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CINTHIA RACHEL FERREIRA DE SOUZA GRASIELLY CRISTINA DAVID JANETE ARAÚJO DA SILVA SUBSTITUIÇÃO DE METAIS PESADOS EM TINTAS ATRAVÉS DE PIGMENTOS DO URUCUM Trabalho apresentado ao Conselho Regional de Química IV Região como parte dos requisitos exigidos para concorrer ao Prêmio CRQ-IV de 2016. Orientadora: Esp. Erica Gayego Bello Figueiredo Bortolotti Campinas-SP 2016

CINTHIA RACHEL FERREIRA DE SOUZA - Mundo da Keka de metais pesados... · O primeiro povo a pintar com grande variedade de cores foram os egípcios. Inicialmente, fabricavam as tintas

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CINTHIA RACHEL FERREIRA DE SOUZA

GRASIELLY CRISTINA DAVID

JANETE ARAÚJO DA SILVA

SUBSTITUIÇÃO DE METAIS PESADOS EM TINTAS ATRAVÉS DE PIGMENTOS

DO URUCUM

Trabalho apresentado ao Conselho Regional

de Química – IV Região como parte dos

requisitos exigidos para concorrer ao Prêmio

CRQ-IV de 2016.

Orientadora: Esp. Erica Gayego Bello Figueiredo Bortolotti

Campinas-SP

2016

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Dedicamos este trabalho a Deus, que nos

criou e foi criativo nesta tarefa. Seu fôlego

de vida em nós foi sustento e nos deu

coragem para questionar realidades e

propor sempre um novo mundo de

possibilidades.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter nos dado saúde, força e paciência para superar as dificuldades.

À ETECAP pela oportunidade de fazer o curso de química.

À nossa professora orientadora Érica pelo suporte no pouco tempo que lhe coube,

pelas suas correções e incentivos.

Aos nossos pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, o nosso

muito obrigada.

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“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”

Antoine Laurent de Lavoisier

(1743-1794)

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RESUMO

Os pigmentos cromatos e molibdatos de chumbo atualmente utilizados na fabricação

de tintas, encontram limitações de uso principalmente pela toxicidade que

apresentam. O principal dano causado pelos compostos de chumbo provém do

acúmulo de sais de chumbo no organismo. Estes metais, também estão associados

a impactos ambientais desde a etapa de fabricação de pigmentos, passando pela

fabricação de tintas e chegando ao consumidor final. Portanto, este projeto tem

como objetivo testar a eficiência e viabilidade do uso de pigmentos naturais em tintas

para manutenção. Entre os pigmentos naturais, o urucum figura como o segundo em

importância econômica depois do caramelo. O urucum contém pigmento carotenóide

amarelo-alaranjado obtido da planta Bixa orellana L., sendo largamente utilizado em

várias partes do mundo em escala industrial, por conferir coloração atraente. Esses

pigmentos podem ser extraídos por processos mecânicos através de atrição e

raspagem das sementes e físico-químicos através de solventes orgânicos ou pelo

uso de solução alcalina. Na extração com solventes orgânicos utilizou-se a acetona

e o álcool etílico e na alcalina o extrator utilizado foi hidróxido de sódio. Nos sistemas

de extração utilizados conclui-se que a acetona foi o extrator mais eficaz em relação

ao álcool etílico e hidróxido de sódio. As tonalidades obtidas foram comparadas com

o padrão Munsell e, além disso, houve a vantagem de que o resíduo proveniente da

extração com acetona pode ser utilizado para obtenção de uma nova cor.

PALAVRAS-CHAVE: Bixa orellana L. Cromato de chumbo. Molibdato de chumbo.

Acetona.

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ABSTRACT

The chromate pigments and lead molybdates currently used in the manufacture of

paints, has limited use mainly the toxicity they present. The main damage caused by lead

compounds comes from the accumulation of lead salts in the body. These metals are

also associated with environmental impacts from pigment manufacturing step,

through the manufacture of paints and coming to the end consumer. Therefore, this

project aims to test the effectiveness and feasibility of using natural pigments in

paints for maintenance. Among the natural pigments, annatto figure as the second in

economic importance after the caramel. The annatto contains pigment yellow-orange

carotenoid obtained from Bixa orellana L. plant, being widely used in various parts of

the world on an industrial scale, to confer attractive color. These pigments can be

extracted by mechanical attrition and by scraping the seeds and physicochemical by

organic solvents or by using alkaline solution. In the extraction with organic solvents

used to acetone and ethyl alcohol and the alkaline extractant used was sodium

hydroxide. In the extraction system used it was concluded that acetone is the most

efficient extractor in relation to ethyl alcohol and sodium hydroxide. The shades

obtained were compared with the standard Munsell and moreover, there was the

advantage that the residue from the extraction with acetone may be used for

obtaining a new color.

KEYWORDS : Bixa orellana L. . Lead chromate. Lead molybdate. Acetone.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 17

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 19

3.1. DEFINIÇÃO DE TINTA ....................................................................................... 19

3.2. COMPOSIÇÃO DAS TINTAS ............................................................................. 19

3.2.1. Solventes ......................................................................................................... 20

3.2.2. Resinas ........................................................................................................... 21

3.2.3. Pigmentos ....................................................................................................... 22

3.2.4. Aditivos ............................................................................................................ 23

3.3. TIPOS DE TINTAS, PROPRIEDADES E USOS ................................................ 24

3.3.1. Tintas Alquídicas ............................................................................................. 25

3.3.2. Tintas Acrílicas ................................................................................................ 26

3.3.3. Tintas Epóxi ..................................................................................................... 26

3.3.4. Tintas Poliuretânicas ....................................................................................... 28

3.3.5. Tintas de Silicato ............................................................................................. 29

3.3.6. Tintas para altas temperaturas ........................................................................ 29

3.4. PIGMENTOS ...................................................................................................... 30

3.4.1. Pigmentos Inorgânicos contendo Metais Pesados .......................................... 33

3.5. CONTROLE DE COR NAS INDÚSTRIAS .......................................................... 35

3.5.1 Padrões de Cor ................................................................................................ 36

3.5.1.1. O Sistema Munsell ....................................................................................... 37

3.5.2. Sistema CIELab............................................................................................... 39

3.6. URUCUM ........................................................................................................... 40

4. RELEVÂNCIA DO TRABALHO ............................................................................. 45

5. HIPÓTESE ............................................................................................................ 46

6. OBJETIVO ............................................................................................................. 47

6.1. OBJETIVO GERAL............................................................................................. 47

6.2. OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................... 47

7. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 48

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7.1. MATERIAIS E MÉTODOS PARA EXTRAÇÃO DO CORANTE ......................... 48

7.1.1. Materiais .......................................................................................................... 48

7.1.2. Métodos ........................................................................................................... 49

7.1.2.1. Extração com Hidróxido de Sódio ................................................................ 49

7.1.2.2. Extração com Etanol .................................................................................... 49

7.1.2.3. Extração com Água ...................................................................................... 50

7.1.2.4. Extração com Acetona ................................................................................. 50

7.2. MATERIAIS E MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DA COR ................................... 51

7.2.1. Materiais .......................................................................................................... 51

7.2.2. Método ............................................................................................................ 51

8. CUSTOS ............................................................................................................... 52

9. MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA ....................................................................... 53

9.1. MEIO AMBIENTE ............................................................................................... 53

9.2. NBR 10004:2004 ................................................................................................ 54

9.3. SAÚDE E SEGURANÇA .................................................................................... 56

9.3.1. Carcinogenicidade e Teratogenicidade ........................................................... 58

9.3.2. Controle da Exposição Ocupacional................................................................ 58

10. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 60

10.1. EXTRAÇÃO DO PIGMENTO ........................................................................... 60

10.1.1. Extração com Hidróxido de Sódio ................................................................. 60

10.1.2. Extração com Etanol ..................................................................................... 61

10.1.3. Extração com Água ....................................................................................... 61

10.1.4. Extração com Acetona .................................................................................. 61

10.2. APLICAÇÃO DO PIGMENTO À TINTA BASE ................................................. 62

10.2.1. Quantificação do pigmento junto à tinta base ................................................ 64

10.3. COMPARAÇÃO COM O PADRÃO MUNSELL................................................. 66

10.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS EXTRATORES UTILIZADOS ............................. 70

11. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 71

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Composição das Tintas.......................................................................... 20

Figura 2 – Espectrofotômetro Color I7................................................................... 36

Figura 3 – Representação tridimensional do Sistema Munsell.............................. 38

Figura 4 – Livro Munsell......................................................................................... 38

Figura 5 – Sistema CIELab.................................................................................... 40

Figura 6 – Cápsulas e Sementes de Urucum......................................................... 41

Figura 7 – Diferentes tonalidades de cores obtidas com corantes de

urucum.................................................................................................................... 42

Figura 8 – Estrutura química dos pigmentos carotenóides do

urucum.................................................................................................................... 43

Figura 9 – Proliferação de Fungos......................................................................... 60

Figura 10 – Aplicação do Pigmento à tinta base Incolor........................................ 63

Figura 11 – Aplicação do Pigmento à tinta base Branca........................................ 63

Figura 12 – Aplicação do Pigmento à tinta base Incolor + Branca......................... 64

Figura 13 – Cores obtidas nos Testes.................................................................... 66

Figura 14 – Teste 4 e M. 2,5YR 8/6....................................................................... 67

Figura 15 – Teste 9 e M. 5YR 7/12........................................................................ 68

Figura 16 – Teste 11 e M. 5YR 7/10...................................................................... 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipos de Resinas e Solventes.............................................................. 22

Tabela 2 – Tipos de Pigmentos.............................................................................. 31

Tabela 3 – Materiais e Reagentes.......................................................................... 48

Tabela 4 – Materiais e Reagentes para a Avaliação da Cor.................................. 51

Tabela 5 – Custos.................................................................................................. 52

Tabela 6 – Resíduos Perigosos de fontes não específicas.................................... 54

Tabela 7 – Resíduos Perigosos de fontes específicas........................................... 55

Tabela 8 – Concentração – Limite máximo no extrato obtido no ensaio de

lixiviação................................................................................................................. 56

Tabela 9 – Padrões para o ensaio de solubilização............................................... 56

Tabela 10 – Índices Biológicos de Exposição ao Chumbo U/L = micromoles de

ALA utilizado/minuto/L de eritrócitos...................................................................... 59

Tabela 11 – Quantificação de Pigmento e Tinta Base (g)...................................... 65

Tabela 12 – Quantificação de Pigmento e Tinta Base (%)..................................... 65

Tabela 13 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 4 X M. 2,5YR 8/6.................... 67

Tabela 14 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 9 X M. 5YR 7/12..................... 68

Tabela 15 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 11 X M. 5YR 7/10................... 69

Tabela 16 – Comparação entre Extratores............................................................ 70

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quantificação de Pigmento e Tinta (%)............................................... 66

Gráfico 2 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 4 X M. 2,5YR 8/6..................... 67

Gráfico 3 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 9 X M. 5YR 7/12...................... 68

Gráfico 4 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 11 X M. 5YR 7/10.................... 69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ISO International Organization for Standardization (Organização

Internacional para Padronização)

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

VOC Volatile Organic Compounds (Compostos Orgânicos Voláteis)

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

G Grama

mL Mililitro

Unid. Unidade

Cx Caixa

IPCh Intoxicação Profissional pelo Chumbo

LTB Limites de Tolerância Biológicos

IBE Índices Biológicos de Exposição

NBR Norma Brasileira

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1. INTRODUÇÃO

É muito difícil estabelecer uma data para o surgimento da tinta. O

homem ainda morava em cavernas e foi graças à incessante necessidade de

expressar os seus pensamentos, emoções e a cultura de seu povo que ela foi

descoberta.

No início, as tintas tiveram um papel puramente estético. Somente mais

tarde, quando introduzidas em países do norte da América e da Europa, onde

as condições climáticas eram mais severas, o aspecto "proteção" ganharia

maior importância. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Os povos pré-históricos fabricavam tintas moendo materiais coloridos

como plantas e argila em pó, e adicionando água. A técnica empregada era

simples, pois as cores eram preparadas com os próprios dedos e algumas

vezes prensadas entre pedras. Eram usadas para a decoração de suas

cavernas e tumbas, e sobre seus corpos. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

O primeiro povo a pintar com grande variedade de cores foram os

egípcios. Inicialmente, fabricavam as tintas a partir de materiais encontrados na

terra de seu próprio país e das regiões próximas. Somente entre 8.000 a 5.800

a. C. é que surgiram os primeiros pigmentos sintéticos. Para obterem cores

adicionais, os egípcios importavam anileira e garança da Índia. Com a anileira,

podia-se obter um azul profundo e, com a garança, nuances de vermelho,

violeta e marrom. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Na Idade Média, o aspecto "proteção" começa a ganhar importância. Os

ingleses usavam as tintas, principalmente, em igrejas e, depois, em prédios

públicos e residências de pessoas importantes. Nessa época, a produção de

tinta era particularizada e altamente sigilosa. Cada artista ou artesão

desenvolvia seu próprio processo de fabricação de tinta. Tratadas como se

fossem um "segredo de Estado", as fórmulas de tintas eram enterradas com

seu inventor. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

No ápice da Revolução Industrial, final do século XVIII e início do XIX, os

fabricantes de tintas começaram a usar equipamentos mecânicos. Os primeiros

fabricantes, entretanto, apenas preparavam os materiais para tinta, fornecendo-

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15

os para os pintores, que compunham suas próprias misturas. Em 1867, os

fabricantes introduziram as primeiras tintas preparadas no mercado.

(FAZENDA, J. M. R.; 2005)

No final da década de 50, químicos criaram tintas especiais para pintura

de exteriores, novos tipos de esmaltes para acabamento de automóveis e tintas

à prova de gotejamento para superfícies externas e internas. Nos anos 60, a

pesquisa continuada com resinas sintéticas conferiu às tintas maior resistência

contra substâncias químicas e gases. Devido à descoberta de envenenamento,

por chumbo, de muitas crianças após terem comido lascas de tinta seca, na

década de 1970 os governos de alguns países impuseram restrições ao

conteúdo de chumbo nas tintas de uso doméstico, limitando-o a cerca de 0,5%.

(FAZENDA, J. M. R.; 2005)

A tendência atualmente demonstrada pelo mercado mundial em

substituir ou restringir o uso dos corantes sintéticos, devido à sua toxicidade,

aumenta a cada dia o interesse por novas pesquisas em desenvolvimento de

pigmentos naturais, aliadas à exigência dos consumidores por produtos que

não causem riscos à saúde (ASHFAQ & MASUD, 2002). Nas indústrias

alimentícias e farmacológicas em substituição aos corantes artificiais

(químicos) utiliza-se corante natural principalmente os originados das sementes

de urucum. Esses pigmentos são conhecidos comercialmente por bixina, que é

solúvel em óleos e/ou gorduras vegetais, e por norbixina, solúvel em água; em

volume, representam cerca de quase 90% dos pigmentos naturais usados no

Brasil e 70% dos usados no mundo, sendo também os únicos em que o País

tem autossuficiência de produção elevada onde parcela desta produção é

exportada (JAEGER, 1989).

O uso de corantes naturais como tendência generalizada nos dias

atuais, dificilmente será revertida, mas a sua técnica ainda necessita de

pesquisas científicas para que se possa atender às exigências em qualidade e

quantidade dos mercados interno e externo. Considerando-se esses fatos, o

desenvolvimento de tecnologia que conduza não só a extração do pigmento

bruto, mas principalmente que leve à obtenção de bixina com elevada pureza,

conjugada à sua estabilização, é de fundamental importância para agregar

valor ao produto e para a sua expansão comercial.

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Com base nesses dados, este projeto teve como objetivo testar a

eficiência e viabilidade do uso do urucum como pigmento natural, utilizando

como extratores a acetona, hidróxido de sódio, etanol e água, comparando o

pigmento obtido com pigmentos tóxicos presentes nas formulações de tintas

para manutenção.

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2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

O pigmento extraído do urucum é amplamente utilizado nas indústrias

alimentícia, farmacêutica, cosmética, e de tintas e vernizes. De suas sementes

podem ser obtidos corantes de diversas tonalidades que vão do amarelo ao

castanho, passando pelo vermelho.

Apresenta também maior estabilidade se comparado a outros corantes

naturais, coloração atrativa e trata-se de uma cultura abundante não somente

em regiões tropicais como na América do Sul, mas também em outras regiões

do mundo, como Índia e África (SILVA e STRINGHETA 2005).

Em escala comercial, três métodos básicos são usados para extrair o

pigmento das sementes: extração alcalina, extração em óleo e extração com

solvente (PRENTICE-HERNANDEZ e RUSIG, 1992)

Silva et al. (1994) utilizaram solventes orgânicos para obtenção dos

pigmentos do urucum. Estudando a extração dos pigmentos das sementes do

urucum em leito fixo com solventes nos estados líquido e gasoso, verificaram

que o rendimento da extração foi maior usando solvente acima do ponto de

ebulição. Testaram vários solventes e os mais eficientes foram: o clorofórmio, a

acetona, o éter etílico e o álcool etílico. Neste trabalho, constataram que em

temperaturas abaixo de 80°C a degradação da bixina pelo calor é desprezível.

Verificaram também que na extração dos pigmentos com as sementes

trituradas o rendimento não aumentou, além do inconveniente do arraste de

impurezas pelo solvente.

Preston e Rickard (1980) descrevem os principais métodos de extração:

a extração em óleo, a extração em solventes orgânicos e a extração em meio

aquoso alcalino, como também variantes destes processos. Em um dos

processos as sementes são tratadas com solução alcalina, a frio ou a sob leve

aquecimento. A solução alcalina obtida, contendo o corante solúvel, é

acidificada o que leva a precipitação de um pigmento rico em norbixina. Desta

forma é obtido um concentrado vermelho com elevado teor daquele

componente. A extração com solventes orgânicos têm sido também uma

alternativa para a obtenção de produto com elevada concentração de bixina.

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18

Destacam-se entre os solventes empregados: a acetona, o álcool etílico, o

propilenoglicol e também o clorofórmio. Este processo, no entanto apesar de

conduzir a um produto com elevado rendimento, apresenta alguns problemas,

devido ao elevado custo para recuperação dos solventes, ou a possibilidade de

deixar resíduos tóxicos que pode inviabilizar seu emprego como corantes para

alimentos. Outra forma também empregada pela indústria faz uso de óleos

vegetais como solventes, produzindo extratos lipossolúveis.

O pH também afeta a estabilidade de muitos corantes naturais, da

mesma forma que a presença de determinados íons metálicos com

reconhecidas características catalíticas, como ferro, alumínio, cobre ou mesmo

magnésio, cuja ação catalítica é menor. Esses catalisadores podem aumentar

a taxa de decomposição de alguns pigmentos acarretando, em consequência,

a perda de coloração (PRENTICE-HERNANDES et al. 1992).

A grande demanda por pigmentos de urucum com características de

elevada qualidade, tem acentuado as deficiências dos processos comuns

usados para concentrar os corantes, incluindo-se riscos de degradação térmica

dos extratos e de oxidação. As quantidades relativas de bixina e seus

derivados por isomerização e degradação em preparações comerciais de

corantes de urucum, sofrem variações em amplos limites, dependendo das

condições de processamento. (PRENTICE-HER NANDEZ et al. 1992). Os

carotenóides podem sofrer oxidação por reação com oxigênio atmosférico, em

taxas que dependem da luz e da temperatura (POVOA, et al. 1996).

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. DEFINIÇÃO DE TINTA

Segundo a definição da norma International Organization for

Standardization (ISO) 12.944-1 tinta é uma camada pigmentada, na forma

líquida, em pasta ou em pó, que quando aplicada a um substrato, forma um

filme opaco que tem propriedades protetivas, decorativa ou outras

propriedades específicas. (GNECCO, 2007)

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Norma

Brasileira (NBR) 15156 tinta é um produto líquido, pastoso ou em pó, com

propriedades de formar película após secagem ou cura, composto por uma

mistura formada de resinas, pigmentos, solventes, cargas e aditivos.

(GNECCO, 2007)

3.2. COMPOSIÇÃO DAS TINTAS

As tintas são compostas por quatro grupos de matérias primas:

Solventes, Resinas, Pigmentos e Aditivos, conforme mostra a Figura 1.

(GNECCO, 2007)

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Figura 1 - Composição das Tintas Fonte: Gnecco, 2007

3.2.1. Solventes

Os solventes utilizados nas tintas para aplicação em aço são líquidos de

diferentes naturezas químicas: hidrocarbonetos alifáticos (aguarrás e naftas

leves), hidrocarbonetos aromáticos (xileno e tolueno), glicóis (butil glicol,

acetato de etil glicol, acetato de butil glicol), ésteres (acetato de etila, acetato

de butila), cetonas (metil etil cetona-MEK, metil isobutil cetona-MIBK e

ciclohexanona) e alcoóis (isopropanol e butanol). (GNECCO, 2007)

Todos são compostos orgânicos 100% voláteis, que tem a função de

dissolver a resina. São produzidos pela indústria química ou petroquímica, mas

a origem da maioria é o petróleo. (GNECCO, 2007)

Numa tinta são utilizadas composições de solventes, onde são

misturados, solventes leves, médios e pesados em proporções que permitam a

evaporação rápida dos mais leves para que a tinta fique mais viscosa e evite

escorrimento em superfície vertical e os mais pesados deixem a película

posteriormente para que a tinta possa ter melhor penetração na superfície,

melhor alastramento e para que as bolhas e falhas possam ser auto-corrigidas.

O solvente tem a função de diminuir a viscosidade das tintas para facilitar a

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aplicação, para homogeneizar a película, para melhorar a aderência e para

atuar sobre a secagem. (GNECCO, 2007)

Como características, os solventes apresentam além da volatilidade e do

poder de solvência, a inflamabilidade e a toxicidade. O cheiro também é uma

característica dos solventes, embora tenham sido lançadas recentemente

algumas tintas com solventes de baixo odor (à base de hidrocarbonetos

alifáticos desodorizados). O solvente, aguarrás de baixo odor é um exemplo,

que além de causar menor desconforto para quem pinta e para as pessoas

próximas à pintura, são mais seguros, pois este tipo de solvente é menos

agressivo ao ser humano. (GNECCO, 2007)

O conteúdo de solventes nas tintas é referido como VOC, que quer dizer

em inglês Volatile Organic Compounds ou em português, Compostos

Orgânicos Voláteis (COV). As tintas de baixo conteúdo de solventes são as

“Low VOC” e as isentas de solventes “No VOC”. Os solventes podem fazer mal

às pessoas que ficam em ambientes de trabalho respirando o ar com vapores

de solventes ou de diluentes. (GNECCO, 2007)

3.2.2. Resinas

As propriedades de resistência nas tintas e o comportamento frente ao

meio agressivo e as condições de uso dependem muito das resinas. As resinas

são conhecidas como ligante ou veículo fixo e são os componentes mais

importantes das tintas, pois são responsáveis pelas propriedades de aderência,

impermeabilidade e flexibilidade. As resinas hoje em dia são, na maioria,

orgânicas, de natureza polimérica, exceto o silicato inorgânico de zinco que se

trata de um veiculo inorgânico à base de silicatos de: sódio, potássio ou de lítio,

ou mistas como as de etil silicato de zinco e as de silicone. As tintas à base de

polisiloxanos que também são inorgânicas, vem ganhando terreno a cada dia,

combinadas com orgânicas como epóxi ou acrílicas. (GNECCO, 2007)

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As resinas mais importantes das tintas para pintura de aço são:

Alquídicas, Acrílicas, Epoxídicas, Poliuretânicas, Etil Silicato de Zinco e

Silicone. (GNECCO, 2007)

De acordo com o tipo de resina, o químico formulador deve selecionar o

solvente apropriado para dissolver a resina. Na Tabela 1, são apresentados

alguns tipos de resinas e seus solventes mais comuns: (GNECCO, 2007)

Tabela 1 – Tipos de Resinas e Solventes

Tipo de resina Tipo de solvente mais usado

Alquídica Aguarrás ou xilol ou misturas destes

Epóxi MEK e MIBK com xilol e álcool butílico

Acrílica Misturas de acetatos, xilol, cetonas e alcoóis

Poliuretano Acetatos de etila, de butila, e misturas de

MEK e MIBK

Etil silicato de zinco Álcool isopropílico, álcool butílico e álcool

etílico

Silicone Xilol

Fonte: Gnecco, 2007

3.2.3. Pigmentos

São pós muito finos, com diâmetro de partículas de 0,5 a 1,0

micrometros, brancos, pretos, coloridos, incolores e metálicos, anticorrosivos e

inertes. Os inertes não possuem cor nem são anticorrosivos, mas são usados

para conseguir propriedades como: resistência à abrasão, lixabilidade,

fosqueamento das tintas, etc. (GNECCO, 2007)

As cores primárias dos pigmentos mais importantes são: branca, preta,

vermelha, laranja, amarela, verde, azul, púrpura, alumínio e dourada.

(GNECCO, 2007)

As combinações de cores são infinitas. Basta misturar os pigmentos

coloridos primários para obter a cor que desejar. (GNECCO, 2007)

Nenhuma resina é totalmente impermeável. Por isso, quando o vapor de

água e os gases corrosivos, permeiam as camadas de tintas, os pigmentos

anticorrosivos produzem modificações no agente agressivo atenuando a sua

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agressividade. Como os gases do meio industrial, na sua maioria, são ácidos,

alguns pigmentos anticorrosivos promovem uma neutralização e em alguns

casos chegam até a alcalinizá-los. Em meio alcalino, o aço é apassivado e

praticamente não há corrosão. Outros pigmentos se dissolvem (se hidrolisam)

e formam uma camada protetora que isola o substrato metálico do meio

agressivo que permeou. (GNECCO, 2007)

Os pigmentos inertes não têm cor, não são opacos nem têm

mecanismos de proteção anticorrosiva, mas são importantes nas tintas para

proporcionarem propriedades específicas. (GNECCO, 2007)

3.2.4. Aditivos

São compostos adicionados em pequenas quantidades, da ordem de 0,1

a 2,0%, que são utilizados para melhorar o processo de fabricação, de

estocagem, de aplicação e de durabilidade das tintas. (GNECCO, 2007)

Existem vários tipos de aditivos, mas os principais são: (GNECCO,

2007)

Dispersantes ou tensoativos ou umectantes: facilitam a introdução

dos pigmentos durante a fabricação, ajudam a estabilidade da

suspensão de pigmentos durante a estocagem e melhoram a aplicação

e a umectação da superfície e consequentemente aumentam a

aderência das tintas enquanto elas estão líquidas. Depois de secas a

responsabilidade é das resinas; (GNECCO, 2007)

Espessantes: propiciam maior estabilidade à tinta na estocagem e

possibilitam maiores espessuras por demão nas aplicações e superfícies

verticais. Em tintas de menor qualidade são usados compostos

celulósicos e tintas de maior desempenho são usadas as sílicas

pirogênicas; (GNECCO, 2007)

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Secantes: são catalisadores metálicos, que aceleram a secagem de

tintas alquídicas agindo nos óleos vegetais que as compõem fazendo

com que o oxigênio reaja mais rápido; (GNECCO, 2007)

Antibolhas: são compostos à base de silicone, que não impedem a

formação de bolhas de ar, mas possibilitam a eliminação rápida destas

que são introduzidas nas tintas durante a agitação e principalmente

durante a aplicação à rolo; (GNECCO, 2007)

Antinata: são compostos voláteis adicionados às tintas durante a sua

fabricação e que impedem a reação do oxigênio do ar com os óleos das

tintas alquídicas, enquanto elas estão fechadas na embalagem. Tão logo

as tintas são aplicadas, os compostos deixam a película e liberam as

resinas para reagirem com o oxigênio da atmosfera e serem curadas.

Cura neste caso significa solidificação completa das tintas. (GNECCO,

2007)

3.3. TIPOS DE TINTAS, PROPRIEDADES E USOS

As tintas, devido à evolução da tecnologia, podem ser classificadas pelo

seu conteúdo de solventes nos seguintes tipos: Alto VOC e Baixo VOC.

(GNECCO, 2007)

VOC é a quantidade em massa de solventes orgânicos presentes em um

volume de tinta ou resina, expresso em g/L ou Lbs/galão. (GNECCO, 2007)

As resinas normalmente possuem alta viscosidade e para serem

afinadas, ou seja, para diminuir a sua viscosidade são adicionados os

solventes que tem poder de solvência sobre a resina. Outra forma de afinar

essas tintas é previamente emulsionando-as em água. A água não é um

solvente da resina, mas um meio de dispersão. Quanto mais água é adicionada

menos viscosa a tinta fica. (GNECCO, 2007)

Paralelamente, as tintas à base de água também foram desenvolvidas e

conquistaram o mercado. Hoje há vários tipos de tintas à base de água, tão

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boas e em alguns casos até melhores do que as à base de solventes, com

inúmeras vantagens. São tintas VOC baixíssimos. (GNECCO, 2007)

As resinas à base de água são muito parecidas com as à base de

solventes, porém, a tecnologia para emulsionar ou dispersar estas resinas em

água exigiu pesquisa e desenvolvimento em aditivos e técnicas de fabricação.

Não é uma substituição simples de solventes orgânicos por água. É um novo

conceito de matérias-primas empregadas para que as tintas pudessem conter

menos solventes, ou até não conter solventes. (GNECCO, 2007)

As vantagens destas tintas, consideradas ecologicamente corretas são

enormes, a começar pelo pintor, que fica menos exposto aos efeitos dos

solventes, à empresa que corre menos risco de explosões e incêndio e ao meio

ambiente, que é menos contaminado. Outra forma de classificar as tintas é pelo

tipo de resina que elas usam. (GNECCO, 2007)

3.3.1. Tintas Alquídicas

Conhecidas como Esmaltes ou Primers sintéticos, são

monocomponentes, ou seja, apresentadas em uma única embalagem e de

secagem ao ar. São usadas em interiores secos e abrigados, ou em exteriores

normais, sem poluição. As características marcantes das resinas alquídicas em

geral são: baixa resistência à umidade elevada, imersão em água, meios

alcalinos, solventes fortes e produtos químicos. (GNECCO, 2007)

Tintas alquídicas à base de água podem ser aplicadas em locais

fechados sem necessidade de interdição da área ou de parada da produção

por terem baixo odor. (GNECCO, 2007)

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3.3.2. Tintas Acrílicas

São tintas monocomponentes, a base de solventes orgânicos ou a base

de água. Podem ser: (GNECCO, 2007)

Acrílicas à base de solventes: apresentam boas propriedades, são de

secagem rápida, têm boa resistência ao intemperismo e são de baixa

espessura por demão; (GNECCO, 2007)

Acrílicas-siloxano: existem as tintas Acrílicas-siloxanos que são

híbridas orgânica/inorgânica. A parte orgânica é a base de polímero

acrílico e a parte inorgânica é o siloxano; (GNECCO, 2007)

Acrílicas à base de água: são de baixo odor e têm ótimo desempenho

na pintura de estruturas, equipamentos, bombas, tubulações e exteriores

de tanques. São indicadas para ambientes industriais de agressividade

média e moderada. Foram desenvolvidas para superfícies metálicas, de

madeira ou de concreto em obras novas ou para manutenção.

(GNECCO, 2007)

3.3.3. Tintas Epóxi

São bicomponentes de secagem ao ar. As tintas epoxídicas calcinam em

exposição ao exterior, ou seja, mudam de cor desbotando e perder o brilho. Há

tintas epóxi muito duras e outras muito flexíveis. As propriedades dependem da

resina, do tipo de agente de cura, das cargas e do teor de pigmentos, enfim,

dependem da formulação. Podem ser: (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi curadas com poliamidas: são tintas de ótima resistência

à umidade, imersão em água, flexibilidade e aderência em aço carbono

ou concreto; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi curadas com poliaminas: são tintas de excelente

resistência à imersão em soluções ou vapores de produtos químicos,

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sendo as mais resistentes a estes produtos; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi curadas com isocianatos: são tintas utilizadas como

primer de aderência sobre superfícies de aço carbono, ferro fundido,

galvanizados, alumínio, aço inoxidável ou outros metais não ferrosos e

sobre poliéster reforçado com fibras de vidro. Sua maior aplicação é

como tinta de aderência; (GNECCO, 2007)

Tintas curadas com fenalkamina: são formuladas especialmente para

imersão e para exposições atmosféricas em ambientes industriais e

marítimos; (GNECCO, 2007)

Tintas tolerantes: as modernas tintas tolerantes se enquadram na

filosofia de tintas ecologicamente corretas e seguras, pois atendem

especificações de VOC e legislações rígidas de preservação do meio

ambiente, ou seja, emissão de baixos teores de solventes orgânicos e

isentas de metais pesados; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi modificadas: são tintas com características das

poliaminas, porém muito próximas das poliamidas. Por isto são

utilizadas em substituição aos dois tipos de tintas; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi-siloxano: a resina epóxi-siloxano possibilita tintas de alto

brilho, retenção de cor e de dupla função, como primer e acabamento ao

mesmo tempo com a vantagem de serem isentas de isocianatos. Atende

às legislações de Altos sólidos e baixo VOC; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi-novolaca: são as famosas tinta epóxi fenólicas curadas

com amina, de alta espessura, bicomponentes. Revestimentos de alta

resistência química, térmica, alta dureza e altíssima resistência à

abrasão; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi-novolaca éster vinílico: são revestimentos à base de

resina Epóxi-Novolaca éster vinílica reforçados com flocos de vidro ou

de grafite. São 100% sólidos por que utilizam solventes reativos na cura.

Resistem a solventes aromáticos e alifáticos, ácidos minerais e

orgânicos e oxidantes enérgicos; (GNECCO, 2007)

Tintas epóxi hidrossolúveis: as características destas tintas são

facilidade de diluição, limpeza dos equipamentos, baixo nível de odor e

emissão de solventes próximos de zero; (GNECCO, 2007)

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Massas epóxi: são composições sem solvente, que podem ser

utilizadas para o nivelamento de superfícies pintadas ou a serem

pintadas com tintas epóxi ou poliuretanos; (GNECCO, 2007)

Tintas alcatrão de hulha epóxi: são tintas que possuem associação de

alta inércia química do alcatrão de hulha com a impermeabilidade da

resina epóxi. Têm excelente resistência à diversos ambientes corrosivos,

boa flexibilidade, boa aderência e boa resistência à impactos;

(GNECCO, 2007)

Tar-free: a tecnologia de tintas à base de alcatrão de hulha está

sofrendo um declínio, pois são tintas perigosas para a saúde do ser

humano e para o meio ambiente. O alcatrão é perigoso, pois possui em

sua composição várias frações residuais da destilação da hulha, como

benzeno, tolueno, xileno, antraceno, fenantreno, cresóis, além de fenóis

e principalmente do 2,4 benzopireno, que é a substância que pode

causar o câncer. Por este motivo estão surgindo as tintas “tar-free” que

significam isentas de alcatrão de hulha. As tintas alternativas modernas

são tão boas ou melhores do que as tradicionais alcatrão de hulha epóxi.

(GNECCO, 2007)

3.3.4. Tintas Poliuretânicas

São bicomponentes de secagem ao ar e por enquanto no Brasil são

encontrados apenas na versão à base de solventes orgânicos. Podem ser:

(GNECCO, 2007)

Poliuretanos poliésteres alifáticos: são tintas de acabamento. Têm

boa resistência química e se caracterizam pela boa retenção de cor. São

de excelente resistência ao intemperismo, isto é, resistência a ação

danosa da radiação ultravioleta da luz solar e ao molhamento por águas

de chuvas; (GNECCO, 2007)

Poliuretanos acrílicos alifáticos: são tintas de acabamento cujo

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componente A é acrílico polihidroxilado e o componente B o isocianato

alifático; (GNECCO, 2007)

Poliuretanos aromáticos: apresentam boas propriedades de

resistência química, rápida secagem e facilidade de lixamento. No

entanto fracassam em exposições ao intemperismo; (GNECCO, 2007)

Poliuretanos poliasparticos: as características mais marcantes destas

tintas são alta espessura, baixa temperatura de cura, resistência à

abrasão e à corrosão e produtos mais econômicos. (GNECCO, 2007)

3.3.5. Tintas de Silicato

Há dois tipos de tintas Silicato: (GNECCO, 2007)

Silicato inorgânico: é hidrossolúvel, ou melhor, o solvente é a água;

(GNECCO, 2007)

Silicato de Etila: é à base de solventes orgânicos como álcool etílico e

álcool isopropílico. (GNECCO, 2007)

3.3.6. Tintas para altas temperaturas

Tintas resistentes à temperaturas elevadas, logicamente devem ser

elaboradas com materiais resistentes a esta faixa de temperatura. Podem ser:

(GNECCO, 2007)

Tintas de silicone: são tintas indicadas para substratos sujeitos à

temperaturas superiores a 180ºC; (GNECCO, 2007)

Tintas de silicato: são tintas para alta temperatura que não necessitam

de pré-cura. (GNECCO, 2007)

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3.4. PIGMENTOS

Os pigmentos são compostos químicos orgânicos ou inorgânicos,

insolúveis em solventes (inclusive água) ou no meio onde são empregados e

quando convenientemente manipulados, são capazes de conferir cor a um

substrato. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Uma classificação bem generalista pode ser: (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Coloridos;

Brancos;

Pretos;

Metálicos e Ligas.

São claras as diferenças entre pigmentos e corantes (trivialmente

conhecidos como anilinas), sendo totalmente errônea a ideia de que qualquer

material que seja capaz de colorir um substrato, seja uma anilina. O uso de

anilinas, de uma maneira geral, está voltado para a indústria têxtil, onde

encontra um vasto campo de aplicação. Basicamente, a diferença entre

pigmentos e corantes está na solubilidade. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Pigmento: de maneira geral insolúvel (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Corante: de maneira geral solúvel (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

A classificação usual dos corantes, baseada nas condições de

aplicação, compreende as seguintes categorias: (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Corantes Solúveis em Água (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Corantes Ácidos;

Corantes Básicos;

Corantes Diretos ou Substantivos;

Corantes Reativos;

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Corantes Mordentes;

Corantes à Cuba na forma incolor.

Corantes Insolúveis em Água (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Corantes que possuem forma leuco insolúveis em água;

Corantes à Cuba para lã;

Corantes ao Enxofre;

Corantes Dispersos;

Corantes Solventes.

Corantes Produzidos sobre fibra (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Corantes Azo;

Corantes Ftalogênicos.

Pigmentos (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Diferente dos corantes, os pigmentos são essencialmente insolúveis e

utilizados, principalmente em tintas. (GNECCO, 2010)

Mais detalhadamente, os pigmentos coloridos poderiam estar

classificados segundo sua composição química, conforme mostra a Tabela 2.

(GNECCO, 2010)

Tabela 2 – Tipos de Pigmentos

Orgânicos

Naturais Animais

Vegetais

Sintéticos (produzidos quimicamente)

Azo-insolúveis

Condensação ácida

Antraquinonas e Vat

Ftalocianinas

Isoindolinonas

TCTI

DPP

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Inorgânicos

Naturais

Ocras

Óxido de Ferro Vermelho

Óxido de Ferro Preto

Sintéticos (produzidos quimicamente)

Cromatos

Ferrocianetos

Sulfetos e Sulfo

Óxidos e Óxidos Hidratados

Silicatos

Fonte: Gnecco, 2010

Considerando apenas os que são produzidos sinteticamente, a

classificação das famílias de pigmentos sintéticos divide-se em duas partes:

(FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Pigmentos Orgânicos;

Pigmentos Inorgânicos.

Segundo a própria denominação, pigmentos inorgânicos são compostos

químicos inorgânicos, usualmente sais metálicos precipitados de soluções. O

precipitado seco pode estar numa forma pronta para uso e muitas vezes esta

matéria-prima requer novos processamentos mecânicos ou tratamento químico

para que possa ser usado como pigmento. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Pigmentos orgânicos são aqueles produtos derivados da química do

carbono. Entretanto, podem incluir elementos metálicos (inorgânicos) na sua

estrutura, os quais ajudam a estabilizar as propriedades dos componentes

orgânicos. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Um mesmo tipo de pigmento orgânico ou inorgânico pode variar em

comparação com outro da mesma constituição. As principais diferenças

estruturais entre pigmentos orgânicos e inorgânicos são: (FAZENDA, J. M. R.;

2005)

O tamanho médio da partícula dos pigmentos inorgânicos é,

significativamente maior do que dos orgânicos, significando que a área

específica do pigmentos orgânicos é muito maior; (FAZENDA, J. M. R.;

2005)

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Com raras exceções, os pigmentos inorgânicos tem maior estabilidade

ao calor em relação aos orgânicos. Quanto às características de solidez

à luz e intemperismo são varáveis e não seguem uma regra geral;

(FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Em função de sua composição química, os pigmentos orgânicos são

estáveis em solventes orgânicos, não apresentando problemas de

sangramento e migração. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

3.4.1. Pigmentos Inorgânicos contendo Metais Pesados

Os pigmentos cromatos de chumbo são obtidos basicamente a partir da

reação entre sal solúvel de chumbo com um sal solúvel de dicromato. Os íons

sulfato e molibdato estarão presentes em quantidades variáveis, dependendo

do tipo de classe desejada. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

O sal de chumbo solúvel normalmente utilizado é o nitrato de chumbo,

obtido a partir da dissolução de litargírio com ácido nítrico: (FAZENDA, J. M. R.;

2005)

PbO + 2HNO3 Pb(NO3)2 + H2O

As reações envolvidas na precipitação do pigmento podem ser

representadas como: (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

(x + y + z)Pb2 + xCrO42- + ySO4

2- + zMoO42- xPbCrO4 . yPbSo4 . zPbMoO4

Pigmento

Inicialmente, o cromato de chumbo formado se apresenta sob a forma

de cristais ortorrômbicos, mas como esta é uma forma termodinamicamente

instável, a conversão às outras formas é possível dependendo do controle

efetuado durante o processo. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

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Assim, para se obter um amarelo de cromo médio, deve-se evitar um

excesso de íons chumbo durante a precipitação. Isso é obtido, por exemplo,

adicionando-se solução de nitrato de chumbo sobre a solução de dicromato.

Após a precipitação, um aumento de temperatura converterá os cristais

ortorrômbicos em monoclínicos. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Os amarelos de cromo claro são preparados substituindo-se uma parte

dos íons cromato (20 a 40%) por íons sulfato. O pigmento resultante é uma

solução sólida de cromato de chumbo/sulfato de chumbo sob forma de cristais

monoclínicos. Quanto maior o nível de sulfato presente, mais claro e

esverdeado será o pigmento resultante. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Os pigmentos laranja de molibdato são soluções sólidas cristalinas de

cromato/molibdato/sulfato de chumbo na forma tetragonal. São obtidos a partir

da adição de uma solução que contém íons cromato, molibdato e sulfato a uma

solução de nitrato de chumbo, a uma temperatura entre 0 a 40ºC. Esses

pigmentos são muito sensíveis, já que a forma cristalina na qual eles se

apresentam não é a mais estável. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Após a etapa de precipitação, os amarelos de cromo e laranjas de

molibdato recebem tratamentos superficiais para que lhes sejam conferidas

propriedades de resistência, como, à luz, intemperismo, agentes químicos, etc.

Esses tratamentos envolvem compostos de sílica, alumínio, antimônio, terras

raras, etc. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Tratamentos com compostos orgânicos podem ser aplicados para

aumentar a compatibilidade e dispersibilidade dos pigmentos, de tal modo a se

obter um produto com características específicas para uma aplicação final.

Essa classe de pigmentos, com exceção dos laranjas de cromo, pode ser

subdividida em quatro categorias: (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

a) Pigmentos normais – De alta limpidez de cor e poder tintorial, porém

com baixa estabilidade térmica e a intempéries; (FAZENDA, J. M. R.;

2005)

b) Pigmentos pré-escurecidos – Com menor pureza de cor, mas com

uma maior estabilidade frente aos normais; (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

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c) Sílica-encapsulados (tipo “Krolor”) – Apresentam boa limpidez de cor,

mas com baixo poder tintorial; possuem um tratamento especial que lhes

confere alta resistência térmica, podendo ser utilizados em plásticos a

temperaturas de 300°C; (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

d) Pigmentos de alta resistência – Apresentam tratamento especial que

lhes confere alta resistência química, principalmente a SO2. (FAZENDA,

J. M. R.; 2005)

3.5. CONTROLE DE COR NAS INDÚSTRIAS

As empresas em geral, especificamente as fabricantes de tintas, viram a

necessidade de se efetuar o controle das cores para que possam gerar

reprodutibilidade de seus lotes produzidos. Desta forma, garantem a satisfação

de seus clientes de forma que não ocorram problemas. Assim, se houver

mudança de lote a cor deve sempre estar igual ao padrão. (ZAPAROLLI,

D.;2008)

Para este controle ocorrer, existe um setor dentro da indústria

responsável pelo desenvolvimento e controle de cores, denominado como

colorimetria, o qual efetua o estudo da cor onde a variação da quantidade de

corante que a compõe, podem ser medidos e quantificados, gerando

parâmetros para análise e aprovação da mesma. (ZAPAROLLI, D.;2008)

A colorimetria possui técnicos coloristas designados para o

desenvolvimento de cores, padrões de cores internacionais como Ral e

Munsell, softwares e instrumentos como o espectrofotômetro (Figura 2) para

análise e quantificação das mesmas, bases (veículo a ser tingido), pigmentos

e/ou concentrados para o tingimento. (ZAPAROLLI, D.;2008)

Quando se aplica o uso do espectrofotômetro elimina-se interferências

como iluminação inadequada e erro de observador para observador. O

instrumento incide uma luz no objeto ou padrão a ser analisado e por dispersão

da radiação é possível quantificar a cor pelo comprimento de onda gerado, e

assim comparar os dados obtidos com outras amostras. A grande vantagem

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dos espectrofotômetros é que torna-se possível determinar pequenas variações

de um padrão para uma amostra, a qual não seria tão fácil percebida ao olho

humano. Os resultados determinados pelo espectrofotômetro são expressos

em números ou gráficos, e dentre seus usuários estão empresas como

gráficas, indústrias de plásticos, têxteis, couro, papel, automobilísticas,

alimentícias, tintas e outras, nos mais diversificados segmentos que precisam

efetuar o controle da cor. (ZAPAROLLI, D.;2008)

Figura 2. Espectrofotômetro Color I7 Fonte: Gnecco, 2007

3.5.1 Padrões de Cor

Um fator de extrema importância para o controle tanto visual como via

equipamentos de medições colorimétricas são as padronizações dos padrões

de cores. (QUINDICI, M., 2013)

Os seres humanos não possuem memória precisa para comparação de

cores. Dessa forma, houve a necessidade de criar uma simbologia que

tornasse mais fácil a referência às cores. (QUINDICI, M., 2013)

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Existem sistemas internacionais de cores que referenciam padrões de

cores ou conjunto de padrões que são adotados por diversos segmentos e

diversas empresas em diferentes países. (QUINDICI, M., 2013)

3.5.1.1. O Sistema Munsell

O mais influente sistema de ordenação de cor - Sistema Munsell - foi

criado pelo artista americano Albert Henry Munsell. (QUINDICI, M., 2013)

Munsell desenvolveu uma maneira racional de descrever a cor,

prevendo uma notação que pudesse ser usada internacionalmente, identificável

visualmente e com uma linguagem para a descrever e comunicá-la. (QUINDICI,

M., 2013)

A publicação da sua primeira edição ocorreu em 1905, intitulada "A

Color Notation". Munsell foi o primeiro a modelar um sistema utilizando um

sistema numérico (alfanumérico) para classificar a cor. (QUINDICI, M., 2013)

Munsell desenvolveu um sistema de pequenos padrões (chips) coloridos

que seguem a seguinte sequência lógica: partindo-se de uma tonalidade

qualquer, por exemplo o verde, pode-se fazer misturas coloridas com branco e

preto. Assim, têm-se cores verde claro até cores verde escuro, sendo que

neste intervalo obtém-se vários tons de verde passando de verde claro, verdes

intensos (cores vivas), verdes acinzentados até chegar ao tom verde escuro.

(FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Para simplificar, Munsell dividiu o círculo em 100 partes, de 0 a 100,

começando por RP (vermelho, púrpura-vermelho), passando por 5 R

(vermelho), 25 Y (amarelo), 65 B (azul) e 85 P (púrpura) e os intermediários

15YR (amarelo-vermelho), 35 GY (verde-amarelo), 55 BG (azul-verde), 75 PB

(púrpura-azul) e 95 RP (vermelho-púrpura). No eixo vertical representam-se as

cores que vão desde o branco até o preto, conforme mostra a Figura 3.

(QUINDICI, M., 2013)

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Figura 3. Representação Tridimensional do Sistema Munsell Fonte: Gnecco, 2007

Nas páginas do livro Munsell todas as cores têm a mesma Tonalidade

(H=hue), sendo que cada coluna apresenta Luminosidade (V=value) crescente

e Croma (C=chroma) constante. Nas linhas horizontais o Croma é crescente do

cinza para as cores mais puras; nas folhas de Munsell cada linha possui o

mesmo nível de luminosidade. (QUINDICI, M., 2013)

Existem no livro de cores Munsell (Figura 4) cerca de 2 mil cores

cadastradas padronizáveis e destacáveis e está disponível em duas versões,

uma brilhante (glossy) e outra fosca (matte). (QUINDICI, M., 2013)

Figura 4. Livro Munsell Fonte: Gnecco, 2007

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3.5.2. Sistema CIELab

Todos os métodos possuem equações para o cálculo de seus valores

numéricos de diferenças de cores, porém todas apresentam uma relação

proporcional de uma para outra. Um dos mais comuns, utilizado por diversos

laboratórios de Controle de Qualidade de Cores é o método CIELab. (HANS G.

V.;2002)

O sistema de cores CIELab foi desenvolvido em 1931 para quantificar a

porcentagem das cores primárias através do valor matemático de um gráfico

versus o diagrama de cromaticidade desenvolvido a partir de várias leituras

realizadas em toda extensão do espectro visível. O resultado obtido de

cromaticidade CIELab determina o comprimento de onda predominante e sua

pureza. O conhecido como método CIELab fornece informações e valores

numéricos do espaço de cor, quando compara-se um padrão de cor e uma

amostra, onde: (HANS G. V.;2002)

L+ Cor mais clara;

L- Cor mais escura;

a+ Cor avermelhada;

a- Cor esverdeada;

b+ Cor amarelada;

b- Cor azulada.

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Figura 5. Sistema CIELab Fonte: Quindici, M., 2013

3.6. URUCUM

O urucuzeiro é uma planta arbustiva que teve sua origem na América

Tropical. Universalmente, pertence à família Bixaceae e ao gênero Bixa.

(MERCADANTE et al., 1998)

Os frutos, denominados de cachopas ou cápsulas, podem fornecer em

média, 40 a 50 sementes cada um. É no pericarpo – camada que envolve as

sementes -, onde estão os pigmentos que têm aplicação industrial. Da massa

de pigmento existente, 80% são constituídos por um carotenóide denominado

bixina, que tem propriedade corante. (MERCADANTE et al., 1998)

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Figura 6 - Cápsulas e Sementes de Urucum Fonte: Aguiar, 2007

O urucum contém pigmento carotenóide amarelo-alaranjado obtido do

pericarpo seco (parte externa da semente) da planta Bixa orellana L.

(urucuzeiro), recebe a denominação internacional de annatto sendo largamente

utilizado em várias partes do mundo em escala industrial, por conferir coloração

atraente. (MERCADANTE et al., 1998)

Entre os corantes naturais, o urucum figura como o segundo em

importância econômica depois do caramelo. O cultivo destina-se

exclusivamente a comercialização do corante presente na semente, podendo

chegar ao máximo a 4,5% em massa, nas sementes de boa procedência. A

produção de pigmento, contudo, deixa a semente como subproduto.

(MERCADANTE et al., 1998)

O corante do urucum se torna um corante de grande potencial na

indústria alimentícia em virtude de grande faixa no seu espectro de cores,

podendo ser usado em alimentos de cores fortes e em alimentos com cores

menos intensa, outro aspecto significativo é que pode ser empregado em

produtos à base de óleo, no qual se utiliza corante lipossolúvel e os que têm,

em sua base, água; neste caso são utilizados os corantes hidrossolúveis. Este

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universo de cores obtidos a partir dos corantes de urucum pode ser visto na

Figura 7. (MERCADANTE et al., 1998)

Figura 7 - Diferentes tonalidades de cores obtidas com corantes de urucum Fonte: Mercadante et al., 1998

O maior segmento consumidor desses corantes é a indústria de

derivados lácteos, seguido das de produtos derivados de carne, em cosmética,

na indústria têxtil. Tem sido empregado também como pigmento na indústria de

couro, bem como na fabricação de tintas e vernizes, graxas para sapatos e

ceras para pisos (SANDI et al., 2003).

A semente de urucum (Bixa orellana L.) contém inúmeros carotenóides

e, dentre todos, se destaca a bixina. Dessa semente são comercializados dois

tipos de corantes: o extrato lipossolúvel, que contém cis e trans-bixina, e o

extrato hidrossolúvel, cujo corante é a norbixina. Há, entretanto, vários outros

carotenóides identificados nessa semente. (MERCADANTE et al., 1998)

A cis-bixina é o componente principal das sementes do urucum, também

denominada alfa-bixina (éster monometílico do ácido dicarboxilílico alfa-

norbixina pouco solúvel em água). (NETTO, 2009)

A Bixina possui uma cadeia isoprênica de 24 carbonos, conforme mostra

a Figura 8 contendo um ácido carboxílico e um éster metílico nas

extremidades, perfazendo assim a fórmula molecular C25H30O4. Representa

80% dos pigmentos da Bixa orellana L., ocorrendo apenas nesta espécie.

(MERCADANTE et al., 1998)

O cromóforo da bixina é o sistema de duplas ligações conjugadas, as

quais conferem coloração particular. Infelizmente, essa série de duplas

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ligações conjugadas é também a causa da suscetibilidade da bixina ao

oxigênio, a luz e a temperatura. (NETTO, 2009)

Figura 8 - Estrutura química dos pigmentos carotenóides do urucum Fonte: Francis, 1987

Os corantes (extratos) de urucum são divididos em três categorias:

(FRANCO et al., 2002)

Corante lipossolúvel: no qual a bixina é o maior constituinte;

Corante disperso em água: no qual a norbixina é o principal

constituinte;

Corante hidrossolúvel: no qual o norbixato de sódio ou potássio é o

principal.

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Os pigmentos das sementes do urucum podem ser extraídos por

processos mecânicos através de atrição e raspagem das sementes e físico-

químicos através de solventes. A extração por solventes pode ser feita por dois

métodos básicos: (FRANCO et al., 2002)

Extração alcalina;

Extração através de solvente.

Em todas as técnicas deve-se levar em consideração a degradação

destes pigmentos pela luz e calor excessivos. (FRANCO et al., 2002)

A análise e extração dos pigmentos das sementes de urucum pelo uso

de solventes podem ser feitas basicamente de duas formas: pelo uso de

solventes orgânicos ou pelo uso de solução alcalina. (FRANCO et al., 2002)

É importante salientar que se utilizará, para 1 g de sementes, o volume

fixo de 20 mL de solvente, em cada extração. Esses resultados estão

parcialmente compatíveis com os obtidos por Oliveira (2005), que analisou a

solubilidade da bixina em diversos solventes, dentre os quais incluem-se o

clorofórmio, a acetona, o acetato de etila e o etanol. Seus resultados

demonstraram ser o clorofórmio o melhor solvente, seguido pela acetona, o

acetato de etila e o etanol, sendo que as solubilidades foram nitidamente

diferentes. Portanto, o fato do clorofórmio solubilizar a bixina com maior

eficiência torna esperado que ele seja um bom extrator.

Ao considerar que o clorofórmio é o único produto químico, dentre os

analisados, que apresenta nível 2 de perigo à saúde, segundo o Manual de

Produtos Químicos Perigosos da CETESB, (CETESB, 2003), a acetona é o

solvente que melhor o substitui em análises laboratoriais para obtenção da

porcentagem de pigmentos totais das sementes de urucum.

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4. RELEVÂNCIA DO TRABALHO

Atualmente os pigmentos cromatos e molibdatos de chumbo encontram

limitações de uso principalmente pela toxicidade que apresentam. O principal

dano causado pelos compostos de chumbo provém do acúmulo de sais de

chumbo no organismo. O potencial de toxicidade dos compostos de chumbo

depende principalmente do grau que o organismo pode dissolver a substância,

tornando-a susceptível a absorção. Se o composto permanecer insolúvel, ele

será expelido pelo organismo, sem nenhuma alteração, após um curto período

de tempo. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Estudos demonstraram que existe uma associação entre câncer de pele

e de pulmão em pessoas expostas a cromo hexavalente. Assim, o cromato de

chumbo foi incluído na lista de compostos de cromo potencialmente

carcinogênicos. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

O estudo da substituição desses pigmentos tóxicos por pigmentos

naturais, se mostraram relevantes.

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5. HIPÓTESE

Acredita-se que os pigmentos tóxicos utilizados em tintas para

manutenção, tais como Cromato e Molibdato de Chumbo possam ser

substituídos por pigmentos naturais.

Acredita-se também que os pigmentos extraídos da semente de urucum

possam alcançar as tonalidades de amarelo e laranja. Tais hipóteses serão

avaliadas por análises laboratoriais, como pH, solvente, aquecimento.

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6. OBJETIVO

6.1. OBJETIVO GERAL

Produzir pigmentos naturais para tintas à base de solvente que não

ofereçam danos à saúde do homem e não agridam o meio ambiente.

6.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

Extrair os pigmentos da semente de urucum;

Testar técnicas de extração;

Avaliar condições de degradação;

Testar a compatibilidade do pigmento com a tinta base;

Comparar a tonalidade da cor obtida com as cores do padrão

Munsell.

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7. MATERIAIS E MÉTODOS

7.1. MATERIAIS E MÉTODOS PARA EXTRAÇÃO DO CORANTE

7.1.1. Materiais

Tabela 3 – Materiais e Reagentes

Materiais Qtde

Proveta 02

Placa de Petri 01

Tripé 01

Bico de Bunsen 01

Tela de amianto 01

Béquer 400 mL 04

Balão Volumétrico 500 mL 01

Suporte Universal 01

Garra 01

Funil de Buchner 01

Kitassato 01

Papel Filtro 10

Bagueta 01

Papel Alumínio 1 rolo

Balança Analítica 01

Mangueira para Filtração 01

Almofariz 01

Pistilo 01

Sementes de Urucum 500 g

Peneira 01

Fósforo 01 cx

pH-metro 01 Reagentes Qtde

NaOH 1 L

Etanol 1 L

Acetona 2 L

HCl 1 L

H2SO4 5% 1 L

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7.1.2. Métodos

7.1.2.1. Extração com Hidróxido de Sódio

Para a extração do pigmento, pesou-se 10 g de sementes de urucum em

balança analítica e transferiu-se para um béquer de 400 mL. Em seguida,

adicionou-se 200 mL de solução de NaOH 5% sob constante agitação.

Separou-se as sementes de urucum da solução com o uso de uma

peneira. Em seguida, realizou-se a filtração a vácuo para retirada de possíveis

impurezas.

Após esse processo, realizou-se a precipitação do pigmento em meio

ácido, com a utilização de solução ácida de H2SO4 5%.

Filtrou-se a solução a vácuo e o material retido no papel filtro foi

armazenado para posterior realização de testes com a tinta base.

7.1.2.2. Extração com Etanol

Para a extração do pigmento, pesou-se 10 g de sementes de urucum em

balança analítica e transferiu-se para um béquer de 400 mL. Em seguida,

adicionou-se 200 mL de álcool etílico sob constante agitação.

Deixou-se a solução em repouso por dois dias, depois separou-se as

sementes de urucum da solução com o uso de uma peneira.

Em seguida, colocou-se a solução em uma placa de Petri até total

evaporação do solvente.

Armazenou-se o material obtido para posterior realização de testes com

a tinta base.

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7.1.2.3. Extração com Água

Para a extração do pigmento, pesou-se 2,5 g de sementes de urucum

em balança analítica e transferiu-se para um béquer de 100 mL, com a adição

de 50 mL de água.

Submeteu-se a solução ao aquecimento até total evaporação da água.

Armazenou-se o material obtido para posterior realização de testes com

a tinta base.

7.1.2.4. Extração com Acetona

Para a extração do pigmento, pesou-se 10 g de sementes de urucum em

balança analítica e transferiu-se para um béquer de 400 mL. Em seguida,

adicionou-se 200 mL de acetona sob constante agitação.

Separou-se as sementes de urucum da solução com o uso de uma

peneira. Em seguida, realizou-se a filtração a vácuo para retirada de possíveis

impurezas.

Após esse processo, realizou-se o ajuste de pH (2 a 4) e a precipitação

do pigmento em meio ácido, com a utilização de solução ácida de H2SO4 5%.

Filtrou-se a solução a vácuo e o material retido no papel filtro, foi

armazenado para posterior realização de testes com a tinta base.

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7.2. MATERIAIS E MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DA COR

7.2.1. Materiais

Tabela 4 – Materiais e Reagentes para a Avaliação da Cor

7.2.2. Método

Após incorporar o pigmento extraído do urucum à tinta base, aplicou-se

uma quantidade significativa na cartela tipo leneta com o auxílio de um pincel.

As cartelas foram submetidas à secagem ao ar e comparadas com as

cores do padrão Munsell.

Posteriormente, realizou-se a leitura comparativa das mesmas no

espectrofotômetro, modelo Color I7, fabricante X-Rite, o qual utiliza um

comprimento de onda de 400 a 700 nm (faixa do visível).

Materiais Qtde

Tinta base 0,900 mL

Cartela tipo leneta 01

Pincel 01

Book Munsell 01

Espectrofotômetro 01

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8. CUSTOS

Tabela 5 – Custos Material Quantidade Valor Unitário Valor Total

Proveta 50 mL 2 unid. ETECAP R$ 39,80

Béquer 400 mL 4 unid. ETECAP R$ 200,00

Balão Volumétrico 500 mL 1 unid. ETECAP R$ 37,00

Suporte Universal 1 unid. ETECAP R$ 67,00

Argola 1 unid. ETECAP R$ 21,07

Garra 1 unid. ETECAP R$ 28,98

Funil de Buchner 1 unid. ETECAP R$ 181,17 (560 mL)

Kitassato 1 unid. ETECAP R$ 28,00

Papel Filtro 1 cx ETECAP R$ 44,71

Placa de Petri 1 unid. ETECAP R$ 43,20

Bico de Bunsen 1 unid. ETECAP R$ 53,00

Tripé 1 unid. ETECAP R$ 45,80

Tela de amianto 1 unid. ETECAP R$ 13,00

Bagueta 1 unid. ETECAP R$ 15,00

Papel Alumínio 1 unid. R$ 3,25 R$ 3,25*

Fósforo 1 cx R$ 1,00 R$ 1,00*

Balança Analítica 1 unid. ETECAP R$ 3.410,50

Mangueira para Filtração 1 unid. ETECAP R$ 5,31

Almofariz 1 unid. ETECAP R$ 20,00

Pistilo 1 unid. ETECAP R$ 10,00

Sementes de Urucum 500 g R$ 1,00 R$ 5,00*

Peneira 1 unid. ETECAP R$ 1,00

pH-metro 1 unid. ETECAP R$ 1.100,00

Acetona P.A. 2 L ETECAP R$ 139,20

HCl P.A. 1 L ETECAP R$ 60,00

NaOH 1 Kg ETECAP R$ 35,00

Etanol 1 L ETECAP R$ 60,00

H2SO4 5% 1 L ETECAP R$ 30,00

Tinta Base 0,900 mL R$ 15,00 R$ 15,00*

Cartela tipo leneta 1 unid. R$ 2,00 R$ 2,00*

Pincel 1 unid. R$ 1,50 R$ 1,50*

Book Munsell 1 unid. R$ 6.379,00 R$ 6.379,00

Espectrofotômetro 1 unid. R$ 105.000,00 R$ 105.000,00

Custo Total: R$ 117.095,49

Custo Real*: R$ 27,75*

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9. MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA

9.1. MEIO AMBIENTE

Embora o uso de pigmentos à base de metais pesados esteja cada vez

mais em desuso, com tendência a diminuir ainda mais com o passar do tempo,

é sabido que diversos pigmentos favorecem propriedades mecânicas

justamente por serem à base de metais pesados, como os pigmentos

anticorrosivos. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Estes metais estão associados a impactos ambientais desde a etapa de

fabricação de pigmentos, passando pela fabricação de tintas e chegando ao

consumidor final. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Um caso a ser observado é o pigmento á base de cromato de chumbo.

Desconsiderando-se a sua fabricação e tomando-se como fronteira inicial a

fábrica de tintas. Este pigmento é recebido em embalagem que, após utilizado

seu conteúdo, é um resíduo perigoso. As pessoas que tiverem contato com

este material deverão fazer o uso de equipamentos de proteção, que serão

considerados potencialmente contaminados. Sistemas de exaustão utilizados

também poderão captar esse material, que também será considerado um

resíduo perigoso. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

Disperso o pigmento, este material estará presente nos equipamentos

de processo e, por consequência do solvente a ser utilizado na limpeza. Além

disso a borra gerada no usuário também poderá conter este metal. (FAZENDA,

J. M. R.; 2005)

É óbvio que se está analisando a questão de maneira simplista, sem

considerar concentrações e dados reais, mas todos esses impactos podem

estar associados ao uso deste material. (FAZENDA, J. M. R.; 2005)

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9.2. NBR 10004:2004

De acordo com a norma ABNT NBR 10004:2004, que classifica os

resíduos sólidos quantos aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à

saúde pública e para que possam ser gerenciados adequadamente, os

pigmentos contendo chumbo são classificados como:

• CLASSE 1 – RESÍDUOS PERIGOSOS: são os que apresentam

periculosidade ou uma das seguintes características: inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade.

• CLASSE 2 – RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS: são classificados da seguinte

forma:

• CLASSE 2 A – RESÍDUOS NÃO INERTES: aqueles que não se

enquadram nas classificações de resíduos classe 1 – Perigosos ou de

resíduos classe 2 B – Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos

classe 2 A – Não inertes podem ter propriedades, tais como:

biodegrabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

• CLASSE 2 B – RESÍDUOS INERTES: quaisquer resíduos que, quando

amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR

10007:2004, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água

destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR

10006:2004, não tiveram nenhum de seus componentes solubilizados

em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

No anexo A da norma NBR 10004:2004, a Tabela 6 apresenta os

Resíduos Perigosos de fontes não específicas.

Tabela 6 – Resíduos Perigosos de fontes não específicas

Código de Identificação

Resíduo Perigoso Constituinte Perigoso

Característica de periculosidade

F017

Resíduos e lodos de tinta provenientes da pintura industrial

Cádmio, cromo, chumbo, cianeto, tolueno, tetracloroetileno

Tóxico

Fonte: NBR 10004:2004

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No anexo B da norma NBR 10004:2004, a Tabela 7 apresenta os

Resíduos Perigosos de fontes específicas.

Tabela 7 – Resíduos Perigosos de fontes específicas

Fonte Geradora

Código de Identificação

Resíduo Perigoso

Constituintes perigosos

Características de

periculosidade

Pigmentos Inorgânicos

K002

Lodo de tratamento de efluentes líquidos originados na produção de pigmentos laranja e amarelo de cromo

Cromo hexavalente, chumbo

Tóxico

K003

Lodo de tratamento de efluentes líquidos originados na produção de pigmento laranja de molibdato

Cromo hexavalente, chumbo

Tóxico

Fabricação de Tintas

K078

Resíduos provenientes de etapas de limpeza com solventes empregadas em processos de produção de tintas

Cromo, chumbo, solventes

Inflamável, tóxico

K081

Lodos provenientes do tratamento de efluentes líquidos originados no processo de produção de tintas

Cromo, chumbo, mercúrio, níquel, cloreto de metileno, tolueno

Tóxico

Fonte: NBR 10004:2004

No anexo F da norma NBR 10004:2004, a Tabela 8 apresenta a

Concentração – Limite máximo no extrato obtido no ensaio de lixiviação.

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Tabela 8 – Concentração – Limite máximo no extrato obtido no ensaio de lixiviação

Parâmetro Código de Identificação

Limite máximo no lixiviado

(mg/L)

CAS – Chemical Abstrat

Substance

Chumbo D008 1,0 7439-92-1 Fonte: NBR 10004:2004

No anexo G da norma NBR 10004:2004 a Tabela 9 apresenta os

Padrões para o ensaio de solubilização.

Tabela 9 – Padrões para o ensaio de solubilização

Parâmetro Limite máximo no extrato (mg/L)

Chumbo 0,01

Fonte: NBR 10004:2004

9.3. SAÚDE E SEGURANÇA

A absorção do chumbo pelo corpo humano é lenta e depende não só da

dose como também de fatores tais como a idade do indivíduo, condições

fisiológicas e nutricionais e possivelmente fatores genéticos.

(MAVROPOULOS, 1999)

Este metal pode ser introduzido no organismo através da inalação (ar

atmosférico), ingestão (água, alimentos e solo contaminados) e por via

dérmica. Os compostos de chumbo lipossolúveis e projéteis de chumbo quando

alojados na pele e nos músculos permitem a absorção do metal.

(MAVROPOULOS, 1999)

A deposição, retenção e absorção de partículas de chumbo no trato

respiratório depende de fatores tais como: tamanho da partícula inalada,

densidade, forma química, solubilidade, ritmo respiratório e duração da

exposição. (MAVROPOULOS, 1999)

Cerca de 90% do chumbo que foi ingerido, e que não se absorve, é

excretado pelas fezes, em função de seu trânsito no trato gastrintestinal sob a

forma de sulfetos insolúveis. Aproximadamente 75% é eliminado através da

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urina. Apesar do nível de chumbo na urina ter sido um indicador de exposição

ao metal, é importante ressaltar que esta concentração não representa com

fidelidade o grau de absorção, já que os rins excretam quantidades elevadas

de chumbo somente quando a concentração do metal no sangue for alta. Para

pequenas concentrações do metal, a determinação da concentração de

chumbo na urina será útil quando acompanhada de outros parâmetros.

(MAVROPOULOS, 1999)

Em pequenas quantidades o chumbo pode ser também eliminado pelo

suor, saliva, unhas e cabelo. O chumbo pode ser encontrado no leite materno

em pequenas quantidades. (MAVROPOULOS, 1999)

Efeitos no Sistema Nervoso Central - Os principais efeitos dos compostos de

chumbo no sistema nervoso por exposição crônica são as encefalopatias com

irritabilidade, cefaleia, tremor muscular, alucinações, perda da memória e da

capacidade de concentração. Esse sintomas podem progredir até o delírio,

convulsões, paralisias e coma. Dados experimentais revelam que danos

causados pelo chumbo podem afetar funções da memória e do aprendizado

em todos os ciclos da vida. As principais manifestações ocorridas no sistema

nervoso periférico é a debilidade nos músculos extensores. Também podem

ocorrer hiperestesia, analgesia e anestesia da área afetada. (MAVROPOULOS,

1999)

Efeitos no Sistema Renal - Os efeitos renais do chumbo ocorrem como

resultado tanto da exposição crônica como da aguda. Em adultos e crianças o

chumbo provoca um dano reversível no túbulo proximal e uma lenta e

progressiva deficiência renal. Com contínua exposição ao chumbo ou quando

trabalhadores são expostos a níveis de Pb-H superiores a 3,0 moles/litro

(aproximadamente 60 g/dl) a nefropatia aguda pode evoluir para uma nefrite

crônica. (MAVROPOULOS, 1999)

Efeitos no Sistema Gastrointestinal - Os efeitos tóxicos do chumbo a nível

hepático são mais evidentes nas intoxicações severas podendo ocasionar

constipação, diarreia e gastrite. Em estudos feitos com animais de laboratório,

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a ingestão do chumbo tetraetila provocou alterações nos sistemas enzimáticos

responsáveis pelos processos de biotransformação. (MAVROPOULOS, 1999)

Efeitos nos Ossos - Existe um interesse especial no estudo da absorção do

chumbo pelo osso, sendo os tecidos calcificados aqueles que apresentam

maior acúmulo do metal. O osso pode servir como biomarcador de exposições

passadas, pois a meia-vida neste compartimento é longa. O chumbo pode

afetar o metabolismo do osso no período da menopausa na mulher,

contribuindo para o desenvolvimento da osteoporose. (MAVROPOULOS, 1999)

9.3.1. Carcinogenicidade e Teratogenicidade

Em animais, estudos demonstram que o chumbo produz tumores

malignos e benignos. Em seres humanos, o chumbo pode causar aberrações

cromossômicas e uma morfologia anormal no espermatozóide. Porém, não

existem evidências da ação cancerígena do chumbo no homem. Existem

informações sobre um aumento na taxa de aborto espontâneos como resultado

da exposição ao chumbo, mas não existem dados epidemiológicos suficientes

que comprovem este fato. Também não existe nenhuma evidência de que o

chumbo apresente teratogenicidade para o homem. (MAVROPOULOS, 1999)

9.3.2. Controle da Exposição Ocupacional

Os efeitos tóxicos que o chumbo acarreta à saúde humana estão em

grande parte associados aos trabalhadores expostos ao metal. A intoxicação

profissional pelo chumbo (IPCh) tem diminuído em países desenvolvidos, mas

em países não desenvolvidos continua a incidência de várias doenças

associadas ao chumbo. (MAVROPOULOS, 1999)

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No ambiente ocupacional o controle de chumbo é realizado a partir do

controle biológico. Para isto, utilizam-se índices de exposição que fornecem

informações quanto aos níveis de absorção (chumbo no sangue e na urina) e

as alterações bioquímicas provocadas pelo chumbo na biossíntese do heme.

(MAVROPOULOS, 1999)

Os limites de tolerância biológicos (LTB) propostos para a intoxicação

profissional pelo metal (IPCh) variam historicamente de país a país. Os LTB

são fixados de acordo com informações provenientes das indústrias e de

investigações científicas e devem estar relacionadas com a política de saúde

ocupacional do país. (MAVROPOULOS, 1999)

Países que não desenvolveram seus próprios LTB costumam adotar

critérios definidos por outras nações. Este é o caso do Brasil. Na Tabela 10

estão relacionados os valores considerados normais e os limites de tolerância

biológicos, regulamentados pela Portaria n 12, de 06/06/83, apresentada pela

Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho: (MAVROPOULOS, 1999)

Tabela 10 – Índices Biológicos de Exposição ao Chumbo U/L = micromoles de ALA utilizado/minuto/L de eritrócitos

IBE Valor Normal LTB

Chumbo no sangue Até 40 g/dL 60 g/Dl

Chumbo na urina Até 65 g/L 150 g/L

Ácido delta amino-levulínico desidratase

30-60 U/L 10 U/L

Protoporfirina zinco Até 75 g/dL 200 g/dL

Protoporfirina livres Até 60 g/dL 300 g/dL

Ácido delta amino-levulínico na urina

Até 4,5 mg/L 15 mg/L

Coproporfirina urinária Até 150 g/L 200 g/L

Fonte: Mavropoulos, 1999

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10. RESULTADOS E DISCUSSÃO

10.1. EXTRAÇÃO DO PIGMENTO

10.1.1. Extração com Hidróxido de Sódio

Após a adição das sementes de urucum na solução de NaOH 5%,

obteve-se uma coloração bordô.

Nessa extração o resíduo retido no papel filtro, apresentou a proliferação

de fungos, após uma semana de armazenamento, conforme pode-se observar

na Figura 9.

Figura 9. Proliferação de Fungos Fonte: Autoria do grupo

Após submeter o filtrado a aquecimento, não houve alteração da cor do

mesmo.

Também não foi possível a alteração do pH da solução, mesmo com a

utilização de ácidos concentrados.

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Já na precipitação ácida com H2SO4 5% não houve a formação de

pigmento.

10.1.2. Extração com Etanol

Após a evaporação do solvente, obteve-se um material pastoso, que

quando incorporado à tinta base foi incompatível com a mesma, pois houve

quebra da emulsão.

10.1.3. Extração com Água

Ao adicionar as sementes de urucum na água, obteve-se uma coloração

laranja.

Após total evaporação da água obteve-se um material pastoso, que

quando incorporado á tinta base foi incompatível com a mesma, pois não

solubilizou, havendo formação de grumos.

10.1.4. Extração com Acetona

O resíduo obtido na primeira filtragem apresentou coloração laranja e foi

armazenado para posteriores testes na tinta base.

Após a precipitação ácida, os papéis filtro que ficaram armazenados por

uma semana estavam com aspecto úmido, não sendo possível a retirada do

pigmento que apresentou coloração vermelha, sendo necessário colocar os

papéis filtro na estufa à 60ºC. Após a secagem o pigmento foi retirado dos

papéis filtro e incorporado á tinta base.

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Observou-se que o filtrado apresentou degradação da cor com o passar

do tempo, indo de laranja para amarelo claro.

Como o filtrado apresentou alteração de cor, foram realizados testes de

centrifugação e aquecimento, mas não obteve-se resultados satisfatórios.

10.2. APLICAÇÃO DO PIGMENTO À TINTA BASE

Foram realizados testes de compatibilidade com quatro amostras de

tintas:

Base incolor de tinta epóxi;

Base branca de tinta epóxi;

Base incolor de tinta poliuretânica;

Base branca de tinta poliuretânica.

Ao entrar em contato com as bases da tinta epóxi, o pigmento não se

mostrou compatível. Ficaram visíveis sobre a superfície grumos, confirmando a

insolubilidade do pigmento neste tipo de tinta.

Já em contato com a tinta poliuretânica, tanto na base branca quanto na

incolor, o pigmento solubilizou, sem que ficasse nenhuma parte sólida visível.

Conforme informações do fabricante, a tinta utilizada é um acabamento

poliuretano alifático de dois componentes à base de resina poliéster

modificado, e apresenta alto brilho, rápida secagem e boa resistência a

intempéries.

O resíduo foi aplicado à tinta base incolor apresentando boa dissolução

e coloração laranja, porém por se tratar de uma base incolor não apresentou

cobertura uniforme da superfície, ficando com aspecto de verniz, conforme

mostra a Figura 10.

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Figura 10. Aplicação do Pigmento à tinta base Incolor Fonte: Autoria do grupo

Já na tinta base branca, o resíduo apresentou boa dissolução e

coloração creme, conforme mostra a Figura 11.

Figura 11. Aplicação do Pigmento à tinta base Branca Fonte: Autoria do Grupo

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O pigmento obtido foi aplicado à tinta base incolor, mas não apresentou

boa solubilidade, havendo formação de grumos. Já na tinta base branca

solubilizou, mas a coloração ficou em tons pastéis, sendo necessário adicionar

a base incolor para aumentar a intensidade da cor, conforme pode-se observar

na Figura 12.

Figura 12. Aplicação do Pigmento à tinta base Incolor + Branca Fonte: Autoria do Grupo

10.2.1. Quantificação do pigmento junto à tinta base

Para atingir diversas tonalidades, foram feitos testes quantitativos

adicionando-se pequenas amostras de pigmento às tintas-base branca e

incolor. À medida que as amostras tiveram suas cores alteradas (Figura 13), as

fórmulas foram definidas, conforme as Tabelas 11 e 12 e Gráfico 1.

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Tabela 11 – Quantificação de Pigmento e Tinta base (g)

Base Branca (g) Base Incolor (g) Pigmento (g) Total (g)

Teste 1 9,6212 0 0,05 9,6712

Teste 2 9,6212 5,252 0,05 14,9232

Teste 3 9,6212 5,252 0,1 14,9732

Teste 4 9,6212 5,252 0,15 15,0232

Teste 5 9,6212 7,0995 0,15 16,8707

Teste 6 9,6212 7,0995 0,2 16,9207

Teste 7 9,6212 7,0995 0,25 16,9707

Teste 8 9,6212 8,5015 0,25 18,3727

Teste 9 11,2168 8,5015 0,25 19,9683

Teste 10 11,2168 8,5015 0,32 20,0383

Teste 11 11,2168 9,1665 0,47 20,8533

Teste 12 11,2168 9,9315 0,52 21,6683

Teste 13 11,2168 10,8537 0,57 22,6405

Teste 14 11,2168 11,1117 0,62 22,9485 Fonte: Autoria do grupo

Tabela 12 – Quantificação de Pigmento e Tinta base (%)

Base Branca (%) Base Incolor (%) Pigmento (%)

Teste 1 99,48 0 0,52

Teste 2 64,5 35,2 0,3

Teste 3 64,25 35,1 0,65

Teste 4 64,04 34,96 1

Teste 5 57,03 42,08 0,89

Teste 6 56,86 41,96 1,18

Teste 7 56,7 41,83 1,47

Teste 8 52,37 46,27 1,36

Teste 9 56,17 42,57 1,26

Teste 10 55,97 42,43 1,6

Teste 11 53,79 43,95 2,26

Teste 12 51,77 45,83 2,4

Teste 13 49,54 47,94 2,52

Teste 14 48,88 48,42 2,7 Fonte: Autoria do grupo

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Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4 Teste 5 Teste 6 Teste 7

Teste 8 Teste 9 Teste 10 Teste 11 Teste 12 Teste 13 Teste 14

Figura 13. Cores obtidas nos testes Fonte: Autoria do Grupo

Gráfíco 1. Quantificação de Pigmento e Tinta (%) Fonte: Autoria do grupo

10.3. COMPARAÇÃO COM O PADRÃO MUNSELL

De acordo com a leitura realizada no espectrofotômetro a cor obtida no

Teste 4 ficou um pouco mais clara, esverdeada e azulada em relação à cor

padrão M. 2,5 YR 8/6, conforme descrito na Tabela 13 juntamente com o

Gráfico 2, porém essa diferença não é visualmente perceptível. (Figura 14)

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Tabela 13 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 4 X M. 2,5YR 8/6

L* a* b*

M. 2,5 YR 8/6 81,26 21,64 24,55

Teste 4 82,75 20,87 22,86 Fonte: Autoria do grupo

Gráfico 2. Leitura do Teste 4 X M. 2,5YR 8/6

Fonte: Autoria do grupo

Figura 14. Teste 4 e M. 2,5YR 8/6 Fonte: Autoria do Grupo

De acordo com a leitura realizada no espectrofotômetro a cor obtida no

Teste 9 ficou um pouco mais escura, esverdeada e azulada em relação à cor

padrão M. 5 YR 7/12, conforme descrito na Tabela 14 juntamente com o

Gráfico 3, porém essa diferença não é visualmente perceptível. (Figura 15)

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Tabela 14 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 9 X M. 5YR 7/12

L* a* b*

M. 5YR 7/12 71,91 28,39 44,3

Teste 9 70,87 25,7 43,8 Fonte: Autoria do grupo

Gráfico 3. Leitura do Teste 9 X M. 5YR 7/12 Fonte: Autoria do grupo

Figura 15. Teste 9 e M. 5YR 7/12 Fonte: Autoria do Grupo

De acordo com a leitura realizada no espectrofotômetro a cor obtida no

Teste 11 ficou um pouco mais clara, esverdeada e amarelada em relação à cor

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padrão M. 5 YR 7/10, conforme descrito na Tabela 15 juntamente com o

Gráfico 4, porém essa diferença não é visualmente perceptível. (Figura 16)

Tabela 15 – Leitura no Espectrofotômetro – Teste 11 X M. 5YR 7/10

L* a* b*

M. 5YR 7/10 71,98 33,11 52,75

Teste 11 72,38 32,00 53,90 Fonte: Autoria do grupo

Gráfico 4. Leitura do Teste 11 X M. 5YR 7/10 Fonte: Autoria do grupo

Figura 16. Teste 11 e M. 5YR 7/10 Fonte: Autoria do Grupo

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10.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS EXTRATORES UTILIZADOS

Na Tabela 16, é possível analisar o comportamento de cada extrator

utilizado na extração do pigmento.

Tabela 16 – Comparação entre extratores

Extrator Coloração da Solução

Formação de Pigmento?

Compatibilidade com a Tinta Base

Branca Incolor

Acetona Laranja Sim Sim Não

Etanol Vermelho Não Não Não

Hidróxido de Sódio Vermelho Não Não Não

Água Laranja Sim Não Não Fonte: Autoria do grupo

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11. CONCLUSÃO

Conclui-se que foi possível extrair o pigmento das sementes de urucum,

pois o pigmento obtido apresentou insolubilidade em água, o que de acordo

com material bibliográfico indica a presença de bixina.

A partir das extrações realizadas foi possível observar condições de

degradação dos extratos obtidos, tais como: proliferação de fungos na extração

alcalina, mudança na coloração do filtrado após precipitação ácida, porém não

interferiram na obtenção do pigmento final.

Esse projeto teve como vantagem o uso do resíduo para obtenção de

uma coloração bege e por meio da quantificação de pigmento, obteve-se várias

tonalidades de laranja, as quais foram comparadas com o padrão Munsell,

sendo que três das colorações obtidas foram aprovadas através da leitura no

espectrofotômetro.

Concluindo, apesar de não obter o pigmento amarelo, conseguiu-se

várias tonalidades da cor laranja, porém observou-se que tais tonalidades não

são tão intensas quando comparadas com as industriais que contém metais

pesados em sua formulação.

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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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