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CIDADANIA - ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA O ACESSO À JUSTIÇA (*) Sérgío Augusto Frederico Advogado e MeSlrando em DireiTO no Programa de Pós-Graduação da Instituição Toledo de Ensino, l' Turma 1. INTRODUÇÃO Cidadania compõe um dos temas mais discutidos na atualidade, que, a nosso ver, é a palavra que melhor pode exprimir ou que maior pertinência tem com o grau de inconformismo e indignação daqueles que aspiram a uma melhoria da qualidade de vida da população, que anseiam e lutam por justiça. Assim, não como falar de cidadania sem justiça e de justiça sem o exerCÍcio da cidadania. Constitui função do Estado (art. 1°, da CF), em conjunto com a sociedade civil (CF, arts. 194 e ss., 205, 216, parágrafo e 227, dentre outros), garantir e proteger o exerCÍcio da cidadania, como meio de se alcançar o almejado bem-estar de seus cida- dãos. O art. 3°, da CF, reforça esse propósito, dizendo ser objetivo do Estado brasilei- ro, dentre outros, ''promover o bem de todos sem preconceitos ... " Assim, imprescin- dível a conjugação de esforços entre o cidadão, a sociedade eo Estado, no aprimo- ramento da cidadania. Imprescindível por força de preceito constitucional. Imprescin- dível pelo aspecto humanitário, que deve presidir as ações humanas. ÉAristóteles quem nos diz que toda ação e propósito objetivam a algum bem e que esse bem supremo é a felicidade (que significa ser feliz). Afelicidade se sobrepiíe a qualquer outro bem, porque ela basta por si mesma, ou seja, ninguém escolhe a fe- licidade por qualquer outra coisa além dela mesma.! Quando se diz então que é objeti- 'Sob orientacão da Probsora Domora Iara de Toledo Fernandes lAristóteles, a Nicômacos.

CIDADANIA - ELEMENTO FUNDAMENTAL JUSTIÇA Sérgío … · cidadania sem justiça e de justiça sem o exerCÍcio da cidadania. Constitui função do . Estado (art. 1°, da CF), em

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CIDADANIA - ELEMENTO FUNDAMENTAL

PARA O ACESSO À JUSTIÇA (*)

Sérgío Augusto Frederico Advogado e MeSlrando em DireiTO no Programa de

Pós-Graduação da Instituição Toledo de Ensino, l' Turma

1. INTRODUÇÃO

Cidadania compõe um dos temas mais discutidos na atualidade, já que, a nosso ver, é a palavra que melhor pode exprimir ou que maior pertinência tem com o grau de inconformismo e indignação daqueles que aspiram a uma melhoria da qualidade de vida da população, que anseiam e lutam por justiça. Assim, não há como falar de cidadania sem justiça e de justiça sem o exerCÍcio da cidadania.

Constitui função do Estado (art. 1°, da CF), em conjunto com asociedade civil (CF, arts. 194 e ss., 205, 216, parágrafo 1° e 227, dentre outros), garantir e proteger o exerCÍcio da cidadania, como meio de se alcançar o almejado bem-estar de seus cida­dãos. O art. 3°, da CF, reforça esse propósito, dizendo ser objetivo do Estado brasilei­ro, dentre outros, ''promover o bem de todos sem preconceitos ..." Assim, imprescin­dível a conjugação de esforços entre o cidadão, a sociedade e o Estado, no aprimo­ramento da cidadania. Imprescindível por força de preceito constitucional. Imprescin­dível pelo aspecto humanitário, que deve presidir as ações humanas.

ÉAristóteles quem nos diz que toda ação e propósito objetivam a algum bem e que esse bem supremo é a felicidade (que significa ser feliz). Afelicidade se sobrepiíe a qualquer outro bem, porque ela basta por si mesma, ou seja, ninguém escolhe a fe­licidade por qualquer outra coisa além dela mesma.! Quando se diz então que é objeti­

'Sob orientacão da Probsora Domora Iara de Toledo Fernandes lAristóteles, ~tica a Nicômacos.

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INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO332 SÉRGIO AUGUSTO f REDE

vo do Estado brasileiro "promover obem de todos ... ", deve-se subentender, que é fun­ção do Estado nacional promover afelicidade de todos. O exercício da cidadania se faz então presente e necessário, justamente para gar:mtir e preservar esse estado de felicidade. Abusca da felicidade e da dignidade humana, com o passar dos tempos, fez mudar aconcepção de cidadania, que hoje nada mais é do que um processo participa­tivo do povo nos desígnios de seu país, nos desígnios de sua própria existência.

Um país só pode desenvolver-se na medida da patticipação política, social e hu­manitária de seu povo. Bem sabemos o diminuto grau de cidadania de nosso país, comparado a outros, o que tem eXigido, principalmente de nós, operadores do Direi­to, imensos debates e estudos, como este que modestamente apresentamos. Para não voltar muito atrás no tempo, 1964 para cá, poderíamos dizer do período em que se lutava por democracia e também naquela época esse princípio fundamental, embora já consagrado universalmente, nos parecia distante. Mas era a bandeira. Da mesma for­ma, hoje deve ser acidadania. Se ontem, forças democráticas arregimentaram-se na luta contra o Estado autoritário e o venceram, deve-se hoje somar esforços na luta pe­lo Estado Democrático de Direito.

Averdade é que nós sabemos inexistente o Estado de Direito para uma boa par­cela da população, reforçado pela crescente desigualdade social que assola o País. É objetivo do exercício da cidadania, ao menos, amenizá-la. Há de se definir, então, até que ponto o Estado deve interferir. Qual o papel do cidadão e da sociedade. Mas, mais importante ainda, num primeiro momento, é saber que, apesar da latente exclusão so­cial, existe um canal aberto para reversão desse quadro. Veja a lapidar colocação de T.H. Marshall neste sentido: "a desigualdade do sistema de classes sociais pode ser aceitável desde que a igualdade de cidadania seja reconhecida".' (grifo nosso)

Aigualdade de cidadania deve estar presente no processo, sobretudo no novo Processo Ci\~l "Social", que deve refletir as verdadeiras aspirações da sociedade. O processo é um meio de se fazer justiça, de se exercitar a cidadania. No entanto, há de, primeiro, estimular o conhecimento do direito e a luta pelo direito, como meio de acesso e conquista da justiça.

2. ANOVA CONCEPÇÃO DE CIDADANIA

Cidadania, tal como se apresenta na nossa Constituição Federal, é hoje mais do que o outrora conceito meramente político de participação. Como professam os escritos sobre a matéria,grosso modo, equivale à luta pelos Direitos Humanos. Énesse sentido que caminham os conceitos que traremos a seguir, começando pelo respeitá­vel jurista Fábio Konder Comparato: "A idéia mestra da nova cidadania consiste em fazer com que o povo se torne parte principal do processo de seu desenvol~mento e promoção social: é a idéia de participação"!. No mesmo sentido caminha Marília

1 MARSHALL, T.H., Cidadania, Classe Social e Status, p. 61 'COMPARATO, Fábio Konder, op. cit., p, 92.

Muricy, comentando acerca na concepção democrática povo, sua direta participaI Geraldo Brito F.ilomeno, cie natário do bem comum de gama de seus direitos indi, sua disposição pelos orgaI organizar-se para obter esse sa. "5 Para Kant, cidadania Constituição garantidora dt tema representativo: "toda sistir num sistema represeI seus deputados. No entantl vemo, etc.) , mas é ele me~

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3. ESTADO DEMOCIW

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çÃO TOLEDO DE ENSINO SÉRGIO AUGUSTO FREDERICO 333

~·se subentender, que é fun­) exercício da cidadania se e preservar esse estado de Im opassar dos tempos, fez que um processo participa­ua própria existência. ipação política, social e hu­~ cidadania de nosso país, ~ nós, operadores do Direi­Ite apresentamos. Para não zer do período em que se :ípio fundamental, embora abandeira. Da mesma for­icas arregimentaram-se na somar esforços na luta pe-

Direito para uma boa par­social que assola o País. É lá de se definil; então, até eda sociedade. Mas, mais sar da latente exclusão so­:ja a lapidar colocação de : classes sociais pode ser jda".2 (grifo nosso) essa, sobretudo no novo )irações da sociedade. O dania. No entanto, há de, ~ direito, como meio de

)Federal, é hoje mais do 10. Como professam os rei tos Humanos. Énesse lmeçando pelo respeitá­1 cidadania consiste em :seu desenvolvimento e entido caminha Marília

Muricy, comentando acerca da dimensão da cidadania, afirmando que esta, na moder­na concepção democrática "exige, para além do voto e da delegação da vontade do povo. sua direta participação nas decisões e no controle do Estado"'. Para José Geraldo Brito Filomeno, cidadania é: "A qualidade de todo ser humano, como desti­natário do bem comum de qualquer estado, que o habilita a ver reconhecida toda a gama de seus direitos individuais e sociais, mediante tutelas adequadas colocadas a sua disposição pelos organismos institucionalizados, bem como a prerrogativa de organizar-se para obter esses resultados ou acesso àqueles meios de proteção ou defe­sa"5 Para Kant, cidadania está relacionada ao Estado de Direitd, baseado numa Constituição garantidora de uma coexistência social, fundado principalmente no sis­tema representativo: "toda verdadeira república só pode sê-lo na medida em que con­sistir num sistema representativo em que os direitos do povo sejam defendidos por seus deputados. No entanto o povo não representa o soberano (o rei, o chefe do go­verno, etc.) , mas é ele mesmo soberano, pois é nele que se situa originariamente o poder supremo, do qual derivam os direitos dos indMduos enquanto cidadãos".) Por sua vez, o professor Pedro Demo, fala em cidadania emancipatória, que ele define como: "competência humana de fazer-se sujeito, para fazer história própria e coleti­vamente organizada".8

Dentro da nossa ótica de trabalho, temos para nós que cidadania é exercício permanente de luta (por direito e dever) contra situações de injustiça e também de controle e defesa dos órgãos públicos e privados. Cidadania é um processo constante de panicipação e também de transformação, objetivando o bem-comum ou até mesmo próprio. Cidadania é interessar-se pelo conhecimento do direito, lutar pelo di­reito, para, em última instância, socorrer-se ao Judiciário.

No sentido oposto, não-cidadão é aquele que, por ignorância ou comodismo, não se rebela ou mantém-se indiferente àsituações de injustiça. Não expressa indignação; não se solidariza; não empreende esforço para obem comum; egocêntrico, tem ações voltadas para si ou para ogrupo de amigos ou familiar; via de regra, tem natureza pessimista.

Não-cidadão é aquele que: "Entende injustiça como destino. Faz a riqueza do outro, sem dela participar."9

3. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Se a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Di­reito e tem como fundamento a cidadania, inevitável a apresentação deste capítulo.

'MURICY, Manlia, Cidadania, partiCIpação e controle do Estado Novos instrumentos constitucionals, p. 109/110. 'FlLOMENO, José Geraldo Brito, Teoria Geral do Estado e Ciência Política, p. 233­'ClCCO, Cláudio de, Kallt e o Estado de Direito: Oproblema do fundamento da cidadania, p. 183. 'KANT, Emmanuel, Doctrine du Droit, p. 224, apud CICCO, Cláudio de, op. cit., p. 183­'DEMO, Pedro, Cidada/lia Tutelada e Cidadania Assistida, p. 1 'DEMO, Pedro, Cidadania Tutelada e Cidada/lia Assistida, p. 2.

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INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO334

Importa-nos mais, no presente trabalho, trazer a finalidade do Estado que, se­gundo Dalmo de Abreu Dalari, "... é o bem comum, entendido este como o concei­tuou o Papa João XXIII, ou seja, o conjunto de todas as condições de vida social que consintam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade humana."lo

Por sua vez, é o Estado de Direito que permite o exercício da cidadania. Éo Es­tado de Direito, consubstanciado na Constituição, que assegura proteção e efetividade dos direitos fundamentais dos cidadãos, mormente aqueles dispostos no art. 5° e seus incisos.

Fala-se, finalmente, em Estado Democrático de Direito quando as característi­cas do Estado de Direito e da Democracia harmoniosamente convergem. OEstado de Direito Democrático tem ainda, como nos ensina o mestre Canotilho, um componen­te de ordem social muito importante: a realização da democracia econômica, social e cultural.

Se o Estado brasileiro constitui-se em Estado Democrático de Direito, podería­mos afirmar que temos os direitos civis epolíticos consolidados em nosso país? Quan­to aos direitos civis, aos quais se agregam os direitos sociais, dúvidas não pairam em res­pondermos que não, porquanto, muito ainda há para se conquistar. Basta citar os exem­plos nas áreas da educação e saúde, princípios primeiros da cidadania, mas que pouca atenção têm merecido do Governo Federal. Num outro patamar de discussão, aprópria dinâmica da vida em sociedade talvez nunca permita mesmo esse direito totalmente con­solidado. Oimportante é que exista sempre um canal aberto para essa conquista. Para­fraseando Marshall, adesigualdade social somente éaceitáve4 se a igualdade de direi­tos, de cidadania, for possível a todos os cidadiios indistintamente. Podemos dizer, principalmente com fundamento no art. 5° e seus incisos, que a nossa Constituição Federal propicia esse canal aberto, propicia essa igualdade de cidadania. Quanto aos direitospolíticos, há quem possa dizer que ele é presente e absoluto, pois temos o direi­to de votar e ser votado. Nessa linha, então, teríamos esses direitos consolidados. Discordamos. Temos para nós que a insuficiência dos direitos civis e sociais comprome­tem a participação política na sua plenitude. Marília MUlicy, em artigo da Revista de Direito Público, comenta das "dificuldades enfrentadas pela prática democrática diante da concentração capitalista da riqueza e seus efeitos sobre a degradação da qualidade de vida e conseqüente marginalização e apatia política das classes trabalhadoras".ll

José Afonso da Silva, conciliando Estado Democrático c Estado de Direito, traz uma definição mais no âmbito da cidadania, que resume todo o espírito do nosso tra­balho e com a qual finalizamos este capítulo: "A tarefa fundamental do Estado Demo­crático de Direito consiste em superar as desigualdades sociais e regionais e instau­rar um regime democrático que realize a justiça social."12 (grifo nosso) Éo assunto que trataremos a seguir.

lODALLARI, Dalmo de Abreu, op. cil., p. 107. IlMURlCY, Manlia, Cidadania, participação e controle do Estado -Novos instrumentos constitucionais, p. 108-112. 12SILVA,]osé Manso da. op cit, p. 111

SÉRGIO AUGUSTO FREDE

4. ACESSO AO DIREITO

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5. ALUfA PELO DIREf

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;ÂO TOnDO DE ENSINO SÉRGIO AUGUSTO FREDERICO 335

alidade do Estado que, se­ndido este como o concei­mdições de vida social que ;onalidade humana."lo :fcício da cidadania. Éo Es­sura proteção eefetividade ,dispostos no art. 50 eseus

?ito quando as característi­:e convergem. OEstado de Canotilho, um componen­laacia econômica, social e

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mos COfu1itucionais, p. 108-112.

4. ACESSO AO DIREITO

Milito se fala do acesso à justiça, esquecendo-se que antes é necessáriD debater e incentivar o acesso ao direito. Como exigir e lutar para e o pelo pleno exercício da cidadartia sem que se tenha primeiro conhecimento do Direito? Como poderá o ci­dadão participar e transformar a sua própria existência/vida, a da sua comunidade, se ele ignora os princípios e as leis que o amparam? De que adiantam leis, por mais per­feitas que sejam, se o cidadão delas não tem conhecimento? Nesse sentido, exemplar o art. 20, da Constituição da República Portuguesa, quando determina que "a todos é assegurado o acesso ao direito", o que quer significar que a todos é assegurado o aces­so ao conbecimento do direito.

Ora, tão importante quanto criar, materializar os direitos, é fazer com que os ci­dadãos deles possam usufnlir, o que, evidentemente, não será possível se deles não tiverem conhecimento. Tão importante quanto os dispositivos legais garantidores de direitos é o preparo, o aprendizado (educação), que se deve dar aos seus signatários. Veja a magistral passagem do sociológo Marshall, em sua obra: Cidadania, Classe So­cial eStatus: "Da mesma maneira, o direito à liberdade de palavra possui pouca subs­tância se, devido à falta de educação, não se tem nada a dizer que vale a pena ser dito, e nenhum meio de se fazer ouvir se há algo a dizer. "13

O acesso ao direito, da forma como precortizada na Constituição Portuguesa, sigrtifica derrubar as barreiras existentes entre o cidadão e o conhecimento e utiliza­ção dos direitos, sob pena de transformar esse conhecimento num privilégio de uma minoria. Teríamos algo similar na nossa Constituição? Fomos encontrar no art. 205, o que poderíamos chamar de acesso à educação. Num esforço de imaginação, se po­deria dar uma conotação de acesso ao direito, vez que esse nosso dispositivo consti­tucional vem reforçar a importância do acesso ao "conhecimento", como um degrau fundamental para o "preparo" do exercício da cidadania. H

5. ALUTA PELO DIREITO

Trata-se de mais um componente da cidadartia. É triste, no entanto, registrar que no Brasil atrasados estamos com relação ao acesso à educação, imagine com o acesso ao conhecimento do direito! Épois, função dos estudiosos do Direito contri­bilir para a modificação desse panorama. Mas essa transformação, requer milita luta, a luta pelo direito, o qual Ihering assim se expressa: "A paz é o fim que o direito tem em vista, a luta é o meio de que se serve para o consegilir. Por milito tempo pois que o direito ainda esteja ameaçado pelos ataques da injustiça - e assim acontecerá en­

"MARSHALL, T.H., ap. cit, p. 83 "O an. 205 da ConslillIição Federal dispõe, in verbis: An. 205 Aeducação, direito de lodos e dever do Estado e da fanulia, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (grifo nosso)

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INSTITUIÇÃO TOLWO DE ENSINO336

quanto o mundo for mundo - nunca ele poderá subtmir-se àviolência da luta. Avida do direito é uma luta: luta dos pOVOS, do Estado, das classes, dos indivíduos".15 Éaluta que se exige do cidadão.

Énosso intuito, talvez pretensiosamente, que esse artigo possa ter sua parcela de contribuição na luta pelo direito. Na nossa concepção de cidadania, enquanto pro­cesso de participação e transformação, a luta deve ser uma constante. Écerto que tudo que visa transformar, mudar, revolucionar, às vezes causa impacto, rejeição, indiferença. Temos que, para nós, operadores do Direito, o exercício da cidadania deve significar desafio. Éneste sentido de luta, desafio que, para reforçar a importân­cia do exercício da cidadania, uma vez mais nos reportamos ao magistério de Ihering: "é um dever resistir à injustiça ultrajante que chega a provocar a própria pessoa, isto é, à lesão ao direito que, em conseqüência da maneira porque é cometida, contém o caráter de um desprezo pelo direito, de uma lesão pessoal. Éum dever do interessa­do para consigo próprio, porque é um preceito da própria conservação moral; é um dever para com a sociedade, porque esta resistência é necessária para que o direito se realize. "16

6. ACESSO ÀJUSTIÇA.

Junto com o acesso e a luta pelo direito, encontra-se o acesso à]ustiça, ou co­mo preferirem, acesso ao Judiciário, elemento também primordial ao exercício da ci­dadania. Sim, pois quando os indivíduos não conseguem resolver de per si seus confli­tos, valem-se da função jurisdicional para tanto. Aliás, o acesso à justiça vem comple­mentar, possibilitar àquele que conhece e luta pelo seu direito, de torná-lo efetivo. Neste aspecto, nossa Constituição é irretocável, pois assegura-o amplamente, inclusi­ve seu acesso gratuito aos que comprovarem insuficiência de recursos (art. 50, inciso LXXIV).

Aexpressão constitucional máxima do acesso àjustiça vem consagrada no inciso XXXV, do art. 50, que estatui: "A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário le­são ou ameaça adireito". Garantido o acesso pleno àjustiça, no mesmo art. 50, o Cons­tituinte colocou uma série de remédios jurídicos à disposição dos cidadãos.

Como o acesso à justiça faz-se por meio do processo, muito se tem debatido acerca da sua efetividade. É por isso que não se conjuga mais acesso à justiça com a simples possibilidade de se bater às portas do Judiciário ou faculdade de litigar. Nossa doutrina, em função deste aspecto, criou a formulação "acesso à ordem jurídica justa", traçando-lhe as seguintes características: a) oferece-se a mais ampla admissão de pessoas e causas ao processo (universalidade da jurisdição); b) observância das regras que consubstanciam o devido processo legal; c) respeito ao princípio do con­

15VONIHERING, Rudolf,ALulapeloDireito, p. 1. l'VON IHERING, Rudolf, op. ClI., p.17.

SÉRGIO AUGUSTO FRIDH

traditório, de modo aformar uma solução que seja justa, ~

Ainda sobre o assunt Cândido Rangel Dinamarco I

romper preconceitos e encal terar o mundo', ou seja, de c ximação do processo ao dire ge que o processo seja postc lidades de que dispõe, e nã mesmo insigne processualis verdadeiras aspirações da sc da interpretação literal da le ficar por outro lado, "livre iJ cesso Civil que salvaguarde

Imprescindível, dentrc do acesso gratuito àjustiça ( constitui um instrumento fi gável contribuição, aAssistê Baldez19 sugere um corpo d damos. Há de se admitir en prometidos com as causas s desproporcionalidade nos c tureza reclamam também N ter uma nova compreensão econômicos, políticos e soe Ordem Jurídica Justa. José I logia deve caminhar paraleh torná-los concretos. Só avil de cada criatura. Esó juiz, ( a missão estatal de realizar reservado pelo sistema, a cc

7. CIDADANIA EDESIGl j J

OexercíciQ da cidad deve justamente se fazer nam, porém, os sociólogl

"CINTRA, Antonio Carlos de Araúj, Processo, p. 34. liDINAJ'vlARCO, Cândido Rangel, A "BALDEZ, Miguel LanzelIotti, Solo NNAL1NI, José Renato, Ética eJus"

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~O rOLEDO DE ENSINO

l violência da luta. A\~da

dos indi~duos".15 Éa luta

igo possa ter sua parcela cidadania, enquanto pro­a constante. Écerto que causa impacto, rejeição, ,exercício da cidadania para reforçar aimportân­10 magistério de Ihering: :ar aprópria pessoa, isto Je é cometida, contém o ~ um dever do interessa­onservação moral; é um ssária para que o direito

acesso à]ustiça, ou co­)fdial ao exercício da ci­Iver de per si seus confli· o à justiça vem comple­~ito, de torná-lo efetivo. l-O amplamente, inclusi­recursos (art. 50, inciso

:fi consagrada no inciso )do Poder Judiciário le­)mesmo art. 50, oCons­dos cidadãos. muito se tem debatido ;acesso à justiça com a uldade de litigar. Nossa ~sso à ordem jurídica amais ampla admissão io); b) observância das to ao princípio do con-

SÉRGIO AUGUSTO FREDERICO 337

traditório, de modo a formar o convencimento do juiz na decisão da lide; d) preparar uma solução que seja justa, seja capaz de eliminar todo resíduo de insatisfação. 17

Ainda sobre o assunto do acesso à justiça, valemo-nos do ensinamento de Cândido Rangel Dinamarco que, fazendo referência a Chiovenda, escreve "É preciso romper preconceitos e encarar o processo como algo que seja realmente capaz de 'al­terar o mundo', ou seja, de conduzir as pessoas à 'ordem jurídica justa'. Amaior apro­ximação do processo ao direito, que é uma vigorosa tendência metodológica hoje, exi­ge que o processo seja posto asemço do homem, com o instrumento e as potencia­lidades de que dispõe, e não o homem a serviço da sua técnica."!8 Nas palavras do mesmo insigne processualista, o princípio da Ordem Jurídica Justa \~sa proteger as verdadeiras aspirações da sociedade, incentivando quando o caso, o desapego à rígi­da interpretação literal da lei, para adaptá-Ia à realidade social, o que não deve signi­ficar por outro lado, "livre invenção jurídica". De Constituição cidadã para um Pro­cesso Civil que salvaguarde o exercicio da cidadania.

Imprescindível, dentro deste tópico, abordar, ainda que singelamente, aquestão do acesso gratuito à justiça (art. 50, inciso LXXIV, CF) porque, sem sombra de dúvidas, constitui um instrumento fundamental para o alcance da cidadania. Embora de ine­gável contribuição, aAssistência Jurídica Gratuita carece de aperfeiçoamento. Miguel Baldez19 sugere um corpo de advogados hábeis, preparados às lides sociais. Concor­damos. Há de se admitir em ações desta natureza, advogados ideologicamente com­prometidos com as causas sociais, sob pena, como acontece hoje, de ocorrer enorme desproporcionalidade nos conflitos com as classes privilegiadas. Mas as lides dessa na­tureza reclamam também Magistrados em sintonia com a realidade social. Ojuiz deve ter uma nova compreensão do direito, conciliando a interpretação literal com fatores econômicos, políticos e sociais. Enfim, deve pautar sua decisão dentro do princípio da Ordem Jurídica Justa. José Renato Nalini nos brinda: "O avanço da ciência e da tecno­logia deve caminhar paralelamente àoperatividade dos bens da vida. Só o direito {Xlde torná-los concretos, Só a virtude pode humanizar odireito, restaurador da dignidade de cada criatura. Esó juiz, operadorjurídico por excelência, sem o qual não existirá a missão estatal de realizar o justo, pode acionar concretamente, no universo a ele reservado pelo sistema, a consecução desse objetivo."2o

7. CIDADANIA EDESIGUALDADE SOCIAL

O exercíciQ da cidadania, uma vez adquirido conhecimento e espírito de luta, deve justamente se fazer presente, visando amenizar as desigualdades sociais.Ensi­nam, {Xlrém, os sociólogos, que algumas desigualdades são naturais e não cabe ao Es­

"ClNIRA, Anwnio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pelegrini e DINAMARCO, Cândido Rangel, Teon'a Geral do Processo, p, 34, "DINAMARCO, Cândido Rangel, AInstrumentalidade do Processo, p. 297. 19BALDEZ, Miguel Lanzel1otti, Solo Urbano Propostas para a Constituinte, pp, 17 e 18. NNALlNI, José Renato, Etica eJustiça, Sâo Paulo: Oliveira Mendes, 1998, p, 278

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SÉRGIO AUGUSTO FRED INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO338

tado remediá-las, Porém, não se tem dúvidas da necessidade de ingerência do Estado ~ID áreas básicas como educação, saúde, alimentação, habitação, trabalho, previdência social, etc,

Sobretudo neste aspecto da educação, Marshall é quem nos diz que o Estado deve compelir e ajudar as crianças a "dar oprimeiro passo e está obrigado a ajudá-las, se desejarem, a ~l!: muitos passos àfrente", Prossegue: "Deve obrigar as crianças a freqüentar a escola pOl'que o ignorante não pode apreciar e, portanto, escolher livre­mente as boas coisas que diferenci:lm a vida de cavalheiros daquela das classes ope­rárias, Notem que somente oprimeiro passo é obrigatório, Alivre escolha preside os demais tão logo a capacidade de escolher seja criada, "21 (grifQ nosso)

No mesmo sentido é a linha filosófica de Kant. ÉCláudio de Cicca que, em en­saio publicado no livro Direito, Cidadania ejustiça, comenta o posicionamento do filósofo de Koenigsberg: "Entretanto, a igualdade preconizada por Kant, garantida pe­lo Estado e pelo Direito, tanto quanto a liberdade, é a igualdade de oportunidade, a igualdade no ponto de panida, todos terem direito ao hásico (hoje elencaríamos ha­hitação, saúde, educação, trahalho, alimentação) mas fica o progresso de cada um de­pendendo do seu esforço e dinamismo, o que distancia Kant de todos os que preten­dem uma igualdade permanente, refreando a capacidade individual, criando instru­mentos 'Moloch' de controle para impedir que alguns sohressaiam legitimamente por sua industriosidade, habilidade, dedicação", "22

Ogrande problema hrasileiro é justamente a falta de eqüidade na distribuição de valores básicos (educação, saúde, alimentação, habitação, saneamento, segurança, acesso à justiça), falta de eqüidade no ponto de panida, nos primeiros passos, Cons­tata-se, pois, que o Estado brasileiro, destoando das formulações teóricas aqui expla­nadas e, o que é pior, do seu próprio texto constitucional, não fornece os mais ele­mentares direitos aos seus cidadãos,

Éfato! OBrasil foi considerado pelo BlD - Banco Interamericano de Desenvol­vimento, em pesquisa divulgada recentemente pelo Jornal Folha de São Paulo, em sua edição de 14/11198, no Caderno Brasil, pág, 10, "o país mais desigual da América Latina", No quesito educação, na América Latina, nossa performance está abaixo do Paraguai2

! e melhor somente que El Salvador. O recente acordo com o FMI - Fundo

Jl~lARSl-IAlL, T.H., op cil. p. 60 "C!CCO, Cláudio de, Xant e o Estado de Direito: Oproblema do fundamento da cidadania, p. 182 "DestacamCls da matéria a seguime pane: "A América Latina é Cl CClmineme em que se registram as maimes desigualdades sClciais. Demw deb, Cl mais desigual dCls países é, segundCl ClS indicadClres, Cl Brasil. É Cl que demonstf:\ estudos de 305 páginas - 'A América Latina face às desigualdades' - que está sêndCl divulgadCl hClje, em WashinglCln, peICl BID (BanCCl mterarnericarlCl de DesenvCllvimtnlCl). IsS(l nãCl significa que Cl Brasil é Cl pim pais dCl mundCl nesse quesilCl, pmque nas CClmparações entre regiões é usada a média entre ClS países - ClU seja, há países mais desiguais que o Brasil em OUU'ClS CClminenles, pm exemplo. (...) Na educaçãCl, pClr exemplo, ClS 10')6 dos brasiltims m:lÍs pClbres estudararn em média 2 anClS. Na ArgenlÍna, eles esludararn 7, nCl Chile, 6, e no Uruguai,6. Nessa estatislÍca, só EI Salvadm 'g:mha' dos brasileims, CClm 1,6 ano. Mas até o Paraguai, Clutm carnpeão das desigualdades. apresema indicadClr mais aceitável, CClm ClS mais pobres reunindCl 3,4 allClS de freqüência à eSCClla" grifCls nossCl

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çÃO TOLEDO DE ENSINO

de de ingerência do Estado tação, trabalho, previdência

luem nos diz que o Estado e está obrigado a ajudá-las,

"Deve obrigar as crianças a e, portanto, escolher livre­

)s daquela das classes ope­J. Alivre escolha preside os rifo nosso) iudio de Cicco que, em en­lenta o posicionamento do ada por Kant, garantida pe­ialdade de oportunidade, a ;ico (hoje elencaríamos ha­I progresso de cada um de­mt de todos os que preten­individual, criando instru­essaiam legitimamente por

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SÉRGIO AUGUSTO FREDERiCO 339

Monetário Internacional- prevê, dentre outros aspectos, cortes no Orçamento do pró­ximo ano que comprometerão as áreas sociais, o que, se de fato acontecer, reforçará à constante violação ao Estado de Direito em nosso País. Onde está a observância aos objetivos fundamentais 24 do Estado brasileiro, consagrado no art. 30

, da CF? Curioso não se permitir o gasto de dinheiro público em imprescindíveis funções públicas!

Dentro do princípio,da Ordemjurídicajusta, aquele que visa adequar e conju­gar a norma jurídica com fatores econômicos, políticos e principalmente sociais, não poderia nossa Corte Maior rechaçar aquelas medidas tendentes a suprimir gastos na área social?

Acreditamos que sim, baseado nessa nova concepção do Direito, e mais, porque flagrante o desrespeito aos princípios fundamentais da nossa Constituição Federal. É Juarez de Freitas, em sua obra A Sub~1ancial Inconstitucionalidade da Lei Injusta, quem, em brilhante tese, sustenta: "Trata-se isto sim, de confiar ao Judiciário um papel efetivamente jurisdicional mais ativo na resistência à injustiça das leis e mais guardião dos princípios fundamentais. Éeste, aliás, o objetivo principal deste trabalho, qual seja, o de mostrar que a lógica dialética, na interpretação do Direito, implica e exige a superação do positivismo, que tanto enfraqueceu o Judiciário. [... ] Enisto repousa a missão, por excelência, do juiz: sem decidir contra legem, deve decidir sempre a favor da justiça, pois o Direito, privado de moralidade e justiça, só por abstração teria valida­de, vigência e eficácia; contudo, não teria real eficácia lógico-ética. "25

Pela pertinência e realismo, apresentamos à temática da desigualdade social, deixando para reflexão a pergunta abaixo, colocada por Wanderlei G. dos Santos, que bem demonstra o descaso do Estado brasileiro para com uma parcela da população, que, sem sombra de dúvidas, não vive num Estado de Direito: "qual a probabilidade de que uma criança negra, do sexo feminino, habitante da área rural, adquira educa­ção superior e, uma vez obtida, ingresse no mercado de trabalho a um nível de renda igualou superior à mediana da profissão,

"26

Por isso que, então, deve-se destacar a importância do Estado Social, àquele que objetiva justamente diminuir essas desigualdades sociais, sendo o exercício da cidadania, um dos caminhos para asua solução. Assim, mais do que Estado de Direito, necessário o Estado Social de Direito. Quanto à sua importância e urgente necessida­de, não dissente o grande constitucionalista português, Canotilho: "Mais decidida é a tese daqueles autores que consideram reflectir o Estado Social de Direito uma com­preensão correcta das modernas sociedades. Estas exigem uma crescente interven­ção, direcção e conformação através do Estado. Neste sentido, é uma alternativa apa­rente opor liberdade social e poder do Estado, pois, como atrás foi assinalado, um mí­nimo de Estado não corresponde a um máximo de liberdade. O princípio do Estado

USão objetivos fundamentais da República FederJtiva do Brasil: l-construir uma sociedade livre, justa e solidária; !l-garantir o desenvolvimento nacional; lll-erradicar a pobreZ1 e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais... ; IV- promover o bem de todos, sem preconceitos... " (grifo nosso) "FREITAS,]uarez de, ASubstancial Inconstitucionalidade da Lei Injusta, p. 15.

"SANTOS, Wanderley Guillierme dos, Cidadania eJustiça, p. 56.

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I

340 INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO SÉRGIO AUGUSTO FREI

social e o princípio do Estado de direito obterão assim igual dignidade constitucio­nal. "27 (grifo nosso)

8. CONCLUSÃO

Averdade é que a cidadania é algo ainda incipiente no Brasil, independente­mente da classe social aque pertence oindivíduo. Não usufruem do seu exercício, tan­to os ricos quanto os pobres. Inúmeros fatores contribuem para essa triste realidade, alguns deles delineados neste artigo: falta de conhecimento do direito; inexistência de organismos hábeis às demandas sociais; descrédito nos órgãos públicos; custo ele­vado, rigidez e morosidade do Poder Judiciário. Eessa é a função da cidadania, qual seja, servir de estímulo, para que o cidadão, independentemente da classe social que ocupe, participe e transforme este estado negativo de coisas. Eparticipe, busque a transformação no intuito do bem comum, fim último da sociedade, princípio funda­mentai da República Federativa do Brasil, que em última análise, corresponde à luta e proteção da dignidade humana. Quando esta é cerceada, vilipendiada, cabe ao cida­dão valer-se dos instrumentos da cidadania, mormente aqueles consagrados no art. 5° da nossa Constituição Federal.

Temos que o bem comum pode, também, ser o fim último do Estad0 2B, porém

aafirmativa merece explicações, eis que não estamos a pregar o paternalismo. Temos que, como Marshall e Kant, o Estado ao auxiliar no ponto de partida, no primeiro pas­so, estará já contribuindo para que depois, esse bem comum seja simplesmente uma conseqüência.

Em termos de conclusão, interessante retornarmos à tese do professor Pedro Demo, quanto àcidadania emancipatória. Vemos, em resumo, que o professor está a invocar a luta pelo direito, a instigar a luta pelo exercício da cidadania, porque o sujeito emancipado é capaz de perceber que o direito não é dado, mas conquistado. No entanto, no Brasil, impossível um sobressalto repentino da cidadania assistida para a emancipatória. Há de primeiro garantir, ao menos, os direitos básicos ao cidadão, para que aí, então, ele possa ter condição, se desejar, de fazer sua própria história. É intrigante falar em cidadania emancipatória se temos 32 milhões de miseráveis, sem renda suficiente para suprir sequer as necessidades básicas de alimentação. Fatigado pela luta da sobrevivência, como exigir-lhe a luta pelo direito, pela emancipação? Deparamo-nos obrigatoriamente diante de uma assistência necessária. Óbvio que não somos adeptos do Estado Assistencialista, mas inegável e imprescindível sua interven­ção em certas áreas. Quanto mais se ampliam os direitos fundamentais que o Estado

"CANOTILHO, JJ. Gomes, op. cit., p. 393 "BRANCO, Elcir Castelo, Teoria Geral do Estado, p. 78 : "Bem est:lf do povo é °lim jurídico e polÍlico do Estado, em sua função de promover coletivamente a prosperidade de seus membros, sem obstar que alcancem individu­almente suas metas pessoais, propiciando·lhes que atinjam seus objetivos pessoais, sem abdicarem de sua dignid1de." (São Paulo: S1faiva, 1988, p. 78)

deve assegurar aos cidadi sário de intervenção do

Acreditamos num n parceria: poder público x 1°, art. 225, art. 227, dentl mo se esse dispusesse de não se justifica utilizar-se sabemos), para o abandol liberalismo prega o Estad Sob pretexto de valorizaç detrimento dos direitos hl cisivamente para o aumel namos aqui, no sentido di cidadania, o neoliberalism cimento", porém, no âml

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) TOLEDO DE ENSlNO SÉRGIO AUGUSTO FREDERlCO 34]

dignidade constitucio­

) Brasil, independente­mdo seu e.'i:ercício, tan­lfa essa triste realidade, io direito; inexistência ãos públicos; custo ele­lção da cidadania, qual nte da classe social que ,. Eparticipe, busque a edade, princípio funda­:e, corresponde àluta e )endiada, cabe ao cida­;consagrados no art. 50

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deve assegurar aos cidadãos, tanto mais aumenta, concomitantemente, ograulleces­sário de intervenção do Estado na sociedade.29

Acreditamos num meio termo de funções ou, como se diz modernamente, numa parceria: poder público x sociedade civil, (CF, arts. 194 e ss., art. 205, art. 216, parágrafo 10

, art. 225, art. 227, dentre outros). Não se pode exigir constante tutela do Estado, co­mo se esse dispusesse de um caixa infindável para as políticas sociais. Agora, também, não se justifica utilizar-se do pretexto que o assistencialismo não é saudável (e isso nós sabemos), para o abandono total, consubstanciado na onda do neoliberalismo. O neo­liberalismo prega o Estado mínimo, deixando a sociedade à mercê do livre mercado. Sob pretexto de valorização da liberdade, privilegia-se os economicamente fortes em detrimento dos direitos humanos. Ocapitalismo, em sua nova fase liberal, contribui de­cisivamente para o aumento da exclusão social. Diametralmente oposto ao que expla­namos aqui, no sentido de se incentivar o conhecimento do direito para o exercício da cidadania, o neoliberalismo, sob o signo da globalização, compromete-se com o "conhe­cimento", porém, no âmbito da competitividade, dos negócios, da lucratividade.30

Invoca-se muito, nos dias de hoje, a função social da terra, da empresa, da Igreja e, como vimos mais acentuadamente no presente artigo, do Estado. Lançamos aqui a tese de que imprescindível também a "função social" do cidadão. Deve se imbutir já nos bancos escolares esse princípio. O cidadão crescerá ciente e desejoso por justiça, solidariedade. Impregnado desses atributos, mais facilmente exercitará os seus direi­tos de cidadão, lutará pelo direito'

Neste sentido, destacamos uma passagem de Marshall: "A cidadania exige um elo de natureza diferente (parentesco, descendência comum), um sentimento direto de participação numa comunidade baseado numa lealdade a uma civilização que é um pa­trimônio comum. Compreende a lealdade de homens livres, imbliídos de direitos e pro­tegidos por uma lei comum. Seu desenvolvimento para tanto é estimulado tanto pela luta para adquirir tais direitos quanto pelo gozo dos mesmos, uma vez adquiridos."3!

Omundo humano é um mundo de escassez, ou seja, a procura é maior que a o­ferta, logo, inexiste no universo bens suficientes à satisfação dos homens. Enunca have­rá mesmo, infinito que são os desejos e as necessidades humanas. Sentimo-nos, às ve­zes, perplexos na busca de um remédio salvador. Sabemos que não há uma poção mági­ca para ajustiça. As desigualdades sociais devem-se constituir num desafio à imagina­ção e ação do cidadão, da sociedade e do Poder Público. Se não há uma fórmula mágica, um critério exato para a distribuição dejustiça, necessário se faz o debate permanente, a controvérsia, o acesso ao direito, a luta pelo direito, enfim, o exercício da Cidadania.

~QUIRINO, Célia Galvão e MONTES, Maria Lúcia, Constituições Brasileiras e Cidadania, p. 31. "DEMO, Pedro, op. cit, p. 36. Éjustamente a linha de raciocínio elaborada pelo autor: "Sistemas produtivos modernos competitivos reclamam um trabalhador educado, porque as chances de mercado dependem de sua competência inovadora constante, mas entendem educação mais como lugar privilegiado da inovação pela via do conhecimento, do que como berço da cidadania. (. ..) O desenvolvimento da cidadania é mínimo em comparação com o adesismo empresarial." "MARSHALL, T.H., op. cit., p. 85.

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