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CIÊNCIA POLÍTICA – TGE Prof.: Maria Conceição Bezerra Morbach O ESTADO NA VISÃO SOCIOLÓGICA - O DOMÍNIO DA FORÇA # MAX WEBER * O Estado é um “meio” e não o “fim”. * Esse “meio” seria o domínio da força, baseado na usurpação do poder (militar, político, administrativo, jurídico) do privado (senhores feudais, por exemplo) pelo público (Estado). * Os homens que estivessem sobre o domínio de uma força deveriam acreditar ser essa legítima. * O “Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território”. (WEBER, 1982, p.98) * Max Weber (1967, p. 43) entende o poder como “a probabilidade de impor a própria vontade, dentro de uma relação social, ainda que contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”. Para ele, poder distingue-se de autoridade, uma vez que a autoridade se faz pela aprovação social, pela legitimação do poder, fundada na obediência. Tipologia Weberiana * Quanto mais racional for o poder dentro do Estado de legalidade, mais Estado de Direito estará presente. * Na visão weberiana, os homens que estivessem sobre o domínio de uma força deveriam acreditar ser essa força legítima (Teoria da Legitimidade).

Ciência Política - O estado na visão sociológica

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CIÊNCIA POLÍTICA – TGE

Prof.: Maria Conceição Bezerra Morbach

O ESTADO NA VISÃO SOCIOLÓGICA - O DOMÍNIO DA FORÇA

# MAX WEBER

* O Estado é um “meio” e não o “fim”.

* Esse “meio” seria o domínio da força, baseado na usurpação do poder (militar, político, administrativo, jurídico) do privado (senhores feudais, por exemplo) pelo público (Estado).

* Os homens que estivessem sobre o domínio de uma força deveriam acreditar ser essa legítima.

* O “Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território”. (WEBER, 1982, p.98)

* Max Weber (1967, p. 43) entende o poder como “a probabilidade de impor a própria vontade, dentro de uma relação social, ainda que contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade”. Para ele, poder distingue-se de autoridade, uma vez que a autoridade se faz pela aprovação social, pela legitimação do poder, fundada na obediência.

Tipologia Weberiana

* Quanto mais racional for o poder dentro do Estado de legalidade, mais Estado de Direito estará presente.

* Na visão weberiana, os homens que estivessem sobre o domínio de uma força deveriam acreditar ser essa força legítima (Teoria da Legitimidade).

* Entende Weber que a obediência é originada em fortes razões: “o medo e esperança”, medo da vingança do sobrenatural e do possuidor do poder; esperança de receber uma recompensa seja no mundo dos humanos ou no mundo das divindades, bem como por interesses diversos.

* Localiza a dominação associada à legitimação, relaciona a três tipos de obediência:

* Dominação de forma tradicional (em conformidade com a ordem estabelecida);

* ou de forma carismática (em função de dons extraordinários ou heróicos);

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* ou de forma racional-legal (crença na validade de estatutos legais, regras, ou seja, uma racionalidade criada).

Domínio carismático

* “O líder carismático deve se fazer acreditar por meio de êxitos, milagres, prosperidade”.

* E a obediência a esse líder se efetua na medida da sua projeção, pelo reconhecimento das suas qualidades excepcionais.

* A permanência dessa relação de dominação perdura enquanto persistir a confiança dos seus seguidores na aura da sua força que pode ser revolucionária, ou ser uma força autoritária.

Racional-legal

* A autoridade legal é o poder no qual um indivíduo ou instituição exerce na forma da lei.

* Governantes com poderes limitados pela norma legal e indivíduos com direitos garantidos.

* Rege-se pelo princípio da impessoalidade. Há clara separação entre o que é público e o que é privado.

* É próprio das sociedades modernas, representado pela burocracia.

MAX WEBER

* É no medo da punição e na esperança de prosperidade proporcionados pelo detentor do poder, que a obediência é exercida. Entretanto, Max Weber alerta que as três legitimações descritas por ele não se encontram de forma “pura” na realidade.

* O Estado moderno é a probabilidade de ele possuir o monopólio legítimo da força física: Estado-coação. Além da repressão, o Estado moderno existe como um tipo puro de dominação.

Para Weber, a dominação racional-legal, dominação burocrático-moderna, pode existir como um mecanismo de integração dos indivíduos à ordem moderna.

* A origem da vocação do tipo carismático se personifica nos predicados pessoais do líder.

* O “[...] domínio em virtude da dedicação, dos que obedecem, ao “carisma” exclusivamente pessoal do “líder”. Pois essa é a raiz de uma vocação em sua expressão mais elevada”. E sustenta que “esses políticos de “vocação” no sentido mais autêntico da palavra são em toda parte as únicas figuras decisivas nas correntes cruzadas da luta política pelo poder”. (WEBER, 1967 p.56-57).

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* Os fatores limitantes da individualidade e da liberdade dos indivíduos vão aparecer na análise realista de Weber do campo da política, ao exteriorizar a compreensão da política no ensaio ‘Política e Vocação’:

* “Queremos compreender como política apenas a liderança ou a influência sobre a liderança, de uma associação política, e daí hoje, de um Estado”. No seu entendimento, a política significaria “a participação no poder ou a luta para influir na distribuição de poder, seja entre Estados ou entre grupos dentro de um Estado”. (WEBER, 1967, p.55-56).

# KARL MARX E O MARXISMO

* Na visão de Marx o Estado é o aparelho ou conjunto de aparelhos cuja principal função é tentar impedir que o antagonismo de classe degenere em luta.

* No entanto, este mesmo Estado não se atém a mediar os interesses das classes opostas, mas acaba por contribuir e reforçar a manutenção do domínio da classe dominante sobre a classe dominada.

* Destaca as relações do Estado com a Sociedade, focando nas classes sociais, principalmente a Burguesia.

* Para Marx, o Estado seria um instrumento de dominação da burguesia (detentora dos meios de produção) sobre a classe oprimida (detentora da força de trabalho) cujo único fator motivador seria a manutenção do sistema capitalista.

* Em Marx, existe a concepção do Estado-coisa, ou seja, o Estado, enquanto instrumento de uma classe social, não detém poder.

* O poder de Estado é sempre o exercício de uma classe social. O Estado liberal é apenas o uso da violência social, isto é, um aparelho de repressão e de dominação.

* Para Marx, o Estado nasce da sociedade, nasce das classes, é a expressão da luta de classes e da dominação de uma delas, ou melhor, o Estado é a forma de dominação de uma classe sobre as outras.. .

# ÉMILE DURKHEIM

* Durkheim, separa nitidamente o Estado da sociedade, porém subordina o Estado à sociedade.

* O Estado seria, então, um parceiro necessário ao indivíduo e não um concorrente ou dominador.

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* Durkheim comparava o Estado ao cérebro que operava por via de órgãos intermediários dentro do complexo sistema nervoso de uma sociedade diferenciada.

O Estado enquanto órgão de disciplina moral e garantidor dos direitos e das liberdades individuais.

A sociologia de Durkheim

Fatos Sociais:

* São maneiras de agir, pensar e sentir de um grupo social, que apresentam a característica marcante de existir fora da consciência individual.

* São tipos de conduta ou de pensamento exteriores aos indivíduos, gerais na extensão de toda a sociedade e dotados de poder coercitivo.

Consciência Coletiva:

* É o conjunto de crenças, sentimentos e valores aceitos pela maioria dos membros de uma sociedade.

* Embora todos possuam suas "consciências individuais", seus modos próprios de se comportar e interpretar a vida, podem-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento.

Características do fato social:

* Coercitividade – força da sociedade sobre o indivíduo.

Os indivíduos se sentem obrigados a seguir um comportamento padrão, a conformarem-se às regras estabelecidas pela sociedade.

Sanções legais

Sanções espontâneas (sociais)

* Exterioridade – é externo ao indivíduo independente da sua vontade.

* Generalidade – é social todo fato que é geral, que se repete na maioria dos indivíduos. É comum aos membros de um grupo.

# JOHN HALL

As definições de Estado

* 1º- O Estado é constituído de instituições definidas pelos próprios agentes do Estado. Os meios da violência e coerção são as instituições de maior importância para o Estado.

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* 2º- As instituições localizam-se em uma sociedade delimitada geograficamente no centro de um território. Nesse sentido, o Estado se preocupa com o seu interior – o que corresponde à sociedade nacional – e com o seu exterior – o que é o caso de sociedades mais amplas que precisam participar de outras atividades em uma esfera maior.

* 3º- O Estado é responsável pela constituição de uma cultura política compartilhada por todos os seus concidadãos, haja vista que monopoliza a criação das regras presentes em seu território.

O monopólio da Força exercida pelo Estado

O exercício da força pelo Estado e, a luta do mesmo pelo seu monopólio advêm, da preocupação com a manutenção estável da governabilidade, na consolidação das instituições estatais e da ordem social.

# HANS KELSEN

* Segundo Kelsen direito é norma e a validade advém da sua própria existência, cabendo à capacidade coativa estatal auferir-lhe o requisito da eficácia.

* Para o autor o direito pode (dever/ser) válido, sem no entanto ser justo, já que justiça é um elemento sensorial de ordem subjetiva e irracional e não se coaduna com a lógica exigível pela ciência jurídica.

* Kelsen consolida o direito como um sistema extremamente legalista, caracterizado pelo formalismo, no qual a tarefa do juiz se restringe apenas à aplicação de um fato a uma norma, livre de qualquer ideologia.

* Para o autor, a lei é a maior expressão de realização do direito

BIBLIOGRAFIA

* HALL, John A. Estado. In: OUTHWAITE, William & BOTTOMORE, Tom. (Eds.). Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

* QUARESMA, Silvia Jurema Leone. O estado e dominação nos pressupostos de Marx, Weber e Durkheim. Disponível em: <http://www.achegas.net/numero/42/silvia_jurema_42.pdf>. Aceso em: 22 mar. 2012.

* WEBER, Max. Política como vocação. In: ___. Ensaios de Sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1982.