6
Odontologia 8ºp Suzymille Sandes CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL II CIRURGIA PARA EXTRAÇÃO DE DENTES INCLUSOS Um dente incluso é aquele que não conseguiu erupcionar na arcada dentária dentro do tempo esperado. Os dentes inclusos mais comuns são os terceiros molares maxilares e mandibulares, seguidos pelos caninos maxilares e pré-molares mandibulares. Como regra geral, todos os dentes inclusos devem ser removidos a menos que esta remoção seja contra-indicada. A remoção dos dentes inclusos torna-se mais difícil com o avanço da idade. Se o dente é deixado no local até que problemas apareçam, o paciente pode sofrer um aumento na incidência de morbidade tecidual local, perda ou dano de dentes e ossos adjacentes, e lesão potencial a estruturas vitais adjacentes. Indicações: Prevenção de processos infecciosos principalmente a pericoronarite, pois, quando a raiz está parcialmente impactada com grande quantidade de tecido mole na superfície axial ou oclusal, o paciente tem um ou mais episódios de pericoronarite, que pode ocorrer caso as defesas do hospedeiro estejam comprometidas. Deste modo, apesar de o dente incluso ter estado presente por algum tempo sem infecção, se o paciente sentir redução das defesas, mesmo que branda e transitória, isso comumente resultará em pericoronarite. A pericoronarite também pode ser causada por trauma ou ainda por acúmulo de comida em baixo do opérculo (tecido mole que rebobre o dente); Prevenção de cárie dentária quando um terceiro molar está incluso total ou parcialmente, a região distal do segundo molar pode ser exposta a bactérias que causam a carie dentaria. Igualmente, em situações onde nenhuma comunicação óbvia entre o dente incluso e a boca, essa poderá ser uma comunicação suficiente para permitir o início da cárie; Prevenção de doença periodontal dentes erupcionados adjacentes a dentes inclusos são predisponentes à doença periodontal. A simples presença de um terceiro molar inferior incluso reduz a quantidade de osso distal do segundo molar adjacente. Devido a grande dificuldade da superfície do dente a ser mantida limpa em seu aspecto distal do último dente da arcada, os pacientes comumente tem inflamação gengival com migração apical da junção gengival na face distal do segundo molar. Pela remoção do terceiro molar incluso, a doença periodontal pode ser prevenida e a probabilidade de reparo ósseo e preenchimento ósseo ideal na área previamente ocupada pela coroa do dente é maior; Prevenção de reabsorção patológica o dente incluso causa pressão na raiz do dente adjacente a ponto de causar reabsorção, sendo este um processo similar ao processo que ocorre na reabsorção dos dentes decíduos; Prevenção de cistos e tumores odontogênicos quando um dente está incluso no processo alveolar, o saco folicular associado quase sempre também está retido. Esse folículo poderá sofrer uma degeneração cística e tornar-se um cisto dentígero ou

CIRURGIA II - Dentes Inclusos

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Dentes Inclusos

Citation preview

Page 1: CIRURGIA II - Dentes Inclusos

Odontologia 8ºp – Suzymille Sandes

CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL II

CIRURGIA PARA EXTRAÇÃO DE DENTES INCLUSOS

Um dente incluso é aquele que não conseguiu erupcionar na arcada dentária dentro do tempo

esperado. Os dentes inclusos mais comuns são os terceiros molares maxilares e mandibulares,

seguidos pelos caninos maxilares e pré-molares mandibulares.

Como regra geral, todos os dentes inclusos devem ser removidos a menos que esta remoção

seja contra-indicada. A remoção dos dentes inclusos torna-se mais difícil com o avanço da

idade. Se o dente é deixado no local até que problemas apareçam, o paciente pode sofrer um

aumento na incidência de morbidade tecidual local, perda ou dano de dentes e ossos

adjacentes, e lesão potencial a estruturas vitais adjacentes.

Indicações:

Prevenção de processos infecciosos – principalmente a pericoronarite, pois, quando a

raiz está parcialmente impactada com grande quantidade de tecido mole na superfície

axial ou oclusal, o paciente tem um ou mais episódios de pericoronarite, que pode

ocorrer caso as defesas do hospedeiro estejam comprometidas. Deste modo, apesar

de o dente incluso ter estado presente por algum tempo sem infecção, se o paciente

sentir redução das defesas, mesmo que branda e transitória, isso comumente

resultará em pericoronarite. A pericoronarite também pode ser causada por trauma

ou ainda por acúmulo de comida em baixo do opérculo (tecido mole que rebobre o

dente);

Prevenção de cárie dentária – quando um terceiro molar está incluso total ou

parcialmente, a região distal do segundo molar pode ser exposta a bactérias que

causam a carie dentaria. Igualmente, em situações onde nenhuma comunicação óbvia

entre o dente incluso e a boca, essa poderá ser uma comunicação suficiente para

permitir o início da cárie;

Prevenção de doença periodontal – dentes erupcionados adjacentes a dentes inclusos

são predisponentes à doença periodontal. A simples presença de um terceiro molar

inferior incluso reduz a quantidade de osso distal do segundo molar adjacente. Devido

a grande dificuldade da superfície do dente a ser mantida limpa em seu aspecto distal

do último dente da arcada, os pacientes comumente tem inflamação gengival com

migração apical da junção gengival na face distal do segundo molar. Pela remoção do

terceiro molar incluso, a doença periodontal pode ser prevenida e a probabilidade de

reparo ósseo e preenchimento ósseo ideal na área previamente ocupada pela coroa

do dente é maior;

Prevenção de reabsorção patológica – o dente incluso causa pressão na raiz do dente

adjacente a ponto de causar reabsorção, sendo este um processo similar ao processo

que ocorre na reabsorção dos dentes decíduos;

Prevenção de cistos e tumores odontogênicos – quando um dente está incluso no

processo alveolar, o saco folicular associado quase sempre também está retido. Esse

folículo poderá sofrer uma degeneração cística e tornar-se um cisto dentígero ou

Rafael Nobre
Callout
A Erupção pode ser dificultada: -Pelos dentes adjacentes -Por denso revestimento ósseo -Excesso de tecido mole
Rafael Nobre
Typewriter
(pericoronarite)
Rafael Nobre
Typewriter
Rafael Nobre
Textbox
(Dente incluso causando reabsorção óssea)
Rafael Nobre
Textbox
Incluso promovendo cárie
Rafael Nobre
Typewriter
Dente incluso causando Tumor Odontogênico
Rafael Nobre
Note
Enquanto o Resumos do Segunda não volta, eu ilustrarei e reforçarei os resumos da suzy com várias referencias de sites e também imagens ilustrativas. Prestem atenção nos quadrinhos azuis pois eles contem links que redirecionam para um melhor aprofundamento no conteúdo. Se não conseguir acessar o link de uma olhada nas configurações de segurança do seu leitor de PDF. Bons Estudos/ Rafael Nobre ( Para fechar este aviso clique no X ali em cima)
Page 2: CIRURGIA II - Dentes Inclusos

Odontologia 8ºp – Suzymille Sandes

queratocisto. Tumores odontogênicos também podem se formar a partir do epitélio

contido no folículo dental. O tumor mais comum de ocorrer nessa região é o

ameloblastoma, que deve ser agressivamente tratado por excisão de tecido mole de

recobrimento e, no mínimo, uma porção da mandíbula;

Prevenção de fraturas mandibulares – um dente incluso ocupa um espaço que

usualmente seria ocupado por osso. Essa redução da mandíbula confere maior

susceptibilidade a fratura no local do dente incluso;

Dor de origem desconhecida – muitas vezes o paciente chega no consultório

queixando de dores na região retromolar sem nenhuma razão obvia. Assim, se

condições como dor e disfunção miofascial e outros distúrbios forem excluídos, a

remoção do dente pode resultar em resolução da dor;

Otimização do tratamento ortodôntico – alguns ortodontistas acreditam que os

terceiros molares, caso não haja espaço para erupção, podem causar apinhamento

dentário durante essa fase. Alem do mais, quando pacientes precisam de retração do

primeiro ou segundo molar, a presença desse terceiro molar pode interferir no

tratamento, sendo necessária a sua remoção;

Presença de dentes sob próteses dentárias – quando um paciente tem uma área

edentula restaurada, existem muitas razoes para que os dentes inclusos sejam

removidos. Isso porque após a extração dos dentes, a processo alveolar reabsorve, de

modo que o dente incluso fique próximo da superfície do osso, dando uma aparência

de erupção. Assim, a prótese pode comprimir o tecido mole contra o dente, causando

uma ulceração e o início de uma infecção odontogênica.

Mesmo que esteja numa posição adequada, não há como prever se o dente vai erupcionar ou

ficar incluso. Quando está com 50% ou 2/3 das raízes formadas é o momento ideal para sua

remoção.

Contra-indicações:

Idade do paciente – com a idade avançada, o osso se torna altamente calcificado, ou

seja, menos flexível e menos provável de se submeter a força na extração do dente. Da

mesma forma, de acordo com a idade dos pacientes, eles respondem menos

favoravelmente e com mais seqüelas pós-operatórias;

Condições sistêmicas do paciente – frequentemente anda em conjunto com a idade

avançada do paciente. Caso a função cardiovascular ou respiratória do paciente ou a

defesa do hospedeiro para combater infecção estejam seriamente comprometidas ou,

caso o paciente tenha serias coagulopatias adquiridas ou congênitas, o cirurgião

deverá considerar deixar o dente no processo alveolar. Entretanto, caso esse dente

torne-se sintomático, o cirurgião deve pensar em trabalhar com o médico do paciente

para planejar a remoção do dente com o mínimo de seqüelas médicas pós-operatorias;

Risco as estruturas adjacentes – se o dente encontra-se em uma área onde sua

remoção possa arriscar seriamente estruturas como o nervo alveolar inferior, seio

maxilar, cavidade nasal, entre outras, pode ser prudente deixar o dente no local.

Classificação dos terceiros molares inclusos:

Rafael Nobre
Typewriter
Page 3: CIRURGIA II - Dentes Inclusos

Odontologia 8ºp – Suzymille Sandes

Classe I, II ou III: diz respeito a relação que apresenta com o ramo da mandíbula.

Classe I – fora do ramo mandibular;

Classe II – 50% da coroa inclusa no ramo mandibular;

Classe III – totalmente incluso no ramo mandibular.

Classe A, B ou C: diz respeito a relação com o plano oclusal.

Classe A – na linha de oclusão do segundo molar;

Classe B – abaixo da linha de oclusão do segundo molar, mas acima da linha cervical;

Classe C – abaixo da linha cervical do segundo molar.

Ainda há outra classificação no que diz respeito à angulação do longo eixo do dente incluso.

Dentes com certas inclinações tem trajetos feitos para remoção, já outros necessitam da

remoção de quantidades substanciais de osso. Há a impacção mesioangular, quando o dente

está parcialmente impactado e inclinado em direção ao segundo molar, numa direção mesial.

Já quando o longo eixo do terceiro molar é perpendicular ao segundo molar, o dente incluso é

considerado horizontal. Numa impacção vertical, o longo eixo dos dentes inclusos posiciona-se

paralelo ao longo eixo do segundo molar. Já a impacção distoangular é aquela que possui o

dente com angulação mais difícil para remoção, ou seja, quando o longo eixo do terceiro molar

é distal ou posteriormente angulado distante do segundo molar; sua remoção é difícil porque

seu trajeto de retirada corre por dentro do ramo mandibular. Os dentes também podem ser

angulados na direção vestibular, lingual ou palatina.sendo assim, quando se trata de terceiros

molares inferiores, a possível presença da alta proximidade com o nervo lingual requer uma

abordagem vestibular, mesmo que o dente esteja inclinado em direção lingual.

Técnica cirúrgica: os princípios e passos são os mesmos para outras extrações cirúrgicas.

Retalho – o primeiro passo é ter adequada exposição da área do dente incluso. Isso

significa que o retalho do tecido mole deve ser de dimensão adequada a fim de

permitir que o cirurgião retraia o tecido mole e realize a cirurgia necessária sem sérios

danos ao retalho. Na maioria das situações o retalho em envelope é a técnica

preferida, sendo mais rápido para fechar e cicatriza melhor que o retalho de três

ângulos. Quando for necessário fazer uma incisão relaxante, esta deve estar a um

dente além do dente a ser extraído (mesial do dente adjacente). Deve-se ter a certeza

de que há osso abaixo do tecido e deve apoiar a lâmina de maneira forte e precisa

(como se quisesse incisar o osso) para ter a certeza de que o periósteo foi incisado;

deve-se descolar apenas o periósteo e evitar separá-lo do tecido muscular;

Osteotomia – o segundo passo é avaliar a necessidade de remoção óssea e retirar a

quantidade suficiente de osso para expor o dente para qualquer secção necessária e

remoção. O osso deve ser retirado apenas em profundidade e não em largura, caso

contrário, a resistência da linha obliqua da mandíbula é perdida. Osso não deve ser

removido na face lingual da mandíbula em virtude da probabilidade de dano ao nervo

lingual;

Manobras de alavanca – o terceiro passo, quando necessário, é dividir o dente com

broca para permitir a extração sem remover, desnecessariamente, grande quantidade

de osso. O seccionamento dentário é realizado com uma broca e o dente é dividido em

Rafael Nobre
Textbox
horizontal
Rafael Nobre
Highlight
Rafael Nobre
Highlight
Rafael Nobre
Highlight
Rafael Nobre
Highlight
Rafael Nobre
Callout
Cinco etapas básicas devem ser observadas: 1- Retalho adequado para bom acesso ao dente incluso. 2- Remoção do tecido ósseo de revestimento. 3- Seccionamento do dente incluso. 4- Retirada do dente de seu alvéolo. 5- Debridamento e fechamento da ferida cirúrgica.
Rafael Nobre
Callout
A incisão distal deve ser vestibularizada para evitar danos ao nervo lingual
Page 4: CIRURGIA II - Dentes Inclusos
Rafael Nobre
Textbox
Osteotomia de Acordo com a posição do Elemento incluso.
Page 5: CIRURGIA II - Dentes Inclusos

¾ em direção a face lingual, a broca não deve ser usada para seccionar o dente

completamente para evitar danos ao nervo lingual. O ponto de apoio também deve

ser localizado nesse passo. Quando o dente está na horizontal, é seccionado dividindo

coroa e raiz na linha cervical, então a coroa é removida e as raízes são deslocadas com

uma alavanca para dentro do espaço previamente ocupado pela coroa; caso as raízes

sejam divergentes, elas podem necessitar de um seccionamento nas duas porções

para que sejam removidas individualmente. Em seguida, o dente seccionado ou não é

removido do processo alveolar com alavancas adequadas;

Finalmente, o osso na área da elevação é alisado com uma lima para osso, a ferida é

copiosamente irrigada com soro fisiológico estéril e o retalho é reaproximado com

suturas. Se o retalho foi bem desenhado e não foi traumatizado durante a cirurgia, ele

será adaptado dentro da sua posição original. A sutura inicial deve ser posicionada de

um extremo ao outro no tecido aderido na face posterior do segundo molar. Suturas

adicionais são posicionadas posteriormente aquela posição e, anteriormente, através

da papila, no lado mesial do segundo molar. Caso uma incisão de alivio foi utilizada, o

ângulo dessa incisão relaxante deve ser suturado primeiro, pois o tecido que é mais

flácido se adapta melhor a sutura.

Dentes inferiores:

Incisão e descolamento em envelope – a incisão ideal é em envelope que se estende

da papila mesial do primeiro molar inferior, circunda a cervical dos dentes em direção

a linha distovestibular no ângulo do segundo molar inferior e, então, posterior e

lateralmente a margem anterior do ramo mandibular. A incisoa não deve continuar em

linha reta pois a mandíbula desvia-se lateralmente;

Incisão e descolamento com incisão relaxante.

A tomografia é considerada padrão-ouro para diagnostico da relação de um dente incluso com

estruturas nobres.

Quando as raízes são divergentes há mais tecido ósseo e consequentemente maior resistência.

Dente incluso sem processo patológico não precisa curetar alvéolo porque tira a proteção do

tecido ósseo.

Cicatrização de primeira intenção – edema maior, trismo maior;

Cicatrização de segunda intenção – deixa tecido aberto a comunicação do meio bucal podendo

evoluir para alveolite.

Page 6: CIRURGIA II - Dentes Inclusos
Rafael Nobre
Textbox
Mais Imagens :