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Charles Hodge - O Batismo Cristao - Imersao Ou Aspersao - Charles Hodge

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0 BATISMO CRISTÃO: IMERSÃO OU ASPERSÃO?

Charles Hodge © 2003 Editora Cultura Cristã

Traduzido do espanhol sob o título:  De la Insígnia Cristiana Copyright © Asociación Cultural de F.studios

de la Literatura ReformadaTraduzido e publicado com permissão.

I a edição: 1 9982a edição: 2 003

Tradução: Sabatini LalliRevisão: Denise Ceron

Capa e editoração eletrônica: Magno Paganelli

SCtfitoro Cultura CristoRuaMiguelTelesJúnior. 394- Cambuci

01540-040- SàoPaulo- SP- Brasil

C.Postal15.136- SàoPaulo- SP- 01599-970

Fone(0**11)3207-7099- Fax(0**11)3209-1255

www.cep.org.br- [email protected]

Superintendente: Haveraldo Ferreira VargasEditor: Claudio Antônio Batista Marra

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Sumário

I 0 MODO DO BATISMO 7

A. O significado do vocábulo “batizar" 91. Não tem um sentido único 92. Não se emprega em sentido literal 10B. Os batismos dos judeus 11C. Os batismos dos judeus não eram feitos por imersão 151. A imersão não está estabelecida 162. Os batismos (ou purificações) eram por aspersão ou efusão 163. As aspersões e efusões são chamadas batismos 17

4. “Batizar” equivale a “ lavar" 185. O batismo judeu como rito cotidiano 196. Casos em que a imersão era impossível 207. Hebreus 9.10 e os batismos por aspersão ou efusão 20I). A forma do batismo cristão e a forma do batismo judeu 221. Idêntico significado da água nas duas dispensações 222. Expressões simbólicas que favorecem a aspersão/efusão 223. |esus não altera o significado ou o uso do vocábulo 234. Exemplos de batismo por efusão 235. O elemento é aplicado ao sujeito e não o contrário 246. Batismos cristãos in situ  257. Resposta a três argumentos em favor da imersão 258. Nem o batismo de |oão nem o dos apóstolos era por imersão 27

II - A QUEM St: DEVE BATIZAR 35

A. Deus incluiu as crianças no pacto com seu povo 351. As promessas e as profecias são imutáveis 382. A identidade da igreja em ambas as dispensações 393. Composição da primitiva igreja cristã 394. A identidade da igreja, principal razão da inclusão das crianças 40B. O Novo Testamento confirma que os filhos dos crentes sãomembros da igreja 47C. A prática da igreja primitiva 50

111- EXPOSIÇÃO PRÁTICA DO BATISMO DE CRIANÇAS 55

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C l I A R I M S H o i X i l :

A. Os pais 561. Sua fé com motor e condição do batismo 562. Sua fé como elemento benfeitor 57

3. Sua fé como fonte de benção divina 574. Sua fé como vínculo da criança comaigreja 58B. A igreja 59C. As crianças 621. O batismo regenera as crianças? 632. Benefícios derivados do batismo 663. O problema das deserções espirituais 67D. Deus 73Conclusão 77

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Capítulo 10 MODO DO BATISMO

Todos os protestantes crêem que o Senhor Jesus Cristo

instituiu apenas dois sacramentos para sua igreja: o batismoe a santa ceia. Apesar de haver acordo com relação a isso,existem divergências sobre vários pontos relativos a essasordenanças. No que se refere ao batismo, as diferenças dizemrespeito ao modo, ao sujeito  e ao efeito prático  do sacramento.

Os pastores da Igreja Presbiteriana não costumam

discutir o modo   de administrar o batismo, exceto quandoprovocados pela incessante insistência dos que adotamprática diferente da nossa. Isso não significa que nossa féseja vacilante ou que pensemos que a Palavra de Deus sejaobscura em relação ao assunto. Simplesmente, acreditamosque o modo de administrar o batismo é de importância

relativa. Ou seja, não achamos que a validade dessaordenança   dependa da quantidade de água empregada oudo modo como a água é aplicada. Da mesma forma, avalidade do outro sacramento — santa ceia — não dependedo modo de administrá-lo. Supomos que todos aceitam essamaneira de ver a questão, pois se pode receber a santa ceiade pé, sentado, ajoelhado ou deitado; ao mesmo tempo em

que se celebra um ágape ou não; na casa de um enfermo, naigreja ou no bosque; com mais ou menos pão ou com maisou menos vinho.

Na verdade não foi estabelecido um modo  definido paracelebrar a ceia do Senhor. Porém, o fato é que, segundocremos, não há neste mundo uma única denominação cristã

que pretenda celebrá-la exatamente como o Senhor ainstituiu. Por que, então, o modo deve ser tão importante

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8 C i i A i t n . s  IloiM.i.

quando se trata do batismo? Essa pergunta não tem respostasatisfatória. O modo de administrar o batismo é,

relativamente, de pouca importância. Há questões de muitomaior relevância às quais devem dedicar-se os cristãos.

Não existe, portanto, nada que nos obrigue a tratardo batismo, nem somos tão vaidosos a ponto de supor quevamos lançar nova luz sobre uma questão tão antiga. Apesarde tudo, há algumas razões gerais que demonstram que é

oportuno dedicar-lhe ainda que seja um pouco de atenção.Em primeiro lugar, trata-se de uma ordenança cristã,

que pertence à boa ordem da igreja e ao bem-estar, deverese privilégios de seus membros. Assim deve ser entendidaem todas as suas implicações.

Em segundo lugar, em quase todas as igrejas há

pessoas cujos critérios não estão bem fundamentados e cujamente não tem sossego no que se refere ao assunto. Issoacontece particularmente onde há confronto com os que dãomuita importância ao modo, tornando-o essencial, e quesempre entoam a mesma cantilena. Com o objetivo de ajudaressas pessoa, é preciso tratar dessa matéria, ainda que demodo sumário.

Em terceiro lugar, nosso silêncio é, às vezes, malinterpretado, havendo quem diga que nossa forma deproceder não pode ser defendida pelas Escrituras.

E, por último, existe uma grande denominação cristã— cujos membros nos regozijamos de reconhecer comoirmãos em Cristo — que faz dessa ordenança uma condiçãode comunhão e uma prova de organização eclesiástica.

Por todas as razões mencionadas, esse assunto deveriaser mais discutido em livros e nos púlpitos, ainda que semprecom o espírito manso, sem ofensa, cristão. É desse modoque pretendemos abordar a questão, pois a verdade não sofremenosprezo com esse método.

A essência de nossa explicação pode ser decompostaá i i õ ti l

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O B at is m o   C  r istã o . I  m e rsã o   o u  A s t i - r s à o   9

A. 0 significado do vocábulo “batizar”

O modo do batismo não deve ser determinado combase no uso clássico das palavras empregadas para defini-lo. Freqüentemente, apela-se para tal uso como se isso fossealgo definitivo na questão. Afirma-se que bapco, baptizo   ebaptismos,  etc., sempre e necessariamente expressam, emgrego moderno, a idéia de imersão e que, por isso, devemter o mesmo sentido quando são empregados pelos escritores

sagrados. Nossa réplica é dupla:

1. Não tem um sentido único

Em primeiro lugar, negamos totalmente essa hipótese.As referidas palavras nem sempre significam submergir. 

Freqüentemente se empregam com o sentido de derramar  sobre , lavar , limpar, tingir, manchar, etc., sem levarem contaforma concreta de alguma aplicação. Podem expressarimersão parcial, imersão total, absorção  ou efusão. Isso podeser comprovado em qualquer bom dicionário da língua grega.De fato, nossos próprios irmãos batistas admitem que todaevidência está contra eles. Alexander Carson diz: “Meu

critério é que esse vocábulo (baptizo)   significa sempresubmergir; e que sempre se refere ao modo. Pois bem: dadoque tendo todos os lexicógrafos e comentaristas contra mim,será necessário dizer duas palavras a respeito da autoridadedos dicionários” .1 Com desesperada coragem, digna demelhor causa, enfrenta "todos os lexicógrafos e

comentaristas". O leitor pode imaginar qual será seu êxitonessa empreitada! Sua concessão demonstra, sem dúvida,que, segundo os melhores eruditos, aquelas palavras nãotêm o significado exclusivo e uniforme que ele lhes querdar. Se os escritores gregos as empregaram em váriossentidos, como vamos, partindo de tão variados usos,estabelecer o  sentido em que o Espírito Santo as utiliza aoprescrever ou instituir uma ordenança da igreja?Evidentemente o testemunho clássico não nos serve

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10  C  hari . es   Hoixu:

2. Não se emprega em sentido literal

Em segundo lugar, supondo que os referidos versículosfossem usados de modo uniforme e que o Dr. Carsonconseguisse demonstrar que eles sempre expressam a idéiade imersão, não se poderia concluir, necessariamente, queos escritores sagrados empregaram tais palavras com umúnico sentido.

A palavra que designa a santa ceia não é utilizada nosentido fixo e uniforme que recebe entre os escritoresprofanos. Para eles, denota uma refeição completa, aprincipal do dia. Nunca significa comer um pedacinho depão e tomar um gole de vinho. Não obstante, foi o que nossoSalvador fez ao instituir a cerimônia e foi só o que ordenou,ao dizer: “Fazei isto em memória de mim” .

Pois bem: se o sentido original e uniforme da palavraempregada, em relação a um sacramento, não se conserva,por que não pode ocorrer o mesmo em relação ao outro?Uma porção de água que se derrama ou se esborrifa sobre acabeça do batizando está tão próxima da imersão quantoum pedacinho de pão e um gole de vinho de uma refeição

oriental.Por essa razão, ainda que fosse certo que, no grego

clássico, as palavras em questão sempre significassem oufavorecessem a idéia de imersão, não se poderia afirmarque esse tivesse de ser o seu sentido no Novo Testamento.Há na Bíblia muitas outras palavras gregas com significadocompletamente diferente do que têm no grego clássico. Porexemplo: logos,  quando se aplica à segunda pessoa daTrindade: “No princípio era o Verbo” . Algum escritor profano já empregou o termo com tal sentido? Negaremos por issoque na citada passagem esse termo tenha uma aplicaçãoinspirada? Naturalmente, não. Porém, se num caso podemosseparar-nos do uso comum, por que não podemos, com razão

suficiente, fazê-lo no outro?Concluímos, portanto, que Dr. Carson não pode

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O B at i smo C r i s tão , Im hksào o i ' Asri:i<sÂo  11

válido. 0 uso pagão não constitui a norma de interpretaçãodas Escrituras. Às vezes pode ajudar a servir para confirmar,

mas nunca deve servir de norma. Nós apelamos só para aBíblia. Esta é a autoridade para os protestantes.

B. Os batismos dos judeus

Em segundo lugar, o batismo, como prática, não foiuma novidade introduzida por Jesus, pelos apóstolos ou por

 João Batista, mas era uma cerimônia comum e já conhecidapelos judeus. Provavelmente isso difere da idéia disseminadaentre muitos cristãos, especialmente entre os que insistemem que a imersão é o único modo de batizar. Tais crentespensam que os judeus não conheciam nem praticavam nadasemelhante; que João Batista, quando apareceu pregando

no deserto, introduziu, por inspiração divina, um ritocompletamente novo; que o Senhor e os apóstolos oincorporaram à igreja cristã, quando esta começava aorganizar-se; e que a própria forma da cerimônia foi dispostacom a intenção de transformá-la numa prova para os crentes,uma espécie cie “ teste” de sua disposição para fazer ou

submeter-se a qualquer coisa por causa de Cristo. Daíresultam, por um lado, a ostensiva declaração de que nãose envergonham de seguir Cristo às águas e, por outro, a

comum insinuação de que o modo contrário supõe orgulhoou a falta de disposição à abnegação.

Em contraposição, afirmamos que a prática de batizar

era comum entre os judeus desde muito antes da vinda denosso Senhor (é claro que não em nome da Trindade). Essacerimônia era um ato de purificação religiosa e, como ato, portanto, nada tinha de humilhante ou de prova dediscipulado. Qualquer que fosse para o cristão a vergonhaligada ao batismo, não se devia ao ato, método   ou maneira  de batizar, mas à profissão de fé no Nazareno.

Este é um passo importante no argumento que nosf

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O Batismo Cnis iAo, Imi-rsAo ou Asphksào  13

Essas palavras foram, precisamente, as empregadaspara designar o batismo de João e o do Pentecostes, ou seja,

foram utilizadas para designar essa ordenança em todo oNovo Testamento. Oue os judeus se batizavam  e batizavam  objetos é um fato tão claro como o batismo de João ou dequalquer apóstolo, segundo vemos expressa e repetidamenteassinalado. Por outro lado, um dos motivos de queixa contrao Salvador era que ele desprezava ou omitia esse costumeein algumas ocasiões; queixa muito estranha, por certo, senão houvesse existido tão generalizada cerimônia.

O rito batismal também não foi de invenção humana.Na epístola aos Hebreus, o autor fala de “diversos batismos  impostos até ao tempo de se reformarem as coisas” (cf. Hb9.10). “ Impostos” . Quando e onde? Com toda evidência, nalei de Moisés, que prescrevia minuciosamente as oferendas

e sacrifícios que não podem “aperfeiçoar aquele que prestaculto” (Hb 9.9) e com as quais se associam esses batismos.É possível que o povo, em seu zelo supersticioso,acrescentasse algo aos detalhes de seus batismos, como ofez também com as oferendas e sacrifícios; porém, dequalquer maneira, tanto uns como outros (batismos,

oferendas e sacrifícios) tinham sua origem num mandatodivino, já que foram “ impostos até ao tempo de sereformarem as coisas".

Quando nosso Senhor veio, encontrou o povopraticando esses diversos batismos   (o das pessoas, doscopos, das camas, etc.) habitualmente. Esse critério se vê

confirmado pela forma normal e familiar com a qual o NovoTestamento trata a matéria. João apareceu batizando nodeserto, porém não houve mostras de surpresas ouignorância; não se dão explicações. Ele pregou “o batismodo arrependimento" (Lc 3.3), mas havia outros tais como ode copos, de camas e de pessoas que vinham da praça, etc.O que era novo era a doutrina que pregava, não a cerimôniaque praticava. Essa prática todos conheciam havia muitotempo Era algo que esperavam ver o Messias fazer bem

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14  C  h a k im s   Ho ix i i :

como todo profeta verdadeiro. Por isso, quando João lhesdisse que não era o Cristo, nem Elias, nem o profeta, apergunta imediata que lhe fizeram foi: “ Então, porque, pois,batizas?” (Jo 1.25), dando a entender claramente duas coisas:1. que os profetas tinham o costume de batizar; 2. queesperavam que o Messias, quando viesse, fizesse o mesmo.

As palavras que o Senhor pronunciou quando pediu obatismo são muito claras e demonstram aquele familiar usoe conhecimento da cerimônia: “ ... assim nos convém cumprirtoda a justiça” (Mt 3.15b). A tal ponto era conhecido e normalque Jesus não se podia considerar devidamente de posse doseu cargo sacerdotal sem o batismo. Olshansen, comentandoas palavras que acabamos de citar, diz: “O vocábulo iustiça  significa aqui aquilo que a lei exige . Essas palavras, portanto,contêm o princípio geral pelo qual o Senhor se conduzia e

que João, do mesmo modo, tinha que observar nessa ocasião,a saber: obedecer a todas as ordenanças legais, comoinstituições divinas [...] O batismo de Jesus, portanto, éequiparável à sua circuncisão e purificação". Isto é, tratava-se de algo que a lei exigia e, naturalmente, tinha de ser algoconhecido do povo. Assim, pois, o batismo não podia ser

uma coisa nova para os judeus. Era uma prática cotidiana enormal, ainda que — repetimos — não se tratasse do batismocristão, em nome da Trindade, mas de um ato aplicado tantoa pessoas como a coisas. Isso nenhum leitor da Bíblia,sincero e inteligente, poderá negar.

Além disso, o batismo era uma cerimônia religiosa, enão um mero costume social, como demonstra a indicaçãode que os batismos eram “ impostos” , assim como os dons esacrifícios, que, no tocante à consciência, são "ineficazespara aperfeiçoar aquele que presta culto” (Hb 9.9). Batismos,dons e sacrifícios eram "impostos” e, por isso, todos eram,igual e verdadeiramente, religiosos em sua natureza. Eramordenanças religiosas e atos de adoração. Isso indica também

o fato de que aqueles batismos se praticassem para tirar aimpureza contraída na praça ou em qualquer outro lugar

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16  C  h ah im s   H o n c i:

Vejamos as provas:

1. A imersão não está estabelecida

Apesar de aqueles "diversos batismos” serem“ impostos” ao povo como qualquer outra parte do ritual

 judeu (oferendas e sacrifícios, por exemplo), em parte algumada lei de Moisés se estabelece a imersão como forma. Não sepode dar sequer um exemplo de que se exigisse ao judeu a

imersão em água ou a submersão, em cumprimento a algumacerimônia religiosa regular ou feita em qualquer outraocasião. Isso é muito estranho, para dizer pouco, se se supõeque tal ato “havia sido estabelecido” e era praticadodiariamente. Onde está a prova? Se não existe um talmandamento, que direito tem quem quer que seja de concluir

que era assim que os judeus faziam com as pessoas e seuspertences? Temos, pois, para começar, uma fundada suspeitade que os batismos “ impostos até ao tempo de se reformaremas coisas” não eram por imersão. Em lugar algum seestabelece tal prática.

2. Os batismos (ou purificações) eram por aspersão

ou efusão

Essa suspeita torna-se ainda maior quando sabemosnão só que a imersão não está registrada em lugar algum,mas também que é expressamente estabelecido outro métodopara levar a cabo essas purificações: “assim lhes farás, para

os purificar: asperge sobre eles a água da expiação...” ; “Umhomem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, ea aspergirá sobre aquela tenda, e sobre todo utensílio, esobre as pessoas que ali estiverem [...] O limpo aspergirásobre o imundo ao terceiro e sétimo dias ...” (Nm 8.7; 19.18-19). Assim, pois, na antiga dispensação estava claramente

ordenado o modo como se devia purificar ou aspergir.Conseqüentemente, supor que se batizavam ou se

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( ) B a t is m o   C  r ist ã o , I  m k r sá o   o u  A s p m i s â o  17

mandamento ou, pior ainda, contra as mais claras instruçõespara a purificação. Seria provável que substituíssem umaforma ou outra, quando tanto se orgulhavam de observar

com rigor a minuciosa referência a cada  jota   ou til  da lei?Uma atitude assim é totalmente improvável. Os batismosestavam “estabelecidos" pela lei. Eram simples purificações,como todos os textos o demonstram, e não eram por imersão,mas por aspersão. Teriam todos os judeus desrespeitado ométodo estabelecido?

3. As aspersões e efusões são chamadas batismos

Além de só ser ordenada a aspersão e nunca ser citadaa imersão, no mínimo uns cento e cinquenta anos antes davinda de Cristo o método de purificação por aspersão é, nos

escritos judeus, designado pela palavra batizar.  Preste-seatenção a esse ponto. A mesma palavra que, tantas vezes eem tanta confiança, nos dizem significar submergir  — e nadasenão isso — se aplica às aspersões judaicas. Eis aqui aprova: a tradução grega de Eclesiástico 34.25 diz: ‘Aqueleque se batiza depois de haver tocado num corpo morto, e

torna a tocá-lo, de que lhe valerá o ter-se lavado?” . Poisbem, o modo como alguém se batizava  depois de tocar numcadáver é claramente referido na lei de Moisés: “Todo aqueleque tocar em algum morto, cadáver de algum homem, e nãose purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; essa pessoaserá eliminada de Israel; porque a água purificadora não foiaspergida sobre ele, imundo será; está nele ainda a suaimundícia” (Nm 19.13).

O fato de não ter-se batizado por tocar um morto,aspergindo-se com a água da purificação, tornava a pessoaimunda. Os versículos 19 e 20 de Números 19 revelam ummétodo idêntico. Josefo também o descreve: “Quando algumapessoa se contaminava com um corpo morto [...] ela se

aspergia com a água da separação, no terceiro e sétimo diae depois disto ficava limpa”

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18  C  h a r u :s  H o i x í   I:

Assim, pois, em tais ocasiões as pessoas sepurificavam por meio da aspersão. E, sem dúvida, essacerimônia era designada pela palavra grega batizar , quando

faltavam ainda cem ou duzentos anos para a era cristã.Sabendo que os judeus praticavam essa cerimônia e

outras semelhantes no tempo de nosso Salvador ou de JoãoBatista e constatando que ela era designada pela palavrabatizar , utilizada durante centenas de anos para indicar aaspersão, pode-se crer que eles realizavam seus batismos  

de outro modo? Cremos que não. Muito antes da vinda doSalvador, já se havia lido e ouvido que aspergir-se por tertocado em mortos era como batizar-se por eles. Além disso,seria mera suposição afirmar que os diversos batismos eramrealizados de outra maneira, levando-se em contaparticularmente o fato de nunca se ordenar nem se aludir a

uma maneira diferente da aspersão, visto que esta é a formaensinada no Antigo Testamento.

4. “Batizar” equivale a “lavar”

Outra prova de que aqueles batismos não eram por

imersão está no emprego das palavras lavar  e batizar  comotermos equivalentes: “ ... pois os fariseus e todos os judeus,observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavarcuidadosamente as mãos” (Mc 7.3,4). Veja-se tambémMateus 15.2, comparado com Lucas 11.38: “O fariseu, porém,admirou-se ao ver que Jesus não se lavara   [batizara]

primeiro, antes de comer". “Àquele que se batiza depois dehaver tocado num corpo morto, e torna a tocar nele, de quelhe valerá o ter-se lavado?” (Eclesiástico 34.25).

Evidentemente, as palavras lavar  e batizar  são usadaspara descrever a mesma coisa. Porém, era por imersão quese lavavam? Submergiam-se por causa dos mortos?Praticavam diversas imersões “ impostas pela lei"? Onde estáa prova? A respeito das “lavagens” que são mencionadasno Novo Testamento Olshansen diz: "Parece que usavam

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O B atis m o   C  r istão , I  m k rsâ o   o u  A s r m t s Ão  !9

as mãos de forma alternada: com uma lavavam a outra".Ou seja: mergulhavam uma mão na água e, com a água queretiravam, lavavam a outra. Alguém pode chamar isso deimersão? No entanto, essas “lavagens” são chamadas debatism os.  Se lavar   e batizar   são utilizadas de modointercambiável, devem evocar a mesma idéia, ou seja, a deaplicar água ao objeto que se quer limpar.

5. O batismo judeu como rito cotidiano

Entre os judeus o batismo era um costume conhecidoe quase cotidiano. Não só se batizavam antes da refeição,ou batizavam as mãos antes de comer, ou batizavam mesase camas, mas batizavam-se também por causa de outrasimpurezas, como, por exemplo, quando se contaminavam

tocando um corpo morto.Pois bem, se isso era feito por imersão, cada família

deveria ter um lugar apropriado. Nesse caso, o batistérioseria tão essencial quanto a casa. No entanto, sem dúvida,em toda a história bíblica e judaica não há evidência algumade que as famílias tivessem batistérios em casa, quer fossem

ricas ou pobres, tivessem residência ou fossem nômades.Além disso, não tendo o necessário para praticar a

imersão, seria necessário existir algo para fazê-lo de outramaneira. Os cântaros de pedra mencionados nas bodas deCaná da Galiléia, que estavam dispostos conforme o rito depurificação dos judeus (Jo 2.6), tinham como objetivo facilitar

essa operação. Aquelas vasilhas, com capacidade paraoitenta a cem litros, eram demasiado grandes para,simplesmente, mergulhar as mãos e não o suficientementeamplas para que nelas se submergisse uma pessoa ou outrosobjetos volumosos; porém, eram perfeitamente convenientesao propósito de se tirar água delas e aspergir ou derramarsobre pessoa ou objeto. Certamente, essa era a forma pela

qual se realizavam os batismos.

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20  CnAitu:s Htnxu:

6. Casos em que a imersão era impossível

A sexta prova de que os batismos não eram feitos porimersão é o fato de que algumas das coisas batizadas nãopodiam ser submergidas. Tome-se como exemplo as mesas(ou camas, como diz uma segunda leitura). Não se sabe,com certeza, como eram essas mesas ou camas, porém seutamanho e natureza tornavam improvável e difícil a imersão.Seguramente, eram suficientemente grandes para acomodar

duas ou mais pessoas reclinadas e eram fixadas na parededa casa. Tais camas, desde logo, eram uso comum entre os judeus e necessitavam de purificação batismal, do mesmomodo que os outros objetos. Portanto, somos obrigados adescartar a imersão. Porém, limpá-las por meio da aspersãoou da efusão era fácil e, sem dúvida, assim era feito. O

batismo desses móveis era tão certo como o das pessoas e,se dermos crédito à extraordinária probabilidade de que ascamas não podiam ser submergidas, seremos obrigados aconcluir que os judeus se batizavam sem se afundar na água.

7. Hebreus 9.10 e os batismos por aspersão ou

efusão

Podemos, ainda, acrescentar um último testemunho aeste item. Na epístola aos Hebreus (9.10) faz-se menção a“diversas abluções"   e “ordenanças” impostas ao povo. )ánotamos que a lei de Moisés não ordena a imersão e, emconseqüência, esses batismos “ impostos” não podiam ser

feitos por imersão.Por outro lado, não podemos fazer deduções e

conjecturas a respeito desses batismos. Pelo contexto imediatofica claro que eram batismos com “o sangue de bodes e detouros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre oscontaminados" (Hb 9.13). O apóstolo contrasta o culto dos

tabernáculos com a dispensação cristã. No primeiro, haviaregulamentos em relação a comidas e bebidas e diversosb i d d O d

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O B at is m o   Cnis iÂo, lur .KSÂo ou  A s p m i s   Ao 21

diferentes animais on as cinzas de uma novilha aspergidossobre os contaminados purificavam a carne. Na segunda, istoé, na dispensação cristã, é o sangue de Cristo que é eficaz. No

primeiro, “Moisés [...] tomou o sangue dos bezerros e dosbodes, com água, lã tinta de escarlata e hissopo e aspergiunão só o próprio livro, como também sobre todo o povo [...]Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo etodos os utensílios do serviço sagrado" (Hb 9.19,21). Semdiscussão, essas são as “diversas abluções” a que se refere

Hebreus 9.10. Muito pouco há aqui, na verdade, para infundira idéia de que tais batismos eram por imersão.

Veja agora um resumo das provas alinhadas nesteitem. Afirmamos que os judeus, nos seus freqüentesbatismos, não submergiam a pessoa ou o objeto, mas

aspergiam ou derramavam o elemento sobre eles.As evidências são:

1. Não obstante haverem sido esses batismos impostospela lei de Moisés, em lugar algum da lei se ordena a imersão.

2. A imersão não é prescrita nem insinuada, mas outromodo é ordenado claramente.

3. O modo ordenado, a aspersão, pelo menos doisséculos antes da era cristã recebe o nome de batismo.

4. Lavar  e batizar  são palavras intercambiáveis. Nempara uma coisa, nem para outra se praticava a imersão.

5. Nas casas nada havia para praticar a imersão, aopasso que havia objeto apropriado para praticar a aspersão

ou a efusão.

6. Entre as coisas que eram batizadas, havia algumasque não podiam ser submersas devidamente, mas podiamser facilmente aspergidas.

7. Ao mencionar a aspersão, com relação àquelesdiversos batismos, fica claro que essa era a prática adotada.

Perguntamos, agora, se esta nossa terceira proposiçãonão ficou estabelecida Todas as considerações feitas para

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22  C  h a r l e s   H m x u ■:

nossa conclusão formam um argumento sólido. Por outrolado, gostaríamos de saber que tipo de argumento se podeconstruir para demonstrar que todos esses batismos eram

feitos por imersão.

D. A forma do batismo cristão e a forma dobatismo judeu

O batismo cristão foi instituído seguindo o modo dobatismo dos judeus, ou seja, por aspersão ou efusão, e nãopor imersão.

1. Idêntico s ignif icado da água nas duas

dispensações

No Antigo Testamento, quando a água é utilizada comfins religiosos, seu emprego é feito por aspersão. Esse fatonos induzirá a esperar, como procedimento natural, que, noNovo Testamento, a água seja aplicada de modo idêntico aodo Antigo Testamento. Por que teria de ser mudado? Se aaspersão era suficiente antes, por que não o seria agora,

principalmente se levarmos em conta que, em ambas asdispensações, é usada para o mesmo fim? Nas duasdispensações é um emblema de purificação e consagração. Porque, pois, haveria de ser diferente a maneira de usá-la? Acasouma grande quantidade de água será mais significativa doque uma pequena quantidade? Definitivamente, não! Por isso,se foi mudado o modo de usar a água no Novo Testamento, énecessário demonstrar tanto o motivo como o fato em si. Porém,nem uma coisa nem outra pode ser demonstrada.

2. Expressões simbólicas que favorecem a

aspersão/efusão

Por outro lado, não só existe base razoável para essepressuposto como também aquilo que se vislumbra

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O B atismo C  ristão . I  m ersão  ou  A spersão   23

profeticamente do reino de Cristo nos leva a confirmar essaesperança: “Contudo ele aspergirá sobre muita gente” (Is52.15MKJV);2 “ Então, aspergirei água pura sobre vós, eficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todosos vossos ídolos vos purificarei” (Ez 36.25).

Essas expressões são figurativas, mas mesmo assimtêm significado. Indicam que o uso religioso da água é feitoseguindo-se o mesmo método anterior. Não há nenhumapalavra a respeito de imersão; nem sequer um indício deque deva haver qualquer mudança nesse terreno. Ante aausência de um mandado, devemos afirmar que o usoidêntico que implicitamente se faz da água é um argumentoem nosso favor.

3. Jesus não altera o significado ou uso do

vocábulo

Se a tudo isso acrescentarmos outro argumento, nossasuposição se fortalecerá ainda mais. Quando o Salvador veioe se dispôs a perpetuar em seu reino o uso simbólico daágua, encontrou os judeus empregando o termo “batizar”

para denotar o seu método de purificação, que era poraspersão ou efusão. Jesus utilizou a mesma palavra paradesignar sua própria ordenança, sem indicar que osignificado tivesse mudado. Teria sido assim se elepretendesse introduzir uma nova forma de batismo? Não. Éimpossível sustentar tal suposição. Não há dúvida de que,ao usar a mesma palavra, queria significar a mesma açãoque os judeus designavam com ela.

4. Exemplos de batismo por efusão

Vejamos agora algumas provas mais diretas de nossaafirmação. A forma pela qual se menciona o batismo do

Espírito Santo é completamente oposta à idéia de imersão;quanto ao modo, em contrapartida, favorece a idéia de

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2 4 C  h a r u ís  H o i x i i  ■:

neste texto de Atos: sereis batizados com o Espírito Santo,não muito depois destes dias” (At 1.5). No capítulo seguinte,encontramos o cumprimento dessa promessa. Estando todos

os discípulos reunidos num mesmo lugar, o Espírito veiosobre eles com grande poder, e o apóstolo disse: “ ... é o quefoi dito por intermédio do profeta Joel: [...] derramarei domeu Espírito sobre toda a carne” (At 2.16,17a). Aqui temos,indiscutivelmente, um batismo por efusão e, além disso, umbatismo no mais elevado sentido da palavra.

É certo que o modo pelo qual o Espírito Santo age é,para nós, um profundo segredo; no entanto, já que a Bíbliao representou como um derramamento, e o chamou debatismo, é muito apropriado que o entendamos assim, e nãosegundo nossas próprias idéias. Quando, em imediatarelação com o derramamento do Espírito, se menciona o

batismo com água de cerca de três mil pessoas, não podemoscre-r que estas tenham sido mergulhadas na água em vez dese aplicar a água sobre elas. O mais sublime batismo, o doEspírito Santo — do qual o outro é um tipo — é por efusão.Será o tipo administrado de um modo totalmente diferente?

5. O elemento é ap licado ao sujeito e nãocontrário

As Escrituras ensinam continuamente que o elementose aplica ao sujeito e não o sujeito ao elemento: “ Eu, naverdade, vos batizo com água [...] ele vos batizará com oEspírito Santo e com fogo” (Lc 3.16); “ Eu batizo com água[...] esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1.26,33b);“Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereisbatizados com o Espírito Santo” (At 1.5); "Porventura, podealguém recusar a água, para que não sejam batizados estesque, assim como nós, receberam o Espírito Santo?” (At 10.47).

Em todos esses casos se aplica o elemento ao sujeito, e

não o contrário. Assim o demonstra regularmente a Escriturae julgamos que isso pesa muito contra a idéia da imersão.

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() lÍA.ltSAIO C  r ISIÁO.  ISthRSÂO (>!■ ASPHRX-iO 2 5

6.  Batismos cristãos in sicu 3

É significativo o fato de que, nos tempos apostólicos,as pessoas eram batizadas no lugar  em que se convertiam,quer fosse na cidade, quer no deserto; numa casa ou emqualquer caminho; na prisão ou à margem do rio; no invernoou no verão, não havia demora nem mudança de roupa,nem saída para um lugar adequado para a imersão. Ouandoalguém cria, no mesmo instante e no mesmo lugar, havia

sempre o necessário para ser batizado. Por isso, é muitodifícil acreditar que isso fosse possível no caso de serpraticada a imersão. Pode-se supor, está claro, mas é umasuposição por demais improvável.

7. Resposta a três argumentos em favor da

imersão

Os diversos casos de batismos relatados na Escrituraestão mais de acordo com a idéia de aspersão ou efusão,quanto ao modo, do que com a imersão. Por outro lado, hátrês coisas (e só três) que se aduzem como apoio para a

imersão em tais batismos:1. O significado atribuído à palavra batizar , como se,

necessariamente, em todos os casos, expressasse a idéia desubmergir-,

2. O uso das preposições cm   (dentro) e de   (fora de);4

3. A expressão aplicada a João, o Batista: “João estava

também batizando em Enorn [...] porque havia ali muitaságuas” (Jo 3.23).

Essas objeções podem ser facilmente rebatidas. Quantoà primeira, negamos que o vocábulo batizar   signifiqueapenas subm ergir   ou m ergu lhar.5   Nabucodonosor foi“batizado” com o orvalho do céu (Dn 4.33); o povo foi

batizado, com respeito a Moisés, na nuvem e no mar (ICo10 2) O Espírito Santo caiu sobre o povo em cumprimento

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26  ClIARU-S HülXiU 

da promessa:"... sereis batizados com o Espírito Santo” (At1.5; 2.3,16,17; 10.44). As pessoas se batizavam por causa

dos mortos — isto é, depois de haver tocado um corpo morto

(Eclesiástico 34.25; Nm 19.13) — e quando regressavam domercado. Em nenhum desses batismos havia imersão. Emconseqüência, negamos o significado atribuído ao vocábulobatizar.

Quanto às partículas em   (dentro) e de   (fora de), é

preciso dizer que o normal é traduzir as preposições gregas

correspondentes por a   e de   (procedência); portanto, com amesma razão, se podia ter feito assim nesses casos, comoacontece, por exemplo, em João 20.4 (“ ... o outro discípulo

correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao  sepulcro") e em Lucas 12.36 (“Sede semelhantes a homensque esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das   festas de

casamento" — grifos nossos). As referidas preposições setraduzem nesses casos por a t de   (procedência), que é suaacepção comum. Portanto, com tais preposições nada se pode

provar a respeito do modo do batismo. Podem significarsimplesmente à água   ou da água.  E mesmo no caso de

precisarem ser traduzidas por em   ou de   (fora de) não se

poderia afirmar que se tratava de imersão, pois se podeconcluir, com a mesma facilidade, que se está à margem deuma corrente de água ou de um tanque.

Por outro lado, qualquer pessoa versada em grego sabeque a expressão “muita água” , no original, significa “muitaságuas", ou seja, muitasfontes  ou arroios. Não há dúvida de

que tais águas eram de pouca importância, pois não podiahaver muitos rios caudalosos perto de Enom. Não havia senãoas pequenas fontes de que as multidões — que atendiam aoministério de João — necessitavam para beber. Tais fontes,porém, não serviam para a imersão. Além disso, se parasubmergir é necessária “muita água”, por que a frase diz“muitas águas”? João não podia utilizar mais águas que a deum arroio e, com isso, ficaria cumprido o seu propósito. E,insistindo mais se esse era o seu propósito por que deixou o

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O B at is m o   C  ris tão , I  m e r s ã o   o v   A s p e r s ã o  27

 Jordão para fixar-se ali? Onde estava havia água emabundância. Para que buscá-la em outro lugar? Portanto, essafrase não tem força alguma para determinar o modo do batismo.

Parece, pois, que todos os argumentos que favorecema imersão podem ser facilmente desfeitos. O vocábulobatismo   não significa o que pretendem os partidários daimersão. As partículas traduzidas por em  e de  (fora de) podemsignificar também a   e de   (procedência). “Muita água”significa simplesmente m uitos arro io s   ou fontes, 

imprescindíveis para a necessidade da multidão.

Devemos dizer, por conseguinte, que argumentos tãovagos não provêm senão de um débil fundamento para osexclusivistas dogmas de nossos irmãos batistas. Fora disso,todo o resto, tanto em fatos como em circunstâncias, estáinteiramente contra a opinião que eles mantêm, como agora

nos esforçaremos em demonstrar.

8. Nem o batismo de João nem o dos apóstolos

era por imersão

Os primeiros exemplos de batismo são os do precursorde Cristo. É verdade que o batismo de João não era cristão.No entanto, quanto ao modo era, sem dúvida, idêntico aoque Cristo e os apóstolos adotaram. João submergia aquelesque batizava? Cremos que não.

Em primeiro lugar, por falta de tempo.  Mesmo quedurante o seu ministério não tivesse feito outra coisa senãobatizar, não teria podido submergir as multidões que iam aele para ser batizadas, constituídas por moradores de“Jerusalém, toda a Judéia e de toda a circunvizinhança do

 Jordão” (Mt 3.5). Seu ministério durou de dezoito meses a,no máximo, dois anos. Administrou o batismoprincipalmente antes do aparecimento público de nosso

Senhor, e as multidões referidas foram a João antes de Jesusaparecer. É impossível admitir que, em tão pouco tempo, ele

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30 C  i i a i í i a s    H  o i x a

Sauio e, depois de havê-lo instruído durantes algunsmomentos, lhe disse: "E agora, que te impede? Levanta-te ebatiza-te” . E, imediatamente, levantando-se,Joi batizado  (At

9.1-19). Foi por imersão? A única prova em sentido afirmativoé, mais uma vez, o pretendido significado da palavra batizar. Nada mais há em favor dessa posição. Ao contrário, todas ascircunstâncias são contra a tese da imersão. Na mesma casa,em pé, sem demora para preparar-se, sem sair nem entrar,pôs-se imediatamente ao serviço de Cristo.

Supor  que havia um tanque em casa, ou que foram aoutro lugar, no estado em que se encontrava Paulo, fraco,depois de jejuar três dias e três noites (além de não havermenção a esse lugar), é ir longe demais, recorrendo a merassuposições para dar força às partes fracas de um argumento.Ninguém há mais veemente na recusa e na condenação detal expediente do que os partidários da imersão. E, semdúvida, como comprovamos, ninguém é mais inclinado arecorrer a esses expedientes do que eles. Tudo é suposição:que batizar   significa submergir,  contra toda razão; que atradução correta das partículas gregas eis  e apó  éem   (dentro)e de  (fora de), contra o uso normal do Novo Testamento; queera necessária muita água para batizar tanta gente, e em

 Jerusalém, nos arredores do templo, onde não havia tantaágua, foram batizadas, por imersão, três mil pessoas, empoucas horas, fato que não é mencionado. Supõem ,igualmente, que Paulo encontrou um lugar adequado parabatizar-se por imersão na casa de Judas ou foi a outro lugaronde havia água suficiente para isso. Supõem...  afinal, o

que não supõem? E, no entanto, esses são os irmãos queexclamaram: “Mostra-me um assim diz o SenhorV'  — comose eles tivessem o hábito de guiar-se por essa luz.

As observações que acabamos de fazer sobre o batismode Saulo podem ser apreciadas com a mesma força no casodo batismo do carcereiro e sua família. Convertido na prisãoa altas horas da noite, e batizado junto com os seus,imediatamente, sem sair daquele lugar, que instalação haviaali para a imersão? Acaso teriam ido a alg m rio em plena

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O B at is m o   C  r is tã o , I  m i : rsã o   o v  A s i ‘  hrs  Ao   31

noite? Construíram um lugar para banho ali mesmo?Ouantas suposições faltam aqui para convencer alguém deque se tratava de uma imersão? E tudo isso pelo fato de se

fundamentarem — contra todos os lexicógrafos ecomentaristas — no prévio pressuposto de que o termobatizar significa submergir.

Por outro lado, torna-se simples o relato se se levarem conta que, para o povo judeu, era uma coisa normalbatizar-se por aspersão ou efusão. Paulo e Silas estavam no

calabouço “mais interior”. Ali os encontrou o carcereiro, cheiode temor, já livres de suas cadeias. Levou-os para o pátio elhes curou as feridas, batizando-se em seguida, ele e os seus.Depois os fez entrar em sua casa e os reconfortou (At 16.27-34). Desse modo é tudo natural e fácil.

Examinemos agora o batismo de Comélio e sua família.

A respeito desse episódio, se diz que “caiu  o Espírito Santosobre   todos os que ouviram a palavra [...] admiraram-seporque também sobre os gentios foi derramado o dom doEspírito Santo"; “ ... caiu o Espírito Santo sobre eles, comotambém como sobre nós, no princípio. Então, me lembrei dapalavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizoucom água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo” ;

“Porventura, pode alguém recusar a água, para que nãosejam batizados estes que, assim como nós, receberam oEspírito Santo?” (At 10.44,45; 11.15,16; 10.47). Esses sãoos fatos. Pedro batizou por imersão aquelas pessoas? Deum lado, não há mais do que uma suposição contra todaevidência. Nada mais. De outro, porém, temos o fato de que,

segundo parece, o batismo foi realizado na casa de Comélioe também o fato de que o derramamento do Espírito Santosobre eles os fez pensar que os termos batizar, derram ar  ecair   — aplicados ao Espírito Santo — assinalavam umaidéia semelhante à da água. Além disso, a questão de recusar  ou impedir  a água ou significa que tinham de levar a água àcasa, para a cerimônia, ou não tem sentido. Se aquelaspessoas tivessem de ser submersas em alguma corrente deágua ou tanque público quem as impediria de ir a um lugar

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32  C  h a r le s   H o t x n ;

com condições para isso? Ao contrário, na casa, no momentode realizar o ato, a pergunta tem sentido: pode alguémimpedir que se faça aqui, imediatamente?

Chegamos, agora, ao caso de Filipe e o eunuco (At 8.26-39), que comumente se tem como o mais claro e decisivo emfavor da imersão. Em sua viagem, o pensativo etíope liaaquela bela passagem de Isaías na qual se faz clara e especialmenção de Cristo e de seu reino: “ ... como cordeiro foi levadoao matadouro” (Is 53.7). Na mesma passagem se diz: “ Ele

aspergirá muitas gentes” (Is 52.15).6 Parece que Filipe lheexplicou toda a passagem e, quando chegaram a lugar ondehavia água, o eunuco disse: “ Eis aqui água; que impede queseja eu batizado? [...] ambos desceram à água, e Filipebatizou o eunuco. Ouando saíram da água, o Espírito doSenhor arrebatou a Filipe...” . O eunuco foi submergido?

Os que respondem afirmativamente têm de assumirduas coisas:

1. Oue batizar  significa submergir ;

2. Que as partículas gregas devem ser traduzidas porem   (dentro) e de   (fora de).

 Já conhecemos a resposta a essas duas suposições:

batizar  não significa o que supõem e as preposições podemser traduzidas normalmente por a   e de   (procedência). Nocaso em questão podem significar simplesmente isso. E,mesmQ que o sentido seja de uma entrada real na água e asubseqüente saída dela, não fica demonstrada a imersão.Leve-se em conta que as sandálias podiam ser facilmente

tiradas (o que estaria bastante de acordo com os hábitosorientais) e que, depois de descerem à água, Filipe batizou oeunuco por aspersão ou efusão. Por outro lado, é duvidosoque, no lugar deserto em que se encontravam, houvesse umacorrente de água suficiente para submergir uma pessoa. Tudoindica que não esperaram para obter roupas próprias para obatismo e não é provável que o viajante trouxesse algumaconsigo ou que entrasse na água com a roupa que trazia nocorpo A passagem que estava lendo no livro de Isaías e

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O B . u  /  s m o  Cmsr.jo. hnmsAo ov AsphksM»  33

que induziu Filipe a falar-lhe de Cristo e do batismo, fazpensar que o modo do batismo ali administrado foi poraspersão, e não por imersão: “ Ele aspergirá muitas gentes”

( Is 5 2.1 5).7

Todos esses exemplos de batismo registrados no NovoTestamento são suficientemente detalhados para lançar luzno que concerne ao modo do batismo. Segundo vimos, emtodos os casos, com exceção de dois, o único argumento emfavor da imersão é a suposição gratuita de que batizar  

significa submergir. Em todos esses casos existe a suposiçãoadicional a respeito das partículas gregas eis   e apó ,traduzidas como em   c de   (fora de), ou melhor, a   e de  

(procedência). Essas são as únicas razões da parte dosbatistas.

Não é, pois, de estranhar que o Dr. Carson se sentisse

chamado a empreender a titânica obra de deixar assentadoum sentido exclusivo e definitivo do vocábulo batizar.  Porém,

se não consegue levar adiante sua empreitada, nada maistem a dizer. E se, além de tudo, batizar   é o termo que seaplica à purificação de pessoas e coisas — purificação quese fazia por aspersão ou efusão — , então, sua causa está

totalmente perdida.Mas deixemos essa questão. Estas páginas não foram

escritas porque desejamos discutir com os irmãos batistas.Ainda que acreditemos que o modo não é essencial para a

validade do batismo, podemos reconhecê-los — e o fazemos— como um ramo verdadeiro da igreja de Cristo, apesar de

não seguirem eles o modelo bíblico. Sua causa se apóia emmargens muito estreitas — como são o significado assumido  de um verbo e duas partículas — , ao passo que tudo o maisestá contra eles. Se se contentam com isso, tudo bem. Porém,que não pretendam cortar nossa liberdade ou amarrar-noscom cordas de areia. Nosso modo de batizar está de acordocom a Escritura e é também o mais edificante; é o modo que

se adapta a todas as idades, climas e constituições físicas.Se tivéssemos as mesmas convicções a respeito da imersão

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34  C  h a k im s  H o /x á ;

adotaríamos esse modo. Porém, como não as temos, sentimcnos impelidos a defender e a manter o nosso modo de batizar.

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Capítulo 2A QUEM SE DEVE BATIZAR 

Admite-se, universalmente, que o batismo pode ser

administrado, com toda propriedade, aos crentes adultos,se não foram batizados anteriormente. Como a respeito desseponto não há opiniões diferentes, não nos estenderemosnessa discussão. Porém, serão os crentes as únicas pessoas

a quem se pode batizar? Nossos irmãos batistas dizem quesim, ao passo que nós, com a maior parte da igreja cristã,não concordamos. Nós cremos que os filhos dos crentes, jáque fazem parte da igreja visível, devem ser batizados. Opróprio Senhor Jesus Cristo delegou aos crentes a obrigaçãoe o privilégio de, mediante essa ordenança, consagrar-lhe ofruto de seu matrimônio.

Em defesa dessa doutrina utilizaremos trêsargumentos que, combinados, formam um poderoso bloco

impossível de ser derrubado ou removido por nossosoponentes. Certamente, esses argumentos não são novos,mas merecem nossa atenção. Considerar, pois, comopermanecem essas antigas colunas e como se relacionam— no templo da verdade — reafirmará as convicções dosque crêem, em linhas gerais, no mesmo que nós e,

possivelmente, servirá também para convencer aqueles quepensam de modo diferente do nosso.

A. Deus incluiu as crianças no pacto com seupovo

0 primeiro ponto para o qual queremos chamar aatenção é o seguinte: na constituição original da igreja, o

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36  CiiAMMS Hona/-:

pacto que Deus estabeleceu com seus escolhidos inclui osfilhos destes. Aplicava-se a eles o sinal visível ou o selo do

pacto e, por essa razão, enquanto não for demonstrado quetal pacto foi abolido ou que os filhos dos fiéis foram excluídosdessas provisões ou disposições, eles ainda têm direito aomesmo privilégio. A simples passagem de tempo ou amudança de circunstâncias ou a substituição de um selopor outro — não os afeta. Sua posição é a mesma de quesempre gozaram desde o princípio, a menos que tenham

sido excluídos do pacto.A igreja pode ser comparada com uma sociedade

estatuída e dotada de certos direitos e privilégios. Se, nodecurso do tempo, não foram revogados os estatutos de talsociedade nem foi ela dissolvida, mas tivessem de serintroduzidas algumas mudanças — tais como substituir um

sinal antigo por um novo, mudar o campo de operações,readaptar o ministério ou coisas parecidas — , estas sóafetariam a sociedade até onde elas alcançassem e na áreaem que ocorressem. No entanto, todos os direitos e privilégiosoriginais subsistiriam, a menos que tivessem sido anuladosou modificados por uma legislação posterior. Tudo o quepodia ou não podia ser feito até então, se não foiposteriormente proibido ou permitido por modificaçõesintroduzidas, continuaria da mesma forma.

No que se refere a qualquer organização humana, nãohá dúvida de que essa afirmação é correta. Não se podeafirmar que uma sociedade organizada ganha ou perde algopelo fato de se modificarem seus estatutos, com exceção

daquilo que está expressamente manifesto ounecessariamente implicado nessas modificações. Tudo aquiloque não é modificado permanece como antes.

Isso se aplica também em relação à igreja. Todos osseus direitos, privilégios e obrigações, conforme aparecemna antiga dispensação, estão em vigor ainda, se não foram

cancelados pela nova. No princípio, os filhos do povo deDeus estavam incluídos no pacto. Este jamais foi abolido.

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( ) B u m h i    C  h is ià o ,  hMK SÃo o r Asri:i ts .- lo  37

As crianças nunca foram excluídas. Portanto, na verdade,são parte dele e têm o direito de receber seu selo.

Neste ponto, nos damos conta de que, no que se refere

à força desse argumento, tudo depende da visão quetenhamos da igreja cristã. Se esta é uma organizaçãototalmente nova e independente da antiga dispensação,certamente não há relação entre ela e a antiga instituição,e, assim, o argumento exposto até aqui perde todo o seupeso. No entanto, se a vemos como uma perpetuação da

primitiva igreja de Deus, sob uma forma um poucomodificada, o argumento é. válido e inquestionável. Portanto,é imprescindível examinar esse ponto antes de prosseguir.

A igreja cristã é uma organização totalmente nova oué, simplesmente, a continuação modificada da única igrejade Deus? Acreditamos que seja válida a última proposição,

isto é. sustentamos a identidade do homem que é o mesmo,a mesma pessoa, tanto quando jovem como quando adulto,ainda que o seu aspecto, a idade e as circunstâncias tenhammudado. Nossos irmãos antipedobatistas adotam o primeirocritério, ou seja, afirmam que a igreja não é a mesma, mas éuma nova organização que sucedeu a antiga, e não aperpetuou. Essa absoluta separação entre o novo e o antigo

tem sido, às vezes, levada a tal extremo que tem chegado anegar que as Escrituras do Antigo Testamento façam partede nossa regra de fé.

Pode ser — admite-se — que elas contenham coisasboas, verdadeiras e até proveitosas na História, na doutrinae na biografia. Porém, o Novo Testamento é a nossa única

regra de fé. Nossas relações com o Antigo Testamento, comolei, não são diferentes das que mantemos com as velhasconstituições e leis coloniais, sob as quais viveram nossosantepassados, antes de o nosso país ser composto de Estadosindependentes. Parece ser essa a conclusão que se deduz desemelhante teoria a respeito da igreja, conclusão que não

deixa de ferir nossa sensibilidade cristã. Não vale a penadiscutir essa questão, mas será útil observar algumas das

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38  C  h a r le s  H o i x í i  ;

muitas considerações que se encarregarão de estabelecer aidentidade da igreja em ambas as dispensações.

1. As promessas e as profecias são imutáveis

As promessas e profecias das Escrituras cobremtotalmente o período da existência da igreja. E, em seuespírito, letra e alcance nos apresentam, evidentemente, umsó e idêntico corpo. Começam com a igreja em seus primeiros

tempos e continuam com seu posterior e mais amplodesenvolvimento, coisa que implica continuidade,prosperidade e crescimento, porém que descartacompletamente qualquer idéia de que a igreja de então tivessede ser substituída por outra posterior: “O Senhor Deus vossuscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a

mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser” (At 3.22);“Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa doSenhor será estabelecido no cume dos montes [...] e para eleafluirão os povos” (Mq 4.1); “Levanta-te, resplandece” —diz o profeta a Sião, como antecipação de sua glória. “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor

nasce sobre ti [...] As nações se encaminham para a tua luz,e os reis, para o resplendor que te nasceu [...] Então, o veráse serás radiante de alegria; o teu coração estremecerá e sedilatará de júbilo, porque a abundância do mar se tornará ati [...]” (Is 60.1,3,5). Citações como essas poderiam sermultiplicadas quase indefinidamente, se fosse necessário.Acreditamos, porém, que as citadas sejam suficientes para

mostrar que a igreja de então não deveria ser substituída,mas ampliada e engrandecida, recebendo em seu seio omundo gentílico. Era assim que os judeus piedososentendiam esses textos, e olhavam o porvir com exultantegozo que antecedia seu cumprimento. A igreja sempreconsiderou que essas promessas seriam cumpridas, em parte,

em seu próprio engrandecimento e que apontavam para umabendita herança.

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O B at is m o   C  r istão, I  m e r sã o   o u  A s p e r s ã o  39

2. A identidade da igreja em ambas as dispensações

Como complemento a essa argumentação, deve-senotar, também, que as declarações formais, didáticas eargumentativas do Novo Testamento ensinam claramente amesma coisa, a saber, ensinam a identidade da igreja emambas as dispensações: “edificados sobre o fundamento dosapóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedraangular" (Ef 2.20). Os gentios são “co-herdeiros, membros

do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Ef 3.6). Por meio de Cristo, judeus e gentios têm acesso por um mesmo Espírito, ao Pai,e são, portanto, concidadãos e membros da família de Deus(cf. Ef 2.18,19). A oliveira plantada no princípio continuasendo a mesma. Os velhos e decadentes ramos podem ter-se

quebrado e outros novos, da oliveira brava, foram enxertadosnela, mas a árvore continua sendo a mesma. Esse ilustrativoargumento do apóstolo carece totalmente de sentido eadequação se a igreja não tem sido preservada. 0 mesmo sepode dizer do fato de Cristo ocupar agora o trono de Davi.Onde estaria a realidade e a pertinência de uma declaraçãosemelhante se o trono de Davi tivesse perecido? Nesse ponto,o Novo Testamento ensina claramente — a respeito daidentidade da igreja — o mesmo que as promessas e profeciasdo Antigo. Essas considerações ilustram e confirmam umasàs outras e seriam suficientes para tornar firme nossaposição, mesmo que nada mais pudéssemos dizer em apoiode nossa tese.

3. Composição da primitiva igreja cristã

A história da igreja cristã, em seus primeiros passos,está plenamente de acordo com os ensinos do Antigo e doNovo Testamentos. O teor uniforme das declarações

proféticas era de que Sião sobreviveria e seria engrandecidae Davi jamais teria falta de um sucessor que se sentasse em

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40  Ct/ARLi s l /o n c i .

seu trono. O testemunho constante e invariável dos apóstolosé de que Sião permanece, recebe seu prometidoengrandecimento e agora está sob o senhorio de Cristo,

sentado no trono de Davi.Ouem compunha a igreja primitiva? Os crentes judeus,

inquestionavelmente. Conservaram as Escrituras judaicas;tinham recebido o Messias prometido à igreja judaica; pediampara si todas as promessas feitas a Sião, como herança quelhes pertencia: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de

Abraão” (G1 3.7). Todos os apóstolos eram judeus. Duranteum tempo considerável não falaram “a ninguém a palavra,senão somente aos judeus" (At 11.19). Por indicação divina,abriram a porta aos gentios, introduziram-se entre eles elhes pregaram o Evangelho, em outro tempo dado a conhecera Abraão. Poderíamos dizer que, por terem recebido a Cristo

e pregado seu nome a outros, separaram-se da igreja de Deuse perderam o direito que tinham às promessas? Certamente,

não. Era isso, precisamente, o que os unia à única e vivaigreja de Deus, e os mantinha nela. “E, se sois de Cristo,Lambém sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo apromessa (G1 3.29).

4. A identidade da igreja, principa l razão d

inclusão das crianças

Além de todos esses fatos e ensinos, a identidade daigreja pode ser estabelecida de outra maneira. O objeto deadoração e culto é o mesmo: o Deus vivo e verdadeiro. Porém,é necessário que todos os que o adoram e lhe prestam cultoadequadamente, em qualquer época, lugar ou país, tenhama mesma religião e pertençam à mesma igreja. Na verdade,que é a igreja senão a congregação ou companhia dos queprestam culto ao verdadeiro Deus?

O caminho da salvação é também o mesmo ein ambas

as dispensações, a saber, a fé em Jesus Cristo: “Eis que ponhoem Sião uma pedra angular eleita e preciosa; e quem nela

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42   C  h ar i . i -.s   Hi>m;i.

A igreja de Deus, em cujo seio a constituição originalincluía os filhos dos justos, é, indiscutivelmente, a mesmaem ambas as dispensações e ainda goza desse privilégio, a

menos que se demonstre que eles foram excluídos.Insistimos, portanto, no fato de que os que negam esse direitodevem mostrar em que autoridade se baseiam. Se em outrotempo a semente dos justos foi contada como pertencendo àigreja, com que autoridade é ela, agora, excluída da igreja?

A obrigação de provar isso, com justiça, recai sobre

nossos oponentes, e não sobre nós. Eles exigem de nós um"assim diz o Senhor” para admitir os filhos dos crentes naigreja. Nós, porém, exigimos um testemunho igualmenteexplícito para excluí-los. Enquanto esse testemunho não nosfor apresentado, sustentaremos que uma prova direta, emnosso favor — que sirva para receber na igreja os filhos dos

crentes — não é necessária e nem sequer há razão paraesperá-la. Por que deveria existir um testemunho oumandamento a respeito se a prática da igreja havia sidouniforme nesse particular? Os privilégios da semente dos justos permanecem em vigor, a menos que tenham sidoproibidos. Existe uma posição assim? Nossos oponentesdevem apresentá-la. Porém, estamos totalmente seguros de

que jamais poderão fazê-lo... Eles nos dizem que não hámenção explícita do batismo de crianças no NovoTestamento; porém, a resposta óbvia é de que o silêncio,mesmo que o admitamos, não o excluiu.

Não temos uma repetição do quarto mandamento nanova dispensação e, sem dúvida, nem por isso perde a

validade a lei do dia do descanso. Esse antigo mandamentoestá ainda em vigor. Também nada se diz, no NovoTestamento, a respeito da participação das mulheres na ceiado Senhor, mas nem por isso elas ficam excluídas da mesada comunhão. Comiam a Páscoa e eram membros da igrejana antiga dispensação; por isso, com toda justiça, se não

foram proibidas, têm direito aos privilégios correspondentesna nova. Assim, pois, não se necessita de mandamento para

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O B m is m o   C  r istão , I  m i : rs . ão  o i ; A s m r s à o   43

admiti-las, mas para excluí-las. Enquanto um mandamentoem contrário não for encontrado, seus privilégiospermanecem em toda a extensão e integridade. Tudo indica

que participavam, ainda que isso não fosse ordenado nemse mencionasse o fato expressamente, pois, pelo que vemos,não houve necessidade de fazê-lo.

É exatamente isso o que ocorre no caso das crianças-membros. Foram recebidas segundo os estatutos originaise sempre estiveram incluídas na igreja. Não houve,

portanto, necessidade de se determinar sua admissão.Porém, ao mesmo tempo, todas as alusões incidentais(como veremos agora) mostram que elas foramrecebidas com seus pais. Certamente não necessitamosde maior autoridade do que essa e, nas circunstâncias,não poderíamos esperá-la.

As crianças ocupavam o seu lugar na igreja como asmulheres o seu, na mesa de comunhão, a menos que tivessemsido proibidas. O silêncio das Escrituras é significativo parao nosso modo de pensar e agir. Se tivesse havido a intençãode excluir da Páscoa cristã as mulheres ou de revogar oquarto mandamento, ambos os pontos teriam sidomencionados. Visto que coisa alguma nos é dita a respeito eestando clara a prática  dos apóstolos, esses antigos costumespermanecem imutáveis. Se existisse a intenção de privar ascrianças de seu scatus   na igreja, ela se teria manifestado.Não havendo nada a respeito, as crianças permanecem noseio do pacto e têm direito ao seu selo.

Tem-se dito, porém, algumas vezes, que a filiação das

crianças era parte do ritual mosaico e que, portanto, terminouquando este perdeu a validade. Isso não é verdade, pois afiliação infantil não era parte do ritual mosaico. Admite-se,geralmente, que a igreja se inicia como comunidadeorganizada com a família de Abraão, uns quatrocentos anosantes de Moisés, e já então se considerava e ensinava que

as crianças eram membros dela: “ Estabelecerei a minhaaliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das

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44  ( ' i i A i t u : s Hoixu-:

suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e detua descendência [...] Esta é a minha aliança, que guardareisentre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós

será circuncidado” (Gn 17.7,10). Essa é a lei que estatui afiliação das crianças, e que foi dada muito antes de Moisésaparecer.

A revogação do ritual mosaico, decretada num períodoposterior, não pôde causar efeito algum sobre o pactooriginal. Um juízo imparcial bastaria para certificar-se disso;

porém, temos o testemunho da inspiração, que tratadiretamente desse ponto: “ ... uma aliança já anteriormenteconfirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trintaanos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha adesfazer a promessa" (G1 3.17). Os antigos estatutospermanecem ainda intocados pela lei cerimonial.

Poderíamos dar uma resposta bem parecida com essa,ou seja, poderíamos alegar que a comunidade israelita erauma organização secular e que as crianças pertencemtambém à igreja cristã, que é um corpo espiritual. A respostaé que a igreja israelita, ainda que se regesse por um códigocivil e cerimonial que foi dado por Deus a Moisés — , eratambém um corpo espiritual e incluía as crianças muito antesde suas leis civis serem promulgadas. O povo de Deus noAntigo Testamento adquiriu organização com a família deAbraão, quatrocentos anos antes de Moisés. A lei cerimonialfoi um apêndice acrescentado para reger o culto a Deus epara prenunciar o Redentor até a vinda de Cristo. Depois davinda de Jesus, o ritual nacional, com todos os seus tipos e

sombras, foi anulado. Porém, tal anulação em nada afetouo pacto original feito com Abraão, que ainda permanece paraele a sua semente, de modo tão certo como no dia em que foiestabelecido pela primeira vez. Tal pacto está em vigor comoverdadeiro fundamento da igreja invisível. Os crentes sãoagora os filhos do fiel Abraão, e o pacto e a promessa são

para eles e seus descendentes tão legítimos como noprincípio, por mais que a lei de Moisés, no que se refere a

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O B -rtssio ( 'msiAo, I m i .rsào  (>(■■A smhsâo  45

algumas de suas exigências, tenha sido revogada.

Esse é, pois, o primeiro argumento, e poderíamos dizer

que é o principal, para admitir os filhos dos crentes na igrejavisível. Assim foi estabelecido por mandado divino, na

organização original da igreja, na família de Abraão. Aconstituição da igreja, quanto a isso, jamais foi alterada. O

privilégio dos filhos não cessou, nem acabou a obrigaçãodos pais. A semente dos justos ainda tem o direito de ocuparum lugar no reino visível. A única via de escape, à força,

desse argumento é a negação da identidade da igreja emambas as dispensações. Mas, como já vimos, isso éimpossível. A igreja de Deus é uma — uma família de filhos,

uma irmandade de crentes — em qualquer época ou nação e

quaisquer que tenham sido as modificações externasintroduzidas. A menos que os filhos de pais crentes tenham

sido excluídos, estão ainda no seio da dita família.

Antes de passar para o próximo argumento em favorde nossa tese, propomos a consideração de três pontos

preliminares, bastante apropriados. Oue a igreja incluía,

originalmente, os crentes e seus descendentes é um fato

inquestionável. O pacto compreendia ambos e também se

aplicava a seu selo. Assim, pois:

1. Se nosso Salvador e os apóstolos houvessemintroduzido uma mudança tão importante e radical, como é

a exclusão de metade dos membro da igreja, o menos que

podemos supor, razoavelmente, é que deveriam ter feitoalguma menção específica a respeito. De outro modo, como

poderíamos conhecer suas intenções? Porém, a respeito dissonão se faz a mais leve referência. Ao contrário, como veremos

em seguida, muitas são as indicações diretamente opostas,que aparecem como demonstração de que a mesma ordem

 já estabelecida deveria continuar. É isso possível segundo ateoria de que tanto o Senhor como os apóstolos tiveram a

intenção de suspender a filiação infantil da igreja?

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46  C  hakim s   H (  ii »,!■;

b) Se introduziram semelhante mudança naconstituição da igreja, é improvável que o fato tenha passadodespercebido a amigos e inimigos. Os judeus apreciavam,

em grau máximo, a relação do pacto que os unia a Abraão.Por outro lado, eram particularmente sensíveis no que sereferia à separação — por menor que fosse — de suas leis ecostumes. E não teriam eles reparado no que nos ocupa se,na verdade, tivesse acontecido? No caso de terem ficado emsilêncio, não teriam os próprios discípulos de Cristo pedido

uma explicação? Se pertenciam à igreja no passado, os filhosdos crentes deveriam ser excluídos dela posteriormente? Seaté então tinham gozado de uma relação peculiar com Deus,deveriam, agora, ser colocados em pé de igualdade com osfilhos dos pagãos? É totalmente incrível que nãoencontremos nenhuma alusão de amigos ou de inimigos atais mudanças, se elas, de fato, foram introduzidas na igreja.E não consta nem uma só palavra, nem de amigos nem deinimigos, que implique ter-se introduzido qualquer mudançaa respeito desse assunto. Ao contrário, há muita coisa quedenota a continuidade da antiga prática. Como é possívelconciliar isso com a tese batista?

c) Se não havia mudança alguma prevista na

constituição da igreja e se os privilégios dos crentes, nesseparticular, tinham de continuar como até então, nãodeveríamos esperar como norma uma determinação expressapela qual se incorporassem à igreja os filhos dos crentes

 junto com seus pais (pois tal determinação era desnecessária, já que isso era o que se cria e praticava), mas uma alusão

incidental ou ocasional a essa prática como uso ou costumeem vigor. E é isso, precisamente, o que encontramos, segundoprocuramos mostrar. Não há referência alguma a mudançanem se tem notícia de discussão ou queixa de parte algumaque dê a entender ter havido tal mudança. Há apenas alusõese relatos que mostram, claramente, a continuidade da ordemestabelecida.

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ü  B at is m o   C  r istão , I u h k s â o   o i ' A s m ts .Ã o   47

B. 0 Novo Testamento confirma que os filhosdos crentes são membros da igreja

Utilizaremos agora alguns testemunhos como umsegundo argumento em favor de nossa tese.

Em primeiro lugar, tomemos a declaração do apóstoloPedro a seus irmãos judeus:"... para vós outros é a promessa,para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe”(At 2.39). Como judeus, estavain acostumados a associarsua prole a todos os privilégios e bênçãos relacionados àigreja. Se deviam ser despojados desse privilégio ao setornarem cristãos, é estranho que Pedro mencione, da formacomo o faz, a relação do antigo pacto. “Arrependam-se esejam batizados, cada um de vocês, porque o pacto é paravocês e para os seus filhos." Pedro teria feito tal afirmação

se acreditasse que os pais, ao crer em Cristo, veriam seusfilhos excluídos da igreja? Acreditamos que não. Pode serque a linguagem que usamos não deva ser considerada umaprova do batismo infantil, porém, segundo o nosso melhormodo de entender, essa linguagem é totalmente hostil à idéiade que a descendência dos crentes tenha uma condição menos

favorecida na nova do que na antiga dispensação. Dizemosisso com base no pressuposto de que o pacto de Deus com seupovo é imutável a esse respeito. Além disso, a afirmação dePedro aparece quase no princípio da dispensação cristã,ocasião em que — se devia ser instituída uma ordemtotalmente nova ele estaria obrigado a fazer afirmaçãointeiramente diferente. Em vez de deixar que os pais inferissem

a continuidade do status   de seus filhos, Pedro deveria ter-lhes dito claramente que, a partir de então, seus filhos nãoreceberiam mais o selo do pacto.

Examinemos agora a importante passagem de 1Coríntios 7.14: "... o marido incrédulo é santificado noconvívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no

convívio do marido crente. Doutra sorte, os vossos filhosseriam impuros; porém, agora, são santos” . Em que sentido

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48  C  h a m m s   I I o ix  ,/■

são “santos” os filhos quando um dos pais é crente? Nãosão santos inerentemente, pois nem quando ambos os paissão fiéis se pode dizer que o sejam. Deve referir-se ao pacto

ou à relação eclesial em que os filhos estão postos. E, semque haja lugar a dúvida, a intenção de Paulo era resolveruma dificuldade prática que surgiu muito cedo na igreja.Parece que os cristãos não sabiam o que fazer quando sóum dos cônjuges era convertido. Essa dificuldade não poderiaexistir se as crianças, de qualquer modo, tivessem de ser

excluídas, supondo-se até o caso de ambos os pais seremcrentes. Diante dessa dúvida, o apóstolo diz que a fé de umdos pais basta para garantir a posição das crianças no pacto.Não havia por que excluí-las.

“Baseado na mais serena e imparcial consideraçãodesta passagem”, diz Dodridge, “devo julgar que ela se refereao batismo infantil. Está claro que a palavra santo  significaalguém que pode ser admitido na participação dos ritosdistintivos do povo de Deus” . Scott diz: “Não posso senãoconcluir, depois de ter prestado grande e delida atenção aotema, que temos aqui uma clara referência ao batismo dosfilhos dos crentes, como costume normal na igreja daqueletempo” . Não existe outra interpretação p lausível da

passagem que nos ocupa aqui. Olshansen, que nega areferência do texto ao batismo infantil, descobre que obenefício que recai sobre o cônjuge incrédulo está enraizado"na importante idéia de que uma santificação relativa podeter lugar, simplesmente, mediante o trato freqüente com osque a possuem” . “Naqueles que estão estreitamente unidos

aos crentes, sem submeter-se plenamente à influência deles",diz Olshansen, “é sempre de imaginar-se certa resistência;porém, o infinito poder de Cristo se une às melhoresqualidades que há neles, elevando-as até determinado nível".E na santidade ou pureza que a passagem atribui aos filhosdo casal do qual só um cônjuge é crente, Olshansen só encontra“uma destinação à conversão e, inquestionavelmente incluído,o meio que a facilita. Esta é a bênção de ter progenitores

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O B ytismo  C  r is tã o , I  m e r sã o   o v  A s w r s â o   49

crentes". Sombra de Abraão! E, não obstante, admite que,“no pensamento que o Apóstolo expressa aqui, reside a plenaautorização à igreja que instituir o rito do batismo infantil.

O que pertence aos filhos dos cristãos, em virtude de seunascimento, lhes é afirmado no batismo e se lhes oferece,plena e realmente, em sua confirmação espiritual” .

I-Iá outra alusão a crianças, de natureza menosdefinida, nas familiares palavras de nosso Salvador: “Deixaivir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos

tais é o reino de Deus" (Lc 18.16). O reino a que o Senhor sereferiu era a igreja. As crianças eram levadas a ela desde ocomeço. Se a partir daquele momento devessem serexcluídas, a declaração de Jesus seria, certamente, estranha.Em vez de esperar uma continuidade explícita de seusdireitos, deveríamos esperar uma explícita negação deles.

Não podemos senão crer que teria sido assim se a intençãode Jesus fosse afastar as crianças de sua posição no pacto.Essa seria, certamente, uma ocasião apropriada para apromulgação de uma nova ordem. No entanto, estava longede proceder dessa maneira, pois, na verdade, bem pareceque ele sancionou o antigo uso. Essa é a forma pela qual oscrentes têm entendido as palavras de Jesus e, com alegria,têm consagrado a ele o fruto de seu matrimônio, na doceconfiança de que serão guardados como cordeiros de seurebanho e recebidos finalmente no reino celestial. Estariameles alimentando uma falsa ilusão?

Essas são algumas das principais alusões que mostramque, tanto na antiga como na nova dispensação, os filhosdos crentes estão incluídos no pacto e têm direito ao seuselo. O Senhor Jesus disse que eles pertenciam ao reino. Oapóstolo Pedro afirmou que a promessa os inclui. E, numcaso em que os crentes não sabiam o que pensar ou fazer,receberam instruções reconhecendo a posição dos filhos.Cremos que essas alusões, a falta de outras que as

contradigam e a relação com a antiga prática da igreja devempesar na decisão relativa a esse assunto. Parece-nos

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50  C  h a m a s 

inconcebível que essas ratificações tenham sido dadas se asemente dos justos nunca mais fosse admitida no reinovisível. O terceiro dos nossos argumentos, que exporemos a

seguir, reforça grandemente o que cremos.

C. A prática da igreja primitiva

A prática da igreja primitiva parece haver coincidido

com a interpretação que temos dado e com o antigo costumedo povo de Deus. Encontramos a evidência disso nosbatismos de famílias ou casas inteiras que aparecem no NovoTestamento. Destes, estão claramente relatados quatro: oda família de Cornélio, de Lídia, de Estevão e do carcereiro.Temos também referência a outros quatro em que o batismodas crianças é bastante provável (os das casas de Crispo, de

Onesíforo, de Aristóbulo e de Narciso). É muito difícilacreditar que em nenhuma dessas famílias houvessecrianças. Tomemos ao acaso algumas famílias de qualquercomunidade ou época, e a probabilidade de encontrarcrianças em alguma delas será quase de mil em uma.

É digna de destaque, também, a forma com que se

menciona o batismo de uma dessas famílias, pois pareceindicar um costume que prevalecia: “Depois de ser batizada,ela e toda a sua casa ...” (At 16.15). Parece que o batismo dafamília era tão natural como o do pai ou do chefe da casa.Esse detalhe é significativo também quando nos lembramosde que, na antiga dispensação, sempre que um pai prosélito,

por exemplo, professava a verdadeira religião, a ordenançainiciadora se aplicava à sua família ao mesmo tempo que seaplicava a ele, pois ele e os seus eram circuncidados econsagrados, publicamente, a Deus pelo selo do seu pacto.

A alusão a essa cerimônia deve ter sido tão natural,como a feita em relação ao batismo de Lídia. Circuncidava-

se alguém com sua família. Se se batizava alguém com suafamília, o segundo era batizado tão naturalmente como o

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O B a ii sm o   C  k is iào , I  mi : rsâo  ot •Asi’i;ns.4o  51

primeiro, em seguida à conversão. Nada podia ser maisnatural e sem artifício do que afirmar diretamente que,segundo a natureza do pacto e da prática comum dos

apóstolos, ela e os seus eram recebidos na igreja pela mesmaordenança, com base na fé individual de Lídia. Esse e osdemais casos mencionados devem ser considerados somentecomo amostra do que era comum naquele tempo. A simplesalusão passageira a esses fatos é inexplicável em qualqueroutra teoria.

Pode-se mostrar que a história anterior da igrejaconfirma a conclusão a que esses argumentos nos têmlevado. Porém, preferimos, por enquanto, expor apenas oenfoque bíblico do tema, o qual qualquer pessoa capaz deraciocinar pode compreender e apreciar. Se se aceita isso,nada mais é necessário. E, se temos falado nisso, não

desejamos que a história não inspirada nos apóie.As principais proposições que temos defendido são:

que os filhos dos crentes estavam incluídos no pacto, quepertenciam à igreja e que, na organização original da casa

de Deus (cuja constituição não foi ab-rogada e é, todavia, anorma da igreja), recebiam o batismo. Portanto, estão ainda

incluídos no pacto e, naturalmente, ainda lhes pertence orito de iniciação. Se alguém os deixa de fora, deve explicarem que mandamento se baseia para excluí-los. Isso de modoalgum pode fazê-lo. Porém, em vez de esperar que nosdemonstrem a exclusão, mostramos como diversasdeclarações implicam, claramente, a continuidade de talcostume sob o Evangelho. Por conseguinte, a prática da igreja

parece ter-se fundamentado nisso.

Como observamos no princípio, cada um dessesargumentos tem seu próprio peso; porém, combinados,reforçam-se e confirmam-se mutuamente de maneiraincomensurável. Deus, primeiramente, deu guarida aos filhosdos crentes em sua igreja e, já que não os excluiu, continuam

pertencendo a ela. Só isso deveria bastar. Poderíamos deter-nos aí e esperar, tranqüilamente, que nossos opositores

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O B at is m o   C  r is tã o , I  m e r sã o   o v  A s p e r s ã o   53

Uma ou duas objeções mais exigem nossa atenção antesde terminar. Diz-se que as condições para receber o batismosão o arrependimento e a fé. Só aqueles que podem cumprir

essas duas condições são sujeitos adequados para receber osacramento. Se as crianças não podem arrepender-se nemcrer, não devem ser batizadas. Nossa resposta é tríplice:

1. A mesma forma de raciocínio as exclui também docéu, pois o arrependimento e a fé são as condições que seexigem tanto para o batismo como para a salvação.

“Testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimentopara com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]" (At20.21) era a súmula da pregação de Paulo. “ ... se, porém, nãovos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Lc 13.3);“ ... o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nomedo unigénito Filho de Deus" (Jo 3.18). Como as crianças não

podem arrepender-se nem crer, não podem salvar-se. 0argumento prova demais e, portanto, não serve para nada.

2. Os testemunhos aduzidos têm que ver com osadultos, porém nada provam com respeito às crianças. Issoé o que comumente se crê quanto à sua salvação, no caso deeleitos morrerem na infância. E por que não há de ser certo

também no que se refere ao batismo?3. Na antiga dispensação, exigia-se dos prosélitos a fé

e a submissão a Deus. Seus filhos eram incapazes de realizaresses atos; não obstante, eram recebidos pela autoridade dopacto e recebiam seu selo. Por que não temos de seguir amesma ordem na nova dispensação? No entanto, nos dizem:

que bem lhes pode trazer o batismo? Não pouca chacota setem feito, às vezes, à custa dos pedobatistas (que batizamcrianças) em função dessa pergunta. A aspersão de criançasinconscientes é considerada o supra-sumo da idiotice.

O mesmo poderiam ter dito alguns, se é que já não ofizeram, a respeito da circuncisão. Que sentido tem acircuncisão e qual é a vantagem de submeter os meninos auma cerimônia tão dolorosa? Porém, antes, ó homem, quemés tu para discutires com Deus? Ouem somos nós para acusar

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54  C  h a m a s   H oihíi -:

Deus de néscio? Conhecer o que ele exige deveria bastar-nos. Até aqui, a nossa primeira resposta.

A segunda é que nossa incapacidade para descobrir autilidade da ordenança não prova que esta não tenha valor.A água não tem eficácia purificadora em si mesma — jamaiso imaginamos; mas seu uso religioso, na forma prescrita,pode ser valioso. Se consagramos nossos filhos a Deus, comespírito de amor e submissão a ele, quem poderá dizer que,por meio do batismo e da instrução que ele implica, não

possa descer uma bênção inefável sobre cada uma das partesinteressadas: pais, filhos, igreja e mundo? É um fato notávelque a igreja de Deus se tenha mantido e perpetuado, de séculoem século, em grande parte, pelas famílias dos justos. Quempoderá dizer em que medida a consagração de sua sementea Deus pode ter contribuído para   o seu próprio bem-estar,

para o consolo dos pais, prosperidade de Sião e bem domundo? Estamos convencidos de que o cumprimento dessaordenança tem trazido bênção incalculável e que eliminarseu uso na igreja seria altamente nocivo e perigoso.

Apesar de todas as solenes considerações e vantagensque a reforçam, estamos inclinados, lamentavelmente, a

descuidar da devida instrução de nossos filhos e eles, porsua vez, estão inclinados a ter em pouca conta o grandebem que lhes traz e suas próprias obrigações. Qual seria oresultado se esse batismo desaparecesse da igreja?

Contudo, não podemos agora deter-nos nesseparticular. É possível que, em outra ocasião, discutamos asconseqüências práticas e o valor da ordenança. Uma vezestabelecido o ininterrupto privilégio de considerar nossosfilhos juntos conosco na arca e de consagrá-los ao nossoDeus, guardador do pacto, nos deteremos aqui. A cada etapade nossa argumentação, temos mais e mais nos convencidode que nosso comportamento é bíblico e de que, em suaconsciente observância, se funda a razão que temos para

esperar a bênção divina.

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Capítulo 3EXPOSIÇÃO PRÁTICA DO BATISMO 

DE CRIANÇAS

Os filhos de pais crentes devem ser admitidos na igrejavisível por meio do batismo. São santos não simplesmentepelo ato formal do pai, que os consagra a Deus, mas emvirtude do pacto de Deus com seu povo, pelo qual os incorporaa seu reino visível com o intuito de prepará-los para o reinoeterno e espiritual. É o mesmo que ocorre com todos osgovernos humanos, que ligam os filhos ao Estado por causa

cle sua relação com os pais, ficando aqueles sob as leis destes,à espera da cidadania plena, que passam a gozar quandoalcançam a maioridade. Por sua constituição original e

inalterada, o reino visível de Deus inclui em seus termos oscrentes e seus descendentes. Em conseqüência dessadisposição divina, o selo do pacto foi aplicado a ambos nos

dias de Abraão, e desde então tem sido feito sempre assim,tanto na antiga como na nova dispensação.

Sem repetir os argumentos já aduzidos, queremosagora apresentar as implicações práticas desse importantetema. Não somos pragmáticos. No sistema teológico efilosófico que sustentamos, a utilidade não é o fundamento  

nem a medida   da virtude. E, sem dúvida, estamosconvencidos de que, em todos os planos da providência e dagraça, o dever e a utilidade apontam para a mesma direção:“ ...a piedade para tudoé proveitosa, porque tem a promessada vida que agora é e da que há de ser” (lTm 4.8). Devemosconsiderar suas vantagens, pois só assim nossa menteperceberá a sabedoria e a bondade divinas. Por conseguinte,nos esforçaremos em fazer assim, apresentando do modomais claro possível todas as partes dessa transação suas

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56  C  h a m a s   H o i x ;r  

mútuas relações, suas promessas, compromissos eobrigações. Acreditamos que assim se verá que o batismo,em todos os seus aspectos, é sumamente benéfico e bíblico.

Segundo nossa concepção, há quatro partes nessepacto: os pais, a igreja e as crianças, de um lado, e o Deustrino, de outro lado. Todos estão íntima e profundamenteenvolvidos. Os três primeiros, ainda que distintos, estão deum mesmo lado, como se fossem partes aliadas. Deus, porém,como parte única, está do outro lado, mantendo uma relação

maior com os três unidos a ele por meio do pacto. Assim,quando tratarmos cada uma das partes, não nos será possíveldeixar as outras isoladas, uma vez que existe tão íntimarelação entre elas. Porém, nos fixaremos isoladamente emcada uma dentro do possível e na ordem que acabamos deindicar. A igreja tem o dever de compreender o que significa

essa solene ordenança em toda sua extensão.

A. Os pais

Os pais figuram em primeiro lugar, pois são, pelomenos neste momento, a parte mais profundamenteinteressada na transação. Para eles há derivações eimplicações de incalculável importância.

1. Sua fé como motor e condição do batismo

O direito de levar o filho ao batismo depende de umacondição moral interna, ou seja, da fé: “Porque o maridoincrédulo  é santificado no convívio da esposa ["crente"] [...]Doutra sorte seus filhos seriam impuros; porém, agora, sãosantos" (ICo 7.14 — grifo nosso). O ato de batismo provocaestas perguntas: sou filho de Deus? Possuo a fé que protegeesta criança “santa”, ou seja, “separada”, que Deus incorporaao seu reino invisível? Se não, que faço eu aqui? Sem fé éimpossível agradar a Deus Assim imediatamente os pais

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58  C  harle s   H oikíe 

com nosso anelo e segundo a fé cristã implantada em nossocoração, Deus ajudará na obra que colocou em nossas mãos.Ele tocará nosso coração para despertar-nos à fidelidade etocará também o coração dos filhos quando nós nãopudermos fazê-lo, de um modo que não está ao nossoalcance. Ele ouvirá nossa oração e regará a sementeplantada. Fará que nossos cuidados resultem em benefíciospara que, no final, entremos na glória com os filhos que elenos deu. A fé nessa providência tem um valor que sobrepassa

toda definição. A ordenança do batismo a estimula.

4. Sua fé como vínculo da criança com a igreja

No que concerne à igreja, segundo nos ensina aordenança do batismo, a fé dos pais tem igualmente muito

valor. A igreja é para eles como uma mãe adotiva e as gratasrecordações de sua própria formação, em santidade,continuam vivas. Tudo o que receberam, pela graça divina,por meio da igreja, os induz a esperar as mesmas bênçãospara sua semente. Os filhos, incorporados à igreja visível pelobatismo, recebem uma formação para o bem desta e de acordo

com suas leis. Os pais fazem uso dos recursos da igreja,promovem nesta a paz e trabalham para sua prosperidade.Fazem que seus filhos permaneçam no seio da igreja, levando-os à casa de Deus, ensinando-lhes os louvores e fazendo queconsiderem a igreja com respeito filial. Assim, os própriospais se reconfortam e a igreja encontra neles — eposteriormente em toda a família — a atitude que seu bem-

estar exige, ao mesmo tempo em que os filhos têm asseguradosexemplos e influências que lhes serão benéficas tanto paraeste mundo como para a vida futura.

Assim, pois, sempre será pouco o que dissemos de umainstituição como essa, que vem em socorro de paispreocupados, que coloca na mente deles o alto significado

de suas obrigações em todos os aspectos e que, ao mesmotempo anima-os com princípios e esperanças edificantes O

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O B at is m o   C  r is tã o , I  m e r sã o  o u  A s p e r s ã o 59

efeito que produz nos pais e, por intermédio deles, na geraçãoseguinte e na prosperidade do Cristianismo é incalculável.Tratando-se de uma instituição permanente da igreja, nãohá dúvida de que o propósito do batismo é animar e alentaros pais na obra mais importante que foi confiada a mãoshumanas, assegurando para os pequenos todo o cuidadonecessário e as melhores influências possíveis.

Ainda que fosse apenas isso, já seria suficiente para justificar a sabedoria e a bondade divinas ao instituir o

batismo infantil. Como seria bom se os pais compreendesseme apreciassem esse sacramento em toda sua extensão! Comsua linguagem concisa, é uma expressão de fé e oscompromete, solenemente, diante da criança, diante de Deuse de sua igreja.

Têm sido cumpridos os compromissos assumidos pelos

pais na cerimônia do batismo? Têm sido beneficiados osfilhos pelos exemplos e os conselhos da educação cristã?Quando aquele que conhece os corações olha para a família,vê fidelidade nela? Pode a igreja de que somos membros verque tratamos as ovelhas de Cristo como prometemos, comoas ovelhas necessitam e como a igreja tem o direito de

esperar? Oue o Senhor nos dê graça para sermos fiéis.

B. A igreja

Veremos agora a igreja como uma das partesmencionadas em relação com essa ordenança. Nosreferiremos tanto à igreja local, de que fazem parte os pais,como à totalidade do rebanho de Cristo. O compromisso e aresponsabilidade da igreja, pode-se dizer, são inferiores

apenas aos dos pais.

A relação da igreja com a criança, com os pais e comDeus é tão variada e quase tão solene como a dos genitores.

A criança, por meio do batismo e dos ministros ordenados,é recebida pela igreja no reino visível de Cristo A igreja

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60  C  har i . es   H o ix  , e 

compromete-se a orar a Deus pela criança, assegurando a

esta simpatia, ajuda e cuidado. Os batizados não sãoestranhos; são filhos adotivos pelos quais a igreja tem o

mais profundo interesse. Ela cuidará para que os paiscumpram seus deveres e os ajudará nessa tarefa. É precisoque se ofereçam às ovelhas os ensinos do Evangelho,assegurando-lhes também as saudáveis influências de umapreparação e formação bíblicas. Junto com os pais, a igrejaorará e trabalhará para o benefício dos pequenos,

conduzindo-os ao amadurecimento, na compreensãointeligente, na respeitabilidade, na piedade, na utilidade e,finalmente, preparando-os para o céu.

Com esse objetivo, será feito todo o necessário para obem-estar e segurança dos pequenos, contra todo perigo.Certamente, essa não é uma pequena bênção para essa

geração que começa a crescer, pois assim ela encontra umadupla garantia de que sua educação não será descuidada.

Em relação aos pais, a igreja promete ajudá-losanimando-os em seu árduo trabalho. Unirá sua fé einsistência à fé dos pais, para suplicar a promessa do pactocom Deus. Sua influência e a dos pais se somarão para

aplicar os ensinos da Escritura. Os ministros da igrejaexplicarão, do púlpito, a Palavra de Deus; visitarão ospequenos no lar e na Escola Dominical, para despertar-lheso interesse e instruí-los nas grandes verdades a respeito deDeus e deles mesmos, no que se refere tanto a esta vidaquanto à vida futura. Essa ajuda será de grande benefíciopara os pais sinceros e humildes. Sua fé é fraca e seusesforços, pequenos; seus recursos são limitados; suas faltas,inumeráveis. Porém, na igreja está toda a companhia dosfiéis que Deus preparou para ajudá-los em seu trabalho.

Muitos fiéis que também têm filhos sabem comoalentar os pais em suas tribulações. A fé e as orações daigreja acompanharão e inspirarão a fé e as orações dos pais.

A congregação dos crentes é como uma grande sociedade deajuda mútua para educar corretamente as crianças Todos

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O B atismo  C  ristão . I  mkrsão  oh  A srersáo   61

os pais se sentirão fortalecidos por esse pensamento e aigreja, por sua vez, receberá bênção por essa obra celestial.

O batismo coloca a igreja numa posição igualmenteimportante em relação a Deus. A igreja toma a seu cuidadosos cordeirinhos do rebanho de Deus. Responde, pela fé, aopacto divino: “Estabelecerei a minha aliança entre mim e tie a tua descendência no decurso das suas gerações, aliançaperpétua, para ser o teu Deus e o da tua descendência" (Gn17.7). Aqui está a esperança da igreja. Vive dessa fé e nela

se fortalece, ao mesmo tempo em que conduz seus filhos aDeus. Ei-los aqui. Ajuda-nos a crer! Revela-te, ó Senhor, comoo Deus que cumpre o pacto.

Como se estivesse ancorada no Senhor, a igreja aguarda.Onde poderia ela repousar, se estivesse separada dele? Comopoderia viver e florescer, se não fosse em sua descendência e

por meio dela? Esse tem sido sempre o princípio de suacontinuidade e principal via de seu progresso. Para onde olharáela, se a sua descendência desaparecer?

Até aqueles que se recusam a reconhecer a relação dopacto com o seu selo vêem nos descendentes a mesma fontede crescimento e sobrevivência, ainda que não tenham nem

uma centésima parte da confiança e do consolo dados aosque se apegam a Deus, segundo o ensino do batismo. Aesperança deles está turvada pelo temor, mas ainda existe,apesar de uma teoria oposta. A nossa, porém, estáfundamentada na verdade.

Assim, pois, afirmamos que é muito importante para

o batismo de crianças esse aspecto do nosso tema, ou seja,que a igreja, como uma das partes contratuais, secompromete diante da criança, dos pais e de Deus. Issopressupõe e promove o bem de todos os interessados. Ascrianças e os pais recebem bênçãos ao mesmo tempo emque cresce a santidade da igreja e a glória de Deus. Tem sidosempre essa a postura de nossa amada igreja. Daí procedesua atenção para com os pequenos.

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62  C i i A R u : s  H o ix ih

Por conseguinte, na educação secular e, sobretudo, naformação moral, a igreja não tem sido omissa. Suas escolas,faculdades e seminários, nos quais se deve ensinar e viver

Cristianismo, são exemplos vivos de sua atividade; e ainteligência, a maturidade, a sobriedade e o valor moral deseus filhos são, ao mesmo tempo, fruto, evidência erecompensa de sua fidelidade. O Senhor tem abençoadomuito a igreja com sua juventude.

Isso, no entanto, deve induzir-nos a um esforço

ininterrupto e mais vigoroso. Nesse tipo de trabalho, nãoalcançamos a plenitude do dever nem do êxito. Há muitopor fazer ainda e podem-se alcançar muitas melhoras. Emais: não se tem certeza se a igreja, como totalidade,alcançou plena tomada de consciência a respeito de suasrelações e deveres nesse assunto e do enorme poder dessaalavanca com a qual tanto pode fazer para elevar o padrão

da humanidade. Em muitas de nossas congregações, quandouma criança é apresentada para o batismo, pensa-se que aquestão só interessa aos pais e a Deus. A igreja não chega asentir-se parte interessada ou comprometida diante dacriança, dos pais e de Deus. Por causa da fraqueza de suafé, deixa de assumir plenamente suas responsabilidades.Deve-se principalmente a essa pecaminosa negligência o fatode a instituição não ser tida em mais alta estima. Sefizéssemos com ela o que foi originalmente determinado,tratando-a como ela deve e pode ser, o mundo não poderiadeixar de apreciá-la com admiração. Veria que essaordenança é adequada à constituição da sociedade e àprosperidade da igreja. A respeito disso diremos algo mais

em outro tópico.

C. As crianças

Agora consideraremos as crianças, pois são o sujeitoda ordenança. O batismo foi instituído para o bem delas.

Para evitar incorrer em erros e exibir a verdade tãoplenamente quanto possível, precisamos levar em conta

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O B at ismo   C  ristã o . I  mersão  o v  A spersão   63

1. O batismo regenera as crianças?

Será que o batismo regenera? Tem-se falado tanto arespeito da regeneração batismal que não será demais fazeraqui alguns reparos a essa opinião doutrinária. E, visto quevamos tratar dela, aqui, com imparcialidade e franqueza,devemos dizer, desde já, que a doutrina — na forma em quea defende seus partidários — é geralmente mal entendida.

É possível que, às vezes, tenham empregado formasde expressão que pareçam implicar essa idéia. Porém, nãocremos que seja isso que desejam expressar. Os quesustentam a regeneração pelo batismo são sensatos esensíveis o bastante para supor que se pode operar umamudança espiritual pelo poder da aplicação externa da água.A exagerada linguagem usada pelos padres denota que algo

se acrescentou ao elemento visível ou que este comunicaalgo que não lhe seja inerente. Assim disse Crisóstomo: ‘Aágua pura e simples não age em nós, senão quando recebeua graça do Espírito Santo, quando só então lava os nossospecados” . Cirilo afirmou: “Do mesmo modo que a água,aquecida pelo fogo. queima como o próprio fogo, assim a

obra do Espírito Santo transforma, em poder divino, as águasque lavam o corpo de quem é batizado".

Segundo esses escritores, portanto, a água não opera,por si mesma, a mudança regeneradora, mas o faz por meiode algum misterioso poder. Cremos que isso é o que mais seaproxima da regeneração pela água. Provavelmente ainda

há pessoas que mantêm substancialmente esse ponto devista. Consideram a própria ordenança misteriosamenteeficaz e capaz de produzir uma mudança espiritual. Porém,estamos convencidos de que não pode haver muitos quepensam assim. Acontece o mesmo com o dogma romano datransubstanciação: contradiz tão flagrantemente a razão, alógica e a Bíblia que só podem aceitá-lo os que estão cegos

pela ignorância, por equívocos ou por fanatismo. Assim, pois,perderemos tempo em refutá-los

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64  C  hah i . es   Hoixn;

A idéia mais corrente e plausível a respeito daregeneração batismal não é a de que a água tenha sidodotada de um poder misterioso ou que possua esse poder

quem ministra o batismo, mas a de que Deus se obrigou porseu pacto com sua igreja e seu povo. Por isso, sempre, ondequer que o batismo seja ministrado corretamente, peloEspírito Santo, Deus muda o coração de quem recebe osacramento. Essa é, sem dúvida, uma maneira de crer muitomais razoável do que a anteriormente mencionada. E, se for

provada pela Bíblia, pode exigir que a aceitemos. Porém, aíestá a dificuldade: a Escritura nada diz a respeito dessateoria. Na Palavra de Deus não há nenhuma promessa oudeclaração que nos autorize a crer que, no momento dobatismo, é produzida a transformação do coração.

Os fatos também não apóiam tal teoria. Pode ser que

haja alguns que nasçam de novo no momento do batismo ouaté logo antes dele. Isso não sabemos. Porém, na maioria doscasos, a vida que se manifesta depois mostra claramente quea regeneração não teve lugar no batismo. O crer que aregeneração ocorreu no batismo é falso e nocivo como artigode fé, pois é contrário à verdade e tende a gerar confiançasupersticiosa numa simples cerimônia, provocando, emdecorrência, zombarias contra a igreja de Cristo, além deprovocar, nos pais e nos filhos, um espírito de negligência emsua formação cristã, matando neles o sentido de dependênciada graça divina. Sendo assim, torna-se claro que o propósitoé invalidar os fins que o batismo — corretamente entendido— tem como missão alcançar. Portanto, seguindo a orientação

bíblica, que tem sido sempre a diretriz do povo de Deus,devemos rejeitar essa interpretação.

Sem dúvida, ao rejeitar essa teoria insustentável, nãodemonstramos, por outro lado, que esperamos pouco emrelação à ordenança e à instrução que ela encerra. É de temer-se que nossa fé seja débil em demasia, em relação à deles,

que é forte em excesso. Eles crêem demais; nós, muito pouco.Para nós o batismo é uma consagração formal e pública de

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( ) B atismo   C  ristão . I  mersã o   o v  A s i - ersão   65

nossos filhos a Deus; uma expressão de nossa fé na promessade seu pacto; uma representação emblemática danecessidade da purificação de nossos filhos e da naturezada obra do Espírito Santo. Nossos filhos foram concebidosem pecado e são tão inclinados para a rebeldia quanto nós.Estamos persuadidos, contudo, de que a fé deve capacitar-nos a dizer: “ Estas crianças pertencem a Deus. Se asentregamos na confiança da promessa de seu pacto, e ele asaceitou segundo sua própria palavra empenhada, foi-lhes

aplicado o selo de seu pacto. Não as estamos formando parao mundo, mas para a glória de Deus. E nossa confiança neleé esta: ainda que jamaispossamos estabelecer limites quantoao tempo, lugar e forma de conversão de nossos filhos,cremos firmemente na realidade de seu pacto e cremos que,depois de utilizá-los para sua glória aqui, Deus os levará

com ele para o seu reino celestial” .Uma fé assim, com o inteligente zelo e o fiel ensino

que ela inspira, não deveria ser frustrada. O Deus dos pais,segundo essa fé, será o Deus dos nossos filhos. E, se nãochegarmos a esse nível de confiança, deixaremos de tirar omelhor partido de nossos privilégios pactuais. Não seja o

povo de Deus atemorizado pela extravagância e pelo erro,por um lado, nem se desfaça daquilo que lhe pertencelegitimamente, por outro. O batismo não regenera, ou seja,não é acompanhado ou seguido pela regeneração. Não

podemos ditar a Deus quando ou em quem ele deve operartão misericordiosa e soberana transformação. Deus não estáatado a nenhuma observância cerimonial nem limitado à

infindável sucessão de mãos consagradas, por meio dasquais sua graça deva fluir. Mas, sem dúvida, a obediência àsua vontade e a fé em suas promessas não são vãs.

Entregando-lhe nosso fruto (nossos filhos), cremos nafidelidade com que ele cumpre suas promessas. Nesseespírito, oramos, confiamos e aguardamos, ansiosos, a

manifestação de uma vida renovada. Seu povo não se sentiráfrustrado. A vida se mostrará em seu devido tempo, ainda

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66  C  h a k u .s   Hon<,i.

que ninguém possa dizer quando se operou a mudança. Ovento sopra onde quer; porém, mais cedo ou mais tarde,soprará sobre estes ossos secos, e eles viverão. Na promessa

do pacto que Deus fez com seu povo e sua semente, temosuma sólida rocha sobre a qual podemos nos manter.

2. Benefícios derivados do batismo

Se o batismo não regenera nem é acompanhado deregeneração, para que serve? Em parte, já antecipamos aresposta; porém, o assunto merece ser tratado maisdetalhadamente. Oxalá os jovens compreendessem econsiderassem a resposta a tal pergunta. Nossa respostaformal à questão apresenta um quádruplo aspecto:

1. O batismo relaciona as crianças com a igreja visível,colocando-as sob o cuidado do povo de Deus e compelindo-as a andar segundo o teor de seus ensinos.

2. O batismo vincula a igreja com as crianças. A igrejaas adota e as inclui em sua família, assumindo a soleneobrigação de velar por elas, procurando capacitá-las, portodos os meios, para ser úteis e dignas herdeiras do céu.

3. O batismo introduz os pais no pacto público comDeus, com sua igreja e com as ovelhas do seu rebanho,obrigando-os, por meio dos mais sólidos estímulosimagináveis, a cuidar do crescimento dos filhos e a trabalharem favor de sua salvação.

4. O batismo introduz também o Senhor no pacto como seu povo e com sua igreja.

Até aqui, é o que o batismo significa direta epraticamente, no que se refere às crianças. É a medida maisdireta que se pode tomar para conduzir as crianças a Cristo,a fim de que ele as tome em seus braços e as abençoe. É omais firme e cálido empenho de fé e amor maternal para

conduzi-las ao céu. Neste mundo, são introduzidas no reinopara que possam crescer sob suas leis familiarizar-se com

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O  B atismo   C  ristão , I. mkrsào o r As n :its .4 o   67

suas doutrinas e costumes, reconhecer seu cabeça, promoversua prosperidade e, finalmente, ser um dia transplantadaspara a morada celestial.

Não terão as crianças interesse ou responsabilidadeem tudo isso? Ainda que no momento de sua consagraçãosejam agentes inconscientes, para elas deve serimportantíssimo o fato de haverem sido entregues a Deus.Seus pais, crentes, não podiam — nem deviam — ter oatrevimento de deixar de consagrá-las a Deus. São, portanto,

membros da igreja (ainda que menores de idade) da mesmaforma que os que desfrutam sua filiação de modo pleno. OSenhor mesmo as colocou nessa posição, por meio do pactocom seu povo.

Os membros da igreja não podem desfazer essa relaçãonem livrar-se da responsabilidade que ela acarreta. Os olhos

de Deus repousam sobre eles com paternal ternura. Deusespera que sob essa bendita tutela se comportem com adevida dignidade. Se estão dispostos a fazer o bem, por essamesma disposição lhes provê toda a ajuda. Se estãoinclinados a extraviar-se, põe todos os obstáculos possíveisem seu caminho para a ruína e proporciona todo tipo de

influências, para fazê-los voltar atrás e fugir da destruição.Portanto, se quiserem perecer, terão de destruir a cerca queDeus levantou ao redor deles e, conseqüentemente,precipitar-se na perdição com a carga de sua culpahorrivelmente agravada. Prouvera a Deus que estivessemconscientes de sua posição e agissem com sabedoria. Já quecrêem na comunidade dos redimidos, devem prestar às suasleis uma saudável obediência. Desse modo, gozarão de seusmaiores favores e derramarão sobre o mundo os maispositivos benefícios.

3. O problema das deserções espirituais

Resta, todavia, examinar outra questão importante.

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68  C  h aiu m s   Hotxs i :

discrição, esquecem suas obrigações e recusam oconhecimento de Cristo? Freqüentemente, considera-se essapergunta um dos pontos mais embaraçosos do assunto. Noentanto, nem por isso deixaremos de examinar a matéria justa e lealmente. Encontramo-nos diante de um fato tristedescaradamente palpável: o fato de muitas pessoas queconsideramos membros da igreja pisotearem habitualmenteas leis de Cristo. Oue devemos fazer com elas? Devemosconsiderá-las merecedoras de uma perseguição judicial?

Devemos processá-las, julgá-las e condená-las? Devemosexpulsá-las da igreja?

Às vezes, há os que pensam que a lógica do nossosistema exige esse procedimento. Continuarão tais pessoasocupando o seu lugar livres de censura? Alguns acreditamtambém que a coerência se opõe a isso. Qualquer dificuldade

prática sobre esse particular se desvanece quando noslembramos da natureza da filiação de tais pessoas. Não sãomembros com plenos direitos, mas semelhantes aos menorescom relação à sua prática ou às crianças com relação à suafamília: legalmente têm direito de ser protegidas e educadas;porém, carecem de certos privilégios enquanto não estiverem

capacidades para usufruir deles de modo inteligente eproveitoso. De modo algum se pode considerar essa posiçãoanômala ou irrazoável.

A analogia com a situação das crianças, na família ouna pátria, é perfeita, e o modo de tratar o assunto é muitosemelhante. Um bom pai não se precipita em expulsar decasa o filho ingrato e rebelde. Lança mão de toda suapaciência, arrazoa, persuade, suplica e lhe permite continuarainda sob os privilégios e influências do lar. Agindo dessemodo há mais esperança de que se produza uma mudançabenéfica do que aplicando um castigo severo. Eis aí o modeloque a igreja deve seguir no trato com seus filhos indóceis edesobedientes. Ainda que cresçam recusando-se a conhecer

o Senhor, nenhum mal prático pode derivar-se do fato deconservá-los sob sua influência. Ao contrário, da

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O B âi ismo  C  ri s  /  âo , I  mi rsâo <»' Asrr.nsÀo  69

conservação deles na igreja só o bem é de se esperar. Aomesmo tempo em que os priva de certos privilégios, a igrejaos mantém como membros em condições um poucodiferentes, e espera, vela por eles, instrui, persuade e orapara que sejam restaurados a uma consciência plena de suaobrigação como membros do corpo de Cristo.

Por motivo ainda mais justo deve a igreja seguir amesma norma com os membros apenas batizados. Osministros devem visitá-los, instruí-los e exortá-los. A igreja

deve demonstrar o mais profundo interesse por eles e,utilizando todos os meios possíveis, fazê-los compreender que,por causa do pacto de Deus com seus pais e com a igreja,gozam de uma solene e peculiar posição. A igreja deve gravarna mente e no coração deles todos os convites e incentivos doEvangelho e, a cada dia, pôr diante de seu rosto o espelho da

verdade para que contemplem suas excelências e reconheçamsua ingratidão e a gravidade de sua culpa ao pecar contraDeus. Devem ser levados a ver o terno amor de Jesus, cujosangue pisoteiam. Devem ser levados a ver a fé, o amor e ozelo que o povo de Deus tem por eles.

Tudo isso pode ser feito não somente sem prejudicar

nossa doutrina, mas de maneira eminentemente facilitadapor ela. Se a compreendermos com propriedade, seremos

levados direta e necessariamente à maneira exata deproceder, pois assim o exige o bem supremo de uma geraçãoque cresce. Se nos prendermos a isso, gozaremos de umaposição vantajosa para tratar com nossos filhos rebeldes.Se inculcamos neles, adequadamente, essas coisas, a maioriadeles chegará um dia ao conhecimento de Cristo e a ocuparum lugar na sua igreja.

E aqui, correndo o risco de uma pequena digressão,não podemos deixar de perguntar por que há tantos filhosde crentes que crescem no seio da igreja sem abraçar Cristo,como Salvador. Como questão prática, a mente de ministros

e pais tende, com freqüência, a encarar com inquietação talpergunta à qual podemos dar várias respostas

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70  C  h a m a s   H oixíi  -:

Digamos, em primeiro lugar, que não chegamos a teruma concepção clara e firme a respeito do pacto que Deusestabeleceu conosco e com nossos filhos (e sob o qual

acreditamos que eles estejam). Nós mesmos não estamosadvertidos a respeito disso, nem gravamos, na alma denossos filhos, todo valor que esse pacto encerra. Omaravilhoso pacto com Deus, no qual confessamosdescansar, acaba se transformando em mera observânciacerimonial. Por essa razão, o bem que o batismo comunica

deixa de ser alcançado como deveria. A causa disso é a nossaincredulidade; Deus não age por nós como o faria em favorde um Israel fiel, porque sem fé é impossível agradar a Deus.Não agimos em favor de nossos filhos como faríamos setivéssemos uma fé viva e consciente, visto que a força motriznão existe quando falta essa fé. Não se submetem àinfluência do Evangelho como o fariam se estivessem cheiosdo Espírito Santo. Essa é uma das respostas.

Outra resposta é que a instrução prática que lhesdemos, em decorrência dessa falta de fé viva, é extremamentedefeituosa. Depois de consagrar nossos filhos a Deus,confiados no seu pacto, continuamos crendo que não sãodele; que crescerão em pecado, como filhos de Satanás, até

o dia em que serão levados a ter convicção do pecado e areceber o Salvador. Vistas as coisas desse modo, eles nãocrescerão considerando Deus como seu Pai, nem Jesus comoseu Redentor, nem o Espírito Santo como seu santificador,nem a igreja como seu lar. Se sentirão estranhos e verãoDeus como inimigo. Em outras palavras: pela maneira como

os tratamos, os colocamos fora do reino, por mais que,teoricamente, os consideremos dentro.

Continuamente, damos por pressuposto que suasprimeiras ações e emoções de índole moral serão más esomente más, em lugar de crer, baseados na fidelidade doAltíssimo às suas promessas, que, pela graça divina, se

exercitarão na verdade espiritual desde a infância. Por essarazão, à medida que alcançam mais maturidade, vão ficando

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O B atismo   C  ristão , I  mersã o   ou  A speksão  71

mais distantes e alheios, esperando, por assim dizer, queDeus os inscreva, em vez de sentir-se dele, obrigados a amá-lo e a servi-lo desde o nascimento.

Está aqui um erro prático muito pernicioso. Seoferecemos nossos filhos a Deus, não devemos sentir nemagir como se o batismo não servisse para coisa alguma.Cremos que o que se deve dar por pressuposto é que nossosfilhos são propriedade do Senhor e que, conforme crescemfisicamente, crescem também espiritualmente na vida de

piedade. Longe de esperar até o dia em que sintam a convicçãode pecado e se convertam, devemos esperar deles, e provocá-los com empenho — desde o momento em que sejam capazesde ação moral —, que sintam e ajam segundo os princípios deum coração renovado. Precisamos ensiná-los a odiar o pecadoe a pensar e falar de Deus como Pai e do Senhor Jesus Cristo

como Salvador. Devemos ensiná-los a dizer: ‘Amo o Senhor!Amo Jesus e confio nele! Odeio o pecado e todas as suasmanifestações e, com a ajuda de Deus, estou determinado anão ser mais seu escravo” . E esperemos que, quando chegaremà idade adulta, a vida deles corresponda a esse ensino.

Será isso menos agradável a Deus do que um espírito

de incredulidade que invalida sua Palavra? Cremos que não.É possível que, para essas coisas, seja indispensável uma fésólida, legítima, que agrada a Deus, que nos consola e queobtém as maiores bênçãos para os nossos filhos. Se apenasexercitássemos essa fé, com a ajuda de Deus, muitos denossos filhos seriam justificados desde cedo e cresceriam"na disciplina e na admoestação do Senhor" (Ef 6.4). Seriam,então, como a videira que produz o fruto ao lado de nossacasa e como plantas de oliveira ao redor de nossa mesa (cf.Sl 128.3). É esse, evidentemente, o curso das coisas, e assimo espera a igreja.

“As crianças nascidas no seio da igreja visível ededicadas a Deus pelo batismo, estão sob o cuidado e governo

da igreja, e devem ser ensinadas a ler e a repetir o Catecismo,o Credo dos Apóstolos e a Oração do Senhor Devem ser

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72  C  h a m a s  H oixíií 

ensinadas, também, a orar, a aborrecer o pecado, a temer aDeus e a obedecer ao Senhor Jesus Cristo. E quando chegaremà idade da discrição, se estiverem livres do escândalo, seforem sóbrios e determinados e tiverem suficienteconhecimento para discernir o corpo do Senhor, devem serinformados a respeito da obrigação e privilégio que têm aoparticipar da Ceia do Senhor.” 8 Essa é a verdadeiraperspectiva da posição dos pais e indica o modo adequadode conduzir-se com os filhos. Estes são do Senhor, a menos

que, por sua conta, recusem o seu pacto. Cultivemos, pois,uma fé mais vigorosa e adotemos um procedimento que tenhaanalogia com ela.

Estamos convencidos de que é muito grande o danoque a negligência dos pais cristãos sobre essa questãoprovoca nos jovens e na igreja. Esta não deve buscar tanto a

conversão de adultos entre seus próprios filhos, mas aorientação deles desde a mais tenra idade. Isso está de acordotanto com a natureza do pacto como com a natureza da vidaespiritual, cujo desenvolvimento é progressivo. Abrigamosa convicção de que, de fato, muitos dos que fazem profissãode fé, em determinado momento, nasceram de novo e estão

sob a influência divina muito tempo antes de tomar a decisão.A nova vida aparece de modo muito mais manifesto aosseus olhos e aos dos demais no momento em que professama fé, ainda que essa vida se desenvolva neles desde os diasde sua infância — como fruto imperceptível do pacto cujoselo é o batismo.

Se estas considerações estão de acordo com a verdade,quão importante é o período da infância numa família cristã!Ouão maravilhosos são a sabedoria e a bondade de Deus aocolocar a mente plástica de um pequeno sob influências tãobem calculadas para modelá-la! E quão responsabilizante,quão em consonância com a obra de Deus é a obra de cadapai e da igreja. Nisso, em verdade, descansa a esperança do

mundo. Só no fato de a igreja despertar para a grandeverdade de que ela é a escola de Jesus Cristo, na qual o

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O B at ismo   C  ristão , I  mm isào   ou  A s m r s à o   73

mundo há de ser educado pelo meio simples e natural deformar seus próprios filhos no caminho que devem seguir,

brilharia sobre ela um dia de. glória e prosperidade. Porém,se a igreja subestima essa formação e tenta alcançar seuspróprios fins de algum outro modo, são de esperar-se apenasfrustração e desengano. O Senhor mostrará que os meiosque ele estabeleceu não podem ser desprezadosimpunemente.

D. Deus

A única parte que nos falta considerar, a respeito dobatismo, é a que se refere ao próprio Deus. Vimos as inter-relações e deveres mútuos das outras partes e ao longo desta

discussão demos por assentado que Deus mantém íntimarelação com cada uma delas. Porém, vamos considerá-lasagora de modo mais específico.

Aqui se enraíza a base de toda a questão. Se não éverdade que Deus é uma das partes, a transação  que o pactorepresenta nada significa e para nada serve. Nada subsiste

se não cremos num Deus comprometido, de modo bondoso econdescendente, com a realização de sua parte no pacto. É,pois, agradável e proveitoso vê-lo relacionado com os pais,com os filhos e com sua igreja nessa aliança.

Deus diz, expressamente, aos pais: “ ... para vós outrosé a promessa, para vossos filhos ...” (At 2.39); “Para ser o

teu Deus e da tua descendência” (Gn 17.7). Isso equivale adizer: “O que sou para vocês serei para eles. Como escolhi,chamei, amei, aceitei e abençoei vocês, assim farei com elestambém". Como são consoladoras essas palavras para ocoração de um pai ansioso! Seu coração se enche de celestialemoção quando, como Davi, diz: "Ouem sou eu, Senhor Deus,e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?

Foi isso ainda pouco aos teus olhos, Senhor Deus, de maneiraque também falaste a respeito da casa de teu servo para

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74 C  hakim s   H o ix ; f 

tempos distantes” (2Sm 7.18,19). Essa esperança é o legítimolugar de descanso para todo pai piedoso. Somos a semente

de Abraão e herdeiros das promessas, que são o sim e oamém em Cristo Jesus. "Não abandoneis, portanto, a vossaconfiança; ela tem grande galardão” (Hb 10.35).

Ainda assim, o Senhor mantém uma peculiar relaçãonão só com os pais, mas também com os filhos. São delenum sentido diferente de qualquer outro, até mesmo antesde terem alcançado a idade madura. "... agora são santos”(ICo 7.14), isto é, são consagrados ao Senhor, porque elemesmo os aceitou. Pelo fato de Deus ter assim determinado,gozam de um lugar na sua vinha, de sua instrução, damoderação de sua lei, dos incentivos de sua verdade, daação do seu Espírito, do cuidado de seus ministros, dasreiteradas chamadas do seu Evangelho, das sempre abertas

portas de acesso a ele e da contínua e crescente disposiçãode serem abençoados pelo amor dos pais. O grande pastorestenderá suas mãos protetoras sobre eles e lhes infundiráo seu Espírito. Não são como os filhos dos pagãos e dosestranhos.

Pode dar-se o caso de algumas das vantagens

desfrutadas por eles serem também desfrutadas pelos queos rodeiam; porém, isso ocorre de maneira incidental, namedida em que o propósito do plano de Deus o permite; aopasso que, para os filhos da promessa, o propósito de Deusassegura providencialmente tais bênçãos. A consideraçãode Deus para com eles e sua fidelidade ao pacto se

manifestam no fato de o Senhor ter-lhes, realmente,assegurado essas bênçãos. Lembrem-se, pois, as obrigaçõessob as quais essa benéfica disposição os coloca.

Deus olha a igreja com a mesma condescendência. Elavive por sua graça. O Senhor a ama como a menina de seusolhos. Assegura-lhe paz e continuidade, bem-estar eprogresso para todas as famílias compreendidas no pactoque estamos considerando. O anelo natural do coração daigreja se volta para seus rebentos A ela é dado cultivar com

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O B at ismo   C  ristão , I  m i : rsào  o v  A s i '  i : rs .U>  75

amor e manter vivos esses anelos, que ela poderá realizartotalmente. Do mesmo modo, no círculo doméstico, seus

filhos estão, em alto grau, em sua responsabilidade. O Senhora vê com benevolência e se alegra com os esforços que elafaz para tornar suas as promessas dele, procurando formarseus filhos para a glória divina. Deus lhe deu o pacto comseu selo e tudo o que essa ordenança tem de estímulo ealento. Na observância de suas condições, está seu benditotrabalho por cujo meio é acrescentada, perpetuada econfortada à medida que forma os filhos de suas famíliascomo cidadãos úteis e herdeiros do céu. Certamente, o valordesses compromissos ou promessas está acima de qualqueravaliação. O Senhor é fiel e, por isso, havendo-se obrigadonesses termos com as três partes já mencionadas (pais, filhose igreja), cumprirá sua palavra. Deus se alegra com a

confiança que depositamos nele e não nos desapontará.

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Conclusão

Cremos haver dito o suficiente para mostrar osentimento prático e o valor do batismo. Em cada uma desuas facetas, essa ordenança é incalculavelmente benéfica.Os pais cristãos são estimulados, animados, fortalecidos econfortados em sua árdua tarefa. A igreja, por esse canal, éabençoada abundantemente. Por meio dele se relaciona com

as famílias e com Deus. Ela sustenta pais e filhos e sesustenta em Deus, ao mesmo tempo em que, por seu Espírito,este preserva e santifica todos os envolvidos. As criançasrecebem toda sorte de influências destinadas a encaminhá-las para o bem e toda a defesa e salvaguarda contra o mal.Os maiores interesses e aspirações do indivíduo, da família,da igreja, do Estado e do mundo são promovidos por essaordenança. A glória de Deus e o bem do homem estão juntamente assegurados.

Assim, pois, em vez de subestimar o batismo, comoparece ser a tendência destes tempos, deveríamos apreciá-lo ao máximo grau. Essa ordenança coloca, diante de nós,um profundo e interessante enfoque da economia divina por

meio da igreja, e nos impõe o dever de dirigir nossa fé eesforços para obedecer ao seguinte provérbio: "Ensina acriança no caminho em que deve andar, e, ainda quando foivelho, não se desviará dele" (Pv 22.6).

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Notas

1On Baptism, p. 79.

1"Aspergirá" ou "borrifará” são traduções alternativas possíveis, a partir do hebraiconazah. A Almeida Revista e Atualizada traz "causará admiração''. N. do E.

3!n sim  = no lugar.

4 Tenha-se em conta que o autor argumenta com base na versão inglesa King|ames. que traduz essas partículas por inco   e oitr,  quando, como proporáimediatamente sua tradução normal, deveria traduzi-las por to  e from   (N. T.).

5Subentende-se que é no sentido absoluto e exclusivo dado por círculos batistas

(N. I).

° Ver nota 2.

7Ver nota 2.

6Dirccrory/or Worship.  cap. 9. seç. I .

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8/11/2019 Charles Hodge - O Batismo Cristao - Imersao Ou Aspersao - Charles Hodge

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C h a r l e s H o dg e (1797-1878). Teólogo e educador americano. Hodge 

graduou-se pelo College of New Jersey (mais tarde Princeton University)  

em 1815 e pelo Princeton Theological Seminary em 1819. Em 1820 

começou a lecionar no Seminário, o que fez até o final de sua vida,  

ensinand o primeiro Literatura Oriental e Bíblica e depois Teologia. Sua 

fidelidade bíblica foi importante para a igreja na luta contra os desvios  

de seus dias e sua influência chega até nós.