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CESAR AUGUSTO MORETTO ANÁLISE DO CENÁRIO LOGÍSTICO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA NO RIO GRANDE DO SUL. CURITIBA 2015

CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

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CESAR AUGUSTO MORETTO

ANAacuteLISE DO CENAacuteRIO LOGIacuteSTICO ndash ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA NO RIO GRANDE DO SUL

CURITIBA 2015

CESAR AUGUSTO MORETTO

ANAacuteLISE DO CENAacuteRIO LOGIacuteSTICO ndash ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA NO RIO GRANDE DO SUL

Trabalho elaborado para MBA em Gestatildeo do Agronegoacutecio Universidade Federal do Paranaacute sob orientaccedilatildeo do Prof Robson Mafioletti

Curitiba 2015

RESUMO

O presente trabalho consiste numa anaacutelise dissertativa teoacuterica na qual foi

realizada por meio de pesquisa bibliograacutefica e coleta de dados de fontes fidedignas sobre o escoamento da safra da soja gauacutecha com esse estudo exploratoacuterio contemplaraacute tambeacutem a funccedilatildeo da logiacutestica esse processo de gerenciamento tatildeo importante uma vez que a cultura de gratildeos tem sido uma das principais causas responsaacutevel pelo crescimento do PIB no paiacutes e consequentemente promovendo o desenvolvimento regional sustentado Sendo assim com uma anaacutelise de cenaacuterio na regiatildeo sul seraacute abordada a questatildeo de logiacutestica no agronegoacutecio Devido aos criteacuterios usados estima-se que haveraacute um excelente desenvolvimento e crescimento quanto ao escoamento da safra no Rio grande do Sul sendo a administraccedilatildeo imprescindiacutevel desde o iniacutecio do processo ateacute o seu teacutermino Em suma o trabalho teraacute como finalidade identificar os gargalos logiacutesticos no escoamento da safra da soja bem como informar e sugerir alternativas que possam contribuir de alguma forma para um melhor desempenho da logiacutestica no setor agriacutecola Para tal retrata-se a importacircncia da logiacutestica de transporte eficiente e infraestrutura adequada no cenaacuterio atual de modernizaccedilatildeo e avanccedilos Nesse sentido os altos custos de transporte e estocagem dos produtos agriacutecolas carregam uma grande carga tributaacuteria e consistem num quadro a ser revertido este eacute o grande desafio e para isso eacute necessaacuteria agrave criaccedilatildeo de novas alternativas como o aumento e manutenccedilatildeo da malha ferroviaacuteria e incentiva ao transporte multimodal As ferrovias por sua vez obsoletas e a escassez de hidrovias sem falar no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da malha rodoviaacuteria aleacutem dos armazeacutens e silos sobrecarregados constituem alguns desafios logiacutesticos a serem considerados que acabam por prejudicar o escoamento da safra e a competitividade do agronegoacutecio como um todo no Rio Grande do Sul Portanto com isso exposto prioriza o escoamento de gratildeos partindo da premissa de que criadas as condiccedilotildees de infraestrutura de colheita transporte armazenamento dando especial atenccedilatildeo na problemaacutetica da logiacutestica viaacuteria e oferecendo alternativas e sugestotildees para poder melhorar e de forma que viabilize ao setor a reduccedilatildeo de custos e que se evitem futuros problemas na trajetoacuteria do gratildeo

Palavras-chave Soja gargalos logiacutesticos escoamento transporte armazenagem

LISTA DE FIGURAS E MAPAS

Figura 1 Lavoura de Soja16 Figura 2 Colheita da Soja27 Figura 3 Elementos Baacutesicos da Logiacutestica29 Figura 4 Comparativo dos modais em termos das dimensotildees de serviccedilo39 Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul42 Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio Grande do Sul44 Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado45 Figura 8 Estruturas de Armazenamento de Gratildeos46 Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo Brasileira51 Figura 10 Safra da Soja 20122013 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul52 Figura 11 Comparaccedilatildeo entre Hidrovia Rodovia e Ferrovia53 Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do Sul59 Figura 13 Mapa Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba59 Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba60 Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul63 Figura 16 Mapa de Silos e Armazeacutens CESA no Rio Grande do Sul71 Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR78

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Evoluccedilatildeo da Produccedilatildeo de Soja no Brasil(1960-2007)18 Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo da Produccedilatildeo Mundial de Soja19 Graacutefico 3 Exportaccedilotildees Mundial de Soja20 Graacutefico 4 Produccedilatildeo de Soja no Brasil20 Graacutefico 5 Aacuterea Plantada de Soja no Brasil21 Graacutefico 6 Consumo de Soja no Brasil21 Graacutefico 7 Exportaccedilatildeo de Soja No Brasil22 Graacutefico 8 Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos23 Tabela 9 Tabela 9 Evoluccedilatildeo do PIB25 Graacutefico 10 Distribuiccedilatildeo Percentual da Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-200626 Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS no periacuteodo de 012007 ateacute 06200867 Tabela 12 De Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo69 Tabela 13 Custo da armazenagem72

ABREVIATURAS

ABAG Associaccedilatildeo Brasileira de Agribusiness

ABIOVE Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Oacuteleos Vegetais

ALL Ameacuterica Latina Logiacutestica

ANEC Associaccedilatildeo Nacional de Exportadores de Cereais

ANTT Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres

ANUT Associaccedilatildeo Nacional dos Usuaacuterios dos Transportes de Carga

ASLOG Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica

CEL Centro de Estudos em Logiacutestica

CEPEA-USP Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada ndash Universidade

de Satildeo Paulo

CESA Companhia Estadual de Silos e Armazeacutens

CI Soja Centro de Inteligecircncia da Soja

CMA Mercado Financeiro Agriacutecola

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COPPEAD Coordenaccedilatildeo dos Programas de poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia e

Administraccedilatildeo

EMATERRS Associaccedilatildeo Riograndense de Empreendimentos de Assistecircncia

Teacutecnica e Expansatildeo Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

ESALQ Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo

FAPRI Instituto de Pesquisa para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Politica

FAO Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo

FOB Free on Board ou preccedilo sem frete incluso

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes do Ministeacuterio dos

Transportes

IAC Instituto Agronocircmico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos

IDET Iacutendice de Desempenho Econocircmico do Transporte

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

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10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

23

considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

24

A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

27

Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

28

Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

77

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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BELLO Ubirajara b Dal Pequeno ensaio sobre as operaccedilotildees de transporte na atividade econocircmica Universidade do Vale do rio dos Sinos (UNISINOS) Satildeo Leopoldo sn 2001

BOWERSOX Donald J CLOSS David J Logiacutestica empresarial o processo de integraccedilatildeo da cadeia de suprimento Satildeo Paulo Atlas 2001

CHING Hong Yuh Gestatildeo de Estoques na Cadeia de Logiacutestica Integrada Satildeo Paulo Atlas 2001

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DALLacuteAGNOL A et all O complexo agroindustrial da Soja brasileira Londrina PR Embrapa Soja 2006

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DIEHL Astor Antonio TATIM Denise Carvalho Pesquisa em Ciecircncias Sociais Aplicadas meacutetodos e teacutecnicas 1 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2004

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FLEURY Paulo Fernando A infra-estrutura e os desafios logiacutesticos das exportaccedilotildees Centro de estudos em logiacutestica ndash CoppeadUFRJ 2004 Disponiacutevel httpwwwcoppeadufrjbrpesquisacelnewllcapachtm acesso em setembro 2007

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MARTINS Ricardo Silveira Transportes e Logiacutestica Empresarial MBA em economia e Gestatildeo Empresarial 206 Universidade de Passo Fundo Apostila 2006

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78

RIBEIRO Marcos Antonio Solucotildees Logisticas Disponiacutevel em httpwwwntcelogiacutesticaorgbr Acesso em Agosto 2007

ROESCH Siacutelvia Maria Azevedo Projeto de Estaacutegio de Curso de Administraccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1996

VIEIRA Guilherme BV Transporte Internacional de Cargas Satildeo Paulo aduaneiras 2001

FERPAGRO(Porto Alegre RS) Indicaccedilotildees teacutecnicas para a cultura de milho no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-RS 2001 135 p (Boletim Teacutecnico 7)Biblioteca(s) Epagri-Sede Planta de soja disponiacutevel em httpcoisasdealimentosblogspotcombr201406sojahtml 140115 agraves 00h006 min Evoluccedilatildeo da produccedilatildeo da soja no Brasil disponiacutevel em httpwwwconabgovbrSeacuteriesHistoricas 15032015 agraves 21h27min

Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 2: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

CESAR AUGUSTO MORETTO

ANAacuteLISE DO CENAacuteRIO LOGIacuteSTICO ndash ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA NO RIO GRANDE DO SUL

Trabalho elaborado para MBA em Gestatildeo do Agronegoacutecio Universidade Federal do Paranaacute sob orientaccedilatildeo do Prof Robson Mafioletti

Curitiba 2015

RESUMO

O presente trabalho consiste numa anaacutelise dissertativa teoacuterica na qual foi

realizada por meio de pesquisa bibliograacutefica e coleta de dados de fontes fidedignas sobre o escoamento da safra da soja gauacutecha com esse estudo exploratoacuterio contemplaraacute tambeacutem a funccedilatildeo da logiacutestica esse processo de gerenciamento tatildeo importante uma vez que a cultura de gratildeos tem sido uma das principais causas responsaacutevel pelo crescimento do PIB no paiacutes e consequentemente promovendo o desenvolvimento regional sustentado Sendo assim com uma anaacutelise de cenaacuterio na regiatildeo sul seraacute abordada a questatildeo de logiacutestica no agronegoacutecio Devido aos criteacuterios usados estima-se que haveraacute um excelente desenvolvimento e crescimento quanto ao escoamento da safra no Rio grande do Sul sendo a administraccedilatildeo imprescindiacutevel desde o iniacutecio do processo ateacute o seu teacutermino Em suma o trabalho teraacute como finalidade identificar os gargalos logiacutesticos no escoamento da safra da soja bem como informar e sugerir alternativas que possam contribuir de alguma forma para um melhor desempenho da logiacutestica no setor agriacutecola Para tal retrata-se a importacircncia da logiacutestica de transporte eficiente e infraestrutura adequada no cenaacuterio atual de modernizaccedilatildeo e avanccedilos Nesse sentido os altos custos de transporte e estocagem dos produtos agriacutecolas carregam uma grande carga tributaacuteria e consistem num quadro a ser revertido este eacute o grande desafio e para isso eacute necessaacuteria agrave criaccedilatildeo de novas alternativas como o aumento e manutenccedilatildeo da malha ferroviaacuteria e incentiva ao transporte multimodal As ferrovias por sua vez obsoletas e a escassez de hidrovias sem falar no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da malha rodoviaacuteria aleacutem dos armazeacutens e silos sobrecarregados constituem alguns desafios logiacutesticos a serem considerados que acabam por prejudicar o escoamento da safra e a competitividade do agronegoacutecio como um todo no Rio Grande do Sul Portanto com isso exposto prioriza o escoamento de gratildeos partindo da premissa de que criadas as condiccedilotildees de infraestrutura de colheita transporte armazenamento dando especial atenccedilatildeo na problemaacutetica da logiacutestica viaacuteria e oferecendo alternativas e sugestotildees para poder melhorar e de forma que viabilize ao setor a reduccedilatildeo de custos e que se evitem futuros problemas na trajetoacuteria do gratildeo

Palavras-chave Soja gargalos logiacutesticos escoamento transporte armazenagem

LISTA DE FIGURAS E MAPAS

Figura 1 Lavoura de Soja16 Figura 2 Colheita da Soja27 Figura 3 Elementos Baacutesicos da Logiacutestica29 Figura 4 Comparativo dos modais em termos das dimensotildees de serviccedilo39 Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul42 Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio Grande do Sul44 Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado45 Figura 8 Estruturas de Armazenamento de Gratildeos46 Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo Brasileira51 Figura 10 Safra da Soja 20122013 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul52 Figura 11 Comparaccedilatildeo entre Hidrovia Rodovia e Ferrovia53 Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do Sul59 Figura 13 Mapa Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba59 Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba60 Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul63 Figura 16 Mapa de Silos e Armazeacutens CESA no Rio Grande do Sul71 Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR78

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Evoluccedilatildeo da Produccedilatildeo de Soja no Brasil(1960-2007)18 Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo da Produccedilatildeo Mundial de Soja19 Graacutefico 3 Exportaccedilotildees Mundial de Soja20 Graacutefico 4 Produccedilatildeo de Soja no Brasil20 Graacutefico 5 Aacuterea Plantada de Soja no Brasil21 Graacutefico 6 Consumo de Soja no Brasil21 Graacutefico 7 Exportaccedilatildeo de Soja No Brasil22 Graacutefico 8 Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos23 Tabela 9 Tabela 9 Evoluccedilatildeo do PIB25 Graacutefico 10 Distribuiccedilatildeo Percentual da Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-200626 Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS no periacuteodo de 012007 ateacute 06200867 Tabela 12 De Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo69 Tabela 13 Custo da armazenagem72

ABREVIATURAS

ABAG Associaccedilatildeo Brasileira de Agribusiness

ABIOVE Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Oacuteleos Vegetais

ALL Ameacuterica Latina Logiacutestica

ANEC Associaccedilatildeo Nacional de Exportadores de Cereais

ANTT Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres

ANUT Associaccedilatildeo Nacional dos Usuaacuterios dos Transportes de Carga

ASLOG Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica

CEL Centro de Estudos em Logiacutestica

CEPEA-USP Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada ndash Universidade

de Satildeo Paulo

CESA Companhia Estadual de Silos e Armazeacutens

CI Soja Centro de Inteligecircncia da Soja

CMA Mercado Financeiro Agriacutecola

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COPPEAD Coordenaccedilatildeo dos Programas de poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia e

Administraccedilatildeo

EMATERRS Associaccedilatildeo Riograndense de Empreendimentos de Assistecircncia

Teacutecnica e Expansatildeo Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

ESALQ Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo

FAPRI Instituto de Pesquisa para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Politica

FAO Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo

FOB Free on Board ou preccedilo sem frete incluso

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes do Ministeacuterio dos

Transportes

IAC Instituto Agronocircmico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos

IDET Iacutendice de Desempenho Econocircmico do Transporte

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

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Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

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Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

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Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

23

considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

26

destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

27

Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

28

Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

29

preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

30

logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

73

Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

74

Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

75

CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

76

ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

77

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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BOWERSOX Donald J CLOSS David J Logiacutestica empresarial o processo de integraccedilatildeo da cadeia de suprimento Satildeo Paulo Atlas 2001

CHING Hong Yuh Gestatildeo de Estoques na Cadeia de Logiacutestica Integrada Satildeo Paulo Atlas 2001

COSTA Luiz Sergio Silveira As Hidrovias Interiores no Brasil 3ordf ed Rio de Janeiro FANAVEGA 2004

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DIAS Marco Aureacutelio P Administraccedilatildeo de materiais Uma abordagem logiacutestica 4ordf ed Satildeo Paulo editora Atlas SA 1993

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FLEURY Paulo Fernando A infra-estrutura e os desafios logiacutesticos das exportaccedilotildees Centro de estudos em logiacutestica ndash CoppeadUFRJ 2004 Disponiacutevel httpwwwcoppeadufrjbrpesquisacelnewllcapachtm acesso em setembro 2007

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MARTINS Ricardo Silveira Transportes e Logiacutestica Empresarial MBA em economia e Gestatildeo Empresarial 206 Universidade de Passo Fundo Apostila 2006

NAZAacuteRIO P WANKE P FLEURY P F O Papel do Transporte na Estrateacutegia Logiacutestica COOPEAD 2000 Disponiacutevel em httpwwwcentrodelogisticacombr Acesso em 2007

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78

RIBEIRO Marcos Antonio Solucotildees Logisticas Disponiacutevel em httpwwwntcelogiacutesticaorgbr Acesso em Agosto 2007

ROESCH Siacutelvia Maria Azevedo Projeto de Estaacutegio de Curso de Administraccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1996

VIEIRA Guilherme BV Transporte Internacional de Cargas Satildeo Paulo aduaneiras 2001

FERPAGRO(Porto Alegre RS) Indicaccedilotildees teacutecnicas para a cultura de milho no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-RS 2001 135 p (Boletim Teacutecnico 7)Biblioteca(s) Epagri-Sede Planta de soja disponiacutevel em httpcoisasdealimentosblogspotcombr201406sojahtml 140115 agraves 00h006 min Evoluccedilatildeo da produccedilatildeo da soja no Brasil disponiacutevel em httpwwwconabgovbrSeacuteriesHistoricas 15032015 agraves 21h27min

Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 3: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

RESUMO

O presente trabalho consiste numa anaacutelise dissertativa teoacuterica na qual foi

realizada por meio de pesquisa bibliograacutefica e coleta de dados de fontes fidedignas sobre o escoamento da safra da soja gauacutecha com esse estudo exploratoacuterio contemplaraacute tambeacutem a funccedilatildeo da logiacutestica esse processo de gerenciamento tatildeo importante uma vez que a cultura de gratildeos tem sido uma das principais causas responsaacutevel pelo crescimento do PIB no paiacutes e consequentemente promovendo o desenvolvimento regional sustentado Sendo assim com uma anaacutelise de cenaacuterio na regiatildeo sul seraacute abordada a questatildeo de logiacutestica no agronegoacutecio Devido aos criteacuterios usados estima-se que haveraacute um excelente desenvolvimento e crescimento quanto ao escoamento da safra no Rio grande do Sul sendo a administraccedilatildeo imprescindiacutevel desde o iniacutecio do processo ateacute o seu teacutermino Em suma o trabalho teraacute como finalidade identificar os gargalos logiacutesticos no escoamento da safra da soja bem como informar e sugerir alternativas que possam contribuir de alguma forma para um melhor desempenho da logiacutestica no setor agriacutecola Para tal retrata-se a importacircncia da logiacutestica de transporte eficiente e infraestrutura adequada no cenaacuterio atual de modernizaccedilatildeo e avanccedilos Nesse sentido os altos custos de transporte e estocagem dos produtos agriacutecolas carregam uma grande carga tributaacuteria e consistem num quadro a ser revertido este eacute o grande desafio e para isso eacute necessaacuteria agrave criaccedilatildeo de novas alternativas como o aumento e manutenccedilatildeo da malha ferroviaacuteria e incentiva ao transporte multimodal As ferrovias por sua vez obsoletas e a escassez de hidrovias sem falar no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da malha rodoviaacuteria aleacutem dos armazeacutens e silos sobrecarregados constituem alguns desafios logiacutesticos a serem considerados que acabam por prejudicar o escoamento da safra e a competitividade do agronegoacutecio como um todo no Rio Grande do Sul Portanto com isso exposto prioriza o escoamento de gratildeos partindo da premissa de que criadas as condiccedilotildees de infraestrutura de colheita transporte armazenamento dando especial atenccedilatildeo na problemaacutetica da logiacutestica viaacuteria e oferecendo alternativas e sugestotildees para poder melhorar e de forma que viabilize ao setor a reduccedilatildeo de custos e que se evitem futuros problemas na trajetoacuteria do gratildeo

Palavras-chave Soja gargalos logiacutesticos escoamento transporte armazenagem

LISTA DE FIGURAS E MAPAS

Figura 1 Lavoura de Soja16 Figura 2 Colheita da Soja27 Figura 3 Elementos Baacutesicos da Logiacutestica29 Figura 4 Comparativo dos modais em termos das dimensotildees de serviccedilo39 Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul42 Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio Grande do Sul44 Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado45 Figura 8 Estruturas de Armazenamento de Gratildeos46 Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo Brasileira51 Figura 10 Safra da Soja 20122013 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul52 Figura 11 Comparaccedilatildeo entre Hidrovia Rodovia e Ferrovia53 Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do Sul59 Figura 13 Mapa Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba59 Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba60 Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul63 Figura 16 Mapa de Silos e Armazeacutens CESA no Rio Grande do Sul71 Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR78

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Evoluccedilatildeo da Produccedilatildeo de Soja no Brasil(1960-2007)18 Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo da Produccedilatildeo Mundial de Soja19 Graacutefico 3 Exportaccedilotildees Mundial de Soja20 Graacutefico 4 Produccedilatildeo de Soja no Brasil20 Graacutefico 5 Aacuterea Plantada de Soja no Brasil21 Graacutefico 6 Consumo de Soja no Brasil21 Graacutefico 7 Exportaccedilatildeo de Soja No Brasil22 Graacutefico 8 Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos23 Tabela 9 Tabela 9 Evoluccedilatildeo do PIB25 Graacutefico 10 Distribuiccedilatildeo Percentual da Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-200626 Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS no periacuteodo de 012007 ateacute 06200867 Tabela 12 De Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo69 Tabela 13 Custo da armazenagem72

ABREVIATURAS

ABAG Associaccedilatildeo Brasileira de Agribusiness

ABIOVE Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Oacuteleos Vegetais

ALL Ameacuterica Latina Logiacutestica

ANEC Associaccedilatildeo Nacional de Exportadores de Cereais

ANTT Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres

ANUT Associaccedilatildeo Nacional dos Usuaacuterios dos Transportes de Carga

ASLOG Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica

CEL Centro de Estudos em Logiacutestica

CEPEA-USP Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada ndash Universidade

de Satildeo Paulo

CESA Companhia Estadual de Silos e Armazeacutens

CI Soja Centro de Inteligecircncia da Soja

CMA Mercado Financeiro Agriacutecola

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COPPEAD Coordenaccedilatildeo dos Programas de poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia e

Administraccedilatildeo

EMATERRS Associaccedilatildeo Riograndense de Empreendimentos de Assistecircncia

Teacutecnica e Expansatildeo Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

ESALQ Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo

FAPRI Instituto de Pesquisa para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Politica

FAO Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo

FOB Free on Board ou preccedilo sem frete incluso

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes do Ministeacuterio dos

Transportes

IAC Instituto Agronocircmico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos

IDET Iacutendice de Desempenho Econocircmico do Transporte

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

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Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

21

Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

23

considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

26

destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

69

Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

70

funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

71

Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

73

Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

74

Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

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ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 4: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

LISTA DE FIGURAS E MAPAS

Figura 1 Lavoura de Soja16 Figura 2 Colheita da Soja27 Figura 3 Elementos Baacutesicos da Logiacutestica29 Figura 4 Comparativo dos modais em termos das dimensotildees de serviccedilo39 Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul42 Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio Grande do Sul44 Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado45 Figura 8 Estruturas de Armazenamento de Gratildeos46 Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo Brasileira51 Figura 10 Safra da Soja 20122013 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul52 Figura 11 Comparaccedilatildeo entre Hidrovia Rodovia e Ferrovia53 Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do Sul59 Figura 13 Mapa Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba59 Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba60 Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul63 Figura 16 Mapa de Silos e Armazeacutens CESA no Rio Grande do Sul71 Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR78

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Evoluccedilatildeo da Produccedilatildeo de Soja no Brasil(1960-2007)18 Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo da Produccedilatildeo Mundial de Soja19 Graacutefico 3 Exportaccedilotildees Mundial de Soja20 Graacutefico 4 Produccedilatildeo de Soja no Brasil20 Graacutefico 5 Aacuterea Plantada de Soja no Brasil21 Graacutefico 6 Consumo de Soja no Brasil21 Graacutefico 7 Exportaccedilatildeo de Soja No Brasil22 Graacutefico 8 Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos23 Tabela 9 Tabela 9 Evoluccedilatildeo do PIB25 Graacutefico 10 Distribuiccedilatildeo Percentual da Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-200626 Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS no periacuteodo de 012007 ateacute 06200867 Tabela 12 De Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo69 Tabela 13 Custo da armazenagem72

ABREVIATURAS

ABAG Associaccedilatildeo Brasileira de Agribusiness

ABIOVE Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Oacuteleos Vegetais

ALL Ameacuterica Latina Logiacutestica

ANEC Associaccedilatildeo Nacional de Exportadores de Cereais

ANTT Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres

ANUT Associaccedilatildeo Nacional dos Usuaacuterios dos Transportes de Carga

ASLOG Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica

CEL Centro de Estudos em Logiacutestica

CEPEA-USP Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada ndash Universidade

de Satildeo Paulo

CESA Companhia Estadual de Silos e Armazeacutens

CI Soja Centro de Inteligecircncia da Soja

CMA Mercado Financeiro Agriacutecola

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COPPEAD Coordenaccedilatildeo dos Programas de poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia e

Administraccedilatildeo

EMATERRS Associaccedilatildeo Riograndense de Empreendimentos de Assistecircncia

Teacutecnica e Expansatildeo Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

ESALQ Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo

FAPRI Instituto de Pesquisa para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Politica

FAO Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo

FOB Free on Board ou preccedilo sem frete incluso

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes do Ministeacuterio dos

Transportes

IAC Instituto Agronocircmico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos

IDET Iacutendice de Desempenho Econocircmico do Transporte

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

18

Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

21

Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

22

Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

23

considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

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Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

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COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

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ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

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5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 5: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

LISTA DE TABELAS E GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 Evoluccedilatildeo da Produccedilatildeo de Soja no Brasil(1960-2007)18 Graacutefico 2 Distribuiccedilatildeo da Produccedilatildeo Mundial de Soja19 Graacutefico 3 Exportaccedilotildees Mundial de Soja20 Graacutefico 4 Produccedilatildeo de Soja no Brasil20 Graacutefico 5 Aacuterea Plantada de Soja no Brasil21 Graacutefico 6 Consumo de Soja no Brasil21 Graacutefico 7 Exportaccedilatildeo de Soja No Brasil22 Graacutefico 8 Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos23 Tabela 9 Tabela 9 Evoluccedilatildeo do PIB25 Graacutefico 10 Distribuiccedilatildeo Percentual da Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-200626 Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS no periacuteodo de 012007 ateacute 06200867 Tabela 12 De Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo69 Tabela 13 Custo da armazenagem72

ABREVIATURAS

ABAG Associaccedilatildeo Brasileira de Agribusiness

ABIOVE Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Oacuteleos Vegetais

ALL Ameacuterica Latina Logiacutestica

ANEC Associaccedilatildeo Nacional de Exportadores de Cereais

ANTT Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres

ANUT Associaccedilatildeo Nacional dos Usuaacuterios dos Transportes de Carga

ASLOG Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica

CEL Centro de Estudos em Logiacutestica

CEPEA-USP Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada ndash Universidade

de Satildeo Paulo

CESA Companhia Estadual de Silos e Armazeacutens

CI Soja Centro de Inteligecircncia da Soja

CMA Mercado Financeiro Agriacutecola

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COPPEAD Coordenaccedilatildeo dos Programas de poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia e

Administraccedilatildeo

EMATERRS Associaccedilatildeo Riograndense de Empreendimentos de Assistecircncia

Teacutecnica e Expansatildeo Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

ESALQ Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo

FAPRI Instituto de Pesquisa para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Politica

FAO Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo

FOB Free on Board ou preccedilo sem frete incluso

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes do Ministeacuterio dos

Transportes

IAC Instituto Agronocircmico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos

IDET Iacutendice de Desempenho Econocircmico do Transporte

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

18

Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

21

Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

22

Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

27

Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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FERPAGRO(Porto Alegre RS) Indicaccedilotildees teacutecnicas para a cultura de milho no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-RS 2001 135 p (Boletim Teacutecnico 7)Biblioteca(s) Epagri-Sede Planta de soja disponiacutevel em httpcoisasdealimentosblogspotcombr201406sojahtml 140115 agraves 00h006 min Evoluccedilatildeo da produccedilatildeo da soja no Brasil disponiacutevel em httpwwwconabgovbrSeacuteriesHistoricas 15032015 agraves 21h27min

Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 6: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

ABREVIATURAS

ABAG Associaccedilatildeo Brasileira de Agribusiness

ABIOVE Associaccedilatildeo Brasileira das Induacutestrias de Oacuteleos Vegetais

ALL Ameacuterica Latina Logiacutestica

ANEC Associaccedilatildeo Nacional de Exportadores de Cereais

ANTT Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres

ANUT Associaccedilatildeo Nacional dos Usuaacuterios dos Transportes de Carga

ASLOG Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica

CEL Centro de Estudos em Logiacutestica

CEPEA-USP Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada ndash Universidade

de Satildeo Paulo

CESA Companhia Estadual de Silos e Armazeacutens

CI Soja Centro de Inteligecircncia da Soja

CMA Mercado Financeiro Agriacutecola

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

COPPEAD Coordenaccedilatildeo dos Programas de poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia e

Administraccedilatildeo

EMATERRS Associaccedilatildeo Riograndense de Empreendimentos de Assistecircncia

Teacutecnica e Expansatildeo Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria

ESALQ Escola Superior de Agricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo

FAPRI Instituto de Pesquisa para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Politica

FAO Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo

FOB Free on Board ou preccedilo sem frete incluso

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes do Ministeacuterio dos

Transportes

IAC Instituto Agronocircmico de Campinas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

ICMS Imposto sobre Circulaccedilatildeo de Mercadorias e Prestaccedilatildeo de Serviccedilos

IDET Iacutendice de Desempenho Econocircmico do Transporte

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

18

Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

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Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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DIEHL Astor Antonio TATIM Denise Carvalho Pesquisa em Ciecircncias Sociais Aplicadas meacutetodos e teacutecnicas 1 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2004

DORNIER PP et al Logiacutestica e Operaccedilotildees Globais Satildeo Paulo Atlas 2000

FLEURY Paulo Fernando A infra-estrutura e os desafios logiacutesticos das exportaccedilotildees Centro de estudos em logiacutestica ndash CoppeadUFRJ 2004 Disponiacutevel httpwwwcoppeadufrjbrpesquisacelnewllcapachtm acesso em setembro 2007

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78

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VIEIRA Guilherme BV Transporte Internacional de Cargas Satildeo Paulo aduaneiras 2001

FERPAGRO(Porto Alegre RS) Indicaccedilotildees teacutecnicas para a cultura de milho no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-RS 2001 135 p (Boletim Teacutecnico 7)Biblioteca(s) Epagri-Sede Planta de soja disponiacutevel em httpcoisasdealimentosblogspotcombr201406sojahtml 140115 agraves 00h006 min Evoluccedilatildeo da produccedilatildeo da soja no Brasil disponiacutevel em httpwwwconabgovbrSeacuteriesHistoricas 15032015 agraves 21h27min

Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 7: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

OMC Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio

PEP Precircmio para o Escoamento do Produto

PGPM Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos

PIB Produto Interno Bruto

PNDA Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura

PNDR Plano Nacional de Desenvolvimento Rural

PRONAZEM Programa Nacional de Armazenagem

SCPDEPLAN RS Secretaria do Planejamento do RS e Departamento de Estudos

Econocircmicos e Sociais e Planejamento Estrateacutegico

SECEX Secretaria do Comeacutercio Exterior

SIARMA Sistema de Informaccedilatildeo de Armazenagem

SIDRA Sistema IBGE de Recuperaccedilatildeo Automaacutetica

SNCR Sistema Nacional de Creacutedito Rural

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNICAMP Universidade de Campinas

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

USSEC Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

18

Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

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Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

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Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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DIEHL Astor Antonio TATIM Denise Carvalho Pesquisa em Ciecircncias Sociais Aplicadas meacutetodos e teacutecnicas 1 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2004

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Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 8: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

- 7 -

Sumaacuterio 1 INTRODUCcedilAtildeO 10

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO 11

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO 12

13 OBJETIVO 12

131 Objetivo Geral 13

132 Objetivos especiacuteficos 13

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA 13

21HISTORIA DA SOJA 13

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL 15

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA 17

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA 21

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS 22

26 AGRICULTURA BRASILEIRA 23

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL 25

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA 26

281 Conceito da logiacutestica 27

282 Missatildeo da logiacutestica 30

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica 30

284 Importacircncia da logiacutestica 32

285 Gerenciamento logiacutestico 33

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS 34

291 A logiacutestica da soja em gratildeos 35

292 Logiacutestica de transporte 36

293 Especificidade das modalidades de transporte 38

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS 44

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO 45

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 46

31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA 47

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 48

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA 48

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA 49

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA 50

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

18

Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

21

Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

27

Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 9: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

- 8 -

44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS 52

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA 54

451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento 55

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos 56

46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute 58

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL 59

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO 60

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS 61

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos 62

493 Barreiras legais para a intermodalidade 63

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA 63

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 64

412 CUSTOS DE TRANSPORTE 65

413 FRETE 65

4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios 67

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA 67

415 ARMAZENAGENS DA SOJA 69

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul 71

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS 72

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS 72

CONCLUSAtildeO 75

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS 77

ANEXOS 79

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO QUE

FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO AGRONEGOacuteCIO

80

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

14

organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

15

Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

18

Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

21

Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

22

Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

27

Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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FERPAGRO(Porto Alegre RS) Indicaccedilotildees teacutecnicas para a cultura de milho no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-RS 2001 135 p (Boletim Teacutecnico 7)Biblioteca(s) Epagri-Sede Planta de soja disponiacutevel em httpcoisasdealimentosblogspotcombr201406sojahtml 140115 agraves 00h006 min Evoluccedilatildeo da produccedilatildeo da soja no Brasil disponiacutevel em httpwwwconabgovbrSeacuteriesHistoricas 15032015 agraves 21h27min

Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

80

5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 10: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

10

1 INTRODUCcedilAtildeO

Anualmente a safra da soja no Rio Grande do Sul sofre com os gargalos

de escoamento de sua produccedilatildeo O periacuteodo de colheita eacute em torno de 45 a 50 dias

mas toda produccedilatildeo da soja seraacute ainda demandada para o mercado interno e externo

durante todo o ano gerando gargalos no sistema de transporte no escoamento para

os portos e principalmente problemas na armazenagem do gratildeo uma vez que a

produccedilatildeo supera a quantidade de locais ideais de estocagem

Constata-se que dificilmente a faacutebrica estaacute localizada perto da mateacuteria-

prima perto do produto ou serviccedilo mas esses devem estar na hora local e forma

desejada pelo consumidor como tambeacutem os suprimentos para o bom

funcionamento de uma faacutebrica Nessa oacutetica eacute que entram os processos logiacutesticos de

distribuiccedilatildeo envolvendo movimentaccedilatildeo e armazenagens de produto Quanto mais

as cidades crescem e a populaccedilatildeo mundial aumenta maiores e mais complexas

ficam as cadeias de suprimentos e a logiacutestica estaacute aiacute para lidar com essa realidade

Tambeacutem se observou que nas uacuteltimas safras de veratildeo as dificuldades

existentes quanto a filas de espera para descargas nos terminais portuaacuterios de Rio

Grande do Sul ocasionaram congestionamento de caminhotildees fazendo com que

estes ficassem esperando por mais de cinco dias para a sua descarga Esta demora

ocasiona o aumento de tempo dos fretes no periacuteodo de pico gerando tambeacutem um

desperdiacutecio financeiro elevado para os embarcadores pois precisam escoar sua

produccedilatildeo via porto

O objetivo deste trabalho eacute fazer uma leitura do cenaacuterio logiacutestico dos

problemas encontrados para o escoamento da safra de soja na regiatildeo sul e com isso

oferecer alternativas e sugestotildees que possibilitem ao setor reduzir os custos

logiacutesticos e analisar onde ocorre os gargalos e o porquecirc

Primeiramente seratildeo analisados os principais gargalos no sistema de

transporte visando caracterizar os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e

identificar os principais corredores logiacutesticos para a safra da soja na regiatildeo sul bem

como os seus custos A seguir salienta a importacircncia do sistema de armazenagem

11

do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

12

12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

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organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

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Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

16

Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

17

Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

19

Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

20

Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

21

Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

23

considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

24

A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

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Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

69

Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

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ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

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5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 11: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

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do gratildeo outro problema logiacutestico que pode ser retificado e consequentemente

reverter-se em lucro

Sendo assim para que aconteccedila a comprovaccedilatildeo da teoria com a praacutetica

da logiacutestica da soja foram colhidos dados junto agraves empresas do agronegoacutecio

cooperativas comerciantes e produtores rurais buscando sempre enfocar tambeacutem a

capacidade instalada de armazenagem e o que eacute consumido pelo mercado interno

atraveacutes das induacutestrias situadas no Rio Grande do Sul para que se possa identificar

e equacionar as melhores alternativas para o escoamento da safra

11 ESTRUTURAS DO TRABALHO

Este trabalho estaacute estruturado em seis partes incluindo a introduccedilatildeo A divisatildeo dos capiacutetulos tem por finalidade organizar o entendimento sobre o assunto a ser abordado

No capiacutetulo 2 seraacute mostrado o contexto histoacuterico da soja na agricultura brasileira e sua participaccedilatildeo no PIB nacional Neste mesmo capiacutetulo seraacute abordada a origem da soja sua expansatildeo no Brasil focando principalmente o Rio Grande do Sul e analisando o seu escoamento principalmente no que tange ao transporte armazenagem e as perspectivas para o futuro deste gratildeo Num contexto regional da commodity de soja em gratildeos seraacute apresentada uma visatildeo geral do agronegoacutecio da soja com enfoque na logiacutestica de transporte e armazenagem

No capiacutetulo 3 seraacute enfocada a metodologia e as fontes de dados utilizados para elaboraccedilatildeo deste trabalho

O capiacutetulo 4 seraacute destinado agrave apresentaccedilatildeo e discussatildeo dos resultados sobre o objeto de estudo enfocando o custo de fretes e a capacidade de armazenagem da soja

Seguindo a mesma linha de raciociacutenio o capiacutetulo 5 eacute constituiacutedo da conclusatildeo de tudo o que foi relatado e discutido no trabalho

A parte final consta das referecircncias bibliograacuteficas e os anexos que complementam a finalizaccedilatildeo do trabalho

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12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

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organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

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Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

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Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

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Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

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Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

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Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

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ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

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5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 12: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

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12 IDENTIFICACcedilAtildeO E JUSTIFICATIVA DO ASSUNTO

Entra ano sai ano o escoamento da produccedilatildeo da safra de soja gauacutecha ainda eacute um problema logiacutestico que ainda natildeo se conseguiu equacionar Salvo algumas tentativas isoladas a realidade natildeo tem se mostrado numa logiacutestica desejaacutevel

A perspectiva de uma excelente safra de soja para este ano deve gerar alguns problemas logiacutesticos no Rio Grande do Sul A preocupaccedilatildeo eacute que se verifique falta de caminhotildees para o transporte dos gratildeos e pouca capacidade de armazenagem Diante da estimava de supersafra de soja gauacutecha para este ano de cerca de 14 milhotildees de toneladas jaacute se espera que ocorra certa desordem no sistema de transporte

Nesse sentido natildeo haacute disponibilidade de caminhotildees suficiente para atender agrave demanda de forma acelerada e o produtor natildeo tem na fazenda uma estrutura de armazenagem satisfatoacuteria Sendo assim como o produtor natildeo tem a estrutura de armazenagem na fazenda ele eacute obrigado a colher e mandar para o porto ou enviar para a induacutestria Essa situaccedilatildeo implica riscos de perdas por motivos imetoroloacutegicos e um encarecimento do frete rodoviaacuterio Esse gargalo logiacutestico contribui para reduzir as margens de rentabilidade

Eacute importante observar que as principais dificuldades encontradas satildeo os atrasos e os custos do transporte e da descarga dos gratildeos nos portos Nesse sentido a falta de silos na propriedade rural faz com que os produtos colhidos sejam levados imediatamente para as unidades coletoras geralmente localizadas nos centros urbanos diante dos quais se formam enormes filas para descarregar Aleacutem dos custos dos caminhotildees parados ainda haacute falta de silos que aleacutem de tudo ainda gera perdas na comercializaccedilatildeo apoacutes a colheita sem permitir condiccedilotildees de o produtor realizar uma poliacutetica de preccedilos

A carecircncia de silos faz com que os caminhotildees sejam requisitados todos ao mesmo tempo e dada agrave demanda se elevam os preccedilos de deslocamento da massa colhida e ainda haacute a demora no transporte por falta de boas rodovias por excesso de veiacuteculos em movimento e a espera para descarga

Sendo assim a razatildeo principal de escolha da temaacutetica eacute de que a agricultura precisa superar os gargalos para crescer mais pois ainda haacute muitos espaccedilos a avanccedilar uma vez que satildeo os gargalos que dificultam o escoamento da safra agriacutecola prejudicando a continuidade do processo de logiacutestica Eacute importante entender que gargalo eacute qualquer obstaacuteculo no sistema produtivo que restringe e determina o seu desempenho e a sua capacidade de obter uma maior rentabilidade Em um processo produtivo o gargalo eacute a etapa com menor capacidade produtiva e que impede o complexo em atender ateacute a demanda dos seus produtos

13 OBJETIVO

13

131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

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organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

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Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

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Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

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Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

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Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

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Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

23

considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

25

Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

26

destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

27

Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

28

Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

29

preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

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ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

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5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

Page 13: CESAR AUGUSTO MORETTO - UFPR

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131 Objetivo Geral

Identificar analisar e avaliar o escoamento da safra do Rio Grande do Sul e observar os periacuteodos e por que ocorrem os gargalos

132 Objetivos especiacuteficos

Verificar em que periacuteodo ocorre os gargalos logiacutesticos no Rio Grande do Sul

Comparar os valores de fretes utilizados em periacuteodos de safra e natildeo safra gauacutecha

Determinar aspectos positivos e negativos da movimentaccedilatildeo de soja do Rio Grande do Sul

Identificar as dificuldades enfrentadas pelo setor de transporte no Rio Grande do Sul

Apontar sugestotildees e alternativas para o melhor escoamento do gratildeo a fim de viabilizar a diminuiccedilatildeo de custos e tempo de entrega na regiatildeo sul

2 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA

Neste capiacutetulo seraacute relatado o contexto histoacuterico da soja e sua

importacircncia na expansatildeo agriacutecola principalmente enfocando a participaccedilatildeo do Rio Grande do Sul neste cenaacuterio Neste mesmo capiacutetulo tratam-se dos conceitos dimensotildees e caracteriacutesticas referentes ao escoamento do gratildeo atraveacutes dos modais viaacuterios e a importacircncia da armazenagem deste produto dando origem entatildeo ao embasamento teoacuterico a fim de que se obtenham dados para formular ideacuteias sobre o tema e que seratildeo analisadas posteriormente no capiacutetulo 4

21HISTORIA DA SOJA

A soja eacute uma das mais antigas plantas cultivadas no planeta mas soacute foi introduzida no Ocidente nos uacuteltimos 300 anos disseminou-se no seacuteculo XX principalmente na Ameacuterica onde serviu primeiro como adubo orgacircnico crescendo depois como fonte de oacuteleo comestiacutevel medicamentos e tintas Em torno dela

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organizou-se uma complexa teia de atividades econocircmicas denominadas Agrobusiness que envolve todos os continentes Ao lado do arroz do milho e do trigo eacute uma das principais lavouras do planeta com produccedilatildeo anual que supera 180 milhotildees de toneladas

O engenheiro agrocircnomo Gustavo Dutra um dos pioneiros da agricultura brasileira foi o introdutor da soja no Brasil Plantou na Bahia em 1882 natildeo sendo conhecidos os resultados Natildeo dando muita atenccedilatildeo sendo passada despercebida O engenheiro agrocircnomo Daffert outro pioneiro haacute quem muito deve nosso paiacutes plantou no Instituto Agronocircmico de Campinas em 1892 Imigrantes japoneses cultivaram-na em escala miacutenima a partir de 1908 no planalto paulista ldquo( Gomes (1976) p55)rdquo

Em 1928 introduziram 60 variedades de soja no municiacutepio de Santa Rosa - RS No mesmo municiacutepio posteriormente construiacuteram a primeira faacutebrica brasileira destinada a extrair o oacuteleo (Gomes 1976)

A soja surgiu no Rio Grande do Sul no iniacutecio do seacuteculo passado e ateacute aproximadamente o ano de 1950 foi muito utilizada nas propriedades rurais em alimentaccedilatildeo de suiacutenos Na deacutecada de 50 o trigo recebeu incentivos governamentais agrave produccedilatildeo em sequecircncia a necessidade de encontrar-se uma leguminosa para o cultivo em sucessatildeo A soja foi agrave soluccedilatildeo e a partir de 1957 com as frequentes frustraccedilotildees da lavoura de trigo iniciou sua escala como sustentaacuteculo da economia regional e de milhares de famiacutelias rurais Com bons preccedilos liquidez forte mercado interno e externo ganhou rapidamente a adesatildeo dos produtores experimentando um acelerado aumento da aacuterea fato que lhe rendeu a difamaccedilatildeo de ter como sua monocultura causando diminuiccedilatildeo dos produtos baacutesicos agrave alimentaccedilatildeo das famiacutelias e danos agrave estrutura do solo Mas seu uacutenico pecado foi remunerar os produtores Outro fato positivo da cultura eacute a proteccedilatildeo que oferece ao solo durante o ciclo vegetativo com sua massa verde cobrindo toda a superfiacutecie e ainda por ser leguminosa enriquecer o solo com nitrogecircnio atraveacutes de processos bioloacutegicos1

A soja pode ser cultivada em todas as regiotildees tropicais e subtropicais e mesmo em muitas regiotildees temperadas Em certas regiotildees cujo clima natildeo lhe permite frutificar eacute cultivada como forragem Na Aacutesia Oriental constitui o alimento baacutesico de milhotildees de homens segundo Gomes (1976)

A soja demonstrada na figura 1 abaixo eacute considerada uma commodity devido agrave padronizaccedilatildeo e a expressiva comercializaccedilatildeo tanto nos mercados internos e externos

1FEPAGRO (Porto Alegre RS) Indicacoes teacutecnicas para a cultura da soja no Estado do Rio Grande do

Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-Rs 2001 135 p (Boletim Teacutecnico

7)Biblioteca(s) Epagri-Sede

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Figura 1 PLANTA DE SOJA

22 A EXPANSAtildeO DA SOJA NO BRASIL

A soja chega ao Brasil em 1882 atraveacutes dos Estados Unidos Somente em 1891 eacute que se iniciaram os testes de adaptaccedilatildeo de cultivares realizado pelo Instituto Agronocircmico de Campinas (IAC) no estado de Satildeo Paulo (FONTOURA et al 2004) Entre 1900 e 1901 o IAC distribuiu as primeiras sementes de soja para produtores paulistas sendo que nessa mesma data tecircm-se registros do primeiro plantio de soja no Rio Grande do Sul onde a cultura encontrou efetivas condiccedilotildees para se desenvolver e expandir devido agraves semelhanccedilas climaacuteticas com a de origem dos materiais geneacuteticos vindo dos EUA

Em meados dos anos 50 a cultura da soja foi igualmente incentivada atraveacutes do programa oficial de incentivo agrave triticultura nacional desde o ponto de vista teacutecnico quanto econocircmico que visava melhor aproveitamento das maacutequinas implementos infraestrutura e matildeo-de-obra (FONTOURA et al 2004)

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Apesar do importante crescimento da produccedilatildeo nos anos 60 a soja se consolidou como principal cultura do agronegoacutecio brasileiro somente na deacutecada de 70 Em 1979 a produccedilatildeo alcanccedilou mais de 15 milhotildees de toneladas Este crescimento deve-se ao expressivo incremento da produtividade que passou de 114 tha para 173 tha devido agraves tecnologias disponibilizadas aos produtores pela pesquisa brasileira e tambeacutem pelo aumento da aacuterea plantada que passou de 13 para 88 milhotildees de hectares Nesta eacutepoca mais de 80 do volume produzido concentrava-se na regiatildeo sul do Brasil (FONTOURA et al 2004)

Na deacutecada de 1970 a soja iniciou nos cerrados sendo parte no centro e norte do Mato Grosso do Sul e no sudeste de Mato Grosso Nessa eacutepoca a regiatildeo Centro Oeste representava menos de 2 da produccedilatildeo nacional de soja Nos anos 80 a produccedilatildeo do estado passou para 20 e na deacutecada de 90 houve significativo aumento da produccedilatildeo nas zonas dos cerrados sendo que na regiatildeo Centro-Oeste a produccedilatildeo de soja jaacute representava mais de 40 da produccedilatildeo nacional (FONTOURA et al 2004)

Em 2000 o centro-oeste figurava como a segunda regiatildeo brasileira na produccedilatildeo de soja com 1509967 toneladas correspondendo a 109 da produccedilatildeo nacional (13769119 t) atraacutes apenas da regiatildeo sul com 11052518 t Em 2002 a produccedilatildeo de soja no Centro-Oeste era de 58 e havia tendecircncia a ocupar maiores espaccedilos a cada nova safra Essa transformaccedilatildeo impulsionou o Estado do Mato Grosso tornando-o liacuteder nacional de produccedilatildeo e produtividade de soja com boas perspectivas de estabilizar-se nessa posiccedilatildeo

A dinacircmica do crescimento foi resultado de muitos incentivos em termos de empreacutestimo de pesquisa apoio teacutecnico aleacutem de outros A regiatildeo centro-oeste concentra boa parte da produccedilatildeo no cerrado A meacutedia de produtividade estimada para a safra 201314 eacute de 2854 kgha esse valor eacute superior ao da safra 201213 segundo levantamento efetuado em 2013 pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

Segundo relatoacuterio de novembro de 2013 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a produccedilatildeo de brasileira de soja foi de 82 milhotildees de toneladas Dentre os maiores produtores de soja mundiais o Brasil se tornou na safra 20122013 o maior exportador mundial de soja o paiacutes exportou em 2013 quase 42 milhotildees de toneladas sendo a regiatildeo sul de extrema relevacircncia nesse sentido

A produccedilatildeo brasileira de soja na safra 20142015 segundo o relatoacuterio de setembro de 2014 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi de estimada em 91 milhotildees de toneladas um crescimento de 4 sobre o estimado para a atual safra um volume de 875 milhotildees O USDA justificou sua projeccedilatildeo nas expectativas de ganhos de aacuterea e produtividade na proacutexima safra

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Graacutefico 1 EVOLUCcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

23 PERSPECTIVAS DA SOJA BRASILEIRA

A soja tornou-se produto liacuteder do agronegoacutecio nacional devido ao crescimento notaacutevel da cultura nas uacuteltimas quase cinco deacutecadas Em 48 anos o mercado de soja passou de 206 mil para 88 milhotildees de toneladas produzidas com uma grande tendecircncia de crescimento considerando as aacutereas extensas aptas e disponiacuteveis para seu cultivo no Brasil Haacute uma crescente demanda pelo gratildeo de soja tanto no mercado nacional como internacional que busca farelo elaboraccedilatildeo de raccedilotildees animais e o oacuteleo para uso domeacutestico

Nos paiacuteses onde concentram populaccedilotildees de baixa renda o potencial de consumo da soja eacute crescente devido ao aumento aquisitivo das pessoas como por exemplo China Iacutendia Coreacuteia Vietnatilde Tailacircndia Malaacutesia entre outros Outro fator importante eacute o aumento do consumo de carnes que estimula o consumo de soja pois seu farelo eacute utilizado como raccedilatildeo de bovinos confinados suiacutenos e aves E tambeacutem a restriccedilatildeo no uso da farinha de carne nas raccedilotildees para alimentaccedilotildees de bovinos devido agrave doenccedila da vaca-louca contribui para o aumento da demanda por farelo de soja sendo seu substituto mais provaacutevel

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Haacute uma tendecircncia nas induacutestrias do uso do gratildeo de soja para a produccedilatildeo de biodisel tintas vernizes e lubrificantes entre outros sendo mis um fator de induccedilatildeo para o aumento da demanda pelo produto

Entre os produtos do complexo soja nacional mais de 70 satildeo exportados O consumo interno estaacute aumentando e o que tudo indica iraacute crescer ainda mais estimulado principalmente pelas induacutestrias de carnes e de frango

As pressotildees pelos paiacuteses que integram a Organizaccedilatildeo Mundial do Comeacutercio (OMC) para a reduccedilatildeo do protecionismo e subsiacutedio disponibilizado agrave soja entre os paiacuteses ricos tenderatildeo a diminuir consequumlentemente haveraacute uma reduccedilatildeo nos preccedilos internacionais

A produccedilatildeo de soja no Brasil tenderaacute a concentrar-se cada vez mais no Centro-Oeste em grandes propriedades onde o uso de tecnologia eacute uma praacutetica constante A produccedilatildeo de soja nas pequenas e meacutedias propriedades na Regiatildeo Sul devido agrave falta de competitividade tenderaacute a ser substituiacuteda por outras atividades agriacutecolas mais rentaacuteveis como produccedilatildeo do leite criaccedilatildeo de suiacutenos e aves cultivo de frutas e de hortaliccedilas ecoturismo entre outras (DALL AGNOLL 2006)

O Brasil tem possibilidade de se tornar o principal produtor e exportador mundial de soja devido o cerrado ter disponiacutevel mais de 50 milhotildees de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produccedilatildeo de gratildeos e tambeacutem possibilidade de melhoria de produtividade Uma vez que os Estados Unidos Argentina e China principais concorrentes do Brasil na produccedilatildeo e exportaccedilatildeo de soja tenderatildeo a estabilizar-se por falta de aacutereas disponiacuteveis para expansatildeo em seus territoacuterios E tambeacutem pela troca de culturas como eacute o caso atual dos Estados Unidos diminuindo a aacuterea de soja e aumentando a aacuterea de milho para a produccedilatildeo do etanol

As perspectivas para a safra de 201516 aponta que a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilaraacute 277 milhotildees de toneladas mais de 27 sobre a safra de 20052006 A produccedilatildeo tornar-se-aacute mais concentrada em 201516 os trecircs maiores produtores (Estados Unidos Brasil e Argentina) representaratildeo 85 da produccedilatildeo mundial

Graacutefico 2 DISTRIBUICcedilAtildeO DA PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA

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Em 201516 o Brasil seraacute o maior exportador mundial de soja em gratildeos Segundo o FAPRI a participaccedilatildeo dos Estados Unidos no mercado mundial cairaacute de 422 para 288 em 201516 e a participaccedilatildeo do Brasil passaraacute de 41 para 545

Exportaccedilotildees Mundiais de Soja em gratildeo

94 133250

464

257 245

09 10

609

851

0

20

40

60

80

100

200506 201516

Fonte FAPRI e AGE

milhotildees

toneladas

Argentina Brasil Estados Unidos Outros Total

Graacutefico 3 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAL DE SOJA

As projeccedilotildees para a produccedilatildeo de soja ateacute 201718 no Brasil mostram uma produccedilatildeo de 753 milhotildees de toneladas O consumo da soja em gratildeos deveraacute atingir 367 milhotildees de toneladas representando 51 da produccedilatildeo As exportaccedilotildees seratildeo 414 superiores agraves exportaccedilotildees de 20052006

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Graacutefico 4 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 5 AacuteREA PLANTADA DE SOJA NO BRASIL

Graacutefico 6 CONSUMO DE SOJA NO BRASIL

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Graacutefico 7 EXPORTACcedilAtildeO DE SOJA NO BRASIL

24 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DA SOJA

A produccedilatildeo mundial da soja vem crescendo nos uacuteltimos 10 anos Segundo dados disponibilizados pelo USDA mostram que em 2014 a produccedilatildeo mundial de soja alcanccedilou 3144 milhotildees de toneladas com crescimento de 108 em relaccedilatildeo ao ano anterior Esse incremento eacute resultante do aumento da produccedilatildeo da Ameacuterica do Sul que passou de 1407 milhotildees para 1505 milhotildees o crescimento foi maior ainda devido agrave safra dos Estados Unidos ter aumentado de 914 milhotildees para 108 milhotildees de toneladas Na safra 201213 a produccedilatildeo mundial de soja segundo o relatoacuterio do USDA foi de 268 milhotildees de toneladas sendo o Brasil responsaacutevel por 302 da produccedilatildeo mundial

Os paiacuteses que representam 88 das importaccedilotildees satildeo a China Uniatildeo Europeacuteia Japatildeo Meacutexico Taiwan Tailacircndia Coreacuteia do Sul e Indoneacutesia De acordo com o relatoacuterio de projeccedilotildees publicado pelo USDA as importaccedilotildees mundiais da soja tendem a aumentar ano a ano sendo que a safra de 201415 deva alcanccedilar 1088 milhotildees de tonelada aumento de 89 sobre os embarques de 20122013

A partir de dados obtidos atraveacutes da USDA em 2014 segue abaixo a graacutefico

com os maiores produtores mundiais de soja por produccedilatildeo

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Graacutefico 8 PRODUCcedilAtildeO MUNDIAL DE SOJA EM GRAtildeOS

Como se observa os maiores estados brasileiros produtores de soja satildeo Mato Grosso Paranaacute Rio Grande do Sul Goiaacutes Mato Grosso do Sul minas Gerais e Bahia

25 EXPORTACcedilOtildeES MUNDIAIS

As exportaccedilotildees mundiais do complexo soja vecircm aumentando a cada ano em 2014 atingiu 1128 milhotildees de toneladas De acordo com o relatoacuterio do USDA publicado em janeiro de 2015

Os trecircs principais produtores mundiais de soja satildeo os Estados Unidos Brasil e a Argentina que juntos representam 82 da soja exportada no mundo O Brasil maior exportador de soja segundo Conselho dos Estados Unidos de Exportaccedilatildeo de Soja em Gratildeos (USSEC) publicado em janeiro de 2015 as exportaccedilotildees de soja em gratildeos no ano de 2014 alcanccedilaram 468 milhotildees de toneladas para a safra 201213 foi de 419 milhotildees de toneladas e para a safra 201415 uma reduccedilatildeo de -18 de 460 milhotildees de toneladas

Em 2013 as exportaccedilotildees da soja em gratildeos pela Argentina atingiram 77 milhotildees de toneladas em 2014 de 78 milhotildees e em 2015 projeccedilatildeo de 80 milhotildees de tonelada (USSEC)

No Brasil as exportaccedilotildees do complexo soja em 2014 alcanccedilaram US$ 9477 milhotildees em 2007 foi de US$ 10038 milhotildees Atualmente o Brasil ocupa uma posiccedilatildeo de destaque no ranking das exportaccedilotildees (gratildeos farelo e oacuteleo) sendo

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considerado o segundo maior exportador perdendo ainda somente para os Estados Unidos

Quanto aos maiores importadores da soja brasileira destacam-se China Holanda Alemanha Espanha Itaacutelia e Taiwan

26 AGRICULTURA BRASILEIRA

A partir dos anos 70 a agricultura brasileira acelerou seu processo de modernizaccedilatildeo atraveacutes de mudanccedilas tanto teacutecnicas como econocircmicas da produccedilatildeo agriacutecola Em 1973 as poliacuteticas de modernizaccedilatildeo foram fortalecidas atraveacutes de apoio financeiro ao custo e investimento Sendo fator importante agrave criaccedilatildeo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria (EMBRAPA) com a finalidade de fortalecer a tecnologia agropecuaacuteria visado o aumento da produtividade e a diminuiccedilatildeo dos custos de produccedilatildeo

O principal instrumento de poliacutetica agriacutecola empregado para estimular a produccedilatildeo agropecuaacuteria na deacutecada de 70 e inicio da deacutecada de 80 foi agrave criaccedilatildeo do Sistema Nacional de Creacutedito Rural (SNCR) contribuindo para a expansatildeo do setor agropecuaacuterio Nessa eacutepoca segundo Arauacutejo e Almeida (1996) existia uma predominacircncia de creacutedito subsidiado isto eacute com taxas de juros reais negativas alcanccedilando em muitos casos valores proacuteximos a 40 ao ano isto desencadeava uma excessiva procura por creacutedito

A poliacutetica de preccedilos miacutenimos deveria substituir o creacutedito rural como poliacutetica de estiacutemulo agrave produccedilatildeo agropecuaacuteria observa-se que a partir da deacutecada de 80 devido agraves dificuldades fiscais e de controle de inflaccedilatildeo os subsiacutedios e recursos direcionados agrave agropecuaacuteria tecircm reduzido Ferreira Filho (1997) evidenciou que o mecanismo de ajustamento da economia brasileira agrave crise da deacutecada de 80 desenvolveu as condiccedilotildees necessaacuterias para que a agricultura tivesse um melhor desempenho que a induacutestria Outro fator importante nessa deacutecada foi agrave queda nos custos de produccedilatildeo agriacutecola devido em parte pela reduccedilatildeo de custo dos principais fatores de produccedilatildeo utilizados pela agricultura Neste periacuteodo houve consideraacuteveis ganhos de produtividade no setor aleacutem da reduccedilatildeo do volume de recursos transferidos pela agricultura

Segundo Goldin e Rezende (1993) na tentativa de compensar o volume de creacutedito rural nos anos 80 ocorreram alteraccedilotildees na Poliacutetica de Garantia de Preccedilos Miacutenimos (PGPM) que permitiram a expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria principalmente na regiatildeo Centro-Oeste do paiacutes Na primeira metade da deacutecada de 90 as dificuldades financeiras do Tesouro Nacional levaram a uma sensiacutevel reduccedilatildeo no uso da poliacutetica de PGPM E na segunda metade da mesma deacutecada o governo brasileiro estabeleceu um novo mecanismo seletivo para executaacute-la Os gastos realizados pelo setor puacuteblico na agricultura reduziram sensivelmente a partir de 1988 implicando na diminuiccedilatildeo das atividades de extensatildeo rural

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A escassez de recursos para execuccedilatildeo da PGPM e a dificuldade de vender e manusear produtos adquiridos levou o governo em 1997 a criar o programa de Precircmio para o Escoamento do Produto (PEP) Atraveacutes do PEP o Governo Federal compromete-se a comprar um produto agriacutecola a seu preccedilo miacutenimo como os Contratos de Opccedilotildees de Venda O governo federal adquiria os produtos mas evitava estocaacute-los realizando um leilatildeo de precircmios para um arrematante comprar o produto diretamente do produtor O governo federal atraveacutes deste programa foi mais seletivo nos produtos e regiotildees a serem beneficiadas com o PGPM (BACHA E ROCHA 2002)

Os principais programas de desenvolvimento setorial da agricultura formam o Plano Nacional de Desenvolvimento da Agricultura (PNDA) e o Plano Nacional de Desenvolvimento Rural (PNDR) instituiacutedo em 1989 com a finalidade de repassar os recursos do Banco Mundial a serem investidos em atividades agroindustriais objetivando a modernizaccedilatildeo do setor em todo territoacuterio nacional

A partir de 1986 houve menor utilizaccedilatildeo dos instrumentos de estiacutemulo agrave expansatildeo da produccedilatildeo agropecuaacuteria mas observou-se que natildeo houve draacutestica reduccedilatildeo da participaccedilatildeo da agropecuaacuteria na composiccedilatildeo do Produto Interno Bruto (PIB) passando em 1994 de 3045 para 2807 em 1999 (CEPEA-USP 2006)

A participaccedilatildeo do agronegoacutecio no PIB em 2005 em relaccedilatildeo ao PIB brasileiro eacute de 278 de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro de Estudos Avanccedilados em Economia Aplicada (CEPEA 2006) apesar da queda nos uacuteltimos trecircs anos o PIB do agronegoacutecio ainda eacute bastante significativo em relaccedilatildeo ao PIB Nacional

O PIB brasileiro cresceu somente 25 em 2013 em relaccedilatildeo ao ano anterior conforme dados do IBGE O resultado atingiu R$ 4844 trilhotildees Entre os setores da economia de melhor desempenho foi agrave agroinduacutestria

A evoluccedilatildeo do PIB no paiacutes conforme crescimento em relaccedilatildeo ao ano

anterior segundo dados do IBGE em 2013 em eacute apresentado na tabela 9

Tabela 9 EVOLUCcedilAtildeO DO PIB

ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

61 52 -03 75 27 10 25

Fonte IBGE( 2015)

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Graacutefico 10 DISTRIBUICcedilAtildeO PERCENTUAL DA PRODUCcedilAtildeO OBTIDA DE CEREAIS LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS NO BRASIL 2000-2006

27 PRODUCcedilAtildeO E COLHEITA DE GRAtildeOS NO BRASIL

Para WEBER(1995) o Brasil deve aumentar a sua produccedilatildeo para satisfazer as necessidades internas pois existem milhotildees de brasileiros que passam fome e gerar excedentes exportaacuteveis fazendo desta atividade uma rentaacutevel fonte de divisas

No entanto afirma WEBER(1995) produzir gratildeos cada vez mais difere do simples lanccedilar a semente ao solo e colher Diz respeito a toda uma estrutura de recursos materiais tecnoloacutegicos correccedilatildeo do solo recursos financeiros e clima Produzir na verdade comeccedila na pesquisa de laboratoacuterios na busca de novas variedades de sementes melhoradas mais resistentes e de maior produtividade aclimatadas as condiccedilotildees regionais

WEBER(1995) ainda comenta que a colheita mesmo contando com o equipamento combinados de boa qualidade continua existindo elevada perda na lavoura A operaccedilatildeo e a regulagem dos equipamentos nem sempre se adequam na hora da colheita promovem perdas e danificam os gratildeos favorecendo a deterioraccedilatildeo futura por ataque de fungos e insetos

Sem duacutevida a agricultura eacute a atividade econocircmica que mais se destaca em importacircncia social Dentro do complexo que eacute a agricultura Webber (1995)

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destaca que a armazenagem no Brasil se ressente de definiccedilotildees e investimentos Em 1970 o Pronazem (Programa de incentivo a Armazenagem) foi criado especialmente da armazenagem em niacutevel de fazendas entre outros programas de financiamentos a silos e armazeacutens Para a produccedilatildeo de gratildeos que precisa atingir nos proacuteximos anos com a finalidade de suprir a demanda reprimida interna e o crescimento populacional a necessidade de investimentos em armazenagens de boa qualidade localizaccedilatildeo estrateacutegica inclusive com propriedade para as unidades de produtor rural

Conforme Weber (1995) com relaccedilatildeo agrave qualidade dos gratildeos armazenados observa-se que a produccedilatildeo a disponibilidade nos volumes necessaacuterios e a geraccedilatildeo de excelentes exportaacuteveis satildeo elementos fundamentais para a ampliaccedilatildeo da competitividade Poreacutem quantidade natildeo nos diz nada eacute necessaacuterio unirmos qualidade e quantidade

Figura 2 COLHEITA DA SOJA

28 LOGIacuteSTICAS E O TRANSPORTE NO ESCOAMENTO DA SOJA

A logiacutestica do agronegoacutecio relaciona-se ao planejamento e operaccedilotildees dos sistemas fiacutesicos informacionais e gerenciais necessaacuterios para que os produtos se movimentem de forma integrada no espaccedilo ndash atraveacutes do transporte ndash e no tempo ndash atraveacutes do armazenamento ndash no momento certo para o lugar certo em condiccedilotildees adequadas e que se gaste o menos possiacutevel com isso

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Os gratildeos normalmente satildeo movimentados a granel por transportadores rodoviaacuterios autocircnomos (na maior parte dos casos agregados a empresas de transporte rodoviaacuterio) que se utilizam predominantemente de carretas rodoviaacuterias com capacidade de 32 t e mais recentemente dos bi-trens com capacidade de 40 t

Jaacute analisando e discutindo os problemas encontrados nota-se que o transporte entre o produtor e a induacutestria ou entre o produtor e o armazenamento do gratildeo pode vir a representar um custo elevado em funccedilatildeo das estradas rurais natildeo serem pavimentadas acarretando um deslocamento mais lento (que pode ser agravado por periacuteodos de interrupccedilatildeo pelas chuvas) aleacutem de implicar maior elevaccedilatildeo nos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo O transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria de processamento ou dos armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo com destino ao mercado externo normalmente ocorre em rodovias pavimentadas natildeo necessariamente em boas condiccedilotildees

Eacute comum a situaccedilatildeo em que o agricultor arca com os custos de transporte mas com a agroinduacutestria ou trading representando-o nas negociaccedilotildees Os ofertantes de transporte satildeo normalmente tomadores de preccedilos nesse mercado A vantagem deste sistema eacute a administraccedilatildeo de logiacutestica fornecida por esses grandes compradores de commodities que proporcionam menor volatilidade do mercado de frete e o uso de menor nuacutemero de veiacuteculos aleacutem da possibilidade de utilizaccedilatildeo de outras modalidades de transporte o que seria ainda pouco viaacutevel aos agricultores Principalmente no caso de distacircncias maiores o comprador da soja adquire o produto FOT (free on truck) se responsabilizando assim pelo transporte

281 Conceito da logiacutestica

Na sua origem o conceito de logiacutestica estava essencialmente ligado agraves operaccedilotildees militares Ao decidir avanccedilar suas tropas seguindo uma determinada estrateacutegia militar os generais precisavam ter sobre suas ordens uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa de municcedilatildeo viveres equipamentos de socorro meacutedico para o campo de batalha Por se tratar de um serviccedilo de apoio sem o glamour de estrateacutegia beacutelica e sem o prestiacutegio das batalhas ganhas os grupos logiacutesticos militares trabalhavam quase sempre em

silecircncio ldquo(Novaes 2001 p31)rdquo

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) o conceito de logiacutestica sempre foi muito utilizado pelas forccedilas armadas o termo logiacutestica foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas equipamentos e alimentos agraves forccedilas armadas distantes

No entendimento de Lovelock (1996) ao longo da histoacuteria as guerras tecircm sido ganhas e perdidas atraveacutes do poder e da capacidade logiacutestica

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Para um dos mais prestigiados grupos norte-americanos de profissionais de logiacutestica o Council of Logistics Management define a logiacutestica como

Logiacutestica eacute o processo de planejar implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos bem como os serviccedilos e informaccedilotildees associados cobrindo desde o ponto de origem ateacute o ponto de consumo com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES 2001 p35)

Na Figura 3 eacute apresentado um quadro sinoacuteptico contendo os principais elementos conceituais da logiacutestica segundo Novaes (2001)

Figura 3 ELEMENTOS BAacuteSICOS DA LOGIacuteSTICA

Conforme o autor todos esses elementos do processo logiacutestico devem ser enfocados com o objetivo fundamental satisfazer as necessidades e

Processo de

planejar operar controlar

Fluxo e Armazenagem

Mateacuteria-prima

Produtos em processo

Produtos acabados

Informaccedilotildees

Dinheiro

de forma econocircmica

eficiente e efetiva

satisfazendo as necessidades e

Preferecircncias dos clientes

do ponto

de origem

ao ponto

de destino

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preferecircncias dos consumidores finais Eacute preciso conhecer as necessidades de cada um dos componentes do processo buscando satisfaccedilatildeo plena

Assim a moderna logiacutestica procura incorporar

- prazos previamente acertados e cumpridos integralmente ao longo de toda a cadeia de suprimento

- integraccedilatildeo efetiva e sistecircmica entre todos os setores da empresa

- integraccedilatildeo efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes

-busca da otimizaccedilatildeo global envolvendo a racionalizaccedilatildeo dos processos e a reduccedilatildeo de custos em toda a cadeia de suprimentos

- satisfaccedilatildeo plena do cliente mantendo niacutevel de serviccedilo preestabelecido e adequado

Conforme Stock et al (1998) a logiacutestica eacute entendida como um processo de planejamento implementaccedilatildeo e controle do fluxo de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionados do ponto de origem ateacute o ponto de consumo

Cristopher (1998) define logiacutestica como a gestatildeo estrateacutegica da obtenccedilatildeo movimentaccedilatildeo e armazenagem dos estoques de materiais peccedilas e produtos acabados e os respectivos fluxos de informaccedilotildees ao longo da organizaccedilatildeo e de seus canais de marketing de tal modo que a lucratividade atual e futura sejam maximizadas por meio da realizaccedilatildeo de pedidos de compra de maneira eficaz em termos de custo Nesse contexto a logiacutestica passa a definir uma nova visatildeo de como administrar os recursos materiais e as informaccedilotildees que atingem o mercado produtivo Trata-se de uma maneira de desenvolver novas estrateacutegias empresariais diante das transformaccedilotildees vividas pela sociedade

Eacute a gestatildeo de fluxos entre funccedilotildees de negoacutecio Engloba maior amplitude de fluxos que no passado Tradicionalmente as companhias incluiacuteam a simples entrada de mateacuterias ndash primas ou o fluxo de saiacuteda de produtos acabados em sua definiccedilatildeo de logiacutestica Hoje no entanto essa definiccedilatildeo expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informaccedilotildeesrdquo (Dornier et al 2000 p 39)rdquo

De acordo com Cavanha Filho (2001) logiacutestica eacute a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens serviccedilos e informaccedilotildees relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo visando atender aos requisitos dos consumidores

Nas palavras de Ching (2001) a logiacutestica inclui todas as atividades de movimentaccedilatildeo interna e externa de produtos envolvendo a troca de bens e serviccedilos por dinheiro ou sem a interveniecircncia do mesmo sendo fundamental um sistema de informaccedilotildees e comunicaccedilotildees de dados para maior eficaacutecia e eficiecircncia de atendimento ao consumidor avanccedilando assim do depoacutesito e do paacutetio da expediccedilatildeo para a alta administraccedilatildeo tanto das empresas puacuteblicas quanto privadas ou seja eacute a

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logiacutestica que daacute as condiccedilotildees reais de garantir a posse do produto por parte do consumidor no momento e lugar desejado ao menor custo possiacutevel

282 Missatildeo da logiacutestica

A missatildeo da logiacutestica eacute dispor a mercadoria ou o serviccedilo certo no lugar certo no tempo certo e nas condiccedilotildees desejadas ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuiccedilatildeo agrave empresardquo (Ballou 2001 p21)rdquo

A logiacutestica de uma empresa eacute um esforccedilo integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente pelo menor custo total possiacutevel A logiacutestica existe para satisfazer agraves necessidades do cliente facilitando as operaccedilotildees relevantes de produccedilatildeo e marketing Do ponto de vista estrateacutegico os executivos de logiacutestica procuram atingir uma qualidade predefinida de serviccedilo ao cliente por meio de uma competecircncia operacional que represente o estado-da-arte O desafio eacute equilibrar as expectativas de serviccedilos e os gastos de modo a alcanccedilar os objetivos do negoacutecio rdquo(Bowersox e Closs 2001 p 23)rdquo

283 Evoluccedilatildeo da logiacutestica

Conforme Magee (1977 p1) a palavra logiacutestica eacute de origem francesa era um termo militar que significava a arte de transportar abastecer e alojar as tropas Tomou depois um significado mais amplo tanto para o uso militar como industrial a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos da fonte para o usuaacuterio Ainda conforme o autor a histoacuteria da logiacutestica teve um progresso consideraacutevel a partir da Segunda Guerra Mundial devido agrave logiacutestica militar

No entendimento de Ballou (2001 p 29) antes de os negoacutecios mostrarem interesse em administrar as atividades logiacutesticas de maneira coordenada os militares estavam organizados para executaacute-las Mais de uma deacutecada antes do comeccedilo do periacuteodo de desenvolvimento da logiacutestica os militares executavam o que foi chamada de a mais complexa e mais bem ndash planejada operaccedilatildeo logiacutestica na histoacuteria ndash a invasatildeo da Europa durante a 2ordf Guerra Mundial

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Segundo Novaes (2001) apoacutes a segunda guerra mundial a logiacutestica vem apresentando uma evoluccedilatildeo contiacutenua como elemento chave na competitividade das empresas a induacutestria procurou preencher importantes lacunas de demanda existentes no mercado consumidor aproveitando a capacidade ociosa e nos novos processos de produccedilatildeo em seacuterie

Para Novaes (2001) a partir de 1950 a economia dos EUA (Estados Unidos da Ameacuterica) experimentou raacutepido crescimento devido parcialmente a demanda reprimida dos anos de desalento e a posiccedilatildeo da induacutestria americana no mercado mundial O clima era produzir e vender os lucros eram altos Com isso na deacutecada de 60 aconteceu agrave decolagem da logiacutestica apresentando uma evoluccedilatildeo constante progressos na tecnologia do processamento de informaccedilotildees como cartotildees perfurados e fitas magneacuteticas e nas comunicaccedilotildees contribuiacuteram para permitir a administraccedilatildeo do sistema sendo hoje elemento chave na estrateacutegia competitiva das empresas

Na concepccedilatildeo de Ching (2001) entre as deacutecadas de 1950 e 1970 com o ambiente voltado para a novidade na aacuterea administrativa realmente houve a decolagem da teoria e praacutetica da logiacutestica sendo que algumas condiccedilotildees econocircmicas e tecnoloacutegicas contribuiacuteram tambeacutem para o desenvolvimento da logiacutestica tais como alteraccedilotildees nos padrotildees e atitude da demanda dos consumidores pressatildeo por custos nas induacutestrias avanccedilo na tecnologia de computadores e experiecircncia militar

Sobre o assunto Novaes (2001) apontou que no inicio da deacutecada de 1970 aconteceu agrave crise do petroacuteleo encarecendo subitamente o transporte de mercadorias e os produtos com isso houve necessidade de ter um controle de custos produtividade e qualidade dos serviccedilos Nas rodovias passou-se a observar congestionamentos mais frequumlentes gerando reduccedilatildeo das velocidades meacutedias e consequumlentemente aumento dos custos Outro elemento que gerou novas alternativas de escoamento dos fluxos logiacutesticos foi agrave utilizaccedilatildeo intensiva de multimodalidade no transporte de mercadorias ou seja o uso combinado de caminhatildeo navio trem e ateacute mesmo aviatildeo comeccedilaram a ser explorados visando reduccedilatildeo de custos e ao aproveitamento da capacidade ociosa nas diversas modalidades

Para Ching (2001) a partir da deacutecada de 80 o desenvolvimento da logiacutestica tornou-se revolucionaacuterio em virtude de fatores como explosatildeo da tecnologia de informaccedilatildeo alteraccedilotildees estruturais surgidas nos negoacutecios e na economia dos paiacuteses emergentes formaccedilatildeo de blocos econocircmicos e no fenocircmeno da globalizaccedilatildeo

Desta eacutepoca em diante segundo Novaes (2001) passou-se observar maior preocupaccedilatildeo com a satisfaccedilatildeo plena do cliente entendendo como tal natildeo somente o consumidor final como tambeacutem todos os elementos intermediaacuterios que por sua vez satildeo clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento Surgiu tambeacutem a busca utoacutepica pelo estoque zero ou seja perseguir reduccedilatildeo continuada dos estoques de forma sistemaacutetica e continua

De acordo com Fleury (2000) a competitividade do mercado fez com que as mudanccedilas tecnoloacutegicas tornassem possiacutevel o gerenciamento eficiente e eficaz de operaccedilotildees logiacutesticas cada vez mais complexas

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Na concepccedilatildeo de Christopher (1997) a passagem de uma perspectiva pontual para uma perspectiva estrateacutegica torna a logiacutestica um processo coordenado e integrado que se centraliza em alguns aspectos considerados essenciais

Para Pires e Ayres (2000) a integraccedilatildeo das funccedilotildees alinha a logiacutestica aos objetivos e estrateacutegias empresariais o que contribui para a desempenho da empresa como um todo

De acordo com Ross (1998) a organizaccedilatildeo da logiacutestica eacute considerada taticamente importante e seu conceito tem evoluiacutedo da preocupaccedilatildeo com o transporte e armazenagem para a organizaccedilatildeo contemporacircnea na dimensatildeo da logiacutestica integrada agrave atividade empresarial como um todo

Segundo Dornier (2000) a logiacutestica comeccedila a ser entendida dentro do contexto mais amplo da administraccedilatildeo de materiais

Nas palavras de Ching (2001) hoje a logiacutestica eacute entendida como a integraccedilatildeo tanto da administraccedilatildeo de materiais como da distribuiccedilatildeo fiacutesica Isto leva a crer que futuramente a produccedilatildeo e a logiacutestica se aproximaratildeo cada vez mais natildeo soacute em conceito mas tambeacutem em praacutetica

284 Importacircncia da logiacutestica

Para Bowersox e Closs (2001) o objetivo central da logiacutestica eacute o de atingir um niacutevel de serviccedilo ao cliente pelo menor custo total possiacutevel buscando oferecer capacidades logiacutesticas alternativas com ecircnfase na flexibilidade na agilidade no controle operacional e no compromisso de atingir um niacutevel de desempenho que implique um serviccedilo perfeito

Segundo Ching (2001) a logiacutestica exerce a funccedilatildeo de responder por toda a movimentaccedilatildeo de materiais dentro do ambiente interno e externo da empresa iniciando pela chegada da mateacuteria-prima ateacute a entrega do produto final ao cliente Ainda conforme o autor a logiacutestica procura agrupar as diversas atividades da empresa relacionadas aos processos de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo de seus produtos aos clientes e consumidores finais Esse agrupamento vai permitir a empresa maior controle e maior integraccedilatildeo dos diferentes departamentos que originalmente tinham visatildeo limitada de sua aacuterea de atividade

No entendimento de Novaes(2001) eacute a logiacutestica que daacute condiccedilotildees reais de garantir a posse de produto por parte do consumidor no momento desejado

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) melhoria nos transporte e na tecnologia de manipulaccedilatildeo de materiais propiciam maior nuacutemero de opccedilotildees no projeto de sistema logiacutestico Durante os uacuteltimos anos do desenvolvimento universidades comeccedilaram a oferecer cursos na aacuterea empresas comeccedilaram a por em praacuteticas novas ideacuteias proporcionando o desenvolvimento do mercado As mudanccedilas econocircmicas criam novas tendecircncias competitivas e as mudanccedilas tecnoloacutegicas um gerenciamento mais eficiente e eficaz das operaccedilotildees logiacutesticas A disponibilidade de

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uma infraestrutura adequada potencializa grandes ganhos de eficiecircncia ao sistema produtivo final incrementando a produtividade ao mesmo tempo em que reduz o custo por unidade de insumo

A logiacutestica tambeacutem tem importacircncia numa escala global segundo Fleury (2000) com a globalizaccedilatildeo o consumidor pode comprar e vender mercadorias em diversos locais ao redor do mundo Mas implicaccedilotildees desse fenocircmeno para logiacutestica satildeo vaacuterias e importantes tais como o aumento das incertezas econocircmicas proliferaccedilatildeo de produtos ciclos de vida menores dos produtos e maiores exigecircncias de serviccedilos satildeo as principais mudanccedilas econocircmicas que afetam a logiacutestica A diversificaccedilatildeo do nuacutemero de clientes e o aumento dos pontos de vendas crescem o nuacutemero de fornecedores e os locais de fornecimento aumentam as distacircncias a serem percorridas e a complexidade operacional envolvendo legislaccedilatildeo cultura e modais de transporte Tudo isso se reflete em maiores custos e aumento da complexidade logiacutestica Na economia mundial sistemas logiacutesticos eficientes formam bases para o comeacutercio e a manutenccedilatildeo de um alto padratildeo de vida nos paiacuteses desenvolvidos Muitas vezes certas regiotildees detecircm uma vantagem sobre as demais no que diz respeito a alguma especialidade produtiva

Para Ribeiro (2007) esta eacute uma aacuterea de grande potencial Vale ressaltar a importacircncia desta aacuterea em todo o setor industrial Dados da Unicamp indicam que a logiacutestica representa aproximadamente 20 do custo de produtos industrializados O setor de serviccedilos logiacutesticos tem apresentado crescimento acentuado no paiacutes nos uacuteltimos anos Dados do Centro de Estudos em Logiacutestica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontam para um crescimento de 286 da receita total das empresas entre 2000 e 2003 uma meacutedia anual de 57 Em valores monetaacuterios este percentual corresponde a uma elevaccedilatildeo da receita de R$ 15 bilhatildeo para R$ 6 bilhotildees

Nessa perspectiva Fleury (2000) declarou que a implantaccedilatildeo de um sistema de logiacutestica na empresa deve estar sempre buscando um aperfeiccediloamento tanto do sistema de informaccedilatildeo quanto de equipamentos necessaacuterios para realizar esta atividade abastecendo-se a partir do varejo sendo o negoacutecio final para a venda de produtos canal esse que liga os fabricantes e seus fornecedores a atacadistas e varejistas e esses ao consumidor final

285 Gerenciamento logiacutestico

Uma das mais importantes tendecircncias comerciais do seacuteculo XX foi agrave emergecircncia da logiacutestica como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a mateacuteria prima ateacute o ponto de consumo

Na concepccedilatildeo de Novaes (2001) o gerenciamento logiacutestico visa planejar e coordenar todas as atividades necessaacuterias para alcanccedilar niacuteveis desejaacuteveis dos serviccedilos e qualidade ao custo mais baixo possiacutevel Portanto a logiacutestica deve ser vista como um elo entre o mercado e a atividade operacional da empresa estendendo o seu raio de accedilatildeo sobre toda a organizaccedilatildeo

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Segundo Wanke (2000) instrumentos gerenciais e operacionais visam agrave coordenaccedilatildeo e controle da parceria logiacutestica como estabelecimento de procedimentos e meacutetodos definiccedilatildeo de indicadores de desempenho poliacutetica para troca de informaccedilotildees formalizaccedilatildeo contratual e poliacutetica de investimento

Do ponto de vista de Novaes (2001) haacute situaccedilotildees em que o ciclo de vida eacute menor que o prazo estrateacutegico ou seja a vida do produto no mercado eacute menor que o tempo necessaacuterio para projetar fazer aquisiccedilotildees fabricar e distribuir aquele mesmo produto sendo que as implicaccedilotildees satildeo enormes prejuiacutezos para o planejamento e para as operaccedilotildees

Gerenciar o transporte significa tomar decisotildees sobre um amplo conjunto de aspectos No entender de Fleury (2002) estas decisotildees podem ser classificadas em dois grandes grupos decisotildees estrateacutegicas e decisotildees operacionais As decisotildees estrateacutegicas se caracterizam pelos impactos de longo prazo e se referem basicamente a aspectos estruturais As decisotildees operacionais satildeo geralmente de curto prazo e se referem agraves tarefas do dia a dia dos responsaacuteveis pelo transporte Satildeo basicamente quatro as principais decisotildees estrateacutegicas no transporte escolha de modais decisotildees sobre propriedade da frota seleccedilatildeo e negociaccedilatildeo com transportadores poliacutetica de consolidaccedilatildeo de cargas e dentre as principais decisotildees de curto prazo podemos destacar planejamento de embarques programaccedilatildeo de veiacuteculos roteirizaccedilatildeo auditoria de fretes e gerenciamento de avarias

29 MOVIMENTACcedilOtildeES RODOVIAacuteRIAS DE PRODUTOS AGRIacuteCOLAS

Na concepccedilatildeo de Soares Galvani e Caixeta-Filho (1998) a safra da soja eacute sem duacutevida a que mais desestabiliza o mercado de frete O pico da safra de soja comeccedila na segunda quinzena de marccedilo e vai ateacute a segunda quinzena de abril sendo que a sinalizaccedilatildeo de preccedilos pode ser visualizada ateacute 90 dias antes desse periacuteodo em funccedilatildeo da entrada da soja ldquosafrinhardquo e a colheita de outras culturas como o milho Podem-se estabelecer algumas etapas do processo a primeira consiste no transporte entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou armazenamento do produto Essa etapa representa um custo mais elevado em decorrecircncia das estradas rurais natildeo serem pavimentada ocasionando um deslocamento mais lento periacuteodos de interrupccedilatildeo por causa das chuvas aleacutem de elevaccedilatildeo dos custos de manutenccedilatildeo do caminhatildeo a segunda caracteriza pelo transporte do gratildeo armazenado para a induacutestria do processamento ou armazeacutens ou induacutestrias de exportaccedilatildeo Os principais portos de escoamento da produccedilatildeo satildeo Santos (Satildeo Paulo) Paranaguaacute (Paranaacute) Rio Grande (Rio Grande do Sul) e Satildeo Francisco do Sul (Santa Catarina)

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291 A logiacutestica da soja em gratildeos

Conforme dados da ANEC (Associaccedilatildeo Nacional dos Exportadores de Cereais) a partir de 1968 teve iniacutecio o plantio de soja no extremo sul do paiacutes Com faacutebricas modernas e um melhor aproveitamento da mateacuteria prima no esmagamento agraves induacutestrias foram capazes de produzir um oacuteleo comestiacutevel de alta qualidade Bem aceito pelo consumidor o oacuteleo de soja ganhou rapidamente os espaccedilos nas prateleiras dos supermercados nas regiotildees sul e sudeste Esse fato foi decisivo no impulsionamento da cultura da soja que rapidamente se alastrou pela regiatildeo sul do paiacutes

Iniciava-se assim um ciclo importante da atividade onde a exportaccedilatildeo de soja em gratildeo foi decisiva na contribuiccedilatildeo para liquidez da atividade segundo Soares Galvani e Caixeta-Filho (1997) a soja normalmente eacute transportada a granel mas pode ser ensacada antes de ser carregada Eacute corriqueira a utilizaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte autocircnomo no escoamento da safra da soja devido a sua disponibilidade e possibilidade de usar carretas natildeo especiacuteficas provocando grande desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes Isso eacute ocasionado pelo fato da oferta de veiacuteculos natildeo ser suficiente para cobrir a demanda existente para movimentaccedilatildeo da soja e outros produtos agriacutecolas proporcionando aumento significativo dos fretes

Soares e Caixeta-Filho (1997) alegaram que grande parte dos agricultores natildeo possui um local adequado para o armazenamento da produccedilatildeo o que obriga que os gratildeos sejam colocados nas carretas de transporte logo no momento da colheita desse modo a operaccedilatildeo de carga fica aleacutem de mais demorada totalmente dependente das condiccedilotildees climaacuteticas Quando ocorrem imprevistos o motorista fica retido na propriedade rural sem poder seguir viagem Com a utilizaccedilatildeo intensa dos serviccedilos de transporte os veiacuteculos disponiacuteveis tornam-se escassos e os valores dos fretes sobem consideravelmente A curva de valores de frete observa violentos picos nos meses da colheita Grande parte da soja fica retida em pontos intermediaacuterios e vai sendo escoada em outros meses Os valores de frete apoacutes sofrerem uma queda bruta continuam a decrescer de maneira discreta ateacute que se inicie a proacutexima safra

Conforme Ribeiro (2007) a falta de investimentos em infraestrutura de logiacutestica pode comprometer a competitividade da produccedilatildeo de gratildeos no Brasil Estradas esburacadas portos congestionados e falta de armazeacutens fazem parte do agronegoacutecio nacional e com avanccedilo da fronteira agriacutecola o crescimento das exportaccedilotildees de gratildeos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave agraves vendas externas prejudicando ateacute os agricultores que estatildeo proacuteximos aos locais de escoamento

De acordo com Roessing e Santos (1997) o transporte do complexo soja no Brasil em 1995 incidiu com uma concentraccedilatildeo maior na utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio com 67 seguido pelo ferroviaacuterio com 28 e pelo hidroviaacuterio com apenas 5 do total

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292 Logiacutestica de transporte

Segundo Ballou (1993) o transporte representa o elemento mais importante do custo logiacutestico na maior parte das firmas O frete costuma absorver dois terccedilos do gasto logiacutestico Transportar mercadorias garantindo a integridade da carga no prazo combinado e a baixo custo exige eacute o que se chama logiacutestica de transporte

De acordo com Fleury (2001) o transporte eacute o principal componente do sistema logiacutestico Sua importacircncia pode ser medida atraveacutes de pelo menos trecircs indicadores financeiros custos faturamento e lucro O transporte representa em meacutedia 60 dos custos logiacutesticos 35 do faturamento e em alguns casos mais que o dobro do lucro Aleacutem disso o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviccedilos logiacutesticos pois impacta diretamente o tempo de entrega a confiabilidade e a seguranccedila dos produtos

O sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa (Oliveira 2002 p 111)

Na concepccedilatildeo de Caixeta-Filho e Martins (1998) os transportes tecircm a funccedilatildeo baacutesica de proporcionar elevaccedilatildeo na disponibilidade de bens ao permitir o acesso a produtos que de outra maneira natildeo estariam disponiacuteveis para dada sociedade ou estariam apenas a elevado preccedilo Tem assim a funccedilatildeo econocircmica de promover a integraccedilatildeo entre sociedades que produzem bens diferentes entre si

A infraestrutura definiraacute a representatividade de cada modal de transporte no mercado e significa as construccedilotildees instalaccedilatildeo existentes para o desenvolvimento das operaccedilotildees Como agentes temos os usuaacuterios e fomentadores do sistema de transporte quais sejam empresas transportadoras agentes de transportes induacutestrias que produzem bens comerciantes intermediaacuterios e os proacuteprios consumidores

Nas palavras de Oliveira (2000) o sistema de transporte eacute fundamental no custo logiacutestico sendo importante que tenha uma sinergia com o sistema logiacutestico pois a integraccedilatildeo da operaccedilatildeo eacute a chave para o sucesso da empresa Uma logiacutestica de transporte montada adequadamente baseada em variaacuteveis importantes do

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processo entre elas o custo e o prazo de entrega de mercadorias pode representar a diferenccedila entre lucratividade ou prejuiacutezo na atividade da empresa

O transporte barato tambeacutem contribui para reduzir o preccedilo do produto Isso acontece porque aleacutem de sua influecircncia no aumento da competiccedilatildeo no mercado o transporte eacute um dos componentes de custo que juntamente com os custos de produccedilatildeo venda e outros compotildeem o custo agregado do produto Ainda em suas palavras ldquo() para serviccedilos contratados a negociaccedilatildeo de fretes a documentaccedilatildeo a auditoria e consolidaccedilatildeo de fretes satildeo assuntos relevantesrdquo ldquo(Ballou 1999 p114)rdquo

De acordo com Vieira (2001) a demanda de transporte tem sua origem no comeacutercio e a oferta de serviccedilos tem dois componentes baacutesicos infraestrutura e operativa A infraestrutura refere-se aos meios necessaacuterios que o operador deveraacute dispor para a realizaccedilatildeo desse transporte ou seja veiacuteculos equipamentos escritoacuterios e colaboradores especializados Enquanto a operativa diz respeito agrave realizaccedilatildeo das operaccedilotildees utilizando os recursos disponiacuteveis

O transporte tem um importante papel dentro das operaccedilotildees das empresas e na atividade logiacutestica Os produtos e serviccedilos chegam ateacute os pontos de consumo ou demanda atraveacutes dos diversos modais de transporte rodoviaacuterio mariacutetimo ferroviaacuterio dutoviaacuterio e aeroviaacuterio sendo que seratildeo analisados cada um a seguir

Na concepccedilatildeo de Vieira (2001) torna-se necessaacuteria uma maior integraccedilatildeo entre os diversos modos de transporte a multimodalidade propiciando aumento na qualidade dos serviccedilos e reduccedilatildeo nos custos

Fleury Wanke e Figueiredo (2000) declararam que a escolha depende do tipo de mercadoria a ser transportado das caracteriacutesticas da carga da pressa e principalmente dos custos Haacute ainda a possibilidade do uso combinado de vaacuterios modais configurando a denominada intermodalidade Hoje os produtos transportados por mais de um modal satildeo commodities os de baixo valor agregado tais como mineacuterio de ferro gratildeos e cimento

Um conceito intermodal inovador eacute o que combina o transporte rodoviaacuterio com o ferroviaacuterio em um uacutenico equipamento O veiacuteculo utilizado eacute uma carreta convencional adaptada para utilizaccedilatildeo na ferrovia atraveacutes do seu acoplamento a um truck ferroviaacuterio A grande vantagem eacute a eliminaccedilatildeo do transbordo da carga ou a necessidade do embarque do veiacuteculo em um vagatildeo plataforma diminuindo o tempo gasto nos terminais e o custo do transporte

Segundo a ANTT (Agecircncia Nacional dos Transportes Terrestres) o transporte multimodal de cargas eacute aquele que regido por um uacutenico contrato utiliza duas ou mais modalidades de transporte desde a origem ateacute o destino e eacute executado sob a responsabilidade uacutenica de um operador de transporte multimodal sendo necessaacuterio adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada Por

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exemplo contecircineres necessitam de um cavalo mecacircnico para distribuir produtos nas cidades o caminhatildeo-toco eacute o mais adequado

Segundo Ballou (1993) a caracteriacutestica da carga define o tipo de transporte a ser empregado Para carga a granel eacute preciso uma carreta graneleira e natildeo um caminhatildeo-bauacute e carga liacutequida soacute podem ser transportados em caminhatildeo tanque

293 Especificidade das modalidades de transporte

Segundo Fleury (2004) aleacutem dos custos benefiacutecios de cada modal outra maneira de avaliaccedilatildeo dos modais eacute quanto agraves caracteriacutesticas dos serviccedilos oferecidos tais como velocidade consistecircncia capacitaccedilatildeo disponibilidade e frequumlecircncia como seguem

Velocidade depende nos casos do rodoviaacuterio e ferroviaacuterio fundamentalmente do estado de conservaccedilatildeo das vias e dos congestionamentos das mesmas refere-se ao tempo do percurso entre a origem e o destino e eacute tambeacutem conhecido como transit time sendo o modal aeacutereo o mais raacutepido de todos ainda que se considerasse tempo de embarque e desembarque da carga

Consistecircncia eacute a capacidade de cumprimento do tempo previsto e estaacute intimamente ligado ao estado de conservaccedilatildeo das vias e congestionamentos para o rodoviaacuterio e ferroviaacuterio e as condiccedilotildees climaacuteticas

Capacitaccedilatildeo eacute a possibilidade de o modal operar com volumes e produtos O dutoviaacuterio eacute o mais limitado no que tange aos produtos o aeacutereo possui limitaccedilotildees em termos de volumes e tipos de produtos

Disponibilidade eacute o nuacutemero de localidades onde o modal se encontra presente O rodoviaacuterio apresenta a maior variedade o ferroviaacuterio possui baixa disponibilidade A falta de infraestrutura portuaacuteria de terminais e de sinalizaccedilatildeo apesar da disponibilidade da nossa costa eacute responsaacutevel pela baixa disponibilidade do modal aquaviaacuterio

Frequecircncia o nuacutemero de vezes que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo O dutoviaacuterio apresenta o maior desempenho pois trabalha 24 h por dia sete dias da semana O hidroviaacuterio apresenta baixa frequumlecircncia em funccedilatildeo dos grandes volumes movimentados e da necessidade dependendo do tipo de produto de consolidaccedilatildeo da carga

Para Fleury (2004) a combinaccedilatildeo de custobenefiacutecio e a avaliaccedilatildeo do desempenho operacional atraveacutes desses cinco itens possibilitaratildeo a escolha do modal mais adequado

A figura 4 permite visualizar a comparaccedilatildeo dos modais no que tange aos serviccedilos discriminados anteriormente

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( - ) D u to A q u a v iaacute r io F e rro R o d o A eacute re o ( + )

A eacute re o A q u a v iaacute r io F e rro R o d o D u to

D u to A eacute re o R o d o F e rro A q u a v iaacute r io

D u to A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o

A q u a v iaacute r io A eacute re o F e rro R o d o D u to

F ig u ra 4 C o m p a ra ccedil atilde o d o s m o d a is e m te rm o s d a s d im e n s otilde e s d e s e rv iccedil o

D is p o n ib ilid a d e

F re q u ecirc n c ia

C o m p a ra ccedil atilde o d o s M o d a is S e rv iccedil o

V e lo c id a d e

C o n s is tecirc n c ia

C a p a c ita ccedil atilde o

Fonte Fleury 2004

A expressatildeo modal refere-se ao tipo ou meio de transporte utilizado em relaccedilatildeo ao meio onde o veiacuteculo se desloca e cada modal possui caracteriacutesticas proacuteprias que determinam sua adequaccedilatildeo aos produtos e situaccedilotildees

Os principais modais de transporte abordados neste trabalho satildeo rodoviaacuterio ferroviaacuterio e mariacutetimo

2931Modal rodoviaacuterio

Principal modal utilizado no Brasil e no Rio Grande do Sul considerando o estudo de Desenvolvimento Regional e Logiacutestica de Transportes a relaccedilatildeo do volume de cargas transportadas nas rodovias do RS eacute de 853 do total transportado quantidade bem superior agrave brasileira que eacute de 6049 Praticamente todos os produtos manufaturados utilizam o transporte rodoviaacuterio Tal predominacircncia desse modal na matriz de transportes brasileiro eacute oriunda da deficiecircncia dos demais modais

Tecnicamente o transporte rodoviaacuterio eacute o indicado para as operaccedilotildees de coleta e entrega de mercadorias as denominadas pontas do serviccedilo de transporte de carga Segundo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica 2006) no Brasil as rodovias respondem por 67 do transporte de gratildeos sendo que nos

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Estados Unidos este modal eacute responsaacutevel por 16 do escoamento enquanto as hidrovias respondem por 61 contra 5 no Brasil isso faz com que os produtores percam todo o ganho obtido no sistema produtivo com a utilizaccedilatildeo de tecnologia moderna e baixo custo da terra

De acordo com a Aslog ndash (Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica 1997) o transporte rodoviaacuterio seria recomendaacutevel para distacircncias inferiores a 500 km

Segundo Michaels Levins e Fruin citados por Oliveira e CaixetandashFilho (1997) destacam que o transporte rodoviaacuterio por caminhatildeo possui capacidade de se ajustar mais facilmente agraves variaccedilotildees na demanda Firmas individuais podem entrar ou sair da atividade em uma regiatildeo ajustando o seu investimento agraves exigecircncias do mercado consumidor Este aspecto torna o custo fixo por unidade transportada por rodovia razoavelmente estaacutevel com respeito ao volume de carga

Estudos do CEL (Centro de Estudos em Logiacutestica 2002) revelam que o sistema de transporte apresenta problemas por exemplo a dependecircncia exagerada do modal rodoviaacuterio agravado por fatores como a pouca regulamentaccedilatildeo que existe no caso do limite de peso por eixo onde a fiscalizaccedilatildeo eacute quase inoperante

A intensa utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio no transporte de escoamento da safra de acordo com Caixeta-Filho (2001) provoca desestabilizaccedilatildeo no mercado de fretes A oferta de veiacuteculos natildeo eacute suficiente para cobrir a demanda de movimentaccedilatildeo dos produtos agriacutecolas

Na concepccedilatildeo de Lima (2006) vale destacar que os valores dos fretes rodoviaacuterios praticados no Brasil satildeo bastante baixos no entanto a falta de infraestrutura adequada aliada a problemas de capacidade e disponibilidade Muitas vezes inviabilizam o transporte de cargas por outros modais muitas vezes mais adequados agrave distacircncia e ao tipo de produto Assim o resultado acaba sendo um frete alto para quem paga mas baixo para quem recebe

Segundo Caixeta Filho et al (1998) cada modalidade de transporte oferece uma seacuterie de vantagens e desvantagens para a movimentaccedilatildeo de cargas em particular dos graneacuteis soacutelidos agriacutecolas de tal maneira que segue

29311 Vantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) destaca como vantagens desse modal maior disponibilidade de vias de acesso embarques e partidas raacutepidas velocidade na entrega consistecircncia disponibilidade e grande nuacutemero de prestadores de serviccedilos

A flexibilidade disponibilidade e velocidade certamente permitiratildeo que o modal rodoviaacuterio continue a ser amplamente utilizado por grandes periacuteodos de tempo

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29312 Desvantagens do modal rodoviaacuterio

Rodrigues (2000) apontou algumas desvantagens desse modal por exemplo elevado custo operacional ou seja preccedilo do frete elevado veiacuteculos com menor capacidade de carga e nas eacutepocas de safra provoca congestionamentos nas estradas

Para Bowersox e Closs (2001) as transportadoras rodoviaacuterias comparadas agraves ferroviaacuterias necessitam de investimentos fixos em terminais que operam em rodovias com manutenccedilatildeo Puacuteblica

Figura 5 Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul

2932 Modal ferroviaacuterio

O transporte ferroviaacuterio eacute um modal com excelente potencial de crescimento no Brasil segundo Manfredini (2001) se considerarmos que o Brasil eacute um paiacutes de grande extensatildeo continental e que apenas 199 das cargas satildeo transportadas por via feacuterrea

De acordo com a Aslog - Associaccedilatildeo Brasileira de Logiacutestica (1997) este modal eacute indicado para o transporte de grandes distacircncias entre 500 e 1200 km

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Pelo seu menor custo o transporte ferroviaacuterio eacute uma das opccedilotildees brasileiras para a melhoria do desempenho de vaacuterios produtos no mercado externo pois nossos produtos algumas vezes perdem mercado natildeo por causa do custo de produccedilatildeo mas pelos custos de transporte e manuseio Um dos pontos de gargalo do transporte ferroviaacuterio eacute o carregamento e descarregamento das unidades de transporte

Segundo Caixeta - Filho (2001) o transporte ferroviaacuterio natildeo possui um comportamento sistemaacutetico dos valores de fretes que variam principalmente em funccedilatildeo das quantidades a serem movimentadas da frequumlecircncia de embarques e do atendimento que pode ser diferenciado

Para Bowersox e Closs (2001) o transporte ferroviaacuterio eacute uma maneira eficiente de transportar grandes tonelagens por longas distacircncias entretanto infelizmente a ferrovia em nosso estado conforme Amaral (1974) natildeo cumpriu um papel desbravador no transporte de passageiros e no transporte de cargas

Dados do Centro de Estudos Logiacutesticos (2002) mostraram que a ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria requer investimentos pesados onde o retorno para os acionistas natildeo incentiva tal atitude

Alternativas vecircm sendo adotadas no Rio Grande do Sul pela empresa responsaacutevel pela malha ferroviaacuteria para o transporte de soja atraveacutes da utilizaccedilatildeo de pontos de transbordo e multimodais A mercadoria eacute transportada via rodoviaacuterio em pequenos trajetos ateacute pontos de armazenagem onde existe a possibilidade de carregamento ferroviaacuterio faz-se o transbordo do produto que vai ateacute o porto de Rio Grande via ferroviaacuteria Eacute uma maneira de usar o modal ferroviaacuterio para escoamento da produccedilatildeo onde natildeo existe malha

29321 Vantagens do modal ferroviaacuterio

Apesar de tudo natildeo se pode deixar de citar alguns aspetos positivos desse modal conforme destacado na obra de Mendonccedila (1997) a saber

Menor custo de transporte em face de ser normalmente movido agrave energia eleacutetrica ou diesel

Frete mais barato em relaccedilatildeo ao frete rodoviaacuterio soacute perdendo para o hidroviaacuterio

Maior seguranccedila em relaccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio com menor iacutendice de acidentes e menor incidecircncia de furtos e roubos

Estatildeo livres de congestionamentos como ocorre com os navios e caminhotildees

Propicia o transporte de cargas com grandes toneladas

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29322 Desvantagens do modal ferroviaacuterio

No setor ferroviaacuterio o principal problema reside no peacutessimo estado de conservaccedilatildeo da reduzida e ou limitada malha existente O setor foi privatizado entretanto no periacuteodo que antecedeu a privatizaccedilatildeo houve uma draacutestica reduccedilatildeo nos investimentos no setor

Segundo Caixeta-Filho et al (1998) ele possui baixa flexibilidade devido agrave falta de infraestrutura

As condiccedilotildees da malha fazem com que em determinados trechos a velocidade seja muito lenta lembrando que a questatildeo do acreacutescimo no tempo muitas vezes inviabiliza o uso desse modal em face dos compromissos assumidos de disponibilizar o produto para embarque

Figura 6 Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul

2933 Transporte mariacutetimo

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Possui duas caracteriacutesticas baacutesicas ligadas agrave forma como eacute executada a operaccedilatildeo O denominado transporte de longo curso este de mercadoria entre paiacuteses Jaacute o transporte mariacutetimo de cabotagem estaacute ligado ao transporte na costa de um paiacutes ou de paiacuteses fronteiriccedilos normalmente com vaacuterias escalas

Segundo anaacutelise retrospectiva o professor Paulo Fernando Fleury (2004) diretor de Centro de Estudos em Logiacutestica do Instituto de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que o modal mariacutetimo eacute natildeo soacute o mais utilizado para as exportaccedilotildees 95 do total exportado mas tambeacutem o que mais cresceu nos uacuteltimos anos

Figura 7 Navio graneleiro sendo carregado

210 ARMAZENAGENS DE PRODUTOS

Para Ballou (1993) a armazenagem e o manuseio de mercadorias satildeo componentes essenciais do conjunto de atividades logiacutesticas cujos custos podem absorver de 12 a 40 das despesas logiacutesticas da empresa Ao contraacuterio do

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transporte que ocorre entre locais e tempos diferentes a armazenagem e o manuseio de materiais acontecem na grande maioria das vezes em algumas localidades fixadas Portanto os custos dessas atividades estatildeo intimamente associadas agrave seleccedilatildeo desses locais cujos principais problemas satildeo localizaccedilatildeo e arranjo fiacutesico do produto no armazeacutem

O maior volume de soja eacute transportado durante o periacuteodo dos picos da safra pois a maioria dos produtores cooperativa e comerciante natildeo possui instalaccedilotildees adequadas para reter a produccedilatildeo e escoa-la quando os preccedilos dos produtos estiverem mais altos e os transportes mais baixos

Segundo (Bowersoxe Closs 2001) por envolver muitos componentes logiacutesticos a armazenagem natildeo se enquadra em esquemas de classificaccedilatildeo especiacuteficos como no caso de processamento de pedidos estoques ou transportes Um depoacutesito eacute considerado geralmente um lugar onde satildeo guardados estoques de materiais e de produto No entanto em muitos projetos de sistemas logiacutesticos o depoacutesito eacute considerado mais uma instalaccedilatildeo de processamento do que um local de guarda de mercadorias

Figura 8 Estruturas de armazenamento de gratildeos

211 OS DESAFIOS LOGIacuteSTICOS NA ARMAZENAGEM DO GRAtildeO

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Numa regiatildeo com o sul de dimensotildees continentais economias com a logiacutestica podem vir a representar o diferencial de sustentabilidade para o agronegoacutecio da soja Por isso soma-se aos desafios a estrutura de armazenagem incipiente eou mal localizada principalmente em termos da capacidade disponiacutevel para armazenamento dentro das propriedades agriacutecolas o que tem obrigado produtores a escoar suas safras imediatamente apoacutes a colheita o que acaba por gerar longas filas nos portos e maiores riscos de se sujeitar natildeo necessariamente ao melhor preccedilo de venda da soja e muito comumente a valores de pico para o frete rodoviaacuterio

Nesse sentido haacute diversas tarefas ainda por serem feitas para evitar uma falta total na aplicaccedilatildeo da logiacutestica no agronegoacutecio Poreacutem jaacute haacute algumas boas soluccedilotildees em curso que envolvem projetos de infraestrutura logiacutestica beneficiando tanto o transporte quanto o armazenamento de gratildeos que satildeo dois fatores importantiacutessimos a serem levados em consideraccedilatildeo no que tange a logiacutestica do escoamento de gratildeos Por exemplo uma seacuterie de novos corredores de transporte vecircm se consolidando no estado os quais deveratildeo resultar assim que se espera em uma reorientaccedilatildeo de transportes que ainda eacute predominantemente rodoviaacuterio devido tambeacutem a posiccedilatildeo geograacutefica dando a oportunizaccedilatildeo a Intermodalidade

O que se percebe eacute que em regiotildees onde haacute infraestrutura de transporte o escoamento do gratildeo eacute efetivamente realizado Caso contraacuterio a produccedilatildeo seque seu fluxo tradicional ateacute os portos ou entatildeo ateacute as agroinduacutestrias mais proacuteximas como ocorre na maioria dos casos dos pequenos e meacutedios agricultores que repassam a produccedilatildeo agraves empresas de exportaccedilatildeo de grande porte

3 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Para atingir os objetivos propostos primeiramente foi feita a sustentaccedilatildeo teoacuterica necessaacuteria baseada em pesquisa bibliograacutefica Apoacutes efetivou-se a parte praacutetica da pesquisa em que foram coletados dados junto agraves empresas do agronegoacutecio cooperativas comerciante e produtores rurais para posterior anaacutelise

Neste trabalho foram abordadas as informaccedilotildees relacionadas ao agronegoacutecio da soja e sobre as alternativas da logiacutestica de escoamento de gratildeos no Rio Grande do Sul

A pesquisa foi exploratoacuteria pois a metodologia baacutesica consistiu em estudos documentais baseados em bibliografia sobre o assunto utilizando-se para seu desenvolvimento relatoacuterios teacutecnicos livros artigos especializados perioacutedicos e a internet entre outros que se fizer necessaacuterio para dar subsiacutedio no desenvolvimento deste trabalho

Neste sentido foi feito um levantamento de dados atualizados em fontes secundaacuterias sobre o agronegoacutecio da soja no Brasil As principais fontes utilizadas foram CONAB EMBRAPA IBGE USDA EMATER (2014)

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31 DELINEAMENTOS DA PESQUISA

Delimitar a pesquisa eacute estabelecer limites para a investigaccedilatildeo Segundo Martins (1990) ao delimitar a pesquisa percebe-se a necessidade de situaacute-la no tempo e no espaccedilo na discussatildeo teoacuterica ou praacutetica Situar a pesquisa consiste em indicar os pressupostos ou postulados indispensaacuteveis agrave compreensatildeo da mesma

No presente capiacutetulo descreveu-se a metodologia utilizada para analisar e avaliar a viabilidade econocircmica e as vantagens do transporte de soja originada na regiatildeo norte do estado do Rio Grande do Sul com destino ao porto de Rio GrandeRS

Do ponto de vista da abordagem do problema de acordo com Dihel e Paim (2002) a pesquisa deveraacute ser quantitativa ou qualitativa Neste trabalho a pesquisa foi quantitativa pois os dados foram coletados no contexto onde o fenocircmeno de estudo ocorre O processo de levantamento de dados e a formulaccedilatildeo da teoria atraveacutes dos resultados obtidos deram-se por meio de pesquisas junto agraves empresas de agronegoacutecios cooperativas comerciante e produtores rurais

Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratoacuteria ou descritiva Dihel e Paim(2002) A pesquisa descritiva seraacute utilizada neste trabalho teve como objetivo primordial a descriccedilatildeo e o levantamento de dados de um determinado processo logiacutestico

- As variaacuteveis deste estudo estatildeo voltadas para identificar as dificuldades do processo do escoamento da safra de soja do Rio Grande do Sul bem como identificar seus pontos fortes e seus pontos fracos

-Buscar alternativas de ganhos logiacutesticos

-Buscar parceiros empresas especializadas em serviccedilos de armazenagem e transporte intermodal

-Identificar os gargalos

-Verificar a viabilidade de contratos em longo prazo ( grandes volumes)

-Mapeamento da regiatildeo

-Projeccedilatildeo da safra futura

-Anaacutelise do preccedilo praticado durante a safra

O processo de coletas de dados foi realizado nas empresas do

agronegoacutecio cooperativas produtores rurais e comerciantes do Rio Grande do Sul

Segundo Roesch (1996) satildeo dados primaacuterios os obtidos atraveacutes de entrevistas questionaacuterios pois satildeo coletados na fonte pelo pesquisador e tambeacutem atraveacutes de dados secundaacuterios e de fontes documentais

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho os dados foram coletados atraveacutes de pesquisa descritiva junto agraves cooperativas comerciante produtores rurais e empresas do agronegoacutecio Tambeacutem foram necessaacuterias algumas informaccedilotildees de

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fontes secundaacuterias obtidas junto a Empresa Bunge Alimentos SA na aacuterea de coordenaccedilatildeo logiacutestica controladoria financeira sistema de informaccedilatildeo gerencial desta empresa

Sendo assim foram coletadas informaccedilotildees dos gerentes das empresas de agronegoacutecios gerentes de cooperativas comerciantes proprietaacuterios e alguns produtores rurais da regiatildeo de Passo Fundo Foram coletadas informaccedilotildees de aproximadamente 10 entrevistados nos quais participaratildeo (empresas cooperativas produtores rurais e comerciantes)

Apoacutes a coleta de dados os resultados foram submetidos agrave anaacutelise Os custos foram considerados desde a colheita da soja nas aacutereas rurais comparando os gastos em diferentes modais praticaacuteveis ateacute o teacutermino do processo de exportaccedilatildeo

Por fim foram descritos resultados finais da pesquisa e seus respectivos comentaacuterios consideraccedilotildees pertinentes e sugestotildees para possiacuteveis melhorias

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

O propoacutesito desse capiacutetulo eacute a identificaccedilatildeo dos gargalos logiacutesticos no escoamento da safra de soja no Rio Grande do Sul bem como os periacuteodos que eles ocorrem e apontar alternativas a fim de sanar os problemas encontrados Nesta parte do trabalho expotildee-se a visatildeo dos produtores e das empresas do Agronegoacutecio em relaccedilatildeo ao escoamento do gratildeo

41 O ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA E OS PROBLEMAS NA

INFRAESTRUTURA

A logiacutestica de movimentaccedilatildeo da soja se inicia com a coleta da produccedilatildeo por via rodoviaacuteria daiacute parte segue para os portos de exportaccedilatildeo diretamente ou mediante transbordo para as hidrovias ou ferrovias e outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o oacuteleo de soja Da induacutestria processadora os produtos seguem por rodovia hidrovia ou ferrovia para a exportaccedilatildeo ou atendimento ao mercado interno Eacute nesse contexto que surgem os gargalos logiacutesticos impossibilitando a eficiecircncia do processo de produccedilatildeo ateacute o destino final Nesse sentido salienta-se o transporte e a armazenagem

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Sendo assim eacute muito elevado o niacutevel de inseguranccedila do transporte rodoviaacuterio traduzido em elevado nuacutemero de acidentes e incidentes A prestaccedilatildeo de serviccedilo no setor eacute caracterizada de modo geral pela baixa qualidade do serviccedilo frota obsoleta e elevado custo de gerenciamento de risco

Com o aumento da qualidade dos transportes e a adequaccedilatildeo dos seus preccedilos aleacutem de fortalecer a competitividade da produccedilatildeo brasileira no mercado externo leva agrave elevaccedilatildeo da renda dos agricultores e agrave reduccedilatildeo consequumlentemente do preccedilo dos alimentos A rentabilidade do produtor depende cada vez mais do fator transporte

Nas ferrovias graves problemas estruturais herdados da eacutepoca preacute-desestatizaccedilatildeo ndash obsolescecircncia e precariedade das vias permanentes elevado nuacutemero de pontos criacuteticos das linhas normalmente na transposiccedilatildeo de centros urbanos invasatildeo de faixas de domiacutenio e interligaccedilatildeo deficiente com as zonas portuaacuterias ndash resultam em tempo de transito muito elevado e baixa capacidade por eixo

Sendo assim inexiste soluccedilatildeo agrave vista para a ampliaccedilatildeo da rede ferroviaacuteria e correccedilatildeo do seu traccedilado O orccedilamento estimou apenas R$ 109 milhotildees para as ferrovias enquanto as estimativas mais prudentes apontam necessidades de mais de R$ 2 bilhotildees somente para correccedilatildeo dos gargalos fiacutesicos mais significativos da via permanente existente

Nas hidrovias o transporte mais barato mas ainda pouco disponibilizado onde falta prioridade poliacutetica ao desenvolvimento desta via de transporte Haacute necessidade de maior accedilatildeo de esclarecimento por parte do governo junto ao Poder Judiciaacuterio como por exemplo algumas novas hidrovias principalmente na regiatildeo centro-norte tecircm sido embargadas por decisotildees judiciais com alegaccedilotildees ecoloacutegicas O licenciamento ambiental tem sido outro empecilho aos investimentos privados

Aleacutem destes problemas encontrados no que se refere aos modais de transporte haacute tambeacutem o problema da armazenagem pois a produccedilatildeo supera a capacidade de estocagem obrigando o produtor a passar o gratildeo adiante sem obter as vantagens da negociaccedilatildeo

42 PERIacuteODOS DE GARGALOS NO ESCOAMENTO DA SAFRA DE SOJA

No Rio Grande do sul o plantio da soja eacute feito anualmente no iniacutecio de outubro e a colheita inicia-se na segunda quinzena do mecircs de marccedilo chegando ao final de abril com um total de 50 colhido e ateacute junho colhido totalmente Sendo assim o escoamento da soja comeccedila em marccedilo e vai ateacute junho caracterizando este periacuteodo devido ao volume demandado como uma fase de gargalos logiacutesticos no escoamento da safra gauacutecha

Sendo assim armazenar a soja para diluir o escoamento do gratildeo ao longo de todo o ano aparentemente natildeo eacute um bom negoacutecio aleacutem de que haacute

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insuficiecircncia de locais para a estocagem de gratildeos A concentraccedilatildeo da colheita nesses meses acaba gerando picos de necessidades na estrutura logiacutestica no Rio Grande do Sul que devem ser comportados pelos portos rodovias e ainda a utilizaccedilatildeo dos armazeacutens de estocagem

No que se refere ao periacuteodo de gargalo principalmente entre os meses de colheita (marccedilo a junho) reflete-se uma alta no valor do frete analisado no item 414 onde todo o ano quando a safra de soja comeccedila a ser colhida tem iniacutecio uma corrida por caminhotildees disponiacuteveis para escoar a produccedilatildeo Produtores cooperativas traders e induacutestrias do Agronegoacutecio disputam a disponibilidade de cada carreta em um aumento de demanda tatildeo grande que natildeo se importam ou melhor satildeo obrigados a pagar reajustes de preccedilos que superam a barreira dos 50 em prazos inferiores haacute 15 dias em muitos casos

O motivo para o aumento do frete aleacutem dos encontrados na infraestrutura eacute a velha lei de oferta e demanda Quando a procura por caminhotildees cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais

43 PRODUCcedilAtildeO DE SOJA

Os sucessivos aumentos da produccedilatildeo brasileira da soja registrados nos uacuteltimos anos colocaram o Brasil numa posiccedilatildeo de destaque no cenaacuterio internacional Os nuacutemeros da uacuteltima safra mostram essa evoluccedilatildeo As principais regiotildees produtoras de soja registraram aumento na sua produtividade por aacuterea

Os avanccedilos no campo das pesquisas cientiacuteficas com o desenvolvimento de novos cultivares adaptadas agraves mais diferentes condiccedilotildees de clima e solo possibilitaram que o produtor colhesse um volume bem superior ao de anos atraacutes e isso com uma aacuterea bastante reduzida Toda essa produtividade no entanto causou problemas com a armazenagem e o escoamento de gratildeos Com isso nota-se que se dominam as tecnologias para a produccedilatildeo mas falta a infraestrutura e reduccedilatildeo de custos com transporte e armazenagem

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Figura 9 Produccedilatildeo de Soja por Regiatildeo

Fonte EMBRAPA (20022003)

Figura 10 Safra da Soja 20132014 por Aacuterea e Produtividade Dividida por Regiotildees no Rio Grande do Sul

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44 COMPARACcedilOtildeES ENTRE OS MODAIS

O transporte de uma tonelada de carga por 540 km terrestres ou 620 km mariacutetimos teriam os seguintes custos

Por hidrovia 1 doacutelar

Por ferrovia 5 doacutelares

Por rodovia 22 doacutelares

Por aerovia 67 doacutelares

De modo geral os custos dos modais satildeo

Hidroviaacuterio 0009 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Ferroviaacuterio 0020 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Rodoviaacuterio 0050 doacutelares por tonelada por quilocircmetro

Transbordo 2500 doacutelares por tonelada por quilocircmetro o que permite ter a seguinte relaccedilatildeo de custos hidroviaacuterio 1 ferroviaacuterio 22 e rodoviaacuterio 54 conforme figura 11

Figura 11 Comparaccedilatildeo entre os Modais Hidroviaacuterio Rodoviaacuterio e Ferroviaacuterio

Fonte Ministeacuterio dos transportes (2006)

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Haacute alguns dados tambeacutem a serem considerados

Considerando o transporte de 6600 ton o comboio fluvial com 6 barcaccedilas ocupa 220 metros o ferroviaacuterio com 132 vagotildees ocupa 2900 metros e o comboio de 236 caminhotildees cerca de 4720 metros

A vida uacutetil de uma embarcaccedilatildeo pode chegar a 50 anos contra 30 anos de um trem e 10 de um caminhatildeo

Com um litro de combustiacutevel pode-se alcanccedilar 25 km na rodovia 86 km na ferrovia e 219 km na hidrovia

Em meacutedia o custo para implantar um quilocircmetro de hidrovia eacute de US$ 34 mil contra US$ 440 mil de uma rodovia e US$ 14 milhotildees de uma ferrovia

O consumo de combustiacutevel para transportar uma tonelada de carga por 1000 km eacute de 5 litros na hidrovia contra 10 litros na ferrovia e 96 litros na rodovia

O custo soacutecio-ambiental (acidentes poluiccedilatildeo sonora e ambiental consumo de aacutegua e espaccedilo ocupado) em doacutelares por 100 toneladas de carga por quilocircmetro transportada eacute de 320 na rodovia 074 na ferrovia e 023 na hidrovia

Aleacutem destes dados comparativos entre os modais observaram-se vantagens da via navegaacutevel interior diferentemente das ferrovias e rodovias cujo uacutenico propoacutesito eacute o transporte

Menor despesa com matildeo-de-obra pelas reduzidas tripulaccedilotildees dos empurradores

Menor custo de manutenccedilatildeo das embarcaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves mariacutetimas por natildeo sofrerem choque com as ondas e com a salinidade

Reduz o custo do transporte de carga e de pessoal especialmente quando se trata de cargas pesadas volumosas e de baixo valor transportadas a grandes distacircncias

Permite que mercadorias de baixo valor mas essenciais ao desenvolvimento cheguem a regiotildees mais afastadas dos grandes centros sem serem oneradas pelo frete terrestre

Permite a localizaccedilatildeo de induacutestrias no interior por proporcionar ligaccedilatildeo entre as zonas de produccedilatildeo mais afastadas dos portos mariacutetimos e os grandes mercados consumidores

Proporciona economia de petroacuteleo pois as embarcaccedilotildees usadas satildeo de baixo consumo de combustiacutevel

Melhora as possibilidades de estocagem ou de espera face ao baixo custo decorrente da imobilizaccedilatildeo de unidades natildeo motorizadas como as barcaccedilas

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Possibilita a absorccedilatildeo dos piques e das irregularidades de traacutefego

Exige bem menos manutenccedilatildeo que a ferrovia e rodovia e ao contrario daquelas seu custo de manutenccedilatildeo diminui agrave medida que o traacutefego se intensifica

Cria concorrecircncia entre os diferentes meios de transporte gerando como consequumlecircncia preccedilos vantajosos com boa qualidade de serviccedilos

Permite a criaccedilatildeo e desenvolvimento de poacutelos agriacutecolas

Promove obras que regularizam a vazatildeo dos rios evitando secas e inundaccedilotildees e garantindo a irrigaccedilatildeo de terras agricultaacuteveis e

Facilita o transporte intermodal

45 TRANSPORTES INEFICIENTES PREJUDICAM O ESCOAMENTO DA SOJA

O Brasil salientando o Rio Grande do Sul estaacute produzindo como nunca Eacute um dos lideres mundiais e a regiatildeo sul tem papel significativo neste contexto Poreacutem no momento de escoar a produccedilatildeo ateacute os pontos de venda ou portos enfrentam-se seacuterios problemas com a ineficiecircncia dos sistemas de transporte Satildeo rodovias em situaccedilotildees precaacuterias caminhotildees sucateados ferrovias sem investimento e terminais portuaacuterios sobrecarregados

O sistema rodoviaacuterio ainda eacute o principal transportador da soja Na maioria das vezes eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo do gratildeo devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto das fazendas Com isso a soja enfrenta percursos rodoviaacuterios de muitos quilocircmetros que implica num alto consumo de combustiacutevel e custos de frete e pedaacutegio Toda essa despesa aumenta o valor final do produto

Nesse sentido haacute uma preocupaccedilatildeo com a logiacutestica envolvida nesse processo para que tudo ocorra na hora exata no lugar certo em condiccedilotildees favoraacuteveis para que as perdas sejam menores As estradas apresentam seacuterias deficiecircncias como trechos esburacados e afundamentos Outro fator relevante eacute o da idade meacutedia da frota de caminhotildees que eacute de 18 anos o que explica a reduccedilatildeo em 40 na velocidade meacutedia dos veiacuteculos das estradas em direccedilatildeo aos portos Quanto mais tempo o caminhatildeo fica na estrada maiores satildeo as perdas em termos de quantidade qualidade e valor do produto

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451 Alternativas agrave rodovia falta de investimento

O transporte de cargas agriacutecolas atraveacutes da navegaccedilatildeo costeira (cabotagem) tem se mostrado eficaz para a movimentaccedilatildeo de grandes volumes No entanto a utilizaccedilatildeo da cabotagem como alternativa a outros tipos de transporte enfrenta problemas com a falta de navios e a inexistecircncia de serviccedilos com escalas regulares

A privatizaccedilatildeo contribuiu para a modernizaccedilatildeo dos portos mas ainda haacute problemas que mantecircm a produtividade baixa apesar do excesso de matildeo-de-obra que chega ser de trecircs a nove vezes superiores aos portos europeus Enquanto o iacutendice internacional de movimentaccedilatildeo nos portos eacute de 40 contecircinereshora no Brasil a meacutedia eacute de 27 Esse eacute um dos motivos pelos quais os caminhotildees formam filas de ateacute 150 km de extensatildeo para descarregar suas cargas no porto Outro ponto tocante eacute que os terminais satildeo inadequados com equipamentos de baixa capacidade tanto na recepccedilatildeo quanto na expediccedilatildeo e aleacutem disso falta treinamento pessoal

O Brasil possui 42 mil quilocircmetros de hidrovia mas apenas 10 mil quilocircmetros satildeo efetivamente utilizados Os problemas relacionados agraves hidrovias devem-se agrave baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimentos devido agraves barreiras ambientais

A ineficiecircncia no transporte da soja tambeacutem estaacute presente nas ferrovias que embora tenham recebido investimento com a privatizaccedilatildeo ainda estatildeo longe de suprir a demanda do setor do Agronegoacutecio e se consolidar como alternativa viaacutevel ao transporte rodoviaacuterio Aleacutem da ampliaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria eacute necessaacuteria a modernizaccedilatildeo do maquinaacuterio Com os trens e bitolas atuais a velocidade meacutedia das composiccedilotildees natildeo ultrapassa lentos 25 kmh Outra questatildeo eacute que no passado as malhas ferroviaacuterias foram feitas para transportarem passageiros e por isso passam dentro dos centros urbanos A inadequaccedilatildeo dos vagotildees aleacutem da baixa qualidade e da pequena oferta do material rodante ou seja das peccedilas de manutenccedilatildeo da via feacuterrea satildeo as principais deficiecircncias na infraestrutura ferroviaacuteria

O governo busca o apoio da iniciativa privada para solucionar a ineficiecircncia do sistema de transporte isto eacute atraveacutes de parcerias Mas o problema que reside nas parcerias eacute que quando se supera uma dificuldade como a disponibilidade de vagotildees e locomotivas por exemplo o gargalo passa a ser a capacidade de recepccedilatildeo no terminal portuaacuterio ou nas condiccedilotildees de embarque na origem o que requer novos investimentos Como a produccedilatildeo e as exportaccedilotildees crescem num ritmo muito grande cria-se uma gama de novos obstaacuteculos ou seja novos gargalos logiacutesticos que devem ser superados a cada safra

O principal entrave para o escoamento das safras aleacutem dos problemas nos corredores de transporte eacute a falta de infraestrutura das unidades de armazenadoras de gratildeos Apesar de haver safras recordes natildeo se consegue estocar a produccedilatildeo a ponto de esperar o melhor momento de comercializaccedilatildeo e garantir ganhos com valores menores de frete A consequecircncia eacute que os canais de transporte jaacute ineficientes ficam saturados Os produtores contratam caminhotildees em ritmo de urgecircncia com custos elevados para natildeo perder a produccedilatildeo Sem

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armazenagem eacute preciso vender logo o gratildeo pois haacute riscos de danos trazidos pelas chuvas e intempeacuteries ambientais

A mecanizaccedilatildeo da produccedilatildeo diminui o periacuteodo de duraccedilatildeo da colheita e consequentemente haacute um aumento na produtividade mas poucas fazendas possuem capacidade de armazenagem enquanto que as unidades terceirizadas situadas muitas vezes longe da produccedilatildeo estatildeo haacute anos estagnadas Portos congestionados significam que os armazeacutens tambeacutem estatildeo com problema ou seja saturados

Para evitar crise no setor o ideal seria aumentar a capacidade de armazenagem dentro da aacuterea de produccedilatildeo sendo esta modernizada e qualificar os profissionais envolvidos com tal tarefa

452 A questatildeo das ferrovias e dos portos

Os modais tipicamente mais eficientes para o escoamento da soja (grandes volumes longas distacircncias e valor agregado relativamente baixo) certamente satildeo as ferrovias e hidrovias Tais modais embora exijam um maior tempo de transporte tecircm capacidade bem mais elevada e quando disponiacuteveis podem trazer economia e reduccedilatildeo de perdas A funccedilatildeo do modal rodoviaacuterio por sua vez seria de atuaccedilatildeo nas ldquopontasrdquo levando os gratildeos aos terminais ferroviaacuterios ou hidroviaacuterios

A infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria natildeo eacute suficiente para realizar o escoamento de gratildeos Isto faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo de caminhotildees para o transporte da produccedilatildeo gauacutecha mesmo quando as distacircncias a serem percorridas satildeo elevadas ( como jaacute foi exposto um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia) Aleacutem dessa menor produtividade para longas distacircncias e grandes volumes o transporte rodoviaacuterio eacute mais poluente gasta mais combustiacutevel e registra iacutendices de acidentes muito mais elevados

Mas natildeo eacute apenas infraestrutura que o paiacutes precisa melhorar no setor ferroviaacuterio Algumas questotildees tambeacutem importantes dizem respeito agrave interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias e aos tempos de carregamento e descarregamento de vagotildees em terminais Tudo isso leva a um aumento do tempo total de escoamento da safra atrapalhando a eficiecircncia e a velocidade para a realizaccedilatildeo das exportaccedilotildees por sua vez os portos enfrentam uma seacuterie de problemas que prejudicam as exportaccedilotildees e a competitividade no mercado mundial A concentraccedilatildeo nos periacuteodos de safra exige maior capacidade dos portos consequumlentemente

A pouca disponibilidade de armazenagem a baixa quantidade de piacuteeres a falta de coordenaccedilatildeo entre o que eacute enviado e o que pode ser recebido pelo porto aleacutem da demora nos procedimentos burocraacuteticos foram algumas das causas que

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geraram problemas no escoamento da safra de soja As principais consequumlecircncias foram os grandes congestionamentos tanto em terra quanto no mar a fila de caminhotildees que se formavam no porto para descarregamento chegou a mais de 120 km e o tempo de espera dos navios foi excessivo chegando ao ponto de um navio aguardar ateacute 60 dias no porto

Ainda problemas de calado e falta de dragagem dificuldades de acesso aos portos tanto por ferrovia quanto por rodovia satildeo tambeacutem pontos criacuteticos que reduzem a eficiecircncia no escoamento da produccedilatildeo de soja os terminais portuaacuterios privativos (de uso exclusivo de uma mesma empresa) natildeo costumam ser tatildeo afetados quanto os de uso natildeo exclusivo Isto porque um terminal privativo eacute capaz de gerenciar de forma mais acertada a chegada e saiacuteda de caminhotildees trens e navios coordenando melhor os fluxos dos gratildeos (que seria o agendamento de descarga)

Mas de forma geral levantamentos realizados pela CELCOPPEAD com empresas exportadoras indicam que os portos que realizam escoamento de gratildeos estatildeo praticamente no limite de suas capacidades e que se as previsotildees de aumento da produccedilatildeo da safra se concretizarem podem ocorrer seacuterios problemas logiacutesticos com o esgotamento das possibilidades de movimentaccedilatildeo nos portos As mudanccedilas para aumentar a capacidade de escoamento da safra nos portos precisam ocorrer ateacute 2012 para comportar as previsotildees de aumento da produccedilatildeo e movimentaccedilatildeo dos gratildeos Aumentar a capacidade dos portos engloba tambeacutem agrave melhoria do acesso a eles

Esses problemas logiacutesticos se refletem em perda de eficiecircncia e essa perda pode ser medida em termos de custos reais para os produtores e empresas do Agronegoacutecio que tambeacutem perdem na competitividade quando se calculam os custos de escoamento interno Segundo a ABIOVE(2006) o custo de escoamento interno no Brasil eacute cerca de 80 maior do que os Estados Unidos

Sendo assim aleacutem dos problemas relacionados com os modais de transporte e ligados a eles destaca-se a pouca agilidade nos procedimentos burocraacuteticos Desta forma as incertezas nos tempos a serem gastos no processo logiacutestico podem gerar dificuldades no cumprimento de prazos de entrega fator que certamente representa custos adicionais bastante representativos aos produtores

Expansatildeo hidroviaacuteria no interior do Rio Grande do Sul a ao longo da costa litoracircnea fazendo com que haja integraccedilatildeo entre os modais apesar de certas restriccedilotildees geograacuteficas dos rios e canais

Expansatildeo do transporte ferroviaacuterio com melhoras na malha pois a infraestrutura atual requer modernizaccedilatildeo ateacute mesmo com o uso de novos materiais

Expansatildeo do transporte rodoviaacuterio reduzindo os custos deste modal com melhorias na pavimentaccedilatildeo e sempre objetivando a Intermodalidade viaacuteria

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46 NAVEGACcedilOtildeES NO RIO JACUIacute

A bacia do Rio Jacuiacute situa-se praticamente no centro do estado do Rio Grande do Sul Suas nascentes se situam no planalto sul rio-grandense no municiacutepio de Passo Fundo Seu curso superior tem a direccedilatildeo geral Norte-Sul ateacute encontrar ao leste o Guaiacuteba A aacuterea drenada pela bacia do Jacuiacute tem aproximadamente 73 mil kmsup2 representando cerca de frac14 da aacuterea total do estado O rio possui um trecho navegaacutevel de 352 km de Porto Alegre ateacute Dona Francisca Este trecho principal eacute composto por vaacuterios subtrechos com caracteriacutesticas proacuteprias

Figura 12 Bacia Hidrograacutefica do Rio Grande do sul

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Figura 13 Regiatildeo Hidrograacutefica do Guaiacuteba

Figura 14 Vista aeacuterea do Rio Jacuiacute que desemboca no Guaiacuteba

47 A MALHA FERROVIAacuteRIA NO RIO GRANDE DO SUL

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Uma das maiores malhas ferroviaacuterias do Brasil estatildeo concentradas no Rio grande do Sul Os problemas atualmente encontrados satildeo a grande variaccedilatildeo nos tempos de viagens e as baixas velocidades na transposiccedilatildeo de regiotildees metropolitanas causadas pelo excesso de passagens de niacuteveis e invasotildees na faixa de domiacutenio

Outro problema encontrado eacute que a malha ferroviaacuteria depende de ajustes tributaacuterios fiacutesicos e operacionais e de investimentos na construccedilatildeo de estradas secundarias para sanar os problemas de traccedilado herdado na concessatildeo das ferrovias

Tendo em mente os problemas encontrados na utilizaccedilatildeo da malha ferroviaacuteria destaca-se a falta de diretrizes poliacuteticas claras do governo tanto federal como estadual para com este setor e isso vecircm cada vez mais comprometendo os planejamentos estrateacutegicos taacuteticos e operacionais das vias feacuterrea

48 AS POUCAS INICIATIVAS DO GOVERNO

A qualidade das vias de escoamento da soja no Rio Grande do Sul natildeo eacute ideal Se houver crescimento acentuado na produccedilatildeo de gratildeos a estrada natildeo suportaraacute Seria necessaacuterio aleacutem da manutenccedilatildeo das vias rodoviaacuterias um projeto de duplicaccedilatildeo urgente por parte do Estado nestas rotas estrateacutegicas do escoamento da soja

Certamente este problema natildeo seraacute resolvido em curto prazo uma vez que ainda encontra-se o problema da concessatildeo das BRs o que eacute um empecilho para o governo federal investir no local O contrato da concessionaacuteria eacute de manutenccedilatildeo entatildeo a responsabilidade da duplicaccedilatildeo seria da Uniatildeo Isto se torna um jogo de empurra para laacute e para caacute e nada eacute efetivado A situaccedilatildeo eacute injusta e se estas obras virem a acontecer vatildeo contribuir muito para a produccedilatildeo gauacutecha Eacute importante lembrar que pelo Porto de Rio Grande movimenta-se em torno de 10 das exportaccedilotildees brasileiras o que representa cerca de US$ 10 bilhotildees ao ano

As poucas hidrovias modernas no paiacutes natildeo enobrecem a Uniatildeo pois foram resultado de iniciativas dos governos estaduais como a dos Rios Jacuiacute Taquari no Rio Grande do Sul Uma das metas do governo estadual eacute aumentar a participaccedilatildeo do modal hidroviaacuterio de cargas que passam por Rio Grande A empresa responsaacutevel pelo investimento a Aracruz planeja entre outras accedilotildees implantar um terminal em Satildeo Joseacute do Norte Esta cidade pode ter papel chave para o fortalecimento da hidrovia gauacutecha O municiacutepio possui condiccedilotildees de ter um porto com um calado natural de mais de 40 peacutes A instalaccedilatildeo de um porto seraacute uma nova oportunidade econocircmica na regiatildeo e espera-se que esta ideacuteia atraia investidores privados Sendo assim a Lagoa Mirim pode ser utilizada passando pelo canal de Satildeo Gonccedilalo chegando ao Porto de Rio Grande como alternativa para a movimentaccedilatildeo Com isso os transportadores estatildeo descobrindo que eacute interessante economicamente usar o modal hidroviaacuterio quando este estaacute disponiacutevel para a regiatildeo

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Um dos problemas nesse sentido para a maior utilizaccedilatildeo desse modal eacute que muitas zonas de produccedilatildeo estatildeo afastadas dos rios o que encarece o frete e entatildeo daacute-se preferecircncia pelo transporte rodoviaacuterio

Sendo assim o ideal seria a Intermodalidade viaacuteria Mas o que fazer para que isso ocorra Como captar recursos para viabilizar os investimentos necessaacuterios Pensando nesse sentido o governo reserva 1 do PIB para a infraestrutura quando nos paiacuteses emergentes essa reserva vai para 6 isso eacute 6 vezes mais Certamente recursos eacute o que natildeo faltaria por parte do governo se a administraccedilatildeo fosse bem empregada e natildeo houvesse tantos desvios de verbas puacuteblicas

49 PEDAacuteGIOS ONERAM EM 30 O TRANSPORTE DE GRAtildeOS

Cerca de 30 do custo do transporte de um contecirciner eacute composto por taxas de pedaacutegio Apesar das estradas serem pedagiadas elas tem um asfalto de maacute qualidade acostamentos sem nivelamentos adequados A relaccedilatildeo custobeneficio dos pedaacutegios no Estado eacute desproporcional Nesse sentido natildeo se eacute contra ao pedaacutegio mas tem que ser estipulado um valor condizente com o serviccedilo No Rio Grande do Sul existem muitas rodovias simples com tarifas caras e que natildeo haacute alternativas sem pedaacutegio para os caminhoneiros

Em termos de valores um caminhatildeo que transporta soja para o Porto de Rio Grande conforme o porte gasta em meacutedia de R$ 28000 ateacute R$ 44000 em pedaacutegios

491 Tarifas e pedaacutegios

O setor agropecuaacuterio em especifico o caso da soja no Rio Grande do Sul eacute o mais penalizado pelo pedaacutegio pois o valor especiacutefico da soja eacute baixo Em consequumlecircncia o custo do pedaacutegio representa um alto percentual do valor do gratildeo

O pedaacutegio tem um impacto significativo no frete que varia de 18 a 23 dependendo da regiatildeo de origem da produccedilatildeo Este eacute mais um dos componentes do custo causando a perda de competitividade da soja frente aos concorrentes em termos de mercado mundial

Neste sentido a fim de diminuir os custos com o pedaacutegio pode-se salientar que o pedaacutegio para o transporte de produtos agriacutecolas fosse reduzido a elaboraccedilatildeo de uma agecircncia reguladora estadual de infraestrutura com a

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participaccedilatildeo de usuaacuterios concessionaacuterias e poder concedente para subsidiar o estado na discussatildeo e idealizaccedilatildeo de poliacuteticas para o setor assim como possibilitar a realizaccedilatildeo de fiscalizaccedilatildeo operacional e financeira das concessotildees formaccedilatildeo de centrais de frete junto agraves praccedilas de pedaacutegio e o Porto interligadas on-line para informar aos transportadores a disponibilidade de frete e a construccedilatildeo de possiacuteveis rodovias alternativas ao pedaacutegio

Na perspectiva de aumento da competitividade da soja a questatildeo decisiva eacute o equacionamento da logiacutestica de transportes fator que onera o custo da produccedilatildeo principalmente a partir das grandes distacircncias a serem percorridas das fronteiras agriacutecolas ateacute os pontos de embarque para a exportaccedilatildeo

Nesse aspecto desponta como soluccedilatildeo a exploraccedilatildeo de novos corredores de transporte utilizando foacutermulas intermodais de transporte com ecircnfase no hidroviaacuterio e ferroviaacuterio em substituiccedilatildeo ao modal rodoviaacuterio

Figura 15 BRs no Rio Grande do Sul

492 A intermodalidade no transporte de gratildeos

A Intermodalidade eacute a forma mais inteligente de resolver os gargalos logiacutesticos no escoamento da soja alem de tornar o produto nacional mais

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competitivo Para que ocorra essa intermodalidade eacute necessaacuterio primeiramente que se decirc a devida credibilidade a cada um dos modais aproveitando o que cada um tem de melhor

Com isso exposto a intermodalidade pode baratear os custos e dar mais racionalidade a chegada e a saiacuteda do gratildeo Eacute indispensaacutevel fazer esta articulaccedilatildeo entre os vaacuterios modais de transporte O inicio desse processo pode ser por meio da cabotagem pois mercado para isso existe e eacute somente atraveacutes da ruptura da tradiccedilatildeo de uso soacute de rodovias Nesse sentido eacute claro que precisa melhorar varias coisas como ter mais navios mais rotas para a cabotagem mais matildeo-de-obra especializada Superando esses entraves tem-se o crescimento da cabotagem e a partir daiacute a intermodalidade tomaraacute o seu rumo

Analisando o contexto atual falta ferrovias de uma regiatildeo falta hidrovias em outras localidades mas podem existir em outras aacutereas o que eacute essencial a multimodalidade e faltar entatildeo agrave infraestrutura

493 Barreiras legais para a intermodalidade

As barreiras legais para a efetivaccedilatildeo da intermodalidade viaacuteria contam com alguns aspectos como

Para viabilizar a atuaccedilatildeo das Operadoras de Transporte Multimodal ndash OTM eacute necessaacuterio que se permita a realizaccedilatildeo de operaccedilotildees intermodais com um documento uacutenico de transporte aiacute entra entatildeo a burocracia e as tarifaccedilotildees acumulativas

No Brasil existe a Lei 9611 de fevereiro de 1998 que dispotildee sobre o transporte multimodal e o Decreto 3411 de abril de 2000 que regulamenta esta lei Mas na praacutetica ainda existem restriccedilotildees que inviabilizam a atuaccedilatildeo dos OTMrsquos relacionados diretamente com o seguro obrigatoacuterio exigido para a obtenccedilatildeo do registro de Operador de Transporte Multimodal as tributaccedilotildees envolvidas neste processo principalmente o ICMS satildeo onerosas

410 PERFIS DA LOGIacuteSTICA DE TRANSPORTE DA SOJA

A expansatildeo das aacutereas agriacutecolas que impulsionou a formaccedilatildeo de um novo arranjo espacial dos setores produtivos natildeo foi acompanhada pela expansatildeo do setor de transportes Desse modo o aproveitamento do potencial da produccedilatildeo de gratildeos depende do estabelecimento de um sistema viaacuterio eficiente Nesse sentido

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destaca-se a relevacircncia da viabilizaccedilatildeo e integraccedilatildeo dos corredores de transporte multimodais (rodovia ferrovia e hidrovia) para aumentar a competitividade dos produtos unindo as aacutereas de produccedilatildeo os centros consumidores e o mercado internacional

Os custos de escoamento das safras tecircm sido um obstaacuteculo para transformar vantagens comparativas da produccedilatildeo em competitividade na comercializaccedilatildeo Usualmente haacute predominacircncia do modal rodoviaacuterio na matriz de transportes como fonte de ineficiecircncia e de reduccedilatildeo de lucratividade dos produtores agriacutecolas Outro fator importante diz respeito agrave insuficiecircncia de investimentos para ampliaccedilatildeo e manutenccedilatildeo dos sistemas de transporte em niacuteveis compatiacuteveis com a demanda

Nessa mesma linha de raciociacutenio dado o cenaacuterio viaacuterio atual identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra dos principais poacutelos produtores e distinguir as principais caracteriacutesticas e os custos de cada modal viaacuterio podem fornecer subsiacutedios que auxiliem as decisotildees estrateacutegicas para a escolha do transporte assim como para o direcionamento de poliacuteticas e investimentos no setor

Assim o enfoque principal eacute discutir e entender o papel do sistema de transporte no agronegoacutecio da soja atraveacutes da analise dos principais gargalos do sistema de transporte caracterizando os principais serviccedilos oferecidos por cada modal e por fim identificar as principais rotas logiacutesticas utilizadas para o escoamento da safra (mercado domeacutestico e exportaccedilatildeo) de modo a identificar e melhorar o cenaacuterio atual desse sistema assim como os custos de movimentaccedilatildeo relativos a cada modal

A importacircncia da logiacutestica e do sistema de transporte para a soja se concentra em quatro principais focos nos desafios do sistema de transporte nas caracteriacutesticas dos serviccedilos de cada modal nas principais rotas utilizadas para o escoamento (mercado interno e externo) e nos custos de movimentaccedilatildeo

411 DESAFIOS AO SISTEMA DE TRANSPORTE

O sistema rodoviaacuterio eacute o principal modal utilizado para o transporte da soja e em muitos casos eacute a uacutenica alternativa para a movimentaccedilatildeo desse tipo de produto devido agrave escassez de hidrovias e ferrovias que liguem grandes distacircncias e ao mesmo tempo situem-se perto dos poacutelos produtores

No processo de comercializaccedilatildeo da soja o trajeto percorrido por esse produto eacute basicamente da aacuterea de produccedilatildeo ao armazeacutem e depois para a fabrica ou porto ou ainda diretamente da aacuterea de produccedilatildeo para a faacutebrica ou porto Sendo assim a infraestrutura ferroviaacuteria e hidroviaacuteria eacute insuficiente para realizar o transporte de gratildeos Isso faz com que seja necessaacuteria a utilizaccedilatildeo do modal rodoviaacuterio para o transporte de grande parte da produccedilatildeo de soja mesmo quando se

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trata de longas distancias O problema dessa predominacircncia tambeacutem se daacute pelo baixo aproveitamento do transporte pois um caminhatildeo carrega cerca de 150 vezes menos soja do que uma composiccedilatildeo ferroviaacuteria e cerca de 600 vezes menos do que um comboio de barcaccedilas numa hidrovia

No modal ferroviaacuterio o uso de vagotildees inadequados a pequena oferta de material rodante e a baixa qualidade do existente podem ser consideradas as principais deficiecircncias na infraestrutura Jaacute para o modal hidroviaacuterio o problema reside na baixa capacidade de intermodalidade e comboio aleacutem de oferecer pouca atratividade de investimento devido aacutes barreiras ambientais

A predominacircncia do modal rodoviaacuterio se explica pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em aacutereas mais afastadas da regiatildeo as quais satildeo desprovidas por ferrovias ou hidrovias

Mas a infraestrutura natildeo eacute o uacutenico problema por exemplo no setor ferroviaacuterio haacute a questatildeo da interaccedilatildeo entre as concessionaacuterias ferroviaacuterias Muitas delas detecircm trechos que interligam os portos de exportaccedilatildeo e que precisam ser partilhados poreacutem muitas vezes os altos fretes cobrados nesses trechos podem inviabilizar o transporte Por sua vez as questotildees de eficiecircncia dos portos e de deficiecircncia na armazenagem tambeacutem tecircm sido pontos relevantes Tambeacutem no que se refere aos portos agrave demora nos procedimentos burocraacuteticos influencia tambeacutem na competitividade da exportaccedilatildeo da soja

412 CUSTOS DE TRANSPORTE

Devidos agraves diferentes caracteriacutesticas entre os modais como custos e outros aspectos qualitativos pode ser economicamente desejaacutevel que entre a origem e o destino do produto sejam utilizadas mais de uma modalidade de transporte sempre aproveitando as vantagens inerentes a cada uma delas o que resulta num serviccedilo de menor custo eou de melhor qualidade

A complementaccedilatildeo entre as modalidades de transporte envolvidas num sistema intermodal implicaraacute atividades de transbordo isto eacute recursos humanos e equipamentos para transferir os gratildeos de um meio de transporte para outro

413 FRETE

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As perspectivas de uma excelente safra de soja em um momento de avanccedilo do preccedilo no mercado internacional comporiam o cenaacuterio ideal para os produtores deste gratildeo No entanto o custo do frete daacute sinais de aumento e associados ao cacircmbio terminam com os resultados positivos deste cenaacuterio que se mostrou promissor

Em ano de safra forte a demanda por frete sobe o que puxa os preccedilos para cima Neste sentido a depreciaccedilatildeo das rodovias principal via de escoamento da soja e o aumento do petroacuteleo satildeo fatores recorrentes nesse novo movimento de alta do custo do frete A renovaccedilatildeo da frota natildeo acompanha o aumento da produccedilatildeo e as estradas perdem qualidade ano a ano A natildeo ser que ocorra uma quebra na safra o frete continua a subir

Neste ano outros fatores devem pesar nesta conta A entrada em vigor do programa de mistura obrigatoacuteria de 2 de biodiesel ao diesel eacute um deles onde o preccedilo do diesel tende a aumentar ateacute R$ 002 por litro Outro fator extra nos custos surgiu em dezembro2007 quando foi publicada a resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Tracircnsito (Contran) que trata da afericcedilatildeo de peso de veiacuteculos O oacutergatildeo permite que caminhotildees trafeguem com um peso ateacute 5 superior a um limite que no caso dos caminhotildees bi-trem com duas carretas utilizado no embarque da soja eacute de 37 toneladas de carga Natildeo eacute mais permitido entretanto discriminar esses 5 adicionais que elevam a capacidade para 39850 toneladas na nota fiscal

Na praacutetica a mudanccedila que parece sutil reduz a capacidade de cada uma dessas carretas em quase 3 toneladas ou pouco menos de 10 o que indica que vai faltar mais caminhatildeo do que jaacute falta durante a safra Outro fator que desponta seria a carga horaacuteria dos motoristas que passaria a ser regulamentada por 8 horas diaacuterias como prevecirc a Constituiccedilatildeo Entatildeo a descarga que poderia ser feita em um dia com a nova resoluccedilatildeo pode demorar trecircs

Outro fator que tambeacutem pesa na composiccedilatildeo do frete seria o atraso no plantio da soja que encurta o periacuteodo de colheita concentrando a safra na mesma eacutepoca

Graacutefico 11 Cotaccedilatildeo do frete de soja em gratildeos de Passo Fundo-RS a Rio Grande-RS

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4131Aspectos do mercado de fretes rodoviaacuterios

A safra da soja normalmente desestabiliza o mercado de fretes Eacute realizado geralmente em marccedilo com maior pico na segunda quinzena de abril quando a oferta de caminhotildees natildeo eacute suficiente para suprir a demanda na movimentaccedilatildeo da soja o que acarreta aumentos significativos nos fretes

Haacute um pico no mercado de frete em trechos que tecircm origem na unidade agriacutecola ou seja em princiacutepio o transporte eacute realizado entre o produtor e a induacutestria de esmagamento ou de armazenamento do produto todavia isso gera um custo muito elevado em virtude da maacute conservaccedilatildeo das estradas e de interrupccedilotildees em decorrecircncia de fator climaacuteticos

Sendo assim destacam-se algumas variaacuteveis que exercem influecircncia sobre o estabelecimento do frete tais como a distacircncia percorrida os custos operacionais a possibilidade de obtenccedilatildeo de carga de retorno a agilidade dos processos de carga e descarga a sazonalidade da demanda por transporte a especificidade da carga transportada e do veiacuteculo utilizado as perdas e avarias as vias utilizadas o volume e o valor dos pedaacutegios o rigor da fiscalizaccedilatildeo o prazo de entrega e alguns aspectos geograacuteficos

Todas as variaacuteveis citadas satildeo importantes na negociaccedilatildeo dos preccedilos de frete mas o principal mecanismo a ser considerado eacute a negociaccedilatildeo entre os agentes A demanda de serviccedilos nesse mercado na maioria dos casos deteacutem o poder de negociaccedilatildeo frente agrave oferta de serviccedilo de transporte criando um sistema no qual haacute um grande nuacutemero de empresas disputando um mercado composto por um pequeno nuacutemero de demandantes importantes

A incerteza presente na contrataccedilatildeo do transporte de gratildeos estaacute associada ao periacuteodo de safra no qual o mercado possui uma oferta de caminhotildees inferior agrave demanda Nesse caso satildeo necessaacuterias habilidades empresariais para equacionar de forma eficiente oferta e demanda

O pico da safra leva transportadores e com maior frequecircncia os autocircnomos a terem comportamentos oportuniacutessimos O elo de fidelidade eacute muito fraacutegil agraves oscilaccedilotildees do valor do frete

414 OS CUSTOS RELACIONADOS Agrave SOJA

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O Rio Grande do Sul berccedilo da cultura da soja apresenta grandes variaccedilotildees de produccedilatildeo e produtividade em razatildeo das flutuaccedilotildees climaacuteticas prejudiciais agrave cultura na eacutepoca da colheita

Os preccedilos pagos ao produtor satildeo baseados no preccedilo internacional descontados os valores referentes a fretes e impostos que levam ao chamado preccedilo de internalizaccedilatildeo ou de paridade

Passo Fundo

Fechamento Chicago (US$ centsbushel) 95950

PrecircmioDesconto(U$$) 3000

Conversatildeo (US$Tonelada) 36341

Tabela 12 de Paridade para Exportaccedilatildeo X Mercado Interno da Soja em Gratildeo

O preccedilo pago ao produtor aleacutem de determinante da cotaccedilatildeo internacional sofre forte influecircncia dos custos de armazenagem e frete Nos Estados Unidos os produtores maximizam a lucratividade conjugando a armazenagem na fazenda com o transporte da safra via ferrovia-hidrovia Jaacute no Brasil e mais precisamente no Rio Grande do sul soacute os grandes produtores dispotildeem de estrutura de armazenagem na fazenda enquanto os pequenos e meacutedios defrontam-se com duas alternativas ou fazem a venda logo apoacutes a colheita ou utilizam armazeacutens de terceiros arcando em ambos os casos com as despesas de limpeza secagem e no segundo caso armazenagem

Passada esta etapa o custo do frete eacute o fator que mais pesa na determinaccedilatildeo do lucro ou prejuiacutezo do produtor gauacutecho A junccedilatildeo de alguns fatores leva a esta situaccedilatildeo

Quase 86 do transporte de cargas de soja gauacutecha satildeo feitas por rodovia

Por mais de duas deacutecadas o Rio Grande do Sul praticamente natildeo investiu na melhoria da malha viaacuteria que se deteriorou sensivelmente

A produccedilatildeo se interiorizou cada vez mais ficando dependente da malha viaacuteria decadente

A frota de caminhotildees tambeacutem envelheceu gerando mais custos aos seus operadores que os repassam ao preccedilo do frete

O mercado de frete natildeo tem transparecircncia que possibilite ao seu consumidor um controle sobre os preccedilos e

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Os outros modais de transporte ainda natildeo oferecem versatilidade e confiabilidade suficientes para se tornarem alternativas reais ao transporte rodoviaacuterio

Embora pareccedila paradoxal a comercializaccedilatildeo na safra quando os preccedilos da soja

Estatildeo mais baixos pode ser agraves vezes mais viaacutevel do que esperar para que sejam obtidos preccedilos mais altos no segundo semestre poreacutem com custos de armazenagem e de frete mais altos tambeacutem

Outra questatildeo que tambeacutem interfere na rentabilidade do produtor e que passa despercebida na maioria das anaacutelises eacute o niacutevel de juros praticados pelo mercado o que se explica pelo fato de que a anaacutelise claacutessica leva em conta no caacutelculo dos juros do custeio da safra a taxa praticada para o creacutedito rural determinado pelo plano de safra nacional Poreacutem sendo a soja uma produccedilatildeo de larga escala meacutedios e grandes produtores tecircm necessidade de custeio superior ao limite fixado pelo Conselho Monetaacuterio Nacional e para se financiarem recorrem ao mercado bancaacuterio comum sujeitando-se agraves taxas de juros normais que nos uacuteltimos tempos tem sido bastante elevado

415 ARMAZENAGENS DA SOJA

Mais uma vez o produtor comeccedila a pensar e a preocupar-se com a colheita armazenagem transporte e comercializaccedilatildeo da proacutexima safra a ser colhida sempre no iniacutecio do ano

Como sempre a logiacutestica de transporte e armazenagem revela-se carentes os custos com o transporte cada vez mais caros e a dependecircncia do produtor ficaraacute condicionada a diversos fatores alheios a sua vontade

Enquanto os EUA possuem capacidade para armazenar 25 safras o Brasil possui capacidade para armazenar 80 de sua safra espalhados em 13300 terminais de recebimento sendo que 24 estariam sob controle das cooperativas Paralelamente torna-se importante destacar que existem ainda necessidades ligadas ao acondicionamento do produto nos armazeacutens Segundo o Ministeacuterio da Agricultura cerca de 10 do total dos gratildeos colhidos eacute perdido por mau acondicionamento nos silos

No Brasil o sistema de armazenagem eacute quase que totalmente terceirizado (mais de 90) sendo feito atraveacutes de empresas comercializadoras cooperativas armazeacutens particulares Conab entre outras fragilizando e penalizando o produtor com custos adicionais e incertezas em relaccedilatildeo agrave custoacutedia de sua produccedilatildeo

A falta da infraestrutura para estocagem dos produtos agriacutecolas eacute um problema para o agricultor Assim que faz a colheita o agricultor eacute obrigado a transportar a safra e muitas vezes leva muito tempo para percorrer a distacircncia em

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funccedilatildeo das peacutessimas condiccedilotildees das estradas Em marccedilo eacutepoca de colheita da soja o frete chega a custar R$ 10000 em meacutedia por tonelada e esse valor cai para a metade no periacuteodo da entressafra

O problema que hoje constitui um gargalo para produccedilatildeo eacute a falta de silos e armazeacutens para estocar essa produccedilatildeo enquanto espera pelo processamento industrial ou pela exportaccedilatildeo

Enquanto que em paiacuteses mais avanccedilados a armazenagem proacutepria chega a 70 na Argentina um dos maiores produtores de soja a porcentagem cai para 25 e no Brasil 10

O produtor muitas vezes endividado se obriga a vender logo a colheita de soja para pagar as diacutevidas O ideal seria vender quando o frete eacute mais barato para quem e quando ele quisesse Mas poucos produtores estatildeo com condiccedilotildees financeiras para agir desta forma

Eacute hora de se pensar em alternativas praacuteticas e seguras de armazenagem para a produccedilatildeo e em proacutepria propriedade como se faz nos paiacuteses da Europa e EUA economizando bastante com essa praacutetica

Como a maioria dos produtores colheu a safra na mesma eacutepoca as induacutestrias aproveitam para se abastecer Entatildeo passada a euforia do pico da safra os produtores que possuem silos aguardam por boas ofertas de mercado Ter onde armazenar a safra seria essencial e os produtores que natildeo tecircm recorrem aos armazeacutens terceirizados onde ficam sujeitos agraves tarifas de mercado Quando o preccedilo estaacute em alta muitos produtores natildeo se preocupam em ter onde guardar a safra negociando rapidamente a produccedilatildeo e natildeo tendo o interesse em ter seu proacuteprio armazeacutem Mas se o preccedilo estiver em baixa e produtor resolver aguardar teraacute que procurar armazeacutens terceirizados que possam estocar a sua safra se sujeitando ficar nas matildeos do mercado

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Figura 16 Silos e Armazeacutens da CESA no Rio Grande do Sul

Armazeacutens localizados na regiatildeo de Passo Fundo - RS ADM Exportadora e Importadora SA Armando Menegaz e Cia Ltda Bunge Alimentos SA CESA - Cia Estadual DE Silos e Armazeacutens Cia Zaffari de Supermercado Com e Ind Condomiacutenio Agriacutecola Sementes F Gomes Cooperativa Agriacutecola de Pulador Ltda Cotrijal ndash Coop Trit M Alto Jacuiacute Ltda Cristiano Piierdonaacute e Cia Ltda Eloi Selesio Taschetto Com Cereais Josan Com Imp e Exp De Cereais Ltda Justimiano Augusto de Arauacutejo Trein Luiz Antocircnio Sagebin Albuquerque Master Alimentos e Cereais Ltda Paulo Tagliari Pradozem ndash Comeacutercio Serviccedilos e Transporte Ltda Sementes 35 Ltda Tauffer Comeacutercio de Cereais Ltda Vilmar Cirino do Carmo

4151Custo de Armazenagem no Rio Grande do Sul

Na tabela 13 relaciona-se o custo da armazenagem de gratildeos no rio Grande do Sul

Produto Custo de armazenagem (R$t)

1 mecircs 2 meses 3 meses 4 meses 5 meses 6 meses

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Soja 2288 2717 3145 3573 4001 4429

Milho 2168 2520 2873 3225 3578 3930

Cotaccedilatildeo realizada em fevereiro2015

Fonte Bunge Alimentos SA

416 PROBLEMAS ENCONTRADOS

No que refere ao transporte encontrou-se alguns obstaacuteculos eis alguns deles

Atrasos na viagem Um problema comum nos atrasos de viagem eacute o da quebra do veiacuteculo exigindo certo tempo para o conserto Eacute importante ressaltar que o atual estado da rede rodoviaacuteria de maacute conservaccedilatildeo e de obras inacabadas tem contribuiacutedo para esta problemaacutetica ser de cunho relevante Haacute tambeacutem os congestionamentos decorrentes das adversidades do tempo (chuvas excessivas) paralisaccedilotildees por acidentes greves entre outras

Oscilaccedilotildees no prazo de entrega Outro problema que ocorre com frequumlecircncia nos atrasos das entregas estaacute relacionado com deficiecircncias nas operaccedilotildees do depoacutesito armazeacutem ou centro de distribuiccedilatildeo Tais deficiecircncias podem ser devidas agrave inadequaccedilatildeo ou falta de equipamentos e de pessoal problemas de fluxo de informaccedilotildees (demora em processar eou transmitir os pedidos) estoques mal administrados entre outros

Avarias na carga e na descarga O transporte tambeacutem natildeo estaacute livre de avarias e extravios E eacute nas pontas nas operaccedilotildees de carga e de descarga que esse tipo de problema se apresente com maior gravidade em razatildeo da manipulaccedilatildeo inevitaacutevel da mercadoria

Necessidade de equipamentos especiais para carga e descarga Certos tipos de produtos requerem equipamentos especiais de carga e descarga como eacute o caso da soja que eacute descarregada em moegas a partir de caminhotildees basculantes e daiacute levada aos silos ou pilhas por meio de esteiras A escolha de equipamentos adequados para o transporte de produtos especiacuteficos eacute de vital importacircncia para se atingir um niacutevel de serviccedilo satisfatoacuterio no que se refere ao sistema logiacutestico espaccedilo fiacutesico para armazenagem

417 ESTUDOS DE ALTERNATIVAS

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Eis algumas alternativas a meacutedio e longo prazo para serem adotadas e assim ao menos diminuir o problema dos gargalos para o escoamento da safra gauacutecha mas salientando que o maior gargalo estaacute na infraestrutura viaacuteria que envolve problemas interligados e dependentes entre si Satildeo elas

Estudo das rotas

Avaliar custos diretos e indiretos na depreciaccedilatildeo do veiculo como cobertura de risco (seguro) custos que satildeo variaacuteveis como o gasto com combustiacuteveis lubrificantes pneus e manutenccedilatildeo Avaliar custos com licenciamento

Otimizar o tempo de ocupaccedilatildeo dos caminhotildees

Programar saiacutedas e retornos

Reduzir tempo de carga e descarga

Utilizaccedilatildeo de novas tecnologias como equipamentos de rastreamento (GPS monitoramento)

Comunicaccedilatildeo por meio de internet

Redimensionar os investimentos ociosos nas etapas de natildeo gargalo podendo assim constituir decisotildees estrateacutegica capazes de promover maior retorno sobre o investimento

Melhorar a capacitaccedilatildeo pessoal

Utilizaccedilatildeo de equipamentos apropriados para carga e descarga

Manutenccedilatildeo das rodovias

Investimentos governamentais tanto de construccedilatildeo como de manutenccedilatildeo das rotas viaacuterias estrateacutegicas para o escoamento da safra

Abertura de investimentos privados como linhas de financiamento especiacuteficas para construccedilatildeo de armazeacutens e silos na proacutepria propriedade rural

Contratos de concessatildeo nas estruturas viaacuterias

Regulamentaccedilatildeo apropriada de leis uma vez que as dificuldades poliacuteticas e a incapacidade de DNIT DERs ANTT ANTAQ Cacircmara e Senado tem em regulamentar satildeo extremante visiacuteveis

Incentivo e formaccedilatildeo de recursos humanos especiacuteficos na aacuterea de transporte como engenheiros civis mecacircnicos e escolas teacutecnicas

Contrataccedilatildeo de recursos humanos uma vez que faltam profissionais especiacuteficos para atuar no estado para que haja a junccedilatildeo do gerenciamento teacutecnico-admistrativo destes oacutergatildeos regulamentadores e fiscalizadores Eacute meramente impossiacutevel administrar algo sem ter o conhecimento teacutecnico e viaacutevel de seu funcionamento

Investimento em pesquisas atraveacutes de parcerias com universiadedes e institutos de pesquisa a fim de reduzir a distacircncia entre a pesquisa e praacutetica para que estes resultados venham a ajudar a entender e minimizar futuros gargalos logiacutesticos

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Ampliaccedilatildeo da capacidade de movimentaccedilatildeo de cargas agriacutecolas no sistema viaacuterio

Recuperaccedilatildeo e modernizaccedilatildeo das malhas ferroviaacuterias e rodoviaacuterias existentes bem como do sistema portuaacuterio

Reestruturaccedilatildeo da matriz de transportes com aumento da participaccedilatildeo dos modais ferroviaacuterio e hidroviaacuterio

Melhoria da qualidade na prestaccedilatildeo de serviccedilos de transporte em todos os modais envolvidos

Incentivo fiscal por parte do governa ( reduccedilatildeo de aliacutequotas)

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CONCLUSAtildeO

No mercado mundial o Brasil apresenta vantagens comparativas na produccedilatildeo da soja em relaccedilatildeo aos outros produtores mundiais mas perde em custos que envolvem infraestrutura como o transporte e a armazenagem do gratildeo

Os desafios da logiacutestica da soja satildeo muitos principalmente se tratando de uma commodity a qual eacute pereciacutevel e tem baixo valor agregado Isso envolve princiacutepios como as distacircncias envolvidas a previsatildeo da demanda a burocracia do comeacutercio as interferecircncias governamentais os impostos e as taxas de cacircmbio entre outras

Desta forma eacute necessaacuterio um alto niacutevel de coordenaccedilatildeo para o gerenciamento logiacutestico analisando os mercados sob ponto de vista global e regional para formular estrateacutegias de produccedilatildeo e distribuiccedilatildeo integrando todos os elos da cadeia visando sempre agrave reduccedilatildeo de custos e de tempo

As condiccedilotildees ideais para o desenvolvimento e implantaccedilatildeo de adequadas soluccedilotildees logiacutesticas para a movimentaccedilatildeo da soja devem ser caracterizadas pela integraccedilatildeo efetiva entre as diversas atividades desde a colheita ateacute seu destino final Nesse contexto apesar do transporte exclusivamente pelo modal rodoviaacuterio natildeo ser algo tatildeo desejaacutevel eacute de extrema importacircncia que a estrutura fiacutesica das rodovias esteja em plenas condiccedilotildees de uso pois esse modal eacute o uacutenico que permite o transporte chamado porta-a-porta funccedilatildeo esta extremamente importante Jaacute o transporte ferroviaacuterio a principio mais barato que o rodoviaacuterio mas que necessita de uma malha viaacuteria mais abrangente e capilarizada O transporte hidroviaacuterio por sua vez mais barato ainda que o transporte ferroviaacuterio haja que demonstrar sua competitividade mesmo em soluccedilotildees logiacutesticas que venham a demandar vaacuterias operaccedilotildees de transbordo

Um fator importante a salientar eacute que a regiatildeo sul tem apresentado uma seacuterie de limitaccedilotildees agrave expansatildeo mariacutetima sendo o espaccedilo geograacutefico um dos problemas para sua efetivaccedilatildeo Praticamente todos os rios na regiatildeo sul correm na direccedilatildeo oposta agraves saiacutedas para a exportaccedilatildeo Assim os modais de transporte mostram um cenaacuterio preocupante com um sistema caro necessitando de accedilotildees especiacuteficas em sua infraestrutura objetivando ganhos na competitividade gerando maior agilidade qualidade de serviccedilo e menores custos e isso deve estar associada agraves possiacuteveis alternativas de transporte e armazenagem da soja

Evidencia-se hoje que as dificuldades para o escoamento da soja comeccedilam na recepccedilatildeo desta que depende da regiatildeo de produccedilatildeo e das condiccedilotildees climaacuteticas na colheita apresenta diferentes niacuteveis de umidade e de impurezas A soja natildeo pode ser armazenada ou exportada antes de estar no niacutevel de umidade aceitaacutevel necessitando passar pelos secadores antes de ser transportada demandando tempo para tal operaccedilatildeo O produtor gauacutecho natildeo possui armazenagem em sua aacuterea de produccedilatildeo

Outro fator que interfere no escoamento da safra gauacutecha eacute o valor dos fretes fundamental na logiacutestica do gratildeo e afeta fortemente a rentabilidade do agronegoacutecio No transporte da soja o pico de escoamento daacute-se nas regiotildees onde as unidades agriacutecolas estatildeo situadas Isso porque o agricultor natildeo possui instalaccedilotildees adequadas que permitam manter a produccedilatildeo na fazenda gerando a procura por transporte ao mesmo tempo e entatildeo elevando o custo do frete

Uma alternativa para a reduccedilatildeo destes custos poderia ser a utilizaccedilatildeo de outros modais significando reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo Mas o sistema

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ferroviaacuterio como um todo poreacutem natildeo eacute ainda confiaacutevel principalmente no que se refere a horaacuterios e agraves perdas pois se isso ocorrer as perdas podem ateacute inviabilizar a operaccedilatildeo Aleacutem disso haacute possibilidade de perdas agrave umidade e aos impactos nos vagotildees Por isso ainda que o valor do frete ferroviaacuterio seja menor o sistema ainda natildeo se tornou competitivo Espera-se que com a efetivaccedilatildeo da poliacutetica de concessotildees de ferrovias agrave iniciativa privada possa-se reverte este quadro

Nesta mesma linha de raciociacutenio o sistema hidroviaacuterio natildeo se mostra competitivo Um dos motivos eacute o alto investimento para a composiccedilatildeo de um comboio de barcaccedilas Tambeacutem os custos fixos de manutenccedilatildeo ainda satildeo altos indicando que as barcaccedilas devem tornar maior possiacutevel sua produtividade da capacidade de carga a cada viagem poreacutem observou-se que isso natildeo tem ocorrido

Entretanto o principal motivo de natildeo se possuir um sistema hidroviaacuterio eficiente e que venha a solucionar o problema dos gargalos na safra de soja reside no fato de que natildeo haacute rios navegaacuteveis e rotas mariacutetimas que faccedilam uma rota dentro do interior do estado do Rio Grande do Sul e que desemboquem no oceano sendo assim natildeo se estabelece ligaccedilotildees entre os centros econocircmicos importantes Se essa operaccedilatildeo fosse efetivada resultaria em elevados custos operacionais e perdas que desestimulariam o uso da hidrovia Nesses termos seria mais racional colocar a carga em um caminhatildeo sem que haja transbordos e desfrutar do serviccedilo porta a porta A malha rodoviaacuteria continuaraacute sendo o principal modal no escoamento da soja As medidas referentes agrave reduccedilatildeo dos custos de transporte no curto prazo dizem respeito ao aumento da produtividade dos veiacuteculos rodoviaacuterios melhorando os processos de carga e descarga e administrando as cargas de retorno Tambeacutem eacute importante salientar que os investimentos por parte dos produtores no que se refere agraves instalaccedilotildees de armazenagem na proacutepria unidade agriacutecola estatildeo intimamente ligados agrave logiacutestica do escoamento do gratildeo podendo assim diminuir significativamente os gargalos e as perdas que ainda hoje satildeo evidenciadas

As rotas rodoviaacuterias seratildeo por muito tempo ainda superior a outros modais Poreacutem a racionalizaccedilatildeo do sistema rodoviaacuterio sua manutenccedilatildeo e a integraccedilatildeo logiacutestica como um todo deve ser tratadas pela iniciativa puacuteblica e privada e dar inicio a um sistema eficiente e confiaacutevel de cargas e fretes

Outro aspecto que necessita muita atenccedilatildeo eacute a administraccedilatildeo do fluxo de soja entre as aacutereas produtoras cooperativas e embarque pois podem ocasionar filas no paacutetio de triagem e a espera durante as operaccedilotildees de carga e descarga acarretam num aumento do custo total de transporte Outro agravante do valor do custo de transporte eacute a ociosidade dos caminhotildees em relaccedilatildeo a cargas de retorno apenas 50 retornam com mercadorias No aspecto da armazenagem o problema reside na falta de infraestrutura adequada para possibilitar separaccedilatildeo de diferentes padrotildees qualitativos do gratildeo que reduz a viabilidade de pagamento por qualidade Eacute importante tambeacutem lembrar que o fator climatoloacutegico dificulta a fluidez da soja

Sendo assim a falta de infraestrutura nos transportes e na armazenagem da soja por falta de incrementos principalmente na aacuterea governamental faz com que a logiacutestica do escoamento da safra gauacutecha enfrente todos os anos os mesmos gargalos operacionais e sendo assim um entrave para que nesse cenaacuterio logiacutestico a regiatildeo sul se destaque bem como o Brasil ocupe o primeiro lugar em exportaccedilatildeo a niacutevel mundial

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FERPAGRO(Porto Alegre RS) Indicaccedilotildees teacutecnicas para a cultura de milho no Estado do Rio Grande do Sul Porto Alegre Fepagro Embrapa Trigo Emater-Rs Fecoagro-RS 2001 135 p (Boletim Teacutecnico 7)Biblioteca(s) Epagri-Sede Planta de soja disponiacutevel em httpcoisasdealimentosblogspotcombr201406sojahtml 140115 agraves 00h006 min Evoluccedilatildeo da produccedilatildeo da soja no Brasil disponiacutevel em httpwwwconabgovbrSeacuteriesHistoricas 15032015 agraves 21h27min

Distribuiccedilatildeo da produccedilatildeo mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Exportaccedilotildees mundial de soja disponiacutevel em FAPRI httpwwwfapriorg 16022015 agraves 18h11min

Produccedilatildeo Mundial de Soja em Gratildeos disponiacutevel em Usdandash wwwfasusdagov Agostos 2013 visitado em 15032015

Produccedilatildeo Obtida de Cereais Leguminosas e Oleaginosas no Brasil 2000-2006 disponiacutevel em wwwibgegovbr 160215 agraves 19h21min

COLHEITA DA SOJA disponiacutevel em httpwwwoperefuturoscombrnoticiascolheita-soja 290115 agraves 18h31 min

Malha Rodoviaacuteria do Rio Grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h52min

Malha Ferroviaacuteria do Rio grande do Sul disponiacutevel em wwwscprsgovbrAtlas

290115 agraves 19h54min

Navio graneleiro sendo carregado disponiacutevel em

wwwportosdoparanaprgovbrphpFoto=1601 em 15022015 20h23min

Estruturas de armazenamento de gratildeos disponivel em

httpwwwnoticentercombrcooper 15022014 agraves 20h41min

79

ANEXOS

Figura 17 Porto de Paranaguaacute ndash PR

Situaccedilatildeo que se encontravam os portos antes do agendamento de

descarga de gratildeos onde se formavam longas filas e dias perdidos na espera

Porto de Paranaguaacute-PR

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5 ANAacuteLISES SINOacutePTICAS DAS RESPOSTAS DADAS AO QUESTIONAacuteRIO

QUE FOI DIRECIONADO AOS PRODUTORES EMPRESAS E AFINS DO

AGRONEGOacuteCIO

QUESTIONAacuteRIO

1- No geral quais satildeo as maiores dificuldades para o escoamento da safra de soja nestes uacuteltimos anos 2- Nesta safra de soja haacute possibilidade de colapso no escoamento 3- Quais as alternativas para que haja a reduccedilatildeo de despesas com fretes e outros gastos de transporte 4- Como a carga tributaacuteria influecircncia no escoamento da safra de soja 5- Com o passar do tempo a tecnologia tem ajudado para o melhoramento no escoamento de gratildeos 6- Quais os problemas encontrados na armazenagem do produto 7- O que poderia melhorar na trafegabilidade das estradas 8- Qual eacute a sua avaliaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte no Rio Grande do Sul 9- Com que medidas o governo poderia ajudar para evitar os gargalos na safra da soja 10- O que eacute o principal e o mais importante fator que impede o escoamento da safra da soja Apoacutes analisar as Empresas do Agronegoacutecio (Produtores Comerciantes) observou-se que as Empresas A C D

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