .............................................................. 95

APÊNDICE B – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ....................................... 96

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1 INTRODUÇÃO

Este capítulo expressa a contextualização do problema, os objetivos do trabalho e

as justificativas prática e teórica.

1.1 Contextualização do problema

A compreensão de classes sociais se faz necessária quando o foco são as relações

entre empregadores e empregados. O conceito é amplo e questionável e, nesta direção,

Coleman (1983), Sivadas et al. (1997) e Hill (2002) apud Mattoso (2006), atribuem a falta de

esquemas de classificação social como uma das causas para o baixo desenvolvimento de

pesquisas que possam nos balizar quanto a sua natureza sob o olhar de algumas ciências.

Um dos mais conhecidos autores que abordou esse tema, Karl Marx, foi o

primeiro a fazer um ensaio claro a respeito de classe social, dividindo a sociedade em

burgueses, capitalistas e trabalhadores. Para tanto, ele se apropriou de elementos tais como

meios de produção e fator produtivo para traçar sua conceituação a respeito (MARX;

ENGELS, 20151). Para conceituar classe, opressão, alienação e exploração, Karl Marx fez

estudos e percebeu que uma porção de não produtores se apoderava de uma fração do que

havia sido manufaturado comunitariamente (MATOSO, 2006).

Lima, Nelson e Nassif (2016), desdobrando-se sobre os estudos de Karl Marx,

acrescentam que os trabalhadores eram empregados por capitalistas, donos dos meios de

produção e que, em razão disso, se apropriavam da mais-valia2 como lucro. Tal situação já

demonstrava a oposição entre as partes, visto que, para sua conveniência, os trabalhadores

buscavam ser mais remunerados, minimizando os lucros dos capitalistas.

Contrapondo-se a Karl Marx, Weber (1999) expande essa divisão e entende que a

sociedade é composta por trabalhadores, pela pequena burguesia e intelectuais sem

propriedade e os especialistas profissionais. Nos trabalhos de Lima, Nelson e Nassif (2016),

para os autores Marx e Weber, as classes sociais são provenientes do valor econômico e que a

diferença entre eles dá-se pelo fato de que Weber considera também a procedência do poder

político.

1 Lançado, originalmente, no ano de 1848. 2 Mais-valia é o nome dado por Karl Marx à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao

trabalhador, que é a base do lucro no sistema capitalista.

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Apesar da divisão ampliada de Weber (1999), o século XIX foi nitidamente

marcado por apenas duas classes sociais: a burguesia e o proletariado. A burguesia abrangia

os patrões, donos das fábricas, senhores do capital e, consequentemente, do poder. O

proletariado era a força servil, operários que tinham, além do corpo, apenas a capacidade de

trabalho. Por muitos anos, o resultado desta relação foi o proletariado ser explorado pela

burguesia (MARX; ENGELS, 2015). Os autores tornam essa relação ainda mais conflitante,

quando exprimem que o resultado da luta entre classes era uma transformação revolucionária

ou a ruína delas.

Após as experiências de Hawthorne3, provocadas por Elton Mayo4, que

contribuíram significativamente para uma perspectiva diferenciada para o elemento humano,

essa relação começou a trilhar outros caminhos. O estereótipo de exploração marcou, porém,

de modo decisivo, até os dias atuais, as relações de trabalho. Nos anos 1980, as intervenções

dos sindicatos e entidades de classe, do mundo inteiro, dentro das empresas, tornaram ainda

mais difícil o consenso entre as partes e intensificaram o distanciamento destas,

transformando as questões mais simples em uma verdadeira luta entre oponentes,

principalmente quando as discussões diziam respeito a salários (SOUZA; SOUZA, 2016).

No Brasil, desde o início dos anos de 1990, em meio a um cenário econômico

“imprevisível e altamente turbulento”, e com o enfraquecimento dos sindicatos, as empresas

buscaram harmonizar esta convivência e adotaram outra atitude, passando a investir no

conhecimento das necessidades de seus empregados que, ao longo do tempo, passaram a ser

vistos e tratados como clientes internos (SOUZA; SOUZA, 2016).

A realidade política e social do País mudou, sensibilizada pela hiperinflação e pela

Carta Constituinte de 1988, respectivamente, e, ante este novo panorama, os empresários

sentiram o peso da abertura do mercado nacional e do aumento da competitividade, refletindo

assim a necessidade de inovar para diferenciar-se do concorrente e garantir a sobrevivência no

mercado. Os empregados, por outro lado, foram atingidos por um alto índice de desemprego,

ocasionado pela política econômica em vigor (SOUZA; SOUZA, 2016). Isso contribuiu para

que as relações entre ambos começassem a se flexibilizar: “[...] não é o dinheiro o

combustível de viagem para o futuro, e sim a energia emocional e intelectual de cada

funcionário.” (HAMEL; PRAHALAD, 2005, p. 144).

3 A experiência de Hawthorne, foi realizada em 1927, em uma fábrica da Western Electric Company, situada em

Chicago, no bairro de Hawthorne e sua finalidade era determinar a relação entre a intensidade da iluminação e

a eficiência dos operários medidas pela produção. 4 George Elton Mayo (1880–1949) foi um psicólogo australiano, sociólogo e pesquisador das organizações.

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É oportuno abordar o conceito de marketing de relacionamento, no qual, conforme

Graziano et al. (2016, p. 627), “[...] se incluem todos os stakeholders5 organizacionais: os

clientes internos (funcionários), os intermediários (distribuidores, fornecedores, por exemplo)

e os finais (os consumidores usuários e potenciais)”, e que este é um meio à disposição para

uso da empresa, como modo de fidelizar o cliente externo e gerar vantagem competitiva,

desde que haja comprometimento dos clientes internos com os objetivos organizacionais.

Destarte, para conquistar e fidelizar os clientes externos, a principal estratégia

encontrada foi a valorização dos clientes internos, fazendo com que todos tenham uma visão

clara do mercado no qual a empresa atua, conhecendo seus produtos, objetivos e metas, de

modo a torná-los aliados na busca dos resultados (SOUZA; SOUZA, 2016). Kaplan e Norton

(1997, p. 135) asseguram que “[...] funcionários satisfeitos são uma precondição para o

aumento da produtividade, da capacidade de resposta, da qualidade e melhoria do serviço aos

clientes”, e Souza e Souza (2016, p. 41) garantem que “[...] manter os empregados

comprometidos com o negócio é uma condição sine qua non à consecução dos objetivos

organizacionais.”

Na atualidade, as empresas disputam diariamente uma fatia de mercado, tornando-

se cada vez mais difícil encontrar um diferencial que as mantenha em posição de destaque

ante seus concorrentes. Faz-se necessária outra visão, porquanto, conforme Souza e Souza

(2016, p. 41), “[...] pensar segundo essa lógica é conceber que pessoas podem ser fonte de

vantagens competitivas, ou seja, podem ser ativadores inteligentes de recursos e, portanto,

parceiros organizacionais.”

Deparamos, no entanto, uma evolução de papéis, provinda de mudanças no

âmbito do trabalho, alicerçada no enfraquecimento dos vínculos entre indivíduos. Assim, ao

traçar metas do planejamento estratégico, o elemento humano é visto, pela gestão, como um

conjunto de competências que agrega valor ao negócio. Da sua parte, empregados entendem a

organização como um recurso para atingir objetivos individuais. (SOUZA; SOUZA, 2016).

Deste modo, na maior parte dos casos, tanto empregadores como empregados

passaram a desenvolver outro papel. Souza e Souza (2016, p. 22) asseveram, com base em

pesquisas, “que a mudança recente de paradigma transformou o indivíduo em um agente

digno de investimento” e, por conseguinte, fonte de vantagem competitiva considerando a

conversão de mão de obra em capital humano. A parceria entre as partes é o elo principal,

5 Stakeholders compreendem todos os envolvidos em um processo, que pode ser de caráter temporário (como

um projeto) ou duradouro (como o negócio de uma empresa ou a missão de uma organização).

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fazendo com que ambos se achem responsáveis pela satisfação dos clientes externos e,

consequentemente, pela realização do lucro para a organização (SOUZA; SOUZA, 2016).

Com efeito, pensando no quanto a atuação humana é capaz de influir nos

resultados organizacionais, este trabalho aborda o alinhamento de valores entre empregados e

empregadores – pessoais e organizacionais – e a maneira como essa interdependência é

compreendida por uma IES, na elaboração dos resultados organizacionais definidos em linha

com metas do planejamento estratégico.

Em vista das considerações expressas há pouco, este estudo pretende responder à

seguinte indagação: qual a relação entre valores organizacionais, valores pessoais e alcance de

metas em uma Instituição de Ensino Superior?

1.2 Objetivos

Para responder à pergunta de pesquisa, na sequência, traçamos os objetivos geral e

específicos.

1.2.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a relação entre valores

organizacionais, valores pessoais e alcance de metas em uma Instituição de Ensino Superior.

1.2.2 Objetivos específicos

Alinhados ao objetivo geral, estabelecemos os seguintes objetivos específicos:

a) identificar o perfil dos colaboradores participantes da pesquisa;

b) identificar os principais valores organizacionais na compreensão dos

coordenadores de curso e no entendimento dos colaboradores da IES e

comparar os resultados expressos por ambos;

c) identificar os valores pessoais na percepção dos colaboradores da IES;

d) analisar se existe alinhamento entre valores organizacionais e pessoais;

e) verificar se os colaboradores percebem a significância de sua contribuição para

o atingimento de metas; e

f) verificar se a IES julga relevante o alinhamento de valores para o alcance de

propósitos.

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1.3 Justificativas

As justificativas teórica e prática que fundamentam este trabalho se apoiam em

pesquisas efetuadas em sites especializados de publicações acadêmicas, conforme

demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1 – Publicações acadêmicas

PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS

Artigos publicados no período de 2012 a 2017

Palavras-chave Fonte de consulta

SPELL SCIELO EBSCO

Resultados organizacionais 2 322 27

Cultura organizacional 66 5 277

Marketing de relacionamento 27 9 62

Endomarketing 3 2 12

Valores pessoais e organizacionais 1 0 8

Alinhamento de valores 0 2 1

Fonte: elaboração própria, em 28/09/2017.

1.3.1 Justificativa teórica

Na busca por publicações acadêmicas, demonstradas no Quadro 1, percebem-se

lacunas significativas quanto ao desenvolvimento de pesquisas em torno de assuntos que

podem ser utilizados pelas empresas, como instrumentos na trajetória a ser percorrida para

alcance de resultados.

Inverter o olhar de produção e venda para a relação com o consumidor era a

incumbência do Marketing de Relacionamento, que surgiu nos anos de 1960. Durante

décadas, no entanto, esse intento se confundiu com o escopo do Marketing, fato confirmado

por Demo et al. (2015), cujo objeto era apenas a conquista de clientes. Nos anos de 1990,

surgiu o CRM como modo de retomar o conceito de Marketing de Relacionamento, mas

muitas empresas continuaram confundindo a maneira de administrar o relacionamento com o

cliente. Perante o exposto, entendemos ser apropriado evoluir em estudos e pesquisas que

constatem sua ascendência sobre clientes internos e externos, sendo elemento contributivo

para o aprimoramento do clima organizacional e, consequentemente, sua valência como

instrumento gerador de lucro.

O Endomarketing, quando do seu surgimento nos anos de 1990, tinha como

propósito estimular a importância da harmonia entre as relações da empresa com os

empregados, envolvendo-os com informações claras sobre o objetivo do negócio. Neste

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19

sentido, vários estudos foram desenvolvidos para demostrar a sua aplicabilidade e

consequente eficácia quanto ao atingimento de metas. No decurso dos anos, no entanto, o

assunto foi perdendo força e a escassez de trabalhos foi constatada quando da busca nos sites

especializados (QUADRO 1). Nesta produção, o Endomarketing será aplicado como objeto

para análise e reconhecimento das ações internas da IES, que possam envolver clientes

internos para a conquista de clientes externos, visto que seus aportes teóricos e propósitos são

utilizados por empresas como meios da gestão.

Se as pessoas são parte do processo para o atingimento de objetivos e as empresas

precisam desta consciência para gerar vantagem competitiva, o alinhamento de valores -

pessoais e organizacionais – é expresso como meio da gestão, a qual acreditamos que possa

ser relevante. Nos anos de 1990, Tamayo e Gondim (1996, p. 62) asseveravam que, “[...]

apesar do papel determinante que tem em uma organização, os valores têm sido objeto de

pouca pesquisa empírica” e, após duas décadas, pelo que foi evidenciado no Quadro 1,

observa-se que poucos estudos foram desenvolvidos nesse âmbito, nos últimos cinco anos.

Para respaldar a possível relevância da adoção de alinhamento de valores pelas

empresas, é necessário aprimorar a cultura organizacional. Morgan (2006), que segmentou a

empresa em metáforas, adotou cultura como uma delas, haja vista a importância de alguns

elementos, entre eles os valores. O autor enfatiza que, por via desta metáfora, a empresa tem a

possibilidade de reexaminar quase todos os conceitos organizacionais, incluindo a estratégia.

À vista disso, entendemos que as considerações finais, após a pesquisa aqui

desenvolvida, possam declarar o mérito do alinhamento de valores pessoais e organizacionais

na concretização dos resultados organizacionais.

1.3.2 Justificativa prática

Entendendo que as empresas são formadas por um agrupamento de pessoas que se

relacionam socialmente e cuja opinião tem considerável influência sobre as decisões dos

consumidores – público externo – este trabalho é relevante na esfera econômica. Destarte, o

estudo aqui desenvolvido pode ensejar subsídios para as áreas de Recursos Humanos das

empresas aperfeiçoarem as ações com seus empregados, tornando-os parceiros da

organização. Como resultante do refinamento das relações com seu público interno, a empresa

atestará a atração e retenção de empregados e o fortalecimento da relação com os

stakeholders, influindo diretamente no atingimento de objetivos, com alcance de

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20

significativos resultados organizacionais e, consequentemente, geração de vantagem

competitiva perante os concorrentes.

A estrutura deste trabalho contempla cinco capítulos, iniciando-se nesta

introdução, onde foram abordados o problema levantado, os objetivos e as justificativas

teórica e prática.

A visão conceitual de endomarketing, cultura organizacional e valores são

detalhados no capítulo 2, mostrando suas características e a visão de alguns autores.

O capitulo 3 delineia a metodologia adotada, incluindo a caracterização da

pesquisa, o locus, a seleção dos sujeitos, a coleta e o tratamento dos dados, bem como os

limites e as limitações da pesquisa.

O capítulo 4 exibe a análise dos resultados da pesquisa, efetuando associação

entre as referências teóricas apresentadas no terceiro capítulo para identificar e descrever os

valores organizacionais e pessoais e o alinhamento destes com os propósitos da empresa.

O capítulo de remate torna manifestas as conclusões sobre a eficácia do

alinhamento de valores para o alcance dos propósitos organizacionais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este segmento evidencia os aspectos teóricos que fundamentam este experimento.

Endomarketing, Cultura Organizacional e Valores serão estudados para que possamos

legitimar os objetivos específicos estabelecidos no ensaio sob relatório.

2.1 Endomarketing

Documentadamente, o foco do marketing caracteriza-se pelo processo de trocas –

compra e venda – sejam em mercados de consumo ou em mercados Business-to-Business. No

final do século XX, no entanto, verificou-se que a maneira convencional de marketing

orientado para mercadorias tende a ser inadequada para obtenção de vantagem competitiva

sustentável. Esta realidade sugere que o atendimento aos clientes será o foco das empresas, e

não as vendas, para garantir sua permanência no mercado (PARASURAMAN; COLBY,

2002). Deste modo, a fidelização de clientes será resultante das oportunidades que as relações

humanas promoveram ao prestar um serviço ao cliente. Para isso, as empresas devem incluir

funcionários que mantêm contato com os clientes, na abrangência do marketing convencional

e, nesta nova perspectiva, considerar três tipos de marketing (QUADRO 2): marketing

interno, marketing interativo e marketing externo (PARASURAMAN; COLBY, 2002).

Quadro 2 – Tipos de marketing

TIPOS DE MARKETING

Marketing

interno

Trata-se do “Marketing” dirigido aos funcionários, isto é, que busca fazer com que

acreditem firmemente na empresa e os motivem a atender bem os clientes. Ele requer

que os funcionários sejam tratados como clientes internos e sejam aparados por

sistemas de suporte, como treinamento, material, delegação de poder, incentivos

necessários para prestar um atendimento superior aos clientes externos.

Marketing

interativo

Esse tipo de Marketing visa a estabelecer a fidelidade dos clientes durante suas

interações com os funcionários que têm contatos com clientes, independentemente de

sua função, reconheçam, aproveitem e capitalizem as oportunidades para criar uma

impressão favorável da empresa.

Marketing

externo

Essa denominação abrange os esforços da empresa para projetar, fixar preços,

promover e distribuir suas ofertas. Nela estão localizados os 4Ps do Marketing

convencional

Fonte: adaptado de Parasuraman e Colby (2002).

Compreendendo o marketing interno como ações da empresa para o funcionário,

marketing interativo equivalente ao relacionamento firmado entre funcionários e

consumidores e marketing externo equipolente as relações perpetuadas entre a empresa e seus

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clientes externos, tem-se que o elo entre eles é a figura da empresa e/ou marca, sendo esta

enquanto instituição ou sendo marca do ponto de vista das pessoas que a representa. No

entanto, na visão de Parasuraman e Colby (2002), as empresas só reconhecem o marketing

externo, valendo-se dele para atrair os clientes por intermédio de promessas e ofertas.

O marketing interno é uma marca denominada de endomarketing, certificado por

Bekin (2004). A origem da palavra “[...] endo é do grego e quer dizer ação interior ou

movimento para dentro. Endomarketing, é, portanto, marketing para dentro.” (BRUM, 2005,

p. 11). O endomarketing promoveu algumas derivações que associam o marketing interno ao

marketing externo e utiliza-se delas atualmente como ações complementares, para que as

empresas trabalhem sua imagem de marca. As mais comentadas e praticadas estão

especificadas no Quadro 3.

Quadro 3 – Ações complementares do endomarketing

AÇÕES COMPLEMENTARES DO ENDOMARKETING

TIPO DEFINIÇÃO

Marketing

de

Benefícios

É a utilização de instrumentos de comunicação interna para trabalhar a informação

sobre tudo o que a empresa faz pelo funcionário, além de pagar seu salário. Envolve

itens como assistência médica e hospitalar, programas de treinamento, creches para

filhos de funcionários, viagens de estudo, etc. Uma ferramenta importante de

divulgação desses benefícios é o Balanço Social que nada mais é do que uma

prestação de contas aos funcionários e à comunidade como um todo, sobre o

montante gasto com benefícios. Hoje é crescente o número de empresas

preocupadas em colocar para fora aquilo que fazem de bom dentro da empresa.

Marketing

de Incentivos

São programas internos ligados a incentivos, usados pelas empresas para gerar

receita. Encaixa-se nessa modalidade os programas de incentivo a produtividade,

participação nos resultados, prêmios, etc.

Marketing

Social e

Comunitário

No mercado atual, qualidade, serviços, preços e estratégias de marketing de produto

deixaram de ser diferenciais para as empresas. Ou elas têm, ou estão mortas. É

preciso fazer tudo isso e ainda conseguir que as pessoas gostem da empresa na qual

trabalham, identifiquem-se com a sua marca, tenham satisfação em trabalhar no seu

negócio. A empresa que tem uma participação comunitária consciente e generosa

produz um sentimento de orgulho muito grande em seus funcionários.

Marketing

Cultural

É comum, hoje, as empresas buscarem agregar valor a sua marca utilizando

elementos e signos facilmente aceitáveis pelo consumidor, de forma a não agredi-lo

em seus momentos de lazer através do marketing cultural. A partir das leis de

incentivo à cultura, parte da receita que as empresas pagam em impostos pode ser

investida em produtos culturais, o que intensificou ainda mais a sua utilização, afinal

isso pode não ter muita importância para a empresa, mas tem um valor inestimável

para o funcionário.

Fonte: adaptado de Brum (2005).

Nos anos 1990, vigorou um novo conceito, com o objetivo de capitalizar todo o

esforço interno para complementar aquilo que as empresas fazem no plano de marketing

externo. O exomarketing tem origem na palavra grega “éxo” e quer dizer “para fora”,

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podendo ser definido como “[...] uma estratégia de comunicação externa que se utiliza das

ações e instrumentos de endomarketing como conteúdo.” (BRUM, 2005, p. 175).

Poucos autores até agora se dedicaram ao estudo do endomarketing no Brasil, o

que torna o embasamento teórico bastante restrito quanto à exploração e comparação das

abordagens. Na bibliografia encontrada no mercado, três autores se destacam com obras a

respeito deste tema. A seguir, serão apontadas as abordagens de endomarketing, segundo

Bekin (2004), Brum (2003, 2005) e Cerqueira (1994).

2.1.1 O modelo sugerido por Bekin (2004)

Nos últimos anos, o termo endomarketing popularizou-se tanto nas empresas

quanto nas instituições educacionais, mas, apesar disso, ainda existe pouca familiarização

com o seu verdadeiro significado. Bekin (2004, p. 3) o compreende como “[...] ações de

marketing dirigidas para o público interno da empresa ou organização. Sua finalidade é promover

entre os funcionários e os departamentos os valores destinados a servir o cliente ou, dependendo do

caso, o consumidor.” O autor faz uma separação dos clientes internos, de modo a considerar

como tais apenas aqueles comprometidos com os objetivos da empresa, movidos pelo

comprometimento e aderindo integralmente aos objetivos traçados pela organização.

Apoiado no fato de ser o criador do conceito, Bekin (2004, p. 4) diz que o termo é

fruto de sua “[...] necessidade pessoal e profissional de definir uma nova área de ação e

investigação” e acrescenta que, “[...] mais do que um nome ou uma marca, endomarketing é

um conceito, uma postura, uma atitude e um comportamento, um instrumental que

corresponde a uma nova abordagem para o mercado.” Para chegar a essa conclusão, tomou

como base o artigo Miopia em Marketing, de Levitt (1985 apud BEKIN, 2004), onde o autor

acentua que, “[...] se a empresa espera atingir objetivo lá fora, precisa se certificar de que

todos nela estejam comprometidos com esse objetivo.” Para Bekin (2004), esta frase tem o

peso de veredito.

Opinando sobre a época em que vivemos, Bekin (2004) relembra que o século

XXI é marcado por mudanças cada vez mais velozes, pelo fato de que esse conjunto de

transformações marca um novo ciclo histórico pós-Revolução Industrial. O valor da prestação

de serviço, o consumidor e o mercado, com ações direcionadas ao cliente, constituem a nova

realidade.

A informação e o conhecimento são os ingredientes essenciais para a produção de

riqueza na nova realidade e, uma vez que só as pessoas são capazes de retê-los, Bekin (2004)

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assinala que as empresas, por sua vez, devem se empenhar em valorizá-los, adotando

modalidades de gerenciamento descentralizado, o que permite decisões rápidas e circulação

de informações reais do mercado. Para explicar como o endomarketing se comporta nesta

nova situação, o autor esclarece que a prioridade desta nova economia é atender as

necessidades do consumidor, não se preocupando apenas em observar conformidades

técnicas, mas satisfazer suas expectativas, e, para isso, a empresa precisa captar a percepção

do cliente em relação ao seu produto. O endomarketing, portanto, é usado como expediente

para a formação de um ambiente onde o conhecimento e os valores permeiam a todos que

compõem a organização.

Principal instrumento do endomarketing, o marketing deve atuar em todas as áreas

da empresa, para que todos possam compreender a necessidade em direcionar suas ações para

o cliente. Essa nova concepção transforma o endomarketing em uma evolução sofisticada do

marketing, fazendo com que a velha noção que o reduzia a mera atividade de propaganda

esteja completamente superada (BEKIN, 2004).

Duas vertentes são utilizadas por Bekin (2004) para explicar o ambiente vivido

nos anos de 2000 pelas empresas: uma orientada para o produto – bem antiga e já superada; e

outra dirigida para as necessidades do cliente – correspondendo à realidade atual, e o

crescimento da consciência dos direitos do consumidor foi um fator fundamental para

ocasionar uma nova situação real direcionada para atender as necessidades do cliente.

A transmissão dos objetivos para o quadro de funcionários é um mecanismo do

endomarketing que deve ser usado didática, clara, coerente e consistentemente, para que

ambos atinjam juntos os objetivos da empresa. É uma via de mão dupla que atende aos

interesses de ambos (BEKIN, 2004). O autor defende a ideia de que o atendimento ao público

externo não pode ser prejudicado por uma falha do público interno.

Cinco habilidades são necessárias às empresas que querem se destacar entre seus

concorrentes, embasadas no endomarketing: reconhecer que têm a competência de identificar

oportunidades de mercado; traduzir essa percepção em algo que atenda àquele anseio

identificado; oferecer algo de valor ao consumidor, desde que haja uma vantagem

competitiva; entender o comportamento da concorrência; e ser capaz, internamente, de alinhar

pessoas e processos aos objetivos do negócio (BEKIN, 2004). Na opinião do autor, “[...] para

bons resultados, não há mágica: apenas clareza de objetivos, somada à mobilização interna

rumo a esses objetivos.” (BEKIN, 2004, p. 41).

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2.1.2 O modelo indicado por Brum (2003, 2005)

Na perspectiva de Brum (2005), os estudos sobre a motivação e acerca da

importância do estado de espírito das pessoas não são recentes. Para mostrar isso, ela visita o

passado e faz breve comparação de fatos vividos por estadunidenses e japoneses nos anos de

1950. Naquela época, enquanto os ianques queriam ensinar aos japoneses tudo sobre

metodologias estatísticas, estes lhes retribuíam, mostrando a importância da união das pessoas

em torno do mesmo objetivo. O Japão do pós-Segunda Guerra era um País com razoável

indústria militar, péssima indústria civil, produtos de exportação ruins e vendidos por preços

baixos. O fator capaz de mudar esta circunstância foi justamente a percepção da importância

do envolvimento das pessoas (BRUM, 2005).

Os nipônicos se embasavam na palavra kanri, que significa não apenas controle,

mas, principalmente, remover obstáculos e fazer com que todos olhem na mesma direção.

Essa definição remete diretamente ao principal objetivo do endomarketing, que é “[...] fazer

com que todos os funcionários tenham uma visão compartilhada sobre o negócio da empresa,

incluindo itens como gestão, metas, resultados, produtos, serviços e mercados nos quais atua.”

(BRUM, 2005, p.15). O surgimento do endomarketing decorre da necessidade de motivar as

pessoas para as mudanças implementadas nos anos de 1950, no mundo inteiro. As empresas

precisavam encontrar maneiras de se comunicarem com o público interno, o que levou ao

desenvolvimento, por várias décadas, das mais diversas técnicas utilizadas desde o final do

século XX (BRUM, 2005).

Conceituando endomarketing, Brum (2003) assevera que sua atuação passa pela

educação, carinho e atenção que a empresa dispensa para seus funcionários, de modo a torná-

los criativos, o que propiciará o encantamento dos consumidores. A transmissão de informações

claras e transparentes é um jeito de aproximar a empresa de seus funcionários. A autora defende o

argumento de que as empresas devem se esforçar para se comunicar com seus clientes

internos, igual a como faz para se comunicar com seus clientes externos.

As empresas brasileiras tiveram muita dificuldade em perceber e aceitar o fato de

que, para educar e mudar pessoas, são exigidos comunicação e planejamento, e que a falta da

educação contribui diretamente para a diminuição do grau de comprometimento das pessoas

com os programas de endomarketing implementados. No início do século XXI, maior

envolvimento é atribuído às pessoas que compõem a parte de cima da pirâmide

organizacional, demonstrando que a adequada comunicação com a base da pirâmide pode ser

fator de motivação para os funcionários (BRUM, 2005).

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O fracasso dos programas internos só é percebido pelos empresários, quando o

endomarketing lhes é apresentado de modo mais abrangente. E, visto sob este ângulo, o

endomarketing é definido como práticas usadas pelos gestores da empresa para mercantilizar

sua imagem aos funcionários (BRUM, 2005). A autora não vê o endomarketing como um

assunto da moda, mas sim como urgência direta das empresas que visam à expansão dos

negócios e à permanência no mercado.

O homem é visto, no final do século XX, como elemento principal perante os

processos de mudança e de modernização empresarial. Portanto, as reações das pessoas diante

das mudanças devem ser consideradas, pois têm o poder de dificultar e até impedir o

desenvolvimento de qualquer atividade (BRUM, 2005). A autora assegura que o marketing

deve se ocupar em desenvolver a comunicação interna com vistas a motivar todos os clientes

internos, mediante programas de endomarketing que possam torná-los comprometidos com o

negócio.

Voltando-se para o os anos de 1990, Brum (2005) acredita que esse é o melhor

momento das relações entre capital e trabalho. Embora reconheça que ainda existem várias

questões a serem trabalhadas e aperfeiçoadas, a autora acredita que os anos de 1990 podem

ser definidos como o período em que estas relações encontraram o caminho da reconciliação.

Os interesses de empresários e empregados foram aproximados pela abertura de mercado,

pela evolução da informação e pelo desenvolvimento tecnológico, fazendo com que estes

canalizassem energia não para brigar entre si, mas para lutar pela sobrevivência.

Essa união das partes pode ser constatada pelo fato de vermos empresários

lutando em conjunto com os empregados na busca de melhores e maiores oportunidades. Na

visão de Brum (2005, p. 21), é por isso que, “[...] quando nos deparamos com empresários tratando

empregados como aliados, no combate aos seus concorrentes, podemos dizer que nunca, na história da

humanidade, foram tão próximas as relações entre capital e trabalho.”

Para explicar como ocorre esse fenômeno, Brum (2005) traça um paralelo entre

Brasil, Japão e EUA. Nos EUA, as partes, apesar de terem interesses específicos, trabalham

juntas porque estão ligadas pelo desejo de prosperar, o que permite equilíbrio entre capital e

trabalho, e faz com que uma parte não perca tempo quando a outra não exprime bons

resultados: é uma luta igual que exige mérito, competência, ousadia e dinamismo. No Japão,

as empresas mantêm com seus empregados uma relação familiar, em que a dedicação e a

lealdade são a garantia do emprego para o resto da vida. Se os empregados não denotam bons

resultados, são deslocados de cargos, mas nunca afastados da empresa. No Brasil, o pacto

parece ser: o empresário dá o emprego e o empregado faz sacrifícios para mantê-lo. O

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empresário tem a imagem de padrasto, e o funcionário a de um enteado rancoroso (BRUM,

2005).

Malgrado o reconhecimento de uma evolução profunda, que valoriza a

inteligência emocional e a criatividade, ainda são encontrados, dentro de algumas empresas,

resquícios de uma cultura de muito controle e pouco incentivo, segundo a qual funcionários

cumpridores de regras são retidos mesmo sem ajuntar valor ao negócio. O paternalismo,

portanto, é percebido no Brasil e no Japão ante a visão de que as conquistas são tratadas como

bondosas concessões do capital ao trabalho (BRUM, 2005). Compreende, a autora, que,

mesmo diante de muitas dificuldades, as empresas brasileiras perceberam que ambientes

baseados no paternalismo ensejam apenas uma força de trabalho servil e, apesar de toda a

mediocridade de uma cultura onde o empregado era visto como um fator do capital, já existe

aqui um grupo bastante grande de empresários e executivos que edificam realidade diferente,

baseada na proatividade, na contribuição efetiva e na busca de soluções.

2.1.3 O modelo proposto por Cerqueira (1994)

Para explicar como o nível de conscientização atinge o comportamento individual

e coletivo do homem no trabalho, Cerqueira (1994) nos indica várias situações, desde a 1ª.

Guerra Mundial até o final do século XX, traçando paralelos entre eles: do aperfeiçoamento

do avião ao uso da eletricidade na manufatura de equipamentos eletrônicos para comunicação,

do desenvolvimento do avião comercial, que reduziu as fronteiras mundiais, à inauguração da

TV, que aproximou as classes sociais e completou o fluxo de interação pela comunicação

globalizada.

No ambiente de trabalho, o homem busca não só os seus direitos como

trabalhador, mas também como ser humano, procurando desenvolver maior percepção de suas

necessidades e satisfação de suas carências, tanto de ordem material quanto motivacional. Por

isso, podemos dizer que atualmente o homem está consciente de que é o fator principal do

processo produtivo e não um fator qualquer da produção. Portanto, “[...] é indispensável ser

olhado como gente, pois tem a mesma natureza igualitária de todos, quer sejam gerentes,

engenheiros ou diretores.” (CERQUEIRA, 1994, p. 2).

Existe um elo com os valores sociais dos anos de 1990, e Cerqueira (1994)

defende a posição de que, nesses anos, eles atingiram um grau de propagação global,

despertando a compreensão das pessoas para o maior de todos os valores - a liberdade - quer

seja de pensar, falar, amar ou até mesmo de ir e vir. Assim, o autor manifesta a ideia de que

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esse despertar fez com que a sociedade exigisse mais transparência, mais participação e

democracia.

Em termos de organização empresarial, o avanço da conscientização do homem é

tão irreversível quanto a necessidade das organizações adaptarem seus sistemas da gestão ao

plano atual de percepção de seus colaboradores, pois o homem precisa estar em um ambiente

onde seja valorizado como pessoa, conquistando reconhecimento e eliminando a prepotência

hierárquica. Os gestores que não tiverem essa visão, certamente, sofrerão as consequências

em curto, médio e longo prazo (CERQUEIRA, 1994).

Uma empresa pode ser dividida em dois nortes, na óptica de Cerqueira (1994):

norte cultural é a maneira como as pessoas que constituem a empresa lidam com a tecnologia,

ou seja, o quanto elas são capazes de, perante suas necessidades, interesses pessoais,

inseguranças e medos, guiar o desenvolvimento da tecnologia para onde lhes for mais

conveniente. O norte tecnológico é o quanto a empresa dispõe de tecnologia para gerir suas

diversas áreas: industrial, comercial, administrativa, financeira e recursos humanos. O norte

tecnológico é movimentado pelas pessoas no trato diário com outras e que são capazes de

provocar disfunções entre as áreas. A falta de sintonia destes dois nortes ocasiona perda da

qualidade e da produtividade, desperdício de matéria-prima, afeta o custo operacional,

provoca má relação entre as pessoas, o desrespeito de um para com o outro e a péssima

interação das áreas.

Este é o raio-x das empresas sem orientação cultural para condução das pessoas

rumo à cultura tecnológica. As empresas devem, então, aproveitar sua tecnologia e seus

recursos humanos e promover um norte cultural sinérgico, desenvolvido para todos os

funcionários, que, uma vez sendo seguido, trará o desenvolvimento organizacional voltado

para a excelência (CERQUEIRA, 1994). Para atingir esta sinergia, o autor aponta duas

situações a que as pessoas são expostas: a primeira é a concordância externa e mecânica, com

o estímulo emitido por outra pessoa, é a aceitação superficial ao pedido ou à ordem que

produz apenas envolvimento. A segunda é a concordância interna, é uma identificação

motivacional ao estímulo recebido do outro: é o comprometimento.

Assim, o comprometimento das pessoas, nas organizações, é função do norte

cultural e, para atingi-lo, a empresa deve ter uma base de valores. Cerqueira (1994, p. 17)

considera que “[...] valor cultural é tudo aquilo que nos incentiva à prática de uma atitude

preestabelecida, tendo como base algo que reconhecemos como válido e bom para nós”; e

esses valores no mundo ocidental são diferentes daqueles desenvolvidos no Japão. Lá,

assegura o autor, o comprometimento é obtido pelo grau educacional do povo que é remetido

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para a honra de valores maiores – pátria, trabalho e família – subordinando os interesses

individuais aos proveitos coletivos. No ocidente, não existe uma escala de valores e o nosso

comprometimento está intimamente ligado ao interesse individual. Para facilitar o

desenvolvimento da sinergia do comprometimento, dentro das empresas ocidentais, o autor

oferece alguns valores básicos: autoestima, empatia e afetividade nas relações (CERQUEIRA,

1994).

Alguns inimigos, classificados como invisíveis, ameaçam as empresas: a falta de

definição do norte cultural e, principalmente, da base de valores, falta da gestão preventiva

das chefias e as dificuldades que estas chefias têm de levar para cima os problemas dos

subordinados que chegam até eles. Toda pessoa busca satisfazer suas necessidades, suas

carências, mas o ambiente em que vive lhe impõe regras, leis, códigos e limites, que

dificultam essa procura. Por outro lado, sem essas restrições, a sociedade seria um caos, por

isso pune aqueles que as infringem e com isto faz com que a pessoa nem sempre consiga

satisfazer seus desejos em função de, constantemente, deparar restrições sociais, econômicas e

fisiológicas (CERQUEIRA, 1994).

A satisfação das necessidades é o fator determinante da motivação do ser humano,

segundo o autor. Se as carências básicas não são atendidas, as pessoas estão predispostas à

desmotivação psicológica. Por isso as empresas devem motivar psicologicamente seus

funcionários, atendendo suas necessidades primárias de sobrevivência, pois “[...] nossas

carências ou necessidades estão quase que predominantemente concentradas na busca de

segurança e reconhecimento.” (CERQUEIRA, 1994, p. 44). Para consolidar a sinergia do

comprometimento, o autor defende a noção de que não basta investir apenas na cultura ou em

novos valores, mas também criar sistemas de apoio e desenvolver programas de treinamento

comportamental que venham a introduzir esses conceitos nas pessoas.

O endomarketing “[...] melhora a comunicação, o relacionamento e estabelece

uma base motivacional para o comprometimento entre as pessoas e das pessoas com o sistema

organizacional” e “[...] prova que as pessoas só caminham para a excelência quando percebem

que a empresa respeita seus valores, investe no desenvolvimento de modelos gerenciais

avançados e acredita e aposta no potencial humano.” (CERQUEIRA, 1994, p. 52, p. I).

2.1.4 Síntese dos modelos de Bekin (2004), Brum (2003, 2005) e Cerqueira (1994)

A seguir, no Quadro 4, há um comparativo entre os modelos oferecidos pelos três

autores aqui estudados, evidenciando as premissas de endomarketing, com o intuito de

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contribuir, de modo sintético, para o entendimento do leitor acerca das abordagens de cada

um dos autores.

Quadro 4 – Comparativo dos modelos dos autores

COMPARATIVO DOS MODELOS DOS AUTORES

PREMISSAS AUTORES

BEKIN BRUM CERQUEIRA

Conceito de

Endomarketing

Consiste em ações de

marketing dirigidas ao

público interno da empresa

ou organização. Sua

finalidade é promover entre

os funcionários e os

departamentos os valores

destinados a servir o cliente

ou, dependendo do caso, o

consumidor.

Nada mais é do que dar ao

funcionário educação,

carinho e atenção,

tornando-o bem preparado

e bem informado para que

possa tornar-se também

uma pessoa criativa e feliz,

capaz de surpreender,

encantar e entusiasmar o

cliente.

São projetos e ações que

em uma empresa deve

empreender para

consolidar a base cultural

do comprometimento dos

seus funcionários com o

desenvolvimento das

diversas tecnologias.

Foco principal

Clareza de objetivos; e Motivação mediante a

integração e a informação;

Alinhamento entre

recursos humanos e

tecnologia como forma de

obter sinergia e motivar as

pessoas a conquistar o

desenvolvimento

organizacional

Mobilização interna rumo

aos objetivos.

Valorização das pessoas; e

Transmissão clara de

objetivos, metas e

resultados.

Fonte: adaptado de Paiva (2005).

As exposições dos autores sobre o tema em foco e suas particularidades,

sintetizadas no Quadro 4, sustentam as teorias do endomarketing. Bekin (2004) faz uma

intermediação dentro das empresas, buscando envolver tanto empregadores quanto

empregados para ampla conscientização destes em torno do verdadeiro significado do

endomarketing, defendendo a noção de que, somente com base na conscientização de ambas

as partes em torno do assunto, de fato, as empresas poderão trilhar o caminho do uso do

endomarketing para produzir resultados e ocasionar vantagem competitiva. Por sua vez, Brum

(2003, 2005) opta pela simplicidade do emprego da comunicação e defende a transmissão

clara de metas e objetivos, para que as pessoas possam ser envolvidas e se tornem

comprometidas com os resultados organizacionais. Já Cerqueira (1994) sugere a adoção de

projetos que privilegiem o que ele classifica de “norte cultural”, ou seja, todo o conjunto de

interesses individual, buscando a motivação das pessoas e o comprometimento destas com os

resultados esperados pelas empresas. A motivação passa então a ser o elo mais forte que liga

os autores ao assunto, sendo apontada por eles como o melhor instrumento de endomarketing

à disposição das empresas, que pode ser usado para promover a união de empregados e

empregadores em torno de um objetivo comum (PAIVA, 2005).

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31

2.2 Cultura organizacional

Dar significado à cultura, na abordagem dos advogados, é aplica-la no sentido de

culto, o que pode expressar sofisticação, mas, vista por antropólogos, especifica os ritos e

costumes das sociedades que têm sido desenvolvidos em larga trajetória histórica. A

referência ao clima organizacional, bem como a todas as ações executadas pelas empresas

para ocupar-se das pessoas, é da responsabilidade dos pesquisadores organizacionais

(SCHEIN, 2009). Como metáfora, perpassa a ideia de cultivo - aprimoramento da terra – na

perspectiva de Morgan (2006), cujo pensamento coincide com o de Schein (2009), no que se

refere não só aos ritos e costumes, mas também no sentido de ser culto. No entendimento de

Fleury (2009), a cultura é um influenciador do comportamento humano por intermédio de

valores e significados, no entanto, no prisma de Tharp (2009), adotá-la como um padrão

social é fragilizar seu significado e amplificar sua abrangência, asseverando o autor o fato de

não existir uma compreensão, mas sim pouco consenso das áreas de estudo em torno do tema.

Oferecido para as Ciências da Gestão, no final dos anos 1960, o conceito de

cultura emergia da necessidade de empresas ianques e europeias – transformadas em

multinacionais - implantar seus padrões da gestão e, assim, se comunicarem com pessoas de

outros países, onde haviam fixado plantas industriais para enfrentar a concorrência e constituir

vantagem competitiva. Nem sempre os gestores alcançaram sucesso ao replicar as práticas de

origem, mesmo que sendo o mais fielmente possível, visto que depararam problemas antes

desconhecidos em suas nações. O desenvolvimento do conceito promoveu diversas

argumentações em função de que cultura era assunto inusitado no que dizia respeito à teoria

da gestão (FLEURY, 2009).

Mais intensamente, no final do século XX e início do século XXI, o conceito de

cultura foi gerador de controvérsias entre acadêmicos, produzindo um debate salutar, por

vezes, causador de embaraço para acadêmicos e membros das organizações se o resultado são

interpretações dúbias, diante do destaque da cultura. Resultados comportamentais, que não

revelam sua origem, são exemplos da existência de fenômenos ocultos da cultura que

demonstram sua invisibilidade e até inconsciência, podendo, com efeito, associá-la a um

grupo como igualmente está a personalidade ou o caráter para a pessoa. Se, de um lado, a

personalidade e o caráter são orientadores do comportamento individual, de outra parte, a

cultura é formadora do comportamento grupal, mediante normas (SCHEIN, 2009).

O conceito de cultura, crescentemente, é coligado à análise de organizações, na

perspectiva de Smircich (1983). Assim, para versar sobre cultura organizacional, faz-se

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necessário, antes, buscar entendimento quanto ao conceito de organização, que, para Schein

(1983), é percebida como sendo o quantitativo de pessoas que se relacionam em torno de um

objetivo de sua ambiência. Morgan (2006) assegura que as organizações são complexas e

paradoxais, exigindo visão periférica dos administradores para abordar as situações por

distintos ângulos, o que lhes permite diversas possibilidades de ações.

Imagens e metáforas são utilizadas para caracterizar as organizações durante o

evolver da Administração – teoria e prática – por teóricos e gestores (SMIRCICH, 1983).

Para contribuir com os administradores das empresas, Morgan (2006, p.21) classificou as

organizações em oito metáforas (QUADRO 5). Metáfora, para o autor, é “[...] uma figura de

linguagem comparativa frequentemente usada para dar um toque criativo a nossa maneira de

falar”. Uma vez que amplia nosso pensamento e nos simplifica o entendimento, compreender

a organização por via de metáforas possibilita múltiplas visões aos seus gestores.

Quadro 5 – Organizações vistas como metáforas

ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO METÁFORAS

Máq

uin

as

A máquina organizacional tem metas e objetivos; ela é planejada como uma estrutura racional

de tarefas e atividades; seu desenho torna-se um organograma; e as pessoas são contratadas

para operar a máquina e todo mundo deve comportar-se de maneira predeterminada.

Org

anis

mos

Ajuda-nos a entender as organizações como conglomerados de seres humanos, negócios e

necessidades técnicas inter-relacionados; encoraja-nos a aprender a arte da sobrevivência

corporativa; e leva-nos a desenvolver sistemas orgânicos vibrantes que permanecem abertos a

novas mudanças.

Cér

ebro

s

Focalizamos sua capacidade de aprender e o processo que tanto pode atrofiar quanto

aumentar a inteligência organizacional; descobrimos como os resultados da moderna pesquisa

sobre o cérebro podem ser traduzidos em princípios para criar organizações que aprendem;

entendemos como a inteligência pode ser distribuída através de uma empresa; e vemos como

o poder da informática pode ser usado para desenvolver modos descentralizados de

organização que são simultaneamente globais e locais.

Cu

ltura

s

Vemos importantes variações em estilo cultural de uma nacionalidade para outra; vemos que

organizações individuais também podem ter suas próprias culturas; entendemos que

desdobramentos em qualquer organização são um reflexo do que está nas mentes das pessoas;

notamos que enquanto algumas culturas corporativas podem ser uniformes e fortes, outras são

fragmentadas pela presença de subculturas; e percebemos que a organização se baseia em

significados compartilhados que permitem que as pessoas se comportem de maneira

organizada.

Sis

tem

as

Po

líti

cos

Vemos a organização e a administração como um processo político, identificamos diferentes

estilos de governo; vemos como a organização torna-se politizada devido a interesses

divergentes de indivíduos e grupos; reconhecemos o fato de que o conflito é uma propriedade

natural de toda organização; e observamos muitas fontes diferentes de poder e aprendemos

como elas podem ser usadas em nosso interesse.

Continua

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33

Quadro 5 – Organizações vistas como metáforas Continuação

ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO METÁFORAS P

risõ

es p

síqu

icas

Vemos que as organizações sempre têm um significado inconsciente; compreendemos que as

forças psíquicas podem agir como dimensões ocultas da organização que encorajam ou

bloqueiam a inovação; prestamos especial atenção a como atitudes congeladas e forças

inconscientes podem fazer com que as pessoas resistam à mudança organizacional;

reconhecemos o poder e significado do que, superficialmente, parece irracional; e

reconhecemos como podemos nos tornar prisioneiros de nossas maneiras de pensar e como,

se quisermos, esse padrão pode ser mudado.

Flu

xo

e

tran

sform

ação

Ganhamos novas perspectivas sobre a natureza fundamental da mudança; vemos que forças

sistêmicas profundas estão prendendo as organizações ao status quo ou dirigindo sua

transformação; e adquirimos perspectivas novas e poderosas para a intervenção, usando

imagens de espirais, círculos e contradições para ajudar as organizações a mudar de um

modelo de operação para outro.

Inst

rum

ento

s

de

dom

inaç

ão Quando pensamos na construção das antigas pirâmides ou nas atividades das empresas

modernas, nossa atenção é atraída pelo processo de dominação que está por trás da atividade

organizada; o vício de trabalhar em excesso, os acidentes e as doenças ocupacionais, o stress

social e mental passam a ser vistos como o preço imposto a um grupo de pessoas para atender

aos interesses de outras; e o papel das empresas globais na exploração das pessoas e dos

recursos passam a ser vistos como parte de um processo profundo de exploração.

Fonte: adaptado de Morgan (2006).

Gestão comparativa, cultura corporativa, cognição organizacional, simbolismo

organizacional e processos inconscientes e organizacionais são assimilações descoincidentes

da cultura e da organização que amparam as investigações dessa ambiência, demonstrando

modalidades diferentes de concepção de cultura e organização. Cada uma dessas assimilações

é exploração viável: nos dois primeiros, a cultura é uma variável independente ou dependente,

externa ou interna, e, nos três últimos, é expressa como metáfora para conceptualizar a

organização. Para o autor, esse conjunto comprova a riqueza e a variedade do conceito de

cultura quando se analisam as organizações (SMIRCICH, 1983).

Nos cinco conjuntos (FIGURA 1), cultura está interligada com organização –

pressupostos e metáforas subjacentes – sendo que, nos dois primeiros, a cultura é uma

variável da organização – independente e depende, interna ou externa – e, nos três últimos, é

uma metáfora utilizada para conceituar a organização, não sendo, portanto, variável em tudo.

O agrupamento revela riqueza e variedade do conceito de cultura para as organizações

(SMIRCICH, 1983).

Desde o momento em que a organização é criada, seu fundador, que também deu

origem aos seus membros, os molda por meio da cultura, fruto de sua personalidade. Essa

cultura só será internalizada por seus membros quando esse grupo alcançar a exaustão nos

problemas, o que exigirá superação e, consequentemente, criação de regras que possibilitarão

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convivência factível entre eles, fazendo assim com que a cultura organizacional seja “[...] o

ponto de partida de pressupostos básicos.” (SCHEIN, 1983, p. 1).

Figura 1 – Intersecções da teoria da cultura e da teoria organizacional

Fonte: Smircich (1983, p. 342).

Com efeito, a cultura não se materializa em artefatos visíveis – tangíveis - que

possam servir como presente para alguém externo à organização. É nos pressupostos por

detrás dos valores, que explicitam os padrões comportamentais, e em artefatos como as

instalações físicas e maneiras de vestir, que a cultura é identificada (SCHEIN, 1983).

Pensamento semelhante tem Pettigrew (1979), que destaca o papel dos fundadores como

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instituidores de mitos e rituais, símbolos, línguas, ideologias e crenças – elementos culturais e

significativos – e não apenas criadores de elementos tangíveis e também racionais das

organizações.

O sistema de significados aceitos e praticados, pública e coletivamente, por um

determinado grupo em certo momento, é o entendimento de Pettigrew (1979) para conceituar

cultura organizacional. Concebendo cultura como propriedade de grupos, Schein (1988, p. 7)

define cultura organizacional como

[...] um padrão de suposições básicas, inventado, descoberto ou

desenvolvido por um determinado grupo, pois aprende a lidar com seus

problemas de adaptação externa e integração interna, que funcionou bem o

suficiente para ser considerado válido e, portanto, deve ser ensinado a novos

membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação a

esses problemas.

Deste modo, a estabilidade do grupo, e com suas experiências de aprendizado,

mesmo que apenas por um período, é sinalizadora de que a organização tem uma cultura, e, ao

interpretar cultura como suposições, Schein (1988), reconhece a conveniência de analisá-la

em distintos níveis (FIGURA 2).

Figura 2 – Níveis de cultura organizacional

Fonte: adaptada de Schein (1988).

Apesar de sua tangibilidade, os artefatos – observados, sentidos e notados quando

se penetra o ambiente organizacional – são de interpretação difícil, sendo necessária a

assistência por um membro do grupo para que sejam compreendidos. Aos valores estão

ligados ideias, normas, objetivos, princípios morais e premissas intangíveis; e, sob os valores,

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são detectadas suposições subjacentes, que são anomalias, inconsistências ou fenômenos

ininteligíveis (SCHEIN, 1988).

Pelo fato de a cultura englobar todas as áreas da vida em grupo, Schein (1988, p.

10) a considera como “onipresente” e admite que o seu conteúdo pode ser observado em um

conjunto de tarefas externas e internas (QUADRO 6) e em um conjunto, quesitos com os

quais os grupos lidam (QUADRO 7), denominados como dimensões da cultura.

Quadro 6 – Conjunto de tarefas externas e internas

CONJUNTO DE TAREFAS EXTERNAS E INTERNAS

TAREFAS DE ADAPTAÇAO EXTERNA

1 A principal missão, funções manifestas e latentes, e principal tarefa da organização, cara a cara,

em seus ambientes;

2 Os objetivos específicos a serem perseguidos pela organização;

3 O básico feito para ser usado na realização da meta;

4 Os critérios para ser utilizado para medir os resultados; e

5 As estratégias correctivas ou reparação se os objetivos não são alcançados.

TAREFAS INTERNAS DE INTEGRAÇÃO

1 A linguagem comum e o sistema conceitual a ser usado, incluindo conceitos de tempo e espaço;

2 Os limites e critérios do grupo para a inclusão;

3 Os critérios para a alocação de status, poder, autoridade;

4 Os critérios de intimidade, amizade e amor;

5 Critérios para a atribuição de recompensas e punições; e

6 Conceitos para gerenciar o incontrolável - ideologia e religião.

Fonte: adaptado de Schein (1988).

Quadro 7 – Conjunto de questões

QUESTÕES SUBJACENTES

1 O relacionamento da organização com seu meio ambiente: a organização se percebe como

dominante, submissa, harmonizando, buscando um nicho?

2 A Natureza da atividade humana: o caminho "correto" para os humanos se comportar como

dominante pró-ativo, harmonizador ou fatalista passivo?

3

A Natureza da realidade e da verdade: como definimos o que é verdadeiro e o que não é

verdadeiro, e como a verdade é determinada no mundo físico e social, pelo teste pragmático ou

pela confiança na sabedoria?

4 A Natureza do tempo: qual é a nossa orientação básica em termos de passado, presente e futuro,

e quais tipos de unidades de tempo são mais relevantes para a conduta dos assuntos diários?

5 A Natureza da natureza humana: os seres humanos são basicamente bons, neutros ou malignos,

e a natureza humana é perfeita ou fixa?

6

A Natureza dos relacionamentos humanos: qual é o caminho "correto" para que as pessoas se

relacionem entre si, para distribuir o poder e o carinho? A vida é competitiva ou cooperativa, é a

melhor maneira de organizar a sociedade com base no individualismo ou no agrupamento, é o

melhor sistema de autoridade autocrático / paternalista ou colegial / participativo?

Fonte: adaptado de Schein (1988).

Para mensurar essas dimensões, são necessárias múltiplas interpelações, pelo fato

de haver níveis distintos e cada um com suas peculiaridades: os artefatos podem ser vistos e

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tocados, mas sua interpretação é laboriosa; os valores podem facilmente ser documentados,

mas denotam poucos vestígios do que se processa sob sua superfície (SCHEIN, 1988).

A perpetuação da cultura sucede por meio da socialização de mais membros

entrantes nos grupos, visto que a cultura é aprendida e a aprendizagem de modelos é uma

modalidade de entender como a cultura foi criada. Esse processo, no entanto, ainda não é

totalmente compreendido pelos membros, na óptica de Schein (1988). Para o autor, outro

mecanismo de propagação é o espelhamento de seus membros em líderes organizacionais,

como maneira de internalizar pressupostos e valores, ou seja, os fundadores são personagens

imperativas, e por via das particularidades de suas crenças, valores e premissas, oferecem um

modelo de funcionamento aos grupos.

2.3 Valores

Explorando literaturas, observa-se que autores, entre eles Rokeach (1968),

partilham o pensamento de que o conceito de valor pode ser encontrado em diversas ciências,

seja Psicologia, Filosofia, Antropologia e Sociologia, entre outras. O estudo de valores, pela

Psicologia, floresceu na segunda metade do século XX, promovendo pesquisas de campo e

produções teóricas que elevaram a compreensão de valores além do sentido filosófico

(SOBRAL; GIMBA, 2016). Na Filosofia, que sempre se dedicou às inquirições a respeito do

tema, o estudo filosófico despontou na primeira metade do século XIX, sendo que Kant

exprime valores como “[...] vazios de conteúdo (agir no dever pelo dever), dependendo

apenas de juízos de valor emitidos pela consciência e não pelo que o real apresenta.”

(PEDRO, 2014, p. 489).

Schwartz (2000), referindo-se à importância de valores, alcança a ideia de que as

pessoas incorporam os valores das organizações em seu sistema de valores pessoais e Barrett

(2014), a seu turno, estabelece que é mediante os valores que caracterizamos o que é valoroso

para cada um, quer seja no âmbito pessoal ou para a sociedade. No enunciado de Tamayo e

Gondim (1996), identifica-se um viés que domina, sem ante a asserção de que valores são

vistos como princípios ou crenças, com o propósito de nortear as corporações, acomodados

hierarquicamente, e podendo ser útil para proveitos individuais, comunitários ou

amalgamados, e referem-se a padrões de comportamento ambicionados.

Em face do exposto, para versar sobre valores, é necessário seguirmos duas

direções – valores pessoais e organizacionais – não negando a interdependência de ambos.

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2.3.1 Valores pessoais

Em 1968, quando Milton Rokeach publicou A Theory of Organization and

Change Within Value-Attitude Systems, abordou a diferença entre valores, atitudes e

comportamentos. Nesse artigo, oferecia o resultado de seus estudos que apontavam para uma

discordância em relação a Thomas e Znaniecki em 1918, invertendo a ordem de importância

entre atitude e valor. Visto que o conceito de atitude ocupava lugar prevalecente, tanto em

teoria quanto em pesquisa, Rokeach (1968) acreditava que, após meio século, era oportuno

repensar o destaque conceitual de atitude, propondo a análise de um novo aspirante a esse

posto, que para o autor era valor.

A defesa dele para a importância de valor, em detrimento de atitude, residia no

fato de que: a) o conceito de valor é mais dinâmico; b) se atitude e valor são determinantes do

comportamento social, o valor é determinante de ambos – atitude e comportamento; c) se uma

pessoa tem menos valores do que atitudes, então, o conceito de valor era apropriado para,

analiticamente, “[...] explicar semelhanças e diferenças entre pessoas, grupos, nações e

culturas” (ROKEACH, 1968, p. 14); e, por fim, d) atitude é um conceito de Psicologia e

Sociologia, enquanto diversas outras ciências partilham a ideia de valor, sendo, assim ubíquo.

Nestas circunstâncias, o autor formulou um conceito próprio e sob sua óptica,

Os valores, [...], têm que ver com modos de conduta e estados finais de

existência. Para dizer que uma pessoa "tem um valor" é dizer que ele tem

uma crença duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final

de existência é pessoalmente e socialmente preferível a modos alternativos

de conduta ou estados finais de existência. Uma vez que um valor é

internalizado, torna-se, conscientemente ou inconscientemente, um padrão

ou critério para orientar a ação, para desenvolver e manter atitudes em

relação a objetos e situações relevantes, para justificar as ações e atitudes

próprias e de outros, para julgar moralmente a si mesmo e aos outros e para

comparando-se com os outros. (ROKEACH, 1968, p. 16).

Deste modo, ao lançar o livro The nature of human values (1973), Rokeach abriu

espaço para que outros produtores se espelhassem em seu pensamento. Pelo exposto por

Gouveia et al. (2001), o autor foi seguido por muitos pesquisadores. Destarte, Schwartz e

Bilsky (1987) constituíram uma teoria de valores universais, conhecida como Teoria de

Valores de Schwartz. Eles utilizaram, como um dos parâmetros, valores de Rokeach, e

partiram do princípio de que, em algum momento, as pessoas proclamam seus valores ou se

referem aos que qualificam as outras ou até mesmo os grupos, como modo desejável de

influenciar na escolha de suas ações.

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Baseando-se em cinco peculiaridades que retratam características formais de

valores humanos, e são comuns em autores da literatura sobre o assunto, Schwartz e Bilsky

(1987, p. 551) definiram o conceito de que “[...] os valores são (a) conceitos ou crenças, (b)

sobre estados finais desejáveis ou comportamentos, (c) que transcendem situações específicas,

(d) guiam a seleção ou avaliação de comportamentos e eventos, e (e) são ordenados por

importância relativa.” Constataram, no entanto, que essas características não refletiam

expressivamente o contéudo de valores, visto que eles são representações cognitivas de três

requisitos humanos universais: necessidades biológicas; b) requisitos de interação social; e c)

demandas societárias para o bem-estar e a sobrevivência do grupo. Destes requisitos, foram

extraídos oito valores motivacionais, classificados como domínio: prazer, segurança, poder

social, realização, autodireção, pró-social, conformidade e maturidade – sendo todos de

especificidade motivacional. Bilsky (2009) expressa que esse teor motivacional foi utilizado

para diferençar as categorias de valores.

Em concordância com o pensamento de Rokeach (1968), Schwartz (1992, p. 1)

aponta que a explicação para a posição de destaque de valor foi cravada por Rokeach, no livro

The nature of human values (1973), ao anunciar que “[...] o conceito de valor, mais do que

qualquer outro, deve ocupar uma posição central [...] capaz de unificar os interesses

aparentemente diversos de todas as ciências relacionadas com o comportamento humano"; e,

apoiando-se nesta referência, suas pesquisas, realizadas em 20 países, pretendiam responder a

três grandes indagações: a) qual o impacto das experiências sociais nas prioridades de valor

dos indivíduos? b) Como as escolhas comportamentais (ideologias, ações e atitudes) são

afetadas pelo valor das prioridades que os indivíduos mantêm? e c) Quais as causas e efeitos

do intercâmbio cultural, ou seja, as diferenças entre as sociedades, em prioridade de valor?

Tais perguntas remetiam ao estudo de valores pessoais, do ponto de vista individual, em

vários contextos, e produziram subsídios para avanços teóricos da Teoria de Valores de

Schwartz, estabelecida por Schwartz e Bilsky (1987).

Neste estudo, foram definidos dez tipos de valores desejáveis (QUADRO 8), de

modo a servirem de princípios, orientando pessoas no decurso da vida. Pesquisadores de

vários países, entre eles o Brasil, contribuíram para essa pesquisa em que os valores foram

identificados e estabelecidos. Outro propósito do autor, que foi alcançado, era atestar que

esses dez valores servem a três grupos de interesses: 1) interesses individuais – poder,

realização, hedoismo, estimulação e autodireção; 2) interesses coletivos – benevolência,

conformidade e tradição; e 3) interesses mistos – universalismo e segurança.

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Quadro 8 – Tipos de valores motivacionais de Schwartz

VALORES MOTIVACIONAIS

Autodireção Pensamento e ação independente para escolhas, ações e exploração.

Estimulação O objeto de motivação é a excitação, a novidade e o desafio na vida.

Hedonismo Prazer ou gratidão sensual por si mesmo.

Realização O valor é o sucesso pessoal mediante a demonstração de competência de acordo

com os padrões sociais.

Poder Realização do status social e do prestígio, e controle ou domínio sobre pessoas e

recursos.

Segurança A segurança, a harmonia e a estabilidade da sociedade, dos relacionamentos e do

eu.

Conformidade Restrição de ações, inclinações e impulsos susceptíveis de chatear ou prejudicar os

outros e violar as expectativas ou normas sociais.

Tradição O respeito, o compromisso e a aceitação dos costumes e das ideias que a cultura ou

a religião impõem à pessoa.

Benevolência A preservação e o aprimoramento do bem-estar de pessoas com quem se encontra

em contato pessoal frequente.

Universalismo

A compreensão, apreciação, tolerância e proteção para o bem-estar de todas as

pessoas e para a natureza. Isso contrasta com o foco mais restrito dos valores de

benevolência.

Fonte: adaptado de Schwartz (1992).

Os tipos de valores motivacionais do Quadro 8, estabelecidos por Schwartz

(1992), foram utilizados para testificar os objetivos específicos deste estudo.

A estrutura de valor total (FIGURA 3) compõe-se de quatro valores superiores

(autotranscendência, auto aprimoramento, conservação e abertura para mudar) e estas

constituem duas dimensões conceituais, básicas e bipolares. A primeira dimensão,

denominada de abertura para mudar versus conservação, exprime valores de estimulação e

autodireção, opondo-se a valores de conformidade, segurança e tradição, ou seja, impulsão

para que os interesses intelectuais e emocionais sigam em direções incertas e imprevistas

versus preservação do estado atual da pessoa e garantia de prover relacionamentos com

instituições próximas e com os outros. Na segunda dimensão, titulada como auto

aprimoramento versus autotranscendência, os valores de hedonismo, realização e poder são

colocados em oposição a valores de benevolência e universalismo, ou seja, as pessoas são

impulsionadas a expandir interesses pessoais – ainda que sacrificando os outros – em

comparação à proporção em que induzem as pessoas a superar tormentas individualistas e

articular o bem-estar dos outros (SCHWARTZ, 1992).

O dinamismo entre os valores motivacionais da estrutura de Schwartz (1992) é

compreendido por Porto e Tamayo (2007) pelo fato de que as pessoas expressam alta

prioridade para os tipos motivacionais compatíveis, enquanto que, para os tipos motivacionais

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conflitivos, a tendência de prioridade é baixa. De efeito, a prioridade é estabelecida de

maneira coerente com os domínios motivacionais, e não aleatoriamente.

Figura 3 – Estrutura das relações entre dez tipos motivacionais de valores

Fonte: adaptada de Schwartz e Sagie (2000).

O denso trabalho de Schwartz (1992) aprimorou a teoria de valores estabelecida

por Schwartz e Bilsky (1987), mas seus estudos se voltaram apenas para a mensuração de

valores individuais. Opinando sobre a estrutura de valores, Oliveira e Tamayo (2004)

reconhecem a importância das pesquisas efetuadas para sua definição por Schwartz (1992),

além de certificarem avanços no estudo de valores individuais, mas asseveram que tal

evolução não se aplica ao estudo de valores organizacionais.

2.3.2 Valores organizacionais

As indagações feitas por autores, referentes ao poder motivacional dos valores,

transcendem os séculos. Tamayo e Schwartz (1993), ao aportarem questionamentos

semelhantes, reconhecem que uma das características dos valores decorre da vontade absoluta

expressa por uma pessoa quando esta quer uma coisa e, para consegui-la, está disposta,

inclusive, a sacrificar todo o resto. Enz (1988), no entanto, entende que o funcionamento da

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empresa é identificado pelas crenças empreendidas por uma pessoa ou por um grupo,

mediante a seleção de práticas ou objetivos comerciais que irão interpor ações ou, ainda,

quando são estipulados objetivos para a organização.

Para um entendimento mais amplo sobre o conceito de valores no ambiente

organizacional, Tamayo e Gondim (1996) sustentam a noção de que é necessário considerar

alguns elementos e suas significações. O aspecto cognitivo é elemento básico, considerando

que produção, qualidade, interações interpessoais, respeito a autoridade gerencial e obediência

às normas, são dimensões da empresa com as quais as crenças podem estar relacionadas. Se

valorizadas e enfatizadas, constituem-se um valor e, assim, nos é permitido entender a

realidade e as respostas aos problemas organizacionais. Por outro lado, o aspecto

motivacional manifesta os interesses e desejos de alguém – que pode ser a pessoa, o dono da

empresa, o gerente ou qualquer um influente na empresa – quanto da coletividade.

A função dos valores é outro elemento determinante no dia a dia da empresa, pelo

fato de orientar a vida da organização e a existência dos seus membros, delimitando seu modo

de agir, pensar e sentir. Na sequência, a hierarquização de valores denota o caráter de decisão

entre o mais importante e o secundário, ou o que tem valor e o que não tem, demonstrando

que a empresa não atua como observador do mundo externo, mas se envolve com ele,

participando e assumindo posições. O último elemento a que Tamayo e Gondim (1996, p. 64)

se referem é o tipo de valor, decompondo-os em valores terminais, ligados às metas

estruturais (“hierarquia organizacional, igualdade, democracia e produtividade”) e os valores

instrumentais, relacionados com as metas dos modelos de comportamento organizacionais

(“pontualidade, respeito aos colegas e assiduidade ao trabalho”).

O entrelaçamento das reivindicações da organização e da pessoa é a fonte dos

valores organizacionais para Tamayo e Gondim (1996), e estes não devem ser baralhados com

os valores pessoais de seus membros, tampouco com os valores que eles gostariam que

fossem ali praticados, carecendo ser contemplados pelos empregados como peculiaridades

específicas da organização. Para os autores, a criação de modelos mentais análogos

concernentes à missão e ao funcionamento da empresa, comum aos seus membros, é a

principal função dos valores organizacionais, e não podem ser desprezados, visto que os

modelos mentais distintos acarretam entendimento discrepante, não só da empresa, mas,

ainda, das atividades que devem ser realizadas e do comportamento organizacional.

O trabalho de Tamayo e Gondim (1996) expressava como objetivo elaborar uma

escala de valores capaz de avaliar as percepções de valores organizacionais e, para isso, os

autores, após análise de 565 valores obtidos entre pesquisados de organizações privadas e

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públicas, firmaram 48 valores que produziram o questionário para validação, posteriormente

classificando-os em cinco fatores (QUADRO 9). Oliveira e Tamayo (2004, p. 133) admitem

que “[...] esse instrumento foi construído com base exclusivamente empírica, isto é, sem uma

teoria que justificasse a sua estrutura.”

Quadro 9 – Fatores da escala de valores organizacionais

FATORES DA ESCALA DE VALORES ORGANIZACIONAIS

F1 Eficácia /

eficiência

Percepção que os sujeitos têm da prioridade dada pela empresa pela eficácia e

a eficiência manifestas na produtividade e qualidade do produto.

F2 Interação no

trabalho

É composto por valores que se relacionam com a interação no trabalho:

abertura, coleguismo, amizade, cooperação, sociabilidade e flexibilidade.

F3 Gestão Refere-se à gestão do tipo tradicional e hierárquico (hierarquia, obediência,

fiscalização, supervisão, postura profissional e organização).

F4 Inovação Incentivo à pesquisa, integração interorganizacional, modernização e

probidade.

F5 Respeito ao

empregado

Valores cuja meta é a valorização do empregado (respeito, reconhecimento

do mérito, qualificação dos recursos humanos, polidez, honestidade, plano de

carreira, harmonia e justiça).

Fonte: adaptado de Tamayo e Gondim (1996).

Mesmo concebendo a noção de que valores são importantes para pessoas e

empresas, Tamayo (1996, p. 177) chega a exprimir que “[...] não conhece nenhum estudo que

tenha como objetivo a avaliação dos valores da organização tal como eles são percebidos

pelos empregados.” Aponta como uma dificuldade para isto o fato de que tais percepções

podem variar entre os membros da organização. Admite a capacidade da identificação, pelos

empregados, dos valores que predominam na empresa e que até podem constatar a diferença

prioritária entre os valores dos setores internos ou mesmo em relação aos valores de outra

empresa de seu conhecimento.

As organizações podem ser vistas por seus membros sob duas perspectivas.

Enquanto uma pode ser percebida levando em conta o aspecto administrativo e técnico, outra

pode ser notada por considerar o bem-estar de seus membros. Assim, constata-se que os

valores organizacionais estão mais relacionados com as percepções da ambiência

organizacional do que no teor de informações detalhadas em declarações formais (TAMAYO,

1996).

Avançando em suas pesquisas, Tamayo (1998, p. 57) traça um conceito de valor

como sendo as diferenças feitas pelas pessoas “[...] entre o principal e o secundário, entre o

essencial e o acidental, entre desejável e o indesejável, entre o significante e o insignificante”,

notando-se aí um fator de desigualdade seja em relação “[...] às coisas, os fatos, os fenômenos

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ou as ideias.” Em vista disso, o autor acredita que os valores organizacionais são aqueles

efetivamente percebidos pelos membros da organização como suas peculiaridades, sendo,

portanto, princípios ou crenças orientadoras tanto do funcionamento quanto da vida

organizacional, e exigindo, naturalmente, uma convergência dos empregados para o mesmo

entendimento, visto que é por intermédio dela que podemos vislumbrar a óptica como a

missão, os objetivos e as estratégias para atingi-los será compreendida pelos empregados.

Para identificar os valores organizacionais, autores utilizam-se de duas

abordagens clássicas. A primeira é de caráter qualitativo e adota como referência os

documentos existentes na empresa (revistas, pronunciamentos, estatutos). Tamayo, Mendes e

Paz (2000) reconhecem ser inapropriado o uso dessa abordagem, porquanto os valores

encontrados nos documentos nem sempre são coerentes com aqueles praticados na

organização. A segunda abordagem é tomar como referência os valores individuais dos

membros da empresa, calcular a média entre eles e adotá-la como pressupostos dos valores

organizacionais. Ante o exposto, os autores propõem, nesse estudo, alternativa diferente para

investigar os valores em curso e praticados nas organizações com origem no “percebismo”

dos empregados.

Mesmo reconhecendo a existência da escala de valores organizacionais

constituída por Tamayo e Gondim (1996), cujo instrumento produziu cinco fatores

(eficácia/eficiência, interação no trabalho, gestão, inovação e respeito ao empregado) como

referência para análises nas organizações, Tamayo, Mendes e Paz (2000) propõem, nesse

estudo, elaboração de um outro instrumento denominado de inventário de valores

organizacionais. A justificativa encontra-se no fato de que o primeiro instrumento foi

elaborado empiricamente, considerando apenas um levantamento de valores nas empresas e

sem base teórica. Esse novo instrumento seria, então, ancorado substratos dos teóricos, o que

legitimaria sua concepção.

Na teoria desenvolvida com amparo nos estudos de Schwartz e Ros (1995 apud

TAMAYO; MENDES; PAZ, 2000), os autores defendiam o argumento de que os valores

pessoais poderiam ser analisados em dois níveis – individual e cultural – sendo que é na

dimensão cultural que são encontrados os dilemas e problemas das sociedades para regular a

atividade humana. O nível cultural considera ainda três dimensões: “[...] à natureza da relação

entre o indivíduo e do grupo, à forma de garantir o comportamento responsável necessário

para sustentar a estrutura da sociedade e à relação da humanidade com o meio físico e social.”

(SCHWARTZ; ROS, 1995, apud TAMAYO; MENDES; PAZ, 2000, p. 297). Esses

pressupostos foram o fundeadouro para que Tamayo, Mendes e Paz (2000, p. 298)

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elaborassem o novo instrumento, levando em conta a ideia de que a organização deve

encontrar e solucionar suas adversidades tal como qualquer sociedade e que, por isso, enfrenta

três problemas: “[...] a relação entre o indivíduo e o grupo; a necessidade de elaborar uma estrutura

para garantir o funcionamento da organização; e a relação da organização com o meio ambiente

natural e social.” Acreditavam os autores que eram criados, pelas organizações, padrões de

valores e comportamentos que norteariam seu cotidiano, ao buscar responder a estes

problemas.

Partindo dessas três carências e tendo como base a abordagem cultural dos valores

de Schwartz e Ros (1995), foram evidenciadas por Tamayo, Mendes e Paz (2000) três

dimensões bipolares que constituíam as possíveis respostas das organizações, sendo estas

dimensões (QUADRO 10) a base teórica para a elaboração do inventário de valores

organizacionais (IVO) e representados graficamente na Figura 4.

Quadro 10 – Dimensões bipolares, base teórica para a construção do IVO

DIMENSÕES BIPOLARES

1 Autonomia versus

Conservadorismo

Os valores do primeiro pólo são sociocêntricos. e enfatizam a manutenção

do status quo na organização, da interdição de comportamentos que

possam perturbar as normas e as tradições da empresa. No extremo oposto

desta dimensão, encontram-se valores importantes, particularmente nas

organizações que percebem o empregado como sendo uma entidade

autônoma, habilitada para perseguir os próprios interesses e fixar as suas

metas em harmonia com as metas e normas da organização.

2 Hierarquia versus

Igualitarismo

O primeiro pólo enfatiza a hierarquia com vistas a garantir o

comprometimento dos membros da empresa com sua missão. No outro

pólo desta dimensão, está a opção pela estrutura igualitária que expressa a

preocupação com o bem-estar dos outros, da organização em geral.

3 Harmonia versus

Domínio

Um dos pólos, é representado na tentativa de afirmação assertiva da

empresa por via do domínio dos recursos materiais, do mercado, da

tecnologia e do conhecimento na área específica de atuação. O outro pólo

enfatiza a harmonia com a natureza e com as outras organizações. Eles

expressam a tentativa de um acomodamento harmonioso no seu meio

ambiente.

Fonte: adaptado de Tamayo, Mendes e Paz (2000).

Figura 4 – Estrutura teórica dos valores organizacionais

Fonte: adaptada de Tamayo, Mendes e Paz (2000).

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O inventário de valores organizacionais, apoiado em base empírica e teórica,

utilizou os valores da escala de valores organizacionais, estabelecida por Tamayo e Gondim

(1996), sendo revistos e produzidos novos para alguns valores que não estavam

adequadamente representados na escala de valores, atendendo agora aos pressupostos

teóricos, de maneira a atender a dimensão igualitarismo e autonomia, que eram os de menor

representatividade na escala. Desta maneira, o inventário privilegiou 37 itens e, após a

compilação dos dados, os autores concluíram que, com esteio nos seis tipos motivacionais

(FIGURA 2), foram revelados componentes da cultura organizacional por meio de seis

aspectos relevantes da vida organizacional (QUADRO 11).

Quadro 11 – Aspectos da vida organizacional

ASPECTOS DA VIDA ORGANIZACIONAL

1 Autonomia A importância atribuída à procura de inovação, de criatividade e de

independência na execução do trabalho.

2 Conservadorismo A ênfase na interdependência dos membros da organização e na obtenção

de objetivos grupais.

3 Hierarquia A relevância dos papéis hierárquicos na estruturação do relacionamento

interpessoal e na distribuição de recursos e de poder.

4 Igualitarismo A procura efetiva do bem-estar de todos os membros da organização e da

sua participação nos processos decisórios.

5 Domínio A importância dada ao sucesso organizacional e à satisfação dos clientes.

6 Harmonia O respeito à natureza e a procura de complementaridade organizacional.

Fonte: adaptado de Tamayo, Mendes e Paz (2000).

Por fim, o estudo foi concluso com a validação do Inventário de Valores

Organizações (IVO), propiciando seu uso em diagnósticos organizacionais, intervenções,

estudos da cultura da empresa e pesquisas.

O terceiro instrumento de avaliação foi elaborado por Oliveira e Tamayo (2004).

O inventário de perfis de valores organizacionais (IPVO) tinha a intenção de explorar a

correlação dos valores organizacionais com os valores pessoais. Pretendiam os autores

produzir um instrumento que tivesse como base o aspecto motivacional dos valores e pudesse,

também, avaliar os valores organizacionais com base no sentido motivacional dos valores

pessoais.

A fundamentação, portanto, estava no fato de que valores organizacionais são

originários de valores pessoais, visto que são ali postos por pessoas, quer seja o fundador ou

seus gestores. Todos possuem seu sistema de valores, estabelecendo o melhor para as pessoas,

a coletividade e as organizações. Assim, os valores organizacionais significam uma

transmissão das metas e princípios individuais para a ambiência organizacional. Argumentam,

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ainda, os autores que as organizações só perduram se atenderem às imposições externas

(solicitações de clientes atuais ou potenciais da empresa referentes às suas necessidades e

motivações) e internas (deficiências dos membros da organização). Essa aproximação

estabeleceu a sustentação para estruturar o inventário de perfis de valores organizacionais,

cobrindo oito fatores (QUADRO 12) (OLIVEIRA; TAMAYO, 2004).

Quadro 12 – Fatores do Inventário de Perfis de Valores Organizacionais (IPVO)

FATORES DO INVENTÁRIO DE VALORES ORGANIZACIONAIS (IPVO)

FATORES DESCRIÇÃO

F1 Realização

Agrega itens que representam valores cuja meta central é o sucesso, por via

da demonstração de competência da organização e de seus empregados.

Desempenho competente é uma exigência para a sobrevivência da

organização e para a permanência do empregado nesse contexto. Exemplo de

item: “Para esta organização planejar metas é essencial. Ela considera a

realização das metas uma prova de sua competência”.

F2 Conformidade

O conteúdo dos itens refere-se à definição de limites das ações

organizacionais e comportamentos de seus membros, dando prioridade ao

respeito a regras e modelos de comportamentos, tanto no ambiente de

trabalho quanto no relacionamento com outras organizações. Exemplo de

item: “Esta organização acredita que os empregados devem aceitar o trabalho

que têm a fazer. Para ela, os empregados devem cumprir suas obrigações”.

F3 Domínio

Congrega itens relativos ao Poder, cuja meta central é a obtenção de status,

controle sobre pessoas e recursos, bem como a busca de uma posição

dominante no mercado. Exemplo de item: “Esta organização acha importante

ser competitiva. Ela quer ganhar novos mercados”.

F4 Bem-estar

Os itens deste fator indicam o cuidado da organização em propiciar satisfação

ao empregado, atentando para a qualidade de vida no trabalho. Sua base

teórica são os valores do tipo motivacional Hedonismo. Exemplo de item: “É

muito importante, para esta organização, ajudar seus empregados. Ela deseja

cuidar do bem-estar deles”.

F5 Tradição

Este fator contém itens relativos à preservação e ao respeito aos costumes e

práticas consagradas pela organização que prefere manter sua forma de

funcionamento. Exemplo de item: “Esta organização preserva os costumes

antigos. Ela respeita a tradição”.

F6 Prestígio

Organizacional

Os itens estão relacionados ao Poder. A organização busca prestígio,

admiração e respeito da sociedade por causa da qualidade dos seus produtos.

Exemplo de item: “Esta organização influencia outras organizações. Ela tem

muito prestígio”.

F7 Autonomia

Congrega itens referentes à busca de aperfeiçoamento constante do

empregado e da organização que se expressa por meio de competência,

curiosidade, criatividade, variedade de experiência e definição de objetivos

profissionais de seus empregados. Além disso, há uma abertura para os

desafios. Exemplo de item: “Esta organização procura aperfeiçoar-se

constantemente. Para ela, o aperfeiçoamento é uma forma de melhorar a

qualidade de seus produtos e serviços”.

F8

Preocupação

com a

coletividade

Este fator é composto por valores que orientam o relacionamento cotidiano

com indivíduos próximos e com a comunidade. Exemplo de item: “Esta

organização acredita no valor da honestidade. Ela honra seus compromissos

com pessoas e organizações com as quais se relaciona”.

Fonte: Oliveira e Tamayo (2004, p. 136-137).

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A correspondência entre fatores do IPVO, tipos motivacionais e metas

organizacionais está demonstrada no Quadro 13, na sequência.

Quadro 13 – Fatores do IPVO, Correspondência com os Tipos Motivacionais de Valores, Metas dos

Valores Organizacionais

FATORES DO IPVO, CORRESPONDÊNCIA E METAS

FATORES CORRESPONDÊNCIA METAS

Autonomia Autodeterminação

Estimulação

Oferecer desafios e variedade no trabalho, estimular

a curiosidade, a criatividade e a inovação.

Bem-estar Hedonismo Promover a satisfação, o bem-estar e a qualidade de

vida no trabalho

Realização Realização Valorizar a competência e o sucesso dos

trabalhadores.

Domínio Poder Obter lucros, ser competitiva e dominar o mercado.

Prestígio Poder

Ter prestígio, ser conhecida e admirada por todos,

oferecer produtos e serviços satisfatórios para os

clientes.

Tradição Tradição Manter a tradição e respeitar os costumes da

organização.

Conformidade Conformidade Promover a correção, a cortesia e as boas maneiras

no trabalho e o respeito às normas da organização.

Preocupação

com a

coletividade

Benevolência

Universalismo

Promover a justiça e a igualdade na organização,

bem como a tolerância, a sinceridade e a

honestidade.

Fonte: Oliveira e Tamayo (2004, p. 137).

Após a identificação dos fatores, ao final do trabalho, Oliveira e Tamayo (2004)

atestaram sua aplicabilidade na identificação de elementos culturais, sugerindo seu uso para

promoção de mudanças organizacionais e adequação aos proveitos dos empregados, o que

eleva a satisfação destes e, consequentemente, a produtividade será influenciada

positivamente.

O instrumento desenvolvido por Oliveira e Tamayo (2004), Inventário de Perfis

de Valores Organizacionais – IPVO, foi utilizado para testificar os objetivos específicos deste

estudo.

2.3.3 Confluência entre valores pessoais e valores organizacionais

É oportuno fazer uma análise quanto à analogia entre os valores pessoais e os

valores organizacionais. Na perspectiva de Tamayo (1999 apud TAMAYO, 2005), ambos têm

peculiaridades, porquanto evidenciam metas individuais ou grupais e orientam valores, das

pessoas ou das comunidades, mesmo que revelando conflito de interesses dentro da

organização, ocasionalmente tidos como indissolúveis. Logo, os valores se prestam a suprir os

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objetivos organizacionais e as necessidades das pessoas. Pelo prisma de Reis Neto, Marques e

Paiva (2016), valor é uma particularidade de todos, e nenhum deles se exclui dessa

circunstância.

Ao diferenciar atitude e valor, Rokeach (1968) conceituou valores como sendo as

modalidades de conduta de uma pessoa, que se tornam um padrão orientador de suas ações

desde o momento em que é internalizado, seja consciente ou inconscientemente. Schwartz e

Bilsky (1987) postulam valores como representações cognitivas sustentadas por três requisitos

que, segundo os autores, são universais: as necessidades biológicas, as interações sociais e as

demandas sociais para o bem-estar. Já na visão de Tamayo (2005), os valores são

compreendidos e vistos como sendo de caráter motivacional, uma vez que são metas traçadas

por uma pessoa, transformando-se em alvo que procura alcançar em sua vida.

Avaliando as semelhanças entre valores pessoais e valores organizacionais,

Tamayo (2005) faz uma análise, tanto do ponto de vista teórico quanto empírico. Pelo

enfoque teórico, aborda três elementos, a saber:

a) origem – os valores são impetrados nas organizações por uma pessoa, seja o

fundador, os principais gestores, membros influenciadores ou ainda um

grupamento de trabalhadores. Estes, no entanto, traçam suas metas bem antes

de fazer parte da organização, definindo o melhor para si e para o seu entorno.

Assim, os valores da organização têm como ponto de partida as motivações

individuais, visto que, ao escolher metas organizacionais, inevitavelmente, as

metas individuais são consideradas, guardando, assim, uma semelhança entre a

estrutura de valores organizacionais e a de valores pessoais.

b) Desenvolvimento – para que os valores organizacionais possam evoluir e

atender a demandas internas e externas, as motivações e as necessidades dos

membros da organização são consideradas, não podendo tal ambiência ser

ignorada pelas empresas. Compreende as exigências - internas recompensas,

avaliação dos trabalhadores, questões de saúde, bem-estar, segurança; e, como

exigências externas, fidelização e satisfação dos clientes com os produtos e/ou

serviços.

c) Função dos valores organizacionais – as organizações e os grupos sociais

produzem valores advindos das experiências das pessoas e da comunidade que

definem a identidade da empresa e motivam os seus membros, traduzindo-se

num ambiente produtivo, tanto individual quanto coletivamente. Tal fato

caracteriza a função múltipla dos valores.

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Para explicar a análise empírica, Tamayo (2005) apoderou-se do Inventário de

Perfis de Valores Organizacionais (IPVO), elaborado por Oliveira e Tamayo (2004), para

mensurar os valores organizacionais, tendo como suporte a estrutura de valores pessoais. O

IPVO produziu uma correspondência triangular entre valores organizacionais, valores

pessoais e metas dos valores organizacionais, comprovando a semelhança entre os valores

pessoais e organizacionais. Dessa maneira, o autor ressalta quatro aspectos, conforme é

delineado na sequência.

1) Entre fatores organizacionais - como realização, conformidade, bem-estar

organizacional, tradição - e motivações pessoais - como hedonismo, realização,

tradição e conformidade, tiveram comprovada correspondência direta. Tal

similitude motivacional foi evidente.

2) O tipo motivacional de poder tem prestígio e domínio como valor

organizacional correspondente. Se de um lado prestígio se refere à imagem

social da organização, o domínio está ligado à competição e à preocupação

com os lucros.

3) Metas, práticas e políticas organizacionais relativas ao enriquecimento do

trabalho estimulando a inovação e a criatividade, caracterizadas no fator

autonomia que corresponde aos valores pessoais de autodeterminação e

estimulação. O fator preocupação está ligado à capacidade da empresa de

promover igualdade, justiça e tolerância, correspondendo aos valores pessoais

de universalismo e benevolência.

4) Mesmo não comprovando fator que retratasse o tipo motivacional segurança –

pessoal e do grupo – não significa ausência de correspondência, nesta

dimensão, entre valores organizacionais e pessoais. O autor justifica o fato com

uma provável falha na constituição dos itens de avaliação.

Dessarte, ante os argumentos retrocitados, Tamayo (2005) proclama a ideia de que

confluência entre os valores organizacionais e valores pessoais tem sustentação tanto empírica

quanto teórica.

2.3.4 Alinhamento de valores como determinante para os resultados

A economia multinacionalizada dificultou a obtenção de sucesso pelas empresas

que manejam apenas seus produtos ou serviços. Por outro lado, a conectividade aumentou o

nível de competividade no mercado e as inovações logo são alcançadas pelos concorrentes.

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Barrett (2014) reconhece que qualidade e preço não significam a garantia de sucesso no

século XXI, e que a sustentabilidade será o caminho a ser trilhado para a permanência das

empresas no mercado. Para esse fim, funcionários, clientes, a comunidade e a sociedade em

geral, devem ser o foco das organizações em seus projetos para um futuro sustentável.

Destacar-se-ão, no entanto, aquelas que substituírem a corrida para o lucro pela disparada aos

valores.

A vivência de seus valores, tanto pelos líderes quanto pelas organizações, é um

gerador de confiança e esta é um fortalecedor das relações internas e externas, criando

alianças expressivas dentro das organizações e fora delas por meio de seus stakeholders

(BARRETT, 2014). No entendimento do autor, a geração de confiança perpassa a

autenticidade e integridade das ações dos líderes que devem guardar alinhamento com seus

valores.

Se você quer ser bem-sucedido no século XXI, terá que se tornar um

membro confiável da sociedade global, e precisará se tornar um líder

dirigido por valores. Você precisará fazer isso, não apenas para ter vantagem

sobre os concorrentes, mas para proteger os investimentos que faz na sua

empresa e para construir resiliência. (BARRETT, 2014, p. XIX).

Portar-se sem acordo em relação às regras morais e equívocos na integridade

moral é comportamento que pode repercutir negativamente no resultado do negócio ou até

mesmo favorecer para o declínio da organização. E isso significa que os valores são

fundamentais para a eficácia da liderança organizacional, e, se os líderes não atuarem com a

máxima integridade e ética nas organizações, e orientarem seus funcionários a assim atuarem,

poderão determinar seu aniquilamento. Comportando-se de tal modo, o processo decisório

perante situações indelineáveis tende a clarejar (BARRETT, 2014).

O sincronismo é ponto fundamental para que uma empresa seja vencedora no

mundo dos negócios e, para isso, cada integrante deve conduzir seus processos de maneira

coordenada no grupo, sob a orientação de um gestor que determina o andamento destes

procedimentos dentro da organização. Muitas mantêm em seus quadros executivos

qualificados e motivados, mas a falta deste sincronismo tem influência direta no desempenho

organizacional. Tais líderes não veem o alinhamento – que deve ser cíclico e cumprir-se de

cima para baixo - como método da gestão (KAPLAN; NORTON, 2006).

Se os empregados não conhecem as estratégias do negócio nem se acham

motivados e participes na elaboração dos resultados, o alinhamento não tem efeito. Assim,

Kaplan e Norton (2006, p. 277) sugerem que as organizações devem envidar esforços para

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envolvê-los, comunicando claramente os objetivos do negócio, visto que “[...] o alinhamento

não é um evento que ocorre e se consome em uma só ocasião.” Todos os funcionários

precisam estar comprometidos com a empresa e seus objetivos estratégicos.

Para obter vitória quanto ao uso de valores em alinhamento com resultados, os

valores organizacionais devem não só estar em sintonia com os valores que guiam a vida dos

seus membros, mas, também, hão de estar em linha com os valores da sociedade onde atuam

(BARRETT, 2014). O autor compreende, no entanto, que a tarefa de escolher os valores

organizacionais não é apenas dos líderes, mas também de todos os que fazem parte da

organização. Sem o envolvimento de todos, os valores não serão experimentados, tampouco

partilhados.

A organização deve guiar-se pelos seus valores e incluí-los em suas políticas,

processos e sistemas. Os valores devem regular plenamente o modo como cada funcionário se

porta nela (BARRETT, 2014). Afinal, “[...] o alinhamento está presente quando as ações de

todas as pessoas da organização sustentam diretamente a visão e a estratégia.” (KHADEM;

KHADEM, 2013, p. XIII).

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este módulo revela a metodologia escolhida para o desenvolvimento do estudo e

tem como objetivo descortinar a caracterização, o locus e os sujeitos da pesquisa. Em seguida,

detalhamos a coleta, o tratamento de dados, os limites e as limitações.

3.1 Caracterização da pesquisa

A caracterização da pesquisa é um norteamento para o investigador quanto à

obtenção de respostas ao problema identificado, mediante a adoção de estruturas e planos que

irão conduzir a demanda (RAUPP; BEUREN, 2006).

No que concerne à abordagem do problema, a investigação é qualitativa. A

escolha de uma pesquisa qualitativa implica estabelecer, a priori, o fato de que o resultado

final não se volta para a generalização, e sim para a análise, em profundidade, de um número

reduzido de situações (YIN, 2005). Vieira e Zovain (2004), a seu turno, entendem que, sob o

espectro qualitativo, a análise dos indicadores propõe entender e abordar o fenômeno,

descrevendo e estabelecendo relações entre as variáveis que a compõem. Existem aspectos de

diferenciação para a busca qualitativa, como a seleção apropriada de métodos, a avaliação de

concepções discordantes, as considerações do pesquisador e a diversidade de abordagens e

métodos. Como vantagem desse enfoque, destacam-se a análise detalhada de um determinado

caso e a liberdade de exposição dos participantes. Como desvantagem, há o fato de que as

averiguações requerem muito tempo (FLICK, 2009).

Tomando como referência as exposições dos autores, julgamos que os objetivos,

geral e específicos, fundamentam como apropriada a escolha qualitativa para aplicação neste

ensaio.

A pesquisa é descritiva porque é a de busca de opinião e, por meio dela, serão

recolhidos dados que permitirão descrever os valores pessoais e organizacionais da IES. O

fato de evidenciar as características de uma população ou de um fenômeno está na declaração

de Vergara (2005) para um estudo descritivo. Triviños (1987), por sua vez, assegura que o

objeto fundamental destas análises descansa na necessidade de compreender uma

comunidade, seus traços característicos e seus valores.

Assim, os objetivos desta dissertação justificam a escolha das manifestações dos

teóricos especialistas retrocitadas, para aplicabilidade no tipo de investigação que será

conduzida na IES.

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Quanto ao método, a investigação é um estudo de caso, uma vez que será restrita

apenas à IES e aos seus colaboradores. Godoy (1995) expressa a noção de que este se apropria

de um prisma descritivo e que é aplicado em análises aprofundadas de um objeto. A variedade

dos dados que o pesquisador coleta nos variados momentos é oriunda de fontes distintas ao

passo que, as divergências e os conflitos próprios de uma situação social, relatórios mais

informais e o uso de entrevista como técnica de pesquisa são algumas das dimensões deste

método apontadas pelo autor.

Tais características do método adotado se assemelham ao propósito do ambiente a

ser explorado neste exame.

3.2 Locus da pesquisa

No que concerne ao locus da pesquisa, a demanda será focada em uma Instituição

de Ensino Superior com base instalada no Estado do Ceará, integrante de uma organização

educacional tradicional, de grande porte em termos de quantidade de colaboradores e

contando mais de 10.000 alunos, distribuídos nas unidades de ensino infantil, fundamental e

médio, pré-vestibular e ensino superior.

Nos anos de 2000, ampliou sua área de atuação e passou a oferecer cursos de

graduação. Iniciou as atividades ofertando três cursos ao mercado, chegando 2017 com cerca

de 10 cursos em seu portfólio, o que lhe possibilitou a transição de faculdade para centro

universitário. Os cursos ofertados privilegiam graduação tradicional e executiva das áreas de

Ciências Exatas, Humanas e Administrativas, Tecnologia da Informação e Direito,

abrangendo mais de 1.000 alunos. Oferece, ainda, pós-graduação lato sensu, nas áreas de

Administração, Engenharia, Direito, Psicologia, Saúde e Tecnologia.

A organização educacional de que a IES faz parte é referência em educação no

mercado nacional pelos resultados alcançados em competições escolares nacionais e

internacionais, olimpíadas e exames como ITA e IME. Tais fatos justificam a escolha da IES

como cenário propício ao desenvolvimento desta pesquisa, que tem como propósito constatar

a comparência, ou não, do alinhamento de valores como causante dos resultados

organizacionais.

3.3 Sujeitos da pesquisa

A definição dos sujeitos da pesquisa é um marco para a coleta dos dados.

Sampieri, Collado e Lucio (2013, p. 403) classificam os sujeitos, considerando que, “[...] no

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processo qualitativo é um grupo de pessoas, eventos, acontecimentos, comunidades etc., sobre

o qual deveremos coletar os dados”. Os sujeitos para a pesquisa, designados por conveniência,

foram definidos em conjunto com o coordenador geral da IES e distribuídos em dois blocos:

a) para definição dos valores organizacionais, foram coletados dados com 12

coordenadores de todas áreas pedagógicas da IES; e

b) no que se refere aos valores pessoais, os dados são originários de

colaboradores, sendo estes professores – de cursos distintos - e líderes de áreas

administrativas de setores diversos. Além do tempo na IES, outro fator que

norteou a escolha foi o desempenho da liderança perante setores estratégicos da

empresa.

3.4 Instrumentos de coleta de dados

A entrevista é apontada como instrumento a ser utilizado pelo pesquisador para

obter os dados das pessoas por meio de perguntas (FLICK, 2013). Uma troca de informações

entre um entrevistador e um entrevistado é a acepção de Sampieri, Collado e Lucio (2013, p.

425), destacando ainda sua formatação “íntima, flexível e aberta”.

O tipo de entrevista semiestruturada foi aqui adotado, com questões iniciais

definidas, o que permite ao pesquisador relativa maleabilidade para explorar aspectos cuja

abordagem seja considerada relevante. Para este instrumento, a expectativa de Flick (2013, p.

115) é de que “[...] os entrevistados respondam da forma mais livre e extensiva que

desejarem” e, se, contudo, suas respostas não forem valiosas, o entrevistador deve ampliar a

sondagem.

O emprego de documentos como dados, também foi utilizado neste estudo. Para

Flick (2009, p. 232), os documentos são entrevistos como meios de comunicação e podem ser

textos (de feitio impresso) ou arquivo eletrônico (banco de dados). “Os documentos não são

simples representação dos fatos ou da realidade. Alguém (ou uma instituição) os produz

visando a algum objetivo (prático) e a algum tipo de uso” (FLICK, 2009, p. 232), e, nesta

pesquisa, foram utilizados para tomarmos conhecimento dos objetivos traçados pela IES, bem

como dos resultados.

O roteiro semiestruturado neste estudo está dividido em três blocos, com questões

que respondem aos objetivos específicos demonstrados no Quadro 14, assim distribuídos:

a) bloco I – privilegiou questões referentes à identificação do colaborador na empresa,

quanto a idade, sexo, escolaridade, tempo de atuação e cargo na IES;

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b) bloco II – composto de questões com opções ponderadas pelos respondentes,

pertinentes aos valores pessoais. O inventário de valores de Schwartz (Schwartz Value

Survey – SVS / Portrait Values Questionnaire – PVQ) foi adotado para a coleta, mas

com adequações, de maneira a captar informações, também, quanto ao alinhamento

destes valores com os propósitos da IES; e

c) bloco III – compreendeu questões referentes aos valores organizacionais. O inventário

de perfis de valores organizacionais (IPVO) de Oliveira e Tamayo (2004) foi adotado

para a coleta, mas com adequações de maneira a captar informações, também, quanto

ao alinhamento destes valores com os propósitos da IES.

Quadro 14 – Objetivos específicos propostos

OBJETIVOS ESPECÍFICOS PROPOSTOS

OBJETIVO ESPECÍFICO INSTRUMENTO DE COLETA

Identificar o perfil dos colaboradores participantes da

pesquisa Entrevista semiestruturada

Identificar os principais valores organizacionais na

compreensão dos coordenadores de curso e no

entendimento dos colaboradores da IES e comparar os

resultados expressos por ambos

Entrevista semiestruturada, inventário de

perfis de valores organizacionais (IPVO)

Identificar os valores pessoais na percepção dos

colaboradores da IES

Entrevista semiestruturada, inventário de

valores de Schwartz (SVS)

Analisar se existe alinhamento entre valores

organizacionais e pessoais

Entrevista semiestruturada, inventário de

perfis de valores organizacionais (IPVO)

Verificar se os colaboradores percebem a significância

de sua contribuição para o atingimento de metas

Entrevista semiestruturada e documentos

como dados

Verificar se a IES julga relevante o alinhamento de

valores para o alcance de propósitos

Entrevista semiestruturada e documentos

como dados

Fonte: dados da pesquisa.

3.5 Técnica de análise dos dados

A análise do material coletado em uma pesquisa é um procedimento tradicional e

independe de onde estes foram apanhados, seja artigo de mídia ou dados de entrevistas

(FLICK, 2013). Na pesquisa efetuada na IES, empregamos a técnica de Análise de Conteúdo

que, na perspectiva de Godoy (1995), “[...] consiste em um instrumental metodológico que se

pode aplicar a discursos diversos e a todas as formas de comunicação, seja qual for a natureza

do seu suporte”. Já no relato de Creswell (2007, p. 194),

[...] o processo de análise de dados consiste de extrair sentido dos dados de

texto e imagem. Envolve preparar os dados para análise, conduzir análises

diferentes, aprofundar-se cada vez mais no entendimento dos dados, fazer

representação dos dados e fazer uma interpretação do significado mais amplo

dos dados.

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Existe certa uniformidade nas definições dos autores quanto à análise de dados e

também nas fases que devem ser seguidas pelo pesquisador. Creswell (2007) fornece uma

sequência de seis passos (organizar e preparar o material, ler todos os dados, codificar o

material, gerar uma descrição do cenário ou das pessoas além das categorias ou dos temas

para análise, prever como os dados serão representados e interpretar ou extrair o significado

dos dados), considerados como genéricos e orienta no sentido de que cada pesquisador deve

adaptar esses passos à realidade do seu trabalho.

A terminologia para Análise de Conteúdo de Bardin (1977), criadora do método,

que também é adotada por Triviños (1987), está estruturada em três etapas: pré-análise

(organização do material); exploração do material (codificação, classificação e categorização

do material); e tratamento dos resultados, inferência e interpretações (a análise de fato).

Analisando essa nomenclatura de Bardin (1977), Triviños (1987, p. 160) aponta algumas

particularidades como: a) “ser um meio para o estudo das comunicações entre os homens,

colocando ênfase no conteúdo das mensagens”. O autor entende que tal afirmação privilegia o

limite do método, mas não significa a exclusão de outros, como a linguagem oral e escrita; b)

a inferência é outro ponto de análise explorado pelo autor, afirmando que, sendo esta advinda

de informações do conteúdo ou de premissas oriundas de resultados dos dados, a “informação

surge da apreciação objetiva da mensagem”; e c) por último, é ressaltado o fato “de ser ele um

conjunto de técnicas” pois, para ele, é primordial que o pesquisador tenha conhecimento e

clareza das teorias para análise dos dados; caso contrário, não será viável a inferência.

O fato de o entrevistado emitir um discurso falado, relativamente livre, emitindo o

que ele pensou, viveu ou sentiu em relação a algo, faz com que se identifique subjetividade no

processo de entrevista e essa particularidade associada a quantidade do material gerado

(quantidade de pessoas versus quantidade de páginas de perguntas) faz com que a análise de

conteúdo de entrevista torne-se bastante débil (BARDIN, 2011).

A simultaneidade é uma característica do processo de análise defendida por

Sampieri, Collado e Lucio (2013), visto que os autores expõem que, no processo qualitativo, a

coleta de dados e suas análises ocorrem quase que ao mesmo tempo, acrescentando, ainda, a

falta de padrão, pois cada pesquisa pode exigir do investigador uma análise específica,

porquanto,

[...] quando após analisarmos vários casos já não encontramos informações

novas (“saturação”), a análise termina. Mas se notarmos que há

inconsistências ou se o problema apresentado não pode ser entendido

claramente, então retornamos ao campo ou contexto para coletar mais dados.

(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013, p. 448).

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Para analisar os dados coletados, a coreografia de Sampieri, Collado e Lucio

(2013), aponta vários passos cujas tarefas devem ser executadas com suporte na coleta de

dados, evoluindo para o que eles denominam de tarefas analíticas para chegar à etapa dos

resultados. São tarefas cíclicas, pois, conforme orientam, se no fim do ciclo o propósito tiver

sido atingido, cessam-se as atividades; caso contrário, o processo volta a ser executado.

3.6 Limites

A IES não tinha valores organizacionais definidos formalmente. Isso fez com que

tivéssemos que identificá-los previamente para posteriormente efetuar a análise do

alinhamento entre os valores organizacionais e pessoais. Os coordenadores de curso, das 12

áreas de atuação da IES foram responsáveis pela escolha dos valores representativos da

Instituição.

Não obstante o considerável número de colaboradores da IES, para o

levantamento de valores pessoais, foram destacados pela IES, por conveniência, 21

colaboradores, partindo de nossa sugestão, que se inclinava para um número de 20 a 30

respondentes.

3.7 Limitações

Limitações que transcorreram quando iniciamos a preparação para aplicação da

pesquisa:

a) nossa disponibilidade para início de aplicação da pesquisa coincidiu com o

período de férias da IES, sendo necessário postergar a coleta para 60 dias após

a data prevista;

b) visita de profissionais de órgãos avaliadores da Instituição, coincidindo com o

período de início da aplicação das entrevistas, causando indisponibilidade de

tempo por boa parte dos entrevistados;

c) atribulada rotina de grande parte dos profissionais envolvidos, visto serem

pessoas centrais de departamentos da IES; e

d) compromissos internos vedaram a atuação de dois dos colaboradores indicados.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

Nesta seção, delineiam-se as análises e resultados obtidos com suporte nos

indicadores coletados na Instituição de Ensino Superior, de modo a legitimá-los perante os

argumentos teóricos dos autores estudados no capítulo 3.

Estruturam-se de acordo com os objetivos específicos propostos, a saber:

a) Identificar o perfil dos colaboradores participantes da pesquisa.

b) Identificar os principais valores organizacionais na compreensão dos

coordenadores de curso e no entendimento dos colaboradores da IES e

comparar os resultados expressos por ambos.

c) Identificar os valores pessoais na percepção dos colaboradores da IES.

d) Analisar se existe alinhamento entre valores organizacionais e pessoais.

e) Verificar se os colaboradores percebem a significância de sua contribuição para

o atingimento de metas.

f) Verificar se a IES julga relevante o alinhamento de valores para o alcance de

propósitos.

Para efeito comparativo, adotamos dois grupos para análise

a) Coordenadores – foram apreciados os dados dos profissionais que estavam a

frente de todas as áreas de atuação pedagógica da IES, no total de 12, para

validação de informações organizacionais. Em decorrência da necessidade de

que haja sigilo de seus nomes, eles foram cognominados por CD, seguido de

um número (CD1 a CD12); e

b) Colaboradores – neste grupo coletamos dados de 19 profissionais de áreas

distintas, para comparar com os indicativos organizacionais. A fim de preservar

o sigilo de seus nomes, eles foram denominados por CL, seguido de um

número (CL1 a CL19).

4.1 Perfil dos colaboradores

Conhecer o perfil dos colaboradores da IES que participaram da pesquisa nos

permitiu visão ampla que subsidiou o entendimento para responder aos objetivos específicos

deste trabalho. Para atender a este intento, foram coletados dados pertinentes a idade, sexo,

escolaridade, tempo de atuação e cargo na IES. A seguir, delineamos os indicadores revelados

na amostra.

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4.1.1 Idade

4.1.1.1 Coordenadores

Gráfico 1 – Idade - coordenadores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

O maior número de coordenadores corresponde à faixa etária considerada

intermediária (41 – 50 anos). Não se pode, no entanto, desconsiderar a quantidade de

profissionais na faixa jovem (31 – 40).

4.1.1.2 Colaboradores

Gráfico 2 – Idade - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Os dados dos colaboradores registram características semelhantes aos dos

coordenadores, com maioria para a faixa intermediária (41 – 50 anos). Já a faixa jovem (31 –

40 anos) recebe o segundo maior quantitativo entre os colaboradores avaliados.

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4.1.2 Sexo

4.1.2.1 Coordenadores

Gráfico 3 – Sexo - coordenadores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Os resultados sinalizam que a IES mantém certo equilíbrio de gênero em relação

aos coordenadores de curso. Se considerarmos que na amostra um dos pesquisados é

coordenador geral, então podemos concluir que existe diferença despicienda de gênero no

grupo de coordenadores da IES.

4.1.2.2 Colaboradores

Gráfico 4 – Sexo - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Para composição da amostra, em parte, os sujeitos foram líderes de setores

estratégicos da IES. Os dados examinados indicam leve tendência a feminização nos cargos

de liderança.

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4.1.3 Escolaridade

4.1.3.1 Coordenadores

Gráfico 5 – Escolaridade - coordenadores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

A classificação escolar é fator relevante em qualquer área profissional e o grupo

de coordenadores da IES tem a maioria absoluta de seus profissionais com título de mestre.

4.1.3.2 Colaboradores

Gráfico 6 – Escolaridade - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Entre os colaboradores, a classificação escolar é diversificada, mas a titulação de

mestre se mantém como maioria. Nesse grupo, a maioria dos sujeitos é de professores, fato

que, por si, já requer obrigatoriedade de títulos para cumprimento de exigências do MEC,

pertinentes aos conceitos dos cursos e da própria IES.

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4.1.4 Tempo de atuação na IES

4.1.4.1 Coordenadores

Gráfico 7 – Tempo de atuação - coordenadores

9

1

2

0 e 5

6 - 10

11 - 20

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

A IES iniciou as atividades nos anos 2000, com apenas três cursos, ampliando sua

área de atuação nos últimos cinco anos. Este fato explica a grande concentração de

coordenadores com tempo de atuação na Instituição de zero a cinco anos.

4.1.4.2 Colaboradores

Gráfico 8 – Tempo de atuação - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Retenção de pessoas é uma característica percebida quando são estudados os

dados do Gráfico 8, haja vista apontar prevalência de profissionais com tempo de atuação na

IES de 11 a 20 anos. Percebe-se, nas entrevistas, o orgulho com que eles falam de sua

permanência na IES.

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4.1.5 Cargo na IES

4.1.5.1 Coordenadores

Gráfico 9 – Cargo na IES - coordenadores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Para esta pesquisa, coletamos dados dos profissionais que exerciam cargos de

coordenadores de curso, considerando curso de todas as áreas de atuação da IES.

4.1.5.2 Colaboradores

Gráfico 10 – Cargo na IES - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

O estudo contemplou, prioritariamente, colaboradores dos setores estratégicos

indicados pela IES, exibidos no Gráfico 10, e professores. O montante de professores explica-

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65

se pela necessidade de completar o quantitativo de sujeitos necessário para validação do

trabalho.

4.2 Principais valores organizacionais na compreensão dos coordenadores e no entendimento

dos colaboradores da IES

Os valores que são entendidos pelos colaboradores como características genuínas

da organização, são determinados por Tamayo (1998, p. 57) como valores organizacionais e

afiança que eles são “uma dimensão fundamental da cultura organizacional.”

Na identificação dos valores organizacionais, foi aplicado, no decurso da

entrevista, o Inventário de Perfis de Valores Organizacionais (IPVO), com adaptações para

uma pesquisa qualitativa. O instrumento é constituído por 48 perfis de

valores/crenças/comportamentos de uma empresa que abarcam oito fatores – F1, F2, F3, F4,

F5, F6, F7 e F8. Cada um dos fatores delimita um valor organizacional – F1 Realização, F2

Conformidade, F3 Domínio, F4 Bem-estar, F5 Tradição, F6 Prestígio organizacional, F7

Autonomia e F8 Preocupação com a coletividade. Na coleta de dados, orientamos os sujeitos

que, entre os 48 perfis do instrumento, deveriam ser proclamados, na óptica deles, os dez

perfis que mais caracterizavam a maneira como a IES atuava. Tal sistemática forneceu perfis

que correspondiam aos oito fatores possíveis. A significação dos fatores está descrita no

Quadro 12, Cap. 3, p. 47, deste estudo.

É importante evidenciar que os sujeitos não receberam informações sobre os oito

fatores que seriam gerados após a seleção dos dez perfis, situação que respalda os resultados

tornando-os isentos de qualquer influência. Ponto significativo é que os perfis determinantes

dos fatores estão dispostos em posições aleatórias no instrumento de coleta, sendo necessário

agrupamento posterior.

Fator relevante é a não existência de valores organizacionais definidos

formalmente pela IES. Eles são expressos, no entanto, de moto tácito, segundo informações

dos coordenadores e corroborado no discurso de coordenadores e colaboradores, durante as

entrevistas.

[...] há um sistema de valores aqui que eles são relacionados às questões de

ordem mais interpessoal. Então há um ambiente muito propício ao

descobrimento das relações interpessoais e consequentemente da formação

dos vínculos. Então aqui a gente sente as pessoas muito próximas umas das

outras. Há um senso de trabalho de equipe muito grande por conta disso e

esse sentimento de equipe [...] ela passa por uma questão do afeto, das

relações afetivas entre as pessoas, mas também de uma dimensão ética que é

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a dimensão relacionada aos vínculos que essas pessoas têm e o amor que elas

têm a instituição [...]. A gente tem um ambiente extremamente positivo de

uma relação de formação de vínculos interpessoais e isso, eu acho, ele

pontua favoravelmente para nós porque dá um sentimento forte de equipe

[...] (CL19).

Visto que este objetivo específico pretendia identificar os principais valores

organizacionais da IES, então, dentre os oitos fatores resultantes, consideramos os cinco mais

preferidos pelos sujeitos. O resultado da escolha é mostrado sequentemente.

4.2.1 Valores organizacionais coordenadores

Gráfico 11 – Valores organizacionais - coordenadores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

4.2.2 Valores organizacionais colaboradores

Gráfico 12 – Valores organizacionais - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

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Ao defrontar os cinco principais valores organizacionais na percepção dos

coordenadores com os cinco valores organizacionais na compreensão dos colaboradores,

atestamos coincidência entre quatro deles, inclusive na ordem de classificação, conforme

indicados nos gráficos 11 e 12. Para esta pesquisa, estatuímos reconhecer a comparência de

alinhamento desde que mais de 50% dos valores coletados manifestassem igualdade.

Dessarte, o resultado atesta congruência entre os valores organizacionais

declarados pelos coordenadores e os valores organizacionais evidenciados pelos

colaboradores da IES.

A não existência da formalidade de valores organizacionais, não invalida o

reconhecimento e prática deles, conforme relato de coordenadores:

[...] então isso faz com que se reforce esses valores, que embora não estejam

escritos, eles são de conhecimento de todo mundo. Todo mundo sabe como a

instituição caminha e como a gente deve caminhar junto. Novos

colaboradores já são selecionados também em cima dessas características

[...] (CD1).

[...] é isso que eu acho que de fato é valor, é quando ele não precisa nem tá

escrito mas todo mundo sabe quais são, e todo mundo vivencia quais são.

Então, por exemplo, um valor que eu acho que existe aqui que não tá escrito

mas que perpassa todo mundo que trabalha aqui é a questão do cuidado com

as pessoas. Então você tem um atendimento ao aluno aqui por parte de todos:

coordenador, professor, funcionários, secretária, todos os funcionários daqui

cuidam do aluno de uma maneira atenciosa e tem isso em primeiro lugar.

Mais ainda, não só do aluno, eu diria de todas as pessoas [...] então eu acho

isso fantástico, é o cuidado que se tem com as pessoas [...] então assim, o

fato de ele não está escrito não significa que ele não é vivenciado, ao

contrário, eu acho que ele já faz parte da cultura da instituição [...] (CD5).

A narrativa é reforçada quando contrastamos o tempo de atuação dos sujeitos na

IES, haja vista o fato de que o maior número de coordenadores está na faixa zero a cinco

anos, enquanto o maior número de colaboradores está no intervalo de 11 a 20 anos.

A cultura organizacional molda os membros de uma empresa, de acordo com a

personalidade de seu fundador (SCHEIN, 1983). De outra parte, os valores organizacionais,

orientam a vida organizacional e também seus membros, quanto ao modo de pensar, agir e

sentir, fazendo assim com que a procedência dos valores organizacionais seja o entrecruzar

das intenções de ambos (TAMAYO, GONDIM, 1996).

A coincidência de valores atestada na IES, demonstra que seus colaboradores

estão amoldados aos valores organizacionais de forma natural, fato captado na demonstração

de desvelo que cada colaborador demostrava ao falar, durante a entrevista, da empresa e de

sua trajetória profissional na IES. Na perspectiva de Tamayo (1998, p. 58),

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os valores organizacionais determinam a percepção e a definição que os

empregados têm das diversas situações organizacionais, a percepção dos

problemas organizacionais e as formas de solucioná-los, os mecanismos e o

conteúdo da socialização dos membros da organização, o comprometimento

do empregado com o trabalho e com a organização, a identificação com o

grupo e a produtividade organizacional, e a satisfação dos empregados com o

trabalho e com a empresa.

O reconhecimento das necessidades de planejamento, criação ou aprendizado de

respostas adequadas de sua satisfação, é fator relevante para que tanto a organização quanto

seus membros sejam capazes de arrostar a realidade, traduzindo de maneira cônscia essas

necessidades como valores ou metas a serem granjeadas (TAMAYO, 1998). Assim, para o

autor,

[...] a percepção dos valores organizacionais pelos empregados constitui

imagem avaliatória da empresa, sua eficiência, das suas tendências à

inovação tecnológica, do seu tipo de gestão, da sua preocupação com os

empregados e da interação existente entre eles. As características dessa

imagem (positividade, dinamismo, atração, entre outras) determinam a maior

ou a menor identificação do empregado com a empresa e com os seus

objetivos. (TAMAYO, 1998, p. 58)

A busca pelo sucesso e por uma posição de destaque no mercado, o

aperfeiçoamento das competências dos empregados, o respeito às regras internas e ao

relacionamento com outras organizações fazem parte do conjunto de valores identificados na

IES, descritos por Tamayo e Gondim (1996) no Inventário de Perfis de Valores

Organizacionais.

4.3 Valores pessoais na percepção dos colaboradores da IES

O instrumento empregado na coleta dos valores pessoais, concomitantemente com

a entrevista, foi o Inventário de Valores de Schwartz (Schwartz Value Survey – SVS / Portrait

Values Questionnaire – PVQ), constituído de 40 características de uma pessoa, que demarcam

dez valores pessoais.

A acepção dos valores está esboçada no Quadro 8, Cap. 3, p. 40, deste exame.

Para análise dos dados, empregaram-se juntamente os eixos de interesse de Schwartz (1992),

circunstanciados no Cap. 3, p. 39, desta investigação.

Solicitamos a cada colaborador que destacasse, no instrumento, dez características

que mostrassem como ele era, e não como gostaria de ser. Ressaltamos que os colaboradores

desconheciam os valores pessoais que correspondiam ao grupo de características escolhidas.

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As características de cada valor foram organizadas em posições casuais,

posteriormente agrupadas para delimitação do valor pessoal. Desta maneira, é possível que a

coleta ofereça características que atendam aos dez valores. Ante tal possibilidade, foram

considerados apenas os sete mais citados entre os dez possíveis.

Na sequência, publicamos os resultados.

Gráfico 13 – Valores pessoais - colaboradores

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Valores pessoais são princípios que orientam as pessoas ao longo da vida

(SCHWARTZ, 1982), e os mais relevantes identificados entre os colaboradores da IES, são

universalismo e benevolência que, segundo definições do autor, remetem a compreensão,

apreciação, tolerância e proteção para o bem-estar das pessoas com quem mantém contato

pessoal frequente. Se de um lado o valor tradição faz alusão ao respeito, ao compromisso e a

aceitação de costumes e ideias, de outra parte o valor conformidade aponta para restrição de

ações que possam prejudicar o outro ou violar normas sociais. O valor realização diz respeito

ao sucesso pessoal enquanto que segurança e autodireção referem-se a pensamento para

escolha e harmonia da sociedade.

Ao aplicarmos os eixos de interesses de Schwartz (1982) na análise dos dados

pessoais coletados, depreendemos que os eixos 2 e 3, interesses coletivos (benevolência;

conformidade; tradição) e interesses mistos (universalismo; segurança), respectivamente, são

completamente atendidos; enquanto, isso, o eixo 1, interesses individuais (poder; realização;

hedonismo; estimulação; autodireção), tem apenas dois de seus cinco valores, elegido pelos

sujeitos, conforme Gráfico 14, na sequência.

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Gráfico 14 – Eixos de interesses

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

[...] não tem como você trabalhar num lugar, numa empresa, que você não se

familiarize, que você não construa junto, que não interaja junto [...] quando a

faculdade foi ser recredenciada, nossa, foi uma coisa linda! Todo mundo

ficou numa mesma sintonia, sabe? É tanto que os avaliadores ficaram assim

en-can-ta-dos! Encantados com o que viram, sabe, com a sintonia de um

departamento com o outro, foi assim maravilhoso, foi fenomenal [...]

primeiramente partiu da direção, então a direção, ela sabia daquela

responsabilidade [...] e ela teve o cuidado, o dissernimento de nos repassar o

que era que a gente iria fazer, como iria fazer [...] ela deu um apanhado da

importância daquele momento que a gente ia passar. [...] foi explicado, ela

deu uma aula pra gente, a gente tinha vários encontros [...] aí a gente tirou

dúvidas, do que seria aquilo, para que serviria aquilo, né, então foi um

negócio assim maravilhoso, ela preparou slides, ela nos deu estatística, foi

um negócio perfeito, assim. Foi um negócio per-fei-to! [...] (CL3).

A Faculdade estava participando do processo para ser Centro Universitário.

Na ocasião [informação confidencial] convocou a todos os colaboradores

para nos informar que a [informação confidencial] havia entrado com o

processo de recredenciamento para conseguir o título de Centro

Universitário. Foi animação total! [...] todos ficaram surpresos e animados

com a notícia. [informação confidencial] falou o que era Centro e qual a

diferença que isso faria para a vida dos acadêmicos e na sociedade a partir,

de agora. Todos ficaram satisfeitos! (CL1).

[...] então a gente sente essa união do grupo, realmente é uma instituição em

que há um calor muito forte entre os colaboradores para que a gente possa

chegar no objetivo comum. É mesmo um objetivo comum para todos. [...]

(CL5).

[...] alguns trabalhos, a gente faz em conjunto e eu me sinto vitoriosa [...]

(CL6).

[...] e isso faz parte desse alinhamento das metas. Todos os cursos eles

dialogam pra gente ver o que que um pode ajudar no outro. Eu já vi alguns

coordenadores na sala de professores, dialogarem e mostrarem um projeto

pedagógico um pro outro, ver o alinhamento pra poder verificar se tem

alguma coisa de distorção em relação aos outros porque já passaram por

avaliações e sabem disso [...] (CD11).

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71

[...] é necessário ter um engajamento porque realmente a gente se considera

como um time e o time são todas as pessoas dentro da Instituição [...] a gente

vibra muito, se sente realmente parte de um todo ali [...] a gente trabalha

muito para que a gente tenha sempre um bom resultado [...] (CL4).

Nesses relatos acima é revelada a harmonia dos sujeitos em benefício dos

objetivos da IES, tornando válidos os dados do Gráfico 14, onde são anunciados valores

pessoais que privilegiam os interesses coletivos, conforme estabelecido por Schwartz (1992)

no seu estudo sobre eixo de interesses.

4.4 Análise da existência de alinhamento entre valores organizacionais e pessoais

Para responder a esse objetivo, os dados coletados foram comparados,

empregando o método exposto no Quadro 13, Cap. 3, p. 48 – fatores do IPVO x

correspondências com os tipos motivacionais de valores. A metodologia faz uma associação

entre os oito fatores do Inventário de Perfis de Valores Organizacionais (IPVO) e os dez

valores do Inventário de Valores de Schwartz (Schwartz Value Survey – SVS / Portrait

Values Questionnaire – PVQ), aplicados neste exame.

Na definição dos valores organizacionais (4.2.1 Valores organizacionais

coordenadores), consideramos apenas cinco entre os oito possíveis. Para validação da

existência de alinhamento, aceitamos a coincidência de três dos cinco valores da IES.

A correspondência entre os valores organizacionais e os valores pessoais está

expressa no Gráfico 15, cujo resultado testifica a existência de alinhamento entre os valores

organizacionais da IES e os valores pessoais de seus colaboradores haja vista o paralelismo de

três deles, conforme adotamos como critério.

Gráfico 15 – Alinhamento entre valores organizacionais e pessoais

REALIZAÇÃO

PRESTIGIOORGANIZACION…

DOMÍNIO

CONFORMIDADE

AUTONOMIA

TRADIÇÃO

REALIZAÇÃO

CONFORMIDADE

SEGURANÇA

AUTODIREÇÃO

BENEVOLÊNCIA

UNIVERSALISMO

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

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72

No Quadro 15, expressamos em metas a correspondência mostrada no Gráfico 15.

Quadro 15 – Metas do alinhamento de valores

FATORES IPVO, CORRESPONDÊNCIA E METAS

FATORES CORRESPONDÊNCIA METAS

Realização Realização Valorizar a competência e o sucesso dos

trabalhadores.

Conformidade Conformidade Promover a correção, a cortesia e as boas maneiras no

trabalho e o respeito às normas da organização.

Autonomia Autodireção Oferecer desafios e variedade no trabalho, estimular a

curiosidade, a criatividade e a inovação.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

[...] estou na instituição aqui há cinco anos, já venho de uma outra instituição

ligada ao mesmo grupo na qual encontro os mesmos valores. Então pra mim

não é motivo de surpresa que haja essa forma de trabalho da instituição em

relação ao que se espera de um profissional aqui dentro. Então eu acredito

nessa forma de trabalho por isso estou aqui e pretendo continuar enquanto

meu trabalho for considerado satisfatório. (CL8).

[...] aqui a cultura é muito boa na instituição, a própria direção vem e nos

parabeniza, nos agradece, então a gente se sente parte disso, né, e somos

extremamente valorizados pelo trabalho que a gente desenvolve aqui. Então

não tem porque não se sentir extremamente feliz [...] eu, principalmente,

posso dizer que eu trabalho aqui com uma satisfação imensa porque é uma

instituição que me dá um suporte pra isso, não é de qualquer jeito: somos

preparados...[...] quando a gente está nas conversas triviais do dia a dia, a

gente comenta sempre isso, do apoio que a gente tem aqui [...] isso

transparece até para os alunos, o aluno percebe o quanto a gente é feliz por

trabalhar aqui [...] (CL5).

[...] a instituição não vai conseguir contratar nem manter um funcionário que

não se alinhe aos valores dela. Em contrapartida a gente como funcionário,

se nossos valores pessoais forem diferentes da instituição, provavelmente a

gente vai buscar outras instituições [...] (CD8).

[...] os valores eles são em alguns momentos mais importante do que as

metas porque o que se presa aqui é a questão da qualidade, a qualidade do

atendimento, a qualidade do ensino. Então eu penso que isso é o que vem em

primeiro lugar [...] (CD5).

Fragmentos das metas do alinhamento de valores expressas no Quadro 15 são

identificados nas narrativas de coordenadores e colaboradores retrocitadas. Barret (2014)

atesta que o alinhamento de valores fortifica as relações entre empresa e empregados,

clareando o processo decisório e formando alianças significativas também com os

stakeholders. Na IES, competência e sucesso dos colaboradores, respeito as normas e

estímulo a criatividade e inovação são resultantes da correspondência entre valores pessoais e

organizacionais estabelecida por Oliveira e Tamayo (2004).

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73

4.5 Consecução de metas

Esta pesquisa investigou o alinhamento de valores organizacionais e valores

pessoais e a influência deste alinhamento para o alcance de metas da IES. As metas

consideradas foram os conceitos do Ministério da Educação (MEC) para credenciamento

institucional, recredenciamento institucional e reconhecimento dos cursos. Barret (2014)

considera que a sintonia entre valores organizacionais e valores pessoais é o fato gerador de

vitória para as empresas que usam valores em alinhamento com resultados.

Instrumentos avaliativos, que englobam múltiplos indicadores, descritos avante,

com valor predeterminado, são elaborados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP), conforme diretivas do MEC para aferir as IES privadas,

inicialmente como faculdades, conforme detalhado na sequência.

1) Instrumento de Avaliação Institucional Externa Presencial e a Distância (Credenciamento)6

– constituído por cinco eixos, que contemplam dez dimensões do Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior (SINAES):

a) o eixo 1 (planejamento e avaliação institucional) – examina a IES sob três

indicadores:

i) Projeto de autoavaliação institucional;

ii) participação da comunidade acadêmica; e

iii) previsão de análise e divulgação de resultados.

b) o eixo2 (desenvolvimento institucional) – 7 indicadores são apreciados:

i) missão, objetivos, metas e valores institucionais;

ii) PDI – política de ensino de graduação e pós-graduação;

iii) PDI – políticas e práticas de pesquisa ou iniciação científica, de inovação

tecnológica e de desenvolvimento artístico e cultural;

iv) PDI – políticas institucionais voltadas à valorização da diversidade, do meio

ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural, e

ações afirmativas de defesa e promoção dos direitos humanos e da igualdade

étnico-racial;

v) PDI – políticas institucionais voltadas ao desenvolvimento econômico e à

responsabilidade social;

6 Documento oficial do MEC, fornecido à pesquisadora pela IES.

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vi) PDI – política institucional para a modalidade EaD; e

vii) Estudo para implantação de polos EaD.

c) eixo 3 (políticas acadêmicas) – avalia 10 indicadores

i) políticas de ensino e ações acadêmico-administrativas para os cursos de

graduação;

ii) políticas institucionais e ações acadêmico-administrativas para a pesquisa ou

iniciação científica, a inovação tecnológica e o desenvolvimento artístico e

cultural;

iii) políticas de ensino e ações acadêmico-administrativas para a extensão;

iv) políticas institucionais e ações de estímulo e difusão para a produção

acadêmica docente;

v) política institucional de acompanhamento de egressos;

vi) política institucional para internacionalização;

vii) comunicação da IES com a comunidade externa;

viii) comunicação da IES com a comunidade interna;

ix) política de atendimento aos discentes; e

x) políticas institucionais e ações de estímulo à produção discente e à participação

em eventos (graduação e pós-graduação).

d) eixo 4 (políticas de gestão) – 7 indicadores são atendidos por esse eixo:

i) política de capacitação docente e formação continuada;

ii) política de capacitação e formação continuada para o corpo técnico-

administrativo;

iii) política de capacitação e formação continuada para o corpo de tutores

presenciais e a distância;

iv) processo de gestão institucional;

v) sistema de controle de produção e distribuição de material didático;

vi) sustentabilidade financeira: relação com o desenvolvimento institucional; e

vii) sustentabilidade financeira: participação da comunidade interna.

e) eixo 5 (infraestrutura) – é mais amplo de todos os eixos, compreendendo 18

indicadores:

i) instalações administrativas;

ii) salas de aula

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iii) auditório (s)

iv) sala de professores

v) espaços para atendimento aos discentes

vi) espaços de conveniência e de alimentação

vii) laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas: infraestrutura

física;

viii) infraestrutura física e tecnológica destinada à CPA;

ix) bibliotecas: infraestrutura;

x) bibliotecas: plano de atualização do acervo;

xi) salas de apoio de informática ou estrutura equivalente;

xii) instalações sanitárias;

xiii) estrutura dos polos EaD;

xiv) infraestrutura tecnológica;

xv) infraestrutura de execução e suporte;

xvi) plano de expansão e atualização de equipamentos;

xvii) recursos de tecnologias de informação e comunicação; e

xviii) ambiente virtual de aprendizagem – AVA.

O conceito do MEC para o credenciamento da IES, após aplicação do instrumento

retrocitado, está demonstrado no Gráfico 16.

Gráfico 16 – Conceito institucional (credenciamento)

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

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76

2) Instrumento de Avaliação Institucional Externa Presencial e a Distância

(Recredenciamento / Transformação de organização acadêmica)7 – 10 dimensões do

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) são abarcadas por 5

eixos, descritos na sequência:

a) eixo 1 (planejamento e avaliação institucional) – compreende 5 indicadores:

i) evolução institucional a partir dos processos de planejamento e avaliação

institucional;

ii) processo de autoavaliação institucional;

iii) autoavaliação institucional: participação da comunidade acadêmica;

iv) autoavaliação institucional e avaliações externas: análise e divulgação dos

resultados; e

v) relatórios de autoavaliação.

b) eixo 2 (desenvolvimento institucional) – 7 indicadores validam esse eixo:

i) missão, objetivos, metas e valores institucionais;

ii) PDI – planejamento didático-institucional e política de ensino de graduação e

de pós-graduação;

iii) PDI – política e práticas de pesquisa ou iniciação científica, de inovação

tecnológica e de desenvolvimento artístico e cultural;

iv) PDI – políticas institucionais voltadas à valorização da diversidade, do meio

ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural,

e ações afirmativas de defesa e promoção dos direitos humanos e da

igualdade étnico-racial;

v) PDI e políticas institucionais voltadas ao desenvolvimento econômico e à

responsabilidade social;

vi) PDI e política institucional para a modalidade EaD; e

vii) Estudo para implantação de polos EaD.

c) eixo 3 (políticas acadêmicas) – testificado por 12 indicadores:

i) políticas de ensino e ações acadêmico-administrativas para os cursos de

graduação;

7 Documento oficial do MEC, fornecido à pesquisadora pela IES.

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ii) políticas de ensino e ações acadêmico-administrativas para os cursos de pós-

graduação lato sensu;

iii) políticas de ensino e ações acadêmico-administrativas para os cursos de pós-

graduação stricto sensu;

iv) políticas institucionais e ações acadêmico-administrativas para a pesquisa ou

iniciação científica, a inovação tecnológica e o desenvolvimento artístico e

cultural;

v) políticas institucionais e ações acadêmico-administrativas para a extensão;

vi) políticas institucionais e ações de estímulo e difusão para a produção

acadêmica docente;

vii) política institucional de acompanhamento dos egressos;

viii) política institucional para internacionalização;

ix) comunicação da IES com a comunidade externa;

x) comunicação da IES com a comunidade interna;

xi) política de atendimento aos discentes; e

xii) políticas institucionais e ações de estímulo à produção discente e à

participação em eventos (graduação e pós-graduação).

d) eixo 4 (políticas de gestão) – analisam 8 indicadores:

i) titulação do corpo docente;

ii) política de capacitação docente e formação continuada;

iii) política de capacitação e formação continuada para corpo técnico-

administrativo;

iv) política de capacitação e formação continuada para o corpo de tutores

presenciais e a distância;

v) processos de gestão institucional;

vi) sistema de controle de produção e distribuição de material didático;

vii) sustentabilidade financeira: relação com o desenvolvimento institucional; e

viii) sustentabilidade financeira: participação da comunidade interna.

e) eixo 5 (infraestrutura) – 18 indicadores são apreciados neste eixo:

i) instalações administrativas;

ii) salas de aula

iii) auditório (s)

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78

iv) sala de professores

v) espaços para atendimento aos discentes

vi) espaços de conveniência e de alimentação

vii) laboratórios, ambientes e cenários para práticas didáticas: infraestrutura

física;

viii) infraestrutura física e tecnológica destinada à CPA;

ix) bibliotecas: infraestrutura;

x) bibliotecas: plano de atualização do acervo;

xi) salas de apoio de informática ou estrutura equivalente;

xii) instalações sanitárias;

xiii) estrutura dos polos EaD;

xiv) infraestrutura tecnológica;

xv) infraestrutura de execução e suporte;

xvi) plano de expansão e atualização de equipamentos;

xvii) recursos de tecnologias de informação e comunicação; e

xviii) ambiente virtual de aprendizagem – AVA.

Em 2016, por meio do instrumento citado anteriormente, a IES passou por análise

do MEC com vistas ao recredenciamento institucional e a elevação de Faculdade para Centro

Universitário. O resultado da avaliação está apontado no Gráfico 17.

Gráfico 17 – Conceito institucional (recredenciamento)

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

3) Instrumento de avaliação de cursos de graduação presencial e a distância

(Reconhecimento / Renovação de Reconhecimento) – avaliações in loco são feitas

para reconhecimento de curso e renovações, fato que torna possível a emissão de

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diplomas aos graduados, pela IES. É atendido por 3 dimensões, com amplo número de

indicadores, a saber:

a) dimensão 1 (organização didático-pedagógica) – contempla 24 indicadores:

i) políticas institucionais no âmbito do curso;

ii) objetivos do curso;

iii) perfil profissional do egresso

iv) estrutura curricular;

v) conteúdos curriculares;

vi) metodologia;

vii) estágio curricular supervisionado;

viii) estágio curricular supervisionado – relação com a rede de escolas da

educação básica;

ix) estágio curricular supervisionado – relação teoria e prática;

x) atividades complementares;

xi) trabalhos de conclusão de curso (TCC);

xii) apoio ao discente;

xiii) gestão do curso e os processos de avaliação interna e externa;

xiv) atividades de tutoria;

xv) conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias às atividades de tutoria;

xvi) tecnologias de informação e comunicação (TIC) no processo ensino-

aprendizagem;

xvii) ambiente virtual de aprendizagem (AVA);

xviii) material didático;

xix) procedimentos de acompanhamento e de avaliação dos processos de

ensino-aprendizagem;

xx) número de vagas;

xxi) integração com as redes públicas de ensino;

xxii) integração do curso com o sistema local e regional de saúde (SUS);

xxiii) atividades práticas de ensino para áreas da saúde; e

xxiv) atividades práticas de ensino para licenciaturas.

b) dimensão 2 (corpo docente e tutorial) – 16 indicadores são examinados:

i) núcleo docente estruturante – NDE;

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ii) equipe multidisciplinar;

iii) atuação do coordenador;

iv) regime de trabalho do coordenador de curso;

v) corpo docente: titulação;

vi) regime de trabalho do corpo docente do curso;

vii) experiência profissional do docente;

viii) experiência no exercício da docência na educação básica;

ix) experiência no exercício da docência superior;

x) experiência no exercício da docência na educação a distância;

xi) experiência no exercício da tutoria na educação a distância;

xii) atuação do colegiado de curso ou equivalente;

xiii) titulação e formação do corpo de tutores do curso;

xiv) experiência do corpo de tutores em educação a distância;

xv) interação entre tutores (presenciais – quando for o caso – e a distância),

docentes e coordenadores de curso a distância; e

xvi) produção científica, cultural, artística ou tecnológica.

c) dimensão 3 (infraestrutura) – totalizam 18 indicadores:

i) espaço de trabalho para docentes em tempo integral;

ii) espaço de trabalho para o coordenador;

iii) sala coletiva de professores;

iv) salas de aula;

v) acesso dos alunos a equipamentos de informática;

vi) bibliografa básica por unidade curricular (UC);

vii) bibliografa complementar por unidade curricular (UC);

viii) laboratórios didáticos de formação básica;

ix) laboratórios didáticos de formação específica;

x) laboratórios de ensino para a área de saúde;

xi) laboratórios de habilidades;

xii) unidades hospitalares e complexo assistencial conveniados;

xiii) biotérios;

xiv) processo de controle de produção ou distribuição de material didático

(logística);

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xv) núcleo de práticas jurídicas: atividades básicas e arbitragem, negociação,

conciliação, mediação e atividades jurídicas reais;

xvi) comitê de Ética em Pesquisa (CEP);

xvii) comitê de Ética na utilização de Animais (CEUA); e

xviii) ambientes profissionais vinculados ao curso.

Os cursos são reconhecidos pelo MEC após completar 50% de sua carga horária,

sob análise do instrumento avaliativo supracitado.

Os conceitos referentes ao reconhecimento de cursos na IES estão apresentados no

Gráfico 18. Para manter a confidencialidade, os cursos da IES estão identificados por

números de 1 a 20.

Gráfico 18 – Conceitos dos cursos da IES

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

Os dados demonstrados nos Gráficos 16, 17 e 18 respondem aos objetivos

específicos apresentados a seguir, credibilizados pelos relatos de coordenadores e

colaboradores.

4.5.1 Percepção dos colaboradores quanto à significância de sua contribuição para o

atingimento de metas

O diálogo dos colaboradores mostra que eles se sentem partícipes ativos dos

processos e que são fragmentos necessários à composição do todo – a equipe faz a diferença.

O espelhamento de membros das organizações em seus líderes é defendido por Schein (1998)

como maneira de internalizar pressupostos e valores.

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Condições de trabalho propícias à execução de atividades, ambiente harmonioso,

independente da hierarquia e reconhecimento individualizado da alta direção são ingredientes

contributivos para intenso orgulho pela marca institucional.

[...] a partir do momento que a gente entra na instituição a gente se

compromete a ser dela e se doar por inteiro, fazer com que as coisas

aconteçam e quando sai o resultado eu sei que um dos pontos da avaliação

ou que o avaliador passou no setor a gente pode informar o que é que o setor

faz ou deixou de fazer e sabe que houve uma contribuição da nossa parte

com relação a isso. Eu saio tão vitoriosa quanto a instituição. (CL7).

[...] me considero parte desse todo, porque são muitos anos de empresa [...] a

gente já se sente realmente parte da empresa, pelo fato de ter tantos anos,

claro que tem a parte financeira mas também tem a parte profissional que a

gente se engrandece muito de fazer parte de um time vencedor e fazendo

parte para que esse time consiga sempre crescer [...] (CL4).

[...] eu comecei aqui na faculdade em [informação confidencial], eu vi a

faculdade crescer, hoje eu tenho 18 anos de casa [...] com o passar dos anos

eu vi o crescimento da instituição e eu acompanhei. Eu, particularmente, me

sinto um membro muito importante, nos reconhecimentos de cursos, nas

autorizações de cursos [...] eu participei e participo: faço questão de estar

contribuindo e isso me faz muito bem [...] a faculdade se preocupa com o

funcionário ao ponto de dá oportunidade para o funcionário. Eu comecei

como auxiliar de biblioteca e hoje atualmente, eu atuo como coordenadora

de apoio ao aluno na área acadêmica [...] e isso pra mim é uma satisfação

[...] o meu amor por esta instituição não tem preço [...] é gratificante [..] é

um amor assim inexplicável [...] (CL1).

[...] eu acho extremamente importante essa contribuição, eu sempre busco,

eu entrei aqui e não tinha nenhuma graduação, fiz duas estando aqui e a

minha ideia foi fazer algo que me fizesse ter mais proximidade com os

alunos. Eu fiz Administração e depois senti a necessidade de fazer o Direito

[...] porque eu queria viver o Direito pra poder ter esse contato maior para

poder entender as necessidades dos alunos. [...] quero ainda melhorar [...]

fazer uma especialização que eu acho que isso também vai trazer mais

benefícios tanto pra mim quanto para a instituição [...] (CL6).

[...] eu creio que eu seja muito importante nesse desempenho, tanto é que

eles me reconhecem, eu já tenho 11 anos de casa, com dez anos me

premiaram, me reconheceram, me escolheram para participar da equipe e me

ouvem. As minhas ideias quase todas elas foram abraçadas desde que eu

ingressei aqui. Minhas propostas, minhas ideias, meus projetos, eles

incentivam. Tive projetos que iniciei aqui dentro, eles apoiando, que são

casados com os interesses e com os objetivos da instituição [...] eu percebo

que enquanto colaborador para o desempenho dos projetos e dos objetivos

institucionais eu tenho feito a minha parte. Eu acho que tenho porque eles

me reconhecem nesse papel [...] eles dão esse feedback [...] (CD11).

Fato expressivo a ser assinalado foi que todos os colaboradores entrevistados, sem

retraimento, exteriorizaram o claro entendimento de que seu trabalho na IES, é contributivo

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para o alcance das metas traçadas pela IES, e o fizeram de maneira entusiástica e emotiva. Os

coordenadores também foram arguidos quanto a este tema.

4.5.2 Relevância do alinhamento de valores para o alcance de propósitos, no entendimento da

IES

Como entendimento da IES, para este objetivo, adotamos a óptica dos

coordenadores como resposta válida.

A IES tem a percepção e considera de sobeja importância que os colaboradores

conheçam e compartilhem com os propósitos organizacionais. Essa ambiência está revelada

na interlocução com os coordenadores entrevistados e traduzida nos relatos que se seguem.

[...] ela percebe esse alinhamento de valores porque ela entende a sua

estrutura funcional e a sua própria filosofia e a sua própria razão de existir

enquanto instituição é o corpo social dela. Ela não se reconhece desalinhada

com o corpo social dela: nas metas, nos trabalhos e nas atividades [...] ela

tem consciência de que ela não consegue fazer isso sozinha e ela precisa da

equipe e precisa de uma equipe que esteja alinhada com os propósitos da

instituição. Isso é sempre deixado bem claro nas reuniões de gestão que nós

somos treinados e capacitados inclusive para nos percebermos entre os

membros de equipe de gestão alinhados com os propósitos institucional, e

quando eles percebem que nós não estamos alinhados, eles nos capacitam

para esse alinhamento, inclusive como replicadores para o nosso corpo

docente, para o nosso corpo discente e para todos os funcionários [...]

(CD11).

[...] é uma preocupação latente da instituição [...] é necessário que as pessoas

estejam alinhadas senão as metas não virão de maneira mais tranquila [...]

ela deixa isso muito claro [...] (CD12).

[...] na minha visão a Instituição considera muito importante que os objetivos

pessoais dos profissionais aqui estejam alinhados com os valores

organizacionais, porque apesar que ela seleciona as pessoas com base na

capacidade das pessoas [...] mas se a pessoa no desempenho das funções, ela

mostrar que os valores dela diferem muito dos valores da Instituição, essa

pessoa vai ser chamada para alinhar e se não houver o alinhamento aí eu

acredito que passa (eu não vi ainda essa situação aqui) mas acredito que

passa para uma etapa de verificação do que pode ser feito [...] então os

valores pessoais eles tem que estar alinhados com os valores da Instituição

senão vai haver um desencontro [...] (CD3).

[...] a maioria das metas está atrelada a visão e muitas coisas que vem

descrita na visão da Instituição vem atrelada também no PDI [...] então a

Instituição leva muito em consideração tanto a visão quanto a missão [...]

então esse alinhamento está traduzido na missão e na visão [...] ele tá bem

claro lá [...] (CD4).

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[...] o alinhamento entre o que a Instituição acredita e as ações que os

profissionais desempenham isso é avaliado a todo momento, então você

percebe na maneira como a instituição opera, que a exigência deste

alinhamento é cotidiana, é algo realmente da cultura [...] (CD1).

Há de se registrar, o fato de que, dentre os 12 coordenadores entrevistados, nove

deles atuam na Instituição de zero a cinco anos, contudo, em seus relatos, reconhecem a

relevância do alinhamento de valores. Enaltecem, ainda, os esforços e o apoio dispensados

pela IES, para que os profissionais possam direcionar suas ações com vistas aos objetivos

institucionais e que exerçam papel multiplicador com os demais colaboradores.

Confrontando os relatos transcritos nos itens 4.5.1 (percepção de contribuição

pelos colaboradores) e 4.5.2 (percepção da relevância do alinhamento de valores pela IES),

em que ambos se referem a metas, com os dados apresentados nos Gráficos 16, 17 e 18,

depreendemos que estão em consonância. Além disso, relato de coordenadores deixa clara a

busca pela melhoria dos conceitos atuais, tendo como intuito atingir nível 5 em todos os

cursos, bem como manter o conceito institucional no patamar atual.

[...] eu me sinto vitorioso com cada vitória da Instituição, cada 5 que ela tira

reflete em nós, a Instituição vai crescendo mais [...] e pela repercussão social

da Instituição. Então a gente, como faz parte de uma equipe, a gente se sente

gratificado também [...] (CD11).

Tal propósito de melhoria dos resultados atuais também é evidenciado no diálogo

dos colaboradores.

“[...] a instituição procura ser referência em ensino e de acordo com os

padrões estabelecidos pelo do MEC e esse objetivo tem sido atingido

gradativamente com excelentes resultados [...]” (CL2).

Os valores têm poder motivacional que transcendem os séculos e nesta óptica

Tamayo (1999) assegura que os valores se prestam a perfazer objetivos organizacionais e as

necessidades das pessoas. Por sua parte, Tamayo (2005) atesta a sustentação da confluência

entre valores organizacionais e valores pessoais demonstrando assim, que as metas

conquistadas pela IES são resultantes do entrelaçamento de demandas coletivas. O autor

também afiança que

[...] a convergência de empregados na percepção dos valores organizacionais

é de grande importância. Ela expressa a forma como a missão e os objetivos

da empresa, bem como as estratégias adotadas para atingi-los, são percebidos

pelos empregados. Uma função dos valores organizacionais compartilhados

entre os membros da empresa é criar neles modelos mentais relativos ao

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85

funcionamento e à missão da organização. A importância desse ponto não

pode ser negligenciada. (TAMAYO, 1998, p. 57)

Transmissão de objetivos para o corpo funcional, feita de forma clara, coerente e

consistentemente é um mecanismo que as empresas devem utilizar para atingir os objetivos da

empresa (BEKIN, 2004). Cerqueira (1994) entende que as pessoas irão buscar excelência nas

empresas, desde que percebam que seus valores pessoais são respeitados e de sua parte, Brum

(2005) assevera que as organizações já internalizaram que ao baseando o ambiente no

paternalismo, conseguiram apenas uma força servil.

Se, de um lado, colaboradores demonstram ciência do quão importante representa

o seu trabalho, bem como o trabalho desenvolvido pelos membros das equipes dos

departamentos onde atuam (quando se aplica), é relevante para o alcance de propósitos; de

outra parte, a IES, aqui representada pelos coordenadores, não se percebe como instituição de

sucesso sem a contribuição do quadro colaborativo. Essa fotografia é revelada com clareza

nos discursos dos quais nos apropriamos para apresentar os resultados destes objetivos.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este ensaio intentou analisar a relação entre valores organizacionais, valores

pessoais e alcance de metas em uma Instituição de Ensino Superior. Assentou-se,

prioritariamente, nos trabalhos desenvolvidos por Schein, Tamayo et. al. e Schwartz para

testificar os resultados advindos da coleta de dados realizados na IES. Na óptica dos autores,

as organizações são criadas à semelhança de seus idealizadores, e estes, por sua vez, escolhem

seus membros e os moldam de acordo com seus padrões, permeados por toda a empresa. Com

esta perspectiva, é possível perscrutar a IES e desenredar se as teorias dos autores validam os

resultados obtidos após o advento da coleta de dados com os colaboradores.

Conhecer o perfil dos colaboradores foi o primeiro objetivo deste trabalho, e foi

usado como suporte para fundamentar a análise dos demais objetivos. Os quadros de

cooperantes interpelados, incluindo coordenadores (que responderam pela IES) e

colaboradores, estão assentados, equipendentemente, em duas faixas etárias: de 41-50 anos,

chamada faixa intermediária, e de 31-40, titulada intervalo jovem de idade. Apesar de

entremostrar reduzida diferença, a população feminina se sobressai quando apreciada a

totalidade dos inquiridos. O grau de Mestre é preeminente entre os avaliados da amostragem,

cuja pluralidade atua em cargos de docente. Integra o apanhado o tempo de atuação na

empresa, com superioridade para o período inferior a cinco anos.

O perfil revela público amoldado em ambiente externo altamente competitivo, que

prioriza o capital intelectual, o desenvolvimento pessoal, a agregação de valor e a

adaptabilidade às mudanças. Atitude e resiliência são peculiaridades do profissional cunhado

nesta realidade. Similaridades ou discrepâncias no comparativo de alinhamento entre valores

organizacionais e valores pessoais podem ser deslindadas com alicerce no perfil evidenciado.

Valores é o conteúdo dos demais objetivos desta pesquisa, e os autores

referenciados conceptualizam como princípios que orientam as organizações, sendo os valores

organizacionais incorporados ao sistema de valores pessoais dos colaboradores, utilizados

para benefícios individuais, coletivos ou agrupados. Válida sendo essa asseveração, é também

inquestionável que se afigurando afluência de valores da organização com valores do seu

quadro cooperante, vínculos arraigados serão constituídos, favorecendo resultados

consentâneos para ambos e vantagem competitiva para a organização.

Inteirar-se dos valores organizacionais pela óptica dos coordenadores

(representando a IES) e colaboradores foi o segundo objetivo deste trabalho. Apoderando-se

dessas informações, deveríamos efetuar comparativo e atestar a vinculação. Perante os dados

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coletados e analisados, anunciamos a existência de liame entre os valores organizacionais da

IES e seus colaboradores, visto que quatro dos cinco valores coletados são concomitantes, ou

seja, mais de 50%. Tal conjuntura, em concordância com os autores aqui estudados, tem

caráter motivador no ambiente de trabalho e atende a uma das perspectivas pelas quais as

organizações podem granjear visibilidade: a que condecora o bem-estar de seus

colaboradores. Na exposição dos autores, os valores organizacionais estão bem mais nas

percepções do ambiente interno das organizações do que formalmente declarados, o que

testificamos nesta pesquisa pelo exposto nos dados e relatos expressos neste objetivo

específico.

Avançamos nossa pesquisa, identificando os valores pessoais dos colaboradores,

objeto do terceiro objetivo específico. Entrecruzar valores organizacionais com valores

pessoais para atestar alinhamento entre eles era o intento do quarto objetivo específico. Entre

os cinco valores organizacionais da IES, três deles amparam correspondência com os valores

pessoais dos colaboradores. Destacaram-se valores relacionados a criatividade, inovação e

desafios no trabalho, bem como a valorização à competência do quadro de colaboradores.

Soma-se ainda respeito às normas da empresa, fato declarado nos relatos quando

colaboradores e coordenadores salientam elementos ligados à cultura da IES.

O alinhamento diferençado tem como fito alicerçar os objetivos específicos

subsequentes que sonda a relação com o atingimento de metas pela IES. Metas, na nossa

assimilação, constituem os resultados conceituais atestado por órgãos fiscalizadores, neste

caso, o MEC. Enfatizamos que os instrumentos avaliativos são constituídos por um conjunto

complexo de indicadores com vistas a dissecar toda a ambiência organizacional. Assim, a

conquista de conceito máximo profetiza trabalho interno de longo prazo e que perpassa todos

os colaboradores da IES.

O panorama da IES nos remete à organização cônscia da necessidade de

magnetizar seus colaboradores por intermédio de comunicação e ações que os tornem

sabedores da missão da empresa e, assim procedendo, ser agente participativo nos propósitos

delineados. Se por um lado essa é a postura da IES, de outra parte é também a conduta dos

colaboradores quando descrevem a significância do seu trabalho para a IES, legitimando os

dois últimos objetivos desta investigação.

Firmada em um Estado do Nordeste do Brasil, onde empresa familiar é descrédito

para aplicabilidade da gestão inovadora e afortunada, a IES ensaiada contradiz esse revés.

Avistou em seus colaboradores a munição propícia para destruir utopias e se despegar de seus

concorrentes. A mais jovem filha dessa tradicional organização educacional segue numa

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trajetória paulatina de conquistas em que o conceito máximo junto aos órgãos avaliadores é

meta prospectada pela direção, compartilhada e abarcada por seus colaboradores.

Arrimamo-nos em conceitos de endomarketing, cultura organizacional e valores,

para analisar e entender a ambiência de uma Instituição de Ensino Superior do Estado do

Ceará. Nos dados coletados e analisados, identificamos elementos reveladores das teorias

estudadas: premissas do endomarketing, traços da cultura organizacional e escrutínio de

alinhamento de valores, por intermédio dos dados e relatos por nós suscitados e alicerçados

teóricos referenciados.

5.1 Sugestões para a Instituição pesquisada

É oportuno anunciar que a IES pesquisada se apodera de sua Missão e de sua

Visão para nortear seus colaboradores rumo a consecução de metas.

Ao optar pela realização da pesquisa nesta IES, tivemos ciência da não existência

de valores formalmente adotados e divulgados para seus colaboradores. Assim, como

contribuição, sugerimos que os valores organizacionais coletados na pesquisa (QUADRO 16)

sejam incorporados pela IES e disseminados junto ao seu público interno.

Quadro 16 – Valores organizacionais propostos

VALORES ORGANIZACIONAIS

VALOR DESCRIÇÃO

Realização

Agrega itens que representam valores cuja meta central é o sucesso, através da

demonstração de competência da organização e de seus empregados. Desempenho

competente é uma exigência para a sobrevivência da organização e para a

permanência do empregado nesse contexto. Exemplo de item: “Para esta

organização planejar metas é essencial. Ela considera a realização das metas uma

prova de sua competência”.

Prestígio

Organizacional

Os itens estão relacionados ao Poder. A organização busca prestígio, admiração e

respeito da sociedade por causa da qualidade dos seus produtos. Exemplo de item:

“Esta organização influencia outras organizações. Ela tem muito prestígio”.

Domínio

Congrega itens relativos ao Poder, cuja meta central é a obtenção de status,

controle sobre pessoas e recursos, bem como à busca de uma posição dominante

no mercado. Exemplo de item: “Esta organização acha importante ser competitiva.

Ela quer ganhar novos mercados”.

Conformidade

O conteúdo dos itens refere-se à definição de limites das ações organizacionais e

comportamentos de seus membros, dando prioridade ao respeito a regras e

modelos de comportamentos, tanto no ambiente de trabalho quanto no

relacionamento com outras organizações. Exemplo de item: “Esta organização

acredita que os empregados devem aceitar o trabalho que têm a fazer. Para ela, os

empregados devem cumprir suas obrigações”.

Autonomia Congrega itens referentes à busca de aperfeiçoamento constante do empregado e

da organização que se expressa por meio de competência, curiosidade,

criatividade, variedade de experiência e definição de objetivos profissionais de

Continua

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89

VALORES ORGANIZACIONAIS

seus empregados. Além disso, há uma abertura para os desafios. Exemplo de item:

“Esta organização procura aperfeiçoar-se constantemente. Para ela, o

aperfeiçoamento é uma forma de melhorar a qualidade de seus produtos e

serviços”.

Tradição

Este fator contém itens relativos à preservação e ao respeito aos costumes e

práticas consagradas pela organização que prefere manter sua forma de

funcionamento. Exemplo de item: “Esta organização preserva os costumes antigos.

Ela respeita a tradição”.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa.

5.2 Sugestões de estudos futuros

Visto que a Organização Educacional a qual a IES pertence, é detentora de

diferentes unidades de ensino – infantil, ensino fundamental e médio e unidade de pré-

vestibular – sugerimos que realize outras pesquisas tencionando a definição de valores em

todos os seus segmentos. Concluir divergência ou conformidade entre os valores resultantes

dessas pesquisas produzirá subsídios para trabalhos internos que venham a fortificar a cultura

organizacional e refinar o alinhamento dos valores organizacionais com os valores pessoais de

seus colaboradores.

Quadro 16 – Valores organizacionais propostos Continuação

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90

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95

APÊNDICE A – CARTA DE APRESENTAÇÃO

Prezado Sr (a),

De acordo com a autorização da Diretoria, informo que visitarei a IES para entrevistá-lo,

através de roteiro semiestruturado, cujo resultado dará sustentação a minha dissertação do

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial do Centro Universitário UniFBV|Wyden, sob o

título de:

“ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES ORGANIZACIONAIS E VALORES PESSOAIS: ANÁLISE

EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DO CEARÁ.”

Os itens do roteiro da pesquisa deverão ser preferidos de acordo com seus valores e estão aqui

decompostos em valores pessoais (retratam no que você acredita e quem você é) e

organizacionais (representam a atuação da IES).

Informo que todas as suas respostas serão confidenciais.

Agradeço a participação.

Atenciosamente,

Maria Aldenora da Silva

Mestranda do Centro Universitário UniFBV|Wyden

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APÊNDICE B – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

BLOCO I

DADOS DO PARTICIPANTE DA PESQUISA

Idade:

Sexo: ( ) M ( ) F

Escolaridade

( ) Sem escolaridade

( ) Primário incompleto

( ) Primário completo

( ) 1º grau incompleto

( ) 1º grau completo

( ) 2º grau incompleto

( ) 2º grau completo

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

( ) Pós graduação / MBA em andamento

( ) Pós graduação / MBA completo

( ) Mestrado

( ) Doutorado

( ) Outros (informar abaixo)

Área de lotação na IES ( ) Administrativa

( ) Pedagógica

Cargo na IES

Tempo de atividade na

IES

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BLOCO II

INVENTÁRIO DE VALORES PESSOAIS (Schwartz Value Survey – SVS / Portrait

Values Questionnaire – PVQ), conforme Schwartz (1992)

Aqui descrevemos brevemente algumas pessoas. Leia cada descrição e pense sobre o quanto

cada pessoa é ou não é como você. Coloque um X na caixa ao lado que mostra o quanto a

pessoa na descrição é como você e não como você gostaria de ser. Escolha somente 10 itens

mesmo havendo outros que sejam representativos para você.

1 Pensar em novas ideias e ser criativa é importante para esta pessoa. Ela gosta de fazer

coisas de maneira própria e original.

2 Ser rica é importante para esta pessoa. Ela quer ter muito dinheiro e possuir coisas caras.

3 Ela acredita que é importante que todas as pessoas do mundo sejam tratadas com

igualdade. Ela acredita que todos deveriam ter oportunidades iguais na vida.

4 É muito importante para ela demonstrar suas habilidades. Ela quer que as pessoas

admirem o que ela faz.

5 É importante para ela viver em um ambiente seguro. Ela evita qualquer coisa que possa

colocar sua segurança em perigo.

6 Ela acha que é importante fazer várias coisas diferentes na vida. Ela sempre procura

novas coisas para experimentar.

7 Ela acredita que as pessoas deveriam fazer o que lhes é mandado. Ela acredita que as

pessoas deveriam sempre seguir as regras, mesmo quando ninguém está observando.

8 É importante para ela ouvir as pessoas que são diferentes dela. Mesmo quando não

concorda com elas, procura entendê-las.

9 Ela acha que é importante não querer mais do que se tem. Ela acredita que as pessoas

deveriam estar satisfeitas com o que têm.

10 Ela procura todas as oportunidades para se divertir. É importante para ela fazer coisas

que lhe dão prazer.

11 É importante para ela tomar suas próprias decisões sobre o que faz. Ela gosta de planejar

e escolher suas próprias atividades.

12 É muito importante para ela ajudar as pessoas ao seu redor. Ela quer cuidar do bem-estar

delas.

13 Ser muito bem-sucedida é importante para ela. Ela gosta de impressionar as demais

pessoas.

14 A segurança de seu país é muito importante para ela. Ela acha que o governo deve estar

atento a ameaças de origem interna ou externa.

15 Ela gosta de se arriscar. Ela está sempre procurando aventuras.

16 É importante para ela se comportar sempre corretamente. Ela quer evitar fazer qualquer

coisa que as pessoas possam achar errado.

17 É importante para ela estar no comando e dizer aos demais o que fazer. Ela quer que as

pessoas façam o que manda.

18 É importante para ela ser fiel a seus amigos. Ela quer se dedicar às pessoas próximas de

si.

19 Ela acredita firmemente que as pessoas deveriam preservar a natureza. Cuidar do meio

ambiente é importante para ela.

20 Ser religiosa é importante para ela. Ela se esforça para seguir suas crenças religiosas.

21 É importante para ela que as coisas estejam organizadas e limpas. Ela realmente não

gosta que as coisas estejam bagunçadas.

Continua

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98

BLOCO II

INVENTÁRIO DE VALORES PESSOAIS (Schwartz Value Survey – SVS / Portrait

Values Questionnaire – PVQ), conforme Schwartz (1992)

22 Ela acha que é importante demonstrar interesse pelas coisas. Ela gosta de ser curiosa e

tentar entender todos os tipos de coisas.

23 Ela acredita que todas as pessoas do mundo deveriam viver em harmonia. Promover a

paz entre todos os grupos no mundo é importante para ela.

24 Ela acha que é importante ser ambiciosa. Ela quer demonstrar o quanto é capaz.

25 Ela acha que é melhor fazer as coisas de maneira tradicional. É importante para ela

manter os costumes que aprendeu.

26 Aproveitar os prazeres da vida é importante para ela. Ela gosta de se agradar.

27 É importante para ela entender às necessidades dos outros. Ela tenta apoiar aqueles que

conhece.

28 Ela acredita que deve sempre respeitar seus pais e os mais velhos. É importante para ela

ser obediente.

29 Ela quer que todos sejam tratados de maneira justa, até mesmo aqueles que não conhece.

É importante para ela proteger os mais fracos na sociedade.

30 Ela gosta de surpresas. É importante para ela ter uma vida emocionante.

31 Ela se esforça para não ficar doente. Estar saudável é muito importante para ela.

32 Progredir na vida é importante para ela. Ela se empenha em fazer melhor que os outros.

33 Perdoar as pessoas que lhe fizeram mal é importante para ela. Ela tenta ver o que há de

bom nelas e não ter rancor.

34 É importante para ela ser independente. Ela gosta de contar consigo mesmo.

35 Contar com um governo sem mudanças é importante para ela. Ela se preocupa em

manter a ordem social do jeito que está.

36 É importante para ela ser sempre educada com os outros. Ela tenta nunca incomodar ou

irritar os outros.

37 Ela realmente quer aproveitar a vida. Divertir-se é muito importante para ela.

38 É importante para ela ser humilde e modesta. Ela tenta não chamar atenção das pessoas

para si.

39 Ela sempre quer ser aquela a tomar decisões. Ela gosta de liderar.

40 É importante para ela se adaptar e se ajustar à natureza. Ela acredita que as pessoas não

deveriam modificar a natureza.

Continuação

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99

BLOCO III

INVENTÁRIO DE PERFIS DE VALORES ORGANIZACIONAIS (IPVO), conforme

Oliveira e Tamayo (2004)

Na relação abaixo, descrevemos valores/crenças/comportamentos de uma empresa. Leia cada

descrição e identifique, com um X, os 10 itens que mais caracteriza a maneira como essa IES

atua. Escolha somente 10 itens, mesmo havendo outros que sejam significativos.

1 Esta organização estimula o empregado a enfrentar desafios

2 A sinceridade entre as pessoas é encorajada por esta organização

3 Para esta organização, todas as pessoas devem ser tratadas com igualdade

4 Esta organização valoriza a competência

5 É muito importante, para esta organização, ajudar seus empregados

6 A tradição é uma marca desta organização

7 Esta organização influencia outras organizações

8 Esta organização acha que é importante ser competente

9 Esta organização oferece oportunidades de diversão aos empregados

10 É importante para esta organização ser rica

11 Para esta organização, é importante que os empregados se comportem de forma educada

no ambiente de trabalho

12 Esta organização preserva os costumes antigos

13 Esta organização incentiva o sucesso profissional dos empregados

14 Nesta organização, os empregados são premiados

15 Esta organização acredita no valor da honestidade

16 Para esta organização, é importante que todas as pessoas sejam tratadas de maneira justa

17 Esta organização acha importante ter modelos de comportamento definidos

18 Esta organização busca o domínio do mercado

19 Esta organização evita mudanças

20 Nesta organização, é importante que os empregados conheçam bem o trabalho que

fazem

21 Esta organização acha importante ser fiel a seus empregados e clientes

22 Para esta organização, é importante manter clubes destinados ao lazer dos empregados

23 Esta organização valoriza empregados curiosos

24 Esta organização gosta de empregados que mostram suas habilidades

25 Esta organização tem prestígio na sociedade

26 Esta organização procura aperfeiçoar-se constantemente

27 Esta organização acredita que as regras são importantes

28 O respeito à hierarquia faz parte das tradições desta organização

29 Esta organização valoriza empregados que buscam realização no trabalho

30 Para esta organização, é importante ser criativa

31 Esta organização procura manter práticas consagradas

32 Esta organização preocupa-se com a qualidade de vida dos empregados

33 Esta organização tem prestígio

34 Esta organização acredita que a cortesia é importante

35 Esta organização tem influência na sociedade

36 Para esta organização, planejar metas é essencial

37 Esta organização acha importante ser competitiva

38 Esta organização acredita que a pessoa deve ser honesta em qualquer situação

Continua

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100

BLOCO III

INVENTÁRIO DE PERFIS DE VALORES ORGANIZACIONAIS (IPVO), conforme

Oliveira e Tamayo (2004)

39 O prazer, para esta organização, é obter lucros

40 Esta organização deseja que o empregado tenha uma vida profissional variada

41 Nesta organização, as regras de convivência são consideradas importantes

42 Esta organização considera a segurança dos negócios muito importante

43 Esta organização acredita que os empregados devem aceitar o trabalho que têm a fazer

44 Esta organização considera a lealdade importante

45 Esta organização estimula, nos clientes, o desejo de adquirir novidades

46 Esta organização incentiva o empregado a ser criativo

47 O comportamento do empregado, nesta organização, deve mostrar respeito aos costumes

48 Esta organização propõe atividades que dão prazer ao empregado

Continuação

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Título da dissertação:

“ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES ORGANIZACIONAIS E VALORES PESSOAIS: ANÁLISE

EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DO CEARÁ.”

Prezado Sr(a) Coordenador(a),

Para concluir a pesquisa, pedimos a sua resposta para as perguntas abaixo:

1 - Em que grau você acha que a IES percebe que o alinhamento de valores

(organizacionais e pessoais) é relevante para o atingimento de metas?

A tabela abaixo servirá para startar a sua resposta.

Extremamente

importante

Muito

importante

Um pouco

importante

Não muito

importante

Sem

importância

2 - Em que grau você acha que contribui para o atingimento de metas da IES?

A tabela abaixo servirá para startar a sua resposta.

Extremamente

importante

Muito

importante

Um pouco

importante

Não muito

importante

Sem

importância

Agradeço a participação.

Atenciosamente,

Maria Aldenora da Silva

Mestranda do Centro Universitário UniFBV|Wyden

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Título da dissertação:

“ALINHAMENTO ENTRE PROPÓSITOS, VALORES ORGANIZACIONAIS E VALORES PESSOAIS: ANÁLISE

EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO ESTADO DO CEARÁ.”

Prezado Sr(a) Colaborador(a),

Para concluir a pesquisa, pedimos a sua resposta para a pergunta abaixo:

1 - Em que grau você acha que contribui para o atingimento de metas da IES?

A tabela abaixo servirá para startar a sua resposta.

Extremamente

importante

Muito

importante

Um pouco

importante

Não muito

importante

Sem

importância

Agradeço a participação.

Atenciosamente,

Maria Aldenora da Silva

Mestranda do Centro Universitário UniFBV|Wyden