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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO RHANICA EVELISE TOLEDO COUTINHO CIBERESPAÇO COMO FERRAMENTA DE PESQUISA E ENSINO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL VOLTA REDONDA 2013

CIBERESPAÇO COMO FERRAMENTA DE PESQUISA E …web.unifoa.edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/arquivos/2013/13.pdf · CIBERESPAÇO COMO FERRAMENTA DE PESQUISA E ENSINO PARA A EDUCAÇÃO

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  • FUNDAO OSWALDO ARANHA

    CENTRO UNIVERSITRIO DE VOLTA REDONDA

    CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CINCIAS DA SADE

    E DO MEIO AMBIENTE

    DISSERTAO DE MESTRADO

    RHANICA EVELISE TOLEDO COUTINHO

    CIBERESPAO COMO FERRAMENTA DE PESQUISA E ENSINO

    PARA A EDUCAO AMBIENTAL

    VOLTA REDONDA

    2013

  • FUNDAO OSWALDO ARANHA

    CENTRO UNIVERSITRIO DE VOLTA REDONDA

    CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CINCIAS DA SADE

    E DO MEIO AMBIENTE

    DISSERTAO DE MESTRADO

    CIBERESPAO COMO FERRAMENTA DE PESQUISA E ENSINO

    PARA A EDUCAO AMBIENTAL

    Texto dissertativo apresentado a Banca de

    Defesa do Curso de Mestrado Profissional

    em Ensino em Cincias da Sade e do Meio

    Ambiente do UniFOA como requisito

    obteno do ttulo de Mestre.

    Aluna: Rhanica Evelise Toledo Coutinho

    Orientadora Profa. Dra. Cristina Novikoff

    VOLTA REDONDA RJ

    2013

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Ficha catalogrfica elaborada pela bibliotecria

    Gabriela Leite Ferreira -- CRB 7/RJ - 5521

    C871c Coutinho, Rhanica Evelise Toledo.

    Ciberespao como ferramenta de pesquisa e ensino para a educao ambiental / Rhanica Evelise Toledo Coutinho Volta Redonda, RJ: UniFOA, 2013.

    99 p Dissertao (Mestrado Profissional) Centro Universitrio de Volta Redonda. Mestrado Profissional em Ensino em Cincias da Sade e Meio Ambiente.

    Orientadora: Prof. Dr. Cristina Novikoff.

    1. Educao ambiental. 2. Ciberespao. 3. Comunicao

    visual. I. Novikoff, Cristina. II. Ttulo. CDD 304.2

    http://www8.fgv.br/bibliodata/site2/pesquisa/dsp_resultadopesquisa.asp?op=3|PBB&txt=891906&ex=1|PBB&qt=&tipoPesquisa=LINKBB&Link=0&iRG=0&stringTipo=S&txt2=EDUCAO%20PARA%20A%20SAUDE&dspVl=Educa%E7%E3o+para+a+saude&dspOp=Obras+do+Autor&dspTp=Palavra+Chave

  • Dedico este trabalho, primeiramente aos

    meus pais que de forma incondicional

    estiveram sempre ao meu lado em todos

    os bons e maus momentos de minha vida,

    aos meus dois amados sobrinhos, a

    minha amiga irm Salete que me

    apresentou o caminho da academia aos

    meus amigos Roberto Galo e Ana Luiza

    que sempre acreditaram em meu

    trabalho, a todos aqueles que j foram e

    sero meus alunos e finalmente ao meu

    amado companheiro que de uma maneira

    especial, tem sempre apoiado minhas

    empreitadas acadmicas sendo o meu

    porto seguro.

  • AGRADECIMENTO

    Agradeo a Deus pela vida, pelas flores e

    obstculos do caminho. A minha querida

    professora-orientadora Cristina Novikoff

    grande referncia de ser humano e de

    Mestre. Ao corpo docente e administrativo

    do MECSMA, meus sinceros e estimados

    agradecimentos em especial a Profa. Dra.

    Valria e ao Prof. Dr. Carlos Sanches.

    Aos meus colegas de turma, e em

    especial meus irmos do grupo de

    orientao Adelmo, Anglica, Bartolomeu,

    Cida, Eliara, Hrica, Mariza e Snia. Ao

    Professor Otvio e aos filhos da Profa.

    Cristina pelo acolhimento do grupo e em

    especial a Luciene e a Lcia pelo carinho

    em cuidar do grupo. Ao meu grande

    amigo Cenaqui pelas transformaes a

    partir da arqueologia da alma.

  • RESUMO

    A partir do estado do conhecimento e do estado do produto percebemos a

    necessidade da existncia de um blog que rena diversas informaes acerca da

    Educao Ambiental de modo dinmico e funcional. Neste sentido emergem

    questes acerca do ciberespao brasileiro e sua relao com a Educao Ambiental.

    Quais so os sites e blogs existentes no Brasil que tratam de assuntos relacionados

    Educao Ambiental? Qual a qualidade desses ciberespaos para o ensino e

    pesquisa sobre a Educao Ambiental no Brasil? Como a comunicao visual em

    prol da Educao Ambiental desses sites? Estes atendem s especificidades de

    mltiplas dimenses de informao? Assim, objetivamos investigar a relao entre o

    ciberespao brasileiro e suas representaes acerca de Educao Ambiental para

    propor a construo de um blog como portal de difuso de dados e informaes

    diversificadas em forma de textos, imagens, udios e vdeos sobre a temtica,

    atendendo aos critrios de transversalidade, interdisciplinaridade,

    transdisciplinaridade, criatividade e criticidade. A metodologia adotada foi pautada

    nas dimenses Novikoff. O estudo foi de natureza qualitativa. Os resultados

    sinalizaram boas perspectivas do uso deste espao para fomento do ensino e

    pesquisa, mas contraditoriamente os ambientes pesquisados ainda carecem de

    funcionalidade. As representaes encontradas foram do tipo comercial se

    distanciando da perspectiva globalizante necessria a uma Educao Ambiental

    transversal, critica e criativa.

    Palavras-chave: Educao Ambiental; Ciberespao; Comunicao Visual; Estado do Produto.

  • ABSTRACT

    Through the Knowledge Status and the Product Status comprehension, it is

    noticeable that the existence of a blog that brings together diverse information on

    Environmental Education, in a dynamic and functional way, is required. In this context,

    issues concerning the Brazilian Cyberspace and its relation to Environmental

    Education arise. What are the existing websites and blogs dealing with Environmental

    Education-related topics? What is the quality of these cyberspaces for the teaching

    and researches on Environmental Education? How is the visual communication in

    favor of Environmental Education on these websites? Do they fulfill the specificities of

    multiple dimensions of information? Thus, it is aimed to investigate the relation

    between the Brazilian cyberspace and its representation on Environmental Education

    and, then, propose the creation of a blog as a gateway for the spread of diverse

    information and data through texts, images, audio and videos on the topic, in

    agreement with the transversality, interdisciplinarity, transdisciplinarity, creativity and

    criticality. The adopted methodology was based on the Novikoff Dimensions. The

    study has a qualitative approach. The results signaled good perspective on the use of

    these sites for the improvement of teaching and research; on the other hand, these

    same sites still lack functionalities. Representations that were found are commercial-

    like, moving away from the totalizing perspective, which is required to reach a

    transversal, critical and creative Environmental Education.

    Keywords: Environmental Education, Cyberspace, Visual Communication, Product

    Status.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................... 17

    2 DIMENSO TERICA........ 20

    2.1 Definies de Educao Ambiental e Meio Ambiente............................ 20

    2.1.1 Aspectos Histricos da Educao Ambiental............................................ 23

    2.1.1.1 Indcios da Educao Ambiental no Sculo XIX ................................... 23

    2.1.1.2 Educao Ambiental no Sculo XX ...................................................... 24

    2.1.1.3 Educao Ambiental no Sculo XXI...................................................... 29

    2.1.2 Educao Ambiental e os PCNs.............................................................. 30

    2.1.3 Educao Ambiental Crtica ..................................................................... 33

    2.2 Ciberespao e Cibercultura...................................................................... 35

    2.2.1 Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade para Desenvolvimento do

    Ciberespao................................................................................... 37

    2.3 Comunicao Visual/Virtual...................................................................... 40

    2.3.1 Comunicao Visual no Ambiente Virtual................................................ 40

    2.3.2 As TICs e as redes sociais (blog) ............................................................ 42

    2.4 As Representaes na avaliao do Ciberespao .................. 46

    3 MTODO DE ESTUDO................................................................................... 48

    3.1 Caminho Metodolgico ....................... 49

    4 DIMENSO MORFOLGICA..................................................................... 54

    4.1 O Estado do Conhecimento ..................................................................... 55

  • 4.1.1 Banco de Teses da CAPES ..................................................................... 55

    4.2 Anlise dos blogs e sites ......................................................................... 58

    4.3 O Estado do Produto ................................................................................ 60

    4.4 Descrio dos dados do Estado do Produto ......................................... 63

    4.5 Grande Categoria Arquitetura do Ambiente Virtual............................... 64

    4.6 Grande Categoria Caractersticas do Ambiente Virtual......................... 66

    4.7 Grande Categoria Abordagem do contedo acerca da Educao

    Ambiental.......................................................................................................... 70

    5 DIMENSO ANALTICO CONCLUSIVA ........... 73

    5.1 Relao do Estado do Conhecimento com o Estado do Produto

    e a Teoria ............................................. 73

    5.2 Produto .............................. 76

    6. CONSIDERAES FINAIS.......................... 80

    REFERNCIAS......................... 83

    ANEXOS.................................... 90

    APNDICES.............................. 91

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Identificao ......................................................................................... 61

    Quadro 2: Arquitetura do Ambiente Virtual ........................................................... 62

    Quadro 3: Caractersticas do Ambiente Virtual .................................................... 62

    Quadro 4: Anlise da abordagem do contedo acerca da Educao Ambiental . 63

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Tabela Analtica de Sites e Blogs de Coutinho e Novikoff .................. 52

    Tabela 2: Arquitetura do Ambiente Virtual ........................................................... 64

    Tabela 3: Caracterstica do Ambiente Virtual ...................................................... 66

    Tabela 4: Anlise da Grande Categoria Abordagem do Contedo acerca da

    Educao Ambiental ......................................................................... 71

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Distribuio de categorias do Estado de Conhecimento ........... 56

    Grfico 2: Categoria de Ambiente Virtual ................................................... 64

    Grfico 3: Distribuio da Categoria Ambiente Virtual ................................ 65

    Grfico 4: Distribuio da Mdia Categoria Tipologia ................................. 67

    Grfico 5: Distribuio da Mdia Categoria Cores do Ambiente ................. 67

    Grfico 6: Distribuio da Mdia Categoria Qualidade das Imagens ......... 68

    Grfico 7: Distribuio Mdia Categoria Relao Texto com Imagem dos

    ambientes virtuais estudados ....................................................... 68

    Grfico 8: Qualidade dos udios e Vdeos .................................................... 69

    Grfico 9: Distribuio da Atualizao dos ambientes virtuais .................... 69

    Grfico 10: Fontes de Consulta ....................................................................... 70

    Grfico 11: Distribuio da Mdia Categoria Reigota sinalizadas nos

    ambientes virtuais estudados ...................................................... 71

    Grfico 12: Distribuio da Mdia Categoria Lefebvre sinalizadas nos

    ambientes virtuais estudados ...................................................... 72

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Modelo de prtica de ensino e aprendizagem com tecnologias de

    informao e de comunicao (TICs) ............................................... 44

    Figura 2: Dimenses Novikoff (2010, p. 3) ........................................................ 50

    Figura 3: Print screen do site Instituto Caranguejo ......................................... 60

    Figura 4: Logomarca Semear Educao Ambiental ......................................... 78

  • LISTA DE SIGLAS

    ANPEd - Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa em Educao.

    AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem.

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior.

    CEO - Chief Executive Officer.

    DDTs - Dicloro-Difenil-Tricloroetano.

    EA - Educao Ambiental.

    EaD - Educao Distncia.

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria.

    FBOMS - Frum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais.

    FOA Fundao Educacional Oswaldo Aranha.

    IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis.

    LAGERES Laboratrio de Estudos e Pesquisas em Representaes Sociais

    na/para formao de professores na Unigranrio.

    MEC - Ministrio da Educao e Desporto.

    MECSMA - Mestrado Profissional em Ensino de Cincias da Sade e do Meio

    Ambiente.

    NTICs - Novas Tecnologias de Informao e de Comunicao.

    ONG - Organizao No Governamental.

    ONU - Organizao das Naes Unidas.

    PCN's - Parmetros Curriculares Nacionais.

    PIEA - Programa Internacional em Educao Ambiental.

    PNEA - Poltica Nacional de Educao Ambiental.

    ProNEA Programa Nacional de Educao Ambiental.

    REBECA - Rede Brasileira de Educomunicao Ambiental.

  • SIBEA - Sistema Brasileiro de Informao sobre Educao Ambiental e Prticas

    Sustentveis.

    TEASS - Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e

    Responsabilidade Global.

    TICs Tecnologia da Informao e da Comunicao.

    UNESCO - Organizao das Naes Unidas para a Educao.

  • LISTA DE ANEXOS

    Anexo 01:

    Tabela de Anlise de Textos acadmicos-cientficos, segundo as

    Dimenses Novikoff ..........................................................................

    90

  • LISTA DE APNDICES

    APNDICE 1: Quadro 2 - Descrio dos Sites e Blogs pesquisados ............ 91

    APNDICE 2: Tabela 3 Fragmento da Tabela Analtica de Sites e Blogs

    de Coutinho e Novikoff com alguns dados ..............................

    96

  • 17

    1 INTRODUO

    A Educao Ambiental, enquanto tema emergente, encontra-se deliberada

    na Lei de Poltica Nacional de Educao Ambiental n 9795/99 PNEA (BRASIL, 1999),

    onde se contempla os princpios norteadores imprescindveis para a formao do

    sujeito ecolgico e; na Carta Magna, em seu Captulo VI, Do Meio Ambiente, que

    define, em seu Art. 225, 1, VI, a obrigatoriedade de se promover a Educao

    Ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao

    do meio ambiente.

    A PNEA delineia suas aes atravs do Programa Nacional de Educao

    Ambiental ProNEA, que consiste em um programa de mbito nacional, cuja aplicao,

    execuo, monitoramento e avaliao acerca da Educao Ambiental podero ocorrer

    a partir de todos os nveis sociais, assim como tambm nas esferas governamentais.

    A Educao Ambiental, segundo a EMBRAPA no tpico referente ao Meio

    Ambiente1 (2013) pode ser entendida como um instrumento pelo qual "o indivduo e a

    coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

    competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do

    povo, essencial qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    Os preceitos acima registrados denotam a fora que estes determinantes

    legislativos possuem, de se tornar real, o que torna-se ideal em nossas salas de aula,

    porm apesar de fora determinante, esta questo s se objetiva se os sujeitos tiverem

    conhecimento, conscincia e atitude.

    Ao se entender a Educao Ambiental como processo de responsabilidade

    de todo cidado, compreende-se da que a sua propagao se faz essencial. Por igual,

    a universidade, enquanto lugar do saber, tem a responsabilidade de disseminar a

    atitude e conhecimentos que promovam a Educao Ambiental.

    1 Cf. Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e Avaliao de Impacto Ambiental - Embrapa Meio

    Ambiente in http://www.cnpma.embrapa.br/projetos/index.php3?sec=eduam:::98.

  • 18

    Neste sentido, assinala-se que, se por um lado, estamos diante de um

    momento crtico na histria da Terra2 em razo da fragilidade e interdependncia,

    estamos, tambm, frente a uma diversidade de estudos e pesquisas (JACOBI, 1999,

    2000, 2003; CARVALHO, 2001; MARTINEZ, 2004), que apresentam novas informaes

    acerca do futuro da Terra, com destaque para a perspectiva interdisciplinar e at

    mesmo transdisciplinar para se pensar e enfrentar os problemas da sustentabilidade.

    Assim, a interdisciplinaridade poder ser um primeiro caminho para o enfrentamento e a

    superao dos problemas ambientais.

    A partir da busca em diferentes sites e blogs da Web, numa leitura flutuante

    (BARDIN, 2004), percebemos a necessidade da existncia de um blog que reunisse

    diversas informaes que permitissem o estudo da Educao Ambiental com dados

    dispostos de formas variadas em textos, imagens, vdeos e udios.

    Neste sentido emergem questes acerca do Ciberespao brasileiro e sua

    relao com a Educao Ambiental: quais so os sites e blogs existentes no Brasil que

    tratam de assuntos relacionados Educao Ambiental? Qual a qualidade desses

    Ciberespao s para o ensino e pesquisa sobre a Educao Ambiental no Brasil? Como

    a comunicao visual em prol da Educao Ambiental desses sites? Estes atendem

    s especificidades de mltiplas dimenses de informao?

    Assim, objetivamos investigar a relao entre o Ciberespao brasileiro e suas

    representaes acerca de Educao Ambiental para propor a construo de um blog

    como portal de difuso de dados e informaes diversificadas em forma de textos,

    imagens, udios e vdeos sobre a temtica, atendendo aos critrios de

    transversalidade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, criatividade e criticidade.

    Para a consistncia e validade do estudo aqui desenvolvido configuramos

    um corpus terico e de dados que permitisse concretizar o nosso produto.

    Inicialmente foi realizada uma pesquisa no banco de dados da Coordenao

    de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior - CAPES (2002 a 2011) como

    primeira tarefa das dimenses Novikoff (2010), seguida de anlise quanto ao Estado

    2 Carta da Terra. Disponvel em: < http://pga.pgr.mpf.gov.br/boletins/arquivos-de-boletins-2009/a-carta-

    da-terra/?searchterm=valor%20da%20educa%C3%A7%C3%A3o%20ambiental>. Acessado: 02/04/2012.

  • 19

    do Conhecimento (ROMANOWSKI; ENS, 2006) e; da pesquisa de campo virtual, que

    denominamos estado de produto.

    Toda a pesquisa foi delineada segundo Novikoff (2010), que norteia o

    planejamento, o desenvolvimento e a descrio de um estudo em cinco dimenses: A

    Epistemolgica, onde se define o problema, o objeto, o objetivo e os pressupostos

    delineados aps o estudo do conhecimento da rea e/ou tema; a Terica, onde so

    observados autores que discutem sobre a temtica proposta; a Tcnica, onde se

    descreve o mtodo de estudo, os sujeitos, o lcus da pesquisa e os instrumentos

    necessrios para coleta de dados; a Morfolgica, onde os resultados so descritos de

    forma estatstica ou textual; e a Analtico-conclusiva, onde se discute o objeto de

    estudo, articulando teoria com resultados alcanados de modo a elaborar a concluso.

    Em sntese, o trabalho de natureza aplicada vem ao encontro da noo de

    inovao de produto e processo, segundo o Manual de Oslo - Proposta de Diretrizes

    para Coleta e Interpretao de Dados sobre Inovao Tecnolgica (BRASIL, 2004) em

    que o processo de inovao de um produto est, tambm, na difuso de informao

    eis a misso de nosso blog difundir a Educao Ambiental de modo crtico, criativo e

    transdisciplinar.

  • 20

    2. DIMENSO TERICA

    Neste captulo sero apresentadas algumas teorias acerca da Educao

    Ambiental e Meio Ambiente. Inicia-se com os Aspectos Histricos da Educao

    Ambiental Mundial e Brasileira, em um segundo momento apresenta uma abordagem

    acerca do Ciberespao a partir de alguns conhecimentos basilares, seguido de alguns

    conceitos do Ciberespao e da Cibercultura, abordando tambm a Interdisciplinaridade

    e Transdisciplinaridade para Desenvolvimento do Ciberespao. Continuando nossa

    abordagem, apresentamos a Comunicao visual no ambiente virtual seguida das

    Tecnologias de Informao e Comunicao TICs e as redes sociais dando nfase ao

    blog. Finalmente, na dimenso terica destacamos as Representaes na avaliao do

    Ciberespao sob a Luz de Reigota e Lefebvre.

    2.1 Definies de Educao Ambiental e Meio Ambiente

    Este tpico ir tratar de alguns entendimentos referentes Educao

    Ambiental, seguido de uma abordagem sobre os aspectos histricos do tema.

    Perpassar tambm pelo cenrio brasileiro e se findar com alguns apontamentos

    sobre as diferenas entre a Educao Ambiental e o Meio Ambiente.

    Para entender a Educao Ambiental necessrio distinguir os

    conhecimentos acerca desse assunto, com relao a todos aqueles que se encontram

    imersos nas noes conceituais de meio ambiente.

    Neste sentido, Reigota (2004) apela para a necessidade crucial de se

    conhecer as concepes de meio ambiente das pessoas envolvidas na atividade, antes

    de qualquer procedimento em Educao Ambiental. O autor cita que h uma variedade

    de definies que dependem de interesses cientficos, artsticos e polticos, dentre

    outros.

  • 21

    Reigota (2004) define meio ambiente como:

    [...] um lugar determinado e/ou percebido onde esto em relaes dinmicas e em constante interao os aspectos naturais e sociais. Essas relaes acarretam processos de criao cultural e tecnolgica e processos histricos e polticos de transformao da natureza e da sociedade (REIGOTA, 2004. p. 21).

    Entre estas definies, Reigota (KUS et al., 2012) pontua as concepes de

    trs modos, a saber: 1) Antropocntrica diz respeito aos sujeitos que focam sua

    ateno na utilidade dos recursos naturais para sobrevivncia e dispe destes para

    garantir melhor condio de vida para si; 2) Globalizante, em que se destaca as

    relaes de reciprocidade entre a sociedade e a natureza, enfocando aspectos naturais,

    polticos, sociais, econmicos, filosficos e culturais, compreendendo o ser humano,

    portanto, como parte do meio e; 3) Naturalista, quando so ressaltados os aspectos da

    natureza, como se o meio ambiente estivesse voltado apenas para o que natural.

    Reigota (2004) parte do princpio de que a realizao da Educao

    Ambiental no significa o mesmo que o ensino de Ecologia, e que a mesma necessita

    da articulao dos fenmenos biolgicos, fsicos e qumicos aos econmicos e sociais.

    O presente trabalho parte do mesmo princpio, j que considera o mbito social

    importante no exerccio da Educao Ambiental.

    A concepo de Educao Ambiental na qual este trabalho est pautado no

    est vinculada transmisso simplista de conhecimentos sobre a natureza e processos

    fisioqumicos da mesma, mas sim possibilidade de prticas sociais mais significativas

    por parte dos cidados.

    Reigota (2007) aponta que mediante as caractersticas pedaggicas, a

    Educao Ambiental poder ocorrer em todos os ambientes de aprendizagem, assim

    como no currculo de todas as disciplinas, surgindo, portanto a demanda pela

    ampliao da compreenso da Educao Ambiental.

    Pelegrini e Vlach (2011) destacam a distncia entre a universidade e a

    escola diante dos debates acadmicos acerca dos problemas ambientais. A

    complexidade do ensino referente Educao Ambiental torna-se muito mais rdua e

    vai alm de um desafio didtico-pedaggico. A ampliao da discusso deste tema de

  • 22

    forma transversal poder ser um dos caminhos para um melhor entendimento da crise

    da modernidade que se manifesta no apenas por intermdio do desajuste ambiental,

    mas tambm por meio do agravamento dos problemas sociais, polticos e econmicos

    (PELEGRINI; VLACH, 2011. p.1).

    Frente formao de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele

    de forma crtica, encontramos Carvalho (2011) acreditando ser este o melhor caminho

    para a mudana de atitude como um convite releitura educativa de um mundo

    complexo e mutante. A educadora assinala a importncia de uma nova forma de

    Educao Ambiental atravs de anlise crtica, transformando a natureza em cultura,

    atribuindo-lhe sentidos, trazendo-a para o campo da compreenso e da experincia

    humana de estar no mundo e participar da vida. Dentro dessa proposta, o educador se

    transforma em intrprete/mediador, tradutor de mundos. Um provocador que desperta

    novos olhares sobre o meio em que vivemos e o nosso papel neste contexto.

    Outro estudo nesta linha o de Martias (2012) que aborda a temtica da

    Educao Ambiental no Brasil. Assim como outros autores, ele destaca a dificuldade da

    veiculao das discusses acadmicas acerca da Educao Ambiental nas escolas de

    formao bsica. Nesta tnica, Martias acentua a demanda sobre a ampliao da

    discusso ambiental contnua sendo apontada como estratgia de sensibilizao da

    problemtica ambiental. Como resultado, sua pesquisa aponta questes semelhantes a

    outros tericos, que destacam o entendimento da crise ambiental como sintoma da

    crise da modernidade que desponta tambm a partir de dificuldades sociais, polticas e

    econmicas.

    Para Tozoni-Reis (2006, p.1):

    A Educao Ambiental crtica e emancipatria exige que os conhecimentos sejam apropriados, construdos, de forma dinmica, coletiva, cooperativa, contnua, interdisciplinar, democrtica e participativa, voltados para a construo de sociedades sustentveis.

  • 23

    Tozoni-reis (2006) se embasa na pedagogia freireana para tratar de temas

    ambientais como temas geradores para a Educao Ambiental, ou seja, estratgias de

    conscientizao acerca da desigualdade social como despertar para a construo de

    descobertas a partir do saber popular.

    As descobertas acontecem com base nas experincias das experincias

    cotidianas dos estudantes, reafirmando a ao-reflexo-ao da pedagogia freireana.

    Propostas educativas ambientais conscientizadoras podem gerar aes igualmente em

    prol da conscientizao.

    2.1.1 Aspectos Histricos da Educao Ambiental

    Na composio deste texto histrico lanamos mo de informaes contidas

    em diferentes fontes para apresentar a Educao Ambiental. Como se tratam de

    informaes nacionais e estrangeiras, as apresentamos em ordem cronolgica,

    divididas entre os sculos XIX, XX e XXI.

    2.1.1.1 Indcios da Educao Ambiental no Sculo XIX

    Pode-se identificar como um dos primeiros indcios de Educao Ambiental

    no Brasil a criao do Jardim Botnico no Rio de Janeiro em 1808. Em 1850, Dom

    Pedro II criou a Lei de N 601 que proibia a explorao florestal, porm esta lei foi

    desacreditada potencializando assim o desmatamento gerado para insero da

    monocultura de caf (MARCATTO, 2002; BRASIL, 2013).

    Diante de outro cenrio, no ano de 1869 surge uma nova nomenclatura a

    Ecologia, proposta pelo bilogo alemo Ernest Haeckel. No Brasil, em 1876, o

    Engenheiro Andr Rebouas prope a formao de parques nacionais na Ilha de

    Bananal e em Sete Quedas (MARCATTO, 2002; BRASIL, 2013).

    Outro momento de grande importncia se deu em 1889, quando o escocs

    Patrick Guedes, considerado o Pai da Educao Ambiental, props que uma criana

  • 24

    em contato com sua realidade e seu ambiente aprenderia melhor (MARCATTO, 2002;

    BRASIL, 2013).

    Outro fato relevante aconteceu no Brasil em 1891, com o Decreto 8.843, que

    props a criao da reserva florestal no estado Acre. Logo depois no mesmo pas, em

    1896, foi criado o Parque da Cidade, a primeira rea verde no estado de So Paulo

    (MARCATTO, 2002; BRASIL, 2013).

    2.1.1.2 Educao Ambiental no Sculo XX

    No sculo XX pode-se identificar a ampliao de aes ligadas Educao

    Ambiental no Brasil, iniciando-se em 1920, quando o governo brasileiro considera

    extinto o Pau Brasil (MARCATTO, 2002; BRASIL, 2013).

    Aps doze anos, em 1932, acontece a primeira Conferncia Brasileira de

    Proteo Natureza, no Museu Nacional do Rio de Janeiro, a primeira Conferncia

    Brasileira de Proteo Natureza. Logo a seguir, em 1934, surge o Decreto 23.793 que

    transforma em Lei o Anteprojeto de Cdigo Florestal (MARCATTO, 2002; BRASIL,

    2013).

    Quanto ao surgimento dos Parques no cenrio brasileiro, encontramos, em

    1937, a criao do Parque Nacional do Itatiaia e, dois anos aps, em 1939, o Parque

    Nacional do Iguau (MARCATTO, 2002; BRASIL, 2013).

    A Educao Ambiental no Brasil j era citada no Decreto Legislativo Federal

    N 3 de 13 de fevereiro de 1948, que primava pela proteo da fauna, flora e beleza

    naturais da Amrica (PEDRINI, 2001, p. 36).

    Nas dcadas de 60 e 70, surgiram diversas manifestaes sobre a

    preservao dos recursos naturais, previses nada agradveis do colapso ambiental

    ocasionado pelo consumo desenfreado e o alarme da comunidade cientfica mundial

    sobre as consequncias ambientais do modelo econmico predominante (HAMMES,

    2004).

  • 25

    Dias (2002) destaca o livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson biloga

    americana considerada, poca, escritora da natureza, publicado em 1962, como

    referncia que despertou mundialmente o embate contra o uso de DDTs3 nos Estados

    Unidos e o movimento ambientalista, provocando assim a humanidade a refletir sobre o

    uso dos recursos naturais.

    Dentre estas manifestaes da poca destaca-se o Clube de Roma em

    1968, onde cientistas dos pases desenvolvidos se reuniram para discutir o futuro da

    humanidade a partir da tica do consumo. Deste encontro, concluram que era

    necessrio que se buscasse meios para a conservao dos recursos naturais, para o

    controle de crescimento populacional e para o investimento em mudana de

    mentalidade (REIGOTA, 2004). Este encontro resultou na publicao do relatrio Os

    limites do crescimento em 1972, quando aconteceu a Conferncia de Estocolmo,

    promovida pela Organizao das Naes Unidas-ONU, onde a abordagem sobre o

    Ambiente Humano surgiu pela primeira vez atravs da expresso desenvolvimento

    sustentvel.

    Muitos eventos internacionais foram realizados e muitos ficaram conhecidos

    pelos nomes das cidades que os sediavam. Pedrini (2001) define que o marco inicial

    para a Educao Ambiental foi a Conferncia da Organizao das Naes Unidas

    sobre o Ambiente Humano a Conferncia de Estocolmo, realizada em 1972 na

    Sucia. Foi neste evento que se atribuiu Educao Ambiental uma funo estratgica

    para a soluo da crise ambiental internacional.

    Pedrini (2001, p. 26) relata ainda que o Plano de Ao da Conferncia de

    Estocolmo recomendou a capacitao de professores e o desenvolvimento de novos

    mtodos e recursos instrucionais para a Educao Ambiental. Pode-se observar que a

    Educao Ambiental foi instituda como ferramenta importante neste processo de

    conscientizao ambiental e que j neste evento, a formao do professor pde ser tida

    como ponto chave para o exerccio real da mesma.

    A UNESCO promoveu trs conferncias internacionais em Educao

    Ambiental: Belgrado, Tbilisi e Moscou, onde de cada uma delas derivou-se uma

    3 Dicloro-Difenil-Tricloroetano, primeiro pesticida moderno.

  • 26

    declarao. A Carta de Belgrado, construda em 1975, na ex-Iugoslvia, alm de visar

    construo de uma nova tica planetria, que apontava a erradicao da misria e a

    negao do desenvolvimento de uma nao custa de outra, tambm foi sugerida a

    criao do Programa Internacional em Educao Ambiental, conhecido como PIEA

    (PEDRINI, 2001).

    A Conferncia de Tbilisi ocorreu em 1977, na Gergia, quando foram dados

    alguns pontos de partidas em relao s formulaes de objetivos, caracterizao,

    funcionalidade e estratgias da Educao Ambiental. Dias (2002) expe que a melhor

    definio de Educao Ambiental encontra-se na Declarao de Tbilisi:

    um processo contnuo no qual os indivduos e a comunidade tomam conscincia de seu ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experincias e a determinao que os tornem aptos a agir individual e coletivamente e resolver os problemas ambientais presentes e futuros. (DIAS, 2002. p. 66)

    A terceira Conferncia foi realizada em Moscou (antiga Unio Sovitica), em

    1987, com a reunio de cerca de trezentos educadores ambientais. Segundo Hammes

    (2004), nesta Conferncia, os pases participantes firmaram compromisso de incluir a

    Educao Ambiental em suas polticas educacionais.

    A Conferncia de Moscou consolidou as recomendaes das duas

    conferncias anteriores promovidas pela UNESCO e criou um arcabouo terico-

    metodolgico mais aperfeioado, no qual foi montado um plano de ao para a dcada

    de 90 (PEDRINI, 2001).

    Em terras brasileiras, no ano de 1981, o ento presidente Joo Figueiredo,

    sancionou a lei N 6938, que dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente. O

    objetivo foi de preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental propcia vida,

    visando assegurar, (...), condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses

    da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana. Para tal

    estabeleceu 10 princpios, dentre os quais estaria o de educao ambiental a todos os

    nveis de ensino, inclusive a educao da comunidade, objetivando capacit-la para

    participao ativa na defesa do meio ambiente (BRASIL, 2013).

  • 27

    Em meio ao processo de Conferncias relativas preocupao ambiental

    para a atividade educacional, iniciou-se, em 1983, na Noruega, com um grupo de

    experts, a criao de um relatrio mundial denominado Nosso futuro comum. Este,

    publicado em 1987, ano em que acontecia a Conferncia em Moscou, tratava das

    principais questes ambientais em relao ao desenvolvimento. Esse documento

    passou a ser referncia para a necessidade de uma nova Conferncia da ONU,

    programada para o Rio de Janeiro (Brasil) em 1992 (CASCINO, 1999).

    Trs anos depois, em 1984, o Conselho Nacional do Meio Ambiente

    (Conama), propem a resoluo N 001/86, que estabelece as diretrizes para as aes

    de Educao Ambiental, sendo a mesma aprovada em 1986. J o Instituto Brasileiro do

    Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA foi criado em 1989, com

    a Lei 7335.

    Em 1988 emerge a Constituio Federal onde se estabelece, em seu artigo

    225, que todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e que a

    Educao Ambiental precisa ser promovida. Em 1991, foi delineado pelo Ministrio da

    Educao que os currculos escolares fossem adequados s exigncias sociais. Dando

    apoio a estas exigncias, em 1994, foi criado o PRONEA Programa Nacional de

    Educao Ambiental (HAMMES, 2004).

    Um marco do ensino nacional ocorreu em 1991, quando o Ministrio da

    Educao e Cultura MEC criou a Portaria de N 678 com a determinao de que os

    sistemas de ensino considerassem contedos de Educao Ambiental.

    Pedrini (1997) cita que, durante o evento, o Ministrio da Educao e

    Desporto, realizou um workshop paralelo Conferncia, onde aprovaram a Carta

    Brasileira para a Educao Ambiental, que evocava a imediata insero da Educao

    Ambiental em todos os nveis.

    No ano seguinte, em 1992, aconteceu no Brasil a Conferncia da ONU sobre

    o Meio Ambiente e Desenvolvimento, intitulada Rio-92, que confirmou as premissas de

    Tbilisi, e lanou a Agenda 21 destacando um captulo destinado Promoo da

    Educao, da Conscincia Poltica e do Treinamento, assinalando o reconhecimento da

    necessidade de buscar um novo modelo de desenvolvimento - o sustentvel.

  • 28

    Diante deste reconhecimento, apontou a Educao Ambiental como

    processo de promoo estratgica desse novo modelo (DIAS, 2002).

    Paralelamente Rio-92 aconteceu o Frum Global, de onde nasceu o

    Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade

    Global (TEASS), evento do qual originou-se a Carta da Terra, proposta pela biloga

    Michle Sato.

    A Carta da Terra constitui-se uma declarao composta de reflexes

    nascidas a partir da construo de anlises crticas acerca da evoluo da Terra e tece

    discusses sobre interdependncia e a fragilidade do planeta. Tal relao deixa dvidas

    sobre o nosso futuro, e uma forma de prosseguir se d com a aceitao de que

    vivemos em meio a diversidades em vrios aspectos, ou seja, desde as variadas formas

    de se viver, perpassando pelas diferentes culturas que resultam no entendimento de

    juntos formamos uma grande etnia que comunga um mesmo caminho futuro.

    Diante dessa compreenso, os homens deveriam potencializar a sinergia

    humana em prol de uma uma sociedade sustentvel global baseada no respeito pela

    natureza, nos direitos humanos universais, na justia econmica e numa cultura da paz

    (BRASIL, 2013).

    Alcanar um objetivo como esse s ser possvel se os habitantes do nosso

    planeta tomarem conscincia das suas atribuies enquanto seres vivos que devero

    viver em sinergia com todos os seres deste planeta.

    Em Thessaloniki, na Grcia, aconteceu, em 1997, a Conferncia

    Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educao e Conscientizao para a

    Sustentabilidade. O texto final da conferncia reafirmou o que j havia sido

    recomendado em encontros anteriores de Educao Ambiental.

    Apenas em 1999 a Educao Ambiental tornou-se reconhecida no Brasil,

    com a da Lei 9795, que instituiu a Poltica Nacional de Educao Ambiental.

  • 29

    2.1.1.3 Educao Ambiental no Sculo XXI

    No Sculo XXI, o Brasil deu seu primeiro sinal acerca da Educao

    Ambiental, em 2002, com o lanamento do Sistema Brasileiro de Informao sobre

    Educao Ambiental e Prticas Sustentveis (SIBEA). No mesmo ano, o Decreto N

    4.281, de 25 de junho de 2002, regulamentou a Lei que instituiu a Poltica Nacional de

    Educao Ambiental.

    De 26 de agosto a 04 de setembro de 2002 em Johanesburgo (frica do

    Sul), foi realizada a Cpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, a Terceira

    Conferncia Mundial promovida pela ONU para discutir os desafios ambientais do

    planeta.

    Dois anos aps, em setembro de 2004, houve a Consulta Pblica do

    ProNEA, o Programa Nacional de Educao Ambiental, que agrupou as colaboraes

    de mais de 800 educadores ambientais brasileiros. Dois meses aps, em novembro de

    2004, foi realizado o V Frum Brasileiro de Educao Ambiental, depois de um hiato

    entre o IV Frum, com o lanamento da Revista Brasileira de Educao Ambiental e a

    criao da Rede Brasileira de Educomunicao Ambiental - REBECA. No mesmo ms,

    foi oficializado o Grupo de Trabalho em Educao Ambiental da ANPEd, originado de

    um Grupo de Estudos que evoluiu para Associao Nacional de Ps-Graduao e

    Pesquisa em Educao. Finalmente criou-se o Grupo de Trabalho de Educao

    Ambiental no FBOMS, o Frum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais.

    Outros eventos foram realizados, durante este perodo, em relao

    Educao Ambiental em mbito internacional, porm, pode-se considerar que os

    citados so referncias significativas que ampararam os conceitos e princpios da

    Educao Ambiental e o fazem at o presente momento.

    Nesta perspectiva histrica encontramos o trabalho de Pedrini (2001),

    assinalando que a Educao Ambiental surge a partir da necessidade da transformao

    do uso imprprio dos recursos naturais, em primeira instncia, os situados nas

    proximidades do habitat humano que so agredidos, esgotados e expandidos

    geograficamente, ampliando assim a escassez de recursos naturais.

  • 30

    Pedrini ainda observa que somente quando o homem identifica que os

    recursos naturais so finitos, ele passa a buscar solues e alternativas atravs da

    legislao como forma de evitar a sua prpria extino. A partir desse fato surge ento

    a fundamentao da Educao Ambiental que ainda se encontra em desenvolvimento.

    Pedrini (2001) relata que as declaraes so importantes fontes de

    pesquisas para a prtica da Educao Ambiental, apesar de apresentarem algumas

    contradies, principalmente em pressupostos polticos. Porm, h tambm avanos

    elogiveis, como os conceitos e mtodos da Educao Ambiental e dispositivos legais

    para sua realizao.

    2.1.2 Educao Ambiental e os PCNs

    Os Parmetros Curriculares Nacionais foram apresentados com um tema

    transversal em 1997, j a lei Federal n 9795, consiste na mais atual sobre Educao

    Ambiental. Sancionada em 27 de abril de 1999, ela institui a Poltica Nacional de

    Educao Ambiental, que veio definir princpios relativos Educao que deveriam ser

    adotados no Pas, e que foi regulamentada pelo Decreto n 4.281 (HAMMES, 2004).

    A Poltica Nacional de Educao Ambiental se destaca pela insero da

    Educao Ambiental em todos os seguimentos da educao de forma integrada,

    contnua e permanente em todas as modalidades do ensino formal e informal.

    A Poltica Nacional de Educao Ambiental define que a Educao

    Ambiental no formal compreende as aes e prticas educativas voltadas

    sensibilizao da coletividade sobre as questes ambientais e sua organizao e

    participao na defesa da qualidade do meio ambiente.

    Entre as polticas pblicas, encontramos o Programa Nacional de Educao

    Ambiental ProNEA, que vislumbra trs eixos de atuao, sendo eles a capacitao de

    gestores e educadores, o desenvolvimento de aes educativas e o desenvolvimento

    de instrumentos e metodologias, que apresentam sete caminhos de atuao acerca da

    Educao Ambiental por meio do ensino formal; Educao no processo de gesto

  • 31

    ambiental; Campanhas de Educao Ambiental para usurios de recursos naturais;

    Cooperao com meios de comunicao e comunicadores sociais; Articulao e

    integrao comunitria; Articulao intra e interinstitucional e a Rede de centros

    especializados em Educao Ambiental em todos os estados.

    O Programa Nacional de Educao Ambiental tornou-se perdurvel e

    reconhecido no mbito governamental, apresentando como caracterstica norteadora a

    perspectiva da sustentabilidade ambiental na construo de uma nao igualitria. A

    partir deste programa objetiva-se:

    Assegurar, no mbito educativo, a interao e a integrao equilibradas das mltiplas dimenses da sustentabilidade ambiental ecolgica, social, tica, cultural, econmica, espacial e poltica ao desenvolvimento do pas, buscando o envolvimento e a participao social na proteo, recuperao e melhoria das condies ambientais e de qualidade de vida (BRASIL, 2005, p. 35).

    Para tanto, necessrio seguir algumas diretrizes norteadas pela

    Transversalidade e Interdisciplinaridade; Descentralizao Espacial e Institucional;

    Sustentabilidade Socioambiental; Democracia e Participao Social; Aperfeioamento e

    Fortalecimento dos Sistemas de Ensino, Meio Ambiente e outros que tenham interface

    com a Educao Ambiental.

    Sem adentrar em cada diretriz, abordamos as que cercam o conceito de

    interdisciplinaridade e de transdisciplinaridade como forma de esclarecer o lugar da

    transversalidade que impactam no nosso estudo sobre Blogs que exigem as mesmas

    diretrizes.

    Iniciamos apontando que a transversalidade e a interdisciplinaridade

    [...] so modos de se trabalhar o conhecimento que buscam uma reintegrao de aspectos que ficaram isolados uns dos outros pelo tratamento disciplinar. Com isso, busca-se conseguir uma viso mais ampla e adequada da realidade, que tantas vezes aparece fragmentada pelos meios de que dispomos para conhec-la e no porque o seja em si mesma (GARCIA, 2013, p.1).

    Vale destacar que o programa, a partir da prtica da transversalidade como

    forma de internalizao no meio social, estimula o "dilogo interdisciplinar entre as

  • 32

    polticas setoriais e a participao qualificada nas decises sobre investimentos,

    monitoramento e avaliao do impacto de tais polticas" (BRASIL, 2005, p. 33).

    Segundo Garcia (2013, p. 8), o dilogo interdisciplinar e a abordagem

    transdisciplinar possibilitam nova perspectiva sobre a Educao Ambiental, onde est

    mais ligada somente ecologia e sim a uma diversidade e integridade de

    conhecimentos.

    A transdisciplinaridade, segundo Nicolescu, carrega o prefixo trans

    indicando dizer:

    [...] respeito quilo que est ao mesmo tempo entre as disciplinas, atravs das diferentes disciplinas e alm de qualquer disciplina. Seu objetivo a compreenso do mundo presente, para o qual um dos imperativos a unidade

    do conhecimento (NICOLESCU,1999, p. 53).

    Este entendimento integrador possibilita significar a Educao Ambiental

    para alm do limite ecolgico. Tal abordagem vem ao encontro do que Morin pontua

    como importante para a anlise do homem, ou seja, o ser humano no aceita reduzir o

    outro a um nico aspecto e o considera na sua multidimensionalidade (MORIN, 2004,

    p. 114).

    O mtodo de Morin exige, ento, a multirreferencialidade para pensarmos a

    complexa realidade, ou melhor, nos diferentes nveis de realidade que se apresentam

    os fenmenos da natureza e seus antagonismos. Portanto, faz-se necessria uma

    maneira de pensar que ultrapasse os limites dos diversos campos do conhecimento

    humano, e que inclua mltiplas perspectivas e efetuar a transversalidade.

    Assim, podemos pensar a observao na e da Educao Ambiental, seja no

    ambiente virtual ou no, sendo multifocal. Isto equivale a lanar luzes sobre o

    econmico, sem desconsiderar o social, o artstico, o esttico, o lingustico, o cultural e

    o histrico.

    A Educao Ambiental, neste cenrio de complexidade e da

    transdisciplinaridade, assume um papel constituindo um equilbrio entre o homem e os

    recursos naturais (PIRES, 1998, p. 62).

  • 33

    A partir desta abordagem ampliada de Educao Ambiental, no h espao

    para a excluso de dicotomias entre o sujeito e a natureza. O sujeito a natureza e

    esta o sujeito.

    2.1.3 Educao Ambiental Crtica

    A proposta para uma Educao Ambiental Crtica nasce com a inteno de

    oferecer um reposicionamento da ideia primria acerca da Educao Ambiental.

    Guimares (2004, p. 1) destaca a necessidade de se ressignificar a EA

    como crtica, por compreender a urgncia da transformao socioambiental necessria

    sobrevivncia deste planeta.

    Acredita-se que essa proposta poder consolidar um novo posicionamento

    rico em comprometimento, idealismo e sinergia, uma vez que se tm vivido momentos

    de ampla interao entre o contexto educacional e as esferas socioculturais

    (CARVALHO, 2011, p. 151).

    Da apreendermos que constituda a partir de uma proposta tica, a EA a ser

    difundida no nosso blog pretende alcanar mudanas reais que conjecturem a

    necessidade real do nosso ambiente.

    Uma proposta de EA demanda intensas transformaes no meio educativo, o

    que gera ao mesmo tempo, suas virtudes e seu poder de renovao, bem como as

    dificuldades intrnsecas sua implementao nos contextos educativos concretos

    (CARVALHO, 2011. p. 151).

    O entendimento de que a juno entre o meio ambiente e a educao torna-

    se dinmico, uma vez que este assunto reflete em todas as reas, desde a biolgica at

    a humana, demonstra a necessidade de tratar questes como estas de forma

    interdisciplinar. Carvalho (2011) destaca:

    O uso cada vez mais corrente e generalizado da denominao Educao Ambiental pode contribuir para uma apreenso ingnua da ideia contida nela,

  • 34

    como se fosse uma reunio de palavras com poder de abrir as portas para um amplo e extensivo consenso. Com frequncia se dissemina a ideia simplista de que cada vez que estas palavras quase mgicas so inseridas em um projeto ou programa de ao, imediatamente est garantido um campo de alianas e de compreenses comuns a unir todos os educadores de boa vontade desejosos de ensinar pessoas a ser gentis e cuidadosas com a natureza (CARVALHO, 2011, p. 153).

    Contudo, para uma Educao Ambiental Crtica, necessrio ir muito alm

    da informao, chegando a uma tomada de conscincia capaz de provocar mudanas

    das simples s grandes aes. Uma questo para um reposicionamento de vida

    individual e coletiva.

  • 35

    2.2 Ciberespao e Cibercultura

    Iniciamos este tpico com o pressuposto de que as prticas sociais de

    comunicao so desencadeadoras de cultura (JOHNSON, 2003).

    A cultura enquanto conceito vasto e neste texto faz-se um corte

    epistemolgico para pontuar apenas que esta foi entendida ora como um fenmeno

    natural ora social (CUCHE, 2002).

    Adotamos a noo de cultura proposta de Geertz (1973) que demonstra s-la

    um fenmeno social, uma vez sua gnese, manuteno e transmisso so dados por

    atores sociais.

    Quando o assunto discutido trata da possvel relao entre o mundo virtual e

    a cultura, encontramos a perspectiva de Pierre Lvy (1999), filsofo da informao, a

    ideia de interao ou influncia mtua existente entre a internet e a sociedade.

    Deste modo Lvy (1999) define como Ciberespao o ambiente de

    comunicao aberto pela interconexo mundial dos computadores e de suas memrias.

    O Ciberespao atuaria ento, como um veculo de informao, no qual cada pessoa,

    durante o acesso e a emisso das informaes, delinearia sua cultura. Nesta

    perspectiva, no Ciberespao a totalidade seria invivel, uma vez que a troca de

    informaes segue um fluxo constante.

    A noo de cibercultura emerge e se efetiva mediada pela conexo entre

    computador e Ciberespao, representado pela internet. A vinculao desses dois

    fatores produz a cibercultura, abrangendo a propagao de informao que o ser

    humano criou at o momento. A internet , portanto, o instrumento que possibilita ao

    seu usurio interagir com uma infinidade de indivduos e instituies.

    Segundo a teoria de Levy, o Ciberespao consiste na principal fonte para a

    criao coletiva de ideias, mediante a cooperao intelectual. O computador, por sua

    vez, tornou-se um tipo de auxiliar cognitivo para os indivduos/grupos.

    Desta forma, a cibercultura, os computadores e o Ciberespao vm

    contribuindo de forma significativa no desenvolvimento e na modificao de algumas

  • 36

    funes cognitivas do ser humano. Com o crescente avano tecnolgico, a sociedade

    passa, constantemente, por modificaes radicais, o que altera fundamentalmente a

    educao (LEVY, 1999).

    Entre as formas de interao entre sociedade e conhecimento temos os

    websites e blogs.

    A palavra website deriva da justaposio das palavras inglesas web (rede)

    e site (stio, lugar). Neste trabalho adotamos o uso de site, considerando que so

    sinnimos. Portanto, o site ou stio da internet ou stio eletrnico faz referncia a uma

    pgina ou a um agrupamento de pginas arroladas entre si, disponibilizadas na internet

    com acessibilidade via de um endereo.

    H diversos tipos de sites e blogs disponveis no Ciberespao: institucionais,

    informativos, interativos, pessoais, comunitrios, poltico, etc. Estes Ciberespaos

    apresentam diversos objetivo, em razo do pblico a que se destina.

    Os conhecimentos nestes lcus so forjados em diferentes discursos,

    imagens e toda forma de linguagem utilizada para a comunicao e carregam uma

    intencionalidade e uma possibilidade de instituir representaes sobre um determinado

    objeto.

    Neste sentido Foucault (2008) nos ajuda a compreender como o discurso,

    enquanto conjunto de enunciados nos permite analisar os saberes, sua estrutura e

    organizao, em um determinado lcus e em determinada poca.

    O discurso ou o conjunto de enunciados constitudo por um conjunto de

    sequncias de signos, enquanto enunciados, isto , enquanto lhes podemos atribuir

    modalidades particulares de existncia (FOUCAULT, 2008, p. 128).

    Enquanto discursos espalhados no Ciberespao, os textos; as imagens com

    suas cores, tons, tamanhos; os sons, e; tudo o que representa alguma coisa podem e

    devem ser conjuntificados para se tentar compreender as formas de se representar um

    dado objeto. Da possvel observar as intencionalidades, as tendncias da construo

    do conhecimento e da cultura atual.

  • 37

    2.2.1 Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade para Desenvolvimento do Ciberespao

    Este texto tem como finalidade esclarecer o que pensamos sobre os sentidos de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade e sua relao com Ciberespao e ensino para Educao Ambiental. Partimos do pensamento de Fazenda (1999) para justific-lo.

    [...] o desenvolvimento tecnolgico atual de ordem to variada que fica impossvel processar-se com a velocidade adequada a esperada sistematizao que a escola requer. Por outro lado a opo que tem sido adotada, da incluso de novas disciplinas ao currculo profissional, s faz avolumarem-se as informaes e atomizar mais o conhecimento (FAZENDA, 1999, p. 16).

    Denotamos que a criao de disciplinas no cabe mais na

    contemporaneidade. necessrio um dilogo ampliado entre as disciplinas e o saber

    social. Para sua efetivao, a discusso sobre a interdisciplinaridade que h muito vem

    sendo feito em prol de um novo modelo de relao homem-conhecimento, se faz

    pertinente. Para azo ao proposto, trazemos as reflexes de Hilton Japiassu, Ivani

    Fazenda e Olga Pombo.

    Historicamente, todos eles sinalizam que, desde Aristteles, as disciplinas

    circunscreviam o saber em trs reas: cincias prticas, cincias poticas e cincias

    tericas (Matemtica, Fsica e Teologia). Na Idade Mdia, as disciplinas foram

    separadas em duas vias: o quadrivium, constitudo pela matemtica (a Aritmtica, a

    Msica, a Geometria e a Astronomia); e o trivium, constitudo pelas disciplinas lgicas e

    lingusticas (a Gramtica, a Dialtica e a Retrica).

    No entanto, no incio do sculo XVII surge o mtodo cartesiano de

    investigao, como tnica e sinal da pesquisa cientfica acertada e da verdade,

    proliferando as inmeras disciplinas com finalidade de decompor o todo e fragmentar o

    conhecimento.

    Para Japiassu (1976):

    Poderemos dizer que o papel especfico da atividade interdisciplinar consiste, primordialmente em lanar uma ponte para religar as fronteiras que haviam sido

  • 38

    estabelecidas anteriormente entre as disciplinas com o objetivo preciso de assegurar a cada uma seu carter propriamente positivo, segundo modos particulares e com resultados especficos (JAPIASSU, 1976, p. 75).

    E assim, o movimento interdisciplinar surge com o objetivo de restabelecer

    um dilogo entre as diversas reas dos conhecimentos cientficos.

    Reconhecemos a disciplinaridade como exerccio da pluridisciplinaridade,

    bem como a chamada multidisciplinaridade, em prol do estudo de um objeto de uma

    nica disciplina, por diversas disciplinas. Mas atentamos para a importncia deste

    mesmo objeto ser provocador de transferncias de metodologias e de conceitos,

    aspectos caractersticos da interdisciplinaridade.

    Para alcanar a transdisciplinaridade, preciso algo mais, ou seja, a busca

    pelo conhecimento transcende as disciplinas e busca para alm destas, outros

    aspectos no pensados ou desconhecidos pelas disciplinas.

    Japiassu (1976) informa que Piaget, ao descrever a importncia da

    interdisciplinaridade em 1970, pontuava que a transdisciplinaridade deveria ser uma

    etapa superior quela, uma vez que mudava a relao entre o homem e o saber, sem

    dicotomiz-los e coloc-los no processo de integrao e dentro de vrios nveis de

    realidade.

    O Ciberespao tornou-se um lugar privilegiado para o exerccio

    transdisciplinar, uma vez que apresenta diferentes realidades, de modo a respeitar a

    ideia de interao entre diferentes saberes.

    Carvalho (2011) se inspirando em Boff (1997) que destaca a integrao dos

    seres vivos ao afirmar eles se fazem sujeitos, sempre relacionados e interconectados,

    formando um complexo sistema de inter-retrorrelaes, assinala a incerteza da

    possibilidade de um saber comum nico que contemple toda realidade a autora

    enfatiza que:

    A interdisciplinaridade, por sua vez, no pretende a unificao dos saberes, mas deseja a abertura de um espao de mediao entre conhecimento e articulao de saberes, no qual as disciplinas estejam em situao de mtua coordenao e cooperao, construindo um marco conceitual e metodolgico

  • 39

    comum para a compreenso de realidades complexas (CARVALHO, 2011. p. 121).

    Ao assumir um posicionamento interdisciplinar, o indivduo vivenciar um

    posicionamento difcil, incmodo e instvel, uma vez que esse lugar traz uma nova

    concepo da construo do conhecimento obtida com uma mentalidade disciplinar.

    Uma reorganizao interna e externa se faz necessria a partir do conflito que nasce

    desse novo posicionamento. Carvalho enfatiza que:

    Trata-se de um combate ao mesmo tempo externo e interno, no qual reorganizao das reas e das formas de relacionar os conhecimentos correspondente a reestruturao de nossa prpria maneira de conhecer e nos posicionar perante ao conhecimento dos condicionamentos histricos que nos constituem (CARVALHO, 2011. p. 122).

    Em poucas palavras, a interdisciplinaridade exige uma nova postura frente a

    si, ao outro e ao saber, mais acolhedor, tolerante e integrativo.

  • 40

    2.3 Comunicao Visual/Virtual

    Neste tpico abordaremos alguns conceitos de comunicao visual virtual,

    seguida de uma abordagem sobre as TICs e as redes sociais com nfase no blog.

    2.3.1 Comunicao Visual no Ambiente Virtual

    Devido amplitude e complexidade de informaes geradas no Ciberespao,

    necessrio dispensar ateno especial ao contexto da comunicao criada a partir

    desse ambiente. Pensado nesse contexto, nos guiamos a partir da declarao do

    inventor e empresrio Steve Jobs (2003), enquanto CEO da Aplle, realizada em

    entrevista concedida revista The New York Times, na qual afirma que: [...] design no

    somente como o produto se parece. Design como ele funciona.

    O tema comunicao visual entrelaada com a virtual consiste em uma

    proposta desafiadora, uma vez que os nmeros de contedos cientficos publicados, de

    acordo com nossa pesquisa discutida no levantamento do nosso corpus4, so bem

    restritos. Assim, buscaremos discutir o tema a partir de alguns artigos que podem dar

    indcios de possvel discusso inovadora dentro da proposta deste trabalho que articula

    Educao Ambiental no Ciberespao.

    De acordo com Carvalho (2006), a comunicao no Ciberespao dever ser

    clara, objetiva e dispor de mecanismos que facilitem a interao com o seu pblico. O

    uso de ferramentas como frum de discusso, correio eletrnico e chats, viabilizam a

    interao.

    Para que haja maior interao neste ambiente, conforme descrito por

    Krippendorff (1997), as interconexes no devem ser simples disposies de cones em

    uma tela representando o que o computador est executando. Para que haja uma boa

    interao, deve-se criar um cenrio onde a comunicao e o design sejam bem

    4 Banco de teses e dissertaes da CAPES (2002 a 2011); Estado do conhecimento (Scielo; Domnio

    Pblico, etc.).

  • 41

    planejados a partir das necessidades dos usurios. Para tanto, Silva (2010), aponta

    que:

    Nessa fase do projeto so determinados a lgica de navegao, os posicionamentos dos elementos grficos e textuais, a estrutura visual das pginas com quantidade de colunas, testeiras, rodaps, a necessidade ou no de reas de destaque de acordo com a relevncia das unidades de informao apontadas no projeto de arquitetura de informao (SILVA, 2010. p. 43).

    Sendo assim, o objetivo de um ambiente virtual dever ser a promoo e a

    veiculao de informaes textuais, visuais e auditivas, que sejam transmitidas a partir

    de uma organizao estruturada, lgica e coerente, conforme critrios definidos de

    acordo com a identidade e a unidade visual, assim como o posicionamento estratgico

    do Ciberespao. Para tanto, preciso atentar aos detalhes na escolha das cores e

    fontes tipogrficas mais adequadas, respeitando sempre a classe visual da organizao

    dos elementos na tela. Enfim, a forma de promover, atravs de uma comunicao

    visual/virtual planejada, o conforto para o usurio, com um bom design.

    Lvy (1996, p.17) distingue a atualidade como um tempo de transformao

    do processo de autocriao da espcie humana, sendo o desenvolvimento da

    linguagem um aspecto essencial neste processo. Para este autor, a comunicao

    virtual tornou-se componente de uma metodologia que compreende toda a vida social:

    Um movimento geral de virtualizao afeta hoje no apenas a informao e a comunicao, mas tambm os corpos, o funcionamento econmico, os quadros coletivos da sensibilidade ou o exerccio da inteligncia. A virtualizao atinge mesmo as modalidades do estar junto a constituio de ns: comunidades virtuais, empresas virtuais, democracia virtual. Embora a digitalizao das mensagens e a extenso do Ciberespao desempenhem um papel capital na mutao em curso, trata-se de uma onda de fundo que ultrapassa amplamente a informatizao (LVY, 1996. p. 11).

    Para que o processo de comunicao no Ciberespao seja eficaz,

    necessrio compreender as ferramentas e a linguagem adequada para que a

  • 42

    comunicao acontea de maneira eficaz, uma vez que este mtodo consiste em um

    processo social.

    2.3.2 As TICs e as redes sociais (blog)

    As tecnologias existem desde a antiguidade, sendo que a capacidade

    cognitiva do homem foi um fator relevante para evoluo da humanidade.

    Vale destacar que tecnologias so produtos da ao humana,

    historicamente construdos, expressando relaes sociais das quais dependem, mas

    que tambm so influenciadas por eles (OLIVEIRA, 2001, p 101).

    Etimologicamente, a palavra tecnologia provm de tcnica, cujo vocbulo

    latino techn quer dizer arte ou habilidade (GRINSPUN, 1999, p.48)

    Historicamente a materializao das tecnologias empoderaram o homem

    tanto para conquistar conforto e segurana como para destruio atravs da fabricao

    de utenslios e armas. A juno de conhecimento, poder e tecnologia se fazem

    presentes em todo cenrio histrico das relaes sociais. (KENSKI, 2007)

    Segundo Kenski:

    As tecnologias invadem as nossas vidas, ampliam a nossa memria, garantem novas possibilidades de bem-estar e fragilizam as capacidades naturais do ser humano. Somos muitos diferentes dos nossos antepassados e nos acostumamos com alguns confortos tecnolgicos gua encanada, luz eltrica, fogo, sapatos, telefone que nem podemos imaginar como seria viver sem eles. Mas sempre foi assim (KENSKI, 2007, p. 19).

    Pode-se identificar que as evolues tecnolgicas no se limitam utilizao

    de instrumentos inovadores, mas nas mudanas de comportamento tanto do indivduo

    como de um grupo. As tecnologias que surgem transformam o pensamento, os

    sentimentos e as aes dos indivduos em toda sua histria.

    Compreende-se que existem equvocos acerca do entendimento do conceito

    de novas tecnologias, uma vez que o mesmo confunde-se com inovao, sendo que a

  • 43

    velocidade da evoluo tecnolgica dificulta a compreenso e a identificao do que se

    considera novo ou ultrapassado de acordo com a viso do indivduo.

    As Tecnologias de Informao e de Comunicao - TICs e as Novas

    Tecnologias de Informao e de Comunicao NTICs se exprimem a partir da

    linguagem oral, escrita e digital, a que mais nos interessa estudar. A linguagem digital

    possibilita de forma inteligvel o fomento da informao, comunicao, interao e do

    aprendizado.

    Segundo Kenski, as Novas Tecnologias delineiam-se como:

    [...] uma linguagem de sntese, que engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos. A tecnologia digital rompe com as formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o encaminhamento contnuo e sequencial da escrita e se apresenta como um fenmeno descontnuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinmico, aberto e veloz. Deixa de lado a estrutura serial e hierrquica na articulao dos conhecimentos e se abre para o estabelecimento de novas relaes entre os contedos, tempos e pessoas diferentes (KENSKI, 2007. p. 31).

    Atualmente pode-se, a partir de uma viso amplificada, compreender a

    comunicao e a informao como prticas fundamentais para o exerccio do ensino.

    Carvalho (2010, p. 3) define tecnologia como o conjunto de tcnicas,

    processo, mtodos, meios e instrumentos de um ou mais domnio da atividade

    humana, e apresenta trs prticas especficas para a aplicao das tecnologias no

    ensino aprendizagem. A primeira aborda o uso de fontes de dados e informaes, a

    segunda destaca a comunicao e a interao e a terceira, finalmente, a construo de

    contedo.

    Para desenvolvimento do ensino e aprendizagem a partir das tecnologias de

    informao deve-se utilizar uma metodologia adequada, dessa forma Carvalho (2010,

    p. 4) sugere a utilizao de um navegador como instrumento para minimizar a

    complexidade desta prtica tecnolgica conforme Figura 1 apresentada abaixo.

  • 44

    Figura 1: Modelo de prtica de ensino e aprendizagem com Tecnologias de Informao e de Comunicao (TICs)

    Fonte: Carvalho (2010, p. 4)

    Vale destacar que as NTICs devem seguir os princpios de acessibilidade,

    navegabilidade e a funcionalidade.

    A acessibilidade na Web que se descreve nesta dissertao diz da

    cobertura de acesso as informaes e servios fornecidos via Internet ou utilizando

    HTML, dados em sites e blogs.

    Em relao acessibilidade, devemos pensar as possibilidades de

    estabelecimento de relaes estreitas com os usurios, bem como questes como

    tamanho e facilidade de acesso.

    As diretrizes de acessibilidade tm diferentes focos, segundo a FiveCom5,

    [...] A Percepo: trata de benefcios relacionados apresentao do contedo, da informao. Ela preocupa-se com elementos grficos, sons, imagens, multimdia e equivalentes; Operao: preocupa-se com a manipulao da informao, do contedo. Ou seja, a rea de operao deve garantir formas alternativas ao acesso s informaes atravs de maneiras diferenciadas de navegao ou tcnica similar. Percebe-se, tambm, que de responsabilidade da operao garantir sempre ao usurio o controle da navegao e interao com o site. Entendimento: Esta, por sua vez, trata de questes relacionadas ao entendimento do contedo publicado. Ela deve garantir que todo contedo

    5Cf. http://www.slideshare.net/fivecom/acessibilidade-usabilidade-e-navegabilidade

  • 45

    apresentado seja de fcil compreenso para qualquer tipo de usurio. Compatibilidade: aborda questes como a necessidade de utilizarmo-nos sempre de tecnologias acessveis e compatveis com o modelo proposto pelo eMAG.

    A navegabilidade para a FiveCOM diz da capacidade do site em relao

    interface, possibilitar ao usurio chegar, com facilidade, ao seu destino da maneira mais

    eficiente possvel. Tambm corresponde qualidade da estrutura no acesso ao

    contedo das informaes.

    A funcionalidade ou atividade a ser realizada no ambiente virtual a tarefa

    disponibilizada no ambiente para ser cumprida.

    Entre as funcionalidades de um sistema podemos destacar: postar e

    comentar fotos; enviar e receber recados, postar depoimentos e mensagens; criar e

    divulgar comunidades; adicionar imagens, vdeos e aplicativos; entre inmeras outras.

    As funcionalidades podem ser levantadas pela anlise do ciclo de vida do

    ambiente virtual e dos links disponveis.

    O nome atribudo a uma funcionalidade, geralmente, formado pela

    combinao de um verbo e um substantivo. O substantivo normalmente o nome de

    uma entidade de dados ou atributo. Por exemplo: Enviar Mensagem, e Postar Imagem

    etc.

    De modo geral, esclarecemos que na presente dissertao foram

    estabelecidos, para anlise dos indicadores eletrnicos de sites e blogs, aps a

    pesquisa de Localizador-padro de recursos, ou seja, Uniform Resource Locator (URLs)

    os critrios para anlises dos princpios de funcionalidade, interatividade, usabilidade e

    navegabilidade contidos nestes Ciberespaos.

  • 46

    2.4 As Representaes na avaliao do Ciberespao

    Dentre as formas de se avaliar o Ciberespao a partir das representaes,

    encontramos Lefebvre (1983), filsofo marxista e socilogo francs, que pondera que

    [...] a representao uma presena na ausncia e destaca que [...] no final das

    contas, ela produz e determina os comportamentos, pois define simultaneamente a

    natureza dos estmulos que nos cercam e nos provocam, e o significado das respostas

    a dar-lhes.

    Lefebvre (1980) divide as mudanas das representaes sofridas no tempo e

    no espao em seis categorias:

    Cientfica, que estaca a representao do fenmeno em si, de forma

    cartesiana, a descrio na ntegra fundamentada na cincia;

    Poltica, que aponta as representaes das classes atravs de seus

    lderes;

    Mundana, que marca as representaes do mundo a partir de um

    espetculo, de uma cerimnia e etc;

    Comercial, as representaes mercadolgicas onde os estabelecimentos

    comerciais representam sua marca e vice-versa;

    Esttica, que acontece a partir da representao de uma obra de arte ou

    uma apresentao cultural como, por exemplo, o teatro;

    Filosfica, que consiste na mais ampla e, sem dvida, a mais importante,

    a chave de todas as outras. Para a filosofia moderna, a representao no

    a verdade nem o erro, nem a presena e nem a ausncia, nem a observao

    e nem a produo, mas algo intermedirio.

    Na busca do entendimento sobre as representaes nos sites e blogs que

    abordam a Educao Ambiental, as categorias propostas por Lefebvre (1980)

  • 47

    nortearam o processo avaliativo dos ambientes virtuais pesquisados. Para Lefebvre

    (1980, p. 94) as representaes "so fatos de palavras e de prtica social",

    caracterizando-se por serem de natureza social, psquica e poltica ao mesmo tempo.

    Pode-se considerar dbio o ambiente das relaes sociais, uma vez que o

    mesmo compe-se de pequenas representaes que se estabelecem com o saber, os

    sonhos, as lembranas e as fices (VALERIO, 2009). As representaes so

    construdas atravs da vivncia integrada percepo do meio, ancorada na

    concepo do indivduo.

    Vale esclarecer que tanto a anlise a partir dos entendimentos de Reigota

    como o de Lefebvre, o critrio foi de registrar quantas vezes apareciam enunciados que

    indicavam uma categoria ou outra. Assim um mesmo site podia ser considerado

    contendo mais de uma de cada categoria.

  • 48

    3. MTODO DE ESTUDOS

    A anlise de contedo, segundo Bardin (2004) consiste em um conjunto de

    tcnicas de anlise das comunicaes. J para Barros e Lehfeld (1986, p. 70), "

    atualmente utilizada para estudar e analisar material qualitativo, buscando-se melhor

    compreenso de uma comunicao ou discurso, de aprofundar suas caractersticas

    gramaticais s ideolgicas e outras, alm de extrair os aspectos mais relevantes".

    A pesquisa qualitativa, segundo Creswell (2007, p.35) aquela em que o

    pesquisador configura os conhecimentos pautando-se nos significados diversos das

    experincias individuais ou sociais e historicamente construdos.

    Deste modo, pontua Novikoff (2010, p. 13) que o pesquisador procura

    apreender e compreender algum tipo de fenmeno, segundo a perspectiva dos

    participantes da situao estudada e, a partir da apresenta sua interpretao. Portanto,

    no enumera nem mede eventos, bem como no se prende a instrumental estatstico

    para suas anlises.

    A anlise de contedo trata-se, portanto, de uma tcnica que no tem

    modelo pronto, mas que construda atravs de um vai-e-vem contnuo e tem que ser

    reinventada a cada momento, conforme Bardin (2004, p. 31).

    A anlise de contedo se realiza em trs momentos, pr-anlise, explorao

    do material e tratamento dos resultados: a inferncia e a interpretao.

    A Pr-anlise o momento de organizar o material, de escolher os

    documentos a serem analisados, formular hipteses ou questes norteadoras, elaborar

    indicadores que fundamentem a interpretao final. Inicia-se o trabalho escolhendo os

    documentos a serem analisados. preciso transcrever os dados coletados, sejam em

    entrevistas, observaes ou questionrios para se constituir o CORPUS da pesquisa.

    Para tanto, afirma Novikoff (2006) que preciso obedecer s regras de:

    Exaustividade deve-se esgotar a totalidade da comunicao, no omitir

    nada;

    Representatividade a amostra deve representar o universo;

  • 49

    Homogeneidade os dados devem referir-se ao mesmo tema, serem obtidos

    por tcnicas iguais e colhidos por indivduos semelhantes,

    Pertinncia os documentos precisam adaptar-se ao contedo e objetivo da

    pesquisa;

    Exclusividade um elemento no deve ser classificado em mais de uma

    categoria.

    Em sntese, para a anlise dos blogs e sites, criamos as categorias a partir do

    contedo existente nestes lcus e sob a luz das caractersticas de acessibilidade,

    navegabilidade e a funcionalidade apontadas na teoria anteriormente apresentada, em

    especial as representaes apontadas por Lefebvre com a leitura da comunicao

    Visual/Virtual e a interao nestes ambientes, conforme descrito por Krippendorff (1997)

    e Carvalho (2010).

    3.1 Caminho metodolgico

    O presente estudo uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva pautada nas

    Dimenses Novikoff. Esta [...] trata-se de uma abordagem terico-metodolgica, com

    todas as dimenses de preparao, estudo, desenvolvimento e apresentao de

    pesquisa acadmico-cientfica (NOVIKOFF, 2010). As dimenses passam por cinco

    etapas, didaticamente organizadas para nortear cada fase da pesquisa, conforme

    figura 2.

  • 50

    Figura 2: Dimenses Novikoff (2010. p.3)

    Fonte: http://www.sepq.org.br/IVsipeq/anais/artigos/52.pdf

    Assim, organizamos a pesquisa didaticamente passando por cinco etapas:

    epistemolgica, terica, tcnica, morfolgica e analtico-conclusiva.

    Como uma primeira tarefa das dimenses, feito um levantamento do

    Estado do Conhecimento6 no banco da CAPES (2002 a 2011), concomitantemente a

    uma reviso bibliogrfica com o uso de um mesmo instrumento de coleta e de anlise

    de dados - a Tabela de Anlise de texto das Dimenses Novikoff (Anexo - 1).

    Esta nos permite gerar, os primeiros dados para estruturao das

    dimenses.

    Na dimenso epistemolgica, na primeira etapa, eleito o objeto de estudo e

    para isto se faz o delineamento do Estado do Conhecimento. Aqui a primeira tarefa

    6 Para Romanowski e Ens (2006), o Estado da Arte se difere do Estado do conhecimento. Este se

    refere ao estudo de textos/publicaes e resumos. Aquele ao a sistematizao da produo numa determinada rea do conhecimento (). Isto equivale a dizer, que no basta estudar resumos, mas todo o corpus terico que o originou.

  • 51

    consiste em buscar em peridicos e/ou no banco de tese e dissertaes da CAPES

    para conhecer o que a academia, representante da produo e transmisso de

    conhecimento, vem desenvolvendo. Vale apontar que neste texto os dados desta

    primeira empreitada apresentam-se na dimenso morfolgica.

    A dimenso terica destina-se reviso da literatura. Nesta etapa,

    importante verificar a delimitao do tema para tratar apenas teorias, conceitos e

    mtodos atinentes ao objeto de estudo, sem estender ou esvaziar o sentido do mesmo.

    A dimenso tcnica destaca a opo metodolgica de um estudo. Neste

    trabalho corresponde a uma tcnica qualitativa que, segundo Creswell (2007), pode

    utilizar de estratgias de investigao baseada em estudos de teorias embasadas na

    realidade. Assim faremos a busca de artigos e sites que tratam de questes da

    Educao Ambiental.

    Neste sentido, o crpus, ou seja, o material recolhido para nosso estudo

    pretendeu tipificar atributos desconhecidos (BAUER; GASKELL; ALLUM, 2002 in

    BAUER; GASKELL, 2002).

    A anlise destes sites e blogs foi realizada em conformidade com 6

    categorias, sendo elas: Identificao (Cdigo, endereo eletrnico, nome e

    responsvel); Arquitetura do Ambiente (Acessibilidade: boa/ruim, Navegabilidade:

    boa/ruim); Funcionalidade: boa/ruim; Textual em PDF; Design (Tipologia: clara/poluda);

    Cores: quente/fria; Qualidade das imagens: boa/ruim/no possui imagens; Relao do

    texto com a imagem: com afinidade/sem afinidade; Qualidade dos vdeos/udios:

    boa/ruim/no possui vdeos/udios; Atualizao: atualizado/desatualizado/sem

    informao; Fontes: cientfica/no cientfica/ acadmica; Abordagem do contedo de

    Educao Ambiental sob a luz de Reigota: antropocntrica/globalizante/naturalista);

    representaes sob a luz de Lefebvre: cientfica / poltica / mundana / comercial /

    esttica / filosfica. Estas podem ser abertas conforme a releitura das categorias.

    Como parmetros de anlise dos sites e blogs pesquisados criamos o que

    estamos denominando de Tabela Analtica de Sites e Blogs de Coutinho e Novikoff

    (Tabela 1).

  • 52

    Tabela 1 - Tabela Analtica de Sites e Blogs de Coutinho e Novikoff.

    Identificao Arquitetura do

    ambiente virtual Caractersticas do Ambiente Virtual

    Anlise da abordagem do contedo acerca da Educao Ambiental

    Num

    rico

    No

    min

    al

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    Fonte: Material de coleta de dados da Pesquisa nos sites e blogs

  • 53

    Assim, a dimenso morfolgica consiste na etapa onde so apresentadas as

    anlises estatsticas e resultados dos dados coletados via diversos instrumentos de

    coleta.

    A dimenso analtico-conclusiva, etapa na qual se articula, discute e

    estabelece nexos entre os dados levantados e a teoria.

    Em relao ao produto, esclarecemos que este, segundo Novikoff (2012)

    pode ser de trs modos, a saber: a) a priori e, assim ser apresentado e testado para

    posterior avaliao; b) just-in-time, ou seja, ser desenvolvido no decorrer do estudo de

    modo dialtico e, portanto, no testado, mas emerge como pressuposto embasado de

    discusso terico-emprica e, c) a-posteriori, ser elaborado aps o trabalho de anlise

    de dados coletados em pesquisa que possam fundamentar ou justific-lo. No nosso

    caso, o produto foi na categoria just-in-time.

  • 54

    4. DIMENSO MORFOLGICA

    Neste captulo so apresentados os resultados do estudo em duas etapas. A

    primeira, a descrio do Estado do Conhecimento e, em seguida, a exposio do

    estado do produto. Este um termo adotado por ns com base no relatrio de OSLO

    (BRASIL, 2004).

    O Manual de Oslo nos apresenta definies, critrios e classificaes

    relevantes para os estudos de inovao industrial, traz definies bsicas de inovaes

    tecnolgicas de produtos e processos TPP e das atividades de inovao e

    classificaes institucionais.

    O Manual de Oslo absorve duas das categorias de Schumpeter sobre

    produtos e processos como novos e aprimorados, detalhando critrios bem

    detalhados para estabelecer a categoria de novo para a empresa e, assim, atender s

    recomendaes sobre difuso.

    Portanto, o termo produto usado para cobrir tanto bens como servios

    (BRASIL, 2004, p. 55).

    Desta forma, um produto tecnologicamente novo :

    [...] um produto cujas caractersticas tecnolgicas ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos produzidos anteriormente. Tais inovaes podem envolver tecnologias radicalmente novas, podem basear-se na combinao de tecnologias existentes em novos usos, ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento (BRASIL, 2004p. 55).

    Produto tecnologicamente aprimorado um produto existente

    [...] cujo desempenho tenha sido significativamente aprimorado ou elevado. Um produto simples pode ser aprimorado (em termos de melhor desempenho ou menor custo) atravs de componentes ou materiais de desempenho melhor, ou um produto complexo que consista em vrios subsistemas tcnicos integrados pode ser aprimorado atravs de modificaes parciais em um dos subsistemas (BRASIL, 2004, p. 56).

  • 55

    Entre os exemplos de Inovaes TPP, temos a criao de websites na

    Internet (...) onde novos servios como informaes sobre produtos e vrias funes de

    apoio podem ser entregues aos clientes gratuitamente (BRASIL, 2004, p. 57).

    4.1 O Estado do Conhecimento

    Nesta etapa apresentaremos os resultados das pesquisas realizadas neste

    estudo.

    4.1.1 Banco de Teses da CAPES

    De acordo com a metodologia deste estudo tivemos como atividade inicial a

    busca por trabalhos no banco de tese e dissertaes da CAPES para conhecer o que a

    academia, representante da produo e transmisso de conhecimento, vem

    desenvolvendo acerca da nossa pesquisa.

    Para organizar nossa pesquisa, identificamos cada trabalho com um cdigo

    onde as letras iniciais MP significam Mestrado Profissional. E em seguida inserimos o

    ano da realizao desta pesquisa 2013 e finalizamos com uma numerao em ordem

    crescente, identificando a ordem numrica do trabalho encontrado. Exemplo dessa

    identificao MP2013001, que significa mestrado profissionalizante do ano de 2013,

    primeiro trabalho analisado.

    Aqui so apresentados os dados em relao ao Estado do Conhecimento

    realizado nos 10 anos de estudos do banco de teses e dissertaes da CAPES (2002 a

    2011). Foram encontrados nove trabalhos de um total de 21 dissertaes. Nestas, os

    objetivos podem ser categorizados em trs temticas (Grfico 1:). A saber:

  • 56

    Grfico 1: Distribuio de categorias do Estado de Conhecimento

    Apresentaremos a seguir alguns exemplos dos objetivos dos nove trabalhos

    encontrados no banco de dados da CAPES e que dialogam com a nossa pesquisa.

    Analisar sites que se propem a fazer Educao Ambiental com perfil instrucional, ou de entretenimento, ou demonstrando ter bases slidas de dados, independente da forma que apresentado (MELO, 2003).

    Pesquisar os limites do Sistema Brasileiro de Informaes sobre Educao Ambiental, verificar se ele est apto a cumprir aquilo a que se prope que descentralizar, divulgar e democratizar informaes sobre Educao Ambiental e prticas sustentveis via Internet (ARRUDA, 2004).

    Realizar uma anlise para tentar entender se a internet pode ser um meio adequado para se trabalhar esse tipo de contedo, mediante um estudo de caso no campo da Educao Ambiental (FONSECA, 2005)

    Dando continuidade apresentao dos dados obtidos, com relao

    pergunta de estudo, estas focavam entre as questes voltadas para os limites do

    Sistema Brasileiro de Informaes - SIB ao uso da internet como recurso de ensino.

  • 57

    Alguns exemplos:

    Quais as informaes disponveis na rede mundial de computadores que podem ser consideradas como fonte de pesquisa a ser utilizada por crianas como forma de criar condies saudveis ao desenvolvimento do mundo (MELO, 2003).

    Quais os limites desse sistema? ele est apto a cumprir aquilo a que se prope? (ARRUDA, 2004).

    A internet pode ser mediadora no ensino da Educao Ambiental? (FONSECA, 2005).

    Quanto aos pressupostos encontrados, os que mais se aproximam do

    pretendido no nosso estudo so:

    As informaes disponveis na rede mundial de computadores podem ser consideradas como fonte de pesquisa a ser utilizada por crianas como forma de criar condies saudveis ao desenvolvimento do mundo (MELO, 2003).

    A Educao Ambiental promovida atravs da educao distncia transmiti os conhecimentos que permitam a educao do homem para a mudana de comportamentos (MONTEIRO, 2005).

    O uso das tecnologias da informao e comunicao facilitam o ensino da Educao Ambiental (ANDRADE, 2009).

    As bases ou fundamentao terica dos trabalhos estudados cercam

    referncias conhecidas. Entre elas encontramos autor