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Ekev Devarim 7:12 – 11:25 Moisés prossegue seu discurso, garantido que se as mitzvot forem observadas, o povo terá saúde e prosperidade. Ele exige que, depois da conquista da Terra Santa, sejam eliminados de lá, todas as formas de idolatria e reafirma que o que Deus deseja é que o amor a Ele seja demonstrado pela observância às suas leis. Os direitos das minorias são repetidos 42 vezes Ekev, a parashá desta semana fala do respeito com que devem ser tratados os desamparados e as minorias que vivem no seio da sociedade judaica. Este preceito tem a singularidade de ser o que mais vezes aparece em toda a Torá. Deus exige que se faça justiça ao órfão, à viúva e que se respeite e se apoie o estrangeiro que vive entre o povo. Nada menos que quarenta e duas vezes a Torá nos fala de respeitar as minorias e os desvalidos. As viúvas, os órfãos e os estrangeiros que residem no seio do povo judeu, representam todas as minorias todos aqueles que se encontram em condições adversas na sociedade. Nessas três categorias, Deus inclui todos aqueles que são diferentes, todos aqueles que pertencem a outro povo, a outra nação, todos aqueles que têm outra crença, todos aqueles que veem o mundo de forma distinta à maioria, todos aqueles que têm outra ideologia. Diferentes, mas que habitam a mesma terra. Ou seja, nessas insistentes repetições. Deus exige de seu povo em sua terra, onde é maioria, o respeito permanente a todos, o convívio com as diferenças. Exige o permanente exercício da cidadania. Por isso, esse preceito que regula a viabilidade de uma comunidade é tantas vezes repetido. Shabat na sinagoga de A Hebraica Prédica: Breno Wasserstein Chazan: David Kullock Musicista: Beto Borger Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz CJנEW םAno XV nº 664 27 de Julho de 2013 19 de Av de 5773 Shabat Ekev

CJ News 40 - Ekev

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Page 1: CJ News 40 - Ekev

Ekev Devarim 7:12 – 11:25 Moisés prossegue seu discurso, garantido que se as mitzvot forem observadas, o povo terá saúde e prosperidade. Ele exige que, depois da conquista da Terra Santa, sejam eliminados de lá, todas as formas de idolatria e reafirma que o que Deus deseja é que o amor a Ele seja demonstrado pela observância às suas leis.

Os direitos das minorias são repetidos 42 vezes

Ekev, a parashá desta semana fala do respeito com que devem ser tratados os desamparados e as minorias que vivem no seio da sociedade judaica. Este preceito tem a singularidade de ser o que mais vezes aparece em toda a Torá. Deus exige que se faça justiça ao órfão, à viúva e que se respeite e se apoie o estrangeiro que vive entre o povo. Nada menos que quarenta e duas vezes a Torá nos fala de respeitar as minorias e os desvalidos. As viúvas, os órfãos e os estrangeiros que residem no seio do povo judeu, representam todas as minorias todos aqueles que se encontram em condições adversas na sociedade. Nessas três categorias, Deus inclui todos aqueles que são diferentes, todos aqueles que pertencem a outro povo, a outra nação, todos aqueles que têm outra crença, todos aqueles que veem o mundo de forma distinta à maioria, todos aqueles que têm outra ideologia. Diferentes, mas que habitam a mesma terra. Ou seja, nessas insistentes repetições. Deus exige de seu povo em sua terra, onde é maioria, o respeito permanente a todos, o convívio com as diferenças. Exige o permanente exercício da cidadania. Por isso, esse preceito que regula a viabilidade de uma comunidade é tantas vezes repetido.

Shabat na sinagoga de A Hebraica Prédica: Breno Wasserstein

Chazan: David Kullock Musicista: Beto Borger

Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz

CJנEW ם

Ano XV nº 664 27 de Julho de 2013 19 de Av de 5773

Shabat Ekev

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Temos direito à Terra de Israel? Um dos maiores desafios encontrados pela comunidade judaica de hoje, em todo o mundo, são os constantes ataques por parte da mídia e da opinião pública de maneira geral com relação ao nosso Estado de Israel. O rabino-chefe da Inglaterra, R. Jonathan Sacks, chegou a afirmar, em um discurso recente, que o antissionismo é a mais nova forma de antissemitismo do século XXI. Ele explica que, na realidade de hoje, a questão do Estado, na maioria dos casos, é apenas uma desculpa, uma fachada que esconde exatamente o mesmo antissemitismo que perseguiu nossos antepassados, seja pela religião, no século XIV, ou pela raça, no século XX. (Veja o vídeo do discurso na íntegra em http://www.youtube.com/watch?v=G0T-J1_HjBE&feature=em-hot-vrecs). Mas alguma coisa há aí que precisamos entender: quem fala mal sobre Israel quase sempre toca no seguinte ponto: “Que direito vocês têm de estar lá? Que direito vocês têm mais do que os palestinos que estavam lá antes?”. E essa pergunta, por mais que muitas vezes possa ser usada simplesmente como uma fachada para o antissemitismo, é, de fato, uma pergunta muito válida e que merece ser respondida! Por que nós temos o direito a essa terra? Uma primeira explicação que poderia ser dada é a da chamada “lei do mais forte”. Essa terra, nos seus primórdios, pertencia aos canaanitas e a outros povos (daí seu nome ancestral Eretz Canaan). Nosso povo, por meio da guerra e da força, conquistou essa terra deles e depois, também através da guerra e da força, outros povos foram sucessivamente conquistando e perdendo a soberania sobre a região: babilônios, persas, macedônios, romanos, bizantinos, árabes, otomanos, britânicos... e, assim, finalmente a terra voltou ao nosso poder pela força em 1948. Toda essa explicação da “lei do mais forte”, apesar de não ter nenhuma ética, seria muito coerente e faria muito sentido se não fosse por um detalhe pequeno, mas muito importante, expresso neste versículo da parashat Ekev: “Escuta, Israel, tu passas hoje este Jordão para vir e desterrar povos maiores e mais fortes que ti, cidades grandes e fortificadas até os céus” (Devarim 9:1). Quer dizer, toda a explicação do mais forte faria muito sentido se nós realmente fôssemos mais fortes do que os povos que conquistamos. Mas sabemos que a realidade não era essa nem na época em que conquistamos a terra dos canaanitas, muito menos em 1948, quando, um dia depois da ONU reconhecer nossa

independência, fomos atacados por nada menos que 6 países árabes, todos eles maiores e mais fortes que nós. A nossa história com a terra de Israel, assim como a história do nosso povo no exílio, é uma completa exceção da “lei do mais forte” ou de qualquer lei de probabilidade. A história dos judeus é a prova viva para o mundo de que nem sempre o mais forte vence e de que talvez exista algo ainda maior do que o poder e do que a força bélica. Bom, de qualquer maneira, o fato de irmos contra as probabilidades, ou mesmo de parecer que existe alguma força maior nos ajudando também não é um argumento para dizer que temos direito à Terra de Israel! Que argumento torto seria esse? Que não somos mais fortes, mas que somos muito melhores do que os outros e que por isso D’us nos fez ganhar das probabilidades e assim vencer os povos mais fortes que nós? Também esse parece um argumento um tanto frágil... e a própria Torá, na parashá desta semana, esclarece que não é esse o argumento: “Não é pela tua justiça e nem pela retidão do teu coração que tu vens para herdar a terra deles, mas sim, devido à perversidade daqueles povos, o Eterno teu D’us os desterra à tua frente, e para que se cumpra a palavra que jurou a teus patriarcas, a Avraham, a Itschak e a Iaakov Esse passuk mostra, tanto para nós mesmos quanto para o mundo de maneira geral, que, sim, D’us esteve e está aí nos ajudando a lutar por nossa terra, que temos o direito a ela, mas que não é porque temos mérito, nem porque somos melhores do que ninguém, mas sim porque D’us, por algum motivo, jurou aos nossos antepassados que nos protegeria e que daria essa terra a nós. E arrisco dizer que o motivo para isso é também a razão para existirmos: para mostrar que nem sempre a força vence, que nem sempre as probabilidades ganham. Estamos aqui para mostrar, através do nosso bom comportamento na diáspora, mas principalmente em nossa terra, Eretz Israel, que existem coisas, valores e atitudes boas que podem, ao contrário do que parece, triunfar em um mundo onde parece valer só a lei do mais forte. Esses valores são a nossa sagrada Torá e a verdadeira razão de existirmos e de termos a Terra de Israel é para que esses valores se concretizem e sejam um exemplo para aprimorar o mundo, como está escrito: “Todo o mandamento que Eu te ordeno hoje o observarás para fazer para que vivas e te multipliques e venhas e herdes a terra que jurou o Eterno aos teus pais.” David Krausz