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Interferências Gráficas no Cinema Luiz Fernando Las-Casas, PhD Universidade de Brasília O artigo Interferências Gráficas é parte de um estudo maior de tipografia e design gráfico entitulado Cinedesign: a tipografia e o design gráfico no cinema. Neste estudo, são analisadas, à luz de aspectos estético- funcionais, da comunicação visual e da cultura, as manifestações de tipografia e do design gráfico nos filmes vencedores no desenvolvimento da premiação do Oscar de Melhor Filme pela Academy of Motion Pictures Arts and Sciences (AMPAS) dos EUA. Neste artigo são estudadas as manifestações da tipografia e grafismos como elementos narrativos usados na construção dos significados e da forma cinematográfica. Palavras Chave: Tipografia, Design Gráfico, Cinema The article Graphic Interferences is part of a major study named Cinedesign: typography and graphic design in motion pictures. In this research, typography and graphic design are studied as visual communication under the light of aesthetical, functional and cultural aspects, in the movies winners of the Best Picture awards by the Academy of Motion Pictures Arts and Sciences. In Graphic Interferences typography is viewed as a narrative element used in the construction of meaning and as cinematographic form. Key Words: Typography, Graphic Design, Motion Pictures

cinema semiologia

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Interferências Gráficas no Cinema

Luiz Fernando Las-Casas, PhD

Universidade de Brasília

O artigo Interferências Gráficas é parte de um estudo maior de tipografia e design gráfico entitulado

Cinedesign: a tipografia e o design gráfico no cinema. Neste estudo, são analisadas, à luz de aspectos estético-

funcionais, da comunicação visual e da cultura, as manifestações de tipografia e do design gráfico nos filmes

vencedores no desenvolvimento da premiação do Oscar de Melhor Filme pela Academy of Motion Pictures Arts and

Sciences (AMPAS) dos EUA. Neste artigo são estudadas as manifestações da tipografia e grafismos como

elementos narrativos usados na construção dos significados e da forma cinematográfica.

Palavras Chave: Tipografia, Design Gráfico, Cinema

The article Graphic Interferences is part of a major study named Cinedesign: typography and graphic design in

motion pictures. In this research, typography and graphic design are studied as visual communication under the light

of aesthetical, functional and cultural aspects, in the movies winners of the Best Picture awards by the Academy of

Motion Pictures Arts and Sciences. In Graphic Interferences typography is viewed as a narrative element used in the

construction of meaning and as cinematographic form.

Key Words: Typography, Graphic Design, Motion Pictures

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Interferências gráficas

Uma importante manifestação da tipografia e do design gráfico narrativos no

cinema fica definida pelo uso das aqui chamadas Interferências Gráficas, que

essencialmente são desenhos, textos e elementos gráficos sobrepostos e incorporados

de maneira expressiva à imagem de ação, com função semântica. São signos

indicadores que desempenham o papel de verdadeiros atores. Embora haja registro do

uso de interferências gráficas em filmes mais antigos, como The sting (1973), elas têm

sido muito utilizadas em produções recentes, apontando para uma nova tendência

estética na linguagem cinematográfica, ao mesmo tempo que consolidando a

linguagem gráfica como legítimo instrumento narrativo no cinema.

Fig. 1 - Acompanhando a narrativa da voz em off , elementos caligráficos são incorporados à imagem de ação

graciosamente auxiliando a construção dos significados e o acompanhamento da narrativa. Le fabuleux destin

d’Amelie Poulain (2001)

1. Simulacro gráfico

Os recursos gráficos utilizados no cinema têm a sua história atrelada ao

desenvolvimento dos efeitos óticos, já que estão intimamente ligados em termos de

produção. Ao mesmo tempo, a estética e a linguagem cinematográficas do passado

incluiam elementos gráficos de maneira muito sutil e parcimoniosa, na tentativa de

emprestar à narrativa um realismo ligado ao olhar do observador. Assim, podemos

observar que os primeiros efeitos utilizados tinham a sua carga semântica associada

aos aspectos da verossimilhança e ao conceito de simulacro, pois, inseridos no

contexto realista das narrativas hollywoodianas, tinham a função de dar credibilidade e

fluidez à cena de ação. Quando um oficial de cavalaria, por exemplo, observava ao

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longe o inimigo no campo, com sua luneta, uma imagem circular enegrecida e

esfumaçada poderia ser utilizada para reproduzir a visão do referido militar através do

instrumento ótico. De fato, são signos que reproduzem diferentes visões de uma cena

ou seqüência cinematográfica, dão fluidez e inserem “realísticamente” o espectador na

narrativa.

Fig. 2 – Cena de Dances with wolves (1990) onde se vê o tradicional efeito visual de simulacro.

No desenrolar do AMPAS Awards, na categoria Melhor Filme, poucas películas

fazem uso de interferências verossímeis na qualidade de efeito gráfico, como

observamos na produção Dances with wolves (1990), onde aparecem lunetas e

binóculos. Efeitos semelhantes foram utilizados na recente produção Master and

commander: the far side of the world (2003), que conta a história de um navio inglês e

sua tripulação, merecidamente vencedor nas categorias de Cinematografia e Efeitos

sonoros, e que teve diversas outras indicações para premiação.

2. A retórica gráfica

O mais interessante sobre o uso de elementos gráficos e tipográficos na narrativa

do cinema, na forma sobreposta, ou seja, por meio de elementos incorporados

posteriormente sobre a película cinematográfica, é que acontece uma mudança no

discurso audiovisual. Esta mudança é decorrente de valores estéticos e semânticos

que afetam o discurso cinematográfico.

Por um lado temos a narrativa cinematográfica tradicional, onde os autores1

funcionam como observadores de cenas e situações, ao mesmo tempo em que as

1 Vale ressaltar que embora na tradição dos créditos de cinema ao diretor do filme é reservada à autoria, a concepção do argumento e a construção do roteiro são fundamentais para a criação do filme e portanto merecedores do crédito da autoria.

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relatam e comentam, semelhante a uma narrativa verbal. De outro, temos o nível das

interferências gráficas, onde os autores passam a interferir manualmente e

deliberadamente sobre as cenas de ação com caligrafias e outros elementos gráficos,

de uma maneira semelhante a um caderno de anotações, ou mesmo um diário pessoal,

registrando ali opiniões, comentários e devaneios. O caráter metafórico destas

interferências encontra ressonância na própria forma de produção, quando na fase de

acabamento do filme, após a montagem do copião, os elementos gráficos são

incorporados. De uma camada superior aterrisam na superfície bidimensional da

película, expandindo o discurso em formas e cores.

2.1. Referências ao passado

A diversidade das manifestações da tipografia e do design como interferência

gráfica têm, ultimamente, aumentado de maneira surpreendente. Antigamente a

abordagem dos autores dos filmes se restringia à verosimilhança e, às vezes, à

metáforas que estabeleciam uma relação de congenialidade com fatos já conhecidos,

como por exemplo, o uso de cartelas com bordas e ornamentos no filme Tom

Jones(1963), o quadro negro com o círculo que ia se fechando sobre o personagem no

final do filme, como no filme The sting (1973), fazendo alusão aos filmes do tempo em

que ocorre a narrativa, ou mesmo, pelo próprio uso das transições à moda antiga, como

cortinas e fade out e fade in, utilizados nos episódios I (A ameaça fantasma, 2000) e II

(O ataque dos clones, 2002) da série Star Wars, fazendo clara referência aos seriados

de ficção científica de décadas passadas.

Fig. 4 – Fim de cena: fade out com ponto focal, onde o círculo vai fechando até o escuro total. The sting

(1970)

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2.2. Imagem e ação

A categoria Imagem e Ação é constituída de animações – ou efeitos óticos

especiais - que alteram a configuração da cena de ação, com a função de expandir e

conectar significados que ajudam a construir a estrutura narrativa. Se por um lado têm

um forte componente tecnológico, os cineastas têm cada vez mais se utilizado deste

recurso de forma poética e inteligente. Algumas animações são concebidas de forma

integrada à ação, trazendo consigo a natureza verossímil mas modificando o real

aparente ou traduzindo sonhos visualmente.

Como primeiro exemplo, são os efeitos visuais integrados à ação e ao cenário do

filme A beautiful mind (2001) que, neste contexto específico, têm a função de traduzir o

olhar da personagem que, observando um céu estrelado, desenha com os dedos uma

constelação cujas estrelas vão, aos poucos, aumentando a intensidade luminosa.

Desta forma, os autores tornam visível ao espectador o olhar esquizofrênico da

personagem, que via coisas no cotidiano que normalmente não se pode ver, assim

demonstrando sua capacidade de abstrair forma do caos aparente, num ambiente de

pura emoção.

Fig. 5 – A beautiful mind (2001)

Outra forma de se comunicar e transmitir significados é através de modificações

visuais na cena, criando situações estranhas e surreais, ou mesmo interpretando

sentimentos e sensações pela imagem animada inserida na cena de ação. Filme

merecedor de crédito nesta categoria do design e da tipografia no cinema é a produção

francesa, cheia de charme, Le fabulous destin du Amelie Poulain (2001), indicada para

diversas categorias do Oscar, que faz amplo uso de recursos gráficos e tipográficos.

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Fig. 6 – Um exemplo de animação inserida na cena de ação. Le fabuleux destin d’Amelie Poulain (2001).

2.3. Escrituras

Assim como escrevemos em nossos diários, cadernos escolares e blocos de

anotações, os autores cinematográficos vêm, mais recentemente, escrevendo sobre as

imagens de ação, fazendo registros, indicando situações e criando poesia visual. Este é

um indício de uma nova maneira narrativa de se fazer filmes, um jeito pósmoderno de

interpretar e traduzir eventos. O fato peculiar desta categoria de design gráfico no

cinema é que há poucos registros em filmes vencedores do Oscar de Melhor Filme.

Os autores se utilizam de grafismos produzidos posteriormente e sobrepostos à

imagem de ação, e, ao mesmo tempo, inseridos no desenvolvimento da história. É

neste contexto que surgem variadas maneiras de escrita sobre a película, seja de forma

caligráfica, tipográfica ou mesmo por meio da garatuja.

No singelo filme Stealing beauty (1996) de Bernardo Bertolucci, por exemplo, a

caligrafia da personagem Lucy Hamon, protagonizada pela bela Liv Tyler, passeia em

poesia pela tela ao som da lânguida voz de Billie Holliday, enquanto a personagem,

sentada no beiral de uma janela medieval, fuma um “baseado” “curtindo” fotos de

família enquanto vai escrevendo.

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a. b.

Fig. 7 – Por meio de animações simples, as linhas escritas do poema entram e saem de cena deslizando para

a direita e assim desaparecendo. Stealing beauty (1996).

O uso da tipografia digitada, ou seja, escrita à máquina, também tem seu espaço

reservado na narrativa cinematográfica. Surpreendentemente temos dois exemplos

magníficos nos Oscar de Melhor Filme, nos roteiros de Annie Hall (1977) e A beautiful

mind (2001).

São, de fato, duas formas bem distintas de retórica; enquanto no primeiro há uma

forma de subversão da linguagem, no segundo temos uma forma de verossimilhança,

por meio da tradução visual da interpretação – ou alucinações do protagonista - de

certos fatos apresentados no enredo.

a. b.

Fig. 8 - No filme Annie Hall (1977) as legendas são utilizadas de maneira subversiva, traduzindo

pensamentos.

No exemplo acima temos uma forma hilária e inovativa de utilização das

tradicionais legendas. Na seqüência, as personagens desenvolvem um diálogo

intelectualizado – enquanto se aproximam afetivamente – que esconde as verdadeiras

intenções, traduzidas na metalinguagem gráfica das legendas, que, por sua vez,

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revelam os verdadeiros sentimentos. A genialidade do autor-diretor Woody Allen

traduz, de forma peculiar, as diferenças entre o discurso oral e o discurso escrito que,

num determinado contexto, podem expressar sentidos díspares, exercitando

plenamente as qualidades audiovisuais do filme. Neste caso, as legendas deixam de

cumprir sua função fundamental, aquela de servir de prótese semântica para clarificar

significados lingüísticos, metaforicamente prestando o serviço de um tradutor

sentimental, expressando o paradoxo das relações humanas estabelecido aqui no

distanciamento entre o discurso e o pensamento.

Diferentemente do exemplo acima, em que a tradução se estabelece no âmbito da

palavra, falada e escrita, no filme A beautiful mind (2001) o uso das interferências

gráficas é definido pelo uso de imagens que traduzem o pensamento da personagem,

no caso um emérito professor de matemática, que interpreta por meio da lógica e de

números, fatos do cotidiano onde obsessivamente vê formas e fórmulas.

a. b.

Fig. 9 - Traduções visuais do pensamento da personagem, A beautiful mind (2001).

Este tipo de efeito é, ao mesmo tempo, de uma dupla natureza; por um lado não

deixa de ser uma interferência gráfica de caráter verossímil, pois está intimamente

ligado à ação integrada da personagem, ou seja, ligado àquilo o que ele está fazendo.

Por outro lado, faz parte da retórica cinematográfica na medida em quê, visualmente,

participa como intérprete do pensamento e assim, transcende a função do simulacro.

Vale, finalmente, ressaltar que, comparando as Figuras 8 e 9, cada uma é resultado de

diferentes níveis tecnológicos, já que as legendas são facilmente produzidas e cuja

qualidade é produto do seu uso alterado, enquanto os efeitos gráficos observados em A

beautiful mind são resultado de alta tecnologia computacional.

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2.4. Riscos e Rabiscos

Nesta categoria, ao invés de recursos da escrita, temos desenhos, marcas e

signos que fazem parte da narrativa. Diferentemente das animações, que promovem

interferências perfeitamente inseridas no contexto da ação, os exemplos a seguir são

representantes de uma categoria muito especial de interferência gráfica, parte

constante na retórica cinematográfica mais recente. A característica principal desta

categoria é o risco e o rabisco, fazendo jus ao título da categoria Interferência Gráfica.

Aqui podemos observar a “mão” do autor desenhando – ou rabiscando – na película

como se fora uma página de classificados, um caderno de esboços ou um muro para

pichar, muito similar à interferência caligráfica do filme Stealing beauty (1994), que

exemplificamos anteriormente.

Um dos exemplos mais esclarecedores desta qualidade de interferência gráfica e

tradução da sua mais verdadeira natureza, podemos observar no filme Pulp fiction

(1994) onde uma imagem substitui uma palavra, ou seja, um signo visual em troca de

um signo oral, uma transferência de significantes de diferentes naturezas onde o

conteúdo se mantém intacto, puro.

Fig. 10 - “Não seja quadrado...”: transferência de significantes: uma imagem substitui uma palavra. Pulp

fiction (1994).

É interessante notar que neste filme, de Quentim Tarantino, um diretor inovador na

época, que este grafismo é um fato isolado na construção do filme, uma espécie de gag

ou um detalhe na construção da narrativa, certamente uma questão de estilo, mas

superficial. Já no filme Le fabuleux destin d’Amelie Poulain (2001) o design gráfico

incorporado na narrativa é utilizado com estilo também, mas está na estrutura narrativa

do autor e permeia a construção do filme.

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Fig. 11 - Rabiscos sobre cena de um trecho de um filme da Nouvelle vague citado em Les fabuleux destin

d’Amelie Poulain (2001).

Nesta bela seqüência, uma citação a um filme francês do período da Nouvelle

Vague, o autor, acompanhando a narrativa do narrador-locutor, vai riscando a película,

fazendo anotações gráficas, dirigindo o olhar do espectador enquanto cria novos

significados para uma cena já conhecida. Este tipo de grafismo está na essência do

conceito de interferência gráfica, pois enquanto não pertence, digamos, ao universo da

cena de ação, ele acontece em uma superfície paralela que é posteriormente

sobreposta à superfície principal do filme, aquela que foi filmada na vida real, nos

estúdios ou nas tomadas externas.

Como já foi dito, mas vale repetir dada a importância do fato, este tipo de design

gráfico vem se sucedendo em produções mais recentes, como - além dos filmes já

citados - em Magnolia (1999) e Europa Europa (1991), apontando para um novo tipo de

linguagem e estética na criação de filmes, expandindo a força visual das produções

audiovisuais. Assim, pode-se observar a importância da sua função narrativa na

estrutura da linguagem cinematográfica, como signos formais autênticos.

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