Upload
truongtuyen
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Introdução
O URBANISMO é a arte de produzir ou mudar a forma física das cidades, sendo formado por
ações e práticas de organização do espaço que se apóiam sobre um corpo de saberes artísticos
e científicos ao mesmo tempo.
Em conjunto a técnicas e instrumentos de intervenção, que se traduzem por meio de
prescrições dirigidas aos gestores da cidade, trata-se de uma disciplina do espaço e do
tempo, voltada à práxis (prática consciente).
Sua teoria tem suas bases nas mudanças produzidas
pela REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1750-1830),
caracterizada pelo conjunto de transformações
econômicas, políticas, sociais, culturais e
tecnológicas, que vinham se processando desde fins
do século XVIII e que culminaram na primeira metade do século XIX.
Máquina à vapor (1769)James Watt (1736-1819)
A INDUSTRIALIZAÇÃO consistiu na passagem da produção baseada
na ferramenta (artesanato/manufatura) para aquela baseada na máquina (indústria), por
meio do desenvolvimento contínuo da técnica para fornecimento, em maior
quantidade e melhor qualidade, de inventos
para o homem.
Tear Jenny (1764)James Hargreaves (1720-78)
Diminuição da
mortalidade
a partir de 1750
(Aumento do
crescimento
vegetativo)
Aumento do
nível de vida
(Melhoria das
condições
higiênicas e
sanitárias)
Aceleração do
processo de
industrialização
(Estímulo à
produção
científica e industrial)
Incremento
demográfico
e industrial
(Maior demanda
por alimentação,
vestuário, etc.)
REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL
Basicamente, os progressos industriais deram-se devido ao espírito empreendedor do homem, que buscou
solucionar problemas através do cálculo e da reflexão.
Contudo, também demonstrou decisões arriscadas, ações
incompletas e contraditórias, que permearam os sucessos
e avanços com crises e sofrimento de muitas pessoas
(BENEVOLO, 1998).
Slum neighborhoodin London (1871)
Os miseráveis (1872)Gustave Doré (1832-83)
Esses males ocorreram principalmente pela falta
de coordenação entre o progresso científico e técnico e a organização geral da sociedade, além da falta de providências
administrativas adequadas para
controlar as consequências das rápidas mudanças
econômicas.
Gravuras deGustave Doré (1832-83)
Coalbrookdale at night (1801)Philippe J. Loutherbourg(1740-1812)
Tal desequilíbrio acabou se refletindo na arquitetura do século XIX, cujo sistema era regido pelas leis
naturais e ainda por convenções deduzidas na Antiguidade e no Renascimento, que se abriram para
o HISTORICISMO (negação da universalidade das regras clássicas e a busca de outras fontes de
inspiração no passado histórico).
John Nash (1752-1835)Royal Pavilion
(1815/21, Brighton GB)
Sacré-Coeur
(1875/1914, Paris Fr.)Paul Abadie (1783-1868)
Principalmente a partir de 1850, o arquiteto perdeu
o contato com a realidade de seu tempo e passou a
discutir somente os aspectos estético-estilísticos,
deixando para outros a parte ligada à tecnologia
construtiva.
Do revivalismo estético (neoclássico, neogótico,
neobarroco, etc.), chegou-se à difusão do ECLETISMO,
incentivado pelo maior conhecimento do passado
e da arqueologia.Tour Eiffel (1888/9, Paris)
Gustave Eiffel (1832-1923)
Industrialização
Progressivas e decisivas, as transformações provocadas pela Revolução Industrial (1750-1830), aconteceram em três níveis, a saber:
Econômico-tecnológico: aumento da produção, da circulação e do consumo através da invenção da máquina
Sócio-político: proletarização de milhares de artesãos e formação de reserva de mão-de-obra
Urbano-territorial: nova distribuição da população no território e mudanças radicais na infra-estrutura urbana
Quanto às modificações técnico-construtivas,
houve:
Racionalização no uso de materiais tradicionais (melhoria de qualidade, acabamento e transporte)
Emprego sistematizado de materiais novos (ferro, vidro e concreto armado)
Palácio de Cristal(1850/1-1936, Londres GB)Sir Joseph Paxton (1803-65)
Primeira Exposição Universalde Londres (1851)
Difusão das máquinas, melhoria do aparelhamento dos canteiros de obras e das obras de fundações: John MacAdam (1756-1836) Thomas Telford (1757-1834)
Desenvolvimento das vias de transporte terrestre e aquático (traçado, topografia, etc.)
Sistemas de fundaçãoThomas Telford
(1757-1834)
Sistemas de pavimentaçãoJohn MacAdam
(1756-1836)
Em relação aos progressos científico-culturais, houve:
Surgimento das regras de Geometria Descritiva: Gaspard Monge (1746-1818)
Difusão do sistema métrico decimal: Revolução Francesa (1789-99)
Representação em diedroGaspard Monge (1746-1818)
Métodos de representaçãográfica em escala métrica
Desenvolvimento de novos conceitos físicos: Robert Hooke (1635-1703) Charles-Auguste Coulomb(1736-1806), etc.
Transformações no ensino de arquitetura e engenharia (fundação das Escolas Politécnicas e incorporação do ensino arquitetônico às Escolas de Belas Artes a partir do início do século XIX)
Leis de eletromagnetismoCharles-Auguste Coulomb
(1736-1806)
Leis de elasticidadeRobert Hooke (1635-1703)
Até o surgimento das primeiras escolas de engenharia – École des Ponts et Chaussées (1747)
e École des Ingénieurs de Mézières (1748) – o arquiteto era ao mesmo tempo o criador da forma e o único capacitado para realizá-la. Porém, a nova
profissão fundou-se na investigação científica e fez do engenheiro o “homem moderno por excelência”.
Primeira ponte de ferro(1779, Shropshire GB)
Os criadores da nova profissão eram arquitetos
construtores de linha definitivamente racional,
que definiam ARQUITETURA como a
“arte de construir”, em que mais importavam economia
e funcionalidade.
No século XIX, foi a ENGENHARIA que resolveu
os novos problemas funcionais, por meio de soluções inovadoras,
principalmente através das novas técnicas e materiais.
Tour Eiffel – Champ-de-Mars(1888/9, Paris França)
A formação do arquiteto do século XIX acabou
isolada do conhecimento e contato com a
realidade cultural de renovação, assim como
dos aspectos construtivos que a
engenharia aperfeiçoava rapidamente. Sua
atividade restringiu-se a uma PRÁTICA
ECLÉTICA, caracterizada pelo monumentalismo e pelo ornamentalismo.
Ópera de Paris (1861/75)Charles Garnier (1825-98)
As doutrinas arquitetônicas centralizavam-se em uma postura acadêmica, que ignorava a vastidão
dos novos problemas sociais a que deveriam servir, numa atitude à margem de seus fundamentos
culturais. Paralelamente, a cidade modificava-se.
Vitorian Style
(1837-1901)
Rainha Victoria(1819-1901)
Cidade Industrial
Com o Capitalismo industrial, uma nova sociedade emergiu e fez nascer também uma
nova ordem do espaço urbano, que conduziu a uma revolução no modo de pensar a cidade, a qual se expandiu em um ritmo surpreendente.
Esse crescimento acelerado da urbanização levou à concepção da cidade industrial como
CAOS que precisava ser controlado e dirigido, de modo a garantir o desenvolvimento das
novas relações sociais e econômicas.
Em 1800, apenas 22 cidades européias
possuíam mais de 100.000 habitantes e na América nenhuma. Londres tinha
cerca de 860.000 habitantes e Chicago nem
existia.
Em 1900, a Europa já possuía 84 cidades desse tamanho ou maiores; e a
América 53. Londres atingia 6,5 milhões de
habitantes, seguida por Paris e Berlim.
Áreas industriais daInglaterra (1911)
Em 1851, a população das cidades inglesas já era maior que a do campo. Na Alemanha, isto aconteceu em 1890; e nos EUA somente em 1920. No Brasil, em
2000. Em 1900, ainda 60% da população francesa vivia no campo; e na Escandinávia, 75%.
No início do século XIX, a Europa já contava
com o motor a vapor e com a iluminação à gás,
o que favorecia sua industrialização.
Em 1804 foi construída a primeira locomotiva a
vapor bem-sucedida, sendo em 1830
inaugurada a primeira ferrovia a vapor para
mercadorias e passageiros, ligando
Liverpool e Manchester. Liverpool-Manchester Railway
(1830, Inglaterra GB)
Entretanto, as condições higiênicas e sanitárias das cidades industriais eram muito precárias,
agravadas pelos padrões de moradia e exploração
dos trabalhadores.
Na década de 1830, o COLÉRA alastrou-se pela Europa, matando 100.000 só na França. Somente
em 1849, 16.000 londrinos morreram devido à
doença.
Over London by Rail(1870)
Cachorros sem dono (1872)Gustave Doré (1832-83)
Diante dessa situação crítica, vários sanitaristas buscaram soluções. Por
exemplo, sir Edwin Chadwick (1800-90)
estabeleceu uma correlação entre
condições de vida e mortalidade, associando
as doenças transmissíveis a miasmas, estes surgidos
da matéria em decomposição, o que fez nascerem as primeiras
LEIS SANITÁRIAS voltadas à habitação e saneamento.
MiasmasEdwinChadwick (1800-90)
Transmissão de germesLouis Pasteur(1822-95)
GermicidasJosephLister
(1827-1912)
O MOVIMENTO HIGIENISTA conduziu a
novas normas de projeto e construção,
saneamento urbano, criação de parques e grandes reformas nas
cidades européias.
Na segunda metade do século XIX, visando a
contenção de revoltas e melhoria das condições
de vida, surgiu o URBANISMO
NEOCONSERVADOR.
Plano de Paris(1851/69)
Urbanismo Neoconservador
O inchamento da cidade industrial conduziu a problemas de circulação e infra-estrutura urbana, além de condições precárias de
salubridade e habitação, que levou a muitas greves, manifestações e revoltas.
Na década de 1830, França, Bélgica, Polônia, Suíça e partes da Alemanha e Itália estavam em
revolta. Os anos de 1848 e 1849 viram a explosão de quase toda a Europa nas mais
sangrentas revoluções, guiadas por sentimentos nacionalistas e por ideais comunistas.
Apesar do insucesso de muitas revoltas, para
conter os problemas e, ao mesmo tempo, garantir a
manutenção da ordem econômica e social, várias
municipalidades promoveram grandes
REFORMAS URBANASnas principais capitais européias, por meio de
uma atitude neoconservadora e
tradicionalista.Greve emParis (Séc. XIX)
Paris foi pioneira através de um amplo plano de
reestruturação urbana, de bases estritamente
técnicas e estéticas, de forte caráter higienista e
anti-revolucionário, empreendido pelo Barão de Haussmann (1809-91),
entre 1851 e 1869; e amplamente copiado pelo
mundo afora.
Arc de Triomphe – Champs-Elysées
(1851/69, Paris França)
Georges-EugèneHaussmann (1809-91)