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Agricultura Orgânica/ Módulo: Certificação Orgânica – Profª Alessandra Toledo 1 CERTIFICAÇÃO E INSPEÇÃO ORGÂNICA - AAO NESTE MÓDULO SERÁ ABORDADO Origens da certificação de produtos orgânicos A Certificação da AAO - Procedimentos, Regulamentos, Normas, Inspeção e Vistorias. QUESTÕES Quais os procedimentos para um interessado obtenha a certificação na AAO? Quais os procedimentos realizados pelo inspetor na vistoria na AAO? Há maior periodicidade de visitas de inspeção na AAO? 1. Introdução A preocupação com a Conservação do Meio Ambiente é um tema que já tem sido mundialmente debatido há algum tempo. Neste processo, uma série de novos conceitos, técnicas, normas de gestão e qualidade, além de outros, foram sendo incorporados a esta discussão, ampliando seu escopo, de forma a torná-la cada vez mais holística e atual. Estas transformações no conteúdo do que podemos considerar como “Conservação do Meio Ambiente” agregaram, fundamentalmente, critérios de justiça e responsabilidade social e viabilidade econômica. Portanto, atualmente, a conservação do meio ambiente não se refere apenas a mudanças no âmbito tecnológico e científico, mas também na postura frente às relações entre os indivíduos que fazem parte deste, bem como da sustentabilidade econômica dos sistemas. Não há dúvida de que as alternativas que permitem conciliar crescimento econômico e conservação ambiental avançaram muito na última década, entretanto, são ainda nebulosos os caminhos que levarão ao ideal de um “desenvolvimento sustentável”. É possível notar que neste debate, intensificado desde meados da década de 80, existem dois grupos com visões claramente distintas. De um lado, os que defendem profundas transformações nos sistemas de produção e de consumo, sendo que não

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CERTIFICAÇÃO E INSPEÇÃO ORGÂNICA - AAO

NESTE MÓDULO SERÁ ABORDADO • Origens da certificação de

produtos orgânicos • A Certificação da AAO -

Procedimentos, Regulamentos, Normas, Inspeção e Vistorias.

QUESTÕES • Quais os procedimentos para um interessado

obtenha a certificação na AAO? • Quais os procedimentos realizados pelo

inspetor na vistoria na AAO? • Há maior periodicidade de visitas de inspeção

na AAO?

1. Introdução

A preocupação com a Conservação do Meio Ambiente é um tema que já tem sido mundialmente debatido há algum tempo. Neste processo, uma série de novos conceitos, técnicas, normas de gestão e qualidade, além de outros, foram sendo incorporados a esta discussão, ampliando seu escopo, de forma a torná-la cada vez mais holística e atual. Estas transformações no conteúdo do que podemos considerar como “Conservação do Meio Ambiente” agregaram, fundamentalmente, critérios de justiça e responsabilidade social e viabilidade econômica. Portanto, atualmente, a conservação do meio ambiente não se refere apenas a mudanças no âmbito tecnológico e científico, mas também na postura frente às relações entre os indivíduos que fazem parte deste, bem como da sustentabilidade econômica dos sistemas. Não há dúvida de que as alternativas que permitem conciliar crescimento econômico e conservação ambiental avançaram muito na última década, entretanto, são ainda nebulosos os caminhos que levarão ao ideal de um “desenvolvimento sustentável”. É possível notar que neste debate, intensificado desde meados da década de 80, existem dois grupos com visões claramente distintas. De um lado, os que defendem profundas transformações nos sistemas de produção e de consumo, sendo que não

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acreditam em qualquer tentativa de melhoria dos padrões produtivos sem a alteração dos atuais padrões de consumo. De outro lado, os que se contentam com simples ajustes ou modificações na estratégia tradicional de desenvolvimento, acreditando que os recentes avanços tecnológicos no campo da Gestão Ambiental já permitem aliar crescimento econômico e conservação ambiental (Elhers, 2001). A interface existente entre os negócios agroindustriais e o meio-ambiente torna a Gestão Ambiental nos Sistemas Agroalimentares (ou Agroindustriais) imprescindível para o desenvolvimento desses negócios. Inteiramente dependente do meio ambiente para originar os produtos agropecuários, as atividades agroalimentares como um todo vêm sendo desafiadas a produzir e ao mesmo tempo lidar com a contrapartida, que é preservar, cuidar e limpar os elementos naturais dos quais fazem uso (Giordano, 2000). As atividades agropecuárias são reconhecidas no mundo todo como causadoras de problemas ao meio ambiente, uma vez que a “evolução” das práticas adotadas - monocultivo, sistemas intensivos de produção animal (confinamento) e outras - tornou este setor dependente de indústrias de insumos, medicamentos, máquinas e energia. Este fato, aliado aos impactos sociais e econômicos - êxodo rural, concentração de renda e outros - gerados pelo já mencionado “processo evolutivo” do setor agropecuário, fez com que se fortalecessem e surgissem movimentos contrários a este modelo denominado convencional. Daí, a formalização de entidades nacionais e internacionais que defendem a Agricultura Orgânica como ideal para produção de alimentos saudáveis, respeitando e conservando o meio ambiente. A Certificação Ambiental no Setor Agropecuário é bastante antiga, sendo que desde 1934, alemães, austríacos e suíços já podiam adquirir alimentos certificados como oriundos de processos produtivos que respeitavam o equilíbrio ecológico do ambiente. Esta certificação vem ganhando maior visibilidade, particularmente diante das recentes preocupações dos consumidores com doenças advindas de processos produtivos gerenciados de forma equivocada (como o “mal da vaca louca”, por exemplo) e de pesquisas e melhoramentos genéticos de alimentos, cujos estudos não respaldam adequadamente seu consumo (alimentos trangênicos) (Elhers, 2001). O presente documento tem o objetivo de realizar um levantamento do “estado da arte” relativo à Certificação Ambiental no Setor Agropecuário, enfocando o cenário nacional em ternos de organização, normatização e entidades existentes. Além disso, aborda de maneira mais detalhada a Certificação AAO.

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2. Breve histórico

No setor agropecuário, a década de 90 também foi marcada por um intenso debate sobre a "sustentabilidade" dos sistemas produtivos, atraindo a atenção de um número crescente de profissionais, pesquisadores e produtores. Entretanto, a intenção de conciliar a segurança alimentar e a conservação dos recursos naturais já é bem mais antiga. Nas décadas de 1920 e 1930, a oposição à sedimentação do padrão químico, moto-mecânico e genético da agricultura moderna impulsionou o surgimento de movimentos que valorizavam o potencial biológico e vegetativo dos processos produtivos. Na Europa surgiram as vertentes biodinâmica, orgânica e biológica, e, no Japão a agricultura natural (Ehlers, 1999:47).

Apesar dos avanços, esses movimentos foram muito hostilizados pela comunidade científica agronômica e se mantiveram à margem da produção agrícola mundial. Mas, no início dos anos 70, as evidências dos efeitos adversos provocados pelo padrão produtivo predominante, fortaleceram as propostas e práticas das vertentes alternativas. As constatações de que vários agrotóxicos utilizados na agricultura, particularmente os inseticidas organo-clorados - como o DDT - contaminavam a água, os alimentos e, finalmente, o homem, levou muitos consumidores a preferirem alimentos provenientes dos métodos produtivos alternativos Ehlers, 2001).

Em 1972, foi fundada em Versalhes, na França, a International Federation on Organic Agriculture Movement - IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica), reunindo cerca de quatrocentas organizações "agroambientalistas". Suas principais atribuições passaram a ser a troca de informações entre as entidades associadas, a harmonização internacional de normas técnicas e a certificação de produtos orgânicos (Ehlers, 2001). O movimento na Europa se solidificou no final da década de 80, tendo seu maior crescimento em meados dos anos 90, com o programa instituído pelo Council Regulation da CEE no documento 2092/91, de 24 de junho de 1991, que estabeleceu as normas e os padrões de produção, processamento, comercialização e importação de produtos orgânicos de origem vegetal e animal nos seus estados membros. Tal documento vem sendo alterado com freqüência para incorporar os avanços nas práticas de produção, processamento e comercialização desses produtos (BNDES, 2002).

No Brasil, a certificação de produtos orgânicos teve origem informal, através do trabalho desenvolvido por organizações não-governamentais (associações e cooperativas de produtores e consumidores) que estabeleceram padrões e normas próprios para produção e comercialização e instituíram selos de garantia para seus produtos (selos

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de certificação), direcionados principalmente ao mercado interno (BNDES, 2002).

À medida que os produtores passaram a ter interesse no mercado externo, surgiu a necessidade de certificação dos produtos por instituições reconhecidas internacionalmente e para que isso fosse possível, a produção, o armazenamento e o transporte teriam que obedecer aos padrões internacionais e, preferencialmente, formais (BNDES, 2002).

A fim de regulamentar o setor, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento estabeleceu, pela Instrução Normativa 007/99, de 17 de maio de 1999 (ANEXO I), as normas disciplinares para produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam eles de origem animal ou vegetal. Os procedimentos constantes da referida Instrução estão de acordo com os praticados na maioria dos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão (BNDES, 2002). 3. Mercado Mundial de Produtos Orgânicos (1)

Embora tenham assumido um papel importante na mídia internacional, sobretudo por tratar-se de antítese aos alimentos geneticamente modificados, os produtos originados de produção orgânica ainda representam uma parte muito pequena do mercado de alimentos. As informações sobre sua participação no mercado mundial são difusas e muitas vezes imprecisas. Até o início de 2002 não existiam dados consolidados sobre o volume e o valor de produtos orgânicos comercializados no mundo.

O Centro Internacional de Comércio (ITC)1 estima que esse mercado movimentou em 1997 valores próximos a US$ 10 bilhões, fazendo-se a partir daí previsões de US$ 13 bilhões para 1998. Um trabalho organizado pela Ifoam prevê, com base nos números do ITC, um movimento de US$ 20 bilhões em 2000. Dando continuidade à previsão, com base em crescimento médio de 22,5% a.a., o ITC acredita que o mercado atinja US$ 24 bilhões em 2001. Já a instituição inglesa Organic Monitor aposta que esse valor chegue a US$ 26 bilhões, em virtude da preocupação dos consumidores com as divulgações de contaminações alimentares, da crise da “vaca louca”, da febre aftosa e das conseqüências do consumo de alimentos geneticamente modificados. 1 Vinculado à Organização Mundial do Comércio (OMC) e à Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o ITC, cujo objetivo é auxiliar os países em desenvolvimento e as economias em transição a realizar seu potencial de exportação e a melhorar suas operações de importação, tem como principal meta o desenvolvimento sustentável.

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Segundo os dados compilados pelo ITC, referentes a 1997, a Europa

é o maior mercado consumidor mundial, com movimento anual de US$ 6,2 bilhões, seguida pelos Estados Unidos (US$ 4,2 bilhões) e pelo Japão (US$ 1,2 bilhão).

A maior participação de orgânicos no mercado de alimentos, em 1997, aconteceu na Dinamarca, e foi de somente 2,5%. Na Suíça e na Áustria, as vendas alcançaram 2% e, nos mercados de maior geração de receita - Estados Unidos (US$ 4,2 bilhões) e Alemanha (US$ 1,8 bilhão) -, significaram 1,2% do mercado de alimentos. Logo, as expectativas de crescimento das vendas são grandes.

De acordo com a Agra Europe, empresa inglesa especializada em

informações para a indústria alimentícia, o consumo de alimentos orgânicos tem crescido, nos últimos 10 anos, a taxas próximas de 25% ao ano na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, estimando que alcance 15% do consumo total de alimentos em 2005. 4. Organização

A organização das entidades ligadas aos movimentos de Agricultura Orgânica no Brasil está vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sendo estruturada por Orgãos Colegiados Estaduais e do Distrito Federal e um Orgão Colegiado Nacional, os quais são compostos paritariamente por 5 (cinco) membros do Poder Público e 5 (cinco) membros de Organizações Não-Governamentais que tenham reconhecida atuação junto à sociedade no âmbito da Agricultura Orgânica. Os Orgãos Colegiados Estaduais e do Distrito Federal, bem como o Orgão Colegiado Nacional são estabelecidos no item 8 - DOS ORGÃOS COLEGIADOS - da Instrução Normativa 007/99, de 17 de maio de 1999 , sendo que os Regulamentos Internos destes foram publicados na Portaria 19, de abril de 2001. A designação dos membros para comporem o Órgão Colegiado Nacional de Produtos Orgânicos Vegetais e Animais, ainda em vigor, com pequenas alterações, foi oficializada na Portaria 042/00, de 27 de novembro de 2000, publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ao Orgão Colegiado Nacional compete o deferimento ou indeferimento dos pedidos de credenciamento das entidades certificadoras junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Neste sentido, cabe salientar que os Critérios de Credenciamento de Entidades Certificadoras de Produtos Orgânicos foram publicados em Instrução

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Normativa 006/02, de 10 de janeiro de 2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estando em andamento as solicitações para credenciamento por parte das Certificadoras.

Além disso, existe um Projeto de Lei 659-A de 1999, o qual dispõe sobre a agricultura orgânica, alterando dispositivos da Lei nº 7802, de 11 de julho de 1989 e dando outras providências. Este Projeto de Lei ainda não foi aprovado, sendo que em Dezembro de 2000 foi enviado um Manifesto, assinado pelas entidades AAO, Mokiti Okada, IBD, ANC e APAN, do movimento orgânico nacional, solicitando a aprovação do mencionado PL 659-A.

5. Entidades que trabalham com Certificação Ambiental de Produtos

Agropecuários no Mercado Brasileiro

O selo de certificação de um alimento orgânico fornece ao consumidor muito além da certeza de estar levando para a casa um produto isento de contaminação química, a garantia de que esse produto é o resultado de uma agricultura capaz de assegurar a conservação do meio ambiente, qualidade nutricional e biológica dos alimentos e qualidade de vida para quem vive no campo e nas cidades. O selo “orgânico”, portanto, é o símbolo não apenas de produtos isolados, mas também de processos mais ecológicos de se cultivar alimentos (www.planetaorganico.com.br).

De acordo com informações obtidas pelo BNDES (2002), hoje atuam no Brasil 19 certificadoras, das quais 12 (doze) são de origem nacional e 7 (sete) estrangeiras, estando todas em processo de regularização junto aos Orgãos Colegiados Estaduais e Nacional.

1.CERTIFICADORAS SITE/E-MAIL

AAO - São Paulo (SP) www aao org brAB - Paris (França) www agriculture gouv frAbio - Niterói (RJ)ANC - Campinas (SP) anc@correionet com brApan - São Paulo (SP) atendimento@apan org brBCS - Piracicaba (SP) gbacchi@terra com brChão Vivo - Santa Maria do Jetibá pmsmj@escelsa com brCoolmeia - Porto Alegre (RS) www coolmeia com brEcocert - Porto Alegre (RS) ecocert@matrix com brFVO - Recife (PE) fvobr@terra com brIBD - Botucatu (SP) www ibd com brIHAO - Chapada dos Guimarães (MT) sorayaihao@bol com brIMO Control do Brasil - São Paulo imocontrol@terra com br

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MOA - Rio Claro (SP) www mokitiokada org brOIA - São Paulo (SP) www certificacionoia com

Sapucaí - Pouso Alegre (MG) sapucaiong@uol com brSkal - Barreiras (BA) skalbrasil@daventria net

Fonte: BNDES (2002)

Abaixo seguem expostos os selos utilizados por algumas das certificadoras mencionadas no quadro acima:

AAO Abio ANC APAN BCS Chão

Vivo MOA

Coolméia Skal Ecocert FVOBrasil IBD IMO OIA Cabe salientar que na região Sul do país, existe a Rede Ecovida que possui uma proposta diferenciada de certificação para produtos orgânicos. Trata-se da Rede Solidária de Produção e Circulação de Produtos Ecológicos do Litoral Norte do RS e Sul de Santa Catarina. A integração à esta Rede se dá com a prática do consumo solidário, compra de produtos ecológicos, defesa do meio ambiente e outras, contrapondo valores enaltecidos pelo capitalismo moderno. Finalmente, deve-se mencionar que devido ao aumento da demanda por alimentos produzidos em sistemas que possuam algum tipo de gestão ambiental, outros tipos de Certificação Ambiental no Setor Agropecuário estão surgindo, sendo já de relativo conhecimento a existência da Certificação Ética, baseada em normas de responsabilidade ambiental e social, especialmente no que se refere ao agronegócio

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brasileiro. O Instituto Brasileiro de Certificação Ética – IBCE é uma destas

entidades que avalia e certifica empreendimentos no setor agropecuário que atendem aos padrões ambientais e sociais desejados pelo mercado. 6. A Certificação AAO

A AAO Certificadora é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que iniciou seus serviços a partir da demanda de alguns produtores filiados à Associação de Agricultura Orgânica e co-responsáveis pela inauguração da primeira Feira de Produtos Orgânicos, ocorrida em 1991 no Parque da Água Branca e apoiada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A referida demanda constituía-se no monitoramento do processo produtivo nas áreas destes agricultores, sendo que devido ao aumento de solicitações para acompanhamento e conseqüente garantia dos alimentos produzidos como orgânicos em outras unidades, a entidade lançou, no ano de 1996, o SELO AAO de qualidade, o qual já é amplamente reconhecido no mercado interno e trabalha para adquirir seu reconhecimento também no mercado internacional.

A AAO Certificadora alinha-se às demais entidades do movimento de agricultura orgânica, compartilhando princípios filosóficos, éticos, de responsabilidade social e preservação ambiental. Atualmente, encontra-se em processo de credenciamento pelo Órgão Colegiado Nacional, segundo as diretrizes da Normativa nº 6 de 10 de janeiro de 2002, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.

A AAO Certificadora opera um Sistema de Certificação que busca possibilitar o acesso de todo e qualquer interessado na certificação para qualidade orgânica, contribuindo desta forma para a construção de um futuro socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável.

A construção deste Sistema baseia-se em normas nacionais e internacionais, sobretudo na Instrução Normativa nº 6 de 10 de janeiro de 2002, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Norma ISO 65 (requisitos para organismos de certificação de produtos) e critérios IFOAM (Federação dos Movimentos de Agricultura Orgânica). Neste sentido, cabe salientar que as alterações nas normas e padrões oficiais vigentes serão devidamente acompanhadas e incorporadas por esta Certificadora, obedecendo os prazos estabelecidos pela entidade normativa.

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7 . O que é Certificação de Produtos Orgânicos

A certificação é o procedimento pelo qual uma entidade certificadora, independente, assegura, por escrito, que um produto, processo ou serviço claramente identificados foram metodicamente avaliados e estão em conformidade com as normas de produção orgânica vigentes. A certificação AAO permite às unidades produtivas, processadoras e distribuidoras terem suas produção/produtos reconhecidos como ORGÂNICOS, conquistando o direito de uso do SELO AAO. 8

. Organização da AAO Certificadora O

Departamento de Certificação organizado da seguinte forma:

Coordenação de Certificação É uma instância Técnica e Administrativa. Monitora procedimentos e fluxo de documentos dos processos de certificação, sendo responsável pela implementação, manutenção e

elhoria do sistema de qualidade de sua competência. m Assistência de Certificação Controla entrada e saída de documentos dos processos, realiza

tendimentos e organiza cronogramas de inspeção. a Gerência Administrativa e Financeira Monitora procedimentos administrativos e financeiros: pagamentos referentes às taxas de inspeção e uso do SELO AAO, sendo responsável pelo sistema de qualidade (manutenção e melhorias) nesta área. Analista Contábil e Financeiro Controla recebimentos, pagamentos e cobranças pertinentes aos

rocessos de certificação. p Corpo de Inspetores Composto por Engenheiros Agrônomos, Médicos Veterinários e outros profissionais de áreas afins, sendo técnicos autônomos que realizam serviços de INSPEÇÃO para CERTIFICAÇÃO e para MANUTENÇÃO DA CERTIFICAÇÃO de todas as unidades que se encontram em processo, sejam elas já certificadas ou em conversão. Estes profissionais realizam trabalho de campo, avaliando as condições das propriedades segundo as Normas e Regulamentos de Produção da AAO. Os inspetores são os responsáveis

ela elaboração dos RELATÓRIOS. p Conselho de Certificação Composto por profissionais com notórios conhecimentos dos processos de produção orgânicos e das normas aplicáveis a cada um deles. Sua função

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é avaliar os relatórios à luz das Normas e decidir sobre a viabilidade da certificação destas unidades, aplicando ou não os tempos de conversão que se julgue necessários. 9

. Prazos de Conversão As unidades para serem certificadas devem cumprir prazos de

CONVERSÃO estabelecidos em Legislação Brasileira e nas Normas e Regulamentos da AAO. Estes prazos podem variar conforme o histórico de cada unidade. 1

0. Como Iniciar o Processo de Certificação Abaixo segue uma descrição passo a passo para que seja

encaminhado o pedido para obtenção do padrão de qualidade ORGÂNICO a AAO: d

1º PASSO – Entrar em contato com a AAO para adquirir informações e materiais desta entidade (www.aao.org.br), estando entre eles as Normas e Regulamentos da AAO, Ficha de Solicitação de Certificação, Roteiro para Elaboração do Plano de Manejo da unidade e outros que sejam

ecessários; n 2º PASSO – Remeter para o Departamento de Certificação da AAO

Documentos cadastrais: a. Ficha de Solicitação adequadamente preenchida; b. Roteiro (mapa ou croqui) de acesso à propriedade.

Documentos referentes à unidade: a. Plano de Manejo da unidade, contendo todas as informações solicitadas

no roteiro para elaboração do mesmo; b. Histórico da(s) área(s) com descrição do manejo de cada talhão ou

gleba realizado nos últimos 3 anos (o manejo das áreas convencionais também deve ser descrito).

3º PASSO – Aprovar o orçamento de inspeção que será elaborado e enviado ao produtor mediante a análise das informações recebidas pelo Depto. de Certificação da AAO e efetuar o pagamento de 50% do valor deste em conta específica a ser informada ao produtor.

4º PASSO – Receber visita do técnico inspetor da AAO, possibilitando a este o acesso irrestrito a todas as áreas da unidade. 5º PASSO - Efetuar o pagamento da segunda parcela da inspeção no prazo máximo de 30 (trinta) dias após a data da visita (via depósito ou boleto bancário).

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6º PASSO – Receber o relatório da visita de inspeção para ter conhecimento prévio do conteúdo do mesmo, assiná-lo em página própria que se encontra no corpo do relatório e fazer suas considerações, caso julgue necessário, em folhas de papel à parte;

7º PASSO - Após a ciência do solicitante e o reenvio do relatório devidamente assinado, este segue para o Conselho de Certificação da AAO que avalia as informações e decide sobre a situação da solicitação. O produtor receberá uma carta do Conselho informando sobre a decisão no prazo de 7 a 10 dias após a reunião. 1 1. Custos da Certificação Primeira visita

O custo da primeira visita para avaliação da solicitação difere de unidade para unidade conforme o tamanho da área e a categoria de produção (para unidades com produção vegetal e animal) e o porte da empresa (para unidades processadoras e distribuidoras). A forma de pagamento também é distinta em função do produtor ainda não estar cadastrado em nossos sistemas operacionais.

Inspeções de manutenção

Todas as unidades em processo no Departamento de Certificação da AAO, estejam EM CONVERSÃO ou CERTIFICADAS, são visitadas periodicamente para verificação das condições da produção/produtos em relação às Normas e às visitas anteriores (evolução do processo), sendo reavaliadas em cada uma destas ocasiões e estando sujeitas a um retrocesso, caso sejam constatados problemas que comprometam a manutenção da certificação da unidade. Cabe ressaltar que estas nspeções são obrigatórias para manutenção da certificação. i

O valor destas inspeções não se diferenciará daquele cobrado na primeira visita, havendo alteração apenas na forma de pagamento, a qual

oderá ser parcelada durante o ano. p

O Departamento de Certificação da AAO se reserva o direito de, perante comunicação prévia às unidades, ajustar estes valores quando detectar aumento de área ou mudança de categoria ou necessitar reajustar preços em função da situação econômica (elevação de custos). 1 2. As Normas

Para obter a certificação, as pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pelas unidades de produção, processamento ou distribuição

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devem demonstrar que atendem aos requisitos das Normas aplicáveis à ategoria desejada. c

Para certificar produtos oriundos de Sistemas Orgânicos, a

Certificadora verifica a conformidade com as Normas da AAO - Associação e Agricultura Orgânica. d

Os solicitantes devem ter conhecimento prévio das Normas da AAO.

O pleno conhecimento das Normas é essencial para qualquer interessado em certificar seu produto. Recomenda-se que o interessado na certificação busque conhecer a norma e como atendê-la antes de solicitar uma visita

e avaliação. d As Normas da AAO encontram-se atualmente em processo de revisão, sendo que estão previstas além de alterações no conteúdo já existente, acréscimos de categoria a ser certificada (inclusão de insumos e sistemas agroflorestais), certificação de grupos e/ou áreas específicas (Quilombolas e Áreas de Proteção Ambiental - APAs), além da certificação para comércio justo baseada na experiência de entidades ligadas à Fair trade Labelling Organizations International (FLO).

13. II. REGULAMENTOS

IIII.. AA –– RREEGGUULLAAMMEENNTTOOSS DDEE CCEERRTTIIFFIICCAAÇÇÃÃOO 1. OBJETIVOS 1.1. Comprovar, por meio da estrutura de certificação da Associação de

Agricultura Orgânica, que as unidades produtoras e as unidades comerciantes trabalham com produtos obtidos de acordo com as normas de produção orgânica.

1.2. Constituir um pré-requisito para a participação nas Feiras do Produtor Orgânico, no Mercadão, para o uso do Selo da AAO e para a exportação de produtos.

2. CONDIÇÕES PARA RECEBER E MANTER A CERTIFICAÇÃO 2.1. Poderão ser certificadas, e manter esta condição, as unidades

produtoras e comerciantes − pessoas físicas ou jurídicas − que estiverem em dia com os pagamentos das taxas referentes à certificação, cumprirem as Normas de Produção, os Regulamentos e Contratos, e não contrariarem os objetivos da AAO descritos no seu Estatuto.

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2.2. Unidades produtoras e comerciantes associadas à AAO terão descontos nas taxas relativas ao processo de certificação. As taxas e os descontos serão estabelecidos pela Diretoria Executiva da AAO.

2.3. Associações de produtores, a critério da AAO, poderão ser

certificadas e se responsabilizar pela qualidade orgânica dos produtos, desde que todos os seus associados sejam produtores orgânicos.

a) A AAO inspecionará pelo menos 25% das unidades produtoras da associação.

b) O pagamento das taxas de certificação será feito de acordo com o número de produtores visitados. A critério da AAO, quando a situação econômica desses produtores justificar, uma única taxa de certificação e de inspeção poderá ser paga pela associação, em nome de todos os produtores associados.

c) Para ser certificada, a associação de produtores deverá ser previamente visitada pelo técnico da AAO e apresentar:

- Estatuto e regulamentos. - Normas ou critérios de produção orgânica. - Atas de eleição de diretoria e conselhos. Novas atas deverão ser

apresentadas a cada eleição realizada. - Nome, endereço e qualificação do responsável técnico pela

produção orgânica dos produtores associados. - Nome e telefone dos responsáveis pelas unidades produtoras

associadas. - Relação das unidades produtoras associadas, com a área total,

áreas por linha de produção (horta, pomar, cultura anual, cultura permanente, floresta, pasto, capineira e outras), capacidade produtiva e croquis de cada uma.

d) A Associação será responsável pela qualidade orgânica dos produtos de todos os seus associados. Qualquer desrespeito às Normas de Produção ou aos Regulamentos, por parte de um ou mais associados, implicará na respectiva penalidade para toda a Associação, ou seja, para todos os produtores associados.

2.4 A unidade produtora, a seu próprio critério, poderá se classificar como

integrada a uma determinada unidade comerciante, e abdicar dessa situação no momento que desejar.

2.5. Na ocasião da certificação e em cada visita de inspeção, e ainda

sempre que for solicitado pela AAO, deverão ser apresentados ao seu técnico inspetor:

a) no caso da unidade de produção: espécies de produtos, quantidades produzidas e destino da produção; planilha de produção animal,

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índices de morbidade e mortalidade, espécie, origem e quantidade dos alimentos fornecidos aos animais; espécies e origens de insumos orgânicos e não-orgânicos adquiridos fora da unidade de produção e utilizados em processados, na alimentação animal e em outros produtos;

b) no caso de unidade comerciante: quantidade, procedência e destino dos produtos comercializados com o selo da AAO que foram inspecionados nas unidades de produção nesse período.

2.6. Os dados das unidades comerciantes relativos às vendas do mês

serão entregues ao inspetor da AAO até dia 15 do mês seguinte, e o pagamento da taxa especificada no item 4.2 será feito até 30 dias após a entrega dos dados.

2.7. Para iniciar o processo de certificação, a unidade produtora deverá apresentar o seu Plano de Manejo, de acordo com roteiro fornecido pela AAO.

2.8. As unidades produtoras e comerciantes seguirão as recomendações técnicas que lhe forem feitas pela AAO, nos prazos combinados.

2.9. A unidade produtora deverá seguir as Normas de Produção da AAO e informar imediatamente esta Associação sobre qualquer ocorrência que a impeça de cumprí-las.

2.10. A unidade comerciante deverá informar a AAO sobre qualquer fato que chegue ao seu conhecimento relativo a unidades produtoras que não estejam cumprindo as Normas de Produção ou os Regulamentos.

2.11. Para receber e manter a certificação, as unidades produtoras e

comerciantes deverão: a) Apresentar contabilidade física e financeira em ordem, que permita

identificar rápida e facilmente a origem e o destino de cada insumo e produto. Isso vale para todas as etapas do processo agrícola até o comércio varejista, incluindo transporte, armazenamento, comércio atacadista, transformação e embalagem de produtos.

b) Dispor os produtos de modo que seja possível identificar a origem de cada um. Se produtos de diferentes origens precisarem ser misturados no armazém ou durante o processamento, deverá haver registros que tornem possível identificar as suas origens; uma amostra de cada lote deve ser guardada por um tempo maior que o tempo de permanência do produto no armazém.

c) Em locais de concentração ou comercialização de produtos orgânicos e não-orgânicos, embalar ou etiquetar cada produto de forma que fique evidente a diferença entre produto orgânico e não-orgânico.

d) Se uma unidade processar produtos orgânicos e não-orgânicos provenientes de matérias primas intercambiáveis, o produto orgânico

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deve ser marcado com o seu peso e apresentar o selo da certificadora. Deve-se mostrar claramente que só os produtos com essa marca são de origem orgânica.

e) As unidades comerciantes só poderão comercializar produtos hortícolas e frutícolas desde que todos estes sejam orgânicos certificados.

3. PRAZO PARA A PRODUÇÃO SER CERTIFICADA ORGÂNICA Na primeira visita, o técnico da AAO discutirá com o produtor o Plano de Manejo, verificará as condições locais, levando em conta o histórico e a aptidão dessa área e da unidade produtora, e a linha de produção a ser estabelecida, e informará o Conselho de Certificação sobre o prazo em que ocorrerá a segunda visita. A partir dessa segunda visita, tendo o produtor seguido as Normas de Produção, a sua unidade produtora será certificada. Nos casos de conversão de área de produção convencional para produção orgânica, os prazos mínimos serão:

a) Cultura anual: 12 meses de manejo orgânico, para que a colheita do ciclo subsequente seja certificada orgânica, respeitando o item 3 do Regulamento de Certificação. Ciclo da cultura é o tempo decorrido entre o plantio e a colheita.

b) Culturas perenes: 18 meses de manejo orgânico, para que a colheita subsequente seja certificada orgânica.

c) Produção de pastagem e capineira: 12 meses de manejo orgânico ou pousio, para que a pastagem ou a capineira sejam certificadas orgânicas.

Os períodos de manejo orgânico estabelecidos em 6.1, 6.2 e 6.3 serão avaliados no dia da primeira visita do técnico da AAO. Nessa visita, será discutido o Plano de Manejo, de acordo com roteiro básico previamente fornecido pela AAO. 4. PRAZO PARA CERTIFICAÇÃO DE NOVA ÁREA DA MESMA UNIDADE DE PRODUÇÃO O prazo necessário para que seja certificada como orgânica a produção de nova área, incorporada a uma mesma unidade de produção, será estabelecido pelo Conselho de Certificação, ouvida a Comissão de Certificação, levando em conta o histórico e a aptidão dessa área, da propriedade e do produtor, e a linha de produção a ser estabelecida. 5. SIGILO

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5.1 Somente o inspetor da AAO e o Conselho de Certificação terão acesso aos dados especificados no item 2.4, que não poderão ser divulgados individualmente, exceto quando houver autorização prévia do responsável pela unidade produtora ou empresa comerciante. 5.2 O responsável pelo vazamento desses dados será submetido à Comissão de Ética. Se o beneficiário do vazamento dos dados for uma unidade comerciante certificada pela AAO, ela poderá sofrer punições estabelecidas pela Comissão de Ética. 5.3 Os nomes, endereços e tipos de produtos das unidades produtoras integradas só poderão ser divulgados com autorização do responsável pela unidade. 6. DIREITOS E OBRIGAÇÕES 6.1 São direitos das unidades produtoras e comerciantes certificadas:

Comercializar o produto orgânico certificado; Participar dos canais de comercialização supervisionados pela

AAO; Usar a marca da AO nos seus produtos, por meio do Selo

Orgânico.

6.2. As atividades especificadas nos itens a, b, e c acima serão taxadas pela AAO e as taxas divulgadas para os interessados. A AAO estabelecerá e divulgará também as multas e demais penalidades por atrasos no pagamento das taxas. 7. PERIODICIDADE DAS VISITAS 7.1. As visitas às unidades produtoras serão feitas em intervalos de 2 a 6 meses, dependendo das atividades desenvolvidas por elas, a critério do Conselho Certificação. 7.2. As visitas regulares às unidades comerciantes serão feitas em intervalos de 4 meses. 8. TIPOS E ATIVIDADES DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO 8.1. Todas as unidades produtoras certificadas que tiverem parte da sua produção obtida pelo sistema convencional, deverão, decorrido um ano da certificação, apresentar um plano de conversão de toda a produção convencional para o sistema orgânico. 8.2. As unidades produtoras e comerciantes poderão trabalhar integralmente com produtos orgânicos ou manterem um setor orgânico específico, respeitado o disposto no item 8.1. anterior. No caso de haver um setor orgânico específico, este deverá estar separado do setor

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convencional e suficientemente protegido para evitar a contaminação ou mistura dos produtos orgânicos com produtos convencionais. Neste caso, constará do Formulário de Certificação que apenas determinado setor está credenciado. 8.3. Os produtos orgânicos deverão ser acondicionados em embalagens suficientemente diferenciadas das demais, de modo a não confundir o consumidor. 8.4. Em feiras e outros mercados não supervisionados pela AAO, as unidades produtoras só poderão comercializar em bancas caracterizadas como orgânicas, produtos orgânicos certificados pela AAO ou por entidades que mantenham reciprocidade de certificação com a AAO. 9. ORDEM DE CERTIFICAÇÃO 9.1. Ao ser certificada, cada unidade produtora e comerciante receberá um número seqüencial de certificação. 9.2. A numeração seguirá a ordem cronológica e será um dos critérios

para entrada nas Feiras, Mercadão e demais pontos de venda organizados pela AAO.

IIII..BB -- RREEGGUULLAAMMEENNTTOO DDEE RREECCIIPPRROOCCIIDDAADDEE DDEE CCEERRTTIIFFIICCAAÇÇÃÃOO A AAO reconhece como orgânico o produto garantido como tal por

entidade com a qual mantenha reciprocidade para este fim. A reciprocidade permite que o produto garantido por outra entidade:

a) seja comercializado nas Feiras do Produtor Orgânico e nos demais canais de comercialização supervisionados pela AAO;

b) entre na composição de produtos processados certificados e na de rações utilizadas ou comercializadas pelas unidades produtoras e comerciantes certificadas pela AAO.

Para haver a reciprocidade, as entidades deverão apresentar ao Conselho de Certificação:

a) Ata de eleição da diretoria e conselhos; b) Estatuto e regulamentos; c) Relato das suas atividades d) Normas, regulamentos e procedimentos utilizados na produção

orgânica; e) Estrutura de certificação, nomes dos responsáveis e dos técnicos de

campo. O Conselho de Certificação analisará esses documentos; em seguida, o

técnico designado pela AAO visitará a entidade e seus produtores, e apresentará ao Conselho de Certificação o respectivo relatório técnico e

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parecer. O Conselho encaminhará o processo à Diretoria da AAO, com o seu parecer, para decisão final. A reciprocidade de cada entidade será avaliada anualmente pela Diretoria da AAO, que poderá renová-la, suspendê-la ou cancelá-la.

IIII..CC -- RREEGGUULLAAMMEENNTTOOSS DDAASS FFEEIIRRAASS

DDOO PPRROODDUUTTOORR OORRGGÂÂNNIICCOO 1. CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO 1.1. Só poderá manter banca nas Feiras do Produtor Orgânico a pessoa

física ou jurídica, denominada participante neste Regulamento: a) Que seja associada à AAO, esteja em dia com todos os pagamentos,

cumpra as demais obrigações estatutárias, as Normas de Produção, os Regulamentos e o Regimento Interno da Feira;

b) Que seja certificada pela AAO ou por certificadora que mantenha reciprocidade de certificação com a AAO;

c) Para a entrada nas Feiras, a pessoa deverá encaminhar pedido por escrito à AAO. Este pedido será examinado pela Comissão da Feira, que tomará a decisão final.

1.2. Para manter uma banca, o participante assinará contrato com a AAO.

1.3. O participante seguirá as recomendações que lhe forem feitas pela AAO, nos prazos determinados.

1.4. O participante está sujeito a todas as normas determinadas pela administração do local em que se realiza a Feira, seja este um próprio particular, municipal, estadual ou federal.

1.5. A Diretoria da AAO poderá determinar aos participantes a penalidade de exclusão e suspensão das Feiras e demais pontos de venda organizados pela AAO, de acordo com estas CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO. A Comissão da Feira poderá determinar as penalidades previstas no Regimento Interno da Feira.

1.6. Em caso de exclusão ou suspensão, nenhum produto do participante poderá ser vendido nas Feiras ou nos demais pontos de venda organizados pela AAO.

1.7. Durante o período de suspensão, o participante arcará com todas as despesas e taxas normais das Feiras, se desejar continuar delas participando.

1.8. Em caso de reincidência de suspensão, o participante poderá ser excluído das Feiras e dos demais pontos de comercialização organizados pela AAO.

1.9. O participante que faltar sem justificativa a três Feiras consecutivas será excluído da Feira em que esteve ausente.

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1.10. A unidade produtora terá precedência para ocupar espaços disponíveis nas Feiras e demais pontos de comercialização organizados pela AAO.

2. COMISSÃO DA FEIRA E REGIMENTO INTERNO Cada Feira supervisionada pela AAO terá uma Comissão e um Regimento Interno. A Comissão da Feira: a) Será formada por representantes dos consumidores e dos participantes

da Feira, em igual número para ambas as partes, e um representante da AAO.

b) Tratará dos assuntos administrativos referentes à Feira e aos demais canais de comercialização que ocupem o local da Feira.

c) Toda transgressão ao Regimento Interno da Feira que ocorra repetidamente sem que esta Comissão consiga resolver, será encaminhada à Diretoria da AAO.

d) A Comissão da Feira poderá aplicar penalidades de advertência e multas em caso de transgressão ao Regulamento da Feira. Os valores das multas serão determinados por esta Comissão, para cada caso específico, levando-se em consideração as taxas cobradas pela AAO. Os valores serão comunicados a todos os participantes da Feira e dos demais canais de comercialização organizados pela AAO, e poderão ser revistos sempre que a Comissão julgar necessário.

e) Esta Comissão criará e administrará um fundo formado com a arrecadação das multas.

IIII..DD -- RREEGGUULLAAMMEENNTTOOSS DDOO SSEELLOO OORRGGÂÂNNIICCOO

1. CONDIÇÕES PARA USO DO SELO 1.1. O produto deve ter origem em unidade produtora certificada pela

AAO. 1.2. A unidade comerciante certificada pela AAO pode colocar o Selo

Orgânico nos seus produtos comercializados, tendo os produtos origem em unidade produtora certificada pela AAO ou em entidade que mantenha reciprocidade de certificação com a AAO.

1.3. Desde que a origem do produto seja a descrita no item 1.1., anterior, o Selo Orgânico será impresso ou colado na embalagem ou no produto, apenas:

a) Pela unidade produtora certificada em que foi originado ou que está revendendo o produto, ou

b) Pela unidade comerciante certificada. 1.4. As unidades produtoras e comerciantes deverão:

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a) Comunicar à AAO a quantidade e o tipo de embalagem em que será impresso o Selo. A comunicação deve ser feita à AAO a cada novo lote impresso.

b) Enviar à AAO cópia das respectivas notas fiscais. 1.5. É proibido o uso do Selo em produto originado de unidade produtora

não certificada, excluída da certificação ou suspensa das Feiras e do Mercadão, enquanto durar a suspensão;

1.6. As unidades comerciantes certificadas poderão colocar o Selo em produto importado de outro país, desde que o produto seja certificado por certificadora credenciada pela Ifoam, com o respectivo documento que comprova esse credenciamento, e seja reconhecida pela AAO.

IIII..EE -- EESSTTRRUUTTUURRAA DDEE CCEERRTTIIFFIICCAAÇÇÃÃOO

É formada pela Comissão Técnica, Conselho de Certificação e Conselho de Recursos, cujos membros são nomeados pela Diretoria Executiva e pelo Conselho Deliberativo da AAO. 1 . COMISSÃO TÉCNICA 1.1. Composição: É formada por técnicos de reconhecida capacidade nos setores abrangidos pela certificação da AAO. Estes técnicos não poderão ser proprietários, sócios, consultores ou assessores das unidades produtoras ou comerciantes certificadas ou em processo de certificação pela AAO. 1.2. Atribuições: Elaborar os relatórios de certificação e inspeção e os respectivos pareceres e recomendações, e encaminhá-los ao Conselho de Certificação. 2. CONSELHO DE CERTIFICAÇÃO 2.1. Composição: É formado por três membros:

a) Diretor Técnico da AAO; b) Técnico contratado pela AAO; c) Profissional de reconhecida capacidade técnica em agricultura

orgânica.

2.2. Atribuições: Receber os relatórios da Comissão Técnica e deliberar sobre novas certificações e descertificações, advertências e suspensões, de acordo com as Normas de Produção e os Regulamentos da AAO. 3. CONSELHO DE RECURSOS

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3.1. Membros: a) Serão nove pessoas nomeadas pelo Conselho Deliberativo e

Diretoria Executiva da AAO, que mantenham contrato com esta Associação.

b) Em cada caso a ser julgado, serão escolhidos pela Diretoria Executiva três membros, entre aqueles nove; desses três escolhidos, um deles será um Diretor Executivo da AAO.

3.2. Atribuições: Decidir sobre apelações referentes às deliberações do Conselho de Certificação e ao processo de certificação em geral. Antes de tomar sua decisão, este Conselho ouvirá os interessados, que terão ampla oportunidade de se expressar perante os seus membros e acesso a toda a documentação relativa à questão. O recurso não terá efeito suspensivo sobre a decisão do Conselho de Certificação, enquanto não tiver sido apreciado pelo Conselho de Recursos.

IIII..FF -- CCOOMMIISSSSÃÃOO DDEE ÉÉTTIICCAA 1. Composição É nomeada pela Diretoria Executiva da AAO e é composta de: a) Um titular e um suplente, diretores da AAO e não participantes das

Feiras, unidades de produção e unidades comerciantes, que coordenarão esta Comissão;

b) Um titular e dois suplentes representando os consumidores de produtos orgânicos;

c) Um titular e dois suplentes representando as unidades certificadas pela AAO.

2. Atribuições Julgar comportamento anti-ético e impor as respectivas penalidades. 2.2. Os objetivos maiores desta Comissão serão o trabalho educativo e a

manutenção da credibilidade de produto orgânico e do processo de comercialização.

2.3. Esta Comissão reunir-se-á sempre que houver necessidade de deliberar sobre assunto de sua competência.

3. Fatos passíveis de julgamento 3.1. Comercializar com Selo da AAO produto de unidade produtora não

certificada pela AAO ou por entidade que mantenha reciprocidade de certificação com a AAO, ou de unidade produtora excluída da Feira, ou que tenha sido suspensa ou perdido o direito de uso do Selo.

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3.2. A unidade comerciante não informar a AAO sobre fato que chegue ao seu conhecimento, relativo a unidade produtora que não esteja cumprindo as Normas de Produção da AAO.

3.3. Comunicação de irregularidade que se mostre completamente infundada e demonstre má-fé ou desejo de prejudicar o suposto infrator, o que poderá acarretar a quem fez a comunicação pena de igual natureza à que seria aplicada ao primeiro.

3.4. Boatos ou falsas informações que visem prejudicar produtores, comerciantes ou técnicos. 4. Critérios para decisão As decisões desta Comissão serão tomadas com base nas decisões passadas, que formarão jurisprudência. Novas e eventuais ocorrências serão analisadas com o mesmo espírito. 5. Outros procedimentos 5.1. Comunicações de irregularidades só serão aceitas por esta Comissão se: a) Estiverem escritas, assinadas e contiverem telefone e endereço para

contato; b) Indicarem a data em que foi observada a ocorrência; c) Em caso de origem supostamente não orgânica do produto, indicar,

sempre que possível, a provável origem; 5.2. Antes de tomar sua decisão, esta Comissão ouvirá os interessados

na questão, que terão ampla oportunidade de se expressar perante os seus membros e acesso a todos os documentos relativos às decisões passadas.

5.3. As decisões desta Comissão podem ser objeto de recurso à Diretoria Executiva da AAO, que terá o prazo de quinze dias para decidir sobre o recurso. O recurso não terá efeito suspensivo sobre a penalidade, enquanto não tiver sido julgado pela Diretoria Executiva.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ORMOND, J.G.P.; PAULA, S.R.L.; FILHO, P.F.; ROCHA, L.T.M.

Agricultura Orgânica: Quando o Passado é Futuro In: www.bndes.com.br Brasília: BNDES, 2002.

EHLERS, E. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2 ed.. Guaíba: Agropecuária, 1999.

EHLERS, E. Certificação Ambiental na Indústria e na Agricultura: Quem

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está na Frente? Trabalho apresentado na USP – Departamento de Engenharia de Minas. Disciplina de Gestão Ambiental. São Paulo. 2001. 9 p.

GIORDANO, S. R. Gestão Ambiental no Sistema Agroindustrial. In:

ZYLBERSZTAJN, D.& NEVES, M. F. (Orgs.) Economia e Gestão dos Negócios Agroalimentares. São Paulo: Editora Pioneira, 2000. 428 p.