252
ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS Caracterização Legislação Leis Federais, Estaduais e Municipais Artigos Técnicos Glossário

Ciclo de Seminarios Artigos Tecnicos

  • Upload
    cepam

  • View
    225

  • Download
    4

Embed Size (px)

DESCRIPTION

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS de Ciência e Tecnologia Artigos Técnicos Caracterização Glossário São Paulo, 2007 Legislação Coordenadoria de Gestão de Políticas Públicas (Cogepp): Fátima Fernandes de Araújo Levantamento da legislação: Berenice T. Mastro Projeto gráfico, diagramação e arte-final: Jorge Monge e Marina Brasiliano Vera Martins da Silva Fátima Fernandes de Araújo Equipe técnica: Carlos Corrêa Leite Colaboração técnico-jurídica: Luciana Temer Isabete Gabriel da Silva

Citation preview

Page 1: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de semináriosNOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

CaracterizaçãoLegislação

Leis Federais, Estaduais e MunicipaisArtigos Técnicos

Glossário

Page 2: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 3: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

Seminário IV – Novos Modelos Organizacionais

de Ciência e Tecnologia

São Paulo, 2007

Caracterização

Legislação

Leis Federais, Estaduais e Municipais

Artigos Técnicos

Glossário

Page 4: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

Coordenadoria de Gestão de Políticas Públicas (Cogepp): Fátima Fernandes de Araújo

Equipe técnica: Carlos Corrêa Leite

Fátima Fernandes de Araújo

Isabete Gabriel da Silva

Maria do Carmo M. T. Cruz

Vera Martins da Silva

Colaboração técnico-jurídica: Luciana Temer

Levantamento da legislação: Berenice T. Mastro

Assessoria de Comunicação: Roberto Mencarini

Projeto gráfico, diagramação e arte-final: Jorge Monge e Marina Brasiliano

Tiragem: 150 exemplares

Page 5: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

APRESENTAÇÃO

A área de Ciência e Tecnologia, no Brasil, vem sendo observada com atenção pelos atores

políticos e, também, pelo mercado, tendo em vista a premente necessidade de investimentos

em pesquisa científica e tecnológica para alavancar e consolidar o desenvolvimento do País.

Desde meados da década de 1990, a área tem adotado modelos diversos de organizações,

que vão desde as tradicionais autarquias estatais, passando pelas fundações de apoio e,

desde 1998, as Organizações Sociais, cujo modelo vem demonstrando êxito e adaptabilidade

de gestão na área, especialmente no Governo Federal, que já conta com cinco experiências

consagradas.

Com o advento da Lei de Inovação, será necessário que a área de C&T, no Brasil, adote mo-

delos de gestão flexíveis e ágeis, que possibilitem a dinâmica própria do setor e facilitem a

interação das instituições em níveis nacional e internacional.

Nos modelos possíveis, como o das Organizações Sociais, o Estado passa de executor para

formulador e regulador da política de C&T, e torna-se responsável por fomentar, supervisionar

e monitorar as diversas pesquisas e atividades desenvolvidas por entidades parceiras do Es-

tado, na área.

Com o objetivo de refletir sobre a utilização desses novos modelos na gestão das políticas

de C&T, a Fundação Prefeito Faria Lima – Cepam – Centro de Estudos e Pesquisas de Admi-

nistração Municipal, realiza, em conjunto com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, o

seminário Novo Modelos Organizacionais de Ciência e Tecnologia.

Trata-se do IV, de um ciclo de seminários sobre novos modelos organizacionais, que conta

com o apoio da Secretaria de Economia e Planejamento (SEP), da Secretaria de Gestão Pú-

blica e das Cidades Parceiras (Jundiaí, Piracicaba, Ribeirão Preto, São Caetano do Sul, São

José dos Campos e Sorocaba).

Para que a discussão do conteúdo possa ser aprofundada, apresentamos alguns temas im-

portantes, que serão tratados ao longo deste dia de trabalho. Esperamos que este seminário

contribua para um maior entendimento das mudanças em curso e das alternativas para as

políticas de C&T.

Felipe Soutello

Presidente da Fundação Prefeito Faria Lima – Cepam

Page 6: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 7: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DE OSCIP .............................................. 9

CARACTERIZAÇÃO DE OS ................................................. 25

BASE LEGAL DE OSCIP ....................................................... 39

BASE LEGAL DE OS ........................................................... 43

MODELO DE CONTRATO DE GESTÃO ............................... 45

LEGISLAÇÃO BÁSICA DE OSCIP

Lei Federal 9.790, de 23/3/99 ........................................ 55

Decreto Federal 3.100, de 30/6/99 ................................. 63

Lei Estadual 11.598, de 15/12/03 ................................... 73

Decreto do Município de São Paulo 46.979, de 6/2/06 .... 77

LEGISLAÇÃO BÁSICA DE OS

Lei Federal 9.637, de 15/5/98 ......................................... 81

Lei Complementar Estadual 846, de 4/6/98 .................... 91

Lei do Município de São Paulo 14.132, de 24/1/06.......... 99

Decreto do Estado de Pernambuco 26.025,

de 11/10/03 .................................................................. 107

LEGISLAÇÃO DE INCENTIVO À INOVAÇÃO

Lei 10.973, de 2/12/2004 .............................................. 111

Decreto 5.563, de 11/10/2005 ...................................... 121

Page 8: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ARTIGOS TÉCNICOS

Contratualização e Eficiência no Setor Público:

As Organizações Sociais

Flávio Carneiro Guedes Alcoforado ..................................... 137

Estudo sobre Novas Formas Organizacionais nos

Municípios – 2006

Alfredo Sant´Anna Júnior, Fátima F. Araújo, Maria do Carmo M. T. Cruz, Vera Martins da Silva .............. 157

Foco em Quem? Identificando Stakeholders para

Formulação da Missã Organizacional

Humberto Falcão Martins e Joaquim Rubens Fontes Filho .......... 175

Reforma Administrativa e Marco Legal das

Organizações Sociais no Brasil

Paulo Modesto .................................................................... 199

Resultado da Pesquisa de Avaliação do Modelo de

Organizações Sociais de Ciência e Tecnologia

Guilherme Ary Plonski ......................................................... 231

GLOSSÁRIO

Page 9: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

CARACTERIZAÇÃO DE OSCIP

É uma qualificação, dada pelo Poder Público, através do Ministério da Justiça, às pessoas

jurídicas de direito privado, sem fins econômicos/lucrativos, cujos objetivos sociais e normas

estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei Federal 9.790/99 e Decreto Federal

3.100/99.

A qualificação permite celebrar um ajuste, denominado Termo de Parceria, com o Poder Públi-

co, visando desenvolver projetos ou atividades complementares às que originalmente consti-

tuem responsabilidade daquele Poder.

Os Estados e municípios regulamentam, no seu âmbito, a relação de parceria, através de lei

e/ou decreto.

Área(s) de Atuação/Finalidade(s)

A qualificação somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins econômi-

cos/lucrativos, cujos objetivos sociais tenham, pelo menos, uma das seguintes finalidades:

• promoção da assistência social (art. 3º da Lei Orgânica de Assistência Social - Loas);

• promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

• promoção gratuita da educação;

• promoção gratuita da saúde;

• promoção da segurança alimentar e nutricional;

• defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento

sustentável;

• promoção do voluntariado;

• promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

• experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternati-

vos de produção, comércio, emprego e crédito;

• promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica

gratuita de interesse suplementar;

• promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros

valores universais; e

• estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação

de informações e conhecimentos técnicos e científicos.

Page 10: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

10

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Qualquer alteração da finalidade ou do regime de funcionamento da organização, que implique

mudança das condições que instruíram sua qualificação, deverá ser comunicada ao Ministério

da Justiça, acompanhada de justificativa, sob pena de cancelamento da qualificação.

Legislação Básica

Deve existir uma lei para regulamentar a relação do Poder Público em cada esfera de governo.

Federal

• Lei Federal 9.790, de 23/3/19 (criação da Oscip).

• Decreto Federal 3.100, de 30/06/99, republicado em 30/7/99 (regulamentação).

Estadual

• Lei Estadual 11.598, de 15/12/03 (regulamentação).

Municipal – São Paulo

• Decreto Municipal 46.979, de 6/2/06 (regulamentação).

• Portaria 54/06 da Secretaria Municipal de Gestão.

Quem Pode se Qualificar?

Podem se qualificar organizações da sociedade civil de direito privado, sem fins econômicos/lucrativos,

com objetivos sociais e normas estatutárias que atendam aos requisitos da Lei Federal 9.790/99.

Organização sem fins econômicos/lucrativos é aquela que não distribui, entre os seus só-

cios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes

operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu

patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente

na consecução do respectivo objeto social.

A qualificação, desde que todos os requisitos sejam cumpridos, não pode ser negada à enti-

dade porque é ato vinculado.

Quem não Pode se Qualificar?

• sociedades comerciais;

• sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria profissional;

• instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões

devocionais e confessionais;

Page 11: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

11

• organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

• entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo

restrito de associados ou sócios;

• entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

• instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

• escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

• organizações sociais;

• cooperativas;

• fundações públicas;

• fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou

por fundações públicas;

• organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro

nacional.

Requisitos para Qualificação

Deve ser encaminhado ao Ministério da Justiça um requerimento solicitando a qualificação e

apresentar os seguintes documentos:

• estatuto registrado em cartório;

• ata de eleição de sua atual diretoria;

• balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;

• declaração de isenção do imposto de renda; e

• inscrição no cadastro nacional da pessoa jurídica (CNPJ).

As entidades devem ser regidas por estatutos cujas normas tratem (Lei 9.790/99, art. 4o):

• a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eco-

nomicidade e da eficiência;

• a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obten-

ção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência

da participação no respectivo processo decisório;

• a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para

opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações

patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;

Page 12: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

12

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido será

transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos da Lei 9.790/99, preferencial-

mente que tenha o mesmo objeto social da extinta;

• a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída pela

Lei 9.790/99, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos

durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa

jurídica qualificada nos termos da Lei 9.790/99, preferencialmente que tenha o mesmo

objeto social;

• a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efe-

tivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos,

respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região corres-

pondente a sua área de atuação;

• as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão,

no mínimo:

a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de

Contabilidade;

b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal,

ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as

certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para

exame de qualquer cidadão;

c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso,

da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em

regulamento;

d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o

parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal.

Responsável pela Qualificação

O Ministério da Justiça qualifica as entidades (Lei Federal 9.790/00, art. 5o).

O Município e o Estado de São Paulo regulamentam o Termo de Parceria no seu âmbito.

Page 13: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

13

Prazos e Validade da Qualificação

A validade da qualificação é indeterminada e a sua manutenção ocorre quando os

requisitos permanecem.

A renovação é anual às Oscips beneficiárias de doações feitas por empresas; as doações rea-

lizadas a essas entidades podem ser deduzidas na apuração do lucro real e da base de cálculo

da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 13 da Lei 9.249/95.

Após a entrada do requerimento o Ministério da Justiça tem 30 dias para deferimento ou não

do requerimento; ato que será publicado no Diário Oficial da União no prazo máximo de 15

dias da decisão. Deverão constar da publicação do indeferimento as razões pelas quais foi

denegado o pedido. Em caso de deferimento, o Ministério tem até 15 dias para fornecer o

certificado de qualificação (Decreto 3.100, art. 4o).

Desqualificação/Extinção

A desqualificação ocorre a pedido ou mediante decisão proferida em processo administrativo

ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, no qual serão assegurados, ampla

defesa e o devido contraditório (Lei 9.790/99, art. 7o).

Qualquer cidadão, desde que amparado por fundadas evidências de erro ou fraude, respeita-

das as prerrogativas do Ministério Público, pode requerer, judicial ou administrativamente, a

perda da qualificação (Lei 9.790, art. 8o).

A Lei 9.790/99 previa que as primeiras Oscips qualificadas, após cinco anos, quando revali-

dassem a qualificação teriam que optar por ser Oscip ou por outro título (utilidade pública e/ou

certificado de entidade beneficente de assistência social, emitido pelo CNAS).

Instrumento de Parceria

O instrumento destinado à formação de vínculo de cooperação entre o Poder Público e a

Oscip é o Termo de Parceria. É um acordo firmado para execução de um projeto ou programa

de trabalho de interesse do poder público e de acordo com o seu objeto social.

O Termo de Parceria estabelece os direitos, responsabilidades e obrigações das partes sig-

natárias (Executivo e Oscip).

Page 14: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

14

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Elementos Mínimos/Cláusulas Obrigatórias do Instrumento de Parceria (Termo de Parceria)

Federal

São cláusulas essenciais do Termo de Parceria:

a) a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela

Oscip;

b) a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos

de execução ou cronograma;

c) a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem

utilizados, mediante indicadores de resultado;

d) a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipu-

lando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o detalhamento das

remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vincula-

dos ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores;

e) a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as quais

a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a execução

do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas

com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e recei-

tas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no item “d”;

f) a de publicação, na imprensa oficial do município, do Estado ou da União, conforme o

alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Oscip, de extrato do Termo

de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo sim-

plificado estabelecido no regulamento da Lei 9.790/99, contendo os dados principais da

documentação obrigatória do item “e”, sob pena de não liberação dos recursos previstos

no Termo de Parceria.

Estadual

Deve ter as seguintes cláusulas obrigatórias:

a) de objeto, que deverá conter a especificação detalhada do programa de trabalho

proposto pela Oscip;

b) de estipulação de metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de

execução;

c) de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utili-

zados, mediante indicadores de resultados;

d) de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento,

Page 15: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

15

estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e detalhamento

das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos com recursos oriundos ou vin-

culados ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados ou consultores;

e) de estabelecimento das obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as

quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a

execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico de metas pro-

postas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e

receitas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no item d;

f) de publicação na Imprensa Oficial do Estado do resumo do Termo de Parceria, contendo

demonstrativo de sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado estabe-

lecido na Lei federal 9.790, de 23/3/99, contendo os dados principais da documentação

obrigatória do item “e”, sob pena de não liberação dos recursos previstos no Termo de

Parceria.

Municipal – São Paulo

As cláusulas essenciais são as estabelecidas pelo § 2o do artigo 10 da Lei Federal 9.790/99

(vide item Federal)

Processo de Elaboração e Aprovação do Instrumento de Parceria

Federal

A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos de Políticas

Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo

(Lei 9.790, art. 10, § 1o)

Os Conselhos de Políticas Públicas/setoriais devem aprovar o termo de Parceria. O Conselho

de Política Pública terá o prazo de 30 dias, contado a partir da data de recebimento da consul-

ta, para se manifestar sobre o Termo de Parceria, cabendo ao órgão estatal responsável, em

última instância, a decisão final sobre a celebração do respectivo Termo de Parceria (Decreto

3.100, art. 10o).

O órgão estatal responsável pela celebração do Termo de Parceria verificará previamente o

regular funcionamento da organização (Decreto 3100, art. 9o).

Estadual

Antes da celebração do Termo de Parceria, deverá o órgão da administração estadual interes-

sado na assinatura do instrumento verificar se a qualificação de Organização da Sociedade

de Interesse Público ainda tem validade, bem como se não existe processo administrativo no

Ministério da Justiça solicitando o cancelamento da qualificação da entidade interessada.

Page 16: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

16

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Municipal – São Paulo

O Termo de Parceria padrão poderá ser ajustado às necessidades específicas de cada órgão

da Administração Direta, mediante prévia anuência e orientação da Secretaria Municipal de

Gestão, respeitadas as cláusulas essenciais.

Os titulares dos órgãos da Administração Direta devem autorizar a gestão compartilhada de

projeto previamente definido, justificando sua necessidade e oportunidade. Também devem

designar Comissão Especial para proceder ao concurso de projetos das Oscips e homologar

sua decisão; aprovar o Programa de Trabalho; designar Comissão de Avaliação para o acom-

panhamento e a fiscalização da execução de cada Programa de Trabalho; e celebrar Termo

de Parceria, observadas as disposições dos §§ 1o e 2o do artigo 1o do Decreto municipal

46.979/06.

Somente poderão participar da gestão compartilhada de projetos as Oscips que não estejam

em mora com a prestação de contas de recursos recebidos de outras esferas de Governo e

que não tenham sido declaradas inidôneas pela Administração Pública ou punidas com sus-

pensão do direito de firmar parcerias ou outros ajustes com a Prefeitura do Município de São

Paulo.

Controle e Avaliação do Cumprimento do Instrumento de Parceria Interno

Federal - Interno

O Conselho setorial deve também acompanhar os Termos de Parceria e poderá formular even-

tuais recomendações ou sugestões que deverão ser encaminhadas ao órgão estatal parceiro,

para adoção de providências que entender cabíveis. Entretanto, o acompanhamento e a fisca-

lização por parte do Conselho de Política Pública não pode introduzir nem induzir modificação

das obrigações estabelecidas pelo Termo de Parceria celebrado (Decreto 3.100, art 17).

O acompanhamento e fiscalização devem ser feito por órgão do Poder Público da

área de atuação correspondente à atividade fomentada e pelo Conselho de Políti-

cas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível de

governo (Lei Federal 9.790, art . 11).

A prestação de contas relativa à execução do Termo de Parceria, perante o órgão estatal

parceiro, deve demonstrar a correta aplicação dos recursos públicos recebidos. Deve apre-

sentar os documentos: relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo

comparativo entre as metas propostas e os resultados alcançados; demonstrativo integral da

receita e despesa realizadas na execução; parecer e relatório de auditoria (casos previstos no

art. 19); e entrega do extrato da execução física e financeira.]Deve ser formada uma comissão

de avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro do Executivo e a Oscip (Lei

Federal 9.790, art.11).

Page 17: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

17

A comissão deve monitorar o Termo de Parceria, analisar os resultados atingidos com a exe-

cução do Termo de Parceria e elaborar relatório conclusivo sobre a avaliação procedida à

autoridade competente (Lei Federal 9.790, art. 11, § 2o).

Os Termos de Parceria estarão sujeitos aos mecanismos de controle social previstos na legislação.

A Oscip indicará, para cada Termo de Parceria, pelo menos um dirigente, que será responsável

pela boa administração dos recursos recebidos (Decreto 3.100, art. 22).

Em caso de irregularidade ou ilegalidade na parceria a comissão de avaliação ou o órgão do

Poder Público deve dar ciência da irregularidade ou ilegalidade ao Tribunal de Contas e ao

Ministério Público. Se não o fizer poderá ser penalizado por responsabilidade solidária (Lei

9.790, art. 12). Caso haja indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem

pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-

Geral da União, para que requeiram ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos

bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público

ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público,

além de outras medidas consubstanciadas (Lei 9.790, art. 13).

A Oscip indicará, para cada Termo de Parceria, pelo menos um dirigente, que será responsável

pela administração dos recursos recebidos.

Estadual - Interno

A execução do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada pelo órgão da Administra-

ção Estadual signatário do instrumento, que a qualquer momento poderá requisitar informa-

ções e a devida prestação de contas.

A prestação de contas, que deverá ser realizada anualmente e ao término do Termo de Par-

ceria, deve ser instruída com os seguintes documentos: relatório anual de execução de

atividades;demonstração do resultado do exercício;balanço patrimonial;demonstração das ori-

gens e aplicações dos recursos;demonstração das mutações do patrimônio social; parecer e

relatório de auditoria (em casos necessários).

Para a prestação de contas, por parte da Oscip perante o órgão estadual parceiro, da correta

aplicação dos recursos públicos recebidos e do adimplemento do objeto do Termo de Parceria,

deverá apresentar os documentos: relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parce-

ria, contendo comparativo entre metas propostas e os resultados alcançados; demonstrativo

integral da receita e despesa realizada na execução do Termo de Parceria;parecer e relatório

da auditoria, quando necessária;entrega do extrato de execução física e financeira.

Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria que tomarem conhecimento de qual-

quer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública pela or-

ganização parceira, deverão representar imediatamente ao Tribunal de Contas e ao Ministério

Público, sob pena de responsabilidade solidária.

Page 18: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

18

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Municipal - Interno

Aos titulares dos órgãos da Administração Direta compete: autorizar a gestão compartilhada

de projeto previamente definido, justificando sua necessidade e oportunidade; designar Co-

missão Especial para proceder ao concurso de projetos das Oscips e homologar sua decisão;

aprovar o Programa de Trabalho; designar Comissão de Avaliação para o acompanhamento e

a fiscalização da execução de cada Programa de Trabalho; celebrar Termo de Parceria, obser-

vadas as disposições do decreto; autorizar a prorrogação do prazo dos ajustes, na forma da

legislação pertinente, desde que devidamente caracterizada a necessidade.

A Comissão de Avaliação deverá encaminhar, ao titular do órgão, relatórios bimestrais conclu-

sivos sobre as avaliações procedidas.Será responsável pelo acompanhamento dos resultados

alcançados, a partir das metas e indicadores constantes do Programa de Trabalho.

A Comissão de Avaliação será composta por no mínimo três membros e designada pelo titular

do órgão da Administração Direta que celebrou o Termo de Parceria.

A Oscip indicará pelo menos um representante responsável pela boa administração e aplica-

ção dos recursos recebidos, cujo nome constará do extrato do Termo de Parceria a ser publi-

cado no Diário Oficial da Cidade.

Externo

Deverá ser realizada auditoria independente da aplicação dos recursos do Termo de Parceria

quando o montante de recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) ou

quando a Oscip tiver vários Termos de Parceria com um ou mais órgãos estatais e cuja soma

ultrapasse esse valor.

A auditoria independente deverá ser realizada por pessoa física ou jurídica habilitada pelos

Conselhos Regionais de Contabilidade.

O Ministério da Justiça permitirá, mediante requerimento dos interessados, livre acesso pú-

blico a todas as informações pertinentes às Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público (art. 17)

As Oscips devem prestar contas e comprovar a correta aplicação dos recursos repassados à

ela (Decreto 3.100, art. 11). As prestações de contas anuais serão realizadas sobre a totali-

dade das operações patrimoniais e resultados das Oscips e incluirá os seguintes documentos:

relatório anual de execução de atividades; demonstração de resultados do exercício; balanço

patrimonial; demonstração das origens e aplicações de recursos; demonstração das muta-

ções do patrimônio social; notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário;

e parecer e relatório de auditoria.

As Oscips também estão sujeitas aos controles dos Tribunais de Contas, respectivos, Legis-

lativo e Ministério Público.

Page 19: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

1�

Composição da Comissão de Avaliação

Federal

A comissão é composta de comum acordo entre o órgão parceiro do Executivo e a Oscip. A

Comissão deverá ser composta por:

• dois membros do respectivo Poder Executivo;

• um da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; e

• um membro indicado pelo Conselho de Política Pública da área de atuação correspondente,

quando houver.

Estadual

A execução do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada pelo órgão da Administra-

ção Estadual, mas não menciona a formação da Comissão de Avaliação e a sua composição.

Municipal – São Paulo

Os titulares dos órgãos da Administração Direta são responsáveis por designar Comissão de

Avaliação para o acompanhamento e a fiscalização da execução de cada Programa de Trabalho

com as Oscips.

Não é definida a sua composição no Decreto municipal.

Processo de Seleção da Oscip

Federal

Antes da celebração do Termo de Parceria o órgão da administração estatal interessado na

assinatura do instrumento deverá verificar se a qualificação da Oscip ainda tem validade, bem

como se não há processo administrativo no Ministério da Justiça solicitando o cancelamento

da qualificação.

A escolha poderá ser feita por meio de publicação de edital de concursos de projetos pelo

órgão estatal parceiro.

No edital deve constar a especificação técnica do bem, do projeto, da obra ou do serviço a ser

obtido ou realizado por meio do Termo de Parceria. O edital deve apresentar:

• prazos, condições e forma de apresentação das propostas;

• especificações técnicas do objeto do Termo de Parceria;

• critérios de seleção e julgamento das propostas;

• datas para apresentação de propostas;

Page 20: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

20

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• local de apresentação de propostas;

• datas do julgamento e data provável de celebração do Termo de Parceria; e

• valor máximo a ser desembolsado.

A Oscip deverá apresentar seu projeto técnico e o detalhamento dos custos a serem realiza-

dos na sua implementação ao órgão estatal parceiro.

Na seleção e no julgamento dos projetos, levar-se-ão em conta: o mérito intrínseco e ade-

quação ao edital do projeto apresentado; a capacidade técnica e operacional da candidata; a

adequação entre os meios sugeridos, seus custos, cronogramas e resultados; o ajustamento

da proposta às especificações técnicas; a regularidade jurídica e institucional da Oscip; e a

análise dos documentos referidos.

O órgão estatal parceiro designará a comissão julgadora do concurso, que será composta,

no mínimo, por um membro do Poder Executivo, um especialista no tema do concurso e um

membro do Conselho de Política Pública da área de competência, quando houver.

Não há limite de Termos de Parceria firmado com cada Oscip. Desde que haja capacidade

operacional a Oscip pode firmar mais do que um Termo de Parceria.

Estadual

Não trata do processo de seleção.

Municipal – São Paulo

A escolha da Oscip dar-se-á mediante concurso de projetos, a ser realizado pelo órgão inte-

ressado da Administração Direta, observadas as normas gerais da Lei Federal nº 8.666, de 21

de junho de 1993, e respectivas alterações (Decreto 46.979, art.2o).

O concurso de projetos somente poderá ser dispensado se a entidade enquadrar-se nas

hipóteses previstas nos artigos 24 e 25 da Lei Federal 8.666, de 1993, obedecidos os

requisitos e formalidades neles estabelecidos.

A Secretaria Municipal de Gestão deverá definir e implantar o Cadastro Municipal Único das Os-

cips aptas ao desenvolvimento, em regime de cooperação, de projetos com a Prefeitura. A partir

de sua implantação, o cadastramento constituirá pré-requisito para a seleção das Oscips e o

estabelecimento de vínculos com a Administração Municipal, em regime de cooperação, visando

o desenvolvimento de programas e projetos de gestão que se coadunem com suas finalidades.

O Concurso de Projetos será realizado por Comissão especialmente designada pelo titular do ór-

gão interessado em firmar Termo de Parceria, e será composta por no mínimo 3 membros (Portaria

54/06, SMG).

Page 21: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

21

Estrutura Organizacional e Corpo Diretivo

Cada Oscip tem uma estrutura organizacional própria.

Os servidores públicos podem participar da composição de conselho de Organização da So-

ciedade Civil de Interesse Público, vedada a percepção de remuneração ou subsídio, a qual-

quer título (Lei Federal 10.539, art. 4o.).

Recursos Humanos

• regime de emprego: CLT;

• não é permitida a cessão de servidores às Oscips.

• direção pode ser remunerada;

• servidores públicos podem participar do conselho, mas é vedada a percepção de remune-

ração ou subsídio, a qualquer título.

Os administradores estão sujeitos à lei de improbidade administrativa quando manejarem bens

e recursos públicos

Recursos Financeiros

Os recursos financeiros das Oscips são provenientes recursos do Poder Público pro-

venientes dos Termos de Parcerias, de auxílios, contribuições e subvenções con-

cedidas por entidades públicas ou particulares, doações, operações de crédito,

saldos dos exercícios anteriores, entre outros.

A liberação de recursos financeiros necessários à execução do Termo de Parceria far-se-á em

conta bancária específica, a ser aberta em banco a ser indicado pelo órgão estatal parceiro.

A liberação de recursos para a implementação do Termo de Parceria obedecerá ao respectivo

cronograma, salvo se autorizada sua liberação em parcela única.

Patrimônio

Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do Termo

de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade (Lei Federal 9.790, art. 15).

Se a entidade perder a qualificação como Oscip ou for extinta deverá os bens adquiridos com

os Termos de Parceria serem repassados a outra Oscip com a mesma finalidade/área de atu-

ação.

A Lei Estadual e o Decreto Municipal não tratam desta questão.

Page 22: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

22

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Compras de Bens e Serviços

Para obras públicas, serviços e compras, com os recursos públicos dos Termos de Parceria,

a Oscip deve ter um regulamento que discipline os procedimentos. Em até 30 dias, após assi-

natura do Termo de Parceria, deve ser publicado o regulamento próprio contendo os procedi-

mentos que a Oscip adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras

com emprego de recursos provenientes do Poder Público (Lei Federal, art. 14o.).

Decreto Federal 5.504, de 5/8/05 estabelece a exigência de utilização do pregão, preferen-

cialmente na forma eletrônica, para Oscips nas contratações de bens e serviços comuns,

realizadas em decorrência de transferências voluntárias de recursos públicos da União.

A Lei estadual de São Paulo não trata deste aspecto.

Controle Social

O Ministério da Justiça permitirá, mediante requerimento dos interessados, livre acesso pú-

blico a todas as informações pertinentes às Organizações da Sociedade Civil de Interesse

Público (Lei Federal 9.790, art. 17o).

A Oscip deve dar publicidade ao relatório de atividade e às demonstrações financeiras.

Qualquer cidadão que tomar ciência de malversação de bens ou recursos públicos poderá

representar ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, para que estes tomem as medidas

administrativas e judiciais cabíveis.

Federal

Os Conselhos de políticas Públicas/setoriais devem aprovar o termo de Parceria e acompa-

nhar o Termo de Parceria. O Conselho de Política Pública terá o prazo de trinta dias, contado

a partir da data de recebimento da consulta, para se manifestar sobre o Termo de Parceria,

cabendo ao órgão estatal responsável, em última instância, a decisão final sobre a celebração

do respectivo Termo de Parceria.

O Conselho deve também acompanhar os termos de parceria e poderá formular eventuais

recomendações ou sugestões que deverão ser encaminhadas ao órgão estatal parceiro, para

adoção de providências que entender cabíveis.

Estadual

A Lei estadual não trata dos Conselhos.

Municipal – São Paulo

O Decreto não trata dos Conselhos.

Page 23: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

23

Considerações

Pode receber do Poder Público alguns benefícios como:

• firmar termo de parceria e receber recursos orçamentários e, eventualmente, bens públi-

cos, para desenvolvimento de atividades;

• remuneração de dirigentes;

• dedução do imposto de renda as doações a elas efetuadas por pessoas jurídicas tributadas

pelo regime de lucro real (Lei Federal 9.249/95, art. 13, § 2o.); e

• recebimento de bens móveis da União considerados antieconômicos ou irrecuperáveis

(Decreto Federal 4.507/02).

Page 24: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 25: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

25

CARACTERIZAÇÃO DE OS

É um modelo de parceria entre Estado e sociedade.

É um modelo de organização pública não-estatal, constituído por pessoas jurídicas de direito

privado sem fins lucrativos/econômicos (ex.: fundações ou associações) qualificadas pelo Po-

der Público, sob certas condições, previstas expressamente em lei para fomento e execução

de atividades de interesse público.

Entidades qualificadas como Organizações (OS) ficam declaradas como entidades de interes-

se social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

As três esferas de governo reconhecem, cada uma no seu âmbito, as OSs qualificadas pela

União, Estados, Distrito Federal e municípios, como entidades de interesse social e utilidade

pública, desde que haja reciprocidade e não contrariem os preceitos das legislações referen-

tes à constituição de OS.

Embora constituam uma inovação institucional, não representam uma nova figura jurídica.

Área (s) de atuação

Atividades estatais publicizáveis (não exclusivas do Estado), mas de interesse estratégico

do Estado.

Federal – Ensino, pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação

do meio ambiente, cultura e saúde.

Estadual – Saúde e Cultura

Municipal – São Paulo – Saúde

Legislação básica

Cada ente deve estabelecer legislação própria.

Federal – Lei Federal 9.637, de 15/5/98.

Estadual – Lei complementar 846, de 4/6/98 e Decreto 43.493, de 29/9/98 (área da cultura).

Municipal – São Paulo – Lei 14.132, de 24/1/06, e Decreto 47.012, de 21/2/06

Quem pode se qualificar?

Pessoas jurídicas de direito privado (fundações ou associações civis) sem fins lucrativos/

Page 26: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

26

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

econômicos, atuantes nas áreas previstas em lei, portadoras dos requisitos previstos em lei e

com aprovação, quanto à pertinência da qualificação, da autoridade estatal competente.

(No caso de organizações públicas, elas devem ser extintas e, em seus lugares, criadas enti-

dades de direito privado sem fins lucrativos e só depois pleitear a qualificação como OS.)

Quem não pode se qualificar?

Organizações ou órgãos públicos e entidades com fins econômicos.

Requisitos para qualificação

Federal

I - Comprovar o registro de seu ato constitutivo:

a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b) finalidade não-lucrativa, com obrigatoriedade de investimento, de seus excedentes finan-

ceiros, no desenvolvimento das próprias atividades;

c) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior e de direção, de um

conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas,

àquele, composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas nesta lei;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes

do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e ido-

neidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria;

f ) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios financei-

ros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou parcela do patrimônio líquido em qualquer hipótese, inclu-

sive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe foram

destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em caso de

extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social qualificada no âmbito da

União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal

ou dos municípios, na proporção dos recursos e bens por estes alocados;

II – Haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como

Page 27: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

27

organização social, do ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de ativi-

dade correspondente ao seu objeto social e do ministro da Administração Federal e Reforma

do Estado.

Estadual

I - Comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a) natureza social de seus objetivos;

b) finalidade não-lucrativa, com obrigatoriedade de investimento de seus excedentes finan-

ceiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) previsão expressa de ter, a entidade, como órgãos de deliberação superior e de direção,

um conselho de administração e uma diretoria, definidos nos termos do estatuto, assegu-

rado àquele, composição e atribuições normativas e de controle básicos previstos nesta lei

complementar;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de membros da

comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria da entidade;

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial do Estado, dos relatórios financei-

ros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma

do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou parcela do patrimônio líquido, em qualquer hipótese,

inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da

entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe

foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades,

em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social quali-

ficada, no âmbito do Estado, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio do Estado, na

proporção dos recursos e bens por este alocados;

II – Ter a entidade recebido aprovação em parecer favorável quanto à conveniência e à

oportunidade de sua qualificação como OS, do secretário de Estado da área correspon-

dente e do secretário da Administração e Modernização do Serviço Público.

Somente serão qualificadas como OS as entidades que, efetivamente, comprovarem possuir

serviços próprios de saúde, há mais de cinco anos.

Cultura - nas áreas museológica e arquivística, ter efetiva atuação nos últimos três anos.

Page 28: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

28

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Municipal - São Paulo

I - Comprovar o registro de seu ato constitutivo:

a ) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b) finalidade não-lucrativa, com obrigatoriedade de investimento de seus excedentes finan-

ceiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) participação, no órgão colegiado de deliberação superior e de direção, de um conselho

de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas àquele,

composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas nesta lei;

d) participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representante dos empre-

gados da entidade e de membros de notória capacidade profissional e idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria;

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial do Município, dos relatórios finan-

ceiros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma

do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou parcela do patrimônio líquido em qualquer hipótese,

inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da

entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe

foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades

em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social qualifi-

cada no âmbito do Município de São Paulo, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio

do município, na proporção dos recursos e bens por ele alocados nos termos do contrato

de gestão;

II – Haver aprovação, quanto ao cumprimento integral dos requisitos para qualificação do

secretário ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente

ao seu objeto social, bem como do secretário municipal de Gestão;

Somente serão qualificadas como OS as entidades que, efetivamente, comprovarem o desen-

volvimento de atividade na área de saúde há mais de cinco anos.

Responsável pela Qualificação

Federal

• ministro ou titular do órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao

Page 29: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

2�

seu objeto social e do ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado

(atual Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão)

Estadual

• secretário de Estado da área correspondente e do secretário de Administração e Moderni-

zação do Serviço Público

Municipal - São Paulo

• secretário ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente

ao seu objeto social e do secretário de Gestão

Prazos e Validade da Qualificação – Indefinidos

Desqualificação e Extinção

• o Poder Público pode proceder à desqualificação da entidade como OS, quando verificado

descumprimento do contrato de gestão;

• a desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o direito de am-

pla defesa;

• a desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores entregues à OS,

sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

Instrumento de Parceria – contrato de gestão.

Processo de Elaboração e Aprovação do Instrumento de Parceria

Federal

• o contrato de gestão será elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade super-

visora e a OS, discriminando as atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder

Público e da OS;

• o contrato de gestão deve ser submetido, após aprovado pelo Conselho de Administração

da entidade, ao ministro de Estado ou autoridade supervisora da área correspondente às

atividades fomentadas;

• a OS que absorver atividades de entidade federal extinta no âmbito da Saúde, deve consi-

derar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).

Page 30: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

30

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Estadual

• é dispensável a licitação para a celebração do contrato de gestão;

• a OS de saúde deve observar os princípios do SUS;

• a celebração dos contratos, com dispensa de licitação, será precedida de publicação da

minuta do contrato de gestão e de convocação pública das OSs, através do Diário Oficial

do Estado, para que todas as interessadas em celebrá-lo possam se apresentar;

• o Poder Público dará publicidade da decisão de firmar cada contrato de gestão, indicando

as atividades que devem ser executadas e das entidades que manifestarem interesse na

celebração de cada contrato de gestão;

• contrato de gestão celebrado pelo Estado, por intermédio da Secretaria de Estado da

Saúde ou da Cultura, conforme sua natureza e objeto, discriminará as atribuições, respon-

sabilidades e obrigações do Poder Público e da entidade contratada e será publicado, na

íntegra, no Diário Oficial;

• o contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação do Conselho de Administração,

ao secretário de Estado da área competente.

Municipal - São Paulo

• é dispensável a licitação para a celebração do contrato de gestão;

• o Poder Público dará publicidade da decisão de firmar cada contrato de gestão, indicando

as atividades que devem ser executadas;

• a celebração do contrato de gestão será precedida de processo seletivo, quando houver

mais de uma entidade qualificada para prestar o serviço objeto da parceria, nos termos do

regulamento;

• o contrato de gestão celebrado pelo município discriminará as atribuições, responsabilida-

de e obrigações do Poder Público e da entidade contratada e será publicado na íntegra no

Diário Oficial do município;

• o contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação do Conselho de Administração,

ao secretário municipal de Saúde, bem como à respectiva comissão de Avaliação, prevista

nesta lei.

Elementos Mínimos do Instrumento de Parceria (Contrato de Gestão)

Federal

Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios da legalidade,

impessoalidade, moralidade, e economicidade e, também, os seguintes preceitos:

Page 31: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

31

• especificação do programa de trabalho proposto pela OS, as metas a serem atingidas e

os respectivos prazos de execução, bem como a previsão expressa dos critérios objeti-

vos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade

e produtividade;

• estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de qual-

quer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das OS, no exercício de

suas funções;

Os ministros ou autoridades supervisoras da área de atuação da entidade devem definir as

demais cláusulas dos contratos de gestão de que sejam signatários.

Estadual

Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios inscritos no artigo

37 da CF e no artigo 111 da CE-SP e, também, os seguintes preceitos:

• especificação do programa de trabalho proposto pela OS, estipulação das metas a serem

atingidas e respectivos prazos de execução, bem como a previsão expressa dos critérios

objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de quali-

dade e produtividade;

• estipulação dos limites e critérios para a despesa com remuneração e vantagens de qual-

quer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das OS, no exercício de

suas funções;

• atendimento exclusivo aos usuários do SUS, no caso das OS de saúde.

O secretário de Estado competente deve definir as demais cláusulas dos contratos de gestão

de que for signatário.

Municipal - São Paulo

Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios inscritos no artigo

37 da CF e no artigo 81 da LOM de São Paulo e, também, os seguintes preceitos:

• especificação do programa de trabalho proposto pela OS; as metas a serem atingidas e

respectivos prazos de execução, quando for pertinente; bem como a previsão expressa

dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicado-

res de qualidade e produtividade;

• estipulação dos limites e critérios para a despesa com remuneração e vantagens de qual-

quer natureza a serem percebidos pelos dirigentes e empregados das OS, no exercício de

suas funções;

• o secretário municipal de Saúde deve definir as demais cláusulas dos contratos de que

for signatário.

Page 32: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

32

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Controle e Avaliação do Cumprimento do Instrumento de Parceria

Federal

• a execução do contrato de gestão será fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da

área de atuação correspondente à atividade fomentada;

• a entidade qualificada apresentará, ao órgão do Poder Público, ao final de cada exercí-

cio, ou a qualquer tempo, um relatório de execução, contendo comparativos de me-

tas e resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas correspondente ao

exercício financeiro;

• os resultados devem ser analisados periodicamente, por comissão de avaliação, indica-

da pela autoridade supervisora da área correspondente, e composta por especialistas

de notória capacidade e adequada qualificação;

• os responsáveis pela fiscalização do contrato de gestão darão ciência, ao Tribunal de Con-

tas da União, de qualquer irregularidade na utilização dos recursos públicos destinados à

OS, sob pena de responsabilidade solidária.

Estadual

A execução do contrato de gestão será fiscalizada pelo secretário de Saúde e pela Secretaria

da Cultura, nas áreas correspondentes.

• o contrato de gestão deve prever a possibilidade de o Estado requerer , a qualquer tempo,

relatório de execução do contrato de gestão, contendo comparativos de metas, resultados e

prestação de contas correspondente ao exercício financeiro, assim como publicação no DOE;

• os resultados atingidos serão analisados periodicamente, por comissão de avaliação indi-

cada pelo secretário de Estado competente, composta por profissionais de notória espe-

cialização, que emitirão relatório conclusivo à autoridade e aos órgãos de controle interno

e externo do Estado;

• os responsáveis por fiscalizar o contrato de gestão darão ciência, ao Tribunal de Contas e

ao Ministério Público, de qualquer irregularidade na utilização dos recursos públicos desti-

nados à OS, sob pena de responsabilidade solidária;

• o balanço e demais prestações de contas da OS devem, necessariamente, ser publicados

no Diário Oficial do Estado e analisados pelo Tribunal de Contas do Estado.

Municipal

• o secretário de Saúde presidirá uma comissão de avaliação, a qual será responsável pelo

acompanhamento e execução dos contratos de gestão. A entidade qualificada apresentará,

à comissão de avaliação, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, relatório de

Page 33: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

33

execução, contendo comparativos de metas e resultados alcançados, acompanhado de pres-

tação de contas correspondente ao exercício financeiro;

• a comissão deve encaminhar, à autoridade supervisora, relatório conclusivo sobre a ava-

liação procedida.

Os responsáveis pela fiscalização do contrato de gestão darão ciência, ao Tribunal de Contas

do Município, de qualquer irregularidade na utilização dos recursos públicos destinados à OS,

sob pena de responsabilidade solidária.

O balanço e as demais prestações de contas da OS devem, necessariamente, ser publicados

no Diário Oficial do Município e analisados pelo Tribunal de Contas do Município.

Composição da Comissão de Avaliação

• a lei não especifica quais serão os membros da comissão de avaliação;

• a comissão deve ser indicada pela autoridade supervisora da área correspondente, com-

posta por especialistas de notória capacidade e adequada qualificação.

Estadual

Na área da saúde, será composta, dentre outros, por:

• dois integrantes indicados pelo Conselho Estadual de Saúde;

• dois membros integrantes da Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia Legislativa.

Na área da Cultura:

• cinco profissionais de notória especialização e idoneidade moral, membros

da comunidade;

• três funcionários da pasta;

• um membro do Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do

Estado de São Paulo (Condephaat).

Municipal - São Paulo

A comissão de saúde será composta, além do presidente, por:

• dois membros da sociedade civil, escolhidos dentre os membros do Conselho Municipal de

Saúde ou dos Conselhos Gestores dos equipamentos incluídos nos Contratos de Gestão,

quando existirem, ou pelo prefeito;

• um membro indicado pela câmara municipal;

• três membros indicados pelo Poder Executivo, com notória capacidade e adequada qualificação.

Page 34: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

34

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Processo de Seleção da OS

Federal

• o Poder Público diretamente.

Estadual

• convocação pública.

Municipal - São Paulo

• processo seletivo.

Estrutura Organizacional e Corpo Diretivo

Obrigatoriedade de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de direção, um con-

selho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, assegurados àquele

atribuições e composição previstos em lei.

Composição do Conselho de Administração da OS Federal

Federal

• 20% a 40% de membros natos, representantes do Poder Público, definidos pelo estatuto

da entidade;

• 20% a 30% de membros natos representantes de entidade da sociedade civil, definidos

pelo estatuto;

• até 10%, no caso de associações civis, de membros eleitos dentre os membros

ou associados;

• de 10% a 30% de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre pessoas

de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

• os representantes do Poder Público, mais os da entidade, devem corresponder a mais de

50% do conselho;

• o mandato deve ser de quatro anos, com direito a uma recondução, sendo que metade dos

membros terá apenas dois anos, no primeiro mandato.

Estadual

• até 55%, no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou

os associados;

• 35% de membros eleitos pelos demais integrantes do Conselho, dentre pessoas de

Page 35: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

35

notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

• 10% de membros eleitos pelos empregados da entidade;

• os membros eleitos ou indicados para compor o Conselho não poderão ser consangüíneo

ou afins até o terceiro grau do governador, vice-governador e secretários de Estado;

O mandato será de quatro anos, com direito a uma recondução, sendo que metade dos mem-

bros terá penas dois anos no primeiro mandato.

Municipal

• até 55%, no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou os asso-

ciados;

• 35% de membros eleitos pelos demais integrantes do Conselho, dentre pessoas de notó-

ria capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

• 10% de membros eleitos pelos empregados da entidade.

O mandato será de quatro anos, com direito a uma recondução, sendo que metade dos mem-

bros terá penas dois anos no primeiro mandato.

Recursos Humanos

Conselheiros e Diretores:

• os conselheiros não devem receber remuneração por esta atividade. entretanto podem

receber ajuda de custo, por reunião, da qual participem;

• os conselheiros devem renunciar ao assumirem funções executivas na diretoria da OS;

• diretores e conselheiros da OS não poderão exercer outra atividade remunerada, com ou

sem vínculo empregatício, na mesma entidade (Estado e Município de São Paulo);

• conselheiros, administradores e dirigentes das OSs de saúde é vedado exercer cargo de

chefia ou função de confiança no SUS (Estado de São Paulo);

• os diretores podem receber remuneração desde que a entidade qualificada como OS não

seja de utilidade pública.

Servidores:

• o regime de contratação é o celetista por meio de seleção pública;

• é permitida a cessão de servidores públicos às OSs com ônus para a origem;

• não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor afastado,

qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela OS;

• não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente pela OS a servidor

Page 36: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

36

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

afastado com recursos provenientes do contrato de gestão, ressalvada a hipótese de adi-

cional relativo ao exercício de função de direção e assessoria.

• o servidor cedido perceberá as vantagens do cargo a que fizer jus no órgão de origem,

(quando ocupante de cargo de primeiro ou segundo escalão na OS - União).

• o servidor afastado perceberá as vantagens do cargo a que fizer jus no órgão de origem

(Município de São Paulo).

Recursos Financeiros

• serão destinados às OSs recursos orçamentários necessários ao cumprimento do contrato

de gestão;

• são assegurados às OSs os créditos previstos no orçamento e as respectivas liberações

financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto no contrato de gestão.

Bens e Patrimônio

• é permitida a cessão de bens públicos à OS para realização do contrato de gestão;

• é dispensada licitação para destinação de bens do estado às OSs, mediante permissão de

uso, conforme cláusula expressa do contrato de gestão;

• os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser permutados por outros de igual

ou maior valor, desde que os novos bens integrem o patrimônio do ente, com prévia avalia-

ção e expressa autorização do Poder Público;

• é proibida a distribuição de bens ou parcela do patrimônio líquido em qualquer hipótese,

inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da

entidade;

• em caso de desqualificação ou extinção da OS haverá incorporação integral do patrimônio,

dos legados ou das doações que lhe foram destinados, bem como dos excedentes finan-

ceiros decorrentes de suas atividades ao patrimônio de outra OS qualificada no âmbito

do ente, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito

Federal ou dos municípios, na proporção dos recursos e bens por estes alocados;

• é vedada a celebração de contrato de gestão para destinação, total ou parcial, de bens

públicos de qualquer natureza, que estejam ou estiveram, ao tempo da publicação desta

lei, vinculados à prestação de serviços de assistência a saúde (Estado de São Paulo);

• a cessão de bens públicos às OSs não poderá recair em estabelecimentos de saúde do

Estado, em funcionamento (Estado de São Paulo).

Page 37: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

37

Compras de Bens e Serviços

A OS define e publica na imprensa e no DO do ente (Estado e Município de São Paulo), no

prazo de 90 dias contados da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio com os

procedimentos que adotará para contratação de obras e serviços, bem como para compras

com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Há obrigatoriedade de licitação, de preferência na forma de pregão eletrônico, para compras

de bens e serviços com recursos repassados voluntariamente pela União. (Decreto Federal

5.504/05)

Controle Externo

Federal

Não especifica, entretanto, os órgãos de controle externo do Executivo são naturalmente o

TCU e o Congresso Nacional.

Estadual

Assembléia Legislativa e Tribunal de Contas do Estado.

Municipal

Câmara Municipal e Tribunal de Contas do Município.

Controle Social

As Comissões de Avaliação são compostas de forma a propiciar a participação de membros

da sociedade, especialistas das áreas cujas atividades são objeto do contrato de gestão.

Outras Considerações

A figura da OS surgiu com o Plano de Publicização do governo federal que visava “enxu-

gar órgãos ou instituições da administração pública federal”. A lei federal prevê a substi-

tuição das estruturas governamentais por instituições de caráter privado, do terceiro

setor, com o repasse das atividades por eles desenvolvidas às novas organizações. O Es-

tado se mantêm presente na condução da nova instituição por meio da participação de

membros do governo no conselho de Administração.

Page 38: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

38

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Nos governos estadual e municipal de São Paulo as OSs ganham contornos mais “indepen-

dentes”, pois não visam o enxugamento de organizações do setor público, mas apenas o re-

passe de atividades à instituições do terceiro setor. O Estado não está presente na condução

dessas organizações. Sua presença é apenas através do contrato de gestão e na fiscalização

do cumprimento do contrato.

Page 39: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

3�

BASE LEGAL DE OSCIP

Federal

Emenda Constitucional 19, de 4/6/98.

• Altera o artigo 70 da Constituição Federal e disciplina que, prestará contas, qualquer pes-

soa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou adminis-

tre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome

desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Lei 9.790, de 23/3/99.

• Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,

como organizações da sociedade civil de interesse público, institui e disciplina o termo de

parceria e dá outras providências.

Lei 9.249, de 26/12/95, art. 13, § 2º, inciso II.

• Altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas e no artigo 13 coloca as

doações que poderão ser deduzidas às Oscips.

Lei 9.985, de 18/7/00, art. 30 .

• Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e estabelece que as

Oscips poderão geri-las.

Lei 10.539, de 23/9/02, art. 4.

• Permite a participação de servidores públicos na composição de conselho de Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público, vedando a percepção de remuneração ou subsí-

dio, a qualquer título.

Lei 10.637, de 30/12/02, art. 34.

• Estabelece que a opção pela remuneração dos dirigentes da Oscip não impede que sejam

deduzidas as doações feitas a estas entidades na forma do art. 13 da Lei 9.249/95, desde

que atendidos os requisitos legais para tanto.

Decreto 3.100, de 30/6/99, republicado em 30/7/99.

• Regulamenta a Lei 9.790, de 23/3/99, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas

de direito privado, sem fins lucrativos, como Oscip, institui e disciplina o Termo de Parceria,

e dá outras providências.

Decreto 4.340, de 22/8/02 , arts. 21 a 24.

• Regulamenta a Lei 9.985, de 18/7/00, que dispõe sobre o Sistema Nacional de

Page 40: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

40

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Unidades de Conservação da Natureza (Snuc), e trata da gestão compartilhada

deunidade de conservação por Oscip e do termo de parceria.

Decreto 4.507, 11/12/02, art. 15, parágrafo único.

• Regulamenta, no âmbito da Administração Pública Federal, o reaproveitamento, a movi-

mentação, a alienação e outras formas de desfazimento de material; no art. 15, parágrafo

único, estabelece as Oscips que poderão ser beneficiadas com a doação.

Decreto 5.504, de 5/8/05, art. 1o, § 5o

• Estabelece a exigência de utilização do pregão, preferencialmente na forma eletrônica,

para Oscips nas contratações de bens e serviços comuns, realizadas em decorrência de

transferências voluntárias de recursos públicos da União, decorrentes de convênios ou

instrumentos congêneres, ou consórcios públicos.

Medida Provisória 2.113-32, de 21/6/01, art. 59

• Estabelece que as Oscips poderão ser beneficiárias das doações que poderão ser deduzi-

das do Imposto de Renda.

MP 2.158-35 (em tramitação), de 24/9/02, arts. 59 e 60

• Estabelece a possibilidade de que as doações feitas por empresas a entidades qualificadas

sejam deduzidas na apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social so-

bre o lucro líquido, na forma do art. 13 da Lei 9.249/95 e dispõe sobre a necessidade de

renovação anual da qualificação como Oscip a essas entidades beneficiárias.

MP 2.172-32/01 (em tramitação), art. 4º

• Exclui as Oscips que se dedicam a sistemas alternativos de crédito das disposições relati-

vas à prática de usura.

MP 2.216-37/01 (em tramitação), art.18.

• Estabelece que pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, qualificadas com

base em outros diplomas legais, poderão qualificar-se como Oscips, desde que atendidos

os requisitos, assegurada a manutenção simultânea dessas qualificações, até cinco anos.

Portaria 361, do Ministério da Justiça, 27/7/99.

• Dispõe sobre o procedimento de qualificação como Oscip junto ao Ministério da Justiça.

Portaria 30, da Secretaria Nacional de Justiça, de 20/6/05.

• Determina aproveitamento de documentos em novos pedidos de qualificação como Oscip

feitos por entidade que teve um pedido anterior indeferido.

Portaria 31, da Secretaria Nacional de Justiça, de 20/6/05.

• Delega competência ao diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e

Page 41: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

41

Qualificação para opinar nos processos de utilidade pública e Oscips nos casos de deferi-

mento das qualificações.

Portaria Interministerial 217, de 30/7/06, art. 1º, parágrafo único.parágrafo único. único.

• Dispõe sobre limites, prazos e condições para a execução do Decreto 5504, de 5/8/05 e

estabelece que até 31 de dezembro de 2006,o uso obrigatório do pregão, preferencialmen-

te na forma eletrônica, na contratação de bens e serviços comuns não se aplica quando

o beneficiário da transferência for uma Oscip desde que tenha regulamento próprio para

contratação de bens serviços, nos termos da Lei 9.790/99, e da Lei 9.637/98, respecti-

vamente, respeitados os princípios da Lei 8.666/93, e se destine a ações de segurança

alimentar e de combate à fome, bem como àquelas de apoio a projetos produtivos em

assentamentos constantes do Plano Nacional de Reforma Agrária ou financiadas com re-

cursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza; ou ao atendimento dos programas

de educação básica.

Estadual

Lei Complementar 709, de 24/1/93.

• Dispõe sobre a competência do TCE para fiscalizar as contas das entidades do terceiro

setor que mantêm contratos de gestão e instrumentos congêneres com os governos do

estado e municípios.

Lei 11.598, de 15/12/03.

• Estabelece disposições relativas às organizações da sociedade civil de interesse público e

institui o termo de parceria.

Decreto 48.766, de 30/6/04.

• Institui o Programa de Gestão Compartilhada de Unidades de Conservação do Estado de

São Paulo por Oscips e aprova modelo-padrão de Termo de Parceria.

Resolução 9/05 do Tribunal de Contas do Estado.

• Estabelece as diretrizes do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo acerca da fiscali-

zação contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado e municípios

para possibilitar acompanhamento da execução de Termos de Parceria.

Municipal – São Paulo

Decreto municipal 46.979, de 6/2/06.

• Dispõe sobre o fomento à execução de atividades de interesse público, com base na

Page 42: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

42

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Lei federal de 23/3/99, que regula a qualificação de pessoas jurídicas de direito

de privado não lucrativos, como Oscip.

Portaria 54/06, da Secretaria Municipal de Gestão.

• Dispõe sobre normas aos Termos de Parceria a serem celebrados com Oscips, bem como

o acompanhamento e fiscalização dos referidos ajustes.

Page 43: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

43

BASE LEGAL DE OSS

Federal

Constituição Federal de 1988, arts. 70 e 175.

• Dispõe sobre a organização e funcionamento das administrações públicas.

Emenda constitucional 19, de 4/6/98 (art. 12 – dá nova redação ao art. 70 da CF).

• Dispõe sobre a prestação de contas de entidades públicas ou privadas, que utilizem ou

administrem bens ou valores pelos quais a União responda.

Lei 9.637, de 15/5/98.

• Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do Progra-

ma Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absor-

ção de suas atividades por organizações sociais.

Decretos 5.504, de 5/8/05, art. 1o, § 5o.

• Dispõe sobre a exigência de processo de licitação pública para obras, compras, serviços

e alienações com os recursos ou bens repassados voluntariamente pela União.

Estadual

Lei 846, de 4/6/98.

• Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais e dá outras providên-

cias. ( áreas de saúde e cultura)

Decreto 43.493, de 29/9/98.

• Dispõe sobre a qualificação das organizações sociais da área da cultura e dá outras provi-

dências correlatas.

Decreto 49.343, de 24/1/05.

• Dispõe sobre as Coordenadorias da Secretaria da Saúde (delega as contratações, controle

e avaliação dos contratos de gestão com as OSs).

Lei Complementar 971, de 10/1/05.

• Altera a redação do inciso IV do artigo 8o da Lei Complementar 846, ampliando o atendi-

mento das OSs de Saúde aos usuários do Instituto de Assistência Médica ao Servidor

Público Estadual (Iamspe).

Page 44: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

44

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Lei Complementar 709, de 24/1/93.

• Dispõe sobre a competência do TCE para fiscalizar as contas das entidades do terceiro

setor que mantêm contratos de gestão e instrumentos congêneres com os governos do

estado e municípios.

Resolução 9/05 do TCE.

• Dispõe sobre as diretrizes do TCE para acompanhamento e fiscalização de contratos de

gestão e instrumentos congêneres.

Municipal - SP

Lei 14.132, de 24/1/06.

• Dispõe sobre a qualificação de entidades sem fins lucrativos como organizações sociais

cujas atividades sejam dirigidas à saúde.

Decreto 47.012, de 21/2/06.

• Regulamenta disposições da Lei 14.132, relativas à qualificação de entidades sem fins lu-

crativos como organizações sociais e sua desqualificação.

Page 45: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

45

MODELO DE CONTRATO DE GESTÃO

Contrato de gestão que entre si celebram o Es-

tado de Pernambuco, por sua Secretaria de Ciên-

cia, Tecnologia e Meio Ambiente, e a Associação

Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep-OS).

O Estado de Pernambuco, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ/MF sob

o no 10.572.014/0001-33, neste ato representado por seu Governador, Dr. Jarbas de Andrade

Vasconcelos, brasileiro, divorciado, advogado, portador da cédula de identidade no ..., portador

do CPF no..., por sua Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma), com sede na

Rua Vital de Oliveira, no 32, bairro do Recife, Recife/PE, inscrita no CNPJ/MF sob o no ..., neste

ato representada por seu secretário, Dr. Cláudio José Marinho Lucio, brasileiro, casado, enge-

nheiro civil, residente e domiciliado nesta cidade, portador do CPF no ..., devidamente autorizado

pelo Exmo Sr. Governador do Estado de Pernambuco, consoante Ato no 105, de 3 de fevereiro

de 2003, em face do disposto no inciso XXI, do art. 37, da Constituição Federal e nos arts. 10 e

71, da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e alterações posteriores, demais normas veicula-

das pela Legislação Estadual suplementar, Lei no 7.741, de 23 de outubro de 1978, e alterações,

no que contraditar as referidas normas gerais, doravante simplesmente denominada Sectma, e

a Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco, doravante denominada Itep-OS, socieda-

de civil de direito privado sem fins lucrativos, qualificada como organização social pelo Decreto

Estadual no 26.025, de 14 de outubro de 2003, inscrita no CNPJ/MF sob o no ..., com sede na

Av. Prof. Luiz Freire 700, nesta cidade, representada, neste ato, pela sua diretora presidente,

Dra Fátima Maria de Miranda Brayner, brasileira, solteira, engenheira química, portadora do do-

cumento de identidade no - SSP/PE, portadora do CPF no ..., e como intervenientes a Secretaria

de Administração e Reforma do Estado (Sare), com sede na Rua Dona Maria César, no 68, bairro

do Recife, Recife/PE, inscrita no CNPJ/MF sob o no ..., neste ato representada por seu Secre-

tário, Dr. Maurício Eliseu da Costa Romão, brasileiro, casado, economista, portador do CPF no,

residente e domiciliado nesta cidade, e a Secretaria da Fazenda (Sefaz), com sede na Rua do

Imperador, s/no, bairro de Santo Antônio, Recife/PE, inscrita no CNPJ/MF sob o no ....., neste

ato representada por sua Secretária, Dra. Maria José Briano, brasileira, casada, economista,

portadora do CPF nº ..., residente e domiciliada nesta cidade, o Instituto de Recursos Humanos

(IRH), Autarquia Estadual, inscrita no CNPJ/MF sob o no ..., com sede na Rua Henrique Dias,

s/n, Derby, Recife/PE, neste ato representado por sua Diretora Presidente, Mara Regina de

Carvalho Annunciato, brasileira, casada, psicóloga, portador do CPF no, residente e domiciliada

nesta cidade; com fundamento no Decreto acima referido, resolvem firmar o presente Contrato

de Gestão, que será regido pelas Leis no 11.292/95 e 11.743/00 e pelo Decreto no 23.046/01,

bem como pelas cláusulas e condições que se seguem.

Page 46: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

46

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO E DA FINALIDADE

O presente CONTRATO tem por finalidade a execução de atividades de prestação de servi-

ços tecnológicos, realização de pesquisa aplicada, geração e difusão de tecnologias, apoio

ao empreendedorismo e à educação profissional, por meio do estabelecimento de parceria

entre as partes contratantes, de forma a contribuir para o desenvolvimento do Estado de

Pernambuco.

Subcláusula Primeira - Na consecução da finalidade assinalada, visa o presente instrumen-

to especificar o programa de trabalho a ser desenvolvido e as metas anuais a serem alcan-

çadas pelo Itep-OS, definir as obrigações e as responsabilidades das partes, bem como

estabelecer as condições para sua execução, os critérios de avaliação e indicadores de

desempenho.

Subcláusula Segunda - O Programa de Trabalho, assim compreendido o conjunto das dire-

trizes propostas pela Sectma para o estímulo ao desenvolvimento do Estado de Pernambu-

co (Anexo I), os objetivos contidos no Planejamento Estratégico 2005/2008, o plano anual

de metas e respectivos indicadores (Anexo II), o cronograma de desembolso financeiro

(Anexo III), a relação de pessoal cedido (Anexo IV) e a relação de patrimônio cedido (Anexo

V), fazem parte integrante deste instrumento, independentemente de transcrição.

CLÁUSULA SEGUNDA - DOS OBJETIVOS E DAS METAS

O Plano de Macro-objetivos deste Contrato, indicado no Anexo II, busca alcançar os se-

guintes objetivos estratégicos:

I. Formular e executar projetos, estudos e pesquisas aplicadas, visando o desenvolvimento

da sociedade;

II. Gerar e difundir tecnologias, visando a modernização e melhoria da qualidade dos servi-

ços e bens produzidos na região;

III. Prestar serviços tecnológicos a empresas públicas ou privadas e à sociedade;

IV. Prestar apoio ao empreendedorismo, e a gestão tecnológica empresarial; e

V. Capacitar recursos humanos em tecnologia.

Subcláusula Única - As metas e os indicadores detalhados para o período de novem-

bro/2005 a outubro/2007 constam do Anexo II a este Contrato.

Page 47: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

47

CLÁUSULA TERCEIRA - DAS OBRIGAÇÕES DO ITEP-OS

O Itep-OS, por este Contrato, obriga-se, além dos demais compromissos assumidos, a:

I. Observar, na condução dos trabalhos técnicos e de pesquisa, as diretrizes da Sectma

expressas no Anexo I;

II. Cumprir as metas relacionadas no Anexo II, contribuindo para o atendimento dos objeti-

vos enumerados na cláusula segunda;

III. Elaborar, submeter à aprovação do Conselho de Administração do Itep-OS e encaminhar

à Sectma os relatórios gerenciais de atividades, na forma e prazo por esta estabelecidos;

IV. Bem administrar os bens móveis e imóveis a ela cedidos, assim como aplicar os recur-

sos financeiros que lhe forem repassados pelo Estado de Pernambuco na consecução dos

objetivos e metas previstos nos Planos anexos;

V. Atender os dispositivos contidos em legislação específica, e em especial no Decreto

Estadual no 26.025, de 14 de outubro de 2003;

VI. Promover, na época, local e forma, as publicações a que alude a cláusula oitava do presente

instrumento, bem como outras que venham a ser exigidas pela legislação aplicável à espécie.

CLÁUSULA QUARTA - DAS OBRIGAÇÕES DA SECTMA

Nos termos estabelecidos neste contrato, o Estado de Pernambuco, através da Sectma

obriga-se a:

I. Cumprir a fazer cumprir o presente instrumento em todos os seus termos;

II.Assegurar o repasse dos recursos financeiros estabelecidos na cláusula quinta;

III. Fiscalizar o cumprimento do presente contrato nos termos previstos na cláusula oitava;

IV. Publicar, no prazo legal, o presente instrumento, na íntegra, no Diário Oficial do Estado,

e, em extrato, em dois jornais de grande circulação.

CLÁUSULA QUINTA - DOS PLANOS E DOS RECURSOS FINANCEIROS

Os recursos para este Contrato de Gestão correrão à conta de créditos estabelecidos

para a Sectma com base na Lei Orçamentária 2006 e crédito adicional na Lei Orçamentária

Anual, observada a proposta orçamentária da Sectma, sendo que para o cumprimento das

metas pactuadas ficam estabelecidos os valores da subcláusula primeira.

Page 48: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

48

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Subcláusula Primeira – O Estado de Pernambuco repassará ao Itep-OS recursos financei-

ros decorrentes de transferências do Tesouro Estadual no valor de R$ 3.428.800,00 (três

milhões, quatrocentos e vinte e oito mil e oitocentos reais), que serão pagos conforme

Cronograma de Desembolso Financeiro, Anexo III, recursos estes consignados no orça-

mento da Sectma, conforme discriminado abaixo:

Para 2005 – (dez.) R$ 398.800,00 - Programação Executiva Complementar Sectma – Ele-

mento de Despesa 33.5041.

Para 2006 – R$ 1.515.000,00 – LOA 2006, Programas 0109 – Fortalecimento da Inovação,

Modernização e Competitividade no Estado e 0092 – Centros Tecnológicos de Educação

Profissional.

Para 2007 – PPA 2007 – Programas 0109 – Fortalecimento da Inovação, Modernização e

Competitividade no Estado e 0092 – Centros Tecnológicos de Educação Profissional.

Subcláusula Segunda - Os recursos repassados ao Itep-OS deverão ser por este aplicados

no mercado financeiro e os resultados dessa aplicação revertidos exclusivamente aos ob-

jetivos deste Contrato de Gestão.

CLÁUSULA SEXTA - DOS RECURSOS HUMANOS

O Itep-OS poderá gastar até 55% (cinqüenta e cinco por cento), do total de seus recur-

sos arrecadados, com o pagamento das despesas de remuneração, encargos trabalhistas

e vantagens de qualquer espécie e natureza a serem percebidos pelos seus dirigentes,

empregados, contratados como consultores ou prestadores sistemáticos de serviço e ser-

vidores a ela cedidos, observada, quanto a estes últimos, as vedações contida nas Sub-

cláusulas Quinta e Oitava deste dispositivo.

Subcláusula Primeira – O Estado de Pernambuco promoverá, às suas expensas, a cessão

de servidores pertencentes ao seu quadro permanente de pessoal, que venham a ser soli-

citados pelo Itep/OS para atendimento dos objetivos deste contrato, sem que os mesmos

percam a condição de servidores públicos estaduais ostentada.

Subcláusula Segunda – O Estado de Pernambuco assegurará aos servidores cedidos ao

Itep-OS a manutenção do regime jurídico estatutário e todos os direitos e vantagens, pe-

cuniárias ou não, diretas ou indiretas, que os mesmos detenham na data da cessão, so-

bretudo as previstas pelas seguintes normas: EC 16/99; LC 03; LC 13/95; LC 17/96; LC

028/00; LC 41/ e LC 47/03; LO 6.123/68; LO 11.216/9; LO 11.627/98 e LO 11.863/00,

Decretos Estaduais 19.063/96; 22.111/00 e 25.208/03, bem como as que vierem a ser

concedidas aos servidores públicos estaduais, em especial majoração de vencimentos e a

concessão de benefícios.

Page 49: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

4�

Subcláusula Terceira – Em razão da manutenção do vínculo jurídico do servidor público com

o Estado de Pernambuco, com todas as vantagens e benefícios assegurados pela Lei e

por este Instrumento, considerando a natureza jurídica da cessão de pessoal, bem como o

interesse público do Estado de Pernambuco na consecução do presente ajuste, não carac-

terizam contrato de trabalho, em relação ao Itep-OS, nem ao Estado de Pernambuco, os

trabalhos desenvolvidos pelos cedidos em favor do cessionário.

Subcláusula Quarta – Não subsistirá obrigação de qualquer espécie e natureza, indireta ou

subsidiária, do Estado de Pernambuco frente aos empregados do Itep-OS, ainda que estes

tenham executado tarefas relacionadas com o objeto do presente instrumento, e, na hipóte-

se de o Estado de Pernambuco vir a ser compelido, administrativa ou judicialmente, a pagar

ou indenizar qualquer integrante do quadro de pessoal daquele, a qualquer título, o Itep-OS

obriga-se a promover o ressarcimento dos respectivos valores devidamente atualizados.

Subcláusula Quinta – Os servidores públicos cedidos ao Itep-OS atuarão na consecução

dos objetivos e metas deste CONTRATO, vedado ao Itep-OS, com recursos provenientes

do Anexo III, pagar-lhes qualquer vantagem pecuniária, ainda que transitória, salvo se hou-

ver, para tanto, lei específica autorizativa.

Subcláusula Sexta – O Itep-OS, mediante autorização do seu Conselho de Administração,

poderá remunerar servidores que lhe forem cedidos, para exercerem cargos ou funções de

gestão, desde que utilize recursos provenientes de receita própria.

Subcláusula Sétima - Com vistas a apoiar o desenvolvimento de pesquisas, a produção tec-

nológica, bem como a manutenção de um quadro qualificado, o Itep-OS poderá conceder

aos servidores cedidos envolvidos em projetos estratégicos institucionais, incentivo finan-

ceiro através de bolsa de estímulo à inovação, prevista em legislação específica estadual.

Sucláusula Oitava - Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do

servidor cedido qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga com recursos próprios

da organização social.

Subcláusula Nona – Na gestão dos servidores públicos cedidos na forma desta cláusula,

caberá ao Estado de Pernambuco, através do IRH ou órgão cedente ouvido, quando for o

caso, o Itep-OS, a concessão de direitos como férias, licenças e aposentadorias.

Subcláusula Décima - O Itep-OS compromete-se, no prazo deste CONTRATO, a não ceder

a qualquer instituição pública ou privada os servidores públicos estaduais postos à sua

disposição através do presente instrumento.

Page 50: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

50

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

CLÁUSULA SÉTIMA - DA CESSÃO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

Permanecerão cedidos ao Itep-OS, em caráter precário, a título de permissão de uso e pelo

prazo do presente Contrato, os bens móveis e imóveis, equipamentos e instalações da

extinta Fundação Instituto Tecnológico do Estado de Pernambuco, conforme arrolamento

constante do Anexo VI, cabendo à permissionária mantê-los e deles cuidar como se seus

fossem, restrito o uso e destinação à consecução das finalidades traçadas na cláusula pri-

meira e observados os objetivos e metas previstos nos Planos Anuais.

Subcláusula Única - Os bens móveis e imóveis cedidos na forma desta cláusula poderão,

mediante prévia avaliação e expressa autorização da Sectma, observada quanto aos bens

imóveis, a necessidade de prévia autorização legislativa, ser alienados e substituídos por

outros de igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem, mediante termo

de doação expresso, o patrimônio do Estado.

CLÁUSULA OITAVA - DA FISCALIZAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E

DA AVALIAÇÃO DE RESULTADOS

No âmbito deste CONTRATO, o Estado de Pernambuco (Sectma) e a Agência Estadual de

Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado de Pernambuco (Arpe), serão res-

ponsáveis pela fiscalização de sua execução, cabendo-lhes, ainda, a supervisão, o acom-

panhamento e a avaliação do desempenho do Itep-OS, de acordo com os objetivos, metas

e indicadores de desempenho constantes deste instrumento e dos Planos Anuais.

Subcláusula Primeira – O Itep-OS e a Sectma indicarão profissionais de seus respectivos

quadros de pessoal como gestores do presente contratos.

Subcláusula Segunda - Será criada e custeada pela Sectma e pela Arpe uma Comissão

Permanente de Avaliação, composta por especialistas brasileiros de notória capacidade e

adequada qualificação, para subsidiá-las nas atividades de acompanhamento e avaliação

técnico-científica, que emitirá e encaminhará à Sectma e à Arpe relatório conclusivo da

análise dos resultados da execução deste Contrato pelo Itep-OS, a qual será integrada

por especialistas estrangeiros, na hipótese em que os objetivos deste contrato venham a

ser vinculados direta ou indiretamente a um Organismo Internacional por decorrência de

contrato ou convênio.

Subcláusula Terceira – A Sectma, a Arpe e o Itep reunir-se-ão ordinariamente no início do

segundo semestre para proceder ao acompanhamento e à avaliação do grau de atendi-

mento das metas, e, extraordinariamente, caso necessário, para renegociação das metas,

indicadores e respectivo cronograma de desembolso.

Page 51: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

51

Subcláusula Quarta - A Sectma, a Sare, a Sefaz e a Arpe designarão representantes para par-

ticipar das reuniões de acompanhamento referidas na Subcláusula Terceira deste dispositivo.

Subcláusula Quinta – O Itep-OS fará publicar em veículo de grande circulação e na Internet

os relatórios de desempenho, financeiros e de execução deste contrato.

CLÁUSULA NONA - DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

O Itep-OS elaborará e apresentará à Sectma relatório anual, circunstanciado, de execução

do Contrato, comparando os resultados alcançados com as metas previstas, em conso-

nância com o Plano Anual, acompanhado de demonstrativo da adequada utilização dos re-

cursos públicos, da avaliação do desenvolvimento do CONTRATO, das análises gerenciais

cabíveis e de parecer técnico conclusivo sobre o período em questão.

Subcláusula Primeira – A Sectma e a Arpe poderão exigir, a qualquer tempo, ao Itep-OS

informações complementares e a apresentação de detalhamento de tópicos e informações

constantes dos relatórios.

Subcláusula Segunda - Caberá ao Itep-OS apresentar à Sectma, até o dia 28 de fevereiro

de cada ano, prestação de contas constituída de relatório pertinente à execução deste

Contrato, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcan-

çados.

CLÁUSULA DÉCIMA - DA VIGÊNCIA E DAS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS

O presente Contrato vigorará pelo prazo de 2 (dois) anos e poderá ser renovado ou ter seu

prazo dilatado, após demonstrada a consecução dos objetivos estratégicos e das metas

estabelecidas e mediante avaliação favorável da Sectma.

Subcláusula Única - A repactuação, parcial ou total, deste Contrato, formalizada mediante

termo aditivo e necessariamente precedida de justificativa da Sectma, poderá ocorrer:

I.Para adequações do programa de trabalho face à evolução científico-tecnológica da

área;

II. Para adequação de valores e metas;

III. Para ajuste das metas e revisão dos indicadores, resultantes das reuniões de acompa-

nhamento de que trata a Subcláusula Terceira da Cláusula Oitava;

IV. Para adequação a novas políticas de governo que inviabilizem a execução nas condições

contratuais originalmente pactuadas.

Page 52: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

52

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DA RESCISÃO

O presente Contrato poderá ser rescindido por acordo entre as partes ou administrativa-

mente, independentemente das demais medidas legais cabíveis, nas seguintes situações:

I. Se houver descumprimento, ainda que parcial, das cláusulas, dos planos, dos objetivos

e metas, decorrente de má gestão, culpa, dolo ou violação de lei ou do estatuto social por

parte do Itep;

II. Na hipótese de não atendimento às recomendações decorrentes da fiscalização realiza-

da, na forma da Cláusula Oitava;

III. Se houver alterações do Estatuto do Itep que impliquem modificação das condições de

sua qualificação como organização social ou de execução do presente.

Subcláusula Primeira - A rescisão administrativa será precedida de processo administrati-

vo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, com vistas à promoção da desqualificação

da organização social.

Subcláusula Segunda - No caso de rescisão administrativa, o Itep deverá, de imediato,

devolver ao Estado de Pernambuco todo o pessoal posto à sua disposição nos termos da

Cláusula Sexta supra, bem como os bens, cujo uso foi permitido de acordo com a Cláusula

Sétima, e, ainda, prestar contas da gestão dos recursos recebidos, procedendo à apuração

e à devolução do saldo existente.

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Os prontuários, registros, assentamentos de natureza técnica, bem como laudos, perícias,

publicações, certificados, fichas de anotações, cadastros, contratos, convênios documen-

tos dos serviços contratados e executados da extinta Fundação Instituto Tecnológico do

Estado de Pernambuco, permanecerão sob a custódia do Itep, que se obriga pela guarda,

zelo, e manutenção dos mesmos em bom Estado.

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - DO FORO

Fica eleito o foro da cidade do Recife, Capital do Estado de Pernambuco, para dirimir qual-

quer dúvida ou solucionar questões que não possam ser resolvidas administrativamente,

renunciando as partes a qualquer outro, por mais privilegiado que seja.

Page 53: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

53

E, por estarem, assim, justas e acordadas, as partes contratantes e intervenientes, man-

dam imprimir o presente Contrato por meios eletrônicos, em seis vias de igual teor e forma,

que, após lido a achado conforme, rubricam as 12 primeiras páginas que contém o verso

em branco e assinam no fecho da décima terceira e última página que também tem seu

verso em branco, juntamente com as testemunhas ao final identificadas para que produza

seus efeitos legais e jurídicos.

Recife (PE), em 1o de dezembro de 2005.

Jarbas de Andrade VasconcelosGovernador do Estado

Cláudio José Marinho Lúcio Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

Maurício Eliseu Costa RomãoSecretário de Estado de Administração e Reforma do Estado

Maria José Briano Secretária de Estado da Fazenda

Mara Regina de Carvalho Annunciato Diretora Presidente do IRH

Fátima Maria Miranda Brayner Diretora Presidente do Itep

Page 54: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

54

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

TESTEMUNHAS

nome nome

CPF CPF

RG RG

End. End.

ANEXOS

I. Conjunto das diretrizes propostas pela Sectma para o estímulo ao desenvolvimento do

Estado de Pernambuco;

II. Objetivos contidos no Planejamento Estratégico 2005/2008, no Plano Anual de Metas e

respectivos indicadores;

III. Cronograma de desembolso financeiro;

IV. Relação de pessoal cedido;

V. Relação de patrimônio cedido.

Page 55: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

55

LEGISLAÇÃO BÁSICA DE OSCIP

LEI FEDERAL 9.790, DE 23/3/99

Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem

fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse pú-

blico, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I - DA QUALIFICAÇÃO COMO ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE

CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO

Artigo 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú-

blico as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos

objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta lei.

§ 1o Para os efeitos desta lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de

direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, dire-

tores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,

dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante

o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo

objeto social.

§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos

requisitos instituídos por esta lei.

Artigo 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil

de Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no

artigo 3o desta lei:

I - as sociedades comerciais;

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;

III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práti-

cas e visões devocionais e confessionais;

Page 56: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

56

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um cír-

culo restrito de associados ou sócios;

VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;

IX - as organizações sociais;

X - as cooperativas;

XI - as fundações públicas;

XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão

público ou por fundações públicas;

XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema

financeiro nacional a que se refere o artigo 192 da Constituição Federal.

Artigo 3o A qualificação instituída por esta lei, observado em qualquer caso, o princí-

pio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das organizações,

somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos

objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;

II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação

das organizações de que trata esta lei;

IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das

organizações de que trata esta lei;

V - promoção da segurança alimentar e nutricional;

VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento

sustentável;

VII - promoção do voluntariado;

VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alter-

nativos de produção, comércio, emprego e crédito;

X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica

gratuita de interesse suplementar;

Page 57: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

57

XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de

outros valores universais;

XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divul-

gação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às ativi-

dades mencionadas neste artigo.

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas con-

figura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas,

por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de

serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do

setor público que atuem em áreas afins.

Artigo 4o Atendido o disposto no artigo 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessa-

das sejam regidas por estatutos cujas normas expressamente disponham sobre:

I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,

economicidade e da eficiência;

II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a

obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decor-

rência da participação no respectivo processo decisório;

III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para

opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações

patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;

IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido

será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta lei, preferencialmente

que tenha o mesmo objeto social da extinta;

V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por

esta lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante

o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica quali-

ficada nos termos desta lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;

VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que

atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços espe-

cíficos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região

correspondente a sua área de atuação;

VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determi-

narão, no mínimo:

a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de

Contabilidade;

Page 58: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

58

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal,

ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as

certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para

exame de qualquer cidadão;

c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso,

da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em

regulamento;

d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o

parágrafo único do artigo 70 da Constituição Federal.

Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na composição de con-

selho de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, vedada a percepção de

remuneração ou subsídio, a qualquer título (incluído pela Lei 10.539, de 2002).

Artigo 5o Cumpridos os requisitos dos artigos 3o e 4o desta lei, a pessoa jurídica de

direito privado sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por esta

lei, deverá formular requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com cópias

autenticadas dos seguintes documentos:

I - estatuto registrado em cartório;

II - ata de eleição de sua atual diretoria;

III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;

IV - declaração de isenção do imposto de renda;

V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes.

Artigo 6o Recebido o requerimento previsto no artigo anterior, o Ministério da Justiça

decidirá, no prazo de 30 dias, deferindo ou não o pedido.

§ 1o No caso de deferimento, o Ministério da Justiça emitirá, no prazo de 15 dias da decisão, certi-

ficado de qualificação da requerente como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o Indeferido o pedido, o Ministério da Justiça, no prazo do § 1o, dará ciência da decisão,

mediante publicação no Diário Oficial.

§ 3o O pedido de qualificação somente será indeferido quando:

I - a requerente enquadrar-se nas hipóteses previstas no artigo 2o desta lei;

II - a requerente não atender aos requisitos descritos nos artigos 3o e 4o desta lei;

III - a documentação apresentada estiver incompleta.

Page 59: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

5�

Artigo 7o Perde-se a qualificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Pú-

blico, a pedido ou mediante decisão proferida em processo administrativo ou judicial, de

iniciativa popular ou do Ministério Público, no qual serão assegurados, ampla defesa e o

devido contraditório.

Artigo 8o Vedado o anonimato, e desde que amparado por fundadas evidências de erro

ou fraude, qualquer cidadão, respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, é parte

legítima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação instituída por

esta lei.

CAPÍTULO II - DO TERMO DE PARCERIA

Artigo 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de

ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade

Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o

fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no artigo 3º desta lei.

Artigo 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos, responsabilida-

des e obrigações das partes signatárias.

§ 1o A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos de Po-

líticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis

de governo.

§ 2o São cláusulas essenciais do Termo de Parceria:

I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;

II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos

de execução ou cronograma;

III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem

utilizados, mediante indicadores de resultado;

IV - a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipu-

lando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o detalhamento das

remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vincula-

dos ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores;

V - a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as quais

a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a execução

do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas

Page 60: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

60

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e recei-

tas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no inciso IV;

VI - a de publicação, na imprensa oficial do município, do Estado ou da União, conforme o

alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade

Civil de Interesse Público, de extrato do Termo de Parceria e de demonstrativo da sua exe-

cução física e financeira, conforme modelo simplificado estabelecido no regulamento desta

lei, contendo os dados principais da documentação obrigatória do inciso V, sob pena de

não liberação dos recursos previstos no Termo de Parceria.

Artigo 11. A execução do objeto do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada

por órgão do Poder Público da área de atuação correspondente à atividade fomentada, e

pelos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes,

em cada nível de governo.

§ 1o Os resultados atingidos com a execução do Termo de Parceria devem ser analisados

por comissão de avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro e a Organi-

zação da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o A comissão encaminhará à autoridade competente relatório conclusivo sobre a

avaliação procedida.

§ 3o Os Termos de Parceria destinados ao fomento de atividades nas áreas de que trata

esta lei estarão sujeitos aos mecanismos de controle social previstos na legislação.

Artigo 12. Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao tomarem co-

nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de

origem pública pela organização parceira, darão imediata ciência ao Tribunal de Contas

respectivo e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária.

Artigo 13. Sem prejuízo da medida a que se refere o artigo 12 desta lei, havendo in-

dícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis

pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União, para que

requeiram ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e

o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que

possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, além de outras

medidas consubstanciadas na Lei 8.429, de 2 de junho de 1992, e na Lei Complementar

64, de 18 de maio de 1990.

§ 1o O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos artigos 822 e

825 do Código de Processo Civil.

§ 2o Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,

contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos

da lei e dos tratados internacionais.

Page 61: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

61

§ 3o Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos

bens e valores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades

sociais da organização parceira.

Artigo 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de 30 dias, contado

da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os procedimentos que

adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de

recursos provenientes do Poder Público, observados os princípios estabelecidos no inciso

I do artigo 4o desta lei.

Artigo 15. Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da ce-

lebração do Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.

CAPÍTULO III - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo16. É vedada às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil

de Interesse Público a participação em campanhas de interesse político-partidário ou elei-

torais, sob quaisquer meios ou formas.

Artigo 17. O Ministério da Justiça permitirá, mediante requerimento dos interessados,

livre acesso público a todas as informações pertinentes às Organizações da Sociedade

Civil de Interesse Público.

Artigo 18. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, qualificadas com

base em outros diplomas legais, poderão qualificar-se como Organizações da Sociedade

Civil de Interesse Público, desde que atendidos os requisitos para tanto exigidos, sendo-

lhes assegurada a manutenção simultânea dessas qualificações, até dois anos contados da

data de vigência desta lei. (Vide Medida Provisória 216-37, de 2001)

§ 1o Findo o prazo de dois anos, a pessoa jurídica interessada em manter a qualificação

prevista nesta lei deverá por ela optar, fato que implicará a renúncia automática de suas

qualificações anteriores. (Vide Medida Provisória 2.216-37, de 2001)

§ 2o Caso não seja feita a opção prevista no parágrafo anterior, a pessoa jurídica perderá

automaticamente a qualificação obtida nos termos desta lei.

Artigo 19. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 30 dias.

Artigo 20. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Page 62: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

62

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Brasília, 23 de março de 1999; 178o da Independência e 111o da República.Fernando Henrique Cardoso

Renan Calheiros Pedro Mallan

Ailton Barcelos Fernandes Paulo Renato Souza Francisco Dornelles

Waldeck Ornélas José Serra Paulo Paiva

Clovis de Barros Carvalho Este texto não substitui o publicado no DOU de 24/03/1999

Page 63: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

63

DECRETO FEDERAL 3.100, DE 30/6/99

Regulamenta a Lei 9.790, de 23 de março de 1999,

que dispõe acerca da qualificação de pessoas jurídicas

de direito privado, sem fins lucrativos, como Organiza-

ções da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e

disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 84, incisos

IV e VI, da Constituição,

DECRETA:

Artigo 1o O pedido de qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público será dirigido, pela pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que preen-

cha os requisitos dos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei n. 9.790, de 23 de março de 1999, ao

Ministério da Justiça por meio do preenchimento de requerimento escrito e apresentação

de cópia autenticada dos seguintes documentos:

I - estatuto registrado em cartório;

II - ata de eleição de sua atual diretoria;

III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;

IV - declaração de isenção do imposto de renda; e

V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

(CGC/CNPJ).

Artigo 2o O responsável pela outorga da qualificação deverá verificar a adequação

dos documentos citados no artigo anterior com o disposto nos artigos 2º, 3º e 4º da Lei n.

9.790, de 1999, devendo observar:

I - se a entidade tem finalidade pertencente à lista do artigo 3º daquela lei;

II - se a entidade está excluída da qualificação de acordo com o artigo 2º daquela lei;

III - se o estatuto obedece aos requisitos do artigo 4º daquela lei;

IV - na ata de eleição da diretoria, se é a autoridade competente que está solicitando a

qualificação;

V - se foi apresentado o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício;

VI - se a entidade apresentou a declaração de isenção do imposto de renda à Secretaria da

Page 64: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

64

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Receita Federal; e

VII - se foi apresentado o CGC/CNPJ.

Artigo 3o O Ministério da Justiça, após o recebimento do requerimento, terá o prazo

de 30 dias para deferir ou não o pedido de qualificação, ato que será publicado no Diário

Oficial da União no prazo máximo de 15 dias da decisão.

§ 1o No caso de deferimento, o Ministério da Justiça emitirá, no prazo de 15 dias da

decisão, o certificado da requerente como Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público.

§ 2o Deverão constar da publicação do indeferimento as razões pelas quais foi denegado o

pedido.

§ 3o A pessoa jurídica sem fins lucrativos que tiver seu pedido de qualificação indeferido

poderá reapresentá-lo a qualquer tempo.

Artigo 4o Qualquer cidadão, vedado o anonimato e respeitadas as prerrogativas do

Ministério Público, desde que amparado por evidências de erro ou fraude, é parte legítima

para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação como Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público.

Parágrafo único. A perda da qualificação dar-se-á mediante decisão proferida em processo

administrativo, instaurado no Ministério da Justiça, de ofício ou a pedido do interessado, ou

judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, nos quais serão assegurados a ampla

defesa e o contraditório.

Artigo 5o Qualquer alteração da finalidade ou do regime de funcionamento da organi-

zação, que implique mudança das condições que instruíram sua qualificação, deverá ser

comunicada ao Ministério da Justiça, acompanhada de justificativa, sob pena de cancela-

mento da qualificação.

Artigo 6o Para fins do artigo 3º da Lei n. 9.790, de 1999, entende-se:

I - como Assistência Social, o desenvolvimento das atividades previstas no artigo 3º da Lei

Orgânica da Assistência Social;

II - por promoção gratuita da saúde e educação, a prestação destes serviços realizada pela

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público mediante financiamento com seus

próprios recursos.

§ 1o Não são considerados recursos próprios aqueles gerados pela cobrança de serviços de qual-

quer pessoa física ou jurídica, ou obtidos em virtude de repasse ou arrecadação compulsória.

§ 2o O condicionamento da prestação de serviço ao recebimento de doação, contrapartida

ou equivalente não pode ser considerado como promoção gratuita do serviço.

Page 65: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

65

Artigo 7o Entende-se como benefícios ou vantagens pessoais, nos termos do inciso II

do artigo 4o da Lei n. 9.790, de 1999, os obtidos:

I - pelos dirigentes da entidade e seus cônjuges, companheiros e parentes colaterais ou

afins até o terceiro grau;

II - pelas pessoas jurídicas das quais os mencionados acima sejam controladores ou dete-

nham mais de 10% das participações societárias.

Artigo 8º Será firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Orga-

nizações da Sociedade Civil de Interesse Público, Termo de Parceria destinado à formação

de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de

interesse público previstas no artigo 3º da Lei n. 9.790, de 1999.

Parágrafo único. O órgão estatal firmará o Termo de Parceria mediante modelo padrão pró-

prio, do qual constarão os direitos, as responsabilidades e as obrigações das partes e as

cláusulas essenciais descritas no artigo 10, § 2º da Lei n. 9.790, de 1999.

Artigo 9º O órgão estatal responsável pela celebração do Termo de Parceria verificará

previamente o regular funcionamento da organização.

Artigo 10. Para efeitos da consulta mencionada no artigo 10, § 1º, da Lei n. 9.790,

de 1999, o modelo a que se refere o parágrafo único do artigo 8º deverá ser preenchido e

remetido ao Conselho de Política Pública competente.

§ 1o A manifestação do Conselho de Política Pública será considerada para a tomada de

decisão final em relação ao Termo de Parceria.

§ 2o Caso não exista Conselho de Política Pública da área de atuação correspondente, o órgão estatal

parceiro fica dispensado de realizar a consulta, não podendo haver substituição por outro Conselho.

§ 3o O Conselho de Política Pública terá o prazo de 30 dias, contado a partir da data de

recebimento da consulta, para se manifestar sobre o Termo de Parceria, cabendo ao órgão

estatal responsável, em última instância, a decisão final sobre a celebração do respectivo

Termo de Parceria.

§ 4o O extrato do Termo de Parceria, conforme modelo constante do Anexo I

deste decreto, deverá ser publicado pelo órgão estatal parceiro no Diário Oficial,

no prazo máximo de 15 dias após a sua assinatura.

Artigo 11. Para efeito do disposto no artigo 4º, inciso VII, alíneas “c” e “d”, da Lei n.

9.790, de 1999, entende-se por prestação de contas a comprovação da correta aplicação

dos recursos repassados à Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 1o As prestações de contas anuais serão realizadas sobre a totalidade das operações

patrimoniais e resultados das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

§ 2o A prestação de contas será instruída com os seguintes documentos:

Page 66: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

66

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

I - relatório anual de execução de atividades;

II - demonstração de resultados do exercício;

III - balanço patrimonial;

IV - demonstração das origens e aplicações de recursos;

V - demonstração das mutações do patrimônio social;

VI - notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário; e

VII - parecer e relatório de auditoria nos termos do artigo 19 deste decreto, se for o caso.

Artigo 12. Para efeito do disposto no § 2o, inciso V, do artigo 10 da Lei n. 9.790, de

1999, entende-se por prestação de contas relativa à execução do Termo de Parceria a

comprovação, perante o órgão estatal parceiro, da correta aplicação dos recursos públicos

recebidos e do adimplemento do objeto do Termo de Parceria, mediante a apresentação

dos seguintes documentos:

I - relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo entre

as metas propostas e os resultados alcançados;

II - demonstrativo integral da receita e despesa realizadas na execução;

III - parecer e relatório de auditoria, nos casos previstos no artigo 19; e

IV - entrega do extrato da execução física e financeira estabelecido no artigo 18.

Artigo 13. O Termo de Parceria poderá ser celebrado por período superior ao do

exercício fiscal.

§ 1o Caso expire a vigência do Termo de Parceria sem o adimplemento total do seu objeto

pelo órgão parceiro ou havendo excedentes financeiros disponíveis com a Organização da

Sociedade Civil de Interesse Público, o referido Termo poderá ser prorrogado.

§ 2o As despesas previstas no Ter mo de Parceria e realizadas no período compreendido

entre a data original de encerramento e a formalização de nova data de término serão con-

sideradas como legítimas, desde que cobertas pelo respectivo empenho.

Artigo 14. A liberação de recursos financeiros necessários à execução do Termo de

Parceria far-se-á em conta bancária específica, a ser aberta em banco a ser indicado pelo

órgão estatal parceiro.

Artigo 15. A liberação de recursos para a implementação do Termo de Parceria obede-

cerá ao respectivo cronograma, salvo se autorizada sua liberação em parcela única.

Artigo 16. É possível a vigência simultânea de um ou mais Termos de Parceria, ainda

que com o mesmo órgão estatal, de acordo com a capacidade operacional da Organização

da Sociedade Civil de Interesse Público.

Page 67: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

67

Artigo 17. O acompanhamento e a fiscalização por parte do Conselho de Política

Pública de que trata o artigo 11 da Lei n. 9.790, de 1999, não pode introduzir nem induzir

modificação das obrigações estabelecidas pelo Termo de Parceria celebrado.

§ 1o Eventuais recomendações ou sugestões do Conselho sobre o acompanhamento dos

Termos de Parceria deverão ser encaminhadas ao órgão estatal parceiro, para adoção de

providências que entender cabíveis.

§ 2o O órgão estatal parceiro informará ao Conselho sobre suas atividades de acompanhamento.

Artigo 18. O extrato da execução física e financeira, referido no artigo 10, § 2º, inciso

VI, da Lei n. 9.790, de 1999, deverá ser preenchido pela Organização da Sociedade Civil

de Interesse Público e publicado na imprensa oficial da área de abrangência do projeto, no

prazo máximo de 60 dias após o término de cada exercício financeiro, de acordo com o

modelo constante do Anexo II deste decreto.

Artigo 19. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá realizar audi-

toria independente da aplicação dos recursos objeto do Termo de Parceria, de acordo com

a alínea “c”, inciso VII, do artigo 4o da Lei n. 9.790, de 1999, nos casos em que o montante

de recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00.

§ 1o O disposto no caput aplica-se também aos casos onde a Organização da Sociedade

Civil de Interesse Público celebre concomitantemente vários Termos de Parceria com um

ou vários órgãos estatais e cuja soma ultrapasse aquele valor.

§ 2o A auditoria independente deverá ser realizada por pessoa física ou jurídica habilitada

pelos Conselhos Regionais de Contabilidade.

§ 3o Os dispêndios decorrentes dos serviços de auditoria independente deverão ser inclu-

ídos no orçamento do projeto como item de despesa.

§ 4o Na hipótese do § 1o, poderão ser celebrados aditivos para efeito do disposto no pará-

grafo anterior.

Artigo 20. A comissão de avaliação de que trata o artigo 11, § 1º, da Lei n. 9.790, de

1999, deverá ser composta por dois membros do respectivo Poder Executivo, um da Orga-

nização da Sociedade Civil de Interesse Público e um membro indicado pelo Conselho de

Política Pública da área de atuação correspondente, quando houver.

Parágrafo único. Competirá à comissão de avaliação monitorar a execução de Termo

de Parceria.

Artigo 21. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público fará publicar na im-

prensa oficial da União, do Estado ou do município, no prazo máximo de 30 dias, contado a

partir da assinatura do Termo de Parceria, o regulamento próprio a que se refere o artigo 14

da Lei n. 9.790, de 1999, remetendo cópia para conhecimento do órgão estatal parceiro.

Page 68: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

68

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Artigo 22. Para os fins dos artigos 12 e 13 da Lei n. 9.790, de 1999, a Organização

Sociedade Civil de Interesse Público indicará, para cada Termo de Parceria, pelo menos um

dirigente, que será responsável pela boa administração dos recursos recebidos.

Parágrafo único. O nome do dirigente ou dos dirigentes indicados será publicado no extrato

do Termo de Parceria.

Artigo 23. A escolha da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, para

a celebração do Termo de Parceria, poderá ser feita por meio de publicação de edital de

concursos de projetos pelo órgão estatal parceiro para obtenção de bens e serviços e para

a realização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica e assessoria.

Parágrafo único. Instaurado o processo de seleção por concurso, é vedado ao Poder

Público celebrar Termo de Parceria para o mesmo objeto, fora do concurso iniciado.

Artigo 24. Para a realização de concurso, o órgão estatal parceiro deverá preparar,

com clareza, objetividade e detalhamento, a especificação técnica do bem, do projeto, da

obra ou do serviço a ser obtido ou realizado por meio do Termo de Parceria.

Artigo 25. Do edital do concurso deverá constar, no mínimo, informações sobre:

I - prazos, condições e forma de apresentação das propostas;

II - especificações técnicas do objeto do Termo de Parceria;

III - critérios de seleção e julgamento das propostas;

IV - datas para apresentação de propostas;

V - local de apresentação de propostas;

VI - datas do julgamento e data provável de celebração do Termo de Parceria; e

VII - valor máximo a ser desembolsado.

Artigo 26. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá apresentar

seu projeto técnico e o detalhamento dos custos a serem realizados na sua implementação

ao órgão estatal parceiro.

Artigo 27. Na seleção e no julgamento dos projetos, levar-se-ão em conta:

I - o mérito intrínseco e adequação ao edital do projeto apresentado;

II - a capacidade técnica e operacional da candidata;

III - a adequação entre os meios sugeridos, seus custos, cronogramas e resultados;

IV - o ajustamento da proposta às especificações técnicas;

V - a regularidade jurídica e institucional da Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público; e

Page 69: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

6�

VI - a análise dos documentos referidos no artigo 11, § 2o, deste decreto.

Artigo 28. Obedecidos aos princípios da administração pública, são inaceitáveis como

critério de seleção, de desqualificação ou pontuação:

I - o local do domicílio da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ou a exi-

gência de experiência de trabalho da organização no local de domicílio do órgão parceiro

estatal;

II - a obrigatoriedade de consórcio ou associação com entidades sediadas na localidade

onde deverá ser celebrado o Termo de Parceria;

III - o volume de contrapartida ou qualquer outro benefício oferecido pela Organização da

Sociedade Civil de Interesse Público.

Artigo 29. O julgamento será realizado sobre o conjunto das propostas das Organiza-

ções da Sociedade Civil de Interesse Público, não sendo aceitos como critérios de julga-

mento os aspectos jurídicos, administrativos, técnicos ou operacionais não estipulados no

edital do concurso.

Artigo 30. O órgão estatal parceiro designará a comissão julgadora do concurso, que

será composta, no mínimo, por um membro do Poder Executivo, um especialista no tema

do concurso e um membro do Conselho de Política Pública da área de competência, quan-

do houver.

§ 1o O trabalho dessa comissão não será remunerado.

§ 2o O órgão estatal deverá instruir a comissão julgadora sobre a pontuação pertinente a

cada item da proposta ou projeto e zelará para que a identificação da organização propo-

nente seja omitida.

§ 3o A comissão pode solicitar ao órgão estatal parceiro informações adicionais sobre os projetos.

§ 4o A comissão classificará as propostas das Organizações da Sociedade Civil de Interes-

se Público obedecidos aos critérios estabelecidos neste decreto e no edital.

Artigo 31. Após o julgamento definitivo das propostas, a comissão apresentará, na

presença dos concorrentes, os resultados de seu trabalho, indicando os aprovados.

§ 1o O órgão estatal parceiro:

I - não examinará recursos administrativos contra as decisões da comissão julgadora;

II - não poderá anular ou suspender administrativamente o resultado do concurso nem

celebrar outros Termos de Parceria, com o mesmo objeto, sem antes finalizar o processo

iniciado pelo concurso.

§ 2o Após o anúncio público do resultado do concurso, o órgão estatal parceiro o homologará, sen-

do imediata a celebração dos Termos de Parceria pela ordem de classificação dos aprovados.

Page 70: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

70

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Artigo 32. O ministro de Estado da Justiça baixará portaria no prazo de 15 dias, a partir

da publicação deste decreto, regulamentando os procedimentos para a qualificação.

Artigo 33. Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 30 de junho de 1999; 178º da Independência e 111º da República. Fernando Henrique Cardoso

Paulo Affonso Martins de Oliveira Pedro Parente

Clovis de Barros CarvalhoDOU de, 13/7/1999

ANEXO I

(Nome do Órgão Público)

Extrato de Termo de parceria

Custo do projeto:

Local de realização do projeto:

Data de assinatura do TP:___/___/___ Início do projeto: ___/___/___ Término ___/___/___

Objeto do Termo de Parceria (descrição sucinta do projeto):

Nome da Oscip:

Endereço:

Cidade: UF: CEP:

Tel.: Fax: E-mail:

Nome do responsável do projeto:

Cargo/Função:

Page 71: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

71

ANEXO II

(Nome do Órgão Público)

Extrato de Relatório de Execução Física e Financeira de Termo de Parceria

Custo do projeto:

Local de realização do projeto:

Data de assinatura do TP ___/___/___ Início do projeto ___/___/___ Término ___/___/____

Objetivos do projeto:

Resultados alcançados:

Custos de implementação do projeto

Categorias de despesa

Previsto

Realizado

Diferença

Totais:

Nome da Oscip:

Endereço:

Cidade: UF: CEP:

Tel.: Fax: E-mail:

Nome do responsável do projeto:

Cargo/Função:

Page 72: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 73: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

73

LEI 11.598, DE 15/12/03

Estabelece disposições relativas às Organiza-

ções da Sociedade Civil de Interesse Público.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1o Fica instituído, no âmbito do Estado, o Termo de Parceria, instrumento pas-

sível de ser firmado entre os entes da Administração Estadual e as entidades qualifica-

das como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, destinado à formação

de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades

de interesse público discriminadas no artigo 3º da Lei Federal n. 9.790, de 23 de março

de 1999.

Artigo 2o O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as

Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, devidamente qualificada nos termos

da Lei Federal n. 9.790, de 23 de março de 1999, discriminará direitos, responsabilidades

e obrigações dos signatários.

Artigo 3o São cláusulas obrigatórias do Termo de Parceria:

I - de objeto, que deverá conter a especificação detalhada do programa de trabalho propos-

to pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;

II - de estipulação de metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de

execução;

III - de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem uti-

lizados, mediante indicadores de resultados;

IV - de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipu-

lando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e detalhamento das

remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos com recursos oriundos ou vincula-

dos ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados ou consultores;

V - de estabelecimento das obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as

quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a

execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico de metas pro-

postas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e

receitas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no inciso IV;

Page 74: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

74

VI - de publicação na Imprensa Oficial do Estado do resumo do Termo de Parceria, conten-

do demonstrativo de sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado esta-

belecido na Lei Federal n. 9.790, de 23 de março de 1999, contendo os dados principais da

documentação obrigatória do inciso V, sob pena de não liberação dos recursos previstos

no Termo de Parceria.

Artigo 4o A execução do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada pelo órgão

da Administração Estadual signatário do instrumento, que a qualquer momento poderá re-

quisitar informações e a devida prestação de contas.

Artigo 5o A prestação de contas, que deverá ser realizada anualmente e ao término do

Termo de Parceria, deve ser instruída com os seguintes documentos:

I - relatório anual de execução de atividades;

II - demonstração do resultado do exercício;

III - balanço patrimonial;

IV - demonstração das origens e aplicações dos recursos;

V - demonstração das mutações do patrimônio social;

VI - parecer e relatório de auditoria nos termos do artigo 13, se for o caso.

Parágrafo único Para efeito do disposto no caput deste artigo, entende-se por prestação

de contas a comprovação, por parte da Organização perante o órgão estadual parceiro, da

correta aplicação dos recursos públicos recebidos e do adimplemento do objeto do Termo

de Parceria, mediante apresentação dos seguintes documentos:

1. relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo entre

metas propostas e os resultados alcançados;

2. demonstrativo integral da receita e despesa realizada na execução do Termo de Parceria;

3. parecer e relatório da auditoria, quando necessária;

4. entrega do extrato de execução física e financeira previsto no inciso VI

do artigo 3o.

Artigo 6o Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria que tomarem co-

nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de

origem pública pela organização parceira, deverão representar imediatamente ao Tribunal

de Contas e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária.

Parágrafo único - Qualquer cidadão que tomar ciência de malversação de bens ou recursos

públicos poderá representar ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, para que estes

tomem as medidas administrativas e judiciais cabíveis.

Page 75: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

75

Artigo 7º Caso a Organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da cele-

bração do Termo de Parceria, será este gravado com cláusula de inalienabilidade.

Artigo 8º Antes da celebração do Termo de Parceria, deverá o órgão da adminis-

tração estadual interessado na assinatura do instrumento verificar se a qualificação de

Organização da Sociedade de Interesse Público ainda tem validade, bem como se não

existe processo administrativo no Ministério da Justiça solicitando o cancelamento da

qualificação da entidade interessada.

Artigo 9o Qualquer mudança no estatuto da entidade realizada posteriormente à assi-

natura do Termo de Parceria deverá ser comunicada imediatamente ao órgão estadual.

Artigo 10. Caso o Termo de Parceria termine sem o adimplemento total do objeto ou

havendo excedentes financeiros disponíveis com a Organização, poderá o referido Termo

ser prorrogado.

Artigo 11. A movimentação dos recursos destinados ao cumprimento do Termo de

Parceria deverá ser feita em conta corrente específica, a ser aberta em instituição financei-

ra indicada pelo órgão estadual parceiro.

Artigo 12. A liberação de recursos para execução do Termo de Parceria deverá ser

realizada de acordo com o cronograma apresentado.

Artigo 13. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá realizar audi-

toria independente da aplicação dos recursos objetos do Termo de Parceria, nos casos em

que o valor do dispêndio seja igual ou superior a R$ 600.000,00.

Artigo 14. Aplicam-se, no que couber ao âmbito estadual, as disposições da Lei Fe-

deral n. 9.790, de 23 de março de 1999 e do Decreto Federal n. 3.100, de 30 de junho de

1999.

Artigo 15. As despesas decorrentes da implantação desta lei correrão por conta das

dotações orçamentárias, suplementadas se necessário.

Artigo 16. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposi-

ções em contrário.

Palácio dos Bandeirantes, aos 15 de dezembro de 2003.Geraldo Alckmin

Alexandre de MoraesSecretário da Justiça e da Defesa da Cidadania

Eduardo Refinetti GuardiãSecretário da Fazenda

Gabriel Benedito Issaac ChalitaSecretário da Educação

Page 76: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

76

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Luiz Roberto Barradas BarataSecretário da Saúde

Andréa Sandro CalabiSecretária de Economia e Planejamento

Cláudia Maria CostinSecretária da Cultura

José GoldembergSecretário do Meio Ambiente

Maria Helena Guimarães de CastroSecretária de assistência e Desenvolvimento Social

Arnaldo MadeiraSecretário - Chefe da Casa Civil

Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 15 de dezembro de 2003.

Page 77: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

77

DECRETO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO 46.979, DE 6/2/06

Dispõe acerca do fomento à execução de atividades de interesse públi-

co, com base na Lei Federal 9.790, de 23 de março de 1999, que re-

gula a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lu-

crativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são con-

feridas por lei,

CONSIDERANDO a necessidade de estimular, no âmbito da Administração Pública Municipal,

a adoção de formas inovadoras de gestão, com vistas à plena realização do princípio da efi-

ciência, dotando as políticas públicas e os objetivos estratégicos estabelecidos para os seus

diferentes setores da necessária agilidade e eficácia, bem como de procedimentos, critérios e

instrumentos que propiciem a solução mais adequada e vantajosa, tanto no tocante ao contro-

le público da prestação de contas, como na avaliação dos resultados alcançados,

Decreta:

Artigo 1o Ficam reconhecidas, no âmbito do Município de São Paulo, as entidades

qualificadas pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse

Público - Oscips, aptas ao desenvolvimento, em regime de cooperação, de projetos perti-

nentes às áreas enumeradas no artigo 3º da Lei Federal 9.790, de 23 de março de 1999.

§ 1o A formalização da gestão compartilhada dos projetos se dará por Termo de Parceria,

conforme minuta padrão constante do Anexo Único deste decreto.

§ 2o O Termo de Parceria referido no § 1º deste artigo poderá ser ajustado às necessidades

específicas de cada órgão da Administração Direta, mediante prévia anuência e orientação

da Secretaria Municipal de Gestão, respeitadas as cláusulas essenciais estabelecidas pelo

§ 2o do artigo 10 da Lei Federal 9.790, de 1999.

Artigo 2o Para os fins deste decreto, a escolha da Oscip dar-se-á mediante concurso

de projetos, a ser realizado pelo órgão interessado da Administração Direta, observadas as

normas gerais da Lei Federal 8.666, de 21 de junho de 1993, e respectivas alterações.

Parágrafo único. O concurso de projetos somente poderá ser dispensado se a entidade

enquadrar-se nas hipóteses previstas nos artigos 24 e 25 da Lei Federal 8.666, de 1993,

obedecidos os requisitos e formalidades neles estabelecidos.

Artigo 3o Somente poderão participar da gestão compartilhada de projetos as Oscips

que não estejam em mora com a prestação de contas de recursos recebidos de outras

Page 78: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

78

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

esferas de governo e que não tenham sido declaradas inidôneas pela Administração Pú-

blica ou punidas com suspensão do direito de firmar parcerias ou outros ajustes com a

Prefeitura do Município de São Paulo.

Artigo 4o Aos titulares dos órgãos da Administração Direta compete:

I - autorizar a gestão compartilhada de projeto previamente definido, justificando sua neces-

sidade e oportunidade;

II - designar Comissão Especial para proceder ao concurso de projetos das Oscips e homo-

logar sua decisão;

III - aprovar o Programa de Trabalho;

IV - designar Comissão de Avaliação para o acompanhamento e a fiscalização da execução

de cada Programa de Trabalho;

V - celebrar Termo de Parceria, observadas as disposições dos §§ 1º e 2º do artigo 1º des-

te decreto;

VI - autorizar a prorrogação do prazo dos ajustes, na forma da legislação pertinente, desde

que devidamente caracterizada a necessidade.

Parágrafo único. A Comissão de Avaliação deverá encaminhar, ao titular do órgão, relató-

rios bimestrais conclusivos sobre as avaliações procedidas.

Artigo 5o Incumbirá à Secretaria Municipal de Gestão definir e implantar o Cadastro

Municipal Único das Oscips interessadas, no prazo máximo de 180 dias contados da data

de publicação deste decreto.

Parágrafo único. A partir de sua implantação, o cadastramento a que se refere o caput des-

te artigo constituirá pré-requisito para a seleção das Oscips e o estabelecimento de víncu-

los com a Administração Municipal, em regime de cooperação, visando o desenvolvimento

de programas e projetos de gestão que se coadunem com suas finalidades.

Artigo 6o A Secretaria Municipal de Gestão editará as instruções complementares

necessárias ao cumprimento deste decreto.

Artigo 7o As despesas decorrentes da execução deste decreto correrão à conta das

dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

Artigo 8o Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Prefeitura do Município de São Paulo, aos 6/2/06, 453º da fundação de São Paulo. José Serra, prefeito

Januario Montone, secretário municipal de Gestão Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 6/2/06.

Aloysio Nunes Ferreira Filho, secretário do Governo Municipal

Page 79: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

7�

DECRETO 46.979, DE 6/2/06

RETIFICAÇÃO

da publicação do dia 7/2/06

No Anexo Único do

Leia-se como segue e não como constou:

No Preâmbulo

A PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, por intermédio do... (Órgão), com sede na

... (endereço completo), neste ato representado pelo ... (Titular do Órgão), ... (nome e qualifi-

cação) doravante denominada PARCEIRO PÚBLICO...

Na CLÁUSULA SÉTIMA - Subcláusula Terceira

... existindo ou não excedentes financeiros repassados à Oscip,...

Page 80: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 81: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

LEGISLAÇÃO BÁSICA DE OS

LEI 9.637, DE 15/5/98

Dispõe sobre a qualificação de entidades como a qualificação de entida-

des como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Pu-

blicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção

de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono

a seguinte Lei:

CAPÍTULO I - DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

Seção I - Da Qualificação

Artigo 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas

jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino,

à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio

ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

Artigo 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo

anterior habilitem-se à qualificação como organização social:

I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes

financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) previsão expressa de a entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de direção,

um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas

àquele composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas nesta Lei;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de repre-

sentantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade

profissional e idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria;

Page 82: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

82

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios

financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma

do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer hipó-

tese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro

da entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe fo-

ram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em

caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social qualificada

no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos Estados, do

Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e bens por estes alocados;

II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como orga-

nização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade

correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e

Reforma do Estado.

Seção II - Do Conselho de Administração

Artigo 3o O conselho de administração deve estar estruturado nos termos que dis-

puser o respectivo estatuto, observados, para os fins de atendimento dos requisitos de

qualificação, os seguintes critérios básicos:

I - ser composto por:

a) 20% a 40% de membros natos representantes do Poder Público, definidos pelo estatuto

da entidade;

b) 20% a 30% de membros natos representantes de entidades da sociedade civil, definidos

pelo estatuto;

c) até 10%, no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou os

associados;

d) 10% a 30% de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre pessoas

de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

e) até 10% de membros indicados ou eleitos na forma estabelecida pelo estatuto;

II - os membros eleitos ou indicados para compor o Conselho devem ter mandato

de quatro anos, admitida uma recondução;

Page 83: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

83

III - os representantes de entidades previstos nas alíneas “a” e “b” do inciso I devem cor-

responder a mais de 50% do Conselho;

IV - o primeiro mandato de metade dos membros eleitos ou indicados deve ser de dois

anos, segundo critérios estabelecidos no estatuto;

V - o dirigente máximo da entidade deve participar das reuniões do conselho, sem direito a

voto;

VI - o Conselho deve reunir-se ordinariamente, no mínimo, três vezes a cada ano e, extra-

ordinariamente, a qualquer tempo;

VII - os conselheiros não devem receber remuneração pelos serviços que, nesta condição,

prestarem à organização social, ressalvada a ajuda de custo por reunião da qual partici-

pem;

VIII - os conselheiros eleitos ou indicados para integrar a diretoria da entidade devem re-

nunciar ao assumirem funções executivas.

Artigo 4o Para os fins de atendimento dos requisitos de qualificação, devem ser atribui-

ções privativas do Conselho de Administração, dentre outras:

I - fixar o âmbito de atuação da entidade, para consecução do seu objeto;

II - aprovar a proposta de contrato de gestão da entidade;

III - aprovar a proposta de orçamento da entidade e o programa de investimentos;

IV - designar e dispensar os membros da diretoria;

V - fixar a remuneração dos membros da diretoria;

VI - aprovar e dispor sobre a alteração dos estatutos e a extinção da entidade por maioria,

no mínimo, de dois terços de seus membros;

VII - aprovar o regimento interno da entidade, que deve dispor, no mínimo, sobre a estrutu-

ra, forma de gerenciamento, os cargos e respectivas competências;

VIII - aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus membros, o regulamento pró-

prio contendo os procedimentos que deve adotar para a contratação de obras, serviços,

compras e alienações e o plano de cargos, salários e benefícios dos empregados da enti-

dade;

IX - aprovar e encaminhar, ao órgão supervisor da execução do contrato de gestão, os re-

latórios gerenciais e de atividades da entidade, elaborados pela diretoria;

X - fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas e aprovar os demonstrativos

financeiros e contábeis e as contas anuais da entidade, com o auxílio de auditoria externa.

Page 84: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

84

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Seção III - Do Contrato de Gestão

Artigo 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento

firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas

à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às

áreas relacionadas no Artigo 1º.

Artigo 6o O contrato de gestão, elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade

supervisora e a organização social, discriminará as atribuições, responsabilidades e obriga-

ções do Poder Público e da organização social.

Parágrafo único. O contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação pelo Conselho

de Administração da entidade, ao Ministro de Estado ou autoridade supervisora da área

correspondente à atividade fomentada.

Artigo 7o Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios

da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e, também, os se-

guintes preceitos:

I - especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a estipulação

das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem como previsão

expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante

indicadores de qualidade e produtividade;

II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de

qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações

sociais, no exercício de suas funções.

Parágrafo único. Os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de atua-

ção da entidade devem definir as demais cláusulas dos contratos de gestão de que

sejam signatários.

Seção IV - Da Execução e Fiscalização do Contrato de Gestão

Artigo 8o A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será fiscalizada

pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade fomentada.

§ 1o A entidade qualificada apresentará ao órgão ou entidade do Poder Público supervisora

signatária do contrato, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme

recomende o interesse público, relatório pertinente à execução do contrato de gestão, con-

tendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acom-

panhado da prestação de contas correspondente ao exercício financeiro.

Page 85: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

85

§ 2o Os resultados atingidos com a execução do contrato de gestão devem ser anali-

sados, periodicamente, por comissão de avaliação, indicada pela autoridade supervisora

da área correspondente, composta por especialistas de notória capacidade e adequada

qualificação.

§ 3o A comissão deve encaminhar à autoridade supervisora relatório conclusivo sobre a

avaliação procedida.

Artigo 9o Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao

tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos

ou bens de origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas

da União, sob pena de responsabilidade solidária.

Artigo 10. Sem prejuízo da medida a que se refere o artigo anterior, quando assim exi-

gir a gravidade dos fatos ou o interesse público, havendo indícios fundados de malversação

de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão

ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que

requeira ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o

seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que

possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

§ 1o O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825

do Código de Processo Civil.

§ 2o Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,

contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos termos

da lei e dos tratados internacionais.

§ 3o Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos bens e va-

lores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades sociais da entidade.

Seção V - Do Fomento às Atividades Sociais

Artigo 11. As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como

entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

Artigo 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e

bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§ 1o São assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e as

respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto

no contrato de gestão.

§ 2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do contrato

Page 86: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

86

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

de gestão parcela de recursos para compensar desligamento de servidor cedido, desde

que haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.

§ 3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais, dispen-

sada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de

gestão.

Artigo 13. Os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser permutados por

outros de igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem o patrimônio

da União.

Parágrafo único. A permuta de que trata este artigo dependerá de prévia avaliação do bem

e expressa autorização do Poder Público.

Artigo 14. É facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as orga-

nizações sociais, com ônus para a origem.

§ 1o Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor cedi-

do qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela organização social.

§ 2o Não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente por organização

social a servidor cedido com recursos provenientes do contrato de gestão, ressalvada a

hipótese de adicional relativo ao exercício de função temporária de direção e assessoria.

§ 3o O servidor cedido perceberá as vantagens do cargo a que fizer juz no órgão de origem,

quando ocupante de cargo de primeiro ou de segundo escalão na organização social.

Artigo 15. São extensíveis, no âmbito da União, os efeitos dos arts. 11 e 12, § 3o,

para as entidades qualificadas como organizações sociais pelos Estados, pelo Distrito Fe-

deral e pelos Municípios, quando houver reciprocidade e desde que a legislação local não

contrarie os preceitos desta Lei e a legislação específica de âmbito federal.

Seção VI - Da Desqualificação

Artigo 16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como

organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas no

contrato de gestão.

§ 1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o direito de

ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e solidariamen-

te, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

§ 2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores entregues à

utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

Page 87: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

87

CAPÍTULO II - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa dias conta-

do da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio contendo os procedimentos

que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com empre-

go de recursos provenientes do Poder Público.

Artigo 18. A organização social que absorver atividades de entidade federal extinta no

âmbito da área de saúde deverá considerar no contrato de gestão, quanto ao atendimento

da comunidade, os princípios do Sistema Único de Saúde, expressos no art. 198 da Cons-

tituição Federal e no art. 7o da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Artigo 19. As entidades que absorverem atividades de rádio e televisão educativa po-

derão receber recursos e veicular publicidade institucional de entidades de direito público

ou privado, a título de apoio cultural, admitindo-se o patrocínio de programas, eventos e

projetos, vedada a veiculação remunerada de anúncios e outras práticas que configurem

comercialização de seus intervalos. (Regulamento)

Artigo 20. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de

Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a qualificação

de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas por

entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas atividades referidas no art. 1o, por

organizações sociais, qualificadas na forma desta Lei, observadas as seguintes diretrizes:

I - ênfase no atendimento do cidadão-cliente;

II - ênfase nos resultados, qualitativos e quantitativos nos prazos pactuados;

III - controle social das ações de forma transparente.

Artigo 21. São extintos o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, integrante da es-

trutura do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, e a

Fundação Roquette Pinto, entidade vinculada à Presidência da República.

§ 1o Competirá ao Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado supervisionar

o processo de inventário do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a cargo do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, cabendo-lhe realizá-lo para

a Fundação Roquette Pinto.

§ 2o No curso do processo de inventário da Fundação Roquette Pinto e até a assinatura

do contrato de gestão, a continuidade das atividades sociais ficará sob a supervisão da

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

§ 3o É o Poder Executivo autorizado a qualificar como organizações sociais, nos termos

desta Lei, as pessoas jurídicas de direito privado indicadas no Anexo I, bem assim a

Page 88: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

88

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

permitir a absorção de atividades desempenhadas pelas entidades extintas por este artigo.

§ 4o Os processos judiciais em que a Fundação Roquette Pinto seja parte, ativa ou passi-

vamente, serão transferidos para a União, na qualidade de sucessora, sendo representada

pela Advocacia-Geral da União.

Artigo 22. As extinções e a absorção de atividades e serviços por organizações so-

ciais de que trata esta Lei observarão os seguintes preceitos:

I - os servidores integrantes dos quadros permanentes dos órgãos e das entidades extintos

terão garantidos todos os direitos e vantagens decorrentes do respectivo cargo ou empre-

go e integrarão quadro em extinção nos órgãos ou nas entidades indicados no Anexo II,

sendo facultada aos órgãos e entidades supervisoras, ao seu critério exclusivo, a cessão

de servidor, irrecusável para este, com ônus para a origem, à organização social que vier a

absorver as correspondentes atividades, observados os §§ 1o e 2o do art. 14;

II - a desativação das unidades extintas será realizada mediante inventário de seus bens

imóveis e de seu acervo físico, documental e material, bem como dos contratos e convê-

nios, com a adoção de providências dirigidas à manutenção e ao prosseguimento das ativi-

dades sociais a cargo dessas unidades, nos termos da legislação aplicável em cada caso;

III - os recursos e as receitas orçamentárias de qualquer natureza, destinados às unidades

extintas, serão utilizados no processo de inventário e para a manutenção e o financiamento

das atividades sociais até a assinatura do contrato de gestão;

IV - quando necessário, parcela dos recursos orçamentários poderá ser reprogramada,

mediante crédito especial a ser enviado ao Congresso Nacional, para o órgão ou entidade

supervisora dos contratos de gestão, para o fomento das atividades sociais, assegurada a

liberação periódica do respectivo desembolso financeiro para a organização social;

V - encerrados os processos de inventário, os cargos efetivos vagos e os em comissão

serão considerados extintos;

VI - a organização social que tiver absorvido as atribuições das unidades extintas poderá

adotar os símbolos designativos destes, seguidos da identificação “OS”.

§ 1o A absorção pelas organizações sociais das atividades das unidades extintas efetivar-

se-á mediante a celebração de contrato de gestão, na forma dos arts. 6o e 7o.

§ 2o Poderá ser adicionada às dotações orçamentárias referidas no inciso IV parcela dos

recursos decorrentes da economia de despesa incorrida pela União com os cargos e fun-

ções comissionados existentes nas unidades extintas.

Artigo 23. É o Poder Executivo autorizado a ceder os bens e os servidores da Funda-

ção Roquette Pinto no Estado do Maranhão ao Governo daquele Estado.

Page 89: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

8�

Artigo 24. São convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória n.

1.648-7, de 23 de abril de 1998.

Artigo 25. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de maio de 1998; 177o da Independência e 110o da República.Fernando Henrique Cardoso

Pedro Malan Paulo Paiva

José Israel Vargas Luiz Carlos Bresser Pereira

Clovis de Barros Carvalho

ANEXO I

(Lei 9.637, de 15/5/98)

ÓRGÃO E ENTIDADE

EXTINTOS

ENTIDADE AUTORIZADA A

SER QUALIFICADA

REGISTRO CARTORIAL

Laboratório Nacional de Luz

Síncrotron

Fundação Roquette Pinto

Associação Brasileira de

Tecnologia de Luz Síncrotron

(ABTLus)

Associação de Comunicação

Educativa Roquette Pinto

(ACERP)

Primeiro Ofício de Registro

de Títulos e Documentos da

Cidade de Campinas - SP,

Ordem 169.367, averbado

na inscrição 10.814, Livro

A-36, fls 01.

Registro Civil das Pessoas

Jurídicas, Av. Pres. Roo-

sevelt, 126, Rio de Janeiro

- RJ, apontado sob a Ordem

624.205 do protocolo do Li-

vro A n. 54, registrado sob

a Ordem 161.374 do Livro

A n. 39 do Registro Civil

das Pessoas Jurídicas.

Seção V - Do Fomento às Atividades Sociais

Page 90: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

�0

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

ANEXO II

(Lei 9.637, de 15/5/98)

Artigo 11. As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como

entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

ÓRGÃO E ENTIDADE EXTINTOS QUADRO EM EXTINÇÃO

Laboratório Nacional de Luz SíncrotronConselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq)

Fundação Roquette PintoMinistério da Administração Federal e

Reforma do Estado

Page 91: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

�1

LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL 846, DE 4/6/98

Dispõe sobre a qualificação de entidades como

organizações sociais e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte

lei complementar:

CAPÍTULO I - DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

Seção I - Da Qualificação

Artigo 1o O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas ju-

rídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas à saúde e à

cultura, atendidos os requisitos previstos nesta lei complementar.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito privado cujas atividades sejam dirigidas

à saúde e à cultura, qualificadas pelo Poder Executivo como organizações sociais, serão

submetidas ao controle externo da Assembléia Legislativa, que o exercerá com o auxílio do

Tribunal de Contas do Estado, ficando o controle interno a cargo do Poder Executivo.

Artigo 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo

anterior habilitem-se à qualificação como organização social:

I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a) natureza social de seus objetivos;

b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes

financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) previsão expressa de ter a entidade, como órgãos de deliberação superior e de direção, um

conselho de administração e uma diretoria, definidos nos termos do estatuto, assegurado àquele

composição e atribuições normativas e de controle básicos previstos nesta lei complementar;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de membros da

comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria da entidade;

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial do Estado, dos relatórios financei-

ros e do relatório de execução do contrato de gestão;

Page 92: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

�2

g) em caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma

do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer hipó-

tese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro

da entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe

foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades,

em caso de extinção ou desqualificação da entidade, ao patrimônio de outra organização

social qualificada no âmbito do Estado, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio do

Estado, na proporção dos recursos e bens por este alocados;

II - ter a entidade recebido aprovação em parecer favorável, quanto à conveniência e opor-

tunidade de sua qualificação como organização social, do Secretário de Estado da área

correspondente e do Secretário da Administração e Modernização do Serviço Público.

Parágrafo único. Somente serão qualificadas como organização social, as entidades que,

efetivamente, comprovarem possuir serviços próprios de assistência à saúde, há mais de

cinco anos.

Seção II - Do Conselho de Administração

Artigo 3o O Conselho de Administração deve estar estruturado nos termos do respec-

tivo estatuto, observados, para os fins de atendimento dos requisitos de qualificação, os

seguintes critérios básicos:

I - ser composto por:

a) até 55 % no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou os

associados;

b) 35% de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre pessoas de no-

tória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

c) 10% de membros eleitos pelos empregados da entidade;

II - os membros eleitos ou indicados para compor o conselho que não poderão ser parentes

consangüíneos ou afins até o terceiro grau do governador, vice-governador e secretários

de Estado, terão mandato de quatro anos, admitida uma recondução;

III - o primeiro mandato de metade dos membros eleitos ou indicados deve ser de dois

anos, segundo critérios estabelecidos no estatuto;

IV - o dirigente máximo da entidade deve participar das reuniões do conselho, sem direito a voto;

Page 93: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

�3

V - o conselho deve reunir-se ordinariamente, no mínimo, três vezes a cada ano, e extraor-

dinariamente, a qualquer tempo;

VI - os conselheiros não receberão remuneração pelos serviços que, nesta condição, pres-

tarem à organização social, ressalvada a ajuda de custo por reunião da qual participem; e

VII - os conselheiros eleitos ou indicados para integrar a diretoria da entidade devem renun-

ciar ao assumirem às correspondentes funções executivas.

Artigo 4o Para os fins de atendimento dos requisitos de qualificação, devem ser inclu-

ídas entre as atribuições privativas do conselho de administração:

I - aprovar a proposta de contrato de gestão da entidade;

II - aprovar a proposta de orçamento da entidade e o programa de investimentos;

III - designar e dispensar os membros da diretoria;

IV - fixar a remuneração dos membros da diretoria;

V - aprovar os estatutos, bem como suas alterações, e a extinção da entidade por maioria,

no mínimo, de dois terços de seus membros;

VI - aprovar o regimento interno da entidade, que deve dispor, no mínimo, sobre a estrutu-

ra, o gerenciamento, os cargos e as competências;

VII - aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus membros, o regulamento pró-

prio contendo os procedimentos que deve adotar para a contratação de obras e serviços,

bem como para compras e alienações, e o plano de cargos, salários e benefícios dos em-

pregados da entidade;

VIII - aprovar e encaminhar, ao órgão supervisor da execução do contrato de gestão, os

relatórios gerenciais e de atividades da entidade, elaborados pela diretoria; e

IX - fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas e aprovar os demonstrativos

financeiros e contábeis e as contas anuais da entidade, com o auxílio de auditoria externa.

Artigo 5o Aos conselheiros, administradores e dirigentes das organizações sociais da saúde

vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).

Seção III - Do Contrato de Gestão

Artigo 6o Para os efeitos desta lei complementar, entende-se por contrato de gestão

o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização

social, com vistas à formação de uma parceria entre as partes para fomento e execução de

atividades relativas à área da saúde ou da cultura.

Page 94: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

�4

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 1o dispensável a licitação para a celebração dos contratos de que trata o caput deste

artigo.

§ 2o A organização social da saúde deverá observar os princípios do Sistema Único de

Saúde, expressos no artigo 198 da Constituição Federal e no artigo 7 da Lei n. 8.080, de

19 de setembro de 1990.

§ 3o A celebração dos contratos de que trata o caput deste artigo, com dispensa da rea-

lização de licitação, será precedida de publicação da minuta do contrato de gestão e de

convocação pública das organizações sociais, através do Diário Oficial do Estado, para que

todas as interessadas em celebrá-lo possam se apresentar.

§ 4o O Poder Público dará publicidade:

I - da decisão de firmar cada contrato de gestão, indicando as atividades que deverão ser

executadas; e

II - das entidades que manifestarem interesse na celebração de cada contrato de gestão.

§ 5o vedada a celebração do contrato previsto neste artigo para a destinação, total ou

parcial, de bens públicos de qualquer natureza, que estejam ou estiveram, ao tempo da

publicação desta lei, vinculados à prestação de serviços de assistência à saúde.

Artigo 7o O contrato de gestão celebrado pelo Estado, por intermédio da Secretaria

de Estado da Saúde ou da Cultura conforme sua natureza e objeto, discriminará as atribui-

ções, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da entidade contratada e será

publicado na íntegra no Diário Oficial.

Parágrafo único. O contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação do Conselho

de Administração, ao Secretário de Estado da área competente.

Artigo 8o Na elaboração do contrato de gestão devem ser observados os princípios

inscritos no artigo 37 da Constituição Federal e no artigo 111 da Constituição Estadual e,

também, os seguintes preceitos:

I - especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, estipulação das

metas a serem atingidas e respectivos prazos de execução, bem como previsão expressa

dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicado-

res de qualidade e produtividade;

II - estipulação dos limites e critérios para a despesa com a remuneração e vantagens de

qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações

sociais, no exercício de suas funções;

III - atendimento à disposição do § 2o do artigo 6o desta lei complementar; e

IV - atendimento exclusivo aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), no caso das

organizações sociais da saúde.

Page 95: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

�5

Parágrafo único. O Secretário de Estado competente deverá definir as demais cláusulas

necessárias dos contratos de gestão de que for signatário.

Seção IV - Da Execução e Fiscalização do Contrato de Gestão

Artigo 9o A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será fis-

calizada pelo Secretário de Estado da Saúde ou pela Secretaria de Estado da Cultura, nas

áreas correspondentes.

§ 1o O contrato de gestão deve prever a possibilidade de o Poder Público requerer a apre-

sentação pela entidade qualificada, ao término de cada exercício ou a qualquer momento,

conforme recomende o interesse público, de relatório pertinente à execução do contrato

de gestão, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados al-

cançados, acompanhado da prestação de contas correspondente ao exercício financeiro,

assim como suas publicações no Diário Oficial do Estado.

§ 2o Os resultados atingidos com a execução do contrato de gestão serão analisados, pe-

riodicamente, por comissão de avaliação indicada pelo Secretário de Estado competente,

composta por profissionais de notória especialização, que emitirão relatório conclusivo, a ser

encaminhado àquela autoridade e aos órgãos de controle interno e externo do Estado.

§ 3o A comissão de avaliação da execução do contrato de gestão das organizações sociais

da saúde, da qual trata o parágrafo anterior, compor-se-á, dentre outros membros, por dois

integrantes indicados pelo Conselho Estadual de Saúde, reservando-se, também, duas vagas

para membros integrantes da Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia Legislativa e

deverá encaminhar, trimestralmente, relatório de suas atividades à Assembléia Legislativa.

Artigo 10. Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao

tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recur-

sos ou bens de origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de

Contas e ao Ministério Público, para as providências relativas aos respectivos âmbitos

de atuação, sob pena de responsabilidade solidária.

Artigo 11. Qualquer cidadão, partido político, associação ou entidade sindical parte

legítima para denunciar irregularidades cometidas pelas organizações sociais ao Tribunal

de Contas ou à Assembléia Legislativa.

Artigo 12. O balanço e demais prestações de contas da organização social devem,

necessariamente, ser publicados no Diário Oficial do Estado e analisados pelo Tribunal de

Contas do Estado de São Paulo.

Page 96: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

�6

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Seção V - Do Fomento às Atividades Sociais

Artigo 13. As entidades qualificadas como organizações sociais ficam declaradas como

entidades de interesse social e utilidade pública para todos os efeitos legais.

Artigo 14. Às organizações sociais serão destinados recursos orçamentários e, even-

tualmente, bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§ 1o Ficam assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e as

respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto

no contrato de gestão.

§ 2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do contrato

de gestão, parcela de recursos para fins do disposto no artigo 16 desta lei complementar,

desde que haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.

§ 3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais, consoante

cláusula expressa do contrato de gestão.

§ 4o Os bens públicos de que trata este artigo não poderão recair em estabelecimentos de

saúde do Estado, em funcionamento.

Artigo 15. Os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser substituídos por outros

de igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem o patrimônio do Estado.

Parágrafo único. A permuta de que trata o caput deste artigo dependerá de prévia avaliação

do bem e expressa autorização do Poder Público.

Artigo 16. Fica facultado ao Poder Executivo o afastamento de servidor para as orga-

nizações sociais, com ônus para a origem.

§ 1o Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor afas-

tado qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela organização social.

§ 2o Não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente por organização

social a servidor afastado com recursos provenientes do contrato de gestão, ressalvada a

hipótese de adicional relativo ao exercício de função temporária de direção e assessoria.

Artigo 17. São extensíveis, no âmbito do Estado, os efeitos dos artigos 13 e 14, §

3o, para as entidades qualificadas como organizações sociais pela União, pelos Estados,

Distrito Federal e municípios, quando houver reciprocidade e desde que a legislação local

não contrarie as normas gerais emanadas da União sobre a matéria, os preceitos desta lei

complementar, bem como os da legislação específica de âmbito estadual.

Page 97: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

�7

Seção VI - Da Desqualificação

Artigo 18. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como

organização social quando verificado o descumprimento das disposições contidas no con-

trato de gestão.

§ 1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o direito de

ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e solidariamen-

te, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

§ 2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e do saldo remanescente

dos recursos financeiros entregues à utilização da organização social, sem prejuízo das

sanções contratuais penais e civis aplicáveis à espécie.

CAPÍTULO II - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 19. A organização social fará publicar na imprensa e no Diário Oficial do Estado,

no prazo máximo de 90 dias contados da assinatura do contrato de gestão, regulamento

próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,

bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Artigo 20. Os Conselheiros e Diretores das organizações sociais, não poderão exer-

cer outra atividade remunerada com ou sem vínculo empregatício, na mesma entidade.

Artigo 21. Nas hipóteses de a entidade pleiteante da habilitação como organização so-

cial existir há mais de cinco anos, contados da data da publicação desta lei complementar,

fica estipulado o prazo de dois anos para adaptação das normas do respectivo estatuto ao

disposto no artigo 3o, incisos de I a IV.

Artigo 22. Fica acrescido parágrafo ao artigo 20 da Lei Complementar 791, de 9 de

março de 1995, do seguinte teor:

“§ 7o À habilitação de entidade como organização social e à decorrente relação de parceria

com o Poder Público, para fomento e execução de atividades relativas à área da saúde, nos

termos da legislação estadual pertinente, não se aplica o disposto no § 5º deste artigo.”

Artigo 23. Os requisitos específicos de qualificação das organizações sociais da área

de cultura serão estabelecidos em decreto do Poder Executivo, a ser editado no prazo de

60 dias a contar da publicação desta lei complementar.

Artigo 24. Esta lei complementar entrará em vigor na data de sua publicação.

Page 98: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

�8

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Palácio dos Bandeirantes, 4 de junho de 1998Mário Covas

Yoshiaki Nakano, secretário da FazendaJos da Silva Guedes, secretário da Saúde

Antonio Angarita, respondendo pelo Expediente da Secretaria da CulturaFernando Gomez Carmona, secretário da Administração e Modernização do Serviço Público

Fernando Leça, secretário-Chefe da Casa CivilAntonio Angarita, secretário do Governo e Gestão Estratégica

Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 4/6/98.

Page 99: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

��

LEI DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO 14.132, DE 24/1/06

Dispõe acerca da qualificação de entidades

sem fins lucrativos como organizações sociais.

JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são confe-

ridas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 3 de janeiro de 2006, decretou

e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1o O Poder Executivo qualificará como organizações sociais pessoas jurídicas

de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas à saúde, atendidos

os requisitos previstos nesta lei.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito privado cujas atividades sejam dirigidas

àquelas relacionadas no caput deste artigo, qualificadas pelo Poder Executivo como organi-

zações sociais, serão submetidas ao controle externo da Câmara Municipal, que o exerce-

rá com o auxílio do Tribunal de Contas do Município, ficando o controle interno a cargo do

Poder Executivo.

Artigo 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo

1o desta lei habilitem-se à qualificação como organização social:

I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes

financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) ter, como órgãos de deliberação superior e de direção, um conselho de administração e

uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas àquele composição e atribui-

ções normativas e de controle básicas previstas nesta lei;

d) participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes dos empre-

gados da entidade e de membros de notória capacidade profissional e idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria;

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial do Município, dos relatórios finan-

ceiros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer

Page 100: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

100

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou

membro da entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que

lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas ativida-

des, em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social

qualificada no âmbito do Município de São Paulo, da mesma área de atuação, ou ao patri-

mônio do município, na proporção dos recursos e bens por ele alocados nos termos do

contrato de gestão;

II - haver aprovação, quanto ao cumprimento integral dos requisitos para sua qualificação,

do secretário ou titular do órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspon-

dente ao seu objeto social, bem como do secretário municipal de Gestão.

Parágrafo único. Somente serão qualificadas como organização social as entidades que,

efetivamente, comprovarem o desenvolvimento da atividade descrita no caput do artigo 1º

desta lei há mais de cinco anos.

DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Artigo 3o O conselho de administração deve estar estruturado nos termos do res-

pectivo estatuto, observados, para fins de atendimento dos requisitos de qualificação, os

seguintes critérios básicos:

I - ser composto por:

a) 55% , no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou os

associados;

b) 35% de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre pessoas de no-

tória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

c) 10% de membros eleitos pelos empregados da entidade;

II - os membros eleitos ou indicados para compor o conselho terão mandato de quatro

anos, admitida uma recondução;

III - o primeiro mandato de metade dos membros eleitos ou indicados deve ser de dois

anos, segundo critérios estabelecidos no estatuto;

IV - o dirigente máximo da entidade deve participar das reuniões do conselho, sem direito a

voto;

V - o conselho deve reunir-se ordinariamente, no mínimo, três vezes a cada ano e, extraor-

dinariamente, a qualquer tempo;

Page 101: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

101

VI - os conselheiros não receberão remuneração pelos serviços que, nesta condição, pres-

tarem à organização social, ressalvada a ajuda de custo por reunião da qual participem;

VII - os conselheiros eleitos ou indicados para integrar a diretoria da entidade devem renun-

ciar ao assumirem as correspondentes funções executivas.

Artigo 4o Para os fins de atendimento dos requisitos de qualificação, devem ser inclu-

ídas, dentre as atribuições privativas do conselho de administração, as seguintes:

I - fixar o âmbito de atuação da entidade, para consecução do seu objeto;

II - aprovar a proposta de contrato de gestão da entidade;

III - aprovar a proposta de orçamento da entidade e o programa de investimentos;

IV - designar e dispensar os membros da diretoria;

V - fixar a remuneração dos membros da diretoria;

VI - aprovar os estatutos, bem como suas alterações, e a extinção da entidade por maioria,

no mínimo, de dois terços de seus membros;

VII - aprovar o regimento interno da entidade, que deve dispor, no mínimo, sobre a estrutu-

ra, o gerenciamento, os cargos e as competências;

VIII - aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus membros, o regulamento pró-

prio contendo os procedimentos que deve adotar para a contratação de obras e serviços,

bem como para compras e alienações, e o plano de cargos, salários e benefícios dos em-

pregados da entidade;

IX - aprovar e encaminhar, ao órgão supervisor da execução do contrato de gestão, os re-

latórios gerenciais e de atividades da entidade, elaborados pela diretoria;

X - fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas e aprovar os demonstrativos

financeiros e contábeis e as contas anuais da entidade, com o auxílio de auditoria externa.

DO CONTRATO DE GESTÃO

Artigo 5o Para os efeitos desta lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento

firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas

à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividade relativa à

relacionada em seu artigo 1o.

§ 1o É dispensável a licitação para a celebração dos contratos de que trata o caput deste

artigo, nos termos do artigo 24, inciso XXIV, da Lei Federal n. 8.666, de 21 de junho de

1993, com a redação dada pela Lei Federal n. 9.648, de 27 de maio de 1998.

Page 102: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

102

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 2o O Poder Público dará publicidade da decisão de firmar cada contrato de gestão, indi-

cando as atividades que deverão ser executadas, nos termos do artigo 1º desta lei.

§ 3o A celebração do contrato de gestão será precedida de processo seletivo, quando hou-

ver mais de uma entidade qualificada para prestar o serviço objeto da parceria, nos termos

do regulamento.

Artigo 6o O contrato de gestão celebrado pelo município discriminará as atribuições,

responsabilidades e obrigações do Poder Público e da entidade contratada e será publica-

do na íntegra no Diário Oficial do Município.

Parágrafo único. O contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação do Conselho

de Administração, ao Secretário Municipal de Saúde, bem como à respectiva Comissão de

Avaliação prevista no artigo 8°.

Artigo 7o Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios

inscritos no artigo 37 da Constituição Federal e no artigo 81 da Lei Orgânica do Município

de São Paulo e, também, os seguintes preceitos:

I - especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, estipulação

das metas a serem atingidas e respectivos prazos de execução, quando for pertinente,

bem como previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem

utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade;

II - estipulação dos limites e critérios para a despesa com a remuneração e vantagens de

qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações

sociais, no exercício de suas funções.

Parágrafo único. O Secretário Municipal de Saúde deverá definir as demais cláusulas ne-

cessárias dos contratos de gestão de que for signatário.

DA EXECUÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO DE GESTÃO

Artigo 8o O Secretário Municipal de Saúde presidirá uma Comissão de Avaliação, a

qual será responsável pelo acompanhamento e fiscalização da execução dos contratos de

gestão celebrados por organizações sociais no âmbito de sua competência.

§ 1o A Comissão de Avaliação será composta, além do presidente, por:

I - dois membros da sociedade civil, escolhidos dentre os membros do Conselho Municipal

de Saúde ou dos Conselhos Gestores dos equipamentos incluídos nos Contratos de Ges-

tão, quando existirem, ou pelo prefeito;

II - um membro indicado pela Câmara Municipal de São Paulo e

Page 103: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

103

III - três membros indicados pelo Poder Executivo, com notória capacidade e adequada

qualificação.

§ 2o A entidade qualificada apresentará à Comissão de Avaliação, ao término de cada exer-

cício ou a qualquer momento, conforme recomende o interesse público, relatório pertinente

à execução do contrato de gestão, contendo comparativo específico das metas propostas

com os resultados alcançados, acompanhado da prestação de contas correspondente ao

exercício financeiro.

§ 3o Sem prejuízo do disposto no § 2o, os resultados atingidos com a execução do contrato

de gestão devem ser analisados, periodicamente, pela Comissão de Avaliação prevista no

caput.

§ 4o A Comissão deverá encaminhar à autoridade supervisora relatório conclusivo sobre a

avaliação procedida.

§ 5o O Poder Executivo regulamentará a instalação e o funcionamento da Comissão de

Avaliação.

Artigo 9o Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao to-

marem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou

bens de origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Contas do

Município e ao Ministério Público, para as providências relativas aos respectivos âmbitos

de atuação, sob pena de responsabilidade solidária.

Artigo 10. Sem prejuízo da medida a que se refere o artigo 9º desta lei, quando as-

sim exigir a gravidade dos fatos ou o interesse público, havendo indícios fundados de

malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização

representarão ao Ministério Público e comunicarão à Procuradoria-Geral do Município para

que requeira ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade

e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que

possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

Artigo 11. Até o término de eventual ação, o Poder Público permanecerá como deposi-

tário e gestor dos bens e valores seqüestrados ou indisponíveis e zelará pela continuidade

das atividades sociais da entidade.

Artigo 12. O balanço e demais prestações de contas da organização social devem,

necessariamente, ser publicados no Diário Oficial do Município e analisados pelo Tribunal

de Contas do Município de São Paulo.

Page 104: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

104

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

DO FOMENTO ÀS ATIVIDADES SOCIAIS

Artigo 13. As entidades qualificadas como organizações sociais ficam declaradas como

entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

Artigo 14. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e

bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§ 1o São assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e as

respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso previsto

no contrato de gestão.

§ 2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do contrato

de gestão parcela de recursos para compensar afastamento de servidor cedido, desde que

haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.

§ 3o Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações sociais, dispensada

licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão.

Artigo 15. Os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser permutados por

outros de igual ou maior valor, desde que os novos bens integrem o patrimônio do município.

Parágrafo único. A permuta a que se refere este artigo dependerá de prévia avaliação do

bem e expressa autorização do Poder Público.

Artigo 16. Fica facultado ao Poder Executivo o afastamento de servidor para as orga-

nizações sociais, com ônus para a origem.

§ 1o Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor afas-

tado qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela organização social.

§ 2o Não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente por organização

social a servidor afastado com recursos provenientes do contrato de gestão, ressalvada a

hipótese de adicional relativo ao exercício de função temporária de direção e assessoria.

§ 3o O servidor afastado perceberá as vantagens do cargo a que fizer jus no órgão de origem.

Artigo 17. São extensíveis, no âmbito do Município de São Paulo, os efeitos do artigo 13 e

do § 3o do artigo 14, ambos desta lei, para as entidades qualificadas como organizações sociais

pela União, pelos Estados, Distrito Federal e municípios, quando houver reciprocidade e desde

que a legislação local não contrarie as normas gerais emanadas da União sobre a matéria, os

preceitos desta lei, bem como os da legislação específica de âmbito municipal.

Artigo 18. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como

organização social quando verificado o descumprimento das disposições contidas no con-

trato de gestão.

Page 105: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

105

§ 1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, conduzido por Comissão

Especial a ser designada pelo Chefe do Executivo, assegurado o direito de ampla defesa,

respondendo os dirigentes da organização social, individual e solidariamente, pelos danos

ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

§ 2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e do saldo remanescente

dos recursos financeiros entregues à utilização da organização social, sem prejuízo das

sanções contratuais, penais e civis aplicáveis à espécie.

Artigo 19. A organização social fará publicar na imprensa e no Diário Oficial do Municí-

pio, no prazo máximo de 90 dias, contados da assinatura do contrato de gestão, regulamento

próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem

como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Artigo 20. Os conselheiros e diretores das organizações sociais não poderão exercer

outra atividade remunerada, com ou sem vínculo empregatício, na mesma entidade.

Artigo 21. Na hipótese de a entidade pleiteante da habilitação como organização social

existir há mais de cinco anos, contados da data da publicação desta lei, fica estipulado o

prazo de quatro anos para adaptação das normas do respectivo estatuto ao disposto no

artigo 3o, incisos I a IV, desta lei.

Artigo 22. Sem prejuízo do disposto nesta lei, poderão ser estabelecidos em decreto

outros requisitos de qualificação de organizações sociais.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 23. (VETADO)

Parágrafo único. (VETADO)

Artigo 24. (VETADO)

§ 1° (VETADO)

I - (VETADO)

II - (VETADO)

III - (VETADO)

IV - (VETADO)

§ 2° (VETADO)

Artigo 25. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Page 106: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

106

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 24/1/06, 452º da fundação de São Paulo. José Serra, prefeito

Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 24/1/06. Aloysio Nunes Ferreira Filho, secretário do Governo Municipal.

Page 107: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

107

DECRETO 26.025, DE 14 DE OUTUBRO DE 2003

Qualifica a Associação Instituto de Tecno-

logia de Pernambuco (Itep) como Organiza-

ção Social (OS), e dá outras providências.

 

O GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO, no uso de suas atribuições, conferidas

pelo artigo 37, incisos II e IV, da Constituição Estadual, e com fundamento na Lei 11.743, de

20 de janeiro de 2000, e no Decreto 23.046, de 19 de fevereiro de 2001,

CONSIDERANDO o pleito da associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), enca-

minhado através de requerimento, datado de 30 de julho de 2003;

CONSIDERANDO os termos da Resolução CDRE 09/2003, de 29 de setembro de 2003,

CONSIDERANDO o teor da Nota Técnica 07/2003-CRE, de 29 de setembro de 2003,

DECRETA:

Artigo 1o A Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ sob o no 05.774.391/0001-15, com sede na Avenida Professor Luiz Freire, 700, no bairro da Cidade Universitária, fica qualificada como Organização Social (OS), nos termos e para os fins constantes da Lei 11.743, de 20 de janeiro de 2000 e do Decreto 23.046, de 19 de fevereiro de 2001, tendo como objetivo promover o desenvolvimento da sociedade através da geração e difusão de tecnologias, realização de pesquisa aplicada, prestação de serviços tecnológicos, apoio ao empreendedoris-mo e capacitação de recursos humanos em tecnologia, tendo por finalidades:

I. Formular e executar projetos, estudos e pesquisas aplicadas, visando o desenvolvimento

da sociedade;

II. Gerar e difundir tecnologias, visando a modernização e melhoria da qualidade dos servi-

ços e bens produzidos na região;

III. Prestar serviços tecnológicos a empresas públicas ou privadas e à sociedade;

IV. Prestar apoio ao empreendedorismo através do sistema de incubação de empresas; e

V. Capacitar recursos humanos em tecnologia.

Page 108: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

108

Artigo 2o. A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, observado o contido na legislação aplicável, e em especial a Lei 11.292, de 22 de dezembro de 1995, poderá celebrar contrato de gestão com a Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep-OS), com a interveniência das Secretarias da Fazenda (Sefaz) e de Administração e Reforma do Estado (Sare), disciplinando as condições, os recursos financeiros, materiais e bens a serem disponibilizados pelo Estado de Pernambuco para o desempenho das atividades públicas não-exclusivas a seu cargo, ora repassadas àquela entidade.

§ 1o A Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep-OS), para utilização dos recursos públicos que venham a ser transferidos, fará publicar no Diário Oficial do Estado, no prazo máximo de 90 (noventa) dias contados da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio, respeitados os princípios elencados no artigo 37 da Constituição da República, contendo os procedimentos que adotará para compras e contratação de obras e serviços.

§ 2o A execução do contrato de gestão, quando celebrado com a Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep-OS) será acompanhada e fiscalizada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Estado de Pernambuco (Arpe) e pelo órgão estadual de controle interno.

Artigo 3o. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 4o. Revogam-se as disposições em contrário.

Palácio do Campo das Princesas, em 14 de outubro de 2003.

Jarbas de Andrade Vasconcelos

Governador do Estado

José Gerson Aguiar de Souza

Fernando Antônio Caminha Dueire

Ricardo Guimarães da Silva

Maurício Eliseu Costa Romão

Maria Lúcia Aleves de Pontes

Teógenes Temístocles de Figueiredo Leitão

 

(Republicado por haver saído com incorreções no original)

Page 109: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

LEGISLAÇÃO DE INCENTIVO À INOVAÇÃO

Page 110: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 111: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

111

LEI 10.973, DE 2/12/04

Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sancio-

no a seguinte lei:

CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1o Esta lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica

e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia

tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos artigos 218 e 219 da

Constituição.

Artigo 2o Para os efeitos desta lei, considera-se:

I - agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pública ou privada que tenha entre

os seus objetivos o financiamento de ações que visem a estimular e promover o desenvol-

vimento da ciência, da tecnologia e da inovação;

II - criação: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial, programa de computador, to-

pografia de circuito integrado, nova cultivar ou cultivar essencialmente derivada e qualquer

outro desenvolvimento tecnológico que acarrete ou possa acarretar o surgimento de novo

produto, processo ou aperfeiçoamento incremental, obtida por um ou mais criadores;

III - criador: pesquisador que seja inventor, obtentor ou autor de criação;

IV - inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social

que resulte em novos produtos, processos ou serviços;

V - Instituição Científica e Tecnológica (ICT): órgão ou entidade da administração pública

que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica

ou aplicada de caráter científico ou tecnológico;

VI - núcleo de inovação tecnológica: núcleo ou órgão constituído por uma ou mais ICT com

a finalidade de gerir sua política de inovação;

VII - instituição de apoio: instituições criadas sob o amparo da Lei 8.958, de 20 de dezem-

bro de 1994, com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de

desenvolvimento institucional, científico e tecnológico;

VIII - pesquisador público: ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público que

Page 112: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

112

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

realize pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico;

IX - inventor independente: pessoa física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou

emprego público, que seja inventor, obtentor ou autor de criação.

CAPÍTULO II - DO ESTÍMULO À CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES ESPECIALIZADOS E

COOPERATIVOS DE INOVAÇÃO

Artigo 3o A União, os Estados, o Distrito Federal, os municípios e as respectivas

agências de fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas

e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, ICT e

organizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa e

desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores.

Parágrafo único. O apoio previsto neste artigo poderá contemplar as redes e os projetos

internacionais de pesquisa tecnológica, bem como ações de empreendedorismo tecnológi-

co e de criação de ambientes de inovação, inclusive incubadoras e parques tecnológicos.

Artigo 4o As ICT poderão, mediante remuneração e por prazo determinado, nos ter-

mos de contrato ou convênio:

I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instala-

ções com microempresas e empresas de pequeno porte em atividades voltadas à inovação

tecnológica, para a consecução de atividades de incubação, sem prejuízo de sua atividade

finalística;

II - permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e de-

mais instalações existentes em suas próprias dependências por empresas nacionais e or-

ganizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, des-

de que tal permissão não interfira diretamente na sua atividade-fim, nem com ela conflite.

Parágrafo único. A permissão e o compartilhamento de que tratam os incisos I e II do caput

deste artigo obedecerão às prioridades, critérios e requisitos aprovados e divulgados pelo

órgão máximo da ICT, observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade

de oportunidades às empresas e organizações interessadas.

Artigo 5o Ficam a União e suas entidades autorizadas a participar minoritariamente do

capital de empresa privada de propósito específico que vise ao desenvolvimento de proje-

tos científicos ou tecnológicos para obtenção de produto ou processo inovadores.

Parágrafo único. A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencerá às insti-

tuições detentoras do capital social, na proporção da respectiva participação.

CAPÍTULO III - DO ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DAS ICTS

Page 113: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

113

NO PROCESSO DE INOVAÇÃO

Artigo 6o É facultado à ICT celebrar contratos de transferência de tecnologia e de licen-

ciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação por ela desenvolvida.

§ 1o A contratação com cláusula de exclusividade, para os fins de que trata o caput deste

artigo, deve ser precedida da publicação de edital.

§ 2o Quando não for concedida exclusividade ao receptor de tecnologia ou ao licenciado,

os contratos previstos no caput deste artigo poderão ser firmados diretamente, para fins

de exploração de criação que deles seja objeto, na forma do regulamento.

§ 3o A empresa detentora do direito exclusivo de exploração de criação protegida perderá

automaticamente esse direito caso não comercialize a criação dentro do prazo e condições

definidos no contrato, podendo a ICT proceder a novo licenciamento.

§ 4o O licenciamento para exploração de criação cujo objeto interesse à defesa nacional

deve observar o disposto no § 3o do artigo 75 da Lei 9.279, de 14 de maio de 1996.

§ 5o A transferência de tecnologia e o licenciamento para exploração de criação reconheci-

da, em ato do Poder Executivo, como de relevante interesse público, somente poderão ser

efetuados a título não-exclusivo.

Artigo 7o A ICT poderá obter o direito de uso ou de exploração de criação protegida.

Artigo 8o É facultado à ICT prestar a instituições públicas ou privadas serviços compa-

tíveis com os objetivos desta lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica

e tecnológica no ambiente produtivo.

§ 1o A prestação de serviços prevista no caput deste artigo dependerá de aprovação pelo

órgão ou autoridade máxima da ICT.

§ 2o O servidor, o militar ou o empregado público envolvido na prestação de serviço previs-

ta no caput deste artigo poderá receber retribuição pecuniária, diretamente da ICT ou de

instituição de apoio com que esta tenha firmado acordo, sempre sob a forma de adicional

variável e desde que custeado exclusivamente com recursos arrecadados no âmbito da

atividade contratada.

§ 3o O valor do adicional variável de que trata o § 2o deste artigo fica sujeito à incidência

dos tributos e contribuições aplicáveis à espécie, vedada a incorporação aos vencimentos,

à remuneração ou aos proventos, bem como a referência como base de cálculo para qual-

quer benefício, adicional ou vantagem coletiva ou pessoal.

§ 4o O adicional variável de que trata este artigo configura-se, para os fins do artigo 28 da

Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, ganho eventual.

Page 114: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

114

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Artigo 9o É facultado à ICT celebrar acordos de parceria para realização de atividades

conjuntas de pesquisa científica e tecnológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou

processo, com instituições públicas e privadas.

§ 1o O servidor, o militar ou o empregado público da ICT envolvido na execução das ativi-

dades previstas no caput deste artigo poderá receber bolsa de estímulo à inovação direta-

mente de instituição de apoio ou agência de fomento.

§ 2o As partes deverão prever, em contrato, a titularidade da propriedade intelectual e a

participação nos resultados da exploração das criações resultantes da parceria, asseguran-

do aos signatários o direito ao licenciamento, observado o disposto nos §§ 4o e 5o do artigo

6o desta lei.

3o A propriedade intelectual e a participação nos resultados referidas no § 2o deste artigo

serão asseguradas, desde que previsto no contrato, na proporção equivalente ao montante

do valor agregado do conhecimento já existente no início da parceria e dos recursos huma-

nos, financeiros e materiais alocados pelas partes contratantes.

Artigo10. Os acordos e contratos firmados entre as ICTs, as instituições de apoio,

agências de fomento e as entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos vol-

tadas para atividades de pesquisa, cujo objeto seja compatível com a finalidade desta lei,

poderão prever recursos para cobertura de despesas operacionais e administrativas incor-

ridas na execução destes acordos e contratos, observados os critérios do regulamento.

Artigo 11. A ICT poderá ceder seus direitos sobre a criação, mediante manifestação ex-

pressa e motivada, a título não oneroso, nos casos e condições definidos em regulamento,

para que o respectivo criador os exerça em seu próprio nome e sob sua inteira responsa-

bilidade, nos termos da legislação pertinente.

Parágrafo único. A manifestação prevista no caput deste artigo deverá ser proferida pelo

órgão ou autoridade máxima da instituição, ouvido o núcleo de inovação tecnológica, no

prazo fixado em regulamento.

Artigo 12. É vedado a dirigente, ao criador ou a qualquer servidor, militar, empregado ou

prestador de serviços de ICT divulgar, noticiar ou publicar qualquer aspecto de criações de

cujo desenvolvimento tenha participado diretamente ou tomado conhecimento por força de

suas atividades, sem antes obter expressa autorização da ICT.

Artigo 13. É assegurada ao criador participação mínima de 5% e máxima de 1/3 nos ga-

nhos econômicos, auferidos pela ICT, resultantes de contratos de transferência de tecnolo-

gia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação protegida

da qual tenha sido o inventor, obtentor ou autor, aplicando-se, no que couber, o disposto no

parágrafo único do artigo 93 da lei 9.279, de 1996.

§ 1o A participação de que trata o caput deste artigo poderá ser partilhada pela ICT entre

Page 115: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

115

os membros da equipe de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que tenham contribuído

para a criação.

§ 2o Entende-se por ganhos econômicos toda forma de royalties, remuneração ou quaisquer

benefícios financeiros resultantes da exploração direta ou por terceiros, deduzidas as despe-

sas, encargos e obrigações legais decorrentes da proteção da propriedade intelectual.

§ 3o A participação prevista no caput deste artigo obedecerá ao disposto nos §§ 3o e 4o do

artigo 8o.

§ 4o A participação referida no caput deste artigo será paga pela ICT em prazo não superior

a um ano após a realização da receita que lhe servir de base.

Artigo 14. Para a execução do disposto nesta lei, ao pesquisador público é facultado o

afastamento para prestar colaboração a outra ICT, nos termos do inciso II do artigo 93 da

lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, observada a conveniência da ICT de origem.

§ 1o As atividades desenvolvidas pelo pesquisador público, na instituição de destino, de-

vem ser compatíveis com a natureza do cargo efetivo, cargo militar ou emprego público por

ele exercido na instituição de origem, na forma do regulamento.

§ 2o Durante o período de afastamento de que trata o caput deste artigo, são assegurados

ao pesquisador público o vencimento do cargo efetivo, o soldo do cargo militar ou o salário

do emprego público da instituição de origem, acrescido das vantagens pecuniárias perma-

nentes estabelecidas em lei, bem como progressão funcional e os benefícios do plano de

seguridade social ao qual estiver vinculado.

§ 3o As gratificações específicas do exercício do magistério somente serão garantidas, na

forma do § 2o deste artigo, caso o pesquisador público se mantenha na atividade docente

em instituição científica e tecnológica.

§ 4o No caso de pesquisador público em instituição militar, seu afastamento estará condi-

cionado à autorização do comandante da Força à qual se subordine a instituição militar a

que estiver vinculado.

Artigo 15. A critério da administração pública, na forma do regulamento, poderá ser

concedida ao pesquisador público, desde que não esteja em estágio probatório, licença

sem remuneração para constituir empresa com a finalidade de desenvolver atividade em-

presarial relativa à inovação.

§ 1o A licença a que se refere o caput deste artigo dar-se-á pelo prazo de até três anos

consecutivos, renovável por igual período.

§ 2o Não se aplica ao pesquisador público que tenha constituído empresa na forma deste

artigo, durante o período de vigência da licença, o disposto no inciso X do artigo 117 da Lei

8.112, de 1990.

Page 116: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

116

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 3o Caso a ausência do servidor licenciado acarrete prejuízo às atividades da ICT integran-

te da administração direta ou constituída na forma de autarquia ou fundação, poderá ser

efetuada contratação temporária nos termos da Lei 8.745, de 9 de dezembro de 1993,

independentemente de autorização específica.

Artigo 16. A ICT deverá dispor de núcleo de inovação tecnológica, próprio ou em as-

sociação com outras ICTs, com a finalidade de gerir sua política de inovação.

Parágrafo único. São competências mínimas do núcleo de inovação tecnológica:

I - zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações, licen-

ciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia;

II - avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para

o atendimento das disposições desta lei;

III - avaliar solicitação de inventor independente para adoção de invenção na forma do artigo

22;

IV - opinar pela conveniência e promover a proteção das criações desenvolvidas na institui-

ção;

V - opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas na instituição,

passíveis de proteção intelectual;

VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade

intelectual da instituição.

Artigo 17. A ICT, por intermédio do ministério ou órgão ao qual seja subordinada ou

vinculada, manterá o Ministério da Ciência e Tecnologia informado quanto:

I - à política de propriedade intelectual da instituição;

II - às criações desenvolvidas no âmbito da instituição;

III - às proteções requeridas e concedidas;

IV - aos contratos de licenciamento ou de transferência de tecnologia firmados.

Parágrafo único. As informações de que trata este artigo devem ser fornecidas de forma

consolidada, em periodicidade anual, com vistas à sua divulgação, ressalvadas as informa-

ções sigilosas.

Artigo 18. As ICTs, na elaboração e execução dos seus orçamentos, adotarão as

medidas cabíveis para a administração e gestão da sua política de inovação para permitir o

recebimento de receitas e o pagamento de despesas decorrentes da aplicação do dispos-

to nos artigos 4o, 6o, 8o e 9o, o pagamento das despesas para a proteção da propriedade

intelectual e os pagamentos devidos aos criadores e eventuais colaboradores.

Parágrafo único. Os recursos financeiros de que trata o caput deste artigo, percebidos

Page 117: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

117

pelas ICTs, constituem receita própria e deverão ser aplicados, exclusivamente, em objeti-

vos institucionais de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

CAPÍTULO IV - DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO NAS EMPRESAS

Artigo 19. A União, as ICTs e as agências de fomento promoverão e incentivarão o de-

senvolvimento de produtos e processos inovadores em empresas nacionais e nas entidades

nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, mediante

a concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infra-estrutura, a serem ajus-

tados em convênios ou contratos específicos, destinados a apoiar atividades de pesquisa e

desenvolvimento, para atender às prioridades da política industrial e tecnológica nacional.

§ 1o As prioridades da política industrial e tecnológica nacional de que trata o caput deste

artigo serão estabelecidas em regulamento.

§ 2o A concessão de recursos financeiros, sob a forma de subvenção econômica, financia-

mento ou participação societária, visando ao desenvolvimento de produtos ou processos

inovadores, será precedida de aprovação de projeto pelo órgão ou entidade concedente.

§ 3o A concessão da subvenção econômica prevista no § 1o deste artigo implica, obriga-

toriamente, a assunção de contrapartida pela empresa beneficiária, na forma estabelecida

nos instrumentos de ajuste específicos.

§ 4o O Poder Executivo regulamentará a subvenção econômica de que trata este artigo,

assegurada a destinação de percentual mínimo dos recursos do Fundo Nacional de Desen-

volvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

§ 5o Os recursos de que trata o § 4o deste artigo serão objeto de programação orçamentá-

ria em categoria específica do FNDCT, não sendo obrigatória sua aplicação na destinação

setorial originária, sem prejuízo da alocação de outros recursos do FNDCT destinados à

subvenção econômica.

Artigo 20. Os órgãos e entidades da Administração Pública, em matéria de interes-

se público, poderão contratar empresa, consórcio de empresas e entidades nacionais de

direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, de reconhecida

capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa e desen-

volvimento, que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico

ou obtenção de produto ou processo inovador.

§ 1o Considerar-se-á desenvolvida na vigência do contrato a que se refere o caput des-

te artigo a criação intelectual pertinente ao seu objeto cuja proteção seja requerida pela

empresa contratada até dois anos após o seu término.

Page 118: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

118

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 2o Findo o contrato sem alcance integral ou com alcance parcial do resultado almejado, o

órgão ou entidade contratante, a seu exclusivo critério, poderá, mediante auditoria técnica

e financeira, prorrogar seu prazo de duração ou elaborar relatório final dando-o por encer-

rado.

§ 3o O pagamento decorrente da contratação prevista no caput deste artigo será efetuado

proporcionalmente ao resultado obtido nas atividades de pesquisa e desenvolvimento pac-

tuadas.

Artigo 21. As agências de fomento deverão promover, por meio de programas espe-

cíficos, ações de estímulo à inovação nas micro e pequenas empresas, inclusive mediante

extensão tecnológica realizada pelas ICTs.

CAPÍTULO V - DO ESTÍMULO AO INVENTOR INDEPENDENTE

Artigo 22. Ao inventor independente que comprove depósito de pedido de patente

é facultado solicitar a adoção de sua criação por ICT, que decidirá livremente quanto à

conveniência e oportunidade da solicitação, visando à elaboração de projeto voltado a sua

avaliação para futuro desenvolvimento, incubação, utilização e industrialização pelo setor

produtivo.

§ 1o O núcleo de inovação tecnológica da ICT avaliará a invenção, a sua afinidade com a

respectiva área de atuação e o interesse no seu desenvolvimento.

§ 2o O núcleo informará ao inventor independente, no prazo máximo de seis meses, a de-

cisão quanto à adoção a que se refere o caput deste artigo.

§ 3o Adotada a invenção por uma ICT, o inventor independente comprometer-se-á, median-

te contrato, a compartilhar os ganhos econômicos auferidos com a exploração industrial da

invenção protegida.

CAPÍTULO VI - DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

Artigo 23. Fica autorizada a instituição de fundos mútuos de investimento em em-

presas cuja atividade principal seja a inovação, caracterizados pela comunhão de recur-

sos captados por meio do sistema de distribuição de valores mobiliários, na forma da Lei

6.385, de 7 de dezembro de 1976, destinados à aplicação em carteira diversificada de

valores mobiliários de emissão dessas empresas.

Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários editará normas complementares sobre

Page 119: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

11�

a constituição, o funcionamento e a administração dos fundos, no prazo de 90 dias da data

de publicação desta lei.

CAPÍTULO VII - DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 24. A Lei 8.745, de 9 de dezembro de 1993, passa a vigorar com as seguintes

alterações:

“Artigo 2o (...)

VII - admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substitutos para suprir a falta de

professor, pesquisador ou tecnólogo ocupante de cargo efetivo, decorrente de licença para

exercer atividade empresarial relativa à inovação.

(...)” (NR)

“Artigo 4o (...)

IV - três anos, nos casos dos incisos VI, alínea ”h”, e VII, do artigo 2o;

(...)

Parágrafo único. (...)

‘V - no caso do inciso VII do artigo 2o, desde que o prazo total não exceda seis anos.”

(NR)

Artigo 25. O artigo 24 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar acrescido do

seguinte inciso:

“Artigo 24(...)XXV - na contratação realizada por ICT ou por agência de fomento para a

transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de

criação protegida.

(...)” (NR)

Artigo 26. As ICTs que contemplem o ensino entre suas atividades principais deverão

associar, obrigatoriamente, a aplicação do disposto nesta lei a ações de formação de re-

cursos humanos sob sua responsabilidade.

Artigo 27. Na aplicação do disposto nesta lei, serão observadas as seguintes diretrizes:

I - priorizar, nas regiões menos desenvolvidas do País e na Amazônia, ações que visem a

dotar a pesquisa e o sistema produtivo regional de maiores recursos humanos e capacita-

ção tecnológica;

II - atender a programas e projetos de estímulo à inovação na indústria de defesa nacional

e que ampliem a exploração e o desenvolvimento da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e da

Page 120: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

120

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Plataforma Continental;

III - assegurar tratamento favorecido a empresas de pequeno porte;

IV - dar tratamento preferencial, na aquisição de bens e serviços pelo Poder Público, às

empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

Artigo 28. A União fomentará a inovação na empresa mediante a concessão de incen-

tivos fiscais com vistas na consecução dos objetivos estabelecidos nesta lei.

Parágrafo único. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional, em até 120 dias,

contados da publicação desta lei, projeto de lei para atender o previsto no caput deste

artigo.

Artigo 29. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183o da Independência e 116o da República.

Luiz Inácio Lula da Silva

Antonio Palocci Filho

Luiz Fernando Furlan

Eduardo Campos

José Dirceu de Oliveira e Silva

Este texto não substitui o publicado no DOU. de 3/12/2004

Page 121: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

121

DECRETO 5.563, DE 11/10/05

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 84, incisos

IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei 10.973, de 2 de de-

zembro de 2004,

Decreta:

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1o Este decreto regulamenta a Lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004, que es-

tabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente

produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvol-

vimento industrial do País, nos termos dos artigos 218 e 219 da Constituição.

Artigo 2o Para os efeitos deste decreto, considera-se:

I - agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pública ou privada que tenha entre

os seus objetivos o financiamento de ações que visem a estimular e promover o desenvol-

vimento da ciência, da tecnologia e da inovação;

II - criação: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial, programa de computador, to-

pografia de circuito integrado, nova cultivar ou cultivar essencialmente derivada e qualquer

outro desenvolvimento tecnológico que acarrete ou possa acarretar o surgimento de novo

produto, processo ou aperfeiçoamento incremental, obtida por um ou mais criadores;

III - criador: pesquisador que seja inventor, obtentor ou autor de criação;

IV - inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social

que resulte em novos produtos, processos ou serviços;

V - Instituição Científica e Tecnológica (ICT): órgão ou entidade da Administração Pública

que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica

ou aplicada de caráter científico ou tecnológico;

VI - Núcleo de Inovação Tecnológica: núcleo ou órgão constituído por uma ou mais ICT com

a finalidade de gerir sua política de inovação;

VII - instituição de apoio: instituições criadas sob o amparo da Lei 8.958, de 20 de dezem-

bro de 1994, com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e extensão e de

desenvolvimento institucional, científico e tecnológico;

Page 122: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

122

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

VIII - pesquisador público: ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público que

realize pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico;

IX - inventor independente: pessoa física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou

emprego público, que seja inventor, obtentor ou autor de criação.

CAPÍTULO II - DO ESTÍMULO À CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES ESPECIALIZADOS

E COOPERATIVOS DE INOVAÇÃO

Artigo 3o A União, os Estados, o Distrito Federal, os municípios e as respectivas agên-

cias de fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o

desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, ICT e or-

ganizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa e

desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores.

Parágrafo único. O apoio previsto neste artigo poderá contemplar redes e projetos inter-

nacionais de pesquisa tecnológica, bem como ações de empreendedorismo tecnológico e

de criação de ambientes de inovação, inclusive incubadoras e parques tecnológicos.

Artigo 4o As ICTs poderão, mediante remuneração e por prazo determinado, nos ter-

mos de contrato ou convênio:

I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações

com microempresas e empresas de pequeno porte em atividades voltadas à inovação tecnoló-

gica, para a consecução de atividades de incubação, sem prejuízo de sua atividade finalística;

II - permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e de-

mais instalações existentes em suas próprias dependências por empresas nacionais e or-

ganizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, des-

de que tal permissão não interfira diretamente na sua atividade-fim, nem com ela conflite.

Parágrafo único. A permissão e o compartilhamento de que tratam os incisos I e II do ca-

put obedecerão às prioridades, critérios e requisitos aprovados e divulgados pelo órgão

máximo da ICT, observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade de

oportunidades às empresas e organizações interessadas.

Artigo 5o A União e suas entidades poderão participar minoritariamente do capital de

empresa privada de propósito específico que vise ao desenvolvimento de projetos cientí-

ficos ou tecnológicos para obtenção de produto ou processo inovadores, desde que haja

previsão orçamentária e autorização do presidente da República.

Parágrafo único. A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencerá às

instituições detentoras do capital social, na proporção da respectiva participação.

Page 123: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

123

CAPÍTULO III - DO ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DAS ICTS NO

PROCESSO DE INOVAÇÃO

Artigo 6o É facultado à ICT celebrar contratos de transferência de tecnologia e de

licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação por ela desenvol-

vida, a título exclusivo e não-exclusivo.

§ 1o A decisão sobre a exclusividade ou não da transferência ou do licenciamento cabe à

ICT, ouvido o Núcleo de Inovação Tecnológica.

§ 2o A transferência de tecnologia e o licenciamento para outorga de direito de uso ou de

exploração de criação reconhecida, em ato do presidente da República ou de ministro de

Estado por ele designado, como de relevante interesse público somente poderá ser efetu-

ada a título não-exclusivo.

§ 3o O licenciamento para exploração de criação cujo objeto interesse à defesa nacional

deve observar o disposto no § 3o do artigo 75 da Lei 9.279, de 14 de maio de 1996.

Artigo 7o É dispensável, nos termos do artigo 24, inciso XXV, da Lei 8.666, de 21 de

junho de 1993, a realização de licitação em contratação realizada por ICT ou por agência

de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou

de exploração de criação protegida.

§ 1o A contratação de que trata o caput, quando for realizada com dispensa de licitação e

houver cláusula de exclusividade, será precedida da publicação de edital com o objetivo de

dispor de critérios para qualificação e escolha do contratado.

§ 2o O edital conterá, dentre outras, as seguintes informações:

I - objeto do contrato de transferência de tecnologia ou de licenciamento, mediante descri-

ção sucinta e clara;

II - condições para a contratação, dentre elas a comprovação da regularidade jurídica e

fiscal do interessado, bem como sua qualificação técnica e econômico-financeira para a

exploração da criação, objeto do contrato;

III - critérios técnicos objetivos para qualificação da contratação mais vantajosa, considera-

das as especificidades da criação, objeto do contrato;

IV - prazos e condições para a comercialização da criação, objeto do contrato.

§ 3o Em igualdades de condições, será dada preferência à contratação de empresas de

pequeno porte.

§ 4o O edital de que trata o § 1o será publicado no Diário Oficial da União e divulgado na

rede mundial de computadores pela página eletrônica da ICT, se houver, tornando públicas

Page 124: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

124

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

as informações essenciais à contratação.

§ 5o A empresa contratada, detentora do direito exclusivo de exploração de criação prote-

gida, perderá automaticamente esse direito caso não comercialize a criação dentro do pra-

zo e condições estabelecidos no contrato, podendo a ICT proceder a novo licenciamento.

§ 6o Quando não for concedida exclusividade ao receptor de tecnologia ou ao licenciado e

for dispensada a licitação, a contratação prevista no caput poderá ser firmada diretamente,

sem necessidade de publicação de edital, para fins de exploração de criação que dela seja

objeto, exigida a comprovação da regularidade jurídica e fiscal do contratado, bem como a

sua qualificação técnica e econômico-financeira.

Artigo 8o A ICT poderá obter o direito de uso ou de exploração de criação protegida.

Artigo 9o É facultado à ICT prestar a instituições públicas ou privadas serviços compatíveis

com os objetivos da Lei 10.973, de 2004, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa

científica e tecnológica no ambiente produtivo.

§ 1o A prestação de serviços prevista no caput dependerá de aprovação pelo órgão ou

autoridade máxima da ICT.

§ 2o O servidor, o militar ou o empregado público envolvido na prestação de serviços prevista

no caput poderá receber retribuição pecuniária, diretamente da ICT ou de instituição de apoio

com que esta tenha firmado acordo, sempre sob a forma de adicional variável e desde que

custeado exclusivamente com recursos arrecadados no âmbito da atividade contratada.

§ 3o O valor do adicional variável de que trata o § 2o fica sujeito à incidência dos tributos e

contribuições aplicáveis à espécie, vedada a incorporação aos vencimentos, à remunera-

ção ou aos proventos, bem como a referência como base de cálculo para qualquer benefí-

cio, adicional ou vantagem coletiva ou pessoal.

§ 4o O adicional variável de que trata este artigo configura, para os fins do artigo 28 da Lei

8.212, de 24 de julho de 1991, ganho eventual.

Artigo 10. É facultado à ICT celebrar acordos de parceria para realização de atividades

conjuntas de pesquisa científica e tecnológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou

processo, com instituições públicas e privadas.

§ 1o O servidor, o militar ou o empregado público da ICT envolvido na execução das ati-

vidades previstas no caput poderá receber bolsa de estímulo à inovação diretamente de

instituição de apoio ou agência de fomento.

§ 2o As partes deverão prever, em contrato, a titularidade da propriedade intelectual e a

participação nos resultados da exploração das criações resultantes da parceria, asseguran-

do aos signatários o direito ao licenciamento, observado o disposto nos §§ 2o e 3o do artigo

6o deste decreto.

Page 125: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

125

§ 3o A propriedade intelectual e a participação nos resultados referidas no § 2o serão asse-

guradas, desde que previsto no contrato, na proporção equivalente ao montante do valor

agregado do conhecimento já existente no início da parceria e dos recursos humanos,

financeiros e materiais alocados pelas partes contratantes.

§ 4o A bolsa de estímulo à inovação de que trata o § 1o, concedida diretamente por insti-

tuição de apoio ou por agência de fomento, constitui-se em doação civil a servidores da

ICT para realização de projetos de pesquisa científica e tecnológica e desenvolvimento de

tecnologia, produto ou processo, cujos resultados não revertam economicamente para o

doador nem importem em contraprestação de serviços.

§ 5o Somente poderão ser caracterizadas como bolsas aquelas que estiverem expressa-

mente previstas, identificados valores, periodicidade, duração e beneficiários, no teor dos

projetos a que se refere este artigo.

§ 6o As bolsas concedidas nos termos deste artigo são isentas do imposto de renda, con-

forme o disposto no artigo 26 da Lei 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e não integram

a base de cálculo de incidência da contribuição previdenciária prevista no artigo 28, incisos

I a III, da Lei 8.212, de 1991.

Artigo 11. Os acordos, convênios e contratos firmados entre as ICTs, as instituições

de apoio, agências de fomento e as entidades nacionais de direito privado sem fins lucrati-

vos voltadas para as atividades de pesquisa, cujo objeto seja compatível com os objetivos

da Lei 10.973, de 2004, poderão prever a destinação de até 5% do valor total dos recursos

financeiros destinados à execução do projeto, para cobertura de despesas operacionais e

administrativas incorridas na execução destes acordos, convênios e contratos.

Parágrafo único. Poderão ser lançados à conta de despesa administrativa gastos indivi-

síveis, usuais e necessários à consecução do objetivo do acordo, convênio ou contrato,

obedecendo sempre o limite definido no caput.

Artigo 12. A ICT poderá ceder seus direitos sobre criação, mediante manifestação

expressa e motivada, a título não oneroso, para que o respectivo criador os exerça em seu

próprio nome e sob sua inteira responsabilidade, nos termos da legislação pertinente.

§ 1o A manifestação prevista no caput deverá ser proferida pelo órgão ou autoridade máxi-

ma da ICT, ouvido o Núcleo de Inovação Tecnológica.

§ 2o Aquele que tenha desenvolvido a criação e se interesse na cessão dos direitos desta

deverá encaminhar solicitação ao dirigente máximo do órgão ou entidade, que deverá man-

dar instaurar procedimento e submetê-lo à apreciação do Núcleo de Inovação Tecnológica

e, quando for o caso, à deliberação do colegiado máximo da ICT.

§ 3o A ICT deverá se manifestar expressamente sobre a cessão dos direitos de que trata o

caput no prazo de até dois meses, a contar da data do recebimento do parecer do Núcleo

Page 126: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

126

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

de Inovação Tecnológica, devendo este ser proferido no prazo de até quatro meses, con-

tados da data do recebimento da solicitação de cessão feita pelo criador.

Artigo 13. É vedado a dirigente, ao criador ou a qualquer servidor, militar, empregado

ou prestador de serviços de ICT divulgar, noticiar ou publicar qualquer aspecto de criações

de cujo desenvolvimento tenha participado diretamente ou tomado conhecimento por força

de suas atividades, sem antes obter expressa autorização da ICT.

Artigo 14. É assegurada ao criador participação mínima de 5% e máxima de 1/3 nos

ganhos econômicos, auferidos pela ICT, resultantes de contratos de transferência de tec-

nologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação

protegida da qual tenha sido o inventor, obtentor ou autor, aplicando-se, no que couber, o

disposto no parágrafo único do artigo 93 da Lei 9.279, de 1996.

§ 1o A participação de que trata o caput poderá ser partilhada pela ICT entre os membros da

equipe de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que tenham contribuído para a criação.

§ 2o Entende-se por ganhos econômicos toda forma de royalties, remuneração ou quaisquer

benefícios financeiros resultantes da exploração direta ou por terceiros, deduzidas as despe-

sas, encargos e obrigações legais decorrentes da proteção da propriedade intelectual.

§ 3o A participação prevista no caput obedecerá ao disposto nos §§ 3o e 4o do artigo 9o

deste decreto.

§ 4o A participação referida no caput será paga pela ICT em prazo não superior a um ano

após a realização da receita que lhe servir de base.

Artigo 15. Observada a conveniência da ICT de origem, é facultado o afastamento de

pesquisador público para prestar colaboração a outra ICT, nos termos do inciso II do arti-

go 93 da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, quando houver compatibilidade entre a

natureza do cargo ou emprego por ele exercido na instituição de origem e as atividades a

serem desenvolvidas na instituição de destino.

§ 1o Durante o período de afastamento de que trata o caput, são assegurados ao pesquisa-

dor público o vencimento do cargo efetivo, o soldo do cargo militar ou o salário do emprego

público da instituição de origem, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes esta-

belecidas em lei, bem como progressão funcional e os benefícios do plano de seguridade

social ao qual estiver vinculado.

§ 2o As gratificações específicas do exercício do magistério somente serão garantidas, na

forma do § 1o, caso o pesquisador público se mantenha na atividade docente em instituição

científica e tecnológica.

§ 3o No caso de pesquisador público em instituição militar, seu afastamento estará condi-

cionado à autorização do comandante da Força à qual se subordine a instituição militar a

que estiver vinculado.

Page 127: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

127

§ 4o A compatibilidade de que trata o caput ocorrerá quando as atribuições e responsabili-

dades do cargo ou emprego descritas em lei ou regulamento guardarem pertinência com as

atividades previstas em projeto a ser desenvolvido e aprovado pela instituição de destino.

Artigo 16. A Administração Pública poderá conceder ao pesquisador público, que não

esteja em estágio probatório, licença sem remuneração para constituir, individual ou as-

sociadamente, empresa com a finalidade de desenvolver atividade empresarial relativa à

inovação.

§ 1o A licença a que se refere o caput dar-se-á pelo prazo de até três anos consecutivos,

renovável por igual período.

§ 2o Nos termos do § 2o do artigo 15 da Lei 10.973, de 2004, não se aplica ao pesquisador

público que tenha constituído empresa na forma deste artigo, durante o período de vigência

da licença, o disposto no inciso X do artigo 117 da Lei 8.112, de 1990.

§ 3o Caso a ausência do servidor licenciado acarrete prejuízo às atividades da ICT inte-

grante da administração direta ou constituída na forma de autarquia ou fundação, poderá

ser efetuada contratação temporária nos termos da Lei 8.745, de 9 de dezembro de 1993,

independentemente de autorização específica.

§ 4o A licença de que trata este artigo poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido

do pesquisador público.

Artigo 17. A ICT deverá dispor de Núcleo de Inovação Tecnológica, próprio ou em

associação com outras ICTs, com a finalidade de gerir sua política de inovação.

Parágrafo único. São competências mínimas do Núcleo de Inovação Tecnológica:

I - zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações, licen-

ciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia;

II - avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para

o atendimento das disposições da Lei 10.973, de 2004;

III - avaliar solicitação de inventor independente para adoção de invenção na forma do arti-

go 23 deste decreto;

IV - opinar pela conveniência e promover a proteção das criações desenvolvidas na instituição;

V - opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas na instituição,

passíveis de proteção intelectual;

VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade

intelectual da instituição.

Artigo 18. A ICT, por intermédio do Ministério ou órgão ao qual seja subordinada ou

vinculada, manterá o Ministério da Ciência e Tecnologia informado quanto:

Page 128: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

128

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

I - à política de propriedade intelectual da instituição;

II - às criações desenvolvidas no âmbito da instituição;

III - às proteções requeridas e concedidas;

IV - aos contratos de licenciamento ou de transferência de tecnologia firmados.

Parágrafo único. As informações de que trata este artigo devem ser fornecidas de forma

consolidada, três meses após o ano-base a que se referem, e serão divulgadas pelo Mi-

nistério da Ciência e Tecnologia em seu sítio eletrônico da rede mundial de computadores,

ressalvadas as informações sigilosas.

Artigo 19. As ICTs, na elaboração e execução dos seus orçamentos, adotarão as me-

didas cabíveis para a administração e gestão da sua política de inovação para permitir o

recebimento de receitas e o pagamento de despesas decorrentes da aplicação do disposto

nos artigos 4o, 6o, 9o e 10 deste decreto, o pagamento das despesas para a proteção da

propriedade intelectual e os pagamentos devidos aos criadores e eventuais colaborado-

res.

§ 1o Os recursos financeiros de que trata o caput, percebidos pelas ICTs, constituem recei-

ta própria e deverão ser aplicados, exclusivamente, em objetivos institucionais de pesqui-

sa, desenvolvimento e inovação.

§ 2o Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão deverão adotar

as providências indispensáveis ao inteiro atendimento das disposições contidas no caput,

nas respectivas áreas de competência, no prazo de 90 dias contados a partir da publicação

deste decreto.

CAPÍTULO IV - DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO NAS EMPRESAS

Artigo 20. A União, as ICTs e as agências de fomento promoverão e incentivarão o de-

senvolvimento de produtos e processos inovadores em empresas nacionais e nas entida-

des nacionais de direito privado, sem fins lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa,

mediante a concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infra-estrutura, a

serem ajustados em convênios ou contratos específicos, destinados a apoiar atividades de

pesquisa e desenvolvimento, para atender às prioridades da política industrial e tecnológica

nacional.

§ 1o As prioridades da política industrial e tecnológica nacional, para os efeitos do caput,

serão definidas em ato conjunto dos ministros de Estado da Ciência e Tecnologia e do De-

senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

§ 2o A concessão de recursos financeiros sob a forma de subvenção econômica,

Page 129: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

12�

financiamento ou participação societária, visando ao desenvolvimento de produtos ou pro-

cessos inovadores, será precedida de aprovação do projeto pelo órgão ou entidade con-

cedente.

§ 3o Os recursos destinados à subvenção econômica serão aplicados no custeio de ativi-

dades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em empresas nacionais.

§ 4o A concessão da subvenção econômica prevista no § 2o implica, obrigatoriamente, a

assunção de contrapartida pela empresa beneficiária na forma estabelecida no contrato.

§ 5o Os recursos de que trata o § 3o serão objeto de programação orçamentária em cate-

goria específica do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT),

não sendo obrigatória sua aplicação na destinação setorial originária, sem prejuízo da alo-

cação de outros recursos do FNDCT destinados à subvenção econômica.

§ 6o Ato conjunto dos ministros de Estado da Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior e da Fazenda definirá anualmente o percentual dos recursos do

FNDCT que serão destinados à subvenção econômica, bem como o percentual a ser desti-

nado exclusivamente à subvenção para as microempresas e empresas de pequeno porte.

§ 7o A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) estabelecerá convênios e credenciará

agências de fomento regionais, estaduais e locais, e instituições de crédito oficiais, visando

descentralizar e aumentar a capilaridade dos programas de concessão de subvenção às

microempresas e empresas de pequeno porte.

§ 8o A Finep adotará procedimentos simplificados, inclusive quanto aos formulários de

apresentação de projetos, para a concessão de subvenção às microempresas e empresas

de pequeno porte.

§ 9o O financiamento para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores previsto

no § 2o correrá à conta dos orçamentos das agências de fomento, em consonância com

a política nacional de promoção e incentivo ao desenvolvimento científico, à pesquisa e à

capacitação tecnológicas.

§ 10. A concessão de recursos humanos, mediante participação de servidor público federal

ocupante de cargo ou emprego das áreas técnicas ou científicas, inclusive pesquisadores,

e de militar, poderá ser autorizada pelo prazo de duração do projeto de desenvolvimento de

produtos ou processos inovadores de interesse público, em ato fundamentado expedido

pela autoridade máxima do órgão ou entidade a que estiver subordinado.

§ 11. Durante o período de participação, é assegurado ao servidor público o vencimento

do cargo efetivo, o soldo do cargo militar ou o salário do emprego público da instituição

de origem, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, bem

como progressão funcional e os benefícios do plano de seguridade social ao qual estiver

vinculado.

Page 130: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

130

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 12. No caso de servidor público em instituição militar, seu afastamento estará condicio-

nado à autorização do comandante da Força à qual se subordine a instituição militar a que

estiver vinculado.

§ 13. A utilização de materiais ou de infra-estrutura integrantes do patrimônio do órgão

ou entidade incentivador ou promotor da cooperação dar-se-á mediante a celebração de

termo próprio que estabeleça as obrigações das partes, observada a duração prevista no

cronograma físico de execução do projeto de cooperação.

§ 14. A cessão de material de consumo dar-se-á de forma gratuita, desde que a beneficiária

demonstre a inviabilidade da aquisição indispensável ao desenvolvimento do projeto.

§ 15. A redestinação do material cedido ou a sua utilização em finalidade diversa da previs-

ta acarretarão para o beneficiário as cominações administrativas, civis e penais previstas

na legislação.

Artigo 21. Os órgãos e entidades da Administração Pública, em matéria de interes-

se público, poderão contratar empresa, consórcio de empresas e entidades nacionais de

direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, de reconhecida

capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa e desen-

volvimento, que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico

ou obtenção de produto ou processo inovador.

§ 1o A contratação fica condicionada à aprovação prévia de projeto específico, com etapas

de execução do contrato estabelecidas em cronograma físico-financeiro, a ser elaborado

pela empresa ou consórcio a que se refere o caput.

§ 2o A contratante será informada quanto à evolução do projeto e aos resultados parciais

alcançados, devendo acompanhá-lo mediante auditoria técnica e financeira.

§ 3o Considerar-se-á desenvolvida na vigência do contrato a que se refere o caput a criação

intelectual pertinente ao seu objeto cuja proteção seja requerida pela empresa contratada até

dois anos após o seu término.

§ 4o Findo o contrato sem alcance integral ou com alcance parcial do resultado almejado, o

órgão ou entidade contratante, a seu exclusivo critério, poderá, mediante auditoria técnica

e financeira, prorrogar seu prazo de duração ou elaborar relatório final dando-o por encer-

rado.

§ 5o O pagamento decorrente da contratação prevista no caput será efetuado proporcional-

mente ao resultado obtido nas atividades de pesquisa e desenvolvimento pactuadas.

Artigo 22. As agências de fomento deverão promover, por meio de programas espe-

cíficos, ações de estímulo à inovação nas microempresas e empresas de pequeno porte,

inclusive mediante extensão tecnológica realizada pelas ICTs.

Page 131: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

131

CAPÍTULO V - DO ESTÍMULO AO INVENTOR INDEPENDENTE

Artigo 23. Ao inventor independente que comprove depósito de pedido de patente

é facultado solicitar a adoção de sua criação por ICT, que decidirá livremente quanto à

conveniência e oportunidade da solicitação, visando à elaboração de projeto voltado à sua

avaliação para futuro desenvolvimento, incubação, utilização e industrialização pelo setor

produtivo.

§ 1o O projeto de que trata o caput pode incluir, dentre outros, ensaios de conformidade, cons-

trução de protótipo, projeto de engenharia e análises de viabilidade econômica e de mercado.

§ 2o A invenção será avaliada pelo Núcleo de Inovação Tecnológica, que submeterá o pro-

jeto à ICT para decidir sobre a sua adoção, mediante contrato.

§ 3o O Núcleo de Inovação Tecnológica informará ao inventor independente, no prazo má-

ximo de seis meses, a decisão quanto à adoção a que se refere o caput.

§ 4o Adotada a invenção por uma ICT, o inventor independente comprometer-se-á, median-

te contrato, a compartilhar os ganhos econômicos auferidos com a exploração industrial da

invenção protegida.

§ 5o O Núcleo de Inovação Tecnológica dará conhecimento ao inventor independente de

todas etapas do projeto, quando solicitado.

CAPÍTULO VI - DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

Artigo 24. Fica autorizada, nos termos do artigo 23 da Lei 10.973, de 2004, a ins-

tituição de fundos mútuos de investimento em empresas cuja atividade principal seja a

inovação, caracterizados pela comunhão de recursos captados por meio do sistema de

distribuição de valores mobiliários, na forma da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976,

destinados à aplicação em carteira diversificada de valores mobiliários de emissão dessas

empresas.

Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários editará normas complementares so-

bre a constituição, o funcionamento e a administração dos fundos.

CAPÍTULO VII - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 25. As ICTs que contemplem o ensino entre suas atividades principais deverão

associar, obrigatoriamente, a aplicação do disposto neste decreto a ações de formação de

Page 132: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

132

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

recursos humanos sob sua responsabilidade.

Artigo 26. Na aplicação do disposto neste decreto serão observadas as seguintes diretrizes:

I - priorizar, nas regiões menos desenvolvidas do País e na Amazônia, ações que visem dotar a pes-

quisa e o sistema produtivo regional de maiores recursos humanos e capacitação tecnológica;

II - atender a programas e projetos de estímulo à inovação na indústria de defesa nacional e que

ampliem a exploração e o desenvolvimento da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e da Plataforma

Continental;

III - assegurar tratamento favorecido a empresas de pequeno porte;

IV - dar tratamento preferencial, na aquisição de bens e serviços pelo Poder Público, às empre-

sas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

Artigo 27. Fica criado Comitê Permanente constituído por representantes dos Ministérios da

Ciência e Tecnologia, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Educação, para acom-

panhamento permanente, articulado e sistêmico das ações decorrentes da Lei 10.973, de 2004.

§ 1o Os membros e respectivos suplentes do Comitê Permanente serão designados pelo mi-

nistro de Estado da Ciência e Tecnologia, mediante indicação dos titulares dos órgãos referidos

neste artigo, a ser efetivada no prazo de 30 dias, a contar da publicação deste decreto.

§ 2o As funções de membro do Comitê Permanente serão consideradas missão de serviço re-

levante e não remunerada.

Artigo 28. Compete ao ministro de Estado da Ciência e Tecnologia estabelecer normas e

orientações complementares sobre a matéria regulada neste decreto, bem como resolver os

casos omissos.

Artigo 29. As autarquias e as fundações definidas como ICT deverão promover o ajuste de

seus estatutos aos fins previstos na Lei 10.973, de 2004, e neste decreto, no prazo de seis

meses, contados da data da publicação deste decreto.

Artigo 30. Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 11 de outubro de 2005; 184º da Independência e 117º da República.

Luiz Inácio Lula da Silva

Antonio Palocci Filho

Luiz Fernando Furlan

Sérgio Machado Rezende

Este texto não substitui o publicado no DOU de 13/10/2005

Page 133: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ARTIGOS TÉCNICOS

Page 134: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 135: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

______________________________________________________Contratualização e Eficiência no Setor Público:

As Organizações Sociais

Flavio Alcoforado

Page 136: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 137: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

137

CONTRATUALIZAÇÃO E EFICIÊNCIA NO SETOR PÚBLICO: AS ORGANIZAÇÕES SOCIASFlávio Carneiro Guedes Alcoforado

1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo expor e discutir sobre os tipos de contratualização de resulta-

dos que vem sendo utilizados no Brasil, especialmente no Governo do Estado de São Paulo.

Além disso, são utilizados alguns exemplos de contratualização já implantadas que demons-

tram resultados e perspectiva de eficiência.

Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados os relatos de dirigentes das organizações

citadas no texto, assim como as experiências do autor em processos de implantação e gestão

de Organizações Sociais, além de algumas referências conceituais sobre o tema.

A relevância do trabalho consiste na catalogação de experiências vivenciadas e na observa-

ção das mesmas, de forma a possibilitar aos estudiosos e interessados nos temas ligados à

modernização do Setor Público ter acesso a esse conhecimento.

O artigo está estruturado da seguinte forma: o capítulo 2 trata dos conceitos da contratua-

lização de resultados; o capítulo 3 descreve os aspectos sobre os contratos de resultados

realizados entre órgãos do próprio setor público; o capítulo 4 fala dos contratos de resultados

entre o setor público e o terceiro setor; o capítulo 5 aspectos culturais relevantes nas organi-

zações e sua permeabilidade ao modelo de Organizações Sociais; o capítulo 5 trata dos con-

tratos entre o setor público e os agentes privados; o capítulo 6 fala sobre as PPPs – Parceria

Público Privadas, e o capítulo 7 apresenta uma breve conclusão.

2. Contratualização de Resultados

No novo modelo de Estado brasileiro, adotado com a Reforma do Estado, o instrumento mais

poderoso para se trabalhar com resultados e modernizar o serviço público é o Contrato, em

sentido amplo e estrito. Amplo quando compreende o acordo de vontades dos atores da

Administração Pública e das instituições que representam, e estrito no sentido de se fazer

os pactos, de se restringir ou focar as atividades das organizações ao previsto e acordado

(BRASIL, 1995).

A contratualização é uma prática importante na Administração Pública pós-Reforma do Estado,

Page 138: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

138

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

pois possibilita instituir práticas de planejamento, avaliação e monitoramento da execução por

parte do Estado (órgão contratante) e o terceiro ou órgão público contratado.

Os Contratos de Resultados podem ser firmados com qualquer natureza de instituição, seja

ela estatal (pública), do terceiro setor (associações e fundações) e mesmo privadas (empre-

sas e consórcios).

Na verdade, a proposta não é de se abandonar todos os meios de contratação já utilizados na

Administração Pública, mas aperfeiçoar seus instrumentos, de modo que se possa prever com

a máxima exatidão os serviços e atividades que estão sendo contratados, utilizando-se para

isso os indicadores de desempenho, que são quantificáveis para se mensurar o atingimento

dos resultados pactuados e, também, a própria performance da organização.

Os indicadores de desempenho são variados e relacionados a um determinado serviço ou

atividade, portanto, não podem ser gerais para todas as organizações. Eles indicam de forma

quantitativa, ou por ações mensuráveis, as atividades da organização específica.

Existem vários métodos para se construir indicadores de desempenho nas organizações, mas

o mais prático é quando você parte da identificação dos macro-processos da organização e

constrói uma cadeia de valor a partir deles até se chegar às formas de identificação do cum-

primento das atividades que lhe são relacionadas (SIQUEIRA, 2005).

Depois de se identificar os indicadores da organização, parte-se para estipulação das metas,

que são as quantificações dos indicadores. As metas podem variar de acordo com a vontade

das partes contratantes e estarão fortemente relacionadas à etapa de negociação do instru-

mento contratual.

No processo de contratualização de resultados existem 3 (três) fases importantes que são

imprescindíveis ao bom resultado da prática e não podem deixar de existir:

Negociação – esta fase inicia com a intenção de contratar os serviços por um órgão estatal e

a elaboração do rol de atividades a serem contratadas. A partir daí, identifica-se o outro órgão

ou entidade a ser contratada e se inicia o processo de negociação, que vai da identificação

dos indicadores de desempenho, estipulação das metas e a respectiva orçamentação, que é a

parte financeira do Contrato de Resultados e contém as despesas e receitas da organização

contratada, refletindo as obrigações de parte a parte.

Construção do Instrumento – esta fase consiste na formalização de tudo o que foi negocia-

do, aperfeiçoando-se e aferindo-se todos os pontos acordados. Um passo importante para a

construção do instrumento é estabelecer as sanções e métodos de fiscalização e prestação

de contas dos resultados do instrumento contratual.

Gerenciamento – esta fase é permanente, após a assinatura do instrumento contratual, com-

preendendo todas as atividades de supervisão da entidade, monitoramento dos indicadores

de desempenho pactuados e avaliação dos resultados alcançados pela parte contratada. Essa

Page 139: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

139

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

fase é realizada diretamente pelo órgão público contratante.

Na contratualização, os instrumentos contratuais que podem ser utilizados, em sua maioria,

são os mesmos já praticados pela Administração Pública, entretanto, o foco e a forma de se

construir o instrumento é que muda, já que se passa de uma visão anterior focada no processo

(meio), para uma nova visão focada nos resultados (fins).

Desse modo, abandona-se a tradicional forma de se avaliar os contratos e a prestação dos

serviços somente pela correta utilização dos recursos, através da tradicional prestação de

contas financeira. Agora esse não é mais um critério de avaliação do Contrato e dos serviços

prestados!

Na contratualização, avalia-se o cumprimento do contrato pela avaliação do alcance dos re-

sultados pactuados, através da verificação quanto ao atingimento das metas previstas para

os indicadores de desempenho. Agora a prestação de contas financeira e o adequado uso

dos recursos é uma obrigação da organização contratada, mas não é condição para se avaliar

desempenho.

3. Contratos Setor Público X Setor Público

A contratualização entre órgãos do próprio Estado vem sendo amplamente utilizada pelas 3

(três) esferas da Administração Pública, Federal, Estadual e Municipal e tem-se revelado um

importante avanço para a eficiência dos serviços públicos.

Os nomes utilizados para o instrumento contratual nesse caso têm variado conforme o Estado

ou Governo. Alguns têm adotado o nome geral de Contratos de Gestão e outros têm utiliza-

do o Acordo de Resultados, embora ambos tenham as mesmas características, natureza e

alcance.

Os Acordos de Resultado ou Contratos de Gestão, firmados entre 2 (dois) órgãos da Adminis-

tração Pública pressupõem a estipulação de compromissos assumidos de parte a parte com

uma determinada política pública e com os seus resultados. Antigamente, pelo antigo modo,

o órgão só precisava funcionar, independente do seu desempenho relacionado à quantidade

ou qualidade dos serviços que prestava. Agora ele tem que atingir resultados e prestar contas

deles, demonstrando eficiência.

O Órgão estatal contratante passa a utilizar-se de uma peça existente no Acordo de Resul-

tados chamada Plano de Trabalho. Nessa peça, estão traduzidas em indicadores de desem-

penho todas as políticas públicas que são de competência dos órgãos, com as diretrizes

estipuladas pelo órgão contratante que, em regra, é da Administração Direta e é responsável

por tais políticas públicas.

Page 140: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

140

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Em algumas esferas de Governo, que têm regulamentação própria para o Acordo de Resulta-

dos, sua assinatura confere ao Órgão contratado algumas flexibilidades gerenciais que podem

compreender: autonomia para a gestão de RH, limites de compras diferenciados e mobilidade

de utilização dos recursos que lhes são orçados. Além disso, existem casos em que já é possí-

vel a utilização dos recursos obtidos com a redução de despesas para investimento na própria

atividade do órgão, como é o caso do Governo do Estado de Minas Gerais.

É importante destacar que além dos Acordos de Resultados e Contratos de Gestão, os Con-

vênios também podem continuar a ser utilizados dentro da política de Contratualização, de-

vendo-se, apenas, mudar o seu foco para desempenho através de resultados previstos em

indicadores. Alguns órgãos estatais já estão utilizando isso na prática, destacando-se alguns

hospitais da rede pública de saúde do Estado de São Paulo.

Existe, também, uma outra forma de contratualização de resultados entre órgãos do Estado

que se instrumentaliza através do PPA – Plano Pluri-Anual, e que utiliza a figura de gerentes

de programa para firmar compromissos de resultados. É uma forma alternativa de contratu-

alização, já que o controle, neste caso, fica centralizado em um único órgão do Estado que

acompanha todos os demais. Entretanto, a utilização desse mecanismo sem a concomitante

utilização do acordo de resultados ou contrato de gestão não tem possibilidade melhoria do

desempenho geral da organização, já que a sua abrangência é mais geral, não se traduzindo

em diversos indicadores de desempenho de todas as atividades do contratado ou acordado.

4. Contratos Setor Público X Terceiro Setor

Esta modalidade de contratualização é específica para os serviços sociais. Tem sido ampla-

mente utilizada no Brasil, depois de já ter grande êxito em diversos outros países. Trata-se

da parceria estabelecida com organizações da sociedade civil, para a prestação de serviços

públicos.

A contratualização com as entidades do Terceiro Setor pode ser instrumentalizada através dos

Contratos de Gestão e Termos de Parceria, que são compostos de resultados, indicadores e

metas que refletem os serviços que estão sendo contratados pelo Poder Público junto a tais

organizações.

Existe desde muito tempo, a prática de se realizar convênios com as organizações do terceiro

setor, muito embora o foco, conforme já relatado anteriormente, era muito diferenciado, já que

o resultado não era medido por indicadores de desempenho.

As organizações do Terceiro Setor podem ser constituídas, juridicamente, como Associações

ou Fundações, de acordo com o disposto no Código Civil Brasileiro, em vigor. Estas, para firma-

rem Contratos de Gestão ou Termos de Parceria com o Estado, devem ser qualificadas como

Page 141: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

141

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Organizações Sociais ou OSCIPs – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

Ambos, OS – Organização Social e OSCIP, são títulos que podem ser concedidos pelas

Esferas de Governo que têm competência legal para tanto. O Estado de São Paulo possui a

competência de qualificar as organizações do Terceiro Setor como OS – Organização Social,

para as atividades relacionadas às áreas de Saúde e Cultura. A Lei que regulamenta as Orga-

nizações Sociais no Estado de São Paulo é a Lei Complementar n 846/98.

Apesar do Estado de São Paulo só conceder o título de OS – Organização Social, nada im-

pede da Administração Pública Estadual firmar Termos de Parceria com entidades do Terceiro

Setor qualificadas como OSCIP, que tenham recebido o título do Governo Federal, através do

Ministério da Justiça.

A Organização Social é apropriada para a execução dos serviços sociais que requerem fle-

xibilidade de gestão e agilidade, sem ter que se submeter às leis de licitação públicas, nem

a contratação de pessoal por concurso. Isto não quer dizer que a organização não disponha

de controles. Ao contrário, existem regras que se adequam às atividades desenvolvidas pela

organização, mas que não acarretem demora, nem utilizem etapas que venham a dificultar ou

atrasar a prestação do serviço público à população. Além disso, a Organização Social utiliza

controles de empresa privada, principalmente em relação às áreas contábil, financeira, supri-

mentos e recursos humanos (BRASIL, 1997)

Além disso, todas as avaliações do serviço prestado pela organização social são monitoradas

permanentemente por uma comissão da Entidade Supervisora, no caso o órgão público que

contrata os serviços da Organização Social através do Contrato de Gestão. Essa comissão

de avaliação tem por objetivo acompanhar o desempenho da organização, baseando-se nos

indicadores de gestão, qualidade e produtividade que são previstos no Contrato de Gestão

estabelecido pela Administração Pública com a organização.

Através do Contrato de Gestão, o Estado transfere recursos para a Organização Social exe-

cutar os serviços que anteriormente eram por ele prestados. Além disso, a organização se

obriga a captar mais recursos no mercado a fim de ampliar a oferta dos serviços à população.

Esses recursos podem ser captados através de venda de bilheteria, projetos culturais com

incentivos fiscais, doações ou mesmo contribuições de associados e empresas, dentre outras

fontes (Brasil, 1997).

Em geral, no Contrato de Gestão são previstos 3 tipos de metas para as Organizações Sociais

(ALCOFORADO, 2004):

• Metas Organizacionais – são aquelas que dizem respeito à gestão da organização e

medem a eficiência dos administradores que a conduzem. São importantes para a

profissionalização dos serviços prestados. Incluem-se os indicadores econômico-finan-

ceiros, de organização interna e as metas de captação de recursos próprios.

Page 142: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

142

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• Metas de Produção – são as relacionadas diretamente à atividade fim da organização

e medem a capacidade da mesma em alcançar índices adequados de prestação dos

serviços a que se propõe.

• Metas Sociais – são aquelas que promovem a difusão e o acesso democrático dos

serviços públicos executados pela organização a parcelas mais carentes da população

e podem ser beneficiados com o acesso, promovendo inclusão social. Dependendo do

serviço público prestado, podem-se estabelecer parcerias com entidades educacionais

ou mesmo filantrópicas para seu alcance.

Devido às especificidades culturais de cada setor e os métodos de trabalho de cada grupo de

especialistas dessas organizações, o formato de Organizações Sociais propicia a flexibilidade

de gestão necessária a uma melhor atuação, devido à possibilidade de incorporar as práticas

de gestão próprias de cada campo ou setor, o que facilita, dado o respeito a tais peculiarida-

des, obtenção de ganhos de produtividade nos serviços e de maior satisfação na prestação

dos serviços públicos.

A seguir, passa-se a demonstrar alguns exemplos de contratualização de resultados realizada

no âmbito do Governo do Estado de São Paulo, que tem se firmado como modelo.

Administração Penitenciária (SILVA, 2005)

O Programa “Cidadania no Cárcere”, atualmente realizado pelo Governo do Estado de São

Paulo, surgiu em 1993, a partir da disposição do então Juiz de Direito Nagashi Furukawa de

resolver os problemas relacionados às condições desumanas verificadas na cadeia pública de

Bragança Paulista. As ações passaram pela recuperação e reestruturação da parte de infra-

estrutura, em 1994 e 1995, e com a assinatura do convênio que permitiu propiciar alimentação

e atendimento completo aos presos.

Hoje, o Governo do Estado de São Paulo trabalha com convênios firmados com diversas entida-

des do Terceiro Setor que realizam esse tipo de serviço aos presos de diversas áreas do Estado.

A situação atual do programa pode ser traduzida da seguinte forma:

• 24 parcerias no Estado (21 de pequeno porte e 3 de grande porte);

• 20 ONG’s parceiras;

• 19 unidades masculinas (17 de pequeno porte e 2 de grande porte);

• 5.710 homens;

• 5 unidades femininas (4 de pequeno porte e 1 de médio porte);

• 1.324 mulheres;

• Aproximadamente 6% da população carcerária total;

• R$ 22.092.179,69 previstos para 2005;

Page 143: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

143

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• 0,03% do orçamento do Governo do Estado.

• 523 pessoas envolvidas;

• 27 pessoas em cargos de direção em diversas esferas (25 homens e 2 mulheres);

• 496 em postos de execução;

• Criação de 496 postos diretos de trabalho.

Tendo em vista que o Programa “Cidadania no Cárcere” utiliza, ainda, a modalidade de con-

vênio, é importante demonstrar no quadro 1, as diferenças existentes entre este instrumento

e o Contrato. Cabendo salientar que, para a política de contratualização, o importante é o

foco do instrumento, que deve estar transcrito em indicadores de desempenho relacionados

à finalidade dos serviços públicos contratados.

Muito embora este programa ainda utilize a modalidade de convênio, poder-se-á, quando hou-

ver permissão legal no Estado de São Paulo, trabalhar com o modelo de Organizações Sociais,

já que as organizações conveniadas são integrantes do Terceiro Setor e, no momento através

de convênios, firmam parcerias com o Estado para a realização de atividades públicas.

Organizações Sociais de Cultura

A Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo vem implantando, desde o início de 2004, o

modelo de Organizações Sociais para a execução de suas atividades finalísticas. O processo

iniciou com uma etapa de esclarecimento às diversas áreas da Secretaria quanto aos aspec-

tos concernentes ao modelo e sua aplicação à área cultural.

Existem especificidades dos Contratos de Gestão, dependendo da área do Estado em que são

aplicados. Os Contratos de Gestão tem cláusulas semelhantes entre si e suas especificidades

estão detalhadas através de diversos anexos:

• Plano de Trabalho e indicadores de resultados.Cronograma físico financeiro.Cronogra-

ma de desembolso.Planilha de salários da equipe dirigente.Termo de permissão de uso

dos equipamentos da SEC- Secretaria de Estado da Cultura.Inventário de bens.

O Acompanhamento e a avaliação destes contratos de gestão possibilita maior controle e

transparência nas decisões, na ação pública, nas negociações e conseqüentemente maior

profissionalismo e base ética na prestação dos serviços públicos.

Na Secretaria de Cultura, foi formada uma Comissão de Acompanhamento, através de Reso-

lução, por exigência da Lei, para acompanhar e referendar, após análise, a avaliação periódica

dos contratos. Essa comissão é composta pelos diretores das áreas formuladoras de políticas

da Secretaria, além de especialistas em arte e cultura (FERNANDES, 2005).

Os contratos de gestão são monitorados por meio de um sistema informatizado que está sendo ela-

borado de acordo com as demandas específicas da SEC - Secretaria de Estado da Cultura, que com-

preenda o acompanhamento dos indicadores e suas metas previstas em cada Contrato de Gestão.

Page 144: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

144

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

É importante, também, trazer algumas definições jurídicas sobre o modelo e sua aplicação, a

fim de deixar mais claras algumas questões. Diante disso, Organização Social pode ser defini-

da como: Pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que firma Contrato de Gestão

com o Estado para a prestação de serviços públicos. Pode ser Associação ou Fundação.

Qualificação:

• Título que habilita a organização a celebrar Contrato de Gestão com o Estado para a

execução de serviços públicos.

• Compreende um rol de requisitos sobre: Estatuto, Diretoria, Conselho de Administra-

ção e Processo de Habilitação.

Contrato de Gestão:

• Instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização

social, com vistas à formação e execução de serviços públicos.

Foco do Contrato de Gestão:

• Estabelecimento de metas e indicadores de desempenho, que medem a eficácia da

prestação do serviço.

• Rol de responsabilidades do Estado e da Associação, visando o atingimento das metas

pactuadas.

Fiscalização do Contrato de Gestão:

• Controle dos resultados

• Monitoramento e avaliação por Comissão constituída pela Secretaria de Cultura.

• Utilização de critérios objetivos de avaliação de desempenho, mediante indicadores de

qualidade e produtividade.

Negociação:

• Secretaria de Estado e Organização Social, acertando questões sobre:

o Metas e prazos

o Obrigações e responsabilidades

o Condicionantes

o Recursos financeiros, humanos e materiais

o Flexibilidades

o Mecanismos de avaliação

Penalidades

Acompanhamento e avaliação:

Page 145: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

145

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• Relatórios trimestrais de execução do CG

• Análise anual por comissão de avaliação

• Prestação de contas anual

• Auditorias - anual e/ou periódicasA Secretaria de Cultura concentrava, anteriormente à

utilização do modelo de OS, todas as suas atividades executivas exclusivamente na Ad-

ministração Direta, o que limitava as possibilidades de agilidade e eficiência nos serviços

e atividades culturais como teatros, museus, escolas de música, orquestras etc.

Uma outra limitação relacionada à situação anterior à utilização do modelo era a impossibilida-

de da adoção de práticas de gestão relacionadas à área cultural e artística, impedimento que

desaparece no modelo OS.

O planejamento inicial da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo previa a parceirização

com 14 Organizações Sociais que iriam assumir atividades finalísticas, de execução de servi-

ços públicos, que até então vinham sendo realizadas diretamente pela Administração Direta.

Entretanto, com a troca do comando da Secretaria no primeiro semestre deste ano, não foi

assinado mais nenhum Contrato de Gestão, permanecendo somente os quatro iniciais que já

haviam sido assinados entre o final de 2004 e o início de 2005. As quatro Organizações So-

ciais que firmaram Contrato de Gestão estão descritas no Quadro 2.

Organizações Sociais de Saúde (OLIVEIRA, 2005)

A área de saúde foi a precursora na utilização do modelo de Organizações Sociais no Estado

de São Paulo. O processo foi iniciado ainda em 1998 e hoje já existem 18 serviços de saúde

que operam com contrato de gestão. Sendo:

• 13 hospitais por OSS´s/ 3 hospitais por Convênios (UNICAMP/UNESP/FFM-USP)

• 1 Ambulatório de Especialidades

• 1 Centro de Referência para Idosos

A área de saúde estadual também foi precursora na utilização do instrumento convênio com

metas e indicadores, a exemplo dos Contratos de Gestão, de forma que conseguiu uniformi-

zar a prática de contratualização na área com essa adequação.

Inicialmente, os hospitais ainda operaram com 2 instrumentos de relação: 1 convênio SUS e o Con-

trato de Gestão. Entretanto, desde 2001, já se uniformizou isso e o único instrumento de gestão

utilizado é o Contrato de Gestão, que incorporou vários indicadores utilizados também pelo SUS.

Nos contratos de gestão da área da saúde existem metas de produção, metas formais, rela-

cionadas às informações prestadas, além das metas de satisfação do usuário, que são consi-

deradas de grande relevância e peso para a área.

Page 146: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

146

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

5. Contratos Setor Público X Setor Privado

A contratualização do setor público com o setor privado já acontece há muito tempo, pois está

diretamente relacionada aos contratos de concessão, permissão, delegação e às autorizações

emanadas pelas autoridades públicas aos particulares.

Esse tipo de contrato aperfeiçoou-se com as ondas de privatizações de estatais do Estado na

década de 90, quando foram transferidas ao mercado as atividades de produção de bens e

serviços até então executadas diretamente pelo setor público.

A partir daí, os contratos de concessão foram incrementados com os indicadores e metas

de desempenho e foram criados órgãos públicos habilitados e capacitados para realizarem a

regulação das atividades dos mercados específicos, especialmente das áreas que foram priva-

tizadas, ligadas principalmente ao setor de infra-estrutura. Mas também foram criadas outras

agências reguladoras de setores que já existiam no mercado, mas não tinham órgãos públicos

modernos aparelhados para realizar a regulação e fiscalização das atividades.

Nesse contexto, no Estado de São Paulo, é que foram criadas a ARTESP – Agência Regulado-

ra de Transportes do Estado de São Paulo, que exerce a regulação do mercado de transporte

intermunicipal, e a CSPE – Comissão de Serviços Públicos de Energia, que realiza a regulação

do setor de energia elétrica e gás canalizado.

Além dessas duas agências, também será demonstrado o caso da EMTU – Empresa Metropo-

litana de Transportes Urbanos, que regula e fiscaliza o transporte na região metropolitana de

São Paulo. Essa empresa pública já existia há mais tempo.

ARTESP – Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (RECCHI,

2005)

A ARTESP é uma autarquia que tem como finalidade regulamentar e fiscalizar todas as moda-

lidades de serviços públicos estaduais de transportes autorizados, permitidos ou concedidos

a entidades de direito privado.

As razões e objetivos do programa realizado pela agência são:

• Necessidade de investimentos na infra-estrutura de transporte.

• Incapacidade financeira do Estado para satisfazer a totalidade de investimentos a curto prazo.

• Disponibilidade de novas tecnologias no setor de transporte.

• Oportunidade para criar novo negócio gerando desenvolvimento econômico e empregos.

• Adaptar a capacidade das rodovias de acordo com as demandas das regiões, promo-

vendo o desenvolvimento econômico

• Aumentar a segurança, o conforto e a confiabilidade nas estradas.

Page 147: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

147

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• Reduzir os custos de transportes na economia do Estado.

• Garantir a evolução do setor.

A amplitude do programa compreende:

• 3,5 mil km (15% malha rodoviária do Estado)

• 12 empresas concessionárias

• 20 mil novos empregos diretos

• R$12,9 bilhões de investimentos

CSPE – Comissão de Serviços Públicos de Energia (KANN, 2005)

A CSPE compreende as atividades de regulação de geração e distribuição de energia elétrica

e de gás canalizado no Estado de São Paulo, tendo como diretrizes:

• Coibir a ocorrência de discriminação no uso e acesso à energia;

• Proteger o consumidor no que respeita a preços, continuidade e qualidade do forneci-

mento de energia;

• Aplicar metodologias que proporcionem a modicidade das tarifas;

• Assegurar à sociedade amplo acesso a informações sobre a prestação dos serviços

públicos de energia e as atividades da Comissão, assim como a publicidade das infor-

mações quanto a situação do serviço e aos critérios de determinação das tarifas.

As atividades de regulação e fiscalização do setor elétrico estão restritas às atividades dele-

gadas pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica no Estado de São Paulo, atuando

atualmente junto a 14 concessionárias de distribuição de energia elétrica e 3 concessionárias

de distribuição de gás canalizado.

As atividades de fiscalização da CSPE são de natureza:

• Técnica

• Comercial

• Econômico Financeira Societária

• Pequenas Centrais Hidrelétricas e Termoelétricas

• Pesquisa e Desenvolvimento

• Eficiência Energética

Os tipos de fiscalização realizados são de natureza: permanentes, periódicas e pontuais.

EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (LOPES, 2005)

A EMTU é a empresa do Governo do Estado de São Paulo que é responsável pelo gerencia-

Page 148: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

148

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

mento do transporte de passageiros, por ônibus, nas Regiões Metropolitanas do Estado de

São Paulo. Esse gerenciamento compreende as funções de planejamento, controle e fiscali-

zação da frota.

Atualmente, a EMTU atua em 67 municípios, com uma frota gerenciada de cerca de 14 mil

veículos que atendem, em média, 1,5 milhão de passageiros por dia útil.

A atividade de gerenciamento compreende o planejamento das linhas, a frota necessária e a

quantidade de passageiros do roteiro de cada linha.

Já a fiscalização observa itens que vão desde as condições mecânicas dos ônibus, até cum-

primento de horários.

A EMTU desenvolveu uma metodologia que mede o IQT – Índice de Qualidade do Transporte,

e é aplicada em toda a sua área de abrangência. O IQT tem como objetivos:

• Tornar mais objetivas as relações contratuais entre o Poder Concedente e os Operadores;

• Monitorar e controlar o sistema por meio de indicadores de gestão;

• Estabelecer diretrizes de atuação do sistema a partir do desempenho verificado

• Trabalhar com um indicador multifacetado que leve em conta os diversos aspectos da

prestação dos serviços.

O IQT engloba outros índices na sua composição, de forma a englobar todos os aspectos

relevantes dos serviços, conforme Quadro 3.

6. PPPs – Parcerias Público-Privadas (ENGLER, 2005)

As PPPs ainda são uma novidade, em termos de contratualização no Setor Público, pois é

muito recente a sua regulamentação, pois é regido pela Lei Federal nº 11.079/2004.

Os contratos consistem na contratação de terceiros, para a prestação de serviços para a

própria Administração ou para grupos específicos de usuários. É mais adequado para obras e

serviços de infra-estrutura, apesar da atuação do parceiro privado não se limitar à execução

de obra pública, mas deve envolver atividade operacional.

Os contratos de PPPs deverão ter prazo máximo de 35 anos e os aportes de recursos públicos de-

vem ser diluídos no tempo. O parceiro privado investe na frente e obtém o retorno no longo prazo.

A CPP – Companhia Paulista de Parcerias é a empresa do Governo do Estado de São Paulo

que tem a função de garantidora das obrigações do Tesouro do Estado em contratos de PPP,

oferecendo garantias de boa qualidade e liquidez.

Page 149: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

149

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

7. CONCLUSÃO

Diante do abordado e das experiências de contratualização relatadas, chega-se a um ponto

interessante da utilização do mecanismo contrato de resultados, pois já se consegue obter

resultados palpáveis em todas as áreas com quem o Estado estabelece a parceria contratual,

seja ela pública ou privada.

Entretanto, sabe-se que trabalhar com indicadores de resultado não é uma tarefa fácil para os

órgãos do Estado, especialmente quando se tem que lidar com transformações de natureza

cultural que envolvem a mudança de visão e a postura dos agentes públicos envolvidos.

A prática da contratualização traz inovações para a Administração Pública, que passa a se mo-

dernizar, já que começa a focar no que é relevante para o Estado e para o Cidadão, beneficiário

dos serviços públicos, através dos indicadores de desempenho estabelecidos nos contratos

de resultados.

Esse foco em resultados permite ao administrador público e ao Governo apresentar o alcance

de maior quantidade de serviço prestado à população, deixando de executar diretamente as

atividades e passando a conceber e formular políticas públicas que passam, também, a ser

monitoradas e fiscalizadas pelo Estado. Além disso, permite às organizações contratadas o

alcance de níveis crescentes de produtividade e eficiência, em virtude da própria dinâmica

mobilizadora que a organização passa a ter e as metas estabelecidas no intrumento contratual

de resultados.

BIBLIOGRAFIA

ALCOFORADO, Flávio. Um desafio para a regulação do mercado de assistência à saú-de no Brasil: a escolha do consumidor de planos de saúde – dissertação de mestrado,

2003. Publicada em: http://www.ebape.fgv.br/academico/asp/dsp_dissertacoes.asp?cd_

cur=3&cd_lip=2&cl_status=D

ALCOFORADO, Flávio. Flexibilidade organizacional e adaptação à cultura setorial: o caso das Organizações Sociais no Brasil, 2004. Publicado nos anais do IX Congresso

Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Madrid,

Espana, 2-5 Nov. 2004.

BRASIL. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado / Secretaria da Reforma

do Estado. Organizações Sociais. / Secretaria da Reforma do Estado. Brasília: Ministério

da Administração e Reforma do Estado, 1997.

Page 150: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

150

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

BRASIL, CÂMARA DA REFORMA DO ESTADO, Ministério da Administração e Reforma do

Estado. Plano diretor da reforma do aparelho do Estado. Brasília: Presidência da Repú-

blica, 1995.

ENGLER, Mário (2005), As PPPs – Parcerias Público Privadas no Estado de São Paulo, FUN-

DAP, mimeo.

FERNANDES, Maria Amélia (2005), Acompanhamento e Controle das Organizações Sociais

da Cultura do Estado de São Paulo, FUNDAP, mimeo.

KANN, Zevi (2005), Contratualização de Resultados: CSPE - Comissão de Serviços Públicos

de Energia, FUNDAP, mimeo.

LOPES JÚNIOR, Joaquim (2005), Contratualização de resultados: a EMTU e o Sistema Me-

tropolitano de Transporte de Passageiros por Ônibus, FUNDAP, mimeo.

OLIVEIRA, Sílvia Regina (2005), Organizações Sociais de Saúde, FUNDAP, mimeo.

RECCHI, Wilson (2005), Contratualização de Resultados: ARTESP – Agência Reguladora de

Transportes do Estado de São Paulo, FUNDAP, mimeo.

SILVA, José Walter (2005), Programa Cidadania no Cárcere, FUNDAP, mimeo.

SIQUEIRA, Maria Carolina (2005), Indicadores de desempenho e controle de resultados,

SEPLAG/MG, mimeo.

RESENHA BIOGRÁFICA

Flávio Carneiro Guedes Alcoforado é Mestre em Gestão Empresarial pela EBAPE / Fundação

Getulio Vargas – RJ, onde elaborou a Dissertação: Um desafio para a regulação do mer-

cado de assistência à saúde no Brasil: a escolha do consumidor de planos de saúde, em

2003; é Especialista em Gestão Empresarial pelo IAG /Pontifícia Universidade Católica do

Rio de Janeiro; e Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco; Professor

de Administração da PUC SP e licenciado da Universidade Cândido Mendes, onde leciona

as disciplinas: Teoria Geral da Administração, Introdução à Administração e Organizações. É

Diretor da VAE Consultores – Valor e Atitude Empresarial, na área de Administração Pública;

Consultor da FUNDAP – Fundação de Desenvolvimento Administrativo para a implantação das

Organizações Sociais da área da Cultura do Estado de São Paulo e Consultor da Secretaria de

Planejamento e Gestão do Estado de Minas Gerais, para a implantação de OSCIPs.

Desenvolveu trabalhos nas seguintes organizações sociais:

ACERP – Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, mantenedora da TVE Brasil

e Rádio MEC, no Rio de Janeiro;

IACC – Instituto de Arte e Cultura do Ceará, que gere o Centro Cultural Dragão do Mar;

Page 151: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

151

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

FUNTELC – Fundação de Telecomunicação do Ceará, mantenedora da TV educativa do Estado

do Ceará;

PRO GURI - Associação Amigos do PROJETO GURI, que gere as atividades de formação em

música para crianças e adolescentes, em São Paulo;

ASSAOC - Associação Amigos das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo, que gere as

atividades dos cursos e eventos de artes nas Oficinas Culturais do Estado de São Paulo.

Page 152: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

152

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS

Quadro 1 – Diferenças entre Convênio e Contrato na Administração Pública

Convênio Contrato

• Interesses concorrentes;

• Não há taxa ou remuneração;

• Não há penalidade na rescisão;

• Valor repassado não perde natureza

de recurso público;

• Prestação de contas financeira ao

repassador e ao Tribunal de Contas;

• Interesses contrapostos;

• Há remuneração;

• Há multa e penalidades rescisórias;

• Valor da remuneração passa a inte-

grar o patrimônio do contratado;

• Não há prestação de contas finan-

ceira tradicional.

Quadro 2 – Organizações Sociais que firmaram Contrato de Gestão com a Secretaria da Cul-

tura do Estado de São Paulo

Organização Fase Atual Próximos passos Área de atuação

Associação Ami-

gos do Projeto

GURI

Em organização e

funcionamento

Monitoramento e

avaliações perió-

dicas

Ensino de mú-

sica a crianças

e adolescentes

carentes.

APAA - Associa-

ção Paulista dos

Amigos das Artes

(teatros)

Em organização e

funcionamento

Monitoramento e

avaliações perió-

dicas

Rede de Teatros

ASSAOC - Ami-

gos das Oficinas

Culturais do Esta-

do de S.Paulo

Em organização e

funcionamento

Monitoramento e

avaliações perió-

dicas

Oficinas Culturais

Artísticas

Instituto Abassaí

de Cultura e Arte

Em organização e

funcionamento

Monitoramento e

avaliações perió-

dicas

Mapeamentos e

concursos que di-

vulguem a cultura

regional.

Page 153: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

153

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Quadro 3 – Índice de Qualidade do Transporte IQT ÍNDICE DE QUALIDADE DOTRANS-PORTE

Page 154: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 155: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

____________________________________________________Estudo sobre Novas Formas Organizacionais nos Municípios

Alfredo Sant’Anna Júnior, Fátima F. Araújo,

Maria do Carmo M. T. Cruz, Vera Martins da Silva

Page 156: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 157: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

157

ESTUDO SOBRE NOVAS FORMAS ORGANIZACIONAIS NOS MUNICÍPIOS - 2006

Alfredo Sant´Anna Júnior

Fátima F. Araújo

Maria do Carmo M. T. Cruz

Vera Martins da Silva

SUMÁRIO - 1. Introdução. 2. Metodologa de Pesquisa. 3. Resultados do Levantamento. 4. Os

Estudos de Caso. 5. Considerações Finais. 6. Bibliografia Básica.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é uma síntese da pesquisa1 realizada em 2006 pela Fundação Prefeito Faria Lima –

Cepam - Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal, em parceria com a

Secretaria de Economia e Planejamento (SEP) do Estado de São Paulo, e aborda as novas

formas organizacionais com os respectivos instrumentos de pactuação utilizados na gestão de

políticas públicas pelos municípios paulistas. Os objetos de estudo são as Organizações So-

ciais (OS)2; as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips)3; as Agências

Executivas, Reguladoras e de Desenvolvimento; os Consórcios Intermunicipais/Públicos; e a

Sociedade de Propósito Específico (SPE), no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPPs).

A pesquisa contou, inicialmente, com a análise/reflexão sobre conceitos e modalidades orga-

nizacionais, a partir de pesquisa bibliográfica e levantamento da legislação vigente. Com base

nesse conjunto de informações, foi feita a pesquisa empírica, por meio de um questionário,

distribuído em todos os municípios paulistas,

1 A equipe técnica da pesquisa é composta por Alfredo Sant´Anna Júnior, Áquilas Nogueira Mendes, Carlos Correia Leite, Fátima F. Araújo, Isabete G. Silva, Luciana Antonini (tabulação), Maria do Carmo M. T. Cruz e Vera Martins da Silva e apoio administrativo de Marli Aguiar.2 Entidades civis sem fins lucrativos/econômicos, qualificadas por lei como OS, com o objetivo de prestar serviços públicos não exclusivos, mas de interesse do Estado, por meio da celebração de Contrato de Gestão com o Poder Público.3 É uma qualificação, dada pelo Ministério da Justiça, às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins eco-nômicos/lucrativos, cujos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei Federal 9.790/99 e Decreto Federal 3.100/99. A qualificação permite celebrar um ajuste, denominado Termo de Parceria, com o Poder Público, para desenvolver projetos ou atividades complementares às que original-mente são de responsabilidade daquele Poder.

Page 158: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

158

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

O objetivo foi conhecer as ações e serviços públicos realizados em parcerias, os modelos

organizacionais aplicados às políticas públicas municipais/regionais e os mecanismos e ins-

trumentos de gestão utilizados.

A existência das novas formas/modelos organizacionais de prestação de serviços públicos

está inserida no arcabouço do Plano da Reforma do Estado, elaborado pelo Governo federal,

em 1995, e que tem sido referência para os governos estaduais e municipais. Nessa nova

concepção, o Estado deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e

social, pela via da produção de bens e serviços, para ser fortalecido na função de promotor e

regulador desse processo.

Dessa forma, o papel de executor, ou prestador direto de serviços, do Estado, é minimizado,

e fortalecido seu papel como regulador, provedor e promotor, sobretudo dos serviços sociais,

como educação e saúde. O Estado, como promotor desses serviços, continuará a subsidiá-

los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a participação da sociedade. Uma

estratégia é publicizar as atividades classificadas como não-exclusivas da esfera estatal, faci-

litando sua absorção pelo setor público não estatal.

Após 11 anos da aprovação do Plano da Reforma do Estado, é fundamental a reflexão/conhe-

cimento sobre a abrangência da adoção dessas novas formas/modelos organizacionais pelos

municípios paulistas.

2. METODOLOGIA DA PESQUISA

O trabalho, desenvolvido em 2006, abrangeu quatro fases:

• Estudo de conceitos, modalidades e legislação de novas formas/modelos organizacionais;

• Elaboração de questionário, aplicação nas Administrações Municipais e análise das

informações coletadas;

• Estudos de caso realizados por pesquisa, in loco; e

• Discussão/reflexão sobre as informações e formulação de questões a partir

dos procedimentos.

Os objetivos do estudo e os poucos trabalhos voltados à esfera municipal de governo con-

duziram à opção pela pesquisa exploratória, por proporcionar uma visão geral sobre o tema,

constituindo subsídios para ampliar a investigação.

Como instrumento de pesquisa, foi elaborado um questionário para levantamento das informa-

ções4 nos municípios, que teve como escopo:

4 Todas as informações referem-se à existência de vínculos do Poder Público municipal com as organizações em funcionamento, no ano de 2006.

Page 159: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

159

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• O registro de dados cadastrais do informante (nome, município, etc.);

• A identificação dos tipos de organizações com as quais as diversas áreas da prefeitura

mantêm parceria para a execução dos serviços públicos (OS, Oscip, ONG/Entidades

sociais, Agência de Desenvolvimento, Agência Reguladora, Agência Executiva, Con-

sórcio Intermunicipal/Público, Sociedade de Propósito Específico no âmbito da Par-

ceria Público-Privada - PPP, Serviços Sociais Autônomos, Cooperativas de Inclusão

Social e de Prestação de Serviços Públicos, Entidades de Crédito Comunitário, entre

outros);

• A verificação de ajustes/instrumentos de formalização de vínculos peculiares da rela-

ção entre os vários tipos de organização e a Administração Municipal, como: contrato,

termo de parceria, contrato de gestão, convênio, auxílio, subvenção, contrato adminis-

trativo de concessão na modalidade patrocinada e administrativa, outros; e

• A existência de legislação municipal (lei, decreto, portaria) com regulamentação da

relação/pactuação do Poder Público com as diversas organizações.

Retornaram 108 questionários (16,7% dos municípios paulistas). Para esse conjunto, buscou-

se, por contato telefônico, eliminar discrepâncias para melhorar a qualidade das informações.

Os resultados obtidos estão contidos no Quadro 1.

Quadro 1: Distribuição dos municípios pesquisados por faixa populacional no Estado de São

Paulo e no âmbito da pesquisa, 2006

Cód. Porte PorteFaixa Populacional (hab.)

EstadoÂmbito da Pesquisa

%

1 Muito pequeno de 818 a 5.000 169 21 12,43

2 Pequenode 5.001 a 17.000

213 30 14,08

3 Médiode 17.001 a 60.000

156 36 23,08

4 Grandede 60.001 a 220.000

78 14 17,95

5 Muito grandede 220.001 a 1.218.862

28 6 21,43

6São Paulo - Cap.

10.838.581 1 1 100,00

Total 645 108 16,90

Fonte: Pesquisa SEP/Cepam, Novas Formas Organizacionais, 2006.

Na análise de incongruências, foram identificados os seguintes fatores causadores das dis-

torções:

Page 160: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

160

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• Tendo como foco o setor/área governamental, os resultados da pesquisa de-

monstram que uma mesma forma organizacional atende a demandas de mais

de uma área municipal, ocasionando uma quantidade maior do que as realmente

existentes;

• Algumas formas de organização apontadas pelos informantes, não se encontram for-

malizadas por qualquer instrumento de pactuação;

• Detectou-se dificuldade na compreensão de alguns conceitos, embora um glossário

tenha sido enviado aos informantes. Esse é um dos aspectos que se tentou solucionar

por contato telefônico5.

3. RESULTADOS DO LEVANTAMENTO

Síntese dos tipos de novas formas organizacionais

A análise das informações dos 108 questionários respondidos revela parcerias em dez áreas/

setores municipais com OSs; em 50, com Oscips; em 178, com Organizações Não-governa-

mentais (ONGs); e, em 83, com Consórcios Intermunicipais/Públicos (Tabela 1).

Pela análise da distribuição nos municípios paulistas, 306 organizações (47%) encontram-se

em municípios de porte médio.

Tabela 1: Distribuição das formas de organização dos serviços municipais por tipo de porte

populacional nos 108 municípios pesquisados do Estado de São Paulo

Porte OS Oscip ONG Agência de Desen-

volvimentoConsórcio Outras Total

1 - 3 21 - 15 14 53

2 4 14 49 3 25 32 127

3 2 13 44 - 31 36 126

4 1 12 37 3 9 30 92

5 2 5 23 3 3 19 55

6 1 3 4 - - - 8

Total 10 50 178 9 83 131 461

Fonte: Pesquisa SEP/Cepam, Novas Formas Organizacionais, 2006.

5 Observações importantes de serem apontadas, para que, no futuro, numa nova pesquisa, esses aspectos sejam mais bem explicitados.

Page 161: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

161

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

A pesquisa focou basicamente cinco formas: OS, Oscips, ONGs, Agências de Desenvolvi-

mento e Consórcios Intermunicipais/Públicos; além das relações das OS e Oscips e os mu-

nicípios paulistas.

Todas as demais formas de organização apontadas pelos municípios foram tratadas no conjun-

to Outras Formas, por terem ocorrência nula ou quase nula (como as sociedades de propósito

específico, no âmbito das PPPs, Agências Executivas, Agências de Regulamentação, Serviços

Sociais Autônomos) ou por serem objeto de estudos, como as Entidades de Crédito Comuni-

tário e as Cooperativas de Inclusão Social6.

As informações referentes aos novos modelos organizacionais de serviços municipais, clas-

sificadas por setor da prefeitura, demonstram que o maior número de parceiros é encontrado

em saúde (92), assistência social (61) e educação (48), respectivamente (Tabela 2). Ou seja,

nos setores que integram o núcleo central da política social nos municípios, e são responsá-

veis por mais de 40% do orçamento.

Tabela 2: Distribuição das novas formas organizacionais dos serviços municipais, segun-

do tipo de organização e setor da prefeitura nos 108 municípios pesquisados do

Estado de São Paulo

Fonte: Pesquisa SEP/Cepam. Novas Formas Organizacionais, 2006.

A inovação nas novas formas organizacionais está centrada no setor da saúde. A Tabela 2

representa essa realidade, sobretudo em relação às parcerias com OSs e Oscips. No que se

refere às associações sem fins lucrativos/econômicos/ONGs, a área de Assistência Social

apresenta o número mais significativo (51), destacando-se que, a histórica participação do Ter-

ceiro Setor na Assistência, não é exatamente nova, no que se refere a esse tipo de parceria.

6 A maioria das cooperativas de inclusão social identificadas na pesquisa está correlacionada à coleta seletiva de lixo e à geração de renda.

Setores OS Oscip ONG Ag.Des Consórcio Outras Total Saúde 6 20 43 - 17 6 92Assistência Social 1 4 51 - 1 4 61Educação - 4 28 1 2 13 48Trabalho - 1 5 - 1 39 46Meio Ambiente - 3 6 - 12 5 26Cultura 1 1 14 - 4 5 25Limpeza Pública - 1 1 - 7 13 22Infra estrutura- - 1 1 - 11 9 22Esporte 1 4 8 - - 8 21Cidadania - 3 14 - 1 2 20Economia 1 2 3 6 4 4 20Agricultura - - 1 1 7 8 17Transporte - - 1 - 13 2 16Habitação - 5 1 1 - 6 13Outros Órgãos - 1 1 - 3 7 12

Page 162: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

162

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

A análise da participação de novas formas organizacionais na área da saúde, principalmente

OS e Oscips (Tabela 3), não revela concentração significativa em municípios de determinado

porte. As parcerias com as ONGs, entretanto, aparecem em 43% dos municípios paulistas.

Tabela 3: Distribuição das novas formas organizacionais dos serviços municipais de saúde,

segundo tipo de organização e porte populacional nos 108 municípios pesquisados

do Estado de São Paulo

Fonte: Pesquisa SEP/Cepam. Novas Formas Organizacionais, 2006.

Ajustes/Instrumentos de Formalização de Parcerias

Com a finalidade de conhecer os instrumentos utilizados nas parcerias entre o Poder Público

municipal e as novas formas organizacionais, a pesquisa levantou informações sobre: con-

trato, termo de parceria, contrato de gestão, convênio, auxílio, subvenção social, contrato

administrativo de concessão na modalidade patrocinada e administrativa, e outros. No ques-

tionário, foram apresentados conceitos dos instrumentos de pactuação7.

7 Contrato - todo e qualquer ajuste entre órgãos e entidades da Administração Pública e particulares em que haja um acordo de vontades para formular vínculos e estipular obrigações recíprocas, seja qual for a denomi-nação utilizada.

Termo de Parceria - acordo firmado entre o Poder Público e a Oscip para executar um projeto ou programa de trabalho de interesse do Poder Público e de acordo com o objeto social da entidade; estabelece direitos, responsabilidades e obrigações das partes.

Contrato de Gestão - instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como OS para fo-mento e execução de atividades; define metas e prazos de execução, critérios de avaliação de produtividade, mediante indicadores de qualidade e produtividade.

Convênio - acordo firmado com entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e organizações parti-culares, para realizar objetivos de interesse comum dos partícipes.

Auxílio - transferências, previstas em lei, destinadas a cobrir despesas de capital de entidades privadas sem fins lucrativos.

Subvenção social - transferências, previstas em lei, destinadas a cobrir despesas de custeio operacional de entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos de caráter assistencial ou cultural.

Contrato administrativo de concessão na modalidade patrocinada e administrativa - concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou obras públicas de que trata a lei federal 8.987, quando houver, adicio-nalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público. Concessão adminis-trativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva obra ou fornecimento e instalações de bens.

Porte OS OSCIP ONG Ag. Des Consórcio Outras Total1 --- 0 1 7 0 5 1 14 2 1 2 13 0 8 0 24 3 2 7 13 0 4 1 27 4 1 6 5 0 0 3 15 5 1 3 4 0 0 1 9 6 1 1 1 0 0 0 3

Total 6 20 43 0 17 6 92

Page 163: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

163

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

TotalPorte Contrat T. Parceria Contr.Gestão Convênio Subvenção Contr.Concessão Outros 1 1 1 - - 1 - - 3 2 2 3 - 2 1 - - 8 3 1 8 - 1 - - - 10 4 - 3 - 3 2 - - 8 5 - 1 - 2 - - - 3 6 - 1 - 1 - - - 2

Total 4 17 - 9 4 - - 34

Sobre esses instrumentos, os 108 municípios informaram que convênio (136), subvenção

(59), contrato (41), termo de parceria (30), e contrato de gestão (10), respectivamente, são

os mais utilizados. Enquanto os três primeiros instrumentos são os mais conhecidos, a pesqui-

sa identificou também termos de parceria e contratos de gestão como reguladores da relação

entre o Poder Público e as Oscips e OSs, respectivamente.

A Tabela 4 mostra que metade das Oscips, conforme informado pelos municípios (17), utiliza

o termo de parceria como instrumento de regulação. A maior parte delas (8) está nos muni-

cípios de médio porte. Salienta-se que nove municípios utilizam o convênio como forma de

pactuação com as Oscips.

Tabela 4: Distribuição dos instrumentos de parceria nas Oscips, segundo o porte populacional

nos 108 municípios pesquisados do Estado de São Paulo

Fonte: Pesquisa SEP/Cepam. Novas Formas Organizacionais, 2006.

Quanto às OS identificadas, constata-se também que metade delas (8) utiliza o contrato de

gestão como instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada nessa forma

organizacional (Tabela 5). Três delas estão localizadas em municípios de médio porte e duas

em municípios pequenos.

Tabela 5: Distribuição dos instrumentos de parceria nas OS, segundo o porte populacional nos

108 municípios pesquisados do Estado de São Paulo

Fonte: Pesquisa SEP/Cepam. Novas Formas Organizacionais, 2006.

Porte Contrato T . Parceria Contr.Gestão Convênio Subvenção Contr.Concessão Outros Total 1 -

- 1 - - - - 1

2 - -

2 1 - - -

3 3 1 - 3 ----0 1 -

- 5

4 - - 1 1 1 - - 3 5 2 - - 1 1 - - 4 6 - - 1 -

- - - 1 Total 3 - 8 3 3 - - 17

Page 164: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

164

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

O contrato de gestão é poderoso instrumento de regulação da Administração Municipal, por-

que o controle da entidade qualificada como OS não se restringe aos recursos financeiros

repassados, mas também às metas, aos prazos de execução, à qualidade e à produtividade.

Destaca-se que, na área da saúde - aquela que evidenciou o maior número de OSs – o con-

trato de gestão deve seguir os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e, portanto, do

sistema municipal de gestão.

4. OS ESTUDOS DE CASO

Os estudos de caso sobre as novas formas organizacionais foram realizados em seis muni-

cípios, os quais mantém vínculos de cooperação com duas Oscips; três OS; e uma Agência

Reguladora. Neste texto, serão abordadas questões referentes às OSs e Oscips8.

Nas visitas de campo, buscou-se identificar a motivação da Administração Municipal para

publicizar os serviços; o processo de criação da parceria; o processo de qualificação da enti-

dade; o instrumento de pactuação; os controles internos, externos e sociais; a organização e

o funcionamento da organização e sua relação com o Poder Público; e os resultados.

4.1. Oscips

A pesquisa identificou 40 municípios que mantêm parceria com Oscips9. Para a seleção dos

estudos de caso, o Cepam recorreu à pesquisa exploratória e a informações do Tribunal de

Contas do Estado de São Paulo, além de fontes secundárias. Foram critérios para a escolha:

o funcionamento há mais de um ano; a existência do instrumento termo de parceria, que se

constitui no ajuste legal mais adequado à utilização da Oscip; a existência de regulamentação

legal pelo Poder Público (lei/decreto); e a diversidade de iniciativas/setores de atuação da

Administração Municipal.

Um roteiro de entrevista para a visita de campo10 envolveu todos os informantes-chave: pre-

feitos, dirigentes da área responsável pelo termo de parceria, presidentes e dirigentes das

Oscips, representantes dos conselhos municipais, membros do Legislativo, usuários dos ser-

viços, equipes técnicas da prefeitura, entre outros.

Das 40 Oscips identificadas, 16 funcionam há mais de um ano e, destas, dez utilizam o termo

de parceria como instrumento de ajuste. O terceiro critério indicou a diversidade de setores

8 Os municípios não serão identificados, de forma a preservar as informações obtidas e os desafios a serem enfrentados.9 Segundo o Ministério da Justiça havia, em 2006, 1.118 Oscips, em 163 municípios paulistas (25% dos municípios).10 Também foram coletados dados de fontes primárias e secundárias, e documentos.

Page 165: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

165

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

(assistência social, educação) e a escolha por uma Oscip que atuasse na gestão de uma po-

lítica pública.

Um caso de parceria trata de uma Oscip que desenvolve ações de assistência social, de

educação e cultura com jovens e suas famílias. Em outro estudo de caso, a parceria é com

uma Oscip que atua na gestão da rede básica, a compra de medicamentos, outros materiais

e insumos; realização de obras e manutenção de prédios e veículos, serviços de terceiros e

transportes e outros insumos e também no Programa da Saúde da Família (PSF).

Os municípios visitados utilizam a sistemática de qualificação federal, realizada pelo Ministério

da Justiça, bem como a legislação federal (Lei Federal 9.790/99 e Decreto Federal 3.100/99).

Alguns municípios regulamentam a parceria, por meio de lei municipal, autorizando o Poder

Executivo a firmar o termo de parceria.

A análise custo-benefício não é realizada antes do acordo entre o Poder Público e a Oscip; e

a escolha da instituição parceira não tem sido realizada por concurso de projetos ou chama-

mento público.

Os termos de parceria, entretanto, foram aprovados pelos conselhos municipais das áreas

vinculadas. Neles, estão incorporados os respectivos planos de trabalho estabelecendo as

ações a serem desenvolvidas. Os termos de parceria prevêem ajustes, que podem ser feitos

de comum acordo entre as partes, por um Termo de Aditamento ou por registro em simples

apostila.

Questões para reflexão referentes às Oscips

• Aprofundamento da discussão técnico-jurídica sobre a necessidade de o município

criar uma lei municipal para regulamentar as parcerias e/ou realizar um plano munici-

pal de publicização. Alguns municípios paulistas não têm lei municipal própria e assu-

mem a qualificação federal, estabelecida na Lei federal 9.790/99 e no Decreto federal

3.100/99. O Cepam sugere lei municipal para regulamentar a parceria. Nessa lei, o

município pode estabelecer alguns requisitos como: tempo de existência da Oscip; sua

experiência na área de atuação da parceria; entre outros.

• Partindo do pressuposto de que a qualificação federal vale para os demais entes fede-

rados, é importante que os projetos - objeto do termo de parceria - estejam contempla-

dos no PPA, na LDO e na LOA.

• É necessário regulamentar a escolha da Oscip. A Lei 9.790/99 estabelece que a

escolha do parceiro poderá ser feita por meio de publicação de edital de concursos

de projetos, pelo órgão estatal parceiro, para obtenção de bens e serviços e para a

realização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica e assessoria. Há

posicionamentos jurídicos distintos exigindo realização de licitação ou chamamento

Page 166: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

166

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

público. É necessário, também, realizar concurso de projetos para organizar e imple-

mentar programa já normatizado, como o Programa da Saúde da Família.

• A formalização da parceria exige análise do custo-benefício dos diversos projetos pas-

síveis de atuação conjunta. Conhecer os custos estimados é importante para que os

gestores analisem os benefícios das propostas dos planos e seus respectivos custos.

Apesar da dificuldade desse procedimento, é um passo inicial importante para raciona-

lizar a ação pública.

• O acompanhamento sistemático da parceria deve ser uma prática, nos municípios que

optaram por trabalhar com instituições parceiras. O Poder Público e a comissão de

avaliação, formada pelo Executivo, pela Oscip e pelos conselhos municipais das áreas

envolvidas, devem acompanhar periodicamente as ações propostas e os resultados

obtidos.

• Quanto ao sistema de compras, nem todas as Oscips têm regulamento para esse

procedimento e algumas realizam subcontratação de empresas. Deve-se refletir se ins-

trumentos como o pregão eletrônico e a ata de registro de preços seriam alternativas

adequadas para os municípios.

• São necessários estudos aprofundados sobre a relação entre o Poder Público e as

Oscips, por se tratar de temática muito nova, além de complexa. Um desafio a ser en-

frentado, por exemplo, é o limite de atuação de uma Oscip nas políticas públicas para

que os gestores tenham parâmetros de utilização desse novo arranjo organizacional. A

atuação do Poder Público deve ser pró-ativa no acompanhamento, supervisão e fisca-

lização das atividades.

• Nos termos de parceria analisados, constatou-se que as Oscips são responsáveis pela

contratação e pagamento do pessoal necessário, inclusive pelos encargos sociais e

obrigações trabalhistas decorrentes. Para isso, a Oscip deve fazer uma reserva finan-

ceira para prevenir, ao final da parceria, o risco de inadimplência. Não se pode, entre-

tanto, esquecer a questão jurídico-trabalhista referente aos funcionários contratados

pela Oscip já que há, em alguns casos, uma relação de subordinação entre eles e a

prefeitura.

• É necessário planejar a continuidade da prestação de serviços públicos no longo prazo.

Apesar de ser possível prorrogar o termo de parceria e, portanto, a continuidade dos

serviços envolvidos, pode haver uma interrupção, seja pela não-prorrogação do ajuste

ou mesmo pela vontade de uma das partes em suspender a parceria. Essa interrupção

pode causar transtornos, principalmente em áreas estratégicas da Administração Pú-

blica. Além disso, o trabalho significa aprendizagem e treinamento no próprio processo

e a dissolução de uma parceria pode impedir a adequada incorporação de conhecimen-

tos técnicos e gerenciais.

Page 167: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

167

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• Os conselhos setoriais devem analisar, aprovar e acompanhar as parcerias. Essa atu-

ação tem se restringido mais aos procedimentos formais do que aos resultados. É

necessário capacitar os conselheiros para essa função.

• As parcerias exigem preparação, por parte do Poder Público, necessitando formar pro-

fissionais para planejar, acompanhar e avaliar os processos.

4.2. Organizações Sociais (OS)

Na pesquisa e informações adicionais prestadas pelo Tribunal de Contas do Estado de São

Paulo, o Cepam identificou 17 OSs. Foram selecionadas três experiências, na área de saúde,

para estudos de caso. A escolha dessas OSs foi motivada pela aparente diferença entre os

modelos de gestão.

São pressupostos do Plano de Publicização Nacional que as entidades qualificadas como

OSs não podem ter fins econômicos/lucrativos; seu resultado financeiro deve ser reinvestido

em suas finalidades; devem propiciar ampla participação na sociedade no seu órgão máximo

de deliberação; devem ter um instrumento de pactuação de parceria que permita avaliar quali-

tativa e quantitativamente os serviços prestados e os resultados avaliados por uma comissão

técnica do órgão de fomento.

Para os estudos de casos, foram utilizadas as entrevistas com informantes-chave e a coleta

de dados de fonte primária e fontes secundárias.

A escolha dos informantes-chave seguiu o critério de importância no processo de criação e ges-

tão das OSs. Procurou-se entrevistar os atuais prefeitos; os dirigentes da área responsável pelo

contrato de gestão; os presidentes dos Conselhos Administrativos e os dirigentes executivos das

OSs; os membros da comissão de avaliação dos contratos de gestão; os representantes dos usu-

ários nos Conselhos Municipais de Saúde; os membros do Legislativo de oposição aos governos

locais; além de usuários do sistema de saúde e das comunidades locais.

Os estudos identificaram, basicamente, dois modelos de OSs nos municípios paulistas.

O primeiro modelo é caracterizado por reproduzir o modelo adotado pelo governo federal, ou

seja, o Estado estimula a criação de uma organização sem fins econômicos/lucrativos, espe-

cificamente para assumir as atividades a serem publicizadas, prevendo a sua participação no

órgão diretivo (Conselho de Administração). Essas instituições qualificadas como OS, por lei

local, passam a existir para prestar os serviços que foram publicizados e os recursos financei-

ros e materiais são, quase na totalidade, oriundos dos orçamentos públicos.

O instrumento de pactuação é o contrato de gestão, que prevê metas qualitativas e quantitativas

para os serviços prestados. A gestão do contrato é feita pelo órgão gestor da atividade publi-

cizada, que institui uma comissão composta por representantes do Poder Público e, em alguns

casos, por representantes da população, para avaliar o cumprimento do contrato de gestão.

Page 168: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

168

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Observa-se, nesse modelo, a presença constante do Estado na gestão da OS, quer seja

através da sua participação no Conselho de Administração, ou na indicação dos gestores que

atuam de forma muito integrada à Administração Municipal.

O segundo modelo segue outra lógica, pela qual o Estado cria uma lei para qualificar as en-

tidades civis sem fins econômicos/lucrativos (já existentes) para a prestação de serviços a

serem publicizados. Nesse, o Estado não tem participação no órgão diretivo da Entidade. É,

basicamente, um contrato com um terceiro, embora mantenha as demais características do

contrato de gestão. A entidade qualificada como OS pode ter outras atividades, inclusive em

outras áreas de atuação e em outros municípios.

A gestão do contrato é feita pelo órgão gestor da atividade publicizada, que também institui

uma comissão composta por representantes do Poder Público e, em alguns casos, por repre-

sentantes da população para avaliar o cumprimento do contrato de gestão.

Questões para reflexão sobre as OSs

Quanto às OSs que seguem o modelo preconizado pelo Governo , deve ser observado:

• Esse modelo de constituição de OS permite estreita participação do Poder Público

na gestão da entidade, que passa a funcionar nos moldes da administração indireta,

anterior à Constituição Federal de 1988. Se, por um lado, essa participação propicia,

ao Poder Público, o acompanhamento pari passu de todas as operações da OS, por

outra, minimiza a participação da sociedade, fragilizando os mecanismos de controle

social preconizados pela Lei.

• Os maiores benefícios nesse tipo de organização estão na flexibilidade para contratar

e demitir pessoal e na aquisição de bens e serviços. Se utilizada por administradores

menos comprometidos com a gestão pública, pode ser uma ferramenta inadequada.

• Nesse modelo, com a participação do Poder Público na criação e gestão da OS, torna-

se realmente desnecessária a licitação para a escolha da entidade a ser qualificada.

Entretanto, não deveria prescindir do rigor previsto para a aquisição de bens e serviços

na Administração Pública, visto que hoje existe uma ferramenta de gestão bastante

eficiente nesta área: o pregão eletrônico.

Com relação ao segundo modelo de OS, destaca-se:

• O Poder Público não tem grande influência na gestão da Entidade, que geralmente já

tem uma estrutura, organização e gestão próprias. A parceria vai funcionar praticamen-

te como uma terceirização de serviços, apenas com alguns instrumentos a mais de

controle, como a comissão de avaliação.

Page 169: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

169

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

• O Poder Público não participa do conselho de administração dessas OSs. Entretanto,

talvez seja inviável essa participação, uma vez que é pouco provável que uma Entidade

de referência estadual/nacional, em uma determinada área de atuação, permita a par-

ticipação majoritária (ou até minoritária) de uma prefeitura em sua gestão, conforme

preconiza a lei federal; ou uma entidade, que presta serviços a várias prefeituras, incluir

todos os participantes, nas proporções indicadas.

• A maior influência do Poder Público, neste caso, está no acompanhamento e avaliação

do desempenho e cumprimento do contrato de gestão pela Comissão de Avaliação da

prefeitura que, se bem estruturada, e com atuação em períodos mais curtos do que só

no final do contrato, pode representar ganhos na gestão da prestação de serviços. É

importante que os profissionais, membros da Comissão de Avaliação sejam qualifica-

dos para as funções a serem desempenhadas.

• Nessa forma de organização, não há controle, por parte do Poder Público, dos procedi-

mentos e preços das aquisições de bens e serviços, uma vez que o valor do contrato

de gestão prevê a prestação de serviços de forma global, incluindo os recursos huma-

nos e materiais, indispensáveis à realização dos serviços.

Nas duas formas de implantação de gestão dos serviços por meio de OSs fica evidente que o mo-

delo só tem sucesso se houver vontade política do Poder Executivo local, que, além de respaldar

as decisões da área responsável pela publicização, deve garantir recursos para o pagamento das

parcelas previstas no contrato de gestão.

Se não for consolidada a qualidade da prestação de serviços e a apropriação pela população, des-

se direito, pode ocorrer, em uma mudança de governo, a falência do modelo, com conseqüências

desastrosas para a saúde da população.

Uma ferramenta adequada no auxílio à gestão das parcerias são as Comissões de Avaliação. Sua

atuação tem extrapolado a função de avaliar o cumprimento do contrato ao seu término, substituin-

do-o por um processo de avaliação continuada, o que permite a adequação das metas às neces-

sidades do momento. Uma inovação interessante, introduzida por alguns municípios, é a participa-

ção de usuários dos serviços e representantes da comunidade nas Comissões de Avaliação.

Na área de saúde analisada, alguns equipamentos públicos destinados à atuação das OSs estão

disponíveis para a prestação de serviços também para o setor privado, sob a alegação de que os

recursos oriundos de empresas de convênios ou particulares auxiliam o financiamento da presta-

ção de serviços aos usuários do SUS. É necessário um estudo aprofundado sobre essa permissão

para verificar a adequação e os resultados. Entretanto, se for necessária esta atuação, deve-se

discutir os critérios de atendimento do particular/convênio e do SUS, tais como: porta única, não

diferenciação de tratamento ou equipamento, fila de espera, etc.

Outro aspecto a ser analisado é a participação de vários setores da sociedade nos conselhos de

administração da entidade para garantir idoneidade, transparência e controle social da gestão. Nos

Page 170: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

170

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

casos estudados, verificou-se que a atuação dos conselheiros é formal e burocrática, e está mais

voltada à aprovação de contas e encaminhamentos do que à participação de fato da vida executiva

das organizações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os principais motivos alegados pelos gestores municipais para a publicização dos serviços

são as dificuldades com a gestão dos recursos humanos da Administração Direta e a moro-

sidade no processo de compras. Com relação às compras, alguns municípios afirmam que os

problemas já foram minimizados pela utilização do pregão eletrônico, não sendo necessário

repassar essa atribuição às OSs ou Oscips. No tocante aos recursos humanos, todos os

gestores afirmam haver muita dificuldade para punir e substituir o pessoal que se tornou ina-

dequado para o exercício da função (principalmente pela falta de compromisso profissional)

e para contratar pessoal para desempenhar funções com características especiais, para as

quais o concurso público não traz solução (por exemplo, agente comunitário que deveria ser

ou morar no bairro de atuação).

A flexibilidade para contratar e demitir pessoal pelas OSs e/ou Oscips pode solucionar o pro-

blema num primeiro momento mas, no médio prazo, pode surgir a mesma dificuldade de ter

pessoal comprometido com a prestação dos serviços públicos, pois o problema reside na falta

de constância dos gestores e de uma Política de Recursos Humanos que valorize o profis-

sional por meio de aprimoramento e de remuneração compatível com a qualificação e desem-

penho da função. Nesse sentido, é necessário pensar mecanismos que permitam agilidade e

flexibilidade na gestão dos recursos humanos, como condição para que as Administrações não

utilizem a figura OS com o objetivo específico de resolver esse problema.

É importante ressaltar que muitos questionamentos técnico-jurídicos têm sido feitos a esses

novos modelos organizacionais. Apenas para exemplificar, há uma ação direta de inconstitu-

cionalidade com relação às OSs. Entretanto, esta pesquisa não teve como foco analisar a

questão jurídica e, sim, conhecer a realidade paulista e como os municípios têm feito a gestão

dessas parcerias. Iniciativas com bons resultados dependem de uma boa gestão.

No trabalho, foram identificados avanços e inúmeros desafios a serem enfrentados pelo Poder

Público municipal. Este estudo é uma contribuição para a reflexão sobre esses novos modelos

organizacionais e a sua relação com o Executivo municipal. Análises posteriores são funda-

mentais para avaliação dos resultados e impactos dessas novas formas de oferta de serviços

públicos descentralizados.

Page 171: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

171

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

6. BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BRUCIO, Fernando Luiz; COSTA, Valeriano Mendes Ferreira. Reforma do estado e o contexto

federativo brasileiro. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, Série Pesquisas, n. 12, 1998.

BARBOSA, Maria Nazaré Lins, OLIVEIRA, Carolina Felippe de. Manual de ONGs: guia práti-

co de orientação jurídica, atualizada com o novo Código Civil – 5. edição. São Paulo: Editora

Fundação Getúlio Vargas, 2004.

DINIZ, ELI. Regime Político, Estado de direito e Reforma do Estado: uma avaliação histórica.

Revista Política e Administração. Rio de Janeiro, v. 4, n.6:55-65, 2000.

FERRAREZI, Elisabete. Organização da sociedade civil de interesse público – Oscips: a lei

9.790 como alternativa para o terceiro setor. 2. ed. Brasília: Comunidade Solidária, 2001.

Disponível em http://www.mj.gov.br/snj/oscip/publicacoes/CARTILHA%20OSCIP%202ª%2

0edição.pdf. Acesso em: 12/6/06.

IOSCHPE, Evelyn Berg (Org.). 3º Setor: desenvolvimento social sustentado. 2. ed. São Paulo: Paz

e Terra, 2000.

LEVY, Evelyn; DRAGO, Pedro (orgs.). Gestão pública no Brasil contemporâneo. São Paulo:

Fundap, Casa Civil, 2005.

MARE. Sociedade e reforma do estado. São Paulo, 26-28 de março de 1997. Seminário In-

ternacional.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 32. ed. São Paulo, Malheiros,

2006.

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO DE FEDERAL E REFORMA DO ESTADO. Organizações

sociais. 5. ed. Brasília: Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado - MARE,

1997. 74p. Cadernos Maré da Reforma do Estado, c. 2.

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO DE FEDERAL E REFORMA DO ESTADO. Os avanços da

reforma na administração pública – 1995-1998. Brasília: Ministério da Administração Federal

e da Reforma do Estado - Mare, 1998. 127p. Cadernos Mare da Reforma do Estado, c. 15.

MINISTÉRIO DA JUSTICA. SECRETARIA NACIONAL DE JUSTIÇA. DEPARTAMENTO DE

Page 172: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

172

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

JUSTIÇA, CLASSIFICAÇÃO, TÍTULOS E QUALIFICAÇÃO. Qualificação de Oscips: ques-

tões jurídicas relevantes. Brasília: Ministério da Justiça. Disponível em http://www.mj.gov.

br/snj/oscip/publicacoes/consulta%20aos%20interessados.pdf. Acesso em: 12/6/06.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO/ SECRETARIA DE GESTÃO.

Balanço da reforma do estado no Brasil: A nova Gestão Pública, Brasília, 6 a 8 de agosto de

2002. Brasília: MP, SEGES, 2002. Coleção Gestão Pública.

MODESTO, Paulo. Organizações Sociais Lei 9.637/98 e OSCIPS – Organizações da Socie-

dade Civil de Interesse Público (Lei 9.790/99). Boletim de Direito Municipal. São Paulo, ano

XXII, (1):8-16, jan./2006.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Transferências de atividades estatais a entes da so-

ciedade. XXIV Congresso Nacional de Procuradores de Estado. São Paulo, setembro, 2005.

Artigo apresentado no item 7 do temário: Gestão Compartilhada no Serviço Público.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – OAB/SEÇÃO SÃO PAULO. Cartilha terceiro setor.

São Paulo: Nova Bandeira, 2005.

PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. A reforma do estado dos anos 90: lógica e mecanismos de

controle. Cadernos Mare da Reforma do Estado, c. 1. Brasília: Ministério da Administração

Federal e Reforma do Estado, 1997.

PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Contratos de gestão; contratualização do controle adminis-Contratos de gestão; contratualização do controle adminis-

trativo sobre a Administração Indireta e sobre as Organizações Sociais. Revista da Procura-

doria-Geral do Estado. São Paulo, números 45/46 jan./dez. 1996.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – CÂMARA DA REFORMA DO ESTADO. Plano diretor da

reforma do Estado. Brasília, 1995.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Repasses públicos ao terceiro setor

- manual básico 2004. São Paulo: Imesp, 2004. Disponível em: http://www.tce.sp.gov.br/ar-

quivos/manuais-basicos/repasses_publicos_terceiro_setor.pdf. Acesso em: 12/5/06.

Page 173: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

____________________________________________________Foco em Quem?

Identificando Stakeholders para Formulação da Missão Organizacional

Humberto Falcão Martins

Joaquim Rubens Fontes Filho

Page 174: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 175: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

175

FOCO EM QUEM? IDENTIFICANDO STAKEHOLDERS PARA FORMULAÇÃO DA MISSÃO ORGANIZACIONALHumberto Falcão Martins e Joaquim Rubens Fontes Filho

Autores

Humberto Falcão martins. Mestre em Administração Pública e doutorando em administração

pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ebap).

Professor-colaborador dos cursos de Pós-Graduação da FGV/Ebap e do Departamento de

Administração da Universidade de Brasília. Especialista em Políticas Públicas e Gestão Go-

vernamental e Diretor de Programa da Secretaria da Reforma do Estado do Ministério da

Administração Federal e Reforma do Estado do Brasil (Projetos Organizações Sociais e Agên-

cias Executivas). Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco C, sala 200. Brasília, DF, Brasil.

70046-900. Tel. (5561) 313-1556/1347 (voz); 225-3588 (fax).

Joaquim Rubens Fontes Filho. Mestre em Engenharia da Produção pela Cope/UFRJ e Mes-

tre em Administração Pública pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Ge-

túlio Vargas (FGV/Ebap). Professor-colaborador dos cursos de Pós-Graduação da FGV/Ebap.

Gerente de Planejamento Estratégico da Previ e Diretor do Instituto Publix para o desenvol-

vimento da gestão pública. SGCN Quadra 602, módulos A-C. Brasília, DF, Brasil. 70000. Tel.

(5561) 226-0033 (voz); 225-3960 (fax).

SUMÁRIO: Parte I – Perspectiva Conceitual 1. A Teoria dos Stakeholders 2. Teoria dos Stakehol-

ders e Mudança Organizacional 3. Limitações dos Instrumentos de Gestão Organizacional Es-

tratégica Parte II – Perspectiva Aplicada 4. O modelo de Mitchell, Agle e Wood 4.1. Definição

das variáveis poder, legitimidade, urgência e escalas de classificação 4.2. Definição dos tipos 5.

Operacionalizando o Modelo 5.1. Listando potenciais stakeholders (primários e secundários) 5.2.

Identificando expectativas e interesses de potenciais stakeholders 5.3. Medindo poder 5.4. Me-

dindo legitimidade 5.5. Medindo urgência 5.6. Identificando Stakeholders 6. Considerações sobre

o modelo proposto e implicações para sua aplicação 7. Conclusão: missão, objetivos e stakehol-

ders Referências Bibliográficas

RESUMO

O trabalho visa a operacionalizar um modelo conceitual de stakeholder proposto por Mi-

tchell, Agle e Wood (1997), baseado no argumento de que isto é essencial para a correta

(re)formulação da missão organizacional e para a construção de um modelo de gestão que

Page 176: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

176

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

assegure a evolução organizacional sustentável. Busca-se contribuir para as discussões e

ações para uma melhor construção de modelos de gestão organizacional para as organizações

públicas e privadas.

O texto está estruturado em duas partes. A primeira parte busca elaborar conceitualmente

o significado da utilidade da teoria dos stakeholders para a gestão organizacional contem-

porânea a partir dos três primeiros segmentos: 1) uma perspectiva conceitual da teoria dos

stakeholders; 2) caracterização da relevância e contribuição da teoria dos stakeholders para

a construção de uma visão mais abrangente sobre a mudança e a evolução organizacionais; e

3) apresentação de algumas limitações de alguns instrumentos de gestão estratégica tendo

em vista a perspectiva conceitual dos stakeholders. A segunda parte é aplicada e busca uma

operacionalização do modelo proposto por Mitchell, Agle e Wood mediante: 4) descrição do

modelo e definição de suas principais variáveis; 5) desenvolvimento de um roteiro metodoló-

gico de identificação de stakeholders; e 6) apresentação de algumas considerações sobre as

limitações da operacionalização proposta e implicações para sua aplicação e desenvolvimento

futuro. Um sétimo segmento finaliza com algumas reflexões sobre a busca de instrumentos

mais apropriados para a evolução sustentável das organizações contemporâneas.

A literatura organizacional – na sua ampla variedade de enfoques, quer acadêmicos, quer ape-

lativos – exalta, de uma maneira geral, o advento de uma era do foco no cliente, mote este

que se reproduz em uma série de abordagens sobre mudança organizacional, planejamento

estratégico e sistemas de gestão organizacional (corporate governance)(1). Não obstante

haver na literatura organizacional uma ampla variedade de conceitos de cliente – entre, em um

extremo, abordagens que equiparam cliente a consumidor, quem paga pelo bem ou serviço,

e, em outro extremo, abordagens que equiparam cliente a praticamente qualquer ator benefi-

ciário de qualquer ação organizacional, consideramos cliente o beneficiário direto ou indireto

dos produtos de uma organização – esta questão suscita várias outras.

Será isto um fato ou um discurso sedutor? Será que deve ser assim, enquanto fato ou dis-

curso? Que outros atores interessados ou beneficiários do sucesso organizacional deveriam,

também, ser levados em igual conta? Em que extensão esta orientação se aplica a todas as

organizações indistintamente (as econômicas, comunitários, estatais)? Este trabalho se ende-

reça a estas e outras questões levantadas pela teoria dos stakeholders.

Nosso principal propósito é operacionalizar um modelo conceitual de stakeholder proposto

por Mitchell, Agle e Wood (1997). Isto implica: a) propor uma metodologia de definição de

quem é e quem não é stakeholder; b) baseado no argumento de que isto é essencial para a

correta (re)formulação da missão organizacional e para a construção de um modelo de gestão

que assegure a evolução organizacional sustentável. Nosso objetivo é contribuir para as dis-

cussões propostas pela literatura e possibilitar a construção de modelos de gestão organiza-

cional para as organizações públicas e privadas em bases mais sustentáveis.

O texto está estruturado em duas partes. Na primeira parte, buscamos elaborar conceitual-

Page 177: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

177

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

mente o significado da utilidade da teoria dos stakeholders para a gestão organizacional con-

temporânea a partir dos três primeiros segmentos: 1) uma perspectiva conceitual da teoria

dos stakeholders; 2) caracterização da relevância e contribuição da teoria dos stakeholders

para a construção de uma visão mais abrangente sobre a mudança e a evolução organizacio-

nais; e 3) apresentação de algumas limitações de alguns instrumentos de gestão estratégica

tendo em vista a perspectiva conceitual dos stakeholders. A segunda parte é aplicada e nela

buscamos uma operacionalização do modelo proposto por Mitchell, Agle e Wood mediante:

4) descrição do modelo e definição de suas principais variáveis; 5) desenvolvimento de um

roteiro metodológico de identificação de stakeholders; e 6) apresentação de algumas consi-

derações sobre as limitações da operacionalização proposta e implicações para sua aplicação

e desenvolvimento futuro. Num sétimo segmento finalizamos com algumas reflexões sobre a

busca de instrumentos mais apropriados para a evolução sustentável das organizações con-

temporâneas.

Parte I – Perspectiva Conceitual

1. A TEORIA DOS STAKEHOLDERS

Há uma multiplicidade de definições de stakeholders que variam ao longo de um continuum de

abrangência. Em um pólo, um exemplo de definição muito abrangente: stakeholder é qualquer

ator (pessoa, grupo, entidade) que tenha uma relação ou interesses (diretos ou indiretos)

com ou sobre a organização (Thompson et al., 1991; Donaldson e Preston, 1995) Agora,

no pólo oposto, um exemplo de definição restrita: stakeholders (primários) são atores (ou

categorias de atores tais como empregados, gerentes, fornecedores, donos e clientes) por-

tadores de interesses e expectativas sobre a organização sem os quais a organização não

seria possível (Bowie, 1988; Savage, 199; Hill e Jones, 1992; e Näsi, 1995).

Por um lado, o importante é que todos os conceitos (amplos ou delimitados) têm como pano

de fundo as seguintes questões: Em função de quais interesses as organizações são geridas?

A quem e para que realmente interessam (ou devem interessar) as organizações? Os sistemas

de gestão organizacional contemporâneos tendem a fazer prevalecer quais interesses em

detrimento de quais outros? Quais interesses deveriam prevalecer ou ao menos não serem

ignorados ou segregados?

Nesse sentido, a teoria dos stakeholders vem ao encontro destas questões em duas princi-

pais perspectivas: a) descritiva (quais interesses prevalecem e quais são negligenciados nos

atuais sistemas de gestão organizacional); b) prescritiva (que interesses deveriam ser privile-

giados ou não segregados para a sustentabilidade da organização no longo prazo).

Page 178: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

178

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Em relação à perspectiva descritiva, o enfoque dos stakeholders indica que os sistemas de gestão

empresariais são centrados no mercado (privilegiam interesse de acionistas e clientes) –admitin-

do-se outros mais orientados em maior ou menor extensão para o interesse de outros stakehol-

ders tais como financiadores, empregados e comunidade.

Contudo, a segunda perspectiva baseia-se em evidência empírica e consenso normativo para

propor que a segregação (negligência sistemática) de um interesse em benefício de outros

afeta a capacidade de sobrevivência da organização no longo prazo (Preston, 1990), tendo em

vista a correlação entre satisfação de múltiplos stakeholders e a capacidade das organizações

econômicas gerarem riqueza (valor das ações) no longo prazo. O consenso normativo se ba-

seia em uma visão da organização enquanto uma arena de múltiplos interesses concorrentes

e conflitantes, um espaço social onde stakeholders jogam em diferentes posições de poder no

qual a sustentabilidade organizacional depende de pactos (trade-offs) e arranjos cooperativos

específicos (principalmente entre stakeholders primários, sem os quais a organização sucumbe,

e outros momentaneamente relevantes).

2. TEORIA DOS STAKEHOLDERS E MUDANÇA ORGANIZACIONAL

A proposição básica da teoria das organizações para compreensão do contexto da gestão

pública contemporânea baseia-se na idéia da covariação estrutural, presente originalmente na

teoria contingencial, amplamente utilizada pela teoria institucional (Zucker et al, 1997), poste-

riormente revista pela teoria avançada de sistemas e atualmente subjacente a uma série de

abordagens de otimização organizacional – desde as mais consagradas e elaboradas do ponto

de vista metodológico-conceitual até às mais oportunísticas que se propõem como panacéias

e compõem os modismos gerenciais. Não obstante, o que nos interessa é recuperar estes

argumentos e os utilizarmos para ampliar a compreensão acerca da gestão contemporânea e

ressaltar a importância da teoria dos stakeholders para esta compreensão.

A noção de covariação estrutural coloca em relevo a relação entre a estrutura organizacional

a dinâmica do ambiente externo à organização, a partir de variáveis tais como tecnologia,

mercado e pessoas (Burns e Stalker, 1961; Woodward, 1965). A grande contribuição destas

escolas foi a proposição de que há uma dinâmica organizacional: na medida em que há varia-

ções na tecnologia (inovação), mercados (expansão, diversificação) e pessoas (cultura); varia

a estrutura, de tal forma que a organização possa se manter capaz de responder às demandas

do ambiente e, por conseguinte, sustentar sua sobrevivência.

A proposição original da teoria contingencial revelava um padrão adaptativo entre organização

e seu meio. Segundo esta visão, as organizações são variáveis dependentes do meio onde

atuam e, na medida em que o meio se torna crescentemente instável, a covariação estrutu-

ral correspondente aponta para um padrão de organização e gestão interna mais flexível, de

Page 179: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

179

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

modo que as rápidas e imprevisíveis mudanças ambientais possam ser respondidas. Organi-

zações que não estão sujeitas a fortes pressões ou instabilidades ambientais, podem operar

segundo um padrão de organização mais rígido, baseado em regras, estruturas e procedimen-

tos estáveis.

O planejamento estratégico ocasional, baseado na suposição de que os ambientes pudessem

ser extensivamente mapeados, e o desenvolvimento organizacional, baseado na suposição de

que em função destes possíveis mapeamentos as estruturas pudessem ser coerentemente

moldadas, são decorrências desta visão.

No bojo do mainstream da teoria das organizações, a denominada teoria avançada de siste-

mas (Wood, 1996) evoluiu a proposição da covariação estrutural em direções mais amplas.

Primeiro, acentua que a evolução organizacional depende não apenas da evolução do ambien-

te externo, mas sobretudo da evolução do padrão de interação entre organização e seu meio,

sobre o qual não se tem mais uma visão adaptativa, mas interativa. (Morgan, 1996) Segundo,

propõe a idéia de que as organizações mudam ou evoluem não apenas em função do meio

externo, mas por si próprias ou para si próprias (auto-organização ou autopoiesis) em função

da sua capacidade cognitiva (capacidade de aprendizado sobre si e sobre o ambiente) ou das

suas contradições estruturais (dialética).

Por um lado, a otimização do padrão de interação se baseia tem como restrição uma crescen-

te complexidade ambiental (a impossibilidade de se conhecer e controlar múltiplas e ilimitadas

variáveis, cujo comportamento segue padrões erráticos e caóticos).

Por outro lado, a capacidade da organização em reproduzir-se de forma independente do am-

biente, podendo, inclusive, modelá-lo em parte, tem como restrição a gestão das suas contradi-

ções internas. O pensamento estratégico, a capacidade dos atores organizacionais se situarem

nos contextos interno e externo, baseado na idéia de aprendizado organizacional (aprender a

ampliar o domínio cognitivo sobre a organização e sobre o ambiente) são noções compatíveis

com esta visão – se bem que propostas muito mais na perspectiva contingencialista.

A utilidade de um conceito expandido de covariação estrutural decorre da própria complexi-

dade da sociedade contemporânea, marcada por incertezas, imprevisibilidades, turbulências

e perplexidades, que impõem às organizações contemporâneas não apenas ameaças e opor-

tunidades decorrentes de variáveis econômicas, mercadológicas, culturais ou tecnológicas

cada vez mais instáveis, mas também fazem aflorar nos diversos contextos organizacionais

(macrossocial ou micro-organizacional) conflitos, ambigüidades e contradições sem precisa

correlação de interdependência com o ambiente. As contradições organizacionais referem-

se à dinâmica do jogo/luta que gira em torno da existência de uma pluralidade de interesses

contraditórios e conflitantes de diferentes stakeholders.

A dimensão das contradições internas é altamente relevante na medida em que os sistemas

de gestão organizacional tendem a favorecer os interesses e expectativas de uma classe

Page 180: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

180

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

restrita de stakeholders (tais como acionistas e clientes) em detrimento, de forma segrega-

tória, em relação aos interesses de outras classes de stakeholders (tais como funcionários

e comunidade), acirrando conflitos de interesses e gerando instabilidade nas relações inter e

intraorganizacionais que podem levar a rupturas (greves, boicotes, aquisições hostis, etc...)

Nesta perspectiva, a variável fundamental de um conceito expandido de covariação estrutural

é o grau de estabilidade: a possibilidade sem probabilidade alcançável, de que arranjos se

modifiquem abruptamente, quer por pressões decorrentes da complexidade ambiental, quer

por pressões decorrentes da complexidade das contradições organizacionais (internas e ex-

ternas). Não obstante, a busca de padrões de correlação desta variável com outras relativas à

estrutura e gestão organizacionais deve se basear em uma perspectiva de interdependência,

não na posição de variável independente (conforme a abordagem adaptativa).

Assim, um tipo-ideal de contexto externo estável está correlacionado a variáveis freqüentemente

abordadas pela literatura gerencial e taxadas como características da velha sociedade industrial:

dicotomia preço/custo ou qualidade, mercado de massa, diversificação vertical, competição

interorganizacional, orientação para produção, centralização e gestão mecanicista.

Um tipo-ideal de contradições estáveis tem como principal variável interdependente o grau de

satisfação de stakeholders de forma não segregatória, ou seja, decorrência de um sistema

de gestão organizacional que atenda de forma não-segregatória as demandas e expectativas

(estruturalmente conflitantes) de diferentes stakeholders posicionados dentro e fora da orga-

nização; seja porque os atores portadores de diferentes e conflitantes interesses e expecta-

tivas não se posicionem no sentido de tê-los atendidos. Contradições estáveis são aquelas

mantidas sob controle, seja porque interesses e demandas são atendidos de forma não segre-

gatória, seja porque não são sequer percebidos pelos atores portadores.

Em sentido oposto, um tipo ideal de contexto instável, construído a partir do discurso ge-

rencial contemporâneo presente na teoria e na prática organizacionais, e proclamado como

o advento de uma sociedade do conhecimento, pós-industrial, pós-capitalista, etc. implica:

integração preço-qualidade, desenvolvimento de nichos de mercado, busca da competência

essencial, formação de alianças estratégicas, orientação para o cliente, descentralização e au-

tonomia, internacionalização e gestão estratégica. Do ponto de vista das contradições estru-

turais, a instabilidade decorre da perda de controle sobre as contradições organizacionais em

decorrência da adoção de sistemas de gestão organizacional segregatórios, que privilegiam

determinados interesses e expectativas em detrimento de outros percebidos pelos atores que

os portam. A FIGURA 1 ilustra a correlação entre as principais variáveis abordadas e indica

quatro diferentes modelos de gestão, ou padrões de covariação estrutural, a partir das carac-

terísticas nas quais idealmente se apóiam:

Page 181: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

181

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

INSTÁVEL

ESTÁVEL

DINÂMICA DO CONTEXTO

DINÂMICA DASCONTRADIÇÕES

GESTÃOMECANICISTA

GESTÃOESTRATÉGICA

SISTEMA DE GESTÃOORGANIZACIONALSEGREGATÓRIO

SISTEMA DE GESTÃOORGANIZACIONAL NÃO-

SEGREGATÓRIO

GESTÃOMECANICISTA

GESTÃOESTRATÉGICA

SISTEMA DE GESTÃOORGANIZACIONAL NÃO-

SEGREGATÓRIO

SISTEMA DE GESTÃOORGANIZACIONALSEGREGATÓRIO

INSTÁVEL

ESTÁVEL

Figura 1 – Perspectivas Contingencial e Dialética da Mudança Organizacional

Esta abordagem polar (estável x instável), cruzada em duas perspectivas (contexto e contra-

dições) sugere que a sobrevivência das organizações contemporâneas – e por conseguinte o

sentido da mudança organizacional – depende cada vez mais da sua capacidade de adequar

seu modelo de gestão à dinâmica do contexto e das contradições onde atua.

No que se refere ao eixo dinâmica do contexto, há uma relação de dependência entre as va-

riáveis ambientais (independentes) e o modelo de gestão organizacional. Isto significa que a

instabilidade ambiental leva à busca de estruturas, sistemas de gestão e processos flexíveis,

voltados ao atendimento de forma sustentável à expectativas dos stakeholders –sem se en-

trar no mérito se as expecativas são ou não atendidas de forma segregatória.

Assume-se, portanto, que ao menos as expectativas e demandas dos denominados stakehol-

ders primários estão sujeitos à crescente dinâmica: clientes demandam novos produtos, for-

necedores oferecem novas tecnologias (físicas e operacionais), acionistas exigem novos pa-

drões de rentabilidade, funcionários e gerentes demandam novos padrões de relação para

com a organização (relações de trabalho, relações desempenho-recompensa).

Assim, o imperativo da flexibilidade está intimamente associado à necessidade de incorpora-

ção de novas demandas com implicações imediatas em termos de mudança organizacional.

O imperativo da flexibilidade é característico de um modelo de gestão estratégica, com as

seguintes características estruturais: integração entre planejamento e execução em todos os

níveis organizacionais; concepção de estruturas com conformação mais horizontalizada, em

rede, em células; padrão participativo de liderança, baseado no empowerment; comunicação

Page 182: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

182

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

organizacional multidirecional, estruturada e integrada em tempo real; ênfase no pensamento

estratégico; e visão do trabalho como forma de realização de algo, de retorno ou satisfação

pessoal. O grande appeal do modelo estratégico, postos de lado os modismos que procuram

continuamente modelar sua implementação, é a flexibilidade, cada vez mais necessária, em

alguma extensão, em um mundo em contínua mudança.

Por outro lado, quanto mais estáveis e previsíveis as expectativas dos stakeholders, maior a

possibilidade de estabelecimento de regras duráveis de funcionamento relativas à produtos,

tecnologias, resultados e recompensas, o que implica na possibilidade de estabelecimento de

estruturas mais rígidas. A estabilidade característica da velha sociedade industrial impunha,

com efeito, um modelo de gestão tipicamente mecanicista, baseado numa segregação entre

planejamento (cúpula) e execução (demais gerentes e empregados), estrutura piramidal verti-

calizada, padrão de liderança autoritário, processos meticulosamente programados e regula-

mentados e visão fragmentada do trabalho.

O modelo mecanicista está presente na descrição que Weber fez da burocracia. Hoje, o mo-

delo mecanicista não está superado; funciona muito bem, dentro de certos limites, em orga-

nizações estáveis, bem entendido, aquelas que operam em contextos relativamente estáveis,

onde não se vislumbram mudanças bruscas na demanda e na oferta tecnológica.

No que se refere ao eixo dinâmica das contradições, a relação de interdependência das variáveis

é inversa ao eixo dinâmica do contexto. O grau de estabilidade das contradições depende do

sistema de gestão organizacional, na medida em que este é includente ou excludente em relação

à pluralidade de interesses dos diversos stakeholders. Quanto mais estáveis, mais satisfeitos

de forma não segregatória ou adormecidos, controlados os conflitos organizacionais.

Este tipo de situação é típica de sistemas de gestão organizacional baseados na inclusão de

stakeholders ao processo decisório, buscando-se atender expectativas, interesses e deman-

das de forma não segregatória, bem assim ampliar a base de legitimidade da organização

dentre os stakeholders.

Dentre os vários mecanismos destacam-se: participação em lucros, participação em conse-

lhos ou comitês de representantes da comunidade, fornecedores, clientes e funcionários,

ombudsman, filantropia (assistência interna ou à comunidade), cooperação governamental,

comunicação (interna e externa), etc.

O pressuposto básico de um modelo de gestão organizacional com estes atributos é integrar

conflitos integráveis, assumir e negociar perdas, distribuir e compartilhar ganhos, enfim, não

segregar interesses estratégicos, ainda que não prevalecente do ponto de vista das políticas e

resultados organizacionais. Neste modelo, a existência de múltiplas instâncias de negociação

amortece os conflitos e tornam as contradições estáveis na medida em que impede ruptu-

ras, choques, enfrentamentos e embates disfuncionais. Os sistemas de gestão organizacional

europeus (notadamente o alemão), as organizações não-governamentais e algumas organiza-

Page 183: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

183

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

ções estatais são aproximações empíricas deste modelo.

Por outro lado, a instabilidade das contradições decorre de um modelo de gestão organiza-

cional excludente, baseado na prevalência de interesses, demandas e expectativas de um

conjunto restrito de stakeholders (freqüentemente acionistas, clientes ou gerentes) em detri-

mento –caráter segregatório– de outros stakeholders que, não obstante deterem interesses

diversos, são alijados do processo decisório e da comunicação organizacional.

Tal modelo pode até implicar em algum nível de participação, mas orientada para legitimar a

formulação de políticas organizacionais centradas nos interesses de uma categoria isolada de

stakeholders em detrimento de outras – freqüentemente operacionalizadas mediante processos

de planejamento estratégico e capacitação gerencial de caráter doutrinário e catequético.

Este modelo sujeita as organizações a instabilidades decorrentes de embates, crises de legi-

timidade (interna e externa), rupturas, cisões, aquisições hostis, estresse, insatisfação funcio-

nal, demandas judiciais, queda de demanda, etc., afetando significativamente sua sustentação

no longo prazo.

O modelo apresentado propõe que as organizações devem desenvolver diferenciados esfor-

ços de mudança organizacional de tal forma a alcançar um nível ótimo (não máximo) de flexibi-

lidade relativamente ao grau de estabilidade do contexto onde atua, bem assim a alcançar um

nível ótimo (não máximo) de estabilidade das suas contradições internas buscando desenvol-

ver um sistema de gestão organizacional não segregatório.

A inclusão de um segundo eixo (das contradições) à questão da mudança organizacional per-

mite a expansão da idéia de alinhamento estratégico para além da flexibilidade. Estar alinhado

é desenvolver um modelo de gestão compatível com a dinâmica da complexidade ambiental

e, ao mesmo tempo, desenvolver um sistema de gestão organizacional compatível com um

nível administrável (não desagragador, não segragatório) de tensão organizacinal decorrente

de contradições estruturais.

As organizações necessitam, em diferentes extensões, transpor a barreira entre um modelo

de gestão mecanicista e outro estratégico, entre um sistema de gestão organizacional segre-

gatório e outro não-segregatório na justa medida em que seus ambientes o requeiram e na

justa medida em que a pluralidade de interesses que sustentam a organização requer. Esta

perspectiva está apenas ocasionalmente presente nos instrumentos de gestão organizacional

estratégica mais consagrados.

Page 184: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

184

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

3. LIMITAÇÕES DOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO ORGANIZACIONAL

ESTRATÉGICA

Definições abrangentes dos stakeholders são crescentemente úteis e necessárias na medida

em que a complexidade ambiental das organizações cresce. O que é crítico é que as declara-

ções de missão organizacional, item corriqueiro e essencial de qualquer agenda estratégica

são invariavelmente tratadas pelas metodologias de planejamento estratégico como uma vari-

ável independente, definida “tecnicamente” em função das expectativas do mercado (acionis-

tas e clientes) e em função da qual os demais interesses se posicionam. Isto é mais dramático

para as organizações públicas, que lidam com uma diversidade de atores externos e internos

que dificilmente poderiam abrigar-se sob uma categoria genérica de cliente.

A metodologia do balanced scorecard, por exemplo, privilegia claramente os aspectos finan-

ceiro (resultado financeiro visado por stakeholder acionista) e cliente, em detrimento de ou-

tros. O balanced scorecard também se baseia numa definição apriorística da missão, base-

ada na percepção solta dos definidores. Já o planejamento estratégico situacional (PES) dá

aos atores externos um tratamento adequado apenas enquanto estes se configuram como

parte de problemas que afetam os resultados organizacionais, desconsiderando, portando,

stakeholders potenciais.

A missão organizacional deve, ao contrário, espelhar os interesses e expectativas dos stakehol-

ders, que certamente mudam e se rearranjam no espaço-tempo social. Uma primeira discrepân-

cia desta proposição em relação ao planejamento e gestão estratégicos centrados no mercado

é que a missão é móvel, varia segundo a trama de interesses que sustenta a organização. Uma

segunda discrepância refere-se à colocação da missão no ciclo de planejamento: a missão pas-

sa a ser o ponto de partida para as demais formulações (e não formulada aprioristicamente para

posterior teste de consistência nas fases subseqüentes do planejamento).

Daí, os processos de gestão estratégica requererem, como etapa essencial, a prévia iden-

tificação de stakeholders e a conseqüente formulação (dinâmica) da missão em função dos

interesses dominantes (de forma não segregatória).

Por outro lado, embora muitas vezes o pano de fundo conceitual seja atraente pelo alarga-

mento que induz à visão organizacional enquanto fenômeno social e requisito de gestão, a

impossibilidade de se definir stakeholder de forma mais precisa ou sistemática dificulta a

operacionalização do conceito e reduz sua contribuição aplicada (à identificação de quem

realmente conta em tempo e espaço delimitados), quer porque, nos pólos, se deduzirá que

todos (amplo) ou apenas alguns (primários ou arranjos arbitrários) contam ou devem contar

nos sistemas de gestão organizacional.

Page 185: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

185

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Parte II – Perspectiva Aplicada

4. O MODELO DE MITCHELL, AGLE E WOOD

Mitchell, Agle e Wood (1997) propõem, justamente, uma teoria de identificação de stakehol-

ders que equaciona esta dificuldade e possibilita a operacionalização de um conceito (não

restrito, nem amplo) de stakeholder baseado na sua ênfase ou preponderância (salience)

– conceito este não apriorístico, em função da natureza ou da posição relativa de certos ato-

res pré-identificados no cenário organizacional interno ou externo, mas em função da reunião

de certos atributos em atores que afetam ou são afetados pelos objetivos ou resultados de

uma dada organização.

Segundo a proposta de Mitchell e outros, stakeholders são atores (internos ou externos), que

afetam ou são afetados pelos objetivos ou resultados de uma dada organização em diferentes

extensões na medida em que reúnem entre um e três atributos básicos: poder, legitimidade

e urgência. Atores que não reúnem ao menos um destes atributos (não afetam os resultados

e/ou não são afetados pelos resultados) não são stakeholders.

Este conceito tem três principais vantagens sobre os demais: a) é político, pois considera a

organização (bem entendidos seus propósitos racionalmente definidos) como uma resultante

(pacto) de interesses conflitantes e desiguais; b) é operacionalizável, pois permite a identifi-

cação de stakeholders na medida em que se possa avaliar o quantum de poder, legitimidade e

urgência que certos atores têm em determinados tempo e espaço; e c) é dinâmico, não deter-

minístico, pois considera a resultante de interesses conflitantes como móvel no espaço-tempo

social, segundo a práxis dos atores. O conceito de Mitchell proporciona uma equiparação das

perspectivas prescritiva e descritiva, na medida em que sugere que a finalidade (real e ideal)

das organizações é satisfazer as expectativas dos stakeholders. A questão é quais expectati-

vas prevalecem sobre outras e o que isto implica.

Nessa perspectiva, Mitchell propõe a tipologia ilustrada na FIGURA 2, que implica diferentes graus

de dominância de interesses na direção dos quais a organização volta-se (ou deverá voltar-se):

Page 186: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

186

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

PODER

LEGITIMID

ADEURGÊNCIA

DEFINITIVO

DOMINANTEPERIGOSO

DEPENDENTE

ADORMECIDO

EXIGENTE ADORMECIDO

NÃO-STAKEHOLDERS

0 Atributo: não stakeholders

1 Atributo: stakeholders latentes (adormecidos, exigentes e discricionário)

2 Atributos: stakeholders expectantes (perigoso, dominante e dependente)

3 Atributos: stakeholders definitivos

Figura 2 – Tipologia de Mitchell

4.1. Definição das variáveis poder, legitimidade, urgência e escalas de classificação

Apresentamos as definições de partida e definimos as variáveis que irão operacionalizar o modelo.

Poder: existência ou possibilidade de obtenção por um ator social – ou uma parte no jogo

social, para usar a nomenclatura de Matus (1993) – de recursos coercitivos (força física,

armas), recursos utilitários (tecnologia, dinheiro, conhecimento, logística, matérias primas)

e recursos simbólicos (prestígio, estima, carisma) para impor sua vontade sobre outro(s) em

uma relação (jogo social). Esta definição foi adaptada de Mitchell, que se baseou no conceito

de Etzioni (1964).

Cada recurso de poder deve ser pesado segundo o grau de sensibilidade da organização,

que deve refletir a importância devida ou suscetibilidade ou vulnerabilidade em relação a de-

terminados recursos. Organizações que dependem de recursos financeiros em maior escala,

estarão mais suscetíveis à atores que detenham estes recursos. Organizações cuja imagem

pública é altamente sensível estarão mais sensíveis à opinião de atores que detêm muito

prestígio social. Por outro lado, o alto poder coercitivo do estado não é ameaçador se uma

Page 187: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

187

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

organização cumpre as leis.

O Grau de poder dos atores pode ser classificado segundo uma escala de disponibilidade do

recurso, que avalia os recursos de poder que os atores detêm. O grau é um índice, sensibili-

dade vezes disponibilidade.

Legitimidade: pressuposição ou percepção generalizada de que as ações de um ator social

(pessoa, organização, marca, símbolo, etc.) são desejáveis ou apropriadas dentro de certos

sistemas socialmente construídos de normas, valores, crenças e definições. É evidente que

este conceito de legítimo enquanto socialmente desejável, oriundo de Suchman (1995), impli-

ca o reconhecimento de que os atores sociais nem sempre têm claramente definido o que é

desejável em certas circunstâncias.

A legitimidade pode ser mensurada segundo a atribuição de um grau de desejabilidade das

ações do ator tanto para a organização (nível de legitimidade microssocial) quanto da socieda-

de como um todo (legitimidade macrossocial).

Imaginemos um ator cujas ações são amplamente reconhecidas como desejáveis para a orga-

nização e para a sociedade: uma organização não-governamental, na qualidade de cliente ou

comunidade. Por outro lado, um cliente que utiliza armamentos numa guerra pode ser desejá-

vel para a organização que os produz, mas pode não sê-lo para a sociedade. Um fornecedor

que polui o meio ambiente pode não ser desejável para a organização e para a sociedade.

Urgência: clamor por atenção imediata em função dos graus de: a) sensibilidade temporal da

não aceitação do atraso; e b) criticalidade, ou a importância do clamor tendo em vista a pos-

sibilidade de dano à propriedade, sentimento, expectativa e exposição.

A urgência é certamente o fator que confere maior dinâmica a essa metodologia. Toda a

análise aqui descrita estará ocorrendo em determinado contexto segundo um momento espe-

cífico de tempo. Eventuais mudanças de contexto ao longo do tempo provavelmente estarão

demandando reconfiguração das análises.

Sua escala de avaliação considera assim a sensibilidade temporal, definida como a aceitação

ou não do atraso, e à criticalidade, referida em relação à possibilidade de dano à propriedade,

sentimento, expectativa e exposição.

A urgência se manifesta, por exemplo, no interesse de cidadãos, enquanto clientes de uma orga-

nização governamental em que esta produza a maior quantidade possível de arrecadação, uma

vez que há carências sociais urgentes, que necessitam ser supridas de imediato e sem as quais

haverá um grande prejuízo em termos de bem estar (mortalidade, ignorância, desabrigo, etc.).

4.2. Definição dos tipos

Adormecidos: poder sem legitimidade e urgência. O poder coercitivo do Estado, muito dinhei-

Page 188: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

188

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

ro ou a influência da mídia podem não servir para nada, se os detentores destes recursos não

têm urgência e se o interesse não é legítimo. O essencial para estes stakeholders é a possi-

bilidade de adquirirem um segundo atributo (legitimidade ou urgência).

Exigentes: urgência sem poder e legitimidade tornam estes stakeholders barulhentos e incô-

modos apenas.

Discricionário: com legitimidade, mas sem urgência e poder, a atenção a esta categoria de

stakeholder depende do reconhecimento discricionário da organização, o que normalmente se

dá em bases filantrópicas.

Perigoso: urgência e poder sem legitimidade abrem espaço ao uso da coerção por esta ca-

tegoria de stakeholder, coerção esta sob a forma de aquisições hostis, sabotagem, greve,

terrorismo, etc.

Dominante: stakeholders com poder e legitimidade fazem parte da coalisão dominante (Cyert

e March, 1963) na organização. Portanto, seus interesses e expectativas fazem diferença para

a organização.

Dependente: urgência e legitimidade sem poder torna esta categoria de stakeholders depen-

dente do poder de outros stakeholders, de dentro ou de fora da organização de forma a terem

seus interesses atendidos ou não segregados.

Definitivos: são stakeholders expectantes que, ao reunirem o atributo que falta, seus interes-

ses passam a ser prioritários sobre os demais.

5. OPERACIONALIZANDO O MODELO

A seguir serão descritas etapas para identificação e qualificação de stakeholders usando os

conceitos propostos por Mitchell e outros. Apresentaremos a metodologia em forma de rotei-

ro, com indicação de instrumentos de compilação de dados e os comentários pertinentes.

5.1. Listando potenciais stakeholders (primários e secundários)

Os formuladores listam atores (pessoas, grupos claramente definidos ou entidades identifi-

cáveis) internos e externos que podem de alguma forma influenciar ou ser influenciado pelos

objetivos da organização. Pode-se adotar uma metodologia de brainstorming para criar massa

inicial de dados para posterior avaliação. Principais atores: a) stakeholders primários (clien-

tes, donos, funcionários, fornecedores, gerentes); b) outros stakeholders (comunidade, mídia,

governo, organismos internacionais, competidores, lideranças internas, comunidade científica,

sindicatos, partidos, parlamentares, juízes, etc.)

Page 189: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

189

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

5.2. Identificando expectativas e interesses de potenciais stakeholders

Para cada potencial stakeholder, os formuladores identificam qual a demanda, o interesse, a

expectativa sobre a organização.

5.3. Medindo poder

Avaliação pelos formuladores do grau de poder em função da sensibilidade e disponibilidade de

recursos de poder (coercitivos, utilitários e simbólicos) por ator identificado, segundo a Tabela 1.

Tabela 1 – Matriz de Poder

* Força física definida como a capacidade de gerar ou agir com violência para constrangir ou reter)

Atribua valores de 0 a 3 para o Grau de Sensibilidade aos diversos recursos, anotando 0 caso

não haja qualquer sensibilidade ao recurso (insensível) e 3 para sensibilidade extrema (recurso

crítico). O grau de sensibilidade será o mesmo para todos os atores.

Atribua valores de 0 a 3 para o Grau de Disponibilidade dos atores com relação aos recursos,

assinalando 0 caso o ator não possua o recurso em análise, e 3 quando o possui na quantida-

RECURSOS DE PODER

Meios coercitivos Meios utilitários (recursos) Meios simbólicos

Força

física*Armas

Materiais e

físicosFinanceiros Logísticos Tecnológicos Intelectuais

Reconhecimento e

estimaGrau de

Poder

Grau de sensibili-

dade dos recursos

Grau de dispo-

nibilidade dos

atores frente aos

recursos

Ator 1

Grau de poder do

Ator 1

Ator 2

Grau de poder do

Ator 2

Ator 3

Grau de poder do

Ator 3

...

Grau de poder do

Ator ...

Ator n

Grau de poder do

Ator n

Page 190: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

190

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

de máxima de influência.

Preencha a linha Grau de Poder do Ator multiplicando o Grau de Sensibilidade ao Recurso

pelo Grau de Disponibilidade do Ator do mesmo recurso.

Para calcular o Grau de poder total dos atores, multiplique o Grau de Poder ao Ator calculado

anteriormente para os diversos recursos. Certamente o número final será bastante grande

e de pouca utilidade prática em termos de comparação. Isso, entretanto, será corrigido um

pouco mais à frente pela normalização.

Um ator terá maior grau de poder na medida em que detiver mais recursos de poder e, ao

mesmo tempo, tais recursos forem críticos relativamente às necessidades/vulnerabilidades

da organização.

5.4. Medindo legitimidade

Avaliação do grau de legitimidade em função da desejabilidade e propriedade das ações de cada ator

identificado em duas perspectivas: para a organização e para a sociedade, segundo a Tabela 2.

Tabela 2 – Matriz de Legitimidade

Grau de desejabilidade dos atores

Níveis de desejabilidade

Para a organização Para a sociedade Grau de Legitimidade Total

Ator 1

Ator 2

...

...

Ator n

Atribua valores de 0 a 3 para o Grau de Desejabilidade das ações dos atores para com a or-

ganização (legitimidade micro-social). Pontuar 0 significa que as ações do ator são percebidas

como indesejáveis, e 3 como altamente desejáveis e legítimas.

Atribua valores de 0 a 3 para o Grau de Desejabilidade das ações dos atores para com a so-

ciedade (legitimidade macrossocial). Pontuar 0 significa que as ações do ator são percebidas

como indesejáveis, e 3 como altamente desejáveis e legítimas.

O Grau de Desejabilidade Total dos atores é calculado pela multiplicação do nível de desejabi-

lidade atribuído ao ator frente à organização e frente à sociedade.

Esta metodologia considera a necessidade de serem ponderadas e cruzadas o grau de acei-

tabilidede/desejabilidade da ação dos atores em ambas perspectivas organizacional e social.

Há uma ponderação neste cruzamento, que traduz a idéia de que a legitimidade para a orga-

Page 191: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

191

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

nização deve fazer sentido no contexto da legitimidade social. Assim, um ator será tão mais

legítimo para a organização quanto mais legítimas forem suas ações para a sociedade.

5.5. Medindo urgência

Avaliação do clamor por atenção imediata de cada ator identificado relativamente à suas ex-

pectativas e demandas, segundo a Tabela 3.

Tabela 3 – Matriz de Urgência

Grau de urgência dos atores

Critérios de urgência

Sensibilidade temporal Criticalidade Grau de urgência total

Ator 1

Ator 2

...

...

Ator n

Atribua valores de 0 a 3 para o Grau de Urgência dos atores. Com relação à sensibilidade

temporal, pontue 0 para extrema sensibilidade (total aceitação do atraso), e 3 para alta sen-

sibilidade com não aceitação de atraso. Para a criticalidade, marque 0 para assinalar fatores

não críticos e 3 para fatores altamente críticos.

O Grau de Urgência Total dos atores é calculado pela multiplicação do nível de sensibilidade

temporal e criticalidade percebidos.

Segundo os critérios definidos, um ator terá tanto mais o atributo da urgência, quanto mais

críticos e sensíveis temporalmente forem suas demandas.

5.6. Identificando Stakeholders

A identificação de stakeholders é possibilitada pela geração do índice de preponderância em

função dos graus de poder, legitimidade e urgência medidos pelas matrizes apresentadas,

segundo a Tabela 4.

Page 192: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

192

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

tabela 4 – matriz de consolidação – Índice de PrePonderância

AtoresGrau de poder

Grau de le-gitimidade

Grau de urgência

TotalNormaliza-do (A)

TotalNormaliza-do (B)

TotalNormaliza-do (C)

Total (A) x (B) x (C)

Índice de preponde-rância

Ator 1

Ator 2

Ator 3

...

...

Ator n

TotalNúmero de atoresMédia

Para o cálculo do valor normalizado, totalize o grau de poder dos atores, o número de atores

e encontre a média do grau de poder. O valor normalizado do atributo para o ator será dado

pelo valor individual atribuído (grau de poder do ator) dividido pela média. A normalização

produzirá como resultado um número que, caso seja maior que 1, indicará que o grau de poder

daquele ator está acima da média, estando abaixo da média para valores menores que 1.

O valor normalizado para os demais atributos (grau de legitimidade e grau de urgência) seguem

os mesmos passos. A normalização permitirá comparar a importância relativa dos diversos

atributos por trazê-los a uma mesma base de comparação.

Os mesmos passos deverão ser aplicados para o cálculo do índice de preponderância que, na

verdade, será uma normalização do total dos diversos atributos.

6. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MODELO PROPOSTO E IMPLICAÇÕES PARA SUA

APLICAÇÃO

A quantificação de dados qualitativos traz sempre o questionamento sobre os resultados ob-

tidos, e não é diferente neste caso. A tentativa de atribuir uma pontuação e ordenamento

dos stakeholders não pode ser considerada de forma absoluta. Assim, se um determinado

ator recebe um índice de preponderância menor que 1, significando que está abaixo da média,

isso não significa descartar sua importância. Significa simplesmente que sua importância está

abaixo da média.

Cabe aos administradores estabelecerem pontos de cortes, caso vejam necessidade nisso.

Page 193: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

193

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

A principal vantagem que o modelo acarreta é permitir visualizar aqueles atores que tem mais

ou menos importância e dentro de quais dimensões, uma vez que o processo de normalização

torna essas dimensões comparáveis.

O embasamento conceitual proposto no trabalho de Mitchell (1997), associado a uma meto-

dologia que permita classificar a importância dos atores com relação aos diversos atributos,

pode estimular novas aplicações da teoria dos stakeholders no contexto das organizações.

De modo geral, essas discussões detêm-se nos aspectos conceituais trazendo poucas pos-

sibilidades de aplicação prática.

O ponto relevante para a elaboração do indicador proposto estava na possibilidade de medir

(valorizar) a existência dos três atributos, seja em que grau for, considerando para a elabora-

ção do índice de predominância que:

• não pode ser o somatório da pontuação individual dos atores, porque a proporção de

atributos entre diferentes atores é diferente;

• não pode ser o somatório dos atributos, porque a pontuação de um atributo não deve

contar para outro, não devendo, portanto, valorizar sobremaneira um ou dois atributos,

ainda que com valores altos;

• valorizar principalmente os que têm os três atributos, ainda que em valores baixos.

Uma outra maneira de categorizar e enquadrar os atores segundo os tipos de stakeholders

identificados é através de uma representação gráfica, sugerida na Figura 3:

DEPENDENTES

DOMINANTEPERIGOSO

EXIGENTESDISCRICIONÁRIOS

ADOR

MECI

DOS

PODER

LEGITIMIDADEURGÊNCIA

DEFINITIVOS

Figura 3 – Categorização de Stakeholders Baseada em Escala Gráfica

Page 194: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

194

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Os eixos Poder, Legitimidade e Urgência podem ter escalas gráficas que permitam a localiza-

ção de pontos referentes aos valores para cada ator ou todos. Os valores das escalas gráfi-

cas devem estabelecer um ponto mínimo (arbitrário ou uma porcentagem da maior pontuação)

a partir do qual o atributo seria contado/considerado.

Entretanto, é mais correto considerar um gradiente entre as pontuações de forma a evitar

um “ponto de ruptura” entre uma categoria e outra. Espera-se que com a aplicação desta

metodologia em estudos de caso seja possível estimar esse denominado ponto de ruptura.

Não é possível, contudo, afirmar neste momento quando um ator passa de uma categoria

predominante para outra.

7. CONCLUSÃO: MISSÃO, OBJETIVOS E STAKEHOLDERS

Não obstante a importância dos stakeholders para definição da missão das organizações, é

necessário que se reconheça que sua consideração quando do estabelecimento de objetivos

organizacionais colocam importantes restrições.

Esta proposta se aproxima daquilo que Morgan (1996) vem propondo como modelo de plane-

jamento, utilizando as bases da cibernética. Ao contrário do que apregoa os modelos tradicio-

nais de planejamento, este autor afirma que, ao se estabelecer um objetivo, estamos limitando

a possibilidade de a organização aproveitar novas oportunidades pelo afunilamento do foco

de visão. Ao traçar delimitadores para a atuação organizacional, marcando aquilo que não se

quer, dá-se liberdade para a busca das melhores oportunidades.

Independentemente de qual perspectiva se adote, é importante firmar que a missão deve

refletir, de forma implícita ou explícita, os interesses e expectativas dos stakeholders defini-

tivos (1º lugar) e expectantes (2º lugar). Esse fato reafirma a importância de se conhecer os

stakeholder e suas expectativas sobre a organização.

Nota

(1) Corporate Governance tem sido muito freqüentemente traduzido como governança corporativa. Uma tra-dução mais cuidadosa sugeriria a expressão gestão empresarial. Com efeito, este conceito tem sido utilizado para referenciar os arranjos institucionais que regulam os relacionamentos entre acionistas e gerentes. No presente trabalho, sua interpretação (na tradução gestão organizacional) transcende o universo das empresas de mercado, sendo utilizado lato sensu para designar os arranjos necessários à gestão de uma organização, seja pública, privada, com ou sem fim lucrativo.

Page 195: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

195

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOWIE, N. 1988. The moral obligation of multinational corporations. In: Luper-Foy (ed.),

Problems of international justice: 97-113. Westview Press.

BURNS, T. & STALKER, G. M. 1961. The management of innovation. Tavistock.

CLARKSON, M. B. 1995. A stakeholder framework for analysing and evaluating corporate

social performance. Academy of Management Review, 20:92-117.

DONALDSON, T. e PRESTON, L. E. 1995. The stakeholder theory of the corporation: con-The stakeholder theory of the corporation: con-

cepts, evidence and implications. Academy of Management Review, 20:65-92.

ETZIONI, A. 1964. Modern organizations. Prentice Hall.

HILL, C.W.L., JONES, T.M. 1992. Stakeholder-agency theory. Journal of Management

Studies, 29(2):131-154.

MATUS, C. 1993. Política, planejamento e governo. Ipea.Ipea.

MITCHELL, R., AGLE, B., WOOD, D. 1997. Toward a theory of stakeholder identification

and salience: defining the principle of who and what really counts. Academy of Management

Review, 22:853-886.

MORGAN, G. 1996. Images of organization. 2nd. Ed. Sage.Sage.

NÄSI, J. 1995. Understanding stakeholder thinking. LSR-Julkaisut Oy.

SAVAGE, G.T., NIX, T.H., WHITEHEAD, C.J., BLAIR, J.D. 1991. Strategies for assessing and

managing organizational stakeholders. Academy of Management Executive, 5:61-75.

SUCHMAN, M.C. 1995. Managing legitimacy: strategic and institutional approaches.

Academy of Management Review, 20:571-610.

THOMPSON, J. K., WARTICK, S.L., SMITH, H.L. 1991. Integrating corporate social perfor-

mence and stakeholder management: implications for a research agenda in small business.

Research in Corporate Social Performance and Policy, 12:207-230.

WOOD, T. 1996. Mudança organizacional. Atlas.

WOODWARD, J. 1965. Industrial organization: theory and practice. Oxford University

Press.

ZUCKER, P. et al. 1997. The institutionalization of institutional theory. In:In: The handbook of

organization theory. Academy of Management.

Page 196: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

196

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Page 197: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

____________________________________________________Reforma Administrativa e Marco Legal

das Organizações Sociais no Brasil

Paulo Modesto

Page 198: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 199: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

199

REFORMA ADMINISTRATIVA E MARCO LEGAL DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL As Dúvidas dos Juristas sobre o Modelo das Organizações Sociais1

Paulo Modesto

Assessor Especial do Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado do Brasil. Pro-

fessor de Direito da Universidade Federal da Bahia. Membro do Instituto Brasileiro de Direito

Administrativo, do Ministério Público e do Instituto de Advogados do Estado da Bahia.

SUMÁRIO: 1. Reforma Administrativa e Reforma na Mentalidade Administrativa - O Papel

dos Juristas. 2. As Dúvidas dos Juristas sobre as Organizações Sociais. 2.1.1. Organizações

Sociais e Entidades Privadas de Utilidade Pública. 2.1.2. Serviços Privados de Interesse Públi-

co e Serviços Públicos. 2.1.3. Organizações Sociais e Terceirização: o caso do Sistema Único

de Saúde (SUS). 3. Conclusão.

RESUMO

O modelo brasileiro das organizações sociais representa uma das respostas possíveis à crise

do aparelho do Estado no âmbito da prestação dos serviços sociais. Essas entidades são per-

cebidas como uma forma de parceria do Estado com as instituições privadas de fins públicos

(perspectiva ex parte principe) ou, sob outro ângulo, uma forma de participação popular na

gestão administrativa (perspectiva ex parte populi). No texto são tematizadas as diferenças e

semelhanças entre o marco legal das organizações sociais e das entidades de utilidade pública

no Brasil, as notas distintivas entre a disciplina dos serviços privados de interesse público e

dos serviços públicos, bem como o que distingue juridicamente o modelo das organizações

sociais de processos de privatização e terceirização. Em todos esses temas os juristas apa-

recem como protagonistas na determinação dos limites do modelo das organizações sociais,

evidenciando que processos de reforma normativa exigem, para serem eficazes, uma conco-

mitante reforma na mentalidade dos agentes públicos

1 Texto apresentado no II Congresso Interamericano sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública promovido pelo CLAD--Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo, realizado na Ilha de Margarita, Venezuela, em outubro de 1997. Um esboço preliminar do texto foi preparado para uma reunião de trabalho com a Assessoria Jurídica da Casa Civil da Presidência a República em 1.2.1996. Agradeço ao Prof. CAIO TÁCITO as sugestões e os comentários enviados ao autor sobre o texto original deste trabalho. Texto e anexo atualizado em 3.11.97 em razão da edição da Medida Provisória n. 1591, de 9 de outubro, publicada no Diário Oficial da União de 10.10.1997.

Page 200: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

200

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

1. REFORMA ADMINISTRATIVA E REFORMA NA MENTALIDADE ADMINISTRATIVA -

O PAPEL DOS JURISTAS

A reforma administrativa do aparelho do Estado no Brasil tem na introdução e alteração de

normas no âmbito da Constituição da República e das leis do país uma de suas etapas neces-

sárias. Porém, a eficácia da reforma administrativa está condicionada ainda a uma concomitan-

te reforma na mentalidade dos agentes públicos. É indispensável para a efetiva implementação

da reforma pretendida que os agentes administrativos superem o tradicional vezo burocrático

que vem convertendo a Administração, nas palavras de Dromi, numa cara “máquina de im-

pedir”, fiel ao que o mesmo autor batizou como o “código do fracasso”, que dispõe: “artigo

primeiro: não pode; artigo segundo: em caso de dúvida, abstenha-se; artigo terceiro, se é

urgente, espere; artigo quarto, sempre é mais prudente não fazer nada” (1995:35).

A reforma administrativa iniciada no Brasil guarda semelhança com outras reformas do Estado

ocorridas em várias partes do mundo, conforme se pode observar nas experiências relatadas

por Palazzo, Sésin e Lembeye no livro La Transformación del Estado (1992).

De fato, são aspectos comuns às diversas reformas contemporâneas do Estado:

a) aplicação de novas técnicas de coordenação de serviços e atividades entre esferas

políticas diversas (consórcios intergovernamentais, acordos-programas, convênios de

delegação ou descentralização);

b) estímulo à privatização de serviços econômicos competitivos sustentáveis em regime

de mercado;

c) transferência de funções do poder central para entes intermediários e locais;

d) ampliação dos controles de produtividade e de economicidade, vale dizer, do resultado

do trabalho administrativo (controles de eficiência);

e) fortalecimento da autonomia das entidades personalizadas da administração indireta;

f) incentivo à gestão direta pela comunidade de serviços sociais e assistenciais, fora do

aparato burocrático do Estado, porém com apoio direto dele e com sua assistência

permanente (organizações não governamentais, associações de utilidade pública, es-

colas comunitárias);

g) estímulo ao pessoal administrativo no desenvolvimento de atividades-fins, com a con-

comitante diminuição ou terceirização de atividades-meio, acompanhada de valorização

das carreiras exclusivas de Estado, inclusive mediante adequação do padrão remune-

ratório ao mercado de trabalho;

h) capacitação de pessoal dirigente e criação de carreiras específicas para altos gestores;

Page 201: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

201

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

i) elaboração do conceito de planejamento estratégico e fortalecimento dos setores ad-

ministrativos responsáveis pela formulação de políticas públicas;

j) consolidação e simplificação de procedimentos e processos no interior da administração;

l) estímulo ao desenvolvimento de habilitações gerenciais flexíveis do pessoal administra-

tivo, fator a ser considerado no próprio recrutamento, mediante a ampliação do grau de

generalidade das atribuições contempladas nos cargos públicos;

m) definição de novas formas de responsabilização dos agentes públicos pela gestão

administrativa;

n) adoção de programas de desregulamentação ou de simplificação da legislação (conso-

lidação e codificação legislativa);

o) ampliação dos mecanismos de participação popular na atividade administrativa e de

controle social da administração pública.

Essas tarefas, apenas mencionadas para formação de um quadro simplificado de referência,

permitem também inferir os objetivos práticos que servem de base finalista aos projetos mais

conhecidos de Reforma do Estado:

a) objetivo econômico : diminuir o “déficit” público, ampliar a poupança pública e a capa-

cidade financeira do Estado para concentrar recursos em áreas em que é indispensável

a sua intervenção direta;

b) objetivo social : aumentar a eficiência dos serviços sociais oferecidos ou financiados

pelo Estado, atendendo melhor o cidadão a um custo menor, zelando pela interioriza-

ção na prestação dos serviços e ampliação do seu acesso aos mais carentes;

c) objetivo político : ampliar a participação da cidadania na gestão da coisa pública; esti-

mular a ação social comunitária; desenvolver esforços para a coordenação efetiva das

pessoas políticas no implemento de serviços sociais de forma associada;

d) objetivo gerencial : aumentar a eficácia e efetividade do núcleo estratégico do Estado,

que edita leis, recolhe tributos e define as políticas públicas; permitir a adequação de

procedimentos e controles formais e substituí-los, gradualmente, porém de forma sis-

temática, por mecanismos de controle de resultados .

É manifesto que este amplo quadro de tarefas e objetivos somente é alcançável com a ação

cooperativa dos envolvidos no processo de implementação das reformas, em especial com a

colaboração dos juristas, responsáveis imediatos pela interpretação do direito reformado.

Nesse sentido, recorde-se Pontes de Miranda:

“Fez-se cânon da Crítica moderna ser-lhe indispensável a simpatia. Interpretar a lei não

é só criticá-la: é inserir-se nela, e fazê-la viver. A exigência, portanto, cresce de ponto,

em se tratando de Constituição. Com a antipatia não se interpreta, — ataca-se; porque

Page 202: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

202

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

interpretar é por-se do lado que se interpreta, numa intimidade maior do que permite qual-

quer anteposição, qualquer contraste, por mais consentinte, mais simpático, que seja, do

intérprete e do texto. Portanto, a própria simpatia não basta. É preciso compenetrar-se

do pensamento que esponta nas regras jurídicas escritas; e, penetrando-se nelas, dar-

lhes a expansão doutrinária e prática, que é o comentário jurídico. Só assim se executa o

programa do jurista, ainda que, de quando em vez, se lhe juntem conceitos e correções

de lege ferenda” (1987: 5)(Grifo nosso).

Com efeito, parece possível interpretar e refletir sobre o que representa o programa das

organizações sociais para a redefinição do modo de intervenção do Estado no âmbito social

apenas se adotarmos uma atitude de abertura, de ânimo desarmado, negação da mentalidade

burocrática antes referida, que desconfia do novo e o renega de plano, adulterando o seu

sentido próprio a partir de antigos esquemas conceituais.

Na verdade, a atitude oposta à de abertura, a atitude de bloqueio “a priori”, é impensável e

inaceitável entre juristas, que são profissionais do diálogo, acostumados a tratar cotidiana-

mente com novas demandas político-sociais.

O saber dos juristas é um saber de protagonistas, pois mediante o discurso dos juristas são

estabelecidas decisões ou condições para a tomada de decisões jurídicas. Enquanto a maior

parte das ciências opera com um objeto dado, que o cientista pressupõe como uma unidade

estável, o objeto do jurista é um objeto lingüístico, socialmente condicionado, que se elabora

e apresenta ao domínio público mediante a decisão interpretativa, amplamente influenciada

pelo instrumental elaborado pela ciência do direito. Esta é a razão de se dizer, não sem algum

exagero, que o objeto do saber do jurista não é algo dado ao seu conhecimento, mas o resul-

tado do seu labor.

Essa interferência da doutrina jurídica na definição e avaliação do direito vigente aumenta

a responsabilidade social da dogmática jurídica e dos próprios juristas individualmente. Da

dogmática jurídica, pois cabe-lhe estabelecer os limites do conhecimento jurídico válido (as

condições de validação científica do labor dos juristas), restringindo o arbitrário interpretativo,

estabelecendo métodos de trabalho que neutralizem ao máximo as puras inclinações subjeti-

vas ou pessoais. Dos juristas, pois como agentes sociais que monopolizam o discurso técnico

sobre as normas da coletividade, têm condições de antecipar as conseqüências negativas e

positivas da aplicação das normas jurídicas aprovadas, propor novas pautas de solução de

conflitos, bem como capacidade de enquadrar de forma argumentativa os novos conflitos no

interior do direito já existente, enfraquecendo ou eliminando temporariamente conflitos. Sobre

tema da função social da dogmática jurídica, v. Ferraz JR (1994: 280-1; 1980:149 e segs.).

O desafio de pensar juridicamente as organizações sociais faz crescer de importância a vo-

cação de protagonista dos juristas, pois estes são convidados a co-participar da constituição

desta nova “figura jurídica”, sem reservas e sem temor de pensar o novo.

Page 203: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

203

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

2. AS DÚVIDAS DOS JURISTAS SOBRE AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

São basicamente duas as dúvidas levantadas pelos juristas durante o processo de discussão

do modelo de organizações sociais apresentado pelo Ministério da Administração Federal e

Reforma do Estado do Brasil. A primeira, de caráter geral, diz respeito à própria identificação

do que sejam as organizações sociais e o papel que cumpririam perante a administração

pública. Em termos técnicos, ao fim e ao cabo, esta primeira indagação diz também sobre a

possibilidade e natureza jurídica das organizações sociais.

Discute-se aqui sobre se as organizações sociais desenvolveriam atividades de serviço públi-

co ou atividades privadas, sobre se constituiriam formas de privatização de entes públicos,

bem como sobre quais os traços diferenciais que as apartariam das tradicionais entidades pri-

vadas de utilidade pública. Na segunda questão, de caráter especial, indaga-se sobre se será

cabível a exigência de realização de processo licitatório para a cessão de bens e recursos pú-

blicos às entidades reconhecidas como organizações sociais, o regime jurídico do apoio que

lhes emprestará o Poder Público, bem como sobre o que as distinguirá das entidades privadas

que prestam serviços à Administração Pública mediante contratos de terceirização.

2.1. Organizações sociais e Entidades Privadas de Utilidade Pública

Não existe ainda uma definição legal das organizações sociais no plano federal no Brasil.2 O

projeto elaborado pelo Poder Executivo Federal, convertido em Medida Provisória recente-

mente, foi entretanto em diversos Estados da Federação tornado lei com algumas alterações

(v. g., Pará, Lei n.º 5.980/96; Bahia, Lei n.º 7.027/97).3 É importante saber que o projeto

federal ao longo do tempo sofreu reformulações, de conteúdo e forma, que lhe alteraram pro-

fundamente a compostura, sem embargo de uma continuidade firme nos propósitos básicos.

O texto da Medida Provisória nº 1591/97, apresentado em anexo a este trabalho, recolhe a

última versão do texto do projeto federal e servirá de fundamento para as definições e afirma-

ções adiante expostas.4

Uma definição operacional das organizações sociais pode ser formulada nos termos seguin-

tes. As organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,

voltadas para atividades de relevante valor social, que independem de concessão ou permis-

são do Poder Público, criadas por iniciativa de particulares segundo modelo previsto em lei,

reconhecidas, fiscalizadas e fomentadas pelo Estado.

2 A edição da Medida Provisória n. 1591, de 9 de outubro de 1997, não prejudicou rigorosamente a afirmação, razão pela qual é mantida. Trata-se de medida provisória que, embora dotada de eficácia de inovação na ordem jurídica semelhante à eficácia das leis, não foi alçada ainda à condição de lei formal, sendo passível de modi-ficação, decaimento ou acréscimo no curso do processo legislativo. Registre-se, além disso, que a Medida Provisória referida não fornece uma definição sintética, facilmente identificável, do conceito de organizações sociais. Em verdade, como é próprio dos textos normativos, enuncia apenas elementos ou fragmentos da definição de organizações sociais de modo disperso em seu texto (conf., em especial, arts. 1º, 2º,5º, 6º ,8º e 11). 3 Trecho alterado após a edição da Medida Provisória n. 1591/97.4 Trecho alterado após a edição da Medida Provisória n. 1591/97.

Page 204: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

204

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Em sentido abrangente, as organizações sociais representam uma forma de parceria do Esta-

do com as instituições privadas de fins públicos (perspectiva ex parte principe) ou, sob outro

ângulo, uma forma de participação popular na gestão administrativa (perspectiva ex parte

populi).

No aspecto da parceria, as organizações sociais definem-se como instituições do terceiro se-

tor (pessoas privadas de fins públicos, sem finalidade lucrativa, constituídas voluntariamente

por particulares, auxiliares do Estado na persecução de atividades de relevante interesse co-

letivo), pois possuem o mesmo substrato material e formal das tradicionais pessoas jurídicas

privadas de utilidade pública. Não são um novo tipo de pessoa jurídica privada nem entidades

criadas por lei e encartadas na estrutura da administração pública.

São pessoas jurídicas estruturadas sob a forma de fundação privada ou associação sem fins

lucrativos. Ser organização social, por isso, não significa apresentar uma estrutura jurídica

inovadora, mas possuir um título jurídico especial, conferido pelo Poder Público em vista do

atendimento de requisitos gerais de constituição e funcionamento previstos expressamente

em lei. Esses requisitos são de adesão voluntária por parte das entidades privadas e estão

dirigidos a assegurar a persecução efetiva e as garantias necessárias a uma relação de con-

fiança e parceria entre o ente privado e o Poder Público.

A denominação organização social é um enunciado elíptico. Denominam-se sinteticamente

organizações sociais as entidades privadas, fundações ou associações sem fins lucrativos,

que usufruem do título de organização social.

Essa qualidade jurídica conferida pelo Poder Público faz incidir sobre as instituições reco-

nhecidas um plexo de disposições jurídicas especiais, que asseguram vantagens e sujeições

incomuns para as tradicionais pessoas jurídicas qualificadas pelo título de utilidade pública. Em

qualquer dos dois títulos referidos, porém, dá-se um plus à personalidade jurídica das entida-

des privadas, que passam a gozar de benefícios especiais não extensíveis às demais pessoas

jurídicas privadas (benefícios tributários e vantagens administrativas diversas). A todo rigor,

portanto, nenhuma entidade é constituída como organização social. Ser organização social

não se pode traduzir em uma qualidade inata, mas em uma qualidade adquirida, resultado de

um ato formal de reconhecimento do Poder Público, facultativo e eventual, semelhante em

muitos aspectos à qualificação deferida às instituições privadas sem fins lucrativos quando

recebem o título de utilidade pública.

De fato, as organizações sociais são juridicamente entidades bastante semelhantes às tradi-

cionais entidades privadas declaradas de utilidade pública, mas com elas não se identificam de

modo completo. São traços comuns às duas entidades:

a) a iniciativa privada voluntária na sua criação e na sua constituição;

b) a existência de limites gerais à livre constituição e funcionamento dos órgãos de direção ou

gerência como requisito para o exercício de ato posterior de reconhecimento ou qualificação;

Page 205: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

205

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

c) a afetação a uma finalidade de interesse público ou socialmente relevante;

d) o recebimento de favores especiais, subsídios, isenções e contribuições do Estado;

e) a submissão a uma vigilância especial e a limitações de ordem administrativa que vão

além do simples poder de polícia exercido sobre as demais pessoas privadas;

f) sujeição ao controle do Tribunal de Contas;

g) a necessidade de reconhecimento formal por parte do Estado, segundo um procedi-

mento especial regulado em lei;

h) a destinação legal do patrimônio social a outra entidade de mesma natureza, em caso

de extinção da entidade, não sendo permitido seja o patrimônio repartido entre os

membros da instituição;

i) a submissão ao regime jurídico das pessoas de direito privado, com derrogações de

direito público.

As organizações sociais, no entanto, apresentam também características especiais que as

distinguem de modo parcial das tradicionais entidades privadas declaradas de utilidade públi-

ca. Em resumo, os traços diferenciais básicos são os seguintes:

a) os seus estatutos devem prever e adotar determinado modelo de composição para os

seus órgãos de deliberação superior, inclusive prevendo a participação necessária de

representantes do Estado, como requisito para permitir o ato posterior de qualificação

pelo Poder Público;

b) o trespasse de bens e recursos públicos nelas está condicionado à assinatura de con-

tratos de gestão com os órgãos competentes da administração pública federal;

c) o estatuto deve prever, também como um requisito da qualificação, sujeição da enti-

dade à publicação anual no Diário Oficial da União do relatório de execução do acordo

ou contrato de gestão (relatório gerencial das atividades desenvolvidas, apoiadas pelo

Poder Público, e não apenas do relatório formal da contabilidade da entidade);

d) o estatuto deve prever, como requisito de qualificação, regras rígidas de reforma das

finalidades sociais, bem como regras para a definição impessoal das regras a serem

adotadas para a remuneração do pessoal da entidade e para o sistema de compras;

e) o estatuto ainda deve prever que a entidade estará sujeita a controle externo de re-

sultados, periódico e a posteriori, realizado por comissão de avaliação composta por

especialistas de notória qualificação, especialmente destinado à verificação do cumpri-

mento do contrato ou acordo de gestão firmado com o Poder Público;

f) as entidades poderão utilizar bens materiais e recursos humanos de entidades extintas

do Estado, desde que a extinção tenha sido realizada por lei específica;

Page 206: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

206

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

g) as entidades poderão também absorver atividades e contratos de entidade extintas,

também quando autorizados por lei, bem como os seus símbolos designativos, desde

que estes sejam seguidos obrigatoriamente do símbolo OS.

As diferenças e semelhanças entre as duas entidades são manifestas, mas indicam também ser

possível identificá-las como entidades do mesmo gênero, ainda que inconfundíveis. As organi-

zações sociais são entidades de utilidade pública qualificadas por maiores restrições e maior

vigilância do Estado, no mesmo passo em que podem receber deste maiores benefícios e vanta-

gens incomuns - embora não vedadas - às atuais entidades privadas de utilidade pública.

Algumas vantagens têm surpreendido os juristas, em especial a possibilidade prevista de

haver absorção, pelas entidades qualificadas, de atividade e recursos de entidades estatais

extintas por lei específica (ex vi do art. 37, XIX, da Constituição Federal e do princípio da

“paridade das formas”). Os bens de entidade extinta de ordinário revertem ao patrimônio da

União, mas poderá haver permissão de uso para as organizações sociais que recebam autori-

zação legal especial para assumirem atividades e compromissos do ente extinto. Ainda que a

vantagem dependa de fato duplamente eventual (a extinção do ente público e a falta de defini-

ção na lei específica de outro destino para o patrimônio ou os bens da entidade encerrada, por

ex., doação a Estados e Municípios), alguns juristas têm retirado da hipótese duas conclusões

contrapostas ou contraditórias.

Para alguns, trata-se de benefício revelador de que as organizações sociais não passarão de

entidades estatais de administração indireta, encobertas sob a forma de pessoas privadas,

mas na verdade veículos expressivos do Poder do Estado. Para outros, trata-se de demonstra-

ção de que as organizações sociais nada mais são do que uma nova forma de privatização, de

dissolução do patrimônio público, em detrimento do interesse coletivo. O equívoco é duplo.

As organizações sociais, no modelo proposto, não serão autarquias veladas, nem titularizarão

qualquer espécie de prerrogativa de direito público. Não gozarão de prerrogativas processuais

especiais ou prerrogativas de autoridade. Não estarão sujeitas a supervisão ou tutela da ad-

ministração pública direta ou indireta, respondendo apenas pela execução e regular aplicação

dos recursos e bens públicos vinculados ao acordo ou contrato de gestão que firmarem com

o Poder Público. Não serão instituídas por lei nem custeadas na sua integridade, de modo

necessário, pelo Poder Público. Serão entidades privadas reconhecidas pelo Estado, à seme-

lhança das atuais entidades de utilidade pública, devendo sua constituição jurídica à iniciativa

voluntária de indivíduos. Não serão criaturas do Estado, nem sucessoras necessárias de enti-

dades públicas extintas. Podem ser reconhecidas ou qualificadas como tais independentemen-

te da extinção de qualquer ente público existente.

Quando forem autorizadas a assumirem, porém, atividades e prédios anteriormente ocupados

por entidades extintas — benefício incomum hoje, mas não inconcebível para as próprias

instituições tradicionais de utilidade pública —, mediante autorização legal específica, nem

por isso deixarão de ser ou agir como pessoas privadas para transformarem-se em entes do

Page 207: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

207

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Estado. Exemplo: suponha-se que uma Santa Casa de Misericórdia, instituição tradiciona-

líssima no Brasil de prestação de serviços de saúde e assistência social, aceite adaptar os

seus estatutos ao modelo de constituição e demais obrigações previstas na lei, recebendo

posteriormente o título de organização social, bem como a permissão de uso de prédio público

ocioso anteriormente utilizado por hospital público, recursos públicos de apoio ou fomento,

etc., desde que assumisse metas e compromissos de realizar atividades especificadas num

acordo de gestão com o Poder Público. Essa entidade estaria, por isso, transformada em mais

uma autarquia, uma fundação pública, uma repartição burocrática? Não, é certo.

Do mesmo modo que permaneceria com a mesma personalidade jurídica uma universidade

privada que, mesmo sem receber benefício algum de qualquer ente público extinto, atendesse

aos requisitos da lei das organizações sociais, recebesse o título, assumindo compromissos

de atuação com o poder público com objetivo de obter uma inversão mais intensa ou regular

de recursos públicos de fomento para atividades comunitárias que pretenda ampliar. O Poder

Público teria novos instrumentos para afiançar a boa utilização dos recursos investidos na

atividade social ampliada e a entidade privada novos meios de planejamento a longo prazo das

atividades que realiza.

As organizações sociais tampouco serão forma de privatização de entes públicos. Privatização

pressupõe uma transferência de domínio, isto é, o trespasse de um ente do domínio estatal

para o domínio particular empresarial, uma transação de natureza econômica e uma retração

do Poder Público em termos de inversão de recursos e em termos quantitativos de pessoal.

No modelo das organizações sociais esses pressupostos não comparecem.

Primeiro, porque o ato de qualificação de uma entidade como organização social independe de

qualquer extinção prévia ou posterior de ente público. Segundo, porque quando as entidades

qualificadas recebem prédios ou bens públicos como forma de apoio ou fomento por parte do

Estado não há transferência de domínio, mas simples permissão de uso, continuando os bens

a integrar o patrimônio da União.

Terceiro, porque os contratos ou acordos de gestão que o Estado firmar com as entidades

qualificadas não terão nem poderão ter finalidade ou natureza econômica, convergindo para

uma finalidade de natureza social e de interesse público, cuja realização obrigatoriamente não

pode objetivar o lucro ou qualquer outro proveito de natureza empresarial. A relação entre as

organizações sociais e o Poder Público deve ter fundamento numa ética da solidariedade e

numa ética do serviço.

Quarto, porque o Estado não apresentará qualquer retração financeira, patrimonial ou de pessoal

quando vier a qualificar ou permitir o uso de bem públicos por organização sociais. A instituição

qualificada, pelo contrário, demandará do Poder Público apoios e subvenções, tendo em vista o

objetivo comum de persecução do interesse público. O modelo das organizações sociais, assim,

realiza-se como estratégia em tudo oposta à de privatização, assumindo claramente uma opção de

recusa à aplicação da lógica do mercado nas atividades de natureza social.

Page 208: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

208

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Tanto as organizações sociais quanto as atuais entidades de utilidade pública podem ser des-

critas como entes privados que colaboram com a Administração, mas que com ela não se iden-

tificam. Fala-se então em “descentralização por colaboração” (ANDRÉA FERREIRA, 1972:62)

e em “descentralização social da administração” (MOREIRA NETO, 1989:98). Com estas

expressões enfatizam os autores que essas entidades, conquanto privadas, possuem atuação

“pública”, “pública não estatal”, “para-estatal”, “de interesse coletivo”, “de realização do

bem comum”, que as aproximam, como parceiras privilegiadas, da administração pública.

Moreira Neto (1989: 98), já ao lume da Constituição Brasileira de outubro de 1988, averbava:

“A descentralização social consiste em retirar do Estado a execução direta ou indireta de

atividades de relevância coletiva que possam ser cometidas a unidades sociais já exis-

tentes, personalizadas ou não, como a família, o bairro, as agremiações desportivas, as

associações profissionais, as igrejas, os clubes de serviço, as organizações comunitárias

etc., mediante simples incremento de autoridade e institucionalização jurídica adequada, de

modo a que possam promover, elas próprias, sua execução.

Essas unidades, também denominadas de entidades de cooperação, receberiam tais atri-

buições a partir de leis específicas e de atos administrativos concretos de reconhecimento,

modalidade assemelhada à autorização e à permissão. Tratam-se de institutos ainda em de-

senvolvimento, mas que têm seu lugar garantido numa sociedade dinâmica e participativa”.

(Grifo nosso)

As organizações sociais, em verdade, podem ser percebidas pela Administração Pública como

entidades privadas de cooperação, mas divergimos, com respeito e temor, de qualificá-las

como forma de “descentralização”. Nisto modificamos entendimento que também sustenta-

mos no passado. A rigor, tecnicamente, fala-se em descentralização ou, mais precisamente,

descentralização por colaboração quando o particular atua em atividades reservadas ou exclu-

sivas do Poder Público, sob o regime jurídico público. No domínio destas atividades, algumas

podem ter sua execução delegada ao particular, sob as formas de concessão, permissão ou

autorização de serviço (art. 175 da Constituição da República).

No entanto, nas áreas ou atividades em que a atuação do Poder Público é expressa pelo sim-

ples “poder de polícia”, uma vez que a Constituição da República reconhece a ação autônoma

e em nome próprio dos particulares (ensino, saúde, pesquisa, desporto, etc.), parece desca-

bido falar em delegação, descentralização ou transferência de execução de atividade. Não faz

sentido falar-se em transferência de funções, doutrina Cassagne, nas atividades exercidas por

particulares de iure proprio (1994:24).

As organização sociais, por todo o exposto, são organizações especialmente vocacionadas

a travar parcerias com o Poder Público para atividades de interesse coletivo. A idéia de par-

ceria, como se sabe, é uma idéia-força deste final de século. Fala-se em parceria atualmente

em quase todos os ramos do direito. No direito internacional, as nações fortalecem laços

Page 209: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

209

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

estratégicos, econômicos e políticos, firmando parcerias regionais (Mercosul, Nafta, União

Européia); no direito do trabalho, mecanismos de participação dos empregados nos lucros da

empresa dão os primeiros passos no que se tem denominado parceria entre empregadores

e empregados; no direito administrativo, renascem as concessões e permissões de serviço

público como formas de parceria dos particulares com o Estado em áreas estratégicas de

natureza econômica. Fora da esfera da ordem econômica, inclusive no âmbito dos direitos

sociais, a parceria entre particulares e o Estado até o momento ressente-se de melhor institu-

cionalização e aperfeiçoamento.

A insuficiente institucionalização da matéria tem como um dos seus principais fundamentos o

caráter excessivamente lacônico da legislação básica sobre declaração de utilidade pública no

Brasil. A legislação vigente no plano federal, por exemplo, trata indiferentemente todos os di-

versos tipos de associações e fundações sem fins lucrativos. Não diferencia o que denomina-

mos entidades de favorecimento mútuo ou de fins mútuos (dirigidas a proporcionar benefícios

a um círculo restrito ou limitado de sócios, inclusive mediante a cobrança de contribuições em

dinheiro, facultativas ou compulsórias) e as entidades de fins comunitários (dirigidas a ofere-

cer utilidades concretas ou benefícios especiais à comunidade de um modo geral, sem consi-

derar vínculos jurídicos especiais, quase sempre de forma gratuita). A ambas confere o título,

autorizando um tratamento mais benéfico por parte da Administração (renúncia fiscal, previsão

de subvenções sociais, contratação direta, etc. ), deixando ainda de prever qualquer forma

mais efetiva de controle de resultados. (PEREIRA JÚNIOR, 1973:90; OLIVEIRA, 1996:64-8)

Este caráter indiferenciado da referência às entidades e a debilidade do sistema de controle

têm estimulado abusos importantes e fomentado a desconfiança em atividades e relações de

parceria em que este é um valor fundamental (ex. escândalo do orçamento). Consideramos,

porém, que o modelo das organizações sociais é uma das respostas possíveis a este impas-

se, pois apenas estimula a criação de entidades de fins comunitários, auto e hetero-limitadas

para a persecução objetiva de fins coletivos (exigência de regras impessoais para compras e

plano de salários; existência de colegiado superior composto por fundadores, personalidades

da comunidade e representantes do poder público; previsão de auditorias gerenciais e contro-

le de resultados; fomento público condicionado à assinatura de contrato ou acordo de gestão

com o Poder Público, definidor de metas e tarefas a cumprir; responsabilização direta dos

dirigentes pela regular utilização dos recursos públicos vinculados ao acordo de gestão, entre

outras garantias atualmente não exigidas para o deferimento do título de utilidade pública para

as entidades privadas sem fins lucrativos).

De outra parte, vale insistir que essas formas de cooperação privada e parceria com o Poder

Público, de importância crescente na sociedade complexa dos nossos dias, estão diretamente

vinculadas à idéia de participação popular na esfera pública. São “fórmulas cooperativas de

participación”, na expressão sintética de Enterría e Fernandes (1989:078 e seg.).

Estes autores, dissertando sobre o tema, afirmam ser este modo de atuação participativa mais

Page 210: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

210

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

intenso do que os demais conhecidos, uma vez que “no se refiere a actuaciones aisladas sinono se refiere a actuaciones aisladas sino

a conductas permanentes institucionalizadas”, realizadas “mediante la creación por los cida-

danos de organizaciones especiales”, vocacionadas a “fines de interés general” (1989:86).” (1989:86).

Trata-se de modalidade de participação popular consentânea com o princípio fundamental da

cidadania (art. 1º, II, da Constituição da República), fundamento do Estado Democrático de

Direito. Entre os dispositivos constitucionais que a contemplam diretamente podemos indicar

os seguintes:

“Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1.º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema úni-

co de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio,

tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recur-

sos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organi-

zadas com base nas seguintes diretrizes:

I – descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais

à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas

estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pes-

soa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigi-

dos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em edu-

cação;

II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou

confessional, ou ao poder público, no caso de encerramento de suas atividades.

Art. 216 (...)

§ 1.º O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o pa-

trimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e

desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. (...)

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adoles-

cente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimi-

nação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Page 211: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

211

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 1.º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do

adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo

aos seguintes preceitos: (...)

Outras disposições constitucionais referem de forma reflexa esta mesma forma de colabo-

ração de entidades particulares com a administração pública, a saber: (1) igrejas (arts. 19, I

- colaboração, de interesse público, com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios; art.

226, § 2, celebração do casamento religioso com efeito civil; art. 213, escolas confessionais);

(2) instituições privadas de educação (art. 150, VI, c - imunidade tributária, desde que sem fins

lucrativos); (3) instituições de assistência social beneficentes ou filantrópicas (art. 150, VI, c

- imunidade tributária, desde que sem fins lucrativos; art. 195, § 7º- isenção de contribuição

para a seguridade social); (3) terceiros e pessoas físicas e jurídicas de direito privado na área

da saúde (arts. 197 - declaração de relevância pública das ações e serviços de saúde pelos

mesmos executados); (4) organizações representativas da população (art. 30, X - cooperação

no planejamento municipal; art. 58, II - participação de audiências públicas de comissões do

Poder Legislativo); (5) serviços notariais e de registros (arts. 236, e §§ - serviços privados

mas por delegação do poder público); (6) entidades privadas em geral - art. 74, II (cabe ao

sistema de controle interno integrado dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário a com-

provação da legalidade e avaliação dos resultados, também quanto à eficácia e eficiência, da

aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado).

Essas disposições revelam a extensão que tomou a cidadania participativa e a parceria públi-

co-privado na Constituição de 1988, assinalando ainda algumas das diversas modalidades de

estímulo utilizadas pelo Estado para atrair e premiar a colaboração de entidades privadas em

atividades de acentuada relevância social: (a) imunidade tributária (art.150, VI, “c”, art. 195, §7º

e art.240); (b) trespasse de recursos públicos (art. 204, I; art. 213; art. 216, §3º, art.61,ADCT);

(c) preferência na contratação e recebimento de recursos (art. 199, §1º, in fine).

A mesma orientação foi seguida pela legislação ordinária. A Lei n.º 8.666, de 21.06.93, por

exemplo, reza no seu art. 24, “verbis”:

Art. 24. É dispensável a licitação:

XIII- na contratação de instituição nacional sem fins lucrativos, incumbida regimental ou

estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, científico

ou tecnológico, desde que a pretensa contratada detenha inquestionável reputação éti-

co-profissional;

XX- na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos

e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a

prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado

seja compatível com o praticado no mercado.

A Lei Orgânica da Assistência Social, Lei n. 8.742, de 7.12.1993, dispõe sobre amplo meca-

Page 212: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

212

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

nismo de cooperação dos particulares nos projetos prioritários de assistência social, reco-

nhecendo expressamente no art. 26 três categorias participantes do sistema de cooperação:

organismos governamentais, não governamentais e da sociedade civil, “verbis”:

Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento da pobreza assentar-se-á em mecanismos

de articulação e de participação de diferentes áreas governamentais e em sistema de coo-

peração entre organismos governamentais, não governamentais e da sociedade civil.

Nesta nova ordem de idéias, tem-se que o Estado não deve nem tem condições de monopo-

lizar a prestação direta, executiva, dos serviços públicos e dos serviços de assistência social

de interesse coletivo. Estes podem ser geridos ou executados por outros sujeitos, públicos

ou privados, inclusive públicos não estatais, como associações ou consórcios de usuários,

fundações e organizações não governamentais sem fins lucrativos, sempre sob a fiscalização

e supervisão imediata do Estado. Poderão ainda ser operados em regime de co-gestão, me-

diante a formação de consórcios intergovernamentais ou entre o poder público e pessoas jurí-

dicas privadas. O Estado deve permanecer prestando-os diretamente quando não encontre na

comunidade interessados que os efetivem de modo mais eficiente ou econômico ou quando

razões ponderáveis de justiça social ou segurança pública determinem sua intervenção.

Não prover diretamente não quer dizer tornar-se irresponsável perante essas necessidades

sociais básicas. Não se trata de reduzir o Estado a mero ente regulador. O Estado apenas

regulador é o Estado Mínimo, utopia conservadora insustentável ante as desigualdades das

sociedades atuais. Não é este o Estado que se espera resulte das reformas em curso em todo

o mundo. O Estado deve ser regulador e promotor dos serviços sociais básicos e econômicos

estratégicos. Precisa garantir a prestação de serviços de saúde de forma universal, mas não

deter o domínio de todos os hospitais necessários; precisa assegurar o oferecimento de en-

sino de qualidade aos cidadãos, mas não estatizar todo o ensino. Os serviços sociais devem

ser fortemente financiados pelo Estado, assegurados de forma imparcial pelo Estado, mas não

necessariamente realizados pelo aparato do Estado. Neste contexto, crescem de importância

os denominados entes “públicos não-estatais”. (BRESSER PEREIRA, 1996: 285-87; 1997:

25-31; CUNIL GRAU, 1996: 126-137)

A palavra público, é certo, vem utilizada nesta expressão no sentido teleológico de toda ativi-

dade que alcança, afeta ou interessa a todos ou à maioria e não no sentido de um determinado

regime jurídico. São públicos, ainda neste sentido material, a atividade ou o produto da ativida-

de que é tornada acessível à maioria. Por oposição, privado é o que é destinado a poucos ou

a um só, reservado a poucos, inacessível à maioria. (BOBBIO, 1987:13-31).

Na doutrina internacional do direito administrativo vem se acentuando o emprego da palavra

público nesta acepção — sem embargo de sua utilização técnica para referir o regime jurídico

próprio do Estado e de seus delegados. Exemplo disto vemos em Dromi (1991:6):

“La administración es pública. No es solamente ejecutiva ni únicamente estatal, sino

Page 213: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

213

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

que es más que estatal. La Administración Pública es el género y la estatal una de las

especies. Lo público no está solamente en manos del Estado. El Estado no es el único

dueno y soberano de lo público, pues en la ‘administración de lo público’ deben participar,

también, los cuerpos intermedios que comprenden a las corporaciones profesionales,

los sindicatos, los consorcios públicos, las cooperativas públicas, los concesionarios de

servicios públicos, las universidades privadas y otros modelos organizativos que crea la

sociedad, en función del pluralismo social, para que detenten la defensa del interés de

algunos que, junto al de los demás, es el interés de todos”.

Para este autor, a atuação de particulares em atividades de fins públicos deve ser estimulada

intensamente na denominada “democracia participativa”, uma vez ultrapassada a fase da de-

mocracia meramente representativa:

“No se puede pretender que el Estado monopolice la atención de todas las necesidades

colectivas. El crecimiento cuantitativo y cualitativo de las mismas, propio de la compleji-

dad vital moderna, requiere una participación más activa de los cuerpos intermedios en el

quehacer de la Administración Pública. (...) La democracia, como forma civilizada de vivir,

aspira a la realización plena del hombre en libertad, para ello exige una ´participación in-

tegral´, no sólo política ni política simplemente electoralista, sino también administrativa,

económica y social. El hombre debe ser ´partícipe´ de la gestión pública en sus distintos

niveles institucionales”. (1995:82).

Não há, portanto, impedimento constitucional algum à assunção por particulares de tarefas

e missões de interesse social em colaboração com a administração pública. Desde que cum-

pridos requisitos de salvaguarda do interesse público, mais intensos e onerosos quanto mais

ampla for a transferência de encargos e recursos, a cooperação é lícita e até mesmo estimulada

pela Constituição da República.

Sem embargo do exposto, essa forma de atuação direta dos particulares, ou de entes priva-

dos, na gestão direta de serviços ofertados ao público, alguns até prestados concomitante-

mente pelo Estado, não nos deve levar a confundir duas situações jurídicas completamente

distintas, a saber, a dos serviços privados de interesse público e a dos serviços públicos.

2.1.2. Serviços Privados de Interesse Público e Serviços Públicos.

Não basta prestar serviços ao público, inclusive sem objetivo de lucro, para ingressar na ca-

tegoria jurídica de serviço público.

Bandeira De Mello (1995:.418), ensina com precisão:

“Dentre o total de atividades ou serviços suscetíveis de serem desenvolvidos em uma

sociedade, alguns são públicos e outros privados.

Para separar uns dos outros, identificando aqueles que o Estado pode colocar debaixo

do regime de direito público (serviços públicos), temos que nos valer de duas ordens de

Page 214: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

214

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

indicações contidas no Texto Constitucional.

A primeira delas é a de que certas atividades a própria Carta Constitucional definiu como

serviço públicos: alguns deles em todo e qualquer caso e outros deles apenas quando

prestados pelo Estado; pois ou (a) entregou-os expressamente à responsabilidade priva-

tiva do Estado, ora devendo ser prestados exclusivamente por ele ou por empresa sob

controle acionário estatal, caso dos arrolados no art. 21, X e XI, ora cabendo sua pres-

tação quer ao Estado, quer a terceiro, mediante autorização, concessão ou permissão,

caso dos previstos no inciso XII do mesmo art. 21; ou então (b) previu-os como serviços

incluíveis na categoria de serviços públicos, quando prestados pelo Estado. É o caso

dos serviços: (I) de saúde, conforme previsão do art. 196 (“dever do Estado”), os quais,

entretanto, também estão entregues à livre iniciativa, como estabelece o art. 199 (“A

assistência à saúde é livre à iniciativa privada”), sendo de todo modo qualificados como

“serviços de relevância pública” (art. 197, primeira parte), e (II) educação, ex vi do art.

205 (“dever do Estado”), inobstante também eles estejam entregues à livre iniciativa, a

teor do art. 209 (“O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de

qualidade pelo Poder Público”).

Estes últimos, de conseguinte, não serão serviços públicos quando desempenhados por

particulares, uma vez que a Carta Magna não limitou a prestação deles ao Estado ou a

quem lhe faça as vezes. Segue-se que o Estado jamais poderia pretender outorgá-los em

concessão a alguém, sob pena de ferir os direitos de prestá-los que assistem às demais

pessoas que preencham os requisitos legais necessários à comprovação de suas habili-

tações”. (Grifos do Autor).

Segue-se que não podem ser nomeadas de serviço público atividades desempenhadas por

particulares ou por pessoas de direito privado, ainda quando afetem relevantes interesses

coletivos, se não foram reservadas pela Constituição da República ou por leis ordinárias ao

Estado ou aos seus delegados.

Como referido, algumas atividades são exercidas sob o regime próprio do serviço público

apenas quando “prestadas pelo Estado” (ex. saúde, educação, pesquisa científica, defesa do

patrimônio ambiental). Exercidas por particulares, com ou sem fins lucrativos, não se sujeitam

ao regime do serviço público, mas ao regime típico das pessoas privadas, o que muitas vezes

lhes confere maior agilidade ou presteza no atendimento dos seus objetivos sociais.

2.1.3. Organizações Sociais e Terceirização: o caso do sistema único de saúde

As organizações sociais também não se confundirão com entidades que prestam serviços

para a administração segundo o regime que se convencionou denominar terceirização. A dis-

ciplina constitucional e legal do Sistema Único de Saúde (SUS) permite uma demonstração

dessa afirmação.

Page 215: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

215

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Como se sabe, a Constituição brasileira assegura que a saúde é um direito de todos e um

dever do Estado (art. 196). Ao prever tratar-se de um dever do Estado obriga o estatuto maior

a que o Estado garanta o direito à saúde e não que ofereça diretamente e de forma exclusiva o

atendimento a todos os brasileiros. Por isso, logo adiante, a lei fundamental enuncia que “são

de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos

termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser

feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito

privado” (art.197). A assistência à saúde é declarada expressamente atividade livre à iniciativa

privada (art. 199, caput).

As ações e serviços públicos de saúde, integrados em termos nacionais, recebem a denomi-

nação de Sistema Único de Saúde (SUS). (art.198). No entanto, mesmo o Sistema Único de

Saúde não repele a ação privada na execução de ações e serviços, prevendo, expressamente,

a participação da iniciativa privada, em caráter complementar, com preferência para as entida-

des filantrópicas e as sem fins lucrativos (art. 199, §1º, da Constituição; art. 4º, §2º, da Lei n.

8.080, de 19 de setembro de 1990).

A participação da comunidade é também princípio expresso do Sistema Único de Saúde (art.

198 da Constituição; art. 7º, VIII, da Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990). Essa par-

ticipação privada, porém, não pode dizer respeito a formas de parceria exercidas mediante

concessão ou permissão de serviço público, por duas razões já mencionadas. Em primeiro

lugar, porque as ações e serviços de assistência à saúde são livres à iniciativa privada (art.

199, caput, da Constituição da República), não constituindo atividade exclusiva de Estado,

passível de delegação executiva em sentido próprio. Em segundo lugar, porque a concessão

e permissão de serviço incidem sobre atividades econômicas, onerosas, financiadas pelos

próprios particulares-usuários mediante tarifas (art. 175 da Constituição). No sistema único

de saúde as ações e serviços não apresentam natureza econômica e são oferecidos de forma

universal e gratuita.

Ora, a Constituição Federal prevê que “as instituições privadas poderão participar de for-

ma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato

de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins

lucrativos.”(grifo nosso). Contrato e convênio são ambos acordos de vontades, distinguindo-

se basicamente pela natureza dos interesses de ambas as partes. No contrato, os interesses

são de regra antagônicos ou contraditórios; no convênio, os interesses são comuns ou con-

vergentes. É evidente que a Constituição da República, na norma referida, pretendeu distinguir

entre dois modos de prestação de serviços de saúde por particulares.

No primeiro, mediante a referência ao instrumento do contrato, admite a terceirização, vale di-

zer, a contratação de particular-empresário, com vistas ao desempenho de atividades-meio na

área de saúde financiada pelo Estado. Esta prestação de serviço, é certo, revestida de caráter

empresarial e lucrativo, exige prévia licitação.

Page 216: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

216

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

No segundo modo, mediante a referência ao instrumento do convênio, admite a lei maior a

colaboração de entidades sem fins lucrativos, com interesses coincidentes com a administra-

ção pública, não sendo cogitada remuneração pela gerência do serviço nem reciprocidade de

obrigações e, portanto, de licitação (DI PIETRO, 1996: 109 e 117). Na hipótese de contrato,

pelo caráter próprio da terceirização, não há prestação global do serviço de saúde, mas sim

atuação em simples atividades operacionais ou ancilares (serviços de vigilância, manutenção,

limpeza, transporte, seguro, etc.). Na hipótese de convênio, o que se pode estender também

para a figura de acordo impropriamente denominada “contrato de gestão”, não há impedimen-

to à execução global do serviço pelo particular, pois trata-se de atividade livre à ação privada,

fomentada ou financiada pelo Estado, mas não titularizada por ele. Pode-se, portanto, a partir

da própria Constituição, apartar as duas figuras referidas, evitando mais uma espécie de in-

compreensão.

3. CONCLUSÃO

As organizações sociais representam uma nova estratégia de estimular parcerias de entidades

privadas sem fins lucrativos com o Poder Público em serviços sociais livres à ação privada, fo-

mentando a participação cidadã voluntária na esfera pública. Não podem ser superestimadas

nem subestimadas como respostas conseqüentes à crise do aparelho do Estado no âmbito da

prestação dos serviços sociais. O Estado com elas não se despede da responsabilidade de

assegurar e garantir os direitos sociais básicos. O Estado continuará regulador e promotor de

serviços sociais, contando porém com mecanismos de parceria renovados, ampliando a sua

capacidade de direta ou indiretamente assegurar a fruição dos direitos sociais fundamentais.

As organizações sociais não consistirão em um novo tipo de pessoa jurídica, pois serão cons-

tituídas segundo as mesmas formas de constituição formal das tradicionais fundações ou as-

sociações sem fins lucrativos. Mas representarão uma “inovação institucional”, porquanto de-

sencadearão um marco legal amplamente inovador quanto ao modo de relacionamento entre

o Estado e as instituições sem fins lucrativos de relevância social. Este marco legal, referido

em detalhe no corpo do trabalho, vincula as organizações sociais a normas que, por um lado,

estabelecem um regime de maiores restrições e maior vigilância do Estado se comparado ao

atual regime jurídico aplicável às tradicionais entidades privadas de utilidade pública e, por ou-

tro, assegura-lhes também maiores benefícios e vantagens. Esse fato revela que a denomina-

ção organização social é uma expressão elíptica. Denominam-se sinteticamente organizações

sociais as entidades privadas, fundações ou associações sem fins lucrativos, que usufruem do

título de organização social. Este título é conferido por um ato formal de reconhecimento do

Poder Público, semelhante em muitos aspectos à qualificação deferida às instituições privadas

sem fins lucrativos quando recebem o título de utilidade pública.

Page 217: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

217

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

As organizações sociais contribuirão ainda para o preenchimento de uma grave lacuna da

legislação referente à concessão de títulos de utilidade pública, pois permitirão pela primeira

vez uma diferenciação nítida entre entidades sem fins lucrativos dirigidas ao atendimento de

demandas sociais de forma comunitária e impessoal e entidades de favorecimento mútuo (clu-

bes, agremiações), sem fins lucrativos também, mas orientadas ao oferecimento de vantagens

ou benefícios exclusivos a grupos delimitados de sócios ou clientes.

A polêmica suscitada com o modelo das organizações sociais produziu uma série de conceitos

equívocos e mal fundamentados sobre a própria natureza jurídica das entidades qualificadas.

Esta identificação equívoca das organizações sociais pode produzir danos irreversíveis ao

modelo, pois dela depende o reconhecimento do próprio regime jurídico a que se submeterão

essas entidades. O texto tenta demonstrar o erro de confundir, por um lado, as organizações

sociais com os entes da administração indireta do Estado e, por outro, com mecanismos de

privatização ou terceirização de serviços públicos. Neste esforço de clarificação foram trata-

dos temas diversos, como a distinção entre serviços privados de interesse público e servi-

ços públicos, bem como referidas diversas normas constitucionais brasileiras relacionadas ao

tema da parceria do Estado com as entidades sem fins lucrativos. Em todos esses temas,

porém, os juristas são convocados a interferir como protagonistas, co-participando da tarefa

de construção de uma nova mentalidade administrativa. Espera-se que doravante com alguma

maior simpatia, pois como enuncia Pontes de Miranda, em trecho citado neste trabalho, “com

a antipatia não se interpreta, - ataca-se”.

Brasília, 10 de setembro de 1997.

REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, 7.ed., São Paulo:

Malheiros, 1995.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política, Trad. de

Marco Aurélio Nogueira, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Crise econômica e reforma do Estado no Brasil: para uma

nova interpretação da América Latina, Trad. de Ricardo Ribeiro e Martha Jalkauska, São Pau-

lo: 34, 1996.

____. A Reforma do Estado nos anos 90: Lógica e Mecanismos de Controle”, In: Cadernos

MARE de Reforma do Estado, n. 1, Brasília, Ministério da Administração Federal e Reforma

do Estado, 1997.

CASSAGNE, Juan Carlos. La intervención administrativa, 4. ed., Buenos Aires: Abeledo-

Perrot, 1994.

Page 218: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

218

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

CUNILL GRAU, Nuria. A rearticulação das relações Estado-sociedade: em busca de novos

significados. Revista do Serviço Público, ano 47, v. 120, n. 1, jan.abr., 1996.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública, São Paulo: Atlas,

1996.

DROMI, Roberto. Reforma del estado y privatizaciones. Tomo I. Buenos Aires: Editorial As-

trea, 1991.

____. Derecho administrativo. 4. ed., Buenos Aires: Ediciones Ciudad Argentina, 1995.

ENTERRÍA. Eduardo García, FERNÁNDES, Tomás-Ramón. Curso de derecho administativo.

Tomo II, 2. ed., Madrid: Editorial Civitas, 1989.

FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Função social da dogmática jurídica. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1980.

____. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 2. ed. São Paulo:

Atlas, 1994.

FERREIRA, Sérgio de Andréa. Lições de direito administrativo. Rio de Janeiro: Rio, 1972.

MIRANDA, Pontes de. Comentários à constituição de 1967, com a emenda n. 1 de 1969.

Tomo I, Rio de Janeiro: Forense, 1987.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo. 8. ed., Rio de Janei-

ro: Forense, 1989.

OLIVEIRA, Anna Cyntia. Constuindo um marco regulatório para a consolidação do setor

privado não lucrativo e de fins públicos no Brasil. Estudo elaborado a pedido do Conselho

Comunidade Solidária, Brasília, nov. 1996. Mimeografado.

PALAZZO, José Luis, SESÍN, Domingo Juan e LEMBEYE, Víctor Armando Rolón. La transfor-

mación del estado. Buenos Aires: Ediciones Depalma, 1992.

PEREIRA JR., JESSÉ TORRES. A utilidade pública de associações privadas e das fundações

de menores. In: Arquivos do Ministério da Justiça, Ano XXX, junho, 1973, n. 126.

Page 219: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

219

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

ANEXO A

MEDIDA PROVISÓRIA 1.591, DE 9 DE OUTUBRO DE 1997

Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a

criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção do Laboratório

Nacional de Luz Síncrotron e da Fundação Roquette Pinto e a absorção

de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição,

adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

CAPÍTULO I - DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

SEÇÃO I - DA QUALIFICAÇÃO

Artigo 1º O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pes-

soas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao

ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação

do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Medida

Provisória.

Artigo. 2º São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas

no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social:

I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:

a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;

b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes

financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;

c) previsão expressa da entidade ter, como órgãos de deliberação superior e de direção,

um conselho de administração e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, assegu-

radas àquele composição e atribuições normativas e de controle básicas previstas nesta

Medida Provisória;

d) previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representan-

tes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e

idoneidade moral;

e) composição e atribuições da diretoria;

f) obrigatoriedade de publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios financei-

Page 220: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

220

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

ros e do relatório de execução do contrato de gestão;

g) no caso de associação civil, a aceitação de novos associados, na forma do estatuto;

h) proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido em qualquer

hipótese, inclusive em razão de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou

membro da entidade;

i) previsão de incorporação integral do patrimônio, dos legados ou das doações que lhe

foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades,

em caso de extinção ou desqualificação, ao patrimônio de outra organização social qua-

lificada no âmbito da União, da mesma área de atuação, ou ao patrimônio da União, dos

Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, na proporção dos recursos e bens por

estes alocados;

II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como or-

ganização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de

atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro da Administração Federal e

Reforma do Estado.

SEÇÃO II - DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Artigo. 3º O conselho de administração deve estar estruturado nos termos que dis-

puser o respectivo estatuto, observados, para os fins de atendimento dos requisitos de

qualificação, os seguintes critérios básicos:

I - ser composto por:

a) vinte a quarenta por cento de membros natos representantes do Poder Público, defini-

dos pelo estatuto da entidade;

b) vinte a trinta por cento de membros natos representantes de entidades da sociedade

civil, definidos pelo estatuto;

c) até dez por cento, no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros

ou os associados;

d) dez a trinta por cento de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, den-

tre pessoas de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;

e) até dez por cento de membros indicados ou eleitos na forma estabelecida pelo estatu-

to;

II - os membros eleitos ou indicados para compor o conselho devem ter mandato de qua-

tro anos, admitida uma recondução;

Page 221: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

221

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

III - os representantes de entidades previstos nas alíneas “a” e “b” do inciso I devem

corresponder a mais de cinqüenta por cento do conselho;

IV - o primeiro mandato de metade dos membros eleitos ou indicados deve ser de dois

anos, segundo critérios estabelecidos no estatuto;

V - o dirigente máximo da entidade deve participar das reuniões do conselho, sem direito

a voto;

VI - o conselho deve reunir-se ordinariamente, no mínimo, três vezes a cada ano e, extra-

ordinariamente, a qualquer tempo;

VII - os conselheiros não devem receber remuneração pelos serviços que, nesta con-

dição, prestarem à organização social, ressalvada a ajuda de custo por reunião da qual

participem;

VIII - os conselheiros eleitos ou indicados para integrar a diretoria da entidade devem

renunciar ao assumirem funções executivas.

Artigo 4º Para os fins de atendimento dos requisitos de qualificação, devem ser atri-

buições privativas do conselho de administração, dentre outras:

I - fixar o âmbito de atuação da entidade, para consecução do seu objeto;

II - aprovar a proposta de contrato de gestão da entidade;

III - aprovar a proposta de orçamento da entidade e o programa de investimentos;

IV - designar e dispensar os membros da diretoria;

V - fixar a remuneração dos membros da diretoria;

VI - aprovar e dispor sobre a alteração dos estatutos e a extinção da entidade por maioria,

no mínimo, de dois terços de seus membros;

VII - aprovar o regimento interno da entidade, que deve dispor, no mínimo, sobre a estru-

tura, forma de gerenciamento, os cargos e respectivas competências;

VIII - aprovar por maioria, no mínimo, de dois terços de seus membros, o regulamento pró-

prio contendo os procedimentos que deve adotar para a contratação de obras, serviços,

compras e alienações e o plano de cargos, salários e benefícios dos empregados da enti-

dade;

IX - aprovar e encaminhar, ao órgão supervisor da execução do contrato de gestão, os

relatórios gerenciais e de atividades da entidade, elaborados pela diretoria;

X - fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas e aprovar os demonstrativos

financeiros e contábeis e as contas anuais da entidade, com o auxílio de auditoria externa.

Page 222: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

222

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

SEÇÃO III - DO CONTRATO DE GESTÃO

Artigo 5º Para os efeitos desta Medida Provisória, entende-se por contrato de gestão

o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização

social, com vistas a formação de parceria entre as partes para fomento e execução de

atividades relativas as áreas relacionadas no art. 1º.

Artigo 6º O contrato de gestão, elaborado de comum acordo entre o órgão ou enti-

dade supervisora e a organização social, discriminará as atribuições, responsabilidades e

obrigações do Poder Público e da organização social.

Parágrafo único. O contrato de gestão deve ser submetido, após aprovação pelo con-

selho de administração da entidade, ao Ministro de Estado ou autoridade supervisora da

área correspondente à atividade fomentada.

Artigo 7º Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os princípios

da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e, também, os

seguintes preceitos:

I - especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a estipulação

das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem como previsão

expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, median-

te indicadores de qualidade e produtividade;

II - a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de

qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações

sociais, no exercício de suas funções.

Parágrafo único. Os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de atuação da

entidade devem definir as demais cláusulas do contrato de gestão de que sejam signatários.

SEÇÃO IV - DA EXECUÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO DE GESTÃO

Artigo 8º A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será

fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação correspondente à ati-

vidade fomentada.

§ 1o O contrato de gestão deve permitir ao Poder Público requerer a apresentação pela

entidade qualificada, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme re-

comende o interesse público, de relatório pertinente à execução do contrato de gestão,

contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados,

acompanhado da prestação de contas correspondente ao exercício financeiro.

Page 223: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

223

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 2o Os resultados atingidos com a execução do contrato de gestão devem ser analisa-

dos, periodicamente, por comissão de avaliação, indicada pela autoridade supervisora

da área correspondente, composta por especialistas de notória capacidade e adequada

qualificação.

§ 3o A comissão deve encaminhar à autoridade supervisora relatório conclusivo sobre a

avaliação procedida.

Artigo 9º Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, ao

tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos

ou bens de origem pública por organização social, dela darão ciência ao Tribunal de Con-

tas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

Artigo 10. Sem prejuízo da medida a que alude o artigo anterior, quando assim exigir

a gravidade dos fatos ou o interesse público, havendo indícios fundados de malversação

de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão

ao Ministério Público, à Advocacia Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que

requeira ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o

seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que

possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e

825 do Código de Processo Civil.

§ 2º Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens,

contas bancárias e aplicações mantidas pelo demandado no País e no exterior, nos ter-

mos da lei e dos tratados internacionais.

§ 3º Até o término da ação, o Poder Público permanecerá como depositário e gestor dos

bens e valores seqüestrados ou indisponíveis e velará pela continuidade das atividades

sociais da entidade.

SEÇÃO V - DO FOMENTO ÀS ATIVIDADES SOCIAIS

Artigo 11. As entidades qualificadas como organizações sociais ficam declaradas

como entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

Artigo 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e

bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§ 1° Ficam assegurados às organizações sociais os créditos previstos no orçamento e

as respectivas liberações financeiras, de acordo com o cronograma de desembolso pre-

visto no contrato de gestão.

Page 224: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

224

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 2o Poderá ser adicionada aos créditos orçamentários destinados ao custeio do con-

trato de gestão parcela de recursos para compensar desligamento de servidor cedido,

desde que haja justificativa expressa da necessidade pela organização social.

§ 3o Os bens de que trata este artigo serão destinados ás organizações sociais, dispen-

sada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de

gestão.

Artigo 13. Os bens móveis públicos permitidos para uso poderão ser substituídos por

outros de igual ou maior valor, condicionado a que os novos bens integrem o patrimônio

da União.

Parágrafo único. A permuta de que trata o caput deste artigo dependerá de prévia avalia-

ção do bem e expressa autorização do Poder Público.

Artigo 14. Fica facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as

organizações sociais, com ônus para a origem.

§ 1o Não será incorporada aos vencimentos ou à remuneração de origem do servidor

cedido qualquer vantagem pecuniária que vier a ser paga pela organização social.

§ 2o Não será permitido o pagamento de vantagem pecuniária permanente por organi-

zação social a servidor cedido com recursos provenientes do contrato de gestão, res-

salvada a hipótese de adicional relativo ao exercício de função temporária de direção e

assessoria.

Artigo 15. A Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional fica dis-

pensada de processos licitatórios para celebração de contratos de prestação de serviços

com as organizações sociais, qualificadas no âmbito da União, para atividades contempla-

das no objeto do contrato de gestão.

Artigo 16. São extensíveis, no âmbito da União, os efeitos dos arts. 11, 12, § 3º, e

15, para as entidades qualificadas como organizações sociais pelos Estados, pelo Distrito

Federal e pelos Municípios, quando houver reciprocidade e desde que a legislação local

não contrarie os preceitos desta Medida Provisória e a legislação específica de âmbito

federal.

SEÇÃO VI - DA DESQUALIFICAÇÃO

Artigo 17. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como

organização social, quando constatado o descumprimento das disposições contidas no

contrato de gestão.

Page 225: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

225

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

§ 1o A desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o direito

de ampla defesa, respondendo os dirigentes da organização social, individual e solidaria-

mente, pelos danos ou prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

§ 2o A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos valores entregues

à utilização da organização social, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

CAPÍTULO II - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Artigo 18. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa dias conta-

dos da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio contendo os procedimen-

tos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com

emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Artigo 19. A organização social que absorver atividades de entidade federal extinta

no âmbito da área de saúde deverá considerar no contrato de gestão, quanto ao atendi-

mento da comunidade, os princípios do Sistema Único da Saúde, expressos no art. 198

da Constituição Federal e no art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Artigo 20. As entidades que absorverem atividades de rádio e televisão educativa po-

derão receber recursos e veicular publicidade institucional de entidades de direito público

ou privado, a título de apoio cultural, admitindo-se o patrocínio de programas, eventos e

projetos, vedada a veiculação remunerada de anúncios e outras práticas que configurem

comercialização de seus intervalos.

Artigo 21. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional

de Publicização – PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a qualifica-

ção de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades desenvolvidas

por entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas atividades referidas no art. 1º,

por organizações sociais, qualificadas na forma desta Medida Provisória, observada as

seguintes diretrizes:

I - ênfase no atendimento do cidadão-cliente;

II - ênfase nos resultados, qualitativos e quantitativos nos prazos pactuados;

III - controle social das ações de forma transparente.

Artigo 22. Ficam extintos o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, integrante da

estrutura do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, e

a Fundação Roquette Pinto.

§ 1o O Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado supervisionará o pro-

cesso de inventário do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a cargo do Conselho

Page 226: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

226

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, cabendo-lhe realizá-lo

para a Fundação Roquette Pinto.

§ 2o No curso do processo de inventário da Fundação Roquette Pinto e até a assinatura

do contrato de gestão, a continuidade das atividades sociais ficarão sob a supervisão da

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

§ 3o Fica o Poder Executivo autorizado a qualificar como organizações sociais, nos ter-

mos desta Medida Provisória, as pessoas jurídicas de direito privado indicadas no anexo

desta Medida Provisória, bem assim a permitir a absorção de atividades desempenhadas

pelas entidades mencionadas no caput.

§ 4o Os processos judiciais em que a Fundação Roquette Pinto seja parte, ativa ou pas-

sivamente, serão transferidos para a União, na qualidade de sucessora, sendo represen-

tada pela Advocacia-Geral da União.

Artigo 23. A extinção a que alude o art. 22 e a absorção de atividades e serviços por

organizações sociais, qualificadas na forma desta Medida Provisória, observarão os se-

guintes preceitos:

I - os servidores integrantes dos quadros do Laboratório Nacional de Luz Síncroton e da

Fundação Roquette Pinto terão garantidos todos os direitos decorrentes do respectivo

regime jurídico e integrarão quadro em extinção do Conselho Nacional de Desenvolvimen-

to Científico e Tecnológico - CNPq e do Ministério da Administração Federal e Reforma

do Estado, respectivamente, sendo facultada aos órgãos e entidades supervisoras, a seu

critério exclusivo, a cessão irrecusável, com ônus para a origem, do servidor à organiza-

ção social que vier a absorver as correspondentes atividades;

II - a desativação das unidades extintas será realizada mediante inventário de seus

bens imóveis e de seu acervo físico, documental e material, bem como dos contratos e

convênios, com a adoção de providências dirigidas à manutenção e ao prosseguimento

das atividades sociais a cargo dessas unidades, nos termos da legislação aplicável em

cada caso;

III - os recursos e as receitas orçamentárias de qualquer natureza, destinados às unida-

des extintas, serão utilizados no processo de inventário e para a manutenção e o financia-

mento das atividades sociais até a assinatura do contrato de gestão;

IV - quando necessário, parcela dos recursos orçamentários poderá ser reprogramada,

mediante crédito especial a ser enviado ao Congresso Nacional, para o órgão ou entidade

supervisora dos contratos de gestão, para o fomento das atividades sociais, assegurada

a liberação periódica do respectivo desembolso financeiro para a organização social;

V - encerrados os processos de inventário, os cargos efetivos vagos e os em comissão

serão considerados extintos;

Page 227: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

227

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

VI - a organização social que tiver absorvido as atribuições das unidades extintas poderá

adotar os símbolos designativos destes, seguidos da identificação “OS”.

§ 1o A absorção pelas organizações sociais das atividades das unidades extintas efeti-

var-se-á mediante a celebração de contrato de gestão, na forma dos arts. 6º e 7º desta

Medida Provisória.

§ 2o Poderá ser adicionada às dotações orçamentárias referidas no inciso IV deste artigo

parcela dos recursos decorrentes da economia de despesa incorrida pela União com os

cargos e funções comissionados existentes nas unidades extintas.

Artigo 24. Fica o Poder Executivo autorizado a ceder os bens e os servidores da Fun-

dação Roquette Pinto no Estado do Maranhão ao Governo daquele Estado.

Artigo 25. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de outubro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

Fernando Henrique Cardoso

Pedro Malan

Antonio Kandir

José Israel Vargas

Luiz Carlos Bresser Pereira

Clovis de Barros Carvalho

Page 228: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

228

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

A N E X O B

(Medida Provisória 1.591 , de 9 de outubro de 1997)

Entidade em extinção

Entidade autorizada a ser

qualificada para absorver as

atividades Registro cartorial

Laboratório Nacional de Luz

Síncrotron

Associação Brasileira de

Tecnologia de Luz Síncro-

tron (ABTLuS)

Primeiro Ofício de Registro

de Títulos e Documentos da

Cidade de Campinas - SP, n°

de ordem 169.367, averbado

na inscrição n° 10.814, Livro

A-36, Fls. 01.

Fundação Roquette Pinto

Associação de Comuni-

cação Educativa Roquette

Pinto (Acerp)

Registro Civil das Pessoas

Jurídicas, Av. Pres. Roo-

sevelt, 126, Rio de Janei-

ro - RJ, apontado sob o nº de

ordem 624.205 do protocolo

do livro A nº 54, registrado

sob o nº de ordem 161.374

do livro A nº 39 do registro

civil das pessoas jurídicas.

Page 229: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

____________________________________________________Resultado da Pesquisa de Avaliação do Modelo de

Organizações Sociais de Ciência e Tecnologia

Guilherme Ary Plonski

Page 230: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 231: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

231

RESULTADO DA PESQUISA DE AVALIAÇÃO DO MODELO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAGuilherme Ary Plonski

Coordenador Científico, Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da Universidade de São

Paulo (PGT/USP)

Material de Suporte: Excertos (adaptados) do Relatório

Avaliação da Implementação do Modelo de Organizações Sociais na área de Ciência e Tecnologia

Elaborado para a Fundap / Secretaria Estadual de Gestão Pública

fevereiro de 2007

1. APRESENTAÇÃO

1.1 Objetivos e Resultados Esperados

O presente relatório tem como finalidade apresentar um panorama das organizações sociais

(OS) na área de Ciência e Tecnologia (C&T) no Brasil, com ênfase nos efeitos da adoção des-

se modelo sobre o desempenho das organizações afetadas.

O trabalho busca os resultados seguintes:

a) Avaliar os efeitos do modelo OS em relação à situação anteriormente existente, com

execução estatal, quanto à gestão (desenho institucional, controle, produção, recursos

humanos, compras, tecnologia) e resultados de suas atividades;

b) Caracterizar o que é diferente em ser OS em relação à situação anterior, como órgão

público estatal; em outros termos, quais as mudanças percebidas pelos atores que atu-

avam nos órgãos estatais que executavam as atividades da área e quais as evidências

de tais mudanças;

c) Identificar quais as mudanças percebidas e constatadas pelo órgão estatal formulador

da política em relação às suas OS contratadas;

d) Verificar se as agências de fomento constataram evidências e/ou perceberam dife-

renças na relação com as OS em relação a outros tipos de organizações públicas e

privadas;

e) Cotejar o modelo aplicado na área de C&T em relação à sua proposta ideal, contida no

Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado; e

Page 232: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

232

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

f) Emitir parecer conclusivo sobre se, como e por que o modelo de OS avançou ou não

avançou e quais as prováveis razões para o sucesso ou fracasso do modelo na área de

C&T, permitindo Identificar os seus pontos fortes e fracos.

1.2 Metodologia Utilizada

O relatório ora apresentado decorre de estudo original, que analisa a aplicação setorial do

modelo de OS no contexto brasileiro, permitindo avaliar as suas potencialidades e limites,

efeitos e tendências.

Foram investigadas as seis instituições que implementaram esse modelo (cinco federais e

uma estadual), envolvendo: (i) entrevista com seus dirigentes e ex-dirigentes; (ii) exame dos

relatórios de prestação de contas de seus respectivos contratos de gestão dos últimos cinco

anos; e (iii) coleta de documentos relevantes, tais como artigos acadêmicos, textos publica-

dos na imprensa e material institucional, em papel e na internet.

Para obter contrapontos e visões externas, foram realizadas entrevistas de coleta de informa-

ções com:

a) Representantes qualificados dos órgãos de supervisão;

b) Representantes dos principais órgãos de controle da administração pública relacio-

nados ao objeto da pesquisa (área de monitoramento e fiscalização do MCT, CGU e

TCU); e

c) Especialistas em política de C&T familiarizados com o ambiente estudado, que pude-

ram enriquecer a pesquisa e fornecer informações importantes sobre o modelo de OS,

especificamente para a área de C&T.

Os trabalhos foram realizados por equipe integrada por um pesquisador coordenador, um pes-

quisador especialista e três pesquisadores assistentes.

Foram realizadas reuniões de trabalho com os dirigentes e técnicos da Subsecretaria de Ges-

tão e Recursos Humanos do Estado de São Paulo, quando foram definidas as diretrizes da

pesquisa e validadas as etapas e produtos.

A primeira parte do trabalho consistiu no planejamento das entrevistas, de caráter semi-es-

truturado.

Após a coleta de todo o material das entrevistas e dos documentos mencionados, passou-se

à análise dos conteúdos e dados, organização e sistematização dos mesmos, para a realiza-

ção da análise objeto deste relatório analítico-descritivo. (Quadro 1)

Page 233: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

233

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Quadro 1 - Relação do(a)s entrevistado(a)s

Ator / Instituição Entrevistado

Associação Brasileira de Tecnologia Luz

Síncroton (ABTLuS)

José aNtôNio Brum – diretor geral

CyloN GoNçalves da silva – ex-diretor Geral

(liderou a qualificação como OS) e ex-secre-

tário de Políticas e Programas de Pesquisa e

Desenvolvimento do MCT

Associação Instituto Nacional de Matemá-

tica Pura e Aplicada (Impa)

César CamaCho – diretor

marCelo viaNa - diretor

JaCoB Palis, Jr. – ex-diretor (liderou a qualifica-

ção como OS)

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

(CGEE)

aldiNo Graef – gestor

evaNdo mirra de Paula e silva – ex-presidente

(liderou a qualificação como OS)

Instituto de Desenvolvimento Sustentável

Mamirauá (IDSM)

hélder Queiroz – diretor Técnico-Científico

Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

(RNP)Wilson Cury – diretor*

Associação Instituto de Tecnologia de Per-

nambuco (Itep)

fátima BrayNer – ex-presidente (liderou a qua-

lificação como OS) e secretária de Estado de

Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)

maria CristiNa de lima Perez marçal – coorde-

nadora-geral de Supervisão e Acompanhamen-

to das Organizações Sociais, da Subsecretaria

de Coordenação das Unidades de Pesquisa do

MCT (SCUP)

Carlos amériCo PaCheCo – ex-secretário exe-

cutivo (liderou a qualificação das OS supervi-

sionadas pelo MCT)

João evaNGelista steiNer - ex-secretário de

Coordenação das Unidades de Pesquisa do

MCT (Secup), que liderou a qualificação das

OS supervisionadas pelo MCT

maria teresa Correia da silva – ex-consultora

jurídica

Page 234: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

234

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq)

José roBerto druGowiCh de felíCio – diretor de

Programas Horizontais e Instrumentais ***

Financiadora de Estudos e Projetos (fiNeP)

maria aPareCida stallivieri Neves – chefe de

Gabinete da Presidência

roGério medeiros – superintendente de Plane-

jamento

Controladoria-Geral da União (CGU)Paulo roGério liNs riBeiro – assessor Especial

de Controle Interno do MCT

Tribunal de Contas da União (TCU) Técnicos e dirigentes da área de fiscalização**

Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão (MPOG)

humBerto falCão martiNs - ex-secretário de

Gestão e ex-diretor da Secretaria de Reforma

do Estado do extinto Ministério da Administra-

ção Federal e Reforma do Estado (Mare)

Associação Brasileira das Instituições de

Pesquisa Tecnológica (aBiPti)

luis ferNaNdo CeriBelli madi – presidente

lyNaldo CavalCaNti de alBuQuerQue – secretá-

rio-executivo e ex-presidente do CNPq

Fundação Centro de Pesquisa e Desenvol-

vimento em Telecomunicações (CPqD)hélio marCos maChado GraCiosa – presidente

Especialista em institutos de pesquisa

serGio luiz moNteiro salles filho – professor

do Departamento de Política Científica e Tec-

nológica, do Instituto de Geociências da Uni-

versidade Estadual de Campinas (uNiCamP)

* A instituição não concedeu a entrevista, apenas indicou a fonte das informações e materiais.

** Os entrevistados não autorizaram a divulgação de seus nomes.

*** A instituição não respondeu ao questionário.

Informações relevantes adicionais puderam ser obtidas em dois importantes seminários, que

focalizaram as incertezas decorrentes dos novos marcos legais da inovação para o sistema de

C&T. Entre os gestores e especialistas não redundantes com a lista anterior estavam:

a) Aparelho do Estado:

• Luis Akutsu (Tribunal de Contas da União);

• Rogério Emilio de Andrade (Advocacia-Geral da União).

Page 235: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

235

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

b) Especialistas do campo jurídico:

• Rubens Naves;

• Denis Barbosa;

• André Tavares;

• Carlos Ari Sundfeld.

c) Outros estudiosos:

• Ruy de Araújo Caldas (Universidade Católica de Brasília, ex-consultor do MCT).

2. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

2.1 Conclusões

É importante destacar as semelhanças e diferenças entre os diversos casos verificados no

decorrer da pesquisa, assim como nas opiniões dos atores entrevistados, que tiveram parti-

cipação importante na implantação do modelo no âmbito federal, assim como na implantação

de algumas das instituições de C&T que funcionam sob o modelo OS.

As OSs vêm se constituindo num importante instrumento de execução das políticas públicas

do Estado, especialmente pelo seu caráter inovador quanto à gestão. Conferem, por um lado,

uma maior capacidade de foco na formulação das políticas públicas por parte das entidades

supervisoras e, de outro, grande flexibilidade e agilidade. Além disso, no processo de constru-

ção dos contratos de gestão, adquire-se uma maior capacidade de negociação e conciliação

entre os diversos atores relacionados às atividades transferidas da máquina estatal e às enti-

dades executoras da política, no caso as próprias OS.

O modelo OS, assim como os seus similares1, é muito bem-aceito e aplicável na área de C&T,

especialmente pela isenção conferida à área na realização de suas investigações, além dos

motivos já expostos relacionados à gestão. É um modelo que pode otimizar os pontos fortes

de uma atividade ou serviço público

Cabe observar que a OS leva a uma dependência da “boa gestão”. Ao contrário de mui-

tos órgãos públicos, em que os controles procedimentais que os engessam são colocados

dentro de sistemas que se auto-intitulam “de gestão”, condicionando o funcionário-operador

dos mesmos a seguir à risca uma única fórmula de funcionamento para qualquer instituição.

Por outro lado, esses controles transformam os operadores em meros lançadores de dados,

já que não precisam, na maior parte das vezes, tomar decisões, pois estas já fortemente

1 Outros modelos foram adotados em diversas áreas, cujas principais características são semelhantes ao modelo OS, confe-rindo às entidades flexibilidade e agilidade. Tais modelos alternativos apresentam foco em resultados, parceria entre Estado e Terceiro Setor e transferência de bens, recursos e pactuação de obrigações mútuas. Por motivos ideológicos, em algumas esferas de governo, a nomenclatura “OS” não tem sido bem aceita.

Page 236: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

236

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

limitadas pelas possibilidades previstas no sistema informatizado.

Daí que a OS precisa de bons gestores, de líderes e de profissionais que tenham a habilidade

e competência necessária e adequada às funções previstas para cada instituição, desde a

área técnica até à área administrativa. Este é um ponto nevrálgico das organizações estatais,

que adquire flexibilidade na forma de OS.

A OS é um título, que pode ser conferido a organizações não-governamentais constituídas sob

a forma jurídica de associação ou fundação. Por esse título, a organização adquire a possibi-

lidade de firmar contratos de gestão com o Estado para a execução de atividades e serviços

públicos não-estatais. A assunção de outros “modelos”, cujas nomenclaturas diferem da OS,

guarda similaridade com as OS na maioria de suas características, especialmente em relação

à propriedade e à forma de administração das mesmas. Diante disso, podemos considerar

que o modelo OS resgata e dá abertura para a institucionalização da parceria entre Estado e

Sociedade Civil, seja sob que nome ou “tipo” de modelo se queira privilegiar em virtude de

preferências políticas e ideológicas. De fato, o fundamento de todos eles e sua aplicabilidade

é praticamente a mesma.

A questão da governança corporativa das OS e o estabelecimento de uma relação isenta e

com papéis definidos entre as OS e o Estado são um requisito importante para o sucesso do

modelo e a adequada realização da execução da política pública definida.

O Estado não pode se furtar em formular sua política pública2, mesmo quando a OS detenha,

mesmo que momentaneamente, mais expertise que o mesmo, pois isso dificulta a separação

dos papéis dos atores desse processo. As atividades das OS devem estar restritas à execu-

ção das políticas públicas definidas, apesar dos resultados apurados poderem trazer muitos

subsídios para avaliação das mesmas.

Diante das explanações e conceitos levantados na elaboração desta pesquisa, pode-se con-

cluir que as Organizações Sociais são um modelo em que se pode utilizar, de maneira adap-

tável ao meio específico de cada setor, as características culturais e técnicas próprias como

forma de se adaptar os instrumentos gerenciais e de controle às especificidades da organiza-

ção, a fim de se estabelecer um menor conflito dos indivíduos que a compõem com a estrutura

implantada.

Além disso, o modelo de Organizações Sociais propicia uma maior flexibilidade na utilização

de instrumentos de gestão e de modos de seu funcionamento, podendo contemplar as práti-

cas já utilizadas no setor específico.

É importante, também, ressaltar a diferença que vem sendo verificada na utilização do mode-

lo OS, pois o mesmo tem supervisão e fiscalização de muitas instâncias, sejam estatais ou

mesmo privadas, como o seu conselho e a auditoria externa. Isso diferencia as Instituições

2 Já se tem admitido e introduzido em alguns governos a formulação da política pública por conselhos temáticos, em que têm assento tanto a OS quanto os representantes dos órgãos estatais, além de técnicos de outras áreas e representações sociais.

Page 237: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

237

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

que adotam o modelo de outras conveniadas com a Administração Pública, nas quais não há

controle de seus resultados, mas tão somente uma prestação de contas formal, que pode

levar aos desvios que têm sido noticiados pela imprensa.

Os resultados dessa pesquisa vêm demonstrar claramente que o modelo OS tem apresentado

resultados positivos na área de C & T. Especialmente as atuais OSs que gerenciam atividades

que anteriormente eram prestadas por órgãos estatais. Além disso, embora não tenha existido

a comparação de seus resultados com dados históricos das organizações estatais antecesso-

ras ao modelo OS, verificou-se uma evolução na maioria dos resultados alcançados, tomando

como padrão as metas definidas para o primeiro ano de contrato de gestão de cada uma das

instituições.

As principais mudanças verificadas pelos atores atuantes no modelo OS estão focadas na

flexibilidade e agilidade, muito embora se tenha percebido nas entrevistas que o modelo OS

propiciou uma maior institucionalização das instituições de pesquisa.

Ainda que o modelo tenha propiciado vantagens tanto para a instituição executora quanto para o

Ministério da Ciência e Tecnologia, ainda se percebe uma atitude nostálgica de perda de poder

sobre as decisões operacionais das atividades. Isso não tem sido privilégio da área, pois em ou-

tros níveis de governo e em outros temas, os órgãos estatais de supervisão também manifestam

essa perda sob forma de insatisfação e, muitas vezes, retaliação das instituições parceiras.

Para as agências de fomento, o modelo OS em si mesmo, segundo suas declarações, não

traz diferença para a relação mantida. Entretanto, reconhecem maior agilidade na realização

dos projetos.

A área de C&T manteve a maioria das características do projeto idealizado pelo então Ministério

da Administração Federal e Reforma do Estado. Atualmente, sente-se a necessidade de ajustes

no modelo, que pode se dar especialmente por regulamentação da legislação. Até o momento,

passados nove anos da Lei 9.637/98, isso ainda não ocorreu, o que tem deixado espaço para

uma regulamentação informal e procedimental impostas pelas áreas de controle.

A área de controle manifestou, durante as entrevistas publicadas e as não-publicadas, algu-

mas insatisfações quanto ao modelo, especialmente em relação ao fato de não haver licitação

pública para a escolha da OS pelo órgão estatal. O argumento defendido é que “existem no

mercado diversas empresas que podem prestar os serviços que serão objeto de contrato de

gestão”. No entanto, é importante lembrar que OS é título conferido a entidades do terceiro

setor, sob a forma jurídica de associação ou fundação, portanto não a empresas. Além disso,

elas não fazem parte do mercado.

Outra visão da área de controle é que as OSs devam utilizar as regras estatais para gerenciar

o recurso público. Se isso prosperar, acabariam a flexibilidade e agilidade, que são as maiores

vantagens de qualquer modelo de parceria entre Estado e Terceiro Setor que utilize contratos

de resultados.

Page 238: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

238

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

2.2 Recomendações

As sugestões apresentadas a seguir foram selecionadas a partir das entrevistas realizadas e

da análise dos dados coletados:

a) Envolver órgãos de controle na qualificação e na elaboração dos contratos de gestão;

b) Passar a um processo de certificação da gestão, intensificando a avaliação;

c) Entidades candidatas devem passar por estágio probatório para tornar claros objetivos

e a avaliação da sua capacidade de gestão e de atingimento dos resultados;

d) Assim como já é previsto para as Fundações, o Ministério Público poderia estar mais

envolvido nos processos de avaliação dos resultados, com o intuito de diminuir a sus-

peição que paira sobre o modelo; e

e) Utilização do concurso de projetos, para poder qualificar OS ou escolher OS, sem

vinculá-lo à lei 8.666, já que esta já prevê a dispensa de licitação para a contratação

de Organização Social.

É recomendável às Organizações Sociais já implantadas e às que estiverem em processo

de implantação que levem em consideração os aspectos culturais locais e do setor em que

a atividade está inserida. Isso possibilitará uma melhor adequação dos seus profissionais às

necessidades organizacionais de controle e de estabelecimento de seus resultados.

3. EQUIPE DE PESQUISA

Pesquisadores Sênior

Flávio Carneiro Guedes Alcoforado (VAE Consultores) - Coordenador

Guilherme Ary Plonski (PGT/USP) - EspecialistaEspecialista

Pesquisadores Assistentes

lisete BarlaCh (PGt/usP)

moisés florêNCio da silva (vae CoNsultores)

BruNo Pereira de souza mediNa (vae CoNsultores)

Page 239: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

239

GLOSSÁRIO

Administração Centralizada: É constituída por órgãos da estrutura estatal responsável pela

formulação de políticas e prestação de serviços públicos, podendo realizá-los diretamente,

por seus órgãos ou indiretamente, por terceiros.

Administração Descentralizada: Conjunto de entidades públicas, dotadas de personalida-

de jurídica própria, que integram a administração dos entes federados, compreendendo

autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações instituídas e

mantidas pelo poder público. Em geral, tem autonomia administrativa para a execução de

suas atividades.

Administração Patrimonialista: Caracteriza-se pelo fato do aparelho do Estado funcionar

como uma extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuírem

status de nobreza real. A res pública não é diferenciada da res principis.

Administração Pública Burocrática: Caracteriza-se pelo formalismo, impessoalidade, orga-

nização hierárquica, ênfase nos controles internos como forma de combate a possíveis

desvios dos agentes públicos. Os controles administrativos estão sempre a priori.

Administração Pública Gerencial: Enfatiza a busca de resultados, em termos de eficiência e

qualidade, maior autonomia dos administradores na gestão dos recursos para a obtenção

de metas estabelecidas a priori.

Agência de Desenvolvimento: Entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos/econômi-

cos, utilizada para a gestão cooperada de um território, entre municípios, iniciativa pri-

vada, universidades, entre outros e o Estado, visando a promoção do desenvolvimento

local/regional.

Agência Executiva: Qualificação concedida a autarquias e fundações públicas responsá-

veis por atividades e serviços exclusivos do Estado. Essa qualificação permite que elas

ingressem em um regime especial, usufruindo de determinadas vantagens prevista

em legislação.

Agência Reguladora: Autarquia, criada por lei, com maior autonomia administrativa e financei-

ra que as demais autarquias e mandato fixo de seus dirigentes, para regular as atividades

objeto de concessões de serviços públicos às empresas privadas.

Aparelho do Estado: É a administração pública em sentido amplo, ou seja, a estrutura or-

ganizacional do Estado, em seus três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e nos

três níveis de governo (União, Estados e municípios). Abrange o corpo dirigente, os ser-

vidores públicos, força militar e policial, recursos financeiros, equipamentos e instalações

e normatizações.

Page 240: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

240

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Associação Civil: Pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos/lucrativos, que

se forma pela reunião de pessoas em prol de objetivos comuns, sem interesse de dividir

resultado financeiro entre elas.

Atividade Exclusiva de Estado: É aquela atividade que só o Estado pode realizar. É o poder

extroverso do Estado (poder de constituir unilateralmente obrigações para terceiros, com

extravasamento de seus próprios limites) – o poder de regulamentar, fiscalizar e fomentar.

Autarquia: Pessoa de direito público interno com autonomia administrativa e orçamentária,

mas com os mesmos privilégios da Administração direta, constituída para desempenhar, de

forma descentralizada, serviços, funções e atividades do ente que as criou. Submete-se a

controle para verificação de sua atuação, cumprimento de sua finalidade e conduta de seus

dirigentes.

Autarquia de Regime Especial: Autarquia com poderes e privilégios maiores do que os con-

cedido às autarquias em geral. As autarquias em regime especial criadas possuem diretoria

colegiada, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes.

Autorização Pública: Ato administrativo, que pode ocorrer nos casos: em que particulares

precisam de autorização/licença para praticar determinadas atividades, como produção e

comercialização de armas, exploração de recursos naturais; autorização para uso de bem

público; e autorização de serviço público.

Auxílio: Transferências, previstas em lei, destinadas a cobrir despesas de capital de entidades

privadas sem fins lucrativos/econômicos.

Certificado ou Título: Documento concedido pelo Poder Público às pessoas jurídicas de di-

reito privado sem fins lucrativos/econômicos ou autarquias e fundações. O título permite a

diferenciação da entidade que o possui, inserindo-a num regime jurídico especial, demons-

trando à sociedade que a mesma possui credibilidade. A titulação facilita a captação de

investimentos privados e a obtenção de financiamento; o acesso a benefícios fiscais e a

recursos públicos; e a utilização de incentivos fiscais pelos doadores.

Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) (antigo Certificado de

Entidade de Fins Filantrópicos - Ceff): É um título concedido pelo Conselho Nacional

de Assistência Social (CNAS) às entidades que atuem nas áreas de proteção à família,

à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; amparo a criança e ao adolescente

carente; promoção de ações de prevenção, habilitação, reabilitação e integração à vida

comunitária de pessoas portadoras de deficiências; promoção gratuita da assistência edu-

cacional ou de saúde; promoção da integração ao mercado de trabalho; promoção do de-

senvolvimento da cultura; promoção do atendimento e do assessoramento aos benefícios

da Lei Orgânica da Assistência Social e a defesa e a garantia dos seus direitos. Para ob-

tenção do título a organização deve estar constituída e efetivamente em funcionamento,

no mínimo, há três anos; estar previamente inscrita no Conselho Municipal de Assistência

Page 241: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

241

Social do município de sua sede se houver, ou no conselho Estadual de Assistência Social;

estar previamente registrada no CNAS; aplicar suas rendas, recursos e eventual resultado

no território nacional e na manutenção de seus objetivos; aplicar as subvenções e doações

recebidas nas finalidades a que estejam vinculadas; aplicar, em gratuidade, pelo menos

20% de sua receita, cujo montante nunca será inferior à isenção de contribuições sociais

usufruídas; não remunerar dirigentes; não distribuir resultados, bonificações, dividendos,

participações ou parcela do patrimônio, sob nenhuma forma; e possuir o Título de Utilidade

Pública. O Cebas possibilita a isenção da cota patronal do INSS e de outras contribuições

sociais (CPMF, CSL, PIS, Cofins).

Comissão de Avaliação: Órgão do Poder Executivo, formado por pessoas indicadas ou elei-

tas, para monitoramento e avaliação de uma determinada política pública ou de algum

ajuste realizado entre o Poder Público e uma instituição. Os membros desta comissão são

nomeados pelo Poder Executivo.

Concessão Administrativa: É a delegação da execução de serviço, na forma autorizada por

lei e regulamentada pelo Executivo, mediante o contrato de prestação de serviços de que

a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva obra ou forne-

cimento e instalações de bens (Lei Federal 11.079, de 30/12/04).

Concessão de Serviço Público: É a delegação da prestação de serviços, feita pelo poder con-

cedente, mediante licitação, na modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de

empresas, que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e prazo

determinado (Lei Federal 8.987/95). É formalizada por um contrato administrativo pelo qual

o poder público transfere a execução de um serviço, precedida ou não de obra, para o setor

privado. A concessão é prevista na Constituição Federal, no art. 175, sendo que a União

estabelece normas gerais (Lei Federal 8.987, de 13/2/95). Cada esfera de governo tem

competência própria para regular a questão, obedecendo as regras gerais. No Estado de

São Paulo, a concessão é definida pela Lei 7.835, 8/5/92.

Concessão Patrocinada: É a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que

trata a Lei Federal 8.987, de 13/2/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada

do usuário, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. A contri-

buição do Poder Público só começa com o início do serviço, mesmo que parcialmente. O

Poder Público pode entrar, sem autorização legislativa específica, com até 70% do total

da remuneração do parceiro privado, podendo usar: ordem bancária, cessão de créditos

não-tributários, outorga de direitos e outros mecanismos definidos em lei. O projeto poderá

ser financiado por terceiros – figura do financiador. Para o gerenciamento do projeto, há a

necessidade de criação de uma sociedade de propósito específico – SPE. É obrigatório que

o parceiro público ofereça garantias ao parceiro privado, em função de suas obrigações. Há

previsão de compartilhamento de riscos e de ganhos econômicos entre os parceiros (Lei

Federal 11.079/04).

Page 242: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

242

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Conselho Consultivo: Órgão de aconselhamento superior da instituição composto por mem-

bros eleitos ou nomeados, representativos da organização, do Poder Público e/ou da so-

ciedade.

Conselho de Administração: Órgão máximo de administração, responsável por traçar a po-

lítica geral da organização, zelar por sua boa execução, aprovar regulamentos e normas,

definir as condições para admissão e exclusão de sócios, entre outras. O Conselho de

Administração tem também a responsabilidade de eleger/nomear a diretoria executiva.

Conselho de Políticas Públicas/Gestor: Órgão do Poder Executivo, criado por lei, que tem a

competência de formular, monitorar, fiscalizar e avaliar a implementação de política pública.

É formado por representantes do poder público e da sociedade civil, constituindo-se em um

espaço público de articulação. Cada política pública deve ter o seu conselho. A composi-

ção, o papel e as atribuições devem seguir as diretrizes da Constituição Federal e das leis

federais e estaduais das respectivas áreas e peculiaridades locais.

Conselho Fiscal: Órgão da instituição responsável por fiscalizar os atos dos administradores

e o cumprimento dos deveres legais e estatutários da instituição.

Consórcio Público: Entidade constituída como associação pública ou pessoa jurídica de di-

reito privado, sem fins econômicos/lucrativos por entes da federação (União, Estados,

Distrito Federal e municípios) para a realização de objetivos comuns aos entes consorcia-

dos, institucionalizada pela Lei Federal 11.107, de 6/4/05. A União somente participará de

consórcios públicos em que também façam parte os Estados em cujos territórios estejam

situados os municípios consorciados. O consórcio público será constituído por contrato

cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções, aprovado pelo

Legislativo.

Contrato: É todo e qualquer ajuste entre órgãos e entidades da administração pública e parti-

culares em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculos e estipulação de

obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

Contrato de Gestão: É um instrumento firmado entre órgãos do poder público (agências,

consórcios públicos, autarquias, etc.) ou entre o poder público e entidade qualificada como

OS para fomento e execução de serviços públicos não exclusivos do Estado. O Contrato

de Gestão deve prever metas e prazos de execução, critérios de avaliação e produtividade

mediante indicadores de qualidade e produtividade.

Contrato de Programa: Instrumento no qual são constituídas e reguladas as obrigações de

cunho operacional que um ente da Federação constitui para com outro ente ou para com

consórcio público, no âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços

públicos ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens ne-

cessários à continuidade dos serviços transferidos.

Contrato de Rateio: Instrumento de formalização de repasse de recursos públicos dos entes

Page 243: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

243

consorciados ao consórcio público. O Contrato de Rateio deve ser formalizado em cada

exercício financeiro e seu prazo de vigência não será superior aos das dotações orçamen-

tárias previstas.

Contrato de Repasse: É um instrumento de operacionalização das transferências voluntárias

da União para Municípios, destinado à execução de programas e projetos governamentais

da União. Essas transferências são realizadas por intermédio de instituições financeiras ofi-

ciais federais (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil), que atuam como mandatárias

da União.

Contribuições: Transferências correntes ou de capital previstas em lei concedidas por entes

governamentais a entidades sem fins lucrativos/econômicos, independentemente de con-

traprestação direta em bens ou serviços.

Controle Social: Conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem a participação da

sociedade na definição, na implementação, no acompanhamento e na avaliação da gestão

das políticas públicas. A legislação prevê diversos espaços formais de participação da so-

ciedade como os conselhos gestores de políticas públicas, as conferências, as audiências

públicas, entre outros.

Convênio: Acordo firmado com entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e or-

ganizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes.

A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades da Administração

Pública (disciplinada pela Lei Federal 8.666/93, art. 116) depende de prévia aprovação do

plano de trabalho proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo,

as seguintes informações: identificação do objeto a ser executado; metas a serem atingi-

das; etapas ou fases de execução; cronogramas financeiro e de execução; entre outros.

Cooperativa de Inclusão Social e Prestação de Serviço Públicos: Associação volun-

tária de pessoas para a promoção de trabalho e renda visando à inclusão social dos

seus membros.

Cooperativa: Associação voluntária de pessoas, constituída por membros de um determinado

grupo econômico, social, ou profissional que, ao atuar com base em princípios de ajuda

mútua e reciprocidade, busca desempenhar determinada atividade econômica em benefício

comum.

Descentralização Administrativa: Transferência de autoridade e responsabilidade a outros

níveis da organização ou a outras organizações. Refere-se a um sistema de gestão, por

meio do qual o exercício das funções de administração é desempenhado por vários orga-

nismos, com autonomia para administrar. Do ponto de vista jurídico faz-se distinção entre

os conceitos descentralização e desconcentração. Nessa perspectiva, a descentralização

pressupõe o repasse de serviços ou atribuições, por outorga ou delegação, a outras orga-

nizações (autarquias, entidades paraestatais, empresas, etc.) ou outros níveis de governo.

Page 244: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

244

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

O processo de descentralização como estratégia governamental recoloca cada ente fede-

rativo em seu espaço de atuação. A descentralização pressupõe a busca de especialização

da execução dos serviços, a proximidade dos fatos/problemas às pessoas, maior rapidez

e objetividade nas decisões.

Desconcentração: Do ponto de vista jurídico é a transferência de atividades ou serviços, que

a organização executa centralizadamente, a outros órgãos da mesma entidade, sem, entre-

tanto, repasse de autoridade.

Desregulação: Redução do intervencionismo do Estado nas atividades econômicas privadas.

É a ampliação da liberdade de atuação do cidadão, especialmente no domínio econômico,

diminuindo-se as restrições a sua atuação ou limitando-se os monopólios de modo a per-

mitir que as empresas privadas atuem em regime de competição em alguns setores, antes

monopolizados. Implica também na substituição de uma regulação por outra.

Diretoria Colegiada Executiva: Órgão máximo de direção, composto por conselheiros ou

diretores, sendo um deles o seu presidente ou o diretor-geral ou o diretor-presidente, de

acordo com lei específica ou estatuto de cada entidade. No caso de agência executiva, o

presidente ou o diretor-geral ou o diretor-presidente será nomeado pelo Executivo, dentre

os integrantes do Conselho Diretor ou da Diretoria, respectivamente, e investido na função

pelo prazo fixado no ato de nomeação.

Empresa Pública: Pessoa jurídica de direito privado, autorizada por lei especifica, a se consti-

tuir com capital exclusivamente público para realizar atividades de interesse da Administra-

ção instituidora nos moldes da iniciativa particular.

Entidade de Crédito Comunitário: Entidade civil, sem fins lucrativos/econômicos, constituída

para apoiar as microfinanças e os micro empreendimentos, visando o desenvolvimento

local/social.

Entidade Filantrópica: Organização que se dedica à prestação de serviços de caráter assis-

tencial e direto às populações em situação de vulnerabilidade social, e possuem o Certifi-

cado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas).

Estado: Organização burocrática que detém o monopólio legítimo de uso da força (coerção),

do poder de legislar e de tributar a população de um determinado território. O Estado é,

portanto, a única estrutura organizacional que possui o poder extroverso, ou seja, o poder

de constituir unilateralmente obrigações para terceiros, com extravasamentos dos seus

próprios limites.

Estatuto social: Documento que registra as características e o conjunto de regras de uma

instituição. O estatuto deve dispor sobre o nome ou denominação social; endereço da

sede; finalidade (missão) e objetivos sociais; duração (pode ser indeterminada); direitos e

deveres; modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrati-

vos; modo de representação; fontes de recursos; entre outros.

Page 245: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

245

Fundação Privada: Pessoa jurídica, constituída a partir de patrimônio destinado por uma pes-

soa física ou jurídica de direito privado, com finalidade perene, definida pelo instituidor, nas

áreas religiosa, moral, cultural ou de assistência social. Não tem proprietário, titular ou

sócios, sendo seu patrimônio gerido por curadores. Sua criação e funcionamento serão

aprovados e fiscalizados pelo Ministério Público.

Fundação Pública: Organização integrante da administração indireta, instituída por lei especí-

fica e mantida pelo Poder Público,com autonomia administrativa e patrimônio próprio, sujei-

ta às normas e regras da administração pública. Realiza atividades não lucrativas e atípicas

do Poder Público, mas de interesse coletivo, como educação, cultura e pesquisa.

Gestão: Conjunto de ações que se utiliza de métodos e técnicas e da articulação de recursos

humanos, materiais, financeiros e tecnológicos, consubstanciando-se em atividades de pla-

nejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações para realização de objetivos.

Gestão Associada: É a atuação conjunta da União, Estados, Distrito Federal e municípios, por

intermédio dos órgãos da administração direta ou indireta, para gestão de serviços públi-

cos, por meio de convênios de cooperação ou consórcios públicos.

Gestão Compartilhada: É a atuação da União, Estados e/ou municípios, em conjunto com a

sociedade civil, para gestão de assuntos de interesse do Estado. Os diversos entes e insti-

tuições participam da formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas

públicas.

Gestão Integrada: É a atuação conjunta das diversas áreas, de um mesmo nível de governo,

na formulação, implementação, monitoramento e avaliação de uma política pública.

Governo: Conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinam a orientação

política de uma determinada sociedade. O poder de governo, sendo habitualmente insti-

tucionalizado na sociedade moderna, está normalmente associado à noção de Estado. No

regime constitucional, a instância máxima de autoridade, exercida pelo chefe do Executivo,

pelos corpos Legislativos e pelos órgãos Judiciários, submete-se hierarquicamente aos

princípios e normas fundamentais da Constituição. Na sociedade brasileira o vocábulo go-

verno também é utilizado para designar o Poder Executivo (União, Estados e municípios).

Imunidade Tributária: Vedação constitucional de tributação de determinadas pessoas, bens,

serviços ou atividades. Por estar prevista na Constituição Federal não pode ser revogada,

nem mesmo por Emenda Constitucional. Abrange: patrimônio, renda ou serviços, uns dos

outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos

(inclusive suas fundações), das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de

educação e de assistência social, sem fins lucrativos; livros, jornais, periódicos e o papel

destinado à sua impressão, com as extensões e restrições previstas nos parágrafos 2º, 3º

e 4º do art. 150 da CF (atividades econômicas lucrativas).

Intersetorialidade: É a articulação conjunta de distintos setores na busca de caminhos, na

Page 246: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

246

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

ação concreta, para a resolução de problemas complexos, extrapolando assim, os resulta-

dos da atuação de cada setor individualmente.

Isenção Tributária: Dispensa legal do tributo devido, concedida por lei ordinária, pelo ente

com poder tributante. É uma liberalidade fiscal concedida a certas pessoas, bens, serviços

ou atos reputados de interesse público e, por isso mesmo, aliviados do encargo tributário.

A isenção reconhece a incidência do tributo, mas dispensa o pagamento desde que ocor-

ram as circunstância de direito e de fato que legitimam a liberação do tributo. A isenção

se caracteriza como renúncia ou favor legal do Estado e pode ser revogada a qualquer

tempo.

Núcleo Estratégico de Governo: Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que

define as leis e as políticas públicas e cobra o seu cumprimento; é onde as decisões es-

tratégicas são tomadas. É constituído pelos Poderes Legislativo, Judiciário, e no Poder

Executivo, pelo seu representante eleito, primeiro escalão, assessorias e responsáveis

pela formulação e avaliação de políticas públicas. Sua concepção surgiu no Plano Diretor

da Reforma do Aparelho Estado de 1995.

Organização da Sociedade Civil (OSC) ou Organização Não-Governamental (ONG):

Entidades da Sociedade Civil sem fins lucrativos/econômicos e com finalidade pública.

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip): É uma qualificação, dada pelo

Poder Público, às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins econômicos/lucrativos,

cujos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por lei.

Essa qualificação permite celebrar um ajuste, denominado Termo de Parceria, com o Poder

Público, visando desenvolver projetos ou atividades complementares às que originalmente

constituem responsabilidade daquele Poder.

Organização Não Governamental (ONG)/Entidade Social: Entidades da Sociedade Civil sem

fins lucrativos/econômicos e com finalidade pública.

Organização sem Fins Econômicos/Lucrativos: Instituição que não distribui, entre os seus

sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais exce-

dentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parce-

las do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica

integralmente na consecução do respectivo objeto social.

Organização Social (OS): Entidade civil sem fins lucrativos, qualificada pelo Poder Público,

mediante diretrizes e requisitos definidos em lei, com o objetivo de celebrar Contrato de

Gestão com o mesmo, a fim de prestar serviços públicos não exclusivos, mas de interesse

do Estado.

Órgão Gestor: Área/setor da administração responsável pela gestão de uma política pública,

envolvendo as atividades de planejamento, implementação, monitoramento e avaliação.

Page 247: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

247

Oscip – vide Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Parceria: Forma de sociedade que, sem criar uma nova pessoa jurídica, é organizada entre os

setores público e privado, para a consecução de fins de interesse público. Nela existe a co-

laboração entre o poder público e a iniciativa privada nos âmbitos social e/ou econômico,

para satisfação de interesses públicos, ainda que, do lado do particular possa se objetivar

o lucro. O vocábulo parceria também significa sociedade, isto é, reunião de duas ou mais

pessoas que investem capital e trabalho para alcançar objetivos comuns.

Parceria Público-Privada (PPP): Modalidade de associação entre o setor público e o privado,

caracterizada juridicamente como um contrato administrativo de concessão, que visa à

execução do serviço público, precedido ou não de obras. As PPPs incluem as concessões

patrocinadas e as concessões administrativas. A Lei Federal 11.079, de 30/12/2004, es-

tabelece normas gerais para União, Estados e municípios e também regulamenta as PPPs

federais.

Permissão de Serviço Público: Delegação, unilateral, discricionária e precária, da prestação

de serviços públicos, feita pelo poder concedente, por meio de licitação, à pessoa física ou

jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (federal): Documento que define objetivos

e estabelece diretrizes para a Reforma da Administração Pública Brasileira, apresentado

em 1995.

Primeiro Setor: Categoria de organizações diretamente vinculadas ao Estado, como órgãos e

agências governamentais.

Privatização: É, em sentido amplo, um conjunto de decisões que compreende as atividades

de desregulação ou liberação de determinados setores econômicos; a transferência de

propriedades de ativos, através de ações, bens, etc.; a promoção da prestação e gestão

privada de serviços públicos; e a introdução de mecanismos e procedimentos de gestão

privada no marco das empresas das demais entidades públicas. No sentido restrito (Lei

Federal 9.491, de 9/9/97) é a transferência de ativos ou de ações de empresas estatais

para o setor privado. Neste caso, há uma transferência integral de serviços para a iniciativa

privada que passa a ter controle total sobre eles, cessando com isto, a responsabilidade

do Estado para com esses serviços.

Protocolo de intenções: É um ajuste preliminar celebrado por entes da Federação, órgãos, e

entidade do Poder Público, ou entre estes e outras organizações, para demonstrar a inten-

ção de formalizar um acordo para realização de objetivos de interesse comum dos partíci-

pes. O protocolo de intenções deve contemplar cláusulas tais como: finalidade, partícipes,

prazo de duração, entre outras.

Publicização: Transferência de serviços não exclusivos, mas de interesse do Estado, do setor

público estatal para o público não estatal (entidades sem fins econômicos/lucrativos).

Page 248: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

248

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

Qualificação: Reconhecimento pela autoridade competente, mediante o cumprimento de re-

quisitos previamente definidos, de entidade sem fins lucrativos ou autarquia e fundação

para a prestação de serviços públicos, não exclusivos do Estado.

Reforma do Aparelho do Estado: Mudança no funcionamento do aparelho do Estado, ou seja:

mudança nas leis, nas rotinas, na cultura e no comportamento na administração pública.

Reforma do Estado: Projeto amplo de mudança no que diz respeito às várias áreas do gover-

no e ainda ao conjunto da sociedade brasileira. Para a implementação de uma Reforma do

Estado é necessário que seja, previamente, redefinido o seu papel.

Regulação: Definição das normas e procedimentos de conduta, de fiscalização, de repressão,

de punição e resolução de conflitos nas concessões e prestações de serviços públicos.

Requisitos Básicos para Qualificação: Condições, pré-estabelecidas pelo Poder Público, que

as instituições que almejam um título/qualificação devem cumprir.

Segundo Setor: Conjunto de organizações empresariais regidas pela racionalidade do lucro.

Também conhecido como iniciativa privada, setor privado e mercado.

Serviço Social Autônomo: Entidade de direito privado, sem fins lucrativos/econômicos e de

interesse coletivo, criado por lei, que atua como ente de cooperação com o Poder Público,

caracterizado como órgão para-administrativo. É uma entidade de colaboração, que tem

proximidade com o Poder Público, sem estar inserido na sua estrutura organizacional; não

compõe a administração direta, indireta ou fundacional.

Serviços Exclusivos do Estado: Serviços que só o Estado pode realizar, pois, envolvem o

poder extroverso do Estado – o poder de regular, fiscalizar e fomentar.

Serviços Não Exclusivos do Estado: Atividades que não requerem o Poder de Estado, mas

são de seu interesse. O Estado executa-as simultaneamente com entidades privadas e

sem fins econômicos. Ele se mantém na execução das mesmas, pois são atividades que

envolvem direitos humanos fundamentais ou economias relevantes que não podem ser

apropriadas pelo mercado (saúde, educação, centros de pesquisa, museu, etc.).

Setor Estatal: Categoria de organizações diretamente ou indiretamente vinculadas ao Estado,

como órgãos, fundações, autarquias e agências governamentais.

Setor Privado: Conjunto de organizações empresariais regidas pela racionalidade do lucro ou

por entidades da sociedade civil privadas, sem fins econômicos/lucrativos.

Setor Público Não Estatal: Conjunto de organizações da sociedade civil, sem fins econômi-

cos/lucrativos, que atuam em atividades públicas não exclusivas do Estado, podendo atuar

de forma concorrente ou concomitante à atuação do Estado.

Sociedade de Economia Mista: Entidade dotada de personalidade jurídica de direito priva-

do, criada por lei, para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade

Page 249: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

249

anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria ao Estado.

Sociedade de Propósito Específico – Parceria Público-Privada (PPP): Empresa constituída

pela(s) organização (ões) vencedora(s) do processo de licitação para a concessão de ser-

viço público, precedido ou não de obras, na modalidade de PPP (Lei Federal 11.079/04).

Sua finalidade é de implantar e gerir o projeto vencedor de parceria, regulado por contrato

administrativo de concessão.

Sociedade: Conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes e

que interagem entre si constituindo uma comunidade.

Subdisiariedade: Princípio pelo qual o Estado deve abster-se de exercer atividades que o par-

ticular tem condições de exercer por sua própria iniciativa e com seus próprios recursos,

entretanto; o Estado deve fomentar, coordenar, fiscalizar a iniciativa privada, de tal modo

a permitir que os particulares, sempre que possível, obtenham sucesso na condução de

seus empreendimento. No âmbito do Poder Público, uma atividade não deve ser desem-

penhada por uma esfera maior de governo quando uma menor pode executá-la. O Estado

deve priorizar a sua atuação nas atividades que só a ele compete realizar tais como dirigir,

vigiar e reprimir.

Subvenção: Transferência, prevista em lei, destinada a cobrir despesas de custeio operacional

de entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos de caráter assistencial ou cultural.

Terceirização: Transferência da execução de atividades secundárias, assessórias, ou seja,

aquelas que não fazem parte das atividades principais da organização, à outra instituição

pública ou privada, mediante contrato ou convênios.

Terceiro Setor: Conjunto de organizações privadas, sem fins econômicos/lucrativos, cuja atu-

ação é dirigida a finalidades coletivas ou públicas. Entre essas organizações, destacam-

se as não-governamentais, fundações de direito privado, entidades de assistência social

e de benemerência, entidades religiosas e as associações culturais e educacionais. De

modo geral, essas entidades são criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária,

dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e

expandindo seu sentido para outros domínios. A palavra é uma tradução de Third Sector,

utilizado nos Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos

com o Primeiro Setor (Estado) e o Segundo Setor (Mercado).

Termo de Parceria: Ajuste, criado por lei, destinado à formação de vínculo de cooperação

entre o Poder Público e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). É

um acordo firmado para execução de um projeto ou programa de trabalho de interesse do

Poder Público e de acordo com o objeto social da Oscip. O Termo de Parceria estabelece

direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias (Executivo e Oscip). É uma

alternativa aos ajustes tradicionais (contrato, convênio, etc.).

Título de Utilidade Pública: Certificado concedido pelas administrações federal, estaduais

Page 250: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

250

ciclo de seminários NOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS

e/ou municipais às associações e fundações, de direito privado e sem fins lucrativos/econô-

micos, não mantidas pelo Poder Público. As organizações a serem certificadas podem atuar

nas áreas de interesse público tais como educação, pesquisa científica, cultura, assistência

social, saúde, meio ambiente, esportes e lazer, entre outras. Para obtenção do Título de

Utilidade Pública a entidade deve ter personalidade jurídica constituída no país; estar em con-

tínuo funcionamento por pelo menos três anos; não remunerar seus dirigentes; não distribuir

lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma

forma; comprovar idoneidade dos diretores; publicar anualmente a demonstração de receitas

e despesas do período anterior. Esse título, concedido pela União, confere alguns benefícios

fiscais à organização e aos seus doadores tais como: a possibilidade de receber doações de

pessoas jurídicas, dedutíveis até o limite de 2% do lucro operacional; a possibilidade de rece-

ber bens apreendidos, abandonados ou disponíveis, administrados pela Secretaria da Receita

Federal; o acesso a subvenções e auxílios da União Federal e suas autarquias; a autorização

para realizar sorteios; a possibilidade de receber receitas das Loterias Federais; juntamente

com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) e outros documen-

tos, e a possibilidade de isenção da cota patronal ao INSS e de outras contribuições sociais

(CPMF, CSL, PIS e Cofins). No âmbito federal, a utilidade pública é regulamentada pela Lei

Federal 91/35 e Decretos Federais 50.517/61 e 3.415/00.

REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOBBIO, Norbert, MATTEUCCI, Nicola, PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 5. ed.

Brasília: Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000. v. 1 , 666p.

BOBBIO, Norbert, MATTEUCCI, Nicola, PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 5.

ed. Brasília: Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000. v. 2

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Contratos de gestão: contratualização do controle adminis-

trativo sobre a administração indireta e sobre as organizações sociais. Revista da Procurado-

ria-Geral do Estado, São Paulo, n. 45/46, jan./dez. 1996.

______. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, terceirização, parcerias

público-privadas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

DICIONÁRIO de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987. 1.422 p.

RITS – REDE DE INFORMAÇÕES PARA O TERCEIRO SETOR. Disponível em: <www.rits.org.

br>. Acesso em: diversos dias.

CENTRO DO TERCEIRO SETOR – Ceats - Disponível em: <www.ceats.org.br>. Acesso em:

diversos dias.

DICIONÁRIO Wikipidia - Disponível em: <www.wikipidia.com.br>. Acesso em: diversos dias.

Page 251: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos
Page 252: Ciclo de Seminarios  Artigos Tecnicos

ciclo de semináriosNOVOS MODELOS ORGANIZACIONAIS