26
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA IMPORTÂNCIA NA EPIDEMIOLOGIA PARA OS ANIMAIS DOMÉSTICOS Marcelo Sales Guimarães Orientadora: Profa. Dra. Andréa Caetano da Silva GOIÂNIA 2011

CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

  • Upload
    lamkien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA IMPORTÂNCIA NA EPIDEMIOLOGIA PARA OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

Marcelo Sales Guimarães

Orientadora: Profa. Dra. Andréa Caetano da Silva

GOIÂNIA

2011

Page 2: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

ii

MARCELO SALES GUIMARÃES

CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA IMPORTÂNCIA NA EPIDEMIOLOGIA PARA OS ANIMAIS DOMÉSTICOS

Seminário apresentado junto à disciplina

de Seminários Aplicados do Programa de

Pós-Graduação em Ciência Animal da

Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Nível: Doutorado

Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos

Linha de Pesquisa: Parasitos e doenças parasitárias dos animais

Orientadora: Profa. Dra. Andréa Caetano da Silva – IPTSP/UFG

Comitê de Orientação: Profa. Dra. Ana Paula Junqueira Kipnis – IPTSP/UFG

Dra. Débora Pereira Garcia Melo – PNPD/EVZ/UFG

GOIÂNIA

2011

Page 3: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

iii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 3

2.1 Características biológicas de N. caninum.............................................................. 3

2.2 Hospedeiros susceptíveis ...................................................................................... 6

2.3 Ciclo silvestre de N. caninum ................................................................................ 7

2.4 A neosporose nos animais silvestres .................................................................. 11

2.5 O ciclo silvestre e o controle da neosporose bovina ........................................... 11

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 13

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 14

Page 4: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

iv

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Formas biológicas de N. caninum. (A) Taquizoítos no interior de vacúolo

parasitóforo (Pv) em cultura de fibroblastos de pele humana (linhagem HS68).

Taquizoíto no citoplasma da célula hospedeira sem vacúolo visível (seta). (B) Cisto

tissular em cérebro de gerbil experimentalmente infectado, 99 dias p.i., com destaque

para espessura da parede cística (cabeças de seta) (DUBEY et al., 2002). (C) Oocisto não esporulado, com massa central. (D) Oocisto esporulado com dois

esporocistos (seta), e contendo esporozoítos (cabeças de seta) (McALLISTER et al.,

1998). .......................................................................................................................... 4

FIGURA 2 – Ciclo Biológico de Neospora caninum .................................................... 5

FIGURA 3 – Ciclos de transmissão de N. caninum entre animais silvestres e

domésticos. O ciclo doméstico (cão-bovino), transmissão de bovino para coiotes, e

transmissão de cervo para cães já foram relatados. Entretanto, a transmissão entre

coiotes e cervos (ciclo silvestre), de coiotes para bovinos e de cães para cervos,

apesar de provável, ainda não foi comprovada (GONDIM et al., 2004b –

ADAPTADO). .............................................................................................................. 8

Page 5: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

1 INTRODUÇÃO

A capacidade de um agente infeccioso para causar problemas de ordem

reprodutiva em um rebanho é característica que certamente o destaca dentre os

microrganismos que podem acometer uma população. Tal importância se deve ao

fato de que isso fatalmente se traduzirá em perdas econômicas importantes nos

sistemas de produção.

Foi na década de 80 que houve a caracterização de um novo protozoário,

parasito primeiramente identificado e isolado de cão doméstico, um de seus

hospedeiros definitivos, que apresentou sintomatologia neuromuscular. Entretanto,

por provocar maiores danos à espécie bovina, especialmente no campo reprodutivo,

os estudos têm se concentrado nesta espécie, no intuito de ampliar o conhecimento

acerca deste parasito, principalmente sob aspectos de patogenia, virulência,

infectividade, diversidade genética, dentre outros. Este novo protozoário foi

denominado Neospora caninum, pertencente ao filo Apicomplexa e família

Sarcocystidae apresentando características comuns a esta, como ser intracelular

obrigatório, coccídio formador de cistos e com ciclo biológico baseado na

participação de hospedeiros definitivo e intermediário.

Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias

de controle e profilaxia, sempre se basearam na interrupção do ciclo biológico nas

duas principais espécies envolvidas até então, o cão e o bovino. Entretanto, o

avanço no conhecimento de N. caninum revelou que outros animais participam do

ciclo de vida do parasito, merecendo atenção por interferirem neste processo.

Mais recentemente, diante da identificação de animais silvestres como

hospedeiros naturais de N. caninum, foi questionada a existência de um ciclo

silvestre, e que este provavelmente interfere na epidemiologia dos rebanhos

domésticos. O protozoário, que antes tinha apenas o cão como hospedeiro definitivo

conhecido, passou a contar até o momento, com outros três canídeos da fauna

silvestre capazes de eliminar oocistos viáveis em suas fezes. Paralelamente a isso, é

crescente a identificação de cada vez mais hospedeiros intermediários naturais de N.

caninum. Assim o parasito, que já era conhecido por apresentar característica

Page 6: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

2 cosmopolita nos rebanhos domésticos, demonstrou apresentar a mesma

característica na fauna silvestre, estando presente até mesmo em regiões onde o

perfil climático se mostra desfavorável à maioria dos parasitos, como o Alasca.

Embora estudos nesta área tenham reforçado a teoria da existência do

ciclo silvestre da neosporose, sua interferência no desenvolvimento da enfermidade

em bovinos domésticos permanece não esclarecida. Demonstrou-se por meio de

avaliações moleculares que o parasito existente em cervídeos é idêntico ao

encontrado em animais domésticos, bem como é possível que tecidos daqueles

animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção para cães domésticos

(GONDIM et al., 2004b).

Diante destes novos fatos, a compreensão da epidemiologia da

neosporose e o estabelecimento de um controle eficaz tornaram-se tarefas ainda

mais complexas. Relatos de infecção em roedores e aves silvestres colocaram em

evidência que o simples monitoramento em cães e bovinos, como era preconizado,

pode não apresentar eficácia satisfatória, dada a grande capacidade de

deslocamento e adaptação destes animais, possibilitando a introdução da infecção

nas mais variadas populações.

Outro aspecto a ser considerado é a ocorrência de manifestações clínicas

nestes hospedeiros silvestres, representando problema em especial para criatórios.

Relatos de abortamentos e morte de animais adultos em decorrência da neosporose

colocam N. caninum dentre os agentes infecciosos de importância também para

animais silvestres de cativeiro.

Considerando a importância do tema na compreensão da biologia de N.

caninum, este seminário busca apresentar aspectos relevantes acerca da infecção

da fauna silvestre por este parasito, hospedeiros já descritos como susceptíveis e

inferências sobre o impacto do chamado ciclo silvestre na epidemiologia da

neosporose nos animais domésticos.

Page 7: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

3 2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Características biológicas de N. caninum

Neospora caninum apresenta ciclo biológico do tipo heteroxeno, com

participação de hospedeiros definitivos e intermediários. Utiliza duas formas distintas

de reprodução: assexuada, que acontece nos tecidos do organismo dos hospedeiros

intermediários e definitivos, caracterizada pela multiplicação rápida dos taquizoítos,

ou lenta dos bradizoítos; e sexuada, que embora não tenha sido totalmente descrita,

acontece no sistema digestivo dos hospedeiros definitivos. Acredita-se, pela

semelhança que apresenta com Toxoplasma, que ocorra a invasão das células

cilíndricas ciliadas do epitélio intestinal, formação de macro e microgametas, com

posterior fecundação e produção de oocistos, caracterizando o chamado ciclo

enteroepitelial, comum a outros membros da família Sarcocystidae (DUBEY et al.,

2002; DUBEY et al., 2007). As formas biológicas estão exemplificadas na Figura 1.

Os hospedeiros definitivos se tornam infectados ao ingerirem tecidos dos

hospedeiros intermediários que contenham cistos com badizoítos. Dentro de cinco a

20 dias após a ingestão dos bradizoítos, oocistos imaturos (ainda não esporulados)

começam a ser eliminados nas fezes. Estes se tornam maduros (esporulados) em 24

a 72 horas, dependendo de condições favoráveis de umidade, temperatura e

concentração de dióxido de carbono no meio, tornando-se assim infectantes aos

hospedeiros intermediários, que se infectam ao ingerirem água e alimentos

contaminados com oocistos maduros. Na luz intestinal, a parede do oocisto e dos

esporocistos é digerida e os esporozoítos penetram no epitélio intestinal,

diferenciando-se em taquizoítos e dando início ao processo de invasão das células

hospedeiras.

Page 8: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

4

FIGURA 1 – Formas biológicas de N. caninum. (A) Taquizoítos no interior de vacúolo parasitóforo (Pv) em cultura de fibroblastos de pele humana (linhagem HS68). Taquizoíto no citoplasma da célula hospedeira sem vacúolo visível (seta). (B) Cisto tissular em cérebro de gerbil experimentalmente infectado, 99 dias p.i., com destaque para espessura da parede cística (cabeças de seta) (DUBEY et al., 2002). (C) Oocisto não esporulado, com massa central. (D) Oocisto esporulado com dois esporocistos (seta), e contendo esporozoítos (cabeças de seta) (McALLISTER et al., 1998).

Diante da resposta do sistema imune do hospedeiro, como mecanismo de

escape e manutenção no organismo parasitado, os taquizoítos se diferenciam em

bradizoítos, desacelerando sua multiplicação e agrupando-se no interior dos cistos

nos tecidos, principalmente do sistema nervoso (McALLISTER et al., 1998; DUBEY

et al., 2002; DUBEY et al., 2007). A Figura 2 traz uma representação esquemática do

ciclo biológico de N. caninum.

Page 9: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

5

FIGURA 2 – Ciclo Biológico de Neospora caninum

Page 10: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

6 2.2 Hospedeiros susceptíveis

É característica de N. caninum a capacidade de infectar uma variada

gama de hospedeiros. Os hospedeiros definitivos são necessariamente carnívoros,

sendo conhecidas e comprovadas quatro espécies de canídeos até o momento: o

cão doméstico (Canis lupus familiaris) (McALLISTER et al., 1998; LINDSAY et al.,

1999), o coiote (Canis latrans) (GONDIM et al., 2004a), o dingo (cão silvestre

australiano – Canis lupus dingo) (KING et al., 2010) e o lobo cinzento (Canis lupus)

(DUBEY et al., 2011).

Quanto aos hospedeiros intermediários, além do cão e do bovino, existem

relatos de infecção natural em caprinos, ovinos, lagomorfos (ALMERÍA et al., 2007),

equinos, bubalinos, camelídeos (WOLF et al., 2005; SADREBAZZAZ et al., 2006),

várias espécies de cervos (TIEMANN et al., 2005; DUBEY et al., 2009), antílope,

bisão (CABAJ et al., 2005; DUBEY & THULLIEZ, 2005), guaxinim, marsupiais (YAI et

al., 2003), raposa vermelha (JAKUBEK et al., 2001; ALMERÍA et al., 2002;

HAMILTON et al., 2005; JAKUBEK et al., 2007; MURPHY et al., 2007; MARCO et al.,

2008), raposa cinzenta (LINDSAY et al., 2001), lobo (BJÖRKMAN et al., 2010),

felinos selvagens (SOBRINO et al., 2008; ANDRÉ et al., 2010), rinoceronte

(SANGSTER et al., 2010), pequenos roedores (JENKINS et al., 2007; FUEHRER et

al., 2010), capivara (TRUPPEL et al., 2010), javali (BÁRTOVÁ et al., 2006),

mamíferos marinhos (DUBEY et al., 2003) e aves como urubus e corvos (DARWICH

et al., 2011).

Foram relatadas infecções experimentais em ratos, camundongos, gerbil,

gato doméstico, suíno, cão, raposa, coiote, bovinos, ovinos, caprinos, macaco

Rhesus e algumas espécies de aves, carnívoras ou não (ÁLVAREZ-GARCÍA, 2003;

MINEO et al., 2009).

O potencial zoonótico do parasito ainda não foi completamente

esclarecido. Entretanto, relatos de sorologia positiva em humanos com algum tipo de

imunodeficiência ou não, associado ao fato do sucesso obtido na infecção

experimental em primatas não-humanos, não permite afirmar que tal potencial não

Page 11: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

7 exista, sendo necessários estudos adicionais para elucidar esta questão (TRANAS et

al., 1999; LOBATO et al., 2006; DUBEY et al., 2007; BENETTI et al., 2009).

2.3 Ciclo silvestre de N. caninum

A partir da identificação de N. caninum em diversas espécies silvestres, a

possibilidade da ocorrência de transmissão entre estes e os animais domésticos vem

sendo discutida. A existência do chamado ciclo silvestre da neosporose, que

acontece entre canídeos e herbívoros selvagens, poderia influenciar na

epidemiologia dos rebanhos domésticos, especialmente naqueles de criação

extensiva (ROSYPAL & LINDSAY, 2005; GONDIM, 2006).

Em estudo realizado por GONDIM et al. (2004b), cães domésticos foram

alimentados com cérebros de cervo da cauda branca naturalmente infectados,

sendo, posteriormente, capazes de liberar oocistos de N. caninum viáveis nas fezes.

Análises moleculares destes oocistos revelaram que a região ITS-1 (Internal

Transcribed Spacer) do DNA é idêntica à de isolados obtidos de animais domésticos.

Estes oocistos foram então administrados a um bezerro, que desenvolveu alto título

de anticorpos contra N. caninum. Com isso, foi possível comprovar que infecções por

N. caninum são transmitidas horizontalmente entre animais silvestres e domésticos

(Figura 3) e também que essa transmissão é frequente o suficiente para evitar

divergências genéticas entre isolados diferentes do parasito, permanecendo

inalterados, sejam oriundos do meio silvestre ou doméstico (ROSYPAL & LINDSAY,

2005).

Ainda segundo GONDIM et al. (2004b), a prática de caçadas pode

favorecer a infecção de cães domésticos, a partir de sua alimentação com restos de

cervos abatidos. Os autores destacam que os cervos apresentam alta capacidade de

adaptação ao ambiente de fazenda, estando assim em contato com cães

domésticos.

Page 12: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

8

FIGURA 3 – Ciclos de transmissão de N. caninum entre animais silvestres e domésticos. O ciclo doméstico (cão-bovino), transmissão de bovino para coiotes, e transmissão de cervo para cães já foram relatados. Entretanto, a transmissão entre coiotes e cervos (ciclo silvestre), de coiotes para bovinos e de cães para cervos, apesar de provável, ainda não foi comprovada (GONDIM et al., 2004b – ADAPTADO).

É cada vez mais expressivo o número de estudos que buscam identificar o

papel da fauna silvestre na manutenção de N. caninum em animais de companhia ou

em rebanhos domésticos, bem como sua contribuição para o incremento das taxas

de abortamento em bovinos. Em estudo realizado no Texas, BARLING et al. (2000)

subdividiram a região baseando-se em variáveis como a soropositividade dos

rebanhos domésticos para N. caninum, a densidade populacional destes rebanhos e

a presença de canídeos silvestres (coiotes e raposas cinzentas). Como resultado,

verificaram um aumento no risco de infecção por N. caninum nos rebanhos

Page 13: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

9 domésticos quando existe abundância destes canídeos na região. Tais estudos têm

demonstrado que há um aumento no risco de contaminação, especialmente em

rebanhos de corte, quando estão presentes canídeos silvestres (ROSYPAL &

LINDSAY, 2005).

De acordo com KING et al. (2011), a rota doméstica de transmissão de N.

caninum, onde cães de fazenda se apresentam como fonte de infecção por via

horizontal aos rebanhos, ainda permanece como forma mais eficiente de

transmissão. Os autores atribuem essa constatação ao simples fato de os cães

domésticos apresentarem maior probabilidade de contato com bovinos,

possibilitando a infecção e o fechamento do ciclo do parasito com maior eficiência.

Referindo-se à rota de transmissão silvestre, os autores afirmam que canídeos

silvestres constituem fonte de infecção principalmente para suas presas naturais,

como cervídeos, sendo então importantes na manutenção da infecção no ambiente

silvestre. Afirmam, ainda, que a infecção de rebanhos domésticos por estes animais

teria importância secundária.

Embora comprovado em pequeno número de hospedeiros, o ciclo silvestre

de N. caninum ocorre possivelmente envolvendo uma variedade de outros animais,

visto que a infecção pelo parasito foi identificada em dezenas de outros hospedeiros,

que apresentam condições favoráveis à transmissão do agente (ROSYPAL &

LINDSAY, 2005; DE CRAEYE et al., 2011).

Hospedeiros silvestres, definitivos e intermediários, representam um

importante papel na epidemiologia da neosporose, contaminando o ambiente, ou

servindo como reservatório, influenciando consideravelmente a ocorrência da doença

nos animais domésticos (SOBRINO et al., 2008; REITEROVÁ et al., 2009).

A proximidade entre veados campeiros e rebanhos domésticos e cães de

fazenda de regiões de Cerrado e Pantanal já foi apontada como possível

responsável pela elevada soroprevalência de N. caninum nos cervídeos, sugerindo

que o efeito inverso também é possível, ou seja, a influência de animais domésticos

na epidemiologia da neosporose em animais silvestres (TIEMANN et al., 2005).

A identificação de pequenos roedores silvestres como hospedeiros

intermediários é considerada epidemiologicamente importante, dada sua capacidade

Page 14: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

10 de se adaptar aos mais diferentes habitats, sejam eles silvestres, rurais ou urbanos.

Por apresentarem característica de distribuição cosmopolita, podem ser

responsáveis pela disseminação do parasita em curto período, introduzindo-o em

regiões e populações ainda não expostas, por meio da ingestão de tecidos

infectados destes roedores (GONDIM, 2006).

Do mesmo modo, relatos de aves figurando como hospedeiros de N.

caninum têm grande relevância na epidemiologia do parasito. Este fato pode ser

interpretado como um encurtamento de distâncias, onde N. caninum pode ser

introduzido em populações sem nenhum contato prévio, de maneira mais rápida e

eficaz do que qualquer medida profilática que possa ser adotada (GONDIM, 2006).

Embora não tenha sido ainda provada a capacidade de aves carnívoras

comportarem-se como hospedeiros definitivos (BAKER et al., 1995), tal possibilidade

não deve ser descartada (GONDIM, 2006).

Outro aspecto a ser considerado é a participação de mamíferos marinhos

na epidemiologia de N. caninum. A partir da identificação de anticorpos específicos

nesses animais (DUBEY et al., 2003), levanta-se a possibilidade de se comportarem

como hospedeiros intermediários. Embora sejam necessários mais estudos,

questiona-se a possibilidade da transmissão de N. caninum pelos oceanos

(GONDIM, 2006).

A evidência do ciclo silvestre deste parasito é cada vez mais relevante no

estudo de sua biologia, gerando diversas inferências acerca de sua importância na

epidemiologia da enfermidade. Entretanto, é clara a necessidade de estudos

adicionais, que sejam capazes de determinar com precisão as consequências aos

rebanhos domésticos que são expostos, seja por contato direto ou por meio de

alimento e água contaminados (GAY, 2006).

É preciso cautela na identificação de um novo hospedeiro natural de N.

caninum, principalmente em animais silvestres, devido à existência de outros

parasitos relacionados, como Hammondia heydorni. Esta apresenta proximidade

filogenética com N. caninum, possui oocistos morfologicamente similares, além de

possuir também um ciclo biológico baseado em hospedeiros definitivo (canídeo) e

intermediário (ruminante). Critério especial deve ser adotado quando a identificação

Page 15: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

11 da infecção é baseada somente em análise sorológica, pois a possibilidade de

reações cruzadas é grande, restando as técnicas de identificação molecular como

ferramentas confiáveis (GONDIM, 2006).

2.4 A neosporose nos animais silvestres

Embora susceptíveis à infecção, a observação da neosporose em animais

silvestres é rara, mesmo naqueles onde o acompanhamento é próximo, como

animais de zoológico (DUBEY, 2003; DUBEY & SCHARES, 2011). Ainda assim,

foram relatadas manifestações de neosporose fatal em animais cativos. WILLIAMS et

al. (2002) relataram a morte de um filhote de rinoceronte branco de 16 dias de idade,

sem a apresentação de qualquer sinal clínico característico. Ao exame pós-morte, foi

detectada falência cardíaca aguda, apresentando na avaliação histopatológica e

imunoistoquímica miocardite com inúmeros cistos contendo bradizoítos e taquizoítos

livres, identificados como sendo Neospora sp., em meio a um infiltrado de células

inflamatórias.

Abortamentos associados à infecção por N. caninum foram relatados em

rinoceronte branco (SANGSTER et al., 2010), alpacas e lhamas (SERRANO-

MARTÍNEZ et al., 2004). O parasito foi ainda relacionado à ocorrência de

meningoencefalomielite em cervídeo (SOLDATI et al., 2004) e à infecção sistêmica

de um rinoceronte branco de 16 anos de idade, que apresentou morte repentina e

sem qualquer manifestação clínica (SOMMANUSTWEECHAI et al., 2010).

2.5 O ciclo silvestre e o controle da neosporose bovina

O controle da neosporose bovina deve ser concentrado, basicamente, em

identificar animais positivos, reduzir os números de prevalência e impedir que novos

Page 16: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

12 animais se tornem infectados, por meio de ações que visem interromper as principais

vias de transmissão (ÁLVAREZ-GARCÍA, 2003).

Não há, na atualidade, protocolo imunoprofilático eficaz, tampouco

terapêutica aplicável em bovinos, com eficácia comprovada. Recomenda-se a

incorporação apenas de animais comprovadamente soronegativos no rebanho. A

seleção e o descarte das fêmeas regentes é um método eficiente de controle

(DUBEY & LINDSAY, 2006).

Para controle ambiental é preconizado atenção às fontes ambientais de

transmissão horizontal. Deve-se evitar a exposição e o contato de canídeos

domésticos a placentas e restos de aborto e manter fontes de alimento e água livres

do acesso de cães, prevenindo que estes defequem nesses locais (DUBEY &

LINDSAY, 2006).

A capacidade de sobrevivência do parasita, por meio de sua manutenção

em um ciclo de vida no ambiente silvestre, amplia as possibilidades de infecção dos

rebanhos domésticos. Este fato torna ainda mais difícil a implementação de medidas

que visam ao controle da neosporose, visto que as ações profiláticas preconizadas

não são aplicáveis aos animais silvestres (GONDIM et al., 2004b; ROSYPAL &

LINDSAY, 2005; GONDIM, 2006). Entretanto, tanto quanto for possível, devem-se

priorizar ações que estejam sempre voltadas à interrupção das rotas de transmissão

de N. caninum, mantendo cuidado especial às fontes de alimentação e água dos

animais domésticos.

Além da preocupação com canídeos e ruminantes silvestres, atenção

deve ser dispensada ao controle de roedores e aves silvestres, sendo estes

reservatórios e potenciais fontes de infecção aos carnívoros domésticos.

Page 17: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

13 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

N. caninum é um parasito que teve sua primeira descrição relativamente

recente, em comparação com outros parasitos que já acumulam mais cem anos

desde sua identificação. Assim, embora seja objeto de inúmeras pesquisas na busca

de elucidar aspectos na sua biologia, muito se tem a estudar.

A identificação de novos hospedeiros da fauna silvestre, observada mais

intensamente nos últimos dez anos, apresentou aos profissionais da área um novo

campo de pesquisa, com várias áreas a serem abordadas. A ocorrência do ciclo

silvestre é fato inegável. Entretanto, embora os trabalhos atuais permitam inferir

acerca das maneiras pelas quais as transmissões ocorrem, muitos pontos ainda

permanecem não esclarecidos. Novos hospedeiros definitivos e intermediários

devem ser identificados, e seu papel na epidemiologia de N. caninum deve ser

determinado.

As manifestações clínicas que vêm sendo descritas na fauna silvestre

evidenciam que, além de figurarem como fontes de infecção para animais

domésticos, os animais silvestres são susceptíveis à neosporose, e esta deve ser

considerada diante da identificação de um problema sanitário nesses animais,

especialmente em cativeiro, onde há possibilidade de um acompanhamento próximo.

Estratégias profiláticas e de controle devem levar em consideração a

participação da fauna silvestre na epidemiologia de N. caninum. Isso torna, sem

dúvida, o controle da neosporose em animais domésticos ainda mais difícil. Mesmo

diante da carência de informações já discutida, certos aspectos são imutáveis como

o monitoramento das fontes de alimentação e água oferecidas aos animais, o

cuidado com restos placentários e carcaças e o acompanhamento sorológico dos

rebanhos.

Page 18: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

14 REFERÊNCIAS

1. ALMERÍA, S.; FERRER, D.; PABÓN, M.; CASTELLÀ, J.; MAÑAS, S. Red foxes (Vulpes vulpes) are a natural intermediate host of Neospora caninum. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 107, n. 4, p. 287-294, ago. 2002. doi:10.1016/S0304-4017(02)00162-0

2. ALMERÍA, S.; VIDAL, D.; FERRER, D.; PABÓN, M.; FERNÁNDEZ-DE-MERA, M. I. G.; RUIZ-FONS, F.; ALZAGA, V.; MARCO, I.; CALVETE, C.; LAVIN, S.; GORTAZAR, C.; LÓPEZ-GATIUS, F.; DUBEY, J. P. Seroprevalence of Neospora caninum in non-carnivorous wildlife from Spain. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 143, n. 1, p. 21-28, jan. 2007. doi:10.1016/j.vetpar.2006.07.027

3. ÁLVAREZ-GARCÍA, G. Identificación y caracterización de antígenos de Neospora caninum con interés inmunodiagnóstico en bovinos. 2003. 301f. Tese (Doutorado) – Departamanto de Sanidad Animal, Facultad de Veterinaria, Universidad Complutense de Madrid, Madrid.

4. ANDRÉ, M. R.; ADANIA, C. H.; TEIXEIRA, R. H. F.; SILVA, K. F.; JUSI, M. M. G.; MACHADO, S. T. Z.; DE BORTOLLI, C. P.; FALCADE, M.; SOUSA, L.; ALEGRETTI, S. M.; FELIPPE, P. A. N.; MACHADO, R. Z. Antibodies to Toxoplasma gondii and Neospora caninum in Captive Neotropical and Exotic Wild Canids and Felids. The Journal of Parasitology, Lincoln, v. 96, n. 5, p. 1007-1009, out. 2010. doi: 10.1645/GE-2502.1

5. BAKER, D. G.; MORISHITA, T. Y.; BROOKS, D. L.; SHEN, S. K.; LINDSAY, D. S.; DUBEY, J. P. Experimental oral inoculations in birds to evaluate potential definitive hosts of Neospora caninum. The Journal of Parasitology, Lincoln, v. 81, n. 5, p. 783-785, out. 1995.

6. BARLING, K. S.; SHERMAN, M.; PETERSON, M. J.; THOMPSON, J. A.; MCNEILL, J. W.; CRAIG, T. M.; ADAMS, L. G. Spatial associations among density of cattle, abundance of wild canids, and seroprevalence to Neospora caninum in a

Page 19: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

15 population of beef calves. Journal of the American Veterinary Medical Association, Schaumburg, v. 217, n. 9, p. 1361-1365, nov. 2000.

7. BÁRTOVÁ, E.; SEDLÁK, K.; LITERÁK, I. Prevalence of Toxoplasma gondii and Neospora caninum antibodies in wild boars in the Czech Republic. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 142, n. 1-2, p. 150-153, nov. 2006. doi:10.1016/j.vetpar.2006.06.022

8. BENETTI, A. H.; SCHEIN, F. B.; SANTOS, T. R.; TONIOLLO, G. H.; COSTA, A. J.; MINEO, J. R.; LOBATO, J.; SILVA, D. A. O.; GENNARI, S. M. Pesquisa de anticorpos anti-Neospora caninum em bovinos leiteiros, cães e trabalhadores rurais da região Sudoeste do Estado de Mato Grosso. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 18, supl. 1, p. 29-33, dez. 2009. doi:10.4322/rbpv.018e1005

9. BJÖRKMAN, C.; JAKUBEK, E. –B.; ARNEMO, J. M.; MALMSTEN, J. Seroprevalence of Neospora caninum in gray wolves in Scandinavia. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 173, n. 1-2, p. 139-142, out. 2010. doi:10.1016/j.vetpar.2010.06.006

10. CABAJ, W.; MOSKWA, B.; PASTUSIAK, K.; GILL, J. Antibodies to Neospora caninum in the blood of European bison (Bison bonasus bonasus L.) living in Poland. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 128, n. 1-2, p. 163-168, mar. 2005. doi:10.1016/j.vetpar.2004.09.033

11. DARWICH, L.; CABEZÓN, O.; ECHEVERRIA, I.; PABÓN, M.; MARCO, I.; MOLINA-LÓPEZ, R.; ALARCIA-ALEJOS, O.; LÓPEZ-GATIUS, F.; LAVÍN, S.; ALMERÍA S. Presence of Toxoplasma gondii and Neospora caninum DNA in the brain of wild birds. Veterinary Parasitology, Amsterdã, 2011 (Article in Press). doi:10.1016/j.vetpar.2011.07.024

12. DE CRAEYE, S.; SPEYBROECK, N.; AJZENBERG, D.; DARDÉ, M. L.; COLLINET, F.; TAVERNIER, P.; VAN GUCHT, S.; DORNY, P.; DIERICK, K. Toxoplasma gondii and Neospora caninum in wildlife: Common parasites in Belgian

Page 20: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

16 foxes and Cervidae? Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 178, n. 1-2, p. 64-69, maio 2011. doi:10.1016/j.vetpar.2010.12.016

13. DUBEY, J. P.; BARR, B. C.; BARTA, J. R.; BJERKAS, I.; BJÖRKMAN, C.; BLAGBURN, B. L.; BOWMAN, D. D.; BUXTON, D.; ELLIS, J. T.; GOTTSTEIN, B.; HEMPHILL, A.; HILL, D. E.; HOWE, D. K.; JENKINS, M. C.; KOBAYASHI, Y.; KOUDELA, B.; MARSH, A. E.; MATTSSON, J. G.; McALLISTER, M. M.; MODRY, D.; OMATA, Y.; SIBLEY, L. D.; SPEER, C. A.; TREES, A. J.; UGGLA, A.; UPTON, S. J.; WILLIAMS, D. J.; LINDSAY, D. S. Redescription of Neospora caninum and its differentiation from related coccidia. International Journal for Parasitology, Nova Iorque, v. 32, n. 8, p. 929-946, jul. 2002. doi:10.1016/S0020-7519(02)00094-2

14. DUBEY, J. P. Review of Neospora caninum and neosporosis in animals. The Korean Journal of Parasitology, Seul, v. 41, n. 1, p.1-16, mar. 2003. doi: 10.3347/kjp.2003.41.1.1.

15. DUBEY, J. P.; ZARNKE, R.; THOMAS, N. J.; WONG, S. K.; VAN BONN, W.; BRIGGS, M.; DAVIS, J. W.; EWING, R.; MENSE, M.; KWOK, O. C. H.; ROMAND, S.; THULLIE, P. Toxoplasma gondii, Neospora caninum, Sarcocystis neurona, and Sarcocystis canis-like infections in marine mammals. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 116, n. 4, p. 275-296, out. 2003. doi:10.1016/S0304-4017(03)00263-2

16. DUBEY, J. P.; THULLIEZ, P. Prevalence of Antibodies to Neospora caninum in Wild Animals. The Journal of Parasitology, Lincoln, v. 91, n. 5, p. 1217-1218, out. 2005. doi: 10.1645/GE-576R.1

17. DUBEY, J. P.; LINDSAY, D. S. Neosporosis, Toxoplasmosis, and Sarcocystosis in Ruminants. The Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, Philadelphia, v. 22, n. 3, p. 645-671, nov. 2006. doi:10.1016/j.cvfa.2006.08.001

18. DUBEY, J. P.; SCHARES, G.; ORTEGA-MORA, M. Epidemiology and control of neosporosis and Neospora caninum. Clinical microbiology Reviews, Washington, v. 20, n. 2, p. 323-367, abr. 2007. doi:10.1128/CMR.00031-06

Page 21: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

17

19. DUBEY, J. P.; JENKINS, M. C.; KWOK, O. C. H.; ZINK, R. L.; MICHALSKI, M. L.; ULRICH, V.; GILL, J.; CARSTENSEN, M.; THULLIEZ, P. Seroprevalence of Neospora caninum and Toxoplasma gondii antibodies in white-tailed deer (Odocoileus virginianus) from Iowa and Minnesota using four serologic tests. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 161, n. 3-4, p. 330-334, maio 2009. doi:10.1016/j.vetpar.2009.01.002

20. DUBEY, J. P.; SCHARES, G. Neosporosis in animals—The last five years. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 180, n. 1-2, p. 90-108, ago. 2011. doi:10.1016/j.vetpar.2011.05.031

21. DUBEY, J. P.; JENKINS, M. C.; RAJENDRAN, C.; MISKA, K.; FERREIRA, L. R.; MARTINS, J.; KWOK, O. C. H.; CHOUDHARY, S. Gray wolf (Canis lupus) is a natural definitive host for Neospora caninum. Veterinary Parasitology, Amsterdã, 2011 (Article in Press). doi:10.1016/j.vetpar.2011.05.018

22. FUEHRER, H. P.; BLÖSCHL, I.; SIEHS, C.; HASSL, A. Detection of Toxoplasma gondii, Neospora caninum, and Encephalitozoon cuniculi in the brains of common voles (Microtus arvalis) and water voles (Arvicola terrestris) by gene amplification techniques in western Austria (Vorarlberg). Parasitology Research, Berlim, v. 107, n. 2, p. 469-473, jul. 2010. doi: 10.1007/s00436-010-1905-z

23. GAY, J. M. Neosporosis in dairy cattle: An update from an epidemiological perspective. Theriogenology, Stoneham, v. 66, n. 3, p. 629-632, ago. 2006. doi:10.1016/j.theriogenology.2006.04.009

24. GONDIM, L. F.; McALLISTER, M. M.; PITT. W. C.; ZEMLICKA D. E. Coyotes (Canis latrans) are definitive hosts of Neospora caninum. International Journal for Parasitology, Nova Iorque, v.34, n. 2, p. 159-161, fev. 2004a.doi:10.1016/j.ijpara.2004.01.001

25. GONDIM, L. F.; McALLISTER, M. M.; MATEUS-PINILLA, N. E.; PITT, W. C.; MECH, L. D.; NELSON, M. E. Transmission of Neospora caninum between wild and

Page 22: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

18 domestic animals. The Journal of Parasitology, Lincoln, v. 90, n. 6, p. 1361-1365. dez. 2004b. doi: 10.1645/GE-341R

26. GONDIM, L. F. P. Neospora caninum in wildlife. Trends in Parasitology, Oxford, v. 22, n. 6, p. 247-252, jun. 2006. doi:10.1016/j.pt.2006.03.008

27. HAMILTON, C. M.; GRAY, R.; WRIGHT, S. E.; GANGADHARAN, B.; LAURENSON, K.; INNES, E. A. Prevalence of antibodies to Toxoplasma gondii and Neospora caninum in red foxes (Vulpes vulpes) from around the UK. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 130, n. 1-2, p. 169-173, jun. 2005. doi:10.1016/j.vetpar.2005.03.020

28. JAKUBEK, E. –B.; BRÖJER, C.; REGNERSEN, C.; UGGLA, A.; SCHARES, G.; BJÖRKMAN, C. Seroprevalences of Toxoplasma gondii and Neospora caninum in Swedish red foxes (Vulpes vulpes). Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 102, n. 1-2, p. 167-172, dez. 2001. doi:10.1016/S0304-4017(01)00513-1

29. JAKUBEK, E. B.; FARKAS, R.; PÁLFI, V.; MATTSSON, J. G. Prevalence of antibodies against Toxoplasma gondii and Neospora caninum in Hungarian red foxes (Vulpes vulpes). Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 144, n. 1-2, p. 39-44, mar. 2007. doi:10.1016/j.vetpar.2006.09.011

30. JENKINS, M. C.; PARKER, C.; HILL, D.; PINCKNEY, R. D.; DYER, R.; DUBEY, J. P. Neospora caninum detected in feral rodents. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 143, n. 2, p. 161-165, jan. 2007. doi:10.1016/j.vetpar.2006.08.011

31. KING, J. S.; ŠLAPETA, J.; JENKINS, D. J.; AL-QASSAB, S. E.; ELLIS, J. T.; WINDSOR, P. A. Australian dingoes are definitive hosts of Neospora caninum. International Journal for Parasitology, Nova Iorque, v.40, n. 8, p. 945-950, jul. 2010. doi:10.1016/j.ijpara.2010.01.008

32. LINDSAY, D. S.; DUBEY, J. P.; DUNCAN, R. B. Confirmation that the dog is a definitive host for Neospora caninum. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 82, n. 4, p. 327-333, maio 1999. doi:10.1016/S0304-4017(99)00054-0

Page 23: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

19

33. LINDSAY, D. S.; WESTON, J. L.; LITTLE, S. E. Prevalence of antibodies to Neospora caninum and Toxoplasma gondii in gray foxes (Urocyon cinereoargenteus) from South Carolina. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 97, n. 2, p. 159-164, maio 2001. doi:10.1016/S0304-4017(01)00390-9

34. LOBATO, J.; SILVA, D. A. O.; MINEO, T. W. P.; AMARAL, J. D. H. F.; SEGUNDO, G. R. S.; COSTA-CRUZ, J. M.; FERREIRA, M. S.; BORGES, A. S.; MINEO, J. R. Detection of immunoglobulin G antibodies to Neospora caninum in humans: high seropositivity rates in patients who are infected by human immunodeficiency virus or have neurological disorders. Clinical and Vaccine Immunology, Washington, v. 13, n. 1, p. 84-89, jan. 2006. doi:10.1128/CVI.13.1.84-89.2006

35. MARCO, I.; FERROGLIO, E.; LÓPEZ-OLVERA, J. R.; MONTENÉ, J.; LAVÍN, S. High seroprevalence of Neospora caninum in the red fox (Vulpes vulpes) in the Pyrenees (NE Spain). Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 152, n. 3-4, p. 321-324, abr. 2008. doi:10.1016/j.vetpar.2008.01.003

36. McALLISTER M. M.; DUBEY J. P.; LINDSAY D. S.; JOLLEY W. R.; WILLS R. A.; MACGUIRE A. M. Dogs are definitive hosts of Neospora caninum. International Journal for Parasitology, Nova Iorque, v. 28, n. 9, p.1473-1478, set. 1998. doi:10.1016/S0020-7519(98)00138-6

37. MINEO, T. W. P.; CARRASCO, A. O. T.; MARCIANO, J. A.; WERTHER, K.; PINTO, A. A.; MACHADO, R. Z. Pigeons (Columba livia) are a suitable experimental model for Neospora caninum infection in birds. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 159, n. 2, p. 149-153, fev. 2009. doi:10.1016/j.vetpar.2008.10.024

38. MURPHY, T. M.; WALOCHNIK, J.; HASSL, A.; MORIARTY, J.; MOONEY, J.; TOOLAN, D.; SANCHEZ-MIGUEL, C.; O’LOUGHLIN, A.; MCAULIFFE, A. Study on the prevalence of Toxoplasma gondii and Neospora caninum and molecular evidence of Encephalitozoon cuniculi and Encephalitozoon (Septata) intestinalis infections in

Page 24: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

20 red foxes (Vulpes vulpes) in rural Ireland. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 146, n. 3-4, p. 227-234, maio 2007. doi:10.1016/j.vetpar.2007.02.017

39. REITEROVÁ, K.; ŠPILOVSKÁ, S.; ANTOLOVÁ, D.; DUBINSKÝ, P. Neospora caninum, potential cause of abortions in dairy cows: The current serological follow-up in Slovakia. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 159, n. 1, p. 1-6, jan. 2009. doi:10.1016/j.vetpar.2008.10.008

40. ROSYPAL, A. C.; LINDSAY, D. S. The sylvatic cycle of Neospora caninum: where do we go from here? Trends in Parasitology, Oxford, v. 21, n. 10, p. 439-440, out. 2005. doi:10.1016/j.pt.2005.08.003

41. SADREBAZZAZ, A.; HADDADZADEH, H.; SHAYAN, P. Seroprevalence of Neospora caninum and Toxoplasma gondii in camels (Camelus dromedarius) in Mashhad, Iran. Parasitology Research, Berlim, v. 98, n. 6, p. 600-601, maio 2006. doi: 10.1007/s00436-005-0118-3

42. SANGSTER, C.; BRYANT, B.; CAMPBELL-WARD, M.; KING, J. S.; ŠLAPETA, J. Neosporosis in an Aborted Southern White Rhinoceros (Ceratotherium simum simum) Fetus. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, Lawrence, v. 41, n. 4, p. 725-728, dez. 2010. doi: 10.1638/2009-0250.1

43. SERRANO-MARTÍNEZ, E.; COLLANTES-FERNÁNDEZ, E.; RODRÍGUEZ-BERTOS, A.; CASAS-ASTOS, E.; ÁLVAREZ-GARCÍA, G.; CHÁVEZ-VELÁSQUEZ, A.; ORTEGA-MORAET, L. M. Neospora species-associated abortion in alpacas (Vicugna pacos) and llamas (Llama glama). The Veterinary Record, Londres, v. 155, n. 23, p. 748-749, dez. 2004. doi:10.1136/vr.155.23.748

44. SOBRINO, R.; DUBEY, J. P.; PABÓN, M.; LINAREZ, N.; KWOK, O. C.; MILLÁN, J.; ARNAL, M. C.; LUCO, D. F.; LÓPEZ-GATIUS, F.; THULLIEZ, P.; GORTÁZAR, C.; ALMERÍA, S. Neospora caninum antibodies in wild carnivores from Spain. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 155, n. 3-4, p. 190-194, ago. 2008. doi:10.1016/j.vetpar.2008.05.009

Page 25: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

21 45. SOLDATI, S.; KIUPEL, M.; WISE, A.; MAES, R.; BOTTERON, C.; ROBERT, N. Meningoencephalomyelitis Caused by Neospora caninum in a Juvenile Fallow Deer (Dama dama). Journal of Veterinary Medicine/A, Berlim, v. 51, n. 5, p. 280-283, ago. 2004. doi: 10.1111/j.1439-0442.2004.00646.x

46. SOMMANUSTWEECHAI, A.; VONGPAKORN, M.; KASANTIKUL, T.; TAEWNEAN, J.; SIRIAROONRAT, B.; BUSH, M.; PIRARAT, N. Systemic neosporosis in a white rhinoceros. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, Lawrence, v. 41, n. 1, p. 164-167, mar. 2010. doi: 10.1638/2009-0048.1

47. TIEMANN, J. C. H.; SOUZA, S. L. P.; RODRIGUES, A. A. R.; DUARTE, J. M. B.; GENNARI, S. M. Environmental effect on the occurrence of anti-Neospora caninum antibodies in pampas-deer (Ozotoceros bezoarticus). Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 134, n. 1-2, p. 73-76, nov. 2005. doi:10.1016/j.vetpar.2005.07.015

48. TRANAS, J.; HEINZEN, R. A.; WEISS, L. M.; McALLISTER, M. M. Serological evidence of human Infection with the protozoan Neospora caninum. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, Washington, v. 6, n. 5, p. 765-767, set. 1999.

49. TRUPPEL, J. H.; MONTIANI-FERREIRA, F.; LANGE, R. R.; VILANI, R. G. D’O. C.; REIFUR, L.; BOERGER, W.; COSTA-RIBEIRO, C. V.; THOMAZ-SOCCOL, V. Detection of Neospora caninum DNA in capybaras and phylogenetic analysis. Parasitology International, Amsterdã, v. 59, n. 3, p. 376-379, set. 2010. doi:10.1016/j.parint.2010.05.001

50. WILLIAMS, J. H.; ESPIE, I.; VAN WILPE, E.; MATTHEE, A. Neosporosis in a white rhinoceros (Ceratotherium simum) calf. Journal of the South African Veterinary Association, Pretoria, v. 73, n. 1, p. 38-43, mar. 2002.

51. WOLF, D.; SCHARES, G.; CARDENAS, O.; HUANCA, W.; CORDERO, A.; BÄRWALD, A.; CONRATHS, F. J.; GAULY, M.; ZAHNER, H.; BAUER, C. Detection of specific antibodies to Neospora caninum and Toxoplasma gondii in naturally infected alpacas (Lama pacos), llamas (Lama glama) and vicuñas (Lama vicugna)

Page 26: CICLO SILVESTRE DE Neospora caninum E SUA … · Os estudos epidemiológicos da neosporose, bem como suas estratégias ... animais, naturalmente infectados, sejam fontes de infecção

22 from Peru and Germany. Veterinary Parasitology, Amsterdã, v. 130, n. 1-2, p. 81-87, jun. 2005. doi:10.1016/j.vetpar.2005.03.024

52. YAI, L. E.; CAÑON-FRANCO, W. A.; GERALDI, V. C.; SUMMA, M. E.; CAMARGO, M. C.; DUBEY, J. P.; GENNARI, S. M. Seroprevalence of Neospora caninum and Toxoplasma gondii antibodies in the South American opossum (Didelphis marsupialis) from the city of São Paulo, Brazil. The Journal of Parasitology, Lawrence, v. 89, n. 4, p. 870-871, ago. 2003. doi: 10.1645/GE-83R