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Parede ou vedação Por Gisele Cichinell http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/128/artigo66600-5.asp REPORTAGENS More Sharing ServicesCompartilhe | Share on facebookShare on myspaceShare on googleShare on twitter | Parede ou vedação Com características que permitem serem usadas tanto em paredes com steel frame como em acabamento de fachadas, as chapas de cimento e fibras apresentam grande resistência e durabilidade Por Gisele Cichinell As chapas cimentícias surgiram na década de 1970 mas foi a partir do desenvolvimento do mercado de construção seca que começaram a ser mais usadas no País. A associação com a técnica steel frame não aconteceu por acaso. A instalação do produto, rápida e limpa, vai ao encontro dos procedimentos de montagem, vantagem que caracteriza esse sistema construtivo. No entanto, a lenta difusão do conceito fast construction vem ocasionando um certo desconhecimento técnico do produto, principalmente quando o assunto é a sua aplicação. Seu uso vai além dos fechamentos externos e internos de estruturas pré- fabricadas ou convencionais podendo ser aplicadas até mesmo em pisos, forros e shafts.

Chapas cimentícias - Techne

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Parede ou vedação

Com características que permitem serem usadas tanto em paredes com steel frame como em acabamento de fachadas, as chapas de cimento e fibras apresentam grande resistência e durabilidade

Por Gisele Cichinell

As chapas cimentícias surgiram na década de 1970 mas foi a partir do desenvolvimento do mercado de construção seca que começaram a ser mais usadas no País. A associação com a técnica steel frame não aconteceu por acaso. A instalação do produto, rápida e limpa, vai ao encontro dos procedimentos de montagem, vantagem que caracteriza esse sistema construtivo.

No entanto, a lenta difusão do conceito fast construction vem ocasionando um certo desconhecimento técnico do produto, principalmente quando o assunto é a sua aplicação. Seu uso vai além dos fechamentos externos e internos de estruturas pré-fabricadas ou convencionais podendo ser aplicadas até mesmo em pisos, forros e shafts.

O produto é resultante da mistura de cimento Portland, agregados, adições ou aditivos e reforçado com fibras, fios, filamentos ou telas. De acordo com o professor Vanderley John, do departamento de engenharia de construção civil da Poli-Usp (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), a solução é bastante competitiva, sobretudo quando comparada aos painéis de concreto arquitetônico e os pré-fabricados GRC (Glass

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Reinforced Concrete), ainda caros. "Também é uma opção às fachadas de placas de rocha e alumínio", explica.

Entretanto, é importante considerar que a chapa cimentícia faz parte de um sistema que inclui componentes como parafusos, fitas, massas e juntas de dilatação, entre outros, específicos para esse tipo de produto e para sua aplicação.

Essa ressalva é feita por Alexandre Mariutti, diretor da Construtora Seqüência, empresa que há nove anos usa o material. "Usamos diversas marcas, até importadas, e tivemos todos os tipos de patologias até abandonarmos esse sistema", lembra. A decisão só foi revista quando a construtora ganhou uma concorrência que exigia o uso do produto. A solução foi contratar um consultor internacional para auxiliar no desenvolvimento do sistema completo, incluindo a "receita" da argamassa. "É muito importante estar atento a todas as interfaces do sistema", orienta o construtor.

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Com características que permitem serem usadas tanto em paredes com steel frame como em acabamento de fachadas, as chapas de cimento e fibras apresentam grande resistência e durabilidade.

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ExecuçãoPara não comprometer a velocidade de execução do sistema steel frame, o uso de chapas cimentícias exige um projeto estrutural bem definido e compatibilizado com os demais. "Principalmente com os projetos arquitetônico, elétrico e hidráulico", completa o engenheiro Levi Cabral Simões, da Steelcon Construções.

Antes de especificar, é importante ter em mente a função que o material exercerá. Cada uma das aplicações requer cuidados específicos, indicados pelos próprios fabricantes.

De acordo com o engenheiro Cláudio Oliveira Silva, gerente de Indústria da Pré-fabricação da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), os principais erros de especificação são indicações de uso inapropriado e de espessura e categoria inadequadas.

As placas para uso externo, por exemplo, devem apresentar maior resistência para suportar as variações climáticas, o contato com umidade e com a insolação direta. Já as solicitações dos ventos e das cargas horizontais devem ser levadas em conta no caso da sua aplicação em fachadas.

Entre as patologias mais comuns estão as trincas, destacamentos e folgas, verificadas em casos de erros de projetos ou má execução. Um dos pontos mais críticos da execução são

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as juntas. Quando malfeitas comprometem não apenas a estética como o sistema de vedação da parede.

O pesquisador Cláudio Mitidieri, do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), alerta que a variação dimensional da placa - característica que a norma brasileira deixa em aberto - é um detalhe importantíssimo que deve ser checado no momento da compra. "A partir dessa informação é possível saber qual a variação de umidade e temperatura das chapas e, conseqüentemente, definir o tipo de junta a ser usado", explica

O dimensionamento das juntas deve levar em conta as características de cada tipo de placa. Pode-se executar juntas do tipo dissimulada (com telas e massa para junta) ou do tipo aparente (selante flexível-polissulfeto, poliuretano ou silicone).

A fixação junto aos perfis de aço ou de madeira, conforme comentam os especialistas, é outro ponto que merece atenção especial. Além do dimensionamento adequado e quantidade correta, os parafusos devem ser de excelente qualidade e, principalmente, resistentes à corrosão. Do contrário, podem danificar a superfície das chapas comprometendo a qualidade do sistema.

Para evitar descolamentos do revestimento, sobretudo os cerâmicos, uma boa dica é estar atento às características de absorção de água e variação dimensional.

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Rumo à normalizaçãoO primeiro passo em direção à padronização e qualidade dos produtos ofertados ao mercado brasileiro acaba de ser dado. A NBR 15498 - Placa Plana Cimentícia sem Amianto - Requisitos e Métodos de Ensaio, que vigora desde agosto de 2007, é a primeira norma nacional a estabelecer os requisitos, métodos de ensaio e as condições de recepção das placas planas cimentícias reforçadas com fibras, fios, filamentos ou telas.

A classificação prevista segue a filosofia da norma internacional ISO 8336 (Fibre-cement flat sheets - Product specification and test methods). De acordo com a engenheira Inês Laranjeira da Silva Battagin, superintendente do ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados da Associação Brasileira de Normas Técnicas), a expectativa é que a norma fomente melhorias nos produtos e serviços, beneficiando o consumidor final.

Entre os critérios a serem adotados, destacam-se os requisitos dimensionais, que deverão ser checados no recebimento do produto e os físicos e mecânicos, verificados por ensaios a serem realizados pelo fabricante de acordo com o plano de amostragem da produção.

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PesquisaCom o objetivo de desenvolver painéis cimentícios de alta durabilidade e bom desempenho destinados aos edifícios habitacionais e comerciais construídos com a técnica construtiva steel frame, a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) pelo Programa de Tecnologia para Habitação (Habitare/Finep) e em parceira com professores da FZEA (Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos), EESC (Escola de Engenharia de São Carlos) e várias empresas do setor - está estudando uma série de tecnologias para placas moduladas.

Os trabalhos visam à redução das matérias-primas usadas na fabricação do produto - como a celulose, por exemplo - e a melhoria dos processos de cura. "O foco é o desenvolvimento de um produto de excelente desempenho, ecoeficiente, com alta tecnologia e de baixo custo", explica o professor Vanderley John, coordenador do projeto.

Outro conceito inovador será o desenvolvimento de materiais com a aplicação da tecnologia FGM (Functionaly Graded Materials) que permitirá variar as propriedades dos produtos ponto a ponto, conforme as especificidades de cada projeto.

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A princípio, a tecnologia está sendo aplicada nas telhas onduladas de fibrocimento. Mas também deveão ser empregados às chapas cimentícias, componentes que serão beneficiados a partir da redução do teor de fibras utilizados atualmente, sem prejuízo do desempenho desse componente.

"Será possível concentrar os materiais mais resistentes à deterioração ou degradação nas superfícies expostas às intempéries enquanto os materiais de baixo custo comporiam a camada central", explica o pesquisador Cleber Marcos Ribeiro Dias, um dos envolvidos no projeto.

A expectativa é de que, com a aplicação dessa tecnologia, seja possível alterar a escala de produção de muitos produtos, incluindo a de chapas. Isso porque os materiais mais caros só serão empregados nos pontos onde forem realmente necessários. "Os benefícios ambientais e econômicos não podem ser subestimados, pois significam até 75% das matérias-primas retiradas da natureza", completa John.

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FORNECEDORES

Decorlit

Produto: DecorlitComposição: cimento Portland, celulose, fibra sintética e aditivos (tecnologia CCFS)Espessura: 6/8/10/12 mmPeso: 27,6/36,8/46,0/55,2 kgLargura: 1,20 mmComprimento: 2,40 mmDensidade: seco 1,62 g/cm3 e saturado 1,97 g/cm3Índice de propagação de chama: conforme teste feito em estufa, não entrou em combustão e suportou até 1.100ºCTipo de borda: reta ou rebaixadaResistência à flexão: 16 MPaAbsorção de água: teores inferiores ao estabelecido pela NBR-6470Índice de variação por umidade: impermeável

Eternit

Produto: EterplacComposição: CRFS (Cimento Reforçado com Fios Sintéticos) Espessura: 6/8/10/12 mmPeso: varia de acordo com a espessura, sendo 10,2 kg/m² (placa de 6 mm); 13,6 kg/m² (8 mm); 17 kg/m² (10 mm);

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25,2 kg/m² (12 mm)Largura: 1,20 m Comprimento: 2 m, 2,40 m e 3 mDensidade: seca = 1,40 g/cm³; ambiente = 1,70 g/cm³ Condutibilidade térmica: 0,48 W/m.k Índice de propagação superficial de chama: o material é incombustível (ISO 1182/90) Tipo de borda: quadradaResistência à flexão: 14 MPa (142,76kgf/cm2 ) (chapa na condição ambiente) e 11 MPa (chapa saturada)Absorção de água: média de 24%Variação dimensional: 2,0 mm/m saturado/seco (conforme norma NBR-15498)

Useplac

Produto: UseplacComposição: concreto de agregados levesEspessura: 13 mm e 9,5 mmPeso: 16,5 a 18 kg/m² (13 mm de espessura)Largura: 1,2 mComprimento: 2,4 mDensidade: 1.300 kg/m³ densidade aparenteÍndice de propagação superficial de chama: incombustível, não propaga chamaTipo de borda: envolta em tela na longitudinalResistência à flexão: 7 MPaAbsorção de água: média de 29%Índice de variação por umidade: 0,06%

Climatex

Produto: Placa Cimentícia de Madeira Mineralizada Climatex WWCB (Wood Wool Cement Board)Composição: painel de fibras longas (50 cm) de madeira de reflorestamento (pínus) tratadas quimicamente e aglomeradas com cimento Portland CP V ARI RS, conforme norma DIN 1101Espessura: 50 mmPeso: 51 kgLargura: 1.000 mmComprimento: 2.600 mmDensidade: 440 kg/m³Condutividade térmica: 0,032 kcal/m²/h/°CPonto de ignição: incombustívelRetardante à chama: Classificação B1 - Norma DIN 4102

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Isolamento acústico: 35 dB a 54 dBAbsorção acústica: até 84%Tipo de borda: retaResistência à flexão: consulte tabela do fabricanteAbsorção de água: material higroscópico Índice de variação por umidade: N/D

Brasilit

Produto: BrasiplacComposição: fabricadas a partir da tecnologia CRFS (Cimento Reforçado com Fios Sintéticos), sem amianto Espessura: 6/8/10/12 mmPeso: 10,20 kg/m², 13,60 kg/m², 17,00 kg/m² e 20,40 kg/m²Largura: 1,20 mComprimento: 2,00 m, 2,40 m e 3,00 mDensidade: 1,70 g/cm3Condutibilidade térmica: 0,35 W/mk Resistência ao fogo: incombustíveisTipo de borda: possuem bordas rebaixadas (disponíveis para placas de 12 mm, 10 mm e 8 mm de espessura) para o tratamento de junta invisível e bordas. Já as placas sem rebaixo (com bordas quadradas) são indicadas para tratamento de juntas aparentes ou abertasResistência à flexão: 8 MPa (transversal) e 17 MPa (longitudinal) na condição ambiente e 5 MPa (transversal) e 11 MPa (longitudinal) na condição saturadaAbsorção de água: 30% (máximo) Índice de variação por umidade: 2,5 mm/m (saturado seco em estufa)Índice de variação por umidade: aproximadamente 2,0 mm/m (saturado/seco em estufa a 110ºC)

Bricka

Produto: Brickawall PlusComposição: concreto leve reforçado nas duas faces com tela de fibra de vidro resistente aos álcalis do cimentoEspessura: 12,7 mmPeso: 14,6 kg/m2Largura: 91,4 cm Comprimento: 182,8 cm Densidade: não informaCoeficiente de condutibilidade térmica: varia em

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função da espessura da camada de lã de vidro incorporada, segundo a norma DIN 19.165 parte I Resistência ao fogo: 1 h a 2 hTipo de borda: não informaResistência à flexão: 9 MPaAbsorção de água: menos de 5% em massaÍndice de variação por umidade: não informa

Knauf

Produto: DurockComposição: cimento Portland com aditivos especiaisEspessura: 12,5 mmPeso: 15 kg/m2Largura: 1.219 mmComprimento: 2,300 mmDensidade: 1.200 kg/m3Coeficiente de eficiencia térmica: 0,26 kcal.m2/wÍndice de propagação superficial de chama: incombustívelTipo de borda: arredondada com reforçoResistência à flexão: 5,3 MPaAbsorção de água: 10%

Infibra

Produto: Infibra (chapa lisa)Composição: cimento Portland, calcário, celulose e amianto CrisotilaEspessura: 4/5/6/8/10 mmPeso: 7/ 8/10/13/16 kg/m2Largura máxima: 1,20 mComprimento: 3,00 mDensidade: seco 1,65 g/cm3 e saturado 2,00 g/cm3Índice de propagação de chama: conforme teste feito em estufa não entrou em combustão e suportou até 300ºCTipo de borda: reta ou rebaixadaResistência à flexão: de acordo com o estabelecido nas normas ABNTAbsorção de água: de acordo com o estabelecido nas normas ABNTÍndice de variação por umidade: 2 mm/m (reversível)