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Universidade Estadual do Norte Fluminense Centro de Ciência e Tecnologia Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO Julio Cesar do Couto Costa Macaé Dezembro/2004

Cimentação

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Universidade Estadual do Norte Fluminense Centro de Ciência e Tecnologia

Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo

CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO

Julio Cesar do Couto Costa

Macaé Dezembro/2004

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Universidade Estadual do Norte Fluminense Centro de Ciência e Tecnologia

Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo

CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO

___________________________________ JULIO CESAR DO COUTO COSTA

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo do LENEP/CCT/UENF como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Engenharia de E&P Petróleo, sob a orientação de: ___________________________________

DR. WELLINGTON CAMPOS

Macaé Dezembro/2004

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao professor Carlos Alberto

Dias que desde o início de minha trajetória por este laboratório se

mostrou um grande amigo.

Agradeço também aos demais professores e funcionários, que fazem

desta instituição um centro de excelência, em especial ao Eliezer por

estar sempre pronto para ajudar.

Por último e não menos importante, agradeço aos meus pais, Paulo e

Josélia, pelo apoio e amor incondicional, aos meus irmãos por estarem

sempre ao meu lado, aos meus amigos por momentos memoráveis de

alegria e descontração e a minha namorada Raquel, que neste ano de

2004 foi uma inspiração para que eu alcançasse meus objetivos.

Obrigado.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS....................................................................... iii

SUMÁRIO.................................................................................... iv

1 – INTRODUÇÃO.......................................................................... 1

1.1 – Histórico ........................................................................... 2

2 – TIPOS DE CIMENTAÇÃO............................................................ 3

2.1 – Cimentação primária........................................................... 3

2.2 – Cimentação Secundária....................................................... 5

Fig. 5: Compressão de cimento ....................................................... 7

3 – O CIMENTO............................................................................. 8

3.1 – Classificação dos Cimentos .................................................. 8

4 – ADITIVOS PARA CIMENTAÇÃO................................................. 11

5 – LABORATÓRIO DE CIMENTAÇÃO .............................................. 14

5.1 – Teste Laboratoriais ........................................................... 18

6 – EQUIPAMENTOS DE CIMENTAÇÃO............................................ 23

7 – ACESSÓRIOS DE CIMENTAÇÃO................................................ 25

8 – CONCLUSÃO ......................................................................... 33

BIBLIOGRAFIA............................................................................ 34

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1

1 – INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade oferecer visão geral sobre as operações

de cimentação, equipamentos, acessórios e testes laboratoriais que

envolvem a cimentação de poços de petróleo. É um trabalho baseado

nas aulas do curso de Engenharia de Petróleo desta instituição e

estágios realizados na BJ Services e Petrobrás.

A operação de cimentação consiste em um trabalho de extrema

importância para as fases de perfuração e completação de poços de

petróleo e tem um grande impacto sobre a produtividade do poço.

A cimentação basicamente consiste no preenchimento do espaço anular

entre os tubos e a parede da formação e tem como principal finalidade a

união da tubulação de revestimento com a parede do poço, além do

objetivo de formar um tampão de selo no fundo do poço ou para corrigir

desvios do furo durante a perfuração.

A falta de integridade do cimento pode comprometer a produção final do

poço e causar uma comunicação não desejada entre as diferentes zonas

do reservatório. Em alguns casos, isto pode até resultar em danos

ecológicos, como por exemplo, a comunicação de uma zona de

hidrocarbonetos com uma zona de água.

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1.1 – Histórico

O primeiro uso de cimento em poço de petróleo ocorreu na Califórnia em

1883, mas só em 1902 se deu início ao do cimento Portland em

processo manual de mistura. Em 1910 Almond A. Perkins patenteou o

método de bombeamento onde a pasta é deslocada para o poço através

de vapor, água ou fluido de perfuração.

Em 1922, Erle P. Halliburton patenteou o Jet Mixer, um misturador

automático com jatos, ampliando assim as possibilidades operacionais.

Devido a este fato, diversas companhias passaram a adotar a prática de

cimentar os revestimentos.

A partir de 1923, fabricantes americanos e europeus de cimento

passaram a fabricar cimentos especiais para a indústria de petróleo,

onde certas propriedades da pasta de cimento foram trabalhadas ao

longo do tempo. Até então, aguardava-se de 7 a 28 dias para o

endurecimento do cimento, mas com o advento dos aditivos químicos, o

tempo de pega foi sendo paulatinamente reduzido (72 horas até 1946 e

posteriormente de 24 a 36 horas). Hoje, as pastas podem se manter

fluidas a alta temperatura e pressão por cerca de 4 horas, em geral,

permitindo seu deslocamento em poços profundos. A partir deste

tempo, a pasta endurece rapidamente e as atividades no poço só podem

ser retomadas de 6 a 8 horas após a cimentação.

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2 – TIPOS DE CIMENTAÇÃO

2.1 – Cimentação primária

Denomina-se cimentação primária à cimentação principal da coluna de

revestimento. Seu objetivo básico é colocar a pasta de cimento não

contaminada (pasta de cimento sem contato com o fluido de perfuração)

em uma posição pré-determinada do espaço anular entre o poço e a

coluna de revestimento, de modo a se obter fixação e vedação eficiente

e permanente deste anular. Estas operações são previstas no programa

de perfuração e executadas em todas as fases do poço.

Fig. 1: Cimentação Primária

Cimentação Primária

Revestimento

condutor Revestimento de

Superfície

Revestimento

Intermediário

Revestimento de

Produção

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Durante embarque realizado na SS-39, como parte do meu estágio

curricular, pude acompanhar a cimentação das duas primeiras fases do

Poço 1-ABL-75D-RJS, sendo essas duas fases realizadas com sucesso.

Seqüência Operacional de Uma Cimentação Primária (Thomas, J.

E., 2001)

1 – Montagem das linhas de cimentação;

2 - Circulação para condicionamento do poço e preparação do colchão

de lavagem;

3 – Bombeio do colchão de lavagem;

4 – Teste de pressão das linhas de cimentação, onde são feitos testes

até uma pressão superior à máxima prevista durante a operação;

5 – Lançamento do tampão de fundo (opcional);

6 – Mistura da pasta mais leve, devendo cobrir o intervalo programado;

7 – Mistura da pasta mais densa e mais resistente à compressão;

8 – Lançamento do tampão de topo;

9 – Deslocamento com fluido de perfuração;

10 – Pressurização do revestimento para teste de vedação do tampão de

topo.

Durante o mesmo embarque citado acima, tive a chance de acompanhar

o trabalho da operação de cimentação realizada pela companhia

Schulumberger, observando que esta seqüência foi seguida

corretamente.

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2.2 – Cimentação Secundária

São assim denominadas as operações emergenciais de cimentação,

visando permitir a continuidade das operações.

As cimentações secundárias são classificadas como:

Tampão de cimento: Consiste no bombeamento de determinado

volume de pasta para o poço, visando tamponar um trecho deste. É

aplicado nos casos de perda de circulação, abandono (total ou parcial)

do poço, como base para desvios, etc.

Fig. 2: Tampão de abandono

Tampão de Cimento

Tampão de Cimento

Tampão de Cimento

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Fig 3: Tampão para perda de circulação

Como parte do estágio realizado na Petrobrás, no ATEX/AAG (ativo

exploratório/ acompanhamento geológico) em conjunto com outra aluna

do LENEP (Carolina Berthold) foi realizado uma apresentação sobre

normas e técnicas de abandono de poços de petróleo, trabalho este

apresentado em vários congressos internos e externos à Petrobrás.

Recimentação: É a correção da cimentação primária, quando o

cimento não alcança a altura desejada no anular. O revestimento é

canhoneado em dois pontos com profundidades distintas. A

recimentação só é feita quando se consegue circulação pelo anular,

através destes canhoneios (perfuração realizada no revestimento). Para

possibilitar a circulação com retorno, a pasta é bombeada através de

coluna de perfuração, dotada de obturador (Packer) que permite a

pressurização necessária para a movimentação de pasta pelo anular.

CEP

TTuubboo ddee ppeerrffuurraaççããoo

BBuurraaccoo aabbeerrttoo

ZZoonnaa ddee PPeerrddaa TTaammppããoo ddee cciimmeennttoo

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Fig 4: Recimentação

Compressão de cimento ou Squeeze: Consiste na injeção forçada de

cimento sob pressão, visando corrigir localmente a cimentação primária,

sanar vazamentos no revestimento ou impedir a produção de zonas que

passaram a produzir água.

Fig. 5: Compressão de cimento

CiMENTO

PACKER

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3 – O CIMENTO

Os principais componentes do cimento Portland são: óxido de cálcio,

alumina e ferro, que combinados formam os seguintes compostos

(Gouvêa, Paulo C. V. M. 1983):

3CaO.SiO – Silicato tricálcio ou Alita, representado por C3S.

2CaO.SiO2 – Silicato dicálcico ou Belita, representado por C2S

3CaO.Al2O3 – Aluminato tricálcico ou Celita, representado por C3A

4CaO.Al2O3.Fe2O3 – Ferro aluminato tetracálcio ou Ferrita,

representado por C4AF.

A proporção destes compostos no cimento determina suas propriedades,

como resistência inicial, retardamento, velocidade de hidratação,

resistência aos sulfatos, etc.

3.1 – Classificação dos Cimentos

A classificação dos cimentos foi estabelecida pelo API (American

Petroleum Institute), visto que as condições às quais os cimentos estão

expostos nos poços podem variar radicalmente. Os processos de

fabricação e composição química do cimento foram padronizados em 8

classes, de A a H, cujas quais estão arranjadas de acordo com a

profundidade, temperatura e pressão aos quais estão expostos na

aplicação do cimento.

Dentro de algumas classes, podem ser encontrados cimentos com

diferentes graus de resistência ao sulfato (que é determinado pelo

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conteúdo de C3A), são eles: ordinário, resistência moderada e alta

resistência.

Abaixo está apresentado uma descrição de cada classe API.

Classe A – É utilizada desde a superfície até 6000 pés (1830 metros),

quando propriedades especiais não são requeridas. Disponível somente

no tipo ordinário.

Classe B – É utilizada desde a superfície até 6000 pés (1830 metros),

quando é necessária moderada à alta resistência ao sulfato.

Classe C – É utilizada desde a superfície até 6000 pés (1830 metros),

quando as condições exigem pega rápida e grande resistência

compressiva. Esta classe está disponível em todos os graus de

resistência ao sulfato.

Classe D – É utilizada de 6000 pés (1830 metros) até 10000 pés (3050

metros), sob condições de moderadas temperaturas e pressões. Está

disponível nos tipos de média e alta resistência al sulfato.

Classe E – É utilizada de 10000 pés (3050 metros) até 14000 pés

(4270 metros), sob condições de altas temperaturas e pressões. Está

disponível nos tipos de média e alta resistência al sulfato.

Classe F – É utilizada de 14000 pés (4270 metros) até 16000 pés

(4880 metros), sob condições de extremamente altas temperaturas e

pressões. Está disponível nos tipos de média e alta resistência al sulfato.

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Classe G e H – São utilizadas sem aditivos químicos da superfície até

8000 pés (2440 metros), ou com aceleradores e retardadores para

cobrir um grande intervalo de pressões e temperaturas. Nenhum outro

aditivo que não seja sulfato de cálcio ou água, ou ambos, devem ser

misturados durante a manufatura destas classes de cimento. Estão

disponíveis nos tipos de média e alta resistência ao sulfato. A

composição química dos cimentos classes G e H são essencialmente as

mesmas. A principal diferença está na área superficial.

As classes D, E e F são conhecidas como cimento retardados, para

utilização em grandes profundidades. A retardação é acompanhada por

significante redução da quantidade de fases de hidratações mais rápidas

(C3S e C3A), e pelo aumento do tamanho dos grãos de cimento. Desde

que estas classes começaram a ser fabricadas, a tecnologia de

retardadores químicos sofreu grande melhoria.

As classes G e H foram desenvolvidas em resposta ao incremento de

tecnologia na aceleração e retardo da pasta por meio químico. Os

fabricantes estão proibidos de adicionar químicas especiais, tais como

glicol ou acetatos. Estas químicas aumentam a eficiência de moagem,

mas interferem com vários aditivos dos cimentos. Estas classes são de

longe as mais comuns utilizadas na indústria do petróleo.

No Brasil, por muito tempo foi utilizado o cimento comum (classe A),

mas a partir do final da década de 70 foi adotado preferencialmente o

cimento classe G, que pode ser usado em maiores profundidades com

mais segurança.

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Estes cimentos, por serem de consumo específico da indústria de

petróleo, têm fabricação intermitente, sendo fornecidos em bateladas de

volume limitado, com ligeiras variações de performance de um para

outro.

A tabela a seguir especifica as propriedades físicas das diferentes

classes de cimento.

Tabela – Propriedades Físicas dos Tipos de Cimentos API

Classes Propriedade Física A e B C D e E G H

Densidade 3,14 3,14 3,16 3,15 3,15 Área superficial (cm2/g)

2900-3800

4300-5000

2300-3100

3000-3800

2300-2700

Massa (lb/sc) 94 94 94 94 94 Volume Absoluto (gal/sc)

3,59 3,59 3,57 3,58 3,58

Água de Mistura (l/sc) 19,6 23,9 16,3 18,8 16,3 Rendimento (l/sc) 33 37 30 33 30 Massa Específica (lb/gal)

15,6 14,8 16,4 15,8 16,4

4 – ADITIVOS PARA CIMENTAÇÃO

Denominam-se aditivos os compostos químicos adicionados à pasta de

cimento visando sua adequação às necessidades do poço. Suas

concentrações são determinadas por testes de laboratórios. Os aditivos

podem ser fornecidos em pó ou líquido. Quando em pó, sua dosagem é

dada em percentagem do peso do cimento, enquanto os líquidos são

dosados por volume, usualmente em galões/pé de cimento.

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A depender de sua aplicação, os aditivos são classificados como Araújo,

(Araújo, R. G. S., Padilha, S. T. C. S., 1980):

Aceleradores – Visam diminuir o tempo de espessamento e aumentar

a resistência compressiva inicial da pasta. O mais comum é o cloreto de

cálcio (CaCl2), em proporção de 0,5 a 2%. O sal comum (NaCl) também

é acelerador a baixas concentrações (até 6%).

Retardadores – Permitem o retardamento do início da pega da pasta

para permitir o deslocamento da pasta quando a temperatura e a

pressão são muito altas para o uso do cimento sem aditivos. Os

retardadores são fabricados à base de lignossulfonatos e seus derivados,

ácidos orgânicos, derivados de celulose e derivados de glicose. Agem

por absorção superficial ou por formações de precipitados superficiais

impermeáveis que retardam o processo de hidratação.

Extendedores – Permitem obter maior rendimento da pasta,

resultando em pastas mais leves, possibilitando maiores alturas de

pasta por causarem menor pressão hidrostática. Podem funcionar por

absorção de água (argilas, como a bentonita, ou produtos químicos,

como silicatos) ou pela adição de agregados de baixa densidade

(pozolana, perlita, gilsonita). Em casos especiais pode-se usar

nitrogênio ou microesferas cerâmicas para criar pastas

excepcionalmente leves.

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Redutores de fricção (ou dispersantes) – Permitem o afinamento da

pasta, como isto permitindo adoção de maiores vazões com menores

perdas de carga, causando melhor remoção do fluido de perfuração e

um menor risco de fratura de formações. São usados secundariamente

como um meio de obter pastas mais pesadas, compensando a

viscosificação que ocorre com a diminuição do teor de água da pasta. A

dispersão é obtida quebrando mecanicamente a suspensão ou pela

modificação química das interações eletrostáticas, produzindo partículas

carregadas eletricamente, que se repelem, por terem a mesma carga.

Os parâmetros reológicos a serem definidos são: Viscosidade e limites

de escoamento.

Controladores de filtrado – Visam evitar a desidratação prematura da

pasta frente às zonas permeáveis, mantendo a bombeabilidade e

impedindo que se cause danos à formação produtora. Como um dos

fatores que afeta o controle de filtrado da pasta é seu grau de

dispersão, os controladores de filtrado são sempre usados

simultaneamente com os dispersantes. Os mecanismos de atuação são a

melhoria da distribuição das partículas e a viscosificação da água

intersticial da pasta.

Outros – Além dos aditivos citados acima, podem ser também usados

outros aditivos como os antiespumantes, para evitar aeração da pasta,

os adensantes, os controladores de perda de circulação, os

descontaminantes, os traçadores radioativos e corantes para se detectar

a presença do cimento e as areias de granulometria controlada (sílica

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flúor, sílica coarse) para evitar a degradação do cimento a altas

temperaturas (mais de 230ºF).

Uma nova geração de aditivos especiais destina-se a conter a migração

de gás logo após a cimentação, por meio da impermeabilização da pasta

ao gás ou por meio da geração proposital e controlada de gases dentro

da própria pasta.

Como experiência adquirida no laboratório de cimentação da BJ

Services, posso afirmar que um tipo de aditivo bastante utilizado na

fabricação de pastas de cimentos, são os antiespumantes, retardadores

de tempo de pega e aceleradores.

Tive a oportunidade de presenciar a preparação de pastas de cimentos

com aditivos chamados de microesferas, para obtenção de pastas mais

leves, estes tipos de pastas particularmente são bem difíceis de serem

preparadas, levando em conta que o blender em alta rotação pode partir

as esferas e não atingir o objetivo da pasta.

5 – LABORATÓRIO DE CIMENTAÇÃO

Os ensaios realizados no Laboratório de Cimentação englobam

determinações de propriedades de pastas de cimento, tais como

densidade, tempo de espessamento, tempo de pega, parâmetros

reológicos, perda de filtrado, água livre, estabilidade, resistência

compressiva e de bloqueio ao gás. Tais determinações têm por principal

propósito subsidiar os projetos de pastas de cimento, tanto para

cimentações primárias quanto para compressão de cimento (squeeze),

como exemplos.

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Os principais equipamentos desse laboratório são:

Viscosímetro

Fig 6: Viscosímetro

Balança de Lama Pressurizada

Fig 7: Balança de lama pressurizada

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Balança de Lama Atmosférica

Fig 8: Balança de lama atmosférica

Consistômetro Atmosférico

Fig 9: Consistômetro atmosférico

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Filtro Prensa

Fig 10: Filtro prensa

Analisador Ultra-Sônico de Cimento

Fig 11: Analizador Ultra-Sônico de cimento

Page 22: Cimentação

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Blender

Fig 11: Blender

Consistômetro Pressurizado

Câmara de Cura

Prensa Hidráulica

Filtro Prensa com Agitação

Analisador de Migração de Gás

Analisador de Distribuição Granulométrica

Como parte de meu estágio na BJ Services, manuseei todos os

acessórios acima citados.

5.1 – Teste Laboratoriais São realizados com duas finalidades:

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• Verificação das propriedades básicas e das condições do cimento

antes do envio da fábrica para o campo, visando a aprovação das

bateladas (cimentos).

• Como simulação da operação, visando adequação do sistema da

pasta pelo ajuste da concentração dos aditivos em função da

interpretação dos resultados.

Os parâmetros principais para a realização dos testes de laboratório são

a pressão, a temperatura, o tempo previsto de operação e o regime de

fluxo durante o deslocamento, além do tipo do cimento (batelada) e dos

aditivos disponíveis (Gouvêa, Paulo C. V. M., 1983)

Para padronizar os procedimentos de testes, uma série de normas foram

editadas, inicialmente pelo API (American Petroleum Institute) e pela

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Posteriormente, a

Petrobrás, em conjunto com companhias de serviço atuantes na área de

cimentação, elaborou um manual de Procedimentos e Métodos de

Laboratório Destinados à Cimentação de Poços Petrolíferos (PROCELAB),

que padronizou procedimentos de testes, viabilizando comparações

inter-laboratoriais.

Os principais testes que podem ser realizados em um laboratório de

cimentação são:

Finura – Determina a granulometria do cimento, expressa em função

da superfície específica dos grãos de cimento da amostra. É realizado

como verificação da fábrica. Pode ser feito por dois métodos, um deles

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20

com base na permeabilidade ao ar (Teste de Blaine) e outro com base

na velocidade de sedimentação das partículas em solução de querosene

(Teste de Wagner). Só é realizado antes da liberação da batelada.

Água Livre – Visa determinar a quantidade de água que tenderá a

migrar através da pasta. Este valor deve ser limitado principalmente

para evitar canalizações de gás após a cimentação, em poços direcionais

e para evitar diferenciamento do endurecimento da água acumulada

acima da pasta após deixá-la em repouso em proveta graduada de 250

ml. O teor de água livre é limitado pelo API em 3,5 ml, o que equivale a

uma porcentagem de 1,4% de água, em relação ao peso do cimento.

Resistência à compressão – São testes que medem o esforço

necessário para romper corpos de prova moldados em condições que

simulem as do fundo do poço. Os corpos de prova são preparados em

moldes padronizados e deixados em câmara de cura. Os testes são

realizados com tempos padronizados de 8, 24, 48 e 72 horas. A variação

da temperatura e da pressão na câmara de cura são controladas

segundo “schedules” ou listagens em função do tempo. A resistência à

compressão mínima, em 8 horas de cura, varia de 300 a 1500 psi para o

cimento classe G, a depender da natureza da operação.

Perda de fluido – Visa determinar o grau de filtração da água da pasta,

cujas consequências principais são a desidratação da pasta com

obstrução do anular e o dano à formação pelo fluido filtrado. O teste

consiste em confinar certo volume de pasta em um cilindro (filtro

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prensa) em cuja base é colocada uma tela metálica. A pressão aplicada

(100 ou 1000 psi) faz com que o filtrado escoe pela tela metálica. O

tempo padrão do teste é de 30 minutos, após o que se mede o volume

do filtrado e a pressão padrão é a de 100 psi. Para testes a 1000 psi,

deve-se multiplicar o resultado obtido por 2

O filtrado deve ser menor que 200 ml / 30 min em geral. Para uso em

compressões de cimento deve ser limitado a 50 ml / 30 min.

Reologia – Consiste na obtenção das leituras em viscosímetros

rotativos, a partir das quais é feito o estudo do regime de fluxo e do

modelo reológico a adotar para o deslocamento. Contrariamente ao que

acontece durante a perfuração propriamente dita, onde não se deseja

perturbar a parede do poço, criando ali um reboco protetor, durante a

cimentação deseja-se obter um efeito cisalhante que permita a remoção

deste reboco para melhor aderência do cimento à formação, daí ser

desejável o escoamento em fluxo turbulento.

Densidade e peso específico – São determinados com uso da balança

pressurizada, que consiste em um copo pressurizável para colocação da

pasta, ligado a uma haste horizontal com apoio fixo, um nível de bolha e

um peso móvel. A leitura é feita nas escalas impressas na haste, em

função da posição que o peso fique quando se consegue nivelar a haste.

A pasta é pressurizada por meio de uma seringa, previamente cheia de

pasta, para eliminar a influência de bolhas de ar retidas na amostra.

Page 26: Cimentação

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Tempo de espessamento – É o teste mais importante, por indicar o

tempo em que a pasta tem consistência que permite ser movimentada

em condições de fundo de poço. O teste é feito em um aparelho

denominado consistômetro pressurizado, que permite o aumento

gradual da temperatura e pressão ao mesmo tempo em que simula o

movimento da pasta, pelo giro de um copo cilíndrico rotativo, dentro do

qual existe um paleta metálica estacionária, apoiada por pino

pontiagudo no fundo do copo e ligada a uma mola espiral que evita seu

giro. Quanto mais espessa se torna a pasta, maior o torque trasmitido à

mola. A consistência da pasta é associada à quantidade de deformação

desta mola.

A variação desta deformação é transformada em impulsos elétricos por

meio de um reostato associado à mola. Estes impulsos são

decodificados, sendo a consistência indicada por uma unidade

denominada Uc (Unidade de Consistência). A pasta não é mais

bombeável ao atingir 100 Uc.

O comportamento ideal da pasta de cimento deve ser uma consistência

inicial entre 10 e 30 Uc, permanecendo abaixo de 40 Uc por 75% do

tempo do teste, com crescimento agudo ao final. A tangente á curva

deve ser praticamente vertical quando a curva atinge a consistência de

100 Uc.

Para a realização dos testes são adotados schedules, que são listagens

padronizadas para controle da evolução da pressão e temperatura no

consistômetro em função do tempo.

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23

6 – EQUIPAMENTOS DE CIMENTAÇÃO

Para que seja realizada uma cimentação são necessários diversos

equipamentos, para armazenagem, preparação e transporte do cimento.

Os principais deles são:

Silos de cimento – Para as operações de perfuração em terra, em

geral o cimento é estocado na base da companhia de cimentação, em

grandes silos, sendo enviados para a sonda por meio de carretas

apropriadas. Nas plataformas marítimas são disponíveis materiais a

granel. Estes silos operam a baixa pressão (cerca de 30 psi), quando da

descarga do cimento.

Fig 12: Silo de Cimento

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Unidades de cimentação – Montadas em caminhões para operações

em terra ou sobre skids em sondas marítimas, as unidades de

cimentação constam geralmente de dois motores para fornecer energia,

dois tanques de 10 bbl cada, para a água e aditivos, duas bombas

triplex, dois conversores para converter movimento rotativos dos

motores no movimento alternativo das bombas, bombas, centrífugas

auxiliares e um sistema de mistura de pasta, onde a água de mistura

(água e aditivos) é bombeada sob pressão por pequenos orifícios,

fluindo em jatos sob um funil por onde chega o cimento. A proporção da

água injetada determinará a densidade da pasta e é controlada pelo

operador. A pasta resultante é acumulada em um tanque ou cuba para

homogeneização e medidores de fluxo, sendo feito o registro de uma

carta circular onde estes valores são traçados, permitindo análise

posterior.

Fig 13: Unidade de Cimentação

Page 29: Cimentação

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Linhas de cimentação – A ligação entre a unidade de cimentação e o

poço é feita por tubulação de alta pressão, formada por uma série de

tubos curtos interligados por meio de conexões móveis (chicksam)

dotadas de rolamento para possibilitar montagem até qualquer posição

que fique o topo do revestimento. Atualmente, existe a tendência de

utilização de mangueiras especiais de borracha, mais práticas.

Cabeça de cimentação – Conectada ao topo da coluna de

revestimento, recebe a linha de cimentação, podendo abrigar em seu

interior os tampões de borracha que separam a pasta do fluido de

perfuração. Um mecanismo de travamento retém estes tampões até o

instante próprio de sua liberação. Pode ter entrada para até 3 linhas,

rolamento para permitir o giro da coluna de revestimento e sistema e

conexão especial para maior rapidez de instalação.

7 – ACESSÓRIOS DE CIMENTAÇÃO

Diversos acessórios são conectados ou afixados à coluna de

revestimento, visando garantir o melhor resultado da cimentação. Os

principais acessórios são (Craft, Holden e Graves, 1962):

Sapata – Colocada na extremidade da coluna, a sapata serve de guia

de introdução no poço, podendo receber em seu interior um mecanismo

de vedação, para evitar que a pasta, por ser mais pesada que o fluido

de perfuração, retorne ao interior do revestimento após seu

deslocamento. O tipo mais comum é a sapata flutuante, com válvula

que impede fluxo para o interior da coluna, exigindo que esta seja

Page 30: Cimentação

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preenchida com fluido de perfuração e intervalos regulares durante a

descida, para evitar o colapso da tubulação. Para evitar este

preenchimento pode-se usar a sapata diferencial, que passagem de

fluido nos dois sentidos, até que uma esfera é lançada da superfície

bloqueando o fluxo do anular para o interior da coluna, passando a

funcionar como a sapata flutuante.

Fig 14: Sapata

Colar – Posicionado 2 a 3 tubos acima da sapata, o colar serve para

reter os tampões de cimentação, podendo conter mecanismos de

vedação (flutuante ou diferencial) como os da sapata. Normalmente

usado como colar flutuante. Caso não tenha mecanismo de vedação é

denominado colar retentor. Tem em suas extremidades roscas do

mesmo tipo usadas na coluna, sendo previamente conectado a um tubo

de revestimento, para maior rapidez da operação. Deve ser colado ao

tubo por meio de adesivo especial para evitar seu desgarramento

durante seu corte ao se perfurar adiante o poço.

Page 31: Cimentação

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Fig 15: Colar

Tampão de fundo – É um tampão de borracha com uma membrana de

baixa resistência em sua parte central . Lançado na coluna à frente da

pasta de cimento, é por esta empurrado até que toque no colar retentor

(ou flutuante), quando a membrana se rompe permitindo a passagem

da pasta. Visa raspar o filme de sólidos do fluido de perfuração que se

adere à parede do revestimento, evitando a contaminação da pasta.

Fig 16: Tampão de Fundo

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Tampão de topo – É um tampão rígido de borracha, lançado após a

pasta, separando-a do fluido de perfuração que a deslocará, para evitar

sua contaminação. É retido pelo colar, causando um aumento de

pressão que indica o término do deslocamento, permitindo a realização

do teste de estanqueidade da coluna.

Fig 17: Tampão de topo

Colar de estágio – Posicionado em algum ponto intermediário da

coluna, o colar ade estágio permite que a cimentação seja feita em mais

de uma etapa ou estágio, quando o trecho a cimentar é muito extenso

ou quando existam zonas críticas muito acima da sapata. Possui orifícios

em seu corpo, originalmente tamponados por um mandril de aço para a

realização do 1º estágio, referente à cimentação do trecho próximo à

sapata.

Concluída a cimentação do 1º estágio, é lançado um tampão de abertura

ou torpedo que se apóia no topo do mandril, deslocando-o por ação de

pressão da superfície, comunicando o interior com o anular, permitindo

a cimentação do 2º estágio. Quando esta é concluída, outro tampão (de

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fechamento) é lançado, apoiando-se no topo de outro mandril, externo

ao anterior, que deslocado de estágio e sua vedação.

É possível fazer uma cimentação com 3 estágios, sendo que neste caso

as dimensões dos mandris e tampões do 2º estágio devem ser

diferenciados do 3º estágio, pois os tampões para abertura e

fechamento do colar do 2º estágio dever paras pelo colar do 3º estágio,

posicionado mais acima.

Centralizadores – São peças compostas de um jogo de lâminas curvas

de aço, que são afixados externamente à coluna de revestimento,

visando centralizá-lo e causar um afastamento mínimo da parede do

poço, para garantir a distribuição do cimento no anular e evitar a prisão

da coluna por diferencial de pressão. Em poços direcionais pode-se usar

centralizadores rígidos (Stand-off bands ou SOB), devido a possibilidade

de achatamento total das lâminas do centralizador comum. As

extremidades das lâminas são encaixadas em anéis bipartidos para

facilitar sua instalação, sendo fechados em volta dos tubos por meio de

pinos que unem os anéis. A fixação dos centralizadores é feita com o

emprego de stop rings que são presos ao tubo para evitar o

escorregamento dos centralizadores. Quando a conexão possui luvas,

procura-se coincidir os centralizadores com as luvas, dispensando os

stop rings.

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Fig 18: Centralizadores

Arranhadores – Tem a função de remover mecanicamente o reboco

que se forma na parede do poço. Tal remoção é feita através dos

movimentos verticais (reciprocações) ou de rotação da coluna,

empregando-se para cada caso o tipo de arranhador apropriado.

Fig 19: Arranhadores

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Obturador externo de revestimento (ECP) – O obturador externo de

revestimento ou ECP é um tipo de revestimento para promover a

obstrução do espaço anular em pontos críticos.

Um de seus principais usos é para proteger zonas fracas, sensíveis ou

de interesse, da atuação da pressão hidrostática do cimento, sendo

usualmente posicionado logo acima de tais zonas. É também comum

seu uso logo abaixo do colar de estágio, garantindo assim que o cimento

do 2º estágio não desça pelo anular, mesmo no caso de haver zonas de

perdas expostas.

O ECP é composto de um tubo curto de revestimento internamente, com

uma câmara inflável formada por lâminas de aço recobertas por

borracha, externamente. De atuação hidráulica, é inflado após o término

da cimentação, pela aplicação de pressão na superfície. O fluido de

perfuração expande a câmara tão logo o diferencial de pressão interior

anular supere o limite de resistência de um pino de cisalhamento

protetor. Estes são disponíveis para atuação a 750, 1000, 1600, 2000

ou 2600 psi de diferencial de pressão. O pino de cisalhamento é

colocado em um sistema de válvulas, que protege-o ECP durante a

descida da coluna e a cimentação, evitando assentamento prematuro, e

mantém a pressão confinada na câmara, após sua atuação.

Colchões de Lavagem e Espaçadores – São bombeados à frente da

pasta visando evitar contaminação desta pelo fluido de perfuração e

vice-versa e auxiliar na remoção do reboco das paredes do poço

possibilitando melhor aderência de cimento.

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Os colchões de lavagem ou lavadores são volumes de fluido (10 a 40

bbl) pouco viscosos, compatíveis com a pasta e com o fluido de

perfuração, atuando por meio de lavagem química e ação mecânica na

diluição e remoção do reboco. Contém materiais dispersantes (ou

afinantes do fluido de perfuração), detergente e, quando necessário,

aditivo para inibir inchamento de argila e redutores de filtrado. Quando

usados com lama a base de óleo, contém ainda surfactantes para

inverter a molhabilidade do revestimento e formação.

Os espaçadores são geralmente viscosos e de densidade ajustável, com

ação mecânica de remoção do reboco, sendo de preparação mais

trabalhosa e uso típico em situações onde se deseje evitar canalização

de gás pela aplicação de pressão hidrostática.

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8 – CONCLUSÃO

Para se obter sucesso numa operação de perfuração de poços de

petróleo, é de essencial importância que nenhuma das etapas inerentes

ao processo sejam negligenciadas. Entre estas etapas está a operação

de cimentação, que tem um impacto direto sobre a produtividade futura

do poço, onde um pequeno erro pode ocasionar uma comunicação não

desejada dentro do reservatório ou até algum tipo de dano ao meio

ambiente, como a mistura de um aqüífero com um reservatório de

petróleo. A integridade das pastas de cimento a serem utilizadas é

garantida pelos ensaios realizados nos laboratórios de cimentação.

Considerando ainda, os altos custos empregados nessas operações, um

pequeno sacrifício no processo de cimentação (como por exemplo, a

tentativa de diminuir o tempo de perfuração e os custos com a lama),

pode acarretar na necessidade de trabalhos posteriores muito mais

dispendiosos e trabalhosos.

Page 38: Cimentação

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BIBLIOGRAFIA

Almeida, A. C., “Manual de Perfuração”, Petrobrás, 1977. Araújo, R. G. S., Padilha, S. T. C. S., “Apostila Sobre Prospecção e Desenvolvimento de Campos de Petróleo e Gás”, Schlumberger, Capítulo 9, primeira parte, 1980. Costa, A., Castelo, B., Nascimento, D., Fonseca, F., Cruz, G. L., Klein, G., Mousinho, G., Calfa, L. F. F., Salgado, P. S., Dias, V. B., “Completação de Poços”, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. Craft, Holden e Graves, “Well Design: Drilling and Production”, Prentice Hall Inc., New Jersey, 1962. 4 Gouvêa, Paulo C. V. M.,“Cimentação”, Petrobrás, SEREC/CEN-NOR, 1983. Halliburton: “Cementing Technology Manual”, October 1993.

Thomas, J. E., “Fundamentos de Engenharia de Petróleo”. Ed. Interciência, Rio de Janeiro, 2001.