73
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADA COM SÉRIES CLIMÁTICAS EM GRADE DO THE GLOBAL HISTORICAL CLIMATOLOGY NETWORK (GHCN) PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO Niterói-RJ 2016

CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS

CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS

EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADA COM SÉRIES

CLIMÁTICAS EM GRADE DO THE GLOBAL HISTORICAL CLIMATOLOGY

NETWORK (GHCN) PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Niterói-RJ

2016

Page 2: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

2

CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS

EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADA COM SÉRIES

CLIMÁTICAS EM GRADE DO THE GLOBAL HISTORICAL CLIMATOLOGY

NETWORK (GHCN) PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

em Engenharia de Biossistemas da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial a

obtenção do título de Mestre em Engenharia de

Biossistemas. Área de concentração Recursos

Naturais e Ambiente. Linha de Pesquisa:

Recursos Hídricos

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Bastos Lyra

Coorientadora: Profª. Drª. Mônica Carneiro Alves Senna

Niterói, RJ

2016

Page 3: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos
Page 4: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

3

CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS

EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADA COM SÉRIES

CLIMÁTICAS EM GRADE DO THE GLOBAL HISTORICAL CLIMATOLOGY

NETWORK (GHCN) PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

em Engenharia de Biossistemas da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial a

obtenção do título de Mestre em Engenharia de

Biossistemas. Área de concentração Recursos

Naturais e Ambiente. Linha de Pesquisa:

Recursos Hídricos

Aprovada em 11 de outubro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Gustavo Bastos Lyra

UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Profª. Dra. Célia Maria Paiva

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Prof. Dr. Evaldo de Paiva Lima

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/CNPS

Niterói, RJ

2016

Page 5: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

4

Aos meus pais,

Roberto e Vanda,

pelo apoio incondicional em todas as minhas escolhas e decisões.

Page 6: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

5

AGRADECIMENTOS

“A gratidão é a mais agradável das virtudes; e, no entanto, não é a mais fácil.

Agradecer é dar; ser grato é dividir. Esse prazer que devo a você e não é apenas meu. Essa

alegria que é nossa. Essa felicidade é nossa” (André Comte-Sponville).

Ser grato é reconhecer a importância do outro e elevá-lo em sua vida. É saber-se em

dívida. Gratidão é abnegação. É reconhecer que sem o mundo que nos rodeia não seríamos

o que somos, não teríamos o que temos.

“A gratidão é a memória do coração” (Antístenes).

Assim, não poderia deixar de demonstrar minha gratidão às pessoas que contribuíram

nesta caminhada, mesmo aquelas que às vezes não sabemos nem o nome, mas que deram o

seu auxílio direto ou indiretamente no caminho trilhado.

Primeiramente, “De todo o coração vos agradeço, Senhor, e proclamo as vossas

maravilhas” (Sl 9, 2) e “Com profundo respeito me prostro diante de vós, para agradecer

vosso amor e fidelidade” (Sl 137,2).

À minha família por ser o meu suporte.

Ao meu namorado pelo carinho e encorajamento.

Aos professores pela dedicação em ensinar e exercerem um papel muito maior que o

de simples replicadores de conhecimentos.

À Professora Mônica que confiou em mim e meu deu essa oportunidade.

Ao Professor Gustavo que me aceitou, me acolheu e me guiou neste caminho.

Ao amigo Anderson Amorim pelo auxílio na elaboração das análises e mapas.

Aos amigos do PGEB, em especial à Ana Carolina, Allana, Gabrielle, Genilson e

Jardson, pela partilha nesta jornada, companheirismo e risadas.

Que eu possa ter sempre a felicidade de ter o coração inundado de gratidão, não há

maior satisfação do que saber que tenho pessoas a quem agradecer e dizer “muito obrigada”.

Page 7: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

6

NÃO PASSO EM VÃO

Nei Duclós

Não passo em vão

Não estou aqui para olhar o desfile

Vim ver a multidão

Vim encontrar meus amigos

acertar uma ponte

com a minha geração

E se um dia perguntarem

onde estava

quando o mundo explodiu

eu responderei:

a minha rua

era o centro do furacão.

(Do livro No Meio da Rua, L&PM Editores, 1980)

Page 8: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

7

RESUMO

Foi avaliada a evapotranspiração de referência (ETo) estimada pelo método de Thornthwaite

em relação a ETo estimada pelo método Penman-Monteith - FAO56 para o estado do Rio de

Janeiro e regiões limítrofes. O método Penman-Monteith - FAO56 requer dados de radiação

solar incidente, temperatura e umidade do ar e velocidade vento para sua aplicação, sendo

utilizadas séries climáticas de estações meteorológicas do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET) no estado do Rio de Janeiro (RJ) e nos estados de São Paulo (SP),

Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES), próximos à divisa do RJ. O método de

Thornthwaite necessita apenas de dados temperatura do ar. A ETo estimada por

Thornthwaite foi calculada com base em séries climáticas (1961 - 2010) do The Global

Historical Climatology Network (GHCN) e séries de dados observados nas estações do

INMET. O desempenho do método de Thornthwaite estimado em função das séries do

GHCN foi avaliado por meio de análises estatísticas descritivas e índices estatísticos. As

estações avaliadas apresentaram índice de concordância de Willmontt (exatidão) com

valores entre 0,54 e 0,96; coeficiente de determinação (precisão) entre 0,44 e 0,88, e índice c

de Camargo e Sentelhas com desempenho classificado entre Mau e Ótimo. Com os dados do

GHCN foram obtidos mapas de ETo para o estado do Rio de Janeiro com refinamento de

grade de aproximadamente 50 km para uma grade regular de 5 km, utilizando o software

Quantum GIS. Após a redução da grade, os resultados de ETo obtidos demonstraram

variação temporal e espacial conforme o esperado, com valores máximos nos meses de

verão e locais de ocorrência de maiores temperaturas do ar, e os mínimos nos meses de

inverno e locais com menores temperaturas do ar. A utilização de dados do GHCN constitui-

se uma alternativa viável em locais onde não existam séries climáticas, ou mesmo em locais

com séries de baixa qualidade e não contínuas.

PALAVRAS – CHAVE: Penman-Monteith, Thornthwaite, temperatura do ar.

Page 9: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

8

ABSTRACT

The ETo estimated by Thornthwaite method compared to ETo estimated by the Penman-

Monteith-FAO56 method was evaluated. The Penman-Monteith - FAO 56 method requires

solar radiation, temperature, humidity and wind speed, i.e., it demands various

meteorological elements in its solution, and observed climatic series from the National

Institute of Meteorology (INMET) system stations in the state of Rio de Janeiro (RJ), and in

the states of São Paulo (SP), Minas Gerais (MG) and Espírito Santo (ES), near to RJ state

border, were used to calculate it. The method of Thornthwaite only needs air temperature,

which is a weather element of easy access. The ETo estimated by this method was based on

the climate series (1961 - 2010) from The Global Historical Climatology Network (GHCN),

a generated database in an integrated manner to the existing stations used network, which

provides a monthly average air temperature grid point (0,5º x 0,5º) of the entire planet. The

Thornthwaite method estimated on the basis of GHCN series was evaluated using

descriptive statistical analysis. The evaluated stations showed accuracy between 0,54 and

0,96, correlation coefficient values between 0,44 and 0,88, and index c with Bad to Great

performances. With GHCN data, ETo maps were obtained for the state of Rio de Janeiro

with grid refinement of approximately 50 km to a regular grid of 5 km using Quantum GIS

software. After the reduction of the grid, the ETo results obtained showed temporal and

spatial variation as expected, with maximum values in the summer months and places where

higher air temperatures occur, and the lowest in the winter months and locations with lower

air temperatures. Use GHCN data constitutes a viable alternative where there aren‟t climate

series, or even place with low quality and non continuous series.

Keywords: Penman-Monteith, Thornthwaite, air temperature.

Page 10: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16

2.1 Evapotranspiração (ET) 16

2.2 Tipos de Evapotranspiração (ET) 17

2.2.1 Evapotranspiração Potencial (ETP) 17

2.2.2 Evapotranspiração de referência (ETo) 18

2.3 Fatores climáticos determinantes da evapotranspiração 19

2.4 Medidas de evapotranspiração 20

2.4.1 Medidas diretas 21

2.4.2 Estimativas de evapotranspiração 21

2.5 Dados em grade 24

2.6 Sistema de Informação Geográfica (SIG) 26

3. MATERIAL E MÉTODOS 29

3.1 Área de estudo 29

3.2 Dados Climáticos 31

3.3 Global Historical Climatology Network – GHCN 32

3.4 Evapotranspiração de referência (ETo) 34

3.4.1 Método de Penman-Monteith boletim FAO56 (PM - FAO56) 34

3.4.2 Método de Thornthwaite 38

3.5 Análises Estatísticas 40

3.6 Quantum GIS (QGIS) 44

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 48

4.1 Evapotranspiração de referência estimada por Thornthwaite 48

4.2 Evapotranspiração de referência estimada por Penman-Monteith – FAO (56) e

Thornthwaite GHCN 51

Page 11: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

10

4.3 Espacialização 55

4.3.1 Análise estatística 55

4.3.2 Downscaling 57

5. CONCLUSÕES 61

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62

Page 12: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa com os pontos de grade utilizados no GHCN, estações meteorológicas

do INMET e estado do Rio de Janeiro com divisão em Regiões de Governo e

hipsometria baseada em dados do projeto Shuttle Radar Topography Mission (SRTM). 29

Figura 2 - Processo (workflow) para determinação da radiação extraterrestre (Qo, MJ m-2

d-1

) e do fotoperíodo (horas) para o estado do Rio de Janeiro no programa Quantum GIS

2.14.0 “Essen”. 45

Figura 3 - Processo (workflow) de estimativa dos índices I e a (Index_I e Index_a) para o

estado do Rio de Janeiro no programa Quantum GIS 2.14.0 “Essen”. 46

Figura 4 - Esquema para cálculo da (ETo, mm) para o estado do Rio de Janeiro no

programa Quantum GIS 2.14.0 “Essen”. 47

Figura 5 - Regressões lineares entre os métodos de Thornthwaite (GHCN) e

Thornthwaite observado (INMET) para os Municípios de: a) Itaperuna e b) Rio de

Janeiro, entre 1961 e 2010. 51

Figura 6 - Exemplos de regressões lineares entre os métodos de Thorntwaite (GHCN) e

Penman-Monteith - FAO56 (INMET) para os Municípios de: a) Campo de Goytacazes e

b) Angra dos Reis, entre 1961 e 2010. 54

Figura 7 - Distribuição espacial da evapotranspiração de referência (ETo, mm d-1

) para o

estado do Rio de Janeiro para os meses de janeiro a junho. 58

Figura 8 - Distribuição espacial da evapotranspiração de referência (ETo, mm d-1

) para o

estado do Rio de Janeiro para os meses de julho a dezembro. 59

Page 13: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Localização (Município, Unidade da Federação – UF, latitude – Lat.,

longitude – Long. e altitude – AL) das estações meteorológicas do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET) utilizadas no estudo, código da Organização Mundial de

Meteorologia (OMM), identificador – ID e período de observação (início e fim e

tamanho da série de dados). 32

Tabela 2 - Critério de interpretação do desempenho dos métodos pelo índice “c”

proposto por Camargo e Sentelhas (1997). 43

Tabela 3 - Coeficiente de determinação (r²), intercepto (β0) e coeficiente angular (β1) da

regressão entre a evapotranspiração de referência (ETo) estimada por Thornthwaite

(GHCN) em relação a ETo estimada por Thornthwaite (INMET), Raiz do Quadrado

Médio do Erro (RQME), Raiz do Quadrado Médio do Erro percentual (RQME%), índice

de concordância de Willmott (d), de desempenho de Camargo e Sentelhas (c), erro

sistemático percentual (MSEs%) erro aleatório percentual (MSEu%). 49

Tabela 4 - Coeficiente de determinação (r²), intercepto (β0) e coeficiente angular (β1)

regressão entre a evapotranspiração de referência (ETo) estimada por Thorntwaite

(GHCN) em relação a ETo estimada por Penman-Monteith (INMET), Raiz do Quadrado

Médio (RQME), Raiz do Quadrado Médio do Erro percentual (RQME%), índice de

concordância de Willmott (d), de desempenho de Camargo e Sentelhas (c), erro

sistemático percentual (MSEs%) erro aleatório percentual (MSEu%). 52

Tabela 5 - Coeficiente de determinação (r²), intercepto (β0) e coeficiente angular (β1)

regressão entre a evapotranspiração de referência (ETo) estimada por Thorntwaite obtida

pelo QGIS em relação a ETo estimada por Penman-Monteith (INMET), Raiz do

Quadrado Médio (RQME), Raiz do Quadrado Médio do Erro percentual (RQME%),

índice de concordância de Willmott (d), de desempenho de Camargo e Sentelhas (c), erro

sistemático percentual (MSEs%) erro aleatório percentual (MSEu%). 56

Page 14: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

13

1. INTRODUÇÃO

O Brasil possui cerca de 12 % de todas as fontes mundiais de água doce; algumas

delas geograficamente compartilhadas com países vizinhos; caracterizando-se como uma

região com relativa abundância de água superficial, e assim, encontra-se em posição

privilegiada perante a maioria dos países quanto ao seu volume de recursos hídricos

(LIMA et al., 2001; CARMO et al., 2005).

O uso inadequado dos recursos hídricos, a concentração das demandas em

determinadas regiões e seu aumento devido ao maior desenvolvimento econômico e

populacional, tanto na agricultura (aumento das necessidades para irrigação e produção de

alimentos), como para outros fins traduzem-se em escassez desse recurso (LIMA et al.,

2001; ANA, 2002; CARMO et al., 2005). Em contrapartida, a dependência dos recursos

hídricos se torna maior com o aumento e diversificação da atividade econômica, que

ocasiona maior pressão sobre os usos dos recursos hídricos (TUNDISI, 2003).

Diante disto, é necessária a utilização racional deste recurso natural que, se antes

era tido como inesgotável, nas últimas décadas cresce o entendimento de quão importante é

o seu uso sustentável. O uso adequado uso dos recursos hídricos disponíveis, ou seja, a

utilização da água de forma a evitar a escassez, requer o conhecimento de como ela se

comporta dentro de todo o ciclo hidrológico.

O ciclo hidrológico é responsável pelo transporte de grandes quantidades de água

ao redor do mundo (LIMA et al., 2001) e a redução no volume disponível e a apropriação

dos recursos hídricos em maior escala tem produzido grandes alterações nos ciclos

hidrológicos regionais (TUNDISI, 2003). Assim, para o gerenciamento adequado dos

recursos hídricos é fundamental a determinação da quantidade de água disponível em dada

região (LIMA et al., 2001).

O principal fundamento para a gestão das águas é a determinação regular dos

principais constituintes que compõem o ciclo hidrológico, ou seja, evapotranspiração,

precipitação, escoamento, armazenamento da água no solo, nos aquíferos, nas represas e

nas geleiras (LIMA et al., 2001). A evapotranspiração é um dos principais dos elementos

deste ciclo e um dos mais difíceis de quantificar.

A evapotranspiração (ET) é um conjunto de processos, por meio dos quais a água é

transferida da superfície terrestre para a atmosfera e constitui uma das principais variáveis

na estimativa do consumo de água pelas plantas. A ET é dependente da disponibilidade de

Page 15: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

14

energia, da demanda atmosférica e do próprio suprimento de água do solo às plantas

(ALLEN et al., 1998; SOUSA, 2011).

Para a análise do clima de uma região não é possível caracterizar se este é úmido ou

seco com base apenas na medida de precipitação. É necessário, também, conhecer a

relação entre precipitação e a evapotranspiração, de forma, que se a precipitação é maior

que a evapotranspiração o clima é classificado como úmido, enquanto que se a precipitação

for menor que a evapotranspiração o clima é subúmido ou seco.

O estado do Rio de Janeiro possui topografia complexa, com morros, serras, vales e

regiões de baixadas, sua vegetação é diversificada, além de sofrer efeitos de

maritimidade/continentalidade, devido sua proximidade com o oceano Atlântico, o que

torna seu clima diversificado (SILVA e DERECZYNSKI, 2014). Desta forma, a

evapotranspiração é um fator climático tão importante quanto a precipitação.

Além disso, a chuva e a evapotranspiração, quando avaliados em processo

conhecido como balanço hídrico climático, fornecem dados acerca de deficiências e de

excedentes hídricos (CAMARGO e CAMARGO, 2000), o que afeta diretamente na

quantidade de umidade do sistema. Desta forma, o balanço hídrico constitui-se importante

ferramenta para avaliação de índices de susceptibilidade de incêndios (FERNANDES et

al., 2011), além de fornecer informação sobre a quantidade de água necessária para as

culturas (MENDONÇA et al., 2003).

Segundo Marafon e Seabra (2016), no último censo agropecuário, realizado em

2006, o estado do Rio de Janeiro possuía área de 3.491.283 ha destinada a atividades

agrícolas. E estas consumem grandes quantidades de água, sendo um dos principais

insumos destinados à produção de alimentos (MENDONÇA et al., 2003; CARVALHO et

al., 2011). Neste contexto, o manejo adequado dos recursos hídricos consiste na aplicação

da quantidade necessária de água às plantas no momento correto, na definição dos locais e

épocas de semeadura (zoneamento agrometeorológico), que minimizem o risco e

maximizem o aproveitamento dos recursos naturais (SANTOS, 2009). Assim, a

determinação da quantidade de água necessária para as culturas é um dos principais

parâmetros para o correto planejamento, dimensionamento e manejo de qualquer sistema

de irrigação (MENDONÇA et al., 2003).

Medidas diretas da evapotranspiração são onerosas, de difícil execução e condução

(PEREIRA et al., 1997; SILVA e COSTA, 2000). Para fins práticos é comum utilizar as

estimativas de evapotranspiração, ou seja, métodos em função de fatores climáticos para

que seja estimada a evapotranspiração de determinada região.

Page 16: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

15

O método de estimativa de evapotranspiração recomendado pela Organização das

Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization -

FAO) como padrão é o método de Penman-Monteith, parametrizado em seu Boletim de

irrigação e drenagem nº 56 (PM – FAO56). Este método combina o balanço de energia e

massa sobre a superfície vegetada para estimar a evapotranspiração de referência (ETo).

Contudo, é necessária uma quantidade de variáveis meteorológicas nem sempre

disponíveis nas estações meteorológicas existentes (FERNANDES et al., 2012).

E, desta forma, mesmo a estimativa da evapotranspiração, se torna difícil de ser

feita em regiões onde há escassez de estações, ou se estas não dispõem de séries climáticas

completas. Na indisponibilidade de dados de entrada para o método PM-FAO56 é

justificável a utilização de métodos alternativos (CARVALHO et al., 2011).

O método de estimativa de Thornthwaite é considerado mais simples quando

comparado ao de Penman-Monteith. Thornthwaite tinha a preocupação de explicar as

variações sazonais do balanço de água no solo e tentar definir as diferenças regionais do

clima. Por esta razão, este método é apenas uma função da temperatura do ar média mensal

e da duração do dia (fotoperíodo), em média mensal (CARVALHO et al., 2011).

Embora a evapotranspiração, sob o aspecto conceitual, possa ser relativamente

simples, quando se parte para os aspectos práticos de sua medição e estimativa, verifica-se

a dificuldade e complexidade em apresentar um método que seja plenamente satisfatório,

tendo em vista os elementos climáticos disponíveis e, consequentemente, há grande

quantidade de estudos no interesse de dar uma resposta mais consistente ao problema

(ARAÚJO et al., 2007; CARVALHO et al., 2011).

Uma alternativa à utilização de dados observados é o emprego de bancos de dados

gerados de forma integrada a rede de estações existentes. Estes bancos de dados possuem

séries contínuas, o que supre a necessidade em regiões onde não há série de dados

meteorológicos de qualidade ou consistente, e também em regiões onde não há

observações destes dados.

Os objetivos deste trabalho foram: avaliar a ETo estimada pelo método de

Thornthwaite com base de dados em grades obtidos do The Global Historical Climatology

Network (GHCN) em relação a ETo estimada pelos métodos de PM-FAO56 e de

Thornthwaite em função de dados observados obtidos do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET); e realizar o refinamento da grade (downscaling) de ETo obtido

com base nos dados do GHCN no estado do Rio de Janeiro.

Page 17: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Evapotranspiração (ET)

A evapotranspiração define a ocorrência simultânea dos processos de evaporação

de superfícies de água livre e, ou da água no solo e tranpiração das plantas, ou seja,

representa a transferência de água da superfície para a atmosfera, sendo assim, o inverso de

precipitação (THORNTHWAITE, 1948; ALLEN et al., 1998).

Evaporação e transpiração ocorrem simultaneamente sobre uma superfície vegetada

e não existe método prático de distinguir os dois processos. A evaporação é o processo

físico pelo qual a água líquida é convertida em vapor de água (vaporização) e removida da

superfície de evaporação (remoção de vapor). A água evapora a partir de superfícies de

água livre, tais como, lagos, rios, pavimentos, solos e vegetação molhada. A transpiração

consiste na vaporização da água contida nos tecidos das plantas, por meio dos estômatos e,

ou cutículas, para a atmosfera (ALLEN et al., 1998).

Dalton (1934) iniciou o estudo cientifico da evaporação natural, e demonstrou que

esta é um processo natural pelo qual a água e outros líquidos são absorvidos na atmosfera.

Thornthwaite e Wilm (1944) apontavam a necessidade de estudos que permitissem

determinar a taxa e a quantidade de evaporação a partir de superfícies de água livre ou

superfícies terrestres, e a transpiração da vegetação, e introduziram o termo

evapotranspiração potencial (ETP), em 1944 (CAMARGO e CAMARGO, 2000).

A partir dos trabalhos de Thornthwaite (1948) e Penman (1948), apresenta-se o

conceito de evapotranspiração potencial, caracterizada como a transferência de água do

sistema solo-planta para a atmosfera, sob condições padronizadas (CARVALHO et al.,

2011)

Thornthwaite tinha a intenção de explicar as variações sazonais do balanço de água

no solo e tentar definir as diferenças regionais do clima, enquanto Penman se ocupava com

os processos físicos envolvidos na evaporação e com a busca de um modelo que

proporcionasse estimativa da taxa de evaporação da água-livre, da umidade da superfície

do solo ou da vegetação, para ser estimada a partir de variáveis climáticas relevantes

(SEDIYAMA, 1996).

Monteith (1965) trata particularmente do aspecto micrometeorológico e físico da

evaporação e, com base no método de Penman, propôs um novo método que estimava

Page 18: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

17

diretamente a evapotranspiração, denominando-o de Penman-Monteith (CAMARGO e

CAMARGO, 2000; CARVALHO et al., 2011).

Jensen e Haisen (1963) correlacionaram a evapotranspiração de referência (ETo)

apenas com os valores diários de temperatura média do ar e radiação solar em regiões

semiáridas americanas e para períodos de 5 a 10 dias.

Doorenbos e Pruitt (1977) elaboraram uma revisão de conceitos e metodologias e,

então, no Boletim nº 24 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação (Food and Agriculture Organization) (FAO24), foi proposto o conceito de

evapotranspiração de referência (ETo) em substituição ao termo ETP (CARVALHO et al.,

2011).

Entretanto, o conceito de ETo só passou a ser amplamente utilizado em substituição

a ETP a partir dos anos 90, quando a FAO passou a recomendar para estimativa de

evapotranspiração o método de Penman-Monteith (1965) após nova parametrização feita

por Allen et al. (1998), sendo este novo método aceito universalmente (CARVALHO et

al., 2011).

Muitos métodos, desde então, foram desenvolvidos para a estimativa de ETo, assim

como para ETP, que continuou sendo bastante utilizada, por estar relacionada à análise do

potencial hídrico e o clima de determinada região (MENDONÇA et al., 2007;

CARVALHO et al., 2011).

2.2 Tipos de Evapotranspiração (ET)

2.2.1 Evapotranspiração Potencial (ETP)

Thornthwaite e Wilm (1944) introduziram o conceito de evapotranspiração

potencial, determinando que esta expressa a perda natural de água do solo vegetado para a

atmosfera por meio da ação conjunta da evaporação e da transpiração. Foi apresentado o

primeiro método para determinação da ETP em função do comprimento do dia

(fotoperíodo) e a temperatura do ar média diária (CAMARGO e CAMARGO, 2000).

Thornthwaite (1948) comenta que, sendo a ETP um processo físico e sujeita a

processos biológicos, a sua determinação torna-se dificil. A chuva e a ETP são elementos

meteorológicos, que compõem o balanço hídrico, de sentidos opostos, expressos em

milímetros. A unidade milímetros equivale a litros por metro quadrado. A ETP representa

a água que retorna para a atmosfera em condições ideais de umidade do solo e da

Page 19: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

18

vegetação, em estado gasoso, e depende da energia disponível à superfície para vaporizá-la

(THORNTHWAITE, 1948). Para estimar a umidade do solo não se deve tomar por base

apenas a chuva ocorrida, mas também a ETP, que seria equivalente a chuva necessária. A

primeira é medida facilmente em pluviômetros, porém ETP necessita ser estimada por

meio de modelos ou métodos, visto que sua medida é complexa (CAMARGO e

CAMARGO, 2000).

Penman (1956) define que a ETP corresponde à água utilizada por uma extensa

superfície vegetada, em crescimento ativo, que cobre totalmente o terreno, estando a

vegetação bem suprida de umidade. A ETP passou a ser considerada, como a chuva, um

elemento meteorológico padrão, fundamental, e que representa a chuva necessária para

atender às carências de água da vegetação (CAMARGO e CAMARGO, 2000).

2.2.2 Evapotranspiração de referência (ETo)

A evapotranspiração de referência (ETo) é um importante parâmetro

agrometeorológico, principalmente para planejamento e manejo de irrigação, mas,

também, é considerada elemento climático de demanda hídrica, daí sua aplicação em

estudos meteorológicos, climatológicos e hidrológicos (CARVALHO et al., 2011).

Doorenbos e Pruitt (1977) definiram ETo como aquela que ocorre em extensa

superfície coberta uniformemente com grama de 0,08 a 0,15 m, verde, em ativo

crescimento, que cobre totalmente o solo e sem deficiência hídrica. Entretanto, em 1990,

pesquisadores de vários países, especialistas em agrometeorologia, concluíram que este

conceito de ETo apresentava problemas, sobretudo relacionados à variabilidade das

culturas de referência em uso, o que levava a erros e à existência de dificuldades

experimentais para contrastá-los (ARAÚJO et al., 2007)

Allen et al. (1998) propôs, então, um novo conceito de ETo no boletim nº 56 de

irrigação e drenagem da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

(Food and Agriculture Organization) (FAO56). Esta deveria ocorrer sobre uma cultura

hipotética com altura de 0,12 m, resistência da cultura ao transporte de vapor d‟água de 70

s m-1

e albedo de 0,23. Essa parametrização foi considerada no modelo de Penman-

Monteith (MONTEITH, 1965), sendo adotado como método padrão para estimativa de ETo

(ALLEN et al.,1998).

No conceito de ETo de Allen et al. (1998), esta é um elemento climático que

expressa o poder evaporante da atmosfera, da mesma forma, que o conceito proposto por

Page 20: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

19

Thornthwaite (1948); de modo que ETo e ETP se equivalem numericamente (PEREIRA et

al., 2012).

2.3 Fatores climáticos determinantes da evapotranspiração

A capacidade da atmosfera de evaporar a água é função de diversos fatores, que

incluem a radiação solar, a temperatura do ar, a velocidade do vento e a umidade

atmosférica, sendo assim, as únicas variáveis que afetam a ETo são parâmetros climáticos

(ALLEN et al., 1998; AYOADE, 2006).

Dentre esses fatores, o saldo de radiação é o que exerce maior influência na taxa de

evapotranspiração dos cultivos (TAGLIAFERRE et al., 2015), pois o processo desta requer

suprimento de energia, e a principal fonte para atender tal demanda é a radiação solar

(SHUTTLEWORTH, 1993; CAMARGO e CAMARGO, 2000). Desta forma, a taxa de

evapotranspiração é maior no verão, quando os dias são mais longos e a disponibilidade de

radiação solar é maior, e também nos Trópicos, onde a energia solar, ao longo do ano, é

significativamente maior do que em clima temperado (CAMARGO e CAMARGO, 2000).

As temperaturas do ar e da água estão diretamente associadas à radiação solar e,

portanto, também se correlacionam positivamente com a evaporação (FERNANDES e

FOSTER, 2006).

A turbulência do ar (velocidade do vento) faz com que o ar úmido que esteja sobre

a superfície onde ocorre evaporação seja deslocado e substituído por ar relativamente seco,

para manter o processo de evaporação. Ou seja, o efeito do vento na evaporação é exercido

pela remoção do ar logo acima da superfície evaporante (AYOADE, 2006; FERNANDES

e FOSTER, 2006).

A umidade do ar exerce influência sobre a taxa de evaporação porque é este fator

que determina a capacidade do ar de armazenar umidade (AYOADE, 2006). De forma

geral, quanto menor a umidade relativa do ar, maior deverá ser a demanda evaporativa da

atmosfera, o que proporciona aumento na taxa de evapotranspiração, desde que a umidade

do solo não seja fator restritivo (TAGLIAFERRE et al., 2015).

Quando uma área úmida é circundada por área seca são comumente observadas

fortes advecções, e assim, segundo Mukammal e Bruce (1960), a importância relativa da

radiação diminui e a advecção, ou transferência de calor sensível horizontal das áreas secas

circunvizinhas, se torna fator de contribuição mais significativo no processo de

evapotranspiração, com energia até maior que aquela disponível para área úmida. Desta

Page 21: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

20

forma, aumenta a importância da velocidade do vento e da umidade no processo de

evapotranspiração (MEDEIROS, 2002).

Em igualdade de outras condições, a evaporação é proporcional à diferença entre a

pressão de saturação à temperatura da superfície e à pressão do vapor d‟água do ar

(FERNANDES e FOSTER, 2006). Assim, temperatura do ar elevada, baixa umidade, céu

sem nebulosidade e alta velocidade dos ventos são condições que, se combinadas,

contribuem significativamente com o aumento da evapotranspiração.

Em estudo realizado na bacia Changjiang (rio Yangtze) na China (GONG et al.,

2006) verificou-se que a resposta da ETo às alterações climáticas será diferente com a

região e a estação do ano. Gong et al. (2006) avaliaram a sensibilidade da ETo em relação

as variações da temperatura do ar, umidade relativa, radiação de onda curta e velocidade do

vento em três diferentes regiões (de acordo com altitude) da bacia considerando séries

climáticas de 150 estações num período de 41 anos. Como resultado foi verificado que a

umidade foi a variável mais sensível em geral para a bacia, seguido de radiação solar e a

temperatura do ar, que tinham sensibilidades semelhantes. A velocidade do vento tem

menor impacto. Nas regiões médias e baixas, as variações espaciais das sensibilidades a

temperatura do ar, umidade relativa e radiação solar foi determinada principalmente pela

variabilidade espacial da velocidade do vento (GONG et al., 2006).

2.4 Medidas de evapotranspiração

A evapotranspiração pode ser quantificada por meio de medidas diretas, contudo,

os métodos de medida direta requerem inúmeras medições; para tanto, são necessários

tempo, mão-de-obra, infraestrutura laboratorial e, consequentemente, capital. Nem sempre

é possível contar com todos esses fatores para elaboração de medições (LIMA et al., 2001).

Desta forma, as medidas diretas da evapotranspiração são extremamente difíceis e

onerosas, sendo justificadas apenas em condições experimentais (PEREIRA et al., 1997).

Não sendo acessível à medição direta da evapotranspiração, fazem-se necessárias,

então, formas de estimar esta variável. Assim, os métodos de estimativas são inúmeros,

sendo que alguns têm aceitação quase unânime (PEREIRA et al., 1997).

Page 22: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

21

2.4.1 Medidas diretas

Sentelhas (2001 apud CARVALHO et al. 2007) apresenta três métodos utilizados

na determinação direta da evapotranspiração: o método do balanço de água no solo, os

métodos micrometeorológicos e os lisímetros.

No método de balanço hídrico do solo a determinação da evapotranspiração resulta

do balanço aplicado a um volume de solo explorado por plantas, admitindo-se que este

volume de controle representa adequadamente a área da cultura (PEREIRA et al., 2007)

Os métodos micrometeorológicos utilizam medidas de variáveis atmosféricas em

microescala para quantificar o fluxo de vapor d‟água transferido pela cobertura vegetal em

direção à atmosfera. Normalmente são empregados em pesquisas e, podem ser usados para

a medida da evapotranspiração sobre uma cobertura vegetal (COELHO FILHO et al.,

2011).

Os lisímetros são estruturas destinadas a medir, de maneira precisa, eventos de

precipitação, evaporação e drenagem (KIRKHAM et al., 1984) e têm sido utilizados por

mais de três séculos para estudos das relações entre água, solo e plantas (CARVALHO et

al., 2007). Um volume de solo vegetado é devidamente isolado, a fim de que todas as

entradas e saídas de água desse sistema sejam controladas.

2.4.2 Estimativas de evapotranspiração

Muitos métodos foram desenvolvidos para estimativa de ETo ao logo dos anos em

razão de, principalmente, adequação do método às condições climáticas da região,

simplicidade e praticidade de uso e limitação de elementos meteorológicos ou climáticos

requeridos por estes métodos (CARVALHO et al., 2011).

Pereira et al. (2012) divide os métodos de estimativa da evapotranspiração em seis

categorias de acordo com os fundamentos teóricos, sendo eles: (i) empíricos; (ii)

aerodinâmicos; (iii) balanço de energia; (iv) combinados; (v) correlação dos turbilhões

(vórtices); e, (vi) sensoriamento remoto.

O método Penman-Monteith - FAO56 (PM - FAO56), utilizado neste estudo, é

considerado, internacionalmente, o mais apropriado para a estimativa de ETo, e vem sendo

usado há mais de duas décadas (CARVALHO et al., 2011). Este é considerado um método

combinado, físico matemático, pois associa os efeitos de balanço de energia (termo

Page 23: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

22

diabático), com processos de transferência pelos componentes aerodinâmicos (termo

adiabático) (ULIANA et al., 2011).

O método de Penman-Monteith (MONTEITH, 1965) é um aperfeiçoamento do

método original de Penman (1948), que com parametrização do boletim nº 56 de Irrigação

e Drenagem FAO (ALLEN et al., 1998) permite estimar ETo. O método de Penman-

Monteith é utilizado como padrão de comparação com os outros métodos, e diversos

estudos, no Brasil e no mundo, têm comprovado que este é apresenta estimativas precisas e

exatas (CARVALHO et al., 2011).

Em contrapartida, Sediyama (1996) destaca, que segundo pesquisas realizadas em

várias regiões do globo, tem sido observado com frequência superestimativa de ETo sob

uma ampla gama de condições climáticas, tendo medidas de lisímetro cultivado com grama

como referência, o que deixa dúvida quanto a sua aplicação. Contudo, comenta que é

preferível utilizar a o método de Penman-Monteith, quando os dados climáticos são de

qualidade duvidosa do que utilizar dados lisimétricos de qualidade duvidosa.

Mas, ainda que seja o método recomendado pela FAO, sua principal limitação é o

nível de exigência dos dados meteorológicos de entrada, que dificulta sua utilização, uma

vez que tais elementos meteorológicos nem sempre se encontram disponíveis em todas as

estações meteorológicas. Os métodos empíricos avaliados regionalmente seriam a

alternativa devido a menor exigência em termos de dados meteorológicos (SOUZA, 2011).

O método de Thornthwaite, também utilizado no presente trabalho, é considerado

um método empírico, classificado por Camargo e Camargo (2000) como analítico e

fundamentado em observações, pois foi desenvolvido baseado no balanço hídrico de bacias

hidrográficas e em medidas de evapotranspiração realizada em lisímetros, utilizando

apenas a temperatura do ar como variável independente (CAMARGO e PEREIRA, 1981;

PEREIRA et al., 2007). Assim, função apenas da temperatura do ar média e da duração do

dia, em média mensal (CARVALHO et al., 2011).

Apesar da simplicidade, o modelo de Thornthwaite para estimativa da ETP

apresenta exatidão e precisão das suas estimativas em condições de clima úmido

(PENMAN, 1956; PEREIRA e CAMARGO, 1989). Para estações secas pronunciadas ou

em climas áridos, entende-se que não é muito eficiente por não considerar a energia

recebida por advecção regional do ar seco, rico de energia latente recebida das áreas secas

distantes (CAMARGO e CAMARGO, 2000).

É necessário saber quais são os elementos climáticos disponíveis na área estudada;

para, a partir daí, serem definidos quais modelos podem ser aplicados, uma vez que a

Page 24: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

23

utilização dos diferentes métodos para certo local de interesse fica na dependência dessas

variáveis (ARAÚJO et al., 2007).

A viabilidade do uso de previsão do tempo no prognóstico de ETo foi estudada por

Oliveira Filho (2007), que utilizou as variáveis meteorológicas simuladas pelo modelo

GFS (Global Forecast System) para estimativa de ETo. O autor comparou ETo determinada

com os dados simulados e a estimativa obtida a partir de variáveis observadas na estação

agrometeorológica de Piracicaba, São Paulo. Verificou-se que a estimativa de ETo pelo

método de Thornthwaite foi concordante com as estimativas a partir dos dados da estação

com antecedência de até três dias para o período seco, enquanto que para o período úmido,

o fato foi observado para o primeiro dia de antecedência.

Zanetti et al. (2008) propuseram uma rede neural artificial (RNA) para estimar a

ETo em função das coordenadas de posição geográfica e da temperatura do ar no estado do

Rio de Janeiro, sendo o método de Penman-Monteith parametrizado no Boletim nº 56 da

FAO (FAO-56) utilizado como referência para treinar as redes. Os autores observaram que

ETo pode ser estimada com precisão e exatidão utilizando-se redes neurais artificiais, a

partir de dados de temperaturas do ar máxima e mínima e das coordenadas de posição

geográfica do local (latitude, longitude e altitude) nas localidades do estado do Rio de

Janeiro consideradas no estudo.

Motivados pela importância de estimar corretamente a ETo, Barros et al. (2009)

avaliaram o desempenho de seis métodos de estimativa para a região de Seropédica – RJ,

tendo como referência medidas de ETo obtidas em um lisímetro de pesagem. Os autores

concluíram que as melhores estimativas para região são obtidas com os métodos de

Penman- Monteith – FAO56, Tanque Classe A e Hargreaves-Samani.

A evapotranspiração de referência é dependente da quantidade de energia

disponível no ambiente e, consequentemente, a radiação solar é uma variável importante na

sua estimativa. Carvalho et al. (2011) determinaram os coeficientes “a” e “b” da equação

de Angströn-Prescott para Seropédica, RJ, e avaliaram seus efeitos na estimativa da Rs e

ETo. As estimativas apresentaram índice de desempenho c de Camargo e Sentelhas (1997)

classificado como ótimo, independente da metodologia utilizada na obtenção dos

coeficientes da equação de Angström-Prescott.

De Souza et al. (2011) avaliaram o desempenho de métodos de estimativa da ETo,

em diferentes condições de nebulosidade, no município de Seropédica, e verificaram que

os métodos de Penman-Monteith FAO56 e Hargreaves-Samani foram eficazes para a

estimativa da ETo, porém a variação da nebulosidade influencia o desempenho dos

Page 25: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

24

métodos de estimativa, pois em dias de céu nublado e aberto, os métodos de Camargo e da

radiação solar foram mais eficientes, respectivamente.

Na região de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, Fernandes et al.

(2012) avaliaram o desempenho de seis equações empíricas de estimativa de ETo em

contraste com o método PM-FAO56. Os resultados indicaram que as diferenças observadas

entre os valores obtidos com os modelos empíricos aplicados e os valores calculados pelo

modelo de PM - FAO56 foram maiores que 10 %, o que representou um erro em torno de

0,5 mm d-1

.

Santos (2013) avaliou a eficiência de estimativa de ETo por métodos de dados

mínimos climáticos para dez estações meteorológicas do estado do Rio de Janeiro,

utilizando como padrão o método de PM - FAO56. O método de dados meteorológicos

mínimos requer apenas dados de temperatura do ar (máxima, média ou mínima) ou

radiação solar global, sendo assim sua aplicação prática e simples. Os métodos avaliados

foram: Hargreaves-Samani (1985), Thornthwaite (1948), Camargo (1960), Makkink

(1957) e Jensen-Haise (1963). Dentre as conclusões apresentadas destaque-se o fato de que

o método de Thornthwaite apresentou estimativas com exatidão e precisão satisfatórias em

todas as regiões e pode ser usado para estimativa da evapotranspiração no estado do Rio de

Janeiro.

2.5 Dados em grade

A grade de dados ou dados em grade são informações conectadas por meio de um

conjunto de computadores e de recursos de armazenamento distribuídos geograficamente,

que podem estar localizados em diferentes partes de um país ou mesmo em diferentes

países, e permite que os usuários compartilhem dados e outros recursos

(RANGANATHAN e FOSTER, 2001).

Para a estruturação de bancos de dados meteorológicos espacializados destacam-se

três métodos: i) a interpolação de dados obtidos em estações; ii) a técnica de reanálise e iii)

a combinação de dados de estações com o sensoriamento remoto (PINTO et al., 2009).

A interpolação se faz necessária em diversos campos por conta do uso de dados

irregularmente espaçados para produzir uma superfície contínua. Áreas como

meteorologia, em estações meteorológicas; geografia, em locais pesquisados; planejamento

urbano e regional, em centros de recolha de dados zonas; e biologia, em locais de

Page 26: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

25

observação, necessitam utilizar esses dados para compará-los com dados de uma mesma

região, para analisá-los para extremos, gradientes ou outros fins (SHEPARD, 1968).

A técnica da interpolação é geralmente utilizada para estimar valores desconhecidos

de uma função a partir de valores conhecidos da mesma função. Assim, o uso de

determinado interpolador (função) depende do conhecimento a priori, tanto do conjunto de

dados de entrada, como das características intrínsecas do interpolador (SILVA, 2007).

É assumido que um número exclusivo (como precipitação em meteorologia, ou

altitude na geografia) é associado a cada ponto. Desta forma, é extremamente útil, se não

essencial, definir uma função contínua por meio do ajuste dos valores interpolados sobre

uma grade fina para então ser avaliada. A utilização de uma função é tal que se assume os

dados originais sem erro, ou que a compensação para o erro será feita depois da

interpolação (SHEPARD, 1968). Estimar valores desconhecidos de uma função a partir de

valores conhecidos da mesma função é a criação de uma grade (grid), regular ou não, onde

cada cruzamento de linhas (nós) terá um valor determinado (SILVA, 2007).

As diferenças entre os métodos de elaboração de grades estão nos algoritmos

matemáticos utilizados para computar a ponderação durante a interpolação. Assim, cada

método pode resultar em diferentes representações de um mesmo conjunto de dados. Silva

(2007) ressalta que testar cada método de interpolação para determinar qual melhor

representa o conjunto de dados é essencial para melhores resultados.

O Global Historical Climatology Network (GHCN) utilizado neste estudo utiliza

como algoritmo de interpolação o método de Shepard. Segundo Magna-Júnior et al. (2009)

a seleção de pontos vizinhos por meio de um raio de busca variável e a ponderação dos

valores a serem interpolados pela distância e pela posição relativa dos pontos vizinhos,

utilizando a direção, são as principais vantagens do método de Shepard para interpolação.

A partir do método de Shepard, algoritmos são desenvolvidos para contorno em

superfícies esféricas e espaço cartesiano. Esses algoritmos são utilizados para investigar

erros nos mapas climáticos de pequena escala causados pela prática comum de

interpolação (WILLMOTT et al., 1985).

O Global Historical Climatology Network é um banco de dados mensais e anuais

gerados com as séries de dados da rede climatológica de estações de superfície. Os

registros de estações (WILLMOTT e MATSUURA, 1995) são compostos de precipitação

e temperatura do ar média de cerca de 30 diferentes fontes de dados. Foi desenvolvido no

início de 1990 com o objetivo de consolidar dados em escala global em uma única base de

dados global de clima que pode ser atualizada, melhorada e distribuídas em intervalo

Page 27: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

26

regulares, inclusive com adição de novos dados (VOSE et al., 1992). Sua segunda versão

foi lançada em 1997, após aumentar o número de estações e comprimento do registro de

dados (PETERSON e VOSE, 1997).

A versão 3 foi lançada em maio de 2011 com duas redes de estações adicionais e

mudanças no sistema de processamento, que permite atualizações diárias. No total, a

versão 3 contém medições baseadas em mais de 90.000 estações terrestres em todo o

mundo, cerca de dois terços dos quais são apenas para medição de precipitação. O conjunto

de dados também é rotineiramente reconstruído (normalmente a cada semana) a partir de

suas 30 fontes de dados (MENNE et al., 2012).

O Global Historical Climatology Network é um produto da NOAA (National

Oceanic and Atmospheric Administration) que tem como uma de suas missões monitorar e

avaliar o estado do clima da Terra. Outro produto da NOAA que faz parte deste

monitoramento do clima é o projeto Reanalysis 1 e 2 desenvolvido pelo NCEP/NCAR

(National Centers for Environmental Prediction/National Center for Atmospheric

Research).

A maior vantagem do GHCN sobre estes dados em grade é a sua resolução mais

refinada (0,5º x 0,5º). O Reanalysis disponibiliza dados desde 1948 até a atualidade com

2,5 x 2,5° de resolução espacial (KALNAY et al., 1996), o que não é interessante em um

estudo de evapotranspiração que possui efeitos locais e, ou regionais. Outra desvantagem

do Reanalysis é que os dados gerados por este são produtos de previsão numérica

(KALNAY et al., 1996), enquanto que o GHCN utiliza dados observados para a

interpolação.

2.6 Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são sistemas que realizam o

tratamento computacional de dados geográficos, que não possuem apenas características

alfanuméricas, mas também localização espacial. Desta forma, a geometria e os atributos

dos dados num SIG estão georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e

representados numa projeção cartográfica (ALVES, 2011). Com uma aplicação SIG

podem-se trabalhar mapas digitais no computador, criar nova informação espacial para

adicionar ao mapa, imprimir mapas personalizados e efetuar análises espaciais (QGIS,

2016).

Page 28: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

27

Os Sistemas de Informação Geográfica são uma área relativamente nova, que

começou na década de 1970, e estava disponível apenas para empresas e universidades que

tinham equipamentos de informática caros (QGIS, 2014). Ao longo do tempo, os SIG se

tornaram instrumentos de apoio à tomada de decisões e à manipulação de informações

estratégicas. De maneira que, com sua crescente divulgação, aumentou também o interesse

de profissionais de diversas áreas quanto às potencialidades de sua utilização (NAJAR e

MARQUES, 1998) e hoje qualquer pessoa com um computador pessoal ou portátil pode

usar o software SIG (QGIS, 2014).

O programa Quantum GIS (QGIS) é um Sistema de Informação Geográfica de

código aberto licenciado segundo a Licença Pública Geral GNU1. É um projeto oficial da

Open Source Geospatial Foundation (OSGeo), fundada por Gary Sherman em 2002

(QGIS, 2016). Gary Sherman, procurava um programa de visualização de dados

geográficos que suportasse diversas fontes de dados e que fosse possível ser utilizado em

sistemas operacionais livres, diferentemente da maioria dos SIG‟s comerciais naquele

momento, que funcionavam em um único sistema operacional (QGIS, 2016).

Atualmente o QGIS pode ser utilizado em Linux, Unix, Mac OSX, Windows e

Android (multiplataforma) e suporta inúmeros formatos e bases de dados, como vetores e

rasters, além de possuir diversas funcionalidades (QGIS, 2016).

Os arquivos vetoriais são definidos por pontos (que permitem a localização e

expressão de intensidade), linhas (que permitem definir a distância, a direção e expressão

da intensidade) e polígonos (que definem uma área e também uma intensidade do

fenômeno mapeado). Os arquivos raster são definidos por pixels, cada pixel apresenta

apenas um valor e são distribuídos na forma de matriz. O plug-in GRASS - instalado

automaticamente com o QGIS - dá acesso a mais de 300 comandos e permite análises SIG

complexas, tanto raster como vetorial, e incluem álgebra de mapas, modelação

hidrológica, interpolação de superfícies, análise de redes, análise de imagem, operações de

base de dados e outras (ALMEIDA, 2011).

O Quantum GIS é um software de código aberto, sendo por isso aprimorado

constantemente por meio de contribuições de voluntários e de profissionais da área de

geoprocessamento, que identificam e divulgam suas falhas, além de produzirem tutoriais,

traduzir manuais e gerar novas ferramentas. De forma que as funcionalidades do QGIS são

expandidas com uso de plugins. Além dos instalados automaticamente com o programa, o

1 A Licença Pública Geral do GNU visa garantir sua liberdade de compartilhar e modificar softwares livres para assegurar

que o software seja livre para todos os seus usuários.

Page 29: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

28

usuário pode buscar e instalar outros plugins desenvolvidos por colaboradores

(ALMEIDA, 2011).

Uma das ferramentas disponíveis do Quantum GIS é a chamada “modelador

gráfico”, que permite a criação de modelos complexos, por meio de uma interface simples

e fácil de usar. Com o modelador gráfico é possível elaborar uma cadeia de operações em

um único processo (workflow). Assim, um modelo é executado como um único algoritmo,

e podem fornecer mais de um resultado como saída, com menor tempo e esforço para as

análises (QGIS, 2014).

No site oficial do programa, no momento, a última versão disponível é a QGIS

2.14.3 'Essen', atualizada em no dia 20 de maio de 2016, a versão utilizada nos resultados

deste trabalho foi a QGIS 2.14.0 e o manual disponível em português é referente a versão

2.8 „Lisboa”.

Outro programa software de código aberto utilizada neste trabalho é o MeteoINFO.

Desenvolvido por Yaqiang Wang, este programa foi concebido para visualizar e analisar

dados meteorológicos e espaciais de forma interativa, suporta várias funções SIG básicas

desenvolvidas a partir do nível do solo também básicas e pode ler amplamente vários

formatos de dados meteorológicos geralmente utilizados como NetCDF e GRIB (WANG,

2014).

O MeteoInfo pode ser executado em Windows, Mac OS, Linux e Unix e tem duas

edições: Java e C #. MeteoInfo também pode ser executado automaticamente usando

MeteoInfo scripting com a linguagem Jython (edição Java) ou linguagem IronPython (C

edição #). As principais funções são armazenadas na biblioteca de classes MeteoInfo, ela

inclui os principais componentes de leitura de dados de múltiplas fontes, escrita e análise,

gestão camada, projeção de mapas e layout dos controles (WANG, 2014).

Page 30: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

29

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O estado do Rio de Janeiro localiza-se na região Sudeste do Brasil, estendendo-se

entre os paralelos 20,5 e 23,5° S (aproximadamente 300 km de extensão norte-sul) e os

meridianos 41 e 45° W (cerca de 400 km de extensão oeste-leste) (SILVA e

DERECZYNSKI, 2014). Com 92 municípios, distribuídos por oito regiões de governo, o

estado possui área de 43.777,954 km2 (IBGE, 2016), o que o torna o vigésimo quarto

estado brasileiro em extensão territorial (CEPERJ, 2016). O estado do Rio de Janeiro faz

divisa a nordeste com o estado do Espírito Santo, ao norte e noroeste com o estado de

Minas Gerais, a sudoeste com São Paulo, e a sul e leste com o Oceano Atlântico (Figura 1).

Figura 1 - Mapa com os pontos de grade utilizados no GHCN, estações meteorológicas do INMET e estado

do Rio de Janeiro com divisão em Regiões de Governo e hipsometria baseada em dados do projeto Shuttle

Radar Topography Mission (SRTM).

O relevo fluminense apresenta três principais unidades: as terras altas, as baixadas e

os maciços costeiros. As terras altas compreendem o planalto, onde se encontram as

Page 31: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

30

maiores altitudes. Nelas se localizam a Serra do Mar, o Planalto de Itatiaia e parte do Vale

do Paraíba do Sul e seus pontos culminantes são: Agulhas Negras (2.791m, no município

de Itatiaia), Pedra dos Três Picos (2.310m, entre os municípios de Teresópolis e Nova

Friburgo) e Pico do Macela (1.840m, no município de Parati). As baixadas estão situadas

entre o planalto e o oceano, entremeando-se também pelas colinas e maciços costeiros. Os

maciços costeiros (ou litorâneos) são elevações que surgem nas áreas das baixadas, desde

Cabo Frio até o município do Rio de Janeiro (CEPERJ, 2016), que além da vegetação de

mata atlântica, apresentam também nos pontões rochosos, um tipo de vegetação composto

por arbustos, bromélias e cactáceo, denominado de formações rupestres (DANTAS et al.,

2005).

O Rio de Janeiro possui diferentes padrões climáticos. Pode-se observar um clima

de montanha, com temperaturas amenas e altos índices pluviométricos (cerca de 2.500 a

2.800 mm ao ano), e regiões de vales e baixadas secas e regiões litorâneas com excesso de

chuvas (ANDRÉ et al., 2004; SILVA e DERECZYNSKI, 2014). As áreas litorâneas

possuem os máximos períodos de estiagem com menor durabilidade (20 a 30 dias) do que

aqueles observados no interior do estado (35 a 60 dias), em virtude do frequente transporte

de umidade do oceano em direção ao litoral (SILVA e DERECZYNSKI, 2014). Em

contrapartida, as regiões Norte e Noroeste possuem os menores índices pluviométricos do

estado (ANDRÉ et al., 2004; SILVA e DERECZYNSKI, 2014). A precipitação anual

apresenta máximos em áreas elevadas e mínimos sobre as regiões de baixada e de costa

(entre 700 e 1.300 mm ao ano), e de forma geral, os meses de dezembro e janeiro têm os

maiores volumes de chuva (DUARTE, 2010), enquanto que o período mais seco abrange

os meses de junho a setembro (CÂMARA et al., 2009).

O estado do Rio de Janeiro permanece sob a influência do Anticiclone Subtropical

do Atlântico Sul (ASAS) na maior parte do ano (DERECZYNSKI et al., 2009) e este causa

impactos em grandes centros urbanos, principalmente, nas proximidades do litoral da

região Sudeste (BASTOS e FERREIRA, 2000). As maiores temperaturas mínimas no

Norte/Noroeste Fluminense se devem, além da menor latitude, à influência dos ventos mais

quentes de quadrante norte oriundos do ASAS (SILVA e DERECZYNSKI, 2014).

Araújo (2010) observou que as maiores temperaturas do ar do estado ocorrem nas

baixadas litorâneas, que abrangem parte da mesorregião Norte Fluminense, Baixadas

Fluminense até a Mesorregião Metropolitana e Sul Fluminense, variando entre 26 e 27,5

°C no inverno e entre 32 e 33,5 °C no verão (SILVA e DERECZYNSKI, 2014), devido aos

efeitos continentalidade e maritimidade, associados com baixas altitudes. Dentre as

Page 32: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

31

variáveis em estudo, a altitude foi a que mais influenciou na variação da temperatura do ar

(ARAÚJO, 2010). Na região Serrana as temperaturas do ar mínimas médias encontram-se

entre 9,5 e 11 °C no inverno e 15,5 e 17 °C no verão, ao passo que, no litoral os valores são

mais elevados, de forma que as médias de temperatura do ar mínima variam entre 17 e 18,5

°C no inverno e 21,5 e 23 °C no verão. As menores temperaturas do ar máximas médias

oscilam entre 21,5 e 23 °C no inverno e entre 26 e 27,5 °C no verão na região Serrana

(SILVA e DERECZYNSKI, 2014).

Em relação a diferença de temperaturas do ar mínima e máximas do estado do Rio

de Janeiro, as regiões costeiras mostram uma amplitude térmica menor (cerca de 4 a 7 °C)

do que as áreas mais afastadas do mar (entre 10 e 13 °C), em função da grande inércia

térmica do oceano (SILVA e DERECZYNSKI, 2014).

3.2 Dados Climáticos

Os dados observados utilizados para a estimativa da evapotranspiração de

referência pelo método de Penman-Monteith parametrizado no boletim FAO56 (ALLEN et

al., 1998) e Thornthwaite (1948) foram obtidos em estações meteorológicas convencionais

pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Foram utilizadas 21 estações

distribuídas pelos quatro estados da região Sudeste da seguinte forma: dez estações no Rio

de Janeiro, uma no Espírito Santo, seis em Minas Gerais e quatro em São Paulo (Tabela 1).

Foram consideradas estações no entorno do estado do Rio de Janeiro para que fosse

possível avaliar o refinamento da grade do GHCN, pois o método avaliado utiliza dados

externos ao estado para que seja minimizado o efeito de borda.

As séries climáticas variaram entre 11 (Iguaba Grande) e 49 anos (Viçosa,

Barbacena, São Lourenço, Juiz de Fora e Resende) de observações diárias, inseridas no

período de 1961 a 2010. As estações com séries mais completas pertencem ao estado de

Minas Gerais, em contrapartida as estações com maior defasagem nos dados e/ou

desativadas estão, em sua maioria, localizadas no estado do Rio de Janeiro.

Foram utilizados os seguintes elementos meteorológicos: insolação (n, horas),

extremos diários da temperatura do ar (máxima – Tx e mínima – Tn, °C), umidade relativa

do ar média diária (UR, %), obtida a 1,5 m acima da superfície, e a velocidade do vento

(u10, m s-1

) medida a 10 m de altura.

Page 33: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

32

Tabela 1 - Localização (Município, Unidade da Federação – UF, latitude – Lat., longitude – Long. e altitude

– AL) das estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) utilizadas no estudo,

código da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), identificador – ID e período de observação (início

e fim e tamanho da série de dados).

Período de observação

Lat. Long. Alt. Início-Fim Total

ID OMM Município UF (°) (°) (m) (anos) (anos)

VIT 83648 Vitória ES -20,31 -40,31 36 1961-2005 44

PAC 83037 Coronel Pacheco MG -21,55 -43,26 435 1966-2009 43

CAP 83639 Caparaó MG -20,51 -41,90 843 1973-2010 37

VIC 83642 Viçosa MG -20,76 -42,86 712 1961-2010 49

BAR 83689 Barbacena MG -21,25 -43,76 1126 1961-2010 49

JDF 83692 Juiz de Fora MG -21,76 -43,36 940 1961-2010 49

SLR 83736 São Lourenço MG -22,1 -45,01 953 1961-2010 49

ALF 83049 Paty do Alferes (Avelar) RJ -22,35 -43,41 507 1992-2010 18

MAR 83089 Maricá RJ -22,91 -42,81 4 1993-2009 16

IGB 83114 Iguaba Grande RJ -22,83 -42,18 6 1992-2003 11

ITA 83695 Itaperuna RJ -21,2 -41,90 124 1967-2010 43

SMM 83696 Santa Maria Madalena RJ -21,95 -42,00 620 1961-1979 18

GOY 83698 Campos dos Goytacazes RJ -21,74 -41,33 11 1961-2000 39

COR 83718 Cordeiro RJ -22,02 -42,36 506 1971-2010 37

RES 83738 Resende RJ -22,45 -44,44 440 1961-2010 49

RIO 83743 Rio de Janeiro RJ -22,89 -43,18 11 1961-1983 22

ANG 83788 Angra dos Reis RJ -23,01 -44,31 3 1965-1983 18

GRU 83075 Guarulhos SP -23,43 -46,46 735 1986-2010 24

JOR 83714 Campos do Jordão SP -22,75 -45,60 1642 1961-1995 34

MIR 83781 Mirante de Santana SP -23,5 -46,61 792 1962-2005 43

TAU 83784 Taubaté SP -23,03 -45,55 577 1962-2005 43

3.3 Global Historical Climatology Network – GHCN

A estimativa da evapotranspiração de referência por Thornthwaite com dados de

grade foi feita utilizando a série de dados do Global Historical Climatology Network

(GHCN) disponíveis na página http://www.esrl.noaa.gov/psd/.

O produto utilizado foi o banco de dados mensais gerados por uma combinação de

dois grandes conjuntos de dados individuais de observações, coletados a partir do Global

Historical Climatology Network (versão 2) e do Climate Anomaly Monitoring System

(GHCN + CAMS). Esse conjunto de dados difere por ser uma combinação de dois grandes

Page 34: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

33

conjuntos de dados individuais de observações meteorológicas e por possuir métodos de

interpolação exclusivos (FAN e DOOL, 2007).

Quando comparado com observação baseada em conjuntos de dados de temperatura

do ar na superfície, os resultados preliminares mostram que o novo conjunto de dados

representa as características espaço-temporal mais comuns observadas na climatologia e

anomalias regionais e globais (FAN e DOOL, 2007).

O GHCN + CAMS possui um conjunto de dados de temperatura do ar mensal

disponíveis de 1948 até 2010, sem falhas e distribuídas de forma homogênea no espaço

(FAN e DOOL, 2007). Os dados observados são interpolados para que a resolução espacial

seja de 0,5 x 0,5° ao redor do globo. O número total de estações do GHCN utilizadas na

interpolação dos dados é de 20.599 (WILLMOTT e MATSUURA, 2001). O algoritmo de

interpolação utilizado é a versão método de distância-peso de Shepard (1968), com nós de

grade centrado em 0,25º. A quantidade de estações que influenciam em cada grade é de

uma média de 20 estações, o que resulta em dados de temperatura do ar mais realistas

(WILLMOTT e MATSUURA, 2001). Os dados são disponibilizados no formato NetCDF

(Network Common Data Form).

Os dados do formato NetCDF são arquivos autodescritivos (SDF), formatos de

dados independentes de máquinas que suportam a criação, pois os dados e os metadados

estão arquivados juntos no mesmo arquivo. Este formato de dados é comumente utilizado

pela comunidade meteorológica como padronização para a representação de informações, e

pode ser aplicado em climatologia, meteorologia e oceanografia (WANG, 2014).

Nos arquivos NetCDF do GHCN é utilizado uma convenção para armazenar o

tempo por meio da conversão de uma data para o número de horas ou dias a partir de um

ponto de partida particular. Para abrir e manipular os dados dos arquivos em formato

NetCDF foi utilizado o software MetInfo, disponível na página

http://www.meteothinker.com/.

As séries de temperatura do ar obtidas pelo GHCN foram escolhidas de forma que o

ponto de grade analisado fosse o mais próximo possível de uma estação meteorológica

pertencente ao INMET utilizada neste estudo. Assim, foram obtidos tantos pontos de grade

quantas estações houvessem, sendo no total 21 pontos. Foram escolhidas apenas as

observações cuja a data (mês/ano) fosse coincidente com a data dos dados disponibilizados

pelo INMET, de forma que cada ponto de grade teria a quantidade de dados equivalente a

estação do INMET mais próxima de sua localização.

Page 35: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

34

3.4 Evapotranspiração de referência (ETo)

3.4.1 Método de Penman-Monteith boletim FAO56 (PM - FAO56)

O boletim nº 56 de irrigação e drenagem da Food and Agriculture Organization -

FAO (ALLEN et al., 1998) propõem para a estimativa da evapotranspiração referência o

método de Penman-Monteith parametrizado para uma cultura hipotética:

ETo= 0,408∆ Rn-G +γ

900

T+273u2 es-ea

∆+γ 1+0,34u2 (1)

em que:

ETo é a evapotranpiração de referência (mm d-1

);

Rn é o saldo de radiação à superfície (MJ m-2

d-1

);

G é o fluxo de calor no solo (MJ m-2

d-1

);

T é a temperatura do ar média diária às 2 m de altura (°C);

u2 é a velocidade do vento a 2 m de altura (m s- 1

);

es é a média diária da pressão de saturação vapor d‟água do ar (kPa °C-1

);

ea é a média diária da pressão real de vapor d‟água do ar (kPa);

es-ea é o déficit de pressão de vapor de saturação do d‟água do ar (kPa),

Δ é a inclinação da curva de pressão de vapor no ponto da temperatura do ar média (kPa

°C-1

); e

é o coeficiente psicrométrico (kPa °C-1

).

O saldo de radiação à superfície da cultura hipotética é dado por:

Rn= Rs+Rl (2)

em que:

Rn é o saldo de radiação (MJ m-2

d-1

);

Rs é o saldo de radiação de ondas curtas (MJ m-2

d-1

); e

Rl é o saldo de radiação de ondas longas (MJ m-2

d-1

).

Page 36: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

35

A radiação solar de onda curta foi calculada pelo método de Angstrom-Prescott:

Rs= as+bsn

N Ra (3)

em que:

Rs é a radiação solar incidente à superfície (MJ m-2

d-1

);

n é a insolação (horas);

as e bs são coeficientes adimensionais;

N é o número máximo de horas de brilho solar, função da latitude e época do ano (horas);

n/N é a razão de insolação( adimensional);

Ra é a radiação extraterrestre (MJ m-2

d-1

);

(as + bs) é a fração de Ra que incide na superfície em dias sem nebulosidade (n/N = 1 ou n

= N); e

as é a fração de Ra que incide a superfície da Terra em dias completamente nublados (n =

0)

Esses coeficientes variam com as condições atmosféricas locais (umidade e

aerossóis), com a latitude e a época do ano (declinação solar). Na ausência de medidas da

radiação solar ou indisponibilidade de calibração dos parâmetros as e bs, o boletim FAO56

recomenda utilizar os valores as = 0,25 e bs = 0,50, para o cálculo de Rs.

O número máximo de horas de brilho solar é dado por:

N = 24

πωs (4)

A radiação no topo da atmosfera para cada dia do ano e para diferentes latitudes foi

estimada a partir da constante solar, declinação solar e época do ano, pela seguinte

equação:

Ra= 24 60

πGscdr ωssin φ sin δ +cos φ cos δ sin ωs (5)

em que:

Ra é a radiação extraterrestre (MJ m-2

d-1

);

Gsc é a constante solar (0,0820 MJ m-2

min-1

);

dr é a distância relativa Terra-Sol (radianos);

φ é a latitude local, sendo seu valor negativo para o Hemisfério Sul (radianos).

Page 37: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

36

ωs é o ângulo horário entre o nascer e o pôr-do-sol (radianos); e

δ é a declinação solar (radianos).

A distância relativa Terra-Sol, dr, a declinação solar, δ, e o ângulo horário do pôr-

do-sol, ωs, são dados por:

dr= 1+0,033cos 2π

365J (6)

δ = 0,4093sen 2π

365J-1,39 (7)

ωs= arccos -tan φ tan δ (8)

em que:

J (dias) é o número de ordem do dia do ano ou dia juliano, entre 1 (1º de janeiro) e 365 (31

de dezembro).

O saldo de radiação de ondas longas é calculado por meio da equação

Rl = ζ TmaxK

4+TminK4

2 0,34-0,14 ea 1,35

Rs

Rso-0,35 (9)

em que:

Rl é o saldo de radiação de ondas longas (MJ m-2

d-1

);

ζ é a constante de Stefan-Boltzmann (4,903×10-9

MJ m-2

d-1

);

𝑇𝑚𝑎𝑥𝐾 (𝑇𝑚𝑎𝑥 + 273,16) é a temperatura do ar máxima diária em (K);

𝑇𝑚𝑖𝑛𝐾 (𝑇𝑚𝑖𝑛 + 273,16) é a temperatura do ar mínima diária (K);

𝑅𝑠 𝑅𝑠𝑜 é a radiação solar relativa, limitada a ≤ 1(adimensional).

Allen et al. (1998) comentam que devido o fluxo de calor do solo ser pequeno em

relação a Rn, para a escala mensal, G pode ser determinado pela seguinte relação:

G = 0,07 Tm,i+1+1–Tm,i-1 (10)

em que:

G é o fluxo de calor no solo (MJ m-2

d-1

);

𝑇𝑚 ,𝑖+1é a temperatura do ar média do mês seguinte (°C); e

Page 38: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

37

𝑇𝑚 ,𝑖−1 é a temperatura média do ar do mês anterior (°C).

Para a temperatura do ar média, o Boletim FAO56 define como a média entre a

temperatura do ar máxima diária (Tmax) com a mínima diária (Tmin):

T = Tmax-Tmin

2 (11)

A velocidade do vento u2 utilizada na equação de PM-FAO56 é a medida a 2 m

de altura, contudo, nas estações meteorológicas do INMET utilizadas no estudo utilizam o

padrão adotada pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) de medida do vento a

10 m de altura do solo, portanto é necessário ser feito o ajuste para a utilização dos dados

de vento na equação do estudo.

A relação utilizada foi:

u2= uz4,87

ln 67,8z-5,42 (12)

u2 é a velocidade do vento a 2 metros de altura da superfície do solo (m s-1

); e

uz é a velocidade do vento medida a altura z (m) acima da superfície do solo (m s-1

).

A pressão de vapor saturado es é dada pelas relações:

es T = eo Tmax +eo Tmin

2 (13)

eo T = 0,6108exp 12,27T

T+237,73 (14)

em que:

eo(T) é o vapor de saturação à temperatura do ar T (kPa); e

T é temperatura do ar (ºC).

A pressão atual do vapor d‟água, em kPa, é derivada dos dados de umidade relativa

do ar média.

Page 39: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

38

ea=UR

100

e° Tx +e° Tn

2 (15)

em que:

UR é a umidade relativa do ar média diária (%).

A derivada da curva de pressão de saturação do vapor d‟água do ar no ponto de Tm

é dada por:

s =4098es

T+237,3 2 (16)

O coeficiente psicométricoé determinado pela seguinte equação:

γ =𝑐𝑝 P

ελ=0,665X10

-3P (17)

cp é o calor específico a pressão constante = 1.013 (MJ kg- 1

°C- 1

);

λ é o calor latente de vaporização = 2,45 (MJ kg -1

);

ε é a relação de peso molecular de vapor de água por ar seco = 0,622; e

P é a pressão atmosférica (kPa), dada por:

P =101,3 293-0,0065z

293

5,26

(18)

em que:

z é a elevação acima do nível do mar (m), ou seja, a altitude do local.

3.4.2 Método de Thornthwaite

Thorntwaite (1948) define evapotranspiração potencial como um índice de

eficiência térmica e possui como atributo uma expressão da extensão do dia, assim como

da temperatura do ar. Desta forma, o método proposto para a ETP tem como única váriavel

independente a temperatura do ar, sendo sua equação principal (PEREIRA et al., 1997):

Page 40: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

39

ETPp =16 10Ti

I

a

(19)

em que:

Ti é a temperatura média mensal do ar (ºC); e

a é dado pela seguinte equação:

a = 6,7510-7

I3-7,791210-2

I+0,4923 (20)

em que:

I é o índice de calor da região e deve ser calculado da seguinte forma:

I = 0,2Ti 1,51412i=1 (21)

O índice I se modifica para cada região pois este deve ser calculado com valores

climatológicos de temperatura do ar (PEREIRA et al., 1997), ou seja, Ti é a média de todos

os anos de estudo calculado para cada mês.

O método de Thornthwaite estima inicialmente ETP para uma condição padrão

(ETPp) de 12 horas de brilho solar e mês com 30 dias, sendo necessário que seja realizada

correção para um mês específico com comprimento do dia variado. Esta correção é obtida

por meio da seguinte relação:

ETP = ETPpN

12

ND

30 (19)

O valor de N é calculado segundo a Equação 4 correspondente ao 15º dia de cada

mês, pois assume-se que este representa a média mensal de N. O valor de ND é

correspondente a quantidade de dias do mês para o qual a ETP (evapotranpiração potencial

corrigida) está sendo calculada (PEREIRA et al., 1997).

Page 41: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

40

3.5 Análises Estatísticas

O desempenho do método de Thornthwaite estimado em função das séries do

GHCN foi avaliado por meio de análises estatísticas descritivas e índices estatísticos,

descritos a seguir.

A regressão linear simples é a equação que descreve como uma variável y está

relacionada com variável x:

y = β0+β

1x (23)

em que:

y são os dados de ETo obtidos em função dos dados do GHCN;

x são os resultados de ETo obtidos por meio dos dados observados nas estações do

INMET;

β0 é o ponto em que a reta de regressão intercepta y; e

β1 é a inclinação da reta da regressão estimada.

β1=

xi-x yi-y

xi-x 2 (24)

β0= y -β

ix (25)

em que:

xi é o valor da variável independente para i-ésima observação;

yi é o valor da variável dependente para a i-ésima observação;

𝑥 é o valor médio da variável independente;

𝑦 é o valor médio da variável dependente; e

n é o número total de observações.

Desta forma, o desejado para β0 é que este esteja o mais próximo de zero, o quanto

for possível, pois este representa a interceptação com o eixo vertical e para β1,o ideal é que

seja o mais aproximado de 1.

Contudo, para avaliar a medida da qualidade do ajuste da equação de regressão é

necessário avaliar o coeficiente de determinação (r2), sendo este um coeficiente de medida

da intensidade da relação (SWEENEY et al., 2014). O coeficiente de determinação fornece

Page 42: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

41

uma medida entre zero e um, quanto mais próximo de 1 mais preciso é o ajuste dos valores

estimados em relação aos medidos, ou seja, correlação perfeita. É dado pela seguinte

equação:

r2= SQReg

SQTot (26)

em que:

SQTot é a soma dos quadrados total; e

SQReg é a soma dos quadrados da regressão.

Dadas segundo as seguintes equações:

SQTot= yi-y

2 (27)

SQReg = ŷi-y

2 (28)

em que:

𝑦𝑖 é o valor da variável dependente para a i-ésima observação;

𝑦 é o valor médio da variável dependente; e

ŷ𝑖 é o i-ésimo resíduo.

A medida de precisão utilizada foi a raiz do quadrado médio do erro (RQME). Esta

expressa a acurácia dos resultados numéricos, que é a capacidade do método de acertar o

diagnóstico.

RQME =1

n y

j-ŷ

j

2nj=1 (29)

Uma vez que o RQME é calculado pelo quadrado dos resíduos (observado –

estimado), será mais sensível a erros maiores do que o erro médio absoluto (MAE), outra

medida de precisão frequentemente utilizada. A raiz quadrática necessariamente produz

termos positivos na Equação 26, desta forma, a RQME aumenta a partir de zero, para

Page 43: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

42

previsões perfeitas, a valores positivos, maiores conforme a discrepância entre os dados

observados e os dados de grade utilizados (WILKS, 2006).

O coeficiente de determinação r2 descreve consistentemente aumentos ou

diminuições proporcionais em relação a duas variáveis, no entanto, é pouco capaz de fazer

distinções de tipos ou magnitudes de possíveis covariâncias (WILLMOTT, 1981).

Desta forma, para lograr certos problemas associados ao r2, Willmott (1981) propôs

um índice de concordância, denominado índice d, dado por:

d = 1- Pi-Oi

2

Pi-O + Oi-O 2 (30)

em que:

Pi são os valores previstos ou estimados;

Oi são os valores observados; e

O é a média dos valores observados.

O índice d de Willmott, ou índice de concordância ou exatidão, reflete o grau com

que a variável observada é estimada pela variável simulada (WILLMOTT, 1981). No caso

do estudo a primeira (Oi) é a ETo estimada a partir de dados coletados pelas observações do

INMET e a segunda (Pi) pelos dados do GHCN. Ele varia de 0 a 1, em que, o valor 1

indica concordância perfeita entre o dado observado e o modelado, enquanto 0, total

discordância. A concordância se refere à exatidão ou à aproximação dos dados estimados

aos verdadeiros, observados; pode ser avaliada também graficamente pelo afastamento dos

pontos cotados no gráfico de regressão em relação à reta de valores iguais, 1:1

(CAMARGO e CAMARGO, 2000).

Camargo e Sentelhas (1997) propuseram um índice, que de acordo com o valor

dado é possível analisar o desempenho do modelo. Este índice possui variação de 0 a 1,

sendo que 0 significa confiança nula e 1 confiança perfeita. Denominado índice de

confiança c, que é calculado pela equação:

c = r*d (31)

em que:

d é o índice de Willmott; e

Page 44: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

43

r é o coeficiente de correlação.

Ou seja, o índice é um produto de outros índices de avaliação, e quanto maior a

exatidão (d) e a correlação (r) maior será, desta forma, a confiança do modelo proposto.

Uma vantagem deste tipo de avaliação é não apenas quantificar, mas também ter um

resultado qualitativo do desempenho do modelo proposta no mesmo estudo, conforme

Tabela 2.

Tabela 2 - Critério de interpretação do desempenho dos métodos pelo índice “c” proposto por Camargo e

Sentelhas (1997).

Valor de c Desempenho

> 0,85 Ótimo

0,76 a 0,85 Muito bom

0,66 a 0,75 Bom

0,61 a 0,65 Mediano

0,51 a 0,60 Sofrível

0,41 a 0,50 Mau

≤ 0,40 Péssimo

O modelo proposto deveria explicar a maioria das tendências ou padrões existentes

nos dados observados, e por isso, além dos índices demonstrados, é importante saber o

quanto do erro demonstrado na RQME é sistemático, e o quanto é não sistemático

(aleatório), pois o conhecimento sobre a magnitude desses erros podem aumentar a

habilidade de previsão da simulação (WILLMOTT, 1982).

Willmott (1981) define erro sistemático como:

MSEs = 1

N ( P i

Ni=1 - Oi)

2 (32)

e o erro não-sistemático como:

MSEu = 1

N (N

i=1 Pi-P i )2 (33)

Page 45: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

44

em que:

P i = β1+β

1Oi (34)

Ainda segundo Willmott (1981), para uma simulação considerada satisfatória, a

diferença sistemática deve se aproximar a zero, enquanto a diferença não-sistemática deve

se aproximar de RQME.

3.6 Quantum GIS (QGIS)

Para a estimativa de ETo no estado do Rio de Janeiro com os dados em grade do

GHCN elaboraram-se três processos (workflow) com auxílio da ferramenta “modelador

gráfico” do Quantum GIS 2.14.3 'Essen', disponível na página

https://www.qgis.org/en/site/forusers/download.html .

No primeiro processo (Figura 2) foram fornecidos como dados de entrada o mapa

raster da latitude da região de estudo, com a mesma resolução dos dados em grade do

GHCN, e o dia do ano (J) do 15º dia de cada mês para ser obtido como saída o mapa raster

da radiação extraterrestre e o fotoperíodo para cada mês do ano. A radiação extraterrestre e

o fotoperíodo foram calculados em ponto de grade por meio das Equações 5 e 4,

respectivamente. Na camada intermediária, foram determinadas a distância relativa Terra-

Sol (Eq. 6), declinação solar (Eq. 7) e o ângulo horário (Eq. 8).

Page 46: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

45

Figura 2 - Processo (workflow) para determinação da radiação extraterrestre (Qo, MJ m-2

d-1

) e do fotoperíodo

(horas) para o estado do Rio de Janeiro no programa Quantum GIS 2.14.0 “Essen”.

Para determinação dos índices I (Eq. 20) e a (Eq. 21) do método de Thornthwaite

elaborou-se um segundo processo (workflow) com auxílio da ferramenta “modelador

gráfico”, conforme descrito na Figura 3. Os índices foram obtidos em função da

temperatura do ar média mensal em grade do GHCN para cada mês no período de 1961 a

2010. A “1 Temp” é o mapa raster da temperatura média do ar para o mês de janeiro de

1961 a 2010, o “2 Temp” é referente ao mês de fevereiro e assim sucessivamente até o “12

Temp”, que se representa a temperatura média do ar de dezembro. Os mapas raster das

temperaturas do ar média mensal da série do GHCN considerada foi obtida com a

ferramenta “calculadora raster” que calcula para cada ponto de grade a média aritmética de

cada mês para todos os anos. A ferramenta “calculadora de raster” permite realizar

operações aritméticas entre mapas e entre escalares e mapas.

Page 47: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

46

Figura 3 - Processo (workflow) de estimativa dos índices I e a (Index_I e Index_a) para o estado do Rio de

Janeiro no programa Quantum GIS 2.14.0 “Essen”.

Com os mapas raster de N (Eq. 4), dos índices I e a, e a temperatura do ar média

mensal do GHCN e definido o número de dias do mês (ND) foi estimada a ETo pelo

método de Thornthwaite por meio do processo (workflow) três, cujo esquema é

apresentado na Figura 4. A saída deste processo é um mapa raster da ETo em uma grade de

5 km (downscaling) para o estado do Rio de Janeiro para cada mês do ano. Para o

downscaling (redução da grade) utilizou-se o método spline tension, que reduziu a grade de

0,5o (aproximadamente 50 km) para uma grade regular de 5 km. Após a redução da grade,

com base nos mapas de ETo obtidos, realizou-se a estatística descritiva (média, mínima,

máxima, amplitude, número de pixels) por pixel, que permitiu avaliar como esta variável

se distribuiu ao longo das estações do ano nas diferentes regiões do estado.

Page 48: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

47

Figura 4 - Esquema para cálculo da (ETo, mm) para o estado do Rio de Janeiro no programa Quantum GIS

2.14.0 “Essen”.

Para avaliação do downscaling foi extraída nos pontos de grade mais próximos das

estações do INMET, consideradas nesse trabalho a ETo, com o auxílio do plug-in do

aplicativo SIG-GRASS v.sample. Esta ferramenta possibilita extrair os dados do mapa

raster (ETo) mais próximos das coordenadas das estações meteorológicas do INMET,

representadas no formato de mapa vetorial (ponto). Ou seja, a partir deste plug-in foi

extraído de maneira fácil e precisa os dados de ETo que coincidiam com as estações do

INMET de cada mês, de modo que foi possível fazer a análise estatística para esses dados.

Para comparação entre as estimativas de ETo extraídos do mapa raster, estimados

por meio do método de Thornthwaite, e os dados observados, estimados por meio do

método de PM- FAO56, foram feitas análises estatístico descritivas e índices estatísticos.

Para observar o desempenho, a precisão e exatidão dos métodos escolhidos foram

utilizados os parâmetros β0 e β1 (Eq. 24 e Eq. 25, respectivamente), o coeficiente de

determinação r2 (Eq. 26), a raiz do quadrado médio do erro (Eq. 29), o índice d de

Page 49: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

48

Willmott (Eq. 30), o índice de confiança c (Eq. 31) e os erros sistemático e não sistemático

(Eq.32 e Eq. 33, respectivamente).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Evapotranspiração de referência estimada por Thornthwaite

Os resultados para a análise estatística entre a estimativa de ETo pelo método de

Thornthwaite com os dados obtidos das estações do INMET (observado) e com os dados

obtidos da série do GHCN (em grade) são apresentados na Tabela 3.

Em relação ao parâmetro β0 é desejável que seja mais próximo de zero o possível.

As estações que atenderam melhor esta característica foram: Barbacena – MG (0,32 mm d-

1), Vitória – ES (0,36 mm d

-1) e Caparaó – MG (0,39 mm d

-1). O parâmetro β1 o mais

aproximado de 1 possível se deu nas estações: Viçosa – MG (0,96), Santa Maria Madalena

– RJ (0,95) e Barbacena – MG (1,08) e Campos do Jordão – SP (1,15), sendo em sua

maioria estações pertencentes ao estado de Minas Gerais. As três estações cujo coeficiente

β1 foi mais distante de 1 estavam localizadas no estado do Rio de Janeiro: Angra do Reis

(0,48), Rio de Janeiro (0,49) e Iguaba Grande (0,63). A inclinação β1 em todas as estações

foi positiva, o que demonstrou que em todos os casos há relação linear positiva entres os

dados avaliados.

Com base no coeficiente de determinação (r2), as estações que apresentaram a

maior precisão das estimativas foram Vitória – ES e Caparaó – MG (r² = 0,88). Mais

quatro estações tiveram r² acima de 0,80: Campos de Goytacazes – RJ, Itaperuna – RJ,

Viçosa – MG e Cordeiro – RJ. A estação que apresentou a menor precisão foi Angra dos

Reis – RJ (0,45), seguida das estações de Juiz de Fora – MG (0,50), Rio de Janeiro – RJ

(0,53), Resende – RJ (0,56), São Lourenço - SP (0,62) e Guarulhos – SP (0,66).

Em relação ao RQME, o menor resultado foi apresentado pelas estações Cordeiro –

RJ, com RQME = 0,41 mm d-1

, seguidas de Vitória – ES (0,47 mm d-1

) e Viçosa – MG

(0,49 mm d-1

). As estações que apresentaram o maior RQME foram Campos do Jordão –

SP (1,39 mm d-1

) e Rio de Janeiro – RJ (1,09 mm d-1

). As demais estações apresentaram

RQME entre 0,51 mm d-1

(Coronel Pacheco – MG e Paty dos Alferes – RJ) e 0,98 mm d-1

(São Lourenço – MG).

Page 50: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

49

Tabela 3 - Coeficiente de determinação (r²), intercepto (β0) e coeficiente angular (β1) da regressão entre a

evapotranspiração de referência (ETo) estimada por Thornthwaite (GHCN) em relação a ETo estimada por

Thornthwaite (INMET), Raiz do Quadrado Médio do Erro (RQME), Raiz do Quadrado Médio do Erro

percentual (RQME%), índice de concordância de Willmott (d), de desempenho de Camargo e Sentelhas (c),

erro sistemático percentual (MSEs%) erro aleatório percentual (MSEu%).

ID 0 1 r2

RQME

(mm d-1

)

RQME

% d C

MSEs

%

MSEu

%

VIT 0,36 0,85 0,88 0,47 12,1 0,96 0,90 39,2 60,8

PAC 0,85 0,68 0,77 0,51 16,9 0,92 0,81 44,2 55,8

CAP 0,39 1,10 0,88 0,71 27,8 0,84 0,79 81,5 18,5

VIC 0,45 0,96 0,84 0,49 18,2 0,92 0,84 46,0 54,0

BAR 0,32 1,08 0,76 0,65 27,0 0,83 0,72 61,5 38,5

JDF 0,98 0,73 0,50 0,66 25,5 0,81 0,57 28,7 71,3

SLR 1,10 0,87 0,62 0,98 37,6 0,75 0,59 61,9 38,1

ALF 1,11 0,67 0,77 0,51 17,5 0,91 0,80 49,0 51,0

MAR 1,02 0,61 0,71 0,75 21,7 0,87 0,73 67,4 32,6

IGB 0,89 0,63 0,74 0,82 22,1 0,86 0,74 65,5 34,5

ITA 0,60 0,71 0,85 0,67 18,4 0,90 0,83 71,1 28,9

SMM 0,47 0,95 0,75 0,57 21,2 0,89 0,77 35,2 64,8

GOY 0,62 0,66 0,85 0,88 23,2 0,85 0,78 84,1 15,9

COR 0,78 0,78 0,81 0,41 14,1 0,94 0,84 32,7 67,3

RES 1,18 0,60 0,56 0,69 22,5 0,85 0,64 35,7 64,3

RIO 0,92 0,49 0,53 1,09 31,4 0,70 0,50 80,4 19,6

ANG 1,46 0,48 0,45 0,88 26,5 0,78 0,52 53,1 46,9

GRU 1,41 0,56 0,66 0,59 21,5 0,86 0,70 59,6 40,4

JOR 1,02 1,15 0,76 1,39 69,3 0,54 0,47 91,6 8,4

MIR 1,28 0,55 0,75 0,57 19,7 0,88 0,76 66,7 33,3

TAU 1,37 0,67 0,69 0,71 24,7 0,85 0,71 59,0 41,0

A raiz do quadrado médio do erro é expressa na mesma unidade de medida da ETo

(mm d-1

). Contudo, para avaliar o erro entre estações com diferentes valores de ETo é

necessário quantificar o erro relativo à média de ETo, expresso em porcentagem. Nesta

avaliação, a RQME% variou entre 12,1 % (Vitória - ES) e 69,3 % (Campos do Jordão –

SP).

O índice d de concordância de Willmott indica o quão próximo do valor observado

está do valor estimado (em grade). Foram observados valores de d superiores a 0,90 em

Vitória – ES, Cordeiro – RJ, Viçosa – MG, Coronel Pacheco – MG e Paty dos Alferes e

Itaperuna - RJ. As menores concordâncias foram observadas em Campos do Jordão – SP

(0,54) e Rio de Janeiro – RJ (0,70). As demais estações variaram entre 0,90 e 0,75.

Page 51: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

50

Pelo índice c, a estação com o melhor desempenho foi Vitória - ES, com

classificação Ótima (0,90). As estações Campos do Jordão – SP (0,47) e Rio de Janeiro –

RJ (0,50) apresentaram os menores desempenhos classificadas como Mau, seguidas de

Angra dos Reis – RJ (0,52), Juiz de Fora – MG (0,57) e São Lourenço – MG (0,59) com

classificações Sofrível e Resende – RJ (0,64) como Mediana. As demais estações ficaram

entre 0,70 (Guarulhos – SP) e 0,84 (Viçosa – MG) classificadas, respectivamente, como

Bom e Muito Bom.

Em geral, ocorrem erros de vários tipos numa mesma medição, que podem ser

agrupados, como erros sistemáticos e erros não sistemáticos (ou aleatórios). O erro

aleatório presumivelmente se origina de variações temporais ou espaciais, estocásticas ou

imprevisíveis, de grandezas de influência.

A estação que apresentou maior erro sistemático (MSEs%) percentual foi a estação

Campos do Jordão – SP com 91,6 % do erro nesta componente, desta forma a mesma

estação apresentou erro não sistemático (MSEu%), ou seja, erro aleatório percentual menor

e de 8,4 % em relação ao erro. Após Campos do Jordão – SP, as cinco estações seguintes

apresentaram os maiores erros sistemáticos pertencem aos estados de Minas Gerais e Rio

de Janeiro. A estação que apresentou o maior erro aleatório foi Juiz de Fora – MG (71,3%)

e as três que se seguiram foram estações do estado do Rio de Janeiro: Cordeiro (67,3%),

Santa Maria Madalena (64,8%) e Resende (64,3%).

As estações que apresentam índice de confiança c, abaixo ou igual a Sofrível foram

estações que encontram-se mais distantes de pontos de grade do GHCN, o que pode

explicar o baixo desempenho desta estações. Pois sendo o ponto de grade localizado em

altitudes diferentes da que se encontra a estação a demanda evapotranspirativa também se

modifica, não sendo corretamente estimada. As estações Vitória – ES, Barbacena – MG,

Iguaba e Campo dos Goytacazes - RJ encontram-se próximas a pontos de grade do GHCN

e obtiveram índices de confiança c com desempenhos entre Bom e Ótimo

A dispersão das estimativas de ETo pelo método de Thornthwaite com os dados

obtidos da série do GHCN em relação a estimativa com os dados obtidos das estações do

INMET (Thornthwaite observado) demonstrou relação positiva para todas estações, com

predominância de subestimativa, como ilustram as Figuras 5a (Itaperuna) e 5b (Rio de

Janeiro). Apenas os menores valores de ETo (< 2,0 mm d-1

) apresentaram tendência de

superestimativa.

Page 52: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

51

Figura 5 - Regressões lineares entre os métodos de Thornthwaite (GHCN) e Thornthwaite observado

(INMET) para os Municípios de: a) Itaperuna e b) Rio de Janeiro, entre 1961 e 2010.

4.2 Evapotranspiração de referência estimada por Penman-Monteith – FAO (56) e

Thornthwaite GHCN

Os resultados para análise estatística entre a estimativa de ETo obtidos por meio das

séries climáticas observadas nas estações do INMET pelo método de Penman-Monteith –

FAO56 e a da estimativa ETo pelo método Thornthwaite em função das séries de

temperatura do ar obtidas do GHCN são apresentados na Tabela 4.

É desejável que o intercepto da regressão (β0) seja o mais próximo de zero possível,

sendo a estação que melhor atendeu essa expectativa foi Vitória – ES (0,03), seguida de

Caparaó – MG (-0,11). A inclinação da regressão tende a ser negativa, quando o parâmetro

β1 é maior que 1, todavia o desejável é o mais próximo de 1 possível. Logo, as estações que

melhor cumpriram este objetivo foram Caparaó – MG (1,04), São Lourenço – MG (0,97),

Vitória – ES (0,93), Viçosa – MG e Barbacena – MG (0,88) e Campos do Jordão – SP

(1,12), sendo em sua maioria estações localizadas no estado de Minas Gerais. As três

estações cujo parâmetro β1 se afastaram mais de 1 foram do estado do Rio de Janeiro:

Angra do Reis (0,58), Rio de Janeiro - RJ (0,64) e Iguaba Grande - RJ (0,66).

Em relação a precisão das estimativas, a estação que apresentou maior coeficiente

de determinação (r² = 0,77) foi a estação de Caparaó – MG, enquanto a menor precisão (r²

= 0,44) das estimativas foi observada na estação de Juiz de Fora, ambas em Minas Gerais.

Outras quatro estações apresentaram r² acima de 0,70: Mirante de Santana – SP, Paty dos

Page 53: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

52

Alferes – RJ, Maricá – RJ e Vitória – ES. Entre as menores precisões (r² < 0,50

destacaram-se Angra dos Reis (0,45) e Resende – RJ (0,50).

Tabela 4 - Coeficiente de determinação (r²), intercepto (β0) e coeficiente angular (β1) regressão entre a

evapotranspiração de referência (ETo) estimada por Thorntwaite (GHCN) em relação a ETo estimada por

Penman-Monteith (INMET), Raiz do Quadrado Médio (RQME), Raiz do Quadrado Médio do Erro

percentual (RQME%), índice de concordância de Willmott (d), de desempenho de Camargo e Sentelhas (c),

erro sistemático percentual (MSEs%) erro aleatório percentual (MSEu%).

ID 0 1 r2

RQME

(mm d-1

)

RQME

% d c

MSEs

%

MSEu

%

VIT 0,03 0,93 0,72 0,61 15,7 0,90 0,77 15,4 84,6

PAC 0,35 0,81 0,68 0,53 16,9 0,88 0,73 28,7 71,3

CAP -0,11 1,04 0,77 0,43 13,4 0,93 0,81 0,6 99,4

VIC 0,23 0,88 0,64 0,57 17,8 0,88 0,70 10,4 89,6

BAR 0,31 0,88 0,56 0,55 18,8 0,86 0,64 2,6 97,4

JDF 0,61 0,73 0,44 0,65 21,3 0,80 0,53 19,1 80,9

SLR 0,27 0,97 0,64 0,61 18,8 0,88 0,70 7,0 93,0

ALF 0,49 0,78 0,73 0,50 15,1 0,90 0,77 37,0 63,0

MAR 0,62 0,78 0,73 0,52 15,9 0,92 0,78 19,3 80,7

IGB 0,57 0,66 0,68 0,99 25,3 0,78 0,64 74,4 25,6

ITA 0,21 0,86 0,70 0,59 17,1 0,89 0,74 28,3 71,7

SMM 0,53 0,77 0,67 0,52 17,9 0,90 0,73 20,4 79,6

GOY 0,33 0,78 0,70 0,69 19,6 0,86 0,72 48,8 51,2

COR 0,64 0,80 0,67 0,47 15,7 0,90 0,74 11,5 88,5

RES 0,77 0,71 0,50 0,65 20,6 0,83 0,59 17,5 82,5

RIO 0,43 0,64 0,63 0,99 28,5 0,71 0,56 81,1 18,9

ANG 1,23 0,58 0,45 0,67 22,5 0,81 0,54 31,0 69,0

GRU 0,87 0,69 0,66 0,47 15,6 0,89 0,72 30,4 69,6

JOR 0,55 1,12 0,69 0,97 39,4 0,66 0,55 77,5 22,5

MIR 0,76 0,67 0,75 0,50 16,0 0,89 0,77 58,5 41,5

TAU 0,73 0,83 0,69 0,51 16,5 0,90 0,75 21,8 78,2

A estação Caparaó – MG apresentou o menor RQME (0,43 mm d-1

), enquanto as

estações com os maiores erros entre ETo PM–FAO56 estimada com dados observados e

Thornthwaite determinado com dados de grade foram: Rio de Janeiro – RJ e Iguaba

Grande – RJ, ambas com RQME de 0,99 mm d-1

, seguidas de Campos do Jordão – SP com

valor 0,97 mm d-1

. Entre as estações com os menores RQME, destacam-se ainda Guarulhos

- SP e Cordeiro – RJ, com RQME iguais a 0,47 mm d-1

, assim como Paty dos Alferes e

Mirante de Santana (0,50 mm d-1

). As demais estações apresentaram RQME entre 0,51 mm

Page 54: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

53

d-1

(Taubaté – SP) e 0,69 mm d-1

(Campos dos Goytacazes – RJ). Nesta avaliação a

RQME% variou entre 13,4 % (Caparaó – MG) e 39,4 % (Campos do Jordão – SP).

O índice d de concordância de Willmott apresentou valores superiores a 0,66

(Campos do Jordão – SP), sendo os maiores d observados nas estações Caparaó – MG

(0,93) e Maricá – RJ (0,92). A pior exatidão observada em Campos do Jordão – SP foi

seguida das estações Rio de Janeiro – RJ (0,71) e Iguaba Grande – RJ (0,78). Todas as

outras estações obtiveram valores de d entre 0,80 e 0,90.

Quando avaliado simultaneamente a precisão e a exatidão das estimativas, ou seja,

ao se considerar o índice de confiança, a estação com o melhor desempenho foi novamente

Caparaó – MG, com valor 0,81, sendo classificada como Muito Bom. Isso deve pelo fato

do índice c ser produto dos índices de Willmott e de correlação r, índices tais que a estação

Caparaó – MG obteve exatidão e precisão elevadas. As demais estações classificadas com

índice de desempenho Muito Bom foram Maricá – RJ (0,78), Vitória – ES, Paty dos

Alferes – RJ e Mirante de Santana – SP (0,77). As estações classificadas como Sofrível

foram Juiz de Fora – MG (0,53), Angra dos Reis – RJ (0,54), Campos do Jordão – SP

(0,55), Rio de Janeiro – RJ (0,56) e Resende – RJ (0,59). Iguaba Grande – RJ e Barbacena

– MG ficaram classificadas com desempenho Mediano (0,64) e as demais estações

entraram na classificação de desempenho Bom. Desta forma, 14 estações foram

classificadas como Bom ou Muito Bom, e apenas sete classificadas como Mediano ou

Sofrível, segundo o índice de confiança proposto por Camargo e Sentelhas.

A estação que apresentou maior erro sistemático (MSEs%) percentual foi a estação

Rio de Janeiro – RJ com 81,1 % do erro nessa componente, assim a mesma estação

apresentou erro não sistemático (MSEu%), ou seja, erro aleatório percentual mais baixo,

sendo 18,9 % dos erros. Notou-se que as estações que apresentaram os oito maiores erros

sistemáticos se encontravam nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. E as quatro

estações que apresentaram os menores erros aleatórios estavam localizadas nos estados de

Minas Gerais, sendo elas: Caparaó (0,6 %), Barbacena (2,6 %), São Lourenço (7 %) e

Viçosa (10,4 %).

A dispersão das estimativas de ETo pelo método de Thornthwaite com os dados

obtidos da série do GHCN em relação a estimativa ETo pelo método de Penman-Monteith -

FAO56 com os dados obtidos das estações do INMET demonstram relação positiva para

todas estações, sendo subestimada como ilustra a Figura 6a (Campo de Goytacazes) ou ora

superestimada ou subestimada como ilustra a Figura 6b (Angra dos Reis).

Page 55: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

54

Figura 6 - Exemplos de regressões lineares entre os métodos de Thorntwaite (GHCN) e Penman-Monteith -

FAO56 (INMET) para os Municípios de: a) Campo de Goytacazes e b) Angra dos Reis, entre 1961 e 2010.

Martins et al. (2015) avaliaram a ETo estimada pelo método de PM-FAO56

utilizando dados de reanálise e dados observados na Península Ibérica e obtiveram ETo

sobrestimada e r2 em todos os casos superior a 0,90, com coeficientes angular superior a 1,0

em 75 % dos casos e β0 maior que 1,0 em 59 % dos casos.

Pereira et al. (2012) testaram o método de Thornthwaite para as regiões de

Piracicaba, SP, e Davis, CA, utilizando Penman-Monteith como padrão e concluíram que

são compatíveis nas escalas de tempo semanal e mensal, em locais com clima

predominantemente úmido (como em Piracicaba, SP); e têm eficácia baixa, com

subestimativas grosseiras para regiões de clima semiárido do tipo mediterrânico. O método

de Thornthwaite também apresenta desempenho em condições de clima frio e úmido como

do Canadá (CAMARGO e CAMARGO, 2000).

No estado do Rio de Janeiro, Santos (2013) observou para estimativa da ETo pelo

método de Thornthwaite (1948) em relação a PM-FAO56 elevada exatidão (d > 0,89) e

precisão satisfatória (r² > 0,80) para todas as dez estações meteorológicas estudadas na

região. No presente trabalho, dentre as dez estações avaliadas no estado do Rio de Janeiro,

o índice de exatidão apresentou valores entre 0,71 e 0,92, o que correspondeu à diferença

percentual de 24,5 % (Rio de Janeiro) a 0,0 % (Paty dos Alferes). O índice de

determinação apresentado neste estudo para as estações no Rio de Janeiro foi entre 0,44 e

0,72, o que correspondeu à diferença percentual de 14,2 % (Campo do Goytacazes) a 48,5

% (Angra dos Reis) em relação ao trabalho de Santos (2013). Contudo, como a estimativa

do presente estudo foi baseada em dados interpolados é esperado que os resultados fossem

Page 56: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

55

inferiores aos resultados baseados em dados observados, como no caso do trabalho de

Santos (2013).

Vallory et al. (2016) avaliaram o desempenho do método de Thornthwaite em

comparação com o método de Penman-Monteith na estimativa da evapotranspiração de

referência com dados do INMET (2011-2013) em três municípios do estado do Rio de

Janeiro (Paraty, Petrópolis e Campos dos Goytacazes) e obtiveram coeficiente angular:

0,25 ≤ β1≤ 0,54, coeficientes de determinação: 0,42 ≤ r2 ≤ 0,45, e coeficiente linear: 1,14 ≤

β0 ≤ 1,28. O índice d de Wilmott apresentou valores entre 0,59 e 0,77. E o índice c ficou

classificado como Sofrível em Paraty, Péssimo em Petrópolis e Sofrível em Campo dos

Goytacazes.

Ainda que as estações Rio de Janeiro e Angra dos Reis estejam localizadas em

regiões de clima úmido, o que de acordo com Pereira et al. (2012) favoreceria a aplicação

do método de Thornthwaite, estas apresentaram desempenhos Sofrível neste estudo.

Entretanto, o relevo em torno das estações favorece que o ponto de grade dos dados

interpolados pelo GHCN possa estar localizado em altitude diferente da estação. Isso

explicaria os baixos desempenhos.

4.3 Espacialização

4.3.1 Análise estatística

Os resultados, para análise estatística entre a estimativa de ETo obtidos por meio

das séries climáticas observadas nas estações do INMET pelo método de Penman-Monteith

– FAO56 e a estimativa ETo pelo método Thornthwaite em função das séries de

temperatura do ar obtidas do GHCN com auxílio da ferramenta “modelador gráfico” do

Quantum GIS, foram avaliados de acordo com os meses do ano e são apresentados na

Tabela 5.

O intercepto da regressão (β0) mais próximo de zero foi do mês de dezembro (0,01),

seguido de janeiro (0,07). O valor de β0 que mais se distanciou do desejável foi 1,53 em

outubro seguido de 1,41 em fevereiro. O mês de agosto apresentou inclinação - β1 (1,03) o

mais aproximado de 1 possível, seguido dos meses de dezembro (1,09) e janeiro (1,05).

Enquanto que os meses com os maiores distanciamentos de 1 foram maio (1,49) e junho

(1,47). Com base no coeficiente de determinação (r2), o mês que apresentou maior precisão

das estimativas foi julho (r² = 0,53), enquanto a menor ocorreu em outubro, com r² = 0,12.

Page 57: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

56

Tabela 5 - Coeficiente de determinação (r²), intercepto (β0) e coeficiente angular (β1) regressão entre a

evapotranspiração de referência (ETo) estimada por Thorntwaite obtida pelo QGIS em relação a ETo estimada

por Penman-Monteith (INMET), Raiz do Quadrado Médio (RQME), Raiz do Quadrado Médio do Erro

percentual (RQME%), índice de concordância de Willmott (d), de desempenho de Camargo e Sentelhas (c),

erro sistemático percentual (MSEs%) erro aleatório percentual (MSEu%).

MÊS 0 1 r2

RQME

(mm)

RQME

% d c

MSEs

%

MSEu

%

JAN 0,07 1,05 0,45 0,59 13,3 0,72 0,48 27,3 72,7

FEV 1,41 0,74 0,29 0,60 13,3 0,68 0,36 18,8 81,2

MAR -0,91 1,33 0,45 0,60 15,5 0,64 0,43 39,2 60,8

ABR -0,57 1,29 0,36 0,60 19,3 0,57 0,34 32,7 67,3

MAI -0,82 1,49 0,39 0,57 24,0 0,56 0,35 40,1 59,9

JUN -0,66 1,47 0,44 0,53 26,1 0,61 0,41 32,6 67,4

JUL -0,90 1,45 0,53 0,37 17,6 0,74 0,54 10,7 89,3

AGO -0,16 1,03 0,25 0,49 18,4 0,61 0,31 3,9 96,1

SET 0,89 0,66 0,14 0,51 16,7 0,58 0,21 12,4 87,6

OUT 1,53 0,54 0,12 0,52 14,9 0,59 0,21 10,9 89,1

NOV 0,51 0,89 0,26 0,53 14,0 0,63 0,32 4,5 95,5

DEZ 0,01 1,09 0,38 0,67 16,4 0,63 0,39 32,8 67,2

O menor RQME (0,37 mm d-1

) foi apresentado pelo mês de julho, enquanto os

meses com os maiores erros foram dezembro (0,67 mm d-1

), fevereiro, março e abril

igualmente com RQME = 0,60 mm d-1

. O RQME% apresentou variação de 13,3 % (janeiro

e fevereiro) a 26,1 % (junho).

O índice d de concordância de Willmott indica o quão próximo o valor da ETo

obtida por meio dos dados observados nas estações do INMET está do valor da ETo obtida

por meio dos dados do GHCN e calculada com a ferramenta do QGIS. Foram observados

valores de d entre 0,56 (maio) a 0,74 (julho).

Pelo índice c, o mês de melhor desempenho foi julho, com classificação Sofrível

(0,54), seguido de janeiro, março e junho com classificações Mau (0,48 a 0,41). Os demais

meses apresentaram o pior desempenho do índice c com classificação Péssimo (≤ 0,40).

O mês que apresentou menor erro sistemático (MSEs%) percentual foi agosto com

3,9 % do erro nessa componente, deste modo, o mesmo mês apresentou o maior erro não

sistemático (MSEu%), 96,1 % dos erros. O maior erro sistemático percentual ocorreu em

maio (40,1 %) que teve 59,9 % de erro aleatório.

A estimativa de ETo downscaling apresentou índices estatísticos mais baixos que as

estimativas avaliadas anteriormente com os dados em grade com resolução original. Como

Page 58: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

57

no estado do Rio de Janeiro, em mesoescala, diversos fatores fisiográficos condicionam a

elevada variação dos tipos climáticos, por exemplo: relevo e continentalidade/oceanidade,

e o método aplicado para o downscaling, o spline, não considera outros fatores na

interpolação, além dos valores da temperatura do ar em grade e da sua localização no

espaço. Este não conseguiu representar a variação de ETo na sua totalidade.

Associado a isso, os dados em grade do GHCN não contemplam as áreas oceânicas,

desta forma, quando a ferramenta spline é aplicada, considera-se que a ETo diminui em

direção a costa, até valores nulos no oceano, o que induz um gradiente negativo que não é

observado na realidade.

4.3.2 Downscaling

As Figuras 7 e 8 são relacionadas aos mapas raster da ETo numa grade de 5 km

(downscaling) para o estado do Rio de Janeiro para cada mês do ano.

Por meio destes mapas foi possível observar a variação da ETo ao longo do ano

conforme a mudança de estações. A radiação solar e a temperatura do ar são fatores de

maior contribuição para a evapotranspiração (ALLEN et al., 1998), de forma que, é

esperado que a variação anual da ETo seja de valores máximos no verão, quando a

quantidade de radiação solar é maior (dias mais longos) e temperaturas mais elevadas,

enquanto que no inverno com dias mais curtos e temperaturas mais baixas ocorram os

valores mínimos de ETo.

Os resultados deste estudo demonstraram nos meses correspondentes ao verão no

Hemisfério Sul (dezembro – janeiro – fevereiro) a ocorrência de áreas com valores

máximos de ETo de até 6,0 mm d-1

, enquanto que nos meses que correspondem ao inverno

no Hemisfério Sul (junho – julho – agosto), ao contrário, identificaram-se os menores

valores de ETo com máximos de 4,0 mm d-1

. Os valores mínimos de ETo nos mapas das

Figuras 7 e 8 variam de áreas com ETo < 1,5 mm d-1

nos meses de maio a agosto, e áreas

com valores de 3,0-3,5 mm d-1

nos meses de dezembro a março.

Pereira et al. (2016), em estudo da estimativa da ETo nas regiões de Botucatu e

Piracicaba (Brasil) e Guira de Melena (Cuba), também verificou alternância com as

estações do ano. A maior evapotranspiração em Botucatu e Piracicaba foi durante meses de

verão no Hemisfério Sul. Os maiores valores de evapotranspiração em Guira de Melena

ocorreram nos meses de verão no Hemisfério Norte, período de maior temperatura e

umidade relativa e, da mesma forma que no presente estudo, os menores valores de ETo

Page 59: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

58

ocorreram durante os meses relativos ao inverno nas três localidades estudadas por Pereira

et al. (2016).

Figura 7 - Distribuição espacial da evapotranspiração de referência (ETo, mm d

-1) para o estado do Rio de

Janeiro para os meses de janeiro a junho.

Page 60: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

59

Figura 8 - Distribuição espacial da evapotranspiração de referência (ETo, mm d

-1) para o estado do Rio de

Janeiro para os meses de julho a dezembro.

Choque et al. (2016), realizaram estudo da estimativa de ETo por meio do método

de Penman-Monteith - FAO56, e modelagem da tendência e comportamento temporal,

mediante o método geoestatístico, baseado na análise de semivariograma e krigagem em

áreas localizadas no Hemisfério Sul (Franca, Piracicaba e São Paulo – Brasil), com

cenários climáticos distintos; e no Hemisfério Norte (Bauta, Guira de Melena e Batabano -

Cuba), com cenários climáticos mais homogêneos. Em seus resultados, ETo demonstrou

Page 61: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

60

maior amplitude durante o solstício de verão e menores no solstício de inverno das regiões

estudadas.

Foi possível avaliar a diferença da ETo em relação as regiões do estado do Rio de

Janeiro. Verificou-se que a área costeira (área próxima ao oceano Atlântico), onde se

localizam as Regiões Norte Fluminense, Baixadas Litorâneas, Metropolitana e Costa

Verde, apresenta os maiores valores de ETo. Os valores mais elevados destas áreas estão

localizados nas Regiões Norte Fluminense e Baixadas Litorâneas, em contrapartida, áreas

de valores mínimos encontravam-se no sul da Região da Costa Verde enquanto que as

demais áreas apresentaram valores intermediários de ETo. As regiões Baixadas Litorâneas,

Metropolitana e Costa Verde além de apresentarem altos índices pluviométricos, também

apresentam altas temperaturas. A Região Norte apresenta clima mais quente e seco.

Estimativas de ETo mais altas em localidades de maior temperatura também foram

verificadas no estudo de Pereira et al. (2016), onde a cidade de Piracicaba - SP apresentou

valores maiores em relação aos calculados para Botucatu - SP, além de maiores valores de

temperatura. Além de apresentar na série menor temperatura menor na média de todos os

meses, Botucatu também é uma localidade com maior altitude do que Piracicaba - SP, fato

que explica a menor demanda hídrica atmosférica (PEREIRA et al., 2016).

No presente estudo, verificou-se que no interior do estado os valores de ETo

diminuem de forma gradativa ao se afastar do oceano. As regiões que apresentaram os

valores mínimos de ETo são as Regiões Noroeste Fluminense, Centro-Sul Fluminense e

Médio Paraíba.

A Região Serrana representou uma área de valores ETo intermediários. Sua altitude

garante temperaturas amenas. Conforme a altitude se eleva, normalmente, os valores de

temperatura média tendem a ser menores, o que, segundo Gomes et al. (2005), contribuiria

para a redução da demanda evapotranspirativa.

Page 62: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

61

5. CONCLUSÕES

A evapotranspiração de referência calculada com dados em grade pelo método de

Thornthwaite apresenta estimativas com maior exatidão do que precisão. De acordo com

os índices avaliados verifica-se que as estações Caparaó – MG, Maricá – RJ e Vitória – ES

tiveram os melhores resultados na maioria das análises efetuadas, assim como as estações

Rio de Janeiro – RJ e Angra dos Reis – RJ tiveram baixos desempenhos nos coeficientes

calculados.

A utilização de dados do GHCN constitui-se uma alternativa para estimar a

evapotranspiração de referência em locais onde não existam séries climáticas, ou mesmo

em locais com séries de baixa qualidade ou incompletas.

A análise espacial da ETo estimado pelo método de Thornthwaite em função dos

dados em grade utilizando como ferramenta o programa Quantum GIS (QGIS) resulta em

valores com baixa precisão e exatidão moderada. Para o downscaling o método de

interpolação spline tension não considera os fatores fisiográficos, que influenciam nas

estimativas de ETo, isso compromete a precisão e exatidão do downscaling, devido a

influência do relevo complexo e ambiente costeiro do estado do Rio de Janeiro. Entretanto,

a análise demonstrou variação temporal e espacial conforme o esperado, com valores

máximos de evapotranspiração de referência nos meses de verão e locais de ocorrência de

maiores temperaturas do ar no estado do Rio de Janeiro, e os mínimos nos meses de

inverno e locais com menores temperaturas do ar.

Sugere-se a análise das estimativas da evapotranspiração de referência calculadas

por meio dos conjuntos de dados de grade obtidos do projeto Reanalysis 1 e 2

desenvolvido pelo NCEP/NCAR e da Universidade Delaware para avaliação de outras

fontes de dados, assim como a utilização de métodos de downscaling que consideram

características fisiográficas locais.

Page 63: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

62

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration -

Guidelines for computing crop water requirements. FAO Irrigation and drainage paper 56.

Rome, v. 300, n. 9, 1998.

AYOADE, J. O. Introdução á climatologia para os trópicos. 11° ed. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2006. 332p.

ALMEIDA, L. C. DE. Análise espacial de dados com o Quantum GIS: exercícios realizados

durante tópico especial ofertado pelo programa de Pós-Graduação em Geografia da

UFSC. OBSERVATORIUM: Revista Eletrônica de Geografia, v. 3, n. 8, p. 173-194, 2011.

ALVES, J. DA S. Software GIS Livre e o ensino-aprendizagem da geografia. Monografia

(Graduação em Geografia). Departamento de Geografia e História, Universidade Estadual

da Paraíba, Guarabira. 2011.

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. A Evolução da Gestão dos Recursos

Hídricos no Brasil. Brasília: ANA, 2002.

ANDRÉ, R. G. B; PINHEIRO, F. M. A; MARQUES, V. DA S. Índice de aridez e de

umidade para a região Norte Fluminense. In: Congresso Brasileiro de Meteorologia, 13

Fortaleza, 2004. Anais eletrônicos... 2004. Disponível em: <http://www.cbmet.com/cbm-

files/22-9a4c091f758d0231786f450d4bc07605.doc>. Acesso em: 20 jun. 2016.

ARAÚJO, F. F. DA S. Distribuição da temperatura do ar mensal e anual no estado do Rio

de Janeiro baseada em modelos lineares. Monografia (Graduação em Engenharia

Florestal). Instituo de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica.

2010.

ARAÚJO, W. F., COSTA, S. A. A.; DOS SANTOS, A. E. Comparação entre métodos de

estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) para. Revista Caatinga, v. 20, n. 4, p.

84-88, 2007.

Page 64: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

63

AYOADE, J. O. Introdução á climatologia para os trópicos. 11° ed. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2006. 332p.

BARROS, V. R.; DE SOUZA, A. P.; FONSECA, D. C.; DA SILVA, L. B. D. Avaliação

da evapotranspiração de referência na região de Seropédica-RJ, utilizando lisímetro de

pesagem. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 4, n. 2, p. 198-203, 2009.

BASTOS, C. C.; FERREIRA, N. J. Análise climatológica da alta subtropical do Atlântico

Sul. In: Congresso Brasileiro de Meteorologia, 11, Rio de Janeiro, 2000 Anais

eletrônicos... pp. 612-619, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2000. Disponível em: <

http://www.cbmet.com/cbm-files/12-9aa4d9a24f61ccc12555eb0ff9784ced.pdf>. Acesso

em: 21 jun. 2016.

CÂMARA, F. P.; GOMES, A. F.; SANTOS, G. T. D.; CÂMARA, D. C. P. Clima e

epidemias de dengue no estado do Rio de Janeiro. Revista Sociedade Brasileira Medicina

Tropical, v. 42, n. 2, p. 137-40, 2009.

CAMARGO, A. P. O balanço hídrico no estado de São Paulo. Boletim do Instituto

Agronômico. n. 116. Campinas: Instituto Agronômico, 1960. 15p.

CAMARGO, A. P.; CAMARGO, M. B. P. DE. Uma revisão analítica da

evapotranspiração potencial. Bragantia, Campinas, v. 59, n. 2, p. 125-137, 2000.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/brag/v59n2/a02v59n2.pdf>. Acesso em: 24 ago.

2016.

CAMARGO, A. P; PEREIRA, A. R. A evapotranspiração potencial segundo Thornthwaite.

In: Congresso Brasileiro de Agrometeorologia. Pelotas: Sociedade Brasileira de

Agrometeorologia, 1981. p. 110-118.

CAMARGO, A. P.; SENTELHAS, P. C. Avaliação do desempenho de diferentes métodos

de estimativa da evapotranspiração potencial no estado de São Paulo. Revista Brasileira de

Agrometeorologia, Santa Maria, v. 5, n.1, p. 89-97, 1997.

Page 65: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

64

CARMO, R. L.; OJIMA, A. L. R. O; OJIMA, R.; NASCIMENTO, T. T. Água Virtual: O

Brasil como grande exportador de recursos hídricos. In: Simpósio Brasileiro De Recursos

Hídricos, 16, João Pessoa. 2005. Disponível em: <

ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/congressos/cong-agua2-0106.pdf >. Acesso em: 20 jun. 2016.

CARVALHO, D. D.; SILVA, L. D.; GUERRA, J. G.; CRUZ, F. A.; SOUZA, A.

P. Instalação, calibração e funcionamento de um lisímetro de pesagem. Engenharia

Agrícola, v. 27, n. 2, p. 363-372, 2007.

CARVALHO, D. F. DE; SILVA, D. G.; SOUZA, A. P. DE; GOMES, D. P.; ROCHA, H.

S. DA . Coeficientes da equação de Angström-Prescott e sua influência na

evapotranspiração de referência em Seropédica, RJ. Revista Brasileira de Engenharia

Agrícola e Ambiental (Online), v. 15, p. 838-844, 2011. Disponível em:

<https://dx.doi.org/10.1590/S1415-43662011000800011>. Acesso em: 24 ago. 2016.

CARVALHO, L. G. DE; RIOS, G. F. A.; MIRANDA, W. L.; NETO, P. C.

Evapotranspiração de referência: uma abordagem atual de diferentes métodos de

estimativa. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 41, n. 3, 2011.

CEPERJ - FUNDAÇÃO CENTRO ESTADUAL DE ESTATÍTICAS, PESQUISAS E

FORMAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS DO RIO DE JANEIRO. O estado do Rio de

Janeiro e seu Ambiente. Disponível em:

http://www.ceperj.rj.gov.br/ceep/info_territorios/ambiente.html. Acesso em: 01 de fev.

2016.

CHOQUE, E.; BRITO, R. R. DE; ROMÁN, R. M. S.; MONTENEGRO, R. J. V;

comportamento temporal da evapotranspiração de referência em municípios de São Paulo e

províncias de Cuba. Irriga, v. 21, n. 2, p. 365-383, 2016.

COELHO FILHO, M. A.; PEREIRA, F. A DE C.; ANGELOCCI, L. R.; COELHO, E. F.

O processo de evapotranspiração. In: Irrigação e fertirrigação em fruteiras e hortaliças,

Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. Capítulo 2. p 91-114.

Page 66: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

65

DANTAS, M. E.; SHINZATO, E.; MEDINA, A. I. M.; SILVA, C. R; PIMENTEL, J.;

LUMBRERAS, J. F; CARVALHO FILHO, A. Diagnóstico geoambiental do estado do

Rio de Janeiro. Serviço Geológico Do Brasil. Estudo geoambiental do estado do Rio de

Janeiro. Brasília. 2005. Disponível em: <

http://arquivos.proderj.rj.gov.br/inea_imagens/downloads/pesquisas/RE_Jacarepia/Dantas_

etal_2005.pdf>

DE SOUZA, A. P.; DE CARVALHO, D. F.; DA SILVA, L. B. D.; DE ALMEIDA, F. T.;

DA ROCHA, H. S. Estimativas da evapotranspiração de referência em diferentes

condições de nebulosidade. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 46, n. 3, p. 219-228,

2011.

DOORENBOS, J.; PRUITT, W. O. Crop water requirement. FAO Irrigation and drainage

paper. Rome, v. 24, 1977.

DUARTE, C. DA C. Variabilidade intranual da precipitação pluvial mensal no estado do

Rio de Janeiro. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal). Instituto de Florestas,

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica. 2010.

FAN, Y.; VAN DEN DOOL, H. A global monthly land surface air temperature analysis for

1948–present. Journal of Geophysical Research: Atmospheres, v. 113, n. D1, 2008.

FERNANDES, D. S; FOSTER, P. R. P. Cálculo da Evapotranspiração Potencial Através

do Método de Thornthwaite e Comparação com Dados de Reanálise de Evaporação

Potencial do NCEP para a Cidade de Pelotas-RS. In: Congresso Brasileiro de

Meteorologia, Florianópolis. 14, 2006. Anais eletrônicos... 2006. Disponível em: <

http://www.cbmet.com/cbm-files/14-1c697bfe1e69ce97a1c45d482dc1b713.pdf >. Acesso

em: 20 jun. 2016.

FERNANDES, D. S.; HEINEMANN, A. B.; PAZ, R. L.; F., AMORIM, A. DE

O. Calibração regional e local da equação de Hargreaves para estimativa da

evapotranspiração de referência. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 43, n. 2, p.

246-255, junho. 2012.

Page 67: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

66

FERNANDES, M. C.; COURA, P. H. F.; SOUSA, G. M. AVELAR, A. S. Avaliação

Geoecológica de Susceptibilidade à Ocorrência de Incêndios no estado do Rio de Janeiro,

Brasil. Floresta e Ambiente, v. 18, n. 3, p. 299-309, 2011.

GOMES, A. A. N.; MEDEIROS, R. M.; ANDRADE JUNIOR, A. S. Evapotranspiração de

referência mensal para o estado do Piauí. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e

Ambiental (Online), v.9, p.560-564, 2005. Disponível em: <

http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbeaa/v9n4/v9n4a19.pdf > Acesso em: 24 ago. 2016.

GONG, L.; XU, C. Y.; CHEN, D.; HALLDIN, S; CHEN, Y. D. Sensitivity of the Penman–

Monteith reference evapotranspiration to key climatic variables in the Changjiang

(Yangtze River) basin. Journal of Hydrology, v. 329, n. 3, p. 620-629, 2006.

HARGREAVES, G. H.; SAMANI, Z. Reference crop evapotranspiration from

temperature. Applied Engineering in Agriculture. v.1, n.2, p.96-99, 1985.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Banco de dados [online]. Disponível

em: <http://ibge.gov.br/estadosat/>. Acesso em: 24 ago. 2016.

JENSEN M. E.; HAISE H. R. Estimating evapotranspiration from solar radiation. Journal

of the Irrigation and Drainage Division, Proceedings of the American Society of Civil

Engineers, v.89, p.15-41, 1963.

KALNAY, E.; KANAMITSU, M.; KISTLER, R.; COLLINS, W.; DEAVEN, D.;

GANDIN, L.; ZHU, Y. The NCEP/NCAR 40-year reanalysis project. Bulletin of the

American Meteorological Society, v. 77, n. 3, p. 437-471, 1996.

KIRKHAM, R. R.; GEE, G. W.; JONES, T. L. Weighing lysimeters for long-term water

balance investigations at remote sites. Soil Science Society of America Journal, v. 48, n. 5,

p. 1203-1205, 1984.

LIMA, J. E. F. W. Recursos Hídricos no Brasil e no Mundo. Planaltina: Embrapa

Cerrados, 2001. 46p.

Page 68: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

67

MAGNA JUNIOR, J. P.; CAMARGO, P. DE O.; GALO, M. Modelagem de distorções

entre Sad 69 e Sirgas 2000 pelo método de Shepard e grades regulares. Boletim de

Ciências Geodésicas. Curitiba Pr: Universidade Federal do Paraná (UFPR), Centro

Politécnico, v. 15, n. 3, p. 388-409, 2009. Disponível em:

<http://hdl.handle.net/11449/6657> Acesso em: 24 ago. 2016.

MAKKINK, G. F. Testing the Penman formula by means of lysimeters. Journal of the

Institution of Water Engineers, v.11, p.277-288, 1957.

MARAFON, G. J.; SEABRA, R. Contrastes na agricultura Fluminense: O tradicional e o

moderno no processo de comercialização agrícola. Geo UERJ, n. 28, p. 242-268, 2016.

MARTINS, D. S.; PAREDES, P.; CADIMA J.; PIRES, C. A. L.; PEREIRA, L. S. Cálculo

da evapotranspiração de refêrencia usando dados climáticos de reanálise. In: pires, C. A.

L.; PEREIRA, L. S. (Orgs.) Predictabilidade Sazonal de Secas. Lisboa: ISAPress, 2015. P.

57-73.

MEDEIROS, A. T. Estimativa da evapotranspiração de referência a partir da equação de

Penman-Monteith, de medidas lisimétricas e de equações empíricas, em Paraipaba, CE.

Tese (Doutorado em Agronomia). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.

MENDONÇA, J. C.; SOUSA, E. D.; BERNARDO, S.; DIAS, G. P.; GRIPPA, S.

Comparação entre métodos de estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) na

região Norte Fluminense, RJ. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 7,

n. 2, p. 275-279, 2003.

MENNE, M. J.; DURRE, I.; KORZENIEWSKI, B.; MCNEAL, S., THOMAS, K.; YIN,

X; VOSE, R. S.; GLEASON, B. E.; HOUSTON, T. G. Global Historical Climatology

Network - diário (RDGH-Daily), Versão 3. NOAA National Climatic Data Center.

Disponível em: <http://doi.org/10.7289/V5D21VHZ>. Acesso em: 24 ago. 2016.

MONTEITH, J. L. Evaporation and environment: Rothmsted Experimental Station.

Harpendem Herts, v.19, p.205-234, 1965. (Publications in Climatology, v. XI, n.3)

Page 69: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

68

MUKAMMAL, E.; I. BRUCE, J. P. Evaporation measurements by pan and atmometer.

International Union of Geodesy and Geoghysics. Association of Scientific Hydrology. n.53,

p.408-420, 1960.

NAJAR, A L.; MARQUES, EC.; (Orgs). Saúde e espaço: estudos metodológicos e

técnicas de análise [online]. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1998. 276 p. História e Saúde

collection. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/wjkcx>. Acesso em: 24 ago. 2016.

OLIVEIRA FILHO, C. L. DE. Prognóstico das variáveis meteorológicas e da

evapotranspiração de referência com o modelo de previsão do tempo GFS/NCEP.

Dissertação (Mestrado em Agronomia). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.

PENMAN, H. L. Natural evaporation from open water, bare soil and grass. Proceedings of

the Royal Society of London, v.193, n.1, p.454-465, 1948.

PENMAN, H. L. Evaporation: an introductory survey. Netherlands. Journal of

Agricultural Science, Cambridge, v.4, p.9-29, 1956.

PEREIRA, A.R.; CAMARGO, A. P. An analysis of the criticism of the Thornthwaite‟s

equation for estimating potential evapotranspiration. Agricultural and Forest Meteorology,

Amsterdam, v.46, p.149-157, 1989.

PEREIRA, A. R.; VILLA NOVA, N. A.; SEDIYAMA, G. C. Evapo(transpi)ração.

Piracicaba: FEALQ, p.183, 1997.

PEREIRA, A. R.; SEDIYAMA, G. C.; VILLA NOVA, N. A. Evapotranspiração. 1ª ed.

Campinas: Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola, v.500, p.323, 2012.

PEREIRA, F. F. S.; DAL PAI, E.; MONTENEGRO, R. J. V.; ROMÁN, R. M. S.;

GONZÁLEZ, A. M. G. O.; ESCOBEDO, J. F. Estudo comparativo da evapotranspiração

de referência entre localidades no estado de São Paulo e na província de Habana. Irriga, v.

21, n. 2, p. 384-397, 2016.

Page 70: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

69

PETERSON, T C.; VOSE, R. A. An overview of the Global Historical Climatology

Network temperature database. Bulletin of the American Meteorological Society, v. 78, n.

12, p. 2837, 1997.

PINTO, L. I. C.; COSTA, M. H.; LIMA, F. Z.; DINIZ, L. M. F., SEDIYAMA, G. C.;

PRUSKI, F. F. Comparação de produtos de precipitação para a América do Sul. Revista

Brasileira de Meteorologia, v. 24, n. 4, p. 461-472, 2009.

QGIS. Guia do utilizador do QGIS. Documentação do QGIS, 2014. [Software]. Disponível

em: <http://docs.qgis.org/2.8/pt_PT/docs/user_manual/>. Acesso em: 18 jun. 2016.

QGIS. Um Sistema de Informação Geográfica livre e aberto. [Software]. Disponível em:

<http://qgis.org/pt_BR/site/about/index.html>. Acesso em: 24 jun. 2016.

RANGANATHAN, K; FOSTER, I. Identifying dynamic replication strategies for a high-

performance data grid. Grid Computing - GRID 2001, p. 75-86, 2001.

SANTOS, A. A. R. Evapotranspiração de referência estimada por métodos de dados

climáticos mínimos no estado do Rio de Janeiro. Trabalho de Conclusão de Curso.

(Graduação em Agronomia). Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, Seropédica. 2013.

SANTOS, T. V. DOS; Fluxos de calor na superfície e evapotranspiração diária em áreas

agrícolas e de vegetação nativa na bacia do Jacuí por meio de imagens orbitais.

Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto). Centro Estadual de Pesquisas em

Sensoriamento Remoto e Meteorologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre, 2009.

SEDIYAMA, G. C. Estimativa da evapotranspiração: histórico, evolução e análise

crítica. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 4, n. 1, p. 1-12, 1996.

SHEPARD, D. A two-dimensional interpolation function for irregularly-spaced data.

In: Proceedings of the 1968 23rd ACM national conference. ACM, 1968. p. 517-524.

Page 71: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

70

SHUTTLEWORTH W. J. 1993. Evaporation. Chapter 4. In Handbook of Hydrology,

Maidment DR. McGraw-Hill: New York, USA.

SILVA, C. DA S.; QUINTAS, M. C. L.; CENTENO, J. A. S. Estudo do método de

interpolação do inverso da distância a uma potência. In: Simpósio Brasileiro De

Geomática, 2, Presidente Prudente. 2007. Anais eletrônicos... 2007. Disponível em:

<http://docs.fct.unesp.br/departamentos/cartografia/eventos/2007_II_SBG/artigos.html#FS

>. Acesso em: 20 jun. 2016.

SILVA, L. W.; DERECZYNSKI, C. P. Caracterização Climatológica e Tendências

Observadas em Extremos Climáticos no estado do Rio de Janeiro. Anuário do Instituto de

Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 37, 123-138. 2014.

SILVA, M. M.; COSTA, A. C. L. Estudo comparativo da evapotranspiração em área de

floresta de manguezal na região bragantina – PA, In: Congresso Brasileiro de

Meteorologia, 11, Rio de Janeiro, 2000. Anais eletrônicos... 2000. Disponível em: <

http://www.cbmet.com/cbm-files/12-8ec1e7a65a1aad804657737cc411f566.pdf>. Acesso

em: 20 jun. 2016.

SOUZA, A. P. DE; CARVALHO, D. F. DE; SILVA, L. B. D. DA; ALMEIDA, F. T. DE;

ROCHA, H. S. DA. Estimativas da evapotranspiração de referência em diferentes

condições de nebulosidade. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 46, n. 3, p.

219-228, mar. 2011.

SWEENEY, D. J.; WILLIAMS, T. A.; ANDERSON, D. R. Estatística aplicada à

administração e economia. 3ª edição brasileira. Cengage Learning, 2014. 720 pg.

TAGLIAFERRE, C.; DE PAULA, A.; ROCHA, F. A.; CAMPOS, W. V.; GUIMARÃES,

D. U. Influência dos elementos meteorológicos na evapotranspiração de referência

estimada utilizando-se o irrigâmetro no município de Guanambi-BA. Revista Engenharia

na Agricultura, v. 23, n. 3, p. 251, 2015.

THORNTHWAITE, C.W. An approach toward a rational classification of climate.

Geographical Review.v.38, n.1, p.55-94, 1948.

Page 72: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

71

THORNTHWAITE, C. W.; WILM, H. G. Report of the committee on evapotranspiration

and transpiration, 1943-1944.Transactions of the American Geophysical Union, v.25, n.5,

p.686-693, 1944.

TUNDISI, J. G. Ciclo hidrológico e gerenciamento integrado. Ciência e Cultura, v. 55, n.

4, p. 31-33, 2003.

ULIANA, E. M.; SILVA, J. G. F.; REIS, E. F.; MARTINS, C. A. S. Estimativa da ETP

pelo Método de Penman-Monteith Utilizando Estimativas Obtidas Pelos Métodos de

Camargo (1971) e Thornthwaite (1948). In: Congresso Brasileiro de Agrometeorologia,

17., 2011, Guarapari. Riscos climáticos e cenários agrícolas futuros: anais. Guarapari:

Incaper, 2011. CBA 2011.

VALLORY, N. D.; DOHLER, R. E.; CECÍLIO, R. A.; ZANETTI, S. S. Métodos

empíricos para estimativa da evapotranspiração de referência no estado do Rio De

Janeiro. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada, v. 10, n. 2, 2016.

VOSE, R. S.; SCHMOYER, R. L.; STEURER, P. M.; PETERSON, T. C.; HEIM, R.;

KARL, T. R.; EISCHEID, J., 1992: The Global Historical Climatology Network: Long-

term monthly temperature, precipitation, sea level pressure, and station pressure data.

ORNL/CDIAC-53, NDP-041. Carbon Dioxide Information Analysis Center, Oak Ridge

National Laboratory, Oak Ridge, Tennessee, 1992.

WILKS, D. S., Statistical Methods in the Atmospheric Sciences: An

Introduction. Academic Press, 2006. 467 pp.

WILLMOTT, C. J. On the validation of models. Physical Geography, v.2, n.2, p.184-194,

1981.

WILLMOT, C. J. Some Comments on the Evaluation of Model Performance. Bulletin of

the American Meteorological Society, v. 63, p. 1309-1313, 1982.

WILLMOTT, C.J.; K. MATSUURA. Smart interpolation of annually averaged air

temperature in the United States. Journal of Applied Meteorology, v. 34, n. 12, p. 2577-2586,

Page 73: CHRISTIANE NASCIMENTO SANTOS - PGEBpgeb.uff.br/.../D/D_publicacao_2017.03.17-11.56.01.pdfobtenção do título de Mestre em Engenharia de Biossistemas. Área de concentração Recursos

72

1995. Disponível em: <http://journals.ametsoc.org/doi/pdf/10.1175/1520-

0450%281995%29034%3C2577%3ASIOAAA%3E2.0.CO%3B2>. Acesso em: 18 jun.

2016.

WILLMOTT, C.J.; K. MATSUURA. Terrestrial Air Temperature and Precipitation:

Monthly and Annual Time Series (1950 - 1999), v. 1, 2001 Disponível em:

<http://climate.geog.udel.edu/~climate/html_pages/README.ghcn_ts2.html.> Acesso em:

18 jun. 2016.

WILLMOTT, C. J.; ROWE, C. M.; PHILPOT, W. D. Small-scale climate maps: A

sensitivity analysis of some common assumptions associated with grid-point interpolation

and contouring. The American Cartographer, v. 12, n. 1, p. 5-16, 1985.

WANG, Y. Q. MeteoInfo: GIS software for meteorological data visualization and

analysis. Meteorological Applications, v. 21, n. 2, p. 360-368, 2014.

ZANETTI, S. S.; SOUSA, E. F.; CARVALHO, D. F. DE; BERNARDO, S. Estimação da

evapotranspiração de referência no estado do Rio de Janeiro usando redes neurais

artificiais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 12, n. 2, p. 174-180,

2008.