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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
CURSO DE FARMÁCIA
IGOR RAFAEL PRAXEDES DE SALES
Cissampelos sympodialis EICHL. (MENISPERMACEAE):
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMOTILIDADE E
ANTIDIARREICA IN VIVO
JOÃO PESSOA
2014
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
2
IGOR RAFAEL PRAXEDES DE SALES
Cissampelos sympodialis EICHL. (MENISPERMACEAE):
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMOTILIDADE E
ANTIDIARREICA IN VIVO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
em atendimento à exigência de conclusão do
curso de Farmácia (Farmacêutico Generalista),
do Departamento de Ciências Farmacêuticas,
do Centro de Ciências da Saúde, da
Universidade Federal da Paraíba.
ORIENTADORA: Profa. Dra. Leônia Maria Batista
JOÃO PESSOA
2014
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
3
S163c Sales, Igor Rafael Praxedes de.
Cissampelos sympodialis EICHL. ( menispermaceae): avaliação das atividades
antimotilidade e antidiarreica in vivo / Igor Rafael Praxedes de Sales. - - João Pessoa:
[s.n.], 2014.
55f.: il. -
Orientadora: Leônia Maria Batista.
Monografia (Graduação) – UFPB/CCS.
1.Motilidade gastrintestinal . 2. Menispermaceae. 3.Atividades farmacológicas.
BS/CCS /UFPB CDU: 576.322(043.2)
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
CURSO DE FARMÁCIA
IGOR RAFAEL PRAXEDES DE SALES
Cissampelos sympodialis EICHL. (MENISPERMACEAE):
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMOTILIDADE E
ANTIDIARREICA IN VIVO
Monografia aprovada em ____/____/____ para obtenção do título
de Farmacêutico Generalista.
Banca examinadora:
_______________________________________
Profa. Dra. Leônia Maria Batista
(Orientadora)
_______________________________________
Prof. Dr. Fabio Santos de Souza
(Membro interno)
_______________________________________
Prof. Dr. José Soares do Nascimento
(Membro externo)
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
5
Aos meus amados pais, Francisco de Sales e Vania
Maria, por acreditarem na educação como maior investimento
na formação de um indivíduo e por serem meus maiores
exemplos de caráter e honestidade.
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
6
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e da sabedoria e por me aceitar como filho diante das minhas imperfeições.
Aos meus pais, Francisco de Sales e Vania Maria pelos incansáveis esforços durante esses anos. Pelos valores mais simples aprendidos com vocês... muito obrigado pelo amor e pela compreensão.
Aos meus irmãos, Paula Rafaela e João Paulo, pelas boas lembranças que temos uns dos outros e pelo companheirismo e a sintonia que mantemos ainda que distante uns dos outros. Vocês carregam um pedaço de minha alma.
A minha melhor amiga e namorada, Hanna Jarine, que acompanhou de perto os dias de lutas na universidade e em todos eles fortalecemos os nossos laços de união. Muito obrigado pela sua companhia.
Aos familiares pela torcida, pelos bons momentos de reencontro e pelos ensinamentos da infância, especialmente minhas avós Antônia de Freitas e Francisca Praxedes.
A professora Leônia Batista, que me acompanhou durante toda a graduação, me abriu portas e me fez enxergar além do que eu poderia. Pelos conselhos, pelos ensinamentos... Serei eternamente grato por tudo.
Aos amigos, os distantes fisicamente e os que fiz nessa cidade, vocês tornaram os dias difíceis mais agradáveis e me ensinaram a respeitar todos os tipos de diferenças.
Aos meus colegas de turma, de laboratório e de apartamento, obrigado pelos bons momentos vividos nesses anos, pelo apoio dado sempre que precisei e pelo carinho que me foi dado.
Aos professores por acreditarem na educação como instrumento de mudança social, pelo “trabalho de formiguinha” que dinheiro algum poderá pagar. Obrigado por direcionarem o caminho de quem não consegue vê-lo.
Aos trabalhadores brasileiros que por meio do pagamento dos seus impostos me mantiveram esses anos em uma universidade pública.
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
7
Eu te desejo Não parar tão cedo Pois toda idade tem Prazer e medo
E com os que erram Feio e bastante Que você consiga Ser tolerante
Quando você ficar triste Que seja por um dia E não o ano inteiro E que você descubra Que rir é bom Mas que rir de tudo É desespero
Desejo Que você tenha a quem amar E quando estiver bem cansado Ainda exista amor Pra recomeçar (Frejat).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
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RESUMO
SALES, I.R.P. Cissampelos sympodialis EICHL. (MENISPERMACEAE):
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMOTILIDADE E ANTIDIARREICA IN VIVO.
2014. Nº 55 pag. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Farmácia) –
CCS/UFPB João Pessoa – PB.
Cissampelos sympodialis (Menispermaceae), conhecida como "Milona" tem o seu
uso medicinal validado especialmente para o tratamento de diarreia e doenças
respiratórias. Essa espécie é rica em alcaloides, metabólitos secundários que
agregam as mais diversas atividades farmacológicas. Entre os alcaloides isolados
de C. sympodialis destacam-se a warifteína e metilwarifteína. Este trabalho teve
como objetivo avaliar as atividades antimotilidade e antidiarreica do extrato etanólico
bruto obtido das partes aéreas de C. sympodialis (EEtOH-Cs) por meio dos modelos
de esvaziamento gástrico, trânsito intestinal normal e diarreia induzida por óleo de
rícino. Os dois primeiros modelos avaliaram a atividade antimotilidade, enquanto
último foi utilizado para avaliar a atividade antidiarreica e investigado o possível
mecanismo de ação da atividade antidiarréica da espécie em estudo. Os resultados
indicaram que EEtOH-Cs não demonstrou atividade antimotilidade, mas apresentou
atividade antidiarreica (para a dose de 500 mg/kg). Esta atividade está relacionada
com a redução do acúmulo de fluido intestinal. A atividade antidiarreica pode ser
atribuída aos compostos químicos já isolados e quantificados nesta espécie,
principalmente alcalóides.
Palavras-chave: motilidade gastrintestinal, diarreia; enteropooling e Cissampelos
sympodialis.
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
9
ABSTRACT
SALES, I.R.P. Cissampelos sympodialis EICHL. (MENISPERMACEAE):
EVALUATION OF THE ANTIMOTILITY AND ANTIDIARRHEAL ACTIVITIES IN
VIVO. 2014. Nº 55 pag. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Farmácia) – CCS/UFPB João Pessoa – PB.
Cissampelos sympodialis (Menispermaceae), known as "Milona" have a special
verified medicinal use for the treatment of diarrhea and respiratory tract diseases.
This species is rich in alkaloids , secondary metabolites that add the most diverse
pharmacological activities , among alkaloids isolated from C. sympodialis out to
warifteíne and metilwarifteíne. This study aims to evaluate the antimotility and
antidiarrheal activity of the crude ethanolic extract obtained from aerial parts of C.
sympodialis (EtOHE-Cs), by means of models of gastric emptying, intestinal normal
transit and castor oil-induced diarrhea. The first two models evaluated the antimotility
activity while the model of castor oil-induced diarrhea was used to evaluate the
antidiarrheal activity by means of the latter was investigated the possible mechanism
of action of antidiarrheal activity of the species under study. The results indicated that
the EtOHE-Cs not shown antimotility activity but showed antidiarrheal activity (at the
dose of 500 mg/kg). This activity is related to the reduction in the accumulation of
intestinal fluid. The antidiarrheal activity can be attributed to chemical compounds
already isolated and quantified in this species, mainly alkaloids.
Keywords: gastrointestinal motility, diarrhea; enteropooling and Cissampelos
sympodialis.
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Trato gastrintestinal....................................................................................15
Figura 2: Camadas do TGI..........................,............................................................. 16
Figura 3: Contração e relaxamento do músculo liso................................................. 19
Figura 4: Cissampelos sympodialis........................................................................... 26
Figura 5: Alcaloides de C. sympodialis..................................................................... 28
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACh Acetilcolina
AQ4
NO
HIV
OMS
PGE2
DL50
SNC
OVA
IFN-γ
IL-4
IL-10
i.p.
s.c.
v.o.
TNF-β
LPS
IgE
Aquaporina 4
Óxido nítrico
Vírus da imunodeficiência humana
Organização Mundial de Saúde
Prostaglandina da série E2
Dose letal 50%
Sistema Nervoso Central
Ovoalbumina
Interferon gama
Interleucina 4
Interleucina 10
Intraperitoneal
Subcutânea
Via oral
Fator de necrose tumoral beta
Lipopolissacarídeos
Imunoglobulina E
Ca2+ Íon cálcio
CaM Calmodulina
Cav Canais de cálcio dependentes de voltagem
CFTR
PKA
Regulador transmembrana da fibrose cística
Proteína cinase A
Cl- Íon cloreto
COX Cicloxigenase
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
12
DAG
RyR
Diacilglicerol
Receptores de rianodina
GDP Difosfato de guanosina
GMPc Monofosfato cíclico de guanosina
GTP
AMPc
Trifosfato de guanosina
3´,5´- Monofosfato cíclico de adenosina
K+ Íon potássio
MLCK Cinase da cadeia leve de miosina
MLCP Fosfatase da cadeia leve de miosina
Na+
HCO3-
Íon sódio
Íon bicarbonato
PIP2
IP3
4,5-difosfato de fosfatidil inusitol
1,4,5-trisfosfato de inusitol
PKC Proteína cinase C
PKG Proteína cinase G
PLCβ1 Fosfolipase C beta-1
PMCA Trocador sódio-cálcio da membrana plasmática
SERCA Ca2+-ATPase do retículo sarcoplasmático
TGI Trato gastrintestinal
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 14
2.1 MOTILIDADE GÁSTRICA E INTESTINAL................................................ 14
2.1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO TGI....................................................... 14
2.1.2 MOTILIDADE E SECREÇÕES GASTRINTESTINAIS........................... 17
2.2 DIARREIA.................................................................................................. 21
2.2.1 DEFINIÇÃO, ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA...................................... 21
2.2.2 FÁRMACOS COM AÇÃO ANTIMOTILIDADE E ANTIDIARREICOS.... 21
2.2.3 MODELOS EXPERIMENTAIS............................................................... 22
2.3 PLANTAS MEDICINAIS............................................................................ 23
2.4 ESPÉCIE SELECIONADA PARA ESTUDO.............................................. 25
2.4.1 Cissampelos sympodialis EICHL............................................................ 25
2.4.2 ESTUDOS FITOQUÍMICOS................................................................... 26
2.4.3 ENSAIOS TOXICOLÓGICOS PRÉ-CLÍNICOS...................................... 29
3. REFERÊNCIAS............................................................................................... 35
4. ANEXO I – ARTIGO........................................................................................ 45
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
14
1. INTRODUÇÃO
A busca pela superação dos males à saúde humana envolve a compreensão
do processo saúde-doença, a relação causa-efeito, o conhecimento do agente
etiológico e o contexto sócio-econômico e cultural em que o indivíduo se encontra
(BATISTA et al., 2004).
Os distúrbios do trato gastrintestinal (TGI) a exemplo da úlcera péptica,
dispepsia e a diarreia, são exemplos de agravos à saúde. As lesões ulcerativas
constituem um problema mundial, com aumento da sua incidência e prevalência
associado a fatores pertinentes ao cotidiano dos indivíduos, como estresse, infecção
bacteriana por Helicobacter pylori e uso prolongado de anti-inflamatórios não-
esteroidais (AINEs) (MEGALA; GEETHA, 2010).
A dispepsia é o termo utilizado para designar a falha no processo digestivo,
tendo como características a dor crônica ou recorrente no abdome superior,
plenitude abdominal superior completa e sensação precoce de saciedade durante a
alimentação. Já a diarreia é um distúrbio do trato gastrintestinal que envolve a
passagem frequente de fezes diarreicas que normalmente estar relacionada com o
aumento na motilidade gástrica e intestinal, bem como a exacerbação na secreção
de água e eletrólitos. O quadro dessa doença pode ser debilitante e até mesmo fatal
para o indivíduo acometido, pois contribui para o quadro de desidratação,
desequilíbrio hidroeletrolítico, desnutrição, imunosupressão e desenvolvimento de
úlceras de pressão (TALLEY; VAKIL, 2005).
Este trabalho apresenta uma revisão da literatura dos aspectos
etnobotânicos, químicos e farmacológicos da espécie C. sympodialis seguido de um
artigo da investigação das atividades antimotilidade e antidiarreica que foram
avaliadas pelos modelos de esvaziamento gástrico, trânsito intestinal e diarreia
induzida por óleo de rícino.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - Motilidade gástrica e intestinal
2.1.1 – Anatomia e fisiologia do TGI
O TGI é um longo tubo que vai desde a boca até o ânus tendo como principal
função a digestão de alimentos e consequentemente a absorção de água e
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
15
nutrientes (figura 1). A função de digestão está correlacionada com três fenômenos
fisiológicos que ocorrem de forma harmônica, são eles: a absorção, a secreção e a
motilidade (SILVERTHORN, 2010; YIN; CHEN, 2010).
Define-se por motilidade o processo de movimentação do conteúdo alimentar
(bolo alimentar, quimo ou quilo) no TGI como resultado das contrações da
musculatura lisa intestinal. Especialmente as motilidades gástrica e intestinal são
uma das mais importantes atividades fisiológicas do TGI. O distúrbio nessa
motilidade como, por exemplo, um movimento desordenado provoca problemas
como a má digestão e a não absorção dos nutrientes (SILVERTHORN, 2010; YIN;
CHEN, 2010).
Figura 1 – Trato gastrintestinal (Fonte - disponível em: <www.ebah.com.br>).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
16
Dessa forma, o TGI encontra-se sobre intensa atividade contrátil e secretora,
no intuito de proporcionar uma adequada digestão do alimento que está sendo
ingerido (SILVERTHORN, 2010).
A parede do TGI possui quatro camadas (figura 2), a primeira camada é
denominada mucosa que é a parte interna em contato direto com o alimento. Ela
subdivide-se em camada epitelial, lâmina própria e camada muscular da mucosa. A
segunda camada é a submucosa, uma camada média composta por tecido
conjuntivo que possui vasos sanguíneos e linfáticos (KIM et al., 2001;
SILVERTHORN, 2010).
Na submucosa localiza-se o plexo submucoso (também chamado de plexo de
Meissner), uma rede de nervos do sistema nervoso entérico. Uma outra camada do
TGI é a camada muscular, ela subdivide-se em circular interna e longitudinal
externa, entre as camadas musculares localiza-se o plexo mioentérico (ou plexo de
Auerbach). A contração da camada circular promove diminuição do diâmetro do tubo
enquanto que a contração da camada longitudinal encurta o tubo. A última camada e
a mais externa é a serosa, uma membrana de tecido conjuntivo que é uma
continuação da membrana peritoneal. Para tanto, uma arquitetura celular complexa
controla todos os processos do sistema digestório (KIM et al., 2001; SILVERTHORN,
2010).
Figura 2 – Camadas do TGI (Fonte - disponível em: <www.histologia-e.com >).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
17
A primeira etapa da digestão iniciada no estômago é chamada de
acomodação gástrica. Nessa etapa, o bolo alimentar chega por meio de contrações
esofágicas ritmadas, o esfíncter esofágico inferior que encontra-se sobre controle
tônico relaxa para permitir a passagem do bolo alimentar e a parte proximal do
estômago (principalmente o fundo) distende-se para acomodar o ingerido sem
produzir aumento na pressão gástrica. O alimento ao ser acomodado começará a
ser misturado por ondas lentas e ritmadas que se originam no fundo do estômago e
percorrem todo o órgão até a região próxima do duodeno e inicia-se o esvaziamento
gástrico (KIM et al., 2001; GUYTON; HALL, 2006; HELLSTRÖM et al., 2006).
2.1.2 – Motilidade e secreções gastrintestinais
O esvaziamento gástrico inicia-se com o acúmulo de quimo movido pelas
contrações lentas na região mais distal do estômago o que origina fortes contrações
na região antral do estômago. Essa ação faz com que a pressão gerada seja maior
que a exercida pelo esfíncter pilórico, e isso gera um sinal que causa relaxamento
desse esfíncter que leva o quimo a ser movido até a primeira porção do intestino
delgado, o duodeno (YIN; CHEN, 2010).
Estima-se que em indivíduos saudáveis uma refeição sólida é esvaziada em
50% em até 2h após a ingesta e em 95% após quatro horas. O tempo que o bolo
alimentar permanece no estômago é suficiente para muitas enzimas atuarem sobre
o alimento transformando-o em quimo, além disso, o ácido clorídrico secretado é um
importante agente de inativação de microrganismos que chegam até o estômago
(TOUGAS et al., 2000).
Alterações na coordenação do esvaziamento gástrico originam não só uma
má absorção e digestão de alguns nutrientes, como também o desenvolvimento de
algumas doenças.
A dispepsia funcional é uma doença na qual o retardo no esvaziamento
gástrico é relatado em 25-40% dos pacientes com esta condição. Esse distúrbio é
bem frequente em portadores de Diabetes Mellitus. Um estudo desenvolvido por
Troncon e colaboradores (2001) mostrou que o indivíduo portador do Diabetes
Mellitus apresenta, pelo menos, um distúrbio digestivo. A explicação para o
aparecimento desses sintomas tem alguma relação com o fato do diabetes possuir
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
18
um caráter neurodegenerativo e, dessa forma, o sistema nervoso entérico que
controla a motilidade gastrintestinal também seria afetado por essa doença.
Há também uma relação com o estímulo do esvaziamento gástrico e o
desenvolvimento das úlceras duodenais, visto que a grande quantidade de conteúdo
ácido não é neutralizado por completo na porção inicial no duodeno, por outro lado
se o alimento permanece por muito tempo no estômago ocorre estimulação da
secreção ácida gástrica podendo essa hipersecreção resultar em danos à mucosa
gástrica (FÜLÖP et al., 2005; PALLOTTA et al, 2005; TALLEY et al, 2006;
KHOMENKO et al., 2009).
Assim como o esvaziamento gástrico a motilidade do intestino delgado
juntamente com a motilidade colônica desempenham papéis diferentes e
importantes em se tratando da função do TGI.
A motilidade do intestino delgado é modulada por fatores nervosos e
humorais, sendo o principal representante desse grupo o neurotransmissor ACh
(GUYTON; HALL, 2006; EMMANUEL; ROY, 2007).
A ACh atua no receptor muscarínico, principalmente do tipo M3 que acopla-se
a proteína Gq/11. Com a ligação do agonista ao seu receptor ocorre mudança
conformacional do mesmo que atrai a proteína G. A subunidade alfa da proteína G
que encontra-se com o GDP ligado, troca o GDP pelo GTP. A ligação com o GTP
força a dissociação da proteína G, liberando a subunidade alfa GTP-ligada e o
dímero beta-gama. A subunidade alfa GTP-ligada ativa a PLCβ1 que hidrolisa o PIP2
em IP3 e DAG (SILVERTHORN, 2010; BRUNTON et al., 2011). Ainda segundo os
mesmos autores o IP3 difunde-se no citoplasma da célula atingindo os receptores de
IP3 no retículo sarcoplasmático o que leva a liberação de Ca2+. O próprio cálcio
liberado atua nos RyR e induz a liberação de mais cálcio, fenômeno esse conhecido
como liberação de cálcio induzida por cálcio.
O aumento nas concentrações intracelulares de Ca2+ juntamente com o DAG
ativam a PKC que fosforila canais de potássio na membrana celular inativando-os. O
acúmulo de K+ na região perimembranar leva a uma despolarização de membrana e
abertura dos Cav gerando um influxo de cálcio na célula muscular lisa
(SILVERTHORN, 2010; BRUNTON et al., 2011).
O cálcio se liga a uma proteína ligante de cálcio, a CaM na proporção 4:1. O
complexo Ca2+-CaM ativam a MLCK que fosforila a cadeia leve de miosina,
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
19
favorecendo assim a interação da mesma com a actina, formando as pontes
cruzadas e as fibras musculares se contraem (figura 3) (SILVERTHORN, 2010;
BRUNTON et al, 2011).
Já o relaxamento ocorre por diminuição da concentração de Ca2+ intracelular
e essa diminuição deve-se à intensa atividade da SERCA que bombeia o cálcio do
citosol para o interior do retículo, bem como da atividade da PMCA que bombeia
sódio para o interior da célula e retira o cálcio. A atividade da MLCP também
contribui no relaxamento do músculo liso (figura 3) (SILVERTHORN, 2010;
BRUNTON et al, 2011).
Figura 3 – Contração e relaxamento do músculo liso (Fonte - disponível em: <
physiologyonline.physiology.org>).
O processo de contração e relaxamento da musculatura lisa ocorre de
maneira ritmada e é mediado pelas células intersticiais de Cajal, localizadas entre as
camadas longitudinal e circular da camada muscular do músculo liso intestinal. As
células de Cajal funcionam como um marcapasso que gera ondas lentas e fazem a
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
20
transmissão dos estímulos provenientes dos plexos submucoso e mioentérico
permitindo que as informações sejam propagadas de forma rápida pelas junções
comunicantes por toda fibra muscular (TACK, 2007; SILVERTHORN, 2010).
Com relação aos processos secretórios do epitélio intestinal, estes ocorrem
predominantemente nas criptas de Lieberkühn. Os principais eletrólitos envolvidos
são o Na+, Cl- e HCO3-. O controle da secreção de Na+ é realizado pelos colonócitos
intestinais que controlam a secreção de NaCl por uma variedade de transportadores
transmembrana. A secreção de íons Cl- na membrana apical ocorre pela abertura de
canais iônicos, o principal é o regulador transmembrana da fibrose cística (CFTR)
(VANNUCCI; GUEDES, 2009; DONOWITZ, 2012).
Os mensageiros intracelulares, AMPc e GMPc regulam o funcionamento do
CFTR por meio da ativação de PKA e PKG, respectivamente. A ativação dessas
proteínas resultam na fosfoliração do CFTR, o que leva ao aumenta da sua cinética
de bombeamento. Dessa forma, processos patológicos que resultam no aumento da
concentração intracelular de AMPc como é o caso da infecção pela bactéria Vibrio
cholerae e a produção da enterotoxina colérica, promovem a ativação da PKA,
abertura dos canais iônicos CFTR com consequente secreção de Cl- para o lúmen
intestinal, o sódio e a água seguem o cloreto pela via paracelular (VANNUCCI;
GUEDES, 2009; DONOWITZ, 2012).
Algumas toxinas diminuem a quantidade de aquaporinas (AQ4) na membrana
apical dos enterócitos, reduzindo a quantidade de água reabsorvida e induzindo
assim, a diarreia secretória (VANNUCCI; GUEDES, 2009; DONOWITZ, 2012;
ZHANG et al., 2012).
Outras importantes substâncias a exemplo da substância P, gastrina e
serotonina, bem como inibidores, a noradrenalina, colecistocinina, NO, peptídio YY,
prostaglandinas, dopamina e peptídeo intestinal vasoativo também estão envolvidos
nos processos secretórios e da motilidade gastrintestinal, atuando localmente ou de
forma reflexa por meio de vias extrínsecas ou intrínsecas (KOEPPEN; STANTON,
2009; CHEN et al., 2010).
Caso haja um desequilíbrio tanto dos fatores que regulam a motilidade
gástrica quanto a intestinal surgem complicações, merecendo destaque o aumento
da motilidade gástrica e intestinal e o processo secretório o que resulta em diarreia.
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
21
2.2 – Diarreia
2.2.1 – Definição, etiologia e epidemiologia
A diarreia é um distúrbio potencialmente fatal do TGI que envolve a passagem
frequente de fezes diarreicas, denominado de episódio diarreico. A evacuação de
fezes amolecidas com frequência superior ou igual a três em um período de vinte e
quatro horas é denominado de diarreia (ARNOLD et al., 2005).
A diarreia é uma afecção de etiologia multifatorial, atribuída a fatores como
agentes infecciosos, toxinas de plantas e de microrganismos, distúrbios na
motilidade gastrintestinal, aumento da secreção de fluidos gastrintestinais e
medicamentos, em especial os quimioterápicos antineoplásicos que representam
uma classe em que a diarreia é um efeito colateral quase sempre relatado. Eles
atuam como agentes irritantes da mucosa intestinal provocando um desequilíbrio
entre a absorção e a secreção no intestino. Outra classe de medicamentos que
atuam agravando e tornando mais frequente o quadro de diarreia são os anti-
retrovirais utilizado na terapêutica da infecção pelo HIV (ARNOLD et al., 2005; CALL
et al., 2000; BEATTY, 2010).
Em países tropicais e subtropicais a diarreia é um dos maiores problemas de
saúde da população. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde, um adulto
pode ser afetado por cerca de quatro episódios de diarreia aguda em um ano,
enquanto que crianças de cinco anos de idade em média, nos Estados Unidos,
apresentam de 7-14 episódios diarreicos em um ano (GERALD et al., 2006; BLACK
et al., 2008; AWE et al., 2011).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que ocorrem de
3-5 bilhões de casos anualmente, sendo um bilhão de casos acometendo crianças
das quais 5% morrem, caracterizando a diarreia como um problema de saúde
pública (UN, 2012; WHO, 2013).
As ações da OMS incluem a pesquisa com plantas medicinais com ênfase na
atividade antidiarreica, como nova alternativa terapêutica para o tratamento da
diarreia principalmente em países tropicais e subtropicais, além de ações educativas
de prevenção em saúde (UN, 2012; WHO, 2013).
2.2.2 – Fármacos com ação antimotilidade e antidiarreicos
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
22
As substâncias antidiarreicas reduzem os sinais da diarreia, normalizando a
consistência das fezes, a freqüência da defecação e a massa fecal. Sua ação é
produzida através de efeitos sobre o trânsito intestinal (motilidade) e a secreção de
água e eletrólitos pela mucosa intestinal (BRUNTON et al., 2011).
Na terapêutica, os fármacos antidiarreicos geralmente utilizados são a
loperamida e o difenoxilato, cujos mecanismos de ação envolvem o sistema opióide.
A loperamida atua principalmente nos receptores μ e ⱪ diminuindo a motilidade e a
secreção do fluido gastrintestinal. Agentes adsorventes, como caolim e pectina, e
agonistas α2-adrenérgicos, como a clonidina também são utilizados (WANG et al.,
2005; MARCOS; DUPONT, 2007).
Também estão sendo investigados agentes α2-seletivos semelhantes, com
transporte reduzido para o sistema nervoso central. Drogas que apresentam
atividade anti-inflamatória também têm mostrado a propriedade de inibir a diarreia
induzida por óleo de rícino, e isso sugere o envolvimento das prostaglandinas e do
óxido nítrico no mecanismo diarreico do mesmo (FARTHING, 2000; ALTMAN, 2003;
MARCOS; DUPONT, 2007).
Há agentes antidiarreicos inespecíficos, a exemplo do hidróxido de alumínio.
A utilidade principal desses fármacos é oferecer alívio sintomático, por meio da
diminuição da motilidade intestinal, nos casos brandos de diarreia aguda. Todos
esses medicamentos devem ser evitados nas doenças diarreicas agudas causadas
por microrganismos patogênicos, pois retardam a eliminação dos mesmos e
aumentam o risco de infeções sistêmicas (BRUNTON et al., 2011).
2.2.3 – Modelos experimentais
Os modelos experimentais de trânsito intestinal normal e esvaziamento
gástrico são amplamente utilizados no screening de drogas com potencial atividade
antimotilidade. Normalmente esses modelos utilizam-se de marcadores, substâncias
com coloração, para que possa ser mensurado o trânsito intestinal e o esvaziamento
gástrico. O trânsito intestinal pode ser avaliado tanto pela administração do carvão
ativado quanto do vermelho de fenol, já o esvaziamento gástrico é calculado pela
quantidade de vermelho de fenol que fica retido no estômago por espectrofotometria
(STİCKNEY; NORTHUP, 1959; SCARPİGNATO, 1980).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
23
Com relação aos modelos experimentais em animais de laboratório para
avaliação da atividade antidiarreica existem três modelos clássicos de indução de
diarreia: a administração de óleo de rícino, de prostaglandina E2 (PGE2) ou da
enterotoxina termolábil.
A indução de diarreia por óleo de rícino vem sendo bastante utilizada para
estudar o potencial antidiarreico de plantas medicinais. O potencial diarreico do óleo
de rícino deve-se ao ácido ricinoleico (ácido 12 - hidroxi-9-cis-octadecenóico) um
metabólito ativo da mamona (Ricinus communis L.) que difere do ácido oleico por ter
uma hidroxila no décimo segundo carbono (WATSON; GORDON, 1962; ZAVALA et
al., 1998).
No lúmen intestinal, o óleo de rícino sob efeito de lipases intestinais que
convertem os triglicerídeos em glicerol e ácido ricinoleico. O ácido ricinoleico atua
promovendo irritação e inflamação da mucosa intestinal que tem como
consequência a síntese e liberação de autacoides, NO e prostaglandinas. Acredita-
se que o "enteropooling", termo que representa o aumento na secreção intestinal de
fluido intestinal e consequentemente a diarreia envolva também a participação da via
adenilil ciclase e aumento nos níveis de AMPc, ativação da PKA e fosforilação do
CFTR. Os canais iônicos CFTR ativados promovem a secreção de cloreto para o
lúmen intestinal, o sódio e a água seguem o cloreto pela via paracelular acarretando
um acúmulo de água e eletrólitos. Como consequências, tem-se a estimulação da
motilidade intestinal e aumento da secreção de fluidos e eletrólitos pela modulação
de aquaporinas e canais iônicos como já foi descrito anteriormente (PIERCE et al.,
1971; MASCOLO et al., 1994; CAPASSO et al., 1998; RATNAIKE et al., 2000).
2.3 - Plantas medicinais
Desde a antiguidade, os recursos naturais, em especial as plantas, têm sido
um dos elos entre o homem e a natureza, pois os homens pré-históricos já faziam
uso das plantas para amenizar o sofrimento dos males físicos que lhes acometiam.
Médicos da antiguidade a exemplo de Hipócrates e Avicenna já prescreviam plantas
medicinais como meio de cura. Em se tratando da antiguidade brasileira, as plantas
eram utilizadas pelos indígenas em rituais de cura e os povos africanos faziam sua
associação com rituais religiosos (MACEDO; FERREIRA, 2004; FERRO, 2006).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
24
A Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que cerca de 65-80% da
população de países em desenvolvimento, devido à pobreza ou ao difícil acesso a
medicina moderna, usam como medicamentos, extratos ou preparações oriundas de
plantas para tratar suas enfermidades como: inflamações, úlceras pépticas, diarreia
e outras diversas enfermidades (CALIXTO, 2005).
Vários fatores têm contribuído para o aumento da utilização de plantas
medicinais por parte da população, como por exemplo, o alto custo do medicamento
industrializado, o surgimento de efeitos colaterais dos mesmos, o sucateamento dos
serviços públicos de saúde e a falta de acesso para um grande contingente da
população.
Mesmo com a grande influência da indústria farmacêutica para a utilização de
medicamentos industrializados de origem sintética, a população ainda recorre às
práticas complementares em especial as plantas medicinais para cuidar da saúde,
empregadas para aliviar ou mesmo curar algumas enfermidades. Baseado nesta
premissa, o uso terapêutico de recursos naturais utilizados no cuidado humano
passaram a ser incorporados como alternativas complementares ao processo saúde
doença (ALVIM et al., 2004).
O Brasil é um país dotado de uma das maiores biodiversidade do planeta e
desta forma ocupa uma posição privilegiada, tendo em vista que 20% de todas as
espécies vegetais encontram-se aqui. As plantas medicinais da flora nativa brasileira
são utilizadas devido ao grande respaldo no conhecimento popular que permite
assim uma longa aceitação dessas espécies, no entanto é importante destacar que
apesar do seu amplo uso há pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades
farmacológicas (RODRIGUES et al., 2006; VEIGA-JÚNIOR; MELLO, 2008).
Em 2006, foi implantada no Brasil a Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares em saúde, e entre elas a fitoterapia. Objetivando fortalecer as
pesquisas com plantas medicinais nativas e garantir a acessibilidade dessa prática
aos serviços de saúde em 2009, o Ministério da Saúde publicou a Relação Nacional
de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), uma lista com 89 espécies
que serão priorizadas com pesquisas e investimentos garantindo assim segurança e
eficácia de suas utilizações (BRASIL, 2006; BRASIL, 2009; CARVALHO, 2011).
Com base nessas afirmações, a pesquisa com plantas medicinais se torna
importante, uma vez que irá validar as ações farmacológicas das mesmas. É
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
25
importante considerar que para estudar as possíveis ações biológicas de plantas, se
faz necessária uma integração multidisciplinar, envolvendo as áreas da botânica,
química, farmacologia e toxicologia e tem como fim viabilizar os estudos de eficácia
e segurança das espécies vegetais na perspectiva de correlacionar os constituintes
ativos às atividades farmacológicas (RATES, 2001).
Além da validação do conhecimento popular, o estímulo à pesquisa, produção
e comercialização de espécies vegetais brasileiras gera trabalho, renda,
desenvolvimento e integração regional, ou seja, possibilidades econômicas
importantes ao desenvolvimento do país, visando à sustentabilidade (BRASIL,
2011). Dessa forma, os produtos naturais oferecem maiores oportunidades para
encontrar moléculas potencialmente ativas que levem a novos fármacos úteis no
tratamento de diversas afecções, entre elas os distúrbios do TGI como a úlcera
péptica, a dispepsia e a diarreia (GULLO; HUGHES, 2005).
2.4 - Espécie selecionada para estudo
2.4.1 – Cissampelos sympodialis Eichl.
A espécie vegetal Cissampelos sympodialis Eichl. popularmente conhecida
como “Milona”, “Abuteira”, “Jarrinha“ e “Orelha-de-onça”, pertence a famíla
Meniespermaceae. Esta família foi classificada em Jussieu (1789) no seu “Genera
Plantarum”. Compreende cerca de 72 gêneros e 400 espécies. Fitogeograficamente,
suas espécies se distribuem por todos os continentes com predominância nas
regiões de clima tropical e subtropical. Essa espécie é amplamente utilizada por
tribos indígenas e na medicina popular no tratamento de infecções do trato
geniturinário, doenças no trato respiratório e na diarreia (CORRÊA, 1984). No Brasil,
a família Meniespermaceae é representada por 12 gêneros e 106 espécies
distribuídas, em sua maior parte, na floresta amazônica (BARROSO, 1978).
O Brasil e alguns países africanos apresentam várias espécies do gênero
Cissampelos do qual pertence à tribo Cocculeae, subtribo Cissampelinae e
compreende 19 espécies das quais nove são presentes no Brasil e destas, três
podem ser encontradas no estado da Paraíba: C. sympodialis, C. glaberrima, C.
ovalifolia. Estas espécies são encontradas em diferentes tipos de habitat, solo e
vegetação, ocorrendo principalmente em florestas úmidas da costa atlântica e em
colinas (BARBOSA-FILHO; AGRA; THOMAS, 1997).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
26
A espécie C. sympodialis, ilustrada na figura 4, é endêmica no Brasil,
encontrada no Nordeste e Sudeste do país, do Ceará a Minas Gerais. Esta espécie
ocorre frequentemente em áreas abertas sobre arbustos em solo arenoso, podendo
ser distinguida principalmente pelo formato deltoide das folhas (BARBOSA-FILHO;
AGRA; THOMAS, 1997).
Figura 4 - Cissampelos sympodialis (Foto: pertencente ao arquivo do grupo de
farmacologia do TGI, fotografada pelo autor).
2.4.2 – Estudos fitoquímicos
O estudo fitoquímico da espécie C. sympodialis no Laboratório de Fitoquímica
do Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos levou
ao isolamento de metabólitos secundários dessa espécie, sendo os flavonoides e os
alcaloides os metabólitos mais estudados. Seis marcadores químicos e bioativos,
quatro destes alcaloides são terciários: warifteína (1), metilwarifteína (2),
simpodialina β,N-óxido (3) (bisbenzilisoquinolínicos), milonina (4) (morfinâmico), e
um quaternário, do tipo aporfínico: a laurifolina (5) (CÔRTES, 1995; FREITAS et al.,
1996). O alcaloide isolado em maior quantidade foi a warifteína, que foi encontrada
nas raízes com um alto rendimento, correspondente a 1,4%, permitindo assim um
(SALES, 2013)
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
27
estudo farmacológico (BARBOSA-FILHO; AGRA; THOMAS, 1997). Na raiz da
mesma planta, além destes cinco alcaloides ocorreu o isolamento e a elucidação
estrutural de um novo alcaloide bisbenzilisoquinolínico, denominado de roraimina (6)
(Figura 5). Recentemente foi isolada uma mistura de alcaloides diastereoméricos
semelhantes à roraimina que foram denominados de des-7’-O-methylroraimina e epi-
des-7’-O-methylroraimina que só vieram ter suas estruturas completamente
elucidadas com auxílio da técnica de ressonância magnética nuclear (MARINHO et
al., 2013).
Aragão e colaboradores (2002), nos estudos de tecnologia e controle de
qualidade dos extratos de C. sympodialis propôs uma metodologia de identificação
dos marcadores químicos dessa espécie, especialmente a milonina. Marinho (2011)
também propôs uma metodologia para validação do método de quantificação
simultânea dos marcadores químicos em extratos etanólicos (folhas, raízes e frutos)
aplicados a estudo de sazonalidade. Na validação ficaram definidos como
marcadores a warifteína, metilwarifteína e a milonina, sendo esse último alcaloide
presente apenas nas folhas. No estudo de sazonalidade houve diminuição
significativa da concentração de milonina, warifteína e metilwarifteína entre os
meses de fevereiro e abril, período em que ocorre a frutificação da planta.
Os alcaloides são metabólitos secundários nitrogenados e com baixo peso
molecular majoritariamente derivados de aminoácidos. Estima-se que estes
metabólitos possam ser encontrados em 20% de todas as espécies vegetais
estando envolvidos na defesa das plantas contra herbívoros e patógenos. São
compostos quimicamente simples, estes agregam as mais diversas atividades
biológicas como hipnoanalgésicos (morfina e codeína), anti-muscarínicos (atropina),
estimulantes (cafeína), antimalárico (quinina), antibacteriano (sanguinarina),
antitumorais (vincristina e vimblastina) e antiulcerogênicos (piperina, nicotina e
matrina). Mais de 55 alcaloides são reportados como ativos em diferentes modelos
de úlceras gástricas e duodenais. E essa atividade é mediada por mecanismos que
envolvem a redução da secreção ácida gástrica, mecanismos antioxidantes e
citoprotetores (BAI; XU, 2000; HENRIQUES et al., 2004; BLANKENSHIP et al., 2005;
FAULKNER et al., 2006; FALCÃO et al., 2008; LUCH, 2009; AWAAD et al., 2013).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
28
A atividade antidiarreica de plantas medicinais pode estar relacionada com o
grupo de metabólitos secundários que são marcadores da espécie. Os alcaloides,
especialmente, são compostos que apresentam atividade antidiarreica como, por
exemplo, a morfina e a atropina. Esses metabólitos secundários agem inibindo a
liberação de autacoides e prostaglandinas, em especial a PGE2 que é um agente
diarréico indutor de uma resposta secretória no intestino além de estimular a
motilidade (RAMAKRISHNA et al., 1994; DE MEDINA et al., 1997).
Figura 5 - Alcaloides isolados de Cissampelos sympodialis
N
N
O
OOMe
OH
Me
MeO OH
H
N
N
O
OOMe
OH
Me
MeO OMe
H
N
H2C
MeO
OH H
H
Me
H
N
OHO
O
OMe
O
O
N
OH
MeO
MeO
Me
H
NOH
OH
CH3
CH3
MeO
MeO
H
HH
HH
H
H
N
O
OCH3
OHO
O
N
H3CO
H3CO
H2C
CH3
A
B
C'
A'
B'
C1
3
4
4a
5
6 7
8
8a
9
10 11
12
1314
1'
3'
4'
4a'
5'
6'7'
8'
8a
9'
14'13'
11' 10'
12'
1
3
4
4a
5
6 7
8
8a
9
10 11
12
1314
1'
3'
4'
4a'
5'
6'
7'
8'
8a
9'
10'11'
12'
13' 14'
+
44a
56
7
8
9
10
11
12
1314
9'
10'
11'
12'14'
1'
3'
4'5' 4a'
6'
7'8'
8a'
8a
simpodialina N - óxido
Milonina
1
23
4
12
5
67
8
13 14 9
16
1011
15
warifteína (WAR) (1) metilwarifteína (MWAR) (2)
(3) (4)
Laurifolina
+
1
2
33a
45
6a11c
7
7a
8
9
10
11
11a
11b1
3
44a
56
7
88a
9
10
11
12
13
14
1'
3'
4'5' 4a'
6'
7'8'
8a'
9'
10'
11'
12'
13'
14'
roraimina
(5) (6)
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
29
2.4.3 – Ensaios toxicológicos pré-clínicos
Os estudos toxicológicos realizados com o extrato hidroalcoólico de C.
sympodialis sugerem baixo grau de toxicidade e os principais estudos já realizados
com essa espécies envolvem a atividade anti-inflamatória e a antiasmática
(BATISTA-LIMA et al., 2001; PIUVEZAM et al, 2012).
O potencial farmacológico da C. sympodialis é comprovado quando analisa-se
as suas mais diversas aplicabilidades nos diversos campos da farmacologia, sendo
as principais atividades farmacológicas estudadas a antiasmática, realizado por
Thomas e colaboradores (1995) no qual foi visto que a fração aquosa do extrato
hidroalcoólico das raízes da C. sympodialis ocasionou significante relaxamento em
preparações de músculo liso de traquéia de cobaia. Em continuidade ao trabalho
realizado, com a fração aquosa das folhas do extrato etanólico, foi verificada a
redução do tônus espontâneo, inibindo as contrações induzidas por carbacol,
histamina, prostaglandina F2α e substância P em preparações de traquéia de
cobaia. Também foi relatado um aumento nos níveis de AMPc em macrófagos
broncoalveolares de cobaias (THOMAS et al., 1997).
Partiu-se então para a realização dos estudos com substâncias isoladas da
espécie, o primeiro deles realizado com a warifteína, onde foi observada uma ação
espasmolítica via antagonismo reversível, não específico e não competitivo à
histamina, carbacol e bradicinina em íleo de cobaia. A warifteína também
antagonizou contrações induzidas por dois agentes contracturantes (ocitocina e
bradicinina) em útero de rata enquanto que, em traquéia de cobaia, o alcaloide inibiu
o tônus espontâneo (CÔRTES et al., 1995).
No que diz respeito aos ensaios toxicológicos pré-clínicos, agudo, subagudo e
crônico, foi realizado inicialmente estudos com o extrato hidroalcoólico das cascas
das raízes de C. sympodialis. Por via oral, não foram detectados quaisquer efeitos
tóxicos relevantes, em camundongos e ratos, em doses até 20 vezes maiores que a
dose utilizada pela população no alívio de problemas respiratórios (9,0 mg/kg). A
fração hidrossolúvel, do extrato etanólico das folhas, também mostrou não ocasionar
letalidade em camundongos e ratos, em doses até 1000 mg/kg. No estudo subagudo
no extrato etanólico foram utilizados cães que receberam a dose de 45 mg/kg (cinco
vezes a dose utilizada na medicina popular) e não foram verificadas alterações nos
parâmetros hematológicos nem bioquímicos (DINIZ et al., 1995; DINIZ, 2000).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
30
Entretanto, a dose letal 50% (DL50) do extrato etanólico das raízes foi de
117,5 mg/kg para camundongos, 138,0 mg/kg para ratos ambos por via
intraperitoneal, e em cães, na dose de 5 vezes a de uso popular. Doses
administradas em contrações 5 e 25 vezes maiores, em ratos, interferem sobre o
SNC e induzem efeito anoréxico. Foram evidenciadas alterações hepáticas, mas que
foram reversíveis com a suspensão da administração da planta. Foi detectado
também o aumento de alfa-globulina sangüínea e, no pulmão, imunocooperação
linfocitária e macrofágica (DINIZ et al., 1995).
O tratamento oral crônico com o extrato hidroalcoólico das folhas provocou
efeito anoréxico em ratas da linhagem Wistar além de algumas alterações
comportamentais como redução da locomoção e defecação, contrapondo-se com os
resultados obtidos em estudos com camundongos BALB/c machos sensibilizados
com ovoalbumina (OVA) que apresentaram ganho de peso, ao longo de todo o
tratamento, sugerindo baixa toxicidade (ALMEIDA et al., 1998; BEZERRA-SANTOS
et al., 2004).
O efeito anoréxico do extrato hidroalcoólico das folhas (doses de 45 a 225
mg/kg) pode estar relacionado com a atividade antidepressiva e parece ter relação
com a existência de um receptor opióide presente apenas no fígado das ratas que
possivelmente são ativados por alcaloides, como a milonina, já identificados em
Cissampelos sympodialis (ALMEIDA et al., 1998; ALMEIDA et al., 2005) .
Freitas e colaboradores (2000) demonstraram que o mecanismo pelo qual a
warifteína induz relaxamento do músculo liso está relacionado com a inibição de
canais para cálcio bem como há uma modificação nos estoques intracelulares do íon
cálcio sensíveis à noradrenalina. Em outro estudo foi comprovado que a fração
aquosa das folhas do extrato hidroalcoólico da C. sympodialis inibiu o tônus
espontâneo de traquéia de cobaia. De forma semelhante o extrato hidroalcoólico das
raízes antagonizou as contrações induzidas por carbacol, capsaicina e ácido
araquidônico em traquéia normal e por ovalbumina em traquéia de cobaias
sensibilizadas. A fração aquosa das folhas ainda protegeu cobaias sensibilizadas
contra choque anafilático induzido por albumina em aerossol.
Foi demonstrado que a fração aquosa das folhas do extrato hidroalcoólico da
C. sympodialis inibiu as fosfodiesterases dos nucleotídeos cíclicos IV e V, obtidas de
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
31
pulmão de cobaias e aumentou a síntese intracelular de AMPc em culturas de
células de músculo liso traqueal de cobaias (FREITAS et al., 2000).
Sobre a ação psicofarmacológica do extrato etanólico das folhas da C.
sympodialis sobre o SNC, foi verificado que o mesmo potencializa a toxicidade do
pentilenotetrazol em camundongos. Este extrato reduziu o período de imobilidade no
teste do nado forçado em camundongos e reverteu o grau de ptose e catalepsia
induzidas por reserpina em ratos de maneira similar à imipramina, um antidepressivo
tricíclico muito utilizado na clínica. Dessa forma, foi sugerido que a atividade
antidepressiva provavelmente tenha relação com a atividade inibitória de
fosfodiesterases desta planta, visto que o aumento dos níveis de nucleotídeos
cíclicos, substratos dessas enzimas, no SNC gera na maioria das vezes, um quadro
excitatório (ALMEIDA et al., 2005).
Piuvezam e colaboradores (1999) demonstraram que a fração aquosa das
folhas do extrato etanólico da C. sympodialis inibiu as respostas proliferativas em
células de baço de camundongos BALB/c induzidas por concanavalina, sem inibir a
produção de citocinas por essas células. Foi observada uma redução dos níveis de
interferon gama (IFN-γ) secretado e um aumento na síntese de interleucina 10 (IL-
10) e de interleucina 4 (IL-4). Freitas e colaboradores (2000) verificaram que a
mesma fração induziu respostas contrácteis em preparações isoladas de aorta de
ratos, sugerindo uma ativação de α-adrenoreceptores. Tais contrações foram
moderadas pela presença do endotélio vascular pelo envolvimento da liberação de
óxido nítrico e produtos derivados da ação da ciclooxigenase (COX).
Sobre a atividade anti-inflamatória da fração aquosa do extrato etanólico das
folhas da C. sympodialis foi demonstrado, em camundongos, que a fração (100
mg/kg i.p.), inibiu edema de orelha induzido por 12-O-tetradecanoylphorbol 13-
acetato e capsaicina em 58% e 37%, respectivamente. A dose efetiva para inibir, o
edema de pata de rato induzido por carragenina em 24% foi de 50 mg/kg, (i.p.). A
administração da fração aquosa nas doses de 100 e 200 mg/kg, por via subcutânea
(s.c.), em ratos, inibiu a migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal induzida
por carragenina em 53% e 50% respectivamente (BATISTA-LIMA et al., 2001).
O extrato hidroalcoólico das folhas da C. sympodialis inibiu a produção de IgE
em camundongos BALB/c. Em macrófagos infectados com Trypanosoma cruzi foi
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
32
observado a inibição da produção de óxido nítrico com aumento na produção de IL-
10 (ALEXANDRE-MOREIRA, 2001).
O estudo com camundongos BALB/c demonstrou que o extrato hidroalcoólico
das folhas da C. sympodialis por via oral, nas doses de 100, 200 e 400 mg/kg e por
via i.p., na dose de 100 mg/kg, inibiram a formação de edema de pata, a produção
de imunoglobulina OVA-específica, IgE total e IgE OVA-específica nos animais
sensibilizados com OVA. O tratamento via oral com este extrato inibiu a proliferação
de células de camundongos sensibilizados com ovalbumina, estimuladas com Con-
A, OVA e/ou extrato, fato esse também verificado com a warifteína (i.p.) que inibiu a
formação de edema de pata, imunoglobulina OVA-específica, níveis séricos de IgE
total e IgE OVA-específica nos animais sensibilizados com OVA (SANTOS, 2002).
Em modelos experimentais de asma o extrato hidroalcoólico das folhas
apresentou efeito imunomodulador, desviando a resposta imune para o perfil de
citocinas tipo TH1 (LT CD4+ auxiliar “helper”) produtor de INF-γ, IL-2 e fator de
necrose tumoral beta (TNF-β). O mesmo extrato inibiu o choque anafilático antígeno-
induzido em camundongos BALB/c sensibilizados com OVA (BEZERRA-SANTOS,
2005).
O tratamento in vitro com o extrato hidroalcoólico das folhas inibiu a resposta
proliferativa das células B (LB) estimuladas com lipopolissacarídeos (LPS)
bacteriano, anticorpos anti-IgM e anti-delta-dextran pelo aumento dos níveis de
AMPc intracelular. Em culturas de LB em repouso (obtidos de animais normais) ou
ativados (obtidos de animais infectados com Trypanosoma cruzi inibiu a produção de
IgM, sugerindo os uso tepêutico deste extrato em condições de desregulação da
ação das células B e aumento da produção de imunoglobulinas (ALEXANDRE-
MOREIRA et al., 2003).
Bezerra-Santos et al. (2006), demostraram que o pré-tratamento por via oral
tanto com extrato hidroalcoólico das folhas quanto com warifteína inibiu a migração
de eosinófilos e neutrófilos para a cavidade pleural e broncoalveolar. Demostrou
também reduções dos níveis de eotaxina, do número de corpos lipídicos
citoplasmáticos e da liberação de cistenil-leucotrienos de eosinófilos humanos,
sugerindo um efeito modulador das funções dos eosinófilos.
O tratamento oral com a warifteína em camundongos BALB/c sensibilizados
com OVA foi capaz de inibir a formação do edema de pata induzido por OVA, reduzir
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
33
o título de IgE OVA-específica e retardar o choque anafilático em camundongos
BALB/c sensibilizados e desafiados. A warifteína também inibiu a hiperplasia térmica
em ratos possivelmente sensibilizados ou quimicamente estimulados. O tratamento
in vitro com warifteína inibiu a proliferação de esplenócitos mediada pelo antígeno ou
mitógeno, reduziu a degranulação de mastócitos induzida por IgE antígeno-
específica e em macrófagos peritoneais de camundongos BALB/c elevou os níveis
de nitrito, metabólito do óxido nítrico, demonstrando que o tratamento com warifteína
(in vitro e in vivo) induz um efeito modulador nas respostas alérgicas (COSTA et al.,
2008).
O extrato hidroalcoólico das folhas de C. sympodialis e seus alcaloides:
warifteína, metilwarifteína e milonina foram avaliados em modelos de alergia
experimental administrados por via inalatória, o extrato e a metilwarifteína atenuaram
o infiltrado inflamatório e reduziram o número de células T corroborando que essa
espécie pode ser utilizada também por via inalatória para o tratamento da asma
(VIEIRA et al.,2013).
O estudo da atividade do extrato hidroalcoólico e dos alcaloides warifteína e
metilwarifteína em modelo de alergia alimentar induzida por OVA demonstrou que os
alcaloides reduziram os episódios diarreicos, diminuíram os níveis de IgE,
aumentaram as células T regulatórias e atenuaram o número de eosinófilos e de
macrófagos. Dessa forma fica evidente a atividade desses alcaloides sobre as
células T, fato esse já verificado também em outros estudos, que justificam os
efeitos anti-inflamatórios como na alergia alimentar (COSTA et al., 2013).
Em estudos recentes realizados pelo grupo de pesquisa do Laboratório de
Farmacologia do Trato Gastrintestinal/UFPB, o extrato etanólico de C. sympodialis
protegeu a mucosa gástrica das lesões agudas induzidas por diversos agentes
(etanol, anti-inflamatório não-esteroidal e estresse) e este mecanismo gastroprotetor
envolve a participação de óxido nítrico e grupamentos sulfidrílicos (SALES et al.,
2011).
A revisão dos estudos pré-clínicos neste trabalho demonstram que, ainda
sejam muitos os resultados farmacológicos e toxicológicos há muitas limitações
devido à utilização de extratos não padronizados. Diante destas considerações, a
espécie vegetal Cissampelos sympodialis Eichl. foi selecionada seguindo o critério
quimiotaxonômico, visto a mesma é rica em alcaloides, metabólitos secundários com
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
34
alto potencial farmacológico, e que não há relatos de estudos farmacológicos com
ênfase na atividade antimotilidade e antidiarreica dessa espécie bem como pelo
critério etnofarmacológico, considerando a sua utilização na medicina popular para o
tratamento da diarreia.
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
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Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
45
4. ANEXO I - Artigo
O artigo em anexo será submetido ao periódico “Records of Natural
Products”, ISSN: 1307-6167, qualis B2 na área de farmácia. Todos os resultados do
artigo foram desenvolvidos a partir do projeto apresentado na disciplina trabalho de
conclusão de curso (TCC).
Trabalho de Conclusão de Curso Igor Rafael P. de Sales
46
Rec. Nat. Prod. X:X (2014)
xxx-xx
Cissampelos sympodialis Eichl. (Menispermaceae) an evaluation of
the antimotility and antidiarrheal activities in vivo
Igor Rafael Praxedes de Sales¹, Heloína de Sousa Falcão¹, Gedson Rodrigues de
Morais Lima¹, Alexsandro Fernandes Marinho¹, José Maria Barbosa Filho² and
Leônia Maria Batista²*
¹Laboratório de Farmacologia do Trato Gastrintestinal, Programa de Pós-Graduação em
Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal da Paraíba, Campus de João Pessoa, 58051-900, Cidade Universitária João
Pessoa-PB, ,Brasil.
2Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal da Paraíba, Campus de João Pessoa, 58051-900, Cidade Universitária João
Pessoa-PB, ,Brasil.
(Received xxxxx, XXXX; Revised xxxxx, XXXX; Accepted xxxxx, XXXX)
Abstract: Cissampelos sympodialis (Menispermaceae), known as "Milona" have a special verified medicinal use
for the treatment of diarrhea and respiratory tract diseases. This work aims to evaluate the antimotility and
antidiarrheal activity of the crude ethanolic extract obtained from aerial parts of C. sympodialis (EtOHE-Cs). The
intestinal normal transit and gastric emptying were used to evaluate the antimotility activity. Castor oil-
induced diarrhea and castor oil-induced enteropooling were used to evaluate the antidiarrheal activity. The
results have indicated that EtOHE-Cs did not demonstrate antimotility activity but has antidiarrheal activity (for
the dose 500 mg/kg) this activity is related to reduction in intestinal fluid accumulation. The antidiarrheal
activity can be attributed to chemical compounds already isolated and quantified in this species, mainly
alkaloids.
Keywords: gastrointestinal motility, diarrhea; enteropooling and Cissampelos sympodialis.
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1. Introduction
Diarrhea is a disease characterized by the increase of frequency in bowel movements,
abdominal pain and discharge of semisolid or watery fecal matter from the bowel three or more
times in a day. The liquid stools are justified by the increase in gastrointestinal secretions and
motility[1,2]. Control of gastrointestinal motility is very complex because it involves multiple signaling
such as nitric oxide (NO), gastrin, grelin, prostagladins, 5-hydroxytryptamine (5-HT), dopamine,
catecholamine and acetylcholine[3]. The imbalance in the pathways mentioned above, infectious
agents, plant toxins and inflammatory problems are the main causes of diarrhea[4]. Worldwide, this
disease affects around 2.2 million people annually, the most affected are children under the age of
five years[5]. Changes in gastric emptying coordination originate not only a poor nutrient digestion
and absorption, but also the development of some diseases. The functional dyspepsia is a disease in
which the delay in gastric emptying is reported in 25-40% of patients with this condition. There is
also a relationship with the stimulation of gastric emptying and development of duodenal ulcers,
since the acid content is not completely neutralized in the duodenum[6,7,8,9]. Medicinal herbs
constitute the major component of the traditional medicine practiced worldwide due their
economical viability, accessibility and ancestral experience[10]. Thus, the research for new therapies
for gastrointestinal disorders (such as diarrhea) is very important.
Cissampelos sympodialis Eichl. belongs to the family Menispermaceae and is a tree
(photography 1) known as “milona”, “jarrinha” or “orelha-de-onça”. It is widely used by Indian tribes
and in folk medicine to treat various diseases such as diarrhea, diseases of the genitourinary tract
and especially in respiratory tract diseases such as asthma[11]. This species was therefore selected by
the criterion ethnopharmacological and chemotaxonomic.
Several chemical compounds belonging to the alkaloids class have been isolated from this
species (leaves and roots), for example: bisbenzylisoquinolinic (warifteine, methilwarifteine,
roraimine and simpodialine); morfinic (milonin); aporfinic (laurifolin) and oxoaporfinic
(liriodenine)[12,13]. Quality control studies showed that both AFL and AFR present alkaloids as major
compounds, being warifteine the chemical marker of both [14]. The alcoholic fraction of leaves (AFL)
and roots (AFR) obtained from C. sympodialis showed spasmolytic activity on the smooth muscle of
the trachea that involves synthesis of phosphodiesterase (PDE) and increased levels of cyclic
adenosine monophosphate (cAMP) in guinea pig trachea muscle cells[11]. Therefore, based on the
popular use, spasmolytic activity “in vitro” and the abundance of alkaloids, our laboratory has been
interested to evaluate the antimotility and antidiarrheal activities “in vivo” of crude ethanolic extract
obtained from aerial parts of C. sympodialis.
2. Materials and Methods
2.1. Plant material and extraction Aerial parts of C. sympodialis were collected from the garden of “Centro de Biotecnologia”
(CBIOTec/UFPB) and identified by Dra. Maria de Fátima Agra (Laboratório de Farmacobotânica -
CBIOTec/UFPB). A voucher specimen was deposited in “Herbário Lauro Pires Xavier” with number:
1456. To obtain the crude ethanolic extract dried and pulverized material from aerial parts of C.
sympodialis (4000 g) were subjected/submitted to maceration in ethanol 95% for 72 hours. After
extraction, the extractive solution was concentrated in rotaevaporator under reduced pressure at
temperature of 45°C yielding the crude ethanolic extract (EtOHE) (300 g) as shown in Scheme 1.
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Scheme 1: Obtaining the crude ethanolic extract of C. sympodialis.
2.2 Experimental Animals
Swiss adult male mice (Mus musculus) weighing between 25-35 g were used for the
experiments. The animals were from the “Biotério Professor Thomas George” (UFPB). The
temperatures varied between 23-25°C with 12-hour light-dark cycle in the animal house. The animals
were fed Labina, water ad libitum. For the experiments, they were randomly distributed in the
different experimental groups. All experiments were started in the morning. The experimental
procedures were approved by the “Comitê de Ética em Pesquisa Animal” (CEPA /CBIOTec/UFPB)
recorded with number 0705/06, and follow international principles for research with laboratory
animals[15].
2.3 Chemicals/Drugs
Ethanol (Sigma-Aldrich), metoclopramide hydrochloride 10 mg (SANOFI-AVENTIS®, Brasil)
loperamide hydrochloride 2 mg (JANSSEN-CILAG®, Brasil); phenol red (VETEC®, Brasil) and tween 80
(MERCK®, Germany).
2.4 Effect of C. sympodialis on normal intestinal transit
The method used was previously described by Stickney and Northup[16], with some
modifications. Adult mice were fasted for 12 hours and were randomly divided into six groups. Mice
in the first group received tween 80 solution 12% - vehicle (10 mL/kg), the second group received
metoclopramide (30 mg/kg) and the other groups received 62.5, 125, 250 and 500 mg/kg of EtOHE-
Cs, respectively all by the oral pathway (p.o.). After 1 hour of administration of extract and drugs, a
suspension of phenol red (0.05%) in carboxymethylcellulose (1.5%) (10 mL/kg) was given to each
animal (p.o.). After 30 minutes, the animals were euthanized by cervical dislocation to remove the
small intestine. The transit percentage was calculated on the basis of distance traveled by phenol red
divided by the total length of the intestine, using the formula below.
% transit = (distance traveled by phenol red)/( total length of the intestine) x 100
2.5 Effect of C. sympodialis on gastric emptying
Adult mice (fasted for 12 h) were randomly divided into seven groups. Mice in the first group
received vehicle (10 mL/kg), the second group received metoclopramide (30 mg/kg) and the other
Aerial parts of Cissampelos sympodialis (400 g)
EtOHE-Cs (300 mg)
Concentrated by rotaevaporator
Alcoholic extractive solution
Maceration in ethanol (EtOH) at 95%
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groups received 62.5, 125, 250 and 500 mg/kg of EtOHE-Cs, the seventh group (zero time control)
received saline solution 0,9%, all by pathway oral (p.o.). After 1 h of administration of extract and
drugs, a suspension of phenol red marker (0.05%) in carboxymethylcellulose (1.5%) (10 mL/kg) was
given to each animal (p.o.). The zero time control group was euthanized (cervical dislocation)
immediately after the administration of the marker and the other groups, after 30 min. The
abdominal cavity was opened, the pylorus and the distal portion of the esophagus were clipped, the
stomach was removed, opened and its contents were washed with 7 mL of distilled water. The
gastric contents collected was centrifuged at 1500 revolutions per minute (rpm) during 15 min. and 1
mL of the supernatant was homogenized with 1 mL of 0.025N NaOH (pH = 12). After, 150 µL of the
homogenate were pipetted in duplicate on ELISA plate and was made using a spectrophotometric
reading at 560 nm filter. The results were expressed as percentage of gastric emptying compared to
zero time control using the formula below[17].
% gastric emptying = 100 – (mean absorbance of sample x 100)/(mean absorbance of the zero time
control group)
2.6 Effect of C. sympodialis on castor oil-induced diarrhea
For evaluation the antidiarrheal activity used the methodology described by Awouters and
collaborators[18], with some modifications. Adult mice were fasted for 12 h and were randomly
divided into six groups. Mice in the first group received vehicle (10 mL/kg), the second group
received loperamide (5 mg/kg) and the other groups received 62.5, 125, 250 and 500 mg/kg of
EtOHE-Cs, respectively all by pathway oral (p.o.). After 1 h of administration of extract and drugs, a
castor oil was given to each animal (p.o./10 mL/kg). Following the administration of castor oil, the
animals were placed in separates cages containing transparent blotting papers for observation of the
total number of feces and their quantification (liquid, semi-solid and solid) during 4 h. After this time,
all animals were euthanized by cervical dislocation. The following parameters were monitored:
evacuation classification – 1 (normal stool), 2 (semi-solid stool), and 3 (watery stool) and evacuation
index (EI), expressed according to the formula: EI = 1 × (no stool 1) + 2 × (no stool 2) + 3 × (no stool
3).
2.7 Effect of C. sympodialis on castor oil-induced enteropooling
Animals (adult male mice) were fasted for 12 hours and were randomly divided into three
groups. Mice in the first group received tween solution 80% - vehicle (10 mL/kg), the second group
received loperamide (5 mg/kg) and the third, fourth received 500 mg/kg of EtOHE-Cs, the only dose
that showed antidiarrheal activity, all by pathway oral (p.o.). After 1 h of administration of extract
and standard drug, the animals were euthanized by cervical dislocation, laparotimized, the pyloric
and caecal ends of the small intestine were tied and the intestines were removed. The contents of
each intestine was measured in a graduated measuring cylinder and the volume was noted according
to Ezeja e Anaga[19].
2.8 Statistical analysis
The data were expressed as mean standard deviation (SD). This data was subjected to an
analysis of variance (ANOVA) followed by a Dunnett's test. The minimum allowable level of
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50
significance was p < 0.05 in all analyzes. For the data processing software was used INSAT (GaphPad
Software© Inc., San Diego, CA, USA).
3. Results and Discussion
3.1. Effect of C. sympodialis on gastrointestinal motility: normal intestinal transit and gastric
emptying
The antimotility activity of EtOH-Cs was investigated by measuring the normal intestinal
transit and gastric emptying both in mice. Since earlier studies have reported that antimotility and
antidiarrheal properties of medicinal plants were due to tannins, alkaloids, saponins, and sterols[20].
Regardless of the species C. sympodialis be rich in alkaloids, the normal intestinal transit and the
gastric emptying have not been altered at all doses evaluated (62.5, 125, 250 and 500 mg/kg of
EtOHE-Cs), this results was expressed in the figure 1 and 2. These results suggest that EtOHE-Cs did
not affect the gastrointestinal motility most likely not to present spasmolytic activity “in vivo”. Even
showing no antimotility activity we started to investigate the antidiarrhoeal activity, because the
diarrhea is not caused only by a phenomenon of deregulation of motility, it is also caused by
microorganisms infection, hyper secretion of intestinal fluid and inflammatory bowel disease[4].
Figure 1. Effect of oral administration of EtOHE Cs on the normal intestinal transit in mice
0
20
40
60
80
EtOHE-Cs 62,5 mg/kg
Tween solution 80 -12%
Metoclopramide 30 mg/kg
EtOHE-Cs 125 mg/kg
EtOHE-Cs 250 mg/kg
EtOHE-Cs 500 mg/kg
**57%
46%40% 38% 38%
Treatments
Tra
nsit
perc
en
tag
e
ANOVA: F(5, 31) = 9,47 (p <0.05) (n = 5-7) followed by Dunnett's test (** p <0.01 compared to group
12 % Tween solution).
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51
Figure 2. Effect of oral administration of EtOHE Cs on the gastric emptying in mice
0
50
100
150
**
Tween solution 80 -12%
Metoclopramide 30mg/kg
EtOHE-Cs 62,5 mg/kg
EtOHE-Cs 125 mg/kg
EtOHE-Cs 250 mg/kg
EtOHE-Cs 500 mg/kg
96%90% 87%
78% 83%
TreatmentsPerc
en
tag
e o
f g
astr
ic e
mp
tyin
g
ANOVA: F(5, 27) = 6,803 (p <0.05) (n = 5-7) followed by Dunnett's test (** p <0.01 compared to group
12% Tween solution).
3.2. Effect of C. sympodialis on castor oil-induced diarrhea and enteropooling
Diarrhea is a disease that has many clinical signs such as hyperpropulsive motility of
gastrointestinal tract and hypersecretion throughout the intestinal mucosa. Animal models are
commonly used to induce experimental diarrhea and to study plants mechanisms of action and their
active principles[21].
Castor oil, prostaglandin E2 (PGE2) and heat-labile enterotoxin are commonly used agents to
induce diarrhea in animals. The induction of diarrhea by castor oil is recommended to study the
antisecretory and antimotility potential of medicinal plants. Castor oil diarrhea due to its active
metabolite, ricinoleic acid that is released after the action of intestinal lipases[22]. The liberation of
ricinoleic acid results in irritation and inflammation of intestinal mucosa associated with release of
nitric oxide, prostaglandin and other autacoids[23, 24]. In this way, the enteropooling induced by castor
oil functioning probably through stimulation of cyclic AMP/GMP production. Consequently leads to
the stimulation of intestinal motility and increased secretion of fluid and electrolytes[25, 26].
Table 1. Effect of oral administration of EtOHE Cs and loperamide on castor oil-induced diarrhea in
mice
Treatment (p.o.) Dose (mg/kg) N Evacuation Index (EI)
Vehicle - 6 14,00 ± 2,53
Loperamide 5 6 0,3333 ± 0,5164**
EtOHE-Cs 62.5 7 11,14 ± 2,854
EtOHE-Cs 125 7 12,86 ± 3,338
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EtOHE-Cs 250 6 11,83 ± 3,971
EtOHE-Cs 500 6 3,833 ± 1,169*
Data are presented as mean ± standard deviation. Kruskal-Wallis test followed by Dunn's multiple
comparison test (* p <0.05, ** p <0.005 compared to group 12% Tween solution).
In castor oil induced-diarrheic animals the EtOHE-Cs in its highest dose (500 mg/kg)
significantly reduced the total number of feces as can be seen in table 1.
Figure 3. Effect of oral administration of EtOHE-Cs on castor oil-induced enteropooling in mice
0.0
0.5
1.0
1.5
******
Tween solution 80 -12%
Loperamide 5 mg/kg
EtOHE-Cs 500 mg/kg47%
34%
Treatments
Vo
lum
e o
f in
test
inal
flu
id
ANOVA: F(2, 18) = 18,93 (p <0.05) (n = 7) followed by Dunnett's test (*** p <0.001 compared to group
12% Tween solution).
For the enteropooling study, the EtOHE-Cs 500 mg/kg significantly reduced the intraluminal
fluid volumes of the intestinal contents (figure 3), suggesting that the antidiarrheal activity of C.
sympodialis involves the reabsorption of water and electrolytes (such Na+) and probably the
involvement of prostaglandins[27]. The antidiarrheal activity of C. sympodialis can be attributed to
chemical compounds already isolated and quantified in this species, for example flavonoids and
mainly alkaloids (warifteine and methilwarifteine)[28], these compounds are known to inhibit the
release of autacoids and prostaglandins[29], this inhibition is important because prostaglandins (PGE2)
are known to induce a secretory response in the intestine and to stimulate gastrointestinal
motility[30].
Acknowledgments
The authors would like to express their gratitude to the CNPQ and UFPB by the financial
support.
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