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31DA CITAO E DA INTIMAOSumrio: 31.1 Introduo / 31.2 Instituto da citao / 31.3 Suprimento da citao / 31.4 Destinatrio da citao / 31.5 Quem deve ser citado / 31.6 Citao inicial dos militares em servio ativo e do funcionrio pblico / 31.7 Citao inicial do agente diplomtico / 31.8 Pessoas a quem no se deve fazer citao inicial / 31.9 Estabilizao da demanda / 31.10 Efeitos da citao inicial / 31.10.1 Preveno do juzo / 31.10.2 Litispendncia 31.10.3 Litigiosidade da coisa / 31.10.4 Constituio do devedor em mora / 31.10.5 Interrupo da prescrio / 31.11 Modalidades de citao / 31.11.1 Citao pelo correio / 31.11.2 Citao atravs do Oficial de Justia / 31.11.3 Citao por hora certa 31.11.4 Citao por edital / 31.12 Requisitos da citao por edital 31.13 Da intimao / 31.14 Destinatrio da comunicao do ato processual.

31.1 INTRODUO sabido que a relao jurdica processual o prprio processo e, para que se forme, necessrio que o ru seja citado. "Para a validade do processo diz o art. 214 do CPC indispensvel a citao inicial do ru". Por isso, considerado o mais importante dos atos processuais, exatamente por completar a formao da relao processual e instaurar o contraditrio no processo. Alis, regra de fundo constitucional que ningum pode ser condenado, sem antes ter conhecimento do que lhe 470

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imputado e sem antes poder oferecer resposta ou defesa. a citao, portanto, o meio oficial do ru tomar conhecimento do que lhe est sendo imputado, dando-lhe oportunidade para se pronunciar sobre a acusao que lhe est sendo feita. Ainda, efetivada a citao, o pedido inicial somente pode ser alterado com o consentimento do ru (princpio da estabilizao da lide). No processo, no somente pela citao que se d conhecimento dos atos s partes e interessados, mas tambm pela intimao, ato pelo qual se d cincia a algum dos atos e termos que foram praticados no processo. Primeiramente, analisaremos o instituto da citao. Depois, trataremos do instituto da intimao.

31.2 INSTITUTO DA CITAOCitao, em legislao processual, significa o chamamento do ru a juzo para se defender. Assim, a sua finalidade dar conhecimento parte contrria da ao contra ela movida. O prprio Cdigo de Processo Civil apresenta a definio de citao, atravs do seu art. 213, que assim dispe: "Citao o ato pelo qual se chama a juzo o ru ou o interessado, a fim de se defender". Citao, portanto, o chamamento do ru, ou do interessado no processo, para que tome conhecimento do que lhe est sendo imputado e apresente defesa. O Autor, ao formular sua inicial, deve pedir a citao do ru (CPC, art. 282, VII), e o juiz, ao receb-la, examinar detidamente os elementos sensveis do pedido, cotejando os documentos que o acompanham e verificando se o autor possui as condies necessrias para postular seus direitos. Em caso positivo, ordenar o chamamento, atravs do oficial de justia ou dos meios permitidos em lei. Caso contrrio, deve trancar a demanda, rejeitando a inicial de plano, ou assinar um prazo para o suprimento das deficincias da inicial (CPC, art. 284). 471

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H, portanto, dois atos distintos para o chamamento do ru ou do interessado: o ato do pedido da citao, praticado pelo autor, e a intimao da citao, que o ato feito pelo oficial de justia ou por outros meios admitidos em lei, sempre por ordem do juiz. Aquele o chamamento a juzo, e este o aviso que o citando recebe desse chamamento. Conclui-se que o pedido de citao ato praticado pelo autor e elemento essencial da petio inicial, tanto que, se a petio inicial no contiver o pedido de intimao da citao (art. 282, VII, do CPC), ser considerada inepta, e o magistrado no poder mandar, ex officio, proceder intimao. Tambm no pode rejeit-la in limine, devendo determinar ao autor que a complete dentro do prazo legal, sob pena de indeferimento. Verificando o juiz que a petio inicial no preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, - dispe o art. 284 do CPC ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mrito, determinar que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias. J a intimao da citao ato do juiz, realizado por intermdio do oficial de justia, da imprensa, ou do correio, conforme o caso, e consiste em comunicar o ato processual do autor parte, chamando o ru ou o interessado para se defender em juzo. Trata-se mais de uma interveno do juiz, que manda dar aviso contraparte para vir defenderse, j que ele o diretor das regras processuais e do processo que est se formando. Portanto, a finalidade principal do ato da citao completar a formao da relao jurdica processual, tanto que, se o juiz proferir sentena com vcio de citao, o processo se tornar nulo desde o incio (in RT 498/217, 498/162, 471/178). Eis o que decidiu certa vez o Tribunal: "A falta de citao nulidade absoluta e pode ser argida a qualquer tempo e mesmo decretada ex officio" (in RT 485/197). As citaes e as intimaes sero nulas, - dispe o art. 247 do CPC quando feitas sem observncia das prescries legais, vale dizer, processo sem citao nulo ou, sem citao, no ocorre a revelia e o feito no pode receber sentena.

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31.3 SUPRIMENTO DA CITAOO Cdigo considera sanada a falta da citao, se o ru, espontaneamente, comparecer em juzo e ingressar no processo. "O comparecimento espontneo do ru supre, entretanto, a falta de citao" ( 1. do art. 214). Portanto, o comparecimento sponte propria do ru, ou do executado sem ser citado, supre a falta de citao. Entretanto, pode o ru comparecer e responder aos termos do pedido, ou comparecer apenas para alegar a nulidade de seu chamamento. Se comparecer e responder aos termos do pedido, fica sanada qualquer irregularidade e, assim, o processo continua normalmente; se apenas comparecer para alegar a falta de citao, a qual depois decretada, dar-se- "a citao na data em que ele ou seu advogado for intimado da deciso" ( 2. do art. 214). Pode ocorrer de a citao no ter sido feita e o Dr. Curador a argir. Nesse caso, aps a decretao da nulidade da citao, sendo o ru revel, ou seja, sem advogado constitudo nos autos, dever ele ser citado pessoalmente, ou pelos meios determinados pela lei, pois o comparecimento do representante do rgo do Ministrio Pblico no cumpre nem valida o ato.

31.4 DESTINATRIO DA CITAOA citao no somente o chamamento do ru, mas tambm do interessado. Este chamado no para se defender, mas para tomar conhecimento do processo. o caso da citao dos herdeiros, em inventrio. Eles no so rus nem tm do que se defender, so apenas interessados, isto porque, o procedimento de jurisdio voluntria, tambm se inicia por citao: Sero citados, sob pena de nulidade, determina do art. 1.105 do CPC todos os interessados, bem como o Ministrio Pblico.

31.5 QUEM DEVE SER CITADOA lei prefere a citao pessoal, chamada real, feita prpria pessoa do ru. a citao realizada pelo oficial de justia, diretamente pessoa do ru, se este for capaz; se for absolutamente incapaz, ser feita 473

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pessoa de seu representante legal (pai, me, tutor ou curador); se relativamente incapaz, sua prpria pessoa, com assistncia de seu representante legal (CPC, art. 8.). A propsito, o TJSP j decidiu: "Nulo o processo em que o menor pbere no foi citado pessoalmente, com assistncia dos pais" (in RT 476/72). Se o ru for uma pessoa jurdica de direito pblico, a citao ser feita pessoa de seu representante legal. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Territrios sero citados na pessoa dos seus procuradores; o Municpio, na pessoa do Prefeito ou procurador (CPC, art. 12, n. I e II). As autarquias sero citadas na pessoa de seu diretor ou rgo que a lei instituidora indicar. Tratando-se de pessoa jurdica de direito privado, a citao ser feita pessoa do seu diretor ou a quem os respectivos estatutos ou contratos sociais designarem (CPC, art. 12, VI). Assim, para citar a pessoa jurdica, o autor deve indicar, na petio inicial, o nome de quem deve ser intimado na citao ou de quem a represente. Se faltar essa exigncia, correr o risco de assistir decretao da nulidade da citao e dos atos subseqentes (in RT 502/109, 388/258), porque o oficial de justia no tem obrigao de pesquisar esses elementos. Veja o que decidiu certa vez o tribunal: "Nula a citao de pessoa jurdica feita ao empregado sem poderes de representao ou gerncia" (in RT 506/160). Portanto, o autor deve, antes de distribuir a ao, obter no registro pblico peculiar o nome da pessoa que deve ser citada, para que o oficial de justia possa levar a cabo a sua misso. Se as sociedades no tm personalidade jurdica, sero elas citadas na pessoa a quem couber a administrao dos seus bens (CPC, art. 12, n. VII). As pessoas jurdicas estrangeiras sero citadas na pessoa do seu gerente, representante ou administrador de sua filial, agncia ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (CPC, art. 12, n.s. VI e VIII). A citao de certas entidades chamadas pessoas formais se far da seguinte forma: a massa falida, na pessoa do administrador judicial; o esplio, na pessoa do inventariante; a herana vacante ou jacente, na de seu curador; o condomnio, na pessoa de seu administrador ou sndico (CPC, art. 12, n. IX). Mesmo que o ru seja pessoa fsica e capaz, a citao pessoal poder ser feita, tambm, pessoa do procurador legalmente autorizado 474

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pelo ru, desde que conste, no instrumento de procurao, poderes para receber tal citao. Entretanto, se o ru estiver ausente, poder ser citada a pessoa que se presume represent-lo. Veja o que determina o art. 215, 1., da lei processual: "Estando o ru ausente, a citao far-se- na pessoa de seu mandatrio, administrador, feitor ou gerente, quando a ao se originar de atos por eles praticados". Outra pessoa que est autorizada por lei a receber citao como representante do ru locador ausente, embora tambm sem poderes expressos e especiais para receber citao inicial, o administrador de bem locado. Analise o que diz o art. 215, 2., do CPC: "O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatrio de que deixou na localidade, onde estiver situado o imvel, procurador com poderes para receber citao, ser citado na pessoa do administrador do imvel encarregado do recebimento dos aluguis".

31.6 CITAO INICIAL DOS MILITARES EM SERVIO ATIVO E DO FUNCIONRIO PBLICOA regra geral que uma pessoa pode ser citada onde quer que se encontre: em seu domiclio, residncia, local de trabalho ou de lazer etc. o fundamento do art. 216 do CPC, que diz: "A citao efetuar-se- em qualquer lugar em que se encontre o ru". Entretanto, se o citando for militar em servio ativo, no pode ser citado onde quer que se encontre, pois a lei, no caso, determina que o seja em sua residncia. O militar, em servio ativo, ser citado na unidade em que estiver servindo se no for conhecida a sua residncia ou nela no for encontrado (CPC, art. 216, pargrafo nico). Portanto, somente aps a declarao da parte de que no conhece o endereo ou a certido negativa do oficial de justia que se pode procurar o militar no quartel para fins citatrios. 475

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31.7 CITAO INICIAL DO AGENTE DIPLOMATICOA citao de agentes diplomticos brasileiros que exercem suas funes no estrangeiro realizada atravs do Ministrio das Relaes Exteriores e no atravs de rogatria. Os representantes diplomticos gozam de privilgios e isenes reconhecidos pelo Direito Internacional, inclusive de imunidade de jurisdio civil e criminal, direitos esses consagrados pela Conveno de Viena sobre relaes diplomticas, em 1956, e que o Brasil ratificou. No se pode recorrer a autoridades estrangeiras para que sejam portadoras de citao por carta rogatria aos referidos agentes, visto que as representaes diplomticas desfrutam do privilgio de extraterritorialidade. O agente diplomtico do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, ao pas, o seu domiclio, poder ser demandado no Distrito Federal ou no ltimo ponto do territrio brasileiro onde o teve (CC, art. 77).

31.8 PESSOAS A QUEM NO SE DEVE FAZER A CITAO INICIALA lei processual civil, atravs do seu art. 217, enumera as pessoas e o momento em que estas no podem ser citadas, sob pena de nulidade. Assim reza o referido dispositivo: "No se far, porm, a citao, salvo para evitar o perecimento do direito: I a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso; II ao cnjuge ou a qualquer parente do morto, consangneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III aos noivos, nos 3 (trs) primeiros dias de bodas; IV aos doentes, enquanto grave o seu estado". 476

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"Tambm no se far a citao, quando se verificar que o ru demente ou est impossibilitado de receb-la" (CPC, art. 218). Nesse caso, o oficial de justia passar certido, descrevendo minuciosamente a ocorrncia. O juiz nomear um mdico para examinar o citando e o laudo ser apresentado no prazo de cinco dias. "Reconhecida a impossibilidade, o juiz dar ao citando um curador, observando, quanto sua escolha, a preferncia estabelecida na lei civil. A nomeao restrita causa" ( 2. do art. 218, do CPC). "A citao ser feita na pessoa do curador, a quem incumbir a defesa do ru". Se, ao contrrio, o exame apurar aptido do ru para receber a citao, determinar ao oficial de justia o cumprimento do mandado.

31.9 ESTABILIZAO DA DEMANDAProcedida a citao do ru, proibido ao autor fazer qualquer modificao do pedido, exceto se houver aquiescncia do ru. o que se depreende do texto do art. 264 do CPC, in verbis: Feita a citao, defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do ru, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituies permitidas por lei. Consagra, a, o princpio da estabilidade. Esta proibio passa a incidir aps feita a citao do ru e antes do provimento judicial que declara saneado o processo; aps o saneamento processual no h mais a permisso. A alterao do pedido ou da causa de pedir diz o par. n. do art. 264 do CPC em nenhuma hiptese ser permitida aps o saneamento do processo.

31.10 EFEITOS DA CITAO INICIALNa sistemtica processual em vigor, considera-se proposta a ao, logo que a petio inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente 477

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distribuda, onde houver mais de uma vara, mas a "propositura da ao, todavia, s produz, quanto ao ru, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado" (CPC, art. 263). O art. 219 do CPC, por sua vez, dispe: "A citao vlida torna prevento o juzo, induz litispendncia e faz litigiosa a coisa; e, ainda, quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrio". A citao vlida aquela que satisfaz os requisitos exigidos pela lei; alm disso, a citao ordenada por juiz incompetente (citao no vlida) constitui em mora o devedor e interrompe a prescrio. Portanto, toda citao produz efeito, tanto a vlida como a no-vlida. A perfeita previne o juzo, induz litispendncia e torna a coisa litigiosa; a imperfeita valer para constituir em mora o devedor e interromper a prescrio, pois funciona como interpelao ou notificao. So efeitos da citao: a) prevenir a jurisdio; b) induzir litispendncia; c) tornar a coisa litigiosa; d) constituir o devedor em mora; e) interromper a prescrio.

31.10.1 Preveno do JuzoA preveno, como j frisamos anteriormente, captulo 23, figura como critrio modificador da competncia. Correndo em separado aes conexas perante juzes que tm a mesma competncia territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar (CPC, art. 106). Entretanto, tratando-se de aes conexas entre juzes concorrentes de comarcas diversas, a regra a ser observada a do artigo 219 do CPC, que diz: A citao vlida torna prevento o juzo,.... Nesse caso, em que as causas conexas ou continentes correm perante juzes de diversas competncias territoriais, a preveno se opera em favor daquele onde se fez a citao vlida. Duas so as regras a serem observadas: a) a dos juzes da mesma competncia territorial cuja preveno se opera em favor daquele que despachou em primeiro lugar mandando citar o ru, conforme determina o art. 106 transcrito acima; b) a dos juzes de competncia territorial diversa, cuja preveno se d em favor daquele que fez primeiro a citao inicial vlida. 478

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31.10.2 LitispendnciaLitispendncia significa existncia de uma demanda em andamento; a lide que no foi decidida (lites = lide, demanda) e (pendentia = pender), ou seja, causa pendente. Enfim, litispendncia a existncia de ao em andamento, que no foi julgada. Na palavra do mestre Vicente Greco Filho, a litispendncia o fato processual da existncia de ao em andamento e que produz como efeito negativo a impossibilidade de haver outro processo idntico.236 A conseqncia maior dessa pendncia a argio, pelo interessado, da preliminar de litispendncia, impedindo que uma mesma causa seja objeto de nova ao, at que a ao pendente seja decidida definitivamente. Portanto, existindo outra ao em andamento que contm as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, ou seja, a repetio ipsis litteris de ao j em andamento, h litispendncia que gera a extino da ao que se formou por ltimo (CPC, art. 267, V). A proibio da existncia de aes idnticas matria de ordem pblica, tanto que o juiz pode extinguir de ofcio, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdio.

31.10.3 Litigiosidade da coisaUma vez considerada vlida a citao, a coisa (objeto da ao) se torna litigiosa, e o seu proprietrio no mais poder praticar a sua alienao, sob pena de incorrer em fraude de execuo (CPC, art. 593). Constitui fraude de execuo o ato do devedor que pretende lesar o credor atravs da alienao ou onerao dos bens que fazem parte do litgio. Assim, a alienao da coisa litigiosa torna o ato ineficaz em face do exeqente (arts. 592, V e 593), ou seja, o bem alienado, mesmo na posse do terceiro adquirente, continuar sujeito aos efeitos da sentena proferida entre as partes.237236 Ob. cit., p. 32. 237 H..Theodoro Jr., ob. e vol. cits., pg. 266.

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31.10.4 Constituio do devedor em moraA citao considerada a mais enrgica das interpelaes (in RT 498/154). Corresponde, portanto, interpelao para efeito de purgao da mora; o devedor, com a citao, fica em mora se uma dvida ajuizada no tiver data certa de vencimento e se o respectivo ttulo no foi objeto de protesto. H casos em que a citao no produz o efeito supra. Nesse sentido pode ser lembrada a seguinte deciso: "Com o advento do Decreto lei n. 745, de 1969, sempre necessria a interpelao prvia para ao de resciso do compromisso de compra e venda, ficando sem pertinncia a jurisprudncia de que a citao para a demanda supre a falta de interpelao" (in RT 488/199); ou "aps o advento do Decreto-lei n. 745/69, a resciso do contrato de compromisso de compra e venda de imvel no loteado s possvel depois de prvia interpelao, para caracterizar a mora" (in RT 563/227). O nosso legislador no d efeito citao para o caso particular da resciso do compromisso de compra e venda porque o referido Decreto-lei n. 745 tem carter de ordem pblica, sendo portanto incontornvel pela vontade das partes. Concluindo, a citao, em regra, valer como interpelao ou notificao, mesmo quando ordenada por juiz incompetente (CPC, art. 219) constituindo o devedor em mora. Vale dizer, no havendo prazo assinado, a mora se constitui mediante interpelao judicial ou extrajudicial (CC, art. 397, par. n.).

31.10.5 Interrupo da prescrioA prescrio um instituto que tem a fora de extinguir qualquer ao que no seja exercida em determinado tempo. Cmara Leal ensina que "prescrio tem por efeito direto e imediato extinguir aes, em virtude do seu no exerccio durante um certo lapso de tempo. Sua causa eficiente , pois, a inrcia do titular da ao, e seu fator operante, o tempo".238238 Da Prescrio e Da Decadncia, pg. 366.

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A citao interrompe a prescrio, caso o direito de propor ao esteja preste a se extinguir. Alis, a citao produz esse efeito, ainda que ordenada por juiz incompetente. de relevo, que a interrupo da prescrio no ocorrer na data da citao, mas na data da propositura da ao. A interrupo da prescrio retroagir data da propositura da ao, diz o pargrafo primeiro do art. 219 do CPC. No entanto, para que essa interrupo retroaja data da propositura da ao, preciso que o autor promova a citao do ru nos dez dias subseqentes ao despacho que a ordenar, fornecendo, por exemplo, a cpia da inicial, recolhendo a diligncia do oficial de justia. Incumbe parte promover a citao do ru nos dez (10) dias subseqentes ao despacho que a ordenar; no ficando prejudicada pela demora imputvel exclusivamente ao servio judicirio ( 2 do art. 219). Vencido o prazo de dez dias sem que a citao do ru tenha ocorrido, o juiz, de ofcio e quando os autos lhe forem conclusos, prorrogar o prazo at o mximo de noventa dias. Evidentemente, se passar esse prazo sem que haja o ato citatrio, haver-se- por no interrompida a prescrio ( 4. do art. 219). Portanto dentro do prazo prorrogado, o autor ter que lanar mo de todos os meios a seu alcance para que a citao ocorra, valendo, se for o caso, at da citao por edital. No se tratando de direitos patrimoniais, o juiz poder, de ofcio, conhecer da prescrio e decret-la de imediato ( 5. do art. 219). Passada em julgado a sentena, a que se refere o pargrafo anterior, o escrivo comunicar ao ru o resultado do julgamento ( 6 do art 219).

31.11 MODALIDADES DE CITAOAps o requerimento do autor, pedindo ao juiz o chamamento do ru para se defender, surge um outro ato, por ordem do juiz, intimando o ru para ser ouvido. Essa intimao da citao pode ser feita atravs de trs formas: pelo correio, pelo oficial de justia e por edital. 481

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31.11.1 Citao pelo correioA falncia, embora no inclusa no rol do art. 222 do CPC, no admite a citao por via postal, em razo de tal modalidade no estar prevista na lei de quebras, o que, por si s, impossibilita a invocao de norma geral do sistema processual civil comum (art. 221, I, do CPC), diante de sua incompatibilidade com o sistema processual falimentar (in RT 762/254). A citao real pelo correio a forma comum de chamamento de qualquer ru (pessoa fsica ou jurdica), salvo as excees expressamente elencadas no art. 222 do CPC, o qual transcrever logo em seguida. a regra. Se o autor no desejar o emprego dessa modalidade, dever fazer requerimento explcito na petio inicial indicando que seja realizado por meio de oficial de justia. A citao ser feita pelo correio, - diz o art. 222 do CPC -para qualquer comarca do Pas, exceto: a) nas aes de estado (aquelas que versam sobre a posio da pessoa na famlia ou que dizem respeito ao estado poltico); b) quando for r pessoa incapaz; c) quando for r pessoa de direito pblico; d) nos processos de execuo; e) quando o ru residir em local no atendido pela entrega domiciliar de correspondncia; f) quando o autor a requerer de outra forma. Deferida a citao pelo correio, o escrivo ou chefe da secretaria remeter ao citando cpia da petio inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertncia a que se refere o art. 285239, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juzo e cartrio, com o respectivo endereo (CPC, art. 223).239 Segunda parte do art. 285: do mandado constar que, no sendo contestada a ao, se presumiro aceitos pelo ru, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.

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A carta ser registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o ru pessoa jurdica, ser vlida a entrega a pessoa com poderes de gerncia geral ou de administrao (parg. nico do art. 223). Essa regra, todavia, decidiu o tribunal comporta abrandamento, notadamente quando, ausente os representantes legais da sociedade, a pessoa presente no estabelecimento ainda que no legitimada representao da pessoa jurdica, recebe a carta assinando o respectivo aviso de recebimento (in RT 711/158). Comea a correr o prazo: I - quando a citao ou intimao for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento (CPC, art. 241, I).

31.11.2 Citao atravs do Oficial de JustiaFar-se- citao por meio do oficial de justia: a) nas aes de estado; b) quando for r pessoa incapaz; c) quando for r pessoa de direito pblico; d) nos processos de execuo; e) quando o ru residir em local no atendido pela entrega domiciliar de correspondncia; f) quando o autor requerer que seja feita atravs do Oficial de Justia (CPC, art. 222). g) Quando frustrada a citao pelo correio (CPC, art. 224). Nas comarcas contguas, de fcil comunicao, e nas que se situem na mesma regio metropolitana, o oficial de justia poder efetuar citaes ou intimaes em qualquer delas (CPC, art. 230). Nos casos em que a lei no permite a via postal, a intimao da citao deve ser feita atravs de oficial de justia, munido de mandado do juiz (no confundir com mandato). a chamada "citao por mandado". 483

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A "citao por mandado" diz-se real, porque se faz, efetivamente, na pessoa do ru ou na do "seu representante legal ou ainda na do procurador legalmente autorizado" (CPC, art. 215). H, ainda, a forma da citao por hora certa, que veremos mais adiante. De posse do mandado citatrio, com todos os requisitos previstos no art. 225240 do CPC, o oficial de justia procurar o ru e o citar logo, onde o encontrar. Ao localizar e identificar o citando, o oficial de justia dever ler, na ntegra, o mandado e, aps entregar-lhe a contra-f, que a reproduo fiel do mandado destinado ao citando, pedir-lhe- que aponha o ciente no mandado (art. 226, I e III). Em caso de recusa, o oficial atestar o ocorrido, e a citao ser vlida por ser o oficial de justia dotado de f pblica. Efetivada a citao, o oficial de justia recolher o mandado ao cartrio, com a respectiva certido. O incio do prazo para a defesa do ru comea a correr na data em que o escrivo juntar o mandado aos autos (CPC; art. 241, II): Quando houver vrios rus, da data de juntada aos autos do ltimo aviso de recebimento ou mandado citatrio cumprido (CPC, art. 241, III): Quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatria ou rogatria, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida (CPC, art. 241, IV).

31.11.3 Citao por hora certaA citao por hora certa nula se o oficial de justia deixa de colocar em certido os dias e horrios em que procurou a parte ou quando o escrivo no remete carta, telegrama ou radiograma, dando cincia ao ru da sua realizao (in RT 819/182).240 Art. 225: O mandado, que o oficial de justia tiver de cumprir, dever conter: I os nomes do autor e do ru, bem como os respectivos domiclios ou residncias; II o fim da citao, com todas as especificaes constantes da petio inicial, bem como a advertncia a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litgio versar sobre direitos disponveis: III a cominao, se houver; IV o dia, hora e lugar do comparecimento; V cpia do despacho; VI o prazo para defesa; VII a assinatura do escrivo e a declarao de que o subscreve por ordem do juiz.

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Da Citao e da Intimao

Pode acontecer que, aps ter procurado o ru por trs vezes em seu domiclio ou residncia, o oficial de justia suspeite que o ru esteja se ocultando. Nesse caso, procurar qualquer pessoa da famlia, desde que capaz (in RT 482/180) ou, em sua falta, qualquer vizinho maior, transmitindo-lhe que, no dia imediato, procurar o ru em hora determinada para fazer-lhe a citao. Morando o citando em edifcio de apartamentos, pode a hora certa ser levantada na pessoa do porteiro ou do zelador" (in RT 730/268). No dia e hora designados, o oficial de justia comparecer ao domiclio ou residncia do citando; se no o encontrar, inquirir a pessoa com quem deixou o recado e, se se convencer, realmente, de que o citando est se ocultando, dar por feita a citao. Caso contrrio, o oficial de justia no ultimar a citao e prosseguir a diligncia. A consumao da citao por hora certa deve ser comunicada pelo escrivo, atravs de carta, telegrama ou radiograma (art. 229). A propsito, o Tribunal de Alada de So Paulo j decidiu que "a citao com hora certa deve obrigatoriamente ser completada com a expedio de carta, como determina o art. 229 do Cdigo de Processo Civil" (in RT 488/121). Tratando-se de citao com hora certa, o prazo para contestao tem o seu incio com a juntada aos autos do mandado cumprido (CPC, art. 241, II). No que tange exigncia da expedio da carta, diverge a jurisprudncia. Veja o que decidiu, certa vez, o mesmo tribunal: O expediente da carta do escrivo nada mais do que providncia suplementar, para tornar mais certa a cincia da citao, mas no constitui elemento integrante do respectivo ato citatrio" (in RT 469/140).

31.11.4 Citao por editalA preocupao do legislador que se faa, sempre que possvel, a citao pessoal ao ru, ou ao seu representante legal, ou ao seu procurador legalmente autorizado. Mas, se o citando for desconhecido, ou se for conhecido, mas encontra-se em lugar incerto e no sabido, ou ainda, se o lugar for conhecido mas inacessvel, ou mais, se for includo num dos casos previstos em lei (CPC, art. 231), permitida a citao por edital. 485

Teoria Geral

Citao por edital a que se faz atravs de avisos (ditos), publicados pela imprensa e afixados na sede do juzo. uma forma de citao ficta. Ficta porque no h certeza que o efetivo conhecimento seja levado ao ru; presume-se que o citando venha a ler os avisos. Far-se- a citao por edital: a) quando a pessoa do citando desconhecida Quando o ru desconhecido, tecnicamente no se trata de verdadeira citao, pois esta o chamamento de pessoa certa, determinada e individualizada para formar a relao jurdico-processual, vinculando autor, ru e juiz reciprocamente, ocasio em que nascem, ao mesmo tempo, direitos e deveres mtuos, conhecidos como "relao triangular", observada pela primeira vez por Oskar Blow, em 1868. Ora, se o ru desconhecido, a relao processual no se forma. A citao, por edital, de pessoa desconhecida, na verdade representa um meio legal de comunicar um ato ao pblico, aos possveis interessados desconhecidos, provocando-os a agir. Em suma, o edital no satisfaz o princpio do recebimento da citao quando o ru desconhecido, porque no se pode chamar a juzo e vincular pessoas indeterminadas ou desconhecidas. Ficticiamente, o Cdigo prev a citao dessa espcie de pessoas, mas a sentena pronunciada contra elas no pode ser oposta a exceptio rei iudicata (exceo da coisa julgada). b) quando o ru conhecido, mas se encontra em lugar incerto ou no sabido, ou o lugar conhecido, mas inacessvel Nesse primeiro caso (ru conhecido lugar incerto), a citao fica vinculada relao jurdico-processual e, portanto, vlida, previne a jurisdio e torna efetiva a cominao contida na provocatio, cuja sentena passa a ter fora de res iudicata erga omnes (coisa julgada contra todos). Exemplo do segundo caso (lugar conhecido, mas inacessvel) ocorre, quando posseiros ocupam determinada gleba de terra e impedem a passagem de qualquer pessoa, defendendo-a a todo custo; o caso tambm do ru que est no estrangeiro e o pas onde se encontra se recusa a cumprir a carta rogatria ( 1. do art. 231). 486

Da Citao e da Intimao

Nas hipteses acima, a citao ser complementada com a notcia radiofnica ( 2. do art. 231). c) nos casos expressos em lei: A lei prev diversos casos de citao por edital, como a hiptese de citao dos credores do devedor insolvente (art. 761, II), ou da citao dos herdeiros no inventrio (art. 999, 1.), ou ainda a citao dos rus ausentes, incertos e desconhecidos no processo de usucapio (art. 942).

31.12 REQUISITOS DA CITAO POR EDITALA validade da citao por edital depende de certas formalidades, cujos requisitos esto enumerados no art. 232 do CPC, in verbis: "So requisitos da citao por edital: I quantas circunstncias previstas nos nmeros I e II do artigo antecedente; II a fixao do edital, na sede do juzo, certificada pelo escrivo; III a publicidade do edital no prazo mximo de 15 (quinze) dias, uma vez no rgo oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; IV a determinao, pelo juiz, do prazo, que variar entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicao; V as a afirmao do autor, ou a certido do oficial, a advertncia a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litgio versar sobre direitos disponveis. 1. Juntar-se- aos autos um exemplar de cada publicao, bem como do anncio, de que trata o nmero II deste artigo. 2. - A publicao do edital ser feita apenas no rgo oficial quando a parte for beneficiria da Assistncia Judiciria. 487

Teoria Geral

Para que seja possvel a citao por edital, quando o ru desconhecido ou, se conhecido, est em lugar incerto e no sabido ou, mesmo conhecido, est em lugar certo mas inacessvel ao oficial de justia, torna-se imprescindvel a afirmao prvia da ocorrncia de uma dessas situaes pelo oficial de justia ou pelo autor (inciso I). A propsito, o TJSC j decidiu certa vez que "no se justifica a citao por edital quando o ru, com residncia conhecida e trabalhando em lugar certo, no encontrado na nica vez em que foi procurado" (in RT 418/334). preciso haver certeza de que o ru se encontra em lugar incerto e no sabido e o oficial de justia, para certificar o ocorrido, deve antes tentar a localizao da pessoa a ser citada, lanando mo de todos os meios ao seu alcance. S depois de esgotadas as possibilidades e certificada a ausncia do ru ou interessado, que tem lugar a citao ficta. Se a afirmao porm partir do autor, e posteriormente ficar provado que este agiu com dolo para promover a citao por edital, a lei impe uma multa prevista no art. 233 do CPC, que assim dispe: "A parte que requerer a citao por edital, alegando dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrer em multa de 5 (cinco) vezes o salrio mnimo vigente na sede do juzo. Pargrafo nico. A multa reverter em benefcio do citando". Continuando a anlise do art. 232, ao determinar a citao por edital, o juiz dever fixar, necessariamente, o prazo para divulgao, que oscilar entre o mnimo de 20 dias e o mximo de 60 dias (inciso IV). Aps o despacho do magistrado, que inevitavelmente dever conter o prazo, o edital ser divulgado, quer interna, quer externamente. Internamente, pela fixao do edital em lugar prprio do edifciosede do juzo (inciso II) e, externamente, pela imprensa oficial, uma s vez, e por duas vezes, pelo jornal que circula na comarca (inc. III). Finalmente, essas publicaes devem ser anexadas aos autos, bem como o anncio de que foi afixado no edifcio-sede do juzo (pargrafo nico). Comea a correr o prazo: V - quando a citao for por edital, finda a dilao241 assinada pelo juiz (CPC, art. 241, V).241 Dilao a determinao de um prazo.

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Da Citao e da Intimao

31.13 DA INTIMAOIntimao, na definio legal, "... o ato pelo qual se d cincia a algum dos atos e termos do processo, para que faa ou deixe de fazer alguma coisa" (CPC, art. 234). O objetivo da intimao, portanto, cientificar, avisar o advogado de determinado ato judicial. Essa incumbncia est a cargo do escrivo, que a efetua de ofcio, independente-mente de requerimento da parte, quer intimando diretamente a pessoa nos prprios autos em cartrio, quer enviando ao rgo oficial para ser publicado, quer mediante carta registrada, quer expedindo mandado a ser cumprido pelo oficial de justia. De qualquer maneira, o escrivo ou o oficial de justia deve declarar as circunstncias em que a intimao feita, quando esta for pessoal: se em cartrio, se por carta, por petio ou mandado. O Tribunal no aceitou como vlida a intimao pessoal do advogado por telefone com fundamento de que esta s pode ser feita em cartrio, vista dos autos, para pronto exame destes (in RT 527/200). Alis, o ato da intimao ato solene. Veja o contedo do art. 239 do CPC: Far-se- a intimao por meio de oficial de justia quando frustrada a realizao pelo correio. Pargrafo nico. A certido de intimao deve conter: I a indicao do lugar e a descrio da pessoa intimada, mencionando, quando possvel, o nmero de sua carteira de identidade e o rgo que a expediu; II a declarao de entrega da contra-f; III a nota de ciente ou certido de que o interessado no a aps no mandado.

31.14 DESTINATRIO DA COMUNICAO DO ATO PROCESSUAL de vital importncia que as partes tomem conhecimento dos atos judiciais. Como o advogado quem pratica o ato, ele, e no a parte, quem deve ser intimado do ato processual. Somente em alguns casos especiais que a lei exige que seja feita, pessoalmente, parte, como no caso, por exemplo, de abandono do processo (CPC, art. 267, 1.). Farse- a intimao por meio de oficial de justia quando frustrada a realizao pelo correio (CPC, art. 239). 489

Teoria Geral

Se o advogado domiciliado no Distrito Federal, ou nas Capitais dos Estados, ele intimado atravs da publicao no rgo oficial (CPC, art. 236). Nas comarcas do interior, a intimao no precisa ser feita por rgo oficial. Basta que seja rgo da imprensa de publicao dos atos oficiais. Na inexistncia de tal rgo, competir ao escrivo intimar os advogados das partes de todos os atos do processo: I pessoalmente, tendo domiclio na sede do juzo; II por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado fora do juzo. O Ministrio Pblico intimado pessoalmente pelo escrivo ( 2. do art. 236 do CPC). O que importante observar para a validade da intimao, que a publicao dever conter o nome do advogado, porque ele o intimado, sob pena de nulidade do ato. No h necessidade de constar os nomes de todos advogados que cada uma das partes haja constitudo in solidum; basta o nome de um dos advogados de cada uma das partes (in RT 744/148). A omisso do nome do causdico na publicao para intimao de despacho viola o art. 236, 1., do CPC, tornando-se nula na forma prevista pelo art. 247 do mesmo diploma legal (in RT 742/373).

JURISPRUDNCIA

1. "Em execuo fiscal, o prazo prescricional no se interrompe apenas com o despacho ordenatrio de citao como dispe o 2. do art. 8. da Lei 6.830/80 (Lei de Execues Fiscais), mas com a citao efetiva, como prev o art. 174, pargrafo nico, I, do CTN. A falta de citao, por inrcia da Fazenda, durante mais de cinco anos resulta em prescrio, acarretando a extino do processo, nos termos do art. 269, IV, do CPC" RT 652/88. 2. "O menor relativamente incapaz deve ser pessoalmente citado, com a assistncia dos responsveis. O chamamento efetuado sem esta cautela gera nulidade por cerceamento de defesa" RT 652/96. 3. Para a validade da citao de pessoa fsica pelo correio, no basta a entrega da correspondncia no endereo do citando; necessrio que o destinatrio assine o recibo sob pena de nulidade processual RT 827/322.

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Da Citao e da Intimao4. "Tratando-se de matria falimentar, a melhor regra, sobretudo diante da divergncia jurisprudencial, a exigncia de que a citao seja feita em pessoas consignadas no estatuto ou contrato social para represent-la em juzo, ou, mesmo no consignadas, que induvidosa seja sua qualidade para tanto" RT 638/167. No mesmo sentido: RT 590/137. 5. "Sendo ru pessoa jurdica, vlida a citao postal (CPC, art. 222 e 223) se recebida a carta por simples funcionrio da empresa, no sendo necessrio que o seja exclusivamente por pessoa ou pessoas que, instrumentalmente ou por delegao expressa, representem a sociedade. No iria a lei adjetiva estabelecer a til figura da citao por carta com tais restries, pena de faz-la natimorta, porquanto no crvel quisesse o legislador erigir o carteiro em notrio capaz de e hbil para examinar e decidir representao, poderes, qualificao, alm de garante da identidade efetiva do recipiendrio" RT 620/128. 6. vlida a citao de condmino feita pelo correio, entregue a carta citatria ao porteiro do edifcio onde reside o ru. Considerando-se que os carteiros, por questes de segurana, no tm acesso aos apartamentos situados em edifcios condominiais, no se pode deixar de considerar vlida a citao epistolar feita mediante a entrega da carta AR ao porteiro ou zelador do edifcio em que reside o requerido RT 826/290. 7. "Se a petio inicial omissa no tocante indicao do representante legal da r ou de quem esteja munido de poderes para represent-la, deve esta suportar as conseqncias de sua incria" RT 611/161. No mesmo sentido: RT 730/285, 608/127, 601/104, 585/201. 8. "Na ao reivindicatria, havendo pluralidade de rus de identidades desconhecidas, exigir-se que sejam todos qualificados na inicial seria cercear o direito do proprietrio de reivindicar sua propriedade. Far-se-, portanto, a citao de quantos forem encontrados na rea, especificando-se na certido do oficial de justia a identificao dos citados, para que haja um exame de cada caso por ocasio do despacho saneador, j que se cuida de pluralidade de ocupantes, respondendo cada um, isoladamente, pela ocupao" RT 606/81. No mesmo sentido: RT 735//305 9. Tratando-se de ao monitria, no h qualquer impedimento legal para que a citao se efetive via correio, desde que respeitadas as formalidades referentes citao postal, conforme o disposto nos arts. 221, I, 223, 240 e 241, I, do CPC; havendo dvida sobre a efetivao do ato citatrio, o juiz poder determinar que seja procedido por oficial de Justia RT 824/255. 10. "O prazo para contestao quando a citao realizada com hora certa comea a fluir da data da juntada do mandado aos autos, independentemente de j ter sido remetida ou no a carta a que se refere o art. 229 do CPC, pois, a despeito de ser providncia de carter obrigatrio, a omisso ou retardamento do ato pelo escrivo no pode atingir a validade e eficcia da citao" RT 640/165.

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Teoria Geral11. "Existindo na certido do oficial de justia erro fundamental de identificao pessoal do citando, a citao nula, ainda mais se, efetivada por hora certa, foi a contra-f entregue pessoa da famlia que no tinha interesse em fazer chegar o fato citatrio ao efetivo conhecimento do ru e nem lhe foi entregue a carta de cincia determinada no art. 229 do CPC" RT 631/150. 12. "Descabe a citao por hora certa no processo de execuo. No encontrado o devedor, por qualquer motivo mesmo que se esteja ocultando para furtar-se citao incumbe ao oficial de justia proceder ao arresto de bens e demais diligncias determinadas no art. 653 e pargrafo do CPC" RT 618/196. 13. "Havendo suspeita de ocultao do ru, impe-se a citao com hora certa, e no por edital, constituindo o desentendimento a esta formalidade, em face da ocorrncia de prejuzo evidente, nulidade insanvel, inadmissvel de ser contemplada como mera irregularidade. Nas citaes presumidas ser sempre nomeado curador lide, a quem cumpre apresentar contestao, afastada a revelia e impossibilitada a presuno dela decorrente, efeitos, estes, s acarretados nos casos de citao feita pessoalmente" RT 597/208. 14. "Vlida a citao por edital no caso de invaso de reas de terras por favelados, dado o carter coletivo dos interesses e para assegurar s partes o respeito aos princpios constitucionais do processo" RT 603/61. 15. "Se o ru, apesar encontrado em nenhuma delas empregado que desconhece seu encontrar-se em lugar incerto e edital" RT 625/79. de possuir duas residncias, no em vrias tentativas, informando seu paradeiro, correta a caracterizao de no sabido, convalidada a citao por

16. "Se o mandato foi substabelecido com reserva de poderes, permanece como procurador da parte o substabelecente, sendo irrelevante a omisso, na publicao, do nome do outro advogado, pois, tendo a parte mais de um procurador, considera-se vlida a intimao em que tenha constado o nome de apenas um deles" RT 618/89. No mesmo sentido: RT 597/101. 17. "Nos processos que correm em segredo de justia, correta a publicao das intimaes com a indicao apenas das iniciais das partes, e no pelos seus nomes por extenso, sob pena de violar o art. 155 do CPC" RT 612/86. 18. Tem-se por efetivada a intimao na data em que o advogado da parte retira os autos do cartrio, comeando a correr o prazo para a interposio do recurso a partir do primeiro dia til subseqente RT 725/305.

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Da Citao e da Intimao19. A citao por hora certa nula se o oficial de justia deixa de colocar em certido os dias e horrios em que procurou a parte ou quando o escrivo no remete carta, telegrama ou radiograma, dando cincia ao ru da sua realizao RT 819/182. 20. Tratando-se de citao pelo correio, a juntada do aviso de recebimento no perodo de frias, ter efeito a partir do primeiro dia til aps a efetivao da citao, quando inexistir ato que venha ameaar o direito da parte. Dessa forma, no h falar em intempestividade da contestao RT 817/265. 21. Em casos excepcionais, possvel aplicar a teoria da aparncia para considerar vlida a citao da pessoa jurdica feita na pessoa de seu advogado. No presente caso, o advogado da empresa assinou o mandado de citao sem ressalvas RT 814/184. 22. O comparecimento espontneo do ru ao processo supre a ausncia de citao RT 814/273. No mesmo sentido: RT 785/195. 23. O pedido de habilitao nos autos, formulado por advogado, sem poderes especficos para receber a citao, no pode ser considerado como comparecimento espontneo do demandado RT 805/369. 24. Tratando-se de empresa de grande porte, fabricante de veculos, com atuao tradicional, intensa e notria em todo o territrio nacional, onde so vendidos automveis e caminhes por intermdio de extensa rede de concessionrias, sujeitas a sua orientao e fiscalizao, inclusive no tocante ao pblico consumidor dos produtos, de se supor que os responsveis por suas filiais no Estado possuam poderes de representao, cabvel, em tais circunstncias, a aplicao da teoria da aparncia para considerar-se legtima a citao feita em escritrio no Rio de Janeiro, relativamente a ao indenizatria movida por cliente em face de defeito encontrado em carro daquela marca RT 801/169. 25. perfeitamente vlida a citao realizada na pessoa de um dos scios da empresa, ainda que o contrato social estipule a necessidade de todos serem citados, eis que atingido o objetivo do ato citatrio, qual seja a cincia inequvoca da pessoa jurdica e que existe ao judicial ajuizada em face dela, sendo, portanto, inadmissvel que um contrato particular sobreponha-se lei, criando restries sua aplicao RT 792/276. 26. Nada impede que, no encontrada a executada, nem bens a penhorar, seja determinada a citao por edital do devedor, se requerida pelo exeqente. Em tal hiptese, a citao ter, entre outros, o efeito de interromper o prazo prescricional RT 780/246. 27. A citao, salvo as excees legais, ato fundamental formao do processo, razo pela qual agride o contraditrio e, via de conseqncia, o due process of law, se realizada ao arrepio do sistema legal. Em face do direito vigente, e na linha dos precedentes da Corte,

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Teoria Geralinvlida a citao feita na pessoa de empregado, sem poderes de representao, que sequer era gerente, mxime se o oficial de justia foi informado que na agncia os funcionrios estavam desautorizados a receber citao em nome do estabelecimento bancrio RT 770/197. 28. E incabvel a pretenso de devoluo do prazo para interposio de apelao, sob o argumento de que os advogados do interior no foram intimados. O certo que se a intimao foi realizada na pessoa do titular do escritrio, o qual todos os outros advogados estariam ligados, no h falar em qualquer vcio RT 816/257. No mesmo sentido: RT 779/182. 29. A intimao deve essencialmente conter o nome da parte, no bastando que na publicao conste apenas o do advogado, sob pena de nulidade RT 815/253. 30. Por no se tratar de requisito essencial validade do ato, a inexistncia ou irregularidade do nmero de inscrio na OAB do patrono da parte nas publicaes oficiais no gera qualquer nulidade no processo, prevendo a lei como bastante para a sua formalizao o nome correto do patrocinado e de seu advogado (CPC, 1, do art. 236) RT 796/318. 31. Nas comarcas do interior, a intimao de advogado por via postal est de acordo com o art. 238 do CPC, ainda que existente no local rgo credenciado pelo Poder Judicirio para veicular os atos oficiais. No h necessidade de entrega pessoal da correspondncia ao advogado, no constituindo ofensa ao art. 237 do CPC o recebimento da correspondncia por terceiros (porteiro do condomnio), desde que remetida para o endereo constante nos autos, fornecido pelo prprio causdico RT 795/381. 32. A intimao de representante judicial da Fazenda Pblica h de se fazer, sempre e necessariamente, na modalidade pessoal. o que prev o art. 25 da Lei 6.830/80. A respeito, deve-se entender como pessoalmente realizada a intimao em que a comunicao do ato processual efetivada via mandado ou com a entrega dos autos, diretamente, ao procurador legitimado a receb-los RT 795/404. 33. A citao do ru feita trs dias aps o falecimento do seu sogro, em desacordo, portanto, com o art. 217, II, do CPC, no enseja a nulidade absoluta do ato, mas mera irregularidade que poder determinar a sua anulao, dependendo das circunstncias do caso concreto RT 755/323. 34. Para a Unio, que detm a prerrogativa de ser intimada pessoalmente, o termo inicial da contagem do prazo recursal comear da cientificao do membro da Advocacia-Geral da Unio Arts. 240 e 242 do CPC. Embora a lei se refira intimao pessoal, esta no h que se confundir com a intimao realizada por oficial de justia Art. 239 do CPC RT 826/185. 35. No cabe a intimao de terceiro para prestar informaes sobre o paradeiro do ru, por total falta de amparo legal. Ao Poder

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Da Citao e da IntimaoJudicirio, que no rgo de investigao, no compete efetuar diligncias para assegurar ao particular a defesa de seus interesses patrimoniais RT 823/278. 36. vlida a citao por via postal com AR recepcionada por empregado da empresa, em sua sede, que no tenha poderes estatutrios para representar em juzo a empresa RT 828/396.No mesmo sentido: RT 839/364, 838/232. 37. O due process of law tem como um de seus principais fundamentos a regularidade da citao. Citado o ru interdito diretamente, e no na figura de seu curador, no h formao da relao jurdica processual RT 838/236. 38. Se a intimao se destina apresentao de memoriais, que ato privativo de advogado, deve constar da publicao, necessariamente, o nome do causdico, sob pena de nulidade, ainda que nela figure o nome completo da parte que ele representa RT 832/286. 39. No localizado o devedor em seu domiclio, cujo endereo fora por ele fornecido, em razo de mudana no curso do processo, encontrando-se em local ignorado, admissvel que a intimao do leilo venha a ser feita por edital RT 839/380. 40. Citao pelo correio. Alegao de recebimento do AR em endereo em que o ru no possui agncia, e por pessoa no pertencente ao quadro de funcionrios. Hiptese em que, no caso concreto, no se pode extrair a presuno de que o AR foi recebido por preposto da r, autorizado a receber a citao. Nulidade reconhecida RT 840/280.

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