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CITOLOGIA DA TALASSEMIA ALFA Foto 1 : Talassemia Alfa Mínima em sangue periférico corado com azul de crezil brilhante. Comentários: A investigação laboratorial da talassemia alfa mínima se faz por meio da identificação da Hb H em técnicas citológicas ou eletroforéticas. A talassemia alfa mínima é, portanto, difícil de ser detectada na rotina, pois suas alterações são quase imperceptíveis, como o exemplo da foto 1. Nesta foto, o eritrócito com Hb H está identificado por H. A letra R identifica reticulócitos, e as letras HZ é a indicação de corpos de Heinz. O eritrograma e a morfologia de um portador de talassemia alfa mínima são normais. A prevalência de portadores com esta alteração é, em média, 25% na população brasileira.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA ALFA

Foto 1: Talassemia Alfa Mínima em sangue periférico corado

com azul de crezil brilhante.

Comentários: A investigação laboratorial da talassemia alfa mínima se

faz por meio da identificação da Hb H em técnicas citológicas ou

eletroforéticas. A talassemia alfa mínima é, portanto, difícil de ser

detectada na rotina, pois suas alterações são quase imperceptíveis, como

o exemplo da foto 1. Nesta foto, o eritrócito com Hb H está identificado

por H. A letra R identifica reticulócitos, e as letras HZ é a indicação de

corpos de Heinz. O eritrograma e a morfologia de um portador de

talassemia alfa mínima são normais. A prevalência de portadores com

esta alteração é, em média, 25% na população brasileira.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA ALFA

Foto 2: Talassemia Alfa Menor em sangue periférico corado com

corante de rotina hematológica (Leishman).

Comentários: Na talassemia alfa menor a investigação laboratorial se

faz por citologia específica da precipitação de Hb H por uso do corante

azul de crezil brilhante (foto 1) e por meio de eletroforeses alcalina e

neutra. A citologia do sangue periférico na talassemia alfa menor é muito

parecida com a de anemia ferropriva de grau discreto. Observa-se

anisocitose com micrócitos hipocrômicos, células em alvo e alguns

esquisócitos.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA ALFA

Foto 3: Talassemia Alfa Intermédia ou doença de Hb H em

sangue periférico corado com azul de crezil brilhante.

Comentários: A doença de Hb H é a denominação que se dá à

talassemia alfa com lesões genéticas em três dos quatro genes alfa. O

portador padece de anemia moderada à grave, necessitando

eventualmente da reposição de eritrócito para corrigir a anemia. A

investigação laboratorial é citológica por meio da coloração com corante

azul de crezil brilhante, ou por eletroforeses alcalina e neutra, onde se

revela a presença de Hb H com concentrações entre 10 e 30%. Na foto 3

observam-se vários eritrócitos com precipitados de Hb H.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA BETA MAIOR

Foto 1: Esfregaço de sangue periférico com coloração de rotina

hematológica (Leishman).

Comentários: O eritrograma na talassemia beta maior em pacientes

que não receberam transfusão de hemácias num espaço de 20 a 40 dias

tem como características os seguintes dados laboratoriais:

Hb: 4 a 6 g/dL

HCM: < 25 pg

A morfologia se caracteriza por:

a) Anisocitose com: micrócitos (MI) e macrócitos (M)

b) Poiquilocitose com: esquisócitos (EQ), células em alvo, dacriócitos

c) Hipocromia acentuada (HP)

d) Presença de eritroblastos (EB)

e) Presença de eritrócitos com corpos de Howell-Jolly (HJ)

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As causas das alterações eritrocitárias

São várias as causas e as alterações ocorrem concomitantes aos seguintes

processos patológicos:

1) A diminuição na síntese de globina beta em relação à síntese normal

de globina alfa provoca o desequilíbrio entre essas globinas, ou seja,

sobram globinas alfa livres. Milhões de moléculas de globinas alfa

livres se precipitam junto às membranas dos eritrócitos e alteram as

proteínas que caracterizam o reconhecimento imunológico frente

aos macrófagos. Com essas alterações, os macrófagos fagocitam

parte das membranas alteradas, causando as deformações

“mordidas” dos esquisócitos (EQ) e micrócitos anormais

(MI). Esses eritrócitos deformados têm o tempo de vida reduzido

de 120 para 20 a 30 dias. Verifiquem essas alterações na foto 2.

2) Com a redução do tempo de vida dos eritrócitos, a medula do

paciente com talassemia beta maior se torna hiperativa, fato que

consome vitamina B12 e ácido fólico, necessários para a reprodução

celular. Esse fato caracteriza a presença de macrócitos no

sangue periférico (M).

3) A hiperatividade de eritropoiese medular resulta na liberação de

eritroblastos no sangue periférico (EB) e aumento de

reticulócitos.

4) A hipocromia se deve a pouca hemoglobina produzida devido à

diminuição da síntese de globina beta.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA BETA MAIOR

Foto 2: Microscopia eletrônica de varredura de eritrócitos de

talassemia maior.

Comentários: As deformações dos eritrócitos se devem à “sobra” de

globinas alfa que, por não terem globinas beta em quantidades suficientes

para se combinarem e formar moléculas de hemoglobinas, se precipitam

no interior dos eritrócitos. Essas precipitações deformam as estruturas

protéicas das membranas eritrocitárias, que passam a não ser

reconhecidas pelos macrófagos. Muitos desses eritrócitos são

integralmente fagocitados e outros parcialmente fagocitados. Essa é uma

das razões pela qual a quantidade de eritrócitos está diminuída (abaixo de

3.000.000/mm3) na talassemia beta maior.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA BETA MAIOR

Foto 3: Esfregaço de sangue periférico com coloração de

eritrócitos com Hb Fetal.

Comentários: O esfregaço inicialmente é fixado com metanol, segue-se

o processo de eluição ácida em pH 3.0 e finaliza com a coloração com

eritrosina. Ao submeter o esfregaço ao tampão ácido pH 3.0, somente a

Hb Fetal não é eluída, ficando no interior dos eritrócitos. Sua presença é

visualizada após corar com eritrosina ou outro corante (ex.: Azul de

Metileno).

Qual é a importância: Na talassemia beta maior a síntese da Hb A está

diminuída entre 40 a 100%. Por essa razão a Hb Fetal “é estimulada” a

sintetizar em sua capacidade máxima, resultando num conteúdo entre 2 e

4 g/dL de Hb Fetal. A visualização citológica dos eritrócitos corados em

vermelho-carmim demonstra a presença de Hb Fetal. São as células ou

eritrócitos com Hb Fetal. No presente caso da foto o paciente apresenta

cerca de 50% de eritrócitos com Hb Fetal e os outros 50% de eritrócitos

sem Hb Fetal (e provavelmente com pouca Hb A). Trata-se de talassemia

beta+ maior.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA BETA MENOR

Foto 1: Esfregaço de sangue periférico com coloração de rotina

hematológica (Leishman).

Comentários: O eritrograma na talassemia beta menor ou heterozigota

sempre apresenta VCM e HCM diminuídos, com discreto grau de

anemia (Hb: 10 a 11,5 g/dL). Às vezes, o portador não tem anemia (Hb:

12 a 14 g/dL) mas tem VCM e HCM diminuídos. O esfregaço com

alterações morfológica dos eritrócitos é típico em pessoas com ou sem

anemia, portadora de talassemia beta menor. A foto 1 revela presença de

esquisócitos (EQ), dacriócitos (D), micrócitos (MI) e até macrócitos (M).

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA BETA MENOR

Foto 2: Esfregaço de sangue periférico com coloração de rotina

hematológica (Leishman).

Comentários: Em muitos casos de portadores de talassemia beta

menor é possível observar a presença de eritrócitos com pontilhados

basófilos (setas). Pontilhados basófilos são restos nucleares provenientes

de eritroblastos orto e policromáticos que tiveram seus períodos de

amadurecimento celular abreviados pela eritropoiese acelerada, comum

em talassemias menor.

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CITOLOGIA DA TALASSEMIA BETA MENOR

Foto 1: Esfregaço de sangue periférico sem corar.

Comentários: As lesões nas membranas dos eritrócitos identificados

por A, B e C, em sangue periférico de uma pessoa com traço talassêmico

(talassemia beta menor), são causadas por precipitações de globinas alfa

livres. Essas globinas alfa livres se devem à deficiência de globinas beta

que deveriam se combinar (α2 β2). As globinas alfa livres se integram à

membrana eritrocitária, identificadas citologicamente por corpos de Heinz,

e promovem a lipoperoxidação da dupla camada lipo-proteíca. Essas

deformações alteram os receptores protéicos de membrana e atraem a

ação de macrófagos que fagocitam parte dos eritrócitos, transformando-os

em esquisócitos. O tempo de vida dos eritrócitos se torna reduzido.