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Turma e Ano: Flex A (2014)
Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 14
Professor: Elisa Pittaro
Conteúdo: Citação; Resposta Preliminar; Absolvição Sumária; Audiência de
Instrução e Julgamento. Emendatio e Mutatio Libellis. Lei 9.099/95 – Princípios.
Citação:
Modalidades de Citação:
1) Citação pessoal por oficial de justiça – é a regra no processo penal
2) Citação por edital – está prevista no art. 366 CPP, sendo utilizada quando o réu
estiver em local incerto e desconhecido. Se ele não comparecer nem constituir
advogado, ficarão suspensos o curso do processo e a prescrição
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de 2008)
3) Citação por hora certa (art. 362 CPP) – é utilizada quando o réu se oculta para não
ser citado. Diferente do que ocorre na citação por hora certa, a ação penal
prosseguirá com a presença de um curador.
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial
de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na
forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de
1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
2008).
A citação por edital leva a suspensão do processo por conta do Pacto de São José
da Costa Rica, que estabelece que o denunciado deve ter pleno conhecimento da
existência de uma infração penal para poder contradita-la. Sendo modalidade de citação
ficta, não existe esse conhecimento.
Como a citação por hora certa também é espécie de citação ficta, ela deveria
receber o mesmo tratamento da citação por edital. Como isso não ocorreu, parte da
doutrina afirma que ela é incompatível com a ampla defesa e com o Pacto de São José da
Costa Risca (argumento que pode ser utilizado em Provas da Defensoria).
Resposta Preliminar:
A resposta preliminar substituiu a antiga defesa prévia, porém, a sua apresentação é
imprescindível, sob pena de ser nomeado um defensor público para fazê-lo. Isso porque é
na resposta que a defesa deverá especificar todas as provas que pretende produzir na
AIJ, como também alegar todas as questões que levem o juiz a absolver o réu
sumariamente, conforme art. 397 CPP.
Absolvição Sumária (art. 397 CPP):
Apresentada a resposta, os autos serão conclusos ao juiz, que analisará a
possibilidade de aplicar o art. 397 CPP (absolvição sumária).
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Absolvição Sumária por extinção da punibilidade – Apelação x RSE?
Nas hipóteses taxativas do art. 397 CPP, o juiz proferirá sentença de mérito
absolvendo o réu sumariamente em decisão capaz de formar coisa julgada material. Sendo
uma sentença de mérito, o recurso correto é a apelação. Porém, a hipótese do inciso IV
(extinção da punibilidade – já era tratada no CPP com Recurso em Sentido Estrito (RSE),
conforme art. 581, VIII CPP.
Para Pacelli, como o legislador tratou a decisão que extingue a punibilidade como
uma sentença absolutória, o recurso correto seria a apelação, com a revogação tácita do
art. 581, VIII CPP.
Princípio da Identidade Física do Juiz:
O art. 399, §2º CPP trouxe para o processo penal o Princípio da identidade física do
juiz, vinculando a proferir sentença o juiz que concluiu a instrução.
Art. 399, §2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a
sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Para Paulo Rangel, devemos utilizar todas as regras do processo civil que tratam
desse princípio, de forma que a vinculação ocorra com o juiz que concluiu a instrução.
Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ)
AIJ:
Oitiva da vítima
Oitiva testemunha de acusação
Oitiva testemunha de defesa
Interrogatório
Debates Orais
Sentença Oral
Interrogatório:
Com a reforma, o interrogatório passou a ser o último ato da instrução nos
procedimentos ordinário e sumário. Porém, existem alguns procedimentos especiais onde o
interrogatório é o 1º ato da instrução, como por exemplo na Lei de Drogas. Diante disso,
muitos juízes vêm realizando uma interpretação sistemática (não há previsão legal
específica) invertendo os interrogatórios também nos procedimentos especiais.
EMENDATIO LIBELLI:
É uma emenda na capitulação, que se destina a ajustar o fato imputado com a
capitulação (muito comum em erros materiais).
Pelo CPP, o momento correto para realizarmos a emendatio libelli é na sentença,
porém não haveria aqui qualquer nulidade se o juiz promovesse essa correção no
momento do recebimento da denúncia, uma vez que a imputação permanecerá inalterada.
Quando o juiz realiza a emendatio libelli, ele precisa ouvir a defesa?
1) Jurisprudência Pacífica – Não há necessidade de ouvir a defesa, pois o
réu não se defende da capitulação, mas sim dos fatos imputados, que
permanecerão inalterados.
2) Geraldo Prado – Nem sempre é fácil diferenciarmos mutatio de emendatio
libelli, sem contar que a capitulação atualmente serve de parâmetro para
uma série de benefícios e, portanto, seria necessário ouvir a defesa.
MUTATIO LIBELLI:
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Ocorre quando durante a instrução criminal surge um dado novo que muda a
imputação, levando ao reconhecimento de um outro crime, diverso daquele que consta na
denúncia.
De acordo com o art. 384 CPP, caberá ao MP aditar a denúncia. Não há sequer
previsão legal do juiz provocar esse aditamento e, por isso, o máximo que ele poderá fazer
é aplicar o art. 28 CPP.
O que o juiz poderá fazer se o PGJ entender que a hipótese não é de
aditamento?
1) Tourinho – Resta ao juiz a absolvição, pois para ele ficou comprovado que
aquele fato imputado não ocorreu.
2) Jurisprudência – Ele pode condenar nos moldes da denúncia, mesmo porque
existe uma imputação válida, e isso evitaria a formação de uma coisa julgada
injusta.
“A” foi denunciado por furto qualificado pela fraude. Durante a instrução criminal,
surgiram elementos que apontavam para o estelionato. O juiz pode desclassificar na
sentença ou há necessidade de mutatio libelli?
Quem se defende de um furto, não está automaticamente se defendendo de
um estelionato. Logo, em obediência ao Princípio da Correlação, há
necessidade de mutatio libelli.
“A” foi denunciado por homicídio culposo praticado por imprudência. Durante a
instrução, surgiram elementos que apontavam para uma conduta negligente. O juiz
pode “desclassificar” ou há necessidade de mutatio libelli?
Quem se defende de uma conduta imprudente não está automaticamente se
defendendo de uma conduta negligente, logo, há necessidade de mutatio.
“A” foi denunciado por roubo praticado com emprego de ameaça. Durante a
instrução criminal ficou comprovado que não houve emprego de grave ameaça,
subsistindo apenas um furto. Há necessidade de mutatio libelli?
Quem se defende de um roubo, está se defendendo de um furto. Logo, o juiz
pode “desclassificar” na própria sentença realizando uma emendatio libelli.
- Procedimento da Lei 9.099/95 (JECRIM) –
I) Princípios:
1. Oralidade:
Este princípio traz consigo 3 subprincípios consectários:
a) Concentração – significa “apertar o feito ao máximo”, limitando-o em uma
ou poucas audiências.
b) Imediação – o juiz fica em contato direto com as partes e as provas,
arrecadando pessoalmente todo o material de convicção.
c) Identidade Física do Juiz
2. Celeridade e Economia Processual:
A resposta jurisdicional na Lei 9.099 deve ser rápida, pois justiça morosa é sinônimo de
injustiça (Rui Barbosa).
Por conta da celeridade e da economia processual, o legislador trouxe duas hipóteses
de deslocamento de competência do Juizado para a Vara Criminal:
1) Necessidade de citação por edital
2) Diante da complexidade do caso, o MP não consegue oferecer denúncia
oral (art.
Ao chegar na Vara Criminal, o rito a ser adotado é o sumário, conforme art. 538
CPP. Uma vez remetido à Vara Criminal, o feito não retorna mais ao Juizado,
permanecendo na Vara, sem prejuízo de aplicar as medidas despenalizadoras da Lei
9.099.
3. Informalidade:
Não há apego à forma no Juizado, mas sim a finalidade pela qual ela foi instituída (a
ideia é desburocratizar a justiça).