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VOLUME XVII Nº 2 Diretor: FILIPE CRISTOVÃO NOVEMBRO 2014 CIÊNCIA E TÉCNICA A GESTÃO DO REGIME ALIMENTAR NA PESSOA COM DOENÇA RENAL CRÓNICA EM DIÁLISE QUALIDADE DE VIDA DOS INSUFICIENTES RENAIS CRÓNICOS EM HEMODIÁLISE EM PORTUGAL OS “SINAIS VITAIS” DA TRANSIÇÃO – RESPOSTAS DO INSUFICIENTE RENAL CRÓNICO EM INÍCIO DE TRATAMENTO POR DIÁLISE PERITONEAL “OS SINTOMAS QUE EXPERIMENTAM OS DOENTES EM DIÁLISE PERITONEAL, DE QUE MODO OS INCOMODA E ALTERA A SUA QUALIDADE DE VIDA”

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VOLUME XVII Nº 2 Diretor: FILIPE CRISTOVÃO NOVEMBRO 2014

CIÊNCIA E TÉCNICA

A GESTÃO DO REGIME ALIMENTAR NA PESSOA COM DOENÇA RENAL CRÓNICA EM DIÁLISE

QUALIDADE DE VIDA DOS INSUFICIENTES RENAIS CRÓNICOS EM HEMODIÁLISE EM PORTUGAL

OS “SINAIS VITAIS” DA TRANSIÇÃO – RESPOSTAS DO INSUFICIENTE RENAL CRÓNICO EM INÍCIO DE TRATAMENTO POR DIÁLISE PERITONEAL

“OS SINTOMAS QUE EXPERIMENTAM OS DOENTES EM DIÁLISE PERITONEAL, DE QUE MODO OS INCOMODA E ALTERA A SUA QUALIDADE DE VIDA”

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CORPOS GERENTES DA APEDT

MESA DA ASSEMBLEIA GERALPresidente Serafim Figueiral Rebelo Sócio 33 Braga

Vice-presidente António Filipe Amaral Jesus Cristóvão Sócio 54 Massamá

Secretário Maria Adelina Silva Monteiro Mota Sócio 60 Castelo Maia

CONSELHO FISCALPresidente Sergio David Lourenço Gomes Sócio 200 Lisboa

Secretário Maria Lurdes Martins Saraiva Sócio 03 Lisboa

Secretário António Sampaio Dias Sócio 199 Lisboa

DIREÇÃOPresidente Fernando Luís Freire Vilares Sócio 16 Porto

Vice-presidente Miguel Fernando Pereira Sousa Sócio 53 Gondomar

Secretário Alexandre Miguel Andrade Pereira Sócio 91 S.M. Infesta

Tesoureiro Pedro Miguel Cardoso Rodrigues Sócio 52 Porto

1º Vogal Jorge Manuel Antunes Mendes Sócio 38 Castelo Branco

2º Vogal Esmeralda Duarte Pacheco Sócio 40 Vila Nova de Gaia

3º Vogal Maria Arminda Silva Tavares Sócio 63 Coimbra

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EDITORIALFilipe Cristóvão

CARTA DO PRESIDENTEFernando Vilares

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHOS

A GESTÃO DO REGIME ALIMENTAR NA PESSOA COM DOENÇA RENAL CRÓNICA EM DIÁLISECristóvão, A., Pinto, L.C.

QUALIDADE DE VIDA DOS INSUFICIENTES RENAIS CRÓNICOS EM HEMODIÁLISE EM PORTUGALJoana Alexandra Baptista Rente; Marta Amaral Pereira

OS “SINAIS VITAIS” DA TRANSIÇÃO – RESPOSTAS DO INSUFICIENTE RENAL CRÓNICO EM INÍCIO DE TRATAMENTO POR DIÁLISE PERITONEALMaria Arminda Silva Tavares

“OS SINTOMAS QUE EXPERIMENTAM OS DOENTES EM DIÁLISE PERITONEAL, DE QUE MODO OS INCOMODA E ALTERA A SUA QUALIDADE DE VIDA”Casimira Carvalho; Elisabete Costa; Sara Pereira

ÍNDICE3

5

67

17

29

37

FICHA TÉCNICA

PROPRIEDADE APEDTTrav. Elaine Sanceau, 27 - 3.º Esq.4465-620 Leça do BalioPortugalTelm.: 918 152 [email protected] | www.apedt.pt

DIRETOR Enf.º Filipe Cristóvão

CONSELHO REDATORIAL Enf.º Sampaio Dias,Enf.ª Maria Saraiva,Enf.º Miguel Sousa, Enf.ª Esmeralda Pacheco,Enf.ª Arminda Tavares

EDITOREnf.º Pedro Rodrigues

PRODUÇÃO E IMPRESSÃO Cromotema - Artes Gráficaswww.cromotema.pt

PERIODICIDADE Semestral

TIRAGEM 500 ex.

Distribuição gratuíta aos Sócios da Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação.

NEPHRO’S | Volume XVII | Nº 2 | 1

NEPHRO’S

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O ano de 2014 aproxima-se do seu fim e vai deixar saudades para muitos colegas e uma boa impressão da enfermagem nefrológica portuguesa. Entre 3 e 6 de setembro realizou-se a conferência internacional da European Dialysis and Transplant Nurses Association/European Renal Care Association (EDTNA/ERCA) em Riga – Letónia, onde, mais uma vez, os enfermeiros portugueses apresentaram vários trabalhos. O facto mais relevante é que, tal como em 1992, 1994 e 1998, a enfermagem nefrológica nacional voltou a ser distinguida com um prémio. Desta vez a honra e o mérito coube aos enfermeiros F. Loureiro, A. Gomes, M. Machado, F. Vieira e Fazendeiro Matos que receberam o prémio de melhor trabalho (best manuscript) com o estudo “Spiritual well-being of dialysed people with end stage renal disease”. Muitos parabéns portanto aos nossos colegas e à NephroCare, que assim deram o seu contributo para elevar a imagem da enfer-magem nefrológica nacional. Mas as boas notícias de setembro não acabavam aqui. Outros enfermeiros, por outras formas, têm contribuído para o desenvolvimento da enfermagem nefrológica em Portugal e também na europa. Merece portanto especial destaque a nossa colega Maria Saraiva, que concluiu em se-tembro último o segundo mandato como presidente da EDTNA/ERCA. Do seu percurso apenas gostaria de destacar que exerceu as funções de Key Member em 1990, de Key Member Mentor entre 1994 e 1998, per-tenceu ao Education Board entre 2000 e 2008 e integrou o Comité Executivo da EDTNA/ERCA desde 2008 até 2014. O facto de alcançar a honra de ter sido eleita e presidir à EDTNA/ERCA, por dois anos se-guidos, orgulha-nos e motiva-nos para continuar a lutar e promover a enfermagem nefrológica em Portugal. Parabéns mais uma vez. Estes exemplos mostram que afi- nal somos capazes!Neste número a revista Nephro’s apresenta vários trabalhos, alguns dos quais mereceram destaque e foram premiados no XXVIII con-gresso da Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Trans-plantação (APEDT). O artigo “Os “sinais vitais” da transição – Respostas do insuficiente renal crónico em início de tratamento por diálise peritoneal” descreve as respostas da pessoa insuficiente renal em início de progra-ma por diálise peritoneal; o artigo “Qualidade de vida dos insuficientes renais crónicos em hemodiálise em Portugal” analisa o impacto da hemodiálise na qualidade de vida da pessoa com IRC em Portugal. O traba-lho “Os sintomas que experimentam os doentes em diálise peritoneal, de que modo os incomoda e altera a sua qualidade de vida” identifica os sintomas que o doente renal em diálise peritoneal experimenta, como os incomoda e altera a sua qualidade de vida. Por último, o artigo “A gestão do regime alimentar na pes-soa com doença renal crónica em diálise” identifica as medidas de autocuidado para ajudar a pessoa com doença renal crónica a gerir a restrição hídrica e dietética, antes e depois de necessitar de um tratamento substitutivo da função renal. Todos os artigos incidem sobre temáticas atuais e pertinentes, que merecem a nossa melhor atenção. Boa leitura.

Filipe Cristóvão

Filipe Cristóvão | Diretor da NEPHRO’S

EDITORIAL

NEPHRO’S | Volume XVII | Nº 2 | 3

NEPHRO’S

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Comunicações Livres/Posters Regras para atri-buição de prémios

1. Todos os enfermeiros poderão enviar os re-sumos dos trabalhos, para se candidatarem à apresentação no congresso, sendo efectuada uma pré-avaliação pela comissão científica. No caso de serem aceites, durante a apresentação no congresso será avaliado o reconhecimento científico, independentemente de serem ou não candidatos a prémios.

2. A comissão científica será constituída por enfer-meiros da área da prestação de cuidados e do ensino de enfermagem em igualdade paritária.

3. A comissão científica terá em conta os seguintes parâmetros na avaliação dos trabalhos:3.1. Estrutura e conteúdo do resumo 3.2. Cumprimento das regras na elaboração e apresentação dos trabalhos3.3. Metodologia cientifica utilizada3.4. Argumentação do autor nas questões colocadas 3.5. Interesse técnico/cientifico na área da Enfermagem de Nefrologia3.6. Originalidade do tema3.7. Contributos para a investigação

4. Para além do reconhecimento científico dos melhores trabalhos a Comissão Científica atribui prémios às 2 melhores comunicações orais e aos 2 melhores posters, desde que reúnam os seguintes requisitos:

• MaiorpontuaçãoatribuídapelaComissãoCien-tífica,

• Umdosautoresdotrabalhoteráquesersócioda APEDT, com as quotas actualizadas.

5. Para além dos prémios habituais, poderão ser atribuídas menções honrosas, se a comissão científica assim o entender.

6. A atribuição dos prémios é da inteira responsa-bilidade da comissão científica do congresso, podendo esta não atribuir qualquer dos prémios se entender que os trabalhos não reúnem qua-lidade mínima suficiente.

7. Qualquer elemento da Comissão Científica não poderá fazer parte dos grupos de trabalho que sejam candidatos a prémio das comunicações orais ou posters.

8. Os prémios só poderão ser levantados se os autores enviarem para a APEDT, no prazo máximo de 30 dias após o congresso, o respectivo trabalho, em forma de artigo, podendo fazê-lo enviando por e-mail ou através de outro suporte informático, de acordo com as normas de publicação da revista Nephro’s.

Regras na emissão dos certifi-cados das comunicações livres e posteres

A. Recomenda-se que os trabalhos enviados tenham no máximo 5 autores, devendo o apresentador do trabalho estar obrigatoriamente inscrito no evento. A este será passado um certificado de autoria e apresentação, ficando registado no certificado os restantes autores.

B. Apenas serão emitidos certificados para co-autores de trabalhos, se estes estiverem inscritos no congresso.

C. Os certificados serão providencialmente entregues aos seus destinatários, caso não seja possível, deverão ser reclamados, no máximo até 4 meses após realização do evento.

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NEPHRO’S

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CARTA DO PRESIDENTE

Começo por relembrar que compete aos enfermeiros e suas organizações garantir o exercício da Enfermagem

em Portugal ao mais alto nível da qualidade e segurança. Só os enfermeiros têm competências para dar

pareceres e orientações relacionadas com o exercício da Enfermagem, que podem resultar em melhores

cuidados prestados aos doentes e mais ganhos em saúde. Na área da Nefrologia não é exceção e todos nós

somos responsáveis por não deixar que surjam alternativas com competências duvidosas. O enfermeiro é

imprescindível no processo do cuidar em Nefrologia, não devemos deixar que decisões mal fundamentadas

e tomadas apenas em critérios economicistas venham lançar os enfermeiros para uma prática sem segurança

e qualidade… os indicadores muitas vezes não refletem toda a realidade da prestação dos cuidados de

Enfermagem. Volto a dizer que em Portugal existem mais de cem unidades onde se exerce Enfermagem

de Nefrologia, sendo a maioria unidades de hemodiálise. Será importante para o futuro analisar com rigor

se a prestação de cuidados de Enfermagem é assegurada com dotações e rácios recomendados pelas

organizações e Instituições responsáveis, por garantir cuidados com qualidade, segurança e de confiança

para os doentes. Cada enfermeiro tem a obrigação de contribuir para a nossa afirmação e defesa profissional,

quando cuida da Pessoa doente.

A APEDT em parceria com outras Associações e Organizações, tem procurado contribuir para o exercício da

Enfermagem dentro dos melhores padrões da qualidade e segurança. Em Abril de 2015, juntamente com

a Sociedade Portuguesa de Nefrologia, continuaremos a participar no Encontro Renal, onde irá decorrer o

XXIX Congresso da APEDT. O Encontro Regional continua a ser uma aposta local que vamos manter este ano

e terá lugar em Coimbra, no dia 2 de Novembro. A revista NEPHRO’S, local privilegiado para os enfermeiros

poderem publicar os seus trabalhos, mantém a sua publicação, mas para a sua continuidade será necessário

receber os Vossos trabalhos e opiniões. Contamos com todos, só assim podemos garantir a continuidade

da dinâmica e importância da Nossa Associação.

Despeço-me, com os melhores cumprimentos.

Fernando L. F. Vilares Presidente da APEDT

Caros Colegas,

Fernando L. F. Vilares

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NEPHRO’S

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Só poderão ser publicados artigos originais. Certifique-se de que o trabalho que nos en-via não é apresentado noutras publicações.A identificação do(s) autor(es) é realizada com nome, título profissional, instituição e serviço onde desempenha funções, morada, telefone e e-mail para eventual contacto.O conteúdo dos artigos (juízos e opiniões) são da exclusiva responsabilidade do(s) autor(es), e não reflectem necessariamente a opinião do conselho redactorial ou direc-ção. Os artigos publicados ficarão proprie-dade da APEDT e só poderão ser reprodu-zidos com autorização desta. A selecção e oportunidade de publicação são da exclusi-va responsabilidade da revista. O Conselho Redatorial poderá solicitar os autores para abreviar e resumir o trabalho, caso não se ajuste às normas de publicação. Podendo também aconselhar a fazer revi-sões/modificações que beneficiem a sua clareza e compreensão.Após apreciação pelo Conselho Redatorial e caso o seu trabalho não seja aceite ou exis-tam sugestões a fazer-lhe, ser-lhe-á enviada resposta por escrito, ou via e-mail. Os trabalhos enviados não serão devolvi-dos, independentemente de serem ou não publicados. Terão preferência para publica-ção, os trabalhos em que os autores sejam sócios da APEDT.

Apresentação – extensão e formato do textoOs trabalhos devem ser enviados em forma-to Word, com letra do tipo arial, tamanho 12, em folhas A4, a 1,5 espaços, não exce-dendo as 10 páginas, de acordo com as re-gras de apresentação de trabalhos escritos. Os trabalhos de investigação poderão ter até 15 páginas. O texto, para além de impresso, deve fazer-se acompanhar de disquete ou CD. O suporte informático deverá estar rotu-lado com o nome do(s) autor(es) e nome do(s) ficheiro(s). O título deve ser curto, e sem abreviaturas.

Os trabalhos devem apresentar um breve resumo, e palavras chave que permitam a caracterização do texto.O autor poderá, se achar conveniente, assinalar partes do texto para eventual destaque. Nos trabalhos de investigação, recomenda-se a estrutura convencional de apresentação dos trabalhos, como por ex: resumo, introdução, material e métodos ou metodologia, resultados, discussão, con-clusões e bibliografia. Nos restantes tipo de trabalhos o autor pode fazê-lo se achar conveniente.

Tipo de artigos que podem ser enviadosCartas à direcção – comentários, observa-ções cientificas ou criticas sobe artigos e/ou temas surgidos na revista, assim como dúvidas ou experiências que podem ser resumidas. Quando justificar, a direcção da Nephro’s envia aos autores visados as cartas para direito de resposta.Revisão/reflexão temática – preferencial-mente englobando implicações na prática profissional;Estudo de caso/análise de cuidados – in-cluindo necessariamente plano de cuida-dos (e histórico no estudo de caso);Trabalhos de investigação – deverão incluir problema, quadro de referência (em síntese), metodologia (resumida), principais resulta-dos, discussão, conclusões e sugestões.

Ilustrações Enviar todas as imagens, gravadas em for-mato JPG, em ficheiro autónomo.Os quadros, gráficos, figuras, tabelas ou dia-gramas devem ser numerados, elaborados em formato Word, e em ficheiros separados.Enviar anotações claras sobre as ilustrações, o respectivo enquadramento no texto e as especificações da sua publicação.

Responsabilidades éticasAs investigações realizadas em instituições carecem de autorização prévia das adminis-trações. Quando se descrevem experiências realizadas em seres humanos deve-se indi-car se os procedimentos estão de acordo com as normas da comissão de ética. Deve ser clara a permissão de publicação por entidades/instituições que financiaram a investigação. Os autores são responsáveis por obter as necessárias autorizações para a reprodução parcial ou total de material (texto, quadros, figuras ou fotografias) de outras publica-ções. Estas autorizações devem pedir-se

tanto ao autor como à editora.Na lista de autores devem figurar unica-mente as pessoas que contribuíram para o desenvolvimento do trabalho. De forma geral para figurar como autor, deve-se cum-prir os seguintes requisitos:

• Ter participado na concepção e realização do trabalho do qual resultou o artigo em questão;

• Ter participado na redacção do texto e nas eventuais revisões do mesmo;

• Estar de acordo com a versão que final-mente vai ser publicada;

A Nephro’s declina qualquer responsabili-dade sobre possíveis conflitos decorrentes da autoria dos trabalhos que se publicam. Os autores devem mencionar na sessão de métodos, se os procedimentos utilizados nos utentes e grupos de controlo se reali-zaram com o consentimento informado. Os autores devem juntamente com o envio dos originais, enviar uma folha onde decla-rem ceder graciosamente à APEDT, todos os direitos de publicação do artigo. Daí que, um artigo enviado para a Nephro’s, até re-jeição da sua publicação, não pode ser en-viado para outra revista.

Citações e referências bibliográficasSeguir as normas aceites pela comunidade ciêntifica, nomeadamente a Norma Portu-guesa, NP 405-1.

Exemplo de livro: ROPER, Nancy et al – Modelo de enfermeria. 2ª ed. Madrid: Interamericana, 1987. 380 p.

Exemplo de artigo: BASTO, Marta Lima – “Interacção enfermeira-doente hospi-talizado”. Nursing, Lisboa, 1992. nº 49, p. 6-9.

Como enviar o artigoEnviar o artigo por correio electrónico, ace-dendo ao site: www.apedt.pt e entrar na secção enviar artigo, ou directamente para o e-mail: [email protected] Poderá ainda enviar por correio normal. para o seguinte endereço:

APEDT

Trav. Elaine Sanceau, 27 - 3.º Esq.

4465-620 Leça do Balio

Portugal

REVISTA NEPHRO’S

NORMAS PARA

PUBLICAÇÃO DE

TRABALHOS

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NEPHRO’S

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RESUMO

A doença renal crónica (DRC) impõe a necessidade do doente gerir o regime terapêutico, particularmente no que

respeita à alimentação. A revisão da literatura permitiu identificar as prioridades da intervenção de enfermagem

relativas à gestão da alimentação ao longo dos vários estádios da DRC. Este estudo identifica as medidas de au-

tocuidado aconselhadas para ajudar a pessoa com DRC a gerir a restrição hídrica e dietética, antes e depois de

necessitar de um tratamento substitutivo da função renal.

PALAVRAS-CHAVE: autocuidado, doença renal crónica, enfermagem, nutrição, regime alimentarKEYWORDS: chronic kidney disease, diet, nursing, nutrition, self-care.

A GESTÃO DO REGIME ALIMENTAR NA PESSOA COM DOENÇA RENAL CRÓNICA EM DIÁLISE

Autores: Cristóvão, A.*; Pinto, L.C. *** Professor da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa; ** Enfermeira.

INTRODUÇÃO

A doença renal crónica (DRC) é reconhecida como um

dos maiores problemas de saúde pública1, afetando

cerca de 10% da população mundial1, enquanto a

hemodiálise constitui o segundo maior encargo para

o Sistema Nacional de Saúde2.

A hipertensão arterial (HTA) e a diabetes mellitus (DM)

são das doenças crónicas com maior prevalência

em Portugal e no mundo1,3 e as principais causas da

DRC1. A incidência destas patologias nos clientes em

tratamento substitutivo da função renal (TSFR) é de

31,2% para a DM e de 16,1% para a HTA4. Assim, torna-

se imperativo discutir as estratégias de autocuidado

que os enfermeiros podem aconselhar para permitir

aumentar a qualidade de vida, saúde e bem-estar da

população com DRC, particularmente em relação ao

regime alimentar.

Nas fases iniciais da DRC a prioridade é preservar a

função renal, e o regime alimentar aconselha uma

restrição de nutrientes que sejam eliminados pelo

rim. Já no último estádio da doença, quando a pessoa

segue um programa regular de diálise, a prioridade

do tratamento é evitar os efeitos da acumulação de

produtos tóxicos. Isso justifica uma restrição hídrica,

que varia consoante a diurese da pessoa com DRC,

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NEPHRO’S

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mas também um conjunto de restrições dietéticas,

de forma a evitar os efeitos nocivos da acumulação do

potássio e do fosfato sérico. Estes constrangimentos

são acompanhados por todas as restrições impostas

para controlar a pressão arterial e a glicemia e para

evitar as complicações cardiovasculares.

Este estudo identifica e fundamenta as prioridades do

tratamento ao longo dos vários estádios evolutivos

da DRC e identifica as estratégias de autocuidado

que podem facilitar a gestão das restrições hídricas

e dietéticas, que constituem os aspetos dominantes

do regime terapêutico, no domínio da alimentação

da pessoa com DRC.

METODOLOGIA

A revisão da literatura incidiu em artigos em português

e inglês, editados entre os anos 2000 e 2014, mas não

foram excluídos manuais e obras de referência, publica-

dos anteriormente. A pesquisa reuniu artigos das bases

de dados eletrónicas, como a EBSCO host e Reportório

Científico de Acesso Aberto de Portugal, e ainda artigos

de investigação e de revisão sistemática da literatura,

teses de mestrado e brochuras. Foram selecionados

documentos que incidissem sobre medidas a usar na

gestão do regime alimentar em adultos, nas diferen-

tes fases evolutivas da DRC. Consideramos critérios

de exclusão os documentos que se centrassem nos

aspetos pediátricos, na gravidez e no transplante renal.

A revisão da literatura – importância do autocui-

dado

A pessoa com DRC enfrenta uma doença e um trata-

mento penosos, que a obrigam a cuidados especiais

particularmente quando o tratamento é complexo.

Neste caso cabe à pessoa gerir a parte do tratamento

que pode ficar a seu cargo, por exemplo, a gestão do

regime alimentar

As pessoas têm uma natural capacidade para cuidarem

de si próprias e dos seus dependentes, embora muitas

das atividades tenham que ser aprendidas. O autocui-

dado é definindo como a “prática de atividades que os

indivíduos iniciam e realizam em seu próprio benefício,

para a manutenção da vida, da saúde e do bem-estar”5.

No âmbito deste artigo importa realçar o autocuida-

do relacionado com desvios de saúde, precisamente

porque se trata de habilitar a pessoa a gerir a sua DRC

e as suas co morbidades.

Quando existe um défice de autocuidado, em que as

necessidades de autocuidado superam as capacidades

do indivíduo para as realizar5, torna-se necessária uma

intervenção de enfermagem que permita assegurar o

nível adequado de saúde e bem-estar. Como agente

de autocuidado, o enfermeiro pode prestar uma in-

tervenção total ou parcialmente compensatória, ou

apenas prestar o apoio e educação suficientes para que

o individuo com DRC garanta a sua independência na

gestão do regime alimentar. Este estudo centra-se nas

medidas de educação, considerando que o enfermeiro

de nefrologia assume a função de orientar e educar o

cliente do cuidado, para que possa desenvolver ativida-

des de autocuidado5, de forma segura e independente.

A doença renal crónica

A DRC e o tratamento alteram significativamente a

qualidade de vida e exigem um permanente esforço

de adaptação à terapia. Assim, a gestão da doença

crónica constitui-se uma componente essencial de

saúde conduzindo à consciencialização de estratégias

eficazes para esse processo6. A DRC é definida como a

presença de uma lesão renal, evidenciada em exames

laboratoriais, bem como por alterações identificáveis

nos estudos de imagem, ou por uma taxa de filtração

glomerular (TFG) inferior a 60 ml/min/1.73m2 durante

um período igual ou superior a três meses1,7,8. A Natio-

nal Kidney Foudation e Kidney Disease Outcome Quality

Initiative classifica a DRC em 6 estádios de acordo com

o grau de afeção renal1,7,9 como mostra o quadro 1.

As principais causas da DRC incluem a DM (27,7%), a

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NEPHRO’S

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CIÊ

NC

IAE

TÉCN

ICA

HTA (15,4%), a glomerulonefrite crónica (11,6%) e a

doença poliquistica autossómica dominante (6,5%) 4.

Nos estádios iniciais da DRC o tratamento visa controlar

a glicemia, a hipertensão arterial e a anemia, prevenir as

complicações cardiovasculares e retardar o decréscimo

da TFG1, até à perda total da função renal. Já no estádio

4, a DRC inclui a antecipação e preparação para uma

possível terapia substitutiva da função renal (TSFR), com

a eventual preparação do acesso vascular para diálise.

Quando a pessoa alcança o estádio 5 da DRC, passa a

necessitar de uma modalidade de TSFR – hemodiálise,

diálise peritoneal ou transplante renal 10.

A nutrição constitui um pilar do regime terapêutico.

A limitação do consumo de sal e de proteínas, ajuda

a retardar a progressão da função renal e a reduzir os

fatores de risco cardiovasculares, como a HTA. No es-

tádio terminal, o tratamento dialítico exige restrições

hídricas e dietéticas, deforma a evitar complicações

potencialmente fatais.

Como a gestão do regime alimentar impõe um per-

manente esforço adaptativo e a perda de bem-estar

e qualidade de vida, cabe ao enfermeiro conhecer

e aconselhar medidas de autocuidado, ajustadas ao

perfil e às preferências do cliente, além de o ajudar a

implementar as estratégias de resolução dos proble-

mas, promovendo a aceitação, adaptação e adesão à

sua nova situação de saúde.

Medidas para a gerir o regime alimentar na pes-

soa com DRC

Nos estádios 0 a 4, a terapia nutricional tem como

objetivos controlar a glicemia, a hipertensão arterial

e retardar a progressão da DRC. Por isso, é essencial

controlar os fatores de risco associados a esta pato-

logia nomeadamente, a HTA, a DM e a dislipidémia e

praticar uma alimentação e estilos de vida saudáveis.

Nesse sentido, segue-se um conjunto medidas gerais,

relativas à dieta aconselhada nas fases iniciais da DRC,

que são resumidas no quadro 2:

1) Reforçar a ingestão hídrica, para facilitar a eliminação

de catabolitos a nível renal1,10.

2) Diminuir o consumo proteico, uma vez que contribui

para o atraso da progressão da DRC e redução dos

efeitos da acumulação de produtos relacionadas

com a uremia. A Kidney Disease Outcome Quality

Initiative (2003), recomenda um consumo diário

de proteínas de 0,75 g/kg de peso ideal, para uma

TFG superior a 30 ml/min. Ao contrário, para uma

TFG inferior a 30 ml/min a ingestão de proteínas

diária deve corresponder a 0,6 g/kg. Contudo, uma

dieta restrita em proteínas exige do doente um

elevado esforço para o seu cumprimento a longo

prazo1,11,12,13,14,15,16.

3) Reduzir o consumo de sódio, açúcar e lípidos, visto

que em excesso promovem o desenvolvimento e

agravamento de patologias como, a dislipidémia,

a DM e a HTA. Deste modo, é aconselhado uma

ingestão diária de sal inferior a 6 g e de preferência

a escolha de gorduras monoinsaturadas1,12,17.

4) Restringir a ingestão diária de bebidas alcoólicas a

30g de etanol1.

5) Moderar o consumo de alimentos com teor em

fósforo e potássio, que na sua generalidade, engloba

os produtos lácteos e as frutas, vegetais e legumes,

respetivamente. O controlo da ingestão destes tipo

de produtos deve ter em conta o grau de função

renal associado, sendo que quanto menor for a

TFG maior deverá ser a restrição destes elementos,

pois em excesso, gera complicações graves como

o hipertiroidismo secundário, a osteodistrofia renal

e as arritmias1.

No estádio 5, a fase terminal da DRC, o regime alimentar

inclui as restrições hídricas e dietéticas para prevenir a

sobrecarga hídrica, a hiperfosfatemia, a hipercaliémia

e a desnutrição calórico-proteica. Por isso, as estraté-

gias devem ser personalizadas para atender ao estilo

de vida do cliente, possibilitando um maior conforto

antes, durante e após as sessões de diálise.

As restrições hídricas reúnem as estratégias redutoras

no consumo de açúcar, de sódio e de outros condi-

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NEPHRO’S

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mentos, uma vez que estes componentes despertam

a sensação de sede no cliente e igualmente, podem

conduzir à hiperglicemia e ao agravamento da HTA.

Além disso, incorpora as medidas para ajudar a gerir um

consumo de líquidos de acordo com as recomendações

padronizadas e situação clinica do cliente. Em regra, a

quantidade de líquidos que o indivíduo pode ingerir é

a soma da diurese mais 500 ml das perdas insensíveis

(quadro 3). Por outro lado, nas restrições dietéticas as

medidas de autocuidado incluem as estratégias para

limitar o consumo de fósforo e de potássio (quadro 3)

Estratégias para respeitar as restrições hídricas

Segue-se um leque de medidas que ajudam a gerir

as restrições hídricas começando pelas medidas de

autocuidado para reduzir a sede:

1) Evitar alimentos com elevado teor em sal e açúcar,

como os produtos de pastelaria e salgados, pois

favorecem a sensação de sede e o aumento do

ganho de peso interdialítico18,20.

2) Restringir o uso dos substitutos de sal, visto apre-

sentarem quantidades de cloreto de potássio e

metade do sódio do sal comum10,18,20,22,26.

3) Avaliar o rótulo dos produtos, para avaliar o teor

em sal ou presença de designados substitutos de

sal como o monoglutamato de sódio10,20,26. O teor

médio recomendado em sódio é de 0,3 e 1,5 g por

100 g de porção27.

4) Restringir a adição de sal na comida antes e após

a confeção10,18,20,22,24,26.

5) Utilizarervasaromáticasoucondimentosnacon-

feção dos alimentos, uma vez que acrescenta mais

sabor aos alimentos e permite reduzir a utilização

de sal10,20,26.

6) Moderar a utilização de especiarias, pois consumidos

em excesso promovem o aumento da sensação de

sede20,26.

7) Evitar pratos asiáticos, visto serem geralmente muito

condimentados e conterem elevado teor em sódio,

potássio e fósforo. É essencial existir um reajuste nos

clientes com estas práticas alimentares de forma

a não abandonarem os seus hábitos culturais21.

8) Preferir bebidas quentes e mornas, pois parecem

ser mais eficazes a reduzir a sede, do que as bebidas

frescas18.

Como medidas de autocuidado para restringir o con-

sumo de líquidos destacam-se:

1) Avaliar a diurese, principalmente nos clientes oli-

gúricos, pois possibilita um maior controlo do nível

hídrico de consumo diário, prevenindo a ingestão

de líquidos em excesso ou uma privação superior

às suas necessidades10,18,19.

2) Avaliar diariamente o peso, de manhã antes do

pequeno-almoço, de forma a perceber os líquidos

acumulados entre os tratamentos de hemodiálise

e o balanço hídrico da diálise peritoneal10.

3) Colocar numa garrafa a quantidade de líquido reco-

mendada para um dia e só beber essa quantidade

de líquidos. Esta medida permite ao cliente ter um

maior controlo e consciencialização do valor de

líquidos a ingerir10,18,19,20,21.

4) Usarumachávenaoucopopequenosoubeberape-

nas metade de cada recipiente, uma vez que ajuda

a controlar a porção de líquidos ingeridos10,18,19,22.

5) Restringir a ingestão de bebidas alcoólicas e ga-

seificadas, pois são ricas em potássio e açúcar e

aumentam a sensação de sede. Logo, deve dar-se

preferência às bebidas como a água não gaseifi-

cada, o leite de vaca meio gordo ou magro, o chá,

o café de cevada na cafeteira20,23.

6) Diluir um cubo de gelo na boca. Cada unidade

contém aproximadamente 30 ml e a sua diluição na

boca permite uma sensação de saciedade momen-

tânea. Este efeito pode ser acrescido pela adição

de sumo de citrinos, pois aumentam a produção

de saliva. No entanto, após esse momento de sa-

ciedade poderá surgir um aumento da sensação

de sede, sendo por isso considerada uma medida

pouco eficaz10,18,19,20,22.

7) Humidificar e refrescar a mucosa oral. Para este

efeito, poderá utilizar um spray com água, bochechar

com água morna ou usar um elixir oral, escovar os

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dentes 3 a 4 vezes por dia, mastigar pastilha elástica

e chupar rebuçados ou rodela de limão ou toranja.

Estas estratégias permitem reduzir a xerostomia e

humidificar da mucosa oral10,20,22.

8) Limitar o consumo os alimentos com elevado

teor em água, por dia: os gelados; as gelatinas; as

bebidas como os refrescos, o chá, o café, e o leite;

as sopas; os cremes; os pudins; e as frutas como

a melancia, o ananás, a laranja e as uvas. Ou seja,

tudo o que seja líquidos e húmido19,23,24.

9) Restringir o consumo de sopas ou caldos, preferin-

do sopas mais espessas ou encher apenas metade

do recipiente. No caso dos clientes em diálise com

anorexia e/ou dificuldade de mastigação, os pro-

dutos líquidos devem ser substituídos por sopa18,19.

10) Ingerir líquidos somente nas principais refeições,

de forma a controlar a ingestão de líquidos ao

longo do dia 25.

11) Tomar os medicamentos com as principais refeições,

exceto se contraindicado. Esta medida é relevante

para os clientes oligo-anúricos e/ou com grande

número de medicação10.

12) Manter-se ocupado, de forma a distrair-se e deixar

de pensar nos líquidos10,18,19.

13) Reduzir o consumo de líquidos durante os eventos

sociais, para permitir ao cliente tomar uma bebida

extra10,21.

14) Evitar a exposição ao sol ou a altas temperaturas,

uma vez que aumenta a sensação de sede condu-

zindo ao aumento da ingestão hídrica. No caso dos

clientes submetidos a estes climas é necessário

reajustar o padrão hídrico diário pois existe um

aumento das perdas insensíveis.

Estratégias para respeitar as restrições dietéticas

As medidas de autocuidado para restringir os alimentos

ricos em fósforo incluem:

1) Moderar o consumo de carne, peixe e ovos. A quanti-

dade a ingerir deve ser proporcional ao tamanho

da palma da mão e, diariamente, deve alterar uma

refeição de carne com uma de peixe. Por outro

lado, deve preferir o consumo da clara do ovo,

pois é menos rica em fósforo e contém teor em

proteínas20.

2) Restringir o consumo de leite e derivados, fari-

nhas lácteas e integrais, flocos de cereais e fibras,

leguminosas secas e verdes, frutos secos, cacau,

conservas, fumados e vísceras, uma vez que apre-

sentam quantidades elevadas de fósforo18,20,21,28,29.

3) Moderar o consumo de pão, bolachas, bolos e

tostas18,20,29.

4) Restringir a toma de suplementos herbáceos e/

ou de medicamentos sem prescrição médica,

pois podem conter quantidades de fósforo e de

potássio30.

As medidas de autocuidado para restringir os alimentos

ricos em potássio incluem:

1) Restringir o consumo de frutos secos, oleaginosos

e frutas enlatadas, leguminosas secas e cacau, pelo

alto teor em potássio que apresentam10,18,20,31.

2) Eliminar a ingestão de bacalhau seco e salgado,

pois contém alto teor em potássio e sódio. Quando

consumido deve ser demolhado em várias águas

durante um a dois dias10,18,20,31.

3) Preferir o consumo de pão branco e cereais com

grãos refinados, visto que os grãos integrais têm

um elevado teor em potássio10,18,20,31.

4) Ingerir apenas uma fruta fresca e outra cozida por

dia, e de preferência com baixo teor em potássio

como a maçã, a pera e o pêssego10,18,20,31.

5) Descascar sempre a fruta crua antes de a consumir,

visto que a casca contém maior porção de potássio

em relação ao seu interior10,18,20,31.

6) Preferir a ingestão de fruta cozida à fruta assada,

pois ao ser cozida o potássio contido na fruta

liberta-se e dilui-se na água10,18,20,31.

7) Descascar, cortar (em metades ou quartos) e de-

molhar as batatas antes de as cozer, de forma a

facilitar a saída do potássio para a água circundante

e assim, reduzir o seu teor a consumir10,18,20,31.

8) Cozinhar todos os legumes em pelo menos duas

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águas, em que na primeira devem ser escaldados

e na segunda finalizar a cozedura. Os alimentos

devem ser cozidos em pequenas porções e em

grandes quantidades de água, sendo que esta

deve ser desperdiçada10,18,20,31.

9) Restringir o consumo de legumes, frutas e vegetais

confecionados em panela de pressão, a vapor, em

refogados ou no micro-ondas, porque este método

de confeção concentram o valor de potássio nos

alimentos10,18,20,31.

10) Cozer as batatas antes de as fritar, para reduzir o

teor em potássio10,18,20,31.

11) Substituir as batatas pelo arroz ou massa, pois

contêm menos potássio e são ricos em hidratos de

carbono essenciais para o cliente em diálise10,18,20,31.

12) Consumir diariamente só uma porção de legumes

crus e saladas, preferindo aqueles com mais baixo

teor em potássio como as couves, a cenoura, o

pepino e a alface, e evitar consumir salada e sopa

na mesma refeição10,20.

13) Ingerir até dois cafés de máquina por dia10,18,20,31.

CONCLUSÕES

Através da revisão da literatura foi possível identificar

estratégias nutricionais que permitem ao enfermeiro

educar e apoiar o doente renal e assim, prevenir a pro-

gressão da DRC e limitar a ocorrência de complicações

inerentes à falência renal.

Contudo, o enfermeiro deve estabelecer uma relação

de parceria com cliente e seus familiares, para facilitar

este processo de adaptação, tornando-o capaz de gerir

o seu autocuidado, incluindo-o na tomada de decisão.

Os enfermeiros precisam dominar um conjunto de

estratégias de autocuidado, de modo a aumentar a sua

competência profissional para aconselhar e adaptar

as exigências do tratamento ao perfil do cliente. Só

assim poderá verdadeiramente ajudar a satisfazer as

necessidades dos clientes. É essencial incluir a família e

os amigos na gestão do regime terapêutico e no apoio

à adaptação ao estado de saúde do cliente.

Quadro 1 – Evolução da doença renal crónica

Estádio 0 ≥ 90 Fatores de risco

Estádio 1 ≥ 90 Algum grau de lesão renal

Estádio 2 60 - 89 Lesão renal leve

Estádio 3 30 - 59 Lesão renal moderada

Estádio 4 15 - 29 Lesão renal grave

Estádio 5 < 15 Falência renal

Fonte: Levey, A. S. et al. (2005).

Quadro 2 – Medidas de autocuidado para gerir a alimentação nos estádios 0 a 4 da DRC

1. Reforço da ingestão hídrica

2. Redução do consumo proteico

3. Redução do consumo de sal, açúcar e de lípidos

4. Restrição do consumo de álcool

5. Moderação do consumo de alimentos ricos em fósforo e potássio

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CIÊ

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IAE

TÉCN

ICAQuadro 3 – Medidas de autocuidado para gerir a alimentação nos estádios 5 da DRC

A. Gestão da restrição hídrica

1. Controlo da sede

•Evitaralimentoscomelevadoteoremsaleaçúcar;

•Restringirousodossubstitutosdesal;

•Avaliaroteoremsaledesubstitutosdesalnorótulodosprodutos;

•Restringiraadiçãodesalanteseapósaconfeçãodasrefeições;

•Utilizarervasaromáticasoucondimentosnaconfeçãodosalimentos;

•Moderarautilizaçãodeespeciarias;

•Evitarpratosasiáticos;

•Preferirbebidasquentesemornas;

2. Controlo da ingestão hídrica

•Avaliaradiurese;

•Avaliardiariamenteopeso;

•Colocarnumagarrafaovolumedelíquidorecomendadoparaumdiaesóbeberessaquantidadedelíqui-

dos;

•Usarumachávenaoucopopequenosoubeberapenasmetadedecadarecipiente;

•Restringiraingestãodebebidasalcoólicasegaseificada;

•Diluirumcubodegelonaboca;

•Humidificarerefrescaramucosaoral;

•Limitaroconsumoosalimentoscomelevadoteoremágua,pordia;

•Restringiroconsumodesopasoucaldos;

•Ingerirlíquidossomentenasprincipaisrefeições;

•Tomarosmedicamentoscomasprincipaisrefeições;

•Manter-seocupado;

•Reduziroconsumodelíquidosduranteoseventossociais;

•Evitaraexposiçãoaosolouaaltastemperaturas;

B. Gestão das restrições dietéticas

1. Controlo de alimentos ricos em fosfatos

•Moderaroconsumodecarne,peixeeovos;

•Restringiroconsumodeleiteederivados,farinhaslácteaseintegrais,flocosdecereaisefibras,leguminosas

secas e verdes, frutos secos, cacau, conservas, fumados e vísceras;

•Moderaroconsumodepão,bolachas,bolosetostas;

•Restringiratomadesuplementosherbáceose/oudemedicamentossemprescriçãomédica;

2. Controlo de alimentos ricos em potássio

•Restringiroconsumodefrutossecos,oleaginososefrutasenlatadas,leguminosassecasecacau;

•Eliminaraingestãodebacalhausecoesalgado;

•Preferiroconsumodepãobrancoecereaiscomgrãosrefinados;

•Ingerirapenasumafrutafrescaeoutracozidapordia;

•Descascarsempreafrutacruaantesdeaconsumir;

•Preferiraingestãodefrutacozidaàfrutaassada;

•Descascar,cortar(emmetadesouquartos)edemolharasbatatasantesdeascozer;

•Cozinhartodososlegumesempelomenosduaságuas;

•Restringiroconsumodelegumes,frutasevegetaisconfecionadosempaneladepressão,avapor,emrefo-

gados ou no micro-ondas;

•Cozerasbatatasantesdeasfritar;

•Substituirasbatataspeloarrozoumassa;

•Consumirdiariamentesóumaporçãodelegumescrusesaladas;

•Ingeriratédoiscafésdemáquinapordia.

NEPHRO’S | Volume XVII | Nº 2 | 13

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Referências: 1. Vitko S et al. Transplantation 2004; 78(10): 1532–1540. 2. Resumo das Características do Medicamento, data da última actualização 01/2012 3. Tedesco-Silva H et al. Transplant Int 2007; 20: 27–36. 4. Budd K et al. Lancet 2011; 377:837-47. 5. Holdaas H et al. Clin Transplant 2008; 22:366-71. 6. Kovarik JM et al. Ther Drug Monit 2004; 26(5): 499–505.

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Os níveis-vale de everolímus no sangue devem ser cuidadosamente monitorizados em doentes com função hepática comprometida. A dose deve ser reduzida a aproximadamente dois terços da dose normal para doentes com compromisso hepático ligeiro, para aproximadamente metade da dose normal para doentes com compromisso hepático moderado e para aproximadamente um terço da dose normal para doentes com compromisso hepático grave. A experiência existente é insuficiente para recomendar o uso em crianças e adolescentes. Contra-indicações: O Certican está contra-indicado em doentes com hipersensibilidade conhecida ao everolímus, ao sirolímus ou a qualquer dos excipientes. Precauções/Advertências: Recomenda-se precaução com a utilização de indução com timoglobulina (globulina anti-timocito de coelho) e o regime de Certican/ciclosporina/corticosteróides. Risco aumentado de desenvolvimento de linfomas e outros tumores malignos, particularmente da pele. A supressão do sistema imunitário aumenta a susceptibilidade para as infecções, especialmente com agentes patogénicos oportunistas (bacterianas, fúngicas, virais e por protozoários). Entre estas condições encontram-se a nefropatia associada a vírus BK e a leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) associada a vírus JC. Os doentes devem ser monitorizados quanto à hiperlipidémia. Certican foi associado com o desenvolvimento de angioedema. Na maioria dos casos notificados os doentes estavam a receber inibidores da ECA como co-medicação. Doses reduzidas de ciclosporina são necessárias para o uso em associação com Certican de modo a evitar disfunção renal. Recomenda-se a monitorização regular dos níveis sanguíneos de everolímus e ciclosporina, proteinúria e da função renal. O uso de Certican com ciclosporina em doentes transplantados renais de novo foi associado com aumento da proteinúria. Num estudo de transplante hepático, Certican com uma exposição reduzida ao tacrolímus não conduziu ao agravamento da função renal em comparação com a exposição padrão ao tacrolímus. Não é recomendada a coadministração de everolímus com inibidores e indutores fortes conhecidos do CYP3A4, a não ser que o benefício seja superior ao risco. Foi notificado um aumento do risco de trombose arterial e venosa, resultando em perda o enxerto, geralmente nos primeiros 30 dias após o transplante. Certican, tal como outros inibidores mTOR, pode prejudicar a cicatrização aumentando a ocorrência de complicações pós-transplante tais como a deiscência de suturas, acumulação de fluidos e infecção de feridas que podem necessitar de mais cuidados cirúrgicos. A linfocele é o efeito mais frequentemente notificado em doentes transplantados renais e tem tendência a ser mais frequente em doentes com elevado índice de massa corporal. A frequência de derrame pericárdico e pleural aumenta em doentes transplantados cardíacos e a frequência de hérnias inguinais encontra-se aumentada nos doentes transplantados hepáticos. Tem tendência a ser mais frequente em doentes com elevado índice de massa corporal. A administração concomitante de Certican com um inibidor da calcineurina (ICN) pode aumentar o risco de síndrome hemolítica urémica/microangiopatia trombótica/microangiopatia trombótica induzida por INC. Foram notificados casis de doença pulmonar intersticial (DPI), tendo ocorrido alguns casos fatais. É necessário o ajuste de dose ou a interrupção do tratamento se for diagnosticada doença pulmonar intersticial. Verificou-se que o Certican aumenta o risco de novos casos de diabetes mellitus após transplante. As concentrações de glucose no sangue devem ser monitorizadas cuidadosamente em doentes tratados com Certican. Devem ser usadas medidas contraceptivas adequadas. Não deve ser tomado durante a gravidez a não ser que seja claramente necessário. Não deve ser usado em mulheres a amamentar. Existem notificações na literatura acerca de azoospermia e oligospermia reversível em doentes tratados com inibidores mTOR, Doentes com problemas hereditários de intolerância à galactose, deficiência de lactase ou malabsorção de glucose-galactose não devem tomar este medicamento. Interacções: Deve ter-se precaução quando se coadministra everolímus com substratos do CYP3A4 e CYP2D6 que têm uma janela terapêutica estreita Deve terse precaução como uso concomitante de rifampicina, rifabutina ou cetoconazol, itraconazol, voriconazol, claritromicina, telitromicina ou ritonavir, já que pode ser necessário alterar a dose de Certican. Deve ter-se precaução com o uso concomitante da Erva de São João, eritromicina, fluconazol, fenitoína, carbamazepina, fenobarbital, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da protease e fármacos anti-HIV. A utilização de vacinas vivas deve ser evitada. Efeitos indesejáveis: Os efeitos secundários muito frequentes (>10%) incluem infeções (virais, bacterianas e fúngicas), infeção do trato respiratório superior, infeção do trato respiratório inferior e infeções pulmonares (incluindo pneumonia), infeções do trato urinário, associados à administração de Certican em associação com a ciclosporina em microemulsão e com corticosteróides incluem leucopenia, hiperlipidemia (colesterol e triglicéridos), novo aparecimento de diabetes mellitus, hipocaliemia, hipertensão, acontecimentos tromboembólicos venosos, dor abdominal, vómitos, diarreia, náuseas, derrames pericárdico e pleural, leucopenia, anemia/eritropenia, trombocitopenia, insónia, ansiedade, cefaleia, dispneia, tosse. Os efeitos adversos frequentes (1 a 10%) sépsis, trombocitopénia, infeção de feridas, anemia, coagulopatia, púrpura trombótica trombocitopénica/síndrome hemolítica urémica, pancitopenia, microangiopatias trombóticas (incluindo púrpura trombótica trombocitopénica/síndrome hemolítica urémica), linfocele, epistaxes, tromboembolismo venoso, trombose do enxerto renal, taquicardia,angioedema, estomatite/aftas, dor na orofaringe, dor, dificuldade na cicatrização de feridas, pirexia, edema angioneurótico, acne, complicações de feridas cirúrgicas, pancreatite, proteinúria, necrose tubular renal, disfunção eréctil, alteração dos testes de função hepática, tumores malignos ou não especificados, neoplasias da pele malignas e não especificadas, erupção cutânea, mialgias, artralgia, edema periférico, hérnia da incisão. Os efeitos secundários pouco frequentes (0,1 a 1%) incluem hemólise, hipogonadismo masculino (diminuição da testosterona, aumento da FSH e LH), doença pulmonar intersticial, hepatite não infeciosa, perturbações hepáticas, icterícia, pielonefrite, linfomas/afeções linfoproliferativas pós-transplante. As reacções adversas raras (0,01 a 0,1%) incluem a proteinose alveolar pulmonar e vasculite leucocitoclástica. CER_RCM2014_03_IEC_v07 Medicamento sujeito a receita médica restrita. Para mais informações deverá contactar o titular da Autorização de Introdução no Mercado. Regime de Comparticipação: Escalão A. Data da última atualização: 03/2014.

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Referências: 1. Vitko S et al. Transplantation 2004; 78(10): 1532–1540. 2. Resumo das Características do Medicamento, data da última actualização 01/2012 3. Tedesco-Silva H et al. Transplant Int 2007; 20: 27–36. 4. Budd K et al. Lancet 2011; 377:837-47. 5. Holdaas H et al. Clin Transplant 2008; 22:366-71. 6. Kovarik JM et al. Ther Drug Monit 2004; 26(5): 499–505.

Certican 0,25 mg comprimidos, Certican 0,5 mg comprimidos, Certican 0,75 mg comprimidos, Certican 1 mg comprimidos. Apresentações: Cada comprimido contém 0,25 / 0,5 / 0,75/1 mg de everolímus. Indicações: Profilaxia da rejeição de órgãos em doentes adultos com risco imunológico baixo a moderado que receberam um transplante alogénico renal ou cardíaco. Certican deve ser usado em associação com ciclosporina para microemulsão e corticosteróides. Profilaxia da rejeição de órgãos em doentes que receberam um transplante hepático. No transplante hepático, Certican deve ser usado em associação com tacrolímus e corticosteroides. Posologia: É recomendado uma dose diária de 1,5 mg administrada duas vezes por dia (0,75 mg duas vezes por dia), para a população geral. É recomendada uma dose diária de 1,0 mg duas vezes ao dia para a população que recebeu transplante hepático com a dose inicial aproximadamente 4 semanas após o transplante. Os níveis-vale de everolímus no sangue devem ser cuidadosamente monitorizados em doentes com função hepática comprometida. A dose deve ser reduzida a aproximadamente dois terços da dose normal para doentes com compromisso hepático ligeiro, para aproximadamente metade da dose normal para doentes com compromisso hepático moderado e para aproximadamente um terço da dose normal para doentes com compromisso hepático grave. A experiência existente é insuficiente para recomendar o uso em crianças e adolescentes. Contra-indicações: O Certican está contra-indicado em doentes com hipersensibilidade conhecida ao everolímus, ao sirolímus ou a qualquer dos excipientes. Precauções/Advertências: Recomenda-se precaução com a utilização de indução com timoglobulina (globulina anti-timocito de coelho) e o regime de Certican/ciclosporina/corticosteróides. Risco aumentado de desenvolvimento de linfomas e outros tumores malignos, particularmente da pele. A supressão do sistema imunitário aumenta a susceptibilidade para as infecções, especialmente com agentes patogénicos oportunistas (bacterianas, fúngicas, virais e por protozoários). Entre estas condições encontram-se a nefropatia associada a vírus BK e a leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) associada a vírus JC. Os doentes devem ser monitorizados quanto à hiperlipidémia. Certican foi associado com o desenvolvimento de angioedema. Na maioria dos casos notificados os doentes estavam a receber inibidores da ECA como co-medicação. Doses reduzidas de ciclosporina são necessárias para o uso em associação com Certican de modo a evitar disfunção renal. Recomenda-se a monitorização regular dos níveis sanguíneos de everolímus e ciclosporina, proteinúria e da função renal. O uso de Certican com ciclosporina em doentes transplantados renais de novo foi associado com aumento da proteinúria. Num estudo de transplante hepático, Certican com uma exposição reduzida ao tacrolímus não conduziu ao agravamento da função renal em comparação com a exposição padrão ao tacrolímus. Não é recomendada a coadministração de everolímus com inibidores e indutores fortes conhecidos do CYP3A4, a não ser que o benefício seja superior ao risco. Foi notificado um aumento do risco de trombose arterial e venosa, resultando em perda o enxerto, geralmente nos primeiros 30 dias após o transplante. Certican, tal como outros inibidores mTOR, pode prejudicar a cicatrização aumentando a ocorrência de complicações pós-transplante tais como a deiscência de suturas, acumulação de fluidos e infecção de feridas que podem necessitar de mais cuidados cirúrgicos. A linfocele é o efeito mais frequentemente notificado em doentes transplantados renais e tem tendência a ser mais frequente em doentes com elevado índice de massa corporal. A frequência de derrame pericárdico e pleural aumenta em doentes transplantados cardíacos e a frequência de hérnias inguinais encontra-se aumentada nos doentes transplantados hepáticos. Tem tendência a ser mais frequente em doentes com elevado índice de massa corporal. A administração concomitante de Certican com um inibidor da calcineurina (ICN) pode aumentar o risco de síndrome hemolítica urémica/microangiopatia trombótica/microangiopatia trombótica induzida por INC. Foram notificados casis de doença pulmonar intersticial (DPI), tendo ocorrido alguns casos fatais. É necessário o ajuste de dose ou a interrupção do tratamento se for diagnosticada doença pulmonar intersticial. Verificou-se que o Certican aumenta o risco de novos casos de diabetes mellitus após transplante. As concentrações de glucose no sangue devem ser monitorizadas cuidadosamente em doentes tratados com Certican. Devem ser usadas medidas contraceptivas adequadas. Não deve ser tomado durante a gravidez a não ser que seja claramente necessário. Não deve ser usado em mulheres a amamentar. Existem notificações na literatura acerca de azoospermia e oligospermia reversível em doentes tratados com inibidores mTOR, Doentes com problemas hereditários de intolerância à galactose, deficiência de lactase ou malabsorção de glucose-galactose não devem tomar este medicamento. Interacções: Deve ter-se precaução quando se coadministra everolímus com substratos do CYP3A4 e CYP2D6 que têm uma janela terapêutica estreita Deve terse precaução como uso concomitante de rifampicina, rifabutina ou cetoconazol, itraconazol, voriconazol, claritromicina, telitromicina ou ritonavir, já que pode ser necessário alterar a dose de Certican. Deve ter-se precaução com o uso concomitante da Erva de São João, eritromicina, fluconazol, fenitoína, carbamazepina, fenobarbital, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da protease e fármacos anti-HIV. A utilização de vacinas vivas deve ser evitada. Efeitos indesejáveis: Os efeitos secundários muito frequentes (>10%) incluem infeções (virais, bacterianas e fúngicas), infeção do trato respiratório superior, infeção do trato respiratório inferior e infeções pulmonares (incluindo pneumonia), infeções do trato urinário, associados à administração de Certican em associação com a ciclosporina em microemulsão e com corticosteróides incluem leucopenia, hiperlipidemia (colesterol e triglicéridos), novo aparecimento de diabetes mellitus, hipocaliemia, hipertensão, acontecimentos tromboembólicos venosos, dor abdominal, vómitos, diarreia, náuseas, derrames pericárdico e pleural, leucopenia, anemia/eritropenia, trombocitopenia, insónia, ansiedade, cefaleia, dispneia, tosse. Os efeitos adversos frequentes (1 a 10%) sépsis, trombocitopénia, infeção de feridas, anemia, coagulopatia, púrpura trombótica trombocitopénica/síndrome hemolítica urémica, pancitopenia, microangiopatias trombóticas (incluindo púrpura trombótica trombocitopénica/síndrome hemolítica urémica), linfocele, epistaxes, tromboembolismo venoso, trombose do enxerto renal, taquicardia,angioedema, estomatite/aftas, dor na orofaringe, dor, dificuldade na cicatrização de feridas, pirexia, edema angioneurótico, acne, complicações de feridas cirúrgicas, pancreatite, proteinúria, necrose tubular renal, disfunção eréctil, alteração dos testes de função hepática, tumores malignos ou não especificados, neoplasias da pele malignas e não especificadas, erupção cutânea, mialgias, artralgia, edema periférico, hérnia da incisão. Os efeitos secundários pouco frequentes (0,1 a 1%) incluem hemólise, hipogonadismo masculino (diminuição da testosterona, aumento da FSH e LH), doença pulmonar intersticial, hepatite não infeciosa, perturbações hepáticas, icterícia, pielonefrite, linfomas/afeções linfoproliferativas pós-transplante. As reacções adversas raras (0,01 a 0,1%) incluem a proteinose alveolar pulmonar e vasculite leucocitoclástica. CER_RCM2014_03_IEC_v07 Medicamento sujeito a receita médica restrita. Para mais informações deverá contactar o titular da Autorização de Introdução no Mercado. Regime de Comparticipação: Escalão A. Data da última atualização: 03/2014.

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Certican 0,25 mg comprimidos, Certican 0,5 mg comprimidos, Certican 0,75 mg comprimidos, Certican 1 mg comprimidos. Apresentações: Cada comprimido contém 0,25 / 0,5 / 0,75/1 mg de everolímus. Indicações: Profilaxia da rejeição de órgãos em doentes adultos com risco imunológico baixo a moderado que receberam um transplante alogénico renal ou cardíaco. Certican deve ser usado em associação com ciclosporina para microemulsão e corticosteróides. Profilaxia da rejeição de órgãos em doentes que receberam um transplante hepático. No transplante hepático, Certican deve ser usado em associação com tacrolímus e corticosteroides. Posologia: É recomendado uma dose diária de 1,5 mg administrada duas vezes por dia (0,75 mg duas vezes por dia), para a população geral. É recomendada uma dose diária de 1,0 mg duas vezes ao dia para a população que recebeu transplante hepático com a dose inicial aproximadamente 4 semanas após o transplante. Os níveis-vale de everolímus no sangue devem ser cuidadosamente monitorizados em doentes com função hepática comprometida. A dose deve ser reduzida a aproximadamente dois terços da dose normal para doentes com compromisso hepático ligeiro, para aproximadamente metade da dose normal para doentes com compromisso hepático moderado e para aproximadamente um terço da dose normal para doentes com compromisso hepático grave. A experiência existente é insuficiente para recomendar o uso em crianças e adolescentes. Contra-indicações: O Certican está contra-indicado em doentes com hipersensibilidade conhecida ao everolímus, ao sirolímus ou a qualquer dos excipientes. Precauções/Advertências: Recomenda-se precaução com a utilização de indução com timoglobulina (globulina anti-timocito de coelho) e o regime de Certican/ciclosporina/corticosteróides. Risco aumentado de desenvolvimento de linfomas e outros tumores malignos, particularmente da pele. A supressão do sistema imunitário aumenta a susceptibilidade para as infecções, especialmente com agentes patogénicos oportunistas (bacterianas, fúngicas, virais e por protozoários). Entre estas condições encontram-se a nefropatia associada a vírus BK e a leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) associada a vírus JC. Os doentes devem ser monitorizados quanto à hiperlipidémia. Certican foi associado com o desenvolvimento de angioedema. Na maioria dos casos notificados os doentes estavam a receber inibidores da ECA como co-medicação. Doses reduzidas de ciclosporina são necessárias para o uso em associação com Certican de modo a evitar disfunção renal. Recomenda-se a monitorização regular dos níveis sanguíneos de everolímus e ciclosporina, proteinúria e da função renal. O uso de Certican com ciclosporina em doentes transplantados renais de novo foi associado com aumento da proteinúria. Num estudo de transplante hepático, Certican com uma exposição reduzida ao tacrolímus não conduziu ao agravamento da função renal em comparação com a exposição padrão ao tacrolímus. Não é recomendada a coadministração de everolímus com inibidores e indutores fortes conhecidos do CYP3A4, a não ser que o benefício seja superior ao risco. Foi notificado um aumento do risco de trombose arterial e venosa, resultando em perda o enxerto, geralmente nos primeiros 30 dias após o transplante. Certican, tal como outros inibidores mTOR, pode prejudicar a cicatrização aumentando a ocorrência de complicações pós-transplante tais como a deiscência de suturas, acumulação de fluidos e infecção de feridas que podem necessitar de mais cuidados cirúrgicos. A linfocele é o efeito mais frequentemente notificado em doentes transplantados renais e tem tendência a ser mais frequente em doentes com elevado índice de massa corporal. A frequência de derrame pericárdico e pleural aumenta em doentes transplantados cardíacos e a frequência de hérnias inguinais encontra-se aumentada nos doentes transplantados hepáticos. Tem tendência a ser mais frequente em doentes com elevado índice de massa corporal. A administração concomitante de Certican com um inibidor da calcineurina (ICN) pode aumentar o risco de síndrome hemolítica urémica/microangiopatia trombótica/microangiopatia trombótica induzida por INC. Foram notificados casis de doença pulmonar intersticial (DPI), tendo ocorrido alguns casos fatais. É necessário o ajuste de dose ou a interrupção do tratamento se for diagnosticada doença pulmonar intersticial. Verificou-se que o Certican aumenta o risco de novos casos de diabetes mellitus após transplante. As concentrações de glucose no sangue devem ser monitorizadas cuidadosamente em doentes tratados com Certican. Devem ser usadas medidas contraceptivas adequadas. Não deve ser tomado durante a gravidez a não ser que seja claramente necessário. Não deve ser usado em mulheres a amamentar. Existem notificações na literatura acerca de azoospermia e oligospermia reversível em doentes tratados com inibidores mTOR, Doentes com problemas hereditários de intolerância à galactose, deficiência de lactase ou malabsorção de glucose-galactose não devem tomar este medicamento. Interacções: Deve ter-se precaução quando se coadministra everolímus com substratos do CYP3A4 e CYP2D6 que têm uma janela terapêutica estreita Deve terse precaução como uso concomitante de rifampicina, rifabutina ou cetoconazol, itraconazol, voriconazol, claritromicina, telitromicina ou ritonavir, já que pode ser necessário alterar a dose de Certican. Deve ter-se precaução com o uso concomitante da Erva de São João, eritromicina, fluconazol, fenitoína, carbamazepina, fenobarbital, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da protease e fármacos anti-HIV. A utilização de vacinas vivas deve ser evitada. Efeitos indesejáveis: Os efeitos secundários muito frequentes (>10%) incluem infeções (virais, bacterianas e fúngicas), infeção do trato respiratório superior, infeção do trato respiratório inferior e infeções pulmonares (incluindo pneumonia), infeções do trato urinário, associados à administração de Certican em associação com a ciclosporina em microemulsão e com corticosteróides incluem leucopenia, hiperlipidemia (colesterol e triglicéridos), novo aparecimento de diabetes mellitus, hipocaliemia, hipertensão, acontecimentos tromboembólicos venosos, dor abdominal, vómitos, diarreia, náuseas, derrames pericárdico e pleural, leucopenia, anemia/eritropenia, trombocitopenia, insónia, ansiedade, cefaleia, dispneia, tosse. Os efeitos adversos frequentes (1 a 10%) sépsis, trombocitopénia, infeção de feridas, anemia, coagulopatia, púrpura trombótica trombocitopénica/síndrome hemolítica urémica, pancitopenia, microangiopatias trombóticas (incluindo púrpura trombótica trombocitopénica/síndrome hemolítica urémica), linfocele, epistaxes, tromboembolismo venoso, trombose do enxerto renal, taquicardia,angioedema, estomatite/aftas, dor na orofaringe, dor, dificuldade na cicatrização de feridas, pirexia, edema angioneurótico, acne, complicações de feridas cirúrgicas, pancreatite, proteinúria, necrose tubular renal, disfunção eréctil, alteração dos testes de função hepática, tumores malignos ou não especificados, neoplasias da pele malignas e não especificadas, erupção cutânea, mialgias, artralgia, edema periférico, hérnia da incisão. Os efeitos secundários pouco frequentes (0,1 a 1%) incluem hemólise, hipogonadismo masculino (diminuição da testosterona, aumento da FSH e LH), doença pulmonar intersticial, hepatite não infeciosa, perturbações hepáticas, icterícia, pielonefrite, linfomas/afeções linfoproliferativas pós-transplante. As reacções adversas raras (0,01 a 0,1%) incluem a proteinose alveolar pulmonar e vasculite leucocitoclástica. CER_RCM2014_03_IEC_v07 Medicamento sujeito a receita médica restrita. Para mais informações deverá contactar o titular da Autorização de Introdução no Mercado. Regime de Comparticipação: Escalão A. Data da última atualização: 03/2014.

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QUALIDADE DE VIDA DOS INSUFICIENTES RENAIS CRÓNICOS EM HEMODIÁLISE EM PORTUGAL

Autores: Joana Alexandra Baptista Rente*; Marta Amaral Pereira***Enfermeira: Serviço de Medicina do Hospital Dr. Francisco Zagalo – Ovar; **Enfermeira: Serviço de Medicina do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, E.P.E. - Santa Maria da Feira

RESUMO

A hemodiálise é responsável por alterações significativas na qualidade de vida (QDV) dos doentes com insuficiência

renal crónica (IRC). Este artigo pretende identificar o impacto da hemodiálise na QDV da pessoa com IRC em Portu-

gal. Foi desenvolvida uma revisão sistemática da literatura, com recurso à evidência científica de 4 estudos primários,

nos quais foi utilizado o Kidney Disease and Quality of Life (KDQOL) como instrumento de medição constituído por

uma medida genérica de saúde - o Short-Form 36. Estes avaliaram o impacto das variáveis na percepção da QDV,

constatando-se uma influência negativa da hemodiálise na QDV destes doentes. Concluiu-se que a avaliação da

qualidade de vida relacionada com a saúde (QDVRS) é verdadeiramente importante como indicador de excelência

dos cuidados de saúde, e deve ser introduzida a sua avaliação como indicador positivo dos cuidados de saúde, atra-

vés da percepção individual.

Palavras-chave: qualidade de vida, hemodiálise.

ABSTRACT

Hemodialysis is responsible for major changes in the quality of life (QOL) of clients with chronic renal failure

(CRF). This article pretends to identify the impact of hemodialysis on QOL of people with CRF in Portugal. It was

developed a systematic review of the literature, with scientific evidence will feature four primary studies, in which

we used as Kidney Disease and Quality of Life (KDQOL) measuring instrument consisting of a generic measure of

health - the Short Form 36. These assessed the impact of variables on the perception of QOL, finding a negative

influence of Hemodialysis on QOL of these patients. It was concluded that the assessment quality of life related

to health (QOLRH) is truly important as an indicator of excellence in health care, and it should be introduced to

its evaluation as a positive indicator of health care through individual perception.

Keywords: quality of life, hemodialysis.

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INTRODUÇÃO

A QDVRS dos insuficientes renais crónicos tem sido bastante enfatizada nos últimos anos, pois a complexi-dade dos problemas relativos à vivência da cronicidade da doença tem estimulado muitos investigadores a estudar o seu impacto na sua QDV. Estes doentes ficam então sujeitos a graves mudanças na vida social, no trabalho, nos hábitos alimentares e na própria vida sexual, que acarretam alterações na sua integridade física e emocional, havendo também um afastamento do indivíduo do seu grupo social, das actividades de lazer e por vezes da própria família, (RAMOS et al., 2008).O termo QDVRS pode ser definido como sendo um subconjunto do termo QDV, e recebe essa especificação por incluir vários domínios relacionados com a saúde, sendo eles o físico, o psicológico e o social. Este não inclui somente o conceito de saúde mas abrange outros aspectos importantes da vida do individuo, podendo afectá-lo de algum modo, nos seus rendimentos, na sua liberdade, na qualidade do ambiente que o envolve, nos aspectos espirituais/religiosos, entre outros, (DINIZ e SHOR, 2006). Aceita-se e toma-se como verdadeiro que, para que o Ser Humano esteja no seu mais completo bem-estar, todas as suas dimensões têm que estar num nível óptimo de QDV.Assim, no presente artigo iremos abordar o doente com Insuficiência Renal Crónica (IRC), consistindo esta patologia na degradação progressiva e irreversível da função renal. Esta pode ter diversas etiologias, sendo as mais comuns a diabetes mellitus e o envelhecimento do indivíduo com o consequente aumento da preva-lência de doenças crónicas degenerativas.

Na fase terminal desta patologia o tratamento de eleição é a hemodiálise, que consiste numa técnica de depuração extra renal intermitente que tem como objectivo eliminar os produtos finais do metabolismo, assim como o excesso de líquidos do organismo, quan-do a função renal é inadequada. Ao longo de várias décadas tem-se verificado o aperfeiçoamento do tra-tamento hemodialítico oferecido aos doentes com IRC, traduzindo-se num número progressivamente crescente de doentes submetidos a este procedimento. Porém, a doença rena crónica e o tratamento hemodialítico estão associados a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade, para além de proporcionar uma QDVRS questionável em muitos aspectos. De acordo com o Gabinete de Registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, cerca de 20% dos doentes insuficientes renais crónicos em diálise morrem todos os anos em Portugal(SOUSA,2008).Outra fonte refere que as taxas de mortalidade de IRC mostram uma tendência decrescente, tanto para homens (2,3/100.000 em 1996, para 1,5/100.000 em 1999) como para mulheres (1,7/100.000 em 1996, para 1,1por100.000em1999)(PORTUGAL,2004).Existem vários instrumentos que avaliam a QDVRS, de entre eles o Kidney Disease and Quality of Life – Short-Form 36 (KDQOL-SF), que é um exemplo de instrumento específico já validado para medir o funcionamento e o bem-estar de doentes com IRC terminal em trata-mento dialítico “que inclui aspectos gerais sobre saúde, além de permitir comparação entre populações e conter aspectos específicos da doença renal” (KUSUMOTOetal., 2008, p. 153).Assim, mais especificamente, as dimensões que consi-deramos mais pertinentes, abordadas neste instrumento de avaliação são (Figura 1):

Figura 1- Dimensões do questionário KDQOL-SF.

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Desta forma, e porque os números apresentados anteriormente mostram que realmente a IRC é um problema que merece toda a atenção por parte do Enfermeiro Especialista no âmbito do doente crítico, tornou-se pertinente aos nossos olhos desenvolver o estudo sobre a temática “Qualidade de Vida dos Insuficientes Renais Crónicos em Hemodiálise em Portugal”.As razões que justificam a nossa opção são:• Acompreensãodealgunsfactoresintervenientes

no processo de manutenção ou precipitação da IRC numa fase em que seja necessária hemodiálise;

• Aidentificaçãodealgumasvariáveissociodemográ-ficas, de contexto familiar e socioeconómicas que se possam relacionar com a QDV dos Insuficientes Renais Crónicos em hemodiálise.

A presente revisão pretende, como objectivo:• Identificar o impactodahemodiálise naQDVda

pessoa com IRC, em Portugal.Deste modo, e porque a saúde é uma direito humano fundamental e um valor universal que desde há muito preocupa o Homem, deve ser assumida como um recursoaoalcancedetodos(HENRIQUES,2009).Assim, esperamos que esta revisão sistemática da literatura possa vir a contribuir para uma melhor compreensão da problemática da IRC, facultando um suporte teórico a todos aqueles que de forma directa ou indirecta têm um papel activo sobre a QDVRS destes doentes. O que se pretende é que estes vivam cada vez mais, mas também, e essencialmente, cada vez melhor, permitindo aos profissionais de saúde integrarem uma visão holística do doente em todas as suas vertentes humanas, para uma actuação mais eficaz a nível da promoção da saúde e prevenção da doença.

Enquadramento TeóricoO 4º Inquérito Nacional de Saúde (2005/2006) revela que a prevalência de IRC é de 1.6% na população re-sidente em Portugal Continental, 0,6% na população residente na Região Autónoma dos Açores e 0.8% na RegiãoAutónomadaMadeira(PORTUGAL,2007).Genericamente, a IRC define-se como a deterioração progressiva e irreversível da função renal, na qual apa-recem sinais e sintomas mais ou menos inespecíficos, como resultado da acumulação de resíduos não excre-tados, alterações endócrinas e alteração do transporte iónico celular (PHIPPS, SANDS e MAREK, 2003).Umestudorecentequeanalisou20doentesconstatouque, 20% dos inquiridos referiu como etiologia da IRC a glomerulonefrite, 15% referiu a hipertensão arterial

e apenas 5% referiu que terá sido a diabetes (HIGA et al., 2008).No que diz respeito às Terapias de Substituição Renal, “os avanços tecnológicos e terapêuticos na área da diálise contribuíram para o aumento da sobrevida dos insuficientes renais crónicos, sem, no entanto, lhes possibilitar o retorno à vida em relação aos aspectos qualitativos” (MARTINS e CESARINO, 2005, p. 671). Assim, quando o tratamento conservador já não é suficiente para controlar a doença há necessidade de se recorrer a outra terapia que substitua a função renal.A diálise crónica nas suas duas vertentes, hemodiá-lise e diálise peritoneal, para alguns doentes, é uma terapêutica temporária de duração imprevisível, até serem submetidos a transplante renal. Contudo, para outros doentes esta será a sua única terapêutica de substituição renal (PIRES, 2007).Quanto maior for a informação e preparação fornecidas ao doente insuficiente renal crónico, maior será a sua capacidade de se adaptar à nova realidade, sobretudo se os conhecimentos adquiridos lhes permitir escolher a melhor modalidade de tratamento, ou seja, aquela que melhor se adapta às suas circunstâncias específicas (THOMAS, 2005).A terapêutica eleita para um determinado insuficiente renal crónico, num dado momento, é condicionada por diversos factores, como a viabilidade de modalidades existentes, condições sociais, doenças coexistentes, entre outros (THOMAS, 2005).No que diz respeito à hemodiálise, esta pode ser de-finida como “a remoção de solutos e água do sangue, através de uma membrana semi-permeável (dialisador)” (THOMAS, 2005, p. 185).Pode também dizer-se que “consiste na diálise realizada por uma máquina, na qual se promove a filtração extra-corpória do sangue” (KUSUMOTOetal.,2008,p.153).Este processo, como tratamento de rotina para a IRC foi introduzido nos anos 60 do século XX, embora actualmente, em Portugal, cerca de 9.000 doentes renais façam hemodiálise ou diálise peritoneal, tendo o número de doentes aumentado entre 2002 e 2003 à ordem dos 2.000 doentes/ano - uma média de 200 doentes/1.000.000habitantes(PORTUGAL,2004).Os objectivos da hemodiálise passam por extrair as substâncias nitrogenadas tóxicas do sangue e remover o excesso de água. Nesta modalidade o sangue provido de toxinas e resíduos nitrogenados é desviado do do-ente para um dialisador onde é limpo e seguidamente devolvido ao doente (SMELTZER e BARE, 2005).Neste sentido, a hemodiálise continua a implicar uma

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dependência física e psicológica muito grande por parte dos insuficientes renais crónicos, que se vêm condicionados a sessões de tratamento várias vezes por semana, em horários pré-estabelecidos com pessoal especializado (VILAR e SALGADINHO, 2005).

Enquadramento metodológicoA investigação científica é um processo sistemático e rigoroso que permite a análise de fenómenos para encontrar respostas para questões precisas para propor-cionar a aquisição de novos conhecimentos (FORTIN, CÔTE e FILION, 2009).Portanto, a revisão sistemática da literatura é um método de pesquisa rigorosa que permite agrupar estudos primários, retirando destes a melhor evidência científica (RAMALHO, 2005).Segundo o autor supracitado, a questão de investigação surge como um meio auxiliar para delimitar a pesquisa da revisão sistemática, sendo fulcral determinar o alvo. Esta guia todos os passos do estudo nomeadamente elaboração do projecto, identificação e selecção dos estudos, colheita de dados, avaliação da qualidade, análise, apresentação e interpretação dos resultados.Tendo por base o enquadramento teórico, foi utilizada a metodologia PI[C]OD: Participantes (Insuficientes Renais Crónicos em tratamento de hemodiálise); In-tervenções (identificar a QDV recorrendo ao KDQOL-SF); [Comparações]; Outcomes e Desenho do estudo (estudos de investigação primários com uma aborda-

gem descritiva). Construímos a seguinte questão de investigação: Quais as dimensões da Qualidade de Vida dos Insuficientes Renais Crónicos influenciadas pela Hemodiálise?De modo a obter respostas científicas válidas para a questão de investigação anterior, delineámos o se-guinte objectivo:• Identificar o impactodahemodiálisenaQDVda

pessoa com IRC, em Portugal.A presente revisão sistemática da literatura baseou-se numa pesquisa avançada nas várias bases de dados electrónicas durante os meses de Dezembro de 2012 a Fevereiro de 2013.As bases de dados electrónicas a que recorremos fo-ram: a EBSCO, B-ON, RCAAP e SciELO Portugal, tendo em conta as seguintes palavras-chave: hemodiálise e qualidade de vida. Efectuou-se ainda pesquisa na revista NEFRO’S da Associação Portuguesa de Enfer-meiros de Diálise e Transplantação, na Revista Nefrânia da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais e na Revista Nursing Portuguesa.Através desta estratégia de pesquisa foram encontradas 99 publicações. Perante um número tão elevado foi necessário definir critérios de inclusão e de exclusão de forma a obter um número total de publicações significativamente menor, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Critérios de Selecção.

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Numa fase inicial da pesquisa, após a aplicação dos critérios de selecção demarcados seleccionaram-se quatro artigos (de um total de 99 artigos). Estes resultados foram obtidos conforme o Quadro 2.

Quadro 2 – Processo de selecção.

Deste modo, as publicações excluídas não satisfaziam os critérios de inclusão apresentados no Quadro 1.Os quatro artigos que se consideraram relevantes para a nossa Revisão estão apresentados no Quadro 3.

Quadro 3 – Lista dos artigos considerados na Revisão Sistemática.

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Apresentação e Discussão de ResultadosOs quatro estudos seleccionados por satisfizerem os critérios de inclusão e exclusão pré-definidos são apresen-tados no Quadro seguinte, onde são identificados por numeração:

Quadro 4 – Síntese das fontes encontradas

Art. Objectivos Tipo de Estudo Amostra Resultados

Art. 1 Descrever a percepção da qualidade de vida re-lacionada com a saúde em doentes com insufici-ência renal crónica.

Não experimental, analí-tico e transversal.

263 Insuficientes renais crónicos em hemodiá-lise, 58,9% do género masculino, 64,3% casa-dos, 86,7% reformados ou pensionistas, 96,7% com nível de instrução básico ou inferior. Idades entre os 18 e os 88 anos. O tempo de diálise varia entre os 8 dias e os 25 anos.

Revelaram impacto das variáveis na percepção da qualidade de vida, sendo esta relação esta-tisticamente significativa em todas as variáveis ex-cepto a situação familiar e o tempo e o tempo de tratamento.

Art. 2 Descrever e comparar a qualidade de vida re-lacionada com a saúde das pessoas com insufi-ciência renal crónica em hemodiálise.

Não experimental e transversal.

112 Insuficientes renais crónicos, 58,93% do gé-nero masculino, 62,50% casados, 80% não exer-cem qualquer tipo de actividade profissional, 20% sem qualquer ní-vel de instrução escolar. Idades entre os 22 e 92 anos. O tempo de diálise varia entre os 2 meses e os 17 anos.

Evidenciaram Impacto negativo de algumas va-riáveis socio-demográfi-cas e clínicas e um eleva-do impacto positivo por parte da família.

Art. 3 Avaliar a percepção do estado de saúde e da qualidade de vida re-lacionada com a saúde em doentes com insu-ficiência renal crónica em diálise: identificar a relação entre o tipo de admissão e a percepção da qualidade de vida; identificar a relação en-tre as variáveis clínicas e a percepção da qualida-de de vida.

Não experimental, trans-versal e descritivo.

231 Insuficientes renais crónicos, 56,3% do gé-nero masculino, 68,4% casados, 84,9% são refor-mados ou pensionistas, 89,1% com nível de ins-trução básico ou inferior. Idades entre os 18 e os 88 anos. O tempo de di-álise varia entre 15 dias e 24 anos.

Os doentes com admis-são programada para he-modiálise apresentaram uma qualidade de vida superior aos admitidos de forma urgente. Os resultados evidenciaram também o impacto ne-gativo de algumas variá-veis socio-demográficas e clíncas.

Art. 4 Avaliar a Qualidade de Vida relacionada com a saúde, bem como os fac-tores que lhe estão asso-ciados.

Transversal descritivo-correlacional.

52 Insuficientes renais crónicos, 60% do género masculino, 38% casados, 70% sem actividade pro-fissional, 67% apresen-tam escolaridade inferior ao ensino secundário. Idades entre os 38 e os 70 anos. O tempo de diá-lise varia entre menos de 1 ano e mais de 5 anos.

Os resultados indicam que os sujeitos que efectuam hemodiálise entre 1 a 5 anos referem menor QDV comparati-vamente com os outros tempos de diálise. O gé-nero masculino demons-tra melhor percepção da qualidade de vida.

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Da análise dos dados apresentados sobressaem alguns aspectos pertinentes para a discussão dos resultados. É importante referir que os 4 artigos foram unânimes ao concluírem a influência negativa da hemodiálise na QDV destes doentes.Em relação ao género, as amostras são predominante-mente do género masculino que concomitantemente apresenta melhores scores nas dimensões da QDV.Apenas no Art. 1, o género feminino obteve score da dimensão “Saúde em Geral” superior ao do género masculino. A mesma dimensão no Art. 3 foi influenciada significativamente para o género masculino (p<0,01). No Art. 4, a dimensão “Função Emocional” obteve para o mesmo género um valor de p<0,05.O Art. 2 não nos apresenta discriminados os scores ob-tidos dentro de cada dimensão, contudo, foi unânime o facto de o género masculino obter maior qualidade de vida. Considerando que as amostras pertenciam a pontos geográficos distintos do nosso país, permite-nos generalizar um pouco afirmando que a maioria dos insuficientes renais crónicos em Portugal são homens. Assim, nas normas portuguesas do SF-36, está descrito que as diferenças entre géneros são habitualmente significativas, favorecendo o género masculino, mas apenas nas dimensões físicas (ANES e CASTRO, 2010), considerando que o facto de as mulheres terem a res-ponsabilidade de cuidar da casa e dos filhos as torna mais susceptíveis ao stress físico e mental.Com um intervalo etário tão alargado em todos os artigos podemos inferir que as doenças crónicas, pela sua etiologia variada, não têm idade, podendo também incidir sobre a idade produtiva e não só em idosos. Contudo, uma breve análise destes valores médios ajuda-nos a perceber que a maioria dos insuficientes renais crónicos têm já idade avançada, ou já passaram os 50 anos.Com a análise do Art. 1, 2 e 3, que têm descritos os scores das dimensões do SF-36, é notória uma dimi-nuição dos scores com a idade, e por isso é possível concluir que à medida que os indivíduos envelhecem, os scores diminuem, ou seja, com o aumento da idade diminui a QDV. Mais particularmente, no Art. 2, ao nível da “Função Física”, verificou-se uma diminuição gradual dos scores desde os jovens em hemodiálise para os considerados seniores, visto que habitualmente as pessoas de mais idade apresentam mais limitações físicas e mentais.No que diz respeito à situação familiar, no Art. 1, recor-rendo ao SF-36 e relacionando a QDV percepcionada com a situação familiar dos doentes, constata-se que

os doentes com companheiro apresentam valores de QDV mais favoráveis. No Art. 2 podemos verificar que, em concordância com o Art. 1, os doentes que não vivem sós apresen-tam uma percepção de QDV superior. Podemos pois referir, que de acordo com os resultados obtidos nos dois artigos, o agregado familiar pode ser encarado como um apoio social e emocional de grande relevo, influenciando consequente e positivamente a QDV.Pelos resultados obtidos no Art. 3 podemos constatar que o agregado familiar pode ser visto como um apoio emocional muito importante na percepção de QDV.Para este artigo, houve influência significativa nas se-guintes dimensões: “Função Física” (p<0,001), “Desem-penho Físico” (p<0,05), “Função Emocional” (p<0,01), “Função Social” (p<0,05), “Desempenho Emocional” (p<0,05) e a “Vitalidade” (p<0,05).No entanto, outro estudo primário de VILAR e SALGA-DINHO (2005) não verificou relação significativa entre o estado civil e a percepção da QDV.HENRIQUES(2009)referenoseuartigoque,paraalémdas significativas repercussões que se operam na matriz social e familiar, as estratégias e os esforços adoptados pela família, bem como a importância da solidariedade entre os seus membros são cruciais.No que respeita à situação profissional, observa-se que, no Art. 1, os resultados demonstram um índice mais elevado de QDVRS para o grupo de indivíduos estudantes, desempregados e trabalhadores activos. Em concordância no que respeita aos trabalhado-res activos, também o Art. 3 possui resultados que demonstram maior índice de QDVRS. Esta relação é estatisticamente significativa na grande maioria das dimensões em ambos os artigos (1 e 3).Por outro lado, tanto no Art. 2 como no Art. 4, é possí-vel observar diferenças estatisticamente significativas (p<0,01) na relação entre a percepção da QDV e a situação profissional, podendo deste modo inferir que esta variável tem uma influência directa no QDV.Ao nível do Tempo de diálise, no Art. 1, observa-se que a relação entre a percepção da qualidade de vida e o tempo de tratamento conduz, aparentemente, a um aumento da qualidade de vida à medida que o tempo de diálise aumenta. No entanto, estas diferenças não se mostram significativas neste artigo.No Art. 3 constatou-se também uma relação directa-mente proporcional entre o nível da QDV e o tempo de diálise. As dimensões com diferenças estatisticamente significativas foram o “Desempenho Emocional” (p<0,05) e a “Função Social” (p<0,05).

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Pelo contrário, no Art. 2, podemos verificar uma me-lhor QDV nos primeiros anos de tratamento, sendo as diferenças estatisticamente significativas (p<0,001). A partir do sexto ano em tratamento dialítico, verificam-se menores scores de QDVRS. Deste modo, esta amostra verificou que a sua QDV melhorou com o início da hemo-diálise mas com o passar dos anos e com complicações associadas, foi-se deteriorando. De uma forma geral a tendência seria a de uma correlação negativa entre o tempo de diálise e a QDV (ANES e CASTRO, 2009).No Art. 4, constata-se que os sujeitos cujo tempo de diálise se situa entre 1 e 5 anos é significativamente menor, do que aqueles que fazem hemodiálise há me-nos de um ano. Estes últimos são os que apresentam melhor QDV quando comparados com os restantes,

repetindo-se o aumento dos scores após os 5 anos de tratamento.Por esta descrição, os resultados apresentados nos quatro artigos, no que concerne à percepção da QDV dos doentes que fazem hemodiálise e o tempo de tratamento, não estão em concordância.Nos artigos 1 e 3 a QDV aumenta com o tempo de tratamento, no Art. 2, aumenta nos primeiros 6 anos e depois verifica-se um decréscimo com o passar dos anos e ainda no Art. 4, verifica-se uma melhoria da QDV no 1º ano de tratamento, piorando nos 5 anos seguintes, voltando a aumentar após os 5 anos.Desta forma não é unânime estabelecermos um padrão de desenvolvimento dos scores de QDV com a relação do tempo de diálise.

De uma forma geral, as dimensões dos instrumento

KDQOL-SF que revelaram maior influência da hemo-

diálise na qualidade de vida dos insuficientes renais

crónicos, nos 4 estudos, são as apresentadas com mais

relevo na Figura 2.

Aprimoramento e Actualização da RevisãoEsta revisão sistemática seleccionou os artigos em

análise presumindo a qualidade intrínseca e metodo-

lógica dos estudos, por estarem publicados em bases

de dados de referência ou em revistas cientificas da

área de saúde.

Umfactoquecondicionouonúmerodepublicações

seleccionadas foi o horizonte temporal de 5 anos, em-

bora tenhamos considerado que esta opção produziu

um conhecimento mais aproximado do “estado da arte”.

Considerámos também a influência das variáveis socio-

demográficas na QDV destes doentes enquadrando-

os na situação actual do nosso país, quer a nível de

situação profissional com o crescente desemprego,

quer a nível económico com a crise financeira, e daí a

pertinência do horizonte temporal.

O instrumento de avaliação da QDV destes doentes pelo

qual optámos apresenta também a limitação de não

cruzar entre si as diferentes variáveis independentes,

o que não nos permitiu tirar outro tipo de conclusões.

Acrescentamos ainda que apesar do crescente número

de doentes nesta situação, o estudo desta temática

Figura 2 – Dimensões da QDV onde se verifica maior influência pela hemodiálise.

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no nosso pais ainda é reduzido, e que realmente

seria benéfico que este fosse tema de discussão mais

frequentemente.

Conclusão e RecomendaçõesA IRC traduz-se em imensas alterações e desafios no

dia-a-dia destes doentes. Deste modo, o tipo de tra-

tamento, neste caso a hemodiálise, não só deve pro-

longar a vida do doente como também proporcionar

um maior grau de reabilitação, com uma óptima QDV

(ANES e CASTRO, 2010).

Como resposta à nossa questão de investigação, o

tratamento de hemodiálise interferiu negativamente

na QDV destes doentes.

As dimensões da QDV são influenciadas pela IRC,

uma vez que esta doença abarca uma alteração no

comportamento e no modo de vida do doente, onde

o tratamento por hemodiálise se torna indispensável

à sua sobrevivência e que afecta não só a população

idosa, mas também os jovens em idade produtiva.

A partir do momento do diagnóstico, o insuficiente

renal crónico convive diariamente com uma doença

incurável que o obriga a lidar com uma série de ques-

tões que marcam a sua vida, provocando alterações

na interacção social e desequilíbrios psicológicos, não

só para ele próprio mas também para a sua família.

De uma forma geral, os artigos analisados evidencia-

ram influência do género na percepção do estado de

saúde e da QDV, obtendo melhores scores de QDV

o género masculino. Portanto, visto que o género

feminino apresenta níveis mais baixos de QDV, e não

sendo esta uma característica modificável, é pertinente

pensar em cuidados específicos, tendo em conta que

a função emocional é a mais afectada.

No que diz respeito à idade, esta varia no sentido in-

verso da percepção da QDV e do peso de literacia. A

existência de actividade profissional e o facto de não

viverem sós, confere a estes doentes uma influência

positiva sobre a QDV.

Nos artigos analisados, não conseguimos obter um

padrão para o desenvolvimento da QDV em relação

ao tempo de diálise, uma vez que os resultados não

são unanimes.

Consideramos também que uma baixa percepção da

QDV estará possivelmente relacionada com a ausência

de perspectivas, diminuição da autonomia e inde-

pendência, que consequentemente impossibilitam a

concretização de projectos a curto e longo prazo (pela

frequência e duração dos tratamentos), originando

uma baixa auto-estima.

Deste modo, a QDVRS através da percepção do estado

de saúde está associada ao mais alto nível de bem-

estar e de satisfação dos indivíduos, contribuindo para

uma menor morbi-mortalidade e consequentemente,

menos despesa (ANES e CASTRO, 2010), e daí advém a

importância de avaliar cada vez mais este parâmetro

para que possa ser visto como indicador de qualidade

para a prática clínica e seja tido em conta em tomadas

de decisão políticas futuras.

Portanto, consideramos que seria pertinente a aplicação

regular do instrumento KDQOL-SF aos insuficientes

renais crónicos, nos centros de tratamento de diálise,

com o objectivo de melhorar a prática clinica de acordo

com os resultados obtidos.

Concluindo, estes doentes não são apenas clientes

nas clinicas de hemodiálise, passando também por

internamentos de Medicina Interna em fases diversas

de desenvolvimento da patologia. Por isso, gostaría-

mos de levar para o nosso dia-a-dia profissional, este

parâmetro como indicador de qualidade, de modo a

melhorar os cuidados de enfermagem prestados.

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NEPHRO’S | Volume XVII | Nº 2 | 27

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foi assim……. Em 2014...

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OS “SINAIS VITAIS” DA TRANSIÇÃO – RESPOSTAS DO INSUFICIENTE RENAL CRÓNICO EM INÍCIO DE TRATAMENTO POR DIÁLISE PERITONEALAutor: Maria Arminda Silva Tavares Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica do Serviço de Nefrologia/diálise do CHUC – HG

RESUMO

A teoria da transição de Meleis (Meleis et al, 2000) fornece aos enfermeiros os meios que facilitam a compreensão

das vivências das pessoas. O modelo transicional quando operacionalizado na prática diária dos cuidados de enfer-

magem faculta importantes indicadores para a elaboração de diagnósticos e para a prescrição de intervenções de

enfermagem. A pessoa com insuficiência renal crónica vivencia acontecimentos de vida relevantes, os quais assu-

mem maior expressão quando estes iniciam diálise. Na diálise peritoneal a pessoa aprende a realizar o seu próprio

tratamento levando-a a importantes mudanças no seu quotidiano. Este trabalho tem como objectivo descrever

as respostas da pessoa insuficiente renal em inicio de tratamento por diálise peritoneal. Foi realizado um estu-

do qualitativo de abordagem fenomenológica, com a recolha de informação a 12 participantes de uma unidade

hospitalar de região centro do país, através de da entrevista semi-estruturada. A análise do conteúdo foi realizada

através da metodologia proposta por Collaizi (Carpenter, 2000). As pessoas apresentam respostas intrapessoais e

interpessoais na vivência do tratamento por DP. As intrapessoais são na sua maioria de natureza emocional com

maior expressão para o medo, ansiedade, depressão e cansaço. Nas interpessoais as pessoas dão maior relevo

às relações familiares, profissionais e sociais. O desemprego e o isolamento social são demonstrações de que a

vivência de um processo de transição deve ser apoiado e acompanhado pelos enfermeiros para que este ocorra

de modo seguro. Em síntese, as respostas que as pessoas revelam na vivência do tratamento são os “sinais vitais”

do seu processo de transição. Estes devem ser identificados, estudados e compreendidos pelos enfermeiros para

servirem de indicadores na prescrição das intervenções de enfermagem no cuidado à pessoa insuficiente renal em

inicio de tratamento por diálise peritoneal.

Palavras- chave: Modelo de transição; cuidados de enfermagem; fenomenologia

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INTRODUÇÃO

A incidência e prevalência de doenças crónicas nas

sociedades modernas é uma realidade e uma preo-

cupação crescente dos sistemas de saúde, pelo seu

carácter longo e progressivo, de necessitarem de

elevados cuidados de saúde aumentado de forma

proporcional os custos seja para as instituições como

para o indivíduo e sua família. Healy e Monahan (2010)

falam-nos que a prevenção e o tratamento de doenças

crónicas são hoje grandes desafios com que os sistemas

de saúde se deparam.

Na doença renal crónica (DRC) existe uma falência

progressiva das funções excretora, reguladora e

hormonal do rim. A deterioração renal pode ocorrer

durante muitos meses ou anos, resultando numa

perda gradual de nefrónios, podendo manter-se as-

sintomática durante um longo período de tempo. O

dano causado pela DRC é irreversível e, a não ser que

a pessoa seja adequadamente referenciada nos está-

dios mais precoces da doença, esta evolui para uma

situação terminal sendo necessário a pessoa realizar

uma técnica de substituição da função renal (TSFR)

(Mahon e Jenkins, 2007).

A Sociedade Portuguesa de Nefrologia(SPN) analisa

anualmente os dados das unidades de nefrologia,

diálise e transplantação renal nacionais em relação à

incidência, prevalência, etiologia, taxa de mortalidade

e outros indicadores de mortalidade e comorbilidade

da insuficiência renal. A mesma entidade refere que

no ano de 2013 iniciaram em Portugal, 2210 pessoas

hemodiálise, 208 diálise peritoneal e entre os que foram

transplantados 9 foram submetidos a esta cirurgia antes

de iniciarem diálise (Macário et al., 2014).

Os dados da SPN demostram que existe uma grande

prevalência de pessoas com doença renal crónica em

tratamentos de substituição da função renal e com

todos os custos e cuidados que carregam o individuo

e família. A diálise peritoneal apresenta vantagens

como a conservação da função renal residual, maior

liberdade na organização do tempo pessoal, menor

restrição dietética e preservação do “capital vascular”.

No entanto, a execução rigorosa da técnica, as regras

rígidas de higiene e as restrições impostas pelo tempo

e frequência dos tratamentos são razões consideradas

desvantajosas para a decisão final (Arduan e Riviera,

2006; Weigel, Potter e Green, 2010; Rodrigues, 2010).

O início da diálise peritoneal comporta um conjunto

de experiências e respostas na pessoa que lhes con-

fere mudanças e importantes adaptações a um novo

projecto de vida. De acordo com o pressuposto que

as pessoas em início de DP experienciam uma situ-

ação de transição, a teoria desenvolvida por Meleis

et al., (2000) surgiu-nos como o modelo teórico de

referência para a compreensão do processo de tran-

sição da pessoa insuficiente renal crónica no período

inicial do tratamento. O modelo teórico de transição

descrito é uma ferramenta essencial na compreensão

de fenómenos que envolvam pessoas em processos

de transição. A pessoa insuficiente renal crónica que

na sua vivência de doença crónica já compreende

mudanças no seu estado de saúde, necessita agora

no período que antecede o início de DP e da própria

experiência do tratamento, de integrar na sua vida as

mudanças desenvolvimentais de carácter complexo e

de padrões múltiplos de relações com o meio que o

rodeia, condicionado por factores como os da própria

pessoa, da comunidade e sociedade. As respostas que

ocorrem do processo de mudança requerem que a

pessoa desenvolva estratégias de adaptação exigindo

por vezes que as próprias se submetam a uma rede-

finição de uma nova identidade completando o seu

processo de transição. Para que este seja estável e

sereno é essencial que os enfermeiros estejam dotados

de competências que lhes permita cuidar de pessoas

nestes períodos de mudança e que estejam dispostos

a estudar mais profundamente os fenómenos e as

respostas decorrentes desse processo.

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OBJECTIVO E QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO

Este trabalho tem como objectivos apresentar de forma

descritiva os dados obtidos da aplicação dos métodos

de investigação científica ao estudo do fenómeno.

Descrever as respostas da pessoa insuficiente renal

crónica em inicio de tratamento por diálise peritoneal,

de forma a responder à questão de investigação: quais

as respostas das pessoas insuficientes renais crónicas

em inicio de tratamento por diálise peritoneal?

METODOLOGIA

Estamos perante um estudo qualitativo de abordagem

fenomenológica. Como finalidade pretende, explorar o

fenómeno das vivências da pessoa em diálise peritoneal.

Ao investigar significados e vivências com o objectivo

de interpretar os seus conceitos, entramos no campo

da pesquisa qualitativa, pois como refere Flick (2004,

p.21) aqui não reduzimos os dados a variáveis, estes

são “estudados em sua complexidade e totalidade no

seu contexto diário”. A abordagem é fenomenológica,

porque e de acordo com Loureiro (2006) na investigação

qualitativa dispomos de várias abordagens metodoló-

gicas para a pesquisa e compreensão do objecto de

estudo, sendo fundamental que se adeque o método

à problemática em estudo. A postura da abordagem

fenomenológica na investigação científica requer

uma procura de participantes que partilhem entre si

a vivência do mesmo fenómeno, ou seja, recorremos a

uma amostra intencional, definindo como critérios de

inclusão: ser uma pessoa IRCT que iniciou DP no serviço

de diálise de um Hospital Central da região Centro do

País; que tenha um tempo de diálise superior ou igual

a 6 meses e inferior ou igual a 24 meses; que aceite

participar no estudo dando o seu consentimento; que

seja autónoma na realização da DP e que não evidencie

perturbação emocional ou cognitiva no momento do

pedido de participação.

Como método de colheita de dados, utilizámos a en-

trevista semi-estruturada, com a utilização de um guião

de entrevista para permitir e facilitar a orientação na

condução da entrevista. Inicialmente este foi avaliado

por um perito com experiência em diálise peritoneal,

procedendo-se à reformulação de algumas questões.

As entrevistas decorreram no período de Fevereiro a

Abril de 2011 com a realização inicial de 9 entrevistas.

No entanto, tivemos necessidade de voltar ao campo

de pesquisa para confirmação dos dados analisados,

e em simultâneo englobaram-se mais 3 participantes.

Não atingimos a amostra previamente definida de 15

participantes pois verificaram-se desistências do pro-

grama de DP, condições psicológicas desfavoráveis e

o não enquadramento nos critérios de inclusão defini-

dos. No entanto, os 12 participantes intencionalmente

seleccionados reportaram nas suas entrevistas casos

únicos com experiências de vida diferentes.

O registo da entrevista foi através da utilização de

um gravador digital o qual permite a transcrição real

do que foi proferido pelo entrevistado. As entrevistas

demoraram em média 30 minutos, com um tempo

mínimo de 23 minutos e um tempo máximo de 43

minutos. A validação da informação pelos entrevistados

decorreu entre os meses de Maio a Junho de 2011, ou

seja, após a entrevista foi efectuada a transcrição para

texto e este fornecido ao participante para validar a

sua informação e dar oportunidade de acrescentar ou

alterar a informação contida na entrevista.

Na análise e interpretação dos dados, Bogdan e Biklen

(1994, p.206) lembram-nos que existem “muitos estilos

diferentes de investigação qualitativa e uma variedade

de maneiras de trabalhar e analisar os dados”. Para esta

investigação considerámos a que foi proposta por Colaizzi

(citado por Carpenter, 2002, p.57), a qual utiliza sete

“etapas processuais” na abordagem fenomenológica

dos seus trabalhos (Saunders, 2003).

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A técnica de Colaizzi formulada em 1978 supõe que

as descrições das experiências vividas sejam obtidas

através dos relatos dos mesmos por meio de entrevista.

Na análise dos dados o autor defende que em sete

etapas o investigador poderá descrever o fenómeno

em estudo: 1º ler todos os relatos dos participantes, de

forma a adquirir uma visão geral; 2º retornar a todas

as entrevistas e extrair delas as declarações significa-

tivas relacionadas com o fenómeno em estudo; 3º a

cada declaração significativa, o pesquisador realiza

uma formulação de significados; 4º organizar a for-

mulação de significados em significados agregados

e formar grupos de temas; 5º realizar uma descrição

exaustiva do fenómeno em investigação através dos

resultados obtidos; 6º Reduzir a descrição exaustiva a

uma estrutura essencial que caracterize o fenómeno

em pesquisa; 7º A estrutura e os resultados obtidos

devem ser validados pelo retorno aos participantes.

Em cada entrevista foi explicado inicialmente os objec-

tivos do estudo e lido, em conjunto com o participante

o documento que posteriormente foi assinado pelo

investigador e participante. Foi explicado e garantido

aos participantes que estavam livres para abandonar o

estudo, sem que por isso sofressem qualquer prejuízo.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

“Olhe sinto que isto cansa muito, não imaginava que a

doença renal antes da diálise peritoneal que cansasse

tanto. Desgasta muito mais daquilo que estava à espe-

ra. Por um lado, não é tão dramático como às vezes as

pessoas pensam, vai desgastando. Desgasta uma pessoa

em termos de cansaço. No dia-a-dia desgasta muito, não

estava à espera que desgastasse tanto. Estava à espera que

chegasse aqui, tipo bombas de gasolina, chega abastece-

te e vai-te embora e estás outra vez com o depósito cheio,

mas não é verdade, isto desgasta muito”.(EB – 191-197)

Caracterização dos participantes

Da amostra resultaram 12 participantes, distribuindo-

se por género em 8 homens e 4 mulheres, com uma

média de idade de 49,25 anos e uma média de tempo

de diálise de 12,82 meses. Na sua maioria, os partici-

pantes eram casados, com um nível de escolaridade

que abrangeu desde a 4ª classe à licenciatura. À data

da recolha da informação 5 pessoas mantinham a sua

actividade profissional e 7 tinham deixado o emprego.

As principais etiologias da doença renal foram a hiper-

tensão, diabetes seguindo-se as doenças hereditárias.

Respostas à experiência de diálise peritoneal

Na realização de DP existem respostas que as pesso-

as experimentam fazendo parte do seu processo de

transição (Meleis et al., 2000). No período inicial da

DP as pessoas experimentam determinadas respostas

perante o fenómeno. As mesmas são determinantes no

processo de avaliação cognitiva da pessoa em relação

à sua doença e tratamento, influenciando assim, todo

o processo de transição. Da sua análise sobressaiu

na quase totalidade dos participantes, vivências de

carácter emocional como respostas ao início da diá-

lise. Este período é caracterizado por uma explosão

de emoções, sendo que estas tomam um sentido

desfavorável pela sua conotação negativa como o

medo, a preocupação, o nervosismo, a ansiedade, o

sentimento de impotência, o cansaço, sentimento de

falta de liberdade e desconforto, com indica a figura

abaixo representada.

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Figura 1 – Respostas à experiência de diálise peritoneal

Podemos considerar que as pessoas na sua vivência

no período inicial da DP evidenciam vivências de

sofrimento como o medo, a preocupação, ansiedade,

depressão, cansaço, falta de liberdade e desconforto.

Estes resultados vão ao encontro dos descritos por Bar-

bosa (2004) quando nos fala das respostas que a pessoa

experiencia no período de início de diálise. Para Barbosa

(2004, p.28) as pessoas consideram o início de diálise

um sofrimento. A autora descreve que “o sofrimento é

um conjunto de sentimentos e emoções individuais,

vivenciado e exteriorizado subjectivamente conforme

a causa e a personalidade do indivíduo”. O sofrimento

pode ocorrer quando algum aspecto da integridade

da pessoa está seriamente afectado, como o seu papel

familiar, social ou profissional. Hutchinson (2005) é

da opinião que as pessoas IRCT enfrentam múltiplas

transições desafiantes na sua vida, e que estas podem

ser uma ameaça ao seu tratamento, dependendo da

experiência que têm no início do tratamento. O autor

reafirma a necessidade de os profissionais de saúde

conhecerem as respostas das pessoas aos seus pro-

cessos de transição, por forma, a mobilizarem apoio e

suporte minimizando assim o impacto emocional que

este período difícil poderá ter nas suas vidas.

Em relação ao meio onde a pessoa vive e se relaciona, os

participantes percepcionam respostas das relações que

estabelecem com os familiares e os amigos e em relação

às questões profissionais e sociais. As respostas que

obtêm dos familiares são na percepção dos participantes

respostas de recurso, super-protecção, afastamento e

preocupação. A nível profissional e social as pessoas

experienciam o desemprego e o isolamento social.

Estes são dados importantes que requerem atenção dos

profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermei-

ros, para a detecção precoce de potenciais problemas

sociais e/ou familiares, e atempadamente intervir na

sua resolução. Anes e Ferreira (2009 descrevem que as

pessoas alcançam melhores níveis de bem-estar quando

profissionalmente activas. Da análise da informação da

nossa pesquisa todos os participantes evidenciaram

resposta de expressão emocional. A grande maioria

dos sentimentos expressos mostrou uma conotação

negativa mais evidente no início do tratamento, tais

como, o medo, a preocupação, ansiedade, depressão,

cansaço e a falta de liberdade. Após este período, as

pessoas percepcionam respostas beneficiadoras como

o bem-estar, esperança, liberdade dietética e ausência

de dor. Também aqui os autores como Thomas (2009)

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Figura 2 – O Cuidado de Enfermagem no processo de transição

e Blumental e Schwarz (2009) são da opinião que é

necessário um período de ajustamento e que terá

que ser a própria pessoa a encontrar o seu equilíbrio

emocional e cognitivo.

O cuidado transicional

Da análise das declarações significativas das entrevis-

tas, percebemos que as pessoas vêm no enfermeiro

um apoio, amigo, professor, um profissional dedicado

que assume uma relação de empatia gerando à sua

volta confiança. Todos os participantes evidenciaram a

importância da intervenção dos enfermeiros na equipa

multidisciplinar no cuidado à pessoa em DP. A figura

seguinte demonstra como no processo de cuidar da

pessoa em processo de transição é fundamental ou

até determinante a relação que se estabelece entre o

enfermeiro e a pessoa. Esta relação deve ser baseada

na confiança mútua, na empatia e no respeito. São

as relações que se estabelecem que servirão de base

de trabalho para o enfermeiro, ou seja, quanto maior

for a confiança da pessoa no trabalho do enfermeiro

melhor é a capacidade deste de aceitar as intervenções

de enfermagem (Hurst e Thomas, 2008).

Os enfermeiros devem surgir como facilitadores no processo de transição. Ao identificar os sinais da pes-soa no seu processo de transição, melhor orientam os seus diagnósticos e a prescrição das suas intervenções tendo como objectivo ajudar a pessoa a vivenciar de forma serena as mudanças ocorridas na sua vida. Ser portador de insuficiência renal pressupõe a necessi-dade de mudar hábitos relacionados com as dietas,

tratamentos, e dependência de outros. A sua adaptação é um processo complexo, com implicações pessoais como seja a limitação de actividades e a restrição de horários. Os enfermeiros são os profissionais de saúde que mais contactos detêm com as pessoas em início de diálise peritoneal, adquirindo um papel decisivo no acompanhamento e no processo formativo da pessoa utilizando para isso os saberes obtidos da experiência

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BIBLIOGRAFIA

clínica diária e das evidências científicas. Os enfermeiros ao conhecerem as respostas das pessoas no seu pro-cesso de transição, e ao estabelecerem, conjuntamente com estas, um plano de cuidados individualizado e holístico que responda às verdadeiras necessidades vão ter uma intervenção fundamental na preparação para o início do tratamento dialítico e nos seus resul-tados. Deste modo ajudam no estabelecimento de um programa de vida, na desmitificação de medos e crenças geradores de ansiedade e depressão, assim como, nos conhecimentos que a pessoa necessita para ser autónoma no seu tratamento e no seu auto-cuidado para o bem-estar.

CONCLUSÕES

A doença impõe ao doente um conjunto de novas adaptações e novas perspectivas de vida, como seja a realização de um tratamento enfrentando uma doença

crónica terminal. O acompanhamento profissional, integrado e individualizado por parte do enfermeiro permite que a pessoa se sinta apoiada na difícil jor-nada de encarar a doença e o tratamento como um processo de vida. Compreender como vivenciam os seus processos de doença e tratamentos são o passo para o desenvolvimento de uma enfermagem assente no cuidado humano baseado na evidência científica, com reais contributos para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de enfermagem. As respostas que vivenciam são os “sinais vitais” do processo de transição. Estes devem ser identificados, estudados e compreendidos pelos enfermeiros para servirem de indicadores na prescrição das intervenções de enfer-magem no cuidado à pessoa insuficiente renal em inicio de tratamento por diálise peritoneal.

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Welcome Message

Dear Colleagues,

It is a great honour to invite you all to the 44th

EDTNA/ERCA International Conference that

will take place in Dresden, Germany 26th

– 29th

September 2015.

The EDTNA/ERCA is a multi-disciplinary organisation for those working in renal care and through

the scientific programme we offer a significant and valuable contribution to the care given to

those referred to our renal services.

Quality and safety in renal care is the focus of this year's Conference where important exchanges

of information and experience will take place utilising the expertise of health care professionals,

service leaders, academics, researchers, people with renal disease and industry partners who

come together to share innovations and knowledge.

The Conference is a forum for sharing the best research and innovations in practice and helps in

initiating and promoting quality renal research and practice around the world.

You will have the opportunity to visit an exciting renal exhibition covering the most up to date

technology and research in renal care. We sincerely thank all our industry partners for their

generous support.

Dresden has a special spirit which has developed out of its history, tradition, art, architecture,

culture and a sense of the finer things in life. We are sure, that you will want to avail yourselves

of this opportunity to take in the unique atmosphere of this city.

We look forward welcoming you to the beautiful city of Dresden!

Best wishes

EDTNA/ERCA Executive Committee

!

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NEPHRO’S | Volume XVII | Nº 2 | 37

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“OS SINTOMAS QUE EXPERIMENTAM OS DOENTES EM DIÁLISE PERITONEAL, DE QUE MODO OS INCOMODA E ALTERA A SUA QUALIDADE DE VIDA”Autor: *Casimira Carvalho; *Elisabete Costa; *Sara Pereira Unidade de Diálise Peritoneal – Hospital de Santa Cruz - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental

RESUMO

O doente em diálise peritoneal surge, após um longo percurso, com o diagnóstico de uma doença incurável, com

limitações físicas, restrições familiares e sociais, incerteza no futuro e experiência de sintomas a vários níveis; enfim,

um assumir do papel de doente imposto e para o qual só tem uma saída – a substituição da função renal perdida

para sempre.

É função do enfermeiro em diálise peritoneal ajudar o doente/família a desenvolver estratégias para lidar com a do-

ença, o tratamento e todas as dificuldades que daí advém; daí ser de extrema importância o enfermeiro conhecer

as fontes de stress e ansiedade do doente/família.

Com o objetivo de identificar os sintomas que o doente IR em diálise peritoneal experimenta, como os incomoda e

altera a sua qualidade de vida, elaboramos um estudo através da aplicação de um questionário a todos os doentes

daUnidadedeDiálisePeritonealdoHSC,entreMaioeOutubrode2012.

Palavras-chave: Dialise Peritoneal; sintomas na insuficiência renal terminal; qualidade de vida.

ASTRACT

The peritoneal dialysis patient arises, after a long journey, with the diagnosis of an incurable disease, with physical

limitations, family and social constraints, uncertainty in the future and experience of various symptoms; finally, an

assumption of the sick role and for which tax has only one way - the replacement of renal function.

The role of the peritoneal dialysis nurse is helping the patient / family to develop strategies to deal with the disease,

the treatment and all the difficulties that this entails; that is why is so important that nurses know the sources of

stress and anxiety of the patient / family.

Aiming to identify the symptoms that the renal patient in peritoneal dialysis experiences, how they bother them

and changes their quality of life, a study was elaborated, after applying a questionnaire to all patients in the Perito-

nealDialysisUnitofHSCbetweenMayandOctober2012.

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INTRODUÇÃO

Com base na experiência profissional das investiga-

doras, na consulta dos processos dos doentes e na

consulta de literatura da especialidade, foi elaborado

um questionário de modo a tentar compreender quais

os sintomas que os doentes em dialise peritoneal (DP)

experimentam, de que modo esses sintomas os inco-

modam e alteram a sua qualidade de vida.

Não foram estudadas variáveis como o sexo, a idade, o

estado civil, a escolaridade entre outras não manipu-

láveis; contudo, a variável tempo em diálise peritoneal

foi incluída porque nos pareceu ser uma variável com

alguma influência, ou seja, a nossa perceção e experi-

ência profissional tem-nos demonstrado que, à medida

que o tempo em DP se prolonga, as complicações, e

por conseguinte alguns dos sintomas estudados, sur-

gem com maior frequência e gravidade, facto este que

poderá influenciar negativamente a qualidade de vida,

e a percepção de perda dessa qualidade e autonomia.

1) CONTEXTUALIZAÇÃO

O doente em diálise peritoneal surge-nos, vindo dum

percurso já longo, a quem foi diagnosticada uma

doença incurável com limitações físicas, restrições na

vida familiar e na vida social, incertezas no futuro e

experiência de sintomas; enfim um assumir do papel

de doente imposto e para o qual não vê saída senão

a substituição da sua função renal.

Este doente poderá ter uma experiência mais ou me-

nos longa no seu percurso de doença contudo, ele já

experimentou vários sintomas de insuficiência renal

como: edemas, retenção de líquidos, perda de forças,

desânimo, dor, alteração da sua imagem, diminuição da

capacidade de auto cuidar-se, restrições alimentares,

horários rígidos de toma de medicamentos, desgaste

emocional, dependência de outros, limitações para o

desempenho dos seus papéis, mudanças de rotina, e

a necessidade de substituir a sua função renal.

Agora surgem, de novo, mais alterações na auto-

imagem, causada pela doença e pela necessidade de

acesso para o tratamento dialítico a que teve de se

sujeitar, o cateter peritoneal.

O grau de limitação experimentado pelos sintomas

e pela presença dum cateter abdominal, poderá ser

influenciado por fatores internos (tais como as carac-

terísticas psico-emocionais e biofísicas do indivíduo)

e externos (as caraterísticas situacionais onde ocorre

a doença).

Para o enfermeiro é muito importante conhecer as

fontes de stress e ansiedade do doente e família, os

seus medos e receios atuais e em relação ao futuro,

para que possa ajudar o doente e família a desenvolver

estratégias para lidar com a doença, com a técnica

e com todas as dificuldades causadas pela situação.

Adaptar-se á nova realidade não é tarefa fácil e o cami-

nho a percorrer é duro e tortuoso; cabe ao enfermeiro

ajudar o individuo e a sua família neste processo e para

que isso aconteça este tem de conhecer as dificuldades

dos doentes e suas famílias.

2) METODOLOGIA

Este é um estudo de natureza quantitativa explorató-

rio e descritivo sobre a experiencia dos sintomas em

todos os doentes (a partir da sua perceção) que entre

maio e outubro de 2012 tiveram como substituição

da sua função renal a diálise peritoneal e assistidos na

UnidadedeDiálisePeritonealdoHSC.

Este estudo foi submetido à apreciação da comissão

de ética do CHLO, onde foi efetuado, e que deu pa-

recer favorável.

A colheita de dados foi feita através dum questionário,

antecedido dum consentimento escrito aceitando par-

ticipar no estudo, fornecido aos doentes e preenchido

no local quando estes ocorreram á unidade de diálise,

sem ser em situação de urgência.

3) APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

O questionário era composto por 3 partes distintas.

Na 1ª PARTE (figura 1) eram enumerados 17 sintomas,

que o doente assinalava como presente ou ausente:

• se presente, classificava de seguida o grau de

incómodo (muito, pouco ou não incomoda) e

posteriormente o grau de alteração da qualidade

de vida (muito, pouco ou não altera);

• seausente,passavaparaosintomaseguinte.

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CIÊ

NC

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TÉCN

ICA

Figura 1 – 1ª parte do questionário

A 2ª PARTE do questionário (figura 2) era constituída por 2 questões abertas, onde o doente tinha oportu-nidade para identificar mais 2 sintomas, não referidos anteriormente.

Figura 2 – 2ª parte do questionário

Na 3ª PARTE, e última, os doentes referiam o tempo em diálise peritoneal.

Figura 3 – 3ª parte do questionário

Tendo em conta esta composição, relativamente à 1ª PARTE, os sintomas enumerados foram:1 - Não poder fazer alguma atividade física;2 - A incerteza em relação ao futuro;3 - Ter comichão;4 - Sentir fadiga ou cansaço;5 - Não poder comer certos alimentos na quan-

tidade desejada;6 - Não poder beber líquidos na quantidade

desejada;7 - Ter cãibras musculares;8 - Ter problemas de trabalho devido à doença

ou tratamento;9 - O tratamento limitar as minhas atividades

de lazer;10 - Depender dos profissionais da unidade;11 - Alterar a minha vida social;12 - Sentir náuseas e vómitos;13 - Não poder continuar a assumir algumas das

res ponsabilidades familiares;14 - Ter problemas económicos depois do início

da diálise peritoneal;15 - Ter alteração da vida sexual;16 - Sentir dificuldade em dormir;17 - Ter dificuldade em engravidar.

Da análise dos dados obtidos através dos questionários, identificámos 3 sintomas como os mais PRESENTES na população estudada (gráfico 1, setas azuis), com % acima dos 70%:

• AINCERTEZAEMRELAÇÃOAOFUTURO(coma%mais elevada – 79,31);

• SENTIRFADIGAOUCANSAÇO(74,14%);

• DEPENDERDOSPROFISSIONAISDAUNIDADEDEDIÁLISE PERITONEAL (com % semelhante á anterior).

Por outro lado, os sintomas menos presentes (gráfico 1, setas vermelhas), com % abaixo dos 40%, foram:

• NÃOPODERCONTINUARAASSUMIRALGUMASDASRESPONSABILIDADES FAMILIARES (com a menor % - 31,03);

• TERPROBLEMASDETRABALHODEVIDOÀDOENÇAOUTRATAMENTO(32,21%);

• TERPROBLEMASECONÓMICOSDEVIDOAOINÍCIODA DIÁLISE PERITONEAL (37,93%);

• sentirnáuseasevómitos(39,66%).

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Gráfico 1 – Presença dos sintomas na população estudada

Relacionando estes dados, com o grau de INCÓMODO

e de alteração da qualidade de vida, constatamos que

independente-mente de serem os sintomas mais pre-

sentes ou não, os sintomas que mais incomodam são:

• AINCERTEZAEMRELAÇÃOAOFUTUROcom67,39%

dos doentes a sentirem que incomoda muito (tam-

bém é o sintoma mais presente),

• TERPROBLEMASDETRABALHODEVIDOÀDOENÇA

OUTRATAMENTO,com66,67%e

• TERPROBLEMASECONÓMICOSDEPOISDOINÍCIO

DA DIÁLISE PERITONEAL com 59,09%.

De notar que estes dois últimos são, concomitante-

mente, dois dos sintomas menos presentes, já que

com%inferiorapenaspodemosreferir-NÃOPODER

CONTINUARAASSUMIRALGUMASDASRESPONSABI-

LIDADES FAMILIARES, com cerca de 31,03%.

Este facto poderá levar-nos a crer que os problemas

laborais e económicos incomodam muito quem os

sente, problemas de trabalho e problemas económicos,

uns influenciam os outros e a crise económica que se

faz sentir potencializará ainda mais estes problemas.

Relativamente ao modo como ALTERAM a sua qua-

lidade de vida, os sintomas que mais a alteram, e à

semelhança dos que mais incomodam, são:

• TERPROBLEMASDETRABALHODEVIDOÀDOENÇA

OUTRATAMENTO,com61,90%,

• TERPROBLEMASECONÓMICOSDEPOISDOINÍCIO

DA DIÁLISE PERITONEAL com 59,09% e

• OTRATAMENTOLIMITARASMINHASATIVIDADES

DE LAZER com 51,28% (de notar que este sintoma

está presente em cerca de 67,24% da população

estudada).

De notar que:

• TERPROBLEMASDETRABALHODEVIDOÀDOENÇA

OUTRATAMENTO,

• TERPROBLEMASECONÓMICOSDEPOISDOINÍCIO

DA DIÁLISE PERITONEAL, são os sintomas que mais

incomodam e mais alteram a vida destes doentes.

Na 2ª PARTE, obtivemos 29 registos enumerados e

catalogados em:

A. Dependência por causa do tratamento;

B. Liberdade perdida devido ao tratamento;

C. Sintomas físicos relacionados com o tratamento e

D. Outros sintomas.

Da análise desses registos, obtivemos os registos que

a seguir apresentamos:

A. Dependência do tratamento:

• Durante a diálise à noite sentir dependência de

terceiros para as necessidades fisiológicas e a toma

da insulina;

• Mudaropensodiariamente;

• Asinfeçõesnoorifício;

• Terdefazeranálisesaosangue;

• O apoio familiar em todooprocessode início e

continuação da DP na vida do doente;

• Adependênciadotratamento;

• Adependênciadamáquinaoumudançadelíquidos,

quando o manual afeta a liberdade de movimentos

e deslocações;

• Otempodespendido;

• Apreparaçãodossacosparaotratamentodiário.

Verifica-se nestes registos alguma preocupação com

a família, nomeadamente da necessidade de apoio.

B. Liberdade perdida devido ao tratamento:

• Nãotertotalliberdade;

• Nãopuderdisfrutardetomarbanhonapiscinaena

praia, por precaução e por não gostar de mostrar

o penso do orifício;

• Regressar a uma vida semnecessidadede trata-

mento – uma vida “normal e saudável” como no

início;

• Faltadetempolivre;

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CIÊ

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IAE

TÉCN

ICA• Faltadeliberdadedeação;

• Fazertantasdiálisesenãopoderfazerginástica,irá casa da mãe ou da sogra por causa das horas;

• Qualidadedevidalimitada.

Também aqui volta a sentir-se preocupação com a família para além de outras, tais como falta de liber-dade e tempo.

C. Sintomas físicos relacionados com o tratamento:• Síndromevertiginosos;• Hérniadiscal;• Porvezes,faltadeapetite;• Desconfortoabdominal relacionadocomopeso

do líquido (principalmente de noite);• Adiálisemanualfazerincharpernasepésaofim

de 3 ou 4 dias;• Comichãonacabeça,cansaçoefaltadeforça;• Crises de ansiedade, sensação de vertigens ou

tonturas e de enfartamento;• Alteraçõesabdominais;• Asensaçãodedoredesconfortoabdominal,mesmo

tirando o ar dos tubos antes da entrada do líquido.

São sintomas físicos que causam desconforto, ansie-dade e dor, na vida pessoal de quem os experiencia.

D. Outros sintomas:• O apoio de uma equipamaravilhosa e sempre

disponível;• Ficarsemtrabalho;• Perderacasaporaçãodedespejo.

Por último, e em relação à 3ª PARTE do questionário, considerando que o tempo médio dos doentes em DP será por volta dos 6 anos, verificamos que cerca de 80% (79,31%) da nossa população está há menos de 3 anos na técnica, sendo que os restantes cerca de 20 % (20,69%) está há mais de 3 anos – incluímos neste 2ª grupo o doente que já ultrapassou os oito anos em DP.Da análise verificamos então que na maioria dos sin-tomas, as respostas são similares em ambos os grupos (gráfico 2).

Gráfico 2 – Distribuição dos sintomas nos doentes com menos e mais de 3 anos em DP.

Não obstante, e relativamente aos sintomas 11 a 16, estes parecem estar presentes em maior proporção no grupo de doentes com mais de 3 anos na técnica.Trata-sedesintomasdeordemfísica(SENTIRNÁUSEASEVÓMITOS eTERDIFICULDADE EMDORMIR) assimcomodeordempsicossocial(TERALTERAÇÃODAVIDASOCIALESEXUAL,NÃOPODERCONTINUARAASSUMIRALGUMASDAS RESPONSABILIDADES FAMILIARES eTERPROBLEMASECONÓMICOSCOMOINÍCIODADP).

Relativamente aos sintomas de ordem física, muito possivelmente poderão ser relacionados com o des-gaste peritoneal e a necessidade de transferência de técnica dialítica.Em relação a alteração da vida social, poderemos relacioná-la com a necessidade referida por estes do-entes de não se exporem demasiado perante os outros e dosearem os eventos sociais em que participam, acabando mesmo por aboli-los da sua rotina diária.Já em relação à alteração da vida, poderá estar relacio-nada com a alteração da imagem corporal pela presença de um acesso permanente e com a forma como essa imagem é percecionada pelo próprio e pelo cônjuge.NoquedizrespeitoàquestãodeNÃOPODERCONTI-NUARAASSUMIRALGUMASDASRESPONSABILIDADESFAMILIARES, poderemos relacioná-lo com a imagem de fragilidade com que o doente é conotado pelos familiares que tentam poupá-lo pois consideram que a doença e o tratamento já são sobrecarga suficiente.Por fim, O TER PROBLEMAS ECONÓMICOS DEPOIS DO

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INÍCIODADP,poderáestarrelacionadocomaposturaque os doentes têm relativamente ao emprego com o passar do tempo – alguns acabam por perder ou abandonar o emprego.

4) CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar, gostaríamos apenas de referir que o nosso trabalho é, tão-somente uma primeira aborda-gem a este tema e que ainda muito há para estudar e fazer nesta área.Para o enfermeiro, é de extrema importância conhecer as fontes de stress e ansiedade do doente/família, os seus medos e receios atuais e em relação ao futuro, com o intuito de os ajudar a desenvolver estratégias

para lidar com a doença, com a técnica e com as ad-versidades causadas pela situação.Adaptar-se a esta nova realidade não é tarefa fácil; cabe ao enfermeiro de dialise peritoneal ajudar o individuo e a sua família neste processo, minimizando o incómodo e maximizando a qualidade de vida.Conhecedor desta realidade e atento aos sintomas que os doentes experimentam, como estes os incomodam e alteram a sua qualidade de vida, os enfermeiros de dialise peritoneal incorporam nas suas práticas pre-ocupações relacionadas com estes contextos. Assim poderão preparar melhor os doentes e as suas famílias que iniciam dialise peritoneal, e ainda, ajudar os doentes que já se encontram na técnica a gerir e viver melhor com a realidade da diálise peritoneal.

*CORONEL, Francisco [et al] (2006) – Manual Prático de Diálise Peritoneal. Algés: Revisfarma, 2006. ISBN 972-99288-5-1

*DAUGIRDAS,John[etal](2003)–ManualdeDiálise.RiodeJaneiro.ISBN:85-7199-312-2.

*MONTENEGRO, Jesús [et al] (2009) – Tratado de Diálisis Peritoneal. Barcelona: Elsevier, 2009. ISBN 978-84-8086-394-0

*RODRIGUES,Anabela–DiálisePeritoneal,umadiálisefeitaemcasa:paraquandoaopção?Lisboa-Porto:Lidel,

2010. ISBN 978-972-757-723-1

*WILD, Janet – Diálise Peritoneal in THOMAS, Nicola – Enfermagem Nefrológica. Camarate: Elsevier, 2002. ISBN

972-8383-85-1, páginas 225 a 287

BIBLIOGRAFIA

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NEPHRO’S

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ARTIGOS DE OPINIÃO

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NOTAS

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EDIÇÕES APEDT

DOENÇA RENAL CRÓNICA

DIÁLISE PERITONEAL

Prefácio

É com grande satisfação que vemos surgir uma nova publicação

produzida por enfermeiros, algo ainda pouco comum no nosso

país e que revela a crescente preparação e competência técnica

e humana dos enfermeiros. A publicação deste manual é a con-

cretização do empenho de um grupo de enfermeiros que sentiu a

importância de elaborar um documento que sintetiza os aspectos

fundamentais para a prestação de cuidados de enfermagem às

pessoas em diálise peritoneal. O espírito empreendedor destes

enfermeiros constitui um exemplo de partilha de saberes e

experiência. Este manual concorre para a afirmação da enfermagem,

favorece o desenvolvimento da prática profissional e proporciona

ainda aos enfermeiros e aos estudantes de enfermagem um

conjunto de conhecimentos científicos que constituem as bases

para a prestação de cuidados de enfermagem, num domínio muito

especifico que é a diálise peritoneal.

Ao apresentar-se à comunidade, este manual reflecte a importância

que os enfermeiros actualmente conferem à diálise peritoneal

enquanto alternativa terapêutica ao serviço das pessoas com

insuficiência renal crónica. A diálise peritoneal é ainda a modalidade

terapêutica que em Portugal tem menor expressão no tratamento

da insuficiência renal crónica terminal, ao abranger apenas cerca

de três por cento desta população de doentes. No entanto, entre

2001 e 2006, o número de doentes renais crónicos que dela

beneficiam aumentou trinta e nove por cento (dados do Gabinete

de Registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, divulgados no

XXI Congresso Português de Nefrologia, em Maio de 2006). Além

de constituir uma modalidade terapêutica com maior expressão

em muitos países europeus, parece potenciar a independência e

a qualidade de vida dos doentes renais.

Para além da preocupação com os aspectos técnicos da diálise

peritoneal, o manual perspectiva uma enfermagem centrada

na pessoa e no auto-cuidado. Realça a importância social do

enfermeiro enquanto profissional com competências para ajudar a

satisfazer as necessidades de saúde das pessoas com insuficiência

renal crónica, quer numa instituição prestadora de cuidados, quer

no domicílio. As temáticas abordadas manifestam a preocupação

do enfermeiro em agir pela pessoa quando não está em condições

de assumir a responsabilidade de cuidar de si mesma ou não tem

quem por ela se responsabilize. Mas também a preocupação em

promover a sua autonomia ao desenvolver competências na pessoa

que necessita de auto-cuidados de saúde e nos seus familiares.

É a perspectiva de Dorothea Orem que continua actual e útil

na sociedade dos nossos dias. Nesse sentido, assume especial

importância a atenção dedicada aos problemas psico-sociais, ao

ensino e à consulta de pré-diálise. Também se valoriza a segurança

na execução da técnica e à prevenção de complicações, dando

expressão à enfermagem enquanto campo da prática.A este

lançamento quiseram associar-se duas instituições de grande

prestígio: a APEDT enquanto associação a quem cabe desen-

volver a enfermagem nefrológica; e a Baxter, enquanto empresa

vocacionada para prestar os melhores cuidados de saúde na

insuficiência renal e para melhorar a qualidade de vida dos doentes.Filipe CristóvãoProfessor Coordenador

Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

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Em cada dia, a cada minuto, em qualquer lugar a Baxter chega aos seus Doentes.

Líder em Diálise PeritonealRef. Baxter PT: 22/2011 Data ref. Baxter PT: 03/2011

Baxter Médico-Farmacêutica, Lda. Sintra Business Park, Zona Industrial da Abrunheira, Edifício 10, 2710 - 089 Sintra Tel. 21 925 25 00 | Fax: 21 915 82 09 www.baxter.pt