Cidadania a Luz Da Justiça

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A Constituio Federal de 1988 estabelece a cidadania como princpio fundamental da Repblica Federativa do Brasil

A CIDADANIA S LUZES DA JUSTIACamila Figueiredo Alexandre

RESUMO: Este trabalho tem como meta fazer um estudo sobre a aplicao da cidadania no Poder Judicirio como forma de se obter Justia. Cidado no apenas o titular de Direitos polticos. A definio desse princpio Constitucional se extende ao mbito Judicirio. Contudo, a sua prtica encontra obstculos no plano nacional.

PALAVRAS-CHAVE: Cidadania; Estado Democrtico de Direito; Democracia; Povo; Constituio Federal; Soberania Popular.

Cidadania no um tema recente. Desde a Antiguidade este conceito discutido. Mas este vocbulo sofre variaes de acordo com Regime Poltico. De acordo com Aristteles (apud Bittar, 2002, p.74), ser cidado um encargo ativo no quadro das atribuies cvico-polticas, e consiste em participar nas funes de juiz e na elegibilidade nas magistraturas, sob esta perspectiva, mulheres, escravos e crianas no eram dotados desse ttulo. Analisando essa concepo sobre a luz da contemporaneidade e democracia, verifica-se que a definio de cidado no se atm mais a essa classificao. Hoje, no h que se falar em escravido. As mulheres e crianas, assim como os homens, so sujeitos de direitos. A Constituio Federal de 1988 estabelece a cidadania como princpio fundamental da Repblica Federativa do Brasil. Mas o que cidadania? Aqui, no se busca destacar tal conceito como simples conjunto de pessoas dotadas de direitos polticos. Como aponta Jos Afonso da Silva, lembrando o renomado Professor Jorge Miranda, cidadania est aqui num sentido mais amplo do que o de titular de direitos polticos. Qualifica os participantes da vida do Estado, o reconhecimento do indivduo como pessoa integrada na sociedade estatal . O indivduo tambm exerce cidadania buscando seus direitos no acesso a Justia.

Para CARVALHO (2002, p. 243), cidadania uma terminologia aplicvel a pessoas fsicas, a qual garante status para o exerccio de direitos polticos. Contudo, a idia de cidadania no se acha restrita ao cidado eleitor, mas se projeta em vrios instrumentos jurdicos-polticos imprescindveis para viabiliz-la.

Tal conceito deve ser relacionado com o de democracia. O Poder Constituinte originrio optou pelo Estado Democrtico de Direito, o qual assenta seus alicerces na participao popular em questes que envolvem a coisa pblica. A soberania popular reflete a formao de uma lei que busca justia e igualdade de todos na medida de suas desigualdades. Para Moraes (2005, p. 17), esse Estado de Direito significa a exigncia de reger-se por normas democrticas, com eleies livres, peridicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades pblicas aos direitos e garantias fundamentais. Ele se empenha para que a cidadania flua com plenitude, por isso que a atual Carta Constitucional Brasileira chamada de Constituio Cidad. O povo passa a atuar de forma mais ativa na vida poltica do Estado, uma vez que a ele foi concedido poder. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituio.

atravs da adoo de uma Democracia participativa que o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, pode eleger aqueles que ocuparo os cargos de mando no Governo e junto deles compartilhar algumas tarefas. Mas, sabe-se que os integrantes do poder judicirio no so propriamente escolhidos pelo povo. Este fato se explica na necessidade de conhecimento tcnico, fundamental para o exerccio de tal funo. Logo, essas pessoas que exercem as tarefas referentes ao Judicirio so angariadas, em geral, por via do concurso pblico que se faz mediante a aplicao de provas e analise de ttulos (NALINE, 2004). De acordo com NALINI (2004, p.12), para um paradigma de Democracia Participativa, as frmulas de participao do povo na administrao da Justia esto a carecer de intensificao e incremento. E assim, o prprio autor questiona: estaria em estgio mais avanado o acesso da cidadania ao sistema estatal encarregado de realizar o justo concreto? .

Em consonncia com o mesmo autor, o acesso Justia no pode se resumir unicamente ao Poder Judicirio. Ele um dos elementos necessrios para a sua conquista, mas no constitui a totalidade do amparo jurdico. Portanto, a prtica do justo, a qual deve ser assegurada a todos os cidados, independentemente da posio scio-econmica, baseia-se na garantia e proteo materiais de qualquer direito. No se restringe, pois, a prestao jurisdicional, mas ao alcance de uma ordem jurdica justa.

A Constituio da Repblica tentou legitimar tal aspecto atravs da garantia da ampla defesa, isonomia, contraditrio, arrimo jurdico gratuito e outros remdios constitucionais. Todavia, no favoreceu, de forma prtica, o acesso de todos os brasileiros justia.

O desconhecimento do direito a primeira barreira. Muitos no procuram a justia por no conhecerem a lei. Um fator que contribui para essa afirmativa a baixa escolaridade da populao e o analfabetismo. Outra questo a miserabilidade, que coloca inmeros brasileiros margem da sociedade, em situaes precrias, desprovidos de esperana, de projeto, de qualquer perspectiva de incluso (...), recorrer Justia humana parece algo irrealizvel, sofisticado e inteiramente ficcional .

Soma-se a isso a dificuldade de acesso ao advogado. O nmero de defensores pblicos insuficiente para a quantidade de demandas. Eles no conseguem atender s necessidades da populao. As instalaes da defensoria pblica no comportam o nmero de pessoas. O Estado no destina verba e recursos suficientes que facilitem a celeridade do atendimento. Quem opta por esse tipo de servio obrigado a se submeter morosidade da busca por uma soluo do conflito.

A linguagem do cientista do direito mais um obstculo. Ela intimida e impede o acesso do maior interessado na soluo do conflito: o litigante. O vocabulrio tcnico oferece uma m interpretao dos procedimentos por parte do leigo.

Outra questo a morosidade do processo. A lacuna da lei permite a protelao da resoluo da lide. O requerido, mesmo reconhecendo o direito do requerente, posterga a ao num ato de m-f, simplesmente por no querer arcar com obrigao que constituiu com a outra parte.

Os operadores do direito tambm no sabem lidar com as necessidades da populao. A busca da agilidade do processo no conciliada com a necessidade de dar ao indivduo maior esclarecimento e segurana quanto ao andamento da ao. A falta e desconhecimento levam o litigante a um desconforto. Alm do mais, a figura do advogado no bem vista. Infelizmente, a m ndole de alguns leva o senso comum a generalizar imagem do profissional. Dentro do prprio Judicirio existem prticas que atentam contra a busca da justia. Pode-se citar os artifcios de burlar a lei atravs do pagamento de propinas e do apadrinhamento. A ttulo de exemplificaes pode-se citar algumas publicaes da mdia referentes a esses tipos de falcatruas, como os casos de Joo Carlos Rocha Mattos e Nicolau do Santos Neto.

No h como defender uma qualidade de vida saudvel sem a preservao da cidadania, em todos os seus mbitos. Nesse sentido, a efetiva proteo desse aspecto basilar torna-se essencial no tange ao alcance a uma assistncia jurdica completa.

O que se pode observar o maquiavelismo da atividade estatal. Para Maquiavel, um governo no precisa tentar impressionar as pessoas, preocupa-se com a soluo dos problemas do reinado, de acordo com seus prprios interesses. Fazer o uso da lei e da fora indispensvel na vida de um governante, tendo em vista os seus benefcios pessoais, devendo preocupar-se em agir na medida certa, visto que seu objetivo se manter no poder e no satisfazer as vontades do povo.

O governante deveria ser ntegro, honesto e praticar atos legais, entretanto, o que se observa, na maioria das vezes, a falta da tica e da moral.

O princpio da separao dos poderes existe para proteger o povo da ganncia poltica, e dar maior eficincia s funes estatais. Contudo, o que se observa um Estado lento e corrupto. tica e poltica, na maioria das vezes, no se misturam. A partir do momento que o homem comea a fazer parte da poltica de um pas, descura-se do seu senso tico.

REFERNCIAS

BITTAR, Eduardo C. B. Doutrina e filosofias polticas: contribuies para a histria das idias polticas. So Paulo: Atlas, 2002. p.75.CARVALHO, Kildare Gonalves. Direito Constitucional Didtico. 8 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. p. 243-244.BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva, com a colaborao de Antonio Luiz de Toledo Pinto e Mrcia Cristina Vaz dos Santos Windt. 37. ed. So Paulo: Saraiva, 2005.

FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Novo Dicionrio Aurlio Eletrnico Sculo XXI, verso 3.0, Nov./1999.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17 ed. So Paulo: Atlas, 2005.

MAQUIAVEL, Nicola. O prncipe. Trad. Maria Lcia Cumo. 6 ed. Rio de janeiro: paz e terra, 1996.

PINSKY, Jaime. Prticas de Cidadania. So Paulo: Contexto, 2004.

SILVA, Jos Afonso da. Curso do Direito Constitucional Positivo. 18 ed. So Paulo: Malheiros, 2000. p.108.

Justia e Cidadania. Disponvel em:

< http://www.uepg.br/nupes/justica/Justica_Cidadania.htm > Acesso em: 2 abril. 2006. Aluna do 3 Perodo do Curso de Direito do Centro Universitrio Newton Paiva, turma 666, manh.

BITTAR, Eduardo C. B. Doutrina e filosofias polticas: contribuies para a histria das idias polticas. So Paulo: Atlas, 2002. p.75.

SILVA, Jos Afonso da. Curso do Direito Constitucional Positivo. 18 ed. So Paulo: Malheiros, 2000. p.108.

CARVALHO, Kildare Gonalves. Direito Constitucional Dittico. 8 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. p. 243-244.

BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva, com a colaborao de Antonio Luiz de Toledo Pinto e Mrcia Cristina Vaz dos Santos Windt. 37. ed. So Paulo: Saraiva, 2005.

PINSKY, Jaime. Prticas de Cidadania. So Paulo: Contexto, 2004.

PINSKY, Jaime. Prticas de cidadania. So Paulo: contexto, 2004. p. 13.

Idem, p.14.

Idem, Ibidem.

MAQUIAVEL, Nicola. O prncipe. Trad. Maria Lcia Cumo. 6 ed. Rio de janeiro: paz e terra, 1996.