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ideias
O médico convive melhor com as citações do que a maioria das pessoas. Para estas, são quase
sempre preciosismos que o sujeito lança mão para
aparecer. Em uma cultura pouco letrada como a
nossa, chegam a ser ofensivas, embora devessem ser
utilizadas para dar melhor esclarecimento às ideias
que estão sendo expressas ou discutidas.
Como faz parte da vida intelectual do médico ava-
liar informações, conceitos, indícios ou provas, tem
que recorrer a referências bibliográficas e ter formação
científica para analisar material e métodos. E para refe-
rendar ou não as conclusões do autor ou dos autores.
Mas vive de autores e, logo, de citações. Assim
mesmo, pesquisa feita pelo pessoal da Mc Master e
publicada em 1981 no Canadian Medical Association
CITAÇÕES: FASCÍNIO OU EXIBICIONISMO?
Journal, e que listava os 10 principais motivos para
que os médicos liam revistas científicas – e portanto
as citavam –, colocava em primeiro lugar a resposta
“para impressionar os outros”.
Não adianta, é bíblico, tudo é vaidade. De qualquer
forma, na prática, a citação faz sentido quando é natu-
ral e explicativa, concernente e orgânica. Um profes-
sor que esteja ministrando uma aula e que seja articu-
lado e tenha vocabulário extenso, vez ou outra expele
um vocábulo que não atinge a maioria. Se repararmos
bem, na maioria das vezes é a palavra mais apropriada
e eufônica para dar sentido à ideia.
Pois o bom professor tem algumas ideias básicas
para expressar e improvisa o discurso em cima da
pauta. Seria mal-vinda se fosse forçada, só para mos-
Domi
cio Pe
dros
o - Fa
vela,
1992
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música
SOBRE GRANDES IDEIAS
Durante alguma conferência, você já ouviu alguma
grande ideia? Claro que sim. Mas por certo não foi
criada para tal exposição. A vaidade humana faz
com que toda grande ideia, hoje, seja publicada
antes, para não ser apropriada. Ou, se furtada, para
que saibamos que teve dono. Teve, porque uma vez
solta no mundo, fica sem dono. Sendo usada, mal
usada, ignorada, hermetizada – e num clarão –
compreendida. É o choque do reconhecimento, tão
essencial no livre mercado das ideias.
Uma conferência pretende tão somente criar
uma impressão no ouvinte, ser modificadora. Do
quê? Sabe-se lá. Cada um aproveita como pode e
quer. Isto é, à sua maneira, como dizia o Quintana:
“Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais faz que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua...”
Os saberes, em sua impermanência crua, ges-
tam em ti.
Trilhas do Iátrico
ON A CLEAR DAY
Confira as trilhas sonoras do Iátrico no Portal do CRM-PR.
1. OVERJOYED(Stevie Wonder)Celine Dion e Stevie Wonder
2. IT’S TOO LATE BABY, TOO LATE(Buddy Johnson, John Brown)Arthur Prysock
3. CARUSO(Lucio Dalla)Lara Fabian
4. ON MY OWN(Burt Bacharach, Carole Bayer Sager)Patti La Belle e Michael McDonald
5. ANGIE(Jagger, Richards)Rolling Stones
6. AS TEAR GO BY(Jagger, Richards, Oldham)Felicia Wong
7. OH VERY YOUNG(Cat Stevens)Cat Stevens
8. CAN’T TAKE MY EYES OF YOU(Bob Crewe, Bob Gaudio)Nancy Wilson
9. I APOLOGIZE(Al Hoffman, Al Goodhart, Ed Nelson)Billy Eckstine
10. OCEANS AWAY(Elton John, Bernie Taupin)Elton John
11. MY HEART CAN’T TELL YOU NO(Simon Climie, Dennis Morgan)Rod Stewart
trar erudição. Quando isso ocorre, é como se o vocá-
bulo fosse um elemento estranho no contexto, imedia-
tamente rejeitado por quem acompanha o raciocínio,
por ser extemporâneo.
Ademais, há sempre a justificativa da necessi-
dade de ampliarmos os horizontes de uma audiên-
cia ou dos leitores. As citações, quando pertinentes,
serão sempre fascinantes. Invoco para dar fecho
com o saudoso José Guilherme Merquior, intelectual
de primeira e grande citador, que dizia: “Se cito é por
ali; se ali aprendi e, se confesso que preciso de aval
ao que estou pensando e me socorro dos outros, é
prova de humildade”. Taí! Sem a citação, o texto não
seria o mesmo.